Stj Revista Sumulas 2011 25 CapSumula312

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    Smula n. 312

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    SMULA N. 312

    No processo administrativo para imposio de multa de trnsito, sonecessrias as noticaes da autuao e da aplicao da pena decorrente dainfrao.

    Referncias:

    CF/1988, art. 5, LV.CTB, arts. 280, 281 e 282.

    Precedentes:

    AgRg no Ag 401.613-SP (1 T, 06.12.2001 DJ 11.03.2002)

    REsp 486.007-RS (2 T, 22.04.2003 DJ 26.05.2003)

    REsp 509.771-RS (2 T, 19.08.2003 DJ 15.09.2003)

    REsp 540.914-RS (1 T, 25.11.2003 DJ 22.03.2004)

    REsp 594.148-RS (1 T, 04.03.2004 DJ 22.03.2004)REsp 595.085-RS (1 T, 16.12.2003 DJ 22.03.2004)

    Primeira Seo, em 11.05.2005

    DJ 23.05.2005, p. 371

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    AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 401.613-SP

    (2001/0090983-0)

    Relator: Ministro Garcia VieiraAgravante: Bayard do Couto e Silva e outrosAdvogado: Roberto Gomes Caldas Neto e outrosAgravado: Prefeitura Municipal de So Paulo e outro

    Procurador: Beatriz Ribeiro de Moraes

    EMENTA

    Agravo regimental. Notificao de autuaes. Exigncia doDetran. Ausncia de quitao. Smula n. 127.

    pedra angular do v. acrdo a existncia de noticao prviadas autuaes. No quitadas as multas resultantes, legtima aexigncia do Detran para o licenciamento.

    Agravo improvido.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Ministros daPrimeira Turma do Superior Tribunal de Justia, na conformidade dos votos edas notas taquigrcas a seguir, por unanimidade, negou provimento ao agravoregimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

    Os Srs. Ministros Humberto Gomes de Barros, Jos Delgado, FranciscoFalco e Luiz Fux votaram com o Sr. Ministro Relator.

    Braslia (DF), 06 de dezembro de 2001 (data do julgamento).Ministro Jos Delgado, Presidente

    Ministro Garcia Vieira, Relator

    DJ 11.03.2002

    RELATRIO

    O Sr. Ministro Garcia Vieira: Bayard do Couto e Silva e outros agravam-se, regimentalmente, expondo a necessidade de noticaes tanto das autuaes

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    como das prprias punies delas decorrentes, para possibilitar a defesa prvia,no se aplicando a Smula n. 7-STJ.

    Pede provimento.

    o relatrio.

    VOTO

    O Sr. Ministro Garcia Vieira (Relator): expressivamente elucidativas asrazes do voto do v. acrdo de s. 62-65 do qual anoto:

    A documentao, anexada inicial (s. 16, 19, 22-23 e 26) e os documentos

    instruindo as informaes do Diretor do Departamento de Operaes do Sistema

    Virio (DSV), via Procuradoria-Geral do Municpio, nos do conta do cumprimento

    da expedio das respectivas noticaes, tendo at um dos impetrantes, Paulo

    Csar da Costa Magalhes Jnior, recorrido da multa, anexando sua noticao

    (s. 139-140), mas sem sucesso, vista das fotograas do radar desmentindo sua

    verso (v. s. 143 e s. 163-167).

    Tendo sido efetuada a noticao das respectivas multas, legtima a exigncia

    do Detran em no licenciar os veculos, sem a comprovao da quitao das

    multas lavradas pelos agentes de trnsito, de conformidade com o art. 110 do

    ento Cdigo de Trnsito em vigor e, na atualidade em consonncia com o art.

    131, do 2, do Cdigo de Trnsito Brasileiro. Nesse aspecto, no est sendo

    ferido direito lquido e certo dos impetrantes, portanto.

    Quanto exigibilidade do prazo de 30 dias para a expedio das noticaes,

    no aplicvel espcie dos autos, pois as infraes foram cometidas

    anteriormente vigncia do novo Cdigo Brasileiro de Trnsito, e a regra do inciso

    II do pargrafo nico do art. 281, em consonncia com o disposto no art. 316 s

    passou a vigorar duzentos e quarenta dias, contados a partir da publicao das

    novas normas de trnsito, isto , 22 de maio de 1998, todas as infraes cometidas

    pelos impetrantes o foram antes desse perodo.

    O devido processo legal foi observado, pois o impetrante, Paulo Csar da

    Costa Magalhes Jnior, valendo-se da noticao (s. 139) recorreu da multa esua ingnua verso foi derrubada pela evidncia fotogrca de sua infrao (v.

    s. 163-167). As fotos do radar no deixaram qualquer dvida sobre o excesso de

    velocidade, na marginal pinheiros, na madrugada do dia 14.10.1997.

    Indiscutvel tambm a validade das multas lavradas pelos agentes da CET

    (Companhia de Engenharia de Trnsito) em face do julgado pelo Excelso Pretrio,

    afastando a exclusividade da polcia militar na scalizao de trnsito (RT 641-

    255).

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 129

    Se cabe ao Municpio organizao de sua malha urbana, sobre ela no pode

    deixar de exercer seu poder de polcia, fiscalizando os abusos individuais. A

    organizao da malha urbana assunto do peculiar interesse do municpio (art.

    30, I, da CF), decorrendo da sua legitimidade para disciplinar e scalizar o trnsito,

    lavrando seus agentes os respectivos autos de infrao.

    Com o advento do novo Cdigo de Trnsito Brasileiro, o 4 de seu art.

    280 afastou, para sempre, a tese de ilegalidade das multas lavradas pelos

    marronzinhos, admitindo que os autos de infrao sejam lavrados pelos

    servidores em geral, inclusive celetistas, alm de policiais militares designados

    pela autoridade competente de trnsito no local das infraes. (s. 63-65).

    Consta do v. acrdo, cujo trecho transcrevemos, que as informaes daautoridade coatora do conta do cumprimento da expedio das respectivasnoticaes e deram cumprimento ao artigo 110 do ento Cdigo de Trnsitoem vigor e ao artigo 131 do 2odo Cdigo de Trnsito Brasileiro.

    V-se que, sem a oportunidade do tempo processual, o agravante tentacontrariedade matria ftica, a da no noticao para possibilitar a cincia daautuao. A defesa prvia nus da parte, no est ela obrigada-a defender-se.

    Nego provimento ao agravo.

    RECURSO ESPECIAL N. 486.007-RS (2002/0151207-3)

    Relator: Ministro Franciulli NettoRecorrente: Departamento Autnomo de Estradas de Rodagem do Estado

    do Rio Grande do Sul - DAER-RSProcurador: Ernesto Diel e outros

    Recorrido: Alcides GanasiniAdvogado: Rafael Corte Mello e outros

    EMENTA

    Recurso especial. Alnea a. Processo administrativo. Cdigo deTrnsito Brasileiro (CTB). Cometimento de infrao. Necessidade denoticao do infrator em duas oportunidades: depois da autuao e

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    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

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    aps o julgamento e aplicao da penalidade (arts. 280 a 282 do CTB).ausncia de violao ao artigo 535 do CPC.

    A matria debatida nos presentes autos foi objeto de exame pelaCorte de origem, ainda que sem expressa meno dos dispositivosde lei federal tidos por violados. Como bem destacou o v. acrdoque rejeitou os embargos de declarao, relevante que tenha sidoapreciada a matria referente realizao de defesa pela prtica dainfrao de trnsito.

    O sistema de imputao de sano pelo Cdigo de TrnsitoBrasileiro (Lei n. 9.503/1997) prev duas noticaes a saber: aprimeira referente ao cometimento da infrao e a segunda inerente penalidade aplicada, desde que superada a fase da defesa quantoao cometimento, em si, do ilcito administrativo. Similitude com oprocesso judicial, por isso que ao imputado concede-se a garantia dedefesa antes da imposio da sano, sem prejuzo da possibilidadede reviso desta (REsp n. 426.084-RS, Relator Min. Luiz Fux, DJU02.12.2002).

    Recurso especial no conhecido.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos os autos em que so partes as acima indicadas,acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justia, porunanimidade, no conhecer do recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Os Srs. Ministros Joo Otvio de Noronha, Francisco Peanha Martinse Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator.

    Braslia (DF), 22 de abril de 2003 (data do julgamento).

    Ministro Franciulli Netto, Relator

    DJ 26.05.2003

    RELATRIO

    O Sr. Ministro Franciulli Netto: Cuida-se de recurso especial interpostopelo Departamento Autnomo de Estradas de Rodagem - DAER-RS, com

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 131

    fundamento na alnea a, do inciso III, do artigo 105 da Constituio daRepblica, contra v. acrdo proferido pelo egrgio Tribunal de Justia doEstado do Rio Grande do Sul cuja ementa guarda o seguinte teor:

    Administrativo. Mandado de segurana. Multa de trnsito. Existncia de

    pagamento como condio. Ausncia de noticao. Descabimento.

    ilegal a imposio de multa de trnsito sem procedimento administrativo

    regular e que assegure ao autuado o exerccio do direito de defesa atravs

    do contraditrio. No suciente a prvia intimao pessoal. indispensvel

    tambm observar a uncia do prazo de defesa.Recurso provido (. 136).

    Rejeitados os embargos de declarao (. 155), sobreveio o presente recursoespecial, no qual sustenta o recorrente, em sntese, que restou violado o comandodo artigo 535, II, do CPC, ao argumento de que o acrdo recorrido deveria terse pronunciado sobre a aplicao do disposto o art. 280, caput, e seguintes daLei n. 9.503/1997 (Cdigo de Trnsito Brasileiro). Caso assim no se entenda,alega que os artigos 280, e seguintes do CTB no estabeleceram a lei no obrigaa noticao do infrator para o oferecimento de defesa prvia em momentoanterior homologao do auto de infrao de trnsito (s. 160-170).

    Vieram as contra-razes (s. 282-296).

    o relatrio.

    VOTO

    O Sr. Ministro Franciulli Netto (Relator): Cumpre observar, inicialmente,que no h qualquer eiva a ser sanada no v. acrdo recorrido. A matriadebatida nos presentes autos foi objeto de exame pela Corte de origem, aindaque sem expressa meno dos dispositivos de lei federal tidos por violados.Como bem destacou o v. acrdo que rejeitou os embargos de declarao,relevante que tenha sido apreciada a matria referente realizao de defesapela prtica da infrao de trnsito (. 156).

    cedio que no ocorre omisso quando o acrdo deixa de responderexaustivamente a todos os argumentos invocados pela parte, certo que a falhadeve ser aferida em funo do pedido, e no das razes invocadas pelo litigante.No h confundir ponto do litgio com argumento trazido colao pela parte,principalmente quando, para a soluo da lide, bastou o exame de aspectos

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    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

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    fticos, dispensando o exame da tese, por mais sedutora que possa parecer. Seo acrdo contm suciente fundamento para justicar a concluso adotada,na anlise do ponto do litgio, ento objeto da pretenso recursal, no cabefalar em omisso, visto que a deciso est completa, ainda que diversos osmotivos acolhidos seja em primeira, seja em segunda instncia. Os embargosdeclaratrios devem referir-se a ponto omisso ou obscuro da deciso e noa fatos e argumentos mencionados pelas partes. (Embargos n. 229.270, de24.05.1977, 1 TAC-SP, Rel. Juiz Mrcio Bonilha, in Dos Embargos deDeclarao, Snia Mrcia Hase de Almeida Baptista, Ed.

    No tocante alegao da recorrente de que os artigos 280 e seguintes doCdigo de Trnsito Brasileiro no obrigam a noticao do infrator para ooferecimento de defesa prvia em momento anterior homologao do auto deinfrao de trnsito, melhor sorte no assiste irresignao.

    Entendeu a Corte de origem, acertadamente, pela necessidade de prvioexerccio do direito de defesa para imposio de multa por infrao s normasde trnsito.

    Assim, no pode a Administrao promover a noticao da infraoconcomitantemente noticao da imposio da multa.

    Como bem ressaltou o eminente Ministro Luiz Fux, em recente julgado

    da colenda Primeira Turma deste Sodalcio, o sistema de imputao de sanopelo Cdigo de Trnsito Brasileiro (Lei n. 9.503/1997) prev duas noticaesa saber: a primeira referente ao cometimento da infrao e a segunda inerente penalidade aplicada, desde que superada a fase da defesa quanto ao cometimento,em si, do ilcito administrativo. Similitude com o processo judicial, por isso queao imputado concede-se a garantia de defesa antes da imposio da sano,sem prejuzo da possibilidade de reviso desta (REsp n. 426.084-RS, DJU02.12.2002).

    Com efeito, do exame dos dispositivos do CTB que se referem ao processoadministrativo, infere-se que aps a lavratura do auto de infrao haverindispensvel noticao, que poder ser feita quando da lavratura do auto, se aautuao ocorrer em agrante, ou via correio, caso a autuao se d distnciaou por equipamentos eletrnicos. Conra-se:

    Art. 280. Ocorrendo infrao prevista na legislao de trnsito, lavrar-se- autode infrao, do qual constar:

    omissis

    VI - assinatura do infrator, sempre que possvel, valendo esta como noticao do

    cometimento da infrao.

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 133

    1 (vetado)

    omissis

    3 No sendo possvel a autuao em agrante, o agente de trnsito relatar

    o fato autoridade no prprio auto de infrao, informando os dados a respeito do

    veculo, alm dos constantes nos incisos I, II e III, para o procedimento previsto no

    artigo seguinte.

    Art. 281. A autoridade de trnsito, na esfera da competncia estabelecida neste

    Cdigo e dentro de sua circunscrio, julgar a consistncia do auto de infrao e

    aplicar a penalidade cabvel.Pargrafo nico. O auto de infrao ser arquivado e seu registro julgado

    insubsistente:

    I - se considerado inconsistente ou irregular;

    II - se, no prazo mximo de trinta dias, no for expedida a noticao da autuao.

    (Redao dada pela Lei n. 9.602, de 21.01.1998).

    Aps o julgamento e aplicao da penalidade, dever haver, ento, novanoticao:

    Art. 282. Aplicada a penalidade, ser expedida noticao ao proprietrio do

    veculo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnolgicohbil, que assegure a cincia da imposio da penalidade.

    omissis

    4 Da notificao dever constar a data do trmino do prazo para

    apresentao de recurso pelo responsvel pela infrao, que no ser inferior a

    trinta dias contados da data da noticao da penalidade. (Pargrafo acrescentado

    pela Lei n. 9.602, de 21.01.1998).

    5 No caso de penalidade de multa, a data estabelecida no pargrafo anterior

    ser a data para o recolhimento de seu valor. (Pargrafo acrescentado pela Lei n.

    9.602, de 21.11.1998).

    A exigncia advm da letra clara da lei. Como bem sintetiza a ilustreMinistra Eliana Calmon no julgamento do REsp n. 337.162-DF, DJU30.09.2002, as penalidades e medidas administrativas sancionatrias spodem ser aplicadas pela autoridade de trnsito aps regular procedimentoadministrativo, mesmo quando se constituam em infrao gravssima. o queest expresso nos arts. 265 e 281 do Cdigo de Trnsito Brasileiro.

    Ante o exposto, no conheo do recurso especial.

    como voto.

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    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

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    RECURSO ESPECIAL N. 509.771-RS (2003/0004232-5)

    Relatora: Ministra Eliana CalmonRecorrente: Estado do Rio Grande do SulProcurador: Rodrigo Krieger Martins e outrosRecorrido: Desidrio ngelo PrsicoAdvogado: Eugnio Vergani e outro

    EMENTA

    Administrativo. Cdigo de Trnsito procedimentos. Autuao.Sano: aplicao.

    1. No iterprocessual administrativo deve a autoridade obedeceraos princpios constitucionais e s normas disciplinadoras.

    2. A Lei n. 9.503/1997 prev uma primeira noticao paraapresentao de defesa (art. 280) e uma segunda noticao, aps aautuao, informando do prosseguimento do processo, para que se

    defenda o apenado da sano aplicada (art. 281).3. Ilegalidade da sano, por cerceamento de defesa, por

    inobservncia dos prazos estabelecidos no iterprocedimental.

    4. Recurso especial improvido.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos os autos em que so partes as acima indicadas,acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justia, porunanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Sra. Ministra

    Relatora. Os Srs. Ministros Franciulli Netto, Joo Otvio de Noronha e CastroMeira votaram com a Sra. Ministra Eliana Calmon.

    Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Francisco Peanha Martins.

    Braslia (DF), 19 de agosto de 2003 (data do julgamento).

    Ministra Eliana Calmon, Relatora

    DJ 15.09.2003

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 135

    RELATRIO

    A Sra. Ministra Eliana Calmon: Trata-se de recurso especial, interpostocom fulcro nas alneas a e cdo permissivo constitucional, contra acrdo doTribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul, que anulou a aplicaode multas de trnsito com a suspenso e cassao do direito de dirigir e demaispenalidades porque no observado o devido processo legal.

    Sustenta o recorrente que, no julgamento da apelao, foram violados os

    arts. 535, 131 e 458, II do CPC, porque desconsideradas as teses trazidas nasrazes de apelo.

    No mrito, alega infringncia aos arts. 280 a 282 da Lei n. 9.503/1997- Cdigo de Trnsito Brasileiro -, que no prevem a apresentao de defesaprvia no processo administrativo de imposio de multa de trnsito.

    Sustenta que, com o advento do novo CTB, no subsistem as disposiesda Resoluo n. 568/1980 e n. 744/1989 - Contran, que previam a possibilidadede apresentao de defesa prvia aps a autuao e antes da aplicao dapenalidade. Adverte, que, inclusive, inexiste na Lei n. 9.784/1999, que regula oprocesso administrativo, disposio que permite a defesa prvia.

    Desta forma, conclui que a defesa oportunizada com a noticao do atoda autoridade.

    Aps as contra-razes, subiram os autos, admitido o especial na origem.

    Relatei.

    VOTO

    A Sra. Ministra Eliana Calmon (Relatora): Aplico, relativamente aosarts. 535, 131 e 458, II do CPC, o teor da Smula n. 284-STF, considerandodeciente a fundamentao, tendo em vista que o recorrente no indicou, de

    forma clara e objetiva, quais as questes que deixaram de ser consideradaspelo Tribunal de origem e que levou a um julgamento citra petita. Apenas fezalegaes genricas, trazendo arestos que reputam nula a deciso que deixa deapreciar questes suscitadas pelas partes.

    No mrito, prequestionada a tese, passo ao exame do recurso, vericandoque a questo posta para exame a seguinte: lcita a aplicao de penalidadepor multa de trnsito antes da apresentao de defesa prvia?

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    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

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    A resposta negativa, vista das disposies constantes da Lei n.9.503/1997.

    O processo administrativo, visando aplicar sano por infringncia aoCdigo Brasileiro de Trnsito, obedece a um iter procedimental que respeitaaos princpios constitucionais exigidos para que possa o Estado, validamente,impingir a pena imposta em lei.

    importante ressaltar que, cometida a infrao, o infrator comunicadode que ser aberto contra ele processo administrativo, cabendo ao noticado

    trazer de imediato os fatos extintivos ou impeditivos que possam desfazer aautuao, como previsto no art. 280 da Lei n. 9.503/1997, in verbis:

    Art. 280. Ocorrendo infrao prevista na legislao de trnsito, lavrar-se- autode infrao, do qual constar:

    I - tipicao da infrao;

    II - local, data e hora do cometimento da infrao;

    III - caracteres da placa de identicao do veculo, sua marca e espcie, eoutros elementos julgados necessrios sua identicao;

    IV - o pronturio do condutor, sempre que possvel;

    V - identicao do rgo ou entidade e da autoridade ou agente autuador ou

    equipamento que comprovar a infrao;VI - assinatura do infrator, sempre que possvel, valendo esta como noticao

    do cometimento da infrao.

    1 (vetado)

    2 A infrao dever ser comprovada por declarao da autoridade ou doagente da autoridade de trnsito, por aparelho eletrnico ou por equipamentoaudiovisual, reaes qumicas ou qualquer outro meio tecnologicamentedisponvel, previamente regulamentado pelo Contran.

    3 No sendo possvel a autuao em agrante, o agente de trnsito relataro fato autoridade no prprio auto de infrao, informando os dados a respeitodo veculo, alm dos constantes nos incisos I, II e III, para o procedimento previstono artigo seguinte.

    4 O agente da autoridade de trnsito competente para lavrar o auto deinfrao poder ser servidor civil, estatutrio ou celetista ou, ainda, policial militardesignado pela autoridade de trnsito com jurisdio sobre a via no mbito desua competncia.

    Tem-se entendido que na noticao deve constar o prazo de trinta dias,no decurso do qual dever o autuado produzir sua defesa. Nesse sentido aResoluo Contran n. 568/80 e a Resoluo n. 829/97.

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 137

    Aps a notificao, com ou sem a defesa, passa-se ao julgamento daautuao, com a proposta de sano, tudo como previsto no art. 281 do CTN,verbis:

    Art. 281. A autoridade de trnsito, na esfera da competncia estabelecida neste

    Cdigo e dentro de sua circunscrio, julgar a consistncia do auto de infrao e

    aplicar a penalidade cabvel.

    Pargrafo nico. O auto de infrao ser arquivado e seu registro julgado

    insubsistente:

    I - se considerado inconsistente ou irregular;

    II - se, no prazo mximo de trinta dias, no for expedida a notificao da

    autuao. (Redao dada pela Lei n. 9.602, de 21.01.1998).

    Julgada a autuao com os elementos nela contidos e com os juntados nadefesa prvia, pode haver o arquivamento, ou a manuteno da sano, hipteseem que ser expedida uma segunda noticao, cienticando o infrator dodestino da autuao, para que, inclusive, possa ele recorrer, no prazo de trintadias.

    Nesse sentido, temos o teor do caputdo artigo 282 do CBT:

    Art. 282. Aplicada a penalidade, ser expedida noticao ao proprietrio do

    veculo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnolgico

    hbil, que assegure a cincia da imposio da penalidade.

    As notificaes, seja para oferecimento da defesa prvia, seja paraapresentao de recurso, devem ser devidamente comprovadas com AR, sobpena de nulidade.

    Observe-se que pode ocorrer uma autuao por sistema eletrnico descalizao, os famosos pardais, hiptese em que no h o agente do Detranno ato para lavrar o agrante. No entanto, aqui far-se- a autuao com oselementos constantes do auto eletrnico e s ento que se expede a noticao.

    A seqncia do procedimento administrativo , efetivamente, exignciamaior que se faz, conforme os precedentes desta Corte. Nesse sentido, a ementaque transcrevo:

    Administrativo. Infrao de trnsito. Penalidade. Prvia notificao. Ampla

    defesa e contraditrio. Aplicao analgica da Smula n. 127-STJ. O Cdigo de

    Trnsito imps mais de uma noticao para consolidar a multa. Armao das

    garantias ptreas constitucionais no procedimento administrativo.

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    1.O sistema de imputao de sano pelo Cdigo de Trnsito Brasileiro (Lei n.9.503/1997) prev duas noticaes a saber: a primeira referente ao cometimentoda infrao e a segunda inerente penalidade aplicada, desde que superada afase da defesa quanto ao cometimento, em si, do ilcito administrativo. Similitudecom o processo judicial, por isso que ao imputado concede-se a garantia dedefesa antes da imposio da sano, sem prejuzo da possibilidade de revisodesta.

    2. Nas infraes de trnsito, a anlise da consistncia do auto de infrao luz da defesa propiciada premissa inafastvel para a aplicao da penalidadee consectrio da garantia da ampla defesa assegurada no inciso LV, do artigo 5

    da CF, como decorrncia do due process of lawdo direito anglo-norte-americano,hoje constitucionalizado na nossa Carta Maior.

    3. A garantia da plena defesa implica a observncia do rito, as cienticaesnecessrias, a oportunidade de objetar a acusao desde o seu nascedouro, aproduo de provas, o acompanhamento do iter procedimental, bem como autilizao dos recursos cabveis.

    4. A Administrao Pblica, mesmo no exerccio do seu poder de polcia enas atividades self executingno pode impor aos administrados sanes querepercutam no seu patrimnio sem a preservao da ampla defesa, que in casuseopera pelas noticaes apontadas no CTB.

    5. Sobressai inequvoco do CTB (art. 280, caput) que lavratura do auto deinfrao segue-se a primeira noticao in faciem(art. 280, VI) ou, se detectada a

    falta distncia, mediante comunicao documental (art. 281, pargrafo nico,do CTB), ambas propiciadoras da primeira defesa, cuja previso resta encartadano artigo 314, pargrafo nico, do CTB em consonncia com as Resolues n.568/80 e n. 829/92 (art. 2 e 1, respectivamente, do Contran).

    6. Superada a fase acima e concluindo-se nesse estgio do procedimentopela imputao da sano, nova noticao deve ser expedida para satisfaoda contraprestao ao cometimento do ilcito administrativo ou oferecimentode recurso (art. 282, do CTB). Nessa ltima hiptese, a instncia administrativasomente se encerra nos termos dos artigos 288 e 290, do CTB.

    7. Revelando-se procedente a imputao da penalidade, aps obedecidoo devido processo legal, a autoridade administrativa recolher, sob o plio dalegalidade a famigerada multa pretendida abocanhar aodadamente.

    8. A sistemtica ora entrevista coaduna-se com a jurisprudncia do E. STJ e doE. STF as quais, malgrado admitam administrao anular os seus atos, impe-lhea obedincia ao princpio do devido processo legal quando a atividade repercutano patrimnio do administrado.

    9. No mesmo sentido a ratio essendida Smula n. 127, do STJ que inibecondicionar a renovao da licena de veculo ao pagamento da multa, da qual oinfrator no foi noticado.

    10. Recurso especial desprovido.

    (REsp n. 426.084, Rel. Min. Luiz Fux, unnime, DJ 02.12.2002).

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 139

    Temos, na hiptese dos autos, que no foram observados os prazosseqenciais exigidos pela legislao pertinente, devendo ser mantido o acrdoimpugnado.

    Assim sendo, nego provimento ao recurso especial.

    o voto.

    RECURSO ESPECIAL N. 540.914-RS (2003/0094708-1)

    Relator: Ministro Francisco FalcoRecorrente: Marco Antnio Ferreira Maciel JuniorAdvogado: Felipe Floriani BeckerRecorrido: Departamento Autnomo de Estradas de Rodagem do Estado

    do Rio Grande do Sul - DAER-RSProcurador: Clvis S Brito Pingret e outros

    EMENTA

    Administrativo. Recurso especial. Infrao de trnsito. Aplicaode multa por infrao de trnsito sem a intimao para apresentaode defesa prvia. Descabimento.

    I - ilegal a aplicao da penalidade de multa ao proprietrio doveculo, sem que haja a noticao para a apresentao da defesa prvia(REsp n. 426.084-RS, Relator Min. Luiz Fux, DJ de 02.12.2002, p.242).

    II - Recurso especial provido.

    ACRDO

    Vistos e relatados os autos em que so partes as acima indicadas, decidea Primeira Turma do Superior Tribunal de Justia, por unanimidade, darprovimento ao recurso, na forma do relatrio e notas taquigrcas constantes

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    dos autos, que cam fazendo parte integrante do presente julgado. Os Srs.Ministros Luiz Fux, Teori Albino Zavascki e Denise Arruda votaram com o Sr.Ministro Relator. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Jos Delgado. Custas,como de lei.

    Braslia (DF), 25 de novembro de 2003 (data do julgamento).

    Ministro Francisco Falco, Presidente e Relator

    DJ 22.03.2004

    RELATRIO

    O Sr. Ministro Francisco Falco:Cuida-se de recurso especial interpostoporMarco Antnio Ferreira Maciel Jnior, com fulcro no art. 105, III, alneas aec, da Constituio Federal, contra acrdo proferido pelo Tribunal de Justia doEstado do Rio Grande do Sul, que restou assim ementado, verbis:

    Direito pblico no especificado. Infrao de trnsito, desconstituio de

    multa. Nulidade da sentena que no se ostenta. Direito de defesa. O julgamento

    da consistncia do auto de infrao, preconizado no art. 281 da Lei n. 9.503/1997,relacionado com os aspectos formais do ato, no reclama o direito de prvia

    defesa e do contraditrio, no rito prprio da Lei de Trnsito. Direito de defesa, sob

    a denominao de recurso, exercido a partir da noticao, independentemente

    do pagamento da multa, cujo vencimento visa a permitir o pagamento com o

    benefcio da antecipao.

    Apelao improvida.

    Sustenta o recorrente, alm do dissdio pretoriano, que a deciso contrariouo disposto nos arts. 458, III, e 535, II, do CPC, uma vez que a deciso noapreciou todas as questes alegadas pelo recorrente; 280, V, Lei n. 9.503/1997,

    vez que o auto de infrao no discrimina, de forma clara e inequvoca, oequipamento eletrnico autuador; e 281, caput, da Lei n. 9.503/1997, eis queno foi oportunizada a defesa prvia ao recorrente; pargrafo nico, II, do art.281, da Lei n. 9.503/1997, pois no foi expedida a noticao da autuao.

    Contra-razes s s. 283-302, pugnando pela improcedncia do recursoespecial.

    o relatrio.

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 141

    VOTO

    O Sr. Ministro Francisco Falco (Relator): Presentes os pressupostos deadmissibilidade, conheo do recurso.

    No que concerne alegada violao ao artigo 535 e seu inciso II, doCdigo de Processo Civil, no merece prosperar a presente postulao, uma vezque o voto condutor do acrdo recorrido manifestou-se sobre todas as questesmerecedoras de apreciao, tendo o eminente relator do rgo colegiado bem

    fundamentado suas razes e promovido uma justa e legal prestao jurisdicional.Ademais, o Tribunal a quojulgou satisfatoriamente a presente lide, apreciando esolucionando a questo tal qual esta lhe foi apresentada.

    Destarte, no h que se falar em embargos de declarao cabveis, poromisso, haja vista no ser o julgador obrigado a rebater um a um todos osargumentos trazidos pelas partes, visando defesa da teoria que apresentaram,devendo, apenas, decidir a controvrsia observando as questes relevantes eimprescindveis a sua resoluo.

    Nesse sentido, conram-se os seguintes julgados, verbis:

    Recurso especial. Administrativo e Processual Civil. Graticao. Embargos

    declaratrios. Questes discutidas. Violao ao art. 535 do CPC no caracterizada.

    No se verica a alegada afronta ao art. 535 do CPC, uma vez que o aresto

    recorrido, ainda que no tenha citado expressamente os respectivos dispositivos

    constitucionais, cuidou de enfrentar todos os temas abordados.

    Recurso desprovido (REsp n. 439.402-RJ, Relator Ministro Jos Arnaldo da

    Fonseca, DJU de 15.09.2003, p. 00349).

    Recurso especial. Divergncia jurisprudencial. Comprovao. Necessidade.

    Negativa de prestao jurisdicional. Inocorrncia. Embargos execuo de nota

    promissria. Julgamento antecipado da lide. Cerceamento de defesa. Ausncia.

    I (...) omissis (...)

    II - Inexiste violao ao artigo 535 do Cdigo de Processo Civil quando os temasrecursais apontados nos embargos de declarao foram devidamente analisados,

    no tendo o condo de macular a deciso a ponto de anul-la o fato de no ter o

    Tribunal encontrado a soluo buscada pelo recorrente. A negativa de prestao

    jurisdicional nos embargos declaratrios s se congura quando, na apreciao

    do recurso, o Tribunal de origem insiste em omitir pronunciamento sobre questo

    que deveria ser decidida e no foi, o que no corresponde hiptese dos autos.

    III - (...) omissis (...)

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    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

    142

    IV - (...) omissis (...)

    Recurso especial no conhecido (REsp n. 457.613-SC, Relator Ministro Castro

    Filho, DJU de 15.09.2003, p. 00313).

    Recurso especial. Tributrio e Processual Civil. Art. 535, I e II, do CPC. Embargos

    de declarao. Omisso.

    1 - Inexiste violao ao art. 535, I e II, do CPC, se o Tribunal a quo, de forma

    clara e precisa, pronunciou-se acerca dos fundamentos sucientes prestao

    jurisdicional invocada.

    2 - Agravo improvido (AGREsp n. 109.122-PR, Relator Ministro Castro Meira,DJU de 08.09.2003, p. 00263).

    Quanto ao mrito, tenho que assiste razo ao recorrente, vez que invivela aplicao de penalidade, sem que sejam assegurados a ampla defesa e ocontraditrio. Destarte, ao apreciar o REsp n. 426.084-RS, publicado no DJ de02.12.2002, esta Turma teve a oportunidade de analisar questo semelhante exposta neste recurso.

    Em seu voto, o Relator Ministro Luiz Fux esgotou as consideraescabveis sobre o tema, as quais adoto como razes de decidir, verbis:

    Trata-se de ao mandamental na qual o impetrante pretende oreconhecimento da nulidade da penalidade de trnsito aplicada, bem como a

    decretao da nulidade dos atos administrativos resultantes, sob a alegao de

    que apenas foi noticado, para a defesa, no momento da infrao, faltando a

    noticao da aplicao da penalidade.

    Ressalta inequvoco do CTB que a autoridade de trnsito, que antes de julgar o

    auto de infrao, seja qual for a penalidade a ser em tese aplicada, no conceder

    ao autuado oportunidade de defesa, viola direito lquido e certo deste, amparvel

    por mandado de segurana. que o atual Cdigo Brasileiro de Trnsito (Lei

    n. 9.503/1997), embora no seja especco no ponto, assim como no o era o

    anterior Cdigo Nacional de Trnsito (Lei n. 5.106/1966), reconhece esse direito,

    de modo implcito, ao conced-lo em outras situaes, como a dos arts. 257,

    7, e 265. Deveras, se todas so penalidades, como assenta o art. 256, no lgico conceder direito de defesa s em relao a algumas. Ainda que assim

    no bastasse, foroso reconhecer que o direito de defesa, inclusive no mbito

    administrativo, vem garantido pelo art. 5, LV da CF. Por isso, a Resoluo n.

    568/80, do Contran, foi recepcionada pelo atual CTB, conforme admite o art. 314,

    pargrafo nico, do CTB.

    Alis, nem poderia ser diferente. Isto porque, dentre os princpios que se

    destacam no procedimento administrativo, reluz o da garantia de defesa.

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 143

    Preleciona a acatada doutrina de Hely Lopes Meirelles:

    O princpio da garantia de defesa, entre ns, est assegurado no inc. LV

    do art. 5 da CF, juntamente com a obrigatoriedade do contraditrio, como

    decorrncia do devido processo legal (CF, art. 5, LIV), que tem origem no

    due process of law do Direito anglo-norte-americano.

    Por garantia de defesa deve-se entender no s a observncia do rito

    adequado como a cienticao do processo ao interessado, a oportunidade

    para contestar a acusao, produzir prova de seu direito, acompanhar os

    atos da instruo e utilizar-se dos recursos cabveis.

    Da a justa observao de Gordillo de que: El principio constitucional

    de la defensa en juicio, en el debido proceso, es por supuesto aplicable en

    el procedimiento administrativo, y com criterio amplio, no restrictivo. O

    que coincide com esta advertncia de Frederico Marques: Se o poder

    administrativo, no exerccio de suas atividades, vai criar limitaes

    patrimoniais imediatas ao administrado, inadmissvel seria que assim

    autuasse fora das fronteiras do due process of law. Se o contrrio fosse

    permitido, ter-se-ia de concluir que ser lcito atingir algum em sua

    fazenda ou bens, sem o devido processo legal. E remata o mesmo jurista:

    Isto posto, evidente se torna que a Administrao Pblica, ainda que

    exercendo seus poderes de autotutela, no tem o direito de impor aos

    administrados gravames e sanes que atinjam, direta ou indiretamente,

    seu patrimnio sem ouvi-los adequadamente, preservando-lhes o direitode defesa.

    Em respaldo s ilaes doutrinrias, posiciona-se a jurisprudncia nos

    seguintes arestos: STF, RDA 73/136, 97/110, 114/142, 118/99; TFR, RTFR 34/140;

    RDA 38/254; TJMG, RDP 20/245; TJSP, RDA 45/123, 54/364; RT 261/365, 321/260; 1

    TASP, RT 257/483, 260/563, 270/632, 345/352.

    A concluso pela ocorrncia da dupla notificao obedece mesmo a uma

    anlise histrico-teleolgica da legislao pertinente.

    Foroso, relembrar que no vetusto CNT estabeleciam os artigos 112 e 116 (Lei

    n. 5.108/1966) que as autuaes por infrao de trnsito eram julgadas pela

    autoridade competente para aplicao de penalidade. Dessa deciso era cabvelrecurso, no prazo de trinta dias, Junta Administrativa de Recursos de Infraes

    (JARI), sem efeito suspensivo, e, por conseguinte, havia depsito do valor da

    multa, quando fosse o caso. Uma vez no julgado, por motivo de fora maior, no

    prazo de trinta dias, a autoridade competente para faz-lo podia, de ofcio, ou a

    pedido, agregar efeito suspensivo ao recurso. Iguais normas dispunham os arts.

    112 a 116 o Regulamento, aprovado pelo Decreto n. 62.127/1968.

    Deveras, o Contran, consolidando e unificando diversos regramentos

    administrativos, valendo-se de atribuies legais, editou a Resoluo n. 568/80,

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    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

    144

    que disciplinou, pormenorizadamente, o procedimento a respeito das autuaes

    de trnsito, estabelecendo no art. 2: Com o recebimento do Auto de Infrao, o

    interessado poder, no prazo de 30 dias, apresentar defesa prvia autoridade de

    trnsito, antes de aplicao da penalidade.

    O Contran resolveu assim dispor porquanto os Tribunais do pas anulavam

    constantemente as sanes por violao ao direito assegurado ao acusado, de

    antes do julgamento, conceder-se-lhe a oportunidade de se defender. Advirta-

    se que essa concesso era deferida, quando, em regra, admitia-se a dispensa

    de defesa nos casos de falta provada, envolvendo infraes leves, como, por

    exemplo, advertncia verbal. Hoje, como de sabena, em face do art. 5, LV, da CF,at para essa categoria, exige-se a concesso de defesa, quando houver anotao

    na cha funcional. Com muito mais razo, portanto, quando envolver autuao

    no trnsito, com imposio de pena, seja ou no de natureza patrimonial.

    Nesse seguimento, dispe o artigo 280, do CTB (Lei n. 9.503/1997) que,

    ocorrendo fato tpico, lavrar-se- auto de infrao, contendo, dentre outros

    requisitos e informaes, a identicao do rgo ou entidade e da autoridade, ou

    do agente autuador, ou do equipamento do rgo ou entidade e da autoridade,

    ou do agente autuador, ou do equipamento que comprovar a infrao (inc. V),

    bem assim a assinatura do infrator, sempre que possvel, valendo esta como

    noticao do cometimento da infrao (in. VI).

    Foroso reconhecer que persistiu a distino entre autoridade de trnsito e

    agente de trnsito ou agente autuador, subsistindo as hipteses de autuao em

    agrante e distncia.

    Na autuao em agrante vale como noticao do cometimento da infrao

    aquela realizada in faciem. Mas de toda sorte o infrator noticado do auto de

    infrao, e no da penalidade.

    Destarte, no sendo possvel a autuao em flagrante, como ocorre de

    ordinrio, mxime, por fora da instalao de sistemas eletrnicos de scalizao

    vulgarmente conhecidos como pardais, o 3 do mesmo dispositivo esclarece

    que o agente autuador ou agente de trnsito relata a impossibilidade no auto

    de infrao, com os requisitos necessrios ao procedimento previsto no artigo

    seguinte, isto , o do art. 281.

    Isto signica dizer que o rito do artigo 281 obrigatrio para todo auto de

    infrao, independentemente de ter sido lavrado em agrante ou distncia.

    Esse dispositivo, o art. 281, por seu turno, dispe que a autoridade de trnsito,

    na esfera da competncia estabelecida pelo Cdigo e dentro da sua circunscrio,

    julgar a consistncia do auto de infrao e aplicar a penalidade cabvel,

    prevendo o pargrafo nico as hipteses de arquivamento do auto de infrao

    a saber: (a) se considerado inconsistente ou irregular (inc. I); e (B) se, no prazo

    mximo de sessenta dias, no for expedida a noticao da autuao (inc. II).

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 145

    Do exposto conclui-se que a aplicao da penalidade ato de competncia

    privativa da autoridade de trnsito; excluda a atribuio do agente de trnsito

    para esse m.

    Outrossim, nada obsta que a autoridade de trnsito proceda de ofcio, desde

    que seja para favorecer o autuado, como, v.g.: em contato com o auto de infrao,

    verica algum vcio formal como por exemplo no estar a mesma tipicada ou

    no constar o local data e horrio do cometimento (art. 280, I e II), tornando a

    pea irregular, ou, ainda, constatar que j decorreu o prazo decadencial de trinta

    dias para noticar.

    Considere-se, por m, que como o inc. II do pargrafo nico aduz noticaoda autuao, e no da penalidade aplicada, resta evidente que este dispositivo

    especco para as situaes de no-agrante, uma vez que para as autuaes em

    agrante vigora o inc. VI do art. 280, que refere a assinatura do infrator, valendo

    esta como noticao do cometimento da infrao.

    luz do que at agora se expendeu, imperioso concluir que se no for caso

    de arquivamento sumrio, imprescindvel a noticao do infrator antes de a

    autoridade de trnsito aplicar qualquer penalidade, assim como o era no regime

    da legislao anterior.

    Isto signica dizer que na essncia, nada mudou.

    Assim sendo, em princpio, a Resoluo n. 568/80, que estabelece a chamada

    defesa prvia, foi recepcionada pelo atual CTB, conforme estabelece o art. 314,

    pargrafo nico, do mesmo diploma legal.

    Last, but not least, assente-se que no h na legislao vigente qualquer regra

    que torne incompatvel com o seu regime, a contestao do autuado antes do

    julgamento administrativo de primeiro grau. Alis, houvesse algum dispositivo

    impedindo a defesa no referido estgio procedimental, esbarraria na garantia do

    art. 5, LV, da CF.

    Ao revs, o diploma, em duas oportunidades, afeioa-se ao princpio da defesa

    prvia. A primeira a do art. 257, 7, nos casos em que a identificao do

    infrator no imediata e a noticao endereada diretamente ao proprietrio.

    No sendo ele o infrator, dispe do prazo de quinze dias, contados a partir da

    noticao da autuao, ou seja, daquela de que trata o art. 281, pargrafo nico,

    II, para dizer quem , sob pena de responder pessoalmente. Ressalta neste pontocristalina a hiptese de defesa antes do julgamento de primeira instncia. Outro

    exemplo o do art. 265 que enuncia que as penalidades de suspenso do direito

    de dirigir e de cassao do documento de habilitao devem ser aplicadas por

    deciso fundamentada da autoridade de trnsito, em processo administrativo

    assegurado ao infrator amplo direito de defesa.

    Ora, se o Cdigo concede o direito de defesa naquelas situaes em que

    o procedimento no tem por objeto impor multa, no transpe os lindes da

    razoabilidade entender que a garantia da defesa no se aplique aos demais casos.

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    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

    146

    Alis, entender de outro modo beira a ilogicidade posto serem todas penalidades

    previstas no art. 256. Como admitir defesa para algumas e para outras no?

    Por outro lado, sendo a Jari um rgo recursal, como diz o prprio nome,

    revela-se evidente que o momento adequado para o exerccio do direito de

    defesa aquele que antecede o julgamento pela autoridade de trnsito. No se

    pode imaginar que o legislador tenha querido dizer que o direito de defesa se

    opera to-s pelo direito de recorrer.

    Ressalte-se, por m, que o cumprimento do devido processo legal, antes de

    conspirar contra os interesses das autoridades de trnsito legitima-lhes a atuao,

    evitando que, aodadamente, abocanhem valores que, da forma como obtidos,sero inexoravelmente restitudos, mais cedo ou mais tarde, pela ilegalidade

    como foram arrecadados.

    No obstante, nesses casos de impugnao judicial de restituio ou

    nulicao da multa, cai por terra o carter exemplar da inio das sanes,

    desmoralizando o poder pblico, e o que pior: dando ensejo a que motoristas

    irresponsveis persistam na trilha da inconseqncia, motivados, implicitamente,

    pela deletria sensao de impunidade.

    Com efeito, imprescindvel a intimao do infrator em duas fases:a primeira referente ao cometimento da infrao e a segunda penalidade

    aplicada, em observncia ao princpio da ampla defesa e do devido processolegal.

    Diante do exposto, dou provimento ao recurso especial.

    o meu voto.

    RECURSO ESPECIAL N. 594.148-RS (2003/0168481-7)

    Relator: Ministro Luiz FuxRecorrente: Laerte Rangel SoaresAdvogado: Felipe Floriani BeckerRecorrido: Departamento Autnomo de Estradas de Rodagem do Estado

    do Rio Grande do Sul - DAER-RSProcurador: Marcos Tubino Bortolan e outros

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 147

    EMENTA

    Administrativo. Infrao de trnsito. Penalidade. Prvianoticao. Ampla defesa e contraditrio. Aplicao analgica daSmula n. 127-STJ. O Cdigo de Trnsito imps mais de umanoticao para consolidar a multa. Armao das garantias ptreasconstitucionais no procedimento administrativo.

    1. O sistema de imputao de sano pelo Cdigo de Trnsito

    Brasileiro (Lei n. 9.503/1997) prev duas noticaes a saber: aprimeira referente ao cometimento da infrao e a segunda inerente penalidade aplicada, desde que superada a fase da defesa quantoao cometimento, em si, do ilcito administrativo. Similitude com oprocesso judicial, por isso que ao imputado concede-se a garantia dedefesa antes da imposio da sano, sem prejuzo da possibilidade dereviso desta.

    2.Nas infraes de trnsito, a anlise da consistncia do auto deinfrao luz da defesa propiciada premissa inafastvel para a aplicaoda penalidade e consectrio da garantia da ampla defesa assegurada noinciso LV, do artigo 5 da CF, como decorrncia do due process of lawdo direito anglo-norte-americano, hoje constitucionalizado na nossaCarta Maior.

    3.A garantia da plena defesa implica a observncia do rito, ascienticaes necessrias, a oportunidade de objetar a acusao desdeo seu nascedouro, a produo de provas, o acompanhamento do iterprocedimental, bem como a utilizao dos recursos cabveis.

    4.A Administrao Pblica, mesmo no exerccio do seu poder depolcia e nas atividades self executingno pode impor aos administradossanes que repercutam no seu patrimnio sem a preservao da ampladefesa, que in casuse opera pelas noticaes apontadas no CTB.

    5.Sobressai inequvoco do CTB (art. 280, caput) que lavraturado auto de infrao segue-se a primeira noticao in faciem (art.280, VI) ou, se detectada a falta distncia, mediante comunicaodocumental (art. 281, pargrafo nico, do CTB), ambas propiciadorasda primeira defesa, cuja previso resta encartada no artigo 314,pargrafo nico, do CTB em consonncia com as Resolues n.568/1980 e n. 829/1992 (art. 2 e 1, respectivamente, do Contran).

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    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

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    6. Superada a fase acima e concluindo-se nesse estgio doprocedimento pela imputao da sano, nova noticao deve serexpedida para satisfao da contraprestao ao cometimento do ilcitoadministrativo ou oferecimento de recurso (art. 282, do CTB). Nessaltima hiptese, a instncia administrativa somente se encerra nostermos dos artigos 288 e 290, do CTB.

    7. Revelando-se procedente a imputao da penalidade, apsobedecido o devido processo legal, a autoridade administrativarecolher, sob o plio da legalidade a famigerada multa pretendidaabocanhar aodadamente.

    8.A sistemtica ora entrevista coaduna-se com a jurisprudnciado E. STJ e do E. STF as quais, malgrado admitam administraoanular os seus atos, impe-lhe a obedincia ao princpio do devidoprocesso legal quando a atividade repercuta no patrimnio doadministrado.

    9.No mesmo sentido a ratio essendida Smula n. 127, do STJque inibe condicionar a renovao da licena de veculo ao pagamentoda multa, da qual o infrator no foi noticado.

    10.Recurso especial parcialmente provido.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da PrimeiraTurma do Superior Tribunal de Justia, na conformidade dos votos e das notastaquigrcas a seguir, por unanimidade, dar parcial provimento ao recursoespecial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros TeoriAlbino Zavascki, Denise Arruda, Jos Delgado e Francisco Falco votaram como Sr. Ministro Relator.

    Braslia (DF), 04 de maro de 2004 (data do julgamento).

    Ministro Luiz Fux, Presidente e Relator

    DJ 22.03.2004

    RELATRIO

    O Sr. Ministro Luiz Fux: Trata-se de recurso especial interposto por LaerteRangel Soares (s. 229-273), com fulcro no art. 105, III, alnea a, da Constituio

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 149

    Federal, contra acrdo do Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul,assim ementado:

    Administrativo. Constitucional. Direito pblico inespecfico. Trnsito. Ao

    ordinria.

    No h falar em inconstitucionalidade na no concesso de defesa prvia

    no julgamento da consistncia ou no do auto de infrao, previsto no art.

    281, da Lei n. 9.503/1997, pela autoridade de trnsito, na esfera de suqa

    competncia. O art. 282 do mesmo diploma, de redao equivocada e dbia,

    dando margem interposio de recursos com base na Resoluo n. 289, doContran, e nos princpios constitucionais da ampla defesa e do contraditrio,

    deve ser interpretado de forma sistemtica e diversa, como expectativa de

    penalidade, com respeito normas aludidas e a consectria concesso dos

    recursos pertinentes. Caso concreto em que ocorreu a emisso extempornea

    da noticao do cometimento da infrao. Sentena de procedncia. Apelo do

    DAER desprovido. Recurso do autor provido ao efeito de majorar a verba honorria.

    Sentena conrmada, quanto ao mais, em reexame necessrio. (. 178).

    O recorrente sustenta, em sntese, que o acrdo hostilizado negou vignciaaos arts. 535 do CPC; 280, I, IV e; 281, capute nico, II da Lei n. 9.503/1997,uma vez que entendeu ser desnecessria a noticao para a apresentao de

    defesa prvia, anteriormente homologao do auto de infrao.O Departamento Autnomo de Estradas de Rodagem - DAER-RS, em

    contra-razes s s. 113-123, pugna pela manuteno da deciso hostilizada.

    O recurso foi admitido no Tribunal a quo, consoante despacho de s. 299-303.

    o relatrio.

    VOTO

    O Sr. Ministro Luiz Fux (Relator): Preliminarmente, conheo do recursopala alnea a, do permissivo constitucional, uma vez que os dispositivos tidos porviolados foram devidamente prequestionados.

    Com efeito, a mencionada violao do art. 535 do CPC no restoucongurada, uma vez que o Tribunal de origem pronunciou-se de forma clara esuciente sobre todas as questes postas nos autos. Saliente-se, ademais, comocedio, que o magistrado no est obrigado a rebater, um a um, os argumentostrazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido sucientes

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    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

    150

    para embasar a deciso, como de fato ocorreu na hiptese dos autos. (REsp n.396.669, Rel. Min. Slvio de Figueiredo Teixeira, DJ 15.04.2002; AGA n.420.383, Rel. Min. Jos Delgado, DJ 29.04.2002; REsp n. 385.173, Rel. Min.Felix Fischer, DJ 29.04.2002).

    Trata-se de ao anulatria, na qual o autor pretende o reconhecimento danulidade da penalidade de trnsito aplicada, bem como a decretao da nulidadedos atos administrativos resultantes, sob a alegao de que apenas foi noticado,para a defesa, no momento da infrao, faltando a noticao da aplicao da

    penalidade.Ressalta inequvoco do CTB que a autoridade de trnsito, que antes de

    julgar o auto de infrao, seja qual for a penalidade a ser em tese aplicada,no conceder ao autuado oportunidade de defesa, viola direito lquido e certodeste, amparvel por mandado de segurana. que o atual Cdigo Brasileirode Trnsito (Lei n. 9.503/1997), embora no seja especco no ponto, assimcomo no o era o anterior Cdigo Nacional de Trnsito (Lei n. 5.106/1966),reconhece esse direito, de modo implcito, ao conced-lo em outras situaes,como a dos arts. 257, 7, e 265. Deveras, se todas so penalidades, comoassenta o art. 256, no lgico conceder direito de defesa s em relao a

    algumas. Ainda que assim no bastasse, foroso reconhecer que o direito dedefesa, inclusive no mbito administrativo, vem garantido pelo art. 5, LV daCF. Por isso, a Resoluo n. 568/80, do Contran, foi recepcionada pelo atualCTB, conforme admite o art. 314, pargrafo nico, do CTB.

    Alis, nem poderia ser diferente. Isto porque, dentre os princpios que sedestacam no procedimento administrativo, reluz o da garantia de defesa.

    Preleciona a acatada doutrina de Hely Lopes Meirelles:

    O princpio da garantia de defesa, entre ns, est assegurado no inc. LV do art.

    5 da CF, juntamente com a obrigatoriedade do contraditrio, como decorrncia

    do devido processo legal (CF, art. 5, LIV), que tem origem no due process of law do

    Direito anglo-norte-americano.Por garantia de defesa deve-se entender no s a observncia do rito

    adequado como a cientificao do processo ao interessado, a oportunidade

    para contestar a acusao, produzir prova de seu direito, acompanhar os atos da

    instruo e utilizar-se dos recursos cabveis.

    Da a justa observao de Gordillo de que: El principio constitucional de la

    defensa en juicio, en el debido proceso, es por supuesto aplicable en el procedimiento

    administrativo, y com critrio amplio, no restrictivo. O que coincide com esta

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 151

    advertncia de Frederico Marques: Se o poder administrativo, no exerccio de

    suas atividades, vai criar limitaes patrimoniais imediatas ao administrado,

    inadmissvel seria que assim autuasse fora das fronteiras do due process of law. Se

    o contrrio fosse permitido, ter-se-ia de concluir que ser lcito atingir algum em

    sua fazenda ou bens, sem o devido processo legal. E remata o mesmo jurista: Isto

    posto, evidente se torna que a Administrao Pblica, ainda que exercendo seus

    poderes de autotutela, no tem o direito de impor aos administrados gravames

    e sanes que atinjam, direta ou indiretamente, seu patrimnio sem ouvi-los

    adequadamente, preservando-lhes o direito de defesa.

    Em respaldo s ilaes doutrinrias, posiciona-se a jurisprudncia nosseguintes arestos: STF, RDA 73/136, 97/110, 114/142, 118/99; TFR, RTFR34/140; RDA 38/254; TJMG, RDP 20/245; TJSP, RDA 45/123, 54/364; RT261/365, 321/260; 1 TASP, RT 257/483, 260/563, 270/632, 345/352.

    A concluso pela ocorrncia da dupla noticao obedece mesmo a umaanlise histrico-teleolgica da legislao pertinente.

    Foroso, relembrar que no vetusto CNT estabeleciam os artigos 112 e 116(Lei n. 5.108/1966) que as autuaes por infrao de trnsito eram julgadaspela autoridade competente para aplicao de penalidade. Dessa deciso eracabvel recurso, no prazo de trinta dias, Junta Administrativa de Recursos

    de Infraes (JARI), sem efeito suspensivo, e, por conseguinte, havia depsitodo valor da multa, quando fosse o caso. Uma vez no julgado, por motivode fora maior, no prazo de trinta dias, a autoridade competente para faz-lo podia, de ofcio, ou a pedido, agregar efeito suspensivo ao recurso. Iguaisnormas dispunham os arts. 112 a 116 o Regulamento, aprovado pelo Decreto n.62.127/1968.

    Deveras, o Contran, consolidando e unificando diversos regramentosadministrativos, valendo-se de atribuies legais, editou a Resoluo n. 568/80,que disciplinou, pormenorizadamente, o procedimento a respeito das autuaesde trnsito, estabelecendo no art. 2: Com o recebimento do Auto de Infrao,

    o interessado poder, no prazo de 30 dias, apresentar defesa prvia autoridadede trnsito, antes de aplicao da penalidade.

    O Contran resolveu assim dispor porquanto os Tribunais do pas anulavamconstantemente as sanes por violao ao direito assegurado ao acusado, deantes do julgamento, conceder-se-lhe a oportunidade de se defender. Advirta-se que essa concesso era deferida, quando, em regra, admitia-se a dispensa dedefesa nos casos de falta provada, envolvendo infraes leves, como, por exemplo,advertncia verbal. Hoje, como de sabena, em face do art. 5, LV, da CF, at

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    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

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    para essa categoria, exige-se a concesso de defesa, quando houver anotao nacha funcional. Com muito mais razo, portanto, quando envolver autuao notrnsito, com imposio de pena, seja ou no de natureza patrimonial.

    Nesse seguimento, dispe o artigo 280, do CTB (Lei n. 9.503/1997) que,ocorrendo fato tpico, lavrar-se- auto de infrao, contendo, dentre outrosrequisitos e informaes, a identicao do rgo ou entidade e da autoridade,ou do agente autuador, ou do equipamento do rgo ou entidade e da autoridade,ou do agente autuador, ou do equipamento que comprovar a infrao (inc. V),

    bem assim a assinatura do infrator, sempre que possvel, valendo esta comonoticao do cometimento da infrao (in. VI).

    Foroso reconhecer que persistiu a distino entre autoridade de trnsito eagente de trnsito ou agente autuador, subsistindo as hipteses de autuao emagrante e distncia.

    Na autuao em flagrante vale como notificao do cometimento dainfrao aquela realizada in faciem. Mas de toda sorte o infrator noticado doauto de infrao, e no da penalidade.

    Destarte, no sendo possvel a autuao em agrante, como ocorre deordinrio, mxime, por fora da instalao de sistemas eletrnicos de scalizaovulgarmente conhecidos como pardais, o 3 do mesmo dispositivo esclareceque o agente autuador ou agente de trnsito relata a impossibilidade no autode infrao, com os requisitos necessrios ao procedimento previsto no artigoseguinte, isto , o do art. 281.

    Isto signica dizer que o rito do artigo 281 obrigatrio para todo autode infrao, independentemente de ter sido lavrado em agrante ou distncia.

    Esse dispositivo, o art. 281, por seu turno, dispe que a autoridade detrnsito, na esfera da competncia estabelecida pelo Cdigo e dentro da suacircunscrio, julgar a consistncia do auto de infrao e aplicar a penalidadecabvel, prevendo o pargrafo nico as hipteses de arquivamento do auto deinfrao a saber: (a) se considerado inconsistente ou irregular (inc. I); e (B) se,

    no prazo mximo de sessenta dias, no for expedida a noticao da autuao(inc. II).

    Do exposto conclui-se que a aplicao da penalidade ato de competnciaprivativa da autoridade de trnsito; excluda a atribuio do agente de trnsitopara esse m.

    Outrossim, nada obsta que a autoridade de trnsito proceda de ofcio,desde que seja para favorecer o autuado, como , v.g.: em contato com o auto

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 153

    de infrao, verica algum vcio formal como por exemplo no estar a mesmatipicada ou no constar o local data e horrio do cometimento (art. 280, Ie II), tornando a pea irregular, ou, ainda, constatar que j decorreu o prazodecadencial de trinta dias para noticar.

    Considere-se, por m, que como o inc. II do pargrafo nico aduz noticao da autuao, e no da penalidade aplicada, resta evidente que estedispositivo especco para as situaes de no-agrante, uma vez que para asautuaes em agrante vigora o inc. VI do art. 280, que refere a assinatura do

    infrator, valendo esta como noticao do cometimento da infrao. luz do que at agora se expendeu, imperioso concluir que se no for caso

    de arquivamento sumrio, imprescindvel a noticao do infrator antes de aautoridade de trnsito aplicar qualquer penalidade, assim como o era no regimeda legislao anterior.

    Isto signica dizer que na essncia, nada mudou.

    Assim sendo, em princpio, a Resoluo n. 568/80, que estabelece achamada defesa prvia, foi recepcionada pelo atual CTB, conforme estabelece oart. 314, pargrafo nico, do mesmo diploma legal.

    Last, but not least, assente-se que no h na legislao vigente qualquerregra que torne incompatvel com o seu regime, a contestao do autuadoantes do julgamento administrativo de primeiro grau. Alis, houvesse algumdispositivo impedindo a defesa no referido estgio procedimental, esbarraria nagarantia do art. 5, LV, da CF.

    Ao revs, o diploma, em duas oportunidades, afeioa-se ao princpio dadefesa prvia. A primeira a do art. 257, 7, nos casos em que a identicao doinfrator no imediata e a noticao endereada diretamente ao proprietrio.No sendo ele o infrator, dispe do prazo de quinze dias, contados a partir danoticao da autuao, ou seja, daquela de que trata o art. 281, pargrafo nico,II, para dizer quem , sob pena de responder pessoalmente. Ressalta neste ponto

    cristalina a hiptese de defesa antes do julgamento de primeira instncia. Outroexemplo o do art. 265 que enuncia que as penalidades de suspenso do direitode dirigir e de cassao do documento de habilitao devem ser aplicadas pordeciso fundamentada da autoridade de trnsito, em processo administrativoassegurado ao infrator amplo direito de defesa.

    Ora, se o Cdigo concede o direito de defesa naquelas situaes em queo procedimento no tem por objeto impor multa, no transpe os lindes da

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    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

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    razoabilidade entender que a garantia da defesa no se aplique aos demais casos.Alis, entender de outro modo beira a ilogicidade posto serem todas penalidadesprevistas no art. 256. Como admitir defesa para algumas e para outras no?

    Por outro lado, sendo a JARI um rgo recursal, como diz o prprio nome,revela-se evidente que o momento adequado para o exerccio do direito dedefesa aquele que antecede o julgamento pela autoridade de trnsito. No sepode imaginar que o legislador tenha querido dizer que o direito de defesa seopera to-s pelo direito de recorrer.

    Ressalte-se, por m, que o cumprimento do devido processo legal, antesde conspirar contra os interesses das autoridades de trnsito legitima-lhesa atuao, evitando que, aodadamente, abocanhem valores que, da formacomo obtidos, sero inexoravelmente restitudos, mais cedo ou mais tarde, pelailegalidade como foram arrecadados.

    No obstante, nesses casos de impugnao judicial de restituio ounulicao da multa, cai por terra o carter exemplar da inio das sanes,desmoralizando o poder pblico, e o que pior: dando ensejo a que motoristasirresponsveis persistam na trilha da inconseqncia, motivados, implicitamente,pela deletria sensao de impunidade.

    Nesse sentido conra-se, guisa de exemplo, julgado desta relatoria noRecurso Especial n. 506.104-RS, DJ de 04.08.2003, assim ementado:

    Processual Civil. Administrativo. Ausncia de prequestionamento. Indicao

    de dispositivo no debatido na Instncia a quo. Infrao de trnsito. Penalidade.

    Prvia noticao. Ampla defesa e contraditrio. Aplicao analgica da Smula

    n. 127-STJ. O Cdigo de Trnsito imps mais de uma noticao para consolidar

    a multa. Afirmao das garantias ptreas constitucionais no procedimento

    administrativo.

    1.A simples indicao do dispositivo tido por violado, sem referncia com o

    disposto no acrdo confrontado, obsta o conhecimento do recurso especial.

    Incidncia dos Verbetes das Smula n. 282 e n. 356 do STF.

    2.O sistema de imputao de sano pelo Cdigo de Trnsito Brasileiro (Lei n.

    9.503/1997) prev duas noticaes a saber: a primeira referente ao cometimento

    da infrao e a segunda inerente penalidade aplicada, desde que superada a

    fase da defesa quanto ao cometimento, em si, do ilcito administrativo. Similitude

    com o processo judicial, por isso que ao imputado concede-se a garantia de

    defesa antes da imposio da sano, sem prejuzo da possibilidade de reviso

    desta.

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 155

    3. Nas infraes de trnsito, a anlise da consistncia do auto de infrao

    luz da defesa propiciada premissa inafastvel para a aplicao da penalidade

    e consectrio da garantia da ampla defesa assegurada no inciso LV, do artigo 5

    da CF, como decorrncia do due process of lawdo direito anglo-norte-americano,

    hoje constitucionalizado na nossa Carta Maior.

    4.A garantia da plena defesa implica a observncia do rito, as cienticaes

    necessrias, a oportunidade de objetar a acusao desde o seu nascedouro, a

    produo de provas, o acompanhamento do iter procedimental, bem como a

    utilizao dos recursos cabveis.

    5.A Administrao Pblica, mesmo no exerccio do seu poder de polcia enas atividades self executingno pode impor aos administrados sanes que

    repercutam no seu patrimnio sem a preservao da ampla defesa, que in casuse

    opera pelas noticaes apontadas no CTB.

    6. Sobressai inequvoco do CTB (art. 280, caput) que lavratura do auto de

    infrao segue-se a primeira noticao in faciem(art. 280, VI) ou, se detectada a

    falta distncia, mediante comunicao documental (art. 281, pargrafo nico,

    do CTB), ambas propiciadoras da primeira defesa, cuja previso resta encartada

    no artigo 314, pargrafo nico, do CTB em consonncia com as Resolues n.

    568/80 e n. 829/92 (art. 2 e 1, respectivamente, do Contran).

    7. Superada a fase acima e concluindo-se nesse estgio do prcedimento

    pela imputao da sano, nova noticao deve ser expedida para satisfao

    da contraprestao ao cometimento do ilcito administrativo ou oferecimentode recurso (art. 282, do CTB). Nessa ltima hiptese, a instncia administrativa

    somente se encerra nos termos dos artigos 288 e 290, do CTB.

    8. Revelando-se procedente a imputao da penalidade, aps obedecido

    o devido processo legal, a autoridade administrativa recolher, sob o plio da

    legalidade a famigerada multa pretendida abocanhar aodadamente.

    9.A sistemtica ora entrevista coaduna-se com a jurisprudncia do E. STJ e do

    E. STF as quais, malgrado admitam administrao anular os seus atos, impe-lhe

    a obedincia ao princpio do devido processo legal quando a atividade repercuta

    no patrimnio do administrado.

    10. No mesmo sentido a ratio essendi da Smula n. 127, do STJ que inibe

    condicionar a renovao da licena de veculo ao pagamento da multa, da qual oinfrator no foi noticado.

    11.Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido.

    Ex positis, dou parcial provimento ao recurso especial.

    como voto.

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    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

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    RECURSO ESPECIAL N. 595.085-RS (2003/0173603-0)

    Relator: Ministro Jos DelgadoRecorrente: Ademir Joo Viecelli e outrosAdvogado: Patrcia de Moraes Buchrieser e outroRecorrido: Municpio de CanoasAdvogado: Iran Balson Arajo e outro

    EMENTA

    Administrativo. Infrao de trnsito. Aplicao de penalidadesem anterior noticao para apresentao de defesa prvia. Autuaoin facieequivalente noticao do cometimento da infrao. Smulan. 127-STJ. Analogia. Precedentes.

    1.O Cdigo de Trnsito Brasileiro prev mais de uma noticaoao infrator: uma quando da lavratura do auto de infrao, ocasio emque disponibilizado prazo para oferecimento de defesa prvia; eoutra quando da aplicao da penalidade pela autoridade de trnsito.

    2.A jurisprudncia desta Corte Superior pacca e iterativano sentido de que ilegal, como condio para o licenciamento, aexigncia do pagamento de multa imposta sem prvia noticao doinfrator para defender-se em processo administrativo. garantido odireito de renovar licenciamento de veculo em dbito de multas seno houve a prvia e regular noticao do infrator para exercitar seudireito de defesa.

    3. A autuao in facie do infrator torna inexigvel posteriornoticao, sendo esta equivalente quela (art. 280, VI, do CTB). Anoticao da autuao in faciedeve anteceder o lapso de 30 (trinta)

    dias para que seja enviado o auto de infrao para pagamento, emvirtude de que este o prazo mnimo exigido pela legislao para ooferecimento da necessria defesa prvia.

    4.Se o veculo estiver na posse de outrem que no o proprietriodo veculo, este assume a responsabilidade por tal ato, exceto se,comprovadamente, por meio de ocorrncia policial ou justicativa demotivo de fora maior ou caso fortuito, no teve o proprietrio agidopara tal desiderato.

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 157

    5.Aplicao analgica da Smula n. 127-STJ. Precedentes destaCorte Superior.

    6.Recurso provido, nos termos do voto.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos os autos em que so partes as acima indicadas,acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justia, por

    unanimidade, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. MinistroRelator. Os Srs. Ministros Francisco Falco, Luiz Fux, Teori Albino Zavascki eDenise Arruda votaram com o Sr. Ministro Relator.

    Braslia (DF), 16 de dezembro de 2003 (data do julgamento).

    Ministro Jos Delgado, Relator

    DJ 22.03.2004

    RELATRIO

    O Sr. Ministro Jos Delgado: Cuida-se de recursos especiais interpostosporAdemir Joo Viecelli e outros, com fulcro no art. 105, III, a, da Carta Magna,contra v. acrdo que considerou legal o procedimento adotado para imposiode penalidade pela prtica de infrao de trnsito.

    Alega-se violao aos arts. 280, VI, e 281, pargrafo nico, II, do Cdigode Trnsito Brasileiro, ao argumento de que h necessidade de oportunizao, aoinfrator, da apresentao de defesa prvia antes do julgamento da consistncia,ou no, ao auto de infrao.

    Oferecimento de contra-razes pela manuteno do decisum a quo.Admitido o recurso, subiram os autos a esta Casa de Justia, com sua

    incluso em pauta para julgamento, o que fao agora. o relatrio.

    VOTO

    O Sr. Ministro Jos Delgado (Relator): A matria jurdica encartada nosdispositivos legais tidos por violados foi devidamente debatida no acrdorecorrido, merecendo, assim, ser conhecido o apelo extremo.

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    O objeto primordial da ao manejada ver cumprido o comandoconstante do art. 281, pargrafo nico, II, do CTB, no sentido de que, uma vezno sendo os particulares noticados para defesa dentro do lapso de trinta dias,opera-se a decadncia do direito de punir do Estado. Nessa esteira, h julgadoemanado da egrgia 1 Turma deste Sodalcio, de minha relatoria (REsp n.446.836-RS), cujos fundamentos passo a registrar, como razes de decidir:

    Cuida-se de ao ordinria na qual o autor visa decretao da nulidade

    de penalidades de trnsito a ele impostas, utilizando como fundamento o fato

    de no ter sido noticado para apresentao de defesa prvia antes que fossejulgada a consistncia dos autos de infrao e imposta a penalidade.

    Por meio de uma leitura mais atenta dos dispositivos do Captulo XVIII, do

    Cdigo de Trnsito Brasileiro, pode-se depreender que a autoridade de trnsito,

    qualquer que seja a penalidade, antes do julgamento da consistncia do auto de

    infrao e da aplicao da penalidade, dever noticar o ainda suposto infratorda

    existncia do auto para que ele, querendo, oferea defesa.

    Dispe o artigo 280, do CTB, em seu inciso VI, que do auto de infrao constar

    a assinatura do infrator, sempre que possvel, valendo esta como noticao do

    cometimento da infrao. O texto da lei no contm palavras sem importncia

    nem prev procedimentos desnecessrios. Se o dispositivo supracitado dispe

    que a assinatura do infrator no auto valer como noticao do cometimento

    da infrao porque tal noticao necessria e anterior ao julgamento daconsistncia do auto e da aplicao da penalidade.

    De fato, no se pode imaginar como algum que seja agrado, por exemplo,

    em excesso de velocidade por uma barreira policial e comunicado in facie da

    lavratura do auto de infrao, impondo neste sua assinatura, tenha um tratamento

    diferenciado daquele que comete a mesma infrao, mas flagrado por um

    dispositivo eletrnico, tomando conhecimento da existncia do auto somente

    aps a imposio da penalidade.

    Ainda na regulamentao do processo administrativo de julgamento e

    aplicao de penalidades de trnsito, dispe o pargrafo nico, do artigo 281, do

    CTB que o auto de infrao ser arquivado e seu registro julgado insubsistente

    (...) II - se, no prazo mximo de trinta dias, no for expedida a noticao daautuao. Ressalta-se que, embora o caput do dispositivo diga respeito

    aplicao da penalidade, a noticao prevista no seu inciso II da autuao,

    ou seja, de que houve a lavratura de um auto de infrao cuja consistncia ainda

    passar pelo crivo da autoridade de trnsito.

    O procedimento a ser realizado aps a aplicao da penalidade inicia-se

    somente no artigo 282, da Lei n. 9.503/1997, ao dispor em seu caputque Aplicada a

    penalidade, ser expedida noticao ao proprietrio do veculo ou ao infrator, por

    remessa postal ou por qualquer outro meio tecnolgico hbil, que assegure a cincia

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 159

    da imposio da penalidade. Atente-se para o fato de que a noticao prevista

    neste dispositivo no a mesma do artigo anterior, sendo esta da aplicao da

    penalidade e aquela da existncia do auto de infrao.

    O prprio Contran, consolidando o entendimento jurisprudencial e garantindo

    o direito constitucional de ampla defesa e do devido processo legal, editou a

    Resoluo n. 568/80 que, em seu artigo 2, dispe: Com o recebimento do Auto

    de Infrao, o interessado poder, no prazo de 30 (trinta) dias, apresentar defesa

    prvia autoridade de trnsito, antes da aplicao da penalidade. Ressalte-se

    que, embora a citada resoluo seja anterior ao Novo Cdigo de Trnsito (Lei n.

    9.503/1997), a princpio, foi recepcionada pela nova lei, a qual, em seu artigo 314

    traz expresso que O Contran tem o prazo de duzentos e quarenta dias a partir

    da publicao deste Cdigo para expedir as resolues necessrias sua melhor

    execuo, bem como revisar todas as resolues anteriores sua publicao,

    dando prioridade quelas que visam a diminuir o nmero de acidentes e a

    assegurar a proteo de pedestres.

    Atravs de uma anlise sistemtica dos dispositivos legais supracitados pode-

    se concluir que o Cdigo de Trnsito Brasileiro traz em seu bojo a previso de

    duas noticaes ao transgressor: uma do cometimento da infrao, para que

    possa ser oferecida defesa prvia, valendo, tambm, como tal, a assinatura do

    infrator no corpo do auto; e outra da aplicao da penalidade, aps o julgamento

    da consistncia deste. No mesmo sentido, a ementa do brilhante voto do Ministro

    Luiz Fux no julgamento do Recurso Especial n. 426.084-RS:

    Administrativo. Infrao de trnsito. Penalidade. Prvia notificao.

    Ampla defesa e contraditrio. Aplicao analgica da Smula n. 127-STJ.

    O Cdigo de Trnsito imps mais de uma noticao para consolidar a

    multa. Armao das garantias ptreas constitucionais no procedimento

    administrativo.

    1. O sistema de imputao de sano pelo Cdigo de Trnsito Brasileiro

    (Lei n. 9.503/1997) prev duas noticaes a saber: a primeira referente

    ao cometimento da infrao e a segunda inerente penalidade aplicada,

    desde que superada a fase da defesa quanto ao cometimento, em si, do

    ilcito administrativo. Similitude com o processo judicial, por isso que ao

    imputado concede-se a garantia de defesa antes da imposio da sano,

    sem prejuzo da possibilidade de reviso desta.

    2. Nas infraes de trnsito, a anlise da consistncia do auto de infrao

    luz da defesa propiciada premissa inafastvel para a aplicao da

    penalidade e consectrio da garantia da ampla defesa assegurada no inciso

    LV, do artigo 5 da CF, como decorrncia do due process of Law do direito

    anglo-norte-americano, hoje constitucionalizado na nossa Carta Maior.

    3. A garantia da plena defesa implica a observncia do rito, as

    cienticaes necessrias, a oportunidade de objetar a acusao desde

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    o seu nascedouro, a produo de provas, o acompanhamento do iter

    procedimental, bem como a utilizao dos recursos cabveis.

    4. A Administrao Pblica, mesmo no exerccio do seu poder de polcia

    e nas atividades self executingno pode impor aos administrados sanes

    que repercutam no seu patrimnio sem a preservao da ampla defesa,

    que in casuse opera pelas noticaes apontadas no CTB.

    5. Sobressai inequvoco do CTB (art. 280, caput) que lavratura do auto

    de infrao segue-se a primeira noticao in faciem (art. 280, VI) ou, se

    detectada a falta distncia, mediante comunicao documental (art.

    281, pargrafo nico, do CTB), ambas propiciadoras da primeira defesa,cuja previso resta encartada no artigo 314, pargrafo nico, do CTB

    em consonncia com as Resolues n. 568/80 e n. 829/92 (art. 2 e 1,

    respectivamente, do Contran).

    6. Superada a fase acima e concluindo-se nesse estgio do procedimento

    pela imputao da sano, nova notificao deve ser expedida para

    satisfao da contraprestao ao cometimento do ilcito administrativo

    ou oferecimento de recurso (art. 282, do CTB). Nessa ltima hiptese, a

    instncia administrativa somente se encerra nos termos dos artigos 288 e

    290, do CTB.

    7. Revelando-se procedente a imputao da penalidade, aps obedecido

    o devido processo legal, a autoridade administrativa recolher, sob o plio

    da legalidade a famigerada multa pretendida abocanhar aodadamente.

    8. A sistemtica ora entrevista coaduna-se com a jurisprudncia do E. STJ

    e do E. STF as quais, malgrado admitam administrao anular os seus atos,

    impe-lhe a obedincia ao princpio do devido processo legal quando a

    atividade repercuta no patrimnio do administrado.

    9. No mesmo sentido a ratio essendi da Sm n. 127-STJ que inibe

    condicionar a renovao da licena de veculo ao pagamento da multa, da

    qual o infrator no foi noticado.

    10. Recurso especial desprovido. (REsp n. 426.084, Rel. Min. Luiz Fux, 1

    Turma, DJ de 02.12.2002, p. 242).

    Quanto alegao de que a penalidade foi aplicada por autoridadeincompetente, averigua-se que o acrdo recorrido, em nenhum momento,

    debruou-se sobre o assunto, o que denuncia a ausncia do necessrio

    prequestionamento da matria pelo Tribunal a quo antes que esta passe pelo

    crivo desta Corte. Aplicao da Smula n. 282-STF.

    Deste modo, dou parcial provimento ao recurso especial para decretar a

    nulidade dos Autos de Infrao Sries n. E000201040 e n. E000149939, tendo em

    vista a ausncia da disponibilizao de prazo para apresentao de defesa prvia

    pelo suposto infrator antes da imposio da penalidade. Mantenho a aplicao

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    SMULAS - PRECEDENTES

    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 161

    desta em relao ao Auto Srie n. 710.007, uma vez que foi aplicado in facie, tendo

    o recorrente tomado conhecimento deste no momento de sua lavratura.

    A propsito, registro mais os seguintes precedentes, todos oriundos daegrgia 1 Turma:

    Processual Civil e Administrativo. Inexistncia de omisso no acrdorecorrido. Reexame da causa. Inteno protelatria. Infrao de trnsito. Aplicaode penalidade sem anterior notificao para apresentao de defesa prvia.Autuao in facieequivalente noticao do cometimento da infrao.

    1. Fundamentos, nos quais se suporta a deciso impugnada, apresentam-se claros e ntidos, no dando lugar a omisses, obscuridades, dvidas oucontradies. O no acatamento das argumentaes contidas no recurso noimplica cerceamento de defesa, posto que ao julgador cabe apreciar a questo deacordo com o que ele entender atinente lide. No est obrigado o Magistradoa julgar a questo posta a seu exame de acordo com o pleiteado pelas partes,mas sim com o seu livre convencimento (art. 131, do CPC), utilizando-se dosfatos, provas, jurisprudncia, aspectos pertinentes ao tema e da legislao queentender aplicvel ao caso.

    2.No obstante a interposio de embargos declaratrios, no so eles meroexpediente para forar o ingresso na instncia extraordinria, se no houveomisso do acrdo que deva ser suprida. Desnecessidade, no bojo da ao

    julgada, de se abordar, como suporte da deciso, os dispositivos legais e/ouconstitucionais. Inexiste ofensa aos arts. 535 e 538, do CPC, quando a matriaenfocada devidamente abordada no mbito do voto do aresto a quo, cujainteno da parte , unicamente, o reexame da causa que lhe foi desfavorvel, eminteno nitidamente protelatria. Questes novas no podem ser apreciadas emsede de embargos de declarao.

    3.Inocorrncia de qualquer decretao de inconstitucionalidade, visto que oTribunal a quointerpretou, apenas, a extenso do princpio do devido processolegal aos processos que apuram infrao de trnsito.

    4. O atual Cdigo de Trnsito Brasileiro prev mais de uma notificaoao infrator: uma quando da lavratura do auto de infrao, ocasio em que disponibilizado prazo para oferecimento de defesa prvia; e outra quando da

    aplicao da penalidade pela autoridade de trnsito. A autuao in facie doinfrator torna inexigvel posterior noticao, sendo esta equivalente quela. Art.280, VI, do CTB.

    5.Recurso no provido.

    (REsp n. 511.549-RS, DJ de 06.10.2003, deste Relator).

    Processual Civil e Administrativo. Agravo regimental. Recurso especial.

    Mandado de segurana. Licenciamento de veculo. Condicionamento ao

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    pagamento de todas as multas lavradas, incluindo-se as invlidas. Impossibilidade.

    Smula n. 127 do STJ.

    I - A jurisprudncia desta Corte pacificou-se no sentido de que ilegal,

    como condio para licenciamento de veculo, a exigncia do pagamento de

    multa imposta sem prvia e regular noticao do infrator para defender-se em

    processo administrativo (Smula n. 127-STJ).

    II - No merece reparo o entendimento do acrdo recorrido de que, embora

    vlida a autuao de determinada multa, objeto de notificao regular,

    ilegal a exigncia indiscriminada da autoridade impetrada, condicionando o

    licenciamento do veculo ao pagamento de todas as multas lavradas, incluindo-seas invlidas.

    III - Agravo regimental improvido.

    (AgReg no REsp n. 145.814-SP, DJ de 1.09.2003, Rel. Min. Francisco Falco).

    Processual Civil. Administrativo. Ausncia de prequestionamento. Indicao

    de dispositivo no debatido na Instncia a quo. Infrao de trnsito. Penalidade.

    Prvia noticao. Ampla defesa e contraditrio. Aplicao analgica da Smula

    n. 127-STJ. O Cdigo de Trnsito imps mais de uma noticao para consolidar

    a multa. Afirmao das garantias ptreas constitucionais no procedimento

    administrativo.

    1. A simples indicao do dispositivo tido por violado, sem referncia com o

    disposto no acrdo confrontado, obsta o conhecimento do recurso especial.

    Incidncia dos Verbetes das Smulas n. 282 e n. 356 do STF.

    2. O sistema de imputao de sano pelo Cdigo de Trnsito Brasileiro (Lei n.

    9.503/1997) prev duas noticaes a saber: a primeira referente ao cometimento

    da infrao e a segunda inerente penalidade aplicada, desde que superada a

    fase da defesa quanto ao cometimento, em si, do ilcito administrativo. Similitude

    com o processo judicial, por isso que ao imputado concede-se a garantia de

    defesa antes da imposio da sano, sem prejuzo da possibilidade de reviso

    desta.

    3. Nas infraes de trnsito, a anlise da consistncia do auto de infrao

    luz da defesa propiciada premissa inafastvel para a aplicao da penalidade

    e consectrio da garantia da ampla defesa assegurada no inciso LV, do artigo 5da CF, como decorrncia do due process of law do direito anglo-norte-americano,

    hoje constitucionalizado na nossa Carta Maior.

    4. A garantia da plena defesa implica a observncia do rito, as cienticaes

    necessrias, a oportunidade de objetar a acusao desde o seu nascedouro, a

    produo de provas, o acompanhamento do iter procedimental, bem como a

    utilizao dos recursos cabveis.

    5. A Administrao Pblica, mesmo no exerccio do seu poder de polcia e

    nas atividades self executingno pode impor aos administrados sanes que

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    RSSTJ, a. 5, (25): 123-164, novembro 2011 163

    repercutam no seu patrimnio sem a preservao da ampla defesa, que in casuse

    opera pelas noticaes apontadas no CTB.

    6. Sobressai inequvoco do CTB (art. 280, caput) que lavratura do auto de

    infrao segue-se a primeira noticao in faciem(art. 280, VI) ou, se detectada a

    falta distncia, mediante comunicao documental (art. 281, pargrafo nico,

    do CTB), ambas propiciadoras da primeira defesa, cuja previso resta encartada

    no artigo 314, pargrafo nico, do CTB em consonncia com as Resolues n.

    568/80 e n. 829/92 (art. 2 e 1, respectivamente, do Contran).

    7. Superada a fase acima e concluindo-se nesse estgio do procedimento

    pela imputao da sano, nova noticao deve ser expedida para satisfaoda contraprestao ao cometimento do ilcito administrativo ou oferecimento

    de recurso (art. 282, do CTB). Nessa ltima hiptese, a instncia administrativa

    somente se encerra nos termos dos artigos 288 e 290, do CTB.

    8. Revelando-se procedente a imputao da penalidade, aps obedecido

    o devido processo legal, a autoridade administrativa recolher, sob o plio da

    legalidade a famigerada multa pretendida abocanhar aodadamente.

    9. A sistemtica ora entrevista coaduna-se com a jurisprudnia do E. STJ e do

    E. STF as quais, malgrado admitam administrao anular os seus atos, impe-lhe

    a obedincia ao princpio do devido processo legal quando a atividade repercuta

    no patrimnio do administrado.

    10. No mesmo sentido a ratio essendida Sm. n. 127-STJ que inibe condicionara renovao da licena de veculo ao pagamento da multa, da qual o infrator no

    foi noticado.

    11. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido.

    (REsp n. 506.104-RS, DJ de 04.08.2003, Rel. Min. Luiz Fux).

    No mesmo sentido de do mesmo Relator: REsps n. 460.178-RS, DJ de04.08.2003; n. 490.728-RS, DJ de 23.06.2003.

    Administrativo. Infrao de trnsito. Aplicao de penalidade sem anterior

    noticao para apresentao de defesa prvia. Autuao in facieequivalente

    noticao do cometimento da infrao. Ausncia de prequestionamento quanto competncia da autoridade de trnsito.

    - O atual Cdigo de T