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F E L I C I D A D E Como a ciência derrubou nossos mitos e fantasias Solange de Castro

Solange de Castro Mas é Martin Seligman que se notabiliza no campo da Psicologia Positiva. Seus dois livros, referenciados no final deste texto, são leituras obrigatórias para quem

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  • FELICIDADE

    Como a ciência derrubou

    nossos mitos e fantasias

    Solange de Castro

  • Epigrama n. 2

    És precária e veloz, Felicidade.

    Custas a vir e, quando vens, não te demoras.

    Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,

    e, para te medir, se inventaram as horas.

    Felicidade, és coisa estranha e dolorosa:

    Fizeste para sempre a vida ficar triste:

    Porque um dia se vê que as horas todas passam,

    e um tempo despovoado e profundo, persiste.

    Cecília Meireles

  • Mestre em Administração, pós-graduada em

    Administração de Recursos Humanos, MBA em

    Desenvolvimento do Potencial Humano, cursando

    Neurociência Aplicada às Organizações.

    Especialista em Dinâmica de Grupo, Desenvolvimento de

    Comunidades de Aprendizagem e Coaching com

    certificações internacionais.

    Professora de pós-graduação em diversas instituições de

    ensino em nível nacional lecionando matérias como:

    Recrutamento e Seleção, Liderança, Coaching, Dinâmica de Grupo,

    Desenvolvimento Humano.

    Por reconhecer a relevância das organizações para nossa sociedade, e do

    trabalho para o homem, seu objetivo é promover felicidade e produtividade às

    organizações, tendo o ser humano como centro dessa transformação.

    Em 30 anos de experiência em RH, atuou como técnica, gerente, empresária e

    professora dessa área. Desenvolveu projetos de consultoria, instrutoria e

    coaching em instituições públicas e privadas, ajudando as organizações a

    ajustarem suas culturas às novas exigências do homem integral.

    QUEM SOU EU

    Solange de Castro

  • PRA COMEÇO DE CONVERSA...

    Ao falar sobre felicidade, buscar a felicidade ou mesmo justificar a própriafelicidade (ou ausência dela), encontramos:

    ✓ questões de fé: “tudo depende da vontade de Deus ”...✓ Questões de opinião como “é impossível ser feliz no mundo em que

    vivemos”.✓ E questões controversas como “é mais fácil ser feliz com a conta bancária

    cheia...”.

    Mas além da crença, da opinião e das controvérsias, temos as questões quepodemos responder com certo grau de certeza, que são investigadas pormétodos de pesquisa e que nos são esclarecidas pelas evidências.

    Chamamos isso de c iência!

    A proposta aqui é justamente conversarmos sobre a ciência da felicidade, e

    descobrirmos o que as pesquisas e cientistas têm a nos ensinar sobre a

    Felicidade.

  • Que ciência é essa que fala de Felicidade?

    Felicidade é ter algo o que fazer, ter algo que amar e algo que esperar...

    Aristóteles

    Durante muito tempo as discussões sobre felicidade estiveram restritas ao mundo da

    Filosofia. E ainda hoje podemos nos encantar com suas reflexões.

    Mas você sabia que a psicologia sempre teve como missão “tornar a vida das pessoas maisfelizes, plenas e produtivas”?

    Após a Segunda Guerra Mundial, os psicólogos foram incentivados, preparados (e pagos) paracuidar dos soldados que voltavam para casa com graves problemas psicológicos. Formou-seentão um batalhão de profissionais craques em aliviar o sofrimento das pessoas, mas...

    acabar com o sofrimento de alguém é caminho para a felicidade?

    Você concorda que é possível:

    ✓ eliminar a depressão de alguém, mas não a tornar uma pessoa feliz?✓ Que podemos acabar com a ansiedade da pessoas, sem ensinar-lhes a ser otimistas?✓ Que uma pessoa pode voltar a trabalhar sem, no entanto, ser mais produtiva?

  • Quando a história começa a mudar

    “Se você planeja ser qualquer coisa menos do que aquilo que você é capaz, provavelmente

    você será infeliz todos os dias de sua vida.”Abraham Maslow

    Em 1954 Maslow (conhecido por sua teoria Motivacional

    da Hierarquia de Necessidades) já dizia que a psicologia

    “revelou muito sobre as falhas humanas, suas doenças,

    seus pecados, mas pouco sobre suas potencialidades,

    virtudes, aspirações e seu auge psicológico”.

    Foi Maslow quem apresentou ao mundo o termo

    Psicologia Positiva, e que hoje é a grande fonte de

    conhecimento científico sobre a felicidade!

    A Psicologia Positiva é a psicologia do que faz a vida valer a pena ser vivida. Suaprincipal proposta é medir, compreender e então construir forças e virtudeshumanas.

  • Mas é Martin Seligman que se notabiliza no

    campo da Psicologia Positiva. Seus dois livros,

    referenciados no final deste texto, são leituras

    obrigatórias para quem quer se aprofundar nesse

    tema.

    Ele lembrou ao mundo que a psicologia não é

    apenas o estudo da fraqueza e do dano, mas

    também da qualidade e da virtude. Tratar não

    significa consertar o que está com defeito, mas

    também cultivar o que temos de melhor.

    Seligman explicou que se lutarmos para reduzir nossos aspectos negativos,

    podemos até atingir a média, mas nunca seremos pessoas extraordinárias...

    E ele nos apresenta o seguinte conceito de felicidade:

    “Experiência de alegria, contentamento ou bem-estar, combinada a

    uma sensação de que a vida é boa, significativa e valiosa”.

  • MITOS SOBRE A FELICIDADE

    Você já pensou, ouviu ou falou que seria mais feliz se tivesse:

    ✓ Um relacionamento amoroso.✓ Um emprego melhor.✓ Um quarto extra.✓ Um cônjuge mais presente.✓ Um filho.✓ Uma aparência mais jovem.✓ Alívio da dor nas costas.✓ Alguns quilos a menos.✓ Cura para sua doença crônica.✓ Mais dinheiro.✓ Mais tempo.

    Pois saiba que nada disso lhe fará feliz. Na verdade, os itens acima trariam muitopouco impacto na sua felicidade.

    Lembre-se de que este texto é sobre a ciência da felicidade e não sobre opiniãoou fé, ok?

  • Veja abaixo outros mitos sobre a felicidade:

    1º) Algo a ser encontrado.

    O fato é que a felicidade não é um golpe de sorte ou coisa do destino. Esqueça a“busca pela felicidade”, pois ela não é algo que você vai “caçar”, “perseguir” nem“encontrar”.

    2º) É preciso mudar as circunstâncias da minha vida.

    Esse pensamento é chamado de “eu serei feliz SE......” ou “eu serei felizQUANDO....”.

    A lista de mitos que elenquei ali atrás são exemplos dessa crença de que nossafelicidade está condicionada a mudanças de circunstâncias da vida.

    3º) Você tem ou não tem.

    Sim, há um componente genético na felicidade, mas como veremos daqui apouco, é possível superar uma programação genética. Mas antes tenho umapergunta...

  • POR QUE SER FELIZ?

    Ser feliz parece ser o objetivo maior e último de todo serhumano. Tudo que fazemos, ou deixamos de fazer, é para sermosfelizes. Como diz Stefan Klein no livro A Fórmula da Felicidade: “afelicidade é um objetivo de vida e ao mesmo tempo umcaminho para uma existência melhor”.

  • ✓ Médicos que fazem diagnósticos com um estado de espírito positivo

    demonstram quase 3 vezes mais inteligência e criatividade, e chegam a

    diagnósticos precisos 19% mais rápido, do que os médicos em um estado de

    espírito neutro.

    ✓ Vendedores otimista fecham 56% mais vendas que seus colegas pessimistas.

    ✓ Estudantes preparados para se sentirem felizes antes de provas e testes

    apresentam um resultado muito melhor que seus colegas em estado de

    espírito neutro.

    ✓ CEOs felizes são 15% mais produtivos.

    ✓ Gestores felizes aumentam em 42% a satisfação do cliente.

    ✓ A angústia e o desânimo aumentam o risco de morte por infarto e embolia.

    ✓ A satisfação fortalece o sistema imunológico.

    Quer mais?

    Como minha intenção é explorar o que a ciência tem descoberto sobre afelicidade, eu vou responder a pergunta “por que ser feliz?” apresentando oresultado de algumas pesquisas.

  • Pois saiba que as pessoas felizes:

    Tudo isso acontece porque nosso cérebro é literalmente configurado para apresentar omelhor desempenho não quando está negativo, mas quando está positivo.

    ✓ Demonstram mais empatia.✓ São mais caridosas e colaborativas.✓ Pensam menos em si mesmas e mais no próximo.✓ Gostam mais dos outros.✓ Querem partilhar o que tem de bom, ainda que com estranhos.✓ São mais sociáveis.✓ São mais queridas pelos outros.✓ Se casam mais.✓ São mais flexíveis.✓ São mais produtivas no trabalho.✓ Ganham mais dinheiro.✓ São melhores chefes e negociadores.✓ São mais fortes e mais saudáveis.✓ Vivem mais.✓ Tem mais energia.✓ São mais criativas.✓ Sustentam mais os sentimentos de autoconfiança e autoestima.

  • Por isso, independentemente de questõesfilosóficas, religiosas, esotéricas, aconstrução da felicidade deveria ser umaprioridade para as famílias, escolas,organizações e governo, pois estácomprovado que ela traz uma infinidadede recompensas, não apenas para apessoa feliz, mas para sua família, local detrabalho, comunidade, sociedade e nação.

  • Não é objetivo deste material ser um compêndio acadêmico, mascomo professora, e sabendo que alguns alunos, coaches eprofissionais podem estar lendo isto, é importante fazer umesclarecimento conceitual.

    Em seu segundo livro (Florescer – uma novacompreensão sobre a natureza da felicidade edo bem-estar) Seligman explica por que o objeto(atenção! Não é objetivo) de investigação daPsicologia Positiva deixa de ser a Felicidade epassa a ser o Bem-estar.

    O entendimento é que o tema de estudo da Psicologia Positiva não éuma coisa real, e sim um constructo (no caso, o bem-estar), quepossui elementos mensuráveis, cada um deles (aí sim) uma coisa realque contribui para a formação do bem-estar, mas nenhum deles odefinindo.

    Abrindo um parênteses...

  • Na meteorologia, o “tempo” é um constructo. O tempo em si (assim como o

    bem-estar) não é uma coisa real, mas existem várias coisas reais que contribuem

    para “formar” o tempo: temperatura, umidade, velocidade do vento, pressão

    atmosférica etc. Cada um desses elementos é uma coisa mensurável (ao

    contrário do “tempo” em si), e são eles que nos indicam “como está o tempo”.

    Como resume Seligman “o bem-estar é exatamente como o ‘tempo’: nenhuma

    medida o define exaustivamente, mas diversas coisas contribuem para formá-lo;

    são os elementos do bem-estar, e cada um desses elementos é mensurável.”

    Os conceitos, princípios e práticas que apresentarei respeitam (como já disse) o

    que a ciência tem comprovado, mas usarei o termo bem-estar como sinônimo de

    felicidade, uma vez que isso não compromete o entendimento do tema.

    Complicado, né? Mas olha que legal a analogia que o próprio Seligman faz paranos ajudar a entender essa questão.

  • O QUE FAZ VOCÊ FELIZ?

    Se o tempo é definido por elementos como vento, pressão, altitude... quais são oselementos que definem o Bem-estar?

    Boa pergunta!

    Mas antes é preciso saber uma coisa:

    No início dos anos 2000, eram pouquíssimas as pesquisas sobre como as pessoasbuscavam a felicidade... na verdade, as próprias pessoas não sabiam dizer porque eramfelizes! Além disso, os psicólogos não acreditavam que era possível aumentar a felicidade,afinal, já se sabia que a felicidade era hereditária. Também já tínhamos pesquisassuficientes mostrando nossa incrível capacidade de adaptação a quaisquer circunstânciasda vida.

    Foi então que uma pesquisadora chamada SonjaLyubomirsky, inconformada que a felicidade não pudesseser aumentada (e com um cheque de 1 milhão de dólaresno bolso para tentar provar o contrário), saiu a campopara entender e mostrar as causas do bem-estar/felicidade.

  • Eis então a fórmula da felicidade que Sonja, Seligman e outros pesquisadoresnos apresentam.

    Nós vamos conversar sobre cada um desses percentuais, e quando chegarmosaos 40% (Atividade Intencional), você vai entender melhor quais são oselementos que compõem a felicidade (assim como a “meteorologia”).

  • A FÓRMULA DA FEL IC IDADEPonto decis ivo (genét ica) - 50%

    Isso quer dizer que não importa o tamanho da adversidade ou da alegria, docontratempo ou da vitória: todos nós temos um patamar para a felicidade, um potencialem torno do qual gravitamos, independentemente do que façamos, e para o qual somosobrigados a voltar.

    É isso mesmo... 50% da nossa felicidade é como nosso peso e o colesterol!

    Voltando para a analogia do peso, todo mundo tem aquela amiga que come de tudo, nãofaz atividade física, e mesmo assim é magérrima (e ainda reclama que não consegueengordar!). E sofremos com aquelas que passam a vida à alface e academia, mas nãoperdem mais do que 100 gramas por mês... assim também é a felicidade... para algumaspessoas atingir um nível 7 ou 8 de felicidade (em uma escala de 0 a 10) é muito maisdifícil do que para outras.

    Mas não se desespere, ainda temos 50% dessa pizza para conversar.

  • A FÓRMULA DA FEL IC IDADECircunstâncias - 10%

    Como a própria Sonja ressalta em seu livro, essa talvez seja a mais antiintuitiva dasdescobertas: apenas 10% da variação em nossos níveis de felicidade são explicados pelasdiferenças nas circunstâncias ou situações da vida. Mas é isso mesmo! Toda aquela lista quecoloquei lá atrás, no item “mitos”, tem pouquíssimo impacto em nossa felicidade. E quandoproduzem impacto, é de apenas 10%... além disso, quase sempre mudar as circunstâncias denossa vida é impossível, inconveniente ou muito caro...

    Esqueça nossa dificuldade de lidar com a mudança! A verdade é que nos adaptamosrapidinho às coisas boas da vida! Além disso, as expectativas sempre aumentam e novasnecessidades estão sempre surgindo (como já ensinava nosso amigo Maslow).

  • ✓ Em menos de 3 meses eventos importantes (como a demissão ou a promoção) perdemo impacto sobre a felicidade.

    ✓ Os ricos são apenas ligeiramente mais felizes do que os pobres.

    ✓ Os salários das nações aumentaram em meio século, mas o nível de satisfação com avida manteve-se estável (nos EUA caiu!).

    ✓ Mudanças recentes de salário impactam (por 3 meses), mas os salários médios não.

    ✓ A variação da felicidade por renda foi de 2% e pelo estado civil menos de 1%.

    ✓ A beleza física não tem efeito sobre a felicidade.

    Ninguém pensa em sua beleza ao responder se é mais feliz. Mas as evidênciasmostram que as pessoas mais felizes têm mais probabilidade de perceber tudosobre suas vidas (inclusive a aparência), de maneira mais positiva e otimista.

    ✓ Nível de escolaridade e de inteligência não influenciam na felicidade.

    ✓ O clima não influencia na felicidade.

    ✓ A saúde tem pouquíssima relação com a felicidade, a não ser uma doença grave.

    Veja algumas conclusões das pesquisas sobre esses 10% de nossa pizza:

    (Mas há acontecimentos, sim, de difícil adaptação, como a morte de um filho e pessoasque cuidam de parentes doentes.)

  • Mater ial ismo

    ✓ Além de não trazer felicidade o materialismo tem se revelado um forte prognóstico deinfelicidade.

    ✓ Ele ainda distrai as pessoas de aspectos mais importantes e alegres de suas vidas, comorelacionamento e amizades, aproveitamento do presente e colaboração com acomunidade.

    ✓ Os materialistas mantêm expectativas muito elevadas e irreais do que os bens materiaispodem fazer por eles.

    ✓ Mais do que o próprio dinheiro, o que influencia a felicidade é a importância que se dá aele.

    ✓ O materialismo parece ser contraproducente: em todas as faixas de rendimento, aquelesque valorizam mais o dinheiro do que outras metas estão menos satisfeitas com o queganham e com a vida como um todo.

    Abrindo um parênteses...

  • Mais a lgumas informações sobre os 10% das c i rcunstâncias

    Mas existem alguns fatores circunstanciais que impactam, sim, na felicidade. Resumindoentão o que já foi descoberto para você obter o máximo dos 10% de felicidade dessepedaço da pizza:

    1. Viva em uma democracia rica e não em uma ditadura pobre.2. Case-se.3. Evite eventos negativos e emoções negativas.4. Tenha uma rica rede social.5. Tenha uma religião.

    E não se preocupe em:

    1. Ganhar muito dinheiro.2. Manter-se saudável (a saúde objetiva não importa).3. Conseguir o máximo de instrução possível.4. Mudar de raça.5. Viver num lugar ensolarado.

    Eu sei que é difícil de acreditar que riqueza, beleza e até saúde só têm influência de curtoprazo e bastante limitada em nossa felicidade. Mas a boa notícia é que temos o poder deconstruí-la por nós mesmos! É aí que entram os 40% restantes de nossa Fórmula e ondeiremos nos concentrar a partir de agora.

  • A FÓRMULA DA FEL IC IDADEAtiv idade Intencional - 40%

    Fica fácil concluir que a chave não está em mudar nossa programação genética (aliás, sevocê souber como fazer isso, por favor me conte!), nem mesmo em mudar ascircunstâncias (o que exigiria muito esforço).

    Nosso desafio está em dedicar nossa energia, tempo, inteligência e esforço naquilo quefazemos INTENCIONALMENTE em nossas vidas e na forma como pensamos.

    Mas ainda resta uma pergunta... que tipo de comportamento e pensamentodistinguem as pessoas felizes das infelizes? Ou, voltando à pergunta queficou sem resposta lá atrás quando falávamos sobre o “tempo”: quais os elementosque compõem o bem-estar?

  • OS 5 ELEMENTOS DO BEM-ESTAR

    Seligman é quem melhor nos apresenta os cincoelementos que compõem o bem-estar (ou felicidade, sevocê preferir).

    1) Emoção positiva2) Engajamento3) Sentido4) Realização5) Relacionamentos positivos

    Vamos entender cada um desses elementos.

  • 1) Emoção positiva

    Além de uma sensação agradável,

    as emoções positivas são um sinal

    evidente de que está havendo

    crescimento, acúmulo de capital

    psicológico.

    Emoção Positiva é tudo aquilo de bom que sentimos, como prazer, entusiasmo,

    êxtase, calor, conforto e sensações afins. Ou como diz Seligman: É ter uma “vida

    agradável”.

    Como eu já comentei lá no item “por que ser feliz?” um estado emocional

    positivo é capaz de potencializar a ação de nosso cérebro e traz uma série de

    benefícios cognitivos, comportamentais, sociais e até econômicos.

  • ➢ Ligadas ao passado: satisfação, contentamento, realização, orgulho e serenidade.

    ➢ Ligadas ao presente: alegria, êxtase, calma, entusiasmo, animação, prazer e flow (maisimportante e que será detalhada no próximo item: Engajamento).

    ➢ Ligadas ao futuro: otimismo, esperança, fé e confiança.

    As emoções positivas podem ser:

    E quanto às emoções negativas?

    ➢ Medo - É sinal de perigo à espreita.

    ➢ Tristeza - Sinal de perda iminente.

    ➢ Raiva - Sinal de que alguém está tentando nos invadir.

    Como diz Seligman “as ameaças externas são todos jogos em que o ganho de umcompetidor é compensado por uma perda do oponente (...). Os nossos ancestrais quesentiram fortes emoções negativas quando perceberam a vida em jogo provavelmentelutaram e escaparam da melhor maneira possível, passando adiante seus genes. ”

    Mas a questão é a frequência que você as sente, por quanto tempo você as sente, e osmotivos pelos quais está sentindo... E tudo isso pode ser controlado!

    Existem técnicas para diminuir as emoções negativas e aumentar as positivas. Muitas dessas práticas são apresentadas em meus vídeos:

    https://www.youtube.com/c/Solangedecastro

  • Para falar de Engajamento precisamos conhecer um outro autor: Mihaly Csikszentmihalyi (quemconsegue pronunciar o nome dele já ganha dois pontos de felicidade!). É dele a grandecontribuição para esse elemento do Bem-Estar.

    Ao pesquisar sobre a arte em sua tese de doutorado,Csikszentmihalyi ficou impressionado como os artistas ficavamcompletamente envolvidos, concentrados e absortos enquantoestavam pintando ou esculpindo. Era como se eles estivessemem transe.

    Ele percebeu que o que mobilizava aquelas pessoas era o processo em si... e o termo escolhidopara descrever essa experiência (em que a própria atividade representa um fim em si mesma) foiFLOW. Na verdade, esse era o termo que os próprios entrevistados usavam para explicar porquededicavam tanto tempo e energia em atividades pelas quais não receberiam nenhum dinheiro,recompensa ou reconhecimento.

    Salvador Dalí pintandoEl rostro de la guerra, em 1941.

    Ele observou que nesse estado, muitos não tinham fome nemsono, pareciam não ficar cansados, e era como se não existeuma vida exterior acontecendo. Contudo, o mais interessante foiobservar que toda essa concentração não era pela recompensade um belo resultado (como as teorias psicológicas defendiamaté então). Era comum o artista largar o quadro pronto e jácomeçar um novo trabalho.

    2) Engajamento

  • ✓ Existem metas claras e a pessoa sabe o que precisa ser feito para chegar até elas.

    ✓ O feedback sobre o desempenho é imediato, ou seja, ele sabe se o que está fazendo estáaproximando-o da meta desejada, se está fazendo o que precisa ser feito.

    ✓ Alta concentração e atenção no que está sendo feito – a pessoa nem pensa no que fazer,simplesmente faz.

    ✓ Foco no presente e distorção da experiência temporal - o tempo parece acelerar, ficar maislento ou mesmo parar. Toda a atenção está no aqui e agora.

    ✓ Suspensão da autoconsciência/transcendência - suspende-se a fronteira entre o Eu e o Outro.Há uma fusão, um sentimento de união (o dançarino, com a música, com o palco, com aplateia...).

    ✓ A experiência é intrinsicamente compensadora (como já dito) e não precisa de nenhumarecompensa extrínseca.

    ✓ Há uma grande sensação (ou probabilidade) de controle - sobre as próprias ações, sobre asituação, sobre si mesmo.

    ✓ O desafio existe, mas a pessoa sabe que é capaz de superá-lo, que possui as habilidadesnecessárias para tal.

    Algumas variáveis caracterizam essa experiência:

    Desafio sem habilidade = ANSIEDADEHabilidade sem desafio = TÉDIO

    Csikszentmihalyi lembra que é por isso que o Flow proporciona crescimento e descoberta. Nósficamos entediados e frustrados se fizermos a mesma coisa, do mesmo jeito, por muito tempo.E é esse desejo de estarmos satisfeitos que nos leva a buscar novos desafios e constantementeampliar nossas aptidões.

  • Veja como o próprio Csikszentmihalyi nos apresenta o Flow:

    “...todos vivemos ocasiões nas quais, em vez desermos açoitados por forças anônimas, sentimo-nosrealmente no controle de nossas ações, donos denosso próprio destino. Nas raras ocasiões em queisso acontece, experimentamos uma satisfação euma profunda sensação de prazer, lembrada pormuito tempo, e que, em nossa memória, se tornamum ponto de referência de como deveria ser a vida.É isso que chamamos de experiência máxima.”

  • Esse tema é tão importante, mas tão

    importante, que eu te convido a assistir um

    vídeo que gravei sobre FLOW.

    Clique aqui!

    https://youtu.be/oEOSvzKD6Xc

  • Os pesquisadores da Psicologia Positiva explicam o terceiro elemento do bem-estarcomo “pertencer e servir a algo que você acredite ser maior do que o Eu”.

    Mas resolvi trazer outro autor e outra Escola da Psicologiapara falar de Sentido: a Logoterapia de Victor Frankl.

    O psiquiatra vienense Viktor Emil Frankl tornou-semundialmente conhecido com seu livro Em Busca deSentido - Um Psicólogo no Campo de Concentração – ondeconta sua comovente experiência na Segunda GuerraMundial.

    3) Sentido

  • O termo "logos" vem do grego e significa "sentido". Assim, “a Logoterapiaconcentra-se no sentido da existência humana, bem como na busca da pessoa poreste sentido”. Então - com o perdão do trocadilho - faz todo o sentido trazer aLogoterapia para esta discussão.

    O homem sempre procurou dar um sentido à sua vida e aprofundar-se em suaexistência. Para a Logoterapia essa busca de sentido é a principal força motivadorado homem.

    A frustração dessa necessidade primordial é um sintoma da modernidade. Aspessoas têm o suficiente com o que viver (lembra da nossa conversa sobrematerialismo?), mas não têm nada porque viver; têm os meios, mas não têm osentido. O suicídio, a dependência (emocional e química), a violência e a agressão,são exemplos desse vazio existencial, dessa falta de sentido.

    Dr. Frankl acreditava que para alcançar a realização (e consequentemente afelicidade) é preciso ter consciência de que podemos nos erguer das dificuldades,das enfermidades, do vício, da tristeza, do vazio e dos golpes do destino, sepudermos ver sentido em quaisquer circunstâncias de nossa existência.

    Não adianta fugir da dor, do sofrimento. O desafio é encontrar sentido nador/sofrimento. Não se trata de dar sentido, mas encontrar sentido.

  • Victor Frankl afirma que “Quando a circunstância é boa, devemos desfrutá-la;quando não é favorável devemos transformá-la e quando não pode sertransformada, devemos transformar a nós mesmos.”

    A Logoterapia lembra que temos liberdade para ir além das circunstâncias, lembrade nossa responsabilidade perante os fatos, pessoas e acontecimentos. Isso querdizer que tudo é uma questão do que fazemos, pensamos e sentimos diante dosacontecimentos, mesmo os traumáticos, e não o acontecimento em si.

    Ou como ele próprio escreveu, ao se lembrar de quando se viu sem absolutamentenada no campo de concentração:

    Lindo, não é?

    “Tudo pode ser tirado de umapessoa, exceto uma coisa: aliberdade de escolher sua atitudeem qualquer circunstância da vida.”

  • O sentido da vida difere de pessoa para pessoa, de um dia para outro, deuma hora para outra. O que importa não é o sentido da vida de um modogeral, mas o sentido específico da vida de uma pessoa em um momentoespecífico.

    Esse sentido não nos pode ser dado pela sociedade ou por nossos pais. Opsiquiatra não pode prescrevê-lo como se fosse uma pílula. O que ésignificativo para você, só você poderá identificar...

    O fato é que se vivermos a vida buscando apenas saciar nossasnecessidades (biológicas, psicológicas e sociais) estamos nos equiparandoaos animais, e esse é um triste comportamento. Se, ao contrário, formosmovidos pela busca de sentido, o resultado é a Realização e esta, sim, gerafelicidade.

    “Dois dias mais importantes da sua vida são o dia em que você nasce e o dia em que você descobre

    para quê”.Mark Twain- Harvard Business Review (2014)

  • As pessoas perseguem o sucesso, a realização, a vitória, a conquista e o

    domínio por eles mesmos.” Seligman

    Seligman conta que incluiu esse elemento após ser desafiado por uma desuas alunas, que disse haver um furo em sua teoria (isso mesmo, ela disse aum famoso PhD que ele tinha cometido uma falha) por não contemplar osucesso e o domínio. E ele acabou convencido de que ela estava corretaquando afirmava que o ser humano pode ser movido pela conquista esucesso como fim em si mesmo.

    4) Realização

  • A vitória pela vitória é comumente observada em esportistas (cujojogo só faz sentido se for vencido) e magnatas que buscam a riquezae depois doam boa parte dela (para logo em seguida voltar a fazerfortuna).

    Ou seja, Seligman reconheceu que a busca da vitória e do poder,como fim em si mesmos, é algo que as pessoas efetivamente fazempara obter felicidade, sendo então incluídos como elemento para obem-estar.

    Seligman lembra que o papel da Psicologia Positiva é descrever e nãoprescrever o que devemos fazer ou deixar de fazer em nossas vidas.Portanto, não há nenhuma indicação de que devamos ser maiscompetitivos, audaciosos, correr riscos e buscar o poder parasermos felizes. Aliás, aqui vale mais uma parada.

  • ✓ Existem várias técnicas que podem ser seguidas.

    ✓ Nem todas funcionam para todos.

    ✓ O segredo é encontrar a que melhor se adeque ao seu estilo de vida.

    ✓ O esforço da prática diminui com o tempo.

    ✓ É relativamente fácil se tornar mais feliz por pouco tempo (como é simples não comerglúten por 3 dias). O desafio está em sustentar o novo patamar de felicidade.

    ✓ Emagrecer e manter-se no peso desejado (assim como a construção da felicidade) é umesforço diário e contínuo. (Lembra-se dos 50% da genética?).

    ✓ É preciso escolher a técnica não por culpa, de forma forçada, por que deu certo com ooutro, por pressão ou por desejo de agradar. A técnica escolhida deve ser natural etrazer motivação.

    Abrindo mais um parênteses...

    Existem várias práticas comprovadas para aumentar o bem-estar, muitas delasapresentadas em meus vídeos no Youtube.

    Encontrar sua própria fórmula da felicidade é como fazer dieta:

    Por isso, não se sinta pressionado a encher sua estante de troféus nem ganhar a próximaeleição do seu condomínio.

    https://www.youtube.com/c/Solangedecastro

  • Poucas coisas positivas são solitárias...

    Uma das descobertas mais contundentes na literatura sobre felicidade é aimportância da rede de relacionamentos para as pessoas felizes.

    As outras pessoas são o melhor antídoto para os momentos ruins da vida e afórmula mais confiável para os bons momentos. Se você tem alguém com o qual sesente suficientemente à vontade para ligar às 3 horas da manhã para falar de seusproblemas, acredite: você provavelmente vai viver mais do que aqueles que nãotêm (reforçando, mais uma vez, o impacto do bem-estar na saúde física).

    5) Relacionamentos positivos

  • Se você observar, o próprio cérebro é uma grande máquina de simulaçãode relacionamentos, afinal, as sinapses entre os neurônios nada mais sãodo que uma grande rede de relacionamentos, não é?

    Ser um ente social é a forma mais bem-sucedida de adaptação que seconhece na natureza. Não somos os animais mais fortes nem os maisvelozes... A sobrevivência humana não é consequência de nossa forçaindividual, mas sim de nossas habilidades coletivas, da nossa capacidadede nos juntarmos a outras pessoas para conseguir o que queremos.

    Quando temos parceiros, multiplicamos nossos recursosemocionais, intelectuais e físicos.

    Incontáveis estudos revelam que os relacionamentos sociais são a melhorgarantia de maior bem-estar e menos estresse, atuando como antídoto àdepressão e ainda impulsionando melhores desempenhos. Enquanto umapessoa pode ser feliz sem o elemento Realização (por exemplo), osestudos demonstram ser quase impossível ser feliz sem uma rede socialde apoio.

  • Além disso, as pesquisas demonstram que pessoas que possuemrelacionamentos positivos se recuperam mais rapidamente doscontratempos, realizam mais e têm um maior senso de propósito(lembra-se do item anterior sobre “Sentido”?).

    Quando formamos um vínculo social positivo, a oxitocina (hormônioindutor do prazer) é liberada e reduz a cortisona, reduzindo a ansiedadee melhorando nossa concentração e foco.

    Em “Empresas Feitas para Vencer”, Jim Collins revelou que as pessoasadoravam seu trabalho em grande parte porque adoravam as pessoascom quem trabalhavam. E os aposentados? Eles são mais felizes quandoconseguem substituir os colegas de trabalho por novos relacionamentos.

    E o curioso é que não estamos falando de um relacionamento sem brigas,sem conflitos. Desentendimentos acontecem, e fazem parte de qualquerrelacionamento. O que conta nesse Elemento é saber que podemoscontar com o outro nos momentos difíceis.

  • ✓ Homens que aos 50 anos não estavam satisfeitos com seusrelacionamentos chegaram aos 80 anos com uma saúde piordo que os que tinham colesterol alto.

    ✓ A dor física é atenuada em pessoas com bonsrelacionamentos.

    ✓ Pessoas com bons relacionamentos têm melhor memória.

    ✓ Relacionamentos positivos aumentam a expectativa de vidatanto quanto a prática de esportes.

    ✓ O risco de uma pessoa morrer no próximo ano é maior paraos solitários do que para os fumantes.

    E para terminar gostaria de compartilhar alguns dadosespantosos sobre a importância dos relacionamentos sociais:

    Incrível, não é?

  • PRÁTICAS PARA A FELICIDADE

    É incrível como as pessoas dedicam tempo e energia para ter

    uma profissão, dominar um esporte, aprender a dirigir, mas não

    dedicam a mesma energia à sua vida emocional...

  • Você sabia que temos circuitos cerebrais para a

    alegria, o desejo e a euforia?

    Como comentei anteriormente, existem dezenas de práticascatalogadas e cientificamente comprovadas para aumentar nossosníveis de felicidade.

    Isso quer dizer que podemos TREINAR para ser feliz, que podemos nos exercitar para ter sentimentos positivos e não nos irritar com aquele

    cunhado, da mesma forma que aprendemos um novo idioma ou a gostar de cerveja.

    Isso quer dizer que temos um sistema que cria felicidade da

    mesma forma que possuímos o parelho fonador!

    Você sabia que o cérebro continua a se desenvolver durante a idade adulta?

    Cada vez que aprendemos algo, os circuitos cerebrais se

    modificam e novas conexões surgem na rede de neurônios.

  • Eu gravei um vídeo que explica direitinho essa história de aprendizado para ser feliz.

    Se você aprendeu a gostar de pimenta e cerveja, por exemplo,

    pode aprender a ter paciência e ser otimista também!

    Clique aqui e entenda melhor essa história!

    https://youtu.be/-BdYcYUl5dM

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  • Alguns dos livros referenciados neste material

    A ciência da Felicidade – Sonja LyubomirskyA Fórmula da Felicidade – Stefan KleinAumente o poder do seu cérebro – John MedinaFelicidade Autêntica – Martin E. P. SeligmanFlorescer - Martin E. P. SeligmanFlow e Psicologia Positiva – Helder KameiO jeito Harvard de ser feliz – Shawn AchorSuper Cérebro – Deepak Chopra e Rudolph E. Tanzi