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Apresentação
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LIVRO: Estruturalismo Latino-Americano
Autor: Octavio Rodriguez
O DESENVOLVIMENTO E AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS: (anos 1960 –
1970)
Fatos Econômicos e certos condicionamentos geopolíticos que
precederam a obra fundadora de Prebisch:
A obra de Prebisch data de 1945 – enquanto os fatos econômicos e as
circunstancias estão ligados ao devir da economia argentina durante a
grande depressão e a Segunda Guerra Mundial
Diversos estudos empíricos mostram que os anos 1950 – são parte do período
chamado de substituição “fácil” das importações, em que predomina a que
se dá na indústria leve
Na segunda metade da década de 50 – mesmo de forma incipiente começa a
ser delineado a fase da substituição difícil das importações – instalação de
algumas atividades das industrias química e metal-mecânica – dando
visibilidade ao investimento estrangeiro destinado à produção para o mercado
interno.
Por outro lado os esforços empreendidos para o desenvolvimento da
industrialização substitutiva na segunda metade da década de 50 – foram
realizados ao abrigo de fortes medidas protecionistas e de consideráveis
exigências de investimento público.
THORP comenta que tanto as medidas protecionistas e a necessidade de
grande investimento público – contribuíram para o desequilíbrio econômico no
final dos anos 50 e início dos 60: crises de balanços de pagamento
aumentam o déficit público e acelera a inflação. Devido a esses
desequilíbrios as altas taxas de crescimento industrial da década de 50
reduziram-se à metade – esse freio ao impulso da industrialização coadjuvado
(cooperar, ajudar) em diversos países por medidas ortodoxas de controle de
demanda – generaliza o temor da presença de um fenômeno de longo prazo –
o estancamento industrial e produtivo.
Marco geopolítico em que a problemática econômica se inscreve e a visão
estagnacionista que foi se formando a partir dela:
Nos anos de 1950 – existiam nas relações hemisféricas – claros vieses
conflitantes – eles giravam em torno da demanda latino americana de
um apoio financeiro substancial dos Estados Unidos – para o seu
processo de industrialização, ao que se somavam pedidos de acordos
de estabilização de preços para os principais produtos exportados pela
região.
A inevitável entrada de uma etapa de substituição “difícil” e consolidar
um novo padrão industrial – recrudesce (amplia) na região a expectativa
de se contar com apoios viabilizadores fornecidos pelos EUA – por meio
de alguma iniciativa semelhante ao Plano Marshall 1. A necessidade de
tais apoios encontrou fundamento na institucionalidade surgida em
Bretton Woods 2 - embora essa institucionalidade não impedisse níveis
elevados de proteção – continha fortes elementos discriminatórios com
relação aos interesses de países em desenvolvimento - fortalecendo a
premissa de que os problemas não poderiam ser resolvidos apenas com
base no multilaterismo –requerendo uma decidida ajuda bilateral norte
americana. A expectativa crescente de cooperação - não encontrava
ressonância de fato nos EUA – que tinha em sua política externa
1 Ao término da Segunda Guerra Mundial a Europa se encontrava praticamente destruída, os meios de produção foram arrasados, impossibilitando as exportações e o comércio interno, em suma, estava desorganizada economicamente e desprovida de recursos financeiros para a reconstrução dos países. Os Estados Unidos temiam que a fragilidade econômica dos países europeus pudesse abrir caminho para o socialismo que era liderado pela URSS (União das Repúblicas Soviéticas Socialistas). Com base na Doutrina Truman, no ano de 1948 foi instaurado o Plano Marshall, o nome faz referência a seu inventor o então secretário do Estado Americano George Marshall, que visava à reconstrução da Europa. Inicialmente o plano Marshall iria beneficiar alguns países de influência soviética, disponibilizando bilhões de dólares com intenção de seduzir essas nações da Europa central a ficar do lado dos EUA (capitalismo). Isso deixou a URSS preocupada, temendo que seus países satélites viessem a ficar do lado norte-americano colocando em risco a segurança nacional. Como esses países não aceitaram os recursos, ficaram de fora do plano. As doações e empréstimos seriam feitos com base nas necessidades econômicas européias, dessa forma o Plano Marshall teve a aceitação por parte dos países da Europa Ocidental em 1948, no qual foi entregue aproximadamente 17 bilhões de dólares, os países que usufruíram do plano foram Inglaterra, Alemanha, Itália e França, os empréstimos foram realizados entre 1948 e 1951. A partir da entrada dos recursos na Europa o resultado foi quase que imediato crescimento industrial, agrícola, e econômico. A URSS para estabelecer influência fortaleceu os laços com os países do leste europeu, uma vez que não possuía recursos financeiros como os EUA.2
O ESTRUTURALISMO LATINO –AMERICANO NOS ANOS 50
O Estruturalismo é uma doutrina filosófica que considera a noção de estrutura
fundamental como conceito teórico e metodológico. [...] uma das principais
correntes de pensamento, sobretudo nas ciências humanas, no século XX.
(JAPIASSÚ; MARCONDES, 2008, p.96).
Essa doutrina filosófica foi consensual na América Latina entre os anos 50 e
70. Tendo como componente principal em seus fundamentos “um conjunto de
idéias básicas devidas a Prebisch, organizadas em documento de sua autoria,
de fins de 1949, e reiteradas muito pouco depois num documento do início dos
anos 1950. (GONZALES, 2009, p.61), que tinha como objeto de estudo
compreender as causas do subdesenvolvimento na América Latina.
A influência dessa doutrina na América Latina pelo seu trajeto histórico de vinte
anos pode ser sustentada em três concepções: Na primeira concepção, era
uma doutrina bem fundamentada teoricamente; Na segunda, tinha adequação
à corrente da teoria econômica sobre o desenvolvimento dominante da época,
e a terceira concepção, consistia na doutrina que atendia às necessidades e
tendências existentes nas economias dos países latino-americanos, a
industrialização através da substituição das importações, desde os anos 30.
(PEREIRA, 2002)
O MODELO DE SUSBSTITUIÇÃO DE IMPORTARÇÕES
Vários estudos empíricos demonstraram que os anos 1950, faz parte do
período conhecido como substituição “fácil” das importações, onde
predominava a indústria leve. Na segunda metade da década de 50, de forma
incipiente inicia-se a fase da substituição difícil das importações, instalação de
algumas atividades das indústrias química e metal-mecânica. Neste período o
investimento estrangeiro destinado a produção interna, tornou-se visível sendo
que, antes da Segunda Guerra Mundial, o investimento estrangeiro se
concentrava em atividades vinculadas à exportação. É importante destacar
que nessa fase houve predominância de medidas protecionistas e de
consideráveis exigências de investimento público. (GONZALES, 2009)
FURTADO, p. 124.
A especialização na produção permitiu a elevação da produtividade e da renda, abrindo o caminho para a formação de um núcleo de mercado interno de produtos manufaturados e para a concentração de uma infraestrutura [...] O crescimento do mercado interno era uma realidade ali onde se expandiam as exportações. Ao alcançar esse mercado certas dimensões, uma política protecionista seria o suficiente para provocar um surto industrial, tanto mais que os investimentos industriais se beneficiariam das economias externas proporcionadas pela infraestrutura já instalada.
Bibliografia:
FURTADO, Celso, Formação econômica da América Latina. Rio de Janeiro: Lia Editor, 2ª ed., 1970, caps.
JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 5 ed. Rio Janeiro: Jorge Zagar,2008.
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser Pereira. Depois do estruturalismo, os desafios enfrentados pelo desenvolvimento Brasileiro. São Paulo: FGV, 2002.
RODRIGUEZ, Octávio. O Estruturalismo Latino- Americano. Tradução de Maria Alzira Brum Lemos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.