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PROGRC MOZAMBIQUE 03/2010 (Sobre) Viver com seca, cheias e ciclones Estudo de base sobre a situação actual de gestão de risco de calamidades nas regiões e áreas de apoio do projecto prógrc Relatório final Peter R. Beck (coordenador) /Alaïr Ubisse/ Victorino Guatura/Carlos Cuinhane/Abobacar Ali/Paulina Santana (pesquisadores) PRO GRC M OZAMBIQUE

(Sobre Viver com seca, cheias e cicloness69f34cbf6b34ae22.jimcontent.com/download/version/1316088818/module... · em termos de qualidade; neste âmbito queremos sublinhar que os eventuais

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PROGRCMOZAMBIQUE

03/2010

(Sobre)Vivercomseca,cheiaseciclonesEstudodebasesobreasituao

actualdegestoderiscodecalamidadesnasregiesereas

deapoiodoprojectoprgrc

Relatriofinal

PeterR.Beck(coordenador)/AlarUbisse/VictorinoGuatura/CarlosCuinhane/AbobacarAli/PaulinaSantana

(pesquisadores)

P R O G R C M O Z A M B I Q U E

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INDICE: Prefcio pagina 3 Lista de Acrnimos pgina 4 Sumario Executivo pagina 5 Introduo pagina 10 Metodologia pagina 18

Resultados Indicador 1: Camponeses pagina 34

1.1. Capacitaes de CERUM pagina 67

1.2. Concluses preliminares pagina 106 Indicador 2: Politicas e processos de planificao distritais pagina 114 Indicador 3: Comits locais de grc pagina 132 Indicador 4: Aces sectoriais de grc pagina 146 Indicador 5: CTGC e INGC pagina 160 Concluses e Recomendaes pagina 166 Bibliografia pagina 169 Anexo 1: Lista de pessoas entrevistadas pagina 175 Anexos 2: Instrumentos de pesquisa pagina 176

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PREFACIO Antes de apresentar este estudo conveniente esclarecer trs aspectos: Este estudo de base representa um dos primeiros estudos, seno mesmo o primeiro estudo de base para programas e projectos no mbito da gesto de risco de calamidades. Em todo o caso, no foi possvel encontrar estudos existentes para servirem como modelos de orientao e de comparao metodolgica. O estudo caminha em terrenos inexplorados e por este motivo decidimos incluir um captulo metodolgico mais abrangente para garantir o mximo de transparncia sobre as decises tomadas e as suas implicaes. Esperamos com isto facilitar o desenho ou a interpretao do estudo a seguir. conveniente contudo enfatizar que as decises metodolgicas foram tomadas em considerao aos ToR, seus objectivos e tpicos, mas tambm em considerao aos prazos pr-definidos que determinaram a planificao das fases do estudo. verdade que a economia de tempo pode criar custos em termos de qualidade; neste mbito queremos sublinhar que os eventuais erros de interpretao so da nica responsabilidade dos autores deste relatrio, pois podemos estar influenciados pela escassez de tempo e pela preocupao de respeitar os prazos para cada fase da pesquisa.

Quanto a relevncia dos resultados, o mtodo de amostragem no permite a extrapolao estatstica de resultados, mas e possvel e conveniente de realizar comparaes com dados e resultados alcanados no mbito de grc.

Ser tambm entregue os originais de questionrios preenchidas ao longo da pesquisa. Neste mbito, os nossos agradecimentos especiais so dirigidos s seguintes individualidades: Sr. Wolfgang Stiebens e a equipa de pr-grc, Sra Jozabet Gurerro, Sr. Rui Brito, Sr. Cludio Norman, Sr. Gomez, Sr., Sharifo, a Sra. Maria Brito. Agradecemos tambm todas as pessoas nos distritos e localidades pela contribuio valorosa. A equipa de pesquisa enderea os seus agradecimentos s todas as pessoas que directa ou indirectamente contriburam para a realizao do estudo. OBRIGADO

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Lista de Acrnimos AJOAGO Associao dos Jovens e Amigos de Govuro CENOE Centro Nacional Operativo de Emergencia CERUM Centros de Recursos e de Uso Mltiplo Cl-grc Comit Local de gesto de risco de calamidades CTGC Conselho Tcnico de Gesto de calamidades DNA Direco nacional das guas IAF Inqurito aos agregados familiares IFTRAB Inqurito Integrado a Forca de Trabalho INFOR Inqurito ao Sector Informal INE Instituto Nacional de Estatsticas INGC Instituto Nacional de gesto de calamidades INAM Instituto de Investigao Agrria de Moambique GACOR Gabinete de Coordenao do Reassentamento de

Reconstruo grc Gesto de risco de calamidades gtz Gesellschaft fr technische Zusammenarbeit (cooperao

alem) MAE Ministrio da Administrao Estatal MPD Ministrio de planificao e de desenvolvimento MOPH Ministrio de Obras Publicas e habitao MINAG Ministrio da agricultura MICOA Ministerio de Accao Ambiental MINED Ministrio de Educao MISAU Ministrio da Sade PAM Programa alimentar mundial PARPA Programa de aco para reduo da pobreza absoluta PEDD Plano estratgico de desenvolvimento distrital PESOD Plano economic e social e orcamento distrital PRODER Programa PROMER Programa Promocao de mercados rurais

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SUMMARIO EXECUTIVO Os ToR definiram cinco indicadores chaves para a produo de um estudo de base que fornea uma linha de base para avaliao de mudanas futuras criadas pela 2 fase do projecto pr-grc que apoia ao INGC na implementao de um sistema de grc no processo de adaptao s mudanas climticas Particularmente no que diz respeito s mudanas ocorridas a nvel dos agregados familiares, a sua capacidade de mitigar efeitos de seca, a incluso de um grupo de controlo composto por no -beneficirios dever facilitar o processo de atribuio entre causas e efeitos, ou seja, determinar com maior rigor mais-valia criado pelo projecto pr-grc e as medidas tomadas por parte do INGC. Esta medida foi tomada tendo em conta o factode que processos de mudanas resultam de conjunes entre uma variedade de factores o que dificulta a avaliao do peso criado pelo projecto nestas mudanas. Para atingir estes objectivos foram desenhadas, sob indicao dos peritos do projecto, amostras propositadas: - de camponeses beneficirios e no beneficirios de capacitaes organizadas pelo CERUM sobre tcnicas de captao de guas de chuvas e de conservao de humidade localizados nos distritos de Mabote e Funhalhouro na Provncia de Inhambane afectados pela seca; - de governos e rgos distritais nas Provncias de Inhambane, Sofala e Manica para estudar os progressos no mbito de aco de gesto de risco de calamidades nomedamente de cheias e de ciclones; - de Comits Locais de gesto de risco de calamidades localizados nos distritos das Provncias de Sofala, Manica, Inhambane e da Zambzia para levantar os progressos alcanados no mbito de grc; - de ministrios sectoriais e das respectivas direces nacionais para estabelecer os progressos alcanados na devida implementao de assuntos de grc nestes nveis; e Foi pesquisado o Conselho Tcnico de Gesto de Calamidades (CGTG) em termos de funcionamento, desempenho, e de progressos. Optou-se pela aplicao de entrevistas como principal tcnica de colecta de dados o que levou criao de guies de entrevista adaptados para cada grupo focal, assim como de grelhas simples de avaliao de documentos e de planos e listas ideiais para avaliao de equipamentos e kits dos CL-grc.

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A gama de instrumentos para a colecta de dados foi completada por visitas de campo e fotografias e atravs de redaco de um dirio de pesquisa durante as fases de campo no mbito dos indicadores 1 at 3. A fase de campo durou acerca de 4 semanas, dos quais duas semanas passadas nas Provncias e distritos e duas nas instituies localizadas na cidade de Maputo. No que diz respeito ao indicador 1, referente aos camponeses capacitados pelo CERUM em tcnicas de captao da guas da chuva e de conservao de humidade nas machambas, a pesquisa constatou que em todos os indicadores relacionados com a melhoria da situao na mitigao dos efeitos da seca e nas reas econmicas tais como: o aumento de produo, a melhoria da qualidade dos produtos, o aumento de comrcio e dos rendimentos, os camponeses formados em 2007 e 2008 revelaram valores maiores comparativamente aos grupos de controlo. No se encontrou diferenas significativas quanto aos obstculos e diversificao da produo. O mesmo se pode dizer quanto s percepes do aumento da frequncia da ocorrncia das calamidades e os impactos negativos atribudos s pragas, queimadas e animais selvagens. No que diz respeito s capacitaes que se esperavam que os promotores realizassem, notou-se que os 21 camponeses que reportaram ter formado outros camponeses, formaram um total de 143 pessoas na aplicao das tcnicas, sendo em mdia formados 7 camponeses por promotor. No entanto, dos 143 formados sabe-se que apenas 57 realmente aplicam estas tcnicas. A varincia tambm no difere em relao aos grupos de camponeses no que diz respeito s caractrsticas socioeconmicas. A tabela a seguir, quantifica estes resultados. Tabela 1: Sumrio de resultados por indicadores de desempenho Indicador Grupo piloto Grupo de controlo 1 Avaliao geral das capacitaes Qualidade dos programas 76.5% 90.5% Avaliao das tcnicas 94.1% 100% Adequao das tcnicas 70.5% 85.7% Fcil adopo das tcnicas 70.1% 85.7% Foram capacitados em

Tcnicas de sulcos nivelados 100% 90.5% Cobertura vegetal morta 58.8% 33.3%

Utilidade da captao e conservao das guas da chuva

94.1% 100%

Avaliao dos Impactos as capacitaes contribuem para: . reduzir a vulnerabilidade contra a seca 100% 95.2%

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aumentar a produo 88.2% 23.8% aumentar a qualidade da produo 100% 35.3% aumentar a parte de comrcio 35.3% 4.8% Multiplicao das Capacitaes Formou outros camponeses 82.4% 33.3% Expandir capacitaes 100% 100% Promotores formadores # de formados # de utilizadores das

tcnicas 21 (55.26%) 143 100% 57 40%

No que diz respeito ao indicador 2, o papel e desempenho dos rgos distritais na grc, constatamos que todos os distritos visitados neste mbito dispem de um sistema de pr-aviso e esto a realizar actividades de grc. Todavia, quanto integrao destas actividades e os respectivos oramentos nos planos distritais notamos que inexistente em todos estes distritos e no foi possvel encontrar evidncias de uma planificao participativa e orientada por resultados e oramentada para a grc, nem relatrios de balanos sobre os resultados alcanados e constrangimentos enfrentados. Por excepo, apenas no distrito de Buzi foi possvel identificar um plano de contingncia que orienta o sistema de pr-aviso e de emergncias. Relativamente ao indicador 3, que trata da existncia e o desempenho dos Comits Locais de grc, notamos que todos os 14 comits visitados tm todas as posies previstas e preenchidas pelos membros, e que contam em mdia com 14 e 15 membros. Em termos de capacidade de aco, encontramos uma situao mais heterognea na medida em que havia comits com um bom desempenho nesta rea, comparativamente com outros que demonstraram fraquezas. So 21.4% dos CL-grc foram avaliados com muito bom neste aspecto. Note-se tambm que, foi possvel captar informaes sobre o conhecimento dos CL-grc sobre a existncia de outros Comits Locais nas regies e localidades circunvizinhas. Por um lado encontramos que revelam um conhecimento parcial e incompleto dos 150 Comits existentes e criados com apoio do pr-grc; por outro lado e depois de se ter comparado a lista de CL-grc fornecida pelos membros, com as listas figurando na base de dados do INGC, observou-se que 34 destes Comits ainda no figuram na respectiva base de dados. A maior parte dos CL-grc desconhecidos se encontram nos distritos de Govuro Buzi e Sussundenga. Trata-se dos CLs-grc de Batata, Nasso, Mussassa, Km18, Mataula, Mussanga; Djenga, Matique, Mambone, Josina Machel, Chicoloque, Mahavo, Save, Mampula, Chitondotane, Jou, Ampara, Mamombe, Sofala, Estraquin, Morassa, Sena, Xiquazo, Ndambo, Chimbue,

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Calamu, Barragem, Inzaza, Nhamizinga, Tusseningoma, Sambanhe, Maquina, Madebunhane e Darue. Neste mbito, constatamos que, por um lado, este nmero de 34 refere-se unicamente s 14 localidades visitadas, o que deixa pensar que a falha ainda pode ser muito maior. Por outro lado entendemos que esta base de dados foi actualizada no ms de Fevereiro de 2010, contudo, a actualizao esteve bastante incompleta. No que diz respeito ao indicador 4, o desempenho dos sectores ministeriais no mbito de grc, encontramos que todos os eles j dispem de um ponto focal de grc no seu meio e que participam de forma regular nas reunies a nvel do CTGC. Quanto integrao do grc nos instrumentos de planificao, constatamos que h integrao de grc com metas e linhas oramentais, mas que este grau de integrao no se estende at aos planos locais. Porm, e por causa do facto de cada um dos ministrios se enquadrar num sistema de diviso de responsabilidades em reas diferentes e complementares, no conseguimos identificar quais so os sectores com melhor desempenho, mesmo que todos tenham, como este relatrio ilustra, os seus pontos fortes e fracos. Quanto ao indicador 5, que solicita a explorao do raio de actividades e o funcionamento do CTGC no mbito de propostas de actividades, encontramos que este grmio serve de facto para fins de coordenao, de concentrao de informaes, e de tomada de deciso. Em termos de propostas desenvolvidas, recebemos a indicao de que foram produzidos os trs planos chaves que orientam o sistema de grc no Pais: o plano director no qual se posiciona o nvel estratgico, os planos de reassentamento e de contingncia que orientam e ajustam as actividades a serem tomadas em vrios cenrios de preveno nomeadamente por via do plano de contingncia que est ligado com os sistemas de pr-aviso central e regionais, de emergncias e de ps - emergncias nomeadamente por via do plano de reassentamento e aco do CENOE (emergncias) e do GACOR (reconstruo ps - emergncias. Em termos de concluses, constatamos que a capacitao de camponeses teve um resultado positivo sobre a melhoria das condies de vida dos camponeses entrevistados, e tambm no mbito psicolgico manifestado atravs de perspectivas mais positivas quanto ao futuro. As capacitaes representam um exemplo de que possvel produzir-se efeitos positivos com meios e investimentos modesto. Recomendamos todavia, que se alargue a aco para incluir tcnicas e procedimentos de captao e conservao da gua das chuvas para uso

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domstico, que se inclua tcnicas de irrigao e outras tcnicas de captao de guas para fins produtivos, a fim de se procurar ou de se fortalecer sinergias com outros programas e iniciativas ligados alfabetizao e ao desenvolvimento rural. Recomendamos tambm, a criao dum sistema de incentivos para os promotores para que possam aumentar a motivao de continuarem com as capacitaes de outros camponeses; Conclumos que, a planificao distrital, e em consequncia o processo participativo e de monitoria e avaliao esto com enormes dfices no que diz respeito grc em particular e integrao dos assuntos transversais em geral. Recomendamos que se analise a causa desta fraqueza e encontrar-se medidas e meios adaptados para ultrapassar estas falhas. Todavia, recebemos a informao de medidas j tomadas atravs de um novo modelo de planificao a matriz nica desenvolvida e disseminada pelo MPD que orienta tambm a devida incluso destes assuntos na planificao sectorial e territorial. Quanto aco dos Comits Locais, constatamos que j h uma boa presena e aceitao nas comunidades e que podem apoiar-se com membros motivados. Conclumos que, h ainda falta de apoio e de meios incluindo incentivos financeiros. Recomendamos que se explore as opes nesta rea de apoio e de incentivos assim como, de se criar um sistema de M&A baseado sobre um fluxo de informao eficaz, nomeadamente entre os Comits e as delegaes de INGC a nvel distrital. Conclumos que, a nvel formal os sectores j tem atingidos progressos na integrao de actividades de grc nos planos e oramentos, assim como atravs de designao de pontos focais. Todavia, apercebemo-nos de que a prtica de integrao no est em par com estes progressos formais. Recomendamos uma maior articulao entre INGC, MPD e sectores num nvel tcnico e de promover a criao de uma rede de pontos focais que permita a troca de experincias fora de encontros em grmios formais e povoado por directores nacionais at mesmo ministros. As concluses quanto ao CTGC no diferem muito das concluses acima referidas: por um lado, o INGC e o CTGC esto a dar corpo ao sistema de grc, e dispem por via dos trs planos, tendo o plano director como o plano de enquadramento de um bom programa de aco racional, empenhado e j coroado de sucesso, se comparssemos a situao actual com a situao em 2000. No entanto recomendamos que se d maior foco sobre a inovao, a sua promoo e difuso para que se explore mais as competncias tcnicas que se encontram neste grmio.

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Introduo: Este estudo de base tem como objectivo preparar a segunda fase do projecto pr-grc e, neste mbito, apresentar um levantamento da situao actual com a finalidade de criar um sistema compreensivo de M&A. importante notar que o mbito deste estudo se limita nas regies e reas de grc que j fizeram parte do programa durante a sua primeira fase, e que faro tambm parte da segunda fase do apoio do pr-grc. Os resultados deste estudo devero permitir identificar campos e reas de progressos alcanados durante a primeira fase do projecto pr-grc, facilitar a identificao de novos campos e reas de interveno e dos tipos e formas de apoio necessrios. Dever facilitar o processo de aprendizagem necessrio para promover o desempenho do projecto e a identificao de aspectos que funcionam bem e de outros que no funcionam como o previsto. Assim, o estudo pretende dar um input na planificao de actividades, na definio de metas e no estabelecimento de indicadores para organizar o seguimento das aces no quadro de um sistema de M&A virado para monitoria da eficcia e dos impactos criados para a sua sustentabilidade. Este ltimo ponto sendo sublinhado no relatrio de PKK da gtz1. A situao socioeconmica nas trs Provncias A contextualizao do estudo de base, em termos de perfis ocupacionais, da situao da pobreza e de riscos de calamidades que, demonstra diferentes manifestaes de um mesmo fenmeno de precaridade que encontramos ou verses diferentes no mbito da nossa pesquisa e caracterizam o desafio que os implementadores do projecto pr-grc e de INGC em geral esto enfrentando no seu trabalho de dia-a-dia.2 As trs Provncias seleccionadas, Inhambane, Sofala e Manica tm uma populao de acerca de 4.373.500 habitantes, dos quais 2.015.900 homens e

1gtz(2009)ProjektFortschrittKontrollBericht(PFK):InstitutionalisierungderKatastrophenvorsorgeinMosambikprgrc,(semdata),pgina32ff,e38ff2 INGC/prgrc (2009) Servios de consultoria: Termos de referncia, Final /12/2009, pagina 1:OMoambiquesendonalistadospasesAfricanosmaisvulnerveisdevidoadoisfactoresprincipais:a)vulnerabilidadedasuapopulao induzidapelosnveisdepobreza,eb)asuaposiogeogrficacomopaiscosteirodrenandoaslinhasdeguadoplanaltocentraldefricaparaoOceanoIndico.()Alemdosciclonesecheiasperidicasemmdia,emcada3de4anos,ocorreumasecadegrandesdimenses.,ibidem,pagina1.

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2.357.600 mulheres. A desigualdade em termos de gnero mais acentuada em Inhambane, com 56.4% mulheres contra 43.6% homens.3

Em termos de conhecimentos bsicos nota-se que 49.6% em Sofala, 46.8% em Manica, e 49.6% em Inhambane no sabe ler e escrever. E se olharmos do lado das mulheres a situao mais grave, com 68.2% em Sofala, 62.8% em Manica, e 60.4% em Inhambane de analfabetismo.4 Relativamente taxa de ocupao nota-se que, em Sofala de 70.8%, em Manica de 68.4%, e em Inhambane de 81.7% 5 Quanto distribuio das actividades econmicas,6 verifica-se que com excepo da cidade de Maputo, Maputo Provncia e Sofala (.) mais de 70% da populao est no ramo da agricultura, pecuria, caa, pesca e silvicultura. As estatsticas para as trs provncias respectivas revelam que 67.5% da populao em Sofala, 76.1% em Manica, e 78.7% em Inhambane trabalham nos sectores agrcolas.7 E quando olhamos ainda para a distribuio percentual da populao ocupada por posio no processo laboral reportada no IFTRAB de 2005, encontramos para as trs provncias em questo que em Sofala, 60.7%, em Manica 60.7%, e em Inhambane 58.3% trabalha por conta prpria sem empregados, dos quais a enorme maioria nas ocupaes agrcola familiar, enquanto 13.1% em Sofala, 25.2% em Manica, e 29.6% em Inhambane so trabalhadores familiares sem renumerao.8 Portanto concluiu o relatrio que 96.6% de populao que trabalha como trabalhador familiar sem renumerao, est no ramo agrcola.9 Portanto chegamos a situao na qual 73.8% em Sofala, 85.9% em Manica, e 87.9% em Inhambane da populao ocupada concentra-se no sector da agricultura familiar sem empregados10.

3 INE (2006) INFOR2004O sector InformalemMocambiqueResultadosdoprimeiro InquritoNacional(2005),Maputo28,Agosto2006,pgina754INE(2006)IFTRAB2004/2005InquritointegradoaForadeTrabalhoRelatrioFinal,pgina215INE(2006)IFTRAB,ibidem,pgina236INE(2006) IFTRAB, ibidem,pgina27,Consideraseactividadeeconmicatodaaactividadeviradaparaaproduodebense servios realizadamediantepagamentoemdinheiroouemespcieouajuda a um familiar sem renumerao. Esta definicao inclua portanto trabalho organizado nocontexto de economia de subsistncia com producao orientado pelo autoconsumo, e que secaracteriza de forma seguinte: fraca produtividade, nvel tecnolgico rudimentario e poucaespecializao, que representa a forma dominante da agricultura Mocambicana. Vide: Allan G.Johnson(2000)TheBlackwellDictionaryofSociology,BlackwellPublishers,Oxford.Notasetambmaausnciadeestruturasdemercadoedeoutrasinstituicoeseconmicas.7INE(2006)IFTRAB,ibidem,pgina27288INE(2006)IFTRAB,ibidem,pgina269INE(2006)IFTRAB,ibidem,pgina27.10 INE (2006) IFTRAB, ibidem, pgina 27. Comparamos com as estatsticas acumuladss que o IAF2002/03forneceu:Sofala85.3%,Manica88.6%,eInhambane91.1%.Todaviaestesdadosnofazemdistincaoentercontaprpriacomesemempregadosoquepoderiaexplicarasdiferenasrelativasaos dados de IFTRAB. INE (2004) Relatrio Final do Inqurito aos agregados familiares sobre

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Os resultados do estudo de base em comparao com outros estudos e inquritos Interpretamos estes dados como indicadores de economia de subsistncia. Segundo Hemmer, a economia de subsistncia se refere a existncia de sectores econmicos no ou pouco monetrios, que se concentram em particular no sector agrcola. Este sector continua predominante em vrios pases Africanos e no Sul asitico e caracteriza uma situao onde uma grande parte do volume da produo est produzindo e consumindo neste sector e onde h quase ausncia de mercados e de transaces comerciais. O raio de trocas se reduz s transaces dentro do agregado e no ultrapassa o limite da comunidade, e se realizam sob forma de trocas em espcies naturais.11 Bohannan e Dalton proponham uma categorizao de economias em dois tipos: economias de subsistncia e de mercado. Ambos se distinguem em termos do seu carcter monetrio das transaces econmicas incluindo a comercializao ou no da terra e dos bens12. Par le biais des marche (places de march, mme priphriques), lconomie montaire (le marche systme) peut, bien entendu, sinsinuer dans les conomies non-marchandes et les corrompre plus au moins en profondeur. Autrement dit les marche sont aussi les lieux dinterface entre les modes de production de nature diffrente, et par consquent des interstices par lesquels un mode de production dominant peut se glisser afin de corroder, voire dissoudre, des modes locaux quil entend assujettir.13 A palavra corromper significa, em outras palavras, desenvolvimento. A estratgia de promover mercados rurais tem por objectivo transformar

oramento familiar 2002/03, Maputo, 2004. Reproduzimos tambm as taxas de ocupaesassalariadasnestasProvncias,sendoemSofala20.9%,emManica12.3%,eemInhambane10.7%,amaioriadivididoemacupaesnosectorpblicoeprivado.Sofala,viaBeira,saiuafrentecom11.7%deassalariadosnoprivado,contra5.3%emManica,e6.0%emInhambane.Astaxasdeassalariadosna funopblicaoscilamentre4.1%emManica,e2,8%em Inhambane funcionriospblicos. INE(2006)IFTRAB,ibidem,pgina2911 HansRimbert Hemmer (1988)Wirtschaftsprobleme der Entwicklungslander, Vahlen,Munchen,pgina13.Oautor falade Naturaltausch,que representauma realidadeeconmicae socialqueescapadasestatisticaseconmicasoficiais.12PaulBohannaneGeorgeDalton, em: FrancisDupuy (2001)Anthropologieconomique,ArmandColin,Paris,pagina127128.13Dupuys(2001)ibidem,pagina129ff.NasuarevisodoconceitodemododeproduocamponsVanderPloegsublinhaqueaunidadecamponesadeproduoprecisamenteaformainstitucionalquedistanciaaactividadeagropecuria,damaneiraespecficaeestrategicamenteorganizada,dosmercados (de insumos), ao mesmo tempo que a vincula (tambm de maneira especifica eestrategicamenteorganizadaaoutrosmercados(deprodutos).JanDouvevanderPloegomododeproducaocamponesrevisitada,em:SergioSchneider(dir2006)Adiversidadedaagriculturafamiliar,UFRGESEditora,PortAlegre,pagina20.)

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agriculturas limitadas para subsistncia em agriculturas capazes de produzir excedentes, para estimular um processo de desenvolvimento rural.14 O Concise Oxford Dictionary of Sociology resume estas posies definindo economia de subsistncia como uma economia agrria focando sobre a produo pelo consumo do que para comrcio (troca), e caracterizado por um nvel baixo de produo, que a coloca como maior constituinte da pobreza e do subdesenvolvimento.15 Este aspecto de (falta) de articulao entre agricultura e mercado est no centro da argumentao apresentada num relatrio de avaliao de INAM, que no culpa o baixo nvel de preos como um dos maiores obstculos ao desenvolvimento de mercados rurais: Ao contrrio da crena geralmente sustentada de que a adopo de tecnologias constrangida pela falta de liquidez e/ou averso de riscos por parte dos camponeses, a nossa hiptese que a adopo de novas tecnologias constrangida principalmente pela baixa rentabilidade das tecnologias devido aos preos baixos esperados de produo. de esperar que os preos baixos que os produtores praticam para vender o seu produto na poca de colheita (entre Maio e Julho) reduzam os incentivos para os camponeses utilizarem novas tecnologias que incluem novas variedades, fertilizantes ou outros insumos agrcolas. Sanders, Shapiro e Ramaswamy (1996) reconheceram que as quedas de preos, causadas pela reduo dos rendimentos esperados e aumento da variabilidade de rendimentos, podem ser um desincentivo principal adopo de novas tecnologias.16 Quando comparamos estas descries de caractersticas com aquelas que encontramos durante a pesquisa de campo, chegamos a concluso de que uma grande parte das localidades tem caractersticas similares: fraca produtividade e produes irregulares, uma produo virada para subsistncia, alta dependncia das condies ambientais e climticas, ausncia de mercados e/ou difcil acesso ao mercado, e com meios de produo e com taxas de produtividade baixas atriculados com a economia de subsistncia.17

14Videtambm:GeorgesBalandier:Structuressocialstraditionnellesetchangementsconomiques,em:GeorgesBalandier(1986)SensePuissance,PUF,Paris,pgina21723015ConciseOxfordDictionaryofSociology(1994),editedbyGordonMarshall,OxfordUniversityPress,Oxford.16RepblicadeMoambique/INAM(2006)IntroduodeNovasTecnologiasAgrcolaseEstratgiasdeComercializaonoCentrodeMoambiqueporRafaelN.UaieneRelatriodePesquisaNo.2P,Agostode2006,pgina2.17O relatriode INAMobservaqueAcrescentevariabilidadedepreos tantodo ladodaprocuracomodoladodaofertamanifestadanasflutuaessazonaiseinteranuaisdosnveisdospreos,oqueafectaobemestar.Aquedadepreosemconsequnciadeaumentosdeproduo,devidoaosanosemqueapluviosidadeboa,produzchoquesderendimentosespecialmenteparafamliascom

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Porm, o forte carcter da economia de subsistncia, que caracteriza portanto a situao de uma grande parte das localidades visitadas, se manifesta tambm atravs de altas taxas de sub-emprego, co-responsvel para o baixo rendimento agrcola, reportadas por inquritos e estudos realizados nos ltimos anos. No que diz respeito s trs Provncias, o IFTRAB revela que as taxas de sub-emprego referente s camadas ocupacionais acima mencionadas18 atingem 76.9% em Sofala, 79.3% em Manica e 95.4% em Inhambane.19 As estatsticas comportadas no IFTRAB excluem a populao de menos de 15 anos; uma faixa etria que o INFOR incluiu no seu inqurito sobre trabalhadores informais com 7 anos e mais. As estatsticas fornecidas pelo INFOR revelam portanto a existncia de taxas de ocupaes agrcolas ainda mais altas: a incluso da faixa etria entre 7 e 14 anos leva para 90.9% o total da populao que trabalha na agricultura, dos quais 85.5% em Sofala20, 91.9% em Manica, e 91.7% em Inhambane. Ou seja, em termos de uma desagregao por faixas etrias, encontramos que no que diz respeito a faixa etria de 7 ate 14 anos de idade, 12.8% das crianas em Sofala, 22.2% em Manica, e 11.5% em Inhambane esto a trabalhar na agricultura familiar.21 No fim, cruzar-se- estes perfis ocupacionais com a situao da pobreza. Segundo o IAF de 2002/03, as linhas da pobreza absoluta nas trs Provncias eram as seguintes: Sofala 36.1%, Manica 43.6% e Inhambane 80.7%.

umabasefracaderecursos.Esperasequeodesenvolvimentodenovosmercadosdemilhoaumenteaprocuraereduzaaquedadepreose,dessemodo,estimulearpidaadopodenovastecnologiasagrcolas. INAM(2006), ibidem,pagina6.Notasequeorelatrioresponsabilizatambmapoliticadesubvenodepreosagrcolascomofactorde'urbanbias'queimpedeamelhoriadasituaodeprodutoresagrcolas.18Contaprpriasemempregadosetrabalhadorfamiliarsemrenumerao.DRN,ADE,BAASTEL,ECOeNCG(2004)Avaliaoconjuntadaeficciae impactodadirectivafomentarodesenvolvimentodoprograma alimentar mundial (PAM): Moambique Estudo Nacional, volume 1 texto principal,Dezembro2004,pgina719INE(2006)IFTRAB,ibidem,pgina63.20ProbavelmentedevidoaoimpactourbanodacidadedeBeira.21INE(2006)INFOR,ibidem,pagina8889.AprincipalactividadelaboralemMoambiqueagrcolaepecuria.Em2000,deacordocomocensoagropecuriodo INE (2002),cercade9,6milhesdemoambicanos dedicavamse actividade agropecuria. Este valor superior aos 7,2milhes depessoas,acima referidosparao tamanhoda forade trabalho.Aexplicaopara issoqueos9,6milhesincluemogrupodecrianasejovenscomidadescompreendidasentre10e19anos,grandepartedoqualficaexcludodadefinioconvencionaldepopulaoeconomicamenteactiva(apenasogrupoetriodos15a64anos).Cercade30%,ouseja,quasetrsmilhesdemenordeidade(1019anos),dosquais62%realizamaactividadeagrcolacomoactividadeprincipal,enquantoosrestantespraticamaagricultura como actividade secundriaCruzeirodoSuleCentrodeEstudosAfricanosImpacto da Economia Informal na Proteco Social, Pobreza e Excluso: A Dimenso Oculta daInformalidade emMoambique. Preparado por Antnio A da Silva Francisco, eMargarida Paulo.Maputo,Maio2006,pagina43

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Comparado com as taxas registadas em 1996, a pobreza absoluta baixou em 51.8% em Sofala, em 19% em Manica, e em 1.9% em Inhambane.22 O carcter dominante desta agricultura de subsistncia, como se ver ao longo deste estudo, foi tambm confirmado pela pesquisa comparativa e qualitativa realizada em 2005 com o objectivo de registar em que medida a reportada reduo das taxas de pobreza impactou sobre as percepes e projectos de aco das populaes no sentido de desencadear ou no mudanas significativas. O estudo comparativo foi realizado nas Provncias de Sofala e Inhambane, duas provncias com taxas de reduo bastante diferentes, focalizando sobre os distritos abrangidos pelo IAF 2002/03. Este estudo concluiu que perto de 90% (92.5% em Sofala e 87.8% em Inhambane) dos agregados familiares entrevistados possuem machamba, entre os quais 89% (95% para Sofala e 83% para Inhambane) possuem ttulo de propriedade. O nmero mdio de machambas por agregado familiar ligeiramente superior em Inhambane (2.4) do que em Sofala (1.9), embora isto no signifique, necessariamente, que os agregados familiares em Inhambane cultivem maior rea do que os de Sofala, uma vez que no temos informao sobre o tamanho das referidas machambas. Entre as principais culturas produzidas destacam-se o milho, mandioca, feijo nhemba e amendoim. O objectivo principal da agricultura nestes agregados produzir alimentos para o consumo do AF, sendo os alimentos produzidos suficientes para a alimentao do AF durante todo o ano em apenas 29% dos agregados em Sofala e 40% em Inhambane. Os autores acrescentam que, no que diz respeito ao distrito de Funhalhouro que fez parte dos distritos seleccionados pela pesquisa, trata-se do 1 distrito mais pobre da Provncia23, e sendo Inhambane a Provncia com o maior ndice de pobreza no pais. Nota-se ainda que, no que diz respeito aos outros indicadores sobre o agregado familiar, a produo agrcola e os bens e equipamentos, os resultados encontrados no mbito deste estudo de base, no se desviam de forma significativa dos resultados reportados em 2005.

22IAFcitadoem:CruzeirodoSul2006)ibidem,pgina3123MPD Direco Nacional de Estudos e Anlise dePolticas (2005) Estudo Qualitativo Sobre APobreza Casos das Provncias de Inhambane e Sofala Relatrio Final, Equipamultidisciplinar depesquisadoDepartamentodeArqueologiaeAntropologiadaFaculdadedeLetraseCinciasSociaisdaUniversidadeEduardoMondlane:AlexandreMate,JoeldasNevesTembe,CarlosArnaldo,JohaneZonjo,JosAdalima,EmdioGune,Maputo,Novembro2005,pagina15,epgina5

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Observa-se tambm que em ambas Provncias, a seca figura acima da lista das causas indicadas da pobreza.24 Citamos uma passagem para ilustrar a descrio de uma situao que no era muito distante da situao que se encontrava no mbito deste estudo: Os referidos aspectos esto evidentes nas afirmaes dos entrevistados que se seguem: O rio Bemba est seco, e tudo na machamba secou, isso faz-nos pobres Estamos pobres porque no podemos caar, e as ratazanas andam na machamba a comer a nossa mandioca, mas no podemos caar, porque estamos na coutada 10 de um Sul-africano, e ficamos com fome Tem outro mesmo, problema preguia, no gosta trabalhar, fica sem comida nem nada. A questo da seca complementa-se questo de inundaes, jogando a chuva um papel fundamental em duas vertentes. Por um lado, a ausncia de chuvas, que tem sido referida como durando aproximadamente trs anos, tem levado a que os pequenos rios que asseguram a irrigao e a fertilizao da terra dos camponeses baixem, reduzindo a capacidade de produo e produtividade dos mesmos, propiciando condies para a ecloso da fome, tanto em Cheringoma como em Machanga. Por outro lado, quando as chuvas caem, escasseiam mecanismos de controlo e reteno das guas para reservas, ocasionando situaes de inundaes imediatamente seguidas de secas, assim que passa o perodo de chuvas. Estas vertentes so salientes na seguinte passagem: Quando no chove tudo na machamba seca, e morre tudo... quando chove tudo fica tapado com gua, e tudo morre e ficamos sem nada para comer, ficamos pobres Quanto questo da comercializao, os produtores mencionaram a dificuldade de vias de acesso, sobretudo em zonas do interior dos distritos, como Mazamba, Cheadea. Essa questo tem de ser vista a dois nveis, designadamente ao nvel das estradas intransitveis e de difcil acesso, e ao nvel das pontes destrudas (casos de Nhamatanda e Cheringoma, posto administrativo de Inhaminga). De forma complementar mencionam a inexistncia ou escassez extrema de meios de transporte para escoar os seus produtos, criando situaes nas quais s podem transportar pequenas quantidades nas bicicletas, gerando uma situao de apodrecimento dos produtos, ou ainda os produtos so comprados por negociantes ambulantes a preos muito baixos em relao aos investimentos feitos. Em Maciamboza um dos entrevistados exemplificando o constrangimento de transporte para escoar produtos referiu o seguinte: O dono daquela machamba, no ano passado plantou e vendeu 4 hectares de anans, este ano produziu 12 hectares, mas tudo apodreceu porque no tinha transporte e o tractor da administrao que costuma apoiar estava avariado O cenrio de dificuldades de acessibilidade de vias e escassez de transporte foi observado pela equipa de pesquisa, com a maior

24MPDEstudoqualitativo(2005)ibidempgina17.

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parte das vias acessveis apenas a viaturas com traco e mesmo assim como muita dificuldade25. No entanto, esta passagem nos permite notar duas situaes: a primeira acentua o papel preponderante das condies climticas na causalidade da pobreza, ainda mais se esta for em par com uma fraca infra-estrutura de base; e a outra situao enfatiza a importncia da gesto de risco de calamidades na luta contra a pobreza. Neste ltimo aspecto, o nosso estudo conseguiu captar algumas indicaes de melhoria no que diz respeito aos impactos positivos e encorajantes reportados referentes s capacitaes iniciadas e realizadas por parte do INGC via CERUMs, assim como no que respeita a aco crescente dos CL-grcs. O estudo ilustra tambm que a mudana um processo lento e deve fazer face uma variedade de factores, alm dos factores climticos, a pobreza, o analfabetismo, a fraca infra-estrutura, mas tambm factores que esto no centro da ateno de aces polticas tais como: a descentralizao, a planificao e a melhoria de rendimentos de polticas pblicas a nvel local, que j provocou uma vasta gama de actividades de capacitaes e de reformas a comear a dar resultados. Alguns passos j foram dados e ilustram que mesmo com pouco investimento, como o caso das capacitaes do CERUM e/ou a criao de Comits Locais de Gesto de Risco de Calamidades (CL-grc), possvel ter resultados importantes que acabam fazendo diferena, tanto no mbito material das condies da vida, e no mbito psicolgico de perspectivas das populaes rurais. Todavia o caminho ainda longo para se poder explorar os benefcios de grc para o desenvolvimento das comunidades rurais. O estudo e os seus resultados, apresentados no relatrio daro duma certa maneira, ilustraes empricas deste facto.

25MPDEstudoqualitativo(2005)ibidempagina1819.

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Metodologia Segundo os ToR, o estudo de base tem por objectivo conhecer e registar, no incio da fase 2 do pr-grc, o ponto de partida dos indicadores (especificados nos ToR) no que diz respeito situao da vulnerabilidade das comunidades desastres naturais e sobre a gesto de risco de calamidades nas regies seleccionadas para a implementao do projecto. Assim, o estudo de base dever, em respeito dos prazos imputados, permitir estabelecer os parmetros de referncia para avaliaes futuras (); a medio do progresso e do impacto atingido pelo projecto (e que seja til no que diz respeito) a sua utilizao no sistema de monitoria e avaliao do pr-grc26 Estes progressos devem ser comparados com aquilo que seria a evoluo normal sem a assistncia do projecto. Assim, para alguns parmetros o estudo de base deve ser levado a cabo num grupo de beneficirios controlo, dentro do universo de beneficirios do projecto.27 Nesse mbito, solicitou-se que o estudo deveria compilar informao quantitativa e qualitativa em relao s seguintes grandes variveis: - Situao, vulnerabilidade das comunidades aos desastres naturais mais comuns em cada regio; -famlias que actualmente implementam tecnologias divulgadas pelo CERUM ou por outras organizaes para minimizar os impactos da seca e da forma como tais tecnologias influenciam o bem-estar familiar () - Existncia de Comits locais de gesto de risco de calamidades (CLGRC), ou outras formas de organizao comunitria, o seu grau de organizao interna e de preparao face aos desastres () e a sua capacidade de resposta () - As instituies e parceiros pblicos e privados envolvidos na grc, a sua capacidade institucional, e os instrumentos e produtos de que dispem para implementar aces de preveno e mitigao de desastres naturais e adaptao s mudanas climticas.28

26 INGC/gtz:serviosdeconsultoria realizaodoestudoda linhadebase:Termosde referncia.Versofinal30.12.2009,pgina6727INGC/gtz:ToR,ibidem,pgina828INGC/gtz:ToR,ibidem,pgina7

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Espera-se que o estudo aplicado produza um conhecimento e um saber aprofundado sobre o estado de avano, prticas e raciocnios de actores sociais e institucionais, diferentemente da abordagem de grounded theory.29 Para atingir estes objectivos foi estabelecido o seguinte procedimento: - Clarificao sobre os objectivos e resultados esperados; - Apresentao da abordagem para a sua aprovao; e - Clarificao da diviso de responsabilidades entre a equipa de pesquisa e os membros do pr-grc. Amostragem: Tendo em conta as decises tomadas e as suas implicaes, optamos em favor de uma discusso mais abrangente sobre aspectos metodolgicos como forma de facilitar a eventual replicao desta abordagem para outros estudos de base na rea de gesto de riscos de calamidades. Portanto quanto ao desenho das amostras, os ToR j providenciam indicaes especficas sobre a sua seleco para todos indicadores em questo. Durante o processo de clarificao da misso da pesquisa que consistia na operacionalizao dos objectivos dos ToR, os membros do pr-grc determinaram os locais e as unidades a serem pesquisados no mbito dos indicadores 2, 3, e 4, e se responsabilizaram a mobilizar e facilitar as entrevistas com camponeses e chefes locais quanto ao indicador 1 que partiu de uma amostra de 100, dos quais 50 oriundos do grupo de no beneficirios, e os outros 50 subdivididos em camponeses beneficirios das formaes do CERUM ocorridas durante os anos 2007 e 2008, e o outro grupo de beneficirios, capacitados durante os anos de 2009 e 2010. No que diz respeito ao indicador 5, os ToR determinaram o Conselho Tcnico de Gesto de calamidades naturais (CTGC) como objecto de pesquisa. Quanto ao indicador 1, a equipa de pesquisa seguiu as decises dos membros do projecto sobre os locais seleccionados para pesquisa de camponeses beneficirios e de controlo.

29 Esta abordagem advocates loosely structured research desgns that allow theoretical ideas toemerge from the field in thecourseof thestudy.M.B.Miles/A.M.Huberman (1994)Qualitativedataanalysis,in:RoyceA.Singleton,Jr/BruceC.Straits(1999)ApproachestoSocialResearch,OxfordUniversityPress,OxfordNewYork (3rdedition),Pagina348.MillereSalkind caracterizampesquisaaplicadada seguintemaneira:O resultadodoestudo seravaliadopela instnciamandatria,queesperaencontrarsolues;opesquisadorassumeopapeldetradutorentreadisciplinaacadmicaeestecampodaaco,eproduzteorianombitodopossvel.DelbertC.Miller/NeilS.Salkind(2002)Handbookofsocialresearchdesign&socialmeasurement,SagePublications,pagina63.Notaseque,paranoperturbaraapresentacaodosresultados,queutilisamos,antesdetudo,asanotaesparadiscussesdecarcterteorico.

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importante notar que, alm do que foi previsto nos ToR sobre a composio da amostra para este indicador 1, a proposta da equipa de pesquisa de incluir um 2 grupo de controlo composto por um nmero igual de camponeses no beneficirios foi aprovada, aumentado assim, a capacidade de avaliao dos efeitos e a atribuio de causalidades comparadas a um painel de camponeses representando deste modo a evoluo normal sem a assistncia do projecto ao longo dos trs anos da sua segunda fase. A seleco das amostras e das unidades a serem pesquisadas foi decidida em estreita cooperao com os membros do projecto a fim de se explorar no mximo as experincias e observaes dos membros do projecto pr-grc e para garantir a maior utilidade da informao para alcanar os resultados esperados durante a fase 2. As vantagens em termos de utilidade, primavam assim, sobre eventuais riscos de bias relacionados com o processo de amostragem, tendo em conta que, segundo Singleton et., all, a deciso final sobre o desenho da amostra e os procedimentos a aplicar depende da finalidade da pesquisa, dos recursos disponveis em termos de tempo, de recursos humanos e financeiros, e do mtodo de colecta de dados.30 O ponto que se segue, aborda as implicaes que o mtodo de amostragem aplicado tem sobre a abrangncia da validade e a reliabilidade dos resultados31. A amostragem e a abrangncia dos resultados da pesquisa importante sublinhar que nenhuma das amostras satisfaz o critrio de representatividade, exigindo o desenho de uma amostra na qual o degree of error in a sample estimate that is the average amount by which a sample estimate deviates from the population value it estimates.32 Portanto, a

30Singleton/Straits(1999),ibidem,pgina172.31 A validade se refere a relacao entre um conceito terico e a realidade emprica. Em termosmetodolgicosestecritrioaplicaseparaavaliaraadequaodeum indicadordecaptaremediraexpressoempricadesteconceito.Atermdescribingameasurethatacuratelyreflectstheconceptitis intended tomeasure.Reliabilidade representa um outro critrio de controlo de qualidade domtodo,asaberdosindicadoresetecnicasdecolectadedadossugerindothatthesamedatawouldhavebeen colected in repeatedobservations.EarlBabbie (2004):ThePracticeofSocialResearch,Wadsworth,Belmont,pagina143ff.Nestecontextoelargaramadiscussodosignficadodavalidadenamedidaemqueincluatambmaquestoepistemeologicasobreombitoeaslimitasdomtodoemrelacaoarepresentaodarealidadequepodeproduzir.32 Singleton/Straits (1998), ibidem, pgina 166. De facto o desenho de uma amostra aleatriadependededuascondiesbsicas:acomplete listofthepopulation,andtherandomselectionofcasestobeincludedinthesample.()Thedefiningpropertyofasimplerandomsampleisthateverypossiblecombinationofcasesasanequalchanceofbeingincludedinthesample()Charcteristicsof

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preciso de uma amostra se refere ao erro padro standard deviation calculado a base da mdia da amostra comparado com a mdia da populao alvo. A discrepncia entre estes valores, decide sobre o nvel de confiana da amostra e sobre o grau da sua representatividade referente aos parmetros que determinam os objectivos e o objecto do estudo.33 For a given confidence level (say 95%) the size of the confidence interval is directly linked to the standard error, that is the smaller the standard error, the smaller the confidence interval and the more precise the sample estimates; isto , o grau de concordncia entre a amostra e a populao alvo quanto aos parmetros seleccionados para ser pesquisados. Em circunstncias normais, a tentativa de reduzir o grau de discrepncia da amostra relativa distribuio normal das caractersticas na totalidade da populao alvo, passa pelo aumento de tamanho da amostra, se no forem outras tcnicas como, por exemplo, proceder a estratificao da amostra.34 Em outras palavras, o tamanho da amostra est directamente relacionado com a preciso da mdia da amostra como estimativa da mdia da populao real.35 Todavia, a amostra aleatria probability sampling, que tem como vantagem garantir uma seleco objectiva e desinteressada de casos e a generalizao dos seus resultados populao alvo via aplicao das leis de

populationare calledparameters ()Sampleestimatesare called statistics ()Theamount thatagiven sample statistic deviates from thepopulationparameters it estimates is known as samplingerror ()Thestatisticalmeasureoftheaverageofsucherrorsforanentiresamplingdistribution iscalledthestandarderror()Therange,calledconfidenceinterval,isestablishedaroundthesamplestatistic.From thisprocedureweendupwithstatements suchas ()weare95percentconfidentthatthepopulationmeanisbetween2.0and4.0.Ibidem,pagina142,145,147,148,149.33Geralmenteo valormdiodadistribuiodeparmetrosde interessenapopulao alvono conhecido. Portanto, o nvel de confiana da amostra tem de estar estimado, utilizando frmulasmatemticasexistentesparacalcularotamanhodaamostra.Eventhoughthepopulationparameterisnotknown,thetheoryindicateshowsampleestimateswillbedistributed(byspecifyingthesampledistribution)andprovidesastatisticalformulaforcaculatingstandarderrorconstituindocomojfoidito, ameasure of howmuch the sample estimateswill tend to vary. Singleton/Straits (1998),ibidem,pagina149.34 Peter R. Beck/Jose Bambo (colaborador) (2009): Jobs and occupational skills in MozambicanIndustryfirmsurveyreport,gtzproeducationMozambique.35 LouisM.Rea/RichardA.Parker (2000)Metodologiadepesquisadoplanejamentoexecuo,Pioneira,SP,pgina123.Portanto,ecomojfoireferenciadooprocessodeselecodotamanhodeuma amostra requer que o pesquisador determine umamargem de incerteza, (margem de erro)devidos restriesdo tempoecustodoestudo. Ibidem,pgina125ff.Oerrodeamostragemuma funo do tamanho da amostra the larger the sample, the smaller the standard error.Singleton/Straits(1998),ibidem,pagina149.

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probabilidade, no representa a nica forma de desenhar a amostra, pois, h tambm estudos base de amostras construdas de forma no-aleatria36. Entretanto, este tipo de amostra no oferece vantagens como as da amostragem aleatrio37, onde todo elemento tem a idntica probabilidade de ser seleccioado, mas a deciso sobre que tcnica de amostragem deve ser utilizada, depende de facto, do mbito, objectivo, do seu objecto e dos seus parmetros.38 No caso deste estudo de base, a deciso de se optar a favor de uma amostra no aleatria se justifica alm das consideraes de economia de pesquisa - pelo facto do tamanho reduzido dos casos a pesquisar39 e pela sua finalidade de criar uma linha de base para monitoria e avaliao das intervenes do projecto e do seu impacto40. Alm disso, a deciso de recorrer uma amostragem propositada purposive sampling - oferece a vantagem de criar maior adequao com as necessidades de M&A41. Permite tambm, valorizar os conhecimentos e experincias dos peritos e membros do projecto e da sua capacidade de seleccionar os casos com maior representatividade e maior relevncia. A outra vantagem que traz uma enorme economia de pesquisa em termos de tempo, acesso aos objectos da pesquisa e em termos de custos42.

36Nonprobalitysampling.Singleton/Straits(1998),ibidem,pgina141.Todavia,adecisodeaplicarumtipodeamostragemdependenosomentedosparmetrosevocadoscomoascaractersticasdapopulao alvo e os objectivos do pesquisador,mas tem a ver tambm com a diferena entrerepresentatividade no sentido estatstico e sociolgico. Mas, neste estudo no se pretendeaprofundar taldiferenciao.Worldbankdistingue12 metodosdiferentesdecolectadedadosnombitodeumestudodebase indodemetodos informaisat inquritos.Porm,adecisosobreomtodojustodependedosobjectivos.Thechallengeistoobtainadequatebaselineinformationoneachoftheperformanceindicatorsforeachoutcome.(itisimportanttobejudiciousinthenumberofindicatorschosen,becauseeach indicatorwillneeddatacollection,analysis,and reportingsystemsbehind it.JodyZallKusek/RitaCRist(2004)Tenstepstoaresultsbasedmonitoringandevaluationsystem,WorldBank,Washington,pagina8237SegundoSingletoneStraitsaamostragempropositadopurposivesampling noseaplicaseoobjectivodo estudo fordeproduzir informaes com efeitosde serem generalizadas apopulaoalvo.ibidem,pgina158.38Singleton/Straits(1998),ibidem,pgina15739Ifthepopulationitselfcontainsfewcasesorifnoadequatesamplingframecannotbeobtainedorconstructed,thereisnopointinconsideringprobabilitysampling.Withsmallpopulations(sayfewerthan 100), each case should be studied in its own right in comparison with all others.Singleton/Straits(1998),ibidempgina157.40Aindanombitodeumapesquisaqualitativa,ointeresseeoobjectivodapesquisaqueprimamsobre omtodo de amostragem e a seleco dos elementos para pesquisa qualitativa. SiegfriedLamnek(1993)QualitativeSozialforschung,Beltz,Weinheim,pgina2ff.41CookandShadish(1994:571)pointouttheenormouspraticaldifficultiesofimplementingahighquality programwith a random sample of dispersed population. Singleton/Straits (1998), ibidem,pagina446.VidetambemKusek/Rist(2004),ibidem,pgina8642 Kusek and Rist falam de trade offs necessrios entre custo, preciso, validade e durao.Kusek/Rist(2004),ibidem,pgina86

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O objectivo principal de um estudo de base , portanto, o de fornecer um diagnstico aprofundado sobre os casos seleccionados e em relao aos parmetros chaves definidos nos ToR. conveniente notar, portanto, que os resultados e concluses deste estudo tm validade para a populao da amostra e em termos de validade estatstica no possvel generaliz-os. No entanto os resultados representam uma linha de base para os elementos da amostra que favoream comparaes: i) em termos da evoluo e dos progressos em torno de aspectos especficos, assim como ii) com outras amostras de populaes, em torno destes mesmos aspectos e indicadores. Portanto, produz informaes cruciais para efeitos de comparao e atribuio entre variveis dependentes e independentes, de planificao e de M&A e tambm de aprendizagem organizacional atravs da identificao de best practices43. As amostras Na tabela 2, resume-se a seleco de unidades para cada indicador conforme a proposta dos peritos do projecto e que foi finalizada em cooperao com a equipa de pesquisa. Assim, foram definidos os distritos e locais para poder se pesquisar os indicadores 2 e 3, e os ministrios a serem seleccionados referentes ao indicador 4. O indicador 5 sendo representado pelo CTGC e os pontos focais entrevistados no mbito da pesquisa sobre o indicador 4. Nota-se deste modo que, no que diz respeito seleco das amostras de camponeses referente ao indicador 1, foi aceite a proposta de se incluir uma amostra de camponeses no beneficirios de capacitaes contra a seca, para criar-se assim, uma base de comparao ao longo da segunda fase do projecto pr-grc, e para avaliao final do seu desempenho.

43KuskeRistenfatizamanecessidadedepilotagemdeprogramasdedesenvolvimento.Pilotingofindicatorsand the information requirementsbehind themshouldbedoneperiod. It isextremelyrisky tomove full implementationofan indicator systematany level inagovernment,orevenanindividualorganization()Thepilotisameansoflearningwhatworksandwhatdoesnot.Itisawayofmakingsmallmistakesearlyratherthanbigmistakeslater.Kusek/Rist(2004),ibidem,pgina86.

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Tabela 2 desenho das amostras e as unidades seleccionadas Indicador Composio da Amostra por localidades Principais tpicos de

pesquisa Indicador 1 Levantamento s famlias que aplicam tecnologias para reduo da vulnerabilidade seca divulgados pelo CERUM e/ou outras organizaes

50 Agregados familiares formados pelo CERUM entre 2007/8 (grupo piloto 1) e 2009/10 (grupo piloto 2) 50 Agregados familiares no-beneficirios destas capacitaes (Grupo de controle) (n=100). Localidades:

Distrito Localidade 1. Mabote Papatane (grupo de beneficirios

piloto

Mussengue (grupo de beneficirios)

Maloca (grupo de controle 2)

2. Funhalhouro Manhia (beneficirios e grupo de controlo 2)

Perfis scio-economicos; Efeitos de Calamidades; Grau de aplicao das tcnicas divulgadas pelo CERUM a avaliao do desempenho para mitigar os efeitos da seca, via indicadores seleccionados dos quais indicadores de implementao e de melhoria da situao, comparado com informaes recolhidas nos grupo de controlo

Indicador 2 Grau de Implementao do grc a nvel dos rgos distritais (mtodos, instrumentos, planos, e actividades)

Membros e stakeholders de rgos distritais (nomeadamente de planificao e de infra-estruturas):

rgos poltico-administrativos dos seguintes distritos:

1. Mabote

2. Funhalhouro

3. Govuro

4. Buzi

5. Caia

6. Chemba

Grau de mainstreaming de grc e adaptao s mudanas climticas nos processos de tomada de deciso e nos instrumentos distritais (planos estratgicos, transversais, operacionais, oramentos e balanos) com principal enfoque sobre cheias, ciclones e queimadas descontroladas e efeitos colaterais

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Indicador 3 Levantamento do grau de implementao dos CLGRC (estrutura, funcionamento, capacidade de aco)

Membros de Comits Locais de grc 2 CL por distritos, seleccionados na base da avaliao de desempenho dos membros de projecto pr-grc. Assim, a equipa de pesquisa encontrou em cada distrito um CL avaliado como tendo maior, e um outro avaliado como tendo menor grau de desempenho. .

Distrito (n = 7)

Localidades (n=14)

1. Govuro 2 Comits Locais de grc em Nova Mambone,

2. Machanga 2 Comits Locais de grc em Machanga sede

3. Buzi 2 Comits Locais de grc em Buzi sede

4. Dombe 2 Comit Local de grc em Mabaia e em Matarara

5. Caia 2 Comits Locais de grc em Caia sede

6. Chemba 2 Comits Locais de grc em 3 de Fevereiro

7. Mopeia 2 Comits Locais de grc em Chimuara

Cheias, ciclones, queimadas descontroladas e recursos naturais

Indicador 4 Levantamento do grau de Implementao do grc a nvel dos ministrios (mtodos, instrumentos e actividades)

Ministrios e direces nacionais de MPD, MOPH, Educao, Agricultura, e MICOA Local: Maputo

Grau de mainstreaming de grc e adaptao s mudanas climticas nos mtodos (guies e manuais tcnicos), e nos instrumentos sectoriais (planos estratgicos, transversais, operacionais, oramentos e balanos). Implementao do plano director

Indicador 5 Levantamento da estrutura, funcionamento, instrumentos e actividades do CTGC

Pontos focais do INGC e dos ministrios chaves MPD, MOPH, MICOA, Agricultura e Educao Local: Maputo

Grau de coordenao e concertao no mbito de preveno, mitigao, emergncias de grc (estrutura, funcionamento, instrumentos, propostas elaboradas para integracao nos planos do governo)

As implicaes da pesquisa de campo A deciso a favor da entrevista como mtodo principal de colecta de dados impacta sobre o tipo da informao recolhida e sobre o processo de colecta

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de dados. Estes aspectos foram abordados em volta do conceito de pesquisa de campo e do teorema construtivista sociolgico.44 Portanto, capta-se, atravs das entrevistas, as maneiras nas quais os entrevistados exprimem as suas interpretaes da realidade sob forma de racionalizaes. Estas ltimas variam em funo das experincias e contextos institucionais dos actores, enquanto as formas de expresso dependem das capacidades cognitivas e das formas lingusticas45. Os depoimentos e as formas discursivas vinculam tambm aspectos estratgicos, alm do facto de que transportam tambm elementos e aspectos dos seus respectivos contextos estruturais46, a saber: o conjunto das regras, normas e convenes que dominam o contexto institucional do actor em questo. Mas antes de se prestar ateno a esta questo da interaco social e as tcnicas de gesto da entrevista, pretende-se ainda resumir as implicaes epistemolgicas que advm da abordagem construtivista acima referida. 44Oquefazajunoentretodososmtodosdepesquisadecampoeoseudesejotodescribethesocialworldas subjects see it.Singleton/Straits (1998), ibidem,pagina322.Osautoreschamamaatenoqueestaabordagemseaplicanomeadamentenaspesquisasantropolgicasquerealizaestetrabalhodecompreensoinanatural setting familiar to the subject,masconveniente lembrarnestembitoquesociologiada inspiraoWeberianacolocaoprocessodecompreenso,asaberoprocessodereconstruodepadresmotivacionaiseraciocnioscomoetapanecessriadapesquisaantesdeprocederumaanliseexplicativadofenmenoouprocessoemquesto.MaxWeber(1964)WirtschaftundGesellschaft,Mohr,Tbingen.45Alnguaoprottipodadualidadeestrutural(Giddens)namedidaemquerepresentaoconjuntoderegrasquelimitamaexpresso,eorecursooprincipaldeexpressoedecomunicaosocial.46 Segundo Berger e Luckmann, a sociedade est, nomesmo tempo, vivido como uma realidadeobjectivae subjectiva,atravsdacombinaodeprocessosde institucionalizaoedesocializaodos indivduosque levaa internalizaodecondutasesetornampartedapersonalidade individual.PeterBerger/ThomasLuckmann (1967)TheSocialConstructionofReality,AnchorBooks,NY. VidetambmateoriadedualidadeestruturaledeestruturaodeGiddens:AnthonyGiddens(1992)DieKonstitutionderGesellschaft,Campus,Frankfurt,pagina67ff.QuantoaoBourdieuaplicaoconceitode habitus para enfatizar a influncia das estruturas encontradas sobre percepes ate escolhasracionais,deformaqueconstituiriaumagramticageradoradecondutasquecanalizae limitaasescolhas para a conduta adaptada. Pierre Bourdieu, em: Jean Pierre Durand/RobertWeil (1993)Sociologiecontemporaine,Vigot,Paris,pagina266.HerbertBlumerenfatizaestefactoeoriscoquerepresenta no mbito da pesquisa: Structural features such as culture () or social roles setconditionsfor()actions,butdonotdetermine(it),ibidempagina88.()Insofarassociologists()areconcernedwiththebehaviorofactingunits,thepositionofsymbolicinteractionismrequiresthestudenttocatchtheprocessofinterpretationthroughwhichtheyconstruct(andjustify)theiractions.()theobjectiveobserver is likely to fill in theprocessof interpretationwithhisown surmises inplace of catching the process as it occures in the experience of the acting unit.Herbert Blumer(1969) Symbolic Interactionsim perspective andmethod, Englewood Cliffs, Berkeley, pagina 86.Quanto as implicaes para teoria de escolha racional, por exemplo de Boudon, que enfatiza ocarctercontextualdasescolhasracionais.Thestrengthofreasonisthusafunctionofthecontext.RaymondBoudon (2003)Beyondrationalchoicetheory,AnnualReviewofSociology,29,pagina18.Idem,masreferenteaumcontextoorganizacionalomodeloderacionalidadeestratgicaemMichelCrozier/Erhard Friedberg (1977) LActeuret le systme, Editionsdu Seuil,Paris.No entanto, todasestas abordagens se diferenciam da racionalidade axiomtica que domina as construes decomportamentosnateoriaeconmica.

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conveniente dizer que a parte mais invisvel a do contexto institucional. Em funo das amostras, podemos distinguir entre, pelo menos, trs contextos institucionais: o contexto tradicional da comunidade camponesa, o contexto burocrtico dos funcionrios distritais e sectoriais47, os primeiros tendem a ter um papel de implementao, os segundos a carga da planificao, e por fim, os contextos tecnocrticos de peritos e especialistas com a carga de inputs orientadores para planificadores48. Portanto, como demonstra a tabela a seguir, o estudo de opinies e as suas interpretaes abre acesso a diferentes contextos que sustentam diferentes modos de perceber e interpretar a realidade, e as suas formas prprias de apresentao. Estas diferenas exprimem-se por um lado, atravs das expresses lingusticas e das formas de comunicao e por outro lado, mediante os modos respectivos de interaco, isto , as convenes e rituais que enquadram a interaco e em funo dos interesses e da percepo dos riscos ligados a entrevista.49 A tabela a seguir, apresenta uma sntese destes aspectos utilizando a distino de Giddens entre nveis de discurso hermenutico. Tabela 3 Entrevistados por principais contextos institucionais50 Indicador Grupoalvo ContextoinstitucionalI1 Camponeseselderes

comunitriosOpinieseconvicesnabasedeavaliaes,interpretaeseexperienciasinfluenciadasporcrenasetradies(adequaocomrotinassocioculturais51)1Nveldediscursohermenutico(Giddens)Nvelde

47No que diz respeito aos contextos burocraticos, por exemplo: Irving LouisHorowitz (1972) Thethreeworldsofdevelopment,OxfordUniversityPress,NewYork,pagina401ff.48 Achamos que um das formas de estudar e comparar a maneira como contextos social einstitucionalmoldamospensamtosdosactoreseatravsdoerrofundamentaldeatribuicao.HaroldH.Kelley(1973)Theprocessofcausalattribution,AmericanPsychologist.Exprimeseamaneiracomoactorsatribuemsucessosou fracasosaos factoressubjectivosouobjectives.DavidG.Myers (2005)Social Psychology, enfatiza a importncia dos estudos sobre erros de attribuicao em termos decapaciacoes. Notase que um projecto que visa a mudana de comportamentos enfrente umasituacaosimilarparaesclarecimentosocial;pagina9749Notamosqueapreparaodaequipadapesquisaincluiuestesaspectoscontextuais,parafacilitararealizao das entrevistas, o acesso a informao por um lado, e paraminimizar o risco de biasconcepcionaislingusticos50Nota seque aperspectivadapesquisaque consistede comparareanalisarestaspersepcetivasconstituaaperspectivameta,queporviadeoutrosestudospodesercriticado,51 As autoridades religiosas e mdicos tradicionais em Moambique desempenham um papelimportantenocomportamentoemododeviverdosmoambicanos.Muitoscrentesvinculamsenopoder dos curandeiros, sacerdotes, sheih (autoridade religiosa islmica que corresponde aossacerdotesda igrejacatlica),oprimeirobaseadonopoderespiritualeosdoisltimosnaBbliaeAlcoro, respectivamente.RenatoManuelMatusse/AirtonBodsteindeBarros/AngelaMariaAbreudeBarros (2009)analiseeavaliacaodo sistemadegestode calamidadesemMocambique,AnaisElectrnicasArtigos,SoPaula (fonte Internet).Vide tambmadiscusso retomadaporGiddensquantoa influnciae significado socialda feiticeriano casodopovodeAzande.AnthonyGiddens(1996)InDefenceofSociology,polityPress,Cambridge.

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interaceseexperienciasdediadedia

I2 Actoresinstitucionais(governo)eplanos

Avaliaeseinterpretaesdarealidadebaseadasnumacombinaoentrecomunicaeseaplicaodemtodos/critriosracionaisdeavaliao(adequaoentrerotinasburocrticoadministrativas,esocioculturais)2Nveldediscursohermenutico(Giddens52).NvelprticooperativodeImplementaoemonitoriadeprogramas

I3 ActoresmembrosdeCLechefeslocais

Aceseinterpretaeseexperienciasinfluenciadasporcrenasetradiesenormastcnicas(adequaocomrotinassocioculturaiseformaistcnicasdegrc)2Nveldediscursohermenutico(Giddens)Nvelprticooperativogrc

I4 Planificadoresepontosfocaisministeriais

Percepodarealidadeemcomparaocommetasbaseadasnosmtodosdeevidnciasempricas.(Submissoaosregrasehierarquiasburocrticasadministrativas)2Nveldediscursohermenutico(nvelmeta1)Nveltericodeplanificao

I4 MPD Definio edesenhodemtodosracionaisdeacoedeavaliaonormativadasacesedoseudesempenho2Nveldediscursohermenutico(nvelmeta2)Nvelnormativodeplanificao

I5 PontosfocaisdeCTGC

Apreciaesdarealidadeemcomparaoderesultadosesperadosbaseadonosmtodosdeevidnciasempricas.(Adequaocomhierarquiapoliticaecomnormasemodelostcnicasinternacionais)2Nveldediscursohermenutico(nvelmeta)Nvelconcepcionalecoordenadordegrceplanosestratgicos

A necessidade de se compreender impacta sobre o desenho dos instrumentos e os aspectos devem ser incluidos: the less you know about the subject the less you can afford to limit data collection53. Obviamente este facto impacta tambm sobre a anlise de dados e a sua organizao.

52Giddens(1992),ibidem,Glossario:aduplahermenutica.53Singleton/Straits(1998),ibidem,pagina323.

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Aplicar a empatia metodolgica O trabalho com dados qualitativos tem o seu prprio reportrio de riscos que pode ser categorizado sob o ttulo de bias. J foram evocados os bias que podem produzir se atravs do facto de que cada entrevista constituiu uma interaco social, o que torna a situao de entrevista vulnervel aos riscos caractersticos desta forma de comunicao.54 Queremos neste mbito fazer meno de alguns destes riscos de bias: eventuais limitaes cognitivas, como por exemplo, problemas de memria e outros erros de comunicao. Para minimizar estes riscos, a antroploga Meredith McGuire enfatiza a importncia da empatia metodolgica.55 Esta, serve para criar um ambiente de confiana bsico que no somente facilita o desenrolar do dilogo. Mas tambm mantm a motivao e promove a disposio de exprimir as convices e opinies verdadeiras56. Segundo McGuire a empatia metodolgica se difere da simpatia porque exige que o entrevistador guarde a sua distncia com as proposies e perspectivas do entrevistado.57 Portanto, a empatia metodolgica um meio para um fim, isto ,,de criar e manter as condies de dilogo que promove a expresso franca das opinies, permitindo ainda confrontar e clarificar os significados, de modo que se adequam grelha instrumental desenvolvida na base dos ToR e que

54SingletoneStraitsapresentamatendnciadeevitaravaliaesnegativassendomaisumresponsebiasproblems.Singleton/Straits(1998),ibidem,pagina307ff.IdemManuelaMagalhesHill/AndrewHill(2005)InvestigaoporQuestionrio,EdiesSlabo,Lisboa,pagina96ff.ParaumadiscussomaiscompletaaindavideoscomentriosdeLamnek(1993),ibidem,pagina36ff.55MeredithMcGuire citado em: Singleton/Straits (1998), ibidem, pgina 322. Idem Lamnek queestipulaanecessidadedequalificarentrevistadorestambmemcompetnciascomunicativassociais.Lamnek(1993)ibidem,pgina67.56Oobjectivodaentrevistaodecaptarasopiniesverdadeiras.Umdoscritriosdeconsistnciainternasobretpicoscentrais,controladaatravsdequestesdecontroloquecolocamasperguntasemcontextosdiferentes.57Estadistnciacrucialparaevitarobiasdeinfluenciar,isto,oriscoqueosentrevistadospodemadaptarassuasrespostassexpectativasdoentrevistador,ochamadoacquiescenceresponseset.Singleton/Straits(1998),ibidem,pgina308.Comosoutrosbiaspotenciaisaocorrernasentrevistas,estescolocamsocialdesirabliltyisto,odesejodecriarumaboaimpresso;eoordinalpositionbias,atendnciadeoptarparaaprimeiraopodada.Singleton/Straits(1998),ibidem,pgina308309.Nocontextodesteestudoapercebemonosdapresenadosdoisprimeirosbiases,o segundosendomaisligadocomoprocessodegestodeimpresses,descritaporErvingGoffman,isto:thewaysinwhichtheindividualsguidesandcontrolstheimpressionsothersformofhimandher.RuthA.Wallace/AlisonWolf (1991)ContemporarySociologicalTheory,PrenticeHallSeriesofSociology,EnglewoodCliffs,pgina276.Devidoaoseucarcterdeinteracosocial,aentrevistatornasenumcampodegestode impressoquepodedesenvolverumacoloraoparticularquandoos tpicostocamaexecuodepapisprofissionais.

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serve para formatar a informao recebida. Portanto, a arte58 do dilogo para entrevistar, torna-se crucial para o sucesso da entrevista e distingue a entrevista do questionrio.59 Opinies e as evidncias conveniente notar que as possibilidades de verificar o carcter verdadeiro dos depoimentos atravs da observao de prticas e resultados alcanados ficaram limitadas. Como j foi mencionado e neste mbito refere-se a nossa discusso do conecito de validade que incluiu aspectos de validade da interpretacao dos dados e do mbito epistemeologico dos mtodos e tcnicos aplicados60 -, os depoimentos ficam sob uma vasta gama de influncias dependente dos objectivos e da interpretao da situao por parte do entrevistado, e fora do conhecimento do entrevistador. Portanto, h forte probabilidade que as respostas no sempre reflectem a verdadeira opinio do entrevistado, principalmente quando questes tocam os aspectos julgados como sendo sensveis.61 Idealmente, os resultados da observao servem para comparar

58 TheGreat sociologists never ceased to bemoral philophers. And never ceased to be artists!RobertA.Nisbet(1971)Thesociologicaltradition,HeinemanEducationalBooks,London,pgina1859 Field research () is highly dependent on the observational and interpretive skills of theresearcher,oquedefactopodedificultarareplicaoeafectarageneralizaodosresultadoseasuavalidao.Singleton/Straits(1998), ibidem,pgina324.(It)canbethe leastexpensiveapproach(butontheotherhandit)canbeverylabourintensive.Singleton/Straits(1998),ibidem,pgina323.Notase que a seleco de pesquisadores de campo tomou em conta estes aspectos, e foramconvidados jovens socilogosgraduadospelaUEM j comprimeirasexperinciasempesquisasdecampo,e fizerampartedascapacitaesqueocorreremao longodospreparativosdapesquisadecampoeduranteasuaimplementao.TambmLamnek(1993),ibidem,pgina35ff,quediferenciapelomenos sete tipos de entrevistas qualitativas, e cada uma com as suas prprias defeiniesmetodolgicas.Ibidempgina91.60Videaanotao31,napgina20nestedocumento.61Habermas na sua teoria de agir comunicacional enfatiza que depoimentos podem e devem seravaliados a base de critrios de verdade, de adequao, de impacto, e de validade entre outros,colocandoquecadareadiscursivaterica,tica,estticaetc., temoseu respectivocritriodeavaliao. Elementosdesta teoriade argumentao tambm se colocamna execuodapesquisanomeadamente quando o objectivo da pesquisa implica avaliar o valor e o significado dosdepoimentos exprimidos. Portanto a procura das evidncias ultrapassa o horizonte da conversa eimplica informao oriunda de outras reas e campos. Jurgen Habermas (1981) Theorie dskommunikativenHandelns, Suhrkamp, Frankfurt,pagina45, figura 1Quanto apsicologia socialdaproblemtica relao entre ideais e comportamentos por exemplo David G.Myers (2005) SocialPsychology,McGrawHill,NY,pagina150ff,Todaviaencontramosemalgunscasosondefoipossvelencontrardiscrepnciasentrepalavrasefactos,nomedamenteanveldistrital.Noentantoachamosque esta discrepncia pode existir devido a falta de apoio a planificao distrital. Neste mbitodeveriamconsultarseasavaliaesfeitasnombitodaplanificaodescentralizadaenomedamenteasverificaes feitas.Todavia,hmecanimospara resolvercontradicoesentreconvicoesepraticasdescritosporFritzHeidereLeonFestinger(teoriadedissonnciascognitivas),em:RobertS.Feldman(1985)Socialpsychology,McGrawHill,pagina128ff.

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opinies e percepes com provas empricas62. No entanto, o sistema de M&A dever incluir procedimentos de verificao emprica.63 No caso actual, a evidenciao emprica se limitava visitas expordicas de machambas de camponeses que aplicam tcnicas de captao de guas e de conservao da humidade; e na consulta de documentos (planos e balanos), mas no permitiram captar comportamentos e actuaes das estruturas criadas. Portanto, em relao a esta tabela se deixa transparecer o nvel epistemolgico que foi abrangido por este estudo: 1. Opinies sobre as perspectivas de camponeses em relao s

calamidades e as experincias com as tcnicas de mitigao de seca e as mudanas ocorridas; confrontao atravs de visitas aleatrias e espordicas de machambas.

2. Opinies sobre as percepes dos membros de Comits Locais acerca do seu funcionamento e desempenho; confrontao com inventrios de kits/equipamentos; contextualizao mediante visitas s localidades.

3. Opinies, avaliaes de decisores e planificadores distritais sobre o estado de grc no distrito a ser confrontadas com a realidade formal dos planos e balanos. Confrontao com planos e documentos disponveis.

4. Opinies, avaliaes de pontos focais de grc a nvel sectorial sobre o desempenho do sector, a ser confrontveis realidade formal de definies normativas (manuais, guies), e planos e balanos; Confrontao com planos e documentos disponveis.

5. Opinies, comentrios e expectativas vis-a-vis o CTGC e o INGC, a serem confrontados, na medida do possvel, com os indicadores de funcionamento do CTGC atravs da comparao com regulamentos, documentos, planos e balanos.

A seguir, apresenta-se de forma resumida o cronograma do estudo de base. 62 King et., all, colocam o mtodo de observao como complemento a administrao dequestionrios e entrevistas devido que abre sobre um outro aspecto da realidade. Reservam aomtododeobservaoumlugarprivilegiadonomeadamentenocontextodaavaliaodeprogramas.Someevaluatorsfeelthat,infact,observationistheonlymethodforcapturingandaptlydescribingprogramscomplexity.JeanA.King/LynnLyonsMorris/CarolTaylorFitzGibbon(1987)Howtoassessprogramimplementation,SagePublications,NewburyPark,pagina8563gtz(2009)ProjektFortschrittKontrollBericht(PFK):InstitutionalisierungderKatastrophenvorsorgeinMosambikprgrc,(semdata),pagina37ff

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Tabela 4 Cronograma de actividades de pesquisa Actividade/Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12ClarificaoToR Revisodedocumentos DesenhodeinstrumentosI1I3draft Prtestingdeinstrumentos64 FinalizarinstrumentosI1I3fase SeminrioInhassouro FasedecampoI1I3 DesenhodeinstrumentosdepesquisaI4eI5

ColectadedadosI4I5 LimpezadedadosI1I3 PreparaodeinstrumentosparaanlisededadosI1I3

AnlisededadosI1I3 LimpezadedadosepreparaodeinstrumentosdeanaliseI4eI5

AnlisededadosI4eI5 Redacodeumrelatriopreliminar Redacodorelatriofinal SeminriodeplanificaoINGC Os principais ns de constrangimento Nas seces precedentes referiu-se sobre obstculos e riscos de bias. Todavia, mesmo correndo o risco de repeties, pretende-se abordar ainda o resumo dos obstculos. Comear-se- com os problemas em volta do pr-test, que se constituiu como um dos maiores obstculos que a equipa de pesquisa teve que enfrentar65. Normalmente o pr-testing serve para testar o desempenho do total dos instrumentos de pesquisa criados e para a familiarizao dos pesquisadores com as tcnicas bsicas que necessitam, principalmente tendo em conta a empatia metodolgica, acima evocada.

64Nofoipossvelexecutarumprtestingconformeasnormasnolugarescolhido.65Nopodemosdeixarde sublinhara importnciadesde facto,e concordamos comaobservaolapidardeSingletoneStraitsacercadanecessidade crucialdeprtestarquestionrios:Failure toconductadequatepretestingcanresultinmeaninglessstudy()Oftenseveralpretestsandrevisionsmaybenecessartytoarrivetoagoodsemifinaldraft.Notasetambmquesegundoestesautores,pretesting deve incluir a anlise preliminar das respostas. Singleton/Straits (1998), ibidem pgina310ff.Toutenburg tambm sublinhaa importnciacrucialdeumprtestingcuidadosoenfatizandoque a pesquisa s deveria arrancar depois de se ter a certeza que os instrumentos produzem asinformaesdesejadas.HelgeToutenburg(1998)DescriptiveStatistk,Springer,Berlin,pagina1112.Idem:Rea/Parker(2000),ibidem,pgina24

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Um devido pr-testing deveria tambm incluir a realizao de uma anlise de dados que faz parte do controlo do desempenho dos instrumentos permitindo avaliar o valor da informao recebida.66 No nosso caso, a execuo do pr-testing foi previsto em localidades da sede do distrito de Moamba apenas para os instrumentos e tcnicas relacionados com aos indicadores 1, 2, e 3. Devido falta de tempo para criar e pr-testar o conjunto dos instrumentos, estes tiveram que ser utilizados durante a fase de campo nos distritos. Infelizmente, a execuo do pr-teste no correu como o esperado, de facto foi possvel testar s um instrumento, isto , o guio de entrevista para membros de Comits Locais de grc67. Este facto constituiu um factor que obrigou as equipas de pesquisa a desenvolver e aplicar estratgias de mitigao para garantir o bom desenrolar das fases de campo dentro dos parmetros de qualidade cientfica previstos. No entanto, este ponto coloca-se como sendo negativo levando uma primeira recomendao que consiste na garantia de condies para que ocorra o pr-testing. Um outro obstculo a notar, est relacionado com o difcil acesso aos documentos oficiais que possam dar possibilidade avaliao da situao de grc nos planos, oramentos, actividades e balanos distritais e sectoriais na base destas evidncias formais. Em vrios casos estes planos nao eram completos, sem acesso e ou havia dificuldades de disponibiliza-los, tendo por consequncia os atrasos acumulados que acabaram por criar um impacto negativo sobre a pesquisa e os seus prazos de execuo. Em outros casos, incluindo ministrios, os documentos prometidos no foram enviados. Apesar destes obstculos e de uma forma geral, a pesquisa decorreu no perodo previsto no cronograma das actividades que era de duas semanas no campo. Duas equipas foram divididas em funo dos locais de pesquisa e dos indicadores definidos nos termos de referncia. As equipas de campo conseguiram chegar e trabalhar nos locais de pesquisa sem grandes sobressaltos excepto algumas situaes constatadas no terreno. No que diz respeito s entrevistas com os camponeses, verificou-se que amostra efectiva de 79 ficou aquem da amostra planejada (de 100), devido ao facto de alguns camponeses no terem participado das entrevistas. A ausncia de alguns decisores locais, fez com que as equipas de pesquisa adoptassem o mtodo de substituio por outros que estavam presente afim

66Singleton/Bruce(1999),ibidem,pgina312ff.67Aparentementehaviaproblemasdemobilizaonostioescolhidoparaoprteste.

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de colher-se alguma informao. Isso no deixou de afectar a qualidade das informaes fornecidas visto os substitutos no estarem bem informados em determinados assuntos arrolados nos questionrios. Anlise de dados Aps a concluso da colecta de dados68 - por causa de dificuldades e atrasos, o perodo de colecta de dados ultrapassou o cronograma previsto chegou a fase de anlise dos resultados. No entanto a anlise de dados se desagrega em diferentes fases: a limpeza de dados, incluindo a codificao de dados e a ps-codificao das respostas das questes abertas, seguida da organizao de dados que prepara posteriomente a prpria anlise de dados que em si, representa um processo longo e laborioso.69 O resultado deste trabalho de anlise est apresentado neste relatorio O relatrio apresenta os resultados da anlise em torno dos indicadores escolhidos, sob forma de anlises uni-variates, e de tabelas de contingncias no mbito de anlises bi-variates, para a identificao de padres concludas para a interpretao de significados, na base dos quais a equpia de pesquisa desenvolveu as suas concluses e recomendaes. No mbito da garantia da transparncia, optamos por manter um maior nmero de tabelas principalmente no que diz respeito aos resultados de entrevistas com os camponeses, permitindo assim que os implementadores do projecto tirem as suas prprias concluses. Embora os prazos no tenham permitido uma anlise mais abrangente e aprofundada. No que diz respeito aos dados colectados dos camponeses indicador 1 foi utilizado o programa estatstico SPSS. Relativamente aos restantes indicadores e por causa do tamanho reduzido das amostras, a anlise de dados se fez na base de tabelas de variveis construdas70. Assim sendo, segue-se a anlise dos dados com o foco sobre os indicadores e aspectos evocados nos ToR.

68 Os guies foram compostos de questes fechadas, de questes de escolha tipo Likert, e dequestesabertas.69 Rea/Parker (2000), ibidem, pagina 246. Tambem: Volker Dreier (1994) Datenanlyse frSozialwissenschaftler,OldenbourgVerlag,Mnchen,pagina14ff;eSingleton/Straits (1998), ibidem,pagina350ff.A anlisede dados foiorganizado emdiferentes fases,nomeadamente a criaodedata sets incluindo tabelas de contingncia a base de questionrios e grelhas preenchidos, queserviu tambm para controlar e limpar os dados colectas e de preparar a anlise de dadospropriamentedito incluindoaquantificao.O livrodeAlexandrePerreira(2004)SPSSguioprticadeutilizao,ediesSilbao,Lisboanosserviucomo livrodeapoionoquedizrespeitoaanlisededadosreferenteaoindicador1.70Rea/Parker(2000)ibidem,pagina157ff.MagalhesHill/Hill(2005),ibidem,pgina120ff.

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Apresentao dos resultados do Indicador 1: Camponeses e chefes locais71 Neste capitula segue a apresentao dos resultados por indicador. Nota-se que para anlise de dados referente ao indicador 1, isto e entrevistas com camponeses, for feito uso do programa estatstico de SPSS. Devido ao tamanho muito reduzido dos outros dados foi aplicado uma avaliao manual a base de tabelas que transformam em analogia do procedimento em SPSS as questes em variveis para efeitos de devidas anlises e interpretaes. No que diz respeito a anlise de dados referente neste indicador e conveniente lembrar que contribuem, em primeiro lugar para a sua anlise, informaes recolhidas por via de entrevistas com camponeses e lderes locais (lideres comunitrios e chefes locais). Composio da amostra de camponeses Quanto ao tamanho da amostra real nota-se que no foi possvel atingir a meta de n = 100 entrevistas, sendo a amostra real atingir o tamanho de n =79. No que diz respeito a composio da amostra de camponeses entrevistados, lembramos que, por efeitos de anlise comparativa, ser desconstruda em trs amostras diferentes: - Amostra de camponeses beneficirios de capacitaes de CERUM em tcnicas de capitao de guas de chuva e preservao de humidade nas machambas, ocorridos nos anos 2007 e 2008, no seguinte chamado o grupo pilotam;72 - Amostra de camponeses beneficirios das mesmas capacitaes ocorridas nos anos 2009 e 2010, no seguinte chamado grupo de controlo 173; - Amostra de camponeses que nunca beneficiaram de uma formao de CERUM ou de uma outra instituio nestas tcnicas, no seguinte chamado grupo de controlo 2.

71Nota se que a analise das respostas de chefes locais ser feita no mbito da apresentao ediscussodosresultadosoindicador372 INGC/prgrc(2007):SeminrionodistritodeMabote:FormaodecamponesespromotoresemMaboteemTcnicasde captaoeconservaodasAguadas chuvas (68deNovembrode2007)elaboradoporRuiBritoeMrioNorman.73OsToRdefinemestegrupocomogrupodecontrolo.EraduranteoprocessodeclarificaosobreaimplementaodosToRquesedecidiudejuntarumpaineldecamponesesnobeneficirioscomo2grupodecontrolo,nomeadamentenombitodefortalecerosistemademonitoriaeavaliao,edacriaodeumamaiorbasecomparativaparaavaliaodoimpactoalcanadonofimdoprojectoprgrc.

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Atravs desta decomposio da amostra cria-se a capacidade de comparaes para efeitos deste estudo mas tambm para comparaes futuras no mbito de M&A do projecto e dos seus impactos. A 1 amostra portanto inclua camponeses com experiencias prtica relativo a utilizao destas tcnicas e com evidncias empricas sobre o seu impacto em volta de indicadores de melhoria da situao; A 2 amostra capta as opinies de camponeses que j tem experiencia na aplicao destas tcnicas, mas que ficam ainda sem evidncias empricas sobre o seu impacto; Enquanto a ultima amostra de camponeses ficando sem nenhum input tcnico e constituem assim um grupo de controlo ao longo da durao da segunda fase do projecto pr-grc. A constituio de camadas para fins comparativos No que diz respeito a anlise de dados nota se que haver comparao entre grupo piloto e grupo de controlo 1 sobre aspectos ligados a divulgao de tcnicas de CERUM, enquanto por efeitos de comparao sobre aspectos gerais estamos a propor de recorrer para comparaes entre grupo de controlo 2 e grupo piloto. Assim pretende-se satisfazer a exigncia de ToR de tentar destacar o peso das capacitaes de CERUM contra a seca, nas mudanas ocorridas no que diz respeito i) ao progresso alcanado na mitigao da seca, ii) a melhoria de produo, incluindo a diversificao, e iii) a melhoria de rendimentos. Por este fim, vamos comparar os depoimentos dos camponeses que beneficiaram de capacitaes de CERUM durante os anos 2007 e 2008 com depoimentos de camponeses que nunca beneficiam de qualquer capacitao (pela frente chamado o grupo de controlo 2), no que diz respeito a i) comparao de perfis sociais de camponeses e ii) de condies gerais, enquanto vamos comparar os depoimentos de camponeses capacitados nos anos 2009 e 2010 com grupo de comparao (pela frente chamado grupo de controle 1) no que diz respeito a tentativa de destacar o impacto criado pelas capacitaes. Neste mbito partimos da hiptese que no que diz respeito aos camponeses que constituem o grupo de controlo 1 impactos criados ainda no se tornavam visvel e deste modo este grupo no demonstrar diferencias significativas comparado ao grupo de controlo 2, isto , o grupo de camponeses que declaram que nunca beneficiam de capacitaes contra a seca.

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Os indicadores chaves para anlise e interpretao dos dados Conforme com os ToR ser realizada a anlise referente as seguintes questes: 1. Composio das