Upload
franciele-fernandes
View
101
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Sofrimento Psiquico de Eletricistas Multitarefa: um estudo de caso
Citation preview
FUNDAÇÃO ESCOLA TÉCNICA LIBERATO SALZANO VIEIRA DA CUNHA
SOFRIMENTO PSÍQUICO DE ELETRICISTAS MULTITAREFA: UM ESTUDO DE
CASO
FRANCIELE FERNANDES
ORIENTADOR: JORGE LUIZ FERREIRA
COORIENTADORA: MARIANE BRAATZ KOGLER
Novo Hamburgo, outubro de 2011.
26ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA -
MOSTRATEC
RELATÓRIO GERAL DA PESQUISA
Categoria: PESQUISA CIENTÍFICA
Área: CIÊNCIAS SOCIAIS, COMPORTAMENTO E ARTE
Título da Pesquisa: SOFRIMENTO PSÍQUICO DE ELETRICISTAS
MULTITAREFA: UM ESTUDO DE CASO
Componente(s):
1º Franciele Fernandes série 4º Idade 18
Orientador: Jorge LuizFerreira
Coorientadora: Mariane Braatz Kogler
Instituição: Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha
Cidade: Novo HamburgoEstado: Rio Grande do Sul País: Brasil
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, fonte de toda sabedoria e inspiração, por ter
me dado força e perseverança para levar adiante esse trabalho desafiador.
Agradeço aos meus pais, Jorge e Lurdes Fernandes, que sempre me
incentivaram, mantiveram a paciência, deram muito afeto e colo, principalmente nos
momentos difíceis.
Ao Leandro Legramanti Ody, que sempre aceitou revisar todas as etapas
desse trabalho, apontando o que estava errado e as melhores formas para expor
minhas ideias.
Um agradecimento especial a Daniela Müller, que deu uma enorme
contribuição, enriquecendo o trabalho de uma maneira inexplicável.
Aos meus orientadores, Jorge Ferreira e Mariane Kogler, que sempre
estiveram dispostos a me ajudar e a orientar, sempre com seriedade e sinceridade.
Aos trabalhadores que se dispuseram a participar da pesquisa, bem como às
chefias, que permitiram chegar até esses trabalhadores.
A todos que participaram de maneira direta ou indireta para a conclusão deste
trabalho, incentivando, propondo ideias e melhorias que enriqueceram o trabalho.
RESUMO
Os trabalhadores que atuam como eletricistas multitarefa convivem sob
pressão por parte do empregador e dos consumidores, riscos causados pelo
trabalho em eletricidade, elevando a possibilidade de apresentarem o sofrimento
psíquico. O estresse está presente no dia a dia, consequência típica do mundo
moderno, e pode até ser saudável, mas quando ele é recorrente, traz grandes danos
à saúde. Quando ocorre um evento estressor há alterações nas funções orgânicas e
metabólicas, e aparecem sintomas fisiológicos, como dor de cabeça, dor no
estômago, e sintomas psicológicos, como ansiedade. Os eletricistas multitarefa
devem seguir as prescrições para a realização das tarefas que devem ser
executadas, mas caso haja uma precipitação ou esquecimento de algum
procedimento, pode haver o contato direto com tensões elevadas, colocando em
risco sua vida e de seus colegas. O Self-reporting Questionnaire (SRQ-20) é um
instrumento utilizado para analisar a prevalência de transtornos mentais comuns, e
já foi usado em profissionais da saúde, professores e outras categorias de
trabalhadores. Esse questionário foi aplicado em sessenta eletricistas multitarefa de
uma concessionária de energia elétrica durante uma palestra sobre segurança,
promovida semanalmente pela empresa, com supervisão das lideranças da empresa
e de uma psicóloga. Através de questionários e da observação da organização de
trabalho é possível identificar e prevenir esse sofrimento e assim propor medidas
para diminuir a carga psíquica desses trabalhadores, melhorando a qualidade de
vida deles e de suas famílias.
Palavras-chave: Eletricistas multitarefa. Sofrimento psíquico. Psicodinâmica do
trabalho. Self-Reporting Questionnaire.
ABSTRACT
Workers who act as multitasking electricians live under pressure from
employers and consumers, risks caused by work with electricity, raising the
possibility of presenting psychological distress. The stress is present in daily life,
typical consequence of the modern world, and can even be healthy, but when it
recurs, it brings great harm to health. When a stressor event happens, there are
changes on organ and metabolic functions, and physiological symptoms appear,
such as headache, stomach pain, and psychological symptoms like anxiety.
Multitasking electricians must follow the requirements for the tasks to be performed,
but if there is a precipitation or forgetfulness of some procedure, there may be direct
contact with high voltages, risking their lives and their colleagues. Self-Reporting
Questionnaire (SRQ-20) is an instrument used to analyze the prevalence of common
mental disorders, and has been used in health care workers, teachers and other
categories of workers. This questionnaire was applied in a multitasking sixty
electricians during a speech about safety, sponsored by the company every week,
under supervision of the company's leaders and a psychologist. Through
questionnaires and observation of work organization it`s possible to identify and
prevent the suffering and then propose measures to lessen the mental load of those
workers, improving the quality of their lives and their families.
Key-Words: Multitasking Electricians. Psychic suffering. Work of psychodynamic.
Self-Reporting Questionnaire.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1: Fluxograma das atividades ................................................................ 12
FIGURA 2: Nº de Acidentados Fatais Típicos por 100.000 Trabalhadores - Setor
Elétrico (empregados próprios) x Brasil ............................................................... 15
FIGURA 3: Sintomas somáticos – Geral .............................................................. 25
FIGURA 4: Decréscimo da energia vital – Geral ................................................. 25
FIGURA 5: Humor depressivo-ansioso – Geral.................................................... 26
FIGURA 6: Pensamentos depressivos – Geral.................................................... 26
FIGURA 7: Sintomas somáticos – de 6 a 14 respostas afirmativas..................... 27
FIGURA 8: Humor depressivo-ansioso – de 6 a 14 respostas afirmativas.......... 27
FIGURA 9: Decréscimo da energia vital – de 6 a 14 respostas afirmativas........
28
FIGURA 10: Pensamentos depressivos– de 6 a 14 respostas afirmativas.......... 28
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 .............................................................................................................. 14
TABELA 2 .............................................................................................................. 14
TABELA 3: Nenhuma resposta afirmativa ............................................................. 23
TABELA 4: Uma resposta afirmativa...................................................................... 23
TABELA 5: De duas a quatro respostas afirmativas................................................... 24
TABELA 6: De 6 a 14 respostas afirmativas........................................................... 24
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9
1.1 Problema.......................................................................................................... 9
1.2 Justificativa..................................................................................................... 10
1.3 Hipótese........................................................................................................... 10
1.4Objetivos.......................................................................................................... 11
1.4.1 Objetivos gerais............................................................................................ 11
1.4.2 Objetivos específicos.................................................................................... 11
2 METODOLOGIA................................................................................................. 12
2.1 Referencial teórico......................................................................................... 12
2.1.1 Acidentes no setor elétrico brasileiro............................................................ 12
2.1.2 Organização Racional do Trabalho.............................................................. 17
2.1.2.1 Trabalho prescrito e trabalho real............................................................... 17
2.1.3 Doenças Silenciosas.................................................................................... 18
2.1.3.1 Estresse....................................................................................................... 18
2.1.3.2 Sintomas psicológicos mais comuns.......................................................... 18
2.1.3.3 Sintomas fisiológicos.................................................................................. 19
2.1.3.4 O alcoolismo pode ser um fator decorrente do estresse............................ 19
2.1.3.5 Fases do estresse...................................................................................... 19
2.1.4 Saúde psíquica e trabalho........................................................................... 20
2.2 Self-reporting Questionnaire (SRQ-20)........................................................ 21
3 RESULTADOS.................................................................................................. 23
4 CONCLUSÃO..................................................................................................... 29
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 30
ANEXOS................................................................................................................ 32
ANEXO A.............................................................................................................. 33
1 INTRODUÇÃO
A partir das observações dos acidentes típicos, do grau de treinamento e
disponibilidade dos meios preventivos previstos na NR-10, os quais, na maioria dos
casos, são inexplicavelmente esquecidos ou desconsiderados, este projeto teve
como motivação a investigação da influência do fator emocional e o estresse como
possível causa nos acidentes funcionais dos trabalhadores do setor elétrico
brasileiro e une áreas como segurança e psicodinâmica de Dejours e também
trabalhadores do setor elétrico brasileiro.
O estresse é uma reação natural do organismo e é uma consequência típica
do mundo moderno, mas a partir do momento que ele é recorrente pode trazer
danos à saúde física e mental.
Os trabalhadores que atuam em um ambiente estressante, devido à pressão
de tempo e produtividade, aumentando a probabilidade de apresentarem sofrimento
psíquico.
Identificar se há transtornos de humor entre os trabalhadores que atuam
como eletricistas multitarefa através de questionários, como o Self-Reporting
Questionnaire, e da observação do ambiente de trabalho possibilita sugerir
melhorias para a organização de trabalho e enfatizar as medidas já adotadas e que
são benéficas para a manutenção da saúde mental desses trabalhadores.
Este trabalho tem como objetivo chamar a atenção dos gestores de
empresas do setor elétrico para o cuidado com a saúde psíquica de seus
colaboradores, pois o estresse pode ser mais um fator de risco, e, ao adotar
medidas para a diminuição da carga psíquica, prevenir acidentes.
1.1 Problema
Há sofrimento psíquico entre os trabalhadores que atuam como eletricistas
multitarefa? O que pode ser feito para melhorar as condições psíquicas desses
trabalhadores?
1.2 Justificativa
O estresse é uma reação natural do organismo. É um conjunto de defesas
orgânicas contra qualquer forma de estímulo, e é uma consequência típica do
mundo moderno. Ele, por mobilizar o organismo, acaba causando sintomologias,
como o aumento de frequência cardíaca, irritação constante, entre outros.
Os riscos, a pressão constante em relação ao tempo e a produtividade com a
qual convivem, problemas ergonômicos, cargas horárias incompatíveis com as
limitações psicofisiológicas.
O sofrimento psíquico dá sinais, através da expressão verbal, do
comportamento neurótico, enfermidades psicossomáticas. Identificar e prevenir esse
sofrimento através de questionários, entrevistas e outros métodos são de suma
importância para melhorar a organização de trabalho, a vida desses trabalhadores e
consequentemente diminuir o índice de acidentes.
Esse trabalho servirá para comparar os resultados obtidos através do Self-
Reporting Questionnaire com outras categorias de trabalhadores.
Além disso, o projeto pode vir a incentivar alunos de cursos técnicos a
realizarem pesquisas com pessoas das áreas onde pretendem atuar, pois
aprenderam muito sobre o mercado onde estarão inseridos futuramente e
entenderam que, em todos os processos, mesmo em áreas tecnológicas, sempre há
pessoas envolvidas, que devem ser valorizadas, buscando melhorias das condições
de trabalho delas.
1.3 Hipótese
Os trabalhadores que atuam como eletricistas multitarefa convivem sob
pressão, riscos, intempéries do tempo e problemas ergonômicos, o que eleva a
possibilidade de apresentarem transtornos mentais e de humor, causado pelo
estresse. Através da observação e de mudanças na organização de trabalho é
possível melhorar as condições psíquicas desses trabalhadores.
1.4 Objetivos
1.4.1 Objetivos gerais
Mostrar que as empresas devem se preocupar em monitorar constantemente
alguns fatores indicativos de estresse como forma de prevenção de acidentes em
serviços elétricos.
Salientar ações que atuem de forma positiva na manutenção da saúde
psíquica desses trabalhadores, já realizadas pela organização de trabalho.
1.4.2 Objetivos específicos
Melhorar a organização de trabalho e consequentemente diminuir a carga
psíquica desses trabalhadores.
Sugerir o encaminhamento dos funcionários para profissionais da área da
saúde mental, caso seja necessário tratamento.
Chamar a atenção de psicólogos e médicos do trabalho para a realização de
estudos mais aprofundados nesse e em outras categorias de trabalhadores, que
convivem diariamente com riscos.
2 METODOLOGIA
A pesquisa foi iniciada no dia dois de março de 2011 e evoluiu conforme o
fluxograma que mostra os passos realizados durante este período.
FIGURA 1: Fluxograma das atividades.
Fonte: Cronograma de atividades
2.1 Referencial teórico
2.1.1Acidentes no setor elétrico brasileiro
Acidente de trabalho, segundo a Comissão Tripartite Permanente de
Negociação do Setor Elétrico no Estado de São Paulo – CPNSP – é todo
acontecimento inesperado ou imprevisto, que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa, que venha a provocar lesão corporal ou perturbação funcional,
causando perda ou redução temporária ou permanente da capacidade de trabalho,
ou ainda à morte.
As principais causas dos acidentes são programas de trabalho inadequados,
padrões inadequados do programa, ou ainda o não cumprimento dos padrões, e
podem gerar muitas ou poucas perdas.
Causas básicas são as razões de que ocorrem os atos e condições abaixo
do padrão. Esses fatores podem ser de ordem pessoal ou do ambiente de trabalho.
As causas imediatas são as circunstâncias que precedem imediatamente o
contato, podendo ser vistas ou sentidas, tais como atos abaixo dos padrões, ou
condições abaixo do padrão.
Já os acidentes são os contatos que poderiam causar uma lesão ou dano, e
geram perdas às pessoas, à propriedade, aos produtos, ao meio ambiente e aos
serviços.
Os custos gerados pelos acidentes são enormes, pois é preciso custear o
tratamento médico, pagar danos aos imóveis, aos equipamentos, produtos, pode
haver interrupção e atrasos de produção, gastos legais, enfim, uma grande perda
financeira.
O Protocolo de Notificação de acidentes do Trabalho Fatais, Graves e em
Crianças e Adolescentes (MINISTÉRIO DA SAUDE, 2006) define o acidente de
trabalho fatal e o grave:
“Acidente do trabalho fatal é aquele que leva ao óbito imediatamente após sua ocorrência ou que venha a ocorrer posteriormente, a qualquer momento, em ambiente hospitalar ou não, desde que a causa básica, intermediaria ou imediata da morte seja decorrente do acidente.”
“Acidente de trabalho mutilante é aquele que acarreta mutilações, física ou funcional, e o que leva ã lesão cuja natureza implique comprometimento extremamente sério, preocupante e que pode ter consequências nefastas ou fatais”.
Esse Protocolo considera ainda a necessidade da existência de pelo menos
um dos seguintes critérios objetivos, a fim de evitar interpretações subjetivas, para a
definição de acidente de trabalho grave, como por exemplo: necessidade de
tratamento em regime de internação hospitalar, incapacidade permanente para o
trabalho, enfermidade incurável, deformidade permanente, doenças agudas que
requeiram tratamento médico em que exista razão para acreditar que resulte de
exposição ao agente biológico, toxinas ou material infectado, entre outros.
Segundo o Relatório de Estatísticas de Acidentes do Setor Elétrico Brasileiro
(2010), houveram, em 2010, sete (7) acidentes fatais com empregados próprios das
empresas e setenta e cinco (75) com trabalhadores das empresas contratadas
(terceirizadas).
É possível analisar a frequência dos acidentes nesse setor, entre os anos de
1999 e 2010, através das tabelas abaixo:
TABELA 1
Fonte: Relatório de Estatísticas de Acidentes do Setor Elétrico Brasileiro – 2010
TABELA 2
Fonte: Relatório de Estatísticas de Acidentes do Setor Elétrico Brasileiro – 2010
O número de acidentes fatais típicos no setor elétrico em relação aos dados em nível
de Brasil de acidentes com outras categorias de trabalhadores é visivelmente elevado nos
anos de 1999 e 2002, e menor no ano de 2009, conforme o gráfico:
FIGURA 2: Nº de Acidentados Fatais Típicos por 100.000 Trabalhadores - Setor Elétrico (empregados próprios) x Brasil Fonte: Relatório de Estatísticas de Acidentes do Setor Elétrico Brasileiro – 2010
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (2008) que analisou um
acidente que ocorreu em um município do interior do Rio Grande do Sul, durante
intervenção para manutenção elétrica aérea, os fatores causais do acidente foram:
a) Pressão por produtividade: Permanente esforço devido à pressão de
tempo e produtividade. Isso acaba impactando ritmos, procedimentos, prática
e jornada de trabalho, refletindo negativamente na saúde e segurança no
trabalho;
b) Equipe numericamente insuficiente para a execução da atividade:
Realização de jornadas de trabalho incompatíveis com as limitações
psicofisiológicas, apontando a existência de um quadro restrito e insuficiente
de colaboradores para a demanda de trabalho;
c) Realização de horas extras: A empresa do acidente analisado submetia
o acidentado e outros trabalhadores a jornadas extraordinárias ilegais de
trabalho, entrando em conflito com o artigo “capult”, da CLT;
d) Exiguidade de intervalo entre jornadas: O acidentado e outros
trabalhadores foram submetidos a jornadas incompatíveis de com as
necessidades psicofisiológicas dos trabalhadores. No caso do acidentado, ele
chegou a realizar jornada na madrugada, após um dia cheio de trabalho,
conflitando com o artigo 66 da CLT;
e) Não concessão de repouso semanal: O Acidentado foi submetido a um
regime de trabalho que por muitas vezes não permitia o gozo do repouso
semanal, contribuindo assim para a geração de condição de estresse físico e
mental, e por consequência a redução do estado de vigília do acidentado e de
seus colegas;
f) Atuação em condições psíquicas e/ou cognitivas inadequadas: O
trabalho foi realizado sob pressão de tempo e produtividade, que em conjunto
com a fadiga e redução do estado de vigília, justifica comportamentos e
eventuais ações de e/ou omissões dos trabalhadores, conflitando com os
artigos 59, 66 e 67, “caput” da CLT.
g) Falta de aterramento elétrico: A não execução dos procedimentos
referentes ao aterramento elétrico primário da rede foi um importante fator
causal do acidente, porém deve ser contextualizada. O sistema de
aterramento disponibilizado pela empresa havia sido recentemente alterado,
mostrando deficiências no processo de treinamento para uso eficaz do
dispositivo.
A análise desta análise do MTE teve como conclusão que os fatores que
ocasionaram o acidente forem decorrentes, em quase sua totalidade, decorrentes de
atos ou omissões da empresa, como o não cumprimento de preceitos básicos de
segurança e saúde, que constam na legislação vigente, especialmente das NRs 10 e
17, do próprio MTE.
2.1.2 Organização Racional do Trabalho
Frederick Taylor propôs drásticas mudanças na organização de trabalho ao
substituir métodos empíricos e rudimentares por métodos científicos, que recebeu o
nome de organização racional do trabalho.
Essa organização buscava a eficiência e se fundamenta na análise do
trabalho e estudos dos movimentos, estudo da fadiga humana, divisão e
especialização do operário, desenho de cargos e tarefas, incentivos salariais e
prêmios de produção, o conceito do homo economicus, condições ambientais de
trabalho (ergonomia), padronização de métodos e de máquinas, e supervisão
funcional (CHIAVENATO, 2004).
O conceito de homo economicus, ou homem econômico, na visão de Taylor
não se limitava a ver o homem como um empregado por dinheiro, via o operário
como um indivíduo limitado e mesquinho, culpado pela vadiagem e pelo desperdício
das empresas e que deveria ser controlado por meio do tempo padrão e trabalho
racionalizado.
Os discípulos de Taylor, os engenheiros da Administração Científica,
preocupavam-se com as condições de trabalho, onde deveria haver adequações de
instrumentos e ferramentas, arranjos no maquinário e nos equipamentos, melhorias
do ambiente, como ventilação, iluminação, e projeto de instrumentos e
equipamentos especiais para cargos específicos, tudo isso para minimizar o esforço
do operador, a perda de tempo e consequentemente a eficiência do trabalhador.
Com a implantação da Organização Científica do Trabalho os operários
deveriam seguir as prescrições feitas pela gerência, assim, o conhecimento e a
liberdade que os trabalhadores tinham, foi expropriado, isso consequentemente
modificou a relação entre trabalho e operário, gerando alguns problemas.
2.1.2.1 Trabalho prescrito e trabalho real
Na década de 80 a ergonomia francesa fez uma distinção entre trabalho
prescrito e o trabalho real (MERLO, 2005), mostrando o modo como os
trabalhadores lidam com a distância entre eles e a importância da subjetividade do
trabalho.
O trabalho prescrito são os passos que devem ser seguidos para a
realização de uma determinada tarefa, ou seja, aquilo que deve ser feito. Porém os
trabalhadores, no dia-a-dia convivem com lacunas nas prescrições, ou seja, não
contemplam todas as situações, dando espaço para o trabalho real.
O trabalho real permite que o trabalhador use sua inteligência, improvise, e é
responsável pela manutenção da qualidade e de produtividade, essenciais para a
conservação da sua saúde mental.
2.1.3 Doenças Silenciosas
A doença, ou sofrimento mental é diferente de outras doenças. São dores
silenciosas e invisíveis, e que estão diretamente relacionadas às condições sociais.
Esse sofrimento psicológico é discriminado e a culpabilidade acaba
acarretando a dificuldade em reconhecer que o adoecimento psíquico está
relacionado ao trabalho (CEREST, 2009).
2.1.3.1 Estresse
Segundo a psicóloga Daniela Muller, do Laboratório de Psicodinâmica do
Trabalho da UFRGS, o estresse ou sofrimento psíquico, como é conhecido na
psicologia, é uma reação do organismo onde o corpo se prepara para responder a
um evento estressor. Ele pode ser saudável, podendo te proteger e prever o que
pode acontecer, mas a partir do momento que ele é recorrente, com grande
intensidade, isso pode trazer danos à saúde.
2.1.3.2 Sintomas psicológicos mais comuns
Os sintomas psicológicos que podem aparecer são a fadiga intelectual, o
transtorno na resposta sexual, dores em diversos pontos do corpo que logo
desaparecem, alterações de ânimo e de caráter como irritabilidade, o nervosismo, a
ansiedade, angústia, tristeza ou ainda relações familiares difíceis e conflitantes
GUILLÉN (1988).
2.1.3.3 Sintomas fisiológicos
Além dos sintomas psicológicos, há também os transtornos psicossomáticos,
como dores de cabeça, taquicardia, diarreias, alterações na pele, alterações do sono
entre outros.
2.1.3.4 O alcoolismo pode ser um fator decorrente do estresse
O alcoolismo nada mais é do que uma válvula de escape ou defesa
individual, assim como a depressão. É quando o estresse é tão grande que se busca
fugir do problema. É uma saída em direção a uma decadência mais rápida e a um
destino somático e mental grave, condenada pelo grupo social (DEJOURS, 1992).
2.1.3.5 Fases do Estresse
Segundo Hans Seyle (1936), o estresse é caracterizado por três fases:
1ª fase: Adaptação
Há alteração das funções orgânicas e metabólicas, causada pela
mobilização para enfrentar o estresse. Sintomas como, aumento da frequência
cardíaca e respiratória, mãos frias e suadas, desaparecem caso o problema for
resolvido.
2ª fase: Resistência
O organismo tenta adaptar-se à realidade momentânea, alterando
todos os níveis de funcionamento. Sintomas como aftas, alergias, problemas
respiratórios, perda de cabelo, impotência sexual, retração social, irritação
constante, que levam à terceira fase.
3ª fase: Exaustão
O organismo não supera a ameaça e esgotaram seus recursos
fisiológicos, causando casos graves, como hipertensão, gastrite, infarto, ulcera e
entre outros.
2.1.4 Saúde psíquica e trabalho
O controle do estresse ocupacional tornou-se uma preocupação para os
gestores, pois há prejuízos à produtividade em decorrência de doenças relacionadas
ao estresse. Porém essa preocupação dos gestores com o controle do estresse está
relacionado ao interesse da produção e não à saúde do trabalhador.
O aumento do estresse é resultado da organização de trabalho pautada nos
valores da produção ligados à organização flexível do capital (MERLO, 2005).
Sendo assim a preocupação dos gestores com o estresse ocupacional é um
paradoxo: ao mesmo tempo em que reconhecem que esse é necessário para
manter a produção, quando ultrapassa determinado limite, torna-se uma fonte de
preocupação por comprometer a referida produção (MENDES, 2003).
Segundo Gramsci (1978), novos métodos de trabalho são inseparáveis de
um novo modo de viver, pensar e sentir a vida.
Dejours (1992) afirma que o medo está presente em todos os tipos de
ocupações, e o risco é sempre coletivo, na maioria das situações onde vários
trabalhadores estão envolvidos em uma mesma tarefa.
Dentro das empresas, ainda segundo Dejours (1992) tudo lembra o fato de
que um acidente pode ocorrer a qualquer momento, através de capacetes, luvas,
cartazes, sinais luminosos, para estimular a atenção dos trabalhadores através do
medo. Quando ocorrem acidentes, confirma-se o risco, gerando uma ansiedade
específica sobre os demais trabalhadores e eles não gostam de serem lembrados
disto.
Contra esse medo e ansiedade individualmente e/ou coletivamente os
trabalhadores elaboram defesas, que quando são eficazes não é possível encontrar
nenhum traço de medo no discurso, pois estas mascaram, escondem o medo.
As defesas coletivas são possíveis quando trabalhadores fazem parte de
uma equipe durante um longo período.
Individualmente cada trabalhador defende-se contra os efeitos penosos da
organização onde estão inseridos, partindo para as válvulas de escapes, como o
álcool, a depressão, a violência, entre outros.
Como dito acima, quando as defesas são eficazes não é perceptível durante
uma conversa, por exemplo, mas para que haja a corroboração da existência do
medo é necessário analisar se há, por exemplo, problemas de sono, consumo de
medicamentos psicotrópicos, entre outros.
O medo tem sua origem relacionada à degradação do funcionamento mental
e do equilíbrio psicoafetivo, além do medo referente à degradação do organismo,
vinculado diretamente às más condições de trabalho. Isso acaba afetando a relação
entre colegas e manifesta-se através de violência, discriminação, suspeição ou
ainda através da violência.
2.2 Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20)
O SRQ está recomendado pela OMS para estudos comunitários e em
atenção básica à saúde, principalmente nos países em desenvolvimento, como o
Brasil, pelo baixo custo de rastreamento.
O SRQ-20, versão com 20 sobre sintomas psicossomáticos, vem sendo
utilizado em vários países de culturas diferentes para rastreamento de transtornos
não psicóticos. É importante ressaltar que ele é um instrumento para rastreamento,
e não diagnóstico.
O SRQ já foi composto por 30 questões:
- 20 sobre sintomas psicossomáticos para rastreamento de transtornos não-
psicóticos;
- 4 para rastreamento de transtornos psicóticos;
- 1 para rastreamento de convulsões do tipo tônico-clônica; e
- 5 questões para rastreamento de transtorno por uso de álcool.
O rastreamento de psicose por instrumentos auto respondidos apresenta
baixa sensibilidade, logo as quatro questões caíram em desuso. O mesmo ocorreu
com as questões sobre convulsões.
Passados mais de vinte anos desde a validação do SRQ-20, os mesmos
parâmetros têm sido utilizados, apesar dos avanços no diagnóstico psiquiátrico.
Esse instrumento é estruturado em quatro partes:
- Sintomas Somáticos: Dor de cabeça, má digestão, insônia, falta de apetite,
entre outros;
- Decréscimo de Energia vital: Cansaço, dificuldade na realização de tarefas,
entre outros.
- Humor Depressivo-ansioso : Ansiedade, tristeza, entre outros.
- Pensamentos Depressivos: Vontade de acabar com a vida, sentimento de
inutilidade, perda de interesse.
O ponto de corte que identifica a prevalência de TMC é de seis respostas
afirmativas para homens (SILVA et al).
A aplicação do questionário foi feito em eletricistas multitarefa de um
concessionaria de energia, no dia 28 de setembro de 2011, na cidade de Novo
Hamburgo, com 40 colaboradores, em uma palestra que ocorre semanalmente, para
troca de informações e procedimentos de segurança das lideranças e dos
colaboradores.
O sigilo é mantido para todos os colaboradores que participaram do estudo.
Cada participante da pesquisa, juntamente com o SRQ-20, responderam a um
questionário sócio demográfico (anexo A), informando a sua idade, escolaridade, se
é ou não terceirizado, tempo de vínculo empregatício e carga horária semanal.
Segundo a psicóloga Daniela Müller (2011), caso a alternativa número 17:
“Tem tido ideia de acabar com a vida?” fosse respondida “Sim” seria necessário
entrar em contato com a empresa, juntar a equipe de colaboradores, expor a
situação e caso o colaborador quisesse, encaminha-lo para profissionais da área
competentes para tratamento.
3 RESULTADOS
A prevalência de sofrimento psíquico é definida quando seis questões do Self-
Reporting Questionnaire (SRQ-20) são respondidas afirmativamente.
Os aspectos sócio demográficos devem ser levados em consideração,
principalmente o tempo de vínculo empregatício. Abaixo segue a configuração da
população:
Tabela 3: Nenhuma resposta afirmativa
Fonte: Questionário sócio demográfico.
Tabela 4: Uma resposta afirmativa
Fonte: Questionário sócio demográfico.
Tabela 5: De duas a quatro respostas afirmativas
Fonte: Questionário sócio demográfico.
Tabela 6: De 6 a 14 respostas afirmativas
Fonte: Questionário sócio demográfico.
Dos 40 eletricistas multitarefa que participaram da pesquisa, 45% têm vinculo
empregatício no período de 6 meses a 1 ano. Neste grupo, 20% não responderam
nenhuma questão afirmativa.
Essa pesquisa mostrou que 17,5% dos trabalhadores que responderam aos
questionários apresentaram sofrimento psíquico, ou Transtornos Mentais Comuns. É
notável que aqueles que apresentaram sofrimento psíquico possuem uma carga
horária elevada, uma média de 60 horas semanais.
A partir da estrutura de sintomas do SRQ-20, observou-se que o fator mais
expressivo foi correspondente aos sintomas somáticos. A afirmativa mais assinalada
foi “Dorme mal”, com 27,5% de respostas positivas. Em seguida estão “Você tem
dores de cabeça frequentes”, com 22,5%, “Sente-se nervoso (a), tenso (a) ou
preocupado (a)” e “Tem se sentido triste ultimamente”, ambas com 17,5% de
respostas afirmativas.
FIGURA 3: Sintomas somáticos – Geral.Fonte: Pesquisa em 40 eletricistas multitarefa
FIGURA 4: Decréscimo da energia vital – Geral.Fonte: Pesquisa em 40 eletricistas multitarefa
FIGURA 5: Humor depressivo-ansioso – Geral.
Fonte: Pesquisa em 40 eletricistas multitarefa
FIGURA 6: Pensamentos depressivos – Geral. Fonte: Pesquisa em 40 eletricistas multitarefa
Entre aqueles que apresentaram sofrimento psíquico todos apresentam sintomas somáticos como dormir mal e ter sensações desagradáveis no estômago.
FIGURA 7: Sintomas somáticos – de 6 a 14 respostas afirmativas.Fonte: Pesquisa em 40 eletricistas multitarefa
A grande maioria respondeu que sentem-se nervoso, tenso ou preocupado e
que se sentem tristes ultimamente.
FIGURA 8: Humor depressivo-ansioso – de 6 a 14 respostas afirmativas.Fonte: Pesquisa em 40 eletricistas multitarefa
Em relação ao decréscimo da energia vital, 80% dos participantes sentem-se
cansados o tempo todo, e 60% se cansa com facilidade.
FIGURA 9: Decréscimo da energia vital – de 6 a 14 respostas afirmativas.Fonte: Pesquisa em 40 eletricistas multitarefa
Os pensamentos depressivos são menos frequentes, atingindo 40% dos
pesquisados, que responderam estarem perdendo o interesse pelas coisas e
sentem-se incapazes de desempenharem um papel útil em suas vidas.
FIGURA 10: Pensamentos depressivos– de 6 a 14 respostas afirmativas.Fonte: Pesquisa em 40 eletricistas multitarefa
4 CONCLUSÃO
A prevalência global de transtornos mentais comuns entre os eletricistas
multitarefa estudados é muito próxima ao índice encontrado entre os trabalhadores
da enfermagem, estudados por SILVA et al (2008), que foi de 23,6%. É um índice
alto, mas que ainda pode ser maior se for levado em consideração alguns fatores. A
pesquisa foi realizada dentro da própria empresa, com a supervisão das chefias, o
que pode ter inibido alguns trabalhadores, mesmo sendo exposto o fato de que não
haveria identificação e que a empresa não teria acesso aos questionários. É
importante ressaltar a importância de uma metodologia adequada para a aplicação
desse tipo de questionário, para isso o trabalho deve ser realizado com um numero
maior de trabalhadores desse setor, abrangendo colaboradores próprios e
terceirizados. Estudos como esse devem ser realizados fora das empresas,
preferencialmente, ou pelo menos sem a supervisão ou intervenção das chefias.
Aqueles que apresentaram sofrimento psíquico trabalham 60 horas ou mais,
evidenciando um fator muitas vezes citado por aqueles que trabalham ou já
trabalharam nesse setor: a sobrecarga de trabalho. Segundo o MTE foi esse foi um
dos fatores responsáveis pelo acidente ocorrido em 2004. Desde lá, parece que
ainda não foi possível estabelecer uma boa relação entre o numero de trabalhadores
versus a demanda de trabalho. É importante que as empresas tomem conhecimento
dos perigos das jornadas incompatíveis com as necessidades psicofisiológicas.
Medidas como contratação de mais colaboradores, remanejamento de pessoal, são
alguns atenuantes, porém não resolvem o problema completamente.
Outro fator importante é em relação à idade, o tempo de vínculo empregatício
e a carga horária. A maioria, 45% dos trabalhadores estudados, estão na empresa
de 6 meses a ano, isso está diretamente relacionado aos resultados obtidos com a
aplicação do SRQ-20, pois 20% desses trabalhadores não responderam a nenhuma
questão afirmativa (conforme tabela 3).
As defesas coletivas e individuais citadas por DEJOURS (1992) também
devem ser levadas em conta. Eles podem não respondendo os questionários de
modo sincero, devido às defesas, mascarando o medo.
A organização onde foi realizada a pesquisa tem também alguns pontos
positivos. Esses trabalhadores têm que seguir os procedimentos prescritos pela
empresa, porém estes não são muito detalhados, o trabalhador pode executar uma
determinada tarefa a sua maneira, pois não há uma rigidez de procedimentos,
abrindo espaço para a subjetividade e inteligência desse trabalhador. Segundo
Dejours esse espaço é responsável pela manutenção da saúde psíquica.
Para melhorar as condições psíquicas desses trabalhadores é preciso que as
empresas adotem e programem algumas medidas atenuantes, por exemplo,
esportes, como o futebol, que possibilita que o trabalhador extravase seu estresse
de maneira saudável.
Outra medida interessante é a educação continuada, onde a empresa
disponibiliza um período para que o trabalhador continue e conclua seus estudos
dentro da própria empresa. Isso possibilita que o trabalhador se sinta valorizado,
pois pode ser uma forma dele evoluir dentro da empresa, sentir-se útil e que pode
mudar sua própria realidade.
Realizar seus próprios projetos, como aprender a tocar um instrumento, por
exemplo, ou outra coisa de seu interesse é outra forma de diminuir o sofrimento
psíquico. Porém cabe às empresas realizarem pesquisas para saber quais
atividades são do interesse de seus colaboradores.
As empresas que incorporarem melhorias na saúde e na segurança nos seus
processos de gestão podem receber certificações, como a OHSAS 18001. Essa
certificação é dada quando a organização mantém alguns procedimentos, como
treinamentos, conscientização de riscos, comunicação aberta entre a chefia e os
colaboradores, investigação dos acidentes ou incidentes que ocorrem, medidas
preventivas e corretivas para que esses acidentes/incidentes não ocorram, entre
outros. Essa certificação traz grandes benefícios para a empresa e para os
empregados, agregando valor à imagem da empresa e melhorando algumas
condições de trabalho de seus colaboradores.
É importante que estudos busquem indicativos de estresse de fácil acesso.
Uma alternativa que deve ser analisada e aprofundada é sobre a utilização da voz,
mais especificamente a frequência fundamental da voz, como indicador. A
frequência fundamental, segundo Protopapas & Lieberman (1997), carrega
informações emocionais, independente do conteúdo verbal de uma expressão
verbal. A criação ou a utilização de um programa de computador que possibilitasse
identificar, de maneira fácil e rápida, o nível de estresse é interessante para essas e
outras categorias de trabalhadores, pois poderia ser feita antes deles irem a campo,
de forma rotineira, a fim de monitorar, impedir que o trabalhador saia, casa esteja
estressado, para realizar suas tarefas, e talvez diminuir os índices de acidentes.
Para que estudos como esse possam ser realizados, possibilitando que
melhorias sejam sugeridas e aderidas pelas empresas, devem ser disponibilizados
dados, estatísticas, por exemplo, estudos já realizados, como análises ergonômicas
ou estudos sobre as doenças típicas que acometem a categoria a ser estudada, e
ainda colaboradora e investimentos. Muitas empresas têm certas restrições e até
mesmo medo de expor algum problema dentro de sua organização, porém sem a
exposição do problema não é possível realizar estudos mais aprofundados, feito por
psicólogos, médicos do trabalho, para tentar resolver esse problema, permitindo
diminuir a carga psíquica, melhorar a vida desses trabalhadores e de suas famílias,
diminuir acidentes e consequentemente melhorar a produtividade e a qualidade dos
serviços prestados por eles.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Ricardo. OS SENTIDOS DO TRABALHO: Ensaio sobre afirmação e a negação do trabalho. p. 47-59.
BÁRBARO, A. M.; ROBAZZI, M. L. do C. C.; PEDRÃO, L. J.;CYRILLO, R. M. Z.; SUAZO, S. V. V.. Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho: revisão de literatura. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas. V. 5, nº. 2, art. 7. Escola de enfermagem de Ribeirão Preto. 2009. Disponível em <http://www2.eerp.usp.br/resmad/artigos/SMAD2009v5n2a07.pdf>
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul. Análises de acidentes do trabalho fatais no Rio Grande do Sul: a experiência da Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador – SEGUR. – Porto Alegre: Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul. Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador/SEGUR, 2008.
CEREST- Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador. Saúde Mental e Trabalho. 1ª Ed. Secretaria Municipal de Saúde- Porto Alegre: SMS, 2009.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7ª edição - Ed. Campus, 2004.
DEJOURS, C. A. Loucura do Trabalho- Estudo de Psicopatologia do Trabalho. 5 ed. SP: Cortez, 1992, 198p.
DEJOURS, C. A Metodologia em psicopatologia do trabalho. In: LANCMAN, S. eSZNELWAR, L. I. (Orgs). Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz; Brasília: Paralelo 15, 2004.
DEJOURS, C. A carga psíquica do trabalho. In: DEJOURS, C.; ABDOUCHELI, E.;JAYET, C. / Coordenação: Maria Irene Stocco Betiol. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.
FUNDACENTRO. Acidentes de origem elétrica. Disponível em: <www.fundacentro.gov.br/.../6%20Acidentes%20de%20origem%20elétrica%2005102005.ppt >. Acesso em mar. 2011
GUILLÉN, F. J. A. - Stress: aprender a vivir - Dialogos Educacionales, Valparaiso 11/12: 60-68, 1988.
LANCMAN, Selma; UCHIDA, Seiji. Trabalho e subjetividade: o olhar da Psicodinâmica do Trabalho. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho. v.6, p.79-90.
MENDES, A. M. B.; PAZ, V. C.; BARROS, P. C. da R. Estratégias de enfrentamento do sofrimento no trabalho bancário. Revista Estudos e Pesquisas em Psicologia. Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 59-72, 2003.
MERLO, Álvaro Roberto Crespo; LÁPIS, Naira Lime. A Saúde e os processos de trabalho no capitalismo: Algumas considerações. Boletim da Saúde. v.19. n. 1. Jan 2005.
MORAES, Rosângela Dutra. Prazer-sofrimento e Saúde no Trabalho com Automação: estudo com operadores em empresas japonesas no Pólo Industrial de Manaus Belém. Pará, 2008.
MÜLLER, Daniela. Estresse. São Leopoldo. 4 abr. 2011. Entrevista cedida à Franciele Fernandes.
PROTOPAPAS, A. & LIEBERMAN, P. - Fundamental frequency of fhonation and perceived emotional stress. J. Acoust. Soc. Am., 101 (4): 2267-77, 1997.
SEYLE, Hans. Fases do estresse In: JUNG, Carla Roseane. A voz e estresse. Porto Alegre: CEFAC - (Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica). 1999.
SILVA, J.L.L; MELLO, E.C.P; GRIEP, R. H; ROTEMBERG, L. Estresse, trabalho e ambiente: Prevalência de transtornos mentais comuns entre trabalhadores de enfermagem de um hospital federal no município do Rio de Janeiro. Fiocruz.
ANEXOS
ANEXO A
Informações sócio-demograficas:
Número do questionário:______
Idade:
Escolaridade: Superior incompleto ( )
Técnico Profissionalizante ( )
Ensino Médio ( )
Ensino Fundamental ( )
Terceirizado: ( ) Sim ( ) Não
Tempo de Vínculo empregatício:
( ) 6 meses a 1 ano;
( ) 2 a 5 anos;
( ) 5 a 10 anos;
( ) mais que 10 anos.
Carga horária semanal:
( ) 20 horas
( ) 40 horas
( ) 60 horas
( ) mais que 60 horas