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 1  DIREITO EMPRESARIAL II - RESUMO DE AULAS Prof. Alberto José do Patrocínio (Este trabalho é fruto de pesquisa a artigos e consulta a bibliografia abaixo, não representando obra literária)  RESUMO DE AULA Referência bibliográfica: (Este trabalho é fruto de pesquisa a artigos e consulta a bibliografia abaixo, não representando obra literária)  Bastos, A W Marshall, C. I. F. C – Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada: doutrina, legislação e jurisprudência – Rio de Janeiro: Lumen Iuris. Batalha, W S C – Comentários à Lei das Sociedades Anônimas, Rio de Janeiro – Forense Bugarelli, W. – Concentração de Empresas e Direito Antitruste, São Paulo: Atlas. Bugarelli, W. – Contratos mercantis, São Paulo: Atlas. Bugarelli, W – Sociedades Comerciais, São Paulo: Atlas Carvalhosa, M – Comentários à Lei das Sociedades anônimas. São Paulo: Saraiva. Coelho, F. U. – Curso de Direito Comercial, são Paulo: Saraiva. Dória, D. – Curso de Direito Comercial, são Paulo: Saraiva. Leãs, L. G. P. B. – Estudos e Pareceres sobre Sociedades Anônimas, São Paulo: Revista dos Tribunais. Martins, F. – Curso de Direito Comercial, Rio de janeiro: Forense. Requião, R. aspectos Modernos de Direito Comercial, São Paulo: saraiva. Requião, R. Curso de Direito comercial, São Paulo: Saraiva, 2003. Souza, Carlos Gustavo de – Direito de Empresa – Organização e Estruturas Societárias, Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 2005. Lucena, José Waldecy – Das Sociedades Limitadas, Rio de janeiro, Renovar, 2003 REVISÃO (Pré leitura) 1. Evolução histórica do Direito Comercial 2. Sociedades Comerciais. 2.1  – Conceituação 2.2  – Empresa individual 2.3 - Empresário Rural e Pequeno Empresário 2.4  – Fundações e Associações 2.5  – Classificação das Sociedades 3. Concepção do Patrimônio 4. Personalidade Jurídica 4.1. Teorias sobre a aquisição da Personalidade Jurídica. 4.2. Fim da personalidade jurídica 4.3. Desconsideração da Personalidade Jurídica. 4.4. Teoria Ultra Vires  

Direito Empresarial i i Sociedades Empresariais

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    DIREITO EMPRESARIAL II - RESUMO DE AULAS Prof. Alberto Jos do Patrocnio

    (Este trabalho fruto de pesquisa a artigos e consulta a bibliografia abaixo, no representando obra literria) RESUMO DE AULA Referncia bibliogrfica: (Este trabalho fruto de pesquisa a artigos e consulta a bibliografia abaixo, no representando obra literria) Bastos, A W Marshall, C. I. F. C Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada: doutrina, legislao e jurisprudncia Rio de Janeiro: Lumen Iuris. Batalha, W S C Comentrios Lei das Sociedades Annimas, Rio de Janeiro Forense Bugarelli, W. Concentrao de Empresas e Direito Antitruste, So Paulo: Atlas. Bugarelli, W. Contratos mercantis, So Paulo: Atlas. Bugarelli, W Sociedades Comerciais, So Paulo: Atlas Carvalhosa, M Comentrios Lei das Sociedades annimas. So Paulo: Saraiva. Coelho, F. U. Curso de Direito Comercial, so Paulo: Saraiva. Dria, D. Curso de Direito Comercial, so Paulo: Saraiva. Les, L. G. P. B. Estudos e Pareceres sobre Sociedades Annimas, So Paulo: Revista dos Tribunais. Martins, F. Curso de Direito Comercial, Rio de janeiro: Forense. Requio, R. aspectos Modernos de Direito Comercial, So Paulo: saraiva. Requio, R. Curso de Direito comercial, So Paulo: Saraiva, 2003. Souza, Carlos Gustavo de Direito de Empresa Organizao e Estruturas Societrias, Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 2005. Lucena, Jos Waldecy Das Sociedades Limitadas, Rio de janeiro, Renovar, 2003 REVISO (Pr leitura) 1. Evoluo histrica do Direito Comercial 2. Sociedades Comerciais. 2.1 Conceituao 2.2 Empresa individual 2.3 - Empresrio Rural e Pequeno Empresrio 2.4 Fundaes e Associaes 2.5 Classificao das Sociedades 3. Concepo do Patrimnio 4. Personalidade Jurdica 4.1. Teorias sobre a aquisio da Personalidade Jurdica. 4.2. Fim da personalidade jurdica 4.3. Desconsiderao da Personalidade Jurdica. 4.4. Teoria Ultra Vires

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    5. Nome Empresarial 5.1. Conceituao de Propriedade Intelectual 5.2. Conceituao dos bens incorpreos 5.3. Nome Empresarial conceituao 5.4. Princpios do nome empresarial 5.5. Alienabilidade do Nome Empresarial 6. SOCIEDADES IRREGULARES A doutrina identifica a existncia de sociedades formadas sem que haja o registro no rgo correspondente, nomeando-as de sociedades irregulares por no ser possvel identificar com preciso o quadro social e seu patrimnio que nos dir sobre a extenso da responsabilidade dos scios. A sociedade irregular, nesse contexto, exclui a aplicao do benefcio de ordem previsto no artigo 1024 do Cdigo Civil. Nesse sentimento, cita-se Jos Luis Fernndez e Maria de los ngeles Martin em Fundamentos de derecho mercantil (ed. Tomo I. Madrid: Edersa, 2003, p. 211.): En un orden general del derecho de sociedades se denominam irregulares a aquellas que no han sido formalizadas em escritura pblica o que estndolo, no han sido inscritas em el RM. Son sociedades que actuan en el trfico y que, por tanto, tienen una publicidad de hecho, pero no de derecho. Em suma, sociedades irregulares so aquelas que no tiveram seus atos constitutivos registrados. Parte da doutrina classifica as sociedades que, apesar de possurem contrato social (atos constitutivos) no promoveram o devido registro, como sociedades irregulares. E aquelas que alm de no registradas no possuem o contrato social (atos constitutivos) expresso, como sociedades de fato. Apesar do debate do assunto no nos trazer grande utilidade, mencionaremos, ttulo de referncia, a existncia de trs escolas: tradicional, renascentista e ecltica. a) Escola tradicional:

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    Esta escola v as duas expresses, irregular e de fato, como sinnimos. Desta forma as expresses servem para designar qualquer sociedade que faltar o instrumento escrito ou a inscrio desse documento. b) Escola renascentista: Para esta escola o contrato, mesmo sem ter sido registrado, diferencia a sociedade irregular da sociedade de fato. A ausncia de registro vlido e regular do contrato difere da sociedade que no est documentada. Por este motivo sustenta o Professor Rubens Requio que: ... a sociedade que no est documentada, que viceja no mundo ftico, se pode chamar de sociedade de fato, provada sua existncia atravs de presunes que eram catalogadas no art. 305 do Cdigo Comercial; ao passo que a sociedade constituda por instrumento escrito, mas no tenha legalizado com o arquivamento no registro competente, permanece irregular em face da lei. (Rubens Requio. Curso de Direito Comercial Vol.I p. 381) (Grifos originais). c) Escola ecltica Na terceira corrente tem-se que a sociedade com contrato sem registro vlido, estaria num estgio transitrio (pr registro) e seria uma sociedade quase regular, considerando a sociedade de fato aquela onde total a ausncia de qualquer ato escrito. 7. SOCIEDADES NO-PERSONIFICADAS 7.1. SOCIEDADE EM COMUM Existe entendimento doutrinrio de que a personalidade jurdica adquirida com o exerccio da atividade empresaria e no pelo registro vlido e sendo assim, seria considerado um equvoco o preceito contido no Cdigo Civil, que tipifica a sociedade em personificada e no-personificada. Ao criticar o tema, o Prof. Carlos Augusto de Souza comenta: ... o registro presta-se regularizao, com publicao dos atos constitutivos com a precpua finalidade de externar e tornar pblico a constituio social, so portanto desarmnicos os dois institutos, admitir que a personalidade jurdica se adquire e pelo registro significa polarizar os dois institutos, e ao mesmo tempo permitir que uma

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    empresa possa adquirir vrias vezes a mesma personalidade jurdica, na medida que for se regularizando, tornando-se assim um insepulto cadver. sustentado que o exerccio da atividade que ir transformar a sociedade em empresa. Se a personalidade jurdica s nasce com o registro e se determinada atividade for apenas registrada e no realizar o seu objeto, esta seria como bem preleciona o citado professor, uma personalidade jurdica sem empresa. O Cdigo Civil conceitua as sociedades irregulares como sociedade em comum. Ento, se so irregulares, funcionam margem da lei, no pagam impostos e contribuies sociais. Consequentemente, aumentando a carga tributria das empresas regulares. Crticas parte, nosso cdigo define que as sociedades sero classificadas quanto personificao e, por conseguinte quanto ao registro. Desta forma sero sociedades no personificadas as sociedades em comum e as sociedades em conta de participao e personificadas as demais. A responsabilidade dos scios das sociedades irregulares e daqueles que contratam em seu nome solidria. Assim, qualquer scio ou administrador/gerente que contrate em seu nome poder ser responsabilizado pelo pagamento integral da dvida, o que, no caso, autorizado pelo artigo 990 do Cdigo Civil. Os bens sociais so atingidos pelos atos realizados na administrao de qualquer dos scios. Porm, havendo acordo escrito limitando poderes e sendo do conhecimento de terceiros, este ter efeito somente contra eles. 7.2. SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAO Tendo sua origem na idade mdia, na Itlia foi chamada de companhia secreta e, posteriormente na Frana, sociedade annima, pelo fato da existncia do scio oculto (capitalista). Mais tarde, ainda da Frana, foi denominada de sociedade momentnea e partir da surgiram as sociedades em conta de participao. Alguns doutrinadores consideram a sociedade em conta de participao a verdadeira sociedade annima. 7.2.1 Caractersticas

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    Tendo carter temporrio e transitrio, esta sociedade possibilita o investimento e a mobilizao de capital, resultando no desenvolvimento do negcio. Esta sociedade permite a participao de um scio que no se apresentar como tal, mais parecendo um investidor, visando, prioritariamente o lucro e conseqente valorizao do seu investimento. Tem-se na sociedade sob anlise, trs motivos para sua utilizao. Quais sejam: Porque permite manter oculta a participao de uma ou vrias pessoas. Porque estas tero participao nos resultados atingidos pela sociedade e porque sua estipulao no requer qualquer formalidade, podendo ser provada por todos os meios de direito. Vale registrar que a sociedade em conta de participao forma dois grupos sociais autnomos e diferentes, o scio ostensivo responsvel pela administrao da sociedade, sendo responsvel tambm pela realizao do negcio e o scio participante ou oculto, tem participao restrita ao investimento do capital e fiscalizao, com o objetivo prioritrio do recebimento de dividendos. Em que pese o fato de que a lei probe o scio participante de administrar ou gerenciar a sociedade, este poder exercer a fiscalizao dos negcios, visando resguardar a aplicao correta do capital investido (Ao de prestao de contas). Donde se conclui que a explorao do objeto social realizada por ambos os scios. Em ocorrendo dolo na conduo do negcio, responder o scio ostensivo perante o scio participante pelos prejuzos causados. pacfico o entendimento dos nossos Tribunais a respeito da possibilidade do scio oculto, na situao acima, insurgir-se em face do scio ostensivo. 7.2.2. Nome empresarial De plano, deve-se considerar o disposto no artigo 993 do Cdigo Civil, onde fica sedimentado no ser possvel aquisio de personalidade jurdica pela sociedade em conta de participao, ainda que registrada, sendo certo e definitivo que o seu contrato social somente ter efeitos em relao aos scios. Falta a esta sociedade a vocao social pela ausncia de autonomia patrimonial, no lhe sendo possvel utilizar um nome empresarial, seja firma ou denominao, o que expressamente vetado pelo artigo 1.162 do Cdigo Civil.

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    Pode-se ento entender que a sociedade em conta de participao, no aparece para terceiros, j que no externada pelo nome empresarial (por isto a legislao francesa a considerava como sendo uma das espcies de sociedade annima). No Brasil este tipo de sociedade externada to somente entre os scios ostensivo e participante, j que o negcio gerenciado pelo scio ostensivo em seu nome e responsabilidade. Assim que para o Professor Dylson Dria: No nosso Cdigo, a sociedade em conta de participao recebe a designao de sociedade acidental, momentnea, porque constituda por tempo limitado para determinadas operaes mercantis, ou ainda annima, por no ter a sua existncia conhecida por terceiros. Seria uma sociedade oculta, no sentido de que o seu contrato apenas interessaria aos contratantes, sendo, pois indiferente a terceiros. Acrescente-se que no lhe sendo possvel a utilizao de um nome empresarial, no haver um fundo de comrcio prprio, sendo este construdo e manejado pelo scio ostensivo, j que a sociedade em conta de participao invisvel perante terceiros. 7.2.3. Natureza Jurdica Tem-se que a sociedade em conta de participao funciona como sociedade irregular que por este motivo uma espcie que sequer possui a natureza jurdica de uma sociedade, justamente por no possuir personalidade jurdica e nome empresarial, sendo que a responsabilidade recai totalmente sobre o scio ostensivo. Nesse pensamento entende-se a natureza jurdica assemelhada a um contrato de associao, pois nem mesmo o registro lhe proporcionar a aquisio da personalidade jurdica. 7.2.3. Contrato Social Como j foi dito, no existe forma predefinida para a constituio das sociedades em conta de participao. At porque como se sabe seu registro mera liberalidade e no lhe pode conferir personalidade jurdica. V-se pouca diferena na separao entre as sociedades em conta de participao e as irregulares, onde tambm no existe contrato social e, at mesmo, nas sociedades de fato que, salvo melhor apreciao, seriam uma variante da sociedade irregular, onde sequer existe contrato social escrito.

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    interessante transcrever o entendimento do STF nos autos do Recurso Extraordinrio n.. 18832, onde externam que: A existncia de sociedade em conta de participao no depende de contrato escrito e pode ser provada por qualquer meio admitido em direito. (vide artigo 992 do Cdigo Civil). 7.2.4. Prazo de durao da sociedade A sociedade em conta de participao um contrato de associao, em princpio provisrio. Entretanto, no h impedimento que a sociedade tenha um modelo definitivo e assim, vislumbrando-se a possibilidade de que a sociedade em conta de participao tenha prazo determinado ou venha a ser de extenso continuada. 7.2.5. Responsabilidade dos scios A sociedade em conta de participao faz distino entre as duas categorias de scios, tendo o scio oculto responsabilidade fixada proporcionalmente ao seu investimento. Assim este no ter responsabilidade patrimonial alm da sua participao, ou seja, pelo valor do seu investimento. Observe-se que este o nico risco deste tipo de scio. Relativamente ao scio ostensivo, seus riscos so ilimitados, j que estes so solidria e ilimitadamente responsveis pelas obrigaes sociais. Este administra a sociedade em seu prprio nome, uma vez que para terceiros esta sociedade no existe. Com relao extenso da responsabilidade dos scios, o scio ostensivo pode ser uma pessoa fsica ou jurdica. Se jurdica, da sua responsabilidade tambm haver mudana na classificao quanto ao tipo de responsabilidade dos scios. 8. SOCIEDADE SIMPLES A sociedade Simples no existia antes da reforma, ainda que pouco expressiva promovida pelo novo Cdigo Civil de 2002. Tem esta sociedade formatao com base em caractersticas no mercantis. Entretanto, ainda assim, serve de base para alguns tipos societrios com tipicidade mercantil. Donde se conclui serem suas regras aplicveis subsidiariamente as demais sociedades de pessoas, no que no conflitar com as do tipo especfico.

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    No nosso direito so sociedades empresrias aquelas que exercem preponderantemente atividade mercantil. Porm, algumas outras sociedades tambm tm como prtica atos que apesar de ditos como do comrcio, no se igualam a uma atividade empresarial. So elas denominadas de sociedades civis. A definio da sociedade simples foge, em parte, ao conceito de sociedade empresria. Para Rubens Requio: O legislador no foi claro ao traar o perfil da sociedade simples. Prestando-se, de um lado, como espcie de um standard especfico, e de outro lado, como um compartimento comum ou esquema para todos os demais tipos de sociedades de pessoas, s quais suas normas podero ser aplicadas subsidiariamente, e, ao mesmo tempo, permitindo que ela assuma o tipo de certas sociedades empresrias, criou-se um fator de ambigidade que lana a sociedade simples numa zona gris. (destaques originais). Desta forma, a sociedade simples estrutura relacionada atividade no empresria, ou seja, fora do comrcio e assim estar compreendida dentre atividades intelectuais, associaes, atividades rurais e o que mais estiver previsto na lei. Fica claro ento, que o objeto social ser responsvel por identificar a atividade desenvolvida pela empresa, definindo-se assim o estatuto adequado. Na fase de constituio, a sociedade dever optar por uma das formas de sociedade estabelecida em lei, se a sociedade tiver atividade mercantil, ter a estrutura de empresa ou empresarial e, se ao contrrio a sociedade no tiver atividade mercantil, ser sociedade simples. Entretanto vale lembrar que, mesmo sendo empresria, sua estrutura subsidiariamente complementada pela regras afetas sociedade simples. Observe-se que a estrutura da sociedade simples no atua subsidiariamente s sociedades annimas e s sociedades em comanditas por aes, uma vez que estas so sociedades de capital e no de pessoas. Para melhor entendimento, consideremos que uma associao de pessoas constitua-se em uma sociedade limitada. Pela finalidade ela ser uma sociedade simples e quanto estrutura, esta ser de uma sociedade limitada, onde esta opo determinar a impossibilidade de que os bens dos scios sejam atingidos pelas dvidas sociais. A formao social ser da sociedade simples e o tipo de sociedade ser limitada. Desta maneira, a sua estrutura ser estatuda nos padres das sociedades limitadas e a sua funcionalidade, subsidiariamente complementada pelas regras da sociedade simples.

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    No so aplicveis s sociedades simples as normas pertinentes s sociedades annimas. Entretanto, facultado pela lei que a sociedade defina em seu regimento interno, pela aplicao subsidiria das normas da lei das sociedades annimas, caso contrrio a subsidiariedade recair sobre a estrutura das sociedades simples. 8.1. Da Formatao da Sociedade Simples Sendo sociedade regular, sabe-se que sua constituio ser efetivada com o registro de seus atos constitutivos no Registro Civil das Pessoas Jurdicas. Observe-se ainda que, mesmo que a sociedade explore atividade no-mercantil, se no possuir seus registros constitutivos registrados no rgo competente, sendo assim uma sociedade irregular, essa irregularidade anular o efeito da atividade no-mercantil e, portanto no-empresria, sujeitando seus scios s regras contidas no art. 990 do Cdigo Civil. A sociedade embora possua atividade no-empresria, no ter o estatuto da sociedade simples em evidncia, tendo este apenas aplicao subsidiria, podendo esta at mesmo ter sua falncia decretada. Conclui-se que a sociedade somente estar inserida sob a estrutura das sociedades simples se tiver contemplados os requisitos da lei, quanto a sua forma de constituio. Caso contrrio, esta ser classificada como irregular e, assim, sociedade empresria, independente de sua atividade no-mercantil. 8.2 Da Eficcia do Registro da Empresa. A sociedade ter um prazo de at 30 dias, aps sua constituio para registrar no Registro Civil das Pessoas Jurdicas, quando se tratar de sociedade civil, conforme norma contida no artigo 998 do Cdigo Civil. Da mesma forma o artigo 1.150 do mesmo diploma orienta que se a sociedade for empresria, o registro ser feito no Registro Pblico de Empresas Mercantis, na Junta Comercial. A inscrio dos atos constitutivos dever ser realizada no local onde funcione a sede da sociedade, observando-se os trinta dias de prazo dado pela lei. O registro ter efeito retroativo (ex tunc), retroagindo a sua eficcia data da constituio da sociedade, considerando-a regular desde a sua criao (art. 998).

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    Assim, a sociedade que contrair dvidas, responder pela obrigao de acordo com sua estrutura e responsabilizar os scios conforme o tipo social que revestir a sociedade, ainda que estas dvidas tenham sido contradas no perodo dos trinta dias. Diferente o caso em que a sociedade requer seu registro aps o perodo de trinta dias aps sua constituio, onde o registro no produzir o efeito retroativo, sendo este projetado para o futuro (ex nunc). O efeito instantneo que a sociedade ser irregular no perodo em que funcionar sem o registro, responsabilizando seus scios ilimitada e solidariamente. Fato que quando se registra o ato constitutivo aps o prazo legal de trinta dias, se o pedido de registro for deferido a sociedade atuar de forma irregular at o julgamento pela autoridade competente. Se indeferido, fica afastada a presuno de regularidade e a sociedade consolida-se como irregular. Em concluso, vimos que o cumprimento e descumprimento do prazo previsto em lei para registro da sociedade, pode produzir resultados diversos. Quando registrada tempestivamente, os efeitos do registro retroagiro data da constituio da sociedade, independentemente da data em que for julgado o pedido de registro. Em situao contrria, a intempestividade do pedido de registro acarretar, se aprovado, efeitos somente para o futuro, classificando a sociedade nesse perodo como irregular 8.3. Dos Atos Constitutivos Lembramos que as normas das sociedades simples aplicam-se subsidiariamente s sociedades de pessoas, com exceo das limitadas quando houver opo expressa no contrato social que esta funcionar tendo como regimento o das sociedades annimas. Ento, quando analisarmos a estrutura do contrato social das sociedades simples, tambm enfocaremos subsidiariamente as outras sociedades de pessoas. O artigo 997 do Cdigo Civil impe os requisitos mnimos que devem estar inclusos no estatuto social. Dessa maneira, o contrato social dever ter obrigatoriamente, clusulas contendo o que dispe o referido artigo do Cdigo Civil, alm daquelas contratadas livremente entre os scios desde que no conflitem com o dispositivo legal.

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    Observa-se excessivo rigor quando o legislador, pela importncia da regra contida no artigo 997 do CC, determinou que modificaes do contrato social relativas a matria do 997, somente possam ocorrer pelo consentimento de todos os scios. Excluindo a possibilidade de deciso pelo voto da maioria absoluta, como poder ocorrer nas demais modificaes se no houver disposio em contrrio por iniciativa dos prprios scios. Assim tem-se consolidado o entendimento de que a sociedade simples tem significativa relao com o conceito e discusso da chamada affectio societatis. No dizer do Professor Srgio Campinho, A exigncia de unanimidade para a modificao de algumas matrias parece-nos excessiva. Engessa-se a fluncia da vida social. 8.4. Dos Scios Pode ser scia qualquer pessoa natural ou jurdica e pela simplicidade da sua estrutura, estas sociedades referem-se a negcios sem grande abrangncia, o que no impede que pessoas jurdicas de grande porte venham a participar como scios. Assim, no h limitao da quantidade de scios, limite mnimo ou mximo para fixao de capital social e pode a administrao ser exercida por scio ou por estranho sociedade, nomeado para este propsito. No se admite qualquer avena que tenha como finalidade o impedimento de qualquer scio na participao dos lucros e perdas da sociedade (art. 1008 do C.C.). Fica assim resguardado o direito do scio compartilhar dos dividendos e ao credor da sociedade o adimplemento das obrigaes contradas pela sociedade. 8.5. Da administrao Qualquer pessoa natural pode administrar a sociedade simples, desde que no se enquadre em alguma das restries apontadas no pargrafo primeiro do artigo 1.011 do Cdigo Civil, sendo este subordinado s disposies referentes ao mandato. No que se refere a possibilidade de que um terceiro estranho sociedade seja nomeado administrador, existe discusso doutrinria a respeito. Porm a adeso assertiva do pargrafo anterior encontra sustentao no fato de que no existe expressa vedao legal quanto administrao da sociedade simples por no-scios.

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    entendimento do professor Tavares Borba, No se exige que o administrador seja necessariamente um scio (art. 997, VI, CC). (Jos Edwaldo Tavares Borba, Direito societrio, renovar, 2003, p.77). No mesmo pensamento o professor Carlos Gustavo de Souza leciona que: No vislumbramos bice para a nomeao de pessoa estranha sociedade como administrador, possibilitando, assim, a administrao profissional. (Direito de Empresa - Organizao e Estruturas Societrias, Freitas Bastos, p.218). 8.6. Das Deliberaes da Sociedade Vigorar a deliberao pela maioria dos votos, exceto se houver disposio no contrato social estipulando a necessidade de deliberao diversa e no seja matria relacionada ao disposto no artigo 997 do CC. Encontramos no artigo 999 regras para as deliberaes relacionadas s modificaes do Contrato Social e relativa administrao e deciso dos scios no artigo 1010, ambos do Cdigo civil. O capital social ser, em princpio, a base para a deliberao social. Assim, sero apurados os votos, proporcionalmente ao valor das quotas de cada scio e se ocorrer empate, passa-se a deciso para o maior nmero de scios e, finalmente, persistindo a indeciso por empate, conforme prescrio legal, a soluo ficar a cargo de um Juiz. 8.7. Da responsabilidade Limitada Responsabilidade Solidria Ilimitada Subsidiria

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    Via de regra, a sociedade simples girar com responsabilidade limitada e as dvidas sociais no atingiro os scios, salvo estipulao contratual em contrrio. Porm, se o capital social no estiver totalmente integralizado, respondero os scios pela frao que faltar para completar o capital social. A responsabilidade dos scios dever estar explicitada no contrato social, conforme disposto nos incisos do artigo 997 do Cdigo Civil. No obstante, possam os scios optar pela responsabilidade subsidiria e assim, responder com seus bens particulares pela proporo estabelecida em sua participao social (art. 1023 do CC). Desta forma a responsabilidade ser ilimitada para os scios proporo de sua participao ou investimento na sociedade. Tambm poder haver norma expressa no contrato social, definindo a existncia de solidariedade entre os scios e no caso um ou alguns deles podero ser acionados para responderem pela dvida, independentemente da participao societria de cada um. 8.7.1. Responsabilidade Limitada A responsabilidade limitada integralizao da quota, resultando em que o scio no responder com a fora de seu patrimnio pelas dvidas da sociedade. Se as cotas ainda no estiverem integralizadas, respondero os scios solidariamente pela integralizao. 8.7.2. Responsabilidade Ilimitada Representa a possibilidade do atingir o patrimnio do devedor, quando este se obrigar pelo adimplemento das obrigaes da sociedade. A responsabilidade ilimitada ser considerada INDIRETA quando a sociedade se constituir de maneira regular, com responsabilidade dos scios de forma ilimitada, pois de qualquer forma, no poder o credor atingir os bens dos scios antes que se esgote o patrimnio da sociedade. (benefcio de ordem, artigo 1024 do Cdigo Civil). A responsabilidade ilimitada ser classificada como DIRETA quando se tratar de sociedade irregular, pois o patrimnio dos scios responde integralmente pelas dvidas da sociedade, j que fica desqualificada a aplicao do benefcio de ordem

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    acima referido, podendo o patrimnio dos scios responder pelas dvidas antes que seja executado o patrimnio da sociedade. 8.7.2.1. Responsabilidade solidria Vimos que a sociedade ao contrair dvidas, seja l qual for seu tipo societrio, responder ilimitadamente por estas dvidas, que no adimplindo o pagamento, poder esta responsabilidade ser repassada aos scios se houver possibilidade do patrimnio destes ser afetado pelas dvidas da sociedade. Diante da situao descrita, teremos uma sociedade com responsabilidade ilimitada, j que o patrimnio individual dos scios ser a garantia do credor. A partir da, temos o efeito da solidariedade ou da subsidiariedade. Pela responsabilidade solidria, o credor poder exigir o pagamento do valor da dvida de qualquer scio, pois no levada em conta sua participao na sociedade. A extenso dessa interveno no patrimnio do scio alcanada ilimitadamente na responsabilidade solidria. Como bem preleciona o professor Carlos Gustavo de Souza, ... Em outras palavras, na solidariedade, responder qualquer scio pelo que faltar para complementar o crdito exeqendo, independentemente de sua participao social ser insignificante, poder, assim, o credor fazer com que a execuo recaia sobre o patrimnio de apenas um scio, desde que antes tenha obedecido ao benefcio de ordem, escrito no artigo 1024 do digesto civilista em vigor, quando se tratar de sociedade regular. Ao scio que efetuar o pagamento resta o direito de exigir dos outros scios a quota parte de cada um, observando a participao societria, e, considerando a sua prpria participao (responsabilidade). 8.7.2.2. Responsabilidade subsidiria A responsabilidade subsidiria difere da solidria quando cada scio individualmente poder ser atingido em seu patrimnio individual proporcionalmente a sua participao nos lucros e nas perdas. Cada um responder com a capacidade de seu patrimnio particular considerando-se sua participao na formatao societria. Na responsabilidade subsidiria no h direito de regresso, cada um invadido conforme sua participao.

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    8.8. Da Dissoluo 8.8.1. Resoluo da sociedade relativamente a um dos scios Com a sada de um scio, em relao a este ocorre a resoluo da sociedade com a conseqente liquidao de sua quota. Se esta resoluo se processar em sociedade com apenas dois scios, esta poder funcionar, no mximo, por um perodo de 180 dias. Aps este prazo a sociedade ser considerada irregular (art. 1033 do CC). 8.8.2. Dissoluo da sociedade Com a dissoluo, a sociedade, esta no mais considerada como regularmente constituda e assim, presume-se o encerramento das atividades. Porm a extino da personalidade jurdica somente correr com a liquidao da sociedade empresria ou civil. Nos ditames do artigo 1033 do Cdigo Civil, a sociedade simples se dissolver quando ocorrer algumas das situaes previstas no referido artigo, ainda que este se apresente de maneira superficial. Ao analisarmos o diploma civil, temos no artigo 1033 a dissoluo sem interferncia do poder judicirio e, portanto, de pleno direito. E no 1034 do mesmo cdigo, a dissoluo com interferncia do judicirio, ou seja, judicial. 8.8.2.1 Causas da dissoluo sem interferncia do judicirio Pode-se apontar como causas de dissoluo sem interferncia do judicirio o fim do prazo determinado para durao da sociedade, vontade consensual dos scios, falta de pluralidade de scios e por vedao legal. 1. fim do prazo determinado: ocorre quando previsto no contrato social prazo para durao da sociedade. O que no impedir que antes da data final, os scios deliberem pela modificao desse prazo, respeitados os limites e condies previstas nos artigos 997 e 999 do Cdigo Civil. Observe-se que se expirado o prazo sem que os scios providenciem sua alterao, a sociedade ser dissolvida e se estes continuarem a explorar sua atividade, o faro na

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    condio de sociedade irregular. Some-se a isto a exigncia contida no inciso V e IV do artigo 35 da Lei n. 8.934/94, que determina no poder ser arquivado a prorrogao do contrato social, depois de findo o prazo. 2. vontade consensual dos scios: O Professor Carlos Gustavo de Souza comenta que: Os scios podem por unanimidade acordar pela dissoluo da sociedade, para as hipteses em que ela funcione com prazo determinado. Quando a sociedade gire com prazo indeterminado o quorum deliberativo se perfaz sob a maioria absoluta, podemos dessa forma verificar que existe um menor rigor tcnico, para a dissoluo da sociedade com prazo indeterminado... O ilustre professor argumenta que nas sociedades com o prazo determinado, foi acertado o trmino das atividades e isto fato avenado desde a criao da empresa. Permitimo-nos, a ttulo de estudo, contra argumentar que o artigo 997 no seu inciso II orienta que dever constar no contrato escrito a denominao, objeto, sede e prazo da sociedade. Condies que para serem alteradas, em conformidade com a orientao do artigo 999, dependero do consentimento de todos os scios, independentemente do prazo determinado ou indeterminado. 3. falta de pluralidade de scios A falta de pluralidade de scios observada no artigo 1.033 do Cdigo Civil resulta como j visto, na dissoluo da sociedade, passando a sociedade a funcionar como irregular. Comungamos com o entendimento de que se, ultrapassados os 180 dias, a sociedade no poder optar pela transformao da sua estrutura em empresrio individual. Critica-se ainda o extenso prazo de 180 dias para a recomposio da sociedade, o que pode facilitar fraudes. 4. vedao legal Vislumbra-se uma nica situao, onde o dispositivo legal permissivo seja revogado, como ocorreu em relao s sociedades de Capital e Indstria cujas prerrogativas se encontravam no Cdigo Comercial de 1850 revogado parcialmente pelo Novo cdigo Civil de 2002. 8.8.2.2. Causas da dissoluo com interferncia do judicirio.

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    So causas de dissoluo da sociedade, mediante pedido de uma das partes: 1. falncia da sociedade Uma vez que no sendo considerada sociedade empresria, em princpio a sociedade simples no ser contemplada com as regras contidas na Lei falimentar. Entretanto, em se tratando de um dispositivo que serve como fonte subsidiria para as demais sociedades, a falncia uma das hipteses de dissoluo. 2. requerimento de um dos scios Com base em justo motivo, seja pelo fato da sociedade no mais possuir capital social suficiente, ou pela impossibilidade de cumprimento do seu fim social, ou por incapacidade de algum dos scios, at mesmo pela prtica de atos contrrios aos princpios e propsitos da coletividade. Vale ressaltar que o Poder Pblico ter como princpio bsico a preservao do negcio pela sociedade, liquidando-se a participao social do scio egresso. 9. Sociedade em Nome Coletivo Com origem na idade mdia, a sociedade em nome coletivo uma evoluo das primitivas sociedades medievais, sendo um dos mais antigos tipos sociais. Os comentrios do professor Antonio Millan Garrido so de que, Segn la opinin ms generalizada, el origem de la sociedad colectiva se encuentra em las comunidades familiares constitudas, em la Edad Media, para continuar la exploracon del negocio paterno y que, ms tarde, evolucionam hacia comunidades de trabajo, em las que, aun sustituido el nexo familiar por um vnculo social, subsiste, como elemento bsico, la confianza mutua y, em suma, el carter rigurosamente personalista de la prpria relacin contractual. (J. Jimnez Sanches Guilhermo. Lecciones de derecho mercantil 9. ed Madrid. Tecnos, p.162).

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    Tem o mesmo entendimento o professor Rodrigo ria quando observa que Este carcter originrio y secular, que se conserva fresco y lozano al carrer del tiempo, es el que permite considerar a la forma social colectiva, como la primeira y ms genuina representacin de ls sociedades personalistas... (Rodrigo ria, Derecho Mercantil. 24. ed. Madrid: Marcial Pons. P. 186.) Corroborando o pensamento acima acrescenta o professor Cndido Paz-Ares que la sociedad colectiva es la primera y genuina representacin de las sociedades, personalistas. Verdadeiramente a sociedade em nome coletivo uma sociedade homognea, onde a responsabilidade dos scios equnime. Sendo ilimitada a responsabilidade, se os bens da sociedade no bastarem para o adimplemento das obrigaes, os credores tm como garantia o patrimnio particular dos scios. Vislumbrando-se assim o entendimento da existncia de um nico patrimnio. Pode-se, por fim, denominar a sociedade em nome coletivo como sociedade ilimitada. 9.1. Definio Tomamos o ensinamento do professor Francisco Vicent Chuli como definio precisa das sociedades em nome coletivo. Assim, La sociedad colectiva es aquella em que dos o ms scios, utilizando uma denominacin subjetiva (razn social) desarrollan una actividad mercantil, respondiendo todos por las deudas sociales de forma ilimitada, solidaria entre si y subsidiaria com respecto ao patrimonio social... (Francisco Vicent Chuli, Introduccin al derecho mercantil. 17. ed. Tirant lo blanch. Valncia: 2004. p 277.). Na estrutura social brasileira, a sociedade sob anlise diferencia-se das demais por ser a nica em que os scios possuem responsabilidade ilimitada e por isto s podem integrar a sociedade scios pessoas fsicas, sendo assim administrao de competncia exclusiva dos scios, vetando-se a delegao a estranhos sociedade. Vale citar que o direito espanhol admite na sociedade em nome coletivo, a existncia do scio de indstria. Todos os scios respondem com a fora de seus bens particulares de forma ilimitada e solidria pela solvncia da empresa. Considerando-se no escrita qualquer condio contrria constante no contrato social, ainda que registrada na Junta Comercial.

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    9.2. Do rgo Administrativo As diretrizes da sociedade so traadas e operacionalizadas atravs da gerncia que dever, necessariamente, ser exercida por um, alguns ou pela totalidade dos scios, j que esta somente poder ser exercida por algum que possua a qualidade de scio. Ante o silncio do contrato quanto a quem exercer a gerncia, esta ser exercida por todos os scios. 9.3. Da Firma Para que uma empresa funcione sob firma, todos ou alguns scios devem possuir responsabilidade ilimitada, sendo o grau de responsabilidade definido pelo tipo de sociedade. Desta forma na sociedade em nome coletivo todos os scios conservaro responsabilidade ilimitada. Para a constituio da firma poder ser includo o nome de um, de alguns ou de todos os scios. 9.4. Da concorrncia Abre discusso em relao interdio concorrencial o fato de que a sociedade em nome coletivo tem como base a comunicao do patrimnio particular de cada scio com o da sociedade de maneira ilimitada e solidria. Vislumbra-se que dever ser preservados o fundo de comrcio da empresa e a proteo a livre concorrncia. Analisando pelo enfoque econmico a interdio concorrencial se apresenta intermediando a relao entre diversos estabelecimentos que disputam o mesmo mercado, desse embate se tem como resultado o menor ou maior resultado positivo no futuro. No nosso pas a proteo livre concorrncia tem disposio na Constituio Federal, no seu artigo 170, inciso IV e em leis especiais como a Lei 8.884/94 que d competncia ao CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econmica) para analisar a atividade econmica, que possa provocar danos ao mercado concorrencial. Diz o artigo 54 da referida Lei que Os atos, sob qualquer forma manifestados que possam limitar ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrncia, ou resultar na denominao de mercados relevantes de bens ou servios, devero ser submetidos apreciao do CADE.

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    Observa-se que, em princpio, no existe disposio legal que preceitue a interdio concorrencial, como acontece em Portugal onde a norma sobre as sociedades em nome coletivo preceitua que Nenhum scio pode exercer, por conta prpria ou alheia, actividade concorrente com a da sociedade nem ser scio de responsabilidade ilimitada em noutra sociedade, salvo expresso consentimento de todos os outros scios. (texto original do Cdigo das Sociedades Comerciais, art. 180). 9.5. Da Dissoluo da Sociedade. A sociedade em nome coletivo dissolve-se pela manifestao de vontade, pelo decurso do tempo, pela impossibilidade de executar o objeto social, pela falta de pluralidade de scios ou ainda pela falncia. Tem-se no artigo 1.040 do Cdigo Civil que esta sociedade se rege subsidiariamente pelo disposto nas sociedades simples e, especificamente quanto a sua dissoluo, o artigo 1044 faz remisso ao artigo 1.033 do mesmo diploma. 10. Sociedade em Comandita Simples 10.1. Relato histrico e definio Seguimos com o pensamento de que a sociedade em nome coletivo o tipo social mais antigo e que a sociedade em comandita simples dela decorrente. Transcrevemos o ensinamento do professor Cndido Paz-Ares onde para ele, La comanditria se nos presenta como una modificacin de la colectiva, caracterizada por existir, junto a scios colectivos, outra clase especial los comanditrios , que tienen limitada su responsabilidad. (Aurlio Menndez. Lecciones de derecho mercantil. 2. ed. Madrid: Civitas Ediciones, 2004, p. 252). Parte importante da doutrina defende entendimento contrrio, afirmando ser a sociedade em comandita simples a forma mais rudimentar de organizao social. Entretanto, o ilustre autor acima referido tempera a discusso destacando que a sociedade em comandita simples sempre foi manejada como subespcie da sociedade em nome coletivo, nos cdigos de 1673 da Ordenana francesa, de 1829 do Cdigo de Comrcio espanhol e do alemo de 1861. Desta sociedade decorre a sociedade em conta de participao, sendo a estrutura das duas sociedades muito parecidas, pois ambas tem um scio que

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    participar com o capital e outro que funcionar como administrador. A diferena reside no fato de que naquela poca, buscando garantir os interesses dos credores, passou-se a exigir que as sociedades em comandita simples fossem registradas nas corporaes de ofcio, reservando as sociedades em conta de participao o carter de sociedade annima. A discusso sobre o tema tem importncia, pois a partir da existncia dessas sociedades, o direito societrio se desenvolveu buscando delimitar a responsabilidade do scio que participa com a prestao de capital. J falamos a respeito do fato de que na antiga Roma a mercancia ou atos que envolvessem prtica mercantil era proibido queles que pertencessem nobreza, uma vez que o comerciante era classificado como de classe inferior e ao nobre que exercitasse tal atividade, lhe era imposto a perda de seus privilgios. Por este motivo, a nobreza disponibilizava ao comandante do navio, o capital necessrio realizao do negcio (viagem martima comercial), sendo o resultado dividido entre as partes. Naquela poca, em ocorrendo o insucesso da empreitada, o scio comanditrio absorvia o prejuzo. Deste episdio histrico temos no entendimento doutrinrio que esta a origem da associao da nobreza e da burguesia, sob a forma de contrato de comenda. O nobre entregava capital originado do prprio meio rural ao burgus proprietrio de navio, limitando o eventual prejuzo e a participao nos lucros da empresa organizada para a explorao do comrcio martimo. Destacamos aqui a importante contribuio do professor Carlos Gustavo de Souza quando leciona que com efeito, a sociedade em comandita simples seria uma reao ou adequao da sociedade em nome coletivo, a fim de albergar a responsabilidade limitada categoria de scios prestadores de capitais, sendo pois a sociedade em conta de participao uma decorrncia da sociedade em comandita simples, ressentindo no fato de que o registro, dada a sua instrumentabilidade, obstaria o anonimato do scio prestador de capitais, viabilizando dessa forma as sociedades em conta de participao, que por sua estrutura dispensa a existncia de qualquer formalidade para a sua constituio, sistemtica esta ainda em vigor. 10.2. Administrao A administrao da sociedade em comandita simples de exclusividade do scio comanditado, sendo proibida essa atividade ao scio comanditrio, ou seja, a administrao competir quele ou queles que tenham responsabilidade ilimitada.

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    A proibio acima no veta a possibilidade que se outorguem poderes especiais ao comanditrio para que, como procurador da sociedade, represente a mesma em determinado negcio, o que no caracterizar ato de administrao. Entretanto, necessrio que se analise com cuidado cada caso, verificando o real objetivo dos poderes outorgados para a prtica do ato, no podendo este ato representar administrao ou gesto, o que implicar na descaracterizao dos limites da abrangncia da responsabilidade do scio comanditrio. Vale observar que no Cdigo Comercial de 1850 (revogado pelo Cdigo Civil de 2002), a possibilidade acima no existia, ou melhor, era expressamente vetada. 10.3. Nome empresarial Os scios comanditados, ou seja, aqueles com responsabilidade ilimitada, como visto, exercero a administrao, acrescentando-se que a firma ser constituda com o nome de um, alguns ou todos os scios, conforme a convenincia e a registrabilidade do nome adotado. A sociedade sempre ter responsabilidade ilimitada quanto s suas obrigaes, respondendo com toda a fora de seus bens. Se os recursos da sociedade forem insuficientes o credor poder requerer a falncia da empresa. No h como negar a importncia da sociedade em comandita para o desenvolvimento do comrcio e conseqente desenvolvimento da economia. Sem falar das descobertas martimas e a movimentao intercontinental de mercadorias e de capitais. 10.4. Dissoluo da Sociedade A dissoluo da sociedade em comandita simples consiste na finalizao das atividades da empresa. Podendo a empresa funcionar com prazo determinado ou indeterminado e a dissoluo poder ocorrer a termo do contrato, por conveno dos scios, pela falncia, ou por qualquer outro ato que produza o encerramento da atividade empresarial. No que se refere sada de scio da sociedade em comandita simples, deve-se observar que a sociedade pode funcionar pelo perodo de 180 dias com a quantidade mnima de scios. Imagina-se se o scio remisso for o comanditado, tem-se

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    a impossibilidade de que o scio comanditrio exera prticas administrativas, sem que fique configurada a mudana de espcie de sua responsabilidade. A alternativa ser a nomeao de um administrador provisrio, para que enquanto no seja incorporado novo scio comanditado, o administrador conduza a sociedade. Se a contrrio entendimento a falta de pluralidade de scios no perodo superior a 180 dias, dissolver-se- de pleno direito a sociedade. Caso esta sociedade insista em continuar suas atividades, o far sob a forma irregular, resultando, sobretudo em uma nova sociedade. 11. Sociedade em Comandita por Aes 11.1 Relato histrico e definio Como as sociedades em comandita simples e em conta de participao, esta sociedade possui sua origem nas primitivas comendas, sofrendo, naturalmente a influncia da evoluo das relaes de negcios decorrente da necessidade da sociedade. Em verdade, a histria desta sociedade teve incio na legislao francesa, sendo produto do processo de evoluo das sociedades em comanditas simples. Em nosso pas a primeira lei sobre o instituto foi a Lei 3.150/1854, seguida pelo decreto N.. 34/1891, que o regulamentou, seguindo-se a Lei 2.627/1940 e, por fim a atual Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Annimas). A sociedade em comandita por aes tem seu capital dividido em aes, operando sob firma ou denominao, sendo orientada por fora de lei pelas normas pertinentes s sociedades annimas. No dizer do jurista Rodrigo ria, ... puede definirse nuestra comanditria por acciones como sociedad que, yeniendo todo el capital social dividido em acciones deber encargar de la administracin social a uno o ms accionistas que repondern personal y solidariamente de ls deudas sociales contradas durante el perodo de su administracin. (Rodrigo Ura, Derecho Mercantil, p. 219, Madrid). 11.2 Administrao Temos nesta sociedade dois tipos de scios, os puramente acionistas com responsabilidade restrita a suas aes, de forma idntica as sociedades annimas e os

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    diretores, gerentes e administradores, com responsabilidade ilimitada, da forma como vimos nas sociedades em nome coletivo. A Lei 6.404/76 no seu artigo 282 define a responsabilidade e exerccio da gesto nas sociedades em comandita por aes. Orienta-nos o comentado artigo que: Apenas o scio ou acionista tem qualidade para administrar ou gerir a sociedade e, como diretor ou gerente, responder subsidiria, mas ilimitada e solidariamente, pelas obrigaes da sociedade. A formatao da estrutura de responsabilidade dessa sociedade se aproxima em muito do formato das sociedades em nome coletivo, j que ainda que dividida em aes, somente os acionistas podero gerir o negcio e assim o fazendo respondero pessoal, ilimitada e solidariamente, sendo que seus nomes figuraro na firma ou razo social. De outra forma, a sociedade em comandita por aes mistura-se com as sociedades annimas, permitindo que figurem como acionistas pessoas que subscreveram algumas aes, sem que a elas seja imputada responsabilidade ilimitada, observando-se que no pratiquem atos de gesto ou administrao. Como bem leciona o professor Carvalho de Mendona, Nas sociedades em comandita por aes, os comanditrios tornam-se solidrios, se servem de gerentes, prestem ou no o nome firma. (J. X. Carvalho de Mendona, Tratado de Direito Comercial Brasileiro, Vol. V, Tomo I, p. 616, SP). Como j foi dito, aplica-se a lei das sociedades annimas s sociedades em comandita por aes, com algumas especificidades, j que existem singularidades entre os dois tipos. No exigido um nmero mnimo de scios. Porm, por ser uma sociedade sem especificao do quorum mnimo, aplicando-se subsidiariamente a lei 6.404/76, mais precisamente o seu artigo 80, inciso II, em se tratando de duas categorias diferentes de scios, exigido no mnimo um scio em cada categoria. O Cdigo das Sociedades Comerciais de Portugal exige a quantidade de no mnimo cinco acionistas comanditrios. Existe entendimento doutrinrio de que este tipo de sociedade, pelo seu pouco uso, deva ser retirado do nosso sistema jurdico, o que naturalmente contestado por tantos outros. Ocorre que o pouco uso de um ou outro instituto no serve como base para a afirmao de sua inutilidade. Observamos que o dinamismo das relaes sociais impe o surgimento de regras e princpios que nem sempre so usadas continuamente, mas esto presentes como expectativas de direito elencando rol

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    de alternativas e possibilidades de negcios em perfeita harmonia com o desenvolvimento scio econmico. 12. Sociedade Annima 12.1. Relato histrico e definio Como no poderia ser de outra forma, a identificao precisa da origem do instituto motivo de debates, onde parte da doutrina entende que o surgimento se deu por conta das grandes viagens de negcios intercontinentais e outra se afina na idia de que a sociedade annima teve sua origem em Gnova, precisamente no Banco de So Giorgio. O acontecimento teve como cenrio a Repblica Genovesa que, no podendo adimplir aos seus credores permitiu que estes transformassem seus ttulos em aes de um Banco Estatal. Tais partes ou aes tinham cotao no mercado e eram livremente alienveis. Fran Martins acrescenta que Uma dessas sociedades, denominada Casa de So Jorge, fundada na cidade de Gnova, foi, em 1407, transformada em Banco de So Jorge, passando a ter fins especulativos e, desse modo, caracterizando-se como uma sociedade comercial. Os ttulos de renda tomaram o carter de aes, passando os seus possuidores a perceber, no os juros dos emprstimos que haviam feito, mas lucros ou dividendos obtidos pelas transaes do banco. Em 1419, o Banco de so Jorge passou a possuir estatutos regulando os direitos e obrigaes dos scios, o modo de administrao e a eleio dos administradores (conselho geral), revestindo-se, assim, de caractersticas de verdadeira sociedade annima. (Fran Martins, Curso de Direito Comercial. Empresa Comercial, empresrios individuais..., fundo de comrcio, Forense, p. 282). A terminologia sociedades annimas foi usada pela primeira vez pelo Cdigo Comercial francs. Entretanto, a terminologia poderia ser de melhor aplicao s sociedades em conta de participao, j que esta realmente contempla uma sociedade interna e desconhecida de terceiros. As primeiras companhias brasileiras foram a Companhia Geral do Gro-Par e Maranho, que operava monopolizando o comrcio de escravos negros. Instituda em 1755, foi extinta por Decreto em 1778; Companhia Geral das Capitanias de Pernambuco e Paraba, constituda em 1779 e extinta em 1780. Em 1808, por Alvar, foi criado o primeiro banco pblico brasileiro, denominado Banco do Brasil. Sendo este a primeira sociedade annima de economia mista, que se mantm vitoriosa s constantes investidas dos movimentos de descentralizao e privatizao.

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    Esta sociedade tem sua regulamentao disposta na Lei 6.404/76, com as alteraes da Lei 10.303/01, que introduziu aspectos referentes administrao corporativa relacionada transparncia da gesto dos negcios pela companhia.

    Dentre as novidades trazidas pela Reforma da Lei das Sociedades Annimas, est a eleio de Conselheiros na empresa. Nitidamente para trazer os minoritrios no bojo das discusses sobre os destinos da companhia. Vale lembrar que o Conselho de Administrao rgo mximo de deliberaes dentro da empresa, formado por representantes dos acionistas, em especial os controladores.

    Ainda que possam ter papel apenas participativo, sem definitivo peso nas decises, a presena de representante dos minoritrios representa grande avano. Inclusive vai de encontro com os ditames da Governana Corporativa, que preza pela administrao transparente e mais democrtica possvel, dentro de seus propsitos. grande essa conquista que os minoritrios conseguiram junto ao Congresso que aprovou a nova Lei, que vai abrir espaos antes inexistentes. Ainda mais, por ser o Conselho de Administrao palco das grandes decises e por esta razo, sendo altamente disputadas suas vagas. 12.2. Conceito Sociedade annima aquela cujo capital dividido em aes e a exemplo do que foi falado quando do estudo das sociedades em comandita por aes, limitando-se a responsabilidade destes ao preo de emisso das aes subscritas ou adquiridas. Obedecem estas sociedades ao que constar no seu estatuto e na Lei e por isto so sociedades normativas e no contratuais (no existe contrato vinculando os scios entre si). So caractersticas da sociedade annima, a diviso do capital em aes, a limitao da responsabilidade dos acionistas ao preo de emisso das aes e constituio por subscrio pblica ou particular. Quanto a sua classificao, as sociedades annimas podem ser abertas ou fechadas. aberta quando possui valores mobilirios negociados em bolsa de valores, com a necessria autorizao da Comisso de Valores Mobilirios CVM. fechada quando no tem seus valores mobilirios negociados no mercado. 12.3. Constituio

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    So trs as fases que compem a formalidade constitutiva, sendo que as duas primeiras, a inaugural e a intermediria antecedem a constituio e no final a terceira fase chamada complementar, que posterior constituio. No observar estes procedimentos resultar na nulidade, no se constituindo a companhia podendo, inclusive, responsabilizarem-se os diretores ou administradores. A exigncia acima referida refere-se ao contedo do artigo 80 da Lei 6.404/76. 12.3.1. Primeira fase inaugural Em fase preliminar a companhia deve primeiramente cuidar da subscrio de no mnimo duas pessoas, de todas as aes em que se divide o capital social. Ainda nesta primeira fase dever realizar aporte de no mnimo dez por cento do preo de emisso das aes subscritas. Outra exigncia legal o depsito em estabelecimento bancrio autorizado do montante arrecadado no prazo mximo de 05 dias. (art. 81 da Lei das Sociedades Annimas). 12.3.2. Segunda fase intermediria A companhia pode se constituir por duas formas, pela subscrio particular, onde os prprios fundadores capitalizam a sociedade, sem a existncia de investidor externo (vide artigo 88 da Lei 6.404/76) e ainda pode se constituir pela subscrio pblica, onde h a captao de recursos financeiros junto investidores externos (vide art. 82 da Lei 6.404/76). 12.3.3. Terceira fase Complementar Esta a fase em que realizado o arquivamento dos atos constitutivos junto Junta Comercial e a sua respectiva publicao (vide artigo 94 da Lei 6.404/76).

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    12.4. Denominao A sociedade annima funcionar com denominao que alm do nome de fantasia, dever conter o objeto social acrescido das expresses companhia ou sociedade annima admitindo-se a forma abreviada. 12.5. Capital Social Como j visto, o capital social formado com as contribuies dos scios, em dinheiro ou qualquer outra espcie de bem mvel e imvel, corpreo ou incorpreo, sendo necessria a possibilidade de avaliao em dinheiro, Sendo vetada a contribuio feita com prestao de servios. 12.6. Sistema de Distribuio dos Valores Mobilirios O sistema de distribuio dos valores mobilirios formado, segundo o artigo 15 da Lei 6.385/76 que dispe sobre o mercado de valores mobilirios e cria a Comisso de Valores Mobilirios, pelas seguintes entidades: Instituies Financeiras;

    Sociedades de compra de valores mobilirios para negcio prprio; Sociedade de agentes autnomos; Bolsa de Valores; Entidades de mercado de balco organizado; Bolsa de Mercadorias e Futuros (corretoras e operadores); Sociedades mediadoras em negociao de valores mobilirios.

    A distribuio orientada pelo dispositivo acima citado, apresenta duas formas. Como Mercado primrio que aquele que o emissor (sociedade) busca recursos diretamente junto aos investidores, por emisso pblica de valores mobilirios e como Mercado secundrio que o passo posterior emisso primria, que ocorre quando da troca entre os investidores de recursos por valores mobilirios sem a interveno do agente emissor.

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    12.7. Valores Mobilirios 12.7.1. Definio Como define o prof. Fbio Ulhoa, valores mobilirios so instrumentos de captao de recursos pelas sociedades annimas emissoras e representam para os que subscrevem ou adquirem um investimento. O artigo 2. da Lei 6.385/76 elenca as espcies de valores mobilirios, representados pelas Aes; Debntures; Partes beneficirias; Bnus de subscrio; Commercial Papers; Cdulas de debntures; Contratos derivativos; ADR American Depositary Receipt; BDR Brazilian Depositary Receipt; Cotas de Clubes e Fundos de Investimentos; Ttulos ou Contratos de Investimento Coletivo. 12.7.2. Principais Tipos de Valores mobilirios. I) Ao Representa parte do capital social, representando a participao dos acionistas na formao deste capital, tenha esta sido realizada em dinheiro ou em bens. ttulo representativo da participao no capital social, limitando a responsabilidade do seu titular ao preo da emisso das aes por ele subscritas ou adquiridas. As aes tm semelhana com as quotas da sociedade limitada, apresentando duas caractersticas importantes. Uma referente ao direito patrimonial, quando so auferidos pelo investidor os dividendos que representam o lucro das S.A. e a participao nos bens (acervo) da sociedade quando esta liquidada. A outra caracterstica refere-se ao direito pessoal, pelo fato da ao conferir ao seu proprietrio o nvel de scio da companhia. Existem dois entendimentos doutrinrios quanto a natureza jurdica da ao, uma das correntes defende ser a ao um ttulo crdito, por visualizar a possibilidade de que esta possa apresentar os principais requisitos para sua classificao como ttulo de crdito, ou seja, a cartularidade, autonomia e a literalidade em sentido diametralmente oposto a outra corrente diz que a ao pode no apresentar o princpio da cartularidade (aes escriturais) e no encerra em seu certificado todos os direitos do acionista, alm de no poder circular por endosso.

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    Classificao das aes Passamos a transcrever a classificao das aes conforme critrio adotado pelo prof. Fabio Ulhoa. Onde elucida o ilustre doutrinador que: O primeiro critrio, leva em conta a extenso dos direitos e vantagens conferidos aos acionistas e contempla trs categorias: ordinrias, preferenciais e de fruio. O segundo considera o ato de transferncia da titularidade do valor mobilirio e o distingue em aes nominativas e escriturais. O ltimo diz respeito especificao dos direitos titularizados pelos acionistas, com objetivo de atrair os mais diversos interesses dos investidores atuantes no mercado, e se traduz na identificao de cada categoria por uma letra (classe A, B, C etc.). Desta forma a classificao se dar:

    1- Quanto espcie Apoiados nos comentrios de Modesto Carvalhosa (Comentrios a Lei de S.A. vol. 1, 4. ed, Saraiva, p. 165), quando falamos em espcie das aes, levamos em considerao a natureza dos direitos e vantagens que estas proporcionam a seus titulares. Esta espcie se divide em comuns ou ordinrias, preferenciais e aes de fruio.

    a) Aes ordinrias ou comuns So aquelas que exercem direito de voto nas companhias, so as responsveis pelo controle acionrio conquanto as aes preferenciais, via de regra, no tm direito voto.

    b) Aes preferenciais Pela simples definio das aes preferenciais temos que estas do a seus possuidores prioridade no recebimento de dividendos e se a sociedade for dissolvida, d ainda prioridade no reembolso do capital e normalmente no conferem direito a voto. Mas isto no s, necessrio observar-se que para s aes preferenciais eram reservadas restries e condies adversas que no eram impostas s ordinrias, seno vejamos: Pela legislao anterior (Lei 6.404, artigo 15, 2.), o nmero de aes preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restries no exerccio desse direito, no poderia ultrapassar 2/3 do total das aes emitidas, reservando o restante, ou seja, 1/3 do total s aes ordinrias, resumindo, controlava a companhia quem tivesse 33,33%

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    do capital. A nova Lei 10.303/2001 igualou as duas espcies, orientando que o nmero de aes preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrio no exerccio desse direito, no pode ultrapassar 50% do total das aes emitidas. Assim o controle da sociedade ser apurado de aes que representem mais de 50% do capital social. Quanto aquisio ao direito de voto nas aes preferenciais, a Lei da S.A. em suas reformas deu sinal de preocupao com os acionistas minoritrios, apesar de que as medidas do legislador de nada melhoraram a situao daqueles que representam a minoria. Esta minoria no deve ser encarada como parte fraca na relao, sendo sua nica fragilidade a impossibilidade de intervir nas decises que nortearo o futuro do seu investimento, j que estes tm o objetivo claramente definido de auferir resultados que representem a remunerao e lucro do seu investimento. Observe-se o que nos diz o artigo 111 da LSA: As aes preferenciais sem direito de voto adquiriro o exerccio desse direito se a companhia, pelo prazo previsto no estatuto, no superior a trs exerccios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mnimos a que fizerem jus, direito este conservaro at o pagamento, se tais dividendos no forem cumulativos, ou at que sejam pagos os cumulativos em atraso. A balizada crtica do Prof. Carlos Gustavo de Souza expe que o legislador amoldou outros fatores que em concomitncia inviabilizam o funcionamento do prprio dispositivo legal em comento, pois que, primeiramente, posterga insensivelmente por at trs exerccios o direito a voto, quando em verdade deveria t-lo minusculizado. c) Aes de Fruio Objetivam amortizar aes ordinrias ou preferenciais, sua aplicao incomum e geralmente concedida pelo estatuto ou pela Assemblia Geral queles que possuem aes integralmente amortizadas. So aes que devolvem acionista o valor do investimento, como se houvesse a liquidao da sociedade, sem que ocorra a reduo do capital, j que a amortizao ocorre com as reservas de capital. 2 Quanto forma Nesta classificao tm-se as formas com as quais as aes so inseridas no mercado e sua posterior transferncia. So elas as nominativas e escriturais.

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    As aes nominativas tm o nome do acionista, obrigatria a inscrio do nome no Livro de Registro das Aes Nominativas ou no extrato que seja fornecido pela instituio custodiante de aes escriturais (quelas que no possuem certificado).

    Vale lembrar que a Lei 8.021/90 alterou o artigo 20 da Lei 6.404/76, extinguindo as aes endossveis e ao portador.

    II) Debntures Na lio de Waldrio Bulgarelli, so ttulos de crditos causais, representativos de fraes de mtuo, com privilgios gerais sobre os bens sociais ou garantia real sobre determinados bens, que so emitidos por sociedades annimas, no mercado de capitais. O artigo 52 da Lei 6.404/76 instrui que a companhia poder emitir debntures que representaro direito de crdito em favor de seus credores. A emisso dar-se- nas condies constantes da escritura de emisso e do certificado, se existir. III) Partes Beneficirias So ttulos negociveis sem valor nominal, alm de no terem qualquer relao com o capital social. So ttulos que auferem a seus titulares direito de crdito eventual contra a sociedade annima, consistindo na participao nos lucros anuais. (sua emisso vetada s sociedades annimas abertas, motivo pelo qual no constam no artigo 2. da Lei 6.385/76). IV) Bnus de Subscrio So ttulos que auferem a seus titulares o direito de subscrever aes do capital, desde que nas condies constantes do certificado. V) Commercial Papers A diferena da Commercial Papers para as Debntures que enquanto as primeiras tm vencimento entre 30 e 180 dias, as segundas possuem um prazo mais longo, ou seja, de 8 a 10 anos. Representam forma de captao de recursos junto ao pblico, tornando-se assim a companhia devedora dos seus titulares.

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    12.8. Administrao e Fiscalizao das Sociedades Annimas So rgos da sociedade annima a AssembliaGeral, o Conselho de Administrao, a Diretoria e o Conselho Fiscal. Sendo facultada a criao de outros rgos complementares. 12.8.1. Assemblia Geral Hierarquicamente o principal rgo, tendo poder para decidir sobre a forma de realizao do objeto, impondo resolues e condies que julgar necessrias. A abrangncia da competncia da Assemblia Geral dada pela redao do artigo 121 e seguintes da Lei 6.404/76. Desta forma a A.G. tem competncia para: a) Reformar o estatuto social; b) Eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da companhia;

    c) Fiscalizar as contas dos administradores e decidir sobre a aprovao das demonstraes financeiras;

    d) Autorizar a emisso de debntures; e) Suspender o exerccio dos direitos dos acionistas; f) Deliberar sobre a avaliao de bens para a formao do capital social; g) Autorizar o administradores a requerer falncia ou recuperao judicial;

    A convocao da A.G. feita, em primeiro lugar , pelo conselho de administrao ou pelos Diretores. Tipos de Assemblia Geral

    a) Assemblia Geral Ordinria: tem obrigatoriedade prevista em lei, periodicidade pr-definida, contedo (objetivo) determinado.

    b) Assemblia Geral extraordinria: convocada a qualquer tempo e a matria/contedo no tratado na AGO.

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    12.8.2. Conselho de administrao rgo de deliberao e fiscalizao interna da sociedade e obrigatrio nas sociedades annimas abertas. Este rgo colegiado tem lugar intermedirio entre a Diretoria e a A.G. e seus conselheiros no adquirem responsabilidade por obrigaes afetas sociedade. 12.8.3. Diretoria Este rgo executivo tem como finalidade cumprir as orientaes (decises) dos rgos deliberativos. No existe obrigao legal de que o cargo de diretor seja exercido por acionista. So deveres (obrigaes) da Diretoria:

    a) Informao -> transparncia no trato com a inteligncia, tanto nas informaes referentes a companhia quanto naquelas relativas ao prprio diretor (inventrio de bens pessoais e da Cia etc...);

    b) Fidelidade -> total adeso aos propsitos da sociedade (conflito de interesses, concorrncia desleal, etc...);

    c) Diligenciamento -> esforos concentrados para o atingir os objetivos da sociedade.

    12.9. Reestruturao organizacional O crescimento da sociedade empresarial est relacionado e dependente, em menor ou maior escala, do desenvolvimento da economia e dependendo do momento econmico que se apresenta, esta dever se adequar s condies que lhe so impostas. A adequao acima referenciada poder representar medidas visando a otimizao dos recursos operacionais e financeiros que compreender reviso dos gastos com despesas diversas, administrao e recuperao tributria, adequao de mo de obra e reorganizao societria.

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    A reestruturao imprescindvel para a sociedade que pretenda se enquadrar estruturalmente concepo econmica vigente. Esta deciso poder representar a vida ou morte da sociedade. O artigo 1113 e seguintes do Cdigo Civil, orientam sobre a transformao, incorporao, fuso e ciso das sociedades, permitindo o acesso a ferramentas de grande importncia ao implemento das reestruturaes nas sociedades. 12.9.1. Transformao: Representa a modificao do tipo de sociedade, sem a ocorrncia de sua liquidao ou dissoluo, modificando-se tambm a abrangncia da responsabilidade dos scios ou acionistas. No dizer do professor Trajano de Miranda Valverde em Sociedades por Aes, vol III, 3 ed., p. 67, Para ns, a transformao um processo simples e cmodo, com um expediente prtico, pelo qual se constitui uma nova sociedade, sem o inconveniente da dissoluo ou da liquidao a se transformar. Os elementos essenciais, que se estruturam a sociedade primitiva, patrimnio e scios, so o substrato ou a matria, que permite a aquisio de uma nova forma, isto , de uma nova organizao especfica, que individua e caracteriza a pessoa jurdica. 12.9.2. Incorporao Outro ato de modificao da sociedade a incorporao, onde uma ou mais sociedades so absorvidas por outra que lhes suceder em todos os direitos e obrigaes. A sociedade absorvida desaparece, e pelo fato de no ter mais autonomia administrativa, oramentria e financeira, deixar ainda de ter personalidade jurdica. O conceito acima est sedimentado no pensamento do professor Waldemar Martins Ferreira onde na incorporao ... uma subsiste e recebe o ativo e o passivo das outras, para esse fim dissolvidas e extintas. (Compndio de Sociedades Mercantis, Freitas Bastos, RJ, p. 495). O professor Dylson Dria argumenta que Cuida-se de procedimento que acarreta a extino da sociedade incorporada ou incorporadas e a conseqente transmisso de seu patrimnio para outra, designada incorporadora, que subsiste e assume todos os direitos e obrigaes das extintas. (Dylson Dria, Curso de Direito Comercial, 14 ed. SP, Saraiva, p. 294).

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    12.9.3. Fuso o ato pelo qual duas ou mais sociedades se agrupam, para que seja originada nova sociedade, desaparecendo as sociedades fundidas, independentemente de seu tipo social, de ser sociedade de pessoas ou de capital, de possuir origem civil ou mercantil. Orienta-nos com clareza cristalina o professor Waldemar Martins Ferreira, em sua obra acima citada, na p. 494-495 que na fuso ... todas se dissolvem e, com os patrimnios de todas elas se constitui outra e nova personalidade jurdica, que assume os direitos e as obrigaes das sociedades dissolvidas e extintas. 12.9.4. Ciso Apesar do ttulo contido captulo X do Cdigo Civil fazer referncia a ciso, nenhum artigo regulamentou o instituto e tampouco nenhuma lei especial fez referncia ao mesmo. Motivo este pelo qual a lei 6.404/76 (art. 229) continua como fonte subsidiria no que concerne ciso. A definio do instituto esta no prprio artigo 229 da Lei 6.404/76, onde A ciso a operao pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimnio para uma ou mais sociedades, constitudas para esse fim ou j existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver verso de todo o seu patrimnio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a verso. Em suma, se o patrimnio da sociedade cindida for transferido integralmente, esta se extinguir (ciso total). De outra forma, se a transferncia do patrimnio for em parte, a sociedade cindida continuar ativa com o patrimnio restante (ciso parcial). Na lio de Waldrio Bulgarelli, Haver, assim, na ciso, uma transferncia total ou parcial, do patrimnio de uma sociedade para outra ou outras. Sendo todo o patrimnio transferido para duas ou mais sociedades, extingui-se a sociedade cindida, sucedendo extinta as sociedades que absorveram o seu patrimnio, na proporo dos patrimnios lquidos transferidos. Se a ciso for parcial, a sociedade que absorver parte do patrimnio da cindida passa a suced-la nos direitos e obrigaes relacionados no ato da ciso. 12.9.5. Scio Dissidente Os direitos dos scios na ocorrncia de uma reorganizao social esto amparados pela lei que confere a este o direito de recesso, ou seja, ter este o direito a se retirar da estrutura social, mediante devoluo de sua participao na sociedade,

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    com base na apurao do patrimnio lquido. O patrimnio lquido ser apurado em balano especial para esse fim, ou de outra maneira, por ajuizamento de ao, para que seja realizada a apurao de haveres (prestao de contas). Como bem leciona o professor Carlos Gustavo de Souza, ... o direito de recesso se lastreia na argumentao de que no seria coerente, que a adeso dos scios fosse obrigatria, porquanto, a estrutura qual o scio aderiu est para sofrer mutao, e, portanto, essa modificao poder influenciar diretamente sua compostura patrimonial, no se justificando, dessa forma, a sua permanncia na sociedade. 13. Sociedades Limitadas 13.1. Relato histrico A primeira Lei dedicada s sociedades limitadas no Brasil foi o decreto 3.708/1919, hoje a matria est inserida no Cdigo Civil com significativa influncia do Cdigo Civil italiano de 1942. A primeira legislao a considerar a sociedade onde todos os scios possuem responsabilidade restrita ao capital social foi a legislao alem em 1892. Junto com a Alemanha, Portugal, ustria e Inglaterra, o Brasil est entre os primeiros pases a referendar o instituto das sociedades annimas. 13.2. Conceito A sociedade limitada recente e teve origem no formato das primitivas sociedades medievais, pela simplicidade das sociedades em nome coletivo, entretanto sem a limitao ou ampliao da responsabilidade para alguns scios e sem as exigncias requeridas para a formatao de uma sociedade annima. A sociedade limitada possibilita ao empresrio investir suas reservas para a formao do capital social e limitar a sua responsabilidade a esta participao no referido capital social. O patrimnio do scio no atingido com as obrigaes no cumpridas pela sociedade, no se comunicando com a insolvncia da empresa, por este motivo, nessa tipificao societria no se admite a utilizao do benefcio de ordem, j que a estrutura estabelece forma de invaso dos bens dos scios, sendo regular e exigvel que primeiramente sejam afetados os bens da sociedade, para somente aps, atingir os

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    bens dos scios que, comumente no so atingidos, sendo a desconsiderao da personalidade jurdica uma eventualidade. No dizer do professor Sylvio Marcondes Machado, Configura-se, portanto, o patrimnio separado com base objetiva apropriada para receber a contribuio jurdica de instituto, que, propiciou demarcao de uma rea patrimonial, permitida limitar-se a extenso da responsabilidade. (Limitao da responsabilidade de Comerciante Individual, SP, RT, p. 238). O professor Carlos Gustavo de Souza comenta em sua obra que: Com o advento das sociedades limitadas em nosso ordenamento jurdico, por meio do Decreto 3.708, de 10 de janeiro de 1919, houve uma adjetivao das sociedades em vigor, no sentido de que hoje as demais estruturas sociais esto em completo desuso, excetuando-se as sociedades annimas, uma vez que este tipo social confere ao empresrio maior rigidez e segurana em sua jornada empresarial. 13.3. Dos Scios O sistema jurdico brasileiro no faz restrio quantidade mxima de scios. Relativamente ao nmero mnimo de scios, estes devem ser em nmero mnimo de dois, j que o nosso ordenamento jurdico ainda no reconheceu as sociedades unipessoais (empresrio individual limitado). 13.4. Do Capital social O capital social o fundo coletivo de divisas que integralizado pelos scios quando do seu ingresso na sociedade. sem dvida a base financeira com que a sociedade iniciar suas atividades. O capital social em princpio esttico, a no ser quando aumentado ou reduzido. Nas sociedades com responsabilidade ilimitada, o capital social no tem a mesma importncia que nas sociedades com responsabilidade limitada, j que nas ilimitadas existe a possibilidade de atingir-se o patrimnio dos scios. Nas limitadas, com a impossibilidade de alcance do patrimnio dos scios, o capital social assume papel importante por representar a garantia dos credores.

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    13.4.1 Subscrio e integralizao A subscrio a promessa formalizada do scio de que ir integralizar em determinada data uma certa parcela do capital. Da depreende-se que a subscrio antecede a integralizao. Ressalte-se que o capital social no se confunde com o patrimnio social. O capital social constitudo pelo aporte financeiro realizado pelos scios e poder variar por sua reduo ou aumento. J o fundo social ou patrimnio social ser constitudo pelos bens que a sociedade possuir, incluindo-se os bens corpreos e incorpreos. A lei brasileira no determinou valor mnimo ou prazo mximo para a integralizao do capital social. A legislao ptria permite ainda a ocorrncia de sociedade com aporte financeiro fictcio. A quota representa frao indivisvel do capital social, sendo visvel sua semelhana com as aes da sociedade annima. A legislao veta a possibilidade de ingresso na sociedade de scio de indstria, aquele que ingressa na sociedade com aporte tcnico, haja vista no ser possvel a avaliao financeira desta forma de participao, o que impossibilita sua considerao como bem e desta forma, no sendo possvel sua alienao ou penhora. A integralizao com bens ocorre por faculdade concedida ao scio, que permanecer solidrio sociedade por cinco anos contados a partir do registro da sociedade, j que a lei d autonomia ao scio para que este realize a avaliao dos bens por ele integralizados. Pode ainda a integralizao ocorrer no momento da subscrio ou a certo tempo. Na primeira situao tem-se o capital totalmente integralizado e na segunda a integralizao ocorrer em data diversa da subscrio e pode representar para todos os scios a responsabilidade solidria relativamente s dvidas sociais. Quanto ao direito de preferncia, o objetivo a manuteno da estrutura societria, uma vez que em ocorrendo o aumento de capital ou integralizao de quotas de scio que tenha sado da sociedade, fica assegurado a todos os demais scios, o direito de subscrever proporcionalmente novas participaes.

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    13.5. Das Quotas 13.5.1. Cesso e transferncia Nunca foi pacfico o entendimento quanto cesso de quotas, de um lado teve defesa o entendimento de que deve haver previso expressa no contrato social quanto s restries para a livre transferncia das quotas. De outro lado parte da doutrina pregava no ser necessria unanimidade dos votos, bastando a maioria para que fosse definida a transferncia ou cesso da quota do scio egresso. Atualmente em nosso pas, a cesso de quotas continua sendo livre, devendo-se cuidar que o contrato social a discipline. Se omisso o contrato social, valer a regra em que o scio pode dispor livremente de suas quotas a quem seja scio, recaindo a cesso a quem no seja scio, no poder haver recusa de mais de vinte e cinco por cento do capital social. Esta regra est contida no artigo 1.057 do Cdigo Civil. 13.5.2. Da Penhora de Quotas Entende-se por um lado que o estranho a sociedade, ao penhorar quota de um scio, estar ingressando na sociedade e substituindo efetivamente este antigo scio. Ora, a polmica reside no fato de que numa sociedade de pessoas tem o carter intuitu personae o que conflita com a inusitada transferncia de quotas. assim que no seu entendimento o professor Cunha Peixoto expe: Ora, a impenhorabilidade da cota social funda-se na formao intuitu personae da sociedade. A lei quer evitar que estranhos participem da sociedade, independentemente do consentimento dos demais scios podendo o estranho vir a ser um futuro elemento de discrdia, ou no trazer os mesmos elementos pessoais que possua o proprietrio da cota a ser penhorada. O entendimento no est pacificado, o Professor Joo Eunpio Borges em Curso de Direito Comercial Terrestre, p. 359, leciona que Pelas mesmas razes e com as mesmas restries a cota pode ser penhorada em execuo contra scio. Entretanto, observa-se no direito comparado que a maioria dos legisladores tem preocupao com a preservao da affectio societatis. Por esta linha de raciocnio, pensa-se que a penhora das cotas no se afina com as sociedades limitadas, uma vez que resultaria em rompimento da estrutura sustentada pela vontade dos scios na existncia da prpria sociedade, no sendo descartada a possibilidade de que sejam penhorados os dividendos (resultados) da participao do scio devedor.

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    13.6. Da administrao A administrao da sociedade limitada realizada pela diretoria, que o rgo responsvel por externar e deliberar a vontade dos scios. A diretoria representa a sociedade em juzo e fora dele. Pode qualquer pessoa ser nomeada como administradora da sociedade, o que representa significativo avano, j que com a nova orientao do Cdigo Civil de 2002, qualquer pessoa pode ser nomeada administradora mesmo no sendo scia. 13.6.1. Administrao por pessoa jurdica Quanto a administrao ser exercida por pessoa jurdica, abre-se enorme palco de discusso, tendo como pano de fundo os artigos 997 inciso VI, 1054 e 1060 do Novo Cdigo Civil de 2002. A permisso contida no artigo 1060 encontra resistncia ao que dispe o artigo 997, quando age subsidiariamente por autorizao do 1054. Seno, veja-se: Pelo comentado artigo 1060, a sociedade limitada administrada por uma ou mais pessoas indicadas no contrato social ou, at mesmo em ato separado. Entretanto o artigo 997 no seu inciso VI regulamenta que a incumbncia da administrao das pessoas naturais. A controvrsia acima, gerou entendimento doutrinrio diverso, sendo inclusive motivo de proposta de alterao do Cdigo Civil, para que o citado artigo 1.060 passe a ter redao definindo como administradores da sociedade limitada apenas s pessoas naturais. 13.6.2. Nomeao e destituio do administrador A nomeao do administrador pode ocorrer no contrato social no momento da formatao e origem da sociedade. Mas pode tambm ter ocorrncia em documento separado. Diferente tratamento dado ao administrador quando este estranho a sociedade, onde ser necessrio quorum mnimo para aprovao de 2/3 do capital social, se o capital estiver totalmente integralizado, caso contrrio ser necessrio a aprovao por unanimidade, em conformidade com o artigo 1061 do Cdigo Civil.

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    A administrao pode ser por tempo determinado ou indeterminado, conforme disposto no contrato social ou em instrumento separado. Para destituio de scio administrador, nomeado no contrato, ser necessrio aprovao de 2/3 do capital social, salvo disposio em contrrio no contrato social. (art. 1.063, 1. ) Quando nomeado em ato separado do contrato, a destituio dever ser aprovada por mais da metade do capital social, conforme inciso II do art. 1076 c/c inciso III do art. 1071, todos do Cdigo civil. A exigncia a mesma para o administrador no scio nomeado em ato apartado. Entretanto, em sendo a nomeao feita no prprio contrato social, a aprovao se dar com no mnimo 3/4 do capital social.