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GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL GABINETE DO COMANDANTE-GERAL ASSESSORIA DE ANÁLISE TÉCNICO-JURÍDICA BOLETIM INFORMATIVO Nº 24 Abril de 2010 Sumário 1 – PORTARIAS................................................................................................................................2 2 – INOVAÇÕES LEGISLATIVAS.................................................................................................. 2 3 – NOTÍCIAS E JULGADOS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL..........2 4 – TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL............................................................. 4 5 – DECISÕES, INFORMATIVOS E NOTÍCIAS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES.................. 4 6 – SÚMULAS................................................................................................................................ 10 7 – PARECERES DA PROCURADORIA DO DISTRITO FEDERAL ........................................ 11 8 – PARA LEITURA, ESTUDO E REFLEXÃO JURÍDICA.........................................................12 9 – LEGISLAÇÃO DE INTERESSE DO POLICIAL MILITAR...................................................21 10 – CONSULTAS.......................................................................................................................... 22 1

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GOVERNO DO DISTRITO FEDERALPOLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL

GABINETE DO COMANDANTE-GERALASSESSORIA DE ANÁLISE TÉCNICO-JURÍDICA

BOLETIM INFORMATIVO Nº 24Abril de 2010

Sumário1 – PORTARIAS................................................................................................................................22 – INOVAÇÕES LEGISLATIVAS..................................................................................................23 – NOTÍCIAS E JULGADOS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL..........24 – TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL.............................................................45 – DECISÕES, INFORMATIVOS E NOTÍCIAS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES..................46 – SÚMULAS................................................................................................................................107 – PARECERES DA PROCURADORIA DO DISTRITO FEDERAL ........................................118 – PARA LEITURA, ESTUDO E REFLEXÃO JURÍDICA.........................................................129 – LEGISLAÇÃO DE INTERESSE DO POLICIAL MILITAR...................................................2110 – CONSULTAS..........................................................................................................................22

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1 – PORTARIAS

PORTARIA PMDF Nº 702 DE 22 DE MARÇO DE 2010.

Revoga e altera dispositivos da Portaria PMDF de nº 671, de 21 de julho de 2009.

PORTARIA PMDF Nº 704 DE 29 DE MARÇO DE 2010.

Aprova e institui na Polícia Militar do Distrito Federal, o Distintivo do Curso de Aperfeiçoamento de Praças – CAP.

PORTARIA PMDF Nº 705 DE 29 DE MARÇO DE 2010.

Aprova e institui na Polícia Militar do Distrito Federal, o Distintivo do Curso de Altos Estudos para Praças – CAEP.

PORTARIA PMDF N.º 706 , DE 31 DE MARÇO DE 2010.

Estabelece entendimento acerca da possibilidade do policial militar exercer atividade remunerada em horário de folga, determina os requisitos normativos afetos à espécie e dá outras providências.

2 – INOVAÇÕES LEGISLATIVAS

Leis Federais

LEI Nº 12.232, DE 29 DE ABRIL DE 2010.

Dispõe sobre as normas gerais para licitação e contratação pela administração pública de serviços de publicidade prestados por intermédio de agências de propaganda e dá outras providências.

Decretos

DECRETO Nº 7.165, DE 29 DE ABRIL DE 2010.

Regulamenta o inciso I do art. 48 da Lei no 6.450, de 14 de outubro de 1977, que dispõe sobre a organização básica da Polícia Militar do Distrito Federal.

DECRETO Nº 31.617, DE 28 DE ABRIL DE 2010

Delega competência ao Secretário de Estado Chefe da Casa Militar da Governadoria do Distrito Federal para praticar os atos que especifica.

3 – NOTÍCIAS E JULGADOS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO

DISTRITO FEDERAL

Ementa

EMBARGOS INFRINGENTES. POLICIAL MILITAR. RESERVA. DOENÇA GRAVE ESPECIFICADA EM LEI. INCAPACIDADE. PROVENTOS.I - O AUTOR PASSOU À RESERVA REMUNERADA PORQUE DIAGNOSTICADA, NA VIGÊNCIA DA LEI 7.289/84, DOENÇA GRAVE E INCURÁVEL ESPECIFICADA EM LEI. II - EMBORA O CAPUT DO ART. 98 DA LEI 7.289/84 PREVEJA QUE OS PROVENTOS SERÃO OS DO POSTO HIERARQUICAMENTE SUPERIOR APENAS PARA AS SITUAÇÕES DE INVALIDEZ DECORRENTE DE FERIMENTO CONTRAÍDO NO EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES MILITARES OU DE MOLÉSTIA CONTRAÍDA EM SERVIÇO, O § 1º DO REFERIDO ARTIGO ESTENDE O MESMO BENEFÍCIO QUANDO A RESERVA DECORRER DE INCAPACIDADE OCASIONADA POR DOENÇA GRAVE OU INCURÁVEL ESPECIFICADA EM LEI.III - EMBARGOS INFRINGENTES REJEITADOS. (Classe do Processo :

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2006 01 1 120741-2 EIC - 0120741-90.2006.807.0001 (Res. 65 - CNJ) DF Registro do Acórdão Número : 420165 Data de Julgamento : 26/04/2010 Órgão Julgador : 1ª Câmara Cível. Relator : VERA ANDRIGHI Disponibilização no DJ-e: 04/05/2010 Pág. : 34

Ementa:

CRIME MILITAR. DESACATO A SUPERIOR HIERÁRQUICO. PROVA SATISFATÓRIA DA MATERIALIDADE E DA AUTORIA DO FATO. EVIDÊNCIA DO DOLO. SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL CONDENADO POR DESACATAR OFICIAL NA FRENTE DE OUTRO DE PATENTE SUPERIOR E DE SUBORDINADOS DA CORPORAÇÃO, AFIRMANDO QUE ELE O PERSEGUIA E O TRATAVA DIFERENTE DE OUTROS SOLDADOS PORQUE NÃO LHE PAGAVA CERVEJAS NEM OFERECIA CHURRASCOS COMO OS DEMAIS, DECLARANDO AINDA QUE ELE NÃO TINHA AUTORIDADE PARA MANDAR PRENDÊ-LO. TAIS FATOS FORAM DEVIDAMENTE CONFIRMADOS POR TESTEMUNHOS IDÔNEOS, EVIDENCIADA A INTENÇÃO DE MENOSPREZAR A AUTORIDADE DO SUPERIOR HIERÁRQUICO DE MOLDE A INFRINGIR O ARTIGO 298, DO CÓDIGO PENAL MILITAR. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Classe do Processo : 2007 01 1 034064-7 APR - 0034064-23.2007.807.0001 (Res. 65 - CNJ) DF Registro do Acórdão Número : 417587. Data de Julgamento : 08/04/2010 . Órgão Julgador : 1ª Turma Criminal. Relator : GEORGE LOPES LEITE. Disponibilização no DJ-e: 29/04/2010 Pág. : 125)

Ementa:

RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. VEÍCULO DA POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL. CULPA COMPROVADA. É MANIFESTA A CULPA DO CONDUTOR DO VEÍCULO

POLICIAL QUE, SEM ESTAR EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA, TENDO SINAIS SONOROS E LUMINOSOS DESLIGADOS, TRAFEGA POR FAIXA DE ROLAGEM CUJO TRÂNSITO ESTAVA IMPEDIDO, VINDO A SURPREENDER A AUTORA QUANDO ESTA TERMINAVA A MANOBRA DE CONVERSÃO À DIREITA. (Classe do Processo : 2007 01 1 137430-3 APC - 0137430-78.2007.807.0001 (Res. 65 - CNJ) DF. Registro do Acórdão Número : 415983. Data de Julgamento : 07/04/2010. Órgão Julgador : 2ª Turma Cível. Relator : CARMELITA BRASIL. Disponibilização no DJ-e: 28/04/2010 Pág. : 64)

Ementa:

APELAÇÃO CRIMINAL - TORTURA - POLICIAIS MILITARES DO DISTRITO FEDERAL - LESÕES COMPROVADAS - DEPOIMENTO CONSISTENTE DA VÍTIMA - PERDA DO CARGO - EFEITO AUTOMÁTICO. I. A CONDENAÇÃO DEVE SER MANTIDA SE HÁ PROVAS DE QUE A VIOLÊNCIA FOI PRATICADA COMO FORMA DE APLICAR CASTIGO PESSOAL, CONFORME ART. 1º, INCISO II, DA LEI N.º 9.455/97.II. A PERDA DO CARGO E A INTERDIÇÃO DO EXERCÍCIO, PELO DOBRO DO PRAZO DA PENA APLICADA, PREVISTOS NO §5º SÃO EFEITOS EXTRAPENAIS CUMULATIVOS, GENÉRICOS, AUTOMÁTICOS E OBRIGATÓRIOS DA CONDENAÇÃO. PRECEDENTES DO STJ. III. APELOS IMPROVIDOS.(Classe do Processo : 2007 04 1 008428-4 APR - 0008428-46.2007.807.0004

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(Res.65 - CNJ) DF. Registro do Acórdão Número : 416081. Data de Julgamento : 08/04/2010. Órgão Julgador : 1ª Turma Criminal. Relator : SANDRA DE SANTIS. Disponibilização no DJ-e: 29/04/2010 Pág. : 12)

4 – TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL

PROCESSO Nº 15.169/09

Edital Normativo nº 32, publicado no DODF em 02.06.2009 (fls. 02/11), por meio do qual a Polícia Militar do Distrito Federal tornou pública a abertura de inscrições ao Concurso Público de admissão ao Curso de Formação de Oficiais Policiais Militares da Polícia Militar do Distrito Federal (CFOPM), para provimento de vagas em 2010. - DECISÃO Nº 1.680/10.- O Tribunal, por unanimidade, de acordo com o voto do Relator, decidiu: I - tomar conhecimento dos documentos de fls. 150 e153; II - considerar atendida a diligência objeto do item III da Decisão nº 3.757/2009; III - autorizar a devolução dos autos à 4ª ICE.

Processo: 054.001.638/2009.

Interessado: PMDF. Assunto: ABERTURA DE CONCURSO PÚBLICO. Relator: ALEXANDRE RODRIGUES SENRA SACRAMENTO. O Plenário do Conselho de Política de Recursos Humanos – CPRH, acolhendo, por unanimidade, o voto do Relator, resolve: 1. Deliberar pela possibilidade de realização de concurso público para o provimento de 50 (cinquenta) vagas de Alunos Oficiais no primeiro ano de Curso de Formação de Oficiais Policiais Militares em 2011. 2. Submeter a presente Resolução ao descortino do Excelentíssimo Senhor Governador do Distrito Federal.

PROCESSO Nº 10.118/05 (apenso o Processo GDF nº 54.000.419/05)

Tomada de contas especial instaurada pela Polícia Militar do Distrito Federal para apurar

responsabilidades pelo prejuízo causado ao erário, em decorrência da percepção de salários por policiais do 14º Batalhão de Polícia Militar, sem a devida contraprestação laboral. - DECISÃO Nº 1.615/10.- O Tribunal, por unanimidade, de acordo com o voto do Relator, decidiu: I. conhecer dos Embargos de Declaração opostos, para, no mérito, negar-lhes provimento, mantendo inalterados os termos da Decisão nº 7.366/09; II. dar ciência desta decisão aos embargantes; III. determinar o retorno dos autos à 1ª ICE, para os fins devidos.

5 – DECISÕES, INFORMATIVOS E NOTÍCIAS DOS TRIBUNAIS

SUPERIORES

Supremo Tribunal Federal

INFORMATIVO Nº 580

Forças Armadas: Limite de Idade para Concurso de Ingresso e Art. 142, § 3º, X, da CF

O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinário em que se discute a constitucionalidade, ou não, do estabelecimento de limite de idade por edital de concurso para ingresso nas Forças Armadas. Trata-se, na espécie, de recurso interposto pela União contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região que entendera que, em relação ao ingresso na carreira militar, a Constituição Federal exigiria que lei dispusesse a respeito do limite de idade (CF, art. 142, § 3º, X: “a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades,

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inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra.”), não se admitindo, portanto, que um ato administrativo estabelecesse a restrição, sob pena de afronta ao princípio constitucional da ampla acessibilidade aos cargos públicos. Preliminarmente, o Tribunal julgou prejudicado, por perda de objeto, o RE 572499/SC, apregoado em conjunto, em virtude de nele terem os impetrantes requerido o cancelamento da matrícula no curso de formação.A Min. Cármen Lúcia, relatora, negou provimento ao recurso por entender que, tendo a Constituição Federal determinado, em seu art. 142, § 3º, X, que os requisitos para o ingresso nas Forças Armadas são os previstos em lei, com referência expressa ao critério de idade, não caberia regulamentação por meio de outra espécie normativa. Considerou, por conseguinte, não recepcionada pela Carta Magna a expressão “e nos regulamentos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica”, contida no art. 10 da Lei 6.880/80, que dispõe sobre o Estatuto dos Militares (“Art. 10 O ingresso nas Forças Armadas é facultado mediante incorporação, matrícula ou nomeação, a todos os brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei e nos regulamentos da marinha, do exército e da aeronáutica.”.). Afirmou ser inquestionável a prerrogativa das Forças Armadas de instituir por regulamento de cada Força, e até mesmo nos editais de concursos, os procedimentos relativos a todo o certame. Aduziu que o conteúdo definido constitucionalmente como sendo objeto de cuidado a ser levado a efeito por lei haveria de ser desdobrado, de forma detalhada, nos atos administrativos, tais como os regulamentos e editais. Observou, contudo, que esses atos não poderiam inovar nos pontos em que a legislação não tivesse estatuído. Registrou, ainda, que, no item específico relativo à definição dos limites de idade, a fixação do requisito por regulamento ou edital, categoria de atos administrativos, esbarraria, inclusive, na Súmula 14 do STF (“Não é admissível, por ato administrativo, restringir, em razão da idade, inscrição em concurso para cargo público.”).

A relatora, com base no princípio da segurança jurídica, tendo em conta que passados quase 22 anos de vigência da CF/88, nos quais vários concursos foram realizados com observância daquela regra geral, propôs que a decisão somente se aplique aos concursos para ingresso nas Forças Armadas iniciados a partir deste julgamento, preservado o direito daqueles que já tenham ajuizado ações com o mesmo objeto jurídico da que ora se examina. Ainda determinou expedição de ofício à recorrente para cumprimento de decisão proferida em primeira instância, inclusive quanto ao direito do ora recorrido de ter acesso às informações sobre a sua situação. Em divergência, o Min. Dias Toffoli deu provimento ao recurso, e reputou recepcionada pela CF/88 a Lei 6.880/80, ao fundamento de ali se tratar de questões relativas à natureza específica das corporações militares, ou seja, questões relativas a critérios de idade, de condições físicas. Asseverou, assim, que a Lei 6.880/80 teria regulamentado a matéria na forma como exige o art. 142, § 3º, X, da CF, e que o legislador ordinário poderia estabelecer critérios gerais e determinar ao regulamento que fixasse outros critérios, em razão da especificidade das Forças Armadas e das características e dos critérios necessários ao ingresso nas Armas. Após, pediu vista dos autos o Min. Ricardo Lewandowski. (RE 572449/SC e RE 600225/RS, rel, Min. Cármem Lúcia).

INFORMATIVO Nº 581

ED: Inquérito Policial e Direito de Vista Em conclusão de julgamento, a Turma, tendo em conta a Súmula Vinculante 14 (“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já

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documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”), rejeitou embargos de declaração opostos pelo Ministério Público Federal contra acórdão que deferira habeas corpus para permitir o acesso dos defensores dos acusados a procedimento investigativo sigiloso — v. Informativo 553. Entretanto, de ofício, concedeu a ordem para que a defesa tenha acesso ao que já coligido nos autos do inquérito policial. Na presente situação, o embargante sustentava que a concessão da ordem, sem ressalvas na parte dispositiva, poderia levar o juízo de 1ª instância ao engano de autorizar o acesso a todos os atos do procedimento investigatório e não somente àqueles referentes às diligências já concluídas. Os Ministros Ricardo Lewandowski, relator, e Cármen Lúcia reajustaram seus votos. (HC 94387 ED/RS, rel. Min. Ricardo Lewandoswski)

Ação Penal e Trancamento mediante ‘Habeas Corpus’

A Turma indeferiu habeas corpus no qual militar denunciado pela suposta prática do crime de desobediência (CPM, art. 301), por ter se recusado a receber diversas notificações e a comparecer à Organização Militar para prestar testemunho em sindicâncias e inquérito policial militar, pleiteava o trancamento de ação penal instaurada contra ele na origem. Sustentava falta de justa causa para a persecução criminal, dado que as notificações foram recepcionadas por sua esposa, que não as repassara, seguindo orientação de profissional da área de saúde, pois o paciente se encontrava afastado de suas funções por motivo de incapacidade física. Alegava, ademais, que o elemento subjetivo do delito de desobediência se encontraria pautado em dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de não obedecer à ordem legal da Administração Militar, o que não teria ocorrido no caso. Preliminarmente, recebeu-se o presente recurso ordinário — porque intempestivo — como habeas corpus.

Observou-se que, quando o recurso ordinário carecer dos requisitos formais previstos no art. 310 do RISTF, pode, excepcionalmente, ser recebido como habeas corpus. Ressaltou-se, por outro lado, que as alegações formuladas pelo impetrante — falta de justa causa e ausência de dolo — exigiriam a realização de exame aprofundado de provas que, em sede de habeas corpus, não se mostraria possível, visto tratar-se de instrumento destinado à proteção de direito líquido e certo, que não admite dilação probatória. Assinalou-se que tal vedação teria especial aplicação na situação sob exame, porquanto os autos originários se encontrariam em momento processual no qual a dúvida milita pro societate. Considerou-se que esta Corte tem decidido, reiteradamente, que o trancamento de ação penal por falta de justa causa ou por inépcia da denúncia, na via estreita do habeas corpus, somente é viável desde que se comprove, de plano, a atipicidade da conduta, a incidência de causa de extinção da punibilidade ou ausência de indícios de autoria ou de prova sobre a materialidade do delito, o que não se verificara na espécie. (RHC 94821/RS, Rel. Min. Joaquim Barbosa)

Informativo nº 583

Porte Ilegal de Munição

A Turma retomou julgamento de habeas corpus em que se pretende, por ausência de potencialidade lesiva ao bem juridicamente protegido, o trancamento de ação penal instaurada contra denunciado pela suposta prática do crime de porte de munição sem autorização legal (Lei 10.826/2003, art. 14), sob o argumento de que o princípio da intervenção mínima no Direito Penal limita a atuação estatal

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nesta matéria — v. Informativos 457 e 470. O Min. Cezar Peluso, em voto-vista, por reputar atípica a conduta imputada ao paciente, deferiu o writ para determinar o trancamento da ação penal. Observou, de início, que a matriz definidora e legitimadora do Direito Penal residiria, sobretudo, na noção de bem jurídico, sendo ela que permitiria compreender os valores aos quais o ordenamento concederia a relevância penal, de acordo com a ordem axiológica da Constituição, e, por isso, legitimaria a atuação do instrumento penal. Ressaltou que, na chamada sociedade do risco, com a pretensão de se atenuar a insegurança decorrente da complexidade, globalidade e dinamismo social, demandar-se-ia a regulação penal das atividades capazes de produzir perigo, na expectativa de que o Direito Penal fosse capaz de evitar condutas geradoras de risco e de garantir um estado de segurança. Considerou que, para justificar a antecipação da tutela penal para momento anterior à efetiva lesão ao interesse protegido, falar-se-ia em prevenção e controle das fontes de perigo a que estão expostos os bens jurídicos, para tratar situações antes não conhecidas pelo Direito Penal tradicional. Frisou que, para previsão de determinada conduta como reprovável, construir-se-ia uma relação meramente hipotética entre a ação incriminada e a produção de perigo ou dano ao bem jurídico. Destacou que o ilícito penal consistiria na infração do dever de observar determinada norma, concentrando o injusto muito mais no desvalor da ação do que no desvalor do resultado, que se faria cada vez mais difícil identificar ou mensurar.Assim, enfatizou que, em vez do tradicional elemento de lesão ao bem jurídico, apareceria como pressuposto legitimador da imputação a desaprovação do comportamento que vulnera dever definido na esfera extra-penal. Asseverou, no ponto, que essa tendência poderia entrar em choque com os pressupostos do Direito Penal clássico, fundado na estrita legalidade, na proporcionalidade, na causalidade, na subsidiariedade, na intervenção mínima, na fragmentariedade e lesividade, para citar

alguns dos seus princípios norteadores. Evidenciou, destarte, que grave dilema se poria no fato de que, de um lado se professaria que o Direito Penal deveria dedicar-se apenas à proteção subsidiária repressiva dos bens jurídicos essenciais, por meio de instrumentos tradicionais de imputação de responsabilidade, segundo princípios e regras clássicos de garantia, e, de outro, postular-se-ia a flexibilização e ajuste dos instrumentos dogmáticos e das regras de atribuição de responsabilidade, para que o Direito Penal reunisse condições de atuar na proteção dos bens jurídicos supra individuais, e no controle dos novos fenômenos do risco. Esclareceu que as normas de perigo abstrato punem a realização de conduta imaginada ou hipoteticamente perigosa sem a necessidade de configuração de efetivo perigo ao bem jurídico, na medida em que a periculosidade da conduta típica seria determinada antes, por meio de uma generalização, de um juízo hipotético do legislador, fundado na idéia de mera probabilidade. Avaliou que, nos tipos de perigo concreto, se exigiria o desvalor do resultado, impondo o risco do bem protegido, enquanto, nos tipos de perigo abstrato, ocorreria claro adiantamento da proteção do bem a fases anteriores à efetiva lesão. Asseverou, todavia, que deveria restar caracterizado um mínimo de ofensividade como fator de delimitação e conformação de condutas que merecessem reprovação penal. Nesse sentido, registrou que a aplicação dos instrumentos penais de atribuição de responsabilidade às novas realidades haveria de se restringir aos casos em que fosse possível compatibilizar a nova tipificação com os princípios clássicos do Direito Penal.Salientou ser certo que a lesividade nem sempre significaria dano efetivo

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ao bem jurídico protegido, mas, para se entender e justificar como tal, exigiria, pelo menos, que de algum modo se pusesse em causa uma situação de perigo. Reportou que, ainda nos delitos de perigo abstrato, seria preciso acreditar na perigosidade da ação, no desvalor real da ação e na possibilidade de resultado perigoso, não sendo punível, por isso, a conduta que não pusesse em perigo, nem sequer em tese ou por hipótese, o bem jurídico protegido. Entendeu que a conduta considerada perigosa de um ponto de vista geral e abstrato poderia não o ser em verdade e, no caso dos autos, não haveria possibilidade de lesão à incolumidade pública em virtude do transporte de 10 projéteis, de forma isolada, sem a presença de arma de fogo. Sustentou que daí não se poderia admitir a comparação com eventual tráfico ou transporte de grande quantidade de material de munição. Nesse diapasão, compreendeu que a conduta de portar munição, uma das várias previstas pelo art. 14 da Lei 10.826/2003, não seria aprioristicamente detentora de dignidade penal, porquanto se haveria de se verificar, em cada caso, se a conduta seria capaz de, por si, representar ameaça real ou potencial a algum bem jurídico. Consignou que, se não se vislumbrar ofensividade da conduta, a criminalização do porte de munição fulmina a referência material, que, segundo os padrões clássicos, deveria não só justificar a intervenção do Direito Penal, mas presidir a interpretação dos tipos com vistas a determinar a sua realização.Assinalou que, se a conduta em questão não detém dignidade penal, a aplicação do art. 14 da Lei 10.826/2003, na espécie, representaria unicamente o uso do Direito Penal para a manutenção do sistema de controle do comércio de armas e munições. Ou seja, tal modelo imporia a aceitação de um discurso eminentemente funcional, mediante prevenção em geral negativa, procurando intimidar toda a sociedade quanto à prática criminosa. Assentou que isso justificaria, do ponto de vista da política criminal, certa antecipação da tutela, derrogando-se o princípio da lesividade, em função de

necessidades da administração, o que, definitivamente, não seria e nem poderia ser o seu papel, nem sequer no contexto de uma sociedade de risco. Acrescentou, ademais, que o conceito material do delito e a idéia de subsidiariedade do Direito Penal, como diretriz político-criminal, pressuporiam que, antes de lançar mão do Direito Penal, o Estado adotasse outras medidas de política social que visassem proteger o bem jurídico, podendo fazê-lo de maneira igual e até mais eficiente. Afirmou que a condenação do paciente pelo porte de 10 projéteis apenas como incurso em tipo penal tendente a proteger a incolumidade pública contra efeitos deletérios da circulação de arma de fogo no país seria um exemplo do exercício irracional do ius puniendi ou do crescente distanciamento entre bem jurídico e situação incriminada, o que, fatalmente, conduzirá à progressiva indefinição ou diluição do bem jurídico protegido que é a razão de ser do Direito Penal. Após, pediu vista dos autos a Min. Ellen Gracie.HC 90075/SC, rel. Min. Eros Grau, 20.4.2010. (HC-90075)

Superior Tribunal de Justiça

INFORMATIVO Nº 424

OCULTAÇÃO. PLACA. VEÍCULO.

Na espécie, o ora paciente foi denunciado pela prática do crime previsto no art. 311, caput, do CP, uma vez que teria ocultado, mediante dispositivo operado manualmente, a placa de identificação de seu veículo quando passava pela cancela de uma praça de pedágio, objetivando, com a prática, furtar-se de efetuar o devido pagamento. A Turma, de acordo com o fato narrado na inicial, na qual ficou demonstrada a ausência de adulteração ou remarcação de sinal identificador

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do veículo, concedeu a ordem para trancar a ação penal, pois não se aplica o art. 311 do CP aos fatos da denúncia, restando, assim, atípica a conduta imputada ao paciente. A conduta descrita no referido artigo não prevê a modalidade de ocultar, mas, tão somente, a de adulterar e remarcar, sendo esses verbos núcleos do tipo. HC 139.199-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 23/2/2010.

INFORMATIVO Nº 427

BOMBEIRO. PROMOÇÃO. PRETERIÇÃO.

A Turma decidiu que, referente à promoção por merecimento de oficial do Corpo de Bombeiros sujeita ao poder discricionário do governador do DF (art. 48 do Dec. Distrital n. 3.170/1976 e Lei Distrital n. 6.302/1975), descabe ao recorrente o pretendido ressarcimento de preterição à graduação de oficial. RMS 27.600-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 16/3/2010.

APN. MODIFICAÇÃO. PLACA. VEÍCULO.

Trata-se, na origem, de habeas corpus no qual se objetivava o trancamento de ação penal (APN) por falta de justa causa, em razão de que o paciente, ora recorrido, teria modificado letra da placa identificadora de veículo. O tribunal a quo concedeu a ordem sob o fundamento de que, na hipótese, trata-se de fato atípico caracterizado como mera infração administrativa; assim, inexistiria sustentação fático-jurídica para o prosseguimento da referida ação. Daí, o MP interpôs o REsp em que, além de divergência jurisprudencial, sustentou que a conduta é típica, pois o recorrido alterou a placa do veículo, ato que se insere no tipo penal descrito no art. 311, caput, do CP. Nesta instância especial, entendeu-se que, no caso, efetivamente, houve a colocação de fita adesiva ou isolante para alterar letra ou número da placa de identificação do veículo, o que é perceptível a olho nu. Em sendo assim, o meio empregado para a adulteração não se presta à ocultação de veículo, objeto de crime contra o patrimônio. Observou-se

que qualquer cidadão, por mais incauto que seja, tem condições de identificar a falsidade, que, de tão grosseira, a ninguém pode iludir. Em suma, a fraude é risível, grotesca. Logo, a fé pública não é sequer atingida. Ressaltou-se que a punição de mera infração administrativa com a sanção criminal prevista no tipo descrito no art. 311 da lei subjetiva penal desafia a razoabilidade e proporcionalidade, porquanto a fé pública permaneceu incólume e, à mingua de lesão ao bem jurídico tutelado, a conduta praticada pelo recorrido é atípica. Não é possível dar a um ato que merece sanção administrativa o mesmo tratamento dispensado à criminalidade organizada. Diante disso, a Turma negou provimento ao recurso. REsp 503.960-SP, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 16/3/2010.

HC. MILITAR. ORDEM. SUPERIOR HIERÁRQUICO.

O paciente negou-se a obedecer à ordem de superior hierárquico e, por tal fato, foi condenado a um ano de detenção em regime prisional aberto, por infração do art. 163 do Código Penal Militar (CPM). A Defensoria Pública recorreu da decisão, pedindo a absolvição do paciente ou, subsidiariamente, a desclassificação dos fatos para o crime de desobediência previsto no art. 301 do mencionado código. Para o Min. Relator, os fatos que culminaram na denúncia do paciente foram descritos na inicial, de forma a proporcionar a ele o exercício da ampla defesa. No sistema processual pátrio, o agente defende-se dos fatos, não de sua capitulação jurídica. Pouco importa se a conduta do paciente subsume-se ao preceito primário do art. 163 ou 301 do CPM. Assim, a decisão que rejeitou

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os embargos de nulidade opostos pelo paciente não caracteriza a coação ilegal descrita na inicial, porque não está caracterizada, na espécie, a falta de correlação entre os fatos imputados na denúncia e a fundamentação da sentença condenatória. Diante disso, a Turma, denegou a ordem. Precedentes citados: HC 135.768-SP, DJe 14/12/2009; RHC 18.100-ES, DJ 19/12/2007, e HC 52.173-RJ, DJ 20/8/2007. HC 146.367-MG, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 18/3/2010.

INFORMATIVO Nº 428

COMPETÊNCIA. CRIME AMBIENTAL.

A Seção decidiu que compete ao juizado especial federal processar e julgar crime ambiental (art. 39 da Lei n. 9.605/1998) decorrente do corte de árvores (palmito) em floresta de preservação permanente sem autorização do IBAMA, que administra o Parque Nacional de Itatiaia, por ser área particular vizinha à unidade de conservação (art. 9º da Lei n. 4.771/1965). Precedente citado: CC 89.811-SC, DJe 3/4/2008. CC 92.722-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 24/3/2010

INFORMATIVO Nº 430

MILITAR. PEDIDO. RECONSIDERAÇÃO.

O estatuto dos militares (Lei n. 6.880/1980) impõe a eles a obrigação de exaurir a instância administrativa antes de postular em juízo a reparação de suposta ilegalidade cometida por superior hierárquico (art. 51, § 3º, do referido diploma). Então, somente após esgotados os recursos administrativos, o militar poderá utilizar o mandado de segurança contra aquele ato. Sucede que, no âmbito do Direito Administrativo militar, que possui normas peculiares, de aplicação restrita aos servidores públicos militares, a expressão “recursos administrativos” constante do referido § 3º deve ser entendida como abrangente do pedido de

reconsideração. Então, só se fala em fluência do prazo decadencial a partir da ciência pelo militar do julgamento de seu pedido de reconsideração, não se aplicando a Súm. n. 430-STF ao caso. A legislação especial que rege o corpo feminino da reserva de oficiais da Aeronáutica (Lei n. 6.924/1981 e o Dec. n. 86.325/1981) remete-se aos critérios e condições previstos para a promoção dos oficiais e graduados da ativa do Ministério da Aeronáutica (Lei n. 5.821/1972 – LPOAFA – e o recentemente revogado Dec n. 1.319/1994 – REPROA). Assim, a aplicação cumulativa de todos esses diplomas legais não fere o princípio da especificidade. Por sua vez, o art. 42 do REPROA previa que a promoção ao último posto da carreira de oficial superior somente ocorreria pelo merecimento, o que afasta a aplicação ao caso do quadro de acesso por antiguidade. Visto que a impetrante não preenche as condições previstas no art. 31, § 2º, da LPOAFA (a única forma possível de promoção ao posto de tenente-coronel do referido corpo de reserva), está justificada a falta de sua inclusão nos quadros de acesso por merecimento. Anote-se que a Min. Maria Thereza de Assis Moura ressalvou seu entendimento quanto ao pedido de reconsideração e à decadência. Precedente citado: MS 7.329-DF, DJ 1º/9/2003. MS 14.117-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 14/4/2010.

6 – SÚMULAS

Superior Tribunal de Justiça

SÚM. N. 434

O pagamento da multa por infração de trânsito não inibe a discussão judicial do débito. Rel. Min. Luiz Fux, em

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24/3/2010.

7 – PARECERES DA PROCURADORIA DO DISTRITO FEDERAL

PARECER Nº 2.412/2009 – PROPES

PROCESSO Nº: 053.001.235/2008

ASSUNTO: Direito Administrativo. Bombeiro Militar. Ato do Comandante Geral. Pena de exclusão das fileiras da corporação. Recurso dirigido ao Excelentíssimo Senhor Governador do Distrito Federal. Intempestividade. Não-conhecimento.

Conforme determina o art. 14, da Lei n.º 6.477/77, o prazo para interposição de recurso administrativo dirigido ao Excelentíssimo Senhor Governador do Distrito Federal contra a decisão do Senhor Comandante-Geral da Polícia Militar é de 10 (dez) dias a contar da data da publicação dessa decisão ou da sua intimação pessoal.

Tendo em vista que o recorrente tomou ciência da decisão que o excluiu das fileiras da corporação em 26 de maio de 2009, conforme Boletim Geral nº 96/2009, e que o recurso foi interposto no dia 08 de junho de 2009, inafastável é o reconhecimento da sua intempestividade, o que impede a análise do mérito do referido recurso.

Demonstrada a materialidade e autoria da infração disciplinar de conduta irregular e a prática de ato que afete o pundonor e o decoro do bombeiro militar, a penalidade administrativa de exclusão a bem da disciplina é medida que se impõe.

Diante do princípio da independência das instâncias, a condenação criminal do militar não impede a aplicação de sanção administrativa. Precedentes.

O § 2º, do art. 43, da Lei nº 7.476/86, não impede a aplicação de sanção administrativa

disciplinar.

Parecer pelo não conhecimento do recurso, diante da sua intempestividade. E, no mérito, pelo desprovimento do recurso administrativo.

PARECER Nº 184/2010 – PROCAD

PROCESSO Nº: 054.002.204/2009

ASSUNTO: Administrativo. Edital de Credenciamento n.º 04/2009 PMDF. Prestação de serviços médicos na área específica de procedimentos e exames em oftalmologia. Lei Federal n.º 10.486/2002, Decreto Local n.º 25.574/2004 e Portaria PMDF n.º 558/2007.

Cabível, na espécie, o sistema de credenciamento, uma vez configurada a inexistência de relação de exclusão entre os interessados em contratar com o Poder Público. Situação que configura autêntica hipótese de inexigibilidade de licitação, nos termos do art. 25, "caput", da Lei n.º 8.666/93.

Minuta do edital e respectivos anexos em conformidade com a legislação que regula a matéria, com as observações constantes deste Parecer.

PARECER Nº 170/2010 – PROPES

PROCESSO Nº: 054.000.108/2010

ASSUNTO: Promoção "Post Mortem”. Falecimento de integrantes dos quadros do PMDF. Interpretação dos requisitos da Lei nº 12.086/09 para a promoção “post mortem”. Necessidade de existência de nexo causal entre a morte e o exercício das funções como membro da PMDF. No momento da tragédia ocorrida em Porto Príncipe, o 1º Tenente Cleiton

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Batista Neiva estava no gozo de licença para tratamento de assunto particular, e estava nesta região como funcionário contratado pela Organização das Nações Unidas.

Inexistência de nexo causal entre o falecimento e o exercício das funções como membro da PMDF. Indeferimento da Promoção "Post Mortem".

8 – PARA LEITURA, ESTUDO E REFLEXÃO JURÍDICA

A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NA ÁREA JURÍDICA MILITAR

1- Considerações Iniciais.

Por uma questão metodológica, nosso estudo foi construído de modo a demonstrar, de forma compartimentada, o modo pelo qual a atividade de inteligência pode auxiliar cada um dos diferentes atores cujas incumbências são, respectivamente, investigar, acusar e julgar crimes militares,vale dizer: Polícia Judiciária Militar, Ministério Público Militar e Judiciário Militar.

Optamos pela delimitação do assunto, restringindo-o ao campo jurídico militar, a fim de facilitar nossa labuta, a qual, em parte, foi lastreada em nosso trabalho monográfico, apresentado ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu de Especialização em Inteligência de Estado e Inteligência de Segurança Pública com Inteligência Competitiva, oferecido pela Fundação Escola Superior do Ministério Público de Minas Gerais em parceria com o Centro Universitário Newton Paiva, cujo título versou acerca da importância da inteligência no âmbito do Ministério Público Militar. Entretanto, nossa análise, mutatis mutandis, pode ser estendida aos demais ramos jurídicos.

Consoante ensinamento de Cepik (2003, p. 82-86), inteligência teve sua origem na guerra, na diplomacia e no policiamento,

surgindo ,pois, historicamente,associada ao exercício do poder e inerente às funções regulares dos estadistas.

É fato, entretanto, que, no Brasil, em razão das distorções decorrentes do regime militar, a inteligência, à época chamada de serviços de informações, ficou esteriotipada como atividade policialesca, notadamente em relação aqueles que eram considerados adversários políticos do governo. Com efeito, Antunes (2002) já anotara:

No Brasil, assim como nos demais países do Cone Sul, existe uma forte desconfiança em relação a essa atividade, que decorre do perfil assumido por seus órgãos de informações durante o ultimo ciclo de regimes militares. Nesses países, os serviços de informações converteram-se em estados paralelos com alto grau de autonomia, enorme poder e capacidade operacional.

Hodiernamente, contudo, as atividades de inteligência despontam com um sentido pluridimencional, não obstante à restrição estabelecida pelo art. 1°, § 2º, do Decreto 4.376/2002 (dirigida para atividade governamental), que regulamentou a Lei 9883/1999 (instituindo o sistema brasileiro de inteligência e criando a ABIN). Desse modo, as ditas atividades vêm sendo empregadas em diversos seguimentos da sociedade, seja no setor público ou privado, com variadas nomenclaturas, tais como: inteligência financeira, inteligência fiscal, inteligência policial, inteligência competitiva, inteligência militar, dentre outras.

Vejamos a redação do referido decreto: inteligência é a atividade de obtenção e análise de dados e informações e de produção e difusão

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de conhecimentos, dentro e fora do território nacional, relativos a fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório, a ação governamental, a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado.

É longa e diversa a lista de definições apresentadas pelos doutrinadores que se aventuraram a conceituar o que é, e para que serve a atividade de inteligência nos seus diferentes campos de atuação e, por esta razão, deixaremos de abordá-las nesta oportunidade. Impende, contudo, trazer à colação alguns pontos comuns e consensuais, já consagrados por especialistas de todo mundo nesta área,os quais foram muito bem retratados por Bessa (2004), verbis:

- a inteligência é um produto final, refinado,destinado ao assessoramento;

- a inteligência deve servir como suporte ao processo decisório e ao planejamento estratégico;

- a inteligência é baseada em metodologia de coleta e interpretação de dados e informações;

- a inteligência destina-se a atender uma necessidade específica dos planejadores e decisores;

- a inteligência deve ser proativa;

- a inteligência é voltada para decisão, para ação.

Verifica-se que atividade de inteligência, pois, em sua essência, está pautada em uma cultura que se caracteriza pela gestão do conhecimento posta à disposição de um decisor, bem como a proteção desse vetor. Tal saber consolidado, em cumprimento ao princípio constitucional da eficiência, deve ser implementado nos órgãos jurídicos em questão. Com efeito, conforme ensinamento de Di Pietro (1998, p. 73-74), o referido princípio apresenta dois

aspectos: um em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atribuições a fim de lograr melhores resultados; o outro diz respeito ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública, tudo visando obter melhor resultado na prestação do serviço público.

Carvalho Filho (1999, p. 15) observa que o princípio da eficiência não alcança apenas os serviços públicos prestados diretamente à coletividade. Ao contrário, deve ser observado também em relação aos serviços administrativos internos das pessoas federativas e das pessoas a ela vinculadas. Significa que a administração deve recorrer à moderna tecnologia e aos métodos hoje adotados para obter a qualidade total da execução das atividades a seu cargo, criando, inclusive, novo organograma em que se destaque as funções gerenciais e a competência dos agentes que devem exercê-la.

O princípio da eficiência, segundo o magistério de Modesto (2000, v. II), pode ser conceituado como "a exigência jurídica, imposta à administração pública e àqueles que lhe fazem às vezes ou simplesmente recebem recursos públicos vinculados de subvenção ou fomento, de atuação idônea, econômica e satisfatória na realização das finalidades públicas que lhe forem conferidas por lei ou por ato ou contrato de direito público."

Assevera o autor que a redação original da Constituição da República já contemplava expressamente a exigência de eficiência na administração pública em diferentes dispositivos.

Neste sentido, o articulista em

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questão enumera os seguintes artigos da Constituição da República.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;(grifei)

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. (grifei)

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

§ 7º - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas

atividades.(grifei)

No que pertine ao binômio Ministério Público/ Informação, Feitoza Pacheco, em seu artigo (2005), assinalou:

[...] Há uma imensa massa de informações com a qual o Ministério Publico lida cotidianamente, seja quanto aos seus trabalhos forenses, seja quanto ao estabelecimento e execução de suas políticas e estratégicas institucionais (execução orçamentária, gestão de seus recursos humanos, financeiros e materiais, planos gerais de atuação, relacionamento com outras instituições, etc.). Certamente viola o princípio constitucional da eficiência que tal órgão público trabalhe com essa massa de informações de maneira meramente empírica, acarretando grandes desperdício de recursos humanos, materiais e financeiros

A cultura de implementação de banco de dados para melhor subsidiar o decisor , ao que parece, alcançou a argúcia do legislador quando da elaboração da nova lei de drogas (Lei 11343/95). De fato,assim ficou estabelecido no art. 17 de lei: "Os dados estatísticos nacionais de repressão ao tráfego ilícito de drogas integrarão sistema de informação do Poder Executivo".

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A atividade de inteligência divide-se em dois ramos: a inteligência stricto sensu (produção de conhecimento) nos termos da definição supramencionada (art. 1, §2º do Decreto 4.376/2002) e contra-inteligência (art. 3º do Decreto 4.376/2002), que consiste em prevenir, detectar, obstruir, e neutralizar a inteligência adversa e ações de qualquer natureza que constituam ameaça à salvaguarda de dados, informações e conhecimentos de interesse da segurança da sociedade e do Estado, bem como das áreas e dos meios que retenham ou em que transitem (art. 3º do Decreto 4.376/2002).

A "Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública" (2007, p. 33-36) define o citado seguimento (CI) como ramo da atividade da Inteligência da Segurança Pública que se destina a produzir conhecimentos para proteção da atividade de inteligência e a instituição a que pertence, de modo a salvaguardar dados e conhecimentos sigilosos, de como neutralizar ações adversas.

Registra ainda a mencionada doutrina três outros vetores de atuação da contra-inteligência: a segurança orgânica, a segurança de assuntos internos e a segurança ativa, valendo destacar: a segurança orgânica, a qual se presta, em sentido amplo, para garantir o funcionamento da instituição, de modo a prevenir e obstruir as ações adversas de qualquer natureza, englobando pessoal, documentação, instalação, material, operações de inteligência,

Salienta-se que nem sempre dados ou informações estão disponíveis em fontes abertas. Alguns são protegidos ou negados e, assim, só podem ser obtidos com ações de busca realizadas pelas operações de inteligência. Desse modo, embora as operações de inteligência não integrem os ramos da atividade de inteligência, constituem-se num primoroso e imprescindível instrumento de auxílio para os aludidos vetores.

Dentre as técnicas operacionais mais

conhecidas podemos citar: estória cobertura, a observação, memorização e descrição, a entrada, a vigilância, o reconhecimento, a desinformação, o recrutamento operacional, a provocação, a entrevista, o interrogatório, a interceptação de comunicação, o disfarce, leitura de fala e emprego de recursos tecnológicos.

2-Atividade de inteligência como suporte probatório.

Como é de conhecimento de todo jurista com atuação na área penal, o campo probatório é regido pelo princípio da liberdade das provas e, no processo penal militar, as provas somente sofrem restrições quando atentam contra a moral, a saúde ou a segurança individual/coletiva, ou contra a hierarquia ou a disciplina militar. À evidência, por força constitucional, não são também admitidas as provas obtidas por meio ilícitos (art. 5°, LVI, Constituição da República).

Desse modo, conforme doutrina Feitoza Pacheco (2005, p. 625-653), todas as "provas" obtidas pelas atividades de inteligência em geral e pelas operações de inteligência podem, em princípio, ser utilizadas na investigação criminal, desde que sujeitas as limitações de conteúdo e forma estabelecidas pela lei processual penal. De igual forma, podem ser utilizadas no processo penal, respeitados os princípios do contraditório e da ampla defesa.

Exemplifica ainda o mencionado professor que uma filmagem com som, feita em público, em que o indivíduo declarou que irá fugir, inclusive com o detalhamento da fuga, servirá para que o juiz criminal decrete sua prisão preventiva, conforme o caso, não

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importando se a filmagem foi feita por uma operação de inteligência ou por uma investigação criminal.

Obtempera o citado autor que os documentos oriundos da inteligência não podem ser simplesmente juntados aos autos de um IPM ou processo, inclusive por força do sigilo legalmente imposto aos agentes de inteligência. Todavia, fotocópias, filmagens, gravações de som e testemunhos obtidos por operações de inteligência possuem valor probatório e podem ser apresentados nos autos do processo.

Mister relembrar que alguns casos reclamam prévia autorização judicial antes que se proceda uma operação de inteligência, como, por hipótese, uma interceptação telefônica.

É inegável que dados obtidos numa operação de inteligência podem ser utilizados em requerimentos de prisão provisória e mandados de busca.

Releva pontuar que, a partir da segunda metade do século XX, a inteligência criminal nos EUA ganhou força total e efetiva, numa demonstração de adaptação da atividade de inteligência "clássica" à atividade de inteligência criminal (policiamento guiado pela atividade de inteligência, inteligência sobre crime organizado, inteligência sobre controle de narcóticos, inteligência sobre terrorismo, inteligência financeira etc.).

No Brasil, podemos destacar a Polícia Federal como o órgão cuja inteligência policial mais se identifica com o modelo praticado nos Estados Unidos da América.

Há entendimento na doutrina (FEITOZA PACHECO, 2008) de que alguns princípios constitucionais autorizam a utilização resultante da atividade de inteligência como suporte probatório.

Dentre estes, destacam-se os da igualdade, da proporcionalidade e da

eficiência. No tocante ao princípio da igualdade, a tese defendida é a de que se justifica, constitucionalmente, o tratamento desigual no fator diferencial, com finalidade de igualizar. São os casos, por exemplo, existentes nos confrontos entre as organizações criminosas, cujo modus operandi é altamente sofisticado, e a polícia judiciária tradicional. De fato, muitas das vezes, só se consegue sucesso no enfrentamento com essas quadrilhas, utilizando-se de técnicas operacionais consolidadas nas atividades de inteligência.

A aplicação do princípio da proporcionalidade justifica-se na procura de meios mais adequados e necessários, pois não há outro meio menos gravoso para desvendar autoria e materialidade em crimes com as características em questão.

Por fim, a adoção do princípio da eficiência, no citado caso concreto (envolvendo organizações criminosas), fundamenta-se na medida em que a atividade de inteligência exsurge como o meio mais eficiente (econômico e satisfatório) para a satisfação do interesse que se persegue (combater a contento o crescente avanço e aparelhamento desse requintando tipo de criminalidade).

Desse modo, é forçoso concluir que, desde que as provas, por exemplo, resultantes de operações de inteligência, estejam adequadas às leis processuais penais em vigor e à Constituição Federal, podem servir de embasamento para decisões judiciais.

Advirta-se que o próprio legislador, na Lei 9034/95, definindo e regulando meios de prova e procedimentos investigatórios que versam sobre ilícitos decorrentes de ações praticadas por quadrilhas ou

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bandos ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo, de forma expressa, previu, no art. 2º da referida lei, como formação de provas, a infiltração por agentes de polícia ou de inteligência mediante circunstanciada autorização judicial sigilosa.

Destarte, por analogia, tal procedimento pode ser adotado em situações, por exemplo, que envolvam organizações ou associações criminosas no cometimento de crimes militares, como soe acontecer na cidade do Rio de Janeiro (roubo de armamentos em unidades militares, aliciamento de militares para furto de armas militares, tráfico de drogas nos quartéis e outros).

3-Atividade de inteligência na polícia judiciária militar

A atividade de investigar crimes militares, em regra, está afeta à Polícia Judiciária Militar. Esta atribuição, entretanto, não vem descrita, expressamente, na constituição, tal como previsto em relação à Polícia Federal e Civil (art. 144, inciso IV e § 4º, respectivamente). Desse modo, depreende- se, pela leitura do aludido §4º, que, de forma implícita, tal mister está afeto à Polícia Judiciária Militar em razão da seguinte ressalva do legislador constituinte:

§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

De qualquer sorte, o Código de Processo Penal Militar (CPPM) confere aos comandos e as administrações militares a incumbência de Polícia Judiciária Militar, função esta que, por delegação, recai, em geral, sobre oficiais da ativa da Forças Armadas. Ocorre que, diferentemente de outras polícias judiciárias, estes militares não possuem, por imposição legal, formação

jurídica, o que, em casos de crimes militares de maior complexidade, representa um fator de dificuldade na condução de Inquérito Policial Militar (IPM) e, consequentemente, no descortino da autoria deste delitos.

Decorrente do obstáculo supra, os inquéritos, quase sempre, após concluídos pelos encarregados de IPM, retornam à origem para complementação de diligências requisitadas pelo Ministério Público Militar. Esta prática corriqueira demanda tempo e prejudica, na maioria das vezes, a eficácia das investigações, violando assim o princípio da eficiência. Impende-se, pois, em face dessa peculiaridade, a disponibilização, para promotores, procuradores e encarregados de inquéritos, de um veículo de comunicação informatizado, com canal direto, no qual possíveis dúvidas poderiam ser sanadas, on-line, evitando-se, desta forma, constantes "idas e vindas" de IPM''s, obtendo-se, assim, maior celeridade na solução dos feitos.

Ademais, pelos motivos expostos, necessário se faz a integração entre os órgãos de inteligência, seja de cada Força (Marinha, Exército e78 Aeronáutica) ou de outros órgãos (operações de inteligência) com os encarregados de IPM, para, em casos pontuais, a exemplo daqueles citados supra (de alta complexidades) seja estabelecida "paridade de armas", no enfrentamento de organizações criminosas, as quais estão cada vez mais se sofisticando para consecução de seus desiderados criminosos

4- Atividade de inteligência no Ministério Público Militar

Por intermédio da Portaria n°

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104, de 7 de maio de 2007, a então Procuradora-Geral da Justiça Militar, Dr.ª Maria Ester Henriques Tavares, criou, no âmbito do Ministério Público Militar, o Centro de Produção, Análise, Difusão e Segurança de Informação – CPADSI, cujos escopos principais são: prestar apoio operacional aos membros do MPM no desempenho de suas atribuições e sistematizar a segurança, o tratamento de dados e a produção de conhecimento, gerando bases sólidas para a produção probatória e/ou para tomada de decisões estratégicas da administração superior. Estabelece o art. 2° da mencionada Portaria que o CPADSI estará diretamente ligado à Procuradoria-Geral e será responsável por dar tratamento adequado às informações e dados sensíveis no âmbito do MPM. O referido tratamento consistirá em: receber; analisar; inclusive eletronicamente; depurar; incrementar, por meio de coleta ou operações; armazenar com segurança; e difundir as informações e dados sensíveis. Verifica-se, assim, que o CPADSI está sob controle do tomador de decisão, pois ele engloba também as atividades de inteligência.

Feitoza Pacheco (2006), em artigo intitulado "Atividade de Inteligência no Ministério Público", apontou, de forma exemplificativa, diversas vantagens na criação de um centro de inteligência nos Ministérios Públicos, dentre as quais merecem destaques:

1.O princípio de confiança estabelecido entre os diversos órgãos de inteligência quanto à respeitabilidade do sigilo de documentos trocados entre as instituições;

2.Efetivo intercâmbio de informações entre o MP e outros diversos órgãos de inteligência;

3.Aperfeiçoamento das técnicas de análise no auxílio

das atividades persecutórias.

No ramo da contra-inteligência Feitoza Pacheco (2006) ressaltou a vertente de segurança orgânica (proteção dos dados, informações e conhecimentos de uma instituição, por meio da segurança do pessoal, da documentação e material, segurança das áreas e instalações, e segurança dos sistemas de informações – comunicações e informáticas) como atividade adequada e profícua ao ambiente de vários órgãos públicos.

Segundo Almeida Neto (2008, p. 85-86), quando se estrutura um centro de inteligência em um órgão, as informações que se encontravam dispersas passam a fluir sistematicamente, vale dizer, ganham um significado, pois, isoladamente, não revelam coisa alguma. Neste contexto, a autoridade assessorada encontrará maior facilidade para tomar decisões.

Noutra banda, Pereira dos Santos aditou (2008):

A falta de uma infra-estrutura capaz de armazenar os dados que circulam no âmbito do Ministério Público é outra variável do planejamento estratégico. Não há como idealizar a interface com outros órgãos sem ser de forma recíproca. Utilizar-se somente do poder de requisição ministerial não é o suficiente para potencializar nossa capacidade de análise e investigação .Não há mais como atuar

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isoladamente dos demais órgãos no mundo globalizado. O fluxo de informações é inestimável, e não há dúvida de que estas precisam de algum tipo de tratamento. Conceber promotores de justiça sem ferramentas é um equívoco. Como ter um promotor de justiça imbuído de suas atribuições se ele sequer conhece os índices estatísticos de sua área?

É inegável que a doutrina e a metodologia, inerentes ao emprego das atividades de inteligência, se constituem num suporte inestimável para o desenvolvimento das atribuições do Ministério Público Militar. Só assim, o Parquet das armas poderá ser abastecido com dados e amplos conhecimentos, oportunos e seguros, os quais servirão de embasamento indispensável às etapas do processo decisório e, algumas vezes, na elucidação de alguns fatos criminosos (operações de inteligência).

Assim, em razão da mencionada sofisticação dos agentes no cometimento de crime militar, afigura-se como imprescindível o emprego da metodologia da inteligência no MPM, quer para a sistematização e gestão das informações, quer num suporte inerente às seguintes ações:

1)Elaboração de plano estratégico para o MPM;

2)Auxílio na produção de provas em feitos judicium e extra judicium;

3)Eliminação ou mitigação dos pontos fracos do MPM; e

4)Assessoramento nas decisões da Procuradoria-Geral

Pontue-se que vários ramos do Ministério Público já criaram seus órgãos de inteligência, dentre os quais destacam-se,

pelo seu pioneirismo, o de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

5- Atividade de inteligência no judiciário militar

Na condução de um processo criminal, compete ao juiz a busca, quase nunca inalcançável, da verdade real. O que existe, na realidade, é a verdade processual trazida aos autos pelos sujeitos processuais, por intermédio dos meios probatórios nominados (estabelecidos no processo penal - CPPM) ou inominados (sem nomenclatura na lei), dentre os quais podemos citar: a delação, o reconhecimento fotográfico, o reconhecimento de voz e a própria atividade de inteligência. Não obstante, o juiz deve, para bem desempenhar sua função e fundamentar sua decisão, esmerar-se no aprimoramento da coleta de provas, notadamente àquelas nas quais participa ativamente (interrogatório e oitivas do ofendido e testemunhas). Vale dizer, utilizar-se de técnicas já consolidadas em outros institutos como, por exemplo, as técnicas de entrevistas (operações de inteligência ).

Na Justiça Militar, uma vez instaurado o processo, esta tarefa compete aos Conselhos de Justiças (Permanentes ou Especiais), compostos por um juiz togado e quatro juízes militares. Desse modo, além do juiz-auditor, os juízes militares também participam das inquirições.

Ressalte-se que, infelizmente, tal procedimento passa ao largo da grande maioria da magistratura brasileira, seja por desconhecimento ou mesmo por ausência de reflexão sobre o assunto.

Uma das técnicas preconizadas pela entrevista, aplicada à inteligência,

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consiste na eliminação de ruídos que obstruem à comunicação, por ocasião da entrevista. Os apontados basicamente são: as barreiras psicológicas e dificuldades de linguagem. No caso do juiz, estes obstáculos podem ocorrer durante as audiências, oportunidade em que são ouvidos: réus /testemunhas /ofendidos. Com efeito, o fato de um cidadão sentar-se à frente de um juiz para prestar depoimento, seja em que condição for, é, sem dúvida, um fato gerador de apreensão para a maioria das pessoas. A tensão é redobrada quando ocorre diante de um Conselho de Justiça. (na presença de cinco juízes).

O fato agrava-se, contudo, quando o juiz utiliza expressões eruditas ou abusa do "juridiquês" no ato de inquirir. Este proceder, por parte do magistrado, bloqueia, por completo, a comunicação e a espontaneidade do declarante (réu, testemunha ou ofendido) e, por conseguinte, sua eventual boa vontade de colaboração. Este ruído pode pulverizar a coleta de uma relevante prova (depoimento ou confissão), prejudicando assim o alcance da verdade.

A técnica de entrevista adota os seguintes princípios básicos que, se utilizado pelo judiciário, em muito auxiliaria na busca da verdade. São eles: ouvir com atenção, perguntar corretamente e registrar adequadamente

Ouvir com atenção é ser paciente e tolerante. Perguntar e registrar corretamente significa, para a citada técnica, além da utilização do vocabulário acessível ao inquirido, não interromper o raciocínio do entrevistado quando este se dispõe a falar. Sugere-se, assim, que, num exercício de memorização, o juiz proceda a consignação a termo somente ao final da inquirição e não, como geralmente acontece, após cada pergunta.

Em outra vereda, a justiça penal em muito avançaria, no critério eficiência, caso adotasse alguns procedimentos inerentes às

atividades de inteligência stricto sensu e contra-inteligência (segurança orgânica), consistentes em, respectivamente, criação de um banco de dados com capacidade de armazenar as imensas quantidades de informações que circulam em seu âmbito. Ademais disso, faz-se necessário estabelecer um significado para as mais relevantes, posto que, conforme doutrinou Platt, ( 1967, p. 117-173 ): "fatos nada significam" quando não relacionados a outros fatos ou postos em destaques o seu significado.

No seguimento da segurança orgânica, as atenções do judiciário estariam voltadas basicamente para as regras de custódia e transmissão de documentos e processos, restrições físicas de acesso aos prédios e arquivos para pessoas não autorizadas, investigações do pessoal contratado antes da concessão de credencias de acesso às informações classificadas, bem como proteção do pessoal, instalação, comunicações e informática.

Considerações finais

Do que foi exposto, demonstrou-se que a atividade de inteligência constitui-se num valioso e imprescindível auxílio para área jurídica em geral,notadamente a penal.

Com efeito, a inteligência propriamente dita permitirá que os citados ramos jurídicos, utilizando-se de técnicas e ferramentas adequadas, trabalhem as volumosas quantidades de informações com que cotidianamente se deparam, quer referentes ao seu trabalho forense, quer quanto ao estabelecimento e execução de sua estratégia institucional (orçamento, materiais e recursos humanos).

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No que pertine à área de contra-inteligência, a preocupação estaria voltada para a salvaguarda da segurança orgânica dos órgãos, a segurança de seus membros, as informações sigilosas, enfim, a proteção dos seguintes vetores: dados, informações, conhecimentos, proteção pessoal, documental e material, bem como as áreas de instalações.

Ainda no espectro da inteligência, temos as operações que poderão auxiliar no descortino de autoria(s) de crime(s) cuja sofisticação constitui-se num significativo complicador para as atribuições da Polícia Judiciária Militar (PJM) e do Ministério Público Militar.

De fato, atividade de inteligência, além de ser de fundamental importância para a produção de conhecimentos, permite uma melhor compreensão quanto à evolução dos acontecimentos sociais contrários à ordem pública.

De certo, nesse palco de atividade, devem participar, além dos atores principais (analistas e agentes de operações de inteligência), os representantes da Polícia Judiciária Militar, Ministério Público Militar e a própria Justiça Militar.

É inegável que a doutrina e a metodologia, inerentes ao emprego das atividades de inteligência, se constituem num suporte inestimável para o desenvolvimento das atribuições da Polícia Judiciária Militar, do Ministério Público Militar e Justiça Militar. Só assim, as referidas instituições poderão ser abastecidas com dados e amplos conhecimentos, oportunos e seguros, os quais servirão de embasamento indispensável às etapas do processo decisório e, algumas vezes, na elucidação de alguns fatos criminosos (operações de inteligência).

Não se pode esquecer que, no mundo moderno, o emprego da atividade de inteligência vem se constituindo num fator indispensável de assessoria para tomada de decisões nos setores de mais altos níveis.

(Autor LUCIANO MOREIRA GORRILHAS. Promotor de Justiça militar, pós-graduado em Ciência Criminal pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), Pós-Graduado Inteligência de Estado e Inteligência de Segurança Pública com Direitos Humanos pelo Centro Universitário Newton Paiva, em convênio com a Fundação Escolar Superior do Ministério Público. - Disponível em http://jus2.uol.com.br/doutrina/imprimir.asp?id=13715, acesso em 03/05/10)

9 – LEGISLAÇÃO DE INTERESSE DO POLICIAL MILITAR

LEI Nº 12.086, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2009

CAPÍTULO II

DAS PROMOÇÕES

Art. 5o Promoção é ato administrativo e tem como finalidade básica a ascensão seletiva aos postos e graduações superiores, com base nos interstícios de cada grau hierárquico, conforme disposto no Anexo I.

§ 1o Interstício é o tempo mínimo que cada policial militar deverá cumprir no posto ou graduação.

§ 2o Cumpridas as demais exigências estabelecidas para a promoção, o interstício poderá ser reduzido em até 50% (cinquenta por cento), sempre que houver vagas não preenchidas por esta condição.

§ 3o A redução de interstício prevista no § 2o será efetivada mediante ato:

I - do Governador do Distrito Federal, por proposta do Comandante-Geral, para as promoções de Oficiais; e

II - do Comandante-Geral, por proposta do titular do órgão de gestão de pessoal, para as promoções de Praças.

Art. 6o No âmbito da Polícia Militar do Distrito Federal, as promoções ocorrem

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pelos seguintes critérios:

I - antiguidade;

II - merecimento;

III - ato de bravura; e

IV - post mortem.

Art. 7o Promoção por antiguidade é aquela que se baseia na precedência hierárquica de um policial militar sobre os demais de igual grau hierárquico, dentro do mesmo Quadro, Especialidade, Qualificação ou Grupamento.

Art. 8o Promoção por merecimento é aquela que se baseia:

I - na ordem de classificação obtida ao final dos cursos iniciais de cada Quadro; e

II - no conjunto de atributos e qualidades que distingue e realça o valor do Oficial entre seus pares, avaliado no decurso da Carreira e no desempenho de cargos, funções, missões e comissões exercidas, em particular no posto que ocupe ao ser cogitado para a promoção.

10 – CONSULTAS

Consultas à legislação federal e distrital de interesse da PMDF, acesse www.pmdf.df.gov.brBrasília-DF, Março de 2010.

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