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UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE QUÍMICA COORDENAÇÃO DOS CURSOS DE QUÍMICA ISABELA CRISTINA AGUIAR DE SOUZA Síntese e Caracterização de Complexos de Cobalto(III) Contendo Ligante Triazólico Niterói 2014

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UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE QUÍMICA

COORDENAÇÃO DOS CURSOS DE QUÍMICA

ISABELA CRISTINA AGUIAR DE SOUZA

Síntese e Caracterização de Complexos de Cobalto(III)

Contendo Ligante Triazólico

Niterói

2014

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UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ISABELA CRISTINA AGUIAR DE SOUZA

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE COMPLEXOS DE COBALTO(III)

CONTENDO LIGANTE TRIAZÓLICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para a obtenção do grau Bacharel em Química Industrial.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Mauricio Lanznaster

Niterói

2014

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S 729 Souza, Isabela Cristina Aguiar de

Síntese e caracterização de complexos de cobalto (III) con- tendo ligantetriazólico/Isabela Cristina Aguiar de Souza. – Ni- terói: [s. n.], 2014. 58f. Trabalho de Conclusão de Curso – (Bacharelado em Quími- ca Industrial ) – Universidade Federal Fluminense, 2014.

1. Síntese química. 2. Cobalto. 3. Triazol. 4. Ligantes. 5. En- saio de seleção de medicamento antitumoral. I.Título.

CDD.: 541.2242

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AGRADECIMENTOS

À Deus que me proporcionou a benção de estudar em uma Faculdade Federal e me deu

forças para enfrentar os obstáculos e conseguir conclui-la.

Ao professor Dr. Mauricio Lanznaster pela orientação, paciência e apoio para a conclusão

deste trabalho.

À minha família pelo apoio e incentivo nos momentos mais difíceis e por estar presente

compartilhando os bons momentos também.

Aos amigos e amigas que sempre estiveram ao meu lado me impedindo de desistir.

À FAPERJ pela concessão da bolsa de Iniciação Científica e pelo apoio financeiro às

atividades de pesquisa.

Aos Profs. Jackson A. L. C. Resende e Carlos Basílio Pinheiro (IF-UFMG) pelas medidas

de difração de Raios X e pela resolução das estruturas cristalinas.

Ao Laboratório Multiusuário de Difração de Raios X (LDRX-UFF), Laboratório

Multiusuário de RMN (LAREMN-UFF) e Laboratório Multiusuário de Espectroscopia (LAME-

UFF) por disponibilizar a infraestrutura analítica para as análises de difração de raios X em

monocristal, RMN, espectroscopias no IV e UV-Vis e análises eletroquímicas.

Aos membros da banca examinadora pelas correções e sugestões.

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RESUMO

Segundo as pesquisas realizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer

tem sido um dos principais causadores de morte no mundo inteiro e essa situação só tende a

piorar se o número de pessoas que desenvolvem a doença permanecer crescendo.

Os principais tratamentos contra o câncer utilizados atualmente são a quimio e a

radioterapia. No entanto, sua eficiência é limitada devido a diversos fatores. Estudos têm

demonstrado que, em tumores sólidos existem regiões onde não há vascularização adequada

devido ao crescimento desordenado das células neoplásicas. Além de dificultar a chegada dos

medicamentos provenientes da quimioterapia, a concentração de oxigênio torna-se deficiente,

gerando uma condição conhecida como hipóxia. As células em hipóxia são menos susceptíveis à

radioterapia, que depende de oxigênio para geração de radicais que irão atuar contra o câncer.

Apesar de representarem um obstáculo terapêutico, as regiões hipóxicas se tornaram alvo para o

desenvolvimento de novos fármacos seletivos, denominados pró-drogas ativadas por hipóxia

(PDAHs). Uma característica importante das células em hipóxia é sua maior capacidade

redutora, comparada às células normais. Idealmente, as PDAHs circulariam intactas pelo

organismo, sendo seletivamente reduzidas no ambiente hipóxico do tumor, ativando-as para

atuarem contra as células neoplásicas.

Neste contexto, este trabalho apresenta a síntese e caracterização de dois complexos de

cobalto(III) como protótipos de PDAHs.

Os dois complexos de Co3+ obtidos têm fórmula [Co(L-H)(TZ-Cl)](BF4)2.CH3OH (1) e

[Co(L-CH3)(TZ-Cl)](BF4)2.H2O (2) onde L-H = N,N’-bis(piridin-2-ilmetil)etilenodiamino, L-

CH3 = N1,N

2-dimetil-N1,N

2-bis(piridin-2-ilmetil)etilenodiamino e HTZ-Cl =(E)-1-(4-clorofenil)-

1H-1,2,3-triazol-4-carbaldeído oxima. Estudos cristalográficos mostraram que, no complexo 1, o

ligante triazólico se coordena de forma bidentada ao centro metálico através do átomo de

oxigênio da oximadesprotonada e de um átomo de nitrogênio do anel triazólico. No complexo 2,

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observa-se a ocorrência de isomeria em estado sólido, onde a coordenação da oxima se dá tanto

pelo átomo de oxigênio quanto pelo nitrogênio.Os compostos foram caracterizados por técnicas

espectroscópicas (IV, UV-Vis), voltametria cíclica, análise elementar de CHN e difração de raios

X, e os ligantes por espectroscopia IV e RMN de 1H.

Palavras-chave: câncer, região hipóxica, pró-drogas ativadas por hipóxia, PDAHs,

cobalto(III), ligante triazólico.

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ABSTRACT

According to surveys conducted by the World Health Organization (WHO), cancer has

been the major cause of death worldwide, and this situation will continue increasing if the

number of people who acquire the disease remain growing.

The main treatments currently used for cancer are chemotherapy and radiation, yet their

effectiveness is limited due to several factors. Studies have shown that there are regions in solid

tumors of poor vascularization due to uncontrolled growth of cancer cells. The concentration of

oxygen becomes deficient, which causes a condition known as hypoxia.

Hypoxic cells are less susceptible to radiotherapy, which depends on oxygen for the

generation of radicals who will act against cancer. Although they represent a therapeutic

obstacle, hypoxic regions have been targeted for the development of selective new drugs which

are called hypoxia-activated prodrugs (HAPs). An important characteristic of hypoxic cells is the

higher reducing ability when compared to normal cells. Ideally, HAPs circulate intact in the

body, being selectively reduced in the hypoxic environment, enabling it to act against cancer

cells.

In this context, this work presents the synthesis and characterization of two complexes of

cobalt(III) as prototypes of HAPs.

The two cobalt(III) complexes obtained have the formula [Co(L-H)(TZ-

Cl)](BF4)2.CH3OH (1) and [Co(L-CH3)(TZ-Cl)](BF4)2.H2O (2) where L-H = N,N'-bis (pyridin-

2-ylmethyl)ethylenediamine, L-CH3 =N1,N2-dimethyl-N1,N2-bis(pyridin-2-

ylmethyl)ethylenediamine and HTZ-Cl = 1-(4-chlorophenyl)-1H-1,2,3-triazole-4-carbaldehyde

oxime. Crystallographic studies have shown that, in complex 1, the triazole ligand coordinates in

a bidentate way to the metal center through the deprotonated oxime oxygen atom and a nitrogen

atom of the triazole ring. In complex 2, the occurrence of isomerism in the solid state was

observed, where the coordination of the oxime is given by both the oxygen atom and the

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nitrogen. The compounds were characterized by spectroscopic (IR, UV-Vis), cyclic

voltammetry, CHN elemental analysis, and X ray diffraction analyses. The ligands were

characterized by IR and 1H NMR.

Keywords: cancer, hypoxic regions, hypoxia-activated prodrugs, HAPs, cobalt(III),

triazole ligands.

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LISTA DE ABREVIATURAS

CDCl3 – clorofórmio deuterado

CHN – análise elementar de carbono, hidrogênio e nitrogênio

DMSO – dimetilsulfóxido

DNA – ácido desoxirribonucleico

EECC – energia de estabilização do Campo Cristalino

EPH – eletrodo padrão de hidrogênio

FC – ferroceno

HTZ-Cl - (E)-1-(4-clorofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-carbaldeído oxima

IBX – ácido 2-iodoxibenzóico

INCA – Instituto Nacional do Câncer

IV –espectroscopia de absorção no infravermelho

L-CH3 -N1,N

2-dimetil-N1,N

2-bis(piridin-2-ilmetil)etilenodiamino

L-H - N,N’-bis(piridin-2-ilmetil)etilenodiamino

PDAH – pró-droga ativada por hipóxia

RMN de 1H – ressonância magnética nuclear de hidrogênio

TCLM – transferência de carga ligante-metal

UV-vis – espectroscopia na região do ultravioleta-visível

ε – coeficiente de absortividade molar

λ – comprimento de onda

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10

1.1. Câncer ............................................................................................................................ 10 1.2. Estatísticas ..................................................................................................................... 10 1.3. Tratamentos ................................................................................................................... 11 1.4. Pró-drogas ativadas por hipóxia (PDAHs) .................................................................... 12

2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 16

3. PARTE EXERIMENTAL ................................................................................................. 17

3.1. Métodos e instrumentação ............................................................................................. 17 3.1.1. Análise elementar de CHN ..................................................................................... 17 3.1.2. Difração de raios X ................................................................................................. 17 3.1.3. Espectroscopia na região do infravermelho médio ................................................. 18 3.1.4. Espectroscopia eletrônica ........................................................................................ 18 3.1.5. Voltametria cíclica .................................................................................................. 18

3.2. Síntese dos Ligantes ...................................................................................................... 19 3.2.1. Síntese do ligante N,N’-bis(piridin-2-ilmetil)etilenodiamino (L-H) ....................... 19 3.2.2. Síntese do ligante N1,N2-dimetil-N1,N2-bis(piridin-2-ilmetil)etilenodiamino(L-CH3) ........................................................................................................................................... 20 3.2.3. Síntese do ligante (E)-1-(4-clorofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-carbaldeído oxima (HTZ-Cl) ..................................................................................................................................... 21

3.2.3.1. Etapa 1: Síntese da p-cloro azida ..................................................................... 21 3.2.3.2. Etapa 2: Síntese do (1-(4-clorofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-il)metanol ............... 22 3.2.3.3. Etapa 3: Síntese do 1-(4-clorofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-carbaldeído ............... 23 3.2.3.4. Etapa 4: Síntese do (E)-1-(4-clorofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-carbaldeído oxima24

3.3. Síntese dos Complexos .................................................................................................. 25 3.3.1. Síntese do Complexo [Co(L-H)(TZ-Cl)](BF4)2.CH3OH (1) .................................. 25 3.3.2. Síntese do Complexo [Co(L-CH3)(TZ-Cl)](BF4)2.H2O (2) .................................... 26

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 27

4.1. Síntese dos Ligantes ...................................................................................................... 27 4.1.1. Síntese dos L-H e L-CH3 ........................................................................................ 27 4.1.2. Síntese do ligante triazólico ................................................................................... 28

4.2. Caracterização dos ligantes ........................................................................................... 29 4.2.1. Caracterização do ligante L-H ................................................................................ 29

4.2.1.1. Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio .............................................. 29 4.2.1.2. Espectroscopia no Infravermelho ..................................................................... 30

4.2.2. Caracterização do ligante L-CH3 ............................................................................ 31 4.2.2.1. Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio .............................................. 31 4.2.2.2. Espectroscopia no Infravermelho ..................................................................... 32

4.2.3. Caracterização do ligante triazólico HTZ-Cl .......................................................... 33 4.2.3.1. Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio .............................................. 33

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4.2.3.2. Espectroscopia no Infravermelho ..................................................................... 34 4.3. Síntese dos complexos ................................................................................................... 36

4.3.1. Síntese do Complexo 1 ........................................................................................... 36 4.3.2. Síntese do Complexo 2 ........................................................................................... 37

4.4. Caracterização dos Complexos ...................................................................................... 37 4.4.1. Caracterização do complexo [Co(L-H)(TZ-Cl)](BF4)2.CH3OH (1) ....................... 37

4.4.1.1. Difração de Raios X ......................................................................................... 37 4.4.1.2. Espectroscopia no Infravermelho (IV) ............................................................. 38 4.4.1.3. Eletroquímica: Voltametria cíclica ................................................................... 40 4.4.1.4. Espectroscopia no UV-Visível ......................................................................... 41

4.4.2. Caracterização do Complexo [Co(L-CH3)(TZ-Cl)](BF4)2.H2O (2) ........................ 43 4.4.2.1. Difração de raios X ......................................................................................... 43 4.4.2.2. Espectroscopia no Infravermelho .................................................................... 44 4.4.2.3. Eletroquímica: Voltametria cíclica .................................................................. 45 4.4.2.4. Espectroscopia no UV-visível .......................................................................... 46

5. CONCLUSÕES E PERSPECTIVA ................................................................................. 48

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 50

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Câncer

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o

crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se

para outras regiões do corpo.1

As células do nosso corpo possuem a capacidade de se dividirem e crescerem. Esse

controle é realizado pelo DNA, que possui genes que possibilitam essas ações. Porém, esses

genes podem sofrer mutação devido a diversos fatores como, por exemplo, o tabagismo ou a

exposição à radiação, o que leva a perdada capacidade de controlar a divisão celular,

acarretando no crescimento desordenado dessas célulastornando-as anômalas, gerando

tumores.2

Os tumores podem ser denominados benignos ou malignos. Os considerados malignos

possuem a capacidade de invadir outros tecidos, podendo se espalhar por todo corpo, o que

células normais não fazem, recebendo o nome de metástase. Em contrapartida, os tumores

benignos não possuem esta capacidade e não são cancerosos, porém seu crescimento pode

começar a pressionar outros órgãos, sendo prejudicial e, por isso, necessária a sua remoção.2

1.2. Estatísticas

O crescimento do número de pessoas com essa doença tem sido alarmante e o

conhecimento sobre a questão permite ao governo estabelecer prioridades e fornecer recursos

de forma direcionada para a modificação desse cenário.3

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De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), houveram 14,1

milhões de casos novos de câncer e um total de 8,2 milhões de mortes por câncer, em todo o

mundo, em 2012.3

Em 2030, a carga global será de 21,4 milhões de casos novos de câncer e 13,2 milhões

de mortes por câncer, em consequência do crescimento e do envelhecimento da população,

bem como da redução na mortalidade infantil e nas mortes por doenças infecciosas em países

em desenvolvimento.3

No Brasil, a estimativa para o ano de 2014, que será válida também para o ano de

2015, aponta para a ocorrência de aproximadamente 576 mil casos novos de câncer, incluindo

os casos de pele não melanoma, reforçando a magnitude do problema do câncer no país.3

1.3. Tratamentos

Atualmente, os tratamentos mais utilizados na cura desta doença são a quimioterapia e

a radioterapia.

A quimioterapia utiliza medicamentos para combater o câncer. Eles são aplicados em

sua maioria de forma intravenosa, onde o medicamento se mistura ao sangue e é levado por

todas as partes do corpo destruindo as células doentes.4

A radioterapia é um tratamento no qual se utilizam radiações que permitem a

formação de radicais contendo oxigênio, capazes de destruir um tumor ou impedir que suas

células aumentem.4

Com o objetivo de se encontrar tratamentos alternativos, com o passar do tempo

surgiram aqueles com base na utilização de complexos metálicos como agentes antitumorais.

O primeirocomplexo metálico a ser utilizado no tratamento do câncer foi a cisplatina, há cerca

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de 30 anos atrás,5ilustrada na Figura 1,6 o que impulsionou a busca por novos compostos com

características terapêuticas que sejam seletivos no ataque à células doentes.

Figura 1. Primeiro complexo a apresentar propriedades anti-tumorais:cis[(diaminodicloro)platina(II)].

Além dos complexos de platina, outros metais de transição têm sido explorados, como,

por exemplo, titânio, cujo primeiro complexo a apresentar atividade antitumoral que não

utilizasse platina foi o cis-dietoxi-bis(1-fenilbutano-1,3-dionato)titânio (IV);7rutênio, cujo

complexo trans-[RuCl4(DMSO)Im]Im (NAMI-A)8 apresentou atividade no combate à

metástase de tumores; gálio, como sal de nitrato de gálio, que atua em linfomas e tumores na

bexiga;9 cobalto, cujos complexos tem feito parte do desenvolvimento de pró-drogas

biorredutíveis;10,11 entre outros.

1.4. Pró-drogas ativadas por hipóxia (PDAHs)

Estudos têm mostrado que o crescimento desordenado do tumor gera regiões

denominadas hipóxicas, com baixa concentração de oxigênio e baixa irrigação sanguínea, já

que os vasos sanguíneos não conseguem acompanhar esse crescimento. Sendo assim, essas

regiões limitam a atuação da quimioterapia, já que a baixa vascularização não permite a

chegada do medicamento ao interior do tumor, e da radioterapia, cuja baixa concentração de

oxigênio limita a geração de radicais.12

Em contrapartida, apesar das células em hipóxia representarem uma dificuldade para

os tratamentos que são utilizados, elas tem apresentado um grande potencial para o

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desenvolvimento de novos fármacos seletivos que tem recebido o nome de PDAHs. Como

essas células em hipóxia são características de tumores sólidos, não estando presentes em

células normais, elas tornaram-se alvo de novos tratamentos.12

A baixa concentração de oxigênio nas células em hipóxia faz com que estas tenham

características redutoras, sendo a redução da pró-droga a responsável pela geração das

espécies citotóxicas que matam o tumor de dentro para fora.A Figura 2 ilustra a diminuição

da concentração de oxigênio no interior do tumor.12

Figura 2. Representação do gradiente de concentração de oxigênio no interior do tumor sólido.12

Com isso, substâncias capazes de circular intactas pelo organismo, ao atingirem

regiões hipóxicas, sofreriam redução e se tornariam citotóxicas, matando o tumor.13

As características desejadas para uma PDAH são solubilidade e difusibilidade

adequadas, para que possam ser facilmente transportadas pelo organismo, redução seletiva às

espécies reativas nas regiões hipóxicase atividades apenas da espécie reduzida.13 Neste

contexto, os compostos no estado inerte, em ambientes normalmente oxigenados, podem vir a

sofrer redução e serem ativados, logo é necessário que tenham a capacidade de serem

rapidamente reoxidados retornando a forma inativa. Além disso, na região hipóxica, a

reoxidação do complexo precisa ser lenta a ponto de a molécula biologicamente ativa poder

ser liberada e ativada para atuar citotoxicamente. Porém, ainda pouco se sabe sobre o

mecanismo de atuação dos compostos em condições normais e regiões hipóxicas.14

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Dentre os metais que vem sendo estudados para o desenvolvimento de novas PDAHs,

o cobalto tem a vantagem de estar disponível em grandes quantidades na natureza e apresentar

um custo relativamente baixo, além de ser bem tolerado pelo organismo. Esse metal apresenta

um estado de oxidação inerte (+3) e um estado lábil (+2). De acordo com a Teoria do Campo

Cristalino, o metal e os ligantes são considerados esferas carregadas cuja interação entre eles é

puramente eletrostática, sendo o íon central portador de carga positiva e os ligantes portadores

de carga negativa. Sendo assim, para um complexo octaédrico, seis pontos de carga negativa

representam os ligantes que são dispostos no espaço ao redor do íon central. O estado inerte

do cobalto (+3) se dá pelo fato dele apresentar uma configuração d6, spin baixo, com os

elétrons nos orbitais t2g de menor energia que se encontram entre os eixos de ligação, sofrendo

menor repulsão com os elétrons dos ligantes, além de conferir uma elevada EECC. Já o

cobalto (+2) é lábil, pois possui uma configuração d7, com os elétrons nos orbitais eg de alta

energia já que estão diretamente posicionados sobre os eixos de ligação. Assim, complexos de

cobalto(III) não devem ser ativos, servindo como transportadores e desativantes do agente

anticâncer, porém quando reduzidos à cobalto(II) nos ambientes em hipóxia, devem liberar o

fármaco seletivamente.14

Os compostos triazólicos tem recebido atenção considerável devido a sua importância

biológica e sintética tais como analgésica,15 antitumoral,16 antimicrobianas,17-19

anticonvulsivo20,21 e atividades antiproliferantes22. A presença do grupamento oxima no anel

triazólico destes derivados tem como objetivo favorecer a coordenação de forma bidentada ao

íon metálico. Portanto, neste projeto, visa-se a propriedade antitumoral dos compostos

triazólicos.

Com base nestas ideias, pretende-se realizar a síntese de complexos decobalto(III),

coordenados a ligantes nitrogenados, que completem a esfera de coordenação do cobalto e

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modulem o potencial de redução do complexo, e ao ligante triazólico, molécula

biologicamente ativa, que deverá atuar matando as células cancerosas.

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2. OBJETIVOS

Objetivo geral:obtenção de complexos do tipo [Co(L-R)(TZ-Cl)]2+, como protótipos

de metalofármacos antitumorais bioredutíveis, onde L-R são ligantes nitrogenados e TZ-Cl−é

a forma desprotonada do ligante triazólico HTZ-Cl.

Objetivos específicos:

i) sintetizar os ligantes L-R (R = H, CH3) (Figura 3) e caracterizá-los por espectroscopia

no IV e RMN de 1H;

ii) sintetizar o ligante triazólico HTZ-Cl (Figura 3) e caracterizá-lo por espectroscopia no

IV e RMN de 1H.

Figura 3. Ligantes L-R (H; CH3) e HTZ-Cl.

iii) realizar reações de complexação entre os ligantes L-R (R: H, CH3), HTZ-Cl e sais de

cobalto(II), para obter complexos do tipo [Co(L-R)(TZ-Cl)]2+;

iv) caracterizar os compostos obtidos por técnicas espectroscópicas (IV, UV-Vis),

voltametria cíclica, análise elementar de CHN e difração de raios X.

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3. PARTE EXERIMENTAL

3.1. Métodos e instrumentação

3.1.1. Análise elementar de CHN

As medidas para a determinação dos percentuais de carbono, hidrogênio e nitrogênio

foram realizadas em um analisador elementar de CHN Perkin-Elmer modelo 2400 na Central

Analítica da USP em São Paulo, SP.

3.1.2. Difração de raios X

Um experimento de difração de raios X em monocristal foi realizado no Laboratório

de Difração de Raios X da Universidade Federal Fluminense (LDRX-UFF) em um

difratômetroKappa-CCD Nonius-Bruker equipado com um detector do tipo CCD e utilizando

radiação Mo Kα (λ = 0,71069 Å). O outro experimento foi realizado no Laboratório de

Cristalografia (LabCri) da Universidade Federal de Minas Gerais em um

difratômetroXcalibur Atlas Gemini Ultra, equipado com detector do tipo CCD e utilizando

radiação Cu Kα (λ = 1,5418 Å).

A resolução da estrutura obtida no LDRX-UFF foi realizada pelo professor Dr.

Jackson Antônio LamounierCamargos Resende (GQI-UFF), e a resolução da estrutura obtida

no LabCri-UFMG foi realizada pelo professor Carlos Basílio Pinheiro (IF-UFMG).

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3.1.3. Espectroscopia na região do infravermelho médio

Os espectros no infravermelho foram obtidos em um espectrofotômetro FTIRVarian

660 equipado com o acessório ATR MIRacle (cristal de diamante/ZnSe) da Pike, na região de

4000 a 600 cm-1, com resolução de 4 cm-1. As amostras forammaceradas e colocadas sobre o

cristal do acessório para obtenção dos espectros.

3.1.4. Espectroscopia eletrônica

Os espectros de absorção na região do ultravioleta-visívelforam obtidos em um

espectrofotômetro Varian modelo Cary 50 em uma velocidade de varredura de 600 nm·min-1.

As análises foram realizadas utilizando-se como solvente acetonitrila de grau espectroscópico

e cubetas de quartzo com caminho óptico de 1 cm. As diluições foram feitas a partir de

soluções estoque com concentrações de 10-3 mol·L-1.

3.1.5. Voltametria cíclica

O comportamento redox dos compostos foi investigado por voltametria cíclica em um

potenciostato-galvanostatoBASi modelo Epsilon. Os experimentos foram realizados sob

atmosfera de argônio. Nestes experimentos utilizou-se perclorato de tetrabutilamônio (0,1

mol·L-1) como eletrólito suporte e uma célula eletrolítica com três eletrodos: eletrodo de

trabalho – carbono vítreo; eletrodo auxiliar – fio de platina; eletrodo de referência – Ag/AgCl

em solução de acetonitrila. As medidas foram feitas a 100 mV.s-1 a partir de soluções com

concentração de 1,0 x 10-3 mol·L-1 dos compostos.Ferroceno foi utilizado como referência

interna.23

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22

3.2. Síntese dos Ligantes

Os ligantes L-H, L-CH3e o ligante triazólico foram sintetizados conforme descrito nos

procedimentos experimentais abaixo.

3.2.1. Síntese do ligante N,N’-bis(piridin-2-ilmetil)etilenodiamina (L-H)

O ligante L-H foi preparado através de adaptação do procedimento previamente

descrito na literatura.24

Esquema 1. Síntese do ligante L-H.

Em um balão de 100 mL dissolveram-se 3,0 mL (107,1 g.mol-1, 31,0mmol, 1,13 g.mL-

1) de 2-piridinocarboxialdeído em 30 mL de metanol, sob agitação, em banho de gelo.

Posteriormente, adicionou-se 1,0 mL (60,10 g.mol-1, 15,50 mmol, 0,90 g.mL-1) de

etilenodiamina.. A mistura reacional foi mantida sob agitação a 0° C por 1 hora. Em seguida

adicionaram-se 1,20 g (37,60 g.mol-1; 31,00 mmol) de boroidreto de sódio em pequenas

porções durante 30 minutos e retirou-se a mistura do banho de gelo. A reação foi mantida por

mais 2 horas sob agitação. Posteriormente, a mistura foi submetida novamente ao banho de

gelo e foi acidificada com HCl 6,0 mol.l-1 até pH = 1. Evaporou-se o solvente em evaporador

rotatório e adicionaram-se cerca de 30 mL de água ao óleo restante. Então, ajustou-se o pH da

solução entre 9 e 10 com NaOH 4,0 mol.L-1. A solução resultante foi então transferida para

um funil de separação onde foi lavada com diclorometano (6x50mL). A fase orgânica foi seca

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23

com sulfato de magnésio anidro, filtrada e o solvente removido em evaporador rotatório. O

óleo alaranjado restante foi mantido sob vácuo por 6 horas. Obteve-se o ligante L-H (242,32

g.mol-1) com um rendimento de 80%.

IV (ATR, νmax/cm-1): 3296 (N-H), 2823 (C-H alifático), 1600-1400 (C=C, C=N), 993

(C-C-N alifático), 769 (H adjacente em anel aromático dissubstituído).

RMN de1H (500 MHz, CDCl3, δ ppm): 8,46 (dd, J = 4,8, 0,6 Hz, 2H), 7,56 (td, J =

7,7, 1,8 Hz, 2H), 7,24 (d, J = 7,7 Hz, 2H), 7,08 (dd, 2H), 3,85 (s, 4H), 2,76 (s, 4H), 2,58 (s,

2H).

3.2.2. Síntese do ligante N1,N2-dimetil-N1,N2-bis(piridin-2-

ilmetil)etilenodiamina (L-CH3)

O ligante L-CH3 foi preparado através de adaptação do procedimento previamente

descrito na literatura.24

Esquema 2. Síntese do ligante L-CH3.

Em um balão de 50 mL dissolveram-se 2,88 g do ligante L-H (242,32 g.mol-1;13,00

mmol) em 5mL de água destilada. Adicionaram-se 6,46 mL (46,03 g.mol-1; 171,0mmol; 1,22

g.mL-1) de ácido fórmico e 5,35 mL (30,03 g.mol-1; 197,0mmol; 1,11 g.mL-1) de formalina

(solução de formaldeído 37 %). A mistura reacional foi deixada sob agitação e aquecimento

em banho a 85ºC por três dias. Então, foi adicionada à reação uma solução de 7,50mol.L-1 de

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24

NaOH até pH = 12. A solução aquosa gerada foi transferida para um funil de separação e

lavada com clorofórmio (3 x 50 mL). A fase orgânica foi seca com sulfato de magnésio

anidro, filtrada e o solvente removido em evaporador rotatório. O óleo alaranjado restante foi

mantido sobvácuo por 6 horas. Obteve-se o ligante L-CH3 (270,37g.mol-1) com um

rendimento de 83%.

IV (ATR, νmax/cm-1): 2945, 2791 (C-H assimétrico e simétrico alifático), 1600-1400

(C=C, C=N), 1030 (C-N), 754 (H adjacente em anel aromático dissubstituído).

RMN de1H (500 MHz, CDCl3, δ ppm): 8,52 (dd, J = 4,9, 0,7 Hz, 2H), 7,62 (td, J =

7,7, 1,8 Hz, 2H), 7,41 (d, J = 7,8 Hz, 2H), 7,13 (dd, J = 6,9, 5,3 Hz, 2H), 3,69 (s, 4H), 2,66 (s,

4H), 2,27 (s, 6H).

3.2.3. Síntese do ligante (E)-1-(4-clorofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-carbaldeído

oxima (HTZ-Cl)

A síntese do ligante triazólico ocorre em etapas. Cada etapa encontra-se descrita

separadamente abaixo. O procedimento utilizado foi adaptado daquele previamente

descritonaliteratura.25

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25

3.2.3.1. Etapa 1: Síntese da p-cloro azida

Esquema 3: Síntese da p-cloro azida.

Uma solução aquosa de 2,35 g (69,00 g.mol-1; 34,10 mmol) de nitrito de sódio

dissolvida em 60 ml de água foi adicionada gota a gota em uma solução de 3,00 g (127,57

g.mol-1; 23,50 mmol) de p-cloroanilina em 24 ml de HCl 6,0 mol.L-1 sob agitação. A mistura

reativa foi mantida sob agitaçãopor 30 minutos, a uma temperatura entre 0 e 5ºC, Após esse

tempo, foi adicionada, gota a gota, uma solução de azida de sódio de 6,12 g (65,01 g.mol-1;

94,10 mmol) em 124 ml de água. Após uma hora sob agitação, a reação foi interrompida e o

produto bruto foi extraído com acetato de etila e lavado com solução saturada de bicarbonato

de sódio, sendo seco com sulfato de sódio anidro e evaporado em evaporador rotatório.

Obteve-se 2,71 g (153,57 g.mol-1; 17,65 mmol) de um óleo de cor alaranjada com

rendimento de 75,1%.

2

2

o

3

3

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26

3.2.3.2. Etapa 2: Síntese do (1-(4-clorofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-

il)metanol

Esquema 4: Síntese do (1-(4-clorofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-il)metanol.

Em um balão de 125 ml contendo 2,71 g de p-cloro azida(153,57 g.mol-1; 17,65 mmol)

foram adicionados 17 ml de terc-butanol e 17,0 ml de água. Em seguida foram adicionados

190 mg de CuI e 1,6 ml de álcool propargílico (0,97 g.ml-1; 56,06 g.mol-1; 27,65 mmol). O

meio reacional foi submetido à agitação magnética a temperatura ambiente por 72 horas e o

balão foi envolvido em papel alumínio.Após o tempo decorrido, o produto foi extraído com

acetato de etila, sendo a fase orgânica seca com sulfato de sódio anidro e o solvente retirado

no evaporador rotatório.

Obteve-se 2,98 g (209,63 g.mol-1; 14,22 mmol) de um precipitado de coloração

amarelo claro com rendimento de 80,6 %.

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3.2.3.3. Etapa 3: Síntese do 1-(4-clorofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-

carbaldeído

Esquema 5: Síntese do 1-(4-clorofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-carbaldeído.

Em um balão de 100 ml foram adicionados 7,00 g de ácido 2-iodoxibenzóico (IBX) e

2,98 g (209,63 g.mol-1; 14,22 mmol) de (1-(4-clorofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-il)metanol

solubilizado em 20,0 ml de DMSO. A reação foi mantida sob agitação à temperatura ambiente

por 48 horas. Após o tempo decorrido, adicionou-se água ao meio reacional e manteve-se sob

agitação por mais 10 minutos. Em seguida, filtrou-se a mistura à vácuo e o sólido resultante

foi lavado com acetato de etila. O produto foi extraído da solução resultante da filtração com

acetato de etila, a fase orgânica foi seca com sulfato de sódio anidro e o solvente foi

evaporado em evaporador rotatório.

Obteve-se 1,18 g (207,62 g.mol-1; 5,68 mmol) de um precipitado branco sob a forma

de pó com rendimento de 39,9%.

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28

3.2.3.4. Etapa 4: Síntese do (E)-1-(4-clorofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-

carbaldeído oxima

Esquema 6: Síntese do (E)-1-(4-clorofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-carbaldeído oxima.

Solubilizou-se 1,18 g (207,62 g.mol-1; 5,68 mmol) do 1-(4-clorofenil)-1H-1,2,3-

triazol-4-carbaldeídoem 30 ml de diclorometano e em seguida adicionou-se 465 mg de acetato

de sódio e 591 mg (33,03 g.mol-1 ; 17,89 mmol) de hidrocloreto de hidroxilamina. A reação

foi mantida sob agitação por 24 horas. Após o tempo decorrido, o solvente foi evaporado em

evaporador rotatório.

Obteve-se 1,08 g (222,63 g.mol-1; 4,85 mmol) de um precipitado de coloração branca

com rendimento de 85,4 %.

IV (ATR, νmax/cm-1): 2924 (C-H), 1600-1400 (C=C. C=N), 1234 (C-N), 822 (H adj.

em anel arom. dissubstituído).

RMN de1H (500 MHz, DMSO, δ ppm): 11,47 (s, 1H), 9,08 (s, 1H), 8,24 (s, 1H), 8,00

(d, J = 8,9 Hz, 2H), 7,68 (d, J = 8,9 Hz, 2H).

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29

3.3. Síntese dos Complexos

Foram sintetizados dois complexos, sendo eles [Co(L-H)(TZ-Cl)](BF4)2.CH3OH(1) e

[Co(L-CH3)(TZ-Cl)](BF4)2.H2O(2).

3.3.1. Síntese do Complexo [Co(L-H)(TZ-Cl)](BF4)2.CH3OH (1)

Esquema 7. Síntese do complexo 1.

Em um béquer de 100 mL dissolveu-se 0,17 g (340,63 g.mol-1; 0,50 mmol) de

Co(BF4)2.6H2O em 10 mL de metanol, mantendo-se a solução sob agitação. Adicionou-se

0,11 g (222,63 g.mol-1; 0,50 mmol) do ligante HTZ-Cl sólido sobre a solução do metal e

aguardou-se a dissolução completa do mesmo, sendo necessário aquecimento. A solução final

apresentou coloração rosa. Em outro béquer, solubilizou-se 0,12 g (242,32 g.mol-1; 0,50

mmol) do ligante L-H em 5mL de metanol e acrescentou-se 70µL (101,20 g.mol-1; 0,50

mmol; 0,73 g.mL) de trietilamina. Àuma solução contendo osal do metal com o ligante HTZ-

Cl adicionou-se a solução doligante L-H e trietilamina. A reação foi deixadasob agitação por

30 minutos. Não houve formação de precipitado. Colocou-se o béquer devidamente fechado e

etiquetado na estufa a 10ºC. Após seis dias foram obtidos 0,12 g (728,53 g.mol-1; 0,16mmol)

de um sólido em forma de cristais com coloração marrom-avermelhada, com um rendimento

de 31,6 % baseado no sal do metal.

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% CHN calculados para [C24H28B2ClCoF8N8O2, 728,53 g·mol-1], C39,57H3,87N15,38.

% CHN obtidos: C39,37 H3,72N15,36.

IV (ATR, νmax/cm-1): 3280 (N-H); 1600-1400 (C=C;C=N); 1014 (BF4-); 781 (H

adjacente em anel aromático dissubstituído).

UV-Vis [CH3CN; λ(nm), logε]: 355 (3,78).

3.3.2. Síntese do Complexo [Co(L-CH3)(TZ-Cl)](BF4)2.H2O (2)

Esquema 8. Síntese do complexo 2.

Em um béquer de 100 mL dissolveu-se 0,17 g (340,63 g.mol-1; 0,50 mmol) de

Co(BF4)2.6H2O em 10 mL de etanol absoluto, mantendo a solução sob agitação. Adicionou-se

0,11 g (222,63 g.mol-1; 0,50 mmol) do ligante HTZ-Cl sólido sobre a solução do metal e

aguardou-se a dissolução completa do mesmo, sendo necessário aquecimento. A solução final

apresentava coloração rosa. Em outro béquer, solubilizou-se 0,14 g (270,37 g.mol-1; 0,50

mmol) do ligante L-CH3 em 5mL de etanol absoluto e acrescentou-se 70 µL (101,20 g.mol-1;

0,50 mmol; 0,73 g.mL) de trietilamina. Adicionou-se a solução contendo o L-CH3 e a

trietilamina à solução do sal do metal com o ligante HTZ-Cl. Deixou-se a reação sob agitação

por 30 minutos. Obteve-se, por filtração à vácuo, 0,23 g (742,55 g.mol-1; 0,31 mmol) de um

precipitado sob a forma de pó marrom com rendimento de 59,7 % baseado na composição

determinada a partir dos monocristais. O complexo foi recristalizado em uma mistura de

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acetona e isopropanol onde, após a evaporação lenta do solvente houve formação de

monocristais adequados para análise por difração de raios X.

% CHN calculados para [C25H30B2ClCoF8N8O2, 742,55 g.mol-1], C40,44H4,07 N15,09.

% CHN obtidos: C40,44 H4,04N15,12.

IV (ATR, νmax/cm-1): 1600-1400 (C=C;C=N); 1055 (BF4-); 839 (H adjacente em anel

aromático dissubstituído).

UV-Vis [CH3CN; λ (nm), log ε]: 403 (3,79).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Síntese dos Ligantes

4.1.1. Síntese dosligantes L-HeL-CH3

O ligante L-H foi obtido através de uma reação de condensação entre etilenodiamina e

2-piridinacarboxialdeído, seguida por redução com boroidreto de sódio. O boroidreto de sódio

é um agente redutor que nesta reação teve como função reduzir a imina formada inicialmente.

A solução reacional foi acidificada até pH = 1, para que todo resíduo de boroidreto de sódio

fosse eliminado. O rendimento foi de 80 %. O ligante L-CH3 foiobtidoa partir da reação de

metilação deEschweiler-Clarke do ligante L-H utilizando-se formaldeído e ácido fórmico.O

rendimento foi de 83 %.

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4.1.2. Síntese do ligante triazólico

Para a síntese do derivado triazólico5 foi necessáriaa preparação de seus precursores,

conforme demonstrado no Esquema 9, segundo adaptação de procedimento descrito na

literatura.25

Esquema 9: Síntese dos derivados triazólicos do tipo 5: (a) NaNO2, HCl6M; 0-5ºC (b) NaN3, 1h, t.a.; (c) álcool

propargílco, CuI, 72h, t.a.; (d) oxidação de Swern; (e) NH2OH, CH3COONa, CH2Cl2.

Sendo assim, a anilina (1) foi submetida a reação de diazotação seguida de tratamento

com azida de sódio para obtenção do derivado azida (2), obtido como um óleo de coloração

amarela. O derivado 2 foi submetido à reação de cicloadição do tipo “click chemistry”

levando à obtenção do derivado álcool triazólico3, obtido como um sólido de coloração

amarela clara, que foi então submetido à reação de oxidação de Swern para obtenção do

derivado aldeído triazólico4, como um sólido branco. Este derivado 4 foi submetido à reação

com cloridrato de hidroxilamina em presença de base para obtenção do derivado triazólico

desejado (5).

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4.2. Caracterização dos ligantes

Os dois ligantes foram caracterizados por RMN de 1H e espectro de absorção no IV.

Como estes ligantes não são inéditos, os resultados obtidos foram comparados aos descritos

na literatura24 e encontram-se de acordo com o esperado. Os dados são apresentados a seguir.

4.2.1. Caracterização do ligante L-H

4.2.1.1. Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio

O espectro de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio encontra-se na Figura 4

e osdados estão na Tabela 1.

Figura 4.Espectro de RMN de 1H do ligante L-H em CDCl3.

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34

Tabela 1. Dados do RMN de1H do ligante L-H.

Ligante δ (ppm) Multiplicidade J (Hz) Número de

H Atribuição

L-H

2,58 s - 2 H1 2,76 s - 4 H2 3,85 s - 4 H3 7,08 ddd - 2 H4 7,24 d 7,7 2 H5 7,56 td 7,7-1,8 2 H6 8,46 dd 4,8-0,6 2 H7

Os dados obtidos através do espectro de RMN de 1H confirmam o número total de

átomos de hidrogênio esperado para estrutura do ligante, confirmando a obtenção do produto.

4.2.1.2. Espectroscopia no Infravermelho

O espectro de infravermelho do ligante encontra-se na Figura 5 e os dados encontram-

se resumidos na Tabela 2.

Figura 5. Espectro de infravermelho do ligante L-H.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

40

50

60

70

80

90

100

110

769

993

1433

2823

Tra

nsm

itância

(%

)

Número de onda (cm-1)

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Tabela 2.Principais bandas observadas no espectro de infravermelho do ligante L-Hem número de onda (cm-1).

Atribuição L-H

Deformação axial de N-H

Aprox. 3296

Deformação axial de C-H alifático

2823

Deformação axial de C=C e C=N

1600-1400

Deformação axial de C-Nalifático

993

Deformação de hidrogênios adjacentes

em anéis aromáticosdissubstituídos

769

Pelo espectro é possível observar a presença de bandas características dos principais

grupamentos funcionais pertencentes ao ligante. O RMN de ¹H, juntamente com a análise no

infravermelho confirmam que o ligante L-H foi sintetizado com sucesso.

4.2.2. Caracterização do ligante L-CH3

4.2.2.1. Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio

O espectro de RMN de 1H encontra-se na Figura 6 e os dados estão na Tabela 3.

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Figura 6. Espectro de RMN de 1H do L-CH3 em CDCl3.

Tabela 3. Dados do RMN de1H do ligante L-CH3.

Ligante δ (ppm) Multiplicidade J (Hz) Número de

H Atribuição

L-CH3

2,27 s - 6 H1 2,66 s - 4 H2 3,69 s - 4 H3 7,13 dd 6,9-5,3 2 H4 7,41 d 7,8 2 H5 7,62 td 7,7-1,8 2 H6 8,52 dd 4,9-0,7 2 H7

O número de hidrogênios obtidos pela integração condiz com o número de hidrogênios

da estrutura do ligante. Por meio deste espectro também é possível observar que o L-CH3

apresenta impurezas, o que se deduz ser proveniente de resquícios de reagentes, uma vez que

a retirada completa dos mesmos não é possível. No entanto, essas impurezas não são

suficientes para impossibilitar as reações de síntese dos complexos.

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37

4.2.2.2. Espectroscopia no Infravermelho

O espectro de infravermelho do ligante encontra-se na Figura 7 e os dados encontram-

se resumidos na Tabela 4.

Figura 7.Espectro de infravermelho do ligante L-CH3.

Tabela 4.Principais bandas observadas no espectro de infravermelho do ligante L-CH3em número de onda

(cm-1).

Atribuição L-CH3

Deformação axial assimétrica de C-H em

CH3

2945

Deformação axial simétrica de C-H em CH3

2791

Deformação axial de C=C e C=N

1600-1400

Deformação angular assimétrica de C-H em

CH3

1432

Deformação axial de C-N alifático

1030

Deformação de hidrogênios adjacentes

em anéis aromáticosdissubstituídos

754

4000 3600 3200 2800 2400 2000 1600 1200 800

40

50

60

70

80

90

100

754

1030

1147

1361

1432

1589

2791

2945

Tra

nsm

itân

cia

(%

)

Numero de onda (cm-1)

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Pelo espectro é possível observar a presença de bandas características dos principais

grupamentos funcionais pertencentes ao ligante. O espectro de RMN de ¹H, juntamente com a

análise no infravermelho confirmam que o ligante L-CH3 foi sintetizado com sucesso.

4.2.3. Caracterização do ligante triazólico HTZ-Cl

O ligante triazólico foi caracterizado por RMN de 1H e espectroscopia de absorção no

IV. Como este composto também não é inédito, os resultados foram comparados com os

descritos na literatura25 encontrando-se próximos do esperado.

4.2.3.1. Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio

O espectro de RMN de 1H encontra-se na Figura 8 e os dados estão na Tabela 5.

0.00.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.08.59.09.510.010.511.011.512.012.513.0f1 (ppm)

A (s)

11.47

B (s)

9.08

C (s)

8.24

D (d)

8.00

J(8.93)

E (d)

7.68

J(8.93)7.607.707.807.908.00

f1 (ppm)

D (d)

8.00

J(8.93)

E (d)

7.68

J(8.93)

1

H NMR (500 MHz, DMSO)δ 11.47 (s, 1H), 9.08 (s, 1H),

8.24 (s, 1H), 8.00 (d,J = 8.9 Hz, 2H), 7.68 (d,J = 8.9 Hz,

2H).

N

Cl

N

N

H

N

OHH1

H2

H3

H4

H5H6

H7

H1

H2

H3H4

H5

H4 H5

Figura 8.Espectro de RMN de 1H do HTZ-Cl em DMSO.

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39

Tabela 5. Dados do RMN de1H do ligante HTZ-Cl.

Ligante δ (ppm) Multiplicidade J (Hz) Número de

H Atribuição

HTZ-Cl

7,68 d 8,9 2 H5 8,00 d 8,9 2 H4 8,24 s - 1 H3 9,08 s - 1 H2

11,47 s - 1 H1

O número de hidrogênios obtidos pela integração condiz com o número de hidrogênios

da estrutura do ligante, confirmando a obtenção do mesmo.

4.2.3.2. Espectroscopia no Infravermelho

O espectro de Infravermelho do ligante HTZ-Cl encontra-se na Figura 9 e os dados

estão resumidos na Tabela 6.

Figura 9. Espectro de infravermelho do ligante HTZ-Cl.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

88

90

92

94

96

98

100

822

10451234

1502

2360

2924

Tra

nsm

itância

(%)

Número de onda (cm-1)

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40

Tabela 6.Principais bandas observadas no espectro de infravermelho do ligante HTZ-Clem número de onda (cm-

1). Atribuição HTZ-Cl (cm-1)

Deformação axial de C-H em olefinas

2924

Deformação axial de C=C e C=N

1600-1400

Deformação axial de C-N aromático

1234

Deformação de hidrogênios adjacentes

em anéis aromáticosdissubstituídos

822

Pelo espectro é possível observar a presença de bandas características dos principais

grupamentos funcionais pertencentes ao ligante HTZ-Cl. A análise no infravermelho

juntamente com o espectro de RMN de 1Hconfirmam que o ligante foi sintetizado com

sucesso.

4.3. Síntese dos complexos

4.3.1. Síntese do Complexo 1

O complexo 1 foi obtido por meio da reação do sal Co(BF4)2.6H2O com os

ligantesHTZ-Cl e L-H, na presença de trietilamina para desprotonar a oxima do ligante

triazólico.

A princípio, como não havia sido formado precipitado, deixou-se a solução da síntese

na estufa a 10 ºC em repouso durante três dias. Após o tempo decorrido observou-se que

ainda não havia sido formado precipitado no fundo do béquer. Passou-se, então, a mistura

para outro béquer e acrescentou-seseis gotas de metanol, colocando-a novamente na estufa.

Após mais três dias, verificou-se formação de cristais. Esses cristais foram isolados por meio

de filtraçãoà vácuo com um rendimento de 31,6 % baseado no sal do metal.

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41

A solução resultante da filtração foi transferida para outro béquer ondeacrescentou-se

algumas gotas de metanol, sendo o mesmo etiquetado, devidamente fechado e posteriormente

transferido para a estufa a 10°C. Após aproximadamente dois meses ainda não havia

formação de precipitado no filtrado sendo o mesmo descartado.

Vale ressaltar que a síntese apresentou problemas de reprodutibilidade. Foram

modificados diversos parâmetros como a utilização de outro solvente, de outro sal de

cobalto(II) para diversificar o contra-íon, aumento da temperatura e até mesmo modificações

na rota reacional, porém todos apresentaram problemas no isolamento, não sendo possível

ainda a detecção do causador do problema como também o isolamento do composto

sintetizado.

4.3.2. Síntese do Complexo 2

O complexo 2 foi obtido por meio da reação do sal Co(BF4)2.6H2O com os ligantes

HTZ-Cl e L-CH3, na presença de trietilamina para desprotonar a oxima do ligante triazólico.

Após ter deixado a mistura sob agitação por 30 minutos, observou-se a formação de

precipitado, que foi isolado por filtração à vácuo.Realizou-se a recristalização do produto em

acetona e isopropanol. Obteve-se um rendimento de 59,7% baseado na composição

determinada a partir dos monocristais.

A solução restante foi transferida para a estufa a 20°C, devidamente etiquetada e

fechada. Após dois meses, observou-se a formação de uma pequena quantidade precipitado no

fundo do béquer que foi descartado.

Esta síntese não apresentou problemas de reprodutibilidade.

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42

4.4. Caracterização dos Complexos

Os dois compostos foram caracterizados poranálise elementar de CHN, difração de

raios X, voltametria cíclica e espectroscopias no UV-Vis e IV. Os resultados encontram-se

nos tópicos abaixo.

4.4.1. Caracterização do complexo [Co(L-H)(TZ-Cl)](BF4)2.CH3OH (1)

4.4.1.1. Difração de Raios X

Por meio da difração de raios X em monocristais é possível obter a distribuição

espacial relativa dos átomos constituintes de uma dada molécula. Como o complexo foi

obtido na forma de monocristais diretamente da solução da síntese, não foi necessário a

recristalização do mesmo. A distribuição espacial do complexo em questão encontra-se na

Figura 10abaixo.

Figura 10. Estrutura do cátion [Co(L-H)(TZ-Cl)]2+obtida através da difração de raios X.

Pela estrutura espacial é possível observar que os ligantes encontram-se coordenados

ao cobalto(III) com uma geometria octaédrica distorcida. A distância de ligação metal-ligante

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43

média é de 1,936 Å que, segundo a literatura26é característica de cobalto com estado de

oxidação +3. Observa-se também que o ligante triazólico encontra-se coordenado ao cobalto

através do oxigênio da oximaformando um anel de seis membros com um átomo de

nitrogênio do anel triazólico.

A estrutura obtida condiz com a fórmula molecular encontrada a partir da análise

elementar de CHN, confirmando a presença de uma molécula de metanol na rede cristalina.

4.4.1.2. Espectroscopia no Infravermelho (IV)

O espectro de infravermelho do complexo 1 encontra-se na Figura 11 e os dados estão

resumidos na Tabela 7.

Figura 11.Espectro de infravermelho do complexo 1.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

60

65

70

75

80

85

90

95

100781

1014

14953

280

Tra

nsm

itân

cia

(%

)

Número de onda (cm-1)

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44

Tabela 7.Principais bandas observadas no espectro de infravermelho do complexo 1em número de onda (cm-1). Atribuição [Co(L-H)(TZ-Cl)](BF4)2.CH3OH

(cm-1) Deformação axial de

N-H 3280

Deformação axial de C=C e C=N

1600-1400

Contra-íon (BF4

-) 1014

Deformação de hidrogênios adjacentes

em anéis aromáticosdissubstituídos

781 - 836

Pelo espectro é possível observar a presença de bandas características dos principais

grupamentos funcionais pertencentes ao complexo.

Ao comparar o espectro do complexo com o dos ligantes HTZ-Cl e L-H, observa-se

que houve um deslocamento das bandas do complexo em relação as do ligante, como por

exemplo, a banda característica de deformação axial de N-H que aparece em3296 cm-1no

ligante L-H e em 3280 cm-1no complexo1e a banda característica de deformação de

hidrogênios adjacentes em anéis aromáticos, observada em 822 cm-1 no HTZ-Cl, 769 cm-1 no

L-H e na região de 781 - 836 cm-1 no complexo. Tanto os deslocamentos das bandas como a

presença da banda característica do contra-íon são evidências de que a complexação ocorreu.

4.4.1.3. Eletroquímica: Voltamograma cíclico

O voltamograma cíclico do complexo [Co(L-H)(TZ-Cl)](BF4)2.CH3OH, que encontra-

se na Figura 12, mostra a presença de um processo quasi-reversível com E1/2 =-0,370 V vs.

EPH atribuído ao par redox Co3+/Co2+.

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45

Figura 12. Voltamograma cíclico do complexo [Co(L-H)(TZ-Cl)](BF4)2.CH3OH em MeCN contendo 0.1 mol·L-

1 de TBAClO4. Eletrodos: referência = Ag/AgCl (orgânico); trabalho = carbono; auxiliar = platina. Veloc. varredura: 0.1 V·s-1; referência interna: ferroceno.23

Segundo a literatura,13 para que o complexo seja reduzido em meio biológico precisa

ter um potencial em uma faixa de -200 a -400 mVvsEPH. O complexo1 possui um potencial

de -370 mVvs EPH, adequado para ser reduzido em meio biológico.

4.4.1.4. Espectroscopia no UV-Visível

O espectro de UV-Visível do complexo 1 encontra-se na Figura 13.

-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0

-0,00003

-0,00002

-0,00001

0,00000

0,00001

Co

rre

nte

(A

)

Potencial (V) vs Fc/Fc+

Complexo 1

CoII/CoIII

CoIII/CoII

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46

420 480 540 600 660 720 780

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

300 400 500 600 700 800

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Abs

orvâ

ncia

(%

)

Comprimento de onda (nm)

Complexo 1

Figura 13. Espectro de UV-visível do complexo 1 em Acetonitrila.

O complexo 1apresentou uma banda em 355 nm com ε = 6,0 x 103 M-1cm-1, que de

acordo com as regras de seleção, devido a intensidade da absortividade molar, pode ser

atribuída a um processo de transferência de carga do ligante para o metal (TCLM).

Também é possível observar duas bandas em aproximadamente 560 nm e 460 nm que

podem ser atribuídas às transições d-d do complexo devido à baixa intensidade.

O diagrama de TanabeSugano, que encontra-se na Figura 14,27 é usado em Química

de Coordenação para predizer as transições do campo ligante de compostos de coordenação

tetraédricos ou octaédricos. O diagrama utilizado para análise foi o da configuração d6

relacionado ao Co3+, spin baixo, apresentando como termo espectroscópico fundamental 5D

(2S+1L).

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47

Figura 14. Diagrama de TanabeSugano.

Como o complexo apresenta uma geometria octaédrica distorcida e, além disso,

absorções referentes às bandas de transição d-d não aparecem no espectro de forma definida,

apenas faz-se uma estimativa das bandas que poderiam ser encontradas. As transições

possíveis obtidas pelo diagrama são:

1T11A1

1T21A1

1E1A1

1A21A1

De acordo com a fórmula � ���

�, a energia é inversamente proporcional ao

comprimento de onda. Sendo assim as duas transições d-d de menor energia podem ser

relacionadas às bandas em 560 nm e 460 nm respectivamente. Porém não é possível observar

no espectro as de maior energia, pois elas encontram-se na mesma região da banda de TCLM.

Energia

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48

4.4.2. Caracterização do Complexo [Co(L-CH3)(tz-Cl)](BF4)2.H2O (2)

4.4.2.1. Difração de raios X

A distribuição espacial do complexo2, obtida através da difração de raios X, encontra-

se na Figura 15.

Figura 15. Estrutura do cátion [Co(L-CH3)(TZ-Cl)]2+obtida através da difração de raios X.

Pela estrutura espacial é possível observar que o ligantetriazólico se coordena ao

cobalto através do oxigênio da oxima, com uma contribuição de cerca de 16 % (minoritário) e

através do nitrogênio da oxima com uma contribuição de 84 % (majoritário), juntamente com

um átomo de nitrogênio do anel triazólico, apresentando isomeria em solução sólida.

A estrutura obtida condiz com a fórmula molecular encontrada a partir da análise

elementar de CHN, confirmando a presença de uma molécula de água na rede cristalina.

4.4.2.2. Espectroscopia no Infravermelho

O espectro de infravermelho do complexo 2encontra-se na Figura 16 abaixo e os

dados estão resumidos na Tabela 8.

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49

Figura 16. Infravermelho do complexo [Co(L-CH3)(TZ-Cl)](BF4)2.H2O.

Tabela 8. Principais bandas observadas no espectro de infravermelho do complexo 2em número de onda (cm-1).

Atribuição [Co(L-CH3)(TZ-Cl)](BF4)2.H2O (cm-1)

Deformação axial de C=C e C=N

1600-1400

Contra-íon (BF4

-) 1055

Deformação de hidrogênios adjacentes

em anéis aromáticosdissubstituídos

839 - 773

Pelo espectro é possível observar a presença de bandas características dos principais

grupamentos funcionais pertencentes ao complexo.

Ao comparar os espectros do complexo2 com o dos ligantes HTZ-Cl e L-CH3,

observa-se que houve um deslocamento das bandas referentes ao complexo como, por

exemplo, a banda característica de deformação de hidrogênios adjacentes em anéis

aromáticos, que aparece em 822 cm-1 no ligante HTZ-Cl, 754 cm-1 no L-CH3 e na região de

839 - 773 cm-1 no complexo. Tanto os deslocamentos das bandas como a presença da banda

característica do contra-íon são evidências de que a complexação ocorreu.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

80

82

84

86

88

90

92

94

96

98

100

839

1055

1496T

ran

sm

itâ

ncia

(%

)

Número de onda (cm-1)

Complexo 2

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50

Em comparação ao espectro de IV do complexo 1, observa-se que não há presença da

banda característica de deformação axial de N-H, conforme era esperado já que o ligante

apresenta a ligação N-CH3. Além disso, os espectros apresentam bandas características

semelhantes nos dois complexos.

4.4.2.3. Eletroquímica: Voltametria cíclica

O voltamograma cíclico do complexo [Co(L-CH3)(TZ-Cl)](BF4)2.H2O, que encontra-

se na Figura 17, mostra a presença de um processo quasi-reversível com comE1/2 = -0,254 V

vs. EPH atribuído ao par redox Co3+/Co2+.

Figura 17. Voltamograma cíclico do complexo [Co(L-CH3)(TZ-Cl)](BF4)2.H2O em MeCN contendo 0.1 mol·L-

1 de TBAClO4. Eletrodos: referência = Ag/AgCl(orgânico); trabalho = carbono; auxiliar = platina. Veloc. varredura: 0.1 V·s-1; referência interna: ferroceno.23

Observa-se que o potencial de redução encontra-se dentro da faixa que, segundo a

literatura,13 é adequado para que os complexos sejam reduzidos em meio biológico. Além

disso, ao comparar o valor do potencial de redução do complexo 1 (E1/2=-0,370 V) com o

complexo 2, é possível afirmar que o potencial de redução do cobalto no complexo 2

apresentou-se menos negativo do que no complexo 1. Era de se esperar que o efeito indutivo

-1,2 -1,0 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2

-0,00005

-0,00004

-0,00003

-0,00002

-0,00001

0,00000

0,00001

0,00002Complexo 2

CoIII/CoII

Co

rre

nte

(A

)

Potencial (V) vs Fc/Fc+

CoII/CoIII

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51

provocado pela presença das metilas deixasse o potencial do complexo 2mais negativo. O

comportamento contrário ao esperado pode ser explicado pelo impedimento estéreo

provocado pelas metilas. Os grupos CH3 são repelidos pelos anéis de piridina de L-CH3,

causando um efeito de alavanca que puxa o nitrogênio, aumentando a distância da ligação

com o cobalto. Desta forma, o nitrogênio tem sua basicidadediminuída e o cobalto,

consequentemente, apresenta um potencial menos negativo. Esse comportamento foi

observado anteriormente na literatura.28

4.4.2.4. Espectroscopia no UV-visível

O espectro de UV-visível do complexo 2 encontra-se na Figura 18 abaixo.

300 400 500 600 700 800

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Abs

orvâ

ncia

(%

)

Comprimento de onda (nm)

Complexo 2

540 600 660 720 780

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Figura 18. Espectro de UV-visível do complexo 2 em Acetonitrila

O complexo 2apresentou uma banda em 403 nm com ε = 6,2 x 103 M-1.cm-1 atribuída a

um processo de transferência de carga do ligante para o metal (TCLM) de acordo com as

regras de seleção. Ao comparar o espectro do complexo 2 com o espectro do complexo

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52

1observa-se um deslocamento batocrômico desta banda, que no complexo 1 aparece em 355

nm. Isso pode ser explicadodevido ao impedimento estéreo provocado pelas metilas. Como o

potencial de redução do cobalto complexo 2é menos negativo, o metal encontra-se com menor

densidade eletrônica, facilitando o processo de transferência de carga que ocorre em menor

energia se comparado ao complexo 1.

Assim como no espectro do complexo 1, eram esperadas bandas atribuídas a

transições d-d para uma um termo fundamental 5D, tendo em vista que o centro metálico dos

dois compostos é o mesmo. Porém, não é possível observá-las, já que o deslocamento

batocrômico fez com que a banda de TCLM encobrisse as bandas de transição d-d.

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53

5. CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS

Os ligantes L-H, L-CH3e HTZ-Cl foram sintetizados e devidamente caracterizados.

Os dados de análise elementar, juntamente com a estrutura obtida por difração de raios

X e a absorção no infravermelho confirmaram que os complexos [Co(L-H)(TZ-

Cl)](BF4)2.CH3OH (1) e [Co(L-CH3)(TZ-Cl)](BF4)2.H2O (2) foram obtidos com sucesso.

Observa-se no espectro de absorção do infravermelho do complexo 2 a ausência da

banda característica de deformação axial de N-H, que está presente no do complexo 1, já que

ao invés desta ligação ele apresenta o nitrogênio metilado. Comparando-se os espectros de

ambos os complexos nota-se que as atribuições das bandas são semelhantes.

Pelo voltamograma cíclico, observa-se que o complexo 1 apresenta um valor de E1/2 =

-0,370 V vs EPH e o complexo 2E1/2= -0,254 V vs EPH, indicando que o ambos possuem um

potencial adequado para serem reduzidos em meio biológico.13 Além disso, observa-se que o

complexo 2 apresentou um potencial de redução menos negativo se comparado ao complexo

1, fato que pode ser atribuído ao impedimento estéreo das metilas que se sobrepõe ao efeito

indutivo conforme observado na literatura.28

Os espectros de absorção no UV-Vis apresentam uma banda em 355 nm com ε = 6,0 x

103 M-1cm-1 e em 403 nmcom ε = 6,2 x 103 M-1cm-1, correspondentes aos complexos 1 e 2

respectivamente, atribuída a um processo de transferência de carga do ligante para o metal

(TCLM). É observado um deslocamento batocrômico desta banda do complexo 2 em relação

ao 1 devido a menor densidade eletrônica sobre o metal, ocorrendo o processo de

transferência de carga com menor energia. O espectro do complexo 1mostra a presença de

duas bandas referentes a transições d-d.

Pela difração de raios X do complexo 2 é possível observar a presença de dois

isômeros em solução sólida, um cujo composto triazólico se coordena ao metal pelo

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nitrogênio da oxima (majoritário) e outro pelo oxigênio, juntamente com o átomo de

nitrogênio do anel triazólico. Já o complexo 1 apresentou apenas uma conformação espacial,

sendo o ligante triazólico coordenado pelo oxigênio da oxima e pelo átomo de nitrogênio do

anel triazólico.

Os testes de reatividade desses complexos, que permitem analisar a liberação do

ligante triazólico na presença de ácido ascórbico serão realizados posteriormente.

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55

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2- Http://www.oncoguia.org.br/conteudo/cancer/12/1/; acessado em maio de 2014;

3- Http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/; acessado em março de 2014;

4- Http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=483; Acessado em março de 2014;

5- Rosenberg, B.; Van Camp, L.; Trosko, J. E.; Mansour, V. H;“Platinum compounds: a

new class of potent antitumour agents”.Nature 1969, 222, 385-386;

6- Http://qnint.sbq.org.br/qni/pagina.php; Acessado em maio de 2014;

7- Keppler, B. K.; Friesen, C.; Moritz, H. G.;Vongerichten, H.; Vogel, E;Structure and

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8- Zorzet, S.; Iengo, E.; Alessio, E.; Bergamo, A.; Coluccia, M.; Boccarelli, A.; Sava, G;

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compounds Na2[[(trans-RuCl4(Me2SO)]2(mu-L)] (L= ditopic, non-chelating aromatic

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carcinoma of the urothelium”.Cancer, 1997, 79, 110-114;

10- Ahn, G.; Botting, K. J.; Patterson, A. V.; Ware, D. C.; Tercel, M.; Wilson, W. R;

“Radiolytic and cellular reduction of a novel hypoxia-activated cobalt(III) prodrug of a

chloromethylbenzindoline DNA mirror groove alkylator”. Biochemical

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