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INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CAMPUS NATAL CENTRAL / DIRETORIA DE PESQUISA E INOVAÇÃO MESTRADO NACIONAL PROFISSIONAL EM ENSINO DE FÍSICA Dissertação de Mestrado Simulação computacional com o software Algodoo: MOVIMENTOS HARMÔNICOS Por Sergio Damasceno da Silva Natal 2018

Simulação computacional com o software Algodoo: … · Figura 2 – Captura de tela mostrando a área de trabalho do Software Modellus v. 4.01. _____29 Figura 3 – Captura de tela

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  • INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    CAMPUS NATAL – CENTRAL / DIRETORIA DE PESQUISA E INOVAÇÃO

    MESTRADO NACIONAL PROFISSIONAL EM ENSINO DE FÍSICA

    Dissertação de Mestrado

    Simulação computacional com o software Algodoo:

    MOVIMENTOS HARMÔNICOS

    Por

    Sergio Damasceno da Silva

    Natal

    2018

  • Simulação computacional com o software Algodoo:

    MOVIMENTOS HARMÔNICOS

    Sergio Damasceno da Silva

    Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-

    Graduação Mestrado Profissional em Ensino de Física, no Curso de

    Mestrado Nacional Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como

    parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em

    Ensino de Física.

    Melquisedec Lourenço da Silva, D. Sc.

    Natal

    2018

  • Catalogação na Publicação elaborada pela Bibliotecária Tatiana N A Dutra Alves CRB15/446

    Biblioteca Central Sebastião Fernandes (BCSF) - IFRN

    Silva, Sergio Damasceno da.

    S586s Simulação computacional com o software Algodoo: movimentos

    harmônicos / Sergio Damasceno da Silva. – Natal, 2018.

    121 f : il. color.

    Dissertação (Mestrado Nacional Profissional em Ensino de

    Física) – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio

    Grande do Norte. Natal, 2018.

    Orientador (a): Dr. Melquisedec Lourenço da Silva.

    1. Modelagem computacional - Algodoo. 2. Simulações

    computacionais. 3. Movimentos harmônicos - UEPS. I. Silva,

    Melquisedec Lourenço da. II. Instituto Federal de Educação, Ciência

    e Tecnologia do Rio Grande do Norte. III. Título.

    CDU 52

  • “Aos meus pais е a toda minha família

    que, com muito carinho е apoio, não

    mediram esforços para que eu

    chegasse até esta etapa da minha

    vida.”

  • 11

    Agradecimentos

    Agradeço primeiramente a Deus por ter me concebido essa grande

    oportunidade.

    A minha mãe, Valdete Porfirio Damasceno da Silva, e ao meu pai, Sebastião

    Bezerra da Silva, por sempre terem feito o possível para subsidiar minha educação.

    Agradeço a minha noiva Andreza Gomes da Silva, por toda a paciência e amor

    que tem por mim.

    Ao meu orientador, Melquisedec Lourenço da Silva, D. Sc., por toda clareza

    exposta nas discussões que levaram ao desenvolvimento desse trabalho.

    Também agradeço à CAPES pelo apoio financeiro por meio da bolsa

    concedida.

    E agradeço fortemente todos os professores e colegas de turma pelas diversas

    discussões que contribuíram na inovação de minha prática docente, e a todos que de

    alguma forma contribuíram para meu sucesso.

  • 12

    Resumo

    O referido trabalho relata a aplicação do software Algodoo abordando os

    movimentos harmônicos, buscando através da aprendizagem significativa, fazer uso

    das potencialidades do software que nos permite criar simulações em duas dimensões

    levando em consideração fatores e grandezas pertencentes a área da Física sem a

    necessidade de conhecimento em programação ou equações matemáticas. Foi criada

    uma sequência de animações divididas em 7 aulas. Cada aula vem acompanhada de

    um roteiro com orientações e sugestões de execução de atividades com o uso do

    software Algodoo. Além disso, apresentamos uma proposta metodológica de uma

    UEPS que pode ser usada com o software. A análise dos resultados é feita junto a

    uma turma de Ensino Médio através de questionários que permitem uma analise

    quantitativa e qualitativa dos resultados.

    Palavras-chave: Modelagem computacional, Algodoo, Simulações computacionais,

    Movimentos Harmônicos, UEPS.

  • 13

    Abstract

    This work reports the application of the software Algodoo approaching the harmonic

    movements, searching through the significant learning, make use of the potential of

    the software that allows us to create simulations in two dimensions taking into account

    factors and magnitudes belonging to the area of Physics without the need for

    knowledge in programming or mathematical equations. A sequence of animations

    divided into 7 classes was created. Each class is accompanied by a script with

    guidelines and suggestions for carrying out activities with the use of Algodoo software.

    In addition, we present a methodological proposal of a UEPS that can be used with the

    software. The analysis of the results is done together with a high school class through

    questionnaires that allow a quantitative and qualitative analysis of the results.

    Keywords: Computational Modeling, Algodoo, Computational Simulations, Harmonic

    Movements, UEPS.

  • 14

    Lista de figuras

    Figura 1 – Tela inicial do portal PHET Interative Simulations. _________________ 29

    Figura 2 – Captura de tela mostrando a área de trabalho do Software Modellus v. 4.01.

    _________________________________________________________________ 29

    Figura 3 – Captura de tela da área de trabalho mostrando a disposição das barras e

    menus do software Algodoo, bem como descrevendo algumas funções de cada barra.

    _________________________________________________________________ 34

    Figura 4 – Capa do produto educacional. ________________________________ 39

    Figura 5 – Gráfico gerado no software Algodoo demonstrando a posição do bloco em

    relação ao tempo para o movimento harmônico do bloco. ____________________ 41

    Figura 6 – Gráficos gerados no software Algodoo para a análise energética da mola e

    do bloco. __________________________________________________________ 42

    Figura 7 – Gráfico gerado pelo movimento do pêndulo demonstrando a relação entre

    a energia cinética e a energia potencial gravitacional. _______________________ 43

    Figura 8 – Simulação mostrando a relação entre o MHS e o MCU. _____________ 44

    Figura 9 – Gráficos mostrando os três tipos de oscilaçoes amortecidas. (a)

    Subamortecido. (b) Superamortecido. (c) Criticamente amortecido. ____________ 45

    Figura 10 – Resposta de um aluno para a questão “C”, referente ao questionário da

    atividade 1. ________________________________________________________ 73

    Figura 11 – Resposta dada por um aluno para a questão B da atividade 2. ______ 76

    Figura 12 – Resposta dada por um aluno para a questão “A” da atividade 3. _____ 77

    Figura 13 – Resposta de um aluno para a questão “B” da atividade 3. __________ 78

    Figura 14 – Resposta dada por um aluno para a questão “C” da atividade 3. _____ 79

    Figura 15 – Resposta de um aluno para a questão “A “ da atividade 4. ________ 81

    Figura 16 – Resposta de um aluno para a questão “A“, da atividade 4. __________ 81

    Figura 17 – Resposta dada por um aluno para a questão “A” da atividade 5. _____ 83

  • 15

    Lista de tabelas

    Tabela 1 – Requisitos necessários para executar o Algodoo. _________________ 35

    Tabela 2 – Distribuição dos capítulos no livro. _____________________________ 40

    Tabela 3 – Cronograma de aplicação do produto educacional. ________________ 52

  • 16

    Lista de Gráficos

    Gráfico 1 – Gráfico referente a quantidade de erros e acertos na atividade 1. ......... 72

    Gráfico 2 – Gráfico referente a quantidade de erros e acertos alcançados na atividade

    2. ............................................................................................................................... 75

    Gráfico 3 – Gráfico referente a quantidade de erros e acertos na atividade 3. ......... 77

    Gráfico 4 – Gráfico referente a quantidade de erros e acertos da atividade 4. ......... 80

    Gráfico 5 – Gráfico referente a quantidade de erros e acertos na atividade 5. ......... 82

    Gráfico 6 – Gráfico referente a quantidade de erros e acertos na atividade 6. ......... 84

  • 17

    SUMARIO

    1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 19

    1.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 24

    1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................... 24

    2 SIMULAÇÕES COMPUTACIONAIS NO ENSINO DE FÍSICA ................ 26

    2.1 O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PARA A APRENDIZAGEM. . 26

    2.2 MODELAGEM COMPUTACIONAL NO ENSINO DE FÍSICA. ................. 28

    3 REVISÃO DA LITERATURA E O SOFTWARE ALGODOO ................... 33

    3.1 O ALGODOO............................................................................................ 33

    3.2 USO DO ALGODOO COMO FERRAMENTA NO ENSINO DE FÍSICA ... 36

    4 O PRODUTO EDUCACIONAL ................................................................ 38

    5 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE AUSUBEL. ................................ 46

    5.1 SUGESTÃO DE UMA UEPS PARA O ENSINO DE MOVIMENTOS

    HARMÔNICOS ......................................................................................... 48

    6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................. 51

    6.1 AULA 1: MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES ..................................... 53

    6.1.1 Plano de aula. ......................................................................................... 53

    6.2 AULA 2: MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES NA VERTICAL ............. 56

    6.2.1 Plano de aula. ......................................................................................... 56

    6.3 AULA 3: ENERGIA NO MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES .............. 58

    6.3.1 Plano de aula. ......................................................................................... 59

    6.4 AULA 4: PÊNDULO SIMPLES. ................................................................ 61

    6.4.1 Plano de aula. ......................................................................................... 61

    6.5 AULA 5: ENERGIA NO PÊNDULO SIMPLES. ......................................... 63

    6.5.1 Plano de aula. ......................................................................................... 64

    6.6 AULA 6: RELAÇÃO ENTRE O MHS E O MCU ........................................ 66

    6.6.1 Plano de aula .......................................................................................... 66

    6.7 AULA 7: OSCILAÇÕES AMORTECIDAS ................................................. 68

    6.7.1 Plano de aula .......................................................................................... 68

    7 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................. 71

    7.1 ATIVIDADE 1: MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES ............................ 71

    7.2 ATIVIDADE 2: MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES NA VERTICAL ... 74

    7.3 ATIVIDADE 3: ENERGIA NO MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES .... 76

    7.4 ATIVIDADE 4: PÊNDULO SIMPLES. ....................................................... 79

  • 18

    7.5 ATIVIDADE 5: ENERGIA NO PÊNDULO SIMPLES. ............................... 82

    7.6 ATIVIDADE 6: RELAÇÃO ENTRE O MHS E O MCU .............................. 84

    7.7 ATIVIDADE 7: OSCILAÇÕES AMORTECIDAS ....................................... 85

    8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 86

    REFERÊNCIAS......................................................................................................... 88

    APÊNDICE A – ATIVIDADES USADAS EM SALA ................................................. 91

    APÊNDICE B – SLIDES USADOS DURANTE AS AULAS ................................... 105

  • 19

    1 INTRODUÇÃO

    O uso de simulações em sala de aula nos aproxima do modo como se faz

    ciência hoje, que faz o constante uso da modelagem computacional. Por outro lado, a

    utilização de simulações em práticas pedagógicas, ainda permite fazer discussões

    acerca de situações com a mínima possibilidade de interferências referentes a fatores

    externos em comparação com a utilização de experimentos reais.

    A cada dia o computador vem tomando espaço no cotidiano, assumindo desde

    simples funções, como o entretenimento até aplicações mais complexas e tem se

    tornado uma ferramenta essencial na sociedade. Se o computador tem tomado tanto

    espaço e contribuído muito, porque não o utilizar em sala de aula? O computador nos

    disponibiliza diversos recursos que podem ser trabalhados em sala de aula, um

    desses recursos são as simulações computacionais, que nos permitem demonstrar

    situações que só poderiam ser executadas em determinadas situações.

    Com o crescente desenvolvimento tecnológico, vemos a necessidade de

    desenvolver práticas educacionais que façam proveito dessas ferramentas

    tecnológicas, o que tem sido um grande desafio para professores, seja pela falta de

    recursos ou muitas vezes por resistência de antigas práticas educacionais.

    Atualmente existem muitas pesquisas mostrando o resultado positivo do uso dessa

    ferramenta em sala de aula. Existem várias possibilidades para o uso de

    computadores em práticas pedagógicas, uma das possibilidades é o uso de

    simulações computacionais, que ajudam a visualizar fenômenos reais, simulando

    experimentos na própria sala de aula.

    Outro fator positivo desse avanço tecnológico no ensino-aprendizagem é a

    possibilidade de fazer uso dele em ambientes escolares com poucos recursos

    pedagógicos. Principalmente para o ensino de Ciências, onde se faz necessário o uso

    de laboratórios e bibliotecas aos quais tem um preço de aquisição elevado, e as

    escolas diante de um orçamento apertado, optam em gastos com equipamentos que

    possam ser compartilhados com o máximo de disciplinas.

    Tendo em mente tal realidade, o presente trabalho relata e discute a aplicação

    de um produto educacional desenvolvido durante o Mestrado Nacional Profissional

    em Ensino de Física. Aqui é apresentado uma sequência didática que sugere a

  • 20

    aplicação de um software denominado Algodoo como ferramenta mediadora para o

    ensino de Física. Este software usa o processo de modelagem computacional para

    criar simulações levando em consideração Leis básicas da Física, tornando possível

    discutir os fenômenos reais de forma didática. Ele está disponível gratuitamente no

    site de seus desenvolvedores, (www.algodoo.com). A escolha por trabalhar com esse

    software se deu por se tratar de um software disponibilizado gratuitamente, pela

    facilidade de seu manuseio e também pela diversidade de recursos disponíveis.

    Através desse software é possível criar simulações computacionais e

    manuseá-las com seus alunos de forma interativa e intuitiva. O mesmo permite

    trabalhar com fatores como gravidade, atrito, resistência do ar, dentre outros, o que

    facilita a simulação de fenômenos do mundo real em aulas de ciências, como a Física.

    A Física é uma área repleta de conceitos abstratos e situações de difícil

    compreensão. Muitos alunos a consideram uma das disciplinas mais difíceis do

    Ensino Médio e a grande dificuldade encontrada por parte dos professores de Física,

    é fazer com que estes alunos tenham uma melhor assimilação dos conceitos, que

    muitas vezes se restringem somente a modelos matemáticos e teóricos expostos em

    quadros, ou em figuras estáticas disponibilizadas em livros.

    É grande o número de professores e alunos que expressam a falta de estímulos

    por parte da estrutura oferecida pelas escolas. O caso é ainda mais grave quando

    olhamos para as escolas públicas situadas em cidades interioranas. A precariedade

    nas escolas impossibilita, por exemplo, a utilização de laboratórios de ciências com

    equipamentos apropriados às necessidades educacionais da área.

    O construtivismo afirma que a aprendizagem é um processo contínuo de

    construção do conhecimento por meio dos processos reflexivos e de acomodação,

    nos quais o aprendiz deve atuar nesse processo não sendo apenas mero expectador.

    Ele expõe que deve haver interação, reflexão e acomodação de forma cíclica sempre

    havendo uma estruturação cada vez mais sólida do conhecimento.

    Boas práticas construtivistas são as aulas práticas em laboratórios ou em sala

    de aula. Porém, a realidade social atual das escolas nos impulsiona para o desafio de

    trabalhar a aprendizagem dos alunos sem dispor de tais laboratórios, que são muitas

    vezes caros.

  • 21

    Baseado nesse desafio e aproveitando-se da realidade dos alunos de hoje, que

    já nasceram imersos em um mundo tecnológico, no qual as interações socioculturais

    ocorrem mediante a utilização de aparatos como computadores, smartphones, tablets,

    notebooks, é que o trabalho apresentado nessa dissertação surge. Propõe-se aqui

    relatar o potencial da utilização de um software computacional no ensino de Física.

    O construtivismo é uma teoria voltada ao entendimento da formação do

    conhecimento no sujeito enquanto ente que aprende. Ele tem sua base referencial

    nas ideias e escritos de Jean Piaget e seu foco principal foi entender como se dá a

    construção do conhecimento pelo sujeito, mediante sua interação com o objeto de

    conhecimento, independentemente de tal interação ser evidenciada em ambientes

    escolares ou não. BECKER (1994) faz uma descrição acerca do construtivismo

    dizendo que:

    O sujeito age sobre o objeto, assimilando-o: essa ação assimiladora

    transforma o objeto. O objeto, ao ser assimilado, resiste aos instrumentos de

    assimilação de que o sujeito dispõe no momento. Por isso, o sujeito reage

    refazendo esses instrumentos ou construindo novos instrumentos, mais

    poderosos, com os quais se torna capaz de assimilar, isto é, de transformar

    objetos cada vez mais complexos. Essas transformações dos instrumentos

    de assimilação constituem a ação acomodadora. (O processo educacional

    que nada transforma está negando a si mesmo). O conhecimento não nasce

    com o indivíduo, nem é dado pelo meio social. O sujeito constrói seu

    conhecimento na interação com o meio tanto físico como social. (Becker,

    1994)

    De encontro a essa linha de raciocínio, o objeto educacional desenvolvido e

    apresentado nesse trabalho tem a intenção de ser um meio de interação para o sujeito

    aprendiz, mediando o processo de ensino-aprendizagem. Buscamos com essa

    perspectiva, que os estudantes possam interagir com o objeto de estudo, mesmo que

    de forma digital, criando linhas reflexivas que possibilitem uma acomodação

    satisfatória do conhecimento.

    Nossa intenção não é substituir a interação com o mundo real disponível em

    um Laboratório de ciências por uma interação virtual. Pretendemos sim, criar a

    possibilidade de lidar com a falta da primeira, utilizando para isso meios próprios dos

    alunos e/ou da escola. Isso é possível porque atualmente vivemos uma realidade na

    qual a maioria dos estudantes dispõem de alguma forma de acesso a computadores

  • 22

    no seu dia a dia. Mesmo as escolas que não dispõem de laboratórios de ciências nos

    dias de hoje, em sua grande maioria, possuem equipamentos de informática

    acessíveis aos alunos.

    Sendo assim, ressalta-se a importância das TIC’s (Tecnologias da Informação

    e Comunicação) como “ferramentas” construtivistas atuais possibilitando a interação

    dos discentes com os objetos de aprendizagem, favorecendo a construção e/ou

    reconstrução do conhecimento, sendo essa interação de vital importância, conforme

    explicam Sanchis e Mahfoud (2010) apud Castañon (2005):

    Essa construção só é possível através de uma interação, mediada

    pela ação do sujeito, em que dois conceitos são centrais: a assimilação e a

    acomodação. O sujeito age, tanto quando incorpora a experiência aos

    esquemas de interpretação já elaborados (assimilação), como quando

    modifica seus esquemas para aproximar-se melhor da realidade

    (acomodação). Ele constrói seu mundo e se aproxima da realidade na medida

    em que há “uma colaboração necessária entre o sujeito que conhece e o

    objeto conhecido”. (Sanchis e Mahfoud, 2010 apud Castañon, 2005).

    Espera-se, com isso, que os estudantes possam assimilar melhor os assuntos

    estudados de forma reflexiva habilitando uma acomodação cognitiva satisfatória,

    tornando-os aptos a lidar com situações-problema. Além disso, fazendo-os encontrar

    soluções realistas e satisfatórias sem a necessidade de processos mecanicistas e

    repetitivos ou processos decorativos, tão observados atualmente em sala de aula.

    A realidade atual não exige alunos preparados para dar respostas

    automáticas, mas sim alunos preparados para lidar com problemas dinâmicos.

    Problemas que apresentam constantes mudanças. Principalmente quando levamos

    em consideração o acelerado crescimento do conhecimento proporcionado pela

    evolução tecnológica.

    O produto desenvolvido neste trabalho contém atividades usando simulações

    voltadas para o ensino médio que se assemelham a figura do livro escolar tão presente

    no dia a dia dos estudantes. Porém, insere a esse um componente da realidade

    sociocultural dos alunos de hoje que é a interação com o computador. Sobre essa

    interatividade, Silva (1998) nos diz:

  • 23

    Interatividade é, a partir dos anos 80, uma condição revolucionária, inovadora da informática, da televisão, do cinema, do teatro, dos brinquedos eletrônicos, do sistema bancário online, da publicidade, etc. Há uma crescente “indústria da interatividade”, usando o adjetivo “interativo”, para qualificar qualquer coisa cujo funcionamento permite ao seu usuário algum nível de participação ou troca de ações. (Silva, 1998)

    A sequência didática construída aborda o tema Movimentos Harmônicos, que

    é geralmente trabalhado no segundo ano do ensino médio regular em escolas

    públicas. Este conteúdo é de fundamental importância para Física uma vez que a

    teoria envolvida é observada em diversos fenômenos na natureza. Além disso, o

    entendimento desse movimento periódico é essencial para o estudo sobre as ondas,

    o som, as correntes elétricas e a luz.

    Para auxiliar no entendimento do conteúdo, o aluno deve acompanhar a

    sequência didática proposta simultaneamente com a utilização do software Algodoo.

    Na sequência didática foram construídas e estão disponíveis diversas simulações

    para guiar o aprendizado deste conteúdo. Essas simulações estão disponíveis para

    download e o produto educacional apresenta o link onde cada uma pode ser

    encontrada. Cada assunto abordado é acompanhado, também, de uma sugestão de

    roteiro de aula, que pode ser aplicado em sala de aula pelo professor ou mesmo como

    meio facilitador para o manuseio pelos alunos. Ao todo são, nesse produto

    educacional, sete atividades com simulação envolvendo o software Algodoo aplicado

    aos movimentos harmônicos. Para cada atividade, o livro disponibiliza um

    questionário, que posteriormente pode ser usado para fixação do conteúdo.

    A metodologia de aplicação do produto educacional desenvolvido nesse

    trabalho está embasada na teoria da aprendizagem significativa de Ausubel, a qual é

    um processo por meio do qual uma nova informação relaciona-se com um

    conhecimento especificamente relevante da estrutura do indivíduo que aprende.

    Moreira (1999) fala que “a aprendizagem significativa ocorre quando a nova

    informação se ancora em conceitos ou proposições relevantes, preexistentes na

    estrutura cognitiva do aprendiz.” Essa teoria pode ser aliada ao uso de computadores

    em sala de aula, o que nos permite demonstrar situações presentes na Física de forma

    abrangente ou especifica, podendo propiciar ao aluno uma aprendizagem significativa.

    Faremos no presente trabalho uma apresentação do produto educacional

    desenvolvido que pode ser encontrado para download no site www.algodoo.com, e

  • 24

    por fim, apresentaremos um relato da utilização deste, como prevê o regulamento do

    Mestrado Profissional em Ensino de Física. Apresentaremos, também, uma discussão

    sobre os resultados alcançados acerca da adequação dos alunos com a proposta

    apresentada. Esperamos que essa proposta permita que outros possam repetir as

    aplicações ou mesmo adapta-las a suas práticas pedagógicas. Além disso, que nossa

    proposta possa contribuir positivamente para o ensino de Física, que necessita de

    práticas docentes mais atuais e eficazes.

    1.1 OBJETIVO GERAL

    O objetivo geral dessa dissertação é relatar a aplicação do produto educacional

    e discutir os resultados alcançados com o uso do software Algodoo, para melhorar o

    ensino/aprendizagem de movimentos harmônicos em alunos de ensino médio através

    de situações criadas no próprio software.

    1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    • Criar e desenvolver animações no software Algodoo, que permitam a

    análise de fenômenos relacionados aos Movimentos Harmônicos Simples;

    • Criar uma sequência de apresentação para as animações;

    • Criar roteiros para a aplicação de cada simulação, bem como atividades

    propostas para cada simulação;

    • Criar um material de apoio que possa ser usado por professores ou alunos

    para terem uma introdução a utilização e manuseio do software.

    • Organizar o material de apoio, os roteiros, as atividades e as simulações

    em um livro de modo que que possa ser facilmente disponibilizado para

    professores e alunos;

    • Criar uma UEPS (Unidade de Ensino Potencialmente Significativa) para a

    aprendizagem de movimentos harmônicos;

    • Aplicar as simulações em sala de aula;

    • Analisar e discutir os resultados obtidos com a aplicação baseado nas

    conclusões obtidas.

  • 25

    A dissertação apresenta oito capítulos os quais descrevem as etapas seguidas

    para a elaboração e utilização do produto educacional. O capítulo 2 apresenta uma

    abordagem sobre o uso dos computadores no ensino de Física, o que motivou a

    construção desse trabalho. Seguindo esta motivação, o capítulo 3 apresenta o

    software Algodoo como ferramenta para o ensino de Física e traz alguns exemplos de

    utilização bem sucedidos. No capítulo 4 é apresentado o produto educacional relatado

    na presente dissertação descrevendo os conceitos físicos que ele aborda. Nos

    capítulos 5 e 6 é sugerida uma proposta de utilização e relatada a metodologia usada

    na aplicação do produto educacional, respectivamente, baseada na Teoria de

    aprendizagem de Ausubel. Nos capítulos 6 e 7 são apresentadas as discussões e

    análises dos resultados da elaboração e aplicação do trabalho aqui relatado com as

    considerações finais.

  • 26

    2 SIMULAÇÕES COMPUTACIONAIS NO ENSINO DE FÍSICA

    2.1 O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PARA A APRENDIZAGEM.

    O crescente avanço tecnológico nos possibilita fazer muitas atividades

    cotidianas com a facilidade proporcionada pelos computadores, que a cada dia tem

    tomado cada vez mais espaço nas tarefas cotidianas, sendo ele uma ferramenta tão

    presente na vida de jovens devemos usa-la a fim de atrai-los, bem como também

    atualizar as práticas pedagógicas.

    Desde que o computador surgiu tem contribuído muito para o avanço

    tecnológico, Santos (2014) fala que no final da década de 70 as tecnologias que antes

    eram usadas por grandes empresas passaram a ser usadas por cidadãos comuns,

    desde que tivessem condições financeiras para tal. Após isso, o computador vem

    tomando funções indispensáveis no cotidiano. Com essa popularização tecnológica

    fica cada vez mais evidente o seu uso em sala de aula, segundo Andrade (2016):

    Com o passar do tempo as escolas tem se adequando a essa

    realidade, buscando ter em suas unidades laboratórios de informática

    equipados com computadores e acesso à internet visando a incorporação de

    tecnologias no dia a dia do aluno.

    O uso dessa tecnologia tem nos permitido grandes avanços tecnológicos. A

    mesma transmite ao aluno uma maior agilidade e interatividade na busca por

    informações. Usá-lo em sala de aula pode ser algo atrativo para os alunos, uma vez

    que, dependendo de sua aplicação a aula não se resumia apenas a aprender

    conceitos com base em definições matemáticas.

    Sabemos que existem certos limites para o seu uso didático, e devemos nos

    atentar a eles, Andrade (2016) fala que:

    É preciso ter uma certa dose de cautela no que diz respeito

    principalmente a metodologia no qual essas ferramentas são utilizadas, de

    modo que ela não se torne apenas uma forma de entretenimento educacional

    ou um fim em si mesma, mas sim um meio concreto de contribuir para o

    ensino mais efetivo, mais interativo, mais dinâmico e que tenha uma grande

    relevância no processo de formação do alunos.

  • 27

    Pensando nisso deve-se sempre rever as práticas e metodologias para a

    aplicação dessa ferramenta, a fim de avaliar se a prática realmente pode contribuir

    para a melhoria do ensino.

    Mendes (2015) fala que;

    O ensino, hoje, concorre com a dinâmica de informação, já que a

    tecnologia está em todos os lugares e as crianças que frequentam nossas

    escolas fazem uso cotidianamente dessas ferramentas, vivendo a realidade

    conectada ao virtual.

    As Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006) falam que;

    (...) há programas de computador (softwares) nos quais os alunos

    podem explorar e construir diferentes conceitos matemáticos, referidos a

    seguir como programas de expressão. Os programas de expressão

    apresentam recursos que provocam, de forma muito natural, o processo que

    caracteriza o “pensar matematicamente”, ou seja, os alunos fazem

    experimentos, testam hipóteses, esboçam conjecturas, criam estratégias

    para resolver problema.

    O Construcionismo é uma teoria de aprendizagem que aborda a utilização de

    computadores na aprendizagem. Esta teoria foi idealizada por Seymour Papert,

    criador da linguagem de programação chamada de Logo, uma linguagem de

    programação interpretada voltada ao aprendizado de crianças e jovens em seu

    ingresso no mundo da programação de computadores.

    Ao utilizar computadores na aprendizagem, Papert se tornou bastante

    conhecido (Foresti, 2012). Segundo ele, a inserção de computadores no processo de

    ensino-aprendizagem dinamiza a interação e resolução de problemas. Nesse sentido,

    Papert diz que a aprendizagem “significa pensar diferente que anteriormente, ver o

    mundo de outra forma, sendo que isso sugere a existência de muitas alfabetizações”

    (Foresti, 2012 apud Papert, 2008). “É permitir ao educando construir o seu próprio

    conhecimento por intermédio de alguma ferramenta, como, por exemplo, o

    computador” (Foresti, 2012).

    A importância do trabalho apresentado nessa dissertação está explícita na

    teoria de aprendizagem Construcionista de Papert, que pode ser percebida em Foresti

    (2012) apud Papert (2008):

  • 28

    Na aprendizagem de Papert mediatizada pelos computadores, o

    principal elemento inserido é a interação, que complementa seu conceito de

    aprendizagem. Através da interação, os educandos formulam hipóteses na

    tentativa de resolver certas situações. Quando não conseguem resolvê-las,

    passam por conflitos cognitivos que as levam à busca de reformulações

    dessas hipóteses, ampliando cada vez mais seus sistemas de compreensão,

    num contínuo movido pela busca de equilíbrio de suas estruturas cognitivas.

    Dessa forma, a aprendizagem é resultante da interação do sujeito com o

    objeto do conhecimento, que não se reduz ao objeto concreto, mas inclui o

    outro, a família, a escola, o social Foresti (2012) apud Papert (2008).

    Ao interagir com aquilo que deve aprender, seja por meio de computador,

    smartphone, tablet e quaisquer outros aparatos tecnológicos que possuem

    funcionalidades semelhantes às dos computadores, o aluno se encontra diante da

    necessidade de realizar certas ações, as quais irão levá-lo à construção do

    conhecimento. Durante as interações realizadas, também ocorre a manipulação de

    conceitos, o que contribui fortemente para o desenvolvimento mental do discente

    (Valente, 1993).

    Este trabalho busca introduzir a possibilidade de utilização da aprendizagem

    significativa aliada ao uso de tecnologias computacionais. Onde por meio de

    simulações é possível demonstrar situações problemas muitas vezes difícil ou mesmo

    impossíveis de serem reproduzidas em sala de aula, aliadas a estratégia de ensino

    proporcionada pela aprendizagem significativa.

    2.2 MODELAGEM COMPUTACIONAL NO ENSINO DE FÍSICA.

    Atualmente existem projetos que buscam difundir o uso do computador em sala

    de aula, um deles é o projeto PHET Interative Simulations, o mesmo pertence a

    Universidade do Colorado e disponibiliza simulações nas áreas de Ciências e

    matemática, de forma simples e gratuita na internet.

  • 29

    Figura 1 – Tela inicial do portal PHET Interative Simulations.

    Fonte: Figura extraída no dia 28/07/2018 em https://phet.colorado.edu/.

    Temos também o programa Modellus, que é um software livre criado

    especificamente com fins educacionais para a área de ciência e matemática, desde

    de que foi criado o software já recebeu várias atualizações, o mesmo pode ser baixado

    gratuitamente através de sua página na internet.

    Figura 2 – Captura de tela mostrando a área de trabalho do Software Modellus v. 4.01.

    Fonte: Figura extraída do software Modellus.

  • 30

    Um outro software, alvo desse trabalho, é o Algodoo que será discutido nos

    capítulos seguintes.

    O uso desses recursos nas escolas não tem a função de substituir o laboratório,

    mas sim de complementar, porém, podendo substitui-lo em determinadas situações.

    E como enfatizamos acima o uso dos mesmos requer um certo conhecimento técnico,

    o que resultaria em um melhor proveito de suas funcionalidades.

    Os modelos estão presentes nas mais diversas áreas do conhecimento,

    principalmente na área de Física, “um modelo pode ser definido como a representação

    de uma ideia, um objeto, um evento, um processo ou um sistema” Oliveira e Ferracioli

    (2015, apud BOULTER; GILBERT, 1998, p. 16)

    Podemos entender um modelo como a representação concreta ou abstrata de

    um sistema. De acordo com Andrade (2002, apud Santos, 2016, p.19); um modelo é

    um substituto para um sistema onde um conjunto de regras que descrevem algo ou

    uma ideia.

    Nunes (NUNES, 2016) fala ainda que o alicerce dos modelos de objetos reais

    é a teoria científica, pelo fato de ser norteada por princípios que corroboram para a

    construção dos modelos.

    A partir do conceito de modelo surge a modelagem computacional que pode

    contribuir para uma visão mais próxima de como funciona a ciência, uma vez que a

    mesma se baseia em modelos.

    Segundo Nunes (2016):

    A modelagem consiste em um processo para construir

    representações de objetos reais e inimagináveis empregado constantemente

    no desenvolvimento e entendimento de diversas áreas da Ciência.

    Particularmente, ao estudar Física é comum o emprego de linguagem

    matemática.

    Podemos definir a modelagem computacional como uma área de conhecimento

    que aplica modelos matemáticos e técnicas da computação para analisar,

    compreender e estudar fenômenos envolvendo problemas complexos. Muito aplicado

    a diversas outras áreas do conhecimento, onde uma teoria cientifica pode ser

  • 31

    considerada como um sistema de princípios objetivando a modelagem de objetos

    reais.

    Ainda segundo Nunes (2016):

    Em uma perspectiva contemporânea é perspicaz entender a

    aproximação do processo de modelagem com o computador, gerando

    distintos modelos computacionais e também, softwares que auxiliam nesse

    processo, como por exemplo: o Modellus e o Easy java simulations. A

    modelagem computacional é um processo que pode auxiliar na

    representação de um conhecimento científico quando se pretende explorar

    modelos matemáticos. É fato que as tecnologias de informação são realidade

    no cotidiano escolar e naturalmente, surgem ferramentas para auxiliar no

    processo de ensino e aprendizagem.

    É importante destacar que devemos ter cuidado com o uso dessas ferramentas,

    pois muitas vezes podem acabar confundindo e distorcendo resultados, afastando-os

    da realidade.

    Atualmente existem vários softwares de simulação que fazem uso da

    modelagem no ensino de Física, podemos destacar dentre eles o Modellus, que faz

    uso da modelagem matemática e computacional para criar simulações que facilitam a

    compreensão de conceitos físicos e matemáticos. O mesmo cria simulações através

    de modelos matemáticos, o que obriga seu usuário a ter um certo nível de

    conhecimento em matemática.

    Brandão, Araújo & Ângela (2008) falam que:

    Estratégias didáticas baseadas na noção e uso de modelos surgem

    como alternativas para inserção de conteúdos de natureza epistemológica

    que, imbricados com conteúdo de Física, propiciam aos alunos uma visão

    mais holística sobre a natureza e a construção do conhecimento científico.

    Nesse trabalho iremos tratar do Algodoo, que é um software que faz uso da

    modelagem computacional e que nos permite criar simulações em duas dimensões,

    de situações envolvendo conceitos físico, sem a necessidade de seu usuário ter

    conhecimento em programação ou em modelos matemáticos. O mesmo funciona

    basicamente através da criação de figuras geométricas, e disponibiliza a possibilidade

    de manusear alguns fatores comuns na Física. Assim nos permite analisar o

  • 32

    comportamento da situação através de variáveis Físicas. Nos tópicos seguintes

    iremos expor melhor as informações referentes ao Algodoo.

  • 33

    3 REVISÃO DA LITERATURA E O SOFTWARE ALGODOO

    Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (2013) orientam à atualização

    dos professores referente ao uso de novas metodologias de ensino, que também

    incluam o uso de novas tecnologias como recursos didáticos no ensino das Ciências.

    Neste capítulo foi feita a revisão da literatura com base em dissertações e

    artigos de revistas de pesquisas da área de ensino de ciências, que tratam de

    assuntos correlatos, envolvendo a aplicação do programa Algodoo e que estudaram

    a contribuição desse programa para a melhoria da aprendizagem no estudo de áreas

    da Física, nos ensinos médio e superior. Em nossa pesquisa pudemos encontrar

    vários artigos referentes a aplicação do software Algodoo, a maior parte deles é de

    publicação em revistas estrangeiras.

    3.1 O ALGODOO

    O software Algodoo permite que professores, alunos ou mesmo pessoas que

    tenham interesse na área, possam criar simulações de forma simples, sem

    necessidade de conhecimento em programação. Através das ferramentas

    disponibilizadas pelo software, o usuário poderá desenhar suas simulações e faze-las

    funcionarem, levando em consideração grandezas como a resistência do ar, o atrito,

    o coeficiente de restituição e a gravidade, dentre outros.

    O Algodoo nos permite criar simulações em duas dimensões de forma simples

    e intuitiva, possibilitando mensurar os dados envolvidos na mesma através dos

    conceitos da Física. O Software foi desenvolvido pela empresa Algoryx Simulation AB,

    a qual é uma fornecedora de softwares e serviços na área de simulação em arquitetura

    e engenharia. O Algodoo pode ser adquirido de forma gratuita através de seu site1

    sem a necessidade de registro ou algo do tipo.

    O mesmo possui uma área de trabalho bastante colorida e interativa, com

    ferramentas simples e que inclusive foi projetado para ser usado também com telas

    sensíveis ao toque, facilitando ainda mais a interação com o usuário. Na figura 3 temos

    1 www.algodoo.com

  • 34

    a imagem da área de trabalho do software, demonstrando a localização de cada barra

    de ferramentas e mostrando um pouco de suas funcionalidades.

    Figura 3 – Captura de tela da área de trabalho mostrando a disposição das barras e menus do software Algodoo, bem como descrevendo algumas funções de cada barra.

    Fonte: Figura extraída do software Algodoo.

    No próprio site do Algodoo há uma área chamada “Algobox”, que também pode

    ser acessada diretamente através do software, onde usuários podem compartilhar

    simulações criadas pelos mesmos, algo bem interessante, pois nesse local é possível

    encontrar várias simulações envolvendo conceitos físicos onde o usuário

    simplesmente pode melhorar e adaptar às suas necessidades.

    Para a execução do software é necessário um computador com os seguintes

    requisitos:

  • 35

    Tabela 1 – Requisitos necessários para executar o Algodoo.

    Requisitos SO CPU RAM Placa de

    vídeo

    Espaço em

    disco

    Mínimos

    Windows XP

    ou superior,

    Linux ou Mac

    OS

    1 GHz 256 MB 96 MB 40 MB

    recomendados

    Windows XP

    ou superior,

    Linux ou Mac

    OSX

    1.6 GHz 512 MB 256 MB 100 MB

    otimizado2

    Windows XP

    ou superior,

    Linux ou Mac

    OSX, com os

    últimos

    “service packs”

    2,5 GHz 2 GB

    512 MB,

    com os

    drivers

    mais

    recentes e

    modelo

    Shader

    2.0

    100 MB

    Fonte: Informações extraída da página do software: www.algodoo.com

    Mais informações referentes ao software Algodoo podem ser encontradas no

    produto educacional ou na página oficial do software.

    2 Incluindo conexão à internet e interface sensível ao toque.

  • 36

    3.2 USO DO ALGODOO COMO FERRAMENTA NO ENSINO DE FÍSICA

    Em nossas pesquisas foi possível observar diversas experiências bem-

    sucedidas no ensino de Física utilizando o software Algodoo. Porém, nenhuma delas

    abrangendo todos os conteúdos que buscamos tratar em nosso trabalho e com a

    abordagem aqui apresentada.

    Podemos destacar o artigo de NEVES (2014), publicado na Revista Brasileira

    de Física Tecnológica Aplicada, com o título: “Por uma Blogosfera educativa:

    formalidade e informalidade no ensino de Física sob uma nova perspectiva de filmes

    e animações hands-on”. O artigo apresenta uma pesquisa envolvendo a questão da

    produção de filmes e animações didáticas e contextualizadas na história da ciência

    para o ensino de Física. É feito um resgate histórico dos grandes projetos que

    envolveram o uso didático e criativo de experimentos e fenômenos tratados a partir

    de uma perspectiva de animações, curtas-metragens e filmes de apoio aos conteúdos

    de Física. O mesmo usa o software Algodoo para a produção de animações e

    demonstrar o hipotético experimento de gravitação onde um poço perfura a terra. O

    mesmo traça um roteiro que vai desde o plano inclinado até o movimento pendular.

    Um outro artigo publicado por SILVA (2016) no Caderno Brasileiro de Física,

    com o título: “Uma alternativa para ensinar e aprender um processo de difusão simples

    usando animações no Algodoo”. Nesse trabalho, foram feitas animações no software

    Algodoo que descrevem a trajetória de uma caminhada aleatória a fim de ensinar o

    conceito de movimento Browniano.

    Na mostra gaúcha de validação de produtos educacionais foi apresentado o

    artigo de CORPORAL (2016) com título, “Criação de vídeos tutoriais sobre o programa

    Algodoo para a capacitação de professores no ensino de Física”. O trabalho

    propriamente dito foi aplicado em novembro de 2015, e apresenta a proposta de uma

    oficina com a criação e utilização de vídeos tutoriais para a formação continuada, a

    qual foi realizada com professores atuantes no ensino de Física na Educação Básica

    em escolas públicas da rede estadual no município de São Borja/RS.

    Temos também uma monografia apresentada por GERMANO (2013) na

    Universidade Estadual De Maringá. com o título: “Uma Discussão Histórica Sobre A

  • 37

    Construção Da Natureza Da Gravidade De Galileu A Newton Com O Auxílio Do

    Programa Algodoo”. Naquele trabalho, foi realizada uma breve reconstrução histórica

    da formação do conceito de gravidade e conservação de energia mecânica de Galileu

    a Newton, revelando os diferentes aspectos da história da ciência no ensino desses

    conteúdos, bem como também a reconstrução através do software Algodoo, de alguns

    experimentos históricos supostamente realizados por Galileu.

    GERMANO (2016) publicou uma dissertação de mestrado com o título: “O

    Software Algodoo Como Material Potencialmente Significativo Para o Ensino de

    Física: Simulações E Mudanças Conceituais Possíveis”. O trabalho busca mostrar as

    contribuições que o software Algodoo pode trazer para a aprendizagem dos conteúdos

    de cinemática e dinâmica. O mesmo usa a modelagem de simulações para mostrar

    as situações físicas

    Publicado no exterior, podemos destacar o artigo de ÇELIK (2015) publicado

    no International Journal of Innovation in Science and Mathematics Education, com o

    título: Evaluating and Developing Physics Teaching Material with Algodoo in Virtual

    Environment: Archimedes’ Principle. Nesse trabalho, realizado na Kırıkkale University

    (Faculdade de Educação na Turquia), é usado o software Algodoo para demonstrar o

    princípio de Arquimedes à professores, buscando o ponto de vista dos professores

    em relação ao software. O mesmo obteve resultados positivos por parte dos

    participantes, destacando que os professores participantes se mostraram muito

    ansiosos para usar o software em sala de aula.

  • 38

    4 O PRODUTO EDUCACIONAL

    Segundo o Regimento Do Mestrado Nacional Profissional Em Ensino De Física,

    o mesmo tem como objetivos de constituir um sistema de formação intelectual e de

    desenvolvimento de técnicas e produtos na área de Ensino de Física que visam a

    habilitação ao exercício altamente qualificado de funções envolvendo ensino de Física

    na Educação Básica.

    Com base nesses objetivos, foi desenvolvido como produto educacional um

    livro com orientações e sugestões para o ensino de movimentos harmônicos com o

    software Algodoo. A escolha por trabalhar com esse software se deu por se tratar de

    um software disponibilizado gratuitamente, pela facilidade de seu manuseio e também

    pela diversidade de recursos disponíveis.

    O produto educacional desenvolvido contem sugestões de atividades que

    servirão de suporte para professores na elaboração das aulas e para auxiliar no

    manuseio do software; e para alunos, no auxílio a aprendizagem. No mesmo livro é

    disponibilizado algumas sugestões de atividades que os professores poderão utilizar

    ou aprimorar de acordo com suas práticas.

    Destacamos que o livro não tem como objetivo ser um manual do software, mas

    um guia com orientações para a prática didática com o software, possibilitando que

    professores e alunos possam ter uma introdução geral as ferramentas e

    funcionalidades do mesmo. Na figura 4 podemos ver a capa do produto educacional.

  • 39

    Figura 4 – Capa do produto educacional.

    Fonte: “Autoria própria (2018)”.

    O produto educacional traz uma sequência de roteiros de aulas referentes aos

    movimentos harmônicos com o uso do software Algodoo. O mesmo segue uma

    sequência bem conhecida e utilizada por diversos livros didáticos.

    Nos capítulos iniciais do livro é discutido o funcionamento do software, referente

    a suas ferramentas e a disposição de cada uma delas na área de trabalho. Além disso,

    é mostrado como podem ser alteradas algumas propriedades dos objetos inseridos

    na simulação. Discute, também, o funcionamento de algumas grandezas físicas

    referentes ao ambiente, bem como, resistência do ar, gravidade e etc. O primeiro

    capítulo do livro é basicamente composto por orientações e instruções acerca das

    ferramentas e botões do software, onde é discutida a funcionalidade de cada

    ferramenta e mostrada a disposição de cada barra e cada botão na área de trabalho,

    com a intenção de que o leitor possa adquirir um certo nível de conhecimento básico

  • 40

    suficiente para manusear e alterar as simulações disponibilizadas nesse trabalho e,

    se possível, criar simulações com o software.

    Nos capítulos seguintes temos sugestões de aulas acompanhadas de

    orientações que mostram como cada simulação foi criada e sugere como aplicar as

    mesmas em sala de aula. Com essas orientações, espera-se que o professor possa

    ser capaz de adaptar as aulas as suas necessidades. Cada aula sugerida contém uma

    atividade de fixação baseada em um questionário referente ao tema abordado. Abaixo

    temos a sequência dos conteúdos seguida pelo livro.

    Tabela 2 – Distribuição dos capítulos no livro.

    Atividade Capitulo do livro

    1 Movimento Harmônico Simples 3

    2 Movimento Harmônico Simples na direção

    vertical 4

    3 Energia Mecânica no MHS 5

    4 Pendulo simples 6

    5 Energia no pêndulo simples 7

    6 Relação entre o MHS e o MCU 8

    7 Oscilações amortecidas 9

    Fonte: “Autoria própria (2018)”.

    Como pôde ser visto na tabela 2, as atividades propostas envolvendo as

    animações iniciam-se a partir do terceiro capítulo do livro. Nesse capítulo temos a

    sugestão de uma atividade envolvendo o caso de um sistema massa mola oscilando

    em uma superfície horizontal, sem atrito e sem resistência do ar. O livro traz o roteiro

    descrevendo como a situação propriamente dita foi criada e configurada no Algodoo.

    Disponibiliza, também, uma sugestão de atividade que poderá ser aplicada em sala

    de aula. Na atividade disponibilizada no produto educacional existe um endereço

    eletrônico onde o leitor poderá baixar as simulações necessárias para a execução da

    atividade. Na figura 5 temos uma imagem da simulação criada para o caso de um

    sistema massa-mola oscilando na horizontal.

  • 41

    Figura 5 – Gráfico gerado no software Algodoo demonstrando a posição do bloco em relação ao tempo para o movimento harmônico do bloco.

    Fonte: Figura extraída do software Algodoo.

    Na figura 5 temos o bloco oscilante preso a uma mola e acima o gráfico

    descrevendo o movimento do mesmo, com esse gráfico é possível determinar

    grandezas como amplitude, período, frequência, entre outros.

    No capítulo 4 teremos a simulação de um sistema massa mola oscilando na

    direção vertical. Além disso, temos um roteiro descrevendo como a simulação foi

    criada e uma sugestão de atividade para a mesma. No próprio material é possível

    encontrar disponibilizado o endereço eletrônico onde a simulação pode ser adquirida.

    No quinto capitulo é retomado o exemplo do sistema massa-mola oscilando na

    horizontal, agora para realizar um estudo da energia potencial elástica e da energia

    cinética do sistema. Na figura 6 é mostrada a simulação que foi criada no capítulo 3

    juntamente com os gráficos criados pelo software.

  • 42

    Figura 6 – Gráficos gerados no software Algodoo para a análise energética da mola e do bloco.

    Fonte: Figura extraída do software Algodoo.

    Na figura 6 podemos ver os gráficos, onde o da esquerda representa o

    comportamento da energia potencial elástica da mola e o da direita descreve o

    comportamento da energia cinética associada ao bloco, os dois em relação ao tempo.

    Nos capítulos 6 e 7 o livro discute o caso de um pêndulo simples. O capítulo 6

    traz uma atividade referente ao movimento do mesmo, analisando seu período e

    frequência de oscilação. É discutido o comportamento do pêndulo ao alterarmos

    alguma dessas grandezas associadas, bem como, seu comportamento com a

    variação de sua massa, do comprimento do fio ou de sua amplitude inicial. Na

    atividade disponibilizada é possível que os alunos façam uma análise dessas

    alterações e associem ao que as mesmas influenciam no movimento do pêndulo.

    No capítulo 7 é feita uma discussão relacionada a energia potencial

    gravitacional e a energia cinética associadas ao pêndulo. Para essas duas atividades,

    novamente o produto educacional disponibiliza roteiros de como as mesmas foram

    criadas no software, bem como também apresenta sugestões de atividades para as

    aulas. Na figura 7 temos a simulação do pêndulo com o gráfico das energias potencial

    gravitacional e cinética.

  • 43

    Figura 7 – Gráfico gerado pelo movimento do pêndulo demonstrando a relação entre a energia cinética e a energia potencial gravitacional.

    Fonte: Figura extraída do software Algodoo.

    Na figura 7 é possível ver através do gráfico o comportamento da energia

    cinética (verde) e da energia potencial gravitacional (rosa) associadas ao pêndulo.

    No capítulo 8 temos a sugestão de uma aula que busca demonstrar a relação

    entre o movimento circular uniforme e o movimento harmônico simples, discutido até

    então, usando o software Algodoo. A figura 8 apresenta uma imagem da simulação

    exibindo um sistema massa-mola acoplado com um corpo em movimento circular

    uniforme.

  • 44

    Figura 8 – Simulação mostrando a relação entre o MHS e o MCU.

    Fonte: Figura extraída do software Algodoo.

    É possível ver na figura 8, que sai do ponto preso ao círculo um feixe de luz

    verde em direção ao bloco abaixo do círculo, de modo que esse feixe irá seguir o

    movimento do bloco, mostrando a relação entre os movimentos. Como dito

    anteriormente, o material contém orientações de como essa simulação foi criada, bem

    como uma sugestão de aula e de atividade para a mesma.

    No capítulo 9 o material traz a sugestão de uma aula referente aos movimentos

    amortecidos, discutindo as causas para o mesmo, bem como uma sugestão de

    atividade. Abaixo temos uma imagem da simulação criada e do gráfico ilustrando a

    posição de um bloco, em um sistema massa-mola, em relação ao tempo. Na figura 9

    temos os gráficos gerados a partir dos movimentos subamortecido, superamortecido

    e criticamente amortecido. Para a construção desses gráficos, consideramos a ação

    da resistência do ar proporcional a velocidade do bloco.

  • 45

    Figura 9 – Gráficos mostrando os três tipos de oscilaçoes amortecidas. (a) Subamortecido. (b) Superamortecido. (c) Criticamente amortecido.

    Fonte: Figura extraída do software Algodoo.

    As simulações contidas nos capítulos 8 e 9 do produto educacional têm um

    caráter mais demonstrativo. Não foi explorado em nosso planejamento um

    aprofundamento nos conceitos matemáticos envolvidos nas situações apresentadas.

    Como já mencionado antes, cada capitulo contêm uma sugestão de atividade, que

    servirão para avaliar os alunos.

  • 46

    5 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE AUSUBEL.

    Como educador, ao ensinar, além de nos preocuparmos com o que ensinamos

    temos também que investigar como ensinamos e o porquê ensinar o que ensinamos.

    É comum que profissionais se identifiquem com uma teoria de ensino que mais se

    afine com sua visão de mundo, que apresentem um discurso que se relacione

    intimamente com o contexto sociocultural de sua escola. Nesse sentido, para

    responder as preocupações supracitadas, nosso trabalho foi alinhado com a corrente

    de Teorias cognitivistas de aprendizagem. Entretanto, esta corrente não deve ser

    tomada como verdade absoluta onde somente professores com essa visão poderá

    aplicar nosso produto educacional. A ferramenta aqui apresentada pode ser utilizada

    de diferentes formas. Porém, apresentaremos no presente capítulo uma sugestão de

    uso através da Aprendizagem Significativa de Ausubel.

    Segundo COELHO (2016):

    Na tentativa de estruturar o processo de ensino-aprendizagem

    Benjamin S. Bloom e colaboradores organizaram os conhecidos domínios da

    aprendizagem: cognitivo, afetivo e psicomotor.

    A aprendizagem cognitiva é aquela que resulta no armazenamento organizado

    de informações que se aprende, e esse complexo organizado é conhecido como

    estrutura cognitiva. A aprendizagem afetiva resulta de sinais internos ao indivíduo e

    pode ser identificada com experiências tais como prazer e dor, satisfação ou

    descontentamento, alegria ou ansiedade. Algumas experiências afetivas sempre

    acompanham as experiências cognitivas. Portanto, a aprendizagem afetiva é

    concomitante com a cognitiva. A aprendizagem psicomotora envolve respostas

    musculares adquiridas por meio de treino e prática, mas alguma aprendizagem

    cognitiva é geralmente importante na aquisição de habilidades psicomotoras.

    Na teoria de Ausubel o foco principal é a aprendizagem cognitiva, onde o

    conceito central da sua teoria é o de aprendizagem significativa. Podemos entender a

    aprendizagem significativa como um processo por meio do qual uma nova informação

    relacionasse com uma informação existente e relevante para o aluno, informação essa

    a qual Ausubel chama de subsunçor. Assim a aprendizagem significativa ocorre

  • 47

    quando a nova informação interage com conceitos ou proposições relevantes

    preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz.

    Ainda segundo COELHO (2016):

    O foco dessa teoria está voltado para os ambientes de aprendizagem

    escolares e assim propõe uma explicação teórica do processo de

    aprendizagem fundamentado sobretudo em aspectos cognitivistas, embora

    reconheça a importância do domínio afetivo. Assim, como outros teóricos do

    cognitivismo, relaciona a aprendizagem com a organização, integração e

    operacionalização do material de conhecimento na estrutura cognitiva. Desta

    forma, a estrutura cognitiva é entendida como o conteúdo total de ideias de

    um indivíduo, sua organização e mobilização.

    Contrariando a aprendizagem significativa, Ausubel define aprendizagem

    mecânica (ou automática) como sendo a aprendizagem de novas informações com

    pouca ou nenhuma interação com conceitos relevantes existentes na estrutura

    cognitiva. Porém, para introduzir um novo conhecimento, Ausubel recomenda o uso

    de organizadores prévios que sirvam de âncora para a nova aprendizagem e levem

    ao desenvolvimento de conceitos subsunçores que facilitem a aprendizagem

    subsequente.

    O uso de organizadores prévios é uma estratégia proposta por Ausubel para,

    deliberadamente, manipular a estrutura cognitiva, a fim de facilitar a aprendizagem

    significativa. Organizadores prévios são materiais introdutórios apresentados antes do

    material a ser aprendido em si.

    Segundo o próprio Ausubel, no entanto, a principal função do organizador

    prévio é a de servir de ponte entre o que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber, a

    fim de que o material possa ser aprendido de forma significativa, ou seja,

    organizadores prévios são úteis para facilitar a aprendizagem na medida em que

    funcionam como "pontes cognitivas".

  • 48

    5.1 SUGESTÃO DE UMA UEPS PARA O ENSINO DE MOVIMENTOS HARMÔNICOS

    Moreira (2011), em seu trabalho expõe alguns passos a serem seguidas para

    a construção de uma Unidade de Ensino Potencialmente Significativa-UEPS. Aqui

    iremos discutir a possibilidades de criação de uma UEPS aplicável a ferramenta

    apresentada no produto educacional aos moldes da aprendizagem significativa.

    Porém, mais uma vez lembramos que o professor poderá utilizar a metodologia de

    ensino que melhor se adeque a sua prática pedagógica e a realidade de sua escola.

    Para a criação de uma UEPS devem ser seguidos 8 passos. Lembrando que o

    professor poderá identificar, de acordo com sua realidade, a necessidade de suprimir

    algum desses passos.

    O primeiro passo para a criação de UEPS é definir o tópico específico a ser

    abordado. A proposta apresentada nesse trabalho é estudar os Movimentos

    Periódicos. Serão levantados, juntamente com os alunos, as situações onde são

    possíveis serem observados estes tipos de movimentos.

    1. Atividades iniciais: Os alunos serão estimulados a diferenciar os Movimentos

    Periódicos de outros não periódicos, a fim de identificar as possíveis grandezas físicas

    importantes para o seu entendimento, as palavras-chaves importantes para o assunto

    em questão.

    2. Criar/propor situações: Após definido o tópico a ser trabalhado, o segundo

    passo seria criar ou propor situações, com a finalidade de levar o aluno a externar

    seus conhecimentos prévios, aceitos ou não a respeito dos Movimentos Periódicos.

    O objetivo é identificar os subsunçores trazidos pela turma. O professor irá verificar,

    por exemplo, se os estudantes conseguem entender conceitos abstratos como

    periodicidade, frequência e energia. Mesmo que de forma não estruturada. Se os

    alunos conseguem perceber as trocas de energia, ocorridas ao longo de um

    movimento que se repete.

    Neste momento, o professor poderá problematizar alguma situação envolvendo

    os movimentos periódicos que sejam comuns a realidade dos alunos. Um exemplo

    comum pode ser o movimento de um balanço de criança. O professor poderá

    perguntar aos alunos, em que ponto o mesmo terá maior velocidade, ou quais os tipos

  • 49

    de energia estão envolvidos no movimento do balanço. Lembrando que as perguntas

    devem estar no contexto da matéria de ensino, e supostamente relevante para a

    aprendizagem significativa do tópico em pauta;

    3. Propor situação problema. O terceiro passo seria apresentar situações-

    problema, em nível bem introdutório levando em conta os conhecimentos prévios dos

    alunos. Estas situações problemas podem ser demonstrada através de vídeos, ou

    utilizando diretamente as simulações fornecidas no Produto Educacional. O objetivo

    aqui é preparar os alunos para os novos conteúdos específicos do tema na forma de

    um organizador prévio. A primeira atividade propriamente dita do Produto Educacional

    mostra uma simulação do Movimento Periódico em um sistema massa-mola na

    horizontal que descreve uma oscilação harmônica ideal. Com os simuladores

    fornecidos nessa atividade, o professor poderá estruturar os conceitos de período e

    frequência, fundamentais para o estudo do Movimento Periódico, bem como também

    discutir os pontos onde há maior e menor aceleração e velocidade. Agora estes

    conceitos, passados de forma estruturadas, serão relacionadas ao conceito de

    energia. Posteriormente, a partir da segunda situação apresentada no Produto

    Educacional, elevamos o nível da discussão, passando para o caso de um oscilador

    harmônico oscilando na direção vertical, indo de um caso mais simples para um caso

    mais complexo. Nas simulações fornecidas para este caso, os alunos poderão

    perceber a influência da força peso no movimento harmônico. Em seguida, através do

    uso da terceira atividade, poderemos estruturar o comportamento das energias

    envolvidas no movimento do oscilador harmônico ideal.

    4. O processo de ensino. Uma vez trabalhadas as situações iniciais do tema,

    será apresentado o conhecimento a ser ensinado, levando em conta a diferenciação

    progressiva, começando com aspectos mais gerais. Aqui usaremos a quarta e quinta

    atividade do Produto Educacional para estudar o movimento de um pêndulo simples,

    constituído de uma massa presa em um fio que oscila em torno de uma posição de

    equilíbrio. Para esta atividade serão disponibilizados novos simuladores. A quarta e

    quinta Atividade do Produto educacional nos permite mostrar o movimento do pêndulo

    simples e discutir com os alunos a frequência angular e mostrar que esse valor não

    depende da massa do pêndulo (desprezando a resistência ar). Além disso, é possível

    mostrar como encontrar a aceleração da gravidade com o uso de um pêndulo.

  • 50

    5. Nova situação problema, em nível mais alto de complexidade: O professor

    poderá retomar os aspectos mais gerais, estruturantes do conteúdo da unidade de

    ensino, em nova apresentação. Os conceitos serão reapresentados em nível mais alto

    de complexidade em relação à primeira apresentação. As situações-problemas serão

    apresentadas em níveis crescentes de complexidade. Aqui podemos usar a sexta

    atividade proposta no Produto Educacional. A mesma mostra de forma bem geral e

    complexidade da relação entre o movimento circular uniforme e o movimento

    harmônico simples. Será permitindo ao aluno visualizar que alguns conceitos são

    equivalentes nos dois tipos de movimento. Além disso, ajudará a evidenciar a

    importância do estudo do Movimento Periódico na Física, uma vez que esse tipo de

    movimento pode ser encontrado em diversas situações na natureza.

    6. Diferenciação progressiva: Aqui o professor poderá retomar a situação inicial

    de um balanço de criança e discutir o mesmo a partir de todos os conceitos

    demonstrados durante a aplicação das simulações. Em seguida com o uso da sétima

    atividade podemos mostrar uma situação problema para mostrar que as simulações

    até ali discutidas representam situações ideais e que a natureza não se comporta

    exatamente da forma inicialmente discutida. Nessa atividade são mostrados exemplos

    de situações encontradas no cotidiano do aluno, onde a energia Mecânica é dissipada.

    Nessa atividade, é utilizada uma simulação de um oscilador harmônico amortecido.

    Nessa simulação, os estudantes poderão observar o comportamento aproximado de

    um oscilador real, permitindo que o mesmo possa relacionar os conceitos aprendidos

    aos fenômenos reais conhecidos por eles.

    7. Avaliação: Esta deve ser feita ao longo da implementação do produto

    educacional, registrando tudo que possa ser considerado evidência de aprendizagem

    significativa do conteúdo trabalhado. É possível utilizar os questionários disponíveis

    no produto educacional para analisar e verificar se a aprendizagem está ocorrendo de

    forma satisfatória.

    8. Avaliação da UEPS. a partir das evidências de aprendizagem significativa

    obtidas, ou não, ao longo do desenvolvimento das atividades. Porém esta ação

    somente poderá de fato ser avaliada a longo prazo se certificando através de outras

    evidências se realmente houve aprendizagem significativa.

  • 51

    6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

    Nesse trabalho foi feita a aplicação de uma sequência de atividades referentes

    aos movimentos harmônicos simples, conforme apresentado no produto educacional

    desenvolvido durante o mestrado e discutido nos tópicos anteriores.

    A aplicação das atividades propostas no Produto educacional foram realizadas

    na Escola Estadual Professora Isabel Barbosa Vieira, localizada na cidade de Touros

    no estado do Rio Grande do Norte. Com uma turma de 2º do Ensino Médio, no turno

    matutino. A turma tem um total de 40 alunos. Porém, adiantamos que ao longo do

    processo de aplicação do produto, alguns alunos faltaram uma atividade ou outra.

    Para esse trabalho não foi possível aplicar uma Unidade de Ensino

    Potencialmente Significativa na sua forma completa como propomos anteriormente no

    Capítulo 5 devido a algumas limitações. Primeiramente, o autor desse trabalho não é

    professor titular da turma onde ocorreu a aplicação do produto, bem como também

    durante a aplicação, não era professor da rede estadual de ensino. Porém, por já

    haver trabalhado naquela escola, foi concedida uma autorização especial para que

    fosse realizada a intervenção através da aplicação do produto educacional. Por esta

    razão, o candidato não tinha tanta autonomia de tempo, para que pudesse fazer a

    aplicação de uma proposta como a sugerida nesse trabalho, no formato em que está

    disposto na UEPS sugerida no Capitulo 5. Além disso, para aquela metodologia, seria

    necessário que cada aluno dispusesse de um computador para poder manusear as

    simulações apresentadas. Isso é algo que vai em contraste com a realidade da escola,

    a mesma não dispunha de laboratório de informática. Assim, houve a necessidade de

    adaptar a proposta apresentada no produto educacional, buscando ajustar conforme

    a realidade da escola. Mesmo com essas limitações, a aplicação buscou se apropriar

    de alguns elementos da aprendizagem significativa. Desse modo o trabalho se

    assemelhou mais a um teste para a aplicação do software em sala de aula.

    A aplicação total das propostas presentes no produto sugere um total de 12

    aulas de 50 minutos cada, então as dividimos em 6 encontros, cada um com duas

    aulas, os mesmos foram realizados entre os dias 4 e 21 de maio, período em que

    ocorria o primeiro bimestre letivo na instituição de ensino. A tabela abaixo descreve

  • 52

    um cronograma de encontros. Em cada encontro ocorreu uma atividade, com exceção

    do último encontro, no qual fizemos a aplicação de duas atividades.

    Tabela 3 – Cronograma de aplicação do produto educacional.

    Cronograma de aulas

    Dia da

    aplicação Atividade aplicada Quantidade de aulas

    4 de maio

    Execução da atividade 1;

    MOVIMENTO HARMÔNICO

    SIMPLES

    2 aulas de 50 min.

    7 de maio

    Execução da atividade 2;

    MOVIMENTO HARMÔNICO

    SIMPLES NA VERTICAL

    2 aulas de 50 min.

    11 de maio

    Execução da atividade 3; ENERGIA

    NO MOVIMENTO HARMÔNICO

    SIMPLES

    2 aulas de 50 min.

    14 de maio

    Execução da atividade 4;

    PÊNDULO SIMPLES

    2 aulas de 50 min.

    18 de maio

    Execução da atividade 5; ENERGIA

    NO PÊNDULO SIMPLES

    2 aulas de 50 min.

    21 de maio

    Execução da atividade 6;

    RELAÇÃO ENTRE O MHS E O

    MCU

    1 aula de 50 min.

    21 de maio Execução da atividade 7;

    OSCILAÇÕES AMORTECIDAS 1 aula de 50 min.

    Fonte: “Autoria própria (2018)”.

  • 53

    A metodologia utilizada se apropriou das propostas presentes no produto

    educacional, o qual disponibiliza as simulações acompanhadas com as sugestões de

    atividades, de modo que o professor possa com elas trabalhar os movimentos

    periódicos em sala de aula. A seguir temos uma melhor definição de como ocorreu

    cada aula.

    6.1 AULA 1: MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES

    A primeira aula ocorreu no dia 4 de maio, a mesma foi elaborada com base no

    roteiro disponibilizado no produto educacional, como essa é a primeira atividade,

    então buscamos dar uma breve introdução para os alunos acerca do objetivo desse

    trabalho e uma breve explanação sobre o software que seria usado com a turma.

    Nessa aula buscamos discutir os conceitos básicos referentes a frequência e

    período. No produto educacional temos um link onde está disponível quatro

    simulações referentes ao movimento harmônico simples na horizontal, as quatro

    simulações disponibilizadas são referentes a mesma situação, porém em cada uma

    delas uma das grandeza está com valor diferente, onde é possível que através da

    discussão e a coleta de dados os alunos percebam que a partir dessas alterações de

    algumas grandezas como massa, constante elástica e amplitude, que o período e a

    frequência poderão ou não sofrer alteração. Com os resultados coletados os alunos

    puderam criar suas conclusões e responder o questionário aplicado.

    6.1.1 Plano de aula.

    ➢ Tema:

    • Movimento Harmônico Simples.

    ➢ Duração:

    • 2 aulas de 50 minutos.

  • 54

    ➢ Objetivos:

    • GERAL:

    o Essa atividade visa verificar as propriedades do movimento harmônico

    simples em um sistema massa-mola oscilando na horizontal.

    • ESPECÍFICOS:

    o Verificar que período de oscilação de um corpo preso a uma mola e

    inversamente proporcional a constante elástica da mola.

    o Descrever um movimento harmônico simples

    o Determinar o período de um MHS

    o Verificar o comportamento das grandezas (período, frequência e

    velocidade) em relação à variação da massa, da constante elástica da

    mola e da amplitude de oscilação.

    ➢ Materiais:

    • Software Algodoo

    • Quadro

    • Pincel

    • Computador com a configuração necessária

    • Projetor

    • Simulação disponível em:

    http://docente.ifrn.edu.br/melquisedecsilva/producao/mecanica/movimento

    s-periodicos/mhs-horizontal

    ➢ Conteúdos:

    • Movimentos Harmônicos.

    ➢ Sequência de atividades:

    ➢ 1º. Momento:

    Inicialmente o professor expôs os conteúdos referentes ao movimento

    harmônico simples, introduzindo os conceitos de frequência e amplitude, mostrando e

  • 55

    explicando o significado de cada, mostrando também a sua formulação matemática.

    Destacando que a frequência é inversa ao período.

    𝑓 =1

    𝑇 𝑇 =

    1

    𝑓

    • 2º momento

    O professor abriu uma das simulações referentes aos movimentos harmônicos

    simples, disponibilizadas através de um link no produto, e demonstrou de forma mais

    especifica os conceitos através do gráfico gerado pela simulação, relacionando e

    mostrando aos alunos a relação entre o movimento do objeto e o formato do gráfico.

    Ele demonstrou o comportamento do mesmo ao alterar o valor de alguma das

    grandezas envolvidas na simulação, relacionando cada uma delas com as equações

    matemáticas.

    • 3º momento:

    O professor aplicou a atividade disponibilizada no produto educacional com os

    alunos. Esta atividade pôde ser acompanhada das simulações indicadas através do

    link na atividade. Como a escola onde o produto foi aplicado não possuía laboratório

    de informática, foi necessário que o professor expusesse o simulador para os alunos

    através de um projetor. A medida que cada aluno necessitava observar algum

    comportamento no simulador, o professor realizava a manipulação do software,

    demonstrando os gráficos para auxiliar os alunos a preencherem as informações

    requeridas na atividade proposta (a atividade usada encontra-se no apêndice A).

    Essa aula teve mais enfoque em mostrar aos alunos as definições de período

    e frequência, que seriam os subsunçores necessários para a continuidade e

    entendimento das demais situações, pois são conceitos básicos para o estudo dos

    movimentos harmônicos.

    ➢ Análise de resultados:

    Foi disponibilizado para cada aluno uma atividade que exigiu observar a

    simulação e os gráficos gerados pelas mesmas, a partir dos quais os mesmos

    deveriam preencher coletando dados, e com esses valores poderiam resolver as

    questões propostas.

  • 56

    6.2 AULA 2: MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES NA VERTICAL

    O segundo encontro ocorreu no dia 7 de maio. Nessa aula deverá ser discutido

    o comportamento do movimento harmônico Simples para o caso de um sistema massa

    mola oscilando na direção vertical.

    Aqui temos a o mesmo sistema oscilante da aula anterior, porém o mesmo irá

    oscilar na direção vertical, onde surge a influência da força peso, causando uma

    deformação na mola, deslocando o ponto de equilíbrio do sistema, o que também irá

    deslocar o centro do gráfico. Esperamos que os alunos consigam perceber que esse

    deslocamento se deu devido ao peso do bloco que fez a mola deformar. Nas

    simulações criadas para essa situação não houve alteração na grandeza constante

    elástica. Essa aula foi elaborada conforme sugestão do livro (produto educacional), e

    executada conforme plano de aula a seguir:

    6.2.1 Plano de aula.

    ➢ Tema:

    • Movimento Harmônico Simples no sentido vertical.

    ➢ Duração:

    • 2 aulas de 50 minutos.

    ➢ Objetivos:

    • GERAL:

    o Essa atividade visa verificar as propriedades do movimento harmônico

    simples na direção vertical.

    • ESPECIFICO:

    o Verificar o período de oscilação de um corpo preso a uma mola e

    inversamente proporcional a constante elástica da mola.

    o Calcular o deslocamento da posição de equilíbrio do sistema massa-

    mola vertical;

  • 57

    o Descrever um movimento harmônico simples na vertical

    o Determinar o período de um MHS

    o Estudar o movimento harmônico simples.

    o Verificar o comportamento das grandezas em relação à variação da

    massa, da constante elástica da mola e da amplitude de oscilação.

    ➢ Materiais:

    • Software Algodoo

    • Quadro

    • Pincel

    • Computador com a configuração necessária

    • Projetor

    • Simulação disponível em:

    http://docente.ifrn.edu.br/melquisedecsilva/producao/mecanica/movimento

    s-periodicos/mhs-vertical

    ➢ Conteúdos:

    • Movimento Harmônico Simples no sentido vertical.

    ➢ Sequência de atividades:

    • 1º. Momento:

    O professor irá dar sequência ao conteúdo anterior, relembrando os conceitos

    que envolvem o movimento harmônico simples. Porém, agora será dado destaque a

    uma situação envolvendo um objeto preso a uma mola na vertical. Neste caso, a força

    peso irá fazer com que a posição de equilíbrio do sistema se desloque um pouco para

    baixo. O mesmo deverá mostrar aos alunos que é possível descrever esse

    deslocamento através das mesmas equações matemáticas usadas na atividade

    anterior.

    • 2º momento

    O professor irá abrir uma das simulações referentes aos movimentos

    harmônicos simples na direção vertical, disponibilizadas através de um link no

    produto, e demonstrar de forma mais especifica os conceitos através do gráfico

  • 58

    gerado pela simulação, mostrando aos alunos a relação entre o movimento do objeto

    e formato do gráfico. O professor deverá demonstrar o comportamento do mesmo ao

    alterar o valor de algumas das grandezas envolvidas na simulação a fim de que o

    aluno possa compreender o fenômeno e relacionar o mesmo com as equações

    matemáticas.

    • 3º momento:

    O professor aplicou a atividade disponibilizada no produto educacional com os

    alunos. Esta atividade pôde ser acompanhada das simulações indicadas através do

    link na atividade. A medida que cada aluno necessitava observar algum

    comportamento no simulador, o professor realizava a manipulação do simulador,

    demonstrando os gráficos para auxiliar os alunos a preencherem as informações

    requeridas na atividade proposta (a atividade usada encontra-se no apêndice A).

    Essa aula buscou demonstrar uma situação semelhante a apresentada na aula

    anterior, mas, buscando aprofundar-se um pouco mais, estudando a influência da

    força peso no movimento de um bloco. Buscando entender se a mesma pode

    influenciar no movimento do sistema. E como discutido no capitulo 5, essas atividades

    podem ser usadas a fim de fixar ou estruturar e conhecer os conceitos prévios dos

    alunos referentes aos conceitos de frequência e período.

    ➢ Análise de resultados:

    Foi disponibilizado para cada aluno um questionário que exigiu observar a

    simulação e os gráficos gerados pelas mesmas, a partir dos quais os mesmos

    deveriam preencher coletando dados, e com esses valore poderão resolver as

    questões propostas.

    6.3 AULA 3: ENERGIA NO MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES

    Na atividade 1 havíamos proposto a análise do comportamento de um sistema

    massa-mola oscilando na horizontal, onde buscamos discutir conceitos como

    frequência, período e amplitude.

  • 59

    A atividade 3 busca fazer uma análise do comportamento das energias

    envolvidas na mesma situação mostrada na atividade 1, situação onde tivemos um

    bloco se movendo na horizontal em uma superfície sem atrito, comprimindo e

    esticando uma mola ideal, no caso analisado aqui teremos energia cinética se

    convertendo em energia potencial elástica. Esperamos que os alunos conseguissem

    perceber essa transferência através da demonstração dos gráficos gerados polo

    software. A aula foi executada conforme o plano de aula a seguir.

    6.3.1 Plano de aula.

    ➢ Tema:

    • Energia Mecânica no Movimento Harmônico Simples.

    ➢ Duração:

    • 2 aulas de 50 minutos.

    ➢ Objetivos:

    • GERAL:

    o Essa atividade visa verificar os comportamentos da energia potencial

    elástica e da energia cinética envolvidas no movimento harmônico simples

    • ESPECÍFICOS:

    o Comprovar o comportamento constante da energia mecânica no MHS;

    o Verificar que a energia potencial se transforma em energia cinética e vice

    e versa.

    o Analisar os gráficos da energia cinética e da energia potencial elástica.

    ➢ Materiais:

    • Software Algodoo

    • Quadro

    • Pincel

  • 60

    • Computador com a configuração necessária

    • Projetor

    • Simulação disponível em:

    http://docente.ifrn.edu.br/melquisedecsilva/producao/mecanica/movimentos-

    periodicos/energia

    ➢ Conteúdos:

    • Movimento Harmônico Simples.

    ➢ Sequência de atividades:

    • 1º. Momento:

    O professor discutiu com os alunos os conceitos envolvendo energia e suas

    transformações (visto que esse assunto geralmente é abordado no ano anterior),

    buscando conhecer os conhecimentos prévios dos alunos. Posteriormente, ele revisou

    esses conceitos, mostrando os principais tipos de energias envolvidos em um

    movimento harmônico simples oscilante na direção horizontal.

    2º momento:

    O professor abriu a simulação referente a energia em movimentos harmônicos

    simples através do link disponível no produto educacional. Nessa simulação ele pôde

    demonstrar, de forma mais específica, os conceitos através dos gráficos gerados pela

    simulação no software Algodoo. Foi mostrada aos alunos a relação entre o movimento

    do objeto e o formato do gráfico, destacando a energia envolvida no sistema bloco-

    mola.

    • 3º momento:

    O professor aplicou o questionário disponível na atividade nos alunos. Neste

    momento, o professor deixou a simulação funcionando enquanto os alunos

    respondiam o questionário, para que os alunos ao o observarem, pudessem formular

    suas respostas.

    Nessa atividade buscamos apresentar, com um certo nível de complexidade,

    as transformações energéticas presentes em sistema massa mola, partindo da

    mesma simulação apresentada na atividade 1. Porém, aumentando o nível de

  • 61

    complexidade, buscando demonstrar a relação da energia cinética a velocidade do

    bloco, bem como da energia potencial elástica com a deformação da mola. É possível

    perceber que as simulações até aqui seguiram uma sequência onde sempre há o

    aumento de complexidade dos conceitos.

    ➢ Análise de r