52
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ASSISTÊNCIA AO PARTO SIAPARTO II 2015

SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ASSISTÊNCIA AO PARTO

SIAPARTO II2015

Page 2: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

ÍNDICE

AGUIAR, C. A.; TANAKA, A. C. D.• OPARTOQUEEUSONHEIEOPARTOQUEEUVIVI:EXPERIÊNCIASDEMULHERESQUESOBREVIVERAMÀMORBIDADEMATERNAGRAVE5

ALMEIDA, A. F. et al• AIMPORTÂNCIADAENFERMEIRAOBSTÉTRICANAPRESERVAÇÃOPERINEAL6

AMARAL, L. N. J. et al• EXTENSÃOUNIVERSITÁRIA:HORAP–HUMANIZAÇÃOOBSTETRICAREFLEXÕESEASSISTÊNCIAAOPARTO7

AMARAL, L. N. J. et al• GRUPODEAPOIOAOPARTO:PROCEDIMENTOSHOSPITALARESEPLANODEPARTO8

AMORIM, M. M. R. et al• ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL EM CADEIRA DE PARTO EM UMA MATERNIDADE-ESCOLA DONORDESTEDOBRASIL:RESULTADOSMATERNOSEPERINATAIS9

AMORIM, M. M. R. et al• REPRESENTAÇÃOICONOGRÁFICADEPARTOSPÉLVICOSASSISTIDOSEMMATERNIDADEESCOLADOSUS10

AMORIM, M. M. R. et al• RESULTADOSDEUMPROTOCOLODENÃOREALIZAÇÃODEEPISIOTOMIAEMUMAMATERNIDADEPÚBLICADONORDESTE11

ANDRADE, M. A.; MENDES, R. B.• AÇÕES DE ENFERMAGEM EM PLANEJAMENTO FAMILIAR EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DOMUNICIPIODELAGARTO-SE12

BELLOTTO, P. C. B. et al• EXPECTATIVASEVIVÊNCIASSOBREOPARTODEMULHERESCOMHIV/AIDS13

BRAUN, A. L. B. S. et al• ASSISTÊNCIAÀGESTAÇÃOEAOPARTOEAPRÁTICADEALIMENTAÇÃODOSBEBÊS14

CARLOS, G. A. V. C. et al• CONCEPÇÕES DE GESTANTE PARTICIPANTES DE RODAS DE CONVERSA REALIZADAS COMOATIVIDADEEDUCATIVANOPRÉ-NATALSOBREPARTO15

DIVINO, E. A. et al• ATENÇÃOAOPARTO:PRÁTICASDESENVOLVIDASNAUNIDADEDEPRÉ-PARTO,PARTOEPÓS-PARTODEUMHOSPITALUNIVERSITÁRIO16

FONSECA, L. C.• EUNÃOQUERO[OUTRA]CESÁREA!:ANÁLISECRÍTICADODISCURSODERELATOSDEVBAC17

FUJITA, J. A. L. M.; et al• PROTOCOLODEATENDIMENTOAOPARTODOMICILIAR:UMRELATODEEXPERIÊNCIA18

GODEFROY, P. et al• PERCEPÇÃODASPARTURIENTESACERCADAEXPERIÊNCIAVIVIDACOMAHUMANIZAÇÃODOPARTOEMUMAMATERNIDADEPÚBLICADAREGIÃODOSLAGOS/RJ19

• PERCEPÇÃO DE MÉDICOS OBSTETRAS PARA A HUMANIZAÇÃO DO PARTO: UMA PERSPECTIVAFENOMENOLÓGICA-EXISTENCIAL20

Page 3: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

JUNGES, C. F.; VASCONCELOS, D. A.; BRÜGGEMANN, O.M.• DIREITO AO ACOMPANHANTE NO TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO: EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO PRÉ-NATAL 21

JÚNIOR, O. C. R. et al• ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM EM CENTRO DE PARTO NORMAL: (RE) SIGNIFICANDO O CUIDADO OBSTÉTRICO ATRAVES DE PRÁTICAS HUMANIZADAS 22

KOETTKER, J. G. et al• PARTO DOMICILIAR PLANEJADO EM SANTA CATARINA 2002-2012: TRANSFERÊNCIAS MATERNAS 23

LOPES, C. S. et al• PREVALÊNCIA DE LACERAÇÕES ESPONTÂNEAS EM PARTOS ASSISTIDOS POR RESIDENTES EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA EM UM HOSPITAL DO DISTRITO FEDERAL 24

MELLO, A. L.; CASTRO, C. C.; BUSSADORI, J.C.C.• ARTE DE NASCER: PARTOS DOMICILIARES PLANEJADOS ASSISTIDOS POR ENFERMEIRAS OBSTETRAS 25

MOREIRA, A. P. A. et al• O QUE SIGNIFICA PARA O PAI ACOMPANHAR O TRABALHO DE PARTO DA COMPANHEIRA? 26

NEVES, M. V. R. et al• PARTO NORMAL, ACIDENTAL, EM PACIENTE PORTADORA DE PARAPLEGIA POR MIELITE 27

PALÁCIO, J. S. F. et al• SENTIMENTOS MATERNOS RELACIONADOS AO NASCIMENTO DO FILHO 28

PASCHOALATTO, C. S.; SILVA, A.M.N.; MODES, P.S.S.A.• ABORDAGEM SOBRE TRABALHO DE PARTO E PARTO AS GESTANTES EM UM GRUPO EDUCATIVO 29

PEREIRA, M. et al• TRISTEZA MATERNA NO PERÍDO PÓS-PARTO IMEDIATO 30

RIBEIRO, R. V.; TRINDADE, F.O.; MOTA, G.S.• O CONHECIMENTO SOBRE BOAS PRÁTICAS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE CAMPO GRANDE - MS 31

RIBEIRO, T. S. et al• ACESSO A CONSULTA DE PRÉ-NATAL NA BAHIA: ANÁLISE DE DADOS 32

RITTER, S. K.; SOARES, J.B.; DORNFELD, D.• MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS DE ALÍVIO DA DOR NO TRABALHO DE PARTO: ESTUDO PROSPECTIVO REALIZADO NO CENTRO OBSTÉTRICO DE UM HOSPITAL PÚBLICO DO SUL DO PAÍS 33

ROCHA, L. S. et al• MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA TRAUMA PERINEAL: UMA REVISÃO DA LITERATURA 34

RODRIGUES, B. H. X.; MAMEDE, F. V.; HOLANDA, V. R.• AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO E NASCIMENTO DO ESTADO DA PARAÍBA 35

SACRAMENTO, M. L. et al• CONCEPÇÃO DE MULHERES SOBRE O TRABALHO DE PARTO E PARTO ASSISTIDO POR ENFERMEIRAS (OS) 36

SAMPAIO, A. V. et al• O USO DA BOLA SUÍÇA NO TRABALHO DE PARTO: UMA REVISÃO DE LITERATURA 37

Page 4: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

SANFELICE, C.F.O. et al• DIFERENÇAS ENTRE O MODELO DE ATENDIMENTO HOSPITALAR E DOMICILIAR NA ÓTICA DE MULHERES QUE VIVENCIARAM AS DUAS EXPERIÊNCIAS 38

SANTANA, C. S. et al• EFETIVIDADE DO USO DOS MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS NO ALÍVIO DA DOR DURANTE O TRABALHO DE PARTO 39

SANTIAGO, P. S. N. et al• REFLEXÕES SOB A ÓTICA DAS PUÉRPERAS ACERCA DA ASSISTÊNCIA AO TRABALHO DE PARTO E PARTO EM UMA MATERNIDADE REGIONAL DO ESTADO DE SERGIPE, BRASIL 40

SANTOS, L. M. S. et al• CARACTERIZAÇÃO DA DOR PERINEAL EM MULHERES COM LACERAÇÕES PERINEAIS: UM ESTUDO COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41

SANTOS, T. X.; SANTIAGO, V.A.; BATISTA, L.G.J.• CAPTAÇÃO PRECOCE DE GESTANTES NO PRÉ-NATAL NA CIDADE DE SALVADOR-BA 42

SILVA, A. M.; SOUZA, I.E.O.S.; SOUSA, A. I.• AVALIAR O ACESSO E CONTINUIDADE DO CUIDADO NO SERVIÇO DE PRÉ-NATAL NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, NA VISÃO DA USUÁRIA. 43

SILVA, I. B.; TRINDADE, F. O.; ALMEIDA, M. S.• PRÁTICAS EDUCATIVAS COM PUÉRPERAS EM ALOJAMENTO CONJUNTO: RELATO DE EXPERIÊNCIA 44

SILVA, M. F. et al• CARACTERIZAÇÃO DE MULHERES ATENDIDAS EM UM CENTRO DE PARTO NORMAL 45

SILVA, U. J.; VALERIO JR, J.; BOREM, P.• PROJETO MELHOR PARTO DA UNIMED JABOTICABAL: UM NOVO PARADIGMA NA ASSISTÊNCIA AO BINÔMIO MATERNO-INFANTIL NA SAÚDE SUPLEMENTAR 46

SILVA, U. L. et al• CONHECIMENTO DE GESTANTES PARTICIPANTES DE RODAS DE CONVERSAS REALIZADAS COMO ATIVIDADE EDUCATIVA NO PRÉ-NATAL SOBRE O PLANO DE PARTO 47

SOARES, J. B.; RITTER, S. K.• ATUAÇÃO DA ENFERMEIRA OBSTÉTRICA NA ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL: EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL PÚBLICO DE PORTO ALEGRE/RS 48

SOARES, J. B.; RITTER, S. K.; DORNFELD, D.• BOAS PRÁTICAS NA ATENÇÃO AO PARTO E NASCIMENTO: CLAMPEAMENTO TARDIO DO CORDÃO UMBILICAL E CONTATO PELE A PELE 49• PRÁTICAS HUMANIZADAS REALIZADAS POR UMA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE SAÚDE DURANTE O PARTO E O NASCIMENTO NO CENTRO OBSTÉTRICO DE UM HOSPITAL GERAL PÚBLICO EM PORTO ALEGRE/RS 50

TEIXEIRA, J. B. C. et al• ATIVIDADES HABITUAIS E NECESSIDADES FISIOLÓGICAS SÃO MODIFICADAS PELA DOR PERINEAL E EM PUÉRPERAS COM EPISIOTOMIA/EPISIORRAFIA? 51• CARACTERIZAÇÃO DA DOR PERINEAL EM MULHERES COM EPISIOTOMIA: UM ESTUDO COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 52

Page 5: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

5

para a cesárea de emergência.” (Bianca, 21 anos, infecção puerperal sistêmica, laparotomia pós-cesárea)

“Quando eu li Michel Odent, pensei: ‘meu Deus! Eu quero assim’[...] Com 35 semanas, saí em busca de um médico humanizado e achei. Ele parecia concordar com tudo o que eu queria[...] No trabalho de parto, eu cedi à anestesia, na condição de que fosse uma anestesia baixa e eu pudesse me mover. Não foi o que aconteceu. Tudo ficou mais difícil, eu não tinha mais controle sobre o meu corpo, fiz muita força, ele usou o fórceps e até hoje não sei se ele fez a episio ou não.” (Greta, 33 anos, choque hipovolêmico pós-parto)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cuidado profissional tem grande relevância nos discursos das mulheres que sobreviveram ao near-miss materno, tornando-se relacional com o desfecho negativo vivenciado durante o parto e com as necessidades de saúde não concretizadas.

O entendimento e apreensão das necessidades de saúde individuais das mulheres oferecem recursos indispensáveis para a transformação das práticas assistenciais e, consequentemente, para que se possa resguardar a vida de mães e bebês.

PALAVRAS-CHAVE

Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde.

O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE MULHERES QUE SOBREVIVERAM À MORBIDADE MATERNA GRAVE.

C. A. Aguiar ([email protected]); A. C. D.Tanaka ([email protected]);

Faculdade de Saúde Pública, USP;

INTRODUÇÃO

A morbidade materna aguda grave (near-miss materno) é um evento evitável e inesperado, na maioria das vezes. Evitável por ser dependente da qualidade e da oportunidade assistencial. Inesperado porque cada mãe tem suas necessidades de saúde, idealizando seu bem-estar e o do de seu filho. Este estudo tem o objetivo de compreender a experiência do parto de mulheres que vivenciaram o near-miss materno, na perspectiva de suas necessidades de saúde.

MÉTODOS

Estudo qualitativo, realizado com 12 mulheres que vivenciaram o near-miss materno, segundo os critérios da OMS. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FSP/USP (parecer nº312.910). As mulheres foram convidadas a participar da pesquisa pela Internet e, após responderem a um questionário de pré-seleção, foram convidadas a uma entrevista presencial. Os relatos foram obtidos entre dez/2013 e mar/2014. Utilizou-se a Historia Oral como referencial metodológico e estudos sobre a temática para a discussão das histórias.

RESULTADOS

As mulheres apontaram dissensões entre o parto idealizado e o parto vivido:

“Eu me preparei a gravidez toda para um parto normal. Fiz yoga, li muito, participava dos grupos com a doula. Minha médica sempre me fez crer que tudo caminharia para essa direção[...] Na 38ª semana, minha pressão começou a aumentar e a médica indicou a cesárea. Eu fui como quem vai para o abate[...] Eu não tinha recursos para duvidar do diagnóstico dela e se a indicação da cesárea estava correta.” (Adriana, 36 anos, choque hipovolêmico e C.I.V.D.)

“Minha gravidez foi muito saudável e imaginei que o parto seria tranquilo também[...] fiquei mais de 30 horas sentindo dor, deitada, com ocitocina no soro, exausta de dor, recebendo toques[...] não me deixaram comer nada esse tempo todo[...] O coração da bebê começou a acelerar e me levaram

Page 6: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

6

partos, 27% (347) com episiotomia, já em 2014, dos 1247 partos, 9,6% (120) com episiotomia, e até março de 2015, dos 356 partos assistidos pelas enfermeiras somente 6,5% (26) tiveram episiotomia.

CONCLUSÃO

A busca constante pela qualificação da assistência prestada, obtida através de cursos de aperfeiçoamento, participação em eventos e publicações baseadas em evidências científicas, aliada à autonomia conquistada por estas profissionais, resultou na redução significativa do número de episiotomias realizadas ao longo destes 5 anos nos partos assistidos pelas enfermeiras obstétricas, demonstrando que a atuação dessa profissional contribui para melhoria dos resultados maternos e neonatais. Cada vez mais se faz necessário a inserção deste profissional durante o ciclo gravídico-puerperal, empoderando as parturientes e incentivando-as a tornarem-se protagonistas durante o parto e nascimento.

PALAVRAS-CHAVES

Enfermeiras Obstétricas; Parto Normal, Episiotomia.

A IMPORTÂNCIA DA ENFERMEIRA OBSTÉTRICA NA PRESERVAÇÃO PERINEAL

A. F. Almeida; T. Benincá; A. P. Fernandes; R. S. Lopes; O. M. Brüggemann; E. K. A. Santos;

INTRODUÇÃO

Trata-se de um relato de experiência, desenvolvido a partir da atuação de Enfermeiras Obstétricas de uma Instituição Pública Hospitalar da região Serrana de Santa Catarina, onde atualmente conta com estas profissionais durante 24 horas. No passado a maioria dos partos aconteciam em posição supina e com episiotomia de rotina. A partir de 2010, com o aumento do quadro de Enfermeiras Obstétricas, as mesmas vem trabalhando com autonomia em prol da humanização da assistência ao parto, estimulando o empoderamento e protagonismo da mulher durante o processo de nascimento e fazendo uso de boas práticas, dentre elas, a preservação perineal.

OBJETIVOS

Relatar a importância da enfermeira obstétrica frente a assistência humanizada ao parto e nascimento para a preservação perineal.

MÉTODOS

Relato de experiência, baseado no quantitativo de partos normais, realizado na instituição supra citada, no período de março de 2010 a março de 2015. O presente relato levanta o número de partos assistidos por enfermeiras obstétricas às parturientes com idade entre 11-47 anos, através de uma assistência humanizada ao parto e nascimento. O levantamento dos dados se deu através do livro de registro de parto normal após autorização da instituição.

RESULTADOS

Foram assistidos 7.581 partos normais, sendo que destes, 32% (2.412) foram com episiotomia, 35% (2.659) ocorreram com preservação perineal, contabilizando os partos com diferentes graus de lacerações obtivemos um total de 33% (2.510) dos partos. Do total de partos, 82% (6.201) foram assistidos exclusivamente pelas enfermeiras e destes, 28% (1717) com episiotomia. No que se refere ao número de partos com episiotomia em 2010, dos 891 partos assistidos pelas enfermeiras obstetricas, 52% (465) foram com episiotomia, em 2011, dos 1150 partos, 40,6% (467) com episiotomia, em 2012, dos 1256 partos, 26% (327) com episiotomia, em 2013, dos 1261

Page 7: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

7

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: HORA P – HUMANIZAÇÃO OBSTETRICA REFLEXÕES E ASSISTÊNCIA AO PARTO

L. N. J. Amaral; M. Roldi; H. S. Machado; M. Rudek; I. M. M. Fazzioni; R. Knobel

e psicossociais, ambientação na hora do parto e suas implicações, discussões e dinâmicas de grupo, demonstração prática de massagens e uso da bola; bem como desenvolveram-se atividades didáticas a partir de filmes sobre humanização do parto com posterior debate. O grupo também participou de eventos culturais na comunidade e eventos científicos no meio acadêmico, falando sobre o parto normal, cesárea, indicações, contra-indicações e demonstração de procedimentos em manequins. Além disso, foram desenvolvidas atividades junto aos centros de saúde com gestantes e profissionais da área, conversando sobre a dor no parto, esclarecendo procedimentos e intervenções hospitalares. O projeto também incluiu a criação do site, que é alimentando regularmente com informações atuais e baseadas em evidência sobre o tema.

CONCLUSÕES

Há um déficit na formação dos profissionais de saúde com relação ‘a assistência obstétrica adequada e a atividades de promoção à saúde. As ações de extensão podem ser uma forma de diminuir esse déficit. Espera-se modificar a postura dos participantes frente à realidade obstétrica, ensinando, exigindo e praticando um cuidado humanizado ao parto e nascimento e assim modificar a percepção da população geral. As atividades propostas tem sido amplamente aceitas e a maioria dos participantes relataram satisfação e mudanças em sua percepção quanto à assistência obstétrica.

PALAVRAS-CHAVES

Parto, Educação Médica, Humanização Da Assistência

INTRODUÇÃO

Atualmente percebe-se no Brasil um grande problema de saúde pública no que concerne à atenção ao parto: altas taxas de cesarianas, relatos de violência obstétrica, elevadas taxas de mortalidade materna e perinatais. Os riscos da cesariana são minimizados enquanto que os do parto normal, exacerbados, influenciando a população e até mesmo profissionais de saúde a acreditar que a cesariana é a via de nascimento preferencial. Nota-se que o ensino obstétrico nas escolas médicas é feito principalmente através da observação, de práticas e rotinas muitas vezes refutadas por evidências científicas, que perpetuam procedimentos dolorosos e danosos. A partir disso vê-se a necessidade de instrumentalizar e capacitar acadêmicos e profissionais da saúde para boas práticas obstétricas, cuidados baseados em evidência e humanização do parto e nascimento, bem como promover reflexões sobre o tema.

MÉTODOS

Será descrita a experiência de um projeto de extensão universitária visando sensibilizar acadêmicos de profissões da saúde sobre temas de humanização do parto e nascimento.

O projeto propõe-se a realizar encontros, discussões, oficinas e workshops com o objetivo de capacitar acadêmicos de cursos de saúde para implementar atividades de saúde focadas na divulgação do parto humanizado em diversos cenários e com diferentes atores sociais. A ênfase do projeto é no processo educativo e na construção compartilhada do conhecimento, englobando conteúdos de sensibilização e mobilização da sociedade.

RESULTADOS

A atividade está sendo realizada principalmente com acadêmicos de medicina. Até o momento, já se criou um grupo de gestantes junto a um centro de saúde, com reuniões quinzenais, atingindo cerca de 50 famílias por ano; realizaram-se oficinas com estudantes sobre “Apoio contínuo a parturiente”, “Cuidados não farmacológicos para o alivio da dor”, que abrangeram temas sobre dor do parto, seus aspectos fisiológicos

Page 8: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

8

GRUPO DE APOIO AO PARTO: PROCEDIMENTOS HOSPITALARES E PLANO DE PARTO

L. N. J. Amaral; M. R. Zeferino; L. C. Duclós; M. L. Marcos; R. Knobel

INTRODUÇÃO

Os grupos de gestantes, forma de promoção e educação em saúde, vem complementar as consultas pré-natais, proporcionando encontro, compartilhamento, troca de experiências entre pessoas vivenciando a gestação. Objetiva promover orientações sobre cuidados na gestação, fisiologia, dor no parto, puerpério e amamentação, além do apoio emocional. Possibilitam as gestantes, ressignificar experiências sociais, exercitando o respeito por si, pelo processo de parturição e pelos cuidados com o bebê. O grupo Mama Flora é formado por profissionais de um centro de saúde da rede pública que atuam conjuntamente com um grupo de extensão universitária de acadêmicos de medicina. Seu objetivo acadêmico é mudar o foco da formação médica, fortalecendo e humanizando o ensino obstétrico baseado em evidências. A oficina sobre procedimentos hospitalares de rotina e plano de parto, visa esclarecer gestantes para o trabalho de parto, trazendo consciência maior da fisiologia do parto e das intervenções hospitalares, buscando conhecer o corpo e os direitos. O plano de parto é uma forma de mulheres registrarem como desejam ser atendidas, sabendo das possíveis intervenções hospitalares e das reais indicações.

MÉTODOS

Será descrita a experiência proposta no grupo de gestantes Mama Flora, projeto ligado a extensão universitária da UFSC e centro de saúde da rede pública. O grupo propõe-se realizar encontros quinzenais, abertos, gratuitos, onde acadêmicos de medicina, médicos/obstetras ou de outras especialidades e convidados organizam conversas sobre temas ligados a gestação, parto e puerpério. Os encontros são semi-estruturados com tema base e transcorrem com questionamentos e troca de experiências, a partir da demanda dos participantes. O grupo é focado nas gestantes adstritas ao centro de saúde, mas também aberto ao público geral, além de acadêmicos de medicina, enfermagem, nutrição, psicologia e fonoaudiologia em estágio na rede pública.

RESULTADOS

A proposta da atividade foi a apresentação das rotinas hospitalares às gestantes, por um médico do corpo clínico do hospital referência para o Centro de Saúde, na presença de um médico da atenção primária já capacitado e sensibilizado com a confecção de Planos de Parto. O objetivo foi proporcionar o debate sobre procedimentos que podem e devem ser modificados e os procedimentos em que a rotina hospitalar será inflexível neste momento. A atividade gerou importantes questionamentos, esclarecendo procedimentos hospitalares, suas reais indicações e a função do plano de parto. Sensibilizando gestantes e o médico da assistência hospitalar, sobre importância desse documento como forma de individualizar cada atendimento, podendo ser um instrumento de apoio e conexão entre hospital, atenção primária e mulher. Vários procedimentos foram discutidos, e houve interessante reflexão, de todos os participantes, sobre as características específicas do hospital de referência, um hospital escola, que envolve mais “assistentes” e pessoas em formação em cada atendimento.

CONCLUSÕES

O grupo é avaliado como acolhedor e resolutivo, por gestantes, médicos e acadêmicos. A atividade foi problematizadora e esclarecedora. Percebeu-se a necessidade de incluir médicos dos hospitais em espaços de preparação ao parto, de forma a estreitar laços entre a atenção básica/pré-natal e a atenção secundária/parto. Esse dialogo visa melhor atender a demanda em saúde da mulher, humanizando o atendimento.

PALAVRAS-CHAVES

Promoção da Saúde, Parto, Educação Medica

Page 9: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

9

ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL EM CADEIRA DE PARTO EM UMA MATERNIDADE-ESCOLA DO NORDESTE DO BRASIL: RESULTADOS MATERNOS

E PERINATAIS

M. M. R. Amorim; C. B. S. Manhães; F. Melo; N. V. Leal; A. C. B. Pordeus; R. T. Modesti; Y. Carvalho; T. A. Ferreira; C. C. Brito;

Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA) e Instituto Paraibano de Pesquisa Prof. Joaquim Amorim Neto (IPESQ).

INTRODUÇÃO

em um modelo de assistência humanizada ao parto, devem ser privilegiadas as posições não supina, das quais uma das modalidades é o parto vertical em cadeira de parto.

OBJETIVOS

descrever os resultados maternos e perinatais de partos assistidos em uma cadeira de parto em uma maternidade pública do Nordeste do Brasil.

MÉTODOS

realizou-se um estudo prospectivo, longitudinal, do tipo coorte, incluindo 320 parturientes atendidas em um projeto piloto de humanização da assistência ao parto em uma maternidade pública no Nordeste do Brasil. A cadeira de parto foi especialmente confeccionada em ferro para o Projeto. Os critérios de inclusão foram estar em trabalho de parto ativo com apresentação cefálica ou pélvica e manifestar interesse em parir na cadeira. Excluíram-se os casos de óbito fetal já diagnosticado na admissão e de malformações. Todas as mulheres concordaram em participar e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. O projeto foi aprovado pelo Conselho de Ética e Pesquisa local.

RESULTADOS

analisaram-se os resultados de 300 partos de fato assistidos na cadeira, sendo quatro gemelares e 296 gestações únicas, correspondendo a 304 recém-nascidos (RN). Desses, oito estavam em apresentação pélvica e 296 em apresentação cefálica. Houve 3,0% de parto instrumental e o peso ao nascer variou entre 1.200 e 4.800g (média 3.340 +380g), 10/304 RN (3,3%) apresentaram escores de Apgar menores que 7 no primeiro minuto e não houve morte fetal intraparto nem escores de Apgar abaixo de 7 no quinto minuto. Ventilação com máscara foi necessária em 4/304 RN (1,3%) e nenhum requereu intubação

orotraqueal. Nenhuma episiotomia foi realizada, verificando-se 60% de períneo íntegro (180 casos), 15% de lacerações de segundo grau requerendo sutura (45 casos), 5% de lacerações de primeiro grau requerendo sutura (15 casos), 2,7% de lacerações de 2ºgrau sem necessidade de sutura (8 casos) e 4% de lacerações de primeiro grau sem necessidade de sutura (12 casos). A taxa global de sutura foi de 20%. Elevado grau de satisfação com a experiência do parto na cadeira foi relatado por 97% das parturientes.

CONCLUSÕES

a cadeira de parto utilizada no presente estudo resultou em excelentes desfechos maternos e perinatais, destacando-se o elevado percentual de partos espontâneos com recém-nascidos com boa vitalidade e a taxa zero de episiotomia com 60% de integridade perineal e apenas 20% de necessidade de sutura.

PALAVRAS-CHAVES

parto normal, parto humanizado, laceração

Page 10: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

10

A B C

D E

REPRESENTAÇÃO ICONOGRÁFICA DE PARTOS PÉLVICOS ASSISTIDOS EM MATERNIDADE ESCOLA DO SUS

M. M. R. Amorim; C. B. S. Manhães; F. O. Melo; A. C. B. Pordeus; R. T. Modesti; C. C. Brito; T. A. Ferreira;

Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA) e Instituto Paraibano de Pesquisa Prof. Joaquim Amorim Neto (IPESQ)

INTRODUÇÃO

o presente estudo realiza uma representação iconográfica de partos pélvicos assistidos em maternidade escola do SUS no período de abril de 2014 a abril de 2015. Nesse tempo, foram assistidos 14 partos em apresentação pélvica.

Figura 1: Parto pélvico modo nádegas

A: Posição de quatro apoios; B: Desprendimento da cintura pélvica modo nádegas; C: Descida fetal empelicada; D:

Desprendimento da cintura escapular e rotura espontânea da bolsa amniótica; E: Manobra de Mauriceau

Figura 2: Parto pélvico modo pés

A B C

D E F

A: Posição de quatro apoios e desprendimento fetal modo pés; B: Desprendimento lateral da cintura pélvica; C: Manobra de Lowen ; D: Alça de cordão; E: Desprendimento cefálico; F: Retirada da circular de cordão

Figura 3 – Parto pélvico empelicado

AGRADECIMENTOS

às pacientes que gentilmente cederam suas imagens e compartilharam conosco esses momentos únicos.

PALAVRAS-CHAVE

apresentação pélvica, parto normal, parto humanizado.

Page 11: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

11

RESULTADOS DE UM PROTOCOLO DE NÃO REALIZAÇÃO DE EPISIOTOMIA EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA DO NORDESTE

M. M. R. Amorim; C. B. S. Manhães; A. C. B. Pordeus; R. T. Modesti; F. O. Melo; N. V. Leal; C. C. Brito; J. N. Alves ; T. A. Ferreira;

CONCLUSÃO

É possível chegar a uma taxa zero de episiotomia, com uma alta frequência de períneo íntegro, menor necessidade de sutura e taxa mínima de lacerações perineais graves sem sequelas a longo prazo.

PALAVRAS-CHAVE

episiotomia, parto normal, lacerações.

INTRODUÇÃO

Os benefícios de uma política restritiva de realização de episiotomia em partos vaginais já foram demonstrados. A taxa ideal de episiotomia não é conhecida, embora alguns estudos descrevem taxas abaixo de 5%.

OBJETIVO

descrever os desfechos de um protocolo de não realização de episiotomia em um projeto de humanização de assistência ao parto.

MÉTODOS

realizou-se um estudo de coorte incluindo 500 mulheres que evoluíram para parto vaginal em uma maternidade escola do nordeste brasileiro. Essas mulheres, no período antenatal, não realizaram exercícios de preparação perineal para redução do trauma durante o parto. Durante o segundo período, manobras como puxos dirigidos, pressão fúndica e Valsalva foram evitadas. O protocolo de não realização de episiotomia foi acompanhado de estratégias de proteção perineal, que incluíram compressas mornas e massagem perineal.

RESULTADOS

A maioria dos partos (88%) foi assistida em posição vertical (cadeira ou banqueta de parto). Houve 18 casos de fórceps e 12 casos de vácuo-extrator (6%). Nenhuma episiotomia foi realizada (0%). Cinquenta e oito por cento das mulheres tiveram períneo íntegro, ocorrendo 15% de lacerações de primeiro grau sem necessidade de sutura, 7% de lacerações de primeiro grau com realização de sutura, 8,2% de lacerações de segundo grau sem sutura e 11,6% tiveram laceração de segundo grau necessitando de sutura. Houve apenas uma laceração de quarto grau, que foi corrigida (0,2%). A taxa de sutura foi de 18,8%. Mulheres satisfeitas e muito satisfeitas corresponderam a 96%.

Page 12: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

12

AÇÕES DE ENFERMAGEM EM PLANEJAMENTO FAMILIAR EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO MUNICIPIO DE LAGARTO-SE

M. A. Andrade1 ([email protected]); R. B. Mendes2 ([email protected])

1FAPITEC; 2Departamento de Enfermagem/UFS

INTRODUÇÃO

A Rede Cegonha, instituída no âmbito do Sistema Único de Saúde, no seu art. 1o da portaria no 1.459/11, consiste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, parto, puerpério e ao abortamento, bem como à criança o direito ao nascimento seguro e crescimento e desenvolvimento saudáveis. O Planejamento Familiar faz parte de um conjunto de ações que auxiliam homens e mulheres a planejar a chegada dos filhos, e também prevenir gestações indesejadas assegurado pela Constituição Federal e também pela Lei n° 9.263, de 1996. Todas as pessoas possuem o direito de decidir se terão ou não filhos, e o Estado tem o dever de oferecer acesso a recursos informativos, educacionais, técnicos e científicos que assegurem a prática do planejamento familiar, ações que devem ser desenvolvidas principalmente pelos enfermeiros e médicos nas Unidades Básicas de Saúde. Esses profissionais, como orientadores dessas ações, colabora para que pessoas adquiram conhecimento sobre os métodos contraceptivos e funcionamento do aparelho reprodutor feminino e masculino, além de contribuir para o autocontrole sobre a própria fertilidade, favorecendo na redução da gravidez indesejada e consequentemente a redução das taxas de aborto provocado. O projeto de pesquisa tem como objetivo analisar as ações de planejamento familiar realizadas por enfermeiras e médicos em Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município de Lagarto-Se.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, realizada com enfermeiros e médicos em Unidades Básicas de Saúde (UBS) no município. Os dados foram coletados por meio de um roteiro semiestruturado de entrevista, submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe, e financiado pela Fundação de Apoio à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (FAPITEC/SE).

RESULTADOS

Os profissionais entendem que as ações em Planejamento Familiar (PF) constituem uma ferramenta muito importante, principalmente para evitar gravidez indesejada, prevenção de DST/HIV/Aids e possibilita um melhor planejamento da família, mas reconhecem também que o PF é abordado de maneira secundária à outras ações. A exemplo disso, nenhuma, das UBS pesquisadas, possuem grupos específicos de PF. A temática é inserida apenas nos grupos de gestantes. A formação de um grupo de Planejamento Familiar é importante, pois possibilita a aprendizagem e a capacitação das pessoas e comunidades para a construção conjunta de um planejamento diário da família. Na consulta de enfermagem, orientam sobre os métodos disponíveis, os riscos, benefícios, eficiência dos mesmos e afirmam que as usuárias escolhem, junto com o médico, o método contraceptivo que querem utilizar, geralmente a pílula ou o injetável. Relatam também que não receberam capacitação para atuar em PF. A capacitação é um dos meios para melhorar as competências técnicas e consequentemente a qualidade do atendimento prestado.

CONCLUSÃO

A participação do enfermeiro e médicos junto à assistência no planejamento familiar ainda é precária e deficiente, é de grande importância, principalmente quanto às orientações. Torna-se necessário a formação de grupos em planejamento familiar para promover educação em saúde e investir na capacitação de profissionais para atuar em PF.

PALAVRAS-CHAVE

Planejamento familiar; serviços; prossionais.

Page 13: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

13

EXPECTATIVAS E VIVÊNCIAS SOBRE O PARTO DE MULHERES COM HIV/AIDS

P. C. B. Bellotto1 ( [email protected]); T. R. Gonçalves2 ([email protected]); C. A. Piccinini3 ([email protected]); F. Kottwitz4 ([email protected]);

1Hospital de Clínicas de Porto Alegre; 2UNISINOS; 3UFRGS; 4Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

INTRODUÇÃO

É comum que a gravidez gere ansiedades e medos em relação à saúde do bebê e ao papel como mãe. Para mulheres infectadas pelo HIV estas sobrecargas psicossociais são ainda maiores, pelo temor da transmissão vertical (TV). A incidência do HIV no Rio Grande do Sul (RS), na população, é a maior do país; a taxa de exposição ao HIV em crianças nascidas vivas no RS é de cerca de 2%, mantendo-se acima da média nacional 0,5%. Considerando a alta incidência e os inúmeros procedimentos que envolvem o parto de mulheres com HIV/Aids para profilaxia da TV, é necessário investigar como essas mães vivenciam a parturição, visando oferecê-las um cuidado mais integral e humanizado.

OBJETIVOS

Investigar as expectativas durante a gestação e as vivências em relação ao parto, na perspectiva das mães com HIV/Aids.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo qualitativo, onde realizaram-se entrevistas com seis mulheres durante a gestação e três meses após o parto. As participantes assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Este estudo é uma subanálise da pesquisa: “Aspectos psicossociais, adesão ao tratamento e Saúde da mulher no contexto do HIV/Aids: contribuições de uma intervenção psicoeducativa da gestação ao segundo ano de vida do bebê”, aprovada pelos Comitês de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Protocolo no 2005508) e do Grupo Hospitalar Conceição (Protocolo no 06/06). Os dados foram analisados através de análise de conteúdo temático.

RESULTADOS

Observou-se que o foco das mulheres em trabalho de parto (TP) era a saúde do bebê, deixando o parto em segundo plano. Considerando a via de parto, cinco mulheres relataram ter tido partos

vaginais e uma realizou cesariana. Em relação à dor, não houve referência quanto ao recebimento de métodos não farmacológicos para alívio. Sobre a presença de acompanhante, duas entrevistadas tiveram seus acompanhantes durante o TP, uma teve seu acompanhante na sala de espera e as demais não tiveram acompanhante durante o parto por razões pessoais. Todas receberam AZT intravenoso durante o TP, mas expressaram não conhecerem o preconizado pelo Ministério da Saúde, que orienta a realização de três doses de AZT antes do parto. Quanto à laqueadura tubária, duas entrevistadas manifestaram vontade de realizar o procedimento, mas não obtiveram encaminhamentos para tanto. Todas as mulheres referiram que seus companheiros/pais do bebê sabiam de sua condição sorológica.

CONCLUSÃO

Percebeu-se pouca participação das mulheres na escolha da via de parto e de orientações e esclarecimentos durante o PN; pouco uso de técnicas para alívio da dor, evidenciando falhas no processo de cuidado. A atenção do parto nesse contexto deve abarcar a escuta sensível e o acolhimento dos sentimentos, visando a um atendimento mais humanizado e que promova o protagonismo e a autonomia da mulher durante a gestação e o parto.

PALAVRAS-CHAVE

Saúde da Mulher; HIV/AIDS; Parto; Gestação.

Page 14: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

14

ASSISTÊNCIA À GESTAÇÃO E AO PARTO E A PRÁTICA DE ALIMENTAÇÃO DOS BEBÊS

A. L. B. S. Braun1; P. S. S. Anjos2 ([email protected]); L. A. Souza3; P. M. Rodrigues4; E. M. M. Vieira5; A. M. F. Aranha6;

1, 3, 4, 5, 6Universidade de Cuiabá e 2Universidade Federal do Mato Grosso

INTRODUÇÃO

A Rede Cegonha tem como objetivo fomentar a implementação de um novo modelo de atenção à saúde da mulher e à saúde da criança com foco na atenção ao parto, nascimento, crescimento e desenvolvimento da criança. O aleitamento materno é uma das ações preventivas em saúde mais eficazes para saúde do bebê, que contribui para o processo de interação profunda entre o binômio mãe-bebê. O parto natural é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma vez que já foram comprovados seus inúmeros benefícios e atuação na diminuição dos riscos maternos e neonatais.

OBJETIVO

Avaliar a qualidade da assistência prestada à gestação e ao parto e a prática de alimentação do bebê.

MÉTODOS

Estudo epidemiológico longitudinal que abrangeu 470 puérperas em duas maternidades de Cuiabá-MT, entrevistadas no dia do parto no local de nascimento e após 3 e 6 meses do nascimento via telefone. Foi utilizado a técnica de análise exploratória e BSES-SF (Breastfeeding Self-Efficacy Scale - Short Form). Estudo aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Cuiabá-UNIC, parecer n.o511.855.

RESULTADOS

Houve predominância de faixa etária entre 20 a 30 anos (57%), de raça autorreferida parda/morena (73%), com nível de escolaridade ensino médio (61%). 98% das entrevistadas referiram ter realizado o pré-natal no posto de saúde (70%), com início no primeiro trimestre (78%), refletindo na qualidade do pré-natal na Atenção Básica através da captação precoce da gestante, cumprindo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde, tendo sido acompanhadas pelo mesmo profissional (64%), estando em desacordo com o que é preconizado pelo Ministério da Saúde da consulta intercalada e

com a realização de exames pré-natal completos (64%), cumprindo com os princípios da Rede Cegonha, proporcionando uma assistência de pré-natal efetiva, de qualidade e com continuidade das ações. Quanto à assistência ao parto, 62% foi por via vaginal e 38% por cesariana, contradizendo a orientação da OMS quanto a realização da maioria dos partos de gestações de baixo risco ser por via vaginal e de apenas 15% dos partos serem cirúrgicos. Destes partos, 91% foram a termo, indicando assistência pré-natal efetiva. Ao nascer, 77,4% das mulheres entrevistadas apresentaram altos escores na BSES-SF, aderindo eficazmente a amamentação. Aos 3 meses, 50% das mães com idade entre 31-54 anos, 49% daquelas entre 20-30 anos e 42% daquelas entre 12-19 anos amamentavam exclusivamente seus bebês. 9,31% já haviam parado de amamentar e 47,43% não amamentavam exclusivamente, refletindo em baixas taxas de duração da amamentação exclusiva em relação aos padrões recomendados. Aos 6 meses, nenhuma mãe, 7% e 6% respectivamente amamentavam exclusivamente o bebê.

CONCLUSÃO

Apesar dos esforços que tem sido empregados, o tempo de aleitamento materno exclusivo não vem sendo cumprido integralmente conforme preconizado, bem como a escolha da via de parto. A interrupção precoce do aleitamento materno representa grave problema de saúde pública e o apoio no pré-natal e período pós-natal podem contribuir no melhoramento desses índices. Os resultados demonstram a necessidade de melhor manejo dos partos com idade gestacional a termo e de baixo risco.

PALAVRAS-CHAVE

Período Pós-Parto. Aleitamento materno. Desmame.

Page 15: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

15

CONCEPÇÕES DE GESTANTE PARTICIPANTES DE RODAS DE CONVERSA REALIZADAS COMO ATIVIDADE EDUCATIVA NO PRÉ-NATAL SOBRE PARTO

G. A. V. C. Carlos ([email protected]); D. C. C. Oliveira ([email protected]); K. V. Souza ([email protected]); A. R. G. Palhoni ([email protected]);

Universidade Federal de Minas Gerais

INTRODUÇÃO

Este estudo trata-se de um recorte de pesquisa vinculado à extensão intitulado “construindo estratégias para o fortalecimento e resgate da autonomia das mulheres no processo de parto e nascimento”. Tem como pressuposto que o papel de protagonista das mulheres no processo de parto e nascimento implica no fortalecimento e/ou adoção de novas lógicas na assistência à saúde. Para tanto, considera-se relevante reconhecer a importância da autonomia das mulheres nesse processo. No que se refere ao período e a assistência pré-natal, em particular, a preparação física e psicoemocional para o parto e para a maternidade é de fundamental importância. Dentre as estratégias para fortalecer da sua autonomia está à elaboração pela mulher de um plano de parto, que deve ser respeitado pelos profissionais que a assistem. Desse modo, para além de motivas as gestantes a elaborar um plano de parto, considera-se relevante conhecer as suas concepções sobre o parto. O estudo tem como objetivo, conhecer a concepção sobre parto de gestantes mulheres que participaram das oficinas para a elaboração do seu plano de parto.

MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa, tendo como sujeitos 49 mulheres que participaram de rodas de conversas sobre plano de parto, realizadas em unidades básicas de saúde dos distritos Norte e Venda Nova, do município de Belo Horizonte/Minas Gerais, Brasil. As rodas de conversas, com duração de cerca de duas horas foram conduzidas pelas pesquisadoras e colaboradoras do estudo, e realizadas no período de março a junho de 2014. Para coleta de dados utilizou-se um instrumento estruturado constituído por duas partes; a primeira parte, visando identificar o perfil socioeconômico das participantes e a segunda parte, buscando identificar concepções e expectativas sobre o parto. As respostas foram organizadas e deram origem a categorias empíricas, as quais serão melhor delineadas, a partir de um referencial teórico, a ser selecionado. O estudo, vinculado

ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde da Mulher e Gênero (NUPESMeG) / Escola e Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EE-UFMG), atende as diretrizes e normas regulamentadoras estabelecidas na resolução nº 466/ 2012 do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS

As categorias identificadas indicam que a maioria das mulheres reconhece que o parto é um momento especial e único em suas vidas (independentemente da paridade), bem como um processo natural em suas trajetórias reprodutivas e experiências de vida. Relacionam esse momento especial e único ao desejo de ser mãe e ao sonho da maternidade, concretizado pelo nascimento de seus filhos. Apresentam ansiedade e apontam muitas expectativas em relação aos acontecimentos e assistência durante o trabalho, parto e pós-parto. Nos depoimentos destacou-se a dor no parto, como algo esperado e que precisa ser superada.

CONCLUSÃO

O parto é um acontecimento marcante na vida das mulheres e compreendido em sua essência, como uma vivência fortalecedora. Para que as mulheres possam ter esse tipo de vivência é preciso que sua autonomia seja fortalecida, em particular, por meio de uma assistência individualizada e de qualidade, com base nas evidências científicas atuais e na humanização.

PALAVRAS-CHAVE

Cuidado Pré-natal. Educação em saúde. Enfermagem Obstétrica.

Page 16: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

16

ATENÇÃO AO PARTO: PRÁTICAS DESENVOLVIDAS NA UNIDADE DE PRÉ-PARTO, PARTO E PÓS-PARTO DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

E. A. Divino1 ([email protected]); R. C. Teixeira2 ([email protected]); A. C. P. Corrêa3 ([email protected] ); R. B. Arantes4 ([email protected])

1Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (FAEn/FMT); 2Faculdade AUM; 3FAEn/UFMT; 4Instituição de Ensino Superior de Mato Grosso (IESMT)

mas para 46,6% foi utilizado algum mecanismo de indução: 59,8% ocitocina, 17,5% misoprostol, 7,2% ocitocina e amniotomia, 4,1% amniotomia, 4,1% misoprostol e ocitocina e 1,1% misoprostol e amniotomia, e em 6,2% não foi registrado o mecanismo utilizado. A posição de parto mais utilizada foi semi-sentada 39,4%, seguida pela semideitada 21,6% e deitada 19,2%, sendo o restante distribuído em outras posições. O profissional que mais assistiu aos partos foi o médico 75% e a Enfermeira Obstetra 23,6%. Em 86% dos partos não foi realizada episiotomia e, destes, 58,7% apresentaram laceração de períneo, sendo 63,8% de 2º grau e 2,9% de 3º grau. O clampeamento de cordão tardio (após terceiro minuto) ocorreu em 78,4% dos partos, o contato pele a pele em 88,9%, o aleitamento na primeira hora em 85,1% e a presença do acompanhante foi registrada em 83,2% dos partos.

CONCLUSÃO

Os dados evidenciam que os profissionais que atuam no PPP buscam a implementação de práticas úteis à assistência humanizada: relaxamento no TP, vínculo precoce (mãe e filho) e promoção à amamentação. Aponta-se o respeito ao direito da presença do acompanhante e escolha da posição, enfatizando que a posição litotômica, avaliada como uma prática ineficaz ou mesmo prejudicial na assistência ao parto, vem reduzindo. Da mesma forma, outras práticas utilizadas de modo inadequado ou com pouca evidência científica também estão sendo reduzidas, como o uso rotineiro da episiotomia e dos indutores. Portanto, as práticas desenvolvidas no PPP apontam para a adoção de procedimentos com evidência científica comprovada e alinhados à humanização do parto.

PALAVRAS-CHAVE

Parto Humanizado; Humanização da Assistência; Saúde da Mulher

INTRODUÇÃO

O Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN) propõe a implementação de aspectos organizacionais para que serviços de saúde proporcionem ambiente acolhedor, e adotem medidas e procedimentos benéficos para o acompanhamento do parto e do nascimento, evitando práticas intervencionistas desnecessárias.

MÉTODOS

Estudo descritivo, transversal de abordagem quantitativa que objetivou identificar as práticas desenvolvidas no atendimento às parturientes na unidade de Pré-parto/Parto/Pós-parto (PPP) de um Hospital Universitário de Cuiabá-MT, no período de outubro de 2014 (um mês após a inauguração) a março de 2015. O levantamento dos dados ocorreu na primeira semana do mês de abril de 2015, com pesquisa documental no livro de registros da referida unidade. Das 304 admissões, foram estudados os dados de 239 parturientes identificadas após aplicação dos critérios de exclusão: internações para outros tratamentos/procedimentos e altas sem evolução para o parto. Realizou-se análise estatística descritiva utilizando Software Epi Info 7.1, possibilitando a descrição das variáveis do estudo. Para discussão foi estabelecida uma correlação com as práticas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde contempladas no PHPN. Aprovação Comitê de Ética Nº 090/CEP HUJM 2011.

RESULTADOS

Das 239 parturientes, 87% evoluíram para parto normal e 13% parto cirúrgico. Dentre as com parto normal, 96,4% não receberam analgesia, mas em 87% destas foram utilizadas medidas não farmacológicas de alívio da dor. Dentre as que receberam medidas de alívio, 39,8% utilizaram mais de um método e 38,1% três ou mais métodos. Em 53,4% das parturientes não foi realizada indução ao Trabalho de Parto (TP),

Page 17: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

17

EU NÃO QUERO [OUTRA] CESÁREA!: ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO DE RELATOS DE VBAC

L. C. Fonseca ([email protected])

FAFLICA/PUCSP

INTRODUÇÃO

Por meio da Análise Crítica do Discurso (ACD) de relatos de parto normal após cesárea (VBAC) à luz da Linguística de Corpus (LC), investigou-se como as identidades e a experiência do nascimento são representadas por mulheres brasileiras e americanas.

MÉTODOS

O CorpusBRABA é um corpus quadrilíngue de relatos de VBAC, subdividido em: CorpusBRA (93 relatos), CorpusEUA (101), CorpusUK (97) e CorpusAU (92). Os dois primeiros foram objeto desta pesquisa. O AntConc 3.4.0w foi o programa utilizado para uma análise direcionada por palavras-chave correspondentes aos sujeitos e respectivos colocados estatísticos. No CorpusBRA, foram analisadas: ‘eu’ (colocados: desisto/renasci/mamava); ‘bebê’ (encaixado/morrer/sexo); ‘marido’ (companheiro/apoiou/cortou); ‘doula’ (amada/obstetriz/presença); ‘médico’ (fofo/mudei/cesarista); ‘enfermeira’ (obstétrica/cadê/soro); ‘parteira’ (liguei/doula/casa); ‘obstetriz’ (doula/toque). No CorpusEUA: ‘I’ (wish/ protested/ lamented); ‘baby’ (pound/girl/boy); midwife (certified/assistant); ‘doula’ (hired/friend/called); ‘nurse’ (practitioner/tells/triage); ‘doctor’ (office/ seen/ comes); ‘husband’ (poor/ run/children). Os dados também foram analisados intertextualmente com as formas simbólicas (textos da mídia) e a teoria da modernidade.

DISCUSSÃO

Os relatos são um exercício de reflexividade: um modo de as narradoras organizarem ativamente suas autoidentidades em construções reflexivas de sua atividade social. A ocorrência de traços da reflexividade (eu/I/renasci/mudei/hired) corrobora a teorização do nascimento como ‘momento decisivo’ que coloca o ser humano diante de sua efemeridade propiciando uma reorganização interior, recapacitação (aquisição de conhecimento especializado) e empoderamento (reorganização com base em conhecimento novo). A reflexividade nos relatos é exercida pelo ‘empoderamento’ (mudar de médico, hire a doula), contrapondo-se

e à reflexividade pelo ‘elemento da fortuna’ (‘deus quis’) que leva a mulher ajustar sua autoidentidade para aceitar um desfecho contrário às expectativas. Na modernidade, a autoidentidade construída pela reflexividade está ligada às atitudes de confiança que passam pelo respeito ao conhecimento técnico e falta de transparência dos sistemas abstratos (hospitais). A cesárea ocorre na leitura da confiança como ‘salto de fé’ (GO fofo). A partir da frustração com seu ponto de acesso (médico cesarista) a narradora rompe com o sistema hegemônico. Na ruptura, é aberto o caminho para a recapacitação (I knew). As narradoras constroem uma autoidentidade progressivamente assertiva antagonizando o discurso médico hegemônico. O ‘médico’ é representado como alguém que faz uso de estratégias ideológicas para conseguir o que quer. A identidade do marido é construída como alguém que caminhou junto e cuja autoidentidade também foi transformada. A identidade da ‘doula’ é construída como alguém com quem se formam vínculos e fundamental. A ‘parteira’ é construída como afetuosa e fonte de autoridade. A ‘enfermeira’ do hospital é representada como alguém em constante embate com a narradora. E por fim, o ‘bebê’ foi associado a estereótipos de gênero no CorpusBRA. O ‘parto hospitalar’ é representado como uma corrida contra o tempo e baseado em metas. O ‘parto’ é representado como renascimento (eu renasci), prova de força física e realização grandiosa (correr uma maratona, escalar o Everest).

CONCLUSÃO

A não correspondência entre a experiência de nascimento desejada e a alcançada é desencadeia a ruptura com o salto de fé e consequente recapacitação e empoderamento. Em ambos os corpora, as experiências, a autoidentidade e as identidades são construídas sob a égide da modernidade. Os relatos de parto revelaram-se reflexivos, denunciativos, engajados e pedagógicos.

PALAVRAS-CHAVE

Análise Crítica do Discurso, relatos de parto normal após cesárea, identidade

Page 18: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

18

PROTOCOLO DE ATENDIMENTO AO PARTO DOMICILIAR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

J. A. L. M. Fujita; P. L. Nascimento; C. C. P. Leite; A. K. K. Shimo;

RESULTADOS

O protocolo foi elaborado em janeiro de 2015, fundamentado no paradigma holístico e, desde então, tem sido utilizado como linha guia para o atendimento do parto domiciliar da equipe da Materna Baby. O mesmo é constituído pelos seguintes itens: 1- Filosofia do grupo; 2- Critérios para a elegibilidade das gestantes para o PDP; 3- Consultas/visitas no domicílio; 4- O planejamento do parto; 5- Documentação para a formalização do atendimento; 6- Materiais e equipamentos para o atendimento; 7- Práticas no atendimento ao PDP; 8- O prontuário; 9- Transferências: eletiva e de emergência; 10- Condutas nas emergências obstétricas; 11- Condutas nas emergências neonatais; 12- Consulta puerperal no domicílio; 13- A puericultura no domicílio. Nas rodas de conversa realizadas pelo grupo, as mulheres podem acessar o protocolo, o que possibilita conhecer a linha de cuidados da equipe. Além disso, o mesmo serve de apoio ao trabalho das enfermeiras.

CONCLUSÃO

O uso do protocolo descrito tem se mostrado uma estratégia efetiva para nortear o atendimento, bem como esclarecer às mulheres, atendidas pelo grupo, sobre a filosofia de trabalho e as práticas de cuidado disponibilizadas no serviço. Acredita-se que este material possa nortear outros profissionais que buscam atender PDP.

PALAVRAS CHAVE

Parto Domiciliar; Obstetrícia; Parto Humanizado.

INTRODUÇÃO

No cenário atual, muitas mulheres têm buscado parir em seus lares, retomando um costume antigo que havia sido substituído pela institucionalização, medicalização e tecnologização da parturição. O Parto Domiciliar Planejado (PDP) é comum em países como Holanda, Canadá e Austrália, reconhecido e estimulado pelo sistema público de saúde. Nestes países, o PDP é tratado como uma modalidade tão segura quanto o parto ocorrido no âmbito hospitalar e se mostra como experiência satisfatória às mulheres e seus familiares e, sobretudo, se trata de um serviço potencialmente menos custoso para o Estado. No Brasil, país de cultura cesarista, os profissionais envolvidos no atendimento ao parto domiciliar recebem pouco incentivo e encontram muitas dificuldades para atender com liberdade e autonomia. Além disso, mulheres que optam por esta modalidade de parto, muitas vezes, são consideradas como irresponsáveis e hostilizadas socialmente. As Enfermeiras Obstetras e as Obstetrizes tem total liberdade para atender ao PDP, desde que a gestação seja de risco habitual. Não existe um protocolo ou normas específicas, no Brasil, voltadas para o atendimento do parto domiciliar pelos profissionais de saúde (enfermeiras obstetras, obstetrizes e médicos). Estes atores sociais têm fundamentado sua prática nas evidências científicas, nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e nas experiências de outros países, que já têm este serviço bem estruturado. Neste cenário, um grupo formado por Enfermeiras, denominado Materna Baby, organizou o “Protocolo de Cuidados no Parto Domiciliar Planejado”, com o intuito de nortear sua prática. O mesmo está fundamentado em evidências científicas e pode ser aplicado por outras equipes que realizam esse tipo de atendimento. OBJETIVO: Relatar a experiência da criação, produção e utilização de um protocolo de cuidados para o parto domiciliar planejado.

MÉTODOS

Consiste em um relato de experiência sobre a elaboração e o uso de um protocolo sobre parto domiciliar, por um grupo de enfermeiras que atendem PDP em Curitiba, Paraná.

Page 19: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

19

sinalizaram quanto a tranquilidade, calma e ambiência durante o processo de internação o que culminava em maior conforto e segurança durante a parturição

3- Experiência com o nascimento: observou-se nas descrições muitas falas no que tange ao contato imediato com o bebê, o aleitamento materno e contato pele a pele com o filho imediatamente após o nascimento.

4- Utilização de tecnologias: poucos relatos sinalizaram o uso das terapias não-farmacológicas como marcante no processo de nascimento.

Os achados desta pesquisa revelam que a atenção oferecida pela equipe de saúde durante o trabalho de parto e parto, a segurança transmitida à parturiente e o contato imediato com o seu bebê são os fatores de maior impacto na satisfação da mulher com a experiência do parto. Enquanto isso as questões referentes à utilização de tecnologias não são consideradas primordiais para a satisfação.

CONCLUSÃO

É possível oferecer uma assistência que possibilite às mulheres vivenciarem, nas maternidades públicas, o momento do trabalho de parto e parto não apenas como uma questão de saúde, mas também como um acontecimento social e afetivo que marca profundamente seu protagonismo. O fator decisivo para efetivar uma experiência positiva dispensa a obrigatoriedade de tecnologias especiais.Essa mudança vai além da melhoria de recursos estruturais e físicos, sendo a sensibilização e treinamento da equipe de saúde multiprofissional imprescindível para o êxito na assistência humanizada de qualidade.

PALAVRAS-CHAVE

parto, humanização, experiências.

PERCEPÇÃO DAS PARTURIENTES ACERCA DA EXPERIÊNCIA VIVIDA COM A HUMANIZAÇÃO DO PARTO EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA DA REGIÃO DOS

LAGOS/RJ

P. Godefroy1 ; A. Muniz2 ; F. Melino3; C. Galvão4 ; C. Narciso5; R. Garcia6; A. Almeida7;

1,4,6,7Hospital Estadual dos Lagos/RJ; 2,3Hospital Estadual da Mãe de Mesquita/RJ; 5Hospital das Clínicas FMUSP/SP;

INTRODUÇÃO

Mulheres e profissionais de saúde há tempos tem vivenciado o processo parturitivo de forma distinta. Entretanto, há décadas que propostas de humanização da assistência ao parto compreendem esse evento como sendo de natureza fisiológica e cultural, reconhecendo como um momento no qual a mulher necessitaria mais de suporte psicoafetivo do que de intervenções de eficácias variáveis. Sendo assim, maternidades e seus profissionais de saúde tem de buscar assumir o compromisso de modificar a assistência ao nascimento a partir de estudos baseados em evidências cientificas, proporcionando um novo pensamento e conscientização dos direitos da mulher. Enquanto isso, as políticas públicas viabilizam a possibilidade de acesso ao serviço e ao empoderamento das mulheres.

OBJETIVO

Explorar as vivências de parturientes sobre o atendimento ao trabalho de parto e parto realizados pelos profissionais de saúde de uma maternidade pública da Região dos Lagos - RJ.

MÉTODOS

Realizado estudo exploratório e descritivo com gestantes admitidas em trabalho de parto e parto na maternidade do Hospital Estadual dos Lagos- RJ que conta com serviço de atendimento de alto risco. Foi utilizada entrevista escrita semiestruturada no momento da alta onde a paciente relatava sua experiência acerca do parto.

RESULTADOS

Foram colhidos os relatos de 20 puérperas. A análise de resultado pôde direcionar para 4 questões relevantes às suas experiências:

1 - Cuidado e atenção: onde se percebeu nas falas o destaque para o atendimento com carinho e atenção o que foi observado em todos os relatos

2- Tranquilidade e Segurança: muitos relatos

Page 20: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

20

PERCEPÇÃO DE MÉDICOS OBSTETRAS PARA A HUMANIZAÇÃO DO PARTO: UMA PERSPECTIVA FENOMENOLÓGICA-EXISTENCIAL

P. Godefroy1; A. Muniz2; F. Melino3; C. Galvão4; C. Narciso5; R. Garcia6; A. Almeida7;

1,4,6,7Hospital Estadual dos Lagos/RJ; 2,3Fisioterapia do Hospital estadual da Mãe de Mesquita/RJ; 5Hospital das Clínicas FMUSP

carência de logística; c) cultura intervencionista. Quanto aos significados da questão norteadora 3 observou-se três categorias: a) cumprimento dos objetivos da medicina obstétrica; b) manifestação da natureza; c) experiência vivenciada pela paciente, recém-nato e família. Na percepção dos médicos obstetras frente à questão norteadora 4 observou-se o dualismo intervenção, não intervenção, apontando para as idiossincrasias existentes na prática profissional. Este tema revelou uma única categoria temática que surge através de uma ação/omissão profissional capaz de gerar sofrimento para a mãe e/ou recém-nato.

CONCLUSÃO

O tema humanização é vasto e controverso, por isso compreendemos que ainda temos muito que avançar na discussão. Assim, com o propósito de captar a essência, aquilo que o objeto é em si mesmo, vamos ao encontro do campo de percepção dos médicos obstetras sobre o fenômeno do parto humanizado. O presente estudo aponta para angústia profissional frente à dualidade intervenção/não intervenção em sua conduta obstétrica.

PALAVRAS-CHAVE

parto, humanização, fenomenologia

INTRODUÇÃO

A abordagem fenomenológica-existencial compreende que a percepção do ser humano sobre as coisas depende de como o mundo o afeta, ou seja, de como este é tocado pelo que o cerca. Segundo esta perspectiva, a percepção da realidade é única para cada um, compreendendo o que compõe sua história de vida e seu fazer.

OBJETIVO

Compreender a percepção de médicos obstetras sobre o parto humanizado.

MÉTODOS

Realizado estudo exploratório e descritivo com profissionais da maternidade do Hospital Estadual dos Lagos- RJ que conta com serviço de atendimento de alto risco, sob abordagem qualitativa. Foi utilizada de entrevista semiestruturada gravada realizada individualmente na própria unidade hospitalar com quatro questões norteadoras: 1) O que você compreende por parto humanizado?; 2) Quais são os principais desafios para a realização do pato humanizado?; 3) Quais são os significados que atribui ao trabalho de parto e ao parto humanizado?; 4) Existem limites éticos para a realização do parto humanizado?As gravações foram transcritas no prazo máximo de 6 dias.

RESULTADOS

Foram entrevistados 17 médicos obstetras com idade entre 28 e 68 anos e tempo de atuação obstétrica variando entre 01 e 41 anos de especialidade. A análise de resultado e discussão dos achados desta pesquisa revelam a percepção quanto a questão norteadora 1 que aponta para um campo de atuação que envolve uma assistência obstétrica menos intervencionista, compreendendo as seguintes categorias temáticas: a) condução progressiva do fenômeno natural; b) qualificação na relação médico-paciente. A percepção dos entrevistados para a questão norteadora 2 pode ser compreendida a partir dos fenômenos existentes como: a) falta de preparo de médicos, pacientes e família; b)

Page 21: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

21

DIREITO AO ACOMPANHANTE NO TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO: EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO PRÉ-NATAL

C. F. Junges1([email protected]); D. A. Vasconcelos2 ([email protected]); O. M. Bruggemann3 ([email protected]);

1,3Universidade Federal de Santa Catarina (PEN/UFSC); 1,3Grupo de Pesquisa em Enfermagem na Saúde da Mulher e do Rescém Nascido (GRUPESMUR); 2Unidade de Estratégia de Saúde da

Família - Ribeirópolis;

Durante a gestação, muitas mulheres, especialmente no terceiro trimestre, referem medo e ansiedade com a proximidade do parto. Uma estratégia para amenizar estes sentimentos é informar a gestante, na assistência pré-natal, sobre o direito ao acompanhante de sua escolha no trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. A presença de uma pessoa de sua rede social durante a internação pode influenciar positivamente na experiência do parto, devendo, portanto, ser estimulada pelos profissionais de saúde, no entanto, muitas maternidades ainda não cumprem a Lei do Acompanhante. O objetivo deste trabalho é relatar uma experiência de educação em saúde desenvolvida com gestantes no pré-natal sobre o direito ao acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. O trabalho foi desenvolvido na cidade de Ribeirópolis/SE, no mês de março de 2014, com oito gestantes que realizavam pré-natal na Unidade de Saúde Djaume Francisco de Lima. As gestantes foram convidadas a participar pelos Agentes Comunitários de Saúde. Previamente, foi construída uma cartilha informativa sobre a Lei do Acompanhante, baseada nas normativas e manuais do Ministério da Saúde. A cartilha foi desenvolvida com o objetivo de abordar o assunto de forma clara e objetiva, tendo como finalidade facilitar a leitura pelas gestantes. A atividade educativa foi realizada em forma de uma oficina, com a valorização do conhecimento prévio de cada integrante, além da construção e reconstrução de conceitos e entendimento dos direitos da gestante, através de um diálogo aberto, com utilização de linguagem clara, objetiva e adequada ao grupo.

No primeiro momento, houve apresentação dos atores envolvidos, bem como das expectativas sobre a atividade. A seguir, foi realizada a explanação sucinta sobre a temática e foi entregue a cartilha para as participantes. Nesta etapa da oficina, as gestantes foram estimuladas a relatar os conhecimentos prévios sobre os seus direitos na maternidade e, quando questionadas

se conheciam a Lei do Acompanhante, afirmaram desconhecer esse direito. Foi disponibilizado espaço para que as participantes relatassem vivências de parto e destacassem se houve ou não a presença do acompanhante, esse momento aproximou os membros do grupo. As gestantes relataram situações nas quais os seus direitos não foram respeitados e dúvidas quanto ao cuidado a ser recebido durante o trabalho de parto e parto foram sanadas, reforçando a necessidade de abordar tal temática em grupos de gestantes. Por fim, foi lançado no grupo o desafio de apontar estratégias para assegurar o direito ao acompanhante – esta etapa foi extremamente enriquecedora, pois as participantes apontaram que, após a leitura da cartilha e discussão em grupo, sentiam-se mais seguras para exigir o cumprimento da lei quando ingressassem na maternidade. A oficina mobilizou as gestantes a refletirem sobre seus direitos, além de acender debates no que se refere à violência obstétrica. Destaca-se, portanto, que o empoderamento das mulheres no pré-natal é um dos passos para a efetivação do cuidado humanizado e a presença do acompanhante de escolha da mulher reduz as chances da ocorrência da violência obstétrica, possibilitando um parto mais tranquilo e reduzindo experiências negativas.

PALAVRAS-CHAVE

pré-natal, parto, saúde da mulher

Page 22: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

22

ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM EM CENTRO DE PARTO NORMAL: (RE) SIGNIFICANDO O CUIDADO OBSTÉTRICO ATRAVES DE PRÁTICAS

HUMANIZADAS

O. C. R. Júnior; A. J. Costa; E.C. M. Dias; C. B. Furlan; R. S. Dias

Universidade Federal do Amazonas

INTRODUÇÃO

Durante muitos anos, o modelo assistencial dispensado a mulher durante o ciclo gravídico puerperal foi baseado na concepção biomédica intervencionista, tendo como protagonista do processo, o médico obstetra. Isto se deu, sobretudo, após a institucionalização do parto, a partir da segunda metade do século XVIII, onde a figura da parteira em ambiente domiciliar foi substituída por este novo modelo de atenção, que se apresentava naquele momento. Diante disso, houve perda da autonomia da mulher durante o processo de parturição, ficando esta como coadjuvante e o profissional em questão, exercendo o papel principal. Entretanto, tem sido observado ao longo dos anos um resgate gradual da autonomia feminina neste processo, tendo a enfermagem obstétrica contribuído para tal, através do empoderamento das pacientes na perspectiva do auto cuidado e de praticas que preservem sua dignidade. Assim, este trabalho tem por objetivo, descrever as ações de enfermagem desenvolvidas no centro de parto normal (CPN), em uma maternidade publica de Manaus, Amazonas, no período compreendido entre os meses de abril a dezembro de 2014.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo através de um relato de experiência, vivenciado pelos residentes de enfermagem obstétrica da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), no CPN da Maternidade Ana Braga, na cidade de Manaus, Amazonas.

RESULTADOS

A Instituição segue as recomendações estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) acerca das boas praticas, sendo estas adotadas com o objetivo de proporcionar uma assistência benéfica tanto à mãe quanto ao bebê. Entre as medidas adotadas, podemos citar a adoção dos métodos não farmacológicos para alivio da dor, entre os quais está o banho morno de aspersão, aplicado no final do primeiro período do

trabalho de parto (dilatação), uso de musicoterapia, massagens de conforto, agachamento, deambulação e bola suíça. A Maternidade segue o que é preconizado pela Lei 11.108 de 07 de abril de 2005, que garante as parturientes o direito a presença de um acompanhante de sua escolha, durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. Ambos, paciente e acompanhante são orientados pelos profissionais da unidade sobre todos os procedimentos que serão realizados. A escolha da posição fica a critério da paciente, podendo esta permanecer em posição cócoras, decúbito lateral, banco obstétrico e etc. A mesma tem permissão para receber líquidos durante o trabalho de parto e os toques vaginais são realizados a cada duas horas para preenchimento adequado do partograma. Após o parto é realizado contato pele a pele entre mãe e recém nascido, seguido da amamentação logo ao primeiro minuto de vida. Posteriormente, é realizado o clampeamento oportuno do cordão umbilical.

CONCLUSÃO

Diante do atual cenário obstétrico, a presença de enfermeiros obstetras contribui para estimular as boas práticas durante o trabalho de parto, de forma a ofertar uma assistência humanizada livre de procedimentos invasivos e até mesmo desnecessários.

PALAVRAS CHAVES

obstetrícia. humanização. parto e nascimento

Page 23: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

23

PARTO DOMICILIAR PLANEJADO EM SANTA CATARINA 2002-2012: TRANSFERÊNCIAS MATERNAS

J. G. Koettker1 ([email protected]); O. M. Brüggemann2 ([email protected]); E. d’Orsi3 ([email protected]); R. Knobel ([email protected]);

1Equipe Hanami; 1,2Grupo de Pesquisa na Saúde da Mulher e do Recém-Nascido (GRUPESMUR); 1,2,3,4Universidade Federal de Santa Catarina;

INTRODUÇÃO

estudos internacionais apontam que a necessidade de transferência materna e neonatal das mulheres que optam pelo parto domiciliar é baixa. Este estudo transversal teve como objetivo descrever as taxas e as principais causas das transferências obstétricas decorrentes do parto domiciliar planejado assistido pela Equipe Hanami, em Santa Catarina no período entre 2002 a 2012.

MÉTODOS

foram incluídas todas as mulheres que optaram pelo acompanhamento ao parto no domicílio ainda na gestação. Para a coleta de dados foi utilizado formulário padronizado preenchido com base nos prontuários das mulheres atendidas. Os dados foram digitados no programa EPI INFO – versão 2008 e posteriormente analisados por meio de estatística descritiva.

RESULTADOS

das 212 mulheres que fizeram parte da amostra, a maioria era primípara (67,9%) com idade entre 24 e 28 anos (38,5%) e possuía ensino superior (59,5%). A taxa de transferência durante o pré-natal foi de 4,7% e durante o trabalho de parto de 7,4%. A parada da dilatação do colo uterino e da descida do feto foram as causas mais frequentes de transferência no trabalho de parto. Nenhuma mulher precisou ser transferida decorrente de alteração no bem estar fetal. Não houve transferência de mulheres no período pós-parto. Necessitando a transferência, as mulheres foram encaminhadas para uma instituição de saúde, de escolha da mulher, sendo que algumas delas realizaram parto normal (16,0%) e a maioria foi encaminhada para cesárea (84,0%). Dentre as limitações do estudo destaca-se a coleta retrospectiva dos dados, o que limitou a análise de algumas variáveis. A escassez de estudos nacionais com abordagem quantitativa sobre o tema dificultou a comparação dos resultados obtidos com a realidade brasileira. Conclusão: a taxa de transferência materna para o hospital é

baixa, tanto na gestação como durante o trabalho de parto, mesmo sendo a amostra composta por elevado número de primíparas. Os resultados encontrados nesse estudo são similares aos de pesquisas internacionais com amostras representativas.

PALAVRAS-CHAVE

Parto domiciliar, Parto normal, Parto humanizado.

Page 24: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

24

PREVALÊNCIA DE LACERAÇÕES ESPONTÂNEAS EM PARTOS ASSISTIDOS POR RESIDENTES EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA EM UM HOSPITAL DO

DISTRITO FEDERAL

C.S. Lopes ([email protected]); G. C. Alves([email protected]); N. J. C. Schettini ([email protected]);

Hospital Regional do Paranoá - Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)

recursos facilitadores durante o trabalho de parto em 59,26% deste total, porquanto algumas dessas mulheres não quiseram ou já chegaram no hospital em período expulsivo.

CONCLUSÃO

Embora frequentes as lacerações espontâneas são em sua maioria superficiais e de fácil resolução, invadindo menos tecido e consequentemente levando a menos complicações do que lacerações induzidas por episiotomias. As residentes de enfermagem em obstetrícia deste hospital têm pautado suas práticas em evidências científicas que não indicam benefício na prática rotineira da episiotomia. O uso de recursos facilitadores durante o trabalho de parto, como posicionamento da parturiente durante o parto entre outros fatores demonstrados na literatura pode ter corroborado para o alto índice de lacerações de baixo grau.

PALAVRAS-CHAVE

parto normal, lacerações, enfermagem obstétrica

INTRODUÇÃO

A maioria das mulheres sofre algum tipo de lesão perineal no parto vaginal. A ocorrência de lacerações de períneo depende de vários fatores, os quais podem estar associados a condições maternas ou fetais. Fetos macrossômicos, distensibilidade restrita do assoalho pélvico e a realização de puxos dirigidos são algumas das principais causas de laceração. As lacerações são classificadas em primeiro grau quando lesam apenas pele e mucosa; segundo grau se atingem os músculos perineais; terceiro grau quando chegam ao esfíncter anal. O objetivo deste estudo é descrever o perfil das mulheres que deram à luz por via vaginal em partos assistidos por Enfermeiras em formação na especialidade de Obstetrícia e levantar a frequência e o grau das lacerações perineais espontâneas nestes partos.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo observacional, descritivo, de corte transversal, realizado do centro obstétrico do Hospital Regional do Paranoá situado no Distrito Federal. Os dados foram coletados do livro de registro de partos das residentes de enfermagem obstétrica no período de abril de 2014 a abril de 2015. A prática de episiotomia não é adotada na prática pelas enfermeiras residentes, então todos os partos foram incluídos no estudo.

RESULTADOS

A amostra consta de 162 partos realizados pelas residentes neste período, dos quais 60,49% tiveram lacerações espontâneas. Caracterizou-se por parturientes primíparas (68,37%), com gestação a termo por volta de 40 semanas (35,19%), jovens adultas de 20 a 34 anos (57,41%), com 7 ou mais consultas de pré-natal (60,25%) e procedentes do Paranoá (33,33%). Estas parturientes tiveram maior frequência de lacerações de grau 1 (68,37%), sendo que 80,6% delas necessitaram de sutura. A laceração de segundo grau esteve presente em 29,59% destes partos, e grau 3 em 2,04%. Foram utilizados

Page 25: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

25

ARTE DE NASCER: PARTOS DOMICILIARES PLANEJADOS ASSISTIDOS POR ENFERMEIRAS OBSTETRAS

A. L. Mello1; C. C. Castro2; J. C. C. Bussadori3;

1,2Arte de Nascer; 3Departamento de Enfermagem da Universidade de São Carlos (UFSCar)

INTRODUÇÃO

Pesquisas recentes têm constatado o crescente número de cesarianas no Brasil associando-as ao aumento de mortes e co-morbidades maternas e neonatais. As autoridades e conselhos de nosso país têm alertado e orientado novas diretrizes de assistência aos profissionais de saúde afim de conter esta epidemia. Diante deste cenário mulheres e famílias têm buscado mais informações sobre os tipos de parto e descoberto o parto domiciliar como alternativa para um nascimento saudável e respeitoso. Porém ainda existem muitos mitos e questionamentos sobre a segurança desse tipo de assistência.

OBJETIVO

descrever os resultados obstétricos e neonatais da assistência ao parto domiciliar planejado, prestado por enfermeiras obstétricas.

MÉTODOS

Estudo descritivo com coleta retrospectiva de dados; a amostra foi composta por todos os partos planejados para ocorrer em domicílio, assistidos pelas enfermeiras obstétricas da equipe Arte de Nascer, no período entre fevereiro de 2013 e abril de 2015. Os dados foram coletados dos prontuários arquivados e caderneta de saúde do recém-nascido.

RESULTADOS

do total de 96 mulheres que planejaram parto domiciliar com a equipe, sete não foram elegíveis pelos seguintes motivos: apresentação pélvica(3), pós-termo(1), prematuridade(1), restrição do crescimento intra-uterino (1) e falta de condições mínimas de higiene no domicílio(1). Do total de 89 mulheres, que ao menos iniciaram a assistência no domicílio, a maioria tinha 30 anos ou mais, era primípara(55,68%), com idade gestacional média de 39 semanas e todas tiveram acompanhantes durante todo o processo. O parto ocorreu na água em 37,5% das vezes, sendo 25 partos na banheira e oito no chuveiro. A média de peso dos recém-nascidos foi 3340 gramas (variação 2601g a 4530g). Como resultado da assistência neonatal,

o score de Apgar variou entre 7 e 10 em 94,32% dos recém-nascidos(RNs), no primeiro minuto de vida, sendo que cinco RNs(5,68%) necessitaram de alguma manobra de ressuscitação. Todos os bebês apresentaram Apgar ≥ 7 no 5º minuto de vida; não ocorreram casos de transferências de bebês. A taxa de transferência materna hospitalar foi de 14,58%; 11 das transferências ocorreram no período de dilatação, sendo quatro(4,55%) por indicação obstétrica e sete(7,95%) eletivas; a taxa de parto normal após a transferência foi de 45,45% dos casos. Ocorreram três(3,42%) transferências maternas no período de Greenberg, duas por placenta retida e uma por hematoma de vulva. Não ocorreu nenhum caso de epsiotomia ou laceração de 4ºgrau; não houve necessidade de sutura em 44,32% dos casos.

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos nesse estudo são similares aos encontrados em grandes estudos publicados na Holanda e EUA, que apontaram resultados favoráveis ao parto domiciliar, mostrando a mesma segurança em relação à mortalidade materna e neonatal, quando comparadas aos partos hospitalares, em mulheres de baixo risco. Porém o número reduzido da amostra não nos permite expandir os resultados para grandes populações. Sugere-se a criação de protocolos baseados em evidências científicas, bem como a criação de um banco de dados para compilação e avaliação da qualidade desse modelo de assistência, o que poderá contribuir para a consolidação do parto domiciliar planejado no Brasil .

PALAVRAS-CHAVE

Parto domiciliar; enfermagem obstétrica

Page 26: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

Parto e nascimento são eventos ímpares na vida da mulher, a protagonista dos fatos que permaneceu afastada do pai de seu(a) filho(a) durante o parto, uma vez que este foi afastado desse evento desde a hospitalização do parto em meados do século XX. Recentemente, o movimento pela humanização da atenção ao parto resgata a presença masculina, quando desejado pela mulher. A partir de 2005, com a lei 11.108 foi legalizada a presença de um acompanhante desde o pré-parto, parto até após o nascimento, no âmbito do Sistema Único de Saúde.

Conhecer o significado atribuído por pais a sua participação no trabalho de parto e parto da companheira

Trata-se de um estudo qualitativo de abordagem descritiva. Participaram quinze homens que acompanharam suas parceiras durante o trabalho de parto e que estavam presentes no Alojamento Conjunto de uma Maternidade, que possui o maior número de leitos públicos para partos de risco habitual em Salvador-Bahia, no período de agosto a outubro de 2014. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da EEUFBA, sob n°655.604. Foram realizadas 15 entrevistas individuais, mediante um roteiro semi-estruturado e analisadas com base em referencial de Laurence Bardin. Emergiram 7 categorias empíricas: participação e apoio emocional; uma experiência nova e diferente; preparo para ser acompanhante; apoio da equipe; emoções vivenciadas no processo; importância para o casal e responsabilidade paterna.

Foi revelado que os participantes estiveram presentes em todo o processo do parto auxiliado as mulheres com apoio físico e emocional, contando com o suporte dos profissionais e

organização dos serviços para acolhê-los buscando tranquilizá-los, reforçando a necessidade de incorporação gradual da presença paterna neste cenário. Os significados atribuídos por eles a essa experiência foram positivos, embora a preparação e informação destes para o acompanhamento ainda sejam insuficientes para que possam participar mais efetivamente. O resultado indica a necessidade de orientação e informação específica por parte da equipe, o que contribuirá para diminuir a ansiedade e proporcionar ao pai uma participação mais ativa. Quanto mais qualificado o apoio profissional, mais tranquilidade será proporcionada à parturiente e seu acompanhante, facilitando a compreensão sobre a evolução do trabalho de parto e ajudando o casal a passar pela experiência da melhor forma possível. Os entrevistados expressaram suas emoções sem inibição e não apresentaram resistência em falar sobre o significado da experiência, seus medos e inseguranças, apontando uma mudança na imagem que é socialmente construída aos homens e confirmando a progressiva incorporação de sua responsabilidade para com o processo. Destacaram que a participação do pai contribui com o processo gestacional e com a união do casal, permitindo conhecer melhor as mudanças ocorridas com a gestante e estimulando a formação precoce do vínculo pai-filho.

O estudo mostrou que a presença do pai desde as consultas pré-natal durante a gestação e no trabalho de parto e parto faz com que esse comece a viver a paternidade de modo responsável e participativa cada vez mais precoce, assumindo o compromisso e planejando o futuro, com racionalidade, sabedoria e solidariedade.

Parto Humanizado; Acompanhante; Paternidade.

O QUE SIGNIFICA PARA O PAI ACOMPANHAR O TRABALHO DE PARTO DA COMPANHEIRA?

INTRODUÇÃO

OBJETIVO

MÉTODOS

RESULTADOS

CONCLUSÃO

PALAVRAS CHAVE

A. P. A. Moreira1; I. M. Nunes2; M. S. Almeida3; G. M. Oliveira4; I. J. Soares5

1, 2, 3, 4, 5 UFBA

26

Page 27: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

27

PARTO NORMAL, ACIDENTAL, EM PACIENTE PORTADORA DE PARAPLEGIA POR MIELITE

M. V. R. Neves1([email protected] ); A. J. Amaral2([email protected]); D. A. R. Costa 3 ([email protected]); G. R. Cunha4 ([email protected]); R. N. Torres5 (rafaella_torres@

yahoo.com.br); R. M. N. Rocha6 ([email protected]); L. S. Camargos7 ([email protected])

1,2,7Faculdade Atenas; 3,4,5Hospital Municipal De Paracatu

INTRODUÇÃO

A mielite transversa aguda é uma doença inflamatória medular de etiopatogenia pouco esclarecida, com provável processo imunológico envolvido. Pode gerar consequências graves como disfunções motoras, sensitivas e autonômicas.

Mulheres que evoluem com estas disfunções, inclusive paraplegia, por lesão medular, não apresentam outras alterações que impeçam a gestação, devendo apenas ser acompanhadas com maior rigor pelo risco aumentado de complicações, dentre elas as infecções urinárias e a disreflexia autonômica.

Casos de gestantes com lesão medular não são comuns na prática médica e a pouca experiência leva a escolha equivocada da via de parto.

OBJETIVOS

Relatar caso de gestante paraplégica que evoluiu para parto normal sem intercorrências.

RELATO DE CASO

Gestante, 35 anos, gesta 10, 2 abortos e 7 partos vaginais. Apresentou duas infecções do trato urinário no período gestacional. História pregressa de doença aguda e grave há um ano com perda da força e tônus muscular após quadro viral inespecífico. Permaneceu internada em UTI por 61 dias e evoluiu com paraplegia. Ressonância magnética sugeriu mielite a partir de T4.

Deu entrada no hospital em 10 de abril de 2015 as 10:45h com 38 semanas e 4 dias de idade gestacional após perda de líquido vaginal. Apresentava contrações ritmadas, com 3 cm de dilatação, 90% de apagamento e feto em posição cefálica.

Programada cirurgia cesariana pela equipe obstétrica no período vespertino.

As 15h a equipe médica foi acionada para avaliar gestante já que RN era visualizado no canal vaginal. Paciente mantida em seu leito para assistência. Rn nasceu as 15:07h, sem qualquer manobra de auxílio, sem episiotomia.

Recepcionado em ventre materno, coberto com campos limpos e aquecidos e clampeado cordão

com 4 minutos de vida ao término das pulsações. Apgar 9 e 10, no primeiro e quinto minutos de vida, respectivamente. Dequitação da placenta espontânea em 8 minutos após o parto. Paciente apresentou laceração grau I .

Preservada a primeira hora de vida do Rn e posteriormente realizado exame clínico: pesou 2050g, 44cm de estatura e revisão de sistemas dentro da normalidade.

DISCUSSÃO

A falta de conhecimento obstétrico e experiência limitada em mulheres gestantes com lesões medulares fazem com que quase a totalidade delas sejam submetidas inadvertidamente a cesarianas. Devemos nos lembrar de que habitualmente estas mulheres apresentam debilidade nos movimentos, restrição a leitos ou cadeiras, o que aumenta os fenômenos tromboembólicos. Apresentam também facilidade para infecções urinárias e para anemias mais severas. Portanto fica claro que além de não ser a primeira opção, a cesariana pode oferecer risco de vida superior ao que já oferece às pacientes previamente hígidas.

CONCLUSÃO

As mulheres com lesão medular devem ter como opção saudável o parto vaginal e a cesariana deve ser realizada apenas quando existem motivos obstétricos ou o risco de disreflexia autonômica muito elevado. São necessários estudos com maiores dimensões para detalhamento das evidências cientificas e para o melhoramento da assistência prestada a essas pacientes. Avaliação prévia do médico anestesista é sempre recomendada para dimensionar a lesão medular e expectar riscos previníveis.

PALAVRAS CHAVE

Paraplegia, Mielite, Parto

Page 28: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

28

SENTIMENTOS MATERNOS RELACIONADOS AO NASCIMENTO DO FILHO

J. S. F. Palácio; T. L. Franzen; C. M. Albuquerque; C. S. Couto; M. A. Frota; M. G. Ferreira;

INTRODUÇÃO

O nascimento de um filho é um momento de grande expectativa para a família. Desde o percurso da gestação, os pais começam a interagir com o feto e, consequentemente, idealizam o momento de seu nascimento. O estudo objetivou identificar os sentimentos das puérperas acerca do nascimento do filho no período pós-parto.

MÉTODOS

Estudo de natureza descritivo e exploratória, com abordagem qualitativa desenvolvido em um hospital de atenção secundária da rede pública de Fortaleza-CE. A coleta, realizada no período de setembro a dezembro de 2014, contou com a participação de vinte puérperas. Para análise dos dados, seguiu-se as etapas recomendadas por Minayo, no qual foi delimitada as categorias temáticas: Sentimentos maternos acerca do neonato e Repercussão do nascimento na vida materna. A pesquisa respeitou a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará-UECE sob Parecer Nº 880.232/2014.

RESULTADOS

Sentimentos maternos acerca do neonato: abordaram-se as emoções que as mães sentem pelos filhos, dessa forma observou-se que as puérperas apresentavam sentimentos similares em relação ao nascimento de seus filhos, como amor, carinho e felicidade. “Estou me sentindo muito feliz com meu bebê” (P3). “Já tenho um sentimento de amor por ele” (P8). “Esperei 14 anos para meu filho nascer, tentando engravidar esse tempo todinho e só agora deus me presenteou [...] meu filho é meu tudo [...] amor infinito.” (P11). Além disso, foram evidenciados sentimentos de realização pessoal e percebeu-se a presença de preocupações relacionadas à hospitalização do recém-nascido. “Estou feliz, mas ao mesmo tempo estou triste, minha filha teve que ser transferida porque nasceu muito mal.” (P18). Repercussão do nascimento na vida materna: identificaram-se as repercussões e as implicações do nascimento de uma criança no contexto familiar. Perceberam-se significantes mudanças que podem ser atribuídas ao nascimento de uma criança, que levam as mães

a assumir a responsabilidade e zelar pelo futuro da criança. “Agora tenho que ter responsabilidade e educar meu filho” (P5). “Mudou para melhor, vou ser uma super-mãe.” (P13). “Mudou sim eu era muito revoltada” (P19).

CONCLUSÃO

A partir desse estudo, possibilitou-se a identificação dos sentimentos maternos acerca do nascimento do filho, bem como explorar acerca dos significados do nascimento no contexto familiar. O enfermeiro é o profissional da saúde mais próximo à puérpera, dessa forma torna-se necessário a qualificação e capacitação destes profissionais, para que os mesmos assistam adequadamente ao binômio mãe-filho.

PALAVRAS-CHAVE

Período Pós-parto. Recém-nascido. Relações Mãe-Filho.

Page 29: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

29

ABORDAGEM SOBRE TRABALHO DE PARTO E PARTO AS GESTANTES EM UM GRUPO EDUCATIVO

C. S. Paschoalatto1; A. M. N. Silva2; P. S. S.A. Modes3 ([email protected]);

1Hospital Universitário Júlio Muller; 2,3Universidade Federal de Mato Grosso

de experiências vivenciadas em gestações anteriores ou pelo conhecimento/experiência de outros. Destacaram as contrações como um importante sinal de reconhecimento do parto, havendo uma preocupação com a intensidade da dor e frequência. As primigestas referiram não saber identificar os sinais de trabalho de parto e outras mencionaram sinais inadequados. Quanto as expectativas relacionadas ao trabalho de parto/parto, relataram o desejo por um bom atendimento, por um parto rápido, tranquilo e sem dor. Referiram preferência pelo parto normal. Revelaram sentimentos antagônicos, de alegria pela chegada do filho e medo das complicações durante o parto, da intensidade da dor, do parto tipo cesárea e do não conhecimento prévio dos profissionais e do local do parto.

CONCLUSÃO

Reconhece-se a importância da educação em saúde na gestação como uma possibilidade de prevenir doenças e complicações materno-fetal durante o período gestacional e pré-parto. Grupos de gestantes ajudam a preparar as grávidas para o nascimento de seus filhos, trabalhando suas ansiedades e medos através de trocas de experiências e eslcarecimento sobre a gestação e o parto, resultando em gestantes tranquilas, seguras e confiantes para o parto,

PALAVRAS-CHAVE

Trabalho de Parto, Gestante.

INTRODUÇÃO

Através do grupo educativo na Estratégia Saúde da Família (ESF) os profissionais da equipe/enfermeiro podem abordar sobre o trabalho de parto/parto com as gestantes, visando à autonomia da mulher, o favorecimento da atuação profissional e a qualidade da assistência pré-natal. O processo de trabalho de parto/parto é um evento esperado pela gestante. Constitui-se na última etapa da gestação, com repercussões físicas, psicológicas e culturais. É considerado um momento cercado de expectativas, havendo a necessidade do esclarecimento quanto ao reconhecimento dos sinais e sintomas do trabalho de parto e o seu tempo de duração, além do incentivo a participação ativa e o controle da mulher no momento do parto. Para isso, é importante a atuação e apoio dos profissionais, compreendendo e esclarecendo as dúvidas.

OBJETIVO

Objetivou analisar as expectativas sobre trabalho de parto/parto de gestantes atendidas em um grupo educativo na ESF no município de Sinop-MT.

MÉTODOS

Pesquisa descritiva exploratória, com abordagem qualitativa. Participaram da pesquisa 07 gestantes cadastradas e acompanhadas no pré-natal e que participavam do grupo educativo em uma unidade estratégia saúde da família. Empregou-se a técnica de entrevista semi-estruturada. Para análise foi empregada a técnica de Análise de Conteúdo Temática. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética, parecer nº568.885.

RESULTADOS

As gestantes evidenciaram a importância da assistência pré-natal para identificação e tratamento precoce dos problemas de saúde materno-fetal, além da prevenção de intercorrências durante o parto, sendo um espaço propício para o esclarecimento de dúvidas, principalmente para as primigestas. Parte das gestantes dizia reconhecer os sinais de trabalho parto a partir

Page 30: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

30

TRISTEZA MATERNA NO PERÍDO PÓS-PARTO IMEDIATO

M. Pereira; A. A. F. Gravena; M. O. Demitto; T. C. R. Lopes; C. Padovani; M. D. B. Carvalho; S. M. Pelloso;

INTRODUÇÃO

A gravidez e a maternidade são eventos importantes na vida dos casais, mas podem gerar alterações físicas e emocionais tornando-os vulneráveis em alguns momentos. No período puerperal a mulher pode apresentar sintomas relacionados às alterações emocionais e estes se traduzem em transtornos mentais e comportamentais entre eles a tristeza puerperal, mais conhecida como Maternity Blues ou Postpartum Blues. A identificação precoce da tristeza puerperal pode contribuir com a prevenção de sintomas mais nocivos a saúde da puérpera e do recém-nascido. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi analisar a presença de sintomas de Maternity Blues entre mulheres no puerpério imediato internadas em um hospital de Maringá, Paraná.

MÉTODOS

Estudo descritivo com puérperas internadas em um hospital de Maringá, Paraná. A coleta de dados ocorreu em novembro de 2014, por meio da aplicação de um questionário contendo duas escalas: Escala de Depressão de Edimburgo e a Escala de Humor Brasileira (BRAMS). A pesquisa respeitou as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos do Conselho Nacional de Saúde (Resolução CNS 466/2012).

RESULTADOS

Participaram do estudo 61 puérperas, das quais 72,1% possuíam idade entre 20 e 35 anos; 78,6% possuíam companheiro e 100% relataram dispor de uma renda familiar igual ou superior a um salário mínimo. Quanto às informações obstétricas, 45,9% das puérperas informaram ser primíparas e apenas 27,8% confirmaram ter planejado a gestação. Apenas 8,2% das puérperas afirmaram possuir um histórico de depressão e 4,9% algum distúrbio do sono. Com base na Escala de Depressão Pós Parto de Edimburgo, 16,3% das puérperas obtiveram um score acima de 12, indicando uma probabilidade de depressão pós parto. Em relação à Escala de Humor Brasileira, a qual é dividida em seis subescalas (vigor, confusão mental, fadiga, tensão, raiva e

depressão) as puérperas apresentaram médias e pontuações variadas. A subescala vigor se destacou com uma média de 10 pontos, variando entre 1 e 16, indicando então um aspecto humoral positivo. Já as subescalas fadiga e tensão, as quais representam estado de esgotamento, baixo nível de energia e alta tensão músculo esquelética, obtiveram médias aproximadas, sendo 5,6 e 4,5 respectivamente. As duas tiveram variações entre 0 e 16 pontos. Por último as subescalas confusão, raiva e depressão, também apresentaram médias aproximadas, na qual confusão obteve uma média de 2,3, raiva de 1,6 e depressão 1,1, caracterizando um baixo nível de sentimentos como humor deprimido, atordoamentos e sentimentos de hostilidade a partir de estados de humor relacionados à antipatia, sendo essas as características representadas por cada uma dessas três subescalas.

CONCLUSÃO

A Depressão pós-parto configura-se como uma importante preocupação para os profissionais da saúde, pois além de ser muito grave apresenta um impacto grande no cuidado com o bebê e na convivência com a família. A identificação precoce da tristeza puerperal pode contribuir com a prevenção de sintomas mais nocivos a saúde da puérpera e do recém-nascido.

PALAVRAS-CHAVE

Tristeza puerperal, gravidez, depressão.

Page 31: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

31

INTRODUÇÃO

As evidências científicas das boas práticas no trabalho de parto, parto e nascimento têm sido divulgadas em todo mundo, porém, ainda existem dificuldades na adoção destas, dentre as quais destacam-se: resistência dos profissionais, falta de apoio/comprometimento das instituições e baixo conhecimento da população feminina em relação a assistência ao parto. Conforme recomenda a Organização Mundial de Saúde, as boas práticas devem ser adotadas pelos serviços e equipes de saúde nas instituições vinculadas ao SUS. Estas práticas são divididas em quatro categorias, a saber, Categoria A – Práticas demonstradamente úteis e que devem ser estimuladas; Categoria B – Práticas claramente prejudiciais e que devem ser eliminadas; Categoria C – Práticas em relação às quais não existem evidências suficientes para apoiar uma recomendação clara e que devem ser utilizadas com cautela; Categoria D – Práticas frequentemente utilizadas de modo inadequado. Baseado nestas reflexões ressalta-se a necessidade de investigar as práticas realizadas pelos profissionais envolvidos na atenção obstétrica, desse modo foi realizado um estudo que teve como questão norteadora: Quais as práticas adotadas pelos profissionais de serviços de obstetrícia de Campo Grande vinculados a dois serviços de atenção ao parto, sendo um hospital federal de ensino e um hospital municipal? Assim, o estudo teve como objetivo: reconhecer as práticas adotadas pelos profissionais no exercício da obstetrícia em dois hospitais de Campo Grande – MS, de acordo com as recomendações da OMS.

MÉTODOS

Estudo transversal realizado entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015, com profissionais médicos, enfermeiros, residentes em enfermagem e medicina, técnicos e auxiliares de enfermagem de dois hospitais de Campo Grande – MS. Os dados foram coletados por meio de um questionário semiestruturado autoaplicável, posteriormente tabulados e analisados por meio de estatística descritiva. A amostra compôs-se de 42 entrevistados:

O CONHECIMENTO SOBRE BOAS PRÁTICAS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE CAMPO GRANDE - MS

R. V. Ribeiro1 ([email protected]); D. Wisniewski2; A. P. A. Sales3 ([email protected]);

1,3Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; 2Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian;

RESULTADOS

Dentre as características sociodemográficas e profissionais verificou-se que: 90,5% eram do sexo feminino, com idade entre 20 e 30 anos, e 50% com até 10 anos de formação. Quanto as práticas adotadas pelos profissionais, averiguou-se que as da Categoria A foi auto referida como adotada por 70,24% dos entrevistados, a Categoria B por 11,90%, a Categoria C referida por 30,95%, a Categoria D descrita como prática por 33,50%, e a Categoria Outras por 36,63%.

CONCLUSÃO

Conclui-se que os profissionais conhecem as práticas recomendadas e que as mesmas contribuem para o parto e nascimento saudáveis, porém, o modelo intervencionista ainda permanece na assistência, sendo um dos maiores problemas para uma assistência adequada às mulheres e adoção das boas práticas. A formação da maioria dos entrevistados é inferior a 10 anos, quando as boas práticas já estavam incorporadas as políticas de saúde, o que demonstra a resistência da equipe às mudanças. Acredita-se que seja necessária a sensibilização dos profissionais e aumento do comprometimento institucional na adoção das boas práticas, visando à melhoria da assistência materno-infantil e humanização trabalho de parto e nascimento.

PALAVRAS-CHAVE

Trabalho de parto. Profissionais de saúde. Humanização da assistência ao parto.

Page 32: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

32

ACESSO A CONSULTA DE PRÉ-NATAL NA BAHIA: ANÁLISE DE DADOS

T. S. Ribeiro; F. O. Trindade; G. S. Mota; T. M. Couto; C. S. Almeida; V. Santiago;

INTRODUÇÃO

Uma assistência de pré-natal adequada, com diagnóstico e intervenção precoce reduz a mortalidade materna e neonatal, pois controla os fatores de risco. Na Saúde Coletiva o pré-natal é fundamental para a promoção da saúde materno infantil, sendo a Atenção Básica a porta de entrada principal das gestantes acessarem o componente do pré-natal nos serviços de saúde no Brasil. O Ministério da Saúde preconiza o mínimo de seis consultas para uma assistência adequada, podendo este dado ser utilizado como indicador de acesso e qualidade da assistência.

OBJETIVO

Analisar o acesso a consulta de pré-natal no estado da Bahia no período de 2010 a 2012.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo de natureza quantitativa. A pesquisa foi desenvolvida no Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC), disponíveis para livre consulta no DATASUS. Foi pesquisado o número de Nascidos Vivos na Bahia por residência de mãe segundo Macrorregião de Saúde no período de 2010 a 2012. Este período foi selecionado devido a completude dos dados no sistema de informação. Posteriormente foi selecionado individualmente as variáveis relacionadas às consultas pré-natais: Nenhuma consulta pré-natal, De 1 a 3 consultas pré-natais, de 4 a 6 consultas, de 7 a mais consultas pré-natais e Ignorado. Foi analisado se o número de consultas pré-natais correspondem ao preconizado pelo Ministério da Saúde.

RESULTADOS

Através dos dados coletados, pode-se observar que o número de consultas pré-natais não estão de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde. A amostra foi de 637.232, correspondente ao total de nascidos vivos na Bahia no período correspondente. 5,23% não fizeram nenhuma consulta pré natal; 10,18% fizeram de uma a três consultas pré-natais, representando 15,4% do total de nascidos vivos. 43,92% fizeram de sete a mais consultas. As consultas ignoradas representaram 1,23%. A variável de quatro a seis consultas representou 39,42% do total

de nascidos vivos, porém é conflitante para análise, pois não define exatamente quantas mulheres fizeram seis consultas, amostra que deveria ser analisada independente para se obter um resultado mais fidedigno. Evidenciou-se neste estudo a existência de subnotificação dos sistemas de informação, assim como a não alimentação dos dados, configurando como uma problemática para a realização de novos estudos.

CONCLUSÃO

O pré-natal como componente crucial para promoção da saúde materno infantil, deve encontrar na Atenção Básica mecanismos facilitadores para que o acesso das gestantes seja garantido, e assim venham a ter o quantitativo de consultas pré-natais preconizado. Podendo desta forma ser efetivo no controle dos fatores de risco, e criar possibilidades para a redução da mortalidade materno infantil.

PALAVRAS-CHAVE

Enfermagem, Pré- Natal, Mortalidade Materna.

Page 33: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

33

MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS DE ALÍVIO DA DOR NO TRABALHO DE PARTO: ESTUDO PROSPECTIVO REALIZADO NO CENTRO OBSTÉTRICO DE UM

HOSPITAL PÚBLICO DO SUL DO PAÍS

S. K. Ritter; J. B. Soares; D. Dornfeld;

terapêuticas e 34,8% da bola obstétrica, sendo que na maioria dos casos a parturiente utilizou mais de um dos métodos. Na amostra estudada as parturientes também receberam aromaterapia (24,7%), rebozo (6,5%) e escalda-pés (2,9%). O rebozo contribui para a rotação do feto na pelve materna. A aromaterapia e o escalda-pés proporcionam ativação do trabalho de parto, através do relaxamento muscular e da liberação de endorfinas, que estimulam a liberação de ocitocina e a ocorrência de contrações uterinas. Tais métodos são considerados tecnologias de enfermagem obstétrica, de baixo custo e com resultados benéficos para a parturiente, evidenciados na prática assistencial.

CONCLUSÃO

A associação desses métodos com a ambiência no TP têm mostrado resultados positivos na Instituição, representados pela satisfação das usuárias e pelo reconhecimento da Instituição como referência em assistência ao parto humanizado no Estado. Além de proporcionar conforto à parturiente, os métodos não farmacológicos de alívio da dor tendem a evitar que o processo fisiológico do parto seja influenciado por substâncias farmacológicas e por fatores ambientais desfavoráveis.

PALAVRAS CHAVE

Dor de Parto. Parto Humanizado. Nascimento.

INTRODUÇÃO

Mesmo sendo considerado um mecanismo fisiológico, o trabalho de parto (TP) é caracterizado por alterações mecânicas e hormonais que promovem contrações uterinas, resultando na dilatação do colo uterino e descida da apresentação fetal. Na fase de dilatação, a dor é subjetiva, aguda, visceral e difusa; enquanto na fase de descida fetal, é somática e contínua, podendo ser intensificada pelo estado emocional da parturiente e por fatores ambientais. Uma tarefa importante na assistência ao TP é proporcionar à parturiente o alívio da dor de parto, por meio de métodos não farmacológicos, baseados em evidências científicas. Nesse contexto, este estudo objetivou relatar os resultados encontrados acerca do uso de métodos não farmacológicos de alívio da dor na assistência ao parto no Centro Obstétrico de um hospital público da região Sul do país.

MÉTODOS

Estudo transversal, descritivo, prospectivo, com abordagem quantitativa, realizado no Centro Obstétrico de um hospital geral, público, de Porto Alegre/RS. Foram analisados 385 prontuários, com coleta de dados dos registros das práticas assistenciais realizadas pela equipe multidisciplinar de saúde no TP e parto. Constituíram critérios de inclusão: parto vaginal, de recém-nascido vivo, ≥ semanas e Apgar no 5o minuto de vida ≥ Foram excluídos os partos operatórios. As puérperas foram consultadas no pós-parto quanto ao consentimento de participação no estudo. Realizou-se análise estatística descritiva dos dados. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição (CEP Nº 730.325).

RESULTADOS

Dos 385 prontuários analisados, de agosto a dezembro de 2014, verificou-se que 73,5% das mulheres foram admitidas no hospital em TP; 17,4% com bolsa rota e 11,9% por pós-datismo. Encontraram-se índices elevados de uso de métodos não farmacológicos de alívio da dor. 78,4% das parturientes se utilizaram do banho de aspersão; 71,4% da deambulação; 65,7% da variedade de posições; 46% das massagens

Page 34: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

34

MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA TRAUMA PERINEAL: UMA REVISÃO DA LITERATURA

L. S. Rocha1 ([email protected]); A. V. Sampaio2; A. C. C. Aragão3; D. D. A. Silva4; S. T. Araujo5; M. E. T. L. Sanches6;

1,2,3,6UNICISAL; 4,5,6UFAL

INTRODUÇÃO

As práticas de atenção à saúde mulher durante o parto e nascimento vêm sendo gradativamente analisadas e modificações no atual cenário de assistência obstétrica têm sido sugeridas. Tais mudanças partem de evidências científicas que buscam o uso criterioso e consciente de conhecimentos e práticas exitosas pelos profissionais, com vistas à promoção da segurança e do bem-estar materno e fetal. O trauma perineal se constitui como uma das complicações mais comuns decorrentes do parto vaginal, podendo ocorrer de forma espontânea (por lacerações) ou cirúrgica (episiotomia).

MÉTODOS

Partindo do questionamento: “quais as atuais evidências científicas sobre as medidas que contribuem para a proteção do períneo durante o parto?”, desenvolveu-se a presente revisão integrativa, que tem como objetivo: identificar na literatura científica as atuais evidências sobre medidas de proteção perineal durante o parto. Para isto seguiram-se as etapas: desenvolvimento da questão e dos objetivos da pesquisa, busca de estudos na literatura, seleção da amostra, análise dos estudos incluídos, discussão dos resultados, apresentação dos resultados e sumarização do conhecimento. Os dados foram coletados em março de 2015, nas bases de dados LILACS, SciELO, BDENF, Cochrane e Pubmed. Os descritores (DeCs) foram: “Lacerações”, “Períneo”, “Episiotomia” e “Traumatismos do nascimento”, bem como seus correspondentes em inglês e espanhol. Os critérios de inclusão foram: publicações disponíveis na íntegra (em português, inglês ou espanhol), que abordassem a temática do estudo, independente do ano de publicação.

RESULTADOS

A amostra final consistiu em 24 artigos, que após análise permitiram identificar que quanto menor o número de intervenções profissionais e maior a movimentação materna durante o trabalho de

parto e parto, menores são as chances de ocorrer trauma perineal. As publicações mais atuais sobre a temática apontam que dentre as medidas mais efetivas para prevenção de traumas perineais encontram-se: parto na posição lateral esquerda (1) (2), realização de puxos espontâneos (2) (3), preservação da bolsa das águas (3), parto domiciliar (3) (4), aplicação de compressa morna no períneo (5) (6), conduta expectante (“hand off”) pelos profissionais (6) (5) e massagem perineal no pré-natal (7). Até pouco tempo atrás a episiotomia era indicada rotineiramente como uma intervenção eficaz na prevenção de lacerações de terceiro e quarto graus; entretanto, as publicações mais recentes têm indicado que o uso deste procedimento confere mais riscos e prejuízos ao bem-estar materno, do que benefícios, devendo por isso seu uso ser reduzido gradativamente (2) (7) (8) (9) (10) (11) (12) (13). O uso de vaselina líquida comprovadamente não confere proteção para lacerações perineais durante o trabalho de parto (14). Já os fatores que contribuem para a ocorrência de traumas perineais são: posição litotômica durante o trabalho de parto e parto com ou sem estribos (2) (15) (16), uso de ocitocina (2) (3), puxos dirigidos (2) (3), analgesia epidural (17) (18), parto instrumental (4) (9) (11) (12) (15), nuliparidade (12) (10) ou primiparidade (15), RN com elevado peso ao nascer (9) (19) (12) (15), posição occipito-pube persistente (9), duração elevada do período expulsivo (4) (12), edema de vulva (1), realização de episiotomia em partos anteriores (20).

CONCLUSÃO

As publicações analisadas apontam a redução das intervenções (especialmente as invasivas) pelos profissionais como uma das principais medidas de proteção durante o trabalho de parto e parto.

PALAVRAS-CHAVE

Períneo; Lacerações; Episiotomia.

Page 35: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

35

CONCLUSÃO

Os serviços hospitalares de atenção obstétrica devem contar com ambiência acolhedora, estrutura física e recursos humanos de forma a assegurar a qualidade e a segurança da assistência. Devem respeitar o acesso dos usuários às informações sobre saúde, inclusive sobre os profissionais que lhes prestam cuidados. Contudo, estes pontos se configuram em grande desafio aos gestores e profissionais de saúde. Recomenda-se que os serviços avaliados possam desenvolver mecanismos para permitir a presença de acompanhante de livre escolha da mulher no trabalho de parto, parto e pós-parto imediato e garantir a adoção de alojamento conjunto desde o nascimento até a alta, com condições sanitárias adequadas. Além disso, que possam respeitar a privacidade da parturiente e seu acompanhante com assistência em quartos PPP, com ambiência que permitam a deambulação e movimentação ativa da mulher, desde que não existam impedimentos clínicos, com oferta de métodos não farmacológicos de alívio à dor e de estímulo à evolução fisiológica do trabalho de parto. E que as cesáreas, possam ocorrer em ambientes adequados.

PALAVRAS-CHAVE

Avaliação em Saúde; Estrutura dos Serviços; Assistência ao Parto.

INTRODUÇÃO

De acordo com as resoluções normativas da Agência de Vigilância Sanitária, os serviços de atenção obstétrica devem possuir estrutura física baseada na proposta assistencial, complexidade e grau de risco, com ambientes e instalações necessários à realização do cuidado, com segurança e qualidade. O projeto de arquitetura deve estar atualizado, em conformidade com as atividades desenvolvidas, com ambientes em boas condições de conservação, segurança e conforto. Deste modo, as resoluções sanitárias devem ser aplicadas a todos os serviços de saúde do país objetivando a qualificação, a redução e controle de riscos aos usuários e a diminuição da mortalidade materna e neonatal. Com base no exposto, objetivou-se analisar os serviços de assistência ao parto e nascimento com base nas normativas sanitárias.

MÉTODOS

Estudo transversal, realizado nos serviços de atenção obstétrica do Estado da Paraíba, durante o período de janeiro de 2012 a junho de 2013. Os dados foram coletados das fichas de inspeção sanitária por amostragem de conveniência. Para tanto, realizou-se avaliação da estrutura observando-se os recursos humanos e materiais necessários para a provisão do cuidado, segundo regulamentação da RDC 36/2008 e RDC 50/2002. Realizou-se análise estatística descritiva utilizando-se o programa SPSS versão 20.0.

RESULTADOS

Participaram da amostra 59 instituições de saúde. Destes, 51 (86,44%) não apresentavam estrutura para acompanhante e 20 (33,90) não estavam adequados quanto à estrutura do alojamento conjunto. A maioria apresentava adequação da sala de parto (77,97%) e da sala cirúrgica (71,43%). No entanto, nenhum dos estabelecimentos avaliados possuía quarto PPP (pré-parto, parto e pós-parto imediato). Observou-se ainda que 11,86% não apresentavam escala de profissional completa e que 91,52% dos estabelecimentos não disponibilizavam materiais para alívio não farmacológico da dor.

AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO E NASCIMENTO DO ESTADO DA PARAÍBA

B. H. X. Rodrigues1; F. V. Mamede2; V. R. Holanda3

1Universidade Federal de São Paulo; 2Universidade de São Paulo; 3Universidade Federal de Pernambuco

Page 36: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

36

CONCEPÇÃO DE MULHERES SOBRE O TRABALHO DE PARTO E PARTO ASSISTIDO POR ENFERMEIRAS (OS)

M. L. Sacramento; I. B. Silva; F. O. Trindade; M. S. Almeida; I. M. Nunes; L. S. Silva;

INTRODUÇÃO

O processo de nascimento é um evento natural, compartilhado entre as mulheres e seus familiares, que contou, durante muito tempo, com as parteiras como responsáveis pela atividade de partejar (VELHO; OLIVEIRA;SANTOS, 2010). No século XVI houve a medicalização do parto, passando esse a ser vivido de maneira pública. Progressivamente, percebeu-se a necessidade de promover o mínimo de intervenções durante o trabalho de parto e parto, com prestação de cuidados que trouxessem conforto à mãe e sua criança (OMS, 1996). Nesse contexto, a (o) enfermeira (o) obstetra é um(a) profissional que presta cuidado continuamente e pode estar sempre presente no acompanhamento do trabalho de parto, atuar diretamente na assistência ao parto (VELHO; OLIVEIRA; SANTOS, 2010) . Com isso a pesquisa teve como objeto a concepção de mulheres sobre a assistência da (o) enfermeira (o) durante o trabalho de parto e parto normal em um Centro de Parto Normal (CPN), e como objetivos descrever a concepção das mulheres sobre a assistência prestada pela (o) enfermeira (o) durante o trabalho de parto e parto normal em um CPN em Lauro de Freitas – Bahia..

MÉTODOS

Trata-se de um estudo de caráter exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa, desenvolvido no período de agosto a novembro de 2014, em um CPN na cidade de Lauro de

.serehlum 11 ed oãçapicitrap a moc ,AB-satierFObedecendo aos aspectos éticos, o material empírico foi produzido através de formulário estruturado para coleta de dados secundários e entrevista com roteiro semiestruturado, gravado através do programa NEXTCALL. Mediante a análise de conteúdo, modalidade temática norteada por Bardin (2010) emergiram 4 categorias temáticas.

RESULTADOS

Na categoria “A opção pelo CPN”, evidenciou-se os motivos pelo qual as mulheres desejaram o parto normal, e porque procuraram um CPN; “Apoio recebido”, foi descrito o tipo de apoio recebido pela família, acompanhante e profissionais do

CPN; “Vivenciando as boas práticas”: relatam todas as práticas preconizadas que foram estimuladas, incluindo a atuação da enfermeira obstetra, e por fim, “Anonimato profissional”: mostra o comportamento dúbio na apresentação dos profissionais que prestam cuidados à mulher.

CONCLUSÃO

As mulheres ao experienciarem o parto normal no CPN, se sentem protagonistas do seu parto; afirmam que a presença do (a) acompanhante foi fundamental para apoiá-las diminuindo a sensação de medo e abandono. Concordam que os cuidados prestados pelas enfermeiras obstétricas em um CPN, estavam de acordo com o que é preconizado, considerando-os satisfatórios e eficazes, pois trouxeram conforto e apoio, e lhes transmitiu segurança. Algumas mulheres distinguiam claramente as categorias profissionais que lhes prestaram cuidado, enquanto outras não. Faz-se necessário salientar a importância da apresentação e acolhimento dos(as) profissionais para com a mulher e seu (sua) acompanhante.

PALAVRAS-CHAVE:

Enfermeira obstetra; parto normal.

Page 37: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

37

O USO DA BOLA SUÍÇA NO TRABALHO DE PARTO: UMA REVISÃO DE LITERATURA

A. V. Sampaio1 ([email protected]); A. C. C. Aragão2; L. B. C. Melo3; L. S. Rocha4; S. T. Araújo5; M. E. T. L. Sanches6;

1,2, 3,4Maternidade Escola Santa Mônica - Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas; 3,4Universidade Federal de Alagoas; ABENFO/AL

durante o trabalho de parto, promoção do conforto a parturiente e aceleração da progressão do trabalho de parto. Além disso, este recurso facilita a adoção de postura vertical pela parturiente e é uma das estratégias para livre movimentação da mulher durante o trabalho de parto, contribuindo para sua participação ativa no processo do nascimento. Servindo ainda de suporte para a utilização com outras técnicas, seu uso combinado é capaz de reduzir significantemente o score de dor, diminuindo o estresse e a ansiedade da parturiente, bem como o uso de analgesia. Dentre as contribuições da bola suíça destacam-se ainda: trabalha os músculos do assoalho pélvico, em especial o levantador do ânus e o pubococcígeo, além da fáscia da pelve; permite que a mulher conserve uma boa postura, ajudando a manter os joelhos afastados e relaxando a musculatura adutora, com a possibilidade de realizar diversos movimentos; incentiva a parturiente a movimentar-se e a fazer exercícios perineais; favorece melhorias na circulação sanguínea uterina, tornando as contrações mais eficazes, favorecendo o apagamento e a dilatação do colo uterino, contribuindo para uma melhor evolução do trabalho de parto.

CONCLUSÃO

As publicações analisadas indicam que o uso da bola suíça deve ser estimulado entre as parturientes, por este ser um recurso não farmacológico eficaz para alívio da dor e por promover uma melhor progressão do trabalho de parto.

PALAVRAS-CHAVE

parto humanizado; enfermagem obstétrica; manejo da dor.

INTRODUÇÃO

Observa-se atualmente um crescente interesse em incorporar práticas obstétricas que promovam a autonomia da mulher no seu processo de parturição. A utilização da bola suíça, também conhecida como bola do nascimento ou bola de Bobath, constitui um método não farmacológico para alívio da dor no trabalho de parto, ofertada à mulher como uma das opções que promovem seu empoderamento.

OBJETIVO

Identificar a produção científica sobre o uso da bola suíça durante o trabalho de parto.

MÉTODOS

Partindo de uma revisão integrativa da literatura, buscou-se responder a questão: “qual o conhecimento produzido sobre o uso da bola suíça durante o trabalho de parto?”. Para isto seguiram-se as etapas: desenvolvimento da questão e dos objetivos da pesquisa, busca de estudos na literatura, seleção da amostra, análise dos estudos incluídos, discussão dos resultados, apresentação dos resultados e sumarização do conhecimento. Os dados foram coletados em junho de 2014, nas bases de dados Medline, LILACS, SciELO e BDENF. Os descritores (DeCs) foram: “parto humanizado”, “parto normal”, “trabalho de parto”, “enfermagem obstétrica”, “manejo da dor”, bem como seus termos correspondentes em inglês. Os critérios de inclusão foram: artigos completos e disponíveis na íntegra (em português, inglês ou espanhol) e que abordassem o uso da bola suíça durante o trabalho de parto.

RESULTADOS

A amostra final consistiu de dez publicações (uma tese e nove artigos) que permitiram identificar que, apesar da necessidade de incremento das pesquisas relacionadas ao tema, existe respaldo científico para a utilização da bola suíça durante o trabalho de parto. Observou-se entre as indicações para o uso da bola suíça: alívio da dor

Page 38: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

38

DIFERENÇAS ENTRE O MODELO DE ATENDIMENTO HOSPITALAR E DOMICILIAR NA ÓTICA DE MULHERES QUE VIVIENCIARAM AS DUAS EXPERIÊNCIAS

C.F. O. Sanfelice1; F. S. F. Abbud2; O. S. Pregnolatto3; A.K.K. Shimo4;

1Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher–CAISM; 2,4Grupo de Pesquisa em Saúde da Mulher e do Recém-Nascido; 1,4Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas-

UNICAMP; 2,3Parteira Domiciliar

INTRODUÇÃO

O local de parto tem se apresentado como tema de recentes discussões e objeto de estudo de diversas pesquisas nacionais e internacionais que buscam analisar resultados obstétricos e/ou neonatais, satisfação materna, incidência de intercorrências entre outros fatores comparando-se os diferentes locais de parto. No Brasil, o modelo de atendimento obstétrico predominante é intrahospitalar, já que mais de 98% dos nascimentos ocorrem dentro de uma instituição de saúde. O parto domiciliar, por sua vez, representa uma modalidade não somente consolidada como incentivada e financiada pelo sistema público de saúde de diversos países como a Holanda, Austrália e Nova Zelândia e que vem paulatinamente ganhando adeptos na sociedade brasileira, principalmente nas grandes metrópoles. Para se compreender melhor o fenômeno do parto domiciliar esta pesquisa objetivou identificar as diferenças entre o modelo de atendimento hospitalar e domiciliar na ótica de mulheres que vivenciaram as duas experiências.

MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva e de cunho qualitativo que contou com a participação de cinco mulheres que vivenciaram a experiência de parto nos dois modelos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e audiogravadas, entre fevereiro e março de 2014 na cidade de Campinas-SP e região. As participantes foram selecionadas por meio de indicações de seus nomes, realizada pelas equipes que trabalham na assistência obstétrica da referida região. Utilizou-se o critério de saturação teórica para definição do tamanho amostral. Essa pesquisa é um recorte de um estudo maior intitulado Parto domiciliar: o (re)nascimento de um modelo de atenção ao parto, que segue as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos e foi aprovada no parecer n. 331.743 do Comitê de Ética em Pesquisa. As falas foram transcritas e analisadas segundo o Método de Análise de Conteúdo proposto por Bardin.

RESULTADOS

A análise de conteúdo originou três categorias temáticas: 1) diferenças relacionadas à ambiência; 2) diferenças na forma de condução do atendimento e 3) diferenças no tratamento oferecido às mulheres. O ambiente hospitalar foi descrito como frio, hostil e intimidante; o atendimento caracterizado como inflexível e desrespeitoso (ausência de explicação e de solicitação de consentimento na aplicação dos procedimentos e rotinas vigentes) e o tratamento descrito como impessoal e objetificado. Já no modelo de atendimento domiciliar o ambiente foi descrito como acolhedor e íntimo, o que transmite tranquilidade e segurança; a condução do atendimento mostrou-se personalizada, respeitando-se o ritmo e o tempo de cada mulher, além da flexibilidade para o diálogo e a tomada de decisão; e o tratamento oferecido foi descrito como profundamente respeitoso.

CONCLUSÃO

As informações levantadas nesse estudo demonstram uma insatisfação por parte das mulheres com relação a experiência hospitalar. Espera-se que as reflexões apresentadas representem um elemento propulsor ao questionamento e ao debate da assistência obstétrica praticada na atualidade, de forma que o modelo predominante possa ser repensado e reestruturado visando o oferecimento de um atendimento seguro, respeitoso e prazeroso a todas as mulheres.

PALAVRAS CHAVE

tocologia; parto humanizado; parto domiciliar

Page 39: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

39

EFETIVIDADE DO USO DOS MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS NO ALÍVIO DA DOR DURANTE O TRABALHO DE PARTO

C. S. Santana1; L. R. Braga2; N. P. C. Kerber3; C. C. Costa4; L. R. Borges5; F. G. Sena6;

1Centro Obstétrico do Hospital Universitário Miguel Riet Correa Junior; 1,2,3,4Grupo de Pesquisa Viver Mulher; 2Associação de Caridade Santa Casa do Rio Grande; 3,4Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

INTRODUÇÃO

O trabalho de parto consiste em alterações fisiológicas do corpo da gestante, que juntamente com a mobilidade do feto preparam-se para o nascimento. O parto não é somente o momento em que o bebê sai do útero, mas um processo que se inicia quando as primeiras alterações do corpo materno acontecem. A dor do parto faz parte da própria natureza humana e, ao contrário de outras experiências dolorosas agudas e crônicas, não está associada a patologias, mas sim, com a experiência de gerar uma nova vida.

OBJETIVO

O presente estudo traz como objetivo avaliar a efetividade do uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor no parto.

MÉTODOS

Estudo de abordagem quantitativa caracteriza-se como ensaio clinico experimental do tipo intervenção terapêutica e apresenta-se como uma prévia, pois, teve início no mês de outubro de 2014 e segue em vigência. Neste momento serão utilizados os dados relativos aos meses de outubro e novembro, compondo 14 participantes. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da universidade local, com Parecer 146/2014. As participantes foram primíparas, de risco habitual, em trabalho de parto ativo, em um hospital universitário do sul do Brasil. Foram realizadas intervenções em dois grupos, o primeiro com uso da bola suíça, e o segundo aliando a esta o banho de aspersão, exercícios respiratórios e massagem por acupressão. O terceiro grupo não utilizou nenhuma das técnicas discriminadas. A determinação do grupo de enquadramento foi aleatório, de acordo com a ordem de admissão das parturientes ao Centro Obstétrico. Cinco parturientes compuseram o grupo um, sete foram contempladas no grupo dois e duas fizeram parte do grupo três. Após os procedimentos iniciais e de instalação da parturiente na sala PPP, era solicitado à mulher que qualificasse sua dor, por meio de uma escala analógica e, em seguida,

era realizada a intervenção por no mínimo trinta minutos. Após uma hora era novamente oferecida a escala da dor.

RESULTADOS

As parturientes que utilizaram apenas a bola suíça e as que associaram os outros métodos apresentaram significativa diminuição da percepção dolorosa durante o trabalho de parto. Apesar de em ambos os grupos haver diminuição da dor, podemos ver que o grupo que utilizou a bola associado a outro método apresentou maior diminuição da percepção dolorosa, o que leva a confirmação que o uso de métodos associados é mais eficiente que de forma isolada. Entre as parturientes que não foram objeto de intervenção, todas referiram aumento significativo da percepção dolorosa durante o período do trabalho de parto.

CONCLUSÃO

Apesar da amostra pequena, obtiveram-se resultados favoráveis, o que demonstra a real eficácia dos métodos não farmacológicos de alívio da dor durante o parto. Enfatiza-se que a bola é utilizada com frequência em academias de ginástica, clínicas de fisioterapia, aulas de educação física e maternidades. É importante que sejam desenvolvidas mais pesquisas sobre o assunto, em gestantes e parturientes, sobre a eficácia e o alívio da dor. Entende-se, também, que com o final da investigação, com uma amostra maior, os resultados podem se mostrar diferentes.

PALAVRAS CHAVES

Enfermagem, Saúde da Mulher, Terapias Alternativas

Page 40: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

40

REFLEXÕES SOB A ÓTICA DAS PUÉRPERAS ACERCA DA ASSISTÊNCIA AO TRABALHO DE PARTO E PARTO EM UMA MATERNIDADE REGIONAL DO

ESTADO DE SERGIPE, BRASIL

P. S. N. Santiago1; H. A. Faria2; A. D.Santos3; L. S.Oliveira4; R. S. Silva5; F. L. Martins6;

1,2,5,6AGES/BA; 3Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Sergipe

INTRODUÇÃO

As questões que concernem à assistência ao parto refletem o quadro geral das dificuldades observadas na implementação das políticas públicas do setor saúde do país. As adversidades ainda presentes na atenção à saúde materna oriundas das dificuldades de organização do sistema como, por exemplo, altos índices de mortalidade materna, expressivas taxas de cesárea, baixa qualidade do pré-natal, deficitária disponibilidade de leitos de maternidade, constituem-se em problemas relevantes do ponto de vista da saúde pública no Brasil. A vida e o dom da existência surgem em um momento único e especial, o nascimento. Não se pode falar em vida e existência sem intercalar a presença da mulher como um ser amplo que carrega além da maternidade as influências da sua vida política, cultural, econômica, social e emocional.

OBJETIVO

O estudo pretendeu desenvolver algumas reflexões sob a ótica das puérperas a cerca da assistência ao parto, os desafios e as dificuldades enfrentadas pelas parturientes.

MÉTODOS

Optou-se por um estudo descritivo, com abordagem quanti-qualitativa, utilizando as técnicas da entrevista semi-estruturada a 40 puérperas no pós-parto normal imediato, selecionadas de forma aleatória, e da observação livre, direta e não participante. O estudo foi realizado em uma maternidade regional do município de Lagarto/Se. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Faculdade AGES/BA. Em conformidade com as normas as parturientes foram citadas sob números em algarismos arábicos. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo de Bardin.

RESULTADOS

O estudo possibilitou apreender quatro categorias de análise: a percepção das parturientes acerca da assistência ao parto; a experiência do contato pele a pele no primeiro momento após o parto; acompanhante e a garantia da segurança para as pacientes e a percepção dos mecanismos fisiológicos do parto e dos procedimentos durante o trabalho de parto. Observou-se a existência de fatores sociais influenciando no comportamento das parturientes, a falta de acompanhamento e orientações precoces sobre as etapas fisiológicas do trabalho de parto.

CONCLUSÃO

Percebeu-se a importância da enfermagem no partejamento e apoio às parturientes e que, muitas vezes, as mulheres referem medo não especificamente do parto, mas das condutas e dos procedimentos que são desenvolvidos no pré-parto.

PALAVRAS-CHAVE

Parto; trabalho de parto; assistência

Page 41: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

41

CARACTERIZAÇÃO DA DOR PERINEAL EM MULHERES COM LACERAÇÕES PERINEAIS: UM ESTUDO COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR

L. M. S. Santos; L. M. Santos ([email protected]); S. S. B. S. Santos; E. S. S. Carvalho; A. M. Nascimento; M. S. Hora; N. G. Santos; M. A. L. Paiva; J. V. M. Melo;

Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Desigualdades em Saúde (NUDES)

INTRODUÇÃO

Lacerações espontâneas podem acarretar uma série de morbidades no puerpério imediato, sendo a principal delas a dor na perineorrafia. Este desconforto perineal poderá alterar o cotidiano da puérpera ainda no hospital, a exemplo de suas atividades habituais e atendimento de necessidades fisiológicas. Entretanto, estudos nacionais abordam em sua maioria a avaliação da intensidade da dor local, sendo isso reproduzido na prática clínica pelos trabalhadores da saúde. É necessário avaliar como a dor é caracterizada pela pessoa que a sente, sendo utilizados para isso recursos adequados, pois ela envolve aspectos fisiológicos, socioculturais, sensoriais, cognitivos, afetivos e comportamentais. Por isso, instrumento mais utilizado para se avaliar outras características da dor, além da intensidade é Questionário para Dor McGill-Br.

OBJETIVO

caracterizar à dor decorrente de lacerações perineais em mulheres no pós-parto vaginal em uma maternidade pública do interior da Bahia de acordo com as dimensões subjetiva, motivacional-afetiva, sensorial-discriminativa e mista do Questionário para Dor McGill-Br.

MÉTODOS

Estudo transversal vinculado à pesquisa intitulada “Condições perineais de mulheres no pós-parto vaginal em uma instituição pública do interior da Bahia”, realizada na enfermaria de alojamento conjunto do Hospital Inácia Pinto dos Santos em Feira de Santana na Bahia, com uma amostra de 131 puérperas que apresentaram lacerações perineais e que relataram dor local no período de setembro de 2013 a junho de 2014. Respeitou a Resolução 466/12 e foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual de Feira de Santana através do parecer de número 842.198. Os dados foram tratados no Statistical Package for the Social Sciences, versão 15.0 e descritos através da distribuição de frequências.

RESULTADOS

Com relação à caracterização da dor perineal na dimensão subjetiva 52,2% (48) marcaram o descritor “incômoda” e 42,4 (39) a “leve”. Na dimensão motivacional-afetiva (n=117), 52,1% (61) marcaram a subcategoria desprazer e 18,8% (22) a de cansaço. Na subcategoria desprazer a dor foi caracterizada como “chata” (78,7%; 48) e na subcategoria cansaço, 45,5% (10) como que “cansa” e 36,4% (8) que enfraquece. Na categoria sensorial- discriminativa o maior número de palavras foi registrado nas subcategorias temporal (29,9%; 80), pressão ponto (17,8%; 50), tração (17,8%; 50) e compressão (15,30%; 43). Nesta dimensão, a dor foi caracterizada como “que vai e vem” (44,0%; 37) e “latejante” (46,4%; 39) na subcategoria temporal; “Pica como agulha” (72%; 36) na pressão ponto; “Que puxa” (98%; 49) na tração e “como um beliscão” (67,4%; 29) na compressão. Na dimensão mista, destacaram-se as subcategorias: sensorial (45%; 27), emocional (21,7%; 13) e frio (20%; 12). A dor perineal foi caracterizada como “que cresce diminui” (63%; 17) na sensorial; “Que deixa tensa” (69,2%; 9) na emocional e como “fria” (91,7%; 11).

CONCLUSÃO

Percebe-se que a dor perienal foi caracterizada pelas mulheres como um desconforto puerperal que afeta suas dimensões subjetiva, motivacional-afetiva e sensorial-discriminativa, devendo esta descrição ser considerada no planejamento do cuidado, pois serão dados importantes para a implementação de medidas farmacológicas e não farmacológicas mais adequadas às necessidades de cada puérpera e possa aprimorar a assistência prestada.

PALAVRAS CHAVE

Enfermagem Obstétrica. Lacerações perineais. Dor.

Page 42: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

42

CAPTAÇÃO PRECOCE DE GESTANTES NO PRÉ-NATAL NA CIDADE DE SALVADOR-BA

T. X. Santos; V. A. Santiago; L. G. J. Batista;

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

INTRODUÇÃO

Um dos indicadores estratégicos para a Rede Cegonha, segundo a Portaria SAS/MS nº 650 de 5 de Outubro de 2011, é a proporção de gestantes com captação precoce no pré-natal. Sabe-se que a assistência pré-natal serve como indicador de prognóstico ao nascimento, portanto, quanto mais precocemente uma gestante for inserida nesse serviço, melhor será o seu prognóstico após o parto, bem como o do recém-nascido nos processo de crescimento e desenvolvimento. A Estratégia da Rede Cegonha considera como captação precoce iniciar o pré-natal até a 12ª semana de gestação. O presente trabalho tem como objetivo conhecer como estão os doze Distritos Sanitários (DS) da cidade de Salvador-Ba quanto à proporção de captação precoce de gestantes para o pré-natal.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo de corte transversal, com abordagem quantitativa. Os dados dos doze Distritos soteropolitanos, referentes aos anos de 2010 a 2012, foram coletados na base de dados TABNET – Salvador. Em seguida, foi feita a tabulação da proporção de gestantes que iniciaram o pré-natal até a 12ª semana em cada distrito, nos determinados anos. Posteriormente, os DS foram classificados em quatro grupos, de acordo com a evolução no decorrer dos três anos analisados. O intervalo 2010 a 2012 foi escolhido pela disponibilidade de dados e pelo interesse em avaliar este indicador antes e o depois da implantação da Rede Cegonha.

RESULTADOS

A máxima proporção alcançada foi a do DS de Cajazeiras (48,79%) em 2010, que inclusive, foi o único Distrito Sanitário que se manteve acima de 40% nos três anos, apesar da regressão anual. Já a mínima, foi a do Distrito Sanitário da Liberdade (22,1%) em 2012. A proporção de DS que apresentaram crescimento no quantitativo de gestantes captadas precocemente foi de apenas 16,66%; a mesma proporção dos DS que apresentaram diminuição da captação em

2011, quando comparados a 2010, porém que aumentaram seus percentuais em 2012. Já o contrário, proporção de DS que apresentaram aumento da captação em 2011, quando comparado a 2010, e diminuição em 2012, foi de 25%. Todavia, a maior proporção ficou com os DS que diminuíram progressivamente o número de gestantes captadas nos três anos estudados: 41,66%.

CONCLUSÃO

Nenhum dos doze DS soteropolitanos alcançou 50% de captação de gestantes até a 12ª semana. Apenas 16,66% dos Distritos conseguiram aumentar seus percentuais, porém, a máxima proporção alcançada por um deles foi de apenas 41,46%. Quase metade dos DS apresentou redução do indicador nos anos avaliados. Uma das principais razões que dificulta o início do pré-natal, conforme preconizado, são as barreiras de acesso. Para tanto, faz-se necessária uma melhor estruturação da Rede de Atenção à Saúde da Mulher, a começar pelo nível da atenção básica, a qual deve ser porta de entrada da mulher na Rede, e aonde suas necessidades serão acolhidas, seja por meio do atendimento ou encaminhamento para serviços de maior complexidade.

PALAVRAS-CHAVE

Pré-natal; captação precoce; Rede Cegonha.

Page 43: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

43

AVALIAR O ACESSO E CONTINUIDADE DO CUIDADO NO SERVIÇO DE PRÉ-NATAL NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO,

NA VISÃO DA USUÁRIA.

A. M. Silva ([email protected]); I. E. O. S. Souza ([email protected]); A. I. Sousa([email protected])

EEAN/UFRJ

Avaliar o atendimento dos serviços de saúde sobre a perspectiva do usuário, para repensar as práticas profissionais e a forma de organização dos serviços, tem impacto direto na melhoria e qualidade do serviço. O pré-natal, inclui a prevenção de doenças e agravos, a promoção da saúde e o tratamento dos problemas ocorridos durante o período gestacional. Para o MS, o serviço de pré-natal deve se dar por meio de condutas acolhedoras; fácil acesso e de qualidade. Ao considerar o Acesso/Primeiro Contato e Cuidado Continuado como atributos da Atenção Primaria de Saúde que resultam em atendimento satisfatório e que representam um desafio na implementação e ampliação da Rede Cegonha/Cegonha Carioca.

OBJETIVOS

Caracterizar o perfil reprodutivo da puérpera; Avaliar o Acesso/Primeiro Contato e Cuidado Continuado do serviço pré-natal da Rede de Atenção à Saúde do Município do Rio de Janeiro, na visão da usuária.

MÉTODOS

Um estudo transversal de natureza quantitativa, inserido no campo da avaliação do serviço de saúde. Local do estudo, Centro Municipal de Saúde da Área Programática 1.0 no Município do Rio de Janeiro em julho de 2014. A amostra foi composta de 56 puérperas. Para coleta, utilizou-se formulário, baseado no Primary Care Assessment Tool(PCATool-Brasil) e o Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica(PMAQ-AB). As variáveis do estudo: Características Sociodemográfico e Obstétricas e o Atributo: Acesso/Primeiro Contato e Continuidade do Cuidado. Os dados foram digitados no programa Epi Info e utilizou a frequência absoluta. O projeto foi submetido e Aprovado no Comitês de Ética.

RESULTADOS

Os dados constituem-se de 56 puérperas na faixa etária entre 18 a 22 anos (39,3%). Dessas,

23,2% não completaram o ensino fundamental, 26,8%, são solteiras. Renda familiar entre 3 a 5 SM (49,1%). A maioria são primíparas, 46,4% e 26,8%, já sofreram um ou mais aborto. 65,5%, iniciaram o pré-natal no segundo trimestre e 78,6%, com mais de 6 consultas. Dessas, 82,1% chegaram na sua última consulta de pré-natal com idade gestacional entre 37 a 41 sem. Os dados mostram que 83,9% das puérperas reconhecem Unidade de Saúde(US) como a porta de entrada. Dentre as usuárias do serviço, 82,2%, levam de 10 a 20 min. entre a sua residência e a US. 46,4%, utilizam ônibus como meio de deslocamento e 28,6%, vão andando entre a residência e a US. Verifica-se que, 60,7%, teve acesso a sua primeira consulta de pré-natal agendada na US e sem pegar fila. Das puérperas 100,0% foram encaminhadas para tomar vacina antitetânica. 17,8% ao dentista e 5,3% ao nutricionista. Das puérperas encaminhadas, 92,8% não obtiveram qualquer registro de comparecimento e resultado. Verificou-se que, 91,1%, dos profissionais não procuraram informação sobre o seu encaminhamento. Das 56 puérperas, 45,7%, apresentaram alguma intercorrência. 24,0%, procurou CMS para atendimento e dessas, 50,0%, não foram atendidas. Pode verificar que das 56 puérperas, 50,0%, não tinham nenhuma informação da consulta de pré-natal no cartão. A porta de entrada, está intimamente ligado à questão de superação de barreiras físicas, geográficas e financeiras que dificultam ou inviabilizam a chegada ao serviço de saúde. Os dados analisados, podemos constatar, ausência de barreira geográfica e boa aceitabilidade `do serviço pela usuária. Os dados nos mostram que a relação entre os cuidadores e profissionais, a referência e contra referência não favoreceram o Cuidado Continuado. O Cuidado Continuado na Atenção à Saúde implica na atenção centrada no problema da mulher.

PALAVRAS-CHAVE

Saúde da Mulher, Avaliação de Processo e Resultado, Acesso ao Serviço de Saúde, Cuidado

Page 44: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

44

PRÁTICAS EDUCATIVAS COM PUÉRPERAS EM ALOJAMENTO CONJUNTO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

I. B. Silva; F. O. Trindade; M. S. Almeida;

INTRODUÇÃO

O alojamento conjunto foi criado com o objetivo de garantir a integração mais íntima da mãe com o recém-nascido, contribuindo para: estabelecer um relacionamento afetivo favorável entre mãe-filho, desde o nascimento; educar a mãe e o pai, desenvolvendo habilidades e proporcionando segurança emocional quanto aos cuidados com o bebê; incentivar o aleitamento materno; reduzir a incidência de infecções hospitalares cruzadas; permitir à equipe de saúde melhor integração e observação sobre o comportamento normal do binômio mãe-filho (BRASIL, 1993). O(a) Enfermeiro(a), através de práticas educativas, tem a oportunidade de colocar seu conhecimento a serviço do bem-estar da mulher e do recém-nascido, reconhecendo os momentos críticos em que suas intervenções são necessárias para assegurar a saúde de ambos, contribuindo para minimizar a dor ao ficar ao lado. Com isso o presente trabalho tem o objetivo de relatar a experiência vivida nas atividades realizadas com grupo de puérperas em Alojamento Conjunto.

MÉTODOS

Essa atividade foi realizada por estudantes de Enfermagem integrantes de um projeto de extensão em uma Maternidade. Participaram dessa atividade no total, 40 mulheres que estavam internadas no Alojamento Conjunto da Maternidade, assim como seus parceiros e familiares presentes no momento. Os sujeitos da pesquisa são resguardados, mantendo-se o sigilo de identificação. Durante os encontros foram abordados temas como amamentação e sua importância, cuidado com as mamas, alimentação materna, higiene do recém-nascido, troca de fraldas, cuidados com o coto umbilical, bem como orientações sobre as principais dúvidas das mesmas, que surgiam durante as conversas. A atividade se desenvolveu no formato de roda de conversa, em torno de trinta minutos com grupos de no máximo oito puérperas, sendo orientados passos para o cuidado das mesmas e dos recém-nascidos. Durante o diálogo, respeitamos os valores, opiniões, tradições, culturas e crenças das participantes, considerando suas especificidades.

RESULTADOS

As conversas foram muito enriquecedoras e importantes para compreender melhor a fase do puerpério. Um dos temas que foi considerado mais importante, devido a grande quantidade de dúvidas por conta das participantes, foi a amamentação exclusiva até os 6 meses, sem oferecer água, suco, chá, mingau, ou qualquer outro tipo de alimento. Muitas informaram receber incentivo de amigas, vizinhas, familiares para oferecer esses alimentos aos bebês. A avaliação da atividade deixou clara a necessidade de investir em educação para a saúde, pois ainda observa-se muita carência de informação.

CONCLUSÃO

As atividades de educação em saúde desenvolvidas na Maternidade foram muito importantes para poder compreender que o Alojamento Conjunto constitui-se em um centro natural de educação e não um local de acomodação de pessoas, pois tem um alto conteúdo educativo que precisa ser considerado prioritário. Além disso, essa experiência promove um grande impacto na vida pessoal e profissional dos participantes, pois promove um espaço de discussão, troca de saberes e práticas e construção do conhecimento. A atividade também possibilita uma aprendizagem mútua, o que trás grandes benefícios para as mulheres, através das informações fornecidas pelas participantes.

Page 45: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

45

CARACTERIZAÇÃO DE MULHERES ATENDIDAS EM UM CENTRO DE PARTO NORMAL

M. F. Silva1; L. G. J. Batista2; E. R. Nascimento3; I. M. Nunes4; A. N. S. Santos5; N. S. Jesus6; A. L. S. Silva7;

1,2,3,4,6,7Universidade Federal da Bahia (UFBA); 5Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB;

CONCLUSÃO

O estudo aponta para um perfil diferenciado de mulheres quando comparado às demais usuárias do SUS, caracterizado por escolaridade um pouco mais elevada e vínculo empregatício, mas assemelha-se no perfil da cor, predominantemente negra. A proximidade entre a residência e a unidade de saúde sinaliza a necessidade da descentralização e ampliação desse tipo de serviço a toda população.

PALAVRAS-CHAVE

Parto Normal; Características da População; Saúde da Mulher.

INTRODUÇÃO

No Brasil atualmente há uma forte tendência para a escolha pelo parto cesáreo, seguindo o modelo tecnicista dominante de atenção à saúde, entretanto, a necessidade de reformulação no modelo obstétrico presente, voltado para medicalização do parto, fez surgir medidas visando retornar a valorização ao parto normal, com isso, foram criados os Centros de Parto Normal. Os benefícios do parto normal têm sido evidenciados em vários estudos e ressaltados em relatos de experiências de mulheres. A opção pelo parto normal depende de uma série de fatores, dentre eles, destaca-se o estilo de vida, visão de mundo, as condições socioeconômicas e obstétricas. É importante estudar o perfil dessas mulheres, tendo em vista que as desigualdades em saúde também são evidenciadas no período parturitivo. Desse modo, este estudo tem como objetivo descrever o perfil das mulheres atendidas em um centro de parto normal segundo dados sociodemográficos e clínico-obstétricos.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, transversal retrospectivo, com abordagem quantitativa, utilizando como fonte de dados secundários os prontuários de mulheres que pariram na instituição nos dois primeiros anos de funcionamento. Os dados foram processados através do programa estatísticos Microsoft Oficce Excel. A análise foi descritiva, por meio de frequência simples.

RESULTADOS

Evidencia-se predominância de mulheres com idades entre 20 e 29 anos, cor negra, solteiras, residentes em Salvador, com ensino médio completo e vínculo empregatício. Em relação aos aspectos clínico-obstétricos, o predomínio de mulheres que utilizaram o CPN foi de nulíparas ou com experiência anterior de parto normal e de residentes próximas ao local do estudo.

Page 46: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

46

INTRODUÇÃO

Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar, atualmente, o índice de cesarianas no Brasil chega a 84% na saúde suplementar. Enquanto a Organização Mundial da Saúde afirma que apenas 15% das mulheres necessitariam de cesariana, o Brasil aparece como líder mundial em nascimentos feitos por esse método, com média de 53,7%. Baseado na realidade obstétrica do Brasil, e com objetivo de melhorar a assistência materno-infantil, a Unimed Jaboticabal e o Hospital e Maternidade Santa Isabel (HMSI) criaram o Projeto Melhor Parto (PMP), onde se propôs redesenhar seu modelo assistencial para fins de diminuir a incidência de bebês encaminhados à UTI Neonatal, além de aumentar a frequência de partos vaginais e, ao mesmo tempo, melhorar a experiência do cuidado e os resultados de saúde do binômio mãe-bebê na saúde suplementar.

MÉTODOS

O PMP consistiu em se introduzir um pacote de mudanças na assistência materno-infantil, utilizando-se metodologia proposta pelo Institute for Healthcare Improvement (I.H.I.); este pacote incluiu a contratação de equipe multidisciplinar (Obstetras, Neonatologistas e Enfermeiros Obstetras) 24 horas por dia. Além disso, decidiu-se que as cesarianas não seriam mais agendadas, e que o dia e o horário do nascimento seriam determinados pelo processo fisiológico do parto, evitando-se um custo assistencial elevado por prematuridade iatrogênica e promovendo mães e bebês mais saudáveis através do nascimento humanizado. Neste ínterim, foram feitos investimentos para a humanização do parto, com aquisições de bolas e espaldar, banquetas e sonar digital à prova d´água para permitir o parto dentro da banheira ou no chuveiro e, assim, não retirar a mulher do seu conforto; um acompanhante pôde permanecer ao lado da gestante no pré e no pós-parto. O cartão pré-natal da gestante também foi unificado. Durante o pré-natal, as gestantes tiveram a liberdade de conhecer a maternidade, conversar com mães que tiveram seus bebês e conhecer toda a equipe que poderia estar ao seu lado durante o trabalho de parto e nascimento.

RESULTADOS

Em nossa unidade, o PMP levou à redução de 25% na mortalidade de recém-nascidos quando comparado a 2012, não havendo registro de morte materna neste período; além disso, reduziu a incidência de encaminhamentos do recém-nascido para a UTI Neonatal (queda de 60%) devido a partos prematuros ou iatrogenias, e aumentou a frequência de partos vaginais de 3% para 45%. Do ponto de vista qualitativo, pais e familiares participaram mais ativamente dos nascimentos e ficaram mais próximos à gestante durante todo o processo de parto; mães e filhos estreitaram o contato e puderam ficar juntos desde o nascimento.

CONCLUSÃO

O PMP modificou a assistência oferecida à parturiente através de um modelo que incluiu a união de uma equipe multiprofissional para atender a mulher o mais integralmente possível, e definiu uma unificação das equipes médica e de enfermagem do HMSI e da Unimed, as quais reestruturaram os protocolos para atenção à parturiente. Essa experiência não apenas proporcionou nascimentos com mais respeito e dignidade, mas também trouxe grande impacto no aumento dos partos vaginais. Com isso, houve significativa redução na proporção de recém-nascidos encaminhados à UTI Neonatal.

PALAVRAS-CHAVE

Cesariana; Humanização Do Parto; Assistência Ao Parto.

PROJETO MELHOR PARTO DA UNIMED JABOTICABAL: UM NOVO PARADIGMA NA ASSISTÊNCIA AO BINÔMIO MATERNO-INFANTIL NA SAÚDE SUPLEMENTAR

U. J. Silva; J. Valerio Jr; P. Borem;

1,2Hospital e Maternidade Santa Isabel; 3Projeto do Centro de Qualidade e Inovação em Saúde da UNIMED

Page 47: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

47

CONHECIMENTO DE GESTANTES PARTICIPANTES DE RODAS DE CONVERSAS REALIZADAS COMO ATIVIDADE EDUCATIVA NO PRÉ-NATAL SOBRE O PLANO

DE PARTO

U. L. Silva ([email protected]); S. Gomes ([email protected]); D. C. C. Oliveira ([email protected]);K. V. Souza ([email protected]); E.Lima ([email protected]);

Universidade Federal de Minas Gerais

INTRODUÇÃO

Este estudo, trata-se de um recorte de pesquisa vinculado à extensão intitulado “construindo estratégias para o fortalecimento e resgate da autonomia das mulheres no processo de parto e nascimento”. Tem como pressuposto que o papel de protagonista das mulheres no processo de parto e nascimento implica no fortalecimento e/ou adoção de novas lógicas na assistência à saúde. No que se refere a assistência pré-natal, a preparação física e psicoemocional para o parto é de fundamental importância. Entre as estratégias para fortalecer da sua autonomia está a elaboração pela mulher de um plano de parto, que deve ser respeitado pelos profissionais que a assistem.

OBJETIVO

Verificar o conhecimento de gestantes participantes de rodas de conversas sobre plano de parto.

MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem quantitativa. Participaram 95 gestantes, convidadas para rodas de conversas sobre plano de parto, realizadas em unidades básicas de saúde dos distritos Norte e Venda Nova, do munícipio de Belo Horizonte/Minas Gerais, Brasil. As rodas de conversas, com duração de cerca de duas horas, foram conduzidas pelas pesquisadoras e colaboradoras do estudo, e realizadas no período de março a junho de 2014. Para coleta de dados utilizou-se um instrumento estruturado; a primeira parte, visando identificar o perfil socioeconômico das participantes e a segunda parte, buscando identificar concepções e expectativas sobre o parto e sobre a elaboração do seu respectivo plano de parto. Para análise de dados utilizou-se estatística descritiva. O estudo, vinculado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde da Mulher e Gênero (NUPESMeG) / Escola e Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EE-UFMG), atendeu as diretrizes

e normas regulamentadoras estabelecidas na resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS

Houve predominância de gestantes no terceiro trimestre de gravidez, 49%; com idade entre 20 e 24 anos, 30%; com o ensino médio completo, 41,05%; relataram ter companheiro fixo, 90,42%; sendo que moravam na mesma casa que o companheiro, 75,53%. Apresentavam ocupação remunerada, 54,25%. Quanto a renda familiar, 36,17%, afirmaram ter renda de 1 a 2 salários mínimos e o companheiro, a maior renda da família, 57,44%. Cor da pele: parda, 53,19%. Embora todas estivessem realizando pré-natal e na caderneta de pré-natal da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SEMSA-BH) constar um plano de parto, 71,27% não receberam informações sobre plano de parto.

CONCLUSÃO

A maioria das entrevistadas encontrava-se no terceiro trimestre de gestação e ainda desconhecia o plano de parto. Profissionais de saúde da atenção básica que atendem gestantes precisam proporcionar espaços para a discussão e construção do plano de parto, pois além de facilitar a comunicação entre profissionais e gestantes, essa ferramenta contribui para o fortalecimento da sua autonomia e tomada de decisão em relação ao processo de parto e nascimento.

PALAVRAS-CHAVE

Cuidado Pré-natal. Educação em saúde. Autonomia pessoal. Parto obstétrico. Serviços de saúde. Enfermagem Obstétrica.

Page 48: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

48

INTRODUÇÃO

A Rede Cegonha (RC) é uma estratégia do Ministério da Saúde (MS) para promoção de um novo modelo de atenção ao parto e nascimento, que preconiza o estímulo à implementação de equipes horizontais do cuidado. A Resolução COFEN 223/1999 assegura que a assistência ao parto é uma das competências das enfermeiras obstétricas (EO) e a Portaria MS/GM 2.815 inclui na tabela do Sistema de Informações Hospitalares do SUS o “parto normal sem distócia realizado por enfermeira obstetra”. Estas publicações regulamentam a assistência prestada por essa categoria profissional, no contexto de humanização do parto, conforme preconiza a RC. Nesse sentido, este estudo objetivou reconhecer as práticas assistenciais da EO no Centro Obstétrico de um hospital geral, público, referência no atendimento a gestantes com alto risco obstétrico em Porto Alegre/RS.

MÉTODOS

A pesquisa consistiu em análise dos registros em prontuário das práticas assistenciais realizadas pela EO durante o trabalho de parto e parto de 385 parturientes. Constituíram-se critérios de inclusão o parto vaginal, de recém-nascidos vivos, ≥ semanas e Apgar no 5o minuto de vida ≥As puérperas foram consultadas no período pós-parto quanto ao consentimento de participação na pesquisa. Realizou-se análise estatística descritiva dos dados. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição (CEP Nº

RESULTADOS

Os dados institucionais do hospital estudado apontam que em foram assistidos 2658 partos, dos quais (14,14%) foram conduzidos por enfermeiros obstetras. Durante o período de coleta de dados deste estudo, entre agosto e dezembro de dos partos foram assistidos por EO. Encontrou-se elevada porcentagem de práticas humanizadas, como oferecimento de líquidos por via oral presença de acompanhante métodos não farmacológicos de alívio da dor (deambulação

banho massagens terapêuticas

variedade de posição 69,1%, bola obstétrica utilização de partograma contato

pele a pele e clampeamento tardio do cordão umbilical (55,9%). Evidencia-se que 52,9% das parturientes adotou no período expulsivo a posição semi-sentada, não recebeu ocitócitos (61,8%) bem como analgesia e não foi submetida à

CONCLUSÃO

Embora o modelo predominante de assistência obstétrica no Brasil seja focado no médico obstetra, o MS aposta na contribuição da EO para redução das intervenções, no incentivo ao parto vaginal e consequente diminuição da taxa de cesáreas, que caracterizam a assistência obstétrica no país. A EO, em sua atuação profissional, desenvolve habilidades e competências, segurança técnica e percepção das múltiplas e complexas dimensões do processo de parir. Além disso, na assistência às parturientes com alto risco obstétrico, como no hospital em estudo, a EO pode propiciar o equilíbrio entre as intervenções necessárias e o processo fisiológico do parto. Nesse contexto, observou-se que a inserção dos EO contribui para a assistência centrada nas necessidades da mulher, com redução das práticas intervencionistas e participação ativa da parturiente no trabalho de parto.

PALAVRAS-CHAVE

Enfermagem obstétrica. Humanização do Parto. Parto normal.

ATUAÇÃO DA ENFERMEIRA OBSTÉTRICA NA ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL: EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL PÚBLICO DE PORTO ALEGRE/RS

J. B. Soares; S. K. Ritter;

Page 49: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

49

BOAS PRÁTICAS NA ATENÇÃO AO PARTO E NASCIMENTO:CLAMPEAMENTO TARDIO DO CORDÃO UMBILICAL E CONTATO PELE A PELE

J. B. Soares; S. K. Ritter; D. Dornfeld;

clínicas e RN de mãe HIV+ com restrição de CPP por rotina de admissão (banho no período imediato ao nascimento e recebimento de profilaxia antirretroviral). O clampeamento tardio do cordão umbilical foi realizado em 94,3% dos nascimentos, sendo 74,8% com um minuto de pulsação e 19,5% com mais de um minuto. O clampeamento imediato ocorreu em 4,4% dos nascimentos, e em 1,3% este dado não foi registrado em prontuário. Entre as justificativas para o clampeamento imediato do cordão umbilical na amostra estudada estão: RN com cianose, RN de mãe HIV+, mãe Rh negativo e presença de mecônio.

CONCLUSÃO

Foram encontradas frequências elevadas de CPP e clampeamento tardio do cordão umbilical, as quais demonstram a adesão da Instituição às boas práticas de atenção ao parto e nascimento, em prol de todos os benefícios para o binômio descritos na literatura e evidenciados na prática assistencial.

PALAVRAS-CHAVE

Clampeamento tardio do cordão umbilical. Contato pele a pele. Humanização do Parto.

INTRODUÇÃO

O Ministério da Saúde (MS) normatiza diretrizes para atenção integral e humanizada ao recém-nascido (RN) no SUS através da Portaria nº 371/2014. Preconiza que ao RN a termo com ritmo respiratório e tônus normais e sem líquido meconial, deve-se assegurar o contato pele a pele imediato (CPP) e contínuo, colocando o RN sobre o abdome ou tórax da mãe, e realizar o clampeamento do cordão umbilical após cessadas suas pulsações (aproximadamente entre 1 a 3 minutos). O clampeamento tardio propicia maior transferência de sangue da placenta para o bebê, fornecendo maior quantidade de ferro e reduzindo a frequência de anemia no primeiro ano de vida. O clampeamento precoce do cordão umbilical é indicado na sensibilização Rh, no parto prematuro, no sofrimento fetal com depressão neonatal grave, no parto gemelar e no parto de mãe portadora de HIV+. Este estudo objetivou estabelecer a frequência de realização do contato pele a pele e do clampeamento tardio do cordão umbilical, em um hospital de referência para atendimento a gestantes de alto risco obstétrico em Porto Alegre/RS.

MÉTODOS

Foram analisados 385 prontuários, com ênfase nos registros de contato pele a pele e tempo de clampeamento do cordão umbilical. Constituíram critérios de inclusão: parto vaginal, recém-nascido vivo, ≥ semanas e Apgar no 5o minuto de vida ≥7; e de exclusão os partos operatórios e os recém-nascidos pré-termo (<37 semanas). As puérperas foram consultadas no período pós-parto quanto ao consentimento de participação. Realizou-se análise descritiva dos dados. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição (CEP Nº 730.325).

RESULTADOS

O CPP ocorreu em 90,2% dos nascimentos, sendo 64,2% com duração de uma hora; 21,3% com mais de uma hora e 4,7% por menos de uma hora. Em 6,5% a duração do CPP não constava registrada em prontuário. Entre os motivos para não realizar CPP ou CPP por menos de uma hora, encontrou-se: mãe e/ou RN sem condições

Page 50: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

50

PRÁTICAS HUMANIZADAS REALIZADAS POR UMA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE SAÚDE DURANTE O PARTO E O NASCIMENTO NO CENTRO OBSTÉTRICO

DE UM HOSPITAL GERAL PÚBLICO EM PORTO ALEGRE/RS

J. B. Soares; S. K. Ritter; D. Dornfeld;

INTRODUÇÃO

A Rede Cegonha visa a promoção de um modelo de atenção ao parto e nascimento cujas práticas sejam baseadas em evidências científicas, conforme preconiza documento da Organização Mundial da Saúde (OMS), intitulado “Boas práticas de atenção ao parto e ao nascimento”. A adoção de práticas humanizadas e seguras implica a organização das rotinas, dos procedimentos e da estrutura física, bem como a incorporação de condutas acolhedoras e não intervencionistas. Nesse sentido, este estudo objetivou estabelecer a frequência com que as práticas categorizadas pela OMS são realizadas durante o trabalho de parto e parto no Centro Obstétrico de um hospital geral, público, referência no atendimento a gestantes com alto risco obstétrico em Porto Alegre/RS.

MÉTODOS

A pesquisa consistiu em análise dos registros das práticas assistenciais realizadas pela equipe multidisciplinar de saúde durante o trabalho de parto e parto em 385 prontuários, baseando-se nas categorias de Boas Práticas da OMS e nas recomendações da Rede Cegonha. Considerou-se critérios de inclusão o parto vaginal, de recém-nascidos vivos, a termo ≥ semanas) e Apgar no 5o minuto de vida ≥ Constituíram critérios de exclusão os partos operatórios e os recém-nascidos pré-termo semanas). As puérperas foram consultadas durante o período pós-parto quanto ao consentimento de utilização das informações dos prontuários e assinaram o TCLE. Realizou-se análise estatística descritiva dos dados. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição (CEP Nº

RESULTADOS

Encontraram-se índices elevados de práticas assistenciais da categoria A, como oferecimento de líquidos presença de acompanhante

métodos não farmacológicos de alivio da dor (como banho e deambulação utilização de partograma e contato pele a pele Em contrapartida, algumas práticas não recomendadas (categoria B) ainda

encontram-se presentes, como supositório tonsura infusão endovenosa uso de ocitócitos e posição

litotômica Em relação à categoria C, encontrou-se porcentagem alta de clampeamento tardio do cordão umbilical e utilização de métodos não farmacológicos de alívio da dor, como aromaterapia rebozo e escalda-pés A realização de toque vaginal (categoria D) ocorreu em dos partos, com média de toques realizados por enfermeiros obstetras de por parto e por médicos por parto. No período de coleta de dados, dos partos da amostra foram assistidos por enfermeiros obstetras.

CONCLUSÃO

Evidencia-se na instituição um processo de transição do modelo de atenção ao parto e nascimento, marcado pela ambiência, com práticas sendo incorporadas e outras não recomendadas ainda em uso, seja por falta de atualização dos profissionais ou por persistência na manutenção da cultura intervencionista. Nesse contexto, observou-se que a inserção dos enfermeiros obstetras contribui para a assistência centrada nas necessidades da mulher, com redução das práticas intervencionistas e participação ativa da parturiente no trabalho de parto.

PALAVRAS-CHAVE

Parto Humanizado. Nascimento. Rede Cegonha.

Page 51: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

51

Universidade Estadual de Feira de Santana sob o número parecer de número 842.198. 842.198. As puérperas foram convidadas para participar do estudo, mediante leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livro e Esclarecido (TCLE).

RESULTADOS

Dentre as mulheres que sofreram episiotomia, 77,5% (190) referiram dor no puerpério imediato, sendo que 46,8% (89) relataram dor moderada, 31,1% (59) dor insuportável e 22,1% (42) dor leve. O nível de dor foi de 4,2 (±3,1) pontos, de acordo com a Escala Numérica. As mulheres com episiotomia/episiorrafia que relataram dor perineal no puerpério imediato tiveram mais dificuldades

;34,1-61,1 :CI ;3,1 PR ;%3,69( ratnemama arapp-valor 0,012), deambular (94,8%; RP 1,0; IC: 1,43-2,01; p-valor 0,000), dormir (94,4%; RP 1,4; IC: 1,20-1,51; p-valor 0,000), vestir (93,8%; RP 1,3; IC: 1,14-1,43; p-valor 0,002), urinar (93,1%; RP 1,3; IC: 1,18-1,48; p-valor 0,000), sentar (91,7%; RP 2,6; IC: 1,84-3,55; p-valor 0,000), realizar higiene íntima (97,2%; RP 1,4; IC: 1,27-1,57; p-valor 0,000) e evacuar (91,3%; RP 1,2; IC: 1,04-1,40; p-valor 0,089), sendo estas associações estaticamente significantes. Não foram observadas associações estatísticas com alimentar-se (RP 1,0; IC: 0,65-1,46; p-valor 0,883).

CONCLUSÃO

Foi possível verificar que mulheres que sofrem episiotomia apresentam no pós-parto dificuldades para exercer atividades rotineiras, por isso a necessidade do estabelecimento de uma política que diminua as intervenções no parto, com adoção de práticas que reduzam a prevalência deste procedimento. É necessário o investimento em capacitações dos trabalhadores da saúde quanto à avaliação sistemática da dor perineal no pós-parto imediato, primando pela utilização de medidas farmacológicas e não farmacológicas que possam amenizar este desconforto.

PALAVRAS CHAVE

Enfermagem Obstétrica; Episiotomia; Dor;

ATIVIDADES HABITUAIS E NECESSIDADES FISIOLÓGICAS SÃO MODIFICADAS PELA DOR PERINEAL E EM PUÉRPERAS COM EPISIOTOMIA/EPISIORRAFIA?

J. B. C. Teixeira1; L. M. Santos2 ([email protected]); S. S. B. S. Santos3; E. R. X. Ferreira4; D. C. S. Silva4; L. M. S. Santos5; L. B. F. Paiva5; M. F. Araújo5; R. C. C. V. Gramacho6;

1,4,5Universidade Estadual de Feira de Santana; 1,,2,3,4,5Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Desigualdades em Saúde (NUDES); 2,6Associação Brasileira de Obstetrizes, Enfermeiras Obstetras e Neonatais; 6Centro Universitário Jorge Amado

INTRODUÇÃO

A episiotomia é um procedimento cirúrgico usado para aumentar a abertura vaginal. É considerada como prática claramente prejudicial ou ineficaz e que deve ser evitada na prática clínica. Nos últimos anos, duvida-se sobre as vantagens da episiotomia e autores defendem a sua utilização apenas quando houver indicação absoluta, como: períneo curto e pouco resistente, primiparidade, grau de inclinação pélvica e volume e grau de flexão de cabeça. A dor perineal decorrente da episiotomia/epiorrafia pode impactar a vida diária da puérpera, limitando ou mesmo dificultando a realização de atividades básicas e necessidades fisiológicas em seu dia-a-dia.

OBJETIVO

verificar a associação entre presença da dor decorrente da episiotomia/episiorrafia e modificações em atividades habituais e necessidades fisiológicas de mulheres nas primeiras horas do pós-parto vaginal em uma maternidade pública da Bahia.

MÉTODOS

Estudo transversal, vinculado à pesquisa intitulada “Condições perineais de mulheres no pós-parto vaginal em uma instituição pública do interior da realizada na enfermaria do alojamento conjunto do Hospital Inácia Pinto dos Santos em Feira de Santana na Bahia, com uma amostra de composta por 245 puérperas que tiveram parto vaginal com episiotomia no período de setembro de 2013 a junho de 2014 e que relataram dor perienal. A pesquisa foi realizada através de entrevistas estruturadas, mediada por um formulário e analisados através do Statistical Package for the Social Sciences versão 15.0 e do OpenEpi, versão 2.3. Empregou-se o Qui-quadrado de Pearson e nível de significância (p<0,05). Foram calculadas as razões de prevalência e seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Este estudo respeitou a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Page 52: SIAPARTO II · COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR 41 ... Parto; Near-miss materno; Necessidades de saúde. O PARTO QUE EU SONHEI E O PARTO QUE EU VIVI: EXPERIÊNCIAS DE

52

CARACTERIZAÇÃO DA DOR PERINEAL EM MULHERES COM EPISIOTOMIA: UM ESTUDO COM O QUESTIONÁRIO MCGILL-BR

J. B. C. Teixeira; L. M. Santos ([email protected]); S. S. B. S. Santos; E. S. S. Carvalho; E. R. X. Ferreira; D. C. S. Silva; L. B. F. Paiva; M. F. Araújo; A. M. Nascimento;

Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Desigualdades em Saúde (NUDES)

INTRODUÇÃO

A institucionalização do parto no século passado trouxe um grande número de procedimentos de rotina, que resultaram na medicalização dos processos parturitivo e do nascimento. Apesar de a hospitalização reduzir a mortalidade materna e neonatal, houve o crescimento exagerado de práticas invasivas e desnecessárias utilizadas rotineiramente, entre as quais, encontra-se a episiotomia. A episiotomia pode gerar complicações como dor, edema, infecção, dispaurenia, incontinência urinária, lacerações, além de afetar negativamente a imagem corporal feminina. A dor perineal decorrente da episiotomia/epiorrafia pode impactar a vida diária da puérpera, limitando ou mesmo dificultando a realização de atividades básicas e necessidades fisiológicas em seu dia-a-dia. Existem alguns instrumentos que são utilizados para mensuração e caracterização da dor, a exemplo da Escala Numérica de Dor e do Questionário de McGill- Br.

OBJETIVO

caracterizar a dor perineal no puerpério imediato em mulheres submetidas ao parto vaginal com episiotomia em uma maternidade pública da Bahia, nas dimensões sensorial-discriminativa, motivacional-afetiva e cognitiva-avaliativa conforme indicadores do Questionário da dor de McGill-Br.

MÉTODOS

Estudo transversal vinculado à pesquisa intitulada “Condições perineais de mulheres no pós-parto vaginal em uma instituição pública do interior da Bahia”, realizada na enfermaria de alojamento conjunto do Hospital Inácia Pinto dos Santos (HIPS) em Feira de Santana-Bahia, com uma amostra de 245 puérperas de parto vaginal com episiotomia que relataram dor perienal no período de setembro de 2013 a junho de 2014. Respeitou a Resolução 466/12 e foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual de Feira de Santana através do parecer de número 842.198. Os dados foram tratados no Statistical

Package for the Social Sciences, versão 15.0 e descritos através da distribuição de frequências.

RESULTADOS

Na dimensão sensorial, a subcategoria mais marcada foi a temporal (66,3%), seguida das subcategorias geral (59,5%), pressão-ponto (47,4%), tração (45,8%), vivacidade (39,0%) e compressão (37,9%). Os descritores mais frequentes foram: que repuxa (43,6%; n=83) da subcategoria tração; que pica como uma agulhada (32,1%; n=61) da subcategoria pressão-ponto; que vai e vem (28,4:%; n=54) e latejante (27,4%; n=52) da subcategoria temporal; como um beliscão (24,7% n=47) da subcategoria compressão; ardida (21,6%; n=41) da subcategoria vivacidade; sensível e dolorida (21,6%; n=41) cada, da categoria geral. Na categoria afetiva, a subcategoria mais expressiva foi a desprazer (56,8%), cujo descritor que mais selecionado foi o que caracteriza a dor como chata (40,5%; n=77). Em relação à categoria avaliativa, as mulheres do estudo escolheram o descritor da dor incômoda (38,4%; n=73) e leve (28,4%; n=54) para caracterizar a dor perineal no pós-parto. Na categoria mista, os descritores que tiveram maior frequência foram: que cresce e diminui (12,6%; n=24) da subcategoria sensorial, que deixa tensa (11,1 %; n=21) da subcategoria emocional e fria (9,5%; n=18) da subcategoria frio.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a dor conseqüente da episiotomia/episiorrafia afeta a puérpera em suas dimensões subjetiva, motivacional-afetiva e sensorial-discriminativa. Percebe-se a necessidade do estabelecimento de uma política institucional de proteção do períneo da mulher durante o trabalho de parto como forma de evitar a episiotomia e a dor resultante de sua sutura no puerpério imediato.

PALAVRAS CHAVE

Enfermagem Obstétrica. Episiotomia. Dor.