3
Hão de chorar por ela os cinamomos, Hão de chorar por ela os cinamomos, Murchando as flores ao tombar do dia. Dos laranjais hão de cair os pomos, Lembrando-se daquela que os colhia.  As estrelas dirão - "Ai! nada somos, ois ela se morreu silente e f ria... " pondo os olhos nela como pomos, Hão de chorar a irmã que lhes sorria.  A lu a, que lhe foi mãe carinhosa, ue a #iu nascer e amar, h$ de en#ol#%-la ntre l&rios e p'talas de rosa. (s meus sonhos de amor serão defuntos... os arcanjos dirão no a)ul ao #%-la, ensando em mim* - "or que não #ieram  juntos+"  A atedral ntre brumas ao lone sure a aurora, ( hialino or#alho aos poucos se e#apora,  Aoni)a o arrebol.  A catedral ebrnea do meu sonho  Aparece na pa) do c'u risonho /oda branca de sol. o sino canta em lubres responsos* "obre Alphonsus! obre Alphonsus!" ( astro lorioso seue a eterna estrada. 0ma $urea seta lhe cintila em cada 1efulente raio de lu).  A catedral ebrnea do meu sonho, (nde os meus olhos tão cansados ponho, 1ecebe a b%n2ão de 3esus. o sino clama em lubres responsos* "obre Alphonsus! obre Alphonsus!" or entre l&rios e lilases desce  A tarde esqui#a* amarurada prece 4e-se a lu) a re)ar.  A catedral ebrnea do meu sonho  Aparece na pa) do c'u tristonho /oda branca de luar. o sino chora em lubres responsos* "obre Alphonsus! obre Alphonsus!" ( c'u ' todo tre#as* o #ento ui#a. Do rel5mpao a cabeleira rui#a 6em a2oitar o rosto meu.  A catedral ebrnea do meu sonho  Afunda-se no caos do c'u medonho omo um astro que j$ morreu. o sino chora em lubres responsos* "obre Alphonsus! obre Alphonsus!" MÚSICA DA MORTE   A msica da Morte, a nebulosa, estranha, imensa msica sombria, passa a tremer pela minh7alma e fria ela, fica a tremer, mara#ilhosa ... (nda ner#osa e atro), onda ner#osa, letes sinistro e tor#o da aonia, recresce a lancinante sinfonia sobe, numa #olpia dolorosa ... 8obe, recresce, tumultuando e amara, tremenda, absurda, imponderada e lara, de pa#ores e tre#as alucina ... alucinando e em tre#as delirando, como um 9pio letal, #ertiinando, os meus ner#os, let$rica, fascina ...  Ah! / oda a Alma num c$rcere anda presa, solu2ando nas tre#as, entre as rades do calabou2o olhando imensidades, mares, estrelas, tardes, nature)a. /udo se #este de uma iual rande)a quando a alma entre rilh4es as liberdades sonha e sonhando, as imortalidades rasa no et'reo spa2o da ure)a. : almas presas, mudas e fechadas nas pris4es colossais e abandonadas, da Dor no calabou2o, atro), fun'reo! ;esses sil%ncios solit$rios, ra#es, que cha#eiro do 'u possui as cha#es para abrir-#os as portas do Mist'rio+! ru) e 8ou)a ( $ssaro ati#o Olavo Bilac  Armas, num alho de $r#ore, o al2apão , em bre#e, uma a#e)inha descuidada, <atendo as asas cai na escra#idão. D$s-lhe então, por espl%ndida morada, =aiola dourada> D$s-lhe alpiste, e $ua fresca, e o#os e tudo. or que ' que, tendo tudo, h$ de ficar ( passarinho mudo,  Arrepiado e triste sem cantar+ ? que, crian2a, os p$ssaros não falam. 89 orjeando a sua dor e@alam, 8em que os homens os possam entender> 8e os p$ssaros falassem, /al#e) os teus ou#idos escutassem ste cati#o p$ssaro di)er* ";ão quero o teu alpiste! =osto mais do alimento que procuro ;a mata li#re em que #oar me #iste> /enho $ua fresca num recanto escuro Da sel#a em que nasci> Da mata entre os #erdores, /enho frutos e flores 8em precisar de ti! ;ão quero a tua espl%ndida aiola! ois nenhuma rique)a me consola, De ha#er perdido aquilo que perdi... refiro o ninho humilde constru&do De folhas secas, pl$cido, escondido. 8olta-me ao #ento e ao sol! om que direito escra#idão me obrias+ uero saudar as pombas do arrebol! uero, ao cair da tarde, ntoar minhas trist&ssimas cantias! or que me prendes+ 8olta-me, co#arde! Deus me deu por aiola a imensidade! ;ão me roubes a minha liberdade... uero #oar! 6oar! stas cousas o p$ssaro diria, 8e pudesse falar, a tua alma, crian2a, tremeria, 6endo tanta afli2ão, a tua mão tremendo lhe abriria  A porta da prisão...  A 6elhice Olavo Bilac ( neto* 6o#9, por que não tem dentes+ or que anda re)ando s9. treme, como os doentes uando t%m febre, #o#9+ or que ' branco o seu cabelo+ or que se ap9ia a um bordão+ 6o#9, porque, como o elo, ? tão fria a sua mão+ or que ' tão triste o seu rosto+ /ão tr%mula a sua #o)+ 6o# 9, qual ' seu desosto+ or que não ri como n9s+  A A#9* Meu neto, que 's meu encanto, /u acabas de nascer... eu, tenho #i#ido tanto ue estou farta de #i#er! (s anos, que #ão passando, 6ão nos matando sem d9* 89 tu conseues, falando, Dar-me aleria, tu s9! ( teu sorriso, crian2a, ai sobre os mart&rios meus,

Simbolismo e Parnasianismo

Embed Size (px)

Citation preview

8/19/2019 Simbolismo e Parnasianismo

http://slidepdf.com/reader/full/simbolismo-e-parnasianismo 1/2

Hão de chorar por ela os cinamomos,

Hão de chorar por ela os cinamomos,Murchando as flores ao tombar do dia.Dos laranjais hão de cair os pomos,Lembrando-se daquela que os colhia.

 As estrelas dirão - "Ai! nada somos,ois ela se morreu silente e fria... " pondo os olhos nela como pomos,Hão de chorar a irmã que lhes sorria.

 A lua, que lhe foi mãe carinhosa,ue a #iu nascer e amar, h$ de en#ol#%-lantre l&rios e p'talas de rosa.

(s meus sonhos de amor serão defuntos... os arcanjos dirão no a)ul ao #%-la,ensando em mim* - "or que não #ieram juntos+"

 A atedral

ntre brumas ao lone sure a aurora,( hialino or#alho aos poucos se e#apora, Aoni)a o arrebol. A catedral ebrnea do meu sonho Aparece na pa) do c'u risonho/oda branca de sol.

o sino canta em lubres responsos*

"obre Alphonsus! obre Alphonsus!"

( astro lorioso seue a eterna estrada.0ma $urea seta lhe cintila em cada1efulente raio de lu). A catedral ebrnea do meu sonho,(nde os meus olhos tão cansados ponho,1ecebe a b%n2ão de 3esus.

o sino clama em lubres responsos*"obre Alphonsus! obre Alphonsus!"

or entre l&rios e lilases desce A tarde esqui#a* amarurada prece4e-se a lu) a re)ar. A catedral ebrnea do meu sonho Aparece na pa) do c'u tristonho/oda branca de luar.

o sino chora em lubres responsos*"obre Alphonsus! obre Alphonsus!"

( c'u ' todo tre#as* o #ento ui#a.Do rel5mpao a cabeleira rui#a

6em a2oitar o rosto meu. A catedral ebrnea do meu sonho Afunda-se no caos do c'u medonhoomo um astro que j$ morreu.

o sino chora em lubres responsos*"obre Alphonsus! obre Alphonsus!"

MÚSICA DA MORTE

 

 A msica da Morte, a nebulosa,

estranha, imensa msica sombria,

passa a tremer pela minh7alma e fria

ela, fica a tremer, mara#ilhosa ...

(nda ner#osa e atro), onda ner#osa,

letes sinistro e tor#o da aonia,

recresce a lancinante sinfonia

sobe, numa #olpia dolorosa ...

8obe, recresce, tumultuando e amara,

tremenda, absurda, imponderada e lara,

de pa#ores e tre#as alucina ...

alucinando e em tre#as delirando,

como um 9pio letal, #ertiinando,

os meus ner#os, let$rica, fascina ...

 Ah! /oda a Alma num c$rcere anda presa,solu2ando nas tre#as, entre as radesdo calabou2o olhando imensidades,mares, estrelas, tardes, nature)a.

/udo se #este de uma iual rande)aquando a alma entre rilh4es as liberdadessonha e sonhando, as imortalidadesrasa no et'reo spa2o da ure)a.

: almas presas, mudas e fechadasnas pris4es colossais e abandonadas,da Dor no calabou2o, atro), fun'reo!

;esses sil%ncios solit$rios, ra#es,que cha#eiro do 'u possui as cha#espara abrir-#os as portas do Mist'rio+!

ru) e 8ou)a

( $ssaro ati#o

Olavo Bilac 

 Armas, num alho de $r#ore, o al2apão, em bre#e, uma a#e)inha descuidada,<atendo as asas cai na escra#idão.D$s-lhe então, por espl%ndida morada,=aiola dourada>

D$s-lhe alpiste, e $ua fresca, e o#os e tudo.or que ' que, tendo tudo, h$ de ficar( passarinho mudo, Arrepiado e triste sem cantar+? que, crian2a, os p$ssaros não falam.

89 orjeando a sua dor e@alam,8em que os homens os possam entender>8e os p$ssaros falassem,/al#e) os teus ou#idos escutassemste cati#o p$ssaro di)er*

";ão quero o teu alpiste!=osto mais do alimento que procuro;a mata li#re em que #oar me #iste>/enho $ua fresca num recanto escuro

Da sel#a em que nasci>Da mata entre os #erdores,/enho frutos e flores8em precisar de ti!

;ão quero a tua espl%ndida aiola!ois nenhuma rique)a me consola,De ha#er perdido aquilo que perdi...refiro o ninho humilde constru&do

De folhas secas, pl$cido, escondido.8olta-me ao #ento e ao sol!om que direito escra#idão me obrias+uero saudar as pombas do arrebol!uero, ao cair da tarde,ntoar minhas trist&ssimas cantias!or que me prendes+ 8olta-me, co#arde!Deus me deu por aiola a imensidade!;ão me roubes a minha liberdade...

uero #oar! 6oar!

stas cousas o p$ssaro diria,8e pudesse falar, a tua alma, crian2a, tremeria,6endo tanta afli2ão, a tua mão tremendo lhe abriria A porta da prisão...

 A 6elhice

Olavo Bilac 

( neto*6o#9, por que não tem dentes+or que anda re)ando s9. treme, como os doentes

uando t%m febre, #o#9+or que ' branco o seu cabelo+or que se ap9ia a um bordão+6o#9, porque, como o elo,? tão fria a sua mão+or que ' tão triste o seu rosto+/ão tr%mula a sua #o)+6o#9, qual ' seu desosto+or que não ri como n9s+

 A A#9*Meu neto, que 's meu encanto,/u acabas de nascer... eu, tenho #i#ido tantoue estou farta de #i#er!(s anos, que #ão passando,6ão nos matando sem d9*89 tu conseues, falando,Dar-me aleria, tu s9!( teu sorriso, crian2a,ai sobre os mart&rios meus,

8/19/2019 Simbolismo e Parnasianismo

http://slidepdf.com/reader/full/simbolismo-e-parnasianismo 2/2

Velhas Árvores(lha estas #elhas $r#ores,mais belasDo que as $r#ores no#as,mais amias*

/anto mais belas quantomais antias,6encedoras da idade e dasprocelas...

( homem, a fera, e oinseto, sombra delas6i#em, li#res de fomes efadias> em seus alhos abriam-se as cantias os amores das a#es

taarelas.

;ão choremos, amio, amocidade!n#elhe2amos rindo!en#elhe2amosomo as $r#ores fortesen#elhecem*

;a l9ria da aleria e dabondade, Aasalhando os p$ssaros

nos ramos,Dando sombra e consoloaos que padecem!

 Ao ora2ão ue 8ofre

Olavo Bilac 

 Ao cora2ão que sofre,separado

Do teu, no e@&lio em que achorar me #ejo,;ão basta o afeto simples esaradoom que das des#enturas meprotejo.

;ão me basta saber que souamado,;em s9 desejo o teu amor*desejo/er nos bra2os teu corpo

delicado,/er na boca a do2ura de teubeijo.

as justas ambi24es que meconsomem;ão me en#eronham* poismaior bai@e)a;ão h$ que a terra pelo c'utrocar>

mais ele#a o cora2ão de um

homem8er de homem sempre e, namaior pure)a,