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1975andreia
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2. nos caros presentes que ele lhe dava. Apaixonado por Marcela, Brs Cubas gastaenormes recursos da famlia com festas, presentes e toda sorte de frivolidades.Seu pai, para dar um basta situao, toma a resoluo mais comum para asclasses ricas da poca: manda o filho para a Europa estudar leis e garantir o ttulode bacharel em Coimbra. Brs Cubas, no entanto, segue contrariado para auniversidade. Marcela no vai como combinara, despedir-se dele, e a viagemcomea triste e lgubre. Em Coimbra, a vida no se altera muito. Com o diplomanas mos e total inaptido para o trabalho, Brs Cubas retorna ao Brasil e seguesua existncia parasitria, gozando dos privilgios dos bem-nascidos do pas. Emcerto momento da narrativa, Brs Cubas tem seu segundo e mais duradouroamor. Apaixona-se por Virglia, filha de um ministro da corte, aconselhado pelopai, que via no casamento com ela um futuro poltico. No entanto, ela acaba secasando com Lobo Neves, que arrebata do protagonista no apenas a noiva comotambm a candidatura a deputado que o pai preparava. A famlia dos Cubas,apesar de rica, no tinha tradio, pois construra a fortuna com a fabricao decubas, tachos, maneira burguesa. Isso no era louvvel no mundo dasaparncias sociais. Assim, a entrada na poltica era vista como maneira deascenso social, uma espcie de ttulo de nobreza que ainda faltava a eles.NO-REALIZAESO romance no apresenta grandes feitos, no h um acontecimento significativoque se realize por completo. A obra termina, nas palavras do narrador, com umcaptulo s de negativas. Brs Cubas no se casa; no consegue concluir oemplasto (medicamento que imaginara criar para conquistar a glria nasociedade), acaba se tornando deputado, mas seu desempenho medocre; eno tem filhos. A fora da obra est justamente nessas no-realizaes, nessesdetalhes. O mais importante no a realizao ou no dessas veleidades, mas odireito de t-las, que est reservado apenas a uns poucos da sociedade da poca.Veja-se o exemplo de Dona Plcida e do negro Prudncio. Ambos sopersonagens secundrios e trabalham para os grandes. A primeira nasceu parauma vida de sofrimentos. Alm da vida de trabalhos e doenas e sem nenhumsabor, Dona Plcida serve ainda de libi para que Brs e Virglia possamconcretizar o amor adltero numa casa alugada para isso. Com Prudncio, v-secomo a estrutura social se incorpora ao indivduo. Ele fora escravo de Brs nainfncia e sofrera os espancamentos do senhor. Um dia, Brs Cubas o encontra,depois de alforriado, e o v batendo num negro fugitivo. Depois de breve espanto,Brs pede para que pare com aquilo, no que prontamente atendido porPrudncio. O ex-escravo tinha passado a ser dono de escravo e, nessa condio,tratava outro ser humano como um animal. Sua nica referncia de como lidarcom a situao era essa, afinal era o modo como ele prprio havia sido tratadoanteriormente. Prudncio no hesita, porm, em atender ao pedido do ex-dono,com o qual no tinha mais nenhum tipo de dvida nem obrigao a cumprir.CONCLUSOMachado alia nesse romance profundidade e sutileza, expondo muitos problemasde nossa sociedade que existem at hoje. Da o prazer da leitura e a importnciade seu texto, pois atualiza, de forma irnica, os processos em que nosso pas foi 3. formado, suas contradies e os desmandos que ainda esto presentes.