10
Todos os dias aparecem pelo menos uma postagem, com a seguinte pergunta: “Qual o melhor violino para iniciantes?” Então, para minimizar o trabalho e o stress de se ficar respondendo todos os dias a mesma questão, resolvi criar um tutorial definitivo para essa pergunta. De quebra, fou falar sobre as violas também. A resposta da questão é a seguinte: Há uma confusão em relação à pergunta, pois simplesmente não existe violino para iniciante. Essa é uma jogada de marketing dos vendedores de loja, pois sabem que venderão fácil, violinos baratos de baixa qualidade, que muitas vezes entopem seus estoques, para músicos que estão começando, e muito poucos sabem sobre os assuntos referentes aos violinos. Existem várias respostas para essa pergunta, e vou enumerá-las aqui. A resposta mais correta da bendita pergunta “qual o melhor para iniciantes?” é que o melhor é aquele que você vai conseguir comprar com seus recursos financeiros, ou o até quanto você está disposto a investir em algo que, mesmo tendo vontade, ainda não sabe se vai dar certo. Outra verdadeira resposta mais correta ainda da bendita questão em levantamento, é que o melhor violino para iniciantes é qualquer Stradivarius do mundo. Afinal, é muito necessário que o violino seja ótimo, principalmente para aqueles que começarão aprender. Obviamente, não se compra um Stradivarius com a facilidade que se compra laranja na feira, então... Outra resposta correta, é que você paga o que você leva. Temos alguns patamares de qualidade, e, obviamente, os preços os acompanham lado a lado. Vamos começar com esclarecimentos sobre matéria-prima. Madeiras Madeira classe E: Altamente imprópria para confecção de instrumentos de cordas. Geralmente, Compensado, madeira de construção. Madeira classe D: Outros tipos que não são Abeto e Atilo. Não

Sobre Violinos

  • Upload
    nanlr

  • View
    1.125

  • Download
    9

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Sobre Violinos

Todos os dias aparecem pelo menos uma postagem, com a seguinte pergunta: “Qual o melhor violino para iniciantes?” Então, para minimizar o trabalho e o stress de se ficar respondendo todos os dias a mesma questão, resolvi criar um tutorial definitivo para essa pergunta. De quebra, fou falar sobre as violas também.

A resposta da questão é a seguinte: Há uma confusão em relação à pergunta, pois simplesmente não existe violino para iniciante. Essa é uma jogada de marketing dos vendedores de loja, pois sabem que venderão fácil, violinos baratos de baixa qualidade, que muitas vezes entopem seus estoques, para músicos que estão começando, e muito poucos sabem sobre os assuntos referentes aos violinos. Existem várias respostas para essa pergunta, e vou enumerá-las aqui. A resposta mais correta da bendita pergunta “qual o melhor para iniciantes?” é que o melhor é aquele que você vai conseguir comprar com seus recursos financeiros, ou o até quanto você está disposto a investir em algo que, mesmo tendo vontade, ainda não sabe se vai dar certo. Outra verdadeira resposta mais correta ainda da bendita questão em levantamento, é que o melhor violino para iniciantes é qualquer Stradivarius do mundo. Afinal, é muito necessário que o violino seja ótimo, principalmente para aqueles que começarão aprender. Obviamente, não se compra um Stradivarius com a facilidade que se compra laranja na feira, então... Outra resposta correta, é que você paga o que você leva. Temos alguns patamares de qualidade, e, obviamente, os preços os acompanham lado a lado. Vamos começar com esclarecimentos sobre matéria-prima.

Madeiras

Madeira classe E: Altamente imprópria para confecção de instrumentos de cordas. Geralmente, Compensado, madeira de construção.

Madeira classe D: Outros tipos que não são Abeto e Atilo. Não são apropriadas para confecção de instrumentos de cordas e arco, por apresentarem baixo desempenho, e por não amadurecerem com o tempo. Geralmente são Pinhos Nacionais, Jacarandá e Cedro Branco. Porém, alguns instrumentos feitos com essa madeira, podem surpreender.

Madeira classe C: Abeto, Átilo. Lisa, sem ou com rajado esporádico, quase imperceptível.

Madeira classe B: Abeto, Átilo. Rajada, porém com baixa acentuação.

Madeira Classe A: Abeto, Átilo. Rajada viva, altamente perceptível.

Madeira Classe AA: Abeto, Átilo. Envelhecida, selecionada, rajado vivo, chegando a criar um efeito visual quase psicodélico.

Vernizes

Page 2: Sobre Violinos

Verniz classe D: Sintético, à base de petróleo e P.U., usado na pintura de automóveis. São utilizados para dar uma “beleza falsa” no instrumento. São brilhantes, deixam o violino com uma falsa beleza, mas seu P.U. cria uma casca tão grossa, que blinda o corpo do instrumento, e impede que as vibrações passem através da madeira, e o resultado é o abafamento do som.

Verniz classe C: Semi-sintético. Ainda é artificial, mas mais suave que a classe D. Não cria uma couraça tão forte, pois não possui o P.U. e sua aplicação é feita sem exagero, em camada mais fina. Não deixa o instrumento com desempenho máximo, mas também não chega a abafar o som de maneira significativa.

Verniz classe B: Verniz a base de álcool. Possui extratos naturais em sua fórmula, que proporcionam um brilho naturalmente bonito. Não abafa em nada o som do instrumento, pois é mole, e deixa o som “transpirar” naturalmente pela madeira. São de fina aplicação, e opção de algumas fábricas de instrumentos, e alguns luthiers, por possuir secagem rápida.

Verniz classe A: Impecável. É o melhor verniz para a finalidade. À base de óleo, segue mais ou menos a mesma fórmula do verniz classe B, porém, o álcool é em bem menos quantidade, o suficiente apenas para a diluição da anilina, pigmentação do verniz. É usado uma quantidade maior de Terebentina, o que ajuda a dar um brilho e uma testura naturalmente sublime. Basicamente é o verniz usado pelos luthiers cremoneses da era de ouro, e usado pelos melhores luthiers atualmente.

Acabamento

Interno Classe C: Geralmente as contra-ilhargas (filetes internos que auxiliam na colagem das faixas com os tampos) não são lapidadas corretamente, deixando lascas à mostra, a madeira, no geral, fica suja, com escritas a lápis ou a caneta, ficam expostas manchas de cola, e talco (utilizado geralmente para a absorção de pontos de umidade). Enfim, é deixado internamente rastros da produção.

Interno Classe B: O acabamento já possui um pouco mais de atenção. As contra-ilhargas recebem mais atenção, e manchas de cola, caneta ou talco são raras, mas podem existir.

Interno Classe A: É o toque do luthier. É uma atenção devida e obrigatória num bom instrumento. Afinal, o instrumento de cordas ideal tem que ser belo e perfeito, tanto por dentro como por fora. Na prática, antes de fechar o instrumento, é recebido uma atenção especial, como remoção total de marcas de produção. A madeira vista através dos furos “f”, ou do furo do botão, mostra-se impecável. Limpa e cristalina como por fora, só que sem o verniz.

Externo Classe C: Geralmente deixa rastros de produção, como anotações ou marcas de caneta ou lápis. A lapidação das bordas e da voluta não é acentuada, e podem possuir falhas e imperfeições.

Page 3: Sobre Violinos

Externo Classe B: Não há rastros de produção, mas podem ter uma falhinha aqui ou ali, indicando que o serviço não foi feito com atenção individual.

Externo Classe A: Totalmente belo. Esse acabamento busca tirar a imperfeição até de detalhes mínimos e quase imperceptíveis. Alguns violinos de fábrica, de modelos mais caros puxados para série profissional, vêm com esse acabamento. E os violinos de luthier, têm por obrigação virem com esse acabamento.

Instrumentos

Classe D: Raríssimas exceções, mas não difícil de encontrar, misturam tudo o que há de inferior na matéria-prima e maneira de construção E pra finalizar, o Compensado é a madeira para sua construção.

Classe C: É uma média da construção e material de categoria mais simples, com exceções em algumas delas.

Classe B: É uma média da construção e material de categoria intermediária, também com exceções em algumas delas, para pior ou para melhor.

Classe A: São instrumentos exemplares, com média alta da construção e materiais utilizados. As exceções negativas são raras.

Classe AA: Impecáveis e perfeitos. Reúnem dedicação na construção, na seleção dos materiais utilizados, e são feitos para fazerem história.

Faixa de R$ 120,00 a R$ 180,00

Alguns modelos de Parrot, alguns modelos de Roma, alguns de Cremona e outras marcas. São violinos feitos de compensado, ou seja, madeira de construção. Altamente imprópria para confecção de violinos. Não é aconselhável nem para iniciantes. É um absurdo que se fabriquem violinos com esse tipo de material. Aqueles que já possuem um dessa categoria, mas gostam dele, não dê atenção às criticas, e continuem tratando eles com o mesmo cuidado e carinho com que sempre trataram, pois já se tem um valor sentimental em cima dele, e isso é impagável. Agora os que não compraram, nem comprem.

Violinos Categoria C

Alguns modelos de Parrot, alguns de Roma, alguns de Cremona, Michael, alguns modelos de Eagle e alguns modelos de Mavis. São violinos feitos com as madeiras corretas, ou seja, Abeto e Atilo. É a categoria mais simples, já que são feitos com madeira de classe C. Ou seja, elas são de madeira correta, mas não são rajadas naturalmente. Seu processo de construção segue a linha de montagem, ou seja, tudo é feito às pressas, e não recebe os

Page 4: Sobre Violinos

devidos cuidados necessários, como medidas e acabamento. Seu verniz é sintético, o que abafa um pouco o som do instrumento.

Eagle VE 431Madeira: Classe CVerniz: Classe DAcabamento interno: Classe CAcabamento Externo: Classe BDesempenho: 6,0Nota final: 6,0Preço Médio: R$ 320,00

Eagle VK 441Madeira: Classe CVerniz: Classe DAcabamento interno: Classe CAcabamento Externo: Classe BDesempenho: 6,5Nota final: 6,0Preço Médio: R$ 380,00

Mavis MV 1414Madeira: Classe CVerniz: Classe DAcabamento interno: Classe BAcabamento Externo: Classe BDesempenho: 6,0Nota final: 6,0Preço Médio: R$ 290,00

Mavis MV 1415Madeira: Classe CVerniz: Classe DAcabamento interno: Classe BAcabamento Externo: Classe BDesempenho: 7,0Nota final: 6,5Preço Médio: r$ 330,00

Michael VNM47Madeira: Classe CVerniz: Classe DAcabamento interno: Classe CAcabamento Externo: Classe BDesempenho: 7,0

Page 5: Sobre Violinos

Nota final: 6,0Preço Médio: R$ 380,00

Parrot (não tem modelo de série)Obs: Por não possuir n° de série, só quem entende de olhar as madeiras acertará sua compra. Violinos abaixo de R$ 190,00, desconfie. É quase certo que é de madeira categoria E. Mas tem uns modelos de Parrot que seguem a categoria C.Madeira: Classe CVerniz: Classe DAcabamento interno: Classe CAcabamento Externo: Classe CDesempenho: 6,0Nota final: 6,0Preço Médio: R$ 200,00

NhuresonMadeira: Classe DVerniz: Classe DAcabamento interno: Classe BAcabamento Externo: Classe ADesempenho: 7,0Nota Final: 6,0Preço Médio: R$ 400,00

Violinos Categoria B

Eagles VK 244, VK 644, VE 744, Mavis e Michael. São violinos feitos com as madeiras corretas, mas essas, de classe B. São naturalmente rajadas, e mais selecionadas. O processo de fabricação é o mesmo, mas recebe um pouco mais de cuidado que a linha anterior, mas ainda assim podem vir com espessura de tampo incorreta. Seu verniz também é sintético, mas um pouco mais fino que o da categoria anterior. Seu acabamento é visivelmente melhor, mais bem-feito, o que dá uma beleza extra ao instrumento. A sonoridade é um pouco mais apurada.

Eagle VK 244Madeira – Classe BVerniz – Classe C Acabamento Interno: Classe BAcabamento Externo: Classe A Desempenho: 7,0Nota final: 7,0Preço Médio: R$ 480,00

Eagle VK 644Madeira – Classe B

Page 6: Sobre Violinos

Verniz: Classe CAcabamento Interno: Classe BAcabamento Externo: Classe ADesempenho: 7,0Nota fina: 7,0Preço Médio: R$ 580,00

Eagle VE 744 Madeira: Classe AVerniz: Classe CAcabamento Interno: Classe BAcabamento Externo: Classe ADesempenho: 7,0Nota final: 7,0Preço Médio: R$ 680,00

Mavis MV1416Madeira: Classe BVerniz: Classe BAcabamento interno: Classe BAcabamento Externo: Classe ADesempenho: 7,5Nota final: 7,0Preço Médio: R$ 690,00

Violinos Categoria A

Antigos de fábricas hoje extintas, como a Alemã Hofner, por exemplo, e alguns modelos profissionais de fábricas atuais. São violinos feitos de madeira classe A. Têm um processo de fabricação mais artesanal, mas não totalmente. A madeira é selecionada e possui um rajado natural. O acabamento é visivelmente bom, e o verniz é sintético, mas mais refinado. Por serem usados, possuem um som mais amadurecido. Possuem som limpo, com volume e equilibrado. Geralmente são alemães, italianos, franceses ou da Tcheco Eslováquia.

Eagle VK 544Madeira: Categoria A (fundo inteiriço)Verniz: Classe CAcabamento Interno: Classe AAcabamento Externo: Classe ADesempenho: 7,5Nota Final: 8,5Preço Médio: R$ 800,00

Mavis MV 1421Madeira: Classe A

Page 7: Sobre Violinos

Verniz: Classe BAcabamento interno: Classe AAcabamento Externo: Classe ADesempenho: 8,0Nota final: 8,5Preço Médio: R$ 1.200,00

Hofner (ano 2000 para baixo)Madeira: Classe AVerniz: Classe BAcabamento interno: Classe AAcabamento Externo: Classe ADesempenho: 8,5Nota final: 8,5Preço Médio: R$ 1.600,00

Gianini (ano 1980 para baixo)Madeira: Classe AVerniz: Classe BAcabamento interno: Classe AAcabamento Externo: Classe ADesempenho: 8,0Nota final: 8,0Preço Médio: R$ 1.800,00

Violinos Categoria AA

Violinos feitos por autores, ou luthiers. O preço vai depender do nome, idade, da madeira, da conservação e do potencial e qualidade de som do instrumento. Todos feitos de madeira classe AA, selecionadíssimas, rajadas vivas, acabamento impecável, feitos à mãos, com suas medidas internas corretas, calibradas e bem-acabadas. O verniz é feito à base de óleo ou de álcool, dependendo do autor, mas o a óleo é melhor e mais bonito. Possuem som limpo, com volume e bem equilibrado. São réplicas ou não de violinos famosos, como Stradivarius, Amati, Stainers, Guarnieris ou outros famosos italianos, alemães e franceses.

Violinos categoria AA

Qualquer um, feito por bom LuthierMadeira: Classe AAVerniz: Classe AAcabamento Interno: Classe AAcabamento Externo Classe AADesempenho: 9,0 a 10,0Nota final: 9,0 a 10,0Preço Médio: Acima de R$ 3.000,00

Page 8: Sobre Violinos