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Relatório Final

Seminário e Oficina de Indicação de Políticas Públicas para a Cultura e Comunicação - Relatrio Final

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O Seminário Nacional de Comunicação para a Cultura aconteceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 18 de setembro de 2012. O objetivo foi iniciar um grande debate nacional sobre políticas públicas de comunicação para a cultura.

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Relatório Final

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Relatório Final | 17 a 19 de setembro de 2012 | Rio de Janeiro

Seminário e Oficina de

Indicação de Políticas Públicas

para Cultura e Comunicação

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Seminário e Oficina de

Indicação de Políticas Públicas

para Cultura e Comunicação

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Agradecimento ao Grupo de Trabalho para Formulação de Políticas Transversais na área da Cultura e Comunicação, composto por representações do Sistema MinC, que contribuiu durante o processo de elaboração deste primeiro texto do Programa Comunica Diversidade e aos representantes da sociedade civil que compuseram as ações específicas dos eixos do Programa.

Diretoria de Educação e Comunicação para a Cultura Coordenação Geral de Cultura e Comunicação

Email: [email protected]: 61 2024 2276Endereço: Coordenação Geral de Comunicação e Cultura – Secretaria de Políticas Culturais – Ministério da Cultura SCS, Quadra 09, Lote C, Torre B – 10º Andar, Ed. Parque Cidade CorporateBrasília/DF – CEP: 70308-200

Equipe da Secretaria de Políticas Culturais – Ministério da CulturaJuana NunesAlcione Carolina SilvaKarina MirandaDayanne TimóteoPaulo José Lara

Projeto Gráfico, Diagramação e IlustraçõesMarina Ofugi

Edição de Texto e Índice Karina Miranda

Preparação de Textos e RevisãoAlcione Carolina SilvaDayanne TimóteoKarina MirandaPaulo José Lara FotosClarissa Dultra

Equipe da FiocruzCoordenador Laps -Paulo Amarante

Equipe TécnicaEdvaldo NabucoPatrícia Duarte

FICHA TÉCNICA

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O Direito à Diversidade na Comunicação e o Desafio da Cultura 08Comunicar para Valorizar e Fortalecer a Diversidade Cultural 10A Cultura é a Saúde da Alma 12Apresentação da Publicação 14Comunicação é Cultura 16Garantir o Fortalecimento da Diversidade Cultural, um Desafio do MinC 18Construindo uma Ação de Comunicação para a Cultura 20Seminário e Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas para Comunicação e Cultura 23Programação 38A Oficina 42Galeria de Fotos I 59Os Participantes 64Galeria de Fotos II 75

AnexosHorizontes e Histórico do MinC 79Panorama – A Comunicação para a Cultura em Números 83Plano Nacional de Cultura – Ações de Comunicação e Cultura 93Twitters 98

ÍNDICE

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Construído a muitas mãos pelo sistema MinC e pela pluralidade de vozes que compõem a diversidade brasileira, o Comunica Diversidade atende a Meta 45 do Plano Nacional de Cultura – PNC: beneficiar comunidades ou coletivos com ações de Comunicação para a Cultura. É fruto de planejamento e diálogo. Em sintonia com o objetivo do governo federal de fazer a inclusão social dos brasileiros por meio da cultura, o Comunica Diversidade vem se somar a outras iniciativas que conferem ao setor dimensão econômica, simbólica e cidadã. Entre elas, o Vale-Cultura, os CEUs (Centros de Artes e Esportes Unificados) e o Sistema Nacional de Cultura (SNC). Com o Comunica Diversidade, passa a existir política pública que ajuda a promover a continuidade das culturas locais, das antigas tradições, difundindo e preservando identidades e a diversidade cultural. Inclusão não é só o acesso de um grupo de pessoas, antes excluído, a determinados bens culturais, mas, também, a oportunidade de as pessoas mostrarem ao mundo a cultura que criam, preservam e reinventam a cada dia.

Ministério da Cultura

Progressivamente e, cada vez mais, o conjunto de políticas públicas no Brasil se aproxima do estabelecimento de bases mais sólidas para a consolidação dos direitos humanos.

O Ministério da Cultura vem trabalhando para garantir um direito e uma liberdade fundamental à constituição de um país mais democrático. Trata-se do exercício de expressão da diversidade cultural como elemento fundamental na garantia de direitos e liberdades humanos correlatos.

Podemos entender a liberdade de expressão como um direito coletivo que não é absoluto. Seu exercício é mediado pela necessária preservação dos demais direitos humanos. A democratização dos meios de comunicação é de suma importância para o desenvolvimento da democracia no país. Entretanto, apesar de a diversidade e a pluralidade de meios de comunicação e sua respectiva regulação constituírem bases fundamentais para o exercício da liberdade de expressão, tais premissas não encerram as condições para seu pleno exercício.

Há um aspecto que deve ser salientado nesse campo que diz respeito à necessidade de associar a pluralidade dos meios à diversidade de ideias, vozes, opiniões e modos de viver. Dada a nossa ampla diversidade cultural brasileira é preciso gerar condições de aparecimento e disputa de diferentes expressões, narrativas e estéticas sobre a realidade vivida e partilhada.

Sob a consideração da centralidade que os meios de comunicação tem em nosso cotidiano, como criar o novo, nos meios e modos de comunicação a fim de garantir o direito humano de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes promovendo acesso à extensa e rica cultura brasileira? Como proporcionar o surgimento de oportunidades na promoção do direito à liberdade de opinião e expressão; incluindo a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias?

É reconhecendo a diversidade cultural como um patrimônio, que precisa ser conhecido, preservado e compreendendo sua importância na construção de um mundo capaz de convivência com as diferenças e mais afetado às práticas democráticas e de bem comum, que considero que os meios de comunicação são potenciais instrumentos para a circulação da cultura.

Partimos do entendimento de que a comunicação pressupõe diálogo. Quem está falando e quem está ouvindo, quem está sendo falado e quem tem sido escutado são questões que me parecem pertinentes.

Entendimentos alargados são necessários para o exercício crítico do pensar. São, ademais, dos nossos entendimentos de mundo compartilhados que decorrem as visões de mundo. A visão de que democracia, desenvolvimento cultural, social, afetivo, econômico e político que queremos é forjada nesses diálogos, que perpassam também os meios de comunicação.

O DIREITO À DIVERSIDADE NA

COMUNICAÇÃO E O DESAFIO DA CULTURA

ReferênciasDECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Artigo XXVII 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios.

Artigo XIXToda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e trans-mitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Decreto-Lei nº 6.177, de 1º de agosto de 2007 que promulgou a Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais.

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O Ministério da Cultura assumiu, desde 2003, tal como preconiza a Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, adotada pela Unesco e promulgada no Brasil em 2007, o compromisso de valorizar, divulgar, apoiar e reconhecer a diversidade cultural brasileira.

Nesta linha, o MinC vem empreendendo ações que incidem sobre o fenômeno cultural também sob uma perspec-tiva que integre tecnologia, comunicação e liberdade de expressão. Além das ações bem sucedidas dos Pontos de Cultura, da Cultura Digital e no campo do audiovisual, a Diretoria de Educação e Comunicação para Cultura, da Secretaria de Políticas Culturais, está construindo uma ação transversal às demais instâncias do Ministério que prevê parcerias com outros órgãos do governo tendo como foco a comunicação pelo prisma da diversidade cul-tural, o Programa Comunica Diversidade.

O direito à comunicação, ao acesso e à produção da cultura é central no processo contínuo de aperfeiçoamento da democracia e garantia à cidadania. A ampliação deste direito move a auto-criação de uma sociedade, constru-indo sua autonomia cultural, sua soberania estética e a diversidade de suas formas de expressão.

A realização do Seminário e da Oficina de Indicação de Cultura e Comunicação dá início a um processo de co-laboração participativa para a construção de uma política pública específica de Comunicação para a Cultura. Sob as diretrizes do Plano Nacional de Cultura e em sintonia com os recentes debates sobre democratização da mídia, o programa nascerá num momento propício, no qual se discute uma série de assuntos vinculados ao elo entre comunicação e cultura.

Trabalhamos o tema da comunicação e cultura em abordagens que constituem seis grandes eixos: Educar para Comunicar, Produção e Distribuição de Conteúdos, Meios de Comunicação, Comunicação e Protagonismo So-cial, e Comunicação e Renda.

Por essa iniciativa, o Ministério da Cultura se faz protagonista no universo de debates que permeiam estes temas tão importantes para a contemporaneidade, promovendo a diversidade cultural ao mesmo tempo em que atento às mudanças tecnológicas, políticas e comunicacionais.

O Programa Comunica Diversidade pretende estender as práticas expressivas e culturais aos meios, meca-nismos, infraestruturas e canais de comunicação para que o direito à liberdade de expressão seja atingido e ampliado no sentido da diversidade e pluralidade dos agentes da cultura nacional e que suas manifestações sejam democratizadas, de modo a levar a sociedade brasileira a se autoconhecer e se autoproduzir.

Agradecemos à Fiocruz pela parceria que possibilitou a realização do Seminário e da oficina e a todas e todos que gentilmente dedicaram três dias de intenso trabalho.

Esperamos que com este esforço, possamos contribuir para que o Estado Brasileiro tenha uma política pública que eleve a importância da cultura enquanto matéria prima das comunicações e que, ao mesmo tempo, trate a comunicação como bem público fundamental para o processo de desenvolvimento, soberania nacional e autonomia dos povos, propagando as várias expressões da diversidade em canais diversos, como merece a nossa rica cultura nacional.

Secretaria de Políticas CulturaisMinistério da Cultura

COMUNICAR PARA VALORIZAR

E FORTALECER A DIVERSIDADE CULTURAL

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É com enorme satisfação que a Fiocruz participa como parceira na organização desta publicação, consolidando uma atuação conjunta com o MinC que vem desde 2007, por ocasião do lançamento do revolucionário projeto Loucos pela Diversidade, que criou uma política cultural para artistas em sofrimento mental. Muitas pessoas nos questionam sobre o motivo de uma instituição de saúde participar da organização de um Seminário e Oficina Na-cional de Indicação de Políticas Públicas para Cultura e Comunicação. Ocorre que com o fim do regime militar e a conseqüente retomada da Fiocruz pelos segmentos democráticos e comprometidos com a evolução da ciência e da sociedade, que o proprio conceito de saúde vem sendo resignificado e isto vem promovendo uma transfor-mação não apenas internamente, mas em todo setor da saúde no país.

Tendo assumido um papel central na produção de um ‘pensamento crítico’ em saúde, a Fiocruz passou a entender saúde como qualidade de vida, como defesa da vida, como produção de vida. Saúde deixa de ser a mera ausência de doença, ou o tratamento de doenças, ou ainda a abstrata condição de bem-estar bio-psíquico-social, para se tornar produção concreta de democracia e cidadania no nosso cotidiano. Não é por mera coincidência que a proposta original do Sistema Único de Saúde (SUS), tenha sido apresentada ao país a partir de um documento elaborado pelo Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e intitulado A questão democrática na Área da Saúde. Este documento foi lido na Câmara dos Deputados em Brasília pelo então Presidente do Cebes, Sérgio Arouca, que anos mais tarde assumiria a Fiocruz e transportaria toda esta concepção de saúde para a instituição.

Enfim, é este o propósito da Fiocruz: atuar inter e transetorialmente para ativar o máximo de dispositivos e re-cursos possíveis no sentido de criar novas possibilidades e sociabilidades, novas perspectivas de trabalho, cultura, comunicação, educação, habitação, lazer, dentre outras, para que os sujeitos individuais e coletivos tenham mais vida e, portanto mais saúde.

Que as ideias e projetos aqui contidos sejam fontes permanentes de inspiração e inquietação para todos.

Paulo AmaranteProfessor e Coordenador do LAPS/ENSP/Fiocruz

A CULTURA É A SAÚDE DA ALMA

* Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial - Escola Nacional de Saúde Pública – Fundação Oswaldo Cruz

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A Cultura deve se manter em permanente renovação e inovação, sendo dinâmica ao mesmo tempo em que pre-serva seus princípios e tradições. E para tanto, nada como incitar, promover e apoiar as políticas que englobam tecnologias, meios de comunicação, produção e difusão de conteúdo cultural, infraestrutura de comunicação e fortalecimento do protagonismo de nossas expressões.

Dessa perspectiva, esta publicação apresentará um cenário de ações voltado à promoção de iniciativas que fo-mentem o exercício da comunicação para a cultura, por meio da implementação de um programa.

Convidamos todas e todos à participação e damos boas vindas ao início do programa Comunica Diversidade.

Diretoria de Educação e Comunicação para a CulturaSecretaria de Políticas CulturaisMinistério da Cultura

APRESENTAÇÃO

Esta publicação contém o registro do trabalho realizado pela Diretoria de Educação e Comunicação da Secretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura no âmbito do Seminário e Oficina de Indicação de Políticas pú-blicas de Comunicação para a Cultura. Traz informações, relatos, históricos e documentos que fizeram parte das discussões levantadas nos três dias de atividades.

A recente onda globalizante que atingiu as mais variadas sociedades implicou na necessidade de se pensar um mundo que se reconfigura constantemente em suas ordens geopolíticas, culturais e de conhecimento. O que antes era binário – direita ou esquerda, desenvolvido ou subdesenvolvido, civilizador ou bárbaro, industrial ou rural, alta cultura ou baixa cultura – passa a ser mais difuso, e os valores que hierarquizavam as culturas e expressões passam a ser encaradas de diferentes maneiras sob diversos olhares.

Essa mudança deve-se em grande parte ao desenvolvimento de tecnologias e meios produtores, difusores, ar-mazenadores e reprodutores de informação e comunicação. A cultura e o conhecimento passam a requisitar a comunicação como forma de visibilidade e de expressão de novas visões de mundo. Mais do que nunca, o com-plexo elo envolvendo arte, expressão, comunicação e práticas culturais se mostra fundamental para a soberania, desenvolvimento social e aquisição de conhecimento simbólico por parte dos diferentes povos do planeta.

Isso em mente, o Ministério da Cultura, dá continuidade em suas ações transversais no processo de construção de um programa com a missão de articular as duas esferas, comunicação e cultura, e sedimentá-las em políticas públicas para o fortalecimento das expressões culturais brasileiras, do desenvolvimento econômico, da diversidade cultural e da democratização dos meios de comunicação: o Programa Comunica Diversidade.

O Seminário e Oficina para Indicação de Políticas Públicas para a Cultura e Comunicação teve como objetivo reunir e debater diretrizes do Plano Nacional de Cultura (PNC) relacionadas à área de comunicação e cultura, em especial no cumprimento da meta 45. Foi com foco nesta meta que as ações foram selecionadas e a partir da qual se deram seus desdobramentos. A partir das iniciativas desta meta, foram desdobrados eixos e ações específicas. Representantes de vários movimentos - não somente ligados à área de comunicação - se fizeram presente no evento e contribuíram para o desenho apresentado aqui nesta publicação. A seção Os Participantes contém uma lista completa daqueles que estiveram presentes. As discussões giraram em torno de temas como a democrati-zação dos meios de comunicação, a produção e difusão de conteúdos nacionais e diversificados, os desafios do Canal Digital da Cultura, a retomada do protagonismo do MinC na área de comunicação e tecnologias, propostas de fortalecimento das expressões culturais via comunicação, entre outras. A lista das ações propostas também se encontra no caderno na seção A Oficina.

Apresentaremos os primeiros passos de um programa em concepção que pretende aliar a comunicação e a cul-tura de modo a fortalecer a expressão da diversidade. A ideia do programa é realizar ações específicas para a área, além de contribuir com políticas intersetoriais, promovendo políticas de comunicação em conjunto as secretarias e entidades vicunculadas do MinC e também as políticas interministeriais.

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COMUNICAÇÃO É CULTURA

Comunicação é cultura, em razão da centralidade do processo de comunicar, produzir, compartilhar e fruir valores de uma sociedade. A Cultura é comunicação sob a consideração de que por esta se dá a transmis-são dos valores simbólicos presentes na sociedade brasileira. É nesse esteio que o Ministério da Cultura vem atribuindo importância central ao enlaçamento da Cultura à Comunicação, ao reconhecer a impor-tância estratégica de comungar esses laços na con-temporaneidade a fim de garantir o fortalecimento da diversidade e pluralidade cultural por meio da promo-ção ao direito à comunicação.

Comunicação, cultura e desenvolvimento estão jun-tos ao reconhecermos a necessidade de adotar me-didas para proteger a diversidade das expressões cul-turais incluindo seus conteúdos, especialmente nas situações em que expressões culturais possam estar ameaçadas de extinção ou de grave deterioração. É preciso pensar seriamente que a diversidade cultural se fortalece mediante a livre circulação de ideias e se nutre das trocas constantes e da interação entre culturas e que para tanto é necessário reafirmar que a liberdade de pensamento, expressão e informação, bem como a diversidade da mídia, possibilitam o flo-rescimento das expressões culturais nas sociedades. Consideramos que as políticas de comunicação e cul-tura integradas são modos de proteção e promoção da diversidade cultural e terão consequência se esti-verem garantidos os direitos humanos e as liberdades fundamentais, tais como a liberdade de expressão, in-formação e comunicação, assim como a possibilidade dos indivíduos de escolherem os modos de expressões culturais.

A cultura se expressa não só pelo acervo que a colo-ca em disposição, mas principalmente, pelo processo que engendra na solidificação, produção e apresen-

tação de valores que se mostram fundamentais na sociedade contemporânea. Mais do que um símbolo de expressão coletiva ela é um fomentador de pro-cessos políticos e econômicos que correm concomi-tantemente com outras esferas do desenvolvimento. Ao lado do crescimento do poder aquisitivo, redução do desemprego, alta no consumo e maior qualificação profissional, a comunicação para a cultura tem a res-ponsabilidade de ‘letrar’ a sociedade sobre sua gigan-tesca fonte de valor que é a diversidade e a pluralidade cultural.

Esta noção insere na economia um fator criativo, po-lítico, expressivo e educacional que têm se mostrado central em sociedades desenvolvidas e que atuam como protagonistas nos programas e políticas pú-blicas de fomento, investimento e desenvolvimento. Além disso, ela promove uma tomada de consciência benéfica para a economia e política na medida em que torna seus produtores, colaboradores e consumidores mais aptos ao discernimento criativo, à potencialidade da comunicação e à importância política da diversida-de cultural.

Reafirmar o vínculo entre comunicação e cultura re-presenta um fortalecimento do processo crítico da sociedade e uma abertura irrestrita à diversidade da produção em todos seus aspectos. Marca posição em um eixo central do desenvolvimento do país e em seu crescimento expressivo por meio de grupos que, con-juntamente com sua capacidade de consumo, adqui-rem capacidade de discernimento, análise e liberdade de escolha.

Os Marcos Legais para a PolíticaVirá o tempo em que a Declaração Universal dos Direitos Huma-nos terá de abarcar um direito mais amplo que o direito humano à informação, estabelecido pela primeira vez em vinte e um anos atrás no Artigo 19. Trata-se do direito do homem de se comunicar

(FISHER, 1984, p. 26)

Há uma série de marcos legais que regem a comunicação como um direito e desdobram associações desse direito à liberdade de expressão e manifestações de toda espécie, inclu-sive a liberdade de expressão cultural.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações, e em seu Artigo 19, informa que todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão.

Na Constituição Brasileira há uma série de artigos que tratam do tema. Nela afirma-se a garantia de livre a manifestação do pensamento e livre expressão da atividade artís-tica (Art 5), que essas manifestações associadas à criação e à informação não sofrerão qualquer restrição, sob qualquer forma, processo ou veículo (Art 220), estabelece que a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão devem atender a princípios, a exemplo, finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas e preconizar pela regionalização da produção cultural, artística e jornalística (Art 221), que a propriedade dos meios de comunicação deve ser dos brasileiros ou sob regras brasileiras, no caso de ser uma pessoa jurídica (Art 222).

De mesma forma, vemos na Constituição, as garantias de exercício dos direitos cultu-rais, acesso às fontes da cultura nacional, apoio e incentivo à valorização, e difusão das manifestações culturais (Art 215) e por fim, compreende que as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver e as criações científicas, artísticas e tecnológicas como patrimônio cultural brasileiro (Art 216).

Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais é também um marco expressivo em favor da diversidade cultural por compreender que para protegê-la e promovê-la é preciso garantir os direitos humanos e as liberdades fundamen-tais, tais como a liberdade de expressão, informação e comunicação.

A Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), sob responsabilidade da Organização dos Estados Americanos, em seu Artigo 13 – preconiza a liberdade de pensamento e de expressão.

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GARANTIR O FORTALECIMENTO DA

DIVERSIDADE CULTURAL, UM DESAFIO DO MINC

A formulação de uma política integradora - a se de-senvolver de modo coordenado com o sistema MinC - demonstra-se importante na medida em que a agenda da comunicação é transversal e necessita de aportes reflexivos para orientação de uma macropolí-tica de comunicação para cultura.

Diante dessa estreita relação entre os campos da Cultura, Comunicação e Educação nos processos de cidadania cultural, o MinC vem promovendo ações que integram essas esferas, por meio da Diretoria de Educação e Comunicação da Secretaria de Políticas Culturais, responsável pela tarefa de formular uma política integrada ao sistema MinC com o objetivo de criar uma maior sinergia entre as diversas ações e iniciativas.

Da mesma forma, localizamos a relevância de cons-truir nesta Diretoria de Educação e Comunicação um locus político de enodamento e articulação das diver-sas ações já desenvolvidas pelo sistema MinC e avan-çar na formulação de um programa que apresente no-vos elementos para a comunicação e a cultura, como a possibilidade de integração às ações prioritárias do MinC para 2013, a exemplo das ações de Comuni-cação promovidas, em especial, pela Secretaria de Cidadacia Cultural- SCCD, Secretaria do Audiovisual – Sav e Agência Nacional de Cinema - Ancine, assim como articular parcerias efetivas com o Ministério das Comunicações e o da Ciência, Tecnologia e Inovação, dentre outros.

A construção deste Programa viabilizará e implemen-tará a Meta 45 , do Plano Nacional de Cultura – (ins-tituído pela Lei 12.343/2010), que tem por finalida-de atender a 450 grupos, comunidades ou coletivos em situação de vulnerabilidade social com ações de

comunicação para a cultura. Essas ações visam à ampliação do exercício do direito à liberdade de ex-pressão cultural e comunicação, promovendo redes e consórcios para sua implementação. Objetiva incenti-var e fomentar a comunicação da cultura e sua diver-sidade em várias mídias e ampliar a recepção pública e o reconhecimento das produções comunicacionais, artísticas e culturais alternativas não inseridas na in-dústria cultural.

O fato de que a comunicação foi profundamente alterada com o advento das novas tecnologias e suas convergências – já estabelecidas como meio de comunicação da cultura – exige do poder público a formulação de políticas que contemplem as dimensões da produção, da geração de conteúdos e da distribuição de bens e conhecimentos culturais, por vias tecnológicas como, por exemplo, a banda larga, os softwares livres e os acervos digitais.

O primeiro Plano Nacional de Cultura (PNC) da constituição democrática foi sancionado no dia 02 de dezembro de 2010, instituído pela Lei 12.343/10, está previsto na Constituição Fe-deral desde a aprovação da emenda constitucional 48, de 2005. Tem por finalidade nortear as políticas públicas do setor cultural pelos próximos dez anos. É resultado de um processo partici-pativo iniciado em 2005 e está estruturado a partir de três di-mensões complementares: a cultura como expressão simbólica, como direito de cidadania e como potencial para o desenvolvi-mento econômico com sustentabilidade socioambiental. Além destas dimensões, o Plano destaca o papel do Estado e da so-ciedade na gestão das políticas culturais e compromete as áreas e linguagens a comporem planos setoriais formalizando ações que melhor cotejem as especificidades do campo em questão, incluindo a proposição de objetivos, metas e sistemas de acom-panhamento, avaliação e controle social.

Meta 45 - Atender 450 grupos, comunidades ou coletivos beneficiados com ações de Comunicação para a Cultura. O objetivo desta meta é promover a comunicação como um as-pecto que diz respeito à cultura, além de fortalecer as redes, os coletivos e os produtores de comunicação alternativa já exis-tentes. É pela rádio, pela TV, pela internet, pelas revistas e pelos jornais que a sociedade constrói e circula alguns dos valores que simbolizam a cultura de um povo. Nem sempre as expressões da diversidade cultural são veiculadas nesses meios de comuni-cação. Por meio da mídia e dos meios de comunicação, pode-se conhecer a variedade de modos de ser do brasileiro. Por isso, é importante fomentar iniciativas que ampliem o exercício do direito humano à liberdade de expressão cultural e do direito à comunicação. *O público desta meta são: as comunidades e povos tradicionais, grupos de culturas populares, LGBT, mu-lheres, pessoas com deficiência, negros e negras, cultura de rua (hip hop, grafite, etc.), população de favelas e outros grupos em situação de vulnerabilidade social

Reconhecer essa realidade é de grande importância para o desenvolvimento de ações de formação para a produção crítica de comunicação, promovendo uma rede de comunicadores populares que valorize a di-versidade cultural.

Por outro lado, não suplanta a importância e o papel dos meios analógicos de comunicação, que também devem comparecer como objeto de políticas cultu-rais, na perspectiva de democratização dos meios e do acesso à comunicação e a promoção de infra-estru-tura e meios adequados para abrigar, trafegar e dispo-nibilizar a produção cultural produzida nestes ciclos de formação, é de fundamental importância para que as vozes envolvidas pela “cultura do silêncio”, como dizia Paulo Freire, possam ganhar mundo.

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CONSTRUINDO UMA POLÍTICA PÚBLICA DE

COMUNICAÇÃO PARA A CULTURA

Primeiros passos

Em agosto de 2012, foi criado o Grupo de Trabalho para Formulação de Políticas Transversais na área da Cultura e Comunicação, composto pelas representa-ções do Sistema MinC, suas secretarias e instituições vinculadas; com a missão de elaborar as linhas do Pro-grama de Comunicação para a Cultura.

Após uma série de atividades e encontros do gru-po de trabalho foram construídas as diretrizes para a formulação do Programa e um conjunto de ações que auxiliaram a definir a estratégia implementada na Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas de Comunicação para a Cultura. O GT tomou como base de pesquisa as ações apontadas pelas II Conferência Nacional de Cultura (Brasília), Conferência Livre de Comunicação para a Cultura (Recife) e o Plano Na-cional de Cultura.

Os eixos para o programa de ações de comunicação e cultura também foram definidos no âmbito do GT e nortearam o processo de elaboração das ações deter-minadas na Oficina. Os eixos e seus conceitos serão apresentados a seguir, na seção Bases para a constru-ção de uma ação de comunicação para a cultura.

Bases para a construção de uma ação de comunicação para a cultura

Para a elaboração do Programa de ações de Comu-nicação para a Cultura, formulado em parceria com todo o Sistema MinC, e que prevê o atendimento à meta 45 do Plano Nacional de Cultura, foram reuni-das as seguintes diretrizes:

(i) promoção de infraestrutura de comunicação, como conexão banda larga e equipamentos tecnológicos, em especial, no contexto da radiodifusão e internet;

(ii) formação da sociedade em educomunicação e na apro-priação do uso das tecnologias para a produção de informação e conteúdos, visando ao autorregistro cultural e produção de comunicação alternativa, mediante o uso das novas mídias e em diversos suportes (analógicos, impressos e digitais, utili-zando, preferencialmente, softwares e tecnologias livres);

(iii) produção de conteúdos sobre a cultura brasileira e sua diversidade pelos próprios atores culturais;

(iv) produção de conteúdo comunicacional, informa-tivo e cultural para mídia impressa, rádio e internet, contemplando as diversas regionalidades e as especi-ficidades dos interesses culturais do setor;e

(v) disponibilização do conteúdo em plataforma online, que reunirá num ponto da Internet a multiplicidade de produções realizadas, garantindo espaços de circula-ção, ampliando o acesso dos agentes da cultura aos meios de comunicação, diversificando a programação dos veículos, e ainda, potencializando o uso dos canais alternativos para estimular as redes públicas

Os eixos orientadores

O Grupo de Trabalho para Formulação de Políticas Transversais na área da Cultura e Comunicação defi-niu um conjunto de eixos que vão pautar a construção e implementação do Programa. Cada eixo tem como função direcionar o campo de proposições de ações objetivas, que serão definidas pelos grupos de trabalho na Oficina.

São eles:

• Eixo 1 - Educar para Comunicar

A mídia e os meios de comunicação também assu-mem um papel de formação da subjetividade de um povo, na medida em que por esse canal, circulam de determinados conteúdos culturais. Quem comunica também educa. Partindo do pressuposto que tan-to a educação como a comunicação são assentadas, fundamentalmente, no processo de diálogo, torna-se patente a necessidade de promover processos forma-tivos para a produção de uma comunicação dialógica.

É de suma importância estimular a criação de um pro-cesso estratégico de formação crítica de leitura de mundo, produção de informação, de apropriação do uso de ferramentas analógicas e digitais a serviço do fortalecimento da identidade e da promoção da diversi-dade das expressões e manifestações culturais do país.

• Eixo 2 - Produção de Conteúdos Culturais

Potencializar a circulação de vozes, incentivando a manifestação e expressão da pluralidade cultural bra-sileira, observadas as diferenças culturais e regionais do país, em especial, com relação aos segmentos que padecem de invisibilidade na comunicação, como mu-lheres, negros, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, ru-rais, portadores de deficiências, dentre outros.

Possibilitar a visibilidade das expressões culturais bra-sileiras, por meio da diversidade da mídia, liberdade de pensamento, expressão e informação permitirá que esses segmentos se reconheçam, valorizando a his-tória, a regionalidade, a cultura e demais fatores que possibilitem aos indivíduos e aos povos expressarem

e compartilharem suas ideias e valores. Os conteúdos podem ser estabelecidos nos mais diversos suportes analógicos e digitais: livros, ebooks, fanzines, cordéis, revistas, radiofônicos, musicais, fotográfico, audiovi-sual, visualização de dados, etc.

Com relação aos conteúdos a serem produzidos, são considerados atributos desejáveis o uso, preferen-cialmente, de tecnologias e softwares livres, a produ-ção de materiais que garantam a acessibilidade para pessoas com deficiência, a produção de metadados, em acordo com o SNIIC, e o licenciamento de uso da obra que garanta a possibilidade de distribuir e circular os conteúdos nos canais acordados.

• Eixo 3 – Distribuição de Conteúdos Culturais

Garantir a distribuição e circulação dos conteúdos produzidos pelos comunicadores populares e da rede midialivrista. Com o fortalecimento crescente do campo da comunicação pública, por meio de suas rá-dios e TVs e, ainda, estabelecendo parcerias com as TVs e rádios comunitárias e universitárias, vislumbra--se a possibilidade de acessar esses canais para a dis-tribuição dos conteúdos, na construção de parcerias mais expressivas. Este é um eixo estruturante do pro-cesso que garante amplitude de acesso aos conteúdos produzidos, que passam a ganhar a vida cotidiana das brasileiras e brasileiros.

• Eixo 4 - Meios para a Comunicação

Iniciar a construção de um processo estratégico de promoção de infraestrutura e meios adequados para produzir, abrigar, trafegar e disponibilizar a produção cultural preconizando a democratização do acesso à banda larga, os softwares livres, a aquisição de equi-

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pamentos, a construção de soluções para integrar e armazenar acervos já existentes, provimento e manu-tenção de infraestrutura para a digitalização dos acer-vos, dentre outros.

• Eixo 5 - Comunicação e Protagonismo Social

Fortalecer e oportunizar as ações de protagonismo social por meio da comunicação e da democratização do conhecimento e da informação, contribuindo para o desenvolvimento social e a cidadania do indivíduo. É necessário reconhecer a relevância social dos fazedo-res de cultura, fortalecer a atuação de agentes e gru-pos que trabalham com a comunicação e a cultura com seus métodos próprios e suas diferentes realidades.• Eixo 6 – Comunicação e Renda

Construir estratégias de fortalecimento econômico, de geração de trabalho e renda de grupos e agentes que atuam no campo da comunicação para a cultu-ra em rede para fortalecer o processo de desenvol-vimento sustentável. Tomar as redes e os circuitos alternativos de comunicadores como geradores de postos de trabalhos na economia criativa, uma vez que o processo criativo, de produção dos conteúdos e in-formações é o que agrega valor à ação.

Na Oficina Nacional de Indicação de Políticas Pú-blicas de Comunicação e Cultura, foram formuladas colaborativamente um conjunto de ações, orienta-das pelos Eixos, visando a implementação, a partir de 2013, do Programa.

Seminário e Oficina Nacional de Indicação de

Políticas Públicas para Cultura e Comunicação

O Seminário e Oficina Nacional de Indicação de Polí-ticas Públicas para Cultura e Comunicação, realizado nos dias 17, 18 e 19 de setembro de 2012, na cidade do Rio de Janeiro foi promovido pelo Ministério da Cul-tura, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz. O evento teve como principal objetivo iniciar um grande debate nacional sobre políticas públicas de comuni-cação para a cultura, reunindo ideias que conceituam esse campo.

O encontro foi projetado para conter um seminário de debates e uma a oficina de indicação de ações para a construção de políticas públicas. Foram três dias de debates que culminaram na elaboração de 199 ações específicas que irão compor e auxiliar a definir o Pro-grama e as diretrizes para a construção de políticas públicas de comunicação e cultura plurais e inclusivas.

Cerca de 60 representantes da sociedade civil e do governo participaram do encontro para indicar ações em torno da criação do programa de comunicação para a cultura focado na diversidade cultural. Contou com significativa representação, fazendo com que os resultados e debates possam ser reverberados aos grupos e interessados que não participaram.

A oficina/seminário proporcionou um reencontro entre produtores, pensadores e militantes por uma mídia mais popular, democrática, igualitária e cultu-ral. A satisfação dos participantes em poder se juntar no esforço de redigir propostas de políticas públicas além de compartilhar experiências e ideias foi ampla-mente manifestada.

Toda a produção do evento está disponibilizada online no endereço eletrônico culturadigital.br/comunicadi-

versidade. Há fotos, textos e vídeos do Seminário e da Oficina Nacional de indicação de Políticas Públicas de cultura e Comunicação.

O Seminário – relato A mesa de abertura do Seminário Comunicação e Cul-tura: Cenários e perspectivas, realizada na manhã do dia 18 de setembro de 2012, contou com a participação do Secretário de Políticas Culturais do MinC, Sergio Mamberti, do Coordenador do Laboratório de Estu-dos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicos-social (LAPS) – ENSP/DAPS/Fiocruz, Paulo Ama-rante, da Diretora de Educação e Comunicação para a Cultura SPC/MinC, Juana Nunes, da Coordenadora Geral de Cultura e Comunicação, Alcione Silva e da Gerente Executiva de Projetos Institucionais e Espe-ciais na EBC, Berenice Mendes.

O Secretário Sérgio Mamberti, em sua fala, enfatizou a importância da criação de processos que permitam a circulação da informação, por meio de uma política de comunicação integrada com a cultura. Mamberti destacou que a construção de uma nova sociedade consiste em abraçar todas as nossas raízes culturais, promovendo uma relação estratégica entre cultura e educação e que esse processo não será completo sem a inclusão da comunicação.

Berenice Mendes destacou a necessidade de reforma do sistema de comunicação, contextualizou o pro-cesso vivido, abordando o perfil diferenciado da co-municação pública e a necessidade de capacitação de agentes para seu exercício. Colocou a EBC à disposi-ção da Secretaria de Políticas Culturais do MinC para

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colaboração em diferentes ações necessárias para efetivar as reformas no sistema de comunicação bra-sileiro, destacando ser cada vez maior “a interferência da comunicação no processo cultural”.

Um pensamento certo e frequente durante à mesa foi o elo fundamental entre cultura e comunicação que, por muitos motivos, foi por muito tempo, sendo fatiado devido à falta de olhar sensível para as mani-festações culturais na mesma medida em que o foco mercadológico e puramente tecnológico foi tomando conta das telecomunicações e da radiodifusão.

O eixo central se fixou na necessidade de se pensar comunicação via cultura, agregando valor e inovação às políticas pela democratização das mídias bem como traduzir as demandas locais em processos de descen-tralização e regionalização das políticas culturais.

Em função da parceria com a Fiocruz, o tema da saú-de e cultura foi abordado pelo Coordenador do LAPS/Fiocruz, Paulo Amarante, de maneira precisa ele ins-tou os participantes a pensarem que a cultura e a co-municação se inserem em diversas áreas, promoven-do a ‘saúde da alma’ e colaborando com processos de terapias alternativas e fortalecimento da subjetividade de populações fragilizadas.

A mesa seguinte Desafios da promoção do direito à comunicação e do exercício necessário de expressão da diversidade cultural nas diversas mídias, contou com a participação do jornalista Antônio Martins, editor do site Outras Palavras, de Beto Almeida, presidente da TV Cidade Livre (Brasília) e Dire-tor da Telesur, e de Roseli Goffman, secretária geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e Conselheira do Conse-lho Federal de Psicologia. A atividade teve grande participação, tanto por parte das pessoas presen-tes no Palácio Capanema quanto daqueles que acompanhavam a transmissão do evento ao vivo, pela internet.

O foco da mesa foi apontado para os problemas nos processos políticos de democratização da mídia, bem como em possíveis alternativas dos programas para maior democratização dos meios e acesso aos recur-sos da cultura.

Beto Almeida focou sua fala na crítica à mídia comer-cial e defendeu, com exemplos e casos, as ações de governo de países da América Latina que vêm en-frentando o monopólio da mídia. Ao final, apresentou quatro propostas a serem discutidas pelo seminário e que compreendem os seguintes pontos: a) manter a voz do Brasil e criar dentro do programa uma possibi-lidade de 5 minutos diários para programas da socie-dade civil, respeitando o direito de antena; b) revisar o critério de verbas da Secom/PR para as grande mí-dias e descentralizar essas verbas; c) criar um sistema nacional de edicões populares (citou como exemplo a Venezuela) para edição de livros a preços populares e em grande quantidade; d) fazer uma redistribuição das concessões públicas de radiodifusão no sentido de promover a diversidade.

Roselly Goffman, apontou as ações da Frente Nacio-nal para a Democratização das Comunicações e te-ceu alguns comentários sobre as políticas vigentes no Ministério da Cultura. Mostrou preocupação com o uso do Vale Cultura por parte da população mais po-bre no sentido de que ele seria usado para gastos com grandes produções estrangeiras, não gerando renda e recursos para projetos culturais nacionais.

As questões levantadas nesta mesa foram também centradas nas políticas de democratização de recur-sos e acesso as meios de comunicação. Tópicos como: direitos autorais e sua centralidade na viabilidade dos acessos e difusão; o foco da economia criativa (gran-des espetáculos x produções locais); migração da TV e do Rádio para o sistema Digital; desburocratização dos processos e linguagem utilizadas pelo ministério e à repressão às rádios comunitárias foram levantados e discutidos durante a mesa.

Nas intervenções do público, novos elementos fo-ram trazidos ao debate o que ampliou o escopo da mesa. Fez-se necessário, a partir dos questionamen-tos, pensar sobre o processo de digitalização do rádio e de TV enquanto forma de agregar novos atores na produção cultural, bem como discutir o papel dos canais públicos abertos a partir da digitalização. Di-versas críticas com relação à criminalização dos mo-vimentos sociais pela mídia comercial, ao monopólio da terra e das comunicações, à composição do con-selho de comunicação social e à descontinuidade de programas culturais iniciados no governo Lula foram abordadas pelos participantes. As respostas vieram no sentido da ampliação dos espaços públicos de discussão, convênios nacionais e internacionais com emissoras públicas e educativas e o direcionamento das verbas de publicidade da SECOM para meios de pequeno e médio porte.

No período da tarde, a mesa Desafios da promoção do direito à comunicação e do exercício necessário de expressão da diversidade cultural nas diversas mídias, contou com a participação da jornalista Renata Mielli, do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, como mediadora, e teve como palestrantes a Deputada Federal Luiza Erundina (Frente Parlamen-tar pela Liberdade de Expressão e o Direito a Comu-nicação com Participação Popular -FRENTECOM) e o professor José Márcio Barros Professor PUC--Minas, da Escola Guignard/UEMG e Coordenador do Observatório da Diversidade Cultural, que desen-volve estudos com ênfase nas temáticas da identida-de cultural, política cultural, cidade e cultura, gestão cultural e da diversidade cultural.

A deputada iniciou a mesa com colocações muito per-tinentes na temática da discussão. Seu foco foram as ações da Frente Parlamentar para a Democratização da Comunicação e os tópicos com os quais ela vêm debatendo, como o marco civil da internet, o marco regulatório dos meios de comunicação, a digitalização do rádio, entre outros. Apontada por ela como uma ‘preocupação estratégica’, a comunicação foi, segun-

do suas palavras, uma das áreas que avançou menos do ponto de vista institucional e do Estado. Com a preocu-pação neste patrimônio público estratégico que se en-contra monopolizado, a deputada celebrou a discussão do seminário que introduziu uma dimensão da comuni-cação que tem estado fora das discussões e apontou que, talvez a falta de avanço da área nestes três anos de sua atuação, tenha sido fruto de um possível erro, de não ter envolvido a cultura nessa discussão. O professor José Márcio apresentou uma visão teó-rica sobre o tripé cultura, comunicação e diversida-de. Demonstrou como cultura e comunicação são interdependentes e têm que ser pensadas de ma-neira coordenada e conjunta. Ele desenvolveu uma interessante crítica ao conceito de diversidade, con-frontando-o com a noção de diferença e pluralidade. Em sua visão, o convívio e a aceitação da diferença é elemento central para a formação da cidadania cul-tural. Como exemplo, citou estudos antropólogicos os quais demonstram que as formas e expressões es-téticas transmitem elementos tanto culturais quanto comunicacionais. A maneira de se expressar revela um universo da comunicação e uma criação cultural, que na diferença conduz a pluralidade. Desta forma, uma política de comunicação e cultura tem que incluir os fazeres plurais, a noção estética da sensibilidade e expressão e coordenar a pluralidade, promovendo a diversidade de falas e gestos.

Um ponto importante e que deve ser relevado é o tó-pico sobre ‘novas mediações’ apontado pelo professor. O resultado de uma política de comunicação para a cultura, seria, de maneira resumida, a reinvenção das mediações colaborando para uma nova forma de rela-ção sócio cultural pautada pela cultura.

De uma maneira geral, o seminário apresentou uma ampliação do horizonte da comunicação e cultura, com ênfase em suas possibilidades de colaboração, na pro-moção da pluralidade e na necessidade de democrati-zação da midia para o desenvolvimento das culturas.

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Se expandiu, da mesma maneira, a possibilidade da ar-ticulação entre as duas esferas, para conter, não só a “cultura digital” mas principalmente outras mídias em função das necessidades culturais dos diversos seg-mentos da sociedade.

As incongruências existentes entre os marcos legais e a realização dos direitos que eles garantem, também foram abordadas, demonstrando a insatisfação dos participantes com o modelo de concessão, com a de-fasagem das leis e com o monopólio das grandes redes comerciais. Uma outra necessidade apontada é a do olhar mais preciso e inclusivo em direção à comunica-ção pública e os meios disponíveis por meio da EBC.

A deputada federal Luiza Erundina enfatizou que Cul-tura e comunicação são áreas complementares e, como tal, as políticas públicas a elas referentes devem interagir e dialogar entre si e lançou a proposta de se criar uma Conferência Nacional de Comunicação e Cultura, precedida de encontros estaduais: “Quem sabe saímos daqui com uma proposta bem estrutura-da e fundamentada para criarmos esse evento”, pro-vocou Erundina.

Levantou alguns pontos importantes buscando, efeti-vamente, envolver a cultura na pauta da comunicação, como por exemplo, juntar os conselhos de cultura e de comunicação nos estados e municípios. Nos casos em que não haja o conselho de comunicação reco-mendou que os conselhos de cultura abriguem essa discussão. Indicou também, a necessidade de envolver mais a comissão de cultura e educação nos trabalhos da Frentecom e vice-versa.

Apontou também a necessidade de reflexão sobre qual estratégia deveremos adotar frente ao Conse-lho de Comunicação Social, compreender o que está em jogo na escolha do padrão digital do rádio e ainda, disponibilizou os esforços da Frentecom, associados à mobilização da Comissão de Ciência Tecnologia e Informática à convocação de uma audiência públi-ca para conhecer da SECOM/PR como os recursos

destinados à publicidade do governo são apropriados e quais são os critérios, buscando com isso, oportunizar a distribuição de recursos para um maior número de comunicadores e seus meios. Aí reside também um aspecto de diverisdade e de pluralidade necessária ao exercício do direito à comunicação.

Ao final do debate, ficou à disposição para articular e implementar ações políticas de mobilização, num processo que passa pela organização e conscientiza-ção da sociedade.

Agrupados a partir da ideia da criação de um progra-ma que unifique e coordene as ações do Ministé-rio da Cultura para a comunicação, os participantes demonstraram claro interesse e conhecimento nos temas propostos, bem como compartilhamento de experiências e perspectivas. O evento pode contar com significativa representação, fazendo com que os resultados e debates pudessem ser reverberados aos grupos e interessados que não puderam participar.

A Roda de Conversa foi a última atividade do dia. Os participantes reunidos tiveram um momento para fa-las informais focadas no tema da ‘importância de se comunicar a diversidade’. Neste sentido, os argumen-tos principais circularam em torno do que a sociedade civil organizada, por meio de seus atores e protago-nismos pode realizar em conjunto e paralelamente às ações do Estado. Contando com relevante número de organizações, o momento foi de reflexão e propostas.

Um entendimento coletivo a respeito da unificação dos movimentos pela comunicação, cultura e artes surgiu por meio de apelos de articulações e coorde-nações, no sentido da sociedade pautar o governo nas políticas relacionadas. Em formato de ‘provocações’, os participantes citaram a necessidade de um fó-rum nacional de comunicação pública, a necessidade de uma carta de boas vindas e apontamentos para a ministra recém empossada Marta Suplicy, a volta da pauta dos movimentos sociais no governo e a rearti-culação de movimentos que lidam com comunicação

e cultura dentro dos projetos de políticas públicas e principalmente os internos ao Ministério da Cultura.

Fraseando, palavras dos Palestrantes

Encerramos a seção sobre o Seminário com um con-junto de citações dos palestrantes que participaram do evento. Por meio deste recorte buscamos apresentar de maneira simples o olhar de cada um e sua aborda-gem sobre a temática da comunicação e da cultura.

Sérgio Mamberti

Sérgio Mamberti é Secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, ator, di-retor e dramaturgo. Formado pela Escola de Artes Dramáticas de São Paulo, está ligado a importantes iniciativas de fomento das atividades culturais desde o fim dos anos 60. Já foi Secretário de Artes Cênicas, Música, Identidade e Diversidade Cultural, além de Presidente da Funarte.

“Nós somos signatários da Convenção da Promoção e Proteção da Diversidade Cultural. O Plano Nacional de Cultura é todo pautado nessa Convenção. E como signatários, nós sabemos que é fundamental que aja uma informação democrática, é preciso que quando a gente fale de cidadania, de construção de uma nova sociedade, que a gente pense na cultura como postu-la a Convenção da Diversidade Cultural e na relação com a Educação” “(...) a riqueza da diversidade precisa ser conhecida, precisa ser difundida. E para isso é importante uma estratégia de comunicação integrada.”

“(...) este trabalho que a gente vai fazer, é um trabalho importante, é um trabalho que está realmente ligado

à cultura. A gente só vai poder pensar num Brasil de-mocrático, a partir do momento em que nós tivermos este tripé: educação, cultura e comunicação, estabe-lecido. É uma missão importante. Isso faz parte deste longo processo que a gente vem construindo com a sociedade brasileira, felizmente com a participação efetiva de cidadãos brasileiros de todas as regiões do país que expressam a nossa diversidade.”

“O papel central dos meios de comunicação busca adaptar os usos dos meios de comunicação e essas in-fraestruturas, em benefício da promoção, justamente, desta pluralidade principalmente de grupos que não são predominantes no panorama cultural. A visibilida-de só é conferida pelos sistemas e pelos equipamentos de comunicação.”

“Temos diversidade, temos frescor de ideias, temos o ingrediente principal. O motor da cultura, que é a criatividade do nosso povo. O universo simbólico, então, contribui de maneira muito importante para as dinâmicas socioculturais. A necessidade então de comunicar essa diversidade atende a uma demanda central da sociedade contemporânea que é a valori-zação da identidade e das criações enquanto convívio harmônico com os cidadãos”.

“O Ministério não faz cultura. Ele proporciona espa-ços, oportunidades, autonomia para que ela se produ-za através das manifestações mais legítimas do povo brasileiro. Esta cidadania se constrói também a par-tir dessa produção. Incentivar a sociedade a produzir é uma maneira de oferecer bases de uma cultura de uma sociedade auto reflexiva, crítica e pautada pelo respeito as tradições e invenções.”

“Aproveitar o campo das comunicações para a cultura no sentido da sustentabilidade econômica e da criação de renda, é um elemento central para a manutenção da diversidade e do seu desenvolvimento.”

“(A comunicação) este tema é extenso, é vasto, ele é rico. As contribuições que vocês vão trazer para esta

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construção serão contribuições muito importantes. Esperamos que a gente possa realmente estar avan-çando no sentido da construção de um Brasil verda-deiramente democrático onde todas as formas e a pluralidade da nossa diversidade cultural possa estar expressa livremente.”

Berenice Mendes

“A gente (EBC) vem avançando a cada dia, é um dia de crescimento rumo à uma comunicação que seja realmente aberta, que dê espaço para a população, dê espaços para os artistas, enfim, seja uma comuni-cação pública.”

“Eu me recordo da máxima, pra mim do Daniel Rez, já falecido, jornalista, pioneiro do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, foi o meu com-panheiro no Conselho de Comunicação no primeiro período em que ele dizia, se não conseguirmos, se não democratizarmos a comunicação, não podemos dizer que vivemos uma democracia plena no Brasil. E isso é verdade”.

“(...) apesar de nossa Constituição dispor de várias formas, no seu sintético capítulo V, dos modos de democratizar a comunicação em todos os veículos, a gente sabe que não basta a Lei (...) era preciso que essa necessidade, essa demanda pela democratização, se entranhasse no seio da população, no seio da socie-dade brasileira. E ela começa com os seus formadores de opinião, ela começa com os artistas e ela começa com os Pontos de Cultura. Então, na hora que nós,

lutadores pela democratização da comunicação, en-contrarmos a cultura e a educação dispostos a nos auxiliar, a capacitar a população numa leitura crítica dos meios a necessidade da população entender a ne-cessidade absoluta de reforma no sistema de comu-nicação, tão concentrados, com propriedade cruzada vertical, horizontal. Quando se fala do protagonismo do exercício da comunicação, o que se está falando é de se quebrar a propriedade cruzada, a propriedade vertical, a propriedade horizontal que permeia todos os sistemas empresariais hoje do nosso país.” “(as rádios comunitárias) cumprem uma função fun-damental que é articular os interesses de comunica-ção com as comunidades.”

“Quando a cultura, a comunicação e a educação co-meçam a se mexer, o povo começa a se mexer para uma transformação concreta.”

“(...) A EBC hoje está falando, talvez não tão alto, tal-vez não tão nítido, talvez não tão colorido ainda, mas está falando para o Brasil inteiro. E podem contar com a gente para falar o que vocês quiserem”.

Paulo Amarante

Paulo Amarante é Coordenador do Labora-tório de Estudos e Pesquisas em Saúde Men-tal e Atenção Psicossocial - LAPS– ENSP/DAPS/Fiocruz

“As pessoas perguntam por que a Fiocruz está en-volvida num projeto de Cultura, num projeto de Co-municação? Porque isso se deve a um deslocamento muito importante que aconteceu, vem acontecendo dentro na Fiocruz, há muitos anos. Se pode dizer de um deslocamento tanto político quanto epistemoló-

gico na ideia de saúde. Nós temos trabalhado na ideia de saúde, e em última instância na ideia de doença. Quando você fala em saúde é diferente, tem até um professor que diz, que o Ministério da Saúde deveria se chamar Ministério da Doença, porque lida mais com doença. É Ministério da Saúde, Ministério da Cultura, Ministério da Comunicação, Ministério dos Esportes, numa ideia assim que a gente fala Saúde, mas acaba falando de doença. Então este desloca-mento, é no sentido conceitual, que saúde é quali-dade de vida, saúde é cidadania, saúde é democracia, saúde é participação social. Isso implica, inclusive, digamos, no quadro patológico quando se está doen-te, na forma de adoecer. Quando a pessoa é inserida na comunidade, é inserida na política, é inserida no seu cotidiano nas atividades culturais. As formas de viver, as formas de adoecer são diferenciadas.”

“Produzir saúde, seria produzir todo um conjunto de possibilidades de viver melhor. Lembrei agora, na Ofi-cina Loucos pela Diversidade, quando a gente apre-sentou o Ministro Gil, houve um ato falho, se falou Ministro da Saúde Gilberto Gil. Aí, ele deu um tempi-nho e falou: Saúde da Alma!”

“A gente está nessa ideia de trabalhar saúde relacio-nada à cultura, à comunicação, entendendo que a ativação de formas de estar no mundo, de viver em comunidade são fundamentais para uma outra con-cepção de saúde. Essa é a ideia.”

Rosely Goffman

Roseli Goffman é Psicóloga Clínica – UFRJ ; Especialista em Gestão de Empresas de In-formação COPPEAD-UFRJ (1997); Con-sultora em Análise Institucional e Gestão de Tecnologia da Informação; Conselheira do Conselho Federal de Psicologia – CFP; Secretária-Geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC;

Titular pelo FNDC da Comissão Orga-nizadora da 1ª Conferencia Nacional de Comunicação (2009). Representante do CFP no Comitê de Acompanhamento pela Sociedade Civil para a Classificação Indica-tiva (CASC-Classind) – SNJ/Ministério da Justiça (2012)

“Então, precisamos de autores, precisamos de produ-tores culturais, precisamos distribuir esses produtos culturais que é o grande gargalo de conteúdo no Bra-sil. Criativos nós somos, incrivelmente criativos.”

“Queremos que o Brasil dê chances. Queremos que esta onda latino-americana nos contagie a todos e que nós possamos trabalhar nestes produtos culturais e consigamos, não só o Ministério da Cultura, mas o Ministério da Comunicação e o da Educação fazer um conjunto de ações para viabilizar o trabalho de tantos jovens brasileiros.”

“Nós precisamos reivindicar novos fóruns, novos con-selhos consultivos para todas as emissoras que surgi-rão aí, nesse novo processo de digitalização, e novas oportunidades de fala para as pessoas que estão no campo e ampliar o campo das lutas pela democracia.”

Beto Almeida

Beto Almeida é jornalista formado pela UnB, presidente da TV Cidade Livre de Brasília, diretor da Telesur e âncora da TV Senado, onde conduz os programas Agenda Econômica, Espaço Cultural e Cidadania. Foi vice-presidente da Federação Inter-nacional dos Jornalistas e, também, da Federação Nacional dos Jornalistas, Fenaj. Fundador do canal comunitário de Brasí-lia, é também fundador do jornal Brasil de Fato, do qual é colunista permanente

Gerente-executiva de programas institucionais da EBC, Berenice Mendes.

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e membro do Conselho Editorial. Integra o coletivo de comunicadores do MST, realiza frequentemente palestras e cursos para os movimentos sindical e social. É articulista da Carta Maior e do Pátria Latina, além de integrar a Comissão Brasileira de Justiça e Paz, da CNBB.

“De que diversidade nós estamos falando? Nós esta-mos falando de praticamente seis grupos no mundo inteiro que controlam o fluxo das informações que circulam mundialmente”.

“No sistema privado, por sua lógica, a tendência é sua concentração cada vez maior, portanto, houve o calar da multiplicidade de vozes que caracterizam a riqueza facética, iluminada, ensolarada do nosso povo brasileiro.”

“Só um sistema público, qualificado e fortalecido po-derá assegurar a diversidade cultural.”

“Os nossos três gargalos no Brasil são: o monopólio da moeda ainda não enfrentado; o monopólio da terra violento, assassino, a reforma agrária não feita; o mo-nopólio da palavra, nós não temos a palavra”.

“Cada nova tecnologia pode trazer uma promessa de democratização. Mas isso é só uma promessa, porque ela pode trazer também maior concentração. Se você não superar o problema originário e o problema ori-ginário não é se nós queremos usar ou não, otimizar ou não o uso do espectro. É como é que se define a participação que está contida lá na Constituição, no artigo 224, complementaridade entre os sistemas pú-blico, estatal e privado.”

“O nosso problema aqui não é que nós não tenhamos qualidade, pelo contrário. Nós temos qualidade, o que nós não temos é a democratização da infraestrutura e do poder político de distribuição para que a produção,

que é riquíssima do povo brasileiro, se estabeleça.”

“Nós, a maior potência econômica da América Latina, devemos ter humildade e aprender com a Bolívia, que criou um sistema nacional de rádios indígenas, falando cada qual sua língua, sua cultura, com verbas do Esta-do, mas são os indígenas dirigem.”

“Precisamos criar um sistema nacional de edições populares. Porque o que existe na Venezuela edi-tou Machado de Assis com uma tiragem de 300 mil exemplares que foram distribuídos gratuitamente. Machado nunca teve uma edição de 300 mil exem-plares no Brasil. Nunca. Guimarães Rosa teve edições em Cuba de 350 mil exemplares. Nunca aconteceu no Brasil. A taxa padrão de edição no Brasil é de três mil exemplares. Somos raquíticos em leitura.”

Antônio Martins

Antônio Martins é jornalista e editor do site Outras Palavras

“Apesar de diversos avanços democratizadores no nosso Brasil, nos últimos dez anos, nós não tivemos um avanço significativo do ponto de vista da demo-cratização das comunicações .”

“As verbas do Estado brasileiro, não só verbas publi-citárias, o conjunto dos incentivos brasileiros para a comunicação, continuam fortissimamente concen-tradas nos grandes meios de comunicação.”

“Prevalece a (visão) dos séculos passados, uma visão de que economia, de que desenvolvimento é basica-mente industrialização e isso está consolidado, por exemplo, nas dificuldades de avançar o Plano Na-cional de Banda Larga, que conta com muito poucos recursos. Poucos recursos, pouca autonomia, muita ligação com as grandes empresas privadas do setor.”

“O sistema de TV privado não era suficiente e não ti-nha o mínimo interesse de difundir a diversidade cul-tural brasileira e a TV Pública, que hoje é a EBC, tinha que cumprir este papel. A minha pergunta, a minha provocação é: o que falta para isso? Que mecanismos a gente poderia começar a estabelecer?”

José Márcio Barros

José Márcio Barros é cientista social pela UFMG, Mestre em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas e Doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É pro-fessor do Programa de Pós Graduação em Co-municação da PUC Minas, além de integrar o corpo docente do Curso de Ciências Sociais e Comunicação Social da PUC Minas. É profes-sor da Escola Guignard/ UEMG – Universida-de do Estado de Minas Gerais, onde coordena o Curso de Pós Graduação lato sensu Media-ção em Arte, Cultura e Educação. É professor convidado do Programa de Pós Graduação em Cultura e Sociedade da UFBa. Atua na área da Antropologia Urbana e da Comunicação, com ênfase nas temáticas da identidade cul-tural, política cultural, cidade e cultura, gestão cultural e da diversidade cultural e processos de mediação. É autor dentre outros trabalhos, do livro Comunicação e Cultura nas avenidas de contorno, publicado pela Editora PUC Mi-nas e organizador dos livros Diversidade Cul-tural da proteção à promoção, publicado pela Editora Autêntica, As mediações da Cultura, publicado pela Editora PUC Minas e Pensar e Agir com a cultura, publicado pelo ODC. Co-ordena o Observatório da Diversidade Cultu-ral e o Programa Pensar e Agir com a Cultura.

“A discussão da diversidade cultural deve ser encara-da como uma questão política. Porque se não, caímos num risco muito grande de acharmos que somos mui-to diversos. E eu acho que nós somos mais diferentes do que diversos. E muito menos plurais do que diver-sos e diferentes.”

“Reafirmando: se há um setor que avançou mui-to pouco nos últimos anos, mesmo num governo de esquerda, mesmo num governo popular, foi a área da comunicação. (…) Nós estamos aqui, nós da Cultura, discutindo a questão da Comunicação.”

“(Quando) a gente (for) pensar tanto a diversidade cultural quanto a Comunicação, a Cultura e a Co-municação, nós temos que lembrar que tudo isso só faz sentido se as diferenças forem tratadas de forma positiva.”

“Quando a gente fala de comunicação e cultura, nós estamos falando de processos que são similares: de produção, de circulação, de consumo, de ressignifi-cação e de disputas que criam sentidos. (...) De for-mas de olhar para o mundo, de atribuir sentidos, de transformar a vida em algo inteligível, compreensível, que nos oferece identidade, conhecimento, partici-pação e pertencimento.”

“(é necessário) pautar a diversidade cultural nos meios de comunicação. A questão é: como é que a diversi-dade cultural tensiona nossos códigos comunicacio-nais, os nossos códigos midiáticos?”

“Em que momento nós vamos aproveitar esses novos sujeitos que são portadores de outros modelos cogni-tivos para também questionar e tensionar o nosso sa-cro santo modelo eurocêntrico de explicar o mundo?”

“A Cultura permite, primeiro porque ela é um siste-ma de representação (que) nos oferece identidade, oferece formas como a gente atribui sentido, a for-ma como a gente significa a realidade, ao fazer isso a

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gente bota ordem na realidade, a gente torna o vivido compreensível, a cultura não é outra coisa senão um grande sistema de comunicação”

“a comunicação se dá exatamente pelos desencon-tros entre significados e sentidos. A comunicação não é o lugar do consenso. Não é o lugar de todo mundo está pensando a mesma coisa. A comunica-ção é esse espaço vivo de circulação, de construção, de disputa de sentidos”.

“A cultura e a comunicação são tão mais vitais quando mais estão presentes no cotidiano de nossa vida.”

“(quando falo) da diversidade cultural eu estou falan-do de uma dinâmica sócio-política, da maneira que os diferentes interagem entre si. (…) Quando eu falo de diversidade cultural, eu estou falando do que nós fazemos das nossas diferenças. E não apenas como retrato das nossas diferenças. (…) quando eu falo de pluralidade, eu estou falando como é que nós conse-guimos transformar a construir um regime de igualda-de e respeito às diferenças?”

“porque não nascemos diversos, nós temos que aprender a ser diversos. É um aprendizado, a diver-sidade. Não é a natureza. (...) a diversidade cultural ela é dinâmica. Portanto, sem conjugar promoção e proteção, não adianta. Proteção e promoção são duas faces de uma política em prol da diversidade cultural. Terceiro, a diversidade cultural é lugar de tensões. Não é lugar de mosaico harmônico das nossas diferenças.”

“(O que) precisamos ter são critérios, critérios de respeito. Não de tolerância, mas de respeito, de equi-líbrio, de equidade entre as diversas formas de mani-festação, de crença política e o acesso disso aos meios de comunicação.”

“não dá para discutir diversidade cultural na primeira pessoa do singular. (...) os debates sobre a diversidade cultural, nos convoca sempre ao lugar do nós, e não ao lugar do eu, ao lugar do tu”.

“cada linhagem das culturas populares quer ser nome-ada de um jeito único. É uma disputa muito interes-sante, é possível de ser compreendida, mas que divide o que já está fraco. (…) cada um quer ser chamado e tratado na sua singularidade esquecendo que se a gente não unir, o pouco e o pequeno vai ficar ainda menor e mais fraco, porque o inimigo é muito maior. “

“Se as coisas continuarem do jeito que estão, o pro-blema não vai ser só concessão de canais, a questão vai ser: como era mesmo que a gente cantava? A questão vai ser criar Museus, Centros de Cultura e Memória, sites, blogs para representar uma coisa que a gente não vive mais. E essa museologização da cultura que vai, parece também que é preciso botar um ponto e vírgula nisso. Nós precisamos cada vez mais dançar, cantar, falar histórias no cotidiano de nossas vidas. E não nos nossos eventos patrocinados ou não por Lei de Incentivo.”

“Se não tomarmos cuidado com a maneira que nós pensamos o que queremos das políticas públicas, daqui um tempo, nós teremos festival de tudo, mas a vida cada vez mais desprovida no seu cotidiano na presença na cultura na sua dimensão simbólica, na sua dimensão comunicacional.”

Luiza Erundina

Luíza Erundina foi Secretária de Educa-ção de Campina Grande, na Paraíba em 1958. Emigrou para São Paulo, em 1971, perseguida pela ditadura militar, partici-pou da fundação do PT em 80 (Partido dos Trabalhadores),vereadora, deputada estadu-al e prefeita de São Paulo pelo PT, sendo a primeira mulher a assumir o cargo na capital paulista. Luiza Erundina foi ministra da Se-cretaria da Administração Federal, no gover-no Itamar Franco. No ano de 1998, já no PSB (Partido Socialista Brasileiro), foi eleita de-

putada federal por São Paulo. Assumiu man-dato parlamentar na Câmara dos Deputados no ano de 1999 e desde então vem atuando de forma exemplar e ética, próxima das bases e integrada à sociedade pela inclusão da clas-se trabalhadora, dos excluídos e das minorias, tendo como princípio maior a justiça social e a igualdade de direitos. Tem se destacado na atuação junto à Comissão de Ciência e Tec-nologia, Comunicação e Informática (CCT-CI), à Comissão de Legislação Participativa, (CLP) e também é integrante da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), na qual coordena uma Subcomissão Perma-nente, a Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça. Atualmente está no seu quarto mandato como deputada federal e é coordenadora da Frente Parlamentar pela Reforma Política com Participação Popular que luta por uma reforma política ampla, ca-paz de corrigir as graves distorções do sistema partidário e eleitoral e coibir os desvios éticos que têm marcado historicamente, a vida po-lítica brasileira e também, coordena a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Po-pular (Frentecom), onde, dentre os principais pontos tratados, estão a garantia do exercício da liberdade de expressão e do direito a co-municação, além da reformulação do Marco Regulatório do setor. Destaca-se ainda na luta pela ampliação da participação das mu-lheres na política, pela democratização dos meios de comunicação no Brasil e pela refor-ma do sistema político brasileiro.

“Boa tarde companheiros e companheiras, todos que estão vindo do país inteiro com essa preocupa-ção conjunta, que é uma preocupação estratégica de qualquer sociedade, no momento que vive a nossa so-ciedade. Isso me deixa muito feliz, muito mobilizada e com muita esperança que as coisas comecem a me-

lhorar do lado nosso, que é o Congresso Nacional que faz uma resistência, muito pouca pré-disposição para fazer avançar as políticas de comunicação no Brasil.”

“A sociedade tem muito pouco domínio sobre o campo da comunicação, sobretudo em termos de considerar a comunicação, a informação e a democratização dos meios de comunicação, um direito. Um direito huma-no, um direito inalienável, e portanto, um direito que está consagrado num marco institucional brasileiro, sobretudo em relação a Constituição de 88.”

“A comunicação é uma das áreas, uma das políticas que avançou menos nos últimos governos, nos gover-nos nossos. No Governo Lula, no Governo Dilma. E a gente não avança muito. Não avançou muito a não ser do lado da sociedade. Então, a partir do momento que a sociedade organizada começou realmente intervir, pressionar e exigir, é que o governo começa a meu ver, ter condições políticas para fazer este enfrentamento com os donos dos meios de comunicação de massa que sempre dominaram, monopolizaram, oligopori-zaram um bem cultural, um patrimônio público e es-tratégico para consolidação da democracia e para o desenvolvimento do país em todos os sentidos.”

“E agora, tendo a compreensão da importância da área de comunicação com a cultura, eu acho que anuncia um outro momento nessa luta. Eu acho que tendo a cultura, vai discutir conteúdo, produção, diversidade cultural, regionalização, e não só discutir, mas colo-car da forma, enquanto governo, enquanto área de política pública, uma dimensão da comunicação que tem ficado fora do debate, não da nossa parte, mas da parte, inclusive, do Governo na área da comunicação. Não pode se ver só os meios, a forma de se conce-ber e de se outorgar esse serviço na operação desses meios.”

“Existem concessionários de rádios e tv’s do país que já estão, há muito tempo, na terceira concessão. Con-cessão para TV de quinze anos! Já houve três renova-ções de concessões. Portanto, eles já tiveram 30 anos

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operando os meios e tiveram, às vésperas da realiza-ção da I CONFECOM, uma renovação automática das cabeças, Rede Globo, Record e Band são cabeças de rede que tem atrás de si um arsenal de profissionais de rádio e TV pelo país afora, fazendo proselitismo religioso, fazendo proselitismo político, e dominando, controlando o poder nos país através do controle dos meios de comunicação de massa.”

“O que nós estamos tratando aqui é o interesse públi-co, que vem sendo relegado desde sempre em relação aos interesses privados. É o interesse privado na área da cultura, na área da ideologia, na área da reprodu-ção dos costumes, dos valores, enfim, daquilo que é a alma de um povo. Então, portanto, é manipulado, controlado pelos donos destes fantásticos meios de comunicação, cada vez mais elitista, mais especiali-zação, mais expertise com a convergência tecnológi-ca, com a convergência das plataformas, e com essa potencialização da digitalização desses meios que, ao mesmo tempo de um lado, do lado da tecnologia de domínio destes meios, e do controle dos conteúdos da produção, veiculados por esses meios com uma efi-cácia por parte da opinião pública que torna cada vez mais agudo o problema e a necessidade da sociedade intervir, muito organizadamente, com muita clareza, com muito domínio do que se está tratando. Está se tratando da questão do poder no país. É disso que se trata. Ter o controle através do Estado, através das instituições públicas e ter responsabilidade institucio-nal. Como membro do Estado brasileiro, realmente, nós ficamos a mercê de um segmento que se apropria desse setor, tem controle absoluto sobre ele. Há uma disputa a meu ver meio passiva, meio temerosa, meio hesitante por parte dos governos, muitos dos gover-nos, no enfrentamento dessa questão.”

“Não há comunicação sem conteúdo e não há con-teúdo sem cultura, não há cultura sem diversidade cultural, sem apropriação descentralizada daquilo que é cultura no país e os meios são meios. Não são fins. Fim é exatamente aquilo que é levado e aquilo que é absorvido da sociedade da construção de uma política

cultural, de uma política cultural associada a uma polí-tica de comunicação.”

“Há fortes impedimentos, obstáculos a se avançar em relação a isso. O tempo já é suficiente para comprovar isso: já comemoramos 90 anos da criação do rádio no Brasil, e o marco legal está atrasado pelo menos 50 anos. A Lei Geral das (Tele)Comunicações é de 1997 e também está defasada. O que pesa nessa questão é a dominação dos meios de comunicação de massa, a disputa do poder. Não é que não haja pesquisa, não haja proposta experiência, inclusive no mundo inteiro de como formalizar, regular e regulamentar uma ativi-dade com a complexidade, com as implicações políti-cas que tem as comunicações sociais numa sociedade complexa, heterogênea, rica culturalmente como é a sociedade brasileira.”

“E as desigualdades que existem em nossa socieda-de, em nosso país, também se colocam no âmbito do domínio dessa situação no mínimo de atendi-mento as suas condições econômicas, as suas con-dições sociais, culturais, educacionais e condições de vida, como é que você se capacita, se habilita a ser sujeito na produção de conhecimento, na pro-dução da cultura, na fruição do conhecimento e da cultura, na veiculação das idéias e dos conceitos, valores, não é outra coisa senão ideologia e é isso que permeia as contradições numa sociedade de classes e é isso que explica uma conjuntura como a que nós estamos vivendo hoje, uma disputa impor-tantíssima do poder, numa disputa local na esfera do Estado, que são os municípios, que são as grandes cidades, ou mesmo as médias e pequenas cidades. O que está em jogo não é só o poder institucio-nal. Ser prefeito ou prefeita, vereador ou vereadora desses cinco mil e quase seiscentos municípios bra-sileiros. O que está se disputando é o poder do es-paço local, é o espaço onde o poder popular poderá se exercitar, se exercer. Onde a democracia dire-ta, a democracia participativa tem mais espaço de se expressar, de se realizar numa democracia que não estará plenamente consolidada constituída se

ficarmos somente numa democracia representativa e não ao exercício da soberania popular através da democracia participativa.”

“Isso tudo, a cultura e a comunicação tem um imbri-camento direto nessa busca de igualdade, de opor-tunidade, de cidadania plena para toda a sociedade nessas duas áreas: cultura e comunicação, que não estejam andando articuladamente, com políticas pú-blicas complementares, se autodeterminando mutu-amente. Do lado de quem tem os meios, a tecnolo-gia, os veículos. Do outro lado você tem aquilo que a gente informa, sobre o que a gente informa, sobre o que a gente transmite, sobre o que a gente defen-de, expressa como visão, como idéias, como ideologia, como cultura. Isso é a alma da sociedade. Por isso, que há tanta resistência a democratização dos meios de comunicação. E é por isso, pelo potencial de dis-puta, pelo conflito de poder para quem esteja com a estratégia correta, esteja com a força política em con-dições de disputar nesse setor, nessa área, na área da cultura, na área da comunicação. Já estão colocados para esse segmento da sociedade, maior possibilidade, maior potencial de disputar e conquistar o poder. O poder de colocar a serviço de quem está disputando e conquistando este poder.”

“E lamentavelmente não se indaga por que essa onda conservadora. Não é só pela onda neoliberal, que desde a década de 80 se espalha pelo país afora e que refor-ça evidentemente esta dimensão atrasada, essa dimen-são de direita, conservadora de direita, reacionária, que passa evidentemente pelos valores, pelas concepções, pela visão de mundo e pela visão de Estado e de políticas públicas e, certamente, isso tudo tem a ver com a polí-tica cultural, com a política de comunicação no país. E é preciso que os militantes do campo democrático popu-lar de esquerda, e, portanto, democratas desse país, que construíram juntos esse momento da vida nacional, esse momento da vida brasileira, e nós temos que ter muito cuidado, muita preocupação para evitar retrocesso. Esse retrocesso poderá vir pelas mãos de atores que atuam exatamente nas comunicações e na cultura do país.”

“Vejamos, por exemplo, em mãos de quem estão os meios mais modernos de comunicação de massa no Brasil. As tv’s, rádios, a internet, os veículos de co-municação de massa de um modo geral estão nas mãos dos monopólios, dos oligopólios, dos segmentos que na sua essência implica em atraso, reacionalismo e moralismo que atenta contra a cidadania, contra a modernidade e contra as conquistas que a duras penas o Estado brasileiro, a sociedade brasileira vem acumu-lando ao longo, pelo menos dessas duas ou pelo me-nos desta última década em nosso país.”

“Eu me refiro aí, ao Marco Regulatório das Comuni-cações superado em décadas, o Código brasileiro, eu já tinha falado, completou 50 anos este ano, o Códi-go brasileiro de 1962. A Lei Geral das Telecomunica-ções é de 1997 também já está obsoleta. Porque es-tes mecanismos, a Lei Geral das Telecomunicações, a própria Constituição de 1988, em seu capítulo V que avança em muitos aspectos de uma política de comunicação, aliada, articulada com a cultura, com a dimensão cultural das relações sócias, das relações humanas, das relações políticas e culturais da socie-dade, que são os artigos dos direitos civis até o artigo 224. Embora a Constituição de 1988 tenha repre-sentado uma conquista extraordinária nessa área, um avanço importante, porém sem a eficácia, sem a efe-tividade e seria desnecessário. Por quê? Este capí-tulo, quase todo, ele ainda está simplesmente como dispositivo constitucional. Não foram regulamenta-dos até agora. A não ser o artigo 224 que trata sobre a criação do Conselho de Comunicação Social, que é o único instrumento e espaço de representação da sociedade civil organizada no Conselho mendigado em suas prerrogativas. Ele não delibera sobre con-cessões sobre renovações de concessões, ele não delibera sobre a política de comunicação no país. Ele simplesmente é um órgão assessor, um órgão de es-tudos e consultor do Senado Federal.”

“Esse dispositivo 224 foi o único regulamentado em 1991, por uma Lei do Governo Federal, mas levou onze anos para que o Congresso realizasse uma reu-

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nião para eleger o primeiro Conselho. Esse primeiro Conselho foi em 2002. Então foram onze anos entre a Lei que regulamentou o artigo 224, levou onze anos para se fazer a primeira eleição do primeiro Conselho de Comunicação Social mesmo com essas funções diminuídas em termos de não ter poder real de deli-berar sobre nada das comunicações sociais no país. E, mesmo esse Conselho, só teve duas gestões em dois anos. Em 2002 a 2004, de 2004 a 2006, e a partir daí caducou no Senado, o presidente do Senado não convocou uma nova sessão do Congresso para eleger um novo Conselho. Nesse tempo de seis anos foi o tempo que o Conselho ficou desativado muita coisa importante foi decidida no âmbito das comunicações sociais no país. Por exemplo, a criação da Empresa Brasil de Comunicação, que é um sistema público de comunicação estatal, foi muito importante, uma con-quista democrática no país. O Conselho estava de-sativado, não pôde sequer opinar naquele momento. Por exemplo, outra questão importante foi a decisão do modelo digital a ser adotado no Brasil, também o Conselho estava desativado. A própria Lei que criou a EBC prevê que o Conselho Curador, o seu relatório, as suas decisões, as suas avaliações, devem ser sub-metidas ao Conselho de Comunicação Social. Como ele não estava funcionando, evidentemente isso não foi considerado, esse dispositivo legal também não foi respeitado. Há, portanto, uma ilegalidade, uma in-constitucionalidade ao longo de seis anos por omissão do Senado Federal, da Mesa Diretora da Presidência do Senado Federal, apesar das cobranças que fize-mos, apesar das audiências públicas que propusemos na Comissão de Comunicação, Ciência e Tecnologia da Câmara.”

“Nesse tempo, também se realizou a I Conferência Nacional de Comunicação que o Conselho desativado também não participou, não definiu, não contribuiu. Nós estamos agora na fase da digitalização de rádio. Estamos ainda discutindo o Marco Civil da Internet, que ainda está pendente de uma decisão, de uma Co-missão Especial para depois o resultado ser submeti-do ao Plenário da Câmara, e ao Plenário do Senado.

Portanto, são questões fundamentais, que representa aquilo que é substantivo na definição de um quadro institucional e de uma política sustentada de Comu-nicação Social no país que se ressente do papel, da função, da responsabilidade do Poder Público tanto na área do executivo.”

“A gestão da Comunicação Social do Ministério tem sido muito deliniente com os empresários de comuni-cação e, sobretudo, o fato de não se ter andado junto com a política cultural do país. Embora o Ministério da Cultura tenha construído junto com os movimentos e o Ministério das Comunicações a I Conferência mas, a partir de então, não se conseguiu avançar, a não ser aquilo que se produziu de propostas aprovadas na I Conferência de Comunicação que sem dúvida ne-nhuma é base, é referência fundamental para sobre ela se elaborar um novo Marco Regulatório das Co-municações Sociais no país.”

“E agora, tendo a participação efetiva sustentada do Ministério da Cultura junto com o Ministério das Co-municações e junto com os movimentos, quem sabe a gente acumule força política, vontade política e pres-são da sociedade civil sobre o Congresso, sobre o Go-verno, para ver se a gente sai desse impasse sem ter ainda um Marco Regulatório que esteja a altura do es-tágio em que se encontram as Comunicações Sociais no mundo e no Brasil, do ponto de vista da Tecnologia da Informação, da Tecnologia da Comunicação.”

Renata Mielli

Renata Mielli é jornalista e diretora do Cen-tro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé

“A comunicação é uma dimensão da cultura e não o inverso. E no Brasil, historicamente, são áreas tratadas de forma divorciada. E este divórcio se deu por inte-

resse econômico, político e ideológico no nosso país, como colocou bem a nossa deputada Luiza Erundina. E, basta ver a Comissão da Câmara dos Deputados que debate a Comunicação, é a Comissão de Co-municação, Ciência e Tecnologia. E não a Comissão de Comunicação e Cultura. Então, por que esse di-vórcio? Acho que esta é uma questão importante de enfrentarmos. É claro que existe uma dimensão que é técnica no debate da comunicação, sem dúvida que existe. Mas é este o debate que deve estar a frente do nosso horizonte ou é o debate cultural e do conteúdo? Eu acho que é esse o debate que nós precisamos en-frentar quando nós discutimos. Quando o movimento social vai as ruas para dizer a democratização da co-municação no Brasil, quando o FNDC lança agora no dia 27 de agosto, que foi a data que comemoramos 50 anos do Código Brasileiro para a Comunicação, a campanha Para Expressar a Liberdade - Uma Nova Lei para Um Novo Tempo, é possível a gente garantir

diversidade com o ambiente legal, com os marcos da comunicação que nós temos no país”

“ O Ministério da Cultura fomenta a produção cultural, fomenta a produção da diversidade do povo brasileiro. Mas onde essa produção frui? Por onde essa produção toda é veiculada? Quando nós temos o Congresso Na-cional, finalmente depois de muita pressão, aprovando uma lei, que foi a 12.475, que criou a nova lei de serviço de TV por assinatura, onde está prevista a cota de con-teúdo nacional? As grandes empresas de comunicação vão dizer que nós estamos querendo cercear a liberda-de das pessoas porque nós estamos impondo uma cota de conteúdo na televisão. Isso não é cerceamento de liberdade, porque existe liberdade de escolha. Então, este debate ideológico precisa ser enfrentado para que a sociedade perceba que a comunicação tem a sua di-mensão de direito e não apenas de serviço.”

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Programação

SEMINÁRIO NACIONAL DE COMUNICAÇÃO PARA A CULTURA

OFICINA NACIONAL DE INDICAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA CULTURA E COMUNICAÇÃO

17 a 19 de setembro de 2012 Rio de Janeiro/RJ

Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas para Cultura e Comunicação Dias 17 e 19 de setembro de 2012 - Hotel Scorial.

A pluralidade de vozes que sustenta a polifonia brasileira – negros e negras, indígenas, intelectuais, ativistas, pessoas com deficiência, pessoas em sofrimento mental, comunidades tradicionais, ‘faze-dores (as) da cultura popular’, mulheres, representantes do movimento LGBT, do governo federal, ribeirinhos (as), pontos de cultura, segmentos organizados de rádio, televisão, audiovisual e internet, nas suas dimensões independente, comunitária, pública e privada - estará reunida durante a Oficina para contribuir na proposição de ações de Comunicação para a Cultura, que resultarão no Programa Comunica Diversidade, do Ministério da Cultura, como forma de atender as estratégias, ações e me-tas do Plano Nacional de Cultura, em especial, ao atendimento da Meta 45.

Seminário Nacional de Comunicação para a Cultura18 de setembro de 2012 - Auditório Gilberto Freyre Palácio Gustavo Capanema.

O Seminário tem como objetivo iniciar um grande debate nacional sobre políticas públicas de comuni-cação para a cultura e reunir ideias que circunscrevam e conceituem esse campo a partir da perspec-tiva do poder público, das universidades, dos (as) ‘fazedores (as) de cultura’, dos (as) comunicadores (as) populares e dos movimentos organizados que atuam nessa interface. Serão destacadas questões como Comunicação e Cultura - Cenários e Perspectivas; Comunicação para a Cultura e a promoção da Diversidade Cultural, no sentido de subsidiar as discussões da Oficina e discutir sobre o campo da comunicação para a cultura.

17 de setembro de 2012 |segunda-feira|

OFICINA NACIONAL DE INDICAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA CULTURA E COMUNICAÇÃO

9h - 10h - Apresentação do Programa Comunica Diversidade - Ações de Comunicação para a Cultura.

10h - 10h30 - Pactuação do método de trabalho para as atividades durante a Oficina.

Juana Nunes - Diretora de Educação e Comunicação para a Cultura (SPC) 10h30 - 10h45 - Pausa para café

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14h30 - Falas inspiradorasDesafios da promoção do direito à comunicação e do exercício necessário de expressão da diversidade cultural nas diversas mídias. Luiza Erundina - Deputada federal José Márcio Barros - PUC-Minas/Escola Guignard/UEMG/Observatório da Diversidade CulturalRenata Mielli - Jornalista e diretora do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé 15h30 - Roda de Conversa Por que Comunicar a Diversidade Cultural? Fala aberta a todos os participantes Thiago Skárnio - Pontão Ganesha de Cultura digital/ Alquimídia.org (provocador)Alcione Carolina - Coordenadora-Geral de Cultura e Comunicação Ministério da Cultura (mediadora)

18h30 - Término do Seminário

Dia 19 de setembro de 2012 |quarta-feira|

OFICINA NACIONAL DE INDICAÇÃO DE POLÍTCAS PÚBLICAS PARA CULTURA E CO-MUNICAÇÃO

9h - 10h45 - Grupos de Trabalho10h45 - 11h - Café11h - 13h30 - Grupos de Trabalho

13h30 às 14h30 - Almoço

14h30 - 15h30 - Fechamento dos trabalhos nos grupos

15h30 - 18h - Plenária

10h45 - 13h - Grupos de Trabalho

13h - 14h30 - Almoço

14h30 - 17h30 - Grupos de Trabalhos

17h30 - 17h45 - Pausa para o café

17h45 - 19h - Grupos de Trabalho

Dia 18 de setembro de 2012 |terça-feira|

SEMINÁRIO NACIONAL DE COMUNICAÇÃO PARA A CULTURA

9h - Credenciamento

09h30 às 10h30 - Mesa de Abertura

Comunicação e Cultura: Cenários e perspectivas

Presença de dirigentes do Ministério da Cultura, Ministério das Comunicações, Empresa Brasil de Comunicação - EBC e Fundação Oswaldo Cruz/FIOCRUZ/MS

10h30 - 11h - Café

11h - 13h30 - Falas inspiradoras

Desafios da promoção do direito à comunicação e do exercício necessário de expressão da diversidade cultural nas diversas mídias. - Carlos Alberto Almeida – Presidente da Cidade Livre (Brasília) e diretor da Telesur- Roseli Goffman – Secretária geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC (2009/2011, 2011/2013); Titular pelo FNDC da Comissão Organizadora da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (2009) e conselheira do Conselho Federal de Psicologia- Antonio Martins - Jornalista e editor do site Outras Palavras (provocador/mediador) 13h30 - 14h30 - Almoço

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A Oficina Nacional de Indicação de Políticas

Públicas para Comunicação e Cultura

A Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas para Comunicação e Cultura, realizada nos dias 17 e 19 de setembro de 2012, foi um instrumento funda-mental para solidificar a base da construção do Pro-grama Comunica Diversidade à medida que, estrate-gicamente, consistiu no momento de diálogo com a sociedade civil e no aprimoramento do trabalho reali-zado pelo Ministério da Cultura quando da construção das bases do Programa.

O intuito central da Oficina foi reunir em seis grupos de trabalho diferentes representações e interesses para discutir e construir um conjunto de ações espe-cíficas que possam ser desenvolvidas por uma política ampliada de comunicação para cultura. As diretrizes referentes às II Conferência Nacional de Cultura (Brasília), à Conferência Livre de Comunicação para a Cultura (Recife) e às do Plano Nacional de Cultura foram desdobradas em ações específicas.

Objetivos específicos da oficina:

• Construir as ações do Programa de Comunicação para a Cultura;

• Reunir experiências de segmentos variados para dis-cutir e apresentar diretrizes e ações viáveis em políti-cas públicas de Comunicação para a Cultura;

• Realizar Grupos de Trabalho com temáticas pré-definidas;

• Realizar plenária final para apresentação da compila-ção dos trabalhos em grupo.

Método implementado

Do amplo universo de propostas contidas no Pla-no Nacional de Cultura, retiramos as que de alguma forma tinham vinculação com o desenvolvimento de políticas para Cultura e Comunicação e elaboramos o material utilizado nas Oficinas.

Das diretrizes do PNC relacionadas ao papel do Es-tado, selecionamos temas ligados aos modelos de li-cenciamento de obras culturais, fomento à produção independente, atualização das leis de comunicação, possíveis parcerias institucionais e articulação de ór-gãos em políticas conjuntas na área.

No campo da diversidade cultural, temas como a pre-servação e sistematização de acervos e patrimônios, diálogo entre os grupos tradicionais, trabalhos com material audiovisual produzido pelas culturas e meios e métodos de incentivo e difusão de línguas, práticas, produções e memória cultural foram separados, todos eles pensados de maneira à costurar suas questões com o desenvolvimento de uma comunicação demo-crática e universal.

O capítulo do Plano Nacional de Cultura que mais cedeu ações para os debates foi o que trata da Uni-versalização do acesso à cultura. Muitas das ações se acham em sintonia com programas e projetos de comunicação, sendo que produção, difusão e infraestrutura estão na base dos processos de uni-versalização do acesso. As ações selecionadas de-monstram a necessidade do elo entre as políticas de cultura e comunicação.

Mãos à obra!

Os cinco Grupos de Trabalho da Oficina trabalharam com 63 ações do Plano Nacional de Cultura que fa-ziam um cruzamento com os Eixos, previamente defi-nidos pelo Grupo de Trabalho do MinC.

Estas ações foram relacionadas nos seis eixos-base para a construção do Programa (já apresentados), a saber:

Eixo 1 - Educar para Comunicar; Eixo 2 – Produção de Conteúdos; Eixo 3 - Distribuição de Conteúdos; Eixo 4 – Meios para a Comunicação;Eixo 5 - Comunicação e Protagonismo Social; Eixo 6 – Comunicação e Renda.

Cada grupo de trabalho se encarregou de redigir as ações definidas em seus debates para a apresentação no fechamento da Oficina. Após a apresentação dos resultados dos GTS pelos respectivos relatores, houve a exposição do conjunto de ações específicas para a construção do Programa Comunica Diversidade.

Concluído este momento, os participantes aprovaram as propostas de ações e apresentaram uma carta de boas vindas e apontamentos para a ministra Marta Suplicy.

As ações foram desdobradas em 197 ações específi-cas, apresentadas a seguir:

73 ações - Eixo Educar para comunicar23 ações - Eixo Produção de conteúdos28 ações - Eixo Distribuição de conteúdos38 ações - Eixo Infraestrutura/meios para comunicação

12 ações - Eixo Protagonismo15 ações - Eixo Geração de renda08 ações Transversais

Apresentamos, a seguir, a lista de ações propostas pe-los participantes, dividas conforme cada eixo:

EIXO 1 -EDUCAR PARA COMUNICAR

• Criar cursos de formação e capacitação para profes-sores e sociedade civil, agentes culturais.

• Criar um canal de atendimento específico ao público dedicado a questão dos direitos autorais;

• Estabelecer ações de aproximação com as universi-dades, utilizando os equipamentos físicos,

• Promover seminários, encontros e apresentações culturais com a participação do corpo da universida-de, gerando produtos midiáticos diversos.

• Criar um fórum intergovernamental, ligado ao go-verno municipal, para execução de projetos específi-cos de cultura e educação (estímulo a ação local) em parceria com o Conselho de Cultura.

• Criar editais e instrumentos de fomento; reservar recursos do Fundo Nacional de Cultura, realização de oficinas de capacitação em elaboração de projetos e marketing cultural em projetos dotadas com ferra-mentas online para ensino à distância.

• Realizar cursos de formação de técnicos nos Pon-

Obteve grande número de contribuições por parte dos grupos que propuseram as ações, demonstrando assim a centralidade do tripé cultura-comunicação-educação para políticas públi-cas da área. Confirmando o interesse nas ações transversais a tais temas, o eixo mobilizou uma ampla gama de possibili-dades de atuação do MinC em parcerias, projetos e editais.

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tos de Culturas para manutenção e dos equipamen-tos multimídia, criação de conteúdos e aprendiza-gem de linguagens.

• Criar editais de formação de oficineiros para a re-alização de uma campanha de criação de emissoras comunitárias em todas as cidades brasileiras.

• Promover uma campanha voltada aos produtores culturais (elaboração de cartilhas, site, spots e vi-nhetas) pela criação de emissoras comunitárias em todo o país (divulgação da Lei do Cabo) além da promoção do debate sobre o uso do canal da cida-dania na TV Digital.

• Promover oficinas de design, moda, técnicas de de-senvolvimento de novos produtos e objetos que am-pliam as possibilidades de comercialização e circulação de produtos produzidos nas comunidades tradiconais, indígenas, quilombolas, entre outros.

• Promover oficinas de roteiro específicos, preparan-do o proponente a especializar-se na produção de ou-tras formas de roteiro.

• Formar agentes culturais na área de programação de conteúdos para rádios comunitárias e livres e tvs comunitárias, universitárias, com colaboração dos sindicatos.

• Formular politicas para certificação dos saberes

de comunicadores populares e tradicionais na edu-cação formal.

• Criar de bolsas para apoiar processos formativos para produção de conteúdos.

• Promover a Formação comunitária em gestão, preserva-ção e manutenção dos acervos locais tradicionais e digitais.

• Garantir o apoio dos programas existentes para apropriação tecnológica.

• Fomentar a inclusão das praticas de comunicação, tradicional e digital, na educação básica visando a re-flexão critica sobre a mídia.

• Criar e ampliar acesso a bolsas e recursos materiais dos centros de estudos pautados a partir de propostas das comunidades e movimentos culturais.

• Realizar oficinas e encontros visando o intercam-bio da produção dos programas de extensão junto as comunidades.

• Criar linhas de pesquisas específicas com o prota-gonismo das comunidades populares e tradicionais na condução destas pesquisas.

• Realizar de rodas de conversa e de troca de conhecimen-to para intercâmbio do que foi desenvolvido e produzido.

• Criar novos mecanismos de intercâmbio e fortalecer os programas de intercâmbio já existentes, para alcan-çar o universo do público alvo do programa comunica.

• Garantir a formação técnica profissionalizante para comunicadores populares (formação inicial, conti-nuada) por meio de parcerias com sistema público e rede pública de ensino técnico e tecnológico (com IFS, NEAB, ...).

• Implantar um sistema de formação cultural e politico de comunicadores para as relações étnico raciais e da diversidade brasileira.

• Promover e garantir, no âmbito da educação formal e informal, a qualificação de agentes e multiplicado-res culturais e a criação de laboratórios de comu-nicação (cineclubes, centros culturais, mídias livres, etc), dentro dos espaços educacionais, para uso da comunidade com foco na difusão e produção da di-versidade cultural.

• Utilizar as plataformas (moodle) de EAD para qua-lificação dos agentes e multiplicadores culturais por meio de parcerias entre Governo Federal, Estadual e Municipal, além de universidades e terceiro setor.

• Garantir a inserção de agentes já formados nos Pon-tos de Cultura e Leitura na formação continuada den-tro das escolas.

• Criar editais para seleção de escolas formais e não formais com vistas a promover o programa de qua-lificação de agentes e multiplicadores culturais, bem como, a criação de laboratórios de comunicação (ci-ne-clubes, centros culturais, mídias livres, etc).

• Fomentar estudos científicos acerca do impacto só-cio-cultural junto Institutos de Ensino Superior para que sejam utilizados na construção de políticas públi-cas de cultura para comunicação.

• Promover a valorização do capítulo sobre comunica-ção do Estatuto da Igualdade Racial.

• Difundir as ações da Secretaria de Políticas para a Mulher, promovendo campanhas de conscientização acerca dos direitos das mulheres com ênfase na divul-gação da Lei Maria da Penha.

• Criar edital de chamamento público, aberto a pesso-as físicas e jurídicas, para elaboração do conteúdo dos cursos para formatação de projetos culturais. • Promover parcerias com o MEC para o desenvolvi-mento de cursos técnicos de nível médio, ou de ex-tensão, voltados para a formação de profissionais na área da cultura.

• Formar agentes multiplicadores em cultura digital.

• Criar parcerias com o MCT&I para realização de cursos para apropriação social das tecnologias da in-

“Raras vezes participei de um seminário ou oficina cujos frutos desse trabalho pudessem, de fato, ser colhidos ao término do encontro. O Seminário e a Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para Comunicação atendeu ao que veio: nos três dias de trabalho, “fazedores de cultura” de todas as regiões do país puderam refletir e discutir acerca das políticas públicas para a comunicação e cultura. E mais do que isso, puderam, cada qual representando uma vertente da enorme diversidade cultural existente no Brasil, dar sua contribuição para a elaboração das ações que permearão a execução do Plano Nacional de Cultura.

A MIDIACE – Associação Mídia Acessível, orgulha-se de ter participado deste riquíssimo encontro, que além de ter dado voz a todos os interlocutores presentes, proporcionou, sobretudo, uma intensa interação de experiências culturais entre os tantos agentes de notório saber ali presentes.”

Rodrigo Campos – Audiodescritor/Presidente da MIDIACE – Associação Mídia Acessível

“Foi uma experiência única e politicamente muito importante, por conta dos di-álogos ocorridos, aproximando assim todas as pessoas envolvidas com cultura em nosso país em sua diversidade total,facilitando assim a proximidade de nossas realidades e propostas. Levei todas as propostas e tudo que foi dialogado para minha base e estamos no aguardo da continuidade dos trabalhos,para nos forta-lecermos em interações propositivas.”

Yone Lindgren - ABGLT - Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais

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formação (em especial as de software livre) direciona-dos a comunidades, gestores e agentes culturais, com vistas à produção, difusão e fruição da diversidade cul-tural, bem como a geração de renda.

• Criar bolsas de incentivo e fomento por meio de parcerias entre os entes federados para que agentes culturais desenvolvam projetos e ações culturais em equipamentos públicos de cultura com foco na diver-sidade cultural.

• Produzir material didático-educacional que apresen-te experiências bem-sucedidas em produção inde-pendente de comunicação, com ênfase em conceitos como liberdade de expressão, cidadania, autonomia, bem como inspirados no “faça você mesmo”.

• Criar cursos de formação em licenciamento em propriedade intelectual ou patrimonio imaterial, vi-sando assegurar acesso público ao investimento pú-blico bem como a proteção do patrimonio comuni-tário - local.

• Apoiar à constituição de centros de preservação e memória locais acompanhanados de cursos em arqui-vologia, biblioteconomia e demais tecnologias pro-porcionadoras de memórias.

• Realizar um Seminário de Comunicação em Lín-guas Indígenas.

• Propor a parceria com universidades para que os po-vos indígenas possam ensinar suas línguas em discipli-nas obrigatórias, optativas ou de extensão.

• Formar tradutores para: inclusão de legendas de vídeos, tradução de websites e software, produção de dicionários.

• Realizar seminário - oficina, em parceria com a secreta-ria nacional de promoção do direito das pessoas com defi-ciência (SNPD), poder público, academia e organizações, com o intuito de de promover a formação e capacitação de deficiêntes para trabalho nos meios de comunicação.

• Realizar Seminário pelo MinC sobre o papel das rádios, tvs e outras mídias universitárias com vistas à promoção da produção cultural.

• Fomentar a ampliação dos programas de extensão universitária voltados para a democratização das co-municações, promovendo a inserção dos grupos cul-turais ao ambiente universitário.

• Estimular a criação de cursos de extensão voltados para grupos culturais com interesse em aprender a construir e operar meios tecnológicos produtores e difusores de comunicação e cultura.

• Fomentar a parceria entre pontos de cultura, ação grio e demais comunidades tradicionais e universida-des para o reconhecimento e promoção de tecnolo-gias específicas a estes grupos, no sentido de ampliar o universo do conhecimento e produção científica.

• Adotar e fortalecer o uso e desenvolvimento de sof-twares livres enquanto ferramenta de criação através de políticas de formação e capacitação.

• Formar no interior dos grupos culturais tradicionais, os agentes de comunicação comunitária habilitandos--os à participação e representação em fóruns e ins-tâncias de discussão e deliberação de políticas públi-cas de comunicação e cultura.

• Promover experiências de formação nos usos dsa TIC, que preconizem a cidadania, a participação e gestão coletiva, a troca e a prática de produção de conteúdo voltadas à comunidade escolar, coletivos e movimentos sociais.

• Promover linhas de intervenção sobre o impacto so-cioeconômico e cultural das inovações tecnológicas e da economia global sobre as atividades produtivas da cultura e seu valor simbólico nas instituições de ensi-no, inclusive levando em consideração os temas dos eixos do Programa Comunica Diversidade, por meio de bolsas de pesquisa e extensão (CNPq e CAPES) • Promover um Chamamento e estabelecimento de premiação visando a promoção de experimentações estéticas sobre o impacto socioeconômico e cultural das inovações tecnológicas e da economia global sobre as atividades produtivas da cultura e seu valor simbólico.

• Realizar oficinas/seminário/debates/encontros de formação buscando gerar a reflexão sobre o impacto socioeconômico e cultural das inovações tecnológicas

e da economia global sobre as atividades produtivas da cultura e seu valor simbólico.

• Criar formas de contrapartidas, a serem estabeleci-das entre a universidade e as comunidades artísticas e tradicionais e os movimentos culturais, a exemplo, por meio de bolsa destinada às comunidades fontes.

• Incentivar o debate nas comunidades que detém os saberes tradicionais a respeito da propriedade e direi-to intelectual coletivo para propiciar uma maior cons-cientização sobre seu patrimônio cultural imaterial.

• Conceder de bolsas de extensão para a comunidade não escolar, isto é, comunidades artísticas e tradicio-nais e movimentos culturais, para a realização de pes-quisa de base comunitária.

• Estabelecer Termo de Cooperação com univer-sidades que desenvolvam pesquisa e extensão em comunicação voltada à cultura para formação de comunidades e movimentos culturais em educomu-nicação e na apropriação do uso das novas tecnolo-gias de informação e comunicação para potencializar a produção e circulação de conteúdos da diversidade cultural brasileira.

• Estabelecer, por meio do PROEXT (Cultura) , fi-nanciamento anual para a produção de conteúdos e premiação de produções já realizadas conjuntamente pelas comunidades, movimentos culturais, universida-des e núcleos de extensão.

“O seminário foi bastante importante para deixar claro o desejo de parte significativa da sociedade civil que discute a cultura, de que o Ministério da Cultura possa cada vez mais influir na garantia políticas públicas de comunicação que o país precisa. Oxalá haja outros momentos em que possamos dialogar da mesma forma de modo a avançar em uma área em que a população continua alijada. Por mais que tenhamos avançado bastante nas políticas de incentivo à produção cultural, sem um novo paradigma de distribuição, esta mesma pro-dução permanecerá invisível para uma boa parcela da população.”

Ivan Moraes Filho - Centro de Cultura Luiz Freire, Olinda

“Foi uma iniciativa pioneira! Primeiro, pela forma aberta e realmente democrá-tica com que as questões foram debatidas. A diversidade cultural o engajamento com o tema era o que nos distinguia e, ao mesmo tempo, nos unia. Orgulho-me de ter participado de um evento que não só identificou os problemas, mas também elaborou propostas para solucioná-los. Segundo, pelo fato do MinC ter incentiva-do nossa presença e participação, custeando a nossa vinda e estadia no Rio, o que ampliou as possibilidades e encontros.

Joana Meniconi - Associação Imagem Comunitária – AIC

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• Oferecer formação presencial aos grupos e organi-zações para a captação e gestão de recursos.

• Promover pesquisas, produção e difusão das artes e expressões culturais em formato de intercâmbio, por meio de oficinas e experimentações.

• Oferecer formação os grupos para o uso das ferra-mentas de comunicação a fim de que possam ter sua produção em circulação.

• Organizar uma ciranda de saberes para multiplicar a troca de saberes envolvendo comunicadores, artistas e movimentos sociais.

• Oferecer formação continuada presencial sobre as diferentes linguagens e formas narrativas na comuni-cação audiovisual (cineclube, rádio), texto (fanzines, li-vros. Cordel), fotografia, grafite podendo ser realizado por meio de unidades móveis, à distância e presenciais.

• Oferecer formação crítica sobre os usos das novas tecnologias à distância e presencialmente.

• Criar e organizar de um banco colaborativo de conteúdos para apoio a formação nos usos da co-municação para cultura que auxiliem a prática e promova também aprendizados. Deve contemplar as diferentes expressões artísticas, a exemplo, au-diovisual/cineclubes.

• Oferecer formação continuada, aberta à popula-ção, em locais como FUNARTE, cineclubes, pontos de cultura e NPDs. Esta formação deverá ser feita por formadores locais e externos, a serem selcio-nados por meio de editais de ocupação voltado aos grupos independentes.

• Mapear, organizar e ampliar (quando necessário) uma rede de formação em comunicação e audiovisual popular articulando os equipamentos e iniciativas já existentes.

• Oferecer oficinas comunitárias e populares para a formação audiovisual, arte digital, jogos eletrônicos, videoarte, documentários, animações, internet e ou-tros conteúdos para as novas mídias.

• Oferecer formação sobre o circuito de comerciali-zação (feiras e rodadas de negócio) de produtos rela-cionados ao audiovisual, arte digital, jogos eletrônicos, videoarte, documentários, animações, internet e ou-tros conteúdos para as novas mídias.

• Estender às escolas públicas as oficinas de formação em audiovisual, arte digital, jogos eletrônicos, videoar-te, documentários, animações, internet e outros con-teúdos para as novas mídias.

• Ofertar oficinas municipais para conscientização da população sobre sobre a importância dos conselhos de cultura e de comunicação.

• Ofertar oficinas regionais para incindir politicamen-te no sistema público de comunicação mediante o conhecimento das leis e suas regulações, voltadas à população em geral, em especial aos comunicadores populares, independentes e comunitários.

• Fortalecer a Oficina Nacional de Inclusão Digital e Participação Social na sentido da melhor articulação entre ações do Estado e a sociedade civil.

• Criar um edital para grupos que façam a formação em ferramentas livres para a comunicação.

• Criar um edital de seleção de projetos que promovam a formação das comunidades visando o uso e tratamen-to de dados públicos para ampliação da participação so-cial, no que diz respeito ao acesso às informações.

• Apoiar políticas de inclusão digital e de criação, de-senvolvimento, capacitação e utilização de softwares livres pelos agentes e instituições ligados à cultura.

EIXO 2 - PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS

• Promover a sensibilização e estímulo ao uso dos bancos de acervos livres por meio de campanhas nas escolas e grupos sociais, em parcerias com outros programas e ações realizados pelo Governo Federal.

• Criar e fortalecer ações que garantam a divulgação da diversidade das manifestações culturais como edi-tais de produção e circulação de conteúdos.

• Instrumentalizar a lei de Direitos autorais de forma a ampliar o uso sem fins lucrativos ou para fins sociais. Ex. Pagamento de ECAD na Marcha LGBT.

• Criar um Núcleo de Produção colaborativa e cata-logação de conteúdos didáticos para a promoção da diversidade cultural, por meio de publicações com dis-tribuição nacional, em plataforma digitais (e-books)

• Criar comissões técnicas, com a participação de re-presentantes da comunidade, pessoas com notório saber na temática e assessoria jurídica para a realiza-ção de mapeamento, diagnostico e registro de paten-te de manifestações e saberes tradiconais..

• Criar editais de oficinas de produção de conteúdos em rádios e tvs comunitárias.

• Criar editais de produção de micrometragem e ro-teiros, por meio de celulares e câmaras fotográficas, para exibição em festivais, como por exemplo: festival do Minuto, série de tv (comunitárias, tv brasil) volta-dos a jovens de comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas, entre outros, com conteúdo.

• Criar metodologias para a produção, publicação e difusão sustentável que se utilize das praticas da cul-tura digital, resultantes das experiências acumuladas.

• Estabelecer financiamentos do governo federal para criação de programas de rádio e tv com protagonismo popular e tradicional para difusão e veiculação em ca-nais públicos.

• Criar editais públicos específicos e garantir a aprovação de projetos junto ao Fundo Nacional de Cultura que contemplem a criação de programas e conteúdos para rádio e televisão (comerciais e do campo público) e internet, visando a formação do

Muitas das ações se entrelaçam com outros eixos, como o “Educar para Comunicar” e “Distribuição de conteúdo”, deixando claro o nível de integração en-tre as ações de produção, distribuição e formação.

público e a familiarização com a diversidade cultu-ral brasileira.

• Criar um edital específico para povos indígenas pro-duzirem conteúdo cultural em suas próprias línguas.

• Promover parcerias (através de contrapartidas e utilização da infraestrutura universitária) para pro-dução de conteudo voltado para a democratização da comunicação.

• Estimular a criação de cursos em parcerias com cen-tros de pesquisa e universidade em produção de con-teúdo cultural em software livre e hardware.

• Fomentar a produção de uma revista de circulação nacional, com foco em um observatório cultural com a contribuição de grupos tradicionais.

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• Fomentar a prduçao de conteúdos educativos (para-didático) contendo elementos que propiciem a apro-priação do uso das novas tecnologias de informação e comunicação (exemplo: Almanaque de cultura digital) nos diversos suportes (livros, quadrinhos, ebooks, fan-zine, documentários, games).

• Estabelecer termo de cooperação com várias uni-versidades que atuam junto às comunidades e movi-mentos culturais para a reunião de conteúdos pro-duzidos nesta rede visando a organização, produção de metadados, distribuição de licenças e disponibili-zação na plataforma de conteúdos do Programa Co-munica Diversidade.

• Criar um edital específico para estimular a produ-ção dos grupos e organizações coletivas de pesquisa, produção e difusão das artes e expressões culturais, especialmente em locais habitados por comunidades com maior dificuldade de acesso à produção e fruição da cultura.

• Regular que parte (1%) do FSA seja regionalizada e gerida pelas secretarias estaduais de cultura com a par-ticipação dos conselhos a fim de promover o incremen-to da produção regional de conteúdos audiovisual.

• Criar um edital para a pesquisa e produção oficinas comunitárias e populares para a formação audiovisual, arte digital, jogos eletrônicos, videoarte, documentá-rios, animações, internet e outros conteúdos para as novas mídias visando o desenvolvimento de processos e experimentações.

• Estimular o equilíbrio entre a produção artística e as expressões culturais locais em eventos e equipamen-tos públicos, valorizando as manifestações e a eco-nomia da cultura regional, estimulando sua interação com referências nacionais e internacionais.

• Criar um edital voltado ao incentivo revistas culturais, periódicos e publicações independentes digitais (blog, ebooks, revistas eletrônicas) e impressas, voltadas à crí-tica e à reflexão em torno da arte e da cultura (conside-rar o custo amazônico de 30% a mais do valor).

• Realizar uma parceria com os Correios para redu-ção de valores de postagem de materiais culturais impressos destinado às escolas públicas, telecentros, pontos de cultura, bibliotecas e instituições sem fins lucrativos. Edital voltado ao incentivo revistas cultu-rais, periódicos e publicações independentes digitais e impressas, voltadas à crítica e à reflexão em torno da arte e da cultura (considerar o custo amazônico de 30% a mais do valor)

• Documentos digitais com aplicativos para dispositivos móveis para serem distribuídos para a comunidade escolar.

• Edital para desenvolvimento de tecnologias livres para o uso da comunicação, incluindo softwares de edição de áudio, vídeo, dentre outros.

• Fornecer material de conteúdos culturais destinado à rede de formação do Programa Telecentros.br

EIXO 3 - DISTRIBUIÇÃO DE CONTEÚDOS

• Criar um órgão responsável pela assessoria e planeja-mento de projetos de distribuição de conteúdos culturais.

• Criar polos de distribuição da produção cultural por região do país,

• Criar um portal público que integre e disponibilize con-teúdos sob licenças flexíveis, metodologias e formatos.

• Implantar um Núcleo de Produção colaborativa e catalogação de conteúdos didáticos para a promoção

da diversidade cultural, por meio de publicações com distribuição nacional, em plataforma digitais (e-books)

• Criar de editais de digitalização de acervos privados em disponibilização de licenças públicas.

• Retomar o Edital Relevando os Brasis. • Retomar o Prêmio Mídia Livre comunicadores po-pulares e alternativos. Eixos 5 6

• Fomentar, por meio de editais adaptados à realidade cultural de cada comunidade, a produção de conteúdos para a difusão nas emissoras públicas de rádio e televisão.

• Tornar Lei o Prêmio Mídia Livre

• Criar Editais de aquisição de conteúdo para as emis-soras públicas e comunitárias.

• Elaborar uma legislação de registro em comercialização de saberes tradiconais e coletivos com participação e anu-ência dos representantes desses segmentos (Biopirataria).

• Criar um selo de certificação de produto cultural brasileiro com código QR, em conformidade com os registros de patrimônio imaterial, para os mate-riais comercializados produzidos nas comunidades tradicionais e periféricas, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, caiçaras, entre outros. Uma ação con-junta com a Funai, o MMA, a SEPPIR, a FCP--MinC, IPHAN e demais instituições relacionadas a temática.

• Estabelecer parcerias com coletivos de comunica-ção e pontos de cultura para o registro e divulgação das reuniões dos conselhos municipais e estaduais de cultura.

• Promover feiras de economia solidária e comercia-lização de conteúdos, incluindo roteiros audiovisuais,

Apontou para o desenvolvimento de ações inte-gradas e transversais ao eixo de produção e parte relevante também ao eixo de formação. Houve, desde o planejamento da oficina, discussão acer-ca da interligação entra as esferas de produção e distribuição, ficando clara a necessidade de se pensar formas de integra-las em políticas efi-cientes, criativas e conjuntas.

mesas de debates, rodas de conversa, em âmbito re-gional, entre produtores e agentes culturais e emisso-ras públicas, privadas e comunitárias.

• Criar um edital para os conselhos municipais de cul-tura encaminharem e validarem planos de acão cultu-ral que atenda as demandas dos grupos minoritários .

• Construir planos de comunicação regionais para di-fundir e orientar as ações relacionadas a diversidade cultural de grupos e comunidades, emissoras, sites, rádios livre, comunitária, produtoras independente, pontões. Implementar o Estatudo da Igualdade Racial no artigo destinado a comunicação.

• Mapear as ações, iniciativas e produções culturais das comunidades tradicionais e populares.

• Fazer seminários anuais itinerantes das estéticas da diversidade cultural, visando repensar o padrão de produção cultural.

• Garantir a difusão da produção artística e cultural jun-to a Rádios e Tvs públicas, por meio da atuação de Con-selhos de Cultura e Comunicação nas esferas estaduais e municipais (instâncias de participação popular)

• Retomar e redesenhar o cine mais Cultura e o cine mais educação visando também a distribuição dos conteúdos regionais, populares e independentes em seus Editais.

• Desenvolver, no âmbito da EBC, um departamento de produção e veiculação de propagandas governa-

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mentais com reversão dos recursos pagos pelo gover-no para fortalecimento da comunicação pública.

• Criar mecanismos públicos de distribuição física, e de fomento à criação compartilhada.

• Regulamentar o art. 222 relativamente a produção independente, com percentuais que garantam a di-versidade cultural e observando horários de veiculação cujo acesso da população seja apropriado.

• Fortalecer o Sistema Nacional a Cultura, no que tange a produção e circulação do audiovisual. • Estabelecer que os projetos selecionados por meio de editais apresentem plano de distribuição e acesso aos conteúdos produzidos.

• Estabelecer critérios objetivos no que diz respeito à distribuição dos produtos culturais produzidos com recursos públicos, tais como teto mínimo para acesso gratuito ao produto final e realização de estudos para se criar uma tabela com preços máximos a ser prati-cados, de acordo com o valor de captação do projeto. • Abrir espaços na programação dos diversos meios (Rádio, TV, Cinema e jornal) para a difusão dos pro-dutos culturais em línguas indígenas.• Promover as tecnologias e produções científicas da universidade em comunidades e grupos culturais de interesse que tenham ligação com a produção da obra.

• Impulsionar cineclubes à distribuição de conteúdos, instituindo que toda a produção audiovisual realizada com recursos públicos tenha uma versão da obra dis-ponível para download ou logística de envio em mídia para exibição nos cineclubes.

• Digitalizar os acervos do Minc para acesso universal e gratuito.

• Instituir licença pública adequada para a facilitação da distribuição do conteúdo pelos cineclubes.

• Produzir tutoriais, material didático e de divulgação online que fortaleçam as iniciativas de capacitação e fomento ao uso de meios digitais.

• Fomentar a produção de uma revista de circulação nacional, com foco em um observatório cultural com a contribuição de grupos tradicionais.

• Premiar ações exitosas em cultura e comunicação, vol-tadas a proteção e promoção das próprias culturas que utilizam as mais variadas tecnologias de comunicação.

• Incentivar as experimentações estéticas, por meio de festivais, sobre o impacto socioeconômico e cultural das inovações tecnológicas e da economia global sobre as atividades produtivas da cultura e seu valor simbólico.

• Organizar em rede as universidade para promover a circulação, a distribuição e a troca de conteúdos pro-duzidos entre comunidades, movimentos culturais, universidades visando as tvs e rádios universitárias.

• Distribuir material para a formação em formato im-presso ou em mídia considerando o custo amazônico.• Catalogar e disponibilizar o acervo para troca de conteúdos digitais entre a rede de formação popular.

• Criar e fortalecer mostras e festivais de ampla divul-gação obras audiovisuais, digitais e desenvolvidas por meio de novas tecnologias.

• Migrar o sistema MinC para uso de software livre para servir de exemplo à administração pública.

EIXO 4 – MEIOS PARA A COMUNICAÇÃO

• Criar um canal de atendimento específico ao públi-co dedicado ao suporte de tecnologias livres.

• Formar comitês indicados por representantes da sociedade civil para fomentar para a ocupação dos proddutores locais e a elaboração da grade de progra-mação dos canais cidadania na TV e no Rádio Digital.

• Criar uma rede formada por tvs e rádios comunitá-rias, para acesso aos conteúdos.

• Criar laboratórios de comunicação para projetos de gêneros, formatos e temáticas para construção de metodologias para catalogação e disponibilização de saberes tradicionais em disponibilização em acervos a serem instalados em comunidade periféricas, como comunidades quilombolas, indígenas, e em institui-ções de ensino, equipamentos culturais.

• Estabelecer convênios com equipamentos culturais para conexão banda larga e equipamentos multimídia para a transmissão e distribuição de acervos aos meios de comunicação públicos e comunitários.

• Divulgar todas as ações e programas através das rá-dios e TVs comunitárias e dos mais diversos meios de comunicação que realmente atingem a população.

• Criar centros de memorias regionais.

• Garantir o acesso e o controle dos acervos de em-presas que possuem concessão publica.

• Garantir o desenvolvimento de tecnologias para acervos locais comunitários sincronizáveis.

• Garantir recursos para o acesso público e manuten-ção dos acervos.

Fundamental para que os outros eixos se realizem materialmente e educacionalmente, este eixo tem uma responsabilidade central. Dele saíram propos-tas e soluções que dão abertura para a realização de diversas outras propostas.

• Garantir o desenvolvimento e acesso as tecnologias para publicação e difusão das produções a partir dos acervos locais.

• Incluir os centros comunitários sede dos acervos na RNP.

• Articular o MinC junto aos outros órgãos que garan-ta o uso dos meios e das tecnologias de comunicação para os projetos culturais e sociais.

• Garantir o livre acesso para as comunidades a infra-estrutura física e logística dos centros de estudos nas mesmas formas garantidas a comunidade acadêmica.

• Estabelecer parcerias com Ciência e Tecnologia para publicação de editais específicos visando a criação de centros de pesquisas comunitários e populares situa-dos nas próprias comunidades.

• Integrar a política do Comunica com a política de Acervo.

• Criar infraestrutura popular de rede, de hospeda-gem, de data “center”, utilizando também o espec-tro eletromagnético analógico que ficará livre com a transição do sistema digital de tv, assegurando que os espaços populares sejam detentores e desenvolvedo-res de infraestrutura de rede. Obs: forte impacto na geração de renda.

• Fomentar a criação e manutenção de laborató-rios locais de audiovisual para produção colabora-tiva de conteúdos que atendam as demandas di-versidade cultural.

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• Multiplicar os núcleos de produção digital (NPD) em pólos de desenvolvimento audiovisual.

• Viabilizar parcerias com universidades ou centros de documentação para a preservação e divulgação de acervos digitais de cunho cultural.

• Promover parcerias com universidades e centros de do-cumentação, por exemplo, para digitalização do acervo da memória cultural de modo a permitir o acesso público.

• Assegurar, por exemplo, que todos os projetos au-diovisuais aprovados pelo Ministério da Cultura e, em especial pela Ancine, contemplem os recursos de acessibilidade, tais como a Audiodescrição para as pessoas com deficiência visual e a legenda e/ ou Libras para o público com deficiência auditiva.

• Criar um check list com itens de acessibilidade, a ser disponibilizado no Salicweb, que contemple todos os recursos de acessibilidade com vistas a assegurar que apenas os projetos adequados aos recursos de aces-sibilidade com tecnologia assistiva, sejam aprovados pelo Ministério da Cultura e suas vinculadas.

• Criar uma plataforma que ofereça cursos específi-cos para formatação de projetos culturais a serem dis-ponibilizados gratuitamente via internet, bem como, criar e disponibilizar kits com o material didático.

• Estabelecer parcerias através de pactuação entre go-verno federal, estados e municípios e o DF, que garan-tam a disponibilização e acesso aos espaços culturais e espaços de utilidade pública, para o atendimento das demandas culturais das comunidades e agentes culturais.

• Criar programas que ofereçam equipamentos para armazenamento e disponibilização de acervo digital relativo à memória comunitária.

• Disponibilizar computador-servidor para armaze-namento e acesso distribuído a conteúdos em língua indígena ou de interesse para tais línguas.

• Criar um sistema agregador de dado, em software li-vre, que permita a consulta de informações referentes a diferentes línguas indígenas que estejam armazena-das em diferentes bancos de dados.

• Fomentar o surgimento de rádios indígenas empe-nhadas na proteção e difusão das suas línguas.

• Criar uma concessão de canal de tv exclusivo dos povos indígenas no contexto da digitalização.

• Disponibilizar banda larga para transmissão online dos cineclubes.

• Fomentar o uso de energias limpas (dínamo, placa solar, eólica, armazenamento em baterias) para ope-ração dos estúdios móveis.

• Fomentar a parceria entre pontos de cultura, ação grio e demais comunidades tradicionais e universida-des para o reconhecimento e promoção de tecnolo-gias específicas a estes grupos, no sentido de ampliar o universo do conhecimento e produção científica. • Apoiar a criação de rádios e TVs de baixa potência com viés educativo e cultural, que inclua a participa-ção e criação das comunidades em seus entorno.

• Disponibilizar a conexão em banda larga para o es-túdio móvel.

• Reservar o espectro radioelétrico para transmissão dos conteúdos produzidos pelo estúdio móvel.

• Construir uma plataforma livre de áudio, na dimen-são das rádios, em rede, integrada e online para uso

das rádios web, comunitárias compartilharem e troca-rem conteúdos.

• Construir um canal de compartilhamento de conte-údos oriundos do processos formativos e colaborati-vos integrado aos acervos.

• Comprar equipamentos para a produção gráfica e torre para a cópia de CDs a serem distribuídas nas localidades com maior dificuldade de acesso à produção e fruição da cultura produzida localmente para aquela região.

• Mapear os equipamentos e soluções tecnológicas da rede de formação em comunicação e audiovisual popular (FUNARTE, cineclubes, pontos de cultura e NPDs) para organizar as futuras aquisições. • Comprar equipamentos necessários para a produ-ção de obras audiovisuais, digitais e desenvolvidas por meio de novas tecnologias.

• Criar núcleos de produção com equipamentos tecnoló-gicos compatíveis ao exercício do audiovisual, arte digital, jogos eletrônicos, videoarte, documentários, animações, internet e outros conteúdos para as novas mídias.

• Customizar da plataforma para intercâmbio de con-teúdos digitais (RNP) para a disponibilização e troca de acervos audiovisuais para tv e rádio que abrigará num ponto da rede as diversas produções de conteú-do advindas dos produtores independentes, comuni-tários e populares.

• Desenvolver um aplicativo integrador de bases de dados já existentes promovendo a federação de acer-vos já existentes por meio de busca integrada.

• Desenvolver soluções tecnológicas (softwares livres) para interação de conteúdos produzidos com demais conteúdos existentes e complementares.

“O Seminário e Oficina Nacional de Indicação de Políticas Pú-blicas para Cultura e Comunicação, realizado pelo Minc e pela Fundação Oswaldo Cruz, proporcionou uma construção de conhe-cimento nunca antes vista em nosso país. Deu-se voz aos produtores de conteúdos. Não só voz. Deu-se entendimento e ação. Foi possível contribuir de forma efetiva para o planejamento das políticas pú-blicas trabalhadas no que tange a comunicação e cultura, além de compartilhar experiências, projetos e ações junto às comunidades. Toda a iniciativa que promova o debate entre agentes culturais, os meios de comunicação e os representantes da sociedade civil em prol da democratização na mídia será validada e aclamada por todos que lutam por acesso livre à comunicação, e defendem a ex-pressão da pluralidade cultural brasileira. Nós da TVCOMDF – TV Comunitária de Brasília, e da ABCCOM – Associação Brasileira de Canais Comunitários, agradecemos a oportunidade e nos co-locamos à disposição para todas as atividades que fomentem este processo de democratização da comunicação e cultura.”

Paula Rocha Nogueira - Secretária Executiva da ABCCOM – Associação Brasileira de Canais Comunitários, Consultora de

Comunicação da TVCOMDF – TV Comunitária de Brasília

“Considerei fundamental a oportunidade de participar do Semi-nário e Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas para Cultura e Comunicação. A iniciativa de reunir representantes dos mais diversos segmentos que atuam para a defesa da diversidade cultural e da democratização da comunicação, propiciou o diálogo entre pessoas de regiões, etnias, gêneros e de grupos sociais diver-sos, ampliando o universo dos debates, nos quais as proposições para a cultura e comunicação formaram um painel abrangente e com o qual espero ter contribuído para que venham a se tornar po-líticas públicas efetivas para o setor.”

Saskia Sá - Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros

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• Retomar a participação social do PNBL.

• Viabilizar uma política de acesso à banda larga, prio-ritariamente aos locais não atendidos pelo mercado nem por outras políticas do governo, como PNBL e cidades digitais.

EIXO 5 - COMUNICAÇÃO E PROTAGONISMO SOCIAL

• Criar e fortalecer ações que garantam a divulgação da diversidade das manifestações culturais como edi-tais de produção e circulação de conteúdos.

• Criar um edital temático para a execução de programas com conteúdos seriados, multimeios a serem realizados por grupos independentes, respeitando a regionalidade.• Implementar o Estatuto da Igualdade Racial no arti-go destinado a comunicação.

• Criar um selo de empresas parceiras que desenvol-vam iniciativas baseadas em economia solidária, crian-do uma estratégia de incentivo dentro dos projetos apoiados pelo MinC.

• Criar linhas dentro dos programas existentes qual o Certifique do MEC.

• Garantir o direito de pautar pesquisa e desenvolvi-mento acadêmico ou ações especificas focadas nas

necessidades das comunidades.

• Garantir recursos para dar continuidade as ações dos programas de extensão ao fim de manter a pesquisa e o desenvolvimento também na comunidade junto com a memoria dos trabalhos já desenvolvidos.

• Apoiar pesquisa sobre línguas indígenas que se perderam.

• Apoiar financeiramente professores e traduto-res indígenas.

• Identificar os agentes comunitários de comunicação capazes de operar o estúdio móvel, promovendo o ro-dízio de uso do equipamento entre grupos seleciona-dos em áreas rurais e remotas de centros urbanos.

• Mapear os grupos culturais tradicionais, criando nestes grupos agentes de comunicação comunitárias habilitados à participação e representação em fóruns e instâncias de discussão e deliberação de políticas públicas de comunicação e cultura.

• Produzir e valorizar conteúdos que promovam a di-versidade étnico-cultural com a participação dos fa-zedores e mestres da cultura tradicional.

• Fomentar/criar editais para concessão de bolsas aos Mestres para que comuniquem seus saberes e fazeres.

• Criar um Edital de concessão de bolsas para comu-nicadores comunitários ou populares.

• Conceder bolsa para a agentes comunitários e po-pulares que já produzem obras audiovisuais, digitais e desenvolvidas por meio de novas tecnologias.

EIXO 6 – COMUNICAÇÃO E RENDA

• Criar mecanismos para a comercialização de pro-dutos artesanais de pequenos produtores num portal (e-commerce) gerenciada pelos Pontos e Pontões de Cultura. Articular ao portal ações de fomento ao em-preendedorismo solidário;

• Promover junto ao fórum intergovernamental a tro-ca de experiências com modelos de negócios e asso-ciações de apoio a comercialização através de feiras, fóruns e editais.

• Criar e promover a manutenção de bolsas para “Ani-mação de Rede” (WebCoach) para estímulo de pro-dução e difusão de conteúdos culturais nas redes e mídias sociais.

• Destinar a verba publicitária do MinC aos meios de comunicação comunitários e alternativos com com-provada atuação da área (rádios, tvs, jornais de bairro, zines, sites, blogs e perfis em redes sociais).

• Construir Portal para comercialização de produtos pro-duzidos de comunidades tradicionais, indígenas, quilom-bolas, entre outros, promovendo a economia solidária.

• Criar mais editais para setores específicos tentando limi-tar o acesso as realidades populares, comunidades tradi-cionais e da sociedade civil, desburocratizando o processo, com os seguintes temas: Mídia Livre, Curta metragem.

• Garantir a continuidade dos editais, todos os anos, como politica de estado.

• Criar um edital específico para povos indígenas pro-duzirem conteúdo cultural em suas próprias línguas.

• Organizar programa de ensino-aprendizagem de lín-guas indígenas de modo a gerar trabalho e renda para as comunidades e seus agentes.

• Disponibilizar no site de referência do estúdio mó-vel uma seção para venda e compra, estimulando-se outras formas de acúmulo de crédito para aquisição dos bens culturais, bem como para doação financeira voltada às comunidades envolvidas com o projeto.

• Promover novas formas de remuneração e crédito em portal disponível na Internet para conteúdos ama-dores e experimentais.

• Fazer circular exemplos bem sucedidos de experiên-cias de geração de renda a partir de conteúdos ama-dores e experimentais.

• Promover programas específicos para cotistas uni-versitários no campo da comunicação para a valoriza-ção da diversidade no ambiente acadêmico.

• Estimular políticas de criação de mercado de pro-dutos CRIADOS no Brasil, e não feito\montado no Brasil, passando pela industria criativa e de criação.

• Construir um banco de cadastro de trabalhadores e produtores independentes no campo das TICs para

Voltado para a construção de ações de incentivo para a economia, renda e sustentabilidade, em harmonia com ações de economia criativa e outras iniciativas de renda e trabalho, indicou a maioria das ações focadas na abertura de ferramentas para o desenvolvimento da sustentabilida-de das produções culturais. A economia solidária apareceu como modelo importante para pensar tais ações.

Com foco para a promoção do protagonismo e da diversidade através de ações de comunicação e cultura, teve como principal desafio oferecer iniciativas que apoiem, divulguem e abram pos-sibilidades para a diversidade se expressar, por meio de suas manifestações culturais pelos meios de comunicação.

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ser alvo de prestação de serviços para as demandas do poder público (municipal, estadual e federal). • Criar um selo cultural visando reconhecer, certifi-car e valorizar grupos que produzam conteúdos. Esse processo de reconhecimento deverá ser estabelecido em conjunto com a sociedade civil.

• Organizar o processo de compras públicas de con-teúdo produzido por grupos e organizações coletivas que estejam excluídos da indústria cultural.

• Formatar uma feira anual de negócios, em parceria com BNDES, MDIC e SEBRAE, para a compra, venda e exposição de produtos, fei-tos por produtores independentes, comunitá-rios e populares, de audiovisual, arte digital, jogos eletrônicos, videoarte, documentários, animações, internet, aplicativos de util ida-de pública e social e outros conteúdos para as novas mídias visando o desenvolvimento de processos e experimentações.

• Criar editais para a seleção de participantes que terão despesas custeadas em eventos de promo-ção de negócios e circulação cultural no Brasil e no exterior.

• Estabelecer, junto ao poder público, cotas para a aquisição pública de revistas culturais, periódicos e publicações independentes.

“A retomada do construtivo diálogo do Ministério da Cultura com a Sociedade Civil na elaboração de suas políticas públicas veio acompanhada de uma grande expectativa em se unir o campo de intervenção da cultura ao da comunicação. Destaque--se a metodologia da Oficina proposta que, de maneira aberta, deu oportunidade ao conhecimento de quem atua no campo da cultura de apontar meios e resultados desejados para as novas iniciativas de governo. Que o diálogo renda bons frutos e seja mesmo permanente!”

Thiago Novaes- Digital Radio Mondiale - Brasil

Um conjunto de ações que não estavam rela-cionadas especificamente a um eixo, mas que se relacionavam a um ou mais eixos, ficou conceitu-ado como Ações transversais aos eixos.

Galeria de fotos I

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Para esse momento de elaboração de ações, foram convidadas diversas entidades/instituições/coletivos/associações que estiveram envolvidas em proces-sos coletivos em favor da cultura e da comunicação, como: I CONFECOM, da FRENTECOM, da Con-ferência Livre de Comunicação para Cultura (Recife), das Conferências Nacionais de Cultura e da Comis-são Nacional de Pontos de Cultura.

Buscamos contemplar a participação de instituições, de diversas partes do país, que trabalham a comunica-ção, no que diz respeito à acessibilidade, para suscitar provocações no fazer cotidiano de todos (as) os (as) comunicadores (as). Além de envolver os pontos de cultura, de cultura digital, os de mídia livre e cineclu-bes, esse recorte buscou equilibrar vários atores di-versificando segmentos culturais e linguagens. Reu-

OS PARTICIPANTES

nimos coletivos plurais, que lutam e se organizam pelo direito à comunicação, pela cultura livre, pela cultura em rede, pela diversidade... Universidades que estão pesquisando, formando e compartilhando conheci-mento e informação, e instituições/coletivos que fa-zem TV, rádio, blog, revistas, cinema, etc.

I CONFECOM, A sociedade brasileira elaborou, por meio da I Conferência Nacional de Comunicação ocorrida em 2009, um conjunto de diretrizes para a construção de uma política de comunicação para o país. A Conferência, que tinha como tema “Comunicação: Meios para a Construção de Direitos e de Cidadania na Era Digital” teve o Ministério da Cultura como membro da comissão organizadora e foi representado pelo maior número de delegados do segmento poder público.

Lista de participantes - Seminário e Ofina de Indicação de Políticas Públicas para Cultura e ComunicaçãoINSTITUIÇÃO REPRESENTANTE SEGMENTO

Coletivo Cravos Edu da silva costa Mídia IndígenaABEPEC - Associação Brasileira das Emissoras Públicas Educativas Culturais

Gilberto Figueredo Rios Filho Tv comunitária

Africas.com.br Washington Lucio Andrade Mídia etnica - negros/PortalMIDIACE - Associação Mídia Acessível

Rodrigo Campos Alves Mídia Acesível

Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais -ABGLT

Carlos Magno Silva Fonseca Comunicação e Gênero

Ação Educativa Elizandra Batista De Souza Comunicação e comunidade de rua/juventude

Ponto de Cultura Coco de Umbigada

Maria Elizabeth Santiago de Oliveira Ponto de Mída Livre/Rádio

Centro de Cultura Luiz Freire Ivan Vasconcellos de Moraes Filho ONGABL-Articulação Brasileira de Lésbicas

Yone Lindgren Comuniação e Gênero

Instituto Nangetu de Tradição Afro-religiosa e Desenvolvimento Social

Arthur Leandro de Moraes Maroja Comunidades de tererreiro - CNPCT

Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo

Cláudio Messias Univeridades

Dona Pia Cinematorafica Helen Maria Psaros Ponto de Mídia LivreIntervozes Gesio Tassio da Silva Passos Mídia - Coletivo de

comunicação - ONGUniversidade de Brasília Sérgio Ribeiro de Aguiar Santos UniversidadeABCCOM - Associação Brasileira de Canais Comunitários

Paulo Miranda Tvs/radios comunitárias

Casa de Cultura Tainã/Rede Mocambos

Vincenzo Tozzi Midia Afro-brasileira/Ponto de Mídia Livre

Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros - CNC

Saskia Aparecida Maciel Lavinas de Morais Correia de Sá

Ponto de Mídia Livre

Participação na oficina por segmento

Governo23.81%

Mídia étnica3.17%

Meios de comunicação20.63%

Sociedade civil organizada17.46%

Educomunicação6.35%

Pontos de cult/mídia20.63%

Comunicação e gênero3.17%

Indígena4.76%

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Lista de participantes - Seminário e Ofina de Indicação de Políticas Públicas para Cultura e ComunicaçãoINSTITUIÇÃO REPRESENTANTE SEGMENTO

Outras Palavras - Associação Plan-eta Porto Alegre

Antonio José Martins Jr Mídia - blog

Projeto Saúde & Alegria Paulo Henrique Lima Ponto de Mídia LivreAssociação Brasileira de Radiodi-fusão Comunitária

Jerry Alexandre de Oliveira Rádios Comunitárias

Fábrica de Cultura Flaskô - Fábrica Sob Controle Operário desde 2003

Fernando Gomes Martins Entidades/atores do mov. do Comércio Justo e Solidário

Associação Imagem Comunitária - AIC

Joana de Almeida Meniconi Ponto de Mídia Livre

TV Cidade Livre de Brasília e Telesur Carlos Alberto de Almeida tv - telesur/tv cidade livreDRM-Brasil Thiago O. S. Novaes Rádios ComunitáriasRede iTEIA / Produtora [email protected]

Pedro Henrique Gomes Jatobá Ponto de Mídia Livre

Produtora [email protected] Carlos Eduardo Lima Bezerra Ponto de Mídia LivreTVcomDF - TV Cidade Livre - O Canal Comunitário de Brasília

Paula Danielli Rocha Nogueira tvs comunitárias

Produtora Cultural Colaborativa (fotógrafa)

Clarissa Emília de Vasconcelos Dutra Ponto de Mídia Livre

Comissão Nacional Dos Pontos De Cultura Do Brasil

Luiz Carlos Menezes Dantas ponto de cultura/ponto de mídia livre

Instituto Mídia Étnica Paulo Rogério Nunes de J. dos Santos

mídia afrobrasileira

Cedeca Pé Na Taba Amazonas Elson Vicente Batista pontão de cultura/ponto de mídia livre

Arcorj-Associação De Radios Co-munitárias De Estado Do Rio De Janeiro

Edson Bezerra Guedes Rádios Comunitárias

Suplente - CNpDC - Comissao Nacional de Pontos de Cultura / Cia Teatral Mapati

Dayse de Hansa Nogueira Lima Ponto de Mídia Livre

Representação da Região Sul Maria Aparecida Tozatti Ponto de Mídia LivreInstituto de Imagem e Cidadania do Rio de Janeiro

Cláudio Marcio Paolino Ponto de Mídia Livre

Lista de participantes - Seminário e Ofina de Indicação de Políticas Públicas para Cultura e ComunicaçãoINSTITUIÇÃO REPRESENTANTE SEGMENTO

Secretaria de Cultura de Fortaleza Ethel de Paula Gouveia GovernoRede de Cultura Digital Indigena Anápuáka Muniz Tupinambá Hã

hã hãeMídia indígena

Associação das Rádios Públicas do Brasil-ARPUB

Evandro Rocha Rádio pública

Instituto Telecom Luana Britto Laux Mídia privadaMinistério da Cultura - Sefic Alexandra Luciana Costa GovernoUniversidade federal Fluminense Márcio Nogueira Paixão Universidadei-Motirõ Bruno Tarin Nascimento Ponto de Mídia LivrePonto de Cultura Observatório do Hip Hop

Nádia Prestes Baptista Ponto de Mídia Livre

Associação de Bandas e Fanfarras do Rio de Janeiro

Irani Vitória Santana Lourenço ONG

Fanfarras Lilian Rabelo Sociedade civilCiranda Simone Ribeiro da Conceição Ponto de cultura/ponto de

mídia livreIFRJ Katzuki Parajara de Castro Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia - RJENSP/Fiocruz Patrícia Duarte FiocruzENSP/Fiocruz Edvaldo da Silva Nabuco FiocruzENSP/Fiocruz Wanda E. Santo FiocruzENSP/Fiocruz Paulo Amarante FiocruzENSP/Fiocruz Leandra Brasil da Cruz FiocruzRádio EBC – Rádio MEC AM Liara Avellar Rádio governoCentro Cultural A História Que Eu Conto

Binho Cultural Ponto de cultura/ponto de mídia livre

Ciranda Afro Glauciana de Souza (Gal) Ponto de cultura/ponto de mídia livre

Raízes Históricas Indigenas Papión Karipuna Ponto de cultura/ponto de mídia livre

Ministério da Cultura (RJ) Nicolas Simon Seguin GovernoMinistério da Cultura(RJ) Carolina Gomes Paulse Governo

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Com a palavra, os participantes!

COMUNICAÇÃO: A QUESTÃO DAS MINORIAS

Por Edu Cuia

As minorias, podemos dizer aqueles que querem ter uma voz ativa na sociedade, lutam em geral na busca de reconhecimento, respeito, direitos e inclusão em diversos aspectos. Fazem parte desse grupo diversas partes do tecido social (Afrodescendente, grupos LGBT, ribeirinhos etc.) que querem ser ouvidos e para isso necessitam de espaço de intervenção nos Meios de Mediação Social, isto é, nos Meios Comunicacio-nais e Midiáticos.

Uma das principais barreiras enfrentada pelas Mi-norias, se não a principal, é conseguir ser escutada e compreendida de fato, ou seja ultrapassar o filtro dos Meios de Comunicacionais e Midiáticos. Este úl-timo, por sua vez, é marcado por seguir uma lógica de

mercado e traz consigo uma “Cultura do Espetáculo”. Não preciso ir muito longe para confirmar estes fa-tos, pegando um recorte da música paraense: Mestre Verequete (“rei do carimbó”) e o Gambá (ritmo do in-terior do estado do Pará). O primeiro, hoje conhecido como “rei do carimbó” , passou a vida sobrevivendo da venda de “churrasquinho”, e o segundo é um ritmo que é quase desconhecido aos próprios paraenses. Enquanto de um lado “Verequetes” e “Gambás” fo-ram e/ou estão sendo despercebidos aos nossos olhos e ouvidos, somos bombardeados por uma música comercial, que muitas ou na maioria das vezes acaba caindo num conformismo ou aceitação desta, e aca-bamos esquecendo ou simplesmente não conhecen-do nossos artistas, ritmos, enfim…..

Nesse sentido entendo que tomar a Comunicação como agenda da Cultura, é de fundamental impor-tância, pois poderá proporcionar uma abertura às mi-norias, no sentido de se dar o devido valor aos “Vere-quetes” e “Gambás”.

Lista de participantes - Seminário e Ofina de Indicação de Políticas Públicas para Cultura e ComunicaçãoINSTITUIÇÃO REPRESENTANTE SEGMENTO

Ministério da Cultura (RJ) José Carlos Marques GovernoMinistério da Cultura (RJ) Roberta Martins GovernoMinistério da Cultura (RJ) Arlete Tavares de Moraes GovernoFundação Cultural Palmares Mônica Santos GovernoSCDC/MinC Antônia Rangel GovernoFunarte (RJ) Ana Vasconcelos GovernoFunarte (RJ) Juliana Amaral Governo

Total de participantes: 65

Conclusão: Cibercultura e Software Livre como solução!?

Em contraposição aos Meios de Comunicações tradi-cionais, temos hoje uma nova forma: A Cibercultura, que aliada ao uso do Software Livre pode torna-se um “meio” fundamental para a construção de novas di-nâmicas comunicacionais, como: colaboração, com-partilhamento, liberdade… A vantagem da apropriação desse meio e de suas ferramentas, é usá-la no sentido “do it yourself” (faça você mesmo), ou seja, ser capaz de criar, distribuir, trocar, ser um sujeito dialógico no meio, enfim, ser capaz de comunicar-se de fato!

Edu Cuia é artista visual , participou do Arte Pará 2008, por meio da exposição Traves-sias. Ajudante no projeto Xilograficidade de Egon Paxeco (IAP 2009). Parlamentar Juvenil do Mercosul nos anos de 2010-2012. Participante da Cúpula Social do Mercosul 2010, do Fórum Social Pan-Amazônico (2010).Trabalhou como cineclubista e ofi-cineiro no Coletivo Puraqué 2009/2011. Participante do I Fórum da Internet (2011). Ajudou a criar o Coletivo Cravos ( grupo de artistas, músicos e poetas) em 2011.

A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO E OS POVOS TRADICIONAIS

Por Lula Dantas

Prezad@s Parceir@s do Ministério da Cultura!

A comunicação é uma das maiores deficiências do serviço público, apesar dos esforços e dos peque-nos avanços, extremamente engessado num mode-lo de governo burocraticamente excessivo, defasa-do e antidemocrático.

A Comunicação institucional não deve ser tratada juntamente com outras questões. Diante do modelo dado e seguido por este governo, se faz necessário oferecer formação e qualificação aos servidores pú-blicos no uso das ferramentas tecnológicas contem-porâneas, ou seja, em cultura digital e audiovisual, para que possam “se comunicar” no mundo virtual e presencial.

A Comunicação virtual, ainda não entendida nem re-gulamentada pelo Estado Brasileiro, é um campo em plena formação e especulação. A comunicação para a cultura não pode perder esse recorte de vista, haja vista a nossa dimensão geográfica, parcos recursos fi-nanceiros para garantir a participação dos atores so-ciais, pouca vontade política em mudar, em ampliar, em socializar, em democratizar o acesso à informação.Esse é, então, o trabalho da Comunicação para a cul-tura. Fazer diferente do que está posto! Ousar atender à comunidade, atentando para suas peculiaridades.

“A partir do século XIX a prática da escravidão co-meça a ser contestada com mais intensidade, não por ser um ato desumano, mas sim por ser uma vergonha para qualquer sociedade civilizada da época” (GUI-MARÃES, 1999). Hoje, as comunidades tradicionais e coletivas culturais, historicamente, se organizam na tentativa de preservar e promover seu patrimônio ar-tístico, histórico, ambiental e cultural, e nega quais-quer tipo de continuidade dessa escravidão velada nas entrelinhas dos discursos hegemônicos brasileiros. Atualmente esse “olhar” da comunidade busca tam-bém incluir os meios de garantir a sustentabilidade da economia criativa local e dos grupos artísticos tradi-cionais, usando a criatividade aliada às tecnologias da informação e da comunicação, as tecnologias sociais e a colaboração solidária. Porém, esses grupos pos-suem muitas dificuldades em divulgar suas ações fora da comunidade local. O processo global requer a pre-sença maciça da mídia para a divulgação dos atos pú-blicos, pois “a comunicação é importante, na medida em que é minguada a experiência jurídica brasileira no campo da doutrina e da jurisprudência no que pertine

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a defesa dos direitos culturais das populações afro--brasileiras. Nesse sentido a comunicação abordará a proteção constitucional à diversidade étnicocultural e os mecanismos jurídico constitucionais de proteção ao patrimônio histórico-cultural pertencentes a es-ses grupamentos étnicos formadores da identidade nacional(ABREU, 1999).

Para conhecer mais acesse o link http://migre.me/crqIP

Há braços,

Lula Dantas é “Babalasé N’ Ilè Axé Oya Funké Artesão de objetos sacros (palha, ca-baça) Coordenador Ponto de Cultura/Asso-ciação do Culto Afro Itabunense /Comissão Estadual dos Pontos de Cultura G 08 Rep. Território Litoral Sul/Comissão de Comuni-cação/BA Comissão Nacional dos Pontos de Cultura do Brasil/CNPdC/Colegiado Matriz Africana/Colegiado da Bahia/Sub Comis-são de Comunicação Associação Grapiúna de Entidades Religiosas de Matriz Africana/Comissão de Comunicação Fórum de Agen-tes, Gestores e Empreendedores Culturais do Litoral Sul/Ba/Comissão de Comunica-ção Território de Identidade Litoral Sul/BA/GGE/Câmara Temática de Cultura/Comis-são de Comunicação”

BRICOLAGEM – REDE METARECICLAGEM

Isso é um MetaTexto

“(...)Veremos um bando de moleques gordos reclamando e ameaçando os amigos do prédio, que, ao contrário dele, avarento, desajeitado e arrogante,

agora preferem Le Parkour e criar robôs com sucata a babar em sua coleção de bonecos caros e estúpidos

de alguma empresa gringa”.Daniel Pádua

Autores: Maira Begalli (organizadora); Dalton Martins, Fernanda Scur, Hudson Augusto, Isaac Filho, Elenara Iabel, Marcos Egito, Orlando da Silva, Tatiana Prado.

“Soube da realização do Seminário Nacional de comu-nicação para a Cultura e Oficina do Comunica Diversi-dade pelo Felipe Fonseca. Felipe havia sido convidado, mas estaria nos Estados Unidos, então perguntou se eu gostaria de participar. No momento da inscrição, li que havia a possibilidade do envio de textos e narrati-vas. Mostrei isso para rede MetaReciclagem via lista, e publiquei no wiki*. Alguns metarecs mandaram, outros não. Entretanto, esse texto bricolado é uma tentati-va de descentralizar um comando, que muitas vezes é imaginado, uma tal representatividade que não existe na Metarec. Muita gente não entende o que é Meta-Reciclagem: MetaReciclagem são pessoas.

Para compor essa publicação, além da página de wiki, sugeri questões-guias que poderiam ser consideradas ou não...

1) Como você gostaria de poder falar com o Ministério da Cultura (canais, pessoas, interfaces)?

2) Por que você acha que a MetaReciclagem estabe-lecer um dialógo com o MINC seria importante?

3) O que você espera de diálogos como esse?”

Dalton Martins, 34 anos , São Bernardo do Campo-SP, trabalha como arquiteto e analista de dados da Rede Humaniza SUS. Além disso, pesquisa cientometria e análise de redes sociais na Universidade de São Paulo e Universidade Fe-deral de São Carlos. Atualmente, é professor na FATEC São Paulo, na área de Projeto de Redes.

1) Como você gostaria de poder falar com o Ministério da Cultura (canais, pessoas, interfaces)?

Acho que há níveis de interação que poderiam ser potentes para essa relação com o MinC. Vou pontu-ar alguns aqui, pois acredito que isso ajude a organi-zar as ideias:

a. Realização de Conferências Nacionais de Cultu-ra, organizadas por Grupos de Trabalho deliberativos, onde pudéssemos discutir e produzir referências de base para pautar a política de cultura que acreditamos ser fundamental para o Brasil.

b. Conferências Regionais de Cultura: promovidas por municípios e estados, além de outros entes de sociedade civil que tiverem interesse de participar, criando modos de produzir representação suficien-te para chegar nas conferências nacionais de modo mais articulado;

c. Conferências Virtuais: organização de encontros, debates e formação de grupos de trabalho que não tra-balhassem só presencialmente, mantendo espaços de conversação contínuos e modos de sistematização que ajudasse a incluir pessoas de diferentes realidades, con-textos e possibilidades de articulação nesse processo;

Entendo que o uso desses 3 mecanismos de conversa, sem dúvida, com muita discussão sobre seu formato e modos de operar, poderiam dar subsídio para a produ-ção de instâncias mais interessantes de diálogo.

2) Por que você acha que a MetaReciclagem estabe-lecer um dialógo com o MINC seria importante?

Necessariamente, não acho que seria e nem não seria. Acho que MetaReciclagem não é um grupo, nem uma comunidade e nem possui unidade te-mática/social suficiente para produzir níveis de re-presentação que se estabeleçam numa relação de diálogo com um ente organizacional. A potência da metareciclagem está em ser um espaço caótico de

produção contínua de derivas sem a necessidade de uma objetividade clara e determinada. Todas as ten-tativas que eu mesmo fiz ou mesmo presenciei ou-tras pessoas fazerem que propussem uma forma di-ferente de operar acabaram entrando em embates “infinitos”, terminando por criar campos abstratos de disputas em relação a definição mais verdadeira do conceito. De fato, acho isso inútil e desneces-sário. Acho que relações mais institucionais devem ser operadas com outros nomes que não MetaRe-ciclagem, com outros níveis de representatividade de quem de fato queira produzir algum comum de discurso, algum comum de ação para atuar juntos, mesmo que transitoriamente, na relação com a constituição de uma política pública.

3) O que você espera de diálogos como esse?

Não sei se entendi exatamente qual seria a proposta desse encontro e o que ele poderia operar como modo de articulação de pessoas. Mas, falando talvez de for-ma mais genérica aqui, eu espero de diálogos como esse ações bastante claras e concretas de abertura da política de Cultura para ser pautada, ser construída e ser pensada de forma mais aberta e coletiva. Acho que temos acúmulo suficiente de experiências e vivências em várias comunidades espalhadas por Brasil que po-deriam ser úteis para propor modos de atuar, de utili-zar recursos, de fazer gestão de projetos, de produzir políticas que precisam ser aproveitadas. Cultura que representa uma visão só é excludente, autoritário e violento por fundamento.

Fernanda Scur, 36 anos, Porto Alegre, Web Designer e Pesquisadorahttp://www.purnima.com.br/

1) Como você gostaria de poder falar com o Ministério da Cultura (canais, pessoas, interfaces)?

Através de todas as formas possíveis, quanto mais possibilidades melhor. Mas acho que através de al-

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guma plataforma online, com pessoas REAIS e que estejam efetivamente trabalhando para mudar alguma coisa já tá de bom tamanho.

2) Por que você acha que a MetaReciclagem estabe-lecer um dialógo com o MINC seria importante?

O diálogo de governo com sociedade civil é funda-mental, porque o governo existe para atender as de-mandas das pessoas, das sociedades, das redes, “das gentes”. E, esse diálogo é bastante debilitado desde sempre. É debilitado por questões tão complexas que não dá pra explicitar em poucas palavras e acho que nem cabe aqui. Mas a busca de um contexto em co-mum, ou alguma espécie de convergência entre esses sistemas que funcionam com mecanismos tão distin-tos já seria um começo, e putz, já estamos atrasados pra cacete.

3) O que você espera de diálogos como esse?

Eu espero a possibilidade de iniciativas/criações/pro-duções/trocas que espelhem as necessidades/deman-das das redes, como já coloquei ali em cima.

Hudson Augusto, 35 anos, Sorocaba - SP, funcioná-rio público estadual.http://hudsonaugusto.wordpress.com/

1) Como você gostaria de poder falar com o Ministério da Cultura (canais, pessoas, interfaces)?

Gostaria que o MinC disponibilizasse uma interface de fácil acesso, em especial, as pessoas com deficiência. Algo de simples acesso, com retorno às solicitações pelos responsáveis do MinC.

2) Por que você acha que a MetaReciclagem estabele-cer um diálogo com o MinC seria importante?

Ao meu ver, poderia ser útil, esse diálogo, na constru-ção de projetos e ideias de forma coletiva, a exemplo

da elaboração de espaço culturais acessíveis, ou even-tos que disponibilizassem recursos para integração das pessoas com deficiência contribuindo com uma maior integração da sociedade com o MINC.

3) O que você espera de diálogos como esse?

Espero pelo menos receber um feedback direto, se se-ria possível contribuir ou não para o processo de for-talecimento das ações do MINC, independente se a resposta será positiva ou não. Pois o importante é a interação dos entes envolvidos nesse processo de de-mocratização da cultura em geral.

Isaac Filho, 28 anos, Recife, estudante de Ciências Sociais na UFPE, trabalha como Técnico em Inclu-são Digital no CRC Marista do Recife, pesquisador de tecnologias livres e apropriação de tecnologia.http://yzakius.org/

1) Como você gostaria de poder falar com o Ministério da Cultura (canais, pessoas, interfaces)?

Creio que respostas rápidas nas redes sociais, e-mails e no site. Um canal de comunicação que respondesse e que repassasse - aos coordenadores - as demandas/questionamentos levantados.

2) Por que você acha que a MetaReciclagem estabe-lecer um dialógo com o MINC seria importante?

Acredito que a cultura é o eixo principal de nossas re-lações e nada mais justo do que o Ministério da Cultura ouvir as pessoas, principalmente porque a cultura não é algo padrão, existem culturas que precisam dialogar.

3) O que você espera de diálogos como esse?

Em primeiro lugar, ser ouvido. Se os projetos são des-tinados à população, é preciso ouví-la! No segundo lugar, espaço para articulação e respeito as ideias/projetos/discussões que são levantadas.

Elenara Vitória Cariboni Iabel - 49 anos, Porto Ale-gre - RS. Mãe de Cauã - 23 anos, Inaê - 17 anos, Ariel - 13 anos. Fundadora do conselho diretor da Themis Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero, hacker do direito, metarecicleira e produtora cultural.

1) Como você gostaria de poder falar com o Ministério da Cultura (canais, pessoas, interfaces)?

Gostaria de falar com o MINC através de projetos que estabeleçam o diálogo e o debate que promovam políticas públicas de inclusão social e digital. Para tan-to, penso ser necessário que uma política de comuni-cação participativa seja base para que possa fluir co-nhecimento, informação, onde o transmissor garanta que emissor-receptor comunguem, todos da mesma função, ou seja a cultura do protagonismo.

2) Por que você acha que a MetaReciclagem estabe-lecer um diálogo com o MINC seria importante?

Porque a cultura do protagonismo é a única capaz de respeitar e promover a diversidade cultural brasileira .

3) O que você espera de diálogos como esse?

Espero que esses diálogos sejam impertinentes, no sentido de transformação e radicalização da demo-cracia, para que o artigo 5 da Constituição Federal seja efetivado, tenha verdadeira eficácia.

Marcos Egito, 33 anos, Camaragibe/PE, nasceu e trabalha em Recife/PE. Estudante de Pedagogia e educador de Software Livre e Ativista da Robótica Pedagógica Livre.

1) Como você gostaria de poder falar com o Ministério da Cultura (canais, pessoas, interfaces)?

Diretamente, por telefone, chat, algum meio web que possibilitasse interagir, ou através da rede Me-taReciclagem.

2) Por que você acha que a MetaReciclagem estabe-lecer um diálogo com o MINC seria importante?

Para poder ter um apoio maior e direto, poder conhe-cer de forma mais clara os incentivos e atuação, mos-trar os projetos que desenvolvo, e que são fortalecidos pela rede MetaReciclagem, ser acompanhado, apoia-do, financiado, sem intermédio de terceiros.

3) O que você espera de diálogos como esse?

Que possamos de fato andar lado a lado de for-ma horizontal, para que coisas como as citadas acima aconteçam.

Orlando da Silva, 41 anos, Água Fria, zona rural de Mataraca - PB, Pesquisador e ativista na área degestão em redes de colaboração, tecnologia e inova-ção social no Semiárido Nordestino.http://webnos.org/

1) Como você gostaria de poder falar com o Ministério da Cultura (canais, pessoas, interfaces)?

Acho que nós já estamos falando. Principalmente através da atuação da Rede MetaReciclagem e alia-dxs. Talvez o que falte sejam mecanismos que garan-tam uma participação legítima da Rede.

2) Por que você acha que a MetaReciclagem estabe-lecer um dialógo com o MINC seria importante?

Porque tem um campo aí, o da cultura digital, em que o diálogo pode fazer render bons frutos de planeja-mento e encaminhamento de ações em locais caren-tes de fomento à participação ativa da cultura ligada à tecnologia como algo de potencialização do viver nestes locais.

3) O que você espera de diálogos como esse?A constante revitalização do incentivo à cultura a partir do entendimento coletivo. O Governo tem

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Talvez eu seja esse banquinho aí... que apóia o telefone público. Meio obsoleto, mas singular. Uma tentativa de fazer as pessoas se comunicarem de um outro jeito, ou “de um jeito ou de outro” - pra acionar a sabedoria popular aqui - no meio da guerra. É um pouco assim que me sinto nesse universo de redes. Coisas simples se transformam em batalhas e o caos nem sempre e tão poético e lírico como os textos e as assinaturas das pessoas parecem defender. Temos que reinventar a todo instante a capacidade de comunicar e a noção

suas demandas e os movimentos culturais também, a conversa pensando em convergências, em sinergia, se for sincera, pode gerar potencialização e abertura de caminhos. Para permitir que os espaços legítimos de manifestação cultural vivam ativos na produção de al-ternativas ao padrão enlatado de fomento da cultura.

Tatiana Prado, 35 anos, educadora

Certa vez tive a oportunidade de passar um fim de semana bem intenso e produtivo com o Celso Athay-de. As conversas foram muitas e à medida que ele ia descrevendo a trajetória e o modo como a CUFA foi fundada, vi muitas semelhanças com a Metarec. Na semana que a gente se encontrou ele tinha acabado de voltar do Haiti e essa foto estava em seu blog (ou ele me mandou, não lembro mais).

Foto

: Cels

o At

hayd

e

de público. A dificuldade que existe de comunicação e sintonia interna simplesmente se reproduz com os agentes “externos”. E na hora da crise, como a que foi deflagrada pelo e no MINC, fica evidente a desarticu-lação, a disputa pelo poder entre as próprias redes e tudo o que não favorece muito a vida coletiva.

Acesse o documento na íntegra no link abaixo:

http://rede.metareciclagem.org/wiki/Pubs-Seminar-io-e-Oficina-de-Comunicacao-e-Cultura-MinC

Esse conteúdo encontra-se sob a Licença Lata

http://crieitivecomo.org/wikka/LicencaLata

http://rede.metareciclagem.org/wiki/Pubs-Seminar-io-e-Oficina-de-Comunicacao-e-Cultura-MinC

Galeria de fotos II

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Anexos

Horizontes e Histórico do MinC

Nos últimos dez anos, o Ministério da Cultura vem desenvolvendo ações importantes que integram Co-municação e Cultura. O foco em comunicação pode ser encontrado em diversos projetos em andamento e o conhecimento sobre eles é importante no senti-do de oferecer um norte para as políticas conjuntas e promover complementaridade entre elas.

As áreas de interesse da perspectiva da comunicação são muitas, uma vez que as políticas de comunicação vão além dos meios, infraestrutura e conteúdos, po-dendo colaborar com equipamentos como bibliotecas e museus, áreas como a literatura, teatro e patrimônio e até mesmo em cursos de formação e capacitação no campo da cultura. Destacamos aqui: Pontos de Mí-dia Livre, LabCulturaViva, Pontões de Cultura Digital (SCC), Eixo de debate on-line sobre Comunicação Digital, o Culturadigital.br , cooperação MinC-MCTi/RNP (conexão de instituições culturais do Sistema MinC à rede gigabit da RNP (SPC), Fóruns de Tvs Públicas, Doc TV, Programas Ponto a Ponto, Ponto Brasil , Nossa Onda (produção de obras radiofônicas -Sav), Conferência Livre de Comunicação para a Cul-tura (que reuniu proposições encaminhadas à II CNC e à Confecom (SCDC).

O MinC, por meio do SNIIC (Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais), vem empre-endendo um esforço de otimizar as informações e seus sistemas de coleta, modernizando as ferramen-tas necessárias para a compreensão de como a cul-tura contribui para emancipação social e bem estar da sociedade.

Dentro desse panorama de ações de comunicação e cultura, resumimos algumas ações desenvolvidas pelo MinC ao longo dos últimos cinco anos.

• Cultura Digital – A iniciativa oferece meca-nismos e estímulos para promover a transforma-ção das pessoas em agentes ativos na cadeia de criação, produção e circulação de informação, a partir do uso de novas e velhas tecnologias de comunicação. Em 2005, foram mobilizados centenas de agentes culturais de todo Brasil por meio da realização de oficinas e encontros de Conhecimentos Livres, nos quais foram apre-sentadas ferramentas livres de produção mul-timídia (áudio, vídeo, gráfica), alternativas de apropriação tecnológica e comunicação (rádio, metareciclagem, internet 2.0), além de promo-ver mostras de vídeos, shows, trocas de experi-ências, conteúdos, com a conseqüente poten-cialização da rede dos Pontos de Cultura como pano de fundo, o que possibilitou, a criação de vários espaços tecnológicos e uma cartografia que aponta uma verdadeira revolução da cultura digital. Em 2007, a iniciativa continuou por meio dos Pontões de Cultura Digital, que desde en-tão, assumiram o papel de articular as ações dos Pontos de Cultura. (Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural - SCDC),

• Rede CulturaDigital.Br – Criada em 2009, é a experiência do primeiro servidor público como plataforma de blogs, fóruns e grupos de discus-são articulados como rede social. A plataforma estimulou a participação de mais de 7 mil in-tegrantes, que criaram quase 2 mil blogs, 400 grupos de discussão e 500 fóruns, até julho de 2012. (Secretaria de Políticas Culturais - SPC).

• Conferência Livre de Comunicação para a Cultura - Promovida em parceria com a Uni-versidade Federal de Pernambuco (UFPE), a iniciativa foi realizada em 2009 na cidade de

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8180

Recife e teve como objetivo propiciar o encon-tro e a articulação das Redes de Comunicação para a Cultura, capazes de agregar a discussão sobre políticas públicas culturais, democracia e desenvolvimento sustentável associada à pro-dução de conteúdo dos Pontos e Pontões de Cultura, além de reunir propostas que foram encaminhadas para a II Conferência Nacional de Cultura e à Conferência Nacional de Co-municação. O Encontro reuniu aproximada-mente 300 participantes de todo o país que atuavam nas áreas de Audiovisual, Comunica-ção e Cultura Digital, assim como às experiên-cias premiadas no Edital dos Pontos de Mídia Livre. (Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural - SCDC).

• Acordo de Cooperação com o Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação - É uma ação de infraestrutura para a disponibilização de acervos culturais em rede conectados à rede de internet gigabit da Rede Nacional de Ensi-no e Pesquisa - RNP. (Secretaria de Políticas Culturais- SPC).

• Edital para Pontos de Mídia Livre – A iniciativa de mídia livre é realizada por Pontos de Cultura e/ou instituições da sociedade civil sem fins lucra-tivos que desenvolviam diretamente ou apoiavam iniciativas de mídia livre o que promoveu a forma-ção de uma Rede Nacional de Pontos de Mídia Li-vre pelo país. Realizado nos anos 2009 e 2010 os editais premiaram 150 (cento e cinqüenta) (Se-cretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural - SCDC).

• Edital Nossa Onda – Esta iniciativa teve como objetivo apoiar à produção de obras radiofôni-cas inéditas, nos gêneros Radiodocumentário ou radioconto, sobre o tema “Diversidade Cultu-ral”. Foram 52 projetos beneficiados em todo o Brasil. O edital foi lançado pela Secretaria do Audiovisual – SAv e pela Secretaria de Articu-

lação Institucional - SAI, em parceria com a As-sociação Brasileira de Radiodifusão Comunitária – ABRAÇO e com a Sociedade dos Amigos da Cinemateca – SAC. (Secretaria do Audiovisu-al- SAv).

• Prêmio Roquette Pinto 2010 – Iniciativa iné-dita, o concurso teve como objetivo apoiar a produção independente de obras radiofônicas e estimular a diversidade regional na produção de programas de rádio em quatro gêneros: rádio--documentário, rádio-dramaturgia, programas infanto-juvenis e rádio-arte. Realizado em par-ceria com a ARPUB - Associação das Rádios Públicas do Brasil e a Petrobras.

• DOC TV- É um Programa que possibilita a regionalização da produção de documentários, a articulação de um circuito nacional de tele-difusão e a criação de ambientes de mercado para a linguagem do audiovisual. Lançado pela Secretaria do Audiovisual, Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais – ABEPEC, Fundação Padre Anchieta – TV Cultura e Empresa Brasil de Comunicação – TV Brasil, com o apoio institucional da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metra-gistas – ABD. O Programa está em sua 4ª edi-ção. (Secretaria do Audiovisual- SAv).

• Programas Cultura Ponto a Ponto e Ponto Brasil- São Programas de TV, que apresentam experiências e iniciativas de diversas comuni-dades e produtos visuais elaborados nos e pelos Pontos de Cultura. Atualmente são exibidos pela TV Brasil, mas já foram exibidos também pela TV Senado e algumas TVs públicas e Comunitárias. (Secretaria de Cidadania Cultural- SCC).

• Laboratório Cultura Viva- Uma iniciativa para apoiar e fomentar à produção audiovisual dos Pontos de Cultura com ênfase na difusão, for-

mação, pesquisa, experimentação e linguagem multimídia. É realizado em parceria com a Es-cola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. (Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural - SCDC).

• Fórum Nacional das TVs Públicas - Até o momento foram realizados dois fóruns que debateram principalmente a regulamentação das TVs Públicas por meio da implantação dos canais do Poder Executivo, Canal da Cultu-ra, Canal da Educação e Canal da Cidadania, criados pelo Decreto n° 5.820/06; da defesa a migração dos canais públicos da Lei do Cabo para a TV convencional (Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre); do estímulo ao de-bate público acerca da regulamentação de no-vas mídias e do apoio ao compartilhamento de infraestrutura, a multiprogramação, da flexibili-dade na formação de redes e da interatividade. Também estiveram em pauta questões sobre alternativas de financiamento das emissoras, a implantação e as transformações ocorridas pela chegada da TV Digital e os novos modelos de programação e produção. Os Fóruns foram re-alizados pela Associação Brasileira das Emisso-ras Públicas, Educativas e Culturais (Abepec), Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU), Associação Brasileira das Televisões e Rádios Legislativas (ASTRAL) e Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCcom) e contou com o apoio da Secretaria de Audiovi-sual. (Secretaria do Audiovisual- SAv). A EBC é considerada uma herança deste processo.

• I CONFECOM - A sociedade brasileira ela-borou, por meio da I Conferência Nacional de Comunicação ocorrida em 2009, um conjunto

de diretrizes para a construção de uma política de comunicação para o país. A Conferência, que tinha como tema “Comunicação: Meios para a Construção de Direitos e de Cidadania na Era Digital” teve o Ministério da Cultura como membro da comissão organizadora e foi repre-sentado pelo maior número de delegados do segmento poder público.

As propostas conclusivas do GT MinC, apresentadas na I CONFECOM foram, em suma:

• Apoiar a criação, por lei, de uma política que garanta a veiculação de conteúdos nacionais e regionais, com produção independente, nos meios de comunicação eletrônica, indepen-dentemente da plataforma em que operam, conforme assegurado pela Constituição Fede-ral de 1988.

• Fomentar a discussão sobre uma Lei Geral da Comunicação de Massa, contemplando a ampla participação da sociedade civil1.

• Apoiar a discussão sobre a regulação das no-vas plataformas digitais, de forma a maximizar o acesso a elas por todos os atores e de forma a tornar mais homogênea a regulação da comuni-cação de massa como um todo.

• Contribuir para a criação de uma política de reestruturação dos sistemas e mercados de co-municação, que contemple restrições à proprie-dade cruzada; à formação de cadeias de valor verticalizadas e de monopólios e oligopólios no setor; e que se oriente em prol da diversidade e da pluralidade.

1 Essa foi uma das 30 propostas prioritárias da I Conferência Nacional de Cultura (I CNC).

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8382

• Fortalecer os meios de comunicação não-co-merciais, por meio da revisão da legislação vigen-te – no que se refere a fontes de financiamento e pilares da programação - e das exigências rela-tivas às outorgas2.

• Apoiar a implantação dos canais previstos no decreto nº 5.820/06.

• Apoiar a aprovação do Plano Nacional de Cultura3.

• Apoiar a discussão de uma nova lei de fomento.

• Disponibilizar e garantir equipamentos, criando uma rede digital sociocultural em espaços públi-

2 Essa foi uma das 30 propostas prioritárias da ICNC.3 Essa foi uma das 30 propostas prioritárias da I CNC.4 Essa foi uma das 30 propostas prioritárias da ICNC.

cos, para promover a democratização do acesso à informação em meio digital4.

Tais ações sempre estiveram no horizonte do MinC e tinham como objetivos democratizar os meios de produção e acesso, reconhecendo e fortalecendo o protagonismo dos atores sociais da cultura brasileira. É possível notar que essas ações nem sempre esta-beleciam intersecção umas com as outras e o pro-cesso de acompanhamento e monitoramento dessas políticas para reorientar os novos aportes da política cultural, de maneira geral, nem sempre vinham sen-do considerados.

Panorama – A Comunicação para a

Cultura em Números

A produção da desigualdade na concessão e nos usos dos meios de comunicação, observada em especial no que diz respeito à concentração regional e econômica, corrobora para a exclusão de determinados segmen-tos da sociedade em seu exercício de comunicarem--se, restringindo-os à mera condição de consumidor de informação.

A redução da desigualdade na esfera dos meios de comunicação (particularmente em sua interface com a cultura), insere à economia um fator cria-tivo, político, expressivo e educacional que têm se mostrado central em sociedades desenvolvidas e que atuam como protagonistas nos programas e políticas públicas de fomento, investimento e de-senvolvimento. O uso democrático, amplo e igua-litário dos meios de comunicação é importante na medida em que promove uma tomada de consci-ência benéfica para a economia e política ao con-duzir uma grande massa de consumidores à con-dição de produtores, colaboradores e criadores, mais aptos ao discernimento criativo5, à potencia-lidade da comunicação e à importância política da diversidade cultural.

“No Brasil, são detectados pelo menos quatro tipos de concentração no ramo das comunicações. São elas: a concentração horizontal, quando o mono-pólio e o oligopólio se manifestam em um mesmo setor, a exemplo do que ocorre com a TV aberta e

paga; a concentração vertical, que consiste na in-tegração de etapas diversas da cadeia de produção e de distribuição, cujo controle é feito por uma úni-ca empresa; a concentração em propriedade cru-zada, quando um mesmo grupo detém a proprieda-de de diferentes meios de comunicação, como TV aberta e paga, jornal, revista, rádio e internet, por exemplo; e o monopólio em cruz, definido pela re-produção, nos níveis local e regional, da prática de monopólio e de oligopólio pelos grandes grupos de mídia observados em nível nacional.”

“A crescente concentração da informação no Brasil também se repete no caso dos jornais. Um seleto grupo composto pelas Organizações Globo, Gru-po Folha, Grupo Estado, Rede Brasil Sul (RBS) e Companhia Brasileira Multimídia (CBM) é o res-ponsável pela concentração de maior parte de toda a circulação diária de notícias impressas em todo o Brasil, algo em torno de 56% de tudo o que é veicu-lado de informação impressa no país. Não obstante, apenas três estados, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, são as sedes dessas empresas de mídia.”

Vieira Jr, Vilson – Oligopólio na Comunicação: Brasil de poucos

5 Para mais informações sobre o panorama econômico das telecomunicações, veja: Panorama da comunicação e das teleco-municações no Brasil / organizadores: Daniel Castro, José Marques de Melo, Cosette Castro. - Brasília : Ipea, 2010.

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8584

Como nos mostram números, relatórios e análises variadas6, há uma contradição entre, por um lado, o entendimento da comunicação como um direito fun-damental, impulsionadora da cidadania e da econo-mia e participante central nos processos de formação subjetiva e objetiva e, por outro, o modo como a opor-tunidade de comunicação é distribuída.

Estas discrepâncias notadas entre as garantias for-mais ao direito de se comunicar (ver os marcos logo abaixo) e a efetivação deste direito geram uma de-sigualdade também do ponto de vista da produção, acesso e pluralidade de opiniões oferecidas pelos meios de comunicação, marcadas pelas diferenças sociais, regionais, econômicas e culturais (como ob-servaremos a seguir, no Anexo “Comunicação para a cultura em números”).

Uma proposta integrada entre cultura e comunicação deve levar em consideração a apropriação dos meios técnicos de produção, difusão, recepção e armaze-namento por parte da sociedade e de suas culturas e expressões. O debate sobre os marcos legais é impor-tante na medida em que, quando uma sociedade evo-lui econômica e socialmente, a capacidade de suas ex-pressões também avança, fazendo necessário que os regulamentos se adéquem à estes desenvolvimentos.

O desafio institucional que tem sido feito no campo da educação (com a adoção de políticas afirmativas, bolsas de estudo, garantias de formação e expansão de instituições públicas na área), merece ser rebatido no âmbito da cultura no que se refere aos meios de comunicação, já que ela compreende não só a maté-ria prima dos processos de expressão e interação, mas

também aponta a amplitude, diversidade e pluralidade que esta inclusão social por meio das comunicações pode abarcar.

A dificuldade de se medir, qualitativa e quantitati-vamente uma atividade eminentemente simbólica, expressiva, subjetiva e coletiva e que também ope-ra mediante a individuação de objetos técnicos, não pode impedir um novo aporte para a formulação de modelos que nos permitam compreender, incremen-tar e fomentar as atividades que circundam o campo da cultura e da comunicação. As comparações esta-tísticas e numéricas são essenciais, porém não con-templam boa parte das expressões e protagonismos advindos das atividades de cultura e comunicação.

Consideramos que aspectos como: formas criativas de organização, utilização inovadora dos bens cultu-rais, experimentações artísticas e estéticas, participa-ção político-cultural e compartilhamento do conheci-mento técnico-teórico são marcos fundamentais para a aceitação do sucesso de políticas nestas áreas ou, inversamente, indicativos da necessidade de mudan-ças nas direções.

Nesse sentido, apresentamos, a seguir, um cur-to levantamento geral apontando dados sobre as emissoras de rádio e sua penetração no país; o uso das TICS (Tecnologia de Informação e Comunica-ção), o acesso à internet, entre outros. Ou seja, um panorama sobre a concentração dos meios de comunicação e sua importância para a cultura, a in-formação e a comunicação.

6 LIMA, Venício A. de. Comunicações no Brasil: novos e velhos atores. In: Mídia: Teoria e Política. 2ed. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004, p. 91- 115. & ______. Mídia no Brasil: Concentrada e Internacionalizada. In: Mídia: Crise política e poder no Brasil. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2006, p. 93- 117. ; HERZ, Daniel. Quem são os donos da mídia no Brasil. Entrevista a Luiz Egypto. Disponível em:<http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/cadernos/cid240420021.htm>. ; PITTHAN, Júlia. Pobreza alimenta concentração nas comunicações brasileiras. Disponível em: <http://www.fndc.org.br/internas.php?p=noticias&cont_key=54610>.

C224%

D10%

A12%

A24% B1

12%

B224%

C124%

E0%

Classe EconômicaEconomic Class

Faixa EtáriaAge group

50/64 anos13%

65 e + anos8% 10/14 anos

8% 15/19 anos12%

20/29 anos22%

30/39 anos19%

40/49 anos17%

Gráfico de penetração do Rádio por classe social e faixa etária

fonte - Midia Dados Brasil 2012 - grupo de mídia São Paulo - http://midiadados.digitalpages.com.br/home.aspx

O rádio é um meio estratégico na realidade brasileira. Em época em que se discutesua digitalização e a mudança em seu paradigma, ele aparece como meio e fonte decultura, comunicação e informa-ção presente em mais de 90% dos domicíliosbrasileiros. Os gráficos acima mostram sua penetração maior na classe C e umacerta equidade de penetração por faixa etária. Segundo o Ministério dasComunicações, o Brasil tem 4.449 rádios comunitárias outorgadas, sendo um dospaíses com o maior número de emissoras deste tipo.

Projeção de domicílios com rádio receptor

O número de domicílios com rádiono Brasil é altamente expressivo, chegando a 98% na regiãoSudeste. Enquanto mídia barata, de fácil recepção e manejo, orádio embora em queda nos números de audiência, é ainda osegundo meio mais presente no país. Vale destacar que em algumas regiões a comunicação e informação chegam somente via rádio, muitas vezes em Ondas Curtas.

(fonte – Midia Dados Brasil 2012 – grupo de mídia São Paulohttp://midiadados.digitalpages.com.br/home.aspx)

Centro-Oeste/Mid-West

Norte/NorthNordeste/Northeast

Sul/South Sudeste/Southeast

Domicílios com RádioHouseholds with radio sets8.632Posse95,9%

Domicílios com RádioHouseholds with radio sets3.824Posse86,0%

Domicílios com RádioHouseholds with radio sets3.265Posse79,8%

Domicílios com RádioHouseholds with radio sets12.854Posse84,8%

Domicílios com RádioHouseholds with radio sets25.065Posse98,0%

Page 45: Seminário e Oficina de Indicação de Políticas Públicas para a Cultura e Comunicação - Relatrio Final

8786

Percentual de domicílios com equipamentos TICs

O gráfico ao lado mostra como, apesar do crescimento, os computadores não são os equipamentos mais presentes nos domicílios brasileiros. Isso demonstra a importância para a cultura, informação e comuni-cação que a televisão e o rádio apresentam. Políticas públicas que se querem efetivas e universais, precisam considerar estes meios.

2008 2009 2010 2011

100

75

50

25

0

97 98 98 98

87868686

72

36

23 30

40

3137

18853

7880

Televisão

Telefone Celular

Rádio

Telefone Fixo

Computador demesa

ComputadorPortátil

01-CG power

Proporção de domicílios com acesso a Internet por região

Fonte - Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil - São Paulo, 31 de Maio de 2012 - CGI.br; NIC.br; CETIC.br

Ao lado,confirmamos a aindabaixa penetração dainternet nasresidências e avisível desigualdaderegional do acesso.Norte e Nordesteapresentam númerosmuito menores queSul e Sudeste.

2008 2009 2010 2011

60

50

30

20

40

10

0

4539

49

25

3336

2221

1410

7

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

Norte

Nordeste

Percentual de domicílios com acesso à internet por classe social

Fonte - Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicaçãono Brasil - São Paulo, 31 de Maio de 2012 - CGI.-br; NIC.br; CETIC.br

O acesso à internet éainda elitizado, e osnúmeros mostram quea grande maioria dapopulação não temrecursos para garantirconexão, tornando omeio um bem presentenas classes A e B

100

75

50

25

02008 2009 2010 2011

1

16

58 64 6576

96909091

21 2435

3 3 5

A

B

C

DE

25%

75%

A concentração econômica semostra presente também emrelação aos provedores deinternet, sendo que quase 80%dos acessos são realizados porsomente 6 grades provedores,demonstrando assim anecessidade de descentralização eequilíbrio na busca por serviçosem maior quantidade, melhores emais democratizados.

Percentual sobre o total de provedores

Fonte - Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil - São Paulo, 31 de Maio de 2012 –CGI.; NIC.br; CETIC.br

6 Provedores

1.928 Provedores

Grandes Médios Pequenos

78%

11%11%

Page 46: Seminário e Oficina de Indicação de Políticas Públicas para a Cultura e Comunicação - Relatrio Final

8988

A Televisão é o retrato, ao mesmo tempo, da popularidade, importância, concentração e da desigualdade existente nos meios de comunicação. O Brasil tem uma “cultura televisiva”, devido ao histórico e penetração deste meio ao longo dos anos. Acima vemos como a TV é presente quase que igualitariamente nas diferentes classes sociais e faixas etárias.

Penetração da televisão por classe social e faixa etária

Classe EconômicaEconomic Class

Faixa EtáriaAge Group

10/14 15/19 20/29 30/39 40/49 50/64 65 e + anos

99% 97% 96% 97% 97% 97% 97%

A1

91% 95% 96% 97% 98% 98% 96%85%

A2 B1 B2 C1 C2 D E

Números de emissoras comerciais por redeCommercial TVstations per network

Abaixo, vemos como se concentram os canais comerciais. Entre geradoras, temos 470 presentes em todo o território nacional de emitem a programação de somente 8 redes comerciais. Dada a importância da televisão na vida cotidiana, cultura, economia e política brasileira, não há como pensar cultura sem pensar na importância deste meio e sua altíssima penetração na sociedade.

AnoRede GloboSBT - Sistema Brasileiro de TelevisãoRede Bandeirantes de TelevisãoRede TV!Rede Record de TelevisãoCentral Nacional de Televisão (CNT)TV Gazeta S. PauloMTVTotalRede TV Educativa (TV Pública)

Geradoras12297824055617

41043

Geradoras + Retransmissoras12210797

ND107552742--

Tomando por base somente as emissoras comerciais, observamos o desequilíbrio na audiência. Tal situação tem diversos fatores de causa, mas o fundamental é que este panorama concentra também a publicidade, os recursos, os interesses políticos e o direcionamento estético e editorial. Sendo a radiodifu-são um bem público, cabe ao Estado zelar pelo seu uso coerente. No momento de se criar políticas que envolvam comunicação, cultura e informação, há que se levar em conta a situação histórica e presente que oferece um horizonte pouco diverso e muito concentrado.

Porcentagem da audiência por emissoras

Total da população das 7h à 00h - 2ª a domingoTotal population - 7:00am to 12:00am - Monday to Sunday

Outras*13,1% Globo

51,9%

SBT19,4%

SBT14,3%

Rede TV!2,3%

Record9,0%

Bandeirantes4,3%

2005

Ligados regular - 2010 Ligados especial - 2010

2008

Outras*20,1% Globo

43,2%

SBT12,7%

Rede TV!2,4%

Record16,5%

Bandeirantes5,1%

Outras*13,8% Globo

46,6%

SBT13,7%

Rede TV!2,6%

Record17,8%

Bandeirantes5,5%

Outras*17,5% Globo

44,3%

Rede TV!2,4%

Record16,7%

Bandeirantes4,8%

*Outras emissoras cujos valores não foram divulgados individualmente, outros aparelhos, outras frequências não identificadas/não cadastradas

*Outras emissoras cujos valores não foram divulgados individualmente, outros aparelhos, outras frequências não identificadas/não cadastradas

Page 47: Seminário e Oficina de Indicação de Políticas Públicas para a Cultura e Comunicação - Relatrio Final

9190

Percentual de municípios que possuem equipamentos culturais emeios de comunicação, segundo o tipo - Brasil - 1999/2009

A tabela acima mostra o enorme crescimento do atendimento aos municípios pelos provedores de internet, embora ainda somente 55,6% contassem com este serviço em 2009. Em contraste, observamos a diminuição do número de livrarias e o número extremamente pequeno de cinema por município.

Tv abertaBibliotecas públicasEstádios ou ginásios esportivosVideolocadorasClubesProvedores de internetRádio comunitáriaLojas de discos, CDs, fitas e DVD’sUnidades de ensino superiorJornal diárioEstações de rádio FMCentro CulturalLivrariasMuseusEstações de rádio AMTeatros ou salas de espetáculoGeradoras de TVCinemasRevista impressa localShoppingcentersTV comunitáriaTV a cabo

98,376,365,063,9

,16,4

,34,4

,,

33,9,

35,515,5

20,213,7

9,17,2

,6,2

6,7

,78,775,964,1

70,422,7

,49,219,6

,38,2

,42,717,3

20,618,88,47,5

,7,3

,

,85,077,477,5

,46,0

,54,8

31,1,

51,3,

31,020,521,7

20,910,7

9,1,

6,7,,

95,289,1

82,482,072,645,648,659,839,836,834,324,830,021,921,221,29,68,77,77,02,3

,

-93,286,769,661,455,652,644,938,3

,35,029,628,023,321,321,1

10,99,1

,6,3

,,

-3,222,1

33,48,9

-12,8239,0

8,230,595,4

,3,2

19,4-21,150,3

5,454,019,826,4

,1,6

,,

Fonte: Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa de Informações Básicas Municipais 1999/2009.

Tipo

Percentual de municípios que possuem equipamentos culturais e meios de comunicação (%)

1999 2001 2005 2006 2009Cresci-mento

(%) . - https://maps.google.com.br/maps/ms?ie=UTF8&hl=pt-BR&msa=0&msid=116755062044532038175.00048794d85b23aa2fe75&ll=-9.968851,-7.324219&spn=21.091676,39.506836&z=5

Acima, Mapeamento realizado com apoio da FRENAVATEC - Frente Nacional pela Valorização das Tvs do Campo Público - sobre TVs COMUNITÁRIAS do país, dentro do sistema de TV à Cabo. Pelo último levantamento da Frenavatec, dos 258 municípios onde são oferecidos os serviços de operadoras de TV a cabo [2], existem 67 canais comunitários em funcionamento. O número é extremamente baixo diante a demanda, produção e possibilidades apresentadas por este meio. Eminentemente sócio-cultural e educativo, o universo das TVs comunitárias se encontra também concentrado na região Sudeste e ao longo da costa brasileira, sendo desejável um trabalho de políticas públicas para a interiorização deste canal e fortalecimento da participação de atores culturais em sua programação e organização.

https://maps.google.com.br/maps/ms?ie=UTF8&hl=pt-BR&msa=0&msid=116755062044532038175.00048794d85b23aa2fe75&ll=-9.968851,-7.324219&spn=21.091676,39.506836&z=5

Abaixo, Mapeamento realizado com apoio da FRENAVATEC - Frente Nacional pela Valorização das Tvs do Campo Público - sobre TVs CO-MUNITÁRIAS do país, dentro do sistema de TV à Cabo. Pelo último levantamento da Frenavatec, dos 258 municípios onde são oferecidos os serviços de operadoras de TV a cabo [2], existem 67 canais comu-nitários em funcionamento. O número é extremamente baixo diante a demanda, produção e possibilidades apresentadas por este meio. Emi-nentemente sócio-cultural e educativo, o universo das TVs comunitá-rias se encontra também concentrado na região Sudeste e ao longo da costa brasileira, sendo desejável um trabalho de políticas públicas para a interiorização deste canal e fortalecimento da participação de atores culturais em sua programação e organização.

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Número de equipamentos culturais e meios de comunicação por municípiosNúmero de equipamentos culturais e meios de

comunicação por municípios

No primeiro mapa ao lado, temos o número de equipamentos culturais e meios de comunicação por município no ano de 1999, e no mapa abaixo, a representação de 2009. Reparamos o aumento significativo, em todas as regiões no número de meios e equipamentos.

A redução visível no número de municípios que dispõem de 0 ou 1 meio ou equipamento nos aponta uma tendência de aumento da presença destes dispositivos culturais, agregando assim maior diversidade e abrangência de tais equipamentos.

Embora ainda com distribuição desigual, o cartograma apresenta um cenário positivo no que se refere à penetração da cultura, via equipamentos e meios, sendo assim importante pensar neste cenário para o desenvolvimento de políticas de comunicação e cultura em nível nacional.

No primeiro mapa ao lado, temos o número de equipamentos culturais e meios de comunicação por município no ano de 1999, e no mapa abaixo, a representação de 2009. Reparamos o aumento significativo, em todas as regiões no número de meios e equipamentos. A redução visível no número de muni-cípios que dispõem de 0 ou 1 meio ou equipamento nos aponta uma tendência de aumento da presença destes dispositivos culturais, agregando assim maior diversidade e abrangência de tais equipamentos.

Embora ainda com distribuição desigual, o cartograma apresenta um cenário positivo no que se refere à penetração da cultura, via equipamentos e meios, sendo assim importante pensar neste cenário para o desenvolvimento de políticas de comunicação e cultura em nível nacional.

Plano Nacional de Cultura – Ações de

comunicação e cultura

As ações oriundas do PNC, que foram debatidas e desdobradas em ações específicas durante os grupos de trabalho da oficina, constam de uma triagem reali-zada no Plano Nacional de Cultura (PNC). Retiramos dele aquelas que mencionam aspectos importantes para a formulação de políticas para a cultura, comu-nicação e diversidade.

CAPÍTULO I

DO ESTADO – FORTALECER A FUNÇÃO DO ESTADO NA INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS CULTURAIS INTENSIFICAR O PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS E AÇÕES VOLTADAS AO CAMPO CULTURAL CONSO-LIDAR A EXECUÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLI-CAS PARA CULTURA

1.9.12 – Incentivar o desenvolvimento de modelos solidários de licenciamento de conteúdos culturais, com o objetivo de ampliar o reconhecimento dos autores de obras intelectuais, assegurar sua pro-priedade intelectual e expandir o acesso às mani-festações culturais.

1.4.8 – Ampliar as linhas de financiamento e fomen-to à produção independente de conteúdos para rádio, televisão, internet e outras mídias, com vistas na de-mocratização dos meios de comunicação e na valori-zação da diversidade cultural.

1.10.9 – Realizar programas em parceria com os ór-gãos de educação para que as escolas atuem tam-bém como centros de produção e difusão cultural da comunidade.

CAPÍTULO II

DA DIVERSIDADE – RECONHECER E VALO-RIZAR A DIVERSIDADE PROTEGER E PRO-MOVER AS ARTES E EXPRESSÕES CULTURAIS

2.1.8 – Promover o intercâmbio de experiências e ações coletivas entre diferentes segmentos da popu-lação, grupos de identidade e expressões culturais.

2.5.1 – Adotar protocolos que promovam o uso dinâ-mico de arquivos públicos, conectados em rede, asse-gurando amplo acesso da população e disponibilizando conteúdos multimídia.

2.5.9 – Fomentar a instalação e a ampliação de acer-vos públicos direcionados às diversas linguagens artís-ticas e expressões culturais em instituições de ensino, bibliotecas e equipamentos culturais.

2.5.14 – Fortalecer instituições públicas e apoiar ins-tituições privadas que realizem programas de preser-vação e difusão de acervos audiovisuais.

2.7.1 – Ampliar os programas voltados à realização de seminários, à publicação de livros, revistas, jor-nais e outros impressos culturais, ao uso da mídia eletrônica e da internet, para a produção e a difusão da crítica artística e cultural, privilegiando as inicia-tivas que contribuam para a regionalização e a pro-moção da diversidade.

2.7.9 – Incentivar programas de extensão que facili-tem o diálogo entre os centros de estudos, comunida-des artísticas e movimentos culturais.

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2.7.12 – Incentivar projetos de pesquisa sobre o im-pacto sociocultural da programação dos meios de co-municação concedidos publicamente.

2.1.14 – Fomentar políticas públicas de cultura volta-das aos direitos das mulheres e sua valorização, con-tribuindo para a redução das desigualdades de gênero.

2.3.3 – Fomentar a apropriação dos instrumentos de pesquisa, documentação e difusão das manifestações culturais populares por parte das comunidades que as abrigam, estimulando a autogestão de sua memória.

2.6.3 – Realizar programas de promoção e proteção das línguas indígenas e de outros povos e comunida-des tradicionais e estimular a produção e a tradução de documentos nesses idiomas.

2.7.4 – Fomentar o emprego das tecnologias de in-formação e comunicação, como as redes sociais, para a expansão dos espaços de discussão na área de crítica e reflexão cultural.

2.7.13 – Incentivar a formação de linhas de pesquisa, experimentações estéticas e reflexão sobre o impacto socioeconômico e cultural das inovações tecnológicas e da economia global sobre as atividades produtivas da cultura e seu valor simbólico.

CAPÍTULO III

DO ACESSO – UNIVERSALIZAR O ACES-SO DOS BRASILEIROS À ARTE E À CULTURA QUALIFICAR AMBIENTES E EQUIPAMENTOS CULTURAIS PARA A FORMAÇÃO E FRUIÇÃO DO PÚBLICO PERMITIR AOS CRIADORES O ACESSO ÀS CONDIÇÕES E MEIOS DE PRO-DUÇÃO CULTURAL

3.1.8 – Estimular e fomentar a instalação, a manu-tenção e a atualização de equipamentos culturais em espaços de livre acesso, dotando-os de ambien-

tes atrativos e de dispositivos técnicos e tecnológi-cos adequados à produção, difusão, preservação e intercâmbio artístico e cultural, especialmente em áreas ainda desatendidas e com problemas de sus-tentação econômica.

3.1.16 – Implantar, ampliar e atualizar espaços mul-timídia em instituições e equipamentos culturais, conectando-os em rede para ampliar a experimen-tação, criação, fruição e difusão da cultura por meio da tecnologia digital, democratizando as capacidades técnicas de produção, os dispositivos de consumo e a recepção das obras e trabalhos, principalmente aque-les desenvolvidos em suportes digitais.

3.1.17 – Implementar uma política nacional de digi-talização e atualização tecnológica de laboratórios de produção, conservação, restauro e reprodução de obras artísticas, documentos e acervos culturais man-tidos em museus, bibliotecas e arquivos, integrando seus bancos de conteúdos e recursos tecnológicos.

3.4.4 – Fomentar, por meio de editais adaptados à realidade cultural de cada comunidade, a produção de conteúdos para a difusão nas emissoras públicas de rádio e televisão.

3.4.6 – Estimular a participação de artistas, produto-res e professores em programas educativos de acesso à produção cultural.

3.4.10 – Instituir programas de aquisição governa-mental de bens culturais em diversas mídias que con-templem o desenvolvimento das pequenas editoras, produtoras, autores e artistas independentes ou con-sorciados.

3.5.5 – Fomentar e estimular a construção de sítios eletrônicos e dispositivos alternativos de distribuição e circulação comercial de produtos, permitindo a inte-gração dos diversos contextos e setores a uma circu-lação nacional e internacional.

3.5.6 – Incentivar e fomentar a difusão cultural nas diversas mídias e ampliar a recepção pública e o reco-nhecimento das produções artísticas e culturais não inseridas na indústria cultural.

3.5.7 – Apoiar a implementação e qualificação de portais de internet para a difusão nacional e inter-nacional das artes e manifestações culturais bra-sileiras, inclusive com a disponibilização de dados para compartilhamento livre de informações em redes sociais virtuais.

3.5.9 – Estimular a criação de programas nacionais, estaduais e municipais de distribuição de conteúdo audiovisual para os meios de comunicação e circuitos comerciais e alternativos de exibição, cineclubes em escolas, centros culturais, bibliotecas pública.

3.5.11 – Integrar as políticas nacionais, estaduais e municipais dedicadas a elevar a inserção de conteúdos regionais, populares e independentes nas redes de te-levisão, rádio, internet, cinema e outras mídias.

3.6.1 – Apoiar os produtores locais do segmento au-diovisual e a radiodifusão comunitária no processo de migração da tecnologia analógica para a digital, crian-do inclusive linhas de crédito para atualização profis-sional e compra de equipamentos.

3.6.2 – Estimular a criação de programas e conteúdos para rádio, televisão e internet que visem a formação do público e a familiarização com a arte e as referên-cias culturais, principalmente as brasileiras e as demais presentes no território nacional.

3.6.4 – Fomentar provedores de acesso público que armazenem dados de texto, som, vídeo e ima-gem, para preservar e divulgar a memória da cultura digital brasileira.

3.6.5 – Estimular o compartilhamento pelas redes digitais de conteúdos que possam ser utilizados li-vremente por escolas, bibliotecas de acesso público,

rádios e televisões públicas e comunitárias, de modo articulado com o processo de implementação da te-levisão digital.

3.1.2 – Criar programas e subsídios para a ampliação de oferta e redução de preços estimulando acesso aos produtos, bens e serviços culturais, incorporando no-vas tecnologias da informação e da comunicação nes-sas estratégias.

3.1.4 – Identificar e divulgar, por meio de seleções, prêmios e outras formas de incentivo, iniciativas de formação, desenvolvimento de arte educação e quali-ficação da fruição cultural.

3.1.9 – Garantir que os equipamentos culturais ofe-reçam infraestrutura, arquitetura, design, equipa-mentos, programação, acervos e atividades culturais qualificados e adequados às expectativas de acesso, de contato e de fruição do público, garantindo a es-pecificidade de pessoas com necessidades especiais.

3.1.11 – Instalar espaços de exibição audiovisual nos centros culturais, educativos e comunitários de todo o País, especialmente aqueles localizados em áre-as de vulnerabilidade social ou de baixos índices de acesso à cultura, disponibilizando aparelhos multimí-dia e digitais e promovendo a expansão dos circuitos de exibição.

3.1.14 – Fomentar unidades móveis com infraestrutu-ra adequada à criação e à apresentação artística, ofer-ta de bens e produtos culturais, atendendo às comu-nidades de todas as regiões brasileiras, especialmente de regiões rurais ou remotas dos centros urbanos.

3.4.2 – Fomentar e incentivar modelos de gestão eficientes que promovam o acesso às artes, ao apri-moramento e à pesquisa estética e que permitam o estabelecimento de grupos sustentáveis e autônomos de produção.

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3.4.3 – Fomentar o desenvolvimento das artes e ex-pressões experimentais ou de caráter amador.

3.4.5 – Promover o uso de tecnologias que facilitem a produção e a fruição artística e cultural das pessoas com deficiência.

3.4.7 – Desenvolver uma política de apoio à pro-dução cultural universitária, estimulando o inter-câmbio de tecnologias e de conhecimentos e a aproximação entre as instituições de ensino supe-rior e as comunidades.

3.4.8 – Fomentar a formação e a manutenção de grupos e organizações coletivas de pesquisa, pro-dução e difusão das artes e expressões culturais, especialmente em locais habitados por comunida-des com maior dificuldade de acesso à produção e fruição da cultura.

3.4.9 – Atualizar e ampliar a rede de centros técni-cos dedicados à pesquisa, produção e distribuição de obras audiovisuais, digitais e desenvolvidas por meio de novas tecnologias.

3.4.11 – Fomentar os processos criativos dos seg-mentos de audiovisual, arte digital, jogos eletrônicos, videoarte, documentários, animações, internet e ou-tros conteúdos para as novas mídias.

3.5.2 – Estimular o equilíbrio entre a produção artística e as expressões culturais locais em even-tos e equipamentos públicos, valorizando as mani-festações e a economia da cultura regional, esti-mulando sua interação com referências nacionais e internacionais.

3.6.7 – Criar enciclopédias culturais, bancos de infor-mação e sistemas de compartilhamento de arquivos culturais e artísticos para a internet com a disponibi-lização de conteúdos e referências brasileiras, permi-tindo a distribuição de imagens, áudios, conteúdos e informações qualificados.

3.6.6 – Estimular e apoiar revistas culturais, pe-riódicos e publicações independentes, voltadas à crítica e à reflexão em torno da arte e da cultura, promovendo circuitos alternativos de distribuição, aproveitando os equipamentos culturais como pon-tos de acesso, estimulando a gratuidade ou o preço acessível desses produtos.

CAPÍTULO IV

DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – AMPLIAR A PARTICIPAÇÃO DA CULTURA NO DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO PROMOVER AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A CONSOLIDAÇÃO DA ECONOMIA DA CULTURA INDUZIR ESTRATÉGIAS DE SUSTEN-TABILIDADE NOS PROCESSOS CULTURAIS

4.3.6 – Estimular o uso da diversidade como fator de diferenciação e incremento do valor agregado dos bens, produtos e serviços culturais, promovendo e facilitando a sua circulação nos mercados nacional e internacional.

4.3.8 – Fomentar a associação entre produtores in-dependentes e emissoras e a implantação de polos regionais de produção e de difusão de documentários e de obras de ficção para rádio, televisão, cinema, in-ternet e outras mídias.

4.4.10 – Estimular, com suporte técnico-metodo-lógico, a oferta de oficinas de especialização artís-ticas e culturais, utilizando inclusive a veiculação de programas de formação nos sistemas de rádio e te-levisão públicos.4.5.3 – Apoiar políticas de inclusão digital e de cria-ção, desenvolvimento, capacitação e utilização de softwares livres pelos agentes e instituições ligados à cultura.

4.4.1 – Desenvolver e gerir programas integrados de formação e capacitação para artistas, autores, técni-

cos, gestores, produtores e demais agentes culturais, estimulando a profissionalização, o empreendedoris-mo, o uso das tecnologias de informação e comu-nicação e o fortalecimento da economia da cultura.

4.5 – Promover a apropriação social das tecnologias da informação e da comunicação para ampliar o aces-so à cultura digital e suas possibilidades de produção, difusão e fruição.

4.5.1 – Realizar programa de prospecção e dissemi-nação de modelos de negócios para o cenário de con-vergência digital, com destaque para os segmentos da música, livro, jogos eletrônicos, festas eletrônicas, webdesign, animação, audiovisual, fotografia, videoar-te e arte digital.

4.5.2 – Implementar iniciativas de capacitação e fo-mento ao uso de meios digitais de registro, produção, pós-produção, design e difusão cultural.

CAPÍTULO V

DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL – ESTIMULAR A ORGANIZAÇÃO DE INSTÂNCIAS CONSUL-TIVAS CONSTRUIR MECANISMOS DE PAR-TICIPAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL AMPLIAR O DIÁLOGO COM OS AGENTES CULTURAIS E CRIADORES

5.1.2 – Articular os sistemas de comunicação, prin-cipalmente, internet, rádio e televisão, ampliando o espaço dos veículos públicos e comunitários, com os processos e as instâncias de consulta, participação e diálogo para a formulação e o acompanhamento das políticas culturais.

5.1.3 – Potencializar os equipamentos e espaços cul-turais, bibliotecas, museus, cinemas, centros culturais e sítios do patrimônio cultural como canais de comu-nicação e diálogo com os cidadãos e consumidores culturais, ampliando sua participação direta na gestão destes equipamentos.

5.1.5 – Criar mecanismos de participação e repre-sentação das comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas na elaboração, implementação, acompa-nhamento, avaliação e revisão de políticas de proteção e promoção das próprias culturas

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