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em razão da não implantação da Portaria 154/2008 uma Equipe Interprofissional nas comunidades, que atuariam na prevenção de eventuais patologias. Foi discutida a proposta de implantação de um Centro de Reabilitação que atenda situações de mé- dia e alta complexidade que poderia ser instalado PASC (Cruzeiro do Sul), no Postão do IAPI ou, no Centro de Reabilitação localizado à Av. Bento Gonçalves 827. A conferência foi trans- mitida em tempo real pela Internet, por intermédio da PROCEMPA. Pessoas com deficiência visual receberam materiais especiais facilita- dores da leitura, em corpo 48 e em braile. Para os surdos, houve tradução simultânea em Libras, a Língua Brasilei- ra de Sinais. A 3ª Conferência Muni- cipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Porto Alegre recebeu a inscrição de 260 pessoas pela Internet e um total de 339, somados os inscritos no local. O evento foi uma realiza- ção do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Porto Alegre (Comdepa) e da Prefeitura, por meio da Secretaria Es- pecial de Acessibilidade e Inclusão Social (Seacis).” *Presidente do COMDEPA Aos amigos cúmplices da utopia, Homero Negrello, Rejane Guariglia, Sergio Bicca e Karim Aquere Jr. um forte abraço. A gente se vê! [email protected] DISTRIBUIÇÃO GRATUITA ANO 6 - SETEMBRO - 2010 ÍNDICE Página 2 Editorial Pág. 3 Conselho de Fonoaudiologia Pág. 4 Fonoaudiologia UFRGS Pág. 5 Fadem Pág. 6 Crefito 5 Pág. 7 Kinder Pág. 8 Cuidado o Coração Pág. 9 IPA Pág. 10 Células-tronco contra doenças neurológicas Pág. 11 Educação x necessi- dades especiais Pág. 12 Arte e educação especial Pág. 13 Longevidade Pág. 14 Nutrição no CEREPAL Pág. 15 Relato de Denise Cezimbra Pág. 16 Dilceu Junior* Dias 11 e, 12 de agosto no Centro de Eventos Casa do Gaúcho, o Conselho Mu- nicipal das Pessoas Com Deficiência de Porto Alegre, promoveu a 3ª Conferência Municipal dos Direitos das Pessoas Com Deficiência. Segundo Dilceu Jr. Presiden- te do COMDEPA estiveram reunidas, 260 pessoas que interagiram com o tema: Inclusão Com Qualidade de Vida. Os conferencistas discutiram a Capacitação dos Profissionais das diversas áreas da saúde para atender com qualidade as pessoas com deficiência para tanto, sugeriram que o COMDEPA interaja com as universi- dades para incluir na grade curricular dos cursos téc- nicos, profissionalizantes assim como, de graduação e, pós-graduação disciplina que atenda esta proposta. Dilceu Jr enfatizou que os conferencistas questionaram o gestor público municipal Conferência Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência (PCD)

SETEMBRO - Portal de Acessibilidade - FADERS · 2010-10-05 · PORTO ALEGRE - SETEMBRO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 2 “Ataxia é uma doença, até então incurável, que pode

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em razão da não implantação da Portaria 154/2008 uma Equipe Interprofi ssional nas comunidades, que atuariam na prevenção de eventuais patologias. Foi discutida a proposta de implantação de um Centro de Reabilitação que atenda situações de mé-dia e alta complexidade que poderia ser instalado PASC (Cruzeiro do Sul), no Postão do IAPI ou, no Centro de Reabilitação localizado à Av. Bento Gonçalves 827.

A conferência foi trans-mitida em tempo real pela Internet, por intermédio da PROCEMPA. Pessoas com

defi ciência visual receberam materiais especiais facilita-dores da leitura, em corpo 48 e em braile. Para os surdos, houve tradução simultânea em Libras, a Língua Brasilei-ra de Sinais.

A 3ª Conferência Muni-cipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Porto Alegre recebeu a inscrição de 260 pessoas pela Internet e um total de 339, somados os inscritos no local.

O evento foi uma realiza-ção do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Defi ciência de Porto Alegre (Comdepa) e da Prefeitura,

por meio da Secretaria Es-pecial de Acessibilidade e Inclusão Social (Seacis).”

*Presidente do COMDEPA

Aos amigos cúmplices da utopia, Homero Negrello, Rejane Guariglia, Sergio

Bicca e Karim Aquere Jr. um forte abraço. A gente se vê!

[email protected]

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA ANO 6 - SETEMBRO - 2010

ÍNDICE

Página 2

EditorialPág. 3

Conselhode Fonoaudiologia

Pág. 4

Fonoaudiologia UFRGSPág. 5

FademPág. 6

Crefi to 5Pág. 7

KinderPág. 8

Cuidado o CoraçãoPág. 9

IPAPág. 10

Células-tronco contra doenças neurológicas

Pág. 11

Educação x necessi-dades especiais

Pág. 12

Arte e educaçãoespecial

Pág. 13

LongevidadePág. 14

Nutrição no CEREPALPág. 15

Relato deDenise Cezimbra

Pág. 16

Dilceu Junior*

Dias 11 e, 12 de agosto no Centro de Eventos Casa do Gaúcho, o Conselho Mu-nicipal das Pessoas Com Defi ciência de Porto Alegre, promoveu a 3ª Conferência Municipal dos Direitos das Pessoas Com Deficiência. Segundo Dilceu Jr. Presiden-te do COMDEPA estiveram reunidas, 260 pessoas que interagiram com o tema: Inclusão Com Qualidade de Vida. Os conferencistas discutiram a Capacitação dos Profissionais das diversas áreas da saúde para atender com qualidade as pessoas com defi ciência para tanto, sugeriram que o COMDEPA interaja com as universi-dades para incluir na grade curricular dos cursos téc-nicos, profissionalizantes assim como, de graduação e, pós-graduação disciplina que atenda esta proposta. Dilceu Jr enfatizou que os conferencistas questionaram o gestor público municipal

Conferência Municipal dos Direitosdas Pessoas com Defi ciência (PCD)

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PORTO ALEGRE - SETEMBRO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 2

“Ataxia é uma doença, até então incurável, que pode ser herdada ou adquirida. Lesões no cerebelo ou em suas conexões levam a uma condição chama-da “Ataxia”, que causa um conjunto de desordens neurológicas, degenerativas e progressivas. Estas doenças afetam a coordenação motora, o equilíbrio, a fala e, em alguns casos, a visão, a audição e o fun-cionamento cardíaco”.

Manual da rotina diária para pacientes com Ataxia

Alimentação

• Procure comer devagar, sem conversar; • Se necessário, utilize prato fundo ou com borda

adaptada para facilitar a colocação do alimento no talher;

• Uso de colher pode facilitar pegar a comida do prato;

• Evite copo plástico e não coloque muito líquido dentro; Tente segurar o copo ou xícara com as duas mãos;

• Se necessário, corte a carne antes de servir o res-tante do prato;

• Corte pedaços pequenos; • Use tecido antiderrapante embaixo do prato; • Para servir líquido procure apoiar a garrafa na borda

do copo ou xícara.

Vestuário• Procure vestir-se sentado; • Coloque um banquinho para apoiar os pés e colocar

os sapatos e meias; • Organize seu guarda roupa para que as roupas que

mais utilize fi quem no seu alcance.

Higiene • Barras de apoio no seu banheiro evitam quedas;

você pode colocá-las próximo ao vaso e ao box;

• Tenha no box um banco ou cadeira para, se neces-sário, sentar durante o banho;

• Deixe sabonete, shampoo, etc... ao seu alcance e evite colocá-los no alto;

• Para facilitar o banho, você pode utilizar sabonete líquido ou fazer um furo em uma esponja e deixar o sabonete dentro.

Lembre-se: Na sua rotina diária evite cansar, descanse sempre

que sentir necessidade;Organize sua rotina para não realizar muitas ati-

vidades no mesmo dia;Seja prudente. Quando não tiver segurança, dei-

xe para realizar atividades depois, ou peça ajuda; o importante é não correr riscos.

[email protected]

Rua do Comércio,567-Bairro Estação-Portão-RS-Cep: 93180-000Telefone: (51) 3562.2012

Qualidade de vida paraos portadores de Ataxia

A AAPPAD tem como missão auxiliar portadores de todos os tipos de

ataxias e está sempre um busca de uma melhor qualidade de vida para

os portadores, bem como de seus cuidadores e familiares.

Assim, buscou orientações com a Terapeuta Ocupacional do Hospital de Clinicas de Porto Alegre, Renata

da Silva, a respeito de como devemos proceder na rotina do dia

a dia dos portadores.

Renata Cristina Rocha da SilvaTerapeuta ocupacional

CREFITO – 5018

O caminhar atáxico: O paciente não consegue seguir uma trajetória em linha reta

Saiba mais sobre ataxia: www.aappad.com.br - [email protected]

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PORTO ALEGRE - MAIO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 3

EDITORIAL

EXPEDIENTECADERNO DE REABILITAÇÃO: Objetivos: Disponibilizar para comunidades informações pertinentes a Politícas Públicas de Reabilitação / Habilitação - Telefone 3387.1172 - Coordenador Geral Valter Castilhos - Colaboraram nesta Edição: Marlene Canarim Danesi - Presidente do CREFONO - Silvio Miguel Coelho Dutra Presidente do SINTRAVERS - Dr. Alexandre Doval da Costa Presidente do CREFITO - Diretor Acessobr Dr. Carlos Lenuzza - Empresário Getúlio Fortuna - Agradecimento Especial Dª Chininha e, Zumbi dos Palmares - Inspiração adolescente Nathalia Werlang - Sugestões e Críticas: [email protected] - Jornalista: Denise Rodrigues DRT 8222 - Diagramação: João C. Martimbianco, [email protected] - Impressão: Correio do Povo - Agradecimento Especial: Dr. Júlio César Diretor Presidente da GUARIDA Imóveis, amigos Dody&Cicão, Skippy e, Roque. Os artigos assinados são de inteira responsbilidade dos seus autores.

Natan Estivallet*Muito se discute hoje, 2010, sobre a saúde na

próxima geração, ou seja, 2030. E a Organização Mundial da Saúde (OMS) traz dados e projeções muito interessantes, que combinadas à mudança do perfi l epidemiológico do Brasil permite identifi car questões e começar a abordá-las desde já.

A primeira estimativa cita que em 2030 aumenta-rão como causas de morte as doenças crônico-dege-nerativas e os acidentes. As doenças do coração (que se originam na maior parte das vezes da hipertensão!) que hoje já matam mais de 10 milhões de pessoas por ano no mundo passarão para 18 milhões de mortes por ano. Entre os acidentes destacam-se os de trânsito, dobrando neste período de tempo.

E porque colocar um ponto de exclamação quando se fala em hipertensão? Porque devemos retornar à mesma “tecla”: verifi car a pressão regularmente, tomar as medicações indicadas, evitar o sal, emagrecer, exercitar-se, alimentar-se de forma balanceada e saudável (preferindo vegetais, fi bras e frutas) e não fumar. Não quero ser repetitivo, mas não quero confi rmar essa estatística, e nem quero que você a confi rme!

Um dado triste entre os estudos da OMS é que no continente africano doenças como HIV, tuberculose e malária matarão tanto quanto todas as causas somadas dos países de alta renda! Temos que prestar atenção nisto para o Brasil, em que a incidência de HIV é alta e a tuberculose continua em níveis endêmicos.

Outro dado divulgado é o número de anos convivendo com a doença. Isto é importante porque fala diretamente da qualida-de de vida. Muitos anos que os brasileiros tem ganhado como expectativa de vida serão anos doentes. Para 2030 prevê-se que a depressão será a doença mais frequente causando essa inca-pacidade para as pessoas. Portanto, além dos hábitos saudáveis, cultive amizades e uma boa vida familiar, harmônica, evite estresse e discussões. A vida próxima à natureza também ajuda, bem como a paz espiritual.

*Médico de FamíliaProfessor de Medicina - PUCRS

A Saúde em 2030

Porto Alegre, não possui de um Centro de Referência em Reabilita-ção / Habilitação, que interaja com situações de Alta e, Média Comple-xidade. As pessoas com defi ciência assim como, operários e, vitimas da violência urbana não dispõem de um serviço público que as atenda em conformidade com a Portaria 818/2001 do Ministério da Saúde. De sublinhar, que esta Portaria prevê ações em Alta Complexidade e, pressupõe um Centro de Referência em Reabilitação adequado para esta fi nalidade, intrinsecamente ligado a Universidades. Interessante que pontuemos, que existem duas universidades federais em Porto Alegre e, dispõem de cursos que formam profi ssionais tipo: fi sioterapeutas, terapeutas ocupacionais, pedagogas, fonoaudiólogas, educador físico, assistente sociais enfi m, a equipe interdisciplinar que deve atender o reabilitando. Em 2005, a Procuradoria Geral do Trabalho publicou anúncio institucional referindo que no Brasil, anualmente, morrem 3.000 operários e, 15.000 fi cam incapacitados para atividades laborais concomitante, o IBGE na Pesquisa Nacional por Amostragem Domici-liar preconiza que no Brasil, coexistimos com 14,5% da população, ou seja, pouco mais de vinte e cinco milhões de pessoas com defi ciência. Em Porto Alegre somamos cento e noventa e oito mil pessoas. Interes-sante que questionemos; quais os serviços públicos ou, conveniados que as pessoas com defi ciência assim como, os operários vitimas de acidentes de trabalho podem interagir na busca de sua reabilitação ou, nova habilitação? Onde estão localizados? Estes serviços desenvolvem procedimentos previstos na Portaria 818/ 2001 ou, nas Portarias 303 ou 304 todas do Ministério da Saúde ? Importante que questionemos a não implementação da Portaria 154/2005 do Ministério da Saúde que coloca nas comunidades uma Equipe Interprofi ssional cujo objetivo é interagir com a prevenção de eventuais patologias. O gestor público municipal omite-se ante, há um grave problema social. Os pacientes em reabilitação são tratados enquanto objetos de clínicas conveniadas cujas práticas estão na rota de colisão com a ciência. Em Porto Alegre dispomos de um espaço físico para instalarmos um Centro de Rea-bilitação.. Trata-se um próprio federal localizado na Avenida Bento Gonçalves 827- Bairro Stº Antônio – Porto Alegre. . O prédio dispõe de uma área construída de 8.000 metros quadrados. Sua arquitetura dialoga com acessibilidade. Atualmente, no primeiro andar funcionam duas Agências de Benefícios do INSS contudo, o segundo andar está vazio e, o Ginásio Esportes estão vazios e, sucateados. É necessário vontade política. Concomitante, gastaremos quatrocentos milhões de reais para recebermos 3 ou, 4 jogos da Copa do Mundo de 2014. Em tese nada contra o futebol, a FIFA ter conquistado obras que o Orça-mento Participativo vem reivindicando há anos mas, a nossa cidadania, a participação popular. [email protected]

Dia 9 de setembro fui paciente de uma cirurgia complicada e, delicada por esta razão desejo externar meu agradecimento à Equipe do Cirurgião Fabio Zel constituidas pelos cirurgiões Gabriel Madene e, Eduardo Pilla. Um forte abraço. A gente não se vê!

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PORTO ALEGRE - SETEMBRO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 4

O uso da comunicaçãosuplementar alternativa (CSA)

Cristina Martins Bastos SchneiderCREFONO7 7604

Conforme a Ame-r ican Speech and Hearing Association (ASHA), CSA é qual-quer meio de comuni-cação que compense e facilite, temporária ou permanente-mente, fala e/ou escrita, se es-tes estiverem comprometidos. É o uso integrado de compo-nentes manuais ou gráficos, incluindo símbolos, gestos, recursos, enfim, estratégias utilizadas na comunicação.

Geralmente é indicada a pacientes com paralisia cere-bral, síndromes e /ou doenças degenerativas que comprome-tam a fala.

Todos os sistemas gráfi cos com função comunicativa po-deriam ser qualifi cados como linguagem, se esta for vista como um sistema de símbo-los (sinais manuais, palavras escritas, etc) e regras de com-binação que podem ser usadas para uma função comunicativa (expressar sentimentos, trans-ferir informações, etc.).

O CSA utiliza-se de recur-sos de baixa e alta tecnologia, sendo os de baixa, as pranchas de comunicação, mesas, pran-chas, avental, cartões, cadernos de comunicação e álbuns de fotografi as.

Dentre os sistemas de CSA de alta tecnologia é o interes-sante PCS (Picture Communi-cation Symbols).

O sof tware BOARD-MAKER versão 5 oferece 3500 palavras em português pelo sistema PCS. Está dividido em categorias: social, verbos, pessoas, miscelânea, substanti-vos. É possível escrever frases, até mesmo histórias inteiras. Podem-se mudar personagens e suas características, e, ainda, incluir voz nas fi guras.

Todos os alunos e pacientes

que demonstram intencionalidade comunicativa po-dem beneficiar-se deste recurso, bas-ta que possuam o cognitivo sufi cien-temente preserva-do para esta tarefa.

Mesmo os que nada ou pouco falam. Também pacientes com questões motoras importantes de membros superiores podem utilizá-lo através de um mouse adaptado.

A literatura relata que o CSA tem servido de estímulo para esses pacientes, pois é um lugar de fala, o que facilita os processos dialógicos entre eles e as pessoas de seu convívio. Além disso, proporciona opor-tunidades efetivas de desenvol-vimento acadêmico, intelectual e sócio-afetivo.

Este é um trabalho multi e interdisciplinar: fonoaudiólo-gos, fi sioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, pe-dagogos. O trabalho deve ser levado às salas de aula, através de oficinas ministradas aos professores em conjunto com a equipe de informática, bem como dar orientação aos pais e responsáveis.

O enfoque do trabalho fo-noaudiológico é o da comuni-cação, não o da fala por si, só. Aliás, um trabalho meramente articulatório em pacientes com necessidades especiais, costu-ma cair no vazio. Se o objetivo for a fala, corre-se o risco de cair-se em uma “cegueira” terapêutica, onde somente enxerga-se o indivíduo como uma boca e não como um su-jeito que deve ser inserido na sociedade.

*Conselheira CREFONO7Fonoaudióloga Escola de Educação

Especial Nazareth – APAE/ Porto AlegreFonoaudióloga deciBel – Soluções em

FonoaudiologiaPós-graduação em Fonoaudiologia

Hospitalar – São CamiloPós-graduação em Audiologia - IMEC

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PORTO ALEGRE - MAIO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 5

Saúde coletiva e FonoaudiologiaO Sistema Único de Saúde, conhe-

cido como SUS, é a maneira como o Estado brasileiro defi niu o funciona-mento a assistência à saúde em nosso país. Descrito na Constituição Federal de 1988 (artigos 196 a 200) e com prin-cípios estabelecidos pelas leis orgânicas da saúde (n. 8080 e n. 8142), de 1990, o funcionamento deste sistema vem sendo aprimorado a partir da publicação de inúmeros documentos, portarias, carti-lhas, disponibilizadas pelo Ministério da Saúde.

Como princípios doutrinários, tem a universalidade, que é o fato de atender a todos, sem distinção, gratuitamente; a integralidade, ao olhar as pessoas como um todo, não fragmentados pelas espe-cialidades, considerando também a sua inserção na comunidade; a equidade, que visa o oferecimento de mais recursos para as pessoas que necessitam de maior cuidado para a manutenção de sua saúde e qualidade de vida.

Atualmente, cerca de 80% da população tem o SUS como único recurso para o cuidado à sua saúde. Os demais utilizam plano/seguro de saúde privado ou subsidiam atendi-mento particular. Mesmo quem busca atendimento junto ao sistema privado, está sujeito às diretrizes do SUS, por meio da Agência Nacional de Saúde Suplementar, que regulamenta o fun-cionamento dos contratos, determina quais procedimentos devem ser con-templados, entre outros.

Em Porto Alegre, cerca de um milhão de habitantes necessitam dos serviços do SUS! Para o Brasil, são aproximadamen-te 150.000.000 de pessoas...

De qualquer forma, todo e qual-quer brasileiro está sujeito às ações da Vigilância Sanitária, que fiscaliza a higiene dos consultórios de profis-

sionais da saúde e estabelecimentos que comercializam alimentos, como supermercados, restaurantes, lancho-netes. Assim como à Vigilância Epi-demiológica, que recebe notificações sobre tuberculose, HIV/AIDS e outras doenças e agravos, transmissíveis ou não. Desde o nascimento, as pessoas recebem a visita do SUS, com a vaci-nação, teste do pezinho e a declaração de nascidos vivos, utilizada para o registro de nascimento.

Além disso, é preciso considerar que planos/seguros de saúde, em geral, se restringem ao atendimento médico ambulatorial e realização de exames la-boratoriais. Apenas recentemente foram incluídos procedimentos para terapias nutricionais, psicoterápicas, fi sioterá-picas, de terapia ocupacional e fonoau-diologia, e ainda assim, com restrições: é necessário o encaminhamento de um médico e o número de atendimentos é limitado.

Estudantes do curso de Fonoaudiologia da UFRGS (primeira turma - ingressantes 2008), no estágio de Saúde Coletiva – Colégio de Aplicação, realizado no primeiro semestre de 2010.

Estudantes do curso de Fonoaudiologia da UFRGS (terceira turma - ingressantes 2010), que cursaram a disciplina de Saúde Coletiva no primeiro semestre de 2010.

Faculdade de Fonoaudiologia/UFRGS

O atendimento em atenção básica, internacionalmente denominado atenção primária à saúde, responsável pela pre-venção de agravos e promoção de saúde, é uma atribuição importante dos serviços públicos. Da mesma forma, os atendi-mentos de alta complexidade, como a quimioterapia e transplantes, que são oferecidos com exclusividade pelo SUS.

Desde a criação do SUS se tem per-cebido a necessidade de reorientação da formação dos profi ssionais que atuarão nesse sistema. Assim, os Ministérios da Saúde e Educação, em parceria, decidi-ram, no ano de 2002, modifi car a estru-tura curricular dos cursos da saúde, a fi m de que as diretrizes pudessem preparar melhor os estudantes para o exercício profi ssional mais condizente com a rea-lidade de saúde encontrada.

O curso de Fonoaudiologia da UFR-GS, além de disciplinas teóricas e estágio curricular em unidades de saúde em diferentes locais do município de Porto Alegre e está envolvido com o Programa de Educação para o Trabalho – o PET--Saúde, Saúde da Família e Vigilância em Saúde, oferecendo aos alunos a oportunidade de vivência de atividades nos serviços, com o intuito de prepará--los para uma atuação profi ssional mais adequada às necessidades de saúde da população.

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PORTO ALEGRE - SETEMBRO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 6

FADEM - Fundação de Atendimentode Defi ciência MúltiplaFone: (51) 3328-6780

Email: [email protected] Frei Henrique

Golland Trindade, 445CEP: 90480-140 / Porto Alegre - RS

Fadem

A ética com o pacienteimplica formação continuada

Dani Laura Peruzzolo*

A FADEM, desde sua origem, tem se caracterizado por oferecer atendimento clínico às crianças e adolescentes que apresentam patologias neurológicas cujas seqüelas são tão severas que aca-bam comprometendo vários órgãos ou funções além de interferir diretamente na constituição psíquica destes sujeitos.

Atualmente outras instituições tam-bém estão acolhendo pacientes com múltiplas deficiências. Instituições e equipes que se qualifi caram para aten-derem crianças com problemas motores e também com défi cit visual, por exem-plo. Com isso muitos pacientes e seus familiares, que aguardavam em listas de espera por atendimentos especializados, estão sendo atendidos.

A FADEM passou então da qualidade de uma das únicas instituições não go-vernamental a atender pessoas diagnos-ticadas como defi cientes múltiplas com ênfase nas psicoses infantis associadas a defi ciências motoras, à instituição com experiência para formação de outras equipes.

Nos últimos cinco anos a FADEM vem investindo na oferta de formação para profi ssionais da área. Mantendo a idéia de que um paciente com múltiplas

deficiências precisa ser acolhido por profi ssionais cuja equipe construa um percurso interdisciplinar, na perspectiva de não sobrecarregar o paciente com especialistas, mas que ele tenha para seu tratamento, o olhar e as abordagens necessárias para seu desenvolvimento e para sua constituição.

Cada vez mais, pelos avançados estudos, fi ca claro o quanto as questões

emocionais (psíquicas) interferem na aquisição de um movimento, de uma função. Ou o quanto as questões senso-riais são a porta de entrada do corpo da criança para suas leituras sobre o mundo (condição tanto cognitiva quanto psíqui-ca). Muitas destas discussões não foram feitas dentro da academia, no período de formação. Por isso a defesa de que a ética com o paciente implica também

formação continuada dos profi ssionais. Acreditando nisso, a FADEM tem

oferecido supervisão, grupos de estudos e cursos para qualifi car o profi ssional que compreende a necessidade de manter--se atualizado e articulado com outros grupos de trabalho.

*Terapeuta OcupacionalConselho Deliberativo da FADEM

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PORTO ALEGRE - MAIO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 7

Esp. Luciana WertheimerEsp. Priscila Mallmann Bordignon

A Terapia Ocupacional é uma pro-fi ssão com diferentes possibilidades de intervenção, seja na esfera da saúde, da educação e na esfera social. Tem como objetivo, perceber o sujeito em seus fazeres cotidianos. Com relação ao estudo do desempenho ocupacional, a terapia ocupacional atua nas seguintes áreas de ocupacionais: trabalho, lazer, participação social, ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA, ATIVIDADES INS-TRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA, e mais recentemente, estudo do sono. Atualmente, uma das áreas de cresci-mento da profi ssão, está relacionada ao processo de inclusão das pessoas com defi ciência no Mercado de Trabalho.

Assim, o terapeuta ocupacional tem como objeto de trabalho, a promoção da saúde, a inclusão, construindo com estes sujeitos possibilidades de desempenhar de forma satisfatória seus papéis nos diversos contextos em que convivem. Os diversos instru-mentos, técnicas e possibilidades que o terapeuta ocupacional propõe, têm por objetivo desenvolver uma maior autonomia e independência funcional àquele sujeito que, por qualquer moti-vo, está impossibilitado de participar ativamente na sociedade.

Com o surgimento em 1991, da Lei das Cotas, que exige das empresas a participação de pessoas com defi ci-ências em seu quadro de funcionários (Lei nº 8.213/91), os espaços laborais tiveram de ser reorganizados, para estarem aptos a recebê-las. Para aten-der o que sugere a Leis das Cotas, são necessárias adequações tanto no que se refere à capacitação profi ssional das pessoas com defi ciências para atender as demandas das vagas disponibiliza-das, quanto nas próprias organizações que contratam tais pessoas.

É neste processo, que a interven-ção do terapeuta ocupacional, torna--se necessária, dialogando com seus potenciais para a ajuda na promoção de possibilidades de uma maior auto-nomia funcional para o ingresso e/ou

A Terapia Ocupacional na inclusão de Pessoas com Defi ciência no Trabalho

reingresso e permanência das pessoas na área de desempenho ocupacional do trabalho. No âmbito da inclusão da PcD no mercado de trabalho, entre as funções deste profi ssional, estão: realizar avaliação funcional do tra-balhador; adaptar o posto de trabalho quando necessário; elaborar e/ou in-dicar tecnologias assistivas; participar do processo preventivo de educação em saúde, sob o aspecto da saúde do trabalhador; preparar junto à equipe técnica interdisciplinar a pessoa com defi ciência para sua inclusão efetiva na atividade laboral e supervisionar este processo inclusivo no local de trabalho.

Este campo de atuação do Terapeu-ta Ocupacional, tem se destacado no Estado do Rio Grande do Sul, onde as políticas de inclusão no Mercado de Trabalho são efetivamente fi scalizadas pela Delegacia Regional do Trabalho e onde os terapeutas ocupacionais estão atuando efetivamente neste processo de inclusão, onde o discurso das im-possibilidades transforma-se a cada dia, num discurso das possibilidades.

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PORTO ALEGRE - SETEMBRO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 8

Entidade Filantrópica com Registro no Conselho Nacional de Assistência Social e de Utilidade Pública Federal, Estadual, Municipal - Rua Marcone, 421 - Partenon - Porto Alegre - RS - Brasil - 91.530-160 - Fone: (51) 3322-0522E-mail: [email protected]: www.kindernet.org.br

A comunicação alternativa compõe um dos recursos da tecnologia assistiva. É uma área de prática clínica, edu-cacional e de pesquisa, para terapeutas que tentam compen-sar e facilitar, temporária ou permanentemente, os prejuízos e incapacidades dos indivíduos com severos distúrbios de com-preensão e ou de expressão, podendo ser necessária, para indivíduos que demonstram prejuízos nos modos de co-municação gestual, oral e ou escrita.

Este termo é usado para defi nir outras formas de comu-nicação com o uso de gestos, língua de sinais, expressões faciais, ou uso de pranchas do alfabeto ou símbolos picto-gráfi cos, até o uso de sistemas sofisticados de computador com voz sintetizada. Signifi ca qualquer meio de comunica-ção, que suplemente ou subs-titua os meios usuais de fala ou escrita, onde eles estiveram comprometidos.

Em outubro de 2009, im-plantou-se na Kinder o projeto “Comunique-se”, com duração de 1 ano. Este tem como ob-jetivo geral, oportunizar aos alunos e pacientes da Institui-ção, instrumentos e recursos de comunicação alternativa, para que possam interagir de ma-neira signifi cativa com o meio social, elevando a sua qualidade de vida, aprendizado e reabi-litação. Atualmente, o projeto beneficia 20 crianças/adoles-centes, visando ampliar em breve para um maior número de indivíduos. As áreas responsá-veis pela prática deste recurso, são a fonoaudiologia que visa explorar a iniciativa comunica-tiva, simbólica e funcional; e a

Comunicação alternativa na Kinder

terapia ocupacional que executa adaptações que permitem o uso deste recurso aos usuários que apresentam limitações motoras de grau leve à grave. Desde então, tem sido observado os benefícios que estes usuários têm adquirido em seu meio escolar, reabilitador, domiciliar e social, melhorando de forma signifi cativa a sua comunicação, auto-estima e qualidade de vida. Neste ano de 2010 iniciamos também um grupo de estudos com a participação das áreas de fonoaudiologia e pedagogia, sobre o assunto de tecnologias assistivas e comunicação alter-nativa na escola, visando uma maior integração e conseqüente desenvolvimento e ampliação do projeto.

Com os avanços encontra-dos, salienta-se a necessidade da Instituição estar amplian-do os recursos de tecnologia assistiva com a fi nalidade de

conseguir contemplar aten-dimentos a todas as mais de 300 crianças e adolescentes da Kinder. Entretanto, para que seja possível dar continuidade

ao trabalho desenvolvido, há necessidade de parceiros que colaborem com a Instituição. Assim conseguiremos pro-porcionar melhor qualidade

de vida para nossas crianças e famílias.

* Equipe da Reabilitação responsável pelo projeto

Bruna Sampaio Vellinho, Filipe Carbone Geyer, Márcia Borda Ferreira, Rejane Gonçalves Conceição e Sandra Lima Duarte *

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Dr. Fabrício Michalski Velho*CRM 27934

As doenças cardiovascu-lares possuem alta incidência na população em geral e são, hoje em dia, responsáveis por altos índices de mortalidade. Quando não se manifestam de forma fatal, podem trazer uma série de conseqüências desas-trosas ao paciente, prejudican-do, sobretudo, a sua qualidade de vida, bem como levando a uma diminuição signifi cativa da sobrevida esperada. Não há dúvida, portanto, que é extre-mamente importante tomarmos alguns cuidados simples e que podem levar a uma redução desse quadro.

Controle de peso – deve--se manter o índice de massa corporal menor que 25 kg/m² e a cintura abdominal menor que 102 cm para os homens e 88 cm para as mulheres. É fundamental o acompanhamen-to médico e nutricional para a manutenção desses índices.

Dieta saudável – priori-zar uma dieta rica em frutas, hortaliças, fi bras, minerais e lacticínios com baixos teores de gordura. Deve-se evitar à adição de sal aos alimentos preconizando-se o máximo de 2g de sódio por dia. Ter aten-ção ao consumo de doces ou bebidas com açúcar.

Atividade física – recomen-da-se a prática de atividade física aeróbica por pelo menos 5 vezes na semana com dura-ção mínima de 30 minutos. É fundamental uma consulta com o Cardiologista antes de se ini-ciar um programa de exercícios físicos.

Abandono ao tabagismo – cada vez mais se tem obtido sucesso nas medidas para a cessação do hábito de fumar. Recomenda-se o acompanha-mento com o Pneumologista.

Evitar o uso excessivo de bebidas alcoólicas – o uso em demasia de bebidas alcoólicas está associado ao aumento da pressão arterial e que, portanto, deve ser desencorajado.

Realizar atividades de la-zer – sabemos que o estresse também é fator contribuinte para o surgimento de doenças cardiovasculares. A realização de atividades prazerosas deve ser fortemente recomendada.

Medir a pressão arterial – a hipertensão arterial é um grande fator de risco para a ocorrência de doenças car-diovasculares. Na maioria das vezes não causa sintoma o que pode atrasar o seu diagnóstico. Recomenda-se, com isso, a medida da pressão pelo menos uma vez ao ano para os indi-víduos com pressão normal. Admite-se como valor normal até 140/90 mmHg, buscando-se idealmente níveis próximos a 120/80 mmHg.

Dosar o colesterol e gli-cose – sabe-se também que o aumento do colesterol e suas frações bem como da glicose (diabete mellito) estão asso-ciados à ocorrência de doenças cardiovasculares de forma bastante signifi cativa. Deve-se realizar a dosagem no sangue destes elementos para o diag-nóstico precoce e instituição de terapêutica apropriada quando indicada.

Além destes cuidados bá-sicos que devem ser encora-

Cuidados Pertinentes ao Coração

jados, não podemos esquecer que a visita ao Cardiologista é sempre recomendada para que este realize um exame clínico adequado e, se necessário, solicite exames específi cos do coração(eletrocardiograma, teste ergométrico, ecocar-diograma, etc). É importante salientar ainda, que indivíduos com história familiar precoce de doença arterial coronariana bem como de acidente vascu-lar cerebral(derrame) devem ter um cuidado ainda maior, necessitando de acompanha-mento médico mais próximo, em função de que estes fatores genéticos trazem um aumento no risco de desenvolvimento de doenças no coração.

*Cardiologista do Hospital São Lucas da PUCRS e do Instituto de Cardiologia do

Rio Grande do Sul.Ecocardiografi sta do Hospital São Lucas

da PUCRS e Mãe de Deus [email protected]

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Marcelo Sant’Anna*

Nas últimas três décadas ocorreu em nossa sociedade uma atenção maior aos direitos e reconhecimento da pessoa com deficiência como cida-dão. Neste período ocorreram vários movimentos mundiais de pessoas com defi ciência, in-cluindo a participação de bra-sileiros em diferentes ativida-des paradesportivas (esportes adaptados). Esta participação tem recebido atenção crescen-te, oferecendo às pessoas a oportunidade de experimenta-rem sensações e movimentos que freqüentemente são im-possibilitados pelas barreiras físicas, ambientais e sociais.

O desenvolvimento do es-porte adaptado tem sua origem após a II Guerra Mundial, particularmente na Inglaterra e nos Estados Unidos, com a necessidade de reabilitação e de reinserção na sociedade de pessoas vítimas da guerra. Em 1944, o neurologista e neuroci-rurgião alemão Ludwig Gutta-mann acreditava que o esporte possuía a fórmula para motivar e diminuir o tédio da vida deso-cupada de um defi ciente físico, mas acabou descobrindo muito mais. Fez com que o mundo se organizasse, mostrando que todas as pessoas com algum tipo de defi ciência poderiam praticar atividades físicas e es-portivas. A intenção do médico era a de introduzir a atividade esportiva como incentivo à reabilitação dos deficientes. Os resultados foram positivos e a atividade física adaptada logo evoluiu para um nível de competição. Assim, em 1948 foram realizados os primeiros jogos para defi cientes, evento paralelo às Olimpíadas que eram realizadas em Londres. Este evento fi cou conhecido depois como Stoke Mandeville Games, e tornou-se um festi-val esportivo anual na cidade inglesa de Aylesbury. As pri-meiras paraolimpíadas vieram a ocorrer em 1960, em Roma, e contava com a participação de 23 países e 400 atletas. E, em sua última edição, nos Jogos Paraolímpicos de Pe-quim, houve a participação de 145 países e 4000 atletas. Os

Atividades paradesportivasIPA

números mostram que entre a primeira e a última versão dos Jogos houve uma grande evo-lução, o esporte para pessoas com defi ciência abandonou o caráter estritamente de lazer e de reabilitação, passando a buscar também o rendimento esportivo.

Sob vários aspectos, acredi-to que o esporte como ciência e disciplina constitui-se numa verdadeira “ferramenta” a ser usada no esforço para a inserção social do indivíduo excluído. Além de promo-ver adaptações fisiológicas e morfológicas relevantes à saúde física e psicológica, o esporte também pode ser uti-lizado para ensinar a viver em sociedade; educar para viver junto; perceber a importância de aceitar os desiguais; fazer aprender a ganhar e a perder; reconhecer o melhor e o mais apto; e ainda mostrar ser ne-cessário respeitar o mais fraco e o inábil. No paradesporto, o espírito competitivo existente no participante é geralmente alto, tanto pela própria vontade de vencer quanto de mostrar-se capaz. Por este motivo o enfo-que esportivo, através de suas

características, talvez seja a ferramenta mais adequada para o trabalho de inserção social da pessoa com defi ciência. As mu-danças vivenciadas pela pessoa com defi ciência envolvida em programas esportivos suscitam sentimentos e vontade de me-lhorar o seu mundo, provando para si mesmo e para a socie-dade que são capazes de terem soluções para suas maiores difi culdades.

*Mini CurriculumMarcelo Morganti Sant’Anna,

professor de educação física, com especialização em Musculação

e Treinamento Funcional pela Universidade Veiga de

Almeida, Mestre em Ciências do Movimento Humano pela Escola de Educação Física da UFRGS.

Sócio-diretor da empresa Fortius, Professor da Rede Metodista de Educação do Sul nos cursos de Educação Física e Fisioterapia

e Coordenador do Programa Paradesporto da Rede Metodista.

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Simone de Paula, Jaderson Costa da Costa*

As células-tronco podem ser encon-tradas em diversas fontes, como em embriões, no cordão umbilical e em tecidos adultos, como o sangue e a me-dula óssea, por exemplo. Ao contrário das demais células do organismo, as células-tronco são consideradas imaturas e, portanto, possuem grande capacidade de transformação (diferenciação) celular em diferentes tecidos do organismo, incluindo o tecido cerebral. Conside-rando essas características biológicas, vários estudos em animais de labora-tório pesquisam sobre o uso da terapia celular (com células-tronco) em doenças neurológicas, demonstrando resultados promissores deste tratamento na maioria dos achados científi cos.

No Brasil, pesquisadores do Insti-tuto do Cérebro da PUC-RS (Figura 1) estudam o uso dessa nova abordagem de tratamento em animais acometidos por graves doenças que comprometem o sistema nervoso, tais como, esclerose lateral amiotrófi ca, doença de Parkin-son, epilepsia, e seqüelas neurológicas de traumatismo raquimedular e anóxia neonatal. Utilizando o conhecimento adquirido nestes estudos em laboratório, alguns grupos de pesquisa já iniciaram os testes clínicos (em pacientes) em tipos específi cos de doenças neurológi-cas. Recentemente na mesma instituição gaúcha, iniciou-se a pesquisa clínica em um estudo pioneiro para avaliar a segurança da terapêutica do trans-plante de células-tronco em pacientes com epilepsia do lobo temporal, que afeta principalmente a região cerebral responsável pela memória. Apesar do objetivo principal do estudo ter sido avaliar a segurança da terapia celular, dados preliminares seis meses após o

início do tratamento mostraram resulta-dos animadores relacionados à redução das crises epilépticas, sugerindo um novo horizonte para o tratamento deste distúrbio.

O método de tratamento com célu-las-tronco em doenças neurológicas é relativamente simples: as células-tronco são retiradas da medula óssea do pacien-te e injetadas (transplantadas) através de alguma veia ou artéria no próprio paciente doador (Figura 2). Através da circulação sistêmica as células adminis-tradas tendem a migrar para os locais de lesão cerebral atraídas por estímulos específi cos, tais como focos de infl ama-ção resultantes de crises convulsivas ou isquemias cerebrais, por exemplo. Levando em consideração a necessidade da presença de fatores que sinalizam as células-tronco, tem-se observado que o transplante agudo de células--tronco (logo após a lesão) demonstra resultados mais signifi cativos quando comparados a tratamentos tardios.

Outra pesquisa recentemente desen-volvida na instituição é o uso de células--tronco na esclerose lateral amiotrófi ca, doença que atinge os neurônios da me-dula espinhal. Atualmente não há cura para esta enfermidade, considerada grave e progressiva. Apesar de considerados preliminares, dados de estudos expe-rimentais já evidenciam que a terapia celular pode aumentar a sobrevida e os movimentos dos animais acometidos.

Na área da terapia celular em lesões neurológicas por falta de oxigenação (anóxia) cerebral em crianças, resulta-dos pré-clínicos (em animais) iniciais demonstraram que o tratamento não resultou em melhora neurológica. No en-tanto, quando uma quantidade maior de células foi transplantada nos animais em estudo os resultados foram satisfatórios. Em crianças, a abordagem de tratamento

Avanços nas pesquisas com células-tronco para o tratamento de doenças neurológicas

é similar a dos adultos. No entanto, existe uma maior praticidade do uso de células--tronco de cordão umbilical evitando, assim, a punção da medula em crianças pequenas. Atualmente, diversos locais no mundo estão estudando essa nova terapia em animais com lesões decor-rentes da anóxia cerebral. No entanto, esta abordagem de tratamento ainda não está disponível na prática clínica, pois depende de estudos pré-clínicos e clínicos mais consistentes.

Até o presente momento se desco-nhece como as células-tronco agem no organismo. Os dados positivos para estas pesquisas levantam a hipótese de que as células-tronco possam agir através de duas estratégias principais. A primeira delas é de que as células-tronco trans-plantadas possam se transformar (dife-renciar) em tipos celulares específi cos e, assim, repor os neurônios perdidos após lesões cerebrais. A segunda delas surgiu mais recentemente em decorrên-cia de estudos em animais e sugere um mecanismo de ação indireto das células--tronco. Estes estudos demonstraram que a melhora dos animais ocorreu mesmo na presença mínima de células-tronco diferenciadas em neurônios, sugerindo que, possivelmente, as células-tronco são capazes de estimular a liberação de fatores de crescimento capazes de induzir a formação de novos neurônios no tecido lesado.

Ressalta-se que os estudos pré--clínicos constituem o primeiro passo no desenvolvimento de novas terapias. No entanto, apesar dos resultados ani-madores, muitas questões sobre a terapia celular ainda necessitam ser respondidas. A pesquisa científi ca necessita passar por diversas fases antes do uso na população em geral. Em decorrência disso, atual-

mente, a maioria dos estudos ainda são realizados em nível experimental, em animais de laboratório. Aspectos ainda pouco elucidados tais como, a quanti-dade de células, o local mais adequado para o transplante e o tipo celular a ser utilizado são variáveis importantes que poderão infl uenciar signifi cativamente os resultados. Após estes esclarecimen-tos científi cos, é possível que, em breve, as pesquisas clínicas iniciarão, ou seja, começarão a ser realizados mais estudos científi cos sobre o uso das células-tronco em seres humanos. Inicialmente, o uso terapêutico das células-tronco em pacientes com doenças incapacitantes ainda será realizado apenas através da pesquisa científi ca em grupos especí-fi cos de pessoas, seguindo critérios de inclusão para cada estudo. Além disso, é importante considerar que a participa-ção dos pacientes na pesquisa deve ser voluntária e gratuita. Para garantir a se-gurança dos participantes, estes estudos deverão ser realizados em instituições reconhecidas pela comunidade científi ca e passarão pela aprovação de Comitês de Ética em Pesquisa.

Com base nos resultados recentes, as perspectivas futuras para o uso das células-tronco em neurologia são pro-missoras. No entanto, ainda não se sabe quando essa abordagem terapêutica será incorporada à prática médica. Ainda é necessário consolidar os conhecimentos adquiridos nos experimentos científi cos em animais de laboratório, garantindo assim, segurança, ética e respeito aos portadores de doenças neurológicas. O que sabemos é que ainda existe um longo caminho a percorrer.

*Pesquisadores do Institutodo Cérebro – PUCRS

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Rejane Guarigliada Silva*

A inclusão como direito se apresenta hoje como inques-tionável. A formulação de políticas, leis e documentos nacionais e internacionais constituem os meios de as-segurar esse direito, que, no entanto, continua distante de ser alcançado no plano da implementação efetiva e concreta.

Enquanto as políticas de educação inclusiva prescre-vem ações tendentes ao aten-dimento das necessidades de todos os alunos, os sistemas educacionais mantêm inal-terados seus traços funda-mentais: altamente seletivo e discriminador. A rigidez dos tempos, a necessidade de que os indivíduos e grupos avan-cem de forma homogênea, sem grandes variações, de acordo com os recursos materiais e humanos disponíveis e de ma-neira coerente com os modos de organização do ensino, cuja lógica acompanha a economia da instituição mais do que as necessidades dos indivíduos, colidem com as metas inclu-sivas de atender a todos os alunos.

A noção de educação é formulada por meio de termos como: “pleno desenvolvimen-to”, “preparo para o exercício da cidadania” e “qualifi cação para o trabalho”, as “neces-sidades especiais” devem ser “atendidas”. Isso chama a atenção para a não coincidência entre a idéia de educação e a de atendimento de necessida-des. Principalmente, quando se pensa nas características do sistema de ensino, com as suas exigências em termos de aquisições e avaliações, as palavras fazem diferença porque ao privilegiar certos sentidos conduzem à atividade humana para certas direções e não para outras. No caso aqui considerado parece evidente que o preparo e a qualifi cação dos alunos para o exercício de diferentes funções no âmbito social, comunitário, político e do trabalho, requerem um conjunto de conteúdos e ações que não necessariamente esta-

Educação x necessidades especiais:Uma questão política e discursiva

FOTOS DE MÁRCIA WANDER

rão centrados nas necessidades dos alunos, mas ao contrário, exigirão destes, um movimento que leve à apropriação ativa dos conhecimentos necessários para um desempenho efi caz.

As idéias que prevalecem nos documentos ofi ciais estão relacionadas ao desenvolvi-mento, ao preparo para a vida adulta e à cidadania, o que conduz à conclusão de que o conceito de educação não tem um vínculo forte com o atendimento de necessidades. Isso pode ser constatado tan-to no plano discursivo, nos documentos citados, como no cotidiano escolar.

Por outro lado, a idéia de que a educação deve centrar-se no atendimento das necessi-dades dos alunos, tem sido abordada de maneira crescente por autores em diversos con-textos. Entendemos que essas elaborações contribuem para expandir a reflexão sobre a questão e iluminam a penum-bra em que permanecem as ex-plicações para o pouco sucesso das práticas inclusivas.

A dificuldade de plane-jar uma política que atenda às necessidades dos alunos

decorre do fato de que o sis-tema, apesar dos discursos, funciona de acordo com uma dinâmica própria que atende às suas próprias necessidades. A não-coincidência entre as necessidades do sistema e as necessidades dos alunos deixa um espaço reduzido para o atendimento das últimas.

Essas questões levam à discussão das ‘políticas da diferença’, que defendem o re-conhecimento das diferenças estruturais que marcam pontos de partida distintos para certos grupos de pessoas na compe-tição pelos deveres e benefí-cios que a cooperação social supõe. Desse ponto de vista, a insistência numa política de oportunidades de acesso igual que não reconheça a diferença, tende a manter a desigualdade. Por isso, é necessário abordar a desigualdade por meio de uma política da diferença e prover genuína igualdade de oportunidades e acesso, a partir do reconhecimento da diferença.

Parte das difi culdades na implementação de políticas inclusivas se deve a que, ape-sar das premissas e prescrições

que proclamam a necessidade de atender as necessidades educacionais de todos os alu-nos, a lógica do sistema edu-cacional é pouco compatível com essa fi losofi a, principal-mente no nível das práticas e

dos modos de funcionamento, ou seja, nosso sistema educa-cional regular, já em colapso, passa a ser um engodo para clientela PNE.

*Psicopedagoga

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e desenvolver a auto-estima, favorecem o potencial criativo das pessoas com defi ciência, favorecendo, dessa forma, conquistas na área social.

E não falo somente de aprendizagens no âmbito so-cial, estende-se esse processo, porque ele se comunica tam-bém com outros campos do saber: com o conhecimento lógico matemático, com a aquisição do código escrito, com a literatura, com noções de espaço, com a assimilação dos tempos, do compasso, do ritmo... Fora o fato que hoje existem propostas que explo-ram outros sentidos: propostas de atividades que envolvem o corpo e o movimento, onde podem ser tocadas, cheiradas, ouvidas...

A expressão corporal, a ex-pressão vocal e instrumental, a expressão coreográfica, a expressão plástica são permeá-veis uma à outra, se provocam, se somam. É incontestável o

potencial das artes e o alcance amplo que possui.

O trabalho com arte, ou arte educação representa o desenvolvimento de inúmeras competências em alunos com necessidades educacionais especiais, contribuindo na ampliação da percepção do seu universo cultural, sua compre-ensão lingüística e estética; a compreensão da sua expres-sividade corporal e musical; a construção de autonomia, participação social e conse-qüentemente sua inclusão na sociedade, mediante a arte.

O caminho que a Arte tra-ça é de encorajamento e nele, nós professores educadores especiais e arte-educadores, enxergamos e valorizamos a superação e as potencialidades.

*Educadora Especial - UFSMPsicopedagoga - PUC

Psicóloga - ULBRAEspecialista em Arte corpo e

Educação - UFRGS

Prof. Ângela M. Aranguez*

Seria ideal que todo educa-dor pudesse conduzir o ensi-namento numa atmosfera ino-vadora e dinâmica, que não se fragmentasse em disciplinas. Ao professor cabe a atitude de ir além, afi nal ensinar é sempre um desafio, visto que cada aluno irá desenvolver certa predileção, habilidade e/ou apresentar alguma difi culdade.

O reconhecimento das di-ferenças individuais é o que articula e justifica todo um planejamento que envolve a oferta de atividades multi, inter e transdisciplinares. As artes, no contexto da educação especial, assumem um papel importante, pois a partir do conjunto de atitudes possibi-litados pela dança e música, pelo teatro e artes plásticas e outras ações educativas como essas, é que se observa uma transformação real, na qual o aluno, mais que ler e escrever, se apropria de instrumentos que lhe permitam compreen-der o mundo em que vivem, com aporte para enfrentar a diversidade.

Todo projeto educativo que puder ser desenvolvido tendo as artes como pano de fundo, em se tratando da pessoa com necessidades especiais, tem muitas chances de êxito, pois é bem sabido que uma grande parte dessa população pode fi car alheia a essas possibilida-des em nossa educação formal.

Apesar da Escola Especial carregar um rotulo de segre-gação, o desenvolvimento de propostas e projetos nos quais as artes exercem infl uencia, mostram o contrário. Ações educativas compostas pelas artes promovem um universo de opções em se tratando de educação inclusiva.

O “saber-fazer” por meio das artes tem comprovado a força na mudança de atitudes e comportamentos, principal-mente na conscientização da inclusão. Mudanças de atitudes no sentido de motivar o aluno

Arte e educação especial:concepções e novas atitudes

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Getúlio Fortuna é um em-presário cuja capacidade de criar é ímpar. Enfrenta crises com audácia, irreverência e, sobretudo com um largo sorri-so. Ama o que faz. Por vezes, s torna-se introspectivo, eqüidis-tante, contudo, silenciosamente, planeja ações que oxigenam sua administração. Tem consciência, que do seu dinamismo depende a mobilização dos seus colabo-radores Persevera, no sentido de proporcionar atendimento /acolhimento de qualidade a centenas de clientes que trans-formou em amigos.

Para aumentar as vendas necessita qualifi car sua Equipe de Colaboradores para tanto, dialoga com Plano de Carreira, interage com a qualificação profi ssional, efi ciência e, com-prometimento da Equipe nas metas por estes discutidas. Inte-ressante, que as metas de 2010 foram construídas pelo coletivo do quadro funcional, portanto, todos são responsáveis pela sua execução por esta razão, perio-dicamente reúne o pessoal e, avaliam os eventuais problemas assim como, planejam as metas de aperfeiçoamento.

Coerente com o pensamen-to, que para a Empresa crescer precisa da participação efetiva

do quadro de colaboradores fi rmou convênio com a ABMF que proporcionará a todos: Co-lônia de Férias e, clube social com piscinas. Getúlio está construindo um site e, instituiu o tele-entrega. Nos dias de hoje, essencial para ganhar tempo. Está construindo um depósito proporcional ao crescimento da madeireira neste, uma empilha-deira auxiliará os colaboradores que desenvolvem suas ativida-des laborais.

Getúlio denomina-se Ami-go do Empreiteiro pensando nisso, buscou parceria com a Caixa Econômica Federal. Incentivou os Empreiteiros que prestam serviços à Madeireira ingressarem no Programa para Micro-Empresários da Caixa Econômica Federal neste , tiveram acesso às linhas de créditos especiais e, passaram a contribuir com a Previdência Social. Getúlio concentra sua atenção na Madeireira contu-do, encontra tempo para dia-logar com as questões sociais. Há oitos anos apóia decisiva-mente minha luta por políticas públicas para as pessoas com deficiência, como escreveu Bertold Brecht “ os homens que lutam todos os dias são imprescindíveis ...”

Getúlio Fortuna, criatividade e, irreverência.

Lenise Hetzel*

A cada ano cresce o índice popula-cional do idoso em nosso país, o que pode estar associado aos avanços da medicina preventiva. Porém, é sabido, também, que a sociedade ainda não está preparada ou conscientizada quanto a esta perspectiva, principalmente nos aspectos da acessibilidade e no que se refere a inclusão social respeitando-se sua plenitude e não a forma discriminada como se observa nos dias de hoje. Várias ações públicas já se encontram voltadas para esta causa. Mesmo assim, ainda existe uma série de políticas a serem discutidas e implementadas.Podemos notar no nosso próprio contexto familiar, a necessidade de estarmos preparados para com a longevidade, no sentido de garantir, com melhor conhecimento, menores limitações e maior qualidade de vida para o idoso.Para isto, como cons-cientização de uma vida mais saudável, nesta perspectiva, podemos pensar nas melhorias ambientais ao nosso alcan-ce através das AVDs (Atividades da vida diária), AVPs (atividades da vida prática),AVTs (atividades de Trabalho), aVLs (atividades de lazer) como por ex.: o banheiro com barras, assento elevado e com apoio, banco ou cadeira de banho no Box e com tapete anti-derrapante, salas e dormitórios sem tapetes , sapatos e chinelos fáceis de serem calçados e com solado anti-derrapante, interruptores luminosos, cadeiras fi rmes e com apoios laterais, preferencialmente mesas e bal-cões com quinas arredondados, torneiras e chuveiros adaptados e funcionais, de acordo com as potencialidades de movi-mentos e força; os objetos de uso diário precisam estar ao fácil alcance do idoso, evitando qualquer tipo de incidente des-necessário.

É importante ter em vista a possibili-dade de utilização de todos os recursos que possam garantir a realização de ati-

vidades do cotidiano que garantam a ma-nutenção da autonomia e independência.

Entretanto, um dia, nós também estaremos alcançando essa plenitude de vida- esperamos que seja com saúde, e iremos precisar estarmos conscientes de que de acordo com nossas necessidades e vivências pessoais ou, se necessário, procurarmos auxílio para planejar nossas atividades de vida diária, de trabalho, de lazer, enfi m, do nosso cotidiano, para uma readequação laboral assim como para uma nova projeção de nossa vida pós uma aposentadoria, com o objetivo de nos sentimos produtivos, gratifi cados, e assim inseridos numa vida social e de lazer, como verdadeiros cidadãos.

Portanto, não basta só envelhecermos se não pudermos usufruir de autonomia, auto-estima e satisfação em ocuparmos o espaço com cidadania e dignidade humana. A atividade humana sempre foi e é a forma de nos constituir enquanto sujeito. Para isto, precisaremos não só de uma assistência preventiva e efi caz envolvendo novas tecnologias, que nos darão condições de maior sobrevida, ao leque de necessidades especifi cas para vida de um idoso.

Sabemos que o Estatuto do Idoso prevê enquanto diretos, o atenção prefe-rencial em todas as instancias, mas talvez não esteja muito claro para o profi ssional de saúde, que o sua intervenção atenda as necessidades especifi cas e inerentes à condição de ser idoso e programe às atividades e adequações para manter ou adquirir o máximo de autonomia nas atividades de vida diária, práticas , de trabalho e de lazer, conforme suas potencialidades e singularidades.

Precisamos o mais breve possível nos apropriar e conhecer nossa consciência de longevidade e funcionalidade para sermos “idosos-jovens” saudáveis.

*Terapeuta OcupacionalCREFITO-1960-TO

Longevidade e funcionalidade na atividade humana

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PORTO ALEGRE - MAIO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 15

Rua Brig. Oliveira Nery, 100 e 115 | Bairro Passo D’AreiaPorto Alegre/RS – CEP 90520-260Fones: (51) 3342-9753, 3343-7586 | FAX 3337-2045CNPJ nº 92.902.303/0001-18e-mail: [email protected] | site: www.cerepal.org.br

cerepal

Daniela Ribeiro da Silva*

O Centro de Reabilitação de Porto Alegre – CEREPAL é uma entidade fi lantrópica que presta atendimento para pessoas com defi ciência, entre crianças, adolescentes e adultos de Porto Alegre, Grande POÁ e interior do estado do RS. Conta com o serviço de nutrição como área de apoio sob a responsabilidade de uma nutricionista.

Esse serviço é dividido em duas áreas: clínica e produção.

A área clínica funciona como um trabalho de prevenção e au-xílio no tratamento para melhor qualidade de vida dos pacientes, dos familiares e dos funcioná-rios do CEREPAL, auxiliando pacientes com baixo peso, so-brepeso, obesidade ou apenas para reeducação alimentar.

A área de produção abrange o refeitório, onde são servidas três refeições diárias (lanche da manhã, almoço e lanche da tarde), num total de apro-ximadamente 105 refeições diárias ofertadas gratuitamente. A maioria dos beneficiados são alunos de nossa escola de educação especial, mas também pacientes das áreas de reabili-tação.

*Nutricionista responsávelCRN2 7074P

Nutrição no CEREPALNutrição no CEREPAL

A Associação de Mães Rita Yasmin, foi fundada há cinco anos com a fi nalidade de lutar pelos direitos das crianças com defi ciência. Direitos esse, que na maioria das vezes não são cumpridos. As crianças fi cam na fi la de espera para atendi-mento, fi sioterapia, transporte social e, muitas vezes chegam a óbito antes de serem atendidas. A Associação de Mães Rita Yasmin retoma suas atividades com muitos projetos. A Direto-ria, dispõe de muita garra , força de vontade e, perseverança para transformar projetos em

realidade. O primeiro objetivo é, a construção da sede para que possamos dar inicio ao aco-lhimento às crianças especiais. Neste as crianças receberão atendimento para seus pais e, responsáveis possam trabalhar, estudar enfi m, reestrurar suas vidas, tendo um lugar especial onde seus fi lhos serão tratados com todo carinho e respeito que merecem, para terem uma melhor qualidade de vida.

Antonia Pinheiro, Carmen Brandão

e Diretoria

Associação de Mães Rita Yasmin

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PORTO ALEGRE - SETEMBRO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 16

Caderno de ReabilitaçãoOUTUBRO/2008

Denise Cezimbra

Foram dez anos de muita luta esperanças, lágrimas enfi m, um verdadeiro terremoto em nossas vidas. Meu destino, li-gado á lutas começou aos cinco anos, com o nascimento de meu irmão, que por uma fatalidade teve uma lesão cerebral na hora do parto irreversível. Seguiram--se muitos anos de internações, sonhos frustrados, pois meu pai queria muito um fi lho homem para ser um grande atleta.

E, esta vontade foi trans-ferida para mim. Resolveu tornar-se pai de Miss, sim, pois foi através dele, que comecei a participar de concursos. Ao longo dos anos, convivi com uma família, que lutava cotidia-namente com gastos absurdos, para poder manter o tratamento do meu irmão. Fomos morar em São Paulo, onde ele freqüentou a AACD. Quando voltamos, meus pais mais um grupo de amigos fundaram O CEREPAL, para poder terem um tratamento especializado para seus fi lhos. O tempo passou, casei, tive duas fi lhas maravilhosas, me divorciei, e passados alguns anos reconstruí minha vida, ca-sando novamente. Estava muito feliz, pois realmente sempre achei a vida á dois, um presente de Deus. Um mês de casada ocorreu mais um terremoto em minha vida. Meu pai descobre que tem uma doença crônica e que perderá a visão, como de fato veio acontecer. Minha mãe tem um AVC, que a in-capacitou totalmente, vivendo completamente debilitada. Meu marido descobre que perdeu o funcionamento dos rins, pas-sando por terríveis sessões de Hemodiálise. Enfim, tudo aconteceu concomitante. Nesta época eu trabalhava, em uma grande empresa de cosméticos, tendo um cargo de confi ança, que me exigia uma permanên-cia constante. Foram dez anos de muita luta, tive que vender patrimônio, me dividir em hos-pitais, pois tinha momentos que, estavam em internados juntos mas, sempre eu tinha um sorri-so no rosto, e quando chorava

Como começar a falar sobre algoque dói demais, mas vamos lá.

era escondida. Não desisti em nenhum momento. Parecia uma leoa, perdida na selva. Tentando salvar seus fi lhotes. Sim, pois de fi lha, esposa, e irmã, virei mãe de todos. Vários Natais, Ano Novo, enfi m passei com cada um em uma cama, mesmos hospitalizados, proporcionei á eles um clima de Festa. Fiz trabalhos para a Santa Casa, no Projeto Cuidar de quem Cuida onde recebi uma linda homenagem, enfi m ali estava a sobrevivência do meu marido. Veio a primeira perda, meu pai veio a falecer em meus braços, pedindo que eu não deixá-lo morrer, nem mesmo os médicos conseguiam arrancá-lo de mim. Tive que mudar para uma casa adaptada para duas cadeiras de rodas, para minha mãe e meu irmão, e coexistia com meu marido defi nhando a cada dia, pois sete anos de hemodiálise , é muito. Fui para exames queria ser doadora, passei e quando tudo estava certo, apareceu à constatação que o mesmo tinha uma doença pulmonar irrever-sível, não aguentaria o trans-plante. Perdi o chão naquele momento. Mas ergui a cabeça

e fi z a cada dia o melhor dia de nossas vidas. Em minha casa, quem chegasse parecia ter uma festa, todas as refeições eram feitas com carinho como se realmente houvesse uma come-moração. Meu amor infi nito não me permitia perder mais um, como se a responsabilidade fos-se minha total, me sentia com tanta determinação, que por mais que os médicos falassem eu não ouvia. Nossa casa fi cou linda, minha mãe voltou a falar um pouco, meu irmão estava feliz, minhas fi lhas, sempre me ajudando, maravilhosas, e meu marido realizado. Aos poucos, ia passando para a querida com-panheira de luta da família de nome Santa, que me ajuda até hoje, como ela deveria cuidar de mim quando ele partisse. Claro que eu não sabia... Minha mãe, por ironia do destino, também veio a falecer em meus braços, em um domingo ensolarado, enquanto eu lhe dava banho e, por mais absurdo ainda, dias de-pois de meu marido ter falecido. Neste meio tempo, minha única tia, irmã de minha mãe, aquela que todos os dias me ligava para me falar algo positivo me dar

um pouco de amor, veio fa-lecer quase junto. Amigos, hoje, fazem três anos de tudo, estou novamente vivendo com limita-ções, depois de uma depressão, um apagão mas a certeza do de-ver realizado e com muito amor. Não me considero perdedora, pois na batalha da vida, meu amor prolongou a vida deles de forma especial, com muita qualidade. Hoje, luto por meu irmão, agradeço por tê-lo, tão especial, tão afetuoso, e alegre. Minhas fi lhas que não consigo descrever o que representam

em minha vida, e não poderia faltar meus queridos amigos, de tantos anos que a vida me devolveu, e Se para muitas pes-soas a idéia de ter participado de concursos de beleza, represen-tem futilidades, saibam que me realizei por ter dado esta alegria a meu pai, e por ter feito amigos de verdade trinta e cinco anos.

Obrigado e, quero terminar pedindo que sempre que tive-rem uma missão pela frente, pense em um dia de cada vez, e coloquem o coração junto.

Um beijo á todos!