33
Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011 Direito do Comércio Internacional Prof. Dr. Wagner Menezes

Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Sistema de Solução de Controvérsias da OMC

Estudo dos casos da laranja e do algodão

Carla DantasMarianne Mendes Webber

Seminário apresentado em 22/03/2011Direito do Comércio Internacional

Prof. Dr. Wagner Menezes

Page 2: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso da Laranja1. Dados Gerais• Caso: DS382 (Dispute Settlement 382)• Requerente: Brasil• Requerido: Estados Unidos• Terceiros interessados: Argentina,China, Corea, Japão, Tailândia, Taiwan e União Européia.• Produto: Suco de laranja concentrado, para futuro processamento e suco de laranja

pasteurizado não concentrado.• Pontos práticos de interesse:

Brasil: cerca de 100 disputas. 25 vezes como reclamante, 14 vezes teve de se defender e nas demais atuou como terceira parte.

• Principais empresas envolvidas e acusadas de prática de dumping: Cutrale (19,19%); Montecitrus (60,29%) e Fischer (9,73%).

Page 3: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso da Laranja1. Dados Gerais• Conceitos Fundamentais: - Dumping (Acordo Anti-dumping): oferta de um produto no comércio de outro país a preço

inferior a seu valor normal, no curso normal das atividades comerciais para o mesmo produto quando destinado ao consumo no país exportador. (Bases alternativas para cálculo da margem de dumping exportação para terceiros ou custo + lucro).

- Medida de compensação anti-dumping (GATT artigo VI:1): importância equivalente à margem de dumping ou ao prêmio ou subvenção concedido, direta ou indiretamente, na fabricação ou produção no país de origem.

Mercado Interno Exportação0

2

4

6

8

10

Margem de Dumping Preço

Page 4: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Os exportadores brasileiros, cujos produtos estão sendo investigados podem contar com o apoio do Departamento de Defesa Comercial (DECOM/Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior), habilitado a prestar os esclarecimentos necessários e orientar os exportadores sobre os procedimentos para a elaboração de defesa, no sentido de assegurar que as normas contidas nos Acordos Antidumping da OMC sejam observadas. O DECOM busca conscientizar as empresas exportadoras da importância da participação ativa nas investigações, esclarece as dúvidas do setor acerca da legislação e de como responder ao questionário, além de acompanhar as investigações in loco realizadas pelas autoridades investigadoras estrangeiras nas empresas brasileiras.

O DECOM atua em duas frentes: - junto ao exportador brasileiro, na preparação das respostas aos questionários e outras informações para sua defesa, bem como no acompanhamento das visitas de verificação; e

-junto às autoridades investigadoras do país importador, em colaboração técnica com o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Ato seguinte, cabe ao MRE promover a defesa do Brasil perante OMC.

Licitação Itamaraty:(2005): Sidley Austin(Jul. 2010): Hammond, (Bélgica); Greenberg Traurig (Estados Unidos); e o LO Baptista (Brasil). Na linha de frente da equipe que atenderá ao governo brasileiro, estão os advogados Luiz Olavo Baptista, Eduardo Felipe Matias e Cynthia Kramer.

Caso da Laranja2. Estruturação da Defesa da Indústria Brasileira

Page 5: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso da Laranja3. Tese de Defesa

• Prática Atacada:Zeramento (zeroing):é a prática por meio da qual a autoridade investigadora dos EUA exclui do cálculo da margem de dumping do produto investigado as transações cujos preços de exportação são superiores aos preços de venda no mercado interno do país exportador. Essa prática infla artificialmente a margem de dumping, resultando na imposição de direitos antidumping que não existiriam na ausência do “zeramento” ou em direitos majorados para o exportador.

-100

0

100

200

300

400

500

600

Suposta Margem de DumpingPreço Exportação

Page 6: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Fundamentos Legais:

- GATT 1994 (General Agreement on Tariffs and Trade) - GATT 47 (Decreto 313/48), Dispositivos de Instrumentos Legais celebrados sob o GATT 47, Entendimentos da Rodada Uruguai (Decreto 1.355/94) sobre a interpretação do GATT 47 e Protocolo de Marrakesh

Art. II, VI:1 e VI:2 (regra geral de paridade no comércio internacional/lista de concessões; direitos anti-dumping).

- Tratado Anti-dumping (Decreto 1.355/94): arts. 1; 2.1; 2.4; 2.4.2; 9.1; 9.3; 11.2 e 18.4 (conceito de dumping; regras de aplicação das medidas anti-dumping/limite margem de dumping; obrigação de re-examinar as medidas anti-dumping).

- Acordo Constitutivo da OMC (Decreto 1.355/94): Art. XVI:4 (obrigação de harmonização).

Caso da Laranja4. Normas Internacionais Invocadas

Page 7: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso da Laranja5. CronologiaData Descrição

24/08/2005 Imposição unilateral de medida anti-dumping pelos Estados que somou-se ao já existente imposto de importação equivalente a US$418 por tonelada.

10/01/2006 Determinação final de dumping do Departamento de Comércio dos Estados Unidos.

08/02/2006 Decisão da Comissão de Comércio Internacional dos Estado Unidos constatando a suposta prática de dumping nas importações brasileiras. (Empate – regra favorável à indústria doméstica). Margens de dumping constadas entre 9,73% e 60,29% somam-se ao imposto de importação de US$441 por tonelada.

27/11/2008 Solicitação de consultas do Brasil aos Estados Unidos. (Ago/2005 a Fev/2007)

22/05/2009 Solicitação de consultas adicionais do Brasil aos Estados Unidos. (Mar/2007 a Fev/2008)

16/01/2009 e 18/06/2009

Rodadas de consultas, sem o alcance de solução satisfatória.

20/08/2009 Pedido de estabelecimento do Painel.

25/09/2009 Estabelecimento do Painel.

29/04/2009 Pedido do Brasil para que se estabeleça a composição do Painel.

10/05/2010 Estabelecimento da composição do Painel. Sr. Miguel Rodriguez Mendonza (Venezuela); Sr. Pierre S. Pettigrew (Canadá); e Sr. Ruben Passah (Israel).

14 a 16/07/2010

Primeira sessão da primeira audiência do Painel.

20/12/210 Relatório Confidencial Provisório do Painel

21/02/2011 Relatório Final do Painel. Favorável ao Brasil, ainda não publicado nas três línguas oficiais.

Page 8: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso da Laranja6. Decisão – Pós-Decisão• Nota nº 68 – MRE - O presente relatório representa significativa vitória do Brasil em tema de relevância

para o comércio bilateral. O Brasil espera que esta nova decisão do painel encoraje os Estados Unidos a abandonar definitivamente a prática do zeroing em todos os procedimentos antidumping. O Brasil acompanha com atenção o andamento de proposta de regulamento (proposed rule) do USDOC, o qual prevê alterações no cálculo da margem de dumping em revisões administrativas. O Brasil espera que os EUA se utilizem dessa proposta para dar fim ao zeroing e se adequar às regras da OMC.

• E agora? Salvo Apelação (a ser tratada no caso do Algodão).Os Estados Unidos terão 30 dias (prorrogável por prazo razoável) para adequar suas práticas comerciais às regras da OMC. Caso as práticas estado-unidenses ainda não estejam de acordo com as normas da OMC, as partes poderão acordar sobre uma medida compensatória.Se em até 20 dias as Partes não entrarem em acordo sobre a medida compensatória adequada, o Brasil poderá solicitar ao Órgão de Solução de Controvérsias permissão para impor uma sanção comercial, qual seja, suspender a aplicação de concessões ou de outras obrigações decorrentes de acordos comerciais internacionais. Caberá ao Comitê de Arbitragem (mesma composição do Painel inicial) determinar a maneira e o valor da sanção comercial.

Page 9: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão1. Dados Gerais

• Caso: DS267

• Requerente: Brasil• Requerido: Estados Unidos

• Terceiros interessados: Argentina, Austrália, Benim, Bolívia, Canadá, Chade, China, Índia, Nova Zelândia, Paquistão, Paraguai, Venezuela, Japão, Tailândia, Taiwan e União Européia.

• Acordos mencionados: arts. 3.3, 7.1, 8, 9.1, 10.1 do Acordo sobre Agricultura; arts. 3, 5 e 6 do Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias; e arts. III.4 XVI GATT/1994.

Page 10: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão2. Cronologia

Data Descrição27/09/2002 Solicitação de consultas do Brasil aos Estados Unidos

10/2002 a 01/2003 Reuniões (3) para consultas entre Brasil e Estados Unidos

18/03/2003 Estabelecimento do Painel

22 a 24/07/2003 Primeira sessão da primeira audiência do Painel

07 a 09/10/2003 Segunda sessão da primeira audiência do Painel

02 a 03/12/2003 Segunda audiência do Painel

08/09/2004 Relatório do Painel

18/10/2004 Apelação dos Estados Unidos

12 a 13/12/2004 Audiência com Órgão de Apelação

03/03/2005 Relatório do Órgão de Apelação

21/03/2005 OSC adota o Relatório do Órgão de Apelação

Page 11: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão2. Cronologia

Data Descrição25/10/2006 Estabelecimento do Painel de Implementação (por requerimento do Brasil – art. 21.5)

18/12/2007 Relatório do Painel de Implementação (art. 21.5)

12 e 25/02/2008 Estados Unidos e Brasil notificaram decisão de apelar

02/06/2008 Relatório do Órgão de Apelação (art. 21.5)

31/08/2009 Relatório da Arbitragem (art. 22.6)

19/11/2009 OSC concede autorização ao Brasil para retaliar

08/03/2010 Brasil notifica OSC que a partir de 07/04/2010 iria começar a retaliar (aumento do imposto de importação a certos produtos, bem como suspensão de certos direitos TRIPS/GATS)

30/04/2010 Adiado prazo para retaliação (negociações em curso) 21/06/2010

25/08/2010 Notificação ao OSC que partes assinaram acordo: 4 reuniões por ano, parâmetros para discussões sobre programas norte-americanos

Page 12: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão3. Subsídios3.1 Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias

ARTIGO 1Definição de subsídio

1. Para os fins deste Acordo, considerar-se-á a ocorrência de subsídio quando:(a) haja contribuição financeira por um governo ou órgão público no interior do território de um Membro (denominado a partir daqui “governo”), i.e.:(i) quando a prática do governo implique transferência direta de fundos (por exemplo, doações, empréstimos e aportes de capital), potenciais transferências diretas de fundos ou obrigações (por exemplo garantias de empréstimos);(ii) quando receitas públicas devidas são perdoadas ou deixam de ser recolhidas (por exemplo, incentivos fiscais tais como bonificações fiscais);(iii) quando o governo forneça bens ou serviços além daqueles destinados a infra-estrutura geral ou quando adquire bens;(iv) quando o Governo faça pagamentos a um sistema de fundos ou confie ou instrua órgão privado a realizar uma ou mais das funções descritas nos incisos (i) a (iii) acima, as quais seriam normalmente incumbência do Governo e cuja prática não difira de nenhum modo significativo da prática habitualmente seguida pelos governos; ou(a) haja qualquer forma de receita ou sustentação de preços no sentido do Artigo XVI do GATT 1994; e(b) com isso se confira uma vantagem.

2. Um subsídio, tal como definido no parágrafo 1, apenas estará sujeito às disposições da PARTE II ou às disposições das PARTES III ou V se o mesmo for específico, de acordo com as disposições do Artigo 2. Notas:De acordo com as disposições do Artigo XVI do GATT 1994 (nota do Artigo XVI) e de acordo com os anexos I a III deste acordo, não serão consideradas como subsídios as isenções em favor de produtos destinados a exportação, de impostos ou taxas habitualmente aplicados sobre o produto similar quando destinado ao consumo interno, nem a remissão de tais impostos ou taxas em valor que não exceda os totais devidos ou abonados.A expressão “condições ou critérios objetivos”, tal como usada neste acordo, significa condições ou critérios neutros, isto é, que não favorecem determinadas empresas em detrimento de outras e que são de natureza econômica e de aplicação horizontal, tais como número de empregados e dimensão da empresa.

Page 13: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão3. Subsídios

3.2 Caso do Algodão

• Subsídios concedidos aos produtores, usuários e/ou exportadores norte-americanos de algodão herbáceo.

• Subsídios acionáveis: “Market Assistance Loan”, “Step 2”,

“Market Loss Payment” e “Counter-Cyclical Payment”.

• Subsídios proibidos: “Step 2” e Garantias de Crédito à Exportação.

Page 14: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão3. Subsídios3.2 Caso do Algodão

• "Marketing Loan Program": garante aos produtores renda de 52 centavos de dólar por libra-peso da produção de algodão. Se os preços ficarem abaixo desse nível, o Governo norte-americano completa a diferença. É o mais importante subsídio doméstico concedido pelo Governo norte-americano ao algodão;

• "Counter-Cyclical Payments" (Lei agrícola de 2002)/ "Market Loss Payments" (leis orçamentárias de 1998 a 2001): realizados tendo como parâmetro o preço de 72,4 centavos de dólar por libra-peso. Tais recursos custeiam a diferença entre os 72,4 centavos de dólar por libra-peso ("target price") e o preço praticado no mercado ou o valor de 52 centavos de dólar por libra-peso ("loan rate"), o que for mais alto;

• "Direct Payments" (Lei agrícola de 2002)/ "Production Flexibility Contract" (Lei agrícola de 1996): garantem renda de 6,67 centavos de dólar por libra-peso para produtores com histórico de produção de algodão - produção histórica;

• "Crop Insurance": dá garantia aos produtores norte-americanos de algodão, com prêmios subsidiados, contra perdas resultantes de condições climáticas adversas, doenças e preços baixos;

• "Step 2": pagamentos feitos a exportadores e a consumidores (indústria têxtil) norte-americanos de algodão para cobrir a diferença entre os preços do algodão norte-americano, mais altos, e os preços do produto no mercado mundial, aumentando dessa forma a competitividade do algodão norte-americano;

• "Export Credit Guarantees": facilitam a obtenção de crédito por importadores não-americanos, aumentando a competitividade do produto norte-americano, em detrimento dos demais competidores naquele mercado importador;

• "Cottonseed Payments": recursos destinados a auxiliar a indústria do algodão norte-americana a cobrir os custos com o beneficiamento do algodão.

(Fonte: Itamaraty)

Page 15: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão4. Decisão4.1 1.ª Fase

Relatório do Painel (09/2004):

• As garantias de crédito à exportação agrária estão sujeitas às normas relativas aos subsídios de exportação da OMC. Três programas norte-americanos de garantia de crédito à exportação constituem subsídios de exportação proibidos – não estando abrangidos pela Cláusula da Paz.

• Os Estados Unidos concede uma série de outros subsídios proibidos relacionado ao algodão.

• Os programas de suporte norte-americanos, relacionados ao algodão não estão abrangidos pela Cláusula da Paz. Alguns destes programas causam sérios prejuízos aos interesses do Brasil, uma vez que ocasionam a supressão do preço do algodão no mercado internacional.

Page 16: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão4. Decisão4.1 1.ª Fase

Relatório do Órgão de Apelação (03/2005):

• Cláusula da Paz (inaplicabilidade).

• Prejuízos: No período de 1999 a 2002 os subsídios norte-americanos afetaram significativamente a supressão do preço do algodão no mercado internacional.

• Step 2 (user marketing payment): subsídios contingentes ao uso de produtos domésticos em relação a importados e ao desempenho das exportações, respectivamente, e são inconsistentes em relação ao Acordo sobre Subsídios e Acordo sobre Agricultura.

• Programas de garantia ao crédito de exportação (GSM 102, GSM 103 e SCGP): O Acordo sobre Agricultura não isenta as garantias de crédito à exportação das normas sobre subsídio de exportação.

Page 17: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão4. Decisão4.2 2.ª Fase – Painel de Implementação (Art 21.5)

Art. 21 do Memorando de Entendimento sobre as Regras e Processos que Regem a Resolução de Litígios.

• “5 - Caso haja desacordo quanto à existência ou compatibilidade com um acordo abrangido de medidas adotadas para dar cumprimento às recomendações e decisões, esse diferendo será resolvido através destes processos de resolução de litígios, incluindo o recurso, sempre que possível, ao painel original. O painel deve apresentar o seu relatório no prazo de 90 dias a contar da data em que a questão lhe foi submetida para apreciação. Caso o painel considere que não pode apresentar o seu relatório dentro do prazo estipulado, informará o OSC, por escrito, das razões do atraso, juntamente com uma estimativa do prazo dentro do qual pensa estar em condições de apresentar o seu relatório. “

• “6 - O OSC fiscalizará a execução das recomendações ou decisões adotadas. A questão da execução das recomendações ou decisões pode ser levantada no OSC por qualquer Membro em qualquer momento após a sua adoção. Salvo decisão em contrário do OSC, a questão da execução das recomendações ou decisões fará parte da ordem de trabalhos da reunião do OSC a realizar num prazo de seis meses a contar da data de definição do prazo razoável nos termos do n.º 3 e manter-se-á na ordem de trabalhos do OSC até que a questão esteja resolvida. Pelo menos 10 dias antes de cada reunião do OSC, o Membro em causa apresentará ao OSC um relatório escrito sobre os progressos efetuados na execução das recomendações ou decisões.”

Page 18: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão4. Decisão

Page 19: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão4. Decisão4.2 2.ª Fase – Painel de Implementação

Relatório do Painel (12/2007):

• Reconhecimento de que os Estados Unidos falharam no cumprimento das suas obrigações consoante art. 7.8 do Acordo sobre Subsídios “to take appropriate steps to remove the adverse effects or withdraw the subsidy”.

• O Brasil comprovou que os subsídios concedidos pelos Estados Unidos causam um aumento na participação de mercado dos Estados Unidos no mercado internacional de algodão, em comparação ao período de 3 anos anterior.

• Cumprimento do Relatório do Órgão de Apelação pelos Estados Unidos: em razão da aplicação dos programas GSM 102 e GSM 103 após 1º de julho de 2005, os Estados Unidos falharam de cumprir com as recomendações e a decisão do OSC. Mais especificamente, os Estados Unidos falharam em promover as medidas necessárias para cumprir com o Acordo sobre Agricultura e falharam em “retirar o subsídio sem demora”.

• Em relação a certas garantias de crédito à exportação aplicadas em período anterior a 1º de julho de 2005, o Brasil não comprovou que os Estados Unidos falharam em “retirar o subsídio sem demora”.

Page 20: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão4. Decisão4.2 2.ª Fase – Painel de Implementação

Relatório do Órgão de Apelação (06/2008):

• Recomendação ao OSC para que fosse requerido aos Estados Unidos a promoção das medidas necessárias para conformidade em relação aos programas que foram considerados inconsistentes em relação ao Acordo sobre Agricultura e ao Acordo sobre Subsídios.

Page 21: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão5. RetaliaçãoArt. 22 do Memorando de Entendimento sobre as Regras e Processos que Regem a Resolução de Litígios

Artigo 22.ºCompensação e suspensão das concessões

1 - A compensação e a suspensão de concessões e outras obrigações são medidas temporárias que se podem adotar caso as recomendações e as decisões não sejam executadas dentro de um prazo razoável. Contudo, nem a compensação nem a suspensão de concessões ou outras obrigações são preferíveis à execução completa de uma recomendação como forma de tornar uma medida conforme aos acordos abrangidos. A compensação é voluntária e, se aprovada, deve ser compatível com os acordos abrangidos. (...)6 - Caso se verifique a situação descrita no n.º 2, o OSC, mediante pedido, concederá autorização para suspender concessões ou outras obrigações no prazo de 30 dias a contar do termo do prazo razoável, salvo se o OSC decidir, por consenso, rejeitar o pedido. Contudo, se o Membro em causa colocar objeções ao nível de suspensão proposta, ou alegar que os princípios e procedimentos previstos no n.º 3 não foram respeitados quando uma parte queixosa solicitou autorização para suspender concessões ou outras obrigações nos termos das alíneas b) ou c) do n.º 3, a questão deverá ser resolvida por arbitragem. Este processo de arbitragem será conduzido pelo painel inicial, se os seus membros estiverem disponíveis, ou por um árbitro (ver nota 15) nomeado pelo Diretor-Geral, e deverá estar concluído no prazo de 60 dias a contar da data em que termina o prazo razoável. As concessões ou outras obrigações não serão suspensas no decurso do processo de arbitragem. (...)

Page 22: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão5. Retaliação• Subsídios proibidos: prazo razoável para retirada dos subsídios findo

em 1º de julho de 2005.• Subsídios acionáveis: prazo razoável findo em 21 de setembro de 2005.

• Brasil solicitou autorização para suspender concessões (05/07/2005 e 06/10/2005) e as partes iniciaram procedimento arbitral nos termos do art. 22.6 com o objetivo de determinar o montante e a forma das contramedidas autorizadas ao país.

• Logo em seguida as partes requereram a suspensão dos procedimentos de arbitragem (21/11/2005): tentativa de solução através das negociações da Rodada Doha.

• Em 25/08/2008 o Brasil requereu a retomada dos procedimentos de arbitragem. A decisão foi divulgada em 31/08/2009.

Page 23: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão5. Retaliação• A decisão contemplou as seguintes contramedidas:

• Subsídios proibidos: Brasil pode solicitar autorização ao OSC para suspender as concessões ou outras obrigações constantes no Anexo 1A do Acordo da OMC em valor que não exceda US$ 147,7 milhões para o ano de 2006 e, para os anos subseqüentes, em valor a ser determinado consoante metodologia estabelecida no laudo arbitral (leva em consideração as exportações norte-americanas de vários produtos que se beneficiaram dos programas de garantias de crédito).

• Subsídios acionáveis: Brasil pode solicitar autorização ao OSC para suspender as concessões ou outras obrigações constantes no Anexo 1A do Acordo da OMC em valor que não exceda US$ 147,3 milhões para o ano de 2006.

• A decisão contemplou a possibilidade de o Brasil adotar medidas que suspendam certas obrigações do TRIPS e do GATS (“retaliação cruzada”).

Page 24: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão5. Retaliação

Page 25: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão5. Retaliação

Page 26: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão5. Retaliação

Page 27: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão5. Retaliação

Page 28: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão5. Retaliação

Page 29: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão5. Retaliação

Page 30: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão5. Retaliação

Page 31: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão5. Retaliação

Acordo

• Brasil e Estados Unidos celebraram acordo em 25/06/2010 e notificaram o OSC em 25/08/2010.

• Acordo prevê a realização de ao menos 4 reuniões anuais e o estabelecimento de parâmetros para a discussão sobre soluções em relação aos subsídios norte-americanos.

• Enquanto acordo estiver em vigor, o Brasil não irá retaliar (art. V do Acordo):

Section VSuspension of Countermeasures

No later than June 21, 2010, Brazil will publish in the Diário Oficial da União notice that, as long as this Framework is not terminated, it will not impose countermeasures authorized by the World Trade Organization in the Cotton dispute.

Page 32: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Caso do Algodão5. Retaliação

Page 33: Sistema de Solução de Controvérsias da OMC Estudo dos casos da laranja e do algodão Carla Dantas Marianne Mendes Webber Seminário apresentado em 22/03/2011

Muito Obrigada!

Marianne Mendes [email protected]

Carla [email protected]