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SUMÁRIO

DIREITO CONSTITUCIONALProf. Tallita Sampaio

DIREITO ADMINISTRATIVOProf. Nádia Saab

DIREITO ELEITORALProf. Tallita Sampaio

DIREITO CIVILProf. Ana Valéria

DIREITO PROCESSUAL CIVILProf. Moacir Neto

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DIREITO CONSTITUCIONALPROF. TALLITA SAMPAIO

01 - QUESTÃO

Acerca do Conceito e Classificação das Constituições, assinale a alternativa incorreta:

a) A constituição simbólica, segundo Marcelo Neves, tem lugar no debate entre norma e realidade constitucional, revelando um aspecto negativo, consistente no déficit de concretização jurídico-normativa.b) O constitucionalismo transnacional, ou transconstitucionalismo, consiste na possibilidade de criação de apenas uma constituição para vários países.c) O transconstitucionalismo consiste no entrelaçamento de ordens jurídicas diversas (de mesma espécie ou de espécies diferentes) em torno dos mesmos problemas de natureza constitucional.d) A Constituição Dirigente, segundo Gomes Canotilho, amplia os espaços nos quais o Poder Público passa a interferir de modo ativo na sociedade, fornecendo prestações exigidas pelas demandas sociais. e) A Constituição fixa ou silenciosa é aquela que só pode ser modificada pelo mesmo poder que a criou, ou seja, pelo poder constituinte originário.

RESPOSTA: Alternativa B.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Inicialmente, cumpre esclarecer o que significa legislação simbólica. Dotada de alto grau de ineficácia jurídica e de falta de vigência social, a legislação simbólica é aquela em que há uma hipertrofia da função político-simbólica em detrimento da força normativo-jurídica. Marcelo Neves elenca uma tipologia de legislações simbólicas:

1) fórmula de compromisso dilatório: a legislação surge em circunstâncias políticas nas quais as partes envolvidas aprovam uma lei que sabidamente não resolveria o conflito. Com isso, protela-se a resolução do problema;2) confirmação dos valores sociais de um grupo: um grupo quer deixar claro que seus valores são mais relevantes que os valores de um outro grupo;3) legislação-álibi: o Estado age para acalmar (em situações, por exemplo, de comoção pública), buscando demonstrar a sua capacidade de solucionar os problemas sociais. Entretanto, essa legislação não tem significado prático relevante.

A Constituição simbólica, portanto, tem lugar no debate entre norma e realidade constitucional. A Constituição simbólica revela um aspecto negativo, que consiste no déficit de

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concretização jurídico-normativa. O risco é que esta constituição crie um simulacro da realidade, servindo para encobrir problemas sociais.

A alternativa A, portanto, está correta, e não deve ser assinalada.

Alternativa B: Transconstitucionalismo consiste no entrelaçamento de ordens jurídicas diversas (estatais, transnacionais, internacionais e até mesmo supranacionais) em torno dos mesmos problemas de natureza constitucional. Configura transconstitucionalismo, portanto, o fato de ordens jurídicas diferenciadas enfrentarem concomitantemente as mesmas questões de natureza constitucional. O transconstitucionalismo pode ocorrer entre ordens jurídicas de mesma espécie ou de espécies diferentes, ou mesmo entre uma pluralidade de ordens jurídicas que podem estar envolvidas simultaneamente na solução de um caso. São exemplos do transconstitucionalismo: a colisão existente entre o art. 7 da Convenção Americana de Direitos Humanos e o art. 5, LXVII da CF/88 (a convenção proíbe a prisão do depositário infiel e a CF/88 permite a prisão civil do mesmo); e a recepção ou não da Lei da Anistia. O STF decidiu, em 29.04.2010, que a Lei da Anistia é compatível com a CF/88 e a anistia por ela concedida foi ampla e geral, alcançando os crimes de qualquer natureza praticados pelos agentes de repressão no período compreendido entre 02.09.1961 e 15.08.1979. Acontece que, em 14.12.2010, no caso Gomes Lund e outros versus Brasil, a Corte Interamericana de Direitos Humanos afirmou que a interpretação da Lei da Anistia exarada pelo Brasil não pode continuar a ser um obstáculo para a investigação dos fatos e punição dos responsáveis por torturas realizadas durante o regime militar. A CIDH analisou a compatibilidade da Lei da Anistia com as obrigações internacionais assumidas pelo Brasil, à luz da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. A Corte concluiu que as disposições da Lei de Anistia (recepcionada pelo STF) que impedem a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos são incompatíveis com a Convenção Americana e carecem de efeitos jurídicos. Portanto, a mesma não pode ser óbice para a investigação dos fatos do caso em questão. Resta-nos aguardar a resolução da questão com a prevalência do posicionamento do STF ou da CIDH.

Essa é, inclusive, uma questão central do transconstitucionalismo: QUAL ORDEM JURÍDICA DEVE PREVALECER? Segundo Marcelo Neves, não é possível uma imposição unilateral, devendo existir um “diálogo constitucional”. Isso mostra a necessidade de que ordens jurídicas diversas, com pontos de partida diversos, dialoguem sobre questões constitucionais comuns, que afetam ao mesmo tempo ambas as ordens. Portanto, a proposta não é da primazia de uma ordem ou jurisdição sobre a outra, mas sim a construção de uma racionalidade transversal, que permite um diálogo construtivo entre as ordens jurídicas.

OBS.: NÃO CONFUNDIR COM CONSTITUCIONALISMO TRANSNACIONAL, que consiste na possibilidade de criação de apenas uma Constituição para vários países; se aproxima do que acontece na União Europeia, que tem normas em comum, mas não chega a ser uma Constituição comum a todos os países que a integram.

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A alternativa B, portanto, está incorreta, e deve ser assinalada.

Alternativa C: Como explicado no item anterior, o transconstitucionalismo consiste no entrelaçamento de ordens jurídicas diversas (estatais, transnacionais, internacionais e até mesmo supranacionais) em torno dos mesmos problemas de natureza constitucional, podendo ocorrer entre ordens jurídicas de mesma espécie ou de espécies diferentes.

A alternativa C, portanto, está correta, e não deve ser assinalada.

Alternativa D: A Constituição dirigente tem viés de futuro. É uma Constituição típica de Estado Social e de seu pano de fundo paradigmático, pois nesse momento iniciou-se uma discussão no sentido de que a Constituição também deveria passar por uma reestruturação, passando a assumir uma função dirigente, ampliando consideravelmente os espaços nos quais o Poder Público passava a interferir de modo ativo na sociedade, fornecendo prestações exigidas pelas demandas sociais que clamavam por justiça social. Constituições dirigentes são planificadoras e visam a predefinir uma pauta de vida para a sociedade e estabelecer uma ordem concreta de valores para o Estado e para a Sociedade. Ou seja, estabelecem metas, programas de ação e objetivos para serem cumpridos pelo Estado e também pela sociedade. São marcadas por normas programáticas.

A alternativa D, portanto, está correta, e não deve ser assinalada.

Alternativa E: De fato, a Constituição fixa ou silenciosa é aquela que só pode ser modificada pelo mesmo poder que a criou, ou seja, pelo poder constituinte originário. É assim denominada porque não prevê procedimento especial para sua modificação.

02 - QUESTÃO

Sobre a Defesa do Estado e das instituições democráticas, assinale a alternativa correta:

a) O Presidente da República pode solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de defesa em caso de comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia da medida tomada durante do estado de sítio.b) O tempo de duração do estado de sítio não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.c) A mesa da Câmara dos Deputados, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e estado de sítio.d) O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração e indicará as medidas coercitivas a vigorarem, dentre elas a restrição ao direito de reunião, ainda que exercida no seio das associações.

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e) Na vigência do estado de defesa poderão ser tomadas contra as pessoas, dentre outras medidas, a obrigação de permanência em localidade determinada.

RESPOSTA: Alternativa D.

COMENTÁRIOS:

A CF/88 trouxe, sob o título “Defesa do Estado e das Instituições democráticas”, dois grupos: um voltado para fornecer instrumentos para manutenção ou restabelecimento da ordem em momentos de anormalidade (o chamado sistema constitucional de crises, composto pelo estado de defesa e estado de sítio), e outro que se preocupou com a institucionalização da defesa do país por meio das forças armadas e da segurança pública.

O sistema constitucional de crises é composto por um conjunto de princípios, dentre os quais se destacam: o da excepcionalidade (significa que apenas em situações excepcionais de desequilíbrio é que as medidas do estado de defesa e do estado de sítio devem ser tomadas); necessidade (significa que as medidas que compõem o sistema de crises somente se justificam se não houver outro meio menos gravoso para restabelecer a normalidade) e temporalidade (tão logo a normalidade seja estabelecida, as medidas próprias do estado de defesa e do estado de sítio devem cessar, pois a perpetuação dessas situações excepcionais converteria o Estado Democrático de Direito em verdadeira Ditadura).

Em provas objetivas, é costume cobrar a letra da lei referente ao Estado de Defesa e Estado de Sítio, mormente nos detalhes que diferenciam tais medidas, tais como o prazo e as hipóteses de cabimento das mesmas.

Além disso, é importante saber que tipo de controle é possível no que diz respeito a decretação dessas medidas.

O controle do estado de defesa e do estado de sítio será político, feito pelo Congresso Nacional, e judicial, realizado pelo Judiciário. Aquele poderá ser imediato (uma vez que cabe ao Congresso Nacional decidir, por maioria absoluta, a aprovação ou prorrogação do Estado de Defesa – art. 136, parág. 4 – e no caso do estado de sítio, cabe ao Congresso Nacional autorizar a decretação do estado de sítio – art. 137 da CF); concomitante (pois a Mesa do Congresso Nacional nomeará uma Comissão para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas – art. 140) e sucessivo/posterior (pois findo o estado de defesa ou o estado de sítio, o Presidente enviará mensagem ao CN, especificando e justificando as providências por ele tomadas, e os executores poderão ser responsabilizados por qualquer tipo de arbítrio, excesso ou atos ilícitos cometidos – art. 141 da CF/88).

O controle judicial, por sua vez, poderá ser concomitante (este é um controle de legalidade sobre a execução das medidas e as práticas que estão sendo tomadas – não é um

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controle sobre a medida em si, ou seja, sobre o decreto do Presidente, pois a decretação do estado de defesa e do estado de sítio é ato discricionário do Presidente da República) ou sucessivo/posterior (se ficar consubstanciados abusos nas medidas, o Poder Judiciário responsabilizará a Presidente e demais envolvidos pelos possíveis abusos, tanto na seara cível quanto na penal).

Alternativa A: Nos termos do art. 137 da CF/88, O Presidente da República pode solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio em caso de comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia da medida tomada durante do estado de defesa – E NÃO O ESTADO DE DEFESA, COMO TRAZ A ALTERNATIVA, razão pela qual ela está incorreta.

Não esqueça: o Presidente da República Solicita autorização para o estado de Sítio (Solicita-Sítio), e Decreta o Estado de Defesa (Decreta-Defesa).

Alternativa B: Conforme o art. 136, parág. 2 da CF/88, O tempo de duração do estado

de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.

NÃO CONFUNDIR com o prazo de duração do estado de sítio que, ante a ineficácia do estado de defesa será de no máximo 30 dias, sempre prorrogáveis por no máximo mais 30 dias (quantas vezes forem necessárias). Quando o estado de sítio tiver sido decretado em razão de guerra, ele durará enquanto durar a guerra.

A alternativa B, portanto, está incorreta.

Alternativa C: Nos termos do art. 140 da CF/88, não é a Mesa da Câmara dos Deputados, e sim a Mesa do Congresso Nacional que, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e estado de sítio.

A alternativa C, portanto, está incorreta.

Alternativa D: A alternativa está correta, em conformidade com o art. 136, parág. 1 da CF/88. Cuidado, pois as bancas examinadoras costumam substituir o “ainda que exercidas no seio das associações”, pelo “salvo quando exercidas no seio das associações”.

Alternativa E: A obrigação de permanência em localidades determinadas é possível durante o estado de sítio, e não durante o estado de defesa (art. 139, I da CF/88).

A alternativa E, portanto, está incorreta.

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DIREITO ADMINISTRATIVOPROF. NÁDIA SAAB

13 – QUESTÃO

Acerca dos órgãos públicos e das entidades integrantes da Administração Indireta e do Terceiro Setor, assinale a opção correta.a) Órgãos públicos são núcleos de competências estatais sem personalidade jurídica própria, porém dotados de capacidade processual para defesa de suas prerrogativas institucionais em juízo.b) Quanto à posição estatal, órgãos públicos autônomos são aqueles originários da Constituição Federal e representativos da cúpula dos Poderes estatais, não sujeitos a qualquer subordinação hierárquica ou funcional.c) As agências reguladoras, autarquias em regime especial, detém poder normativo para disciplinar os respectivos setores de atuação, inclusive mediante a edição de atos administrativos gerais e abstratos.d) As empresas públicas e as sociedades de economia mista, prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade econômica, não tem o dever de realizar prévia licitação para a contratação de bens e serviços relacionados diretamente com suas atividades finalísticas.e) As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público são pessoas jurídicas de direito privado que celebram contrato de gestão com a Administração Pública visando à ampliação de sua autonomia mediante a fixação de metas de desempenho, cuja outorga é discricionária e depende da aprovação do Ministro de Estado responsável pela área de atuação da entidade.

RESPOSTA: Alternativa A

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: De fato, órgãos públicos são núcleos de competências estatais sem personalidade jurídica própria, a teor do disposto no artigo 1º, § 2º, inciso II da Lei 9784/99:

“Art. 1o  Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”.

Os órgãos públicos são, pois, divisões internas de uma pessoa jurídica governamental, esta sim, uma unidade de atuação dotada de personalidade jurídica própria.

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Por essa razão, os órgãos públicos não podem ser acionados judicialmente para responder pelos prejuízos causados por seus agentes, sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito em virtude da ilegitimidade de parte. Portanto, a demanda deve ser direcionada à pessoa jurídica a qual pertence o órgão. Assim, a título de exemplo, se o dano for causado pelo Ministério da Cultura, órgão despersonalizado, a ação deve se ajuizada em face da União, pessoa jurídica à qual pertence o Ministério da Cultura.

Todavia, a doutrina e a jurisprudência reconhecem que alguns órgãos públicos são dotados de capacidade processual especial, restrita, porém, à defesa de suas prerrogativas institucionais em juízo, a teor do disposto na súmula 525 do STJ:

“A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais”.

Alternativa B: Considerando a classificação proposta por Helly Lopes Meirelles,

quanto à posição estatal, órgãos públicos independentes ou primários são aqueles originários da Constituição Federal e representativos da cúpula dos Poderes estatais, não sujeitos a qualquer subordinação hierárquica ou funcional. Exemplos: Casas legislativas, Chefias do Executivo, Tribunais do Poder Judiciário, Ministério Público e Tribunais de Contas.

Os órgãos autônomos, por sua vez, estão imediatamente subordinados aos órgãos independentes e são dotados de autonomia administrativa, financeira e técnica e competências de planejamento, supervisão e controle de outros órgãos. Exemplos: Ministérios, Secretarias e Advocacia-Geral da União.

Ainda no âmbito da mesma classificação, são órgãos superiores aqueles que estão subordinados a uma chefia superior, detém competências diretivas e decisórias, mas não possuem autonomia administrativa ou financeira. Exemplos: Gabinetes, Secretarias- Gerais, Procuradorias Administrativas e Coordenadorias.

Por fim, os órgãos subalternos são aqueles dotados de atribuições predominantemente executórias. Exemplo: repartições comuns.

Alternativa C: Autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, pertencentes à Administração Indireta, criadas por lei específica e dotadas de autonomia gerencial orçamentária e patrimonial, para o exercício de atividades típicas da Administração Pública.

As agências reguladoras, por sua vez, diretamente relacionadas a uma concepção neoliberal de política econômica voltada à redução da participação estatal em diversos setores da economia, são autarquias em regime especial, cujos dirigentes são estáveis e detentores de

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mandato por prazo determinado.

Dadas as características especiais que as diferenciam das autarquias comuns, as agências reguladoras detém poder normativo para disciplinar os respectivos setores de atuação. Todavia, não se trata tecnicamente de competência regulamentar, porquanto a edição de decretos e regulamentos é privativa do Chefe do Poder Executivo (artigo 84, inciso IV da CF). Portanto, tendo em vista o caráter infralegal dessa atribuição, a edição de atos normativos pelas agências reguladoras não pode contrariar as regras fixadas na legislação ou tratar de temas que não foram objeto de lei anterior, bem como é vedada a edição de atos administrativos gerais e abstratos, sob pena de violação à privatividade da competência regulamentar.

Alternativa D: As empresas estatais são pessoas jurídicas de direito privado, pertencentes à Administração indireta, criadas por autorização legislativa, para prestação de serviços públicos ou exploração de atividade econômica.

O regime jurídico aplicável às empresas públicas e sociedades de economia mista difere quanto à espécie de atividade desenvolvida, Quando prestadoras de serviços públicos, é obrigatória a observância dos princípios e normas de Direito Administrativo no tocante às obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias. Dessa forma são imunes a impostos, seus bens são públicos, respondem objetivamente pelos prejuízos causados a terceiros, estão sujeitas à impetração de mandado de segurança e tem o dever de licitar, independentemente do objeto da contratação.

Ao contrário, quando exploradoras de atividade econômica, aplica-se o regime jurídico próprio das empresas privadas, de forma que não detém imunidade tributária, seus bens são particulares, respondem subjetivamente pelos prejuízos causados a terceiros e não se sujeitam à impetração de mandado de segurança em relação aos atos de gestão comercial. Além disso, não tem o dever de realizar prévia licitação para a contratação de bens e serviços relacionados diretamente com suas atividades finalísticas, sob pena de inviabilizar a livre concorrência com empresas privadas do mesmo setor.

Alternativa E: O Terceiro Setor é composto por pessoas jurídicas de direto privado que exercem atividades de interesse público, sem finalidade lucrativa, disciplinadas por um regime jurídico predominantemente privado, parcialmente derrogado por normas de Direito Público.

Organização social é uma qualificação especial outorgada à pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, que celebram contrato de gestão com a Administração Pública, cuja outorga é discricionária e depende da aprovação do Ministro de Estado responsável pela área de atuação da entidade (artigo 2º, inciso II da Lei 9637/98).

As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, por sua vez, são entidades

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privadas sem finalidade lucrativa que celebram termo de parceria com a Administração Pública, cuja outorga é vinculada e depende da aprovação do Ministro da Justiça (artigo 1º, § 2º da Lei 9790/99).

O estímulo a tais entidades decorre do alcance social dessa atuação e autoriza a fruição de vantagens peculiares, tais como isenções fiscais, destinação de recursos orçamentários, repasse de bens públicos e empréstimo temporário de funcionários governamentais.

O âmbito de atuação das Oscips é mais abrangente se comparado às atividades desenvolvidas pelas Organizações Sociais, cujas ações são relacionadas ao ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde (artigo 1º da Lei 9637/98).

Por fim, ressalte-se que é dispensada a licitação para a celebração de contratos de prestação de serviços com Organizações Sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão, salvo no tocante às contratações resultantes da aplicação de recursos e bens repassados diretamente pela União (artigo 24, inciso XXIV da Lei 8666/93).

14 – QUESTÃO

Agência Executiva é uma qualificação atribuída pelo Governo Federal a autarquias, fundações públicas e órgãos que celebram contrato de gestão para ampliação de sua autonomia, mediante a fixação de metas de desempenho. Nesse contexto, assinale a opção que enuncia o princípio correlato ao surgimento das Agências Executivas:a) legalidadeb) impessoalidadec) moralidaded) publicidadee) eficiência

RESPOSTA: Alternativa E

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Inerente ao Estado de Direito, o princípio da legalidade representa a subordinação da Administração Pública à vontade popular, tendo em vista que o exercício da função administrativa tem caráter infralegal.

Acerca da distinção entre legalidade privada e legalidade pública, destaca-se o magistério de Helly Lopes Meirelles:

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“Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza” (Direito Administrativo Brasileiro, 27ª edição, Malheiros, 2002, p. 86).

Com efeito, o silêncio da lei quanto ao regramento de determinada conduta é interpretado, na esfera particular, como permissão para agir. Assim, as normas privadas permissivas apenas criam exceções no contexto de proibições gerais ou reforçam liberdades decorrentes da falta de disciplina legal específica. Ao contrário, a ausência de regramento sobre determinado comportamento significa, no âmbito da Administração, uma proibição de agir. Portanto, o legislador define normas públicas proibitivas somente para excepcionar permissões gerais ou rechaçar condutas vedadas em virtude da falta de normatização pertinente.

Alternativa B: O princípio da impessoalidade estabelece um dever de imparcialidade na defesa do interesse público, impedindo discriminações ou privilégios indevidamente dispensados a particulares no exercício da função administrativa. Em outras palavras, tendo em vista o conceito previsto no artigo 2º, parágrafo único, inciso III da Lei 9784/99, representa a objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades.

No tocante à relação entre o princípio da impessoalidade e a noção de finalidade pública, ensina Helly Lopes Meirelles que o postulado em alusão:

“nada mais é do que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal” (Direito Administrativo Brasileiro, 27ª edição, Malheiros, p. 89-90).

Com efeito, ao agir visando a finalidade pública prevista na lei, o agente público necessariamente imprime impessoalidade e objetividade na atuação, abstendo-se de tomar decisões fundadas em motivos estritamente pessoais.

Apesar da proximidade de conteúdo, o dever de impessoalidade não se confunde com o princípio da isonomia. Nesse sentido, Lucia Valle Figueiredo esclarece:

“É possível haver tratamento igual a determinado grupo (que estaria satisfazendo o princípio da igualdade); porém, se ditado por conveniências pessoais do grupo ou do administrador, está infringindo a impessoalidade” (Curso de Direito Administrativo, 3ª edição, Malheiros, p. 63).

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Por fim, a impessoalidade possui outro aspecto digno de nota. A atuação dos agentes públicos é imputada ao Estado e não à pessoa física do administrador, representando, pois, um agir impessoal da Administração.

Alternativa C: O princípio da moralidade não impõe o dever de observância da moral comum vigente na sociedade, mas o respeito a padrões éticos, de boa-fé, decoro, lealdade, honestidade e probidade, incorporados pela prática diária ao conceito de boa administração.

Nesse sentido o artigo 2º, parágrafo 4º, inciso IV da Lei 9784/99 define a moralidade nos processos administrativos como um dever de atuação segundo padrões éticos, de probidade e boa-fé. Além de vincular a Administração Pública, constitui dever imposto aos administrados proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé (artigo 4º, inciso II da Lei 9784/99).

Maria Sylvia Zanella Di Pietro, citando Augustín Gordillo destaca um dos problemas mais relevantes da Administração Pública moderna, consistente na existência de uma duplicidade de regras, processos, organizações e sistemas dentro do aparelho governamental. A denominada “moral paralela”, edificada à margem das estruturas estatais oficiais favorece a descrença no dever de cumprimento das regras jurídicas e morais. E conclui a autora:

“É só por meio da participação popular no controle da Administração Pública que será possível superar a existência dessa administração paralela e, em consequência, da moral paralela” (Direito Administrativo, 13ª edição, Atlas, p.78).

Para exercer esse controle, a legislação brasileira prevê diversos instrumentos destinados à proteção da moralidade administrativa, a saber: ação popular, ação civil pública de improbidade administrativa, controle externo exercido pelos Tribunais de Contas, Comissões Parlamentares de Inquérito, entre outros.

Alternativa D: O princípio da publicidade consiste no dever de divulgação oficial dos atos administrativos, tendo em vista o ideal democrático de acesso livre e irrestrito a informações de interesse dos administrados.

Nesse contexto, conclui-se que o princípio da publicidade engloba dois subprincípios: a) princípio da transparência: compreende o dever de prestar informações de interesse dos cidadãos e de não praticar condutas sigilosas e; b) princípio da divulgação oficial: a publicação dos atos praticados deve observar o meio de publicidade definido pelo ordenamento jurídico ou consagrado pela prática administrativa.

A publicidade dos atos administrativos constitui medida destinada ao cumprimento das seguintes finalidades: a) exteriorizar a vontade da Administração; b) tornar exigível o conteúdo do ato; c) desencadear a produção de efeitos e; d) permitir o controle de legalidade.

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Todavia, o próprio texto constitucional prevê exceções ao princípio da publicidade, autorizando a decretação de sigilo quando houver risco para a segurança da sociedade ou do Estado, bem como para preservar a intimidades dos envolvidos (artigo 5º, incisos X e XXXIII da CF).

Por fim, importante ressaltar que o descumprimento do dever de publicidade pode, conforme as circunstâncias, configurar ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da Administração Pública (artigo 11, incisos III e IV da lei 8429/92).

Alternativa E: Incluído no artigo 37 da Constituição Federal pela EC nº 19/98, o princípio da eficiência implementou o modelo de administração gerencial, voltado para um controle de resultados da atuação estatal.

Economicidade, redução de desperdícios, qualidade, rapidez, produtividade e rendimento funcional são valores encarecidos pelo princípio da eficiência. Assim, o conteúdo jurídico do aludido postulado impõe ao administrador a obtenção dos melhores resultados possíveis com os recursos disponíveis, por meio da aplicação da lei.

Nesse contexto, as Agências Executivas representam importante instrumento de administração gerencial, tendo em vista o ideal de aumentar a eficiência na gestão no interesse público, mediante a flexibilização de exigências legais.

15 – QUESTÃO

No tocante à invalidade dos atos administrativos, assinale a opção correta.a) Compete exclusivamente à Administração Pública revogar, com efeitos retroativos, os atos administrativos vinculados, por razões de interesse público.b) O Poder Judiciário pode revogar atos administrativos próprios, por razões de conveniência e oportunidade.c) O ato revocatório tem natureza vinculada e o ato anulatório, natureza discricionária.d) Cassação é a modalidade de extinção do ato administrativo que decorre da superveniência de norma legal proibitiva.e) Convalidação é o aproveitamento do ato administrativo defeituoso como ato válido de outra categoria.

RESPOSTA: Alternativa B

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A revogação consiste em modalidade de extinção do ato administrativo, com eficácia ex nunc, pela própria Administração Pública, por razões de interesse público.

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DIREITO ELEITORALPROF. TALLITA SAMPAIO

23 - De acordo com a Lei 9.504:

a) Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito, e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo.b) A propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 05 de agosto do ano da eleição.c) É vedada propaganda eleitoral nas dependências do Poder Legislativo.d) Configura propaganda eleitoral antecipada a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo, a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates entre os pré-candidatos.e) Ao postulante a candidatura a cargo eletivo é permitida a realização, na quinzena anterior à escolha pelo partido, de propaganda intrapartidária com vista à indicação de seu nome, vedado o uso de rádio, televisão e outdoor.

RESPOSTA: Alternativa E

COMENTÁRIOS:

Em Direito Eleitoral, é de extrema importância o estudo da letra da lei, em especial do Código Eleitoral, da Lei das Eleições e da Lei dos Partidos Políticos, com destaque para as recentes alterações legislativas ocorridas nas referidas leis.

Alternativa A: Antes das alterações legislativas promovidas em 2015, para concorrer às eleições, o candidato deveria possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito, e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo. Entretanto, o prazo mínimo para filiação partidária foi modificado pela lei 13.165, sendo atualmente de 6 meses. Cuidado para não confundir: o período mínimo de domicílio eleitoral continua sendo de 1 ano. Só foi reduzido o tempo mínimo de filiação partidária.Portanto, atualmente, para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito, e estar com a filiação deferida pelo partido no mínimo 6 meses antes da data da eleição.

A alternativa A, portanto, está incorreta.

Alternativa B: A propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano da eleição, conforme art. 36 da Lei 9.504.

A alternativa B, portanto, está incorreta.

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Alternativa C: Nas dependências do Poder Legislativo, a veiculação de propaganda eleitoral fica a critério da Mesa Diretora – art. 37, parág. 3 da Lei 9.504, não sendo, portanto, vedada.

A alternativa C, portanto, está incorreta.

Alternativa D: Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam pedido explícito de voto, a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo, a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates entre os pré-candidatos – art. 36-A, III da Lei das Eleições.

A alternativa D, portanto, está incorreta.

Alternativa E: Ao postulante a candidatura a cargo eletivo é permitida a realização, na quinzena anterior à escolha pelo partido, de propaganda intrapartidária com vista à indicação de seu nome, vedado o uso de rádio, televisão e outdoor - Art. 36, parág 1 da Lei 9.504.

A alternativa E, portanto, está correta.

24 - Ainda de acordo com a Lei 9.504: a) Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pelo Código Civil e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada.b) Em bens particulares, independe de obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral, desde que seja feita em adesivo ou papel, não exceda a 4 m² (quatro metros quadrados) e não contrarie a legislação eleitoral.c) Considera-se carro de som qualquer veículo, desde que motorizado, que transite divulgando jingles ou mensagens de candidatos.d) Para a caracterização da conduta ilícita, é necessário o pedido explícito de votos.e) É permitido às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e em seu noticiário, divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em convenção, desde que preexistente.

RESPOSTA: Alternativa A

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A alternativa está em conformidade com o Art. 37, parág. 4 da Lei 9.504.

A alternativa A, portanto, está correta.

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Alternativa B: Antes da alteração legislativa promovida pela Lei 13.165, a veiculação de propaganda eleitoral em bens particulares era possível e independia da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral se não excedesse 4 m². Entretanto, com a alteração legislativa, esse limite de tamanho foi reduzido para 0,5 m², conforme art. 37, parág. 2 da Lei 9.504:

Art. 37, parág. 2: Em bens particulares, independe de obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral, desde que seja feita em adesivo ou papel, não exceda a 0,5 m² (meio metro quadrado) e não contrarie a legislação eleitoral.

A alternativa B, portanto, está incorreta.

Alternativa C: Nos termos do art. 39, parág. 9-A da Lei 9.504:

Art. 37, parág. 2: Considera-se carro de som, além do previsto no § 12, qualquer veículo, motorizado ou não, ou ainda tracionado por animais, que transite divulgando jingles ou mensagens de candidatos.

A alternativa C, portanto, está incorreta.

Alternativa D: Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos – art. 41-A, parág 1 da Lei 9.504.

A alternativa D, portanto, está incorreta.

Alternativa E: Nos termos do art. 45 da Lei 9.504:

Art. 45: Encerrado o prazo para a realização das convenções no ano das eleições, é vedado às emissoras de rádio e televisão, divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em convenção, ainda quando preexistente;

A alternativa E, portanto, está incorreta.

25 - Assinale a alternativa incorreta:

a) É facultada a transmissão por emissora de rádio ou televisão de debates sobre as eleições majoritária ou proporcional, sendo assegurada a participação de candidatos dos partidos com representação superior a nove Deputados, e facultada a dos demais.b) É vedada a presença de um mesmo candidato a eleição proporcional em mais de um

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DIREITO CIVILPROF. ANA VALÉRIA

26- QUESTÃO:

No tocante a união estável é correto afirmar:

a) A coabitação é indispensável à caracterização da união estável.b) A existência de casamento válido não obsta o reconhecimento da união estável, desde que haja separação de fato ou judicial entre os casados.c) É imprescindível para constituição da união estável a convivência durante, ao menos, 5 anos ou a existência de filhos em comum.d) O companheiro supérstite possui direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar com fundamento expresso no Código Civil.e) Na união estável de pessoa maior de setenta anos não é obrigatório o regime da separação obrigatória de bens.

RESPOSTA: Alternativa B

COMENTÁRIO:

Alternativa A: Errada. Uma importante ferramenta de estudo são as jurisprudências em teses disponibilizadas no site do STJ (http://www.stj.jus.br/SCON/jt/). Caso vocês não conhe-çam, vale a pena conferir. Os principais entendimentos jurisprudenciais do STJ são sintetizados em frases e organizados por assunto e ramo do direito. Sugiro que sempre ao terminar de estu-dar uma determinada matéria verifiquem se há edição sobre o tema.

A coabitação e a existência de filhos em comum apesar de constituírem fortes indí-cios da união estável não são indispensáveis para sua caracterização segundo jurisprudência pacifica do STJ e STF. A Súmula nº 382 do STF afirma:

Súmula 382 STF- A vida em comum sob o mesmo teto, more uxorio, não é indispensável à caracterização do concubinato.

A leitura da súmula deve ser realizada sob a ótica da Constituição Federal de 1988 de modo que expressão concubinato deve ser substituída por união estável em razão da sua carga marginalizante e discriminatória.

Alternativa B: Correta! A união estável pode ser constituída por todos aqueles que não estão impedidos de casar, bem como por aqueles que já estão separados de fato ou de

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direito, conforme disposição expressa do artigo 1.723 do Código Civil, in verbis:

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.§ 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.

O principal escopo da permissão legal para constituição de união estável envolvendo pessoa separada de fato ou de direito é a proteção de entidades familiares que já existiam faticamente e que possuíam uma menor proteção jurídica por serem enquadradas como concubinato em razão da existência de vínculos matrimoniais de um casamento que no mundo real já não mais existia.

Atente-se que apesar de não previsto expressamente o divorciado ou separado extrajudicialmente também pode constituir união estável.

Alternativa C: Errado. A lei nº 8.971/1994, primeiro diploma normativo pós Constituição Federal de 1988 que tratou da união estável, ampliou os direitos dos companheiros ao garantir direitos sucessórios e alimentares Contudo, exigia um prazo mínimo de 5 anos de convivência ou existência de filhos em comum para o reconhecimento da união estável.

O prazo mínimo de 5 anos de convivência ou a existência de filhos em comum foi dispensada pela Lei nº 9.278/1996 que também inovou ao possibilitar o reconhecimento da união estável em caso de separação de fato, bem como estabeleceu a presunção de que os bens adquiridos na constância da convivência foram frutos de um esforço comum, o direito de real de habitação ao companheiro supérstite e a competência das varas de famílias para ações sobre união estável que até então eram de competência das varas cíveis.

Por fim o Código Civil de 2002 condensou os avanços legislativos sobre união estável nos artigos 1.723 a 1.727.

Alternativa D: O item está equivocado porque o direito real de habitação do companheiro sobrevivente não está expressamente previsto no Código Civil!!!!

Apesar da omissão do Código Civil, o companheiro possui direito de habitação ao imóvel que residia com o falecido com esteio na Lei nº 9.278/1996, no princípio constitucional da dignidade humana e no direito fundamental à moradia, bem como em analogia ao artigo 1.831 do CC que determina o direito real de moradia ao cônjuge sobrevivente.

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Portanto, o direito real de moradia é um direito do companheiro sobrevivente que não está previsto expressamente no Código Civil.

Complementado as informações sobre o tema, cumpre destacar que o direito real de habitação poder ser invocado em demanda possessória pelo companheiro sobrevivente, ainda que não se tenha buscado em ação declaratória própria o reconhecimento de união estável. Portanto, mesmo que não haja a constituição formal da união estável ou sequer o seu pedido de reconhecimento judicial post mortem o companheiro pode pleitear o direito de habitação do imóvel em que residia com o falecido em ações possessórias seja como autor ou demandado.

Alternativa E: Errado. A jurisprudência do STJ afirma que nas uniões estáveis que en-volvam pessoas maiores de 70 anos o regime de bens obrigatoriamente deverá ser o de separa-ção obrigatória em analogia ao inciso II artigo 1.641 do Código Civil, cabendo apenas a partilha dos bens adquiridos durante a convivência se for comprovado o esforço em comum.

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA. UNIÃO ESTÁVEL. COMPANHEIRO SEXAGENÁRIO. SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS (CC/1916, ART. 258, II; CC/2002, ART. 1.641, II). DISSOLUÇÃO. BENS ADQUIRIDOS ONEROSAMENTE. PARTILHA. NECESSIDADE DE PROVA DO ESFORÇO COMUM. PRESSUPOSTO DA PRETENSÃO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PROVIDOS.1. Nos moldes do art. 258, II, do Código Civil de 1916, vigente àépoca dos fatos (matéria atualmente regida pelo art. 1.641, II, do Código Civil de 2002), à união estável de sexagenário, se homem, ou cinquentenária, se mulher, impõe-se o regime da separação obrigatória de bens.2. Nessa hipótese, apenas os bens adquiridos onerosamente na constância da união estável, e desde que comprovado o esforço comum na sua aquisição, devem ser objeto de partilha.3. Embargos de divergência conhecidos e providos para negar seguimento ao recurso especial. (STJ. 2ª Turma. Min. Rel. Raul Araújo. EREsp 1171820 / PR. DJe21/09/2015)

27- QUESTÃO:

Assinale a alternativa incorreta sobre o regime de bens do casamento:a) São requisitos necessários para alteração do regime de bens do casamento: consenso entre os cônjuges, existência de justo motivo, proteção do direito de terceiros e decisão judicial.b) No regime de participação final nos aquestos se um dos cônjuges solveu uma dívida do outro com bens do seu patrimônio, o valor do pagamento deve ser atualizado e imputado, na data da dissolução do casamento, à meação do outro cônjuge.

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c) O regime de bens do casamento é regido pelos princípios da variedade e da indivisibilidade.d) O direito à meação é renunciável e cessível na vigência deste regime patrimonial.e) Paulo, após descobrir que ganhou um milionário prêmio na mega sena, resolve se divorciar de Maria com a expectativa de não dividir o prêmio. A expectativa de Paulo se concretizará, já que o prêmio não foi fruto do esforço comum do casal não podendo ser incluído na partilha de bens.

RESPOSTA: Alternativa E

COMENTÁRIO:

Alternativa A: Correta. Ao contrário do Código Civil de 1916, o Código de 2002 possibilita a mudança de regime de bens durante o casamento desde que observado alguns requisitos legais previstos no parágrafo 2º do artigo 1.639:

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. (...)§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.

A partir do dispositivo legal extraímos quatro requisitos para que possa ocorrer a alteração do regime de bens: decisão judicial ( a escolha do regime inicial de bens constará na certidão de casamento não necessitando de aval judicial, porém na alteração é imprescindível ação de jurisdição voluntária que tramitará na vara de família), consenso entre os cônjuges ( é necessário que haja total acordo entre eles e que a demanda judicial seja movida por ambos), existência de justo motivo (a ação de alteração de regime de bens deve ser motivada, motivo este que deve ser considerado justo, como por exemplo no caso de desaparecimento de causa suspensiva do casamento) e a ressalva de direito de terceiros ( a alteração do regime de casamento pode ter como principal motivação fraudar interesses de credores por isso a decisão judicial deve proteger o interesse de terceiros de modo que estes não sejam prejudicados pela alteração).

Alternativa B: Correta. O regime de participação final dos aquestos é uma inovação do CC/2002 que não foi muito bem compreendida pela sociedade em geral. Mas afinal o que é o regime de participação final nos aquestos?? Segundo esse regime durante a relação matrimonio os bens são administrados individualmente pelos conjugues, como se estivessem casados sob o regime de separação parcial, no momento da divisão dos bens aqueles adquiridos onerosamente durante o casamento serão contabilizados e divididos a metade, conforme artigo 1.672:

Art. 1.672. No regime de participação final nos aqüestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe

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cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.

É imprescindível sua adoção através de pacto antinupcial. O enunciado traz a redação de uma das regras do regime em tela,conforme dispositivo legal:

Art. 1.678. Se um dos cônjuges solveu uma dívida do outro com bens do seu patrimônio, o valor do pagamento deve ser atualizado e imputado, na data da dissolução, à meação do outro cônjuge.

Recomendamos que o aluno leia atentamente os artigos 1.672 a 1.686 do Código Civil, pois sobre esse tema a literalidade da lei é o principal alvo das questões.

Alternativa C: Correta. O código Civil prevê quatro regimes de bens no casamento (comunhão total, comunhão parcial, separação total e participação final nos aquestos). Porém, em respeito a autonomia privada o Código Civil permite em seu parágrafo 2º artigo 1.639 que os nubentes pactuem regras próprias para o regime de bens desde que sejam respeitas as dignidade humana e as normas de ordem pública, é o chamado princípio da variedade.Nesse sentido, o Enunciado n. 331 da IV Jornada de Direito Civil:

“O estatuto patrimonial do casal pode ser definido por escolha de regime de bens distinto daqueles tipificados no Código Civil (art. 1.639 e parágrafo único do art. 1.640), e, para efeito de fiel observância do disposto no art. 1.528 do Código Civil, cumpre certificação a respeito, nos autos do processo de habilitação matrimonial”

Já o princípio da indivisibilidade veda a celebração de casamento com adoção de regimes de bens distintos entre os cônjuges. Deste modo o regime de bens deve ser uno em respeito a isonomia dos nubentes. Contudo, tal princípio pode ser afastado quando o casamento for declarado nulo e um dos cônjuges estiver de boa-fé.

Os outros dois princípios que regem o regime de bens do casamento são: princípio da mutabilidade justificada (parágrafo 2º do artigo 1.639) e o princípio da autonomia privada.

Alternativa D: Correta. Segundo o artigo 1.682 o direito à meação não é renunciável, cessível ou penhorável na vigência do regime matrimonial. Tal disposição tem a finalidade de proteger o patrimônio dos cônjuges, evitando que um deles indevidamente pressione o outro a dispor de seus direitos.

No artigo 1.682 do Código Civil há um equivoco na utilização da expressão “meação”, meação é instituto do direito sucessório. O CC deveria ter afirmado que o direito à participação

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na partilha dos bens não é renunciável, como bem afirma Tartuce (2015, p. 1.090):

“Nos termos literais do art. 1.682 do CC, o direito à meação nesse regime é irrenunciável, incessível e impenhorável. Mais uma vez, repise-se, na esteira da melhor doutrina, que onde se lê meação, deve-se entender participação.”

Optamos em manter a literalidade da lei na questão, mas vocês devem ter ciência dessa imprecisão terminológica e devem mencioná-la nas provas subjetivas e orais.

Alternativa E: Errada. Paulo está equivocado. Apesar do prêmio da mega-sena não ser fruto do esforço comum dos cônjuges, Maria possui direito ao prêmio quando da partilha dos bens, conforme determina o inciso II do artigo 1.660 do CC:

Art. 1.660. Entram na comunhão:( . . . ) II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;

28 - QUESTÃO:

Considere as preposições abaixo acerca dos fatos e negócios jurídicos:I. Negócio jurídico neutro é aquele no qual não há atribuição material, não podendo ser classificados como gratuitos ou onerosos;II. Negócio jurídico bifronte é aquele que pode assumir tanto um caráter oneroso quanto gratuito a depender da intenção das partes.III. No ato jurídico strictu sensu há, em grau mínimo, margem de liberdade para definição dos efeitos que se pretende alcançar com determinado negócio jurídico.IV. A decadência e a prescrição podem ser classificadas como atos-fatos jurídicos.Estão corretas as alternativas:a) I e II.b) I, apenas.c) I, II e IV.d) III e IV.e) III, apenas

RESPOSTA: Alternativa C

COMENTÁRIO:

Fatos jurídicos, livro do Código Civil que inclui negócio jurídico e seus defeitos, atos lícitos e ilícitos, prescrição e decadência e prova, costuma ser esquecido nas revisões, apesar de

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sempre estarem presentes ao menos em uma questão nas provas. A presente questão tem a finalidade de revisar conceitos que são cobrados em provas e que normalmente confundem os candidatos.

Itens I e II: Corretos. Os negócios jurídicos normalmente são classificados quanto às vantagens patrimoniais em gratuitos e onerosos. Contudo, além dessa divisão clássica Flávio Tartuce, Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald outras duas possibilidades de classificação dos negócios jurídicos com base no aspecto patrimonial envolvido: negócios jurídicos neutros e bifrontes.

As conceituações elencadas nos itens I e II estão corretas. É exemplo de negócio jurídico neutro a instituição de bem de família voluntário, já o depósito e o mandato podem ser tanto gratuitos quanto onerosos, razão pela qual se enquadram como negócios jurídicos bifrontes.

Item III: Incorreto. Precipuamente devemos ter em mente qual o conceito de negócio jurídico: ato jurídico no qual as partes interessadas, ao manifestarem sua vontade, vinculam-se, estabelecem, por si mesmas, normas regulamentadoras de seus próprios interesses. Em outras palavras, é a declaração de vontade emitida, segundo os princípios da boa-fé objetiva, pela qual o agente com esteio em sua autonomia privada buscar alcançar determinados efeitos queridos, lícitos e juridicamente possíveis.

Já o ato jurídico em sentido estrito, nas palavras de Marcos Bernardes de Melo, “tem por elemento nuclear do suporte fático manifestação ou declaração unilateral de vontade cujos efeitos jurídicos são prefixados de modo invariável pelas normas jurídicas, não cabendo às pessoas qualquer poder de escolha da categoria jurídica ou de estruturação do conteúdo das relações jurídicas respectivas.”

Portanto, no negócio jurídico os efeitos podem ser determinados de acordo com a vontade das partes (exemplo: contrato), já no ato jurídico em sentido estrito os negócios jurídicos estão previstos em lei e não podem ser alterados por vontade das partes (exemplos: reconhecimento de paternidade, quitação da obrigação).

Item IV: Correto. Ato- fato jurídico nada mais é do que ato humano no qual não há vontade ou está não é considerada relevante, assim o ato jurídico se dissolve em um fato. Exemplo clássico de ato-fato é a descoberta de um tesouro de modo acidental, nesse caso a vontade não influi nem na prática do ato e nem na definição dos efeitos jurídicos.

Outros exemplos de atos-fatos: ocupação, abandono da posse, decadência e prescrição.

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DIREITO PROCESSUAL CIVILPROF. MOACIR NETO

39- QUESTÃO

Assinale a assertiva correta acerca da principiologia no Código de Processo Civil:

a) Não obstante tenha estimulado ao longo de seu texto a solução consensual dos conflitos, o novo diploma processual civil prevê, de forma expressa, o princípio da inafastabilidade da jurisdição e, por isso, em nenhum caso o interessado em provocar o Poder Judiciário em razão de lesão ou ameaça de lesão a direito é obrigado a procurar antes disso os possíveis mecanismos administrativos de solução de conflito. b) O CPC/15, assim como fez o código anterior, prevê o princípio da primazia no julgamento do mérito, aduzindo que as partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. c) O art. 9º do NCPC estabelece que o princípio do contraditório deve ser respeitado em todos os casos, salvo nas hipóteses previstas no parágrafo único do citado dispositivo normativo, hipóteses estas em que não há contraditório. d) Os juízes e tribunais atenderão, sob pena de nulidade, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. e) Tendo por base o princípio da cooperação previsto no NCPC, são deveres do magistrado na condução do processo o esclarecimento, a consulta e a prevenção.

RESPOSTA: Alternativa E

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Item incorreto.

Amigos, muita atenção no Capítulo I do NCPC que trata acerca das normas funda-mentais do processo civil! O art. 1º do NCPC estabelece a subordinação do Processo Civil à Cons-tituição Federal. Assim, a constitucionalização do Processo Civil aduz que deve haver subordina-ção não apenas aos princípios fundamentais, mas aos valores e às normas constitucionais.

Vamos ao item.

De fato, o NCPC estimula a solução consensual dos conflitos em diversos dispositivos (Art. 3º, § 2º, NCPC). Ademais, no art. 3º, caput, do NCPC, repete-se a promessa constitucional consagrada no art. 5º, XXXV, da CF, de que não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.

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Segundo Daniel Amorim Assumpção Neves, o princípio possui dois aspectos: a rela-ção entre a jurisdição e a solução administrativa de conflitos e o acesso à ordem jurídica justa, que dá novos contornos ao princípio, firme no entendimento de que a inafastabilidade somen-te existirá concretamente por meio do oferecimento de um processo que efetivamente tutele o interesse da parte titular do direito material.

No entanto, caros alunos, as provas para o ingresso nos quadros do Ministério Públi-co Estadual demandam interdisciplinaridade jurídica. O item está incorreto porque afirma que em nenhum caso o interessado em provocar o Poder Judiciário em razão de lesão ou ameaça de lesão a direito é obrigado a procurar antes disso os possíveis mecanismos administrativos de solução de conflito.

O próprio texto constitucional excepciona a regra de que não é necessário processo administrativo prévio para que seja admitida a busca pela tutela jurisdicional. O art. 217, § 1º, da CF, prevê a necessidade de esgotamento das vias de solução da Justiça Desportiva como condi-ção de buscar a tutela jurisdicional. Tal exaurimento se dá com o trânsito em julgado da decisão administrativa, não sendo, portanto, necessária a interposição de todos os recursos previstos na legislação desportiva.

Alternativa B: Item incorreto. De fato, o art. 4º do NCPC aduz que as partes têm o direito de obter em prazo razoá-

vel a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.

No entanto, o princípio da primazia no julgamento do mérito é novidade do NCPC. Antes da entrada em vigor do NCPC, tal previsão era um princípio NÃO INSCRITO.

A concretização do princípio é encontrada em diversas passagens do NCPC, que dá especial ênfase à oportunidade concedida às partes para o saneamento de vícios que impeçam o julgamento do mérito (art. 139, IX, 317 e 319), inclusive no ambiente recursal (art. 932, pará-grafo único, e 1.007, § 2º e 4º), quando o vício formal pode inclusive ser desprezado se não for reputado grave (art. 1.029, § 3º).

Também derivada do princípio da primazia do julgamento do mérito é a previsão do art. 485, § 7º, do NCPC, que atribui a todo recurso de apelação contra sentença terminativa o efeito regressivo. Ou seja, diante da apelação, o juiz terá oportunidade de anular sua sentença terminativa e dar prosseguimento ao processo para o julgamento do mérito.

Alternativa C: Item incorreto.

Amigos, cuidado com as ´´pegadinhas´´ do examinador. Vejamos a redação do art. 9º do NCPC:

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Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:I - à tutela provisória de urgência;II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;III - à decisão prevista no art. 701.

O artigo menciona que as decisões judiciais não podem ser proferidas sem que a outra parte seja previamente ouvida. O disposto no caput não se aplica às hipóteses previstas no parágrafo único.

Cuidado! Isto não quer dizer que o princípio do contraditório não irá ser respeitado, senão vejamos:

Segundo o prof. Daniel Amorim Neves, a estrutura básica do contraditório é: (i) pedi-do; (ii) informação da parte contrária; (iii) reação possível; (iv) decisão. Essa ordem dos elemen-tos que de maneira mais completa determina o contraditório é percebida inclusive na estrutura do processo de conhecimento: (i) petição inicial; (ii) citação; (iii) resposta do réu; (iv) sentença.

É, realmente, mais adequada a estrutura do princípio do contraditório porque a de-cisão a ser proferida pelo juiz só ocorre depois da oportunidade de ambas as partes manifesta-rem-se a respeito da matéria que formará o objeto da decisão.

ATENÇÃO! Essa ordem, apesar de ser a preferível, pode excepcionalmente ser afasta-da pelo legislador, como ocorre na concessão das tutelas de urgência inaudita altera partes, em situações de extrema urgência nas quais a decisão do juiz deve preceder a informação e reação da parte contrária. Nesse caso, haverá um ´´contraditório diferido ou postecipado´´.

Portanto, amigos, há contraditório judicial nas hipóteses de tutela provisória!

Ainda, importante destacar o art. 10 do NCPC que prega o contraditório como forma de evitar surpresa às partes:

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportu-nidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Alternativa D: Item incorreto.

A lei 13.256/16 modificou a redação originária do art. 12, caput, do NCPC, passando a

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prever que a ordem cronológica de julgamento deve ser atendida preferencialmente. É importante salientar que continua a existir uma ordem e suas exceções legais, de

forma que o juiz, sempre que decidir em descompasso com as regras previstas no art. 12 do NCPC, deverá fundamentar sua postura.

Alternativa E: Item correto.

O art. 6º do NCPC aduz que todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

Pela redação do art. 6º do NCPC todos os sujeitos processuais devem colaborar entre si, o que, ao menos em tese, envolveria a colaboração das partes com o juiz, do juiz com as par-tes e das partes entre si.

A colaboração do juiz com as partes exige do juiz uma participação mais efetiva, en-

trosando-se com as partes de forma que o resultado do processo seja o resultado dessa atuação conjunta de todos os sujeitos processuais.

Segundo Daniel Assumpção, a doutrina divisa três vertentes desse princípio da coo-peração, entendidas como verdadeiros deveres do juiz na condução do processo:

(i) dever de esclarecimento, consubstanciado na atividade do juiz de requerer às partes esclarecimentos sobre suas alegações e pedidos, o que naturalmente evita a decretação de nulidades e a equivocada interpretação do juiz a respeito de uma conduta assumida pela parte; (ii) dever de consulta, exigindo que o juiz sempre consulte as partes antes de profe-rir decisão, em tema já tratado quanto ao conhecimento de matérias e questões de ofício; (iii) dever de prevenir, apontando às partes eventuais deficiências e permitindo suas devidas correções, evitando-se assim a declaração de nulidade, dando-se ênfase ao processo como genuíno mecanismo técnico de proteção ao direito material.

40 – QUESTÃO

Assinale a alternativa correta:

a) Na assistência adesiva, diferente do que ocorre com a assistência simples, o interesse jurídico do assistente na solução da demanda é representado pela existência de uma relação jurídica não controvertida entre o assistente e o assistido, distinta daquela discutida no processo. b) Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu gestor de negócios.c) De acordo com disposição expressa do CPC/15, a exceptio male gesti processus afasta a

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imutabilidade da justiça da decisão em relação ao assistente.d) O CPC/15 inovou ao estabelecer a facultatividade da denunciação da lide e, da mesma forma, afastou a possibilidade de haver denunciação da lide sucessiva no processo. e) Ainda que a relação jurídica processual tenha se formado sob a égide do CPC/15, é inviável a condenação direta do denunciado pois não há relação jurídica de direito material entre a parte contrária e o denunciado.

RESPOSTA: Alternativa C.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Item incorreto.

Amigos, cuidado com as nomenclaturas diferentes. A assistência simples é também chamada de assistência adesiva.

A assistência é forma típica de intervenção de terceiros, porque pressupõe o ingresso no processo de alguém que até então não figurava.

Assistência simples (ou adesiva) é o mecanismo pelo qual se admite que um terceiro, que tenha interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma das partes, possa requerer o seu ingresso, para auxiliar aquele a quem deseja que vença.

Conforme ensina Daniel Amorim Assumpção Neves, nessa espécie de assistência o interesse jurídico do terceiro na solução da demanda é representado pela existência de uma re-lação não controvertida entre o assistente (terceiro) e o assistido (autor ou réu), distinta daquela discutida no processo, que possa a vir a ser afetada pela decisão a ser proferida no processo do qual não participa.

Assim, não basta a existência da relação jurídica não controvertida entre o terceiro e a parte, sendo ainda necessário que essa relação jurídica seja diretamente afetada em virtude da decisão a ser proferida no processo.

Importante frisar que o interesse aqui é jurídico e não econômico. Em razão disso, não se admite como assistente o credor de um sujeito que esteja sendo demandado na ação de co-brança. É evidente que nesse caso interessa ao terceiro a improcedência da ação, mantendo-se inalterada a situação patrimonial do seu devedor, existindo também relação jurídica entre ele e uma das partes. A assistência, entretanto, não será admitida em virtude da não afetação dessa relação jurídica, mantida entre a parte e o terceiro, pela decisão a ser proferida no processo.

Alternativa B: Item incorreto.

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Amigos, cuidado com as modificações trazidas pelo NCPC.O item corresponde à redação antiga do art. 52, parágrafo único, do CPC/73. A dou-

trina criticava o dispositivo legal porque a qualidade processual do assistente diante da revelia do assistido não era propriamente de gestor de negócio, instituto de direito material, e com características muito distintas da atuação do assistente.

O legislador prestigiou a doutrina e consagrou a qualidade de substituto processual do assistente não só na hipótese de revelia do assistido, mas pontualmente diante de qualquer omissão sua.

Atuando como substituto processual, sua atuação processual será plena, somente não atingindo atos de disposição de direito material, que a ele serão vetados. Poderá, assim, contestar, pedir e participar da produção de provas, bem como recorrer livremente das decisões judiciais, mas não poderá reconhecer o pedido, renunciar ou transacionar.

Alternativa C: Item correto. A participação do assistente no processo torna para ele imutável e indiscutível a justiça da decisão após o trânsito em julgado. Vejamos:

Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que inter-veio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a jus-tiça da decisão, salvo se alegar e provar que:I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assis-tido, por dolo ou culpa, não se valeu.

Por justiça da decisão a doutrina entende os fundamentos fáticos e jurídicos que mo-tivam a sentença. É efeito anômalo de imutabilidade e indiscutibilidade, considerando-se que o instituto típico que gera tal segurança jurídica é a coisa julgada material, que somente atinge o dispositivo da sentença, enquanto o art. 123 do CPC/15 determina que tais efeitos sejam gera-dos relativamente à fundamentação da decisão.

Ao não poder mais discutir a justiça da decisão, o assistente ficará impedido de vol-tar a suscitar as questões já enfrentadas e resolvidas no processo em que interveio em futuro processo. Ex: promovida ação de reparação de danos por acidente automobilístico, ingressan-do a seguradora como assistente do réu (que poderia tê-la denunciado á lide, mas não o fez) e acolhido o pedido do autor com o fundamento que o réu deu causa ao acidente, não poderá a seguradora – assistente na primeira demanda – na futura ação regressiva a ser promovida pelo segurado – assistido na primeira demanda – alegar que não deve ressarcir porque a responsabi-lidade pelo acidente é de terceiros e o contrato não cobre tal circunstância.

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No entanto, há duas exceções à regra da eficácia de intervenção, apontando duas circunstâncias nas quais o assistente não sofre o efeito da imutabilidade e indiscutibilidade da justiça da decisão. Trata-se da chamada exceptio male gesti processus, alegação de exceção de má gestão processual que afastará os efeitos do dispositivo legal.

Assim, nas hipóteses dos incisos I e II do art. 123 do CPC/15, não há que se falar em imutabilidade da justiça da decisão em relação ao assistente.

Alternativa D: Item incorreto.

De fato, o CPC/15, afastando o equívoco do art. 70, caput, do CPC/17, consagra o en-tendimento de que a denunciação da lide é facultativa, ou seja, se a parte deixar de denunciar à lide o terceiro não perde seu direito material de regresso. Assim, o legislador se coadunou com o que já entendia a jurisprudência do STJ.

No entanto, a segunda parte da assertiva está incorreta. Isso porque o art. 125, § 2º, do CPC/15 não veda de forma absoluta a denunciação sucessiva, senão vejamos:

§ 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, con-tra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual di-reito de regresso será exercido por ação autônoma.

Alternativa E: Item incorreto.

ATENÇÃO! MUDANÇA com o CPC/15.

De fato, durante a vigência do CPC/73, a doutrina majoritária rejeitava a possibilidade de condenação direta do denunciado com fundamento na inexistência de relação jurídica ma-terial entre a parte contrária e o denunciado.

No entanto, o CPC/15 prevê no parágrafo único do art. 128 a possibilidade de o autor requerer o cumprimento de sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva. Vejamos:

Art. 128. Feita a denunciação pelo réu:Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva.