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SOB O RÉGIO TRIBUNAL DAS LETRAS: PRÁTICAS DE CENSURA NO RIO
DE JANEIRO JOANINO
Claudio Miranda Correa
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Maíra Moraes dos Santos Villares Vianna
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
A censura na Europa, ao longo do tempo, tem sido um elemento condicionante
da cultura nas sociedades que estruturam seus estados à sombra do que a historiografia
tendeu a chamar, com muitas ressalvas, de típicas do Antigo Regime. Durante séculos, a
atividade censória esteve quase que exclusivamente sob o braço da Igreja católica, que a
praticou através de variados meios. Contribuía, para tanto, a unidade espiritual e, de
certo modo, cultural fornecida pela instituição; em contraponto com a fragmentação
política experimentada pelo continente, divido em reinos, principados e ducados mais
ou menos autônomos e com legislações variadas. Com o crescente processo de
centralização e burocratização do Estado Moderno, porém, esta tarefa tendeu à
reorganização, tornando-se cada vez mais próxima da administração secular.
Em Portugal, a partir da ascensão de D. José I ao trono e, em seguida, a de
Sebastião José de Carvalho e Melo à Secretaria de Estado, a Coroa passou a
desenvolver uma política reformista em várias áreas. Sob o “reformismo ilustrado
pombalino”, fez-se uma incorporação seletiva das ideias vindas de além-pirineus,
rechaçando tudo aquilo que ameaçasse as prerrogativas absolutistas do trono, a posse
dos domínios coloniais, a ordem social estabelecida e a ortodoxia religiosa. Com isso,
as “Luzes”, eram, em um só tempo, inspiração e alvo de crítica, servindo para reformar
o edifício do estado, sem lhe comprometer as fundações. (VILLALTA; MORAIS &
MARTINS, 2015, p. 454-456)
Nesta comunicação, trataremos da trajetória da censura aos impressos em
Portugal e no Brasil, desde sua institucionalização até as mudanças provocadas pela
transferência da Corte para o Rio de Janeiro. Nosso objetivo é demarcar as mudanças
engendradas pela conjuntura, tentando demonstrar a plasticidade dos mecanismos de
censura e salientando, principalmente, às novidades que surgiram a partir da mudança
do centro administrativo do Império Luso-brasileiro para uma porção “interiorizada” do
território (DIAS, 2009, p. 7-37). Mais do que uma mera cópia, acreditamos que as
pesquisas realizadas até aqui e as fontes levantadas para este estudo indicam a
originalidade das instituições luso-americanas criadas pelo príncipe regente a partir de
1808 (WEHLING, 2008, p. 31-37; CARVALHO, 2018, p. 32-37).
Presente em Portugal desde o início do século XVI, a censura possui uma tripla
gênese, conforme o estabelecimento das três instâncias que tomaram parte nessa tarefa.
Primeiro, o Ordinário, em 1517, passa a exercer o exame dos impressos em todo
território; em 1536, com o surgimento do Tribunal do Santo Oficio, a Inquisição se
implicou deste serviço; e, em 1576, o Desembargo do Paço completou a tríade. Essa
arquitetura institucional se desenha antes mesmo das disposições do Concílio de Trento
(1545-1563), mas intensifica-se em decorrência dele. Os dois primeiros organismos
operavam sob o controle eclesiástico, conferindo a Igreja dois terços do mando sobre as
concessões. O terceiro, o Desembargo do Paço, representava o poder real frente às
questões de caráter político, sem se furtar dos demais assuntos (VILLALTA, 2002, p.
46-49; CARREIRA, 1980, p. 31-37; MARQUES, 1963, p. 5-9).
A preponderância do poder decisória das instâncias religiosas sobre as
temporais, principalmente no caso do exame aos livros, é dado relevante para a História
Moderna. A Igreja católica travou uma batalha contra a divulgação de impressos que
atacassem os dogmas e a ortodoxia ou que simplesmente guardassem vínculos com os
autores protestantes. A publicação do Index Expurgatório de 1564 marca as
delimitações culturais que os fiéis deveriam seguir, a partir da proibição de uma lista de
títulos diversos. (BURKE, 2003, p. 128; VILLALTA, 2015, p. 172-173) As tradições
pagãs, que se apresentavam como reminiscências de um mundo no qual o cristianismo
penetrara superficialmente, faziam-se sentir por toda parte. A Reforma pronunciava uma
nova forma de ler o mundo, crítica e, portanto, perigosa. Se, por um lado, a impressa
tornara a palavra disponível a um contingente maior de leitores; por outro, os dogmas
do protestantismo forneciam as ferramentas para que o leitor realizasse uma
interpretação particular do escrito. O monopólio do saber, na perspectiva da relação
direta entre o vocábulo e o poder, colocava em lance o domínio das autoridades
eclesiásticas sobre a exegese dos textos sagrados, profanos e do mundo (GINZBURG,
2006, p. 104-105).
Todavia, as disposições estabelecidas pelos conciliares tridentinos, e em
momentos posteriores as suas reuniões – como o Index, o Catecismo Romano (1566), o
Breviário (1568), dentre outros –, destinavam-se não só ao combate às heresias
protestantes, mas igualmente à reforma da própria Igreja, uma reforma católica. Esta
tinha raízes anteriores, pautava-se na corrente de renovação espiritual da devotio
moderna, e já dera alguns sinais nas ações dos bispos pré-reformistas. São exemplos,
para o caso português, D. Diogo de Sousa, bispo do Porto e arcebispo de Braga, D.
Jorge de Almeida, bispo de Coimbra, e até o cardeal D. Afonso, em Évora e Lisboa
(PAIVA, 2014, p. 15). Jean Delumeau pontua que suas diretrizes serviram para
“clarificar a doutrina”, conservando as tradições elementares, como os sete sacramentos
e a eucaristia, decidindo, ainda, a criação dos seminários e o fortalecimento das ordens
religiosas (1994, p. 129). Os estatutos fixados nas três reuniões do Concílio pautaram a
atuação da Igreja Católica nos séculos seguintes, com variações e aperfeiçoamentos
pontuais, conformando quadros mentais e culturais, modalidades de ação e as relações
entre os bispos e o papado e entre este e as monarquias do continente europeu (PRODI,
2010, p. 7)
Em Portugal e na Espanha, no período que compreende do século XVI ao XVIII,
a vigilância sobre os impressos esteve ligada intimamente à Contrarreforma, ou
Reforma Católica, e às disposições estabelecidas pelo Concílio de Trento. Nestes países,
a ação da Inquisição e das ordens religiosas manteve tanto os livros quanto as práticas
de leitura sob atenção e suspeita (VILLALTA, 2015, p. 172-173). O Index Expurgatório
estava destinado para o uso dos inquisidores e dos funcionários régios não só no exame
prévio das obras, mas também na inspeção de livrarias, tipografias, navios e bibliotecas
particulares.
O tradicional sistema da tríplice censura português vigorou, com alguns
pequenos câmbios, até 1768. Independentes entre si e com regimentos próprios, ele
exigia paciência nos seus julgamentos, pois além da falta de regramento, eram
necessárias seis aprovações, duas de cada órgão, para que uma obra fosse liberada
(MARQUES, 1963, p. 7-9). O Ordinário, a Inquisição e o Desembargo do Paço
funcionavam cada um a sua maneira, utilizando critérios que nem sempre ficavam
claros ou que advinham simplesmente da opinião pessoal de um dos censores. Esta
situação se mostrava contraproducente, e durante a administração pombalina, num
impulso de firmar a supremacia da coroa diante da Igreja e da nobreza, procurou-se
secularizar a censura. A fundação da Real Mesa Censória, por alvará de 5 de abril de
1768, surge neste intuito. Com ela, aboliam-se as três instâncias tradicionais e se
concentrava o exame dos impressos em um único tribunal, que respondia diretamente ao
rei. Naquele momento, o alvo era mais interno do que externo, uma vez que as diversas
acusações arroladas no documento centravam-se nos jesuítas. Não se perdendo de vista,
em todo caso, as vertentes mais radicais do Iluminismo, que podiam atrapalhar a
implantação de uma política de absolutismo ilustrado em Portugal. O combate do
ministro Sebastião José de Carvalho e Melo ocorria em duas frentes distintas e
conciliáveis, uma política e outra cultural (Ibidem, p. 54-55)
No bojo das reformas administrativas, a elaboração do novo Index veio
completar as disposições acerca dos impressos. O regimento de 18 de maio de 1768
estabelecia um conjunto de dezessete regras que deviam ser observadas para a proibição
de uma determinada obra ou de uma categoria inteira de escritos. Destas, sete tratam
exclusivamente de religião, criando certa linha de continuidade à ideologia determinada
pela Santa Sé e levada a cabo pela Inquisição. Condenavam-se ao limbo da proibição os
autores ateus, protestantes, judeus, as obras de feitiçaria ou que propagassem a
superstição, a apostasia, a heresia, os papéis ímpios, e diversos outros que pudessem
levantar falsas doutrinas religiosas ou morais. Outras seis regras abordavam a política.
Nelas, destaca-se o combate aos “livros que contivessem sugestões de que se siga
perturbação do estado político e civil”, vetando-se qualquer crítica ao soberano e aos
“Direitos, Leis, Costumes, Privilégios, Concordatas e Disciplina” do reino de Portugal.
Proibiam-se, ainda, as obras dos “Pervertidos Filósofos destes últimos tempos”, aquelas
que circulassem sem a devida autoria, e por fim aquelas cuja autoria derivava de
membros da Ordem de Jesus. No campo da moral e da cultura, encontravam-se os livros
obscenos, indecentes, inflamatórios e difamatórios, de um lado, e os escolares que
fugissem ao regramento estabelecido em alvará distinto, de outro, somando quatro
regras (Ibidem, p. 47-51).
O novo regramento revelava as tendências políticas e culturais intentadas pela
Coroa. Um terço do documento ocupava-se em estabelecer diretrizes no campo
religioso, buscando afastar a ingerência da Igreja sobre a atividade censória, como já
demonstrava a unificação da censura. Em sentido mais amplo, negava-se o uso dos
meios impressos para divulgação de cabalas, superstições e práticas pagãs tradicionais
que permeavam o cotidiano das populações em plena época moderna.1 Em seguida,
tratava-se da política, acentuando as disposições centralistas do ministério de D. José I,
salvaguardava-se a manutenção da ordem e dos privilégios estabelecidos e se reforçava
o poder do Estado. Neste ínterim, a circulação das obras de autores iluministas ou dos
membros da Companhia de Jesus se fazia interdita pelo mesmo motivo, o combate
ideológico. Estes pela preeminência que haviam tomado no Reino e no além-mar sobre
diversas matérias, como apontara em sua Deducção José Seabra da Silva;2 aqueles por
meio da divulgação de escritos que criticavam elementos basilares do Antigo Regime
(FALCON & RODRIGUES, 2015, p. 454-456).
É interessante notar a ambiguidade dessas reformas que confirmam a inserção de
Portugal em um cenário mais amplo, ou pelo menos sua estrita atenção para este
cenário, dando respostas às novidades que chegavam do norte. Bem como, as
correspondências destas e dos eventos internos que faziam oscilar as estruturas de
poder. O terremoto que assolou as baixas do Tejo em 1755, dera oportunidade para a
abertura de uma etapa de reconstrução, de uma época de acentuado movimento. A
reacomodação do papel da nobreza, a renovação dos quadros políticos, econômicos e
culturais, da arquitetura de Lisboa, da relação entre Estado e Igreja, das finanças
públicas, do trato com os índios, com as companhias e com as ordens religiosas e de
tudo mais ficaram matizadas por este evento (SCHWARCZ, 2002, p. 81-117;
AZEVEDO, 2009, p. 147ss; FALCON & RODRIGUES, 2015, passim).
1 Sobre as reminiscências pagãs na época moderna, Cf.: GINZBURG, 2006; GINZBURG, 1988;
BURKE, 2010; THOMPSON, 1998. 2 SILVA, José Seabra da. Deducção Chronológica, e Analytica. [...]. Vol. 2. Lisboa: officina de Miguel
Manescal da Costa, 1767.
A partir de 1794, já sob o reinado de D. Maria I, a situação mudara
drasticamente. Além das incertezas políticas que assolavam internamente a corte
portuguesa, marcada pela “afecção melancólica” na qual se encontrava a rainha e pela
regência relutante do príncipe d. João, o clima assustador tomara conta da Europa
(POMBO, 2013, p. 65ss). Fatos como a fuga dos nobres da França, no final do ano de
1789, a fuga frustrada da real família francesa em Varennes, a Declaração de Pillnitz,
pela Áustria e Prússia, o início da guerra da primeira coalizão, o julgamento do rei em
1792 e sua execução no ano seguinte, colocaram o continente e as possessões do
ultramar em estado de alerta. Em 17 de dezembro, a Inquisição, o Ordinário e a Mesa do
Desembargo reassumiam sua função de tribunais das letras.
O alvará de 30 de Julho de 1795, por sua vez, assentava quais deveriam ser os
critérios adotados para que as três instituições realizassem as proibições (NEVES, 1999,
p. 667-669). Sua extensão denota a preocupação em organizar de forma sistemática e
racionalizada as atribuições e jurisdição de cada autoridade envolvida no exame dos
impressos. Para isto, quarenta e cinco regras estabeleciam o funcionamento e os
procedimentos que os censores deveriam seguir; outras 25 tratavam sobre os livros que
deveriam ser integralmente proibidos; e, mais duas sobre o expurgo e correção dos
livros que apresentassem méritos, podendo ser corrigidos. Para a Igreja, caberia somente
o poder de censura doutrinal para as matérias de religião, ficando resguardado seu
arbítrio espiritual. O ordinário se fazia presente na figura de maior hierarquia na
localidade, podendo ser o patriarca, o arcebispo, o bispo da diocese ou o geral da ordem.
No mesmo sentido, restituíra-se ao Santo Ofício parte da revisão, mesmo notando que a
natureza do tribunal não era doutrinal e censória, mas criminal e de inquirição. A
intenção, declarada no documento pela rainha, era manter a tradição e as prerrogativas
deste juízo antes da unificação. E, por fim, ficava o terceiro e último exame para a Mesa
do Desembargo do Paço, a quem competia vigiar para que os escritos não
corrompessem “os costumes públicos da Nação”, destruíssem as “leis e direitos da
Coroa”, e agitassem e perturbassem “a tranquilidade geral do Estado” e dos vassalos.
Nos assuntos temporais, mesmo que as duas outras instâncias pudessem atentar para
faltas, a censura era atribuição privativa da Mesa; ficando esta como a mais alta
jurisdição.3
Conforme salienta Leila Mezan Algranti, os alvarás não mudaram drasticamente
a censura após 1768, só lhe reorganizaram (1999, p. 631-663). Mas, as análises dos
censores tendiam a mudar diante de cada agitação, fosse ela interna ou externa. A
agenda dos fatos não cessava de provocar a dinâmica da política portuguesa para com os
impressos. A cada vez que a crise se acentuava ou que a situação parecia voltar a algum
equilíbrio, os livros tornavam à discussão. Tanto mais, quando o eixo sob o qual girava
o império luso-brasileiro se deslocou.
Por meio do que foi exposto, é possível identificar que a censura em Portugal
passou por várias transformações ao longo dos séculos, dialogando com o contexto
político de cada época, assim como os interesses religiosos. No caso do Brasil, a
censura atuou a partir de 1808, com a transferência da corte para o Brasil, mais
especificamente, quando o Rio de Janeiro passou a ser a sede do Império. Partindo de
tal marco, será destacado o novo contexto que se inaugurou e como a censura
acompanhou as mudanças políticas e culturais do período.
A transferência da família real Portuguesa para o Brasil, em 1808, gerou a
necessidade de realizar alterações no corpo político e administrativo da cidade devido à
importância que o Rio de Janeiro passou a ter dentro do Império. Para tanto, o espaço
urbano passou por reestruturações físicas, com a finalidade de abrigar a sede do governo
Imperial. Como destaca Algranti, as reformas foram realizadas com o objetivo de
comportar a família real e seus acompanhantes, devido à falta de espaço físico, moradia,
e do abastecimento ser insuficiente, havia poucos produtos para a manutenção dos
habitantes e os que circulavam possuíam um valor exorbitante (2004, p. 223). Dentre as
mudanças ocorridas, o Paço, antigo Palácio dos Vice-reis, foi readaptado para servir
como a base administrativa do governo. O príncipe regente, d. João, criou estruturas que
possibilitassem o funcionamento e direcionamento do Império a partir da instituição de
secretarias de governo, conselhos e tribunais. O primeiro ministério foi dividido entre a
Secretaria dos Negócios do Reino, atribuído a d. Fernando José de Portugal e Castro,
Marquês de Aguiar; a Secretaria dos Negócios Estrangeiros e da Guerra coube a d.
Rodrigo de Sousa Coutinho; e, a Secretaria dos Negócios da Marinha e Domínios
3 Alvará de 30 de Julho de 1795. Lisboa: Regia Officina Typográphica, 1795.
Ultramarinos para o Visconde de Anadia (Ibidem, p. 140; CARVALHO, 2018, p. 31).
Além disso, constava no expediente a criação do Conselho Supremo Militar e de
Justiça e do Tribunal da Mesa do Desembargo do Paço e Consciência e Ordens. A
Relação do Rio de Janeiro foi elevada a grandeza de Casa de Suplicação do Brasil. Com
uma série de atribuições que antes estavam sob responsabilidade da Câmara da cidade,
d. João decretou a 10 de maio a criação da Intendência de Polícia da Corte e do Estado
do Brasil. Dentre outros diversos orgãos que vizavam auxiliar a administração da
cidade, elevada à Corte, e do Império (Ibidem, p. 32).
Dentro dessa perceptiva, a criação da Impressão Régia foi imprescindível para
dar publicidade e conhecimento às ações de governo, além de contribuir na alteração da
vida cultural dentro da cidade. De acordo com Lúcia B. Pereira das Neves, por meio da
sua criação novas formas de sociabilidade surgiram, além de proporcionar um ambiente
civilizador na cidade (NEVES, 1999). A tipografia foi criada em 13 de maio de 1808,
data natalícia do príncipe regente, e sua instauração foi um marco do fim da proibição
de casa impressoras que perdurou durante o período colonial. Entretanto, estava
relacionada aos interesses da coroa em publicar os seus decretos, alvarás, leis e ordens
régias. Servia, assim, a uma questão burocrática. Submetida à jurisdição da Secretaria
dos Negócios Estrangeiro e de Guerra, possuía como “sua principal função: atender a
necessidade de divulgar as medidas do governo instalados no Rio de Janeiro, como atos
legislativos e papéis diplomáticos, originados de toda e qualquer repartição do serviço
real.” (NEVES & GARCIA, 2008, p. 219). Apesar da finalidade prática e de cunho
governativo, a existência da tipografia possibilitou que obras dos variados assuntos
fossem produzidas, como jornais, obras científicas, literárias, “quaisquer obras e,
sobretudo, aquelas que ajudassem a divulgar a imagem da própria monarquia, na
ausência de outra impressão.” (Idem). A princípio, ficou sob responsabilidade de sua
junta administrativa o papel de fiscalizar e censurar as obras que seriam impressas.
Cabia analisar os requerimentos enviados pelos solicitantes de impressçao, evitando que
os assuntos contrários à política, à religião e à moral fossem propagados. Tal junta era
composta pelos deputados da Mesa da Inspeção do Rio de Janeiro e da Bahia, Mariano
José Pereira da Fonseca e José da Silva Lisboa, e o oficial da Secretaria de Estado dos
Negócios Estrangeiros e da Guerra, José Bernardes de Castro (Idem).
O papel de censurar, no entanto, não permaneceu durante muito tempo sob
competência da Impressão Régia, pois a Mesa do Desembargo do Paço reivindicou tal
direito. A Mesa do Desembargo do Paço e da Consciência e Ordens foi criada através
do alvará de 22 de abril de 1808 (CARDOSO, 2008), mas a sua atuação não estava
limitada apenas às questões referentes à censura. Estava incumbida, também, da
administração do Brasil e sendo responsabilidade do oficial da secretaria de Estado,
João Alvares de Miranda Varejão, o papel de garantir seu fincionamento. O alvará
definia que a criação do tribunal tinha como finalidade garantir e estabelecer o “bem” e
“tranquilidade pública e o interesse particular dos meus fiéis vassalos.”4 Apesar de ter
sido criada enquanto um único tribunal, a Mesa do Desembargo do Paço atuava
separadamente da Mesa da Consciência e Ordens. De acordo com a documentação,
ficava sob responsabilidade da Mesa do Desembargo do Paço os assuntos referentes às
leis, decretos, ordens e além disso, das funções que até então eram de responsabilidade
do Conselho Ultramarino, excetuando-se aquelas referentes aos assuntos militares.5
Um fator que contribuiu para uma maior preocupação em relação à censura, deu-
se devido a entrada de um número maior de leitores na cidade, após a chegada da corte.
Neves destaca que o número de livreiros situados em Portugal, principalmente, os de
origem Francesa, abasteciam os comerciantes no Brasil desde fins do século XVIII e
que tal fato se intensificou após a queda de Napoleão, em 1815, devido a inserção maior
dos comerciantes franceses que estavam se refugiando da restauração na França.
Conforme Neves ressalta os livreiros franceses trouxeram para o Brasil uma literatura
com ideias relacionadas ao liberalismo e constitucionalismo, as quais tardiamente
contribuíram para um nova cultura política às vésperas da independência (NEVES,
2000).
Enquanto a censura em Portugal foi realizada pela combinação dos três
tribunais: Mesa do Desembargo do Paço, Inquisição e Ordinário, no Brasil, a censura
não seguiu a mesma lógica. Durante o período joanino, a censura prévia se manifestou
apenas pela Mesa do Desembargo do Paço, subordinando desde a impressão, circulação
e leitura de livros ao dito tribunal. Em relação aos livros que chegavam, só poderiam ser
4 ARQUIVO NACIONAL - RIO DE JANEIRO. Fundo Mesa do Desembargo do Paço, caixa 154,
doc.104. 5 Ibidem.
retirados da alfândega com a licença da mesma. Para isso, o solicitante precisava
encaminhar à Mesa uma lista contendo as informações referentes às obras que almejava
despachar e/ou obter a licença. Tais listas precisavam informar a autoria, o ano de
publicação, título, ano e local da publicação. As informações identificadas eram
essenciais para que os censores pudessem reconhecer o conteúdo das obras e informar,
por meio dos pareceres, se as obras continham assuntos políticos, religiosos e morais
inapropriados. Em alguns casos, os censores se deparavam com alguns problemas ao
redigirem seus pareceres, devido à imprecisão das listas, e, em outros casos, a
discordância entre os membros da mesa sobre a liberação de uma obra. Em relação ao
último caso, o alvará de 30 de julho de 1795, estabelecia que em tais casos cabia ao
monarca o poder decisório.6
Os censores tinham um papel de destaque dentro do aparelho de vigilância da
sociedade. Os pareceres redigidos por eles eram essenciais para combater a propagação
de livros e folhas com conteúdos inapropriados e que fizessem circular e ler por pessoas
pouco instruiídas. Diante de um cargo tão importante, Algranti destaca que, no Rio de
Janeiro, a escolha de tais homens se iniciou após a tarefa censurória ser transferida para
a Mesa do Desembargo do Paço (2004). Desde a instalação da Mesa até o fim da
censura prévia, em 1821, foram nomeados 27 censores. Apesar deste encargo ser da
Mesa do Desembargo do Paço, os estudos monstram que os censores podem ser
classificados entre aqueles que foram nomeados como censores régios (12) e os que
assumiram como censores do ordinário (11), elém de outros quatro que não estão
inseridos em nenhum das nomeações apontadas. Embora as nomeações para o cargo de
censor terem ocorrido de formas distintas, e alguns deles nunca terem exercidos o cargo,
segundo os estudos realizados por Vianna, ainda assim, é possível identificar algumas
características compartilhadas por eles (VIANNA, 2019).
De acordo com Neves: “Homens conservadores, mas esclarecidos, os censores
defendiam a adoção de ideias ilustradas para reorganizarem a sociedade, mas temiam
que nelas se escondessem as propostas de uma revolução” (NEVES, 2002, p. 124).
Além disso, eram homens letrados e bem instruídos, características necessárias para o
exercício da função. A formação era um requisito importante para a capacitação para o
6 Colleção da Legislação Portuguesa: desde a última compilação das ordenações, oferecida a El Rei
Nosso Senhor pelo desembargador Antônio D. da Silva. Lisboa: Typographia Maigrense, 1828
cargo de censor, não por acaso que nove deles frequentaram a Universidade de
Coimbra, um local que foi responsável pela formação, do que Kenneth Maxwell (1999)
denominou de “geração de 1790”, também identificada como “elite coimbrã”. Ambas as
nomenclaturas foram atribuídas aos homens que, após passar pela dita Universidade,
destacaram-se por terem ocupado cargos importantes durante o governo de d. João
(CARVALHO, 1980). Seus membros pertenciam a uma elite não apenas letrada, mas
que se emprenhava no exércio do serviço à coroa, logrando posterior reconhecimento
por meio de títulos e mercês (VIANNA, 2019).
Em relação às regras e os procedimentos censórios, nem sempre era algo claro
entre os atores envolvidos. As dúvidas entre os próprios censores explicitam alguns dos
problemas deste mecanismo, que flutuava entre o conhecimento dos regimentos e a
consciência de seus agentes. Segundo Algranti, para além da legislação, “o processo de
liberação não transcorria de forma tão cristalina assim, interpondo-se a ele uma série de
situações que demonstram a ausência de procedimentos e de normas claras, tanto dos
que exerciam a censura, quanto dos interessados na liberação das listas.” (2004, p. 141).
Muitas vezes a principal barreira pra dar prosseguimento ao processo do solicitante
estava atrelado a própria listagem encaminha à Mesa. Em diversos momentos, os
censores apontavam listas incompletas como um fator que dificultava na realização de
seus exames, por não conseguir identificar a obra e por gerar desconfiançasquanto as
intenções do solicitante.7 Tal questão contribuía na demora do andamento dos pedidos
de impressão e liberação nas alfândegas, pois era preciso que o requerente refizesse a
lista para que pudesse ser novamente analisada.
Na prática, nota-se a falta de clareza em relação aos procedimentos. O alvará de
30 de julho de 1795, publicado durante o reinado de d. Maria I, estabelecia algumas
diretrizes. Era neste Alvará que estava determinado os procedimentos censórios, o papel
dos censores, os direitos dos solicitantes à recorrem em caso de recusa da impressão,
garantia da agilidade do processo, além de identificar alguns livros e autores que deviam
ser censurados. E, pode-se considerar que tal legislação não só perdurou em Portugal,
7 ARQUIVO NACIONAL - RIO DE JANEIRO. Fundo Mesa do Desembargo do Paço, Licenças, caixa
169, pct. 01, doc. 4.
mas como no Brasil, visto que, em alguns momentos foi citado pelos atores envolvidos
no processo censório.8
A existência dos procedimentos censórios não impediu, entretanto, a entrada de
obras proibidas dentro do Império luso-brasileiro. De acordo com Neves, apesar das
proibições, persistiam as falhas nos procedimentos e avultavam meios de burlar a
censura, possibilitando o acesso a obras proibidas (NEVES, 1993). Dentro das
manobras utilizadas para enganar as autoridades, destaca-se o papel desempenhado
pelos livreiros, não apenas no Brasil, mas como nos demais domínios portugueses. Eles
driblavam os censores durante o transporte e até mesmo ao passarem pelas alfândegas.
Tinha-se o costume de importar o livro em folhas para a posterior encadernação. Assim,
os livros proibidos ficavam ocultos ao se encontrarem misturados a obras permitidas,
como missais, livros de oração, etc. Em outros casos, os livros eram interceptados antes
mesmo de chegarem à alfândega. Por último, cabe destacar que as listas eram utilizadas
também como meio de burlar esse sistema, omitindo o nome dos autores ou
mencionando de forma vaga (VILLALTA, 2015).
A censura joanina instalada no Rio de Janeiro durou até 1821, quando por meio
do decreto de 2 de março foi estabelecido do exame prévio para publicação e entrada de
impressos no Brasil. Entretanto, as obras e folhas poderiam ser censuradas após a
publicação, caso fosse identificado conteúdos que ferissem aos interesses políticos e
religiosos. Os estudos desenvolvidos por Neves (1999) destacam que o fim da censura
estava relacionado com as medidas estabelecidas pela Revolução Liberal Vintista, em
Portugal. Por meio de tal medida, é possível identificar que o controle sobre o que era
impresso e circulava não foi completamente abolido, sendo apenas alterado o
mecanismo.
Considerações finais
8 ARQUIVO NACIONAL - RIO DE JANEIRO. Fundo Mesa do Desembargo do Paço, Licenças, caixa
169, pct. 03, doc. 95 e pct. 01, doc.08.
A censura foi uma ferramenta utilizada pela monarquia portuguesa com
mecanismo de controle das ideias e manutenção do poder régio. Associada, também,
aos assuntos religiosos é possível identificar que os procedimentos censórios passaram
por algumas mudanças ao longo dos séculos com o objetivo de conter ideias que
pudessem questionar a estrutura social, política e religiosa. A transferência da corte
portuguesa para o Brasil reforçou o processo censório, no Brasil, com a Mesa do
Desembargo do Paço. O trabalho procurou apresentar tais mudanças relacionando com
o contexto político de cada época e destacando algumas semelhanças e divergências em
relação a censura em Portugal e no Brasil.
Através da análise da censura durante o período joanino foi possível identificar
que os procedimentos adotados tinham como base a lei da censura promulgada por d.
Maria I em 1795. Entretanto, no caso do Brasil foi necessário estabelecer algumas
adequações, não apenas devido ao novo ambiente cultural, mas também por conter a
atuação apenas do Desembargo do Paço. Dentro do processo, destacou-se o papel dos
censores devido a importância da etapa exercida por eles, analisando as obras indicando
que fossem vetadas aquelas que ameaçavam a ordem. Apesar da censura portuguesa
passar por reestruturações ao longo dos séculos, sendo ocaso do Brasil, uma dessas
etapas, ainda assim não foi possível conter a propagação de ideias que iam contra aos
interesses da monarquia. Da mesma forma, é possível afirmar que o fim da censura
prévia apenas serviu para facilitar o comércio de obras que já adentram no território por
vias alternativas.
FONTES
Impressas:
Alvará de 30 de Julho de 1795. Lisboa: Regia Officina Typográphica, 1795.
Colleção da Legislação Portuguesa: desde a última compilação das ordenações,
oferecida a El Rei Nosso Senhor pelo desembargador Antônio D. da Silva. Lisboa:
Typographia Maigrense, 1828.
Manuscritas:
ARQUIVO NACIONAL - RIO DE JANEIRO. Fundo Mesa do Desembargo do Paço,
caixa 154.
ARQUIVO NACIONAL - RIO DE JANEIRO. Fundo Mesa do Desembargo do Paço,
Licenças, caixa 169.
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