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Soluções com credibilidade em sistemas de irrigaçãoabid.org.br/arquivo/revista/revista_pdf/item_67.pdf · descortinar alternativas e vetores para maior geração ... de profissionais

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Soluções comcredibilidadeem sistemasde irrigação

NaanDan IrrigaplanIndústria e Comércio Ltda

Rua Biazo Vicentin, 260,Cidade Jardim, Cep 13614-330

Leme – SPTel (019) 3571-4646Fax (019) 3554-1588

[email protected]

www.irrigaplan.com.br

Soluções comcredibilidadeem sistemasde irrigação

ITEM

O maior rio do Nordestee as águas subterrâneas

E

Helvecio Mattana SaturninoEDITOR

E-MAIL: [email protected]

sse é o cenário oferecido pelo estado do Piauí, oque faz com que a programação do XV Conirdtransforme-se num provocante desafio diante

dessa abundância de recursos hídricos e as oportunida-des de desenvolvimento da agricultura irrigada. Comodescortinar alternativas e vetores para maior geraçãode riquezas e empregos, com mais eqüidade e maiorsustentabilidade? Como apontado pelo Banco Mundialno XIII Conird, realizado em Juazeiro, na Bahia, em2003, evidenciou-se o constante melhoramento do IDHdos municípios sob a influência dos agronegócios calca-dos na agricultura irrigada.

Estar diante do equacionamento de um negócio tãopromissor, com alcance socioeconômico dessa magni-tude, haverá de aguçar as inteligências de uma plêiadede profissionais das Ciências Agrárias, da Engenharia,da Hidrogeologia, das Ciências Sociais e do mais vastoramo do conhecimento humano, fazendo-o cada vezmelhor. Essas interlocuções com os diversos elos dascadeias produtivas, mediante as oportunidades brasilei-ras e, em especial, as do estado do Piauí e do Nordeste,envolvendo-se direta ou indiretamente toda a gama deprodutores, são sempre de auspiciosos presságios.

A programação do XV Conird, cuidadosamente ela-borada, é rica em desafios, em experiências e demons-trações práticas, em oportunidades de visões mundiais,nacionais, regionais, estaduais e locais, com colabora-dores das mais diversas instituições, que fazem da se-mana de 16 a 21/10/2005, mais uma indelével marca nessacaminhada em favor de um próspero e sustentável de-senvolvimento da agricultura irrigada e do Brasil.

O maior objetivo é o de fortalecer e, muitas vezes, des-pertar com mais conhecimentos e com novos impulsos, osdiversos programas, projetos e possíveis novas alternati-vas de abordagens dos problemas, como sempre soamacontecer no processo dialético desses eventos da ABID.Um permanente embate, sempre a descortinar caminhosque evidenciam a agricultura irrigada como uma gran-de alternativa, que precisa ser fomentada e apoiada deforma muito especial pelos diversos níveis de governo.

A satisfação dos participantes e os desdobramentospresentes e futuros dos trabalhos desenvolvidos noseventos são os resultados que mais se almejam nessasempreitadas. Pelo alcance que se pode vislumbrar, épertinente imaginar esse setor da agricultura irrigadasendo abraçado cada vez mais pelos brasileiros.Trata-se

Na bucólica paisagem do maior rio do Nordeste, o Parnaíba, dopintor Otoniel Fernandes, há muito o que imaginar. São águasfronteiriças entre os estados do Piauí e do Maranhão, que tantodelas precisam como vetoras de um desenvolvimento maisequilibrado e justo. Por tudo que possa haver de emblemático,de desafiador e de motivo para muitas reflexões, uma associaçãoentre as chamadas dessa capa e as disponibilidades de recursosnaturais que o Brasil detém, não pode passar despercebido: oimpulsionar da agricultura irrigada, que configura-se como umdos grandes caminhos. (Foto: quadro “Pescaria no RioParnaíba”, óleo de Otoniel Fernandes do trecho entre osmunicípios de Amarante e Palmeirais – Piauí).

de uma segura alternativa de abrir avenidas para ummais equilibrado desenvolvimento, com as mais amplasoportunidades de trabalho, ao se explorar com mais sa-bedoria e conhecimentos o rico e diversificado acervode recursos naturais do Brasil. É sobejamente reconheci-do, que bem engendrados programas de governo com basena agricultura irrigada, têm o alcance de propiciar ricose permanentes benefícios para toda a sociedade.

Assim, o estado do Piauí, com suas gritantes desigual-dades socioeconômicas e a pobreza, trazendo constantesinquietudes para a sociedade, hoje é motivo de muitas açõese planejamentos, dos governos estadual e federal, in-cluindo-se aí o estratégico desenvolvimento sustentávelda agricultura irrigada, como uma das vertentes parafazer face a esses desafios.

Tendo-se a Bacia do Rio Parnaíba, o maior rio doNordeste, e a abundância de águas subterrâneas comoum palco de aliciantes provocações, faz dessa feliz par-ceria da ABID com o governo do Piauí e várias institui-ções federais, como a Embrapa, a Codevasf, o Dnocs, aUFPI, a realização do XV Conird, num ambiente reple-to de pertinentes e momentosos desafios, que haverá deser traduzido em ações voltadas para o fortalecimentodos agronegócios calcados na agricultura irrigada. Esseé o grande desafio imposto por exemplos como o doPiauí: encontrar caminhos para reverter situações depobreza em ciclos de prosperidade, com as mais amplasoportunidades de geração de riquezas e de maior inclu-são social, que esse segmento tanto enseja.

Que o símbolo dos Conirds, que paira no Piauí nes-te ano de 2005, atendendo-se ao chamamento do seugoverno, seja também um sinalizador de consistentesoportunidades, como fruto do trabalho empreendidonessa itinerante realização da ABID, que se quertraduzida em programas permanentes de agriculturairrigada em cada estado brasileiro.

REVISTA TRIMESTRAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA

DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM – ABID

Nº 67 - 3.º TRIMESTRE DE 2005ISSN 0102-115X

ITEMITEMIRRIGAÇÃO & TECNOLOGIA MODERNA

CONSELHO DIRETOR DA ABIDALFREDO TEIXEIRA MENDES; ALFONSO A. SLEUTJES; ANTÔNIO ALVES

SOARES; BERNHARD KIEP; DEVANIR GARCIA DOS SANTOS; DURVAL

DOURADO NETO; FRANCISCO NUEVO; HELVECIO MATTANA SATURNINO;RAMON RODRIGUES; VALDEMÍCIO FERREIRA DE SOUSA.

DIRETORIA DA ABIDHELVECIO MATTANA SATURNINO (PRESIDENTE E DIRETOR-EXECUTIVO);MANFREDO PIRES CARDOSO (VICE-PRESIDENTE); ANTÔNIO ALFREDO

TEIXEIRA MENDES; ANTÔNIO ALVES SOARES; DURVAL DOURADO NETO;RAMON RODRIGUES, COMO DIRETORES. DIRETORES ESPECIAIS:DEMETRIOS CHRISTOFIDIS E VALDEMÍCIO FERREIRA DE SOUZA.

SÓCIOS PATROCINADORES CLASSE I DA ABIDAMANCO; ASSOCIAÇÃO DO SUDOESTE PAULISTA DOS IRRIGANTES E

PLANTIO NA PALHA; LINDSAY AMÉRICA DO SUL; NAANDAN

IRRIGAPLAN; E VALMONT DO BRASIL.CONSELHO EDITORIAL DA ITEMADERSON SOARES DE ANDRADE JÚNIOR; ALFREDO TEIXEIRA MENDES;

FERNANDO ANTÔNIO RODRIGUEZ; HELVECIO MATTANA SATURNINO;HYPÉRIDES PEREIRA DE MACEDO; JORGE KHOURY; JOSÉ CARLOS

CARVALHO; E SALASSIER BERNARDO.COMITÊ EXECUTIVO DA ITEMANTÔNIO A. SOARES; DEVANIR GARCIA DOS SANTOS; EDSON ALVES

BASTOS; FRANCISCO DE SOUZA; GENOVEVA RUISDIAS; HELVECIO

MATTANA SATURNINO.EDITOR: HELVECIO MATTANA SATURNINO

E-MAIL: [email protected]; [email protected] RESPONSÁVEL: GENOVEVA RUISDIAS (MTB/MG 01630 JP).

E-MAIL: [email protected] E REPORTAGENS: GENOVEVA RUISDIAS E GLÓRIA VARELA.COLABORADORES: ADUNIAS DOS SANTOS TEIXEIRA, FÁBIO CHAFFIN

BARBOSA; RUBENS SONSOL GONDIM.REVISÃO: MARLENE A. RIBEIRO GOMIDE, ROSELY A. R. BATTISTA

CORREÇÃO GRÁFICA: ROSANGELA M. MOTA ENNES.FOTOGRAFIAS E ILUSTRAÇÕES: ARQUIVOS DA AGÊNCIA NACIONAL DE

ÁGUAS; DA AMANCO; DA CODEVASF; DA EMBRAPA CERRADOS; DA

EMBRAPA MEIO-NORTE; DA FRUTAN BRASIL; DO GOVERNO DO ESTADO

DO PIAUÍ; DO MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL; DA SECRETARIA

DE AGRICULTURA IRRIGADA DO CEARÁ; DA SECRETARIA DE

DESENVOLVIMENTO RURAL DO PIAUÍ; ADALBERTO MARQUES;FRANCISCO GILÁSIO; FRANCISCO LOPES FILHO; GENOVEVA RUISDIAS;GILBERTO MELO; HELOISA MATTANA SATURNINO, HELVECIO MATTANA

SATURNINO; RICARDO MASSAYOSHI KAKIDA.PUBLICIDADE: ABID – E-MAILS: [email protected] OU

[email protected] OU FAX: (61) 3274.7245.PROJETO E EDIÇÃO GRÁFICA: GRUPO DE DESIGN GRÁFICO

TEL: (31) 3225-5065 FAX: (31) [email protected] – BELO HORIZONTE MG

TIRAGEM: 6.000 EXEMPLARES.ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM – ABIDSCLRN 712, BLOCO C, 18 – CEP 70760-533 – BRASÍLIA DFFONE: (61) 3273-2154 E (61) 3272-3191 – FAX: (61)3274-7245E-MAILS: [email protected] e [email protected]

PREÇO DO NÚMERO AVULSO DA REVISTA: R$ 10,00 (DEZ REAIS).OBSERVAÇÕES: OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS

AUTORES, NÃO TRADUZINDO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DA ABID.A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL PODE SER FEITA, DESDE QUE CITADA

A FONTE.AS CARTAS ENVIADAS À REVISTA OU A SEUS RESPONSÁVEIS PODEM OU NÃO

SER PUBLICADAS. A REDAÇÃO AVISA QUE SE RESERVA O DIREITO DE

EDITÁ-LAS, BUSCANDO NÃO ALTERAR O TEOR E PRESERVAR A IDÉIA GERAL

DO TEXTO.ESSE TRABALHO SÓ SE VIABILIZOU GRAÇAS À ABNEGAÇÃO DE MUITOS

PROFISSIONAIS E AO APOIO DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS.

LEIA NESTLEIA NESTLEIA NESTLEIA NESTLEIA NESTA EDIÇÃO:A EDIÇÃO:A EDIÇÃO:A EDIÇÃO:A EDIÇÃO:

Cartas aos leitores ––––– Página 6

Publicações – – – – – Página 8

Embrapa investe na agroenergia e cria consórcionacional de pesquisas. Página 11

Um novo paradigma para a água e os coeficientes decultivos (Kcs) aplicados à gestão de recursos hídricosem nível de bacia hidrográfica, artigo técnico dospesquisadores Rubens Sonsol Gondim; Adunias dosSantos Teixeira; e Fábio Chaffin Barbosa. Página 14

Conheça a programação completa doXV Conird e do SeminárioInternacional de Uso das ÁguasSubterrâneas na Agricultura Irrigada.Página 20

CONFERÊNCIAS

Políticas e perspectivas do Uso das Águas Subterrâneasno Desenvolvimento da Agricultura Irrigada. Página 26

Gestão Sustentável de Aqüíferos: caso do AqüíferoSerra Grande. Página 29

Qualidade da Água Subterrânea para Fins de Irrigação.Página 32

Gestão de Perímetros Irrigados. Página 34

Agronegócio das Culturas Energéticas Irrigadas.Página 37

SEMINÁRIOS

Aproveitamento dos Recursos Hídricos Superficiais daRegião Nordeste. Página 38

Agricultura Irrigada no Plano Nacional de RecursosHídricos. Página 40

Desenvolvimento da Agricultura Irrigada no Pronaf.Página 43

Fruticultura Irrigada: Experiências dos Vales SãoFrancisco e Parnaíba. Página 45

Classificação de Terras para Irrigação: Enfoque naRegião Semi-Árida. Página 47

Irrigação na Produção de Biocombustíveis. Página 50

MINICURSOS

A. MANEJO DE IRRIGAÇÃO:1. Manejo de irrigação com base em estação meteorológicaautomática e em série histórica de dados climáticos.Página 532. Lisimetria na determinação do consumo de água nasplantas. Página 543. Monitoramento de água no solo. Página 54

B. FERTIRRIGAÇÃO:4. Manejo de irrigação e fertirrigação em fruteiras.Página 555. Manejo de irrigação e fertirrigação em hortaliças.Página 556. Manejo de água e nutrientes em pomares de banana emamão. Página 56

C. SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB IRRIGAÇÃO:7. Produção de carne e leite em pastagem irrigada.Página 578. Produção de sementes e mudas sob irrigação.Página 589. Produção de cana-de-açúcar sob irrigação. Página 58

D. GESTÃO DE RECURSOS DE SOLO E ÁGUA:10. Outorga de uso da água superficial e subterrânea parafins de irrigação. Página 5911. Licenciamento ambiental para irrigação. Página 6012. Comitês de bacias hidrográficas, conservação e uso dosolo e água. Página 61

E. SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO PARA AGRICULTURAFAMILIAR:13. A organização e gestão de perímetros irrigados visandoa integração da Agricultura Familiar. Página 6114. Sistemas e equipamentos de irrigação para pequenasáreas. Página 6215. A organização da Assistência Técnica, da produção edo manejo da irrigação.Página 63

DIAS DE CAMPO

Dia 20/10/2005:– Vitrine de matérias-primas para biocombustível naEmbrapa Meio-Norte.Página 64– Fruticultura irrigada (limão Thaiti) na Fazenda FrutanBrasil. Página 64– Sistema de pastoreio rotativo sob irrigação no CCA/UFPI.Página 65

Dia 21/10/2005:– Distrito de Irrigação dos Tabuleiros Litorâneos do Piauí.Página 66

ARTIGOS TÉCNICOS SELECIONADOS

A comissão técnico-científica do XV Conird e do SimpósioInternacional de Uso das Águas Subterrâneas na AgriculturaIrrigada selecionou oito trabalhos dos anais desses eventos,distinguindo-os nesta edição, com base nas seguintes áreas:

AGROMETEREOLOGIAEvapotranspiração do melão pele-de-sapo irrigado comdiferentes lâminas e fertirrigado com diferentes doses denitrogênio e potássio, artigo técnico de J. F. Medeiros; J. N.Silva; K. C. S. Nascimento; S. L. A. Levien; F. A. Oliveira;e I. Dutra. Página 68

CONSERVAÇÃO DE SOLO E ÁGUAÁguas subterrâneas e seu potencial de uso na irrigação doBrasil, artigo técnico de P. Ferraz; R. O. C. Monteiro; M.Moro; e R. Coelho. Página 72

QUIMIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃOBiofertilizantes e doses de substância húmica aplicados viaágua de irrigação em meloeiro orgânico, artigo técnico de J.M. Pinto; C. A. T. Gava; C. M. B. Faria; N. D. Costa; M. A.C. Lima; D. J. Silva; L. H. Duenhas; G. M. Resende; e J. C.Feitosa. Página 75

DRENAGEM E QUALIDADE DE ÁGUAAnálise de sensibilidade do modelo Sisdrena na simulação daprodutividade de cana-de-açúcar, artigo técnico de J. H.Miranda; S. N. Duarte; J. F. G. Sabadin; e S. Ruiter.Página 78

ENGENHARIA DE IRRIGAÇÃOControle de malha fechada para irrigação de precisão, artigotécnico de Francisco José Firmino Canafístula; Adunias dosSantos Teixeira; Renato Sílvio da Frota Ribeiro; RubensSonsol Gondim; e Fábio Rodrigues de Miranda. Página 82

MANEJO DE IRRIGAÇÃOEvapotranspiração e coeficientes de cultivo para cafeeirosem fase de produção irrigados por aspersão e gotejamento,artigo técnico de R. T. de Faria e D. L. Flumigan. Página 86

MANEJO DE CULTURAS IRRIGADASSistema Irrigas, uma realidade no manejo de irrigação noBrasil e no exterior, artigo técnico de W. L. C. Silva e A. G.Calbo. Página 90

REUSO DE ÁGUAAnálise de produção do algodão coloridos sob diferentesníveis de lodo e de água residuária, artigo técnico de LucianaJ. D. Bezerra; Antônio R. S. de Andrade; Vera L. A. Lima;Carlos A. V. de Azevedo; José Dantas Neto; Ivan GueriniAmaral; e Francisco Jardel R. da Paixão. Página 94

Navegando pela Internet – – – – – Página 98Classificados – – – – – Página 98

6 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

CARTASleitores

6 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

Carta do Grupo Irrigantes Avaré“Aproveitando a oportunidade do II Encontro

de Agricultura Irrigada na Palha e I Encontro Na-cional de Irrigantes, organizado pela Associaçãodo Sudoeste Paulista dos Irrigantes e Plantio naPalha (Aspipp) e Sindicato Rural de Paranapanema(Sindipar), patrocinados pelas empresas parceiras,convidamos formalmente 27 entidades represen-tantes de produtores irrigantes para um fórum dedebates. Compareceram dez entidades. São elas:Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem, comHelvecio Mattana Saturnino; Confederação Naci-onal de Agricultura e Federação da Agricultura deGoiás, com Jairo dos Santos Lousa; Federação daAgricultura do Rio Grande do Sul, por Ivo Lessa;Associação dos Irrigantes de SRCA, representadapor João Augusto Telles; Federação Brasileira doPlantio Direto na Palha (Febrapdp) e Federação dosProdutores de Arroz (Federarroz), Ivo Mello; Coo-perativa Agrícola do Noroeste de Minas, com Wil-son Valentini; Associação dos Produtores eIrrigantes da Bahia (Aiba), pelo diretor José CisinoMenezes Lopes; Instituto Rio-Grandense de Arroz- Irga, por Valery Pugatch; Abba, representada porNatalino Shimoyama; e Associação do SudoestePaulista dos Irrigantes e Plantio na Palha (Aspipp),representada por Alfonso Adriano Sleutjes.

Como resultado desta reunião pioneira ficoudefinida a seguinte missão: ‘Agregar uma quanti-dade significativa de irrigantes dentro de uma re-presentação nacional com o objetivo de defenderseus interesses, promovendo o setor, respeitandoas legislações trabalhistas, ambientais e fiscais bra-sileiras, procurando a excelência nos produtos ir-rigados.`

Com vistas a cumprir essa missão, o grupo de-finiu algumas atividades estratégicas com o con-sentimento e comprometimento de todos. Estasatividades são as seguintes: levantamento de as-sociações irrigantes em todo o País; estudo dosestatutos de associações já existentes; fortaleci-mento da representatividade dos irrigantes naConfederação Nacional de Agricultura (CNA); re-forço da participação nos Comitês de BaciasHidrográficas. Assinam esta carta todos os parti-cipantes do Grupo Irrigantes Avaré, mencionadosanteriormente.” (Alfonso A. Aleutjes, representan-te do Grupo Avaré).

Reuso de Água“A Câmara Técnica de Ciência e Tecnologia do

Conselho Nacional de Recursos Hídricos agradecea participação de Bernhard Kiep, membro do Con-selho Diretor da ABID, como palestrante na I Ofi-cina de Trabalho de Reuso de Água não Potável,realizada em São Paulo, na sede da Fiesp, nos dias23 e 24 de agosto de 2005. Na ocasião, ele fezuma palestra sobre o tema “Irrigação via pivô cen-tral – reuso de água” e sua participação e temaenriqueceram o conhecimento, auxiliando a com-preensão e os posicionamentos dos participantes.”(Demetrios Christofidis, presidente da CTCT).

Informe Agropecuáriocompleta 30 anos

“A revista InformeAgropecuário, editadapela Epamig, é um veícu-lo de disseminação dosresultados obtidos pelapesquisa, com uma tra-dição de 30 anos na di-fusão de tecnologiasagropecuárias, capazesde garantir maior quali-dade de vida a toda soci-edade, ao possibilitar maiores ganhos ao produ-tor, aumentar a oferta de produtos e ao propiciara diminuição dos preços ao consumidor.

Ao longo desses 30 anos, centenas de autoresde várias partes do Brasil escreveram cerca de 2.300artigos técnico-científicos, difundidos em mais dedois milhões de revistas. Estas informações atin-giram produtores rurais, técnicos, extensionistas

Os integrantesdo GrupoIrrigantesAvaré ao

receberem avisita do

secretário JoãoBosco Senra, da

SRH/MMA

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 73º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 7

e instituições públicas e privadas de todas as regi-ões do País e escolas agrotécnicas dos mais diver-sos municípios. A revista também tem como des-tino bibliotecas de instituições de pesquisa, uni-versidades e renomados centros de informação depaíses como Estados Unidos, Argentina, Chile,Colômbia, Venezuela, Inglaterra, Itália, Espanha,México e Costa Rica. A confiabilidade alcançadapela revista ao longo de três décadas está direta-mente ligada à modernidade, na própria essênciado Informe Agropecuário, um agente de transfor-mação e renovação de práticas agrícolas, umdifusor da inovação tecnológica no agronegócionacional.” (Assessoria de Comunicação Social daEpamig, Belo Horizonte, MG).

Mulheres de assentamento e acriação de cabras leiteiras

“As mulheres do assentamento Picada Rusy, nalocalidade de Caracará, zona rural de Sobral (CE),passarão a ter uma fonte de renda com a produ-ção de leite de cabra. Elas fazem parte do públicoassistido pelo projeto Boas Práticas Agropecuáriasna Produção de Leite de Cabra em Comunidadesde Base Familiar, desenvolvido pela EmbrapaCaprinos (Sobral - CE), com recursos do Ministériodo Desenvolvimento Agrário (MDA), Ministério daCiência e Tecnologia (MCT) e Empresa Brasileirade Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O projetoprevê o treinamento de moradores de assentamen-tos rurais na criação dos animais e na produçãohigiênica do leite e de seus derivados. No dia 3 deagosto último, em Dia de Campo realizado naEmbrapa Caprinos, as mulheres do assentamentoPicada Rusy aprenderam a ordenhar as cabras, aprevenir a contaminação do leite e receberam ori-entação sobre manejo reprodutivo, da fêmea pre-nhe e das crias. O projeto piloto, orçado em R$ 50mil, atenderá além do assentamento Picada Rusy,as comunidades de Boqueirão, São Francisco eSanto Hilário, todas na zona norte do Ceará.(Verônica Freire, jornalista da Embrapa Caprinos).

Seminário da ANAA Agência Nacional de Águas (ANA), o Inmetro

e a Secretaria de Meio Ambiente do Estado deMato Grosso do Sul, dando continuidade aos tra-balhos de implementação do Programa Nacionalde Acreditação de Laboratórios em Análises daQualidade da Água (Prolab), realizarão o “III Se-

Conforme mostrou a reportagem da revista ITEM nº 65/66, sobre o uso de estressehídrico para uniformização de florada de cafeeiros no Cerrado, a aplicação dessatecnologia em cafeeiros no Oeste Baiano apontou fortes indicativos de que osresultados serão semelhantes aos obtidos no Brasil Central. Independente datextura do solo, método de irrigação e cultivares, o sincronismo nodesenvolvimento das gemas florais está ocorrendo de forma adequada indicandoque o retorno das irrigações em final de agosto a início de setembro causaráflorada total e uniforme. Isso reforça a expectativa dos pesquisadores de que atecnologia pode ser usada com sucesso em todas as regiões cafeeiras, com períodoseco bem definido, como ocorre no Cerrado do Brasil Central.

minário Regional de Acreditação de Laboratóriosem Análises da Qualidade da Água”, nos dias 3 e4 de novembro de 2005, no Centro de Conven-ções Arquiteto Rubens Gil de Camilo, em CampoGrande-MS. O objetivo desse encontro é discutiros rumos e desdobramentos do Programa, infor-mar que foram acrescentadas novas palestras deinteresse dos laboratórios e da comunidade cien-tífica por ocasião desse III Seminário Regional.

As inscrições são gratuitas, limitadas a 135participantes. Para maiores informações consulteo link http://www.ana.gov.br/PROLAB/default2.asp ou contato pelo telefone (61) 2109-5131/5231.(Gisela Forattini, Superintendente de Fiscalizaçãoda ANA).

Elogios à ITEM 65/66“Quero expressar meu orgulho de ter traba-

lhado com vocês nesse artigo sobre o café irriga-do. Fiquei impressionado com a qualidade do ar-tigo e das entrevistas. Parabéns pelo trabalho!”(Fernando Guerra).

“Parabéns pela extraordinária edição da revis-ta ITEM 65/66, particularmente no que diz respei-to ao artigo do café, um trabalho digno de umexcelente profissionalismo.” (Omar Cruz Rocha).

“Recebi a revista ITEM com a reportagem e aentrevista. Ficou excelente. Muito obrigado.”(Alberto Carlos de Queiroz Pinto).

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8 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

PUBLICAÇÕES

8 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

Irrigação de PastagemO objetivo deste livroé apresentar e discu-tir processos de irriga-ção de pastagem, res-saltando sua impor-tância dentro do sis-tema de produção,como mais uma ferra-menta de intensifica-ção, o que possibilitaaumento da produti-vidade da forragem e da terra. São destaca-dos aspectos relacionados com os sistemas deirrigação mais indicados para forrageiras, cus-to de investimento, consumo de energia, pro-jeto de implantação, fertirrigação, além dosaspectos relacionados com a formação da pas-tagem, gestão do manejo e da resposta ani-mal, qualidade da forragem, potencial de pro-dução em pastagem irrigada, investimento ecusto de produção, planejamento alimentar eirrigação de cana-de-açúcar.

Os autores, professores e pesquisadores LuísCésar Dias Drumond e Adilson de PaulaAlmeida Aguiar, da Universidade de Uberaba(Uniube) e das Faculdades Associadas deUberaba (Fazu), esperam contribuir para odesenvolvimento da pecuária nacional, estimu-lando produtores e técnicos que desejam enecessitam implantar a tecnologia apresenta-da, evidenciando as bases de sustentação daprodução animal a pasto.

O livro deverá ser lançado oficialmente duran-te o XV Congresso Nacional de Irrigação e Dre-nagem (XV Conird), em Teresina, Piauí.

Preço da publicação: R$ 50,00.

Mais informações pelo e-mail:[email protected] pelo telefone: (34) 3318-4188.

Água Brasil 6Esta é a sexta publicaçãoda série Água Brasil, fru-to do trabalho conjuntodo Banco Mundial e seusparceiros nacionais, reali-zado ao longo dos últi-mos anos. Desde o lança-mento do primeiro volu-me, em 2003, essa sérievem abordando questõesrelevantes, promovendoreflexões, propondo alternativas para a busca de so-luções para os grandes desafios que se apresentam.

A presente edição é de autoria do engenheiro Francis-co José Coelho Teixeira, que tem o mérito de analisare aprofundar os aspectos institucionais da gestão dosrecursos hídricos, buscando, a partir da experiênciado Ceará, comparar e discutir conceitos universais deoutros estados e paises. A tese de Teixeira é rica deconceitos técnicos e, ao mesmo tempo, um documentoatualizado no plano legal e da organização de institu-tos e normas, instrumentos reguladores. Retrata tam-bém a estratégia de implementação de um modelodemocrático e participativo, que possa conduzir o pro-cesso decisório de operação de um sistema hídrico,resgatando a cidadania e colocando a presença do Es-tado na condição de moderador como administradorde conflitos entre usuários de água.

No prefácio do secretário de Infra-Estrutura Hídricado Ministério da Integração Nacional, HypéridesMacêdo, ele afirma que o trabalho do engenheiroTeixeira é uma mensagem para as novas gerações deprofissionais que se voltam para a difícil tarefa de ad-ministrar os recursos hídricos da natureza.

Mais informações:Banco MundialSCN Quadra 2 Lote AEd. Corporate Financial Center, cj. 303/304CEP: 70712-900 – Brasília – DFFone: (61) 3329 1000www.bancomundial.org.br

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 93º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 9

Água na indústria:uso racional e reusoA indústria brasileira,consciente da importân-cia econômica da água eda necessidade de redu-zir seu consumo nos pro-cessos industriais, vemimplementando mecanis-mos pela utilização de re-cursos hídricos com umanova motivação, a deuma postura pró-ativaenfocada na questão da demanda e na avaliaçãode outras formas potenciais de oferta de água as-sociadas ao reuso, utilização de águas pluviais eaumento da disponibilidade de água subterrânea,através da recarga artificial de aqüíferos.

A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp),em conjunto com a Agência Nacional de Águas(ANA) e com a participação técnica do Centro In-ternacional de Referência em Reuso de Água (Cirra/Ircwr), Escola Técnica, USP e da DTC Engenharia,desenvolveu o documento Conservação e Reusode Água, vol. I, que constitui um manual de orien-tação para o setor industrial no que se refere àgestão de recursos hídricos.

A publicação, de autoria de José Carlos Mierzwa eIvanildo Hespanhol, foi editada pela Oficina deTextos.

Título: Água na indústria: uso racional e reusoNo de páginas: 144 (miolo), com ilustrações efotos.

Mais informações:Oficina de TextosTravessa Dr. Luiz Ribeiro de Mendonça, 4, SãoPaulo/SP. Fone: (11) 3085.7033, fax: (11)3083.0849.Site: www.ofitexto.com.bre-mail: [email protected] .

Irrigar MinasLançamento do programaA agricultura irrigada é o prin-cipal ponto de apoio do pro-jeto de desenvolvimento doVale do Rio Grande e doPrograma de Desenvolvi-mento Sustentável doAgronegócio nas BaciasHidrográficas de Minas Gerais.O governo de Minas Gerais, por meio da Secreta-ria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e daRuralminas, acaba de lançar um CD-ROM sobre oassunto, que ajudará efetivamente para “tornarMinas Gerais o melhor Estado para se viver”.

Para o deputado estadual e engenheiro agrôno-mo Paulo Piau, a área irrigada deveria aumentarna mesma proporção que as áreas de plantio. Eleconsidera muito exigente a legislação federal so-bre o assunto e entende que as normas estaduaiscomplicam mais esse cenário de dificuldades paraos agricultores.

Por isso mesmo, torna-se fundamental aimplementação de mecanismos de fomento à ati-vidade agroindustrial por parte do governo, sejade natureza legal, tributária, seja de naturezacreditícia. O aproveitamento das potencialidadesregionais permitirá também a redução de desigual-dades econômicas e sociais, elevação dos índicesde desenvolvimento humano em regiões até en-tão desprovidas de condições adequadas de infra-estrutura, o que possibilita a fixação do homemno campo e em pequenas localidades.

Mais informações:Irrigar Minas (Programa de DesenvolvimentoSustentável do Agronegócio nas BaciasHidrográficas de Minas Gerais).Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento de Minas Gerais (Seapa), Fundação RuralMineira (Ruralminas).Site: www.ruralminas.gov.br .

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Atlas Digital dasÁguas de MinasComposto por um CD-ROM e uma publicaçãoexplicativa de 78 páginascom mapas, quadros,gráficos e fotos, o“Atlas Digital das Águasde Minas” é apresenta-do como uma ferramen-ta para o planejamento egestão dos recursos hídricos.

Produzido pela Fundação Rural Mineira(Ruralminas) e Universidade Federal de Viçosa(UFV), a aplicação da tecnologia contida no Atlaspermitirá não só que os órgãos responsáveis pelagestão de recursos hídricos em níveis federal, es-tadual e da bacia hidrográfica obtenham informa-ções confiáveis quanto à disponibilidade de água,a fim de atender às demandas de outorga de di-reito do seu uso, como também fornecerá tecno-logia adequada aos usuários interessados no pla-nejamento, dimensionamento e manejo de proje-tos, que demandam água.

A coordenação técnica, direção e roteirização dotrabalho estão a cargo do pesquisador HumbertoPaulo Euclydes, mestre em Engenharia Agrícola eespecialista em Hidrologia e Gestão de RecursosHídricos da Ruralminas.

Mais informações:Fundação Rural Mineira (Ruralminas)Site: www.ruralminas.gov.br

Recursos Hídricos – Conjuntode Normas LegaisA Secretaria de RecursosHídricos do Ministério doMeio Ambiente está colocan-do à disposição dos interes-sados a terceira edição dapublicação “Recursos Hídri-cos – Conjunto de NormasLegais”.

A publicação traz toda a legislação atualizada so-bre o assunto, em 244 páginas com leis federais,decretos, portarias, resoluções, moções e um bre-

ve histórico do Conselho Nacional de RecursosHídricos, além de comentários do secretário deRecursos Hídricos, João Bosco Senra.

Na apresentação assinada pela ministra do MeioAmbiente, Marina Silva, ela afirma que pelo fatode o Brasil ser o detentor de uma das maiores re-servas de água doce do planeta, “eleva a nossaresponsabilidade em saber cuidar das águas parapreservar a vida, assegurando às gerações presen-tes e futuras esse precioso líquido, em quantida-de e qualidade, para os mais variados fins”.

Mais informações:Ministério do Meio Ambiente / Centro deInformação, Documentação Ambiental eEditoração.Esplanada dos Ministérios, Bloco B, térreo,CEP: 70068-900, Brasília, DF.Fone: (61)3317.1235; fax; (61) 3224.5222.E-mail: [email protected]

A Função de Produção naAgricultura IrrigadaEditado pela Universidade Federal do Ceará, estelivro não pretende esgotar o assunto, mas apre-senta uma abordagem sobre mercados e custosda agricultura irrigada, bem como discutem-seaspectos relacionados com a otimização dos fato-res de produção, tais como água, fertilizantes,mão-de-obra etc., para a obtenção de um produ-to com a maximização das receitas. Além disso,são estudados os principais modelos matemáticosde produção quanto à geração e seleção deles,incluindo critérios estatísticos. O autor é o profes-sor José Vanglésio de Aguiar. Ao final de cada ca-pítulo, foram inseridas questões de revisão dosassuntos discutidos.

Mais informações:Título: A Função de Produção na AgriculturaIrrigadaPreço: R$25,00Forma de aquisição: Depósito em conta corren-te no 129.189-0, da Agência 3653-6, Banco doBrasil. A fotocópia do recibo de depósito deveráser enviada para o fax (085) 3464.5367, oucheque para o endereço: José Vanglésio deAguiar, Rua Pedro Rufino, 100 Bloco C - Apto.401, Bairro Varjota, CEP 60175-100,Fortaleza-CE.

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Embrapa investe na agroenergia ecria consórcio nacional de pesquisas

estão sendo feitos para definir a melhor estru-tura de trabalho, se a criação de um centrode pesquisa dedicado prioritariamente a pro-jetos de agroenergia, ou a adoção de uma es-trutura de consórcio de instituições de pesqui-sa, coordenada por uma unidade da Embrapaespecífica.

Muitas são as decisões a se tomar, informaCrestana. Instalações físicas para essa unida-de, quadro de pesquisadores, dimensionamentode equipes, fontes de recursos. O desafio é gran-de, mas as suas dimensões não assustam a Em-presa.

Culturas energéticas xprodução de alimentos

Com o lançamento do Programa Nacional deAgroenergia, a discussão sobre biocombustívelganha fôlego. Já está em vigor, desde janeiro de2005, a Lei 11.097, que dispõe sobre a introdu-ção gradativa do biodiesel na matriz energéticabrasileira, adicionado em diferentes percentuaisao diesel de petróleo.

E N T R E V I S T A SÍLVIO CRESTANA

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Para o presidente da Embrapa,Sílvio Crestana, a necessidade de se

garantir o fornecimento da matéria-prima para processamento industrial

pode configurar amplas possibilidadespara irrigação nas culturas energéticas.

preço do petróleo no mercado interna-cional indica que está chegando a erado agrocombustível, e que o momento

é propício aos investimentos em culturas energé-ticas. Para que o Brasil e a Embrapa entrem paravaler na questão da agroenergia, o presidenteda Embrapa, Sílvio Crestana indica quatro pon-tos fundamentais: o primeiro será lançado ain-da no mês de outubro pelo ministro da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento, RobertoRodrigues, com alguns titulares de outros mi-nistérios. Trata-se do Plano Nacional de Agro-energia, que vai deflagrar um processo de mu-danças substanciais na matriz energética do País.

O segundo ponto é a criação do ConsórcioNacional de Agroenergia, que reúne instituiçõespúblicas e privadas para trabalhar nas priorida-des estabelecidas pelo Plano Nacional. As ativi-dades do consórcio são múltiplas, envolvem pes-quisa, financiamentos, segmentos empresariaisdiversos e regulação, esclarece Crestana. Hánecessidade, portanto, de um comitê gestor parao consórcio, que concentraria as decisões refe-rentes à administração de todos os projetos de-finidos no plano nacional.

Outro componente importante nessa cadeiaé o Fundo Nacional de Agroenergia, com fontespúblicas e privadas de financiamentos, além deinstituições como Banco Mundial e BID, e atémesmo recursos internacionais. O presidente daEmbrapa ressalta que o Japão e a Alemanhaestão interessados na produção de energia emdiferentes regiões do mundo e poderiamdirecionar investimentos para o setor deagroenergia.

No plano interno, a Empresa está-se organi-zando para enfrentar o novo desafio. Estudos

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Crestana consideraa irrigação umaopção tecnológicapara o Piauí,que dispõe derecursos hídricossubterrâneos ede superfície

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A boa aceitação, por parte dos consumido-res, do carro flexível, que utiliza combustíveisfósseis ou álcool, deu novo vigor ao ProgramaNacional de Álcool, e é outro parâmetro dasperspectivas que a tecnologia pode abrir para osetor.

O presidente da Embrapa informa que, até2006, a meta é produzir no País 800 milhões delitros de biodiesel. O produto é obtido a partirde oleaginosas como mamona, girassol, dendê,amendoim, pinhão-manso, canola, gergelim esoja. Essas culturas, em sua maioria, são desen-volvidas em condições de sequeiro. Mas, a ne-cessidade de se garantir o fornecimento da ma-téria-prima para processamento industrial podeconfigurar amplas possibilidades para irrigaçãonessas culturas.

Segundo Sílvio Crestana, há estudos sobremanejo adequado, nutrição, doenças, bem comoo desenvolvimento de novas cultivares para vá-rias dessas oleaginosas. Mas, em algumas cultu-ras, ainda é necessário avançar nas pesquisaspara uma produção em larga escala. É o caso,por exemplo, do dendê, apontado como alter-nativa para a produção de energia na RegiãoNorte. Uma cultura que apresenta rendimentosfantásticos, quase 6 toneladas de diesel por hec-tare, com cultivares desenvolvidas e recomen-dadas pela Embrapa. Mas, em termos de irriga-ção, o dendê ainda está em fase de perspectivatecnológica.

O presidente da Embrapa lembra que, nosegmento de biocombustível, o custo de produ-ção tem um papel crucial. O preço do produtotem de ser competitivo, quando comparado comos derivados de petróleo. Para ele, muitas per-guntas precisarão ser respondidas até se definira melhor cultura energética para cada região doPaís. Uma indagação fundamental é a que serefere ao balanço energético: qual o custo daenergia, nos aspectos de agronomia e deprocessamento industrial, para se produzir aoutra parte de energia?

No caso da soja, a questão está bemequacionada, a ponto de provocar discussõessobre uma possível competição na destinação doproduto, se para a produção de alimentos ou deenergia. A inquietação está ligada à possibilida-de do encarecimento do óleo de soja para con-sumo humano e farelo para produção de prote-ína animal. A discussão se estende também aomilho e à canola. Segundo Crestana, a decisãonão se pode basear somente na questão do mer-cado, pois envolve muitas variáveis, inclusive asestratégicas, embora o mercado vá-se configu-rar como elemento de peso nessa decisão.

Ele lembra que um comportamento seme-lhante é registrado entre os produtores de cana-

de-açúcar que alternam a produção de álcool oude açúcar, em função da lucratividade de um ede outro produto.

Ciclo virtuoso da agroenegia

Sílvio Crestana destaca que o Brasil tem es-paço suficiente em seu território para a produ-ção de alimentos e ainda um saldo de 90 milhõesde hectares para produção de energia, sem der-rubar uma única árvore da Floresta Amazônicaou de manancial protegido. Tem ainda cerca de40 milhões de hectares de pastagens já degrada-das ou, de alguma forma, alteradas pela baixaprodutividade, que poderiam ser reincorporadosà produção, desenvolvendo-se a rotação dessasculturas com as pastagens, na integração lavou-ra e pecuária, com base no sistema Plantio Di-reto.

Embora não seja a única, afirma SílvioCrestana, a irrigação é uma das opçõestecnológicas para o Nordeste, em especial parao Piauí, que dispõe de recursos hídricos subter-râneos e de superfície. O presidente da Embrapavê na disponibilidade de terras cultiváveis outrofator do potencial de crescimento da agricultu-ra irrigada no Estado.

Na parte tecnológica, são muitas as ferramen-tas já existentes para dar suporte ao produtorna hora de decidir corretamente sobre o queplantar, onde e como produzir, com melhoresrendimentos. Mas a atividade exige mais quepotencial hídrico e soluções tecnológicas.

A demanda por energia tem um peso signifi-cativo nos projetos de irrigação. Se a rede elé-trica passar longe, pode inviabilizar o investimen-to. Segundo Crestana, pode estar aí, noacoplamento das duas atividades, o diferencialda região que dispõe da agroenergia, de custorelativamente baixo: não ficar na dependênciade investimentos numa rede de energia elétrica.A chave está em produzir biomassa para a pro-dução de energia, que, por sua vez, poderáviabilizar a agricultura irrigada, cujo potencialde desenvolvimento socioeconômico é de extre-mo interesse para regiões que precisam de al-ternativas de emprego e renda.

Contribuições da pesquisapara o incremento daagricultura irrigada

A linha de pesquisa para a agriculturairrigada, na Embrapa, está sendo desenvolvidaem diferentes centros de pesquisa da Empresa,tanto nos centros de produto como nosecorregionais. A agenda é ampla, há projetos

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voltados para culturas tradicionais como arroz,milho, trigo, café, soja e cana, como tambémpara oleaginosas, fruteiras perenes e anuais,forrageiras e, agora, para o segmento que estáganhando dimensão no País e no mundo, aagroenergia.

Entre as contribuições da Embrapa para ocrescimento da agricultura irrigada, o presiden-te da empresa, Sílvio Crestana, destaca o Siste-ma Brasileiro de Classificação de Terras paraIrrigação no Semi-Árido, desenvolvido pelaEmbrapa Solos em parceria com a Companhiade Desenvolvimento do Vale do São Franciscoe do Parnaíba (Codevasf) e outras instituições,desde 2001.

As informações sobre o tipo de irrigação maisadequado para a região são fundamentais, se-gundo Crestana, pois os solos do Semi-Árido,frágeis sob o ponto de vista da irrigação, podemtrazer graves prejuízos ambientais e financeiros,se forem incorporados à produção, com basenuma classificação incorreta. Dependendo dograu de salinização do solo, sua recuperação tor-na-se inviável, levando à desertificação de áreasque poderiam ser produtivas, se tivessem sidoadequadamente classificadas.

A metodologia do sistema define o potenci-al do ambiente para se desenvolver determina-da cultura, sob determinado tipo de irrigação.Sua importância é evitar que terras que não pos-suem aptidão para a irrigação sejam incluídasno sistema produtivo e, por outro lado, permitirque áreas antes consideradas não irrigáveis pos-sam ser incorporadas à atividade, gerando rique-za e bem-estar social, com o uso racional de água.

Outra contribuição tecnológica da Embrapavoltada para o Semi-Árido, são as planilhas ele-trônicas criadas pela Embrapa AgroindústriaTropical. Elas são capazes de calcular a quanti-dade, a freqüência e o tempo correto da irriga-ção, e dão ao agricultor condições de realizar omanejo de forma tecnicamente correta, commaior simplicidade e rapidez.

Como explica o presidente da Empresa, ossoftwares ajudam a responder às questões bási-cas da irrigação: quanto, como e quando irri-gar – a dose e a freqüência corretas para aque-la cultura.

As planilhas foram desenvolvidas, inicial-mente, para o manejo da irrigação dos cultivosde caju e melão, usando os métodos degotejamento ou microaspersão. Batizadas comoIrrigacaju e Irrigamelão, elas se baseiam na uti-lização sustentável dos recursos naturais e detécnicas de manejo de irrigação que permitamotimizar a eficiência da água e minimizar pos-síveis impactos negativos associados à irrigação,como a salinização do solo, a lixiviação e a con-

taminação de águas subterrâneas e de superfí-cie.

Na opinião de Sílvio Crestana, o Irrigacaju eo Irrigamelão são particularmente úteis para osprodutores que estão inseridos no programa deProdução Integrada de Frutas (PIF), pois facili-tam o preenchimento das fichas de campo. Comuma vantagem adicional: as planilhas sãodisponibilizadas gratuitamente.

A Embrapa lançou também uma máquinaque pode beneficiar principalmente os produ-tores de caju do Piauí. Apesar de ser o maiorprodutor do País, o Estado tem sua produçãobeneficiada em outras Unidades da Federação.O equipamento, simples e de baixo custo, possi-bilita o processamento da matéria-prima no pró-prio empreendimento, mesmo os de pequenoporte. Além disso, proporciona maior rendimen-to de amêndoas inteiras, o que agrega valor aoproduto e dá ao pequeno produtor condições dedisputa até no mercado internacional de casta-nha, bastante exigente nesse aspecto.

Alternativas tecnológicas: oimportante é tê-las

Os projetos de pesquisa em irrigação para oNordeste têm privilegiado a fruticultura. Obser-va-se que a tecnologia de produção está-se dis-seminando entre os produtores, com índicescrescentes de produtividade. Mas registra-se ain-da um gargalo: a comercialização da safra, con-centrada em determinadas épocas do ano, e osconseqüentes prejuízos socioeconômicos. Comofugir disso?

A resposta para essa questão, segundo SílvioCrestana, também passa pela pesquisa. AEmbrapa está buscando estratégias tecnológicaspara um melhor aproveitamento da fruta, prin-cipalmente nas culturas perenes. A produção demanga, acerola, caju, abacaxi ou coco da Bahia,ou mesmo maçã e pêra, no Sul e Sudeste, nãopode restringir-se à venda da fruta in natura. Oprodutor precisa diversificar as alternativas,como o processamento de polpas e a industria-lização de sucos.

No caso de culturas de elevado valor comer-cial, como a viticultura, além da uva de mesa, aEmpresa está envolvida em pesquisas de varie-dades voltadas para a produção de vinhos. Ain-da este ano, vai inaugurar em Petrolina, no pólode irrigação do Vale do São Francisco, um avan-çado laboratório de vinificação, para atender atodo o Nordeste. A perspectiva de bons negóci-os atrai um número cada vez maior de grandesprodutores para o pólo; nacionais, como a Mio-lo, e mesmo estrangeiros.

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RUBENS SONSOL GONDIM

ENG. AGR., M.SC. EM IRRIGAÇÃO E DRENAGEM, PESQ. EMBRAPA

AGROINDÚSTRIA TROPICAL. CORREIO ELETRÔNICO: [email protected]

ADUNIAS DOS SANTOS TEIXEIRA

ENG. AGR., PH.D., PROF. DO CURSO DE MESTRADO EM IRRIGAÇÃO EDRENAGEM DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC).

FÁBIO CHAFFIN BARBOSA

ENG. AGR., M.SC. EM IRRIGAÇÃO E DRENAGEM PELA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO CEARÁ (UFC).

O aumento da competição pelosescassos recursos hídricos tem motivadopesquisadores e técnicos a examinarem

mais profundamente a eficiência do usoda água na agricultura. Alguns autoressugeriram que a melhoria na eficiência

de irrigação em nível parcelar nãoaumentaria a disponibilidade hídrica

para usuários a jusante, uma vez que oescoamento superficial, a percolação

profunda e a água de drenagempermanecem na própria bacia,

disponíveis para outros usuários.

Novo paradigma para a água e coeficientesde cultivos aplicados à gestão de recursos

hídricos em nível de bacia hidrográfica

ara aperfeiçoar a abordagem, foram in-troduzidos conceitos como eficiência efe-tiva (Keller et al., 1996), para água de

irrigação; eficiência da bacia ou eficiência glo-bal, para água numa bacia hidrográfica ou áreairrigada (Wichelns, 2002).

Numa tentativa de superar as limitações doconceito clássico de eficiência de irrigação,Keller et al. (1996) introduziram o conceito deeficiência efetiva, como sendo a relação entreevapotranspiração líquida e volume líquido deágua aplicado. Os volumes percolados e o esco-amento superficial são subtraídos do cálculo. Oconceito contabiliza a quantidade de água efeti-vamente consumida, sendo assim considerado,quando a água é usada na evapotranspiração.Dessa forma, redução em consumo efetivo re-sulta em economia real de água e maior eficiên-cia efetiva.

Keller et al. (1996) descrevem como a eficiên-cia efetiva aumenta cada vez que a água de dre-nagem é utilizada por irrigantes a jusante, suge-rindo que esforços despendidos para aumentar aeficiência de irrigação só produzirão economiade água, quando a eficiência efetiva for baixa.

Perry (1999) aborda um novo paradigma paraa água, expressando a necessidade de esboçar

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A utilizaçãoeficiente da água

na produção dealimentos permite

que, em 18% daárea cultivada no

mundo, que é aárea sob irrigação,

possam sercolhidos 44% da

produção total doplaneta

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um modelo apropriado para contabilidadehídrica e diferenciou bacia aberta (aquela em queágua de boa qualidade está desembocando nooceano e há margem para futuro desenvolvimen-to sem detrimento de outros usuários) e baciafechada (quando a água na bacia está totalmen-te comprometida). Alertou que quando a baciaé fechada, deve-se atentar para os impactos lo-cais e do entorno.

Com o objetivo de avaliar o uso da água emelhor compreender seus impactos numa baciahidrográfica, Molden (1997) propôs uma sériede conceitos aplicáveis para todos os setores deusuários de água. O autor alertou que umamelhoria no uso da água em nível parcelar podeelevar a produtividade total da água numa ba-cia hidrográfica. Dessa forma, propôs ametodologia de contabilidade da água.

A metodologia proposta por Molden (1997)baseia-se na abordagem do balanço hídrico, oqual considera vazão de entrada e de saída numabacia ou sub-bacia hidrográfica. Um passo ini-cial é identificar a área de domínio, que podeser uma parcela irrigada, um distrito de irriga-ção ou uma bacia/sub-bacia hidrográfica. A leide conservação de massas é utilizada de formaque, para um determinado tempo, na área dedomínio, as entradas de água são iguais às saí-das, adicionadas quaisquer variações noarmazenamento ocorridas na área de domínio.

Definições utilizadas na nova abordagem (se-gundo Molden, 1997)

• Fluxo bruto de entrada é a quantidade total queflui para a área de domínio (precipitação,fontes superficiais ou subterrâneas);

• Fluxo líquido de entrada é o fluxo bruto de en-trada mais ou menos com quaisquer varia-ções no armazenamento;

• Depleção hídrica é a remoção ou o uso de águade uma bacia que provoca indisponibilidadehídrica para usos futuros, como:

a) evaporação;b) fluxo para oceano, água subterrânea salina

ou outro corpo hídrico que não permita reusoou recuperação economicamente viável;

c) incorporação num produto, através de umprocesso, tal como a incorporação da águade irrigação em tecidos vegetais.

Tipos de depleção:a) por processo: aquela em que a quantidade de

água aplicada é utilizada para produzir umdeterminado bem, ou seja:

• industrial: a água é utilizada no processo pro-dutivo ou incorporada no produto;

• agrícola: é a água transpirada pelas culturas

mais a quantidade incorporada nos tecidosda planta;

b) sem processo: quando a disponibilidade deágua é reduzida sem ser utilizada no proces-so desejado, como por exemplo, a água apli-cada para irrigação é reduzida pelatranspiração (processo) e evaporação na su-perfície do solo (sem processo). Percolaçãoprofunda para um aqüífero salino pode cons-tituir uma depleção sem processo, se a águasubterrânea não é economicamente utilizá-vel.

Vazão comprometida é a porção da vazãopara outros usos, tais como, outorgas d’águaconcedidas a jusante. Vazão não comprometidaé a água que não foi outorgada, estando dispo-nível para uso na bacia hidrográfica, ou transfe-rência para outras bacias, porém flui devido àausência de infra-estrutura de armazenamentoou medidas gerenciais, como por exemplo, o flu-xo de água para o oceano, em excesso ao reque-rido para pesca, demanda ambiental ou outrosusos beneficiosos. Com armazenamento adicio-nal, esta vazão não comprometida pode sertransferida para um processo, tal como irriga-ção ou uso urbano.

Indicadores

A abordagem de contabilidade hídrica utiliza indicadores de desempe-nho em forma de fração e produtividade da água (Molden, 1997).Fração consumida (FC) pode ser definida em termos de água líquida,bruta e disponível:

FC líquida = depleção/vazão de entrada líquida (1)

FC bruta = depleção/vazão de entrada bruta (2)

FC disponível = depleção/água disponível (3)

A fração processual (FP) relata a água consumida por processos, tantoem relação ao volume total reduzido como em relação ao total deágua disponível:

FPconsumida = depleção do processo/depleção total (4)

FPdisponível = depleção do processo/água disponível (5)

A produtividade da água (PrÁg.) pode ser expressa em termos físicos(produção) ou em termos econômicos (valor da produção por volumede água utilizado) e pode ser definida em termos de vazão líquida,depleção ou depleção hídrica por processo.

PrÁg. = produtividade/vazão líquida de entrada (6)

PrÁg = produtividade/depleção (7)

PrÁg = produtividade/depleção por processo (8)

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QUADRO 2 – Banco de dados do coeficiente de cultivo para as culturas irrigadas do estado do Ceará – 1a Aproximação

CULTURAS Coeficientes de Cultivo (Kc)FASE 1 DAP** FASE 2 DAP** FASE 3 DAP** FASE 4 DAP** Método de determinação

ACEROLA 0,73 30 0,88 31-60 1,00 61-120 1,39 121-180 *ABACAXI 0,65 60 0,65-1,05 61 -414 1,05 415-475 0,93 476-567 Lisímetro de precisão ETo LisímetroARROZ 1,05 30 1,20 31-60 0,90 – 0,60 61-120 *BANANA 1º ANO 0,7 240 1,1 241-360 ETo – Tanque Classe A Balanço HídricoBANANA 2º ANO 1,1 361-450 0,9 451-final ETo – Tanque Classe A Balanço HídricoCAJU 1º ano 0,5 - *CAJU 2º ano 0,55 - *CAJU 3º ano 0,55 - *CAJU 4º ano 0,60 - *CAJU ³ 5º ano 0,65 - *CANA 0,4 60 1,25 61-300 0,75 301-final ETo - FAO Penmann-MonteithCAPIM DE CORTE 0,4 * 1,25 * * * 0,75 ETo - FAO Penmann-MonteithCAPIM DE PISOTEIO * 90 * 91-180 1,00 181-270 * 271-final *CEBOLA 0,7 * 0,85 * 1,05 * 0,75 * *FEIJÃO VERDE 0,75 0-30 1,20 31-60 *GOIABA 0,74 17-67 0,84 68-109 0,82 110-172 0,72 173-193 Balanço hídricoETo Penman-Monteith

(dias após (dias após (dias após (dias apósa poda) a poda) a poda) a poda)

MAMÃO 0,54 84-107 0,87 115-260 0,91 267-380 Balanço Hídrico ETo Penman-MonteithMANGA 0,71 Balanço Hídrico ETo Penman-MonteithMARACUJÁ 0,39 17-76*** 0,64 77-121 0,89 122-166 1,06 167-196 Lisímetro de Drenagem ETo Penman-MMELANCIA 0,41 23 0,41-1,36 24-36 1,36 37-55 0,71 56-70 Lisímetro de precisão ETo Penman-MoMELÃO 0,21 22 1,20 23-40 1,20 41-58 0,97 59-66 Lisímetro de Precisão ETo Penman-MoMILHO VERDE 0,7 30 1,1 31-60 0,95 61-90 *PIMENTA 0,3 30 0,55 31-60 * * * * Lisímetro de precisão ETo Penman-Mo

PIMENTÃO 0,55 30 0,8 31-60 1,05 61-90 0,9 91-120 *

QUIABO 0,5 0-30 0,8 31-60 1,0 61-150 0,3 151-180 Lisímetro de PrecisãoSORGO 0,4 30 0,75 31-60 1,10 61-90 0,8 91-120 *TOMATE 0,7 60 1,1 61-90 0,6 91-120 *UVA 0,6 20 0,7 21-59 1,15 60-99 0,65 100-117 Balanço hídricoETo FAO-Penman Mont(Vitis vinifera L.) cv.Itália

*Dados não disponíveis. ** Dias após o plantio. *** cultivo protegido com cobertura plástica do 32o ao 76 o dia.

QUADRO 1 – Componentes para a contabilidade hídrica

FLUXOS DE ENTRADA

VARIAÇÃO NO ARMAZENAMENTO

DEPLEÇÃO POR PROCESSO

DEPLEÇÃO SEM PROCESSO

FLUXO DE SAÍDA

Fonte: Molden (1997)

NA PARCELA- Irrigação- Precipitação- Contribuições subsuperficiais- Fluxos superficiais

- Variação na umidade do solo na zona radicular

- Transpiração da cultura

- Evaporação na superfície do solo- Evapotranspiração das plantas daninhas- Fluxo lateral ou vertical para corpos hídricos salinos- Água tornada indisponível devido à degradação

da qualidade

- Percolação profunda- Escoamento superficial- Movimento lateral

DISTRITO DE IRRIGAÇÃO- Vertedouros superficiais- Precipitação - Fontes subsuperficiais- Fontes de drenagens superficiais

- Variação na umidade do solo- Variação no armazenamento de reservatórios- Variação no armazenamento de água subterrânea

- Transpiração da cultura

- Evaporação no solo ou de espelhos d’água, plantas daninhas eoutras plantas não cultivadas

- Fluxo para corpos hídricos salinos (subterrâneos, mares e oceanos)- Evaporação de corpos hídricos- Água indisponível devido à degradação de qualidade

- Água comprometida para pesca e demanda ambiental- Água comprometida a jusante- Para uso doméstico e industrial dentro do Distrito de Irrigação- Fluxos não comprometidos

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Oportunidades e desafios

A contabilidade hídrica permite a identifica-ção de oportunidades para economia e aumen-to da produtividade da água e suporte para to-mada de decisão. A abordagem requer uma sé-rie de medições. Um ponto crítico é a separaçãoda água evaporada da transpirada pelas plan-tas, de forma que permita a separação da águaconsumida por processo da utilizada sem processo.

O aumento da produtividade da água dá-se,quando se disponibiliza a mesma quantidadepara um maior número de usuários e obtém-seuma maior quantidade física do produto porvolume utilizado de água. Isto se torna possível,quando a contabilidade hídrica detecta de for-ma precisa o volume de água que flui para o oce-ano e passa a introduzir medidas de gestão derecursos hídricos que otimizem a utilização daágua disponível. Também quando se reduzem asperdas por evaporação e percolação profundanuma parcela irrigada e, conseqüentemente,reduz-se a quantidade de água alocada por uni-dade de área.

A separação da água evaporada da águaevapotranspirada requer exaustiva dedicação dapesquisa, utilizando-se os conceitos de coefici-ente de cultivo basal (Kcb) e coeficiente de eva-poração (Ke), introduzidos por Allen et al.(1998).

A alocação de água para irrigação dependedas necessidades hídricas da cultura, método deirrigação adotado e dos fatores climáticos comotemperatura, vento, radiação solar e umidaderelativa do ar, os quais interferem na evapo-transpiração da planta. Cada método de irriga-ção possui uma eficiência de irrigação aceitávele seu desempenho é influenciado tanto pelodimensionamento hidráulico adequado, quantopela correta operacionalização do sistema. Oresultado é refletido na eficiência do uso da águade irrigação.

Dessa forma, o conhecimento das necessida-des hídricas das espécies irrigadas, estimado pelocoeficiente de cultivo (Kc) e evapotranspiraçãode referência, é de fundamental importânciapara uma gestão sustentável dos recursoshídricos em nível de uma bacia hidrográfica, as-sim como as culturas que são irrigadas, épocasde plantio e métodos de irrigação utilizados.

Os coeficientes de cultivo (Kcs) das culturasirrigadas no estado do Ceará foram organiza-dos, em primeira aproximação, numa base dedados disponível eletronicamente (www.cnpat.embrapa.br/publicacoes/kc) e estão dispostos noQuadro 2.

Município de determinação AutorFortaleza - CE Martins Neto (1997)Paraipaba-CE Pontes (2002)* Allen et al. (1998) modificadoPetrolina - PE Bassoi et al (2001)Petrolina - PE Bassoi et al (2001)Paraipaba -CE Oliveira et al. (2003)Paraipaba -CE Oliveira et al. (2003)Paraipaba -CE Oliveira et al. (2003)Paraipaba -CE Oliveira et al. (2003)Paraipaba -CE Oliveira et al. (2003)* Allen et al. (1998)* Allen et al. (1998)* Mendes (1997)* Marouelli e Silva (2001)* Mendes (1997).Petrolina-PE Ferreira (2004)

h Paraipaba-CE Montenegro (2002)h Petrolina-PE Azevedo et al (2002)Monteith Piracicaba-SP Alencar (2000)onteith Paraipaba-CE Oliveira (1999)nteith Paraipaba-CE Miranda, F.R.Bleicher, E. (2001)

Baixo Jaguaribe-CE Mendes (1997)onteith Paraipaba-CE EMBRAPA-CNPAT

(Pesquisa em andamento)Allen et al. (1998) citado porMarouelli e Silva (2001)

Campos dos Goytacazes-RJ Paes et al (2003)* Mendes (1997)* Mendes (1997)

eith Petrolina-PE Teixeira et al. (1999)

BACIA OU SUB-BACIA HIDROGRÁFICA- Precipitação- Vertedouros entre bacias- Fluxo de entrada subterrâneo- Fluxo de entrada fluvial na bacia ou sub-bacia

- Variação na umidade do solo- Variação no armazenamento de reservatórios- Variação no armazenamento de água subterrânea

- Transpiração da cultura- Usos municipais e industriais- Pesca, vegetação nativa e outras depleções de plantas não cultivadas- Demanda ambiental

- Evaporação no solo ou de espelhos d’água, plantas daninhas e outrasplantas não cultivadas

- Fluxo para corpos hídricos salinos (subterrâneos, mares e oceanos)- Evaporação de corpos hídricos- Água indisponível devido à degradação de qualidade- Evapotranspiração da vegetação nativa

- Água comprometida para pesca e demanda ambiental- Água comprometida a jusante- Para conservação ambiental- Fluxos não comprometidos

18 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 200518 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

MARTINS NETO, D. Evapotranspiração real da acerola(Malpighia glabra L) durante o primeiro ano de implan-tação nas condições climáticas de Fortaleza – CE. 1997.84 f. Dissertação (Mestrado em irrigação e Drenagem)Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

MENDES, A. J. P. Estabelecimento de calendários de irri-gação para o manejo racional do perímetro K do proje-to de irrigação Morada Nova “utilizando o programaCropwat”. 1997. 115 f. Dissertação (Mestrado em irri-gação e Drenagem) Universidade Federal do Ceará,Fortaleza.

MIRANDA, F. R.; BLEICHER, E. Evapotranspiração ecoeficiente de cultivo e de irrigação para a cultura domelão (Cucumis melo L.) na Região Litorânea do Cea-rá Fortaleza-CE: Embrapa- CNPAT, 2001 17p. (Bole-tim de Pesquisa e Desenvolvimento, 2).

MONTENEGRO, A. A. T. Evapotrasnpiração e coeficien-tes de cultivo do mamoeiro (Carica papaya L.) obtidosatravés do método do balanço hídrico para a região li-torânea do Ceará. 2002. 76 f. Dissertação (Mestrado emIrrigação e Drenagem) Departamento de EngenhariaAgrícola, Universidade Federal do Ceará. Fortaleza,2002.

KELLER, A.; KELLER, J.; SECKLER, D. Integrated waterresources systems: theory and policy implications.Colombo, Sri Lanka: International Water ManagementInstitute.1996. 15 p.

OLIVEIRA, J. J. G. Evapotranspiração máxima e coefici-entes de cultivo da melancia (Citrullus lanatus, Schard)através de lisímetro de pesagem de precisão para a re-gião litorânea do Ceará. 1999. 121 f. Dissertação(Mestrado em irrigação e Drenagem) UniversidadeFederal do Ceará, Fortaleza.

OLIVEIRA, V. H. de; SANTOS, F. J. de S.; CRISÓSTEMO,L. A.; SAUNDERS, L. C. U. Manejo da irrigação naprodução integrada do Cajueiro-Anão precoce. Forta-leza: Embrapa Agroindústria Tropical. 2003. 7 p.(Embrapa Agroindústria Tropical. Circular Técnica, 15).

PAES, H. M. F., SOUZA, E. F. de, BERNARDO, S.,GOTTARDO, R., SILVA, M. G., AMARAL, T. L., JAS-MIM, J. Coeficiente cultural do quiabeiro (Abmoschusesculentos (L.) Moench) em Campos dos Goytacazes,RJ, Brasil. XLIX Reunião anual da SociedadeInteramericana de Horticultura Tropical. p.157. Forta-leza. 2003.

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TEIXEIRA, A. H. de C., AZEVEDO, P. V., SILVA, B. B.,SOARES, J. M. Consumo hídrico e coeficiente de cul-tura de videira na região de Petrolina, PE. CampinaGrande: Revista Brasileira de Engenharia Agrícola eAmbiental. v.3,n.3,p.413-416.1999.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FERREIRA, M.N.L. Distribuição radicular e consumo deágua de goiabeira (Psidium guajava L.) irrigada pormicroaspersão em Petrolina-PE. 2004. 106 f. Tese (Dou-torado em irrigação e Drenagem) Universidade de SãoPaulo ESALQ, Piracicaba.

MOLDEN, D. Accounting for water use and productivity.SWIM Paper 1. Colombo, Sri Lanka: InternationalWater Management Institute.1997. 16 p.

MAROUELLI, W. A; SILVA, W. L. C. Coeficiente de culti-vo das principais culturas anuais – Coeficientes de cul-tura (Kc) para hortaliças sob sistema convencional decultivo e irrigadas por aspersão, ajustados pelaEMBRAPA HORTALIÇAS pág. 49-63. 2001/2002. Re-vista Item (ABID) - Irrigação e Tecnologia ModernaNº 52/ 53.

Quanto melhorprotegidos os

mananciais, maiora oferta hídrica,

que, por sua vez,poderá ampliar a

capacidade deatendimento combons projetos de

irrigação

FOTO: HELVECIO SATURNINO

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 19

Conheça a programação do XV Conird e doSimpósio Internacional de Uso das ÁguasSubterrâneas na Agricultura Irrigada

HORÁRIO

5h

7h30 às10h

10h às 10h15

10h15 às 12h15

12h15 às14h

14h às 16h

16h às 16h15

16h15 às 18h

18h às 19h

19h às 20h

20h

17/10 SEGUNDA

MINICURSOS

Intervalo – Visita a estandes

CONFERÊNCIAPolíticas e perspectivas do uso das águassubterrâneas no desenvolvimento daagricultura irrigada

Almoço – Visita a estandes

SEMINÁRIO IAproveitamento dos recursos hídricossuperficiais da região Nordeste

SEMINÁRIO IIAgricultura Irrigada no Plano Nacional deRecursos Hídricos

Intervalo

CONFERÊNCIAGestão sustentável de aqüíferos: caso doaqüífero Serra Grande

Sessão Pôster – Visita a Estandes

Rodada de negóciosVisita a estandes

18/10 TERÇA

MINICURSOS

Intervalo – Visita a estandes

CONFERÊNCIAQualidade da água subterrâneafins de irrigação

Almoço – Visita a estandes

SEMINÁRIO IO desenvolvimento da agricultirrigada no Pronaf

SEMINÁRIO IIFruticultura irrigada: experiêncVales do São Francisco e Parna

Intervalo

CONFERÊNCIAGestão de perímetros irrigados

Assembléia – ABID

Rodada de negócios Visita a estandes

16/10 DOMINGO

CredenciamentoRecepção eInformações

Solenidade de aberturaCONFERÊNCIA INAUGURALParcerias público-privadasna agricultura irrigada

Coquetel

PROGRAMAÇÃO CONJUNTA DO XV CONIRD e DO SIMPÓSIO INTERNA

20 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

“Parcerias Público-Privadas naAgricultura Irrigada” – será o tema daconferência inaugural, às 19h, do dia16/10/2005, no Centro de Convençõesde Teresina, Piauí, do XV Conird e doSimpósio Internacional de Uso dasÁguas Subterrâneas na AgriculturaIrrigada, a ser proferida pelo Ministroda Integração Nacional, Ciro Gomes.

A programação terá seqüência nodia 17/10/2005, com os primeiros cincominicursos previstos para o horário de

7h30 às 10h, seguidos, às 10h15, pela conferên-cia sobre “Políticas e perspectivas do uso daságuas subterrâneas no desenvolvimento daagricultura irrigada”, no auditório principal.

No dia 19/10, às 10h15, o ministro RobertoRodrigues, do Mapa, irá proferir a conferência“O Agronegócio das Culturas EnergéticasIrrigadas”.

A partir daí, até o dia 21/10/2005, quando serárealizado o Dia de Campo no Perímetro Irriga-do Tabuleiros Litorâneos do Piauí, próximo à fozno Rio Parnaíba, onde os participantes dos doiseventos terão a oportunidade de conhecer, tro-car informações e tecnologias sobre a agricultu-ra irrigada e o que ela pode fazer para o desen-volvimento regional. Fazem parte da programa-ção geral seis conferências, seis seminários, duassessões pôsteres, 15 minicursos, dois dias de cam-po, rodada de negócios e exposição de equipa-mentos de irrigação.

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ura

ias dosíba

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19/10 QUARTA

MINICURSOS

Intervalo – Visita a estandes

CONFERÊNCIAO agronegócio das culturas energéticasirrigadas

Almoço – Visita a estandes

SEMINÁRIO IClassificação de terras para irrigação:enfoque na região Semi-Árida

SEMINÁRIO IIIrrigação na produção debiocombustíveis

Intervalo

Sessão Pôster – Visita a Estandes

Encerramento

Jantar de confraternização

20/10 QUINTA

DIA DE CAMPO1. Vitrine de matérias-primas para

biocombustível– Embrapa Meio-Norte

2. Fruticultura irrigada (limão Tahiti)– Fazenda Frutan

3. Sistema de pastoreio rotativosob irrigação – CCA/UFPI

Almoço

DIAS DE CAMPODeslocamento para Parnaíba(ônibus 1)*

21/10 SEXTA

Deslocamento para Parnaíba(ônibus 2)*

DIA DE CAMPODistrito de Irrigação dosTabuleiros Litorâneos do Piauí

Almoço

Retorno a Teresina ou atividadepós-eventos com diversasoportunidades de visitas naregião do Delta do Parnaíba,além de outras atraçõesregionais

ACIONAL DE USO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NA AGRICULTURA IRRIGADA

(*) - O número de ônibus poderá seraumentado de acordo com o númerode inscrições para o dia de campo.

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 21

Os biocombustíveis descortinam novas opções para a agricultura irrigada. Campo de produção de pinhão-manso consorciado compepino para picles, sob irrigação por gotejamento, na propriedade de Jorge Kakida, no município de Janaúba, Norte de Minas

FOTO

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22 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

MINICURSOS

22 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

Os 15 minicursos programados para o XV Conird foram divididos por áreas e poderão ser programaddias do evento, segundo o interesse de cada participante. A escolha da área B (Fertirrigação), por exeminicursos desta área, no período de 17/10 a 19/10. A seguir, veja as opções e faça sua escolha, no m

ÁREAS

A. MANEJO DE IRRIGAÇÃO

1. Manejo de irrigação com base em estaçãometeorológica automática e em série históricade dados climáticos

2. Lisimetria na determinação do consumo deágua das plantas

3. Monitoramento de água no sistema solo-planta

B. FERTIRRIGAÇÃO

4. Manejo de irrigação e fertirrigação emfruteiras

5. Manejo de irrigação e fertirrigação emhortaliças

6. Manejo de água e nutrientes em pomares debanana e mamão

C. SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOB IRRIGAÇÃO

7. Produção de Carne e Leite em PastagemIrrigada

8. Produção de sementes e mudas sob irrigação

9. Produção de cana-de-açúcar sob irrigação

D. GESTÃO DE RECURSOS DE SOLO E ÁGUA

10. Outorga de uso de água superficial esubterrânea para fins de irrigação

11. Licenciamento ambiental para irrigação

12. Comitês de bacias hidrográficas: conservaçãoe uso do solo e água

E. SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO PARAAGRICULTURA FAMILIAR

13. Organização e gestão de perímetros irrigadosvisando a integração da Agricultura Familiar

14. Sistemas e equipamentos de irrigação parapequenas áreas

15. Organização da assistência técnica, daprodução e do manejo de irrigação

COORDENADORES/INSTRUTORES

Luiz Gonzaga (coordenador)

Morethson Rezende (instrutor)

Luiz Fernando de S. Campeche (instrutor)

Maurício Antônio Coelho Filho (instrutor)

Francisco de Brito Melo (coordenador)

José Maria Pinto (instrutor)

Waldir Aparecido Marouelli (instrutor)

Eugênio Ferreira Coelho (instrutor)

Braz Henrique Nunes Rodrigues (coordenador)

Luís César Drumond (instrutor)

Cláudio Manoel da Silva (instrutor)

Durval Dourado Neto (instrutor)

Evandro Carvalho de Aragão (coordenador)

Éder Pozzebon ePedro Marwell Filho (instrutores)

Sérgio Pinheiro Landim (instrutor)

Devanir Garcia dos Santos (instrutor)

Ubirajara Gomes e Argileu Martins da Silva(coordenadores)

Ubirajara Gomes,José Aloísio Néri,Eugênio Paccelli L. Vasconcelos eAntônio Alfredo T. Mendes (instrutores)

Antônio A. Soares,Durval Dourado Neto eLaércio Lavor (instrutores)

Francisco Adriano de C. Pereira,Ronaldo Freire de Moura,Francisco José Seixas Santos eUri Gosdestein (instrutores)

DIA/HORÁRIO

17/1020057h30 às 10h

18/10/20057h30 às 10h

19/10/20057h30 às 10h

17/10/20057h30 às 10h

18/10/20057h30 às 10h

19/10/20057h30 às 10h

17/10/20057h30 às 10h

18/10/20057h30 às 10h

19/10/20057h30 às 10h

17/10/20057h30 às 10h

18/10/20057h30 às 10h

19/10/20057h30 às 10h

17/10/20057h30 às 10h

18/10/20057h30 às 10h

19/10/20057h30 às 10h

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 233º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 23

DIAS DE CAMPODia 20/10/2005O dia de campo programado para o dia 20/10/2005 envolve três diferenteslocais e atividades, que serão conhecidos por todos os participantes.O interessado deve ficar atento à hora e ao local marcados para a saída dosônibus, que seguirão para roteiros diferenciados, passando pelos três locais:

1. Vitrine de culturas energéticas irrigadas para produção dematérias-primas para biocombustíveis

Local: Embrapa Meio-Norte, Teresina-PIHorário: 7h30 (saída dos ônibus)Coordenação: Marcos de Sousa, da Embrapa Meio-Norte.Estações:

1. Sistema de irrigação ( coordenada por Luís Otávio, da Amanco Brasil).2. As culturas do gergelim e do girassol ( coordenada por José Lopes, da Embrapa

Meio-Norte).3. Cultura da cana-de-açúcar irrigada (coordenada por César Cardoso Ferreira Júnior,

da Comvap, e Durval Dourado Neto, da Esalq/USP).

2. Fruticultura IrrigadaCultura: Lima Ácida TahitiLocal: Fazenda Frutan, em José de Freitas-PI (aproximadamente 40 km de Teresina)Estações:

1. Produção de mudas de citros em ambiente protegido, sob a coordenação deCarlos do Vale Pinto, da Fazenda Frutan.

2. Irrigação na cultura do limão (Estação meteorológica), com Marcos AntônioBarbosa Leite, da Fazenda Frutan.

3. Certificação PIF e Eurep Gap, com Carlos Antônio Ferreira de Sousa, da EmbrapaMeio-Norte e Lívio de Sousa Moura, da Fazenda Frutan.

3. Sistema de Pastoreio Rotativo sob IrrigaçãoLocal: Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí, Teresina-PIData: 20/10/2005Coordenação: Maria Elizabeth de OliveiraEstações:

1. Aspectos zootécnicos da produção de ovinos em pastejo rotacionado ( ProfessoraMaria Elizabeth de Oliveira)

2 .Manejo da irrigação e aspectos econômicos do sistema de produção de ovinos empastagens cultivadas irrigadas (Professor Francisco Edinaldo Pinto Mousinho).

3. Solos e Adubação de pastagem cultivada sob manejo rotacionado (ProfessorAdeodato Ari Cavalcante Salviano).

DIA 21/10/2005Para esse dia de campo, o participante terá que se deslocar para a cidade de Parnaíba,a 320 km de Teresina. Os interessados serão avisados a respeito dos horários de saídados ônibus.

Distrito de Irrigação dos Tabuleiros Litorâneos do PiauíLocal: Parnaíba-PIData: 21/10/2005Horário: 7h30Coordenador: Braz Henrique Nunes RodriguesEstações:

1. Bombeamento principal (Josenilto Lacerda Vasconcelos, engenheiro agrônomo egerente do Ditalpi). Apresentação do projeto, descrição da situação atual,perspectivas e oportunidades de negócio e aspectos técnicos de operacionalização.

2. Visita ao projeto “Otimização do uso da água dos canais de projetos de irrigaçãodo Semi-Árido”, sob a responsabilidade de Francisco José de Seixas Santos(Embrapa Meio-Norte), Jaime Miguel de Araújo Filho (zootecnista) e CarolynyBatista Lima (zootecnista). Apresentação dos objetivos e metodologia do projeto,além de visita às áreas dos viveiros de peixes e culturas instaladas.

3. Visita a uma área de produção de melancia incorporada ao projeto “Programa deracionalização da água de irrigação aos produtores de melancia do Meio-Norte”,sob a responsabilidade de Braz Henrique Nunes Rodrigues (Embrapa Meio-Norte).Apresentação dos objetivos, metodologia e resultados do projeto, com explanaçãoteórica e depoimento de produtores.

4. Visita às áreas do projeto cultivadas com coco, acerola orgânica, caju e consórciode ovinos/bovinos com fruticultura. Apresentação: depoimento de diversosprodutores irrigantes.

dos pelos interessados para cada um dosemplo, implicará na freqüência aosmomento de sua inscrição no XV Conird.

INSTITUIÇÕES DE ORIGEM

Uespi

Embrapa Milho e Sorgo

USP

Embrapa

Embrapa Meio-Norte

Embrapa Semi-Árido

Embrapa Hortaliças

Embrapa Mandioca e Fruticultura

Embrapa Meio-Norte

Uniube/Fazu

ABRASEM – Associação Brasileira deProdutores de Sementes e Mudas

Esalq/USP

UFPI

ANASemar/PI

Semar/PI

ANA

Codevasf e SAF /MDA

CodevasfEmater/MGEmater/MGNaanDan Irrigaplan/Csei/Abimaq/ABID

UFVEsalq/USPAmanco

UFBAUFPEEmbrapa Meio-NorteNetafim

24 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 200524 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

CONFERÊNCIAS E SEMINÁRIOSDATA / HORÁRIO

16/10/200519h às 20h

17/10/200510h15 às 12h15

17/10/200514h às 16h

17/10/200514h às 16h

17/10/200516h15 às 18h

18/10/200510h15 às 12h15

18/10/200514h às 16h

18/10/200514h às 16h

18/10/200516h15 às 18h

19/10/200510h15 às 12h15

19/10/200514h às 16h

19/10/200514h às 16h

CONFERÊNCIASEMINÁRIO

CONFERÊNCIAINAUGURAL

CONFERÊNCIAPolíticas e Perspectivasdo Uso das ÁguasSubterrâneas noDesenvolvimento daAgricultura Irrigada

SEMINÁRIO IAproveitamento dosRecursos HídricosSuperficiais da RegiãoNordeste

SEMINÁRIO IIAgricultura Irrigadano Plano Nacional deRecursos Hídricos

CONFERÊNCIAGestão Sustentável deAqüíferos: Caso doAqüífero Serra Grande

CONFERÊNCIAQualidade da ÁguaSubterrânea para Finsde Irrigação

SEMINÁRIO IO Desenvolvimentoda Agricultura Irrigadano Pronaf

SEMINÁRIO IIFruticultura Irrigada:experiências dos Valesdo São Francisco eParnaíba

CONFERÊNCIAGestão de PerímetrosIrrigados

CONFERÊNCIAO Agronegócio dasCulturas EnergéticasIrrigadas

SEMINÁRIO IClassificação de TerrasPara Irrigação: Enfoquena Região Semi-Árida

SEMINÁRIO IIIrrigação na Produçãode Biocombustíveis

PALESTRANTES

Ministro Ciro Gomes

Gabriel Todt Azevedo – PalestranteJosé Machado – Presidente da MesaDalton Melo Macambira – DebatedorEugênio Brunheroto – Debatedor

Francisco Batista Teixeira – Debatedor

Joaquim Guedes Corrêa Gondim Filho – PalestranteDalton Melo Macambira – CoordenadorEverardo Mantovani – DebatedorCarlos Gilberto C. Farias – DebatedorLineu Rodrigues – Debatedor

João Bosco Senra – PalestranteMarcos V. Folegatti – CoordenadorMilcíades Gadelha de Lima – DebatedorLuís Coelho de Luz Filho – DebatedorAlfredo Mendes – Debatedor

Cláudio Luiz Rebelo Vidal – PalestranteValdemício F. de Souza – Presidente da MesaMarco Antônio F. Gomes – DebatedorGabriel Todt Azevedo – DebatedorFernando Feitosa – Debatedor

Fernando R. de Oliveira – PalestranteJosé Antônio Frizzone – Presidente da MesaHans Raj Gheyi – DebatedorEnio Farias de França Silva – DebatedorMaurício Melo – Debatedor

Walter Bianchini – PalestranteWilson Martins – CoordenadorFrancisco Nuevo – DebatedorAdonias Higino de Sousa – DebatedorFrancisco Guedes A Filho – Debatedor

José Alberto Coelho Paz – PalestranteJosé Gualberto Almeida – PalestranteLucas Antônio de Souza Leite – CoordenadorJosé Agostinho Carvalho Neto – DebatedorPedro Carlos Gama da Silva – DebatedorFlávio Aguiar – Debatedor

Hypérides Macêdo – Palestrante

Leão Humberto Montezuma – PalestranteHerbert Drummond – Presidente da MesaJosenilto Lacerda Vasconcelos – DebatedorJosé Dantas Neto – DebatedorBernhard Kiep – Debatedor

Ministro Roberto Rodrigues

Fernando C. S. do Amaral – PalestranteManuel de Jesus Batista – PalestranteCelso Vainer Manzatto – CoordenadorAdeodato Ari C Salviano – DebatedorAntônio Cabral Cavalcanti – DebatedorIvandro França da Silva – Debatedor

Melvin Meyes – PalestranteDurval Dourado Neto – PalestranteJosé Geraldo Eugênio França – CoordenadorEdson Barcelos da Silva – DebatedorDemócrito de Sousa Farias – DebatedorCarlos Gilberto C. Farias – Debatedor

INSTITUIÇÃO DE ORIGEM

Ministério da Integração Nacional

Banco MundialDiretor-presidente da ANASecretário de Meio Ambiente e RH/PIPresidente da Câmara Setorial de

Equipamentos de Irrigação da AbimaqChefe da Residência Especial de

Teresina da CPRM

ANASecretário de Meio Ambiente e RH do PIUniversidade Federal de ViçosaDiretor-Superintendente da AgrovaleEmbrapa Cerrados

Secretário Nacional de RH do MMAEsalq/ USPSecretaria de Meio Ambiente e RH/PIPresidente da APPMNaanDan Irrigaplan

CPRMEmbrapa Meio-NorteEmbrapa Meio AmbienteBanco MundialCPRM Fortaleza

ANAEsalq/USPUnivers. Federal de Campina GrandeEsalq/USPProágua Perfurações

Secretário Agricultura Familiar do MDASecretário de Desenvolvimento Rural/PIAmancoPresidente da FetagDiretor do Interpi

FrutanFazenda MilanoEmbrapa Agroindústria TropicalBanco do NordesteEmbrapa Semi-ÁridoNetafim

Secretaria de Infra-Estrutura Hídricasdo MI

Diretor de Produção do DnocsDiretor de Produção da CodevasfAssociação dos Irrigantes do DitalpiUnivers. Federal de Campina GrandeDiretor-presidente da Valmont Brasil

Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento

Embrapa SolosCodevasfEmbrapa SolosUniversidade Federal do PiauíEmbrapa SolosUniversidade Federal da Paraíba

AmancoEsalq/ USPDiretor Executivo da EmbrapaSeplan/AMGrupo Olho D‘águaDiretor-superintendente da Agrovale

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 253º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 24

A próxima revista, ITEM 68,4º trimestre de 2005,

já está em fase de edição.

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55

49

Em 2001, uma rica programação do XI CONIRD e4th IRCEW, em Fortaleza, CE, registrada na Item50, com a edição dos 2 anais e de um livro eminglês e a inserção internacional da ABID,incluindo-se a presença do presidente da ICID,como retratado na Item 50 e 51.

Em 2002, o XII CONIRD em Uberlândia, MG, comos anais em CD e a programação na Item 55.

Em 2003, o XIII CONIRD em Juazeiro, BA, com osanais em CD e a programação na Item 59.

Em 2004, o XIV CONIRD em Porto Alegre, RS, comos anais em CD e a programação na Item 63.

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Teresina PI16 a 21 de outubro de 2005

UM ENCONTRO com os agronegócioscalcados na agricultura irrigada.Temas nacionais e internacionais voltadospara o uso sustentável da água e a geraçãode riquezas e empregos.

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ASSOCIAÇÃOBRASILEIRA DEIRRIGAÇÃO EDRENAGEMÉ O COMITÊNACIONALBRASILEIRO

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CONFERÊNCIASCONFERÊNCIASConferência 17/0UT/2005 – 10h15 às 12h15

POLÍTICAS E PERSPECTIVAS DO USO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEASNO DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA IRRIGADA

Presidente da MesaJosé Machado ,diretor-presidente da AgênciaNacional de Águas (ANA)

Graduado em Ciências Econô-micas pela Faculdade de Eco-nomia e Administração da Uni-versidade de São Paulo (USP)e pós-graduado em CiênciasEconômicas pela Universi-dade Estadual de Campinas(Unicamp). Professor licencia-do de Economia na Universi-dade Metodista de Piracicaba

(SP); deputado estadual pelo Estado de São Pauloe prefeito municipal de Piracicaba (SP) por doismandatos (1989/92 e 2001/2004). Articulador efundador do consórcio intermunicipal das BaciasHidrográficas dos rios Piracicaba e Capivari, ten-do sido o seu primeiro presidente (1989/90 e 1991/92); membro titular dos comitês estadual e federaldas Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba,Capivari e Jundiaí e deputado federal por doismandatos.“A Carta Magna de 1988, de certa forma, desmem-brou a unicidade do ciclo hidrológico, quando es-tabeleceu dominialidades distintas para as águassuperficiais e subterrâneas. Estas pertencem so-mente aos Estados, enquanto as águas superficiaistêm o domínio distribuído entre a União e aquelesentes federados. A Lei das Águas (Lei 9.433/97), aqual instituiu a Política Nacional de RecursosHídricos, trata da água subterrânea enquanto re-curso hídrico genérico, de certa forma (re)unindoo ciclo hidrológico. Algumas das Resoluções doConselho Nacional de Recursos Hídricos-CNRH,particularmente as Resoluções 15/2001 e 22/2002,inseriram, de maneira mais enfática, as águas sub-terrâneas na gestão. O ponto essencial é entenderque a gestão deve ser realizada de modo integra-do, não segmentando o ciclo hidrológico.

É estimado que atualmente são irrigados cerca de280 milhões de hectares ao redor do mundo, sen-do que por volta de 100 milhões são com água sub-terrânea (Unesco 1998), ou seja, 36% do total. OBrasil tem cerca de 3,2 milhões de hectares irriga-dos, mas apenas uma pequena parcela desse totalcom água subterrânea. A titulo de exemplo, a fru-ticultura irrigada, em grande parte exportada,empreendida na Chapada do Apodi, na divisa dosestados do RN e CE, utiliza, em sua maioria, águasubterrânea. Nessa região, observa-se claramentea importância dessa atividade, seja na geração deempregos, estimulando toda a cadeiasocioeeconômica, assim como no aporte de divisaspara o País. Entretanto, deve-se ressaltar que aolado de tantos pontos favoráveis, é necessária arealização de estudos com vistas à sustentabilidadedos empreendimentos, em suas várias vertentes,para o não comprometimento futuro. O Brasil tem quase a metade de seu território co-berto por terrenos sedimentares, os quais são, emgeral, bastante favoráveis à ocorrência de águasubterrânea, constituindo importantes aqüíferos,alguns com destaque mundial, como é o caso doSistema Aqüífero Guarani. O nosso País tem trêsgrandes bacias sedimentares paleozóicas, as quaissão responsáveis pela maior parte de nossas reser-vas de água subterrânea: Bacia do Paraná (1 mi-lhão km2); Bacia do Amazonas (1,3 milhão km2)e, Bacia do Parnaíba (600 mil km2), esta últimaperfazendo a quase totalidade dos estados doMaranhão e Piauí, representando um grande po-tencial diferencial quanto à disponibilidade de águaem relação aos estados nordestinos situados nosterrenos cristalinos. Os sedimentos dessas baciasmaterializam importantes aqüíferos, com águas,em geral, de boa qualidade.Em geral, as áreas irrigadas estão situadas em re-giões com razoável a boa disponibilidade de águasuperficial e, nesse cenário, a água subterrâneapoderá atuar de modo complementar. Em regiões

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onde os recursos hídricos superficiais não estão dis-poníveis, sejam por fatores climáticos ou limita-dos pela demanda atual, as águas subterrâneas,quando existentes, poderão vir a ocupar papel re-levante no agronegócio, evidentemente à mercê deestudos técnicos específicos, de forma que os em-preendimentos tenham sustentabilidade.”

PalestranteGabriel Todt de Azevedo, coordenador deOperações Setoriais do Banco Mundial, noBrasil.

Engenheiro Civil, pela EscolaPolitécnica da UniversidadeFederal da Bahia, mestre emHidrologia e Doutor em Pla-nejamento e Gerenciamentode Recursos Hídricos, peloDepartamento de EngenhariaCivil da Colorado State Uni-versity. Engenheiro de Recur-sos Hídricos do Departamento

de Desenvolvimento Ambiental e Social Sustentá-veis do Banco Mundial, onde atua desde 1993, ten-do trabalhado com diversos países. Em 1997, pas-sou a coordenar (team leader) o Grupo de Recur-sos Hídricos e Irrigação para o Brasil, posição queocupa até o momento. Em 2001, assumiu a coor-denação de Operações Setoriais no Brasil do De-partamento de Desenvolvimento Ambiental e So-cial Sustentáveis.“Nos últimos anos, o uso de água subterrânea naagricultura irrigada em áreas semi-áridas, de todoo mundo, cresceu de forma impressionante. Essecrescimento tem sido chamado por alguns autores

de “revolução silenciosa”, em que milhares de pe-quenos produtores independentes têm-se voltadopara a utilização de água subterrânea com claros esubstanciais ganhos sociais e econômicos. Entre-tanto, nem sempre essa parceria tem-se mostradosustentável. Temos observado um uso indiscri-minado das águas subterrâneas associado a políti-cas governamentais pouco eficientes em ordenaressa expansão.O desafio do gerenciamento efetivo dos recursossubterrâneos precisa, sem dúvida, estar na agendade políticas hídricas para o Brasil. O Banco Mun-dial tem buscado, por meio de uma equipe de pro-fissionais do Gwmate (Groundwater ManagementTeam), e de outros projetos de recursos hídricosno Brasil, principalmente nos estados do Nordes-te contribuir para essa mudança. Acreditamos queo gerenciamento integrado entre água superficiale subterrânea, com um planejamento egerenciamento efetivo e sustentável pode alavancaro desenvolvimento de áreas com notórios déficitshídricos. O estado do Piauí, devido às suas carac-terísticas hidrogeológicas, possui um grande po-tencial quanto a reservas de água subterrânea. Es-tima-se que as reservas exploráveis sejam de 2,2bilhões de m3/ano. Esse potencial deve, de formasustentável, contribuir para o crescimento da agri-cultura irrigada.”

DebatedoresDalton Melo Macambira, secretário do MeioAmbiente e Recursos Hídricos do Piauí.Graduado em História (licenciatura plena) pelaUniversidade Federal do Piauí, com especializa-ção em História Moderna e Contemporânea, pós-

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Violeto, o maisantigo eemblemático poçojorrante do Piauí.Desde 2004, porações da ANA como governo doEstado, passou aser gerenciado

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graduação latu sensu pela PUC/MG, curso de História Oral naUniversidade Federal dePernambuco e mestrado emCiência Política pela Universi-dade Estadual de Campinas(Unicamp). Professor de His-tória Geral e do Brasil na redeparticular , estadual e munici-pal de ensino, professor e pes-

quisador da Fundação Centro de Pesquisas Eco-nômicas e Sociais do Piauí, chefe de gabinete davice-governadoria do Estado do Piauí. ProfessorAssistente II, lotado no Departamento de Geogra-fia e História do CCHL/FUFPI (licenciado).“As águas subterrâneas representam cerca de 98%da água doce disponível, excluindo-se as águas emgeleiras e glaciais. No Brasil, estima-se que reser-vas de água subterrânea correspondam a cerca de112.211 km³ (112 trilhões de m³), estando distri-buída em 10 províncias geológicas, com destaquepara as bacias sedimentares do Paraná (44,88% dototal), Amazonas (28,94%) e Parnaíba (15,58%).Além da importância pela quantidade de água ar-mazenada, as reservas subterrâneas estão distribu-ídas em grandes extensões de terra, permitindo umacesso mais equilibrado do que as águas superfici-ais que são concentradas em pequenas áreas re-presentadas pelos cursos dos rios e pelos lagos,naturais ou artificiais.A Constituição Federal de 1988 estabeleceu, emseu art. 26, que a águas subterrâneas são de domí-nio do Estado onde ocorrem. Já a Lei 9.433 reco-nhece que captações de águas subterrâneas sãoobras de engenharia e necessitam de autorizaçãopara sua instalação e operação.O Estado do Piauí, considerando a importânciadeste recurso, dedica um título da Lei nº 5.165,Lei Estadual das Águas, para as águas subterrâne-as, especificando as áreas de proteção e controlede aqüíferos, procedimentos no caso de escassez,responsabilidades dos proprietários, necessidadeda existência de dispositivos de controle de vazãoem poços jorrantes, dentre outros. No Estado, ocontrole do uso é realizado por meio delicenciamento específico para a perfuração, insta-lação e operação de poços, além da concessão deoutorga de direito do uso.Cerca de 80% do território piauiense está contidona província hidrogeológica do Parnaíba, cuja re-serva é estimada em 17.500 km³, com destaque paraos aqüíferos Serra Grande e Cabeças e o sistemaPoti-Piauí. Reconhecendo a água subterrâneacomo uma reserva estratégica, a Secretaria de MeioAmbiente e Recursos Naturais do Estado do Piauívem desenvolvendo diversas ações que possibili-tem a utilização racional desse recurso, destacan-do-se a iniciativa pioneira de implantação de re-gistros de controle de vazão em poços jorrantes

para coibir o desperdício, iniciada em 2004, em par-ceria com a Agência Nacional de Águas, ação quedeve ganhar a participação do Ministério daIntegração Nacional, até o final de 2005.A utilização da água subterrânea para irrigaçãopode vir a ser um importante vetor de desenvolvi-mento do País, em especial do Estado do Piauí,tendo em vista as suas condições naturais, inclusi-ve quanto à distribuição e potencial hídricos de seusaqüíferos, dede que seja baseada na utilização ra-cional dos recursos hídricos e na proteção dosmananciais.”

Eugênio Brunheroto, presidente da CâmaraSetorial de Equipamentos de Irrigação (Csei)da Associação Brasileira da Indústria de Má-quinas e Equipamentos (Abimaq), e diretor-presidente da Lindsay América do Sul, umadas empresas sócias patrocinadoras I da Abid.

Formado em Engenharia Me-cânica pela Escola Federal deEngenharia de Itajubá (Efei) eespecialista em solos e Nutri-ção de Plantas pela Esalq/USP.Atualmente, é diretor-presi-dente da Lindsay América doSul, unidade fabril da multina-cional americana LindsayManufacturing Co, fabricante

de sistemas de irrigação. Por mais de 20 anos, foicolaborador da Carborundum do Brasil, empresaque manteve transferência de tecnologia com aLindsay, atuando em diversas áreas.“De acordo com dados do World Resources Institute,do total de água doce no planeta, 97% são subter-râneas e 3%, de superfície. Apesar desse grandevolume disponível e uma relativa facilidade para acaptação, o uso da água subterrânea para a agri-cultura irrigada no Brasil está restrito a poucoscasos. Com o crescente custo dos materiais paratransporte da água e, também, a disputa pela águaem certas bacias, é de se imaginar que o uso daágua subterrânea deverá se intensificar em futuropróximo.Tendo em mente os grandes riscos potenciais dedanos aos aqüíferos, tais como a contaminação ousuperexploração, será necessário investimento go-vernamental e da iniciativa privada em um traba-lho coordenado para se conhecer com segurançaos volumes disponíveis da água e a definição depolíticas claras para o controle ao acesso a essebem.Com uma definição clara das regras para uso daágua, os agricultores irrigantes terão como plane-jar investimentos em novas áreas irrigadas utilizan-do esta fonte hídrica sem comprometer o equilí-brio do sistema.”CO

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Francisco Batista Teixeira, chefe da Residên-cia Especial de Teresina, da Companhia deRecursos Minerais (CPRM).

Graduado em Geologia pelaUniversidade Federal Rural doRio de Janeiro (UFRRJ) comcursos de extensão nas áreas deEconomia Mineral, MineraisIndustriais e Perfuração de Po-ços. Começou sua vida profis-sional na Companhia de De-senvolvimento Agropecuáriodo Piauí, tendo ocupado os car-

gos de chefe de seção e da divisão de hidrogeologia.Depois, atuou na Companhia de Pesquisa de Re-cursos Minerais (CPRM) em perfuração, recursoshídricos e minerais industriais, tendo executadoprojetos nos Estados do Piauí, Ceará, Maranhão,Rio Grande do Norte, Amazonas, Pará e Roraima.Foi assessor técnico da Secretaria de Agriculturado Piauí, tendo assumido o cargo de coordenadortécnico da Coordenação de Irrigação e Solos des-sa Secretaria. Foi também diretor de RecursosNaturais da Companhia de Desenvolvimento doPiauí. Foi conselheiro, secretário e vice-presiden-te do Crea, presidente e vice-presidente do Sindi-cato dos Engenheiros do Estado do Piauí, entreoutros.

“O Estado do Piauí detem um vasto potencial deágua subterrânea. Não obstante os diversos estu-dos realizados, esse potencial não tem se transfor-mado em instrumento de desenvolvimentosocioeconômico, quer pela falta de uma políticade aproveitamento de recursos hídricos, quer pelodesconhecimento da grande importância do seg-mento como suporte para outros setores econô-micos, como é o caso da agricultura irrigadaDesde a década de 60, várias propostas foram ini-ciadas, a exemplo dos projetos de irrigaçãoLameira, Vale do Fidalgo e Vale do Gurguéia, cujarepercussão econômica e social tem ficado muitoabaixo do esperado. A busca de novas concepçõesé o desafio que se apresenta para efetiva transfor-mação dessas potencialidades em fatores de de-senvolvimento.Para encarar com responsabilidade os desafiosapresentados é necessário que os agentes sociais,incluindo os setores públicos, academias e organi-zações populares, além dos profissionais da área,promovam amplo debate para que nossos recur-sos hídricos sejam eleitos instrumentos de desen-volvimento econômico e social para o grande con-tingente de excluídos do nosso Estado.”

Conferência 17/0UT/2005 – 16h15 às 18h

GESTÃO SUSTENTÁVEL DE AQÜÍFEROS:CASO DO AQÜÍFERO SERRA GRANDE

Presidente da MesaValdemício Ferreira de Souza, pesquisador echefe-geral da Embrapa Meio-Norte.

Engenheiro agrônomo, forma-do pela Universidade Federalda Paraíba em Areia, Paraíba.É mestre em Irrigação e Dre-nagem pela Faculdade de Ciên-cias Agronômicas, Universida-de Estadual Paulista, Botucatu/SP e tem doutorado em Agro-nomia, com área de concentra-ção em Irrigação e Drenagem

pela Esalq/USP. Depois de uma passagem pelaEmater/PI, tornou-se pesquisador da Embrapa, naárea de Engenharia de Irrigação. Foi presidente

da Associação dos Empregados da Embrapa/CNPAI. Participou do processo de consolidação dafusão das unidades da Embrapa de Teresina e doCNPAI, que deu origem à Embrapa Meio-Norte.Assumiu a coordenação técnica e, depois a dire-ção da UEP de Parnaíba. Atuou na coordenaçãoda área de Difusão de Tecnologias, elaborou vári-as propostas de projetos de P&D. Publicou, comoautor e co-autor, 20 artigos técnico-científicos emperiódicos nacionais e cerca de 90 em anais de con-gressos nacionais e internacionais.“Em tempos de mudanças climáticas globais,desertificação, escassez e poluição de águas super-ficiais e subterrâneas, nada mais adequado do quediscutir o tema ‘águas subterrâneas’ em um encon-tro de profissionais como o Conird. O Estado do

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Piauí, sabidamente, é detentor de importantesmananciais de águas subterrâneas, sendo que noVale do Gurguéia, no sul do Estado, encontram-sepoços jorrantes, de grande vazão. No caso especí-fico do aqüífero Serra Grande, localizado na re-gião de Picos, sudoeste do Estado, o mesmo reves-te-se de enorme importância, pois, dada as condi-ções semi-áridas da região, representa possivel-mente a única fonte segura de água para o abaste-cimento da população. Em 2003, o Dr. CláudioVidal (CPRM) realizou uma abrangente pesquisapara sua tese de doutoramento na USP, na qualestudou, além dos aspectos de disponibilidade, aquestão da sustentabilidade e dos custos da explo-ração do aqüífero. A conclusão principal é que oreferido manancial é muito mal explorado atual-mente e que isso pode comprometer sua viabilida-de no futuro.”

PalestranteCláudio Luiz Rebelo Vidal, da Companhia deRecursos Minerais (CPRM).

Engenheiro de Minas pela Es-cola de Engenharia da Univer-sidade Federal de Pernambuco,e engenheiro de Petróleo peloCentro de Ensino do Nordesteda Petrobrás AS. Tornou-sedoutor em HidrogeologiaAmbiental pela USP. NaCPRM, foi chefe de projetos naárea de perfuração de poços

profundos para água subterrânea durante mais de20 anos, em vários estados do território brasileiro,tendo chefiado a construção de 156 destas obras,atendendo a uma população de mais de 20 mil pes-soas. É consultor e gerente de projeto na área deHidrogeologia, Meio Ambiente e Construção detúneis, “shaft” e micro-túneis.“Nas últimas décadas, em função do crescimentoexponencial da demanda por água no mundo mo-derno, os mananciais subterrâneos tornaram-seimportantes fornecedores de recursos hídricos parao abastecimento público e industrial, principalmen-te para a denominada agroindústria.Poder-se-ia dizer que tal fato ocorreu devido a di-ferentes fatores, tais como: quantidade, qualida-de, localização e facilidade. Acredito, porém, quese deva em especial à cultura da aparenteinesgotabilidade da água subterrânea, que faz comque se explore um recurso, cada vez mais intensa-mente, sem antes conhecê-lo, estudá-lo ougerenciá-lo adequadamente.Combinando estes fatores com a falta de uma po-lítica integrada de gestão de recursos hídricos, te-mos o cenário atual em que se encontra a explora-ção dos aqüíferos Serra Grande e Guarani, que

muitos querem rotular de intensiva, mas que naverdade é apenas resultado da má utilização des-tes recursos.Necessitamos urgentemente, portanto, que sejamestabelecidos programas de gerenciamento susten-tável destes mananciais, integrando-se de formaparticipativa todos os seus usuários, de modo queo uso atual das suas águas não impeça que as gera-ções futuras possam ter a capacidade de tambémutilizá-los.”

DebatedoresMarco Antônio Ferreira Gomes, pesquisadorda Embrapa Meio Ambiente.

Geólogo pela Universidade Fe-deral de Mato Grosso, commestrado e doutorado em So-los e Nutrição de Plantas pelaUniversidade Federal de Viço-sa. Foi professor da Escola Su-perior de Ciências Agrárias deRio Verde-GO e diretor-geralda Escola Superior de Ciênci-as Agrárias de Rio Verde-GO;

diretor econômico da Fundação do Ensino Supe-rior de Rio Verde-GO e tornou-se pesquisador daEmbrapa Meio Ambiente, na área de pedologia.Trabalha há mais de 10 anos na linha de pesquisasobre “qualidade de água e riscos de contamina-ção da água subterrânea por agrotóxicos” e atual-mente coordena o Projeto intitulado “Manejo agro-ecológico das áreas de recarga do aqüífero Guaranina região das nascentes do rio Araguaia, GO/MT”.“A água subterrânea tem sido cada vez mais obje-to de discussão entre os diversos segmentos da so-ciedade brasileira frente à demanda crescente e,quase sempre, com exploração e não explotaçãodesse valioso patrimônio. Essa busca alternativa esem controle tem se intensificado em razão da es-cassez crescente de água superficial, não só doponto de vista qualitativo, mas também quantita-tivo, tanto para consumo humano, uso industrial,quanto para dessedentação de animais e, ainda,para uso agrícola.Este cenário fica evidente quando se observa agrande quantidade de poços tubulares profundosconstruídos de forma irregular, principalmentesobre aqüíferos importantes, considerados estra-tégicos para as gerações futuras, a exemplo do queocorre com os aqüíferos Guarani, um dos maioresdo mundo, e Serra Grande, um dos maiores daAmérica Latina.O aqüífero Guarani, pela extensa área de ocupa,cerca de 1,200 milhão de quilômetros quadrados,e com o potencial de explotação de cerca de 40km3/ano, bem como o Serra Grande com áreaaproximada de 600 mil quilômetros quadrados, eCO

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com o potencial de explotação de cerca de 8, 5 km3

/ano, requerem um planejamento integrado de usocom a participação efetiva da sociedade localiza-da nas áreas de suas ocorrências. Este, aliás, é omaior desafio para conservar esses imensos ma-nanciais subterrâneos e que, necessariamente, vairequerer a adoção de uma proposta de gestão sus-tentável.”

Gabriel Todt Azevedo, coordenador de Opera-ções Setoriais no Brasil do Departamento deDesenvolvimento Ambiental e Social Susten-táveis do Banco Mundial.(Ver foto, minicurrículo e opinião à p. 27).

Fernando A. C. Feitosa, chefe da Divisão deHidrogeologia do Serviço Geológico do Bra-sil (CPRM).

Geólogo, com mestrado e dou-torado em Hidrogeologia pelaUniversidade Federal dePernambuco. Atuou como hi-drogeólogo e pesquisador naCia. Nordestina de Sondagense Perfurações (Conesp), Asso-ciação Tecnológica de Per-nambuco (Atepe), Laboratóriode Hidrogeologia da Universi-

dade Federal de Pernambuco (Labhid/UFPE),Fundação Cearense de Meteorologia e RecursosHídricos (Funceme) e Serviço Geológico do Bra-sil (CPRM). Possui 23 trabalhos publicados emanais de congressos e revistas científicas, cinco ca-pítulos de livros, coordenação técnica e editorialdo livro Hidrogeologia:Conceitos e Aplicações 1ª, 2ªe 3ª edições. Ministrou 13 cursos de especializa-ção e três disciplinas na graduação e pós-gradua-ção da UFPE e UFC. Deu consultoria ao Projetode Irrigação do Vale do Rio Gurguéia (Dnocs) eao Projeto de Saneamento Básico Rural do Nortedo Estado do Ceará (Cage/CE), entre outros.“A água constitui um bem ambiental que, emborarenovável, é finito e cada vez mais escasso. O stresshídrico mundial vem se acentuando devido a fato-res relacionados a mudanças climáticas e degra-dação ambiental. Praticamente, todos os países domundo utilizam água subterrânea para suprir suasnecessidades, seja no atendimento total ou suple-mentar do abastecimento público, seja em outrasatividades como irrigação, indústria etc. A Unescotem registrado um crescimento acelerado na utili-zação das águas subterrâneas e, conseqüentemen-te, problemas decorrentes da má utilização dosaqüíferos em várias partes do planeta. Na regiãoNordeste do Brasil, a bacia sedimentar do Parnaíbarepresenta o maior potencial de água subterrânea.

Este potencial é materializado pelos aqüíferos Ser-ra Grande, Cabeças e o Sistema Poti-Piauí. Entre-tanto, a falta de processos eficientes de gestão econtrole, principalmente na questão relacionada àperfuração de poços, pode gerar problemas que,muitas vezes, inviabilizam o uso da água subterrâ-nea. No Piauí, já são identificados problemas gra-ves na região de Picos e na região metropolitanade Teresina, devido à exploração não planejada econtrolada de água subterrânea.”

A utilização da água subterrânea para a irrigação pode vir a ser umimportante vetor de desenvolvimento para o Estado do Piauí e o Paísno entendimento da Semar/PI, de estudiosos e de empreendedoresvoltados para uma maior agregação de valor à produção

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Conferência 18/0UT/2005 – 10h15 às 12h15

QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA PARA FINS DE IRRIGAÇÃO

Presidente da MesaJosé Antônio Frizzone, professor da Esalq/USP.

Formado em Agronomia, commestrado em Engenharia Agrí-cola pela Universidade Federalde Viçosa. Em 1998, foi contra-tado pela Unesp, e em 1985,concluiu o doutorado em Agro-nomia na Esalq/USP. Em 1988,transferiu-se para a Esalq,onde atua como professor dedisciplinas ligadas à área de ir-

rigação, no curso de graduação em Agronomia eno pós-graduação em Irrigação e Drenagem. Jáorientou 45 alunos de mestrado e doutorado. De-dica-se às atividades ensino e de pesquisa nas áre-as de irrigação e otimização do uso da água emsistemas agrícolas. Desde o início de sua carreirajá publicou 135 trabalhos em periódicos científi-cos nacionais e internacionais, 130 trabalhos emanais de Congressos, 16 capítulos de livros e parti-cipou de 120 bancas examinadoras de dissertações/teses. Atualmente, é chefe do Departamento deEngenharia Rural da Esalq/USP e coordenador doPPG em Irrigação e Drenagem.“A água subterrânea em algumas regiões de climaSemi-Árido possibilitou a implantação da agricul-tura por intermédio da irrigação. Atrelado ao cres-cimento agrícola dessas áreas, o desenvolvimentoeconômico é responsável pela fixação do homemao campo, disponibilidade de empregos, além daprodução de alimentos em cumprimento ao incre-mento na demanda associada ao crescimentodemográfico. Exemplos de sucesso podem ser ob-servados em todo mundo como o desenvolvimen-to de Nebraska, nos EUA, ou do Vale do Açu noRio Grande do Norte, dentre outros. É evidenteque a sustentabilidade, ou seja, o sucesso obtidodepende da qualidade da água subterrânea, bemcomo de características físico-hídricas do solo a serirrigado. A água subterrânea varia muito em ter-mos de qualidade, e sua concentração e composi-ção iônica são função do seu armazenamento. Demaneira geral, águas retidas em fraturas tendem aser mais salinas quando comparadas a águas pro-venientes de formações sedimentares, e a concen-tração de carbonatos, bicarbonatos, cloretos e sul-fatos, sejam de cálcio, magnésio, potássio ou sódio,dependerá da composição química das rochas deorigem. Os principais efeitos maléficos observadospela utilização da água subterrânea na irrigação

têm sido a salinização e a sodificação do solo, sen-do as características físico-hídricas do próprio solofatores de predisposição a estes problemas. Assim,a única alternativa que pode assegurar o sucessodo uso de água subterrânea para irrigação é o pré-vio conhecimento de sua qualidade, de aspectosdo solo e da utilização de técnicas específicas, quemantenham um balanço adequado de sais no per-fil do solo ao longo do tempo.”

PalestranteFernando Roberto de Oliveira, especialista emRecursos Hídricos da ANA.

Graduado em Geologia pelaUniversidade Federal de OuroPreto (Ufop), mestre emGeociências pela Universidadede Campinas (Unicamp) eDoutor em Ciências, área deHidrogeologia, pela Universi-dade de São Paulo (USP). Suaárea de atuação profissionalestá voltada para a pesquisa mi-

neral; consultoria em Geologia Ambiental,Hidrogeologia e locação de poços tubulares pro-fundos. Foi analista de meio ambiente (Ibama) e écoordenador nacional do Projeto Sistema AqüíferoGuarani (ANA).“A qualidade da água, independente de qual com-ponente do ciclo hidrológico, superficial ou sub-terrânea, é um dos fatores mais relevantes para osistema de cultivo irrigado. Todavia, não é o único,deve-se levar em conta também os tipos de solo ede cultura, condições climáticas e manejo da irri-gação e da drenagem. O alcance de uma agricultu-ra irrigada sustentável perpassa, necessariamente,pela criteriosa análise desses fatores. Talvez, omaior reflexo da não ponderação adequada des-sas condicionantes, na agricultura em geral e, emespecífico, da irrigada, seja a ampliação vigorosada perda de terras por processos de desertificação,como, por exemplo, através da salinização do solo.Em termos gerais, relativamente ao Brasil, as águassubterrâneas têm qualidade adequada, no que tan-ge ao uso na irrigação, considerando que os prin-cipais aqüíferos pertencem ao domínio poroso.Entretanto, localmente, há limitações, como nosterrenos cristalinos do Semi-Árido nordestino,onde, comumente, a salinidade é elevada. As águas

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originárias de aqüíferos do domínio cárstico-fra-turado também podem apresentar característicasquímicas limitantes, especialmente quanto ao mé-todo de irrigação empregado, haja vista a possibi-lidade de entupimento dos dispositivos degotejamento utilizados em irrigação localizada,devido à precipitação de carbonatos de cálcio emagnésio (incrustações).

DebatedoresHans Raj Gheyi, professor da UFCG /PB.

Formado em Ciências Agrári-as na University of Udaipur, commestrado em Ciências do Solona Punjab Agricultural Univer-sity, na Índia. Obteve o douto-rado em Ciências Agronômicas(Química do Solo), na Bélgica,em 1974. Foi professor naUniversity of Udaipur, Índia, eno Instituto Nacional Agrono-

miques-Algéria. Desde 1977, atua na Universida-de Federal da Paraíba, onde, além de atividadesde ensino, desenvolve trabalhos de pesquisa naslinhas de salinidade, relação-água-solo-planta e deáguas residuárias/marginais.

Ênio Farias de França e Silva, pesquisador daEmbrapa Meio-Norte.

Engenheiro agrícola, pela Uni-versidade Federal de Lavras;mestre em Engenharia Agríco-la, pela Universidade Federalde Campina Grande e doutorem Irrigação e Drenagem, pelaUniversidade de São Paulo.Dedica-se a estudos relaciona-dos com a qualidade da águapara irrigação e a técnicas que

visam minimizar os processos de salinização dosolo. Atualmente desenvolve trabalhos de pesqui-sa junto à Embrapa Meio-Norte, relacionados coma caracterização e monitoramento da qualidade deáguas subterrâneas no estado do Piauí. Publicou86 trabalhos científicos e seis capítulos de livros,sendo 58% desses trabalhos de assuntos ligados àqualidade de água para irrigação e águas subter-râneas. Junto ao Projeto Instituto do Milênio doSemi-Árido, levantou informações importantes so-bre a gestão racional do Aqüífero Serra Grande. Éamplo conhecedor do Nordeste brasileiro e dos seusproblemas, tendo percorrido cerca de 70% das ci-dades do Semi-Árido em levantamentos de campo.“A água subterrânea, principalmente na regiãoSemi-Árida do Brasil, constitui-se numa alternati-va ímpar para o desenvolvimento das atividadesantrópicas, em especial da agricultura. Aliada àsvantagens de essa região possuir condições exce-

lentes de radiação e temperatura para fruticulturairrigada, visando à exportação, existe a possibili-dade de fixação do homem à terra com oportuni-dades de trabalho, geração de riquezas, ou seja,de uma vida digna para pessoas que não possuemhorizontes concretos, exceto da esperança de umfuturo próspero. Entretanto, a exploração desserecurso para irrigação deve seguir limitações e téc-nicas que possibilitem a sustentabilidade da ativi-dade agrícola sobre irrigação e do meio ambiente.A heterogeneidade da qualidade da água subter-rânea integrada as propriedades do solo deve de-finir a restrição do uso da água para irrigação e adisponibilidade real deve limitar a taxa de explo-ração, procurando sempre a utilização de sistemasde irrigação eficientes e de um manejo racional,para fornecer à planta condições hídricas que per-mitam obter a máxima produção sem desperdíciosdos recursos hídricos.”

Maurício Melo, da Proágua Perfurações.“Há muito existe o conceito deque a água subterrânea é umrecurso frágil, pouco confiávele caro, que só deve ser apro-veitado quando não é possívelimplantar grandes projetosconvencionais de captação deáguas superficiais. No caso douso na irrigação que consomegrandes volumes, a situação

torna-se mais polêmica, considerando-se os custosenvolvidos, a escassez e as prioridades do uso daágua, que são o consumo humano, a dessedentaçãoanimal e o desenvolvimento sustentável.Essa situação se deve ao fato de que a falta da con-solidação do conhecimento hidrogeológico e asboas práticas da engenharia na construção dospoços têm concorrido para a indesejabilidade douso da água subterrânea na irrigação. Porém, quan-do se fala nas regiões áridas e semi-áridas, onde osrecursos superficiais praticamente inexistem, a ir-rigação por água subterrânea é essencial para aprodução de alimentos e, quase 70 % das capta-ções são utilizadas para fins agrícolas, geralmentena agricultura familiar e nas culturas de subsistência.Vale salientar que, nesses casos, o emprego da águasubterrânea é muito mais eficiente que os recur-sos superficiais, porque normalmente assegura ren-das significativamente maiores e mais emprego pormetro cúbico que a água superficial, enquanto pro-move a fixação do homem ao campo, permitindo odesenvolvimento de suas atividades de subsistên-cia e sua própria sobrevivência.A despeito da complexidade da questão e da varie-dade de respostas e soluções, a utilização razoável esustentável da água subterrânea deve ser semprebuscada e, por isto é importante os administradorestratarem cuidadosamente de seu planejamento.”

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Conferência 18/0UT/2005 – 16h15 às 18h

GESTÃO DE PERÍMETROS IRRIGADOS

Presidente da MesaHerbert Drummond, diretor da Área de Pro-dução da Codevasf.

Formado em Engenharia Civilpela Politécnica de Engenhariade Recife/PE, com curso de En-genharia Econômica (latusensu) pela Fundação DomCabral, de Belo Horizonte. Foiengenheiro-chefe de obraspara a construção de váriosprojetos de irrigação do Dnocse da Codevasf, onde começou

como chefe do Distrito de Juazeiro, Bahia, pas-sando por inúmeros cargos e funções. Foi tambémdiretor nacional da ABID e diretor-geral do Mi-nistério Público do DF e Territórios.“A agricultura irrigada, certamente, está entre ospilares de sustentação do desenvolvimento das re-giões carentes do Norte e Nordeste do Brasil. Osperímetros irrigados são os agentes utilizados, prin-cipalmente pelo poder público, para consolidar arealidade das transformações geradas por esse pro-cesso.Ultrapassadas as etapas iniciais – investimentos eimplantações – dos perímetros irrigados, atravessa-mos agora um momento crucial, qual seja, o de bemgerenciá-los para garantir os resultados desejados.Considerando as diferentes demandas que são ge-radas no dia-a-dia dos perímetros irrigados pode-se inferir, com baixa margem de erro, o grau de

complexidade para se exercer a gerência destesempreendimentos.Em todo mundo – México, Índia, Venezuela, Co-lômbia, Austrália – está-se discutindo a gestão dosperímetros públicos de irrigação, inclusive a trans-ferência desse controle para os seus usuários.Qual o papel que o Poder Público deve exercerneste processo de gestão e de transferência? Comogarantir que os perímetros de irrigação cumprambem o seu papel, no contexto do desenvolvimentoregional sem a gestão direta do estado?São estes, entre outros, os temas que serão coloca-dos para debate na conferência do dia 18 no XVConird.”

PalestrantesHypérides Pereira de Macêdo, secretário deInfra-Estrutura Hídrica do Ministério daIntegração Nacional.

Formado em Engenharia Civil,pela Universidade Federal doCeará, começou a trabalhar noDnocs, quando ainda era estu-dante universitário, e conti-nuou como engenheiro até oano de 1976. É mestre em Hi-dráulica e Recursos Hídricospela USP/São Carlos-SP. De-

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fendeu tese de mestre em Ciências, no Centro deTecnologia da UFC. Foi fundador e professor titu-lar do Curso de Hidráulica da Universidade deFortaleza (Unifor), e lecionou, no curso de pós-graduação em Recursos Hídricos do Centro deTecnologia, a disciplina de Obras Hidráulicas. Foitambém professor do Curso Internacional de Irri-gação e Drenagem, em Juazeiro, BA. Como enge-nheiro consultor participou de mais de 100 proje-tos hídricos no Semi-Árido do Nordeste e de ou-tros trabalhos e projetos para o Banco Alemão(KFW), o Banco Internacional de Reconstrução eDesenvolvimento (Bird), e o Banco Interame-ricano de Desenvolvimento (BID). Foi fundador epresidente do PDT cearense, onde permaneceu até1997. Foi secretário dos Recursos Hídricos e doPlanejamento do Ceará, durante o governo CiroGomes. É autor de vários trabalhos e proferiu pa-lestras no Brasil e no exterior. Publicou o livro con-siderado um novo diagnóstico do Semi-Árido: “AChuva e o Chão na Terra do Sol”.“O maior desafio para o sucesso dos empreendi-mentos hidroagrícola é o sistema de gerenciamentoem todas as fases do negócio. Primeiro, porque oproduto da irrigação é um ´ser vivo` e por issomesmo a direção do projeto terá que ser um entede desenvolvimento com fins lucrativos, técnica ejuridicamente capaz de competir no mercado, lu-crar e distribuir resultados, e de operar instrumen-tal particular de segurança dos associados. Paratanto, alguns instrumentos serão imprescindíveispara a saúde da indústria da Irrigação.A Matriz de Gerenciamento do Projeto compre-ende o Sistema de Organização Institucional doProjeto, contemplando o modelo das relações docondomínio e o controle do Estado, a definição deregras e normas para regulamentação e gestão dairrigação, a participação dos produtores na gestão,o estabelecimento de instrumentos desustentabilidade da operação e manutenção doempreendimento hidroagrícola.A Matriz de Produção deverá ser elaborada previ-amente a cada ano, adequada aos levantamentosde mercado, solo, clima e capacidade dos produ-tores. Esta matriz deverá ser detalhada, conter to-das as fases de plantio, tratos culturais e colheita,composição de custos, envolvendo insumos dire-tos, mão-de-obra, operação e manutenção de equi-pamento e outros custos de uso comum, como ener-gia, água e serviços nas obras de uso geral.A Matriz de Financiamento é um instrumento im-portante para viabilizar sobretudo a produção fa-miliar. Para isso, um conjunto de instrumentos decrédito deverá ser utilizado, ao mesmo tempo queo acesso dos produtores ao financiamento terá queser preparado na forma de apoio e treinamento aocadastro bancário, a formulação do processocreditício e aos meios de segurança disponíveis ouimplementados. As linhas de financiamento bus-

cadas deverão alcançar a escala do projeto, contu-do procurando garantir os incentivos apropriadospara agricultura familiar e empresarial. Esta últi-ma pode funcionar como âncora de apoio aos pe-quenos produtores.Finalmente, a Matriz de Comercialização que seráo elemento norteador da produção da agriculturairrigada terá ligação direta com a matriz produti-va. A garantia do mercado é ponto básico para osucesso do empreendimento. Para tanto, o Proje-to de Gerenciamento deverá contemplar um con-junto de processos e contratos entre o sistema deprodução do projeto e as cadeias de comercia-lização disponíveis. Tais compromissos farão par-te do estudo, de modo que as garantias de ambasas partes sejam firmadas com antecedência ao pró-prio resultado da produção.Dessa forma, são importantes em todas estas fasesda gestão do Perímetro ações de capacitação e pro-cessos tecnológicos.”

Leão Humberto Montezuma S. Filho, diretorde Produção do Dnocs.

Engenheiro civil formado pelaUniversidade Federal do Cea-rá. Exerceu sua profissão naEmpresa Industrial Técnica, naSuperintendência de Obras doCeará, no Departamento deEdificações, Rodovias e Trans-portes, onde foi diretor-geral.Foi coordenador estadual doDnocs no Ceará, além de dire-

tor de obras do metrô de Fortaleza. Na iniciativaprivada, atuou como empresário do ramo da cons-trução civil, sendo sócio proprietário das empre-sas Arceng Construções e Empreendimentos.“O Dnocs está passando por um processo dedirecionamento de ações em sua atual gestão. Pororientação do Ministério da Integração, mudou-se o foco em torno dos projetos públicos de irriga-ção a cargo deste órgão. Encontramos projetos par-cialmente abandonados e fizemos, de imediato, umdiagnóstico completo da situação. Então, vieramas surpresas. Entre elas, a de projetos que foramexecutados sem garantia de água e tiveram licita-das suas segundas etapas sem que as primeiras eta-pas estivessem operando. Encontramos irrigantestotalmente desestimulados e sem acreditar nasações do Dnocs. Em antigos projetos, foram en-contradas áreas em torno de 45 mil hectares semprodução, apenas no Dnocs.O Ministério da Integração determinou o foco deações nestes projetos, visando diagnosticar os mo-tivos pelos quais os perímetros não estavam de-sempenhando o papel social para o qual foram cri-ados. Foi feito um diagnóstico e identificada umasérie de problemas, entre eles:

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indisponibilidade de crédito, falta de assistênciatécnica, problemas de infra-estrutura e de regula-rização fundiária, falta de qualificação técnicagerencial e endividamento dos irrigantes.O Dnocs recebeu recursos em torno de R$ 50 mi-lhões com o objetivo de solucionar estes proble-mas e visando colocar em produção essas áreasimprodutivas.”

DebatedoresJosenilto Lacerda Vasconcelos, da Associaçãodos Irrigantes do Ditalpi.(Ver foto no Dia de Campo à p. 66)

Bernhard Kiep, diretor-presidente da ValmontBrasil, empresa sócia patrocinadora I daABID.

Formado em Administração deEmpresas pela Business Scholl,de Hamburgo, Alemanha, ecom o PMD pela HarvardBusiness Scholl. Foi presidenteda Câmara Setorial de Equipa-mentos de Irrigação daAbimaq.“Para a gestão de um períme-tro público de irrigação, são ne-

cessárias uma maior conscientização e maturida-de por parte de administradores públicos e usuári-os. Essa maturidade será alcançada com o tempoe o intercâmbio entre a iniciativa privada e públi-ca, o trabalho em harmonia desses poderes e nofato de não se perder o foco da questão. Esse é ogrande desafio. Temos vários exemplos, mais deinsucessos do que sucessos. E atrás dos exemplosexitosos, sempre encontramos três ou quatro indi-víduos que assumem a responsabilidade da execu-ção do projeto. Gestão não é somente uma idéia,mas executá-la e torná-la realidade!”

José Dantas Neto, pesquisador e professor daUniversidade Federal de Campina Grande.

Engenheiro agrônomo e ba-charel em Direito, doutor emAgronomia, área de Irrigaçãoe Drenagem pela Unesp. Éprofessor da unidade acadêmi-ca de Engenharia Agrícola eAmbiental da Universidade Fe-deral de Campina Grande,onde leciona em nível de gra-duação e pós-graduação em

Engenharia Agrícola e em Recursos Naturais. Pes-quisador do CNPq e coordenador de projetos depesquisa do CNPq, CT-Hidro e Funasa, têm ori-entações e trabalhos publicados no Brasil e exteri-or sobre recursos naturais, gestão de recursoshídricos e irrigação.“A gestão da água apresenta dificuldades específi-cas, devido aos seus vários usos e às importantesfunções que desempenha em quase todas as ativi-dades humanas (econômicas, sociais, culturais e atéreligiosas). A agricultura irrigada é a principalusuária da água. Assim sendo, o desenvolvimentodos perímetros irrigados depende do aprimora-mento das funções de planejamento e gestão dosrecursos hídricos, a cargo das agências governa-mentais e dos comitês de bacias. A técnica da irri-gação deve estar associada ao esforço de aprimo-ramento do manejo e alocação da água e à valori-zação da sua disponibilidade. No planejamento dairrigação, deve-se procurar observar as exigênciase responder aos desafios impostos atualmente aosdemais ramos da agricultura, entre eles: a conser-vação do meio ambiente, a competitividade nummercado globalizado e a liderança da iniciativaprivada. A agricultura irrigada deve também servista como um instrumento de desenvolvimento e,como tal, deve ser fomentada pelos governos fe-deral, estaduais e municipais, a exemplo do quevem sendo praticado com a indústria. Nesse con-texto, a revitalização dos perímetros públicos já ins-talados é de vital importância para a modernidadeda agricultura irrigada, principalmente no Nordes-te brasileiro.”

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Conferência 19/0UT/2005 – 10h15 às 12h15

O AGRONEGÓCIO DAS CULTURAS ENERGÉTICAS IRRIGADAS

ConferencistaRoberto Rodrigues, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.O ministro Roberto Rodrigues tem dito que o biodiesel é o combustível dofuturo. Para ele, “a grande revolução agrícola do século 21 será a da bionergia”.Em relação à agroenergia, vários centros da Embrapa já realizam pesquisascom oleaginosas como fonte energética. A empresa deve coordenar também oConsórcio Nacional de Agroenergia, com o objetivo de concentrar esforços naprodução agroenergética e evitar a dispersão de ações, recursos e tecnologias,conforme orientação do Ministério da Agricultura. A agroenergia tem se apre-sentado como uma alternativa viável ao petróleo, que, além dos ganhosambientais, como o seqüestro de carbono, traz a possibilidade de agregação derenda à agricultura pelo aproveitamento de subprodutos de biomassa, entreoutras vantagens.

A irrigação pode maximizar o aproveitamento da abundante luminosidade fazendo das favoráveis condiçõestropicais brasileiras um estratégico caminho a ser perseguido, ao trabalhar-se na produção de culturasoleaginosas e da cana-de açúcar, como esta da foto, irrigada com as águas do São Francisco, em Juazeiro, Bahia CON

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SEMINÁRIOSSEMINÁRIOSSeminário I 17/0UT/2005 – 14h às 16h

APROVEITAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS DAREGIÃO NORDESTE

CoordenadorDalton Melo Macambira, secretário do MeioAmbiente e de Recursos Hídricos do Piauí.(Ver foto, currículo resumido e opinião na confe-rência do dia 17/10/2005, às 10h, p. 27).

PalestranteJoaquim Guedes Corrêa Gondim Filho, supe-rintendente de Usos Múltiplos da Agência Na-cional de Águas (ANA).

Engenheiro Civil, Mestre emRecursos Hídricos e Mestre emEconomia Rural. Foi diretor deIrrigação e diretor de Obras doDnocs. Foi também diretor daCompanhia de Gestão dos Re-cursos Hídricos do Ceará.“Sendo a água um recurso na-tural escasso e vital, é incontes-

tável a necessidade de ser planejado o seu uso, comvistas a evitar as limitações ao desenvolvimentoeconômico e social em razão da escassez, quanti-tativa ou qualitativa, dos recursos hídricos. Asustentabilidade de uma região, no que tange aosrecursos hídricos, está diretamente associada à dis-ponibilidade do recurso, em termos de quantida-de e qualidade, e à capacidade de suporte perma-nente que pode oferecer às atividades humanas emgeral. Compatibilizar a oferta e a demanda d’água,em face de sua disponibilidade efetiva é, certamen-te, o caminho que conduz à desejadasustentabilidade dos recursos hídricos. Tendo emvista que a escassez de água na região Nordeste doBrasil é uma questão recorrente, é importante adiscussão do aproveitamento dos recursos hídricossuperficiais nessa região, nesse XV Conird, com oobjetivo de apontar e avaliar as condições desustentabilidade do desenvolvimento do Nordes-te, sob o ponto de vista dos recursos hídricos.”

DebatedoresEverardo Mantovani, pesquisador e professortitular da Universidade Federal de Viçosa.

Engenheiro agrícola, commestrado e doutorado em Ma-nejo da Irrigação pela Univer-sidade de Córdoba, Espanha.Como pesquisador do CNPq éintegrante do Núcleo de Cafei-cultura Irrigada do ConsórcioBrasileiro de Pesquisa e Desen-volvimento do Café, conduzidopela Embrapa Café. Orientou

e co-orientou inúmeros trabalhos de iniciação ci-entífica, mestrado e doutorado. Tem inúmeros tra-balhos publicados no Brasil e no exterior e é edi-tor de cinco revistas nacionais. Participou do lan-çamento de vários softwares na área de irrigação.Além de coordenar programas de pesquisa em exe-cução, trabalha com a implantação de sistemas demanejo de irrigação em fazendas. “A agricultura irrigada é um importante instru-mento de geração de renda para a região Nordes-te, sendo que a maioria dos estudos indica que oinvestimento na agricultura irrigada é o que geramaior número de empregos por capital aplicado.Nas regiões, onde existe a disponibilidade de re-cursos hídricos superficiais, é importante conside-rar a necessidade de utilização racional destes re-cursos, permitindo que os avanços da agriculturairrigada se faça de maneira sustentável. A regiãoNordeste do Brasil apresenta grande potencial deprodução agrícola e a implantação de programasde agricultura irrigada deve considerar, além desistemas de irrigação mais eficientes e modernos,a utilização de sistemas de gerenciamento da irri-gação. Assim, qualquer planejamento de aprovei-tamento de recursos hídricos deve considerar o ma-nejo da água dentro da parcela ou propriedadeirrigada, sendo para isto necessário um grande es-forço tecnológico, visando disponibilizar sistemas

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que sejam ao mesmo tempo técnicos eoperacionais, permitindo sua utilização tanto parapequenos, como para médios e grandes irrigantes.”

Carlos Gilberto Cavalcanti Farias, diretor su-perintendente da Agro-Indústrias do Vale doSão Francisco S. A. (Agrovale) e diretor téc-nico da Mandacaru Comercial.(Ver minicurrículo, foto e opinião no seminário dap. 51).

Lineu Rodrigues, pesquisador da EmbrapaCerrados.

Engenheiro agrícola, pela Uni-versidade Federal de Lavras,com mestrado e doutorado naárea de Irrigação e Drenagempela Universidade Federal deViçosa e pós-doutorado pelaUniversidade de Nebraska,onde desenvolveu trabalhosnas áreas de Engenharia e Ma-nejo de Irrigação. Foi consul-

tor do Global Environment Fund (GEF) e é bolsis-ta Profix do CNPq. Atualmente é pesquisador daEmbrapa Cerrados na área de irrigação e recursoshídricos. Possui mais de 50 trabalhos técnico-cien-tíficos publicados no Brasil e no exterior, além deser consultor técnico de várias revistas nacionais einternacionais. É colaborador em vários projetosde pesquisa e atualmente coordena um projeto fi-nanciado pelo CNPq e outro pelo Programa De-safio em Água e Alimento (Challenge Program onWater and Food). Recentemente esteve como pes-quisador visitante, na Universidade de Davis,Califórnia, onde participou da elaboração do pro-

jeto Water management across scales in Brazil’s SãoFrancisco Basin: technology and policy options, andpoverty consequences.“Relatório da FAO projeta que, para suprir às no-vas demandas nutricionais da sociedade e de umapopulação mundial que aumenta cerca de 80 a 85milhões de pessoas a cada ano, a produção de ali-mentos terá que aumentar cerca de 60%. Nestecontexto, a irrigação desempenhará um papel fun-damental, uma vez que, segundo relatório da pró-pria FAO, 80% do aumento de produção necessá-ria para alimentar essa população será provenien-te de áreas irrigadas. Embora tenha papel de des-taque na produção mundial de alimentos, a agri-cultura irrigada enfrentará grandes desafios no fu-turo. Neste novo cenário, ao invés de produzir maisa partir de cada hectare plantado, ter-se-á que pro-duzir mais a partir de cada gota de água derivadapara a agricultura. Para isto, a água destinada parairrigação terá que ser manejada de maneira maisracional. Foi com o objetivo principal de aumen-tar a produção de alimentos, visando à redução dapobreza, sem aumentar, entretanto, os níveis atu-ais de consumo de água que o ‘Programa Desafioem Água e Alimentos’ vem financiando diversosprojetos de pesquisa no Brasil e em outros locaisdo mundo. Acredito que o XV Conird será umaexcelente oportunidade para se discutir esse pro-grama e suas interfaces com a produtividade deuso da água na agricultura irrigada com vistas aum melhor aproveitando dos recursos hídricos su-perficiais e subterrâneos. Com a irrigação utilizan-do os recursos hídricos de forma mais racional,espera-se que ela não seja vista pelos diversos se-tores da sociedade como uma competidora pelouso das águas, mas como um componente essenci-al na produção de alimentos e fibras e, como umnegócio que se vislumbra cada vez mais promissore maior, o dos biocombustíveis.”

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CoordenadorMarcos Vinícius Folegatti, professor, prefeitodo campus Luiz de Queiroz da Universidadede São Paulo e vice-presidente da SociedadeBrasileira de Engenharia Agrícola (Sbea).

Graduado em EngenhariaAgronômica, com mestrado emIrrigação e Drenagem e douto-rado em Solos e Nutrição dePlantas pela Esalq/USP. Temdois cursos de pós-doutorado,um pela University of Utah, eoutro pela University ofCalifórnia, EUA. Foi coordena-dor do curso de pós-graduação

em Irrigação e Drenagem, presidente e vice-presi-dente da comissão de pós-graduação da Esalq/USP.É coordenador da Câmara Técnica de Uso e Con-servação da Água no Meio Rural (CT-Rural) dosComitês das Bacias Hidrográficas dos RiosPiracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ Estadu-al e Federal).“A instalação dos Comitês de Bacias Hidrográficasé uma das conquistas mais importantes da socie-dade brasileira das últimas décadas. Entretanto, osucesso da gestão através dos Comitês de Baciasdepende da efetiva participação dos todos os usu-ários da água nas Câmaras Técnicas. E, faço aquium apelo para que os representantes da área ruralparticipem deste processo e que em nossas reuni-ões anuais seja criado um espaço para comparti-lhar nossas experiências e necessidades de estu-dos. Além de garantir a produção agrícola, a irri-gação é considerada elemento fomentador do de-senvolvimento econômico. A Lei 8.171/91, que dis-põe sobre a Política Agrícola, define a irrigaçãocomo fator de bem-estar social de comunidadesrurais. A irrigação feita de forma eficiente, comuso adequado do solo, utilização racional deagroquímicos e conservando as matas ciliares ge-ram impactos positivos ao ambiente, evitando aformação de passivos ambientais. Assim, é neces-sário que se faça uso da tecnologia de irrigaçãocom projetos bem dimensionados e com manuten-ção adequada, tomando-se a bacia hidrográficacomo unidade de planejamento e implementação.Além disso, a conscientização dos agricultores acer-ca da necessidade de se usar racionalmente a águaé fundamental para obtenção de sucesso da busca

Seminário II 17/0UT/2005 – 14h às 16h

AGRICULTURA IRRIGADA NO PLANO NACIONAL DE RECURSOSHÍDRICOS

do objetivo maior da atual política de recursoshídricos: o uso sustentável e eqüitativo da água.Nesse sentido, a Política Nacional de Irrigação (LeiFederal nº 6.662/1979) previu a elaboração do Pla-no Nacional de Irrigação para auxiliar a implanta-ção e desenvolvimento da agricultura irrigada uti-lizando a água e o solo de forma racional. Posteri-ormente, a Política Nacional de Recursos Hídricos(Lei Federal nº 9.433/97) estabeleceu seis instru-mentos para garantir o uso eficiente e eqüitativodos recursos hídricos: os planos de recursoshídricos, o enquadramento dos corpos d´água emclasses de usos preponderantes, outorga, a cobran-ça, a compensação aos municípios e o sistema deinformações sobre recursos hídricos.Os Planos de Recursos Hídricos são regidos peloPrincípio da Precaução, devem ser elaborados emtrês níveis (nacional, estadual e por baciashidrográficas) e têm como objetivos: realizar o di-agnóstico da situação atual dos recursos hídricos;analisar as alternativas de crescimentodemográfico, de evolução de atividades produti-vas e de modificações dos padrões de ocupação dosolo; fazer o balanço entre disponibilidade e de-mandas futuras dos recursos hídricos, em quanti-dade e qualidade, com identificação de conflitospotenciais; estabelecer metas de racionalização deuso, aumento da quantidade e melhoria da quali-dade dos recursos hídricos disponíveis; estabele-cer medidas a serem tomadas, programas a seremdesenvolvidos e projetos a serem implantados, parao atendimento das metas previstas; estabelecerprioridades para outorga do direito de uso dos re-cursos hídricos; estabelecer diretrizes e critériospara a cobrança pelo uso dos recursos hídricos;elaborar propostas para a criação de áreas sujeitasà restrição de uso, com vistas à proteção dos re-cursos hídricos.Assim, os Planos de Recursos Hídricos proporcio-nam melhor conservação da água, por intermédiode projetos e programas de zoneamento do uso eocupação do solo, bem como do gerenciamento daquantidade e qualidade das águas para futuras eatuais gerações.Tais Planos visam permitir que toda a sociedade,conjuntamente, determine quais são as condiçõesque se pretende atingir e quais os meios a seremutilizados para se efetivar tal objetivo, com baseno princípio da participação social, consolidando

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o exercício da democracia participativa ou ainda,a cidadania ambiental. Através deles, é possívelplanejar estrategicamente o uso da água, buscan-do perpetuar o recurso ambiental água para as pre-sentes e futuras gerações, garantindo em quanti-dade e qualidade aos usos múltiplos.Desta forma, sendo a irrigação um dos usos múlti-plos da água, ela não pode ser gerida separada-mente da globalidade das águas, conforme salien-ta Paulo Affonso Leme Machado.Assim, o Plano Nacional de Irrigação deve, obri-gatoriamente, integrar-se às exigências do PlanoNacional de Recursos Hídricos visto que a lei pos-terior mais abrangente revoga a anterior, come-çando por sua elaboração e implementação porbacia hidrográfica.Pode-se finalizar esta reflexão, com as seguintesconsiderações:• A suficiente produção de alimentos não é con-cebível sem o uso da tecnologia da irrigação.• O manejo adequado acarreta incrementos à pro-dução agrícola e ao ambiente.• Métodos de irrigação eficientes são compatí-veis com as políticas atuais de uso da água, prin-cipalmente em regiões de disponibilidades restri-ta, por isso promover acesso a tecnologias de irri-gação e a capacitação dos irrigantes para o usoracional da água irão ajudar a efetivar o combateao desperdício.• A expansão de áreas irrigadas deve assegurar aeqüidade e sustentabilidade do uso da água.• As metas para atingir a sustentabilidade no usoda água devem constar de um Plano de Irrigação,o qual deve ser elaborado por bacias hidrográficasconforme dispõe a Política Nacional de RecursosHídricos com a nossa efetiva e legítima participa-ção. Mãos a obra!”

PalestranteJoão Bosco Senra, secretário de RecursosHídricos do Ministério do Meio Ambiente.Co-presidente da Rede Interamericana de Recur-

sos Hídricos (RIRH) e pontofocal da Convenção das NaçõesUnidas de Combate àDesertificação (UNCCD). En-genheiro civil e sanitarista, fun-cionário de carreira da Copasa/MG, lecionou no curso de pós-graduação em Meio Ambienteda Escola de Engenharia daUniversidade Federal de MinasGerais (UFMG). Foi também

presidente da Fundação Zoobotânica de Belo Ho-rizonte; diretor-geral do Instituto Mineiro de Ges-tão das Águas (Igam) e, secretário municipal deMeio Ambiente de Belo Horizonte.

DebatedoresMilcíades Gadelha de Lima, diretor de Recur-sos Hídricos da Secretaria de Meio Ambientee Recursos Hídricos do Piauí.

Engenheiro agrônomo pelaUniversidade Federal Rural dePernambuco, com mestradoem Agrometereologia e douto-rado em Agronomia/Fitotecniapela Esalq/USP. Foi extensio-nista, pesquisador da Embrapae professor da UniversidadeFederal do Piauí, onde exerceufunções de coordenação de

cursos de especialização e de chefia de departa-mento. É membro do Conselho Departamental doCCA/UFPI e co-autor de oito livros.“Políticas agrícolas que atendam, simultaneamen-te, o abastecimento do mercado interno; a amplia-ção das exportações de produtos agrícolas in naturaou industrializados e criem empregos no campo ena cidade reduzindo o ímpeto do êxodo rural e seusmalefícios devem receber prioridade. Entre elas,destaca-se a de irrigação. Estima-se que, atualmen-te, existem no Brasil 3,2 milhões de hectares irri-gados (ANA, 2005). Este número é muito modes-to uma vez que o país dispõe, segundo a FAO, de29,6 milhões de hectares irrigáveis.A irrigação tem a faculdade de reduzir o riscotecnológico, decorrente de condições climáticasadversas, diminui a oscilação da produtividadeagrícola e incrementa a taxa de ocupação e a utili-zação intensiva de terras. Desse modo, a agricul-tura irrigada contribui para ampliar a oferta dealimentos, fibras e, no caso brasileiro, também debiomassa para fins energéticos. Assim, ela melho-ra salário e renda e cria ocupação estável no cam-po, como bem demonstram os pólos de irrigaçãonordestinos, já mais consolidados e implantadosnas últimas décadas. Desta forma, a irrigação éprioritária para o Nordeste, sobretudo para suaporção semi-árida, e ainda é muito importante parasuas demais sub-regiões que também precisam re-ter população, abastecer o País e contribuir para aampliação das exportações.No Brasil desenvolvimentista da década de 60 e70, buscando-se aumentar o parque industrial danação, foram construídas diversas barragens paragarantir o fornecimento de energia elétrica semconsiderar o uso da água para o abastecimentohumano, irrigação, lazer, preservação do ambien-te aquático ou até mesmo o uso da terra nos locaisde inundação. O conceito do uso para um objetivoúnico prevalecia no país, principalmente no setorde energia elétrica e de saneamento e, mais tarde,a irrigação. Por questões culturais e por falta deconhecimento os recursos hídricos, eram conside-rados como abundantes e renováveis, sem valoreconômico, o que gerou uma série de prejuízosambientais e econômicos.

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42 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 200542 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

Dentro de uma nova visão de sustentabilidade, apolítica nacional de recursos hídricos, instituídapela Lei Federal Nº 9.433/97, tem como um de seusprincípios o uso múltiplo dos recursos hídricos, con-ceito este que vem sendo sistematicamente consi-derado nos planos de recursos hídricos de diver-sos Estados do país, elaborados a partir de então.Na região hidrográfica do Parnaíba, também pre-valeceu por muito tempo, o conceito do uso exclu-sivo da água e sérios problemas têm sido encon-trados em função disto, como por exemplo: (a) aconstrução, pela CHESF, da usina de Boa Espe-rança, em 1964, para geração de energia, sem apreocupação com a navegabilidade do rio Parnaíba.A não construção das eclusas tem dificultado oescoamento da produção de grãos na região doCerrado; (b) a utilização da água para depuraçãodos esgotos, sem a preocupação com a sua utiliza-ção para o abastecimento humano e animal, ge-rando graves problemas sociais e de saúde públi-ca; (c) o uso das lagoas marginais ao rio Parnaíbapara o cultivo de arroz, sem a preocupaçãoambiental que possibilitasse sua utilização parapesca e lazer, duas importantes alternativas eco-nômicas para os municípios da região.Talvez o conceito do uso exclusivo ainda prevaleçapor questões culturais, mas a política de recursoshídricos mudou e as ações governamentais relaci-onadas aos recursos hídricos devem sempre levar

em consideração os usos múltiplos da água. Ações,principalmente na esfera educacional, são primor-diais para a internalização do conceito de uso múl-tiplo da água na economia regional.”

Luís Coelho de Luz Filho, presidente daAPPM.

Antonio Alfredo Teixeira Mendes, gerente-ge-ral da NaanDan Irrigaplan, empresa sóciapatrocinadora I da Abid.

Engenheiro agrícola, forma-do pela Unicamp, com pós-graduação em Engenharia deIrrigação pela UniversidadeFederal de Viçosa, e em Admi-nistração e Finanças pela Fun-dação Getúlio Vargas e OhioUniversity; atual gerente-geralda NaanDan Irrigaplan Indús-tria e Comércio Ltda.; vice-pre-

sidente da Câmara Setorial de Equipamentos deIrrigação da Abimaq; diretor e conselheiro daABID; membro e ex-coordenador da Comissão deEstudos de Irrigação e Drenagem da ABNT. Atuouno grupo de trabalho de Irrigação Mecanizada daComissão Internacional de Irrigação e Drenagem(Icid), e nas câmaras setoriais de AgriculturaIrrigada do Estado de São Paulo e do GovernoFederal.“Devemos entender o Plano Nacional de Recur-sos Hídricos em seu sentido mais amplo, ou seja,como instrumento básico para implementação dagestão integrada das bacias hidrográficas e dos usosmúltiplos da água no País.Questões como seu uso racional, abrangendo ocontrole da poluição, a administração dos confli-tos e o combate ao seu desperdício nos sistemasindustriais, urbanos e agrícolas, somente serãodevidamente equacionadas através do fortaleci-mento institucional dos sistemas de gestão integra-da dos recursos hídricos.A experiência internacional demonstra o papelfundamental da agricultura irrigada no aumentoda produtividade e da renda do setor agrícola, cons-tituindo-se em elemento indispensável à estraté-gia de desenvolvimento econômico, social e de se-gurança alimentar das nações.Nosso desafio atual é promover ações queviabilizem o aumento da área irrigada de formaexpressiva, através da utilização de tecnologias efi-cientes e ambientalmente sustentáveis.Nesse contexto, o setor da agricultura irrigada,através de suas instâncias representativas, tem im-portante papel a desempenhar na elaboração dasestratégias e políticas que integrarão o referidoPlano Nacional de Recursos Hídricos, contribuin-do para sua implementação eficaz e duradoura.”

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Seminário I 18/0UT/2005 – 14h às 16h

DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA IRRIGADA NO PRONAF

CoordenadorWilson Martins, secretário de Desenvolvimen-to Rural do Piauí.

“A Secretaria de Desenvolvi-mento Rural (SDR) do Piauíestá dando os primeiros passospara a implantação de um pro-grama piloto denominado‘Quintal Produtivo’. Esse Pro-grama pretende dar treinamen-to e assistência técnica em irri-gação, iniciando com 800 famí-lias e utilizando áreas de um

hectare. Com financiamento do Pronaf e da Fun-dação do Banco do Brasil, em cada quintal, o pro-dutor vai manter uma parte para a produção defrutas e hortaliças irrigadas e, em outra, para a cri-ação de galinhas.A comercialização será garanti-da através de um outro programa, o ‘Compra Di-reta’, e, depois, doada ao Programa Fome Zero.No início, serão atingidas 100 famílias de cada umde oito municípios localizados na região entreOeiras e Picos. Posteriormente, será estendido para150 municípios do Estado.A partir dessa unidadepiloto inicial, vamos ter um retrato para ampliarpara mais 142 municípios. A projeção é de que cadafamília, além de sua subsistência, deva obter umarenda mensal em torno de R$ 600,00.Mesmo sendo um Estado rico em águas de super-fície e subterrâneas, a economia agrícola do Piauíestá calcada principalmente na produção desequeiro, onde os grãos como soja, milho e arrozna região de Cerrado atingem produtividades con-sideradas excelentes. Um exemplo é a produtivi-dade do algodão no município de Santa Filomena,na colheita de 2004: 326 arrobas ou 5 mil kg/ha.Na pecuária, destaco o crescimento dacaprinovinocultura casada com a piscicultura e amaricultura, atividades que vêm sendo incentiva-das pelo governo Wellington Dias.O Piauí é hoje considerado a maior e a mais recen-te fronteira agrícola, especialmente na região deCerrados. O potencial dos Cerrados cultiváveis noEstado é de seis a oito milhões de hectares. Temosplantado, atualmente, apenas 5% desse potencial.O piauiense não tem cultura para o desenvolvimen-to da agricultura irrigada. Temos algumas experi-

ências em parceria com a Embrapa e a Codevasf,como o plantio de uvas no município de Santa Rosado Piauí. Existem plantios de caju, goiaba e ma-mão irrigados, com pequenos produtores e de for-ma isolada. No meu entender, não há uma explo-ração adequada com irrigação no Piauí.”

PalestranteWalter Bianchini, secretário de AgriculturaFamiliar do Ministério de DesenvolvimentoAgrário.

Graduado em Agronomia, pelaUniversidade Estadual de SãoPaulo (Unesp), com especializa-ção em Formulação e Análise dePolíticas Agrícolas pela Univer-sidade Estadual de Campinas edoutorando em Meio Ambientee Desenvolvimento pela Univer-sidade Federal do Paraná. Atuoucomo extensionista rural, fez

parte do corpo docente do Centro Federal de Ensi-no Tecnológico do Paraná, com ênfase em Especiali-zação em Educação para Ensino em Casa FamiliarRural. Atuou ainda como pesquisador no Departa-mento de Estudos Socioeconômicos Rurais e na Or-ganização das Nações Unidas para a Alimentação eAgricultura (FAO). Exerceu cargo especial no grupode transição governamental com equipe da Presidên-cia da República.“Com um investimento previsto na casa dos R$ 9bilhões para o financiamento da Agricultura Fa-miliar, o Governo Federal possibilita a ampliaçãoe a criação de postos de trabalho no campo, au-mentando a renda dos agricultores e estimulandoa produção de alimentos de norte a sul do País,por meio do crédito facilitado.Desse total, cerca de R$ 3,5 bilhões serão para in-vestimentos. Esses créditos, somados ao apoio dapesquisa e da assistência técnica, têm o objetivode aumentar a produção dos agricultores familia-res, seja para o abastecimento interno, seja para aexportação, e também contribuir para a diversifi-cação do sistema de produção, para agregar valorao longo da cadeia produtiva. Para a safra 2005/

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2006, Programa Nacional de Fortalecimento daAgricultura Familiar (Pronaf), está previsto o au-mento do número de contratos, ou seja, de 1,6 mi-lhão, em 2004/2005, para 2 milhões.A irrigação vem-se constituindo numa grande al-ternativa para uma produção segura e rentável naAgricultura Familiar, o que estimula o GovernoFederal, por meio do Pronaf, a destinar uma boaparte dos seus recursos não só para financiar estatécnica, mas também para preservar mananciais,construir novos açudes e equipamentos de irriga-ção para fruticultura, pastagem e produção de ole-aginosas. Devemos ressaltar a importância não sódo incentivo para o financiamento de equipamen-tos, mas também da capacitação dos agricultorespara a criação de uma atitude ambientalmente cor-reta com relação aos cuidados no uso da água, vi-sando aumentar a produção e, também, a formacerta de lidar com esse recurso natural fundamen-tal para a agricultura.A Secretaria de Agricultura Familiar já vem apoi-ando eventos como o Conird, que este ano aconte-ce em Teresina e que colocam à disposição dosagricultores familiares o que há de mais moderno,eficiente, prático e econômico na área da irriga-ção. Este ano, os investimentos do Pronaf especi-ficamente para a irrigação serão até 50% maioresque os de 2004. Foi criado o incentivo de sobretetospara grupos como o D, por exemplo, que têm umteto de R$ 18 mil, mas, quando se tratar de irriga-ção, pode chegar até a R$ 27 mil.”

DebatedoresFrancisco de Assis Sacomani Nuevo (gerentecomercial da Amanco Brasil S.A.).

Engenheiro agrônomo pela Es-cola Superior de Agricultura‘Luiz de Queiroz’ (Esalq/USP),com especialização em Enge-nharia de Irrigação pela Uni-versidade Estadual de Marin-gá, Instituto Nacional de Re-forma y Desarrollo Agrario, emestrado em Engenharia Civil,Hidráulica e Saneamento pela

USP. É gerente comercial da Amanco Brasil S.A.e vice-presidente da Câmara Setorial de Equipa-mentos de Irrigação da Abimaq.“O grande escopo da Amanco é desenvolver-se nomercado da agricultura irrigada brasileira, tantona empresarial quanto na familiar, realizando umtrabalho em consonância com a conservação dosrecursos naturais e o racional uso da água. Paraisso, associa-se com organismos que atuam nessalinha, a exemplo da ABID. A empresa oferece umamplo leque de sistemas de irrigação e de servi-ços, de alta tecnologia e performance. Conta com

uma competente rede de profissionais e revendas emtodo o Brasil, trabalhando desde a concepção de pro-jetos até um cuidadoso e criterioso pós-venda.Para o adequado atendimento da agricultura fa-miliar, após exaustivas consultas no campo, aAmanco tem hoje um conjunto de opções paraatender a pequena irrigação e buscar alianças es-tratégicas para as devidas implementações.Diante esse quadro e da oportunidade de debaterneste seminário, fica o desejo de aprender maissobre os mecanismos para ampliar essa atuação,de organizar o trabalho para que haja escala e ade-quados mecanismos para uma efetiva e competen-te assistência técnica. Nesta vertente, profissionaiscapacitados e em condições de implementar o ma-nejo da irrigação, perseguindo-se a maior eficiên-cia da mesma em pequenas áreas, implica em mui-tos desafios. Constata-se, assim, que há muito adesenvolver nas PPPs, onde as empresas de equi-pamentos de irrigação têm muito a contribuir paraa formação dos pólos agroindustriais, que resul-tam nos almejados ‘clusters’. Um caminho paraabrir um amplo leque de oportunidades de empre-gos, de novos negócios e diferenciadas atividades,podendo-se ter como base disso tudo, uma forteorganização da agricultura irrigada familiar. Queo debate nos ilumine na construção desse virtuosoprocesso, com boas ancoragens de mercado e a ir-rigação, fazendo-se da agricultura familiar umagrande impulsionadora desse desenvolvimento.”

Adonias Higino de Sousa, presidente da Fetag.

Francisco Guedes Alcoforado Filho, presiden-te do Interpi.

Engenheiro agrônomo pelaUniversidade Federal do Piauí,com cursos de pós-graduaçãoem Manejo Ambiental dosEcossistemas do Nordeste eTecnologias para a Agrope-cuária do Semi-Árido; mestra-do em Botânica, com área deconcentração em Ecologia pelaUniversidade Federal Rural de

Pernambuco. É pesquisador da Embrapa e dedi-cou-se à área política a partir de 1999. É membrofundador da Articulação do Semi-Árido Brasilei-ro, membro do conselho gestor do Núcleo de Pes-quisas e Estudos Agrários, membro instituidor daFundação Agente para o Desenvolvimento doAgronegócio e do Meio Ambiente. Foi presidenteda Codevasf e professor do curso de especializa-ção da Universidade Federal do Piauí. É autor eco-autor de inúmeros trabalhos e obras técnico-científicos.SE

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Seminário II 18/0UT/2005 – 14h às 16h

FRUTICULTURA IRRIGADA: EXPERIÊNCIAS DOS VALES DO SÃOFRANCISCO E PARNAÍBA

CoordenadorLucas Antonio de Sousa Leite, chefe-geral daEmbrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza,CE.

Engenheiro Agrônomo, commestrado em Fitotecnia, peloCentro de Ciências Agrárias daUniversidade Federal do Cea-rá. Possui doutorado em Eco-nomia, pela Universidade Es-tadual de Campinas, e curso deespecialização em Marketingpara Gestão Empresarial, pelaUniversidade de Santa Catarina.

Atuou na coordenadoria do curso de pós-gradua-ção em Engenharia da Produção, junto ao labora-tório de ensino à distância.“A fruticultura no Vale do São Francisco e no Valedo Parnaíba proporcionou avanços significativospara o agronegócio nordestino e modificações im-portantes nos municípios pólos, onde foi implan-tada essa atividade. Esse painel, pela competênciados palestrantes envolvidos, será bastanteelucidativo sobre as tecnologias utilizadas, o nívelde organização da produção, a governância dascadeias produtivas, os mecanismos de acesso aomercado nacional e internacional, enfim dos desa-fios, oportunidades e resultados alcançados. Acomparação dos dois casos proporcionará evidên-cias didáticas sobre os fatores críticos de sucessonesse tipo de empreendimento.”

PalestrantesJosé Alberto Coelho Paz, professor universitá-rio, médico nefrologista, empresário e um dossócios da Frutas do Nordeste do Brasil S. A.(Frutan Brasil).“A Frutan detém hoje um dos maiores índices ex-portáveis de limão Tahiti do País. Enquanto a mai-oria das exportadoras brasileiras mantém seus ín-dices em torno de 14%, a Frutan ultrapassa 50%,

isto é, de cada tonelada produ-zida, exporta mais de 500 qui-los. Essa empresa é uma das pi-oneiras do agronegócio irriga-do na região do Semi-Árido.O mais grave do pedágio dopioneirismo é não saber aondebuscar a solução para os pro-blemas que surgem. Por que li-mão funciona bem no Semi-

Árido do Piauí e manga não? Na verdade, não seise manga não funciona bem aqui, o problema mai-or é que a área plantada é enorme para o tamanhodo mercado. São muitas as dificuldades de manu-tenção de um packing house para produzir em umcurto período e aproveitar as chamadas ‘janelas’de mercado.”

José Gualberto de Freitas Almeida, presidenteda Valexport e do Instituto do Vinho do Valedo São Francisco.

Engenheiro industrial e meta-lúrgico pela Universidade Fe-deral do Rio de Janeiro, compós-graduação em ConsultoriaEmpresarial pela Universidadede Delf (Holanda) e Universi-dade de São Paulo. Foi profes-sor de Administração da Pro-dução na Universidade dePernambuco (Fesp) e analista

de projetos na Sudene. Ocupou inúmeros outroscargos e funções, como a diretoria executiva doGrupo Milano e a gerência regional do Bansulvest.Foi secretário da Agricultura de Pernambuco e pre-feito de Santa Maria da Boa Vista (PE). É mem-bro do conselho assessor externo da Embrapa. Foidiretor da Vinícola do Vale do São Francisco, queiniciou, na década de 80, a produção de vinhos fi-nos no Vale do São Francisco, tendo entre suasmarcas o premiado Botticelli.

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DebatedoresJosé Maria Marques de Carvalho, coordena-dor do Fundo de Desenvolvimento Científicoe Tecnológico do Nordeste (Fundeci) do Ban-co do Nordeste.

Formado em Agronomia e emEconomia pela UniversidadeFederal do Ceará, com cursosde especialização. Sua vida pro-fissional começou como agrô-nomo no Instituto Baiano deCrédito Rural e depois no Ban-co do Nordeste do Brasil S. A.como especialista em Adminis-tração Rural, passando por inú-

meros cargos e experiências. Trabalhou como pes-quisador de fruticultura, como professor na UFPB/USP e consultor da Revista Econômica do Nor-deste. Tem vários trabalhos e artigos publicados.

Pedro Carlos Gama da Silva, chefe-geral daEmbrapa Semi-Árido.

Engenheiro agrônomo pelaUniversidade Federal daParaíba, com mestrado emEconomia, com área de con-centração em Economia Rurale doutorado em EconomiaAplicada, área de concentraçãoem Desenvolvimento Econô-mico, Espaço e Meio Ambien-te. Ministrou aulas nos cursos

de graduação e de pós-graduação da UFPB, Uneb,UFRPE, Faculdade de Agronomia e Medicina Ve-terinária de Patos–PB e Faculdade de CiênciasAplicadas e Sociais de Petrolina. Foi assessor téc-nico regional da Emater-PB, supervisor de Difu-são de Tecnologia, chefe adjunto de Desenvolvi-mento e de Comunicação e Negócios, e membrodo comitê técnico interno da Embrapa Semi-Ári-do; presidente da Associação para o Desenvolvi-mento e Ação Comunitária do Vale do São Fran-cisco; membro de bancas examinadoras demestrado e de doutorado; e, integrante de missõesbrasileiras de estudos à França, Argentina e Chile.Autor e co-autor de inúmeros trabalhos técnico-científicos publicados em periódicos nacionais einternacionais, bem como de capítulos de livrosnacionais e internacionais.“A atividade frutícola no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA expandiu-se rapidamente, firmando aregião como importante pólo de produção de fru-tas no cenário nacional, voltado para os mercadosinterno e externo, apoiada pelas vantagens compa-rativas da grande potencialidade de recursos natu-rais, em especial as condições de clima semi-áridotropical, com temperaturas elevadas, alta insolação

e grande disponibilidade de água para irrigação.Vários outros fatores concorreram para a forma-ção de um pólo frutícola na região. O principaldeles deve-se à forte presença do Estado, onde omais significativo foi, sem dúvida, no setor agríco-la, com a construção de grandes projetos de irriga-ção. Além disso, os incentivos fiscais, financeiros eo apoio institucional oferecidos pelo Estado foramdeterminantes, assim como a ação do setor públi-co com estudos e pesquisas destinados a dotar aregião de uma base científica e tecnológica sólida,que viria apoiar os empreendimentos atuais.Em torno dessa atividade instalou-se uma iniciati-va privada dinâmica, que foi capaz de estruturaruma organização empresarial atuante, baseada emcooperativas, associações de produtores e aliançascom setores da distribuição e com o Estado. Aqui,vale destacar o papel exercido pela Valexport comoorganização e locus da representação dos interes-ses empresariais.Essas organizações têm propiciado ganhos em es-cala para os vários componentes do custo final daprodução, atuando com uma logística de apoio co-mercial, contribuindo para a circulação das infor-mações técnicas e de mercado e, também, exer-cendo o papel de controle da qualidade visando odesenvolvimento de uma marca para as frutas daregião.Dos cerca de 120 mil hectares irrigados cultivadoscom fruteiras na área de influência do pólo, esti-ma-se que em torno de 22 mil sejam com manga ecerca de 10 mil com uva. Em 2004, foram exporta-das 27.662 toneladas de uva e 102.286 de manga,respectivamente 96% e 93% das exportações na-cionais.Paralelamente ao esforço exportador das grandesempresas produtoras de frutas, comandado pelaValexport, surgem iniciativas isoladas de pequenose médios produtores e esboçam-se novas formasde organizações, que perseguem uma inserção nomercado, nos espaços deixados pelos grandes pro-dutores e exportadores, principalmente no merca-do interno, a exemplo da Associação dos Produto-res do Vale – Aprovale.Aqui é preciso considerar o papel que desempe-nha o mercado interno e a função complementarque este tem com o mercado externo, inclusive, de-terminando a economia de escala que a atividadeexportadora exige.Nesse caso, trata-se de um conjunto heterogêneode agentes com diferentes objetivos e estratégiasde inserção no mercado, que procura responder àevolução da sofisticação de consumo com produ-tos condizentes com as qualidades exigidas pelosdiversos mercados. As diferentes estratégiasadotadas por esses agentes dão origem às mais di-versas formas de estruturas organizacionais e ar-ranjos institucionais.”SE

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Seminário I 19/0UT/2005 – 14h às 16h

CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS PARA IRRIGAÇÃO: ENFOQUE NAREGIÃO SEMI-ÁRIDA

CoordenadorCelso Vainer Manzatto, chefe-geral daEmbrapa Solos.

Engenheiro Agrônomo e mes-tre em Ciência do Solo pelaUniversidade Federal Rural doRio de Janeiro e doutor emProdução Vegetal pela Univer-sidade Estadual Norte Flumi-nense. Atuou na consultoria deprojetos na área de Solos emdiversos perímetros irrigados,usinas hidrelétricas e projetos

de engenharia. A partir de 1995, passou a exercera função de pesquisador da Embrapa, onde foichefe de pesquisa de desenvolvimento da EmbrapaSolos, tendo atuado ainda como coordenador deárea técnica, líder de projeto e coordenador desubprojetos.“A responsabilidade pelos vários eventos de escas-sez hídrica, assoreamento e contaminação de ma-nanciais tem sido freqüentemente atribuída à agri-cultura, dita também como a maior usuária deáguas de rios, lagos e dos aqüíferos. Esses eventossão, na verdade, decorrência das modificações cau-sadas pelo uso e manejo inadequados do solo, al-terando o seu poder de filtro biológico e diminu-indo sua capacidade de infiltração da água, comreflexos no potencial de recarga de aqüíferos e nosníveis de vazão de base de rios.Por outro e o foco aqui considerado, diz respeito àimportância dos estudos que envolvem o compor-tamento físico-hídrico dos solos irrigados, ahidropedologia e os estudos edafoambientais, fun-damentais para a tomada de decisão sobre o usode práticas de manejo e de conservação dos recur-sos naturais – solo, água e biodiversidade, nas zo-nas de recarga dos principais aqüíferos de ocor-rência no território nacional. O foco principal daEmbrapa Solos, centro temático para o estudo dosolo e de suas relações com a água e a biodiver-sidade, é o desenvolvimento e validação de siste-mas conservacionistas de produção, onde se des-taca o sistema plantio direto.Como uma contribuição relevante para o planeja-mento de uso e ocupação sustentável das terras, a

Embrapa Solos, em parceria com a Codevasf, de-senvolveu o Sistema Brasileiro de Classificação deTerras para Irrigação com enfoque na região doSemi-árido. Isto foi possível a partir da incorpora-ção do conhecimento pedológico hoje existente,fruto de mais de cinco décadas de trabalho e quepermite definir o comportamento físico-hídrico dossolos tropicais. A este conhecimento, associam-seas novas técnicas de nutrição mineral de plantas eos avanços na tecnologia de irrigação.Destaca-se neste contexto, a fragilidade e a faltade conhecimentos sobre o Sistema Aqüífero Cris-talino, de grande expressão territorial na regiãoNordeste, onde temos observado que o uso e aocupação desordenada das bacias hidrográficas eo uso e manejo inadequados da irrigação têm com-prometido a recarga dos aqüíferos e a disponibili-dade hídrica para diversos fins.”

PalestrantesFernando Cezar Saraiva do Amaral, pesqui-sador da Embrapa Solos.

Sua área de atuação está vol-tada para manejo de solo e in-terpretação de levantamentose uso da terra. É graduado pelaUniversidade Federal Rural doRio de Janeiro, na área deFitotecnia, com mestrado edoutorado pela Escola Superi-or de Agricultura Luiz deQueiroz/USP, na área de Solos

e Nutrição de Plantas.“O Sistema Brasileiro de Classificação de Terraspara Irrigação, com enfoque na região Semi-Ári-da, é uma metodologia resultante de um acordode cooperação técnica entre a Companhia de De-senvolvimento dos Vales do São Francisco e doParnaíba (Codevasf) e a Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária (Embrapa). Teve por fina-lidade a sistematização de todo o conhecimentogerado em relação ao manejo da agricultura irriga-da praticada na região Semi-Árida brasileira.O sistema até hoje utilizado no Brasil foi uma adap-tação do norte-americano às condições de solos da

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Região Nordeste, feita nos anos 60. Desde então,esse sistema passou por sucessivas atualizações,todas pontuais e relativas a ajustes de parâmetrostécnicos, conforme as necessidades da época e osprojetos utilizados. Classifica-ção de terras para irrigação éum processo de natureza dinâ-mica, portanto, passível de atu-alizações periódicas que permi-tam a incorporação de avanços tecnológicos, a ado-ção de novos conceitos do ponto de vista ambientale a otimização do uso dos recursos de água e solo.A presente versão atualiza o sistema na forma eno conteúdo. Na forma, quando incorpora os re-cursos da informática à estrutura do sistema; noconteúdo, quando classifica o ambiente, segundoas potencialidades e limitações específicas dos ele-mentos solo, água e planta de acordo com critéri-os ajustados à nova realidade; sem abrir mão, noentanto, de uma classificação generalizada, pas-sível de utilização nos estudos de pré-viabilidade.”

Manuel de Jesus Batista, engenheiro agrôno-mo da Codevasf.Engenheiro agrônomo forma-do pela Escola Nacional deAgronomia (UFRRJ), commestrado em Irrigação e Dre-nagem pela Universidade doEstado de Utah (EUA). Fez ocurso de Classificação de Ter-ras para Irrigação e Drenagemde Terras Agrícolas pelo

Bureau of Reclamation (EUA). Profissionalmente,começou como técnico da área de drenagem deterras agrícolas da Codevasf. Foi coordenador degrupos de trabalho da Associação Brasileira deNormas Técnicas (ABNT), envolvidos com o pre-paro de normas para projetos de drenagem super-ficial e subterrânea (NBR 14143, NBR 14144 eNBR 14145) e para a fabricação, transporte earmazenamento de tubos de material plástico paradrenagem subterrânea agrícola (PVC e Polietileno-NBR 15073). Consultor em estudos de drenageme drenabilidade de solos, aplicados a projetos deirrigação e drenagem patrocinados pela Organi-zação das Nações Unidas para Agricultura e Ali-mentação (FAO), com estudos feitos no Brasil, naBolívia, e em Cuba. Professor pró-labore da ca-deira de drenagem agrícola do curso de Engenha-ria Rural I, da Universidade de Brasília.“A classificação de terras para irrigação se baseia,principalmente, nas condições de solo, topografiae drenagem. O parâmetro de solo engloba as ca-racterísticas físicas e químicas que interferem nascondições de fertilidade e retenção de umidade; atopografia refere-se a declividades e formafisiográfica de uma área de terras. Quanto ao

parâmetro drenagem, o mesmo engloba as condi-ções de drenagem superficial e subterrânea.No caso da drenagem subterrânea, a falta de co-nhecimento dos parâmetros que afetam as condi-ções de drenabilidade de solos e a importância decada parâmetro no encharcamento e na evoluçãodo processo de salinização de terras irrigadas e atéa negligência de técnicos envolvidos com projetosde irrigação e drenagem, têm contribuído, forte-mente, para o baixo retorno econômico de áreasirrigadas.Os fatores de drenabilidade que têm, maiscomumente, causado danos a terras irrigadas, sãoas baixas profundidades de terras selecionadascomo irrigáveis, o que vem sendo observado prin-cipalmente nos projetos de reassentamento da bor-da do Lago de Itaparica, onde terras com até 0,60mde profundidade foram consideradas comoirrigáveis. Isso vem resultando no descarte de áre-as e na implantação de drenagem subterrânea, nocaso, muito dispendiosa e de resultados econômi-cos duvidosos.Outro parâmetro que tem levado ao descarte deterras, é a baixa condutividade hidráulica dovertissolo e solos anteriormente classificados comocambissolo vértico, o que vem ocorrendo em pro-jetos da Codevasf situados no estado da Bahia.”

DebatedoresAdeodato Ari Cavalcante Salviano, professorda Universidade Federal do Piauí.

Graduado em Agronomia pelaUniversidade Federal do Cea-rá (UFC), com mestrado emCiência do Solo pela Universi-dade Federal do Rio Grandedo Sul (UFRGS) e doutoradoem Agronomia (Solos e Nutri-ção de Plantas) pela [Esalq/USP). Atua no no ensino degraduação (Engenharia Agro-

nômica) e de pós-graduação (diversos cursos latusensu e nos mestrados de Agronomia e Ciência Ani-mal). Destaque Especial como professor orienta-dor na modalidade oficina pedagógica, Pró-Reito-ria de Ensino de Graduação da Universidade Fe-deral do Piauí. Mais de 55 trabalhos apresentadosem congressos nacionais, regionais e internacio-nais. Orientou 42 alunos de graduação, seis alunosde especialização e quatro alunos de mestrados(Ciência Animal e Agronomia).“O uso de um sistema de classificação de terraspara irrigação tem por objetivo subsidiar técnicos,fazendeiros e autoridades governamentais na de-cisão de implementação de projetos de irrigação.O planejamento de investimento público ou priva-do em irrigação sem um sistema brasileiro de clas-

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sificação de terra tem induzido a umasuperutilização ou subutilização das terras, o queprovoca em ambos os casos, o uso inadequado, doshoje considerados, escassos recursos hídricos, prin-cipalmente, na região semi-árida do Brasil.Os sistemas de classificação de terras para irriga-ção devem ser dinâmicos e podem sofrer atualiza-ções periódicas permitindo a introdução de novastecnologias visando sempre maximinizar os efei-tos econômicos, sociais e ambientais.Portanto, nossa participação, como debatedor noSeminário de “Classificação de Terras Para Irriga-ção: Enfoque na Região Nordeste” será no senti-do de contribuir, se possível, para o enriquecimentodo trabalho, considerando nossa visão de Nordes-te Brasileiro.”

Antônio Cabral Cavalcanti, pesquisador daEmbrapa Solos

Engenheiro agrônomo pelaUniversidade Federal Rural dePernambuco, com mestradoem Agronomia pela Universi-dade Federal Rural de Rio deJaneiro e doutorado em Agro-nomia, área de concentraçãoem Irrigação e Drenagem pelaUniversidade Estadual Paulista(Unesp).Trabalhou no Depar-

tamento Nacional de Pesquisa Agropecuária(DNPEA) do Ministério da Agricultura, em Reci-fe, com área de atuação em toda a região Nordes-te, indo depois o Centro Nacional de Pesquisa deSolos da Embrapa. Atuou também junto à Agên-cia Nacional de Águas (ANA) e de janeiro de 2004até a presente data, está como bolsista de CNPq,trabalhando com parcerias, no projeto de inova-ção tecnológica com condicionador argilo-mineralem solos arenosos na área de fruticultura irrigada.Fez inúmeros cursos de especialização, foi coor-denador técnico da Embrapa Solos e atuou na Su-perintendência de Usos Múltiplos e na Superin-tendência de Outorga e Cobrança da ANA.“Consideramos elogiável e oportuno que, numevento de tamanha grandeza, na esfera da irriga-ção e drenagem no país, os organizadores do con-gresso tenham colocado o tema de classificação deterras para irrigação. É uma oportunidade de sepromover uma maior integração e intercâmbioentre os especialistas em irrigação e drenagem comaqueles que tratam diretamente da ciência do solocom suas propriedades físicas, químicas emineralógicas, em interação com a situação deocorrência geoambiental dos mesmos. E que essaseja uma atitude continuada. A classificação deterras para irrigação procura enquadrar os solosdentro da gradação das suas qualidades epotencialidades – do melhor para o mais inferior –, de acordo com suas melhores alternativas de uso.

Por sua vez, há que se buscar, de forma conjunta,como otimizar o custo de desenvolvimento dos so-los de uma forma economicamente viável. Issoporque, cada solo requer tratamento diferencia-do, por exemplo: solos profundos e bem drenados,de alta fertilidade natural, solos similares de baixafertilidade, solos com adensamento subsuperficialcom restrições de drenagem, solos muito argilo-sos, solos muito arenosos etc. Atualmente, com oavanço tecnológico da irrigação localizada, têm-seutilizado solos com elevadas restrições de caracte-rísticas, bem como solos em condições ambientaisadversas. Tal é o caso de solos muito arenosos, an-tes descartados pelos sistemas de irrigação conven-cionais, que têm hoje recebido muita atenção comfertirrigação na produção de frutas, onde se ob-tém altas produtividades a custa de altos investi-mentos; às vezes, até com certo desperdício. Seráde bom alvitre que questões dessa natureza, entreoutras, passem a ter uma linha de pesquisa e de-senvolvimento em busca de melhores resultados.”

Ivandro França da Silva, professor da Univer-sidade Federal da Paraíba.

Engenheiro agrônomo, comdoutorado em Ciência do Solona Faculdade de Agronomia daUniversidade Federal do RioGrande do Sul. Atua como pro-fessor do Centro de CiênciasAgrárias da Universidade Fe-deral da Paraíba, junto ao cur-so de graduação em Agrono-mia e pós-graduação em Ma-

nejo de Solo e Água e Agronomia. Orienta 26 tra-balhos de conclusão de curso, 25 dissertações demestrados, com 21 concluídas e três orientaçõesde tese de doutorado em Agronomia. Tem 88 par-ticipações em banca de trabalhos de conclusão decurso; oito participações em comissões julgadoras,além de participações em eventos científicos.“A região Nordeste, com seus ecossistemas típicosde região Semi-Árida, onde os recursos climáticose edáficos, apresentam-se como os mais limitantes.É nesse contexto que o Nordeste brasileiro desta-ca-se pela necessidade do uso da irrigação. Comcerca de 60% de sua área dentro do Semi-Árido,condição desfavorável à agricultura de sequeiro,somente a irrigação tornará possível a utilizaçãoagrícola sistemática de suas terras.A irrigação convencional e o uso de terras inaptasao cultivo, ao invés de ajudar a sanar os problemasda exploração agrícola, poderão inviabilizar o uso,devido à degradação do meio, uma vez que a qua-lidade da água é questionável pelos teores de saisdiluídos e o potencial previsível do solo àsalinização. Assim, os investimentos são compro-metidos pela baixa taxa de retorno.”

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Seminário II 19/0UT/2005 – 14h às 16h

IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS

CoordenadorJosé Geraldo Eugênio França, diretor-executi-vo da Embrapa.

Engenheiro agrônomo pelaUniversidade Federal Rural dePernambuco, com mestradoem Genética e MelhoramentoVegetal, pela Andhra PradeshAgricultural University, Hyde-rabad, Índia. É Doutor em Ge-nética e Melhoramento Vege-tal, pela Texas A&M Univer-sity,College Station, EUA e com

Pós-doutorado em Genética e Biologia Molecular,pelo Crop Biotechnology Center, Texas A&MUniversity, College Station, EUA. Em sua experiên-cia profissional foi pesquisador e presidente daEmpresa Pernambucana de Pesquisa Agrope-cuária, secretário de Agricultura de Pernambucoe superintendente regional do Incra. Publicou maisde 50 artigos em periódicos nacionais e estrangei-ros. Atualmente, é membro do Conselho Superiorda Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologiado Estado de Pernambuco e diretor-executivo daEmbrapa, desde janeiro de 2005.“O esforço nacional para atender à demanda porprodução de biocombustíveis nas próximas déca-das nos levará à incorporação de, aproximadamen-te, 4 milhões de hectares de terras agricultáveis.Três quartos dessa área serão cultivadas com cana-de-açúcar e o restante com outras culturas oleagi-nosas, particularmente o dendê, a mamona e ou-tras espécies, a exemplo do babaçu, da macaúba edo girassol. Algumas das regiões de expansão, ne-cessariamente, carecerão de irrigação suplemen-tar em algum período do ano, a exemplo de vastasáreas com solos de textura média ou arenosa nasregiões dos Cerrados do Mato Grosso, Tocantins,Maranhão e Piauí. Mesmo em áreas com solos comtextura mais argilosa, haverá a necessidade de irri-gação durante o plantio da cana ou após a colhei-ta, visando-se estabelecer a cana soca, a exemplodo que vem sendo prática comum nos estados deAlagoas e Pernambuco. Vale deixar claro que aopção por uma política de uso de combustíveis apartir de fontes renováveis, no caso a biomassa,

implica em suprimento constante, em preços com-petitivos.Desabastecimento e alterações bruscas do merca-do foram fatores fortes para levar ao descrédito oProálcool durante alguns anos. A nova política debiocombustíveis não poderá depender unicamen-te do cultivo de cana-de-açúcar ou oleaginosasdependentes de chuvas, o que levará, obrigatoria-mente, a uma forte demanda pelo uso da água demodo racional nos cultivos das culturas-índices.”

PalestrantesMelvin Meyes, técnico da Amanco deHonduras.

Engenheiro agrônomo forma-do pelo Centro UniversitárioRegional do Litoral Atlânticoe bacharel em Ciências e Le-tras pelo Instituto InmaculadaCocepcion. Em sua vida profis-sional, foi superintendente deServiços Agrícolas do Grupo

Lempira e técnico de irrigação na Amanco deHonduras, onde desenvolveu e supervisionou inú-meros projetos desde 1994.A irrigação na palma azeiteira (dendê) na Améri-ca Central começou a ser implementada há cercade 15 anos, impulsionada pelas baixas produçõesde óleo e pela desuniformidade da produção du-rante o ano, o que afetava enormemente os custosdo processo de extração, uma vez que haviam sidoinstalados equipamentos capazes de atender a pro-dução máxima , e, que uma vez não atendida pelaquebra na colheita, tornava o processo ineficiente.O nome científico da palma azeiteira (dendê) éElais guinensis, seu tempo de desenvolvimento apartir da semeadura em viveiros é de 12 a 13 me-ses e, quando transplantada no campo, produz seusprimeiros cachos entre 24 a 30 meses.Em regiões com condições normais de solo e cli-ma, a palma azeiteira (dendê) sem irrigação pro-duz cerca de 18 a 21 t / ha / ano. Nas mesmas re-giões e com as mesmas condições normais de soloe clima, mas utilizando irrigação, as produções pas-

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sam para 28 a 32 t / ha / ano. Isto representa umaumento de aproximadamente 54% na produção.A média das toneladas de óleo extraído por tone-lada de fruto é de 21% e a média do óleo extraídoda amêndoa é de 2,2% por tonelada de fruto.O sistema de irrigação instalado com maior êxitona região é a irrigação por aspersão sub-copa, oqual é projetado para dar uma cobertura total naárea irrigada; este é o sistema, que melhor adapta-se à fisiologia e à anatomia da planta nas condi-ções do trópico, especialmente pela distribuição nosistema radicular a qual se estende em 360° ao re-dor da planta.As razões pelas quais os sistemas de irrigação lo-calizada (microaspersão e gotejamento) não sãorecomendados para este cultivo, é que a área úmi-da junto ao sistema radicular é limitada e o resul-tado é que parte do sistema radicular não faz con-tato com a água disponível, o que reduz a capaci-dade de absorção pela planta, conseqüentementenão satisfazendo 100% de sua demanda hídrica.Nas experiências feitas em Honduras com irriga-ção da palma azeiteira (dendê), podemos mencio-nar alguns resultados obtidos: aumento da propor-ção de flores femininas com relação às flores mas-culinas; aumento na população de insetospolinizadores; maior absorção dos fertilizantes;rendimento maior em toneladas / hectare / ano,aproximadamente com um aumento de 10 a 15 to-neladas; uniformidade da produção durante todoo ano; e, otimização da indústria extratora de óleo.

Durval Dourado Neto, professor da Esalq/USP(Ver foto e minicurrículo à p. 62).

DebatedoresEdson Barcelos, secretário-executivo de Pro-dução Rural do Estado do Amazonas.Engenheiro agrônomo formado pela Universida-de Federal de Viçosa (UFV/MG), mestrado emEcologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (Inpa/ AM) e dou-torado em Melhoramento Ge-nético e Biotecnologia pelaUniversidade de Montpellier(França). Trabalha em pesqui-sa com a cultura do dendezeirodesde 1980, tendo realizado vi-agens técnicas e de estudos aosprincipais centros mundiais depesquisa e produção de dendê,

como Malásia, Indonésia, Costa do Marfim, Benin,Nigéria, Costa Rica, Suriname, Colômbia, Equa-dor, Peru, Venezuela. Foi chefe de Pesquisa e De-senvolvimento e chefe-geral da Embrapa Amazô-nia Ocidental em Manaus. Foi agraciado com oPrêmio Frederico de Menezes Veiga, no ano de1991, como pesquisador de destaque na Embrapa,pelos trabalhos realizados com a cultura do dendê.Ocupou, no Governo do Estado do Amazonas, ocargo de secretário-executivo adjunto de Planeja-mento.“O dendê é uma planta originária da África Oci-dental, ocorrendo em áreas de clima tropical chu-voso, mas também encontrado em regiões de cli-ma marginal, com chuvas limitadas e acentuadodéficit hídrico (Nigéria, Benin, etc). Em plantiosexperimentais irrigados por gotejamento, iniciadosem 1972/73 no Benin/África, sob condições de cli-ma com déficit hídrico de cerca de 560 mm e umi-dade relativa do ar baixando até 20%, foram obti-dos resultados de produção da ordem de 30 t decachos/ha/ano, contra 12,7 t para plantios sem irri-gação, em nível de estação experimental.Estimulado pelos resultados acima, uma plantaçãoirrigada com 838 ha de dendezeiros e 72 ha de co-queiros foi implantada na região de Ouidah Nord/Benin, caracterizada por um clima apresentandoum déficit hídrico médio de 800 mm e umidaderelativa do ar variando entre 10% e 30% nas esta-ções secas (1972/1981), onde a cultura do dendênão irrigado apresenta produções de apenas 4 t decachos/ha/ano. Com irrigação, foram obtidos re-sultados de produção da ordem de 20,6 t de ca-chos/ha no ano agrícola 81/82, com a aplicação deuma lâmina d´água equivalente a 5 mm/dia.

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PRODUTOS da PALMA AZEITERA (dendê) em toneladasMatéria-prima Produto

PROCESSO 1 Fruta (1 kg) Azeite 21,5% (215 kg)Amêndoa 16% (160 kg)Água 23,5% (235 kg)Stopa 23% (230 kg)Fibra 16% (160 kg)

PROCESSO 2 Amêndoa 16% (160 kg) Coquito 31,25% (50 kg)Casca 68,75% (110 kg)

PROCESSO 3 Coquito (50 kg) Água 8% (4 kg)Farinha de coquito 53% (26,5 kg)Azeite de coquito 39% (19,5 kg)

Azeite extraído: Fruta = 215 kg / Coquito = 19,5 kg / Total = 234,5 kg

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Na Guatemala, um projeto localizado na costa doPacífico, com uma área irrigada de 5 mil ha comdendezeiro, apresenta excelentes resultados emresposta à irrigação com produção de 8,4 tonela-das de óleo/ha/ano.Para as condições do Nordeste Brasileiro, em so-los cuidadosamente escolhidos, sob irrigação eempregando as melhores práticas de manejo, pode-se esperar produtividades superiores a 6 tonela-das de óleo/ha/ano na fase adulta da cultura, ouseja a partir do 7º ano, porém com a produção co-mercial iniciando no 4º ano.”

Carlos Gilberto Cavalcanti Farias, diretor su-perintendente da Agro-Indústrias do Vale doSão Francisco S. A. (Agrovale) e diretor téc-nico da Mandacaru Comercial.

Engenheiro agrônomo pelaUniversidade Federal daParaíba, com especialização emcana-de-açúcar e larga experi-ência em cana irrigada no Valedo São Francisco.“O agronegócio sucroalcoolei-ro brasileiro representa ummercado de R$ 36 bilhões ou3,5% do PIB, gera 3,6 milhões

de empregos, envolve 70 mil agricultores, moe 360milhões de toneladas de cana, produz 24 milhõesde toneladas de açúcar e exporta 17 milhões detoneladas. E, ainda, produz 690 milhões de litrosde álcool, recolhe R$ 4, 5 bilhões em impostos etaxas e representa R$ 3,5 bilhões em investimen-tos anuais. Atualmente, é composto por 302 usi-nas e destilarias.No mundo, são 126 países produtores e São Paulotem o menor custo mundial de produção de canairrigada. Já, o Nordeste detém o terceiro menorcusto de produção e concorre com os demais paí-ses do mundo. A pergunta que deve ser respondi-da é a seguinte: é viável a implantação de usinasde álcool/açúcar no Semi-Árido nordestino?”

Demócrito de Souza Faria, do Grupo OlhoD’Água.

Engenheiro civil, com 39 anosde experiência no campo daEngenharia de Irrigação. Exer-ceu funções na Asbrasil,Dantas Ind. Com. S. A., Dango-tas/Drip Irrigation International,DSF Engenharia & IrrigaçãoLtda. Introdutor do primeirosistema de irrigação por gotejono Brasil, consultor e respon-

sável pela implantação de pelo menos 70 mil hec-tares irrigados em obras públicas e privadas no País.“O dendê, com o seu reconhecido potencialenergético renovável é um tema por demais inte-ressante e oportuno num congresso de irrigação.O sistema de irrigação da água para a cultura dapalma é habitualmente feito por aspersão aindaem sua fase de viveiro, onde o consumo atinge umamédia de 5 a 8mm/dia. Como o óleo vem dosubproduto (borra do óleo de palma), considerocara a produção do biodisel.Já para a cana-de-açúcar, a prática irrigatória tor-na-se cada dia mais evidenciada para o aumentodo potencial produtivo da cultura, ela sai do pata-mar de 70t/ha para níveis de 100/200 t/ha.Vivemos um momento de euforia no crescimentoassustador do mercado mundial do álcool e do açú-car e no número de usinas no País. A tecnologiade irrigação e fertirrigação e as exigências de con-trole ambiental fazem-nos antever a obrigatorie-dade de aprimoramento das práticas irrigatórias ede desenvolvimento de conhecimentos na relaçãosolo-água-atmosfera que, até então, eram mais vol-tados para a prática da cultura de frutas exóticas.”

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A usina piloto da UFPI para a produção de biodiesel temcapacidade para produzir 2.400litros/dia e já testou óleos de soja e de mamona

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MINICURSOSMINICURSOSManejo de irrigação

Manejo de Irrigação com Base emEstação Meteorológica Automáticae em Série Histórica de DadosClimáticos

Dia: 17/10/2005Horário: 7h30 às 10hSerá dada ênfase ao uso de dados climáticos nomanejo da irrigação, por meio do balanço de águano solo. Esse método constitui-se em uma estraté-gia viável de programação de irrigações, utilizan-do-se dados das características físicas do solo e dorequerimento diário de água pela cultura. Na apli-cação desse método, o requerimento de água pelacultura pode ser determinado pela estimativa daevapotranspiração de referência (ETo) e esta,quando possível, pelo método de Penman-Monteith, que é reconhecido internacionalmentecomo um dos mais precisos. Na ausência de dadoslocais, recomenda-se o uso do coeficiente da cul-tura (Kc), determinado por Doorenbos & Pruitt.A programação de irrigação, que utiliza o métododo balanço de água no solo, é feita determinando-se a ETo diariamente. Necessita-se, assim, da co-leta diária de dados climáticos, principalmenteobtidos, por meio de estações climatológicas auto-máticas. Esse mesmo método também vem sendoempregado, utilizando-se valores médios de ETodiários, de uma série histórica de dados climáti-cos, inclusive, para prever futuras irrigações. Essaúltima estratégia, embora muito simples de ser uti-lizada, não é recomendável em condições de altavariabilidade do clima, como ocorre na estaçãochuvosa.Visando simplificar o uso da ETo determinada di-ariamente e melhorar a precisão média do seu uso,quando se utilizam de dados climáticos de sérieshistóricas, foi desenvolvido o Método Resende.Este método consiste em programar as irrigações,utilizando valores de ETo ajustados, para os diaschuvosos de uma série histórica de dados climáti-

cos, para se fa-zer a prediçãode seus valoresf u t u r o s ,utilizan-do-seRedes NeuraisA r t i f i c i a i s(RNAs), pormeio dametodologia desenvolvida por professores e alu-nos da UFMG. Para utilização desse método, foidesenvolvido um software em linguagem Delphi, oIrriga Fácil 1.0., que permite estimar, ajustar e pre-dizer valores de Eto, através de Redes Neurais Ar-tificiais que, juntamente com dados da planta, dosolo e do sistema de irrigação, permitem elaborarum calendário das irrigações, mesmo antes do plan-tio, no qual contém as lâminas d’água a serem uti-lizadas e as respectivas datas das irrigações.

INSTRUTOR

Morethson Resende é pesqui-sador da Embrapa Milho eSorgo. Formado em Agrono-mia pela Universidade Federalde Viçosa, com mestrado emHidrologia Aplicada, pela Uni-versidade Federal do RioGrande do Sul, doutorado pelaUniversidade da Califórnia e

pós-doutorado pela Universidade de Nebrasca,além de cursos especializados. Foi coordenador doprograma nacional de pesquisas para o aproveita-mento de recursos naturais e socioeconômicos doCerrado, na Embrapa Cerrados, um dos respon-sáveis pela elaboração e implantação do Progra-ma de Articulação Pesquisa/Extensão no EspíritoSanto e chefe-adjunto de Desenvolvimento daEmbrapa Milho e Sorgo. Tem inúmeros trabalhospublicados e participação ativa em congressos esimpósios científicos. É advisory editor da revistacientífica Irrigation Science, publicada pela Springer-Verlag, M.Lehr, Alemanha.

COORDENADOR: Luiz Gonzaga, da Universidade Estadual do Piauí.

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Lisimetria na Determinação doConsumo de Água das Plantas

Dia: 18/10/2005Horário: 7h30 às 10hLisímetros são grandes caixas cheias de solo, loca-lizadas em campo que apresentam uma superfícienua ou coberta por uma vegetação. Podem ser usa-dos para determinar a evapotranspiração das cul-turas, ou, ainda, somente a evaporação do solo. Ouso de lisímetros de pesagem serve como uma fer-ramenta padrão em estudos de perda de água dasculturas. Tais equipamentos medem diretamentea evapotranspiração de culturas agronômicas quecobrem ou não, totalmente, o solo. Esses equipa-mentos, quando bem desenhados, calibrados emanejados medem precisamente e representativa-mente a evapotranspiração das culturas, integran-do fatores ambientais que regem tal processo.Lisímetros de pesagem são os melhores equipa-mentos para medir adequadamente a A literaturareporta muitos trabalhos que envolvem constru-ção desse tipo de aparelho. Lisímetros têm sidofeitos a partir de diversos desenhos, cada qual combase em um requerimento específico, que depen-de da cultura estudada, solo, clima, disponibilida-de de materiais, tecnologia e, principalmente, doscustos envolvidos na sua construção. Esses custossão determinados pelo tamanho, disponibilidadede material e pessoal qualificado para montagemdo equipamento. Há algumas décadas, o uso delisímetros de pesagem por parte da maioria dasinstituições de ensino e pesquisa era uma idéia re-mota, mas a popularização da microeletrônica ede sensores eletrônicos, como a célula de carga,permitiu seu uso cada vez mais comum e freqüen-te na construção de lisímetros de pesagem, os quaisestão ganhando um novo impulso na pesquisaagrometeorológica.

INSTRUTOR

Luís Fernando de Souza Mag-no Campeche, professor adjun-to da Universidade Estadual doSudoeste da Bahia (Uesb).Graduado em Agronomia pelaUniversidade Federal daBahia, com mestrado e douto-rado em Irrigação e Drenagem

pela Esalq/USP. Foi bolsista do CNPq na Univer-sidade Federal do Sergipe, ministrando disciplinase atuando em projetos, de acordo com sua forma-ção, em cursos de graduação e pós-graduação latusensu e strictu sensu. Como professor da Uesb, atuanas seguintes linhas de pesquisa: Manejo da Irri-gação, Necessidade Hídrica, Irrigação e Lisimetriade Pesagem. Exerceu atividades de coordenaçãojunto ao curso de especialização em Engenharia

de Irrigação Pressurizada do Departamento de En-genharia Agronômica/UFS, junto ao projeto de ne-cessidades hídricas do coqueiro anão-verde na re-gião dos Tabuleiros Costeiros e foi vice-coordena-dor do projeto de caracterização da demandaevapotranspirométrica do Semi-Árido do estadode Sergipe.

Monitoramento de água nosistema solo-planta

Dia: 19/10/2005Horário: 7h30 às 10hNesse minicurso, serão relacionadas e discutidasas variáveis do sistema solo-planta-atmosfera im-portantes para o manejo de irrigação. Serão apre-sentados métodos de estimativas de umidade desolo, como a TDR; de estimativas de fluxo de sei-va de plantas, enfatizando os métodos de dissipa-ção térmica – Granier e do balanço de calorcaulinar; e de estimativas de área foliar (modela-gem, determinação direta e indireta).Serão discutidas as limitações metodológicas e di-ficuldades práticas para o uso de cada método apre-sentado.Para finalizar, serão apresentados resultados re-centes de pesquisas envolvendo o manejo de águavisando a otimização do seu uso e a importânciado acompanhamento de variáveis biométricascomo a área foliar para modelagem da transpiraçãode fruteiras e para o manejo irrigação.

INSTRUTOR

Mauricio Antonio Coelho Fi-lho, pesquisador da EmbrapaMandioca e Fruticultura Tropi-cal. Engenheiro Agrônomo for-mado pela Universidade Fede-ral da Bahia. Como bolsista ini-ciação científica na EmbrapaMandioca e Fruticultura Tropi-

cal, desenvolveu trabalhos nas áreas de Fitotecniae Práticas culturais em citricultura. Fez mestradoem Agronomia, área de concentração Irrigação eDrenagem no Departamento de Engenharia Ru-ral (DER) da Esalq/USP. Neste período, trabalhoucom manejo de irrigação em pomar de lima ácidaTahiti. Completou o doutorado no DER da Esalq/USP, trabalhando com relações hídricas em poma-res de lima ácida Tahiti, estimativas de fluxo deseiva em pomares usando métodos térmicos e mo-delagem da transpiração. Atualmente é pesquisa-dor da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropi-cal, atuando na área de manejo de irrigação emfruteiras tropicais.

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FertirrigaçãoCOORDENADOR: Francisco de Brito Melo, pesquisador da Embrapa Meio-Norte.

Manejo de Irrigação eFertirrigação em Fruteiras

Dia: 17/10/2005Horário: 7h30 às 10hTrês questões fundamentais devem ser destacadasno manejo da irrigação: quando irrigar, quanto ir-rigar e como irrigar. Quando irrigar, diz respeitoao momento da irrigação que pode ser determina-do em função do estado da água na zona radicularde concentração das raízes ou por meio da fixaçãodo turno de rega. Quanto irrigar, define a quanti-dade de água por irrigação e é determinado pelademanda hídrica da cultura. Como irrigar, diz res-peito à seleção do método e sistema de irrigaçãomais apropriado para a cultura e condiçõesambientais. A fertirrigação permite parcelar a apli-cação dos fertilizantes quantas vezes for necessá-ria sem onerar os custos de mão-de-obra. Entre-tanto, para melhor eficiência dos nutrientes pelasplantas, o ideal é acompanhar a curva de absorçãode nutrientes da cultura de forma que fracione ra-cionalmente os elementos durante o ciclo, confor-me sua necessidade.Uma das maiores vantagens da fertirrigação é apossibilidade da aplicação dos nutrientes recomen-dados de forma parcelada. A freqüência de apli-cação, ou parcelamento de nutrientes, deve ser fei-ta segundo a marcha de absorção de nutrientes pelacultura nos seus diferentes estádios de desenvolvi-mento e a quantidade de fertilizantes por aplica-ção. Aplicações mais freqüentes e em menoresquantidades permitem reduzir as perdas de nutri-entes, aumentam a eficiência do uso de fertilizan-tes e promovem o aumento de produtividade. Nocaso do nitrogênio, os efeitos da aplicação commaior freqüência são mais evidentes, devido ao seualto potencial de lixiviação, principalmente nossolos de textura arenosa. A aplicação de fertilizan-tes pode ser feita com a mesma freqüência de irri-gação.

INSTRUTOR

José Maria Pinto, pesquisadorda Embrapa Semi-Árido.Engenheiro agrícola, commestrado em Engenharia Agrí-cola e doutorado em Irrigaçãoe Drenagem. Tem especializa-ções em gerenciamento de

micro e pequenas empresas e irrigação localizada,além de vasta produção bibliográfica. Esta produ-ção inclui 47 artigos publicados em periódicos, 74trabalhos em eventos, 10 livros e capítulos de li-vros publicados, além de uma organização de obra,entre outros.

Manejo de Irrigação eFertirrigação em Hortaliças

Dia: 18/10/2005Horário: 7h30 às 10hA irrigação é uma das práticas agrícolas mais im-portantes para o sucesso da olericultura. Ao con-trário do que possa parecer, questões sobre como,quando e quanto irrigar não são de simples res-postas. O sucesso somente poderá ser alcançadose o sistema de irrigação for adequadamentedimensionado e manejado, de forma que a águaseja aplicada uniformemente às plantas, no mo-mento oportuno e na quantidade adequada.Os sistemas por aspersão são os mais utilizados nocultivo das hortaliças por serem os que melhor seadaptam às diferentes condições de produção. To-davia, sistemas como por sulco e gotejamento tam-bém são utilizados, principalmente, em hortaliçasdo tipo fruto.Embora existam inúmeras metodologias para omanejo de irrigação, a grande maioria dos produ-tores irriga de forma empírica e, na maioria dasvezes, inadequadamente. O baixo índice de ado-ção de tecnologias apropriadas deve-se, sobretu-do, ao fato de os irrigantes acreditarem que estassão caras, complicadas, trabalhosas e que sua ado-ção não proporciona ganhos econômicoscompensadores. Como resultado, obtêm reduçõesna produtividade e na qualidade das hortaliças, emaior incidência de doenças e de pragas associa-das ao excesso ou deficiência de água. Para mudaresse cenário, é necessário disponibilizar tecnologiassimplificadas e de fácil assimilação, que possam serefetivamente utilizadas.Dentre as vantagens da irrigação está a possibili-dade de aplicar fertilizantes às plantas via água deirrigação. As principais razões para o uso dafertirrigação são: maior eficiência no uso de ferti-lizantes, aplicação parcelada da dosagem corretae maior facilidade no processo de aplicação. Mui-to embora possa ser utilizada em diferentes siste-

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mas de irrigação, é mais recomendada para pivôcentral e, principalmente, gotejamento, que apre-senta características extremamente favoráveis aesta prática.

INSTRUTOR

Waldir Aparecido Marouellié engenheiro agrícola pelaUniversidade Federal de Vi-çosa (UFV). Obteve o títulode mestre em EngenhariaAgrícola (Área de Irrigação),

pela UFV, em 1983, e de doutor, em Engenhariade Irrigação, pela Universidade do Arizona em1996. É pesquisador da Embrapa e bolsista de Pro-dutividade em Pesquisa do CNPq. Os principaisinteresses estão concentrados nas áreas de mane-jo de água, sistemas pressurizados de irrigação efertirrigação em hortaliças como abóbora, alho,batata, cebola, cenoura, ervilha, melão, tomate,dentre outras. Com uma extensa produção biblio-gráfica, conta com mais de 50 artigos publicadosem periódicos nacionais e internacionais, dois li-vros, como autor principal, 10 capítulos de livro emais de 90 trabalhos apresentados em congressos.Na Embrapa Hortaliças, desde 1985, foi membrodo corpo técnico-científico e do comitê de publi-cações, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvi-mento, líder de mais de 10 projetos de P&D e res-ponsável por vários subprojetos, dos quais já fo-ram descritos mais de 20 processos tecnológicosem publicações técnicas da Embrapa. Tem sidoinstrutor em cursos de curta duração ministradosprincipalmente a produtores e técnicos da exten-são rural. Tem emitido parecer, como revisor AdHoc, para várias revistas científicas e instituiçõesde pesquisa, de ensino e de fomento à pesquisa.

Manejo de Água e Nutrientes emPomares de Banana e Mamão

Dia: 19/10/2005Horário: 7h30 às 10hEste minicurso objetiva gerar informações sobre omanejo da fertirrigação do mamoeiro e da bana-neira. Será um curso de enfoque prático, com in-formações resultantes de diversos experimentosrealizados entre 2000 e 2005. Será abordada a di-nâmica de alguns macronutrientes sob fertirri-gação, efeito da fertirrigação na distribuição denutrientes e de raízes, freqüência de aplicação dosnutrientes (N, P e K), resposta da fertirrigação naprodutividade e na qualidade de frutos e monito-ramento da fertirrigação com uso de extratores desolução e com TDR.

INSTRUTOR

Eugênio Ferreira Coelho, pes-quisador da Embrapa Mandi-oca e Fruticultura. Engenhei-ro agrícola, graduado pela Uni-versidade Federal de Viçosa(UFV), com mestrado em En-genharia Agrícola, pela UFV ePh.D. em Engenharia de Irri-gação pela Universidade do

Estado de Utahm (EUA). Atua nas áreas de Ma-nejo de Irrigação e Fertirrigação de Fruteiras Tro-picais. Credenciado como professor de pós-gradu-ação do Centro de Ciências Agrárias e Ambientaisda UFBA, no Campus de Cruz das Almas, no cur-so de mestrado em Ciências Agrárias, concentra-ção em Engenharia de Água e Solo.

A eficiência da irrigação facilita o bommanejo dos defensivos e fertilizantes,proporcionando oportunidades deeconomia e agregação de valores aosprodutos, a exemplo do tomate para finsindustriais ou para a mesa

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Sistema de produçãosob irrigaçãoCOORDENADOR: Braz Henrique Nunes Rodrigues, pesquisador da Embrapa Meio-Norte.

Produção de Carne e Leite emPastagem Irrigada

Dia: 17/10/2005Horário: 7h30 às 10hA irrigação da pastagem pode reduzir custos deprodução e tempo de trabalho para alimentar orebanho, quando comparada a outros tipos desuplementação no outono-inverno, tais comosilagens e fenos, que necessitam de máquinas parapreparo, armazenagem e fornecimento aos ani-mais. Tem-se apresentado como uma solução alta-mente viável para solução desse problema, já quea tonelada de matéria seca (MS), produzida empasto irrigado, tem um custo aproximado de duasvezes e meia menor que a tonelada de MS produ-zida em silagem, cerca de três vezes menor que emfeno e seis vezes menor que em rações.A pastagem irrigada pode proporcionar maior re-torno líquido na produção animal, quando com-parada a sistemas que precisam usar grãos e forra-gens cortadas, além de possibilitar o uso de umamenor área para a produção animal, permitir o usoda água de baixa qualidade, propiciar boa cober-tura de solo e prolongar o período de pastejo du-rante a estação seca. Por isso, muitos pecuaristastêm investido na tecnologia de irrigação de pasta-gem. O projeto do equipamento, normalmente, érealizado sem nenhuma assessoria e de maneirageral não possui nenhum tipo de manejo de água eenergia.Tal tecnologia também tem sido muito utilizada porovinocultores e caprinocultores, uma vez que hou-ve um aumento significativo no rebanho dessesanimais no País e, em muitas propriedades, foiimplantado o sistema de irrigação por aspersão emmalha, para aumentar a lotação animal por unida-de de área. Já existem fazendas trabalhando comlotações, que variam entre 45 e 80 ovinos por hec-tare em pasto de Tifton 85 fertirrigado por asper-são em malha.O objetivo deste minicurso é realizar uma discus-são sobre os principais sistemas utilizados em irri-gação de pastagem, mostrar alguns resultados eco-nômicos em pastagens irrigadas, discutir sobre ins-talação de um projeto de irrigação de pastagem,

fertirrigação, aplicação de água residuária desuinocultura e manejo racional da água e energiaelétrica.

INSTRUTOR

Luís César Dias Drumond,professor e pesquisador daUniube e da Fazu. Graduadoem Agronomia, com mestradoem Engenharia Agrícola, pelaUniversidade Federal deViçosa, e doutorado em Agro-nomia, pela UniversidadeEstadual Paulista (Unesp/

Jaboticabal). É professor de Hidráulica Geral noscursos de Engenharia Civil da Universidade deUberaba (Uniube) e Agronomia, da Faculdade deAgronomia e Zootecnia de Uberaba (Fazu). É co-ordenador do curso de Agronomia da Fazu, dire-tor da Hidrocerrado Consultoria, professor de Ir-rigação de Pastagem dos cursos de Pós-graduaçãoLatu Sensu em Manejo de Pastagem da Fazu e deCafeicultura Irrigada da Uniube. Tem cursos deatualização na área de Irrigação no Brasil e exteri-or. É autor de seis livros na área de Irrigação e deum capítulo do livro “Manual de Irrigação”, pu-blicado pela Sbea. Ministrou cursos de Irrigaçãode Café e Pastagem em algumas instituições deensino. É membro do comitê local de pesquisa daUniube e orientou vários es-tudantes em pesquisa de ini-ciação científica e pós-gradu-ação. É pesquisador daUniube e Fazu nas áreas dePastagem Irrigada e Cafei-cultura. Escreveu e publicoucerca de 150 trabalhos depesquisa nas áreas de Pasta-gem e Cafeicultura Irrigada.É palestrante na área de Ir-rigação em congressos, sim-pósios e semana científica etrabalha em consultoria naImplantação e Manejo de Ir-rigação de Pastagem nos es-tados de Minas Gerais, SãoPaulo, Goiás, Mato Grosso,Mato Grosso do Sul,Tocantins e Bahia.

Pastagensirrigadas podemproporcionarmaior retornolíquido naprodução animal

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Produção de Sementes e Mudassob Irrigação

Dia: 18/10/2005Horário: 7h30 às 10hDurante este minicurso, serão abordados os seguin-tes tópicos:. Importância da semente nos processos de produ-ção, quando será demonstrado que o sucesso ou oinsucesso da atividade agrícola estão diretamenterelacionados com o uso adequado da semente.. Noções de fisiologia da semente - como são for-madas as sementes e o porquê dos cuidados du-rante sua produção.. Noções de melhoramento de plantas, tendo comoresultado a obtenção de uma nova semente, comexemplos.. Aspectos legais da produção de sementes:arcabouço legal, exigências e procedimentos. . Vantagens da produção de sementes e mudas sobirrigação. Produção de sementes de alta qualida-de em clima tropical, atentando para o controle do desenvolvimento vegetativo a partir do contro-le da água.. Viabilidade econômica da produção de sementesno campo e na UBS, em agricultura familiar. As-pecto da formação de cooperativas.

INSTRUTOR

Cláudio Manuel da Silva évice-presidente e diretor daAssociação Brasileira dos Pro-dutores de Sementes. Enge-nheiro Agrônomo, commestrado pela UniversidadeFederal de Viçosa, foi profes-sor da UFV e pesquisador da

Epamig, além de presidente da Comissão Estadu-al de Sementes de Minas Gerais e da Associaçãodos Produtores de Sementes de Minas Gerais. Foidiretor-presidente da Cotton Tecnologia de Semen-tes e da TDA Sementes Ceará. É membro da Câ-mara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodãoe Derivados do Mapa.O adequado suprimento hídrico é fundamentalpara garantir os padrões de qualidade das semen-tes e mudas. Os avanços na biotecnologia, com osmais variados procedimentos e controle, a exem-plo dos encultivos protegidos, são um dos exem-plos de altos retornos dos investimentos de pontana agricultura irrigada.

Produção de cana-de-açúcar sobirrigação

Dia: 19/10/2005Horário: 7h30 às 10hA produção de cana-de-açúcar irrigada permitegarantir maiores produtividades e menor sazonali-dade da produção, o que é imprescindível para aconsolidação do mercado de biocombustíveis al-mejado pelo governo brasileiro, o qual prevê sersocialmente justo (com geração de empregos dire-tos e indiretos) e ambientalmente correto (desen-volvimento e viabilização de tecnologia que per-mite obter maiores produtividades, treinamento depessoal, adoção da agricultura irrigada e o maiorinvestimento em melhoramento genético - nas suasdiferentes modalidades - com menor ênfase à rus-ticidade para otimizar os recursos naturaisdisponíveis.Tudo isso é imprescindível para a refe-rida consolidação do mercado de biocombustíveis).Com o intuito de contribuir com a formação depessoal, serão abordados nesse minicurso os se-guintes tópicos: a produção de cana-de-açúcar noBrasil e no mundo. Principais estados produtorese produtividade média. Sistemas de produção. Pro-dutividade potencial em função da disponibilida-de de genótipo e do ambiente (temperatura e ra-diação solar). Sistema de irrigação por sulcos (te-oria e prática: sistematização, obras de arte, o pro-cesso de irrigação abordando as fases de avanço,reposição, depleção e recesso). Noções gerais so-bre manejo de irrigação. Reúso de água. Utiliza-ção da vinhaça. Irrigação localizada (com aborda-gem sobre sistemas de gotejamento subterrâneo).Irrigação por aspersão. Profundidade efetiva dosistema radicular. Resultados de pesquisa.

INSTRUTOR

Durval Dourado Neto (ver foto e currículo resu-mido no minicurso à p. 62).

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Cronologia para facilitar trabalhos de enxertia eexperimentais em mudas de café, tendo-se a irrigaçãocomo base

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Gestão de recursos desolo e águaCOORDENADOR: Evandro Carvalho de Aragão, da Universidade Federal do Piauí.

Outorga de uso da águasuperficial e subterrânea parafins de irrigação

Dia: 17/10/2005Horário: 7h30 às 10hA outorga de direito de uso de recursos hídricostem como objetivos assegurar o controle quantita-tivo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exer-cício dos direitos de acesso à água. Neste sentido,são abordados aspectos relevantes sobre a políticae a legislação da outorga de direito de uso de re-cursos, e em especial, os procedimentos para emis-são tanto da outorga preventiva quanto da outor-ga efetiva do direito de uso da água. É enfocada abase institucional e legal para a emissão de outor-ga do direito de uso dos recursos hídricos, envol-vendo, especialmente, os procedimentos adminis-trativos para emissão de outorga. A concepçãogeral para a emissão de outorga de direito de usode recursos hídricos está fundamentada na outor-ga preventiva – como instrumento, através do quala autoridade outorgante emite a outorga preven-tiva de uso de recursos hídricos, com a finalidadede declarar a disponibilidade de água para os usosrequeridos – e na outorga de direito de uso da água– ato administrativo, mediante o qual a autorida-de outorgante faculta ao outorgado o direito deuso da água, por prazo determinado, e nos termose condições expressos no respectivo ato. No Esta-do do Piauí, fundamentada na Lei Estadual deRecursos Hídricos, Lei No 5.165/2000, foi emitidaResolução do CERH No 004/05, dispondo sobreos critérios e procedimentos provisórios para Ou-torga Preventiva e Outorga de Direito de Uso deRecursos Hídricos. No âmbito regional de baciasinterestaduais, verifica-se a necessidade de articu-lação inter-institucional entre os Estados e o Go-verno Federal para harmonizar critérios, normase procedimentos referentes à emissão de outorgade uso de recursos hídricos, visando a gestão com-partilhada.

INSTRUTORES

Eder João Pozzebon é enge-nheiro agrônomo, mestre emEngenharia Agrícola (Univer-sidade Federal de Santa Maria/RS), doutor em Irrigação eDrenagem (Escola Superior deAgricultura Luiz de Queiroz/USP) e técnico especialista daAgência Nacional de Águas(ANA).

Luciano Meneses Cardoso daSilva é engenheiro civil, espe-cialista em Saneamento Am-biental (Linköping Universida-de da Suécia), mestre em Re-cursos Hídricos (IPH/Universi-dade Federal do Rio Grandedo Sul), com doutorado emDesenvolvimento Sustentável(CDS / Universidade de

Brasília) e técnico especialista da Agência Nacio-nal de Águas (ANA).

Pedro Marwell Filho é gerentede projetos da Secretaria deMeio Ambiente e RecursosHídricos do Piauí. Graduadoem Matemática e em Engenha-ria Civil pela Universidade Fe-deral do Piauí, com mestradoem Recursos Hídricos pela IPHda Universidade Federal doRio Grande do Sul. Consultor

do Proágua/Semi-Árido. Professor dos cursos deEngenharia Civil e Agrimensura, subchefe do De-partamento de Recursos Hídricos e Geologia Apli-cada, sub-coordenador e membro titular docolegiado do curso de Engenharia Civil e membrotitular do colegiado do curso de Engenharia deAgrimensura. É autor e co-autor de inúmeras pu-blicações.

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60 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 200560 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

Licenciamento Ambiental paraIrrigação

Dia: 18/10/2005Horário: 7h30 às 10hO Licenciamento Ambiental é um procedimentopelo qual a Secretaria de Meio Ambiente e Recur-sos Naturais do Estado do Piauí (Semar/PI) per-mite a localização, instalação, ampliação e opera-ção de empreendimentos e atividades utilizadorasde recursos ambientais, e que possam ser conside-radas efetiva ou potencialmente poluidoras oudaquelas que, sob qualquer forma, possam causardegradação ambiental. Amparada na Lei nº 4,854,de 10/07/1996, a Semar/PI emite a LicençaAmbiental estabelecendo condições, restrições emedidas de controle ambiental que deverão seratendidas pelo empreendedor, pessoa física ou ju-rídica. Com isso, busca-se garantir que as medidaspreventivas e de controle adotadas nos empreen-dimentos que sejam compatíveis com o desenvol-vimento sustentável. Enquanto instrumento decaráter preventivo, o Licenciamento é essencialpara garantir a preservação da qualidadeambiental.

INSTRUTOR

Sérgio Alexandre PinheiroLandim, gerente de licencia-mento ambiental da Secretariade Meio Ambiente e RecursosHídricos do Piauí. Graduadoem Ciências Contábeis, com es-pecialização em Gestão de Re-cursos Hídricos e Meio Ambi-ente pela Universidade Fede-

ral do Piauí (UFPI) e oito cursos de aperfeiçoa-mento na área ambiental. Participou de inúmerosseminários, congressos e expedições na área demeio ambiente. Coordenou o projeto de Geren-ciamento Costeiro e a implantação da APA doRangel. Foi chefe da Divisão de Conservação daNatureza da Fundação Centro de Pesquisas Eco-nômicas e Sociais do Piauí, diretor do Departamen-to do Meio Ambiente da Secretaria do Meio Am-biente e dos Recursos Hídricos do Piauí, inte-grou o Conselho Nacional de Meio Ambiente e foidiretor do Departamento de Parques e Florestas.

Comitês de bacias hidrográficas,conservação e uso do solo e daágua

Dia: 19/10/2005Horário: 7h30 às 10hO Brasil tem um dos maiores potenciais de áreasirrigáveis do mundo, o que lhe confere uma posi-ção de destaque no rol dos países com possibilida-des de contribuir, decisivamente e com menor im-pacto ambiental, para a produção dos alimentosnecessários ao suprimento da crescente demandamundial.No entanto, a maximização do aproveitamentodesse potencial tem como principal condicionanteos cuidados com a conservação de água e do solo,uma vez que a universalização do uso das práticasconservacionistas no Brasil, notadamente no meiorural, é ainda uma realidade bastante distante, emque pese os avanços alcançados nas duas últimasdécadas.Com vistas a garantir acesso à água, nos diversospontos do território brasileiro, para atendimentoaos usos múltiplos das gerações atual e futura, oBrasil deverá promover uma gestão eficiente quebusque a otimização do uso da água. Um bom co-nhecimento das necessidades de seus diversos usu-ários e da capacidade de oferta e renovação de suasfontes naturais é fundamental para a definição dosmarcos regulatórios e da capacidade de suporte decada bacia hidrográfica.A conservação de água e solo é de grande relevân-cia para a gestão dos recursos hídricos. Por um lado,possibilita a gestão da oferta, ao aumentar a quan-tidade de água disponível nas bacias, pela adequa-da recarga dos aqüíferos, e a melhoria de sua qua-lidade, ao reduzir os processos erosivos e o volu-me de efluentes lançados nos corpos de água. Poroutro lado, promove a gestão da demanda, utili-zando técnicas e procedimentos voltados à racio-nalização dos usos e ao estimulo à prática do reuso.No caso da agricultura irrigada, a racionalizaçãodo uso da água tem como objetivo reduzir os des-perdícios de água e energia, buscando alcançar aprodutividade física ótima ou máxima da culturapor unidade de área e de água utilizada, levando-se em conta a sustentabilidade do sistema do pon-to de vista econômico, social e ambiental. A racionalização do uso da água na irrigação pas-sa, portanto, por todas as etapas do processo, des-de a captação da água até a sua aplicação nas cul-turas, tomando-se cuidados especiais com o ma-nejo e escolha do sistema de produção agrícola.

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3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 613º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 61

INSTRUTOR

Devanir Garcia dos Santos, daAgência Nacional de Águas.Engenheiro agrônomo pelaUniversidade Federal de La-vras, com especialização emIrrigação pelo Instituto de Pes-quisa de Vercelli, Itália, emestrado em Gestão Econômi-

ca do Meio Ambiente pela Universidade deBrasília. Foi coordenador regional da Ruralminas,membro do grupo responsável pela elaboração de

Sistema de irrigação paraa agricultura familiarCOORDENADORES: Ubirajara Gomes, coordenador de Apoio à Produção da Codevasf e Argileu Martins da Silva,diretor do Depto. de Assistência Técnica e Extensão Rural da SAF/MDA.

Organização e Gestão dePerímetros Irrigados Visando aIntegração da Agricultura Familiar

Dia: 17/10/2005Horário: 7h30 às 10hQuando da concepção dos projetos públicos de ir-rigação, na década de 70, imaginava-se sua ocupa-ção em 80% da área, por pequenos produtores, ea sua exploração com cultivos de produtos de sub-sistência baseados em cultivos anuais. No início dadécada de 80, com a entrada em operação dos gran-des projetos de irrigação na região de Juazeiro /Petrolina, a fruticultura começou a despontar comouma excepcional oportunidade de negócios para aagricultura irrigada no Semi-Árido do Nordestebrasileiro. No início, a fruticultura foi a opção ex-clusiva dos grandes produtores, mas, rapidamen-te, os pequenos produtores acompanharam esta ten-dência. Hoje, o Vale do São Francisco possui umaárea cultivada com frutas superior a 100 mil hecta-res, sendo que metade desta área em perímetros deirrigação, segundo dados do último Censo Frutícolarealizado pela Codevasf, em 2001. Destes, 70% sãoáreas de tamanho inferior a 3,0 hectares.O vertiginoso crescimento da agricultura irrigadae da fruticultura mostrou, nos últimos anos, umconsiderável aumento da oferta e conseqüentequeda nos preços de venda e renda do produtor.Os produtores da agricultura familiar hoje estão

colocados diante de um sério problema em adiçãoàqueles de caráter meramente produtivo: trata-seda comercialização. Como e de que forma inte-gram-se ao mercado, sem que para isto precisemdeixar considerável fatia de seus ganhos àintermediação ? Eis a questão.A saída para este impasse passa necessariamentepela organização dos produtores, condição essen-cial para que o produtor possa competir no mer-cado, oferecendo volume, qualidade e preço nascondições e exigências do consumidor.

INSTRUTORES

Antônio Alfredo Teixeira Mendes, da NaanDanIrrigaplan (ver foto e minicurrículo à p. 42)

Ubirajara Gomes, coordena-dor da Área de Apoio à Pro-dução da Codevasf. Engenhei-ro agrônomo, formado pelaUniversidade Federal de San-ta Maria (RS), com mestradopela Universidade Federal dePelotas (RS).Foi coordenadordo Cadastro Frutícola do Valedo São Francisco, em 1998, e

do Censo Frutícola do Nordeste Brasileiro, em2001. Atualmente, coordena a atualização do Cen-so Frutícola do Vale do São Francisco.Sua área deconcentração: agricultura irrigada, fruticultura,assistência técnica, mercado e comercialização.

normas técnicas de irrigação e drenagem da Asso-ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),consultor do Instituto Interamericano de Coope-ração para a Agricultura (Iica) na Codevasf, con-sultor do Pnud e IIca na Secretaria Nacional deIrrigação e Secretaria de Recursos Hídricos, con-sultor pela Unesco, ocupando o cargo de coorde-nador do Núcleo de Desenvolvimento dos Planosde Recursos Hídricos. Possui vários trabalhos pu-blicados nas áreas de irrigação e drenagem, tarifasde água e planos de recursos hídricos, sendo co-autor de quatro livros.

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62 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 200563 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

Sistemas e equipamentos deirrigação para pequenas áreas

Dia: 18/10/2005Horário: 7h30 às 10hO grande desafio é o de lograrmos praticidade nomanejo, utilizando-se com sabedoria os equipamen-tos e conhecimentos que atendam aos sistemas deirrigação, promovendo-se a prosperidade do negó-cio. Como fazer desse elenco de requerimentos,com uma atrativa praticidade, que o trabalho decada profissional seja o mais produtivo possível?Com esse enfoque, os seguintes temas serão abor-dados: (1) Sistema de irrigação por aspersão con-vencional para agricultura familiar. Dimensio-namento hidráulico. Perda de carga. Alturamanométrica. Lâmina de irrigação. Vazão. Efici-ências. Potência instalada. Bomba centrífuga. Tem-po de irrigação. Energia. Critérios gerais de proje-to. Diâmetro econômico da tubulação. Custo fixoe operacional. Noções básicas de estudo de viabi-lidade econômica. Equipamentos de irrigação. Ve-locidade de infiltração básica. Condutividade hi-dráulica. Precipitação do aspersor; e (2) Manejode irrigação. Tanque classe A. Tensiometria. Mé-todo gravimétrico. Profundidade efetiva do siste-ma radicular. Umidade do solo. “Capacidade decampo”. “Ponto de murcha permanente”. Capaci-dade de água disponível. Água disponível.Evapotranspiração de referência. Coeficiente decultura. Evapotranspiração máxima. Evapotrans-piração real. Fator de depleção de água no solo.

Umidade crítica. Densidade de fluxo.Nossa agenda passa por exercitarmos, em conjun-to, mecanismos que nos capacitem a fazer dos co-nhecimentos e das condições disponíveis, boas prá-ticas dos produtores irrigantes, factíveis de seremimplantadas, mantidas e, sempre que possível, me-lhoradas. Para isso é indispensável perseguirmosmuita praticidade.

INSTRUTORES

Laercio Lavor, da Amanco.

Antonio Alves Soares, professorda Universidade Federal de Vi-çosa. Engenheiro agrícola, mes-tre em Engenharia Agrícolapela UFV, Ph. D. em Agricul-tural Irrigation Engineering, pelaUtah State University, EUA, pós-doutor pela University ofCalifórnia, EUA, professor titu-lar da Universidade Federal de

Viçosa, tendo exercido os cargos de chefe do De-partamento de Engenharia Agrícola, coordenadordo curso de pós-graduação em Engenharia Agríco-la e diretor científico da Fundação ArthurBernardes. Orientou 29 teses de mestrado e sete dedoutorado. É autor e co-autor de capítulos de livrosnacionais e internacionais, editou um livro no exte-rior, e publicou mais de 140 artigos em revistas ci-entíficas técnicas e em anais de congressos. Foi con-ferencista em vários eventos nacionais e internacio-nais. É membro da diretoria da Associação Brasi-leira de Irrigação e Drenagem (ABID) e de váriasassociações de classes nacionais e internacionais.

Durval Dourado Neto, profes-sor e chefe do Departamento deProdução Vegetal da Esalq/USP. Engenheiro Agrônomopela Universidade Federal deViçosa, onde é professor asso-ciado. Tem mestrado em Agro-nomia (Irrigação e Drenagem)pela USP, especialização em Fí-sica do Solo pelo ICPT/ONU,

em Trieste, Itália; doutorado pela USP (Agronomia– Solos e Nutrição de Plantas) e pós-doutorado(Agronomia - Física do solo e modelagem em Agri-cultura) pela Universidade de Davis, EUA. Chefedo Departamento de Produção Vegetal, Esalq, Uni-versidade de São Paulo. Atividades didáticas: disci-plinas ministradas na graduação: Agriculturairrigada, Agricultura I, Agricultura II, Plantio Di-reto e Plantas Alimentícias. Disciplinas ministradasna pós-graduação: Agricultura irrigada. Tem 111artigos publicados em periódicos 32 teses demestrado e doutorado defendidas, 32 softwares, 90livros e capítulos em livros publicados.

Eugênio Paccelli Loureiro Vas-concelos, coordenador técnicode Cooperativismo e Associa-tivismo da Emater-MG.Engenheiro agrônomo pelaUniversidade Federal de La-vras, começou como gerenteexecutivo da Cooperativa dosProdutores Rurais de Carmó-polis, MG, ingressando comoextensionista na Emater-MG.

José Aloizio Nery, gerente re-gional da Emater-MG.Engenheiro agrônomo, com es-pecialização em Irrigação eDrenagem pela Ufla e Mane-jo de Recursos Hídricos paraProjetos Hidroagrícolas pelaUFV, além de inúmeros cursosde aperfeiçoamento. Trabalhouna Fahma Planejamento e En-

genharia Agrícola Ltda, Ruy Máquinas e Agro-pasto Agricultura e Pecuária Ltda.

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3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 633º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 63

Organização da Assistênciatécnica, da produção e do manejoda irrigação

Dia: 19/10/2005Horário: 7h30 às 10hA escassez de água para grande parte da humani-dade nos próximos 50 anos parece inevitável, emparte devido ao crescimento populacional e poroutro a poluição dos mananciais hídricos. A agri-cultura irrigada é o setor mais demandante porágua e, provavelmente, o que mais desperdiça. Emmuitas regiões do mundo, a agricultura só é possí-vel com o auxílio da irrigação, tornando-se umimprescindível fator de desenvolvimento econômi-co e estabilidade social.A sustentabilidade da agricultura irrigada requeravaliações periódicas do consumo hídrico, atravésde indicadores de performance da irrigação e deuma proposta de manejo de água exeqüível ao ní-vel do produtor rural.A avaliação e diagnóstico dos sistemas de irriga-ção possibilitarão a assistência técnica especializa-da na área de irrigação e drenagem, gerar e difun-dir uma tecnologia adequada, visando um manejosustentável dos perímetros irrigados em seus dife-rentes sistemas de produção parcelar.Avaliando a situação atual de uso da água no nívelparcelar, será possível estabelecer ações e metasque visem a melhoria da eficiência do uso da águae dos outros fatores de produção (energia, adubo,mão-de-obra etc.), com o objetivo de minimizar oscustos de produção e viabilizar a produção irrigada,como também levar inovações tecnológicas asso-ciadas a novas alternativas de plantio.A irrigação tem sido adotada para tentar solucio-nar o problema de água disponível às culturas. Noentanto, em diversas situações, esta prática ocorresem considerar as adequadas recomendações téc-nicas, o que vem proporcionando, em alguns ca-sos, baixas produtividades e qualidade inferior doproduto, em outros, um desperdício dos recursoshídricos e de solo.Os projetos de aproveitamento hidroagrícolas daRegião Nordeste, em sua maioria ocupados porpequenos irrigantes, foram concebidos para pro-mover o desenvolvimento integrado em suas áreasde influência, a partir de recursos hídricos disci-plinados associados a fatores de produção racio-nalizados, através da adoção de tecnologias adap-tadas. Nesse ponto, que a pesquisa associada coma difusão e transferência de tecnologias pode aju-dar a esses projetos atingir a missão de contribuirpara o desenvolvimento sustentado das regiões desua abrangência.Uma alternativa racional de manejo de águadirecionado a pequenos irrigantes pode ser a utili-

zação de meios de comunicação, que permitam quea informação básica de consumo de água, porexemplo, chegue ao seu conhecimento. Através deum estudo individualizado prévio, preparado pelaequipe de transferência de tecnologia, o irrigantepode transformar aquela informação veiculada emtempo de irrigação para sua cultura, por meio deplanilhas de simples utilização. Essa prática podepermitir que os produtores utilizem com maisracionalidade os recursos hídricos disponíveis, ofe-recendo melhores condições de umidade no solopara o desenvolvimento e a produção de suas cul-turas. Outro ponto há que ser considerado quan-do da condução da agricultura irrigada no Nordes-te. Atualmente, já existe um consenso de que asrestrições quanto ao uso da água e energia vão seintensificar, quando a escassez desses dois insumosvitais se acentuar nos próximos anos.

INSTRUTORES

Uri Gosdestein, da Netafim.

Francisco Adriano de C. Perei-ra, professor adjunto do De-partamento de EngenhariaAgrícola do Centro de Ciênci-as Agrária da UFBA. Enge-nheiro Agrônomo pela Univer-sidade Federal da Bahia, espe-cialista em Engenharia de Irri-gação pelos Iryda/UFBA/Uneb, mestre em Engenharia

Agrícola (Irrigação e Drenagem) pela Universida-de Federal de Viçosa (UFV ) e doutor em Irriga-ção e Drenagem pela Escola Superior de Agricul-tura Luiz de Queiroz/USP.

Francisco José de Seixas San-tos, engenheiro agrônomo,M.Sc. em Irrigação e Drena-gem e pesquisador da EmbrapaMeio-Norte).

Ronaldo Freire de Moura, pro-fessor adjunto do Departamen-to de Tecnologia Rural da Uni-versidade Federal Rural dePernambuco.Engenheiro agrônomo pelaUniversidade Federal Rural dePernambuco, com mestradoem Engenharia Agrícola (Irri-gação e Drenagem) e doutora-do em Engenharia Agrícolapela Universidade Federal deViçosa.

Uri Gosdestein, da Netafim.

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DIAS DE CAMPODIAS DE CAMPO

Vitrine de culturasenergéticas irrigadas nocampo experimental daEmbrapa Meio-Norte

Coordenação: Marcos de Sousa, da EmbrapaMeio-Norte.

Estações:a) Sistemas de Irrigação, sob a responsabilidadede Luís Otávio, da Amanco Brasil;b) Culturas do gergelim e girassol, com José Lopes(Embrapa Meio-Norte);c) Cultura da cana-de-açúcar irrigada, com Antô-nio Gondim (Comvap) e Durval Dourado Neto(Esalq/USP).

Local: Teresina e entornoDia 20/10/2005Horário: 7h30

O primeiro dia de campo do XV Conird irá oferecer aos participantes a parte práticados seminários e discussões orais acontecidas durante o evento. Num roteiro traçadoem três diferentes locais em Teresina e em seu entorno serão oferecidasoportunidades para que os interessados conheçam interessantes experiências práticas.

Cultura irrigada do limãoThaiti na Fazenda daFrutan Brasil

Estações:

a) Produção de mudas de citros em ambienteprotegido, sob a coordenação de Carlos doVale Pinto, da Fazenda Frutan.

b) Irrigação na cultura do limão (Estaçãometeorológica), com Marcos Antônio Barbo-sa Leite, da Fazenda Frutan.

c) Certificação PIF e Eurep Gap, com CarlosAntônio Ferreira de Sousa, da Embrapa Meio-Norte e Lívio de Sousa Moura, da FazendaFrutan.

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Carlos AntônioFerreira de Sousa

Lívio de Souza Moura

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Pastagens rotacionadasirrigadas no Centro deCiências Agrárias da UFPI

Coordenação: Professora Maria Elizabeth de Oli-veira

Acontecerá na área experimental do setor deovinocaprinocultura do Centro de Ciências Agrá-rias da Universidade Federal do Piauí, onde en-contram-se instalados o centro de manejo dos ani-mais e uma área de produção de pastagens nativasmelhoradas e cultivadas. Objetiva mostrar aos par-ticipantes os resultados dos trabalhos realizadosnesta área experimental sobre o desempenho pro-dutivo de ovinos em três tipos de pastagens culti-vadas: Cynodon ssp (cv. Tifton-85), Panicummaximum (cv. Tanzânia) e Brachiaria brizantha (cv.Marandu) irrigadas, bem como os aspectos refe-rentes ao manejo dos animais e das pastagens.Ficaram estabelecidas três estações:

a) Tema: Aspectos zootécnicos da produção de ovi-nos em pastejo rotacionado

Responsável: Professora Maria Elizabete de Olivei-ra – Zootecnista, mestre em Zootecnia pela UFPB,doutorado em Ecologia pela UNB. Professora doDepartamento de Zootecnia do CCA-UFPI. Áre-as de atuação: Alimentos alternativos para caprinose ovinos; desempenho de ovinos em pastagem cul-tivada; e, melhoramento de pastagem nativa naregião Meio-Norte.

b) Tema: Manejo da irrigação e aspectos econômi-cos do sistema de produção de ovinos em pasta-gens cultivadas irrigadas.

Responsável: Professor Francisco Edinaldo PintoMousinho – Engenheiro agrônomo, mestre em Ir-rigação e Drenagem pela UFC e doutor em Irriga-ção e Drenagem pela Esalq/USP, professor docampus Amílcar Sobral/UFPI e do Departamentode Engenharia Agrícola e Solos – CCA/UFPI. Áre-as de atuação: Manejo da água em sistemas agrí-colas e necessidades hídricas das culturas,

c) Tema: Solos e Adubação de pastagem cultivadasob manejo rotacionado

Responsável: Professor Adeodato Ari CavalcanteSalviano (ver foto e currículo resumido no Semi-nário I, do dia 19/10/2005, à p. 48).

Maria Eizabete de Oliveira Francisco Edinaldo PintoMousinho

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A rotação de pastagens irrigadas tem sido muito utilizada por ovinocultores e caprinocultores de todo País. DIA

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Distrito de Irrigação dos Tabuleiros Litorâneos do Piauí

Estação 1: Estação de bombeamentoprincipal

Apresentador: Josenilto LacerdaVasconcelos, engenheiro agrônomo egerente do Ditalpi.

Tema: Apresentação do projeto, descriçãoda situação atual, perspectivas eoportunidades de negócio e aspectostécnicos de operacionalização

O Projeto de Irrigação Tabulei-ros Litorâneos do Piauí foi lan-çado oficialmente pelo gover-no federal em 1986. Possui umaárea total de 7.550 ha, estandoatualmente 2.478,56 ha emoperação, com a distribuição de487,50 ha em lotes de peque-nos produtores (lotes de 4,4 e8,5 ha), 120,73 ha em lotes des-tinados a técnicos de CiênciasAgrárias (variando de 13,72 a

28,0 ha) e 1.870,33 ha em lotes empresariais, vari-ando de 29,52 ha a 445,06 ha.Atualmente, são exploradas as culturas da acerola,ata, caju, abacaxi, coco, goiaba, feijão verde, me-lancia, mamão e melão, que atendem a um merca-do regional, com vistas aos mercados nacional einternacional, quando numa situação de maior or-ganização e escala de produção.O projeto é praticamente urbano, situado a 14 kmde Parnaíba, com acesso pela BR-343. Apresentacondições privilegiadas para a produção de frutas,em qualquer época do ano, com clima tropical dejaneiro a junho e semi-árido de julho a dezembro.Apresenta solos típicos dos Tabuleiros Costeiros,com predominância de areias quartzozas (álica elatossólica) e latossolos amarelos, ambos com ex-celente drenagem natural, boa profundidade e to-pografia plana a levemente ondulada.A fonte de água é o rio Parnaíba, que alimenta odelta, único em mar aberto nas Américas e tercei-ro desse gênero no mundo.

Estação 2: Visita ao projeto “Otimização douso da água dos canais de projetos deirrigação do Semi-Árido”

Apresentadores: Francisco José de SeixasSantos (engenheiro agrônomo, MSc emIrrigação e Drenagem e pesquisador daEmbrapa Meio-Norte), Jaime Miguel deAraújo Filho (zootecnista) e CarolynyBatista Lima (zootecnista)

Tema: Apresentação dos objetivos emetodologia do projeto, além de visita ásáreas dos viveiros de peixes e culturasinstaladas.

O projeto é fruto de uma par-ceria entre a Universidade Fe-deral da Paraíba, da EmbrapaMeio-Norte e do Ditalpi e vemsendo conduzido na área doProjeto de Irrigação TabuleirosLitorâneos do Piauí com o ob-jetivo de estudar a otimizaçãoda água de projetos de irriga-ção, através da criação de pei-xes em canais de irrigação e doaproveitamento dos efluentes

biofertilizados na fertirrigação de frutas e legumes.A ampliação da agricultura irrigada e daaqüicultura é considerada um componente essen-cial de qualquer estratégia para aumentar o supri-mento mundial de alimentos, em especial nos paí-ses em desenvolvimento. Por outro lado, a amplia-ção da área cultivada para ambas as atividadespode gerar sérios conflitos num futuro próximo,dada a multiplicidade de uso das águas continen-tais e a outras questões ambientais. Em locais ondese faz uso da irrigação e a água é transportada emcanais, a criação de peixes poderá ser uma impor-tante estratégia para aumentar a oferta de alimen-tos. Além disso, o aproveitamento dos efluentesdos canais de irrigação com criação de peixes, nafertirrigação, poderá diminuir riscos de poluiçãodos aqüíferos e os custos de produção de frutas elegumes.

Local: Distrito de Irrigação Tabuleiros Litorâneos do Piauí (Ditalpi), em Paranaíba/PI,a 320 km de Teresina.

Data: 21/10/2005Horário: 7h30

Josenilto LacerdaVasconcelos

Carolyny Batista Lima

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Estação 3: Visita a uma área de produçãode melancia incorporada ao projeto“Programa de racionalização da água deirrigação aos produtores de melancia doMeio-Norte”.

Apresentador: Braz Henrique NunesRodrigues (engenheiro agrícola, MSc emIrrigação e Drenagem e pesquisador daEmbrapa Meio-Norte).

Tema: Apresentação dos objetivos,metodologia e resultados do projeto, comexplanação teórica e depoimento deprodutores.

A irrigação tem sido adotadapara tentar solucionar o pro-blema de água disponível àsculturas. No entanto, em diver-sas situações esta prática ocor-re sem considerar as adequa-das recomendações técnicas, oque vem proporcionando, emalguns casos, baixa produtivi-dade e qualidade inferior doproduto e, em outros, um des-perdício dos recursos hídricos

e de solo. Em regiões como o Nordeste do Brasil,onde os recursos naturais são limitados, o manejoracional da irrigação tem uma importância funda-mental para o uso eficiente das fontes hídricas eda energia elétrica.O projeto trata de uma ação direta de transferên-cia de tecnologia coordenada pela Embrapa Meio-Norte e financiado pelo Banco do Nordeste, quepermitirá que os produtores de melancia do Pro-jeto de Irrigação Tabuleiros Litorâneos do Piauí

utilizem com mais racionalidade os recursoshídricos disponíveis, oferecendo melhores condi-ções de umidade no solo para o desenvolvimentoe produção da cultura em todos os estádios de seucrescimento. Aliado ao manejo racional da irriga-ção, as demais práticas culturais, adequadamenteconduzidas, permitirão a redução dos riscos deinsucessos, com conseqüente aumento na produti-vidade e qualidade da produção.

Estação 4 – Visita às áreas do projetocultivadas com coco, acerola orgânica,caju e consórcio de ovinos/bovinos comfruticultura.

Apresentação: Depoimento de diversosprodutores irrigantes.

Braz HenriqueNunes Rodrigues

Os participantes do XV Conird terão a oportunidade deconhecer o Programa de Racionalização da água deirrigação praticado pelos produtores de melancia do Ditalpi

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AGROMETEOROLOGIA

Evaporação do melão pele-de-sapo irrigadocom diferentes lâminas e fertirrigado comdiferentes doses de nitrogênio e potássio1

J. F. MEDEIROSENG. AGR, DR., PROF. COLAB., ESAM, BR 110, KM 47,CX. POSTAL 137, CEP 59625-900, MOSSORÓ, RN.TEL (84) 315-0557. [email protected]

J. N. SILVAF. A. OLIVEIRAGRADUANDOS EM AGRONOMIA DA ESAM, BOLSISTAS PIBIC/CNPQ,MOSSORÓ, RN. [email protected]

K. C. N. S. NASCIMENTOGRADUANDO EM AGRONOMIA DA ESAM, MOSSORÓ, RN

S. L. A. LEVIENENG. AGRÍCOLA, DR, ESAM, MOSSORÓ, RN. [email protected]

I. DUTRAENG. AGR., DR., FCA-UNESP, BOTUCATU, SP. [email protected]

ResumoO experimento foi conduzido de setembro a no-

vembro de 2004, em fazenda da região, produtorade melão do Agropolo Assu-Mossoró. Teve comoobjetivo avaliar a evapotranspiração (ET) do meloei-ro cultivado sob diferentes doses de nitrogênio epotássio (N1K1, N2K2, N3K3, N0K2 e N2K0, em que0, 1, 2 e 3 denotam 0, 67%, 100% e 133% das dosesde N e K aplicadas pelos produtores - 130 e 260 kg/ha, respectivamente), e diferentes lâminas de irriga-ção (L1=0,7LTI, L2=0,9LTI e L3=1,1LTI, sendo LTI alâmina total de irrigação estimada, considerando umaeficiência de irrigação de 91%), representando cadaexperimento. A ET foi estimada pelo balanço hídricopara cada semana. Para medição dos componentesarmazenamento e percolação subterrânea utilizaram-se uma bateria de três tensiômetros para cada parce-la. A evapotranspiração variou entre as doses de ni-trogênio e potássio aplicada em fertirrigação, depen-dendo da lâmina de irrigação. O Kc da cultura dimi-nuiu com a redução da lâmina de irrigação e com aredução da dose de N.

Palavras-chave: Cucumis melo. Nutrientes. Ma-nejo de água.

SumaryEvapotranspiration of pele de sapo melon

irrigated with different dephts and fertirrigatedwith different doses of nitrogen and potassium

An experiment was carried out during the periodof September to November of 2004, in farm of theproducing melons region of Agropolo Assu-Mossoró,with the objective to evaluate the evapotranspiration(ET) of the melon cultivated under different doses ofnitrogen and potassium (N1K1, N2K2, N3K3, N0K2and N2K0, where 0, 1, 2 and 3 denote 0, 67%, 100%and 133% of the doses of N and K applied forproducers - 130 and 260 kg ha-1, respectively), edifferent irrigation depths (L1=0,7LTI, L2=0,9LTI andL3=1,1LTI, being LTI the estimated total irrigationdepth, considering an irrigation efficiency of 91%),representing each experiment. The ET was estimatedby the water balance for each week. For measurementof the components storage and undergroundpercolation two batteries of three tensiometers foreach parcel had been used. The evapotranspirationvaried between the doses of nitrogen and appliedpotassium in fertirrigation depending on theirrigation depth. The Kc diminished with the reductionof the irrigation depth and with the reduction of thedose of N.

Key words: Cucumis melo, nutrient, watermanagement

IntroduçãoO Rio Grande do Norte, sobretudo a região do

Agropolo Assu-Mossoró, devido às condiçõesedafoclimáticas e à disponibilidade de mananciais deágua superficial e subterrânea, tem-se destacadocomo principal região produtora de melão do País,exportando grande parte da produção.

Apesar da importância do meloeiro para o País esobretudo para a Região Nordeste, a produtividadedessa cultura é muito variável entre os produtores e,na maioria das vezes, baixa em relação ao potencialprodutivo da cultura. Isso mostra que há necessida-de de pesquisas para definir as melhores tecnologias

1TRABALHO FINANCIADO COM RECURSOS DO CNPQ.

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 693º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 69

de adubação, de irrigação e de manejo da culturacapazes de aumentar a produtividade e a qualidadedos frutos, fazendo com que o produto seja maiscompetitivo nos mercados nacional e internacional.

Uma maior disponibilidade de nutrientes no soloé fator decisivo para obtenção de alta produtividadee frutos de boa qualidade (SOARES, 2001), que, as-sociada à lâmina de irrigação aplicada, pode interfe-rir na produtividade e qualidade da produção (COS-TA, 1999; BARROS et al., 2003) e na evapotranspiração(ALVES et al., 2000; MEDEIROS et al., 2004). Segun-do DORENBOS & KASSAN (1994), existe uma relaçãolinear entre a redução de produtividade da cultura ea diminuição da evapotranspiração.

O coeficiente de cultura está diretamente relaci-onado com o índice de área foliar (ALLEN et al., 1998).Este está relacionado com a quantidade de nutrien-tes disponível para a planta, como nitrogênio, e coma lâmina de irrigação ministrada (FARIAS et al., 2003).

As necessidades hídricas das culturas são bastan-te variáveis e dependem, principalmente, das condi-ções climáticas. ALLEN et al. (1998) afirmam que anecessidade de água das culturas expressa-se, nor-malmente, pela taxa de evapotranspiração e que de-pende das condições meteorológicas, da disponibili-dade hídrica no solo, do estado sanitário e nutricionalda cultura, entre outros fatores.

O meloeiro exige água de forma moderada nosolo do período da germinação ao desenvolvimentoinicial, aumentando sua exigência até o desenvolvi-mento pleno do fruto, quando a partir daí, diminuisuas necessidades (FERREIRA, 2001).

Para determinar o real consumo de água da cul-

tura em tais condições, podem-se adotar medidasfeitas em lisímetros, ou através do balanço hídricona parcela. Esse método consiste em medir as entra-das e saídas de água num volume de solo conhecido,onde se encontram as raízes da planta (REICHARDT& TIMM, 2004).

O objetivo deste trabalho é determinar aevapotranspiração e o Kc do melão-pele-de-sapo sobdiferentes doses de nitrogênio e potássio aplicadosem fertirrigação e lâminas de irrigação.

Material e métodosO experimento foi conduzido de setembro a no-

vembro de 2004, em fazenda da região produtorade melão do agropolo Assu-Mossoró. Teve como ob-jetivo avaliar a evapotranspiração (ET) do meloeirocultivado sob diferentes doses de nitrogênio e po-tássio (N1K1, N2K2, N3K3, N0K2 e N2K0, em que 0,1, 2 e 3 denotam 0, 67%, 100% e 133% das doses deN e K aplicada pelos produtores), e diferentes lâmi-nas de irrigação (L1=0,7LTI, L2 = 0,9LTI e L3 = 1,1LTI,sendo LTI a lâmina total de irrigação estimada (338mm aplicada entre o 11o e 67o dias após o transplantio- DAT), considerando uma eficiência de irrigação de91%), representando cada experimento. Para esteestudo específico, os blocos experimentaiscorresponderam a semanas do período de avaliação,da segunda a nona semana, e os cinco tratamentoscorrespondentes às doses de N e K foram analisadosem análise conjunta de experimentos.

O plantio foi feito com mudas de 11 dias da se-meadura, no espaçamento de 2,5 m x 0,4 m. As adu-

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O Rio Grande doNorte destaca-secomo o principalprodutor demelão do País

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bações foram feitas via fundação, correspondendo a39 kg ha-1 de N e 296 kg ha-1 de P2O5 e, porfertirrigação, de acordo com os tratamentos(correspondendo a uma aplicação entre 11o e 75o diaapós a semeadura - N1 = 91, N2 = 140, N3 = 184,K1 = 174, K2 = 260 e K3 = 346 kg ha-1). O fósforoaplicado igualmente para todas as parcelas via águacorrespondeu a 149 kg/ha, na forma de ácidofosfórico.

O solo da área experimental foi Argissolo Verme-lho-Amarelo latossólico. Foram elaboradas as curvasde retenção da água no solo para os diversos hori-zontes do seu perfil, ajustadas conforme modelo pro-posto por VAN GENUCHTEN (1980) e a condutividadehidráulica do solo, em função do seu potencialmatricial, foi determinada a partir dos dados de doisperfis instantâneos e calculados pelo método deHILLEL et al. (1972), cuja equação foi K(h) = 14198.h-

2,35, com K(h), em mm dia-1, e h, em cm.c.a.O balanço hídrico foi realizado conforme

metodologia apresentada por MEDEIROS (1998) eMEDEIROS et al. (2004), no período compreendidoentre 11o e 67 o DAT. Para isso foram instaladas bate-rias de três tensiômetros em 15 parcelas (numa repe-tição dos cinco tratamentos: N1K1, N2K2, N3K3, N0K2e N2K0) dos três experimentos representados pelaslâminas de irrigação, nas profundidades de 15, 30 e45 cm.

Para estimar a evapotranspiração de referência(ETo), de acordo com ALLEN et al. (1998), foram uti-lizados dados meteorológicos (médias durante o ci-clo: temperatura média diária de 28,6ºC, temperatu-ra máxima diária de 35,3ºC, temperatura mínima di-ária de 23,4ºC, umidade relativa de 63% e velocida-de do vento a 2,0 m de altura de 6,2 m s-1) obtidosna Estação Meteorológica instalada no Campus daESAM, a 35 km da área experimental, cuja média entreo 11o e 67o DAT foi 7,2 mm dia-1. O Kc foi obtido paraperíodos semanais, pela razão entre ET e ETo. Os va-lores de ET foram observados por meio de análise devariância e teste de médias por Tukey a 5% de proba-bilidade, conforme RIBEIRO JÚNIOR (2001).

Resultados e discussãoConsiderando a perda de água por fluxo subter-

râneo (mm dia-1), observou-se uma variação médiade 1,12 mm dia-1, em N0K2, a 0,43 mm dia-1, emN3K3. Comparando-se as lâminas de irrigação, a va-riação ficou entre 1,16 mm dia-1 em L3 e 0,58 mmdia-1 em L1, ou seja, quanto maior a lâmina aplicada(L3) maior foi a percolação profunda.

Considerando os valores médios daevapotranspiração da cultura (Quadro 1), verifica-seinteração significativa entre os tratamentos estuda-dos, ou seja, para as menores lâminas, aevapotranspiração média foi maior para a dose N3K3,enquanto na L3, as doses N0K2 e N2K0 foram as queproporcionaram maiores médias e ET. Possivelmen-te, devido ao maior desenvolvimento das plantas nostratamentos que receberam maior dose de nitrogê-nio, o que proporcionou maior índice de área foliar,favoreceu a elevação dos valores médios da ET. Emrelação ao fator lâminas de irrigação, houve tendên-cia da evapotranspiração crescer com o aumentodessa lâmina, embora para os tratamentos em quese aplicou tanto N como K, não houve diferença sig-nificativa entre as duas maiores lâminas. Provavel-mente, na falta de um dos nutrientes estudados, amaior lâmina de irrigação contribuiu significativamen-te para o aumento da ET da cultura.

O desenvolvimento da planta fez com que hou-vesse um crescimento gradativo do Kc ao longo doperíodo de 8 a 49DAT e uma queda no período de 61a 67 DAT (Figura 1). Também, pode-se verificar quedentro dos diferentes períodos, a maior lâmina deirrigação proporcionou maiores valores de Kc (1,15 a1,20). ALVES et. al. (2000) e MEDEIROS et al. (2004)encontraram respostas similares para o melão do tipoAmarelo e Cantaloupe, respectivamente, embora comvalores máximos em torno de 1,1 e 0,9. Com relaçãoàs doses de N e K aplicadas na fertirrigação, verifi-cou-se tendência de maiores de valores Kc, para otratamento N3K3. Isso pode ser explicado pelo mai-or crescimento vegetativo ocorrido nas plantas quereceberam as maiores doses desses nutrientes.

QUADRO 1 – Desdobramento da interação lâmina de irrigação versus doses de N e K para aevapotranspiração média da cultura entre 11o e 67o dias após o transplantio.

Tratamento Lâmina MédiaL1 L2 L3

N0K2 3,52 C c 4,91 C b 6,67 A a 5,03 BN1K1 4,05 BC b 5,46 BC a 5,90 B a 5,13 BN2K0 4,37 AB c 5,64 B b 6,67 A a 5,56 AN2K2 4,14 BC b 5,61 B a 6,05 AB a 5,26 ABN3K3 4,93 A b 6,30 A a 5,91 B a 5,71 AMédia 4,20 c 5,58 b 6,24 a

Letras maiúsculas e minúsculas diferentes nas colunas e linhas, respectivamente, indicam diferençasignificativa a 5% pelo teste de Tukey entre as médias.

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 713º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 71

ConclusõesO balanço hídrico permitiu estimar a

evapotranspiração da cultura do melão-pele-de-sapoem função dos tratamentos estudados;

O Kc da cultura do melão diminuiu com a redu-ção da lâmina de irrigação;

A evapotranspiração variou entre as doses de ni-trogênio e potássio aplicadas em fertirrigação, de-pendendo da lâmina de irrigação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALLEN, R.G.; PEREIRA, L.S.; RAES, D.; SMITH, M.

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FARIAS, C.H.A.; MEDEIROS, J.F.; COSTA, M.C.; NAS-CIMENTO, I.B.; SILVA, M.C.C. Crescimento e desen-volvimento da cultura do melão sob diferentes lâminasde irrigação e salinidade da água. Revista Brasileira deEngenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande,v.7, n. 3, p. 445-450, 2003.

FERREIRA, R.L.F. Produção e qualidade de melão culti-vado sob condições climáticas resultantes de diferentescoberturas de solo e métodos de plantio. Mossoró, 2001.63p. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior de Agri-cultura de Mossoró, ESAM.

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MEDEIROS J.F. Manejo de água irrigada salina em estufacultivada com pimentão. Piracicaba, 1998. 152p. Tese(Doutorado) – Escola Superior de Agricultura Luiz deQueiroz, USP.

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RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG.Viçosa, Folha de Viçosa, 2001. 301p.

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VAN GENUCHTEN, M. A closed form equation forpredicting the hydraulic conductivity of insaturated soils.Soil Science Society. American Journal, Madison, v.41,p.892-8, 1980.

FIGURA 1Curva de Kc do melão cultivado sob diferentes doses denitrogênio e potássio e diferentes lâminas de irrigação.

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CONSERVAÇÃO DE SOLO E ÁGUA

Águas subterrâneas e seu potencialde uso na irrigação do Brasil

P. FERRAZENGENHEIRA. AGR. , MESTRANDA EM IRRIGAÇÃO E DRENAGEM, PELO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RURAL (LER), ESALQ-USP.END. RUA BENJAMIN CONSTANT, 1471, APT. 94, CEP 13400-053PIRACICABA-SP (19) 34294217, RAMAL 208. [email protected]

R. O. C. MONTEIRODOUTORANDO EM IRRIGAÇÃO E DRENAGEM – LER - ESALQ - USP.PIRACICABA-SP.

M. MOROMESTRANDA EM IRRIGAÇÃO E DRENAGEM – LER - ESALQ - USP.PIRACICABA-SP.

R. COELHOPROF. DR. DO DEPTO DE ENGENHARIA RURAL - ESALQ - USP.

ResumoAs reservas subterrâneas, mais do que uma reser-

va de água, devem ser consideradas como um meiode acelerar o desenvolvimento econômico e social dasregiões carentes e das demais regiões do País. O con-flito pelo uso da água reduz ou impede o uso daságuas superficiais, que são as reservas hídricas maisexploradas. Os projetos de irrigação, como grandesconsumidores desse recurso, podem utilizar as reser-vas subterrâneas como alternativa. O objetivo destetrabalho é mostrar as reservas hidrogeológicas doBrasil, sua distribuição e potencialidades para fins deirrigação em diferentes regiões do País. Foi analisadoo potencial da água subterrânea, em termos de áreairrigável, nas regiões de Bebedouro-SP, Mossoró-RN,Petrolina-PE, Picos-PI e Rio Verde-GO, com diversasculturas, reunidas em três grupos, semelhantes quan-to à demanda hídrica na fase de maior consumo.Utilizou-se a evapotranspiração de referência médiado mês crítico de seis regiões, calculando-se, aevapotranspiração das culturas. Considerando a va-zão média dos aqüíferos e o consumo de água dasculturas nas determinadas regiões como as únicas li-mitações, sugere-se a existência de um potencial sig-nificativo de crescimento das áreas irrigadas, indodesde 7,4 a 927,0 ha por poço perfurado para ascondições estudadas, com a utilização de águas sub-terrâneas.

Palavras-chave: Aqüíferos. Reservas hidrogeo-lógicas. Potencial hídrico.

SumaryGrondwater and the potential of use in the

irrigation of Brazil.The groundwater reservoirs, should be considered

as a way of accelerating the economical and socialdevelopment of the deficient areas and other areasof Brazil. The conflicts of the water use reduces orimpedes the use of the superficial waters, which arethe most exploited water sources reservoirs. Irrigationprojects, as great consumers of water, can

use the underground reservoirs as a alternative.The objective of the present work was to show thereservaoirs hydrogeology of Brazil, its distribution andpotentialities for irrigation in different areas of thecountry. The potential of the underground water wasanalyzed, in terms of irrigable area, in the regions ofBebedouro-SP, Mossoró-RN, Petrolina-PE, Picos-PI andRio Verde-GO, with several crops gathered in threegroups, similar as for the water demand in the phaseof larger consumption. The evapotranspiration of thecritical month of six areas was used, being calculatedtherefore, the evapotranspiration of the crops.Considering as the only limitations were the mediumflow of the grondwater and the consumption of waterof the crops in the studied areas, it suggests thatthere is a significant potential of growth of theirrigated areas, going from 7,4 to 927,0 ha for eachwell perforated for the studied conditions.

Key words: aquifer, hydrogeologic reservoir,

IntroduçãoDiversas são as melhorias do sistema produtivo

com a utilização da irrigação. Aumento da produtivi-dade, melhoria na qualidade dos produtos, reduçãodos riscos na produção, possibilidade de programa-ção de safras, incremento no nível socioeconômicoda região, dentre outros, são alguns benefícios quepodemos destacar. Entretanto, em muitas regiõesexistem conflitos pelo uso da água, o que reduz ouimpede a utilização de águas superficiais, que são as

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 733º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 73

reservas hídricas mais facilmente exploradas. Outroaspecto a considerar são as regiões que não possu-em reservas superficiais favoráveis ao desenvolvimen-to da irrigação. A água subterrânea, portanto, podeser uma boa alternativa para solucionar tal entrave,não só do ponto de vista quantitativo, mas, sobretu-do, pelas boas características qualitativas. Na RegiãoSul, a capacidade de vazão do aqüífero Guarani va-ria de 300 a 1.000 m3.h-1 (confinados), sendo, oaqüífero, destaque na região. A Província Hidro-geológica do Paraná ocupa cerca de 60% do estadode São Paulo e a quase totalidade da Região do Tri-ângulo Mineiro. Portanto, o aqüífero Guarani é o maisimportante em termos de potencialidade da RegiãoSudeste (ANA, 2002). Na Região Nordeste, a Baciado Parnaíba, é a mais rica em águas subterrâneas eos aqüíferos Serra Grande, Cabeças e Poti-Piauí sãoos mais produtivos, com vazões que variam de 100 a1.000 m3.h-1. Podem-se mostrar, portanto, o uso e opotencial das águas subterrâneas, em termos de áreairrigável, para algumas regiões do País, com diversasculturas, reunidas em grupos semelhantes quanto àdemanda hídrica na fase de maior consumo.

Material e métodosElegeram-se seis regiões expressivas em termos

de água subterrânea, representadas pelas cidades deBebedouro-SP, Mossoró-RN, Petrolina-PE, Picos-PI eRio Verde-GO. A evapotranspiração de referênciamédia (Thornthwait & Mather, 955) do mês críticopara cada região foi coletada na base de dados doDepartamento de Física e Meteorologia da Esalq-USP.

A partir da equação 1, determinou-se a evapo-transpiração da cultura (ETc).

ETc = ETo.Kc (1)Sendo:ETc – evapotranspiração da cultura (mm);ETo – evapotranspiração de referência (mm);Kc – coeficiente de cultivo médio do grupo de

culturas.Os valores de Kc utilizados em cada grupo de

culturas foram determinados a partir da média dosKcs apresentados no boletim (FAO 56).

QUADRO 1 – ETc (mm/dia) estimado pela ETo (mm/dia) média decada região no mês de maior demanda atmosférica e coeficientede cultivo médio (Kc) dos grupos de culturas, para a fase dociclo de maior consumo.

Regiões ETo ETc (Grupo de Culturas)Hortaliças1 Frutas2 Cereais e(Kc = 1,05) (Kc = 0,85) Pastagens3

(Kc = 1,23)Bebedouro – SP 2,4 2,5 2,0 3,0Mossoró – RN 5,6 5,9 4,8 6,9Petrolina – PE 5,4 5,7 4,6 6,6Picos – PI 8,4 8,8 7,1 10,3Rio Verde – GO 2,8 3,0 2,4 3,4

Grupo de Culturas:1- Brócolis, repolho, cenoura, couve-flor, alface, cebola, batata,melão, melancia, pepino e tomate;2- Banana, abacaxi, uva, citros, abacate;3- Algodão, feijão, milho, soja, arroz, café, cana-de-açúcar.

O potencial daságuas subterrâneasda região Nordestepode serdemonstrado pelospoços jorrantesexistentes

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onde a grande maioria dos irrigantes possui um bai-xo poder de investimento, aliado à falta de incenti-vos governamentais em projetos de irrigação, o usode águas subterrâneas permite um melhor planeja-mento modular às áreas agrícolas, isto é, mais poçospodem ser perfurados, à medida que aumente a ne-cessidade, dispensando grandes investimentos deuma única vez.

ConclusõesOs recursos de água subterrânea no Brasil repre-

sentam uma alternativa viável, tanto em termos dequantidade, como de qualidade e custos, sendo umafonte bastante atrativa para investimentos, inclusivepara fins de irrigação. As simulações feitas neste tra-balho permitem a visualização do possível aumentodas áreas irrigadas em algumas regiões do País, vari-ando de 7,4 a 925,9 ha, de acordo com apotencialidade do aqüífero e da evapotranspiraçãode cada região.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALLEN. R.G.; PEREIRA. L. S.; RAES, D.; SMITH, M.

Crop evaporation - guidelenes for computing crop waterrequeriments. FAO, Roma, Paper 56, 1998.

PEDROSA, C.A.; CAETANO, F.A. Águas Subterrâneas.ANA, 2002. Agência Nacional de Águas. http://www.ana.gov.br/gestaoRecHidricos/InfoHidrologicas/projetos_aguasSubterr2.asp.10 Out.2004.

ROLIM et al., 1998. Núcleo de MonitoramentoAgroclimático – NURMA. Departamento de Física eMeteorologia – ESALQ - USP. hhttp://www.lce.esalq.usp.br/nurma.html.

Resultados e discussãoSão apresentados no Quadro 2, as áreas potenci-

ais de irrigação com o uso da água subterrânea nasdiferentes regiões do País, considerando os três gran-des grupos de culturas estabelecidos e uma eficiên-cia média de irrigação de 80%.

Considerando a vazão de poços perfurados nosaqüíferos e o consumo de água das culturas nas re-giões citadas como as únicas restrições, sugere-se aexistência de um potencial significativo na expansãodas áreas irrigadas com a utilização de águas subter-râneas. Na região de Bebedouro-SP, por exemplo, seriapossível o incremento de até cerca de 900 ha de cul-turas frutíferas, sem considerar outros benefícioscomo a qualidade da água, preservação dos recursoshídricos superficiais e questões de ordem econômi-ca. Segundo a FGV, 1998, no que se refere aos cus-tos, mesmo em condições desfavoráveis, o valormonetário do m3 produzido é inferior de 1/3 a 2/3daquele que seria obtido em mananciais de superfí-cie alternativos para demandas situadas entre 300 e700 m3.h-1. Outro aspecto importante é que o custode captação e distribuição é muito mais barato. Acaptação pode ser próxima da área consumidora, oque torna mais barato o processo de distribuição. Éinteressante enfatizar que na região de Picos-PI, po-bre em reservas superficiais, o uso do aqüífero per-mite o crescimento das áreas irrigadas, podendo atin-gir cerca de 270 ha com a exploração de espéciesfrutíferas. Além disso, por se tratar de uma região

QUADRO 2 – Área potencial irrigável com água subterrânea nas regiões deBebedouro-SP, Mossoró-RN, Petrolina-PE, Picos-PI e Rio Verde-GO.

Regiões Vazão dos Grupo Necessidade Área Potencialpoços perfurados Culturas de Irrigação Irrigável (ha)no aqüífero (m3.h-1) (m3.h-1ha-1)

Bebedouro SP 300 – 1.000 1 1,1 227,3 - 757,62 0,9 277,8 - 925,93 1,2 208,3 - 694,4

Mossoró RN 100 – 300 1 2,5 33,3 - 100,02 2,0 41,7 - 125,03 2,9 28,7 - 86,2

Petrolina PE 25 – 100 1 2,4 8,7 - 34,72 1,9 11,0 - 43,93 2,8 7,4 - 29,8

Picos PI 100 – 1.000 1 3,7 22,5 - 225,22 3,0 27,8 - 277,83 4,3 19,4 - 193,8

Rio Verde GO 200 1 1,1 151,52 1,0 166,73 1,4 119,0

Cultivo depimentão

irrigado no RioGrande do Norte

FOTO: AMANCO

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 753º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 75

J. M. PINTOENG. AGRIC., PESQ. EMBRAPA SEMI-ÁRIDO, CAIXA POSTAL 23,CEP 56302-970, PETROLINA, PE. FONE (87) 3862 [email protected]

C. A. T. GAVAC. M. B. FARIAN. D. COSTAM. A. C. LIMAD. J. SILVAL. H. DUENHASG. M. RESENDEENG. AGR., EMBRAPA SEMI-ÁRIDO, CAIXA POSTAL 23,CEP 56302-970 PETROLINA, PE.

J. C. FEITOSA FILHOPROF. DR. CCA/UFPB. AREIA, PB.

ResumoO estudo foi realizado no Distrito de Irrigação

Senador Nilo Coelho, em Petrolina, PE, com o objeti-vo de avaliar o efeito da aplicação de biofertilizantese doses de substâncias húmicas via fertirrigação, nocultivo orgânico de meloeiro. Biofertilizantes e adu-bação convencional foram aplicados com substânciahúmica nas doses de 15, 30 e 50 L ha-1. Avaliaram-seprodutividades, teor de sólidos solúveis totais, aci-dez total e pH. As maiores produtividade de frutoscomerciais foram obtidas nos tratamentos com adu-bação convencional com as doses de 30 e 50 L ha-1

de substância húmica. Os biofertilizantes que pro-porcionaram maiores produtividades de frutos comer-ciais foram Vairo e Agrobom. Não houve efeitos sig-nificativos de aplicações de biofertilizantes e subs-tâncias húmicas nas características químicas dos fru-tos do melão, como pH, acidez total e teor de sóli-dos solúveis.

Palavras-chave: Cucumis Melo. Fertirrigação. Fer-tilizantes biológicos.

SumaryBiofertilizers and humic substancec levels

applied through water irrigation on melon organiccrop

The study was carried out at Irrigation DistrictSenator Nilo Coelho, in Petrolina, PE, Brazil, with the

QUIMIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO

Biofertilizantes e doses de substânciahúmica aplicados via água de irrigaçãoem meloeiro orgânico

aim of evaluating the effect of biofertilizers and humicsubstance rates application through fertigation onan organic melon crop. The biofertilizers andconventional fertilizer used were applied with thecommercial humic substance on the rates 15, 30 e50 L ha1. It were evaluated the commercial yield andquality characteristics of fruits (soluble solids content,total acidity and pH).

The conventional fertilizers with 30 e 50 L ha1 ofhumic substance presented highest commercial yield.The biofertilzers Vairo and Agrobom presentedhighest yield. The biofertilizers and humic substancedid not affect the fruit chemical characteristics, suchas soluble solids content, total acidity and pH.

Key words: Cucumis Melo, Fertigation, BiologicalFertilizer.

IntroduçãoNo Brasil, observa-se tendência de aumento de

consumo de produtos orgânicos. Segundo dados daAssociação de Agricultura Orgânica de São Paulo, ocrescimento do consumo de produtos orgânicos noEstado foi de 10%, em 1997, 24%, em 1998 e 30%,em 1999 (CERVEIRA & CASTRO, 1999).

Quando se compara a agricultura orgânica bra-sileira com a de outros países, constata-se que estaainda é incipiente. Na União Européia, por exemplo,a área cultivada organicamente passou de 100 milhectares, em 1985, para 3 milhões, em 1999 (PINHEI-RO, 2001). A Áustria ostenta a maior proporção deárea cultivada com orgânico na Europa, cerca de 40%do total cultivado (CAPOZOLI, 2000).

A região Semi-Árida nordestina possui caracterís-tica original: tem o único clima Semi-Árido tropicaldo mundo, diferentemente de outras regiões Semi-Áridas, como as localizadas no Chile, México, EUA eAustrália. Isso representa uma vantagem diferencial,pois a constância do calor, a alta luminosidade e abaixa umidade relativa do ar, associadas à irrigação,resultam em condições favoráveis a uma agriculturaeficiente. Essa é, pois, a grande vantagem compara-tiva da região que, explorada racionalmente, permi-tirá maior velocidade de desenvolvimento de culti-vos, melhor qualidade, maior produtividade e me-nor infestação de pragas e doenças.

76 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 200576 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

A avaliação da eficiência do uso de caldasbiofertilizantes, cujas formulações são de domínio daagricultura orgânica, também merece atenção dapesquisa. No pólo Juazeiro/Petrolina, são encontra-das algumas formulações em uso, algumas muito sim-ples (basicamente esterco e água) e outras já maiselaboradas, inclusive com enriquecimento pormicronutrientes.

A associação de biofertilizantes e substânciashúmicas carece de respaldo técnico-científico. Assubstâncias húmicas são usualmente aplicadas ao soloe afetam favoravelmente a estrutura e a populaçãomicrobiana do solo, além de aumentar a solubilida-de dos nutrientes no solo. Também promovem ummaior crescimento da planta, causado pela presençade substâncias com funções semelhantes aos regula-dores de crescimento vegetal, bem como reduzem oefeito do estresse hídrico nas plantas.

O trabalho teve por objetivo definir a resposta dacultura do melão a diferentes doses de substânciashúmicas, em combinação com biofertilizantes, apli-cadas via fertirrigação

Material e métodosO trabalho foi realizado com a cultura do meloei-

ro-amarelo (Cucumis melo, L), AF 682, em condiçõesde campo, no Distrito de Irrigação Senador Nilo Coe-lho, em Petrolina, PE.

O solo foi classificado como sendo ArgissoloAcinzentado textura arenosa fase caatingahiperxerófila relevo plano. Do local, coletaram-seamostras de solo na camada de 0 – 0,20 m, que apre-sentou as seguintes características: pH: 5,7; matériaorgânica: 7,0 g kg-1; P: 3,0,mg dm-3, K, Ca, Mg, H +

Al, Sb: 0,18, 1,10, 0,60, 1,77, 1,82, cmolc L-1, respec-

tivamente e V: 51,0 %, conforme metodologia daEmbrapa (1997).

O delineamento experimental foi o de blocos aoacaso, com esquema fatorial (4x3), sendo três tiposde biofertilizantes (Agrobom, Vairo e Fermentado deRumem) e um tratamento com adubação convencio-nal e três doses de substância húmica (15, 30 e 50 Lha-1), com quatro repetições. Cada unidade experi-mental foi constituída por quatro linhas de plantascom 10 m de comprimento, com o espaçamento de2,0 m x 0,5 m.

No tratamento com adubação convencional (adu-bação química), as doses de nitrogênio (80 kg ha-1)foram aplicadas junto com o potássio, na dose de120 kg ha-1 de K2O, três vezes por semana, via águade irrigação, utilizando-se um injetor elétrico de fer-tilizantes. As fontes de nitrogênio e potássio foram onitrato de potássio e uréia, respectivamente. Afertirrigação iniciou após o transplantio e estendeu-se por 55 dias.

No experimento, utilizou-se o método de irriga-ção localizada com tubo gotejador. As irrigações fo-ram feitas diariamente, calculadas com base no coe-ficiente de cultivo (Kc), evaporação do tanque classeA e fator de correção, devido à cobertura do solo(Kr), determinado pela relação das dimensões dosramos no sentido transversal às linhas de plantio eespaçamento entre as linhas, utilizados porHERNANDEZ (1995).

Na colheita foram amostrados quatro frutos porparcela para avaliação do teor de sólidos solúveis(oBrix), acidez total e pH. O teor de sólidos solúveisfoi medido em refratômetro de mesa, e o pH utili-

A agriculturaorgânica no Brasil é

considerada aindaincipiente. A regiãoSemi-Árida oferece

condiçõesexcepcionais para

esse tipo de cultivo

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consumidores brasileiros, que preferem frutos maisadocicados e menos ácidos (SALOMÃO et al., 1988).

ConclusõesAs maiores produtividades comerciais foram para

o tratamento com adubação convencional com asdoses de substância húmica de 30 e 50 L ha-1.

Os biofertilizantes que proporcionaram maioresprodutividades foram Vairo e Agrobom.

Não houve efeitos significativos das aplicações debiofertilizantes e substâncias húmicas sobre as ca-racterísticas químicas dos frutos do melão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBUZETTI, S.; HERNANDEZ, F. B. T.; SÁ, M. S.; SUZUKI,

M. A. Influência da adubação nitrogenada e potássicana eficiência do uso da água e na qualidade de frutosde melão. Scientia Agrícola, Piracicaba, v. 50, n. 2, p.419-426, 1993.

CAPOZOLI, R. Mercado de produto orgânico atrai em-presas: multinacionais da área de certificação estão deolho em setor que cresce 50% ao ano. Jornal Estado deSão Paulo, São Paulo, 29 out. 2000. p. 1-4.

CERVEIRA, R.; CASTRO, M. C. de. Consumidores deprodutos orgânicos da cidade de São Paulo: caracterís-ticas de um padrão de consumo. Informações Econô-micas, São Paulo, v.29, n.12, p.7-20.

DUENHAS, L. H. Cultivo orgânico de melão: aplicação deesterco e de biofertiolizantes e substâncias húmicas viafertirrigação. 2004. 75 f. Tese (Doutorado em Agrono-mia) - Escola Superior de Agricultura “Luiz deQueiroz”, de São Paulo, Piracicaba.

HERNANDEZ , F. B. T. Efeitos da supressão hídrica nosaspectos produtivos e qualitativos da cultura do melão.1995. 75 f. Tese (Doutorado em Agronomia) - EscolaSuperior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, de São Pau-lo, Piracicaba.

LESTER, G.; SHELLIE, K. C. Postharvest sensory andphysicochemical attributes of Honey Dew melon fruits.HortScience, Alexandria, v. 27, n. 9, p. 1012-1014, 1992.

PINHEIRO, S.L.G. As perspectivas da agricultura orgâni-ca em Santa Catarina. Agropecuária Catarinense,Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 65-67, 2001.

SALOMÃO, L. C. C.; PINHEIRO, R. V. R.; CONDÉ, A.R.; SOUZÃO, A. C. G. de Efeito do desbaste manualde frutos em produtividade e na qualidade dos frutosde pessegueiros (Prunus persica (L.) Batsch), cultivar“Talismã”. Revista Ceres, Viçosa, MG, v. 35, n. 202, p.596-608, 1988.

zando-se um peagômetro. Calculou-se, também, arelação teor de sólidos solúveis e acidez total, que éusada para avaliar tanto o estado de maturação quan-to a palatabilidade dos frutos. Se essa relação estiveracima de 24 e a acidez total estiver abaixo de 0,5%,o fruto terá bom sabor e boa coloração (SALOMÃOet al., 1988).

Resultados e discussãoVerificou-se, pela análise de variância, que o

biofertilizante e as doses de substâncias húmicas fo-ram significativas a 1% de probabilidade na produti-vidade de frutos comerciais, pelo teste F e não signifi-ca-tivo para teor de sólidos solúveis, acidez total e pH.

Observa-se que as médias das produtividades domeloeiro, referentes ao tratamento com adubaçãomineral, foram significativamente maiores em rela-ção às dos tratamentos com biofertilizantes em to-das as doses de substâncias húmicas (Quadro 1).Comparando as doses de substâncias húmicas, nota-se que a produtividade de frutos comerciais forammaiores para as doses de 50 e 30 L ha-1, para a adu-bação mineral e para o biofertilizante fermentado.Não houve diferenças entre doses de substânciahúmica para os biofertilizantes Vairo e Agrobom.

Comparando os biofertilizantes, observa-se quenão houve diferenças entre o Vairo e Agrobom paraas doses estudadas. Já o biobertilizante Fermentadocom Rumem, nas doses menores de substânciahúmica foi inferior aos outros biofertilizantes em re-lação à produtividade. DUENHAS (2004) trabalhan-do com meloeiro orgânico verificou maior produtivi-dade para o biofertilizante Agrobom com as maioresdoses de substância húmica e adição de esterco.

Não houve efeitos significativos das aplicações debiofertilizantes e substâncias húmicas sobre as ca-racterísticas químicas dos frutos do melão, como pH,acidez total e teor de sólidos solúveis. O teor de sóli-dos solúveis mínimo para exportação é 9oBrix, com ovalor ideal de 13oBrix. O valor médio do teor de sóli-dos solúveis na colheita foi de 10,8 oBrix, com aplica-ção de biofertilizantes e substâncias húmicas. Os va-lores de teor de sólidos solúveis obtidos foram supe-riores aos encontrados por BUZETTI et al. (1993).

A acidez total foi de 0,19 % nos biofertilizantes esubstâncias húmicas. Esses valores atendem às exi-gências do mercado externo. O pH foi de 5,63 nosbiofertilizantes e substâncias húmicas. Estes valoresassemelham-se àqueles obtidos por MICOLLIS &SALTVEIT Jr. (1991) e LESTER & SHELLIE (1992), paramelão-amarelo.

A relação teor de sólidos solúveis/acidez total éusada para avaliar tanto o estado de maturação quan-to a palatabilidade dos frutos. Se essa relação estiveracima de 25 e a acidez total estiver abaixo de 0,5%,o fruto terá bom sabor e boa coloração. Os valoresencontrados, 62,47 e 0,19 % nos biofertilizantes esubstâncias húmicas satisfazem as preferências dos

QUADRO 1 – Produtividade do meloeiro (t ha-1) em função da aplicação debiofertilizantes e doses de substância húmica

Biofertilizante Doses de substância húmica (L ha-1)*

15 30 50

Vairo B24,30a B24,35a B23,84a

Agrobom B21,16a B22,39a B22,27a

Fermentado com Rumem C19,90b C20,53a B23,20a

Adubação mineral A33,68b A37,16a A39,16a

* Para cada coluna, as médias precedidas pela mesma letra maiúscu-la e, para cada linha, as médias seguidas da mesma letra minúsculanão diferiram entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey

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ResumoO programa computacional Sistema de Drenagem

(Sisdrena) é um modelo de simulação de desempe-nho de sistemas de drenagem subterrânea que esti-ma o escoamento superficial, a posição do lençolfreático (LF), a vazão escoada pelos drenos, aevapotranspiração real e o armazenamento de águana zona radicular a partir de séries de dados diáriosde precipitação e evapotranspiração potencial, carac-terísticas físico-hídricas do solo, dados da cultura ecaracterísticas do sistema de drenagem. Com isso foifeita uma análise de sensibilidade do modelo, medi-ante incrementos positivos e negativos (-50% a 50%)da condutividade hidráulica do solo saturado (Ko) edo Curve Number (CN), para verificar a influênciadesses parâmetros na estimativa da produtividade dacana-de-açúcar para Piracicaba, SP. Os resultados ob-tidos mostraram que o modelo foi mais sensível aosvalores adotados de CN do que aos valores de Ko.

Palavras-chave: Modelagem. Drenagem. Lençolfreático.

SummarySensibility analysis of the SISDRENA model in

simulating sugarcane yeldSISDRENA – Drainage System is a simulation

model developed based on historical series of dailyprecipitation and potential evapotranspiration, soilphysical properties, crop data and drainage systemlay-out. It allows to simulate the position of the watertable, the drains flow, the real evapotranspiration and

the storage of water in the root zone. The presentwork had as objective accomplishes a sensibilityanalysis of the model, by positive and negativeincrements (-50 to 50%) of the soil saturated hydraulicconductivity (Ko) and Curve Number (CN), to verifythe influence of those parameters in the sugarcaneproductivity estimated for Piracicaba, SP. The obtainedresults showed that the model was more sensitive tothe adopted CN values than for Ko values

Key words: modeling, drainage, water table.

IntroduçãoA modelagem computacional assume um papel

importante ao permitir que o projetista antecipe aavaliação do desempenho e proponha otimização desistemas de drenagem agrícola (MIRANDA, 1998).Esse desempenho resulta da complexa interação exis-tente entre condições de clima, solo, planta e do pró-prio sistema, que resulta em comportamentos dife-rentes de um mesmo sistema de drenagem em anosbastante úmidos ou secos, influenciando diretamen-te na produtividade das culturas. Quando se relacio-na esse comportamento a procedimentos que esti-mam a resposta da cultura a diferentes condições deumidade do solo, torna-se possível avaliar os efeitosda drenagem sobre o crescimento e a produtividadedas culturas (FEDDES, 1988). A adversidade propor-cionada pelo encharcamento não corresponde, ne-cessariamente, à presença direta do LF por si só, massim, à deficiência de aeração no solo, que compro-mete a absorção de água e nutrientes, o transportedestes através do sistema radicular, tornando as plan-tas mais suscetíveis às doenças e à deficiêncianutricional (COSTA, 1994).

As chuvas que atingem a superfície do solo so-frem a ação de processos físicos, tais como a infiltra-ção da água no solo, a retenção na superfície e oescoamento superficial.

No caso da redistribuição da água no solo,parâmetros físicos do solo, tais como a condutividadehidráulica, são extremamente importantes, na medi-da em que auxiliam no entendimento da dinâmicada água, tornando-a fundamental para os estudosda drenagem agrícola.

DRENAGEM E QUALIDADE DE ÁGUA

Análise de sensibilidade do modeloSisdrena na simulação da produtividadede cana-de-açúcar

J. H. MIRANDAPROF. DR., DEPTO DE CIÊNCIAS EXATAS, ESALQ/USP, AV. PÁDUA DIAS,NO 11, CAIXA POSTAL 09, CEP 13418-900, PIRACICABA, SP.TEL (19) 3429-4283 RAMAL: 210. [email protected].

S. N. DUARTEPROF. DR., DEPTO DE ENGENHARIA RURAL, ESALQ/USP, PIRACICABA, SP.

J. F. G. SABADINS. RUITERGRADUANDOS DO CURSO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA, ESALQ/USP,PIRACICABA, SP.

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 793º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 79

Em relação ao escoamento superficial, dentre osmétodos utilizados, quando se dispõem apenas dedados diários de precipitação, destaca-se o métodoempírico do número da curva (SCS, 1972). Este mé-todo apresenta o valor do parâmetro CN como umdado tabelado e que depende da cobertura do solo,condição hidrológica, tipo de solo e umidade ante-cedente do solo. Quanto maior o valor de CN, maioré o escoamento superficial e menor a retenção po-tencial. Por outro lado, quando se diminui o valordeste parâmetro o escoamento decresce e a reten-ção aumenta.

Assim sendo, este trabalho teve como objetivoavaliar a sensibilidade do modelo Sisdrena diante dedesvios positivos e negativos (-50% a 50%) dosparâmetros de entrada condutividade hidráulica dosolo saturado e Curve Number (CN), verificando essainfluência na estimativa da produtividade de cana-de-açúcar, em função de um dimensionamento econô-mico obtido por MIRANDA (1998), para Piracicaba, SP.

Material e métodosO Sisdrena é um modelo unidimensional que

contabiliza os principais componentes que afetam obalanço de água em um volume de solo homogêneoe de superfície unitária, localizado equidistante en-tre dois drenos paralelos e que se estende desde acamada de impedimento até a superfície do solo(MIRANDA, 1997).

As telas de entrada do modelo permitem ao usu-ário a escolha do tipo de solo a ser simulado (conse-qüentemente escolhendo o parâmetro condutividadehidráulica do solo saturado) (Figura 1A) e na seqüên-cia permitindo a entrada dos outros parâmetros de

FIGURA 1Telas do modelo Sisdrena para permitir ao usuário a entrada dos parâmetros.

entrada, inclusive o Curve Number (CN), cujo valor édividido em três classes. O CN classe II é o parâmetrode entrada utilizado pelo modelo e por meio deinterpolações que determinam os valores do CN clas-se I e III (Figura 1B).

O agronegóciosucroalcooleirobrasileiro representaum mercado deR$ 36 bilhões ou3,5% do PIB anual

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80 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 200580 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

em que,e – erro padrão, %;ym(i) – produtividade da cana-de-açúcar para as

condições iniciais, %;ys(i) – produtividade da cana-de-açúcar para as

condições que tiveram o incremento, %;N – número de anos de comparação

Resultados e discussãoPela análise de sensibilidade observou-se que,

tanto para os desvios positivos, quanto negativos, osmaiores erros ocorreram para solos com maiores va-lores de Ko (Solo1 > Solo 2 > Solo 3). Até a umafaixa de 10%, de acréscimo, os valores de erro para oSolo 2 e Solo 3 não apresentaram variações. De ma-neira geral, em relação a Ko, os maiores erros foramdevidos a incrementos negativos desse parâmetro.

Em termos de CN, os erros foram maiores do queos observados para Ko, principalmente para o Solo 1e para incrementos positivos. Nesse caso os maioreserros seguiram a seguinte ordem: Solo 1 > Solo 3 >Solo 2. Em termos de desvios negativos os maioreserros foram, respectivamente, para Solo 2 > Solo 3> Solo 1.

Em relação à produtividade relativa média (YTm),os maiores erros foram observados para o Solo 1 emfunção de Ko seguidos do Solo 2 e Solo 3. Mas deacordo com o que foi discutido anteriormente, asmaiores variações de YTm foram obtidas em funçãodo CN, principalmente para o Solo 1. Em termos ne-gativos os valores praticamente ficaram semelhantesaos obtidos para os Solos 1 e 2. Houve uma pequenavariação no erro padrão para o Solo 3 em termos devariação negativa mas, em termos positivos, houveum aumento significativo (Figura 3). De maneirageral, pode-se observar que o modelo é sensível àsvariações do CN, o que se torna um complicador, umavez que se trata de um valor tabelado e sujeito a umasérie de comprometimentos por fatores externos,sendo difícil de ser estimado com precisão.

ConclusãoTendo em vista as condições impostas pelos in-

crementos positivos e negativos nos valores de Ko eCN, pode-se concluir que o modelo apresentou umamaior sensibilidade aos valores de CN em relação aosvalores de Ko.

Nas simulações realizadas na análise de sensibili-dade do modelo, foram utilizados dadosmeteorológicos de chuva e evapotranspiração, deuma série de 1917 a 2004 (88 anos), para Piracicaba,SP, tendo como ano mais chuvoso o de 1983 (2017,7mm) e o menos chuvoso o de 1972, com 660,3 mm,tendo como valor médio para Piracicaba, um totalanual de 1.265,2 mm. Com relação à evapotrans-piração, tem-se que o valor máximo, total anual, foide 1223,48 mm para o ano de 2002 e o mínimo de953,52, para o ano de 1917, apresentando um valormédio anual de 1.080,91 mm (Figura 2).

Foram utilizados três solos de perfil homogêneo,com texturas diferentes (franco-argiloso, argila e fran-co-argilo-siltoso), com valores de condutividade hi-dráulica saturada (Ko) de 1,0, 0,5 e 0,1 m dia-1, res-pectivamente. Esses dados foram obtidos por Duarte(1998) em uma várzea na região de Piracicaba, SP. Osparâmetros das curvas de retenção para os três tiposde solos, foram ajustados ao modelo de vanGenuchten (1980).

Os espaçamentos utilizados nas simulações fo-ram obtidos por meio de análise econômica porMIRANDA (1998), sendo respectivamente de 44 mpara o solo 1, 24 m para o solo 2 e 12 m para o solo3 e os valores de CN utilizados, que sofreram os in-crementos, positivos e negativos, foram de 64, 85 e90 para os solos 1, 2 e 3, respectivamente.

A análise do ajustamento entre as produtivida-des médias obtidas pelas simulações, tomando-secomo referência a condição inicial em ausência deincrementos foram feitas utilizando-se o parâmetroestatístico erro padrão , que é definido pela eq. 1:

FIGURA 2 – Valores totais anuais de chuva e evapotranspiração paraPiracicaba, SP, no período de 1917 a 2004.

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 813º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCOSTA, R.N.T. Espaçamento econômico de drenos laterais e a

dinâmica do lençol freático sobre o rendimento da cultura demilho (Zea mays, L.). Piracicaba, 1994. 88 p. Tese (Doutora-do) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Uni-versidade de São Paulo.

DUARTE, S.N.; FERREIRA, P.A.; PRUSKI, F.F.; MARTINEZ,M.A. Modelo para avaliação de desempenho de sistemas dedrenagem subterrânea e cálculo de espaçamento de drenos.Parte II: validação de campo e aplicação. Engenharia Agrí-cola, Jaboticabal, v.18, n.2, p.32-44, 1998.

GENUCHTEN, M. T. van. A closed-form equation for predictingthe hydraulic conductivity of unsaturated soils. Soil ScienceSociety of America Journal, v.44, n.3, p.892-898, 1980.

FEDDES, R.A. Effects of drainage on crops and farmmanagement. Agricultural and Water Management, v.14,n.1, p.3-18, 1988.

MIRANDA, J.H. Modelo para simulação da dinâmica da águaem sistemas de drenagem subterrânea e cálculo doespaçamento econômico entre drenos. Piracicaba: ESALQ,1997. 89 p. Dissertação Mestrado.

MIRANDA, J.H.; DUARTE, S.N.; VIANA, T.A.; SOUSA, Ser-gio A.V. Cálculo do espaçamento econômico entre drenospara três localidades do Brasil pelo modelo SISDRENA. In:CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE INGENIERIARURAL, 1998, La Plata. ANAIS-CDROM. La Plata: ALIA,1998. p. 1-5.

USA. Soil Conservation Service. National engineering handbook:IV. Hydrology. Washington: Department of Agriculture. 1972,1/v.

FIGURA 3 – Representação gráfica dos valores de erro padrão obtidos pelos incrementos positivos e negativos de Ko (A), CN (B) ede produtividade relativa em função de Ko (C), em função de CN (D)

A região Nordeste detém o terceiro menor custo de produção mundialde cana irrigada e concorre com os demais países do mundo

(A) (C)

(B) (D)

FOTO: FRANCISCO LOPES FILHO

82 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 200582 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

FRANCISCO JOSÉ FIRMINO CANAFÍSTULA

FÍSICO. UNIV. FEDERAL DO CEARÁ, DENA, BLOCO 804. CAMPUS DO

PICI. TEL (85) 4008-9765. [email protected]

ADUNIAS DOS SANTOS TEIXEIRA

RENATO SÍLVIO DA FROTA RIBEIRO

PROFS. ADJ., PH.D., DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA,UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA, CE.

RUBENS SONSOL GONDIM

FÁBIO RODRIGUES DE MIRANDA

PESQUISADORES. EMBRAPA. CNPAT, FORTALEZA, CE.

ResumoApresenta o desenvolvimento, instalação e teste

de um sistema de aquisição e controle de irrigação.O sistema de aquisição de dados é composto porsensores tipo watermark e um datalogger comercial.O controle da irrigação é efetuado utilizandohardware e software para controle em loop fecha-do. O objetivo do controle é manter o potencialmatricial da água no solo em um nível pré-determi-nado. A instalação foi efetuada com sucesso e a eta-pa de testes, de aquisição de dados e de ajustes estáem andamento.

Palavras-chave: Sensor. Controlador. Irrigação.

SumaryClosed loop feedback control for precision

irrigationThis paper presents the development, setup and

test of a system for data acquisition and irrigationcontrol. The data acquisition system is comprised ofwatermark sensors and a data logger. The controlcomponent is made of hardware and software for afeedback loop control. The goal is to maintain a soilwater matrix potential in a pre-defined value.

Key words: sensor, controller, irrigation

IntroduçãoApesar de décadas de domínio da tecnologia do

manejo de aplicação de água na agricultura irrigada,até hoje não se observa o comprometimento dos pro-dutores e irrigantes nessa tão importante etapa doprocesso de irrigação. É provável que a causa desse

ENGENHARIA DE IRRIGAÇÃO

Controle de malha fechadapara irrigação de precisão

problema esteja relacionada com um maior requeri-mento de capacitação e, principalmente, devido aoaumento de informações e decisões necessárias. Oque advém desse problema é geralmente o excessode água aplicada, o maior consumo de energia, acontaminação das águas subterrâneas e do ambien-te, a salinização dos solos, a redução de produção e,algumas vezes, o fracasso total do empreendimento.Para solucionar esse problema propusemos a utiliza-ção da automação dos sistemas de irrigação. O obje-tivo deste trabalho é apresentar um sistema automá-tico de aquisição de dados e controle desenvolvido einstalado, visando efetuar o manejo da irrigação emum campo experimental de bananeira irrigada.

O sensor utilizado para a medida da resistênciaelétrica do solo é constituído basicamente de doiseletrodos inseridos em um bloco poroso, de gesso,nylon ou fibra de vidro (Klar, 1988). A umidade dosolo é medida em função de sua resistência à passa-gem de uma corrente elétrica, sendo a resistênciaobtida de forma indireta, utilizando-se a Lei de Ohme uma ponte de Wheatstone. Sendo assim, solosúmidos oferecem menor resistência que solos secos.

Segundo Yoder et. al. (1998), a faixa de umidadedo solo medida com esse aparelho vai de 10 kPa a1500 kPa, intervalo entre capacidade de campo eponto de murcha permanente, respectivamente.

Segundo Miranda e Pires (2001), a grande vanta-gem desse método seria a sua praticidade e rapidezna determinação da umidade.

Trotter (1984) menciona a relação à importânciade fazer calibração, identificando que esta serve pararemover duas fontes de erro muito importantes, ouseja, a não linearidade da envergadura e a repetiti-vidade do off-set. A importância da adequação doprojeto eletrônico permite eliminar duas outras fon-tes de erro, ruído eletrônico e sensibilidade de saídada tensão de excitação. Segundo o autor, o ruído podeser reduzido por filtragem, ou pelo uso de umconversor analógico digital integrado. A sensibilida-de de saída da tensão é conseguida escolhendo umafonte de tensão com regulador, com suficiente esta-bilidade de temperatura e de tempo.

Várias estratégias de controle têm sido imple-mentadas nos últimos anos, dentre elas destacam-se

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 833º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 83

os trabalhos de Phene (1989), usando retroali-mentação, que visa manter um conteúdo de águaconstante no solo, e de Ribeiro e Yoder (1997), queutilizaram controle com base em inteligência artifi-cial para imitar o critério humano de tomada de de-cisões.

Sistema de aquisição dedados e controle

O monitoramento do potencial de água no soloé feito por meio de um sistema de aquisição de da-dos. São utilizadas 16 baterias de sensores e cadabateria é formada por três sensores, instalados a pro-fundidade de 10 cm, 30 cm e 50 cm. Temos entãoquatro tratamentos e quatro repetições que perfa-zem o total de 48 sensores de umidade do solo. Comoesses sensores são sensíveis às variações da tempera-tura, foi necessário monitorar também essa grande-za para os três níveis de profundidade de instalaçãodos sensores de umidade, através de sensores de tem-peratura instalados na área.

O sistema de aquisição de dados realizava oprocessamento dos dados obtidos dos sensores deacordo com algoritmo projetado e, em seguida, fa-zia o controle de irrigação de modo automático con-forme a necessidade da cultura. Na Figura 1, é apre-sentado o diagrama esquemático do sistema.

Algoritmo de controleO processamento do sistema teve início na aqui-

sição dos valores de umidade e temperatura, em grausCelsius, obtidos dos sensores a 10, 30 e 50 cm. Aumidade era medida de maneira indireta a partir da

resistência elétrica dos sensores em ohms. A seguin-te equação era utilizada para calcular o valor do po-tencial matricial do solo em kPa:

PMS = (2,678+0,003892*R*1000)/(1-0,01201*T)

em que:PMS = potencial matricial do solo em kPa; R =resistência elétrica em ohms; T = temperatura em ºC.

Os valores obtidos dos sensores, quatro para cadatratamento, eram comparados entre si para a toma-da de decisão do sistema de acordo com os seguin-tes passos:

· Se o PMS em 3 dos sensores do tratamento 1,profundidade 10cm é e” 15kPa, liga bomba 1;

· Se o PMS em 3 dos sensores do tratamento 2,profundidade 10cm é e” 30kPa, liga bomba 2;

· Se o PMS em 3 dos sensores do tratamento 3,profundidade 10cm é e” 45kPa, liga bomba 3;

· Se o PMS em 3 dos sensores do tratamento 4,profundidade 10cm é e” 60kPa, liga bomba 4;

· Se o tempo de irrigação e” 150 min e o PMS em2 dos sensores do tratamento 1, profundidade 30cm < 12kPa, desliga bomba 1;

· Se o tempo de irrigação e” 240 min e o PMS em2 dos sensores do tratamento 2, profundidade 30cm < 12kPa, desliga bomba 2;

· Se o tempo de irrigação e” 270 min e o PMS em2 dos sensores do tratamento 3, profundidade 30cm < 12kPa, desliga bomba 3;

· Se o tempo de irrigação e” 300 min e o PMS em2 dos sensores do tratamento 4, profundidade 30cm < 12kPa, desliga bomba 4.

A capacitação doirrigante estádiretamente ligadaao domínio detecnologia domanejo de irrigação

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84 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 200584 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

Configuração do sistema de aquisição de da-dos e controle de irrigação

Além dos sensores de umidade e sensores de tem-peratura do solo, o sistema de aquisição de dados econtrole é composto também por datalogger,multiplexadores, controlador e bombas centrífugas,conforme apresentado na Figura 1.

Sensores de potencial matricial do soloPatenteados em 1985 e fabricados desde 1989,

pela Irrometer Company Inc. de Riverside, Califórnia,os sensores Watermark foram os de umidade do soloutilizados no sistema.

De acordo com o fabricante, o sensor Watermarkconsiste de dois eletrodos concêntricos, inseridos emuma matriz de material especial, a qual é envolta emantida no lugar por uma chapa de aço inoxidável.Esse sensor é ligado em série com um resistor pa-drão, formando, assim, um divisor de tensão (Figura2). A tensão elétrica que é enviada ao sistema de

aquisição de dados é proporcional ao potencialmatricial do solo . O material da matriz foi seleciona-do para refletir ao máximo a mudança da tensão elé-trica dentro da faixa correspondente à do crescimen-to das culturas. Quando em operação, essa matrizestá, constantemente, absorvendo ou perdendo aumidade para o solo. À medida que o solo seca, aumidade do sensor é reduzida e a tensão elétrica entreos dois eletrodos aumenta. O sensor é fabricado departes não corrosivas e resiste por vários anos de uso.O sensor mede 22,2 mm (7/8") de diâmetro por 50,8mm (2") de comprimento.

Sensor de temperaturaO sensor de temperatura é um termistor. Esse

componente eletrônico apresenta variação na suaresistência elétrica em função da temperatura a queele é submetido. Seu princípio de funcionamento temcomo base a tecnologia dos semicondutores. Essesensor também é ligado em série com um resistor

FIGURA 1 – Diagrama esquemático do sistema.

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 853º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 85

padrão, formando, assim, um divisor de tensão paracoleta da amostragem da tensão que irá definir ovalor medido da temperatura. A excitação do con-junto é feita através de um sinal de corrente contí-nua.

DataloggerO equipamento utilizado foi o modelo CR10X da

marca Campbell Scientific Inc. Este dispositivo faz acoleta de valores das grandezas medidas pelossensores e seu processamento, atuando também nosdispositivos de controle do sistema. (Veja as Figuras1 e 2)

MultiplexadoresEste dispositivo viabilizava a aquisição de dados

de vários sensores por apenas um canal do sistemade aquisição de dados. Através do multiplexador, cadasensor tem seu sinal enviado ao sistema de aquisiçãode dados em seqüência predefinida no tempo. A se-qüência e o período em que o sinal de cada sensorfica disponível para o sistema de aquisição de dadossão definidos por sua programação.

Controlador de cargaO controlador de carga é um dispositivo que re-

cebe a informação através de um endereço do siste-ma de aquisição de dados para controlar dispositi-vos acionadores de carga elétrica. Contém 16 relésque são controlados pelo sistema de aquisição dedados através de uma função específica, onde cadarelé apresenta um contato NA/NF, sendo seu estadodeterminado pelo processamento do programa dosistema de aquisição de dados.

Chave de partida e eletrobombaEste dispositivo de manobra de carga elétrica é

composto de um contactor de força, um relé térmicode sobrecarga e botoeiras liga e desliga. Sua funçãoé acionar os motores elétricos do sistema. A chavede partida é controlada remotamente pelocontrolador de carga e tem também como funçãoproteger a carga contra sobrecarga e curto circuito,através do relé térmico de sobrecarga. A eletrobombaera composta por um motor elétrico monofásico de3 CV, que acionava uma bomba centrífuga.

ConclusãoO sistema foi montado, instalado e encontra-se

já em fase de teste, executando aquisição de dados econtrole.

Agradecimentos:Banco do Nordeste – Fundeci

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASHILLEL, D. Fundamentals of soils physics. Academic press:

San Diego, California, 1980.413p.KLAR, A.E. Água no sistema. 2ª ed. São Paulo: Nobel, 1988.

408p.MIRANDA, J.H.; PIRES, C.M.P. Irrigação. Piracicaba:

FUNEP, 2001. 410p. (Série Engenharia Agrícola, 1).PHENE, C. J. Techniques for Computerized Irrigation

Management. Computers and Electronics inAgriculture, Elsevier Science Publishers B.V.,Amsterdam, 3:189-208, 1989

RIBEIRO, R.S.F. & YODER, R.E. An Automated FuzzyIrrigation Control System. In Proceedings: The 18th

Annual Irrigation Association Exposition and TechnicalConference, American Irrigation Association,Nashville, pp. 171-178, 1997.

TROTTER, C.M. Errors in reading tensiometer vacua withpressure transducers. Soil Science, v. 138, n. 4, p. 314-316, oct. 1984.

YODER, R.E.; JOHNSON, D.L.; WILKERSON, J.B.;YODER, D.C. Soil water sensor performance. AmericanSociety of Agricultural Engineers, v. 14, n. 2, p. 121-133, 1998.

FIGURA 2 – Esquema de ligação do sensor de umidade

V2[2,5V]

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SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS

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2

O excesso de águaaplicada podeprovocar, além deprejuízos, ofracasso doempreendimento

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R. T. DE FARIAPESQ., IAPAR, CX POSTAL 481, CEP 86001-970, LONDRINA, PR.TEL (43) 3376-2422. [email protected]

D. L. FLUMIGNANACADÊMICO DO CURSO DE AGRONOMIA DA UEL, BOLSISTA DO CNPQ/PIBIC/IAPAR, LONDRINA, PR.

ResumoPara determinar a evapotranspiração máxima

(ETm) e coeficiente de cultivo (Kc) durante o primei-ro ano de produção de cafeeiros em Londrina, PR,foram usados lisímetros de pesagem para tratamen-tos irrigados por aspersão e gotejamento. Em geral,os valores de ETm e Kc variaram, principalmente,devido ao método de irrigação, taxa de evapotrans-piração de referência e índice de área foliar. O trata-mento irrigado por aspersão apresentou maiores va-lores de ETm e Kc comparados com o tratamento ir-rigado por gotejamento. Para aspersão, os valoresde ETm e Kc variaram de 1,2 a 8 mm dia-1 e 0,4 a 1,7na primavera, 2,1 a 9,7 mm dia-1 e 0,5 a 2,7 no ve-rão, 0,4 a 8,8 mm dia-1 e 0,3 a 1,9 no outono e 0,5 a4,6 mm dia-1 e 0,4 a 2,0 no inverno. Para gotejamento,ETm e Kc variaram de 1,3 a 5,5 e 0,4 a 1,7 na prima-vera, 1,6 a 7,7 e 0,5 a 2,6 no verão, 0,4 a 8,2 e 0,3 a1,7 no outono e 0,5 a 4,6 e 0,4 a 2,0 no inverno.

Palavras-chave: Lisímetros. Irrigação. Demandahídrica.

AbstractEvaporation and crop coefficients for coffee

trees under springler and drip irrigation duringprodutive phase

This study had as objectives to determinemaximum evapotranspiration (ETm) and cropcoefficients (Kc) for coffee trees during the first yearof production in Londrina, PR, Brazil. Weightinglysimeters were used to determine ETm for treatmentswith sprinkler and drip irrigation. In general, thevalues of ETm and Kc varied mostly due to irrigationmethod, reference evapotranspiration and leaf areaindex. The treatment with sprinkler irrigationpresented higher rates of ETm and Kc as compared

MANEJO DE IRRIGAÇÃO

Evaporação e coeficientes de cultivo paracafeeiros em fase de produção, irrigados poraspersão e gotejamento

to the treatment with drip irrigation. For the sprinklertreatment, ETm and Kc varied from 1.2 to 8.0 and0.4 to 1.7 in the Spring, 2.1 to 9.7 and 0.5 to 2.7 inthe Summer, 0.4 to 8.8 and 0.3 to 1.9 in the Fall and0.4 to 7.4 and 0.4 to 1.7 in the Winter. For dripirrigation, ETm and Kc ranged from 1.3 to 5.5 and0.4 to 1.7 in the Spring, 1.6 to 7.7 and 0.5 to 2.6 inthe Summer, 0.4 to 8.2 and 0.3 to 1.7 in the Fall and0.5 to 4.6 and 0.4 to 2.0 in the Winter.

Key words: lysimeter, irrigation, consumptive use,

IntroduçãoQuantificar o consumo de água das culturas é de

suma importância para os diversos campos de apli-cação na agricultura, tais como estudos dezoneamento agrícola, monitoramento agroclimático,manejo de irrigação e estudos hidrológicos em ge-ral.

A evapotranspiração compreende os processos deevaporação da água do solo e de transpiração. Emcondição de suprimento hídrico ideal, define-se aevapotranspiração máxima de cultivo (ETm). Dentreos métodos utilizados para se determinar a ETm, oslisímetros de pesagem são os mais precisos. Consis-tem na medição da variação de massa de um blocode solo isolado, em curtos intervalos de tempo(Howell et al., 1985).

A demanda da atmosfera é dada pelaevapotranspiração de referência (ETo), quecorresponde à perda de água de uma superfície hi-potética padrão (Allen et al., 1998), sendo calculadaa partir de dados climáticos medidos em estaçõesmeteorológicas.

A relação entre ETm determinada experimental-mente e o valor de ETo calculado para o período cor-respondente resulta no coeficiente de cultivo (Kc)(Doorenbos & Kassam, 1979). A determinação devalores precisos de Kc possibilita estimar valores deETm para outros períodos e localidades, usando-sevalores de ETo determinados em estaçõesmeteorológicas próximas do local de cultivo.

Os valores de ETm e Kc podem variar principal-mente em função do tipo de cultura, estádio de de-senvolvimento, freqüência de chuvas ou irrigação,

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 873º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 87

além de fatores que condicionam o desenvolvimen-to da área foliar, tais como a fertilidade do solo e aocorrência de pragas e doenças.

Em condições irrigadas, além da freqüência deaplicação de água, o método de irrigação tambémafeta a ETm e o Kc. Assim, espera-se maior consumohídrico, quando se utiliza a aspersão, em compara-ção ao gotejamento, devido às maiores perdas porderiva e evaporação, em conseqüência domolhamento de toda a área do terreno.

O objetivo deste trabalho foi determinar a ETmdo cafeeiro irrigado por aspersão e gotejamento e osseus respectivos valores de Kc, no primeiro ano deprodução, na região de Londrina-PR.

Material e métodosO estudo foi realizado na Estação Experimental

do Iapar em Londrina, PR, Brasil (latitude 23º18’S;longitude 51º09’W; altitude 585m), em LatossoloVermelho eutroférrico e clima subtropical úmido(Cfa). Foram usados três lisímetros de pesagem, cul-tivados com cafeeiros (Coffea arabica, L.) da cultivarIapar 59, plantados em outubro de 2002, noespaçamento 2,1 x 1,7 m, com duas plantas por cova.

Os lisímetros possuíam dimensões de 1,4 x 1,9 mde superfície e 1,3 m de profundidade e contavamcom sistema de drenagem, conjunto de alavancaspara redução de peso, células de carga para medidae sistemas de aquisição e armazenamento de dados,conforme descrito por Faria et al. (2003).

Os tratamentos consistiram de irrigação por as-persão dos cafeeiros em dois lisímetros e porgotejamento no outro. As aplicações de água foram

realizadas com freqüência de duas a três vezes porsemana, visando manter o solo com umidade próxi-ma à capacidade de campo.

Os valores de ETm foram determinados pela vari-ação de massa dos lisímetros (“A), após descontar aquantidade de precipitação (P), irrigação (I), drena-gem (D) e escorrimento superficial (ES), de acordocom a seguinte equação:

ADESIPETm ∆±−−+=Os valores de ES foram considerados nulos,

devido à sua retenção pelas bordas elevadas doslisímetros.

A precipitação e os demais elementos meteoro-lógicos necessários para o cálculo da ETo pelo méto-do Penman-Monteith foram obtidos da EstaçãoMeteorológica do Iapar, localizada ao lado do expe-rimento. O cálculo da ETo foi realizado, usando o Pro-grama Clima (Faria et al., 2002).

Resultados e discussãoO estudo foi realizado no período de setembro de

2003 a agosto de 2004 (safra 03/04), correspondenteao primeiro ano de produção da lavoura. Nesse perío-do, o índice de área foliar (IAF) variou de 0,1 a 2,0 naaspersão e de 0,1 a 2,4 no gotejamento (Fig. 1).

As médias mensais dos valores de ETo e Etm, paraos dois métodos de irrigação, são apresentadas naFigura 2 e os valores correspondentes de Kc, na Figu-ra 3.

De maneira geral, a evapotranspiração e o coefi-ciente de cultivo (Figs. 2 e 3) variaram em função dométodo de irrigação, da demanda da atmosfera e doíndice de área foliar dos cafeeiros.

A quantificação doconsumo de águadas culturas é desuma importânciapara os diversoscampos deaplicação daagricultura

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FIGURA 3 – Médias mensais dos coeficientes de cultivo de cafeeiros irrigados poraspersão e gotejamento

FIGURA 1 – Evolução do índice de área foliar dos cafeeiros irrigadospor aspersão (IAF-Aspersão) e gotejamento (IAF-Gotejamento)

FIGURA 2 – Médias mensaevapotranspiração máxim(ETm-Aspersão) e gotejam

FIGURA 4 – Curso horário de cafeeiros irrigados porapós irrigação de lâmina d

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 893º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 89

O tratamento irrigado por aspersão apresentoutaxas mais elevadas de evapotranspiração e coefi-cientes de cultivo do que o cafeeiro irrigado porgotejamento, exceto nos meses mais frios (maio-ju-nho-julho). No tratamento com aspersão, os valoresde ETm e Kc variaram, respectivamente, de 1,2 a 8,0mm dia-1 e 0,4 a 1,7 na primavera, 2,1 a 9,7 mm dia-1

e 0,5 a 2,7 no verão, 4 a 8,8 mm dia-1 e 0,3 a 1,9 mmdia-1 no outono e 0,4 a 7,4 e 0,4 a 1,7 no inverno. Notratamento com gotejamento, ETm e Kc variaram,respectivamente, de 1,3 a 5,5 e 0,4 a 1,7 na primave-ra, 1,6 a 7,7 e 0,5 a 2,6 no verão, 0,4 a 8,2 e 0,3 a 1,7no outono e 0,5 a 4,6 e 0,4 a 2,0 no inverno.

As maiores taxas de ETm e Kc para o tratamentoirrigado por aspersão devem-se à maior área demolhamento, que resulta em maior perda por eva-poração no período após a irrigação, em compara-ção ao gotejamento, o que demonstra a melhor efi-ciência de aplicação de água desse segundo trata-mento. Esse efeito é ilustrado na Figura 4, pela vari-ação horária da taxa de ETm durante um dia (09/02/2004), quando se aplicou uma lâmina de 15mm, às8 horas, nos dois tratamentos.

No período compreendido entre setembro de2003 e abril de 2004 os cafeeiros encontravam-se comintenso enfolhamento e atividade reprodutiva, o que,aliado às altas taxas de ETo, justifica os altos valoresde ETm. Já nos meses de maio a agosto de 2004, asplantas encontravam em fase de senescência e, asso-ciado às baixas taxas de ETo, resultaram-se nas bai-xas taxas de ETm (Fig. 2).

ConclusãoO tratamento irrigado por aspersão apresentou

maiores valores de ETm e Kc comparados com o tra-tamento irrigado por gotejamento.

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Paper 56, 301p, Roma, 1998.Doorenbos, J.; Kassam, A. M. Yield response to water. FAO

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is de evapotranspiração de referência (ETo) ea de cultivo de cafeeiros irrigados por aspersão

mento (ETm-Gotejamento)

da evapotranspiração de referência (ETo) e evapotranspiraçãor aspersão (ETm-Aspersão) e gotejamento (ETm-Gotejamento)de 15mm, às 8 horas do dia 09/02/2004

90 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 200590 ITEM • Nº 67 • 3º trimestre 2005

W. L. C. SILVAPESQUISADOR. EMBRAPA SPD, AV. W3 NORTE. CEP 70770-901,BRASÍLIA, DF, BRASIL. [email protected]

A. G. CALBOPESQ., EMBRAPA HORTALIÇAS, BRASÍLIA, DF.

ResumoIrrigas é um sistema para medir tensão de água,

constituído de uma cápsula porosa (sensor) ligadapor um tubo a um dispositivo de aplicar/medir pres-são de gás. A tensão de água (T) é obtida com asexpressões: T = Td-p e T = Ts p, em que Td é a tensãocrítica de dessorção da água (início de borbulha-mento), Ts é a tensão crítica de sorção (fim deborbulhamento) e p é a pressão gasosa. Diferente-mente dos tensiômetros comuns, a cavidade da cáp-sula porosa do Irrigas é cheia de ar, não requer adi-ção de água e tampouco correção de pressãohidrostática. Por sua robustez, o Irrigas praticamen-te não necessita manutenção e, por esta razão, é idealpara o manejo de irrigação, principalmente com ouso de automação. Atualmente, sensores Irrigas dediferentes tensões críticas de água (Td) estão sendoutilizados para o manejo de irrigação no Brasil, Esta-dos Unidos e Europa, onde vem sendo objeto de es-tudos, principalmente para o manejo da irrigação dehortaliças. Todos os resultados obtidos até aqui com-provam a robustez e confiabilidade do Irrigas comoinstrumento fundamental para fins de manejo de ir-rigação. Sistemas Irrigas comerciais para controlar atensão de água são selecionados de acordo com atensão crítica de água para a cultura.

Palavras-chave: Automatização. Sensor. Tensãode água.

SumaryIrrigas System – a reality in irrigation manage-

ment in Brasil and abroadIrrigas is a water tension measuring system made

out of a porous cup (sensor), connected to a gaspressurizing/measuring device by a flexible tube.Water tension (T) is obtained from the equation T=Tdp or T=Ts p, where Td is the sensor desorption critical

MANEJO DE CULTURAS IRRIGADAS

Sistema Irrigas, uma realidade no manejode irrigação no Brasil e no exterior

water tension (Bubbling beginning), Ts is the sensorsorption critical water tension (bubbling ceasing) andp is the applied gas pressure. Differently fromordinary tensiometers, the Irrigas porous cup cavityis filled with air. This characteristics makes the Irrigassystem nearly maintenance free and also eliminatesthe need of making hydrostatic pressure correctionsfor sensor depth and it is very suitable for automaticirrigation controlling systems. Presently, Irrigassystems with sensors of different critical watertensions (Td) are being used for irrigation schedulingby growers and it has also been studied by importantinstitutions in Brazil, United States and Europe.Results so far obtained have shown that Irrigassystems are suitable for irrigation scheduling of fruittrees, vegetables, major crops and ornamentals. Theappropriate system to meet each particular irrigationscheduling demand, is obtained from commercial Ir-rigas systems selected according to crop critical watertension requirements.

Key words: Automation. Sensor. Water tension.

IntroduçãoIrrigas é a denominação do sistema gasoso de

manejo de irrigação desenvolvido e patenteado pelaEmbrapa. A marca inclui sensores de cápsulas poro-sas com desenhos e propriedades variadas, acessóri-os e até mesmo sistemas completos de manejo deirrigação agrícola e doméstico com variada sofistica-ção.

No campo, sensores Irrigas de tensões críticas deágua de 25 kPa e 40 kPa têm sido utilizados para omanejo de irrigação por gotejamento, aspersão e emsulcos. Nestes usos agrícolas, em áreas maiores, ossensores Irrigas geralmente são utilizados na formade estações de controle de irrigação, cada uma con-tendo de três a cinco sensores, em um local repre-sentativo e de fácil acesso, à semelhança das bateri-as de tensiômetros.

A leitura dos sensores Irrigas pode ser feita dediferentes maneiras. A forma mais simples e barata épelo tradicional teste de imersão da cuba para verifi-car se a cápsula porosa do Irrigas continua imperme-ável ao ar. Esse mesmo teste também pode ser feito

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 913º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 91

com facilidade ainda maior utilizando-se sinalizadoresde irrigação (CALBO & SILVA, 2003), ou com o leitorMPI-03 (POZZANI, 2004) (Fig. 2). Alternativamente,o sensor Irrigas pode servir diretamente a sistemastensiométricos de manejo automático da irrigaçãocomo, por exemplo, com o sistema MRI (POZZANI,2004).

Quando o Irrigas é usado para determinar o mo-mento da irrigação e/ou para ajustar a lâmina de Irri-gação, é comum agrupar vários sensores em esta-ções de controle, geralmente com três a cinco paresde sensores Irrigas, instalados em duas profundida-des (Fig. 1). Os sensores Raiz devem ser instalados naporção intermediária da profundidade efetiva do sis-tema radicular, e são aqueles empregados para de-terminar o momento da irrigação Os sensores Limi-te, instalados a uma profundidade duas a três vezesmaior são utilizados para ajustar a lâmina de irriga-ção e não devem permanecer sempre “secos”, vistoque isto é indicativo de lâmina de irrigação insufici-ente. Por outro lado, estes também não devem per-manecer todos e sempre “úmidos”, visto que isso éindicativo de lâmina de irrigação excessiva (POZZANI,2004).

Os sensores Irrigas são robustos, duráveis e prati-camente não requerem manutenção. Por estas razõessão de uso prático em manejo manual de irrigação e,mais ainda, em irrigação automatizada, onde sãosensores de tensão de água quase ideais (CALBO &SILVA, 2003, 2005a,b; CALBO et al., 2004).

As propriedades físicas principais dos sensoresIrrigas são, respectivamente, as pressões de início (Td)e fim (Ts) de borbulhamento. Td corresponde à ten-são crítica da água no solo, acima da qual o sensorIrrigas torna-se permeável ao ar. A propriedade Ts,por outro lado, é de magnitude um pouco menorque Td sendo muito valiosa em tensiômetros a gás(CALBO & SILVA, 2003 e 2005b), como no sistemaMRI (POZZANI, 2004). Do ponto de vista de manejode irrigação, os sensores Irrigas são comercializadosem diferentes dimensões e cada um comespecificação de tensão crítica (Td).

A variedade de aplicações de sistemas Irrigas de-pende da adaptação a cada necessidade específicade manejo de irrigação. Além das qualidades já des-

FIGURA 1 – Estação de controle de irrigação com sensoresIrrigas istalados em duas profundidades.

FIGURA 2 – Acima um sensor Irrigas com cuba transparente verifica seo solo está com tensão de água maior ou menor que a tensão críticado Irrigas pelo teste de imersão em um frasco com água. Abaixosensores Irrigas sendo lidos com um aparelho MPI-03

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critas, os sensores Irrigas, em geral, custam de 5% a25 % do tensiômetro comum e são muito mais sim-ples de usar, principalmente pelo fato de sua cápsulaporosa ser cheia de ar.

Realidade no BrasilNo Brasil sensores Irrigas vêm sendo usados para

o manejo de irrigação de culturas as mais variadas,abrangendo fruteiras, hortaliças, grandes culturas,pastagens, jardins e plantas em vaso. Pesquisadoresde diversas instituições têm trabalhado na avaliaçãodesses sensores em comparação com outros méto-dos e instrumentos para manejo de irrigação. Algu-mas linhas de trabalho atualmente em desenvolvi-mento são:

1. Na Unesp, em Jaboticabal, trabalhos de carac-terização de cápsulas porosas de sensores Irrigas(MEDINA & PAVANI, 2002) e estudos de manejo demudas de citros com sensores Irrigas têm sidoefetuados, com resultados positivos (OLIVEIRA &PAVANI, 2003);

2. Na Universidade de Brasília (UnB), estudos demanejo de irrigação do cafeeiro utilizando o Irrigastêm sido conduzidos e os resultados obtidos são fa-voráveis, em comparação com o manejo de irriga-ção com tensiômetros (SANTANA, 2003; VIANA,2004);

3. Na Embrapa Hortaliças, desenvolvimento denovos produtos (CALBO & SILVA, 2003), uso desensores Irrigas em substratos (MAROUELLI et al,2003) e transferência de tecnologia (MENDONÇA,2004).

4. Na indústria, o desenvolvimento de novossensores para fins específicos e de novos produtostem possibilitado a comercialização de sensores Irri-gas com diferentes tensões críticas e com dimensõesapropriadas para usos variados, regadores automá-ticos, leitores de Irrigas e sistemas de automatizaçãoda irrigação (ELITE MONTE ALTO, 2004; POZZANI,2004).

Realidade no exteiorNo exterior, o sistema Irrigas começou a ser

pesquisado primeiro na Alemanha em 2003. Foi veri-ficado que o sensor Irrigas de 25 kPa controla a Irri-gação do tomateiro da mesma forma que otensiômetro comum ajustado na mesma tensão deágua (PASCHOLD & MOHAMED, 2003). Plantas ma-nejadas dessas duas formas tiveram altura, númerode frutos, número de flores e número de frutos simi-lares. Adicionalmente, os autores constataram que osensor Irrigas é eficiente, muito mais barato e sim-ples de usar.

Paschold et al. (2003) apresentaram resultadosde trabalho em Congresso de Irrigação nos EstadosUnidos e publicou artigo na revista Acta Horticulturae(PASCHOLD et al, 2004) sobre manejo de irrigaçãocom o Irrigas. Dr. Paschold também avaliou o sensorIrrigas em outras hortaliças e colaborou, para que osensor Irrigas viesse a ser disponibilizado para os agri-cultores europeus através da empresa Tensio-Technik(www.tensio.de e www.blumat-shop.de). Essa empre-sa tem comercializado na Alemanha sensores Irrigasde 10 kPa, 25 kPa e 40 kPa, para serem lidos manu-almente, com o método da imersão da cubeta oucom o MPI-03 fabricados pela E-design do Brasil.

Nos Estados Unidos, o Irrigas começou a ser es-tudado na Estação Experimental de Malheur, daOregon State University, em 2004, com manejo deirrigação de hortaliças. Em cebola, o sensor Irrigasfuncionou de maneira confiável através dos ciclos deumedecimento e de secagem, em comparação comtensiômetros, com o “granular matrix sensors” (GSM)e com os sensores ECH2 (PEREIRA et al., 2004 e 2005).Na Estação Experimental de Malheur, novos estudossobre o uso do Irrigas estão em desenvolvimento,desta vez com a cultura da batata, com e sem o usode mulching.

Considerações finaisDiferentemente dos tensiômetros comuns, a ca-

vidade da cápsula porosa do Irrigas é cheia de ar.Esta característica é importante, pois este sensor nãorequer enchimento com água e tampouco manuten-

FIGURA 3 – Esquema de sensores Irrigas istalados em duasprofundidades.

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 933º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 93

ção freqüente. Dessa forma, o Irrigas é um sensorcom propriedades ideais para o manejo de irrigação,com equipamentos modernos e automação. Resul-tados promissores de pesquisa com o uso do Irrigaspara o manejo da irrigação do cafeeiro foram apre-sentados por SANTANA (2003) e por VIANA (2004),para tomate de mesa, por PASCHOLD et al., (2003),para pimentão em substrato, por MAROUELLI et al.,(2003), e para cebola por PEREIRA et al., (2004 e2005).

Finalmente, para o manejo de irrigação, os pro-dutores podem-se basear nas tensões críticas de águapara as plantas e então, selecionar os sensores e sis-temas tensiométricos Irrigas comerciais adequadospara suas necessidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CALBO, A.G.; SILVA, W.L.C. Novo tensiômetro a gás di-ferencial para leitura direta da tensão da água comsensores Irrigas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DEOLERICULTURA, 45, Fortaleza, 2005b.

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MENDONÇA, J.L. Transferência das novas cultivares e dosistema de controle de uso da água de irrigação IRRI-GAS, da Embrapa Hortaliças, para aumento da efici-ência e competitividade das cadeias produtivas doagronegócio familiar de hortaliças. Projeto, Embrapa,2004.

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O Irrigas éutilizado paradeterminar omomento dairrigação ou doajuste da lâminade irrigação

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REUSO DE ÁGUA

Análise de produção do algodão coloridosob diferentes níveis de lodo de esgoto ede água residuária

LUCIANA J. D. BEZERRAFCO. JARDEL R. DA PAIXÃOMESTRANDOS, DEAG/CCT/UFCG, CAMPINA GRANDE [email protected]

ANTONIO R. S. DE ANDRADEPESQ., DR., BOLSISTA DRC/CNPQ, DEAG/CCT/UFCG,CAMPINA GRANDE PB. [email protected]

VERA. L. A. LIMAENG. AGR., PROFA, DRA, DEAG/CCT/UFCG, CAMPINA GRANDE, PB.

CARLOS A. V. DE AZEVEDOJOSÉ DANTAS NETOENG. AGR., PROFS., DR., DEAG/CCT/UFCG, CAMPINA GRANDE, PB.

IVAN GUERINI AMARALPROF., DR., DEPTO BIOFÍSICA/UNESP, BOTUCATU, SP.

ResumoPara avaliar os efeitos de diferentes níveis de lodo

de esgoto e de água residuária tratada na produçãodo algodão colorido ‘BRS Rubi’, foi conduzido umexperimento em uma área coberta, pertencente aoPrograma de Pesquisa em Saneamento Básico(Prosab), Campina Grande/PB. O delineamento expe-rimental foi inteiramente casualizado em esquemafatorial adicional [(2 x 3) +1] com três repetições e,com os seguintes tratamentos: três níveis de lodo (L1= 0, L2 = 50 e L3 = 150% da necessidade de nitro-gênio da planta), dois tipos de água (W1 - água deabastecimento e W2 - água residuária tratada) e umatestemunha composta de adubação química. Paraavaliar a produção foram feitas medidas quinzenaisdas plantas por um período de 60 dias após a seme-adura (DAS), em que foram medidas as seguintesvariáveis: número de capulho (NC), peso total docapulho (PTC) e peso médio do capulho (PMC). Osresultados mostraram que os níveis de lodo de esgo-to e os dois tipos de água promoveram aumento sig-nificativo sobre as variáveis NC, PTC e PMC, evidenci-ando-se a importância da utilização deles na produ-ção do algodoeiro.

Palavras-chave: Análise de crescimento. Lodo.Água residuária.

AbstractAnalyse n of production and development of

the colored cotton under different levels ofsewage sludge and of wastewater

This work had as objective evaluates the effectsof different levels of sewer mud and of waterresiduária treated of production of the ColoredCotton BRS Rubi. The experiment was driven in acovered area, belonging to the Program of Researchin Basic Sanitation (PROSAB), Campina Grande/PB. Theexperimental delineamento was casualizados entirelyin additional factorial outline [(2 x3) +1] with threerepetitions and, with the following treatments: threemud levels (L1 = 0, L2 = 395,5 and L3 = 792,0% ofthe need of nitrogen of the plant), two types of water(W1 - water of provisioning and W2 - water treatedresiduária) and a witness composed of chemicalmanuring. To evaluate of production they were madeweekly collections of plants by a period of 60 daysafter the sowing (DAS), where the following variableswere measured: plant height (AP), diameter of thestem (DC), and area to foliate for plant (AFP). Theresults showed that the levels of sewer mud and thetwo types of water promoted significant increase onthe variables NC, PTC and PMC, being evidenced theimportance of the use of the same in the productionof the cotton plant.

Key words: analysis growth, sewage sludge,wastewater

IntroduçãoO algodão de fibra de cor existe há milhares de

anos. Ele é tão antigo quanto o branco (BELTRÃO ECARVALHO, 2004). Na verdade, o algodão coloridofoi desenvolvido pelos povos Incas há 4.500 A.C., bemcomo por outros povos antigos das Américas, Áfricae Austrália (EMBRAPA-CNPA, 2000). De acordo comBELTRÃO (1999), a Região Nordeste já é um dos pó-los mundiais de consumo de algodão, cerca de 300mil toneladas de pluma/ano e necessita ter a produ-ção da matéria-prima novamente, em níveissatisfatórios, para não depender do produto impor-tado. A aplicação de esgotos no solo é uma formaefetiva de controle da poluição e uma alternativa vi-

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 953º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 95

ável para aumentar a disponibilidade hídrica em re-giões Áridas e Semi-Áridas (HESPANHOL, 2005).

O lodo de esgoto tem grande interesse agrícolapelo conteúdo em nutrientes minerais, principalmentenitrogênio, fósforo e micronutrientes, e pelo seu ele-vado teor em matéria orgânica, cujos efeitos no solofazem-se sentir a longo prazo, melhorando sua resis-tência à erosão e à seca, ativando a vidamicrobiológica do solo e possivelmente aumentan-do a resistência das plantas (SANEPAR, 1997). Obiossólido não deve ser considerado como simplesresíduo. Suas características físico-químicas o tornamum excelente condicionador do solo, podendo auxi-liar na melhoria das práticas agrícolas atualmente emuso no Brasil. Considerando a importância da adu-bação na produtividade das culturas, necessidade dedisposição de lodos de esgoto e de aumentar a efici-ência no uso dos recursos hídricos, este trabalho temcomo objetivo avaliar o efeito dessas técnicas na pro-dução da cultura do algodão.

Material e métodosO trabalho foi realizado em uma área coberta

pertencente ao Programa de Pesquisa em Saneamen-to Básico (Prosab), conveniado ao Departamento deEngenharia Civil da Universidade Federal de Campi-na Grande-PB, com o objetivo de avaliar os efeitosde diferentes níveis de lodo de esgoto e de águaresiduária tratada na produção do algodão colorido.Para tal finalidade, serão utilizados dados referentesàs variáveis de produção das plantas: número decapulho (NC), peso total do capulho (PTC) e pesomédio do capulho (PMC), submetidas aos diferentes

tratamentos. O experimento foi conduzido duranteo período de sessenta dias em lisímetros confeccio-nados em caixas de fibra de vidro de volume de 500L,diâmetro da face superior e inferior iguais a 110 cme 90 cm respectivamente, e 70 cm de altura. Em cadalisímetro foram colocados tubos de PVC rígido comdiâmetro igual a ¾ de polegada, perfurados comorifícios de cinco para, posteriormente, ser coletadapor meio de uma torneira com diâmetro de ¾ depolegada. O delineamento estatístico utilizado foiinteiramente casualizado, em um esquema fatorialcom tratamento adicional [(3 x 2) + 1], com três re-petições, os quais consistiram de três níveis de lodo(L1 = 0, L2 = 50 e L3 = 150%), dois tipos de água(W1 - água de abastecimento e W2 - água residuáriatratada) e uma testemunha composta de adubaçãoquímica. A água residuária foi proveniente do reatoranaeróbio de fluxo ascendente (UASB), seguido dedecantação. As unidades experimentais foram cons-tituídas de uma planta por lisímetro, perfazendo umtotal de 20 plantas. Os resultados dos efeitos dostratamentos aplicados às unidades foram analisadosestatisticamente, mediante análise de variância (tes-te F), em relação a todas as variáveis observadas e asmédias comparadas pelo teste de Tukey a 5%(BUSSAB, 2004). Para o manejo de irrigação do expe-rimento foram instalados dois tensiômetros, às pro-fundidades de 0-20 e 20-40 cm, em cada lesímetro.A hora de reposição da água era feita com base nasmédias das leituras dos tensiômetros de 20 cm decada sistema e em medições periódicas dos volumesde água drenados, para a quantidade de água a serreposta.

A aplicação do lodode esgotos ou deáguas residuáriasno solo tem grandeinteresse agrícolapelo elevado teorde matériaorgânica

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Resultados e discussõsNo Quadro 1, temos os resultados das

análises de variância dos dados das variáveiscomputadas. Verifica-se, pelo teste F, que nãohouve diferenças significativas entre os tra-tamentos para todas as variáveis estudadas;que a interação L x W foi não significativa,indicando não existir uma dependência en-tre os efeitos de alguns dos fatores: níveis delodo e água residuária. Também observou-seque não houve diferença significativa entreos fatores e a testemunha (fator adicional).Esse resultado, provavelmente, deve-se aoperíodo curto de medidas (quinzenais até operíodo de 60 dias após DAS) das variáveisque avaliam a produção. Os coeficientes devariação são considerados adequados paratodas as variáveis analisadas.

FIGURA 1– Valores médios de número de capulho (NC), peso total do capulho (PTC) e peso médio do capulho (PMC), subme-tidos aos tratamentos com água residuária (W1 e W2) e diferentes níveis de lodo de esgoto (L1=0, L2=50 e L=150%).

QUADRO 1 – Número de capulho (NC), peso total do capulho (PTC) epeso médio do capulho (PMC), submetidos aos diferentes tratamentos

Fator de variação GL Nível descritivo (Valor do p)

NC PTC (g) PMC (g)

Lodo (L) 2 0,744 ns 0,801 ns 0,128 ns

Água residuária (W) 1 0,132 ns 0,080 ns 0,978 ns

L x W 2 0,570 ns 0,327 ns 0,514 ns

Fatorial vs. Testemunha 1 0,546 ns 0,664 ns 0,767 ns

Tratamento 6 0,520 ns 0,375 ns 0,386 ns

Resíduo 14

Total corrigido 20

CV (%) 51,64 43,14 21,32

ns – não significativo, ao nível de 0,05 no teste F; GL – grau de liberdade.

25

20

15

10

5

0

Núm

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W1 W2Tratamentos

a

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Tratamentos

3º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 973º trimestre 2005 • Nº 67 • ITEM 97

As médias dos dados de NC e PTC, compara-das pelo teste de Tukey a 5%, revelaram diferençasignificativa (p < 0,05) na produção do algodãocolorido, quando submetido ao tratamento deágua, com exceção para o peso médio do capulho(PMC). Houve diferença significativa para o trata-mento lodo para os valores médios das variáveisNC e PMC, com exceção do PTC (Fig. 1). Observa-se que, para algumas das interações dos fatoresanalisados, não houve diferença significativa (Fig.2), com exceção do fator W2L0, que apresentoudiferença significativa. A Figura 1 mostra o com-portamento das variáveis analisadas em função daaplicação dos tratamentos e pode-se observar queo maior incremento de NC e PTC no experimentoocorreu na presença de W2. No tocante ao trata-mento com lodo de esgoto (L), verificou-se que omaior incremento de NC, PTC e PMC no experi-mento ocorreu na presença de L = 0, L = 50 e L =50%, respectivamente.

Pela Figura 2, vê-se claramente que apenas paraa interação dos fatores W2L0 (W2 = água de abas-tecimento e L0 = 0% da necessidade de nitrogê-nio da planta) houve diferença significativa paraa variável NC, com valor médio de 31,00. Obser-va-se também que as interações dos fatores anali-sados influenciaram significativamente a 5% deprobabilidade as variáveis de produção PTC e PMC,em que os melhores resultados dessas variáveisocorreram nas interações W2L0 e W1L1 com valo-res médios de 85,37 e 55,90 g, respectivamente.

FIGURA 2 – Valores médios de número de capulho (NC), peso total do capulho (PTC) e peso médio docapulho (PMC), para interação dos fatores analisados.

ConclusãoOs diferentes níveis de lodo e dois tipos de água

promoveram aumento significativo em nível de 5% deprobabilidade, nas seguintes variáveis de produção:número de capulho (NC), peso total do capulho (PTC) epeso médio do capulho (PMC) do algodão colorido ‘BRSRubi’. Verificou-se, pelo teste F que para as interaçõesdos fatores: lodo versus tipos de água foi não significa-tivo, indicando não existir uma dependência entre osefeitos de alguns desses fatores em estudo, porém peloteste de Tukey de comparação entre médias revelou di-ferença significativa (p < 0,05).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBELTRÃO, N.E. de M. Algodão brasileiro em relação ao

Mundo: Situação e perspectivas. In: BELTRÃO, N.E deM. O agronegócio do algodão no Brasil. Brasília:EMBRAPA comunicação para transferência de tecnolo-gia, 1999, V.1 (2v), p.15-27.

BELTRÃO, N.E. de M.; CARVALHO.L.P.de.Algodão colori-do no Brasil, e em particular no nordeste e no Estado daParaíba.Campina Grande PB: EMBRAPA Algodão, 2004.

COMPANHIA DE SANEAMWENTO DO PARANÁ.Manualtécnico agrícola do lodo de esgoto no Paraná.Curitiba:Sanepar,1997.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Algodão (Cam-pina Grande, PB).O algodão colorido no Brasil. CampinaGrande: EMBRAPA-CNPA,2000.

EMBRAPA. Produção de informação, Rio de janeiro,EMBRAPA Solos, CNPS,2001.

HESPANHOL, I. Potencial de reuso de água no Brasil: agri-cultura, industria, município e recarga de aqüíferos. In:Reuso de água/MANUSCO E SANTOS. Baueri, SP:Manole, p.37-95, 2003.

3.5

3.0

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Peso

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Combinação entre tratamentos

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a

W1L0 W1L1 W1L2 W2L0 W2L1 W2L2 W1Q

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98 • Nº 64 • 4º trimestre 2004

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