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ISSN 2176-1396 SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO EDUCACIONAL - SADEM: EXPERIÊNCIA NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE ENSINO DE MANAUS Núbia do Socorro Pinto Breves 1 - SEMED Santana Elvira Amaral da Rocha 2 - SEMED Glenda Martins Monteconrado 3 - SEMED Eixo Avaliação da Educação Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente estudo aborda a experiência de implantação/implementação do Sistema de Avaliação de Desempenho Educacional de Manaus SADEM, os avanços, possibilidades e desafios no cenário da rede pública municipal de ensino de Manaus. O modelo de sistema compreende as avaliações em larga escala aplicadas as escolas vinculadas a Secretaria Municipal de Educação SEMED. A opção metodológica ancora-se na revisão bibliográfica, nas produções científicas específicas sobre avaliação em larga escala e na análise documental de relatórios de devolutivas pedagógicas das avaliações em larga escala produzidos no período de 2014 a 2017, pelo MEC/Inep, pelo Sistema de Avaliação de Desempenho Educacional do Amazonas - SADEAM em nível estadual e pela Divisão de Avaliação e Monitoramento - DAM por meio da Avaliação de Desempenho do Estudante ADE em nível municipal. A fim de cumprir o que se propõe, o presente texto se organiza a partir de dois tópicos: o primeiro trata de um breve escorço histórico da trajetória do SADEM na rede municipal e o segundo discorre sobre o trabalho da equipe gestora da SEMED, a Divisão de Avaliação e Monitoramento DAM na condução do uso dos resultados da ADE, que é uma avaliação própria da rede, contendo cada um deles um roteiro linear sobre o caminho percorrido desde a implantação do SADEM até os dias atuais sob a perspectiva da abordagem qualitativa. A conclusão é apresentada a partir da reflexão sobre o processo de institucionalização do SADEM e da Divisão de Avaliação e Monitoramento DAM e da 1 Mestre em Educação em Ciências na Amazônia pela Universidade do Estado do Amazonas - UEA (2013); Especialista em Gestão da Educação pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM (2010) e em Educação Profissional (PROEJA) pelo Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Amazonas - IFAM (2009); Graduada em Pedagogia com habilitação em Orientação e Supervisão pela Universidade Federal do Amazonas (2004). Chefe da Divisão de Avaliação e Monitoramento (DAM) na Secretaria Municipal de Educação (SEMED/Manaus). E-mail: [email protected]. 2 Mestre em Ciência da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ULGT - PT (2012); Especialista em Gestão da Educação (2010) e Psicopedagogia Institucional (2005) pela Universidade do Amazonas - UFAM; Graduada em Pedagogia com habilitação em Orientação Educacional (1993), pela UFAM. 3 Especialista em Administração e Planejamento de Projetos Sociais - UNIGRANRIO (2007), e em Segurança Pública e Qualidade de Vida - LITERATUS / UNICEL (2012), Graduada em Psicologia pela Universidade Luterana do Brasil (2005), Graduanda em Direito pelo CIESA. Assessora Pedagógica na Divisão de Avaliação e Monitoramento (DAM) na Secretaria Municipal de Educação (SEMED). E-mail: [email protected].

SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO EDUCACIONAL - …Sistema de Avaliação de Desempenho Educacional de Manaus: um breve escorço histórico No plano educacional atual, a avaliação

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ISSN 2176-1396

SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO EDUCACIONAL -

SADEM: EXPERIÊNCIA NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE

ENSINO DE MANAUS

Núbia do Socorro Pinto Breves1 - SEMED

Santana Elvira Amaral da Rocha2 - SEMED

Glenda Martins Monteconrado3 - SEMED

Eixo – Avaliação da Educação

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O presente estudo aborda a experiência de implantação/implementação do Sistema de

Avaliação de Desempenho Educacional de Manaus – SADEM, os avanços, possibilidades e

desafios no cenário da rede pública municipal de ensino de Manaus. O modelo de sistema

compreende as avaliações em larga escala aplicadas as escolas vinculadas a Secretaria

Municipal de Educação – SEMED. A opção metodológica ancora-se na revisão bibliográfica,

nas produções científicas específicas sobre avaliação em larga escala e na análise documental

de relatórios de devolutivas pedagógicas das avaliações em larga escala produzidos no

período de 2014 a 2017, pelo MEC/Inep, pelo Sistema de Avaliação de Desempenho

Educacional do Amazonas - SADEAM em nível estadual e pela Divisão de Avaliação e

Monitoramento - DAM por meio da Avaliação de Desempenho do Estudante – ADE em nível

municipal. A fim de cumprir o que se propõe, o presente texto se organiza a partir de dois

tópicos: o primeiro trata de um breve escorço histórico da trajetória do SADEM na rede

municipal e o segundo discorre sobre o trabalho da equipe gestora da SEMED, a Divisão de

Avaliação e Monitoramento – DAM na condução do uso dos resultados da ADE, que é uma

avaliação própria da rede, contendo cada um deles um roteiro linear sobre o caminho

percorrido desde a implantação do SADEM até os dias atuais sob a perspectiva da abordagem

qualitativa. A conclusão é apresentada a partir da reflexão sobre o processo de

institucionalização do SADEM e da Divisão de Avaliação e Monitoramento – DAM e da

1 Mestre em Educação em Ciências na Amazônia pela Universidade do Estado do Amazonas - UEA (2013);

Especialista em Gestão da Educação pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM (2010) e em Educação

Profissional (PROEJA) pelo Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Amazonas - IFAM (2009);

Graduada em Pedagogia com habilitação em Orientação e Supervisão pela Universidade Federal do Amazonas

(2004). Chefe da Divisão de Avaliação e Monitoramento (DAM) na Secretaria Municipal de Educação

(SEMED/Manaus). E-mail: [email protected]. 2 Mestre em Ciência da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - ULGT - PT

(2012); Especialista em Gestão da Educação (2010) e Psicopedagogia Institucional (2005) pela Universidade do

Amazonas - UFAM; Graduada em Pedagogia com habilitação em Orientação Educacional (1993), pela UFAM. 3 Especialista em Administração e Planejamento de Projetos Sociais - UNIGRANRIO (2007), e em Segurança

Pública e Qualidade de Vida - LITERATUS / UNICEL (2012), Graduada em Psicologia pela Universidade

Luterana do Brasil (2005), Graduanda em Direito pelo CIESA. Assessora Pedagógica na Divisão de Avaliação e

Monitoramento (DAM) na Secretaria Municipal de Educação (SEMED). E-mail: [email protected].

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implementação da ADE, como principal ferramenta para diagnosticar/acompanhar o

aprendizado dos estudantes e o amadurecimento da avaliação educacional no contexto das

escolas públicas municipais de Manaus/Amazonas.

Palavras-chave: Sistema de Avaliação de Desempenho Educacional de Manaus. Avaliações

em larga escala. Avaliação de Desempenho do Estudante. Divisão de Avaliação e

Monitoramento.

Introdução

Desde a criação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica- Saeb nos

anos 1990, as avaliações externas em larga escala no país têm se destacado em âmbito

nacional. Implantado pelo Ministério da Educação e do Desporto, o MEC/INEP tem buscado

realizar, periodicamente, a aplicação da avaliação do desempenho escolar dos estudantes, com

o intuito de melhorar a qualidade do ensino nas escolas, já que seu principal objetivo, de

acordo com o INEP, é avaliar a Educação Básica brasileira, contribuir para a melhoria de sua

qualidade e para a universalização do acesso à escola, oferecendo subsídios concretos para a

formulação, reformulação e o monitoramento das políticas públicas voltadas para a Educação

Básica.

Sob tal acepção, as redes de ensino estadual e municipal ao longo das últimas

décadas também adotaram sistemas próprios de avaliação externa em larga escala, com o

objetivo de melhorar os níveis de aprendizagem dos estudantes e a qualidade de ensino em

nível local.

Diante desse cenário educacional, na cidade de Manaus, estado do Amazonas,

encontra-se a Secretaria Municipal de Educação – SEMED/Manaus, responsável pela terceira

maior rede de ensino do Brasil, com 491 escolas que atendem a 237.209 mil estudantes,

abrangendo a educação infantil (Creche 0 a 3 anos/Pré-escola 4º e 5º anos) e o Ensino

Fundamental (1º ao 9º anos), buscou implantar políticas públicas que viabilizassem um ensino

de qualidade na rede pública municipal de ensino.

Sendo assim, para administrar essa extensa rede de ensino, conta-se com os setores

pedagógicos e administrativos da SEMED/Sede e como sete Divisões Distritais Zonais –

DDZs4, localizadas em diferentes zonas da cidade para atuarem como extensão das ações

macro emanadas da Secretaria, contribuindo na implementação de políticas públicas

educacionais.

4 Divisões Distritais Zonais – DDZs são unidades responsáveis pela articulação entre a SEMED e as unidades de

ensino municipais divididas dentro da circunscrição de cada zona da cidade de Manaus.

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Nessa perspectiva, foi criado o Sistema de Avaliação de Desempenho Educacional

de Manaus – SADEM que articulado às diretrizes do MEC/Inep, vem atuando a frente desse

processo avaliativo em que se destacam as seguintes avaliações: Provinha Brasil, Avaliação

Nacional da Alfabetização (ANA), Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB),

Avaliação Nacional de Rendimento Escolar (ANRESC/Prova Brasil), Programa Internacional

de Avaliação de Estudantes (PISA), ainda o Sistema de Avaliação Educacional de do

Amazonas (SADEAM) vinculado a SEDUC e a Avaliação de Desempenho Educacional de

Manaus – ADE pertencente à SEMED.

É importante ressaltar, que o SADEM é visto na rede como um sistema que reúne

todas as avaliações de larga escala, dentre as quais avulta a Avaliação de Desempenho do

Estudante – ADE, por se tratar de uma avaliação genuína, própria da rede, coordenada pela

Divisão de Avaliação e Monitoramento – DAM, setor responsável por todo o processo de

criação, desde elaboração/revisão de itens, validação, diagramação, organização dos cadernos

de prova até o tratamento das informações e divulgação dos resultados, que após a conclusão

dos processos se tornam acessíveis a todos.

O estudo proposto ancora-se na revisão bibliográfica, nas produções científicas

específicas sobre avaliação em larga escala e na análise documental de relatórios de

devolutivas pedagógicas das avaliações em larga escala produzidos no período de 2014 a

2017, pelo MEC/INEP, pelo SADEAM/SEDUC e pela Divisão de Avaliação e

Monitoramento – DAM, e se propõe discutir, na perspectiva da abordagem qualitativa, as

condições para que a avaliação, independentemente do seu campo de abrangência possa,

efetivamente, cumprir o papel de promotora da aprendizagem dos estudantes manauaras

(MARCONI; LAKATOS, 2006; CHIZZOTTI, 2003).

Sistema de Avaliação de Desempenho Educacional de Manaus: um breve escorço

histórico

No plano educacional atual, a avaliação ganhou importância nacional por buscar

transparência sobre a realidade do ensino aprendizagem, acentuando, no caso do Brasil,

questões como baixo desempenho, evasão escolar, analfabetismo em todas as etapas da

educação básica, dentre outros. Ante esse cenário, “esse é o papel, por excelência, da

avaliação educacional, complementada pelo monitoramento através dos indicadores

educacionais”, como reflete Souza (2011, p. 9).

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Nesse contexto, a avaliação de larga escala tornou-se o alvo, sendo marcada nas

discussões acerca das políticas públicas em Educação, trazendo a ideia que poderia ser um

mecanismo propício para balizar e alavancar a qualidade da educação brasileira, refutando

críticas quanto a produção de “competitividade entre as escolas e a responsabilização dos

professores pelos resultados obtidos pelos alunos” (FONTANIVE, 2011, p. 173),

especialmente a partir da criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB,

em 2007.

Com base nessa premissa, no ano de 2009, a SEMED inseriu em sua estrutura

organizacional, a Divisão de Avaliação e Monitoramento - DAM, a fim de coordenar o

Sistema de Avaliação do Desempenho Escolar - SAEDE, instituído pelo Decreto nº

0324/2009, que em seu bojo compreendia na época as avaliações do rendimento escolar e da

gestão escolar.

Nesse interim, outras demandas surgiram no período de 2009 a 2013 comprometendo

de fato o verdadeiro papel do SADEM. Somente a partir de 2014, o setor passou de fato a

exercer a função de coordenar, supervisionar e avaliar as ações desenvolvidas no Sistema de

Avaliação de Desempenho Educacional de Manaus – SADEM, instituído pelo Decreto nº

3.113/2015, em substituição ao SAEDE, com a função de integrar todas as avaliações em

larga escala direcionadas à rede pública municipal de ensino de Manaus, objetivando analisar

os resultados de desempenho, acompanhar os processos de melhoria e o planejamento de

ações futuras.

Figura 1 - Estrutura do SADEM

Avaliação de Desempenho do Estudante – ADE.

Sistema de Avaliação do Desempenho Educacional do Amazonas – SADEAM.

Avaliação da Gestão Institucional – AGI.

Avaliação da Educação Infantil – AEI.

Avaliações Externas MEC/INEP - Avaliação Nacional da Educação Infantil - ANEI, Provinha

Brasil, Avaliação Nacional da Alfabetização - ANA, ANRESC (Prova Brasil), Programa

Internacional de Avaliação de Alunos - PISA, Pré-testes.

Fonte: Dados organizados pelas autoras.

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De fato a concretização de um Sistema de avaliação próprio, propiciou a

sistematização de todo processo, principalmente, no que tange aos elementos fornecidos nas

avaliações em larga escala, o que permite um acompanhamento comparativo dos resultados

em níveis nacionais, estaduais e municipais.

No contexto das avaliações educacionais, ressalta-se que a Provinha Brasil instituída

pela Portaria Normativa nº 10/2007, é uma avaliação diagnóstica anual do nível de

alfabetização das crianças matriculadas no segundo ano do Ensino Fundamental das escolas

públicas brasileiras. Essa avaliação acontece em duas etapas, o Teste 1 aplicado geralmente

no mês de abril e o Teste 2 em novembro. A avaliação diagnóstica segundo Luckesi (2008, p.

81), é um “instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o

aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que possa avançar no seu

processo de aprendizagem”.

A aplicação em períodos distintos oportuniza aos professores e gestores educacionais

a realização de um diagnóstico mais preciso que permite conhecer o que foi agregado na

aprendizagem das crianças, em termos de habilidades em leitura/numeramento dentro do

período avaliado. Nesse contexto, os resultados evidenciados nessa avaliação no ano de 2014

em Leitura e Matemática por meio do Relatório Geral dos Resultados da Provinha Brasil

mostram certo crescimento em algumas DDZs, no tocante aos níveis de desempenho nos dois

momentos de aplicação (MANAUS/SEMED, 2014a).

Figuras 2 e 3 - Nível de Desempenho em Leitura e Matemática 2014

Fonte: Manaus/Semed (2014a, p. 26).

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Figura 4 e 5 - Níveis de Desempenho em Leitura e Matemática 2015

Fonte: Manaus/Semed (2015a, p. 22).

No entanto, ao analisar os resultados obtidos na Provinha Brasil por DDZ no ano de

2015, utilizando os dados referenciados no Relatório Geral dos Resultados da Provinha Brasil

observa-se que houve progresso significativo em relação a 2014 em leitura e matemática,

porém, embora os níveis de desempenho tenham avançado, ainda são muitas as dificuldades

de aprendizagem nos processos de leitura e escrita nesse ano de escolarização

(MANAUS/SEMED, 2015a).

Também para avaliar a alfabetização das crianças ao fim dos três primeiros anos do

Ensino Fundamental, em 2013, o Saeb foi novamente modificado, incorporando a Avaliação

Nacional de Alfabetização - ANA, destinada a avaliar os níveis de alfabetização, letramento

em Língua Portuguesa, alfabetização em Matemática e as condições de oferta do ciclo de

alfabetização das redes públicas. É aplicada essencialmente para os estudantes do 3º ano do

Ensino Fundamental em 100% das escolas selecionadas dentro do perfil estabelecido pelo

INEP. Reforçando, Rabelo (2013, p. 7), infere que a “ANA tem caráter censitário e avalia a

qualidade, equidade e eficiência do ciclo de alfabetização dos alunos das escolas das redes

públicas”.

A primeira aplicação da ANA nas escolas da SEMED/Manaus aconteceu no ano de

2013, com a participação de 261 escolas, totalizando 23.292 estudantes. As análises abaixo

revelam que os resultados de 2013 na rede municipal de ensino de Manaus encontrava-se em

Leitura/Língua Portuguesa e Matemática, ambos no nível 2.

A segunda aplicação ocorreu no ano de 2014, tendo a participação de 321 escolas e

23.334 estudantes, atingindo na época o nível 2 em Leitura/Língua Portuguesa, nível 4,

Escrita e nível 2 em Matemática. Nesse contexto, os resultados apontam que não houve

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avanços significativos em leitura e matemática, levando a SEMED a direcionar estratégias de

intervenções para melhoria dos níveis de aprendizagem dos estudantes.

A terceira e última aplicação da ANA, se deu no ano 2016, sendo disponibilizado

pelo MEC/INEP somente os resultados preliminares das escolas públicas, para acesso restrito

aos gestores escolares no decorrer da segunda quinzena do mês de maio. Recomenda ainda,

aos gestores, discutir com a equipe pedagógica o desempenho, e, caso discordem poderão

manifestar-se por meio de recurso no mesmo sistema informando os motivos ao Inep.

Lembrando que terão os resultados divulgados todas as escolas com, no mínimo, dez

estudantes matriculados no momento da avaliação e que tiveram taxa de participação de 80%

dos estudantes matriculados no 3º ano, de acordo com os dados do Censo Escolar 2016.

Quanto aos resultados finais o Inep estará divulgando a toda sociedade, somente no mês de

agosto (BRASIL, 2016).

Por conseguinte, em 2005 foi criada a ANRESC/Prova Brasil como parte integrante

do Saeb, e, tem como objetivo avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo sistema

educacional brasileiro a partir de testes padronizados e questionários socioeconômicos. É

aplicada censitariamente aos estudantes de 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 3º ano do

Ensino Médio. Nesse ponto, somente a partir do ano de 2005 as atenções se voltaram aos

resultados obtidos com a aplicação da ANRESC/Prova Brasil e em 2007 com a criação do

indicador de qualidade da educação denominado Índice de Desenvolvimento da Educação

Básica – IDEB.

Em termos de resultados, são gerados relatórios simplificados para cada escola

participante, contendo informações acerca do número de participantes, médias em

língua portuguesa e matemática, distribuição dos alunos nas faixas de proficiência,

evolução de indicadores educacionais como taxa de aprovação Ideb, dados

referentes ao corpo docente da escola (RABELO, 2013, p. 9).

Nesse particular, registra-se que em 2015, Manaus obteve o índice 5,4 no Ideb dos

anos iniciais (1º ao 5º ano), ultrapassando a meta projetada pelo Inep/MEC de 4,9 e,

consequentemente, superando o índice de 4,6 alcançado em 2013 para o município de

Manaus-Amazonas (BRASIL, 2016).

Tabela 1 - Ideb - Resultados e Metas dos anos iniciais (5º ano)

Ideb Observado Metas Projetadas

2005 2007 2009 2011 2013 2015 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021

3,5 3,5 3,5 4,1 4,6 5,4 3,6 3,9 4,3 4,6 4,9 5,2 5,5 5,8

Fonte: Brasil (2016).

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Nos anos finais (6º ao 9º ano), Manaus também superou a meta projetada pelo

Inep/MEC de 3,8, alcançando 4,3 no Ideb, sobrepujando a meta atingida de 3,4 em 2013 do

Ideb observado e projetado para os anos finais (BRASIL, 2016).

Tabela 2 - IDEB - Resultados e Metas dos anos finais (9º ano)

Ideb Observado Metas Projetadas

2005 2007 2009 2011 2013 2015 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021

2,6 2,8 2,9 3,1 3,4 4,3 2,6 2,8 3,0 3,4 3,8 4,1 4,3 4,6

Fonte: Brasil (2016).

O IDEB congrega o fluxo escolar e as médias de desempenho das avaliações,

convergindo em um só indicador de qualidade da educação, isto é, funciona como

“termômetro da qualidade da educação básica em todos os estados, municípios e escolas no

Brasil” (BRASIL, 2011, p. 4).

Ainda de acordo com o organograma em tela (Figura 1), o SADEAM é uma

avaliação pertencente à Secretaria Estadual de Educação do Amazonas – SEDUC, sendo

aplicada nas escolas públicas municipais do Estado do Amazonas por meio de Termo de

Adesão. No ano de 2014, conforme Relatório Geral dos Resultados do Sistema de Avaliação

de Desempenho Educacional do Amazonas (Manaus/SEMED, 2014b), foi realizada a

primeira aplicação nas escolas ligadas a SEMED/Manaus para 24.084 estudantes do 5º e 9º

anos do ensino fundamental.

Tabela 3 - Resultados do SADEAM em Língua Portuguesa e Matemática 2014

An

o /

Áre

a d

o

con

hec

imen

to

Ed

içã

o

Pro

fici

ênci

a M

édia

Des

vio

Pa

drã

o

Pa

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Des

emp

en

ho

Ab

aix

o d

o B

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Pro

fici

ente

Av

an

çad

o

Alu

no

s P

rev

isto

s

Alu

no

s E

feti

vo

s

Pa

rtic

ipa

ção

(%

)

5º LP

5º MAT

9º LP

9º MAT

2014

2014

2014

2014

188,2

192,7

232,5

222,9

44,5

41,2

45,4

40,5

Proficiente

Básico

Básico

Abaixo Bás.

7,2

14,8

24,8

54,7

33,0

43,0

40,0

34,6

39,5

33,8

27,5

9,7

20,3

8,3

7,7

1,0

21.857

21.858

9.866

9.866

17.654

17.655

6.430

6.431

80,8

80,8

65,2

65,2

Fonte: Manaus/Semed (2014b, p 36).

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Tabela 4 - Resultados do SADEAM em Língua Portuguesa e Matemática 2015. A

no

/ Á

rea

do

con

hec

imen

to

Ed

içã

o

Pro

fici

ênci

a

Méd

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Des

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Pa

drã

o

Pa

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e

Des

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o

Alu

no

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Pre

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tos

Alu

no

s

Efe

tiv

os

Pa

rtic

ipa

ção

(%)

3º LP

3º MAT

7º LP

7º MAT

2015

2015

2015

2015

515,0

772,9

210,7

216,0

83,7

42,0

43,9

37,2

Avançado

Básico

Básico

Básico

9,2

13,2

22,4

34,0

12,2

60,6

40,9

47,6

20,4

23,0

29,0

18,1

58,3

3,1

7,8

0,3

25.494

25.494

12.633

12.633

20.072

20.055

9.815

9.815

78,7

78,7

77,7

77,7

Fonte: Manaus/Semed, (2015b, p. 41).

A segunda aplicação se deu em 2015 com a participação de 29.887 estudantes dos 3º

e 7º anos do ensino fundamental. De posse dos dados apresentados no Relatório Geral dos

Resultados do Sistema de Avaliação de Desempenho Educacional do Amazonas (MANAUS,

2015b), observa-se que os anos iniciais (3º e 5º), demonstraram melhor desempenho que os

anos finais (7º e 9º), pois os dados apontam principalmente, que em Matemática, os

estudantes se encontram quanto ao padrão de desempenho (9º ano) Abaixo do Básico, isto é,

ainda incipiente ao considerado apropriado em termos das habilidades básicas avaliadas. A

localização neste padrão indica lacuna na aprendizagem em relação ao previsto pela Matriz de

Referência e aponta, à equipe pedagógica, para a necessidade de planejar um processo de

recuperação com esses estudantes quanto a conteúdos/conhecimentos ainda não consolidados

na trajetória escolar.

Quanto ao 7º ano, os estudantes se situam no Básico, isto significa que ainda não

demonstram o desenvolvimento considerado apropriado nas habilidades básicas avaliadas.

Recomenda-se, portanto, a equipe pedagógica elaborar um planejamento em caráter de

reforço para atender as necessidades apresentadas.

Por conseguinte, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - Pisa, é uma

iniciativa de avaliação comparada, aplicada de forma amostral, a cada três anos, a estudantes

matriculados a partir do 8º ano do ensino fundamental na faixa etária dos 15 anos, idade em

que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países

(BRASIL, 2016).

E como leme direcionador das políticas de educação em nível municipal destaca-se a

Avaliação de Desempenho do Estudante - ADE, criada em 2014, sendo projeto pioneiro da

SEMED, com o objetivo de avaliar o desempenho dos estudantes e auxiliar diretores,

pedagogos e professores no monitoramento dos processos pedagógicos de ensino e

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aprendizagem a partir da análise dos resultados obtidos, tornando-se ferramenta

imprescindível das políticas públicas educacionais no município de Manaus.

Trata-se de uma avaliação diagnóstica, planejada essencialmente e estrategicamente

para atender as demandas do trabalho pedagógico com foco nas competências e habilidades

que os estudantes precisam desenvolver, relativas às áreas de conhecimento em Língua

Portuguesa, Matemática, Ciências da Natureza e Humanidades, tendo como base a Proposta

Curricular da SEMED/Manaus, as Matrizes de Referência da Avaliação Nacional de

Alfabetização-ANA, Prova Brasil e as Diretrizes Curriculares Nacionais – DCNs.

Em face disso, no ano de 2014 foi realizada a primeira edição da ADE com a

participação de aproximadamente 360.516 estudantes do Ensino Fundamental, das turmas do

1º Ano (aplicadas semestralmente), 2º, 3º, 4º, 6º e 8º ano (aplicadas bimestralmente) e Projeto

Itinerante (6º e 8º ano), pertencentes às escolas da Zona Rural/Ribeirinha (aplicadas

bimestralmente).

No decorrer de 2015, a ADE teve a participação de 291.443 estudantes do Ensino

Fundamental das turmas do 1º ano (aplicadas semestralmente), 3º, 5º, 7º e 9º ano, Projeto

Itinerante (aplicadas bimestralmente) e Educação de Jovens e Adultos – EJA (com uma

aplicação no 2º semestre).

No ano de 2016, participaram 245.000 estudantes dos 3º, 4º, 6º e 8º anos do Ensino

Fundamental, contemplando três momentos de aplicação, posto que o Projeto Itinerante (6º e

8º anos) e a Educação de Jovens e Adultos – EJA (3ª e 4ª fases) contou com duas aplicações

no decorrer do ano letivo.

Para 2017, estima-se a participação de aproximadamente 217.000 estudantes dos 3º,

5º, 7º e 9º anos do Ensino Fundamental (três aplicações), além do Projeto Itinerante (7º e 8º

anos) e a Educação de Jovens e Adultos – EJA (3ª e 4ª fases), que serão realizados em dois

momentos.

Em tal perspectiva

A implantação e implementação da ADE em articulação com o sistema nacional,

tem impulsionado grandes avanços, principalmente, pelo fato de priorizar as

especificidades amazônicas, algo que não é visto em outras avaliações, por serem

padronizados para todos os estados brasileiros, fugindo muitas vezes de nossa

realidade. Outro ponto relevante é a possibilidade da equipe gestora poder, a partir

de uma análise coletiva no interior das escolas, identificar lacunas e juntar esforços

para melhorar a aprendizagem e o desempenho de cada estudante (BREVES,

MONTECONRADO, ROCHA, 2016, p. 5).

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Diante desse cenário, é iminente que a SEMED estabeleça indicadores que garantam

a qualidade do ensino, impulsionando as escolas a repensar suas práticas pedagógicas, a

proposta curricular, os projetos e as avaliações internas e de larga escala, com vistas a garantir

a formação básica dos estudantes e contribuir para o desenvolvimento de uma cultura de

avaliação.

ADE e seus impactos na prática pedagógica: reflexões sobre o uso dos resultados

Na SEMED/Manaus a Divisão de Avaliação e Monitoramento é a responsável pela

coordenação de todo processamento da ADE, com vistas a assegurar o cumprimento dos

prazos estabelecidos nos cronogramas elaborados para cada aplicação e no plano de ação,

com acompanhamento da Gestão Integrada da Educação - Gide Avançada5, mediante o

Relatório de Implementação das Ações dos Planos – RIAP, resultante dos indicadores

preestabelecidos (FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL, 2017).

Com uma equipe composta por 14 profissionais entre professores/elaboradores de

itens, pedagogos/revisores, analistas e técnicos administrativos, todos conhecedores do

processo de criação da ADE, atuando densamente na elaboração de itens, revisão, validação,

diagramação, orientações, análises e divulgação dos resultados.

Tais funções demandam profissionais com formação específica, que dominem o

currículo e as estruturas avaliativas. Nesse sentido, é premente a necessidade constante de

estudo e atualização individual/grupal da equipe, que se fortalecem mensalmente por meio de

formações externas / internas, oficinas, estudos de casos/literário, além de discussões

coletivas diárias sobre as ações, tendo sempre como foco a inquietação coletiva sobre como

melhorar cada vez mais a qualidade da ADE e das orientações quanto ao uso dos resultados

das avaliações em larga escala.

Desta feita, esse conhecimento faz toda a diferença quanto à qualidade final dos

cadernos de provas elaborados, e a conquista da credibilidade por parte das escolas. Convêm

pôr em relevo, quanto à operacionalização da ADE, em que a equipe DAM se distribui no

desenvolvimento da elaboração e entrega da métrica aos formuladores de itens, juntamente

com a ficha de elaboração e revisão e o cronograma com os prazos estabelecidos para entrega,

revisão, diagramação, impressão e distribuição às DDZs.

5 Sistema que alia dimensões gerenciais e pedagógicas, a fim de mostrar o caminho a ser percorrido para

alcançar a melhoria dos resultados na educação, baseado no método científico PDCA. Disponível

em:<http://www.fdg.org.br/gide-avancada> Acesso em: 04 maio. 2017.

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Os Elaboradores constroem os itens levando em consideração as especificidades

culturais do lugar, o perfil dos estudantes, os objetivos de aprendizagem (Proposta

Curricular), os Descritores das Matrizes de Referência MEC/INEP, os suporte das questões,

os graus de dificuldade, (Taxonomia de Bloom – muito fácil, fácil, médio, difícil e muito

difícil), o estilo da questão (interpretação, resposta única, complementação), e a seleção das

imagens/suportes, textos, materializando o processo de criação/elaboração dos itens.

Em tal perspectiva, a ADE tornou-se ferramenta imprescindível para implementação

de ações voltadas ao processo de melhoria da qualidade na educação básica (1º ao 9º ano do

Ensino Fundamental). Em suma, diante da necessidade de uma educação mais inclusiva, após

a divulgação do gabarito e posterior resultado da aplicação de cada ADE, as escolas são

estimuladas a utilizar os dados obtidos nas práticas de intervenções.

A avaliação não é um valor em si e não deve ficar restrita a um simples rito da

burocracia educacional; necessita integrar-se ao processo de transformação do

ensino/aprendizagem e contribuir, desse modo, ativamente, para o processo de

transformação dos educandos (VIANNA, 2005, p. 16).

Para tanto, é de extrema importância uma reflexão mais profunda e ampla sobre o

sentido do uso dos resultados das avaliações em larga escala, pois, não deve somente ser

entendida do ponto de vista quantitativo, mas especialmente, para repensar novas estratégias

de ensino e aprendizagem, elucubrando uma análise quantiqualitativa no fortalecimento de

seus resultados para garantia da aprendizagem significativa de todos os estudantes, sem a

intenção de comparar, classificar, aprovar ou promover ante o desempenho/índice atingido.

Consequentemente, os dados apontados no Relatório Geral dos Resultados da

Avaliação de Desempenho do Estudante a cada ADE, auxiliam nos projetos de formações

continuadas de professores, reformulação da proposta curricular e dos planos de intervenções

pedagógicos junto às escolas, desenvolvimento de estratégias para recuperação paralela com

os estudantes que necessitam de reforço na aprendizagem e o estabelecimento de indicadores

(MANAUS, 2016).

Nesse processo, apesar da concretização do trabalho em torno da divulgação dos

resultados por parte da DAM, o que se percebe é que em grande parte das escolas, o uso dos

resultados de forma pedagógica pela equipe gestora é insuficiente, ou até mesmo

desconhecem esse fazer. A esse respeito ressalta-se que

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[...] Embora a apresentação clara dos resultados da avaliação e sua apropriação pelas

autoridades, professores e pais não seja condição suficiente para produzir mudanças,

ela é sem dúvida uma condição necessária. Portanto, os grupos envolvidos em

conduzir as avaliações externas devem ter o compromisso de realizar esforços no

sentido de tornar os resultados acessíveis ao público não acostumado a leituras

técnicas especializadas neste campo (FONTANIVE, 2011, p. 167).

Diante desse panorama, tem-se buscado efetivar encontros com os professores,

diretores e pedagogos para uma reflexão mais densa sobre o sentido da avaliação em larga

escala, e concomitantemente da utilização dos resultados como base para construção de novas

estratégias de ensino para os estudantes.

Para que tal ação ocorra com êxito, nas orientações pedagógicas aos assessores

pedagógicos no início do ano letivo, assim como nas reuniões periódicas com os gestores

escolares e professores nas oficinas de formação, orienta-se que o uso dos resultados seja

trabalhado seguindo o passo a passo de acordo disponibilizado pela DAM.

Figura 6 - Fluxograma da Análise Pedagógica dos Resultados - ADE

Fonte: Dados organizados pelas autoras.

Ressalta-se um ponto fundamental e diferencial dessa avaliação, é o professor ficar

de posse dos cadernos de provas e após a equipe de análise da DAM disparar os gabaritos,

poderá verificar o desempenho da turma e realizar um trabalho com base na construção de

competências e habilidades ainda não requerida.

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Portanto, a partir das orientações e direcionamentos sobre a utilização correta dos

resultados, pode-se vislumbrar mudanças nas práticas pedagógicas e no que diz respeito a

forma de avaliar os estudantes nas escolas.

Inegavelmente, os resultados da ADE vêm direcionando as ações nas escolas e na

tomada de decisão tanto no que diz respeito à criação de políticas públicas educacionais,

quanto nos encaminhamentos de procedimentos pelos setores competentes, principalmente na

elaboração e orientações dos planos de intervenções pedagógicas, recuperação paralela e no

projeto de formações continuadas aos educadores, tendo como ponto de partida os descritores

com desempenho inferior a 70%, para os anos iniciais e de 60% para os anos finais, para que

dessa forma seja assegurado um acompanhamento sistemático na formação continuada dos

professores, principalmente, no que se refere ao nível de letramento e na resolução de

problemas dos estudantes.

Enfim, o amadurecimento da equipe vem possibilitando grandes avanços e

estratégias no que diz respeito às ações desenvolvidas pelo setor, e, nos encaminhamentos

dados aos profissionais da educação no sentido de favorecer a compreensão do que se avalia

nas avaliações em larga escala e de como fazer o uso correto dos resultados pedagógicos de

forma profícua.

Nessa sequência, destacam-se algumas ações viabilizadas no decorrer de 2016 e

2017 como: Elaboração do instrumento Habilidades e Competências em Leitura e

Resolução de Problemas (2016) 4º e 5º (Anos Iniciais), 6º ao 9º (Anos Finais) do Ensino

Fundamental, direcionado aos professores das escolas municipais. Este material foi

organizado a partir das Matrizes de Referências do MEC/INEP, da Proposta Curricular da

SEMED/Manaus e dos itens da ADE aplicados no período de 2014/2015, seguidos de

comentários e propostas de atividades/leituras para subsidiar o fazer pedagógico em sala de

aula; Oficinas de formação (2016 – 2017) realizadas pelos elaboradores de itens aos

professores, gestores, pedagogos e assessores pedagógicos com os seguintes temas: Processo

de elaboração de itens da ADE; Matrizes da Prova Brasil; Descritores críticos da ADE, bem

como estratégias de ensino para desenvolvimento das habilidades; Diferença entre avaliação

de larga escala e da aprendizagem, dentre outras; Caderno de Elaboração e Revisão de itens

(2016/2017), criado para auxiliar o trabalho dos envolvidos quanto ao planejamento,

estruturação, elaboração, revisão e alinhamento de todos os processos concernentes à

formulação e revisão dos itens da ADE; Estudos para Elaboração da Matriz de Referência

(2017) do 3º ano do Ensino Fundamental, a partir da proposta Curricular e documentos afins,

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para atender especificamente à ADE; Criação e implementação do I Concurso de Desenho

(2017) para compor as capas das provas da ADE, com o objetivo de incentivar a participação

e (re)conhecimento dos estudantes quanto ao verdadeiro significado/sentido da ADE;

Implementação da parceria com a Escola de Serviço Público Municipal e Inclusão

Socioeducacional – ESPI (a partir de 2015), na convocação de Bolsistas vinculados ao

Programa Bolsa Universidade, para participar do acompanhamento da aplicação e realizar a

transcrição das alternativas para as folhas de respostas dos estudantes. Tal parceria objetiva

contribuir com o processo de transparência, lisura e fidedignidade dos resultados da ADE,

especificamente nas turmas de 3º ano do Ensino Fundamental das escolas urbanas;

Construção de vídeos Instrucionais sobre o preenchimento correto das Folhas de Respostas

(2016/2017) para os estudantes e professores/aplicadores da ADE e do guia do aplicador

(2017) com o objetivo de orientar os professores no processo de aplicação da ADE.;

Formação Interna (2014 – 2017) para os membros da equipe DAM, sobre: Método PDCA,

Planejamento Estratégico, Bases Comportamentais, Avaliações Internas e Externas,

Elaboração e Revisão de Itens, Taxonomia de Bloom e sua relação com a elaboração de itens,

Estudo da aplicação da Taxonomia de Bloom e as dimensões do conhecimento para

elaboração de itens, Construção da métrica, Mapa de Descritores da ADE, Especificações dos

Itens, Matriz de Encomenda, Matriz de Referência e Conceito de contextos de Matemática e

Língua Portuguesa. Com efeito, todo esse fazer tem contribuído para ampliar o conhecimento

técnico da equipe, refletindo significativamente na qualidade e eficiência do trabalho

desenvolvido.

Considerações Finais

Diante do enredamento do tema em destaque, se faz necessário alargar as discussões

sobre o papel das avaliações internas e externas de larga escala, preferencialmente no que

concerne a esfera pedagógica da rede de ensino, tanto no que se refere aos profissionais das

escolas, quanto aos departamentos, divisões e gerências responsáveis pela elaboração de

políticas públicas, pela formação dos profissionais da educação, pelo acompanhamento in

loco as escolas.

Ante a trajetória exposta neste estudo, a DAM vem trilhando caminhos prósperos no

que diz respeito as suas competências desde sua criação até os dias de hoje, sempre imbuída

de compromisso e responsabilidade com a educação pública de qualidade articulada a

identidade estratégica da SEMED.

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Para tanto, o sucesso do SADEM, e particularmente da ADE, não depende somente

do esforço da equipe, mas principalmente do comprometimento por parte das chefias da

SEMED, o que exige maior investimento quanto à formação continuada para os elaboradores

e revisores de itens, restruturação do espaço físico e de aparatos tecnológicos que atendam as

necessidades do trabalho realizado.

Ainda que os percalços impostos no desenvolvimento do trabalho diário sejam

constantemente desafiadores, em se tratando especificamente da necessidade de

fortalecimento da equipe, aparatos tecnológicos e do espaço físico, mesmo assim, a equipe

tem realizado com afinco as atividades contidas no plano de ação, bem como as demandas da

SEMED sempre que solicitado.

Arrematando, entende-se que nesse universo da educação a consciência coletiva deve

perpassar a reflexão/ação para superar o imediatismo, necessitando uma revisão crítica da

práxis para que não se perca a direção, buscando a mudança da realidade, negando

definitivamente um processo excludente, onde se façam presentes e constantes os Direitos

Humanos e a construção da cidadania.

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