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AVALIAÇÃO
EDUCACIONAL
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
AVALIAÇÃO EDUCACIONAL
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SUMÁRIO
1 A AVALIAÇÃO ..............................................................................................03
2 A IMPORTÂNCIA E A FUNÇÃO DA AVALIAÇÃO ESCOLAR ............... 04
3 A AVALIAÇÃO E SUAS CONCEPÇÕES ................................................ 08
4 ÊNFASE NO APRENDER .............................................................................13
5 AVALIANDO AS ATIVIDADES PROBLEMATIZADAS .......................... 15
REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ...........................................20
ANEXOS ...........................................................................................................23
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1 A AVALIAÇÃO
Segundo o DIEB – Dicionário Interativo da Educação Brasileira,
avaliação escolar pode ser definida como um meio de obter informações sobre
os avanços e as dificuldades de cada aluno, constituindo-se em um
procedimento permanente de suporte ao processo ensino-aprendizagem, de
orientação para o professor planejar suas ações, a fim de conseguir ajudar o
aluno a prosseguir, com êxito, seu processo de escolarização. Os instrumentos
de avaliação mais usados são provas escritas ou orais, seminários, tarefas,
pesquisas e dinâmicas de grupos. No processo de avaliação dos diversos
graus de ensino, as notas e conceitos são decisivos para a continuidade dos
estudos.
No Brasil, particularmente na última década, surgiu um intenso debate
em torno do lugar da avaliação escolar, uma vez que ela estaria perdendo a
sua dimensão pedagógica e metodológica e assumindo crescentemente a
dimensão de controle. As questões relativas à avaliação tem se dividido entre a
avaliação “externa” que tem sido imposta em nosso sistema educacional e
considera mais aspectos administrativos padronizados e a avaliação “interna”
que se dá no espaço da sala de aula e que tem mobilizado os docentes para as
mudanças qualitativas de suas ações pedagógicas.
Dessa forma, a avaliação no processo ensino-aprendizagem tem sido
considerada um tema delicado por possuir implicações pedagógicas que
extrapolam os aspectos técnicos e metodológicos e atinge aspectos sociais,
éticos e psicológicos importantes. A prática avaliativa poderia tanto estimular,
promover, gerar avanço e crescimento, quanto desestimular, frustrar, impedir o
avanço e crescimento do sujeito que aprende. Segundo Cipriano Luckesi,
em Avaliação da aprendizagem escolar, a avaliação escolar, assim como as
outras práticas do professor, seria dimensionada por um modelo teórico de
mundo e de educação, traduzido em prática pedagógica, tenha o professor
consciência disto ou não.
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2 A IMPORTÂNCIA E A FUNÇÃO DA AVALIAÇÃO ESCOLAR
De acordo com Lima (s/d, s/p) a educação brasileira tem como grande
desafio dentro do contexto da atualidade promover a aprendizagem de todos
os alunos e lhes assegurar uma trajetória de sucesso. Esta trajetória só será
possível se o aspecto pedagógico tido como central passar a fazer parte de
uma gestão que priorize formas de pensar, sentir e atuar para garantir a
permanência do aluno na sala.
Nessa perspectiva torna-se fundamental a constituição de um conceito
de avaliação escolar que atenda às necessidades de escolarização das
camadas populares, porque são elas que mais têm sofrido como o modelo de
escola atual. E, se o movimento amplo da sociedade impõe um novo tipo de
escola, impõe, também, a necessidade de um novo referencial para a
constituição dos processos de avaliação. Questionam-se, assim, os processos
de avaliação da aprendizagem dos alunos que estão, usualmente, centrados
num desempenho cognitivo, sem referência a um projeto político-pedagógico
de escola, e, ainda, o sentido das avaliações escolares que se têm direcionado,
especialmente, para o ato de aprovar ou reprovar os alunos. (LIMA, s/d, s/p)
Ainda segundo Lima (s/d, s/p) há diversas modalidades de avaliação que
podem ser empregadas na escola, dependendo do que se pretende verificar.
As formas de avaliação que, atualmente, parecem ser mais frequentemente
empregadas nas escolas são a prova escrita, os trabalhos em grupo, a
autoavaliação que alguns professores convidam seus alunos a fazerem sobre o
seu próprio desempenho e a avaliação. Porém, a prova escrita, parece ser,
ainda, o principal instrumento de avaliação empregado pela maioria das
escolas.
Historicamente a avaliação no Brasil segundo (RIBEIRO, 2002, p. 128-
132) se deu da seguinte forma: durante as primeiras décadas do século XX, a
maior parte da atividade caracterizada como avaliação educacional estava
associada à psicometria, que, na sua origem, se baseava na teoria da
inteligência como uma propriedade inata e fixa no ser humano e na
possibilidade de medi-la por meio de instrumentos construídos para esse fim.
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Nessa fase, conhecida como a fase da mensuração, não se distinguia
avaliação de medida. A preocupação dos estudiosos e usuários da avaliação
se convergia para a elaboração de instrumentos ou testes para verificação do
rendimento escolar. Só poderia ser avaliado o que fosse observável,
apresentando-se como suporte para isso um paradigma positivista orientado
principalmente pelos estudos dos avaliadores norte-americanos.
Segundo Prado de Sousa (1998), o desenvolvimento de uma teoria de
avaliação educacional de forma mais sistematizada surgiu com Ralph Tyler, por
volta de 1950, nos Estados Unidos. Essa teoria veio imbuída do princípio de
que avaliar é estabelecer uma comparação entre o desempenho e os objetivos
previamente determinados, ou seja, avaliar consistia em comparar os
resultados dos alunos com aqueles propostos em determinado plano.
Denominou-se descritiva a fase em que testes e provas tiveram grande
expansão, com a finalidade de prover informações sobre o desempenho dos
alunos. Comparavam-se, então, os objetivos propostos, com base em uma
metodologia de caráter racional – basicamente comportamental –, para verificar
em que medida as atividades, previstas e executadas, haviam atingido os
resultados esperados. Nesse caso, o avaliador tem o papel, consideravelmente
técnico, de descrever padrões e critérios.
A terceira fase despontou principalmente por meio de marcante alerta
dos estudiosos Stake e Scriven, no final da década de 1960. Para a
necessidade do juízo de valor, a avaliação não podia, pois, prescindir de
julgamento; carecia do juízo de valor para ver, compreender o fenômeno de
interesse com a necessária profundidade. Assim não bastaria medir e
descrever, era preciso julgar o conjunto de todas as dimensões do objetivo,
inclusive os próprios objetivos. Nesse sentido, o avaliador tinha o papel de juiz,
absorvendo, contudo, os aspectos importantes das fases anteriores em termos
de mensuração e descrição.
A persecução de novos caminhos para o processo avaliativo resultou no
redirecionamento da função da avaliação. A tese defendida por Belloni (2000,
p. 186) é a de que é possível desenvolver uma sistemática de avaliação que
vise o aperfeiçoamento da qualidade da educação – isto é, do ensino, da
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aprendizagem, da pesquisa e da gestão institucional – com a finalidade de
transformar a escola atual em uma instituição voltada para e comprometida
com a democracia do conhecimento e da educação, assim como a
transformação da sociedade. Este é o papel ou função social da avaliação e é
necessário aprender como implementá-la. Nesse caminho, a avaliação
extrapola o debate técnico ou metodológico, captando a dimensão qualitativa
que implica um empreendimento ético, político e histórico, por se centrar na
participação.
Um dos últimos movimentos a chegar ao panorama brasileiro de
avaliação educacional é o postulado por Barry MacDonald, que apresenta uma
classificação política dos estudos avaliativos, dentre os quais a avaliação
democrática que traz no seu bojo o papel de fornecer informação de uma dada
comunidade sobre um programa educacional. O valor que a orienta é a
cidadania consciente. O avaliador vai utilizar uma metodologia que permita a
acessibilidade às informações dos diferentes grupos sociais, favorecendo
assim a negociação entre eles e a tomada de decisões coletivas (Saul, 1999,
apud RIBEIRO, 2002, p. 133).
De acordo com Lei de Diretrizes e Bases que foi projetada, em 1988, e
aprovada em 1996, nesta lei a o processo avaliativo é contemplado no Art. 24
inciso V, que diz a verificação do rendimento escolar observará os seguintes
critérios:
a) Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com
prevaleça dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao
longo do período sobre os de eventuais provas finais:
b) Possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso
escolar;
c) Possibilidade de avanços nos cursos e nas séries mediante
verificação do aprendizado;
d) Aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
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e) Obrigatoriedade de estudo de recuperação, de preferência paralelos
ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar a serem
disciplinados pelas instituições de ensino em seu regimento. (LDB 9394, 1996)
Como observa Lima (s/d, s/p), a Lei usa a expressão “verificação do
rendimento escolar. Verificar, numa de suas acepções, quer dizer comprovar;
rendimento pode ser entendido como eficiência. Então de acordo com a lei,
cabe à escola comprovar a eficiência dos alunos nas atividades, ou seja,
avaliar o êxito por eles alcançado no processo de ensino aprendizagem”.
Mas, quando se trata em comprovar esse êxito e como avaliar se torna
complexo. Avaliar não é a mesma coisa que medir, qualquer medida pode-se
dispor de instrumentos precisos tais como: régua balança, etc. E quanto mais
preciso os instrumentos, mais exatos a medida. Ao contrário disso não há
instrumento preciso para a avaliação. Na avaliação escolar, não se avalia um
objeto concreto observável e sim um processo humano contínuo. (LIMA, s/d,
s/p)
Por outro lado ainda segundo Lima, para tentar contornar esse problema
e evitar avaliações precipitadas, para impedir que a avaliação de um momento
seja generalizada para todo o processo, deve-se proceder a uma avaliação
continua que capte o desenvolvimento do educando em todos os seus
aspectos. Na concepção de César Coll, há três modalidades de avaliação:
avaliação inicial, avaliação formativa e avaliação somatória.
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3 A AVALIAÇÃO E SUAS CONCEPÇÕES
Atualmente na escola, a avaliação tem sido praticada para aprovar ou
reprovar os alunos, caracterizando-se como uma ameaça que intimida o aluno.
Descomprometida com a aprendizagem do aluno, contribui para autoimagem
negativa, causando reprovação e repetência e ainda, fracasso escolar, sendo
cada vez mais comum encontrar no âmbito escolar uma avaliação que
prenuncia castigo. Muitas vezes a avaliação do rendimento escolar em
algumas instituições não é usada corretamente pelos professores, pois não
respeitam o ambiente no qual o aluno está inserido. Ainda, numa educação que
prioriza o depósito de informações, onde um ensina e o outro aprende, os
instrumentos de avaliação são utilizados apenas como medidores do
conhecimento, e com isso afastam-se das características humanas,
caracterizando-se como uma ferramenta de exclusão escolar e social. Observa-
se ainda que esta avaliação apresente um caráter descontextualizado,
autoritário e punitivo, que não considera o aspecto sócio-emocional, resultando
num distanciamento entre professor e aluno. (MOURA, s/d, s/p)
Conforme Moura (s/d) a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), a Lei 9.394, nos oferece os dois mais importantes princípios da
afetividade e amor no âmbito escolar, o respeito à liberdade e o apreço à
tolerância, que são inspirados nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana. Ambos têm por fim último o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania ativa e sua qualificação
para as novas ocupações no mundo do trabalho.
Dentro de uma perspectiva histórica, por muitos anos fez-se uso de
métodos de avaliação como um instrumento a serviço de quem a aplicava,
buscando-se em uma série de perguntas com respostas prontas a serem
estudadas, decoradas e transmitidas em dias de prova. Julgava-se, dentro
desta visão, que existia um controle do professor sobre a aprendizagem e
sobre todo um grupo de alunos, aplicando-se a ideia de homogeneidade do
saber das crianças. Isto, baseado no princípio de que o professor ensina e o
aluno devolve a informação tal como foi recebida. (...) ao longo da história da
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educação moderna e de prática educativa, a avaliação da aprendizagem
escolar, por meio de exames e provas, foi se tornando algo místico, onde se
faz porque tem que ser feito, na maioria não se explica ou se entende o
porquê. Transformou-se numa espécie de “entidade” criada pelo homem para
atender uma necessidade, mas que se torna independente dele e o domina. As
notas são operadas como se nada tivessem a ver com a aprendizagem. A
concepção de avaliação deve ir além de uma visão tradicional, que visa apenas
o controle externo do aluno mediante notas ou conceitos, para ser
compreendida como uma parte integrante ao processo educacional. (MOURA,
s/d, s/p)
Segundo Luckesi (s/d, s/p) desde que todo tipo de prática de avaliação
está atrelada a uma ação, o mesmo ocorre com a avaliação da aprendizagem
na escola. Ele serve à pratica educativa e à prática de ensino, subsidiando a
busca de determinados resultados, que são seus objetivos específicos.
É nesse contexto que aparece a figura do educador como mediador de
prática educativa e pedagógica. A prática educativa e a prática pedagógica, por
si, já fazem mediações: elas são meios pelos quais a estética (arte e
espiritualidade), a ética (cultura axiológica de uma comunidade) e a ciência
(conhecimentos objetivamente constituídos) chegam aos educandos. Para isso,
em primeiro lugar, há necessidade do educador no papel de mediador vivo
entre a experiência cultural em geral e o educando. O educador, servindo-se de
diversos instrumentos, auxilia o educando a assimilar a herança cultural do
passado, para, ao mesmo tempo, incorporá-la e supera-la, reinventando-a. Ao
aprender, assimilamos a herança cultural do passado e, ao mesmo tempo,
adquirimos recursos para superá-la e reinventá-la. O educador, em sua ação,
serve a esse processo.
A prova
Uma vez que diferentes tipos de aprendizagens estão envolvidos no
ensino, diferentes tarefas de prova são necessárias para verificar o quê e como
os alunos apreenderam os significados dos conteúdos abordados. A prova
precisa ser construída de tal forma que as várias possibilidades de
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aprendizagens possam ser acionadas revelando as diferentes maneiras pelas
quais conteúdos podem ser aprendidos. Alguns fatores podem ser apontados
como interferindo na qualidade de uma prova e, portanto, merecendo atenção
por parte do professor:
a qualidade das questões ou itens – devem ser formuladas de tal modo
que os alunos entendam exatamente o que é pedido, ou seja, não
devem se prestar a interpretações dúbias (cuidados com a linguagem
utilizada);
a extensão da prova deve ser cuidada – em geral, quanto maior o
número de questões maior as possibilidades para os alunos
expressarem seus conhecimentos, dado que, com um maior número de
questões, pode ser realmente abrangida a maior parte dos conteúdos e
objetivos visados com esses conteúdos e os variados tipos de
aprendizagem possíveis. Porém, a extensão deve ser calibrada pela
avaliação do cansaço que a prova pode provocar e do tempo disponível
para a realização da mesma;
o nível de dificuldade da prova – se esta é muito fácil todos os alunos
responderão a tudo ou a grande parte; se ela é muito difícil, as notas
tenderão todas a ser muito baixas. Dizemos, em um caso e noutro, que
a prova não discriminou os conhecimentos diferenciados dos alunos; a
prova deve ser equilibrada em seu grau de dificuldade;
a forma de atribuir os pontos às questões – é preciso que a atribuição de
pontos seja consistente, equivalente de aluno para aluno. Um padrão de
correção deve ser estabelecido cuidadosamente antes da aplicação de
qualquer prova e discutido após com os alunos; (GATTI, 2003, p.106)
O ambiente onde a prova é realizada – a classe deve estar livre o mais
possível de barulhos, ruídos incômodos ou movimentos que possam perturbar
os alunos a ponto de atrapalhar sua concentração ou dedicação à tarefa;
o estado emocional dos alunos – a ansiedade, a angústia ou a excitação
que muitos alunos experimentam em situação de prova tendem a
perturbar sua realização; os professores devem organizar suas provas
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de tal forma que consigam diminuir estas influências emocionais ao
mínimo.
Outros fatores podem, ainda, influenciar a realização de uma prova e o
professor deve estar atento ainda aos seguintes pontos:
dar instruções bem claras quanto à prova, quanto ao tipo de questões
envolvidas, como organizar ou dar respostas, enfim, tudo o que diz
respeito à forma da prova deve estar bem claro para os alunos;
caso as questões forem impressas, devem estar situadas na página de
modo que sejam facilmente lidas; cada questão deve estar inteiramente
contida em uma página;
todas as correções nas questões impressas devem ser feitas antes de
se dar ao aluno o papel de prova;
a prova deve conter em primeiro lugar as questões mais simples de
serem respondidas, o que deve encorajar o aluno a prosseguir e diminuir
sua tensão.
Concluindo, uma prova de classe será tanto melhor quanto for o mais
possível válida e coerente dentro das condições do quotidiano da escola. Uma
prova válida cobre não só o conteúdo de uma sequência de aprendizagens,
como também os variados tipos de aprendizagens que estão implícitas nas
atividades de ensino tal como desenvolvidas em sala. Uma prova coerente dá
resultados nos quais o professor pode confiar. (GATTI, 2003, p.107)
O portfólio
Conforme Smole (p. 19-21) O portfólio se constitui em um conjunto
organizado de trabalhos produzidos por um aluno ao longo de um período de
tempo. Tem como finalidade proporcionar um diálogo entre os envolvidos no
processo avaliativo sobre aprendizagem e o desenvolvimento de cada um.
Além disso, encoraja os alunos a comunicarem sua compreensão, suas
dúvidas, com um nível cada vez mais elevado de proficiência. (...) Um portfólio
pode incluir textos, projetos, produções individuais ou de grupos, reflexões
pessoais do aluno. Na discussão sobre como organizar um portfólio e o que
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incluir nele, é preciso considerar que não são todas as informações e registros
dos alunos que irão compor a pasta, pois, se assim for, perde-se a
possibilidade de uma análise mais minuciosa, seletiva e organizada dos
registros e do que é essencial para o processo de avaliação.
Assim, ter um portfólio não é apenas armazenar folhas em um
determinado local, mas convidar o aluno a registrar a história de seu percurso
de modo a: fazer relatos do que aprendeu; incluir, na documentação,
produções que revelem realizações pessoais; refletir sobre mudanças; e,
identificar experiências de aprendizagem significativas, ou não, de acordo com
seus próprios critérios. (...) A elaboração do portfólio é de responsabilidade do
aluno, mas tem a supervisão direta do professor, que auxilia na organização e
na seleção das informações a serem utilizadas, estimula seu uso, prevê
momentos de trabalho com a documentação, usa o portfólio no processo de
avaliação e autoavaliação. (SMOLE, s/d, p. 20)
Cada aluno pode completar seu portfólio durante uma aula, ao término
de uma atividade ou ao término do estudo de um tema. É comum,
especialmente se o professor levar a sério sua organização, que os alunos
passem a perceber mais claramente o que desejam que esteja em seu
portfólio. Entre eles surgem comentários tais como “esse texto ficou bom”, ou
“esse jogo foi diferente, deu trabalho, mas aprendi”, que são importantes, pois
refletem envolvimento e percepção do processo vivido na aula. (...) e pode
organizar um índice para o seu portfólio, uma apresentação e mesmo uma
classificação que demonstre como as ideias estão sendo organizadas,
trabalhadas etc.. (SMOLE, s/d, p. 24)
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4 ÊNFASE NO APRENDER
Não é de hoje que existe esse modelo de avaliação formativa. A
diferença é que ele é visto como o melhor caminho para garantir a evolução de
todos os alunos, uma espécie de passo à frente em relação à avaliação
conhecida como somativa. Para muitos professores, antes valia o ensinar. Hoje
a ênfase está no aprender. Isso significa uma mudança em quase todos os
níveis educacionais: currículo, gestão escolar, organização da sala de aula,
tipos de atividade e, claro, o próprio jeito de avaliar a turma. O professor deixa
de ser aquele que passa as informações para virar quem, numa parceria com
crianças e adolescentes, prepara todos para que elaborem seu conhecimento.
Em vez de despejar conteúdos em frente à classe, ele agora pauta seu
trabalho no jeito de fazer a garotada desenvolver formas de aplicar esse
conhecimento no dia-a-dia. (PELLEGRINI, s/d, s/p)
Ainda de acordo com Pellegrini na prática, um exemplo de mudança é o
seguinte: a média bimestral é enriquecida com os pareceres. Em lugar de
apenas provas, o professor utiliza a observação diária e multidimensional e
instrumentos variados, escolhidos de acordo com cada objetivo. A avaliação
formativa não tem como pressuposto a punição ou premiação. Ela prevê que
os estudantes possuem ritmos e processos de aprendizagem diferentes. Por
isso, o professor diversifica as formas de agrupamento da turma. (...) Para que
a avaliação sirva à aprendizagem é essencial conhecer cada aluno e suas
necessidades. Assim o professor poderá pensar em caminhos para que todos
alcancem os objetivos. O importante, diz Janssen Felipe da Silva, pesquisador
da Universidade Federal de Pernambuco, não é identificar problemas de
aprendizagem, mas necessidades.
Quando a LDB estabelece que a avaliação deve ser contínua e priorizar
a qualidade e o processo de aprendizagem (o desempenho do aluno ao longo
de todo o ano e não apenas numa prova ou num trabalho), usa outras palavras
para expressar o que o jargão pedagógico convencionou chamar de avaliação
formativa. O primeiro a usar essa expressão foi o americano Michael Scriven,
em seu livro Metodologia da Avaliação, publicado em 1967. Segundo ele, só
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com observação sistemática o educador consegue aprimorar as atividades de
classe e garantir que todos aprendam. (PELLEGRINI, s/d, s/p)
Muitos veem a avaliação formativa como uma "oposição" à avaliação
tradicional, também conhecida como somativa ou classificatória. Esta se
caracteriza por ser realizada geralmente ao final de um programa, com o único
objetivo de definir uma nota ou estabelecer um conceito - ou seja, dizer se os
estudantes aprenderam ou não e ordená-los. Na verdade as duas não são
opostas, mas servem para diferentes fins. A avaliação somativa é o melhor jeito
de listar os alunos pela quantidade de conhecimentos que eles dominam -
como no caso do vestibular ou de outros concursos. A formativa é muito mais
adequada ao dia-a-dia da sala de aula. (PELLEGRINI, s/d, s/p)
Este novo conceito de avaliação defende uma nova concepção de
trabalho pedagógico, alterando a perspectiva transmissiva de processo de
ensino. Proclama uma interação permanente: professor x aluno x
conhecimento e, neste contexto, o sentido da avaliação direciona-se para um
processo de investigação contínua e dinâmica da relação pedagógica como um
todo (DALBEN, 1999, p.78).
De acordo com Santos (s/d, p. 3) essa nova concepção docente, ao
professor caberá o papel de acompanhar todo o processo de avaliação,
coletando dados, informações sobre o aluno e, cuidadosamente, registrando
suas necessidades e possibilidades. Nessa perspectiva, o processo de ensino
torna um desafio para o professor, que deverá estar atento à investigação das
questões que merecem maior investimento pedagógico e, consequentemente,
alteração nos encaminhamentos didáticos.
Deste modo compreendida a avaliação formativa consiste em uma
prática educativa contextualizada, flexível, interativa, presente ao longo do
curso, de maneira contínua e dialógica (FREIRE, 1975). Assim sendo, o
aperfeiçoamento da prática educativa deve ser o objetivo básico de todo
educador. E entende-se por aperfeiçoamento, o meio pelo qual todos os alunos
consigam o maior grau de competências, conforme suas possibilidades reais.
(SANTOS, s/d, p.3)
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5 AVALIANDO AS ATIVIDADES PROBLEMATIZADAS
Como já foi colocado, a avaliação é constitutiva do processo
pedagógico. Portanto, não há como separá-la do movimento de ensino e
aprendizagem. Sua finalidade é alimentar permanentemente a crítica e
autocrítica, de forma a permitir que os participantes tenham condições de
interferir na dinâmica dos acontecimentos e que os objetivos sejam alcançados
e revistos. Neste sentido, a avaliação não se confunde com a atribuição de
uma nota ou conceito; este, se tanto e quando bem explicitado e
compreendido, pode ser usado como a representação notacional de uma
aprendizagem ou da ação pedagógica ou de ambos. (SME/SP, p. 72)
Trata-se, portanto de uma ação contínua de reconhecimento e
ponderação das potencialidades, capacidades e necessidades do grupo como
um todo e de cada participante em particular. Outro aspecto importante diz
respeito às formas de como ampliar o conhecimento da situação em que se
encontram cada participante do processo pedagógico, de maneira a orientar as
decisões didáticas, curriculares e metodológicas. (SME/SP, p. 72)
O aluno, hoje, tem acesso a uma avalanche de informações que chega
até ele através de diferentes mídias, mas informação por si só não significa
conhecimento. A informação só se transforma em conhecimento quando
organizada, sistematizada. Nesse sentido cabe ao professor fazer a
intermediação entre informação e conhecimento. Conforme Pinsky (2005, p.
22) “confundir informação com conhecimento tem sido um dos problemas de
nossa educação” e diz ainda “é preciso que o professor tenha claro o quê e
como ensinar”.
Considera-se ser esta, uma tarefa bastante árdua e complexa,
entendendo que o aluno necessita despertar, olhar o ensino de História como
fundamental para sua formação humana, para estabelecer relações mais justas
e conscientes com o mundo em que vive e, finalmente, entender-se como
sujeito de uma sociedade do século XXI. O ensino de História deve ser
concebido a partir de metodologias e conteúdos que partem do professor e
aluno como sujeitos da História do seu tempo, capazes de produzir
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conhecimento histórico a partir das relações sociais que se estabelecem.
(GALVÃO, ANDRADE, s/d, p.2)
De acordo com Freire (2005, p.41) uma das tarefas mais importantes da
prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em
suas relações uns com os outros e todos com o professor ou professora
ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e
histórico como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador
de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar.
Defende-se que o ensino de História deve estar diretamente ligado à
problematização dos conhecimentos históricos produzidos pelo homem,
resultado da relação dos homens entre si e deles com a natureza, em
determinadas condições, em determinada época e sociedade, partindo do
pressuposto que a História é feita coletivamente, com as relações que se
estabelecem entre as classes e dentro das classes. É importante observar que
as aulas de História podem tornar-se interessantes na medida em que a
participação do aluno seja dinâmica, voltada à produção do conhecimento
histórico partindo do conhecimento do aluno e de sua realidade. Então, pode-
se dizer que para que uma aula de História seja interessante necessita estar
inserida nas problemáticas que cercam o homem contemporâneo e que as
discussões sejam abordadas dentro de um contexto histórico construído pelos
homens, ou seja, por todos os homens e mulheres de um mesmo tempo e
espaço. Dessa forma, o Ensino de História permite conhecer o passado e, ao
mesmo tempo, fazer uma leitura do presente, mas com o olho no futuro.
(GALVÃO, ANDRADE, s/d, p. 4)
Exemplo de atividade problematizada: Um cordel sobre a guerra de
Canudos e outro sobre a República. Dois textos distintos que tratam do mesmo
contexto histórico.
1. Cordel
Ergueu-se contra a República
O bandido mais cruel
Iludindo um grande povo
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Com a doutrina infiel
Seu nome era Antonio
Vicente Mendes Maciel
♪
Para iludir o povo
Ignorante do sertão
Inventou fazer milagre
Dizia em seu sermão
Que virava água em leite
Convertia as pedras em pão
♪
Os homens mais perversos
De instintos desordeiros
Desertor ladrão de cavalos
Criminoso e feiticeiro
Vieram ilustrar as tropas do fanático conselheiro1
2. Cordel
Proclamada a República
A esperança ressurgiu
Mas o povo foi excluído
da política do Brasil
1 Extraído de CURRAN, Mark. História do Brasil em Cordel. São Paulo: Edusp, 1998.
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♪
Primeiros anos da República
Você não tem opção
Café com leite era a receita
Que dominava a nação
São Paulo e Minas eram os partidos
Não existia oposição
♪
Proprietários de Terra eram os coronéis
Quanto mais jagunço mais tinha valores
Do governo federal recebiam verbas
E davam a seus munícipes favores
Esse compromisso era chamado
Política dos governadores2
O que analisar?
A partir dos dois textos as relações sociais, políticas e econômicas dos
movimentos do período republicano em pauta.
Contextualizar o período: o que permanece, o que desapareceu.
O conteúdo – movimentos sociais do período republicano e o
messianismo.
O que pode ser avaliado?
a construção dos conceitos e categorias: a república, coronelismo,
jagunços, movimentos messiânicos.
2 Extraído de RANZI, Serlei Maria Fischer, et al. A avaliação em História no ensino
Fundamental.CINFOP, p. 111-112.
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compreensão da conjuntura histórica em que prevaleciam formas de
legitimação do poder conhecidas como políticas dos governados e
políticas do café com leite.
percepção das duas formas de representação sobre o mesmo
acontecimento.
a permanência e sucessivas reelaborações das memórias sobre o
mesmo episódio histórico entre as populações do interior da Bahia,
Alagoas, Sergipe, Paraíba e Pernambuco.
A avaliação é permanente e dela participam todos, num processo de
ação-reflexão-ação. Neste sentido, é de vital importância a explicitação dos
critérios e das estratégias que serão utilizados, de modo que os participantes
do processo educativo possam compreender os motivos da própria ação e
julgar os resultados que daí advierem. Neste sentido, não há por que
considerar a avaliação como sendo um momento específico da ação
pedagógica (esta ideia, ainda muito presente na educação escolar, tem feito
com que se use o termo avaliação para identificar as atividades que “pontuam”,
como provas e exercícios). Não se trata de cobrar o que se ensinou, mas sim
de compreender o que se está aprendendo e o que precisa ser aprendido.
(SME/SP, s/d, p. 72)
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ANEXOS
Modelo de projeto - A história local dos afrodescendentes
Este projeto está disponibilizado no site (http://revistaescola.abril.com.br)
e ele pode ser utilizado em sala de aula para uma pesquisa sobre o assunto
História Local e História de afrodescendentes.
Objetivos: Estabelecer relações entre passado e presente, discutindo
mudanças e permanências nas relações sociais. Estabelecer uma ponte entre
o conteúdo estudado e sua vida cotidiana por meio de estudos da história
local. Compreender e valorizar elementos das culturas africanas e de
afrodescendência. Ampliar o conceito de cidadania, discutindo questões como
respeito à diversidade, religiosidade e sincretismo, preconceito, direitos,
inclusão.
Anos: 7º, 8º e 9º Anos
Tempo estimado: 03 aulas e atividades extraclasse em prazo a ser definido
pelo professor.
Material necessário: Câmeras fotográficas, gravadores ou mp3 player,
computador com acesso à internet.
Introdução:
A importância de se estudar a história de africanos e de
afrodescendentes está relacionada às profundas relações que guardamos com
a África. No geral, somos frutos dos encontros e confrontos entre diferentes
grupos étnicos como indígenas, europeus, africanos e outros.
Entendemos que história do Brasil e história da África estão intimamente
relacionadas, cabendo ao professor ampliar a discussão sobre, por exemplo, a
escravidão, introduzindo elementos da história dos africanos, de sua cultura e
não tratá-los como simples mercadoria que enriquecia europeus e tiveram seu
trabalho explorado à exaustão no Brasil antes e após a independência política.
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Nessa perspectiva, não podemos tratar a questão africana apenas do ponto de
vista da escravidão, como se fosse uma questão isolada e superada pela
assinatura da Lei Áurea em 1888. Um ponto de partida para ampliar nossa
visão e tentar superar as visões estereotipadas sobre o tema é procurar
recuperar os elementos da resistência negra, suas formas de luta e de
organização, sua cultura, não apenas no passado, mas também no tempo
presente.
Desenvolvimento:
Primeira etapa:
Comece o trabalho explorando com os alunos os elementos da história
africana e/ou da presença africana na História do Brasil que eles já tenham
estudado. Procure levantar os conhecimentos dos alunos acerca das relações
sociais estabelecidas, das visões que foram construídas sobre africanos e
afrodescendentes no Brasil, sobre a cultura africana e/ou a mescla de culturas
que se convencionou chamar "cultura brasileira" com forte influência de
elementos africanos. É possível que surjam respostas que remetam a
determinados assuntos como alimentação, música, dança, lutas e religiosidade.
Se não surgirem, instigue-os a refletir sobre a presença ou ausência desses
elementos no modo de vida deles.
Após essa conversa inicial, convide os alunos para explorar o
site www.acordacultura.org.br, que mostra informações sobre a cultura negra
africana em forma de jogos, livros animados, vídeos, músicas e textos. Dica:
veja textos sobre a importância da cultura negra na coluna da esquerda da
página inicial – “valores civilizatórios”
A exploração do site é apenas um ponto de partida para a discussão que
poderá ser fundamentada em conhecimentos anteriores dos alunos, de acordo
com os conteúdos previstos no currículo de História, como:
- História da África, incluindo elementos da cultura e religiosidade etc. (o
período variando de acordo com o ano/série dos alunos).
- Escravidão no Período Colonial e/ou no Período do Império. As lutas e
as formas de resistência, e elementos da cultura trazida pelos africanos.
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Proponha aos alunos um trabalho de investigação da presença da cultura
negra na localidade e das relações sociais estabelecidas entre os diferentes
grupos étnicos, por meio de entrevistas. O objetivo é fazer com que os alunos
percebam as relações entre o passado (os conteúdos estudados em História) e
o tempo presente, observando as mudanças e permanências nas relações
estabelecidas entre os diferentes grupos étnicos e da situação dos
afrodescendentes na sociedade brasileira. Essas pesquisas podem ser
incluídas em um blog produzido pela classe. Será um espaço de debate virtual
em que os alunos da escola e os moradores da comunidade local poderão
trocar ideias sobre o assunto.
Segunda etapa:
Agora é o momento de planejar as entrevistas. Divida a turma em grupos
de quatro ou cinco alunos e faça a mediação dos seguintes pontos:
- O levantamento de afrodescendentes que sejam moradores antigos da
localidade para serem entrevistados.
- Combinar com os alunos se as entrevistas serão realizadas na escola
ou na casa dos entrevistados.
- Elaborar as questões que serão feitas aos entrevistados. Exemplos de
coleta de bons depoimentos podem ser encontrados no portal do Museu da
Pessoa www.museudapessoa.net.
O questionário deverá ter:
Nome:
Idade:
Há quanto tempo mora na localidade:
Profissão, atividades que exerceu:
Religião:
O lazer no passado e no presente:
Os tipos de música e de dança preferidos do passado e do presente:
Se sofre ou já sofreu discriminação por ser afrodescendente:
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Participa de organizações como clubes, associações de moradores,
ONGs que lutem pela defesa dos direitos dos afrodescendentes:
Outras questões sugeridas pelos alunos a partir dos estudos realizados.
- A definição das formas de registro da entrevista
- Reforçar com os alunos a importância do respeito aos entrevistados.
- O estabelecimento de uma data para que os materiais coletados sejam
levados para a classe.
Terceira etapa:
Os grupos de alunos deverão realizar as seguintes atividades:
- Contatar os moradores escolhidos, explicando o objetivo da entrevista.
- Gravar as entrevistas com equipamentos de áudio (gravador ou mp3
player)
- Pedir permissão para fotografar os entrevistados.
- Perguntar se eles possuem fotos antigas ou outros objetos e se
permitem que eles sejam fotografados para compor o trabalho final.
No retorno do trabalho, em sala de aula, você deverá mediar à
socialização das experiências de cada grupo por meio da discussão:
- como se deu a interação com os entrevistados.
- quais foram as informações obtidas.
- as semelhanças e diferenças entre as respostas dos entrevistados.
Quarta etapa:
A partir das entrevistas e dos materiais coletados, é possível recuperar
um pouco da história das relações sociais na localidade, da presença (ou não)
de discriminação de afrodescendentes e de elementos da cultura de origem
africana.
Produto final:
O material coletado pode ser organizado:
- em um painel com fotos e informações escritas.
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- elaboração coletiva de um blog que poderá conter as gravações das
entrevistas, depoimentos de alunos sobre o tema, mudanças e permanências
nas relações sociais na localidade, espaço para postagem de sugestões sobre
as formas de combate ao preconceito e à discriminação racial.
Avaliação:
Os pontos que deverão ser avaliados são:
- envolvimento e participação dos alunos nas discussões em grupos.
- pertinência das informações e dos materiais coletados.
- organização e clareza das informações no painel e nos textos e áudios
postados no blog.
Modelo de plano de aula de História do Brasil
Arbítrio e Truculência3
Objetivos:
Reconhecer a avaliar as características da censura à produção cultural
brasileira
Conteúdo:
História do Brasil
Introdução:
A reportagem mostra alguns exemplos tragicômicos da truculência dos
censores pós-1964. Eles investiam contra os monstros sagrados das letras e
da música brasileiras como se pretendessem educá-los em nome do bom
gosto. Esses intelectuais frustrados teriam a mesma arrogância se não se
apoiassem em baionetas? Examine com os alunos dois períodos de nossa
história marcados pelo lápis vermelho da censura: o Estado Novo da era
Vargas e o regime militar.
3 Plano de aula – atividades com a História do Brasil no período da Ditadura Militar no Brasil. Disponível
no site http://revistaescola.abril.com.br
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Atividades:
1ª aula - Para começar, solicite uma pesquisa no dicionário sobre as
palavras ditadura, repressão e censura. Os estudantes verificarão que a
primeira remete ao regime político autoritário em que os poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário estão nas mãos de uma única pessoa ou de um grupo
de pessoas, que os exercem impunemente. Localize com a moçada os dois
principais períodos ditatoriais brasileiros - o Estado Novo da era Vargas e o
regime militar pós-1964. Por sua vez, o termo repressão pode ser entendido
como o ato de punir, conter ou deter um indivíduo (ou um desejo coletivo).
Explique que foram utilizadas diversas técnicas repressivas durante o Estado
Novo e a ditadura militar, entre as quais o controle sobre os veículos de
comunicação, prisões e as torturas. Já a censura é usada pelo Estado como
forma de restringir ou impedir a liberdade de expressão. No sentido moderno, a
censura consiste em qualquer tentativa de suprimir informações, opiniões e a
livre manifestação de ideias.
Proponha uma pesquisa sobre o Estado Novo, que vigorou de 1937 a
1945. Nesse período, Getúlio Vargas determinou o fechamento do Congresso
Nacional e a extinção dos partidos políticos. Ele impôs uma nova Constituição,
que lhe conferia o controle total do Poder Executivo e lhe permitia nomear
interventores nos estados; o texto previa reabri o Legislativo, porém nunca se
realizaram eleições nesses oito anos. Em resumo, foi um regime ditatorial, que
esmagou as liberdades individuais.
Chame a atenção para uma iniciativa inovadora do Estado Novo: a
criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). O órgão foi
organizado para controlar, centralizar, orientar e coordenar a propaganda
oficial, que se fazia em torno da figura de Vargas. Abrangia a imprensa, a
literatura, o teatro, o cinema, o esporte, a recreação, a radiodifusão e quaisquer
outras manifestações culturais. A comunicação oficial associava a figura do
presidente a feitos que eram do interesse de grande parte da população, em
especial os trabalhadores. Além disso, divulgava causas nacionais, como a
guerra ao fascismo. Ou seja, enquanto a censura usava o lápis vermelho,
outros órgãos repressores empenhavam-se em conquistar corações e mentes.
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Oriente os jovens numa pesquisa de imagens na internet sobre essa
época da vida brasileira. Um bom acervo está disponível no site do Centro de
Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC),
órgão ligado à Fundação Getúlio Vargas. O endereço é: www.cpdoc.fgv.br
2ª aula - Vamos estudar a censura durante o regime militar. O golpe de
31 de março de 1964, que derrubou o governo constitucional de João Goulart,
esmagou também iniciativas inovadoras na esfera cultural. Conte que grupos
que depois ficaram famosos, como o MPB-4, tinham ligações com o Centro
Popular de Cultura (CPC) da UNE. Para aprofundar esse aspecto, distribua
cópias do quadro abaixo e solicite a realização da atividade.
Durante o regime militar, filmes, letras de música e programas de
televisão sofreram uma censura severa. Compositores como Caetano Veloso,
Gilberto Gil, Chico Buarque e Geraldo Vandré - autor de Pra Não Dizer que
Não Falei de Flores, que tanto irritou os militares - tiveram de deixar o país.
O caso de Chico Buarque é emblemático para mostrar aos alunos como
agia a censura nesse período. Leve para a sala de aula duas canções do
compositor: Cálice e Apesar de Você. Depois que a turma as escutar, conte a
história de ambas.
Em 1973, Chico Buarque participou do festival de música Phono 73, em
São Paulo. Ao apresentar, com Gilberto Gil, sua composição Cálice, teve o
microfone desligado por ordem dos censores, em dramático episódio. A música
tivera sua letra publicada num jornal e fora proibida momentos antes da
apresentação, por causa do refrão, cuja fonética se assemelhava a Cale-se,
numa clara alusão à censura. Durante a apresentação, o compositor foi se
dirigindo a outros microfones, que iam sendo desligados um a um, até que o
Cale-se passou de ideia a prática.
A outra canção faz uma crítica ao arbítrio dos militares, sob o disfarce de
uma briga de namorados. Ao enviar Apesar de Você para a censura, Chico
Buarque imaginou que a composição não seria aprovada, mas foi. A canção foi
lançada e vendeu mais de 100 mil cópias, uma excelente marca para a época.
Mas Apesar de Você foi denunciada e o governo proibiu sua execução.
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Agentes da repressão invadiram a gravadora de Chico e recolheram e
destruíram as cópias restantes do disco.
Para terminar, proponha um debate sobre as metáforas presentes nas
letras das composições.
Memórias da estupidez4
Em nome do "bom gosto", até Mário de Andrade
teve poemas censurados pela ditadura militar
Marcelo Bortoloti
Adoniran Barbosa e a letra de Tiro ao Álvaro, vetada: a "falta de gosto"
impediu a liberação da música.
Em 1970, a gravadora Festa preparou um disco em homenagem a Mário
de Andrade, morto 25 anos antes, com alguns de seus mais conhecidos
poemas. Cumprindo a exigência legal de então, o projeto foi submetido ao
4 Matéria jornalística, parte do plano de aula, extraída da Revista Veja, Ed. 2054 de abril de
2008. Disponível no site http://veja.abril.com.br – acesso em 30.06.2010.
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Serviço de Censura de Diversões Públicas. Resposta: seis poemas proibidos.
Entre eles, Ode ao Burguês ("Eu insulto o burguês! O burguês-níquel, o
burguês-burguês!") e Lira Paulistana (veja na pág. ao lado). As razões dos
vetos eram alegadamente estéticas. "Falta de gosto" era expressão recorrente.
Histórias como essa aconteceram com frequência durante o regime militar
instalado em 1964. Mas acabaram ficando em segundo plano na memória do
período, por causa da truculência da censura musical exercida com motivação
política. VEJA recolheu alguns desses casos nos acervos do Arquivo Nacional
do Rio de Janeiro e de Brasília, onde as pastas relativas à ação da censura
ocupam mais de 800 metros lineares de prateleiras.
Esse quase 1 quilômetro de manifestações de arrogância e ignorância
abriga pareceres que vetaram, provisória ou definitivamente, 1 023 letras de
músicas – só nos anos 70. O veto a Lira Paulistana foi justificado nos seguintes
termos: "Quanta falta de preparo, assunto, gosto e tudo...". Sobre Ode ao
Burguês, o censor observou: "O autor, que vem primando pela falta de gosto,
só pode ter mais uma de suas letras interditadas". Em bom português, o senhor
jamais ouvira falar em Mário de Andrade e simplesmente não gostara do texto.
Também sob alegações como "falta de gosto" ou "falta de inspiração", foram
censuradas letras de Adoniran Barbosa e Lupicínio Rodrigues.
O caso de Adoniran é um dos mais eloquentes. O compositor, que
nunca teve militância política, foi censurado por utilizar em suas letras uma
linguagem coloquial, com erros propositais de gramática. Em 1973, cinco de
suas canções foram vetadas, inclusive as que já haviam sido gravadas na
década de 50. Os pareceres são assinados pela censora Eugênia Costa
Rodrigues. Na letra da música Tiro ao Álvaro (veja acima), ela circula as
palavras "tauba", "artomorve" e "revorve". E conclui: "A falta de gosto impede a
liberação da letra". Tiveram o mesmo destino outras quatro canções, entre elas
Já Fui uma Brasa ("Eu também um dia fui uma brasa. E acendi muita lenha no
fogão") e Casamento do Moacir ("A turma da favela convidaram-nos para irmos
assistir o casamento da Gabriela com o Moacir"), essa última considerada de
"péssimo gosto".
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Mário de Andrade e Lira Paulistana, um de seus poemas mais
conhecidos: 25 anos após a morte do autor, o censor leu, não gostou e vetou.
Na obra de Lupicínio Rodrigues, o alvo foi sua música Bicho de Pé, mais
tarde batizada de Sozinha ("Vivia sozinha num ranchinho velho feito de
sopapo"). Em 1973, foi proibida com um parecer lapidar: "A falta de inspiração
leva o autor a poetizar um bicho-de-pé, colocando elemento subdesenvolvido
como exemplo do caráter feminino". Vetos com esse teor ajudam a
compreender o clima de pessimismo entre os artistas naquele período. "A ação
da censura era imprevisível, não havia critério. Isso criou em todos nós uma
película de autocensura e um sentimento de desânimo diante de tanta coisa
que não passava", diz o compositor e produtor Hermínio Bello de Carvalho.
O Serviço de Censura de Diversões Públicas foi criado em 1946, por um
decreto do presidente Eurico Gaspar Dutra. A intenção era separar a censura
exercida em nome da moral e dos bons costumes da censura política, que fora
exercida pelo Departamento de Imprensa e Propaganda durante o Estado
Novo. Nunca antes de 1964, no entanto, os censores trabalharam com tanto
afinco. Na dúvida, vetava-se. No caso específico das proibições de caráter
estético, o pano de fundo era o projeto dos militares de "civilizar" a população
brasileira, considerada despreparada e manipulável. Carlos Fico, pesquisador
da UFRJ, diz que muitos censores acreditavam realmente estar fazendo um
trabalho pedagógico. "Eles se consideravam intelectuais ou educadores", diz.
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Músicas:
Cálice – Composição de Chico Buarque e
Gilberto Gil
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...(2x)
Como beber
Dessa bebida amarga
Tragar a dor
Engolir a labuta
Mesmo calada a boca
Resta o peito
Silêncio na cidade
Não se escuta
De que me vale
Ser filho da santa
Melhor seria
Ser filho da outra
Outra realidade
Menos morta
Tanta mentira
Tanta força bruta...
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
Como é difícil
Acordar calado
Se na calada da noite
Eu me dano
Quero lançar
De vinho tinto de sangue...
De muito gorda
A porca já não anda
(Cálice!)
De muito usada
A faca já não corta
Como é difícil
Pai, abrir a porta
(Cálice!)
Essa palavra
Presa na garganta
Esse pileque
Homérico no mundo
De que adianta
Ter boa vontade
Mesmo calado o peito
Resta a cuca
Dos bêbados
Do centro da cidade...
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
Talvez o mundo
Não seja pequeno
(Cálice!)
Nem seja a vida
Um fato consumado
(Cálice!)
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Um grito desumano
Que é uma maneira
De ser escutado
Esse silêncio todo
Me atordoa
Atordoado
Eu permaneço atento
Na arquibancada
Prá a qualquer momento
Ver emergir
O monstro da lagoa...
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Quero inventar
O meu próprio pecado
(Cálice!)
Quero morrer
Do meu próprio veneno
(Pai! Cálice!)
Quero perder de vez
Tua cabeça
(Cálice!)
Minha cabeça
Perder teu juízo
(Cálice!)
Quero cheirar fumaça
De óleo diesel
(Cálice!)
Me embriagar
Até que alguém me esqueça
(Cálice!)
Apesar de Você
Composição Chico Buarque
Amanhã vai ser outro dia x 3
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão
(Coro2) Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
antes do que você pensa
Apesar de você
(Coro3) Apesar de você
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AVALIAÇÃO EDUCACIONAL
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(Coro) Apesar de você
amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se
esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
de "desinventar"
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente,
Impunemente?
Como vai abafar
Nosso coro a cantar,
Na sua frente.
Apesar de você
(Coro4) Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai se dar mal, etc e tal,
La, laiá, la laiá, la laiá??
Pra não dizer que não falei das
flores
Composição Geraldo Vandré
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
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Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer ...(2x)
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer ...(2x)
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não...
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(4x)