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Semana Decisiva Para o Planeta - Jornal O Globo
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Centenas de ambientalistas fazem com seus corpos o símbolo da paz epedem energia renovável perto da Torre Eiffel em Paris, num recado aosconferencistas - BENOIT TESSIER / REUTERS
SUSTENTABILIDADE
PUBLICIDADESemana decisiva parao planeta
Enquanto debates se arrastam, iniciativa privada jáinvestiu US$ 33 bi em projetos verdes
POR VIVIAN OSWALD, ENVIADA ESPECIAL
07/12/2015 6:00
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LE BOURGET, França - Enquanto os governos tentam buscar uma
equação para garantir o pagamento de US$ 100 bilhões acordados há
exatos cinco anos para financiar ações de combate à mudança
climática até 2020, e o novo valor que vai vigorar a partir de então, o
setor privado pode tê-los deixado para trás. Mil investidores da
iniciativa privada já teriam se comprometido com pelo menos US$ 33
bilhões para novas iniciativas, de acordo com dados divulgados pela
Agenda Ação Lima-Paris. E estes números não incluem os US$ 2
SOCIEDADE COMPARTILHAR BUSCAR
g1 ge gshow famosos vídeos ENTRE
bilhões anunciados na primeira semana da COP21 que só o bilionário
Bill Gates colocará na Breakthrough Energy Coalition que montou
com Mark Zuckerberg, do Facebook, Jeff Bezos, da Amazon, Jack Ma,
do Alibaba, e Richard Branson, da Virgin. A partir do fundo, o grupo
investirá em empresas em estágio inicial com potencial de produzir a
energia do futuro, com emissão de carbono próximo a zero.
Pelas contas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), cerca de US$ 62 bilhões estariam disponíveis
entre fundos e iniciativas bilaterais para ações do clima. Mas o que
conta, segundo a delegação brasileira, é o valor disponível no
chamado Fundo Verde, parte do acordo firmado na conferência do
Clima de Copenhague em 2009. O fato é que cientistas, especialistas e
os próprios negociadores concordam que o alvo de US$ 100 bilhões
estipulado há cinco anos, que ainda está longe de ter sido atingido,
também está longe de ser suficiente para financiar todas as ações
necessárias para conter o aquecimento global em até 2 graus Celsius
até 2100. Há discussões em curso para que o valor seja elevado. Mas
não há sequer consenso sobre quem deverá pagar o que foi definido. E
não se tem clareza de quanto já está disponível de fato. Dependendo
da fonte, o cálculo é diferente. Estima-se que os governos
coletivamente gastem mais de US$ 1 trilhão anualmente com
subsídios à energia, agricultura e pesca.
Acordo está na mão de 14 ministros
Catorze ministros terão a responsabilidade de ajudar a salvar o acordo
contra o aquecimento global nos próximos dias. Os nomes foram
escolhidos a dedo pela presidência da Conferência do Clima — que
está nas mãos da França — para facilitar as negociações sobre os
principais entraves a um entendimento e acertar, de uma vez por
todas, os ponteiros entre os 195 países participantes, aproximando as
demandas e as obrigações de ricos e pobres.
Não se trata apenas de quanto e quando os países ricos pretendem
pagar para financiar as medidas de redução de emissões entre as
nações em desenvolvimento, mas de como se darão as bases do
relacionamento entre os dois lados a partir de 2020, quando entrará
em vigor o novo acordo. Os emergentes brigam para que as iniciativas
(ou a falta delas) que venham a tomar contra o aquecimento global
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não sejam usadas no futuro como novas barreiras comerciais às suas
exportações de produtos e serviços. Teme-se um discurso perigoso
que prega a mudança do clima como desculpa para restringir as
importações.
— É claro que caberá aos consumidores no futuro escolher os seus
fornecedores. Isso pode, por exemplo, restringir importações dos
países que não agiram. Mas isso não quer dizer que os governos vão
criar essas restrições. Somos pelo livre comércio — afirmou ao GLOBO
um ministro europeu que participa das negociações.
No rascunho que será discutido essa semana, há um parágrafo inteiro
tratando desta questão entre colchetes. Ou seja, não há consenso
sobre ele. “Os países desenvolvidos não deverão de forma alguma
recorrer a medidas unilaterais contra mercadorias e serviços de países
em desenvolvimento em quaisquer bases relacionadas à mudança do
clima”, diz um trecho do documento, que mais adiante lembra que
devem ser considerados os princípios da igualdade, responsabilidades
comuns, porém diferenciadas, e as obrigações dos países
desenvolvidos de prover recursos para o financiamento, transferência
de tecnologias e apoio aos emergentes.
A pedido dos franceses, os facilitadores correrão contra o tempo para
que se feche um acordo inédito até quinta-feira. A ministra brasileira
do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ficou justamente a cargo da
diferenciação entre os países, tema que passa praticamente por todos
os pontos em aberto do rascunho finalizado no sábado. O que se quer
evitar é que os países desenvolvidos não só fujam da responsabilidade
de arcar com a conta histórica das emissões de gases de efeito estufa
dos últimos séculos, como também criem obrigações para os
emergentes, que ainda precisam se desenvolver e enfrentar sérias
questões sociais e econômicas domésticas. Estes últimos também
deverão ter compromissos amarrados para receber os recursos de
financiamento que tanto querem.
Especialistas apostam na contribuição cada vez maior da iniciativa
privada. Até porque as empresas já entenderam que investir em novas
tecnologias e energias renováveis é um bom negócio.
Prova disso é que a campanha de desinvestimento dos combustíveis
RECEBERNewsletter As principaisnotícias do dia noseu e-mail.
fósseis quebrou um novo recorde na COP21. Mais de 500 instituições
que representam mais de US$ 3,4 trilhões em ativos fizeram algum
tipo de compromisso de desinvestimento, de acordo com a 350.org e a
Divest-Invest, duas organizações que estão coordenando o
movimento. Trata-se de companhias deixando de investir ou de usar
energias fósseis.
O presidente da COP21 e ministro das Relações Exteriores da França,
Laurent Fabius, determinou as regras de negociação da etapa final de
negociações para esta semana. Ele tem pressa.
— Enquanto discutimos, os gases de feito estufa continuam a ser
emitidos E daqui a pouco, isso será irreversível. Temos que conseguir.
E aqui.
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