Sociedade Civil e Administração Pública nos Campos Gerais

Embed Size (px)

DESCRIPTION

A Sociedade Civil Organizada, em sua composição, atua como força políticaem face dos conflitos sociais emergentes possuindo, como escopo, a resoluçãodos impasses visando o bem comum através de trabalhos realizados emconjunto com a Administração Pública. A jurisdição exercida pelo Estado emassegurar os interesses coletivos através de benfeitorias e serviços écontrastante da impossibilidade da sociedade civil em resolver grandesconflitos e divergências. O interesse do Poder Público nas diversasmanifestações sociais é, no Estado moderno que vivemos, a melhor alternativapara o perfeito planejamento e execução das atividades públicas. Comoalternativa para a busca de soluções sociais perante as atividades exercidaspor nossos representantes políticos via Administração Pública, analisar-se-á,com base num raciocínio dedutivo, subsidiado por uma pesquisa doutrinária eexemplificativa a participação da sociedade civil organizada e seus efeitos na Administração Pública da região dos Campos Gerais, no Estado do Paraná.

Citation preview

A PARTICIPAO DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA NA ADMINISTRAO PBLICA DA REGIO DOS CAMPOS GERAIS. Paulo Jos da Silva Pereira [email protected] Orientador: Prof. Ms. Fabrcio Bittencourt da Cruz Universidade Estadual de Ponta Grossa Palavras-chave: Sociedade Civil, Administrao Pblica, Campos Gerais.

Resumo: A Sociedade Civil Organizada, em sua composio, atua como fora poltica em face dos conflitos sociais emergentes possuindo, como escopo, a resoluo dos impasses visando o bem comum atravs de trabalhos realizados em conjunto com a Administrao Pblica. A jurisdio exercida pelo Estado em assegurar os interesses coletivos atravs de benfeitorias e servios contrastante da impossibilidade da sociedade civil em resolver grandes conflitos e divergncias. O interesse do Poder Pblico nas diversas manifestaes sociais , no Estado moderno que vivemos, a melhor alternativa para o perfeito planejamento e execuo das atividades pblicas. Como alternativa para a busca de solues sociais perante as atividades exercidas por nossos representantes polticos via Administrao Pblica, analisar-se-, com base num raciocnio dedutivo, subsidiado por uma pesquisa doutrinria e exemplificativa a participao da sociedade civil organizada e seus efeitos na Administrao Pblica da regio dos Campos Gerais, no Estado do Paran. Introduo: A concepo de Sociedade Civil Organizada possui manifestaes de clebres autores como Hegel, Marx e Gramsci. Contudo, utilizando-se do conceito produzido por Bobbio1, iniciamos a Sociedade Civil como a esfera das relaes sociais no reguladas pelo Estado, entendido restritivamente e quase sempre tambm polemicamente como o conjunto dos aparatos que num sistema social organizado exercem o poder coativo. A Administrao Pblica, sob a tica de Meirelles2, poder ser compreendida nas mais diversas percepes, "em sentido formal, a Administrao Pblica, o conjunto de rgos institudos para consecuo dos objetivos do Governo; em sentido material, o conjunto das funes necessrias aos servios pblicos em geral; em acepo operacional, o desempenho perene e sistemtico, legal e tcnico, dos servios do prprio Estado ou por ele assumido em benefcio da coletividade. Numa viso global, a Administrao Pblica , pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado realizao de seus servios, visando satisfao das necessidades coletivas.1

BOBBIO, Norberto. Estado, governo e sociedade - 6 ed Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1997. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. ed. atualizada por Eurico de Andrade Azevedo, Dlcio Balestero e Jos Emmanuel Burle Filho. Malheiros, p. 60.2

Estabelecendo a explanao da matria, consagra-se a definio da regio dos Campos Gerais por Maack3, como uma zona fitogeogrfica natural, [...] situada sobre o Segundo Planalto Paranaense, no reverso da Escarpa Devoniana, a qual o separa do Primeiro Planalto, situado a leste compreendendo 25 municpios cuja principal cidade, Ponta Grossa, possui aproximadamente 311.697 habitantes4. Objetivos: O presente trabalho tem como objetivo geral analisar de que forma a sociedade civil organizada atua perante a Administrao Pblica, ressaltando a prtica da mesma na regio dos Campos Gerais. No se pretende discutir as atuaes sociais sob o aspecto partidrio ou particular, mas sim, apresentar as situaes triviais que do existncia aos movimentos sociais; a atuao; a organizao interna das entidades civis e, por fim, as diversas maneiras de aperfeioar a participao civil na democratizao do Estado. Tcnicas de Pesquisa: A metodologia aplicada a dedutiva onde, analisado as informaes provenientes da doutrina, far-se- uma exemplificao prtica na regio dos Campos Gerais. Resultados e Discusso: A atuao das entidades civis na Administrao Pblica a caracterizao da denominada sociedade participativa, cujo escopo a soluo de problemas coletivos visando o bem comum. Precedente participao, essencial apresentar a situao da Administrao Pblica em relao atuao social nas decises polticas. Citando, por ora, o Princpio da Publicidade (tambm denominado como transparncia), afirma Mello5: "O conhecimento do ato um plus em relao publicidade, sendo juridicamente desnecessrio para que este se repute como existente (...). Quando prevista a publicao do ato (em Dirio Oficial), na porta das reparties (por afixao no local de costume), pode ocorrer que o destinatrio no o leia, no o veja ou, por qualquer razo, dele no tome efetiva cincia. No importa. Ter-se- cumprido o que de direito se exigia para a publicidade, ou seja, para a revelao do ato". Tal afirmao, sob o ponto de vista jurdico, cumpre seu papel em comunicar o cidado dos devidos atos pblicos, porm, no alcana a sua plenitude social, causando, dessa forma, o descrdito poltico. Pesquisa realizada nas ltimas eleies majoritrias (2006), pela Universidade de Braslia (UnB), revela que 87% dos eleitores no confiam nos seus representantes e governantes. A desconfiana maior em relao aos deputados: 80,3%. O grupo que no confia nos senadores um pouco menor: 70%. Os que no acreditam no governo somam 60,5%. (Pesquisa realizada com 593 eleitores em Braslia).

MAACK, R. 1948. Notas preliminares sobre clima, solos e vegetao do Estado do Paran. Curitiba, Arquivos de Biologia e Tecnologia, v.II, p.102-200. 4 CENSO POPULACIONAL 2010 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica 5 MELLO, Celso Antnio Bandeira de. Ato administrativo e direitos dos administrados. So Paulo: RT, 1981, p. 47.

3

Nota-se a insatisfao populacional ante ao cenrio poltico e a formao de uma democracia que no atende ao prisma social, e sim, aos fins ou valores em direo ao qual um determinado grupo poltico opera. nesse momento que surge as primeiras questes confrontantes Administrao Pblica: Quem governa? e Como governa. Paulatinamente a sociedade converge em uma unidade questionadora primeira etapa para uma unidade participativa -, atravs de laos de amizades, grupos profissionais, entidades representativas e demais personalidades que visam o bem comum, possibilitando dessa maneira, analisar e discutir a gesto pblica sob a tica social. O compndio O Cidado como Parceiro6 traz luz um roteiro de atividades para o fortalecimento entre governo-cidado, segundo o manual, a participao ativa se baseia na percepo de que os cidados podem dar uma contribuio positiva e original para a tomada de decises. Utilizar os recursos mais amplos da sociedade para encarar os muitos desafios de governana hoje enfrentados por nossas sociedades. Prev o papel do governo, no como um micro agente, mas como um viabilizador e provedor de estruturas. Dentro dessas estruturas, o mercado e a sociedade civil, os cidados individualmente e os grupos podem organizar suas atividades e relaes. Aqui, a relao entre o governo e os cidados na formulao de polticas pode tornar-se uma parceria. A parceria possui o bem comum como um elemento subjetivo, o que leva a pseudo-concluso que a unio entre Sociedade Civil e Estado harmnica, mas, ao examinar a natureza de ambas as partes, descobre diferentes concepes que se manifestam, paradigmaticamente, de um lado, na resistncia dos Executivos em compartilhar o seu poder exclusivo sobre decises referentes s polticas pblicas. De outro, na insistncia daqueles setores da sociedade civil em participar efetivamente dessas decises e concretizar o controle social sobre elas7. Ademais, a interferncia legitimidade conferida pela Constituio aos representantes polticos atuarem de forma autnoma, visando, logicamente, o bem comum, de mesmo teor a ignorncia do poder legislativo em consultar entidades especializadas tecnicamente nos devidos planejamentos polticos. Contextualizando, uma proposta de lei que visa implantao de cmeras para monitoramento urbano deveria ser levada, no perodo de sua criao, avaliao tcnica de um perito e/ou um grupo social que atua na defesa da segurana pblica, dessa forma, alia-se a legitimidade em propor leis com a especialidade das entidades em informar, proporcionando a efetividade da prestao pblica. Adentrando nas diversas modalidades de grupos sociais, e, finalmente, citando experincias regionais dos Campos Gerais, encontram-se diversos casos que contemplam a Sociedade Civil Organizada, so eles: Conselhos Gestores; Fruns Temticos; Organizaes No-Governamentais e os Movimentos Sociais. Regionalmente, o Movimento Campos Gerais de Igual para Igual foi criado por representantes de entidades sociais, empresariais e comunitrias sem fins lucrativos, com o nico propsito de defender mais respeito e legitimidade6 7

O CIDADO COMO PARCEIRO, Ministrio do Planejamento; Braslia (2002) pg. 41. DAGNINO, Evelina. Sociedade Civil e Espaos Pblicos no Brasil So Paulo : Paz e Terra, 2000; pg. 282.

poltica para Ponta Grossa e Regio. Uma comparao realizada entre Ponta Grossa e outras cidades do Estado, inclusive de menor porte, apontou que o municpio vem sendo o ltimo a receber rgos e servios federais e estaduais, o que mostra uma ausncia de representatividade poltica local. Por isso, representantes da sociedade civil se organizaram e deram incio, [...] ao Movimento Campos Gerais de Igual para Igual. A iniciativa tem como principal bandeira a luta por maior representatividade poltica em vista de maiores investimentos para a regio, que precisa contar com atores pblicos que atuem constantemente em defesa das demandas sociais da comunidade. Do mesmo modo, o Movimento de Combate a Corrupo Eleitoral (MCCE) tomou corpo no Paran e a ACIPG (Associao Comercial de Ponta Grossa) vem participando ativamente da movimentao que busca a conscientizao do voto, a orientao dos jovens de 16 e 17 anos sobre questes eleitorais e o estudo de uma ao popular nos moldes da lei 9.840/99, de iniciativa popular, que embasa a campanha federal. Recentemente, um outro grupo social vem desenvolvendo suas atividades, contando com mais de 40 entidades representantes dos mais diversos setores municipais, o Conselho de Entidades de Ponta Grossa um organismo consultivo que tem como finalidade a discusso das necessidades polticas e administrativas emergentes que envolvem nossa cidade e regio. Tem como objetivo o fortalecimento das foras ativas do municpio congregando em uma s entidade as foras de todos os participantes com vistas convergncia de interesses individuais e coletivos. Outra fora social fiscalizadora da Administrao Pblica o Observatrio Social de Ponta Grossa, o qual foi lanado no dia 22 de abril de 2010, representando o 43 dos mais de 57 Observatrios Sociais instalados no pas. Com a misso de despertar o esprito de cidadania fiscal pr-ativa, visa a sociedade organizada, em cada cidado, torn-lo atuante, na vigilncia social em sua comunidade. O Observatrio desenvolve aes em prol a comunidade, preservando o apartidarismo e que toda sociedade esteja consciente dos seus deveres e direitos como cidados e contribuintes. Assim, o Movimento levanta a bandeira de vigilncia social. Livre adeso da sociedade organizada; viso de longo prazo e comprometimento com o resultado; e, principalmente conscientizar a comunidade sobre a importncia dos tributos para a construo da verdadeira justia social e dot-la de instrumentos capazes de assegurar a Vigilncia Social da aplicao dos recursos pblicos. O fortalecimento da relao governo-cidado gera vrias consequncias sociais positivas, destacam-se8: a) A melhoria da poltica pblica que possibilita uma implementao mais efetiva, na medida em que os cidados se tornam mais bem informados sobre as polticas e participam de seu desenvolvimento. b) A confiana no governo proporciona uma chance de aprender sobre os planos polticos do governo. Esse envolvimento d maior aceitao de polticas pblicas e faz crescer a legitimidade do governo.

8

O CIDADO COMO PARCEIRO, Ministrio do Planejamento; Braslia (2002) pg. 23-25.

c) Responsabilidade e transparncia: Fornecendo informaes sobre uma nova poltica o governo proporciona ao cidado um conhecimento melhor, mais correto e atual das decises tomadas pelo legislativo e executivo. d) Considerao: Ao buscar e incluir a contribuio dos cidados na formulao de polticas, os governos aumentam a chance de uma maior adeso voluntria. A Administrao Pblica, do mesmo modo, busca incentivar a participao pblica atravs da coleta de opinio; audincia pblica; denncia aos tribunais ou conselho de contas e reclamao relativa prestao de servios pblicos. So alternativas e mtodos encontrados que, indubitavelmente, mostram o potencial, apontam falhas e retratam as melhores prticas ajudando a fazer mediaes para tornar um sucesso a informao, a consulta e a participao ativa. Consideraes Finais: Analisada a doutrina que revela o surgimento da sociedade civil organizada, desde as suas primeiras insatisfaes at a composio de uma entidade participativa, possvel compreender as razes que promovem o interesse pblico nas decises do Estado. Associando o tema tratado com a regio dos Campos Gerais, fica notria a efetividade da doutrina previamente analisada e a sua adeso na sociedade. Ressalta-se que, a participao de entidades de escopo poltico no necessariamente de tendncias partidrias, e sim, o de exercer o direito eleitoral fiscalizador e observar a forma com que esses projetos vm sendo analisados e executados podendo, ainda, propor medidas que satisfaam determinada regio ou setor. Finalmente a pesquisa aponta as melhorias sociais mediadas atravs das entidades, atingindo o objetivo para a qual as entidades participativas so criadas e, restam a elas, a fiscalizao da determinada conquista social. Assim, conclui-se que a participao da sociedade civil organizada na Administrao Pblica uma ferramenta excepcional para aproximar o Estado do cidado, conseguindo, por excelncia, a agilidade e eficincia dos gastos e servios pblicos. Referncias: BOBBIO, Norberto. Estado, Governo e Sociedade Para uma Teoria Geral da Poltica. 6 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. BOBBIO, Norberto. O conceito de Sociedade Civil. Rio de Janeiro: Edies Graal, 1982. DAGNINO, Evelina. Sociedade Civil e os Espaos Pblicos. So Paulo: Paz e Terra, 2002.

GASPARINI, Digenes. Direito Administrativo. 15 ed. So Paulo: Saraiva, 2010. MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Sociedade, Administrao Pblica. Rio de Janeiro: Top Books, 1995. Estado e a

O CIDADO COMO PARCEIRO manual da OCDE sobre informao, consulta e participao na formulao de polticas pblicas Braslia: MP, SEGES, 2002.