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SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA INJEÇÃO DE ÁGUA NO POÇO DE PETRÓLEO OFFSHORE Deborah Luiza Canabarro Rangel Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Mecânico. Orientador: Reinaldo De Falco Rio de Janeiro Dezembro de 2018

SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA INJEÇÃO DE ......ii Água no Poço de Petróleo Rangel, Deborah Luiza Canabarro Seleção de Bomba Centrífuga para Injeção de Offshore/Deborah

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  • SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA INJEÇÃO DE ÁGUA

    NO POÇO DE PETRÓLEO OFFSHORE

    Deborah Luiza Canabarro Rangel

    Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

    Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

    Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

    dos requisitos necessários à obtenção do título de

    Engenheiro Mecânico.

    Orientador: Reinaldo De Falco

    Rio de Janeiro

    Dezembro de 2018

  • i

  • ii

    Rangel, Deborah Luiza Canabarro

    Seleção de Bomba Centrífuga para Injeção de

    Água no Poço de Petróleo Offshore/Deborah Luiza

    Canabarro Rangel – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola

    Politécnica, 2018.

    XVI, 109 p.: il.; 29,7 cm.

    Orientador: Reinaldo de Falco

    Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

    Curso de Engenharia Mecânica, 2018.

    Referências Bibliográficas: p. 94-97.

    1. Bombas Hidráulicas. 2. Sistema de Injeção de

    Água. 3. Indústria de Exploração Offshore. 4.

    Equipamentos de Extração Subsea. 5. Estudo de

    Sistema Hidráulicos. I. De Falco, Reinaldo. II.

    Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

    Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III.

    Seleção de Bomba Centrífuga para Injeção de Água

    no Poço de Petróleo Offshore.

  • iii

    Dedico esta obra à minha mãe,

    a mulher mais guerreira que eu

    já conheci. Obrigada por me

    ensinar a sempre lutar pelos

    meus sonhos.

  • iv

    Agradecimentos Primeiramente, gostaria de agradecer à toda minha família, especialmente à minha

    mãe Ligia por todo amor e apoio incondicionais. Sem seus ensinamentos, carinho e

    exemplo eu nunca teria chegado onde cheguei. Obrigada por sempre se sacrificar por

    mim. Gostaria de agradecer, também, à minha vó Zulmira que sempre me deu muito amor

    e cuidou de mim como se eu fosse uma filha. À minha tia Celinha, obrigada por sempre

    estar por perto, disposta a me ajudar e a me dar carinho. À tia Rose, à minha prima Ingrid

    e à minha amada sobrinha Karolina, digo que temos uma conexão que vai além do sangue;

    obrigada por fazerem parte da minha família. Ao meu falecido primo, Sérgio, agradeço

    por todas as risadas e até pelas discussões; obrigada por ter me amado tanto. Obrigada a

    todos por sempre me apoiarem, me amarem e me mostrarem que eu nunca estarei sozinha.

    Ao meu orientador Reinaldo de Falco, agradeço por ter sido um dos melhores

    professores que eu tive na UFRJ e me fazer ter gosto pelo curso de Engenharia. Agradeço

    também pela ajuda oferecida ao longo deste trabalho, paciência e os “puxões de orelha”

    necessários.

    Ao meu namorado Guilherme, agradeço pela paciência e extremo apoio durante o

    desenvolvimento deste projeto. Sem você para me ouvir e tentar me acalmar nos

    momentos de tensão, não seria possível finalizar este trabalho. Obrigada por me fazer

    querer ser uma pessoa cada vez melhor.

    Aos amigos que fiz na UFRJ, agradeço às inúmeras risadas, suecas jogadas e

    rodízios que fomos. Anna, Bruna, Cadu, Felliphe, Iago Rocha, Iago Volpi, Pedro, Lucas,

    Luma, Rafael, Vinicius e Yuri, obrigada por fazerem da faculdade um lugar mais

    agradável.

    Aos meus amigos da Merck, obrigada por fazerem parte da minha vida. Yasmim,

    Thiago, Bruna, Priscila, Tauan e Loan obrigada pelas ótimas lembranças e

    companheirismo ao longo de todos esses anos. Nem a distância ou o tempo vão abalar

    nossa amizade.

    Aos meus amigos do Colégio Pedro II, Ana Carolina, Clarissa, Débora, Antonio,

    Bernardo, Carlos, Luiza, Pardal, Herzog, Anna Teresa e Gabriela, obrigada por sempre

  • v

    se fazerem presentes e serem capazes de animar o meu dia. Obrigada pelos conselhos,

    risadas e saibam que é maravilhoso que estejamos crescendo e amadurecendo juntos. À

    vocês e ao Pedro II, sempre tudo.

    Agradeço, também, aos meus companheiros da TechnipFMC, Thainara, Eduardo,

    Letícia, Rafaela e João. A frase “trabalhe no que você gosta e nunca trabalhará um dia

    sequer” faz muito mais sentido quando se tem pessoas maravilhosas ao redor. Obrigada

    por me fazerem rir até nos dias mais estressantes.

    Por fim, agradeço a todos os professores do Departamento de Engenharia

    Mecânica com quem eu tive o prazer de ser lecionada e conviver ao longo desses anos.

    Prometo honrar este diploma e o peso do título de Engenheira Mecânica concedido à mim,

    fazendo juz à excelência da educação por vocês oferecida.

  • vi

    “A educação tem raízes amargas,

    mas seus frutos são doces.”

    Aristóteles

  • vii

    Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

    requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

    SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA INJEÇÃO DE ÁGUA NO POÇO DE

    PETRÓLEO OFFSHORE.

    Deborah Luiza Canabarro Rangel

    Dezembro/2018

    Orientador: Reinaldo de Falco

    Curso: Engenharia Mecânica

    Apesar do mundo seguir na busca por novas fontes de energia, o petróleo continua sendo

    a mais relevante no cenário energético mundial, atual e futuro, movimentando bilhões de

    dólares anualmente. Para suprir essa demanda, é fundamental a utilização de métodos de

    recuperação secundários. O método abordado neste trabalho foi o de recuperação

    secundária por injeção de água por garantir um aumento significativo na produção com

    baixo custo quando comparado a outros processos. O objetivo principal deste trabalho é

    dimensionar e selecionar uma bomba centrífuga que atenda às exigências de um sistema

    de injeção de água do mar tratada em um poço de petróleo offshore. Este sistema trabalha

    com pressões de sucção e descarga iguais a 983 kPa e 75677 kPa, respectivamente, e

    possui diversos equipamentos submarinos de extração que devem ser considerados. Para

    tal fim, foi realizado um estudo detalhado do sistema em que essa bomba se aplica e, a

    partir de dados fornecidos e calculados, a bomba foi selecionada após uma análise técnica

    baseada na API 610.

    Palavras-chave: Seleção de Bomba; Injeção de Água; Recuperação Secundária;

    Plataforma de Petróleo Offshore; FPSO; Equipamentos Subsea; API 610

  • viii

    Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

    requirements for the degree of Mechanical Engineer.

    CENTRIFUGAL PUMP SELECTION FOR WATER INJECTION ON OFFSHORE

    OIL WELL

    Deborah Luiza Canabarro Rangel

    December/2018

    Advisor: Reinaldo de Falco

    Course: Mechanical Engineering

    Although the world continues to search for new sources of energy, oil remains the most

    relevant in the world`s energy scenario, current and future, moving billions of dollars

    annually. In order to meet this demand, the use of secondary recovery methods is critical.

    The method approached in this work was the secondary recovery by water injection for

    providing a significant increase in oil production with lower cost. The aim of this work is

    to size ans select a centrifugal pump that meets the requirements of a treated seawater

    injection system in an offshore oil well. This system works with suction and discharge

    pressures equals to 983 kPa and 75677 kPa, respectively, and has several subsea

    extraction equipments to be considered. For that purpose, a detailed study of the existing

    system was done and, based on supplied and calculated data, the pump was selected after

    a technical analysis based on API 610.

    Keywords: Pump Selection; Water Injection; Secondary Recovery; Offshore Oil and Gas

    Platform; FPSO; Subsea Equipments; API 610

  • ix

    Sumário

    Lista de Figuras .............................................................................................................. xii

    Lista de Tabelas ..............................................................................................................xvi

    1 . INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

    1.1 Motivação ............................................................................................................... 1

    1.2 Objetivo e Estrutura ................................................................................................ 3

    2 . A INDÚSTRIA DE EXPLORAÇÃO OFFSHORE .................................................. 5

    2.1 Histórico ................................................................................................................. 5

    2.2 Etapas da Exploração e Extração Offshore............................................................. 6

    2.3 Métodos de Recuperação ........................................................................................ 7

    2.4 Recuperação Secundária por Injeção de Água ..................................................... 10

    2.4.1 Tratamento da Água do Mar .......................................................................... 11

    2.5 Equipamentos Submarinos ................................................................................... 12

    2.5.1 Plataforma Petrolífera .................................................................................... 12

    2.5.2 Linhas Subsea ................................................................................................ 19

    2.5.3 PLET .............................................................................................................. 23

    2.5.4 Manifold ........................................................................................................ 24

    2.5.5 Árvore de Natal Molhada e Componentes .................................................... 26

    2.5.6 Coluna de Produção / Injeção ........................................................................ 30

    3 . CONCEITOS GERAIS DE ESCOAMENTO ........................................................... 31

    3.1 Propriedades dos Fluidos ...................................................................................... 31

    3.1.1 Massa Específica (ρ) ...................................................................................... 31

    3.1.2 Peso Específico (γ) ........................................................................................ 31

    3.1.3 Densidade Relativa (drel) ............................................................................... 31

    3.1.4 Pressão (P) ..................................................................................................... 32

    3.1.5 Viscosidade Absoluta ou Dinâmica (μ) ......................................................... 32

    3.1.6 Viscosidade Cinemática (ν) ........................................................................... 32

    3.1.7 Pressão de Vapor (Pv) .................................................................................... 32

    3.2 Escoamento em Tubulações ................................................................................. 33

    3.2.1 Número de Reynolds (Re) ............................................................................. 33

    3.2.2 Escoamento Laminar ..................................................................................... 33

  • x

    3.2.3 Escoamento Turbulento ................................................................................. 34

    3.2.4 Vazão Volumétrica (Q) e Velocidade de Escoamento (V) ............................ 34

    3.2.5 Teorema de Bernoulli .................................................................................... 35

    3.2.6 Perda de Carga (hf) ........................................................................................ 35

    3.3 Associação de Tubulações .................................................................................... 38

    3.3.1 Tubulações em Série ...................................................................................... 38

    3.3.2 Tubulações em Paralelo ................................................................................. 39

    4 . CONCEITOS GERAIS DE BOMBAS ..................................................................... 40

    4.1 Definição .............................................................................................................. 40

    4.2 Classificação das Bombas .................................................................................... 40

    4.3 Características das Bombas .................................................................................. 41

    4.3.1 Turbobombas ou Dinâmicas .......................................................................... 41

    4.3.2 Volumétricas ou de Deslocamento Positivo .................................................. 42

    4.4 Curvas Características das Bombas ...................................................................... 42

    4.4.1 Curva Carga (H) x Vazão (Q)........................................................................ 43

    4.4.2 Curva de Potência (Potabs) x Vazão (Q) ........................................................ 43

    4.4.3 Curva de Rendimento Total (η) x Vazão (Q) ................................................ 43

    4.5 Características do Sistema .................................................................................... 44

    4.5.1 Altura Manométrica Total (H) ....................................................................... 44

    4.5.2 Altura Manométrica de Sucção (Hs) .............................................................. 44

    4.5.3 Altura Manométrica de Descarga (Hd) .......................................................... 45

    4.5.4 Determinação da Curva do Sistema............................................................... 46

    4.6 Determinação do Ponto de Operação ................................................................... 48

    4.7 Associação de Bombas ......................................................................................... 48

    4.7.1 Bombas em Série ........................................................................................... 48

    4.7.2 Bombas em Paralelo ...................................................................................... 50

    4.8 Cavitação .............................................................................................................. 52

    4.8.1 NPSH disponível ........................................................................................... 53

    4.8.2 NPSH requerido ............................................................................................. 54

    4.8.3 Avaliação da Cavitação ................................................................................. 54

    5 . ESTUDO DE CASO ................................................................................................. 56

    5.1 Análise do Sistema ............................................................................................... 56

    5.2 Premissas do Projeto ............................................................................................. 59

  • xi

    5.3 Dados do Projeto .................................................................................................. 60

    5.3.1 Materiais ........................................................................................................ 60

    5.3.2 Fluido de Trabalho ........................................................................................ 61

    5.3.3 Tubulação e Acessórios de Linha .................................................................. 61

    5.3.4 Dados de Operação ........................................................................................ 65

    5.4 Memória de Cálculo do Sistema ........................................................................... 66

    5.4.1 Head de Fricção ............................................................................................. 66

    5.4.2 Head Estático ................................................................................................. 80

    5.4.3 Altura Manométrica Total e Curva do Sistema ............................................. 80

    5.4.4 Avaliação do Escoamento ............................................................................. 82

    5.4.5 Cálculo do NPSH Disponível ........................................................................ 83

    6 . SELEÇÃO DA BOMBA ........................................................................................... 84

    6.1 1a Opção: Bomba Sulzer ....................................................................................... 84

    6.2 2a Opção: Bomba KSB ......................................................................................... 87

    6.3 Análise Técnica das Bombas ................................................................................ 89

    6.3.1 Análise de Potência Absorvida ...................................................................... 90

    6.3.2 Análise de Vazão x BEP ................................................................................ 90

    6.3.3 Conclusão da Análise Técnica ....................................................................... 91

    7 . CONCLUSÃO .......................................................................................................... 92

    8 . REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 94

    ANEXOS ......................................................................................................................... 98

    A. Tabelas de Comprimento Equivalente ..................................................................... 98

    B. Propriedades dos Fluidos ....................................................................................... 102

    C. Rugosidade dos Materiais ...................................................................................... 104

    D. Pontos de detalhamento das curvas ....................................................................... 105

    E. Curvas Características da Bomba Sulzer GSG ...................................................... 108

    F. Curvas Características da Bomba KSB ................................................................. 109

  • xii

    Lista de Figuras

    Figura 1.1 - Oscilação no preço do pretóleo mundial (REUTERS, 2018) ....................... 1

    Figura 1.2 - Demanda de energia primária em quadrilhões de BTU de 2016 até 2040

    (EXXONMOBIL, 2018) ................................................................................................... 2

    Figura 1.3 – Percentual de demanda de energia primária (EXXONMOBIL, 2018) ........ 2

    Figura 2.1 - Esquema de estudo sísmico (NAVEIRA, 2007). .......................................... 7

    Figura 2.2 - "Ciclo de Vida” de um reservatório (NAVEIRA, 2007) .............................. 8

    Figura 2.3 - Ilustração de recuperação secundária por injeção de água (SAITO, et al.,

    2000) ................................................................................................................................. 9

    Figura 2.4 - Ilustração de recuperação secundária por injeção de gás (SAITO, et al., 2000)

    .......................................................................................................................................... 9

    Figura 2.5 - Plataforma fixa de Mexilhão operando na Bacia de Santos (PETROBRAS,

    2014b) ............................................................................................................................. 13

    Figura 2.6 - Plataforma autoelevável P-4 em operação no Sergipe (PETROBRAS, 2014b)

    ........................................................................................................................................ 14

    Figura 2.7 - Plataforma semissubmersível P-55 operando na Bacia de Campos

    (PETROBRAS, 2014b) .................................................................................................. 15

    Figura 2.8 – FPSO Cidade de Paraty operando no Bacia de Santos (PETROBRAS, 2014b)

    ........................................................................................................................................ 16

    Figura 2.9 - Plataforma TLWP P-61 ancorada na Bacia de Campos (PETROBRAS,

    2014b) ............................................................................................................................. 17

    Figura 2.10 - Navio-sonda NS-16 operando na Bacia de Campos (PETROBRAS, 2014b)

    ........................................................................................................................................ 18

    Figura 2.11 – Modelo 3D de Risers flexíveis conectados à uma FPSO (NATIONAL

    OILWELL VARCO, n.d) ............................................................................................... 19

    Figura 2.12 – Modelo 3D indicando Riser e Flowline (Adaptado de PDT NA CÂMARA,

    2016) ............................................................................................................................... 20

    Figura 2.13 - Modelo 3D de um Jumper com formato M (BARROS, 2014) ................ 21

    Figura 2.14 – Jumper com formato M (BARROS, 2014) .............................................. 21

    Figura 2.15 - Modelo 3D de um Well Jumper com formato M sendo instalado

    (TRENDSETTER, 2016) ............................................................................................... 22

    Figura 2.16 - Formatos dos Jumpers rígidos (Adaptado de BARROS, 2004) ............... 22

    Figura 2.17 - Spool sendo transportado (GMC, 2017) ................................................... 23

    Figura 2.18 - Modelo 3D de um PLET com dois hubs verticais (CAPPS, 2015) .......... 23

  • xiii

    Figura 2.19 - PLETs 12"da empresa CIVMEC utilizado em um projeto da Shell

    (CIVMEC, 2014) ............................................................................................................ 24

    Figura 2.20 - Modelo 3D de um Manifold unido 6 ANMs através de Spools (PORTAL

    DO PETROLEIRO, 2018) .............................................................................................. 25

    Figura 2.21 - Instalação de Manifold em um projeto da Petrobras (TN PETRÓLEO, 2013)

    ........................................................................................................................................ 26

    Figura 2.22 - Árvore vertical usada em Pré-sal com os componentes externos indicados

    (Fonte: Adaptado de FMC Technologies Brasil, 2014) ................................................. 27

    Figura 2.23 - Corpo da ANM de Pré-sal (PETROBRAS, 2015) .................................... 28

    Figura 2.24 - ANM horizontal fabricada pela FMC Technologies (FMC

    TECHNOLOGIES, 2008) .............................................................................................. 29

    Figura 2.25 - Modelo 3D da ANM horizontal usada no projeto Anadarko Lucius Spar

    (Fonte: Divulgação FMC Techologies) .......................................................................... 30

    Figura 3.1 – Distribuição de Velocidade no Escoamento Laminar (MATTOS & FALCO,

    1998) ............................................................................................................................... 33

    Figura 3.2 - Distribuição de Velocidade no Escoamento Turbulento (MATTOS &

    FALCO, 1998) ................................................................................................................ 34

    Figura 3.3 - Ábaco de Moody (WIKIPEDIA, n.d) ........................................................ 36

    Figura 3.4 - Sistema em série (Fonte: Autor) ................................................................. 38

    Figura 3.5 - Sistema em paralelo (Fonte: Autor) ............................................................ 39

    Figura 4.1 - Classificação dos principais tipos de bombas (MATTOS & FALCO, 1998)

    ........................................................................................................................................ 40

    Figura 4.2 - Simplificação do funcionamento da bomba radial (UNIVERSIDADE DE

    SÃO PAULO, 2014) ...................................................................................................... 41

    Figura 4.3 - Alguns tipos de bombas volumétricas (SAID, 2013) ................................. 42

    Figura 4.4 - Curvas características para bombas centrífugas (MATTOS & FALCO, 1998)

    ........................................................................................................................................ 43

    Figura 4.5 - Simplificação de um sistema de bombeamento (MATTOS & FALCO, 1998)

    ........................................................................................................................................ 44

    Figura 4.6 - Representação de um sistema de sucção (MATTOS & FALCO, 1998) .... 45

    Figura 4.7 - Representação de um sistema de descarga (MATTOS & FALCO, 1998) . 46

    Figura 4.8 - Curva do sistema (MATTOS & FALCO, 1998) ........................................ 47

    Figura 4.9 - Ponto de trabalho (Adaptado de MATTOS & FALCO, 1998) .................. 48

    Figura 4.10 - Associação de bombas em série (MATTOS & FALCO, 1998) ............... 49

    Figura 4.11 - Bombas diferentes em série (ALÉ, 2011) ................................................. 49

    Figura 4.12 - Determinação do ponto de operação de bombas diferentes em série

    (ANTAQ, 2009) ............................................................................................................. 50

  • xiv

    Figura 4.13 - Bombas em paralelo (MATTOS & FALCO, 1998) ................................. 50

    Figura 4.14 - Obtenção da curva do conjunto de bombas iguais em paralelo (ALÉ, 2011)

    ........................................................................................................................................ 51

    Figura 4.15 - Determinação do ponto de operação em conjunto de bombas em paralelo

    (Adaptado de CUNHA, n.d) ........................................................................................... 51

    Figura 4.16 - Queda nas curvas características de uma bomba centrífuga (Adaptado de

    MATTOS & FALCO, 1998) .......................................................................................... 53

    Figura 4.17 - Curva NPSH disponível x Vazão (MATTOS & FALCO, 1998) ............. 54

    Figura 4.18 - Curva de NPSH requerido x Vazão (MATTOS & FALCO, 1998) .......... 54

    Figura 4.19 - Vazão máxima para efeito de cavitação (MATTOS & FALCO, 1998) ... 55

    Figura 5.1 - Layout de Campo (Fonte: Adapdato da Empresa "X") ............................... 57

    Figura 5.2 - Simplificação do Layout ............................................................................. 58

    Figura 5.3 - Simplificação do sistema estudado ............................................................. 65

    Figura 5.4 - Curvas de perda de Carga DC-1 e DC-2..................................................... 73

    Figura 5.5 - Curva de Perda de Carga do Paralelo 3 ...................................................... 73

    Figura 5.6 - Perda de Carga Subsea ................................................................................ 74

    Figura 5.7 - Curva de Descarga ...................................................................................... 76

    Figura 5.8 – Curva de Sucção ......................................................................................... 78

    Figura 5.9 - Curva do Head de Fricção .......................................................................... 80

    Figura 5.10 - Curva do Sistema ...................................................................................... 82

    Figura 6.1 - Bomba GSG da Sulzer ................................................................................ 84

    Figura 6.2 - Curva da Bomba da Sulzer ......................................................................... 85

    Figura 6.3 - Ponto de Operação da Bomba Sulzer ......................................................... 85

    Figura 6.4 - Bomba CHTR da KSB ................................................................................ 87

    Figura 6.5 - Curva da Bomba KSB ................................................................................ 88

    Figura 6.6 - Ponto de Operação da Bomba KSB ............................................................ 88

    Figura A.1 - Comprimentos equivalentes de entrada e saída ......................................... 98

    Figura A.2 - Comprimento equivalente para reduções e ampliações de diâmetro ......... 99

    Figura A.3 - Comprimento equivalente para válvulas .................................................. 100

    Figura A.4 - Comprimentos equivalentes para joelhos, curvas e T's ........................... 101

    Figura B.1 - Propriedades do Fluido 1 ......................................................................... 102

    Figura B.2 - Propriedades do Fluido 2 ......................................................................... 103

    Figura C.1 - Rugosidade de materiais comerciais (BATISTA, 2014).......................... 104

    Figura E.1 - Curvas características da bomba Sulzer ................................................... 108

  • xv

    Figura F.1 – Curvas Características da Bomba KSB ................................................... 109

  • xvi

    Lista de Tabelas

    Tabela 5.1 – Materiais .................................................................................................... 60

    Tabela 5.2 – Propriedades do Fluido 1 ........................................................................... 61

    Tabela 5.3 – Propriedades do Fluido 2 ........................................................................... 61

    Tabela 5.4 - Diâmetro das Linhas ................................................................................... 62

    Tabela 5.5 – Comprimento das Linhas / Equipamentos ................................................. 63

    Tabela 5.6 – Acessórios nas Linhas Presentes na FPSO ................................................ 63

    Tabela 5.7 – Acessórios das Linhas Subsea – Parte 1 .................................................... 64

    Tabela 5.8 – Acessórios das Linhas Subsea – Parte 2 .................................................... 64

    Tabela 5.9 – Comprimento Equivalente dos Trechos de Linhas .................................... 65

    Tabela 5.10 – Dados de Operação .................................................................................. 66

    Tabela 5.11 – Perda de Carga no Injection Bore da Árvore E ....................................... 67

    Tabela 5.12 – Perda de Carga na Árvore E .................................................................... 67

    Tabela 5.13 – Perda de Carga no Well Jumper da Árvore E .......................................... 67

    Tabela 5.14 – Perda de Carga na Derivação do Manifold para a Árvore E.................... 67

    Tabela 5.15 – Perda de Carga nas Série 1 e 2................................................................. 68

    Tabela 5.16 – Perda de Carga dos Poços Injetores até o Manifold do DC–1 ................. 68

    Tabela 5.17 – Perda de Carga no Manifold do DC–1 ..................................................... 68

    Tabela 5.18 – Perda de Carga no Jumper do DC–1 ....................................................... 69

    Tabela 5.19 – Perda de Carga no PLET do DC–1 .......................................................... 69

    Tabela 5.20 – Perda de Carga no Pipeline do DC–1 ...................................................... 69

    Tabela 5.21 – Perda de Carga no Riser do DC–1 ........................................................... 69

    Tabela 5.22 – Perda de Carga dos Poços do DC–1 até a FPSO ..................................... 70

    Tabela 5.23 – Perda de Carga no Injection Bore da Árvore G ....................................... 70

    Tabela 5.24 – Perda de Carga na Árvore G .................................................................... 70

    Tabela 5.25 – Perda de Carga no Well Jumper da Árvore G.......................................... 71

    Tabela 5.26 – Perda de Carga na Derivação do Manifold para a Árvore G ................... 71

    Tabela 5.27 – Perda de Carga nas Séries 4, 5, 6 e 7 ....................................................... 71

    Tabela 5.28 – Perda de Carga dos Poços Injetores até o Manifold do DC-2.................. 71

    Tabela 5.29 – Perda de Carga no Pipeline do DC–2 ...................................................... 72

    Tabela 5.30 – Perda de Carga dos Poços do DC–2 até FPSO ........................................ 72

    Tabela 5.31 – Pontos da Curva das Linhas Subsea ........................................................ 73

  • xvii

    Tabela 5.32 – Perda de Carga nas Derivações de Descarga das Bombas ...................... 74

    Tabela 5.33 – Associação das Derivações em Paralelo .................................................. 75

    Tabela 5.34 – Perda de Carga no Recalque .................................................................... 75

    Tabela 5.35 – Perda de Carga na Descarga .................................................................... 75

    Tabela 5.36 – Derivações da Bomba na Sucção ............................................................. 76

    Tabela 5.37 – Perda de Carga das Sucções .................................................................... 77

    Tabela 5.38 – Perda de Carga no Header de Sucção...................................................... 77

    Tabela 5.39 – Perda de Carga na Sucção........................................................................ 77

    Tabela 5.40 – Variação do Termo de Velocidade na Bomba ......................................... 78

    Tabela 5.41 – Variação do Termo de Velocidade no Header de Sucção ....................... 79

    Tabela 5.42 – Variação do Termo de Velocidade de Sucção ......................................... 79

    Tabela 5.43 – Head de Fricção ....................................................................................... 79

    Tabela 5.44 – Pontos da Curva Head x Vazão do Sistema ............................................ 81

    Tabela 5.45 – Escoamento nos Trechos da FPSO .......................................................... 82

    Tabela 5.46 – Escoamento nos Trechos Subsea DC–1 .................................................. 83

    Tabela 5.47 – Escoamento nos Trechos Subsea DC–2 .................................................. 83

    Tabela 6.1 – Condição de Operação das Bombas .......................................................... 84

    Tabela 6.2 – Características da Bomba Sulzer ............................................................... 86

    Tabela 6.3 - Características da Bomba KSB .................................................................. 89

    Tabela 6.4 – Comparação dos Modelos Analisados ....................................................... 89

    Tabela 6.5 – Critério API 610 para definição da Potência Instalada .............................. 90

    Tabela 6.6- Comparação das potências necessárias para cada fabricante analisado ...... 90

    Tabela 6.7 - Análise do BEP de cada um dos modelos estudados ................................. 91

    Tabela D.1 – Detalhamento das Perdas de Carga das Séries 3 e 8 ............................... 105

    Tabela D.2 – Detalhamento da Curva de Perda de Carga do Paralelo 3 ...................... 105

    Tabela D.3 – Detalhamento da Perda de Carga do Paralelo 4 ...................................... 106

    Tabela D.4 – Detalhamento da Perda de Carga do Trecho 3 – 4 ................................. 106

    Tabela D.5 – Detalhamento da Perda de Carga na Descarga ....................................... 107

    Tabela D.6 – Detalhamento da Curva do Head de Fricção .......................................... 107

  • 1

    1. INTRODUÇÃO

    1.1 Motivação

    A indústria petrolífera é uma das mais importantes do mundo e, provavelmente, é

    a mais importante do nosso tempo. Na Era do Petróleo, como Thomas J. (2004)

    denominou essa fase, todas as sociedades modernas apresentam dependência do petróleo,

    seja para gerar energia, para alimentar e energizar máquinas, bem como para promover a

    locomoção de pessoas e materiais ao redor do planeta (O PETRÓLEO, 2017).

    Não obstante à queda do preço do barril nos últimos anos, o petróleo não perderá

    tão cedo seu cargo de liderança no abastecimento de energia global. A despeito de uma

    lenta recuperação no preço do barril, a indústria petrolífera continua movimentando

    bilhões de dólares por dia ao redor mundo (O PETRÓLEO, 2017). No ano de 2016 foram

    gerados mais de 80 milhões de barris de petróleo por dia no mercado mundial,

    correspondente a 12,7 bilhões de litros de petróleo por dia. Considerando que o barril de

    petróleo, na época, custava U$S 50, foram mobilizados US$ 1,5 trilhões na economia

    mundial ao longo do ano de 2016, apenas considerando a produção de petróleo (O

    PETRÓLEO, 2017). Atualmente, a cotação do barril está em torno de U$80 (REUTERS,

    2018), como pode ser visto na Figura 1.1.

    Figura 1.1 - Oscilação no preço do pretóleo mundial (REUTERS, 2018)

  • 2

    Além da recuperação de seu preço, a demanda por petróleo também tende a

    aumentar. De acordo com o relatório World Energy Outlook, da empresa ExxonMobil, o

    combustível continuará atendendo pelo menos um terço do consumo energético mundial,

    que provavelmente aumentará em cerca de 25% até 2040 (EXXONMOBIL, 2018). Hoje,

    o petróleo já é responsável por, aproximadamente 36% da matriz energética global

    (GAZZONI, 2006)

    Figura 1.2 - Demanda de energia primária em quadrilhões de BTU de 2016 até 2040

    (EXXONMOBIL, 2018)

    Figura 1.3 – Percentual de demanda de energia primária (EXXONMOBIL, 2018)

  • 3

    Para atender o abastecimento requerido nos próximos anos, é necessário um

    aumento nas reservas de petróleo e/ou um incremento em seu aproveitamento. Isso pode

    ser feito através da exploração e identificação de novos poços ou através de métodos de

    recuperação, que visa a obter um volume adicional de óleo dos reservatórios

    (PEGORARO, 2012). Um dos métodos de recuperação é a injeção de água, o mais

    utilizado do mundo, que possibilita a recuperação adicional de 15% a 20% de óleo do

    reservatório (THOMAS, 2004).

    A injeção de água foi primeiramente utilizada no Campo de Bradford, Pensilvânia,

    Estados Unidos, no início do século XX (WILLHITE, 1986). Já no Brasil, o primeiro

    lugar a usar o método foi o Campo de Dom João, na Bahia, em 1953 (PARAFITA, 2014).

    Portanto, é fundamental a realização do estudo do sistema hidráulico e das

    propriedades do poço para o desenvolvimento e operação deste método de recuperação.

    1.2 Objetivo e Estrutura

    Nosso objetivo é estudar o sistema hidráulico de um projeto de exploração de

    petróleo offshore que utilizará o método de recuperação secundário de injeção de água e,

    por fim, selecionar uma bomba hidráulica que possibilite as condições de operação

    requeridas.

    O sistema hidráulico opera numa faixa de pressões bem abrangente, de 983.0 kPa

    até 75676.86 kPa, e vazões de 1324.9 m3/h. O fluido a ser bombeado é a água do mar que

    passou por processos de tratamento para diminuir sua característica corrosiva e remover

    micro-organismos e materiais particulados (CARDOSO, et al., 2016).

    O estudo do sistema seguiu o passo-a-passo descrito abaixo e que será

    devidamente detalhado no Capítulo 5:

    1) Realização de pesquisa para a obtenção de dados do projeto, como

    configuração do sistema de bombeamento, dados do poço e dimensões dos

    equipamentos submarinos;

    2) Análise das linhas do sistema, seus acessórios e do fluido a ser bombeado;

    3) Cálculo das perdas de carga e altura manométrica do sistema; levantamento

    da curva do sistema;

  • 4

    a. Perda de carga dos trechos de descarga: Iniciou-se pelo último e foram

    sendo feitas as associações em série e em paralelo, conforme requer o

    layout, até alcançar o primeiro trecho após as bombas;

    b. Perda de carga dos trechos de sucção: Iniciou-se pelo primeiro trecho da

    linha de sucção e foram sendo feitas as associações de tubulação

    conforme necessário;

    c. União das perdas de carga com a influência do termo relativo à

    velocidade de sucção;

    d. Cálculo do Head estático;

    e. Cálculo do Head de fricção;

    f. Plotagem da curva do sistema.

    Após a obtenção da curva do sistema, foi possível selecionar fabricantes para

    participarem da licitação. Eles propuseram modelos de bombas que melhor atendem às

    exigências e forneceram suas curvas características. Com isso, pudemos realizar as

    análises de cavitação, potência e percentual de BEP (Best Efficiency Point), e, por fim,

    selecionar a melhor bomba para o caso.

    Ademais, os capítulos a seguir apresentam um maior aprofundamento sobre a

    indústria do petróleo, os métodos de recuperação, tratamento da água do mar,

    equipamentos de exploração subsea e revisão bibliográfica sobre bombas e mecânica dos

    fluidos.

  • 5

    2. A INDÚSTRIA DE EXPLORAÇÃO OFFSHORE

    2.1 Histórico

    Embora a produção o petróleo e a disputa por seus reservatórios tenham ficado

    mais evidentes somente na Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), o petróleo já era

    explorado décadas antes. O primeiro serviço a utilizar derivados do petróleo como fonte

    de energia, que se tem notícia, foi a iluminação pública no século XIX, que substituiu o

    gás proveniente de carvão vegetal por óleo (GOEKING, 2010). O insumo continuou em

    vigor até meados de 1870, quando Thomas Edison inventou a lâmpada.

    O primeiro poço de petróleo do mundo foi perfurado em 1859 na Pensilvânia, o

    que deu incentivo a diversos países a investirem e iniciarem suas próprias explorações

    (GOEKING, 2010). Várias nações decidiram iniciar suas produções, entre eles o Brasil

    que, em 1864, descobriu seu primeiro poço petrolífero em Bofete, São Paulo. Com isso,

    até o fim do século XIX, ao menos dez países tinham produção de petróleo offshore1

    (GOEKING, 2010).

    No início do século XX, os investimentos para novas tecnologias de extração do

    petróleo ganharam impulso devido à invenção dos motores movidos a gasolina e a diesel,

    retomando os interesses econômicos no setor. Entretanto, no Brasil, a indústria de

    exploração petrolífera avançou, de fato, apenas em Outubro de 1953 com a criação da

    Petrobras (GOEKING, 2010).

    Getúlio Vargas, que tinha o avanço do setor de energia como uma das principais

    metas de governo, abriu caminho para Juscelino Kubitschek e seu “Plano de Metas”, que

    contou com grandes investimentos na área resultando no crescimento do setor de energia

    e refino de petróleo (GOEKING, 2010). Contudo, as instalações offshore contavam,

    ainda, com poucas unidades.

    A primeira plataforma de extração de petróleo, oficialmente offshore, a ser

    registrada foi a plataforma Oil Rocks, no Azerbaijão, instalada em 1947 (GOEKING,

    2010). A indústria de exploração offshore iniciou, então, sua expansão por meados de

    1950, na Venezuela e no Golfo do México, estando, este último, ainda ativo

    1 Termo utilizado para designar qualquer atividade afastada da costa marítima, seguindo os critérios da

    geografia física e política (FIGUEREDO, n.d)

  • 6

    (FIGUEREDO, n.d). Verificando a expansão desta indústria, diversas empresas surgiram

    com atividades voltadas para este segmento, como a Shell, ExxonMobil, Texaco e AGIP.

    No Brasil, o primeiro poço offshore que se tem registro é o Campo de Guaricema, Sergipe,

    descoberto em 1968 (FIGUEREDO, n.d); no ano seguinte, 1969, foi descoberto outro

    poço no Espírito Santo (GOEKING, 2010).

    Em 1973, a Petrobras notou a necessidade de novas tecnologias voltadas para a

    exploração offshore, fundando, assim, o Cenpes – um centro de pesquisa da empresa com

    o objetivo de criar, consolidar e expandir o conhecimento e capacidade técnica de

    exploração em águas profundas (PETROBRAS, n.d). Hoje, o Cenpes, que transformou a

    Petrobras na empresa que mais gera patentes no mundo (GOEKING, 2010), está situado

    na Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, e conta com 1950 profissionais trabalhando nas

    pesquisas de inovação e no desenvolvimento de tecnologias de ponta para o setor offshore

    (PETROBRAS, 2014a).

    2.2 Etapas da Exploração e Extração Offshore

    Nesta seção, iremos tratar das etapas da exploração e extração de petróleo

    offshore.

    Primeiramente, é primordial a realização de estudos geológicos na região a fim de

    detectar o poço / bacia. Estudos sísmicos mapeiam as camadas do solo, através de ondas

    sonoras lançadas de cilindros com ar comprimido carregados por um navio. As ondas

    “caminham” toda a profundidade e depois voltam. Hidrofones contidos no navio captam

    essas ondas e as transforma em imagens, delineando as diversas camadas do solo e

    verificando se há petróleo preso entre as rochas (JOKURA, 2018).

  • 7

    Figura 2.1 - Esquema de estudo sísmico (NAVEIRA, 2007).

    Após a localização do petróleo, inicia-se o processo de perfuração do poço. Esse

    processo começa com a instalação da BOP (Prevenção de blowout) – um conjunto de

    válvulas de segurança a ser instalado no poço para controlar a pressão de perfuração, selar

    e impedir que o óleo vaze. Uma vez a BOP instalada, a perfuração começa com brocas

    largas, feitas de aço e com pedaços de diamantes na ponta, e lubrificadas por uma lama

    específica. A perfuração é interrompida para a troca da broca por uma mais fina e/ou

    injeção de cimento, que reveste o duto e serve como sustento para as paredes do poço

    (JOKURA, 2018). É importante citar que, no caso do pré-sal, a broca deve passar por

    uma grande camada de sal pastoso antes de atingir o óleo, podendo ocasionar o

    entupimento do poço e de certos equipamentos. Esse problema é contornado através de

    perfurações horizontais (JOKURA, 2018).

    Quando a broca finalmente alcança o óleo, é provocada uma explosão entre as

    rochas, permitindo que este chegue até o poço. A partir daí, o óleo alcança a superfície

    ou pela pressão natural do reservatório ou por meios mecânicos, como o bombeamento

    ou a injeção de água e/ou gás, por exemplo (FIGUEREDO, n.d).

    Uma vez na plataforma, o petróleo é separado em água, óleo e gás. O óleo e o gás

    produzidos são armazenados nos navio-plataformas e posteriormente enviados para o

    continente através de navios ou oleodutos (JOKURA, 2018).

    2.3 Métodos de Recuperação

    Qualquer campo de petróleo tem um tempo de vida útil, apresentando também um

    “ciclo de vida”. A curva que descreve este ciclo cresce até atingir o pico de produção do

  • 8

    poço; posteriormente, atinge a fase de estabilidade e; enfim, decai até atingir o ponto de

    abandono do poço (NAVEIRA, 2007). Observe uma curva de ciclo Figura 2.2 a seguir.

    Figura 2.2 - "Ciclo de Vida” de um reservatório (NAVEIRA, 2007)

    A utilização dos métodos de recuperação tem grande influência na curva do ciclo

    de vida, promovendo uma produção adicional num período em que, naturalmente, a

    produção deveria decair, conforme é visto na Figura 2.2.

    Esses métodos podem ser classificados em três categorias diferentes: recuperação

    primária, secundária e terciária (RIBEIRO, 2015).

    A recuperação primária é o uso da energia própria (natural) do reservatório para a

    produção do petróleo. Esse tipo de recuperação, ou produção natural, é mais barato por

    não necessitar de nenhum tipo de elevação artificial (RIBEIRO, 2015).

    Os métodos de recuperação secundária, que surgiram com a necessidade do

    aumento da produção de óleo e devido às altas quedas de pressão nos reservatórios

    naturais, são meios artificiais de elevação (RIBEIRO, 2015). Para uma produção ainda

    mais eficaz, inicia-se a recuperação secundária antes do fim da primária. A finalidade da

    recuperação secundária é injetar um fluido (água ou gás) no poço, em um processo não

    miscível, que irá “empurrar” o óleo – fluido deslocado – para fora das rochas e em direção

    aos poços produtores (NAVEIRA, 2007). Essa varredura, como é chamada essa atividade,

    não é de 100%, ou seja, somente uma parte do óleo é efetivamente varrido pelo fluido

    injetado, também chamado de deslocante. A parcela do óleo que não for empurrada

  • 9

    permanecerá no reservatório, sendo chamada de óleo residual (RIBEIRO, 2015). Esse

    processo pode ser observado na Figura 2.3 e Figura 2.4 a seguir.

    Figura 2.3 - Ilustração de recuperação secundária por injeção de água (SAITO, et al., 2000)

    Figura 2.4 - Ilustração de recuperação secundária por injeção de gás (SAITO, et al., 2000)

  • 10

    Geralmente, o fator total de recuperação ao usar os métodos primários e

    secundários juntos é de 30% (RIBEIRO, 2015). Os outros 70% do óleo do reservatório

    são abordados pela recuperação terciária.

    A recuperação terciária, ou recuperação especial, é usada quando os métodos

    convencionais (primário e secundário) não funcionam ou se mostram com baixa eficácia.

    Alguns fatores que influenciam o funcionamento dos outros métodos – mais

    convencionais – são a viscosidade do óleo no reservatório e as altas tensões interfaciais

    entre o fluido injetado e o petróleo (RIBEIRO, 2015).

    Os métodos terciários podem ser (RIBEIRO, 2015):

    1) Térmicos: injeção de um fluido aquecido, como vapor ou água aquecida,

    com a finalidade de reduzir a viscosidade do petróleo;

    2) Miscíveis: injeção de fluidos miscíveis como gás carbônico, nitrogênio e

    gás natural, com a finalidade de reduzir as tensões entre o fluido injetado e

    o óleo;

    3) Químico: injeção de fluidos e compostos químicos, como soluções

    alcalinas, microemulsões ou polímeros, que causam reações químicas

    dentro do reservatório, melhorando a eficiência da varredura. Podem reduzir

    as tensões interfaciais ou aumentar a viscosidade do fluido injetado.

    2.4 Recuperação Secundária por Injeção de Água

    O foco desta dissertação é a injeção de água como método de recuperação

    secundária. Portanto, esta seção apresentará esse método com mais detalhes.

    Por haver grande disponibilidade, baixo custo e propriedades físicas tentadoras, a

    água se tornou o principal fluido para recuperação secundária do petróleo, sendo

    responsável pela extensão da vida útil de muitos reservatórios.

    Segundo Thomas (2004), a água a ser utilizada pode ter quatro origens:

    1) Água subterrânea: coletada de mananciais por meio de poços;

    2) Água de superfície: coletadas em rios, lagos, etc.;

    3) Água do mar;

    4) Água produzida: vem associada à produção de petróleo.

  • 11

    Em casos de exploração offshore, a água do mar tende a ser favorecida por estar

    em quantidade abundante.

    Os sistemas de recuperação secundária por injeção de água são compostos por três

    partes distintas: sistema de captação, tratamento (para adequar as propriedades da água

    às do reservatório e às do fluido) e injeção principal (THOMAS, 2004).

    O sistema de captação de água é a primeira parte do processo e tem como objetivo

    coletar a água que será utilizada na injeção com o auxílio de um conjunto de bombas de

    elevação. Uma vez a água na plataforma, ela deve passar por tratamentos específicos de

    acordo com as características químicas dos fluidos do reservatório (THOMAS, 2004). O

    tratamento que a água do mar deve receber e o sistema de injeção principal serão descritos

    a seguir.

    2.4.1 Tratamento da Água do Mar

    Conforme já dito anteriormente, nos casos de exploração offshore, a água do mar

    tende a ser escolhida para a injeção devido à grande quantidade disponível. Porém, ela

    deve ser analisada quanto à sua compatibilidade com o óleo e o reservatório em si para

    evitar problemas como o entupimento do reservatório, acidificação ou precipitação de

    sais pouco solúveis (RIBEIRO, 2015). Após essa análise, a água do mar passa por um

    tratamento para atingir a compatibilidade com o fluido e o reservatório.

    A água do mar contém sais, constituintes corrosivos como gases dissolvidos,

    micro-organismos e material em suspensão, que resultam em particulado. Este material

    pode reduzir a permeabilidade da rocha-reservatório; portanto, deve ser removido

    (RIBEIRO, 2015).

    Visando promover a remoção do material particulado e agentes corrosivos, e,

    assim, atingir a compatibilidade entre o óleo, o reservatório e a água, a plataforma

    offshore possui uma planta de tratamento que desempenha certas tarefas com os seguintes

    componentes (RIBEIRO, 2015, CARDOSO, et al., 2016):

    1) Pré-filtro: remove as partículas superiores a 80 micras presentes na água;

    2) Torre Desaeradora: remove o oxigênio dissolvido na água, que a faz ser

    corrosiva, num processo físico-químico a vácuo;

  • 12

    3) Unidade de biocidas e cloração: elimina os micro-organismos aeróbicos,

    que podem produzir material polimérico (pode entupir as instalações ou

    causar corrosão), e bactérias anaeróbicas que podem ter surgido na fase de

    desaeração;

    4) Unidade de remoção de sulfato: reduz a quantidade de sulfato na água de

    2800 ppm para menos de 100 ppm;

    5) Filtros tipo cartuchos: remove sólidos maiores que cinco micras.

    Nem toda água captada é destinada à injeção. Uma parte é enviada à produção de

    água potável para abastecer a plataforma; outra parcela é destinada ao arrefecimento das

    máquinas e ambientes, enquanto uma outra parte, aos consumos diversos.

    2.5 Equipamentos Submarinos

    Esta seção apresentará alguns dos equipamentos utilizados no sistema hidráulico

    da exploração offshore. São eles: Plataforma, Linhas Subsea (Riser, Flowline e Jumpers),

    PLET, Manifold, Árvore de Natal Molhada e Coluna de Produção/Injeção.

    2.5.1 Plataforma Petrolífera

    As plataformas petrolíferas são construções com possibilidade de serem habitadas,

    feitas para a exploração, extração, adequação e bombeamento de petróleo, localizadas

    sobre uma lâmina de água (PETROBRAS, 2014b). Sua construção é feita em terra firme,

    e uma vez montada, ela é levada ou por um barco, içada, ou flutuando até o ponto de

    instalação (O PETRÓLEO, 2017). O meio de transporte depende do tipo, modelo e

    dimensão da plataforma.

    As plataformas fixas são próprias para águas rasas (no máximo 300 metros de

    profundidade) e operações de longa duração. São feitas de estruturas modeladas de aço,

    fixadas com estacas cravadas no fundo do mar. Esse tipo de plataforma, mostrada na

    Figura 2.5, possibilita a perfuração do poço, estocagem de materiais e alojamento dos

    trabalhadores. Sua instalação é uma das mais simples e permite que o controle dos poços

    seja feito na superfície; entretanto, não permite grande estocagem de petróleo e/ou gás,

    portanto estes devem ser enviados para o continente através de óleodutos ou gasodutos

    (PETROBRAS, 2014b).

  • 13

    Figura 2.5 - Plataforma fixa de Mexilhão operando na Bacia de Santos (PETROBRAS, 2014b)

  • 14

    Já as plataformas autoeleváveis, de acordo com a Petrobras (2014), são usadas

    para perfuração de poços em águas rasas, no máximo 150 metros de profundidade, e não

    para produção. Este tipo é móvel, porém muito estável, sendo composto por uma balsa

    com três ou mais pernas que ficam assentadas no solo marinho. Quando essas pernas

    alcançam o fundo, a plataforma é elevada acima do nível do mar. O controle do poço

    também é feito na superfície. A Figura 2.6 apresenta um exemplo deste tipo de

    plataforma.

    Figura 2.6 - Plataforma autoelevável P-4 em operação no Sergipe (PETROBRAS, 2014b)

  • 15

    As plataformas semissubmersíveis são unidades flutuantes usadas para a

    perfuração de poço e/ou produção de petróleo em grandes profundidades – mais de 2000

    metros. Esse modelo, mostrado na Figura 2.7, é formado por um ou mais conveses

    apoiados por coluna em flutuadores submersos, e sua estabilidade é garantida pelo sistema

    de ancoragem, constituído por âncoras, cabos e correntes ou pelo sistema de

    posicionamento dinâmico, com propulsores instalados no casco que mantém a posição da

    plataforma de forma automática (PETROBRAS, 2014b). Apresentam grande mobilidade,

    podendo mudar facilmente de um campo para outro. A plataforma não tem capacidade de

    armazenamento de petróleo, ou seja, este é despachado por oleodutos ou navios de

    descarregamento.

    Figura 2.7 - Plataforma semissubmersível P-55 operando na Bacia de Campos (PETROBRAS,

    2014b)

  • 16

    Outro tipo de plataforma é a FPSO (Floating, Production, Storage and

    Offloading), utilizada neste projeto, que, de acordo com Petrobras (2014), é uma unidade

    flutuante convertida a partir de navios petroleiros na qual se pode produzir, armazenar e

    transferir petróleo para produção em águas profundas e ultra profundas. O óleo é escoado

    por navios-aliviadores e o gás, por meio de gasodutos. Este tipo de plataforma, mostrada

    na Figura 2.8, tem grande mobilidade, sendo ancorada no solo marinho e é usada,

    principalmente, em locais mais isolados, que possuam pouca estrutura para a instalação

    de uma plataforma fixa.

    Figura 2.8 – FPSO Cidade de Paraty operando no Bacia de Santos (PETROBRAS, 2014b)

  • 17

    A plataforma TLWP (Tension Leg Wellhead Platform), também conhecida como

    plataforma de pernas atirantadas ou flutuante quase fixa, é usada na perfuração e/ou

    produção de petróleo ou pré-sal, é flutuante e tem um sistema de ancoragem com tendões

    fixados por estacas no solo marinho. Pode ser utilizada em lâminas de água de até 1500

    metros. Por ter grande estabilidade e movimentos restritos, o controle dos poços pode ser

    feito na superfície (PETROBRAS, 2014b). Geralmente, como não tem capacidade de

    processamento e de armazenamento, o petróleo é transferido para uma FPSO, a qual

    realiza o processamento e, então, o transfere para um navio-aliviador. A Figura 2.9 mostra

    um exemplo de plataforma TLWP instalada no Brasil.

    Figura 2.9 - Plataforma TLWP P-61 ancorada na Bacia de Campos (PETROBRAS, 2014b)

  • 18

    Por fim, tem-se o navio-sonda, uma unidade flutuante utilizada na perfuração de

    poços em águas ultraprofundas, com mais de 2000 metros de lâmina d’água. De acordo

    com Petrobras (2014b), a sonda, ou coluna de perfuração, é ligada à uma torre no centro

    do navio e desce até o local da perfuração por uma abertura no casco. Para dar estabilidade

    à plataforma, mostrada na Figura 2.10, são utilizados sensores acústicos, propulsores e

    computadores que permitem o posicionamento do navio, anulando os efeitos dos ventos

    e das ondas (PETROBRAS, 2014b).

    Figura 2.10 - Navio-sonda NS-16 operando na Bacia de Campos (PETROBRAS, 2014b)

    De acordo com Ribeiro (2015), as plataformas offshores costumam ter alto custo

    de construção e instalação, assim como outros diversos fatores de risco; portanto, um

    estudo da área e do campo de extração deve ser realizado cuidadosamente para garantir

    que a produção na área a ser explorada compensará os custos de construção e instalação

    da plataforma e equipamentos.

  • 19

    2.5.2 Linhas Subsea

    As linhas subsea do sistema hidráulico podem ser flexíveis ou rígidas, dependendo

    do projeto e do layout a ser utilizado. Fazem parte das linhas submarinos: Risers,

    Pipelines e Flowlines, Jumpers e Well Jumpers.

    Os Risers são um conjunto de tubos suspensos verticalmente e podem ser flexíveis

    – compostos por camadas de plásticos e aço – ou rígidos – compostos de aço. Ligam a

    plataforma a um sistema submarino com a finalidade de perfurar, produzir ou injetar

    fluidos (BARROS, 2014). Um bom projeto de Riser deve considerar o fluido de trabalho,

    as cargas estáticas e dinâmicas presentes no equipamento e as condições do ambiente,

    uma vez que os Risers sofrem com a ação das ondas, movimentos da unidade flutuante e

    com as correntes marítimas (BARROS, 2014).

    Os Risers, exemplificado na Figura 2.11, podem ser de produção ou de injeção.

    Os Risers de produção têm o petróleo e gás produzidos do fundo do mar como fluido,

    enquanto os de injeção carregam água ou gás a serem injetados nos poços (SOBENA,

    2015).

    Figura 2.11 – Modelo 3D de Risers flexíveis conectados à uma FPSO (NATIONAL OILWELL

    VARCO, n.d)

    Pipelines são as tubulações apoiadas no leito marinho. No contexto desta

    dissertação, os Pipelines são as tubulações que recebem os fluidos de trabalho dos Risers

  • 20

    de injeção e os levam para os diferentes poços. Já as tubulações que transportam a mistura

    de óleo, gás e água produzida dos equipamentos até o Riser de produção são chamadas

    de Flowlines (CHAVES, 2008).

    Figura 2.12 – Modelo 3D indicando Riser e Flowline (Adaptado de PDT NA CÂMARA, 2016)

    Os Jumpers, mostrados nas Figuras 2.13 e 2.14, são as tubulações, geralmente

    rígidas, que ligam dois equipamentos submarinos, como um PLET a um Manifold, por

    exemplo. É chamada de Well Jumper, a tubulação, geralmente rígida, que conecta a

    Árvore de Natal Molhada ao Manifold, mostrada na Figura 2.15.

    Tanto o Jumper quanto o Well Jumper consistem em dois conectores em suas

    extremidades e uma estrutura tubular, que pode ter diferentes formatos (M, Z e U), como

    visto na Figura 2.16, entre eles. Permitem diversas configurações de layout, trazendo

    flexibilidade ao projeto de exploração subsea (BARROS, 2014). As tubulações que ligam

    dois equipamentos, mas que não possuem esses três formatos ou são horizontais, são

    chamadas de Spool, mostrado na Figura 2.17.

  • 21

    Figura 2.13 - Modelo 3D de um Jumper com formato M (BARROS, 2014)

    Figura 2.14 – Jumper com formato M (BARROS, 2014)

  • 22

    Figura 2.15 - Modelo 3D de um Well Jumper com formato M sendo instalado

    (TRENDSETTER, 2016)

    Figura 2.16 - Formatos dos Jumpers rígidos (Adaptado de BARROS, 2004)

  • 23

    Figura 2.17 - Spool sendo transportado (GMC, 2017)

    2.5.3 PLET

    Os PLETs, ou Pipeline End Terminations, são equipamentos de interligação que

    promovem a conexão entre as linhas flexíveis (Pipelines) e os dutos rígidos (Jumpers)

    (PETROBRAS, 2015). Um exemplo de utilização de PLET, equipamento mostrado na

    Figura 2.18, é o caso estudado neste trabalho, em que o PLET interliga o Pipeline flexível

    ao Jumper rígido através uma superfície de conexão (hub) vertical.

    Figura 2.18 - Modelo 3D de um PLET com dois hubs verticais (CAPPS, 2015)

  • 24

    Figura 2.19 - PLETs 12"da empresa CIVMEC utilizado em um projeto da Shell (CIVMEC,

    2014)

    2.5.4 Manifold

    Os Manifolds são estruturas metálicas apoiadas no fundo do mar. Possuem um

    conjunto de acessórios e válvulas que direcionam a produção de vários poços para um

    Flowline único, que irá levar essa produção até a plataforma e vice-e-versa

    (PETROBRAS, 2015).

    O Manifold ajuda a reduzir o número de linhas conectadas à plataforma, ou seja,

    menos Risers e Flowlines (PETROBRAS, 2015). Em vez de o projeto possuir uma linha

    subsea para cada poço, tem-se uma para cada centro de perfuração e o Manifold a divide

    para os poços presentes no centro.

    Portanto, os Manifolds, ao reduzirem a quantidade de Risers e Flowlines e o

    congestionamento próximo à plataforma e seu sistema de ancoragem, também reduzem a

    carga suportada pela plataforma e promovem uma otimização no arranjo submarino, além

    de distribuírem sistemas hidráulicos e elétricos para as árvores e viabilizarem o acesso de

    produtos químicos e fluidos de controle em um grupo de poços (PORTAL DO

    PETROLEIRO, 2018).

  • 25

    Figura 2.20 - Modelo 3D de um Manifold unido 6 ANMs através de Spools (PORTAL DO

    PETROLEIRO, 2018)

    De acordo com o Portal do Petroleiro (2018) e Sobena (2015), podemos resumir

    os Manifolds em quatro tipos: produção, de injeção, de gás lift e de produção e injeção.

    O Manifold Submarino de Produção (MSP) coleta o fluido de produção de vários

    poços através dos Well Jumpers e o direciona para um Flowline único. Esse tipo de

    Manifold também permite a distribuição de gás de injeção, sistema elétrico para a

    aquisição de dados e de sistema de controle hidráulico.

    O Manifold Submarino de Injeção (MSI) distribui a água que recebe de um

    Pipeline para os poços através dos Well Jumpers. Adicionalmente, esse Manifold também

    distribui os sistemas de controle hidráulico e elétrico. Caso o cliente deseje, o projeto

    desse tipo de Manifold pode ser modificado para alternar a injeção entre água e gás através

    de comandos de válvulas, sendo denominados de Manifold WAG (Water Alternating

    Gas).

    O Manifold Submarino de Gas Lift (MSGL) recebe, de um Pipeline, o gás

    pressurizado a ser injetado e o distribui para os poços. Assim como os modelos anteriores,

    o MSGL também executa a distribuição dos sistemas de controle elétrico e hidráulico das

    árvores.

    O Manifold Submarino de Produção e Injeção (MSPI) é um Manifold misto que

    possui uma estrutura própria para coletar o fluido de produção e outra para injetar água

    nos poços. Essas estruturas compartilham o mesmo sistema elétrico e de controle

    hidráulico.

  • 26

    Figura 2.21 - Instalação de Manifold em um projeto da Petrobras (TN PETRÓLEO, 2013)

    2.5.5 Árvore de Natal Molhada e Componentes

    A Árvore de Natal Molhada (ANM), ou em inglês Christmas Tree (XT), é um

    conjunto inteligente de válvulas operadas remotamente e/ou hidraulicamente, que

    controlam o fluxo dos fluidos produzidos ou injetados no poço (PETROBRAS, 2015).

    Esse equipamento é indispensável para a extração do petróleo e é projetado para aguentar

    elevadas pressões e extensa faixa de temperatura de operação e ambiente.

    Segundo a GE do Brasil (2016), a ANM, atualmente, pode ser instalada até dois

    mil e quinhentos metros de profundidade com o auxílio de ROV (Remotely Operated

    Vehicle) e pode produzir até 15 mil barris de petróleo por dia.

    Pereira (2017) afirma que as ANMs podem ser classificadas de acordo com sua

    configuração ou serviço. De acordo com o serviço, elas podem ser de Produção – que

    regulam o fluido produzido, ou de Injeção – que regulam o fluxo da água ou gás injetor.

    Quanto à configuração, elas podem ser verticais ou horizontais.

    2.5.5.1 ANM Vertical

    A ANM vertical é considerada como a convencional por ser a mais conhecida e aplicada

    mundialmente, principalmente no Brasil. É composta por diversos outros equipamentos

    denomidados de: BAP, Tubing Head, Tubing Hanger, MCV, corpo da ANM e Tree Cap.

  • 27

    Todos esses componentes, exceto o Tubing Hanger que fica no interior do conjunto, estão

    mostrados na Figura 2.22.

    Figura 2.22 - Árvore vertical usada em Pré-sal com os componentes externos indicados (Fonte:

    Adaptado de FMC Technologies Brasil, 2014)

    A BAP, ou Base Adaptadora de Produção, é o conjunto que suporta as linhas de

    fluxo e controle, nivelando-as em relação à ANM. Na sua parte inferior, possui um funil

    guia para a orientação e instalação correta na cabeça de poço, um conector hidráulico e

    anéis de travamento e vedação, garantindo, assim, um assentamento correto e sem

    vazamentos na cabeça de poço (PEREIRA, 2017). Já na parte superior, é instalada a

    Tubing Head, uma estrutura especialmente projetada para receber o Tubing Hanger em

    seu interior e o corpo da ANM em seu topo.

    O Tubing Hanger é um suspensor de coluna, responsável por fazer a interface

    entre a coluna de produção e a ANM (PEREIRA, 2017). Como dito anteriormente, ele

    fica no interior da Tubing Head, vedando o anular (espaço que recebe os produtos

    químicos). Esse equipamento possui diversos furos passantes no comprimento de seu

    corpo para acesso à coluna de produção, ao anular, às válvulas de segurança presentes no

    fundo do poço e aos sensores de aquisição de dados.

  • 28

    O corpo da ANM, mostrado na Figura 2.23, é um bloco forjado e usinado, no

    qual são montadas as válvulas de bloqueio e de controle de fluxo, controladas

    manualmente pelo ROV e/ou hidraulicamente. Na parte de baixo do corpo é montado o

    conector hidráulico que irá encaixar no topo da Tubing Head, permitindo o travamento e

    destravamento do conjunto. Já na parte superior, o Tree Cap é instalado.

    Figura 2.23 - Corpo da ANM de Pré-sal (PETROBRAS, 2015)

    O Tree Cap é uma capa que vai no topo do corpo da ANM. Essa capa é operada

    através do ROV e possibilita o acesso à coluna de produção e ao anular sem ter a

    necessidade de retirar a árvore, além de servir como uma segunda barreira, diminuindo

    as chances de vazamento (PEREIRA, 2017).

    O MCV, ou Módulo de Conexão Vertical, é conectado ao Well Jumper que vem

    do Manifold e ao Umbilical (linha flexível de controle – não faz parte do sistema

    hidráulico de exploração subsea). Assim, ele conecta as linhas de produção, acesso ao

    anular e sistemas de controle (transportado pelos Umbilicais) à BAP, viabilizando o

    escoamento da produção, a injeção de água ou gás, a injeção de produtos químicos e a

    passagem dos fluidos de controle hidráulico da ANM (PEREIRA, 2017). Segundo o

  • 29

    grupo GE do Brasil (2016), se a ANM for instalada em até 1500 metros de profundidade,

    haverá apenas 1 MCV; mas, caso a lâmina d’água seja maior do que isso, serão

    necessários 3 MCVs: um para a linha de produção, um para a linha de acesso ao anular e

    outro para a conexão com linhas de controle das válvulas da ANM.

    2.5.5.2 ANM Horizontal

    A ANM horizontal, mostrada na Figura 2.24, tem a mesma finalidade da vertical.

    Basicamente, pode ser vista como uma grande BAP com as válvulas montadas em sua

    lateral. Com isso, a ANM horizontal permite a intervenção ao poço e até mesmo uma

    substituição de coluna sem a retirada da ANM. De acordo com GE do Brasil (2016), esse

    tipo de árvore é mais indicado quando o usuário necessita de promover intervenções

    recorrentes ao poço.

    Figura 2.24 - ANM horizontal fabricada pela FMC Technologies (FMC TECHNOLOGIES,

    2008)

    O Tubing Hanger vai diretamente na ANM e direciona o fluxo do fluido de

    produção para a lateral da árvore; logo, a Tubing Head não é mais necessária. Além disso,

    o acesso ao espaço anular não é mais feito por um furo ao longo do comprimento do

  • 30

    Tubing Hanger, e sim diretamente pelo painel de acesso. Outra diferença entre a

    horizontal e a vertical é que o Tree Cap pode ser interno ou externo.

    Figura 2.25 - Modelo 3D da ANM horizontal usada no projeto Anadarko Lucius Spar (Fonte:

    Divulgação FMC Techologies)

    2.5.6 Coluna de Produção / Injeção

    A Coluna de Produção, ou em inglês Production Bore, é uma tubulação de aço,

    com diâmetro não muito grande, que transporta o petróleo desde o poço, até o leito

    marinho, ou cabeça de poço, onde está instalada a ANM.

    Já a Coluna de Injeção, ou Injection Bore, é a tubulação de pequeno diâmetro que

    transporta a água ou gás injetor da cabeça de poço até o poço em si.

  • 31

    3. CONCEITOS GERAIS DE ESCOAMENTO

    Neste capítulo serão apresentados os principais termos para análise de escoamento

    e suas suas definições. Todos os conceitos e equações foram retirados do Livro “Bombas

    Industriais” de Edson de Mattos e Reinaldo de Falco (1998).

    3.1 Propriedades dos Fluidos

    Neste item, serão apresentadas as principais propriedades dos fluidos,

    principalmente as que são mais utilizadas no estudo de bombas.

    3.1.1 Massa Específica (ρ)

    A massa específica de um fluido, ou corpo, é a quantidade de massa contida em

    uma unidade de volume. Sendo assim, define-se a equação:

    𝜌 =𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎

    𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 [𝑘𝑔 𝑚3]⁄ (3.1)

    3.1.2 Peso Específico (γ)

    O peso específico de um fluido, ou corpo, é definido como a força exercida pela

    massa específica ρ quando submetida à aceleração da gravidade, por unidade de volume,

    mas também pode ser lida como a divisão de seu peso pelo seu volume.

    𝑃𝑒𝑠𝑜 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑥 𝑔 [𝑁] (3.2)

    𝛾 =𝑝𝑒𝑠𝑜

    𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒=

    𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑥 𝑔

    𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒= 𝜌 𝑥 𝑔 [𝑁 𝑚3] ⁄ (3.3)

    3.1.3 Densidade Relativa (drel)

    A densidade de uma substância é dada pela razão entre sua massa específica nas

    condições atuais/reais e a massa específica de uma substância padrão pré-determinada.

    Caso a substância de estudo esteja no estado sólido ou líquido, a substância padrão a ser

    utilizada é a água. Caso seja gasoso, deve-se considerar o ar como substância padrão.

    𝑑𝑟𝑒𝑙 = 𝜌𝑠𝑢𝑏𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎

    𝜌𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 (3.4)

  • 32

    As propriedades da água a ser utilizada como substância padrão, recomendada

    pela ISO, são obtidas na temperatura de referência 20°C (68°F). Sua massa específica é

    998,2 kg/m³ mas, para fins de projeto de Engenharia, pode ser aproximada para 1000

    kg/m³.

    3.1.4 Pressão (P)

    A pressão é definida como sendo a componente normal de uma força (formando

    um ângulo de 90o com a superfície) dividida pela área em que esta força atua. As unidades

    mais comuns são: kgf/cm2, Pascal (Pa) e psi.

    A pressão também pode ser dada por nível [m], de forma que:

    𝑃 = 𝛾 𝑥 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 [𝑚] (3.5)

    3.1.5 Viscosidade Absoluta ou Dinâmica (μ)

    Segundo Newton, “viscosidade é a resistência oposta pelas camadas líquidas ao

    escoamento recíproco.”

    Sua unidade no Sistema Internacional é Pa.s.

    3.1.6 Viscosidade Cinemática (ν)

    A viscosidade cinemática, por sua vez, é a relação entre a viscosidade absoluta μ

    e a massa específica ρ de uma substância.

    ν =μ

    ρ [𝑚2 𝑠⁄ ] (3.6)

    3.1.7 Pressão de Vapor (Pv)

    Por definição, a pressão de vapor é a pressão exercida por um vapor quando este

    está em equilíbrio termodinâmico com o líquido que lhe deu origem. Para uma

    temperatura abaixo da crítica, a pressão de vapor é a pressão mínima necessária para que

    comece a acontecer a liquefação de uma substância em estado gasoso ou a gaseificação

    de uma substância líquida, ou seja, as fases líquida e gasosa coexistem.

    Essa propriedade é de extrema importância uma vez que, se a pressão absoluta em

    qualquer ponto do sistema de bombeamento for igual ou inferior à pressão de vapor do

  • 33

    líquido bombeado na temperatura de operação, o líquido irá se vaporizar e, então, ocorrerá

    um fenômeno denomidado cavitação, que será estudado adiante.

    3.2 Escoamento em Tubulações

    O escoamento de um fluido em uma tubulação pode ser classificado de diversas

    formas; porém, aqui serão abordadas somente as classificações laminar ou turbulento.

    Esses dois tipos distintos de escoamento foram demonstrados por Osborne Reynolds.

    3.2.1 Número de Reynolds (Re)

    O número de Reynolds é uma grandeza adimensional que relaciona a força de

    inércia e a força causada pela viscosidade do fluido. Ele é utilizado como parâmetro no

    momento de classificação do escoamento em laminar ou turbulento.

    𝑅𝑒 =𝜌 𝑑 𝑉

    𝜇 (3.7)

    Na equação mostrada, “d” equivale ao diâmetro interno da tubulação [m], “V” é a

    velocidade de escoamento do fluido [m/s], e as demais simbologias já foram vistas em

    seções anteriores (seções 3.1.1 e 3.1.5).

    3.2.2 Escoamento Laminar

    O escoamento pode se considerado laminar quando todas as diferentes seções

    longitudinais ao escoamento e tangentes ao fluido forem paralelas entre si. Além disso,

    as velocidades observadas em cada ponto não variam em direção e grandeza. A Figura

    3.1 mostra a distribuição de velocidade no escoamento laminar.

    Figura 3.1 – Distribuição de Velocidade no Escoamento Laminar (MATTOS & FALCO, 1998)

    O escoamento pode ser classificado como laminar se o número de Reynolds

    calculado for menor que 2000.

    𝑅𝑒 < 2000

  • 34

    3.2.3 Escoamento Turbulento

    O escoamento é considerado turbulento quando as partículas do fluido se movem

    de maneira irregular, em todas as direções, não somente na direção do escoamento, e com

    velocidades variáveis. Essa variação de velocidade, em direção e grandeza, pode ocorrer

    de um ponto para o outro e/ou, de um momento para o outro no mesmo ponto.

    Figura 3.2 - Distribuição de Velocidade no Escoamento Turbulento (MATTOS & FALCO,

    1998)

    O escoamento pode ser classificado como laminar se o número de Reynolds

    calculado for maior que 4000.

    𝑅𝑒 > 4000

    Escoamentos na faixa crítica, entre Re = 2000 e Re = 4000, geralmente são

    considerados turbulentos, embora possam ser laminares caso a velocidade de escoamento

    seja muito baixa e/ou a viscosidade do fluido seja muito alta.

    3.2.4 Vazão Volumétrica (Q) e Velocidade de Escoamento (V)

    A vazão volumétrica de escoamento indica o volume de fluido (v) que escoa por

    uma seção de tubulação em uma unidade de tempo. Já a velocidade de escoamento é dada

    pela vazão dividida pela seção da tubulação. Para uma tubulação circular, a vazão e a

    velocidade são representadas pelas equações a seguir.

    𝑄 = vol𝑢𝑚𝑒

    𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 [𝑚3 ℎ] ⁄

    𝑉 =𝑄

    3600 𝐴=

    4 𝑄

    3600 𝜋 𝑑2 [𝑚 𝑠]⁄ (3.8)

    𝑄 =3600 𝑉 𝜋 𝑑2

    4 [𝑚3 ℎ]⁄

    (3.9)

  • 35

    3.2.5 Teorema de Bernoulli

    A equação de Bernoulli, que relaciona as variações de energia cinética, energia de

    pressão e energia potencial gravitacional ao longo de uma linha de corrente, foi obtida a

    partir de um caso específico do princípio de conservação de energia.

    Para ser possível utilizar este teorema, o escoamento estudado deve estar em

    regime permanente, ser reversível (sem atritos) e incompressível. Considerando essas

    condições, obtém-se a equação descrita a seguir:

    𝑍1 + 𝑉1

    2

    2𝑔+

    𝑃1𝛾

    = 𝑍2 + 𝑉2

    2

    2𝑔+

    𝑃2𝛾

    = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒,

    sendo “Z” a altura estática.

    A equação mostrada é aplicável apenas para líquidos ideais. Em um escoamento

    real, é necessário considerar as perdas de carga (hf), que representa a perda de energia

    devido ao trabalho do atrito, viscosidade e turbilhonamento presentes no escoamento do

    ponto 1 ao ponto 2. Com isso, a equação do Teorema de Bernoulli a ser aplicada em um

    líquido real está mostrada a seguir:

    𝑍1 + 𝑉1

    2

    2𝑔+

    𝑃1𝛾

    = 𝑍2 + 𝑉2

    2

    2𝑔+

    𝑃2𝛾

    + ℎ𝑓 (3.10)

    3.2.6 Perda de Carga (hf)

    A perda de carga hf, que apareceu na Equação (3.10), representa a energia por

    unidade de peso perdida no trecho da tubulação em estudo. Este termo pode ser calculado

    através do desmembramento em perda de carga normal (hfN), que ocorre nos trechos retos

    de tubulação, e em perda de carga localizada (hfL), que ocorre em acessórios, como:

    válvulas, curvas, joelhos, T’s, etc.

    ℎ𝑓 = ℎ𝑓𝑁 + ℎ𝑓𝐿 (3.11)

    3.2.6.1 Perda de Carga Normal (hfN)

    Para o cálculo da perda de carga normal no escoamento turbulento, é adotada uma

    equação teórico-experimental determinada por Darcy-Weisbach e mostrada abaixo:

    ℎ𝑓𝑁 = 𝑓 𝐿 𝑉2

    𝑑 2 𝑔 (3.12)

  • 36

    em que:

    f: fator de atrito [adimensional]

    L: comprimento de tubulação reta [m]

    V: velocidade de escoamento [m/s]

    d: diâmetro interno da tubulação [m]

    g: aceleração gravidade [9.81 m/s2]

    O fator de atrito é uma função do número de Reynolds e da rugosidade relativa

    (ε/D) da tubulação que está sendo estudada. No regime laminar, é possível calculá-lo

    através da equação abaixo:

    𝑓 = 64

    𝑅𝑒 (3.13)

    Já no regime turbulento, o fator é encontrado com o auxílio do Ábaco de Moody,

    apresentado na Figura 3.3. É importante ressaltar que no regime completamente

    turbulento, as linhas correspondentes a ε/D tornam-se horizantais e, assim, o coeficiente

    torna-se independente do número de Reynolds.

    Figura 3.3 - Ábaco de Moody (WIKIPEDIA, n.d)

  • 37

    3.2.6.2 Perda de Carga Localizada (hfL)

    Conforme já explicado anteriormente, a perda de carga localizada é a energia

    perdida nos acidentes e acessórios da tubulação. Ela pode ser determinada de dois modos

    distintos:

    1) Método Direto

    Neste método, a perda de carga é determinada através do cálculo da seguinte

    equação:

    ℎ𝑓𝐿 = 𝐾 𝑉2

    2𝑔 (3.14)

    O coeficiente K apresentado na Equação (3.14) é experimental, tabelado para cada

    tipo de acidente e suas variações, e fornecido pelo fabricante do acessório. Observa-se,

    também, que esse coeficiente é um valor representativo de influência do fator de atrito,

    do comprimento e do diâmetro ao compararmos as Equações (3.14) e (3.12).

    𝐾 = 𝑓 𝐿

    𝑑

    2) Método do Comprimento Equivalente

    Este método consiste em determinar o valor do comprimento reto de tubulação

    que reproduziria, nas mesmas condições de operação, a mesma perda de carga

    apresentada em um determinado acessório. Os valores médios para um acessório são

    tabelados de acordo com o diâmetro nominal / interno da tubulação.

    Os valores equivalentes para cada acessório estão mostrados nas tabelas do Anexo

    A. Uma vez obtidos os comprimentes equivalentes dos n acessórios presentes na linha, a

    perda de carga é calculada como se fosse uma única tubulação reta com um comprimento

    total Ltotal.

    𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐿𝑟𝑒𝑡𝑜 + ∑ 𝐿𝑒𝑖

    𝑖=𝑛

    𝑖=1

    (3.15)

    ℎ𝑓 = 𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

    𝑑 𝑉2

    2𝑔 (3.16)

  • 38

    3.3 Associação de Tubulações

    Mattos e Falco (1998) defendem que a melhor estratégia, ao estudar um sistema

    com tubulações que apresentam variações no diâmetro ou com ramificações, é encontrar

    uma linha equivalente ao sistema. As tubulações são consideradas equivalentes quando

    são capazes de conduzir a mesma vazão sob a mesma perda de carga.

    3.3.1 Tubulações em Série

    Quando uma tubulação com diâmetro D1 é