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Capítulo 1 - Conceito de Sociologia Etimologicamente, Sociologia tem sua origem no latim, da palavra socius, que significa sócio ou social, e no grego logos que significa estudo. Sociologia é então, o estudo do social, da sociedade ou das relações entre pessoas. É a ciência da sociedade. Sendo que sociedade é “um grupo, ou sistema, de modos institucionalizados de conduta e (...) falar de formas institucionalizadas de conduta é referir-se a modalidades de crenças e comportamentos que são socialmente produzidos e reproduzidos no tempo e no espaço” (GIDDENS, 1984, p.15). Para Durkheim (1974, p. 29), a Sociologia pode ser entendida como a “ciência das instituições, da sua gênese e de seu funcionamento, isto é, de toda a crença, todo o comportamento instituído pela coletividade”. O estudo sociológico faz com que atividades cotidianas passem a ser analisadas e problematizadas. O simples ato de ir ao supermercado pode ser uma experiência interessante do ponto de vista sociológico. Mas, para isso, temos que abstraí-lo das rotinas simplificadas e olhá-lo de forma diferente. Qual a utilidade da Sociologia? Assim como o leitor, o ouvinte e o espectador de televisão sabem que existem técnicas relativamente eficazes para entender o comportamento social, profissionais das mais diversas áreas também não ignoram a utilidade da sociologia. Para entender uma campanha publicitária, para lançar um produto ou um candidato político, para abrir uma loja ou construir um prédio, os profi ssionais especializados – o engenheiro, o agrônomo, o comerciante, procuram dados sobre o comportamento da população. Não se constroem mais prédios ou casas sem levar em consideração o comprador, suas condições, valores, idéias, tudo aquilo que o faz optar por uma ou outra moradia. Pode ser o lugar, o aspecto, o preço ou, muito freqüentemente, a soma de tudo isso. Todos os passos importantes na comercialização de um produto, desde sua criação até sua campanha publicitária e sua distribuição, repousam em pesquisas de opinião e comportamento. Procura-se saber quem compra determinado produto, os hábitos desse comprador, sua faixa salarial, quanto do orçamento doméstico ele

Sociologia Cap 1 2 3

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Captulo 1 - Conceito de Sociologia

Captulo 1 - Conceito de Sociologia

Etimologicamente, Sociologia tem sua origem no latim, da palavra socius, que significa scio ou social, e no grego logos que significa estudo. Sociologia ento, o estudo do social, da sociedade ou das relaes entre pessoas. a cincia da sociedade. Sendo que sociedade um grupo, ou sistema, de modos institucionalizados de conduta e (...) falar de formas institucionalizadas de conduta referir-se a modalidades de crenas e comportamentos que so socialmente produzidos e reproduzidos no tempo e no espao (GIDDENS, 1984, p.15).

Para Durkheim (1974, p. 29), a Sociologia pode ser entendida como a cincia das instituies, da sua gnese e de seu funcionamento, isto , de toda a crena, todo o comportamento institudo pela coletividade.

O estudo sociolgico faz com que atividades cotidianas passem a ser analisadas e problematizadas. O simples ato de ir ao supermercado pode ser uma experincia interessante do ponto de vista sociolgico. Mas, para isso, temos que abstra-lo das rotinas simplificadas e olh-lo de forma diferente.

Qual a utilidade da Sociologia?

Assim como o leitor, o ouvinte e o espectador de televiso sabem que existem tcnicas relativamente eficazes para entender o comportamento social, profissionais das mais diversas reas tambm no ignoram a utilidade da sociologia. Para entender uma campanha publicitria, para lanar um produto ou um candidato poltico, para abrir uma loja ou construir um prdio, os profi ssionais especializados o engenheiro, o agrnomo, o comerciante, procuram dados sobre o comportamento da populao. No se constroem mais prdios ou casas sem levar em considerao o comprador, suas condies, valores, idias, tudo aquilo que o faz optar por uma ou outra moradia. Pode ser o lugar, o aspecto, o preo ou, muito freqentemente, a soma de tudo isso. Todos os passos importantes na comercializao de um produto, desde sua criao at sua campanha publicitria e sua distribuio, repousam em pesquisas de opinio e comportamento. Procura-se saber quem compra determinado produto, os hbitos desse comprador, sua faixa salarial, quanto do oramento domstico ele est disposto a dedicar a esse bem, e assim por diante. [...] Resumindo, no se atira no escuro. A sociedade tem caractersticas que precisam ser conhecidas para que aqueles que nela atuam tenham sucesso. No existe, portanto, nenhum setor da vida onde os conhecimentos sociolgicos no sejam de ampla utilidade. E essa certeza perpassa hoje toda a linguagem dos meios de comunicao e toda a atuao profi ssional das pessoas. E por isso tambm que a sociologia faz parte dos programas universitrios que preparam os mais diversos profi ssionais de dentistas a engenheiros - e por isso tambm o socilogo hoje

tem entrada nas mais diversas companhias e instituies para estudar desde as caractersticas internas das empresas at o ambiente externo em que elas esto inseridas. (COSTA, 2002, p.11)

Captulo 2 - As Mudanas na Organizao Social

A Idade Mdia corresponde didticamente ao perodo de 476 at 1453, e foi marcado por uma sociedade teocntrica, sob influncia da Igreja Catlica. Deus era o centro de todas as explicaes, cabia ao homem somente submeter-se e obedecer vontade divina representada pelo papa e pelo rei. Consequentemente, as explicaes sobre a sociedade estavam fundamentadas na vontade divina.

Movimentos como o Renascimento e o Iluminismo procuraram novas ou renovadas explicaes para o mundo.

O Renascimento, originrio da Itlia, dispersou-se pela Europa Ocidental entre os sculos XIV e XIX. Sua principal caracterstica a retomada dos valores da cultura greco-romana, isto , uma retomada da cultura e dos valores chamados clssicos como o ideal Humanista de valorizao do homem.

As grandes navegaes, atravs do contato entre culturas, e a difuso da imprensa, atravs da proliferao das obras escritas, permitiram o crescimento e a divulgao da idias Renascentistas.

O Renascimento pode,ento, ser dito como a expresso Humanista nas Artes e nas cincias, mas foi o Iluminismo que passou a fazer de maneira mais sistemtica o questionamento das explicaes do mundo, as quais eram, at ento, de uma maneira ou de outra, orientadas pela vontade divina e expressavam os interesses polticos dominantes, ou seja, dos monarcas e/ou do Papa.

O Iluminismo caracteriza-se pela busca racional de explicaes que permitam dominar a natureza levando ao progresso. A partir das interpretaes Iluministas a capacidade do Homem de produzir sua prpria Histria conduziu ao progresso cientfico e tecnolgico. O homem podia intervir e transformar a realidade. O homem passou a ser o centro do universo e a razo humana passou a ser a base da explicao do mundo, o antropocentrismo.

As idias iluministas embalaram, por sua vez, a Revoluo Francesa (1789) um movimento burgus que se tornou smbolo de transformaes polticas e marca o incio de nossa era contempornea.

A burguesia, alm de sua carga de impostos, estava excluda da poltica Francesa. Pode-se dizer que detinham o poder econmico, mas no possuiam poder poltico capaz de ampliar seu poder econmico, ou seja, estavam sujeitos as vontades da nobreza a quem muitas vezes sustentavam.

Para arrebanhar apoio popular a burguesia promete Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Vale ressaltar que antes da Revoluo Francesa, era lcito que plebeus e nobres tivessem direitos diferentes. Lembremos que o conceito de cidado, aquele que tem igualdade de direitos polticos, foi desenvolvido durante a Revoluo Francesa.

O iluminismo inspirador da Revoluo Francresa a medida que sua busca pela racionalidade questinou o prprio poder divino dos Reis, ou seja, a legitimidade do trono, abrindo caminho para a constituio do Estado moderno, baseado na legalidade e no poder econmico.

A racionalidade estimulada pelo iluminismo e a asceno da burguesia ao poder, primitivamente na Inglaterra, conduziram a Revoluo Industrial Inglesa no final do sculo XVIII. A Revoluo Industrial propiciou grandes tranformaes sociais humanidade.

Antes da revoluo a produo era predominantemente artesanal. Com a revoluo industrial, o operrio passa a ser responsvel por parte da produo. Isso a chamada diviso social do trabalho.

O desenvolvimento das formas de energia (vapor, eletricidade, petrleo) propiciou uma ampliao extraordinria da capacidade de produo.

A estrutura fsica e social das cidades se alterou, grandes xodos rurais foram estimulados, a constituio das famlias foi modificada, a noo de tempo, os alimentos, os transportes e muitas outras mudanas se fizeram notar. No entanto, deve-se notar que as cidades e mesmo o campo, no estavam preparados para tamanhas transformaes: no havia esgoto, escolas suficientes, moradias, higiene ou leis trabalhistas.

neste contexto de transformaes iniciadas na Idade Mdia que surge a Sociologia como forma de saber cientfico.

Captulo 3 - O surgimento da Sociologia

Augusto Comte (1798-) considerado o fundador da Sociologia pois teria sido ele a cunhar o prprio termo Sociologia. Embora tenha inicialmente feito uso da expresso fsica do social.

O pensamento de Comte fruto de seu tempo de transformaes (Revoluo Francesa e Industrial). Comte acreditava que a sociologia deveria aplicar os mesmos mtodos cientficos rigorosos ao estudo da sociedade que a fsica ou a qumica usam no estudo do mundo fsico natural. Pensamento este que ficou conhecido como cincia positivista.

O mtodo positivista determina que a cincia deve estar preocupada somente com o universo do observvel que pode ser conhecido pela experincia. Atravs da observao, pode-se inferir as leis que explicam a relao entre fenmenos observados e ao entender a relao entre causas entre os eventos, os cientistas podem ento prever como os acontecimentos futuros ocorrero.

Comte props uma reforma da sociedade que deveria seguir trs passos: reorganizao intelectual, moral e, por fim, poltica. Cabendo assim ao positivismo restabelecer a ordem na sociedade capitalista industrial. De modo geral , Comte via como benefcios as transformaes da industrializao e o progresso capitalista, desde que guiado pela cincia.

Comte aponta que a humanidade teria passado por trs estgios de compreenso do mundo. a chamada Lei dos trs estgios. No primeiro estgio, o teolgico, os pensamentos eram guiados por idias religiosas e pela crena que a sociedade era guiada pela vontade de Deus. No segundo estgio, o metafsico, a sociedade comea a ser vista em termos naturais e no sobrenaturais. Estes se tornam presentes na poca do Renascimento e Iluminismo. O terceiro estgio, o positivo, era a fase cientfico iniciada por pensadores como Coprnico, Galileu e Newton.

Desta forma percebe-se que para Comte a sociedade se organiza da mais simples para a mais complexa. Para o positivismo a evoluo deve fazer uso da ordem, pois sem ordem no h progresso, pois o progresso o desenvolvimento da prpria ordem. Assim compunha-se o lema positivista:

o amor por princpio, a ordem por base e o progresso por fim

Todo o pensamento de Comte gira em torno dessa idia de ordem que est ligada idia de hierarquia como sistema de subordinao do inferior ao superior, imposio de fora para dentro.

Captulo 4 - As Instituies sociais

O homem um animal social, isto significa dizer que o homem torna-se humano na relao com outros de sua espcie. No existe um componente biolgico que determine as organizaes sociais. Toda organizao social determinada por formaes socioculturais.O homem se distingue, portanto, das demais espcies porque seu comportamento social no se determina geneticamente, mas aprendido no grupo e para que os comportamentos tornem-se um hbito social, h o que chamamos de instituies sociais. As instituies sociais nos ensinam o comportamento e muitas vezes nos pegamos cobrando de outros indivduos o mesmo comportamento que aprendemos. Na perpectiva de Comte, as instituies sociais desempenharam a funo de assegurar uma coeso social e manter o consenso na sociedade. A famlia, a religio e a escola so algumas das mais importantes instituies sociais. 4.1 A famlia

Para Comte, a famlia fundada sobre o dever de obedincia, a idia da autoridade do pai e do servio amoroso da me cumpre um papel estabilizador e regulador na sociedade. Servindo concepo de hierarquia e moral, a norma familiar era: cabe aos homens, como os mais aptos e os mais fortes, chefiar o lar e participar da vida pblica. O lugar das mulheres seria o lar, onde elas eram subordinadas ao melhor julgamento do homem. Ao mesmo tempo, ela cumpria importante funo na educao dos filhos para o amor altrusta, abnegado e cumpridor de seus deveres, mais do que preocupado com os seus direitos: ela era ciente dos seus deveres. A mulher tornou-s pea fundamental na construo da ordem familiar e social, ainda que fosse apenas pelo cumprimento do seu dever e por meio da abnegao, virtudes que caracterizavam o esprito da poca.

4.2 Religio

Para Comte, a preocupao com a reforma moral o fez pensar que a reorganizao da sociedade realizava-se plenamente com a nova religio criada por ele, a saber, a religio da humanidade como Grande Ser, que consiste em ordenar cada natureza individual e religar todas as individualidades. Comte acreditava que a questo religiosa era o princpio fundamental responsvel pela uni. cao humana. Julgava que as crenas religiosas existentes at sua poca representavam apenas fontes de divises. Assim, o termo religioso, para ele, possua significao diferente do utilizado pelas crenas e cultos conhecidos e por ele combatidos. Entendia que a religio era caracterizada pela harmonia prpria existncia humana, na qual as partes morais e psquicas convergiam para um destino comum, fosse ele pessoal ou coletivo. Agindo sobre a natureza individual, ela reunia todas as individualidades, pois tanto a individualidade moral como a psquica eram regidas pelas mesmas leis.

Marx afirma que a religio seria o pio do povo. Marx concordava com a idia de Feuerbach de que a religio representa a auto-alienao humana.

Para Marx, a religio adia a alegria e as recompensas para uma outra vida, Por isto, as pessoas aceitam passivamente condies de vida degradantes. Para ele, as crenas e valores religiosos serviam s desigualdades em termos de poder e de classe.

4.3 Escola

Para Comte, a educao seria o meio para se alcanar a reforma intelectual e moral. De acordo com ele, a famlia ensinaria o dever da obedincia e a educao escolar reforaria esse preceito. Na mesma linha de pensamento, Durkheim afirma:

A educao a ao exercida pelas geraes adultas sobre as geraes que no se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criana, certo nmero de estados fsicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade poltica, no seu conjunto, e pelo meio moral a que a criana, particularmente se destine. (DURKHEIM, 1967, p.19)

Dessa forma, para Durkheim, a educao o processo pelo qual aprendemos a ser membros da sociedade. Educao socializao. Diferentemente, numa outra vertente de pensamento, Marx analisava a situao educacional dos filhos de operrios no incio do capitalismo moderno. Para ele, a educao era utilizada no sistema capitalista para perpetuar a explorao e dominao de uma classe sobre a outra. Nesta viso, a educao usada como instrumento de disseminao das idias dominantes. Althusser segue linha semelhante a Marx:

Acreditamos portanto ter boas razes para afirmar que, por trs dos jogos de seuAparelho Ideolgico de Estado poltico, que ocupava o primeiro plano do palco, a burguesia estabeleceu como seu aparelho de Estado n 1, e portanto dominante, o aparelho escolar, que, na realidade, substitui o antigo aparelho ideolgico de Estado dominante, a Igreja, em suas funes. Podemos acrescentar: o par EscolaFamlia substitui o par IgrejaFamlia.(ALTHUSSER, L.Aparelhos Ideolgicos de Estado, p. 78).Resumindo

PensadorFuno da Educao

ComteMeio para se alcanar a reforma intelectual e moral

DurkheimProcesso pelo qual aprendemos a ser membros da sociedade. Educao socializao

Marxutilizada no sistema capitalista para perpetuar a explorao e dominao de uma classe sobre a outra. Nesta viso, a educao usada como instrumento de disseminao das idias dominantes.

Althusser

O aparelho escolar na realidade substitui o antigo aparelho ideolgico de Estado dominante, a Igreja, em suas funes.