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Sintaxe dos Casos 1. Metodologia e objetivos Este trabalho visa catalogar a sintaxe dos casos latinos presente nos textos de abertura de cada se o da primeira parte do método çã Aprendendo Latim de Peter V. Jones e Keith C. Sidwell. Ademais, pretende também fazer um estudo comparativo da abordagem da sintaxe dos casos elencados em três gramáticas de língua latina de autores diferentes. Para tanto, foram consideradas as gramáticas: Propylaeum Latinum, Vol. I, Sintaxe Latina de Besselaar; Gramática Superior da Língua Latina de Ernesto Faria e Gramática Latina de Pierre Grimal. 2. Nominativo Duas fun es sintáticas foram listadas para esse caso: a de sujeito e a de çõ predicativo do sujeito. A primeira corresponde àquele que pratica a a o. Em latim, çã assim como em português, o sujeito pode ser omitido, sendo recuperado pelo contexto e/ou pela desinência verbal. Ex.: dominus meus nuptias hodie facere uult.” (p. 70, l. 297 – 298) Meu senhor quer fazer o casamento hoje. nam di aedificauerunt oppidum Troiam (rex Troiae Priamus fuit), sed Atridae cum armis, cum equis, cum exercitu, cum opitmis militibus decimo anno ceperunt.” (p. 140, l. 289 – 292) Pois os deuses construíram a cidade de Tróia (o rei de Tróia foi Príamo), mas os filhos de Atreu – com armas, com cavalos, com exército, com ótimos soldados – a capturaram no décimo ano. Teleboae , uiri summa ferocia, nos adgressi sunt.” (p. 180, l. 51 – 52) Os Teléboas, homens da mais elevada ferocidade, nos atacaram. A segunda fun o remete a uma característica do sujeito que çã se liga a esse último por intermédio de um verbo de liga o. çã Ex.: Euclio non bonus est senex , sed auarus et malus .” (p. 21, l. 77 – 78) Eucli o n o é um bom velho, e sim (é) um avarento e mau (velho). ã ã

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Sintaxe dos Casos

1. Metodologia e objetivos

Este trabalho visa catalogar a sintaxe dos casos latinos presente nos textos deabertura de cada se o da primeira parte do método çã Aprendendo Latim de Peter V.Jones e Keith C. Sidwell. Ademais, pretende também fazer um estudo comparativo daabordagem da sintaxe dos casos elencados em três gramáticas de língua latina deautores diferentes. Para tanto, foram consideradas as gramáticas: Propylaeum Latinum,Vol. I, Sintaxe Latina de Besselaar; Gramática Superior da Língua Latina de Ernesto Fariae Gramática Latina de Pierre Grimal.

2. Nominativo

Duas fun es sintáticas foram listadas para esse caso: a de sujeito e a deçõ

predicativo do sujeito. A primeira corresponde àquele que pratica a a o. Em latim,çã

assim como em português, o sujeito pode ser omitido, sendo recuperado pelo contextoe/ou pela desinência verbal. Ex.: “dominus meus nuptias hodie facere uult.” (p. 70, l. 297 – 298)Meu senhor quer fazer o casamento hoje.

“nam di aedificauerunt oppidum Troiam (rex Troiae Priamus fuit), sed Atridae cumarmis, cum equis, cum exercitu, cum opitmis militibus decimo anno ceperunt.” (p. 140, l.289 – 292)Pois os deuses construíram a cidade de Tróia (o rei de Tróia foi Príamo), mas os filhos deAtreu – com armas, com cavalos, com exército, com ótimos soldados – a capturaram nodécimo ano.

“Teleboae, uiri summa ferocia, nos adgressi sunt.” (p. 180, l. 51 – 52)Os Teléboas, homens da mais elevada ferocidade, nos atacaram.

A segunda fun o remete a uma característica do sujeito que çã se liga a esse últimopor intermédio de um verbo de liga o. çã

Ex.: “Euclio non bonus est senex, sed auarus et malus.” (p. 21, l. 77 – 78)Eucli o n o é um bom velho, e sim (é) um avarento e mau (velho). ã ã

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“optimus sum orator” (p. 141, l. 322)Eu sou um ótimo orador.

“nonne sum ego seruus Amphitrunois Sosia?” (p. 195, l. 157 – 158)Por um acaso eu n o sou o servo Sosia de Anfitri o?ã ã

3. Vocativo

Para tal caso, foram elencados duas sintxes: o propriamente dito e o exclamativo –essa última denomina o é dada por Ernesto Faria em sua gramática, que o trata deçã

forma mais específica do que os outros dois autores. Ernesto ainda comenta: “O vocativon o é unicamente o caso da interpela o pura e simples, mas também o da ternura e doã çã

vitupério. “ (p. 292). Por fim, tanto Faria quanto Besselaar salientam o uso da interjei oçã

acompanhando o Vocativo: “Em latim, nas frases protocolares, quando o vocativo n o éã

expressivo, isto é, quando n o traz uma matriz de simpatia, amor, carinho ou insulto,ã

n o vem acompanhando de interjei o.” (p. 293).ã çã

Ex.: “heus, Pamphila!” (p. 7, l. 16)Ei, Panfila!

“di magni!” (p. 21, l. 89)Deuses grandiosos!

“di immortales!” (p. 61, l. 282)Deuses imortais!

“sed omnia scit pater tuus, Mnesiloche.” (p. 99, l. 22)Mas seu pai sabe de tudo, Menesíloco.

“o homo stulte!” (p. 118, l. 170), homem tolo!Ó

“o Troia, o patria, o Pergamum, o Priame senex, periisti...” (p. 140, l. 294 – 295) Tróia, ó pátria, ó Pérgamo, ó velho Príamo, (você) pereceu...Ó

“perge, Nox, ut nunc pergis.” (p. 170, l. 37)Continue, Noite, como agora você está fazendo.

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4. Acusativo

Os três autores s o un nimes quanto à fun o de objeto direto para esse caso.ã â çã

Trata-se de um termo final da a o verbal, um complemento que se liga diretamente aoçã

verbo.Ex.: “ego enim aulam clam in aedibus seruo.” (p. 21, l. 75 – 76)Pois eu guardo a panela secretamente na casa.

“nam curat me Phaedra, Euclionis filia, et multum honorem, multum ungentum, multascoronas dat.” (p. 21, l. 81 – 83)Pois Fedra, a filha de Eucli o, cuida de mim e (me) dá muito sacrifício, muito perfume eã

muitas coroas.

“dabisne ducentos nummos aureos Philippos?” (p. 132, l. 274)Você vai dar duzentas moedas filipos de ouro?

“nam eundem petasum habet, eundem uestitum, eandem staturam,eosdem pedes,idemmentum, easdem malas, eadem labra, barbam, nasum, collum.” (p. 196, l. 169 – 171)Pois ele tem o mesmo chapéu, a mesma vestimenta, a mesma altura, os mesmos pés, omesmo queixo, as mesmas bochechas, os mesmos lábios, barba, nariz, pesco o.ç

Besselaar acrescenta uma subclassifica o à sintaxe anterior: çã

“Na frase: aedifico domum, o obj. Direto domum vem a ser realizado sob a influência daa o verbal (çã objectum rei effectae); na frase: vendo domum, o obj. Direto domum jáexistia antes de se efetuar a a o verbal, sendo que vem a ser apenas atingido num dosçã

seus aspectos pela mesma (objectum rei affectae).” (p. 96)Os três gramáticos ainda indicam um acusativo exclamativo – similar ao vocativo

exclamativo –, geralmente acompanhado por uma interjei o. çã

Ex.:“o pecuniam meam!” (p. 60, l. 250)

, meu dinheiro!Ó

“o puellam miseram!” (p. 61, l. 288), pobre menina!Ó

“...me miserum...” (p. 376, l. 270)Pobre de mim...

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Há também nas três obras uma referência ao acusativo interno – Ernesto Faria citaainda outras nomenclaturas, como acusativo de qualifica o, de figura etimológico.çã

Griamal e Besselaar o denominam objeto interno. Trata-se de um acusativo quecompartilha a mesma raiz ou mesmo sentido do verbo. Ex.:

No que tange às demais fun es sintáticas desse caso, há consideráveisçõ

distin es entre eles. A primeira delas é quanto ao predicativo do objeto. Somenteçõ

Ernesto e Pierre o apontam em suas gramáticas - aquele usa a nomenclatura “adjuntopredicativo” que se refere ao objeto. Trata-se de uma característica/ qualidade atribuídaao objeto por intermédio de um verbo. Ex.:“ut tu me optimam habes feminam, ita ego te fratrem habeo optimum.” (p. 47, l. 188 –189)Como você me considera uma ótima mulher, assim eu considero você um ótimo irm o.ã

“...uxores uirum diuitem pauperem statim faciunt.” (p. 47, l. 198)As esposas tornam imediatamente um homem rico em pobre.

“...uxorem puellam pulchram habeo bonamque...” (p. 60, l. 270)Eu tenho como esposa uma bela e boa mo a. ç

“me mendacem habet...” (p. 99, l. 23)Ele me considera um mentiroso.

Grimal também se diferencia dos demais ao tratar, em sua respectiva obra, de umAcusativo como sujeito, em ora es infinitivas.çõ

Ex.:“nunc, pater, nolo Chrysalum te iterum decipere.” (p. 101, l. 93 – 94)Agora, pai, eu n o quero que o Crísalo engane você novamente. ã

“uolo te audire haec uerba.” (p. 142, l. 335)Eu quero que você escute estas palavras.

“sic Teleboae [...] Amphitruonem exercitum de agro statim deducere iusserunt.” (p. 181,l. 69 – 71)Assim os Teléboas ordenaram que Anfitri o retirasse o exército do territórioã

imediatamente.

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Outro ponto distoante é o acusativo indicando movimento. Ernesto o nomeiaAcusativo de movimento; Besselaar, de dire o e Grimal o classifica como adjuntoçã

adverbial de lugar para onde. Tal uso se dá com verbos de movimento e pode seracompanhado de preposi o. Indica para onde tende um movimento. çã

Ex.:“cur non domum Euclionis adis?” (p. 48, l. 222)Por que você n o vai para a casa de Eucli o?ã ã

“mittit igitur coquos in meas aedis.” (p. 72, l. 355) Portanto, ele está enviando os cozinheiros para dentro da minha casa.

“exeunt ad biclinium Mnesilochus et Pistoclerus.” (p. 102, l. 130)Menesíloco e Pistoclero saem e (se dirigem) até o biclínio.

“nunc in aedis domini mei ingrediar.” (p. 170, l. 45)Agora eu vou entrar na casa do meu senhor.

“estne in has aedis ingressurus?” (p. 194, l. 96)Ele pretende entrar nesta casa?

Por fim, esse caso latino também pode remeter à dura o. Faria engloba essaçã

no o temporal e espacial no Acusativo Extens o, ao passo que Besselaar, o subdivideçã ã

em Acusativo de extens o (para o espa o) e de dura o para o tempo. Grimal, por seuã ç çã

turno, é mais radical na sua classifica o e o considera como Adjunto adverbial deçã

tempo e de dist ncia. De qualquer forma, os dois primeiros recohecem que aâ

preposi o çã per (durante, por) pode acompanhar esse caso.Ex.:“per noctem numquam dormit, sed peruigilat; per diem me ex aedibus semper expellit.”(p. 37, l. 145 – 147)Durante a noite, ele nunca dorme, e sim fica de vigia; durante o dia, ele sempre meexpulsa de casa.

“... solus per hanc longissimam ambulo noctem.” (p. 170, l. 29 – 30)Sozinho, durante/por esta longíssima noite, eu ando.

“nam olim dominus meus me uerberauit et totam noctem pependi.” (p. 170, l. 39 – 40)Pois, um certo dia, meu senhor me a oitou e durante a noite inteira eu fiqueiç

pendurado.

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5. Genitivo

Os três autores reconhecem a sintaxe Genitivo Partitivo que remete à parte de umtodo e complementa substantivos, adjetivos, pronome, advérbio. (verbo??)Ex.:“...satis pecuniae aurique habeo” (p. 48, l. 203)Eu tenho dinheiro e ouro suficientes.

“praeterea uxores diuites domi nimis pecuniae aurique rogant.” (p. 48, l. 203 – 204)Além disso, as esposas ricas em casa pedem dinheiro e ouro demais.

“sed quid consili habes?” (p. 100, l. 57)Mas qual é o plano?

“quid negoti est?” (p. 101, l. 76)Qual é o problema?

“atque iubebis me plus auri auferre. (p. 119, l. 199)E você ordenará que eu leve mais ouro.

“immo uero ego audacissimus sum omnium hominum...” (p. 170, l. 26) Ou melhor, de fato, eu sou o mais ousado de todos os homens.

Também apontam para um Genitivo de Pre o que expressa uma avalia o maisç çã

geral. Ex.:“...nam senex est uetustissimus; tanti est quanti fungus putidus.” (p. 118, l. 194)Pois o velho é velhíssimo; (ele) vale tanto quanto um fungo podre.

“tanti ero quanti murena!” (p. 194, l. 114)Vou valer tanto quanto uma enguia.

Ressalta-se ainda um Genitivo de Posse – ou Possessivo, conforme Ernesto Faria.Trata-se do caso exprimindo a rela o de posse material e de qualidades morais.çã

Ex.:“ut uexat me Euclionis paupertas!” (p. 71, l. 319)Como a pobreza de Eucli o me atormenta!ã

“...pater Mnesilochi...” (p. 99, l. 2)Pai de Menesíloco

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“mox cognosces tu fili tui mores...” (p. 117, l. 155)Logo voc vai conhecer a moral do seu filho.ẽ

“illae aedes sunt Amphitruonis...” (p. 169, l. 8)Aquela casa é de Anfitri o.ã

“imperium Amphitruonis exsequar et uictoriam eius Alcumenae nuntiabo.” (p. 170, l. 45– 46)Vou executar a ordem de Anfitri o e anunciar a vitória dele a Alcmena.ã

“sum Amphitruonis Sosia.” (p. 195, l. 144)Sou Sósia de Anfitir o.ã

Os três reconhecem ainda um Genitivo subjetivo e objetivo. Trata-se de umsubstantivo que remeta à a o, um substantivo verbal como diz Besselaar, que podeçã

designar aquele que pratica o ato (subjetivo) ou que sofre (objetivo). Ex.: “hodie nuptias filiae meae paro.” (p. 8, l. 43)Hoje eu estou preparando as núpcias da minha filha.

“ut uita mei fili me sollicitat!” (p. 155, l. 370)Como a vida do meu filho me atormenta!

Quanto ao genitivo de matéria, reconhecidos por Beeselar e Faria, pode-se dizerque remete à subst ncia (a matéria) ou o conteúdo de que algo é feito/ composto.â

Ex.:“apud Megadorum est ingens turba, ingentia uasa argentea...” (p. 71, l. 326)Na casa de Megadoro há uma imensa multid o, vasos grandes de prata.ã

6. Dativo

Os três autores est o em consenso quanto ao dativo como caso da atribui o, aã çã

quem se destina algo. Todavia, Besselaar o compara a outra sintaxe: o dativo de c modoô

ou inc modo – que indica a pessoa em cuja vangem e desvantagem, respectivamente,ô

algo é feito. Segundo o gramático: “...os limites entre os dois tipos s o muito vagos e, [...]ã

só o significado do verbo decide se tal dat. é simplesmente dat. de objeto indireto ou sedeve ser considerado como dat. de c modo ou de inc modo...” (p. 112). ô ô

Ex.:“... aulam auri plenam Euclioni do.” (p. 21, l. 86)Estou dando a panela cheia de ouro para Eucli o.ã

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“redde mihi quod meum est!” (p. 83, l. 395)Devolva para mim aquilo que é meu.

“uolo te senem doctum docte fallere aurumque seni auferre.” (p. 99, l. 10 – 11)Eu quero que você engane o velho sábio sabiamente e roube o ouro do velho.

“haec sic meae dicam dominae.” (p. 181, l. 93)Assim direi estas coisas para minha dona.

Os três também reconhecem o dativo de posse – ou possessivo, segundoBesselaar. Tal sintaxe é equivalente a habeo/teneo + acusativo e é formada por:possuidor em dativo + coisa possuída em nominativo + verbo esseEx.:“opus mihi audax est ac satis difficile.” (p. 117, l. 133)Eu tenho um trabalho ousado e bastante difícil.

“nomem Mercurio est mihi...” (p. 169, l. 7)Meu nome é Mercúrio.

“quid nunc tibi est nomen?” (p. 195, l. 152)Qual é o seu nome agora?

“ecce: est mihi patera aurea.” (p. 209, l. 220)Veja: eu tenho um vaso de ouro.

“...tibi erit patera regis.” (p. 209, l. 222)Você téra o vaso do rei.

Faria e Besselaar apontam um dativo de contato/ ou aproxima o e, como oçã

nome indica, significa entrar em contato com. Trata-se de uma aproxima o deçã

elementos.Ex.:

Page 9: Sintaxe Dos Casos

7. Ablativo

Em sua gramática, Ernesto considera três grandes classifica es para o Ablativo: oçõ

propriamente dito (também chamado de ponto de partida por Pierre Grimal), oinstrumental e o locativo. Já Besselaar, considera o separativo, o intrumental e o locativo.A diferen a é que este último engloba duas subcategorias apontadas por aqueleç

primeiro – o propriamente dito e o de separa o – numa única subcategoria: o ablativoçã

de separa o propriamente dito. çã

O Ablativo propriamente dito (ou também chamado de lugar de onde por Grimal),como nos informa Faria, indica o ponto de partida.Ex.:“ex aedibus in scaenam intrat Staphyla.“ (p. 61, l. 285)Estáfila sai da casa e entra em cena.

“Euclio autem audit et domo exit.” (p. 82, l. 368)Mas Eucli o escuta e sai de casaã

“exit e scaena ad Bacchiden Pistoclreus.” (p. 100, l. 70)Pistoclero sai do palco e se aproxima das Báquides

“ut tu tabellas a Mnesilocho accipis, ita ad te obsignatas adfero.” (p.118, l. 178)Como você recebe as tabuinhas de Menesíloco, assim eu as trago seladas até você.

“sic Teleboae, ferociter locuti multaque nostro exercitui minati, Amphitruonemexercitum de agro statim deducere iusserunt.” (p. 181, l. 69 – 71) Assim os Teléboas, tendo falado ferozmente e feito muitas amea as ao nosso exército,ç

ordenaram que Anfitri o retirasse o exército do território imediatamente. ã

O Ablativo de separa o, por seu turno, como seu próprio nome indica, remete açã

ideia de separa o, priva o, exclus o ou falta.çã çã ã

Ex.:“... et filiam meam domum duc, ut uis – sed sine dote – et coquos uoca.” (p. 61, l. 277 –278)E se case com a minha filha, como você quer – mas sem o dote – e chame os cozinheiros.

“nam ego dominum expugnabo meum una hora, sine exercitu, sine militibus.” (p. 140, l.293 – 294) Pois eu vou assaltar o meu senhor em uma hora, sem exército, sem soldados.

Page 10: Sintaxe Dos Casos

Há ainda o Ablativo de origem ( ou de procedência, conforme Grimal) que além dafilia o, pode indicar a classe social e um lugar.çã

Ex.:“utrimque igitur est grauida – et ex uiro et ex summo Ioue.” (p. 169, l. 15)De ambos, portanto, está grávida – n o só do marido mas também do supremo Júpiiter.ã

Quanto ao instrumental, os três apontam o ablativo sociativo de companhia (oupropriamente dito, segundo Besselaar) que equivale a um adjunto adverbial decompanhia em português.Ex.:“omne hercle aurum nunc mecum semper portabo.” (p. 72, l. 350)Por Hércules! Agora eu vou carregar sempre todo ouro comigo.

“secum loquitur Chrysalus” (p. 117, l.132)Crísalo fala consigo mesmo.

“pater meus, Amphitruoni similis, hac nocte intus cum ea cubat...” (p. 170, l. 16)Meu pai, semelhante a Anfitri o, está se deitando com ela esta noite toda.ã

O Ablativo instrumental propriamente dito (ou de meio, segundo Griamal) indica aforma como é realizada uma a o.çã

Ex.:“at mentiris; certo pedibus, non tunicis, uenisti.” (p. 195, l. 140)Mas você está mentindo; com certeza você veio com os pés, n o com as túnicas.ã

“Mercurius Sosiam pugnis ferociter uerberat.” (p. 195, l. 141)Mercúrio bate em Sósia com os punhos ferozmente.

“sed eum in proelio mea manu necaui.” (p. 209, l. 209)Mas eu o matei na batalha com a minha (p opria) m o (=por meio das minhas m os)ŕ ã ã

Já o Ablativo instrumental de qualidade remete a uma deccri o da qualidadeçã

distintiva de uma pessoa.Ex.:“in scaenam intrat Lyconides, iuuenis summa pulchritudine, nulla continentia.” (p. 84, l.409 – 410)Entra em cena Licónides, jovem da mais elevada beleza, (mas) de nenhuma modera o.çã

“...Chrysalus, seruus summa nequitia, me decepit.” (p. 155, l. 380 – 381) Crísalo, servo da mais elevada perversidade, me enganou.

Page 11: Sintaxe Dos Casos

“uxor eius Alcumena est, femina summa constantia et pudicitia.” (p. 169, l. 9 -10)A esposa dele é Alcmena, mulher da mais elevada fidelidade e honra.

Para concluir o Ablativo intrumental, temos o de modo que indica como a a oçã

expressa pelo verbo se desenrola. Ex.:“quid illae in consilio clam consultant?” (p. 157, l. 450)O que elas deliberam em conselho secretamente?

“nos in otio et pace fuimus.” (p. 180, l. 51)Nós fomos na tranquilidade e na paz.

Por fim, temos o Ablativo Locativo que se subdivide em de lugar (ou lugar onde,conforme Grimal) e o de tempo.

O primeiro indica o lugar em que algo acontece e pode aparecer com ou sempreposi o.çã

Ex.:“Euclio in scaena dormit...” (p. 21, l. 70)Eucli o dorme no palco.ã

“et, ut fuerunt milites armati in equo ligneo, sic sunt litterae in his tabellis.” (p. 141, l.300 – 301)E, como os soldados foram armados no cavalo de madeira, assim s o as cartas nestasã

tabuinhas.

“nam neque Septentriones se in caelo commouent, neque se Luna mutat...” (p. 170, l. 32– 33)Pois nem Setentro o se move no céu, nem a Lua se modifica.ã

O segundo, por sua vez, indica o momento em que uma a o se desenvolve. çã

Ex.:“nam di aedificauerunt oppidum Troiam [...], sed Atridae [...] decimo anno ceperunt. [...]nam ego dominum expugnabo meum una hora...” (p. 140, l. 289 – 293)Pois os deuses construiíram a cidade de Troia, mas os filhos de Atreu no décimo ano, acapturou. Pois eu assaltarei o meu senhor em uma hora.

“media nocte uenisti, nunc mane abis.” (p. 209, l. 212)Você veio no meio da noite, agora está indo de manh .ã

Page 12: Sintaxe Dos Casos

8. Quadro - resumo

Abaixo, encontra-se uma tabela simplificada que visa resumir e comparar aabordagem da sintaxe dos casos das três gramáticas latinas usadas para esse trabalho.As células marcadas de azul correspondem as fun es sintáticas catalogadas nos textosçõ

do método Aprendendo Latim.

Sintaxe dos Casos em Faria, Besselaar e Grimal

CasoLatino

ErnestoFaria

José Besselaar Pierre Grimal Exemplo

Nominativo

zero - -

pendens - -

denominativo - -

sujeito sujeito sujeito

predicativo dosujeito

predicativo dosujeito

predicativo dosujeito

aposto - -

exclamativo exclamativo -

pelo vocativoem vez dovocativo

-

Vocativo

com/ seminterjei oçã

com/seminterjei oçã

“propriamentedito”

exclamativoem apóstrofes e

exclama esçõ-

Acusativo

de movimento de dire o çã

adjuntoadverbial de

lugar para onde

objeto indiretoobjeto direto(rei effectae erei affectae)

objeto direto

de parte/ derela oçã

de parte1

- eliptico -

exclamativo exclamativo exclamativo

Page 13: Sintaxe Dos Casos

internode objetointerno

-

de extens oã de extens oãadjunto

adverbial dedist nciaâ

- de dura oçã adjuntoadverbial de

tempo

de rela o/deçã

partede rela oçã 1 de rela o/çã

adverbial

duplo duplo -

predicativo doobjeto

- -

- -sujeito da

ora o infinitivaçã

- -complemento de

adjetivos

- -complemento de

nome

Genitivopartitivo partitivo partitivo

adnominalsubjetivo eobjetivo

subjetivo eobjetivo

subjetivo eobjetivo

adnominalpossessivo

de posse posse

adnominal dematéria

de matéria

adnominal dequalidade

de qualidade qualidade

adnominalexplicativo

explicativo explicativo

adnominal depre oç

de pre oç pre oç

adnominal de de crime -

Page 14: Sintaxe Dos Casos

crime

adnominal derespeito/rela oçã

de rela oçã

-

adnominalexclamativo

- -

- de causa -

- - medida

- - avalia oçã

Dativoobjeto indireto de atribui o:çã

objeto indiretoobjeto

de contato/aproxima oçã

de atribui o:çã

de aproxima oçã

de interesse(c modo ouô

inc modo)ô

de atribui o:çã

c modo ouô

inc modoô

complemento deatribui o: deçã

interesse

de posse de atribui o:çã

possessivocomplemento de

atribui o: deçã

posse

de referência de atribui o:çã

de referência

ético de atribui o:çã

ético

agente/obriga oçã

de atribui o:çã

de agente

de destina oçã

finalpropriamente

dito

complemento deadjetivos

de dire oçã: final de

dire oçãadjunto

adverbial

-de atribui o:çã

de interesse-

- de atribui o:çã duplo dativo

duplo dativo

Page 15: Sintaxe Dos Casos

-de atribui o:çã

dativoexclamativo

-

- : final duplodativo

duplo dativo

- -Complemento

de passiva

- -complemento

de nome

Ablativo propriamentedito: ponto de

partida

separativo:propriamente

dito

ponto departida: lugar de

onde

propriamentedito: de

sepra oçã

-ponto de

partida: desepra oçã

propriamentedito: de origem

separativo: deorigem

ponto departida:

procedência

propriamentedito: de

compara oçã

separativo: decompara oçã

propriamentedito: de matéria

-ponto de

partida: dematéria

intrumental: decompanhia

sociativo:propriamente

dito

sentidoinstrumental: de

companhia

intrumental: decircunst ncia/â

concomit nciaâ

-

intrumental: demodo

sociativo: demodo

sentidoinstrumental: de

modo

intrumental: dequalidade

sociativo dequalidade

intrumental: de intrumental: sentido

Page 16: Sintaxe Dos Casos

instrumentopropriamente

ditoinstrumental:

meio

instrumental: decausa

intrumental: decausa

sentidoinstrumental:

causa

instrumental: depre oç

intrumental: depre oç

sentidoinstrumental: de

pre oç

instrumental: deabund nciaâ

--

instrumental: delugar por onde -

sentidoinstrumental: delugar por onde

instrumental: derela o/ pontoçã

de vista

separativo: derela oçã

sentidoinstrumental:

ponto de vista

instrumental: dediferen aç

intrumental: demedida

sentidoinstrumental: de

diferen aç

locativo: de lugarlocativo: de lugar

propriamentedito

sentido locativo:de lugar onde

locativo: detempo

locativo detempo

sentido locativo:de tempo

absoluto - absoluto

-

separativo: deagente

ponto departida:

complemento dapassiva

- - sentidoinstrumental:

tempoempregado

- - sentidoinstrumental:

complemento da

Page 17: Sintaxe Dos Casos

passiva

- - sentidoinstrumental: de

pena

- - sentido locativo:de dist nciaâ