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Senso incomum 19 - jan 2104

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Jornal Laboratorio co Curso de Jornalismo UFU O MMA feminino não é um esporte tão reconhecido, falado e respeitado. O masculino nem tanto, mas todos sabem as dificuldades quando o assunto é esporte feminino, ainda mais quando se trata de luta. As mulheres vêm conquistando seu espaço nos rings mundiais não é de hoje e, aos poucos têm conseguido o território merecido, como grandes esportistas que são. [...] Lutadoras talentosas nessa nova categoria não faltam e espaço para elas, pelo jeito, não é mais problema. Sem dúvidas, o MMA feminino veio para ficar, não pelos rostos bonitos, mas sim pelas grandes atletas que esse esporte possui.

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Page 1: Senso incomum 19 - jan 2104

sen so i n com um

novo cu rrícu lo d e m ed i c i n a t em foco em at en cão pr im ár ia

r i val i d ad e h i st ór i ca ent re at lét i cas d a un iv ers i d ad e

falt a d e i n cent ivo esvaz ia t eatros d e u b erlân d i a

8.

.9

10.

J ORN AL-LABORATÓRI O DO CURSO DE J ORN ALI SM O - UFU - AN O 05 - N º 1 9 - DEZEM BRO/201 3-JAN EI RO/201 4

qquueemméévvooccêê??ppáággiinnaass66ee77

FOTOS: Ananda Dinato

Page 2: Senso incomum 19 - jan 2104

Todos nós possuímos opiniões. Isso é um fato indiscutível,onde não há espaço para dúvidas. Outro fato que não merecequestionamentos é o de que cada indivíduo possui uma maneiraprópria de pensar e agir. Logo, cada ser humano se torna únicoem suas diferenças e, portanto, possui uma opinião que se di -fere da opinião dos demais. Mas, será que todos sabem disso?

Atualmente inúmeras pessoas levantam bandeiras em favorda liberdade de expressão e de pensamento, esbravejam aosquatro ventos que ninguém deve julgar ninguém e que cada umdeve viver sua vida da maneira que lhe for conveniente. É umaatitude bonita. Mas é também uma atitude hipócrita.

Ao mesmo tempo em que indivíduos lutam pela l iberdadede expressão, os mesmos, em cenas corriqueiras, desrespei -tam e julgam preconceituosamente os valores e opiniões deoutras. Ora, lutar por uma causa que nos é conveniente é muitofácil . Se sou x, vou defender a causa do x. Se sou y , vou defen-der a causa do y. Mas se eu sou w? Não preciso respeitar ascausas do x e do y? “Nãaaao!”, dizem os pseudolibertários.

Além disso, os seres humanos estão se tornando cada vezmais efêmeros. Mudam de causas, assim como mudam deroupa. “Se hoje me convém defender esta causa, vou defendê-la.Se amanhã não precisar mais dela, vou julgá-la”. E o mais triste éque, na maioria das vezes, esses indivíduos nem sequer sabemse o que estão falando e disseminando é o que de fato acredi -tam. Pior, será que eles realmente acreditam em alguma coisa?

Lutar por algo, eles lutam. Mas qual o real motivo de uma lutatotalmente esvaziada de sentido, onde a palavra de ordem é odesrespeito ao outro? Adianta defender uma causa baseandoseus argumentos em insultos e críticas ao que não vai ao en-contro de suas convicções? Você não está somente reproduzin-do com os outros o que não quer que façam com você?

Você pode possui r sua opi ni ão e defendê-l a, caso neces-sári o. Este fato não pode ser contestado. O que você nãopode é acredi tar que suas i dei as são as úni cas que preci samser val i dadas e defendi das até o úl ti mo momento. Di vergên-ci as exi stem e devemos aprender a convi ver com el as.

Em u m a s oci ed a d e on d e l u ta m os p or ta n ta s ca u s a s ,q u e ta l l u ta rm os p or u m p ou co m a i s d e res p ei to a o q u en os é d i feren te?

O M M A femi ni no não é um esporte tão reco-nheci do, fal ado e respei tado. O mascul i no nemtanto, mas todos sabem as di fi cul dades quandoo assunto é esporte femi ni no, ai nda mai s quan-do se trata de l uta. As mul heres vêm conqui s-tando seu espaço nos rings mundi ai s não é dehoj e e, aos poucos têm consegui do o terri tóri omereci do, como grandes esporti stas que são.

A mai or organi zação de M M A do mundo, oUFC, foi um dos pri mei ros a reconhecer o poderfemi ni no nessa área, o poder de Ronda Rouseypara ser mai s específi co. O presi dente DanaWhi te j á ti nha dado uma decl aração no começode 201 2 di zendo que j amai s teríamos mul heresdi sputando no Ul ti mate Fi ghti ng Champi onshi p.Logo mudou de i dei a e foi convenci do da ma-nei ra mai s si mpl es: no octógono.

Na época ainda lutadora do Strikeforce, recém-campeã e lutando para defender seu título dianteda canadense Sarah Kaufman, Ronda Rousey im-pressionou o chefão do UFC com sua força, técnicae, principalmente, sua personalidade peculiar. De-pois disso, não demorou para a categoria peso galofeminina ser criada no evento, ter Rousey comoprimeira contratada e campeã da organização.

Ronda Rousey é ameri cana, durona e pre-cursora em tudo que fez até hoj e no auge deseus 26 anos. Pri mei ra mul her norte-ameri canaa conqui star uma medal ha ol ímpi ca no J udô(bronze em Pequi m, 2008), pri mei ra campeã fe-mi ni na no UFC, pri mei ra mul her a trei nar umaequi pe no The Ul ti mate Fi ghter, i nvi cta em suacarrei ra no M M A, com sete vi tóri as em seteconfrontos, todos por fi nal i zação com chave debraço que é sua especi al i dade. Ronda não é agarota boazi nha, mas, assi m como o própri oDana Whi te admi ti u , é a pri nci pal (úni ca) res-ponsável pel a entrada das mul heres no mai orevento de l uta l i vre do mundo.

O pri nci pal refl exo da popul ari dade e tal entode Ronda Rousey será a cri ação de mai s umacategori a femi ni na no UFC: o peso pal ha. A no-tíci a que abal ou o mundo da l uta foi confi rmadapel o própri o Dana que, em entrevi sta, d i sse quea nova temporada do TUF (The Ul ti mate Fi gh-ter) , que tem Ronda e sua arqui rri val M i esha Ta-te como trei nadoras, vem fazendo tantosucesso que o fez pensar e trabal har em umanova di vi são para mul heres.

Lutadoras talentosas nessa nova categorianão faltam e espaço para elas, pelo jeito, não émais problema. Sem dúvidas, o MM A femininoveio para ficar, não pelos rostos bonitos, mas simpelas grandes atletas que esse esporte possui .

2OP IN I ÃO I Nn. 1 9dez/jan

201 3/1 4

Reitor: Elmiro Santos Resende / Diretor da FACED: MarceloSoares Pereira da Silva / Coordenadora do curso de Jornalismo:Ana Cristina Menegotto Spannenberg / Professoresresponsáveis: Christiane Pitanga, Ingrid Gomes, MarceloMarques e Mirna Tonus

Editores-chefe: Giovana Matusita e José Elias Mendes /Editores de capa: Leonardo Hamawaki e Paula Nascimento /Editores de páginas especiais: Francine Naves e GabrielRodrigues / Editoras de fotografia e arte: Marina Coll e ThatianaAngeli / Editores de opinião: Guilherme Fragosso e NayaraFerreira / Editorialista: Aline Guerra / Revisoras: Mirna Tonus e

Ingrid Gomes / Finalização: Danielle BuiattiAtualidades // Editores: Alzira Riquieri e Maysa Vilela /

Subeditores: Aline Guerra, Lucas Manaf, Nayane Dominique,Nivaldo Nascimento e Rinaldo Morais

Ciência & Tecnologia // Editores: Anna Vitória Rocha ePriscila Diniz / Subeditores: Amanda Silva, Ananda Dinato,Felipe Flores, Gabriela Guimarães, Gabriel Zuccolotto, LaísFarago e Lorena Martins

Cultura, esporte e lazer // Editores: Flahana Pfeifer e VictorAlbergaria / Subeditores: Giovana Santos, José Pedro Bezerra,Lara Lacerda, Leidiane Campos e Maria Emília Duarte

Expediente

Editorial

Artigo

Charge

Leidiane Campos

Lutando por espaço nos octógnos

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Opinião é questão de respeito

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OP IN I ÃO3I N n. 1 9dez/jan201 3/1 4

Crônica

José Elias Mendes

Por que você não gosta de mim?

J u n ção d e opi n i ão, cu l -tu ra, ed u cação, i n form açãoe servi ços. É assi m q u ed escrevo o ‘ Sen so I n Co-m u m’ . O j orn al m ostra oq u e h á d e rel evan te para om ei o acad êm i co com o parao pú bl i co em g eral . U ti l i zad e l i n g u ag em cl ara, d es-con traíd a e coesa e possi -bi l i ta o en ten d i m en to e ai n teração d os l ei tores. N es-ta ed i ção, d estaco o arti g o“Opi n i ão é q u estão d e res-pei to”, escri to por Lei d i an eCam pos. O texto traz u m arefl exão sobre as form as d e

pen sar e ag i r e a h i pocri si aq u e cerca cad a u m a d el as.A reportag em “Som os Pl u-rai s” tam bém m e ch am ouaten ção, poi s traz q u esti o-n am en tos sobre a i d en ti -d ad e d o ser h u m an o eacaba “propon d o” u m ad escon stru ção d e precon-cei tos a fi m d e vi ver a d i -versi d ad e sem os“m al d i tos” estereóti pos i m-postos pel a soci ed ad e.

Fernanda Resende

Jornalista (repórter do

G1/Portal de Notícias da

Globo) e escritora.

Ombudsman Espaço do Leitor

Cru zei ren se. Log o eu , q u e n ão en ten d o patavi n as d e fu-tebol , g an h ei este apel i d o pel os corred ores d o l ocal on d eestag i o q u an d o ch eg u ei pra trabal h ar h á u n s m eses. Euestava d e bi g od e. Por m eses e por pu ra preg u i ça – q u ed i sfarço com o pretexto d a fal ta d e tem po – vi n h a cu l ti -van d o u m q u ase-n ad a d e barba q u e m eu s h orm ôn i os m eperm i tem . Acon tece q u e eu ten h o pavor d e fazer a barba.N u m esforço caval ar q u e, para m i m , foi i g u al (ou pi or)d o q u e l evan tar u m a barra d e d u as ton el a-d as, barbeei parte d o rosto para u m tra-bal h o d a facu l d ad e. Dei xei o bi g od e.

Mal sabia eu, no auge da minhaignorân ci a fu tebol ísti ca , q u eu sa r bi g od e estava em a l taen tre os torced ores d o Cru-zei ro. Acon tece q u e h ápou cos d i a s o ti m e m i n ei roh avi a se con sa g ra d o tri -ca m peã o bra si l ei ro n u m abel íssi m a – d i ssera m –pa rti d a con tra o ba i a n o Vi -tóri a . O a ta ca n te, Wi l l i a m ,em a pen a s três m eses d eti m e ca i u n a s g ra ça s d a tor-ci d a e seu bi g od e se con verteun o sím bol o d o torced or d a Ra po-sa , n a i n síg n i a d o ca m peã o.

N a facul dade a coi sa se deu um pou-co di ferente, pero no mucho. Em uma míserasemana de bi gode, j á perdi as contas das vezes emque desconheci dos, comparando-me ao fal eci do vocal i stada banda bri tâni ca Queen, acharam prudente me cantar “Weare the champions” enquanto eu andava pelo campus. Quiseraeu que minhas duas novas alcunhas significassem que eu fosseum campeão, mas não. Acontece que meus novos apelidos sig-nificavam que a minha identidade social – detalhadamente ar-quitetada nos meus 24 anos de vida – fora reduzida a um bigode.

Que meus l ei tores não me i nterpretem mal , vi sto que souum grande fã do Queen, mas eu não quero ser Freddi e M er-cury. N ão quero vi ver sob pressão, nem para sempre. N ãoquero sacudi r você e não quero cantar uma rapsódi a boê-mi a. Também não quero ser cruzei rense. E, essenci al mente,eu não quero ser um bi gode.

Quem também não qui s ser Freddi e foi o cantor l i banês

radi cado em Londres, M i ka. Cansado de ser rej ei tado pel asgravadoras devi do a seu esti l o arroj ado e i novador, M i ka es-creveu a ca n çã o q u e o col ocou n o topo d a s pa ra d a s: G ra-ce Kel l y. I ron i za n d o o fa to d e s er recorren tem en tecom p a ra d o a o voca l i s ta d o Qu een g ra ça s à s u a ca p a ci -d a d e d e a ti n g i r ton s a g u d os com a voz, el e ca n ta q u e te-ve u m a cri s e d e i d en ti d a d e a o ten ta r s er “ u m p ou co

Fred d i e” e es b ra vej a : “ Por q u e você n ã o g os ta d em i m s em m e exi g i r es forço?” .

A al teri dade, em oportuna defi ni çãode Frei Betto, é a capaci dade de

apreender o outro na pl eni tude dasua di ferença. Tendemos a nos

proj etar no outro e a transfor-má-lo em ícones que temos

por corretos. Acontece que aausência de alteridade nasrelações pessoais, ou seja,não perceber o outro emsuas singularidades, acabapor gerar confl itos.

“Que coi sa mai s trai ço-ei ra é acredi tar que uma

pessoa é mais do que umapessoa”, disse John Green em

seu romance Cidades de Papel . Oescritor norte-americano foi certeiro

ao abordar a estranha mania da socieda-de de formar imagens sobre os indivíduos.

Criamos, diariamente, estereótipos e formulamos jul -gamentos baseados única e exclusivamente em signos desuas identidades sociais. Signos que são apenas peças docomplexo quebra-cabeça que é a formação do ser humano.

Acontece que os sujeitos se elaboram no bojo da cultura ea identidade é discursivamente construída. Desta forma, pormeio da l inguagem, a loira passa a ser burra. O gordo, piadis-ta. A mulher de roupa curta é vadia e o homossexual é pro-míscuo. O negro é objeto sexual e o mendigo é vagabundo. Oestudante de ciências humanas é hippie, o de exatas é ho-mem com H maiúsculo e eu, é claro, torço pelo Cruzeiro.

Eu poderi a ser marrom, azul ou vi ol eta cel este. Eu poderi aser cruzei rense ou ser Freddi e M ercury. M as eu não queroser Freddi e e, se estes são os di as das nossas vi das, por fa-vor, não me parem agora. Eu quero me l i bertar.»

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Ajude-nos a criar umaUFU fora do comum!Siga o instagram@sensoincomum euse a hashtag#ufuincomum

Também envie suacontribuição [email protected]

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Page 4: Senso incomum 19 - jan 2104

A hantavirose é transmitida pela inala-ção de um vírus presente nos dejetosde ratos selvagens. Jean EzequielLimongi , professor da UFU, ga-nhou o prêmio de melhor pro-dução técnico-científica doMinistério da Saúde em 201 3,na pesquisa sobre o vírus.

A região estudada foiTriângulo Mineiro e Alto Pa-ranaíba, que concentra osmaiores registros da doençano país entre 20 e 25% doscasos, segundo o docente.

Pa ra o p rofes s or, a l g u n sfa tores a j u d a m n es s e a l toín d i ce. “A a g rop ecu á ri a é forte.O s tra b a l h a d ores ru ra i s têmcon ta to es trei to com o roed or.Ai n d a tem a ép oca s eca q u e coi n ci d ecom a col h ei ta . Es s es ra tos s e a l i m en-ta m d e s em en tes d a s cu l tu ra s e q u a n-d o es tes a ca b a m m i g ra m p a ra a s fa zen d a s ”.

Segundo o pesqui sador, o prêmi o na 1 3º M ostra N aci onalde experi ênci as bem-sucedi das em epi demi ol ogi a, preven-ção e control e de doenças (EXPOEPI ) é um estímul o para se-gui r o trabal ho. “É i mportante receber um reconheci mentonaci onal . A hantavi rose quase ni nguém pesqui sa. N ão exi stedoença rara, exi ste aquel a que as pessoas não pesqui sam”.

M esm o com o prêm i o, o d ocen terel a ta a d i fi cu l d a d e d e pesq u i sa r n o

pa ís. “Estu d a r vi rol og i a é com-pl i ca d o. As verba s sã o pou-

ca s. Eq u i pa m en to, m a teri a lq u ím i co e a l og ísti ca sã o

ca ros. G ra n d es l a bora tóri -os têm d i fi cu l d a d es pa racom pra r os rea g en tesi m porta d os, poi s fa l ta d i -n h ei ro. Com a bu rocra ci ao estu d o fi ca i n terrom pi -

d o porq u e os u ten síl i ospa ra m n a a l fâ n d eg a . H á

m a i s em peci l h os pa racon seg u i r os i n stru m en tos

d o q u e tra ba l h a r”.

A pesquisaO es tu d o i d en ti fi cou u m ra to

res p on s á vel p el a d oen ça , o N ecrom ysLa s i u ru s , típ i co d o cerra d o e d a ca a-

ti n g a en con tra d o em á rea s com b a s ta n te ca p i m . O m a i orn ú m ero d e roed ores s e con cen tra n o fi n a l d o a n o. Porém ,a m a i ori a d os ca s os es tá en tre os m es es d e m a i o ea g os to. O p rofes s or con cl u i q u e “n o fi m d o a n o, ép oca d ech u va os a n i m a i s fi ca m n a n a tu reza , p oi s h á a l i m en to.N o m ei o d o a n o, h á p ou ca com i d a , d evi d o à col h ei ta d a scu l tu ra s e à s eca” .

4c i ên c i a&t ecnolog i a I Nn. 1 9dez/jan

201 3/1 4

Leonardo Hamawaki

Assistência odontológica domicil iarPriscila Diniz

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INFOGRÁFICO: Leidiane CamposFONTE: Dra. Ana Alice Martin de Castro e Silva

O projeto Atenção Odon-tológica aos Pacientes doPrograma de AssistênciaDomici l iar do Hospital deClínicas da UFU, criado em2006 pela Faculdade deOdontologia, visa a integraros alunos do grupo PETOdontologia ao Programa deAssistência Domici l iar (PAD),existente desde 1 996.

O PAD surgiu com o ob-jetivo de melhorar o atendi -mento aos desospital izadose reduzir os custos hospita-lares. O programa atende,com equipe multiprofissio-nal , 250 pessoas que ne-cessitam de tratamentocontínuo em casa. A a ssi s-tên ci a é vol ta d a a pa ci en-tes d e ba i xa ren d a .

Coordenado pela pro-fessora Andrea Gomes deOl iveira, a assistência odon-tológica oferece consulta emdomicíl io uma vez por se-m a n a , d e fo rm a a c o m b i -n a r c o m a g ra d e h o rá ri ad o s e s tu d a n te s .

  C a d a c o n s u l ta é fei tap o r d o i s a l u n o s m a tri c u-l a d o s n a d i s c i p l i n a d e es-tá g i o s u p ervi s i o n a d o e u ma l u n o d o P ET, c o m s u p er-vi s ã o d a c o o rd en a d o ra .El am en c i -o n a q u e“o a ten-d i m en toé fei toem u mc o n s u l -tó ri o a m b u l a n te, m a l etac o m o s i n s tru m en to s n e-c es s á ri o s ” .

S e g u n d o Fra n c i e n eG i o rd a n i , a l u n a d o 1 0 ºp e río d o d o c u rs o d eO d o n to l o g i a , o p ro j e tote m c o m o m a i o r b e n e fíc i ou m a p re n d i za d o p a ra avi d a . “ Ve r a d e b i l i ta ç ã o d eu m p a c i e n te e s a b e r q u ee l e a i n d a q u e r q u a l i d a d ed e vi d a , c o m o m a s ti g a rb e m , te r d e n te s b o n i to s ,m e e n c h e d e e s p e ra n ç ap a ra fa ze r o m e l h o r”.

A paciente Vera Lúcia deAlmeida tem 65 anos e éaten d i d a pel o PAD. El a sofred e Doen ça Pu l m on ar Obs-tru ti va Crôn i ca e respi ra porm ei o d e aparel h os. Em j a-

n ei ro d e 201 4,foi aten d i d a poral u n as q u e, sobsu pervi são,em ol d u raramsu a prótesed en tári a. Verad i sse q u e h á

m u i to tem po q u eri a ter u msorri so bon i to e ai n d a bri n-cou : “Qu an d o m i n h a próte-se fi car pron ta, vou passarbatom para sorri r”.

Os alunos de Odontologiapodem participar do Progra-ma de Assistência Domici l iara partir do 5º período. Asvagas são disponibi l izadaspor meio do PET Odontolo-gia, discipl inas obrigatórias eestágios supervisionados.Para os interessados, oseditais são divulgados nosite www.fo.ufu.br.

Saúde

Pesquisa sobre Hantavírus é premiada

"Quando minhaprótese ficar

pronta, vou passarbatom para sorrir"Vera Lúcia de Almeida

Page 5: Senso incomum 19 - jan 2104

Flávia Neiva de Ol iveira, professora de Direito da UFU ecoordenadora geral do Cieps, expl ica que a economia sol idáriaé uma alternativa para se pensar o capital ismo atual . Por meiodela, é possível gerar renda sem explorar o outro ou degradaro meio ambiente. “Aqui não há empregados, existem com-panheiros, cooperados ou associados que produzem respei -tando a natureza e respeitando o outro”, ressalta Flávia.

Renato Rosi fi n i cursa Admi ni stração na UFU e é bol si stahá sete meses no Ci eps. Para o futuro admi ni strador, aexperi ênci a l he permi ti u pensar a real i dade de forma mai sampl a e enxergar a i mportânci a de dar oportuni dades aquem preci sa. El e concl ui que o resul tado mai s agradável é“o sorri so no rosto de um catador de l i xo ou agri cul tor,quando nos di spomos a aj udar”.

Para saber mais: o Cieps fica na Rua Tapuios, nº 1 .370,bairro Saraiva, em Uberlândia, e está sempre de portas abertaspara novos colaboradores. Participar é simples, basta ter inte-resse na área de sustentabil idade, solidariedade ou cultura.

horas em turmas de, no míni mo, dez e,no máxi mo, 20 al unos. Segundo I vanRi bei ro, o curso oferece mai s vagas,sendo que as aposti l as ai nda preci samser adqui ri das pel os al unos.

AT UAL I D AD ESI N n. 1 9dez/jan201 3/1 4

"Aqui não há empregados, existem companheiros", Flávia Neiva

Cieps colaboracom gruposinformais e

associações paraque tenhamautonomia e

competitividade nomercado

FOTO: Eduardo Fernandes

Empreendimento solidário é possível?

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O Centro de I ncubação de Empreendi mentos Popul aresSol i dári os (Ci eps) atua, ofi ci al mente, desde 2008, desenvol -vendo um trabal ho com grupos i nformai s, comuni dades,cooperati vas e associ ações. Por mei o da economi a sol i dári a,o Ci eps presta servi ços de assessori a técni ca, admi ni strati -va, j urídi ca e contábi l para col eti vos popul ares, a fi m de queesses grupos possam gerar renda e, dessa forma, fomentaro desenvol vi mento regi onal .

O Ci eps conta com 22 al unos vi ncul ados à Pró-Rei tori ade Extensão, Cul tura e Assuntos Estudanti s (Proex) em suaequi pe, bem como professores e col aboradores. Kari na M a-mede, al una do curso de J ornal i smo na UFU e bol si sta naárea de assessori a de i mprensa do Ci eps, assegura que “to-dos aprendem a trabal har num vi és sol i dári o”, poi s asfunções são executadas di retamente com pessoas carentes.Os proj etos são separados em três vertentes: Agri cul turaFami l i ar e Camponesa, Col eta Sel eti va e Cul tura.

O programa I ngl ês sem Frontei ras(I sF) cri ado pel o M i ni stéri o da Edu-cação (M EC), j untamente com aSecretari a de Educação Superi or(SESu) e a Coordenação de Aperfei ço-amento de Pessoal de N ível Superi or(CAPES), i n i ci a 201 4 com novi dades. Ocurso i ntensi vo da língua agora contarácom aulas presenciais, total izando 1 ,2mil vagas disponíveis para alunos degraduação e pós-graduação que este-jam regularmente inscritos e ativos nocurso My English Online.

De acordo com o coordenador doprograma I van Ri bei ro, o moti vo i ni ci alda cri ação do I sF foi a defi ci ênci a emi ngl ês encontrada pel os al unos quequeri am fazer parte do programa dei ntercâmbi o Ci ênci a sem Frontei ras(CsF). “A possi bi l i dade de tentar mudarisso foi a criação de um programa que

pudesse auxiliar os alunos a melhorar oseu nível de proficiência. Não é algo ga-rantido, mas nós iremos fazer o possívelpara contribuir com este avanço”, expl i ca.

O curso é aberto aos uni versi tári os,mas al guns cursos não são contem-pl ados no programa Ci ênci a semFrontei ras, como no caso do estudantede Economi a J oão G abri el Tri stante.“M eu curso não entra no CsF e pensoque i sso é uma fal ta de comprometi -mento do governo federal , mas achoque o I sF é uma óti ma oportuni dadepara o desenvol vi mento pessoal dosparti ci pantes”, afi rma.

MudançasO I sF, que, em 201 3, contava apenas

com curso on-l i ne e workshops pre-paratóri os para exames de profi ci ênci a,agora, oferece curso presenci al de 64

Inglês sem Fronteiras agora também presencial

Lorena Martins

O atual processo de automação faci l i ta o usodas Bi bl i otecas UFU. Scanners pl anetári os, si stemaautomáti co de emprésti mo e devol ução de l i vros, e

cessão temporári a de netbooks são al gumas dasmel hori a s i n s ta l a d a s p a ra a g i l i za r o coti d i a n od os a l u n os U FU . C on fi ra a matéri a compl eta:em sensoi ncomumufu. bl ogspot. com. br.

Biblioteca: nova tecnologia agiliza cotidiano de estudantes

Maria Emília Duarte

Flahana Pfeifer

As primeiras turmas do I sFabriram os trabalhos em janeiroe se encerrarão em maio, quan-do se iniciará nova etapa deinscrições. As novas datas es-tarão disponíveis a partir deabri l no endereçowww.isf.mec.gov.br. Para real i -zação dos exames de proficiên-cia TOEFL ITP e I ELTS verificar osite: www.i leel .ufu.br/isf.

Inscrições

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6 I Nn. 1 9dez/jan

201 3/1 4

As Ciências Sociaispropõem uma reflexão quecolabore nadesconstrução dospreconceitos, para que sejapossível compreender ouniverso da intolerância eda discriminação. Sendoassim, nada mais prudenteque a diversidade.

Maysa Vilela

“Não ando de salto no 3Q, não venho pra faculdade engravatada”, afir-ma Samara Castro, estudante de Direito da UFU. Segundo ela, apesar danecessidade de se adequar aos “padrões” quando se procura um estágio,esse estereótipo é uma mentira. “Os estudantes estão se sentindo maisl ivres para poderem ser quem realmente são”, afirma. ParaFel ippe Alves, do mesmo curso, o descrédito não estáno modo de se vestir, o problema é a hipocrisia.“I sso nos levou a fundar um coletivo de arteengajada, no qual usamos a arte em projetossociais transformando em prática as aulase ajudando a quem precisa”, conta.

Professor do curso de Ci ênci as So-ci ai s da UFU, M arcel M ano desenvol -ve proj etos rel aci onados àAntropol ogi a Cul tural e Etnografi a eexpl i ca que os grupos soci ai s pre-ci sam da defi ni ção de al go que l hessej a própri o e que os di ferenci e dosoutros. “A i denti dade é o que dá aoi ndi víduo um caráter de pertenci -mento a um grupo”, expl i ca. Para oprofessor, vi ve-se em uma soci edadecompl exa em que o i ndi víduo compõesua i denti dade, que é di nâmi ca, a parti r dedi ferentes ci rcunstânci as.

O ambi ente uni versi tári o é repl eto de este-reóti pos. I sabel Dias, estudante de Agronomia, cur-so conhecido por suas festas e estudantes de botina ecamisa xadrez, sente-se parte desse imaginário e afirma que ocenário baladeiro e rústico não atrapalha na integração. Para Matheus Gi -rotto, que também cursa Agronomia, as pessoas têm a consciência maisaberta com relação à diversidade. Entretanto, ele acredita que é comum osalunos mudarem seu j ei to de ser para serem i ncl usos no grupo.

N a óti ca da psi cól oga M ari ana de Ol i vei ra, que atende no Setor deAtendi mento Psi col ógi co ao Estudante da UFU (SEAPS), a questão daadaptação na uni versi dade é uma quei xa comum. El a expl i ca que o i ndi -

víduo vai se desenvol vendo e cri ando sua i denti dade dentro de grupossoci ai s que tenham pri ncípi os semel hantes e, se não en-

contra, pode se frustrar e encontrar di fi cul dades dei ntegração. “M ui tos se sentem sozi nhos nessa

fase, podem senti r angusti a, ansi edade e atése i sol ar”, compl eta.

Fernando Marinho, estudante de En-genharia Elétrica, auxil ia na organiza-

ção de festas e descreve gostar de seenvolver com isso, fortalecendo o

estereótipo. Lucas Beato, da Mecâ-nica, não se sente parte e conta quetroca as “famosas festas” por pro-gramas que o ajudem a relaxar,como academia e futebol. “No meugrupo de amigos, sabemos respei -

tar as diferenças e não precisei meadequar a nenhum ‘padrão’”, conta.

“N unca me senti parte di ssoporque, ti rando o chi nel o, não uso

roupas mui to si mpl es, não fumo ma-conha e nem quero ser mi l i tante”, afi rma

Pedro G rossi , estudante de Ci ênci as Soci ai s.El e di z que, apesar dos assuntos e i nteresses

di ferentes, a convi vênci a é saudável . Recém-for-mada em Ci ênci as Soci ai s pel a UFU, G abri el a M orai s

afi rma que o curso ai nda é margi nal i zado e acredi ta que o enredo de“não dar di nhei ro”, só ter hi ppi e que fuma maconha e faz revol ução é mi to.“Di ante da di ferença, à soci edade não cabe um j ul gamento, cabe umacompreensão”, fi nal i za.

N em t u d o o qu e parece éIdentidades plurais se mostram mais reais que as

representações estereotipadas

Foto

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Somosplurais

Page 7: Senso incomum 19 - jan 2104

7I N n. 1 9dez/jan201 3/1 4

“Não ando de salto no 3Q, não venho pra faculdade engravatada”, afir-ma Samara Castro, estudante de Direito da UFU. Segundo ela, apesar danecessidade de se adequar aos “padrões” quando se procura um estágio,esse estereótipo é uma mentira. “Os estudantes estão se sentindo maisl ivres para poderem ser quem realmente são”, afirma. ParaFel ippe Alves, do mesmo curso, o descrédito não estáno modo de se vestir, o problema é a hipocrisia.“I sso nos levou a fundar um coletivo de arteengajada, no qual usamos a arte em projetossociais transformando em prática as aulase ajudando a quem precisa”, conta.

Professor do curso de Ci ênci as So-ci ai s da UFU, M arcel M ano desenvol -ve proj etos rel aci onados àAntropol ogi a Cul tural e Etnografi a eexpl i ca que os grupos soci ai s pre-ci sam da defi ni ção de al go que l hessej a própri o e que os di ferenci e dosoutros. “A i denti dade é o que dá aoi ndi víduo um caráter de pertenci -mento a um grupo”, expl i ca. Para oprofessor, vi ve-se em uma soci edadecompl exa em que o i ndi víduo compõesua i denti dade, que é di nâmi ca, a parti r dedi ferentes ci rcunstânci as.

O ambi ente uni versi tári o é repl eto de este-reóti pos. I sabel Dias, estudante de Agronomia, cur-so conhecido por suas festas e estudantes de botina ecamisa xadrez, sente-se parte desse imaginário e afirma que ocenário baladeiro e rústico não atrapalha na integração. Para Matheus Gi -rotto, que também cursa Agronomia, as pessoas têm a consciência maisaberta com relação à diversidade. Entretanto, ele acredita que é comum osalunos mudarem seu j ei to de ser para serem i ncl usos no grupo.

N a óti ca da psi cól oga M ari ana de Ol i vei ra, que atende no Setor deAtendi mento Psi col ógi co ao Estudante da UFU (SEAPS), a questão daadaptação na uni versi dade é uma quei xa comum. El a expl i ca que o i ndi -

víduo vai se desenvol vendo e cri ando sua i denti dade dentro de grupossoci ai s que tenham pri ncípi os semel hantes e, se não en-

contra, pode se frustrar e encontrar di fi cul dades dei ntegração. “M ui tos se sentem sozi nhos nessa

fase, podem senti r angusti a, ansi edade e atése i sol ar”, compl eta.

Fernando Marinho, estudante de En-genharia Elétrica, auxil ia na organiza-

ção de festas e descreve gostar de seenvolver com isso, fortalecendo o

estereótipo. Lucas Beato, da Mecâ-nica, não se sente parte e conta quetroca as “famosas festas” por pro-gramas que o ajudem a relaxar,como academia e futebol. “No meugrupo de amigos, sabemos respei -

tar as diferenças e não precisei meadequar a nenhum ‘padrão’”, conta.

“N unca me senti parte di ssoporque, ti rando o chi nel o, não uso

roupas mui to si mpl es, não fumo ma-conha e nem quero ser mi l i tante”, afi rma

Pedro G rossi , estudante de Ci ênci as Soci ai s.El e di z que, apesar dos assuntos e i nteresses

di ferentes, a convi vênci a é saudável . Recém-for-mada em Ci ênci as Soci ai s pel a UFU, G abri el a M orai s

afi rma que o curso ai nda é margi nal i zado e acredi ta que o enredo de“não dar di nhei ro”, só ter hi ppi e que fuma maconha e faz revol ução é mi to.“Di ante da di ferença, à soci edade não cabe um j ul gamento, cabe umacompreensão”, fi nal i za.

N em t u d o o qu e parece é

A i n tol erâ n ci a m a ta , com o p rova a p es q u i s a d o I n s ti -tu to d e Pes q u i s a Econ ôm i ca Ap l i ca d a q u e a p on ta q u e 3 9m i l n eg ros fora m a s s a s s i n a d os n o Bra s i l em 20 1 3 , con-tra 1 6 m i l a s s a s s i n a d os " n ã o n eg ros " . O u s ej a , a s ch a n-ces d e u m n eg ro s er a s s a s s i n a d o n o Bra s i l s ã o m u i tom a i ores . O u tra p es q u i s a , d o G ru p o G a y d a Ba h i a - a m a i sa n ti g a a s s oci a çã o d e p roteçã o a os h om os s exu a i s - ,m os tra q u e, a ca d a 26 h ora s , u m h om os s exu a l foi a s s a s-s i n a d o em 20 1 2. J á p a ra a p es q u i s a d i vu l g a d a p el a R ed ed e D es en vol vi m en to H u m a n o, a s es ta tís ti ca s com p rova mq u e p el o m en os 3 0 % d a s m u l h eres s ofrera m a l g u m ti p od e vi ol ên ci a d om és ti ca .

Para com bater a opressão sofri d a pel os afrod escen d en-tes, U berl ân d i a con ta com o En eg recer, m ai or col eti vo n aci -on al d e j u ven tu d e n eg ra. Dan d ara Ton an tzi n , estu d an te d ePed ag og i a d a U FU e m i l i tan te d o En eg recer, expl i ca q u e oobj eti vo é com bater q u al q u er ti po d e opressão. “N ão d á prag en te pen sar u m a soci ed ad e em q u e tod os sej am i g u ai scom o raci sm o arrai g ad o d o j ei to q u e n ós tem os. N ós tol e-ram os o ou tro até o pon to em q u e o ou tro fi q u e n o l u g ard el e. E q u al é o l u g ar d o n eg ro n a soci ed ad e? [. . . ] O n eg ropod e estar on d e el e q u i ser”, afi rm a.

A i n tol erân ci a ao q u e é d i feren te n ão é n ovi d ad e soci al .De acord o com Débora Pastan a, soci ól og a d a U FU , n ovassão a repu l sa e a i n ci tação ao ód i o. Qu an to m ai s d i stan te,m el h or. “O m ovi m en to é d e repu l sa, d e repu d i ar esse estra-

n h o, d e col ocá-l o o m ai s d i stan te q u e for possível ”, ressal -ta.

M a th eu s Am a ra l , es tu d a n te d e C i ên c i a s S o c i a i s q u ea tu a l m en te c o m p õ e o “ Em c i m a d o S a l to” - p ro g ra m ad e p ro teç ã o a tra ves ti s e tra n s exu a i s - , c o n ta q u e, ap a rti r d e s u a s exp eri ên c i a s , to m o u a i n i c i a t i va d e p ro-m over o even to q u e c o m em o ro u o D i a N a c i o n a l d a Vi s i -b i l i d a d e Tra n s n a U FU . A i d ei a c o n s i s te em u m c o n vi tep a ra q u e a s p es s o a s c o m p a reç a m u s a n d o s a i a s , i n d e-p en d en tem en te d o g ên ero , e n a rea l i za ç ã o d e d eb a tesem to rn o d a q u es tã o .

I n t olerân c i a versu s d i v ers i d ad eAnanda Dinato

Con fl it os d e i d ent i d ad eRinaldo Morais

Pesquisadora reflete sobre o tema

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A página do Facebook "Segredos UFU" causoupolêmica no último dia 21 de janeiro por publ icaranonimamente protestos e desabafos de alunosda UFU. Comentários de conteúdo violento, ho-mofóbico e racista mostraram como a intolerân-cia e o preconceito ainda estão presentes naUniversidade. Para entender mais sobre esseódio contra as diferenças, o Senso entrevistouDébora Pastana, doutora em Sociologia, que ex-pl icou mais sobre o estranhamento de identida-des e também as possíveis causas da homofobia,que faz centenas de vítimas no país.

Senso: Quai s as possívei s razões dos confl i -tos gerados pel as di ferenças?

Débora: N a soci ol ogi a, há um debate sobreconstrução da i denti dade fundamentado porautores como Sennett e Baumann. Segundoel es, o i ndi vi dual i smo exacerbado é uma dasrazões das cri ses de i denti dade col eti va. Ao cul -ti var l aços soci ai s mai s frágei s e mai s frouxos,nossa i denti fi cação com o outro di mi nui .

Senso: Quando começam essas cri ses de i denti fi cação col eti va?Débora: Esses autores fazem uma l i gação como própri o desenvol vi -

mento do capi tal , que i mpl i cou uma vi da mai s apartada e segregada. Asoci edade vai se afastando daqui l o que é i nconveni ente. Os condomíni -os fechados, os shopping centers cl i mati zados, são formas de excl ui raqui l o que é consi derado rui m. N o Brasi l , é só pensar no abi smo entreri cos e pobres, na enorme desi gual dade soci al . I sso repercute em di s-cri mi nação, em preconcei to, em segregação de cl asse.

Senso: O que a j usti ça pode fazer para combater essa i ntol erânci a?Débora: Ameaça j á é cri me no códi go penal , l esão corporal , i n j úri a,

cri mes contra a personal i dade. Porém, cri mi nal i zar ou tornar a penamai s severa não i mpl i ca redução da i ntol erânci a. Aquel e que é agressi vo,que xi nga, mui tas vezes não acha que está cometendo cri me. El e achaque está no seu di rei to - cri stão ou moral - de mostrar pra esse ou paraaquel e suj ei to que el e é uma aberração. G rande parte dos agressores seacha no di rei to de moral i zar aqui l o que é di ferente.

Somosplurais

Page 8: Senso incomum 19 - jan 2104

Lara Lacerda A Facul dade de M edi ci na (FAM ED) daUFU foi fundada há 46 anos. Embora te-nha passado por vári as modi fi cações, tai scomo ampl i ação do número de docentese aumento no número de l ei tos do H ospi -tal de Cl íni cas - que vei o a se tornar o se-gundo mai or hospi tal uni versi tári o do país-, o currícul o só passou por al terações nofi nal de 201 3.

As di scussões sobre a reforma cur-ri cul ar começaram em 2000, durante oI Fórum Sobre Ensi no M édi co da FAM ED,que contou com a parti ci pação de todosos segmentos da facul dade. De acordocom a coordenadora do curso, Al essan-dra Ri bei ro, em 2001 , j á se fal ava em umcurrícul o com a aprendi zagem centradano al uno e di ri g i do para as necessi dadesde saúde da popul ação, mas foi apenasna segunda metade de 201 3 que a refor-ma se consol i dou.

“O mai s i mportante é a quebra do pa-radi gma de um model o centrado no pro-fessor para um model o centrado naaprendi zagem do al uno e i sso é real men-te uma vi são mui to di ferente para nósprofessores que vi emos todos de um cur-rícul o tradi ci onal , é um enorme desafi o”,afi rma a coordenadora.

O que mudou?Uma das modificações mais marcantes

do novo currículo foi que os dois semestresda discipl ina Medicinas Preventivas e Co-munitárias foram transformados em dozesemestres do Eixo Saúde Coletiva, em que ocontato médico-paciente se torna muitomais prático e didático com visitas às Uni -dades Básicas de Saúde.

Outra mudança foi a cri ação do Ei xo

Reflexivo. As matérias de Ética, Bioética eHistória da Medicina agora são presentesdurante quatro anos da graduação. Cincocomponentes principais compõem esseeixo: a humanidade, a ética e a bioética, ahistória da medicina, as relações intrapes-soais e a habil idade de comunicação.

Ao l ongo do pri mei ro período, os al u-nos têm assi sti do a fi l mes e fei to narrati -vas a respei to do que é assi sti do. Até ofi nal da graduação, serão i ntroduzi dos l i -vros e real i zadas dramati zações que si -mulem o contato entre médico e paciente.Para Helena Paro, uma das professoras doreferido eixo, a importância de se introduziras artes e a ficção é para que o aluno tenhaa capacidade de se colocar no lugar do ou-tro, de se transpor no outro, porque essa éuma característica essencial do médico.

Al u n o d o pri m ei ro períod o, Fran ci sCl ayton d e Castro recon h ece a i m por-tân ci a d e se m el h orar a rel ação m éd i co-paci en te, m as acred i ta q u e i sso n ãopossa ser fei to em d etri m en to d a for-m ação técn i ca porq u e a popu l ação d e-m an d a m éd i cos q u e sai bam d i ag n osti care se rel aci on ar com o paci en te. “Vári ash oras sem an ai s d esse n ovo ei xo, som a-d a a d i m i n u i ção d a carg a h orári a d e au-l as sobre m ed i ci n a, prej u d i cam aform ação d os al u n os”, opi n a.

Em contraposi ção, a professora H el e-na acredi ta que não fal ta conheci mentotécni co-ci entífi co para a escol a de medi -ci na, o que fal ta é trabal har a rel ação en-tre médi co e paci ente. “N ão é di fíci lencontrar recl amações da soci edade emrel ação a um médi co que não ol ha nosol hos do paci ente, que não encosta nopaci ente e só pede exames”, fi nal i za.

8AT UAL I D AD ES I Nn. 1 9jan/fev

201 3/1 4

Alunos acompanham atendimento em Unidades Básicas de Saúde a partir do primeiro período

FOTO: Lara Lacerda

As mudançasmais

marcantesintensificam

eixo reflexivodo curso. Há

quem acrediteque a reformafoi pre judicial

para aformaçãomédica

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Curso de Medicina al tera currículo

Page 9: Senso incomum 19 - jan 2104

Segundo MarceloSpiezzi , ex-presidente daAtlética das Engenharias,“apesar de alguns se sen-tirem ofendidos com a ri -validade, é o que sustentaas olimpíadas e faz osatletas e a torcida daremgarra total”. Para não pas-sar dos limites, há conver-sas entre as Atléticas paratornar a relação menosconfl ituosa. Nélio Nasci -mento, atual presidente daAtlética das Engenharias,afirma que “a rival idade émais esportiva, uma rela-ção amistosa”.

As ol i m pía d a s sã ou m espa ço pa ra a pren-d i za d o sobre m od a l i d a-d es em g era l . Pa raPóvoa , a prá ti ca n a u n i -versi d a d e é boa . “O sa l u n os q u e com eça m ag osta r d e esportes po-d em , n o fu tu ro, esti m u-l a r seu s fi l h os. H á

ta m bém o fa to d e trei -n a rm os freq u en tem en te,o q u e n os perm i te u m avá l vu l a d e esca pe pa ra on ervosi sm o coti d i a n o”.

O relacionamento pes-soal é essencial . Aprende-se a conviver e respeitar,criam-se amizades compessoas de cursos distin-tos e também já gradua-das. Conversando comveteranos “é que vocêaprende um pouco mais,sabe das histórias”, contaNascimento.

Póvoa resume que “sãoalunos se empenhando eesforçando para valorizar onome da sua faculdade”.Fagundes completa a ideia,“a consciência de jamaisdesistir, torcer pelo próxi -mo e fazer parte de umahistória são coisas que oesporte ensina, indepen-dentemente do curso quefazemos”.

cu lt u raesport elaz er9I N n. 1 9dez/jan201 3/1 4

Placar en tre passado e presen te

Rivalidade

Atléticas da UFU e rixas históricas são marcas doseventos esportivos universitários

H á hosti l i dade, desde o i níci o da UFU, entre al guns cursosmai s anti gos: Engenhari as, M edi ci na e EducaçãoFísi ca. A ri val i dade aumenta nos eventos es-porti vos, real i zados há 49 anos, como a exti ntaLi ga Esporti va dos Uni versi tári os de Uberl ân-di a e as Ol i mpíadas, que ai nda exi stem e sãoorgani zadas pel a Di vi são de Esportes.

Em competi ções, provocações extrapol a-vam o verbal e parti am para o físi co, contextoque se tornou mai s ami stoso. Com o desgastepel as constantes confusões, o evento nãoocorreu em al guns anos, como em 1 996 e 2006, mas a von-tade dos al unos possi bi l i tou que el e não morresse.

H á 20 anos, a uni versi dade desempenhava papel centralem Uberl ândi a. N ão havi a o campus Educação Físi ca eeventos esporti vos aconteci am em gi nási os e quadras nocentro, o que aproxi mava a popul ação. “Era a atração da ci -dade, as pessoas se arrumavam como se fosse festa e i atodo mundo para o UTC”, rel embra o médi co M arcus PaduaN etto, 47, ex-membro da Atl éti ca da M edi ci na.

A cidade se envolvia e enfeitava portas de casas combandeirões das Atléticas. O médico ainda descreve que os jo-gos de vôlei acabavam tarde da noite, mas, como a torcidapermanecia e a l inha do ônibus não passava mais no horário,muitos alunos se deslocavam a pé do UTC para o Umuarama.

Após o conturbado evento de 1 995, “cancelaram os jogos de1 996, o que dificultou para as Atléticas, pois o evento é o quemais movimenta a área”, conta Ricardo Ivan, ex-presidente daAtlética da Educação Física. Em 1 997, os jogos voltaram e “atéquem não fazia parte da UFU ficava ali assistindo”, rememora.

Amanda Silva

FOTO: Divulgação

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FOTO: Divulgação

Charanga, da Engenharia, fez parte da festa na década de 70

Medonha, da Medicina, de 1 996, agitava arquibancadas dos jogos

Clima de disputa

H oj e, o evento é excl usi vo dos al unos da UFU e seu i m-pacto é menor na ci dade. Os anti gos l ocai s,

como o UTC, foram trocados pel o campusEducação Físi ca, o que restri nge o públ i -co. Para Thal i sson Fagundes, atual presi -

dente da Atl éti ca da Educação Físi ca, “nemos estudantes param, mas o certo seri a

que a ci dade parasse e que al guns j ogosfossem transmi ti dos pel a TV l ocal ”.

A U FU cresceu e h á n ovos cu rsos,a u m en ta n d o a com peti ti vi d a d e. Síl vi o

Póvoa , presi d en te d a Atl éti ca d a M ed i ci n a , d i z q u e n u n cavi u ta n ta s eq u i pes u n i versi tá ri a s trei n a n d o e m el h ora n d oseu n ível técn i co.

"Era a atração dacidade, aspessoas se

arrumavam comose fosse festa"Marcus Padua Netto

Page 10: Senso incomum 19 - jan 2104

10cu lt u raesport elaz er I Nn. 1 9dez/jan

201 3/1 4

A ausência de

políticas

culturais e

informação

encoberta a

cena teatral

uberlandense,

separando

público e

artistas dos

espaços de arte

da cidade

Anna Vitória Rocha

FOTO: Anna Vitória Rocha

Uberl ândi a conta hoj e com cerca de sei scompanhi as teatrai s e mui tos col eti vos for-mados por estudantes, pri nci pal mente naUFU. Carlos Guimarães, jornalista, produtorcultural e autor de “Nau à deriva, o teatro emUberlândia, de 1 907 a 201 1 ”, acredita que oproblema principal seja fruto da falta decomunicação. “Se a população está desinfor-mada, é porque ela não frequenta os teatros.Faltam projetos de formação de plateias e depopularização do teatro, por isso, as pessoasdizem que ele não existe”, afi rma.

A fa l ta d e i n form a çã o n ã o p od e s ercon fu n d i d a com d i vu l g a çã o i n efi c i en te.S eg u n d o M á ri o Pi ra g i b e, p rofes s or e co-ord en a d or d o cu rs o d e Artes C ên i ca s d aU FU , os es p etá cu l os d a ci d a d e s em p res ã o a n u n ci a d os n a m íd i a l oca l , m a s es s aes tra tég i a , s ozi n h a , n ã o l ota ca s a a l g u m a .

Formada em Artes Cêni cas na UFU,Amanda Barbosa, que hoj e dá aul as e fazparte da Trupe de Truões, grupo i ndepen-dente da ci dade com mai s de dez anos dehi stóri a, ci ta o pesqui sador Fl ávi o Desgran-ges para abordar o tema: “Em ‘A pedagogi ado espectador’ (Edi tora H uci tec, 2003) , ve-mos que as cri anças aprendem as regras dofutebol porque estão em contato com el asdesde pequenas. Para formar o espectadorde teatro, é necessári o o mesmo esforço”.

Vi nte anos depoi s de ser anunci ado, oTeatro M uni ci pal de Uberl ândi a foi i naugura-do na metade de 201 3. G ui marães, queacompanhou o processo, conta que, ao l ongodesse período, só doi s ou três espetácul osti veram menos de mei a casa chei a. Val e

destacar que houve osci l ação de preços nasatrações, desde eventos gratui tos àquel escom i ngressos a R$ 200. “Pa ra m u l ti pl i ca ressa pl a tei a , preci sa m os d e ca m pa n h a s d epopu l a ri za çã o, m a i s pa trocín i o, en vol vi -m en to d a i n i ci a ti va pri va d a e d o pod er pú-bl i co”, rei tera .

O a l u g u el d o espa ço cu sta R$ 750 ad i á ri a pa ra g ru pos l oca i s e R$ 1 ,5 m i l pa rag ru pos d e ren om e, d e a cord o com o ú l ti m oed i ta l d e ocu pa çã o. Seg u n d o Am a n d a , d aTru pe, “pa ra ter l u cro, você tem q u e l ota r otea tro e, pa ra i sso, a s pessoa s têm i n teres-se, o q u e n ã o a con tece”.

O recurso mai s comum para vi abi l i zaruma produção hoj e é por mei o da i sençãofi scal , em que uma empresa entra como pa-troci nadora e deduz o val or i nvesti do de seui mposto de renda. G ui marães expl i ca que,antes da Lei Rouanet, era comum que umagrande empresa arcasse com os custos maisvolumosos da produção e que restaurantes, ho-teis e companhias aéreas contribuíssem numesquema de permuta. A união em favor de umbem comum some com as leis de incentivo,pois uma única empresa viabiliza a maior parteda produção e o interesse é fiscal, não artístico.

Ao fi m de cada apresentação no TeatroM uni ci pal , era comum que o públ i co apl au-di sse de pé. “Se para os europeus i sso é umabarbari dade, por outro l ado, é um i ndíci o deque tem mui ta gente fel i z porque está no te-atro. Eu não teri a probl emas em l i dar commui ta gente apl audi ndo de pé se a gente es-ti vesse parti ci pando de um movi mento dei ncl usão”, concl ui Pi ragi be.

Arena do Municipal, atual cenário de prát ica de esportes

»

vazio

Page 11: Senso incomum 19 - jan 2104

cu lt u raesport elaz er11I N n. 1 9dez/jan201 3/1 4

Enquanto isso, na terra do Sol nascente.. .

Após mai s de doi s anos desde o l ançamento do ál -bum G O, em j anei ro de 201 1 , a banda de metal j aponêsgi rugamesh vol tou a dar as caras no cenári o musi cal . Omai s recente trabal ho, l ançado no fi nal de 201 3, i nti tu-l a-se M ON STER e contém 1 2 fai xas.

I ntro é a pri mei ra fai xa do ál bum e, apesar da poucaduração, j á nos apresenta sons chei os de energi a ecom uma parte i nstrumental contagi ante. Em segui da,Drai n, que acabou se tornando um vídeo promoci onalantes mesmo do l ançamento, mantém o esti l o e nãodecepci ona, mas é a músi ca VOLTAG E que mai s i m-pressi ona. Pel o i nedi ti smo, pel o j ei to com que a bandaconsegui u mescl ar o pop e o metal , sem comprometernenhum dos esti l os.

I NCOMPLETE, que não sofreu alterações, e Zantetsu-ken, um pouco diferente da versão do single, tambémagradam bastante e não deixam o nível do álbum cair.Antl ion Pit possui um som mais pesado, trabalhandomais a parte dos vocais e guitarra. Resolution é agitada esegue com a proposta. BAD END DREAM e Live is l ifenão agradam e pouco podem se destacar. ZecchouBang! ! , que já decepcionava na versão antiga, não mu-dou para melhor. Another Way e ALONE se aproximam,de vez, do pop e fecham o álbum dignamente.

D efi n i ti va m en te, g i ru g a m esh con seg u i u a perfei -çoa r a m i stu ra en tre o pop, peg a d a s d o el etrôn i co e om eta l e cri a ra m u m esti l o própri o, ú n i co, q u e se refl e-te em M ON STER. A h a rm on i a d a s fa i xa s é espeta cu-l a r e tu d o pa rece esta r n o seu d evi d o l u g a r, n om om en to exa to. O pon to a l to fi ca por con ta d e N i i , og u i ta rri sta d a ba n d a , q u e, com seu s riffs , d om i n a econ seg u e con d u zi r a s m ú si ca s.

Pa ra q u em n u n ca escu tou , esta é u m a óti m aoportu n i d a d e d e con h ecer n ovos esti l os e sa i r d o co-m u m . Poi s este, sem d ú vi d a , é o m el h or á l bu m d aba n d a em a n os, a proxi m a n d o- se d os m el h ores d aca rrei ra , com o o N OW (2009 ) e 1 3’s Reborn (2006) .

Experimente

Guilherme Fragosso

Sociabilidade

Cartas pra se sentir invisível

As vantagens de ser invisívelé um livro escrito por StephenChbosky em 1 995, que discutepor meio de Charl ie, um ado-lescente de 1 5 anos, drogas,sexo, transtornos psiquiátricos,abuso, relacionamento famil iare ambiente escolar. Não se tratade mais um livro cl ichê ameri -cano sobre o ensino médio e os

grupos de amizades que se formam nessa época.O l ivro é todo escrito em formato de cartas, que Charl ie

envia a um amigo desconhecido, podendo ser interpretadocomo o próprio leitor. O personagem é bastante observador esempre foi incompreendido, já que pensa diferente da maioriadas pessoas. Sua vida é marcada por traumas, como o suicí-dio de seu amigo e a morte de sua tia, de quem era muitopróximo. Em cada carta, Charl ie conta detalhadamente sobreseu dia, suas ações, seus pensamentos e reflexões. É dessemodo que nos aproximamos do personagem, que consegui -mos sentir e anal isar as situações que ocorrem durante anarrativa sob a mesma perspectiva a dele.

Charl ie era mais um espectador do que um ator em suaprópria vida. É como se ele realmente fosse invisível , pois suasemoções não são expressas, ficam somente em seus pensa-mentos. Sua vida se transforma quando conhece Bi l l , Sam ePatrick. Bi l l é seu professor de I nglês, que o ajuda a desenvol -ver sua escrita, além de também incentivá-lo a interagir comas pessoas. Sam e Patrick são dois meio-irmãos que acredi -tam em aproveitar a vida e, assim, levam Charl ie para festas eoutros eventos que irão mudar a rotina do protagonista. Eleaprende a enfrentar situações totalmente novas e como con-viver com pessoas que são completamente diferentes dele.

N ão se dei xe enganar pel a si mpl i ci dade de ser apenasmai s uma hi stóri a sobre a vi da de uma adol escente. Porcausa da i ngenui dade do protagoni sta, que parece não vermal dade nas ati tudes das pessoas, a narrati va transformaassuntos pol êmi cos em fatos si mpl óri os, mascarando umahi stóri a mui to compl exa e úni ca, em que você preci sa extrai r

as l i ções e pensamentos.A adaptação para o ci nema é uma agra-

dável surpresa para os fãs do l i vro. Traz umel enco j ovem e promi ssor, como Logan Ler-man (Percy J ackson) , Emma Watson (H arryPotter) e Ezra M i l l er (Preci samos fal ar sobreKevi n) . É di ri g i do pel o própri o autor do l i vro,al ém del e ter escri to o rotei ro e atuado comoprodutor executi vo. Ou sej a, trata-se de umproj eto extremamente pessoal e i sso fi cacl aro na condução sensível da narrati va.

Giovana Matusita

Para se emocionar

A Culpa é das Estrelas, de J ohn G reen, é um l i vro que po-deri a ser sobre a vi da de qual quer pessoa que esti vesse por-tando um câncer. É a hi stóri a de uma meni na que sofre comessa severa doença e, por i sso, vi ve com quase todo ti po del i mi tação e com o que el a chama de "pri vi l égi os do câncer".Uma narrati va tão real que exi ge do l i vro um adendo expl i -cando que tudo não passa de fi cção baseada em pesqui sas.

Green consegue captar a essência de uma jovem que, comoqualquer adolescente, quer amar, ter amigas e poder ver e fazercoisas legais, mas que, ao contrário das garotas sem câncer,vive entre hospitais, sua casa e centros de apoio – uma vida dequem tem câncer. Em meio ao caos e à imprevisibi l idade da

doença, a garota busca subterfúgio em um livro que ela ama.A partir daí, a vida de Hazel – a protagonista – vira uma

grande aventura, mas que só o é aos olhos de quem tem cân-cer, pois o que ela passa a fazer é tentar ter uma vida um poucomais distante da doença e é nesse ponto que o autor transfor-ma a história em algo envolvente. Algo plausível e realista.

A ob ra n ã o p os s u i d efei tos em term os es ti l ís ti cos etem u m a l i n g u a g em vol ta d a a o p ú b l i co q u e p reten d ea ti n g i r: j oven s ch ei os d e a n s ei os , q u e p od em ou n ã o es-ta rem n a s i tu a çã o d e H a zel . Por fi m , u m a h i s tóri a q u e fa zp en s a r e rever com o tra ta m os a s p es s oa s com câ n cern o m u n d o rea l .

Felipe Flores

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Sobre câncer e outras coisas

FOTO E ARTE: Divulgação

Page 12: Senso incomum 19 - jan 2104

I Nn. 1 9dez/jan

201 3/1 412EXPRESSÃO&arT E

Com produção de baixo custo e de conteúdo despre-

tensioso, o fanzine veicula ilustrações e textos variados e,

às vezes, assume postura política. Com especial inci -

dência em HQs, o fanzine transita entre temas como po-

esia, música, feminismo, vegetarianismo, cinema, jogos,

entre outros padrões experimentais.

A palavra fanzine vem de uma abreviação de fanatic

magazine. Trata-se, portanto, de uma “revista” editada por

um fan (fã, em português). Renato Silva e Carolina Morena,

editores do fanzine Zona Zine, explicam que os blogs são

fanzines virtuais, em relação ao conteúdo e linguagem.

A jornalista Denise Lourenço desenvolveu sua dis-

sertação de mestrado sobre fanzines e fala da dificuldade

em encontrar uma definição sobre o estilo. “Esbarramos

em uma diversidade que nos remete a uma pluralidade e

a uma heterogeneidade”.

Ao estudar fanzineiros da América Latina, Denise ob-

serva que eles não procuram as glórias das grandes mídias.

O que registram é o cotidiano de pessoas que criam sua

própria mídia, participam de redes de distribuição e desen-

volvem sistema gráfico simples, em que tudo parece funci -

onar em uma (des)harmonia com o erro, o irreverente, o

vulgar, o banal, o engajado, o brega, o proibido, o escandaloso

e o que mais couber em meio às ilustrações das páginas.

Fanzine: Desen

ho e informação

em pura (des)harmonia

Educação em Quadrinhos

Gabriel Zuccolott

o

H i stóri a em quadri nhos éformatobastante popul ar por conj ugar i mageme texto de forma sequenci al . H Qs sãoproduzi das nas di ferentes regi ões e re-cebem nomes rel aci onados com as ca-racterísti cas comuns às produções.

A Turma da Mônica lidera o mercadonacional. Dados divulgados pelo GrupoPanini indicam que 80% das vendas de gi -bis são produções de Maurício de Sousa,com 2,2 milhões de exemplares ao mês.

Qu a d ri n h os ta m bém sã o u ti l i za d oscom o recu rsos d e a pren d i za g em . Pro-va d i sso é a q u a n ti d a d e, pri n ci pa l -m en te d e ti ri n h a s, n os l i vros d i d á ti cos.

Exem pl os sã o m u i ta s vezes u ti l i za d ospa ra a n á l i se e i n terpreta çã o d e textoem Lín g u a Portu g u esa .

Vol tado para a di versão e a cri ati vi -dade, o i l ustrador H ugo Ol i vei ra possui oproj eto “Desenha que mel hora”, quepropõe oferecer ofi ci nas de H Q's paraque cri anças e adol escentes possamdesenvol ver as habi l i dades com dese-nhos. “Quero expandi r o proj eto nesteano de 201 4, para descobri r e i ncenti varnovos tal entos da arte do desenho”. Asati vi dades são i ti nerantes; mai s i nfor-mações podem ser obti das acessandoo si te www. hugocri ati vo. com.

Gabriel Rodrigues

Pesquisa e adaptaçãoAs universidades não ficam de fora nas pesquisas sobre HQs. Rafael Venâncio, professor do curso deJornalismo da UFU e pesquisador na área, é leitor assíduo desde a infância. Hoje, muitos personagenssão conhecidos por meio de adaptações para fi lmes, animações, jogos, entre outras mídias. É o caso dossuper-heróis das editoras Marvel e DC Comics. O pesquisador explica que essas produções em geral vi -sam a atingir o grande público e não se faz uma versão literal para agradar os fãs de quadrinhos.

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