70
SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA E DO TRÁFEGO DA REGIÃO DE APLICAÇÃO ESTUDO DE CASO: RIO DE JANEIRO MARIANA SOUZA CARNEIRO Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Professora Sandra Oda, D.Sc. Rio de Janeiro, RJ Brasil Março de 2015

SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO

DO CLIMA E DO TRÁFEGO DA REGIÃO DE

APLICAÇÃO – ESTUDO DE CASO: RIO DE

JANEIRO

MARIANA SOUZA CARNEIRO

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Professora Sandra Oda, D.Sc.

Rio de Janeiro, RJ – Brasil

Março de 2015

Page 2: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

ii

SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA E DO TRÁFEGO DA

REGIÃO DE APLICAÇÃO – ESTUDO DE CASO: RIO DE JANEIRO

MARIANA SOUZA CARNEIRO

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

______________________________________________

Prof. Drª. Sandra Oda

______________________________________________

Prof. Dr. Giovani Manso Ávila

______________________________________________

Eng. Leonardo Santana Cavalcanti

Rio de Janeiro, RJ – Brasil

Março de 2015

Page 3: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

iii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Seleção do Ligante Asfáltico em Função do Clima e do Tráfego da Região de Aplicação –

Estudo de Caso: Rio de Janeiro

O Presente trabalho tem como objetivo determinar as Performances de Grade de diversas vias na

cidade do Rio de Janeiro. A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

números: o primeiro número corresponde à temperatura mais elevada do pavimento, ou seja,

aquela em que os ensaios que avaliam a resistência ao acúmulo de deformação permanente

devem ser realizados. O segundo número corresponde à temperatura mínima do pavimento,

aquela em que os ensaios que analisam a resistência às trincas por contração de origem térmica

devem ser realizados. Portanto, selecionar o ligante asfáltico mais adequado é muito importante e

para isso devem ser consideradas as características climáticas e de tráfego da região onde será

feita a aplicação da mistura asfáltica, não apenas a caracterização do material asfáltico, uma vez

que o desempenho do pavimento varia de acordo com os materiais selecionados, ou seja, é

importante determinar o PG, de cada via para evitar erros e problemas precoces.

Mariana Souza Carneiro

Março/2015

Orientadora: Sandra Oda

Curso: Engenharia Civil

Page 4: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

iv

SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

ÍNDICE DE FIGURAS

ÍNDICE DE TABELAS

LISTA DE ABREVIATURAS

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1

1.1. Objetivo ........................................................................................................................ 2

1.2. Estrutura do Trabalho ................................................................................................... 2

2. PAVIMENTOS .................................................................................................................... 4

2.1. Tipos ............................................................................................................................ 4

2.2. Subleito ........................................................................................................................ 6

2.3. Camadas do pavimento................................................................................................ 6

2.3.1. Reforço do Subleito ............................................................................................... 6

2.3.2. Sub-base ............................................................................................................... 6

2.3.3. Base ...................................................................................................................... 6

2.3.4. Revestimento ........................................................................................................ 7

3. PRINCIPAIS TIPOS DE DEFEITOS ................................................................................... 8

3.1. Importância do Teor e Tipo de Ligante na Formação dos Defeitos ............................... 8

3.2. Trincas por Fadiga ..................................................................................................... 10

3.3. Deformação Permanente ........................................................................................... 12

3.4. Trincas de Origem Térmica ........................................................................................ 13

4. MATERIAIS ...................................................................................................................... 15

4.1. Agregados .................................................................................................................. 15

4.2. Ligantes Asfálticos ..................................................................................................... 17

4.2.1. Tipos ................................................................................................................... 17

4.2.1.1. Cimento Asfáltico de Petróleo – CAP............................................................... 17

4.2.1.2. Asfalto Diluído de Petróleo (ADP) .................................................................... 20

4.2.1.3. Emulsões Asfálticas de Petróleo – EAP ........................................................... 20

4.2.1.4. Asfaltos Oxidados ou Soprados de Uso Industrial ........................................... 22

4.2.1.5. Asfaltos Modificados (AMB ou AMP) ............................................................... 22

4.2.1.6. Agentes Rejuvenescedores – AR .................................................................... 23

Page 5: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

v

4.2.2. Classificação ....................................................................................................... 23

4.2.2.1. Classificação por Penetração .......................................................................... 24

4.2.2.2. Classificação por Viscosidade ......................................................................... 26

4.2.2.3. Classificação Superpave ................................................................................. 27

4.2.3. Reologia de Ligantes Asfálticos........................................................................... 32

4.2.4. Ensaios ............................................................................................................... 33

4.2.4.1. Ensaios Convencionais.................................................................................... 33

4.2.4.2. Ensaios Superpave .......................................................................................... 36

5. DETERMINAÇÃO DO PG DO LIGANTE ASFÁLTICO .................................................... 42

6. SELEÇÃO DE LIGANTES ASFÁLTICOS PELO MÉTODO SUPERPAVE ...................... 44

7. ESTUDO DE CASO ......................................................................................................... 47

7.1. Características da Região .......................................................................................... 47

7.2. Trechos selecionados ................................................................................................ 49

7.3. Temperatura ............................................................................................................... 50

7.4. Classificação PG ........................................................................................................ 52

7.5. Seleção do Tipo de Ligante ........................................................................................ 53

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 60

ANEXO A - Volume Diário de Veículos das Principais Vias do Município do Rio de Janeiro

Page 6: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

vi

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Exemplos de pavimento flexível e de pavimento rígido – Corte Transversal________ 4

Figura 2: Distribuição de tensões em um pavimento flexível ___________________________ 5

Figura 3: Distribuição de tensões em um pavimento rígido ____________________________ 5

Figura 4: Tipos de revestimentos________________________________________________ 7

Figura 5: Progressão das trincas de fadiga em um pavimento flexível com revestimento de

concreto asfáltico __________________________________________________________ 11

Figura 6: Exemplos de revestimento asfáltico em climas frios com trincas térmicas ________ 14

Figura 7: Diagrama da classificação dos ligantes asfálticos, segundo o DNER ____________ 17

Figura 8: Esquema de produção de emulsão asfáltica ______________________________ 21

Figura 9: Ruptura da emulsão asfáltica __________________________________________ 22

Figura 10: Classificação Superpave de ligante asfáltico baseado no PG_________________ 31

Figura 11: Comportamento visco-elástico de materiais asfálticos a partir de ensaios dinâmicos

________________________________________________________________________ 32

Figura 12: Comportamento tensão-deformação de materiais asfálticos__________________ 33

Figuras 13(a), (b) e (c): Equipamento utilizado na determinação da penetração de ligantes

asfálticos. ________________________________________________________________ 34

Figura 14: Equipamento utilizado na determinação do ponto de amolecimento de ligantes

asfálticos - Método Anel e Bola. _______________________________________________ 34

Figura 15: Equipamento utilizado na determinação do ponto de fulgor de ligantes asfálticos. _ 35

Figura 16: Equipamento utilizado na determinação da viscosidade Saybolt-Furol. _________ 36

Figura 17: Equipamento utilizado na determinação da ductilidade. _____________________ 36

Figura 18: Viscosímetro Brookfield utilizado para determinar a viscosidade aparente de ligantes

asfálticos. ________________________________________________________________ 37

Figura 19: Reômetro de cisalhamento dinâmico ___________________________________ 38

Figura 20: Esquema de um Reômetro de cisalhamento dinâmico ______________________ 38

Figuras 21(a) e (b): Estufa de Filme Fino Rotativo (Ensaio RTFOT). ____________________ 39

Figura 22: Frascos utilizados no ensaio RTFOT ___________________________________ 39

Figura 23: Vaso de pressão (PAV) utilizado para envelhecimento acelerado de ligantes

asfálticos. ________________________________________________________________ 40

Figura 24: Reômetro de viga à flexão. ___________________________________________ 41

Figura 25: Exemplo de seleção do PG para o CAP A. _______________________________ 43

Figura 26: Classificação PG a partir de dados de temperaturas _______________________ 44

Figura 27: Exemplo de classificação PG a partir das temperaturas máximas e mínimas do

pavimento. ________________________________________________________________ 45

Figura 28: Fotografia parcial da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, registrada a partir da

Estação Espacial Internacional, à noite __________________________________________ 47

Figura 29: Subdivisões de bairros da cidade do Rio de Janeiro _______________________ 48

Figura 30: Temperaturas máxima e mínima (médias climatológicas de 1961 a 1990; recordes

de temperatura de 1961 a 2013) _______________________________________________ 49

Page 7: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

vii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Rochas utilizadas para obtenção de agregados. ___________________________ 16

Tabela 2: Composição química do CAP 50/70. ____________________________________ 18

Tabela 3: Nova Especificação para Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) - Classificação por

penetração. _______________________________________________________________ 25

Tabela 4: Especificações para Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) - Classificação por

viscosidade vigente até julho de 2005. __________________________________________ 26

Tabela 5: Limitações da Classificação Convencional e Características da Especificação

Superpave. _______________________________________________________________ 28

Tabela 6: Tipos de ligantes Superpave __________________________________________ 30

Tabela 7: Resultados de Cisalhamento Dinâmico - Amostra virgem - G*/ sen ≥ 1,0 kPa ___ 42

Tabela 8: Resultados de Cisalhamento Dinâmico - Após RTFOT - G*/ sen ≥ 2,2 kPa _____ 42

Tabela 9: Resultados de Cisalhamento Dinâmico - Após PAV - G* sen ≤ 5500 kPa _______ 43

Tabela 10: Resultados de Rigidez à fluência na Flexão - S≤300 e m>0,300 ______________ 43

Tabela 11: Determinação do PG das amostras do exemplo. __________________________ 43

Tabela 12: Volume diário de Veículos dos trechos selecionados_______________________ 50

Tabela 13: Temperaturas mínima e máxima, latitude e longitude dos trechos selecionados. _ 52

Tabela 14: Temperaturas máxima e mínima de projeto (no pavimento). _________________ 52

Tabela 15: Classificação do PG em função da temperatura. __________________________ 52

Tabela 16: Classificação do PG em função da temperatura e do tráfego ________________ 53

Tabela 17: Resultados dos ensaios da especificação Superpave e classificação PG._______ 54

Tabela 18: Resultados dos ensaios da especificação Superpave e classificação PG._______ 54

Tabela 19: Resultados dos ensaios da especificação Superpave e classificação PG._______ 55

Tabela 20: Classificação do PG em função da temperatura e do tráfego ________________ 57

Page 8: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

viii

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

CAP: Cimento Asfáltico de Petróleo

DNER: Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT: Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes

DSR: Dynamic Shear Rheometer

EVA: Etileno Acetato de Vinila

FHWA: Federal Highway Administration

Lat: Latitude

PAV: Pressure Aging Vessel

PG: Performance de Grade

RTFOT: Rolling Thin Film Oven Test

SBS: Styrene Butadiene Styrene

SHRP: Strategic Highway Research Program

SUPERPAVE: Superior Performing Asphalt Pavement System

Page 9: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

1. INTRODUÇÃO

Os revestimentos, compostos por misturas asfálticas tipo concreto asfáltico, possuem

mecanismos de degradação bastante complexos, tais como trincamento, deformação

permanente, envelhecimento etc. Tais fenômenos são condicionados pelas seguintes variáveis:

tráfego, ambiente em que está inserido, processo construtivo, plano de manutenção e materiais

envolvidos (SPECHT, 2004). O conceito de concreto asfáltico e de pavimentos flexíveis tem

evoluído ao longo dos anos partindo do conceito empírico para mecânica de pavimentos. No

entanto, a filosofia de projeto tem sido sempre minimizar o potencial de defeitos (tanto

estrutural quanto funcional) da estrutura do pavimento devido à deterioração.

Os principais defeitos de um pavimento asfáltico são o acúmulo de deformação permanente

nas trilhas de roda e as trincas por fadiga do revestimento. No Brasil, o trincamento é a

principal causa da queda do desempenho ou nível de serventia dos pavimentos flexíveis. A

deformação permanente nas trilhas de roda, que tem destaque em outros países, é de menor

ocorrência nas nossas rodovias principais, mas em geral é devido a adoção de ligantes não

adequados e negligência do controle de qualidade.

A vida útil de um pavimento, a reabilitação e a necessidade de tratamentos para recuperação

dependem de recursos financeiros expressivos e estes são afetados significativamente pelo

nível de deterioração que se encontra o pavimento. Muitas das decisões são tomadas em

função do tipo, extensão, intensidade e pela porcentagem de área trincada na camada de

revestimento.

Um ligante apresenta menor resistência à deformação permanente no início de sua vida em

serviço, quando sua rigidez é menor, sendo afetado também pelas temperaturas elevadas e

por veículos trafegando a baixas velocidades (maior tempo de aplicação de carga). Por outro

lado, a resistência às trincas por fadiga diminui com o envelhecimento, que aumenta a rigidez e

diminui a ductilidade do ligante (ROBERTS et al., 1996).

Antes de ser colocado em serviço, um revestimento asfáltico é submetido às etapas de mistura

(normalmente em usina), espalhamento e compactação. Vale ressaltar que os ensaios

convencionais utilizados para a caracterização da consistência de ligantes asfálticos através

dos ensaios de penetração, ponto de amolecimento e viscosidade apresentam limitações

quando utilizada para seleção de ligantes e para a estimativa do desempenho ao longo da vida

em serviço por não fornecerem parâmetros em diferentes faixas de temperaturas nas quais os

pavimentos são submetidos durante suas vidas de serviço. Muitas vezes, por falta de

conhecimento, são aplicados ligantes inadequados, alguns modificados que acabam não

Page 10: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

2

contribuindo para um melhor desempenho do pavimento e que são mais caros. Em outros

casos, são aplicados ligantes que não atendem às exigências de clima e tráfego, resultando

em defeitos precoces.

Baseada em propriedades fundamentais, a nova especificação Superpave para materiais

asfálticos seleciona o ligante em função do desempenho (PG) sob condições climáticas da

região em que será utilizado. Para isso, são consideradas as máximas temperaturas do

pavimento durante sete dias consecutivos e a mínima temperatura do mês mais frio (ASPHALT

INSTITUTE, 2010).

A classificação Superpave com base no PG é composta por dois números: o primeiro número

corresponde à temperatura mais elevada do pavimento, ou seja, aquela em que os ensaios que

avaliam a resistência ao acúmulo de deformação permanente devem ser realizados. O

segundo número corresponde à temperatura mínima do pavimento, aquela em que os ensaios

que analisam a resistência às trincas por contração de origem térmica devem ser realizados

(ASPHALT INSTITUTE, 2010).

Portanto, selecionar o ligante asfáltico mais adequado é muito importante e para isso devem

ser consideradas as características climáticas e de tráfego da região onde será feita a

aplicação da mistura asfáltica, não apenas a caracterização do material asfáltico, uma vez que

o desempenho do pavimento varia de acordo com os materiais selecionados, ou seja, é

importante determinar o PG, Performance Grade, de cada via para evitar erros e problemas

precoces.

1.1. Objetivo

O objetivo deste trabalho é determinar os PGs (Performance Grade) da cidade do Rio de

Janeiro, auxiliando a identificar os ligantes asfálticos mais adequados para aplicar nos

pavimentos de cada rua ou avenida, considerando dados de clima e tráfego.

1.2. Estrutura do Trabalho

O capitulo 1 apresenta uma introdução, uma justificativa e o objetivo do trabalho.

O capítulo 2 aborda os principais aspectos sobre pavimentos: apresentando os principais tipos

e as camadas que podem conter um pavimento.

O capítulo 3 apresenta os principais tipos defeitos encontrados nos pavimentos flexíveis, e

como a escolha do ligante asfáltico adequado irá influenciar nesses defeitos.

Page 11: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

3

O capítulo 4 fala sobre os materiais empregados na pavimentação.

O capítulo 5 aborda os ensaios Superpave necessários para determinar o PG do ligante

asfáltico.

O capítulo 6 mostra o método de Superpave utilizado para determinar o melhor ligante

asfáltico, e sua aplicação no Brasil.

No capítulo 7 é descrito o estudo de caso contemplado neste projeto e os procedimentos

necessários.

O capítulo 8 apresenta as conclusões gerais e recomendações práticas, além de algumas

sugestões para trabalhos futuros considerando o mesmo estudo de caso.

Page 12: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

4

2. PAVIMENTOS

2.1. Tipos

O pavimento é a estrutura construída sobre a terraplanagem de um terreno, denominado de

subleito, e tem a função de receber as cargas impostas pelo tráfego de veículos e as

redistribuir para o subleito, além de proporcionar condições satisfatórias de velocidade,

segurança, conforto e economia para o fluxo de pessoas e mercadorias.

Os pavimentos são divididos basicamente em dois tipos, em função do seu comportamento

estrutural: Rígidos e Flexíveis (Figura 1).

Figura 1: Exemplos de pavimento flexível e de pavimento rígido – Corte Transversal

(Fonte: BERNUCCI et.al. 2008).

Os pavimentos rígidos são constituídos por uma placa de concreto que praticamente absorve

toda solicitação e a distribui sobre uma grande área, e ao chegar ao subleito a carga encontra-

se suficientemente amortecida.

Segundo o DNIT (2006), o pavimento rígido é aquele em que o revestimento tem uma elevada

rigidez em relação às camadas inferiores e, portanto absorve praticamente todas as tensões

provenientes do carregamento aplicado. Exemplo típico: pavimento constituído por lajes de

concreto de cimento Portland.

Já os pavimentos flexíveis, consistem em uma camada de rolamento asfáltica e de base,

constituída por uma ou mais camadas, que se apoia sobre o leito da estrada, sendo que, a

camada de rolamento pode se adaptar à deformação da base, quando solicitada.

Para o DNIT (2006), pavimento flexível é aquele em que todas as camadas sofrem deformação

elástica significativa sob o carregamento aplicado e, portanto, a carga se distribui em parcelas

aproximadamente equivalentes entre as camadas. Um exemplo típico é “um pavimento

Page 13: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

5

constituído por uma base de brita (brita graduada ou macadame) ou por uma base de solo

pedregulhoso, revestida por uma camada asfáltica.”

As Figuras 2 e 3 mostram a distribuição de tensões, dada a aplicação de uma força

concentrada, nos pavimentos flexíveis e rígidos.

Figura 2: Distribuição de tensões em um pavimento flexível

(Fonte: BALBO, 2007).

Figura 3: Distribuição de tensões em um pavimento rígido

(Fonte: BALBO, 2007).

Enquanto uma carga atuante sobre um pavimento flexível impõe um campo de tensões muito

concentrado na área do ponto de aplicação da carga, em um pavimento rígido, observa-se um

campo mais disperso, com os efeitos da carga distribuídos por toda a dimensão da placa.

Page 14: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

6

2.2. Subleito

O Subleito é o terreno natural. É o terreno de fundação onde será apoiado todo o pavimento.

Por esse motivo não é considerada uma camada do pavimento (DNIT, 2006).

Deve ser considerado e estudado até as profundidades em que atuam significativamente as

cargas impostas pelo tráfego.

Geralmente é constituído de material natural consolidado e compacto, ou pode ser composto

também por material transportado, após ser compactado, mas isso não é muito comum. No

entanto, se o CBR do subleito for <2%, ele deve ser substituído por um material de maior

resistência (2%≤CBR≤20) até pelo menos 1 metro. Se o CBR do material for maior que 20%,

ele pode ser usado como sub-base (DNIT, 2006).

Porém deve-se levar em consideração que o solo do subleito não deve ser muito expansivo, e

para isso utiliza-se a NBR 9895/1987 Solo – Índice de Suporte Califórnia, que traz o método

para definir o ISC, bem como a expansão do solo em laboratórios através de amostras

deformadas (DNIT, 2006).

Caso o valor do ISC do subleito natural seja inferior ao descrito em projeto, é necessária a

execução de uma camada de forço cujo material apresente capacidade de suporte superior ao

subleito de projeto (DNIT, 2006).

2.3. Camadas do pavimento

2.3.1. Reforço do Subleito

É a camada de espessura constante transversalmente longitudinalmente, de acordo com o

dimensionamento do pavimento, fazendo parte deste e que, será executada sobre o subleito

regularizado. Serve para melhorar as qualidades do subleito e regularizar a espessura da sub-

base.

2.3.2. Sub-base

Camada complementar à base, usada quando não for aconselhável apoiar a base diretamente

sobre o leito regularizado ou sobre o reforço, mas também pode ser usado para regularizar a

espessura da base.

2.3.3. Base

Camada destinada a resistir e distribuir ao subleito, os esforços oriundos do tráfego e sobre a

qual se construirá o revestimento.

Page 15: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

7

2.3.4. Revestimento

O revestimento recebe diretamente ação do rolamento dos veículos, ou seja, é a camada

superior destinada a proteger as camadas inferiores da deterioração causada pela ação do

tráfego e agentes climáticos, tornando-as impermeáveis.

Os revestimentos podem ser classificados conforme o esquema mostrado na Figura 4:

Figura 4: Tipos de revestimentos

(Fonte: DNIT, 2006)

Page 16: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

8

3. PRINCIPAIS TIPOS DE DEFEITOS

Nos pavimentos flexíveis, o revestimento é composto de uma combinação entre ligante

asfáltico e agregado mineral, compondo a mistura asfáltica. O desempenho dessa camada

depende das propriedades de seus materiais individualmente e, também, da relação entre

ligante e agregado.

O ligante asfáltico possui comportamento bem variado quando submetido a diferentes

temperaturas, o que pode causar problemas no pavimento. Os principais defeitos são as

trincas por fadigas do revestimento e o acúmulo plástico das deformações permanentes nas

trilhas de roda. As trincas por fadiga estão ligadas às cargas repetidas de tráfego e pela rigidez

do ligante asfáltico, que não suporta as solicitações do tráfego pesado sem trincar. Já a

deformação permanente nas trilhas de roda, ocorre devido à densificação dos materiais ou

ruptura por cisalhamento, que depende principalmente da estrutura de agregados e também

das características de rigidez do ligante asfáltico (ARAO, 2014).

3.1. Importância do Teor e Tipo de Ligante na Formação dos Defeitos

O teor de ligante é um dos fatores mais importantes no comportamento de misturas asfálticas à

fadiga. A partir de ensaios realizados à tensão controlada (TC), Epps e Monismith1 (1969), Pell2

apud Gontijo (1980) e Harvey e Tsai3 (1996) apud Santos (2005) constataram que

aumentando-se ligeiramente o teor de ligante ocorre um aumento da resistência à fadiga da

mistura. No entanto, são unânimes em afirmar que este aumento, acima de um determinado

limite, provoca uma redução do módulo de rigidez da mistura, que é função de um teor ótimo

do ligante, e, consequentemente, uma redução da resistência à fadiga: a máxima resistência à

fadiga nos ensaios à tensão controlada tende a ocorrer quando a rigidez da mistura é máxima.

Kim, Khosla e Kim4 (1991) apud Santos (2005) investigaram a influência de variáveis da

mistura na vida de fadiga empregando o ensaio de compressão diametral, e também

concluíram que um aumento do teor de ligante proporciona um aumento na resistência à fadiga

das misturas asfálticas.

1 EPPS, J.A., MONISMITH, C.L. Influence of Mixture variables on The Flexural Fatigue Properties of Asphalt

Concrete. pp.423-464. Los Angeles: Proc. of The Asphalt Paving Technologists, 1969. 2 PELL, P.S. Fatigue of asphalt pavement mixes. Proc. 2nd. Int. Conference on the Structural Design of Asphalt Pavements. Ann Arbor, Michigan, USA, 1967.

3 HARVEY, J. T.; TSAI, B. W. Effects of asphalt content and air void content on mix fatigue and stiffness.

Transportation Research Record 1543. pp. 38-45, Washington D.C., 1996. 4 KIM, Y. R.; KHOSLA, N. P.; KIM, N. Effect of temperature and mixture variables on fatigue life predicted by

diametral fatigue testing. Transportation Research Record 1317. pp. 128-138, Washington D.C., 1991.

Page 17: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

9

Nos ensaios à deformação controlada (DC), Gontijo5 (1980) apud Santos (2005) verificou o

contrário, um aumento constante da duração de vida com o acréscimo do teor de ligante,

parâmetro este responsável, quando superior a determinado limite, pela redução do módulo de

rigidez da mistura. Para Monismith e Deacon6 (1969) apud Santos (2005), o aumento do teor

do ligante de misturas ensaiadas à deformação controlada provoca uma redução nos níveis

das tensões que atuam na combinação ligante-fíler, sendo, portanto, responsável por um

acréscimo da resistência à fadiga. Esta contradição se explica pelos diferentes modos de

ruptura nos dois tipos de ensaio (TC e DC).

Além do teor de ligante, o tipo de asfalto utilizado nas misturas tem grande influência na vida

de fadiga da mesma. De acordo com Kim, Khosla e Kim (1991) apud Santos (2005), misturas

com ligantes menos rígidos demonstraram maior resistência à fadiga.

Os asfaltos modificados com polímeros têm mostrado bons resultados na pavimentação

flexível, apresentando melhoria em uma ou várias das seguintes características (SANTOS,

2005):

susceptibilidade térmica;

Coesão;

elasticidade;

resistência à fadiga.

Além da melhoria dessas propriedades, estes asfaltos possuem maior resistência à ação da

água e ao envelhecimento.

Segundo Martinho7 (1993) apud Santos (2005), os elastômeros sintéticos de melhor

desempenho em mistura com os ligantes asfálticos são os copolímeros termoplásticos de

butadieno e estireno (SBS). Othman, Figueroa e Aglan8 (1995) apud Santos (2005) estudaram

o efeito de ciclos térmicos de baixa temperatura no comportamento à fadiga de uma mistura

com asfalto modificado com SBS e constataram uma maior resistência à fadiga na propagação

de trincas do asfalto modificado em relação ao não-modificado, e isto pode ser atribuído à

flexibilidade da mistura induzida pelo modificador SBS.

5 GONTIJO, P. R. A. A fadiga de misturas betuminosas – Condição essencial no dimensionamento racional de

pavimentos flexíveis. In: XV Reunião Anual de Pavimentação, ABPv, Anais vol. 15, pp.1-55. Belo Horizonte, MG, 1980.

6 MONISMITH, C.L.; DEACON, J. A. Fatigue of asphalt paving mixture. Proc. Of the American Society of Civil

Engineers. Transportation Engineering Journal, Vol. 95, No TE2, 1969.

7 MARTINHO, F. G. Misturas asfálticas com polímeros na pavimentação urbana. In: 4ª Reunião de Pavimentação

Urbana. ABPv, Maceió, AL, pp. 338-367, 1993. 8 OTHMAN, A.; FIGUEROA, L.; AGLAN, H. Fatigue behavior of Styren-Butadiene-Styrene modified asphaltic

mixtures exposed to low-temperature cyclic aging. Transportation Research Record 1492. pp. 129-134, Washington D.C., 1995

Page 18: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

10

Outro tipo de asfalto modificado que merece destaque é o asfalto modificado por borracha de

pneus moída (Crumb Rubber - CR). De acordo com Shih, Tia e Ruth9 apud Leite et al (2000),

as propriedades mecânicas de misturas com borracha moída tendem a aumentar a vida de

serviço do pavimento em cerca de 2 ou 3 vezes quando comparado com misturas com ligantes

não-modificados, como indicado em ensaios de fadiga (SANTOS, 2005).

Leite et al.10 (2000) compararam 3 misturas asfálticas modificadas (EVA, SBS e CR) com uma

não modificada (CAP 20) empregando ensaios de resistência à tração, módulo de resiliência,

creep estático e dinâmico. Os resultados indicaram melhoria das propriedades da mistura

devido à adição da borracha. A menor relação “módulo de resiliência / resistência de tração” foi

obtida na mistura com borracha, indicando mais flexibilidade desta mistura, devido a um

aumento na resistência à tração e redução no módulo de resiliência (SANTOS, 2005). De

acordo com Leite et al. (2000), apesar do uso asfalto modificado por borracha apresentar um

custo mais elevado, dependendo do tipo de mistura, isso pode ser uma vantagem porque

permite o uso de camadas menos espessas para uma mesma vida de fadiga, e podendo

também aumentar a resistência do pavimento. Vale ressaltar que isso não é uma “regra”,

devendo ser desenvolvido um projeto específico com os materiais disponíveis na região de

aplicação.

A determinação do PG do ligante asfáltico pelo clima é realizada em função das temperaturas

máxima e mínima do ar, e a seleção de um ligante pelo método Superpave começa pela

determinação das temperaturas máxima e mínima do pavimento no local de projeto. Para

auxiliar na seleção do ligante asfáltico devem ser coletados dados sobre o clima da região:

Portanto, a seleção de um ligante asfáltico mais adequado para a construção de um

revestimento deve ser baseada no tráfego que irá solicitar o pavimento e no clima da região em

que será aplicada a mistura asfáltica.

3.2. Trincas por Fadiga

O principal mecanismo de ruptura de pavimentos flexíveis no Brasil é a fadiga do revestimento

asfáltico sob a ação de cargas repetidas de tráfego. A fadiga é um modo de ruptura associado

às cargas, decorrente da passagem repetida das cargas dos veículos, causando a ruptura da

camada após determinado número de ciclos.

9 SHIH, C.T., TIA, M., RUTH, B.E. Evaluation of aging characteristics of modified asphalts. Engineering properties of asphalt mixtures and the relation to performance, ASTM STP 1265, 1994.

10 LEITE, L. F. M.; MOTTA, L. M. G.; BERNUCCI, L. B.; SOARES, J. B. Mechanical behavior of asphalt rubber mixes

prepared in laboratory. In: Asphalt Rubber – The Pavement Material of the 21st Century – Proceedings. Vilamoura,

Portugal. Pp.309-318, 2000.

Page 19: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

11

O fenômeno de fadiga tem sido definido como um processo de deterioração estrutural que

sofre um material quando submetido a um estado de tensões e de deformações repetidas,

resultando em trincas ou em fratura completa, após um certo número de repetições do

carregamento, ou seja, é a perda de resistência que o material sofre, quando solicitado

repetidamente por uma carga. Na Figura 5 estão caracterizadas as principais categorias de

trincamento comumente presentes em estruturas de pavimentos flexíveis em concreto asfáltico

(GONÇALVES, 1999).

Figura 5: Progressão das trincas de fadiga em um pavimento flexível com revestimento de concreto

asfáltico

(Fonte: GONÇALVES, 1999).

Page 20: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

12

Para a estimativa da vida de fadiga e das propriedades elásticas das misturas asfálticas

dispõem-se de ensaios de laboratório dinâmicos que são os que melhor reproduzem as

condições de carregamento induzidas pelo tráfego. Os ensaios dinâmicos usados para se

determinar a vida de fadiga distinguem-se quanto ao processo empregado para desenvolver

tensões e deformações repetidas, ou seja, por flexão, tração direta e tração indireta e quanto à

geometria das amostras ensaiadas (GONÇALVES, 1999).

O ensaio dinâmico a flexão alternada consiste em submeter uma vigota de concreto asfáltico

simplesmente apoiada a duas cargas simétricas em relação ao seu centro, cargas estas que

produzem um estado de tração uniforme na parte central do corpo de prova. A trinca que surge

na vigota é geralmente única, formando-se na região onde o momento fletor é constante e

máximo, o que reduz a dispersão dos ensaios em relação à vigota carregada apenas no seu

ponto central (GONÇALVES, 1999).

Ao longo das últimas três décadas, esforços consideráveis tem sido impetrados no sentido de

se estabelecer métodos de projeto de pavimentos que possibilitem minimizar a ocorrência de

trincamento por fadiga em pavimentos asfálticos. Para se determinar as propriedades de fadiga

os seguintes procedimentos são usualmente adotados (GONÇALVES, 1999):

♦ Realização de ensaios de laboratório para estabelecimento de leis de fadiga para as misturas

asfálticas;

♦ Estimativas das propriedades de fadiga com base em estudos realizados em materiais

similares ou a partir de avaliação do desempenho de pavimentos em serviço através da

análise comparativa do trincamento observado.

3.3. Deformação Permanente

A ação de cargas de tráfego, aliada aos materiais e à variação climática, contribui para a

formação deformações permanentes em pavimentos flexíveis, que permanecem mesmo após

cessar a aplicação da carga no pavimento, isto é, possui um caráter residual (FONTES11, 2009

apud ARAO, 2014). O desenvolvimento das deformações permanentes se caracteriza no

aumento da sua profundidade e no aparecimento de outros tipos de defeitos. Em alguns casos,

podem surgir cordões laterais longitudinais de mistura asfáltica da camada de desgaste, devido

à fluência do material. As deformações desenvolvem-se gradualmente com o aumento das

solicitações de cargas por eixo e aparecem como depressões longitudinais nas trilhas de roda,

11 FONTES, L. P. T. L. Optimização do Desempenho de Misturas Betuminosas com Betume Modificado com

Borracha para Reabilitação de Pavimentos. Tese de Doutorado. Universidade do Minho. Universidade Federal de Santa Catarina. 545 p., 2009.

Page 21: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

13

podendo ou não possuírem elevações laterais nas estradas (FONTES, 2009 apud ARAO,

2014).

A irregularidade do pavimento devido às variações longitudinais causadas pelas deformações

permanentes originam os seguintes problemas: a diminuição da segurança, aumento do

desconforto dos usuários e aumento do custo operacional dos veículos (FONTES, 2009 apud

ARAO, 2014).

As depressões também preocupam porque as deformações, em superfícies impermeáveis,

com profundidade maiores que 5 mm podem causar problemas de aquaplanagem. Além disso,

essas depressões dificultam a manutenção da direção do veículo e proporcionam uma maior

insegurança na via (FONTES, 2009 apud ARAO, 2014).

O fenômeno da deformação permanente é um processo complexo, pois ele é influenciado

pelas propriedades e proporções de cada um dos componentes de uma mistura asfáltica

(agregados, ligante e volume de vazios). A deformação permanente acontece com mais

frequência no verão, já que a altas temperaturas a viscosidade do ligante asfáltico diminui e o

carregamento do tráfego é suportado pelo agregado mineral. A resistência à deformação

permanente é considerada como uma combinação de resistência do ligante e do agregado

mineral (FONTES, 2009 apud ARAO, 2014).

3.4. Trincas de Origem Térmica

As trincas de origem térmica ocorrem somente em países frios, geralmente em temperaturas

inferiores a -10ºC (Figura 6). A abertura das trincas é associada ao fenômeno da retração

térmica, sendo que sua amplitude é função direta não só das variações de temperatura no

interior da estrutura, mas também das propriedades das camadas asfálticas do pavimento. A

intensidade desta solicitação depende da amplitude das variações diárias de temperatura a que

o reforço se encontra submetido, dos valores absolutos das temperaturas, da taxa de variação

das temperaturas, do coeficiente de retração térmica das misturas, das propriedades termo-

mecânicas (viscoelásticas) dos materiais asfálticos, do espaçamento entre trincas e do tipo de

ligação entre o revestimento e a camada subjacente (THIVES et al., 2011). Possui influência

predominante do ligante e influência menor do agregado. No Brasil, esse tipo de defeito não é

comum.

Page 22: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

14

Figura 6: Exemplos de revestimento asfáltico em climas frios com trincas térmicas

(Fonte: GONÇALVES, 1999).

Page 23: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

15

4. MATERIAIS

Os materiais empregados em qualquer camada do pavimento devem ser caracterizados e

avaliados antes de ser aplicados na construção do pavimento. Os agregados representam um

dos materiais mais importantes, pois o pavimento é constituído por diversas camadas

compostas quase que totalmente por agregados.

Em uma mistura asfáltica, o agregado representa cerca de 95%, sendo essencial a análise e

avaliação da sua composição e resistência. É o principal responsável por problemas de

deformação permanente. O ligante asfáltico é outro material importante na composição da

mistura asfáltica, pois um teor inadequado pode refletir em problemas posteriores (como

deformação permanente, segregação, desagregação, trincas e buracos). Os dois materiais em

conjunto podem ser responsáveis pelo surgimento de trincas por fadiga.

Segundo a FHWA (2002), o agregado mineral é responsável por, aproximadamente, 80% da

resistência à deformação permanente de misturas asfálticas, e os outros 20% são dados pelas

propriedades do ligante asfáltico. Com relação à fadiga, 60% da resistência é atribuída às

propriedades do ligante asfáltico e 40% às propriedades dos agregados minerais, seja pelas

suas características individuais, ou pela distribuição granulométrica da combinação dos

mesmos.

4.1. Agregados

Os agregados são materiais inertes, granulares, de composição mineral, tais como areia,

pedregulho, conchas, escória e pedra britada, sem forma e dimensões definidas, com

propriedades adequadas na composição de camadas ou misturas para utilização nos mais

diversos tipos de obras. Quando misturado a um material cimentante constitui argamassa ou

concreto, ou isoladamente é usado em camadas de base ou lastros ferroviários. Neste caso o

interesse maior é pelos agregados utilizados nos serviços de pavimentação, onde são

empregados nas misturas betuminosas. São resultantes de rochas fragmentadas em

britadores, seixos rolados encontrados nos leitos dos rios, em jazidas resultantes de alterações

de rocha e de escórias de alto-forno (SENÇO, 1997).

Durante a mistura asfáltica, ocorrem interações entre os componentes do asfalto e a superfície

do agregado. A avaliação das interações entre asfalto e agregado mostra que a química do

agregado influencia muito nas interações com os ligantes, por exemplo: camadas de poeira

que se depositam naturalmente na superfície do agregado podem enfraquecer as ligações

químicas provocando falhas de coesão (SENÇO, 1997).

Page 24: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

16

Os agregados sempre representam o maior volume em relação aos demais componentes nos

sistemas em que fazem parte e, nas misturas asfálticas, sua participação é ainda maior

(SENÇO, 1997).

A Tabela 1 apresenta a classificação das rochas quanto às suas características para a

obtenção dos agregados.

Tabela 1: Rochas utilizadas para obtenção de agregados.

Page 25: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

17

4.2. Ligantes Asfálticos

Os ligantes asfálticos são produtos derivados do petróleo por processos industriais, utilizados

na pavimentação. A Figura 7 apresenta o diagrama dos tipos de ligantes asfálticos e seus

grupos, segundo a classificação do DNER e as definições pertinentes a cada classe de ligante

asfáltico.

Figura 7: Diagrama da classificação dos ligantes asfálticos, segundo o DNER

(Fonte: MONTHÉ, 2009).

4.2.1. Tipos

4.2.1.1. Cimento Asfáltico de Petróleo – CAP

Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) é uma designação que indica a classificação do asfalto de

acordo com as suas propriedades físicas (viscosidade e penetração), a fim de atender a

critérios comerciais com o objetivo de assegurar o bom desempenho do material em sua

Page 26: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

18

aplicação. A sigla CAP – Cimento Asfáltico de Petróleo é seguida de um identificador numérico,

que pode indicar os valores limites de penetração (por exemplo, CAP 50-70, indica que a

penetração do ligante varia entre 50 e 70 décimos de milímetros) ou de viscosidade (por

exemplo, CAP 20, onde o 20 corresponde ao limite inferior da viscosidade absoluta que varia

entre 2000 1000 poises).

Basicamente, os CAP’s são constituídos por 90 a 95% de hidrocarbonetos e 5 a 10% de

heteroátomos (oxigênio, enxofre, nitrogênio e metais - vanádio, níquel, ferro, magnésio e

cálcio) unidos entre si por ligações covalentes. Em geral, os CAP’s brasileiros apresentam

baixo teor de metais, enxofre e alto teor de nitrogênio, enquanto que os CAP’s Árabes e

venezuelanos apresentam alto teor de enxofre (LEITE, 1999).

Possuem propriedades de adesivo termoviscoplástico impermeável à água e pouco reativo. O

CAP apresenta-se semi-sólido à baixas temperaturas, viscoelástico à temperatura ambiente e

líquido em altas temperaturas. É quase totalmente solúvel no benzeno, tricloroetileno ou

bissulfeto de carbono. Sua composição química tem grande influência no desempenho físico e

mecânico das misturas asfálticas. Porém, sua maior influência ocorre nos processos de

incorporação dos agentes modificantes, tais como os polímeros (BERNUCCI et.al.,2008).

Um estudo realizado por Gastauer et al. (2008) apud Leite (1999) classifica os CAP’s segundo

a fonte do petróleo, cujas classes dividem-se em naftênicos e parafínicos, os quais podem ser

verificados na Tabela 02, que apresenta os resultados da composição química do CAP 50/70

de classe naftênica e parafínica, através do método SARA, que por sua vez, baseia-se na

norma ASTM D4124.

Tabela 2: Composição química do CAP 50/70.

Até o ano de 2005, os CAP’s eram separados em duas famílias de ligantes, especificados pela

penetração e pela viscosidade absoluta. Por viscosidade, os CAP’s eram divididos em: CAP-7,

CAP-20 e CAP-40, o índice numérico corresponde ao início da faixa de viscosidade para cada

Page 27: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

19

classe. Outra portaria da ANP classificava os CAP’s em função do ensaio padronizado de

penetração, que por sua vez eram classificados em: CAP 30-45; 50-60; 85-100 e 150. Desta

forma, quanto maior a penetração pela agulha padrão, “mais mole” é o CAP. Em julho de 2005,

a ANP adotou uma nova especificação, unindo as duas especificações. A tabela 3 mostra a

especificação dos CAP’s adotada em Julho de 2005 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás

Natural e Biocombustíveis – ANP. A qual está relacionada à viscosidade e ao ensaio de

penetração.

Os ensaios, denominados convencionais, e os métodos a que se referem nas especificações

da ANP são citados a seguir e mais detalhados no item 4.2.3.1:

a) Penetração: conforme a ABNT NBR 6576, determina a consistência do asfalto a partir de

valores de penetração de uma agulha em uma amostra de asfalto sob condições padronizadas

de ensaio (tempo, temperatura e carga);

b) Ponto de amolecimento: conforme a ABNT NBR 6560, determina a temperatura em que a

consistência de um ligante asfáltico passa do estado plástico ou semi-sólido para o estado

líquido. O ensaio é conhecido como Método do Anel e Bola.

c) Viscosidade cinemática: determina a viscosidade do material asfáltico a altas temperaturas,

a partir do tempo de escoamento medido em segundos, empregando um determinado volume

de amostra à temperatura constante, em equipamentos denominados viscosímetros do tipo

capilares. Os métodos de ensaios são normalizados segundo a ASTM D2170, cuja precisão do

método é na faixa de 30 a 6000 cSt a 135°C, ou do tipo Saybolt, cuja norma de referência é a

ASTM E102, que utiliza uma faixa de temperatura entre 120 e 240°C;

d) Viscosidade absoluta: conforme a ASTM D2171, especifica a viscosidade do ligante asfáltico

a 60°C, medida em viscosímetro a vácuo, cujo resultado é expresso em Poise. Este ensaio é

semelhante ao da viscosidade cinemática que mede o tempo de escoamento, em segundos;

e) Efeito do calor e do ar: conforme a ASTM D1754, simula as condições de usinagem do

asfalto e os resultados obtidos, permitem avaliar a presença de frações de óleos mais leves

e/ou a oxidação sob aquecimento a 163°C durante 5 h;

f) Ductilidade: conforme a ASTM D113, determina a capacidade de um material asfáltico em

alongar-se sem romper, quando submetido à tração em condições normalizadas;

g) Ponto de fulgor: segundo a ASTM D92, indica a temperatura limite em que o CAP pode ser

aquecido sem risco de inflamar-se quando em contato com a chama;

Page 28: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

20

h) Solubilidade em tricloroetileno: conforme a ASTM D2042, é um ensaio que determina o teor

de impurezas de origem mineral, separando-as da fração do CAP que age como ligante, sendo

esta solúvel em tricloroetileno;

i)Índice de susceptibilidade térmica: expressa a variação da consistência em relação à

temperatura na faixa de serviço dos pavimentos.

j) Viscosidade de Brookfield: O ensaio para determinar a viscosidade aparente de ligantes

asfálticos utiliza um viscosímetro rotacional cilíndrico que mede a viscosidade através do torque

necessário para rodar uma haste de prova (spindle) imersa na amostra de asfalto quente, a

velocidade constante. Para avaliar os vários tipos de ligantes asfálticos utiliza-se o método

descrito na ABNT NBR 15184 (ABNT, 2004) (ODA, 2000).

4.2.1.2. Asfalto Diluído de Petróleo (ADP)

Conhecido também como “cutback”, são produzidos pela adição de um diluente volátil,

geralmente nafta, querosene ou gasolina, com o objetivo de reduzir temporariamente sua

viscosidade, facilitando a aplicação, exigindo temperaturas menores do que àquelas exigidas

para a aplicação do cimento asfáltico de petróleo. Após a aplicação, os diluentes evaporam. A

esta evaporação, denomina-se “cura”. Conforme a DNER ES 306/97, o principal uso do asfalto

diluído em pavimentação relaciona-se ao serviço de imprimação de base de pavimentos, bem

como em serviços de tratamento superficial. Porém, há uma tendência cada vez maior da

redução do seu emprego, devido aos problemas relacionados à segurança e meio ambiente

por causa da emissão de hidrocarbonetos orgânicos voláteis (BERNUCCI et.al., 2008).

4.2.1.3. Emulsões Asfálticas de Petróleo – EAP

A emulsão é definida como uma mistura heterogênea entre dois ou mais líquidos imiscíveis,

porém, quando mantidos em suspensão por meio de agitação ou por adição de um agente

emulsificante, formam uma mistura estável (ABEDA, 2002). A Figura 8 apresenta o esquema

de produção de emulsão asfáltica.

Page 29: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

21

Figura 8: Esquema de produção de emulsão asfáltica

(Fonte: adaptada de ABEDA, 2002).

Conforme Bernucci et al. (2008), os dois líquidos presentes na mistura das emulsões asfálticas

(EAP) são asfalto e água, as quais representam uma classe particular de emulsão óleo-água,

tendo a fase “óleo” com alta viscosidade e os materiais não formam uma emulsão pela simples

mistura entre ambos, sendo necessária a utilização de um agente emulsificante, para garantir a

estabilidade da solução. Além disso, usa-se agitação mecânica em equipamentos

denominados moinhos coloidais, que transforma o asfalto em pequenas partículas ou glóbulos.

A proporção entre óleo e água é normalmente de 60% de óleo para 40% de água. A - Asfalto-

CAP - Solvente - Água - Agentes emulsificantes Fase ligante 145°C Fase aquosa 50°C Moinho

coloidal Emulsão asfaltica48 estabilidade da emulsão pode durar de semanas até meses,

dependendo da sua formulação. As emulsões podem apresentar cargas de partícula positiva

ou negativa, o que determina o tipo da emulsão, catiônica ou aniônica. Os agentes

emulsificantes têm como função, reduzir a tensão superficial, permitindo que os glóbulos de

asfalto permaneçam em suspensão na água por algum tempo, evitando assim que as

partículas se reagrupem, fenômeno caracterizado como coalescência. Possui dois

componentes com afinidades diferentes com a água e com o óleo, os quais são responsáveis

pelas cargas elétricas finais apresentadas pela EAP. Por este motivo, o ensaio de carga de

partícula é importante, pois determina o desempenho do produto na pavimentação.

A Figura 9 mostra de maneira simplificada, a interação ou ruptura da emulsão, com caráter

catiônico e é representado pelas esferas com sinal positivo (+) e o agregado, no exato

momento em que estes entram em contato durante a pavimentação. A ruptura também recebe

o nome de “cura”.

Page 30: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

22

Figura 9: Ruptura da emulsão asfáltica

(Fonte: adaptada de ABEDA, 2002).

Conforme ABEDA, (2010) alguns exemplos de agentes mais utilizados como emulsificantes

são: o sulfato de sódio, que produz emulsões aniônicas e as aminas, que produzem emulsões

catiônicas. Dado o elevado desempenho nos serviços de pavimentação. É possível produzir

também emulsões sem carga elétrica, que são denominadas não-iônicas.

O uso da emulsão consiste em provocar a ruptura ou a quebra do equilíbrio frágil da mistura

óleo-água, deixando os glóbulos livres para agruparem-se, resultando na reconstituição do

asfalto residual, que se possível, deve ser igual ao original antes da emulsificação. As

designações das classes das emulsões brasileiras são feitas em função:

a) do tempo necessário para que ocorra a ruptura, que pode ser rápida, média ou lenta;

b) do teor de asfalto contido na mesma;

c) da carga iônica. De acordo com a resolução CNP 07/88, as características das emulsões

estão especificadas conforme o anexo 04.

4.2.1.4. Asfaltos Oxidados ou Soprados de Uso Industrial

Segundo Leite (1999) são asfaltos aquecidos e submetidos a ação de uma corrente de ar, com

o objetivo de modificar as suas características normais, principalmente o ponto de

amolecimento. Seu uso tem aplicações industriais em películas protetoras e

impermeabilizantes. Este tipo de asfalto é menos dúctil e apresenta maior resistência às

variações de temperatura. Os requisitos dos asfaltos soprados para impermeabilização são

especificados pela norma ABNT NBR 9910/2002.

4.2.1.5. Asfaltos Modificados (AMB ou AMP)

Para ampliar a resistência dos pavimentos, os CAP’s podem ser modificados pela adição de

asfaltos naturais como gilsonita (EUA), asfaltita (Argentina) e o asfalto natural da ilha de

Trinidad. Ou também pela adição de filer (cal, cimento, sílica, etc.), pela adição de fibras, como

as de vidro, fibras celulósicas, poliméricas e asbestos. Ou pela adição de enxofre elementar.

Atualmente emprega-se modificação por adição de polímeros, tais como o SBS, SBR, EVA,

etc. e a adição de borracha moída de pneus (MAGALHÃES, 2004).

Page 31: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

23

4.2.1.6. Agentes Rejuvenescedores – AR

São produtos especialmente formulados para o uso em reciclagem de pavimentos (em usina

ou in situ). A reciclagem, por sua vez é uma técnica que visa a reutilização dos agregados e

ligantes do revestimento antigo. O agente rejuvenescedor tem a função de reduzir a

viscosidade e repor os compostos aromáticos e resinas do ligante, recompondo as suas

características originais de ductilidade e consistência, ou as suas propriedades reológicas

perdidas através do envelhecimento ao longo do tempo de uso do pavimento (BETUNEL,

acessado em 08/08/10).

4.2.2. Classificação

A seleção de um ligante asfáltico envolve a análise das suas características reológicas, físicas

e químicas. Historicamente, o parâmetro mais utilizado para classificar ligantes asfálticos é a

sua consistência, que pode ser determinada através dos seguintes ensaios: penetração

(ABNT/MB107); viscosidade absoluta a 60oC (ASTM D2171); viscosidade cinemática a 135oC

(ASTM D2170) e ponto de amolecimento (Método Anel e Bola - ABNT/MB164).

Visando a segurança durante o manuseio dos ligantes asfálticos, as especificações

recomendam limites para o ponto de fulgor, pois se um ligante asfáltico é aquecido a uma

temperatura muito elevada pode ocorrer a liberação de vapores do produto, suficientes para,

em mistura com ar e na presença de uma chama, provocar uma centelha. O ponto de fulgor

indica a temperatura acima da qual o asfalto pode ser considerado um produto inflamável,

sempre que houver uma fonte de ignição. Para determinar o ponto de fulgor pode ser usado o

método de vaso aberto de Cleveland (ABNT/MB50).

Outro fator importante a ser analisado é o envelhecimento. Um cimento asfáltico é formado por

moléculas orgânicas que reagem com o oxigênio do meio ambiente, ocasionando a oxidação,

ou seja, a formação de uma estrutura mais dura e rígida. A oxidação aumenta com o aumento

da temperatura.

Os ligantes asfálticos, quando misturados ao agregado mineral, sofrem um envelhecimento

substancial em um curto período de tempo. Posteriormente, durante a vida em serviço, os

pavimentos são submetidos a determinadas condições ambientais e de carregamento que

resultam no envelhecimento a longo prazo. Sendo assim, é importante simular o

envelhecimento dos ligantes asfálticos durante as fases de produção e de aplicação e também

durante a vida em serviço, sendo para isso realizados os ensaios de filme fino em estufa

(TFOT), os ensaios de rotação de filme fino em estufa (RTFOT), e os ensaios de

envelhecimento em vaso de pressão (PAV), respectivamente.

Page 32: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

24

Apesar de não existir material similar aos ligantes asfálticos quanto à sua aplicabilidade na

construção de pavimentos, muitas vezes seu emprego requer o uso de aditivos para melhorar

suas propriedades físicas, mecânicas e químicas, o que acaba alterando as propriedades

reológicas do ligante (particularmente, borracha de pneus moída) (PETROBRAS, 1996).

4.2.2.1. Classificação por Penetração

A primeira especificação dos ligantes asfálticos desenvolvida nos Estados Unidos era baseada

na aparência do asfalto natural e em ensaios químicos, usados para determinar a quantidade

de betume e de matérias orgânicas e inorgânicas presentes no asfalto. Com o crescimento da

produção de misturas asfálticas, tornou-se evidente a necessidade de materiais que

apresentassem uma determinada consistência para serem utilizadas na produção dessas

misturas (ROBERTS et al., 1996).

A classificação por penetração é baseada, principalmente, na consistência do cimento asfáltico

a uma temperatura de 25oC, considerada a temperatura média do pavimento em serviço, além

de outros ensaios complementares. No Brasil, apresenta as classes 30/45, 50/70, 85/100 e

150/200 (tabela 3).

Page 33: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

25

Tabela 3: Nova Especificação para Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) - Classificação por penetração.

(Fonte: BERNUCCI et al., 2008).

A principal vantagem da especificação com base na penetração é que os ensaios são rápidos e

necessitam de baixo custo de investimentos.

As principais desvantagens da especificação com base na penetração são:

os ensaios são empíricos: não avaliam tensões e deformações;

Page 34: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

26

taxa de cisalhamento: alta e variável (agulha penetra mais rapidamente em asfaltos moles);

incapaz de avaliar desempenho de materiais dependentes da taxa de cisalhamento

(polímeros);

penetrações similares a 25ºC não refletem grandes diferenças entre asfaltos: não fornece

informações sobre o desempenho a temperaturas de mistura e de compactação.

4.2.2.2. Classificação por Viscosidade

Em meados da década de 60, o Federal Highway Administration (FHWA), a American Society

for Testing and Materials (ASTM), a AASHTO e alguns departamentos de estradas de rodagem

mudaram o sistema de classificação com base na penetração a 25oC para viscosidade a 60oC.

Os principais objetivos eram substituir o ensaio de penetração (empírico) por um ensaio de

viscosidade (científico) e medir a consistência a 60oC, que é a temperatura próxima da máxima

temperatura que um pavimento atinge no verão (ROBERTS et al., 1996).

No sistema de classificação por viscosidade, a unidade de medida é o poise, P (1P = 0,1 Pa.s).

Essa classificação é baseada na viscosidade a 60oC, que apresenta a temperatura máxima

obtida na superfície do pavimento, sendo dividida nas classes CAP7, CAP20 (ligantes mais

utilizados) e CAP 40. Vale lembrar que, no Brasil, em 2005, a classificação por viscosidade foi

substituída pela classificação por penetração.

Tabela 4: Especificações para Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) - Classificação por viscosidade

vigente até julho de 2005.

(Fonte: BERNUCCI et al., 2008).

Page 35: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

27

As principais vantagens da especificação com base na viscosidade são:

amplo intervalo de temperaturas;

baseada na máxima temperatura da superfície do pavimento (60ºC);

controla a máxima susceptibilidade térmica;

informa sobre temperaturas de mistura e compactação.

As principais desvantagens da especificação com base na viscosidade são:

os ensaios são mais demorados;

não é aplicável a materiais modificados;

ampla faixa de propriedades para uma mesma classificação: falta de limite inferior para a

susceptibilidade térmica.

4.2.2.3. Classificação Superpave

As classificações convencionais por penetração e viscosidade apresentam limitações que não

possibilitam selecionar o asfalto mais adequado para aplicar em uma camada asfáltica de um

pavimento. Portanto, como parte da pesquisa desenvolvida pelo SHRP, denominada de

Superpave, novos ensaios e especificações foram desenvolvidos de forma a caracterizar com

mais precisão os ligantes asfálticos para uso em misturas asfálticas. Estes ensaios e

especificações consideram os parâmetros das misturas asfálticas que podem ser

correlacionados com o desempenho do pavimento em campo, tais como deformação

permanente nas trilhas de rodas, trincas por fadiga e trincamento térmico.

A Tabela 5 mostra como a classificação Superpave PG trata as limitações da classificação por

penetração.

Page 36: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

28

Tabela 5: Limitações da Classificação Convencional e Características da Especificação Superpave.

Limitações da Classificação por Penetração Características da Especificação Superpave que

trata das limitações

Ensaios de penetração e ductilidade são empíricos e

não relacionam diretamente com o desempenho do

pavimento.

As propriedades físicas medidas relacionam

diretamente o desempenho do pavimento em

campo com as propriedades de engenharia.

Os ensaios são realizados em uma temperatura

padrão sem considerar o clima do local em que o

asfalto será aplicado.

Os critérios do ensaio permanecem iguais, no

entanto, a temperatura de ensaio considera as

condições climáticas do local de aplicação.

A faixa de temperatura considerada na classificação

não atende todas as condições climáticas. Por

exemplo, não existe um ensaio específico a baixa

temperatura para medir a rigidez do ligante e

prevenir o trincamento térmico.

As faixas de temperaturas consideradas na

classificação atendem as condições climáticas de

todos os locais de aplicação.

Os métodos de ensaios consideram apenas o

envelhecimento de curto prazo, apesar do

envelhecimento de longo prazo será um dos fatores

mais significantes na formação de trincas por fadiga

e trincamento térmico.

Três idades críticas são simuladas e testadas:

1. ligante virgem: antes da mistura com o

agregado.

2. ligante asfáltico envelhecido no curto prazo:

após produção da mistura e construção.

3. ligante asfáltico envelhecido no longo prazo.

Ligantes asfálticos podem ter características

significativamente diferentes dentro do mesmo

sistema de classificação.

A classificação é mais precisa e há menos

sobreposição entre as faixas.

Asfaltos modificados não são apropriados para estes

sistemas de classificação.

Ensaios e especificações são adequados para

classificar os ligantes asfálticos puros e os

modificados.

(Fonte: ROBERTS et al., 1996)

Breve Histórico da Metodologia Superpave - Programa SHRP

No final dos anos 1980 e início de 1990, o Strategic Highway Research Program (SHRP),

conhecido como Programa SHRP, foi desenvolvido por engenheiros e pesquisadores de várias

universidades e organizações de pesquisas americanas. O programa teve duração de 5 anos,

e foram desenvolvidos novos métodos de ensaio, novas especificações para ligante asfáltico e

agregados, e um novo procedimento para o projeto e análise de misturas asfálticas. Foram

empregados cerca de US$150 milhões e os resultados dos estudos foram patenteados como

Superpave (Superior Performing Asphalt Pavement) (ROBERTS et al., 1996; ASPHALT

INSTITUTE, 2001; AASHTO, 2000 e 2001).

Um dos principais resultados do Programa SHRP foi o novo procedimento de dosagem de

mistura asfáltica denominado de Superpave, que foi desenvolvido para substituir os métodos

Hveem e Marshall. A análise volumétrica, comum nos métodos Hveem Marshall, fornece a

base para o Superpave. A metodologia Superpave é composta por uma análise criteriosa de

materiais, ligante asfáltico e seleção agregado, e um método de dosagem de mistura asfáltica,

Page 37: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

29

considerando características de tráfego e clima da região onde será construído o pavimento.

Os equipamentos de compactação dos métodos Hveem e Marshall foram substituídos por um

compactador giratório e o esforço de compactação empregado na dosagem da mistura

asfáltica está relacionado ao tráfego esperado.

A metodologia Superpave é composta por 7 etapas básicas:

1. Seleção dos agregados;

2. Seleção do ligante asfáltico;

3. Preparação da amostra (incluindo compactação da mistura asfáltica);

4. Realização de ensaios de desempenho;

5. Determinação de densidade e vazios da mistura asfáltica;

6. Seleção do teor ótimo de ligante asfáltico (teor de projeto);

7. Avaliação da susceptibilidade da mistura asfáltica.

A metodologia Superpave está detalhada na publicação Superpave Mix Design do Asphalt

Institute de 2001. Neste trabalho será abordada apenas a segunda etapa da metodologia, que

trata da seleção do ligante asfáltico. Portanto, antes de tratar da seleção de ligantes asfálticos,

será apresentada a forma de classificação Superpave.

A classificação Superpave (PG) é baseada na ideia de que as propriedades de um asfalto

deverão estar relacionadas com as condições em que o material é aplicado, ou seja, com as

solicitações em campo. Para ligantes asfálticos, devem ser consideradas as condições

climáticas e de envelhecimento do local da aplicação. Portanto, o sistema de PG utiliza uma

série de ensaios comuns (como penetração e viscosidade), mas especifica que um ligante

asfáltico deve ser submetido a esses ensaios a temperaturas específicas que variam de acordo

com as condições climáticas específicas da área de aplicação (ASPHALT INSTITUTE, 2001).

A classificação Superpave é composta por dois números: o primeiro número corresponde à

temperatura mais elevada do pavimento, ou seja, aquela em que os ensaios que avaliam a

resistência ao acúmulo de deformação permanente devem ser realizados. O segundo número

corresponde à temperatura mínima do pavimento, aquela em que os ensaios que analisam a

resistência às trincas por contração de origem térmica devem ser realizados (ASPHALT

INSTITUTE, 2001).

A Tabela 6 mostra o sistema de classificação de ligantes Superpave, onde os tipos PG 76 e 82

são necessários em climas muito quentes ou em locais de carregamento lento ou estático ou

ainda tráfego excessivo de caminhões pesados.

Page 38: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

30

Tabela 6: Tipos de ligantes Superpave

Classificação a alta temperatura Classificação a baixa temperatura

PG 46 -34, -40, -46

PG 52 -10, -16, -22, -28, -34, -40, -46

PG 58 -16, -22, -28, -34, -40

PG 64 -10, -16, -22, -28, -34, -40

PG 70 -10, -16, -22, -28, -34, -40

PG 76 -10, -16, -22, -28, -34

PG 82 -10, -16, -22, -28, -34

Para determinar o valor do PG do ligante asfáltico são considerados os resultados dos ensaios

reológicos desenvolvidos no Programa SHRP e adotados na especificação Superpave. Os

ensaios considerados são: cisalhamento dinâmico empregando o reômetro (Dynamic Shear

Rheometer, DSR) com a amostra virgem, após o envelhecimento de curto prazo (Roling Thin

Film Test, RTFOT), após o envelhecimento de longo prazo (Pressure Aging Vessel, PAV), além

do ensaio da amostra envelhecida no PAV realizado a baixas temperaturas com o reômetro de

fluência de viga (Bending Beam Rheometer, BBR).

A tabela da Figura 10 é o quadro-resumo padrão apresentado na AASHTO MP 1 (PAVEMENT

INTERACTIVE, 2015) para a classificação Superpave do ligante asfáltico. Os seguintes itens

podem ajudar a decifrar esta tabela:

As linhas acima do termo “ligante asfáltico virgem” (original binder) são usadas para

designar o grau PG desejado. Por exemplo, se a média das temperaturas máximas de 7

dias consecutivos do pavimento for superior a 52ºC, mas inferior a 58ºC você deve

selecionar a coluna "<58". Os valores de temperaturas abaixo da célula "<58" célula são

selecionados com base na temperatura mínima de pavimento em ºC.

A especificação PG (por exemplo, PG 58-22) só determina a temperatura na qual os ensaios

são executados.

Os testes são executados com o ligante asfáltico virgem (sem envelhecimento), após

envelhecimento no RTFO (envelhecimento de curto prazo) e após envelhecimento no PAV

(envelhecimento de longo prazo), a fim de caracterizar e simular o desempenho do ligante

asfáltico durante toda a sua vida em serviço. No entanto, alguns ensaios, além de ser

realizados em diferentes temperaturas, também são executados com o ligante nas 3

condições (virgem, após envelhecimento de curto prazo e após envelhecimento de longo

prazo). Por exemplo, o ensaio de cisalhamento dinâmico.

Os ensaios necessários para a classificação Superpave estão listados na coluna da

esquerda. Eles não são, necessariamente, listados pelos seus nomes comuns, mas pelo

método de ensaio AASHTO seguido do valor limite. Por exemplo, "Flash Point Temp. T 48,

Minimum (ºC)" significa que o ponto de fulgor é medido de acordo com a AASHTO T 48 e

que o valor na coluna adjacente representa o valor mínimo permitido em graus Celsius.

Page 39: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

31

Figura 10: Classificação Superpave de ligante asfáltico baseado no PG

(Fonte: PAVEMENT INTERACTIVE, 2015).

Page 40: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

32

4.2.3. Reologia de Ligantes Asfálticos

Os materiais, de uma forma geral, apresentam um comportamento que varia de acordo com o

tipo de solicitação (estática, dinâmica, longa ou curta duração), com as condições do meio

ambiente (temperatura e umidade) e com as condições de confinamento. O estudo do

comportamento tensão-deformação de um material, considerando-se também o tempo de

aplicação do carregamento, se dá dentro da reologia.

A caracterização de um ligante asfáltico geralmente é feita através de ensaios dinâmicos. Num

ensaio dinâmico, a amostra de asfalto atinge uma condição estável após número limitado de

ciclos. Nessa condição são determinados o pico de tensão e o pico de deformação, cuja razão

é o valor absoluto do módulo de cisalhamento dinâmico ou módulo complexo, G*. O G* é,

portanto, a medida da resistência total do material à deformação, quando exposto a pulsos

repetidos de tensões de cisalhamento, e consiste de dois componentes: um elástico

(recuperável) e um viscoso (não-recuperável). As setas indicam na Figura 13, G1* e G2*, que

representam os módulos complexos dos asfaltos 1 e 2.

Comportamento Viscoso

v1

v2

Comportamento Elástico

Elástico e Viscoso

Comportamento

G*2

G*1

E1 E2

Figura 11: Comportamento visco-elástico de materiais asfálticos a partir de ensaios dinâmicos

(adaptada de ASPHALT INSTITUTE, 1995).

O ângulo de fase, , é um indicador da quantidade de deformação recuperável e não-

recuperável e corresponde ao intervalo de tempo entre a aplicação da carga (tensão aplicada)

e a resposta obtida (deformação) (Figura 4). Para materiais puramente elásticos, o ângulo de

fase será zero, enquanto que para materiais puramente viscosos, será 90o (ODA, 2000).

Os valores de G* e dos asfaltos dependem da temperatura e da frequência de carregamento.

A temperaturas altas, os asfaltos comportam-se como fluidos viscosos, sem nenhuma

capacidade de recuperação ou restauração. Neste caso, a componente viscoso do asfalto é

representada pelo eixo vertical (apenas o componente viscoso) na Figura 11, sem nenhum

Page 41: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

33

componente elástico de G*, já que = 90o. A baixas temperaturas (menores que -20oC), os

asfaltos comportam-se como sólidos elásticos e esta condição é representada pelo eixo

horizontal (apenas o componente elástico) na Figura 12. Neste caso, não existe o componente

viscoso de G*, já que = 0o (ODA, 2000).

Elástico: = 0o

máx

máx mín

mín

Tensão de

Cisalhamento

Aplicada

Deformação de

Resultante

Cisalhamento

Viscoso: = 90o

Tempo

máx

máxmín

mín

Tempo

defasagem

Figura 12: Comportamento tensão-deformação de materiais asfálticos

(adaptada de ASPHALT INSTITUTE, 1995)

4.2.4. Ensaios

4.2.4.1. Ensaios Convencionais

Para controle de qualidade dos diferentes tipos de asfaltos foram desenvolvidos, desde o início

do século XX, vários ensaios para a avaliação laboratorial e certificação de ligante asfálticos

(ODA, 2000).

a) Penetração

A penetração dos ligantes asfálticos pode ser determinada segundo o método descrito na

ABNT NBR 6576 (ABNT, 2007). Esse método serve para avaliar a consistência dos materiais

betuminosos através da “penetração”, distância em décimos de milímetro que uma agulha

padrão penetra verticalmente em uma amostra do material asfáltico sob condições específicas

de temperatura (25oC), carga (100 gramas) e tempo (5 segundos). A Figura 13 ilustra o

equipamento utilizado na determinação da penetração de ligantes asfálticos (ODA, 2000).

Page 42: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

34

Figuras 13(a), (b) e (c): Equipamento utilizado na determinação da penetração de ligantes asfálticos.

b) Ponto de Amolecimento

O ponto de amolecimento dos ligantes asfálticos pode ser determinado segundo o método

descrito na ABNT NBR 6560 (ABNT, 2008), conhecido como Método do Anel e Bola. O ponto

de amolecimento de um material é considerado como o valor de temperatura na qual a

consistência de um ligante asfáltico passa do estado plástico ou semi-sólido para o estado

líquido. No ensaio anel e bola é a temperatura lida no momento em que a esfera metálica

padronizada atravessa o anel (também padronizado) cheio com o material asfáltico e toca uma

placa de referência. A Figura 14 ilustra o equipamento utilizado na determinação do ponto de

amolecimento de ligantes asfálticos (ODA, 2000).

Figura 14: Equipamento utilizado na determinação do ponto de amolecimento de ligantes asfálticos -

Método Anel e Bola.

c) Ponto de Fulgor

O ponto de fulgor de um ligante asfáltico é a temperatura na qual existe uma liberação de

vapores suficiente para, em mistura com ar e na presença de uma chama, provocar uma

Page 43: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

35

centelha. Portanto, indica a temperatura acima da qual o asfalto deve ser manuseado como

produto inflamável, desde que haja uma fonte de ignição (faísca, chama etc.). É um ensaio

muito prático que permite, também, verificar contaminação do asfalto por solvente e

contaminação por água, cujo ponto de fulgor são mais baixos. O ponto de fulgor dos ligantes

asfálticos pode ser determinado segundo o método descrito na ABNT NBR11341 (ABNT,

2008). A Figura 15 ilustra o equipamento utilizado na determinação do ponto de fulgor de

ligantes asfálticos (ODA, 2000).

Figura 15: Equipamento utilizado na determinação do ponto de fulgor de ligantes asfálticos.

d) Viscosidade Saybolt-Furol

A Viscosidade Saybolt de ligantes asfálticos pode ser determinada segundo o método descrito

na ABNT/IBP/P-MB-517 (ABNT, 1971b). Este método fixa o processo de determinação da

viscosidade Saybolt de materiais asfálticos. Viscosidade Saybolt (expressa em segundos) é o

tempo necessário para o escoamento de 60 ml de material, no viscosímetro de Saybolt, sob

determinadas condições de temperatura. Geralmente, essa temperatura varia com o tipo de

asfalto, sendo que para os cimentos asfálticos são utilizadas temperaturas de 135 e 177oC. A

Figura 16 ilustra o equipamento utilizado na determinação da viscosidade Saybolt-Furol de

materiais asfálticos (ODA, 2000).

Page 44: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

36

Figura 16: Equipamento utilizado na determinação da viscosidade Saybolt-Furol.

e) Ductilidade

A ductilidade é determinada segundo a norma ABNT NBR 6293:2001. Define-se ductilidade

como a capacidade de um asfalto sofrer deformações de sua massa. O ensaio mede a

distância em que um corpo de prova padrão de asfalto é alongado até seu rompimento.

Asfaltos empregados na construção rodoviária devem apresentar ductilidade elevada, maiores

que 1,0 m (ODA, 2000). A Figura 17 mostra o equipamento utilizado no ensaio de ductilidade.

Figura 17: Equipamento utilizado na determinação da ductilidade.

4.2.4.2. Ensaios Superpave

Um dos objetivos do Programa SHRP foi desenvolver especificações de ligantes asfálticos com

base no desempenho. Este objetivo foi baseado na premissa de que os métodos e

especificações existentes e atualmente em uso não garantem um bom desempenho a longo

prazo e que muito desses ensaios precisam ser revistos, substituídos ou eliminados. O

Programa SHRP procurou desenvolver métodos de análise de materiais e de misturas

asfálticas com base em propriedades fundamentais (módulo de rigidez, resistência à ruptura

por fadiga e resistência à deformação permanente), ou seja, métodos baseados em

propriedades diretamente relacionadas ao desempenho dos pavimentos em serviço. Os

Page 45: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

37

principais ensaios do método Superpave para avaliar o comportamento de ligantes asfálticos

são descritos a seguir (ODA, 2000).

a) Viscosidade Aparente (Brookfield)

O ensaio para determinar a viscosidade aparente de ligantes asfálticos utiliza um viscosímetro

rotacional cilíndrico (Figura 18), que mede a viscosidade através do torque necessário para

rodar uma haste de prova (spindle) imersa na amostra de asfalto quente, a velocidade

constante. Para avaliar os vários tipos de ligantes asfálticos utiliza-se o método descrito na

ABNT NBR 15184 (ABNT, 2004) (ODA, 2000).

Figura 18: Viscosímetro Brookfield utilizado para determinar a viscosidade aparente de ligantes

asfálticos.

A quantidade de ligante asfáltico varia de 8 a 11 gramas, dependendo do tamanho da haste de

prova (spindle). A viscosidade do ligante é usada para garantir um asfalto fluido o suficiente

para ser bombeado, transportado e misturado com o agregado (ODA, 2000).

b) Cisalhamento Dinâmico

O ensaio de cisalhamento dinâmico (ASTM D 7175, 2008), realizado com o Reômetro de

Cisalhamento Dinâmico (DSR, Dynamic Shear Rheometer, Figuras 19 e 20), é usado para

caracterizar tanto o comportamento viscoso como o elástico, através da medida do módulo de

cisalhamento complexo (G*) e do ângulo de fase () dos ligantes asfálticos. O G* é a medida da

resistência total do material à deformação quando exposto a pulsos repetidos de tensões de

cisalhamento e consiste de um componente elástico (recuperável) e outro viscoso (não-

recuperável). O é um indicador da quantidade relativa de deformação recuperável e não-

recuperável (ODA, 2000).

Page 46: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

38

Figura 19: Reômetro de cisalhamento dinâmico

(Fonte: TA INSTRUMENTS, 1999).

Figura 20: Esquema de um Reômetro de cisalhamento dinâmico

(adaptada de TA INSTRUMENTS, 1999).

O DSR avalia a rigidez do ligante asfáltico, função do módulo complexo e do ângulo de fase,

sob condições de temperaturas máximas em serviço e a taxas de carregamento compatíveis

com o tráfego (t = 0,1 s; v = 80 km/h). São ensaiadas amostras virgens ou envelhecidas em

estufa de filme fino rotativo (RTFOT, envelhecimento de curto prazo), sendo estabelecidos

valores mínimos capazes de garantir adequada resistência ao acúmulo de deformação

permanente (G*/sen maiores que 1,0 kPa e 2,2 kPa, respectivamente para amostras virgens e

envelhecidas no RTFOT) (ODA, 2000).

O ensaio de cisalhamento dinâmico também é realizado com amostras envelhecidas em vaso

de pressão (PAV, envelhecimento de longo prazo), sendo fixados valores máximos de rigidez

para garantir elasticidade suficiente para prevenir o aparecimento de trincas por fadiga (G*sen

menores que 5500 kPa). Os ensaios de ligantes usando um reômetro DSR Superpave são

realizados a uma frequência de 10 radianos por segundo, que equivale a aproximadamente

1,59 Hz (ciclos por segundo) (ODA, 2000).

Page 47: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

39

c) Envelhecimento de Curto Prazo

O ensaio RTFOT (Rolling Thin Film Oven Test – ASTM D 2872), que simula o envelhecimento

que ocorre na usina, tem duas finalidades: fornecer ligante asfáltico envelhecido para a

realização de ensaios que avaliam a resistência ao acúmulo de deformação permanente e

determinar a quantidade de voláteis perdida pelo asfalto durante o processo de

envelhecimento. A perda de voláteis é um indicador do envelhecimento que pode ocorrer no

asfalto durante a mistura em usina e a construção do pavimento (ODA, 2000).

O envelhecimento em estufa de filme fino rotativo (RTFOT) é realizado em uma estufa à

temperatura de 163oC composta por um “suporte” que sustenta oito frascos com as amostras

(Figura 21), sendo que no ponto baixo há, também, a injeção de ar. Para realizar o ensaio de

envelhecimento no RTFOT, os frascos são “preenchidos" com 35 0,5 gramas de ligante

virgem (Figura 22). Os frascos com as amostras são colocados no suporte e submetidos a uma

rotação de 15 revoluções por minuto. O fluxo de ar é introduzido a uma taxa de 4000 ml/min e

as amostras são expostas a essas condições durante 80 5 minutos (ODA, 2000).

Figuras 21(a) e (b): Estufa de Filme Fino Rotativo (Ensaio RTFOT).

antes de encher após o enchimento após o ensaio

Figura 22: Frascos utilizados no ensaio RTFOT

(adaptada de ASPHALT INSTITUTE, 1995).

Page 48: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

40

Após o envelhecimento, uma pequena parte do ligante envelhecido é submetida ao ensaio com

o DSR, cerca de 50 gramas são submetidos ao envelhecimento acelerado em vaso de pressão

(PAV) e o restante é armazenado para uso futuro.

d) Envelhecimento de Longo Prazo

O ensaio de envelhecimento acelerado (oxidação) de ligantes asfálticos (ASTM D 6521, 2008),

por meio de ar sob pressão e temperatura elevada, em um vaso de pressão (PAV, Figura 23),

utiliza o resíduo de material previamente submetido ao ensaio de rotação de filme fino em

estufa para simular as propriedades físicas e químicas (envelhecimento) dos ligantes asfálticos

após 5 a 10 anos de vida em serviço (ODA, 2000).

Figura 23: Vaso de pressão (PAV) utilizado para envelhecimento acelerado de ligantes asfálticos.

Deve-se destacar que o envelhecimento dos ligantes durante a vida em serviço também é

afetado por variáveis associadas à mistura, tais como a dosagem, a permeabilidade e

propriedade dos agregados, dentre outras. O ensaio de envelhecimento acelerado em vaso

pressurizado permite uma avaliação da resistência relativa de diferentes ligantes à oxidação,

sob temperaturas selecionadas, não levando em conta, porém, os fatores associados à mistura

(ODA, 2000).

e) Rigidez à Fluência na Flexão

Para avaliar as propriedades dos ligantes a baixas temperaturas é utilizado o reômetro de viga

à flexão (BBR, Bending Beam Rheometer, Figura 24), que mede a deflexão no ponto médio de

uma viga prismática de ligante betuminoso (envelhecido no PAV), simplesmente apoiada,

submetida a carregamento constante, também aplicado no meio do vão, por 240 s (ASTM D

6648, 2008) (ODA, 2000).

Page 49: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

41

Figura 24: Reômetro de viga à flexão.

O desempenho de misturas asfálticas é previsto a partir da resposta tensão-deformação do

ligante, uma vez que a resistência ao aparecimento de trincas por contração de origem térmica

depende da rigidez à fluência. A especificação Superpave recomenda que o valor da rigidez, S,

no ensaio BBR seja menor que 300 MPa a 60 segundos. Analogamente, ligantes com altos

valores de m (módulo de relaxação) são mais eficientes na dissipação das tensões formadas

durante a contração do ligante, quando a temperatura do pavimento cai abruptamente,

minimizando a formação de trincas e fissuras. Segundo a especificação Superpave, o m,

calculado para t = 60 s, deve ser maior ou igual a 0,300 (ODA, 2000).

Alguns ligantes, particularmente os modificados com polímeros, podem exibir uma rigidez

estática a baixa temperatura maior do que o desejado e, assim mesmo, não trincar a baixas

temperaturas devido a capacidade de deformar sem romper (ODA, 2000).

Page 50: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

42

5. DETERMINAÇÃO DO PG DO LIGANTE ASFÁLTICO

Para determinar o PG do ligante asfáltico devem ser realizados os seguintes ensaios

Superpave:

I. Ensaio de cisalhamento dinâmico com o DSR (Dynamic Shear Rheometer) com material

virgem em diferentes temperaturas (52, 58, 64, 70, 76 etc.) - ASTM D 7175:2008

Determinação dos parâmetros G*, ângulo de fase () e G*/sen

Seleção da temperatura que atenda o limite de G*/ sen ≥ 1,0 kPa

II. Envelhecimento do ligante asfáltico no RTFOT (Rolling Thin Film Oven Test) - ASTM D

2872:1997

III. Ensaio de cisalhamento dinâmico com material envelhecido no RTFOT em diferentes

temperaturas (52, 58, 64, 70, 76 etc.)

Determinação dos parâmetros G*, ângulo de fase () e G*/sen

Seleção da temperatura que atenda o limite de G*/ sen ≥ 2,2 kPa

IV. Envelhecimento do ligante asfáltico no PAV (Pressure Aging Vessel) - ASTM D 6521: 2008

V. Ensaio de cisalhamento dinâmico com material envelhecido no PAV em diferentes

temperaturas (34, 31, 28, 25, 22 etc.)

Determinação dos parâmetros G*, ângulo de fase () e G*sen

Seleção da temperatura que atenda o limite de G* sen ≤ 5500 kPa

VI. Ensaio de rigidez à fluência na Flexão – BBR (Bending Beam Rheometer) com material

envelhecido no PAV em diferentes temperaturas (0, -6, -12 etc.) - ASTM D 6648:2001

Seleção da temperatura que atenda o limite de S≤300 e m>0,300

Exemplo de como determinar o PG do ligante asfáltico

As Tabelas 7 a 10 apresentam os resultados de ensaios Superpave.

Tabela 7: Resultados de Cisalhamento Dinâmico - Amostra virgem - G*/ sen ≥ 1,0 kPa

Temperatura do ensaio (ºC) 58,0 64,0 70,0 76,0 82,0

N° amostra Descrição (°) G*/sen (kPa)

(°) G*/sen (kPa)

(°) G*/sen (kPa)

(°) G*/sen (kPa)

(°) G*/sen (kPa)

5235/06 CAP A 88,4 2,73 88,5 1,27 87,9 0,57

5236/06 CAP B 88,4 3,32 88,9 1,44 89,2 0,66

5237/06 CAP C 68,1 3,68 62,8 2,19 56,2 1,55 51,1 1,22

5238/06 CAP D 68,3 1,71 67,2 0,99

Tabela 8: Resultados de Cisalhamento Dinâmico - Após RTFOT - G*/ sen ≥ 2,2 kPa

Temperatura do ensaio (ºC) 58,0 64,0 70,0 76,0 82,0

N° amostra Descrição (°) G*/sen (kPa)

(°) G*/sen (kPa)

(°) G*/sen (kPa)

(°) G*/sen (kPa)

(°) G*/sen (kPa)

5235/06 CAP A 86,0 13,75 87,4 5,40 88,4 2,32 89,0 1,05

5236/06 CAP B 85,7 7,91 87,2 3,21 88,2 1,39

5237/06 CAP C 72,3 5,66 71,6 2,94 68,9 1,70

5238/06 CAP D 73,2 7,23 73,9 3,61 74,6 1,90

Page 51: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

43

Tabela 9: Resultados de Cisalhamento Dinâmico - Após PAV - G* sen ≤ 5500 kPa

Temperatura do ensaio (ºC) 31,0 28,0 25,0 22,0 19,0

N° amostra Descrição (°) G*sen (kPa)

(°) G*sen (kPa)

(°) G*sen (kPa)

(°) G*sen (kPa)

(°) G*sen (kPa)

5235/06 CAP A 59,9 4988 55,5 7967

5236/06 CAP B 61,8 2454 58,1 3639 54,2 5699

5237/06 CAP C 61,4 995 58,6 1691 55,3 2865 51,7 3986 47,9 6133

5238/06 CAP D 56,7 3775 53,0 5899

Tabela 10: Resultados de Rigidez à fluência na Flexão - S≤300 e m>0,300

Temperatura do ensaio (ºC) -12,0 -6,0 0,0

N° amostra Descrição S (MPa) m S (MPa) m S (MPa) m

5235/06 CAP A 421 0,228 255 0,336

5236/06 CAP B 378 0,289 186 0,376

5237/06 CAP C 236 0,317

5238/06 CAP D 199 0,386

A partir da análise dos resultados dos ensaios foi feita a seleção das temperaturas que

atendam os limites da especificação e determinados os PGs para cada CAP, conforme mostra

a Tabela 11.

Tabela 11: Determinação do PG das amostras do exemplo.

N° amostra Descrição DSR

Amostra virgem DSR

Após RTFOT DSR

Após PAV BBR PG

5235/06 CAP A 70 70 31 -6 70-16

5236/06 CAP B 64 64 28 -6 64-16

5237/06 CAP C 76 70 22 -12 70-22

5238/06 CAP D 70 64 22 -12 64-22

A Figura 25 mostra a determinação do PG para o CAP A do exemplo apresentado.

Figura 25: Exemplo de seleção do PG para o CAP A.

Page 52: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

44

6. SELEÇÃO DE LIGANTES ASFÁLTICOS PELO MÉTODO SUPERPAVE

O Superpave possui três métodos para auxiliar na seleção de um ligante asfáltico:

pela área geográfica: desenvolvimento de um mapa mostrando o tipo de ligante com base

no clima e/ou em normas e orientações;

pela temperatura do pavimento: necessidade de conhecer as temperaturas (máxima e

mínima) do projeto do pavimento;

pela temperatura do ar: necessidade de determinar as temperaturas do ar para convertê-las

em temperaturas de projeto (do pavimento).

No Brasil, ainda não é comum o uso do PG para selecionar o ligante mais adequado. Só foram

desenvolvidos alguns trabalhos científicos. A Figura 26 mostra o mapa do Brasil com alguns

valores de PG.

Figura 26: Classificação PG a partir de dados de temperaturas

Fonte: LEITE e TONIAL, 1994).

A seleção de um ligante pelo método Superpave começa pela determinação do PG da região

onde será feita a construção do pavimento. Para isso, é necessário conhecer as temperaturas

máxima e mínima do pavimento no local de projeto (exemplo da Figura 27). Essas

temperaturas são determinadas a partir de dados de temperaturas (média das temperaturas

máximas de 7 dias consecutivos e temperatura mínima do ar) da região onde será construído o

pavimento.

Page 53: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

45

A temperatura máxima de projeto pode ser determinada pela seguinte expressão (MOHSENI e

CARPENTER, 2004):

Tmáx = 32,7 + [0,837 Tar] - [0,0029Lat2] + z×[ar2 + δ2

modelo]0,5 (1)

onde:

Tmáx = temperatura máxima do pavimento a 20 mm de profundidade, em oC;

Tar = maior valor médio das temperaturas máximas de 7 dias consecutivos, em oC;

Lat = latitude da região de projeto, em graus;

z = da tabela de distribuição normal, z = 2,055 para 98% de confiabilidade;

δmodelo: = erro padrão do modelo = 2,1ºC;

ar = desvio padrão da temperatura média mínima do ar em um ano típico, em oC.

A temperatura mínima de projeto pode ser determinada utilizando-se a seguinte equação

(FHWA, 1998 e BOSSCHER, 2000):

Tmín = -1,56 + [0,72×Tar] - [0,004×Lat2] + [6,26×log(H+25)] - z×[4,4 + 0,52×ar2]0,5 (2)

onde:

Tmin = temperatura mínima do revestimento asfáltico abaixo da superfície, em oC;

Tar = temperatura mínima do ar em um ano típico, em oC;

Lat = latitude geográfica da região de projeto, em graus;

H = profundidade a partir da superfície, em mm;

z = da tabela de distribuição normal, z = 2,055 para 98% de confiabilidade;

ar = desvio padrão da temperatura média mínima do ar em um ano típico, em oC.

Figura 27: Exemplo de classificação PG a partir das temperaturas máximas e mínimas do pavimento.

Page 54: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

46

Vale ressaltar que a seleção do ligante asfáltico Superpave deve considerar ainda duas

condições: velocidade de carregamento e o volume de tráfego. A velocidade de carregamento

prevista nas especificações dos ensaios é de 10 rad/s, que corresponde a um tráfego a uma

velocidade de aproximadamente 90 km/h. No entanto, em locais como paradas de ônibus,

pedágios, estacionamentos, a velocidade de carregamento é muito menor que a estabelecida

nas especificações. Verificou-se que a determinação de parâmetros reológicos, realizada a

velocidades bem menores, como, por exemplo, 1 rad/s, que equivale a 8 km/h, reduz a

resistência à deformação permanente. Para compatibilizar essas situações de baixa

velocidade, o Superpave recomenda que o grau a alta temperatura seja elevado de 6 a 12ºC.

Por exemplo, se o ligante selecionado pelo clima for PG 64-22, para atender baixas

velocidades de carregamento deve ser aumentado um PG (ou seja, aumentar 6 graus na

temperatura mais alta), chegando a PG 70-22. Se estiver previsto carregamento estacionário

deve ser aumentado dois PG (ou seja, aumentar 12 graus na temperatura mais alta) chegando

o PG 76-22. Os PG 76 e 82 não correspondem a condições climáticas habituais nos EUA, mas

foram criados em função das solicitações de carregamento de baixa velocidade (ASPHALT

INSTITUTE, 2010).

Recomenda-se ainda que, além da velocidade de carregamento, o volume de tráfego seja

levado em consideração na seleção do ligante. Quando o volume de tráfego expresso pelo

número N exceder certo valor, considera-se aumento de 1 PG no grau quente, ou seja, 6ºC.

Quando o volume de tráfego exceder um segundo patamar considera-se aumento de 2 PG, ou

seja, 12ºC no grau quente. Por exemplo, em um projeto em que a seleção de clima foi de PG

58-22, mas que o tráfego previsto seja muito elevado deve ser selecionado um ligante de PG

70-22 (ASPHALT INSTITUTE, 2010).

Page 55: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

47

7. ESTUDO DE CASO

7.1. Características da Região

A região de estudo é a cidade do Rio de Janeiro, localizada na região Sudeste do Brasil. A

cidade do Rio de Janeiro está situada a 22º54'23" de latitude sul e 43º10'21" de longitude

oeste, no município do mesmo nome: é a capital do Estado do Rio de Janeiro (WIKIPEDIA,

2015).

Figura 28: Fotografia parcial da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, registrada a partir da Estação

Espacial Internacional, à noite

(Fonte: WIKIPEDIA, 2015).

Em termos de população é a segunda maior cidade do Brasil (depois de São Paulo), a sexta

maior da América e a trigésima quinta mais populosa do mundo. Em 2010, a população do Rio

de Janeiro segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) era de 6.320.446

habitantes (39,5% da população estadual), sendo que 46,83% eram homens e 53,17% de

mulheres. Ainda segundo o mesmo censo, 100% da população era urbana. Sua região

metropolitana, com 11.835.708 habitantes, é a segunda maior conurbação do Brasil, a terceira

da América do Sul e a 23ª do mundo. A densidade populacional era 5.265,81 hab/km²

(WIKIPEDIA, 2015).

Page 56: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

48

Seu litoral tem 197 quilômetros de extensão e inclui mais de cem ilhas que ocupam 37 km², e

desdobra-se em três partes, voltadas à baía de Sepetiba, ao oceano Atlântico e à baía de

Guanabara. O litoral da baía de Sepetiba tem como único acidente geográfico de expressão a

Restinga da Marambaia e é arenoso, baixo e pouco recortado. O litoral da baía de Guanabara

é recortado, baixo, abarca muitas ilhas (como a do Governador com de 29 km²) e, em suas

margens, situam-se o centro comercial e os subúrbios industriais (WIKIPEDIA, 2015).

Atualmente, o Município do Rio de Janeiro é a segunda metrópole do País com uma área de

1224,56 km2, dividida em quatro regiões geográficas comumente conhecidas como: Centro,

Zona Norte, Zona Sul e Zona Oeste (Figura 31). O município do Rio de Janeiro é dividido em

160 bairros, agrupados em 33 regiões administrativas, e em sete subprefeituras. Segundo o

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o mais populoso da capital fluminense é Campo

Grande, com 328.370 habitantes. A região oeste concentra grande parte dos bairros mais

populosos do município, tendo um alto crescimento populacional, mas não um

desenvolvimento similar, causando indevidas aglomerações e segregações. Outros bairros com

população igual ou superior a cem mil habitantes são Bangu (243.125), Santa Cruz (217.333),

Realengo (180.123), Tijuca (163.805), Jacarepaguá (157.326), Copacabana (146.392), Barra

de Tijuca (135.924), Maré (129.770), Guaratiba (110.049), Senador Camará (105.515) e

Taquara (102.126). Nos bairros da região sul, há alta concentração de idosos, como

Copacabana, em que quase 25% de seus moradores são idosos (WIKIPEDIA, 2015).

Figura 29: Subdivisões de bairros da cidade do Rio de Janeiro

(Fonte: WIKIPEDIA, 2015).

O clima do Rio de Janeiro é o tropical atlântico, com variações locais, devido às diferenças de

altitude, vegetação e proximidade do oceano. Por se tratar de uma cidade litorânea, o efeito da

maritimidade é perceptível, traduzindo-se em amplitudes térmicas relativamente baixas. Os

Zona Oeste Zona Norte Zona Sul Zona Central

Page 57: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

49

verões são quentes e úmidos e ocasionalmente com temporais. Segundo dados do Instituto

Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1961 a menor temperatura já registrada no Rio de

Janeiro (estação convencional da Praça Mauá, no bairro da Saúde) foi de 10,1ºC em 18 de

outubro de 1977, e a maior atingiu 42ºC em 1º de dezembro de 2002, o maior acumulado de

precipitação em 24 horas foi de 178,5 milímetros em 6 de abril de 2010, e o maior volume em

um mês foi de 472,9 milímetros em janeiro de 1972; o menor índice de umidade relativa do ar

foi de 26% em 10 de março de 2007. Apenas para ilustrar, a Figura 30, mostra esses valores

de temperatura (WIKIPEDIA, 2015).

Dados climatológicos para Rio de Janeiro

Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano

Temperatura máxima

registrada (°C)

40,9 41,8 41 39,3 36,3 35,9 34,9 38,9 40,6 40,7 40,5 42 42

Temperatura

máxima média (°C) 30,2 30,2 29,4 27,8 26,4 25,2 25 25,5 25,4 26 27,4 28,6 27,3

Temperatura média (°C)

26,3 26,6 26 24,4 22,8 21,8 21,3 21,8 22,2 22,9 24 25,3 23,8

Temperatura mínima média (°C)

23,3 23,5 23,3 21,9 20,4 18,7 18,4 18,9 19,2 20,2 21,4 22,4 21

Temperatura mínima

registrada (°C) 17,7 18,9 18,6 16,2 11,1 11,6 12,2 10,6 10,2 10,1 15,1 17,1 10,1

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia

Figura 30: Temperaturas máxima e mínima (médias climatológicas de 1961 a 1990; recordes de

temperatura de 1961 a 2013)

(Fonte: WIKIPEDIA, 2015).

7.2. Trechos selecionados

O objetivo do trabalho era identificar o PG e o ligante mais adequado para o maior número de

vias da cidade do Rio de Janeiro. No entanto, foram selecionados apenas 6 trechos em função

dos postos de coletas de temperaturas disponíveis para a pesquisa. Os dados de VDM das

vias foram obtidos da planilha de VOLUME DIÁRIO DE VEÍCULOS DAS PRINCIPAIS VIAS DO

MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO referentes ao ano de 2014 que está disponível no site da

Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. A Tabela 12 apresenta o VDM dos trechos

selecionados e o Anexo A a planilha completa.

Page 58: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

50

Tabela 12: Volume diário de Veículos dos trechos selecionados

Posto Metereológico Correspondente

Via analisada VDM

A 658 - Forte de Copacabana Av. Nossa Senhora de Copacabana próx ao nº 956 21.780

A 658 - Forte de Copacabana Túnel Rebouças 159.857

A 621 - Vila Militar Estr. Intendente Magalhães próx. ao nº 635 40.162

A 621 - Vila Militar Av. Brasil, Km 28,0 138.222

A 654 - Jacarepaguá Av. Lúcio Costa próx. ao Km 6,5 31.882

A 654 - Jacarepaguá Linha Amarela, Km 5,6 130.130 (Fonte: CET-Rio).

7.3. Temperatura

Os dados de temperaturas foram coletados no site do INMET - Instituto Nacional de

Metereologia (INMET, 2015). Infelizmente, o site disponibiliza dados de temperaturas de

apenas 3 postos na cidade do Rio de Janeiro. Dessa forma, foram obtidas informações

climáticas em três postos de coleta localizados nos seguintes locais:

Posto A654 – Jacarepaguá

Page 59: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

51

Posto A652 – Forte de Copacabana

Posto A651 – Vila Militar

A Tabela 13 apresenta as temperaturas mínima e máxima, latitude e longitude dos postos de

coleta nos seguintes períodos: 2012, 2013 e 2014.

Page 60: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

52

Tabela 13: Temperaturas mínima e máxima, latitude e longitude dos trechos selecionados.

Postos Metereológicos

Média das temperaturas máximas de 7 dias consecutivos (ºC)

Temperatura mínima (ºC) Latitude Longitude

2012 2013 2014 2012 2013 2014

A 658 - Forte de Copacabana

31,43 31,71 32,29 16 15 16 -22,99 -43,19

A 621 - Vila Militar 35,86 34,14 36,71 14 10 13 -22,86 -43,41

A 654 - Jacarepaguá

33,21 32,70 33,43 15 16 16 -22,99 -43,37

(Fonte: INMET, 2015)

Utilizando-se as equações 1 e 2 foram determinados os valores das temperaturas máxima e

mínima de projeto no pavimento (Tabela 14).

Tabela 14: Temperaturas máxima e mínima de projeto (no pavimento).

Postos Metereológicos Temperatura Máxima de

Projeto

Temperatura Mínima de

Projeto

A 658 - Forte de Copacabana 62,65 14,43

A 621 - Vila Militar 67,22 13,01

A 654 - Jacarepaguá 76,85 14,43

7.4. Classificação PG

Para a determinação do PG em função da temperatura, usamos as temperaturas máximas e

mínimas de projeto, e a Tabela 6 do item 4.2.2.3 - Classificação Superpave. Assim temos:

Tabela 15: Classificação do PG em função da temperatura.

Postos Metereológicos Temperatura Máxima de Projeto (ºC)

Temperatura Mínima de Projeto (ºC)

Classificação do PG em função da temperatura

A 658 - Forte de Copacabana

62,65 14,43 PG 64-10

A 621 - Vila Militar 67,22 13,01 PG 70-10

A 654 - Jacarepaguá 76,85 14,43 PG 82-10

Para compatibilizar essas situações de baixa velocidade, Por exemplo, se o ligante selecionado

pelo clima for PG 64-22, para atender baixas velocidades de carregamento deve ser

No entanto, além do clima devem ser consideradas as características de tráfego da via: a

velocidade e o volume de veículos. No caso de locais com velocidade baixa (inferior a 60

km/h), o Superpave recomenda que o grau a alta temperatura seja elevado de 6 a 12ºC. Se

estiver previsto carregamento estacionário deve ser aumentado dois PG (ou seja, aumentar 12

Page 61: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

53

graus na temperatura mais alta). Os PG 76 e 82 foram criados principalmente para atender as

solicitações de carregamento de baixa velocidade (ASPHALT INSTITUTE, 2010).

Quanto ao volume, sempre que o tráfego for superior a um determinado patamar deve-se fazer

o aumento de 1 PG no grau quente, ou seja, 6ºC, Quando o volume de tráfego, expresso pelo

número N, exceder certo valor, recomenda-se o aumento de 1 PG no grau quente, ou seja,

6ºC. Quando o volume de tráfego exceder um segundo patamar considera-se aumento de 2

PG, ou seja, 12ºC no grau quente (ASPHALT INSTITUTE, 2010). Alguns órgãos rodoviários

americanos adotam valores de N entre 105 e 107. Não existe ainda um valor fixo.

Neste trabalho, como algumas vias analisadas apresentam locais de paradas de ônibus e

acessos, foi considerado aumentar 1 PG no grau quente. Além disso, também foi aumentado

em 1 PG as vias em que o Volume Diário de Veículo ultrapassou 100.000. A Tabela 16

apresenta a classificação considerando as características de temperatura e tráfego

Tabela 16: Classificação do PG em função da temperatura e do tráfego

Via analisada VDM PG em função da

temperatura

PG em função da temperatura e do

tráfego Av. Nossa Senhora de Copacabana próx ao

nº956 21.780 PG 64-16 PG 70-16

Túnel Rebouças 159.857 PG 64-16 PG 70-16

Estr. Intendente Magalhães próx. ao nº

635 40.162 PG 70-16 PG 70-16

Av. Brasil, Km 28,0 138.222 PG 70-16 PG 76-16

Av. Lúcio Costa próx. ao Km 6,5

31.882 PG 82-16 PG 82-16

Linha Amarela, Km 5,6 130.130 PG 82-16 PG 88-16

7.5. Seleção do Tipo de Ligante

A seleção do ligante asfáltico mais adequado para cada trecho avaliado deve ser feita com

base nas características dos materiais disponíveis na região de aplicação. Para realizar esse

trabalho foi feita uma pesquisa junto aos fornecedores de produtos asfálticos (Petrobras

Distribuidora, 2015) e de empresas e usinas de asfalto. No entanto, como a maioria não realiza

caracterização Superpave de seus produtos, foram selecionados resultados de caracterização

de alguns ligantes asfálticos empregados em pesquisas científicas (ODA et al., 2006; LEITE et

al., 2011 e CENPES, 2009). As Tabelas 17, 18 e 19 apresentam os resultados de ensaios da

especificação Superpave e a classificação PG dos diversos ligantes asfálticos analisados

nessas pesquisas.

Page 62: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

54

Tabela 17: Resultados dos ensaios da especificação Superpave e classificação PG.

Ensaios Amostras BM0 BM1 BM2 BM3 BM4 BM5

Viscosidade Brookfield 175ºC (cP)

155 4958 10150 2200 3454 2900

Cisalhamento Dinâmico (amostra virgem) – DSR

G*/sen ≥ 1,0 kPa

T (oC) 64 82 88 82 82 88

G*/sen (kPa) 1,593 1,432 1,192 1,087 1,508 1,315

Cisalhamento Dinâmico (após RTFOT) – DSR

G*/sen ≥ 2,2 kPa

T (oC) 64 82 82 76 82 88

G*/sen (kPa) 3,195 2,089 2,648 3,444 2,676 7,928

Cisalhamento Dinâmico (após PAV) – DSR

G*sen ≤ 5500 kPa

T (oC) 22 19 22 22 16 22

G*sen (kPa) 3694 3610 3685 3733 4187 4630

Rigidez à fluência na Flexão – BBR S≤300 e m>0,300

T (oC) -12 -18 -18 -12 -12 -18

S (MPa) 272 225 190 102 76,5 246

m 0,325 0,319 0,316 0,384 0,421 0,304

PG (Performance Grade) 64-22 82-28 82-28 76-22 82-22 88-28

BM0: CAP 50/60 puro;

BM1: CAP 50/60 + resíduo da indústria automobilística (tiras de borracha usadas no suporte

das janelas e na vedação das portas);

BM2 e BM3: CAP 50/60 + borrachas obtidas de moagem a frio de pneus inservíveis de

automóveis, ônibus e caminhões;

BM4: CAP 50/60 + resíduos do processo de recauchutagem de pneus de ônibus e caminhões;

BM5: asfalto borracha comercial (Petrobras Distribuidora)

(Fonte: ODA et al., 2006).

Tabela 18: Resultados dos ensaios da especificação Superpave e classificação PG.

Ensaios Amostras A B C F G H

Penetração, 100g, 5s 25ºC ddm 19 24 21 52 30 52

Ponto de amolecimento T (ºC) 70,8 77 57,1 50 56,5 51

Viscosidade Brookfield 135ºC (cP) 3240 3350 675,8 365 647,5 403

Cisalhamento Dinâmico (amostra virgem) – DSR

G*/sen ≥ 1,0 kPa

T (oC) 88 82 70 64 70 64

G*/sen (kPa) 2,2 1,5 2,1 1,25 1,96 1,86

Cisalhamento Dinâmico (após RTFOT) – DSR

G*/sen ≥ 2,2 kPa

T (oC) 88 82 70 64 70 64

G*/sen (kPa) 5,9 2,7 3,6 3,4 3,16 4,6

Cisalhamento Dinâmico (após PAV) – DSR

G*sen ≤ 5500 kPa

T (oC) 31 28 34 28 34 25

G*sen (kPa) 5320 4400 4440 4700 3280 4750

Rigidez à fluência na Flexão – BBR S≤300 e m>0,300

T (oC) 31 28 34 -6 0 -6

S (MPa) 110 166 299 141 150 127

m 0,328 0,347 0,302 0,360 0,401 0,377

PG (Performance Grade) 88-10 82-16 70-16 64-16 70-10 64-16

Ligantes modificados (duros) A – ligante modificado B – ligante modificado C - Resíduo de vácuo

Ligantes puros F - CAP 50/60 típico G - CAP penetração 30 H - CAP penetração 50

(Fonte: LEITE et al., 2011).

Page 63: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

55

Tabela 19: Resultados dos ensaios da especificação Superpave e classificação PG.

Ensaios Amostras I J K L M N O P

Penetração, 100g, 5s 25ºC ddm 34 43 57 69 51 61 51 59

Ponto de amolecimento T (ºC) 54 49 77 57 52 47 51 52

Viscosidade Brookfield 135ºC (cP) 515 445 512,5 1732 522 326 379 379

Cisalhamento Dinâmico (amostra virgem) – DSR

G*/sen ≥ 1,0 kPa

T (oC) 70 64 82 70 64 64 64 64

G*/sen (kPa) 1,2 1,4 1,2 1,7 2,7 1,1 1,5 1,7

Cisalhamento Dinâmico (após RTFOT) – DSR

G*/sen ≥ 2,2 kPa

T (oC) 70 64 70 64 64 64 64 64

G*/sen (kPa) 2,3 3,2 2,9 3,6 2,6 2,3 2,4 2,4

Cisalhamento Dinâmico (após PAV) – DSR

G*sen ≤ 5500 kPa

T (oC) 31 28 22 22 22 25 25 22

G*sen (kPa) 4919 3636 3966 3645 3718 4387 4147 4558

Rigidez à fluência na Flexão – BBR S≤300 e m>0,300

T (oC) -6 -6 -12 -12 -12 -12 -12 -12

S (MPa) 225 166 236 139 155 106 224 153

m 0,346 ,0386 0,317 0,386 0,341 0,376 0,342 0,374

PG (Performance Grade) 70-16 64-16 70-22 64-22 64-22 64-22 64-22 64-22

Os ligantes J, M, N, O e P são CAP 50/70 de diferentes refinarias, o ligante I é um CAP 30/45, o ligante K é um asfalto modificado por polímero e o ligante L é um ligante modificado por borracha.

(Fonte: CENPES, 2009)

Para selecionar o ligante mais adequado para cada via analisada foram utilizados os dados das

Tabelas 17, 18 e 19.

Posto A658 – Forte de Copacabana

Na região do posto do Forte de Copacabana foram analisadas duas vias com diferentes

volumes de tráfego:

Via analisada Volume

Diário de Veículos

Classificação do PG em função da temperatura

Classificação do PG em função da temperatura e

do tráfego

Av. Nossa Senhora de Copacabana próx ao nº

956 21.780 PG 64-16 PG 70-16

Túnel Rebouças 159.857 PG 64-16 PG 70-16

Pela tabela 17, pode-se verificar que todos os produtos, inclusive o CAP 50/60 puro atenderia

se fosse considerado apenas o clima. No entanto, como a Av. Nossa Senhora de Copacabana

é composta por vários pontos de paradas (semáforos, estacionamentos e acessos), o PG

passou de 64-16 para PG 70-16, e assim apenas o CAP 50/60 puro não atenderia (PG 64-22).

No caso do Túnel Rebouças, o PG também foi alterado em função do volume de tráfego,

passando de PG 64-16 para PG 70-16. Dessa forma, apenas o CAP 50/60 não atenderia,

sendo recomendado utilizar o CAP 50/60 com algum aditivo, como citados na tabela, ou o

asfalto borracha comercial.

Page 64: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

56

Vale ressaltar que, o caso do Túnel Rebouças, deveria ser feito um estudo a parte, pelo fato de

ser um túnel, e estar protegido de algumas intempéries.

Pela tabela 18, pode-se verificar que apenas o ligante B (PG 82-16) e o ligante C (PG 70-16)

atenderiam. Os ligantes A (PG 88-10) e G (PG 70-10) não atendem, pois apresentam valor

inferior no grau frio (-10), assim como os ligantes F (PG 64-16) e H (PG 64-16) que apresentam

valor do grau quente (64) menor do que o PG da Av. Nossa Senhora de Copacabana e do

Túnel Rebouças.

Pela tabela 19, apenas os ligantes I (PG 70-16) e K (PG 70-22) atenderiam as duas vias. Os

outros ligantes apresentam PG não adequado para as duas vias analisadas.

Posto A621 – Vila Militar

Na região do posto da Vila Militar foram analisadas duas vias com diferentes volumes de

tráfego.

Via a ser estudada Volume

Diário de Veículos

Classificação do PG em função da temperatura

Classificação do PG em função da temperatura e

do tráfego

Estr. Intendente Magalhães próx. ao nº

635 40.162 PG 70-16 PG 70-16

Av. Brasil, Km 28,0 138.222 PG 70-16 PG 76-16

Pela tabela 17, apenas o CAP 50/60 puro (PG 64-22) não atenderia as duas vias.

Pela tabela 18, pode-se verificar que os ligantes A (PG 88-10) e G (PG 70-10) não atendem,

pois apresentam valor inferior no grau frio (-10), assim como os ligantes F (PG 64-16) e H (PG

64-16), pois apresentam valor do grau quente (64) menor do que o PG das duas vias.

Pela tabela 19, apenas os ligantes I (PG 70-16) e K (PG 70-22) atenderiam as duas vias. Os

outros ligantes apresentam PG não adequado para as duas vias analisadas.

Posto A654 - Jacarepaguá

Na região do posto de Jacarepaguá foram selecionadas duas vias com diferentes volumes de

tráfego.

Via a ser estudada Volume

Diário de Veículos

Classificação do PG em função da temperatura

Classificação do PG em função da

temperatura e do tráfego

Av. Lúcio Costa próx. ao Km 6,5

31.882 PG 76-16 PG 76-16

Page 65: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

57

Linha Amarela, Km 5,6 130.130 PG 82-16 PG 88-16

Pela tabela 17, pode-se observar que todos os ligantes modificados por borracha atendem o

PG do da Av. Lúcio Costa (PG 76-16), sendo que apenas o CAP 50/60 puro apresenta PG

inferior. No entanto, quando analisado o PG da Linha Amarela, apenas o ligante asfalto

borracha comercial apresenta PG adequado (PG 88-28), atendendo o PG do local (PG 88-16).

Os ligantes BM1, BM2 e BM4 atenderiam se fosse considerado apenas o clima.

Analisando os ligantes da Tabela 18 pode-se verificar que apenas o ligante B (PG 82-16)

atende o PG da Av. Lúcio Costa (PG 76-16), mas nenhum ligante atende o PG da Linha

Amarela.

Pela tabela 19 pode-se verificar que nenhum ligante atende as duas vias.

A Tabela 20 mostra um resumo com os valores de PG determinados pelo clima e pelo tráfego,

assim como o ligante mais adequado para ser aplicado em cada via analisada.

Tabela 20: Classificação do PG em função da temperatura e do tráfego

Via analisada VDM PG em função da

temperatura

PG em função da temperatura e do

tráfego

Ligante mais adequado

Av. Nossa Senhora de Copacabana próx ao

nº956 21.780 PG 64-16 PG 70-16

BM1 (PG 82-28) BM2 (PG 82-28) BM3 (PG 76-22) BM4 (PG 82-22) BM5 (PG 88-28)

B (PG 82-16)

Túnel Rebouças 159.857 PG 64-16 PG 70-16

BM1 (PG 82-28) BM2 (PG 82-28) BM3 (PG 76-22) BM4 (PG 82-22) BM5 (PG 88-28)

B (PG 82-16)

Estr. Intendente Magalhães próx. ao nº

635 40.162 PG 70-16 PG 70-16

BM1 (PG 82-28) BM2 (PG 82-28) BM3 (PG 76-22) BM4 (PG 82-22) BM5 (PG 88-28)

B (PG 82-16)

Av. Brasil, Km 28,0 138.222 PG 70-16 PG 76-16

BM1 (PG 82-28) BM2 (PG 82-28) BM3 (PG 76-22) BM4 (PG 82-22) BM5 (PG 88-28)

B (PG 82-16)

Av. Lúcio Costa próx. ao Km 6,5

31.882 PG 82-16 PG 82-16

BM1 (PG 82-28) BM2 (PG 82-28) BM4 (PG 82-22) BM5 (PG 88-28)

B (PG 82-16)

Page 66: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

58

Linha Amarela, Km 5,6 130.130 PG 82-16 PG 88-16 BM5 (PG 88-28)

Page 67: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

59

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o estudo realizado neste trabalho, conclui-se que a seleção do ligante asfáltico

deve levar em conta os fatores temperatura, clima e tráfego, e não apenas a caracterização do

material asfáltico, objetivando encontrar o ligante mais adequado possível, uma vez que ele

tem papel fundamental no desempenho do pavimento.

Geralmente, a seleção do material asfáltico é feita em função da disponibilidade do produto e,

principalmente, do custo, sendo que não é considerado qual será o desempenho em campo.

Para que isso fosse possível, é necessário realizar estudos, que implicam em tempo e custo

adicionais, uma vez que a metodologia adequada é composta por ensaios mais precisos, mas

muito mais caros se comparada com a atual metodologia para escolha de ligantes. Por isso,

esse estudo não é feito.

Além disso, vale lembrar que os produtos modificados (por polímeros ou borracha), que

apresentam maior resistência, geralmente são mais caros (em até 30%).

Os resultados obtidos neste estudo servem para ilustrar que, embora haja um custo maior na

construção (e com os estudos anteriores a ela), a economia é maior, visto que a durabilidade

do pavimento é aumentada e atividades de manutenção (recapeamento) diminuem

significativamente, já que a escolha do ligante errado ou não adequado, em muitos casos, é

responsável por patologias no pavimento. Como exemplo, conforme apresentado por Leite et

al. (2000), apesar do uso asfalto modificado por borracha apresentar um custo mais elevado,

dependendo do tipo de mistura, isso pode ser uma vantagem porque permite o uso de

camadas menos espessas para uma mesma vida de fadiga, e podendo também aumentar a

resistência do pavimento. Vale ressaltar que isso não é uma “regra”, devendo ser desenvolvido

um projeto específico com os materiais disponíveis na região de aplicação.

No estudo de cada caso, das seis avenidas, pode-se verificar que o leque de opções para

escolha do ligante é grande, e que o estudo não restringe a utilização de um ligante específico.

Porém o estudo recomenda que um determinado tipo de ligante não deveria ser aplicado em

uma via em que o PG do ligante é inferior ao PG do local da aplicação.

É importante ressaltar que, além da necessidade de ensaios da especificação Superpave, é

essencial a implantação de outros postos de coleta de dados climáticos para que seja possível

determinar com mais precisão o ligante adequado para cada trecho ou pelo menos que seja

implantado um posto de coleta em cada região com grande variação climática.

Page 68: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AASHTO PP6: Practice for Grading or Verifying the Performance Grade of an Asphalt Binder.

American Association of State Highway and Transportation Officials, Washington, D.C.,

1994.

AASHTO. AASHTO Provisional Standards. American Association of State Highway and

Transportation Officials. Washington, D.C., 2001.

ARAO, M.. Análise da Vida de Fadiga de Pavimentos Flexíveis em Diferentes Misturas. Projeto

de Graduação do Curso de Engenharia Civil. Departamento de Engenharia de

Transportes. Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro, RJ, 2014.

ASPHALT INSTITUTE. The Asphalt Handbook. Manual Series No.4 - MS-4, 2010.

ASPHALT INSTITUTE. Performance Graded Asphalt Binder Specification and Testing - SP-1,

2010.

BALBO, J.T. Pavimentação Asfáltica. Oficina de Textos. São Paulo, SP, 2007.

BERNUCCI, L. B.; MOTTA, L. M. G.; CERATTI, J. A. P.; et al. Pavimentação Asfáltica:

Formação Básica para Engenheiros, 1ª Edição PETROBRAS/ABEDA, Rio de Janeiro, RJ,

Brasil, 2008.

BOSSCHER, P. Relationship between Pavement Temperature and Weather Data.

Transportation Research Board, Washington, D. C. Proceedings TRB Annual Meeting,

2000.

EPPS, J.A.; MONISMITH, C.L. Influence of Mixture Variables on the Flexural Fatigue Properties

of Asphalt Concrete. Journal of the Association of Asphalt Paving Technologists, v. 38,

1969.

EPPS, J.A., MONISMITH, C.L. Influence of Mixture variables on The Flexural Fatigue

Properties of Asphalt Concrete. pp.423-464. Los Angeles: Proc. of The Asphalt Paving

Technologists, 1969.

FHWA - LTPP Data Analysis: Improved Low Pavement Temperature Prediction. U. S.

Department of transportation. Federal Highway Administration. FHWA RD-97-104, 1998.

FHWA - FEDERAL HIGHWAY ADMINISTRATION. User Guidelines for Waste and Byproduct

Materials in Pavement Construction, FHWA RD-97-148 Washington, D.C., 2002.

FONTES, L. P. T. L. Optimização do Desempenho de Misturas Betuminosas com Betume

Modificado com Borracha para Reabilitação de Pavimentos. Tese de Doutorado.

Universidade do Minho. Universidade Federal de Santa Catarina. 545 p., 2009

GONÇALVES, F. P. O Desempenho dos Pavimentos Flexíveis. Seminário II de Doutorado,

Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil - PPGEC/UFRGS – Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 150p., 1999.

Page 69: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

61

GONTIJO, P. R. A. A fadiga de misturas betuminosas – Condição essencial no

dimensionamento racional de pavimentos flexíveis. In: XV Reunião Anual de

Pavimentação, ABPv, Anais vol. 15, pp.1-55. Belo Horizonte, MG, 1980.

HARVEY, J. T.; TSAI, B. W. Effects of asphalt content and air void content on mix fatigue and

stiffness. Transportation Research Record 1543. pp. 38-45, Washington D.C., 1996.

INMET – INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Disponível em:

http://www.inmet.gov.br. Acesso em fev/2015.

KIM, Y. R.; KHOSLA, N. P.; KIM, N. Effect of temperature and mixture variables on fatigue life

predicted by diametral fatigue testing. Transportation Research Record 1317. pp. 128-

138, Washington D.C., 1991.

LEITE, L.F.M. (1999) - Estudos de Preparo e Caracterização de Asfaltos Modificados por

Polímero - Tese Doutorado. COPPE/UFRJ. Rio de Janeiro, RJ

LEITE, L. F. M.; MOTTA, L. M. G.; BERNUCCI, L. B.; SOARES, J. B. Mechanical behavior of

asphalt rubber mixes prepared in laboratory. In: Asphalt Rubber – The Pavement Material

of the 21st Century – Proceedings. Vilamoura, Portugal. Pp.309-318, 2000.

LEITE L. M.; NASCIMENTO, L. A. H.; CHACUR, M.; MARTINS, A. T.; ROCHA, S. M. N.;

FIGUEIREDO, U. Empregos de Asfaltos Duros em Rodovias de Alto Volume de Tráfego.

7º Congresso Brasileiro de Rodovias e Concessões, 2011. Disponível em:

http://cbrcbrasvias.com.br/palestras/arquivos/TC0038-1.pdf. Acesso em fevereiro de

2015.

LEITE, L. F. M.; TONIAL, I. A. Qualidade dos cimentos asfálticos brasileiros segundo as

especificações SHRP. In: ENCONTRO DE ASFALTO, 12. Rio de Janeiro. Anais... Rio de

Janeiro, RJ: IBP. p. 94-119 , 1994.

MARTINHO, F. G. Misturas asfálticas com polímeros na pavimentação urbana. In: 4ª Reunião

de Pavimentação Urbana. ABPv, Maceió, AL, pp. 338-367, 1993.

MOHSENI, A.; CARPENTER, S. Development of Enhanced Algorithm for Superpave High

Temperature Performance Grade (PG) Selection and New Software Version - Long-Term

Pavement Performance Group, FHWA, 2004.

MONISMITH, C.L.; DEACON, J. A. Fatigue of asphalt paving mixture. Proc. Of the American

Society of Civil Engineers. Transportation Engineering Journal, Vol. 95, No TE2, 1969.

ODA, S.; FERNANDES JR., J. L.; BITTENCOURT, C. P.; NASCIMENTO, L. A. H.; EDEL, G.

Avaliação da Modificação de Asfaltos Produzidos no Nordeste por Borrachas de

Diferentes Fontes. 18º Encontro de Asfalto do IBP. Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás –

IBP. Rio de Janeiro, RJ, 2006.

OTHMAN, A.; FIGUEROA, L.; AGLAN, H. Fatigue behavior of Styren-Butadiene-Styrene

modified asphaltic mixtures exposed to low-temperature cyclic aging. Transportation

Research Record 1492. pp. 129-134, Washington D.C., 1995.

Page 70: SELEÇÃO DO LIGANTE ASFÁLTICO EM FUNÇÃO DO CLIMA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013990.pdf · A classificação Superpave com base no PG é composta por dois

62

PAVEMENT INTERACTIVE. Superpave Performance Grading. Disponível em:

http://www.pavementinteractive.org/article/superpave-performance-grading/. Acesso em

fev/2015.

PETROBRAS DISTRIBUIDORA. Manual de Serviços de Pavimentação. Petrobras Distribuidora

S.A. Rio de Janeiro, RJ: 1996.

ROBERTS, F.L.; KANDHAL, P.S.; BROWN, E.R.; LEE, D-Y; KENNEDY, T.W. Hot Mix Asphalt

Materials, Mixture Design, and Construction - NAPA National Asphalt Pavement

Association Educational Foundation - Lanham, Maryland, 1996.

SANTOS, C. R. G. Avaliação das Influências do Tipo de Ligante e do Volume de Vazios na

Vida de Fadiga de Algumas Misturas Asfálticas. Dissertação de Mestrado. Escola de

Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo – EESC/USP. São Carlos, SP,

109p. 2005.

SENÇO, W. Manual de Técnicas de Pavimentação. 1ª Edição, São Paulo, SP: Editora PINI.

Vol. 1, 761p., 2007.

SPECHT, L. P. Avaliação de misturas asfálticas com incorporação de borracha reciclada de

pneus. Tese (Doutorado em Engenharia) – PPGEC/UFRGS. Porto Alegre, RS. 279p.

2004.

THIVES, L.; TRICHÊS, G., PAIS, P.; PEREIRA, P. Avaliação da Propagação de Trincas em

Camadas de Reforço de Pavimentos Asfálticos. 7º Congresso Brasileiro de Rodovias e

Concessões, 2011. Disponível em: http://cbrcbrasvias.com.br/palestras/arquivos/TC0014-

1.pdf. Acesso em fevereiro de 2015.

WIKIPEDIA. Rio de Janeiro (cidade). Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)#cite_note-

TempM.C3.ADnINMET_RiodeJaneiroRJ-45. Acesso em fevereiro de 2015.