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SEBASTIÃO LOPES DE VASCONCELOS FILHO
SISTEMA INTEGRADO DE MONITORAMENTO DE FRONTEIRAS (SISFRON):
Uma contribuição para a Segurança Nacional
Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Coronel Mauro Barbosa Ferreira
Esteves.
Rio de Janeiro 2014
C2014 ESG
Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________
Assinatura do autor
Biblioteca General Cordeiro de Farias
Vasconcelos Filho, Sebastião Lopes de. Sistema integrado de monitoramento de fronteiras (sisfron): uma
contribuição para a segurança nacional / Coronel Sebastião Lopes de Vasconcelos Filho. - Rio de Janeiro: ESG, 2014.
63 f.: il.
Orientador: Coronel Mauro Barbosa Ferreira Esteves. Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao
Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2014.
1. Segurança Nacional. 2. Defesa. 3 Crime Organizado. 4. Faixa de Fronteira. 5. Monitoramento e Vigilância. I. Título.
À minha esposa e filhos, como gratidão, não só pela dedicação e paciência para que este trabalho fosse realizado mas, acima de tudo, pela prova de amor que me renovava a cada dia para persistir em minha jornada de trabalho.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus por ter me permitido elaborar este trabalho, concedendo-me saúde física e mental e persistência para, vencendo as minhas limitações, chegar à sua conclusão.
À minha família, particularmente à minha esposa Risalba, pela paciência de ver-me incansavelmente dedicado a este trabalho e, ainda assim, permitir a paz, a tranquilidade e o incentivo necessários para a consecução desta monografia.
Ao Coronel Esteves, meu orientador, pelo prestimoso auxílio, acompanhamento atento e decisiva participação na elaboração deste trabalho de conclusão de curso, sempre se mostrando solícito e apontando-me o caminho a percorrer.
Finalmente, a todos aqueles que, por receio de incorrer em injustiça, deixo aqui de citá-los, mas que colaboraram e contribuíram sobremaneira para o êxito desta minha missão.
O Brasil quer possuir um Exército? Se quer, é por que reconhece a sua necessidade. Então, tem-se que lhe assegurar as condições de realizar o papel que lhe compete – e isso não pode mais ser postergado.
Pandiá Calógeras, dirigindo-se ao parlamento
RESUMO
Esta monografia aborda o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras
(SISFRON), projeto estratégico que tem como finalidade participar do processo de
transformação do Exército, com vista a permitir-lhe tornar-se uma Força capaz de
cooperar com a defesa da Nação garantindo-lhe a necessária segurança. O objetivo
deste estudo é, com base na análise do SISFRON, apresentar a contribuição do
Sistema para a segurança nacional, como uma ação de defesa das fronteiras do
País. A metodologia adotada abrange uma pesquisa bibliográfica e documental,
visando ao aprofundamento do conhecimento sobre o SISFRON e sua relação com
a Segurança Nacional, tudo com base em dados existentes em livros, publicações,
periódicos, impressos especializados e legislação atual. Também caracterizou a
importância e as dimensões da faixa de fronteira brasileira, associando-as a
ocorrência de crimes transfronteiriços e ambientais, bem como a ligação desses
crimes com o Crime Organizado e com a insegurança nos grandes centros urbanos
no Brasil. Discorre sobre alguns instrumentos que legitimam a segurança e a defesa
nacionais, tais como a própria Constituição Federal de 1988, a Política Nacional de
Defesa, a Estratégia de Nacional Defesa, o Plano Estratégico de Fronteiras e o Livro
Branco de Defesa Nacional. Por fim, analisa criticamente o SISFRON, desde o seu
processo inicial até a sua situação atual, ressaltando a necessidade da sua efetiva
implantação. Os principais tópicos abordados são a caracterização da região da
faixa de fronteira brasileira e a missão das Forças Armadas, bem como as suas
ações com os demais órgãos governamentais, além da apresentação dos crimes
transfronteiriços, transnacionais e ambientais mais frequentes, o Plano Estratégico
de Fronteiras (PEF) e o próprio SISFRON. A conclusão destaca a importância do
SISFRON como instrumento de Defesa das fronteiras e o quanto contribui para a
Segurança da Nação.
Palavras chave: Segurança Nacional. Defesa. Crime Organizado. Faixa de Fronteira.
Monitoramento e Vigilância.
RESÚMEN
Esta monografía aborda el Sistema Integrado de Monitoreo y Vigilancia de Fronteras
(SISFRON), proyecto estratégico que tiene como propósito participar del proceso de
transformación del Ejército, la finalidad del mismo es la de permitir que la Fuerza
Terrestre se torne en una fuerza operativa capaz de participar en forma efectiva de
la defensa de la Nación, garantizando la seguridad necesaria. El objetivo de este
estudio es realizado en base al análisis del SISFRON, en este se presenta la
contribución del sistema para la seguridad nacional, como una acción de defensa de
las fronteras del País. La metodología adoptada que se empleo fue la de una
investigación bibliográfica y documental, teniendo en cuenta la profundidad del
conocimiento sobre el SISFRON y su relación con la seguridad nacional, todo en
base a datos existentes en libros, publicaciones, periódicos, impresos especializados
y legislación actual. También se caracterizó la importancia y las dimensiones de la
faja de frontera brasileña, asociándola con la realización de crímenes
transfronterizos y ambientales, también con la relación de esos crímenes con el
Crimen Organizado y con la inseguridad en los grandes centros urbanos en el Brasil.
Razona y analiza sobre algunos instrumentos que legitiman la seguridad y la
defensa nacional, tales como: la propia Constitución Federal de 1988, la Política
Nacional de Defensa, la Estrategia Nacional de Defensa, el Plano Estratégico
Nacional de Fronteras y el Libro Blanco de la Defensa Nacional. Al final analiza
críticamente el SISFRON, desde su proceso inicial hasta la situación actual,
resaltando la necesidad de su efectiva implantación. Los principales tópicos
abordados son la caracterización de la región de la faja de frontera brasileña y la
misión de las Fuerzas Armadas, así como sus acciones con los demás órganos
gubernamentales, además de la presentación de los crímenes transfronterizos,
transnacionales y ambientales más frecuentes, el Plan Estratégico de Fronteras
(PEF) y el propio SISFRON. La conclusión destaca la importancia del SISFRON
como instrumento de Defensa de las Fronteras y cuanto contribuye para la
Seguridad de la Nación.
Palabras claves: Seguridad Nacional. Defensa. Crimen Organizado. Faja de
Fronteras. Monitoreo y Vigilancia.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
MAPA 1 Faixa de Fronteira do Brasil ............................................................ 15 MAPA 2 Articulação do Exército por Comandos Militares de Área ............... 16 MAPA 3 Eventos Criminosos Relacionados à Zona de Fronteira ................. 21 FIGURA 1 Esquematização dos reflexos do Crime Organizado para o Bra- sil ..................................................................................................... 24 QUADRO 1 Estratégia Braço Forte .................................................................... 40 QUADRO 2 Concepção geral do SISFRON ....................................................... 44 QUADRO 3 Subsistemas do SISFRON .............................................................. 48 MAPA 4 Área de Responsabilidade da 4ª Brigada de Cavalaria Mecani- zada – Projeto Piloto ....................................................................... 49 QUADRO 4 Planejamento de Implantação do SISFRON ................................... 50
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Eventos criminosos relacionados à zona de fronteira segundo a UF ....... 20 Tabela 2 Resultados Diretos da Atuação da Força de Pacificação Maré ................ 25
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIN Agência Brasileira de Inteligência
BID Base Industrial de Defesa
C2Cmb Comando e Controle em Combate
CCOMGEX Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército
CENSIPAM Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da
Amazônia
CMA Comando Militar da Amazônia
CMN Comando Militar do Norte
CMO Comando Militar do Oeste
CMS Comando Militar do Sul
CO Crime Organizado
COC Centro de Operações Conjuntas
COMDABRA Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro
COp Centro de Operações
COTER Comando de Operações Terrestre
CSD Curso Superior de Defesa
DPF Departamento da Polícia Federal
DPRF Departamento da Polícia Rodoviária Federal
EB Exército Brasileiro
ECEMAR Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica
EME Estado-Maior do Exército
END Estratégia Nacional de Defesa
ESG Escola Superior de Guerra
FA Forças Armadas
GGIF Gabinetes de Gestão Integrada de Fronteira
INMET Instituto Nacional de Meteorologia
LBDN Livro Branco de Defesa Nacional
MD Ministério da Defesa
OSP Órgãos de Segurança Pública
PEF Plano Estratégico de Fronteiras
PMRJ Polícia Militar do Rio de Janeiro
PND Política Nacional de Defesa
RFB Receita Federal do Brasil
RRIM Reunião Regional de Intercâmbio Militar
SC2FTer Sistema de Comando e Controle da Força Terrestre
SIPAM Sistema de Proteção da Amazônia
SISCOMIS Sistema de Comunicações Militares por Satélite
SISDABRA Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro
SISFRON Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras
SisGAAz Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul
TI Tecnologia da Informação
UNASUL União de Nações Sul-Americanas
UPP Unidade de Polícia Pacificadora
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 12
2 A FRONTEIRA E A OCORRÊNCIA DE CRIMES ................................. 14
2.1 A FAIXA DE FRONTEIRA BRASILEIRA ............................................... 14
2.2 CRIMES TRANSNACIONAIS E TRANSFRONTEIRIÇOS .................... 17
2.3 CRIMES AMBIENTAIS .......................................................................... 18
2.4 CRIME ORGANIZADO .......................................................................... 21
2.4.1 Definição .............................................................................................. 21
2.4.2 Ações do Crime Organizado e Reflexos para a Segurança ............ 22
2.5 CONCLUSÃO PARCIAL ....................................................................... 26
3 SEGURANÇA NA FAIXA DE FRONTEIRA ......................................... 28
3.1 DEFINIÇÃO DE DEFESA E SEGURANÇA NACIONAL ...................... 28
3.2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ................................................... 29
3.3 POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA ...................................................... 29
3.4 ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA ............................................... 31
3.5 AMPARO LEGAL PARA EMPREGO DAS FORÇAS ARMADAS ....... 33
3.5.1 Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999 .............................. 33
3.5.2 Plano Estratégico de Fronteiras ......................................................... 34
3.5.2.1 Operações Ágata ................................................................................... 35
3.6 CONCLUSÃO PARCIAL ........................................................................ 37
4 SISTEMA INTEGRADO DE MONITORAMENTO DE FRONTEIRAS .. 38
4.1 ANTECEDENTES .................................................................................. 38
4.2 O SISTEMA ........................................................................................... 40
4.2.1 Definição ............................................................................................... 40
4.2.2 Concepção ........................................................................................... 42
4.2.3 Benefícios Institucionais e sociais .................................................... 44
4.2.4 Estrutura ............................................................................................... 45
4.2.5 Projeto-Piloto ....................................................................................... 48
4.2.6 Integração com outros órgãos ........................................................... 50
4.3 SITUAÇÃO ATUAL ................................................................................ 51
4.4 CONCLUSÃO PARCIAL ........................................................................ 54
5 CONCLUSÃO ........................................................................................ 56
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 59
12
1 INTRODUÇÃO
O Brasil vem apresentando nas últimas décadas um notório aumento da
criminalidade orquestrado, particularmente, pelo Crime Organizado (CO) que se
abastece do tráfico e do contrabando de drogas e armas. Associa-se a isso o tráfico
de pessoas, especialmente mulheres e crianças para alimentar a rede de
prostituição, e o contrabando de migrantes, contribuindo, dessa forma, para ampliar
o rol de crimes transnacionais.
Não há dúvidas que uma porta de entrada dos meios que apoiam e motivam
o crime é a fronteira do País que, dada à sua extensão, torna-se extremamente difícil
o seu monitoramento e controle e, por conseguinte, a sua segurança.
No espaço geográfico abrangido pela fronteira brasileira há, ainda, de se
considerar os crimes ambientais muito comuns naquela área.
Considerando, por outro lado, que Segurança Nacional consiste na garantia
da conquista e manutenção dos Objetivos Fundamentais (ESCOLA SUPERIOR DE
GUERRA, 2014, f. 81), dentre os quais a Integridade do Patrimônio Nacional que,
em alguns episódios, vem sendo depredado, e a Paz Social que, em muitas
ocasiões e locais é perturbada por ações direta ou indireta de facções criminosas, é
lícito deduzir que o cenário de crescente criminalidade se traduz em insegurança
pela incapacidade de o Estado apresentar uma defesa efetiva que se contraponha a
esta ameaça, afetando diretamente a Segurança Nacional.
Nesse contexto, então, e como consequência da aprovação da Estratégia
Nacional de Defesa, de 2008, o Comando do Exército concebeu o Sistema Integrado
de Monitoramento de Fronteiras – SISFRON com a finalidade de fortalecer a
presença e a capacidade de ação do Estado na faixa de fronteira, o que suscita a
seguinte indagação: em que medida o SISFRON contribui para a Segurança
Nacional?
A resposta ao questionamento suscitado será buscada procurando-se atingir
o objetivo geral de analisar o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras
(SISFRON) e sua contribuição para a Segurança Nacional. Para tanto, serão
abordados alguns objetivos específicos, dentre os quais a caracterização da região
da faixa de fronteira brasileira e da missão das Forças Armadas (FA), bem como as
suas ações com os demais Órgãos de Segurança Pública (OSP) e Agências
Parceiras, além da apresentação dos crimes transfronteiriços, transnacionais e
13
ambientais mais frequentes, o Plano Estratégico de Fronteiras (PEF) e o próprio
SISFRON.
Convém destacar que o presente trabalho justifica-se pelo fato de trazer à
tona um assunto dos mais importantes para um país, qual seja, a Segurança
Nacional.
O tema versa sobre um projeto estratégico do Exército Brasileiro e que
contribui para o seu processo de transformação, com vista a permitir-lhe tornar-se
uma Força capaz de melhor participar da defesa da Nação garantindo-lhe a
necessária segurança mas que, no entanto, é pouco conhecido por parcela
significativa da sociedade.
Por outro lado, o assunto Defesa também é pouco debatido pelos cidadãos,
sendo a abordagem deste tema oportunidade ímpar para trazer considerações sobre
o que está se fazendo sobre a defesa e a segurança do Brasil, assuntos que,
categoricamente, não são exclusividade das Forças Armadas, mas sim, do povo
brasileiro como um todo.
O presente tema também abre oportunidade para apresentar o Plano
Estratégico de Fronteiras, do Governo Federal, de 2011, particularmente no que diz
respeito à implementação de projetos estruturantes para o fortalecimento da
presença estatal na região de fronteira e à atuação integrada dos órgãos de
segurança pública e das Forças Armadas, bem como de outras agências
governamentais, caracterizando ações interagências, o que vem sendo
consubstanciado nas Operações Ágata.
Vale destacar, ainda, como justificativa para a abordagem dessa matéria,
que o SISFRON, muito além de ser apenas um Projeto do Exército, é um sistema
que trará maior segurança para o País.
Por fim, este trabalho partirá da hipótese de que o SISFRON é um
instrumento de defesa das fronteiras brasileiras que contribui para a manutenção da
Segurança Nacional, e buscará, metodologicamente, a confirmação dessa assertiva
por intermédio de uma pesquisa bibliográfica e documental, visando ao
aprofundamento do estudo sobre o SISFRON e sua relação com a Segurança
Nacional, bem como destacará o papel do Exército Brasileiro como facilitador dessa
relação, tudo, concretizado por intermédio da análise de dados existentes em livros,
publicações, periódicos, impressos especializados e legislação atual, conforme se
verá nos capítulos adiante..........................................................................................
14
2 A FRONTEIRA E A OCORRÊNCIA DE CRIMES
2.1 A FAIXA DE FRONTEIRA BRASILEIRA
Segundo Tavares (1958, p. 139 e 231), a preocupação com a segurança na
faixa de fronteira responde, sem duvidas, aos interesses da segurança do Estado.
Afirma, ainda, que as fronteiras entre países limítrofes devem ser estudadas do
ponto de vista da natureza dos antagonismos que podem ameaçá-las, e esse estudo
irá determinar as áreas de operações mais importantes, segundo a expressão de
tais antagonismos e as condições de tempo e de força em que eles podem,
eventualmente, atuar.
Já para Mattos (2011, p. 67) é através das fronteiras, tanto terrestre como
aérea ou marítima que o Estado recebe e transmite os influxos exteriores, que
podem interferir favorável ou desfavoravelmente sobre suas aspirações e interesses.
Ainda segundo Mattos (2011, p. 76) “A fronteira é a epiderme do corpo estatal, como
tal, sensível às reações vindas de fora. A fronteira terrestre é mais sensível às
reações dos Estados vizinhos. [...]”.
Entende-se, pois, que a região da fronteira de um país é uma área
extremamente sensível e como tal a sua segurança merece especial atenção,
particularmente na situação do Brasil que, sendo o 5º maior país do mundo em
extensão territorial, apresenta uma fronteira igualmente grandiosa, compatível com o
seu tamanho, lindeira com vários países e com característica variada, aí incluída as
fronteiras secas.
O Brasil é um país continente com uma fronteira de 23.127 km de extensão,
sendo 7.408 km marítimos e 15.719 km terrestres (MATTOS, 2011, p. 82) tendo,
portanto, uma fronteira terrestre pouco mais que o dobro da marítima, o que suscita
maior atenção uma vez que, além do seu vasto tamanho, a área lindeira é carente
de recurso de toda ordem quando comparada com as costas brasileiras.
Ao longo da fronteira terrestre, o Brasil defronta-se com dez dos doze países
da América do Sul: Guiana Francesa, Suriname, Republica da Guiana, Venezuela,
Colômbia, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai. Do lado brasileiro, a faixa
lindeira é balizada por onze estados: Amapá-AP, Roraima-RR, Amazonas-AM, Acre-
AC, Rondônia-RO, Mato Grosso-MT, Mato Grosso do Sul-MS, Paraná-PR, Santa
Catarina-SC e Rio Grande do Sul-RS.
15
Considerando a importância das fronteiras para a proteção dos interesses
nacionais e para a preservação e defesa da soberania, a Lei nº 2.597, de 12 de
setembro de 1955, que dispõe sobre zonas indispensáveis à defesa do país e dá
outras providências, estabeleceu em 150 km a faixa interna paralela à linha divisória
como sendo a faixa de fronteira indispensável à defesa nacional (BRASIL, 1955), o
que foi ratificado pela Constituição Federal de 1988 em seu Cap. II, art. 20,
parágrafo II. (BRASIL, 2006).
Segundo dados extraídos de uma apresentação da Estratégia Nacional de
Segurança Pública nas Fronteiras - ENAFRON (BRASIL, S. I.) depreende-se que a
faixa de fronteira brasileira corresponde à 27% do território brasileiro; possui cerca
de 7.000 quilômetros em linha seca e pouco menos de 9.000 quilômetros de rios,
lagos e canais; abrangendo 588 municípios, sendo 122 municípios limítrofes, e uma
população com cerca de 11 milhões de habitantes.
Mapa 1: Faixa de Fronteira do Brasil. Fonte: Apresentação da Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras - ENAFRON (BRASIL, S.I.)
16
Trazendo toda essa configuração geográfica e jurídica para a esfera da
competência do Exército Brasileiro, que está articulado em todo o território nacional
por Comandos Militares de Área, a região da faixa de fronteira é abrangida pelo
Comando Militar do Norte (CMN), pelo Comando Militar da Amazônia (CMA), pelo
Comando Militar do Oeste (CMO) e pelo Comando Militar do Sul (CMS).
Mapa 2: Articulação do Exército por Comandos Militares de Área. Fonte: O autor
Vale, ainda, destacar a importância da fronteira brasileira bem citando
Mattos (2011, p. 101):
Uma das mais expressivas tradições da política exterior brasileira tem sido sua preocupação constante com o problema de fronteira. A fronteira representa a linde de nosso patrimônio territorial; ali começa, e acaba, a nossa soberania.
17
2.2 CRIMES TRANSNACIONAIS E TRANSFRONTEIRIÇOS
A sensibilidade de uma região de fronteiras como a brasileira, associada à
sua grande extensão, cria oportunidade para a prática de ilícitos, normalmente
conhecidos como crimes transnacionais e crimes transfronteiriços.
Assim, o crime transnacional é aquele que se refere a um grupo ou uma
rede que pratica atividade ilícita visando a ganhos financeiros particulares não tendo,
entretanto, a sua ação restrita a apenas um país. A atuação desse grupo ou da rede
é baseada no uso sistemático de violência para a obtenção de seus objetivos
(REUTER, P. & PETRIE, C., 1995 apud AÇÃO, S. I.).
Ainda segundo a Ação Humanitária em Situação de Não Guerra (AÇÃO,
S.I.), a transnacionalidade do crime pode ser vista sob quatro óticas: quando
cometido em mais de um Estado; quando cometido em um Estado, mas sua
preparação foi substancialmente feita em outro; quando cometido em um Estado,
mas a organização criminal do grupo é estabelecida em outro Estado; e quando
cometido em um Estado, mas tem efeitos relevantes em outro.
Sendo assim, crime transnacional é a atividade criminosa organizada que
ocorre em um ou mais Estados e que tem como objetivo auferir ganhos materiais e
financeiros, utilizando para isso meios violentos.
Por outro lado pode-se definir crimes transfronteiriços como os crimes
transnacionais que ocorrem na região de fronteira entre países, induzindo o estado a
intensificar a sua presença na sua região ou faixa de fronteira em conjunto ou não
com o país vizinho.
Associando o apresentado por Monteiro (2013, p. 24) e o previsto na Diretriz
Estratégica para Atuação na Faixa de Fronteira contra Delitos Transfronteiriços e
Ambientais (BRASIL, 2005, p. 19) chega-se ao rol dos principais crimes
transfronteriços na faixa de fronteira do Brasil:
entrada (e/ou a tentativa de saída) ilegal no território nacional de
armas, munições, explosivos e demais produtos controlados, conforme legislação
específica;
tráfico ilícito de entorpecentes e/ou de substâncias que determinem
dependência física ou psíquica, ou matéria prima destinada à sua preparação;
contrabando e o descaminho, especificados no Código Penal Comum;
o tráfico de plantas e de animais;
18
entrada (e/ou a tentativa de saída) no território nacional de vetores em
desacordo com as normas de vigilância epidemiológica.
Há de se considerar, ainda, o tráfico de pessoas, especialmente mulheres e
crianças, e o contrabando de migrantes.
Entende-se que, dos ilícitos acima, destacam-se o narcotráfico e o contrabando
de armas e munições, uma vez que eles se apoiam e se sustentam da prática direta ou
indireta dos demais ilícitos. O tráfico de drogas financia as facções criminosas, enquanto
que o contrabando de armas e munição fortalece o “braço armado” que lhe dá proteção
contra a ação da lei, e contra as facções criminosas rivais, instaurando a violência e o
medo nos grandes centros urbanos e capitais dos estados, notadamente, na região
Sudeste do País. Esta realidade, contudo, já se prolifera por várias cidades do País.
2.3 CRIMES AMBIENTAIS
Os crimes ambientais também são outras categorias de ilícitos com grande
ocorrência na região da faixa de fronteira que, apesar de serem verificados em várias
partes do território nacional, encontram na região fronteiriça ambiente propício e
facilitador de sua incidência dada à rica biodiversidade e à abundância de recursos
minerais e hídrico, tudo, associado à dificuldade de monitoramento e controle da
extensa área por parte dos Órgãos de Segurança Pública e instituições reguladoras.
Esses crimes representam ameaças não só à segurança como à soberania
nacional por gerarem, em muitos casos, conflitos no campo, inclusive armado, extração
de recursos naturais do patrimônio da Nação e atuação de organismos não
governamentais com interesses escusos, às vezes, até patrocinado por entidades
internacionais.
Segundo a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes
Ambientais) que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providencias (BRASIL,
1998) os delitos ambientais são classificados, genericamente, em seis tipos
diferentes:
crimes contra a fauna;
crimes contra a flora;
poluição e outros crimes ambientais;
crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural;
19
crimes contra a administração ambiental; e
infrações administrativas.
Durante o Seminário “Faixa de Fronteira: Novos Paradigmas” conduzido pela
Presidência da República, por intermédio do Gabinete de Segurança Institucional,
em Brasília, no período de 07 e 08 de Outubro de 2004, Montiel (2004) relatou que:
[...] são contextualizados os principais crimes ambientais verificados nessa Faixa de Fronteira, divididos em três grandes blocos. No primeiro bloco Uruguai, Paraguai, Argentina e Bolívia, com contrabando de substâncias não autorizadas (como agrotóxicos e transgênicos, que foram plantados no Rio Grande do Sul); o tráfico de animais silvestres, de peixes, de aves e de insetos; a pesca e caça proibida e a contaminação de recursos hídricos compartilhados ou não. No segundo bloco, Bolívia, Peru e Colômbia, onde os grandes riscos ambientais se concentram nas ações de queimadas e desmatamentos ilegais, tráfico de animais, biopirataria, entendida também como etnopirataria, envolvendo o solo e a flora. [...]. No terceiro bloco, composto pela Venezuela, Colômbia, Guiana, Suriname e a Guiana Francesa, há principalmente tráfico de animais, biopirataria, a mineração ilegal (garimpo) e o contrabando de pedras e gemas. [...].
Montiel (2004), ainda, propôs ações estratégicas que, já à época, estavam
sendo discutidas no âmbito do Governo, tais como:
1 – Um Plano Integrado de Vigilância e Monitoramento que estabelece ações em conjunto para essas áreas críticas já identificadas de fronteira do País. O plano é executado em função do modo que cada ministério trabalha e tem se revelado uma experiência muito positiva no que se refere às ações integradas no âmbito do plano de combate ao desmatamento, principalmente junto com o Exército. [grifo nosso]. 2 – Aprimoramento e fortalecimento dos sistemas de vigilância, monitoramento e alerta das áreas de fronteira. Além das técnicas disponíveis hoje – satélites, monitoramentos, vistoria de campo, equipes técnicas e postos de vigilância – desenvolve-se um trabalho diretamente com as comunidades autóctones da região (as comunidades ribeirinhas, as populações tradicionais, as populações indígenas) que podem ser capacitadas para identificar crimes ambientais e eventuais invasões ao Território brasileiro e acionar o posto de vigilância mais próximo. [...] 4 – Adensamento de postos de fiscalização integrada envolvendo além do Ibama, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, Funai, Exército, Marinha, os órgãos estaduais de Meio Ambiente e a Receita Federal [grifo nosso]. [...].
20
A tabela abaixo, extraída do escopo do Projeto de Policiamento Especializado
na Fronteira (PEFRON), dá uma ideia da incidência dos principais eventos
criminosos na fronteira brasileira por Unidade da Federação, com destaque para o
tráfico de drogas e roubo de cargas e veículos.
r
Tabela 1: Eventos Criminosos Relacionados à Zona de Fronteira Segundo UF. Fonte: Escopo de Projeto – PEFRON 2009 / 2010 (BRASIL, S. I.).
Montiel (2004), complementa:
Há outros crimes, além da lavagem de dinheiro, que estão muito relacionados, com a exploração ilegal de madeira ou com a atividade do narcotráfico. Esses crimes são a grilagem de terras, o tráfico de armas, a formação de grupos armados, a exploração de trabalhadores em regime de semi-escravidão e os assassinatos de lideranças indígenas, de trabalhadores rurais e de posseiros que se encontram na região há mais de trinta anos. (MONTIEL, 2004).
AP RS MS SC AM RR PR AC RO MT PA
Tráfico de drogas 11
Roubo de cargas, veículos 10
Tráfico de Armas e Munições 9
Crimes ambientais 9
Refugio de criminosos 9
Contrabando e descaminho 9
Exploração sexual infanto-juvenil 7
Tráfico de pessoas 4
Rota de veículos roubados 4
Abigeato (roubo de gado) 4
Pistolagem 3
Evasão de divisas 2
Turismo sexual 1
Eventos Criminosos Presentes 9 9 8 8 8 8 8 7 7 7 3
EVENTOS CRIMINOSOSEstados
Presentes
GRAU DE PRIORIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
MÉDIAALTA
21
Mapa 3: Eventos Criminosos Relacionados à Zona de Fronteira Segundo UF. Fonte: Escopo de Projeto – PEFRON 2009 / 2010 (BRASIL, S. I.)
2.4 CRIME ORGANIZADO
2.4.1 Definição
A globalização é um processo de interação mundial, onde busca-se a
integração econômica, social, cultural e espacial. Este processo permitiu obter
ganhos substanciais no relacionamento entre países, bem como a redução de custo
dos transportes e comunicações entre eles, visando à formação de uma verdadeira
aldeia global.
22
Segundo Rabelo (2007) a globalização, além de representar a expansão das
corporações para fora de seus núcleos geopolíticos, a revolução tecnológica nas
comunicações e na eletrônica e a reorganização geopolítica do mundo em blocos
comerciais regionais representou, também, a “quebra” das fronteiras mundiais,
permitindo um livre trânsito entre nações e, com isso, a redução dos entraves ao
movimento de pessoas, bens e transações fronteiriças, o que contribui para a
penetração do Crime Organizado (CO) internacional.
Atualmente, o CO é o maior responsável, direta ou indiretamente, pelo
trafico de drogas e munição, sem contar o tráfico humano de mulheres e crianças
para a prostituição, pelo contrabando, lavagem de dinheiro, corrupção, fraude
financeira e pirataria.
Existe uma infinidade de definições sobre o crime organizado,
particularmente, em virtude de suas diferenças em organização, estrutura, tamanho,
forma de atuação e ramo de atividade, entretanto pode ser citada a definição
apresentada por Albanese (2007, apud WERNER, 2009, p. 44):
Crime organizado é o empreendimento criminoso desenvolvido de forma racional e continuada, objetivando o ganho ilícito através do fornecimento de bens ou serviços com grande demanda, e se mantendo com o uso da força física e da ameaça, buscando assim o controle do monopólio da atividade ilícita, utilizando-se também da corrupção de funcionários públicos.
2.4.2 Ações do Crime Organizado e Reflexos para a Segurança
Neste tópico, pretende-se enfatizar a crescente e ilimitada ação das facções
criminosas, indubitavelmente, ligadas ao Crime Organizado que antes
predominavam na Região Sudeste mas que, atualmente, se prolifera por todo o
País, particularmente, nos grandes centros urbanos, mas, com ramificações em
várias cidades de menor porte.
Essa crescente e ilimitada ação das facções ligadas ao Crime Organizado
tem promovido verdadeiras guerras de guerrilha urbana materializada por atos como
assaltos e assassinatos praticados a qualquer hora do dia e em qualquer lugar,
inclusive em vias expressas; trafico de entorpecente, principalmente, maconha,
cocaína e crack em vários lugares, inclusive, públicos; trafico de armas e munições
de grossos calibres e de uso exclusivo das Forças Armados ou OSP, ostentada
indiscriminadamente e de forma a intimidar a população; coação à população ordeira
23
a apoiar e até a realizar manifestações; realização de barricadas impedido a ação da
polícia, procurando desviar a atenção e/ou desarticular os esquemas montados
pelos OSP, tudo com apoio da população coagida e amedrontada; lavagem de
dinheiro a fim de desviar vultosas quantias; e grandes assaltos a bancos.
O requinte da atuação dos criminosos chega à depredação do patrimônio
público de toda monta como o tombamento e/ou queima de viaturas policiais e de
ônibus coletivos de transporte urbano; destruição de caixas eletrônicos, ora por
simples ação depredatória ora para assaltar valendo-se de explosivos; e incêndios a
containers que servem de instalação para Unidades de Polícia Pacificadora (UPP)1
da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ), dentre outros.
Convém destacar, também, não só os confrontos com os OSP mas,
também, entre as facções criminosas rivais, na luta pelo domínio de territórios onde
se processa e se expande os ilícitos. Essa rivalidade instaura verdadeiro pânico na
população, não só nas comunidades locais mas também nos bairros adjacentes,
afetando a paz social de ricos e pobres, homens, mulheres e crianças,
indistintamente.
A capacidade da Força Adversa de executar ações é limitada. A grande maioria de suas ações encontra-se diretamente relacionada com a prática de tráfico de drogas e de assaltos, sendo a motivação para a realização desses crimes baseada no ganho pecuniário, não havendo indícios de envolvimentos ideológicos, políticos ou religiosos. Ela se constitui por integrantes da facção criminosa Comando Vermelho. A maior parte é de homens jovens na faixa etária de 15 a 35 anos. Entretanto, há crianças mais novas, pessoas mais velhas e mulheres como olheiros (vigias), mensageiros, fogueteiros (responsáveis pelo alerta) e condutores de droga. [...]. No interior das comunidades, costumavam utilizar as casas de melhor localização para monitorar e bater com fogos de armas leves as principais vias de acesso. Quando estas casas não eram construídas pelas F Adv [Forças Adversas], eram tomadas dos moradores coagidos a abandoná-las ou a conviver com criminosos armados dentro delas. O armamento utilizado se constituía, principalmente, por pistolas semi-automáticas (calibres 9mm, .380, .40, .45, etc), revólveres (calibres .38, .357, etc), metralhadoras leves (MP5, Beretta, Uzi, INA etc), fuzis de assalto (FAL, PARA-FAL, M16, M4, AK 47, Ruger, Beretta, etc), granadas de mão, bombas caseiras e, raramente, armas portáteis anticarro. (MENDES, 2012, p. 5-6).
A esquematização a seguir bem apresenta um resumo dos reflexos do
Crime Organizado para o Brasil, dimensionando as suas variadas ramificações:
1 Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) é uma pequena força da Polícia Militar [do Estado do Rio de
Janeiro] com atuação exclusiva em uma ou mais comunidades, numa região urbana que tem sua área definida por lei. (RIO DE JANEIRO, 2014).
24
Figura 1: Esquematização dos reflexos do Crime Organizado para o Brasil. Fonte: Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN). Audiência pública –
Ações de Proteção das Fronteiras Brasileiras (BRASIL, 2011)
Entende-se, com isso, que esse panorama atual se traduz em insegurança
nos grandes centros urbanos extensivos aos núcleos populacionais menores e, por
conseguinte, medo à sociedade. Esse caos crescente é essencialmente financiado
pelo narcotráfico e gerenciado pelo Crime Organizado e suas ramificações em
diversos órgãos, oficiais ou não. Esse cenário, por vezes, tem exigido do Governo
Federal o emprego das Forças Armadas, em alguns casos até por longo período de
tempo com foi o caso do emprego do Exército Brasileiro em áreas de pacificação
como nos Complexos da Penha e da Maré, na cidade do Rio de Janeiro-RJ, para a
preservação da ordem pública bastante afetada pela ação do Crime Organizado, na
operação denominada Operação Arcanjo, que durou de dezembro de 2010 a junho
de 2012.
Desde 5 de abril de 2014, as Forças Armadas estão participando da
Operação São Francisco, constituindo a Força de Pacificação Maré, sob
coordenação do Comando Militar do Leste, com a finalidade de contribuir para a
segurança no Estado do Rio de Janeiro-RJ. O propósito da Operação é atuar na
25
Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nas comunidades do Complexo da Maré, na
cidade do Rio de Janeiro, a partir da substituição das forças policiais que estavam no
local por militares do Exército Brasileiro, da Marinha do Brasil e por uma companhia
de policiais militares (BRASIL, 2014a). A Operação estava prevista para terminar no
dia 31 de julho de 2014, entretanto, foi prorrogada até o dia 31 de outubro do mesmo
ano.
Como demonstrativo dos resultados das ações da Força de Pacificação
Maré, segue abaixo um resumo parcial abrangendo o período de 5 de abril a 15 de
maio de 2014.
RESULTADOS DIRETOS DAS AÇÕES DA FORÇA DE PACIFICAÇÃO MARÉ Período de 05 de abril a 15 de maio de 2014
Ação Descrição Observação
Maiores por crime comum
76 indivíduos --- x ---
Prisões por crime militar
17 indivíduos --- x ---
Apreensão de pessoal
26 menores 01 ferido
Turbas contra a tropa
17
8 da facção criminosa Comando Vermelho (CV) e 9 da Terceiro Comando Puro (TCP)
Disparos contra a tropa
38
07 CV; 31 TCP 02 mortos 02 disparos em colete balístico
Apreensão de drogas
58 kg Maconha, cocaína, crack, cheirinho da loló, Ecstasy e haxixe
Apreensão de armamento
9 pistolas e 01 fuzil AK-47 Acessórios (Cartuchos de Fuzil)
Apreensão de munição e material
1 Granada de Bocal; 2 Granadas de Mão Defensiva; Cartuchos . 30, .380, .40, .45, .50, 5,56 mm, 7,62 mm, 9mm, 12 mm; .50; e 2 placas de colete balístico nível III
878 projéteis (armamento de uso exclusivo das Forças Armadas ou OSP, inclusive para guerra)
Apreensões de veículos
31 22 motocicletas e 09 carros
Tabela 2: Resultados Diretos da Atuação da Força de Pacificação Maré, no período de 5 de abril a 15
de maio de 2014. Fonte: Brasil, 2014a, adaptado pelo autor.
26
É oportuno citar ainda a Lei nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983, que
define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, estabelece
seu processo e julgamento e dá outras providências (BRASIL, 1983), onde podem
ser enquadradas ações do CO:
[...] Art. 12 - Importar ou introduzir, no território nacional, por qualquer forma, sem autorização da autoridade federal competente, armamento ou material militar privativo das Forças Armadas. Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, sem autorização legal, fabrica, vende, transporta, recebe, oculta, mantém em depósito ou distribui o armamento ou material militar de que trata este artigo. [...] Art. 15 - Praticar sabotagem contra instalações militares [UPP e helicóptero PMRJ], meios de comunicações, meios e vias de transporte [depredação de coletivos e interdição de vias expressas], [...] e outras instalações congêneres. § 1º - Se do fato resulta: [...] b) dano, destruição ou neutralização de meios de defesa ou de segurança; paralisação, total ou parcial, de atividade ou serviços públicos reputados essenciais para a defesa, a segurança ou a economia do País, a pena aumenta-se até o dobro; [...] Art. 19 - Apoderar-se ou exercer o controle de aeronave, embarcação ou veículo de transporte coletivo, com emprego de violência ou grave ameaça à tripulação ou a passageiros. [...] Art. 24 - Constituir, integrar ou manter organização ilegal de tipo militar, de qualquer forma ou natureza armada ou não, com ou sem fardamento, com finalidade combativa. [...].
2.5 CONCLUSÃO PARCIAL
O CO é um mal que assola o País ferindo dois fundamentos do Estado
Democrático de Direito da República Federativa do Brasil citados na Constituição
Federal de 1988, quais sejam, a cidadania e a dignidade da pessoa humana. A
cidadania é abalada porque muitos cidadãos veem seus direitos tolhidos, impedidos
de transitar em suas comunidades e bairros com tranquilidade, vivendo cada vez
mais confinados em suas residências, presenciando os bens, públicos ou privados,
postos à sua disposição depredados e, ainda, desprotegidos em virtude de um
sistema de segurança pública ineficiente e ineficaz. Fere a dignidade da pessoa
humana porque a teia trançada pelo CO banaliza a morte, usufrui ilegalmente de
bens particulares por intermédio do roubo ou coação, institui o medo como lei e leva
as drogas ilícitas à população, indistintamente, induzindo homens e mulheres,
27
adultos, jovens e até crianças a uma vida subumana, maculando os típicos direitos
fundamentais do respeito à vida e à liberdade.
O CO também impede a concretização dos objetivos fundamentais da
Nação, previstos na Constituição de 1988 em seu artigo 3º, que são constituir
uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional;
erradicar a marginalização e promover o bem de todos.
Há de se considerar também o enfatizado por Monteiro (2013, p. 53) que a
segurança é um direito assegurado pela Constituição a todos os cidadãos que tem
no Estado seu garantidor e que a falha do Estado em prover tal segurança,
particularmente, face aos conflitos de 4ª Geração2, pode comprometer a Soberania
Nacional em decorrência da escalada do CO que rompe as fronteiras, fomentando
os ilícitos transfronteiriços.
As fronteiras do Brasil são, então, as principais portas de acesso aos
insumos que movimentam o CO e todas as suas ações maléficas afetam
diretamente a segurança da nação, o que exige do Estado brasileiro uma maior ação
de presença, materializada por instrumentos concretos, eficientes e eficazes, que
efetivamente monitorem e controlem a sua extensa faixa de fronteira.
Por fim, convém destacar que as Forças Armadas têm missão importante na
manutenção da presença do Estado na faixa de fronteira configurando-se como
instrumento de defesa nela existente, fundamental para a sua segurança e,
consequentemente, para a segurança da nação, conforme se verá no próximo
capítulo.
2 Conflitos de 4ª Geração são os que visam a tirar vantagem das mudanças política, social, econômica e tecnológica vivenciadas no pós Segunda Guerra Mundial. Junto aos estados nacionais aparecem como novos atores protagonistas, organizações não estatais armadas, forças irregulares de diferentes matizes: separatistas, anarquistas, extremistas políticos, étnicos ou religiosos, crime organizado e outras, cuja principal forma de atuação se baseia nas táticas, técnicas e procedimentos da guerra irregular. (PINHEIRO, 2007)
28
3 SEGURANÇA NA FAIXA DE FRONTEIRA
3.1 DEFINIÇÃO DE DEFESA E SEGURANÇA NACIONAL
Antes de adentrar na questão da segurança na faixa de fronteiras, convém
definir o que vem a ser segurança e defesa nacional, uma vez que este trabalho
refere-se diretamente a uma ação, que no caso é o monitoramento das fronteiras,
contribuindo para a segurança nacional.
A Política Nacional de Defesa – PND (BRASIL, 2013) traz em seu texto que
segurança é tradicionalmente vista somente do ângulo da confrontação entre nações
ou, mais simplesmente, a defesa externa. Entretanto, à medida que as sociedades
se desenvolveram e que se aprofundou a interdependência entre os Estados, novas
exigências foram agregadas.
Gradualmente, ampliou-se o conceito de segurança, abrangendo os campos
político, militar, econômico, psicossocial, científico-tecnológico, ambiental e outros.
Preservar a segurança requer medidas de largo espectro, envolvendo,
inclusive, a defesa civil, a segurança pública e as políticas econômica, social,
educacional, científico-tecnológica, ambiental, de saúde e industrial.
Ainda segundo a PND, a segurança é a condição em que o Estado, a
sociedade ou os indivíduos se sentem livres de riscos, pressões ou ameaças,
inclusive de necessidades extremas. Por sua vez, defesa é a ação efetiva para se
obter ou manter o grau de segurança desejado.
Neste trabalho considerar-se-á especificamente os conceitos abaixo acerca
de Segurança e Defesa Nacional por entender serem esclarecedores para a
presente pesquisa:
I – Segurança é a condição que permite ao País preservar sua soberania e integridade territorial, promover seus interesses nacionais, livre de pressões e ameaças, e garantir aos cidadãos o exercício de seus direitos e deveres constitucionais; II – Defesa Nacional é o conjunto de medidas e ações do Estado, com ênfase no campo militar, para a defesa do território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças preponderantemente externas, potenciais ou manifestas (BRASIL, 2013).
29
3.2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
A Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2006) prevê em seu Inciso XXII,
do Art. 21 que compete à União executar o serviço de polícia de fronteira e, no Inciso
III, do Parágrafo 1º, do Art 91, que o Conselho de Defesa Nacional é o órgão de
consulta do Presidente da República nos assuntos relacionados à soberania
nacional e à defesa do Estado democrático, competindo a esse Conselho propor os
critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território
nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas
relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer
tipo.
Isto posto, verifica-se que a Constituição Federal já evidencia a
responsabilidade da União sobre a faixa de fronteira do Brasil.
3.3 POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA
Alinhada com a Constituição Federal, a Política Nacional de Defesa – PND
(BRASIL, 2013) traz em seu texto que a preservação da segurança requer medidas
de largo espectro, envolvendo, além da defesa externa, a segurança pública, a
ambiental e a científico-tecnológica, dentre outras.
A segurança, em linhas gerais, é a condição em que o Estado, a sociedade ou os indivíduos se sentem livres de riscos, pressões ou ameaças, inclusive de necessidades extremas. Por sua vez, defesa é a ação efetiva para se obter ou manter o grau de segurança desejado. (BRASIL, 2013).
A PND destaca que os avanços da tecnologia da informação, a utilização de
satélites, o sensoriamento eletrônico e outros aperfeiçoamentos tecnológicos
permitiram maior eficiência aos sistemas administrativos e militares nos países que
dedicam maiores recursos financeiros à área de Defesa. Em virtude desse avanço,
surgiram vulnerabilidades para o Brasil que poderão ser exploradas por outros
países ou por atores não estatais podendo, portanto, inviabilizar o uso dos sistemas
atualmente utilizados ou facilitar a interferência à distância. Para superar essa
condição indesejada, é essencial o investimento do Estado em setores de tecnologia
avançada.
30
Por outro lado, também, a segurança de um país é afetada pelo grau de
estabilidade da região onde ele está inserido. Assim, é desejável que ocorram o
consenso, a harmonia política e a convergência de ações entre os países vizinhos
para reduzir os delitos transnacionais e alcançar melhores condições de
desenvolvimento econômico e social, tornando a região mais coesa e mais forte.
A existência de zonas de instabilidade e de ilícitos transnacionais pode
provocar o transbordamento de conflitos para outros países da América do Sul. A
persistência desses focos de incertezas é, também, elemento que justifica a
prioridade à defesa do Estado, de modo a preservar os interesses nacionais e a
soberania.
No tocante à Amazônia brasileira, a PND (BRASIL, 2013) alerta que o
grande potencial de riquezas minerais e de biodiversidade daquela região vem
sendo foco da atenção internacional e, ainda que, a garantia da presença do Estado
e a vivificação da faixa de fronteira são dificultadas, entre outros fatores, pela baixa
densidade demográfica e pelas longas distâncias.
O povoamento das fronteiras, a proteção do meio ambiente e o uso
sustentável dos recursos naturais são aspectos essenciais para o desenvolvimento e
a integração da região. O adensamento da presença do Estado, por meio das
Forças Armadas, ao longo das nossas fronteiras é condição relevante para o
desenvolvimento sustentável da Amazônia.
A existência de ameaças à paz mundial requer a atualização permanente e o
aparelhamento das nossas Forças Armadas, com ênfase no apoio à ciência e
tecnologia para o desenvolvimento da indústria nacional de defesa. Com isso,
busca-se a redução da dependência tecnológica e à superação das restrições
unilaterais de acesso a tecnologias sensíveis.
O Brasil, portanto, deve dispor de meios com capacidade de exercer
vigilância, controle e defesa das suas águas jurisdicionais, do seu território e do seu
espaço aéreo.
Por fim e ainda segundo a PND (BRASIL, 2013), o País deverá buscar o
constante aperfeiçoamento da capacidade de comando, controle, monitoramento e
do sistema de inteligência dos órgãos envolvidos na Defesa Nacional o que sinaliza,
claramente, a busca de projetos estratégicos voltados para a Segurança e a Defesa
nacional, apoiados fortemente em ciência e tecnologia o que, certamente,
impulsionará o necessário reaparelhamento das Forças Armadas e o
31
desenvolvimento da indústria nacional de defesa, tudo, contribuindo para aumentar a
presença do Estado em regiões sensíveis e permitindo, assim, o monitoramento e a
vigilância do País.
3.4 ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA
A Estratégia Nacional de Defesa – END (BRASIL, 2014) trata da
reorganização e reorientação das Forças Armadas, da organização da Base
Industrial de Defesa (BID) e do efetivo de composição das três Forças. Assim, dentro
desse escopo, a END pauta-se por diretrizes dentre as quais podem-se destacar,
por estarem relacionadas ao SISFRON:
Dissuadir à concentração de forças hostis nas fronteiras terrestres;
Organizar as Forças Armadas sob a égide do trinômio
monitoramento/controle, mobilidade e presença;
Desenvolver as capacidades de monitorar e controlar o espaço aéreo,
o território e as águas jurisdicionais brasileiras sendo que tal desenvolvimento dar-
se-á a partir da utilização de tecnologias de monitoramento terrestre, marítimo, aéreo
e espacial que estejam sob inteiro e incondicional domínio nacional;
Desenvolver, lastreada na capacidade de monitorar/controlar, a
condição de responder prontamente a qualquer ameaça ou agressão por intermédio
da mobilidade estratégica, imperativo dada à vastidão do espaço a defender e a
escassez dos meios para defendê-lo, sobretudo ao longo das fronteiras terrestres e
nas partes mais estratégicas do litoral;
Adensar a presença da Marinha, do Exército e da Força Aérea nas
fronteiras, considerando que presença não pode ser sinônimo de onipresença e que
a missão precípua de vigilância das Forças Armadas só ganhará efetividade quando
se compuser um sistema integrado de monitoramento/controle;
Desenvolver o conceito de flexibilidade no combate, para atender aos
requisitos de monitoramento/controle, mobilidade e presença;
Desenvolver o repertório de práticas e de capacitações operacionais
dos combatentes, para atender aos requisitos de monitoramento/controle,
mobilidade e presença.
32
Nesse contexto, a END atribui ao Exército Brasileiro a capacidade de
cumprir a sua destinação constitucional e desempenhar suas atribuições, na paz e
na guerra, sob a orientação dos conceitos estratégicos de flexibilidade e de
elasticidade. A flexibilidade é a capacidade de empregar forças militares com o
mínimo de rigidez preestabelecida e com o máximo de adaptabilidade à
circunstância de emprego da força; será a versatilidade com que se substitui a
presença – ou a onipresença – pela capacidade de se fazer presente (mobilidade) à
luz da informação (monitoramento/controle). Não tratar-se-á da elasticidade neste
trabalho por não ser relevante para o tema.
Todas as Brigadas3 do Exército devem conter, em princípio, dentre outros
elementos, instrumentos de comando e controle, de tecnologia da informação, de
comunicações e de monitoramento que lhes permitam operar em rede com outras
unidades da Marinha, do próprio Exército e da Força Aérea e receber informação
fornecida pelo monitoramento do terreno, a partir do ar para que se generalize o
atendimento do conceito de flexibilidade.
Com base na Política Nacional de Defesa, na Estratégia Nacional de Defesa
e na Estratégia Militar de Defesa4 dela decorrente, as Forças Armadas submetem ao
Ministério da Defesa seus Planos de Articulação e de Equipamento, os quais
contemplam uma proposta de distribuição espacial das instalações militares e de
quantificação dos meios necessários ao atendimento eficaz das hipóteses de
emprego5 devendo os Planos das Forças singulares, consolidados no Ministério da
Defesa, referenciarem-se a metas de curto prazo (até 2014), de médio prazo (entre
2015 e 2022) e de longo prazo (entre 2023 e 2030).
Diante desse quadro e com relação ao equipamento, coube ao Exército
priorizar, com compensação comercial, industrial e tecnológica, os itens abaixo:
3 Brigada é uma grande unidade militar existente nas forças armadas da maioria dos países. Tradicionalmente, a Brigada corresponde à Grande Unidade de menor escalão de cada Exército, sendo comandadas por oficiais generais de menor patente (general de brigada). Tipicamente, cada brigada é composta por vários regimentos ou batalhões. (BRIGADA, 2003) 4 Estratégia Militar de Defesa (EMiD), decorrente da Política Militar de Defesa, é o documento de mais alto nível que define as Hipóteses de Emprego (HE) das FA e as estratégias militares a serem empregadas em cada uma delas. (BRASIL, 2007). 5 Hipótese de Emprego é a antevisão de possível emprego das Forças Armadas em determinada situação/situações ou área/áreas de interesse estratégico para a defesa nacional. É formulada considerando-se a indeterminação de ameaças ao País. Com base nas hipóteses de emprego, serão elaborados e mantidos atualizados os planos estratégicos e operacionais pertinentes, visando possibilitar a contínua preparação da Nação como um todo, e em particular das Forças Armadas, para emprego na defesa do País. (BRASIL, 2012a).
33
os meios necessários ao completamento dos sistemas operacionais
das Brigadas e do sistema de monitoramento de fronteiras;
o aumento da mobilidade tática e estratégica da Força Terrestre, aí
incluídas as forças militares estacionadas na região amazônica;
a nova família de blindados sobre rodas;
os sistemas de mísseis e radares antiaéreos (defesa antiaérea); e
a produção de munições, armamento e equipamento individual do
combatente, aproximando-os das tecnologias necessárias ao combatente do futuro.
Entende-se, pois, que as tarefas acima indicam a necessidade de o Exército
focar em um projeto de sistema de monitoramento da fronteira brasileira, apoiado em
ciência e tecnologia, e que permita integração com os vários órgãos
governamentais.
3.5 AMPARO LEGAL PARA EMPREGO DAS FORÇAS ARMADAS
3.5.1 Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999
A Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, que dispõe sobre as
normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas,
alterada pela Lei Complementar nº 117, de 2 de setembro de 2004, e pela Lei
Complementar no 136, de 25 de agosto de 2010 (BRASIL, 1999), estabelece em seu
Art. 16-A que cabe às Forças Armadas, além de outras ações pertinentes, também
como atribuições subsidiárias, preservadas as competências exclusivas das polícias
judiciárias, atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira
terrestre, no mar e nas águas interiores, independentemente da posse, da
propriedade, da finalidade ou de qualquer gravame que sobre ela recaia, contra
delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com outros
órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações de:
patrulhamento;
revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de
aeronaves; e
prisões em flagrante delito.
34
Ainda segundo a Lei Complementar nº 97, previsto em seu Art. 17-A, cabe
ao Exército, como atribuições subsidiárias particulares, além de outras ações
pertinentes, cooperar com órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão
aos delitos de repercussão nacional e internacional, no território nacional, na forma
de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução.
Com os dispositivos legais acima, fica explícito que cabe às Forças Armadas
atuar na faixa de fronteira contra os delitos transfronteiriços e ambientais, o que
exige uma capacitação e um reaparelhamento adequados à manutenção da
segurança baseada no trinômio monitoramento/controle, mobilidade e presença,
citado na END.
3.5.2 Plano Estratégico de Fronteiras
O Decreto nº 7.496, de 8 de junho de 2011 (BRASIL, 2011) instituiu o Plano
Estratégico de Fronteiras (PEF) com vista ao fortalecimento da prevenção, controle,
fiscalização e repressão dos delitos transfronteiriços e dos praticados na faixa de
fronteira brasileira.
O PEF tem como diretrizes a atuação integrada dos Órgãos de Segurança
Pública, da Secretaria da Receita Federal do Brasil e das Forças Armadas e, ainda,
a integração com os países vizinhos.
Pode-se verificar, abaixo, os objetivos do PEF:
a integração das ações de segurança pública, de controle aduaneiro e
das Forças Armadas com a ação dos Estados e Municípios situados na faixa de
fronteira;
a execução de ações conjuntas entre os órgãos de segurança pública,
federais e estaduais, a Secretaria da Receita Federal do Brasil e as Forças
Armadas;
a troca de informações entre os órgãos de segurança pública, federais
e estaduais, a Secretaria da Receita Federal do Brasil e as Forças Armadas;
a realização de parcerias com países vizinhos para atuação nas ações
de fortalecimento da prevenção, controle, fiscalização e repressão dos delitos
transfronteiriços e dos delitos praticados na faixa de fronteira; e
35
a ampliação do quadro de pessoal e da estrutura destinada à
prevenção, controle, fiscalização e repressão de delitos na faixa de fronteira.
O PEF será efetivado mediante a realização, entre outras, das seguintes
medidas:
ações de integração federativa entre a União e os estados e municípios
situados na faixa de fronteira;
implementação de projetos estruturantes para o fortalecimento da
presença estatal na região de fronteira; e
ações de cooperação internacional com países vizinhos.
As ações do PEF estão sendo implementadas por meio de Gabinetes de
Gestão Integrada de Fronteira (GGIF) e do Centro de Operações Conjuntas (COC).
Os GGIF têm como objetivo a integração e a articulação das ações da União
previstas para as ações de prevenção, controle, fiscalização e repressão dos delitos
transfronteiriços e dos praticados na faixa de fronteira, com as ações dos estados e
municípios. Cada GGIF é constituído por ato do Governo Estadual e será composto
pelas autoridades federais e estaduais que atuam na prevenção, controle,
fiscalização e repressão dos delitos transfronteiriços e praticados na faixa de
fronteira e por representantes dos Gabinetes de Gestão Integrada Municipal da
região de fronteira.
O COC é composto por representantes de todas as instituições partícipes
das operações que estiverem em curso, e tem como sede as instalações do
Ministério da Defesa.
3.5.2.1 Operações Ágata
O PEF é materializado por intermédio de duas operações principais: a
Sentinela e a Ágata.
A Operação Sentinela é coordenada pelo Ministério da Justiça, tem cunho
permanente, e envolve o trabalho da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária
Federal (PRF) e da Força Nacional de Segurança (FNS). A referida operação,
entretanto, não será a bordada neste trabalho.
A Operação Ágata, segundo Zaia (2013, p. 174), é uma ação conjunta das
Forças Armadas, coordenada pelo Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas
(EMCFA) e sob a responsabilidade do Ministério da Defesa (MD). A Operação
36
materializa no tempo e no espaço os objetivos de presença e proteção das fronteiras
preconizados no PEF. As Operações Ágata são realizadas em períodos
predeterminados, oportunidade em que os países fronteiriços são comunicados
previamente e convidados a auxiliarem nas atividades, posicionando tropas ou
observadores em seus territórios, a fim de acompanharem as operações do lado do
Brasil. Essas Operações contam com ações de vigilância e fiscalização do espaço
aéreo e dos principais rios e estradas que dão acesso ao território nacional,
proporcionando, inclusive, assistência médica, odontológica, hospitalar e social às
comunidades, povoados e cidades isoladas.
Neste ano de 2014, ocorreu a oitava edição da operação, a Ágata 8, no
período de 10 a 21 de maio e, segundo dados do Portal Brasil (CIDADANIA, 2014),
o Ministério da Defesa divulgou os seguintes resultados mais expressivos:
Apreensão de cerca de 40 toneladas de entorpecentes que seguiriam
para os grandes centros do País, como São Paulo e Rio de Janeiro (mais que o
dobro dos 19 mil quilos retirados de circulação no ano passado, durante a Ágata 7).
Realização de 122.428 inspeções em veículos, 7.776 inspeções em
embarcações e mais de 20 mil revistas de pessoal;
Apreensão de 206 barcos, 126 automóveis e 28 armas;
Apreensão de 58 metros cúbicos de madeira nas áreas de floresta, por
intermédio de fechamento de cerco a madeireiros ilegais;
Realização de 12.443 atendimentos em diversas especialidades
médico-hospitalares e 16.655 odontológicas com distribuição, inclusive, de 226.346
remédios.
Recuperação de 62 km de trechos de rodovias e realização de
manutenção e reparo em 104 instalações públicas.
A realização das Operações Ágata bem demonstra o significativo avanço
das Forças Armadas em superar os obstáculos que normalmente enfrentam na
atuação conjunta e interagência, o que explica o caráter temporário das Operações.
A integração entre as Forças Armadas e as agências governamentais é fator
preponderante ao sucesso da operação a fim de efetivar o objetivo maior do PEF,
qual seja, aumentar a presença do Estado na faixa de fronteira, assim como
assegurar-lhe a necessária segurança.
37
3.6 CONCLUSÃO PARCIAL
Parcialmente e à luz dos documentos anteriormente descritos, conclui-se
que o serviço de polícia de fronteira é de competência da União conforme prevê a
Constituição Federal, por ser a faixa de fronteiras área indispensável à segurança do
território nacional, o que é ratificado na PND. Complementa, ainda, que, para a
preservação da segurança, as ações a serem desenvolvidas não só devem visar à
defesa externa, mas também a segurança pública e a ambiental, tudo apoiado na
expressão científico-tecnológica que lhe dá suporte.
Por outro lado, a END, coerente com a PND, trata de reorganizar e
reorientar as Forças Armadas sob a égide do trinômio monitoramento/controle,
mobilidade e presença, o que deve ser realizado com forte apoio em ciência e
tecnologia, cabendo ao Exército priorizar o sistema de monitoramento de fronteiras.
Há de se fazer menção também à Lei Complementar nº 97, que atribui às
Forças Armadas a missão de atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na
faixa de fronteira terrestre o que, combinado com o PEF, deve ser feito de forma
integrada com os Órgãos de Segurança Pública e demais agências governamentais,
inclusive, nos níveis estadual e municipal, caracterizando assim o aumento da
presença do Estado na fronteira brasileira, fato que vem sendo caracterizado com
êxito por intermédio das Operações Ágata.
Isto posto, entende-se que os instrumentos de alto nível do Estado sugerem
a necessidade de o Exército priorizar, dentre outros, o projeto do sistema de
monitoramento da fronteira brasileira, que será abordado a seguir, apoiado em
ciência e tecnologia, e que permita a integração não só com as demais Forças
Singulares como também com outros órgãos governamentais.
38
4 SISTEMA INTEGRADO DE MONITORAMENTO DE FRONTEIRAS
4.1 ANTECEDENTES
Segundo consta na publicação do Estado-Maior do Exército (EME) Processo
de Transformação do Exército (BRASIL, 2010), a assinatura, pelo Presidente da
República, da Estratégia Nacional de Defesa, em dezembro de 2008, constituiu-se
em marco histórico na evolução do pensamento de defesa no País. Pela primeira
vez, o poder político tomou a si a responsabilidade de definir os parâmetros que
balizariam a evolução do segmento militar no contexto da estrutura de defesa
nacional, o que faz recair sobre as Forças Armadas renovadas atribuições,
principalmente no sentido de apresentar planejamentos com capacidade de
respaldar e motivar decisões políticas e econômicas por parte do Governo Federal.
O documento estabelecia que cada Força elaborasse planos de estruturação
e de equipamento, a serem apresentados num prazo de seis meses. Em
consequência, no mês de junho de 2009, o Comandante do Exército entregou a
Estratégia Braço Forte ao Ministério da Defesa (MD), que passou a trabalhar na
integração com os planos correspondentes da Marinha e da Força Aérea. A
Estratégia Braço Forte, em sua estrutura principal, constou de 823 projetos
organizados em quatro grandes programas referentes à articulação e ao
equipamento, a serem desdobrados em curto, médio e longo prazos (2014 – 2022 –
2030).
No que se refere à articulação, o EB elaborou dois programas:
• Programa Amazônia Protegida: abrangendo três projetos principais, a
saber, Pelotões Especiais de Fronteira, Sistema Integrado de Monitoramento de
Fronteira (SISFRON) e Reestruturação das Brigadas de Selva, completando e
modernizando seus sistemas operacionais.
• Programa Sentinela da Pátria: destinado à reestruturação e à
modernização de todas as Brigadas e estruturas dos demais Comandos Militares de
Área.
No tocante ao equipamento, o planejamento se desdobra em duas vertentes:
• Programa Mobilidade Estratégica, que incidiria sobre o Exército do
presente, por meio do qual se pretendia completar e modernizar os equipamentos e
as dotações de suprimentos. As ações de curto prazo teriam caráter de urgência
39
para que, até 2014, a Força Terrestre tivesse assegurado os níveis mínimos
necessários ao adequado desenvolvimento das suas atividades de preparo e
emprego e, com isso, restabelecido a sua capacidade dissuasória mínima. As
aquisições desse programa deveriam equilibrar a garantia da capacidade de
dissuasão; as quantidades suficientes para equipar as unidades; a prioridade para
produtos nacionais; e o máximo avanço tecnológico possível.
• Programa Combatente Brasileiro do Futuro – COBRA – destinado a
equipar o Exército do futuro. Por intermédio de projetos de Ciência e Tecnologia,
desenvolveria os sistemas de armas a serem adotados a partir de 2014, dando
cumprimento a um dos três chamados eixos estruturantes contidos na END, que
consiste em fortalecer a Indústria Nacional de Material de Defesa.
No prosseguimento dos trabalhos, após a entrega dos planos, o Projeto do
Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) ganhou
proeminência, por abrigar ideias-força de grande apelo perante a opinião pública e
por conter respostas para problemas em evidência e de difícil solução para o Estado
brasileiro.
Além da vigilância da fronteira amazônica e dos consequentes benefícios
naturalmente relativos àquela região, como a preservação ambiental e a proteção de
comunidades indígenas, o Projeto elevaria a capacidade de monitorar e controlar as
fronteiras do Centro-Oeste e do Sul e ensejaria muito maior eficiência na resposta
operacional aos eventuais alertas a serem proporcionados pelo sistema. Com isso,
estar-se-ia antecipando-se no atendimento das demandas por parte do governo e da
sociedade no sentido de contribuir para a segurança nos centros urbanos, por meio
do ganho de eficiência no apoio ao combate ao narcotráfico e ao contrabando de
armas.
Esse anseio pela atuação das Forças Armadas potencializou-se a partir da
aprovação das modificações da Lei Complementar 97/99 (alterada pelas Leis
Complementares 117/04 e 136/10) e da proximidade dos grandes eventos
esportivos que o Brasil sediaria – Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016.
Além desse apelo natural, o Projeto estaria sob o auspício do acordo Brasil-França,
o que elevaria consideravelmente a possibilidade de alocação de recursos por meio
de crédito externo. Esse benefício estender-se-ia a todos os projetos da Estratégia
Braço-Forte, pois eles podem, convenientemente, ser caracterizados como parte
integrante dos vários subsistemas do SISFRON, que será descrito adiante.
40
Quadro 1: Estratégia Braço Forte. Fonte: Estado-Maior do Exército (EME) Processo de Transformação do Exército (BRASIL,
2010).
4.2 O SISTEMA
4.2.1 Definição
A definição do Sistema é bem apresentada por intermédio de matéria
veiculada em periódico do Exército (SISFRON, 2012) que esclarece que o SISFRON
é um sistema integrado de sensoriamento, de apoio à decisão e de emprego
operacional cujo propósito é fortalecer a presença e a capacidade de ação do
Estado na faixa de fronteira.
O Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército – CCOMGEX
(BRASIL, 2014), em seu endereço eletrônico, esclarece que o esforço
governamental para manter controle efetivo nas fronteiras terrestres requer
acompanhamento preciso, perene e multidisciplinar de atividades que possam
assumir características perniciosas, lesivas, ou até mesmo ameaçadoras aos
interesses nacionais, em toda a zona de fronteira terrestre.
41
Para tanto, torna-se necessária a atualização e a ampliação de meios
capazes de coletar, tratar e veicular informações aos órgãos encarregados das
ações governamentais que darão respostas práticas ao disposto pelo Governo
Federal.
Tirando proveito da considerável capilaridade de presença do Exército
Brasileiro por toda a extensão do território nacional, em especial ao longo da zona
de fronteira, o SISFRON mostra-se uma solução eficiente e eficaz a
responsabilidade primária de aquisição e gerenciamento das informações,
permitindo um apoio com melhor eficiência às demais entidades governamentais
envolvidas na tarefa de vigiar e proteger as fronteiras.
O Sistema preocupa-se com todos os aspectos funcionais que compõem a
resposta à atribuição de monitorar e defender os mais de 16.000 quilômetros de
fronteira terrestre brasileira, abrangendo uma área de aproximadamente 27% do
território nacional, o que potencializará o emprego das organizações subordinadas
aos Comandos Militares da Amazônia, do Oeste e do Sul.
Diante da multiplicidade de atividades envolvidas na vigilância da extensa
faixa territorial fronteiriça, o Sistema deve ter por proposta a capacidade de interagir
com as mais diversas entidades governamentais potencialmente envolvidas, dentre
elas:
Comando da Aeronáutica;
Comando da Marinha;
Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA);
Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM);
Agência Brasileira de Inteligência (ABIN);
Ministério da Agricultura e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET);
Ministério da Saúde;
Defesas Civis dos Estados Fronteiriços – Governos Estaduais;
Ministério da Justiça, por meio do Departamento da Polícia Federal
(DPF) e do Departamento da Polícia Rodoviária Federal (DPRF);
Ministério da Fazenda e da Secretaria da Receita Federal do Brasil
(RFB);
Ministério do Meio Ambiente;
Ministério da Defesa; e
42
Forças Aliadas, no contexto da União de Nações Sul-Americanas
(UNASUL)6.
Por outro lado, o SISFRON ainda atende às orientações estratégicas do
Plano Estratégico de Fronteiras, particularmente no que diz respeito à
implementação de projetos estruturantes para o fortalecimento da presença estatal
na região de fronteira e à atuação integrada dos OSP e das Forças Armadas, bem
como de outras agências governamentais.
O SISFRON proporcionará ambiente favorável para diversas
experimentações doutrinárias, das quais deverão resultar transformações dos
sistemas operacionais e administrativos, que terão impacto significativo sobre a
estrutura do Exército como um todo nos próximos anos.
Desse modo, o SISFRON tornou-se prioritário para o Exército e passou a ser
componente relevante para a Estratégia Braço Forte. Passou, ainda, a integrar o
Plano Plurianual (PPA) 2012-2015 – Plano Mais Brasil, como empreendimento de
grande porte.
4.2.2 Concepção
O SISFRON foi concebido por iniciativa do Comando do Exército atendendo
à orientação da END no que concerne à organização das Forças Armadas sob a
égide do trinômio monitoramento/controle, mobilidade e presença. O sistema
enfatiza o adensamento de Unidades das Forças Armadas nas fronteiras e
impulsiona a capacitação da indústria nacional para a conquista da autonomia em
tecnologias indispensáveis à defesa.
Enquadrado no escopo da definição acima e segundo o CCOMGEX
(BRASIL, 2014), o Sistema tem como intuito permitir coletar, armazenar, organizar,
processar e distribuir dados necessários à gestão das atividades governamentais
6 A União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) é uma organização formada pelos doze países da
América do Sul cujo tratado constitutivo foi aprovado em 23 de maio de 2008 e que tem como objetivo construir, de maneira participativa e consensual, um espaço de articulação no âmbito cultural, social, econômico e político entre seus povos. Prioriza o diálogo político, as políticas sociais, a educação, a energia, a infraestrutura, o financiamento e o meio ambiente, entre outros, com vistas a criar a paz e a segurança, eliminar a desigualdade socioeconômica, alcançar a inclusão social e a participação cidadã, fortalecer a democracia e reduzir as assimetrias no marco do fortalecimento da soberania e independência dos Estados. Dez dos dose países da América do Sul já depositaram seus instrumentos de ratificação, a saber, Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. (BRASIL. [S. I.])
43
que visam a manter o monitoramento das áreas de interesse do território nacional,
particularmente da faixa de fronteira terrestre, servindo também para oferecer
subsídios a iniciativas integradas de cunho socioeconômico que propiciem o
desenvolvimento sustentável das regiões contíguas.
Ainda segundo o CCOMGEX, o SISFRON foi concebido visando ao
atingimento dos seguintes objetivos:
Dotar o Exército dos meios necessários para exercer o monitoramento
e o controle contínuo e permanente de áreas de interesse do território nacional,
aumentando a presença do Estado, particularmente na faixa de fronteira terrestre,
garantindo fluxo ágil e seguro de informações confiáveis e oportunas, de modo a
possibilitar o exercício do comando e controle em todos os níveis de atuação do
Exército, segundo a sua destinação constitucional;
Prover estruturas físicas e lógicas adequadas ao ciclo de comando e
controle em todos os níveis do processo decisório, contemplando enlaces
apropriados para comunicação entre todos os escalões da força terrestre, com
capacidade de transmissão compatível com a missão e possibilidade de operar em
rede, conforme estabelecido na END;
Preparar o combatente da Força Terrestre para operar em ambiente de
alta tecnologia, adaptando-o à consciência situacional ampliada e ao conceito da
guerra centrada em redes;
Consolidar a capacidade nacional em sistemas de monitoramento,
vigilância e reconhecimento, mobilizando a base industrial de defesa e organizações
integradoras nacionais, de modo a assegurar independência tecnológica na
manutenção, ampliação e perene atualização do Sistema.
Cooperar com as ações governamentais na promoção das atividades
de interesse da segurança nacional, segurança pública, desenvolvimento social e
econômico, podendo realizar operações isoladas ou em conjunto com as outras
Forças Armadas ou, ainda, em operações interagências, com outros órgãos
governamentais.
44
Quadro 2: Concepção Geral do SISFRON . Fonte: SISFRON - Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON, 2012).
4.2.3 Benefícios Institucionais e Sociais
O SISFRON trará, também, os seguintes benefícios para a nação:
- No Campo Político
integração regional; a cooperação militar com Forças Armadas dos
países vizinhos;
aumento da presença do Estado na região fronteiriça; e
integração entre órgãos de governo.
- No Campo Econômico
geração de empregos pelo incentivo à indústria nacional de defesa;
elevação da capacitação tecnológica da base industrial de defesa; e
diversificação da pauta de exportação;
- No Campo Militar
aumento da capacidade de vigilância e monitoramento na região de
fronteira;
efetivação da Estratégia da Presença;
melhoraria da capacidade de apoio às operações de GLO e Ações
Subsidiárias;
presteza no atendimento de emergências (Defesa Civil); e
45
salto tecnológico.
Para a sociedade o SISFRON será um vetor de melhoria na qualidade de
vida; ampliará a presença do Estado junto a populações de regiões desassistidas;
aumentará a segurança e o desenvolvimento de atividades como telesaúde e ensino
a distância com emprego de recursos de Tecnologia de Informação (TI) e
comunicações.
Na área sócio-ambiental, o SISFRON trará como benefício a atuação no
esforço visando à preservação ambiental, à proteção da biodiversidade, ao combate
aos ilícitos ambientais e à proteção das populações indígenas.
Por fim, como benefício, ainda, o SISFRON contribuirá na área da
segurança pública no combate ao narcotráfico, ao contrabando de armas, aos ilícitos
transfronteiriços, ao CO e à imigração ilegal, aumentando assim a segurança dos
centros urbanos.
4.2.4 Estrutura
O SISFRON, como parte do Sistema de Comando e Controle da Força
Terrestre (SC2FTer), compreenderá interfaces apropriadas com sistemas
congêneres das outras Forças Militares e demais órgãos governamentais
contribuindo, desde sua implantação, para a interoperabilidade. É no contexto do
Sistema acima que se insere o SISFRON, que se constitui em um Sistema de
Comando e Controle (C2) para a região de fronteira terrestre.
Sua arquitetura sistêmica é constituída dos seguintes subsistemas:
Sensoriamento; Apoio à decisão; Atuação; Tecnologia da Informação e
Comunicações; Segurança da informação; Simulação e capacidade de recursos
humanos; e Logístico.
Subsistema de Sensoriamento: inclui meios para sensoriamentos
especializados que suportam as diversas ações de vigilância, reconhecimento e a
obtenção de dados para a Inteligência. Os meios de sensoriamento previstos
compreendem radares de vigilância aérea e terrestre, radares e estações
meteorológicas, sensores óticos e de sinais eletromagnéticos, de característica
portátil, transportável, embarcada ou fixa, incluindo ainda as plataformas para sua
instalação. O potencial emprego de sistemas e equipamentos nacionais
desenvolvidos para operar de acordo com as peculiaridades do ambiente
46
Amazônico, como radares de abertura sintética (SAR)7 que detectam alvos abaixo
da cobertura vegetal, serão de importância estratégica para eficiência do
subsistema.
Subsistema de Apoio à Decisão: compreende as capacidades de tratar
os dados coletados pelos sensores, valendo-se do segmento de fusão de dados e
do segmento de visualização de informações. Provê ao decisor, em qualquer nível,
uma precisa consciência situacional integrada ao ambiente de operações, para que
possa escolher a melhor forma de atuação a fim de elaborar seu planejamento para,
em tempo hábil, repassá-lo para execução dos responsáveis em dar uma resposta
efetiva às ameaças presentes na situação atual e futura. Por se tratar de um
subsistema crítico e estratégico, o emprego de sistemas e equipamentos nacionais
será de fundamental relevância não apenas na implantação e capacitação
autônoma, mas também na integração futura de sistemas de outros órgãos
governamentais e desenvolvimento futuro de novas funcionalidades, sistemas e
equipamentos correlatos.
Subsistema de Atuação: inclui plataformas e meios necessários para
prover apoio ao combatente e capacidade de implementação de uma resposta
rápida, sempre em sinergia com as plataformas e meios dos demais órgãos
governamentais.
Subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações: integra
todos os meios para possibilitar o tráfego de informações táticas e estratégicas entre
os componentes do SISFRON e entre este e os sistemas correlatos. Sua
infraestrutura de comunicações possuirá redes de comunicação de dados e voz,
visando à integração dos diversos órgãos envolvidos e à disseminação de
informações pertinentes às funções e atribuições de cada parte do sistema, de forma
contínua, sem interrupções, esteja ela fixa ou em movimento. Utiliza enlaces diretos
entre estações terrestres e espaciais. Os meios de comunicação entre órgãos
governamentais são redundantes e seguros para manter o sigilo das informações
trafegadas, incluindo as operacionais, administrativas e logísticas.
7 O Radar de Abertura Sintética (SAR – Syntetic Aperture Radar) é um radar que não tem como
produto final uma simples detecção em tela, mas sim a geração de uma imagem que, dependendo da resolução, pode fornecê-la com alto grau de detalhamento do terreno e até mesmo dos meios nele existente. Sua antena é disposta ao longo da fuselagem de uma aeronave voltada para um dos lados, inclinada para a superfície, produzindo um feixe que produz imagens transversalmente à linha de voo, enquanto o movimento da aeronave produz a cobertura longitudinal. Opera independente das condições atmosféricas ou de luminosidade. (PINTO, 2006).
47
Subsistema de Segurança de Informações e Comunicações:
compreende todos os meios para garantir comunicações seguras, íntegras e
proteção de ataques cibernéticos, permeando todo o SISFRON. Está dividido nos
seguintes grandes segmentos: segurança das comunicações, controle de acesso e
defesa cibernética.
Subsistema de Simulação e Capacitação: intrinsecamente ligado ao
Subsistema de Apoio à Decisão, inclui um Centro de Simulação e Treinamento
responsável por formar operadores para o SISFRON, meios de capacitação em
manutenção e Células para Aprendizagem a Distância. Os meios empregados nesse
subsistema deverão ser aplicados ainda, principalmente em áreas remotas da
Amazônia, em projetos de cunho social como Ensino a Distância e Integração
Digital.
Subsistema Logístico: destina-se a apoiar o funcionamento do
SISFRON, incluindo meios para o monitoramento dos demais subsistemas, meios e
infraestrutura para Suprimento, Transporte e Manutenção.
O Sistema contempla, ainda, a implantação de novas estruturas
organizacionais, entre as quais:
Centro de Monitoramento de Fronteiras, localizado em Brasília, com a
missão de realizar a gestão do Sistema implantado, desempenhando tanto
atividades correntes (operação, logística integrada, capacitação, simulação, etc.)
como atividades orientadas para a avaliação, melhoria e evolução do Sistema;
Centros Regionais de Monitoramento, localizados nas sedes dos
Comandos Militares de Área, com a finalidade de apoiar regionalmente os comandos
considerados nas atividades correntes do Sistema; e
Centros Regionais de Interação, estabelecidos, quando necessário, em
complemento aos centros de operações, com o propósito de apoiar a atuação
integrada durante as ações interagências.
48
Quadro 3: Subsistemas do SISFRON . Fonte: SISFRON - Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON, 2012).
4.2.5 Projeto-Piloto
Inicialmente, o SISFRON foi concebido para atender à área da região
amazônica, porém, segundo Leite (2013), em reuniões do Alto Comando do
Exército, o Comandante Militar do Oeste apresentou argumentação consistente
propondo que o Projeto Piloto de implantação do Sistema começasse pelo CMO, no
que foi atendido em virtude de ser na área daquele Comando Militar onde estão as
fronteiras com os países de onde provem a maior parte das drogas consumidas no
Brasil. São fronteiras secas na sua maior parte e nos trechos onde são rios, os
mesmos são de fácil travessia, muitas vezes sem necessidade de embarcações.
A área de responsabilidade do CMO compreende os Estados do Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul que fazem fronteira com a Bolívia e o Paraguai, em
uma extensão de cerca de 2.500 Km. Para cumprir sua missão o CMO dispõe de
três Brigadas, ou seja, a 4º Brigada de Cavalaria Mecanizada, com sede na cidade
de Dourados-MS, a 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, com sede em Cuiabá-MT
e a 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira, com sede em Corumbá-MS.
O Projeto-Piloto foi implementado na área da 4º Brigada de Cavalaria
49
Mecanizada, tendo em vista que suas Organizações Militares subordinadas estão
todas na linha de fronteira e dominam as principais estradas que demandam dos
países lindeiros facilitando, assim, tanto as ações de defesa externa como aquelas
que visam ao exercício do poder de polícia no combate aos crimes transnacionais e
ambientais.
O Projeto-Piloto começou pela fronteira sul do Estado do Mato Grosso do
Sul, em virtude do grande volume de ilícitos que incidem naquela região e também
porque lá poder-se-á demonstrar a eficácia do projeto mesmo durante sua
implantação.
Esse Projeto se destina, entre outras finalidades, a avaliar, reajustar e refinar
as definições preliminares do Sistema, possibilitando sua implementação de forma
efetiva e adequada nas demais regiões do País, ou seja, no CMA e CMS.
Mapa 4: Área de responsabilidade da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada – Projeto-Piloto.
Fonte: Palestra do General Oliveira ao Curso Superior de Defesa (AMARAL, 2014).
Segundo palestra do General Oliveira (AMARAL, 2014) e de acordo com
previsão do Projeto Básico, o período de implantação do SISFRON é de 10 anos, a
50
um valor estimado de R$ 11,992 bilhões, sendo R$ 5,930 bilhões para a
infraestrutura tecnológica, R$ 3,002 bilhões para a infraestrutura de obras civis e R$
3,060 bilhões para a infraestrutura de apoio à atuação operacional.
Quadro 4: Planejamento de implantação do SISFRON .
Fonte: Palestra do General Oliveira ao Curso Superior de Defesa (AMARAL, 2014).
4.2.6 Integração com outros órgãos
Pode-se verificar também na matéria SISFRON (2012) que o Sistema
proporcionará melhores condições para a atuação do Exército, de forma integrada
com órgãos civis e militares nos níveis federal, estadual ou municipal, inclusive com
órgãos de países vizinhos. O foco do Sistema é o apoio à realização de Operações
Interagências, como as Operações Ágata e outras operações que são conduzidas
regularmente na faixa de fronteira.
Para tanto, o Projeto tem como meta a interação com sistemas congêneres,
tais como o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), do Ministério da Defesa, o
Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), da Marinha do Brasil, e o
Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), do Comando da
Aeronáutica. Também prevê a criação de ambientes apropriados para o trabalho
interagências, bem como o estabelecimento de ligações entre os Centros de
51
Operações das Unidades, Brigadas e Comandos Militares de Área com os
Gabinetes de Gestão Integrada de Fronteiras (GGIF), existentes nos níveis estadual
e municipal.
O planejamento da aquisição de meios observará, além da doutrina, o
princípio da eficiência, evitando-se a interferência nas atribuições dos demais órgãos
e a desnecessária duplicação de esforços no mesmo espaço geográfico.
4.3 SITUAÇÃO ATUAL
Atualmente, as fases iniciais de concepção, planejamento, estruturação e
contratação já foram superadas. A efetivação do Projeto-Piloto do SISFRON já está
ocorrendo com a entrega de equipamentos realizada na área da 4a Brigada de
Cavalaria Mecanizada, com prioridade, e em algumas Unidades Militares de outras
Brigadas localizadas na faixa de fronteira.
Segundo Leite (2013), o Projeto-Piloto está sendo implementado por
diferentes órgãos da Força, sob o acompanhamento do Escritório de Projetos do
Exército, que supervisiona e coordena todos os projetos estratégicos da Instituição.
No âmbito dos Comandos Militares de Área, o Projeto é coordenado pelos
respectivos Centros de Operações (COp)8, sendo que a efetividade maior está
ocorrendo no CMO em virtude da sua responsabilidade pelo referido Projeto.
A gerência das compras do material de alto valor tecnológico, de
sensoriamento, tecnologia da informação e das comunicações (TIC) e material de
comunicações táticas, conforme afirma Leite (2013), está com o Comando de Guerra
Eletrônica do Exército. Para tanto, já foram realizados os processos licitatórios de
aquisição de sensores, infovias e material de TIC vencidos pelas empresas SAVIS e
BRADAR, subsidiárias da Embraer.
Segundo o publicado na matéria SISFRON (2014), em 2013 foram
entregues geradores de energia, viaturas, binóculos e o primeiro lote de rádios
portáteis. Em 2014, o recebimento de equipamentos vem ocorrendo de modo mais
intenso com a entrega de centros de comando e controle fixos e móveis, do segundo
lote de rádios portáteis, de geradores de energia, de módulos veiculares de
8 Centro de Operações (COp) é uma estrutura física que, para o SISFRON, está sendo construída
visando a constitui-se na estrutura que materializa e apoia o Comando Operacional, onde funcionam as representações dos órgãos envolvidos no planejamento, coordenação, assessoria e acompanhamento das ações.
52
comunicações táticas, rotas da infovia estabelecidas por meio de torres, sensores de
vigilância e monitoramento remoto, óculos de visão noturna de intensificação de
imagem, binóculos termais, binóculos termais multifuncionais, além da entrega do
primeiro lote de sensores de sinais eletromagnéticos.
O Coronel Felix (2014), do Escritório de Projetos do Exército, detalha o que
está acima descrito enfatizando que as entregas estão ocorrendo de acordo com os
três Planos Orçamentários (PO) onde está partilhado o Projeto, a saber:
O PO 1 trata do sensoriamento e apoio a decisão, onde os binóculos e
boa parte dos materiais de comunicações adquiridos já foram entregues, assim
como já está em construção a infovia, responsável por levar as informações em
tempo real para os Centros de Operação (COp) e desses para o COp do CMO,
localizado em Campo Grande-MS.
O PO 2 refere-se ao apoio à atuação e já foram adquiridas e entregues
diversas viaturas previstas nas mais variadas tonelagem e especialidades, ou seja,
viaturas para transporte de tropas e táticas leves; caminhões combustíveis e pipas
d’agua; viaturas munck, polícia, socorro, ambulâncias; motocicletas trail e de escolta;
e geradores. Também já foram recebidos materiais individuais, barracas, cozinhas
de campanha, ferry boat (embarcações que transportam tropas e viaturas); lanchas
Guardian de reconhecimento e vigilância; empurradores e 1 balsa para o Centro de
Embarcações do CMA (CECMA). As unidades militares foram equipadas com
modernos materiais de bloqueio e controle de estradas e vias urbanas, aí incluídos
matérias óticos, de iluminação e para foto-filmagem tais como capacetes equipados
com câmeras pra transmissão de ações em tempo real. Ainda, encontra-se em
processo licitatório a aquisição de dois scanners de carga de grande porte.
O PO 3 se relaciona às obras de infraestrutura. Neste plano
estruturante já foi entregue o COp do CMO, mas ainda se encontram em construção
os COp de Dourados-MS, Ponta Porã-MS, Amambai-MS, Bela Vista-MS e Nioaque-
MS, todos no âmbito da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, e os COp da 13ª
Brigada de Infantaria Motorizada, sediada em Cuiabá-MT, e da 17ª Brigada de
Infantaria de Selva, sediada em Porto Velho-RO, assim como algumas instalações
do COp do CMS. Estão em construção também depósitos, um Posto Automático de
Lavagem e Lubrificação (PALL), algumas novas Organizações Militares e o Batalhão
de Comunicações e Guerra Eletrônica com sede em Campo Grande-MS.
53
O orçamento planejado está sendo cumprido com relativa dificuldade face
aos cortes e/ou contingenciamentos orçamentários realizados pelo governo federal,
o que atrasam a execução do Projeto, com reflexo para a sua plena concretização
no prazo de dez anos.
É importante destacar, também, que as ações de implementação do
SISFRON não estão cegamente restritas à área do Projeto-Piloto. Quando novas
oportunidades surgem no sentido de ampliação para além da área do Projeto-Piloto,
são eficientemente aproveitadas.
Por outro lado, apesar de o SISFRON ter como meta a interação com
sistemas congêneres, tais como o SIPAM, o SisGAAz e o SISDABRA, além das
ligações entre os COp das Unidades, Brigadas, Comandos Militares de Área com os
Gabinetes de Gestão Integrada de Fronteiras (GGIF), existentes nos níveis estadual
e municipal, tais ligações ainda não estão efetivadas.
As ligações estão sendo feitas no âmbito da Força Terrestre por intermédio
do Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS) e do sistema de
Comando e Controle em Combate (C2Cmb). Com os órgãos governamentais, as
ligações são feitas por intermédio de telefonia civil ou de reuniões e/ou por contatos
pessoais.
Segundo palestras proferidas na Escola de Comando e Estado-Maior do
Exército (ECEMAR) para o Curso Superior de Defesa (CSD) por Amaral (2014),
pode-se inferir que apenas o SISDABRA encontra-se em plena efetividade no que
diz respeito à defesa aeroespacial, inclusive com o COMDABRA, único comando
conjunto permanentemente ativado, em funcionamento.
O SISFRON foi idealizado em 2009 e o seu desenvolvimento iniciou-se em
2012 com o projeto-piloto, portanto, conta com aproximadamente dois anos de
existência. Atualmente, quanto à integração, apenas os trabalhos conjuntos com o
Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM)
são realizados. Com os países vizinhos as informações são transmitidas
bilateralmente, em Reunião Regional de Intercâmbio Militar (RRIM).
O SisGAAz encontra-se, ainda, em processo de tratativas e contratações
devendo ter o seu início previsto para 2015.
Portanto, os sistemas ainda não estão integrados, entretanto, tem-se como
meta a interação entre os sistemas não só das três Forças Armadas mas, também,
com outros de atores governamentais. Ainda segundo Amaral (2014), existe a visão
54
de futuro de um possível “Sistema Nacional de Defesa” integrando o SIPAM, o
SisGAAz, o SISFRON e o SISDABRA.
4.4 CONCLUSÃO PARCIAL
O SISFRON é um dos projetos estratégicos do Exército que está incluído no
escopo da Estratégia Braço Forte, consequência da aprovação da END que acenou
para a necessidade de maior participação da sociedade em assuntos de defesa e
segurança nacional.
Trata-se de um sistema integrado de sensoriamento, de apoio à decisão e
de emprego operacional cujo propósito é fortalecer a presença do Estado e a defesa
na faixa de fronteira. O sistema ainda atende às orientações estratégicas do Plano
Estratégico de Fronteiras, particularmente, na atuação integrada das Forças
Armadas com os OSP e outras agências governamentais.
Atualmente o SISFRON encontra-se em fase inicial de implantação com o
desenvolvimento do Projeto-Piloto na 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, na área
de responsabilidade do CMO. Até este ano de 2014 foram recebidos apenas
materiais individuais, de comunicações, óticos e viaturas, com previsão da entrega
de parte de alguns equipamentos sensores ainda este ano. O Sistema ainda não
está integrado com os sistemas congêneres da Marinha do Brasil e da Aeronáutica.
O salto tecnológico resultante do SISFRON, em virtude do aumento da
capacidade de monitoramento e controle do Estado na faixa de fronteira, reforçará a
capacidade de dissuasão do Poder Nacional. Permitirá, ainda, a efetivação da
Estratégia da Presença, a melhoria das operações de Garantia da Lei e da Ordem e
das ações subsidiárias, inclusive com maior presteza no atendimento de
emergências da Defesa Civil.
Entende-se ser oportuno transcrever o seguinte trecho do Livro Branco de
Defesa Nacional9 (BRASIL, 2012):
O SISFRON, em consonância com as diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa e com base em monitoramento/controle, mobilidade e presença,
9 O Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN) é um documento público, em forma de livro, que expõe a visão do governo sobre o tema da defesa, a ser apresentado à comunidade nacional e internacional. É atualizado a cada quatro anos e tem como objetivo estimular a confiança mútua entre o Brasil e os demais países, ao fazer apresentação transparente de temas sensíveis de segurança e defesa. No LBDN constam dados estratégicos, orçamentários, institucionais e materiais detalhados sobre as Forças Armadas e a defesa, da política e da estratégia de defesa, além de descrever os tipos de armas, os veículos, os navios, os aviões e as tecnologias empregadas. (BRASIL, S.I.b).
55
permitirá à Força Terrestre manter as fronteiras monitoradas e responder prontamente a qualquer ameaça ou agressão, especialmente na região Amazônica. Com a perspectiva de interligar o SISFRON aos sistemas congêneres das demais Forças, do Ministério da Defesa e de outros órgãos federais, evoluindo para um sistema integrado de monitoramento, o Sistema contribuirá para iniciativas unificadas de cunho socioeconômico que propiciem o desenvolvimento sustentável das regiões fronteiriças.
Entende-se, por fim, que o SISFRON, apesar de estar em fase inicial de
execução, é um projeto estratégico que trás em sua intenção a certeza de maior
contribuição do Exército à presença do Estado na faixa de fronteira brasileira.
56
5 CONCLUSÃO
O presente trabalho destaca um projeto estratégico do Exército que, pela
sua magnitude, reveste-se da importância de um projeto de Estado e, como tal,
suscita atenção perene por parte da Nação brasileira, beneficiária maior desse
poderoso instrumento de defesa.
Trata-se, aqui, do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras
(SISFRON), um dos projetos que compõem o Processo de Transformação do
Exército, por meio do qual a Força Terrestre procura tornar-se capaz de proporcionar
ao Brasil não só o respaldo de que necessita pra enfrentar os desafios atuais no
cenário internacional, mas também, fortalecer a presença e a capacidade de ação
do Estado na faixa de fronteira.
Assim sendo, e a fim de respaldar a existência e manutenção do referido
sistema de monitoramento, este trabalho procurou buscar resposta à obvia
indagação sobre “em que medida o SISFRON contribui para a Segurança Nacional”.
Inicialmente, há de se considerar que o projeto encontra-se, ainda, em seu
nascedouro, uma vez que está previsto para ser concluído em dez anos, período de
2012 – 2022, estando, portanto, com apenas dois anos de efetividade.
Por outro lado, deve-se verificar que, segundo consta na PND, a Segurança
é a condição em que o Estado, a sociedade ou os indivíduos se sentem livres de
riscos, pressões ou ameaças, inclusive de necessidades extremas. Atualmente, o
conceito de segurança ampliou-se de forma a abranger não só o campo militar, mas,
sobretudo, os campos político, econômico, psicossocial, científico-tecnológico e
ambiental, dentre outros.
Nesse contexto, entretanto, pode-se conceituar Defesa como sendo a ação
efetiva do Estado para se obter ou manter o grau de segurança desejado pela
nação. É, portanto, o SISFRON uma ação de defesa efetiva do Estado brasileiro
necessária a garantir-lhe a segurança na sua extensa faixa de fronteira, com reflexo
para todo o País.
A Lei nº 2.597, de 12 de setembro de 1955, ainda em vigor, e a Constituição
Federal de 1988, consideram a importância das fronteiras para a proteção dos
interesses nacionais e para a preservação e defesa da soberania, o que levou ao
estabelecimento dos 150 km de largura da faixa de fronteira terrestre como
fundamental e indispensável à defesa nacional.
57
Assim sendo, depreende-se que o SISFRON, como instrumento de defesa
voltado para a região da faixa da fronteira brasileira, está em perfeita sintonia com o
esforço do Estado visando a segurança da nação na medida em que:
cria oportunidade de integração regional por intermédio da cooperação
militar com Forças Armadas e instituições governamentais dos países vizinhos, com
possibilidade da realização de operações conjuntas;
aumenta a presença do Estado na região fronteiriça, particularmente,
pela rearticulação das Forças Armadas e pela sua participação integrada com outros
órgão governamentais integrantes de diversos ministérios, atendendo plenamente
ao preconizado pelo Plano Estratégico de Fronteiras. Tal ação permite que se
vivifique a faixa de fronteira levando atendimento às regiões extremamente
distantes, inóspitas e mais desassistidas do território nacional;
incentiva a demanda por produto de defesa, estratégico ou não,
podendo ser de emprego civil ou militar (dual), de alto valor tecnológico, o que cria
condições para elevar a capacitação tecnológica não só do parque industrial de
defesa mas de toda a base industrial de defesa. O incentivo à indústria nacional de
defesa, consequentemente, assegura a geração de empregos assim como
diversifica a pauta de exportação e incrementa o intercâmbio comercial;
incrementa a capacidade de vigilância e monitoramento da região de
fronteira aumentando, consequentemente, o controle e a segurança naquele espaço
geográfico;
melhora a capacidade de apoio às operações de Garantia da Lei e da
Ordem (GLO) e Ações Subsidiárias em virtude de maior preparo e emprego das
tropas participantes das Operações Ágata e da sua melhor equipagem com material
mais modernos;
assegura maior presteza no atendimento de emergências (Defesa
Civil) extremamente comum na região de fronteira, particularmente, nas regiões
Norte e Centro-Oeste frequentemente sujeitas a incêndios nas estações secas e
inundações nas estações chuvosas;
aumenta o desenvolvimento de atividades remotas como telesaúde e
ensino a distância com emprego de recursos de Tecnologia de Informação (TI) e
comunicações;
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participa da atuação no esforço visando à preservação ambiental, à
proteção da biodiversidade, ao combate aos ilícitos ambientais e à proteção das
populações indígenas, particularmente, nas reservas indígenas lindeira susceptíveis
de interferências de organismos não governamentais, por vezes, financiados por
outros países; e
sobretudo, combate os maiores males que assolam o País e que
encontra na fronteira uma passagem permeável, qual sejam, o narcotráfico, o
contrabando de armas, os ilícitos transfronteiriços e a imigração ilegal, tudo
apoiadores do CO, contribuindo, com isso para o aumento da segurança,
principalmente, nos centros urbanos bastante saturados pela atuação de facções
criminosas.
O SISFRON, porém, não está concluído, muito ao contrário, encontra-se em
fase inicial de seu Projeto-Piloto. Entende-se que a eficiência e a eficácia do sistema
residem no seu emprego integrado com os diversos atores partícipes, com uso de
alta tecnologia que, por ser sensível, sugere-se que seja nacional ou
preponderantemente nacional, o que deve ser permanentemente perseguido
visando à independência científico-tecnológica.
Percebe-se, também, que Exército enfrentará ainda outro desafio que é a
coordenação do sistema em um espectro de atores diversos, particularmente,
considerando que não é a única autoridade no espaço terrestre, como a Marinha do
Brasil é a autoridade naval e a Aeronáutica a autoridade aérea.
Diante desse contexto, sugere-se o desenvolvimento de uma doutrina
autóctone que atenda ao preparo e emprego dos meios, pessoal e material, que
integram o SISFRON, assim como um eficiente sistema de comando e controle que
interligue todos os sistemas, aí incluído os meios civis disponíveis.
Contudo, o Exército Brasileiro não pode perder de vista a sua missão
constitucional que é, como Força Singular, a defesa da Pátria, afastando assumir
uma postura de “polícia nacional”.
Isto posto, conclui-se que a hipótese apresentada foi confirmada, uma vez
que o SISFRON apresenta-se como um instrumento de defesa das fronteiras
brasileiras e que contribui para a manutenção da Segurança Nacional, sobretudo,
por garantir ao Brasil uma vigilância atuante e desenvolvimento crescente em várias
áreas.
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