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Sociologia do Desenvolvimento e da Mudança Social Globalização – designação dada à crescente interdependência entre as sociedades do mundo. Com a expansão marítima , as economias, que eram sistemas muitos fechados sobre si próprio, começam a expandir-se; Intensificam-se as trocas económicas e sociais ; Acontecimentos remotos passam a ter um efeito imediato ou quase, no quotidiano dos indivíduos nas áreas mais remotas do planeta – Ex.- choque petrolífero de 1973. A globalização significa a interferência de acontecimentos longínquos na vida dos indivíduos, o que não significa que a globalização seja igual em todo o mundo; ela produz consequências diferenciadas em função do lugar de cada país ocupa no sistema Mundial . De facto, os países podem ser definidos em grandes regiões mundiais com base nas consequências distintas do processo de globalização. Com base nessas diferenças, o demografo francês Alfred Sauvy, criou a ideia de três mundos: O Primeiro Mundo – desenvolvido, ocidental, capitalista. O Segundo Mundo – países da Europa do leste e Ásia. O Terceiro Mundo – designa todos os outros países, caracterizados por uma pluralidade de sistemas políticos muito diversos e por estruturas económicas fracas. Esta ideia nunca teve grande rigor conceptual e após a queda do império soviético, perde grande parte do seu sentido; No entanto a expressão” Terceiro Mundo” vingou, para designar os países que não estão inseridos no centro da economia Mundo. Teorias que explicam o desenvolvimento: Imperialismo : Hobson ; o colonismo era uma manifestação particular do imperialismo.

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Sociologia do Desenvolvimento e da Mudança Social

Globalização – designação dada à crescente interdependência entre as sociedades do mundo.Com a expansão marítima, as economias, que eram sistemas muitos fechados sobre si próprio, começam a expandir-se; Intensificam-se as trocas económicas e sociais; Acontecimentos remotos passam a ter um efeito imediato ou quase, no quotidiano dos indivíduos nas áreas mais remotas do planeta – Ex.- choque petrolífero de 1973.

A globalização significa a interferência de acontecimentos longínquos na vida dos indivíduos, o que não significa que a globalização seja igual em todo o mundo; ela produz consequências diferenciadas em função do lugar de cada país ocupa no sistema Mundial.De facto, os países podem ser definidos em grandes regiões mundiais com base nas consequências distintas do processo de globalização.

Com base nessas diferenças, o demografo francês Alfred Sauvy, criou a ideia de três mundos:

O Primeiro Mundo – desenvolvido, ocidental, capitalista.O Segundo Mundo – países da Europa do leste e Ásia.O Terceiro Mundo – designa todos os outros países, caracterizados por uma pluralidade de sistemas políticos muito diversos e por estruturas económicas fracas.

Esta ideia nunca teve grande rigor conceptual e após a queda do império soviético, perde grande parte do seu sentido; No entanto a expressão” Terceiro Mundo” vingou, para designar os países que não estão inseridos no centro da economia Mundo.

Teorias que explicam o desenvolvimento:

Imperialismo: Hobson; o colonismo era uma manifestação particular do imperialismo.Os termos de troca são favoráveis aos “ colonizadores”; Os países industrializados, determinam os valores dos produtos, daí resulta a drenagem das riquezas dos países produtores, para os países industrializados – são eles que impõem os termos da troca.Esta teoria sofre uma evolução para outra.

Neo - Imperialismo: Adaptação da teoria anterior a um novo período histórico, em que a denominação imperial e militar é substituída por denominação puramente económica.Passamos de uma dominação colonial para uma neo -colonial (dominação militar para dominação económica). Dependência:Teoria desenvolvida por teóricos brasileiros, entre eles, o ex - presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso; Aparece com base nas anteriores e, basicamente, introduz a história como elementos explicativo das desigualdades de troca.

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O Terceiro Mundo depende do Primeiro, no que respeita a produtos manufacturados, tendo apenas para oferecer matérias – primas ou produtos agrícolas.

Teoria do Sistema Mundial

Teoria desenvolvida por Immanuel Wallenstein o autor defende, com base numa dimensão histórica, que a partir do Século XVI, foi criado um sistema mundial com uma dimensão política e económica que criou a economia capitalista mundial, caracterizada por três grupos de países:

- do centro;- de semi – periferia;- de periferia.

A área externa: é uma espécie de quarta categoria presente nesta teoria. São as zonas do globo que não estão “ dentro “ da economia mundo capitalista; Actualmente, quase todos os países estão dentro da economia mundo capitalista. Apenas a Coreia do Norte apresenta um envolvimento muito reduzido.

Países do Centro:São aqueles onde a economia empresarial moderna surgiu mais cedo e onde se realizava relativamente cedo, a transição para a industrialização.Caracterizam-se por terem um conjunto de industrias diversificado, bem como avançadas formas de agricultura e governos centrais muito fortes.Geograficamente, situam-se no hemisfério norte, no centro e Norte da Europa e na América do Norte, Austrália, Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia…

Os países semi-periféricos:Mantêm dependência com os países centrais a nível económico, no consumo de bens culturais. Tem algumas características dos países centrais mas apresentam assimetrias de desenvolvimento Exp. Portugal.

Os Países da Periferia:Nações do Terceiro Mundo que se foram integrando na economia Mundo Capitalista ao longo do período colonial.Segundo esta teoria, os termos de troca são definidos pelos países centrais, a seu favor; Valorizando os produtos manufacturados em desfavor das matérias-primas.

Estas teorias têm em comum o facto de existir uma diferenciação de riqueza entre o primeiro e o terceiro mundo, derivada do desastre das trocas comerciais com origem no colonialismo. Estas teorias centram-se excessivamente na dimensão económica e na regulação política internacional, esquecendo outros factores, como as guerras, as condições naturais, a demografia, as políticas, as relações e regulações políticas regionais dentro do pais e o papel do estado.

Conceito de Desenvolvimento: Diz-nos Marc Penouil que o primeiro cuidado a ter com o conceito de desenvolvimento, é evitar a tentação de impor a um povo um sistemasocial ou económico, seja esta de matriz capitalista Euro – Americana ou de matriz comunista Sino – Soviético.

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Desenvolvimento não significa importação _______ de tecnologia ocidental para contextos sócio – culturais onde está é alinealigena.Para Penouil, não é para isto que serve o desenvolvimento. Serve antes para; em primeiro lugar, para procurar os meios mais eficazes para melhorar as condições de vida material dos seres humanos, designadamente, habitação, subsistência, transportes, saúde, educação, vestuário (necessidades básicas humanas).Crítica: Não são invariantes da Natureza Humana; variam em função dos espaços geográficos, sociedades e dever histórico, de forma muito acentuada, sou seja, variam em função do contexto.Em segundo lugar, deve proporcionar condições para o desenvolvimento intelectual, complementado com o desenvolvimento social e ético, ou seja, deve proporcionar condições para o desabrochar da personalidade, num ambiente de liberdade e justiça social.Estas duas dimensões acabam por ser uma definição de desenvolvimento. Penouil apetrecha-nos com uma definição mínima de desenvolvimento (do que deve ou não deve ser o desenvolvimento).

Teoria do Dualismo

Procura explicar determinados fenómenos e processos económicos e sociais, associados ao desenvolvimento.O “ dualismo” é uma ideia pela qual se pretende explicar processos económicos e sociais (determinadas características) dos países do Terceiro Mundo, a partir da constatação de que nestes coexistem formas sociais e económicas, historicamente díspares.A ideia central é de que nos países do Terceiro Mundo, existem formas económicas e sociais bastante distintas.Nestas, coabitam formas de agricultura tradicionais, de subsistência, mão – de – obra intensa, com métodos rudimentares tradicionais, baseados na força física e nos animais, feita em pequenas parcelas; Ao mesmo tempo, existe uma agricultura extensiva, moderna, mecanizada, com pouca mão – de – obra, inserida na economia capitalista global.Em alguns países, isto aplica-se perfeitamente não apenas à agricultura.

Exemplos de Dualismo

Vitorino Magalhães Godinho: as persistências estruturais do Antigo Regime ajudam a perceber o dualismo; utilização de traços culturais, sociais e económicos que funcionam no Antigo Regime.

Persistência de laços sociais do tipo comunitário baseadas nas relações de solidariedade, em detrimento das formas mais modernas de relacionamento social, fundados nos laços de tipo societário (em função dos papeis sociais);

Êxodo Rural – acentua a dualidade. Os que vivem na cidade com um modo de vida urbano e os que vivem na cidade, procurando manter o modo de vida rural.

Esse dualismo (coexistência de formas sociais diferentes), é um indicador de profundas fracturas sociais e económicas importantes numa sociedade, levando a situações de revolta.O dualismo não se caracteriza apenas pela persistência de modos de vida tradicionais em contextos modernos, ao nível dos modos de vida e economia; podemos também

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encontrar pela via do êxodo rural, em que o dualismo é o princípio de destruição das formas de organização mais tradicionais, sem que sejam substituídos por formas de organização urbana. Resultado: situação marcada pela ausência de pertença; ausência de laços, identidade, desenquadram-se da sociedade, inserem-se em espaços degradados e degradantes.Facilita a tentação de se explicar as desigualdades como bloqueios das formas tradicionais de organização social ao desenvolvimento. A noção de dualismo, pode levar a ver os problemas de desenvolvimento, como problemas de bloqueio das formas tradicionais de organização e diferente, por seu lado, as formas modernas, como facilitadoras do desenvolvimento.Ideia de que as formas tradicionais bloqueavam o desenvolvimento e seria necessário substitui-las por outras (modernas). Resultado? – Subdesenvolvimento – Exp. Zâmbia, Costa do Marfim.O desenvolvimento não consiste na substituição das formas de organização tradicional em organizações modernas, mas sim, pela inter penetração das duas (da forma lenta) em que os elementos menos eficazes cedem lugar aos mais eficazes, sendo que os menos não são necessariamente os tradicionais.

Factores condicionantes do sub – desenvolvimento.- Sub – Desenvolvimento: Fenómeno complexo que não é explicável, por um único factor em que as combinações de factores variam de pais para pais.Assim, pode-se identificar pelo menos dois factores: causas internas e externas.

Causas

(1) Internas (2) Externas

Meio natural Meio Humano

Componentes ComponentesDemográficas Sociológicas

(1) Meio Natural: clima e as suas variações, importância e acessibilidade, diversidade de recursos humanos.Componentes Demográficas: Sub – população – é um factor menos imediato, ligado à ideia de economia de mercado; sobre – população – valor populacional muito grande, consumo muito elevado dos recursos naturais, desertificação; grande pressão sobre a terra; desflorestação; degradação dos solos.- Combinação entre uma sobre – população e um crescimento demográfico explosivo (Argélia).Componentes Sociologias: Estrutura política das sociedades; Autoritarismo; domínio oligárquico – Estado como motor de desenvolvimento; pouco estímulo que fornece inovação; conservadorismo e arbitrariedade – instabilidade que inibe o desenvolvimento.

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Para haver desenvolvimento, tem de haver estabilidade política e financeira que permita o investimento, logo o desenvolvimento.

(2)Respeitam às dominações económicas de um país sobre os outros. Países economicamente dominados por terceiros vêem parte do esforço nacional ser transferido para os países dominantes, impedindo desta forma o desenvolvimento

O papel central do Estado no processo de Desenvolvimento.

Autor: Guy SormanObra: A nova riqueza nas nações

É um neo – liberal, no sentido Europeu do termo; defende a não intervenção do Estado no mercado.No Terceiro Mundo, o excessivo intervenimento do Estado na economia é uma causa de sub – desenvolvimento. No entanto, considera que o Estado através das suas funções reguladoras desempenha um papel fundamental no papel económico.

As elites dirigentes podem tornar o Estado numa ferramenta de desenvolvimento, num instrumento de dominação para seu próprio enriquecimento ou num instrumento de intervenção na economia e na sociedade, tão mal dirigido que os seus efeitos são perversos;

Exemplos de tentativa de desenvolvimento mal sucedidas:

- Argentina:- Tinha um nível de riqueza tão grande como da Alemanha, da Áustria e o Canadá, graças a exortação de produtos agrícolas.- Sofreu um processo de hiper inflação.- O Estado só impondo um conjunto de impostos o que fez com que o rendimento fosse inferior à média mundial, para desenvolver o meio urbano.- “ Estacieros” reduziram a produção – não compensava.

- Tanzânia- Partido e Estado confundiam-se – havia um partido único, o seu presidente Relius Nyerere, para servir os seus ideais políticos, decide que a população devia ser reagrupada num conjunto de grandes aldeias afastamento dos locais onde se praticava agricultura.- Estado confisca a “ mais – valia” agrícola; Os produtores passam a produzir mais para auto – subsistência e cada vez menos para o excedente do qual não beneficiavam.

- Egipto- O Estado é que ditava o que se devia produzir.

- Exemplos de falta de visão dos Estados no que toca ao desenvolvimento.

Todos estes exemplos, demonstram que apesar dos factores contingentes, são as estratégias do Estado que atenuam as vantagens e desvantagens comparativas.

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Na procura de desenvolver o país, houve um efeito perverso. No entanto, houve uma tentativa, ainda que falhada para o desenvolvimento. Existem países onde a função do Estado é retirar bens á população para usufruto das elites (Angola).

Por detrás de cada Estado bem sucedido no desenvolvimento, existe um grupo de elites capaz, ou seja, o Estado é um instrumento que as elites utilizam, ou para proveito próprio ou para desenvolvimento do país. * tem continuação atrás da folha 8.

João Ferreira de Almeida:

- Globalização: situação que teve início a partir da altura dos descobrimentos e do período de grande intensificação das trocas comerciais, das incursões militares e do estabelecimento de novos mecanismos de relacionamento político.- A invenção da máquina a vapor e a instalação de meios de transporte de longo curso vieram dar novos impulsos ao processo de criação de um sistema mundial.- Um conjunto de factores contribuíram para a criação de uma sociedade coincidindo com o planeta:* Sistemas de comunicação* Grandes organizações económicas transnacionais* Organizações inter – estados* Organismos não estatais de carácter internacional* Problemas sociais e ambientais* Processos de evolução das sociedades nacionais;

No nosso século, as possibilidades técnicas de produzir, armazenar, tratar e difundir informação, intensificaram decisivamente a globalização da sociedade.

Giddens:

O mundo tornou-se num único sistema social, consequência dos crescentes laços de interdependência que hoje em dia afectam praticamente toda a gente. O sistema global não é apenas o espaço físico dentro do qual determinadas sociedades evoluem e mudam os laços económicos, sociais e políticos que atravessam as fronteiras entre países condicionam de forma decisiva o destino daqueles que vivem nelas.Globalização é a designação corrente dada a esta crescente interdependência entre sociedades do mundo.Os processos de globalização trouxeram inúmeros benefícios para muita gente das sociedades industrializadas: uma maior variedade de bens de consumo e produtos alimentares do que alguma vez existiu.Ao mesmo tempo, o facto de toda a gente estar envolvida num mundo cada vez mais abrangente ajudou a criar alguns dos mais sérios problemas que confrontamos hoje em dia.Apesar do crescimento económico e da interdependência cultural, a ordem global está afectada por grandes desigualdades e dividida num mosaico de estados com preocupações comuns e simultaneamente divergentes não há, na realidade, qualquer indicio de uma convergência política que consiga, num futuro próximo, superar o conflito de interesses entre os vários países. Uma das características mais preocupantes do mundo de hoje é que, apesar da existência das Nações Unidas, a globalização crescente não é acompanhada quer por uma integração política, quer pela redução das desigualdades a nível internacional em termos de riqueza e poder.

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Sumário:

- Em todo o mundo, os países têm-se tornado cada vez mais interdependentes – um processo que é denominado como globalização. O desenvolvimento de relações sociais implica grandes desigualdades entre as sociedades industrializadas e os países do Terceiro Mundo.- A globalização afecta hoje em dia a vida das pessoas de todos os países sem excepção, alterando não só sistemas globais, mas a vida quotidiana.A globalização não teve como resultado a criação de um mundo uno?. Bem pelo contrário, criou algumas das principais divisões sociais e conflitos.

Sociedades do 1º, 2º e 3º Mundos – origens da divisão.

Terceiro Mundo: China, Índia e a maioria dos países da América do Sul (Brasil, Peru, Venezuela).Segundo Mundo. Antigas sociedades comunistas, Rússia – antiga União Soviética -, é a Europa do Leste – Checoslováquia, a Polónia, a Alemanha de Leste e a Hungria. Tinham economias de planificação centralizada que apenas coincidiam um pequeno papel à propriedade privada ou a sociedade empresarial competitiva.Primeiro Mundo: Países industrializados da Europa. Os E.U.A., a Austrália, Nova Zelândia, Tasmânia, Melanésia e o Japão – têm sistemas políticos multipartidários e parlamentares.

Colonialismo:

Entre o século XVII e o princípio do século XX, os países ocidentais estabeleceram colónias em numerosas áreas anteriormente ocupadas por sociedades tradicionais, fazendo uso, quando necessário da sua superioridade militar.

Os países sub – desenvolvidos estão situados em zonas que foram colonizadas ou fortemente influenciadas por decisões impostas pelos países colonizados da Europa.

O rótulo de Terceiro Mundo, leva-nos a pensar que essas sociedades estão separadas dos países industrializados – como se fossem um mundo à parte do nosso. Mas isso não é de todo verdade, as sociedades do Terceiro Mundo tem estado, de uma maneira ou de outra, ligados a muitos países industrializados.

Globalização significa uniformização dos vários países? Concorda? Não, existem diferenças de sentido cultural, gostos dos indivíduos, fundamentos religiosos, questões de carácter económico (teoria do sistema mundial).Globalização – reforço da identidade nacional.Quais os países que o Estado pode jogar no desenvolvimento. Ilustre as suas posições com exemplos concretos da actuação dos Estados? O Estado pode ser uma ferramenta de desenvolvimento ou um instrumento tal mal gerido que os seus efeitos são perversos. Argentina, Tanzânia, Egipto – tentativa de desen falhado; Angola, Estado utilizado para usufruto das elites. França, Coreia do Sul e o Japão.

O papel do Estado no processo de desenvolvimento de um país é cada vez mais importante, quanto mais central for um país.

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Nos países centrais, o Estado não precisa intervir tanto no desenvolvimento, porque a sociedade civil é constituída por um conjunto de organizações que produzem o desenvolvimento, sem uma forte tutela do Estado; mesmo nos países centrais, o Estado é o factor mais importante no desenvolvimento.França, Coreia do Sul, e o Japão, são exemplos de um Estado muito interventivo no desenvolvimento.O Estado garante um sistema de educação, saúde e segurança, que são favoráveis ao desenvolvimento.A questão central é a forma como o Estado gere e distribui os recursos da sociedade para depois redistribuir directamente – pensões, subsídios, ou indirectamente através de serviços, escolas, polícia, tribunais, exército, serviço de saúde.

O Estado também interfere na Economia directa ou indirectamente. Subsídios, redução de taxas de juro, moeda, estabilidade, manutenção da paz social.Por outro lado, o Estado pode ser utilizado pelas elites para estas captarem recursos em proveito próprio. Mesmo assim podem fazê-lo com mais ou menos eficácia, ou seja, estes modelos são modelos “puros” na realidade, as elites usam o Estado com base nos dois modelos. Ale, disso, as políticas de redistribuição de recursos e de desenvolvimento podem não ser mais eficazes havendo a possibilidade de haver consequências perversas.

Boaventura Sousa Santos – 4 tipos de Estado.

- Licenciado em direito

- Exemplo concreto e aplicação prática da teoria do modelo do sistema mundial de Immanuel Wallenstein.

-Singularidades de Portugal:- cultura- religião- língua- etnia

Do ponto de vista social e até geográfica, é um país plural. #´s Norte / Sul e Interior / Litoral.

Migrações: Sul para as grandes cidades Norte para outros países.

Portugal, retrato singular – o retrato é que é singular, não o país, que é bastante plural – sociedade, economia, clima, ponto de vista geográfico.

O retrato do país no estudo de Boaventura Sousa Santos, parte de um conjunto de contradições no Estado Português.

- Em 1974, Portugal era o país menos desenvolvido da Europa; o socialismo era a meta a atingir; Estado de Providência Social Democrático, numa cultura em que o Estado de Providência atravessava uma fase difícil nos restantes países.

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A ideia central deste autor é que desde 74 que o papel do Estado na regulação da sociedade passou por várias fases, que de certa forma, não se substituíram, tendo-se antes acumulado, como que em camadas geológicas que convivem de forma mais ou menos pacífica.

1º1ª Camada Estado Autoritário; como 25 de Abril de 1974, apenas os elementos mais evidentes do Estado Novo foram adulterados, tendo o aparelho do Estado mantido basicamente intacto. Acabou a PIDE e os tribunais plenários (presos políticos); a censura.

2ª Camada – Após o 25 de Abril, implementaram-se um conjunto de leis que atribuíram aos trabalhadores um largo conjunto de direitos sociais: Sousa Santos designa estas leis de “fordistas”

Leis fordistas, são as leis que existem em situações de acumulação de capital, o que permite o pagamento generoso de salários. Salários indexados à produtividade, permitindo o acesso generalizado das classes trabalhadoras ao consumo. Essas Leis deixaram de ser cumpridas em 77 e os salários começaram a baixar em termos relativos, devido à inflação – Estado Paralelo – 2º

Componentes do Estado de Providência:- Educação -Saúde - Segurança Social- Direitos no trabalho

Em 25 de Abril e apesar dos avanços, o país ainda estava longe de garantir a universalidade desses direitos sociais que estão associados ao Estado de Providência.Uma das medidas que se tornou a seguir ao 25 de Abril, foi a criação do Estado de Providência no que respeita ao trabalho adaptaram-se as leis fordistas. Nas leis fordistas, há capital intensivo, verificou-se no nosso pais que as leis foram implementadas, mas a prática há muito res? .O Estado passou por uma situação ambígua:Um lado as leis, por outro a prática continua na mesma.O capital não é suficientemente forte para continuar as leis fordistas, mas é para impedir a sua aplicação prática.Os sindicatos têm as forças e as fraquezas anteriores no papel do capital.

3º Após 1986:com a entrada de Portugal para a CEE, ganha peso o Estado Heterogéneo. Este estado caracteriza-se pela procura da redução entre as leis e as práticas dos agentes económicas. Isto é uma estratégia de sucessivos governos.

Concertação Social:

Este processo é uma questão que é importante para explicar o processo de regulações do mundo do trabalho em Portugal faz parte deste conceito, sindicatos, confederação de agricultura portuguesa, confederação do comércio português, confederação de indústria portuguesa.

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Sindicatos: União Geral dos Trabalhadores (UGT) e a CGTP (Confederação geral dos trabalhadores portuguesas).

Através de sucessivas negociações, dá-se aproximando a prática empresarial das leis que deixaram de ser tão fordistas. Do ponto de vista dos empresários, as leis fordistas levam a um vínculo: salários e direitos laborais.

- Uma vez contratado um trabalhador, ele seria sempre dessa empresa até se reformar.- Pressupunham salários elevados para aquilo que os empresários achavam que podiam pagar um salário elevado, aumentava os custos de produção.- Descontos para a segurança social, protecção no trabalho.

Obs. ao desen. em Portugal: Sistema Jurídico Sistema Político

Regulação Social:Do ponto de vista histórico, o motor de desenvolvimento é o Estado – alavanca da modernização da sociedade portuguesa.Um estado forte, consegue por em marcha um sistema de regulação social (iniciática privada).Estado Heterogéneo – Conselho nacional de concertação social – impor um processo estatal para que as leis de cumpram.As empresas públicas cumprem a legislação laboral. O estado obrigou-se a si próprio.

Desde os anos 80, o papel do Estado tem sido o de procurar regular a economia e a sociedade.Os sucessivos governos têm procurado focar com que as leis sejam cumpridas.Uniformização das situações com um tipo de 4º Estado – o Estado Revolucionário, que é o governo que se tentou implementar em Portugal – o regime comunista (75 e 76).

Mudança Social. As mudanças sociais verificadas em Portugal – Pobreza – resultado mais claro do subdesenvolvimento; das falhas do desenvolvimento é algo complexo.

Londres, séc. XIX – Rowntree e BoothEconomistas. Grande impacto de auto – critica para a sociedade inglesa.A partir do século XIX, e economia constrói-se numa tradição de investigação sobre a pobreza. Criou-se uma teoria (classificativa), descritiva do problema.

Teoria do Limiar da Pobreza absoluta ou teoria do mínimo vital

Já não faz sentido definir isto como mínimo para o indivíduo se manter vivo, pois nas sociedades ocidentais, esse mínimo encontra-se assegurada, mesmo para os mais pobres.No entanto, continua a existir pobreza nessas sociedades.

Esta teoria assenta na ideia de que é pobre o indivíduo que não tem um rendimento suficiente para o manter vivo.

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Críticas: 1) A definição absoluta deste rendimento é impossível. Subia a ideia de

necessidades básicas: alimentação, roupa, abrigo. Não são necessidades variantes da espécie humana.

2) Esta divisão em categorias é arbitrária porque considera pobres os que têm à sua disposição um valor x de calorias, mas já não consideram no caso dos indivíduos que têm x+1 calorias, sendo que a diferença entre os dois é de apenas uma unidade.

3) Facto da questão”de se manter vivo” já não faz sentido – invalida a teoria nas sociedades desenvolvidas.

Houve tentativas de resposta, que passaram por reformular esta teoria da pobreza absoluta.

-“ Internacional Labor Office”, que propõe uma teoria das necessidades básicas.

-Necessidades básicas em função do tempo e do espaço.- Teoria Mileu Internacional Office – melhorar esta teoria para perceber melhor a pobreza.

D. Manuel Martins – Bispo de Setúbal

Conceitos:

1º Noção – rendimento MédioTeoria das necessidades básicas – procurar alargar a noção de necessidades básicas dos seres humanos, indústrias, incluindo as necessidades de consumo, onde estão coisas como a comida, abrigo, vestuário, equipamento doméstico.Necessidades básicas de serviços essenciais: saúde, educação, água potável, saneamento básico, transportes públicos e os recursos culturais (esforço de resposta às criticas).

Críticas: O esforço feito não foi suficiente, as críticas, por exemplo, os indivíduos não tem apenas necessidades relacionadas com a sua sobrevivência física, tem também necessidades de carácter social, que estão longe de estarem lançadas na lista proposta pelo ILO.

Peter Taunsend, acrescenta uma nova crítica ás que estão feitas – operacionalização dos conceitos propostos pelo ILO.

Simplificação da Realidade.Porque incide sobre a análise dos rendimentos e consumos dos indivíduos, o próprio Taunsend propõe uma 3ª teoria, que é a teoria da privação relativa - introdução de uma dimensão histórica e social na definição de pobreza

- do limiar da pobreza absoluta de domínio vital- teoria das necessidades básicas- teoria da privação relativa.

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- São três as teorias a saber:- Pobreza: são definidos como pobres (os agentes), os indivíduos exclusivos dos padrões de vida socialmente aceites como normais e desejáveis de um dado espaço social – são os indivíduos excluídos dos modos de vida dominantes de uma dada sociedade.

Do ponto de vista operacional, são pobres os indivíduos que têm um determinado valor, índice construído com base em variáveis relacionadas com a sobrevivência material dos indivíduos, mas também com indicadores de carácter social, como a participação nas actividades da comunidade, das instituições, lazer, etc.

Índice serve de suporte à teoria:Acaba por não responder às principais criticas que se fazem às teorias de análise da pobreza, porque continua a insistir nas variáveis relacionadas com as necessidades em particular, fazendo ainda a sua redução conceptual, ás desigualdades de rendimento e consumo. No entanto, a ideia de relatividade de pobreza é uma inovação a salientar.

As três teorias estão muito centradas na pobreza num padrão, no qual as pessoas estão centradas nelas.A forma como vemos as coisas, tem influência na forma como as pessoas vivem.

Dimensão social, acaba por não responder ao paradoxo. Ao designarmos as pessoas como pobres, estamos a contribuir para a sua pobreza.

Exclusão Social (situação nova na sociedade) – Génese deste conceito pode ser encontrado no livro de Remi Lenoir (1973).Sobre a pobreza tradicional, sendo o conceito sobretudo aplicado a uma situação nova na nossa sociedade.1973 – Crise petrolífera – provoca o fim de um período de crescimento económico entre o final da segunda guerra mundial e 1973. Neste período, o estado de providência consolida-se, o desemprego reduz bastante, a pobreza passa a ser apenas um apanágio de um número muito reduzido de “esquecidos” do crescimento.A partir de 1973, tudo muda drasticamente: o preço elevado do petróleo provoca a inflação, o aumento do custo de vida, falências e desemprego; a este processo vem juntar-se um outro. A modernização do tecido industrial, aumenta a produtividade, e pouco a pouco, leva à redução do número de trabalhadores necessários para executar uma tarefa. A informática expande esta tendência para os serviços, a partir dos anos 80 acresce-se uma terceira tendência, assente na modernização tecnológica dos transportes e telecomunicações em opções ideológico – políticas no sentido de globalização. A consequência destas três tendências, é o ressurgimento de uma nova questão social, isto é, de novas formas de pobreza. Conceito de exclusão social sem precisamente caracterizar uma pobreza diferente da tradicional.

Ciências Sociais tinham de desconstruir a noção de senso comum de pobreza, para construir uma noção científica de pobreza.Tais dificuldades: a noção de pobreza é objecto de lutas políticas.As construções científicas de pobreza, são inúmeras, polisemia (sentido variado): existe um núcleo central de significados associado a este conceito – ideia de escassez de recursos, o recurso monetário, mas também outros -------? De recursos. Analogia de capital económico Pierre Bairdieu.

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Quatro ou Cinco tipos de capital: Capital económico Capital Cultural

- Objectivado (atribuído aos objectos)- Incorporado (feito corpo) regras, valores, percepções.- Institucionalizado: conjunto de títulos escolares que um indivíduo pode mobilizar para atingir um determinado fim (emprego por exemplo).

Capital Social : rede de relações sociais que se pode mobilizar para atingir um

determinado fim. Capital Simbólico: a reputação ou prestígio social de um dado indivíduo.

Podemos falar num 5º tipo de capital: Capital escolar: diferencia-se do cultural por ser adquirido e rentabilizado na

instituição escolar.

Pobreza: escassez de recursos económicos, culturais, sociais, simbólicos e até escolares.

A noção de exclusão social surgiu em 1974 e procura descrever e compreender um conjunto de processos emergentes que são inéditos na modernidade.A exclusão social procura designadamente descrever e compreender novas formas de pobreza. Estas novas formas são bastante diversificadas (repatria mente no caso específico de São Miguel). Problema da sociedade com os indivíduos e não dos indivíduos com a sociedade.

Situação Portuguesa: excessivo ênfase na análise da exclusão social, mas a verdadeira pobreza é a pobreza tradicional.A pobreza tradicional em Portugal está socialmente integrada. Exclusão social aplica-se mais à realidade da Europa.

Nova Pobreza: perda de laços de emprego, perda dos laços familiares. Pessoas numa situação grave de exclusão social é uma coisa multidimensional, mas o seu cerne é o mercado de trabalho e relegação para o mundo do mercado secundário – Working Poors (trabalhador pobre). Esta associação entre trabalho e pobreza tinha desaparecido na Europa do pós – guerra (Estado de Providência), mas voltou em força com a revolução tecnológica, que tornou supérfluos uma legião de indivíduos e o triunfo da ideologia neo – Liberal, pelo processo de concorrência global. Remete parte da população para o desemprego, mas também para trabalhos precários, mal pagos, duros, a tempo parcial, ou então estágios.

Análise estruturalista: pobreza provem da forma como a sociedade está organizada.

Pobreza Tradicional típica de Portugal, escassez de rendimento, baixas qualificações escolares, mas em contrapartida, as pessoas que a sofrem, estão inseridas em redes sociais que as enquadrem na sua comunidade.Muitas vezes estas pessoas nunca se conceberam como pobres, por seu turno, a exclusão social está associada à nova pobreza, cujas características passam pelo desemprego, degradação dos laços sociais de proximidade. Pobreza mais persistente no tempo (Portugal).

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Escassez de rendimentos que o desemprego provoca.Mercado de trabalho secundário, desempenho de actividades pouco produtivas, mal remuneradas, pouco exigentes ao nível das qualificações escolares e profissionais; implicam a realização de tarefas penosas e perigosas, em situações de precaridade e frequentemente em situação de clandestinidade. Essas pessoas raramente são sindicalizadas e as empresas onde trabalham dificilmente estão enquadradas na economia global. Podemos considerar que a exclusão social é a exclusão dos modos de vida dominantes de uma determinada sociedade.No entanto é uma exclusão multidimensional em que o seu cerne é a exclusão do mercado de trabalho ou a relegação para o mercado de trabalho secundário (exclusão de direitos de cidadania).

Pobreza e Exclusão Social – estes conceitos tem algo que os aproxima; enfoque sobre o indivíduo, centram-se no indivíduo; indivíduo como sujeito de escassez de recursos ou como alvo do processo de exclusão. Ambos os conceitos se referem à comparação relativa entre indivíduos.Conceito de pobreza em relação á exclusão social é igual.Quando se nomeia alguém como pobre ou excluído, está se a realizar um julgamento de valor que consiste na atribuição de um lugar numa escala social, ao indivíduo assim designado. Aqui há um paradoxo grave quando pretendemos combater a pobreza, temos de nomear os indivíduos como pobres e ao fazê-lo, estamos a contribuir para os estigmatizar. Além disso, a utilização de pobreza e exclusão, envolve outros riscos para a análise sociológica. Um deles é o ênfase nos indivíduos, que faz esquecer que a pobreza é um problema social que se constrói na sociedade, pela sociedade e nas relações dos indivíduos com outros e com as instituições:Aqui a ideia é que o ênfase na pobreza, coloca nos indivíduos, ocultando a importante dimensão social deste fenómeno. Segunda questão tem a ver com a análise exclusivamente centrada na análise da pobreza ou de exclusão social tenta esquecer a relação dos indivíduos assim considerados com esse rótulo.As pessoas têm consciência da sua situação de pobreza e reagem de forma desigual.Instrumentalização da noção de pobreza. A forma como as pessoas lidam com a pobreza, tem repercussão na reprodução social.

O mercado de trabalho secundário, define-se por um conjunto de características negativas, pobreza e exclusão têm algo que os aproxima: o facto de classificar os indivíduos segundo uma escala de valores.Sergo Paugam que a partir do trabalho de Simmel, propõe uma alternativa. Ruweu Ogien, mostra-nos as dificuldades de definição destes conceitos; têm efeitos na produção da própria pobreza.

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Dois tipos de definição:

O que existe são desigualdades escondidas pelo termo pobreza. Ogien mostra como as utilizações do termo pobreza em menção vão consequentemente afastar-se do sentido referenciado que as propostas de leitura da realidade que apresentam, são alternativas, com um efeito performativo na realidade.

Mudança Social

Ter em atenção que a mudança social sempre existiu nas sociedades humanas. Actualmente o ritmo de mudança é extraordinário, O ritmo de mudança tem variado ao longo da história. Eram ritmos tão lentos, que só eram visíveis a longo prazo, de uma geração para outra.Hoje, o ritmo de mudança é extremamente elevado, as modificações não são apenas visíveis entre gerações, como são visíveis dentro de uma geração.O conjunto de inovações tecnológicas com impacto na estrutura social, é muito grande.Modelo societário dominante na sociedade ocidental é o da sociedade industrial, no entanto, a partir dos anos 60, acumulam-se evidências de que este modelo está em crise; já não é explicativo das configurações sociais das sociedades ocidentais.No momento que hoje vivemos, é perfeitamente claro que a nossa sociedade já não pode ser classificada como sociedade industrial, no entanto, não é visível qual o novo modelo que a vem substituir.Quais são as mudanças concretas que levam à conclusão que o modelo da sociedade industrial já não explica a sociedade em que vivemos.

1ª Questão: Mudança importante no que respeita às classes sociais.2ª Questão: Desmoronar da unidade entre o actor e o sistema.

MençãoPartem do princípio que as palavras que constituem os discursos, influenciando e constrangindo as próprias interacções dos indivíduos, neste caso, o trabalho do investigador é analisar os efeitos do termo pobreza na construção social das desigualdades. O que está em causa, não é a pobreza, são as desigualdades cuja a designação do termo pobreza é uma forma de esconder e individualizar a arbitrariedade e a injustiça da desigualdade.

ReferênciaParte do princípio que a pobreza existe na realidade, bastando empregar os meios adequados para a captar.

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Todas as sociedades caracterizam-se pela mudança social. A nossa sociedade, caracteriza-se por um ritmo de mudança social que não tem paralelo na história da humanidade. Era tão certa que não se conseguia identificar (mudança glaciar).Actualmente, as mudanças são tão rápidas que se identificam a olho nu. O ritmo de mudança acelera-se.

As novas teorias sociais já não estão centradas na relação actor sistema, ou seja, os sociólogos têm vindo a abandonar as análises fundadas na ideia de sociedade e conceitos associados, desta maneira, as concepções mais globais do social têm cedido lugar a concepções fundadas na acção social e no desempenho do actor. O que é colocado em curso, é a unidade do social. Esta questão é das mais importantes na questão da mudança social. Estilhaçamento entre a unidade e o actor.

Até aos meados dos anos 60, as classes sociais funcionavam como seres sociais totais, no sentido em que no seu seio, a vida dos indivíduos tinham coerência. Tudo na vida do indivíduo era explicado pelo lugar de classe que ocupava.A entidade, os consumos, modos de vida, papeis e hábitos. O lugar do indivíduo na sociedade era-lhe dado pela sua posição de classe.Acontece que a partir dos anos 60, começa-se a notar uma importante modificação na estrutura de classes, transformação dos lugares de classe. Crise da classe operária, começa a minguar em termos numéricos, começa a alterar-se o sentido de classe.As mudanças tecnológicas, a crise petrolífera, a globalização, o paulatino triunfo da ideologia neo – liberal – o único possível ao desenvolvimento da industria.

Declínio da Classe Operária As inovações técnicas conduzem a um aumento da produtividade, logo, não é necessário um número muito elevado de operários. A globalização, a deslocação das empresas para países onde a mão – de – obra é mais barata, crise petrolífera de 1973 – final do período de prosperidade económica mais longo – fordismo, consumo generalizado – termina de forma abrupta – aumento da inflação, aumento do desemprego, falências.

Explica que a classe operária deixe de ser a classe mais numerosa. Ao mesmo tempo, que perde força, assiste-se a um crescimento das classes médias.

Os mesmos fenómenos que explicam o declínio da classe operária, são em grande parte, responsáveis pela criação de novos lugares de classe nas classes médias. Por exemplo, as modificações tecnológicas levam numa primeira fase, ao aparecimento de uma panóplia de profissões associadas a novas tecnologias e novas necessidades sociais.

Na sociedade industrial, era a classe operária a mais importante. Ganhou consciência de classe e lutou pelos seus interesses.Relação entre indivíduo e a sociedade. União entre actores e o sistema. Classe de pertença influência os indivíduos. Classes funcionavam como comunidades. Há uma fronteira entre as classes.

As classes eram “mundos” e a posição de classe podia afigurar-se como a variável mais fortemente susceptível de explicar a acção e as práticas.

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As classes esbatem-se, mas surgem novas formas de desigualdades sociais, se bem que essas formas estavam “escondidas” pelas grandes clivagens entre as classes.

- Diferenças de género, nunca foram tão pequenas e tão importantes.

A identidade social não era muito importante na sociedade industrial, porque era um dado em função da origem social dos indivíduos.As instituições forneciam aos indivíduos os elementos identitários que eles precisavam para se construírem enquanto indivíduos.Actualmente as instituições já não funcionam de forma harmoniosa. Os indivíduos recebem informações contraditórias das várias instituições com que se relacionam.

Processo de Individualização da Sociedade Moderna

Característica da sociedade pós – moderna, com acepções negativas e positivas.

Características do Individualismo Actual- Perda de referentes; as instituições que enquadravam o indivíduo na sociedade deixam de desempenhar o mesmo papel; deixam de produzir referências.A partir do mundo do trabalho, é contagiado a sociedade o culto de desempenho. Busca individual da excelência. Fazer sempre mais e melhor invadiu a esfera social e particular. Vem do mundo do trabalho, das empresas, a busca do “defeito _____?”. Estratégias que as empresas desenvolvem, para reduzir os custos. Lógica que sai da esfera laboral e contagia a sociedade.

- Os valores da nossa sociedade, colocam grande ênfase no desempenho, na liberdade dos indivíduos.- O culto do indivíduo. Tudo se relaciona com a dificuldade em encontrar referentes que davam sentido á vida dos indivíduos.

- Passa-se de uma situação em que as instituições e os seus valores eram algo transcendentes, para uma situação em que elas são percebidas como co – produções sociais.

Realidades – transcendentes eram inquestionáveis, _________? como algo ______?.

Actualmente, temos a noção que são construções mais ou menos arbitrárias. Somos “testemunhos” das contradições entre instituições.

Processo de individualização do ponto de vista positivo e negativo

Positivo: mais respeito pelo indivíduo, necessidades dos indivíduos, respeito pelos direitos humanos.

Negativo: transformação das questões que são problemas sociais, em problemas individuais.Desigualdades sociais são injustas. Noção disto ajudava os indivíduos a suportar uma posição social subordinada, esvai-se, deixando aos indivíduos um único culpado da sua situação (ele próprio), quando na realidade, as suas condições de vida derivam do

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contexto social onde se inserem. Quem é mais afectado pelos efeitos negativos dos processos de individualização? Os mais pobres, os que se encontram abaixo na escala social.

Modos de vida, pertenças em função das classes médias aumentam de tamanho, muito embora nos últimos anos. Criação de novos lugares de classes até que ponto é positivo?Questão de unidade do actor com o sistema passa por uma certa ideia de falência do conceito de sociedade.Conjunto de produções sociais que concorrem parte que o indivíduo tenha de procurar o que lhe interessa.

Identidade vai - se paulatinamente tornando central no tempo em que vivemos, porque deixa de ser um dado para se tornar uma transformação, porque os indivíduos precisam conciliar papeis distintos.Esforço de construção de identidade. Trabalho de construção de si.

A sociedade exige cada vez mais que nos construamos a nós próprios como sujeitos, mas nem todos temos os mesmos recursos para fazer. Este exercício pode ser excessivo, não estar ao alcance daqueles que têm menos recursos, além disso, o processo de individualização, faz desvanecer a perspectiva societal das coisas, tornando como único responsável de um eventual falhanço na construção de si, ele próprio.

Portugal

Modificações na sociedade portuguesa, neste último século, mudança desde os anos 60? Porque os anos 60? Emigração.A partir dos anos 60 dá-se a industrialização do país.Estado Providência, industrialização, conquistas de Abril e mudanças sociais.

Mudança nos costumes também tem a ver com o nível demográfico.Movimentos migratórios – emigração. Migrações internas e recentemente emigração. Reorganização do território em direcção ao litoral e em direcção às cidades maiores.Hipertrofia: Lisboa em relação ao país.Migrações internas - êxodo rural significa que boa parte dos habitantes do espaço rural, emigraram em direcção às grandes cidades como Lisboa e Porto.Migrações pendulares que se referem entre o conselho limite e o posto de trabalho que esta no concelho mais central. Dicotomias que estruturam o território português: Litoral / Interior; Lisboa / Porto e o resto do país.Aprofundar de assimetrias, tem fundamentos económicos, saem dos espaços rurais à procura de emprego. Não se investe nos espaços rurais, porque não há lá pessoas.Lisboa cresceu bastante mais que o resto do país.Emigração, outra grande componente do êxodo rural.Portugal até cerca dos anos 30 era um país onde se emigrava principalmente para o Brasil.A partir dos anos 60, a emigração intensifica-se bastante e dirigiu-se sobretudo à França, mas também Alemanha, estados Unidos, Luxemburgo.Nos anos 60, a população no país, diminuiu apesar da elevada taxa de natalidade.Do Brasil, as pessoas raramente voltavam e quando voltavam eram poucos.A parir dos anos 60 e emigração europeia é mais próxima e reduzia a distância / custo e distância / tempo.

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A exposição dos residentes do país a outras culturas, torna-se frequente, o que levou à comparação com a sua situação – adesão a formas de fazer as casas, hábitos e valores provenientes de outros países.

Serviços militar obrigatório, guerra colonial, obriga uma grande parte dos jovens a circular pelo país.Impacto nos valores, nas aspirações e modos de vida das populações.A partir de 73, dá-se algo que tem impacto na emigração portuguesa – choque petrolífero, reduz-se o apelo à emigração.

Guerra colonial – razão de fuga de muitas pessoas.