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Sociedades Empresárias 2º semestre de 2013 1 Por: Fábio Peres da Silva http://resumoseaulas.blogspot.com 08/08 Introdução Evolução Histórica do Direito Empresarial Professor : Carlos Dias Motta Objetivo : conhecer e entender o Direito Societário base, fundamentos e as sociedades, principalmente as limitadas e anônimas (S/A). Referências bibliográficas : Fábio Ulhoa Coelho, (“Curso de Direito Comercial”, vol. 2) Ricardo Negrão (“Manual de Direito Empresarial”) Maria Helena Diniz (“Curso de Direito Civil brasileiro”, vol. 8) Amador Paes de Almeida, Gladstone Mamede ... Observações : O curso seguirá a seqüência do Código Civil. Obrigatórios: Código Civil Lei 6404/76 (lei das S/A´s) Prova : com consulta à “lei seca”, sem anotações. Exige-se fundamentação jurídica e fundamentação legal (o artigo, em si). Código Civil de 2002, Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços

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08/08 Introdução Evolução Histórica do Direito Empresarial

Professor: Carlos Dias Motta Objetivo: conhecer e entender o Direito Societário

base, fundamentos e as sociedades, principalmente as limitadas e anônimas (S/A). Referências bibliográficas:

Fábio Ulhoa Coelho, (“Curso de Direito Comercial”, vol. 2) Ricardo Negrão (“Manual de Direito Empresarial”) Maria Helena Diniz (“Curso de Direito Civil brasileiro”, vol. 8) Amador Paes de Almeida, Gladstone Mamede ...

Observações: O curso seguirá a seqüência do Código Civil.

Obrigatórios:

Código Civil Lei 6404/76 (lei das S/A´s)

Prova: com consulta à “lei seca”, sem anotações. Exige-se fundamentação jurídica e fundamentação legal (o artigo, em si).

Código Civil de 2002, Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços

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07/08 Evolução do Direito Empresarial Falamos em Direito de Empresa pois o Código Civil refere-se à Teoria da Empresa como base para a regulamentação das sociedades empresárias. Pode-se, contudo, falar também em Direito Comercial ou em Direito Empresarial.

Embora desde a antiguidade existam relações comerciais (e formas de regulá-las), no tocante à evolução do Direito Comercial podemos falar em três grandes fases: a primeira, do século XII até o Código de Napoleão, foi quando este ramo do Direito começou a tomar o formato que temos hoje: é o tempo em que se constituíram as primeiras sociedades anônimas, se desenvolveram os títulos de crédito e foram organizadas as primeiras corporações de ofício. Nesta primeira fase, o que definia o Direito Comercial era a figura do comerciante, que estava sujeito a determinadas prerrogativas e privilégios; era uma época em que critérios subjetivos serviam de baliza para as normas de Direito. Com a Revolução Francesa abre-se uma ruptura no sistema vigente, na qual a burguesia toma as rédeas do processo legal e impõe seus valores (“igualdade, liberdade e fraternidade”) em todos os segmentos sociais – e no meio jurídico não foi diferente.

Em 1806 Napoleão Bonaparte promulga o Código Napoleônico, consolidando princípios como: a igualdade entre os cidadãos (“todos são iguais perante a lei”) a liberdade (“todos são livres”), principalmente quanto aos negócios e contratos. Abre-se, assim, um fosso: como todos podem ser iguais se os comerciantes tem uma lei só para eles, sendo tratados de forma diferenciada? Tal questão se resolve quando Napoleão promulga em 1808 o Código Comercial francês, impondo novas premissas para o trato comercial, e uma nova metodologia: a Teoria dos Atos de Comércio, segundo a qual “qualquer um que pratica ato de comércio está sujeito ao Direito Comercial e às suas regras”. Observe que é o ato, e não o título, que faz o comerciante. Esse período dura até 1942, quando o Código Comercial italiano dos tempos do fascismo inaugura nova forma de ver os atos empresariais – é o tempo da Teoria da Empresa, a “atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. Observe que agora é uma atividade, e não um ato isolado, que caracteriza a atividade comercial (ou, numa evolução natural, atividade empresária).

No Brasil o Direito Comercial, segundo os autores, iniciou-se de fato em 1808 (antes dessa data se aplicava entre nós o Direito lusitano, as Ordenações do Reino), com a chegada de d. João VI. Em 1822, com a Independência, se mantiveram por um tempo as leis de Portugal, com gradativa substituição das leis da metrópole por legislação local. Nesta linha em 1850 foi editado o Código Comercial brasileiro, parcialmente em vigor (a parte do Direito Terrestre foi revogada pelo Código Civil de 2002; a parte Marítima ainda persiste), inspirado no Código de Napoleão (Teoria dos Atos do Comércio). Como, contudo, não estabelecesse quais eram os atos do comércio, foi editado o Regulamento 737, que definiu o que era atividade comercial e ditou a competência dos Tribunais do Comércio.

Com as mudanças naturais na sociedade este Código foi perdendo importância para leis específicas; de fato, desde a década de 70 já se falava na Teoria da Empresa, pela doutrina e pela jurisprudência. Só com o Código Civil de 2002 esta foi adotada como base legal.

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13/08 Teoria da Empresa (revisão) Introdução ao Direito Societário Personalização e seus efeitos

o Princípio da autonomia (separação patrimonial) Código Civil, Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. A partir da definição de empresário temos a definição de empresa, em sentido estrito: é a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e serviços. Empresário, nesse caso, é o sujeito que pratica atividade empresária, usando do estabelecimento (objeto) para realizar sua atividade. Observação: quem vai á falência não é a empresa, mas sim o empresário. Quando se fala no empresário estamos tratando tanto do empresário individual (a pessoa física que pratica atividade empresarial) quanto da sociedade empresária. Observações:

Para o Direito Societário, enquanto parte do Direito Civil, a pessoa física não é uma sociedade empresária, ainda que possua CNPJ. Ressalte-se, ainda, que não há autonomia, ou separação patrimonial, entre o que possui o empresário individual e o que é reservado para a sua atividade.

Numa sociedade empresária o dono não é empresário. Empresária, para o Direito, é a sociedade criada para exercer a atividade (empresa); o dono é sócio, presidente, dono, mas não empresário.

O empresário individual, ao contrário do senso comum, corre risco de falência, inclusive com possibilidade de perda total de seus bens.

Código Civil, Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: (...) II - as sociedades; (...) Classificamos as sociedades em:

Simples: desenvolve atividade econômica, mas não empresarial. Empresárias: desenvolve atividade econômica e empresarial, segundo o especificado na

Teoria da Empresa (art. 966). Observe-se que não se pode pedir a falência de uma sociedade simples, já que não exerce atividade empresarial. A respeito dessa definição, o Código Civil define quem é ou não é empresário da seguinte forma: Código Civil, art. 966, Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Uma sociedade empresária é formada por mais de uma pessoa, na qual se estabelece o capital social (patrimônio com que começa a “empresa”). Tendo declarado na Junta Comercial a divisão de quotas e os dados patrimoniais, ocorrem dois fenômenos relevantes:

a personalização da sociedade (criação da pessoa jurídica) e a separação do patrimônio desta dos seus donos.

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Observe que patrimônio social é diferente de capital social: Capital social: é aquele que foi definido em contrato, o investimento inicial da sociedade. Patrimônio social: é aquele que é fruto das variações de valor da sociedade.

O capital social só é mutável pela alteração do contrato social; o patrimônio, ao contrário, muda a qualquer momento no curso da existência da sociedade empresária. Caso prático: supondo-se que um credor resolva executar a sociedade em tempo futuro:

o valor a ser executado será retirado do patrimônio social, não do capital. o valor, contudo, terá como limite o patrimônio da sociedade empresária.

Observe que a responsabilidade da sociedade empresária por suas dívidas é ilimitada. No caso de uma sociedade limitada, contudo, devemos lembrar que a responsabilidade não passa para o patrimônio dos sócios (ao contrário do empresário individual). Com efeito, quem negocia com sociedades limitadas tem que lembrar dos riscos de inadimplência desta forma contratual.

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15/08 Personalização e seus efeitos

o Princípio da separação (autonomia) patrimonial o A questão das sociedades não personificadas (art. 986 a 996, CC)

Uma sociedade empresária se constitui pelo contrato social, registrado pelo arquivamento na Junta Comercial do Estado. Muitas são as sociedades que não tem finalidade empresária; estas também precisam de registro, feito Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Em regra, as sociedades possuem pessoa jurídica; existem, entretanto, casos de sociedades não-personificadas, como as sociedades em comum e as sociedades em conta de participação, tratadas nos artigos 986 a 996 do Código Civil. O contrato de sociedade é um contrato solene; a lei exige um instrumento público ou particular, um registro escrito que deve ser registrado no organismo competente; nada impede, contudo que se faça um acordo verbal, pelo qual duas ou mais pessoas concordam em agir como sociedade, mas que não é de direito (sociedade de fato). Quando duas pessoas celebram um contrato, mas não o registram, estão sob o regime jurídico da sociedade em comum, conforme diz o artigo 986 do Código: “Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples.” Observe que os bens e dívidas que forem contraídos no regime de sociedade em comum são considerados como patrimônio da sociedade, do qual os sócios são titulares (art. 988). Código Civil de 2002: Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum. No caso de eventuais dívidas, os sócios respondem de forma solidária e ilimitada pelas obrigações (art. 990), observando-se o benefício de ordem, que diz que “o credor deve, em caso de dívida, cobrá-la primeiro da sociedade”, conforme previsto no artigo 1024. Código Civil de 2002: Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais. Observe que há uma exceção ao benefício de ordem, prevista no caput do artigo 990: o sócio tratador, aquele que contraiu a dívida com o credor em nome da sociedade. Por tal motivo o credor deverá seguir uma ordem específica em caso de cobrança, pois: entre sócios e sociedade há uma relação de subsidiariedade (art. 1024); entre o sócio tratador e a sociedade há uma relação de solidariedade. Logo o benefício de ordem será dado a quem não contraiu a dívida com o credor; aliás, a única hipótese em que um sócio com responsabilidade por uma dívida não tem benefício de ordem é a do sócio tratador na sociedade em comum. A esse respeito, ainda, observe que como o patrimônio dos membros da sociedade se confunde com o da sociedade em comum, o risco dos membros perderem todos os seus bens é enorme (o que não deixa de ser uma sanção para quem realiza sociedade em comum). A segunda sociedade não-personificada é a sociedade por conta de participação, que já existia no Código Comercial. Trata-se de opção que a lei permite, prevista no art. 991:

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Código Civil, Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social. A sociedade por conta de participação não possui registro por natureza, já que não tem esta vocação. Nela o sócio ostensivo age na sociedade perante terceiro, mas deve obrigações aos sócios participantes – de tal forma que o terceiro não fez contrato com a sociedade, mas com o sócio ostensivo, que contratou pela sociedade e prestará contas aos seus sócios. No sistema anterior, aliás, o sócio participante era chamado de sócio oculto, por não aparecer explicitamente na sociedade. Não é uma pessoa jurídica, apenas um contrato que gera direitos e obrigações entre os sócios, pois, como diz a Lei: Código Civil, Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier. Digno de nota, aliás, é o parágrafo único do artigo 993: este determina que o sócio participante não deve tomar a frente no negócio, ou será tratado pela Lei como se fosse sócio ostensivo. Observação: um exemplo interessante de sociedade em conta de participação é o da compra de um quarto de hotel: a administradora do hotel age como sócio participante; o dono do quarto é o sócio ostensivo, recebendo parte dos lucros no “aluguel” do seu imóvel.

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20/08 Sociedades empresárias

o Sociedades dependentes de autorização o Sociedades estrangeiras

Classificação das sociedades Código Civil, Art. 1.123. A sociedade que dependa de autorização do Poder Executivo para funcionar reger-se-á por este título, sem prejuízo do disposto em lei especial. Parágrafo único. A competência para a autorização será sempre do Poder Executivo federal. Sociedades dependentes de autorização: previstas no artigo 1123 do Código Civil; são aquelas que, por um motivo que interessa profundamente à sociedade, tem sua existência condicionada a uma autorização do Poder Executivo federal.

Ex.: empresa de segurança, de material bélico, indústria farmacêutica, bancos. Tomando como exemplo os bancos, se um grupo de pessoas desejar criar uma instituição financeira precisa de autorização do Banco Central; para criar um plano de saúde, precisa do aceite da ANS; transporte aéreo, da ANAC; e por aí vai, conforme a lei que o regula e que determina um órgão competente para autorização. Se não houver lei, é livre sua criação. Ainda nesse aspecto, vale falar dos artigos referentes à cassação e requisitos da sociedade: CC, Art. 1.125. Ao Poder Executivo é facultado, a qualquer tempo, cassar a autorização concedida a sociedade nacional ou estrangeira que infringir disposição de ordem pública ou praticar atos contrários aos fins declarados no seu estatuto. CC, Art. 1.130. Ao Poder Executivo é facultado recusar a autorização, se a sociedade não atender às condições econômicas, financeiras ou jurídicas especificadas em lei. CC, Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração. Sociedade estrangeira: não há uma definição explícita de sociedade estrangeira, mas há a de sociedade nacional (art. 1126), que impõe dois requisitos para ser considerada como tal:

Organização de acordo com a lei brasileira Sede administrativa no país.

Em muitos casos há sociedades que são nacionais de fato, apesar dos donos serem estrangeiros e dos lucros irem para a matriz (ex.: Volkswagen do Brasil Ltda., organizada segundo o Código Civil brasileiro e com sede no Brasil, em São Bernardo do Campo). Nesse caso a empresa adquire personalidade jurídica própria, não sendo subordinada oficialmente à Volkswagen alemã (sucursal, filial ou agência), mas sua subsidiária. Isso porque, conforme diz a Lei: CC, Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira. Como sociedade estrangeira, se submeterá às leis do Brasil: CC, Art. 1.137. A sociedade estrangeira autorizada a funcionar ficará sujeita às leis e aos tribunais brasileiros, quanto aos atos ou operações praticados no Brasil.

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A respeito das sociedades estrangeiras, seguem outros artigos dignos de nota: CC, Art. 1.138. A sociedade estrangeira autorizada a funcionar é obrigada a ter, permanentemente, representante no Brasil, com poderes para resolver quaisquer questões e receber citação judicial pela sociedade. CC, Art. 1.141. Mediante autorização do Poder Executivo, a sociedade estrangeira admitida a funcionar no País pode nacionalizar-se, transferindo sua sede para o Brasil. Classificação das sociedades: há diversas formas de classificação, podendo ser:

Personificadas e não personificadas Dependentes de autorização e não-dependentes de autorização Sociedade simples e sociedade empresária Sociedades nacionais e sociedades estrangeiras.

Uma delas deve ser ressaltada: sociedades de pessoas e sociedades de capitais. Sociedades de pessoas vs sociedades de capitais:

Nas sociedades de pessoas prepondera a pessoa do sócio; a figura do sócio é relevante para a firma; são, por excelência, intuitu personae;

Nas sociedades de capitais se sobressai o capital investido, muito mais do que o dono do capital; são intuitu pecuniae.

Entre dois sócios, nas sociedades de pessoa, a affectio societas é imensa – visto que é possível comparar a sociedade a um casamento, em que o amor (a afeição) é fundamental.

numa sociedade de pessoas, a affectio societatis é fortíssima; numa sociedade de capitais, ela não existe, ou é muito pequena.

De forma semelhante o contrato social mostra expressamente qual é a forma pela qual a sociedade se desenvolverá (cláusulas que impõem sociedades de pessoas ou de capitais).

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22/08 Classificação das sociedades empresárias

Quanto à forma

Simples Em nome coletivo

Em comandita

simples

Ltda. S/A Em comandita por ações

Cooperativa

Código Civil 2002 Art. 983 e 982, § único

CC02 Art. 992 ao 1078

CC02 Art. 1099 ao 1244

CC02 Art. 1245 ao 1751

CC02 Art. 1752 ao 2087

CC02 Art. 1088 ao 1089

CC02 Art. 1090 ao 1092

CC02 Art. 1093 ao 1096

Simples SIM SIM‘ SIM SIM NÃO NÃO SIM Quanto á atividade (objeto) Empresária NÃO SIM SIM SIM SIM SIM NÃO

Código Civil de 2002: Art. 982 Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. (...) Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. Observe que quando falamos em sociedades simples os doutrinadores falam também em sociedade pura, ou em sentido estrito. Observe, ainda, que nem todas as sociedades podem optar por ser simples ou empresárias - há uma exceção, prevista no parágrafo único do artigo 982: “Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.” Sendo mais específico:

sociedade por ações tem que ser empresária; cooperativa tem que ser sociedade simples.

Outra forma de classificar as sociedades é quanto à responsabilidade dos sócios:

sociedades de responsabilidade limitada: aquela na qual os sócios não respondem pela companhia (caso das S/A)

sociedades de responsabilidade ilimitada: todos respondem pela sociedade. sociedades mistas: alguns sócios respondem, outros não (ex.: comandita)

Caso interessante: no caso das sociedades empresárias, existe a figura da falência, que é um concurso universal de credores. Para a sociedade simples, ou o empresário individual, não há falência; mas existe a possibilidade da insolvência civil, que é mecanismo semelhante.

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29/08 Sociedades simples

Introdução Tipos Função da sociedade simples Contrato social

A sociedade simples a qual estamos nos referindo neste tópico é a sociedade simples em sentido estrito, ou sociedade simples pura, regulada no trecho do artigo 997 ao 1038 do Código Civil. Vale lembrar que esta é o modelo básico de sociedade personificada, aplicável também às sociedades em nome coletivo, às comanditas por ações e às sociedades limitadas (de tal forma que no Capítulo I estão artigos que se estendem aos Capítulos II e III, e ao posterior). A essa forma de uso legal chamamos de aplicação supletiva, ou subsidiária, da lei. Código Civil, art. 997, caput: A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: Contrato social: um contrato social envolvendo mais de duas partes constitui-se em contrato plurilateral (uma exceção aos contratos, já que cada sócio constitui um centro de interesse). É um contrato formal (“constitui-se mediante contrato escrito ...”), com procedimento específico. Código Civil, Art. 998. Nos trinta dias subseqüentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer a inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede. Observe, a respeito do local do registro da sociedade, que: Sociedade simples requer registro sempre no Registro Civil das Pessoas Jurídicas Sociedade empresária requer registro sempre em Junta Comercial. Existem cláusulas que são imprescindíveis num contrato social – são as que estão nos incisos do artigo 997 do CC02:

“I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.”

Outras cláusulas podem ser inseridas, a critério das partes: são as cláusulas acidentais, que não impedem o registro do contrato (importantes, mas não obrigatórios). Os contratos sociais das sociedades podem ser alterados pela vontade dos sócios, uma vez que se atinja o quorum de deliberação (a quantidade mínima de votos para que uma determinada matéria seja aprovada). Os votos são contados de forma proporcional à fração do capital social (o sócio majoritário tem mais força, pois tem mais “parte” na sociedade).

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CC02, Art. 1010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um. (...) § 2

o

Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no caso de empate, e, se este persistir, decidirá o juiz. No caso da sociedade simples é importante ressaltar o que está no artigo 999 (alteração do contrato requer consentimento de todos; para as demais questões, maioria absoluta): CC02, Art. 999. As modificações do contrato social, que tenham por objeto matéria indicada no art. 997, dependem do consentimento de todos os sócios; as demais podem ser decididas por maioria absoluta de votos, se o contrato não determinar a necessidade de deliberação unânime.

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29/08

Sociedades empresárias Contrato social Capital social

É de grande relevância para o contrato social o que está disposto no parágrafo único do artigo 997 do Código Civil: “É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato.” O termo “... pacto separado ...” a que se refere o texto do Código nada mais é do que um outro contrato, um acordo de cotistas ou acionistas, celebrado entre os sócios e que dizem respeito a informações, geralmente sigilosas, que não devem ser expostas no contrato social. Nesse caso, a interpretação desse parágrafo nos permite afirmar o seguinte: O contrato social, cujos efeitos são erga omnes, tem mais valor em litígios dos sócios com

terceiros do que o acordo particular (que é ineficaz fora do contexto da sociedade); Porém, no trato entre os sócios, o acordo vale mais do que o contrato. Capital social: é a totalidade, expressa em dinheiro, das contribuições, realizadas ou prometidas, pelos sócios, para promover os fins da sociedade. É dividido em cotas, que são de titularidade dos sócios (quem faz parte da sociedade). As cotas que podem ser iguais ou desiguais (exemplo: uma cota de 60 mil e uma de 40 mil). Recomenda-se, contudo, a divisão em cotas iguais de valor reduzido – já que no caso de divisão entre herdeiros (ou venda de partes) seria necessária a formação de um condomínio de cotas, o que dificulta a administração. Entre os deveres dos sócios há o dever de contribuir, previsto no artigo 1004 do CC02: Código Civil, artigo 1004: Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições estabelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos trinta dias seguintes ao da notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora. Faz-se necessário, neste momento, definir alguns conceitos:

Subscrição: atribuição de uma cota nova a um dos sócios. Ocorre: o na atribuição das cotas pelo contrato social (pela transferência de parte do

patrimônio dos sócios) o quando a sociedade modifica seu capital social, seja aumentado o valor das cotas

ou criando novas cotas e atribuindo-as a alguém. Integralização ou realização: é o pagamento pelas cotas realizado por um sócio, ou o

cumprimento da obrigação que o sócio fez ao iniciar a sociedade. Subscrição e integralização só ocorrem quando há cota nova, ou seja, quando os “criadores” se tornam devedores da “criatura”, alimentando o patrimônio da sociedade. Via de regra a subscrição nas sociedades ocorra em dinheiro, mas há uma exceção específica da sociedade simples: a do sócio de serviços, presente nos artigos 997, V, e 1006 do CC02. O capital social é intangível, e pertence à sociedade: se ocorre desvalorização, ou valorização, esta ocorre no patrimônio da sociedade, não no de seus sócios.

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Quando um sócio não cumpre com suas obrigações para com a integralização do capital social, este é chamado “sócio remisso”: nos termos do artigo 1004, se não pagar no prazo previsto, deverá à sociedade, devendo pagar à pessoa jurídica ou ser excluído da sociedade, ou, ainda, ver reduzida sua participação, a critério dos demais sócios. Código Civil de 2002, Art. 1.004: Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições estabelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos trinta dias seguintes ao da notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora. Parágrafo único. Verificada a mora, poderá a maioria dos demais sócios preferir, à indenização, a exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao montante já realizado, aplicando-se, em ambos os casos, o disposto no § 1o do art. 1.031. CC02, Art. 1031: O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios suprirem o valor da quota.

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03/09 Sociedade simples

Participação em lucros e perdas Deveres da probidade e da lealdade Direito de fiscalização Direito de retirada

Código Civil, artigo 1008 É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas. A participação pelos lucros e perdas da sociedade simples por parte dos sócios é tornada explícita neste artigo, o que diferencia esse modelo social da sociedade limitada – os sócios participam nos lucros e nas perdas, sem limitação. Observe que nesse caso a participação dos sócios nos lucros e perdas é estipulada por contrato (CC02, art. 997, VII), permitindo que “se mexa” na sua divisão de acordo com suas necessidades. Diferenças entre dividendos e pro labore:

Dividendos são o que se dá a todos os sócios pela participação na sociedade. Pro labore é a retribuição aos sócios que trabalham na sociedade.

Observe que o pro labore não é necessariamente salário, pois o dono não é empregado da firma. Código Civil, Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios. Deveres de probidade e de lealdade: o administrador da sociedade deve ser probo e honesto no trato com os negócios que administra, bem como ter lealdade para com os sócios (já que a vontade dos sócios é a vontade da sociedade). Essa importância é tão relevante que há dispositivos expressos punindo o mau administrador, como no artigo 1016: CC02, Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções. Da mesma forma, o administrador que descumprir ordem dos sócios também pode ser punido: CC02, Art. 1.017. O administrador que, sem consentimento escrito dos sócios, aplicar créditos ou bens sociais em proveito próprio ou de terceiros, terá de restituí-los à sociedade, ou pagar o equivalente, com todos os lucros resultantes, e, se houver prejuízo, por ele também responderá. Parágrafo único. Fica sujeito às sanções o administrador que, tendo em qualquer operação interesse contrário ao da sociedade, tome parte na correspondente deliberação. Finalmente, os sócios também devem ser leais para com a sociedade: CC02, art. 1003, § 3º Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove graças a seu voto.

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Direito de fiscalização: é direito dos sócios fiscalizar as operações da sociedade, bem como os atos de quem administra a sociedade em seu nome. Código Civil de 2002: Art. 1.020. Os administradores são obrigados a prestar aos sócios contas justificadas de sua administração, e apresentar-lhes o inventário anualmente, bem como o balanço patrimonial e o de resultado econômico. Art. 1.021. Salvo estipulação que determine época própria, o sócio pode, a qualquer tempo, examinar os livros e documentos, e o estado da caixa e da carteira da sociedade. Constituição Federal, artigo 5º XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; Direito de retirada: ninguém pode ser mantido em uma associação contra sua vontade – e, de forma semelhante, não se pode forçar alguém a entrar numa sociedade, sob pena de cair em vício de consentimento. Ocorre, contudo, que o direito de retirada tem regras específicas para seu uso.

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05/09 Sociedade Simples - Direito de retirada

Comum, ordinário ou imotivado Extraordinário ou motivado

o Consensual o Judicial

Direito de recesso Um sócio pode sair da sociedade pela dissolução da mesma, já que o prazo de uma sociedade pode ser determinado ou indeterminado. Código Civil, Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: (...) II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; Terminado o prazo determinado, ocorre a dissolução (encerramento) da sociedade, com a possibilidade de retirada de um ou mais sócios da composição da mesma. Um sócio também pode sair da sociedade caso venda suas cotas para os outros, numa estratégia que pode não ser bem sucedida se a sociedade for de pessoas ou se não houver interessados. E existe, também, o direito de retirada, pelo qual o sócio se opõe aos demais e à sociedade, levando desta a parte que lhe cabe no negócio, os seus haveres. Os haveres são apurados segundo critérios econômicos e contábeis, buscando saber quanto vale a sociedade. Para tanto são utilizados métodos como o fluxo de caixa descontado, que mede a capacidade de geração de lucros . No caso de ocorrer retirada, os sócios podem fazer uma das duas coisas:

Ou se reduz o capital social, com a eliminação das cotas; Ou os demais sócios assumem as cotas do sócio que saiu.

Pode ocorrer dos sócios inserirem cláusulas acidentais no contrato para prevenir a saída de um deles, como o pagamento dos haveres em parcelas. Mas como a lei regula o direito de retirada? Código Civil, Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa. Parágrafo único. Nos trinta dias subseqüentes à notificação, podem os demais sócios optar pela dissolução da sociedade. Observe que a notificação nas sociedades de prazo indeterminado é feita aos sócios, já que a sociedade é um vínculo entre as diferentes pessoas que a compõem. Já nas sociedades de prazo determinado, entretanto, a saída se dá por uma das duas formas:

Pelo consenso entre os sócios; Ou provando justa causa judicialmente.

Na ação judicial o sócio desistente precisa apresentar o motivo de sua saída, exercendo um direito de retirada motivado. Quanto aos motivos, o Código apresenta uma saída “genérica”, já que “justa causa” pode significar “qualquer falha que motive o fim da sociedade”.

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Direito de recesso: é o direito de retirada de um sócio dissidente por critério previsto em lei. Exemplos, nas sociedades simples, estão previstos nos artigos abaixo: Código Civil, Art. 1.077. Quando houver modificação do contrato, fusão da sociedade, incorporação de outra, ou dela por outra, terá o sócio que dissentiu o direito de retirar-se da sociedade, nos trinta dias subseqüentes à reunião, aplicando-se, no silêncio do contrato social antes vigente, o disposto no art. 1.031. Art. 1.114. A transformação depende do consentimento de todos os sócios, salvo se prevista no ato constitutivo, caso em que o dissidente poderá retirar-se da sociedade, aplicando-se, no silêncio do estatuto ou do contrato social, o disposto no art. 1.031. Princípio da conservação da empresa: a função social da empresa, enquanto atividade, é fazer com que a economia gire, gerando empregos e pagando impostos – e por esse motivo é essencial que se mantenham as sociedades vivas, priorizando, em última hipótese, a dissolução parcial. Contudo, há momentos em que manter uma sociedade deficitária, a pretexto de se aplicar o princípio da conservação da empresa, pode causar danos ao mercado como um todo. Justifica-se, assim, a dissolução total da mesma. Trabalho: sobre EIRELI (Empresa individual de responsabilidade limitada).

Entrega: no dia da prova. Mínimo: dois autores. Manuscrito Mínimo: duas folhas.

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10/09 Sociedades simples

Administração O administrador de uma sociedade é o sócio que dirige a companhia, também chamado diretor. A partir do Código Civil de 2002 houve uma distinção com o gerente, que passou a ser o preposto que administra a sociedade em nome dos seus sócios. Teorias sobre a administração da sociedade: Teoria da representação: o administrador é o mandatário da sociedade. Teoria organicista: o administrador é um órgão da sociedade, que se manifesta através dele. A teoria adotada pelo Código é a teoria organicista: o diretor age como instrumento de manifestação da vontade da sociedade, realizando atos em nome dela e dos sócios. CC02, artigo 1018: Ao administrador é vedado fazer-se substituir no exercício de suas funções, sendo-lhe facultado, nos limites de seus poderes, constituir mandatários da sociedade, especificados no instrumento os atos e operações que poderão praticar. Não existe sociedade sem administração: a administração é órgão obrigatório na sociedade; toda sociedade tem ao menos um diretor. Este pratica atos de representação interna (a gestão dos negócios sociais), como orientação a empregados e gestão da produção; e atos de representação externa (em que ele se relaciona com terceiros). Podemos falar, assim, que o diretor é o representante legal da sociedade. Observações a respeito da figura do diretor:

O diretor pode ser nomeado por contrato social ou ato em separado (observando que os mesmos sócios que nomeiam podem destituir o administrador).

Apenas pessoa física pode ser diretor (CC02, art. 997, VI). No caso da sociedade simples, contudo, não se faz necessário que esta seja um dos sócios.

Limitações a respeito dos diretores: CC02, art. 1011, § 1o Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação. Formas de exercício da administração: estão nos artigos 1013 e 1014 do Código Civil. Art. 1.013. A administração da sociedade, nada dispondo o contrato social, compete separadamente a cada um dos sócios. § 1o Se a administração competir separadamente a vários administradores, cada um pode impugnar operação pretendida por outro, cabendo a decisão aos sócios, por maioria de votos. § 2o Responde por perdas e danos perante a sociedade o administrador que realizar operações, sabendo ou devendo saber que estava agindo em desacordo com a maioria. Art. 1.014. Nos atos de competência conjunta de vários administradores, torna-se necessário o concurso de todos, salvo nos casos urgentes, em que a omissão ou retardo das providências possa ocasionar dano irreparável ou grave.

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No contrato social estão especificadas as competências de cada um dos diretores: um deles será obrigatoriamente o diretor-presidente, e os demais se ocuparão das áreas que lhe cabem. Responsabilidades dos diretores por abusos: estão no artigo 1016 do Código Civil. Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções. Mas e quando os administradores se excedem no trato com terceiros, agindo de forma lesiva? Cabe, nesse caso, anulação do contrato pela sociedade, nas hipóteses abaixo: CC02, art. 1015, parágrafo único: O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses: I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade; II - provando-se que era conhecida do terceiro; III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade. A respeito de tal artigo, observe que:

Com relação ao inciso “I”: em casos excepcionais a doutrina e a jurisprudência se inclinam pela teoria da aparência, ou seja, aquele que aparenta ter os plenos poderes de administrador “enganou” ao terceiro, que não pode ser prejudicado por um sócio que passou dos limites de sua autoridade.

Com relação ao inciso “II”: fica claro que a falha é do terceiro. Com relação ao inciso “III”: aplica-se a teoria ultra vires, já que aquele que contratou com

a sociedade tinha condições de verificar se o objeto atingia ao interesse social, podendo ser anulado. Nem sempre, contudo, isso é verdade, motivo pelo qual era deixada “de lado” até a chegada do Código Civil de 2002 (a doutrina recomenda analisar o caso concreto e prestigiar a boa-fé do terceiro, se for o caso).

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12/09

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17/09 EIRELI

Dissolução da sociedade Define-se sociedade como a associação entre duas ou mais pessoas; mas, apesar do clamor popular pela possibilidade da sociedade unipessoal, por muito tempo esta foi proibida no Brasil. EIRELI (Empresa individual de responsabilidade limitada) foi a solução adotada pelo legislador para que isso fosse permitido: trata-se de uma sociedade na qual uma pessoa detém 100% das cotas, seja por ter sido o único sócio que sobrou numa sociedade ou porque assim o desejou. A grande vantagem da EIRELI está na possibilidade de separar parte de seu patrimônio para a “pessoa jurídica” criada, dando segurança ao patrimônio do empreendedor. Instituída no nosso ordenamento pela Lei 12441/11; entrou em vigor em janeiro de 2012. Código Civil, Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: (...) VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. Alguns doutrinadores dizem que a EIRELI é uma nova modalidade de sociedade; outros, baseados no nome da entidade, afirmam que esta é “a personificação de uma atividade”. Código Civil, Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. Observe, a esse respeito, os requisitos para se formar a EIRELI: Integralização do capital no momento de sua constituição Limitação de patrimônio a 100 salários mínimos Segundo a jurisprudência, somente pessoas naturais poderiam ter uma EIRELI, considerando-se o § 2º do artigo 980-A. No mais, aplica-se a esta entidade os mesmos dispositivos da sociedade limitada, conforme o § 6º do mesmo artigo. Código Civil, artigo 980-A § 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. (...). § 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas.

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17/09 Dissolução da sociedade (Código Civil, artigo 1033 e seguintes) A dissolução de uma sociedade pode ser entendida de duas formas: O procedimento de dissolução (em sentido amplo); O ato de dissolução de uma sociedade (sentido estrito), seja judicial ou extrajudicial. Entre as hipóteses possíveis de dissolução da sociedade está a dissolução parcial: um ou mais sócios saem da sociedade, recebem os haveres e a composição é refeita. Ocorre, no entanto, que muitas vezes não se quer manter a sociedade, na hipótese de dissolução total. Código Civil, Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando: I - anulada a sua constituição; II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexeqüibilidade. As hipóteses relatadas acima são referentes ao pedido do fim da sociedade em juízo, que é uma das modalidades da dissolução enquanto ato; as outras estão no artigo 1033. Código Civil, Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; II - o consenso unânime dos sócios; III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. Passada a dissolução (ato), será efetuada a liquidação da sociedade. Uma vez escolhido o liquidante, este deverá proceder à apuração dos ativos e pagamento dos passivos, bem como aos demais procedimentos que encerrem externamente a sociedade. Código Civil, Art. 1.103. Constituem deveres do liquidante: I - averbar e publicar a ata, sentença ou instrumento de dissolução da sociedade; II - arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde quer que estejam; III - proceder, nos quinze dias seguintes ao da sua investidura e com a assistência, sempre que possível, dos administradores, à elaboração do inventário e do balanço geral do ativo e do passivo; IV - ultimar os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar o remanescente entre os sócios ou acionistas; V - exigir dos quotistas, quando insuficiente o ativo à solução do passivo, a integralização de suas quotas e, se for o caso, as quantias necessárias, nos limites da responsabilidade de cada um e proporcionalmente à respectiva participação nas perdas, repartindo-se, entre os sócios solventes e na mesma proporção, o devido pelo insolvente; VI - convocar assembléia dos quotistas, cada seis meses, para apresentar relatório e balanço do estado da liquidação, prestando conta dos atos praticados durante o semestre, ou sempre que necessário; VII - confessar a falência da sociedade e pedir concordata, de acordo com as formalidades prescritas para o tipo de sociedade liquidanda; VIII - finda a liquidação, apresentar aos sócios o relatório da liquidação e as suas contas finais; IX - averbar a ata da reunião ou da assembléia, ou o instrumento firmado pelos sócios, que considerar encerrada a liquidação. Finalmente, uma vez encerrada a sociedade, passa-se à partilha dos haveres, na mesma proporção de suas cotas.

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19/09 Responsabilidade extraordinária dos sócios Introdução Teoria da desconsideração (“disregard of legal entity”) A desconsideração inversa Questões processuais

Toda sociedade responde com seu patrimônio pelas dívidas que possui. Nas sociedades simples o patrimônio dos sócios se confunde com o da sociedade – mas naquelas de responsabilidade limitada o credor não pode cobrar dos sócios além daquilo que é patrimônio da sociedade – essa é a responsabilidade ordinária. Diante de certas circunstâncias, contudo, existe a possibilidade dos sócios virem a responder com seu patrimônio por dívidas da “empresa”, no que definimos como responsabilidade extraordinária. As sociedades limitadas (e também as EIRELI) existem para que as pessoas não precisem comprometer todo seu patrimônio na atividade empresarial – mas a lei cobra uma contrapartida: que as pessoas não usem a sociedade para aquilo que não faz parte do seu objeto. Hipóteses onde se pode admitir a responsabilidade extraordinária, entre outros:

Fraude contra credores Ato ilícito Confusão patrimonial

Nestes casos se aplica a teoria da desconsideração da personalidade jurídica (“disregard of legal entity”), que chegou ao Brasil na década de 60 e foi integrada ao nosso ordenamento. Código Civil, Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Pela teoria da desconsideração da personalidade jurídica, uma vez que o juiz constatar o mau uso da pessoa jurídica, escondendo-se atrás da sociedade para cometer delitos de qualquer natureza, este pode “levantar o véu” (ou retirar a proteção) que separa a pessoa jurídica da pessoa de seus sócios e autorizando que seu patrimônio pessoal seja utilizado para saldar os compromissos feitos em nome da sociedade. Hipóteses possíveis para desconsiderar a personalidade jurídica de uma sociedade: fraude, abuso de direito, desvio de finalidade, má-fé, violação de contrato social, entre outros. Observe que, quanto à confusão patrimonial, esta é causa possível para a desconsideração, embora nem sempre seja utilizada. Em caso de dissolução irregular da sociedade, no qual a “empresa” simplesmente fecha as portas sem pagar credores e realizar liquidação. Há duas posturas a esse respeito: uns, mais radicais, declaram que sempre que houver dissolução irregular há desconsideração; outros, porém, pensam de forma mais racional, “forçando” a dissolução pelos métodos normais. Segundo o Prof. Fabio Ulhoa existem duas teorias para a desconsideração:

Teoria maior: exige que haja elementos específicos, enquadrados nas hipóteses possíveis de desconsideração, para que esta seja efetuada.

Teoria menor: uma vez que a sociedade não pague as dívidas, executa-se o sócio. Nosso Direito adota, via de regra, a teoria maior da desconsideração; entretanto, em algumas situações, juízes podem adotar a teoria menor.

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Exemplos típicos de uso da teoria menor da desconsideração:

Justiça do Trabalho (caráter extremamente protecionista) CDC (que no seu artigo 28 permite de forma expressa a desconsideração)

Lei 8078/90 (Código de Defesa do Consumidor), Art. 28, caput. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. Desconsideração inversa: ocorre quando se “desnuda o véu” da pessoa jurídica em sentido inverso, desconsiderando a personalidade jurídica para que se busque na sociedade bens que sejam, de fato, patrimônio do sócio. Questões processuais: Uma posição minoritária crê que para o juiz decretar a desconsideração direta é necessário

decretar a falência da sociedade; para a maioria é desnecessário decretar falência para que haja a desconsideração.

A jurisprudência dominante declara que o juiz, por decisão interlocutória fundamentada, pode reconhecer a desconsideração nos autos da execução; uma minoria crê que se faz necessária nova ação, para que, através de processo específico e condenação de pagamento, se garanta o contraditório e a ampla defesa às partes.

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24/09 Sociedades em nome coletivo e comandita simples

Sociedade em nome coletivo Sociedade em comandita simples

Código Civil, art. 1039 Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais. Sociedade em nome coletivo (art. 1039 – 1044 do CC02): é uma sociedade de responsabilidade ilimitada, na qual só participam pessoas físicas (contrapondo-se ao art. 997 do Código). Também é solidária, no tocante às obrigações internas da mesma. Observações: O nome da sociedade deve possuir sempre a firma social (CC02, art. 1041). Só os sócios podem ser administradores (CC02, art. 1042). Código Civil, Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. Sociedade em comandita simples: nesta, há duas categorias de sócios: Comanditados, que respondem de forma solidária e ilimitada pelas obrigações sociais; Comanditários, que respondem de forma limitada (apenas pelo valor de sua quota). Observações: Teoricamente os comanditários podem ser pessoas jurídicas (os comanditados, não). É uma instituição “mista”, na qual o comanditário entra com o dinheiro, e o comanditado, com

as obrigações e o “risco” inerente ao negócio. O comanditário não tem poder para administrar a sociedade (CC02, art. 1047), mas pode

receber procuração para agir em determinadas situações (§ único do 1047).

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26/09 Sociedades Limitadas

Introdução Definição Legislação pertinente Características e subtipo Constituição

Mais de 90% das sociedades brasileiras são do tipo “sociedade limitada”, aquele tipo que é definido, no Código Civil, nos artigos 1052 a 1087. Seu conceito, segundo doutrinadores, surgiu na Alemanha, no ano de 1892, como uma inovação, um “meio termo” entre a sociedade anônima e a sociedade de capital aberto, por definição contratual. No Brasil a sociedade limitada foi criada pelo Decreto nº 7308/1919, que ficou conhecido como “a lei das limitadas”, e que perdurou até o advento do Código de 2002. Código Civil de 2002, Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. A sociedade limitada é aquela constituída por um contrato social, e na qual a responsabilidade de cada sócio é definida pelo valor de suas cotas, mas respondendo todos, em caráter solidário, pela integralização do capital social. Possui elementos da sociedade simples, como diz o artigo 1053 do Código; mas a prioridade do caráter normativo é a dos dispositivos legais do Capítulo IV. CC02, Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples. Observe, porém, que nesta regra de caráter supletivo há uma exceção: Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima. De acordo com a definição do prof. Fábio Ulhoa existem dois tipos de limitada:

as do subtipo 1, regidas pelas normas da sociedade simples; e as do subtipo 2, regidas pelo que está na Lei das S/A.

Porém, atenção: esses são subtipos, e não tipos de sociedade. Ambas são limitadas por natureza, sendo que o uso da lei correta dependerá da classificação por subtipo, e só naquilo que houver lacuna se adotará a analogia (se houver). Mesmo no caso de adoção da Lei das S/A a subsidiariedade se dará naquilo que não houver conflito estrutural (uma Ltda. jamais colocará ações em bolsa, por exemplo). Existem, inclusive, dispositivos que enviam a interpretação diretamente para o Capítulo I, o que rege as sociedades simples, como o art. 1055 (envia ao 997) e o 1058 (envia ao 1004). Cabe aqui uma observação importante: geralmente as sociedades que possuem menor capital social são organizadas como de subtipo 1, e as de maior capital, de subtipo 2. Constituição: a sociedade limitada se constitui por um contrato social, nos termos do art. 997 do Código Civil. Como todo contrato, deve obedecer aos requisitos do negócio jurídico:

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Com relação ao incapaz, digno de nota é o que está no artigo 974 do Código Civil: CC02, art. 974: Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. (...) § 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) II – o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais.” Outras observações relevantes:

É vedada a existência de sócio de serviços nas limitadas (art. 1055, § 2º); O contrato social não pode afastar os sócios da participação nos lucros (art. 1008); não

existe, entretanto, a participação nas perdas da sociedade limitada. Quanto à dissolução, as limitadas seguem as regras do artigo 1033, para o qual

indiretamente se direciona o artigo 1087 do Código Civil. O acordo de cotistas (art. 997, § único) se aplica a qualquer limitada.

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01/10 Sociedades limitadas

Constituição Alteração constitucional Integralização do capital social Responsabilidade ordinária dos sócios

Numa contraposição com as regras das sociedades simples, a regra nas sociedades limitadas é que o contrato social pode ser alterado por maioria simples das cotas. Lembremos sempre que, no caso desse tipo de sociedade, a affectio societas está muito mais vinculada ao montante investido e aos interesses comerciais do que ao interesse particular dos sócios, até pelo dinamismo necessário às sociedades limitadas, inerente à sua natureza. Observe que mesmo com a natureza específica das limitadas os direitos dos sócios minoritários são respeitados: Código Civil, Art. 1.077. Quando houver modificação do contrato, fusão da sociedade, incorporação de outra, ou dela por outra, terá o sócio que dissentiu o direito de retirar-se da sociedade, nos trinta dias subseqüentes à reunião, aplicando-se, no silêncio do contrato social antes vigente, o disposto no art. 1.031. As sociedades limitadas estabelecem quatro tipos diferentes de quorum, que estão definidos nos artigos subseqüentes do Código Civil: Art. 1.061: A designação de administradores não sócios dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado, e de 2/3 (dois terços), no mínimo, após a integralização. Art. 1063, § 1º: Tratando-se de sócio nomeado administrador no contrato, sua destituição somente se opera pela aprovação de titulares de quotas correspondentes, no mínimo, a dois terços do capital social, salvo disposição contratual diversa. Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061 e no § 1o do art. 1.063, as deliberações dos sócios serão tomadas: I - pelos votos correspondentes, no mínimo, a três quartos do capital social, nos casos previstos nos incisos V e VI do art. 1.071; II - pelos votos correspondentes a mais de metade do capital social, nos casos previstos nos incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071; III - pela maioria de votos dos presentes, nos demais casos previstos na lei ou no contrato, se este não exigir maioria mais elevada. Sendo mais específico, os tipos de quorum possíveis para as sociedades limitadas são: Para designar administradores não sócios:

o Quorum por unanimidade, quando o capital não estiver integralizado (art. 1061) o Quorum de 2/3, após a integralização (art. 1061, caput);

Para destituir administrador sócio: quorum de 2/3 do capital social, salvo disposição contratual diversa (art. 1063, § 1º).

Alterações no contrato social: quorum de ¾ do capital social, ou 75% (art. 1076, I, cominado com art. 1071, incisos V e VI). É o quorum mais importante para a sociedade limitada, usado também para se definir fusões e incorporações da sociedade, ou sua dissolução.

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Observações relevantes: Distinção entre quorum contratual e quorum legal: o segundo é definido diretamente pela lei; o

primeiro, efetivado pelo contrato. Quorum especial para expulsão extrajudicial de sócio minoritário: conforme o artigo 1085. No tocante à integralização do capital social, valem as regras do artigo 1004, inclusive com

relação ao sócio remisso.

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17/10 Sociedades limitadas

Direito dos sócios Conclave

o Espécies o Funcionamento

Fiscalização da administração Direito de retirada Direito de preferência Administração Dissolução

Os sócios possuem direito a receber dividendos da sociedade, que correspondem ao lucro obtido em um determinado período. Não é necessário, contudo, que todo o lucro seja repassado aos sócios, sendo que a sociedade pode reter parte do valor para uso futuro. Para as limitadas do subtipo 2, o prof. Fábio Ulhoa determina uma forma de divisão: aplicar-se o artigo 202 da Lei das S/A. Em todo caso, vale o que está no contrato social. Código Civil, Art. 1.072: As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010, serão tomadas em reunião ou em assembléia, conforme previsto no contrato social, devendo ser convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou no contrato. Conforme a lei, os sócios decidem assuntos relativos à sociedade em assembleias e reuniões, tidas como espécies do mesmo gênero, o conclave (lembrando que o Código Civil fala em assembleias e reuniões, mas não em conclave). Existem três órgãos específicos nas sociedades limitadas: a administração, o conclave e o conselho fiscal, todos descritos no Capítulo IV do Código Civil. Desses três, o conselho fiscal é órgão facultativo, mas os outros dois são obrigatórios. Código Civil, Art. 1.071. Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias indicadas na lei ou no contrato: I - a aprovação das contas da administração; II - a designação dos administradores, quando feita em ato separado; III - a destituição dos administradores; IV - o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato; V - a modificação do contrato social; VI - a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de liquidação; VII - a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas; VIII - o pedido de concordata. No artigo 1071 estão descritos os assuntos que deverão ser obrigatoriamente decididos em conclave, seja ele assembleia ou reunião. Outros dispositivos relevantes: Art. 1071, § 1º: o conclave será sempre tratado como assembleia se o número de sócios for

superior a dez . Art. 1071, § 3º: quando todos os sócios participantes decidirem por escrito a respeito da

matéria, não se faz necessário efetuar assembleia ou reunião. Os conclaves deverão ser realizados obrigatoriamente uma vez por ano, para tratar de assuntos obrigatórios relativos à sociedade, nos termos do artigo 1078 do Código Civil.

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CC02, Art. 1.078. A assembléia dos sócios deve realizar-se ao menos uma vez por ano, nos quatro meses seguintes à ao término do exercício social, com o objetivo de: I - tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço patrimonial e o de resultado econômico; II - designar administradores, quando for o caso; III - tratar de qualquer outro assunto constante da ordem do dia. Convocação de um conclave: se efetua nos termos do artigo 1073. “A reunião ou a assembléia podem também ser convocadas: I - por sócio, quando os administradores retardarem a convocação, por mais de sessenta dias, nos casos previstos em lei ou no contrato, ou por titulares de mais de um quinto do capital, quando não atendido, no prazo de oito dias, pedido de convocação fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas; II - pelo conselho fiscal, se houver, nos casos a que se refere o inciso V do art. 1.069.” Quanto ao inciso V do artigo 1069, refere-se à convocação para tratar de assuntos urgentes ou em caso de atraso efetuado pela diretoria, de mais de 30 dias. Instalação de assembleia: em primeira convocação, acontece somente com a presença de sócios que, somados, possuam 75% do capital social; em segunda convocação, com quaisquer dos sócios presentes (CC02, art. 1074, caput). Ainda assim, mantém-se o quorum de deliberação, para todas as matérias que serão decididas na reunião. A respeito da assembleia, observa-se que esta deverá seguir as formalidades do artigo 1075 do Código Civil, registrando-se os resultados em ata apropriada (§ 1º). Diferenças entre reunião e assembleia: a reunião pode ser efetuada caso existam dez ou menos sócios na sociedade, podendo ser regida por critérios específicos, definidos no contrato social. No que não for definida em contrato, será regida pelas regras das assembleias, conforme artigo 1079 do Código Civil, juntamente com o artigo 1072, § 1º. Quorum qualificado: é definido no artigo 1076 do Código Civil. “Ressalvado o disposto no art. 1.061 e no § 1o do art. 1.063, as deliberações dos sócios serão tomadas: I - pelos votos correspondentes, no mínimo, a três quartos do capital social, nos casos previstos nos incisos V e VI do art. 1.071; II - pelos votos correspondentes a mais de metade do capital social, nos casos previstos nos incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071; III - pela maioria de votos dos presentes, nos demais casos previstos na lei ou no contrato, se este não exigir maioria mais elevada.” Qualquer outro tipo de quorum pode ser exigido, obedecendo o que está no inciso III do referido artigo; mas, lembrando, não é quorum legal, e sim quorum contratual. Conselho fiscal: disciplinado nos artigos 1066 a 1070 do Código Civil. É optativo nas sociedades limitadas, só se justificando para aquelas que sejam de grande tamanho. Serve para fiscalizar as contas da empresa, tendo suas atribuições legais definida no artigo 1069 do Código Civil. Seus pareceres, embora relevantes, não precisam ser aceitos pelo conclave.

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Código Civil, Art. 1.069: Além de outras atribuições determinadas na lei ou no contrato social, aos membros do conselho fiscal incumbem, individual ou conjuntamente, os deveres seguintes: I - examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da sociedade e o estado da caixa e da carteira, devendo os administradores ou liquidantes prestar-lhes as informações solicitadas; II - lavrar no livro de atas e pareceres do conselho fiscal o resultado dos exames referidos no inciso I deste artigo; III - exarar no mesmo livro e apresentar à assembléia anual dos sócios parecer sobre os negócios e as operações sociais do exercício em que servirem, tomando por base o balanço patrimonial e o de resultado econômico; IV - denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, sugerindo providências úteis à sociedade; V - convocar a assembléia dos sócios se a diretoria retardar por mais de trinta dias a sua convocação anual, ou sempre que ocorram motivos graves e urgentes; VI - praticar, durante o período da liquidação da sociedade, os atos a que se refere este artigo, tendo em vista as disposições especiais reguladoras da liquidação. Direito de retirada: discriminado no artigo 1057 do Código Civil, determina que o sócio pode vender ou doar parcialmente ou totalmente a qualquer um dos outros; no caso de repassá-lo a terceiros, deverá ter o consentimento de 75% dos remanescentes (§ único). A esse respeito, observa-se que a regra supracitada vale apenas se não existir outro dispositivo em contrato. No mais, segue as regras das sociedades anteriores. Direito de preferência: a sociedade pode aumentar seu capital social com dinheiro “de fora” através de duas maneiras: a primeira é aumentar o valor das cotas, com os sócios injetando o dinheiro na sociedade; ou pela criação de novas cotas. No segundo caso supracitado aqueles que já pertencem à sociedade terão direito de preferência sob a subscrição das novas cotas, na mesma proporção das que já possuem, a fim de que se mantenha o “direito político” dos sócios sob a sociedade, baseado neste percentual. Administração da sociedade limitada: tudo o que se falou sobre a sociedade simples vale para a sociedade limitada. Existiria a possibilidade, pelo artigo 1060 do CC02, de que a sociedade fosse administrada por outra pessoa jurídica; em todo caso, os argumentos interpretativos da lei permitem afirmar que só pessoa física poderá administrar a sociedade (qualquer uma). Dissolução: aplica-se às sociedades limitadas o mesmo procedimento das sociedades simples, seja para o subtipo 1 ou para o subtipo 2.

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22/10 Sociedades Anônimas

Introdução Classificação Sociedades em comandita por ações Constituição

o Subscrição pública o Subscrição privada

Já sabemos alguma coisa sobre as sociedades anônimas: Toda sociedade anônima é uma sociedade estatutária (não é constituída através de um

contrato social, mas por um estatuto); Uma sociedade anônima é uma sociedade de capitais, por sua própria natureza. O contrato social de uma sociedade anônima é dividido em ações (não são quotas!) Uma sociedade anônima possui acionistas. Alguns fatos podem confundir nossa compreensão do que seja uma S/A. Existem sócios numa S/A que não sejam acionistas? NÃO. O que faz de alguém sócio é ter uma fração do capital social, e como a sociedade

anônima é fracionada em ações, somente o acionista é sócio da sociedade. A S/A, contudo, pode emitir títulos de valores mobiliários, como as debêntures, que representam valores a ser pagos pela sociedade; a ação, contudo, é o único título que constitui parte do capital social da “empresa”, transformando seu portador em sócio da sociedade. Companhia é sinônimo de sociedade anônima. Toda sociedade anônima é, por excelência, uma sociedade de responsabilidade limitada, como está especificado no Código Civil. Código Civil, Art. 1.088. Na sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir. No artigo seguinte o Código de 2002 declara que as sociedades anônimas se regem por lei específica; esta é a Lei 6.404/76, que estudaremos neste e nos próximos tópicos. A sociedade anônima é um pouco mais complexa do que as demais sociedades estudadas, sendo mais adequada para atividades de médio e grande porte (ainda que possa ser utilizada em atividades de pequeno porte). Um fato sobre ela, contudo, é extremamente relevante: é a única sociedade que tem a permissão do Estado para captar diretamente recursos junto ao mercado de capitais. Esclarecimentos relevantes: Mercado financeiro: é o mercado bancário propriamente dito, ao qual a sociedade pode ir para

capitalizar-se, através de empréstimos. Mercado de capitais: é a maneira pela qual a sociedade pode coletar diretamente recursos

junto aos investidores, oferecendo em troca seus recursos. Essa possibilidade, a de captação de recursos, é admitida para as sociedades anônimas de capital aberto, conforme o descrito no artigo 4º da lei 6404/76: “Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários”. O texto acima também define a sociedade anônima de capital fechado, que não admite negociação de seus valores no mercado.

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Quando uma companhia opta por abrir seu capital, o faz através de uma oferta pública especial, chamada IPO (initial public offer). Uma oferta pública é aceita, ou aprovada, pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que age no mercado de capitais de forma semelhante ao Banco Central com relação ao mercado financeiro, fiscalizando as empresas e regulamentando o mercado. No caso de uma sociedade anônima fechada, não se faz necessária autorização da CVM. Observações relevantes: Companhia aberta pode negociar valores mobiliários em bolsa (não necessariamente ações). Existem dois ambientes no mercado de capitais onde se pode negociar valores mobiliários: a

bolsa de valores e o mercado de balcão. Definição de sociedade anônima, ou companhia: é a sociedade empresária com capital social dividido em ações, espécie de valor mobiliário, na qual os sócios, chamados acionistas, respondem pelas obrigações sociais até o limite do preço de emissão das ações que titularizam.

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24/10 Sociedades anônimas

Sociedade em comandita por ações Constituição

o Substituição particular (simultânea) Escritura pública Assembleia geral

o Substituição pública (sucessiva) Sociedades em comandita por ações: trata-se de uma variação da sociedade em comandita simples, que é regida pelas normas da Lei das S/A. Essa posição está evidente no Código Civil, artigos 1090 a 1092, que é basicamente uma cópia da 6404/76, artigos 280 a 284. Constituição das sociedades anônimas: já sabemos que as sociedades anônimas não se constituem por contrato social, como as demais. A Lei 6404/76 abre duas possibilidades para se constituir sociedades anônimas, uma típica das sociedades de capital fechado (subscrição particular) e outra ligada às sociedades de capital aberto (subscrição pública). Subscrição pública: é o processo de constituição de sociedades anônimas de capital aberto, ou de abertura do capital de sociedades anônimas de capital fechado. Lei das S/A, Art. 80: A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro. Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social. Observações gerais: Os primeiros sócios de qualquer sociedade anônima são chamados sócios fundadores; O capital social das sociedades anônimas pode ser formado com contribuições em dinheiro ou

em bens (art. 7º), porém, no caso dos bens, deverá ser efetuada avaliação por empresa especializada ou grupo de peritos (art. 8º).

Se optar por constituir uma companhia de capital fechado esta se dará por deliberação dos subscritores, em assembleia geral ou por escritura pública (art. 88). Os subscritores serão considerados os sócios fundadores da empresa.

No caso de opção por escritura pública (para sociedades anônimas de capital fechado), esta conterá o que está no artigo 88, § 2º, da Lei das S/A: “a) a qualificação dos subscritores, nos termos do artigo 85; b) o estatuto da companhia; c) a relação das ações tomadas pelos subscritores e a importância das entradas pagas; d) a transcrição do recibo do depósito referido no número III do artigo 80; e) a transcrição do laudo de avaliação dos peritos, caso tenha havido subscrição do capital social em bens (artigo 8°); f) a nomeação dos primeiros administradores e, quando for o caso, dos fiscais. “

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Uma vez existente, a escritura da sociedade anônima deve ser registrada, sob pena de se tratar a sociedade como sociedade em comum por não ter estatuto válido. Ao se constituir a sociedade anônima por assembleia geral, será observado o disposto no artigo 88, § 1º, a saber: entrega à assembleia do estatuto e dos boletins das ações, para subscrição pelos sócios fundadores; e observação do que está nos artigos 86 e 87 da Lei. Art. 86 (convocação da assembleia geral) Encerrada a subscrição e havendo sido subscrito todo o capital social, os fundadores convocarão a assembléia-geral que deverá: I - promover a avaliação dos bens, se for o caso (artigo 8º); II - deliberar sobre a constituição da companhia. Parágrafo único. Os anúncios de convocação mencionarão hora, dia e local da reunião e serão inseridos nos jornais em que houver sido feita a publicidade da oferta de subscrição. Artigo 87 (assembléia de constituição) A assembléia de constituição instalar-se-á, em primeira convocação, com a presença de subscritores que representem, no mínimo, metade do capital social, e, em segunda convocação, com qualquer número. § 1º Na assembléia, presidida por um dos fundadores e secretariada por subscritor, será lido o recibo de depósito de que trata o número III do artigo 80, bem como discutido e votado o projeto de estatuto. § 2º Cada ação, independentemente de sua espécie ou classe, dá direito a um voto; a maioria não tem poder para alterar o projeto de estatuto. § 3º Verificando-se que foram observadas as formalidades legais e não havendo oposição de subscritores que representem mais da metade do capital social, o presidente declarará constituída a companhia, procedendo-se, a seguir, à eleição dos administradores e fiscais. § 4º A ata da reunião, lavrada em duplicata, depois de lida e aprovada pela assembléia, será assinada por todos os subscritores presentes, ou por quantos bastem à validade das deliberações; um exemplar ficará em poder da companhia e o outro será destinado ao registro do comércio. No caso de constituir-se uma companhia aberta, uma observação importante: todos os sócios fundadores são primeiros sócios, mas nem todos primeiros sócios são sócios fundadores. Essa definição é importante pois os sócios fundadores tem responsabilidades que nem todos os demais possuem, como se verá mais adiante. O primeiro passo para a constituição de sociedade anônima de capital aberto está no artigo 82 da Lei das S/A: “A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição financeira”. Esse registro deverá ter em anexo, nos termos do parágrafo único desse artigo: Estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento; Projeto do estatuto social; Prospecto, que traz todas as informações relativas ao que se pretende fazer no

empreendimento, a fim de mostrar ao mercado a companhia e seu objetivo. Uma vez recebidos os documentos do pedido de emissão, a CVM verificará se os requisitos formais para a abertura da empresa foram atendidos e se o grau de risco do empreendimento é compatível com o mercado, para autorizar a captação de recursos no mercado.

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A esse respeito, observem que a CVM não pode impedir a sociedade anônima de ser aberta; o que ela pode é impedir a sua constituição como sociedade de capital aberto. Uma vez que a CVM autorizou a abertura de capital da companhia, a subscrição pública é efetivada através de uma oferta pública inicial, o IPO, efetuada por uma empresa que prestará os serviços de underwriting em nome dos fundadores da sociedade. Mercado primário vs mercado secundário de ações:

Mercado primário: é a oferta pública de ações de uma companhia; Mercado secundário: compra e venda de ações (momento posterior).

Outras observações: Dois são os ambientes de negociação de ações de companhias abertas: a bolsa de valores e

o mercado de balcão, organizado ou não-organizado. Oferta pública, no entanto, não é realizada em bolsa, específica para o mercado secundário;

só no mercado de balcão é que podem ser oferecidas ações no mercado primário. Se oferecerem ações no mercado primário, é obrigatória a subscrição de 100% das ações,

sob pena de não se constituir a sociedade. Fase de deliberação de constituição: uma vez que obtiveram a subscrição de todas as ações, será convocada e realizada assembleia para constituir a sociedade, nos termos dos artigos 86 e 87. A essa assembléia serão convocados todos os subscritores, os fundadores e aqueles que entraram posteriormente, ambos na condição de primeiros sócios. Daí se dizer que os primeiros sócios nem sempre são os sócios fundadores; estes últimos, aliás, nem precisam necessariamente ter a maioria das ações da sociedade nascente.

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29/10 Sociedades anônimas

Constituição Capital social Classificação Ações

Sociedade anônima com apenas um sócio: não tem condição jurídica para sua existência. Segundo o artigo 206, I, “d”, a companhia poderá ser dissolvida “pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em assembléia-geral ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não for reconstituído até à do ano seguinte, ressalvado o disposto no artigo 251”. Observe que o limite para a admissão de um novo sócio é o da assembleia geral ordinária seguinte à constatação da anomalia, passado um ano; se tal situação não for resolvida, poderá ser convertida em EIRELI ou extinta. Lei 6404/76, Art. 251: A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único acionista sociedade brasileira. Subsidiária integral: trata-se de um conceito novo, referente às sociedades anônimas. Refere-se à sociedade anônima que já nasce tendo como único acionista uma sociedade brasileira, que tem 100% das ações da subsidiária. Esta companhia também pode se tornar subsidiária integral de outra, com a compra de 100% de suas ações por uma outra sociedade brasileira (§ 2º). Quanto à denominação, a sociedade anônima pode seguir um dos formatos previstos no artigo 3º da Lei das S/A: “Companhia xxxx” ou “xxxx S/A”. Observe que não pode haver “Companhia xxx S/A”, pois seria redundante; nem “xxxx Cia.”, pois é designação de outro tipo de sociedade. Capital social: quanto ao capital, uma empresa pode ser de capital fixo ou determinado, ou de capital autorizado. A respeito desta última, prevista pelo artigo 168 da Lei das S/A, segue o conceito: sociedade anônima de capital autorizado é aquela que adotou como sistema de formação do capital a subscrição em valores inferiores aos autorizados pelo estatuto. Quanto à redução do capital social, esta pode ocorrer em quatro hipóteses: Artigo 173: perdas acumuladas, diminuindo o patrimônio abaixo do capital. Artigo 174: resgate das ações, constatado excesso de capital. Artigo 45: reembolso do acionista dissidente, sem restituição do capital. Artigo 107: acionista remisso. Outra classificação relevante ocorre com relação às sociedades de economia mista, previstas nos artigos 235 a 240 da Lei 6408/76. É uma pessoa jurídica de direito privado, sociedade empresária, mas com uma característica essencial: a maior parte de seu capital social está nas mãos do Estado, seja ele União, Estado-membro ou Município. Ação: é um valor mobiliário. As companhias podem emitir algumas espécies de valores mobiliários, dos quais a ação é um deles; esta, porém, é o principal documento que uma companhia pode emitir, visto que tem duas características importantíssimas:

É uma fração representativa do capital social; É o único valor mobiliário que confere ao seu titular a qualidade de sócio.

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Quanto à espécie (artigo 15), as ações podem ser ordinárias, preferenciais ou de fruição. Uma ação ordinária oferece ao seu titular os direitos comuns de um sócio. Uma ação preferencial é uma ação para a qual se permite que o estatuto retire o direito de

voto. Esta ação, que tem preferência na distribuição de dividendos e reembolsos de capitais, é criada para se permitir o aumento de capital sem risco de perda de controle da sociedade.

Os detentores de ações ordinárias são chamados ordinarialistas. Aos detentores de ações preferenciais chamamos preferencialistas. Observação importante: ao contrário do que diz o senso comum, não é a lei que retira o direito de voto, mas o estatuto da sociedade. Esta retirada de direito é possível, mas não obrigatória. Governança corporativa: é um conjunto de regras que obriga as companhias a ter maior transparência em suas operações administrativas. Uma das regras de governança é não emitir ações preferenciais, para que os direitos dos minoritários sejam preservados; as companhias que o adotam tem um “selo de qualidade”, que transfere maior confiança aos investidores e maior aceitação pelo mercado.

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31/10 Sociedades anônimas

Ações (continuação) A respeito das ações preferenciais, observe-se que há hipótese em que estas podem se tornar ordinárias, caso se configure o disposto no artigo 111, § 1º, da lei das S/A: “As ações preferenciais sem direito de voto adquirirão o exercício desse direito se a companhia, pelo prazo previsto no estatuto, não superior a 3 (três) exercícios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos a que fizerem jus, direito que conservarão até o pagamento, se tais dividendos não forem cumulativos, ou até que sejam pagos os cumulativos em atraso.” Note a condição: se a companhia não pagar dividendos por uma quantidade específica de tempo, especificada no estatuto, ou for pago em atraso, ou não for pago totalmente, as ações preferenciais se tornarão ordinárias. Esse direito cessará quando a companhia pagar os dividendos aos preferencialistas, observando-se o que está no estatuto (se exigir os cumulativos, deverá pagar os atrasados; se forem não-cumulativos, basta voltar a pagar os dividendos). Faltou detalharmos a ação de fruição, e para entender tal conceito se faz necessário saber o que é amortização de ação. Amortização: é a antecipação ao sócio do valor que ele provavelmente receberia na hipótese de liquidação da companhia; refere-se aos haveres que o sócio receberia da companhia caso esta fosse liquidada, sendo que o sócio não receberá nada além da atualização. Está prevista no artigo 44, § 5º, da Lei 6404/76. Ação de fruição: é aquela atribuída ao acionista cuja amortização foi integralmente realizada. Quanto à classe: as ações preferenciais podem ser de diversas classes, assim como as ações ordinárias nas companhias de regime fechado. As classes reúnem sócios que possuem direitos e obrigações semelhantes, previstos em estatuto. Lei 6404/76, artigo 17, § 7º: Nas companhias objeto de desestatização poderá ser criada ação preferencial de classe especial, de propriedade exclusiva do ente desestatizante, à qual o estatuto social poderá conferir os poderes que especificar, inclusive o poder de veto às deliberações da assembléia-geral nas matérias que especificar. “Golden share”: nas empresas oriundas de privatização, é uma ação especial, de posse do Estado que privatizou a empresa, que dá poderes específicos ao governo conferidos pelo estatuto social, incluindo-se, aí, veto a determinadas matérias de “interesse público”. Quanto à forma: podem ser classificadas em ações nominativas ou escriturais. Ações nominativas: são as que se transferem mediante registro no livro próprio da companhia

emissora. Ações escriturais: são as que se transferem mediante registro nos assentamentos da

instituição financeira depositária, a débito e crédito em conta. Observação: não existem mais em nosso ordenamento as ações endossáveis e ao portador desde 1990, o que modifica bastante o entendimento do que significa uma “sociedade anônima”. Valor da ação: depende do critério adotado.

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Existem cinco critérios possíveis para se especificar o valor de uma ação, dependendo da lei ou do estatuto ou do especificado pelos contratantes.

Valor nominal: é o resultado da operação aritmética discriminada abaixo. Observe que é possível emitir ações sem valor nominal, conforme o artigo 14 da Lei das S/A.

Valor nominal = capital social / número de ações Valor patrimonial: é o resultado de outra operação aritmética específica, sendo que pode ser maior ou menor que o valor nominal da ação.

Valor patrimonial = divisão do patrimônio da sociedade / número de ações

Ressalte-se que o valor patrimonial contábil, obtido através de critérios contábeis, pode ser diferente do valor patrimonial real, a soma pura e simples do patrimônio da empresa. Mesmo quanto aos critérios contábeis, podemos classificá-lo em valor contábil histórico ou atual.

Valor de negociação: é o valor que a ação possui num contrato de compra e venda. Numa companhia aberta os valores são calculados tendo em vista o valor de mercado, de bolsa ou de cotação; nas companhias fechadas o valor de negociação é privado. Valor econômico: é uma avaliação referente ao valor provável da ação, para compra ou venda. Geralmente se utiliza o método do fluxo de caixa descontado. Preço de emissão: o valor da ação no ato de sua subscrição, ou o valor pago pela sua integralização, quando da constituição da companhia ou do aumento das ações. É estabelecido pela própria companhia, quando faz a emissão; esta, entretanto, deve ter o cuidado de se fixar o “preço adequado” pelo que está sendo ofertado. Observações: O preço de emissão deverá ser maior do que o valor nominal Chama-se ágio a diferença entre o preço de emissão e o valor nominal. O ágio, caso exista,

será computado como reserva de capital (Lei das S/A, artigo 182, § 1º), com objetivos específicos (idem, artigo 200).

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07/11 Sociedade anônima

Acionista: direitos e deveres Outros valores mobiliários

Acionistas: são os sócios de uma sociedade anônima. Possuem determinados direitos, como o recebimento de participação nos lucros (dividendos), que se dá sob as regras previstas no artigo 202 da Lei das S/A. Lei 6404/76, artigo 202, caput: Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a importância determinada de acordo com as seguintes normas: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) I - metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido dos seguintes valores: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) a) importância destinada à constituição da reserva legal (art. 193); e (Incluída pela Lei nº 10.303, de 2001) b) importância destinada à formação da reserva para contingências (art. 195) e reversão da mesma reserva formada em exercícios anteriores; (Incluída pela Lei nº 10.303, de 2001) II - o pagamento do dividendo determinado nos termos do inciso I poderá ser limitado ao montante do lucro líquido do exercício que tiver sido realizado, desde que a diferença seja registrada como reserva de lucros a realizar (art. 197); (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) III - os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando realizados e se não tiverem sido absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes, deverão ser acrescidos ao primeiro dividendo declarado após a realização. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) Obrigações do acionista: destacamos entre elas a integralização do capital social. Acionista controlador: é aquele que possui o controle da sociedade anônima, por uma das diversas espécies pelas quais este pode obtê-la. São elas: Controle totalitário: é a concentração da totalidade, ou quase totalidade, das ações da

sociedade anônima em um único acionista; Controle majoritário: concentração de mais da metade das ações com direito a voto em um

único acionista; Controle minoritário: é aquele controle assumido por quem tem menos da metade das ações

com direito à voto em uma sociedade; Controle gerencial: como o grau de concentração das ações da empresa é extremamente

disperso, este controle é efetivamente dos diretores da empresa. A lei define o acionista controlador da seguinte forma (artigo 116): “Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembléia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia.” Essa definição traduz as principais características do controlador: a maioria dos votos e a vontade de exercer o poder que lhe é garantido. Como é o controlador que define os destinos da sociedade, a importância desse tipo de sócio é imensa, e se reflete na própria lei: o artigo 117, caput, da Lei das S/A, declaram que “o acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados com abuso de poder”, seguindo uma extensa lista de deveres que são específicos daquele que efetivamente governa a sociedade.

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Lei das Sociedades Anônimas, Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, preferência para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle deverão ser observados pela companhia quando arquivados na sua sede. Acordo de acionistas: os acordos que forem celebrados entre um grupo de acionistas para questões fundamentais à companhia, nos termos do artigo 118 da Lei das S/A, geram responsabilidade junto à sociedade anônima. Isso significa que se o acordo for registrado e arquivado na sede da companhia, este deverá ser respeitado dentro da mesma. Direito de preferência: na subscrição de novas ações, os atuais acionistas terão direito de preferência, nos termos dos artigos 171 e 172 da Lei das S/A. Outros valores mobiliários: além das ações, que são os principais títulos de uma sociedade anônima, outros títulos de valor podem ser emitidos pela companhia. São eles: Debêntures (art. 55 a 74): são valores mobiliários que constituem título de crédito diante da entidade emissora, nas condições constantes do certificado e da escritura pública de emissão. São comprovantes de empréstimo da companhia, que servem para sua capitalização, e não

modificam o status societário da “empresa”. Podem ser conversíveis ou não conversíveis, dependendo da sua capacidade de conversão

em ações ao final do processo. Normalmente são destinadas à captação de volumes de vulto, para pagamento em longo

prazo (em geral superior a cinco anos). Podem ter garantias, que convertem os debenturistas em credores preferenciais. Agente fiduciário: é um representante dos debenturistas, obrigatório nas emissões públicas

(que só podem ser feitas por sociedades anônimas de capital aberto) e facultativo nas privadas (usadas por ambas, de capital fechado e aberto).

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12/11 Sociedades anônimas

Outros valores mobiliários Órgãos societários Reorganização societária Grupos de sociedades

Outros valores mobiliários: Partes beneficiárias: são valores mobiliários que asseguram ao seu titular direito de crédito

eventual perante a sociedade anônima emissora, consistente em participação nos lucros. Está disciplinada nos artigos 46 a 51 da Lei das S/A. Só pode ser emitida por companhias fechadas (artigo 47, § único).

Bônus de subscrição (art. 75 a 79): é o valor mobiliário que atribui ao seu titular o direito de preferência para subscrição de novas ações da companhia emissora, quando do futuro aumento do capital social. A lei confere aos acionistas direito de preferência na aquisição do bônus de subscrição.

“Commercial papers”, ou notas promissórias comerciais: da mesma natureza que as debêntures, se destinam a valores menores, com resgate a curto prazo (6 meses a um ano).

Órgãos societários Assembleia Geral: é o órgão máximo da companhia, descrita nos artigos 121 a 137.

o É o órgão soberano da sociedade, podendo deliberar sobre qualquer matéria. o Pode ser de dois tipos, ordinária e extraordinária (as regras da assembleia geral

ordinária estão descritas no art. 132). Conselho de Administração: disciplinado nos artigos 138 a 142 da Lei.

o Trata-se de órgão colegiado, que está situado logo abaixo da Assembleia e acima da diretoria. Facultativo, mas obrigatório nas sociedades de economia mista, sociedades de capital autorizado e companhias abertas (artigo 239, § 2º).

o Sua competência está delineada no artigo 142. o Apenas pessoas naturais, sócias ou não, podem compor o Conselho.

Diretoria: órgão executivo da companhia, previsto nos artigos 143 e 144. o Formado por no mínimo duas pessoas naturais; o É quem representa a companhia externamente; o Submete-se à Assembleia Geral e ao Conselho de Administração.

Conselho Fiscal: também previsto na Lei, no trecho que vai dos artigos 161 a 165. o É um órgão de fiscalização, colegiado; o Nas sociedades anônimas, sua existência é obrigatória, nos termos do art. 161; mas,

em regra, seu funcionamento é facultativo. o Seu funcionamento é obrigatório nas sociedades de economia mista (art. 240) e

quando for determinado por estatuto (artigo 161).

Reorganização societária: pode-se dar por incorporação, fusão, transformação e cisão. Transformação vs fusão vs incorporação vs cisão Transformação: é a mudança do tipo societário sem extinção da sociedade – uma limitada se

tornando em anônima, anônima em limitada, e por aí vai. Regulada pelos artigos 220 da Lei das S/A, e 1113 a 1115 do Código Civil de 2002;

Incorporação: é o processo pelo qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações (art. 227 da Lei, e 1116 a 1118 do CC02).

Fusão: reunião de duas ou mais sociedades para a formação de uma nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações (art. 228 da Lei das S/A, e 1119-1121 do CC02).

Cisão: é o processo pelo qual a sociedade transfere parcela de seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para este fim ou já existentes. Em uma cisão parcial, a sociedade cindida continua existindo; numa cisão total, a sociedade cindida se extingue.

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Grupos de sociedades: Grupos de fato (art. 1097 e seguintes do CC02): são as operações em que uma sociedade

tem participação em outra. o Como exemplo, temos do caso em que “A”, sociedade, detém a maioria das

ações/quotas de “B”. Nesse caso, “A” é controladora de “B”. o Outro caso está no artigo 1098, das sociedades coligadas, em que, por exemplo, “A”

detém um valor minoritário de “B” (mais de 10%, sem ter o controle). Grupos de direito, ou holding: são sociedades cujo objetivo está em apenas participar de

outras sociedades. Está definida no artigo 265 da Lei das S/A. o Para se utilizar a palavra “grupo” este deverá estar registrado como tal, na Junta

Comercial específica; a rigor, contudo, o “grupo” serve apenas como controlador das demais companhias, que operam de forma independente.

Consórcio: está definido nos artigos 278 e 279 da Lei das S/A. É a situação em que várias companhias unem-se para um determinado empreendimento (como o uso de uma concessão pública). O consórcio não tem personalidade jurídica – cada uma das partes possui personalidade própria, e responde por ela e por terceiros, nos termos do contrato.

Finalmente, dois artigos dignos de nota, a respeito da postura do administrador de uma S/A: Lei 6404/76, artigo 157 (postura dos administradores frente a fatos relevantes da companhia): § 4º Os administradores da companhia aberta são obrigados a comunicar imediatamente à bolsa de valores e a divulgar pela imprensa qualquer deliberação da assembléia-geral ou dos órgãos de administração da companhia, ou fato relevante ocorrido nos seus negócios, que possa influir, de modo ponderável, na decisão dos investidores do mercado de vender ou comprar valores mobiliários emitidos pela companhia. Lei 6404/76, artigo 155 (obrigações éticas sobre fatos desconhecidos do mercado) § 1º Cumpre, ademais, ao administrador de companhia aberta, guardar sigilo sobre qualquer informação que ainda não tenha sido divulgada para conhecimento do mercado, obtida em razão do cargo e capaz de influir de modo ponderável na cotação de valores mobiliários, sendo-lhe vedado valer-se da informação para obter, para si ou para outrem, vantagem mediante compra ou venda de valores mobiliários.