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Em outros tempos, buscar água em poços, cacimbas ou chafarizes era cena corriquei- ra nas quebradas dos sertões. A hoje esquecida lata, era uma das mais utilizadas vasi- lhas para carregar a preciosa e sempre tão difícil água. Atu- almente, o episódio da “lata d‟água na cabeça” ressurge das entranhas secas do casti- gado nordeste brasileiro, o fazendo reviver a dura peleja por saciar a sede de água quando não há muito onde a encontrar. Sabemos, pois, que a falta de chuva é consequência do desencadeamento hostil do aquecimento global, que tem, nos últimos anos, feito com que as chuvas desapareces- sem ou caíssem de forma in- suficientes em determinadas regiões, comprometendo la- vouras, pomares e outros se- tores da economia rural, em especial. Outro agravante é o não abastecimento dos reser- vatórios destinados ao consu- mo humano. Em Uruquê, por e- xemplo, a água do açude que abastece a vila - e que já se confunde com a lama -, desde muito tempo não é utilizada para cozinhar ou beber. Com a redução do volume de água do reservatório, a mesma tornou-se imprópria ao con- sumo, exceto, para tomar banho e lavar roupa, e, ainda assim, segundo os morado- res, exala mau cheiro ao abri- rem as torneiras. O poço que abastece a comunidade com água po- tável encontra-se temporaria- mente desativado para repo- sição de novas peças. Desta forma, os moradores que não possuem cisterna têm que comprar garrafões de água mineral para beber, ou se remediar com a água trazida de longe pelos caminhões pipas, e que é distribuída em cisternas comunitárias ou no meio da rua. Aqui, entram em ação as “latas d‟água”, já com outros nomes, formas e modelos, auxiliando na cap- tação e dando à imagem um tom pitoresco para gravar na memória, do visitante ou investigador, a realidade nua e crua do dia a dia uruque- nense. E é nesse momento que vem a tona em nosso juízo toda a indisciplina que praticamos quando a temos (a água) em abundância. A água, como qualquer outro bem, deve ser gerida por todos com o mais absoluto critério racional de uso, desde as autarquias respon- sáveis por sua distribuição aos consumidores em suas casas e indústrias. Ou seja, poderíamos, e poderemos, fazer melhor uso da água e contribuir para minimizar os impactos resultantes do aquecimento global, que já se confirmou, dentre outras causas, a ação humana. Uma medida muito interessante seria a captação das águas das cobertas dos ginásios, que aliás, são dois no distrito. Alguém já parou para se perguntar quantos metros cúbicos de água por segundo poderiam ser arma- zenados para o uso da pró- pria comunidade? Isso cha- ma-se arquitetura sustentá- vel e não falta muito para efetivá-la, já que os ginásios são projetados para tal. Agora não adianta chorar a água derramada desnecessariamente. Pegue- mos nossas latas e, em pro- cissão, rezemos para que Deus mande um bom inver- no! Lata d’água na cabeça Meio Ambiente Uruquê semanal Edição 2 Sexta feira, 24/10/2014 Uruquê Semanal GRUPO CULTURAL FAZ DI CONTA Poço profundo em Uruquê . Fone: (88) 9930-8566 Org.: Lili & Eduardo Félix Almeida

Uruquê Semanal

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Edição II 24 de outubro

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Page 1: Uruquê Semanal

Em outros

tempos, buscar água em

poços, cacimbas ou

chafarizes era cena corriquei-ra nas quebradas dos sertões.

A hoje esquecida lata, era

uma das mais utilizadas vasi-

lhas para carregar a preciosa e

sempre tão difícil água. Atu-

almente, o episódio da “lata

d‟água na cabeça” ressurge

das entranhas secas do casti-

gado nordeste brasileiro, o

fazendo reviver a dura peleja

por saciar a sede de água quando não há muito onde a

encontrar.

Sabemos, pois, que a

falta de chuva é consequência

do desencadeamento hostil do

aquecimento global, que tem,

nos últimos anos, feito com

que as chuvas desapareces-

sem ou caíssem de forma in-

suficientes em determinadas

regiões, comprometendo la-

vouras, pomares e outros se-tores da economia rural, em

especial. Outro agravante é o

não abastecimento dos reser-

vatórios destinados ao consu-

mo humano.

Em Uruquê, por e-

xemplo, a água do açude que

abastece a vila - e que já se

confunde com a lama -, desde

muito tempo não é utilizada

para cozinhar ou beber. Com a redução do volume de água

do reservatório, a mesma

tornou-se imprópria ao con-

sumo, exceto, para tomar

banho e lavar roupa, e, ainda assim, segundo os morado-

res, exala mau cheiro ao abri-

rem as torneiras.

O poço que abastece

a comunidade com água po-

tável encontra-se temporaria-

mente desativado para repo-

sição de novas peças. Desta

forma, os moradores que não

possuem cisterna têm que

comprar garrafões de água mineral para beber, ou se

remediar com a água trazida

de longe pelos caminhões

pipas, e que é distribuída em

cisternas comunitárias ou no meio da rua. Aqui, entram

em ação as “latas d‟água”, já

com outros nomes, formas e

modelos, auxiliando na cap-

tação e dando à imagem um

tom pitoresco para gravar na

memória, do visitante ou

investigador, a realidade nua

e crua do dia a dia uruque-

nense.

E é nesse momento que vem a tona em nosso

juízo toda a indisciplina que

praticamos quando a temos

(a água) em abundância. A

água, como qualquer outro bem, deve ser gerida por

todos com o mais absoluto

critério racional de uso,

desde as autarquias respon-

sáveis por sua distribuição

aos consumidores em suas

casas e indústrias. Ou seja,

poderíamos, e poderemos,

fazer melhor uso da água e

contribuir para minimizar os

impactos resultantes do aquecimento global, que já

se confirmou, dentre outras

causas, a ação humana.

Uma medida muito

interessante seria a captação

das águas das cobertas dos

ginásios, que aliás, são dois

no distrito. Alguém já parou

para se perguntar quantos

metros cúbicos de água por

segundo poderiam ser arma-

zenados para o uso da pró-pria comunidade? Isso cha-

ma-se arquitetura sustentá-

vel e não falta muito para

efetivá-la, já que os ginásios

são projetados para tal.

Agora não adianta

chorar a água derramada

desnecessariamente. Pegue-

mos nossas latas e, em pro-

cissão, rezemos para que

Deus mande um bom inver-

no!

Lata d’água na cabeça

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Edição 2

Sexta feira, 24/10/2014

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Poço profundo em Uruquê .

Fone: (88) 9930-8566 Org.: Lili & Eduardo

Félix Almeida

Page 2: Uruquê Semanal

No último dia 5 acompanhamos uma eleição difícil. Nú-

meros surpreenderam. A população disse o que queria. Em todo o Brasil temos mais de 115 milhões de pessoas que se deslocaram de

suas casas para as urnas, para escolher o presidente da República. No Ceará tivemos números bastante significativos: dos 5.007.565 eleito-

res, 6,30% votaram em branco; 4,64% nulos e uma porcentagem de abstenção que o Tribunal Superior Eleitoral considerou alarmante.

Tivemos mais abstenção nessa eleição do que na eleição de 2010,

quando a população era menor. Mais de 1 milhão de cearenses não compareceram as urnas, segundo o jornal Folha de São Paulo. Boa

parte dessa abstenção, são de trabalhadores informais, que estão no sudeste e, por isso, acabaram não votando. Este total

pode chegar a 4 milhões de pessoas.

Nos Estados Unidos da América, a república concede voto facul-

tativo. Mas o que significa República? O nome vem do latim res publica, e quer dizer coisa publica. A republica

fundamenta a obrigatoriedade do voto. Ela torna a democracia não apenas o modo da população

manifestar sua vontade, mas também a efetivação da participação de todos. O voto é um poder-

dever e o atual estágio da democracia brasileira ainda não permite a adoção do voto facultativo.

Acredita-se que, se com o voto facultativo no nosso país, apenas as classe C e D votariam, tam-

bém no que se refere a baixa escolaridade, segun-do o Senado, isso favoreceria aqueles candidatos que se aprovei-

tam da necessidade do eleitor para arrecadar votos.

Dura verdade, mas, se você refletir sobre isso, nossa

maioria eleitoral são de classes C e D e ainda muitos não tem acesso a informação e ensino de qualidade. Isso não quer dizer

que estamos retrocedendo no quesito comunicação. As possibili-dades hoje são muitas do eleitor se informar. Mas quando ele não

quer, se torna alienado, condenado a agir pela mente-

/manipulação dos outros.

Ano passado contemplamos, se é que assim pode-se dizer, por tamanho escarcéu, as redes sociais ganharem força e

juntarem jovens que nunca se viram na vida em praças e ruas nas capitais brasileiras, reivindicando pela melhoria nos transportes;

por baixos preços das passagens de ônibus; por segurança; saúde de qualidade e mais transparência política. Logo, as manifesta-

ções ganharam repercussão internacional, inspirando passeatas no interior do pais. Quixeramobim também foi palco dessas ma-

nifestações. Por todo o país as notícias ocupavam, às vezes, a maior parte dos telejornais locais, destacando as manifestações

pacíficas e, em contrapartida, os abusos de manifestos ocorridos

ora aqui ora ali, deturpando a essência do movimento.

A grande verdade é que o povo tem poder, mas conti-nua dividido. O que justifica o resultado do primeiro turno, quan-

do tivemos, de acordo com o G1, Dilma (41,59% com mais de 43,2 milhões de votos) e Aécio (33,55% com mais de 34,9 mi-

lhões de votos). Já, a candidata Marina era apontada nas pesqui-sas para concorrer ao segundo turno, conseguiu mais de 22 mi-

lhões de votos e o terceiro lugar nas eleições.

Entre outros episódios, vimos o TSE se modernizar

lançando a campanha “#Vem Pra Urna”, com o objetivo de cha-mar a atenção dos manifestantes do ano passado para a importân-

cia do ato de votar, a campanha nos fez lembrar de algo que tí-

nhamos esquecido (?).

Seria a urna o melhor lugar para as pessoas manifesta-

rem sua opinião sobre o poder e administração política (?). O jovem está pronto para a urna ou ainda prefere as ruas? O que

aconteceu com o jovem eleitor? Onde está aquele interesse pela política, manifestado há um ano? Agora muitos se influenciam

por pesquisas, sem conhecer as propostas dos candidatos. Será mesmo que estamos usando nossa cidadania da maneira certa?

Essa não é a melhor hora para isso?

Na prática, jovens votaram bem menos que os adultos.

No Ceará, 130.153 adolescentes entre 16 e 18 anos, na maioria mulheres, compareceram para votar, mas representam somente

2% contra 24,55% dos eleitores entre 25 e 34 anos, por exemplo, que ainda são na maioria mulheres (mais de 781 mil votos). O

gigante dormiu?

Ainda segundo o Folha de São Pau-

lo, em Quixeramobim, com todas as 183 urnas

apuradas, e um total de 55.222 votos, foram

39.204 votos válidos para presidente, 887 em branco, 2.377 nulos. Para governador, 37.967

votos válidos, 1.629 brancos, 2.872 nulos. A

abstenção foi de 23,1%, ou seja, 12.754 quixe-

ramobinenses não votaram.

Vimos, também, o nordestino virar alvo de piada nas redes sociais. Termos como “nordestino des-

graçados” e “burros” subiam nos assuntos mais comentados do momento no Twitter. A escolha do nordestino não agradou muito

os moradores do Sul. O Brasil se mostrou dividido nesse primei-ro turno e surpreendente a cada momento. Agora, vemos novas

pesquisas. Vemos o Nordeste sendo defendido por candidato A

ou B afim de cair nas graças do povo e ganhar essa eleição.

De qualquer forma, independentemente da sua escolha, é bom sempre analisar as propostas do seu candidato, não se

deixar levar pela emoção nem tampouco ser apático, pois a polí-tica, jovem, queira ou não está sempre presente e você faz parte

dela. Enquanto o voto não for facultativo, você estará participan-do para escolher quem vai te representar por quatro anos. Depois

disso não adianta manifestar fora do tempo, quando você teve a oportunidade nas eleições. Dia 26 de Outubro está muito próxi-

mo. Cabe a você decidir se quer ser a mudança ou não.

Página 2

O efeito Urna: um país dividido e os jovens

Humor com Charles Charge

URUQU Ê S EM AN AL

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Leandro Casimiro

Folha de São Paulo

Page 3: Uruquê Semanal

EDIÇ ÃO 2

Você já se perguntou por que

gosta de saber? Ou por que tem

curiosidade e se sente interessa-

do por algum assunto? Pra que queremos informação afinal?

Quando era garota e atormenta-

va minha mãe com os

“porquês” típicos da infância,

depois de horas respondendo,

suas respostas se esgotavam, e

ela dizia: “Menina! A curiosida-

de matou o gato!” Eu tinha cer-

teza que ela estava errada, afi-

nal eu nunca havia visto a morte

de um gato por curiosidade. Mas, já havia percebido, no

entanto, que os gatos são curio-

sos por barulho, gosta de explo-

rar novas rotas de fuga, e isso fez mui-

to sentido quando nas aulas de ciên-

cias, Darwin, através do modelo de

seleção pelas consequências, disse que

à medida que encontramos respostas

temos mais chances de sobrevivência.

De fato, os gatos acabavam

encontrando mais alimentos, encon-

trando mais gatas, encontrando chan-

ces maiores para a sobrevivência. Cer-

tamente, em algum momento o gato

iria se dar mal, mas mesmo que isso

ocorresse, ele teria encontrado muito

mais alimentos e namorado muito

mais gatas do que um gato não curioso

e não investigador de novos territórios.

Os gatos curiosos, portanto, podem até

morrer logo, mas deixam mais descen-

dentes, tem muito mais prazer na vida e

sobrevivem bem mais alimentados.

Minha mãe podia está certa que

a curiosidade matou o gato, mas o gato

curioso fez mais história e descendentes

que o acomodado. Bom, o fato aqui é

que o gato é uma metáfora para nos

referirmos a nós, meros animais huma-nos, movidos pela curiosidade e pelo

prazer de encontrar as respostas. De

acordo com Darwin, essa curiosidade é

uma conduta compartilhada por nossa

espécie. Somos curiosos porque já nas-

cemos com essa propensão. Pesquisas

em psicologia e neurociências mostra-

ram que existem áreas de nosso cérebro

que são responsáveis pela nossa curiosi-

dade. No entanto, a cultura, nosso meio

social e historia de aprendizagem indi-

vidual, vão determinar os elementos pelos quais sentimos mais curiosidades,

ou pelo que nos interessamos em saber.

Nossa curiosidade é o que nos move

muitas vezes a definir nossa carreira

profissional, nossos relacionamentos,

nosso estilo e porque não dizer nosso

lugar no mundo.

O fato é que se somos estimu-

lados a buscar o conhecimento sozinho,

se não nos é dado respostas prontas e se

somos expostos a estímulos como a lei-

tura, por exemplo, temos mais propen-

são a sermos curiosos, não no sentido comum das coisas - como curiosidade

pela vida alheia -, mas curiosos por in-

formações que nos beneficiem de algu-

ma maneira. A informação, quando vem

fundamentada em preceitos éticos, cien-

tíficos e morais proporciona não somen-

te mais chances de sobrevivermos, mas

contribui para a construção e manuten-

ção de um mundo melhor e relaciona-

mentos mais saudáveis. Este é o intuito

deste informativo: contribuir com infor-mações úteis, descontrair e proporcionar

reflexões sobre nosso cotidiano e nossas

condutas em sociedade.

Finalizo esta apresentação di-

zendo que, embora a curiosidade possa

ter matado o gato, deve valer a pena

para o gato conhecer novas gatas, afinal,

se não fosse por isso e por sua curiosida-

de você não estaria lendo esse jornal.

Página 3

Passatempo Você sabia que

Por que somos curiosos? Herleny Rios

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O jornal que você tem em mãos é parte do pro-

jeto do Grupo Cultural Faz di Conta. Grupo este que se

iniciou no ano de 2009, com a necessidade de apresentar

a Escola Cel. Humberto Bezerra, um trabalho de Histó-

ria, dos alunos do 1º ano do ensino médio, voltado à Consciência Negra no Brasil. Mediante isto, os alunos

envolvidos no trabalho, juntamente com outros alunos e

alguns funcionários da escola José Marinho de Góes,

formaram o grupo de teatro composto pelo seguinte e-

lenco: Keila, Miguele, Mikaele, Emanuelle, Maria de

Lourdes, Fabíola, Alessandro, Alexandre, Alex, Nyuher-

ton, Leandro e Félix.

Depois de três meses de ensaios exaustivos, o

produto final saiu. Foi a palco a peça “A eXcravidão”,

exibida no patamar da Capela de São José. Em seguida,

realizaram-se mais duas apresentações: uma na Escola

Cel. Humberto Bezerra e outra no então colégio SEI-COC.

Z E X C R A V I D A O C C F

W A T O J M N O V A I P A U

H I S T O R I A P A L Z P M

C Y X G R L G A T O D O E B

C J Q I N I W P V I L B L U

H K A R A I H M C V I Q A Z

U A E O L S N O M R S H G V

T A S A L D N E G R A G M V

O R T A E T A D M O R V B C

O R U B A M S S F O B T I K

Page 4: Uruquê Semanal

Que honra é para esse, amiú-

de colunista, escrever sobre Vinícius

de Moraes – nome tão suave e impo-

nente que sinto sabor ao dizê-lo – e sua obra.

Nascido na primavera de 1913 – 19 Outubro, no bairro Jardim

Botânico, que na época era parte da

Gávea, foi o segundo filho do casal

Lydia e Clodoaldo Pereira da Silva

Moraes. Apresentado por sua mãe à

música, Vinícius ainda pequeno brin-

cava na pianola da família fingindo

ser pianista aos sete anos. Porém é o

pai Clodoaldo, que com sua „mania‟

de escrever poemas, estimulava o pe-

queno Vinícius a rabiscar seus incipi-

entes versos. Aos 11 anos ingressou no

colégio de padres Jesuítas – Colégio

Santo Inácio – aonde participava do

coral da escola e do grupo de teatro.

Três anos depois Vinícius inicia junto

com os irmãos Haroldo e Paulo Tapa-

jós um grupo de apresentação em fes-

tas e no colégio Santo Inácio. Nessa

época Vinícius já vinha intensificando

a criação de poemas e junto com os

dois irmãos escreve duas populares canções: Loura ou Morena (com Ha-

roldo) e Canção da Noite (com Pau-

lo), ambas lançadas em disco no co-

meço da década de 1930.

Entre 1933 e 1946 já havia

publicado seis livros de poemas. No

entanto aos 43 anos, Vinicius marca a

MPB ao lançar, com a pareceria de

Tom, a peça Orfeu da Conceição,

nesse início, Vinícius, além de poeta;

crítico de cinema e diplomático, co-

meça uma vida de letrista, embora já

houvesse escrito versos em parceria com irmãos Tapajós (fim da década

de 1920), Antônio Maria e Paulo So-

ledade (primeira metade da década de

1950), entretanto tinha-a como ativi-

dade secundaria, nada que ameaça-se

sua carreira inveterada como poeta,

doravante com o sucesso de Orfeu da

Conceição, Vinicius entra de vez para

a música popular.

Com o nascimento desse

novo Vinícius e seu vasto número de poemas deu-se início a uma revolução

na música popular. 1958 – Em maio, a

Cantora Elizeth Cardoso lança o disco

antológico Canção do Amor Demais,

com todas as composições criadas por

Tom Jobim e Vinícius. O álbum é

considerado uma das pedras funda-

mentais do movimento musical Bossa

Nova. A música „Chega de saudade’

tocada pelo violinista João Gilberto,

com um estilo de batidas inovador, foi

a base do movimento. A música aju-dou Vinícius a consolidar-se como

letrista popular. Também em 1958,

Tom e Vinicius compõem a canção

Eu Sei Que Vou Te Amar, um dos

maiores sucessos da parceria.

O „poetinha‟ – apelido cari-

nhoso dado por Tom Jobim, já conso-

lidava sua herança musical banhada a

uísques e paixões, ao todo foram nove

casamentos. Grande boêmio e princi-

pal fundador da Bossa Nova, tem uma grande inspiração lírica em sua obra.

Ele consegue com facilidade, e uma

linguagem, que na época parecia um

tanto vulgar, escrever versos incre-

mentados, com sua visão doce e apai-

xonada.

Em 1980, enquanto finaliza-

va a obra musical infantil Arca de

Noé, veio a falecer vítima de AVC.

Vinícius viveu a mais pura e emocio-

nante vida de um poeta, inspirou gran-

des artistas nacionais e internacionais

com seus líricos poemas, nomes como Caetano Veloso, Chico Buarque de

Holanda, Carlos Drummond e Elizeth

Cardoso reconheceram sua influência

como antológico poeta e letrista brasi-

leiro. Músicas conhecidas: Garota de

Ipanema, Eu Sei Que Vou Te Amar,

Pela Luz dos Olhos Teus, Chega de

Saudade, Samba da Benção, Tarde em

Itapoã, Canto de Ossanha, Aquarela.

Insensatez e Arrastão.

Por: Generson Carvalho

Soneto de Fidelidade

Vinícius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

Página 4

Cultura

URUQU Ê S EM AN AL

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Page 5: Uruquê Semanal

EDIÇ ÃO 2

O esporte de Uruquê tem

passado por muitas mudanças nesses

últimos tempos. Quem o conhece,

sabe bem que no passado só existia espaço para o popular “futebol de

poeira”. Mas agora, com o aumento

da difusão cultural começam a surgir

outras modalidades e a demanda tam-

bém aparece.

Desde agosto, aos domin-

gos, jovens de idades entre sete e

vinte anos se reúnem no Ginásio

Poliesportivo Antônio Pinheiro da

Silva, em Placas - Uruquê, para rece-

berem uma lição de artesanato, luta, dança, vida e cidadania. Estamos

falando da capoeira.

Por iniciativa própria e in-

teiramente voluntaria os professores

Wilame e Cícero Rômulo, divulgam

a capoeira em nossa região, percor-

rendo 15 Km, para dar aulas de graça

aos jovens de Uruquê. O motivo?

Simplesmente o amor à capoeira.

Porém, desenvolver esse

trabalho vem se tornando difícil, já

que os professores não recebem ne-nhuma ajuda de custo, como por e-

xemplo, para a condução. Também

tem a questão do tempo, pois ambos

trabalham e dão aulas em alguns pon-

tos de Quixeramobim. Ainda assim,

eles pretendem estender as aulas para

dois dias na semana.

Segundo os capoeiristas, a

secretaria disponibiliza verbas para a

capoeira, mas se torna efêmera, pois com inúmeras academias em Quixera-

mobim não sobra recurso para promo-

ver eventos que divulguem a capoeira

e beneficie a compra de materiais co-

mo: abadá (roupa), instrumentos e

outros.

Mas disposição é o que não

falta. E quem viu a roda de capoeira

na escola José Marinho de Góes, no

dia sete de setembro, sabe muito bem

disso. E alguns alunos mais otimistas

já dizem merecer a primeira corda.

De fato, temos que aplaudir

as iniciativa voluntarias que aconte-cem em nosso distrito, pois não é algo

a nível de grandes capitais, que estão

a anos luz de nós, mas é algo que está

aqui nas portas de nossas casas, a nos-

so alcance. É a cultura do nosso pais.

São ensinamentos que ficaram para a vida toda, sem falar da defesa pessoal,

que exercita e faz bem a saúde, ainda

que muito criticada por supostamente

“induzir à violência”. Mas quem a-

companha de perto vê que não é ver-

dade e que, ao contrário, só prega a

paz e a harmonia social.

E se você, caro leitor, gosta

de praticar esportes, faça parte deste

grupo. Basta chegar domingo, às

nove horas da manha, no Ginásio Poliesportivo Antônio Pinheiro da

Silva e falar com um dos responsá-

veis (Wilame e Cícero Rômulo), e

efetuar sua inscrição gratuitamente.

Menores de idade, devem apresentar

-se na companhia dos pais ou res-

ponsáveis. Participe!

Farofa de banana da terra

Ingredientes: 3 bananas da terra firmes em fatias; 2 colheres

de sopa de manteiga; 1 cebola picada; 1 colher de chá de alho picado; 1 xícara de cheiro verde picado; 500 g. de fari-

nha de mandioca; óleo para fritar; sal a gosto.

Modo de preparo: corte as bananas em rodelas finas e leve-

as para fritar em óleo bem quente até que fiquem bem doura-

das. Escorra em uma peneira com papel absorvente. Retire

um pouco do óleo no qual foram fritas as bananas e acres-

cente a manteiga. Em seguida, refogue o alho e a cebola.

Adicione a estes as bananas e a farinha. Por fim, o cheiro

verde, o sal e misture bem.

Por: Suélia Pinheiro

De uma maneira geral, a farofa faz parte do gosto

popular, tem variações, cores e sabores diversos. Não há

uma receita secreta, cada uma tem seus ingredientes.

A mandioca, matéria prima da farofa, também co-nhecida em algumas regiões do Brasil como macaxeira,

aipim, costelinha, é uma planta duradoura e arbustiva e per-

tence a família das euforbiáceas, plantas já cultivadas pelos

índios antes mesmo da chegada dos portugueses ao Brasil.

A farinha de mandioca é muito utilizada na cozinha

brasileira e já virou tradição em pratos como: tutu de feijão,

pirão de peixe, pato no tucupi, e farofa. E, por falar nela,

veja nossa dica para esta semana.

Página 5

Esporte

Culinária

Wellison Albuquerque

Page 6: Uruquê Semanal

Recentemente rece-

bemos em nosso Uruquê, uma

vizinha que decidiu se insta-

lar. O DER (Departamento

de Estradas e Rodovias) colo-

cou uma placa delimitando os

limites dos municípios de

Quixeramobim e Quixadá. O

curioso é que, de acordo com

a placa, esse limite fica prati-camente dentro do distrito, e

não mais nas proximidades da

entrada da Fazenda Parada,

como é do conhecimento de

todos. Em entrevista ao pro-

grama O Secretário do Povo,

da Rádio Difusora Cristal, o

Prefeito Cirilo Pimenta brin-

cou: “Então vamos retirar de

lá”. O típico humor Cearense

continua, até porque a placa

não está incomodando nin-guém, mas quando o DER vai

se dar conta de que está erra-

do?

Homem fingiu coma

durante dois anos para escapar de

dívida com o vizinho. Se você

conhece um pão-duro por ai, ele

com certeza não se compara a esse

cara. Para enganar a Previdên-

cia britânica e um vizinho, ele

fingiu estar em coma por

mais de dois anos. Alan, de

47 anos, alegou ter sofrido

um acidente na garagem de sua casa, que o dei-

xou "tetraplégico". A esposa

de Alan participou da farsa e

chegava a conduzir o marido

em cadeira de rodas toda vez

que ele precisava ir a um

tribunal ou a hospital. O

"estado vegetativo" também

fez o britânico fugir de dívi-

da de cerca de R$ 156 mil

com um vizinho. A maior vítima foi o aposentado Ivor

Richards que emprestou cerca

de R$ 162 mil para a

"recuperação" do amigo. Com

a "doença", a dívida nunca era

quitada. Mas a mentira des-

moronou quando câmeras de

segurança flagraram o

"tetraplégico" dirigindo um

carro e fazendo compras

em supermercados. Ouvidos

pela polícia, os seus médicos disseram que estavam come-

çando a desconfiar do quadro

alegado pelo paciente, após

ser visto comendo e escreven-

do. Investigado, a polícia

descobriu que, o golpista usou

o dinheiro obtido com vizinho

aposentado para custear via-

gens e comprar um carro no-

vo. A sua sentença sairá em

novembro.

CURI

S I D A D E S

Leandro Casimiro

Página 6 Próxima edição: 31 de outubro

Semana Mundial

Chuva de meteoros é vista no Ceará

O clarão visto em várias partes do céu do Ceará,

inclusive em Quixeramobim, na noite desta segunda-

feira, 20, foi causada pelos detritos do cometa Halley,

que passou pela Terra em 1986.Os Fragmentos não re-presentam perigo, o fenômeno pode se repetir até 7 de

novembro.

Homem paralisado volta a andar após transplante de

células do nariz

Um homem paralisado conseguiu andar nova-

mente após um tratamento inovador que envolveu o

transplante de células de sua cavidade nasal para a medu-

la espinhal. Antes do tratamento, Fidyka estava paralisa-

do havia quase dois anos e não mostrava nenhum sinal

de recuperação, apesar de meses de fisioterapia intensiva.

Ele disse que andar novamente foi "uma sensação incrí-

vel".

PF apreende barras de ouro em aeroporto.

Foram 31 barras de ouro no aeroporto de Soro-

caba, interior paulista. De acordo com nota da PF, houve

uma denúncia de que o avião de pequeno porte pousaria

no local com mercadorias ilegais, transportava cerca de

18 kg de ouro Segundo os depoimentos do piloto e do

passageiro, o material seria entregue para um empresário

de São Paulo que realizaria uma purificação no metal

para venda. O ouro foi depositado na Caixa Econômica

Federal.

Empresa trabalha em 1 milhão de vacinas contra ebo-

la para 2015 Johnson & Johnson está acelerando os trabalhos

para sua vacina experimental contra o ebola e tem como

objetivo produzir 1 milhão de doses no próximo ano, 250

mil das quais espera estarem disponíveis até maio. A

Organização Mundial da Saúde (OMS) espera que deze-

nas de milhares de pessoas na África Ocidental, incluin-

do profissionais de saúde da linha de frente com alto

risco de infecção, comecem a receber as vacinas Ebola a

partir de janeiro, como parte de testes clínicos em larga

escala.

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