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Dom Washington Cruz escreve sobre fé e misericórdia Padres tomam posse em paróquias de Goiânia e do interior Perspectivas para a saúde pública não são animadoras pág. 3 pág. 2 pág. 7 T ARQUIDIOCESE PALAVRA DO ARCEBISPO EM DIÁLOGO semanal Edição 191ª - 14 de janeiro de 2018 www.arquidiocesedegoiania.org.br Apesar de inconstitucional, nova BNCC foi aprovada e entrará em vigor em todo o país. Documento apresenta diretrizes que ensinarão, entre outras coisas, nossas crianças a denunciar os pais, em caso de intolerância; que o sexo não é natural, mas construído socialmente, pois temos identidades abertas, transitórias e flexíveis; e a unificar o pensamento nacional, ou seja, esse é o primeiro passo para o fim do pluralismo de ideias. págs. 4 e 5 Foto: Rudger Remígio EDICAO 191 DIAGRAMACAO.indd 1 10/01/2018 18:05:30

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Dom Washington Cruzescreve sobre fé e

misericórdia

Padres tomam posseem paróquias de

Goiânia e do interior

Perspectivas para asaúde pública não

são animadoraspág. 3pág. 2 pág. 7

T ARQUIDIOCESEPALAVRA DO ARCEBISPO EM DIÁLOGO

semanalEdição 191ª - 14 de janeiro de 2018 www.arquidiocesedegoiania.org.br

Apesar de inconstitucional, nova BNCC foi aprovada e entrará em vigor em todo o país. Documento apresenta diretrizes que ensinarão, entre outras coisas, nossas crianças a denunciar os pais, em caso de intolerância; que o sexo não é natural, mas construído socialmente, pois temos identidades abertas, transitórias e flexíveis; e a unificar o pensamento nacional, ou seja, esse é o primeiro passo para o fim do pluralismo de ideias.

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Creio em Deus Pai. Assim murmuram os nossos lá-bios, movidos pela expe-riência interior do coração

aquecido pela paternidade amorosa de Deus. Crer em Deus Pai é uma profissão da fé cristã e católica, for-mulada, conservada com integridade e transmitida de geração em geração, ao longo dos séculos. Crer em Deus Pai, para mim e para você, que vive-mos no século XXI, é experimentar a

atualidade dessa graça da paternidade de Deus e confessar em nosso tempo a profundidade do amor filial, confiado, amparado e protegido pelo Pai.

A casa do Pai. Esse é um lugar que não nos deixa ficar per-didos neste mundo. Podemos viajar por muitos caminhos, conhecer muitas pessoas e muitos lugares, conquistar muitos méritos, fazer travessias escuras e confusas, perder de vis-ta a direção e os roteiros. Tudo poderá acontecer nas águas do mar da vida. Entretanto, nunca nos sentiremos perdidos – como pessoa, família, comunidade, Igreja, país e humani-dade – se mantivermos, no íntimo de nossos corações e no horizonte do imaginário cultural de nossa civilização, a re-ferência da casa do Pai. Temos, então, para onde ir, mesmo quando distantes, perdidos, confusos ou ameaçados pelo fim do imponderável na vida.

[...] Enquanto vivemos, somos romeiros a caminho de um encontro definitivo com Deus, na casa do Pai. Atendemos a um chamado para que a vida adquira sempre mais sentido. É o que a fé nos proporciona.

A serpente

No apócrifo Atos de Tomé, encontramos um hino, cha-mado “Hino da pérola”, que remonta aos tempos, ou mes-mo antes, do Novo Testamento. Esse texto fala de um jovem que havia sido enviado ao oriente, no Egito, pelo seu idoso pai, a fim de recuperar uma pérola preciosa, guardada por uma malvada serpente. O jovem empreende com a maior boa vontade a longa viagem, munido de todas as credencias do pai. Entretanto, quando chegou ao lugar, se deixou enga-nar: comeu os alimentos dos egípcios e caiu em um profundo sono, esquecendo quem era e para que havia chegado ali.

Preocupado com o atraso, o pai lhe enviou uma mensa-gem sob a forma de uma carta que voava, semelhante a uma águia. Quando chegou junto ao jovem, a carta se transfor-mou em voz que gritava: “Surge e desperta do sono! Lem-bra-te que és filho do rei! Lembra-te da pérola!” O jovem des-pertou, pegou a carta, a beijou e a abriu. Reconheceu, então, que aquilo que a voz dizia correspondia ao que ele tinha no coração. Lutou com a serpente, invocando sobre ela o nome do pai, recuperou a pérola e iniciou o seu caminho de volta.

A pérola

O hino da pérola parece uma parábola para nós. Nós vie-mos do Pai e a ele devemos voltar. Mas acontece que, com frequência, nos aclimatamos de tal forma a este mundo que esquecemos quem somos e para onde vamos. [...] Lembra-te! Lembra-te de quem és filho, lembra-te que tens um pai que espera a tua volta, lembra-te da pérola que é a tua alma e a alma de cada irmão.

Como o filho mais jovem do pai misericordioso (Lc 15,13), há muitos cristãos batizados que se afastaram da vontade e da casa do Pai, para se dedicar, como o filho pródigo, a uma vida de pecado. O Pai celeste, sempre misericordioso, está à espera deles. [...] É preciso tomar uma decisão: “Levantar--me-ei, vou voltar para o meu pai” (Lc 15, 18).

(Carta Pastoral de Dom Washington Cruz: Creio em Deus Pai –Meditação sobre o Amor Paterno de Deus – 2017. Introdução:

1, 2 e 7 / Cap. I: 26 e 27 / Cap.II: n. 22)

Janeiro de 2018 Arquid iocese de Go iânia

PALAVRA DO ARCEBISPO2 PALAVRA DO ARCEBISPO2 PALAVRA DO ARCEBISPO2

Arcebispo de Goiânia: Dom Washington CruzBispos Auxiliares: Dom Levi Bonatto e Dom Moacir Silva Arantes

Fotografia: Rudger RemígioTiragem: 25.000 exemplaresImpressão: Gráfica Moura

Contatos: [email protected] Fone: (62) 3229-2683/2673

Coordenadora de Comunicação: Eliane Borges (GO 00575 JP)Consultor Teológico: Pe. Warlen MaxwellJornalista Responsável: Fúlvio Costa (MTB 8674/DF)Redação: Fúlvio CostaRevisão: Thais de OliveiraDiagramação: Carlos HenriqueColaboração: Marcos Paulo Mota (Estudante deJornalismo/PUC Goiás)

DOM WASHINGTON CRUZ, CPArcebispo Metropolitano de Goiânia

EditorialO Encontro Semanal apresenta, nesta

edição, uma reportagem sobre as im-plicações da nova Base Nacional Co-mum Curricular (BNCC) na educação das novas gerações, crianças da edu-cação infantil até o 9º Ano do Ensino Fundamental. O documento, currículo nacional que deverá ser seguido por todas as escolas públicas, privadas e confessionais, apresenta aspectos pre-ocupantes, como a desconstrução da religião; brechas para o ensino da pers-pectiva de gênero nas escolas; e pontos

LEMBRA-TE DEVOLTAR PARA CASA!

que ferem direta ou indiretamente o direito dos pais à educação moral e religiosa dos filhos. É importante a leitura deste conteúdo por parte dos cristãos católicos, de modo especial das famílias. Ainda neste número, Dom Washington Cruz escreve, em sua Palavra semanal, sobre a sua Carta Pastoral lançada em julho do ano passado: Creio em Deus Pai – Me-ditação sobre o Amor Paterno de Deus.

Boa leitura!

Fique por dentro

No dia 7 de janeiro, o grupo Peque-nos Reis Magos, organizado pela Pas-toral da Criança e pela Pastoral Cate-quética da Paróquia Divino Pai Eterno, de Aparecida de Goiânia, encerrou a Campanha de visita às famílias duran-te o período Natalino, que começou no dia 2 de dezembro. A ação consis-tia em rezar, cantar, ler e refletir sobre a Palavra de Deus, de modo especial sobre o Natal do Senhor, e, por fim, se confraternizar com as famílias. Ao fim das visitas, o grupo, formado por cerca de dez crianças, recolhia as ofer-tas, que serão destinadas para a Pasto-ral da Criança Internacional, que atua na América Latina, América Central e África.

O incentivador do projeto, frei Ru-bens Morais Gomes, que é pároco da Paróquia Divino Pai Eterno e assessor da Pastoral da Criança Arquidiocesa-na, disse que a iniciativa deu certo e pretende estendê-la na Igreja de Goiâ-nia. “As expectativas foram superadas. Apesar de começar agora em nossa re-gião, deu muito certo, e esperamos que ganhe força e que possa ser uma ati-vidade na Arquidiocese, porque é um

processo de evangelização que traz a criança para a Igreja e ainda arreca-da fundos para a dimensão caritati-va da Pastoral da Criança”, afirmou.

Bianca dos Santos Araújo, 11 anos, que participou do projeto, pretende continuar neste ano. “Foi muito bom. Fomos recebidos muito bem e eu gostei muito da emoção das pessoas ao nos receber. Já es-tou ansiosa para chegar logo o fim do ano para eu participar de novo”. Enedina Rita, que recebeu a visita, ficou muito contente e emocionada. “Foi muito bonito ver as crianças cantando e rezando na minha casa. Foi uma emoção que eu nunca es-quecerei”.

Membro da Pastoral Catequética, Patrícia Silva disse que a campanha foi uma bênção porque se mostrou um projeto de evangelização que atinge os objetivos propostos, levan-do a paz do Menino Jesus às famí-lias. Ao todo, foram visitadas 63 ca-sas em seis bairros de Aparecida de Goiânia. Neste ano, o projeto deve começar no mês de outubro, para que possa atingir mais famílias.

O ProjetoComum em países da Europa, de modo especial na Alemanha, foi trazido

ao Brasil pelo Dr. Nelson Arns, filho da Dra. Zilda Arns, fundadora da Pas-toral da Criança. Naquele país, os Pequenos Reis Magos visitam bairros mais ricos e fazem campanhas para ajudar pessoas dos bairros mais pobres. Nas regiões Sul e Sudeste, a iniciativa tem ganhado força, e agora está começando na Arquidiocese de Goiânia com a Paróquia Divino Pai Eterno, de Aparecida de Goiânia.

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Pequenos Reis Magos arrecadamfundos para a Pastoral da

Criança Internacional

Grupo visitou 63 casas em seis bairros de Aparecida de Goiânia

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Janeiro de 2018Arquid iocese de Go iânia

ARQUIDIOCESE EM MOVIMENTO 3

A belíssima Capela da Comunidade Maria de Nazaré, no Jardim Pre-sidente, que pertence à Paróquia Santa Luzia, do Setor Novo Hori-

zonte, recebeu a Dedicação do Templo e do Altar, na noite do dia 6 de janeiro. O rito foi presidido pelo nosso arcebispo Dom Wa-shington Cruz. “Hoje é um dia consagrado ao Senhor. É um dia de festa para nós, con-forme ouvimos na Palavra”, disse, no início de sua homilia, aos presentes que lotaram a Capela. Em seguida, ele explicou que as pessoas – os fiéis – se reúnem ali convoca-dos pela Palavra de Deus. “Quem congrega no templo obedece à Palavra”.

O arcebispo parabenizou a comunidade e o administrador paroquial, padre Eleni-valdo Manoel dos Santos, pela “transforma-ção” que passou aquele templo. “Eu sabia que ia encontrar uma igreja bonita porque as obras do padre Elenivaldo são sempre muito belas, mas eu não sabia que ia encon-trar uma igreja tão bela assim”, disse o arce-bispo, arrancando risos da assembleia.

Continuando sua reflexão, Dom Wa-shington afirmou que o Senhor, com sua morte e ressurreição, salvou a humanida-de. “Este é o grande anúncio deste templo. A casa do meu Pai é uma casa de oração”.

Ele explicou que, na Igreja, o altar é o corpo de Cristo, lugar onde se apresenta o centro de todo o ato litúrgico. “O altar é como o Monte Tabor, onde devemos subir para descobrir o fugor que sai de Cristo, assim como fizeram os apóstolos Pedro, Tiago e João. Neste altar, Cristo morre e ressuscita toda vez que celebramos”. Ele pediu tam-bém que, na Dedicação da Capela, todos ali lembrassem qual é a sua missão na Igreja. “Olhem cada um para si e entendam qual é o seu lugar na comunidade. Todos, sem exceção, têm uma missão a realizar”.

Após a homilia, aconteceu o Rito de De-dicação, em que foi cantada a Ladainha de Todos os Santos. Em seguida, houve a de-posição das relíquias do beato Isidoro de Loor, da Congregação dos Missionários Passionistas; a unção do altar e das paredes da igreja; a incensação do altar e da igreja; e a iluminação de todo o templo. Ao fim da celebração, a comunidade ofereceu um jan-tar aos participantes.

No dia 5 de dezembro, Dom Washington dedicou o templo e o altar da igreja matriz. No dia 30 do mesmo mês foi a vez da Comu-nidade São José, e no próximo dia 24 será a vez da Comunidade São Paulo Apóstolo, todas pertencentes à Paróquia Santa Luzia.

Padres tomam posse em paróquiasda Arquidiocese

ministrador paroquial da Paróquia Santa Genoveva, no Setor Santa Genoveva, em Goiânia. A missa da Epifania do Senhor foi presidida pelo arcebispo, Dom Wa-shington Cruz, na manhã do domingo, 7 de janeiro. “Padre Warlen, damos-te boas--vindas. A cura pastoral engendra para a fé novos filhos e concentra a vida sobrena-tural dos já nascidos para a fé graças à en-trega existencial do pastor que há de confi-gurar sua vida com Cristo e unir-se ao seu sacrifício redentor, que comporta consigo o ministério”. Dom Washington agradeceu ainda aos últimos padres que passaram pela paróquia (Nilson Maróstica, Arthur Silva Freitas, Ronaldo Rangel) e desejou frutuosa missão ao novo administrador. Ele também desejou que a igreja, que leva o mesmo nome do Aeroporto de Goiânia, possa ter missas diárias e possa ficar de portas abertas o máximo possível. O povo de Deus de diversas paróquias que pas-saram pelas comunidades administradas pelo padre Warlen marcou presença.

Três padres tomaram posse em paró-quias no último fim de semana. Padre Warlen Maxwell Silva Reis, que estava na Paróquia São Sebastião, de Bonfinópolis, há um ano e dez meses, foi empossado ad-

Padre André Golombek, polonês de origem, que é administrador da Paróquia Nossa Senhora Auxi-liadora, em Leopoldo de Bulhões, tomou posse na Paróquia São Sebastião, de Bonfinópolis, na noite do dia 7 de janeiro. A missa foi presidida pelo bis-po auxiliar Dom Moacir Silva Arantes. Ao dar bo-as-vindas ao novo administrador, o presidente da celebração convidou a comunidade a se aproximar do padre, oferecer colaboração e participar da vida da paróquia. “A Igreja pode ser melhor, mas, para isso, precisa da participação. Somos chamados a fazer da nossa cidade um lugar melhor também. Eu vejo aqui expressões de todos os segmentos da Igreja: idosos, famílias, jovens, crianças e adoles-centes, religiosas, então, podemos dar muito cer-to”, afirmou. Em seguida, padre André fez a Pro-fissão de Fé, prometeu obediência ao arcebispo e levar o Cristo à comunidade, e recebeu os lugares e objetos da Igreja: chaves do templo e do sacrário; a estola rocha, que significa a confissão; e a Pia Batis-mal. Ao fim da celebração, o sacerdote agradeceu o bispo por presidir a missa, e a comunidade por participar e recebê-lo. Padre André está no Brasil há 12 anos e um ano na Arquidiocese de Goiânia.

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ParóquiaSanto Agostinho

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Na mesma manhã do dia 7, a Quase-Paróquia Santo Agostinho, no Sítio do Recreio Ipê, foi erigida e recebeu a posse do seu novo administrador, padre Rafael Oliveira da Silva, que também administrará a Quase-Paróquia Cristo Redentor, no Residencial Vale dos Sonhos, no próximo dia 21. O sacerdote vem da Paróquia Nossa Senhora das Dores, da Vila Pedroso, onde administrou por três anos e dez me-ses. A missa foi presidida pelo bispo auxiliar Dom Moacir Silva Arantes, que desejou frutuosa missão à nova comunidade e elogiou o trabalho que o pa-dre vinha fazendo na Vila Pedroso. A Cristo Reden-tor também será erigida no dia 21.

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Paróquia Santa LuziaDom Washington dedica Capela da

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Janeiro de 2018 Arquid iocese de Go iânia

444 CAPA

Os interesses ideológicos e de mercado por trás da nova BNCC

A nova Base Nacional Co-mum Curricular (BNCC) foi aprovada no dia 15 de dezembro passado. O ano

que se inicia e o próximo serão dedi-cados à sua implementação, pelo Mi-nistério da Educação (MEC). Para isso, o MEC disponibilizou R$ 100 milhões a fim de que os estados e municípios deem início ao processo. Começando

FÚLVIO COSTA

agora, todas as escolas, públicas, pri-vadas e confessionais, têm o prazo de dois anos, isto é, até 2020, para aplicar as diretrizes da BNCC.

O Encontro Semanal, após publi-car sucessivas matérias sobre o tema Ideologia de Gênero, que está pre-sente na BNCC, e sobre as audiên-cias públicas que trataram a respei-to, agora apresenta uma reportagem

Um primeiro ponto a se consi-derar é a obrigatoriedade da nova BNCC. Isso quer dizer que escolas, a partir da educação infantil até o 9º ano do Ensino Fundamental, deverão seguir o que prescreve o documento nacional. Esse é o pri-meiro currículo obrigatório que o Brasil valida. Até então, as escolas seguiam os Parâmetros Curricula-res Nacionais (PCN’s), instituídos pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Segundo o professor Orley, a di-ferença é que os parâmetros eram apenas um norte, uma orientação às escolas e aos professores. “Com os

Nada do que está na BNCC pode-rá ser abdicado pelas escolas. Segun-do o professor Orley, tudo tem que ser ensinado. As unidades de ensino terão, porém, uma flexibilização de 40% em seu conteúdo para elas pode-rem construir o currículo. “Vai haver um descontentamento muito grande por parte das escolas confessionais porque muito conteúdo vai chocar com seus valores e suas culturas, mas, mesmo assim, não poderão ab-dicar das diretrizes”, pontuou o pro-fessor. Aspectos relativos à Ideologia de Gênero, por exemplo, já estão pre-sentes nos livros didáticos do Ensino Fundamental, série 2016 a 2018.

O Ensino Religioso (ER) com fundamentação teológica foi des-considerado pela nova Base, que o prevê a partir das Ciências So-ciais. “A dialética é no material e não no transcendente, no espiritu-al. Quando no documento se fala em transcendência, não é aquela que conhecemos de Deus com os homens, porque, para a Base, Deus não existe, isto é, ele é uma criação humana. A espiritualidade e todas as experiências espirituais, segun-

Obrigatoriedade Flexibilidade

Ensino Religioso

PCN’s, todas as escolas, nos estados e municípios, tinham liberdade para montar seus conteúdos, apenas ob-servando os parâmetros, mas sem obrigação de cumpri-los”, explicou. Ele comentou que a LDB e a Consti-tuição Federal de 1988, no entanto, preveem a construção de uma Base Nacional Curricular, mas ressaltou que a BNCC, embora aprovada, não observou a lei. “Nós não temos uma Base – esse é o problema –, nós te-mos o próprio currículo, que é feito em Brasília, e que determina o que cada criança e adolescente deve es-tudar e aprender em sala de aula”.

do a BNCC, estão apenas na men-te dos indivíduos. Aí eu pergunto: se não pode o ensino confessional nas escolas como o Superior Tri-bunal Federal (STF) estabeleceu e tem razão de estabelecer confor-me a Constituição Federal, e não pode haver proselitismo religioso, por que se pode trabalhar a visão sociológica das religiões com as crianças? Por que pode o prose-litismo da Sociologia? E por que pode trabalhar o ateísmo e não a

Conforme Viviane Petinelli, a proposta pedagógica da área de Ensino Religioso não tem o objetivo de simplesmente apresentar ao aluno, de maneira equilibrada, as diversas culturas e tradições religiosas, a partir das suas teologias, doutrinas, registros sagrados e dogmas. Antes, propõe a problematização de toda crença religiosa a partir de “pres-supostos éticos e científicos” das Ciências Humanas e Sociais. Como ambas as ciências se assentam em bases materiais, é desse lugar que as religiões, com suas peculiaridades transcendentais, serão criticadas e ensinadas aos alunos.

crença?”. A Base propõe, além do ateísmo, o agnosticismo (crença de que a existência de Deus é impossí-vel de ser conhecida ou provada). “São essas questões que os cristãos deixaram passar e não tiveram in-teresse em discutir”, alfinetou o es-tudioso.

Embora as diretrizes da BNCC apresentem muitos pontos que são um contratestemunho, sobretudo para as escolas cristãs, o professor Orley afirmou que não há muito o

que se fazer a respeito. “É o preço que a sociedade brasileira, as es-colas, sobretudo as confessionais, vão pagar por não terem se atenta-do e discutido durante a produção das versões da Base. As pessoas não se deram conta de que a BNCC é tão importante quanto a Opera-ção Lava-Jato, a Reforma Traba-lhista, a Reforma Previdenciária, as 10 Medidas Contra a Corrupção, e por isso ela não recebeu o mesmo status e atenção”.

especial sobre as implicações da nova Base Nacional Comum Curri-cular para a educação das novas ge-rações. Para isso, entrevistamos Or-ley José da Silva, professor no Ensino Fundamental, da Rede Pública Mu-nicipal de Goiânia, mestre em Letras e Linguística (UFG) e doutorando em Ciências da Religião (PUC Goi-ás), e Viviane Petinelli, doutora em

Ciência Política (UFMG/Harvard) e pós-doutoranda em Ciência Política (UFMG). A seguir, apresentamos, em tópicos, para facilitar a leitura, o que está por trás das intenções da nova BNCC, que foi aprovada sem a participação efetiva da população brasileira.

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Em 2025, na metade de dez anos da sua vali-dade, a Base será revista e as instituições, esco-las, igrejas e a sociedade civil organizada pode-rão apresentar propostas para a reformulação de pontos da BNCC, mas, para isso, as discussões e a articulação da sociedade precisam começar agora. A Igreja pode esclarecer as pessoas acerca do modelo de educação proposto pelo currículo, e também os pais, para que eles participem mais de perto. “Podemos comparar essa Base ao leme

de um navio, que o conduz para qualquer lugar. A BNCC tem o poder de mudar o Brasil do ponto de vista político, ideológico e religioso, por isso é importante que a sociedade participe”, alertou o professor.

CAPA

Janeiro de 2018Arquid iocese de Go iânia

5

Os interesses ideológicos e de mercado por trás da nova BNCC

Aprovada a BNCC da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, agora é a vez da Base do Ensino Médio. No próximo mês de março, o Governo Federal enviará ao Con-selho Nacional de Educação (CNE) uma primeira versão do documen-to. A versão para o Ensino Médio deveria estar integrada no mesmo documento da Base que foi aprova-da, mas, durante o processo, foi des-membrada.

Apesar de ter sido feita uma en-genharia linguística que fez desa-parecer as referências à Ideologia de Gênero na Base, ela está lá e foi introduzida, conforme o professor Orley, com o argumento falso de que essa teoria serve para combater o preconceito contra as mulheres e contra as minorias sexuais e fami-liares. “A forma como eles escolhe-ram combater preconceitos não está correta, porque partiram do pressu-posto de que o sexo não é natural. A proposta é desconstruir da cabe-

Orley apontou a questão ideoló-gica como o aspecto mais preocu-pante da BNCC. A Base foi aprova-da após a produção de quatro ver-sões, isso porque alguma pressão foi feita a respeito do teor negativo de

BNCC do Ensino Médio

Correntes teóricas

O que ainda pode ser feito

Ideologiade

Gêneromuitos desses pontos do documen-to. Ele disse ainda que pelo menos seis teorias marxistas fundamentam a Base. Desse modo, ela tem capa-cidade de fazer uma transformação social no Brasil a partir das crianças.

As pessoas não se deram conta de que a BNCC é tão importante quanto a Operação Lava-Jato, a Reforma Trabalhista, a Reforma Previdenciária, as 10 Medidas Contra a Corrupção, e por isso ela não recebeu o mesmo status e atenção”

ça das crianças o sexo e o casamen-to entre homem e mulher. Mas, por trás disso, está camuflada a desnatu-ralização do sexo e não o combate ao preconceito”. A pena às escolas que não seguirem a Base também está prevista. “Haverá um sistema de cumprimento de metas e as escolas mais bem avaliadas certamente se-rão aquelas que cumprirem com as diretrizes da BNCC. Mas como será para as escolas mais longínquas do nosso país, para os lugares em que há dificuldade de acesso?”.

gicos e de mercado pela nova Base, por parte de grandes instituições e empresas. “As universidades têm in-teresse no Ensino Religioso propos-to pela nova Base para expandir os seus cursos de Ciência da Religião e criar licenciaturas para fornecer pro-fessores para as escolas. As editoras têm interesse também porque pro-duzirão uma gama de títulos para a laicidade voltados para as escolas, e os ideológicos se interessam em apa-gar a hegemonia cristã no Brasil”.

Viviane Petinelli alertou para a agressividade do desconstrutivis-mo presente na nova Base. “É gra-ve o que se vai ensinar a crianças e adolescentes. O currículo se propõe a desconstruir a religião, a fé, a cren-ça, em nome da crítica, do questio-namento, da diversidade e do res-peito. É uma afronta direta à liber-dade de crença dos estudantes e ao direito dos pais à educação moral e religiosa de seus filhos”.

Na visão do estudioso, as corren-tes teóricas citadas não foram esco-lhidas aleatoriamente, porque todas são marxistas e se complementam. “Por que foram escolhidas essas e não outras? Ou por que essas teorias não foram deixadas de lado para que as prefeituras, escolas, governos pudessem escolher a sua corrente teórica pedagógica? Eu diria que esse é o ponto mais preocupante da BNCC”, afirmou. A Base, com essas teorias, segundo ele, dá um primeiro passo no fim do pluralis-mo de ideias. “Essa lista de teorias não está sendo denunciada porque hoje a maioria das universidades públicas e particulares está alinha-da com esse processo, está bebendo nessas teorias que se tornaram he-gemônicas no Brasil. Nesse sentido, nós corremos o risco de levar toda a educação brasileira para essas cor-rentes de pensamento”. O professor denunciou que há interesses ideoló-

– Teoria Crítica: Propõe-se a dar visibilidade às ações de dominação so-cial, com o intuito de superá-las. Para tanto, critica e problematiza a cul-tura, a história, as instituições, as tradições e os costumes.

– Interculturalista: Defende a igualdade de condições entre a diversida-de cultural e religiosa existente na sociedade. Nessa concepção de so-ciedade, os indivíduos e as identidades ganham liberdade para serem imbricadas, abertas, transitórias e flexíveis.

– Relativista: Questiona os determinismos e as verdades universais, em favor de outras possibilidades de verdade, partindo-se do pressuposto de que todo ponto de vista é válido.

– Desconstrutivista: Propõe-se a esmiuçar as estruturas originárias das ideias, das crenças, dos significados e dos conceitos, possibilitando as suas reconstruções em diferentes modos, como forma de compreensão e transformação do presente.

– Materialista dialética: entende que são fenômenos físicos e fatores materiais, não os sobrenaturais, que definem a sociedade.

– Politicamente Correto: Promove o controle da linguagem e da expres-são com a alegação de proteger grupos sociais minoritários de insultos e discriminação.

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6 CATEQUESE DO PAPA

Audiência Geral.Praça São Pedro, 13 de dezembro de 2017

Graça que nos salva

qual os judeus chamavam “o primei-ro da semana” e os romanos, “dia do sol”, porque naquele dia Jesus tinha ressuscitado dos mortos e aparecido aos discípulos, falando com eles, co-mendo com eles, concedendo-lhes o Espírito Santo (cf. Mt 28,1; Mc 16,9.14; Lc 24,1.13; Jo 20,1.19), como ouvimos na leitura bíblica. Também a grande efusão do Espírito no Pen-tecostes teve lugar no domingo, cin-quenta dias depois da Ressurreição de Jesus. Por essas razões, o domin-go é um dia santo para nós, santi-ficado pela celebração eucarística, presença viva do Senhor entre nós e para nós. Portanto, é a Missa que faz o domingo cristão! O domingo cristão gira em volta da Missa. Que domingo é, para o cristão, aquele no qual falta o encontro com o Senhor?

Prezados irmãos e irmãs!

Retomando o caminho de ca-tequeses sobre a Missa, hoje nos perguntemos: por que ir à Missa aos domingos?

A celebração dominical da Euca-ristia está no centro da vida da Igreja (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2177). Nós, cristãos, vamos à Missa aos domingos para encontrar o Se-nhor Ressuscitado, ou melhor, para nos deixarmos encontrar por Ele, ouvir a sua palavra, alimentar-nos à sua mesa e assim tornar-nos Igre-ja, isto é, seu Corpo místico vivo no mundo.

Compreenderam isso, desde o princípio, os discípulos de Jesus, que celebraram o encontro eucarístico com o Senhor no dia da semana ao

Existem comunidades cristãs que, infelizmente, não podem se beneficiar da Missa todos os domin-gos; no entanto, também elas, nesse dia santo, são chamadas a se reco-lher em oração, em nome do Senhor, ouvindo a Palavra de Deus e man-tendo vivo o desejo da Eucaristia.

Algumas sociedades secula-rizadas perderam o sentido cris-tão do domingo iluminado pela Eucaristia. Isso é pecado! Em tais contextos, é preciso reavivar essa consciência, para recuperar o sig-nificado da festa, o significado da alegria, da comunidade paroquial, da solidariedade e do descanso que revigora a alma e o corpo (cf. Ca-tecismo da Igreja Católica, n. 2177-2188). De todos esses valores, a Eu-caristia é a nossa mestra, domingo

Em síntese, por que ir à Missa aos domingos? Não é suficiente respon-der que é um preceito da Igreja; isso ajuda a preservar o seu valor, mas so-zinho não basta. Nós, cristãos, temos necessidade de participar na Missa dominical, porque só com a graça de Jesus, com a sua presença viva em nós e entre nós, podemos pôr em prática o seu mandamento, e assim ser suas testemunhas credíveis.

mos praticar o Evangelho sem hau-rir a energia necessária para o fazer, um domingo após o outro, na fon-te inesgotável da Eucaristia? Não vamos à Missa para oferecer algo a Deus, mas para receber dele aquilo de que verdadeiramente temos ne-cessidade. Recorda-o a oração da Igreja, que assim se dirige a Deus: “Tu não precisas do nosso louvor, mas, por um dom do teu amor, cha-ma-nos a dar-te graças; os nossos hinos de bênção não aumentam a tua grandeza, mas obtém para nós a graça que nos salva” (Missal Roma-no, Prefácio comum IV).

Sem Cristo estamos condenados a ser dominados pelo cansaço do dia a dia, com as suas preocupações, e pelo medo do amanhã. O encon-tro dominical com o Senhor nos dá a força para viver o presente com confiança e coragem, e para pro-gredir com esperança. Por isso, nós, cristãos, vamos nos encontrar com o Senhor aos domingos, na celebração eucarística.

A Comunhão eucarística com Je-sus, Ressuscitado e Vivo eternamen-te, antecipa o Domingo sem ocaso, quando já não haverá cansaço nem dor, nem luto, nem lágrimas, mas só

a alegria de viver plenamente e para sempre com o Senhor. Inclusive so-bre este abençoado descanso nos fala a Missa dominical, ensinando-nos, no decorrer da semana, a nos confiar nas mãos do Pai que está no Céu.

Como podemos responder a quem diz que não é preciso ir à Mis-sa, nem sequer aos domingos, por-que o importante é viver bem, amar o próximo? É verdade que a quali-dade da vida cristã se mede pela ca-pacidade de amar, como disse Jesus: “Disto todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35); mas como pode-

após domingo. Por isso o Concílio Vaticano II quis reiterar que “o do-mingo é, pois, o principal dia de festa a propor e inculcar no espíri-to dos fiéis; seja também o dia da alegria e do repouso, da abstenção do trabalho” (Const. Sacrosanctum concilium, 106).

A abstenção dominical do traba-lho não existia nos primeiros sécu-los: é uma contribuição específica do cristianismo. Por tradição bíbli-ca, os judeus descansam no sábado, enquanto na sociedade romana não estava previsto um dia semanal de abstenção dos trabalhos servis. Foi o sentido cristão do viver como fi-lhos e não como escravos, animado pela Eucaristia, que fez do domingo – quase universalmente – o dia do descanso.

Por que vamos àSanta Missa aos domingos

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artigo 196 da Constituição, dispõe--se que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”. Mas o que os atuais governantes do Brasil plane-jam com relação à saúde pública? Nitidamente, um desmonte, ou seja, o fim de tudo o que foi conquistado com a Constituição, visando o bem--estar social. Vamos aos fatos?

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, que é engenheiro, assumiu a pasta por conta de cotas de car-gos públicos barganhadas entre os partidos políticos. Declaradamente,

Ultimamente, temos ouvi-do falar muito sobre re-formas políticas, como a reforma trabalhista e da

previdência. Mas você já ouviu falar sobre a reforma sanitária? Diante da atual conjuntura política brasileira, urge tocar nesse assunto para refle-tir sobre as perspectivas para a saú-de pública no Brasil em 2018, ano em que a nossa Constituição Federal completa 30 anos.

Ao longo do último século, a saúde pública no Brasil passou por diversos momentos até chegar ao que conhecemos hoje como Siste-ma Único de Saúde (SUS). O SUS só existe porque houve muita luta e debate em nossa sociedade, so-bretudo a partir da década de 70, com o movimento da reforma sa-nitária, num contexto de grandes mudanças político-sociais que cul-minaram no processo de retorno do país ao regime democrático e na Constituição de 1988.

A reforma sanitária contribuiu, principalmente, para que a saúde fosse reconhecida no Brasil como um direito de todos os cidadãos brasileiros, ou seja, como um com-ponente essencial da cidadania. No

ele tem defendido interesses cor-porativistas e privatistas, em vez de defender o SUS e, consequen-temente, a população de usuários do SUS, ou seja, cerca de 70% de todos os cidadãos brasileiros. Em poucas palavras, ele defende os in-teresses daqueles que querem fazer da saúde um bem (tem quem pode pagar), em vez de um direito uni-versal, o que representa um enorme retrocesso e um grave conflito de interesses!

Recentemente, o ministro anun-ciou, sem nenhum debate com a so-ciedade (portanto, de forma ilegal), mudanças na forma de transferên-cia de recursos da União para os es-tados e municípios. A partir do pró-ximo mês, os repasses deixarão de ocorrer em seis blocos (atenção bási-

ca; atenção especializada; vigilância epidemiológica; vigilância sanitária; produtos profiláticos e terapêuticos; e alimentação e nutrição) e passarão a ser feitos em apenas dois: custeio e investimento. Na prática, o SUS corre o risco de deixar de ser um sistema único, pois a esfera política federal perde seu papel de induzir políticas, programas, ações e dire-trizes de saúde, que ficarão ao mero arbítrio dos gestores municipais.

Outro ponto que deve ser discuti-do é sobre a austeridade fiscal e seus impactos na saúde. Por exemplo, pesquisadores da Fundação Oswal-do Cruz têm alertado que a Emen-da Constitucional 95, que congela gastos sociais por 20 anos, poderá ser trágica para milhares de crianças menores de cinco anos, que poderão morrer mais por desnutrição, doen-ças diarreicas e por outras causas de mortalidade decorrentes da po-breza. A evidência científica mostra que a austeridade impacta mais os pobres e aumenta as desigualda-des socioeconômicas, prejudicando a assistência à saúde, promovendo o subfinanciamento, baixa de efici-ência, falta de cobertura e acesso às ações de saúde.

Diante do exposto, precisamos nos mobilizar em defesa dos direi-tos sociais conquistados, contra o desmonte do Estado e do SUS. Es-pecialmente, como neste ano haverá eleições no Brasil, prestemos muita atenção às propostas dos candidatos para a saúde pública e investigue-mos a fundo os seus reais interesses. Que Deus ilumine nossas escolhas!

Janeiro de 2018Arquid iocese de Go iânia

7EM DIÁLOGO

Perspectivas para a saúdepública no Brasil em 2018

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mLEONARDO ESSADO RIOSMestre em Ensino na Saúde

“A Emenda Constitucional 95, que congela gastossociais por 20 anos, poderá ser trágica para milharesde crianças menores de cinco anos”

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E nós, o seguiremos?

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Siga os passos para a leitura orante:

8 LEITURA ORANTE

FÊNYKIS DE OLIVEIRA SILVA (SEMINARISTA)Seminário São João Maria Vianney

No Evangelho do próximo do-mingo, vemos Jesus saindo para pregar a mensagem da Boa-Nova. Jesus nos mostra

que o tempo se completou e as profecias se cumpriram. Deus se fez tão próximo para instaurar o seu Reino, que vemos o seu rosto (cf. Jo 12,45). Diferente de tudo o que se poderia esperar, Deus se faz pró-ximo, se faz amigo (cf. Jo 15,15), se faz Pai (cf. Mt 6,9 e Jo 20,17) e chama cada pessoa pelo seu próprio nome.

Mas vemos ainda que o chamado que Jesus dirigiu a Simão, André, Tiago e João é um chamado que pede, necessariamen-te, uma resposta de adesão. Poderíamos, aqui, pressupor que os discípulos de Je-sus já deram uma resposta e que estamos isentos de tal responsabilidade. Mas esse chamado de Jesus se dirige, ainda hoje, a

cada um de nós. Ele espera que participe-mos de sua missão; que levemos a Boa--Nova de seu Evangelho; que trabalhe-mos na edificação do Reino de Deus, cada um segundo o seu chamado.

Seja como leigo, ou no matrimônio, na vida religiosa, no sacerdócio, Deus espera uma resposta de cada um de nós, e, se ela for assumida com verdade e consciência, há de se tornar motivo de grande alegria, mesmo que existam dificuldades. Seguin-do e configurando-nos a Cristo, devemos santificar as realidades em que estamos inseridos e ser sempre sinais vivos do Amor e do Reino de Deus, que já agora se fazem presentes em nossas vidas.

ESPAÇO CULTURAL

Sugestão de leitura

Texto para oração: Mc 1,14-20 (páginas 1243 – Bíblia Edições CNBB)

1º) Ambiente de oração: procure uma posição cômoda e um local agradável. Silencie e invoque o auxílio do Es-pírito Santo.

2º) Leitura atenta da Palavra: leia o texto quantas vezes achar necessário. Essas palavras têm de se tornar fami-liares, comuns, próximas a você.

3º) Meditação livre: reflita, calmamente, sobre o que esse texto diz a você. Procure repetir frases ou palavras que mais chamaram a sua atenção, para que elas caiam tam-bém em seu coração.

4º) Oração espontânea: converse com Deus, peça perdão, louve, adore, agradeça. Fale com Deus como a um ami-go íntimo que quer ouvi-lo e estar com você.

5º) Contemplação: imagine Deus em sua vida e lembre-se daquilo que ele falou com você nessa Palavra que aca-bou de ler.

6º) Ação: transforme a Palavra escutada e que iluminou a sua vida em uma oração a Deus. Escreva a oração e bus-que colocá-la em prática em sua vida.

(3º Domingo Tempo Comum – Ano B. Liturgia da Pala-vra: Jn 3,1-5.10; Sl 24(25),4ab-5ab.6-7bc.8-9; 1Cor 7,29-31; Mc 1,14-20)

‘‘Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo’’ (Mc 1,15a)

O amor paterno de Deus e a casa do Pai. Essa é a essência da reflexão que traz a 15ª Carta Pastoral do arcebispo metropolitano de Goiânia, Dom Washington Cruz, lançada em 2 de julho de 2017, na Festa do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO). Com 90 páginas, a Carta está dividida em 13 capítulos, nos quais o arcebispo enfatiza que o Pai sempre estará ao nosso lado, nos protegendo e nos guiando. Dentre eles, encontram-se: Adoração ao Pai Eterno na piedade popular; So-mos todos romeiros à Casa do Pai; Santíssima Trindade; Jesus Cristo, o Filho do Pai Eterno; Maria, amor materno de Deus Pai. A Carta é tam-bém um excelente convite para que abramos o coração para termos um entendimento mais profundo sobre a Romaria a Trindade.

Onde encontrar: Cúria Metropolitana – Praça Dom Emanuel, s/n, Centro, Goiânia – (62) 3223-0756 – Gratuita

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