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SOB O RÉGIO TRIBUNAL DAS LETRAS: PRÁTICAS DE CENSURA NO RIO DE JANEIRO JOANINO Claudio Miranda Correa Universidade do Estado do Rio de Janeiro [email protected] Maíra Moraes dos Santos Villares Vianna Universidade do Estado do Rio de Janeiro [email protected] A censura na Europa, ao longo do tempo, tem sido um elemento condicionante da cultura nas sociedades que estruturam seus estados à sombra do que a historiografia tendeu a chamar, com muitas ressalvas, de típicas do Antigo Regime. Durante séculos, a atividade censória esteve quase que exclusivamente sob o braço da Igreja católica, que a praticou através de variados meios. Contribuía, para tanto, a unidade espiritual e, de certo modo, cultural fornecida pela instituição; em contraponto com a fragmentação política experimentada pelo continente, divido em reinos, principados e ducados mais ou menos autônomos e com legislações variadas. Com o crescente processo de centralização e burocratização do Estado Moderno, porém, esta tarefa tendeu à reorganização, tornando-se cada vez mais próxima da administração secular. Em Portugal, a partir da ascensão de D. José I ao trono e, em seguida, a de Sebastião José de Carvalho e Melo à Secretaria de Estado, a Coroa passou a desenvolver uma política reformista em várias áreas. Sob o “reformismo ilustrado pombalino”, fez-se uma incorporação seletiva das ideias vindas de além-pirineus, rechaçando tudo aquilo que ameaçasse as prerrogativas absolutistas do trono, a posse dos domínios coloniais, a ordem social estabelecida e a ortodoxia religiosa. Com isso, as “Luzes”, eram, em um só tempo, inspiração e alvo de crítica, servindo para reformar o edifício do estado, sem lhe comprometer as fundações. (VILLALTA; MORAIS & MARTINS, 2015, p. 454-456) Nesta comunicação, trataremos da trajetória da censura aos impressos em

SOB O RÉGIO TRIBUNAL DAS LETRAS: PRÁTICAS DE CENSURA … · Moderna. A Igreja católica travou uma batalha contra a divulgação de impressos que atacassem os dogmas e a ortodoxia

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SOB O RÉGIO TRIBUNAL DAS LETRAS: PRÁTICAS DE CENSURA NO RIO

DE JANEIRO JOANINO

Claudio Miranda Correa

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

[email protected]

Maíra Moraes dos Santos Villares Vianna

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

[email protected]

A censura na Europa, ao longo do tempo, tem sido um elemento condicionante

da cultura nas sociedades que estruturam seus estados à sombra do que a historiografia

tendeu a chamar, com muitas ressalvas, de típicas do Antigo Regime. Durante séculos, a

atividade censória esteve quase que exclusivamente sob o braço da Igreja católica, que a

praticou através de variados meios. Contribuía, para tanto, a unidade espiritual e, de

certo modo, cultural fornecida pela instituição; em contraponto com a fragmentação

política experimentada pelo continente, divido em reinos, principados e ducados mais

ou menos autônomos e com legislações variadas. Com o crescente processo de

centralização e burocratização do Estado Moderno, porém, esta tarefa tendeu à

reorganização, tornando-se cada vez mais próxima da administração secular.

Em Portugal, a partir da ascensão de D. José I ao trono e, em seguida, a de

Sebastião José de Carvalho e Melo à Secretaria de Estado, a Coroa passou a

desenvolver uma política reformista em várias áreas. Sob o “reformismo ilustrado

pombalino”, fez-se uma incorporação seletiva das ideias vindas de além-pirineus,

rechaçando tudo aquilo que ameaçasse as prerrogativas absolutistas do trono, a posse

dos domínios coloniais, a ordem social estabelecida e a ortodoxia religiosa. Com isso,

as “Luzes”, eram, em um só tempo, inspiração e alvo de crítica, servindo para reformar

o edifício do estado, sem lhe comprometer as fundações. (VILLALTA; MORAIS &

MARTINS, 2015, p. 454-456)

Nesta comunicação, trataremos da trajetória da censura aos impressos em

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Portugal e no Brasil, desde sua institucionalização até as mudanças provocadas pela

transferência da Corte para o Rio de Janeiro. Nosso objetivo é demarcar as mudanças

engendradas pela conjuntura, tentando demonstrar a plasticidade dos mecanismos de

censura e salientando, principalmente, às novidades que surgiram a partir da mudança

do centro administrativo do Império Luso-brasileiro para uma porção “interiorizada” do

território (DIAS, 2009, p. 7-37). Mais do que uma mera cópia, acreditamos que as

pesquisas realizadas até aqui e as fontes levantadas para este estudo indicam a

originalidade das instituições luso-americanas criadas pelo príncipe regente a partir de

1808 (WEHLING, 2008, p. 31-37; CARVALHO, 2018, p. 32-37).

Presente em Portugal desde o início do século XVI, a censura possui uma tripla

gênese, conforme o estabelecimento das três instâncias que tomaram parte nessa tarefa.

Primeiro, o Ordinário, em 1517, passa a exercer o exame dos impressos em todo

território; em 1536, com o surgimento do Tribunal do Santo Oficio, a Inquisição se

implicou deste serviço; e, em 1576, o Desembargo do Paço completou a tríade. Essa

arquitetura institucional se desenha antes mesmo das disposições do Concílio de Trento

(1545-1563), mas intensifica-se em decorrência dele. Os dois primeiros organismos

operavam sob o controle eclesiástico, conferindo a Igreja dois terços do mando sobre as

concessões. O terceiro, o Desembargo do Paço, representava o poder real frente às

questões de caráter político, sem se furtar dos demais assuntos (VILLALTA, 2002, p.

46-49; CARREIRA, 1980, p. 31-37; MARQUES, 1963, p. 5-9).

A preponderância do poder decisória das instâncias religiosas sobre as

temporais, principalmente no caso do exame aos livros, é dado relevante para a História

Moderna. A Igreja católica travou uma batalha contra a divulgação de impressos que

atacassem os dogmas e a ortodoxia ou que simplesmente guardassem vínculos com os

autores protestantes. A publicação do Index Expurgatório de 1564 marca as

delimitações culturais que os fiéis deveriam seguir, a partir da proibição de uma lista de

títulos diversos. (BURKE, 2003, p. 128; VILLALTA, 2015, p. 172-173) As tradições

pagãs, que se apresentavam como reminiscências de um mundo no qual o cristianismo

penetrara superficialmente, faziam-se sentir por toda parte. A Reforma pronunciava uma

nova forma de ler o mundo, crítica e, portanto, perigosa. Se, por um lado, a impressa

tornara a palavra disponível a um contingente maior de leitores; por outro, os dogmas

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do protestantismo forneciam as ferramentas para que o leitor realizasse uma

interpretação particular do escrito. O monopólio do saber, na perspectiva da relação

direta entre o vocábulo e o poder, colocava em lance o domínio das autoridades

eclesiásticas sobre a exegese dos textos sagrados, profanos e do mundo (GINZBURG,

2006, p. 104-105).

Todavia, as disposições estabelecidas pelos conciliares tridentinos, e em

momentos posteriores as suas reuniões – como o Index, o Catecismo Romano (1566), o

Breviário (1568), dentre outros –, destinavam-se não só ao combate às heresias

protestantes, mas igualmente à reforma da própria Igreja, uma reforma católica. Esta

tinha raízes anteriores, pautava-se na corrente de renovação espiritual da devotio

moderna, e já dera alguns sinais nas ações dos bispos pré-reformistas. São exemplos,

para o caso português, D. Diogo de Sousa, bispo do Porto e arcebispo de Braga, D.

Jorge de Almeida, bispo de Coimbra, e até o cardeal D. Afonso, em Évora e Lisboa

(PAIVA, 2014, p. 15). Jean Delumeau pontua que suas diretrizes serviram para

“clarificar a doutrina”, conservando as tradições elementares, como os sete sacramentos

e a eucaristia, decidindo, ainda, a criação dos seminários e o fortalecimento das ordens

religiosas (1994, p. 129). Os estatutos fixados nas três reuniões do Concílio pautaram a

atuação da Igreja Católica nos séculos seguintes, com variações e aperfeiçoamentos

pontuais, conformando quadros mentais e culturais, modalidades de ação e as relações

entre os bispos e o papado e entre este e as monarquias do continente europeu (PRODI,

2010, p. 7)

Em Portugal e na Espanha, no período que compreende do século XVI ao XVIII,

a vigilância sobre os impressos esteve ligada intimamente à Contrarreforma, ou

Reforma Católica, e às disposições estabelecidas pelo Concílio de Trento. Nestes países,

a ação da Inquisição e das ordens religiosas manteve tanto os livros quanto as práticas

de leitura sob atenção e suspeita (VILLALTA, 2015, p. 172-173). O Index Expurgatório

estava destinado para o uso dos inquisidores e dos funcionários régios não só no exame

prévio das obras, mas também na inspeção de livrarias, tipografias, navios e bibliotecas

particulares.

O tradicional sistema da tríplice censura português vigorou, com alguns

pequenos câmbios, até 1768. Independentes entre si e com regimentos próprios, ele

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exigia paciência nos seus julgamentos, pois além da falta de regramento, eram

necessárias seis aprovações, duas de cada órgão, para que uma obra fosse liberada

(MARQUES, 1963, p. 7-9). O Ordinário, a Inquisição e o Desembargo do Paço

funcionavam cada um a sua maneira, utilizando critérios que nem sempre ficavam

claros ou que advinham simplesmente da opinião pessoal de um dos censores. Esta

situação se mostrava contraproducente, e durante a administração pombalina, num

impulso de firmar a supremacia da coroa diante da Igreja e da nobreza, procurou-se

secularizar a censura. A fundação da Real Mesa Censória, por alvará de 5 de abril de

1768, surge neste intuito. Com ela, aboliam-se as três instâncias tradicionais e se

concentrava o exame dos impressos em um único tribunal, que respondia diretamente ao

rei. Naquele momento, o alvo era mais interno do que externo, uma vez que as diversas

acusações arroladas no documento centravam-se nos jesuítas. Não se perdendo de vista,

em todo caso, as vertentes mais radicais do Iluminismo, que podiam atrapalhar a

implantação de uma política de absolutismo ilustrado em Portugal. O combate do

ministro Sebastião José de Carvalho e Melo ocorria em duas frentes distintas e

conciliáveis, uma política e outra cultural (Ibidem, p. 54-55)

No bojo das reformas administrativas, a elaboração do novo Index veio

completar as disposições acerca dos impressos. O regimento de 18 de maio de 1768

estabelecia um conjunto de dezessete regras que deviam ser observadas para a proibição

de uma determinada obra ou de uma categoria inteira de escritos. Destas, sete tratam

exclusivamente de religião, criando certa linha de continuidade à ideologia determinada

pela Santa Sé e levada a cabo pela Inquisição. Condenavam-se ao limbo da proibição os

autores ateus, protestantes, judeus, as obras de feitiçaria ou que propagassem a

superstição, a apostasia, a heresia, os papéis ímpios, e diversos outros que pudessem

levantar falsas doutrinas religiosas ou morais. Outras seis regras abordavam a política.

Nelas, destaca-se o combate aos “livros que contivessem sugestões de que se siga

perturbação do estado político e civil”, vetando-se qualquer crítica ao soberano e aos

“Direitos, Leis, Costumes, Privilégios, Concordatas e Disciplina” do reino de Portugal.

Proibiam-se, ainda, as obras dos “Pervertidos Filósofos destes últimos tempos”, aquelas

que circulassem sem a devida autoria, e por fim aquelas cuja autoria derivava de

membros da Ordem de Jesus. No campo da moral e da cultura, encontravam-se os livros

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obscenos, indecentes, inflamatórios e difamatórios, de um lado, e os escolares que

fugissem ao regramento estabelecido em alvará distinto, de outro, somando quatro

regras (Ibidem, p. 47-51).

O novo regramento revelava as tendências políticas e culturais intentadas pela

Coroa. Um terço do documento ocupava-se em estabelecer diretrizes no campo

religioso, buscando afastar a ingerência da Igreja sobre a atividade censória, como já

demonstrava a unificação da censura. Em sentido mais amplo, negava-se o uso dos

meios impressos para divulgação de cabalas, superstições e práticas pagãs tradicionais

que permeavam o cotidiano das populações em plena época moderna.1 Em seguida,

tratava-se da política, acentuando as disposições centralistas do ministério de D. José I,

salvaguardava-se a manutenção da ordem e dos privilégios estabelecidos e se reforçava

o poder do Estado. Neste ínterim, a circulação das obras de autores iluministas ou dos

membros da Companhia de Jesus se fazia interdita pelo mesmo motivo, o combate

ideológico. Estes pela preeminência que haviam tomado no Reino e no além-mar sobre

diversas matérias, como apontara em sua Deducção José Seabra da Silva;2 aqueles por

meio da divulgação de escritos que criticavam elementos basilares do Antigo Regime

(FALCON & RODRIGUES, 2015, p. 454-456).

É interessante notar a ambiguidade dessas reformas que confirmam a inserção de

Portugal em um cenário mais amplo, ou pelo menos sua estrita atenção para este

cenário, dando respostas às novidades que chegavam do norte. Bem como, as

correspondências destas e dos eventos internos que faziam oscilar as estruturas de

poder. O terremoto que assolou as baixas do Tejo em 1755, dera oportunidade para a

abertura de uma etapa de reconstrução, de uma época de acentuado movimento. A

reacomodação do papel da nobreza, a renovação dos quadros políticos, econômicos e

culturais, da arquitetura de Lisboa, da relação entre Estado e Igreja, das finanças

públicas, do trato com os índios, com as companhias e com as ordens religiosas e de

tudo mais ficaram matizadas por este evento (SCHWARCZ, 2002, p. 81-117;

AZEVEDO, 2009, p. 147ss; FALCON & RODRIGUES, 2015, passim).

1 Sobre as reminiscências pagãs na época moderna, Cf.: GINZBURG, 2006; GINZBURG, 1988;

BURKE, 2010; THOMPSON, 1998. 2 SILVA, José Seabra da. Deducção Chronológica, e Analytica. [...]. Vol. 2. Lisboa: officina de Miguel

Manescal da Costa, 1767.

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A partir de 1794, já sob o reinado de D. Maria I, a situação mudara

drasticamente. Além das incertezas políticas que assolavam internamente a corte

portuguesa, marcada pela “afecção melancólica” na qual se encontrava a rainha e pela

regência relutante do príncipe d. João, o clima assustador tomara conta da Europa

(POMBO, 2013, p. 65ss). Fatos como a fuga dos nobres da França, no final do ano de

1789, a fuga frustrada da real família francesa em Varennes, a Declaração de Pillnitz,

pela Áustria e Prússia, o início da guerra da primeira coalizão, o julgamento do rei em

1792 e sua execução no ano seguinte, colocaram o continente e as possessões do

ultramar em estado de alerta. Em 17 de dezembro, a Inquisição, o Ordinário e a Mesa do

Desembargo reassumiam sua função de tribunais das letras.

O alvará de 30 de Julho de 1795, por sua vez, assentava quais deveriam ser os

critérios adotados para que as três instituições realizassem as proibições (NEVES, 1999,

p. 667-669). Sua extensão denota a preocupação em organizar de forma sistemática e

racionalizada as atribuições e jurisdição de cada autoridade envolvida no exame dos

impressos. Para isto, quarenta e cinco regras estabeleciam o funcionamento e os

procedimentos que os censores deveriam seguir; outras 25 tratavam sobre os livros que

deveriam ser integralmente proibidos; e, mais duas sobre o expurgo e correção dos

livros que apresentassem méritos, podendo ser corrigidos. Para a Igreja, caberia somente

o poder de censura doutrinal para as matérias de religião, ficando resguardado seu

arbítrio espiritual. O ordinário se fazia presente na figura de maior hierarquia na

localidade, podendo ser o patriarca, o arcebispo, o bispo da diocese ou o geral da ordem.

No mesmo sentido, restituíra-se ao Santo Ofício parte da revisão, mesmo notando que a

natureza do tribunal não era doutrinal e censória, mas criminal e de inquirição. A

intenção, declarada no documento pela rainha, era manter a tradição e as prerrogativas

deste juízo antes da unificação. E, por fim, ficava o terceiro e último exame para a Mesa

do Desembargo do Paço, a quem competia vigiar para que os escritos não

corrompessem “os costumes públicos da Nação”, destruíssem as “leis e direitos da

Coroa”, e agitassem e perturbassem “a tranquilidade geral do Estado” e dos vassalos.

Nos assuntos temporais, mesmo que as duas outras instâncias pudessem atentar para

faltas, a censura era atribuição privativa da Mesa; ficando esta como a mais alta

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jurisdição.3

Conforme salienta Leila Mezan Algranti, os alvarás não mudaram drasticamente

a censura após 1768, só lhe reorganizaram (1999, p. 631-663). Mas, as análises dos

censores tendiam a mudar diante de cada agitação, fosse ela interna ou externa. A

agenda dos fatos não cessava de provocar a dinâmica da política portuguesa para com os

impressos. A cada vez que a crise se acentuava ou que a situação parecia voltar a algum

equilíbrio, os livros tornavam à discussão. Tanto mais, quando o eixo sob o qual girava

o império luso-brasileiro se deslocou.

Por meio do que foi exposto, é possível identificar que a censura em Portugal

passou por várias transformações ao longo dos séculos, dialogando com o contexto

político de cada época, assim como os interesses religiosos. No caso do Brasil, a

censura atuou a partir de 1808, com a transferência da corte para o Brasil, mais

especificamente, quando o Rio de Janeiro passou a ser a sede do Império. Partindo de

tal marco, será destacado o novo contexto que se inaugurou e como a censura

acompanhou as mudanças políticas e culturais do período.

A transferência da família real Portuguesa para o Brasil, em 1808, gerou a

necessidade de realizar alterações no corpo político e administrativo da cidade devido à

importância que o Rio de Janeiro passou a ter dentro do Império. Para tanto, o espaço

urbano passou por reestruturações físicas, com a finalidade de abrigar a sede do governo

Imperial. Como destaca Algranti, as reformas foram realizadas com o objetivo de

comportar a família real e seus acompanhantes, devido à falta de espaço físico, moradia,

e do abastecimento ser insuficiente, havia poucos produtos para a manutenção dos

habitantes e os que circulavam possuíam um valor exorbitante (2004, p. 223). Dentre as

mudanças ocorridas, o Paço, antigo Palácio dos Vice-reis, foi readaptado para servir

como a base administrativa do governo. O príncipe regente, d. João, criou estruturas que

possibilitassem o funcionamento e direcionamento do Império a partir da instituição de

secretarias de governo, conselhos e tribunais. O primeiro ministério foi dividido entre a

Secretaria dos Negócios do Reino, atribuído a d. Fernando José de Portugal e Castro,

Marquês de Aguiar; a Secretaria dos Negócios Estrangeiros e da Guerra coube a d.

Rodrigo de Sousa Coutinho; e, a Secretaria dos Negócios da Marinha e Domínios

3 Alvará de 30 de Julho de 1795. Lisboa: Regia Officina Typográphica, 1795.

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Ultramarinos para o Visconde de Anadia (Ibidem, p. 140; CARVALHO, 2018, p. 31).

Além disso, constava no expediente a criação do Conselho Supremo Militar e de

Justiça e do Tribunal da Mesa do Desembargo do Paço e Consciência e Ordens. A

Relação do Rio de Janeiro foi elevada a grandeza de Casa de Suplicação do Brasil. Com

uma série de atribuições que antes estavam sob responsabilidade da Câmara da cidade,

d. João decretou a 10 de maio a criação da Intendência de Polícia da Corte e do Estado

do Brasil. Dentre outros diversos orgãos que vizavam auxiliar a administração da

cidade, elevada à Corte, e do Império (Ibidem, p. 32).

Dentro dessa perceptiva, a criação da Impressão Régia foi imprescindível para

dar publicidade e conhecimento às ações de governo, além de contribuir na alteração da

vida cultural dentro da cidade. De acordo com Lúcia B. Pereira das Neves, por meio da

sua criação novas formas de sociabilidade surgiram, além de proporcionar um ambiente

civilizador na cidade (NEVES, 1999). A tipografia foi criada em 13 de maio de 1808,

data natalícia do príncipe regente, e sua instauração foi um marco do fim da proibição

de casa impressoras que perdurou durante o período colonial. Entretanto, estava

relacionada aos interesses da coroa em publicar os seus decretos, alvarás, leis e ordens

régias. Servia, assim, a uma questão burocrática. Submetida à jurisdição da Secretaria

dos Negócios Estrangeiro e de Guerra, possuía como “sua principal função: atender a

necessidade de divulgar as medidas do governo instalados no Rio de Janeiro, como atos

legislativos e papéis diplomáticos, originados de toda e qualquer repartição do serviço

real.” (NEVES & GARCIA, 2008, p. 219). Apesar da finalidade prática e de cunho

governativo, a existência da tipografia possibilitou que obras dos variados assuntos

fossem produzidas, como jornais, obras científicas, literárias, “quaisquer obras e,

sobretudo, aquelas que ajudassem a divulgar a imagem da própria monarquia, na

ausência de outra impressão.” (Idem). A princípio, ficou sob responsabilidade de sua

junta administrativa o papel de fiscalizar e censurar as obras que seriam impressas.

Cabia analisar os requerimentos enviados pelos solicitantes de impressçao, evitando que

os assuntos contrários à política, à religião e à moral fossem propagados. Tal junta era

composta pelos deputados da Mesa da Inspeção do Rio de Janeiro e da Bahia, Mariano

José Pereira da Fonseca e José da Silva Lisboa, e o oficial da Secretaria de Estado dos

Negócios Estrangeiros e da Guerra, José Bernardes de Castro (Idem).

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O papel de censurar, no entanto, não permaneceu durante muito tempo sob

competência da Impressão Régia, pois a Mesa do Desembargo do Paço reivindicou tal

direito. A Mesa do Desembargo do Paço e da Consciência e Ordens foi criada através

do alvará de 22 de abril de 1808 (CARDOSO, 2008), mas a sua atuação não estava

limitada apenas às questões referentes à censura. Estava incumbida, também, da

administração do Brasil e sendo responsabilidade do oficial da secretaria de Estado,

João Alvares de Miranda Varejão, o papel de garantir seu fincionamento. O alvará

definia que a criação do tribunal tinha como finalidade garantir e estabelecer o “bem” e

“tranquilidade pública e o interesse particular dos meus fiéis vassalos.”4 Apesar de ter

sido criada enquanto um único tribunal, a Mesa do Desembargo do Paço atuava

separadamente da Mesa da Consciência e Ordens. De acordo com a documentação,

ficava sob responsabilidade da Mesa do Desembargo do Paço os assuntos referentes às

leis, decretos, ordens e além disso, das funções que até então eram de responsabilidade

do Conselho Ultramarino, excetuando-se aquelas referentes aos assuntos militares.5

Um fator que contribuiu para uma maior preocupação em relação à censura, deu-

se devido a entrada de um número maior de leitores na cidade, após a chegada da corte.

Neves destaca que o número de livreiros situados em Portugal, principalmente, os de

origem Francesa, abasteciam os comerciantes no Brasil desde fins do século XVIII e

que tal fato se intensificou após a queda de Napoleão, em 1815, devido a inserção maior

dos comerciantes franceses que estavam se refugiando da restauração na França.

Conforme Neves ressalta os livreiros franceses trouxeram para o Brasil uma literatura

com ideias relacionadas ao liberalismo e constitucionalismo, as quais tardiamente

contribuíram para um nova cultura política às vésperas da independência (NEVES,

2000).

Enquanto a censura em Portugal foi realizada pela combinação dos três

tribunais: Mesa do Desembargo do Paço, Inquisição e Ordinário, no Brasil, a censura

não seguiu a mesma lógica. Durante o período joanino, a censura prévia se manifestou

apenas pela Mesa do Desembargo do Paço, subordinando desde a impressão, circulação

e leitura de livros ao dito tribunal. Em relação aos livros que chegavam, só poderiam ser

4 ARQUIVO NACIONAL - RIO DE JANEIRO. Fundo Mesa do Desembargo do Paço, caixa 154,

doc.104. 5 Ibidem.

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retirados da alfândega com a licença da mesma. Para isso, o solicitante precisava

encaminhar à Mesa uma lista contendo as informações referentes às obras que almejava

despachar e/ou obter a licença. Tais listas precisavam informar a autoria, o ano de

publicação, título, ano e local da publicação. As informações identificadas eram

essenciais para que os censores pudessem reconhecer o conteúdo das obras e informar,

por meio dos pareceres, se as obras continham assuntos políticos, religiosos e morais

inapropriados. Em alguns casos, os censores se deparavam com alguns problemas ao

redigirem seus pareceres, devido à imprecisão das listas, e, em outros casos, a

discordância entre os membros da mesa sobre a liberação de uma obra. Em relação ao

último caso, o alvará de 30 de julho de 1795, estabelecia que em tais casos cabia ao

monarca o poder decisório.6

Os censores tinham um papel de destaque dentro do aparelho de vigilância da

sociedade. Os pareceres redigidos por eles eram essenciais para combater a propagação

de livros e folhas com conteúdos inapropriados e que fizessem circular e ler por pessoas

pouco instruiídas. Diante de um cargo tão importante, Algranti destaca que, no Rio de

Janeiro, a escolha de tais homens se iniciou após a tarefa censurória ser transferida para

a Mesa do Desembargo do Paço (2004). Desde a instalação da Mesa até o fim da

censura prévia, em 1821, foram nomeados 27 censores. Apesar deste encargo ser da

Mesa do Desembargo do Paço, os estudos monstram que os censores podem ser

classificados entre aqueles que foram nomeados como censores régios (12) e os que

assumiram como censores do ordinário (11), elém de outros quatro que não estão

inseridos em nenhum das nomeações apontadas. Embora as nomeações para o cargo de

censor terem ocorrido de formas distintas, e alguns deles nunca terem exercidos o cargo,

segundo os estudos realizados por Vianna, ainda assim, é possível identificar algumas

características compartilhadas por eles (VIANNA, 2019).

De acordo com Neves: “Homens conservadores, mas esclarecidos, os censores

defendiam a adoção de ideias ilustradas para reorganizarem a sociedade, mas temiam

que nelas se escondessem as propostas de uma revolução” (NEVES, 2002, p. 124).

Além disso, eram homens letrados e bem instruídos, características necessárias para o

exercício da função. A formação era um requisito importante para a capacitação para o

6 Colleção da Legislação Portuguesa: desde a última compilação das ordenações, oferecida a El Rei

Nosso Senhor pelo desembargador Antônio D. da Silva. Lisboa: Typographia Maigrense, 1828

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cargo de censor, não por acaso que nove deles frequentaram a Universidade de

Coimbra, um local que foi responsável pela formação, do que Kenneth Maxwell (1999)

denominou de “geração de 1790”, também identificada como “elite coimbrã”. Ambas as

nomenclaturas foram atribuídas aos homens que, após passar pela dita Universidade,

destacaram-se por terem ocupado cargos importantes durante o governo de d. João

(CARVALHO, 1980). Seus membros pertenciam a uma elite não apenas letrada, mas

que se emprenhava no exércio do serviço à coroa, logrando posterior reconhecimento

por meio de títulos e mercês (VIANNA, 2019).

Em relação às regras e os procedimentos censórios, nem sempre era algo claro

entre os atores envolvidos. As dúvidas entre os próprios censores explicitam alguns dos

problemas deste mecanismo, que flutuava entre o conhecimento dos regimentos e a

consciência de seus agentes. Segundo Algranti, para além da legislação, “o processo de

liberação não transcorria de forma tão cristalina assim, interpondo-se a ele uma série de

situações que demonstram a ausência de procedimentos e de normas claras, tanto dos

que exerciam a censura, quanto dos interessados na liberação das listas.” (2004, p. 141).

Muitas vezes a principal barreira pra dar prosseguimento ao processo do solicitante

estava atrelado a própria listagem encaminha à Mesa. Em diversos momentos, os

censores apontavam listas incompletas como um fator que dificultava na realização de

seus exames, por não conseguir identificar a obra e por gerar desconfiançasquanto as

intenções do solicitante.7 Tal questão contribuía na demora do andamento dos pedidos

de impressão e liberação nas alfândegas, pois era preciso que o requerente refizesse a

lista para que pudesse ser novamente analisada.

Na prática, nota-se a falta de clareza em relação aos procedimentos. O alvará de

30 de julho de 1795, publicado durante o reinado de d. Maria I, estabelecia algumas

diretrizes. Era neste Alvará que estava determinado os procedimentos censórios, o papel

dos censores, os direitos dos solicitantes à recorrem em caso de recusa da impressão,

garantia da agilidade do processo, além de identificar alguns livros e autores que deviam

ser censurados. E, pode-se considerar que tal legislação não só perdurou em Portugal,

7 ARQUIVO NACIONAL - RIO DE JANEIRO. Fundo Mesa do Desembargo do Paço, Licenças, caixa

169, pct. 01, doc. 4.

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mas como no Brasil, visto que, em alguns momentos foi citado pelos atores envolvidos

no processo censório.8

A existência dos procedimentos censórios não impediu, entretanto, a entrada de

obras proibidas dentro do Império luso-brasileiro. De acordo com Neves, apesar das

proibições, persistiam as falhas nos procedimentos e avultavam meios de burlar a

censura, possibilitando o acesso a obras proibidas (NEVES, 1993). Dentro das

manobras utilizadas para enganar as autoridades, destaca-se o papel desempenhado

pelos livreiros, não apenas no Brasil, mas como nos demais domínios portugueses. Eles

driblavam os censores durante o transporte e até mesmo ao passarem pelas alfândegas.

Tinha-se o costume de importar o livro em folhas para a posterior encadernação. Assim,

os livros proibidos ficavam ocultos ao se encontrarem misturados a obras permitidas,

como missais, livros de oração, etc. Em outros casos, os livros eram interceptados antes

mesmo de chegarem à alfândega. Por último, cabe destacar que as listas eram utilizadas

também como meio de burlar esse sistema, omitindo o nome dos autores ou

mencionando de forma vaga (VILLALTA, 2015).

A censura joanina instalada no Rio de Janeiro durou até 1821, quando por meio

do decreto de 2 de março foi estabelecido do exame prévio para publicação e entrada de

impressos no Brasil. Entretanto, as obras e folhas poderiam ser censuradas após a

publicação, caso fosse identificado conteúdos que ferissem aos interesses políticos e

religiosos. Os estudos desenvolvidos por Neves (1999) destacam que o fim da censura

estava relacionado com as medidas estabelecidas pela Revolução Liberal Vintista, em

Portugal. Por meio de tal medida, é possível identificar que o controle sobre o que era

impresso e circulava não foi completamente abolido, sendo apenas alterado o

mecanismo.

Considerações finais

8 ARQUIVO NACIONAL - RIO DE JANEIRO. Fundo Mesa do Desembargo do Paço, Licenças, caixa

169, pct. 03, doc. 95 e pct. 01, doc.08.

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A censura foi uma ferramenta utilizada pela monarquia portuguesa com

mecanismo de controle das ideias e manutenção do poder régio. Associada, também,

aos assuntos religiosos é possível identificar que os procedimentos censórios passaram

por algumas mudanças ao longo dos séculos com o objetivo de conter ideias que

pudessem questionar a estrutura social, política e religiosa. A transferência da corte

portuguesa para o Brasil reforçou o processo censório, no Brasil, com a Mesa do

Desembargo do Paço. O trabalho procurou apresentar tais mudanças relacionando com

o contexto político de cada época e destacando algumas semelhanças e divergências em

relação a censura em Portugal e no Brasil.

Através da análise da censura durante o período joanino foi possível identificar

que os procedimentos adotados tinham como base a lei da censura promulgada por d.

Maria I em 1795. Entretanto, no caso do Brasil foi necessário estabelecer algumas

adequações, não apenas devido ao novo ambiente cultural, mas também por conter a

atuação apenas do Desembargo do Paço. Dentro do processo, destacou-se o papel dos

censores devido a importância da etapa exercida por eles, analisando as obras indicando

que fossem vetadas aquelas que ameaçavam a ordem. Apesar da censura portuguesa

passar por reestruturações ao longo dos séculos, sendo ocaso do Brasil, uma dessas

etapas, ainda assim não foi possível conter a propagação de ideias que iam contra aos

interesses da monarquia. Da mesma forma, é possível afirmar que o fim da censura

prévia apenas serviu para facilitar o comércio de obras que já adentram no território por

vias alternativas.

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Colleção da Legislação Portuguesa: desde a última compilação das ordenações,

oferecida a El Rei Nosso Senhor pelo desembargador Antônio D. da Silva. Lisboa:

Typographia Maigrense, 1828.

Manuscritas:

ARQUIVO NACIONAL - RIO DE JANEIRO. Fundo Mesa do Desembargo do Paço,

caixa 154.

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ARQUIVO NACIONAL - RIO DE JANEIRO. Fundo Mesa do Desembargo do Paço,

Licenças, caixa 169.

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