21
O DIREITO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE NA ERA DA PRECAUÇÃO AMBIENTAL FÁBIO GUEDES DE PAULA MACHADO E ROBERTA CATARINA GIACOMO* SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A destruição do meio ambiente versus desenvolvimento econômico – 2. Noções de Direito Ambiental – 3. Evolução da luta em prol do meio ambiente – 4. O Direito como instrumento da política de proteção ao meio ambiente – 5. Princípios do Direito Ambiental – 5.1. Princípio do Direito Humano – 5.2. Princípio do Desenvolvimento Sustentável – 5.3. Princípio do Poluidor-Pagador – 5.4. Princípio da Precaução – 5.5. Princípio da prevenção – 6. Conclusão – Bibliografia. Resumo O presente trabalho insere-se na discussão acerca da importância da tutela jurídica do meio ambiente, por meio da análise da sua destruição provocada pelo desenvolvimento econômico. Desenvolve-se a análise do surgimento do Direito Ambiental, enquanto disciplina autônoma para que seja possível a real proteção ao meio ambiente. Assim, verifica-se a existência de princípios ambientais que permeiam a tutela de um caráter específico voltado à precaução e prevenção do ilícito ambiental. Palavras-chave: bem jurídico; meio ambiente; direito penal e sociedade do risco. Abstract This work is in discussion about the importance of the legal protection of the environment, through the analysis of the environmental destruction caused by economic development. It develops the analysis of the emergence of environmental law as an autonomous discipline in order to allow a real protection to the environment. Thus, there is the existence of * Doutor em Direito Penal pela Universidade de São Paulo (USP); Pós-graduado em Direito Penal – parte geral – pela Universidad de Salamanca. Ex-investigador científico no Max-Planck Institut für ausländisches und International Strafrecht. Professor Adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e do Programa de Mestrado da Universidade de Itaúna. Promotor de Justiça do Cidadão de Uberlândia. Roberta Catarina Giacomo é Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia e Advogada.

SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

  • Upload
    vanphuc

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

O DIREITO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE NA ERA DA

PRECAUÇÃO AMBIENTAL

FÁBIO GUEDES DE PAULA MACHADO E ROBERTA

CATARINA GIACOMO∗

SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A destruição do meio ambiente versus

desenvolvimento econômico – 2. Noções de Direito Ambiental – 3. Evolução da luta em prol do

meio ambiente – 4. O Direito como instrumento da política de proteção ao meio ambiente – 5.

Princípios do Direito Ambiental – 5.1. Princípio do Direito Humano – 5.2. Princípio do

Desenvolvimento Sustentável – 5.3. Princípio do Poluidor-Pagador – 5.4. Princípio da Precaução

– 5.5. Princípio da prevenção – 6. Conclusão – Bibliografia.

Resumo

O presente trabalho insere-se na discussão acerca da importância da tutela jurídica do meio

ambiente, por meio da análise da sua destruição provocada pelo desenvolvimento econômico.

Desenvolve-se a análise do surgimento do Direito Ambiental, enquanto disciplina autônoma

para que seja possível a real proteção ao meio ambiente. Assim, verifica-se a existência de

princípios ambientais que permeiam a tutela de um caráter específico voltado à precaução e

prevenção do ilícito ambiental.

Palavras-chave: bem jurídico; meio ambiente; direito penal e sociedade do risco.

Abstract

This work is in discussion about the importance of the legal protection of the environment,

through the analysis of the environmental destruction caused by economic development. It

develops the analysis of the emergence of environmental law as an autonomous discipline in

order to allow a real protection to the environment. Thus, there is the existence of

∗ Doutor em Direito Penal pela Universidade de São Paulo (USP); Pós-graduado em Direito Penal – parte geral – pela Universidad de Salamanca. Ex-investigador científico no Max-Planck Institut für ausländisches und International Strafrecht. Professor Adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e do Programa de Mestrado da Universidade de Itaúna. Promotor de Justiça do Cidadão de Uberlândia. Roberta Catarina Giacomo é Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia e Advogada.

Page 2: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

2

environmental principles that permeate the care of a specific character again precaution and

prevention of illicit environment.

Keywords: legal asset, environment, claw and risk society

Introdução

O presente trabalho tem como foco o estudo do meio ambiente e a constatação da

importância de sua tutela jurídica, em se considerando que a degradação do patrimônio

ambiental por meio da atuação humana em razão do desenvolvimento econômico trouxe

diversos prejuízos à qualidade de vida e impôs sério comprometimento com relação às

perspectivas de vida das gerações presentes e futuras.

Para tanto, necessário se faz o estudo multidisciplinar da questão ambiental, já que

a problemática é demasiadamente complexa e envolve, necessariamente, questões atinentes ao

Direito Civil, Administrativo e Penal, bem como a constatação do “Direito do Meio

Ambiente” como disciplina autônoma, com princípios próprios que possa resultar na tutela

específica do ambiente, e voltada a orientação preventiva do ilícito.

1. A destruição do meio ambiente versus desenvolvimento econômico

É da análise da história da espécie humana no planeta Terra que nos deparamos

como este foi modificado pelos homens em um curto prazo. Patrimônios formados lentamente

no decorrer dos tempos geológicos e biológicos, cujos processos não voltarão mais, são

dilapidados a cada dia.

Este é o enredo atual da vida na Terra. Assim, é que a cada dia deparamo-nos com

inúmeros e variados problemas ambientais à nossa volta e neste momento nos são

apresentados como trágico acontecimento em âmbitos nacionais e internacionais.

Internamente, o que se vê é o “agravamento dos problemas ambientais brasileiros,

particularmente com todos os tipos de poluição, quer seja, das águas, do ar, sonora, dos solos

urbanos, periféricos e rurais, dos alimentos e bebidas em geral, por agrotóxicos, por lixos, por

Page 3: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

3

destruição de áreas verdes, por degradação das paisagens e dos valores culturais em geral, e

numa linguagem clássica, por atos contrários à moral e aos bons costumes1”.

Torna-se patente a flagrante delinqüência contra o patrimônio ambiental, com

efeitos iminentemente danosos contra os valores do patrimônio humano e as condições de

saúde pública.2

Apesar deste cenário, crescente é a fala da política anti-ambiental, esta que visa o

desenvolvimento econômico sob a orientação de entidades nacionais e multinacionais, com a

criminosa conivência de certos segmentos político-econômicos, administradores,

profissionais, técnicos ou funcionários inescrupulosos, o que vem contribuindo para o

empobrecimento do meio ambiente e a galopante degradação da qualidade ambiental. Isso

para não esquecer o que se passa nos bastidores, nas ações ocultas e no jogo de interesses que

não vêm à cena.

No âmbito internacional, incalculáveis são os danos ao meio ambiente e aos seres

humanos, com preocupantes advertências e denúncias da Organização das Nações Unidas e da

comunidade científica mundial sobre os elevados níveis perigosos da poluição no ar, nas

águas, na terra, nos seres vivos em geral; sobre a destruição e esgotamento de recursos

insubstituíveis.

Os problemas ambientais globais colocam em risco a sobrevivência no planeta

Terra, e constituem inegáveis desafios às inteligências mundiais. Dentre eles encontramos a

poluição transfronteira do ar, causadora de danosos efeitos e alterações climáticas, somando-

se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas

ácidas, de riscos contra a biodiversidade; a poluição transfronteira das águas, causadora de

iminentes riscos à vida marinha e a vida em geral; a poluição transfronteira dos solos,

subsolos e lençóis freáticos por todos os tipos de poluição ambiental, incrementada por

atividades perigosas, advindas de resíduos, agrotóxicos, desmatamentos, cultivos excessivos

dos solos.

Noutro âmbito, a degradação vertiginosa das cidades, notadamente em países em

desenvolvimento, causados pela explosão demográfica, pelo êxodo rural para os centros

urbanos, pela falta de planejamento e de saneamento básico, pela urbanização desordenada e

irracional, pelas excessivas concentrações populacionais, com o aumento de todos os tipos de

1 CUSTÓDIO, Helita Barreira. Direito ambiental e questões jurídicas relevantes. Campinas : Millenium Editora,

2005, p. 3. 2 CUSTÓDIO, Helita Barreira. Direito ambiental e questões jurídicas relevantes, p. 3.

Page 4: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

4

poluição e mazelas sociais. Tudo em iminente perigo para a vida e a saúde de todas as pessoas

integrantes da sociedade universal3.

Todo o exposto decorre de um fenômeno correntio segundo o qual os homens,

para satisfação de suas novas e múltiplas necessidades, que são ilimitadas, disputam os bens

da natureza, por definição limitados. É este o fenômeno, tão simples quanto importante, que

está na raiz de grande parte dos conflitos que se estabelecem no seio da comunidade.4

Assim, é que o processo de desenvolvimento dos países se realiza, basicamente, às

custas dos recursos naturais vitais, provocando a deterioração das condições ambientais em

ritmo e escala até ontem desconhecidos.

Houve até declaração de especialistas de que, do ponto de vista ambiental, o

planeta chegou quase ao ponto de não retorno. Para outros, as conseqüências dos danos até

aqui provocados, se suspensos, se estenderiam por 100 (cem) anos mais.

Não restam dúvidas de que a questão ambiental se mostra como de vida ou morte,

não apenas de animais e plantas, mas do próprio homem e do planeta que o abriga.

2. Noções de Direito Ambiental.

Muitas têm sido as tentativas formuladas no sentido de se oferecer uma noção ou

definição satisfatória do que vem a ser meio ambiente. Porém, todas as definições convergem

para a relação deste com a vida, configurando-se como um conjunto de elementos

interrelacionados entre si, que possibilitam a existência da vida em geral, em particular, pela

perspectiva sobre o futuro da espécie5.

A definição esculpida na legislação pátria do meio ambiente é trazida pela Lei n.

6.938/1981, que dispõe, em seu art. 3.°, inciso I, o que se deve entender como meio ambiente:

“o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga

e rege a vida em todas as suas formas6”.

3 STEIGLEDER, Annelise Monteiro. Responsabilidade civil ambiental. As dimensões do dano ambiental no

direito brasileiro. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2004, p. 25. 4 MILARÉ, Édis. Direito do ambiente. 5.a ed. São Paulo : RT, 2007, p. 38. 5 LEITE, José Rubens Morato. AYALA, Patryck de Araújo. Direito ambiental na sociedade de risco, Direito

ambiental na sociedade de risco. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2002, p. 60.

6 BRASIL, Lei 6.938, publicada no Diário Oficial da União em 02 de setembro de 1981.

Page 5: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

5

Assim, doutrinariamente, também se entende que meio ambiente é, “em sentido

estrito, a expressão de todo o patrimônio natural e as relações com e entre os seres vivos.”7

Salienta-se que não coube ao Direito, com exclusividade, a primazia do estudo do

meio ambiente, não obstante ser sua responsabilidade pela elevação deste à categoria dos bens

jurídicos tutelados pelo ordenamento penal. Atualmente, fala-se numa visão holística do meio

ambiente, querendo significar o caráter abrangente e multidisciplinar que a problemática

ambiental necessariamente requer.

Convém mencionar na doutrina, o caráter antropocêntrico ou ecocêntrico da

proteção ao meio ambiente. Aqueles que defendem que a proteção ambiental tem

eminentemente o caráter antropocêntrico, justificam que o meio ambiente natural é do homem

e para o homem. Desse modo, a natureza é utilizada para melhorar e proteger a qualidade de

vida da espécie humana na Terra.

É importante salientar que, o que se visualizou até o momento foi o

antropocentrismo exagerado, que fundamentou toda a devastação do meio ambiente até aqui,

na medida em que o homem utilizou o meio ambiente de modo violento, sempre em busca do

enriquecimento econômico e desenvolvimento tecnológico, sob a justificativa da melhora na

qualidade de vida, fato que levou a espécie humana à terrível exposição das graves

conseqüências que a degradação ambiental ocasiona para a vida, conforme exposto alhures.

A noção ecocêntrica defende a idéia de que a proteção do meio ambiente deve ser

feita em razão do meio ambiente em si mesmo.

Não se exclui a idéia de que o meio ambiente proporciona a qualidade de vida

essencial para a existência da espécie humana na Terra, e que é o conteúdo de um direito e de

um dever de todos os seres vivos a sua manutenção, porém, não se visualiza apenas esta

hipótese.

Não se pode admitir a hipótese egoísta da tese antropocêntrica da defesa do meio

ambiente, porque as bases de nossa sociedade capitalista, consumista e individualista não

permitirão a defesa do meio ambiente que se faz necessária.

Atualmente, no sistema jurídico brasileiro adota-se a teoria do antropocentrismo

alargado, impondo-se uma verdadeira comunhão e solidariedade de interesses entre o homem

e a natureza como condição imprescindível a assegurar o futuro de ambos. Protege-se o meio

ambiente no que concerne à capacidade de aproveitamento deste para o uso do homem, mas

7 MILARÉ, Édis. Direito do ambiente, p. 38.

Page 6: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

6

também no que diz respeito ao bem ambiental, autonomamente, para manter o equilíbrio

ecológico e sua capacidade funcional.8

A extensão do conteúdo da proteção da vida, não apenas humana, como

fundamento de constituição de novos direitos, torna-se viável a partir do momento em que

reconhecemos que a vida humana que se protege no texto constitucional não é apenas a vida

atual, mas, simultaneamente, a potencial, como a própria vida que se protege não pode ser

somente a humana, que estaria inserida no conjunto global de interesses e direitos das futuras

gerações.

3. Evolução da luta em prol do meio ambiente

As questões da poluição ambiental e dos danos dela decorrentes, já previstas em

normas dos diferentes sistemas jurídicos nos âmbitos dos Direitos Internacional, Comunitário,

Comparado e Nacional, alcança, notadamente nos últimos quarenta anos, importância cada

vez mais crescente e preocupante em todos os setores da vida em sociedade9, isto porque se

referem tanto à realidade sócio-econômica, científico-tecnológica, quanto às políticas

ambiental, sanitária, educacional e cultural.

Tais fatos, já notórios, vêm sendo inequívoca e alarmantemente agravados em face

da ampliação dos fenômenos típicos do caótico desenvolvimento, com persistente e

progressiva degradação ambiental, o que coloca, mais do que nunca nos dias de hoje, em

iminente perigo os valores ambientais, culturais ou existenciais, com reflexos gradualmente

danosos contra os valores humanos, tanto nacionais como internacionais.

Os movimentos ecológicos do final do século XX, são de grande importância para

a percepção da luta pela proteção ambiental. A visão catastrófica da realidade ambiental levou

às novas exigências que os grupos ecológicos fizeram para a proteção do meio ambiente, as

quais foram respondidas em parte pelo Estado Social, mas de uma forma que não abarca a

complexidade do problema10.

8 LEITE, José Rubens Morato; e AYALA, Patryck de Araújo. Direito ambiental na sociedade de risco, Rio de

Janeiro: Lumen Juris, 2004, p. 57. 9 CUSTÓDIO, Helita Barreira. Direito ambiental e questões jurídicas relevantes, p. 2. 10 MORAES, Márcia Elayne Berbich de. A (In)eficiência do direito penal moderno para a tutela do meio

ambiente na sociedade do risco. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004, p. 34.

Page 7: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

7

A importância do surgimento dos movimentos ecológicos foi de trazer uma

identidade a ele, em contrapartida ao individualismo fechado em si mesmo, plantado no

Estado Contemporâneo.

Assim, apesar de antigo o fenômeno da agressão ao meio ambiente, havendo de se

destacar como marco disto a revolução industrial, o mesmo vinha sendo tolerado como algo

ainda não tão preocupante, porém necessário ao desenvolvimento econômico etc. Somente

após a Segunda Guerra é que se criou a consciência social sobre a questão11.

Os desastres ecológicos de repercussão internacional proporcionaram o surgimento

de debates acerca do reconhecimento do direito do homem a um meio ambiente sadio.

Diversas declarações consagraram-se em nível internacional. Destas, a pioneira como

impulsionadora do movimento normatizador sobre a questão ecológica, foi a Convenção de

Estocolmo.

A conferência das Nações Unidas para o meio ambiente, realizada em Estocolmo,

em junho de 1972, deu origem à Declaração sobre o Meio Ambiente com 26 princípios

basilares e fez nascer o que se convencionou chamar de “espírito de Estocolmo”.

A Declaração de Estocolmo, equivalente a um tratado ou convenção, foi o

primeiro grande passo dado, em nível internacional, para a tutela jurídica do meio ambiente,

tendo a mesma importância que a Declaração dos Direitos do Homem12.

A partir dessa declaração, passa a haver aceitação dos princípios pelas nações em

geral, iniciando-se constante evolução sobre a questão ambiental, mediante a assinatura de

acordos, protocolos, bem como convenções para a proteção internacional do meio ambiente13.

Neste contexto, surge no ordenamento jurídico brasileiro a Lei n° 6.938, de 31 de

agosto de 1981, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente14. Essa Lei foi o primeiro

diploma legal a tratar das questões ambientais de maneira mais sistemática, já que, até esse

momento, a legislação existente era tímida e não sistematizava o âmbito de proteção.

11 AMARAL, Cláudio do Prado. Particularidades dos crimes ambientais. São Paulo :Revista da Escola Paulista

da Magistratura, ano 5, n.° 1, jan/jun-2004, p. 83. 12 LANFREDI, Geraldo Ferreira. Política ambiental- busca de efetividade de seus instrumentos. São Paulo:

RT, 2002, p. 71. 13 LANFREDI, Geraldo Ferreira. Política ambiental- busca de efetividade de seus instrumentos, p. 71.

14 BRASIL, Lei 6.938, publicada no Diário Oficial da União em 02 de setembro de 1981.

Page 8: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

8

Também a Lei de Ação Civil Pública, Lei 7.347/8515, mostrou-se como

instrumento eficaz de proteção ambiental no Brasil, promovendo o Ministério Público

brasileiro como seu principal autor.

Essas duas Leis trouxeram como contributos fundamentais para o desenvolvimento

do Direito do Ambiente, a consolidação de um conceito jurídico autônomo e integral de

ambiente, que pudesse ser capaz de contemplar sua dimensão coletiva, ultrapassando a já

insuficiente leitura restritiva de sua dimensão individual, além de permitirem que se traçassem

objetivos para a execução de um complexo programa institucional de proteção do meio

ambiente. E, principalmente, definiram novos contornos para a responsabilização/dever em

face do novo conteúdo jurídico do valor meio ambiente, pautada na descentralização

democrática do dever de proteção e garantia, distribuída difusamente entre os titulares dos

interesses comunitários na sociedade16.

A Constituição Federal de 1988, trouxe o fundamento da proteção ambiental

nacional, tendo recepcionado a Lei 6.938/81. Esculpiu, em seu artigo 225, os princípios gerais

em relação ao meio ambiente. E, em seu § 3°, estabeleceu que as condutas e atividades lesivas

ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas e jurídicas, às sanções penais e

administrativas, independentemente da obrigação de reparar o dano causado.

Assim, vejamos o que dispõe a Constituição Federal brasileira:

“Art. 225, Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. §3°: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados."

Não resta dúvida de que, no sentido além da visão da realidade nacional, o

legislador constituinte acolheu, entre as fontes formais, a experiência constitucional dos países

europeus durante os anos 70.

Neste sentido, têm-se as cartas políticas da Iugoslávia (1974), Grécia (1975),

Polônia (emenda de 1976), Portugal (1976), Rússia (1977) e Espanha (1978), entre outras, que

expressaram claramente as inquietações de um novo tempo e procuraram responder os

clamores universais contra o que se convencionou chamar de ecocídio, isto é, a morte ou

15 BRASIL, Lei 7.347, publicada no Diário Oficial da União em 25 de julho de 1985. 16 LEITE, José Rubens Morato e AYALA, Patryck de Araújo. Direito ambiental na sociedade de risco, p. 120.

Page 9: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

9

destruição de todo um fenômeno natural de ressonância projetado pelas relações entre o meio

ambiente e os seres vivos17.

Nesta esteira, o encontro seguinte de âmbito mundial de relevo ambiental, ocorreu

no Brasil no ano de 1992 na cidade do Rio de Janeiro, e ficou conhecido como a ECO-92.

Dentre vários temas, discutiu-se o problema do equilíbrio entre o meio ambiente e o

desenvolvimento, além de outros aspectos relativos às questões ambientais.

Elaborou-se a agenda 2118, considerada a mais consistente proposta para assegurar

o desenvolvimento sustentável. Trata-se de um planejamento do futuro, com ações de curto,

médio e longo prazos. Expõe um roteiro de ações concretas, com metas recursos e

responsabilidades definidas, o que somente poderá ser alcançado através de um processo

participativo e consensual.

O objetivo fundamental da agenda 21, é assegurar o desenvolvimento sustentável,

que se traduz num modelo de desenvolvimento que satisfaça as necessidades presentes, sem

prejuízo da qualidade de vida.

Tardiamente, em que pese a existência de leis penais anteriores, surge no Brasil em

1998, a Lei n° 9.60519, conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, que dispõe não apenas

sobre as sanções penais, mas também as administrativas derivadas de condutas e atividades

lesivas ao meio ambiente, inserindo-se na sustentação normativa do tutela do meio ambiente.

Ressalta-se que o surgimento das leis ambientais é de extrema importância para a

preservação ambiental, mas precisa haver, conjuntamente, uma mudança de postura no modo

de desenvolvimento das sociedades. O desenvolvimento precisa atender as reais necessidades

das presentes gerações, sem comprometer as gerações futuras.

4. O Direito como instrumento da política de proteção ao meio ambiente

Na medida em que se necessita do desenvolvimento para se satisfazerem as

necessidades humanas, exige-se a preservação ambiental, de forma que se delineia a política

em que o Estado busca assegurar a existência da sociedade, na qual o desenvolvimento

sustentável está entre as metas fundamentais. É política do Estado Democrático de Direito, o

respeito ao ser humano e às suas necessidades, bem como, concomitantemente, o resguardo

17 DOTTI, René Ariel. Meio ambiente e proteção penal. Fascículo de ciências penais. Porto Alegre, V. 4, n-1,

p. 9-29, jan/fev/mar, 1991. 18 LANFREDI, Geraldo Ferreia. Política ambiental- Busca de efetividade de seus instrumentos, p. 71. 19 BRASIL. Lei 9.605, publicada no Diário Oficial da União em 13 de fevereiro de 1995.

Page 10: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

10

do meio ambiente. Assim, as normas devem ser editadas e aplicadas em conformidade com

esse enunciado.

O conjunto de normas destinado a auxiliar na efetivação desse fim deve ser

construído de forma que lhe permita sucesso, para que não passe de uma moldura jurídica

qualquer sem sustentação utilitarista20.

A coletividade precisa concretizar o conceito da denominada ética ecológica, qual

seja, sustentar-se na ecologia integral e na visão holística do mundo, de forma a promover um

distanciamento do Direito técnico-regulatório em busca do Direito ético-emancipatório, o qual

constitui a nova dimensão do Direito Ambiental. Deve, ainda, ser capaz de maximizar o

desenvolvimento da sociedade, a igualdade dos indivíduos e a dignidade humana. Deve

obrigar-se a construir um conhecimento lógico, multicultural e democrático21.

O Direito Ambiental tutela as relações do homem com o meio ambiente, no intuito

de proteger juridicamente este bem coletivo de extrema relevância para todos os seres vivos.

Deve ser entendido como um Direito que se desdobra em três vertentes fundamentais:

humana, ecológica e econômica, e que devem se harmonizar sob o conceito de

desenvolvimento sustentável.

Tais vertentes existem na medida em que o Direito Ambiental é um direito

humano fundamental que cumpre a função de integrar os direitos à saudável qualidade de

vida, ao desenvolvimento econômico e à proteção dos recursos naturais22.

Cumpre esclarecer, neste prisma, a autonomia do Direito Ambiental dentro das

ciências jurídicas, eis que dotado de princípios próprios, caso contrário, dificilmente se obteria

a proteção eficaz pretendida sobre o meio ambiente.

Tal fato fundamenta-se na necessidade histórica, conforme visto alhures, de se

enfrentar a crise ecológica também no campo jurídico, de modo diferente que outros ramos do

Direito o faria, pelo simples fato de haver o prisma ambientalista intrínseco neste campo do

Direito.

Portanto, diante do desenvolvimento crescente da preocupação com a questão

ambiental, desde o tempo passado da aceitação da degradação do meio ambiente até o

presente momento, em que há a busca pelo estabelecimento e aplicação de políticas

20 AMARAL, Cláudio do Prado. Particularidades dos crimes ambientais, p. 85. 21 TELES DE MENEZES, Paulo Roberto Brasil. O Direito do ambiente na era de risco: perspectivas de mudança

sob a ótica emancipatória. Revista de direito ambiental, n.° 32, out/dez- 2003, p. 130. 22 ACETI, Luiz Carlos Jr. VASCONCELOS, Eliane Cristine Avilla. Tutela Penal Ambiental. Revista IOB de

direito penal e processual penal. n° 42- Fev/Mar -2007, p. 48.

Page 11: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

11

ambientais, com a conseqüente instrumentalização dessas políticas através da normatização, é

correto afirmar que surge um mundo novo de atuação para o Direito, onde esse não pode ser

mera peça coadjuvante simbólica para que sejam alcançados tais objetivos, devendo ser

instrumento efetivo à serviço da proteção ambiental para o desenvolvimento sustentável.

O que se quer, na verdade, é legitimar a especialidade jurídica do Direito

Ambiental e de seus princípios que irão orientar toda a proteção do Meio Ambiente em

questão.

Ele apresenta a importância e o papel de densificar, firmar, dar sustentação à

sociedade participativa e democrática, na medida em que busca integralizar esforços tanto do

setor governamental como da sociedade civil, de forma a compatibilizar o crescimento

econômico e a estabilidade ambiental, com os escopos de promover uma melhor qualidade de

vida para a população construir um legítimo Estado de bem-estar ambiental, em contrapartida

com o fenômeno da irresponsabilidade organizada23. Este representa, com clareza,

exatamente a ineficácia da produção e proliferação normativa em matéria de proteção do

ambiente, como instrumento para o enfrentamento da crise ambiental, e dos novos desafios

postos ao Direito do Ambiente na sociedade de risco.

A crise ecológica, portanto, permite evidenciar que nas sociedades

contemporâneas observa-se a emergência de novas feições de racionalidade social, que

proporcionam a sensação de medo, pânico e angústia gerados pelo risco24.

O risco, para tanto, torna-se uma forma específica de relação com o futuro e a

constatação desta situação faz com que o Estado se volte à prevenção destes riscos através de

um modelo de intervenção baseado no gerenciamento destes riscos.

Pela perspectiva de gestão de riscos, o Direito Ambiental pode ser definido pelo

atributo de lidar, de forma bastante próxima, com escolhas e opções que devem ser realizadas,

assumindo modernas feições de instrumento de grande potencial participativo.

A orientação jurídica deve ser no sentido da precaução dos riscos, este que define a

atitude que deve observar qualquer pessoa que tome uma decisão relativa a uma atividade que

se considera necessária ao desenvolvimento humano, mas que comporta em si um perigo

grave para a saúde ou segurança das gerações presentes e futuras para o meio ambiente.

23 LEITE, José Rubens Morato. AYALA, Patryck de Araújo. Direito ambiental na sociedade de risco, p. 13. 24 Idem, p. 20.

Page 12: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

12

Tal fato se refere, especialmente, aos poderes públicos que devem fazer prevalecer

os imperativos de saúde e segurança sobre a liberdade de intercâmbio entre os particulares e o

Estado.

Por conseqüência desta iniciativa, impõe-se ao legislador, ao administrador e ao

Poder Judiciário tomar decisões que permitam detectar e avaliar o risco, reduzindo-o a um

nível aceitável, e, se possível for, eliminá-lo, informar às pessoas afetadas e recomendar as

medidas a serem usadas para minimizá-lo25. É o dispositivo constitucional que traz o princípio

da precaução, a ser explicado logo a seguir.

Desse modo, a consecução de um objetivo é a razão de ser da ordem e a

determinação desse fim é anterior à confecção da norma. Sendo assim, mister se faz a

incursão na discussão dos princípios que norteiam a proteção ao meio ambiente.

5. Princípios do Direito Ambiental

Os princípios que norteiam o Direito Ambiental são o fundamento de todo o

conjunto normativo que irá ser produzido com o escopo da proteção ambiental. Daí a

importância transcendental dos princípios existentes. Eles são as pedras basilares dos sistemas

político-jurídicos dos Estados contemporâneos. Baseiam-se na realidade social e nos valores

culturais de cada Estado para fundamentar a proteção ambiental.

São diversos princípios que se sobressaltam do texto constitucional e do Direito

Administrativo e, também, que emergem do contexto discutido no plano internacional.

Constata-se, no plano constitucional, um salto de Estado tradicional de Direito para um

Estado atento às necessidades de preservar o meio ambiente para as gerações futuras e como

um direito e dever de todos.

Não se pode esquecer a importância da obra de Robert Alexy26, em que se

reconhece que os princípios apresentam uma qualidade diferenciada em sua aptidão de

vinculação normativa, expressa em um específico conteúdo normativo, que, ao contrário das

regras, não vincula seus efeitos a partir do operador dogmático “vigência”, mas fundamenta

25 CASABONA, Carlos María Romeo. El princípio de precaución en derecho penal. Iter Criminis. N° 9.

Segunda época. Revista de Ciencias Penales. INACIPE, p. 263. 26 ALEXY, Robert. Teoria de los derechos fundamentales. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1993,

p. 130.

Page 13: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

13

sua vinculação em torno no conceito de “validade”. Assim, enquanto as normas vigem, os

princípios valem.

Salienta-se que os referidos princípios são dotados de especificidade, as quais são

necessárias para dar soluções e respostas à questão ambiental, de complexidade inestimável,

e, em se considerando que é aspiração democrática a preservação da vida no planeta, os

princípios, devido às suas características de generalidade e elasticidade, irão legitimar as

tipificações do Direito Penal do meio ambiente, como por exemplo, os crimes de perigo

abstrato27.

5.1. Princípio do Direito Humano

Decorre da Declaração de Estocolmo de 1972 e proclama que “O homem é ao

mesmo tempo a obra e construtor do meio ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento

material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, social e

espiritualmente28. Em larga e tortuosa evolução da raça humana neste planeta, chegou-se a

uma etapa em que, graças à rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o

poder de transformar, de inúmeras maneiras, e em uma escala sem precedentes, tudo que o

cerca29.

Os dois aspectos do meio ambiente humano, o natural e o artificial, são essenciais

para o bem-estar do homem e para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive o

direito à vida propriamente dita.

5.2 Princípio do Desenvolvimento Sustentável

Este princípio é extraído do artigo 225, caput da Constituição Federal, cujo

conteúdo afirma ser a manutenção das bases vitais da produção e reprodução do homem e de

suas atividades, garantindo igualmente uma relação satisfatória entre os homens e desses com

27 AMARAL, Cláudio do Prado. Particularidades dos crimes ambientais, p. 95. 28 CAMPOS, Aline da Veiga Cabral. Precaução ambiental na era do direito penal secundário. Direito penal

secundário. Estudos sobre crimes econômicos, ambientais, informáticos e outras questões. São Paulo : RT,

2006, p. 100. 29 Idem., p. 99.

Page 14: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

14

o seu ambiente, para que futuras gerações também tenham a oportunidade de desfrutar os

mesmos recursos que temos hoje à nossa disposição30.

O desenvolvimento sustentável tem cinco aspectos prioritários que devem ser

entendidos como metas: atendimentos às necessidades básicas da população; solidariedade

para com as gerações futuras; participação da população; preservação dos recursos naturais; e

efetivação dos programas educativos31.

5.3 Princípio do Poluidor-Pagador

Poluidor é aquele que degrada direta ou indiretamente o ambiente ou cria

condições que levam à sua degradação. O princípio em tela determina, portanto, que aquele

que provocar o dano tem do dever de repará-lo.

Apresenta-se sobre duas perspectivas, primeiramente a preventiva, cujo objetivo é

evitar a ocorrência do dano. A segunda é a repressiva, já que ocorrendo o dano, mister se faz

sua reparação. Encontra-se na Lei 6.938/81, no art. 14, §3°, e, em nível constitucional, no

artigo 225 da Constituição Federal.

5.4. Princípio da Precaução

Primeiramente, urge salientar os contornos de caracterização dos princípios da

precaução e da prevenção, para que se possa salientar a importância da orientação de

antecipação e de controle da previsão dos riscos.

Assim, em termos práticos, o princípio da precaução é dirigido à prevenção de

riscos ou perigos abstratos. Já o princípio da prevenção se dá em relação ao perigo concreto32.

O princípio da precaução revela que a política ambiental não se limita à eliminação

ou redução da poluição já existente ou iminente, mas faz com que a poluição ou degradação

ambiental seja combatida desde o início, e que o recurso natural seja desfrutado sobre a base

de um rendimento duradouro33.

30 AMARAL, Cláudio do Prado. Particularidades dos crimes ambientais, p. 88. 31 CAMPOS, Aline da Veiga Cabral. Op. cit., p. 100. 32 LEITE, José Rubens Morato. AYALA, Patryck de Araújo. Direito ambiental na sociedade de risco, p. 62. 33 CAMPOS, Aline da Veiga Cabral. Op. cit., p. 108.

Page 15: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

15

Fundamenta-se na idéia de que o Direito Ambiental é um ramo multidisciplinar,

em que o recurso à investigação científica é quase sempre necessário, porém, nem sempre a

ciência é capaz de revelar todo o panorama ambiental procurado.

Isso conduz a um dever de abstenção de atividades sempre que houver dúvida ou

incerteza, deixando-se, assim, de praticar um ato ou de permitir o uso ou a produção de certas

substâncias, ou o desesnvolvimento de certas atividades.

No presente trabalho, a questão se faz relevante quando da exposição acerca do

modelo da sociedade de riscos, esta que tem como elemento básico estruturante os riscos

derivados do desenvolvimento tecnológico, incentivado pelos setores econômico, político e

social, mas que se mostra como ameaça ao meio ambiente e, conseqüentemente, a

sobrevivência da vida como um todo no planeta terra.

Verifica-se que há necessidade de se compreender este princípio como pressuposto

prévio de todos os processos de decisão política que tenham por conteúdo gestão de riscos.

O princípio da precaução, portanto, pode ser considerado como uma forma mais

desenvolvida da regra geral que é a prevenção de danos ao meio ambiente, impondo uma

obrigação de impedir danos ao meio ambiente.

O referido princípio possui várias características substanciais e procedimentais.

Não requer medidas reguladoras particulares. Seu interesse está em quando as medidas

conservadoras devem ser tomadas, ao invés de esperar até que haja prova de um impacto

negativo sobre o meio ambiente. Age antes que tal impacto se materialize, de modo que se

pode invocar o referido princípio sempre que possível, para que seja realizada uma avaliação

do risco34, permitindo concluir que há a possibilidade de um impacto desde a atuação de um

perito de meio ambiente.

Neste sentido, a estruturação da análise dos riscos deverá incluir três elementos:

avaliação de riscos, gestão de riscos e comunicação de riscos.

Como exemplos de técnicas e dispositivos de avaliação de riscos, pode-se citar: a

definição de padrões de precaução, através da pesquisa de riscos das atividades que

potencialmente impliquem riscos e adoção de parâmetros e procedimentos específicos diante

desses riscos; a adoção de uma atitude ativa em face dos riscos, demonstrando-se a

necessidade de desenvolvimento de pesquisa científica e técnica aplicada, o que implica a

34 Segundo Domingos Sávio de Barros Arruda, “A categoria acautelatória da responsabilidade ambiental”, em

busca de uma definição do risco ambiental, conclui que este é a “circunstância fática que reúne condições

concretas ou, ao menos, verossímil de nocividade ambiental e que pode ser evitada através de determinada

conduta humana”, Revista de Direito Ambiental, n° 42, ano 11, abril-junho 2006. São Paulo : RT, p. 47.

Page 16: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

16

previsão orçamentária de verbas públicas para as instituições de pesquisa do país; o

desenvolvimento das perícias em matéria de riscos, passagem obrigatória para decisões

públicas em matéria ambiental, em que se exigem inúmeras variáveis interativas; o

incremento de técnicas de controle, vigilância e “traçabilidade”, visto que a própria

sociedade se torna um grande laboratório35.

É possível que se extraia do art. 225 da nossa Constituição Federal, o princípio da

precaução, este que constitui um princípio geral do Direito Ambiental e define uma nova

dimensão na gestão do meio ambiente, na busca do desenvolvimento sustentável e da

minimização de riscos.

O não respeito a este princípio, ou seja, o não afastamento do perigo que um

conjunto de atividades possa vir a causar, tanto para as gerações presentes, quanto para as

futuras constitui flagrante descumprimento do mandamento constitucional.

Uma das formas de se implementar o dever de precaução por força da própria

Constituição Federal, art. 225, §1°, IV, como tem sido visto, é a exigência do Estudo Prévio

de Impacto Ambiental e o seu necessário Relatório, para a instalação de obra ou atividade

potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente. Tal fato leva a

conclusão de que a aplicação do princípio da precaução relaciona-se intensamente com a

avaliação prévia das atividades humanas.

O princípio da precaução concretiza-se, portanto, na fixação de limites de

segurança tão baixos quanto possíveis, critério que envolve necessariamente a adoção de

melhores tecnologias disponíveis, disposição de meios técnicos e humanos aptos a fornecerem

uma indicação precisa dos níveis de qualidade, a sujeição do desenvolvimento de atividades

que apresentem riscos para o meio ambiente ao procedimento de controle e monitorização e,

naturalmente, a formação e sensibilização dos agentes econômicos para os riscos ambientais e

sua gestão.

Tal fato se deve porque a sociedade tem o direito indiscutível de conhecer a

dimensão, as características e a natureza dos riscos que corre ante qualquer empreendimento

e, conhecido o risco por meio de informação adequada e correta, deve haver a possibilidade

35 SILVA, Solange Teles da. Princípio da Precaução: uma nova postura em face dos novos riscos e incertezas

científicas. In Princípio da precaução, coleção Direito Ambiental em debate. VARELLA, Marcelo Dias.

PLATIU, Ana Flávia Barros. (org.), p. 87.

Page 17: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

17

de debater para finalmente impulsionar uma decisão política que implique uma eleição entre

as diversas alternativas36.

Também não se pode olvidar que o princípio da precaução é de extraordinária

utilidade para o legislador, quando tem que abordar uma atividade com risco não exatamente

determinado, em particular quando tem que estabelecer o marco em que esta atividade tem

que se desenvolver e os limites da mesma.

No campo da legislação penal, a questão se mostra importante, pois o princípio da

precaução tem uma utilidade específica, já que o legislador penal introduz novas figuras

delitivas fundamentando-se justamente na precaução, como é o caso da técnica dos crimes de

perigo abstrato37.

Neste momento, urge concluir que é o princípio da precaução que deve orientar a

sistemática da tutela do meio ambiente ante os riscos imprevisíveis do desenvolvimento

tecnológico em relação ao meio ambiente.

Tal fato tem como conseqüência, o trânsito de um modelo de previsão com a

potencial previsão do risco, conhecimento do risco e dos nexos causais, ao modelo de

incerteza dos riscos, ao modelo de incalculabilidade do dano e, em muitos casos, presunção

do risco baseada em estatísticas e probabilidades38, e que possibilita que, diagnosticado seja o

risco, pondere-se os meios de evitar o prejuízo, além de gerar a obrigatoriedade de que

qualquer atividade que interfira no meio ambiente passe pela metodologia preventiva, com a

qual serão adotadas as medidas adequadas à preservação ambiental.

Em resumo, e no sentido da conclusão, quando os argumentos a favor ou contra

um determinado projeto se revelarem igualmente fortes, o conflito de interesses econômicos

com interesses ambientais deve ser decidido em prol do meio ambiente, conferindo-se

prioridade à prognose negativa sobre a prognose positiva39.

36 HAMMERSCHMIDT, Denise, O risco na sociedade contemporânea e o princípio da precaução no direito

ambiental. Revista de direito ambiental n° 42. São Paulo : RT. Ano 2006, p.150. 37 CASABONA, Carlos María Romeo. El princípio de precaución en derecho penal. Iter Criminis. N° 9.

Segunda época. Revista de Ciencias Penales. INACIPE, p. 257 a 293. 38 Idem, p. 262. 39 HAMMERSCHMIDT, Denise, O risco na sociedade contemporânea e o princípio da precaução no direito

ambiental, p. 150.

Page 18: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

18

5.5 Princípio da prevenção

Informa a responsabilização daquele que causar perigo ao meio ambiente. É a base

da orientação de qualquer política moderna do ambiente. Deve estar presente nas políticas

públicas e no dia-a-dia das empresas. Constitui para o Estado e para a coletividade um dever

jurídico-constitucional de proteger o meio ambiente.

Tem lugar de destaque, dada a importância da prevenção do dano ambiental.

Ocorrido o dano, este poderá ser irremediável, ou a recuperação poderá ser muito cara ou

demorada.

Ainda que o Direito Ambiental tenha sua base de sustentação em dispositivos

sancionadores, seus objetivos fundamentais são preventivos40.

A existência de uma legislação sancionadora tem o condão de inibir condutas

lesivas ao meio ambiente. Só por meio de duras exigências é que as externalidades negativas

serão consideradas. É necessário que as sanções, não só econômicas, mas também políticas e

mercadológicas, sejam rigorosas para exigir uma postura de respeito ao meio ambiente41.

O conteúdo cautelar do princípio da prevenção é dirigido pela ciência e pela

detenção de informações certas e precisas sobre a periculosidade e o risco fornecido pela

atividade ou comportamento, que, assim, revela situação de maior verossimilhança do

potencial lesivo que aquela controlada pelo princípio da precaução. O objetivo fundamental

perseguido na atividade de aplicação do princípio da prevenção é a proibição da repetição da

atividade que já se sabe perigosa42.

A diferença que se infere do princípio da precaução43, é que este contém um

espectro de atuação mais amplo, que incide sobre toda a atividade estatal. Já a prevenção é o

dever jurídico de evitar os danos ao meio ambiente, e se manifesta diretamente sobre a atitude

do particular e do Poder Público, já que, segundo a Constituição Federal, ambos se submetem

ao dever jurídico de evitar danos ao meio ambiente.

40 CAMPOS, Aline da Veiga Cabral. Op. cit. p. 110. 41 ACETI, Luiz Carlos Jr. VASCONCELOS, Eliane Cristine Avilla. Tutela penal ambiental. Revista IOB de

direito penal e processual penal. N° 42- Fev/Mar -2007, p. 52. 42 LEITE, José Rubens Morato. AYALA, Patryck de Araújo. Direito ambiental na sociedade de risco, p. 63.

Page 19: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

19

6. Conclusão

Partindo-se da premissa de que a proteção do meio ambiente constitui um dos

princípios organizacionais básicos de nosso ordenamento jurídico, posto que impõe a garantia

do desenvolvimento sustentável, conforme artigo 225 da Constituição Federal de 1988,

conclui-se que a proteção ao meio ambiente deve ocorrer de modo preventivo, atuando sob

atividades que produzem riscos ao bem jurídico ecológico, para assegurar digna qualidade de

vida às presentes e futuras gerações.

A proteção ao meio ambiente deve ocorrer de maneiras institucionais e através de

meios não institucionais, por meio de ações da própria sociedade civil. Contudo, é no papel do

Estado, que passa a se chamar Estado de prevenção44, que ocorrerá a maior proteção por todos

os níveis do ordenamento jurídico, conforme disposição da própria administração pública.

Assim, reconhece-se a importância da tutela civil do meio ambiente. No Brasil

contamos com um dos melhores instrumentos de tutela, em se considerando os vários

ordenamentos no mundo, em que ocorre a reparação e também a prevenção do ilícito

ambiental de modo célere e democrático. É a Lei de Ação Civil Pública45, que, segundo Hugo

Nigro Mazzilli, é “ação de objeto não penal proposta pelo Ministério Público que tem como

função a defesa de interesses transindividuais em juízo cível” 46.

No tocante à tutela do meio ambiente por normas de Direito Administrativo, ela

revela sua importância no sentido de que atua junto ao particular na gestão do risco, no

sentido de que a autoridade ambiental competente irá orientar o particular na verificação dos

riscos que a atividade produz, bem como na minimização dos impactos e até a eliminação dos

mesmos. Por exemplo, e com fulcro na legislação pátria, estão os mecanismos que exigem dos

particulares que realizam atividades potencialmente poluidoras o Estudo do Impacto

Ambiental, (EIA), Relatório de impacto sobre o meio ambiente, (RIMA), todos envolvidos

pelo licenciamento ambiental de referidas atividades.

Além desses instrumentos é correto afirmar, segundo norma cogente da própria

Constituição da República, que é legítima a proteção penal do meio ambiente. Destarte, as

normas penais têm papel fundamental no ordenamento jurídico, em razão de seu método e

44 SCHÜNEMANN, Bernd. Sobre la dogmática y la política criminal del derecho penal del medio ambiente.

Temas actuales y permanentes del derecho penal después del milenio. Madrid : Tecnos, 2002, p. 203. 45 BRASIL, Lei 7.347, de 24 de julho de 1985. 46 MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. 16a Ed. – São Paulo: Saraiva, 2003.

Page 20: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

20

sistematização47, e são, sem dúvida, necessárias à proteção ambiental, já que o meio ambiente

traduz-se como bem jurídico-penal de conteúdo difuso de importância transcendental, e que se

relaciona com a equidade intergeracional.

Por isso é que não se pode deixar de reconhecer que o meio ambiente e a tutela dos

riscos deve ser feita por todos os ramos do ordenamento jurídico. Quanto a tutela penal do

meio ambiente, insere-se o campo de maior controvérsia, em se considerando que a

intervenção penal é a mais grave de todas as atuações estatais na esfera de liberdade dos

indivíduos, mister se faz o estudo aprofundado das razões político-criminais e as alterações na

dogmática jurídico-penal decorrentes dessa afirmação de que o Direito Penal deve sim se

orientar à prevenção dos riscos em geral e ao meio ambiente.

Bibliografia

ACETI, Luiz Carlos Jr. VASCONCELOS, Eliane Cristine Avilla. Tutela Penal Ambiental.

Revista IOB de Direito Penal e Processual Penal. N° 42- Fev/Mar –2007.

ALEXY, Robert. Teoria de los derechos fundamentales. Madri: Centro de Estudios

Constitucionales, 1997.

AMARAL, Cláudio do Prado. Particularidades dos crimes ambientais. Revista da Escola

Paulista da Magistratura, ano 5, n° 1, jan/jun-2004.

ARRUDA, Domingos Sávio de Barros Arruda. “A categoria acautelatória da

responsabilidade ambiental”. Revista de Direito Ambiental, n° 42, ano 11, abril-junho. São

Paulo : RT, 2006.

BRASIL, Lei 6.938, publicada no Diário Oficial da União em 02 de setembro de 1981.

BRASIL, Lei 7.347, publicada no Diário Oficial da União em 25 de julho de 1985.

BRASIL. Lei 9.605, publicada no Diário Oficial da União em 13 de fevereiro de 1995.

ARRUDA, Domingos Sávio de Barros Arruda. A categoria acautelatória da responsabilidade

ambiental. Revista de Direito Ambiental, n° 42, ano 11, abril-junho. São Paulo : RT, 2006.

CASABONA, Carlos María Romeo. El princípio de precaución en derecho penal. Iter

Criminis. N° 9. Segunda época. Revista de Ciencias Penales. INACIPE.

CAMPOS, Aline da Veiga Cabral. Precaução ambiental na era do direito penal secundário.

Direito Penal Secundário. Estudos sobre crimes econômicos, ambientais, informáticos e

47 DESTEFENNI. Marcos. “Direito penal e licenciamento ambiental, p. 47.

Page 21: SUMÁRIO: Resumo – Abstract – Introdução – 1. A · se o já clássico discurso da destruição da camada de ozônio, do efeito estufa, de chuvas ... e proteger a qualidade

21

outras questões. Coords. Fabio Roberto D’Ávila e Paulo Vinícius Sporleder de Souza. São

Paulo : RT, 2006.

CUSTÓDIO, Helita Barreira. Direito Ambiental e questões jurídicas relevantes. Campinas,

SP: Millenium Editora, 2005.

DESTEFENNI. Marcos. Direito penal e licenciamento ambiental. São Paulo, SP: Memória

Jurídica editora, 2004.

DOTTI, René Ariel. Meio ambiente e proteção penal. Fascículo de Ciências Penais. Porto

Alegre, V. 4, n-1, p. 9-29, jan/fev/mar, 1991.

HAMMERSCHMIDT, Denise, O risco na sociedade contemporânea e o princípio da

precaução no direito ambiental. Revista de Direito Ambiental n° 42. São Paulo : RT, 2006.

LANFREDI, Geraldo Ferreia. Política Ambiental- Busca de Efetividade de seus instrumentos

São Paulo: RT, 2002.

LEITE, José Rubens Morato. AYALA, Patryck de Araújo. Direito ambiental na sociedade de

risco. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2002.

MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. 16 ed. São Paulo: Saraiva,

2003.

MILARÉ, Édis. Direito do ambiente. 5 ed. São Paulo : RT, 2007.

MORAES, Márcia Elayne Berbich de. A (in)eficiência do direito penal moderno para a tutela

do Meio Ambiente na sociedade do risco. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004.

SCHÜNEMANN, Bernd. Sobre la dogmática y política criminal del derecho penal del médio

ambiente. Temas actuales y permanentes del derecho penal después del milenio. Madrid :

Tecnos, 2002.

SILVA, Solange Teles da. Princípio da Precaução: uma nova postura em face dos novos

riscos e incertezas científicas.” Princípio da precaução, coleção Direito Ambiental em debate.

VARELLA, Marcelo Dias. PLATIAU, Ana Flávia Barros (org.).

STEIGLEDER, Annelise Monteiro. Responsabilidade Civil ambiental. As dimensões do dano

ambiental no direito brasileiro. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2004.

TELES DE MENEZES, Paulo Roberto Brasil. O Direito do Ambiente na era de risco:

perspectivas de mudança sob a ótica emancipatória. Revista de Direito Ambiental n° 32,

out/dez- 2003.