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SUPER- APRENDIZAGEM PELA SUGESTOLOGIA Novos e Revolucionários Métodos de Ensino que Você Pode Usar para Conquistar uma Supermemória e Melhorar a sua Atuação nos Negócios SHEILA OSTRANDER e LYNN SCHROEDER com NANCY OSTRANDER

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SUPER- APRENDIZAGEM

PELA SUGESTOLOGIA

Novos e Revolucionários Métodos de Ensino que Você Pode Usar para Conquistar

uma Supermemória e Melhorar a sua Atuação nos Negócios

SHEILA OSTRANDER e LYNN SCHROEDER com NANCY OSTRANDER

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SHEILA OSTRANDER e LYNN SCHROEDER com

NANCY OSTRANDER

SUPER- APRENDIZAGEM

PELA SUGESTQLOGIA Tradução de CRISTINA BOSELLI

2a EDIÇÃO

Copyright (E) 1978 by Sheila Ostrander, Nancy Oslrander and Lynn Schroeder

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Direitos de publicação exclusiva em língua portuguesa em iodo o mundo adquiridos pela

DISTRIBUIDORA RECORD DE SERVIÇOS DE IMPRENSA S A. Rua Argentina 171 — 20921 Rio de Janeiro, RJ que se reserva a propriedade literária desta tradução

Impresso no Rrasrl

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SUMÁRIO PARTE I - SUPERAPRENDIZAGEM

Capítulo 1 - Seu Q.I. Potencial 9 Capítulo 2 - Supermemória 17 Capítulo 3 - Aprendizagem a Jato Desponta na Costa Oeste 43 Capítulo 4 - A Batida do Snperaprcndizado 59 Capítulo 5 - 0 que Falta Para Desconiplicar 72 Capítulo 6 - A Personalidade Desobstruída 81 Capítulo 7 - Como Supcraprcnder 88 Capítulo 8 - Preparar seu Próprio Programa 101 Capítulo 9 - Treinar as Crianças 115

Depois de 1979 - Outros Inovadores, Sistemas Semelhantes 121

PARTE 11 - SUPERDESEMPENHO

Capítulo 10- Superdesempenho nos Esportes 135 Capítulo 11- O Programa Soviético Para um Máximo de Desempenho 146 Capítulo 12 - Controle da Dor 162 PARTE III - SUPER-HARMONIA

Capítulo 13 - Capacidades Futuras 175 Capítulo 14- O Palpite Bem Dosado: Profissional e Pessoal 1 Capítulo 15- "Segunda Visão" 193 Capítulo 16 - Bio-Harmonía 211

PARTE IV - EXERCÍCIOS

Capítulo 17 - Ioga Mental e Exercícios de Concentração 231 Capítulo 18 - Visualização e Exercícios Autogênicos 240 Capítulo 19 - Exercícios Para Crianças 257 Capitulo 20- O Ser Humano Possível - Possível Agora? 264 APÊNDICE

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Apêndice 271 Fontes 279

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PARTE I

SUPERAPRENDIZAGEM

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Capítulo 1

Seu QI Potenciai

"Estamos apenas começando a descobrir as possibilidades quase ilimitadas da mente..." diz a Dra. Jean Houston, presidente da Associação de Psicologia Humanística.

O matemático Dr. Charles Muses diz o mesmo em outras palavras: "O potencial do consciente é praticamente o último campo a ser atingido pelo homem e ainda não explorado — o País Por Descobrir."

O Dr. Frederic Tilney, um dos maiores pesquisadores do cérebro na França, declara: "Chegaremos, pelo comando consciente, a evoluir centros cerebrais que nos permitirão utilizar poderes que não somos, hoje, capazes sequer de imaginar."

O Dr. Richard Leakey estuda os três milhões de anos de história da humanidade. O potencial da raça humana, acredita ele, "é quase infinito". E George Leonard, com sua abordagem de especialista em educação, conclui: "A capacidade criativa do cérebro, em seu último estágio, pode ser, em termos práticos, infinita."

Apenas começamos a perceber o potencial de um homem ou mulher com plenos poderes. A idéia tem tido boa receptividade nos mais altos escalões. É sustentada por inteligências tão variadas quanto o teólogo e cientista Teilhard de Chardin e o pesquisador de drogas Dr. Timothy 'Leary. E tais potenciais movimentam-se em todas as direções. Conforme a psicóloga Patrícia Sun, estamos a ponto de desenvolver "capacidades que ainda não temos palavras para descrever". O neurocientista e engenheiro Dr. Manfred Clynes determinou, com base em extensa pesquisa científica, que nos en- centramos em uni estágio onde podemos desenvolver novas emoções, estados autenticamente novos, que nunca antes experimentamos.

Rompemos o casulo. Já podemos abrir as asas; é tempo de reclamar nossos direitos. Podemos ser muitos mais do que somos. É uma idéia sedutora. E sempre foi porque quase todo mundo tem um segredo, ainda que poucos o admitam. Sabemos que possuímos algum dom especial. Talvez não tenha sido totalmente explorado, talvez os outros sequer se dêem conta, mas mesmo assim ali está ele, um dom especial que nos diferencia. Parece que agora todos esses sentimentos humanos, ilógicos, irreais, têm sua razão de ser. Somos especiais — ou poderíamos ser.

Se quisermos desenvolver estes potenciais que aí estão, esperando para serem descobertos, precisaremos de meios para tanto. E este- tem sido o obstáculo. Podemos imaginar como se sentem as cobaias de laboratório, impelidas por pequenos choques elétricos, correndo cada vez mais depressa por um labirinto. O velho esquema de tentar outra vez não funciona. Mas, quem sabe, tentar de maneira diferente funcione.

Precisamos de novos caminhos, mais eficientes e menos geradores de tensões, para desenvolver estes potenciais. Precisamos aprender a aprender. Eis o tema deste ^vro: aprender a aprender melhor e sem tensão. O tipo de aprendizado que faz você se sentir bem enquanto o executa. O iivro também trata de como aplicar esta capacidade de aprendizagem em muitos outros campos de sua vida.

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Os diversos sistemas de aprendizagem aqui mencionados foram retirados de muitas fontes. Têm sua origem no trabalho de professores inovadores: o búlgaro Georgi Lozanov, o alemão Johannes H. Schultz, o espanhol Alfonso Caycedo; têm sua origem na ciência longamente testada da ioga, e na fisiologia e psicologia contempo-rânea. Têm também origem na experiência acumulada por indivíduos criativos e bem-sucedídos, desde campeões esportivos até altos executivos norte-americanos.

Embora diversos, todos estes sistemas têm uma abordagem comum, uma abordagem globalizante. Eles encaram você, a pessoa, sempre como um todo. Esteja você querendo aprender francês, jogar tênis, ou tomar as decisões certas em um negócio, estes sistemas operam sobre o princípio de que você dispõe de mentalidade lógica, corpo e mentalidade criativa. Ou seja, eles se utilizam do cérebro esquerdo, do corpo e do cérebro direito em harmonia.

Na década passada, complexas pesquisas sobre o nosso modo de pensar popularizaram o conceito de cérebro esquerdo/cérebro direito. Simplificando ao máximo a teoria, podemos dizer que o lado esquerdo de nosso cérebro é o responsável pelo pensamento lógico, racional, analítico. O lado direito está relacionado com a intuição, criatividade, imaginação. Qualquer que seja a sua atividade, os métodos de aprendizado globalizante procuram evitar que você se torne um relógio de repetição ou um puro espírito pensante e desincor- porado. É fundamental manter o cérebro esquerdo, o corpo e o cérebro direito atuando em conjunto, sem restringir a sua capacidade. Além disso, os objetivos do aprendizado globalizante são fazer com que tal atuação em conjunto o possibilite a utilizar plenamente seu poder de pessoa como um todo.

O que acontece quando você chega a um acordo consigo mesmo é a própria diferença entre aprender e superaprender. Como muita gente já descobriu, ocorre um salto quantitativo em sua capacidade de realização. Comparada com a maneira pela qual a maioria de nós vem batalhando até agora, esta nova abordagem é um superaprendi- zado em sentido literal.

Pode ser útil compará-lo a uma orquestra: metais, percussão e cordas. Quando o solo é dos instrumentos de sopro, tambores e violinos não tentam sobrepor-se a eles. Mas também não se descuidam de sua parte. Tocam em harmonia. A mentalidade lógica, o corpo, a mentalidade criativa — você pode dar mais ênfase a um deles, mas, por ser uma pessoa total, as outras partes lá estão, atuando em ressonância. Podem provocar desarmonia. Ou podem atuar em harmonia. Geralmente, em nossos esforços para aprender, dividimo-nos em pedaços. O superaprendizado ajuda a unir as peças do quebra- cabeças para podermos ver o quadro inteiro.

Ê desconcertante descobrir até que ponto somos capazes de atingir, como aconteceu a um grupo de búlgaros que se envolveu com o provavelmente mais extraordinário e avançado sistema de aprendizagem exposto neste livro. Ouviram dizer que havia um modo de aprender e memorizar grandes quantidades de informação com rapidez, eficácia, com o menor esforço que se pudesse imaginar. Na década de 60, este grupo de 15 profissionais, homens e mulheres, de 22 a 60 anos, reuniram-se em uma sala clara e arejada do Instituto de Sueestologia, situado numa rua decadente do centro da cidade de Sófia. Iam participar de uma experiência na qual não acreditavam muito,

— Isso não vai dar em nada — dizia a médica para o arquiteto a seu lado, enquanto o grupo se distribuía em círculo pelas espreguiçadeiras.

Os outros concordavam: um engenheiro, diversos professores, UB) jutZ. — Devíamos desistir de uma vez. É pura perda de tempo. Ninguém tinha muita esperança. A professora chegou; também

ela não se sentia à vontade em pensar que talvez lhe exigissem o impossível. No entanto, íá estavam eles, e começaram. Enquanto os alunos folheavam o

material impresso, a professora começou a ler frases em francês com entonações diferentes. Ligou, então, música de fundo, clássica, imponente. As 15 pessoas se recostaram, fecharam os olhos e passaram a desenvolver a hipermnesia, mais facilmente chamada de superniemória. A professora continuou recitando, Às vezes sua

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voz era profissional, como se desse ordens a serem executadas, outras vezes era suave, um sussurro, depois, inesperadamente, dura e autoritária.

A sala foi escurecendo, pois já se estava no final da tarde, e a professora continuava, repetindo cm um determinado ritmo palavras francesas, expressões idiomáticas, traduções. Afinal, parou, Mas ainda não tinham terminado; iam fazer um teste. Pelo menos da parte dos alunos, não havia motivação. De qualquer forma, durante aquela sessão, diminuída sua ansiedade, arrefeceram-se as resistências naturais, Mas eles ainda duvidavam da possibilidade de obter notas razoáveis numa prova.

Finalmente, a professora disse: — A média de aproveitamento da classe foi de 97%. Vocês aprenderam mil

palavras em um dia! Mil palavras — eles sabiam que isto equivalia a quase metade do vocabulário

básico de uma língua, em poucas horas. E tinham feito aquilo sem nenhum esforço. Aqueles homens e mulheres deixaram o instituto sentindo-se engrandecidos, sentindo que acabavam de ter um encontro fundamental, pois os seres de outra dimensão com quem se acabavam de encontrar eram eles mesmos.

Em gera!, neste tipo de curso, as pessoas aprendem de 50 a 150 doses de informação por sessão. Tratava-se aqui de uma experiência. Para o Dr. Georgi Lozanov, criador do método, ela ajudou a provar algo de que ele suspeitava: a capacidade humana de aprender e memorizar é virtualmente ilimitada. Lozanov e seus colegas na Bulgária e União Soviética chamam a isto "abrir as comportas da mente". Para as pessoas que experimentaram, é mais do que, de repente, apossar-se de uma grande herança. Elas passam a ver a si próprias de maneira diferente. Abrem-sc possibilidades. Passam a ter uma noção bem ampla de quem são e do que podem fazer.

Esta espécie de sistema de rápida aprendizagem pode ser usado para aprender qualquer tipo de informação factual, Ê O aprendizado do cérebro esquerdo. Qual será o desempenho da mentalidade lógica, que de repente se defronta com esta capacidade extasiante? Pode permitir-se altos vôos, porque a capacidade do corpo e do cérebro direito estão em harmonia, dão seu apoio, tocam como em um concerto. Nos métodos de aprendizado deste livro, não importa que parte do todo faz o solo — cérebro esquerdo, corpo, cérebro direito -— as outras partes lá estão, harmonizando-se e apoiando. É por isto que se trata de sistemas de aprendizado globalizante. Tais sistemas podem ser usados para aprender química, línguas, história. Também podem ser usados para aprender a brilhar numa reunião de diretoria ou nas quadras de tênis. No caso do Dr, Hannes Lindemann, ele só desejava atracar em terra firme num porto do Ocidente.

Uma década antes de os búlgaros se darem conta de que podiam ter um aproveitamento de "gênios", Hannes Lindemann, médico alemão, lançou-se em uma aventura diferente. Velejando sozinho a partir das Ilhas Canárias, firmou a proa de seu barco para oeste e partiu para o novo mundo.

— Oeste — disse Lindemann para si mesmo — oeste. A ordem ecoava e tomava forma em seus sonhos. Durante 72 dias e noites ele

velejou, acomodado como pérola solitária em sua concha. Dormia apenas por curtos períodos, pois mal havia espaço para se mexer. Na 57^ noite, resolveu quebrar a rotina. Virou o barco de cabeça para baixo e deitou-se no fundo escorregadio até o amanhecer. Mais de cem homens tentaram este tipo de travessia. Todos falharam. Mas Hannes Lindemann atracou em terra firme em San Martin, nas índias Ocidentais, e conseguiu virar capa da revista Life. Ele não apenas sobreviveu, mas o fez em ótimas condições de saúde. Aprendera, por exemplo, a controlar a própria circulação para proteger determinadas partes do corpo; nunca teve feridas provocadas pela água salgada, que sempre se alastram nestas situações.

— Eu consegui — disse Lindemann — graças ao treinamento autogênico. Aprendera este método globalizante com seu criador, o Dr. Johannes H. Schultz,

e acreditava, com bons motivos, em sua comprovada validade sob as mais desfavoráveis condições. O método autogênico e suas adaptações mais comuns

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baseiam-se na harmonização de todas as forças da mente e do corpo, de maneira que o corpo possa dar o melhor de si. Podem também ajudar na cura do corpo e da mente, proporcionando uma espécie de saúde abrangente e envolvente de que poucos desfrutam ou esperam voltar a desfrutar.

Nem todo mundo vai arriscar a vida apostando em um sistema de aprendizado, como fez o Dr. Lindemann. Mas dezenas de milhares de pessoas comprovaram por experiência própria que os métodos de superaprendizado são bem-sucedidos. Inúmeros testes científicos comprovam estes métodos, mas nos últimos anos aconteceram certas coisas que dispensam mesmo tais testes tão complicados, Como você vai ver, as provas são muitas e espalhadas por todo o mundo. Na União Soviética, milhares de adultos apjenderam uma língua em menos de um mês. Na Suíça, os esquiadores voltaram das Olimpíadas carregados de medalhas. Na Bulgária, as crianças voltavam de suas escolas, pelas mesmas ruas de sempre, depois de aprender em um jnês o programa de um semestre. Na França e Espanha, pessoas comuns descobriram que podiam controlar mentalmente seus corpos e regular a saúde. Alguns aprenderam até a suprimir a dor sem a utilização de medicamentos. A comunidade dos negócios norte-americanos passou a encarar a intuição como um valioso auxiliar na tomada de decisões. E quando os métodos de superaprendizado foram aplicados na reabilitação de cegos, aqueles cegos começaram a mostrar aos que viam coisas que estes ainda não podiam ver.

Os métodos de superaprendizado sempre encaram a pessoa como um todo, por completo. Eles têm algo mais em comum que é difícil explicar por não se tratar de fatos lineares, Quando você começa a atuar como um todo, podem acontecer coisas aparentemente inexplicáveis. Uma mulher que estuda francês descobre de repente que melhorou da sinusite; um homem que estuda química se dá conta de que sua intuição redobrou. Um atleta que pratica técnicas' de treinamento físico vê sua capacidade de concentração aperfeiçoada nos exames da faculdade. As divisões que impedem o pleno desenvolvimento se dissolvem, todas as áreas da pessoa se fortalecem. É como a luz que bate sobre uma faceta do cristal, e logo todas as outras facetas se iluminam.

Este efeito refletor modificou a vida de Georgi Lozanov, médico e psiquiatra, que não planejara ser educador. Planejara, sim, conforme a tradição, estudar a natureza do homem, do ser humano em todo seu potencial, Como quase todos os outros, chegou à conclusão de que utilizávamos apenas uma fração de nossa capacidade. Lozanov descobriu os meios de abrir as comportas da mente e, como médico, colocou esses meios a serviço do aperfeiçoamento do corpo, da cura mental e física. Porém, investigando o que o ser humano total pode realizar, ele foi lançado no campo da criatividade e intuição. Continuando, então, a investigar, quase por necessidade, tornou-se um dos principais parapsicólogos do mundo comunista. Ao mesmo tempo, Lozanov se deu conta de que, com suas novas técnicas, uma pessoa de inteligência mediana poderia desenvolver a supermemória e aprender informações factuais com uma facilidade inimaginada.

Ê paradoxal que Lozanov se tenha tornado mundialmente famoso por desenvolver um sistema de aprendizado factual; o caminho que ele primeiro trilhou parece ter-se prolongado por meio da ênfase exagerada que o Ocidente coloca no pensamento factual, concreto. Ê paradoxal para a mentalidade lógica, Do ponto de vista globalizante, no que tem de mais abrangente, faz sentido.

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De uma certa maneira, o superaprendizado age suprimindo. Os programas são montados para ajudar a eliminar o medo, autocen- sura, a imagem limitada de si próprio e as sugestões negativas quanto a limitação da capacidade. Procuram dissolver os muitos bloqueios que impomos a nós mesmos e liberar uma personalidade de-sobstruída. Não que o superaprendizado lhe dê algo novo; ele lhe dá algo que você já tem — você mesmo. Daí o seu enorme poder. Este eu centralizado, desobstruído, este eu radiante, como o educador Jack Canfield o chama, sabe disso. Parece mergulhado em um estado de consciência tão amplo que sabe como conseguir praticamente tudo.

O sucesso na escola, no esporte, nos negócios e no relacionamento é gratificante. Mas parece que as pessoas descobrem outro tipo de recompensa no superaprendizado — algo mais relacionado a fazer do que a vencer. É um sentimento de harmonia que se obtém, de participação na totalidade do próprio ser. É uma satisfação total consigo mesmo, aquela que ocorre quando se arremessa a bola na direção exata, quando se compreende plenamente um conceito difícil, quando, por um momento, nos sentimos em total sintonia com outra pessoa. É a chama de vida, naquele momento — a vida vivida com alegria.

A alegria de aprender é um assunto que aparece nos cursos de superaprendizado. Para a maioria de nós, a aprendizagem nem sempre foi uma experiência agradável. Porém, conforme a natureza das coisas, deveria ser, pois aprender é amadurecer, e amadurecimento é vida. Um dos comentários mais comuns ouvido daqueles que fazem os cursos de superaprendizado é que, logo no começo do curso, você passa a se sentir bem — bem consigo mesmo e com os outros.

Talvez uma razão para esta sensação de bem-estar seja o fato de o superaprendizado trabalhar com o seu quociente potencial, e não com o seu quociente de inteligência. Hoje em dia, na prática, nossos potenciais parecem ilimitados. Obtendo mais agilidade e domínio sobre nós mesmos, somos levados a pensar que a atual fixa- Çio de QI não é bem como deveria ser.

Arthur Young é filósofo e inventor; Charles Muses é matemático e estudioso da cosmologia. Há algum tempo, recolheram depoimentos de personalidades influentes de nossa época, líderes e pensadores, reunidos no livro Consciousness and Reality (Consciência e Realidade). No prefácio escreveram: "Eis um momento de ver- dadeira evolução da raça, e o que se fizer neste momento terá maior importância que os acontecimentos dos últimos milênios."

Como dissemos, ser mais do que somos é uma idéia acalentada há muito tempo, mas talvez existam razões mais profundas para que 95 novos métodos de aprendizado despontem em todo o mundo. Faz P***® do momento histórico. As máquinas estão parando não ape- Oas por falta de gasolina, é como se todos os setores da sociedade

i5 se sentissem ameaçados. Há pouco tempo atrás, foi noticiado que na União Soviética procurava-se treinar os cosmonautas em premonição — capacidade de saber com antecedência, de prever o futuro. Os cosmonautas viajam a uma velocidade tal, explicava um cientista, que precisam saber antes o que vai acontecer, apenas para se manterem atualizados. Muitos de nós começam a sentir o mesmo.

Passar raspando e colar em prova não são as maneiras mais práticas de se aprender na era do jato. Se pudéssemos observar do alto do Olimpo, provavelmente veríamos que a era do jato também já está passando. Queremos ser parte de nosso mundo, sentir que o núcleo não fica situado longe daqui, em algum outro lugar. Para tomar decisões, para obter a serenidade e conhecimento de que precisamos, é bem possível que agora seja a hora certa de abrirmos os circuitos avançados, e tão pouco utilizados, que existem em nós mesmos. Dizem que usamos apenas 10% de nosso cérebro. O restante deve ter sido feito por alguma razão. Segundo o Dr. Frederic Tilney, desenvolveremos conscientemente centros cerebrais que nos darão poderes que não somos hoje capazes de imaginar.

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Este livro apresenta alguns dos meios utilizados por um grande número de pessoas para ir de encontro a estas reservas da mente e do corpo. A primeira parte, a principal, trata do aprendizado factual e a memorização — especialidades do cérebro esquerdo. A segunda parte trata do corpo, da capacidade física e da saúde, A terceira parte trata da intuição, criatividade, e das chamadas capacidades extra-sensoriais — atividades do cérebro direito. O livro como um todo tem muito a ver com a imaginação. Napoleão planejava a estratégia de suas batalhas em uma caixa de areia porque, dizia ele, "a imaginação governa o mundo".

Como ponto de partida, imagine o que você poderia fazer se a sua capacidade de aprender e memorizar aumentasse de cinco a 50 vezes. Eis o que a parte 2 deste livro relata em detalhes. £ uma abordagem globalizante. Seguindo a estrada do aprendizado, que leva à expansão da memória, você poderá descobrir que re-apren- deu e re-conheceu algo mais — você mesmo.

Capítulo 2

Supermemóría

Um homem robusto, de cabelos ruivos, com cerca de 60 anos, a testa sempre franzida, caminhou a passos rápidos até o fundo do amplo auditório repleto de cientistas. Isto ocorreu em Dubna, próximo de Moscou, o principal centro de pesquisa atômica da União Soviética, e a prestigiosa audiência incluía muitos físicos soviéticos de renome internacional.

Este homem, Mikhail Keuni, um artista, ia mostrar àqueles físicos famosos como usar a matemática.

— Encha de círculos este enorme quadro-negro — disse ele a um voluntário que subiu ao palco do auditório. — Eles podem cortar-se, podem estar dentro uns dos outros. Pode desenhá-los como quiser.

Enquanto o candidato rodopiava pelo quadro-negro, conforme pedido por Keuni, a audiência ria. Quando ficou tudo coberto de círculos, Keuni mal piscava os olhos. Em dois segundos ele calculou o total: 167!

Os cérebros mais brilhantes da União Soviética levaram mais de cinco minutos para conferir a resposta rápida e precisa de Keuni,

Números de 40 algarismos foram escritos no quadro e Keuni conseguia recordá-los e fazer cálculos mais depressa que um computador,

Após tal demonstração de memória numérica e ilusionismo, Keuni recebeu uma carta do Instituto de Pesquisa Nuclear: "Se não fôssemos físicos, seria extremamente difícil verificar que o cérebro humano é capaz de realizar tais milagres." (Dubna, 12 de abril de 1959).

Mikhail Keuni possui o dom da supermemória, o que lhe permite lidar com números mais rápido que uma calculadora. Também lhe permite aprender com extraordinária velocidade. Se algo for registrado na mente de Keuni apenas uma vez, ele pode retê-lo no total, sem esforço. Ele é capaz de reter tudo o que perceber. A ca-

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pacidade da supermemória o coloca em boa situação durante suas excursões a outros países para demonstrar seus poderes pouco comuns, Ele nunca se confunde com a língua. Em menos de um mês, por exemplo, aprendeu japonês fluentemente. Em outra ocasião, quando foram alterados os planos de viagem, aprendeu finlandês em uma semana.

Será que Mikhail Keuni é um capricho da natureza? Será que ele tem um conjunto único de células cerebrais? Ou será que a supermemória é um potencial humano básico? Trata-se de algo que qualquer um de nós pode atingir, pelo menos em parte, se soubermos como?

Esta foi a pergunta crucial que nos levou a viajar aos países do bloco soviético no verão de 1968 para participar da I Conferência Internacional de Parapsicologia de Moscou. Entre outros, íamos falar com um cientista búlgaro, o D/. Georgi Lozanov, que pesquisou inúmeras pessoas com capacidade mental extraordinária como Keuni. Lozanov viera para dizer que a supermemória era uma capacidade natural do homem, Não apenas qualquer um pode desenvolvê-la. disse ele, como pode fazê-lo sem esforço, Para provar sua tese, dizia haver na Bulgária e União Soviética milhares de pessoas que obtiveram bons resultados ao tentar desenvolver a supermemória por conta própria.

A primeira vez que ouvimos falar deste novo caminho foi através da leitura dos jomais soviéticos. "O Método que Pode Transformar a Educação", "Canais Ocultos da Mente" eram os títulos. "Ê Possível Aprender uma Língua em Um Mês", dizia o Pravda. O Vespertino Búlgaro proclamava:"A Parapsicologia Pode Ser Aplicada à Educação". À medida que as reportagens na imprensa e as teses científicas aumentavam em número no decorrer da década de 60, ficavam também cada vez mais difíceis de se acreditar. No início, búlgaros e soviéticos aparentemente aprendiam 100 palavras de uma língua estrangeira por dia. Depois eram 201. Logo em seguida, anunciaram que as pessoas aprendiam 500 palavras em um único dia, E, por fim, apareceram dados de pesquisa que falavam em mil palavras aprendidas em um dia por um grupo búlgaro.

E as notícias não paravam por aí. Esse sistema, pelo que lemos, acelerava o aprendizado de cinco a 50 vezes, aumentava a re- tenção, não exigia praticamente nenhum esforço da parte dos alunos, aplicava-se tanto aos retardados quanto aos brilhantes, moços e velhos, e não exigia equipamento especial, E os participantes da pesquisa não apenas aprenderam toda uma língua em um mês, ou um semestre de história em poucas semanas, como conseguiram balancear a saúde e despertar a criatividade e intuição enquanto aprendiam fatos.

Quase todo mundo vai dizer-lhe-"que estas coisas não podem acontecer. Uma das autoras deste livro sabe disso por experiência própria. Sheila é formada, entre outras coisas, em educação, conhece idiomas e estudou música durante 16 anos. (E dizem que a música é um elemento chave neste sistema.) As notícias dos búlgaros lhe pareciam absurdas. Mesmo sendo avalizadas por comentários favoráveis de renomados cientistas e instituições. Em meados da década de 60, Sheila começou a corresponder-se com pesquisadores do Instituto de Sugestologia de Sófia, dirigido pelo Dr. Lozanov, e começou a traduzir teses sobre este novo método vindas de outros países eslavos.

Nesses escritos, os autores mencionavam invariavelmente uma velha rixa com os fisiologistas soviéticos: mal utilizamos 10% da capacidade de nosso cerébro; precisamos, portanto, aprender a pôr em funcionamento os outros 90%; ao fazê-lo, podemos abrir as comportas da mente. O Dr. Lozanov descobrira, ao que parece, al-guns dos segredos biológicos que levam à expansão dos potenciais. É coordenou-os em um sistema que fazia as pessoas utilizarem tanto o corpo quanto a mente, ao máximo, para desenvolver literalmente a supexmemória e, assim, apressar a aprendizagem.

Lozanov chamou seu sistema de aprendizado de sugestopedia. § . apenas um ramo, ainda que dos mais vitais, da matéria bem mais ampla estudada em seu instituto: sugestologia, Sugestologia é apenas Um nome que inclui um punhado de técnicas para

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ajudar as pessoas a alcançarem as reservas da mente e do corpo. A sugestologia procura fazer com que a capacidade do corpo, do cérebro esquerdo © do cérebro direito trabalhem em conjunto como um todo har- inôftioss para tornar as pessoas mais capazes de fazer tudo o que <pisere*n fa^er, Mesmo antes de ser aplicada ao aprendizado factual, ■a sugestologia foi utilizada para curar doenças e aliviar a dor, foi n s n a psicoterapia, e foi usada para ajudar as pessoas a ampliar mu capacidade intuitiva e a chamada capacidade extra-sensorial.

^ Pão é preciso ser um visionário para imaginar o que um sls- füéâ que acelera de cinco a 50 vezes o aprendizado pode fazer pelo ^iBo básico, pelo treinamento profissional, e pela capacidade de qualquer um cm se manter atualizado e expandir o conhecimento. Se losse verdade. Se funcionasse fora do bloco soviético. Sabíamos da discrição eslava quando se trata de explicar qualquer coisa aos estrangeiros. Mas não imaginávamos como seria complicado unir as peças do quebra-cabeças que é o sistema de super me mó ri a. Também não sabíamos que se passaria quase uma década até que este extraordinário sistema fosse testado de maneira sistemática e correta em salas de aula norte-americanas.

A Bulgária não manteve contatos com o Ocidente até o início da década de 60. Quando lá chegamos, em 1968, estávamos cheias de curiosidade para saber o que acontecia por lá. Nas ruas da milenar capital, Sófia, elementos do passado e do futuro da consciência humana se entrelaçavam. Minaretes das mesquitas observavam o passar de ônibus, táxis e pessoas andando apressadas, esbarrando em antigas termas romanas, por sobre igrejas subterrâneas construídas durante os 600,anos de dominação turca. Não muito longe do centro da cidade, fica a maciça igreja de Santa Sofia — por 14 séculos o refúgio de desejos e aspirações de tantos. A poucos quarteirões fica um outro tipo de centro das aspirações humanas, um centro da mente voltado para o futuro, estabelecido em um agradável prédio de três andares, cercado de um jardim cheio de roseiras — o Instituto de Sugestologia e Parapsicologia.

Em um país tão antigo, não seria difícil avançar e recuar no tempo como em um exercício ,de "arqueologia da consciência" para trazer ao mundo contemporâneo o conhecimento e as técnicas perdidas de outras eras. De certa forma, foi o que fez o Dr, Lozanov, ao exibir técnicas antigas de supermemória em formato moderno e científico.

O Dr. Lozanov recebeu-nos em seu escritório. Como as flores viçosas do jardim, a sala era limpa e clara, cheia de cores vivas. Já descobríramos, desde a conferência de Moscou, que Lozanov era dotado de um senso de humor "globalizante" e de uma risada "cósmica". Um homem compacto, ágil, de calorosos olhos castanhos, com a cabeça circundada por uma nuvem de cabelos grisalhos e ondulados, ele conseguia ser, em dado momento, cinético como uma bola de tênis e, logo depois, profundamente sereno.

— A sugestologia pode revolucionar a pedagogia — afirmou ele. — Quando as pessoas superarem as idéias preconcebidas a respeito das limitações, poderão render muito mais. Ninguém mais será limitado pela crença de que aprender é cansativo; de que aquilo que aprendeu hoje vai esquecer amanhã; de que o aprendizado se deteriora com a idade.

E continuou filosoficamente: — A educação é o que existe de mais importante no mundo. Toda a vida é um

aprendizado, não apenas a escola. Creio que desenvolver uma maior motivação (que está ligada à técnica) pode ser da maior importância para a humanidade.

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— O que é exatamente a técnica da sugestologia? — perguntamos, Para criar esta nova matéria, Lozanov e seus colaboradores buscaram

fundamentos nas fontes mais diversificadas: ioga, música, aprender dormindo, fisiologia, hipnose, autogenia, parapsicologia, teatro, para citar apenas algumas. As raízes mais profundas da sugestologia se assentam no sistema de Raja Ioga.

— Não há nada novo na sugestologia — explicou Lozanov, — A aplicação é que é nova.

A sugestologia de Lozanov é basicamente a "aplicação" de estados ondificados de consciência à aprendizagem, cura e desenvolvimento intuitivo. Os mesmos mecanismos mentais que conduzem à supernicmória (e, da mesma forma, a acelerar o aprendizado), também podem conduzir ao controle voluntário dos poderes extra- sensoriais.

De sua prática médica e da experiência com pessoas dotadas de capacidade paranormal, como Keuni, Lozanov se convenceu de que "tanto a história quanto as pesquisas demonstram que o ser humano possui habilidades muito mais vastas que as atualmente utilizadas".

Nas semanas que se seguiram, aprendemos mais coisas sobre Lozanov e suas intrigantes descobertas. Apesar de na época ter pouco mais de 40 anos, já era uma das personalidades mais respeitadas na comunidade médica do país. Considerava-se entre os primeiros, se não o primeiro psicoterapeuta da Bulgária do pós-guerra, e era o clínico das famílias pertencentes à elite governante tio país. Como pudemos observar das vezes que o encontramos, era o tipo de médico que fazia um paciente sentir-se melhor só pelo faio de entrar em seu consultório.

O próprio Lozanov pertencia à antiga intelectualidade. Seus pais eram profissionais liberais — seu pai era professor de História lia universidade e sua mãe advogada. Completou seus estudos médico» ç psicoterapêuttcos na Bulgária. Como no país não havia uma tradição psiquiátrica já estabelecida, pôde optar por uma abordagem taato inovadora quanto eclética em seu trabalho. Foi então obter seu Ph.D. na Universidade de Cracóvia, na União Soviética, Defendeu uma tese sobre sugestologia c como suas descobertas sobre sapcrmemória e parapsicologia podiam ser aplicadas à educação,*

mét' .^se!arEC' rnenlü sobre dois lermos muito usados neste livro: superme- Mtr«J' » do lcrmo tl*nico "hipermnésia \ que significa memória

PttnáSàÊ̂ *1*11 *̂*̂ exata ou vívida, ou a memória quase fotográfica. Supera- f,ítrtiCülar > «fere.se a um sistema eclético, para a aprendi- âcsfcfada de dados factuais, resultante das técnicas

ocidentalizadas e

mml

fl i 21 'mmm Tínhamos inúmeras perguntas: — O que é, afinal, a supermemória? Como se interessou poi este assunto? Por

que um médico se voltou para a educação? Lozanov revelou que conseguira descobrir certos dados fascinantes sobre a

origem da supermemória. Era ccmo se a tecnologia de ampliar a memória tivesse sido encarada nos tempos antigos como medida de segurança para o caso de um desastre de grandes proporções.

— Os iogues precisavam da hipermncsia — disse ele. — Alguns iogues passavam todo o tempo decorando os textos sagrados, para o caso de uma hecatombe colossal destruir todos os livros e arquivos. Enquanto um iogue vivesse, poderia reconstituir de memória o conhecimento perdido.

Seria a técnica de supermemória a herança de alguma civilização sofisticada e há muito perdida, que houvesse sofrido um holocausto? Há sinais inequívocos a esse

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respeito na lenda da Atlântida. A pesquisa de Lozanov demonstrou que a supermemória também era conhecida em outros países, nas comunidades mais antigas.

— Os maoris, na Nova Zelândia — disse — faziam o mesmo treinamento de supermemória dos brâmanes da índia. Nos tempos modernos, o chefe maori Kaumatana sabia recitar a história inteira de sua tribo, abrangendo 44 gerações e mais de mil anos. O chefe levou três dias para recitá-la completa, sem recorrer a anotações.

Lozanov contou-nos entusiasmado uma viagem que fizera recentemente à índia: — Estudei os iogues em diversos locais. No Instituto de Sri Yogendra de

Bombaim conheci o iogue Sha. Depois de fazer exercícios diários durante um ano, ele desenvolveu uma supermemória.

O iogue Sha era advogado. Conseguia lembrar-se imediatamente de números enormes, citar datas históricas de qualquer época, e descrever de maneira fotográfica cenas e objetos que olhara apenas de relance. Dezenas de pessoas na índia desenvolveram a hipermnésia (supermemória) segundo as antigas técnicas iogues, observou Lozanov.

— Há muitas e diferentes maneiras de se desenvolver a supermemória — ressaltou. — Os exercícios utilizados por aqueles iogues não seriam adequados à aplicação maciça nas escolas.

modernizadas de desenvolver a supermemória. O termo supcraprendizado também pode ser usado, de maneira gera!, para quaisquer sistemas de aprendizagem que aiuena de forma global com a finalidade de desenvolver as reservas da mente c do corpo.

Desta forma, ele os estudou e desenvolveu suas próprias técnicas. Lozanov não precisava ir até a índia para conhecer os togues ou pessoas capazes de demonstrações de superrnemória, de calcular com a velocidade de um computador. Havia muitos lá mesmo na Bulgária. O próprio Lozanov praticou Raja Ioga durante 20 anos.

Quase todos conhecem a Hatha Ioga, mais ligada aos exercícios físicos e ao aprendizado de determinadas posições. A Raja Ioga, ou ioga mental, é bem menos .eonhecida. "Raja" quer dizer real ou legal, e a Raja Ioga propõe-se a governar a mente ou legislar sobre ela. É considerada pelos que a praticam como a "ciência da concentração" e utiliza técnicas de alteração dos estados de consciência, métodos de treinamento de visualização, prática de concentração e determinados exercícios respiratórios. A Raja Ioga reivindica a posse de um conjunto de técnicas que permite às pessoas desenvolverem os siddhis — poderes que incluem as diversas capacidades supranormais supostamente latentes dentro de nós, como a superrnemória fotográfica, o cálculo instantâneo, o controle da dor, e toda a gama de poderes paranormais, desde a visão sem olhos até a telepatia.

Lozanov decidiu pôr à prova todas essas reivindicações. Será que conseguiria encontrar para elas alguma base científica? Estudou pessoas com poderes paranormais, do cálculo instantâneo à telepatia, e levou um grupo de iogues aos laboratórios de psicologia, para perscrutar cada aspecto de seus métodos de treinamento, e seus resultados.

Os espetaculares desempenhos físicos dos iogues búlgaros — um em cada 17 búlgaros pratica ioga — levou-o a especular sobre seu desempenho mental. Vimos em um filme um iogue deitado sobre uma mesa. De repente, ele parecia elevar-se um palmo no ar, quase flutuando.

— Não se trata de levitação — esclareceu Lozanov. — Ele aprendeu a usar os músculos das costas para uma espécie de salto na horizontal.

O Centro de Ioga de Sófia é considerado pelo especialista em ioga, Professor S. Goyal, da índia, como sendo o de currículo mais completo, entre todos os centros que ele conhece. E completa:

— A atenção está voltada para a respiração, o controle da própria consciência por meio da concentração, e a meditação.

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A pesquisa de Lozanov convenceu-o de que, num certo sentido, já temos superrnemória. A dificuldade é utilizar o que armazenamos.

— A mente humana guarda uma quantidade colossal de informações — diz ele. — O número de botões de uma camisa, de degraus de uma escada, de vidros em uma janela, de passos até o ponto do ônibus. Estas "percepções desconhecidas" demonstram que o subconsciente detém poderes surpreendentes.

Ele crê que o cérebro, liberto de todas as distrações que impedem seu pleno funcionamento, assemelha-se a uma esponja capaz de absorver conhecimento e informação de qualquer espécie.

A pesquisa do Dr. Wilder Penfield, do Instituto Neurológico de Montreal, sobre o cérebro confirma esta idéia. Demonstra que, com efeito, temos um tipo de vídeo-teipe natural dentro da cabeça. Penfield realizou operações no cérebro de pacientes, que permaneciam conscientes sob anestesia local. Com uma corrente elétrica muito fraca, o Dr. Penfield estimulava certas células cerebrais durante a operação. Todos os pacientes conseguiram lembrar-se, repetindo palavra por palavra, de situações há muito esquecidas, como conversas, canções, piadas, festas de aniversário da infância, coisas que lhes foram ditas apenas urna vez na vida, tudo perfeitamente registrado. O paciente podia, por exemplo, lembrar-se de estar numa fazenda em uma manhã de verão. Ele ouvia a música do rádio, sentia o cheiro do curral, o vento no rosto.

O Dr. Penfield construiu a teoria de que toda experiência — visual, auditiva, olfativa ou gustativa — fica registrada no cérebro sob determinada impressão, que permanece mesmo depois que a experiência foi conscientemente esquecida.

Com a finalidade de recordar coisas que queremos aprender, o objetivo seria descobrir um meio (que não a delicada corrente elétrica do Dr. Penfield) de "disparar" a lembrança do que temos arquivado na mente.

O Dr. Lozanov concorda com Penfield quanto a nos lembrarmos de todos os dados fornecidos pelos sentidos da visão, audição, olfato e paladar. Mas vai mais adiante, Ele acha que registramos constantemente informações percebidas por intuição, telepatia ou clarividência. A percepção dos "sentidos superiores" desempenha um papel naquilo que escolhemos para nos lembrar.

— Não há nada de sobrenatural em expandir a memória ou receber informação telepática — diz Lozanov.

Supermemória e Aprender Dormindo

Parece que a capacidade está aí. O deflagrador, decerto, é chamar, trazer à consciência a informação impressa no cérebro. Por que Lozanov decidiu criar seu próprio sistema?

— Existem outras técnicas por aí, agora, que parecem fazer "disparar" a supermemória — nós lhe dissemos. — Aprender dormindo, por exemplo.

Com o advento do aprender dormindo, conta-se de pessoas nos Estados Unidos que aprenderam línguas em um mês, ou dominaram grande variedade de material factual. O artista da televisão americana Art Linkletter aprendeu chinês do tempo dos mandarins em apenas 10 noites de estudo dormindo. Em um de seus shows no ano passado, conversou em chinês com o vice-cônsul da China, que confirmou a fluência de LinkJetter no elegante dialeto man- darino.

Bing Crosby e Gloria Swanson são citados como conhecidos usuários do aprender dormindo para decorar diálogos e canções. O cantor de ópera Ramon Vinay aprendeu dormindo a ópera Carmen, a tempo para uma exibição no Scala para a qual fora convocado às pressas. Hm certa época, aprender dormindo foi assunto de muitas reportagens na imprensa norte-americana.

Os russos, pioneiros no emprego do aprender dormindo, utilizaram-no intensivamente durante anos. O Dr. Lozanov também investigou o sistema. Chegou

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mesmo a planejar algo semelhante para a psicoterapia: o "método sussurrante". Mas hoje rejeita o aprender dormindo como um dos caminhos para a supermemória. Por quê? Em primeiro lugar, e acima de tudo, porque quem aprende não fica consciente, nem tem controle sobre o que está acontecendo. Além disso, ao aprender dormindo, a tensão pode criar uma barreira para o aprendizado que pode levar semanas para ser su-plantada, Um estado de corpo e mente descontraídos, relaxados, é necessário para o sucesso do aprender dormindo, mas geralmente as pessoas adormecem em tal estado de tensão, que o aprendizado fica bloqueado. E ainda, aprender dormindo exige uma quantidade de equipamento especial, incômodo e pesado, ressalta Lozanov.

Podemos confirmá-lo nós mesmos, após desembaralhar uma confusão de fios e dispositivos eletrônicos, tentando aprender dormindo. Um dos autores encontrou ainda outra dificuldade. Toda noite, enquanto dormia, desmantelava o equipamento, sendo necessário repará-lo no dia seguinte.

Aprender dormindo é, hoje em dia, uma denominação pouco apropriada. A aprendizagem não ocorre durante o sono. A fita com o material que se deseja aprender é ligada por um cronômetro durante a fase de sonho que ocorre logo depois de sermos dominados pelo sono, e pouco antes de acordarmos. Este princípio é a base do enorme sucesso do método musical Suzuki, pelo qual até crianças pequenas aprendiam a tocar instrumentos, Uma gravação da música que deviam aprender era tocada para as crianças logo que adormeciam.

Apesar do sucesso soviético com o método de aprender dormindo, há muitos inconvenientes em ampliar a memória por este meio. Alguns pesquisadores queixaram-se de problemas com a saúde. Outros depararam com acontecimentos enigmáticos. Certas pessoas precisavam passar semanas ouvindo as fitas até que aprendessem alguma coisa. Outros experimentaram o mesmo que os pacientes do Dr. Penfield. Bastava o ruído de ligar o gravador para trazer a lembrança completa de uma lição aprendida semanas atrás. Faltava-lhes o controle do mecanismo disparador da memória.

Uma noite Lozanov descobriu algo mais sobre aprender dormindo. Dois grupos de alunos iam reforçar o que haviam aprendido durante o dia com o método. Enquanto cochilavam, Lozanov desligou os alto-falantes de um dos grupos. No dia seguinte, ambos os grupos obtiveram resultados de aprendizagem acima da média. Apenas a sugestão de que aprenderiam melhor disparou o gatilho da memória de todo um grupo.

Lozanov acredita que há inúmeros elementos "sugestivos" capazes de atuar como disparadores da memória. Seu objetivo, ao estudar sistemas como hipnopédia (aprendizado através da hipnose) e hipnosopédia (hipnose mais sono), era descobrir como manter quem aprende com plena consciência c controle do disparador de sua própria mente e memória.

Os Poderes Supranormais e a Saúde

Após vários anos de testes, Lozanov concluiu que a base da supermemória e dos poderes supranormais dos iogues poderiam ser chamados de sugestão — um tópico bem explorado pela psicologia eslava e que tende por si próprio à pesquisa fisiológica. Lozanov incluiu na categoria da sugestão determinadas coisas que a maioria de nós não está acostumada a encarar como sugestivas: ritmo, respiração, música e estados de meditação.

Da mesma forma que o biofeedback nos Estados Unidos procurava tirar o que havia de mistificação nas técnicas da ioga para controle do corpo, Lozanov começou a pesquisa fisiológica para desmistificar e modernizar as técnicas da ioga que desenvolvem o controle da memória e de outras habilidades mentais.

— Os "milagres" que um iogue atinge advêm da utilização treinada do pensamento ou sugestão — diz ele. — O iogue pode anestesiar-se por meio do

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pensamento. Pode comandar conscientemente processos internos do corpo. A interação de seus pensamentos com seu corpo pode determinar a saúde, paz de espírito e lon-gevidade.

Muito naturalmente, Lozanov começou a usar a sugestologia na medicina e psiquiatria para desenvolver o controle voluntário do corpo. No Sanatório Sindical de Bankya, inicia-se uma típica sessão de cura em grupo, com Lozanov explicando como a mente pode ajudar a curar o corpo. Depois, com sua voz calma e melodiosa, diz aos pacientes, que já estão relaxados mas totalmente acordados:

— Relaxem! Profundamente, profundamente... Nada perturba vocês. Todo seu corpo está em relaxamento completo. Todos os seus músculos em descanso.

Ele não procura remover nenhum sintoma específico, mas segue o princípio lógico de que o relaxamento profundo apaga a tensão e o medo. Após cerca de 20 minutos de sugestão positiva, enquanto os pacientes relaxam, Lozanov conclui:

— Vocês se sentem muito bem. São capazes de suplantar todas as dificuldades. Então um cantor começa a recitar melodias e poesias. — É importante voltar-se para um objetivo mais elevado, para estimular uma

atividade criativa — diz Lozanov. As sugestões de cura parecem ir de encontro aos desejos mais recônditos de cada

um, segundo seus pacientes. Segundo Lozanov, "não se trata tanto de cura quanto de ensinar a arte de viver".

Os diretores do Sanatório atestam que isto funciona, e retiram de seus arquivos numerosos casos de pessoas curadas de distúrbios funcionais do sistema nervoso, neuroses e alergias.

As primeiras aparições da sugestologia utilizada em larga escala vieram com sua aplicação no controle da dor. No verão de 1965, um professor de 50 anos pediu a Lozanov para instruí-lo em sugestologia para que pudesse submeter-se a uma delicada cirurgia de hérnia inguinal sem anestésicos. Televisionada e filmada, esta operação transformou-se em prova viva do poder da sugestologia durante um congresso médico em Roma, em setembro de 1967. Pareceu meio viva demais a certas pessoas que assistiram o filme nos Estados Unidos. Os que não eram médicos na platéia sofriam mais que o paciente enquanto se abria seu abdome e ele ficava ali deitado, comentando o ruído dos instrumentos. O sangramento era mínimo e, conforme o depoimento do diretor do hospital, Dr. M. Di- mitrov, este homem convalesceu muito mais rápido que o normal. Lozanov e os médicos que o acompanhavam apressaram-se a esclarecer que não se tratava de hipnose, mas de uma nova forma de controle voluntário.

Embora o Dr. Lozanov estivesse interessado nos potenciais humanos em geral, algo ocorrido em sua prática psiquiátrica levou-o a concentrar-se cada vez mais na supermemória. As pessoas em seu consultório se queixavam de uma doença que ele se deu conta de ser muito comum, ainda que não tivesse nome. Após deparar-se com numerosos casos, Lozanov batizou-a. Se você está sempre prostrado, pode explicar que tem didaticogenia, doença causada por métodos de ensino inadequados. Alunos muito pressionados sucumbiam à estafa. Começavam a apresentar sintomas de neurose.

Lozanov especulou: se é possível a cirurgia sem dor, o parto sem dor, por que então não seria também possível fazer nascer o conhecimento sem dor? Se as técnicas derivadas da Raja Ioga suprimiam a dor da cirurgia e do parto, por que não tentar, por meio delas, suprimir a dor do aprendizado?

Estudantes que se queixavam de ansiedade antes das provas foram submetidos ao tratamento pela sugestologia. E acusaram de imediato um aumento da memória, ao mesmo tempo que a diminuição da tensão. Um metalúrgico que estudava à noite confirmou que, após a sugestologia, era capaz de recitar uma poesia na sala de aula, de cor, depois de lê-la apenas uma vez. Disse a Lozanov que achava aquilo um milagre, pois sempre tivera problemas para se lembrar do que aprendia.

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Percepção Extra-Sensoríal, Supermemória e Aprendizado

Em sua busca dos caminhos que abrissem os circuitos que temos de reserva na mente, Lozanov convenceu-se de que o corpo, a mente e a intuição colocam-se em plano de igualdade e interagem de maneira global nos processos de aprendizagem, memorização c comunicação. De que modo uma grande atriz nos emociona e influencia de maneira tão poderosa? Como é que um político carismático nos pode influenciar? Como nos influencia um grande professor? Ele se convenceu de que não apenas ouvimos o que dizem a atriz, o político ou o professor, mas também percebemos e somos influenciados por detalhes que captamos a nível da intuição. Percebemos constantemente em dois níveis, diz ele.

Além do mais, ele começou a descobrir que as mesmas técnicas de ioga que permitiam a supermemória e curavam o corpo também possibilitavam a expansão de outros poderes latentes na mente, como a clarividência e a telepatia. Quando isto acontecia, captávamos cada vez mais sinais vindos de outras pessoas. Sentiu, então, a importância de conhecer alguma coisa de parapsicologia, relacionada com qualquer tipo de sistema de expansão do aprendizado.

"Os fenômenos parapsicológicos podem ser aplicados à pedagogia", anunciou Lozanov ao Vespertino Búlgaro, em 1964. O que poderia ter soado como espantoso nos Estados Unidos não foi recebido com tanta surpresa em uma cultura tão antiga e enraizada na tradição hermética como a da Bulgária. É que lá, o lado psíquico da mente era considerado um dado corriqueiro. A Bulgária foi, durante séculos, o centro da tradição oculta do Ocidente. Durante o século X, a Bulgária se tornou o núcleo dos Cátaros, um movimento religioso que seguia a tradição agnóstica. O agnosticismo estipulava que cada um deveria obter conhecimento direto ou "consciência cósmica" dos princípios divinos, sem o intermédio arbitrário de uma igreja ou sacerdote. Para atingi-lo, cada um deveria desenvolver o que chamaríamos de capacidade psíquica, através de várias técnicas secretas.

A partir da Renascença, proliferaram no país os movimentos de ocultismo e as sociedades destinadas ao desenvolvimento psíquico. As práticas místicas e esotéricas infiltraram-se na vida diária dos oito milhões de habitantes da Bulgária de hoje. É uma maravilha, diz Christian Godefroy, especialista francês em Percepção Ex- tra-Sensorial (ou apenas PES), que a Bulgária possua mais clarividentes, mais curandeiros, mais telepatas, mais videntes que qualquer outro país. Esta constatação levou os búlgaros a um interesse particular pela base científica de tais acontecimentos.

— Fazia parte de nossa vida — contou-nos um educador búlgaro. — Fazíamos exercícios de conscientização e meditação todos os dias, como a coisa mais natural do mundo.

Com este tipo de cultura, não era de surpreender que a Bulgária se tornasse o primeiro país do mundo a nacionalizar uma profetiza. O famoso oráculo da Bulgária, Vanga Dimitrova, fazia parte da folha de pagamento do governo como sendo um dos "recursos naturais" do país.

Vanga, que vive na cidade de Petrich, próximo à fronteira com a Iugoslávia, é consultada diariamente por dezenas de pessoas, dos fazendeiros locais aos mais elevados funcionários do governo. Ela descobre pessoas desaparecidas, ajuda a desvendar crimes, diagnostica doenças e vê o passado. Mais seu maior dom é o da profecia. Mais do que qualquer coisa, Vanga tornou-se conhecida por sua capacidade de determinar a data da morte de cada pessoa.

Por mais de 10 anos, o Dr. Lozanov estudou Vanga, tentando compreender como tais percepções psíquicas chegam até a mente. Montou um laboratório completo de fisiologia em Petrich, às expensas do governo, para registrar todos os casos e as diferentes situações que afetam a percepção psíquica — por que vai bem um dia e mal em outro. O que facilita e o que bloqueia essa percepção.

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Procurou compreender o porquê de casos como este: Vanga foi consultada por uma mulher grávida que morava numa vila ao sul da Bulgária.

— Seu filho será assassinado antes de chegar à idade adulta — disse lhe Vanga, e descreveu a casa onde morava o futuro assassino,

— Isto realmente aconteceu —■ conta Lozanov. — Tempos depois, os milicianos prenderam o assassino na casa que Vanga descrevera.

O primeiro encontro de Lozanov com Vanga revelou aspectos da percepção psíquica que o ajudariam mais tarde a desenvolver suas idéias sobre como a mente recolhe e escolhe informações durante o processo de aprendizagem.

— Eu já tinha ouvido falar tanfo de Vanga que, quando tinha vinte e poucos anos, resolvi ir conhecê-la pessoalmente — explica Lozanov. — Um amigo da Universidade de Sófia acompanhou-me.

Os dois jovens pesquisadores deixaram o carro na estrada, antes de chegarem à cidade de Petrich, e seguiram a pé. Não queriam fornecer nenhuma pista sobre suas verdadeiras identidades. Lozanov suspeitava que Vanga tinha olheiros espalhados pela cidade para informá-la sobre quem chegava.

— Entramos em uma fila de centenas de pessoas — relata Lozanov — e esperamos nada menos que três horas até nos aproximarmos. Nem conversávamos um com o outro. Para que nos arriscar a sermos ouvidos? Finalmente chegou a nossa vez. Meu amigo Sacha foi primeiro. Vanga lhe disse seu nome completo. Disse ainda onde nascera e descreveu o apartamento onde morava naquela época. Em seguida disse-lhe o nome de sua mãe e a doença que tinha, a data da morte de seu pai e a doença de que veio a falecer. Ela dava estas informações a Sacha como se as estivesse lendo em um livro. Disse então: "Você está casado há sete anos, mas não tem filhos. Terá um filho daqui a um ano." Tudo aconteceu exatamente como ela previra.

E continua o relato de Lozanov: — Então chegou a minha vez. Logo que apareci na porta, Vanga disse: "Georgi,

por que você veio? Você quer me testar. Mas chegou muito cedo. Vai voltar daqui a alguns anos," Ela deu a entender que o estudo científico de seu dom da profecia só seria possível naquela época. Eu não disse nada; em vez disso, tentei minha primeira experiência. Usando de toda minha força de vontade e da pouca capacidade telepática que possuo, imaginei que era outro homem, um homem que eu conhecia muito bem. Ela começou a predizer, mas estava errada. E me disse isto, Então disse: "Pode ir; não consigo lhe dizer nada."

Lozanov assinala: — Minha capacidade de bloquear Vanga é uma coisa muito interessante. Foi o

primeiro lampejo de certeza que tive para minha hipótese de que Vanga extraía o que contava aos visitantes da própria mente deles, por te'epatia.

A média de clarividência registrada por Vanga através dos anos é tida como sendo de 80%. Há rumores de que uma instituição part icular alemã ofereceu ao governo búlgaro uma soma fabulosa para contratar os serviços proféticos desta mulher, de que celebridades internacionais como Jackie Kennedy tentaram consultar-se com ela. mas que ela sempre recusa esse tipo de coisa para continuar trabalhando com o Instituto de Sugestologia.

Embora atualmente nada disto venha a público, já que o assunto está ligado à política do país. os búlgaros contam que seu trabalho continua a ser feito sem divulgação. Na casa de Vanga ainda existe uma placa que diz: "Colaboradora Científica do Instituto de Sugestologia".

No Instituto de Pós-Graduação em Medicina, onde começou a trabalhar, Lozanov dedicava parte de seu tempo a estudar telepatia, clarividência e visão sem olhos — a capacidade paranormal de sentir cores e matéria impressa através da pele. Testou 65 sensitivos de diversos tipos, procurando compreender como conseguiam atingir uma combinação de informações maior que a da maioria de nós. Como tornavam esta informação consciente? Como conseguiam movimentar-se pelo tempo?

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Lozanov descobriu que certas coisas tendem a acontecer com o corpo quando os sensitivos utilizam sua capacidade paranormal. Dizia-se que com certos exercícios da Raja Ioga as pessoas podiam provocar determinados ritmos do corpo e da mente que desencadeavam um estado mais elevado de consciência. Parecia haver uma relação entre o que os sensitivos obtinham naturalmente e o que a Raja Ioga dizia obter. Lozanov testou vários métodos de desenvolvimento da psique. Foi bem-sucedido com a telepatia. Utilizou então seu novo método para ensinar a crianças cegas a visão pela pele. Também funcionou (ver Capítulos 15 e 16).

A Sugestologia "pode ampliar o desempenho parapsíquico de um indivíduo ou de grupos inteiros... As faculdades da telepatia e clarividência podem ser cultivadas e desenvolvidas através da sugestologia", declarou Lozanov em 1966, no Congresso Internacional de Parapsicologia de Moscou. Endossando os defensores da Raja Ioga. descobriu que técnicas antigas realmente desenvolvem * supermemória, a autocura e capacidades psíquicas.

Procurando fazer com que outras pessoas desenvolvessem estes Poderes paranormais, confirmou sua idéia de que à medida que aumenta a consciência, as pessoas acrescentam informações intuitivas seiecionadas que podem desenvolver ou reprimir o processo de aprendizagem.

Certificou-se também, e cada vez mais, da importância dos elementos sugestivos fornecidos pela cultura no desenvolvimento dos potenciais. A aceitação por parte da cultura búlgara permite às pessoas liberarem as capacidades psíquicas, observou ele. O autor e educador americano George Leonard, que coordena seminários dc desenvolvimento psíquico para atletas, também concorda. E confirma que na verdade o que faz é criar um ambiente onde as pessoas tenham permissão para utilizar seus poderes naturais.

Lozanov acrescenta ainda que nestas experiências reparou que a informação proveniente da intuição e da psique atingem a mente com a mesma velocicdade e automatismo do que a supermemória. Como se a PES e a supermemória operassem em mecanismos mentais semelhantes.

Aparece a Sugestopedia

Até aqui, Lozanov pesquisara cientificamente a Raja Ioga, o aprender dormindo e a parapsicologia. De suas descobertas, extraiu um quebra-cabeças onde as peças eram métodos que deveriam se ajustar em uma maneira total, global, de aprender. (Para informações mais completas, ver os Capítulos 4 e 5.) O sistema que ele imaginava seria dividido em duas partes: uma sessão de desenvolvimento da supermemória onde as pessoas permanecessem em plena consciência; e uma nova maneira de ensinar subseqüente. O ensino incluiria métodos psicoterapêutícos tais como a terapia da auto- imagem e afirmações. O sistema total abrangeria a personalidade total. Sua característica principal seria o aprendizado sem tensão. Seria um método de aprendizagem que não provocasse nenhuma doença mas que, pelo contrário, curasse (ver Apêndice).

Deduziu-se dos resultados que as pessoas pareciam mais predispostas a alcançar a supermemória e a aprender muito mais depressa que o normal quando se encontravam em um estado de relaxamento físico semelhante ao do aprender dormindo ou hipnopédia. Mesmo aqueles nascidos com capacidades supranormais pareciam mergulhados neste estado de relaxamento quando operavam seus milagres. Se o ritmo do corpo se acalma, a mente cresce efetivamente. Como pode alguém alcançar este estado sem penetrar nos limites do sono ou do transe? Como pode alguém conseguir isto com plena consciência? A ioga e as técnicas médicas comuns nos países comunistas têm algumas respostas.

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Na Bulgária, a terapia pela música é comumetue utilizada nos sanatórios. Os pacientes com problemas cardíacos ou circulatórios, por exemplo, são tratados com música de ritmo lento e constante. Xsto acalma o corpo. Até uma fita de batimentos rítmicos, a uma razão de 40 a 60 batidas por minuto, funcionou no sentido de acalmar os ritmos do corpo e da mente. Para fortalecer a memória, Lo- zanov vai usar a música. Começou com movimentos lentos de música barroca clássica, música esta que produz uma batida constante por segundo, ou 60 batidas por minuto. A música, em vez do sono ou da hipnose, pode acalmar o corpo para que a mente libere seus potenciais armazenados.

Convém notar que a idéia de se utilizar a música como ponte para atingir as reservas da mente tenha vindo da terra do lendário Orfeu, hoje parte do território da Bulgária. Orfeu usou a música para encantar tanto a natureza quanto as criaturas.

Quando as pessoas se encontrarem neste estado de calmo aprendizado, qual a melhor maneira dc lhes fornecer informações que eles absorvam e de que se lembrem? A ioga achava que a apresentação rítmica era a resposta. Lozanov descobriu um ritmo específico que parecia bem sincronizado com os ritmos da mente e do corpo, Como no aprender dormindo, ele desmembrou as informações em fragmentos ou frases curtas. Uma frase deveria ser dita a cada oito segundos. No sistema de aprender dormindo, os mesmos cinco minutos de informações devem ser repetidos 36 vezes por noite. Com seu novo sistema, os búlgaros descobriram que era necessário menos repetições. Os professores acrescentavam entonações diferentes para quebrar a monotonia do ritmo constante.

Uma apresentação mais lenta do material também foi considerada como sendo um dos segredos de melhor aprendizado pelo pesquisador do UCLA, Dr. Willard Madsen. Trabalhando com jovens retardados, Madsen descobriu que, quando diminuía a marcha da apresentação para um intervalo proporcionalmente mais longo, as crianças de baixo QI aprendiam com quase tanta eficiência quanto seus colegas mais brilhantes. O ritmo parecia agir como re-sin- cronizador para ritmos internos não sincronizados, melhorando portanto a memória.

Algumas breves experiências de aprendizado começaram com o método de memória musical. Lozanov iniciou os alunos em "de- sugestão", um dos elementos psicológicos de seu método. £ a terapia da auto-imagem,

— Estamos condicionados a crer que só podemos aprender tanto em tanto tempo, que estamos propensos a ficar doentes, que existem limites rígidos para o que fazemos c queremos — disse-lhes. -— Somos constantemente bombardeados, desde o dia em que nascemos, com sugestões de limites. O primeiro passo é ultrapassar estes limites de pensamento. Desta forma, podemos aprender mais depressa e liberar nosso potencial interno.

Propôs aos alunos exercícios de relaxamento profundo para se livrarem das tensões. Aprenderam os exercícios de respiração da Raja Ioga para melhorar a concentração. Depois, um professor assumiu a turma e deu uma aula de língua estrangeira. Em seguida, veio a sessão-concerto de supermemória, com os elementos "sugestivos" do estado alterado, música e ritmo. Os alunos se descontraíam ao ouvir a música imponente, destinada a tornar mais lentos os ritmos do corpo e da mente. Alem da música, ouviam frases com vocabulário lidas em marcha lenta, ritmo rígido.

No dia seguinte, aqueles alunos fizeram uma prova. Foi espantoso. Eles se lembravam de quase tudo. Pareciam ter o controle da memória. E não precisaram dormir ou serem hipnotizados para tanto. Os alunos estavam perfeitamente despertos e conscientes durante todo o tempo. Tratava-se de uma verdadeira ruptura. As pessoas nunca tinham conseguido atingir a supermemória acordados. Lozanov percebeu que estava no caminho certo.

Como Lozanov previra, as sessões de supermemória pareciam acentuar a consciência em geral, «>Aqueles alunos, mais do que os outros, estavam propensos a

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captar algumas emoções ou atitudes do professor. Se este se sentisse deprimido, ou julgasse os alunos burros, ou ainda achasse que o método não funcionaria, a turma se dava conta disso, afetando os resultados. Lozanov usa um termo cibernético para este fato: "sinais do segundo nível". Para atingi-lo, parte do método de aprendizagem implica a criação de uma atmosfera positiva, autoritária, sustentatória. O comportamento do professor também é organizado de modo a que as insinuações não verbais, como gestos, tom e expressão facial sejam dirigidas para o aumento da motivação e autoconfiança dos alunos. A afinidade entre aluno e professor é importante. (Ver Apêndice.)

Na década de 60, Lozanov anunciou publicamente que era capaz de melhorar a memória de uma pessoa em mais de 50%, por meio da sugestopedia. Pouco tempo depois, anunciou que com seu sistema de aprendizado livre de tensão os alunos aprendiam com facilidade uma nova língua em um mês e demonstravam, um ano depois, um alto nível de retenção. Valia tanto para jovens quanto para velhos, para brilhantes ou retardados, cultos e ignorantes. Acima de tudo, o método parecia melhorar também a saúde e curar doenças relacionadas com o stress.

Foi o bastante para funcionar como estopim junto a outros profissionais.

__ Não existe esta reserva de memória na humanidade — protestaram os céticos. A sugestopedia apoiava-se em especialidades tão diversificadas, reunindo-as num

só campo, que os especialistas protestaram. Os professores não dominavam a psicoterapia, os músicos não compreendiam a parte médica, e os médicos não acompanhavam a parte pedagógica. A controvérsia alastrou-se pelos jornais. Lozanov foi atacado e testado. Uma comissão oficial designada pelo governo concentrou-se na sugestologia, fato que pode ter conseqüências de- salentadoras em países como a Bulgária.

Os membros da comissão reuniram-se em um salão do principal hotel de Sófia. Concordaram em experimentar aquele esquema absurdo e aboli-lo se não funcionasse. Acabaram sentados em espreguiçadeiras, à meia-luz, ouvindo música lenta. Não era bem o tipo de trabalho a que estavam acostumados.

— Relaxem. Não pensem em nada — disse-lhes o professor. — Escutem apenas a música enquanto eu leio o material.

No dia seguinte, os envergonhados membros da comissão descobriram que, apesar de terem certeza de que não tinham aprendido nada, mesmo ass;m se lembravam. Quando foram fazer a prova, puderam com facilidade ler escrever e falar de 120 a 150 palavras novas, absorvidas na sessão de duas horas. Da mesma maneira, as regras gramaticais foram absorvidas sem problemas. Ao fim de várias semanas, apesar da crença firme de a'guns de que não poderiam aprender coisa alguma tão sem esforço, eles demonstravam fluência em uma Kngua estrangeira que nunca haviam conhecido. Que tipo de relatório faria a comissão governamental?

Em 1966. o Ministro da Educação da Bulgária fundava o Centro de Sugestopedia do Instituto de Sugestologia. Com uma equipe de mais de 30 especialistas em educação, medicina, engenharia, o Instituto mantinha cursos regulares com sugestopedia, realizando, ao mesmo tempo, pesquisa médica e fisiológica em seus laboratórios, para ver o que poderia ser creditado ao aprendizado rápido e à supermemória.

Os formados em turmas de sugestopedia eram freqüentemente chamados para testes de acompanhamento. Quanto haviam esquecido? Os benefícios para a saúde permaneciam? Eles não apenas aprenderam muito mais depressa, como também não esqueceram. Seis meses mais tarde, a retenção ainda era de 88%. Vinte e dois meses depois, sem qualquer utilização posterior da nova líneua, a retenção era de 57%. Os alunos também voltavam por iniciativa própria para dizer o quanto sua situação emocional melhorara depois dos cursos.

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Pessoas de todas as idades c tipos de vida freqüentavam os cursos noturnos do Instituto depois de um longo dia de trabalho. Chegavam cansados e às vezes com dor de cabeça.

— As sessões de meditação deixam-nos felizes da vida, revi- gorados — garantiam cs alunos. — Não há esforço de espécie alguma, não se fica cansado mental nem fisicamente.

O equipamento monitorizado revelou que durante a sessão- concerto o corpo dos alunos exibia um padrão semelhante ao de uru certo tipo de meditação iogue, provocado para reanimar e revigorar o corpo. Os processos do corpo se retardavam a um nível ótimo, saudável, as ondas do cérebro diminuíam até o propício nível alfa. Os alunos contavam que até as dores de cabeça desapareciam durante as sessões com o método de memória musical.

Até onde a mente pode expandir-se uma vez iniciado o processo de abertura? Parecia tão fácil aprender 50 ou mil palavras. Formaram-se turmas de voluntários. Em uma única sessão, eram-lhes ensinadas 15 lições de um livro de francês contendo 500 palavras novas. Logo em seguida, eram submetidos a um teste e, três dias mais tarde, a outro teste com resultados excelentes, extraordinários.

— Todas as palavras foram retidas — diz Lozanov. Pela média atual, as pessoas aprendem de 80 a 100 palavras por dia em cursos de

aprendizadb acelerado. A maior escola de línguas do mundo, a Berlitz, diz que 200 palavras após vários dias (30 horas) de aprendizado intensivo por "imersão" é considerado um aprendizado bem-sucedido. Infelizmente, o esquecimento é bastante rápido nestes métodos de alta pressão.

Pela abordagem búlgara, 500 palavras por dia era apenas o "objetivo 1". Em 1966 um grupo aprendeu mil palavras em um dia e em 1974 foi obtida a média de 1.800 palavras por dia. F.m 1977, Lozanov anunciou que alguns testes mostraram pessoas capazes de absorver até três mil palavras ao dia.

De maneira diferente do método de aprender dormindo, no qual são exigidas 36 repetições dos mesmos cinco ou dez minutos de material, a sugestopedia precisa de poucas repetições. Muito mais informação pode ser aprendida em tempo inais curto. A apresentação do material a uma média de cerca de 400 parcelas de dados por hora tem como único limite o número de horas do dia. Ao ler os relatórios, tem-se a impressão de que alguém, em algum lugar, agora mesmo, está batendo um recorde de rapidez de aprendizagem,

Quais são, portanto, os limites externos ao potencial da mente? Desde que você aprende a abrir sua mente, Lozanov acha que a capacidade de lembrar c quase ilimitada — não existe um ponto aparente de exaustão.

Inicialmente, o Instituto ensinava línguas porque o progresso j;a ser medido com facilidade, através da contagem de palavras, por certo Lozanov não possuía treinamento de educador. Alexo No- vakovT destacado professor, músico e ator, desenvolveu parte do trabalho de línguas. Preparou programas completos equivalentes a cursos dc línguas de dois ou três anos (vocabulário de seis mil palavras e gramática completa). Os alunos se formaram em três meses. Aos poucos, os cursos passaram para os outros campos, como matemática, física e biologia.

Durante nossa viagem à Bulgária em 1968, visitamos as salas de aula do Instituto com suas espreguiçadeiras em círculo, examinamos seus bem-equipados laboratórios, as salas recobertas de material eletromagnético, especial para pesquisa de PES, a biblioteca e o departamento de tradução. Conhecemos membros da equipe, cientistas, professores.

— Ainda estamos explorando, ainda experimentando, ainda alterando o método — disse Franz Tantchev, relações-públicas do Instituto, resumindo o que outros nos disseram. — A cada dia descobrimos coisas novas sobre o funcionamento da sugestopedia.

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Não sabíamos exatamente como funcionava, mas começávamos a nos convencer de que qualquer coisa verdadeira, qualquer coisa realmente estimulante, qualquer coisa além dos modismos da tecnologia educacional estava acontecendo na Bulgária.

Soubemos também que a União Soviética era profunda conhecedora da sugestopedia. Os soviéticos sempre estiveram interessados cm sistemas de aprendizagem rápida. Após as transformações da 1 Guerra Mundial e da Revolução Russa, os soviéticos quiseram equiparar sua enorme população ignorante, naquela época, com os padrões dos países industrializados do Ocidente. Usaram a relaxo- pedia, hipnopedia, e mais tarde o aprender dormindo e a hipsope- dia. Aparentemente, muitos de seus melhores centros de ensino utilizam agora a sugestopedia búlgara. Ouvimos falar que outros países do bloco soviético também planejavam utilizá-la.

Ao nos despedirmos do Dr, Lozanov. observamos que ele esperava ver seu método dc aprendizado rápido ser eventualmente utilizado nos Estados Unidos.

— Um astrólogo uma vez me disse que meu planeta "Veneza" está em Gêmeos, o que significa bom relacionamento com a América — gracejou.

— O planeta é Vénus — corrigimos com um sorriso. Lozanov deu uma risada bem-humorada e se apressou a dizer

que, ao contrário dos alunos do seu Instituto, ele não tinha aproveitado as vantagens da sugestopedia para aprender línguas! Eslava sempre ocupado demais, trabalhando, viajando, supervisionando outros centros de sugestopedia.

Saímos da Bulgária com a impressão de que ainda ouviríamos falar deste homem dedicadíssimo, que acreditava que os benefícios das descobertas búlgaras "deveriam ser distribuídos ao mundo, c não mantidos para o benefício de uns poucos".

Tínhamos voltado havia pouco tempo quando, de repente, em 1969, embora a poucos bú'garos fosse nermitido viajar para o Ocidente, o Dr. Lozanov chegou a Nova York.

— "Veneza" está em Gêmeos — disse ele triunfante no Aeroporto Kennedy. — Ê Vénus — respondemos rindo. De fato, qualquer coisa trabalhava a seu favor. Nesta visita, e nas visitas subseqüentes que fez aos Estados Unidos, apresentou

numerosos filmes sobre sugestopedia e sugestologia, leu sua tese e várias outras publicações suas, e pronunciou palestras para a UNESCO e a Fundação Ford.

Em 1970, nosso livro Psychic Discoveries Behind the Iron Curtain (Revelações da Física por Trás da Cortina de Ferro) foi publicado nos Estados Unidos e Europa, e nosso relato do trabalho de Lozanov e de como os poderes "supranormais da mente podiam ser aplicados à educação atingiu literalmente milhares de pessoas que entraram em contato conosco. Professores, estudantes, homens de negócios, os mais variados tipos de oessoas convergiram às centenas até Sófia para visitar o Instituto de Sugestologia. Na verdade, foram tantos, que o governo da Bulgária passou a estabelecer restrições.

Um Salto Evolucionário?

Já se passaram mais de duas décadas desde que o Dr. George Lozanov iniciou suas pesquisas com o método de memória musical para abrir as reservas da mente e desenvolver a supermemória e o aprendizado rápido. A sugestopedia é utilizada hoje em dia por milhares de pessoas nos países do bloco soviético e se espalha velozmente por muitos países do Ocidente. Além dos cursos regulares do Instituto de Sugestologia da Bulgária, muitos cursos experimentais foram oferecidos no correr dos anos em várias escolas e centros. E um grande número de conferências internacionais sobre sugestopedia tiveram lugar em diversos países.

Até 1976, havia 17 escolas públicas da Bulgária que vinham utilizando o método Lozanov para todas as matérias durante vários anos. Aparentemente, pelos resultados

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obtidos com as crianças destas escolas búlgaras, cada um era um verdadeiro prodígio. Os que estavam na primeira série já liam textos complexos. Na terceira série aprendiam álgebra do segundo ciclo. Todos davam a matéria de dois anos de escola em quatro meses. As crianças aprendiam a ler em questão de dias. Aparentemente tudo era perfeito. Todos se divertiam. Todos adoravam aprender. Todos eram criativos. Nin-guém falhava. As crianças doentes curavam á si próprias por este novo processo de aprendizagem.

A Dra. Cecilia Poilack, do Lehman College de Nova York, conseguiu chegar a uma das escolas de Lozanov devido a seus contatos junto a altas autoridades da Bulgária. Observou as turmas da escola n<? 122 em Sófia, uma escola comum, numa localidade comum. Assistiu crianças de nove anos de idade resolverem equações algébricas complexas muito aJém da capacidade normalmente esperada dos melhores alunos de terceira série. Viu crianças de primeira séria, após quatro meses de escola, lerem fluentemente e discutirem contos folclóricos utilizados para a terceira série. Todas as séries da escola tinham completado dois anos de currículo em quatro meses. Era um "fenômeno incrível", relatou ela mais tarde.

— Mas onde estão os outros? — perguntou, pensando naqueles alunos que estariam em casa por não poderem acompanhar o padrão. Com toda certeza, os que aprendiam mais devagar, ou os que não aprendiam eram separados em algum lugar.

— Não existe isso — replicou o funcionário da escola. Eles não acreditavam que o Q1 fosse inato ou inflexível. Se alguma criança se

atrasava, era imediatamente auxiliada até atingir o padrão da turma. Este tipo de educação global estimula a pessoa como um todo; não apenas desenvolve os poderes mentais da criança muito mais depressa, segundo dizem, como libera a criatividade e o prazer de aprender ao mesmo tempo.

— Aquelas pareciam ser escolas sem fracassos —- contou Poilack. Ela voltou falando de "implicações prodigiosas". O sistema de Lozanov, dizia,

"desvendou um mundo de novas e estimulantes possibilidades para o desenvolvimento humano... Mostrou o caminho das possibilidades educacionais que levam a acentuar o conhecimento e a enriquecer a personalidade humana, bem mais além do que agora consideramos possível."

Se apenas parte daquilo que lhe disseram for verdade, já é um desenvolvimento excepcional. Em 1977, em uma conferência em lowa, Lozanov sugeriu novos desdobramentos. As antigas experiências de ensinar 500 palavras de outra língua por dia eram agora prática normal, em certos cursos de línguas. Observadores canaden- ses confirmaram que viram turmas aprendendo 400 palavras em um dia. Em 1976, educadores suecos visitaram escolas búlgaras e confirmaram os resultados de matemática: terceira série ao nível de sexta série.

Ivan Barzakov. um recente dissidente búlgaro, lecionou por breve período nas escolas de Lozanov e esteve no Instituto por alguns meses. Afirma que os relatórios sobre resultados fenomenais são verdadeiros.

— O objetivo é fazer milagres em educação — diz. Barzakov confirma o manto de segredo em que estão envolvidos os programas de

expansão da mente na Bulgária e na URSS, Poucos membros da equipe conheciam o programa integral, ainda que presenciassem os resultados finais. O segredo também era uma constante entre os professores que treinavam outros para aplicar o método. (Ver Apêndice)

Com o passar dos anos, até mesmo o governo búlgaro custava a crer que as crianças do país se desenvolvessem de maneira tão peculiar, mas a sugestopedia conseguiu contornar os mais diversos ataques, O governo voltou a mobilizar forças para investigações. O Ministério da Saúde enviou médicos e psicoterapeutas para verificar a saúde dos alunos; o Ministério da Cultura enviou especialistas para examinar a aplicação das diversas artes aplicadas nos cursos. Críticos ferrenhos de Lozanov

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foram escolhidos para integrar as comissões, para que estas tivessem garantida sua imparcialidade.

Em 1976, durante uma conferência de âmbito nacional, os ministros do governo búlgaro revelaram seus relatórios e suas conclusões. O Presidente da Bulgária e altos representantes do partido estavam presentes. A sugestopedia realmente fazia o que prometia. Precisava ser expandida.

— Aplicaremos o sistema por todo o país dentro de muito pouco tempo — anunciou Lozanov em 1977.

Devido aos relatórios divergentes, a extensão do uso da sugestopedia na URSS pôde apenas ser estimado. Existem centros de Moscou a Lcningrado, até a Cracóvia, na Ucrânia. Moscofílm, a principal empresa cinematográfica soviética, preparou um documentário sobre a sugestopedia para ser exibido em circuito normal, a fim de encorajar o publico a uma utilização mais ampla do método. Notáveis resultados obtidos com a sugestopedia no prestigiado Instituto Pedagógico de Línguas Estrangeiras em Moscou foram anunciados no Pravda já em 1969, "Ê possível aprender uma língua em um mês", proclamavam com entusiasmo. É óbvio o envolvimento militar extensivo à sugestopedia. A grande conferência de 1974 em Moscou sobre sugestopedia não foi aberta aos ocidentais, mas um observador norte-americano que conseguiu infiltrar-se relatou que a grande audiência era composta principalmente de militares fardados. Alguns eram evidentemente da Academia Militar de Frun/e, na República de Kirgiz, próximo à fronteira chinesa.

Os alunos da Universidade de Nbrilsk, no Círculo Ártico, até os da Universidade de Novosibirsk, na Sibéria, valiam-se da sugestopedia a uma média de 10 mil alunos siberianos por ano. Joseph Goldin, vice-presidente da Comissão para o Desenvolvimento do Potencial Humano da Academia Soviética de Ciências, diz que a su- gestopedia será usada para treinar os intérpretes dos Jogos Olímpicos de Moscou. Os centros de Leipzig e Berlim Oriental relatam uma retenção a longo prazo de 90% obtida por centenas de alunos dos cursos de sugestopedia. Há ainda mais pessoas filiadas a esses cursos na Hungria e outros países do bloco soviético. Os soviéticos também estão promovendo cursos de sugestopedia na África.

Será que isto significa um mundo comunista repleto de prodígios despontando no horizonte? Se este vai ser de fato um admirável mundo novo, será pelo menos mais parecido com Shakespeare do que com Orweil, um inundo habitado por gente semelhante aos aventureiros de A Tempestade, que de repente se viram envolvidos por uma nova luz. Talvez as crianças das escolas búlgaras recebam um dia o crédito de nos terem demonstrado qual o verdadeiro padrão humano. Uma vez derrubada a "conspiração" pela limitação, o mesmo acontecerá com as barreiras à capacidade humana. Talvez comecemos agora a ver do que é capaz uma personalidade desobs-truída.

Um dos maiores violinistas do mundo, Yehudi Menuhin, que foi uma criança-prodígio (estreou no Carnegie Hall aos 10 anos de idade), diz que sempre se sentiu exatamente igual a todas as outras crianças. Menuhin, durante longo tempo praticante de ioga, acha que tem uma capacidade normal que, no seu caso, adveio da simples exuberância de vida. E acrescenta:

— As crianças são geralmente subestimadas. A genialidade não é um dom de poucos, mas de todos, de acordo com o ponto de

vista do Pandit Gopi Krishna: — Devemos pesquisar a base biofísica do gênio — insiste o antigo funcionário

governamental e atual líder dos brâmanes de Caxemira. Ele aconselhou cientistas de centros cotnc o Instituto Max Planck a se voltarem

para as técnicas da ioga consagradas pelo tempo, que supostamente fundem a energia do corpo com a da mente. Da fusão vem a luz. Toda a pessoa se ilumina, tornando-se o que chamamos um gênio, ou uma pessoa espiritualmente desenvolvida, diz o Pandit.

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Este ato potente de nos reunirmos em nós mesmos é, segundo Gopi Krishna e muitos outros, o próximo salto evolucionário da humanidade.

As técnicas que expandem a memória também parecem capazes de abrir circuitos adicionais da mente que levam à expansão de muitas capacidades humanas. Embora esteja longe de fazer milagres, e talvez não seja adequada para qualquer um, pode muito bem ser uma resposta; resposta prática, funcional, até agradável para nossas necessidades.

Se continuarmos tentando enfrentar os problemas do mundo atual e a "sobrecarga de informações" no campo da economia mundial e do governo, estaremos sempre atrasados, acredita Lozanov. A não ser que coloquemos em funcionamento circuitos adicionais de aprendizado no cérebro humano, acha ele, o progresso pode atingir um ponto de estagnação.

Precisamos de níveis múltiplos de conhecimento para a moderna tomada de decisões, diz a Dra. Jean Houston, presidente em 1968 da Associação de Psicologia Humanística, pois a educação está esquematizada para o século XIX.

— Para responder aos problemas e complexidades de nosso tempo, precisamos da totalidade das capacidades humanas, conhecidas e desconhecidas — diz ela. — ... a única maneira de desenvolvermos nosso potencial huníano é abrir caminho para além deste (estreito) raio de ação e nos integrarmos a um espectro mais amplo de consciência humana.

Capítulo 3

Aprendizagem a Jato

Desponta na Costa Oeste

O adolescente Timmy descansava sobre um tapete felpudo no chão de uma sala de aula na Geórgia, com mais outros dez colegas de turma. Mentalmente, visualizava um conjunto de imagens que ele próprio escolhera para o seu programa pessoal de relaxamento,

— Minha cabeça é toda feita de marshtmllow. .. meus olhos são bolas de gude.,. meus braços são de macarrão...

Música suave começou a tocar ao fundo. Ele ouviu a voz da professora, às vezes em tom profissional, outras vezes só um sussurro, ou em tom de comando, recitando com ritmo diversas palavras de uma lista.

Atualmente na sétima série, Timmy freqüentara quase sete anos de classes de alfabetização, além de dois anos de classes de recuperação. Ainda assim, não sabia ler. O relatório de sua professora classificou seu problema de leitura como sendo "o mais sem solução que se pode imaginar".

De repente, em apenas algumas semanas dessas sessões, as provas mostraram que Timmy disparara o equivalente a oito meses em sua capacidade de leitura. Alunos com os maiores problemas de aprendizado do Condado de DeKalb foram treinados com este e outros programas semelhantes na Escola Primária dc Huntley Hills, próximo de Atlanta. Perfizeram mais de um ano de alfabetização em menos de 12 semanas. Tratava-se de uma velocidade de aprendizado de aproximadamente quatro por ura.

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Na turma de ciências da oitava série da Escola Secundária Woodrow Wilson, em Des Moines, lowa, a paisagem era outra. O Dr. Wilbur Shure, "rcnomado cientista", personagem desempenhado por Jack (um garoto de 14 anos da zona rural), explicava a um colega de turma "cientista" como fora a pesquisa de fosfato em uma ilha do Pacífico onde haviam feito uma exploração. Tendo o professor Charles Grittun como diretor, a matéria de ciências da véspera tomava vida sob a forma de dramatização.

Em seguida, a turma ouviu um disco de uin conjunto de música de câmara austríaco. Os alunos fizeram relaxamento em suas carteiras e respiração ao ritmo da música — inspira dois, segura quatro, solta dois, e repete,

Gritton disse, em diversas entonações, ritmado com a música: — Ferro. Símbolo Fe. Duro como ferro. Mercúrio. Símbolo Hg. Quando

esquenta, sobe a coluna dc mercúrio. Eram cinqüenta palavras ao todo. Após o questionário que se seguiu, Jack

conferiu seus resultados. Achou um erro. Embora ele fosse um aluno médio em outras matérias, esse era seu primeiro erro em cinco semanas do novo curso de ciências. Nenhum aluno cometeu mais de dois erros. Ficaram agitados e felizes com sua capacidade recém-descoberta. Em outra turma, por iniciativa própria, deram pipocas ao aluno "mais atrasado", para estimulá-lo a obter melhores resultados. (Ele tinha cometido três erros.)

Com quatro dias de curso, todás os 115 alunos de ciências de Gritton alcançaram a média de 97%.

Em um jardim iraniano, três americanos almoçavam desanimados. —- O que vamos fazer para aprender persa bem rápido? — perguntavam uns aos

outros. Eles permaneceriam no Irã por alguns meses, e era difícil mo- vimentar-se por ali

sem falar a língua. — Tenho uma idéia — disse o texano Doug Shaffer aos outros dois, um casal

que acabara de chegar ao Irã para lecionar no Departamento de Inglês da Universidade de Mashhad,

Ele já ouvira falar do método búlgaro de aprendizado rápido e acabara de receber uns prospectos. Por que não tentar?

— Não vai funcionar comigo — zombou a mulher. — Tentei todo tipo de método de línguas e nenhum adiantou.

Depois de muita persuasão, e com boa dose de ceticismo, concordou em tentar algumas sessões de auto-ensino. Ela e o marido relaxavam e respisavam ao ritmo de música barroca, enquanto Doub Shaffer lia frases em inglês e um amigo iraniano lia em voz alta a tradução em persa. Utilizaram a marcha lenta exigida de oito segundos para cada oração.

Em três semanas, "os resultados foram realmente espetaculares", relatou Shaffer em 1977, na Universidade Ferdowsi de Mash- had, no Irã- Eles tinham aprendido persa de maneira agradável e fácil'

— Funciona, e muito bem — sustentou Shaffer. Na Universidade Estadual de Iowa, os alunos aprenderam em duas semanas todo

um semestre de espanhol — sete vezes mais depressa que o normal, e se divertiram aprendendo. Em Washington, D.C., os alunos aprenderam latim em uma fração do tempo normal. Na Califórnia, os alunos aprenderam uma !'ngua eslava três vezes mais rápido do que o normal. O Centro de Treinamento da Marinha Americana na Costa Atlântica, na Virgínia, obteve bons resultados cm um projeto de aprendizado acelerado.

A aprendizagem a jato por meio da música despontou finalmente para os americanos. Nas escolas, colégios, e por conta própria, muitos ocidentais começam a inteirar-se de alguns dos benefícios da supermemória e de seus próprios potenciais

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expandidos. . . benefícios dos quais muita gente do bloco soviético já vem usufruindo há 20 anos.

Adivinhando o Método

Por que levamos tanto tempo? Os motivos são tão enredados e envolvidos em mistério quanto a melhor intriga bizantina. A desinformação foi cozida em fogo brando, em grande parte alimentado pela política comunista e o serviço mal feito pelos ocidentais. Devido à política comunista, os ocidentais tiveram a maior dificuldade em descobrir em que consistia exatamente o método e como utilizá-lo. Por causa da incompetência administrativa, as pessoas eram levadas a crer que o sistema não poderia ser adaptado aos padrões norte-americanos. Infelizmente, a intriga a que nos referimos tem interesse maior do que o histórico, já que não apenas permanece até hoje, como parece estar aumentando a nível internacional.

Embora não estejamos acostumados à idéia, a política está relacionada com tudo que ocorre nos países comunistas, desde a física nuclear até a construção de uma ponte. Das centenas de ocidentais que acorreram à Bulgária pedindo para ver alguns alunos numa sala de aula, a maior parte não se deu conta de que sua simples solicitação era suficiente para colocá-los em uma lista de espiões de baixo escalão. A União Soviética e seus satélites encaram a su- gestopedia como algo importante; e as Forças Armadas soviéticas também parecem envolvidas em sua utilização. Tornou-se óbvio que uma ou outra autoridade quis manter certos detalhes da supermemória e do aprendizado acelerado só para si.

Os governos do bloco soviético são muito sensíveis aos assuntos ligados a superpoderes da mente. Em 1977, por exemplo, um cientista moscovita forneceu ao repórter Max Toth, do Los Angeles Times, um relatório científico sobre pesquisas russas de parapsicologia. A KGB (Polícia Secreta Soviética) prendeu Toth imediata-mente e interrogou-o durante alguns dias. Ele era acusado de receber "segredos de Estado" — material sobre telepatia. Só o soltaram por intervenção do Presidente Cárter. Tais acontecimentos em Moscou provocam grande repercussão em todo o bloco, e a Bulgária é considerada o satélite menos independente da URSS.

Um amigo do Dr. Lozanov, Dr. Milan Ryzl, bioquímico tcheco, originário de Praga, explica as dificuldades com que se deparam os cientistas quando pesquisam os poderes da mente. Ryzl desenvolveu um sistema eficiente de treinar pessoas para desenvolverem PES através da hipnose. Imediatamente o governo tcheco ficou muito interessado em seu trabalho. Ele percebeu que passou a ser seguido por agentes secretos tchecos. Seus relatórios científicos e manuscritos eram roubados. De vez em quando era-Ihe proposto que espionasse seus colegas cientistas em outros países. As autoridades deixaram bem claro que estavam interessadas nas técnicas parapsicoló- gicas para fins de espionagem. Ryzl garante que o governo exercia tamanho controle sobre sua vida que não teve escolha a não ser concordar. Finalmente, concluiu que tinha outra escolha, e refugiou- se nos Estados Unidos em 1967.

O caso do Dr. Ryzl é típico do que pode ocorrer sob tais regimes políticos. Qualquer pronunciamento para o Ocidente deve ser antes conferido na prática, para se ter certeza de que é correto — não se consideram os valores aparentes. A maioria dos institutos de pesquisa, se não todos, possui um espião que envia relatórios sobre seus colegas. Naturalmente, os pesquisadores tendem a ser muito reservados e em geral não comentam entre si os trabalhos que desenvolvem, isto para não falar nos ocidentais. Os componentes da equipe às vezes nem sabem o que seus colegas estão fazendo; não lhes é permitido confraternizar cora os visitantes do Ocidente, nem mesmo sair para almoçar ou jantar sem a companhia de um "observador". O Dr. Lozanov e sua equipe nunca conversaram aberta e livremente sobre detalhes específicos de seu trabalho no

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campo da supermemória. Quando Lozanov fez conferências no Ocidente, discutiu basicamente a parte de ensino psicoterapêutico do aprendizado rápido.

Em 1974, Edward Naumov, um dos primeiros parapsicólogos soviéticos, que todos conhecemos, foi preso e condenado a trabalhos forçados. Seu "crime" consistia em confraternizar de maneira livre demais com os ocidentais, a despeito do chamado tratado de intercâmbio científico entre Rússia e Estados Unidos.

As palavras "e Parapsicologia" foram retiradas do título do Instituto de Sugestologia de Sófia. Durante um programa de rádio, em nossa companhia, Lozanov preferiu dizer que nunca conhecera o objeto de sua pesquisa, Vanga Dimitrova. A importância da su- gestopedia na PES fora depreciada.

Quando a URSS expediu um comunicado, em 1971, considerando a ioga "hostil a nosso país", para não dizer "faz mal à saúde", os búlgaros passaram a insistir que a Raja Ioga nunca esteve envolvida com a sugestopedia, apesar de o dado ter sido publicado na tese de Lozanov. Mesmo antes de a ioga se tornar tabu político, quando estivemos em Sófia em 1968, os funcionários do Instituto confirmavam que nunca haviam pesquisado a ioga, até lhes mostrarmos os relatórios publicados sobre seu próprio trabalho. Por volta de 1977, a ioga estava de novo na moda, e Lozanov discutiu-a em uma conferência sobre supermemória, em Iowa. Este antigo aliado russo, o método de aprender dormindo, foi de repente e kno- vamente "adormecido", há poucos anos atrás. Não foram expedidos comunicados científicos sobre os caminhos que tomou em tempos mais recentes.

Na Bulgária, os ocidentais que a custo conseguiram integrar- se às equipes de observadores das turmas de sugestopedia encontraram muito pouco o que ver. As turmas de 12 alunos sentavam- se em círculo em confortáveis espreguiçadeiras, mais ou menos como poltronas de avião. Ao fundo, música tocando. O professor falava em entonações diferentes e, ao final, todos sabiam tudo.

— O segredo deve estar nas cadeiras! — disse alguém. Uma universidade canadense gastou mais de 10 mil dólares em cadeiras

estofadas especiais para aprendizado rápido, na esperança de que transformassem os alunos em poliglotas instantâneos. Nada foi explicado aos ocidentais. As afirmações nas conferências eram vagas. A Revista de Sugestologia, publicada pelo Instituto, interrompeu abruptamente sua circulação no Ocidente.

Afinal, graças, em parte, aos esforços incansáveis da Dra. Jane Bancroft, Professora Assistente de Francês na Universidade de Toronto, e antiga amiga dos autores, desabrochou no Ocidente um meio efetivo de lidar com a supermemória.

A Dra. Bancroft, especialista em línguas, com graduação na Sorbonne e em Harvard, teve também educação musical. Em 1971, auxiliou os autores a trazerem o Dr. Lozanov ao Canadá para palestras na Universidade de Toronto. Antes de se dirigir à Bulgária para um congresso internacional de sugestopedia e um mês de pesquisa, ela dissecou exaustivamente os arquivos dos autores, leu a tese de Lozanov, mergulhou na Raja ioga c no aprender dormindo. Nós tínhamos chegado ao esqueleto do sistema, mas ainda havia lacunas a serem preenchidas.

Um dia, quando a Dra. Bancroft estava no Instituto de Suges- tologia, entrou inadvertidamente em uma sala com um grupo de visitantes soviéticos. Ela gravou em fita esta demonstração, bem como as outras, para ocidentais. De volta a Toronto, ouviu as fitas. Conforme já suspeitara em Sófia, a versão mostrada aos russos era diferente da mostrada aos americanos, ainda que fosse difícil perceber ao primeiro contato. Seria muito pouco provável que a União Soviética investisse tão grandes somas em um método que consistisse em "lindas" cadeiras e música suave, observou ela. A demons-tração para os soviéticos deveria fornecer a chave que nos faltava para reconstruir a totalidade do método Lozanov, ela contou. A partir do nosso conhecimento de música e musicoterapia, ao ouvirmos as fitas, fomos capazes de reconhecer algumas peças e

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deduzir a razão de terem sido utilizadas. Tinham o compasso lento geralmente usado em musicoterapia para diminuir o ritmo do corpo e mente.

A ioga ressaltava o ritmo como sendo o caminho para a capacidade mental paranormal. O cronômetro da Dra. Bancroft levou-a a uma descoberta importante. O material era lido a um ritmo de oito segundos precisos.

— Os russos conseguiram uma apresentação matematicamente precisa —- ela nos disse. — Aos americanos, foram mostradas cadeiras, música de fundo e material lido fora do compasso.

Ela deduziu que o acompanhamento preciso e rítmico do material por um3 música bastante específica deve ter sido um dos elementos suprimidos. E deveria ajudar a chegar à supemiemória. Os outros detalhes em volta serviam apenas para ampliar seu efeito.

Ocorreu-nos que o padrão descoberto por Bancroft possuía um toque conhecido — 60 batidas com um ciclo de atividade de oito a 10 segundos. Na década de 50, dois notáveis médicos americanos que usavam a hipnose pesquisaram este modelo para ampliar e acelerar o aprendizado e a criatividade, expandindo a percepção do tempo na pessoa. Funcionou, mas o paciente tinha que estar era hipnose profunda. Os búlgaros pareciam obter resultados com os alunos mantendo o controle consciente.

A Dra. Bancroft. em seguida, fez uma série de visitas a centros de sugestologia na URSS e Hungria, encontrou-se com especialistas e conversou com dissidentes envolvidos no assunto. Gravou fitas e vídeo-teipes das turmas. Os diversos fragmentos se encaixavam em um todo bem definido. Mais tarde, nossas conclusões foram con-firmadas por altas fontes.

Aconteceu então algo que confundiu ainda mais os ocidentais. Os búlgaros acrescentaram uma segunda sessão de música ou concerto. Agora, havia uma para ser usada durante o ensino propriamente dito e outra para desenvolver a sujpermemória. Este concerto de ensino apresentava um tipo de música completamente diferente, de compositores românticos, à qual se superpunha uma leitura dramática emocional, dos textos. Mais ou menos como um comercial de rádio, com voz em primeiro plano e música de fundo. Quando foi pedido aos búlgaros que fizessem uma demonstração da sessão de concerto, eles mostraram o concertu de ensino c não o de supermemória (ver Apêndice).

Resultados Ocidentais

A Dra. Bancroft combinou o nosso material de pesquisa com o dela e publicou numerosos artigos teóricos. Finalmente, convencida em profundidade do potencial do sistema, publicou um folheto explanatório. A Turma de Línguas de Lozanov (ver Apêndice), distribuído pelo Centro de Lingüística Aplicada da Virgínia, que revelava alguns dos elementos potentes da supermemória há muito suprimidos. Um amigo de Bancroft, o Dr. Allyn Prichard, então Diretor de Desenvolvimento Estudantil do Reinhardt College, de Waleska, Geórgia, foi um dos primeiros, em 1975, a tentar este novo método combinado de supermemória para turmas de leitura terapêutica, com crianças retardadas ou com dificuldade de aprendizado.

Ele e Jean Taylor, na Escola Primária Huntley Hills do Condado DeKalb, descobriram que a turma inicial de 10 alunos fez progressos incríveis, de quase um ano na capacidade de leitura, dentro de poucas semanas. Oitenta por cento da turma seguinte, com 20 alunos, progrediu um ano ou mais na capacidade de leitura em 12 semanas, uma velocidade de quatro por um. Os restantes obtiveram resultados um pouco menores mas, ainda assim, representativos.

— Não podíamos deixar de nos sentir estimulados — disseram.

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Prichard e Taylor perceberam que, quanto mais calma e relaxada estivesse a criança durante a sessão de concerto, melhores os resultados. Muitos de seus alunos eram hiperativos e tinham problemas de relaxamento.

— O ensino de algum tipo de técnica de relaxamento deve tornar-se parte normal da experiência de educação de uma criança —• concluem eles.

Começaram por passar uma ou duas semanas ensinando as crianças a relaxar e acalmar a mente. Três anos mais tarde, os resultados permaneciam, e eles estavam cada vez mais otimistas. Em 1978, obtiveram excelentes resultados mesmo com os excepcionais mais retardados. O aprendizado rápido funciona também nas salas de aula americanas, dizem eles.

Em 1972, Ray Benitez-Bordon da Universidade de Iowa e o Dr. Donald Schuster, Professor de Psicologia da Universidade Estadual de Iowa, interessaram-se pela supermemória após a leitura do Psychic Discoveries (Descobertas Psíquicas). Valendo-se de um método incompleto, iniciaram as experiências de aprendizado.

Depois de receber instruções da Dra, Bancroft, no verão de 1975, Benitez-Bordon acompanhou duas turmas de língua espanhola utilizando o método completo. Os alunos aprenderam mais de um ano inteiro de espanhol em dez"dias (quatro horas por dia) — uma velocidade de sete por um. Os alunos estavam encantados com aquele método que eliminava o trabalho exaustivo da aprendizagem de línguas.

Os professores de Iowa analisaram cada elemento do método, segundo a descrição feita pela Dra. Bancroft, para saber o que, exatamente, disparava a supermemória. Qual o papel de cada variável? Seus testes mostraram que se os alunos respirassem ao ritmo de um concerto tocado, junto ao qual um texto sobre a matéria fosse apresentado no mesmo ritmo, sua taxa de retenção saltava para 78%, comparada a um salto de 28% quando não o faziam. O acréscimo de afirmações no sentido de tornar agradável e fácil o aprendizado durante a sessão de concerto elevava as taxas de retenção a marcas até superiores.

Como foi dilo antes, a "de-sugestão", ou terapia da auto-ima- gem, é parte muito destacada na pedagogia de Lozanov. Em Hartford, Connecticut, o projeto Horizonte Amplo utilizou a terapia da auto-imagem com finalidades acadêmicas. Descobriu-se que este procedimento alterava não apenas o desempenho escolar das crianças, como também elevava o resultado do QI. Em Iowa, os testes demonstraram que a terapia da auto-imagem parecia combinar-se de maneira sinérgica com a supermemória, produzindo uma aprendizagem ainda melhor que a sessão de supermemória isolada.

Após Benitez-Bordon e Schuster, Charles Gritton, de Iowa, e a Escola Wilson de Des Moines utilizaram o superaprendizado para ensinar ciências na oitava série em um quinto do tempo normal. O entusiasmo pelo método disseminou-se rapidamente.

A esta altura dos acontecimentos, os pesquisadores e professores de Iowa fundaram a Sociedade para o Aprendizado e Ensino Sugestivo e Acelerador, conhecida pela sigla SALT, formada pelas iniciais de Suggcstive, Accelerative Learning and Teaching. A Sociedade publica uma revista e um boletim e mantém um programa de treinamento de professores. Promoveu também três congressos internacionais sobre aprendizado rápido.

Da mesma forma que no Estado de Iowa se encontrou o caminho para o espaço exterior, com a descoberta dos cinturões de radiação de Van Allen em volta da Terra (Dr. James Van Allen e equipe, Universidade de Iowa), talvez o Estado de Iowa, ao se interessar no aprofundamento da capacidade da mente, venha a se tornar um dos pioneiros na exploração do espaço interior.

Ainda em 1976, Schuster convenceu educadores e autoridades a financiarem pesquisas em larga escala. Com uma verba de 100 mil dólares, os resultados, os ajustes e a criatividade de 1.200 alunos de escolas públicas ensinados por 20 professores treinados na SALT durante um ano foram comparados com grupos de controle.

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Schuster considera as descobertas preliminares "documentos de significação científica".

Embora alguns professores não tivessem terminado seus cursos, aqueles que o fizeram achavám. quase sempre, que o desempenho de seus alunos se havia ampliado consideravelmente. Alunos da quinta série em diante e alunos de segundo grau demonstravam melhor aproveitamento no aprendizado acelerado que os alunos de pri-meira a quinta série.

Charles Gritton era professor de ciências e de educação física na Escola Woodrow Wilson, situada em um bairro pobre. Gritton dizia que dava uma aula bem dada, e depois percebia que a turma não tinha escutado uma só palavra do que dissera. Ia para casa no final do dia arrasado, dizia, porque perdera o dia e o dia dos alunos, desperdiçando energia,

A turma tinha suas próprias preocupações. Quando passava uma radiopatrulha com a sirene ligada, meia dúzia de garotos em uma turma de 15 olhavam em volta aflitos, contou o Dr. Schuster. Se por qualquer motivo aparecesse um policial na escola, três garotos pulavam a janela. Era comum faltarem às aulas. E quando alguém perguntava o porquê, respondiam.

— Andei preso. Pessimista, Gritton se habituara a conviver com resultados limitados, mesmo

assim conseguidos sob disciplina fcrrea. Quando Schuster e Benitcz-Bordon lhe falaram sobre o aprendizado rápido, ele achou graça:

— Ninguém consegue ensinar a esses meninos 50 ou 100 novos termos científicos em uma semana, quanto mais em um dia, e ainda por cima fazer com que eles gostem disso.

Mas assim mesmo resolveu tentar. À medida que suas turmas aprendiam com mais facilidade, rapidez e melhores resultados, sentiu-se estimulado a continuar.

— Cada nova turma fazia mais progressos porque eu me sentia sempre mais motivado a experimentar as novas idéias.

Hm 1977, com outro conjunto de 4 turmas, os percentuais de aproveitamento foram: 98,5%, 94%, 97% c 100%, com uma média global de 97,5%.

— Diante destes resultados, os alunos ficavam altamente estimulados a trabalhar.

Os garotos, ao que parece, estavam orgulhosos de suas próprias potencialidades. Para muitos deles, er^ o que de melhor já tinham conseguido em toda a vida. Tinham outra imagem de si próprios e de sua capacidade. Gritton tinha certeza de que havia alguma coisa diferente no aprendizado rápido, pois os garotos que eram mandados para fora de sala por mau comportamento continuavam junto da porta, tentando ouvir a aula pelo lado de fora.

— Se a SALT ajudasse apenas um, já seria importante — diz Gritton — mas quando se tem 115 alunos com 97% de média em quatro dias, ensinar passa a ser uma festa!

A agitação dos garotos era contagiante. Transformou Gritton de pessimista em otimista. A "ilusão" de que as pessoas são limitadas se desfez. Ele tentou as mesmas técnicas com sua turma de educação física e o time conseguiu ganhar o campeonato da cidade. Gritton cita o elogio de sua filha:

— Você agora é uma pessoa muito mais simpática. Gritton trabalhava com relaxamento mental e discos ecológicos — sons

agradáveis da natureza — para diminuir a tensão e ansiedade. Os garotos passaram a recorrer a ele quando tinham dor de cabeça, ou outra dor qualquer, pedindo para fazer relaxamento. E ele acha que também tira proveito disso. Uma garota lhe contou que o relaxamento mental a ajudava nas brigas familiares. Quando a mãe gritava com ela, fazia um exercício de respiração e se sentia muito calma.

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Durante uma viagem ao Iowa em 1977, o Dr. Lozanov fez visitas imprevistas a essas escolas e declarou estar muito satisfeito com o trabalho ali desenvolvido.

O Dr. Owen Caskey, da Universidade do Texas, relatou-nos que o sucesso inicial dos cursos de espanhol pelo método do aprendizado acelerado o levou a iniciar todo tipo de programa pelo mesmo método, inclusive um programa de um ano para principiantes de cinco anos de idade; um programa de inglês para vietnamitas; e um programa de incentivo à leitura para militares.

Existe interesse militar no aprendizado acelerado, não apenas para soldados semi-analfabetos, como também para grupos que precisam aprender todo um volume de dados técnicos exigidos para o manejo do moderno equipamento militar. Surpreendeu-nos em parte o fato de que, desde o aparecimento dos primeiros relatórios sobre o sistema, além de professores e determinados indivíduos, os que mais se interessaram pelas possibilidades de se abrir a supermemória tenham sido as altas patentes militares. De certa maneira, da mesma forma que as altas patentes da URSS, eram os que mais rapidamente se convenciam do quanto poderiam significar o aprendizado acelerado e a supermemória em larga escala.

Na Costa Oeste, Charles Schmid foi discípulo da Dra. Ban- croft. Schmid, 51 anos, fora professor da Universidade de Nova York e da Universidade do Texas em Austin. Parou de lecionar, diz ele, por se sentir saturado de métodos ineficientes de aprendizagem. Na Califórnia, estudou o desenvolvimento do potencial humano. Ocorreu-lhe combinar as técnicas de Lozanov com a Gestalt e outros métodos de elevar o nível de consciência. Com educação musical, expandiu as noções de música do método de Lozanov. Preparou programas de línguas para adultos incorporando todas as suas novas idéias. Ele e Juanita Netoff-Usatch fundaram o centro de estudos Línguas em Novas Dimensões, em São Francisco, que ensina francês e espanhol através da adaptação de Schmid para o método de Lozanov. E têm obtido bons resultados.

Um dos diretores do programa, que apenas iniciara os cursos, descobriu uma noite, em um restaurante espanhol, que sem perceber conversou com o garçom e pediu o jantar em espanhol. Aparentemente, ele absorvera a língua sem perceber.

A última aquisição do centro é Ivan Barzakov, o búlgaro que trabalhou nas escolas de Lozanov. Muito se falou sobre ioga e o controle físico e mental na Bulgária. Barzakov afirma que são importantes para o superaprendizado. Em seu caso, tal controle tornou-o capaz de uma proeza.

Barzakov estava de férias em uma praia da Iugoslávia, quando de repente decidiu que iria nadar para a liberdade.

— Coloquei meu passaporte e o retrato do meu pai cm um saco plástico por dentro do calção de banho. E comecei a nadar.

Nadou 13km, escondendo-se das luzes da patrulha costeira iugoslava. Finalmente, alcançou a costa da Itália, mandou buscar a bagagem, e embarcou para os Estados Unidos. Na Bulgária, Barzakov se especializara na parte musical das sessões.

Segundo a Dra. Bancroft, uma das melhores adaptações do método Lozanov foi a que viu desenvolvida no Liceu Voltaire de Paris, por Jean Cureau, para o ensino de inglês de segundo grau. Conhecido professor na França, Cureau juntou alguns dos sistemas de aprendizado descritos na Parte II deste livro (autogénico, sofro- logia, etc.) com partes da técnica búlgara. Os alunos são inicialmente treinados em métodos de relaxamento para aumentar sua capacidade de bem ouvir, atingir a concentração e proporcionar o entrosamento do grupo. São fornecidas sugestões positivas para um melhor aprendizado. Cureau lê então os textos em inglês tendo ao fundo movimentos lentos de música barroca. A Dra. Bancroft observou as turmas:

— Os jovens conseguem recitar o novo texto espontaneamente depois de ouvi-lo.

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Devido ao treinamento em concentração, Cureau considera que os alunos aprendem inglês com excelente pronúncia.

Enquanto os problemas políticos eram contornados no exterior, apareceram alguns bem perto de nós. Com seu trabalho corajoso e quase incessante durante cinco anos, a Dra. Bancroft era a mola mestra para desenvolver nos ocidentais os potenciais de superme- mória e aprendizado acelerado. Aconselhou pessoalmente centenas de pessoas que nos escreveram pedindo detalhes sobre o sistema búlgaro. Armada de seus conhecimentos acadêmicos e, felizmente, de um visceral senso de humor, lutou contra as dificuldades impostas pela política comunista, durante as férias, enquanto, durante o ano letivo, batia-se pelo sistema com estudiosos de nível internacional. Enfim, precisou enfrentar uma situação que chegava às raias do absurdo. E que dizia respeito ao governo de seu próprio país.

Por um motivo qualquer, as novas maneiras de aumentar a capacidade humana tendem a provocar uma resposta muito peculiar por parte dos especialistas. Estes acolhem o novo sistema de braços abertos, para depois condená-lo à morte. Por exemplo, quando o aprender dormindo foi introduzido nos Estados Unidos, os especialistas correram para testá-lo, Muitos sequer se perguntaram como. Omitiram a fase essencial de tempo para adormecer, o treinamento «ara relaxar, as repetições necessárias. Apregoaram cursos durante toda a noite pelos auto-falantes enquanto as pessoas dormiam, ou íectavam dormir, cm dormitórios coletivos. E aplicavam testes nos alunos exaustos. Estes não aprendiam nada, e os especialistas concluíam que aprender dormindo não funcionava. A sugestopedia começou a resvalar pelo mesmo caminho.

Vários indivíduos e grupos criaram seus próprios programas, tendo em comum com a sugestopedia apenas algumas coincidências. Rotularam-nos de "Método Lozanov" e passaram a comercializá- los. Pipocavam cursos de aprendizado em cada esquina. Até que o governo canadense resolveu fazer a coisa "do seu jeito" em larga escala.

Tomando conhecimento da sugestopedia por meio de nosso relatório de 1971, o governo canadense decidiu experimentá-la em programas para treinar funcionários civis em inglês e francês. Em 1972, a primeira equipe canadense teve permissão para ir à Bulgária, e chegou a Sófia "sem saber praticamente nada de sugestolo- gia", segundo eles próprios escreveram. Infelizmente, por razões políticas ou outras quaisquer, voltaram como foram. Ao que parece, ignorando a "receita" das adaptações ocidentais bem-sucedidas, fabricaram seu próprio produto e o chamaram de sugestopedia.

Não consideraram certos elementos da supermemória, como o estado alterado, a música correta, o ritmo certo para respiração e repetição, só para citar uns poucos. Havia professores poucos habituados ao ensino de línguas, turmas mal estruturadas e programas com defeitos. Após vários anos, não houve um único caso de supermemória. Segundo os relatórios da equipe, nas provas houve diversas reprovações. Os professores se demitiam e os alunos se arrependiam.

Inconformado, o diretor Gabriel Raele viajou pelos Estados Unidos, e de país em país, de congresso em congresso, pregando sua versão da sugestopedia. Da França ao México, da Suécia ao Senegal, insistia ele que os outros (os que atingiram uma velocidade de sete para um) estavam no caminho "errado". As associações americanas e canadenses e os professores universitários achavam que o governo, depois de gastar milhões com a sugestopedia, tinha que entender do assunto. E reservaram ao tema o mesmo destino das novidades no gênero. Achando que tinham experimentado a verdadeira sugestopedia, já que ela não funcionou, abandonaram-na. O fiasco do governo afastou muitos americanos do aprendizado acelerado.

Após tentativas junto aos canais competentes, a Dra. Bancroft resolveu tornai público seu protesto na Gazeta de Montreal.

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— A utilização incompetente da sugestopedia por parte do governo — disse ela — evitou que muitos ocidentais se beneficiassem de seu amplo potencial, Trata-se de um programa de tão espantosas possibilidades que não podemos permitir que burocratas ignorantes o destruam. A sugestopedia é um sinal do futuro, e precisamos dela agora. ..

Este açora começa a se tornar realidade. Maneiras eficazes de desenvolver a supermemória, e assim aprender a uma velocidade extraordinária, estão sendo adotadas por empresas, escolas e pelo público em geral. Inúmeras pessoas aderiram na base do autodida- tismo. Por exemplo, na Califórnia, alguns estudantes divulgaram que passaram a obter as notas mais altas da turma usando o método para fazer os exercícios de casa. E um cientista japonês escreveu- nos contando: "Aprendi inglês em uma semana; francês em duas."

Os projetos mais recentes se espalham por todo o território dos Estados Unidos, inclusive com a promoção de congressos, muitos deles com a presença do Dr. Lozanov, principalmente na Califórnia, Iowa e Washington. Além do Caqadá, também existem projetos avançados na França, Alemanha Ocidental, Irã e Suécia.

O governo búlgaro autorizou a franquia comercial do método a uma firma de Washington D.C., a Mankind Research. Seu presidente, o Dr. Carl Schleicher, acredita que nos próximos anos "ocorrerá uma verdadeira revolução em nossos métodos de ensino, que em tudo permaneceram imutáveis desde que o homem passou a se comunicar por palavras".

O Dr. Schleicher é um americano com grande experiência em intercâmbio científico com os comunistas. Transpôs muitas inovações dos países do bloco soviético para o Ocidente e batalhou de maneira incansável para adaptá-las em nosso benefício. O Instituto de Aprendizado Lozanov, que sua empresa fundou, fica em Silver Springs, Maryland. Aí são ministrados cursos de línguas e de formação de instrutores. Há planos para pesquisas subseqüentes e cursos de outras matérias. A empresa do Dr. Schleicher também concede franquias do sistema búlgaro. Algumas já foram negociadas, outras estão ainda em projeto, por todo o país. Podemos esperar que, já que o acordo comercial foi feito com o governo búlgaro, o Dr. Lozanov acompanhe, na medida do possível, este grupo.

O primeiro centro de sugestopedia da Europa Ocidental é o Ludwig Boltzmann Institut für Lernfoschung, uma escola especializada em educação primária, em Viena.

Neste livro, ao adaptar as técnicas de superaprendizado para o autodidatismo, focalizamos nossa atenção nas sessões de superme- mória, e não no método global de aprendizagem, que exige um manual próprio para ser aplicado (ver Apêndice). Como no método de aprender dormindo, você pode aprender com suas próprias fitas. Pode criar seus próprios programas para aprender qualquer informação que desejar. Valendo-se das técnicas de relaxamento fornecidas, você atinge um estado alterado de ritmos corpo/mente mais lentos. Ouve então a fita ou um amigo que leia o material no compasso da música.

Atualmente, os sistemas de aprendizado acelerado para matérias factuais se apresentam de diversas maneiras. Embora haja muita discussão quanto ao "verdadeiro caminho", é provável que a maioria destes sistemas funcione de uma forma ou de outra, Para executar o programa de aprendizado autodidata contido neste livro, baseamo-nos em três fontes. Utilizamos as mesmas raízes culturais de Lozanov (como a Raja Ioga), e outras que ele não mencionou. Valemo-nos do próprio trabalho altamente criativo de Lozanov. Finalmente, procuramos aproveitar a experiência dos que obtiveram bons resultados no aprendizado acelerado na América do Norte. Onde havia várias maneiras de combinar os elementos da superme- mória, escolhemos a que nos pareceu mais simples e funcional.

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As técnicas de supermemória podem ajudar na escola, na universidade, pois os alunos aprendem a informação que precisam guardar de forma fácil e eficaz. Também no treinamento profissional, do direito à engenharia, passando pela medicina, o superaprendizado pode reduzir o esforço de memorização. Pode ajudar qualquer um a aprender informações factuais. Em uma perspectiva mais ampla, se os sistemas de supermemória continuarem a nos ajudar comprovadamente, poderão ser aplicados aos que não puderam instruir- se, para vencer etapas com incrível rapidez. Podem superar a abordagem puramente factual da educação, para que esta disponha de tempo para ensinar a lidar com os fatos.

O aprendizado acelerado pode ser um aliado no combate ao desemprego, à medida que facilita o treinamento e a reciclagem, ao mesmo tempo que apresenta perspectivas de melhoria. Como algumas companhias já perceberam é um treinamento para funcionários que se paga em pouco tempo. As pessoas idosas podem abrir para si próprias novos campos de interesse, e os superespecializados podem equilibrar uma cultura mal balanceada. As mulheres que desejarem retomar uma carreira após o crescimento dos filhos poderão equipar-se profissionalmente com mais rapidez.

Marilyn Ferguson, autora de The Brain Revolution (A Re lução do Cérebro) e fundadora do Brain iMind Bulletin (Revi*«, Cérebro/Mente) diz: "Defender a Sugestologia ou a Sugestope<}j a pode parecer precipitado, mas estas se encontram dentro dos limj, tes do possível e mesmo do provável, em termos de descobertas cien-tíficas sobre a capacidade do cérebro humano. Os aspectos de fluência, liberação e criatividade des estados alterados podem ser incorporados à consciência. Isto é o nosso 'abre-te Sésamo' para uma vida infinitamente mais rica do que jamais acreditamos ser possível."

Capítulo 4

A Batida do Superaprendizado

Quando os ocidentais ouviram falar pela primeira vez no sistema de supermemória, ficaram imaginando como é que aquilo funcionava. Experimentaram tocar música, sentar em cadeiras confortáveis e ouvir fitas com aulas de línguas — e não acontecia nada. O aprendizado instantâneo era uma ilusão. Como aprender de modo a reter o que se percebeu? perguntavam-se as pessoas.

Os dois segredos básicos são um estado de relaxamento e um ritmo sincronizado. Quando você se recosta e recebe as informações, está colocado em meio a um conjunto de fatores que funcionam com a afinação de uma orquestra. O próprio Lozanov e outros compilaram elementos de áreas extremamente diversificadas. Foi esta diversidade que, a princípio, desorientou alguns especialistas que procuravam descobrir qual a batida do superaprendizado. E aquilo começou a fascinar os não-especialistas. Uma visão de cada componente "ativo" em separado, seus antecedentes e outras implicações podem lhe trazer novas idéias

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sobre a sua própria batida, a batida do mundo — ou, quem sabe, a palavra seria compasso.,,

Concentração Descontraída

O superaprendizado é uma forma de educação global; refere- se tanto ao corpo quanto à mente, funcionando harmoniosamente. Baseia-se na idéia de que a mente é capaz de aprender mais depressa e com mais facilidade quando o corpo opera em um nível mais eficiente.

Durante muitos anos, os fisiologistas insistiram que se as pessoas relaxassem suas tensões musculares, poderiam lembrar-se de muito mais coisas que haviam estudado. Se pudéssemos treinar nossos corações para baterem mais devagar, enquanto pensamos, o trabalho mental seria mais fácil. A Dra. Barbara Brown, na publicação Nnv Mind, New Body (Nova Mente, Novo Corpo), diz: "Com um ritmo mais lento das batidas do coração, a eficiência da mente dá um grande saho para a frente."

Os batimentos mais lentos concedem ao coração, em sentido literal, umas "férias". Geralmente, nosso coração bate de 70 a 80 vezes por minuto. Os especialistas acreditam que, se conseguíssemos chegar perto de 60 batidas por minuto, seríamós mais saudáveis e obteríamos melhor desempenho mental. Conhece-se muita coisa em termos de bases biológicas para o melhor aprendizado, mas pouca é aplicada. (Ver Apêndice).

O Dr. Lozanov descobriu algo mais sobre a conexão corpo/ mente em seus vários anos de estudos em pessoas com capacidades paranormais, iogues com supermemória e calculadores instantâneos. Os instrumentos demonstravam que, no momento de executar feitos mentais extraordinários, seus corpos se encontravam em estado de repouso, seus cérebros estavam em ritmo alfa de relaxamento (de sete a 14 ciclos por segundo). Eles não forçavam, não induziam nem obrigavam a mente a funcionar. Acontecia sem nenhum esforço. Na verdade, parecia acontecer porque não havia esforço físico ou mental.

Lozanov pensou encontrar-se diante de um paradoxo. Relaxamento combinado com intenso trabalho mental. Costumamos aceitar o fato de que uma pessoa que faça grande trabalho mental tenha seu pulso acelerado, e pressão sanguínea elevada, e que as ondas cerebrais alcancem o nível beta (de 14 ciclos por segundo em diante).

Muitos métodos conhecidos de relaxamento e meditação podem interromper a tensão e deixar o corpo em estado de relaxamento, Haveria um meio de alcançar este estado no corpo enquanto, ao mesmo tempo, o cérebro disparasse a trabalhar em matemática ou línguas? Se se pudesse manter o motor do corpo em ponto morto, em vez de a 100 km/h, com a mente "ligada", seria possível a mente superoperar.

Depois de experiências extensivas em seus laboratórios de fisiologia, Lozanov concluiu que o relaxamento físico não era suficiente. Provavelmente, se a descontração fosse tudo, aqueles que vão para a escola de manhã ainda meio sonolentos seriam os melhores alunos da classe Quando se encontram em relaxamento profundo, as pessoas não conseguem concentrar-se devidamente; c sem concentração, o aprendizado e a memória rendem pouco. Porém, assim que as pessoas se concentram intensamente, desaparece o relaxamento e volta a tensão.

Trabalhando sobre teorias da ioga quanto à música, e pesquisas sobre a físico-acústica, o Dr. Lozanov fez uma importante observação. Descobriu que uma forma de música muito específica, com um ritmo muito específico, podem induzir o corpo ao estado de relaxamento — mas com uma grande diferença. O relaxamento induzido pela música mantinha a mente alerta c capaz de se concentrar.

Ao contrário de outras formas de meditação, não se exigia nada, a não ser ouvir música. A pessoa não precisava preocupar-se em "meditar" e ocupava a própria mente com o material apresentado. Os fisiologistas descobriram que os ritmos do corpo —

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batimentos do coração, ondas cerebrais, etc. — tendem a sincronizar-se com o compasso da música. Lozanov utilizou música clássica com ritmo muito lento, marcado, compassado. Os ritmos dos corpos dos alunos repetiam maquinalmente esta batida lenta, relaxando até atingir um ritmo mais eficiente e saudável.

Durante estas sessões de concertos, as pessoas eram avaliadas por monitores de controle fisiológico. O modelo obtido foi excelente. O mesmo modelo que os pesquisadores americanos Wallace e Benson descobriram como sendo oriundos da meditação. Os batimentos diminuíram em aproximadamente cinco batimentos por mi-nuto. A pressão sangüínea baixou ligeiramente. As ondas cerebrais acusaram uma diminuição das ondas beta, até atingirem o ritmo alfa. (As ondas lentas teta e delta tendiam a diminuir, mostrando que este estado de relaxamento não era semelhante ao adormecer; ver quadro.)

Havia, porém, uma diferença da maior importância. Ao mesmo tempo que as pessoas relaxavam, também executavam um trabalho mental extenuante. Na verdade, aprendiam muito mais que se tivessem passado um dia inteiro imersos em um curso de língua intensivo e exaustivo.

Lozanov descobriu ainda a maneira de comer o bolo enquanto ele está sendo feito. Podemos estar descontraídos e mentalmente alertas, ao mesmo tempo.

"Aqui está o paradoxo!" pensou ele. "Supertrabalho (supermemória) — repouso.' Portanto, parece que não precisamos dormir, não precisamos entrar em transe

hipnótico, para atingirmos novas dimensões de nós mesmos e aprender a memorizar além do normal. Podemos fazê-lo acordados e conscientes, sentados, ouvindo a música certa. Isto nenhum outro método de aprendizado acelerado pode fazer. Alterações Fisiológicas Durante as Sessões de Supermemória Comparadas à Meditação Transcendental

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Dados extraídos de Suggestology (Sugestologia), do Dr. G. Loza- nov, e Consciousness East and West (Consciência no Oriente e Ocidente), de K. Pelletier e C. Garfield. A Meditação Transcendental é um dos métodos de meditação cientificamnte pesquisados no Ocidente, que já demonstrou aliviar tensões internas, elevar a pressão do sangue, possibilitar o controle da tensão e melhorar a saúde física e emocional. Certo tipo de música barroca parece produzir o mesmo efeito.

A agradável sensação de alerta relaxado produzida pela música é um dos motivos pelos quais sua mente se acende e se liga na nova força do supcraprendizado. Seu corpo utiliza suas energias de maneira mais eficaz. Também ajuda a explicar o fenômeno aparentemente estranho de alunos que se dizem curados de diversos problemas de saúde enquanto aprendem uma língua. Não é de surpreender que os benefícios para a saúde sejam semelhantes àqueles produzidos por muitos cursos de relaxamento e meditação,

Lozanov está longe de ser o primeiro médico a trabalhar com as técnicas de relaxamento. Também não é o primeiro médico com bons fundamentos em hipnose, que se dispôs a descobrir um meio de as pessoas aproveitarem alguns dos benefícios da hipnose sem perder o controle de suas próprias mentes. O alemão Dr. Johannes H. Schultz partilhou dos mesmos interesses. Na década de 30, lançou o Treinamento Autogênico, um sistema que permitia extraordinário autocontrole de corpo e mente, amplamente utilizado pela medicina na Europa e agora nos esportes (ver Seção II). O

Concerto de Meditação Supermemória Transcendental com Música Barroca (Recitação da Lenta mantra) Música (60 bat. por

min.)

Durante Atividade

Mental Intensa

{aprendendo

100 palavras

estrangeiras)

Eletroencefalograma Ondas cerebrais alfa Ondas cerebrais alfa

(Ondas cerebrais alfa: aumentam à média aumentam. 7-13 ciclos por seg. de 6%. Algum aumento de Ondas cerebais beta: Ondas cerebrais beta ondas teta. mais de 13 ciclos por diminuem à média

seg. de 6%.

Ondas cerebrais teta: Ondas teta inalteradas.

4-7 ciclos por seg.)

Pulso Pulso diminui à média Diminui

de 5 batidas por significativamente. minuto. pelo menos 5 bat. por minuto. Pressão Sangüínea Pressão sangüínea cai Tendência a diminuir

ligeiramente (4 pontos com flutuações na coluna de intermediárias. mercúrio em média.)

Posição do Corpo Sentado Sentado

confortavelmente. confortavelmente. Corpo relaxado. Corpo relaxado.

Grau de Consciência Concentração "Alerta descansado"

descontraída

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Dr. Schultz descobriu que o autêntico relaxamento é um estado de consciência expandida, muito diferente da "visão de túnel" da hipnose. Pelo seu trabalho, percebe-se que Lozanov concorda com ele.

Durante a sessão de música, as pessoas variam de nível de relaxamento. Isto vai determinar a variação nos totais aprendidos, diz Lozanov, Os pesquisadores da Geórgia, Prichard e Taylor, descobriram a veracidade de tal afirmativa. Quanto melhor a resposta do aluno ao relaxamento, tanto melhores os resultados.

Originalmente, os alunos de Lozanov, na Bulgária, tinham quatro dias de treinamento preliminar em relaxamento. Em Moscou, os alunos eram treinados para relaxar pelo método autogênico (ver Capítulo I I ) . Agora, Lozanov acredita que o treinamento para relaxamento não é mais necessário — e talvez não seja para o ritmo de vida mais lento que se leva na Bulgária.

Os americanos que utilizaram o aprendizado acelerado acham que, em uma sociedade altamente competitiva e neurotizante, foi preciso de uma semana a 10 dias de treinamento em relaxamento para que os americanos pudessem realmente relaxar e se beneficiar com a música.

Para a maioria de nós, relaxar é uma habilidade, não uma resposta natural. Uma vez aprendida, torna-se fácil de fazer e permanece um privilégio para o resto da vida. Mas se você não sabe como, apenas ouvir a ordem "Relaxe!" não produz efeito algum. Pensando nisso, incluímos aqui um manual completo de relaxamento (ver Capítulo 7). A Batida da Memória

O iogue Rauiacharaka sintetiza o código de princípios da ioga em The Science oj Breath (A Ciência de Respirar). "O ritmo", diz ele, "mantém o sistema como um todo, inclusive o cérebro, sob perfeito controle e em perfeita harmonia, e por meio dele obtém-se a mais perfeita condição para o desdobramento de. . . faculdades latentes".

O Dr. Lozanov estudou ritmo e aprendizado, Se o material a ser retido fosse apresentado rapidamente, a intervalos de um segundo, as pessoas aprendiam apenas 20% do mesmo. A intervalos de cinco segundos, aprendiam cerca de 30%. Quando havia um intervalo de 10 segundos entre cada item, a quantidade de material memorizado era superior a 40%.

Isto queria dizer que, enquanto estivesse tentando decorar uma lista de palavras desconhecidas, por exemplo, se ouvisse uma palavra nova a cada 10 segundos, você se lembraria de mais palavras do que se tivesse ouvido todas as palavras em ritmo mais ligeiro.

Lozanov fez a curiosa descoberta de que um ritmo contínuo, monótono, de cerca de 10 segundos, parecia ampliar a capacidade de lembrar da mente. Por que é assim permanece um mistério. Nós sabemos sobre as batidas do coração, mas o que é isso — a batida da memória?

Dar tempo ao tempo, diz o ditado; e no superaprendizado, o ritmo crescente se transforma em ingrediente "vivo".

Os búlgaros principiaram por recitar os elementos-chave a serem memorizados a cada oito segundos. Por que não 10? Talvez porque pretendessem acompanhar a batida da música, que geralmente não é escrita em um tempo de "cinco e dez".

Os americanos que utilizaram o sistema descobriram uma ampliação da memória dando ênfase aos elementos-chave a cada oito segundos c a cada 12 segundos.

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O sistema de Lozanov tem raízes em maneiras de acelerar o aprendizado e a criatividade por meio da sensação de tempo expandido, em que foram pioneiros os americanos. Na década de 50, dois mestres, Linn Cooper e a conhecida autoridade em hipnose Milton Erickson, exploraram uma abordagem rítmica semelhante. Instalaram um metrònomo a 60 batidas por minuto e usaram ciclos de atividade de 10 segundos. Aparentemente, a batida tornava mais lentos os ritmos dn corpo/mente. Ouvindo o tiquetaquear do metrònomo, pacientes hipnotizados percebiam, de maneira subjetiva, as batidas como sendo mais lentas que o tempo do relógio. O tempo, para eles, literalmente se expandia. Uma mulher, por exemplo, foi capaz de desenhar um vegtido em segundos. O hipnotizador a "embalou" para tanto dizendo-lhe que dispunha de uma hora. E subjetivamente ela sentia de fato que dispunha de todo esse tempo. Em certo sentido, ela foi alçada além do tempo. Foi alçada além da sugestão de que demoram tantos minutos ou horas para se concluir determinado projeto. Portanto, libertada, foi capaz de" agir com capacidade su- pernormal, como os calculadores instantâneos. A genialidade de Lozanov consiste em usar estes estados rítmicos com a pessoa em estado de alerta.

Entonação

O ritmo ajuda você a memorizar, descobriu Lozanov. Mas aí surgiu outra pedra no caminho do desenvolvimento da supermemó- ria. A monotonia da repetição rítmica provocava uma dessintoniza- ção. A repetição ajudava a memória, mas também a tolhia. Lozanov e seus colegas resolveram este problema usando três entonações di-ferentes para o material a ser recitado com ritmo:

a) normal (declarativa) b) sussurro (tom calmo, ambíguo, sedutor) c) voz alta, de comando (com tom autoritário) A entonação da voz usada em cada sentença não tem qualquer relação com o

significado das palavras, e o elemento "surpresa" das estranhas combinações de tom e conteúdo ajuda a quebrar a monotonia do ritmo fixo. As entonações também podem produzir efeito psícoterapêutico.

Respirar para Aprender

Se você está ansioso por aprender, uma das primeiras coisas a fazer é controlar sua respiração, Se o ritmo parece situar-se no núcleo da supermemória, aí também se encontra a respiração. Pesquisadores de Iowa tomaram cada componente em separado e testaram um de cada vez. Quando as pessoas respiravam em ritmo, o mesmo ritmo do material recitado, apenas estes dois componentes faziam com que o aprendizado saltasse de repente em cerca de 78%.

Doug Shaffer, o americano que lecionava no Irã, descobriu a mesma coisa. Talvez porque a respiração rítmica promova uma melhor oxigenação do cérebro, especulou ele, e isto leve a um melhor aprendizado. Além do mais, sabemos que o cérebro precisa de três vezes mais oxigênio que o resto do corpo para funcionar dc maneira adequada, principalmente quando a pessoa trabalha na posição sentada. Em geral não damos muita atenção à respiração e, no entanto, respiramos quase 19 mil litros de ar por dia, cerca de seis vezes nosso consumo de comida e bebida. Fica claro que respirar é viver.

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Para muitas culturas, pode-se respirar vida — vida nova e vigorosa — não apenas para dentro de seu corpo, mas também para seus talentos e habilidades mentais. Se em vez de respirar a esmo, você passar a respirar em um ritmo regular, sua mente se aguçará automaticamente. Se souber utilizá-la, esta hatida de respiração pode fazer algo mais por você. Entre inspirar c expirar, você pode reter o ar por alguns segundos, o que estabiliza a atividade mental, para que a mente focalize uma única idéia.

A autoridade em ioga Mircea Eliade garante que a concentração é em grande parte gerada pela respiração ritmada, e principalmente pela retenção da respiração. O iogue Ramacharaka revela em The Science of Breathing que "por mejo da respiração rítmica pode- se colocar a si próprio em vibração harmoniosa com a natureza e auxiliar o desdobramento de seus poderes latentes". Como se deve respirar para aprender? A respiração se baseia na pulsação humana lenta. Harmonizando sua respiração com seu pulso, dizem os iogues e outros que todo seu corpo absorve a vibração e se harmoniza com a vontade. Conseguindo sincronizar a si mesmo, você tem mais poder, seja mental ou qualquer outro. No superaprendizado, a respiração é feita em um ritmo aproximado da batida lenta do pulso. Você simplesmente respira no mesmo tempo que o material recitado ritmicamente.

Pode parecer novidade para os nossos padrões de educação, mas a idéia de aumentar a concentração respirando ao ritmo de palavras cantadas já se encontra em grandes culturas — a tradição muçulmana, só para lembrar de uma. Provavelmente apreendemos agora a mesma idéia básica, mas a nível de era espacial. A ciência da moderna informação tem uma lei que diz que mais informação pode ser transmitida através de um meio/mídia suave. O Dr. Win Wenger acha que seja este o segredo dos ritmos sincronizados do superaprendizado. Talvez os ritmos sincronizados façam com que a informação se transmita com uma suavidade pouco comum.

O Dr. Hideo Seki, especialista japonês em teoria da comunicação, e autodidata do superaprendizado, contou-nos que acha que os diversos componentes sincronizados suavizam o "ruído psicológico" que circula no cérebro, proporcionando uma melhor relação entre sinal e ruído.

O Dr. Lozanov pesquisou a respiração por um caminho diferente e chegou à mesma conclusão de pesquisadores americanos. Descobriram eles nos laboratórios da Bulgária que através de determinados exercícios respiratórios a pessoa pode controlar as funções do corpo e, segundo a sua vontade, diminuir as pulsações.

O especialista em psicofísica Jack Schwarz esteve estudando intensamente em laboratórios dos Estados Unidos os segredos do controle voluntário da mente, do corpo e da dor. Ele revela que após determinados exercícios respiratórios as ondas cerebrais e a atividade muscular do peito e abdome se tornam sincronizadas. "Cabeça e corpo estão alinhados, harmonizados", declara em seu livro Vo- luntary Controls (Controles Voluntários).

Talvez pudéssemos acrescentar um outro tipo de poluição às que já conhecemos: a "poluição rítmica". Com toda a confusão que nos rodeia, parece que dessincronizamos os ritmos do corpo e da mente, a ponto de impedir o aprendizado e o aperfeiçoamento. Respirar em determinado padrão rítmico pode ser um dos meios mais fáceis para ampliar a consciência interior, bem como harmonizar e descontrair o corpo. "Descobrimos que a marcha respiratória tem tremenda influência sobre os estados de consciência", declara Schwarz.

Além dos efeitos sincronizantes da respiração, e do fornecimento de oxigênio renovado, pode haver um outro aspecto da respiração bastante importante para a supermemória (ver Capítulo 5).

Estados Alterados de Consciência Induzidos Pela Música

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Não apenas os padrões de respiração podem alterar os estados de consciência. Foi descoberto que a música e o som também mudam a atividade das ondas cerebrais. O pesquisador de Tóquio, Dr. Norio Owaki, efetuou um estudo durante 10 anos sobre certos tipos de som que podem induzir as ondas cerebrais alfa.

Não é novidade o fato de que certos padrões sonoros podem afetar a consciência, principalmente para os estudiosos de música. São eles que contam a história que se segue, sobre Bach.

Já passava da meia-noite, e o Enviado Russo, Conde Kayserling, se debatia em seu leito de doente. "Mais um ataque de insónia", pensou ele. Ele simplesmente não conseguia dormir de noite. Afinal, chamou um criado e mandou chamar Goldberg. Johann Goldberg, músico, foi tirado da cama e levado até o conde.

— Ah, Goldberg, poderia me fazer a grande gentileza de tocar outra vez para mim, uma das minhas variações?

Goldberg foi até o cravo e começou a tocar uma composição escrita especialmente para o Conde Kayserling por Johann Sebastian Bach. O conde contara a Bach os seus terríveis ataques de insónia.

— Talvez pudesse escrever uma música que me ajudasse — pediu. — Qualquer coisa calma, mas brilhante.

Em pouco tempo, enquanto Goldberg tocava esta música especial, o conde sentiu-se descansado e menos tenso. E pediu que a mesma música lhe fosse tocada todas as vezes que não conseguisse dormir: instalou Goldberg em um cômodo anexo, pronto para tocar a música restauradora quando fosse preciso. De fato, o Conde Kayserling ficou tão satisfeito com a ação curativa dessa música, que recompensou Bach com uma grande quantia em ouro. A composição em si ficou conhecida como As Variações de Goldberg, em homenagem a tão prestativo cravista.

Em Iowa, em 1977, o Dr. Lozanov perguntou a uma platéia de educadores: — Vocês acham que os grandes compositores, filósofos e poetas do passado

conheciam o sistema iogue? O relaxamento? As diferentes influências? — Sorriu e respondeu à própria pergunta. — É claro! Por que não?

Bem, talvez não fosse exatamente a ioga. Do ponto de vista de Lozanov, muitos grandes compositores, escritores, filósofos do passado tiveram contato, através da tradição esotérica ocidental, com o mesmo conhecimento antigo de onde a ioga se origina.

Lozanov estudou em seu laboratório a música de Bach para o Conde Kayserling, As Variações de Goldberg, e descobriu que, especialmente a ária que a inicia e encena pode induzir a um estado de meditação, com muitos e benéficos efeitos físicos provenientes da diminuição dos processos do corpo.

Peças de outros compositores dos séculos XVI a XVIII, escritas dentro da mesma tradição musical, tajnbém produziam efeitos semelhantes. A história da música considera que Bach tenha criado boa parte de sua música visando a mentalização. Lozanov e seus colegas notaram que, com esta música, o corpo relaxava e a mente ficava alerta.

A idéia de que a música pode afetar seu corpo e sua mente por certo não é nova. Durante séculos, as mães cantaram canções de ninar para adormecer seus bebês. Durante séculos, pescadores e lavradores entoaram cânticos de trabalho para melhor suportar suas tarefas. Durante séculos, da Ásia à América do Sul, houve pessoas que usaram a música para transportá-los a estados de consciência pouco comuns.

A chave era achar o tipo certo de música para alcançar determinado efeito. A música dos compositores dos séculos XVI a XVIII — Bach, Vivaldi,

Telemann, Corclli, Händel — é geralmente chamada de música barroca. Em particular, os laboratórios pesquisaram os movimentos lentos (ou largo) dos concertos barrocos. (Todo concerto tem diferentes seguimentos para serem tocados em velocidades di-ferentes.)

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Nos movimentos lentos, encontramos mais uma vez este ritmo familiar e, ao que parece, potente — 60 batidas por minuto. Esta música barroca muitas vezes apresenta um baixo muito lento, batendo como um pulso humano lento. Ao ouvi-la, seu corpo também ouve e tende a seguir a mesma batida.

Seu corpo relaxa e sua mente fica alerta nesta forma de relaxamento que é a mais simples de todas. Você não precisa ordenar ao músculo que relaxe, não precisa concentrar-se, nem mesmo recitar a mantra. Tudo o que tem a fazer é ouvir a música. Quando se toca Händel, os benefícios da meditação simples começam a aparecer.

Existem, é claro, 60 segundos em um minuto — e talvez isto não passe de uma divisão arbitrária do tempo. O psicólogo soviético I. K. PlatOnov descobriu que um simples metrônomo batendo a 60 já afetava as pessoas. A mente retinha com mais firmeza que o normal aquilo que era dito após a batida.

Os alunos búlgaros foram colocados em cursos sem música alguma, apenas o material recitado ritmicamente. Aprenderam, mas logo reclamaram de stress, tensão e fadiga.

Assim sendo, o efeito geral da música no superaprendizado é fornecer uma "mensagem sônica" — para eliminar a tensão do esforço mental. A música ajuda a fixar a atenção no interior, ao invés de no exterior. O estado de devaneio é altamente ordenado, devido à natureza altamente estruturada da música. Durante todo o concerto, o aluno mantém controle total, está superalerta, lúcido e consciente de tudo o que acontece — até para detectar alterações no material recitado.

A música que se usa no superaprendizado é extremamente importante. Se não tiver o padrão exigido, não se obtém o estado de consciência alterado que se pretende e os resultados são inferiores. "Usamos apenas a música clássica pesquisada em nossos laboratórios", diz Lozanov. "Não se trata de uma escolha pessoal, e não tem nada a ver com gostos musicais particulares. É música específica — padrões sônicos — com finalidades específicas." (ver Capítulo 8).

Lozanov ressalta que, se você pretende obter resultados, deve utilizar apenas o tipo de música pesquisada por eles até aqui, sem substituições. No Instituto, uma série de movimentos lentos (60 batidas por minuto) no tempo 4i4 de música barroca foi reunida para criar um concerto de cerca de meia hora. A seleção final que encerra o concerto é geralmente um movimento rápido, brilhante, que permite à pessoa despertar do estado de devaneio com uma sensação agradável. Trata-se de uma seleção de trechos que não seria considerada para o programa normal de uma orquestra, pois quase não existe variação na marcha.

Batidas diferentes produzem efeitos diferentes. As agências de publicidade norte-americanas já fizeram inúmeras pesquisas sobre a influência da música e do ritmo sobre as pessoas, e descobriram que um ritmo de 72 batidas por minuto para voz, música e toque de tambor aumenta a sugestibilidade. Wilson Key revela em Subliminal Seduction (Sedução Subliminar) que um comercial com o ritmo de 72 batidas parecia "sugerir" as pessoas a sentirem os mesmos sintomas — palpitações, dores de cabeça, por exemplo — que o produto anunciado se propunha a curar.

Muitos americanos que desde o início experimentaram o aprendizado acelerado erraram exatamente na escolha de sua música. Achavam que era apenas um fundo musical, como em um consultório de dentista. E fizeram uma miscelânea de música caipira, música folclórica, clássicos populares, ou trechos errados de música barroca. Em conseqüência disto, os resultados ficaram muito aquém do esperado. Apenas o som muito específico, o ritmo e os padrões harmônicos desta música em particular induzem ao alerta descontraído.

A musicoterapia, a pesquisa em físico-acústica e a utilização industrial da música — todos estes setores exploram os efeitos da música sobre os seres humanos. Já existe no mercado música para induzir ao relaxamento — por exemplo, a Spectrum Suite de Steven Halpern (embora não tenha a batida adequada para o aprendizado). Um

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psicólogo e diretor do Instituto de Pesquisa Spectrum utilizou a fotografia de Kirlian para medir os efeitos da música sobre o corpo. Esta fotografia mostra a aura de energia em torno dos seres vivos. Tentamos o mesmo há poucos anos atrás. Tiramos uma foto de Kirlian do dedo de Lynn antes e durante o Terceiro Concerto de Brandenburgo. Na foto de "antes", a aura de luz em volta do dedo linha uma aparência difusa, nebulosa. Enquanto a música tocava, a aura passou a ter uma estrutura "clássica", altamente definida, com luz estriada e pontilhada.

Usar a música para induzir a estados alterados de consciência tornou-se uma das mais significativas tendências musicais da década de 70, segundo Robert Palmer do The New York Times. Conjuntos de discoteca, músicos de jazz, grupos de música eletrônica "começam a explorar as possibilidades da repetição rítmica e modal, que buscam, por meio do controle absoluto de meios musicais limitados, induzir o relaxamento, a contemplação, euforia e outros estados psicológicos, ao invés de simplesmente servir de trilha sonora para estados quimicamente induzidos".

Os shamans da Ásia Central, os músicos Jajouka do norte do Marrocos, e certos músicos indianos e orientais, todos conhecem métodos musicais para mobilizar estados alterados que levem a fenômenos como o transe, o controle da dor, a capacidade de caminhar sobre brasas sem queimar-se. No Terceiro Mundo, diz Palmer, este tipo de música era o mais antigo caminho não-químico para o satori, ou iluminação.

A atual pesquisa de laboratório demonstra que certas batidas de tambor atuam como um tipo de marcapasso, regulando os ritmos das ondas cerebrais e da respiração, que conduz a alterações bioquímicas que produzem estados alterados de consciência. Se você ouvir um tocador diferente de tambor, verá um mundo diferente.

A proposição de que vários tipos de música têm efeitos bastante diferentes, alguns de ajuda e harmonização, outros não, vai de encontro às teorias da ioga sobre música. I. K. Taimni, em The Science of Yoga, diz que existe uma relação fundamental entre vibração e consciência, relação esta encontrada em todas as oitavas.

Já que cada nível de consciência tem a si associada uma vibração especifica, segundo a teoria da ioga, estados especiais de consciência podem, portanto, serem trazidos à tona, colocando-se vibrações sonoras em sintonia com o estado mental desejado. Este é o princípio da meditação em mantra — meditação com som — ou sintonização. Mas música que afeta a mente não é estrada de mão única, diz Taimni. Quando você muda seu estado mental, você altera as vibrações que estão sendo emitidas, e estas vibrações mudadas, por sua vez, podem afetar tudo que nos rodeia, de plantas a pessoas.

Capítulo 5

O que Falta Para Descomplicar

Além do que já está compreendido até agora pela nossa ciência, temos motivos para crer que mais outros elementos estejam envolvidos na amplificação da memória e expansão do aprendizado. Esses devem ser os poderes básicos, pois parecem conter os

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indícios para abrir as supercapacidades em geral. Por exemplo, existe algo sobre a maneira de respirar que Lozanov e seus colegas não mencionam. Este algo está no próprio núcleo dos exercícios tradicionais de respiração da ioga. A principal razão para se respirar em ritmo, dizem, é porque este fornece um maior suprimento de uma energia muito especial. Eis uma das armadilhas. A ciência ocidental não reconhece tal energia. Ainda assim, a idéia de energia é um dos fundamentos dos sistemas de onde se origina parte do superaprendizado. Seja uma metáfora, ou mais do que isto, dar um balanço na idéia pode nos levar a alguma conclusão.

Energia de Gênio?

Muitos filósofos orientais garantem que vivemos em um mar vívido, vital de energia. Os iogues o chamam prana. A acupuntura reconhece esta mesma energia e a chama Ki. Tal energia se encontra na atmosfera e também circula por entre determinados caminhos do corpo, segundo a medicina chinesa. Da mesma forma como transformamos a comida que çomemos pura nosso próprio uso, assim também transformamos o prana para nos mantermos e desenvolvermos. A respiração regulada nos possibilita extrair do ar um maior suprimento de prana. O corpo acumula prana como uma bateria acumula eletricidade. Esta energia, dizem os iogues, dá ao corpo vitalidade e nutre a consciência. O prana absorvido pelo cérebro é responsável pelo desdobramento das capacidades mentais e dos poderes psíquicos. Como o oxigênio, o prana é considerado como sendo o que nos mantém ativos, estejamos ou não conscientes disto. Quando nos tornamos realmente conscientes, e aprendemos a dirigir esta energia, disparam-se os foguetes.

O filósofo Gopi Krishna inspirou a criação de centros na Europa e nos Estados Unidos para explorar esta energia e sua forma exacerbada, kundalini. Eis, diz ele, o "segredo" existente por trás da ioga e todas as outras disciplinas espiritualistas e as psicologias esotéricas. Eis a chave da genialidade, do talento artístico, da criatividade científica e intelectual, dos poderes psíquicos e da extrema longevidade com boa saúde.

Esta corrente "prânica" é considerada como sendo afetada por emoções, alimentos, bebidas, sons, música. Existe mesmo essa energia que pode nos ajudar a sermos mais inteligentes, talentosos e saudáveis?

Uma energia vital, penetrante, chamem-na prana ou qualquer outro nome, tem sido descoberta e redescoberta durante toda a história do Ocidente. Ela aparece sob as mais diversas denominações, como "força ódica", "força X", "energia orgônica", ou-"força eté- rica". Hoje em dia, cientistas de muitos países encaram de uma nova maneira este conceito que nunca chegou a sair de circulação.

"A descoberta da energia associada aos acontecimentos psíquicos será tão importante, se não mais importante, que a descoberta da energia atômica", disse o Dr. L. L. Vasiliev, fundador da parapsicologia soviética. A descoberta de "outra" energia transformou-se no objetivo principal da pesquisa psicológica soviética em andamento. Em 1968, cientistas soviéticos anunciaram a descoberta de um novo sistema de energia no corpo. Mostraram belas fotos de luzes faiscantes, bolas de fogo em miniatura e correntes de energia movimentando-se pelo corpo e saltando a sua volta como uma au-rora boreal. Chamaram-na de energia bioplasma. Valendo-se da fotografia elétrica de alta-freqüência (a técnica de Kirlian), fotografaram esta energia movendo-se pelos caminhos descritos pela acupuntura oriental. Foi uma grande abertura. Os cientistas ocidentais sempre negaram a acupuntura por nunca terem podido encontrar qualquer energia, qualquer ponto, ou quaisquer caminhos no corpo. Usando os métodos ocidentais, os cientistas soviéticos provaram, para sua própria satisfação pelo menos, que existe um tipo de circulação de energia no corpo. E seguem os caminhos mostrados pela medicina chinesa há mais de 4.000 anos. A energia recém-bati- zada

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pelos soviéticos de bioplasma parecia ir de encontro ao Ki chinês e o prana indiano. Os soviéticos descobriram que esta energia é aumentada pela respiração e pode ser afetada por muitos fatores — magnetismo, manchas solares, luz, som.

No âmbito internacional, cientistas descobrem uma "outra" energia. Os pesquisadores tchecos rotularam-na de energia "psico- trônica". E anunciaram o desenvolvimento de mecanismos que a armazenam e utilizam. Dizem que esta energia tem algo a ver com as curas, com várias capacidades supranormais, e mesmo com a afi-nidade entre as pessoas. Na índia, no Instituto Indiano de Ciências Médicas, os pesquisadores desejavam descobrir se a energia postulada pela ioga podia realmente elevar o aprendizado e a percepção. Testaram pessoas e animais. Conseguiram até que os ratos fizessem exercícios de ioga — plantando bananeira em cilindros de vidro! Concluíram que os exercícios de energia da ioga de fato eliminavam a tensão e auxiliavam o aprendizado.

Cientistas coreanos que buscavam a prova da circulação de uma energia não-reconhecida pelo corpo injetaram fósforo radioativo em cobaias e acompanharam seu trajeto pflos caminhos supostamente inexistentes da acupuntura. Um cientista japonês bastante conhecido, o Dr. Hiroshi Motoyama, propôs-se a uma tarefa semelhante. Colocou tiras de cristais líquidos (encontrados no mercado como termômetros de papel) nos braços das cobaias. Aplicou calor a um ponto da acupuntura e observou o caminho da energia "se acender" pela alteração das cores dos cristais líquidos sensíveis ao calor.

Outros notáveis cientistas norte-americanos, que não se dedicaram a explorar os antigos conceitos da acupuntura e prana, também se dirigiram para a idéia de outras energias associadas com o corpo. A fisiologista Dra. Barbara Brown, pioneira do biojeedback, descobriu em seu trabalho que, assim como afirmavam os iogues, as pessoas podem aprender a controlar funções corporais involuntárias. Mas como age a mente, como controla o corpo? imaginou a Dra. Brown. "É possível que, qualquer que seja o mecanismo do biojeedback, seja sempre acompanhado por uma energia ainda não descrita?" pergunta ela em New Mind, New Body. " É de se esperar que novas e diferentes formas de energia corporal sejam descobertas."

O Dr. Harold Burr, de Yale, há muitas décadas, descobriu que todo ser vivo é circundado por uma rede energética — campos ele- trodinâmicos que ele conseguiu medir com um voltímetro. Esses "campos de vida", como ele os chamou, são o elo entre mente, corpo e cosmo, acreditava Burr. Ele e sua equipe mediram estados al- terados de consciência através desses campos. Prosseguindo na mesma direção, o Dr. Burr descobriu algo de muito importante para a compreensão da vida em geral, e agora, do superaprendizado em particular. Descobriu que as mudanças internas no corpo, mudan-ças nas ondas cerebrais ou nos batimentos do coração de alguém eram o resultado de mudanças naqueles campos energéticos, e não o contrário. Esses campos de vida, acreditava ele, são o meio pelo qual a mente afeta o corpo.

As provas se acumulam em diversas fontes, para chegar à existência de um intercâmbio de energia acontecendo dentro de nós, e entre nós e o meio-ambiente, que até então não foi reconhecida no Ocidente. Pelo que se sabe, esta demonstra forte semelhança com aquela energia brilhante, fundamental, sempre reconhecida pelo Oriente. O Pandit Gopi Krishna fala em nome de muitos filósofos orientais quando diz que tal energia está na base mesma da vida; é a força que alimenta o gênio e a atuação surpreendente. Você pode "recarregar" ou elevar esta energia por meio da respiração, do ritmo, do som; e todos concordam com isso. O superaprendizado utiliza a respiração, o ritmo e o som para deslanchar a supermemória e as capacidades supernormais. Se você tem aspirações a gênio, pode ser que lhe seja gratificante pesquisar todas as coisas que favorecem esta "outra" energia (campos de vibrações magnéticas, comida "viva", sons, luz) para ver se e como elas favorecem o aprendizado.

Como o físico F. Capra demonstra com tanta lucidez no seu Tao of Physics (Tao da Física), a física moderna e a filosofia oriental começam a concordar. As máximas do

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Oriente estão se tornando as proposições da física no Ocidente. Hoje em dia, já não causa estranheza encarar a ioga como ciência, algo que seus praticantes sempre sustentaram.

A Música Como Ponte Para a Consciência

Talvez ainda haja outro fato a ser desvendado além da razão para o tipo específico de música usado nas sessões de superaprendizado — determinada música de compositores barrocos. A idéia da música enquanto ponte para a lucidez interior remonta às fontes ocultas da própria música. Volta até a lenda de Orfeu, que usava a música para encantar criaturas vivas.

Quando os relatórios sobre os efeitos da música começaram a transpirar da Bulgária, começamos a imaginar coisas. Com poucos minutos de música barroca por dia, os alunos de Lozanov passavam a demonstrar não apenas uma consciência ampliada e melhor memória, como uma lista completa de benefícios para a saúde. Sentiam-se revigorados, cheios de energia, concentrados. Desapareciam a tensão e o stress. Sumiam dores de cabeça e outras. Os gráficos fisiológicos tão impessoais imprimiam as provas — diminuição da pressão sanguínea, diminuição da tensão muscular, lentidão do pulso. Trata-se apenas da batida desta música que acalma os ritmos do corpo/mente até níveis mais saudáveis, ou existe algo mais nesta música em particular que a faz parecer tão intensificadora da vida?

Enquanto a pesquisa sobre os benefícios da música barroca prosseguia na Bulgária e União Soviética, outro tipo de investigação sobre o mesmo tipo de música e seus efeitos se processava em outros países. Os cientistas de todo o mundo descobriam os efeitos benéficos de certos tipos de música sobre células vivas básicas — nas plantas.

Esta onda de descobertas se iniciou após uma pesquisadora da Califórnia, Dorothy Retallack, revelar seus muitos anos de trabalho com as plantas. Plantas criadas eni estufas cientificamente controladas eram submetidas à audição de concertos dos mais diferentes tipos de música, do rock ao barroco. As plantas que cresceram em estufas onde se tocava música barroca de Bach e música indiana de Ravi Shankar desenvolveram-se rapidamente, viçosas e abundantes, com raízes profundas. Estas plantas se inclinavam para a fonte da música "como se quisessem cfíegar até o alto-falante". Algumas atingiram uma inclinação de 60 graus. As plantas da estufa onde se ouvia rock murchavam e morriam.

O que estava acontecendo? Os pesquisadores experimentaram outros tipo de música. As plantas não demonstraram nenhuma reação à música caipira. Ms. Retallack gostava pessoalmente da música de Debussy. As plantas não responderam com um melhor desenvolvimento, e se inclinaram na direção contrária à da música em cerca de 10 graus. O jazz produziu efeito melhor. As plantas se inclinavam na direção do alto-falante em cerca de 15 graus e cresciam com mais Vigor que nas estufas silenciosas.

No decorrer dos anos, à medida que se repetiam as mesmas experiências em universidades e centros de pesquisa, o mesmo fato se repetia — as plantas respondiam e cresciam com mais abundância, rapidez, e de maneira mais saudável quando em ambientes sonorizados com música clássica ou indiana, comparadas com outros tipos de música ou com os ambientes silenciosos.

"Se diferentes tipos de música podem produzir efeitos diferentes nas plantas, o que acontece com os seres humanos?", Ms. Retallack perguntou. Talvez os búlgaros lhe pudessem responder.

Qual o "ingrediente secreto" que esses antigos compositores clássicos acrescentavam a sua música para torná-la tão saudável a plantas e pessoas? Quais os instrumentos usados? A combinação de sons? Ou o quê?

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Um ligeiro mergulho nas fontes ocultas da música demonstra que esta arte já esteve ligada à medicina e à promoção dos chamados "feitos sobrenaturais". Dois livros dedicados à música são atribuídos a Hermes Trismegistus, do Antigo Egito. Eles estabelecem os princípios de uma filosofia relacionada com a música que foi trans-mitida durante séculos por grupos secretos e por corporações de músicos, pedreiros e arquitetos.

O essencial desta filosofia era que existe uma harmonia e uma correspondência entre todas as diferentes manifestações do universo — a elipse dos planetas, as marés na terra, o crescimento da vegetação, as vidas de animais e pessoas — tudo está relacionado. Tudo que existe no universo emana da mesma fonte, segundo a filosofia hermética e, portanto, as mesmas leis, princípios e características se aplicam a cada unidade — "Assim na terra como no céu".

Os antigos matemáticos observaram o universo, perceberam a proporção entre as diferentes órbitas planetárias, enumeraram as periodicidades rítmicas da natureza, calcularam as proporções do corpo humano. Juntaram tudo em uma "geometria sagrada" — um conjunto de razões e proporções matemáticas. Acreditavam que essas razões, se usadas no som da música e na arquitetura das edificações, estaria de acordo com as forças de vida do universo, intensificando portanto a vida.

Quando se toca uma nota em uma sala cheia de pianos, a mesma nota ressoa nos outros instrumentos, intensificando o poder de sua nota solitária para encher toda a sala. Da mesma forma, os antigos acreditavam que tocar certas harmonias e combinações de notas fazia ressoar outros elementos do universo sintonizados na mesma escala. Por meio desta ressonância poderíamos, conforme o nosso desejo, aumentar o poder de nossas próprias "notas solitárias". Poderíamos assim harmonizar e curar a nós mesmos, e "nos sintonizarmos" com as energias do planeta para expandirmos nossos po-, deres naturais. Tais energias do universo incluem também a idéia de prana, uma energia penetrante.

Tudo, em nosso universo, está em estado de vibração. A matéria é formada por certos tipos de ondas vibrantes. Existe algo em comum entre as vibrações áe uma nota musical, uma cor, uma substância qu;mica, ou a vibração dos elétrons no átomo. Cada um vibra em sua freqüência específica em determinada proporção. A abaixo de C médio vibra a 213 ciclos por segundo, relacionado com a cor vermelho-laranja e o metal cobre. B abaixo de C, a 240 ciclos por segundo, relacionado com o amarelo e o zinco. O especialista em química Dr. Donald Hatch Andrews, coloca que "... estamos descobrindo que o universo é composto não de matéria, mas de música".

Sua afirmação encontrou eco no escritor inglês Thomas Car- lyle, que disse: "Veja em profundidade e/ veja musicalmente; o núcleo da/ natureza é sempre música/ se se chegar até lá".

As antigas escolas de música acreditavam que a música era a ponte que ligava todas as coisas. Seguindo as idéias de Pitágoras, construíram o "cânone sagrado" destas harmonias específicas, dos intervalos e das proporções dentro de sua música — seriam os sons de ligação. Quando as pessoas ouvem os sons feitos sob determinadas proporções, os ritmos de suas células, corpos e mentes se sincronizam com os mesmos ritmos dos planetas e das plantas, da terra e do mar. A desarmonia e os padrões fora de sincronização na mente/corpo se dissolvem. Estes sons e ritmos particulares, acredi-tavam eles, intensificam a vida e a tornam mais saudável e abundante. A música seria a ponte para o cosmo, abrindo corpo e mente aos poderes mais elevados e ampliando a consciência. Através da música, microcosmo e macrocosmo entrariam em contato.

Os compositores barrocos estavam imbuídos destas idéias. Os músicos daquele tempo eram treinados para usar um determinado número e padrão de harmonia, contraponto, ritmo e tempo em sua música. Acreditava-se que esta música barroca "matemática" nos afetasse no sentido de ligar, harmonizar e sincronizar nossas mentes e corpos a padrões mais harmoniosos. Mas existirá algo mais além disso? Ao que

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parece, este tipo específico de música realmente produz um efeito positivo sobre plantas e pessoas. O que acontece com a matéria em si?

Atualmente, uma nova ciência, a cimática, desenvolvida pelo Dr. Hans Jenny, nos permite ver de fato os efeitos de diferentes sons e músicas sobre diversos tipos de matéria — limalha de metal, areia, líquidos, etc. Certos sons fazem com que a limalha de metal adquira padrões orgânicos como ouriços do mar ou torres em espiral das águas-vivas. As mantras (cânticos de meditação) apresentam padrões precisos, geometricamente balanceados.

Os Laboratórios Delawarr, na Inglaterra, analisaram os feixes de ondas produzidos por vários tipos de música tocada através de um solenóide, um magneto. E obtiveram vislumbres surpreendentes a partir da idéia de ressaltar os padrões clássicos. Quando o feixe de ondas do acorde final do Messias, de Händel, foi passado para o gráfico e depois sobreposto, formou uma estrela perfeita de cinco pontas.

Exatamente por que e como este tipo especial de música barroca ajuda a desenvolver a supermemória nas pessoas e intensifica a saúde de seres humanos e plantas? Outras energias e campos magnéticos também desempenham algum papel? Lozanov crê que todos os elementos da estética estejam relacionados. Ao explorarmos a supermemória, o enigma nos leva a nos aprofundarmos no que há de misterioso nos números e na música.

Segundo o famoso compositor e maestro Alan Hovhaness, "quando a música era melodia e ritmo, quando cada combinação melódica era uma dádiva dos deuses, cada combinação rítmica, uma prece para se penetrar nos poderes da natureza, então a música era um dos mistérios dos elementos, dos sistemas planetários, dos mundos visíveis e invisíveis".

Holografia e Supermemória

Como funciona a supermemória? Alguns dos elementos que disparam esta capacidade já são conhecidos. Outros possíveis elementos bem menos superficiais estão sendo explorados. Por hora, sabe-se o suficiente para começar a abrir e utilizar este potencial. Mas como funciona a supermemória? Simplesmente porque ninguém sabe ainda com exatidão como funciona a própria memória, o histórico completo da supermemória permanece uma incógnita. As experiências mais recentes para desvendar os mistérios da lembrança têm-se em geral voltado para um novo modelo de memória e cérebro — o modelo holográfico.

O uso mais comum da holografia é a fotografia em três dimensões. Caminhando pelo Museu Holográfico de Nova York, você vai ver a imagem de uma pequena bailarina ali, de pé. Você pode andar em volta dela, vê-la de perfil, ver suas costas com o cabelo penteado em coque, vê-la do outro lado. Ao contrário de um retrato comum, a bailarina inteira está ali. Parece real, a não ser pelo fato de você poder atravessá-la com o dedo. Não existe nada ali, a não ser duas fontes de luz que se cruzam, criando naquele ponto uma imagem, a da bailarina.

A holografia é um desenvolvimento científico contemporâneo que parece refletir de forma moderna uma idéia consagrada pelo tempo — tudo em um, um em tudo. Você pode cortar uma placa holográfica em pedaços mínimos. Todos eles conterão o quadro total.

O neurocientista de Stanford, Dr. Karl Pribram, vem provando há uma década que a estrutura do cérebro é holográfica. Assim como o holograma tem informação espalhada por toda a parte, o cérebro tem cada uma de suas memórias distribuídas por todo o sistema, sendo cada fragmento codificado para produzir a informação do todo.

Recentemente o Dr. Pribram, juntamente com o físico britânico Dr. David Bohm, anunciou uma nova teoria sobre como funcionamos nós e o universo. Assim foi relatado

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no BrainíMind Bulletin: "Nosso cérebro constrói realidade 'concreta' de forma matemática por meio da interpretação de freqüências de uma outra dimensão, no domínio da realidade primária significativa que transcende tempo e espaço. O cérebro é um holograma, interpretando um universo ho- logrãfico."

A holografia funciona de maneira global, no todo, não em partes ou em progressões passo a passo. Relaciona-se com freqüências e fases, da mesma forma que as sincronias rítmicas da supermemó- ria. Em sua base, talvez o que acontece em programas globais como o superaprendizado, que lançam novas luzes sobre as capacidades da mente, talvez fiquem mais delineados à medida que os especialistas completem seu modelo holográfico de cérebro e memória.

Capítulo 6 A Personalidade

Desobstruída

A personalidade desobstruída — uma personalidade emergida das antigas limitações, usufruindo o livre fluxo de suas energias, uma personalidade capaz de desdobrar a si mesma à luz do sol — este é o objetivo geral do superaprendizado. Para atingi-lo precisamos abrir mão das* sugestões que nos impingiram uma imagem limitada de nós mesmos. O Dr. Lozanov acredita que a História e a sociedade constantemente lançam sugestões sobre a nossa capacidade, e estas sugestões subestimam de maneira radical o que podemos ser. A crença nos limites, diz ele, cria pessoas limitadas. Ou como diz a frase que apareceu há pouco nos Estados Unidos: "Você pode voar, mas o passarinho já nasce sabendo."

Muitas das cadeias que nos prendem são sugestões inconscientes. Desde o momento em que nascemos, começamos a recolher sugestões daqueles que nos cercam sobre como agir e como devemos ser. Se pretendemos voar, precisamos assumir o controle e nos darmos conta daquilo que nos influencia, para nos lançarmos ao que nos interessa e desprezarmos o resto.

De-sugestão é como Lozanov chama o processo de tentar suplantar suas idéias preconcebidas sobre a limitação de sua personalidade e sua capacidade. Ele observou três bloqueios psicológicos principais nas pessoas diante do aprendizado acelerado e da abertura das reservas da mente. Bloqueios Psicológicos ao Superaprendizado e Como Lidar com Eles

1 . O BLOQUEIO CRÍTICO/LÓGICO

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Com base na argumentação crítica, certas pessoas ficam céticas de imediato. "O superaprendizado é um embuste. Deve ser falta do que fazer. Só se mete nisso quem já acredita nessa tal de reserva da mente." Ou: "A História mostra que as capacidades das pessoas nunca mudaram."

Entra então a segunda parte da barreira lógica: "Deve funcionar com os outros, mas não ia dar certo comigo. Eu nunca na vida tive facilidade para aprender, como é que iria conseguir agora?" Ou: "Eu sempre aprendi muito depressa, então o que é que eu ganho com isso?"

Todos têm uma norma de apjendizado sugerida pela sociedade ou pela experiência. Autoridades das mais proeminentes no mundo de hoje mudaram seus pontos de vista sobre as normas que as pessoas trazem consigo. Concluíram que utilizamos no máximo 10% de nossas mentes; os outros 90% estão esperando para serem aproveitados.

O Dr. Frederic Tilney, um dos primeiros especialistas franceses em questões de cérebro, acredita que "conseguiremos, pelo comando consciente, desenvolver centros cerebrais que nos permitirão utilizar poderes que agora não somos capazes sequer de imaginar".

O Dr. Jerome Bruner, da Harvard University: "Encontramo- nos agora no limiar do conhecimento do alcance da educabilidade do homem — da perfectibilidade do homem. Nunca nos dirigimos antes para este tipo de problema."

Jack Schwarz, especialista em psicofísica: "Acumulamos e escondemos um potencial tão grande que beira o inimaginável."

Milhares de pessoas demonstraram com sucesso reservas notáveis de memória. Para satisfazer seu espírito crítico quanto aos benefícios pessoais do superaprendizado, o melhor é experimentar. Membros de comissões da Bulgária, antes céticos, descobriram que a sugestopedia funcionava com eles. Tente uma sessão, como expe-riência, fazendo testes antes e depois, para ver se começa a aprender com mais facilidade e melhores resultados. 2. O BLOQUEIO INTUITIVO/EMOCIONAL

A partir de experiências anteriores, principalmente fracassos repetidos, a pessoa pode ter aceito emocionalmente uma avaliação inferior de sua capacidade de aprender, e passa a não ter confiança em si mesma. Com o passar dos anos, os comentários dos pais, irmãos, professores, amigos e diversas autoridades podem ater uma pessoa à idéia de que não consegue fazer as coisas direito, ou que sua capacidade só se presta para determinadas tarefas. Na primeira infância, por exemplo, um dos pais pode ter dito repetidas vezes: "Você não tem mesmo jeito para matemática." Esta sugestão negativa pode ter sido aceita como um valor, por uma criança acrítica, que passa a provar a veracidade da afirmativa. Daí em diante, a matemática será sempre um bicho de sete cabeças. Notas baixas, maus testes de seleção para um emprego, aparente incapacidade de manter o mesmo nível intelectual dos amigos — inúmeros fatores podem reforçar a sensação de insegurança de uma pessoa sobre sua capacidade de aprender. E, por certo, esta crença tão arraigada reduz as oportunidades futuras de aprendizado.

Às vezes, a alta de confiança vem de circunstâncias externas: "Estive longo tempo afastado dos estudos. Nunca conseguirei voltar a aprender."

Mesmo para as pessoas que parecem ter facilidade para aprender, existem certas matérias que lhes causam particular ansiedade.

O sistema de superaprendizado tem em seu contexto elementos para ajudá-lo a combater a preocupação, a tensão e a ansiedade. Quando a tensão deixar de existir, o aprendizado fica fácil, pois está livre de bloqueios. O sucesso se constrói sobre sucessos, e logo você começará a desenvolvei a confiança em sua capacidade de aprender. Os sistemas de superaprendizado também utilizam com regularidade a auto-afirmação como parte de seu treinamento. Afirmativas positivas auto-impostas, de

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maneira correta, também ajudam a dissolver os bloqueios e a falta de confiança (ver Capítulo 7).

3. O BLOQUEIO ÉTICO/MORAL

Muitas pessoas estão condicionadas a achar que o aprendizado implica muito trabalho, esforço e aborrecimento. "Não se consegue nada de graça", pensam. Muitos também crêem que aprender por meio do sofrimento, privação e cansaço é a melhor maneira de formar o caráter. Estão convencidos de que aprender sem fazer esforços extenuantes transforma o aluno em preguiçoso.

Na realidade, com o superaprendizado, longe de não se esforçar, você está sendo superdiligente. Você está fazendo o uso mais econômico das fontes de energia do seu corpo. O corpo retira o abastecimento diário dos nutrientes consumidos. Se boa parte da energia do corpo for dispersada com tensão, pressão e aborrecimento, resta pouca energia para ser aplicada ao aprendizado. Quando se aprende a tocar piano ou a nadar, os movimentos desnecessários vão sendo gradualmente suprimidos. Tocar ou nadar logo parece não conter esforço porque todo movimento é produtivo.

Portanto, a aparência de falta de esforço do superaprendizado vem do fato de todos os elementos serem produtivos, econômicos e eficientes. "O parto do conhecimento deve ser sem dor", diz o Dr. Lozanov.

O esforço aplicado é agradável, e por ser eficiente você aprende mais com a mesma quantidade de esforço utilizada no método antigo.

Segundo aqueles que usaram esta técnica na Universidade de Iowa, a melhor maneira de superar os três bloqueios mentais é lançar sobre eles uma enxurrada de novos conhecimentos — começar logo na primeira sessão com cem novas palavras ou frases, para que os resultados imediatos apareçam logo.

"As barreiras de-sugestivas simplesmente são varridas pela correnteza quando o aluno descobre na primeira sessão que está aprendendo mais do que nunca na vida", dizem os professores Schuster, Gritton e Benitez-Bordon. "Quando isto ocorre, produz-se um efeito de bola de neve: na primeira sessão, o aluno vai aprender com mais facilidade do que antes, mas ainda está longe da perfeição. Na segunda sessão, e nas seguintes, os alunos médios descobrem que podem aprender o material apresentado a uma retenção que beira os 100%. Ê o efeito de bola de neve atuando."

Trata-se, na verdade, de aprender a aprender. Os pesquisadores eslavos descobriram que a capacidade de aprender do aluno aumentava consideravelmente à medida que se aproximava o final do curso.

Elo Consciente-Inconsciente

Outro aspecto psicológico da sugestopedia se refere a um ponto particularmente fascinante dos sistemas de superaprendizado. Ao harmonizar estados alterados de consciência, ritmos de recitação, respiração e música, penetramos nas reservas da mente. Uma vez feita esta conexão, segue-se o alerta. A esfera de percepção consciente se amplia. "Por meio do alerta expandido, podemos controlar e selecionar as percepções que desejarmos", diz Lozanov. "Tor- namo-nos ai^o-desenvolvidos."

A sugestologia se propõe a criar um elo entre o consciente e o Inconsciente. Não é de surpreender que esta também seja a base da Raja Ioga, "a ciência de criar uma união ou elo entre a mente consciente e inconsciente, produzindo assim um terceiro estado que vem a ser o superconsciente". (Ver Psychosomatic Yoga, de John Mum- ford.)

"Quando dou uma palestra em um auditório", diz Lozanov, "não sei quantas lâmpadas há no teto. Mas se você me colocar sob hipnose e perguntar, eu saberei. Pelo

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fato de ter minha atenção focalizada em outra coisa, estes fatores periféricos estão além do limite da atenção consciente. Não obstante, estou continuamente recolhendo informações."

O superaprendizado utiliza, de maneira positiva, a informação periférica que estamos sempre recebendo. Também funciona no sentido de estabelecer um tráfego de mão-dupla na relação consciente- inconsciente, para que possamos reter o que percebemos.

Em uma sala de aula recolhemos uma grande quantidade de informação não-verbal do professor e dos que nos cercam. Por exemplo, o próprio livro de texto já fornece sugestões inconscientes. O professor pode dizer: "Estudem um capítulo do livro de francês para amanhã". Os alunos podem resmungar, mas a maioria vai obe-decer. Se ele dissesse: "Quero que estudem sete capítulos até amanhã", todos se revoltariam. O livro, com seus capítulos, já sugeriu um "limite razoável" para os alunos. Os textos da sugestologia são organizados para sugerir a expansão das capacidades. Outros fatores no ambiente e no comportamento do professor são conjugados para criar uma atmosfera positiva que facilite o aprendizado.

Existe ainda o dado específico de que você pretende aprender. Também isto foi confeccionado para os dois níveis mentais, o consciente e o inconsciente simultaneamente. Por exemplo, os dados históricos seriam organizados para a mente consciente; os ritmos e entonações são organizados para prender a atenção da mente in-consciente.

"Ao colocar lado a lado os estímulos conscientes e inconscientes, estimulamos a personalidade de maneira global", diz Lozanov, "... a personalidade completa como um todo. . . cérebro esquerdo e direito simultaneamente".

Na conferência de Iowa de 1977, despontou o tema da lavagem cerebral. Na opinião do Dr. Lozanov, a sugestopedia é um meio de contra-atacar a lavagem cerebral e várias técnicas subliminares usadas nos Estados Unidos para nos influenciar, principalmente pela propaganda. O aprendizado acelerado amplia a esfera de consciên-cia. "Coloca as percepções subconscientes em comunicação com a mente consciente", diz ele. As pessoas ficam mais alertas às influências dissimuladas que lhes são lançadas.

Os alunos búlgaros testados após os cursos de aprendizado acelerado demonstraram ter-se tornado menos sugestionáveis. Aumentou a atividade intelectual e a cada novo curso que faziam os testes demonstravam que estavam firmemente menos influenciáveis e menos propensos a serem envolvidos em declarações facciosas.

"Quando alguém pretende influenciar-nos subliminarmente", diz Lozanov, "procura fazê-lo sem nosso conhecimento, sem nossa concordância, sem nosso consentimento em sermos influenciados."

Como ressalta Wilson Key em Subliminal Seduction (Sedução Subliminar), uma exposição sobre como os mídia manipulam as mentes para obter lucro, "qualquer coisa conscientemente percebida pode ser avaliada, criticada, discutida, discordada e possivelmente rejeitada, enquanto que a informação percebida pelo inconsciente não encontra resistência ou julgamento por parte do intelecto".

Key revela algumas das armadilhas subliminares incrustadas na propaganda para nos dirigir inconscientemente aos produtos anunciados: orifícios em cubos de gelo nos anúncios de bebidas; palavras obscenas em anúncios de brinquedos para crianças; exemplos de sexo em obras de arte; ordens subaudíveis em anúncios de TV dizendo "Compre, Compre". Seria interessante saber se, após experimentar o superaprendizado, as pessoas poderiam detectar as mensagens subliminares existentes nos anúncios a que são submetidas.

Lozanov também garante que a tentativa de impingir informações, por seu sistema, em pessoas contra a própria vontade faz com que ele não funcione. Os alunos estão em pleno alerta durante todo o curso; percebem até alterações de última hora no conteúdo do curso e na maneira de apresentar o material. Se assim não fosse, não

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poderiam aprender línguas. As percepções inconscientes tornam-se conscientes, de modo que o intelecto crítico esteja operando constantemente.

Por certo, para os autodidatas, este problema não existe, pois eles detêm o controle total de cada item utilizado.

Alegria de Aprender

"A vida deveria ser uma corrente de felicidade que nunca se extingue", disse uma vez Lozanov. "(Apesar disso) as vidas de muitas pessoas são cheias de medos. .. o medo cria tensões e envenena a atmosfera da vida de alguém." Lozanov também costuma ressal- tar que "muitos de nós somos vítimas dos métodos de educação". Foi, na esperança de aliviar os males da didatogenia que Lo- zanov se lançou no campo da educação.

A alegria de aprender é outro princípio básico do superapren- dizado. Talvez esta sensação de jovialidade seja mais uma nonna por nós esquecida. As crianças bem pequenas têm uma alegria natural; se não a tivessem, jamais aprenderiam a andar, falar ou comer sozinhas. Mas logo são engolfadas- no que Alan Watts chamou de "conspiração contra o conhecimento de si próprio". Ou como Wordsworth colocou, na linguagem do século XIX: "As sombras da prisão começaram a baixar sobre o garoto que crescia. .."

O objetivo dos sistemas de superaprendizado é o parto sem dor do conhecimento, livre de tensão, preocupação e aborrecimento. Você fica sabendo que forçar demais só vai inibir a capacidade. Já que o superaprendizado está livre de tensão, o aprendizado é um prazer genuíno, não um problema. "Alunos de nossas primeiras turmas voltam com regularidade ao Instituto para dizer que aquela foi a época mais feliz de suas vidas", diz Lozanov. Talvez possa ser uma abordagem que dure a vida inteira. Nas sóbrias estatísticas baseadas nos relatórios de sugestopedia em muitos países, as palavras "alegria", "libertação", "livre de empecilhos" continuam a aparecer.

Capítulo 7

Como Superaprender

Se você pretende elevar seu OI potencial, sentindo-se bem enquanto o faz, saiba que há técnicas simples que podem ajudá-lo. Elas funcionaram com inúmeros outros, e vão funcionar com você. Não importa o que você queira aprender — desde tocar guitarra até a legislação imobiliária — você vai aprender melhor se souber relaxar e acentuar suas capacidades positivas. Todos os métodos de supe- raprendizado apresentados neste livro — mental, físico, intuitivo — usam estados alterados de consciência para minimizar o stress e ampliar a consciência. Como autor de Inner Tennis (Tênis Interior), Timòthy Gallwey assinala: "A realização é um subproduto natural e inevitável da conscientização".

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O mlnicurso de relaxamento que se segue ajudará você em qualquer programa de aprendizado. Os exerc'cios são de particular importância se você pretende reforçar sua memória e acelerar o aprendizado factual. Leva algum tempo, pelo menos uma semana, pára praticar e sentir-se à vontade com estes exercícios, antes de iniciar o seu programa de memória. Mas compensa com juros e correção monetária.

Para ficar em forma para a supermemória, os exercícios preliminares a serem praticados são:

1) Relaxamento (Exercício A ou B) com Afirmações 2) Acalmar a Mente 3) Lembrar a Alegria de Aprender 4) Respirar na Batida

Exercício de Relaxamento (A)

Leia as instruções até o fim durante alguns minutos e marque os pontos principais. Repita então silenciosamente as instruções para si mesmo ao fazer o exercício. Se desejar, grave as instruções e ouça enquanto se exercita ou peça a alguém para lê-las para você. Pratique com regularidade. Pode levar mais ou menos uma semana para você se familiarizar de verdade com estas técnicas até começar a usá-las nos programas de aprendizado. Aos poucos, perceberá que pode dominar o mecanismo mental e alcançar o estado de relaxamento sem ter de percorrer o processo passo a passo.

Os exercícios de relaxamento não apenas ajudam a libertar o corpo das tensões como são também o primeiro passo para estabelecer um elo de comunicação com a mente subconsciente. Uma vez estabelecido este elo de conscientização, você poderá eliminar a tensão sempre que desejar. E isto é uma vantagem em todas as situações da vida. Como disse um homem que finalmente se desvendou pela primeira vez em muitos anos: "Sinto-me como se tivesse voltado para a casa de mim mesmo". Embora os exercícios pareçam longos no papel, só levam poucos minutos na prática.

Esta técnica de relaxamento destina-se a eliminar a tensão muscular do corpo. As seqüências de distensão não devem ser efetuadas de maneira extenuante como se fossem exercícios físicos. Antes de começar, é de utilidade espreguiçar-se e girar com suavidade o pescoço para melhorar a circulação da cabeça. Deixe cair o queixo sobre o peito e role a cabeça dando uma volta completa para a esquerda e para a direita.

Escolha um lugar onde não seja interrompido. Sente-se em uma cadeira confortável ou, se preferir, deite-se em um sofá ou no chão. Desaperte qualquer peça de roupa que possa incomodar. Fique o mais confortável possível. Pense em seus ossos, seus músculos, e sinta o peso deles no chão. De olhos fechados, inspire profundamente. Expire. Ao expirar, sinta que a tensão começa a sair de dentro de você, e diga a si mesmo para descontrair-se. Inspire pela segunda vez, lenta e profundamente, e ao expirar sinta a tensão sendo levada para bem longe. Relaxe. Inspire pela terceira vez, ainda mais profundo. Expire. Imagine a tensão saindo de seus músculos. Diga a si próprio para relaxar.

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Agora, encolha seus dedos dos pés o mais que puder, Enrole-os o mais firme possível. Sustente esta sensação de tensão, firmeza nos dedos dos pés enquanto lentamente conta de um a cinco. Agora,

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relaxe os dedos dos pés. Relaxe-os completamente e sinta a diferença. Agora, retese seus dedos, seus pés e os músculos da parte baixa da

perna. Faça estes músculos ficarem bastante tensos, mas mantenha o resto do corpo relaxado. Sustente esta sensação de tensão até a contagem de um a cinco. Agora relaxe. Usufrua a sensação de estar liberado da tensão.

Agora retese os músculos da parte superior das pernas, ao mesmo tempo que os músculos dos dedos, dos pés e da parte de baixo das pernas. Faça estes músculos ficarem o mais tensos possível. Um pouco mais tensos. Sinta esta tensão com seu corpo e sua mente enquanto conta lentamente de um a cinco. Agora relaxe. Sinta os músculos se desdobrando e se soltando, desdobrando e soltando. Agora diga a estes músculos para relaxar ainda mais.

Agora retese as nádegas. Mantenha a tensão enquanto conta até cinco. Agora relaxe.

Retese os músculos da parte baixa das costas e do abdome. Repare como se sente com todo seu corpo forçado pela tensão. Retese esses músculos cada vez mais apertado, enquanto conta lentamente de um a cinco. Relaxe, desdobre, solte e relaxe. Deixe a tensão esvair-se por cada músculo. Solte todq seu peso. Diga a seu corpo para relaxar esses músculos um pouquinho mais. Repare com que se parece esta sensação de relaxamento.

Agora retese os músculos da parte superior do tronco. Encolha os ombros. Retese os músculos do peito e costas. Faça estes músculos ficarem cada vez mais tensos. Sinta esta tensão real durante a contagem até cinco... e relaxe. Inspire e sinta relaxarem todos esses músculos do peito e costas. Sinta todos esses músculos relaxando, se desdobrando, se soltando. Sinta toda a firmeza e tensão desaparecerem. Deixe os músculos relaxarem um pouco mais.

Agora retese seus braços e feche os punhos. Sinta a realidade desta tensão enquanto lentamente conta de um a cinco. Agora relaxe. Deixe os braços caídos. Usufrua o al'vio da tensão.

Em seguida, encolha todos os músculos do rosto. Encolha todo músculo da face que puder. Retese as mandíbulas. Cerre os dentes, firme o couro cabeludo, aperte os olhos. Mantenha durante a contagem de um a cinco, depois relaxe. Suavize os músculos da testa, relaxe o couro cabeludo, relaxe os olhos, relaxe a boca, língua e garganta. Elimine toda a força e tensão. Relaxe todos os seus músculos faciais. Sinta de verdade a diferença.

Retese agora todos os músculos do corpo inteiro. Comece com os dedos dos pés, suba para as pernas, o abdome e as costas, peito e ombros, braços e pulsos, pescoço e rosto. Fique o mais tenso que puder. Segure cada músculo do corpo inteiro. Mantenha a'tensão

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enquanto conta de um a cinco. Agora relaxe. Solte-se. Relaxe. Desdobre-se. Solte-se. Sinta a agradável sensação de relaxamento espalhar-se por todo seu corpo — uma sensação confortável, agradável de relaxamento. Observe o que é sentir-se totalmente relaxado. Com seu olho mental, verifique mentalmente seu corpo da cabeça aos pés. Se houver ainda algum músculo que não esteja relaxado, retese-o, mantenha, depois relaxe. Seu corpo está agora totalmente relaxado.

Deixe a agradável sensação de relaxamento fluir através de você dos pés à cabeça, ida e volta. Usufrua esta realidade. Repare na sensação de completo relaxamento. Ondas de relaxamento fluem livremente da cabeça aos pés, ida e volta. Aproveite este sentimento. Enquanto relaxa agora, você já pode fornecer a si próprio algumas afirmativas de aprendizado e memorização (ver mais adiante Afirmações de Aprendizado).

Agora diga a si mesmo que, depois de contar de um a cinco, você vai abrir os olhos. E quando o fizer, vai se sentir alerta, revigorado, cheio de energia, e livre da tensão. .. 1, 2, 3, 4, 5, abra os olhos.

Cada vez que praticar o relaxamento, vai ver que tudo fica mais fácil e rápido. Você vai descobrir que é capaz de, num instante, transportar-se a um estado de relaxamento, onde a tensão desapareceu. Quanto mais praticar, tanto mais fácil será relaxar. Poucos minutos de relaxamento ajudam a aliviar a tensão e a fadiga, a manter a mente alerta, ativa e com maior capacidade de concentração.

RELAXAMENTO — VERSÃO COMPACTA

Uma versão compacta do que foi dito pode ser feita retesando- se cada grupo de músculos mencionado, dos pés à cabeça, um por um, até que o corpo inteiro, dos pés à cabeça, esteja retesado. Mantenha a tensão por alguns segundos e depois deixe que uma onda de relaxamento percorra o corpo na ordem inversa, da cabeça aos pés. Dois ou três ciclos desta onda de tensão e relaxamento podem ser feitos a uma contagem lenta de um a 15.

Relaxamento Psicológico (B)

Muitas pessoas acham que é mais fácil relaxar por meio de imagens mentais que pela tensão e distensão física (relaxamento progressivo). Neste caso, o exercício que se segue pode ser usado em substituição ao outro. Leia-o todo para captar o sentido, e depois comece de memória ou com uma gravação.

Fique o mais confortável que puder. Sente-se em uma cadeira ou deite-se em um sofá ou no chão. Desaperte as roupas. Sinta-se muito confortável.

"Fecho meus olhos e respiro várias vezes, de maneira lenta, profunda, uniforme. Ao respirar fácil e profundamente, eu me projeto para o sétimo andar de um edifício. As paredes são pintadas de vermelho-vivo e quente. Caminho por este corredor vermelho até o final, quando chego no alto de uma escada rolante com um aviso: 'Desce.' É uma escada muito especial, prateada. É uma escada suave, sem ruídos, totalmente segura. Coloco o pé no primeiro degrau e sinto que começo a deslizar. Ponho as mãos nos corrimões e vou descendo sem ruído, lentamente. . . muito seguro... a salvo. Vou descendo neste percurso tão relaxante até o andar mais baixo, onde sei que posso estabelecer contatos. Continuo descendo, sentindo-me solto e relaxado... solto e relaxado.

"Respiro profundamente. Ao expirar, repito '7' diversas vezes. Visualizo um grande número 7 sobre o fundo vermelho-vivo das paredes do sétimo andar. A cor vermelha parece passar por mim flutuando, enquanto continuo minha descida

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relaxante. Cheguei agora ao sexto andar. Deixo a escadcf e vejo um 6 estampado na parede brilhante alaranjada do sexto andar. Cercado pelo brilho da cor laranja, caminho até o primeiro degrau de outra escada rolante que avisa: 'Desce.' Ponho o pé no primeiro degrau e outra vez desço suavemente.

"Inspiro profundamente e, enquanto expiro, repito '6' diversas vezes, e vejo com clareza as agradáveis paredes laranja à minha volta. Sinto-me desdobrar e relaxar enquanto desço com suavidade para um lugar ainda mais repousante e agradável. Cheguei agora ao quinto andar. Vejo o aviso do quinto andar e reparo as paredes de uma linda cor amarelo-ouro. Saio da escada e caminho pelo corredor amarelo até a próxima escada com o aviso: 'Desce.' Inspiro profundamente e, enquanto expiro, visualizo o número 5. Repito mentalmente '5' diversas vezes, e admiro a cor amarelo-ouro tão alegre e bonita. Chego à outra escada e continuo a deslizar para baixo. Sinto-me muito bem, muito à vontade, enquanto simplesmente me deixo levar e aprecio as cores. Vejo o aviso do quarto andar, e reparo que as paredes são em tom verde repousante, cor de grama. Saio da escada no quarto andar e caminho por este corredor tão claro, verde-esmeralda, até a próxima escada.

"Inspiro profundamente e, enquanto expiro, visualizo o número 4. Repito '4' mentalmente diversas vezes. Admiro o verde belo e claro ao meu redor, ao chegar ao primeiro degrau da outra escada,

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ô deslizo calmamente pelo verde maravilhoso para um lugar «ainda mais agradável e repousante. Chego ao terceiro andar e vejo que as paredes aqui são de um lindo tom de azul. Sinto-me dominado por este azul tão calmo, tranqüilo. Sinto-me cercado de azul. Faço uma pausa por alguns momentos no terceiro andar e visualizo uma cena suave e natural — o lugar preferido, onde eu me sinta o mais relaxado possível... um lago azul, ou um oceano azul de águas mansas, ou campos e montanhas debaixo de um céu muito azul. Sinto- me outra vez com a mesma impressão de harmonia, de profundo re-laxamento, que senti quando estive nesse lugar. Aprecio a cor azul flutuando à minha volta e tenho uma sensação muito agradável, muito repousante, muito relaxante.

"Inspiro profundamente e, enquanto expiro, visualizo o número 3. Repito mentalmente '3' diversas vezes. Atinjo o primeiro degrau da nova escada que 'Desce' e começo outra vez a deslizar para baixo, com suavidade e facilidade, para um lugar ainda mais agradável, relaxante, com uma cor suave e repousante.

"Vejo o aviso do segundo andar, e vejo que as paredes aqui são de um púrpura rico, vibrante. Saio da escada. Respiro profundamente e, enquanto expiro, visualizo o número 2. Repito mentalmente o '2' diversas vezes. Sinto este púrpura bonito ao meu redor e me sinto maravilhosamente bem e relaxado. Movimento-me em meio a essa cor vibrante até a próxima escada que 'Desce', deslizando pelo roxo profundo até uma região de cor ainda mais agradável e relaxante. Vejo o aviso: 'Primeiro Andar' e percebo que o andar em si é de um tom luminoso ultravioleta. A escada desliza para baixo com suavidade e me deixa no primeiro andar.

"Respiro profundamente e, enquanto expiro, visualizo o número 1, e repito '11 diversas vezes. Admiro a luminosa cor violeta que me cerca. Cheguei agora a um estado muito relaxado mesmo. Sinto-me muito descansado, saudável e relaxado. Estou agora no mais profundo de mim mesmo. Neste nível, posso facilmente entrar em contato com outras regiões de consciência de minha mente. Continuo descansando e admirando o relaxamento completo, continuo respirando profundamente. Durante mais ou menos um minuto, estou completamente relaxado." (Pausa.)

(Enquanto relaxa, o ideal é repetir para si mesmo algumas afirmativas positivas.)*

1 O treinamento autogènico é talvez o mais completo método para «<■ atingir o relaxamento.

Uma vez dominado, permite-lhe relaxar sempre que quiser, onde quer que esteja. Se estiver interessado, veja o Capítulo 11.

KM

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"Para sair deste nível interior profundo, eu conto de um a três. Quando chegar ao três, abro os olhos e me sinto alerta, centralizado, revigorado e livre de todas as tensões."

Afirmações de Aprendizado

Ao atingir o estado de relaxamento por meio de um dos dois métodos acima, logo antes de abrir os olhos, tente afirmar suas novas capacidades. As afirmações podem ser benéficas a qualquer hora, mas serão mais eficazes neste estado relaxado e sereno.

Escolha umas duas, entre as expressões que se seguem. Você também pode criar outras mais adequadas a sua sjtuação. Procure fazê-las curtas e rítmicas, use aliterações e rimas, se isto tiver significado para você. Repita silenciosamente suas afirmações para si mesmo, com ênfase, quatro a cinco vezes.

Eu posso fazer Agora estou atingindo meus objetivos Adoro aprender Para mim é fácil aprender e lembrar Minha mente atua com eficiência e eficácia Sou de uma calma extrema

Antes de uma prova:

Tenho a resposta certa à pergunta certa Eu me lembro de tudo que preciso saber Sou calmo e confiante ao extremo Minha memória está alerta, minha mente é poderosa

Visualizações Para Acalmar a Mente

O objetivo deste exercício é obter prática de visualização, ao mesmo tempo que acalma a mente. Paisagens naturais serenas e tranqüilas são de comprovada utilidade para afastar aborrecimentos e distrações. Você pode imaginar um caminho no parque ou no bosque, pode imaginar-se sentado junto a um lago, passeando na montanha, uma paisagem de neve, uma praia no verão, ou qualquer cenário que provoque em você uma sensação peculiar de caima. Certas pessoas imaginam obras de arte em um museu, neste exercício. Isto é só um exemplo. Exercícios adicionais de visualização estão jjo Capítulo de Exercícios. Relaxe da forma que preferir e depois:

Visualize você mesmo em uma linda praia. Sinta o calor do sol. Caminhe pela praia junto à beira da água. Sinta a areia quente sob seus pés e grãozinhos de areia entrando pelos seus dedos. Observe o azul do céu e o azul da água. Ao caminhar dentro da água, sinta as ondas quebrando suavemente em seus

quadris. Sinta a brisa leve que sopra, e sinta as preocupações suavemente se distanciando. Ao longe, ouça as gaivotas chamando umas às outras. Veja o reflexo do sol brilhando na água. Aprecie esta paisagem o máximo que puder. Quando estiver pronto para iniciar

uma sessão de superaprendizado, pare por alguns segundos e imagine-se a si mesmo

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neste lugar calmo, para suavizar a mente e liberá-lo de aborrecimentos, preocupações e pressões que o distraiam.

Nota: Para evitar a monotonia, os exercícios para acalmar a mente podem variar de um dia para o outro. AJém das técnicas adicionais para acalmar a mente, do Capítulo de Exercícios, o mesmo pode ser feito com discos que se encontram à venda nos Estados Unidos, como The Environment (O Ambiente) ou os discos para relaxamento da Spectrum Suite.

Lembrar a Alegria de Aprender

Ao estabelecer os elos entre o consciente e o inconsciente, você precisa ajudar suas mensagens mentais a serem emitidas para a mente interior, de modo que suas instruções atinjam o objetivo. Dizer apenas: "Eu aprendo facilmente. Eu me lembro com perfeição" não é o bastante para mobilizar sua memória à realização concreta disto. Ao se comunicar com a mente interior, o "correio" que ajuda a entregar a mensagem é a emoção.

Volte a uma época de sua vida em que você se sentiu muito bem com um sucesso no aprendizado. Lembre-se de alguma experiência em que você tirou real prazer do aprendizado ou que sua memória superou suas expectativas. Pode ser recente ou passada há muito tempo. Pode ser aquela sensação de vitória que você teve quando descobriu a palavra-chave para terminar um jogo de pala- vras-cruzadas. Ou a alegria de aprender alguma coisa nova em um filme ou programa de televisão, de descobrir algo fascinante em um livro, de decorar um papel. Ou pode ser uma experiência da infância — o dia em que aprendeu a andar de bicicleta; ou no tempo de colégio, quando ficou feliz por ter aprendido ou conseguido alguma coisa.

Volte a sentir a sensação dessa experiência bem-sucedida. Sinta nos detalhes esta agradável experiência de aprendizado, o mais completamente possível. Imagine-se a si mesmo naquela situação outra vez. Veja exatamente onde estava. Onde estavam os outros? O que sentiu em seu corpo? Detenha-se para se lembrar de como sua cabeça se sentia, como suas mãos de sentiam, como seu estômago se sentia. Relembre seus pensamentos e atitudes. Observe a sensação de coragem e orgulho diante do aprendizado. Sinta o prazer de saber que sua mente e memória estavam funcionando com facilidade. Apreenda esta sensação em particular e deixe que ela flua através de você enquanto relaxa em uma sessão de superapren- dizado.

Respirar no Compasso

O objetivo deste exercício é aprender a respirar com ritmo e, por meio do controle rítmico da respiração, diminuir os ritmos do corpo/mente.

Sente-se confortavelmente em uma cadeira ou deite-se na cama ou sofá. Coloque-se em estado de relaxamento. Esteja certo de que todas as partes de seu corpo estão relaxadas. Feche os olhos e inspire lenta e profundamente pelo nariz. Inspire todo o ar que conseguir conter sem desconforto. Tente inspirar só um pouquinho mais de ar. Agora expire lentamente. Sinta uma sensação profunda de relaxamento ao expirar. Quando achar que todo o ar já saiu de seus pulmões, procure forçar um pouco mais. Pratique essas respirações profundas por poucos momentos. Inspire todo o ar possível. Distenda o abdome. Lentamente expire. Comprima seu abdome. Respire profundamente outra vez, o máximo de ar possível. Mantenha e conte até 3, e expire muito lentamente. Relaxe. Procure inspirar de maneira semelhante, contínua.

Agora, tente estabelecer seu ritmo respiratório. Inspire e conte até 4, mantenha e conte até 4, expire e conte até 4, pausa e conte até 4.

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Inspire — 2, 3, 4; Mantenha — 2, 3, 4; Expire — 2, 3, 4; Pausa — 2, 3, 4.

Repita quatro cadências deste padrão rítmico. Relaxe. Desta vez, tente acalmar sua respiração cadenciada cada vez mais, usando uma

contagem de 8.

Inspire — 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8; Mantenha — 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8; Expire — 2, 3, 4, 5, 5, 6, 7, 8; Pausa — 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8.

Repita quatro vezes este padrão de respiração rítmica. Este exercício de controle da respiração pode ser feito diariamente. Atribui-se a

ele a capacidade de ressincronizar os processos do corpo/mente e acalmar os ritmos corpo/mente. Também a ele se atribui a capacidade de aumentar o fornecimento de prana, ou força de vida, no corpo.

Nota: Este exercício de respiração deve ser repetido várias vezes antes de uma sessão de superaprendizado para ajudar a diminuir os ritmos do corpo/mente até níveis de maior eficiência.

O Aprendizado na Sessão de Supermemória

Se você já executou os exercícios anteriores, sabe como se transportar ao estado harmonizado de corpo e mente que conduz ao aprendizado. Só há mais uma coisa que precisa saber antes de tentar a expansão da memória. Sincronizar a respiração com o material falado durante a sessão ajuda a desenvolver o controle da memória.

SINCRONIZAR A SUA RESPIRAÇÃO

Isto é muito fácil de fazer. Durante os quatro segundos em que o material é jalado, prenda a respiração. Durante a pausa de quatro segundos que se segue, expire e se prepare para prender a respiração novamente quando for dita a próxima frase. Não pre-

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cisa pensar nisso — lembre-se apenas; sempre prenda a respiração quando o material é dito enquanto conta até quatro.

expressão falada — 4 seg. la maison — a casa — la maison prenda a respiração 1, 2, 3, 4

expire 1, 2 / inspire 1, 2

Todo o material falado é cronometrado em ciclos de 8 segundos, e assim a sua respiração entrará naturalmente em um padrão rítmico de:

mantenha 4; expire 2; inspire 2. (Antes de sua primeira sessão de supermemória, é de utilidade praticar um

pouco este padrão rítmico de respiração, do começo ao fim. Prenda a respiração contando até 4; expire contando até 2; inspire contando até 2, e assim por diante.)

A SESSÃO DE MEMÓRIA

Antes de iniciar a sessão de supermemória, é importante tomar conhecimento do material que você deseja aprender e revê-lo da maneira mais vibrante possível. Você pode até tentar fazer um tipo de jogo, brincadeira ou diálogo. Para a sessão em si, você precisa apenas de um gravador (de rolo ou cassete), e/ou alguém para ler o material em voz alta para você.

As sessões de supermemória se dividem em duas partes. Em primeiro lugar, uma leitura silenciosa do material que está sendo recitado ao mesmo tempo para você. Na segunda parte, você fecha os olhos e ouve o mesmo material, recitado novamente, desta vez com música de fundo. (Para preparar um script da fita com o material que você pretende aprender, veja o Capítulo 8.)

Antes de iniciar a primeira parte, faça os exercícios de relaxamento. Demore nisso uns 5 minutos. Afirme seu poder de aprender. Por um momento, veja-se a si mesmo em qualquer paisagem preferida, ao ar livre, comece a se sentir melhor com aquela luz, aquela sensação agradável advinda do fato de você aprender alguma coisa com sucesso. Respire profundamente algumas vezes. Comece então a primeira parte. Ligue o gravador com a fita de supermemória ou peça a alguém para ler o material para você.

PRIMEIRA PARTE — SEM MÚSICA

Só há duas coisas que você precisa saber. Leia em silêncio o material enquanto uma voz o recita em ritmo. Em segundo lugar,

i»ocure respirar no ritmo do ciclo de oito batidas. Como você vai ÉSX a voz do professor faz uma pausa de quatro segundos, depois Aceita a informação durante os próximos quatro segundos, depois uma pausa de quatro segundos,

e assim por diante. Expire e jg^pire durante o silêncio. Prenda a respiração durante os quatro segundos em que o material é lançado. Isto é tudo que você tem a

lief- Digamos que leva 15 minutos para esgotar o material. Em 15 minutos, você

pode assimilar de 80 a 100 novos itens de informa- Çio. Muitas pessoas começam

com 40 a 50 coisas novas.

SEGUNDA PARTE — COM MÚSICA

Imediatamente após esgotar o material pela primeira vez, ponha de íado sua folha de referência, diminua a luz, recoste-se e feche os olhos. Ouça o mesmo material recitado outra vez, mas desta vez com música. Preste atenção ao que está sendo dito. Respire junto com a recitação — expirando e inspirando durante os silêncios, prendendo a respiração quando a informação for lançada. À medida que você se sentir mais à vontade com a técnica, procure visualizar o material para prender ainda mais a memória. Mas não force nem tente demais. Apenas ouça as palavras e respire, e reveja imagens do material.

MAIS TARDE

Muita gente se aplica pequenos testes após a sessão. Encare isto como um mecanismo de feedback, que o ajuda a acompanhar o curso. Se faltar alguma coisa, poderá ser acrescentada ao novo programa. Ê importante procurar usar o novo material aprendido sos próximos dias, para que ele se incorpore a você. Lembre-se que o superaprendizado tem um efeito de bola de neve. Não desista antes de tentar o sistema por vários dias pelo menos. O processo de aprender a aprender, como qualquer habilidade, tende a se aper- * feiçoar e a se tornar cada vez mais rápido e fácil. Você aprenderá mais na sétima sessão, por exemolo, que na primeira. E ainda, como descobriram as pessoas de Sófia a São Francisco, você geralmente não percebe que está aprendendo.

Uma vez que tenha aprendido a aprender, você com certeza vai descobrir que não precisa ouvir uma lição mais que umas poucas vezes.

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pausa — 4 seg.

■i

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Ao contrário de outras formas de aprendizado, o processo de superaprendizado é benéfico em si. Obtém-se benefícios para a saúde e alívio da tensão pelo fato de relaxar e ouvir a parte de música.

Certas pessoas que freqüentaram essas sessões de supermemória durante alguns meses ou um ano descobriram em si mesmas uma capacidade de memória quase fotográfica» de modo que lhes bastava dar uma olhada na página de um livro para decorar o que estava escrito.

*

Capítulo 8

Preparar seu

Próprio Programa

Da mesma forma que você pode preparar, com o material desejado, seu próprio programa para o aprender dormindo, pode fazer o mesmo para a sessão de supermemória. Basta apenas gravar a própria voz lendo o material com fundo musical nos intervalos exigidos. Da mesma maneira que você liga o gravador mais tarde, ná fase de adormecer antes do sono, você liga para si próprio sua fita de supermemória, mais tarde, quando estiver em estado de relaxamento mental, (Por certo, ler o material em voz alta para o gravador não faz parte da sessão de supermemória.)

Comp uma alternativa para a gravação, você pode trabalhar com um amigo ou parente. Após executar as técnicas de relaxamento mental para atingir um

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estado alterado (diminuir os ritmos corpo/mente), e depois de estar respirando com ritmo, seu amigo pode ler o material em voz alta com fundo musical nos intervalos exigidos.

Tudo o que tem a fazer para preparar seu próprio programa de supermemória é: gravar alguns minutos de música específica; gravar sua própria voz lendo a intervalos regulares, em marcha lenta, sobre a música.

O material que você escolher para decorar pode ser qualquer tipo de informação factual.

O primeiro a fazer é gravar um pouco de música, Certas pessoas acham que ouvir este tipo de música é uma experiência tão repousante que gostam de ouvi-la por si mesma, "É a sensação de sentar junto à lareira numa noite de inverno", disse uma pessoa. Como Fazer uma Fita com Música

Se estiver aprendendo sozinho, você precisa juntar de 15 a 20 minutos de "música para lembrar".

Uma vez feito isto, poderá usá-la sempre da mesma maneira para aprender qualquer tipo de material. Para fazer sua fita, escolha as músicas na lista que se segue, ou parecidas.

Cada seleção tem um tempo lento e repousante de cerca de 60 batidas por minuto, e é geralmente em compasso de 4/4 ou 3/4. Estas seleções são quase sempre breves, em média dois a quatro minutos, e você, portanto, precisará de seis ou sete. A mesma seleção curta poderá ser gravada mais de uma vez. Para que o seu concerto seja variado, escolha seleções que apresentem instrumentos diferentes (violino, cravo, flauta, bandolim, guitarra) e diferentes claves, maior e menor. Esta música lenta, imponente, é usada no su- peraprendizado para manter o estado de concentração relaxada. Para os dois últimos minutos de fita, acrescente uns dois minutos de música mais rápida, viva — movimentos em allegro — para auxiliar na transição de volta do estado de relaxamento. Você pode preferir fazer várias fitas de música para usar em dias diferentes. Grave em volume baixo para que a música não se sobreponha ao texto a ser lido sobre ela.

Para ajudar a marcar sua marcha de quatro segundos, você pode dar batidinhas com uma régua a cada quatro segundos enquanto grava.

(Para facilitar a parte da música, existe um tipo de fita especial para o superaprendizado, que pode ser adquirida, ao preço de 12 dólares. Os pedidos devem ser dirigidos à Superlearning Corp., Suite 4D, 17 Park Avenue, New York, N.Y. 10016. Para pedidos de fora dos Estados Unidos, enviar mais três dólares.)

LISTA DE MÚSICAS

Bach, /.S.

— Largo do Concerto em Sol Menor para Flauta e Cordas — Ária (ou Sarabanda) das Variações de Goldberg — Largo do Concerto em Fá Menor para Cravo

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— Largo do Solo de Cravo do Concerto em Sol Menor — Largo do Solo de Cravo do Concerto em Dó Maior — Largo do Solo de Cravo do Concerto em Fá Maior

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Corelli, A. __ Sarabanda (largo) do Concerto n? 7 em Ré Menor (violino,

violoncelo e cravo) __ prelúdio (largo) e Sarabanda (largo) do Concerto n? 8 em Mi Menor __ Prelúdio (largo) do Concerto n<? 9 em Lá Maior Sarabanda (largo) do Concerto n<? 10 em Fá Maior

Händel, G.F.

— Largo do Concerto n? 1 em Fá (metais) — Largo do Concerto n<? 3 em Ré (metais)

— Largo do Concerto n<? 1 em Si Bemol Maior op. 3 (sopro e cordas)

Telemann, G.

— Largo da Fantasia Dupla em Sol Maior para Cravo — Largo do Cor.certo em Sol Maior para Viola e Orquestra de Cordas

Vivaldi, A.

— Largo do "Inverno" de As Quatro Estações — Largo do Concerto em Ré Maior para Guitarra e Cordas — Largo do Concerto em Dó Maior para Bandolim, Cordas e Cravo — Largo do Concerto em Ré Menor para Viola D'Amore, Cordas e Cravo — Largo do Concerto em Fá Maior para Viola D'Amore, Dois Oboés, Fagote,

Duas Trompas e Baixo Floreado — Largo do Concerto para Flauta N? 4 em Sol Maior

Dicas sobre a Música

As pessoas perguntam muito sobre a música, e por isto procuraremos fornecer detalhes adicionais. As seleções musicais precisam ser tocadas por determinados intérpretes ou orquestras? Geralmente não. A execução da música pode ser feita por qualquer boa orquestra. Algumas lojas de música têm catálogos que relacionam, sob o nome do autor, suas diversas composições, as diferentes orquestras

1

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ou intérpretes que as gravaram, e para quais gravadoras. Podem ser utilizados concertos de vários compositores barrocos.

Ao escolher a gravação de determinado movimento lento, certifique-se apenas de que o compasso seja de 60 batidas por minuto. Quando um compositor escreve uma peça, ele indica a velocidade que deseja para cada movimento ou seguimento. Estas indicações de compasso são geralmente fornecidas em italiano. (Você vê com freqüência nos diferentes movimentos de um concerto.) Por exemplo, allegro indica um compasso de cerca de 120 a 168 batidas por minuto, andante entre 76 e 108, adagio de 66 a 76, larghetlo de 60 a 66, e largo de 40 a 60 batidas por minuto. Alguns intérpretes ou regentes podem estabelecer um compasso um pouco mais rápido ou lento que o indicado pelo compositor. Para conferir o compasso de uma gravação, para certificar-se de que tem cerca de 60 batidas por minuto, você pode usar um metrônomo ou um relógio com ponteiro de segundos.

Se você tocar algum instrumento, como piano, órgão, ou guitarra clássica, pode gravar você mesmo uma seleção adequada com o compasso de 60 batidas por minuto que se deseja.

A música pode ser substituída? Não. Não substitua o tipo de música. A escolha da música não tem nada a ver com o gosto pessoal em lermos de música. Não se trata de música de fundo, como nos consultórios. Esta música barroca em particular é como uma mantra, e é usada para induzir a um estado específico psicofísico de concentração relaxada.

Os pesquisadores da Alemanha Oriental em sugestopedia, na Universidade Karl Marx de Leipzig (que anunciaram sucessos extraordinários com o método) observaram os movimentos lentos da música instrumental barroca e concluíram que as cordas dão os melhores resultados. Música vocal ou canções foram eliminadas porque a letra competia com o texto a ser aprendido. Música com ritmo lento, constante, monótono (não o tipo cantarolado de boca fechada) e padrões harmônicos baseados em médias especificas também deram os melhores resultados.

Ainda se precisa fazer muita pesquisa fisiológica na América do Norte para acrescentar outros tipos de música conveniente, incluindo a música da Ásia, do Oriente, da Índia e do Oriente Médio. (A vilambita indiana, por exemplo, tem o ritmo exigido de 60 batidas por minuto). Os efeitos psicofísicos dos diferentes ritmos, prefixos ou sufixos musicais e estruturas harmônicas determinam a uti-lidade de uma composição para a concentração relaxada. Por enquanto, o melhor é utilizar a música que vem sendo testada até agora.

Na Bulgária, já foi composta música especial para preencher estas exigências, elaboradas especificamente para melhorar o aprendizado por este sistema. O mesmo poderia ser feito no Ocidente.

Em geral, ao escolher a música para usar no superaprendizado, procure o adagio, o larghetto ou largo nos concertos de compositores barrocos, e confira o ritmo de 60 batidas por minuto. Outras composições, ou seja, suítes ou variações, também podem ter o mesmo ritmo. O compasso deve ser 4/4 (quatro batidas por

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travessão) para combinar com a cadência do padrão de recitação e respiração. Desde que você sempre use um cronômetro para cadenciar a leitura em voz alta, o compasso de 3/4 também pode ser usado.

(Mais comumente, a música tem duas, três ou quatro batidas por travessão. O compasso é escrito como uma fração, ou seja 3/4, 4/4 ou 2/2. O número de cima dá o número de batidas por travessão. O algarismo de baixo mostra a duração do som da nota. Assim sendo, 4/4 quer dizer quatro batidas feitas de quatro semí- nimas; 3/4 significa três batidas de três semínímas, e 2/2 significa duas batidas de duas mínimas.)

Se você tiver alguma dúvida sobre as seleções ou sobre como identificar a faixa certa de um disco, consulte um professor de música. (Certas pessoas gravaram por engano movimentos rápidos dos concertos e se viram respirando, ofegantes, no triplo da velocidade.)

Para que Tipo de Matéria Usar a Supermemória

Você pode destacar o conteúdo factual de qualquer assunto. O superaprendizado tem maior utilidade no nível básico. Além do mais, pode ajudá-lo nos estudos de anatomia, geografia, história ou biologia, nos quais você precisa decorar palavras e nomes pouco comuns. Por certo, é perfeito para línguas.

O superaprendizado pode ajudá-lo em outras coisas além dos fatos acadêmicos. Pense em seu trabalho ou lazer. Você pode decorar listas de preços, manuais de funcionamento, códigos de classificação, termos técnicos, números de telefones de negócios. Se você gosta de pássaros, pode decorar seus nomes e descrições. Se pratica esporte, decore diferentes jogadas em situações específicas do jogo.

Você pode decorar que vitaminas servem para o que e onde se encontram. Ou memorizar discursos ou versículos da Bíblia. Ou pode tentar mapas astronômicos ou astrológicos. Se lhe agradam as curiosidades, já tem meio caminho andado. Comece com o Livro dos Recordes, e bata um recorde você mesmo. LEITURA £M VOZ ALTA

0 superaprendizado utiliza um ciclo de oito segundos para alternar os dados falados com os intervalos lentos.

Pense no ciclo de oito segundos como sendo dois travessões de quatro batidas ou duas estruturas de quatro segundos cada. Cada batida equivale a um segundo.

1 2 3 4 / 1 2 3 4

Você recita os trechos de informação dentro deste ciclo de oito segundos. Não precisa recitar no compasso das batidas da música ou metrônomo. Precisa apenas enquadrar o que você quer dizer dentro de um determinado espaço de tempo.

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Por exemplo, para facilitar, digamos que você pretende decorar a tabuada de multiplicação. Use um relógio ou, de preferência, um metrônomo, ou ainda qualquer coisa para marcar o tempo com ruído leve. As batidas, são dadas uma por segundo. Durante as quatro primeiras batidas do ciclo você fica em silêncio. Durante as próximas quatro batidas você fala os dados.

1 2 3 4 1 2 3 4

silêncio 2 x 2 = 4 silêncio 2 x 3 = 6 silêncio 2 x 4 = 8 silêncio 2 x 5 =10

Ou, por exemplo, para o vocabulário em francês:

1 2 3 4 1 2 3 4

silêncio coelho, íe lapin silêncio cama, le lit silêncio livro, le livre

Mais uma vez, você não recita no compasso das batidas, mas apenas procura colocar o que tem a dizer em um módulo de tempo de quatro segundos. Se tiver só umas poucas palavras a dizer, pode falar mais devagar. Quando houver mais material, fale mais depressa. Você vai descobrir que pode reunir muita informação em quatro se- gundos, sem precisar falar igual ao Pato Donald. Você pode se lem-brar do que fazem os conjuntos de rock antes de começar a tocar —. um, dois, três, quatro — e então começar a falar o que tem a dizer. Ou pode pensar naquelas gravações de recados telefônicos. Quando tocar o sinal (o clique) que inicia o segundo módulo do ciclo, você fala.

Um jeito antigo e simples de contar os segundos: "Uma batata, duas batatas, três batatas, quatro batatas", dá uma idéia de quantas palavras cabem nos seus quatro segundos. Se falar depressa, caberão mais palavras. (Ver exemplo no manual de línguas.)

ENTONAÇÃO

Os búlgaros descobriram que para manter a mente interessada convém variar o tom de voz ao repassar ciclo após ciclo de informação. Eles usam três tons de voz: voz normal falada, voz sussurrante, voz de comando alto. Estes três se repetem um depois do outro.

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Ou para o vocabulário em francês;

silêncio tramar, machiner normal silêncio loja, un magasin baixo silêncio comer, manger alto

Se usar a entonação, verifique seu material com antecedência, agrupando-o em conjuntos de três, de modo que você possa, com facilidade, ir do tom normal ao baixo e ao alto enquanto recita. (Não procure fazer com que o tom de voz tenha relação com o sentido das palavras. Esta não é a finalidade.) Certas pessoas obtive-ram bons resultados do superaprendizado sem usar a entonação. Mas lembre-se de que quanto mais componentes usar, maior o grau de aprendizagem.

Este é o ciclo básico do superaprendizado. Ê preciso um pouco de prática para recitar automaticamente no ciclo de oito batidas.

12 3 4 1 2 3 4 Tom de Voz

silêncio 2 X 6 = 12 normal

silêncio 2 X 7 = 14 baixo silêncio 2 X 8 = 16 alto silêncio 2 X 9 = 18 normal

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Mas, ainda desta vez, você descobrirá que sua percepção de tempo se adaptará com facilidade e naturalidade. Você logo estará recitando sem problemas dentro do tiquetaque do cronômetro. Nos cursos de superaprendizado, depois de habituados ao método, as pessoas aprendem de 50 a 150 novos itens de informação por sessão. Nesta média, uma pessoa pode aprender toda a tabuada de multipli-cação em uma ou duas sessões.

Você pode aprender material factual em qualquer nível de dificuldade, da mesma forma que pode aprender qualquer língua viva por este método. Por exemplo, pode ser que você queira aprender a tabela periódica de elementos. Você pode resumi-la para o superaprendizado fornecendo o número atômico, o nome e o símbolo.

1 2 3 4 1 2 3 4 Tom de Voz

silêncio um. , .hidrogênio. . .H normal silêncio dois. . .hélio. . .HE baixo silêncio três... lítio... LI alto silêncio quatro. . .berílio. . .BE normal silêncio cinco.. .boró. . .B baixo silêncio seis... carbônio... C alto

Se você for um maníaco de cinema e quiser decorar a lista de ganhadores do Oscar, o Melhor Ator, por exemplo, pode agrupar da seguinte maneira: ano, ator, filme em que atuou.

12 3 4 12 3 4 Tom de Voz

silêncio 70.. .John Wayne... normal

True Grit

silêncio 71.. .George C. Scott... baixo Patton

silêncio 72. .. Gene Hackman,, . alto French Connection

silêncio 73, . .Marlon Brando... normal Godfather

silêncio 74... Jack Lemmon... baixo Save the Tiger

silêncio 75.. .Art Carney. . . alto Harry and Tonto

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MATERIAL MAIS LONGO

Na Bulgária, quando se vai aprender um material mais longo, geralmente se usam as duas últimas batidas do primeiro módulo. O material principal a ser aprendido é mantido no segundo módulo. Você pode preferir esta divisão para aprender expressões estrangeiras. A expressão na sua l'ngua deve ser dita bem rápido, durante a terceira e quarta batidas do primeiro módulo.

12 3 4 silêncio silêncio

silêncio

Já estou com fome I 2' 3 4 Totn de Voz

Je regrette d'être normal en retard Quatre-vingt- lento dix-huit J'ai déjà faim! alto

Se você se interessa por história da arte, pode querer lembrar- se dos nomes

de escultores famosos e suas obras. Diga o nome do artista, o nome da obra, além de uma breve descrição.

Tom de Voz

silêncio Lorenzo Portais de bronze, normal

Ghiberti batistério em Florença silêncio Michelangelo Davi, nu de pé lento silêncio Benvenuto Perseu, segurando alto

Cellini cabeça decepada da Medusa

Os pesquisadores búlgaros descobriram que, no estudo de línguas, o vocabulário apresentado em orações curtas era aprendido com muito mais facilidade que em frases longas. Porém, no aprendizado de regras, principalmente de matemática, definições longas e proposições, é melhor não cortar o pensamento ou conceito em pequenos fragmentos. As pessoas decoravam definições longas com mais facilidade quando o pensamento compteto era apresentado em uma frase bastante longa, lido simplesmente sobre a música, ocupando quantas batidas fossem necessárias.

Desculpe por estar atrasado Noventa e oito

12 3 412 3 4

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O CICLO DE DOZE BATIDAS

Na América do Norte vem sendo usado também com sucesso o ciclo de 12 batidas. Trata-se apenas de três módulos de quatro segundos cada. Eventualmente, você pode querer experimentá-lo. Para ensinar ortografia e vocabulário, você pode organizar da seguinte maneira:

12 3 4

dislexia

ofensivo taxionomia

Ou ainda, muitos de nós gostaríamos de poder ler cardápios com pratos estrangeiros. Você pode agrupar a categoria geral do alimento, o nome do prato, e uma breve descrição. Por exemplo, um prato chinês: ,

1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4

frango e Moo Goo Guy Kew Bolas de frango legumes empanado

No entanto, se você parar para pensar, descobrirá que pode enquadrar quase tudo que quiser aprender no ciclo de oito. (Nota: Se utilizar o ciclo de 12 batidas, o padrão de respiração será: inspirar e contar até 4; manter e contar até 4; expirar e contar até 4.)

SE você SOUBER LER EM VOZ ALTA

Sabendo como recitar no ciclo de oito batidas, ler em voz alta será muito simples. Use um relógio ou coloque o metrônomo para funcionar, e comece a ler seus ciclos de informação. Use a entonação só se for possível. Faça de 10 a 15 minutos de material.

Pare, e eotão repita a mesma coisa, só que desta vez com a sua música barroca lenta tocando em volume baixo. Mantendo seu ciclo de oito segundos, leia apenas sobre a música. Se possível, procure começar a primeira batida de seu ciclo com a primeira batida da música — ou com uma batida musical acentuada. Não se preocupe

1 2 3 4 1 2 3 4

d-i-s-I-e-x-i-a dificuldade mental e (soletre a palavra) patológica de ler o-f-e-n-s-i-v-o agressivo, prejudicial t-a-x-i-o-n-o-m-i-a ciência da classificação

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demais com isso. Certifique-se apenas de ser ouvido claramente sobre a música. Se estiver aprendendo sozinho, grave sua informação em uma fita cassete de

30 minutos. Recite todo o material uma vez, depois recite-o novamente com música. Guarde a fita até que esteja pronto para passar ao estado de sonho, mentalmente relaxado, para começar a ouvi-la.

Se estiver aprendendo com outra pessoa e for a sua vez de ler o material em voz alta, simplesmente vá até o fim: (a) recitação, e (b) recitação com música.

O ciclo de 12 batidas é feito da mesma maneira, recitando- se uma vez sem e outra vez com música.

ORGANIZAÇÃO DO MATERIAL DO CURSO

Eis aqui uma seqüência de diversas orações estipuladas para o ciclo de oito segundos. Foram extraídas de um manual búlgaro de língua inglesa.

A. 2 B. 2 segundos segundos

Pausa Tradução búlgara

"There is a gramophone with records." "There are no chairs in the classroom, are there?" "No, there are only armchairs here." "Are there any desks?" "No, there is a square table." "There is a blackboard on the wall." normal, tom

profissional sussurro, tom conspiratório

alto, tom de comando normal

sussurro

alto

(Nota: O procedimento original na Bulgária era ler com entonação apenas o material a ser aprendido, e não a tradução.)

C. 4 segundos

Oração em inglês Entonação

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Em média, nove palavras no máximo bastam para completar o módulo de quatro segundos. Você pode desmembrar seu material em fragmentos de nove palavras ou menos. As pessoas acham que as listas de vocabulário são o que existe de mais fácil de se aprender pelo superaprendizado.

No ciclo de oito segundos, você pode percorrer 7,5 blocos de dados (orações ou palavras) por minuto. Cem palavras levam cerca de 30 minutos. O mais recomendado é uma sessão com cerca de 20 minutos.

Uma fita de música com 20 minutos (a duração mais utilizada) deve funcionar da seguinte maneira: quatro minutos de música introdutória treze minutos (100 ciclos de oito segundos) três minutos de música rápida para encerrar a sessão de concerto

Cinqüenta palavras de vocabulário podem ser repassadas em cerca de seis minutos e meio. Oitenta palavras levam cerca de 10 minutos.

Os livros de língua estrangeira, para turistas contêm material organizado em frases curtas e pode facilmente ser adaptado para o superaprendizado. Outro material adaptável sem. problemas é o preparado para outro sistema de aprendizado acelerado, o aprender dormindo.

Pontos a Explorar

Quando você começa a explorar o superaprendizado, muita coisa fascinante se esclarece sobre a maneira como atuam os diferentes elementos em conjunto para produzir a supermemória e favorecer a capacidade mental. Ao descobrir que efeito produz sobre você cada uma das diferentes variáveis, poderá sintonizá-las a suas necessidades individuais com vistas a um melhor desempenho, ao invés de se escravizar à repetição de todo um ritual.

Você pode descobrir, por exemplo, que um elemento específico, como os exercícios respiratórios que antecedem a sessão, aumentam em muito o seu desempenho; ou que prestando mais atenção ao relaxamento você obtém melhores resultados; ou que as afirmações para um melhor aprendizado o ajudam bastante. Tocar a música outra vez durante a aplicação do teste pode ajudar a lembrar.

Os pesquisadores de Iowa, Schuster e Benitez-Bordon, tentaram examinar separadamente os diferentes componentes para ver como atuam sobre a memória imediata e de longo prazo. Descobriram que as afirmaqôes para um melhor aprendizado dão 60% de ajuda ao desempenho. A respiração sincronizada com os dados em marcha lenta tidos sobre a música proporcionou um desempenho imediato de 78%. Nos grupos submetidos a todos os elementos dentro de um conjunto bem coordenado, o desempenho foi de 141%. Concluíram que os elementos interagem de maneira cumulativa.

Doug Shaffer descobriu eni suas pesquisas que a respiração sincronizada parecia ser a chave absoluta para a obtenção de melhores resultados. Ao mesmo

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tempo, pesquisadores da Geórgia notaram que muitas crianças pequenas não conseguiam assimilar totalmente o padrão de respiração, mas que uma boa resposta ao relaxamento poderia substituí-la.

Quanto mais elementos você puder usar, melhores os resultados. Ainda falta pesquisar muito mais para explorar os efeitos psico- físicos dos

vários componentes do sistema: diversos tipos de música; diferentes ciclos rítmicos para repetição verbal e respiração; diferentes prefixos e sufixos musicais; a relação da respiração rítmica com a memória, a oxigenação do cérebro e o aprendizado; e assim por diante.

Alguns poucos, no Ocidente, já exploraram os limites máximos do potencial do sistema para a supermemória — as possibilidades de realizar programas muito vastos em um só dia. Será que o sistema funcionaria em uma base de dois canais, por exemplo, com duas línguas ao mesmo tempo?

Em educação, até agora, nos Estados Unidos, o aprendizado acelerado tem sido usado principalmente em áreas de urgência — para ajudar as pessoas a atingir padrões básicos.

Falta ainda muito trabalho para saber qual o potencial completo do método. As crianças muito bem dotadas vêm sendo negligenciadas por nosso sistema. As vezes, por conta própria, elas tropeçam em meios para desenvolver a memória fotográfica ou a concentração, mas estas técnicas de "aprender a aprender" em geral não são coordenadas para render o máximo. Em algumas escolas experimentais da Bulgária, ao invés de fazer com que os alunos se adiantassem demais no programa normal, a educação foi ampliada de maneira a abarcar um grande número de assuntos diferentes — línguas a mais, outros interesses — uma abordagem mais renascentista, para balancear o conhecimento, e não a superespecialização.

£ óbvio que a sugestopedia consiste basicamente em um sistema auditivo e, portanto, não é indicado para pessoas com deficiên-

d't'vas Mas agora, na Bulgária, foi-lhe acrescentado um sis- CÍ3S ^sual Por exemplo, um seriado composto especialmente para ^^aprendizado acelerado, baseado em um conto de fadas de Grimm, está sendo apresentado na TV, e contém material de aritmética inserido no enredo, que aparece em pisca-pisca a um canto da tela.

À medida que mais pessoas explorarem o aprendizado acelerado, muitas coisas mais serão reveladas para aperfeiçoar nossos poderes naturais de aprendizado.

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Capítulo 9

Treinar as Crianças

Algumas sessões de supermemória podem transformar-se no meio mais prático para uma criança decorar seus exercícios e melhorar as notas. Se você não quiser experimentar o superaprendiza- do, pode ajudar bastante uma criança ensinando-lhe as técnicas básicas do superaprendizado: como relaxar corpo e mente e fazer afir-mações positivas; como visualizar e re-experimentar a sensação do aprendizado bem-sucedido. Estas habilidades vão durar pelo resto da vida e ajudar esta criança a dar o melhor de si em situações de aprendizado.

Os educadores da Secretaria Estadual de Educação da Geórgia, que obtiveram excelentes resultados usando os métodos de aprendizado acelerado para problemas de leitura, consideram hoje em dia que praticamente qualquer um pode aprender mais rápido se tiver algum tipo de treinamento em relaxamento. "O ensino de qualquer técnica de relaxamento deve ser encarado como parte normal e necessária da experiência educacional da criança..." garantem eles.

As vezes a criança tira notas baixas por causa da ansiedade diante das provas. A ansiedade mais o desejo de lembrar terminam por bloquear totalmente a memória durante o exame. Aprender a aprender pode diminuir este problema também.

A supermemória está relacionada com o aprendizado factual, e existem, é claro, objetivos muito mais amplos na educação que produzir armazéns de fatos. Entretanto, se uma criança puder reter o

com rapíciez e segurança, com uma confiança crescente em sua aciíisde de aprender, então mais tempo, em qualidade e quantidade, poderá ser dedicado a aprender a raciocinar, analisar, experimentar, sintetizar e criar.

Se você pretende experimentar as sessões de supermemória, talvez seu objetivo como explicador do dever de casa seja corrigir as falhas de memória com ortografia, aritmética, vocabulário de línguas e outras matérias escolares, ao invés de procurar ensinar um novo assunto. Para os pais ou professores interessados em

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processos aplicáveis em sala de aula para auxiliar a sessão de supermemória, ver o Apêndice.

Os norte-americanos que se utilizam dos sistemas de supermemória acham que as crianças parecem aprender muito mais rápido e obter maiores benefícios se forem bem treinados em relaxamento, respiração e visualização. Os exercícios preliminares para formar um superprofessor e, se desejado, para aplicar a supermemória, estão no Capítulo 7. Os exercícios especialmente organizados e explicados para crianças estão no Capítulo 19. Um dos autores, Nancy, que experimentou estes exercícios em crianças, descobriu que a maioria delas sente prazer em fazêrlos. O único exercício de aprendizado que às vezes é difícil para crianças pequenas é a respiração rítmica. Se você pretende promover sessões de supermemória, tente o máximo possível ensinar a seu filho a respirar de maneira adequada.

Para ensinar os exercícios gerais de aprendizado, faça com que as crianças se sentem em cadeiras confortáveis, ou se deitem cm camas, sofás ou no chão. Você pode dirigi-las até o final do exercício, se estiverem relaxadas. Ou pode gravar os programas para as próprias crianças ligarem o gravador. Faça os exercícios preliminares de aprendizagem com a criança uma semana antes de começar. Espere até sentir que a criança responde bem ao relaxamento e consegue um bom padrão de respiração para o aprendizado acelerado antes de tentar o reforço de memória.

Conquistar o Interesse

Para conquistar o interesse de uma criança para esta idéia de aprender de uma nova maneira, é importante criar uma atmosfera positiva, de expectativa, que seja diferente de sua sala de aula ou do local onde faz os exercícios de casa. Ela precisa sentir que está partindo para uma coisa diferente.

Forneça-lhe alguns elementos e conhecimentos sobre o supera- prendizado. Você deve lhe explicar que encontrou uma nova maneira de ensinar que torna possível acelerar o aprendizado, e fazê- lo mais fácil, melhor e mais agradável. Você descobriu que a capacidade de aprender das pessoas é muito maior do que se julga. £ só preciso saber como. Porque este método de superaprendizado faz você usar mais a mente, e!e dá melhores resultados com menos esforço.

Você pode dizer: "Essas técnicas são da era espacial, e você pode usá-las agora mesmo." Diga-lhe como a gente se sente bem aprendendo a relaxar, como é interessante ver filmes mentais e aprender a visualizar. £ o tipo de treinamento que os atletas das Olimpíadas e até os cosmonautas (ver Capítulo 10) fazem para o corpo e a mente. O aprendizado da era espacial não é aborrecido. Você aprende num instante porque fica sabendo que você é muito bom. Todo tipo de estudante pode tentar esse método. E eles têm as maiores surpresas, achando que é fácil aprender, não importa quanto já sabiam antes. Mesmo aqueles que não foram bem-sucedidos na primeira vez, conseguiram tentando de novo, e os resultados tendem a melhorar cada vez mais. Mesmo se você achar que já tentou tudo, não se preocupe. Muitos cientistas dizem que nós usamos 10% da capacidade do nosso cérebro. Esses novos

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métodos podem colocar em funcionamento as partes que você geralmente não utiliza. Descobrirá, que tem muito mais equipamento de aprendizado do que pensa.

Se seu aluno tiver alguma dúvida ou receio, reveja os bloqueios psicológicos básicos do Capítulo 6. O objetivo da introdução é: (a) de-sugesião da idéia de capacidade de aprendizagem limitada; (b) estimular o aluno; (c) elevar seu nível de expectativa.

Treinar o Dever de Casa

Antes de começar a sessão de supermemória em si, procure rever o dever de casa da maneira mais vivida possível. Tente fazer um jogo ou brincadeira. Existem muitos livros de ilustrações para pesquisas escolares e jogos pedagógicos nas casas de brinquedos. Ou faça com que aS crianças inventem um jogo que transforme o material a ser aprendido em algo mais alegre. Bingo e batalha naval podem ser usados para aprender cores ou números em língua estrangeira. Podem ser adaptados para ortografia também. Você pode fazer um baralho, ou usar cartas comuns para um jogo de aritméli-

despreze o valor das cartas e procure combinar os números com as respostas certas.

Outra técnica para prender a atençao que funciona muito bem é fazer as crianças representarem como se estivessem em um comercial de TV, e o dever de casa fosse um produto a ser anunciado.

Outra técnica usada com freqüência em uma situação de ensino típica de Lozanov é a dramatização... representar o papel de uma pessoa ligada ao assunto, qualquer que ele seja: um geólogo que pesquisa minerais, um piloto de aviação qUe calcula um plano de aterrissagem, um turista em um país estrangeiro pedindo um jantar.

Se você vai repassar um vocabulário, pode tentar, junto com a criança, imaginar imagens vívidas que possam ser associadas a cada palavra — quadros bem vivos que ela possa lembrar facilmente. Um modo simples é fazer uma lista de palavras, pronunciar cada uma, soletrá-la, tentar construir uma imagem ou idéia em torno dela, e usá-la em uma frase (veja, para mais dicas, os Exercícios).

Após rever o material do exercício de casa, comece a sessão de supermemória. Siga as instruções sobre como organizar e recitar o material, fornecidas no Capítulo 8. Durante a preliminar de relaxamento, forneça à criança muitas afirmativas sobre a facilidade do aprendizado. Comece então a ler o material em Voz alta a intervalos de marcha lenta. Recite as informações uma vez sem música, enquanto o aluno acompanha em leitura silenciosa. Em seguida, leia outra vez o mesmo material sobre a música gravada. Desta vez, o aluno se recosta, fecha os olhos e absorve a informação. No decorrer das duas leituras, o aluno deve procurar respirar adequadamente, ou seja, prender a respiração enquanto você fala e respirar nas pausas. Se estiver trabalhando com uma lista de palavras difíceis de soletrar, deve dispô-las da seguinte maneira:

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Soletre a palavra, pronuncie a palavra, pausa; soletre a palavra, pronuncie a palavra, pausa; e assim por diante. Cinqüenta palavras levarão cerca de 30 minutos para serem lidas duas vezes, uma vez sem música e outra vez com.

12 3 4 12 3 4 To.n de Voz

silêncio a-c-e-i-t-a-r aceitar normal

silêncio s-o-b-r-e-m-e-s-a sobremesa baixo silêncio e-l-e-g-í-v-e-l elegível alto silêncio í-g-n-e-o ígneo normal silêncio b-i-b-l-i-o-t-e-c-a biblioteca baixo silêncio r-e-c-e-b-e-r receber alto

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Listas de coisas para aprender, como ortografia, aritmética, vocabulário, nomes científicos, etc., são muito fáceis de ensinar. Mas você pode reforçar qualquer informação factual incluindo nela dados mais complexos, desde que divida o material em orações curtas. Por exemplo, se seu filho estiver aprendendo sobre os países do mundo, digamos, a Nigéria. Você pode desmembrar a informação como segue:

Tom de Voz

silêncio Nigéria, costa oeste da África normal silêncio Nigéria, república africana baixo silêncio População, 75 milhões alto silêncio Capital, Lagos normal silêncio Inglês, língua oficial baixo silêncio Principal exportação, petróleo alto

Depois de uma sessão, aplique um teste na criança e faça com que ela confira seus próprios resultados. As provas são apenas um feedback para ver como vai indo. Quando começar a ver seus progressos a cada dia que passa, as provas se transformam em algo muito esperado. Certas crianças acham que ajudava a lembrar se a música fosse tocada durante o teste.

Modelo de Sessão de Treinamento

O professor de Iowa, Charles Gritton, acompanhou dois alunos de oitava série, um menino e uma menina, que tinham problemas de aprendizado, segundo a opinião de seus próprios pais e professores. Não conseguiam operar com frações ou percentagens, não escreviam corretamente, não tinham o menor interesse pela escola. Trabalhando na sala de sua própria casa, Gritton passou algum tempo ensinando-as a relaxar e conversando sobre o novo sistema de aprendizado. Pediu-lhes que fizessem um pré-teste de ortografia e aritmética. Aceitaram o de ortografia. Ambos recusaram o de matemática.

Gritton começou com uma sessão de aprendizado rápido de 50 palavras soletradas a partir de uma lista que eles acharam difícil. Os dois corrigiram as próprias provas. E ficaram surpresos. No pré- teste, conseguiram fazer 20 e 30 pontos. Agora, cada um teve 90% de acertos. Logo as crianças "problemáticas", à medida que prosseguia o acompanhamento, passaram a dizer a Gritton: "É bom

12 3 412 3 4

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^ Í fárit Não tem nada de complicado." Acharam mais fá- aprender, e i^n. . . a música fosse tocada durante o teste, i^mhrar-se <io maieiío»

. . , , cu " f̂eSSOr reviu a matematica que eles antes simplesmente se haviam recusado a tentar. "Eles deslancharam", disse Gritton. "A aceitação de si mesmos estava a nível bem alto, e eles ficaram felizes e estimulados com o aprendizado. Conseguiram resolver todos os problemas sem dificuldades."

No dia seguinte, repassaram mais 50 palavras difíceis de escrever. A garota teve 100% de acertos na prova. O garoto ficou abismado de ver que acertara quase tudo. Sua auto-imagem como alguém incapaz de escrever corretamente estava tão fixada em sua mente que ele insistia em apagar palavras corretas para emendar errado.

Em outro dia, fizeram mais 50 palavras e mais regras de matemática. "É muito simples", diziam eles, e pediam a Gritton para continuar com as proporções e coisas mais difíceis. Eles se lembravam das regras de matemática, conta o professor, com "facilidade espantosa". Depois de quatro dias, a atitude deles para consigo mesmos se invertera totalmente. O próprio Gritton surpreendeu-se. Era uma de suas primeiras tentativas com o nosso sistema. "Esta abordagem", diz ele, "funcionou acima de qualquer expectativa que eu pudesse ter".

As notas do acompanhamento para os dois alunos foram as seguintes: Ortografia: pré-teste 30% e 20%. Primeira sessão: 90% e 90%. Segunda sessão: 100% e 60% (com o menino apagando as respostas corretas). Terceira sessão: 100% e 60% (apagando). Matemática: pré-teste 0 e 0. Primeira sessão: 90% e 90%. Segunda sessão: 100% e 90%. Terceira sessão: 80% e 90%.

Recapitulando para a Sessão de Supermemória

• Algum tempo antes, certifique-se de que a criança sabe relaxar c fazer os outros exercícios de aprendizado.

• Repasse o material da maneira mais viva possível. • Faça a criança relaxar, afirmar sua capacidade de aprender e

re-experimentar por um momento a sensação boa advinda do aprendizado bem feito.

• Leia o material todo, no ritmo adequado, enquanto a criança acompanha em leitura silenciosa.

• Leia o mesmo material outra vez, agora com música, enquanto a criança, olhos fechados e relaxada, apenas escuta.

• Aplique um teste e deixe a criança conferir os resultados.

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Depois de 1979

Outros Inovadores,

Sistemas Semelhantes

As técnicas de superaprendizado florescem agora em muitos países. Se nos voltarmos para as raízes deste recente desabrochar, vamos descobrir que não se reportam necessariamente à Bulgária ou ao bloco comunista. Quanto mais nos enfronhamos na situação, mais estranha parece — a não ser pelo fato de todos sabermos que chegou o tempo de florescer esta idéia.

Nas últimas décadas, pessoas de vários países, sem contato umas com as outras e, portanto, sem conhecimento do trabalho desenvolvido por cada uma, sentiram-se de repente inspiradas a explorar raízes idênticas — técnicas antigas da Índia e do Oriente destinadas ao aperfeiçoamento da capacidade física e mental — e após anos de pesquisa desenvolveram novas técnicas de aprendizado baseadas em princípios idênticos.

Um dos mais destacados sistemas de superaprendizado desenvolvidos no Ocidente é chamado sofrologia. Os cursos de aprendizado e memória por meio da sofrologia vêm sendo aplicados em escolas e universidades da Espanha há muitos anos.

L. Alfonso Caycedo, colombiano de nascimento e médico, criou a sofrologia e lançou-a quando era professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Madri. No início de sua carreira, ao se especializar em neuropsiquiatria, Caycedo ficou fascinado pela hipnose. Isto o levou a investigar novas e antigas técnicas que permitissem à pessoa modificar os estados de consciência, agindo assim sobre o corpo ou a mente. Como Lozanov, ficou profundamente interessado na Raja Ioga, a ciência da concentração, e foi à índia estudar alguns Raja iogues famosos. Esteve também no Japão pesquisando o Zen. No Tibete, o Dalai Lama autorizou-o a viver em um mosteiro para estudar certas técnicas budistas. Voltou à Espanha depois de dois anos de viagem imbuído da idéia de que o Ocidente ainda estava na idade da pedra no que se refere ao conhecimento da consciência humana.

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Decidiu abandonar toda a velha terminologia. As pessoas já tinham idéias preconcebidas a respeito dela. Cunharia uma expressão nova, derivada do grego: sofrologia, de sos, harmonia; e phren, conciência ou mente — o estudo da harmonia da consciência.

Como Lozanov, o Dr. Caycedo e sua equipe de especialistas em fisiologia efetuaram estudos de laboratório com todos os exercícios orientais que se propunham a provocar estados "diferentes" de consciência. Com seus pesquisadores, ele desmistificou e modernizou esses métodos, Eles extraíram a essência ativa de séculos de tradições arcaicas. Examinaram também as abordagens ocidentais de corpo/mente. Selecionaram então aquelas técnicas consideradas me-lhores, os métodos que auxiliavam uma pessoa saudável a aperfeiçoar seu desempenho mental e físico.

O Centro de Sofrologia foi fundado em Barcelona em 1960. Inicialmente, o Dr. Caycedo utilizou a sofrologia em vários campos da medicina (como Lozanov fizera com a sugestologia), inclusive gastroenterologia, psiquiatria e obstetrícia. A sofrologia é na verdade uma maneira de ensinar, diz ele. "Ensinamos as pessoas a respirar de maneira adequada, como anestesiarem a si mesmos e como relaxar. Reforçamos na pessoa sua capacidade de assumir e, portanto, sua capacidade de ter esperança."

Da medicina, a sofrologia passou para os esportes e a educação, de vez que, como Lozanov, Caycedo observou que as pessoas desenvolviam a hipermnesia, ou supermemória, por meio de certos métodos da Raja Ioga.

Em 1970, teve lugar o primeiro congresso de sofrologia em Barcelona, assistido por 1.400 especialistas de 42 países. O segundo congresso mundial ocorreu em 1975, com 1.500 delegados de 55 países. Também foram organizados congressos na França.

Aparentemente sem conhecerem o trabalho um do outro, Lozanov e Caycedo seguiram por caminhos paralelos, mais ou menos ao mesmo tempo, na exploração e desenvolvimento de sistemas derivados da ioga com nomes semelhantes. A sofrologia voltou-se para a medicina, os esportes, a educação; a sugestologia voltou-se para a medicina e educação, Os dois médicos trabalhavam em países go-vernados por ditaduras.

Quando entramos em contato com o Dr. Caycedo, descobrimos que o "departamento de coincidências" andou fazendo hora extra: o primeiro nome do Dr. L. A. Caycedo é Lozano.

Homem compacto, com uma calvície prematura aos 47 anos, obrigado a usar constantemente óculos escuros por uma deficiência visual, Caycedo é conhecido por sua dedicação à medicina e seu trabalho árduo e ininterrupto. Dezoito anos de pesquisa sobre super- memória e concentração elevada por meio da Raja Ioga e do Zen permitiram que Caycedo desenvolvesse tanto o Sistema de Memória por Sofrologia quanto o Sistema de Aprendizado por Sofrologia — com conjuntos de técnicas projetadas para crianças normais e crian- ças-problema" (as que não têm capacidade de aprendizado ou com dificuldade de coordenação).

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O Dr. Caycedo contou-nos que na há muitos anos, uns 30 ou 40 professores espanhóis, em centros como Madri, Barcelona, Valência, Gijon e Málaga, vêm utilizando regularmente o método de aprendizagem por sofrologia. Os alunos praticam exercícios específicos durante 15 minutos todas as manhãs antes do início das aulas, de maneira que estas técnicas do tipo "aprendendo a aprender" possam ser usadas no decorrer do dia para todas as matérias. Os professores assinalam excelentes resultados.

Caycedo recebeu honrarias de diversos países sul-americanos onde a sofrologia é empregada no aprendizado regular e também na recuperação de delinqüentes juvenis.

Mesmo na França a sofrologia está se disseminando, com professores no Lycée de Calais, Lycée Voltaire e na Escola de Jornalismo de Paris, que assinalam bons resultados em turmas de inglês e estenografia.

Para crianças retardadas e com dificuldades de aprendizagem, os resultados são animadores. Em Madri, o pediatra Dr. Mariano Espinosa utilizou o sistema de treinamento por sofrologia de Caycedo cm crianças-problema de toda Espanha, e da América do Norte e Sul. Os especialistas ficavam espantados com o que viam em seu instituto. Jovens retardados com falhas graves de coordenação motora conseguiam realizar os exercícios físicos de sofrologia com incrível habilidade; além disso, após vários meses de treinamento do corpo/mente como unidade, seus QIs se elevaram. O Dr. Espinosa foi agraciado com a medalha de ouro internacional da pediatria em 1974 por suas conquistas com a sofrologia.

O sistema de sofrologia como é aplicado ao treinamento esportivo, descrito no próximo capítulo, deu início a uma revolução nas performances atléticas da Europa.

Da mesma forma que a sugestologia de Lozanov, a sofrologia de Caycedo não se propõe apenas a ensinar, mas aos benefícios terapêuticos que a envolvem: aumento da autoconfiança, aumento da criatividade, aperfeiçoamento do desenvolvimento emocional e da auto-expressão, e liberação das idéias limitadas sobre a capacidade.

Diante de uma turma de aprendizado por sofrologia, vemos os alunos fazendo exercícios de visualização e relaxamento. Depois, enquanto os alunos permanecem em estado medidativo (chamado sofroliminar) e respiram segundo um padrão rítmico, o professor lê o texto com ritmo e entonações específicas.

O princípio básico dos dois sistemas é idêntico: criar um elo entre o consciente e o inconsciente. Este elo de comunicação permite o controle voluntário do corpo e da memória. Ajuda a desenvolver uma concentração elevada e alivia a tensão. Os dois sistemas utilizara um estado alterado de consciência para estabelecer este elo mente/corpo — um estado de concentração relaxada. Lozanov o chama de estado "pseudopassivo". Caycedo o chama de estado "so- frônico". O estado de aprendizado superior caracteriza-se não apenas pela diminuição dos ritmos corpo/mente, mas pela sincronização dos ritmos corpo/mente.

O sistema de Lozanov atinge este estado usando música com batida lenta para diminuir e sincronizar os ritmos corpo/mente, e fazendo com que o material do

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curso seja lido em ritmo sobre a música para estimular o cérebro esquerdo e o cérebro direito simultaneamente.

O sistema de Caycedo utiliza exercícios de visualização para desenvolver um estado de relaxamento com a diminuição dos ritmos do corpo/mente. Atinge a sincronização dos ritmos corpo/mente por meio de exercícios respiratórios específicos. O sistema de Caycedo também usa o som mas, em vez de uma orquestra — a voz humana. O cérebro direito e o cérebro esquerdo são estimulados de maneira global quando o material do curso é lido quase como se fosse cantado, com ritmo e entonação especiais. A esta técnica ele chama de terpnos logos e se reporta aos antigos gregos. Platão a descrevia como um tom de voz particular — um tom suave, calmo, monótono, melodioso como um cantochão. Isto, dizia ele, atua sobre mente/ corpo para produzir um estado de calma, tranqüilidade e suprema concentração. Muitas mães, instintivamente, usam esse tom suave de voz quando confortam um filho. A pesquisa fisiológica, como a do russo K. Platonov, confirma a opinião de que uma altura e tom de voz específicos podem ter efeito positivo bem definido sobre o corpo. Os professores de sofrologia recebem treinamento vocal como se fossem atores ou cantores.

O sistema de aprendizado de Caycedo como um todo utiliza seu próprio "método de relaxamento dinâmico" e uma grande variedade de exercícios físicos e mentais baseados na Raja Ioga e Zen para ajudar o relaxamento, reduzir a tensão e melhorar a visualização e concentração. De início, também Lozanov utilizou exercícios de relaxamento.

Finalmente, os dois médicos insistem em que o ambiente de aprendizagem, tanto físico quanto social, seja positivo, e que haja harmonia no que Caycedo chama de "aliança" entre professor e aluno.

Sistema de Memória por Sofrologia

O sistema de memória por sofrologia de Caycedo consiste em um curso de quatro dias. As técnicas são posteriormente praticadas pelos alunos em casa e propiciam a hipermemória. Os resultados demonstraram que os alunos obtiveram um aumento do aprendizado devido à melhoria da capacidade para lembrar do material.

"Longos anos de investigação demonstraram-me que as pessoas possuem, sob a forma de memórias positivas, uma reserva emocional de extraordinário valor, não apenas para o desenvolvimento da memória, mas da personalidade como um todo", diz Caycedo.

Alguns pacientes chegaram até ele ainda sofrendo reflexos da Guerra Civil Espanhola, conta Caycedo, que por meio de sua terapia da memória pôde restaurar totalmente a saúde mental deles.

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O sistema de treinamento da memória de Caycedo deriva do Zen japonês, que ele considera "um aperfeiçoamento da Raja Ioga" e de sua própria técnica de "relaxamento dinâmico".

No cerne desse sistema de treinamento da memória, temos uma expansão de Lembrar a Alegria de Aprender do Capítulo 7. "Divida sua vida em três partes, e escolha uma lembrança positiva de cada período de tempo", pede ele aos alunos. Depois de escolher estas lembranças positivas, você é solicitado a fazer com que cada uma passe por cinco estágios:

1) evocação (evoque a lembrança positiva do passado) 2) fixação (concentre-se nesta sensação positiva) 3) associação (associe cores, objetos e pessoas com esta sensação positiva) 4) repetição (repita a sensação positiva para que fique impressa na mente) 5) apresentação (amplie esta sensação positiva de forma escrita ou oral)

O Dr. Caycedo crê que o lado físico e o psicológico estão ligados de maneira inseparável e que o corpo é o instrumento ideal para desenvolver ou treinar a memória. Ele insiste em:

a) respiração abdominal rítmica; b) coordenação da respiração com os pensamentos, lembranças ou material

a ser decorado; c) exercícios para melhorar a circulação e o fornecimento de oxigênio da

cabeça; d) três posturas específicas do Zen japonês destinadas a aperfeiçoar o

relaxamento e a concentração.

Uma determinada postura é usada para as diversas funções da memória e, como demonstrou sua pesquisa fisiológica, pode ser de utilidade quando se pretende atingir níveis alterados de consciência.

Inicialmente, o sistema de Lozanov também usou posturas, em particular a posição de relaxamento da Savasana Ioga, e o instituto tinha espreguiçadeiras especiais como complemento.

A Dra. Jane Bancroft pesquisou 'escolas espanholas que usavam programas de aprendizado e memória por sofrologia e confirma seus bons resultados. Fotografou alunos de sofrologia em internatos; experimentou pessoalmente o curso de memória de quatro dias, em uma sessão na Costa Brava. Ela informa que, após o curso, os alunos conseguiam de maneira espontânea absorver e lembrar uma quantidade enorme de dados escritos no quadro-negro, melhorar a concentração e a memória, e a tensão diminuiu.

"Os sistemas de Caycedo e Lozanov são praticamente imagens refletidas em um espelho", diz ela. Ainda que cada médico tivesse abordado as disciplinas orientais de um ponto de vista filosófico diferente (Caycedo, do catolicismo latino

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e da fenomenologia européia; Lozanov, do marxismo e da psicoterapia soviética), ambos exploraram as técnicas orientais de maneira fisiológica para descobrir os ingredientes ativos. "Os dois médicos percorreram a estrada real da ioga e os dois foram em muito influenciados petas tradições do Oriente", diz a Dra. Bancroft. "Por trás de nomes diferentes e de terminologia diferente, encontramos o mesmo (ou idéias semelhantes) na sofrologia e na sugestologia, bem como na aplicação pedagógica destes sistemas."

Caycedo ficou surpreendido com as muitas semelhanças que a Dra. Bancroft lhe demonstrou em Barcelona em 1979. "Nunca tive contato com o Dr. Lozanov", disse ele. "Meu nome Lozano vem da família de minha mãe. Pode ser que sejamos parentes distantes", acrescentou sorrindo.

Os alunos espanhóis e búlgaros não são os únicos europeus a se dar conta de que aprender não significa necessariamente sentar-se em cadeiras desconfortáveis e carregar pilhas de livros. Na Alemanha Ocidental, hâ alguns anos, outra pessoa se lançou por conta própria em um caminho conhecido. O Prof. Friedrich Doucet começou a examinar em detalhes as técnicas de superaprendizado de antigas fontes orientais. Em primeiro lugar, voltou-se para as possibilidades de aperfeiçoar a educação pelo treinamento dos alunos no método autogênico (um programa de relaxamento famoso na Alemanha), para que pudessem desenvolver o controle voluntário do corpo e da memória, aumentando assim o aprendizado. Em seu instituto de Munique, Avalon, este psicólogo, terapeuta e autor, continuou a ex-plorar não apenas os exercícios do Oriente mas também a música do Oriente. Suas pesquisas se baseiam no conhecimento antigo incorporado à música, com ênfase no efeito das várias harmonias sobre o corpo e a mente.

Doucet combinou suas descobertas sobre a atuação interna da música com o método autogênico para criar um novo método de ensino. Seu sistema foi demonstrado na televisão alemã e parece semelhante ao de Lozanov. Alunos em relaxamento ouvem textos de idiomas lidos sobre música oriental cuidadosamente selecionada Aparentemente, o método aumenta de maneira significativa o aprendizado, e a Deutsche Grammophon, segundo consta, está entabulando negociações para os direitos de gravação da Pedagogia Autogêni- ca do Prof. Doucet.

Enquanto isso, na França, um médico penetrava em um campo novo de indagação científica, pesquisando os efeitos do som sobre as pessoas. O Dr. Alfred Tomatis, Diretor da Association Internationale d'Audio Psycho-Phonologie, é reconhecido internacionalmente por seus esforços pioneiros no auxílio às crianças disléxicas por meio da terapia do som. Utiliza música barroca porque, diz ele, é rica em freqüências altas. Há pouco tempo, o método de música barroca do Dr. Tomatis foi adaptado para o ensino de línguas. E melhorou o aprendizado.

Cruzando a fronteira com a Suíça, um professor, Jacques de Coulon, saiu da lateral para o meio-de-campo do superaprendizado. Em vez de passar por malha fina os veneráveis cânones do Oriente, Coulon iniciou sua caça à chave do superpotencial escavando os registros de outra cultura antiga, o Egito. Partindo daí, reuniu exercícios para concentração interior/exterior, padrões de respiração, e as

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melhores posturas corporais para concentração. Como se pode prever, Coulon planejou então um método de ensino baseado nessas técnicas. Descobriu, em particular, que se os alunos respirassem no ritmo de uma recitação de matemática ou de texto lido, ocorria um grande aproveitamento do aprendizado.

Esses europeus, além de outros não mencionados aqui, desenvolveram sistemas completos de ensino. Muitas outras pessoas nos Estados Unidos e em outros países estão combinando novos elementos em programas para sala de aula com a finalidade de criar uma educação mais globalizante. Para citar apenas um único exemplo, na Califórnia, Marjorie King, da Union High School, de Sacra-mento, e JoAnne Kamiya, do Instituto Neuropsiquiátrico Langley- Porter, ajudaram a levar a retroalimentação para as escolas públicas. Em vez de fazerem exercícios de relaxamento, as crianças trabalham na "ginástica da selva biológica", como um cientista definiu os aparelhos, para aprender a reduzir a tensão. A retroalimentação é mais uma forma de estabelecer um elo entre consciente e inconsciente e obter controle voluntário do corpo/mente. As crianças estão aprendendo a aumentar a atenção e criatividade, e a suplantar os bloqueios ao aprendizado. O benefício mais importante já detectado é a grande melhoria da auto-imagem que, por sua vez, melhora em muito a capacidade da criança para aprender.

Corrida Espacial?

O Psychology Today, discutindo as implicações dos avanços do mundo comunista no aprendizado via sugestologia, coloca a questão: estamos em uma corrida espacial pelos superpoderes da mente, entre outros superpoderes? Ao que tudo indica, a política da guerra fria incluiu a educação esportiva como outra área de competição entre Ocidente e Oriente, com todos os seus segredos e disfarces.

Relatórios de centros de sugestopedia na Alemanha Oriental e URSS, de circulação restrita, revelam resultados atuais surpreendentes. Os soviéticos estão utilizando o treinamento de relaxamento e o programa original búlgaro. O educador búlgaro Aleko Novakov desenvolveu esses cursos. Um relatório especial sobre as conquistas soviéticas no campo do aprendizado, preparado por Rupprecht S. Baur e P.G. Rühl da Universidad ede Hamburgo, indica resultados soviéticos incríveis, baseados na dianteira de dez anos que levam sobre o Ocidente. Por exemplo, centros como o da Universidade de Tbilisi, na Geórgia Soviética, registram um aprendizado acelerado sem tensão com um aproveitamento em provas de línguas de quase 100%.

Os soviéticos fundamentaram seus sistemas a partir do método original búlgaro. Método original búlgaro? Nos últimos anos, os búlgaros andaram exportando uma "nova" versão da sugestopedia. Esta versão parece desviar-se da sincronização corpo/mente, concentrando-se, ao invés disso, no que poderia ser chamado de ensino carismático. Comparada com as técnicas documentadas

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publicadas no livro do próprio Lozanov, a nova versão datada de 1979 inclui as seguintes alterações: 1. Omissão do estado alterado de concentração relaxada. "O relaxamento dos alunos está corporificado na pessoa do professor", diz agora Lozanov. 2. Omissão das entonações. 3. Omissão do ritmo. 4. Omissão dos exercícios respiratórios. 5. Omissão da música lenta. "Substituir por Beethoven, Wagner, Chopin" é a palavra de ordem.

O que restou? Basicamente, uma apresentação de alta drama- ticidade, muito exigente e complexa, sobre a música, pelo professor, mais a ênfase na atmosfera psicológica da turma — dramatização com os alunos, decoração sugestiva. Até o momento, ninguém publicou qualquer dado científico sobre as vantagens extraordinárias deste método sobre o original. Não existe prova documentada de que a nova versão búlgara acelere o aprendizado ou amplie a memória. Os elementos das duas abordagens são passíveis de testes imediatos e não devem constituir uma questão de opinião. Por exemplo, Jean Cureau em Paris levou a cabo testes comparativos com a "nova" lista de músicas. Quando substituiu o barroco lento por Wagner, os resultados foram desastrosos. A Universidade de Toronto também viu seus resultados despencarem ao substituir o barroco lento por música rápida. O porquê destas alterações aparentemente drásticas terem sido instituídas na Bulgária permanece uma questão em aberto, questão que provavelmente tem inúmeras respostas, algumas das quais podem ou não estar relacionadas com razões políticas subjacentes.

Professores a serviço do governo canadense receberam este método, Conforme já foi mencionado, seu programa multimilionário de utilidade pública foi encerrado após "prejuízos consideráveis". Sob contrato com o Instituto Max Boltsmann, da Áustria, o governo búlgaro despachou o Dr. Lozanov e Evelina Gateva para Viena com os novos métodos. O Dr. Franz Beer, Diretor do Instituto, comunica que o programa de língua italiana fracassou. Era caríssimo, diz ele, e por algum motivo não foi possível treinar professores austríacos de maneira adequada. Os austríacos se saíram melhor com um programa búlgaro engendrado para crianças. Houve problemas no início: o material impresso do curso não era con-veniente; os vídeo-teipes continham propaganda comunista; e os búlgaros, talvez sem se darem conta da ironia, enviaram música com valsas vienenses. Entretanto, os professores vienenses estudaram o programa, acrescentaram exercícios de relaxamento semelhantes aos utilizados em Iowa, e obtiveram bons resultados. Além do mais, muitos desses professores ficaram satisfeitos com a abordagem glo- oalizante, psicológica, ensinada por Lozanov.

Qualquer pessoa que já tenha freqüentado os bancos escolares sem dúvida aprovaria um ensino mais criativo, teatral, humano. Mas no que se refere aos Estados Unidos, o novo estilo búlgaro de ensino dificilmente poderia ser considerado uma inovação. Certas idéias vêm sendo aplicadas desde os dias de John Dewey, o mais famoso educador americano, cuja influência se espalhou pelas escolas nas primeiras décadas deste século. Em tempos mais recentes, um trei-namento competente de professores para o ensino globalizante vem sendo

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ministrado em locais como o Instituto de Educação Globalizante de Massachusetts. E a abordagem altamente teatral para o treinamento em línguas estrangeiras vem sendo desenvolvida em sistemas como o Dartmouth Intensive Language Model, utilizado por 58 escolas americanas (vocabulário de mil palavras em duas sema-nas). De acordo com isto, quando, Lozanov e Gateva apresentaram seu programa em congressos internacionais para professores na Suécia e Suíça, muitos educadores acharam que o "novo" modelo búlgaro parecia "um tanto fora de moda". Por outro lado, pessoas que freqüentaram os cursos do Instituto Lozanov de Aprendizado nos Estados Unidos sentiram-se gratificados com a experiência e sentiram que aprenderam bastante. Esta empresa está interessada em de-senvolvimento e pesquisa, e espera poder divulgar em breve dados científicos sobre seu método.

Em Paris, as duas abordagens vêm sendo aplicadas. Fanny Sa- feris, uma professora de grande nome, comprou os direitos do novo sistema búlgaro e de fato tem obtido bons resultados no treinamento de conversação cm inglês, Como comparação, no Lycée Voltaire, Jean Cureau há vários anos vem ensinando inglês com métodos ecléticos de superaprendizado e tem obtido resultados espetaculares — uma aceleração aproximada de dez-por-um no aprendizado, em uma atmosfera positiva, livre dc tensões. Crê que a música barroca lenta, o relaxamento e as entonações calmas da sofrologia são o mais importante.

O método de superaprendizado deste livro, é claro, não é o búlgaro, mas possui componentes das fontes originais da Raja Ioga e da pesquisa bem-sucedida de pioneiros cm vários países, inclusive a Bulgária. Foram incluídos alguns elementos em duplicata, por medida de segurança, já que nem todos respondem da mesma forma aos mesmos estímulos.

As maquinações na Bulgária, os desentendimentos quanto aos modelos de ensino, nada disso tem muita significação para a maioria de nós. A verdadeira novidade é algo que de fato ocorre — um consenso que provocou o aparecimento de técnicas para proporcionar o aproveitamento de nossas próprias reservas até aqui inexploradas. Cada vez mais pessoas se utilizam destas técnicas; cada vez mais pessoas experimentam uma expansão de suas realizações. A Dra. Bancroft levou a seus alunos os benefícios de longos anos de pesquisas. Em 1978, juntamente com a Dra. Eleanor Irwin, da Universidade de Toronto, obteve "resultados altamente compensadores" com alunos de grego, apenas tocando fitas do curso com leitura em padrões rítmicos sobre música barroca lenta. No momento, a Dra. Bancroft utiliza superaprendizado gravado em seu curso de francês na universidade. A aceleração das conquistas fica demonstrada com clareza nos exames regulares da universidade. Os benefícios adicionais dos programas de relaxamento gravado também estão aparecendo. Alunos entusiasmados garantem que superaram problemas de saúde relacionados com a tensão; muitos dizem que aumentaram a autoconfiança e têm hoje uma idéia mais ampla daquilo que realmente são capazes de fazer.

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Ao usar os cursos gravados, Bancroft segue o antigo padrão búlgaro. Os que se formaram no Instituto de Sugestologia nos contaram que, no início, as turmas ouviam o material de supermemória em dois gravadores: um para a música e outro para o material do curso. Isto proporcionava uma apresentação idêntica para todas as turmas e facilitava a tarefa dos professores.

No começo de 1979, no Canadá, uma das mais importantes companhias, a Canadian Pacific, revelou que, usando um programa assessorado pela Dra. Bancroft e Charles Schmid, seus funcionários aceleraram em mais de 50% o aprendizado de francês. Os cursos continuam.

Em Iowa, a sociedade para professores de aprendizado acelerado, S.A.L.T., está em expansão, publicando relatórios de professores de todo o país que experimentam as novas técnicas com suas turmas. O sistema avançou muito além do treinamento em línguas. Por exemplo, um curso do Arsenal da Marinha dos Estados Unidos, famoso por sua aridez, foi concluído na metade do tempo pelos alunos que utilizaram o aprendizado acelerado em 1977, na Universidade Estadual de Iowa. O Instrutor E. E. Peterson informa que os aspirantes "aprenderam a arte de aprender" com esta experiência.

À medida que as notícias se espalham, parece aguçar-se a en- genhosídade e o espírito de pioneirismo dos americanos, outrora famosos. Executivos de treinamento e seleção, terapeutas de todos os tipos, professores de todos os níveis, e alunos apegam-se firmemente às técnicas de superaprendizado. Por sua vez, experimentam, testam, adaptam-nos segundo suas necessidades individuais. Por intermédio apenas da Superlearning Inc. recebemos centenas de cartas atestando resultados satisfatórios. Para citar só um caso documentado, está em andamento uma experiência do Dr. Donald Vannan da Faculdade Estadual Bloomsburg na Pensilvânia.

O Dr. Vannan mantém um curso de Métodos de Ciência Elementar. Será que as técnicas de aprendizado acelerado funcionariam tão bem em ciências quanto comprovadamente funcionaram em línguas?, ele se perguntava. Para descobrir, Vannan deu seu curso da maneira convencional durante três semestres diferentes em 1975. Este seria seu grupo de controle. Em 1976, treinou seus alunos nos métodos de relaxamento. Então, ao invés da aula expositiva comum, depois de uma sessão de perguntas, ele fazia com que seus alunos, depois de relaxados, acompanhassem com leitura silenciosa uma audição do material recitado com entonações em fita. Depois de outra sessão de perguntas, pedia aos alunos para se recostarem, fecharem os olhos e ouvirem a mesma recitação gravada com música de fundo.

As provas desse curso são diretas; a maioria das perguntas factuais e corrigidas por computador. Em 1975, Vannan teve 220 alunos, 11% dos quais receberam nota máxima. Em 1976, teve mais ou menos o mesmo número de alunos com técnicas de aceleramento. 78% obtiveram nota máxima. Vannan descobrira um novo método de ensino. Em 1977, entre os alunos de três semestres, 84,6% obti-veram nota máxima e, em 1978, 82,9%. É óbvio que os alunos de Vannan aprenderam os fatos e se lembravam dos fatos. E o fizeram sem tensão. (Para as publicações do Dr. Vannan, ver Fontes, Parte I.)

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Engenhosidade, eis uma das principais qualidades concedidas pelo superaprendizado. Apesar dos resultados de aparência espetacular, estamos na verdade apenas começando a penetrar nas amplas reservas não utilizadas do ser humano. Demos o primeiro passo na linha de partida. O pai da psicologia humanística, Abram Maslow, ressaltou uma vez: "Quando sua única ferramenta for um martelo, todos os problemas passam a ter o aspecto de um prego." Temos martelado 10% de nosso talento. Agora dispomos de algumas ferramentas novas. E podem ser usadas para nos tornarmos ainda melhores — com muita velocidade, é claro.

Capítulo 10

Superdesempenh

o nos Esportes

j O cenário é Lausanne, Suíça, no consultório de um cirurgião- dentista. Uma

jovem está sentada em uma das salas, assistindo a um show de luzes coloridas projetadas na parede. Ela faz uma careta, depois estende os braços a sua frente e rola a cabeça em todas as direções. Então ela se inclina e relaxa. Imagina sentir seu braço muito pesado. Sente uma brisa fresca passando pelo rosto. Quando se acha totalmente relaxada, a voz melodiosa do médico vem de um pequeno aparelho de TV na sala, e ela repete as fórmulas de afirmação depois dele: "O relaxamento dinâmico me coloca em melhor forma para esquiar. Fico mais agressiva. Tenho confiança em minha capacidade de esquiadora. Concentro-me desde o início. Estou completamente livre do medo da multidão, das câmeras de TV, do cronômetro, ou de um acidente."

Esta mulher é uma esquiadora européia, treinando para um campeonato importante. Agora ela imagina com todos os detalhes o desenrolar de uma competição. Sente os esquis nos pés, sente o corpo inclinar-se nas curvas, vê a pista coberta de neve a sua frente. Deve executar cada manobra com perfeição, em sua imaginação. Se cair ou cometer um erro, tem que voltar até o começo da rampa e fazer a descida toda outra vez com perfeição.

Em outra sala, um jovem está deitado no sofá, relaxando. Pelo corte de cabelo, pelo tipo de roupa que usa, vê-se que é bem-suce- dido na vida. E é mesmo — com 25 anos, já é diretor de uma empresa européia de marketing. A voz do

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médico vem do aparelho de TV e o jovem executivo repete com ele: "Tenho confiança em mim.

Os outros não me assustam. Gosto de falar em público. Falo com perfeição, e a platéia fica satisfeita de me ouvir."

Este homem recorreu ao consultório por estar amedrontado por ter que fazer uma apresentação diante de homens de negócios muito mais velhos que ele. Apesar de gozar de perfeita saúde, tem muito medo de falar em público, uma ansiedade tamanha que às vezes o deixa gago. Depois de várias sessões, daria adeus ao medo e à gagueira.

Essas pessoas estão praticando um tipo de treinamento autogênico modificado, que transformou milhares de europeus em melhores atletas, melhores oradores, melhores atores — de fato, os melhores desempenhos aparecem em qualquer área. Este é o consultório do Dr. Raymond Abrezol, um expansivo dentista de 48 anos, com uma antiga paixão pelos esportes. O médico e o desportista uniram-se em Abrezol. Por que não abordar o atleta como uma pessoa global? Por que não fazer um treinamento global para os esportes? O Dr. Abrezol é em grande parte o responsável pela principal tendência do esporte europeu: treinar tanto a mente quanto o corpo. Por seu consultório passou uma multidão de pessoas que se tornaram famosos campeões ou estrelas, bem como uma quantidade de pessoas de profissões anônimas, que descobriram que a capacidade do superdesempenho poderia aperfeiçoar súas vidas também.

O treinamento autogênico foi desenvolvido na década de 30 pelo psiquiatra alemão Johannes H. Schults, e tem sido amplamente utilizado em clínicas européias para toda uma gama de doenças provenientes da tensão. O método autogênico ensina o controle cons-ciente das chamadas funções involuntárias do corpo, como os batimentos do coração e o metabolismo. A visualização e as afirmações também fazem parte do tratamento.

O Dr. Abrezol não chama seu programa de treinamento autogênico. Ele usa uma versão modificada e modernizada do mesmo, chamada sofrologia. Sofrologia é um termo bastante comum na Europa, mas quase que totalmetne desconhecido nos -Estados Unidos.

No início dos anos 60, quando o Dr. Abrezol iniciou suas experiências com a sofroloeia, ele trabalhava com tenistas e esquiadores amadores. Ensinou-lhes como eliminar situações mentais desfavoráveis que tolhiam seu desempenho: nervosismo antes ou durante a partida, falta de concentração, falta de combatividade, falta de confiança, fadiga, medo de errar e medo de perder. Em 1967, quando Peter Baumsartner. da seleção suíça de esqui, ouviu falar nos notáveis resultados obtidos por Abrezol com seu programa de treinamento da mente/coroo para os esportes, convidou-o a trabalhar com a equipe suíça. Naquela época, os suíços não estavam entre os melhores das Olimpíadas.

Quatro esquiadores foram treinados pela sofrologia — Made- leine Guyot, Fernande Bochatay, Willy Fabre, Jean-Daniel Daetwy- jer ___ e aleo de novo foi mostrado nas competições internacionais. Dos quatro, três conquistaram medalhas nas Olimpíadas de Inverno de Grenoble em 1968. Os rumores percorreram os círculos esportivos. O que tinham descoberto os suíços — uma nova megavitami- na, um novo tratamento físico? Ou será que o treinamento mental influiria de fato no superdesempenho? A equipe suíça apaixonou-se pela sofrologia. Quatro anos mais tarde, nas Olimpíadas de Inverno de Sapporo, Japão, houve três medalhas suíças —- Marie-Therese Nadig, Roland Collumbin e Bernard Russi.

Abrezol crê que seu programa mental libera os competidores dos temores inconscientes que lhes custam preciosos décimos de segundos — e uma medalha de muito prestígio.

Funcionou não apenas para esquiadores. Um treinamento au- togênico modificado auxiliou Fritz Charlet, um lutador de boxe à beira de abandonar sua carreira. Depois de fazer o treinamento mental, tornou-se campeão europeu de peso pena.

Por toda a Europa há muitos e muitos atletas e treinadores de sofrologia trabalhando com o treinamento mental para um melhor desempenho: saltadores, patinadores, lutadores, equipes de vela, acrobatas de circo, times de futebol. Assim que o desportista passa a encarar seus exercícios com seriedade, diz o Dr. Abrezol, seu progresso é notável e o

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desempenho muito maior. Um fator predominante da prática mental é a visualização, o repassar completo da seqüência de uma partida em detalhes vívidos. "A imaginação é mais poderosa que a vontade", diz Abrezol. Querer que o nervosismo desapareça só acrescenta mais tensão do que você já tem.

Na França, quando os médicos testaram e avaliaram o efeito da sofrologia em outros atletas, os Drs. H. Boon, Y, Davron e J.-C. Macquet fizeram o seguinte relatório: o treinamento mental aperfeiçoou a precisão de movimentos, economizou o gasto de energia, controlou a postura. Psicologicamente, o treinamento mental aperfeiçoou a concentração e a atenção, e valorizou a percepção. Melhorou o relacionamento entre companheiros de equipe e treinadores. Eliminou medo, tensão, nervosismo, preocupação com erros, etc. Após as competições, os testes médicos demonstraram uma recuperação rapidíssima, o que permitia aos atletas vitórias repetidas. Em casos de dor ou contração muscular causados pelo esforço excessivo, as técnicas de sofrologia trouxeram alívio. £ claro que o controle da dor pode ser de grande utilidade para qualquer um, e não apenas para os atletas (ver Capítulo 12).

O Dr. Abrezol assinala que programas mentais como a sofrologia também podem ajudar em vários problemas f.sicos: doenças vasculares e respiratórias, doenças de pele, insónia, dores de cabeça, e até a controlar o nível de colesterol. Pesquisas de laboratório de-monstram que, com os métodos do tipo autogênico, as pessoas aprendem a controlar o potencial muscular, o fluxo sangüíneo, a temperatura da pele, as ondas cerebrais e o metabolismo. Eis porque na Europa e União Soviética a autogenia modificada é uma das formas de terapia médica mais popularizadas, geralmente acompanhada de medicamentos. E faz as vezes de remédio para aquelas pessoas sadias que ficam de pernas bambas, mãos trêmulas, voz engasgada, quando dezenas de olhos se voltam em sua direção.

Mesmo as pessoas com notáveis atuações podem desenvolver o "terror da câmara", quando chamados para participar de programas de entrevistas, diz o Dr. William Kroger, que trata dessas celebridades. E uma exacerbação do medo de falar em público, e advém da conscientização de que literalmente milhões de pessoas o estarão observando. Os sintomas são "pânico, cólicas estomacais, pele avermelhada, contração da laringe, má circulação, pulso acelerado, até vômitos — tudo somado a uma vontade enorme de fugir".

O treinamento autogênico permitiria a estas pessoas "reunir suas ações" e deixar que o talento, o corpo e a mente trabalhassem para eles. Quem aprendeu pelo método autogênico a se comunicar com o corpo conta que é como se o corpo estivesse até então ligado no piloto automático e, de repente, você descobrisse que pode assumir os controles.

O alemão Hannes Lindemann, M.D., descobriu que podia assumir os controles tão bem a ponto de cruzar o Atlântico em seu barco. "Uma graça especial", foi como ele chamou. "Mas também uma obrigação." E para cumprir esta obrigação, ele hoje dá aulas do método autogênico. "Como um remédio, ele é oferecido como o método ideal", diz o médico, "para melhorar a capacidade e saúde de cada um. .." Quando fala em saúde, Lindemann quer dizer algo mais que um estado intermediário em que não estamos terrivelmente mal, e que muitos de nós chamamos de saúde. Também se refere à capacidade de nos relacionarmos de maneira saudável com os outros e a sociedade. "Somos tão imaturos e pouco desenvolvidos psi- cossocialmente que deveríamos nos sentir na obrigação de praticar o treinamento autogênico. Auxilia no desempenho dos atletas, mas pode, da mesma forma, promover o desempenho de homens de negócios, profissionais e operários."

Algumas organizações alemãs de negócios, como a câmara de comércio, promoveram programas autogênicos. As pessoas da comunidade de negócios que fizeram os exercícios regularmente testemunham um aperfeiçoamento significativo da criatividade e produção, menor absenteísmo, menos acidentes, melhor saúde, e melhor relacionamento interpessoal.

Estes são alguns dos benefícios atribuídos ao treinamento auto- gênico. E são os mesmos atribuídos à sofrologia. Muitas técnicas básicas são as mesmas — relaxamento e controle do corpo, uso de afirmações e visualizações.

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Entretanto, a sofrologia do Dr. Caycedo desenvolveu métodos de aperfeiçoamento, em particular o "relaxamento dinâmico". A contribuição do Dr. Abrezol foi no sentido de desenvolver o uso da sofrologia no esporte.

Visão do Sucesso

Muito antes que a Europa Ocidental se interessasse pela idéia, os soviéticos já tinham descoberto a combinação de músculos-e- miolos para as vitórias esportivas.

Foram os programas de desenvolvimento mental que ajudaram os atletas soviéticos a atingir um superdesempenho e a abocanhar a maioria das medalhas de ouro das Olimpíadas, dizem os especialistas ocidentais. O Dr. Richard Suinn, chefe do Departamento de Psicologia da Universidade Estadual do Colorado, assinala: "Seus (dos soviéticos) atletas constróem uma carreira sem competição, dando grande importância ao fato de a mente determinar o sucesso atlético." Graças a essas técnicas, os russos obtiveram o primeiro lugar em 1976 nos Jogos Olímpicos de Montreal, e os alemães orientais o segundo. A Rússia obteve 47 medalhas de ouro e a pequena Alemanha Oriental, 40.

O Prof. Suinn, que desenvolveu um programa de treinamento mental para a equipe olímpica americana de esqui de 1976, diz que os Estados Unidos, e muitos outros países, só agora começam a considerar as possibilidades dos poderes mentais aplicados ao esporte.

Um americano que aparentemente já consideiou estas possibilidades é Charles Tickner, a pessoa que impediu o campeão soviético de patinação no gelo, que o desafiava, de levar a medalha de ouro no campeonato mundial de março de 1978. Os repórteres ouviram falar que ele usava um programa mental. Tickner, segundanista da Universidade de Nevada, explicou que todas as manhãs se colocava em estado de relaxamento. "Eu só repetia umas frases para aumentar a autoconfiança por alguns minutos,"

O mentalista Kreskin, além das demonstrações que faz de suas técnicas mentais em programas de TV, também colabora com os programas de pesquisa psicológica do Seton Hall College de Nova jersey. Ele teve acesso aos relatórios soviéticos de treinamento mental e fez um estudo detalhado de programas de atletismo. Acredita que os russos vêm fazendo experiências sobre o poder mental no atletismo desde a década de 40. "É o que explica sua crescente superioridade nos últimos anos nos Jogos Olímpicos de verão e inverno, e outros acontecimentos esportivos", diz ele. Os alemães orientais, segundo Kreskin, também instituíram estes programas em seus complexos esportivos nacionais.

Nas Olimpíadas de 1976 houve um longo minuto de silêncio durante o qual milhões de espectadores prenderam a respiração. Vasily Alexeyev abaixou-se para erguer as barras mais pesadas que qualquer ser humano já conseguira. A tensão se dissolveu em uma torrente de aplausos quando Alexeyev ficou de pé, triunfante, braços distendidos ao máximo, elevando o peso esmagador acima de sua cabeça. Vasily Alexeyev tinha sido submetido a treinamento mental. E ocorreu um fato interessante, no campo da sugestão, no caminho para a conquista da medalha de ouro. No levantamento de peso, 500 libras (227 kg) vinha sendo há muito a barreira que nenhum ser humano ultrapassara da mesma forma que os 1.600m em quatro minutos também eram considerados intransponíveis. Alexeyev e outros levantaram barras até atingir este limite. Em certa ocasião seus treinadores lhe disseram que iria levantar seu próprio recorde mundial de 499,9 libras. Ele o fez. Eles pesaram a barra na sua frente e lhe mostraram que, na verdade, havia levantado 501 1/2 libras. Poucos anos depois, nas Olimpíadas, Alexeyev suspendeu 564 libras (256 kg).

Entre os segredos do treinamento soviético, segundo Kreskin, está o aprender a apagar mentalmente os erros passados e o medo de errar, bem como aprender a fotografar mentalmente o resultado bem-sucedido de uma atividade. Você não diz a sua mente o que você quer. Você diz que o que você quer, você já tem. É um jogo de "faça como se fosse". Da mesma forma que na sofrologia, os atletas ficam em concentração, para se desligarem do barulho e da confusão das multidões que os observam, e se concentrarem apenas na sucesso.

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Muitos cientistas esportivos soviéticos crêem hoje que o atleta médio não tem consciência de metade de seu potencial de desempenho se não for submetido ao poder da mente. Segundo os psicote- rapeutas Dr. V. Rozhnov e Dr. A. Alexyev, do Instituto de Trei-namento Médico Avançado, os russos est,ão trabalhando nos meios alternativos de dar aos atletas o poder dos miolos sobre os músculos. Quando você ensina o cérebro a "comandar" o corpo, então todos os órgãos do corpo se mobilizam para trabalhar em conjunto da maneira mais eficiente. Rozhnov e Alexyev, autoridades em educação esportiva global, sustentam que o treinamento das emoções também é importante. O objetivo é mobilizar todas as forças do indivíduo, de maneira que o poder do corpo possa se expressar completamente.

"Alguns lutadores de boxe soviéticos", dizem eles, "realizam um programa mental de 10 minutos antes de entrar no ringue, de modo a não terem tensões de espécie alguma para que seus nervos estejam prontos para reações muito rápidas. Jovens mergulhadores soviéticos, que ficavam nervosos e até em pânico antes de uma competição de mergulho, usam agora o relaxamento mental para devolver a confiança, e a visualização para deixar o corpo de prontidão para o melhor mergulho possível.

Um treinamento em três níveis é usado hoje em larga escala na Rússia, segundo Rozhnov e Alexyev. Trata do atleta, do treinador e do mentalizador. A mesma abordagem também é amplamente utilizada nas artes cênicas — no balé e na música, por exemplo. Até mesmo os cosmonautas soviéticos são treinados nas técnicas de corpo/mente, Como a sofrologia, os programas soviéticos são modificações do método autogênico. Todos esses métodos vêm tomando uma forma aerodinâmica para chegar a uma prática simples e gradativa, que toma apenas poucos minutos por dia. Não é necessário equipamento especial. Nenhum exercício físico cansativo. Nenhum esforço em particular. Nenhuma crença no método. Prática e imaginação é o que se exige. Gradualmente, por meio de exercícios, você estabelece elos de comunicação com o inconsciente para estimular as reservas da mente. Gradualmente, o controle consciente das funções chamadas involuntárias se desenvolve. Gradualmente, o relaxamento da tensão se torna automático.

Uma vez estando o corpo sob controle autogênico, as afirmações para um melhor desempenho têm uma elevada potência. No estado autogênico relaxado, os concorrentes passam filmes mentais vívidos. A experiência demonstra que esta prática mental pode ser tão efetiva quanto a prática física. O Prof. Suinn, do Colorado, fez os esquiadores olímpicos praticarem a imaginação de suas corridas de esqui, corrigindo mentalmente os erros feitos na prática física. As reprises mentais, acredita ele, têm efeito positivo sobre o desempenho subseqüente. Cerca de 30 ou 40 anos de pesquisa feita por soviéticos e europeus revela que a prática mental pode ajudar o desempenho em qualquer campo de atividade, desde reger um concerto até jogar tênis.

Os filmes mentais como sendo a chave para o superdesempenho não são novidade para campeões americanos como Jack Nicklaus. Ele atribui todo seu sucesso à prática da concentração e da visualização. Nicklaus faz a impressionante declaração de que, ao jogar golfe, apenas 10% do desempenho se deve à maneira de manejar o taco. Acertar alvos específicos, diz Nicklaus, é 50% de imagem mental e 40% de postura. Sua técnica? Primeiro, ele se desliga do mundo, atingindo um estado de concentração; depois, passa um filme mental da jogada completa em sua cabeça, focalizando o alvo com zooms abrindo e fechando. "Nunca acerto um alvo, mesmo com prática, sem esse filme a cores", diz ele. Em seu livro, Golf My Way (Golfe do Meu Jeito), Nicklaus revela: "Primeiro, eu 'vejo' a bola onde quero que chegue, branca e bela, na grama verde e clara. Depois um corte rápido e 'vejo' a bola chegando lá, seu caminho, trajetória, a forma, até sua reação ao solo. Então um fading até a próxima cena, que me mostra o modo de manejar o taco para transformar em realidade as imagens anteriores."

Tony Jacklin, vencedor dos torneios americano e britânico de golfe, sente que quando consegue desenvolver um "casulo de concentração" durante um jogo de golfe fica sintonizado a ponto de saber o que fazer e como fazer.

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O modelador de musculatura e halterofilista Arnold Schwarze- negger, cinco vezes Mr. Universo, quatro vezes Mr. Olympia, e astro do filme Pumping Iron, garante que o halterofilismo é sempre "mente sobre a matéria". "Desde que a mente possa imaginar o fato de você poder fazer algo, você pode. .. Visualizo a mim mesmo ao final — já tendo atingido o objetivo." "Executar", diz ele, "é prosseguimento físico, uma lembrança da visão que você está focalizando."

Desempenho Criativo

Não apenas os atletas se convencem por meio de visões. A habilidade treinada de filmar de maneira vívida é também um dos circuitos do talento e desempenho criativo. Uma visualização que afetou radicalmente todos nós ocorreu em uma tarde de fevereiro, na penumbra, quando um cientista alto, de cabelos escuros, passeava por um parque de Praga com seu assistente. Começou a recitar um poema de Goethe sobre o pôr-do-sol. De repente, parou, imóvel, olhando o poente: "Não está vendo?" perguntou ao seu assustado acompanhante. "Está bem aqui na minha frente. Olhe, funciona com perfeição."

Apanhou um galho seco e começou a traçar diagramas na terra. O homem era Nikola Tesla; o que desenhou na terra foi o sistema de corrente alternativa para produzir energia, há longo tempo procurado. Foi esta descoberta que lhe permitiu utilizar a energia das quedas d'água e colocar-nos na era da eletricidade.

Em nosso século, Tesla é um dos maiores exemplos de uma personalidade desobstruída por completo. O alcance de seus poderes não se enquadra nas classificações comuns, sendo talvez este um dos motivos por que, até recentemente, ele era um dos gênios mais negligenciados.

Tesla treinou suas faculdades de visualização a um ponto tal que podia construir mentalmente um invento, cm detalhes. Então, como se o equipamento e o laboratório estivessem realmente a sua frente, fazia funcionar o engenho imaginário e previa exatamente seu desempenho depois de construído. Tesla achava que o procedimento de tentativa-e-erro usado por homens como Edison era dispendioso e demorado.

Tesla trabalhava com a matemática com a rapidez de uma calculadora eletrônica. Aprendeu rapidamente 12 línguas, tinha memória fotográfica. Os que trabalhavam com ele contam que ele conseguia lembrar-se de todos os detalhes de mais de 5.000 experimentos levados a cabo em mais de 50 anos. E seus empregados insistiam no fato de ele possuir poderes "sobrenaturais" e poder ler suas mentes. O próprio Tesla admitiu operar com a telepatia e que eventualmente recebia imagens mentais de longa distância emitidas por sua mãe. Tesla atribuía à mãe o desenvolvimento de seus talentos. Quando era criança, na Iugoslávia, ela o treinava deliberada e maciçamente em visualização com diversos jogos por ela mesma elaborados. Também brincavam de percepção extra-sensorial.

Tesla produziu de maneira prodigiosa. Suas 700 invenções incluem a voltagem de alta freqüência, a iluminação neon e fluorescente, a bobina tesla, o oscilador (núcleo das transmissões de rádio e TV), os motores elétricos básicos, aparelhos com controle remoto, além de extraordinários desenvolvimentos que caíram no esquecimento ou no segredo de Estado — um sistema de força planetária para baratear a energia, um feixe defensivo de energia, feixes de energia sem fios para suprir aviões, e até um sistema de comunicação interplanetária.

Os poderes de visualização de Tesla eram tão precisos que seus mecânicos altamente especializados contam que, ao inventar uma nova turbina, um aparelho solar, ou algum tipo de equipamento elétrico, fazia todos os cálculos na mente, inclusive as frações em décimos de milésimos.

Embora tenha sido um inventor diferente de Tesla, Thomas Wolfe, como aquele, também era capaz de ver as coisas na mente com a mesma precisão com que as via com os olhos. Em suas memórias, Wolfe fala desta capacidade de fotografar, tão útil em seus escritos.

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"Eu estava sentado, por exemplo, no terraço de um café... e de repente me lembrava da cerca de ferro ao longo das calçadas de Atlantic City. Conseguia ver, por um instante, como eram exatamente os grossos tubos de ferro; a aparência crua, galvanizada; o modo como se uniam as juntas. Era tudo tão vivo e concreto que eu sentia minha mão ali, e sabia exatamente suas dimensões, tamanho, peso e forma."

Parece que aqueles que sobressaem pela mente e os que sobressaem pelo corpo se nutrem da mesma fonte, como se resultassem de uma bem acabada fotografia mental — embora provavelmente os dois grupos não tenham consciência da similaridade. Como ressalta George Leonard: "Atletas e intelectuais muitas vezes vivem em mundos diferentes, em detrimento de ambos." Em The Ulti- maie Athlete (O Atleta Definitivo), Leonard lembra que a abordagem combinada, global, de mente/corpo nos esportes é parte integrante da acrobacia, aikido, kung fu e outras artes marciais orientais. Acredita que a ruptura entre mente e corpo nos atletas ocidentais deva ser corrigida. Quando se obtém novamente a totalidade, acha ele que o esporte pode ser um caminho para o aperfeiçoamento pessoal — o processo lúdico, o processo de motricidade, o processo de experimentarmos nossos corpos unidos às forças do universo seriam tão ressaltados quanto a vitória o é nos tempos atuais. Com esta abordagem, ao invés de ignorar ou supervalorizar o físico, a pessoa experimenta e embeleza o espírito através do corpo.

As perspectivas começam afinal a se modificar e ampliar nos esportes norte-americanos. Existe uma tendência aos esportes que podem ser praticados durante toda a vida; há uma ênfase no processo em vez da competição e, mais do que tudo, na ligação mente/corpo como um meio para o maior aproveitamento e um desempenho transcendental. Livros como The Zen of Runnins (O Zen na Corrida) de Fred Rohe, ínner Tennis (Tênis Interior) de Tim Gall- wey, The Innerspaces of Running (Espaço Interior na Corrida) de Mike Spino, Inner Skiing (Esqui Interior) de Gallwey e Krieger, e The Czntered Skier (O Esquiador Concentrado) de Denise McClug- gage exploram esta abordagem. Existem cursos intensivos com novos métodos para jogadores de golfe, tênis, esquiadores, que ressaltam o relaxamento, a harmonia, a concentração, a visualização e o sentir fluir a energia interior.

Começamos a aprender com o Ocidente. Parece que poderíamos aprender também com o Oriente. Os programas de treinamento mental vêm sendo a chave para melhorar a saúde e proporcionar um superdesempenho a centenas de milhares de soviéticos e euro-peus. Sem drogas e sem um dispendioso equipamento de biofeed- back, as pessoas aprendem a controlar sua própria fisiologia. Além do atletismo e das artes cênicas, o treinamento autogênico modificado c amplamente utilizado na Europa para curar o corpo e a mente, perdendo apenas para a psicoterapia convencional. Em meados da década de 70, havia niais de 2.500 publicações científicas sobre o treinamento autogênico e seus inúmeros benefícios, ainda que poucos deles fossem traduzidos.

Conseguimos obter e traduzir um dos programas soviéticos típicos de treinamento mental, dos quais muito poucos chegaram até a América. Dele trata a maior parte do capítulo seguinte e, como descobrimos nós mesmos, é uma maneira satisfatória de aprender o relaxamento e controle autogênicos básicos.

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Capítulo 11

O Programa Soviético Para

um Desempenho Máximo

Aprender o programa básico mente/corpo é fácil e toma muito pouco tempo do seu dia. Qualquer um, exceto crianças muito pequenas, pode fazê-lo. As pesquisas e a experiência demonstram que é apenas uma questão de prática. Faça os exercícios em sessões de sete ou 10 minutos (certas pessoas fizeram só dois minutos) e mais cedo ou mais tarde o efeito desejado aparecerá. Eventualmente, a resposta virá de maneira quase automática, aliviando a tensão logo que ela aparece, trazendo corpo/mente como um todo de volta à harmonia.

Em 1971, um médico soviético, A. G. Odessky, publicou um guia prático para russos de todos os tipos que desejassem aprender as técnicas autogênicas que ajudaram seus bailarinos e atletas a atingir o sucesso. O treinamento autogênico fornece a dimensão extra, que permite atingir o máximo de cada um, assinala Odessky, para ser bem-sucedido em qualquer esporte, "vôo livre, natação, voleibol". Entre os esportes, Odessky inclui um dos mais populares na Rússia — o xadrez. Mas longe de se destinar apenas aos atletas, diz ele, "é importante para qualquer um, principalmente professores, atores, bailarinos, militares, cosmonautas, e" — o Dr. Odessky, um homem de formação médica, encerra a lista — "mesmo para médicos".

"A palavra autogênico vem do grego auto (eu próprio) e gênese (nascimento). Esses significados se aplicam ao nosso programa de treinamento, É um método ativo, conduzido pela própria pessoa." O programa russo, como a sofrologia, baseia-se na descoberta original do Dr. Johannes Schultz, publicada cm 1932. Odessky continua: "Nosso treinamento desenvolve a capacidade das pessoas de controlarem conscientemente seus vários processos fisiológicos, por exemplo, a digestão, a respiração, a circulação do sangue, o metabolismo, e também as emoções, humores, além de aguçar a atenção."

Os soviéticos pesquisaram os iogues extensivamente e se deram conta de que muitos deles conseguem controlar também os estados interiores. Há muita coisa útil na ioga, diz Odessky, mas existem também problemas. Para os soviéticos, um dos problemas é o "misticismo e idealismo", e também o problema de "fazer exercícios difíceis, perder longos períodos de tempo, passar uma vida de privações". O treinamento autogênico modificado torna possível para a ampla e ocupada maioria de nós assumir o controle de nossos estados interiores. "Às vezes", observa Odessky, "nós o chamamos de ginástica psicológica por meio da qual uma pessoa pode obter o controle completo de sua psique."

Na URSS, o treinamento autogênico desempenha um papel dominante na psicoterapia. Odessky o considera um remédio para fobias, neuroses, obsessões, micção noturna, gagueira, tiques nervosos, alcoolismo crônico, e — sem falar nas doenças — de grande auxílio no parto sem dor. Os especialistas ocidentais acrescentariam que presta ajuda verdadeira no tratamento de problema sexuais, inclusive impotência e frigidez, bem como no controle de peso. Auxilia, ainda, no tratamento de distúrbios mentais graves. O Dr. Paul Grim, um dos poucos psicólogos norte-americanos a usar com regularidade o treinamento autogênico em seu consultório, e que está bastante familiarizado com a pesquisa internacional a respeito, assinala: "Os pacientes suicidas relatam que o

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treinamento lhes dá algo tangível para usar no combate ao desespero. Um ano de acompa-nhamento com um grupo desses pacientes demonstrou que nenhum deles teve recaída na depressão."

Grim também concorda com os europeus e soviéticos que defendem o uso do treinamento autogênico para curar doenças físicas da mesma maneira. Na Rússia, entre os males tratados, Odessky cita cólon espasmódico, disfunções circulatórias, asma brônquica, úlceras, distúrbios da vesícula. Mas talvez a mais original contribuição do treinamento autogênico venha a ser, a longo prazo, sua capacidade de prevenir a doença e proporcionar uma longevidade saudável.

O Dr. Schultz começou sua vida como uma típica criança frágil, cercada de enfermidades e proibições. Observou uma vez que seu pai, um teólogo, trabalhava para salvar as almas, enquanto ele queria salvar os corpos. Talvez tenha alcançado os dois objetivos. O próprio Schultz viveu e trabalhou até a idade de 86 anos.

Sc o treinamento autogênico começa a conquistar a fama de panacéia, Odessky se apressa a assinalar que o programa nada tem dc sobrenatural. Muitos anos de pesquisa comprovam seus efeitos; os cientistas acompanharam, pelo menos em parte, de que maneira ocorrem. (Para maiores informações, consulte uma biblioteca médica.) Por mais simples que pareça, um dos principais elementos da capacidade de curar mesmo doenças sérias pelo treinamento autogênico é o relaxamento. Aparentemente, quando as tensões que nos pressionam são aliviadas, corpo e mente se encaminham para a normalização, sendo que toda cura passa a ser, desde a base, uma au- tocura.

"Só pratique o treinamento autogênico com finalidades médicas acompanhado por um especialista", avisa o Dr. Odessky. "Mas ainda sobram muitas coisas que qualquer um pode fazer. Só para falar de uma, continua ele, podemos nos livrar daquelas emoções e sensações negativas que nos acompanham sempre que precisamos enfrentar um grande momento — provas, aparições em público, competições, cirurgias, encontros importantes pessoais ou profissionais."

O treinamento autogênico, ou ginástica psico'ógica, como Odessky ressalta, pode ser feito em dois níveis. Muitos dos objetivos podem ser atingidos apenas com o treinamento básko. Se você se exercita todos os dias, ou pratica esportes, ou estuda música com regularidade, vai descobrir que é bem fácil incorporar esses poucos minutos de treino na sua rotina diária. Os exercícios do segundo níve! englobam técnicas com as quais você já está familiarizado — visualização e sugestionamento sob medida.

Depois de terminado o curso, você já deve poder atingir o estado autogênico de relaxamento e atenção no espaço de 30 segundos a um minuto, em qualquer lugar, em qualquer circunstância. No entanto, enquanto aprende, escolha um lugar agradável, livre de perturbações. "Os exercícios autogênicos são bons em qualquer época", explica Odessky, "mas fazem melhor efeito se você esperar pelo menos uma hora e meia depois das refeições." (Os médicos franceses Boon, Davron e Macquct não acusaram nenhum efeito colateral na execução dos exercícios autogênicos.)

O treinamento autogênico pode ser útil de forma quase infinita — aumentando sua capacidade e proveito em qualquer atividade, desde o esporte até os negócios, chegando mesmo à experimentação extrasensorial. Mas existe algo mais. Boa parte do proveito você já tira no meio do caminho Você se sente melhor, mais feliz fazendo os exercícios. Acontece uma surpreendente sensação de alívio que vem de sentir-se pesado e quente. As instruções que se seguem estão baseadas no programa do Dr. Odessky.

Posição

Coloque-se em uma das três posições a seguir, a que for mais adequada às circunstâncias.

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1. COCHEIRO: Pense em um daqueles cocheiros de antigamente, descansando de uma longa viagem. Sente-se em uma cadeira ou banco. Deixe a cabeça pender ligeiramente para a frente, antebraços e mãos repousando largados sobre as coxas, as pernas em posição confortável, os pés apontando ligeiramente para fora. Seus olhos ficam fechados.

2. ESPREGUIÇADEIRA: Instale-se confortavelmente em uma espreguiçadeira, com a cabeça apoiada nas costas. Braços e mãos apóiam-se nos braços da poltrona ou repousam sobre as coxas; pernas e pés em posição confortável, com os pés ligeiramente voltados para fora. Seus olhos ficam fechados.

3. RECLINADO: Deite-se de costas, com um travesseiro baixo sob a cabeça. Os braços, um pouco curvados na altura dos cotovelos, ficam ao lado do corpo com as palmas voltadas para baixo; as pernas estão relaxadas e sem se tocarem; os pés estão ligeiramente voltados para os lados. .(Se seu pé estiver apontando para cima, você não está relaxado.) Seus olhos ficam fechados.

Aquecimento

O aquecimento, como tudo no treinamento autogênico, é simples. Trata-se de colocar a sua "máscara de relaxamento" e promover um ciclo de respiração.

Imagine-se colocando uma máscara de relaxamento. Esta máscara rharavilhosa apaga as rugas provocadas pela tensão e suaviza o semblante. Todos os músculos de sua face se relaxam, deixe acontecer. Suas pálpebras se fecham e descansam com suavidade, com os olhos voltados para a ponta do nariz. O queixo cai sem resistência, sua boca se abre um pouco. Sua língua toca a gengiva na linha dos dentes superiores (pronuncie em silêncio d ou í).

Comece agora um ciclo suave de respiração sem se cansar. É a "respiração abdominal". Quando o ar entrar, sinta sua barriga se encher e distender. Ao expirar, sinta-a afundar. Respire lentamente. Exale duas vezes o que inalou, A cada respiração, a duração aumenta, Por exemplo, inale, dois, três; exale dois, três, quatro, cinco, seis. Inale dois, três quatro; exale dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito. Comece com uma batida para dentro e aumente a escala para mais ou menos seis — não force.

Reverta então o ciclo, Inspire seis e expire 12 batidas; inspire cinco e expire 10 batidas, e assim por diante até chegar ao um.

Passe dois OLI três minutos neste aquecimento. Vá então direto aos exercícios.

Primeiro Exercício ■— Peso

Você está aprendendo a alcançar uma deliciosa sensação de peso em seu corpo. Comece com o braço direito (os canhotos começam com o esquerdo). Em silêncio, repita as palavras, refletindo no sigqifiçado:

Meu braço direito vai ficando mole e pesado 6-8 vezes Meu braço direito está cada vez mais pesado 6-8 vezes Meu braço direito está pesadíssimo 6-8 vezes Estou me sentindo muito calmo 1 vez

Abra então os olhos e jogue fora o peso. Dobre seu braço para a frente e para trás umas duas vezes, respire profundamente. Confira sua posição e sua máscara de relaxamento, e

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recomece o ciclo outra vez. Incluindo o aquecimento, passe de sete a 10 minutos nisto duas ou três vezes por dia.

Repita o texto. Fale para si mesmo no tom adequado e imagine seu braço ficando cada vez mais pesado. Continue com o exercício, mas não se esforce demais, não faça disto uma questão de honra. Como disse alguém, abandone-se às palavras e à sensação de peso. Se tiver dificuldade de imaginar o peso, no intervalo entre as sessões segure alguma coisa pesada, sinta o peso e diga em voz alta: "meu braço está ficando pesado". O efeito é cumulativo; vale a pena persistir. Se fizer o exercício com regularidade, o peso vai aparecer.

Faça o exercício de peso com o braço direito durante três dias. Depois disso, continue exatamente com o mesmo texto, mais as subs- títuiçÕes que se seguem, ou seja, em vez de "braço direito", noj próximos três dias'você vai dizer "braço esquerdo".

Meu braço esquerdo vai ficando mole e pesado, etc 3 dias Meus dois braços vão ficando moles e pesados 3 dias Minha perna direita vai ficando mole e pesada 3 dias Minha perna esquerda vai ficando mole e pesada 3 dias Minhas duas pernas vão ficando moles e pesadas 3 dias Meus braços e pernas vão ficando moles e pesados 3 dias

O exercício de peso leva 21 dias. Se uma sensação de peso genuína aparecer antes, pode passar para o Exercício Dois. Em geral, é melhor construir uma base sólida e fazer o tempo integral. Confira cada estágio antes de avançar. A prática continuada traz resultados mais rápidos. Certas pessoas se exercitaram apenas uma vez por dia e atingiram o controle, embora isto leve mais tempo. Se você continuar, o efeito desejado vai aparecer.

Segundo Exercício — Calor

Você está aprendendo a alcançar uma sensação de calor dentro de si quando desejar. Comece com o aquecimento durante dois minutos. No programa autogênico, você sempre recapitula o exercício anterior antes de prosseguir. Faça um ciclo da última fórmula para o peso em braços e pernas, o que levará de 45 segundos a um minuto. Estabelecido o peso, comece o exercício de calor, que segue a mesma regra geral:

Meu braço direito vai ficando mole e quente 6-8 vezes Meu braço direito está cada vez mais quente 6-8 vezes Meu braço direito está quentíssimo 6-8 vezes Estou me sentindo muito calmo 1 vez

Ao repetir o texto do calor, use sua imaginação. Seguindo o padrão, faça o braço direito três dias, braço esquerdo três dias, os dois

braços três dias, perna direita, perna esquerda, as duas pernas, braços e pernas três dias cada. Faça então o texto final adicionando os dois primeiros exercícios. Você não precisa mais fazer o ciclo do peso antes deste.

Meus braços e pernas vão ficando moles, pesados e quentes 6-8 vezes

Meus braços e pernas estão cada vez mais pesados e quentes 6-8 vezes

Meus braços e pernas estão pesadíssimos e quentíssimos 6-8 vezes

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Estou me sentindo muito calmo 1 vez

Entre os ciclos da fórmula de calor, abra os olhos, mexa-se e jogue fora um pouco do peso e do calor. Depois repita. Enquanto diz mentalmente o texto, use a imaginação para captar um tempo etn que seu braço estava quente. Se desejar, visualize seu braço dentro' da água quente, ou lembre-se da sensação do sol forte da praia batendo no seu braço e aquecendo-o. Se for preciso, para atingir a sensação, no intervalo das sessões, mergulhe o braço em água quente, dizendo em voz alta: "meu braço está cada vez mais quente". Você também pode imaginar que envia uma quentura interior aos seus membros. Só comece a fórmula de calor para um membro se ele se sentir pesado. Se não, diga as palavras adequadas até que o peso apareça.

Terceiro Exercício — Coração Calmo

Você está aprendendo a ter batimentos cardíacos calmos, consentes. Aquecimento. Repita o resumo do texto de peso/calor, recitando cada frase três ou quatro vezes. Pelo menos no início, faça este exercício deitado de costas. Sinta mentalmente os batimentos de seu coração. Sinta-os em seu peito, garganta, ou qualquer outro lugar. (Se você costuma ter dores de cabeça, não os sinta na cabeça.) Você pode preferir descansar a mão direita sobre o ponto do pulsação do punho esquerdo, ou mesmo no peito. Em geral, no estado de relaxamento, você pode sentir a batida. Repita então em silêncio:

Meu peito sente calor e prazer 6-8 vezes Minha batida é calma e constante 6-8 vezes Estou me sentindo muito calmo 6-8 vezes

Faça este exercício duas ou três vezes por dia, durante sete ou 10 minutos, por duas semanas. Pouquíssimas pessoas acham que se desligam com este exercício. Se acontecer depois de algumas leu- tativas, passe para o próximo.

Quarto Exercício — Respiração

Você está aprendendo a ter mais controle sobre seu ritmo respiratório. Faça o aquecimento. Repita cm resumo o seguinte:

Faça este exercício para obter o controle de sua respiração durante 14 dias, de sete a 10 minutos, duas ou três vezes por dia. O treinamento é considerado bem-sucedido quando você for capaz de respirar com calma e ritmo, segundo sua própria ordem, após atividade

Meus braços e pernas vão ficando moles, pesados e quentes 1-2 vezes

Meus braços e pernas estão cada vez mais pesados

e quentes 1-2 vezes Meus braços e pernas estão pesadíssimos e

quentíssimos 1-2 vezes Minha batida é calma e constante 1-2 vezes Estou me sentindo muito calmo 1 vez Minha respiração é calmíssima 6-8 vezes Estou me sentindo muito calmo 1 vez

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física leve ou algum tipo de estímulo nervoso. Em vez de dizer o "Estou me sentindo muito calmo" usual no final deste exercício, o Dr. Schultz preferia "Eu me inspiro".

Quinto Exercício — Estômago

Você está aprendendo a alcançar uma agradável sensação de calor em seu plexo solar (o estômago acima da cintura, abaixo da costela). Faça o aquecimento. Repita o resumo do texto de peso/ calor, e as fórmulas de coração e respiração. Então:

Meu estômago vai ficando leve e quente 6-8 vezes Estou me sentindo muito calmo 1 vez

Se desejar, pode descansar a palma da mão direita sobre o plexo solar durante o exercício. Gradualmente você vai experimen-

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tar uma clara sensação de quentura. Em vez do texto acima, certas pessoas preferem dizer: "Meu plexo solar irradia calor". Se você achar esta frase mais fácil de imaginar e visualizar, use-a. Faça isto durante sete a 10 minutos, duas ou três vezes por dia, durante duas semanas. O exercício é considerado aprendido quando você sentir um calor definitivo.

Sexto Exercício — Testa Fria

Você está aprendendo a experimentar uma sensação de frio na testa. Aquecimento. Como sempre, repita o resumo do texto para peso, calor, coração, respiração e estômago. Depois:

Minha testa está fria 6-8 vezes

Estou me sentindo muito calmo 1 vez

Imagine uma brisa fresca esfriando sua testa e têmporas. Se for necessário deter a sensação, no intervalo entre as sessões, fique diante de um aparelho de ar condicionado ou ventilador, dizendo em voz alta: "minha testa está fria". Quando você experimentar repetidas vezes um frio definitivo, o exercício é considerado completo. Faça isto duas ou três vezes por dia, de sete a 10 minutos, durante 14 dias.

Não pule uma sessão. Abra os olhos e comece a se mexer lentamente. Espreguice-se, flexione as juntas, jogue fora o peso, e se torne ativo.

Recapitulação

Repita todas as formas literalmente, mas não de maneira automática. Diga-as com cuidado, intenção e emoção para que cada uma mergulhe no mais profundo de sua consciência. Combine as sugestões com a imaginação. Os textos de peso/calor em geral produzem um estado de torpor muito agradável, o que demonstra que foram bem aprendidos. No entanto, você não está pretendendo dormir. Se isto acontecer, aprenda com a experiência: talvez devesse fazer os exercícios sentado. O objetivo do treinamento autogênico é a consciência relaxada, e sua conscientização deveria tornar-se mais aguda à medida que se libera das tensões. Imagine-se a si

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mesmo retendo um núcleo de consciência durante as sessões. Se dormir for um verdadeiro problema, sugira para si próprio: "Meu corpo pode dormir, mas minha consciência permanece alerta e desperta,"

A esta altura, você já deve ter chegado ao texto final:

Meus braços e pernas estão pesados e quentes Minha batida e respiração são calmas e constantes Meu estômago está leve e quente, minha testa está fria Estou me sentindo muito calmo

Pode acontecer de certas pessoas, usando apenas uma ou duas repetições, atingirem o agradável estado autogênico de posse sobre si mesmo. Este estado é reforçado se você utilizar a técnica com regularidade, sempre que precisar relaxar e dar o melhor de si. A dose de manutenção é praticar duas vezes por dia durante cinco minutos. Quando o processo já estiver automatizado, muita gente acha que basta dizer: "Braços e pernas pesados, quentes; coração e respiração calmos, constantes; estômago quente, testa fria, calma" para penetrar no estado autogênico.

O Dr. Odessky encerra seu programa neste ponto. Após uma breve menção do treinamento autogênico no segundo nível (ver mais adiante, neste capítulo) ele se volta para outros lances terapêuticos soviéticos, como a musicoterapia.

Com estes seis exercícios simples, você já aprendeu o treinamento autogênico básico, Se for como a maioria das pessoas, você logo estará sentindo seus efeitos. O Dr. Lindemann descobriu em suas turmas que era muito comum as pessoas experimentarem o alívio de vários incômodos bem antes do término do programa. Ele cita o caso típico de um oficial na casa dos 50 anos que, à altura do terceiro exercício, achou que podia passar sem os remédios para enxaqueca, que ele tomava desde criança. Quando o corpo/mente entram em comunhão íntima, não apenas as antigas tensões físicas, mas também as restrições e cristalizações psicológicas parecem dissolver-se. Como Odessky, Lindemann e outros atestam, as pessoas sentem um típico aumento de autoconfiança, uma diminuição de temores e aborrecimentos. Você dispõe dos meios para recuperar o próprio equilíbrio sempre que houver necessidade,

Agora que você tem a capacidade, não precisa mais perder tanto tempo com as fórmulas de treinamento para praticá-la, Pode extrair o máximo do que chamamos "fórmulas de resolução". A capacidade autogênica é como a terra boa e fértil. Ela viabiliza qualquer semente que se quiser plantar. As fórmulas de resolução aju

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dam a fortalecer o seu eu neste ou n.iqikk pi;nto A simplicidade da prática mascara sua força. É o tipo de exercício que transforma uni gago apavorado em um orador eloqüente ou ajuda um Linde- mann a cruzar o Atlântico.

Textos Sob Medida

£ óbvio que cada um de nós se depara com circunstâncias diferentes, aspectos diferentes de nossas personalidades ou capacidades diferentes que desejamos aperfeiçoar. Com fórmulas feitas para cada um, você assume o controle consciente das sugestões que determinam seu comportamento. Você está desviando sua atenção e energia de modelos construídos irrefletidamente no decorrer dos anos. Eis aqui algumas sugestões gerais para ajudá-lo a criar seus próprios textos.

No estado autogênico de relaxamento, repita seus textos per-sonalizados por três ou quatro minutos, duas vezes ao dia. No início, pelo menos, atenha-se a um assunto de cada vez. Espere até começar a sentir o efeito desejado, firmando-o antes de partir para outras coisas. Por exemplo, se você costuma tremer quando precisa tocar piano em público, pode dizer: "Eu gosto de tocar piano em público. Sinto prazer de repartir o meu talento com os outros..." Ou se gosta de jogar futebol: "Sinto confiança quando corro para o gol." Ou: "Chuto com força, potência." Tente acreditar do fundo do coração naquilo que diz enquanto repete seus textos. Elimine a falta de fé, aja como se o que está dizendo já fosse mesmo verdade.

As sugestões podem ser curtas e específicas: "Meus olhos estão fixos na bola." "Queixo colado no peito na hora de mergulhar." Ou podem ser de conteúdo mais geral, visando alimentar a pessoa como um todo: "Perdôo a mim mesmo por todos os erros passados. Estou livre. Estou em paz comigo mesmo e com o mundo." É válida uma combinação de ambas e, ao terminar a sessão, afirme que você agora vai assumir estas qualidades em seu mundo.

Faça as frases sempre curtas. O ritmo e a aliteração ajudam a fixar as idéias na mente, Da mesma forma que a rima, Não se preocupe com o mérito literário, as frases podem ser horríveis, desde que fiquem gravadas. Bons exemplos são os ditados populares que, uma vez ouvidos, dificilmente se esquecem.

Construa seu texto com cuidado. No mais profundo da mente, tudo é entendido no sentido literal. Em vez de dizer: "Vou praticar com entusiasmo e alegria", diga: "Pratico entusiasmado e alegre". Coloque as orações no presente, pois o futuro é uma coisa que está

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vindo, mas não chega nunca. E o que c mais importante, construa as frases no sentido positivo. Evite dizer: "Não perco a concentração. Não esqueço o discurso..." Diga: "Minha concentração é completa e firme. Eu me lembro facilmente do discurso." As negativas têm que ser abandonadas. Para evitá-las, cenas pessoas preferem chamar as coisas de "irrelevantes". Por exemplo: "Fumar é irrelevante. Respiro ar puro e fresco. Fico satisfeito."

Para recapitular, diga seus textos com atenção ao significado. Faça-os curtos. Garanta os seus desejos "agora" em uma estrutura positiva. E fale com delicadeza para você mesmo.

Se você tem uma agenda repleta ou muitas responsabilidades, uma pausa para o treinamento autogênico pode lhe ajudar mais que uma pausa para o café. Em quatro ou cinco minutos você pode fazê-lo, em qualquer lugar, no escritório, no táxi, no avião. Demore um minuto para atingir um estado autogênico de relaxamento global. Então use um texto do tipo: "Estou tranqüilo e alerta, e de bom humor. Deixo sair a tensão." Se for preciso, diga: "A tensão e a raiva se dissolvem."

Junto com as resoluções, pense em desempenho em seu sentido mais amplo. Gratifique o seu ego, admire-se a si mesmo antes das provas, da entrevista para o emprego, ou qualquer desafio pessoal. Com um pouco de criatividade, você pode produzir frases para aperfeiçoar o desempenho e o relacionamento sexual, um dos usos mais comuns das resoluções do treinamento autogênico na Europa. Muitos também usaram o treinamento autogênico para ajudar a superar o fumo ou a bebida em excesso. Trata-se de um novo auxiliar nos regimes alimentares, já que não depende da força de vontade, mas da imaginação. Pense em usá-lo sempre que se sentir em desvantagem — se pertence a uma minoria de qualquer espécie, se vai ser submetido a uma reciclagem profissional, se é uma mulher que volta ao mercado de trabalho — seja o que for, as resoluções do treinamento autogênico, devidamente utilizadas, podem ajudar a devolver- lhe o equilíbrio.

Segundo Estágio do Treinamento Autogênico

O segundo estágio do treinamento autogênico educa c aguça a imaginação, transformando-a em uma ferramenta extremamente poderosa. Pode aperfeiçoar o desempenho de qualquer tipo, melhorar os relacionamentos e a personalidade. Mais uma vez, tratam-se de seis exercícios. Você adquire a capacidade de imaginar claramente

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cores, objetos, Je experimentar mentalmente noções abstratas como a coragem ou compaixão, de melhorar a auto-imagem, de contemplar os relacionamentos com outros e, finalmente, de receber respostas de recantos recônditos da consciência. Este último item pode ser de grande auxílio na solução de problemas profissionais e pessoais. Procure atingir o conhecimento do subconsciente e do supra- consciente para obter respostas. Muitos o encaram como sendo a comunicação com o superego. Alguns chamam a isto atingir o eu superior, ao velho sábio que existe dentro de nós, pronto a dar conselhos. O Dr. H. Hengstmann, médico alemão, chama o segundo estágio do treinamento autogênico de "a mais pura forma de co-municação psicológica que, em profundidade, a pessoa pode ter consigo e com os outros."

Os exercícios para reforçar cada uma das seis capacidades au- togênicas estão no capítulo de exercícios,

Os atletas e outros que dependem do desempenho, como já vimos, valem-se dos filmes mentais para aumentar o seu valor. É claro que, se você pretende fazer cinema mental, é bom ter algum poder de visualização e imaginação. Caso contrário, os exercícios do segundo estágio do treinamento autogênico e da ioga mental podem trazê-Io até você.

Filmes Mentais

Um astro do basquete sai da partida mancando. Nos próximos dias, enquanto o resto da equipe treina, ele também o faz, repassando cuidadosamente os diversos lances e arremessos — em sua mente. Esta maneira de manter as faculdades aguçadas tem funcionado para os atletas europeus. Mesmo no ápice do preparo físico, muitos acham que trabalhar com os filmes mentais lhes aperfeiçoa mais o desempenho do que passar muito tempo extra em prática real. Desta maneira você pode repassar qualquer atividade, desempenhos públicos ou particulares, aprender a dirigir em auto-estradas ou a bossa de uma nova dança.

Após alguns minutos de relaxamento autogênico, comece seu filme mental. Passe-o cena por cena, até o fim de um desempenho magnífico. Veja-se a si mesmo movimentando-se com perfeição, serenidade, técnica. Procure saber de antemão qual a técnica correta. (Não deve inserir informação errada.) Se você joga boliche, por exemplo, veja-se segurando a bola, caminhando com passos leves — observe a bola passando pelo corredor, batendo no primeiro pino no ângulo exato para o strike. Experimente várias jogadas. Se for

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uma reunião de negócios, focalize a atenção sobre sua pessoa entrando na sala de reuniões. Veja a si mesmo quando dá uma demonstração de que foi bem recebido.

Como um cineasta, use seus recursos. Use o zoom abrindo e fechando sobre pontos importantes, como faz Jack Nicklaus em suas visualizações de golfe. Procure olhar de vários ângulos. Passe o ftlme em câmara lenta; isto é particularmente útil para as atividades que exigem reflexos de frações de segundo, como o mergulho ou a ginástica. Se cometer um erro, volte para trás e passe aquela tomada outra vez, até sair certo. Depois de observar seu próprio desempenho com tamanha competência, transfira a máquina de filmar para o seu ponto de vista. Sinta o taco de golfe ou a bola de boliche em sua mão. Acompanhe seus passos, sentindo-se em unidade com a atividade executada. Se estiver fazendo uma palestra, encare a platéia, observe seus rostos cheios de atenção e admiração. Sinta a- afinidade crescente. Alegre-se consigo mesmo.

Especial para o Esporte

A prática constante do treinamento autogênico aperfeiçoa o equilíbrio físico e mental, a coordenação e o movimento muscular em geral. Há um número específico de técnicas autogênicas que muitos atletas consideram as melhores para superar o próprio desempenho. Por exemplo, a pessoa pode usar as afirmações para manter uma alta motivação, ou o gosto pelo treinamento e a prática diária. Ê certo que também podem ser usadas para diminuir diversos tipos de ansiedade e bloqueios psicológicos — medo de errar ou se machucar, nervosismo, falta de concentração, raiva dos companheiros de equipe, declínio do desempenho quando o oponente demonstra sua superioridade. Para este último caso, você pode afirmar: "Os oponentes me são indiferentes. Calmo e confiante, eu jogo bem." A instrução pela sofrologia em geral junta estas afirmações com a respiração ritmada. Uma resolução curta é repetida cada vez que se expira. Assim como a prática firme do treinamento autogênico reduz as contusões nos esportes, já que a pessoa não aeve entrar em campo com os músculos tensos, muitos atletas exaltam os poderes de recuperação do sistema. Após uma partida ou treino, logo que puder, mergulhe no estado autogênico para reequilibrar e descansar corpo e mente.

Para instruir os atletas, os praticantes da sofrologia usam o treinamento autogênico mais uma ampla gama de exercícios retirados de fontes como o zen e a ioga. Muitos deles são semelhantes aos

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exercícios encontrados em outras partes deste livro. A sofrologia procura confeccionar um programa para cada indivíduo; a pessoa, porém, deve ter uma idéia geral do tipo dc técnicas que podem ser úteis. Por exemplo, o treinamento com sofrologia freqüentemente sugere o relaxamento progressivo como exercício básico (ver Capítulo 7). Diz-se aos atletas para focalizar a atenção na contração e descontração de cada conjunto de músculos do corpo, e para tentar obter uma imagem firme do corpo inteiro. Para melhor reforçar a consciência do corpo inteiro, seus campos de energia, a expansão e contração destes campos, os sofrologistas usam um exercício parecido com o do Capítulo 17 e que chamamos dc Consciência dos Campos de Energia.

Um atirador que praticava com regularidade o relaxamento progressivo por sofrologia afirmou que durante uma competição o tempo parecia se expandir. Embora ele tivesse apenas oito décimos de segundo para mirar o alvo móvel, sua crescente capacidade de concentrar mente e corpo fazia com que parecesse ter muito tempo para mirar e atirar. Sobre uma outra técnica que aparentemente pode conduzir a esta capacidade de experimentar uma jogada real em câmara lenta,' ver o Exercício de Cor e Movimento no Capítulo 17. Os sofrologistas também prestam muita atenção aos exercícios respiratórios adaptados a situações específicas (ver Capítulos 7 e 17).

Encarando-se o lado psicológico do esporte, os sofrologistas usam os muitos exercícios que desenvolvem a concentração, aperfeiçoam a percepção e aumentam o equilíbrio (ver Capítulo 18). Para uma pessoa de caráter fraco, receitariam um exercício do tipo Melhore Sua Auto-Imagem, para transformar as imagens de fracasso em outras de sucesso. Na preparação de acontecimentos futuros, os sofrologistas usam o método do filme mental. Com a visão mental, os atletas filmam em detalhes a competição que vai se realizar, imaginam seu próprio desempenho muito bem-sucedido, procuram ter o máximo de consciência das sensações físicas e mentais que acompanham a filmagem do sucesso. Finalmente, são instruídos para reproduzir esta sensação quando estiverem no acontecimento real. Ver no Capítulo 7. Lembrar a Alegria de Aprender, que também pode ser usada como a alegria de vencer ou a alegria do melhor desempenho.

O treinamento autogênico, uma vez aprendido, é um meio e um veículo. Apesar de simples, é de alta potência, e pode transportá-lo em grande estilo por qualquer que seja a atividade escolhida. Se você está aprendendo a sentir seu braço cada vez mais pesado ou se já estiver participando dc um filme completo em sen- sorama, em qualquer destes casos, não se esforce demais. Se tive>

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uma vontade férrea, deixe-a de lado para usá-la em outro lugar. É como escreveu Emile Cotié, antepassado de todos os modernos sistemas sugestivos: "Quando a imaginação e a vontade estão cm conflito, a imaginação invariavelmente ganha a parada... No conflito entre vontade e imaginação, a força da imaginação está cm proporção direta ao quadrado da vontade."

A pessoa que teme falar em público, ou aquela que tem medo de perder um jogo possui uma imagem mental de fracasso. Quanto mais a vontade tentar lutar contra esta imagem, mais energia a imagem ganha. "A atração fatal que o buraco exerce sobre o jogador de golfe nervoso se deve ao mesmo motivo", diz Coué. "Com sua visão mental, ele vê a bola pousar no ponto mais desfavorável. Ele pode usar qualquer taco, dar uma tacada longa ou curta; enquanto o pensamento do buraco dominar sua mente, a bola inevitavelmente fará a trajetória certa. Quanto mais vontade de acertar ele tiver, pior será sua jogada."

Nossa imaginação pode trabalhar para nós ou contra nós. Usando as técnicas da sofrologia e do treinamento autogênico podemos tomar em nossas mãos este poder de transformação e nos conhecermos melhor. É' um ato criativo.

Algumas pessoas aprenderam a usar o potencial humano tão bem que parecem estar muitos passos adiante de nós. Uma delas e o homem capaz de atingir um nível extraordinário em muitas áreas, mas que demonstra que uma personalidade desobstruída pode fazê-lo com mais clareza, em termos de carne e osso. Ê um homem que está no centro, em vários sentidos.

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Capítulo 12

Controle da Dor

Um homem alto, musculoso, com uma barba pontiaguda, é o alvo das atenções de um círculo de homens que o observam com uma intensidade quase tangível. Com um olhar fixo, o homem alto olha para a agulha de 12cm que é enfiada de um lado de seu braço para sair do outro. Depois de retirada, não corre sangue nem fica marca. Então, um dos homens do círculo, lenta e deliberadamente, pressiona um cigarro aceso na pele do homem alto. Ele não grita, nem faz uma careta. Ê como se nada estivesse acontecendo. Sequer ficam marcas para provar o que aconteceu, Jack Schwarz não está sendo torturado, embora tenha descoberto o alcance de sua capacidade de controlar a dor e curar feridas nas celas de tortura nazista, quando lutava na resistência holandesa.

Com o carisma de um ator ou de um soberbo professor, Schwarz parece saído do papel de mágico em um filme de Ingmar Bergman, Mas na vida real ele é por demais extrovertido, jovial e simpático para ser confundido com o mágico taciturno.

Hoje, Jack Schwarz lidera os esforços para ampliar a utilização de novos métodos de controle da dor, cura, e manutenção da saúde, além de fazê-los mais aceitos pela medicina convencional e de uso mais difundido.

Diversos cientistas e muitos institutos de renome testaram Schwarz, inclusive o Instituto Neuropsiquiátrico Langley Porter da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, o Instituto Max Planck de Munique, e principalmente a Fundação Menninger de Topeka, Kansas. Foi lá que, há alguns anos, o Dr. Élmer Green e sua mulher Alice Green começaram a submeter os poderes de gerações de iogues aos testes em aparelhos imparciais. Os Green imperam a absurda tradição ocidental de considerar como farsante qualquer um que declarasse controlar os processos "involuntários" de corpo, sem direito à pesquisa científica. Os Green achavam que Schwarz e outros tinham, de verdade, domínio sobre si mesmos. "Jack Schwarz tem, no campo dos controles voluntários, um dos maiores talentos do país e provavelmente do mundo", relata o Dr. Green. Schwarz e poucos outros, dentre os muitos que os Green examinaram, era capaz de fazer coisas como dirigir a circulação, alterar os batimentos do coração, elevar e baixar a temperatura em várias partes do corpo, bloquear a dor, controlar os sangramentos e acelerar drasticamente a cura. Um homem, Swami Rama, era mesmo capaz de, a pedido de Green, criar uma ligeira protuberância na mão, Era também capaz de dissolvê-la.

Em seu contínuo esforço para liberar as reservas da mente, Jack Schwarz proclamou-se capaz de inúmeras outras habilidades. Uma delas é de ver e interpretar as bioenergias mutantes que circundam o corpo das pessoas — a aura. Os médicos de Mennínger e outras instituições crêem que o diagnóstico dele a partir do estudo desta aura é o mesmo feito com exames convencionais, detectando até dados mascarados. Durante cinco anos, Jack Schwarz deu aulas para médicos sobre o desenvolvimento do controle da dor e outras reservas mentais. £ consultor da Fundação Menninger e chefia a Fundação Aletheia em Grants Pass, Oregon. Por muito tempo, ele imaginou um complexo educacional e terapêutico onde o trabalho se processasse com vistas à realização do

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potencial humano pleno — "saúde física, psicológica e espiritual". Sua organização tem hoje quase 500.000 m2 de área florestal, e a idéia começa a sair do papel. Uma clínica para tratamento global em regime de ambulatório está prevista para ser inaugurada em 1978, onde Schwarz poderá trabalhar diariamente com profissionais da área de saúde.

Enquanto Schwarz está mais voltado para o ensino de profissionais, outro homem faz de tudo para aparecer. Se houvesse um prêmio para quem conseguisse chamar mais a atenção para aquilo em que acredita, seria de Vernon E. Craig. A aparência de Craig, um homem atarracado, lembra a dos camponeses suíços dos livros de histórias de nossa infância. E ele é um queijeiro de Ohio por profissão. Nas horas livres, Craig se transforma em Komar, completando o visual com turbante, peito nu e pantalonas. Com ar levemente ausente, Komar passeia descalço sobre metros de carvão em brasa. E detém o Recorde Mundial do Guiness: um passeio de 7,50m sobre brasas a 800° de calor.

Craig começou a transformar-se em Komar — subir escadas com degraus feitos de lâminas, chamar homens fortes para tentar quebrar a marretadas lajes de concreto em seu peito — quando fez sua primeira demonstração em público em uma feira de caridade para ajudar os retardados. Logo começou a pensar que somos todos retardados — desenvolvemos muito pouco de nossa capacidade natural. "Sou um homem como qualquer outro. O que eu faço, vocês podem aprender a fazer", ressalta Komar. Quando era menino, ele encontrou um livro de ioga e resolveu aprender, já que os iogues garantiam o controle sobre a dor.

"Sou um homem como qualquer outro", repete ele para a platéia enquanto se deita em uma.cama de pregos. Outra placa de pregos é baixada, fazendo de Komar o recheio de um sanduíche de pregos. As seis pessoas mais pesadas da platéia são chamadas para sentar em cima do sanduíche. Komar provoca: "Deixem de frescura, vamos, sentem, todos juntos." Eles obedecem e o queijeiro de Ohio sorri. Quando sai, não há sangue, feridas ou cicatrizes, Para esta proeza, ele detém um outro recorde registrado no Gui- ness: 745kg de pressão sobre sua cama dupla de pregos.

Para Komar, o divertimento excêntrico tem motivos mais fortes que o show-bustness. "Meu principal interesse, é claro, está no campo do controle mental, do desenvolvimento de nosso potencial", diz Craig. "Por ser dramática, eu uso a demonstração da dor. Dá a eles uma sugestão daquilo que é capaz uma pessoa comum com treinamento. Deve fazer as pessoas começarem a pensar."

E cada vez mais ele atrai a atenção das pessoas. Agora dá conferências em congressos de médicos e cientistas. O Dr. Norman Shealy, diretor do Centro de Reabilitação da Dor em La Crosse, Wisconsin, testou-o com vários métodos usados para medir a tolerância de uma pessoa à dor. Calmo e sorridente, Komar chegou ao ponto máximo da escala. Mesmo quando o congelaram, furaram ou aplicaram choques elétricos crescentes, Shealy e outros médicos não conseguiram machucar Craig. O objetivo principal dele é fazer com que os outros também não se machuquem. Para ajudar, está publicando o programa de controle da dor que ele próprio seguiu.

Os médicos, por certo, conferiram para concluir que tanto Schwarz quanto Komar têm sensibilidade normal à dor quando não estão no estado alterado que ativa as reservas da mente. O que faz com que um Jack Schwarz ou um Vernon Craig desligue a dor a qualquer momento? Eles aprenderam a controlar os processos do corpo e, finalmente, a se transportarem para outro lugar. Schwarz diz: "Saio de mim mesmo e me imagino perto do meu corpo. Eu não enfio uma agulha no meu braço", diz ele. "Enfio a agulha em um braço." Isto faz lembrar «ma ressalva feita por Nijinsky. Alguém disse uma vez: ao grande astro do baié: "É uma pena que não possa se ver dançando." "Ah, posso sim", respondeu ele. "Estou fora de mim, observando e orientando."

"As habilidades que demonstro nas experiências estão ao alcance de qualquer um", diz Schwarz, explicando a origem da interação harmoniosa de corpo e mente. "Para atingir esta harmonia, você precisa desenvolver um ponto de vista descompromissado, uma consciência da finalidade da vida, e um fluxo de energia que não seja interceptado pelo medo ou emoções reprimidas."

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Schwarz ensina que isto se desenvolve por meio da meditação ativa e criativa — não um sistema fechado, mas uma coleção de técnicas e ferramentas para harmonizar corpo/mente. Muitas delas já foram explicadas neste livro, mas a peça central do ensino de Schwarz é um assunto sobre o qual nos referimos apenas ligeiramente. De maneira indireta, certas pessoas vão vê-lo por todo o livro como sendo o agente de sustentação das supercapacidades. O assunto é energia: bioenergia, energia penetrante, prana, kundalini, a energia que emerge para formar a espinha dorsal e coroar a filosofia oriental e a ciência iogue.

Schwarz ensina como exercitar esta energia, quer você a considere "real" ou "imaginária", para harmonizar e fortalecer os poderes centrais do corpo. É a energia que o Pandit Gopi Krishna chama de "energia do gênio". Mesmo no Ocidente, há crescentes razões para se achar que é parte dos meios sutis, parte do poder de transmutação que nos permite concretizar fatos extraordinários, da faixa-preta do karatê até a supermemória. Schwarz conta como exercitar esta energia em seu livro Voluntary Controls.

Estivemos uma vez com Jack Schwarz na costa oeste, e certas pessoas vieram nos dizer, em segredo: "Jack não é humano, sabe?" Corriam rumores de que ele vinha de Plutão, sendo esta a razão por que fazia aquelas coisas todas... Depois de alguma consideração, concluímos que Jack Schwarz e Vernon Craig são humanos. Pensando bem, são até mais humanos de que o resto de nós, pois dispõem melhor das capacidades inerentes à nossa espécie.

Qualquer um que usar os métodos de superaprendizado e su- perdesempenho demonstrados neste livro logo descobrirá que, entre os benefícios imediatos estão a melhoria de saúde e o controle sobre vários sintomas. Você pode aprender a ampliar estas técnicas para ajudá-lo a controlar a dor — no dentista, ou para as distensões e câimbras resultantes de esportes ou dança. Conforme mencionado no Capítulo 2, uma das primeiras utilizações que o Dr. Lozanov deu à sugestologia foi o controle da dor, até mesmo como anestesia para grandes cirurgias. Uma das principais aplicações da sofrologia é no parto sem dor.

Neurologista e neurocirurgião, C. Norman Shealy é, ele próprio, um homem pouco comum, um dos cabeças da tendência para uma medicina global. Shealy é do tipo de pessoa que um dia decide: "Tem que haver um meio melhor", e sai à procura dele. Ocorreu- lhe um dia que drogar continuamente os que sentiam dores crônicas e receitar tranqüilizantes qu'micos para os deprimidos não era um meio de curá-los. Pela sua experiência sabia que a cirurgia e, neste ramo, os perigosos exames que geralmente a acompanham também não eram a resposta.

Hoje em dia o Dr. Shealy e sua equipe reuniram uma bateria de tratamentos não-tóxicos para aliviar as pessoas do confinamento solitário e, a longo prazo, da dor crônica. De suas últimas experiências, o Dr. Shealy também desenvolveu consistente programa para ajudar qualquer um a encontrar novas dimensões de bem-estar. O núcleo de seu "biogênico" é um programa autogênico amplamente expandido que Shealy chama de "uma abordagem global da vida e da saúde, que você pode constantemente apreciar sob novos ângulos e expandir enquanto pratica". Como diz o médico, "você cria sua própria realidade." E espera chegar o dia em que os princípios autogênicos sejam ensinados nas escolas do interior.

O programa autogênico, ou autocontrole, é a base e muitos programas de redução da dor e autocura. A partir da ioga e outras tradições, Jack Schwarz e Vernon Craig ensinaram a si mesmos, São uma prova espetacular de que estas capacidades podem ser aprendidas.

Uma vez sabendo o programa autogênico básico, você já pode visualizar e imaginar com clareza, já tem as técnicas necessárias para começar a aprender a controlar a dor e se autocurar. Os programas diários de Schwarz, Craig e Shealy são livros em si. Aqui, podemos apenas fornecer alguns exercícios para você dar a partida. (É claro que se você não sabe por que está sentindo uma dor, deve procurar um médico.)

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Expirando a Dor

Os modernos métodos de controle da dor foram formados pelas várias correntes da experiência iogue. No início do século, o estudioso e erudito logue Ramacharaka publicou um texto lúcido para apresentar alguns desses exercícios tradicionais "à mente eminente-mente prática do Ocidente".

Um deles se baseia na "respiração rítmica". Neste caso, o ritmo varia de acordo com o indivíduo. E ressalta o fato de que o ritmo do corpo de alguém se baseia em seus batimentos cardíacos.

Em estado relaxado, sinta seu pulso. Conte em voz alta até ter uma verdadeira sensação de ritmo, de modo que possa respirar junto com a contagem sem se concentrar nela. Muitos iniciantes acham mais confortável respirar a cada seis batidas do pulso. Prenda a respiração durante três, expire em seis, pausa em três, e recomece. Eventualmente, você pode achar mais fácil respirar segundo uma contagem mais longa. (Respire sempre pelo nariz, a menos que lhe seja indicada outra maneira.)

Para o controle da dor, sente-se ereto ou deite-se de costas. Faça a respiração rítmica segundo o pulso o tempo que precisar para sentir o balanço do ritmo. Enquanto isso, concentre-se no fato de estar respirando em prana: energia absoluta, o princípio ativo da vida — força gloriosa, fundamental. Inspire prana. Ao expirar, envie mentalmente o prana para o local dolorido para restabelecer a circulação adequada e as correntes nervosas. Depois inspire prana outra vez, agora com a intenção de usar esta energia para desviar a dor de você. Alterne as duas idéias — fortalecer a capacidade curativa do corpo; desviar a dor. Faça isto sete vezes e então descanse. No caminho para o descanso, Ramacharaka sugere uma respiração iogue de limpeza: inspire profundamente enchendo o abdome e pulmões. Prenda a respiração alguns segundos. Faça um bico como se fosse assoviar, mas com as bochechas vazias. Expire o ar em rajadas curtas e fortes, pela boca. Se necessário, repita em ciclos de sete. Querer forçar o resultado só atrapalha, diz Ramacharaka, um comando sereno e uma boa imagem mental são o segredo

Luz

Esta é outra técnica iogue testada pelo tempo, usada para controlar a dor, relaxar a tensão, ou recuperar partes do corpo. Você vai extrair luz pura, cheia de energia, de uma bateria instalada em seu plexo solar (o estômago acima da cintura e abaixo das costelas) e transferi-la para onde estiver doendo ou incomodando, por exemplo, na cabeça.

Imagine a poderosa energia, abastecida pelo sol, da própria vida. Sente-se ereto ou deite-se de costas. Os nós dos dedos diante uns dos outros, dedos flexionados, coloque suas mãos e as pontas dos dedos, de leve, sobre seu plexo solar. Comece a respirar profunda, suave, lentamente. Imagine que você está inspirando luz branca, brilhante e vital corno o centro do sol. Imagine esta luz energética fluindo para o interior de seu abdome, depois para seu peito, enquanto os pulmões se expandem. Então expire.

Depois que já tiver o ritmo, enquanto inspira, imagine aquela grande luz fluindo do seu plexo solar para as pontas dos dedos, carregando suas mãos. Prenda a respiração e leve lentamente as pontas dos dedos à testa. Então expire lentamente, visualizando a luz energética fluir de seus dedos para o meio da testa, até que toda a cabeça esteja inundada de luz. Depois de expirar completamente, faça uma pausa para que as mãos voltem ao plexo solar, e então recomece o ciclo.

Jack Schwarz recomenda que se visualize esta luz não apenas enchendo a cabeça, mas também transbordando para fora dela, como se você estivesse usando um chapéu de mineiro com holofote na frente.

Faça este exercício 21 vezes. Repita-o depois de um descanso, se necessário, É importante a visualização vívida e constante da luz branca. Procure imaginar o sol a pino ou

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a neve mais limpa. Os iogues dizem que leva tempo para desenvolver esta capacidade de carregar energia. Como a técnica é também usada para relaxar a tensão, uma boa idéia é experimentá-la uma vez por dia durante algum tempo, antes de ter uma dor específica.

"Toque Insensível" Para o Controle da Dor

Eis uma técnica de controle da dor que uma das autoras considera uma verdadeira dádiva em qualquer tipo de situação. Como estudante do controle voluntário, ela e centenas de outras pessoas praticaram e aprenderam a executar este método simples para aliviar a dor. Mais tarde, pôde demonstrar esta forma de controle voluntário diante dos médicos e ver o seu registro nos monitores. Descobriu que foi de grande utilidade em muitas ocasiões, como pequenas cirurgias e remoção de pontos. Muita gente também acha que ajuda muito depois de uma ida ao dentista, quando passa o efeito da anestesia. Pode ainda ser útil para dores e distensões por excesso de esforço nos esportes; de fato, para qualquer tipo de dor ali- viável com anestésico.

Se você já experimentou os exercícios básicos de treinamento mental (Capítulo 11) e aprendeu a fazer braços e pernas ficarem pesados, deve poder aprender este item com facilidade. Trata-se de aprender a alterar a temperatura de suas mãos.

Use seu método preferido de relaxamento para atingir um estado de tranqüilidade, respirando profundamente. Agora, diga para si mesmo que sua mão direita vai ficando pesada, fria e dormente.

Imagine mergulhar sua mão direita em um balde de gelo. Sinta como ela fica azulada e cada vez mais fria. Sinta-a ficar insensível. Visualize sua mão sendo congelada.

Diga pafa si mesmo: "Minha mão direita vai ficando pesada, fria e insensível". Pratique durante vários minutos.

Quando sentir que sua mão direita está fria e insensível, toque as costas da mão esquerda com os dois primeiros dedos da mão direita insensível. Diga: "O ponto que eu toco com a mão direita insensível também vai ficando frio e insensível." Um teste de sen-sibilidade é pressionar com as unhas o ponto dormente. Pratique até desenvolver a frieza e insensibilidade comandadas por você na sua mão esquerda.

Finalmente, diga a si mesmo que qualquer parte do corpo que você tocar com a mão direita fria e insensível também vai ficar anestesiado, como se tivesse recebido um jato de novocaína. Por exemplo, depois de uma ida ao dentista, você pode fazer sua mão direita ficar fria e insensível e dar o "toque insensível" na gengiva dolorida para diminuir o mal-estar.

Com a prática, você vai conseguir produzir frieza e insensibilidade em muito pouco tempo. É claro que qualquer técnica de controle da dor deve ser aprendida e praticada com antecedência, em vez de esperar ficar cheio de dor.

Outros Removedores da Dor

1. As dores de cabeça, descobriu-se, respondem a uma abordagem ligeiramente distinta. Os pesquisadores do biofeedback dizem que para dores de cabeça o controle voluntário da temperatura das mãos deve ser quente em vez de frio. Use o mesmo método acima, visualizando porém as duas mãos e braços ficarem pesados e quentes. Diga para si mesmo: "Testa fria; mãos e braços quentes".

Se preciso, veja a si mesmo sentado com um saco de gelo na cabeça e as mãos cm uma bacia de água quente.

Ao se programar, focalize a atenção sempre sobre a saúde restabelecida — não sobre o problema. Diga: "Minha cabeça está limpa. Eu me sinto refrescado e alerta."

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2. Outra técnica útil contra tensão e dores trata de um tipo diferente de visualização. Entre em estado de relaxamento. Fotografe mentalmente uma grande bola colorida a sua frente. Pode ser qualquer cor que preferir naquele momento em particular — sua cor pessoal. Segure a bola com as mãos. Visualize-a ficando cada vez menor. Então jogue-a fora.

(A explicação deste exercício é que o seu inconsciente selecionará a cor certa para o caso, de acordo com a forma específica de stress que estiver produzindo sua dor, seja proveniente de esforço mental, tensão emocional, raiva ou seja o que for.)

3. Outro método para a remoção da dor é pensar nela como sendo um tipo de curto-circuito em um aparelho elétrico. A energia precisa voltar a fluir. Imagine suas pernas e pés como fios-terra de um aparelho, Agora, ponha uma das mãos sobre o plexo solar (palma aberta) e ponha a outra mão na nuca (espalmada). O dedo mínimo toca o alto, e os outros quatro dedos as vértebras abaixo. Fique com as mãos assim durante três minutos.

Agora troque as mãos e repita por mais três minutos. Visualize a energia fluindo através de você e saindo pela testa. Você vai notar que, com esta técnica, os dedos do pescoço começam a ficar quentes,

enquanto a mão no plexo solar fica menos quente, e você pode sentir uma sensação ligeira de agitação.

Enquanto respira de maneira lenta e cadenciada, visualize a energia fluindo para dentro e para fora, dentro e fora, dentro e fora, removendo qualquer curto-circuto e fazendo sair a dor.

Alívio Autogênico

Se você estiver sem prática e sentindo dor, tente este método. Não se debruce sobre a dor, deixe-a ir-se. Procure relaxar e se concentrar em sua respiração firme, cadenciada. Tente expirar a dor. Isto é, recolher a dissonância em sua própria manifestação e lentamente transformá-la em harmonia.

O Dr. Élmer Green, falando sobre a autocura realizada em estado de profundo relaxamento, diz: "A criatividade, em termos de processo psicológico, significa a cura física, a regeneração física. A criatividade em termos emocionais consistirá, então, em estabelecer, ou criar mudanças de atitude através da prática de emoções sadias — emoções cujos correlatos neurais sejam aqueles que estabelecem a harmonia no cérebro visceral. . ." Um ato criativo, eis o que é a auto cura. Com a abordagem global você pode começar a conscientizar de que seu poder criativo aí está. Com muita freqüência, no passado, nós o usamos de maneira inconsciente, negativa, para criar a doença.

Na prática autogênica, a regra geral dos dedos manda que: auando a dor for externa — pele, dentes, cabeça, pés — envie frio. para dores sedimentadas em órgãos internos, envie calor. Mas sempre procure um profissional para saber o motivo da dor. Com o "biogênico", o Dr. Shealy acha que os pacientes com dores crônicas liberam sensações desagradáveis durante o relaxamento profundo. Com a prática, podem trazer um pouco deste bem-estar à vida ativa.

Você pode controlar a dor sob outro aspecto, com o treinamento autogênico, utilizando toda a força do sistema para manter e melhorar a saúde, para resolver pequenos problemas antes que aumentem. Se o problema já se desenvolveu, o método autogênico — cuja maior aplicação ainda é na medicina — é uma terapia auxiliar eficiente. Existem, por exemplo, textos específicos para determinadas enfermidades. O Dr. Shealy incluiu alguns em seu livro 90 Days to Self-Healing (90 Dias Para Se Autocurar), da mesma forma que o Dr. Lindemann no seu Relieve Tension lhe Autogenic Way (Alívio da Tensão Pelo Método Autogênico). Como um exemplo geral, o texto para reumatismo-artrite pode incluir: frases para aliviar a raiva em particular e as tensões em geral; afirmações de paz, de flexibilidade

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das juntas e de conforto; afirmação de que um joelho ou cotovelo está livre da dor; e o envio de calor à junta afligida.

A dor exprime distúrbio, desarmonia. No Centro de Reabilitação da Dor, Shealy ampliou o método autogênico de primeiro e segundo níveis, criando um programa destinado a devolver aos pacientes a harmonia física, mental, emocional e espiritual. Diz ele que pode dar exemplos de praticamente todo tipo de doença melhorada pelo biogênico, bem como de quase todo tipo de doença agravada pelas emoções negativas. Se as emoções podem causar doenças, conclui Shealy, "controlando-se mentalmente os excessos emocionais, pode-se aprender a controlar a maioria dos sintomas e dos processos patológicos." Ê uma grande declaração para um médico. Já existem muitos médicos hoje em dia que começam a assumir uma postura global e se dão conta mais do que nunca de quanto a mente é capaz de curar e prejudicar. E se mantêm informados sobre o trabalho de médicos como Carl Simonton, de Austin, que está treinando pacientes de câncer em técnicas específicas de meditação e visualização. Quando estas técnicas globais são usadas, alguns pacientes diagnosticados de "incuráveis" passaram a curáveis.

Wilhelm Von Humboldt, homem de grande cultura e diplomata, um dos fundadores da Universidade de Berlim, parece ter dito acreditar que dia viria em que as pessoas teriam vergonha de ficar doentes, pois a doença seria encarada como a conseqüência de maus pensamentos. Por enquanto nenhum de nós se sente constrangido. Não apenas nunca nos ensinaram a ter bons pensamentos neste sentido como, em muitos casos, nosso ambiente nos ensina de fato a ficar doentes. Eis porque o Dr. Sheaiy, o Dr. Lindemann e outros médicos notáveis acham que o ensino das técnicas de treinamento autogênico nos primeiros anos de escola seria uma das mais valiosas formas de educação —- algo para nos proporcionar toda uma vida saudável. "Se o treinamento autogênico fosse ensinado nas es-colas, o mundo se curaria a si mesmo", diz o Dr. Lindemann, "Não atingiremos um nirvana livre de doenças, mas acredito que"o treinamento autogênico poderia prevenir mais doenças e desvios de comportamento do que os médicos que continuam cada vez mais interessados, talvez justificadamente, em curar do que em prevenir".

Os médicos autogênicos, junto com suas técnicas, nos lançam um desafio subentendido. Eles pretendem devolver a responsabilidade pelo bem-estar a nossas mãos e mentes. Eles nos desafiam a nos darmos conta de outro potencial — a saúde.

PARTE III

—.—— —

Capítulo 13 ■

Capacidades Futuras

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As alterações estão perto de nós, "mais fáceis de alcançar que 8$ decorrentes das revoluções de Copérnico, Darwin e Freud", diz o Dr, Willis Harmon, ex-diretor do Centro de Pesquisa Sobre Política Educacional dos EUA. Uma alteração fundamental na maneira de encararmos a nós mesmos e ao mundo em que vivemos, diz ele, que atingirá de forma crescente a educação, os negócios e a vida em geral. Segundo Harmon, vários são os pré-requisitos para que se processe tal alteração. Um deles é o amadurecimento de nossa capacidade de controlar os estados interiores. Isto inclui aprender a melhor aprender como uma capacidade em si.

Como já vimos, este aprendizado se transforma em superapren- dizado quando se apela para a pessoa como um todo. Parte desse todo são capacidades do cérebro direito era sua terminologia popular — intuição, criatividade, imaginação, espiritualidade. Também neste campo "outras" capacidades foram recentemente admitidas cm círculos intelectuais seletos. Por exemplo, o Dr. Harmon, hoje Diretor de Estudos Sobre o Sistema Social do Instituto de Pesquisa de Stanford, vê algo mais ajudando a determinar nosso futuro: a parapsicologia. Ele se baseia na pesquisa contemporânea, E ressalta: "... provavelmente viremos a descobrir que todas as pessoas detêm o espectro completo de fenômenos psíquicos em potencial, todos compreendidos pelo inconsciente..."

Estas são as "outras" capacidades que começam a entrar em ebulição, e já prontas, ao que parece, para serem possuídas e utilizadas conscientemente. Se você estiver interessado em intuição, criatividade, ou nos chamados fenômenos extra-sensoriais, as técnicas de relaxamento e visualização apresentadas neste livro já são um material testado para se iniciar no aprendizado destas capacidades futuras.

Mesmo se você estiver atrás dos poderes extra-sensoriais, provavelmente não será o primeiro do seu bairro. Os que conhecem bem este campo, inclusive Harmon, podem lhe dizer que uma enorme sucessão de pessoas com tais capacidades vêm se revelando em levas sem precedentes durante a última década. São engenheiros e fazendeiros, são professores, físicos, médicos. Outros ainda não decidiram o que vão ser porque só têm oito anos. E alguns são presidentes de grandes companhias.

Por exemplo, entre os homens de negócios que declararam publicamente que os poderes extra-sensoriais desempenharam um papel importante em seu sucesso estão Alexander M. Poniatoff, fundador e presidente aposentado do conselho da Ampex Corporation; William W. Keeler, presidente aposentado do conselho da Phillips Petroleum e John L. Tishman, membro do conselho e vice-presidente executivo da Tishman Realty & Construction Company.

Em 1969, a Associação Americana Para o Progresso da Ciência reconheceu a parapsicologia como um campo espicífico de pesquisa científica. Hoje, bem mais de mil faculdades mantêm cursos sobre paraciências. E parece que estão desenterrando as velhas reportagens sensacionalistas das revistas de ocultismo — "A Mente Entorta o Impossível no Laboratório Naval", "Falta de Verbas Engaveta Projeto de Telepatia". E temos as religiões, os cursos, os gurus, coisas com pouca arte e menos ciência. Tememos estar escorregando na rampa lisa do irracional e da superstição.

Como muitos outros que pesquisaram o assunto, o Dr. Lozanov não pensa assim. Um repórter de Sófia perguntou-lhe se a parapsicologia, ao invés de ser um talento emergente, não seria um retrocesso na capacidade, mais adequado aos primitivos.

'""Pelo contrário é nas personalidades mais cultivadas, do tipo artístico, como escritores, pintores e atores, que esta capacidade mais se manifesta. Para o homem moderno, dar-se conta da conexão telepática é mais uma questão de inspiração artística", responde Lozanov.

Em vez de um retrocesso na capacidade, pessoas como o eminente psicólogo Dr. Carl Rogers chamariam talvez a parapsicologia de uma capacidade "avançada". Rogers crê que estejamos em uma transição evolucionária tão importante quanto a que empurrou as criaturas dos mares para a vida expandida na terra. "Estamos nos desdobrando para novos espaços, novas maneiras de ser?" pergunta ele. "Descobriremos novas forças e

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energias?" Rogers sugere que «ela utilização das capacidades do cérebro direito, das capacidades da psique, chegaremos a conhecer diretamente um universo diferente, não-linear como o universo que nos descrevem os físicos.

Se existe o perigo da superstição rondando o campo da para- sicologia, ele reside menos nos mistificadores da parapsicologia que no pensamento retardatário, que vê um mundo mecanicista com olhos do séc. XIX onde a psique não tem lugar. Hoje, tal ponto de vista é que é uma superstição. Os físicos há muito desmantelaram a "máquina" e se propuseram a desmaterializar a matéria. A parapsicologia está no núcleo do possível.

O medo impediu que as autoridades da época olhassem pelo telescópio de Galileu o sistema solar. Ironicamente, certos medos atuais impedem que se olhe pelo outro lado do telescópio, para dentro de nós mesmos, onde talvez a ciência, a religião e as humanidades sejam reunidas novamente. Não seria de grande importância se se tratasse apenas de se divertir fazendo o copo andar ou a chave balançar na ponta da linha. Mas o compromisso com a parapsicologia tem mais fundamentos do que estas brincadeiras. Pesquisadores comunistas, inclusive o Dr. Lozanov, foram os primeiros em nossa época a encarar as capacidades psíquicas como uma ampliação das habilidades humanas, habilidades essas que muita gente precisa aprender a usar. Foi o que aconteceu de realmente novo nos últimos 10 anos. Lidando com os problemas do dia-a-dia, homens e mulheres vêm exercitando e usando esses outros meios de conhecimento, integrando-os ao seu eu global, não para substituir a razão, mas para trabalhar com ela.

A Parte I tratou do aprendizado de fatos. Esta parte fornece um apanhado de algumas técnicas para ajudá-lo a extrair o máximo dos fatos, a revigorar a criatividade e a intuição. Pode também abrir- lhe novas portas — que provocam os sentidos e a mente — para o vasto mundo íntimo além dos fatos onde se desenrola a maior parte da vida.

Capítulo 14

O Palpite Bem Dosado:

Profissional e Pessoal

"Uma sensação, uma intuição adiantada, freqüentemente me empurrou para a ação", explica o hoteleiro Conrad Hilton. Às vezes, os "palpites do Connie", como os concorrentes chamavam, pareciam uma vantagem desleal. Tomemos o caso da Stevens Corporation. Foi aberta uma concorrência para venda da empresa com propostas lacradas. Hilton apressou-se a fazer sua primeira proposta, de US$ 165,000. "Aí eu comecei a sentir qualquer coisa errada. Veio-me à cabeça uma nova cifra — US$ 180,000. Achei que era a certa. Mudei a minha proposta com base nesse palpite. Quando foram abertas, a que mais se aproximava da minha era de US$ 179,800." Com base em um palpite, Hilton ganhou por escassos US$ 200. "Mais tarde", conta ele, "obtive um retorno de dois milhões."

Mas você não precisa ser um magnata. A prova é Lawrence Tynan. No verão de 1971, ele olhava para o pátio de sua revenda de automóveis em Middletown, Nova Jersey, sem saber o que fazer para não ir à falência. Na primavera ele comprava cinco vezes mais carros que de costume. Fez aquilo de palpite. Então, o Presidente Níxon

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anunciou seu plano de vendas de carros novos com desconto. Em breve, em vez de carros, Tynan passou a ter cinco vezes mais lucros que de costume. "Eu nunca ia conseguir esses carros todos depois do discurso de Nixon", lembra ele.

Desde cedo, somos imbuídos de uma sugestão muito forte vinda de pais, professores e da cultura que nos cerca para não agirmos de acordo com os sentidos, para não irmos atrás de palpites, como jjãton ou Tynan. As pessoas responsáveis não agem assim. Não é ^ítsato, ensinavam-nos direta ou indiretamente. Com efeito, acon- sêlhavam-nos a sermos meio ajuizados. As pessoas que usam todo seu misturam dois tipos de conhecimento, o racional-analítico ^om o intuitivo-criativo.

Este capítulo trata de extrair o máximo de seu modo intuitivo ds pensar e responder. Reforçar a capacidade intuitiva é eni si uma raaior conscientização de seu potencial. Cada vez fica mais claro atxe a Idade das Luzes acendeu apenas o lado racional da nossa natureza, deixando o outro lado no escuro. Ao mesmo tempo, fica também cada vez mais claro que as pessoas de grande sucesso sempre foram adeptas da utilização de todas as suas faculdades, mesmo se muitas vezes dão explicações "racionais" para encobrir os rastros íJa sua intuição. Um homem que sem dúvida usou os dois meios de pensar com um brilho digno da Renascença foi o arquiteto Buck- jttíESíer Fulier. "Todo o mundo tem uma intuição muito poderosa mesmo", diz Fulier, "mas a maioria de nós, hoje em dia, se sente JfiStrada com a maior rapidez e aprende a não dar ouvidos à intuição."

Ê de se esperar que a intuição esteja presente nas artes ou no :jgí«donamcnto amoroso. Mas não é de se esperar que o esteja no flano profissional mais agressivo, como as decisões de alto nível da pdíktria pesada. E no entanto, foi aí que a descobrimos quando fcaifiGS entrevistas para o livro Executive ESP (Percepção Extra- stnsorial a Nível Executivo), sobre a tomada de decisões. Conversamos também com professores, defensores de consumidores, jornalistas, meteorologistas. Estes foram os que mais responderam: "Cia- to,. eu uso." A frase era completada por palpites, impressões, intui- gfe .e, às vezes, percepção extra-sensorial com todas as letras.

A intuição pode diminuir a carga que você carrega em qual- sper profissão, da arqueologia à xerografia. Chester Carlson, o ad- vogísdo que inventou a Xerox, era bastante interessado em intuição « parapsicologia. Por quê? Porque ele a usava. Carlson era tão in- g|eSSâdo que, no início da década de 60, financiou pesquisas sobre rlBS ae Instituto de Tecnologia de Nova Jersey, a quarta maior escóis de engenharia dos Estados Unidos.

Trabalhando no Projeto de Comunicações Parapsicológicas desta: raeuMade, o Dr. Douglas Dean e o Dr. John Mihalasky pergun- a si mesmos: quando tudo está em nível ótimo — educa- PO, feteügência, experiência — qual é o fator X que determina a S™*^3 entre o bom desempenho e o desempenho superlativo? Iteram o palpite de que a diferença poderia ser a PES em geral, e particularmente a premonição, ou sensação antecipada do que vai «COTÍ tecer.

Eles testaram mais de sete mil executivos no item da premonição. "Queremos que escolham um número de 100 dígitos", disseram-lhes. "Mais tarde, um computador vai selecionar um número para cada um de vocês. Tentem adivinhar qual vai ser." A educa-ção, a razão e a experiência não ajudavam em nada. Muitos homens e mulheres, no entanto, pareciam poder invocar a premonição. A média foi acima das probabilidades. O mais intrigante foi o resultado de 36 presidentes de empresas. O resultado saiu assim:

21 presidentes que aumentaram em mais de 100% os lucros de suas empresas nos últimos cinco anos:

19 obtiveram muitos pontos em premonição 2 permaneceram dentro das probabilidades

15 presidentes de empresas que não tiveram o mesmo desempenho; 5 obtiveram muitos pontos em premonição (estes tinham

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aumentado os lucros da companhia de 51 a 100%) 2 permaneceram

dentro das probabilidades 8 ficaram abaixo da média

Também foram testados bedéis na faculdade de Nova Jersey, "Os que eram considerados por seus companheiros como sendo os mais bem-sucedidos", diz o Dr. Mihalasky, "foram os maiores acer- tadores do teste de premonição." A intuição parece ser parte da pessoa como um todo. Recebemos este dom com uma finalidade — ajudar-nos a criar uma vida mais gratificante para nós mesmos e para os outros, não importa onde estejamos. Em qualquer decisão na vida, desde dar uma palmada nas crianças até comprar uma casa, faz sentido valermo-nos de todas as nossas capacidades para chegar à melhor escolha.

Intuição é uma palavra com um magnetismo que reúne diversos fatores, um dos quais é a PES. Provavelmente, a razão pela qual Conrad Hílton podia usar a PES num piscar de olhos era o fato de estar habituado a agir diariamente com base no lado intuitivo de sua mente. Antes de sonhar com a capacidade de premonição pura, procure exercitar a sua intuição. Vai ajudá-lo a tomar decisões. É também a base da criatividade. Bucky Fuller cita o estudo feito sobre os diários de cientistas famosos, nos quais todos eles regis-traram que o único item importante relacionado com sua grande descoberta era a intuição. O segundo mais importante era uma segunda intuição, que vinha em um lampejo cerca de 30 segundos

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Como Aprimorar a Intuição

Preste atenção nela. A intuição é uma capacidade humana e você-a possui. Em certo sentido, ao usar e fortalecer esta parte de sua mente, você fortalece a integridade de sua natureza como ser humano. Examine seus sentimentos e idéias sobre a ação intuitiva. Você acredita de verdade na sua intuição? Se apenas em algumas coisas, por que não em outras? Que tipo de sugestões culturais sobre a intuição lhe foram impingidas? Recolha-as e faça uma lista. Quando encontrar sugestões negativas, procure eliminá-las. Se necessário, utilize resoluções de neutralização. (Ver Capítulo 7, Afirmações de Aprendizado.) Finalmente, procure lembrar de uma vez em que a intuição funcionou a seu favor. Como foi que a sentiu?

Quando estiver com os pensamentos e sentimentos em ordem, comece a experimentar a intuição em pequenas coisas. Faça jogos consigo mesmo. Por exemplo, adivinhe o melhor caminho para casa na hora do rush ou a melhor esquina para apanhar um taxi. Use-a para achar uma vaga para o carro. Pode adivinhar a cor do carro perto do qual você vai parar? Se estiver esperando em uma fila para diversos elevadores, adivinhe qual vai chegar no térreo primeiro. E quanto à previsão do tempo, acha mesmo que deve mudar seus planos por causa do serviço de meteorologia que previu tempestade, ou tem a sensação de que não vai acontecer? Confiar na intuição para assuntos relativamente de pouca importância faz com que você se acostume a atingir esta parte de sua mente.

Quando sentir que sua intuição já está fluindo, determine de que maneira ela funciona para você. Sente alguma coisa em qualquer parte do corpo, vê imagens mentais ou vozes, ocorre durante a noite? Ou seus palpites funcionam sempre ao contrário? Certas pessoas quase sempre viram à esquerda quando deveriam virar à direita. Você pode usar essa intuição invertida, de souber como ela funciona.

Dê-se conta daquilo que interrompe seu pensamento intuitivo. Os Drs. Mihalasky e Dean descobriram que o excesso de tensão — dor, exaustão, crise emocional — tendem a desviá-lo. Você pode aliviar a tensão pelo método autogênico ou outros exercícios de re-laxamento. Depois de testar milhares de pessoas, os pesquisadores de Nova Jersey também descobriram unia peculiaridade curiosa e

da primeira e lhes mostrava como provar e implementar a sUjj descoberta.

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não explicada. O fato de a pessoa ser minoria esmagadora em um grupo leva à eliminação da capacidade intuitiva naquele grupo.

A pesquisa básica do Dr. Manfred Clynes fornece outras pistas para aprimorar a intuição. Clynes, considerado um dos intelectos multidisciplinares mais criativos e agudos da ciência atual, fala em atingir um estado específico que nos permite ser "captores" de novas idéias. Não temos consciência de quanto trabalho é executado sob a superfície quando estamos neste estado. Idéias novas e criativas aparecem como um todo. Depois que chegam, podemos usar nossas faculdades conscientes para testá-las. Porém, avisa Clynes, não devemos rejeitar as idéias antes de nascerem. A rejeição ocorre quando não fornecemos a nós mesmos o estado adequado para seu nascimento.

Em termos psicológicos, tal condição é de abertura, prontidão na espera e, mais do que tudo, confiança. Não deve haver medo, e a pessoa precisa sentir verdadeiramente que as idéias que virão serão boas, valiosas e dignas de serem guardadas como um tesouro. Em termos físicos, Clynes descobriu que, quando as pessoas estão neste estado aberto e criativo, "a cabeça tende a ser ligeiramente impulsionada para a direita e para cima, o corpo fica leve, e tem- se uma sensação característica de pressão expandindo-se na testa, entre as têmporas. A inspiração do ar é lenta e constante, enquanto a expiração é rápida". Este é um estado programado geneticamente, descobriu Clynes. E, segundo ele, desde que conscientemente re-conhecido, pode ser aprendido e cultivado. (Para maiores informações, ver o Apêndice.)

Utilização da Intuição

A receita para tomar decisões intuitivas e resolver problemas não é dada pela experimentação em laboratório. Mas alguns indicadores podem ser extraídos das pessoas bem-sucedidas que fizeram da intuição um sócio de seus negócios. A técnica que se segue funcionou para muitas delas.

Reúna toda a informação possível sobre o seu problema. Desenterre dados, mergulhe na informação, misture tudo em sua mente, e esqueça. Faça os exercícios de relaxamento e depois uma viagem mental a algum lugar agradável ao ar livre. Imagine a si mesmo espreguiçando-se, observando as nuvens lentamente se formando e dissolvendo. As vezes, a solução vai aparecer de repente enquanto você estiver ali deitado, mas não se preocupe se isto não acontecer. O mais importante nesta técnica é provocar um curto no circuito da

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Birita racional e deixar o problema descansar. Muitas pessoas se capazes de gerar uma resposta com mais facilidade quando : l^^tn a atenção para outra coisa. O palpite

amadurecido, a so- taeio intuitiva tende a saltar nas horas mais improváveis, quando você se serve de sopa ou salta do ônibus.

:■;'..■■'. Uma outra abordagem, se você estiver habituado a meditar, é a sugestão de Jack Schwarz. Coloque seu problema antes de iniciar 8 meditação, então você mesmo vai se dirigir para a solução, em vez de ficar atrás dela. Se o problema já existe, também existe o outro lado da moeda — a solução.

O treinamento autogênico oferece um caminho bastante experimentado para a intuição e a solução criativa dos problemas. Neste último exercício autogênico, você "sobe a montanha para falar com O sábio". Em outras palavras, usando o relaxamento profundo e a imaginação dirigida, a pessoa procura contactar fontes de consciência com as quais normalmente não se comunica. No treinamento autogênico, esta técnica é usada depois que você já aprendeu o resto do programa. Entretanto, você pode tentar apenas partindo de um tôtado de profundo relaxamento. (Ver instruções no final do Capítulo 18.)

A idéia de personificar e manter um diálogo com o "conhecer" há muito vem sendo usada em cursos de motivação para os negócios, principalmente por mentores do sucesso como Napoleon Hill e W. Clement Stone, Andrew Carnegie encarregou Hill de encontrar e tornar acessíveis ao público métodos práticos, terra-a-terra, para se ter uma vida bem-sucedida. Como era de se imaginar, aprender a utilizar todas as reservas da mente era um desses métodos.

Hill conta que telefonou para o professor, cientista e inventor Dr. Élmer Gates, Sua secretária disse a Hil! que Gates estava ocupado e que ela, sinceramente, não sabia dizer por quanto tempo ficaria — uns minutos, ou umas horas. Disse que ele estava "esperando uma resposta". Mais tarde, Gates explicou a Hill que, sempre que precisava tomar uma decisão difícil ou ter a resposta para um problema, ele se fechava em um quarto escuro, à prova de som, sen- tava-se, limpava a mente e a focalizava em um único ponto. Esperava então que a resposta aparecesse. Não perguntava, pensava nem calculava. Mais cedo ou mais tarde a resposta aparecia. Aí ele acendia a luz e a escrevia.

— De onde vêm essas respostas? — perguntou Hill, — De três fontes — respondeu Gates. — Primeiro de minha própria experiência e

conhecimento acumulados; segundo, do conhecimento dos outros recolhido telepaticamente e, finalmente, do grande depósito universal da Inteligência Infinita.. , que pode ser contactada através da parte subconsciente da mente

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O Dr. Gates detinha inúmeras patentes. Mais de duzentas delas eram invenções iniciadas por outros que desistiram por não poder resolver um ponto crucial. Gates fazia frutificar seus conceitos usando a técnica intuitiva de "esperar pela resposta".

Al Pollard, consultor de empresas em Arkansas, e antigo presidente da Junta da Reserva Federal do Oitavo Distrito, é bem conhecido por seus seminários de administração. Na parte de resolução de problemas, ele ressalta que a pessoa deve saber realmente qual é o problema. Muitas vezes não é o que julgamos ser. Para descobrir, Pollard aconselha que se pergunte ao subconsciente. Quando estiver cm estado de meditação e relaxamento, pense: "Eu gostaria de saber qual é o problema." A palavra chave para Pollard gostaria de saber é "que provoca uma reação em cadeia para fazer funcionar nossos processos intuitivos". Se a intuição for desencadeada, faça uma lista dos pensamentos que aparecem. Pollard também ajuda altos executivos a usarem a intuição em uma direção diferente. "Tentamos indagar ao futuro e trazer as respostas, com a consciência de que no núcleo da mente não existe tempo nem distância."

A intuição também pode servir como um sistema de autocor- reção para ajudá-lo a acompanhar e detectar erros em uma decisão já tomada. O advogado e homem de negócios de Nova York, Richard T. Gallen, conta como usou sua intuição para este fim. Milhões de torcedores dos jogos de futebol americano admiram o rebolado das dançarinas da torcida do time Dallas Cowboy. Elas acabaram virando um time de celebridades independente dos jogadores. Gallen, que dirige sua própria companhia, decidiu publicar um calendário com grandes fotos a cores dessas moças. Foram feitos os contatos necessários. Logo os fotógrafos de Gallen voltaram de Dallas e espalharam centenas de fotos sobre sua mesa. Eram boas fotos a cores, no estilo de Norman Rockwell — uma dançarina brincando com ura cachorro, outra consertando um carro. Ao vê- las, Gallen começou a sentir-se impaciente. Estava diante de fotos bem produzidas, bem tiradas, fáceis de reproduzir. No momento não conseguia pensar em nada contra elas.

"Poucos dias mais tarde, acordei no meio da noite", contou ele. Havia alguma coisa errada com o projeto das dançarinas. Quando esse tipo de coisa acontece, já sei que a minha intuição está tentando me dizer alguma coisa. E eu preciso tirar isso do meu cé-rebro direito, passá-lo para o meu cérebro esquerdo e extrair de maneira lógica a origem do problema."

Fez um retrospecto do projeto. Quando chegou às fotos, viu que a dificuldade estava aí. O problema estava nas fotos, mas qual

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„ Afinal, Gallen se deu conta de que o que realmente interessava rtóblico eram as torcedoras em pleno movimento, desempenhan- papel, e não moças bonitas em cenas domésticas, ainda que »Lialivas. Com este pensamento, desapareceu o desconforto.

Gal- fea mandou seus fotógrafos de volta a Dallas para captar as torcedoras em ação, e prosseguiu com o projeto. Trata-se de um bom exemplo de como razão e intuição trabalham em conjunto para se efcter um bom resultado final. Aconteceu assim porque Gallen, couto Hílton» agiu comandado peia intuição. A intuição pode auxiliá-lo a conceber um projeto, tomar decisões, resolver problemas e também alertá-lo para os erros que aparecem no meio do caminho. Especialistas em tomada de decisões não têm medo de errar às vezes, eles sabem que isso vai acontecer. Mas procuram usar todas as reservas de suas mentes para tomar mais decisões boas do que más. John E. Fetzer, proprietário da Detroit Tlgers e presidente da Fetzer Broadcasting Company, é outro executivo que fala da influência da PES e da intuição em sua vida profissional.

"O sucesso é uma coisa com que eu sempre contei", disse ele aos editores do New Realities. "E diria que é porque acredito na intuição a ponto de não tomar tantas decisões erradas que prejudiquem um ritmo bem-sucedido."

Extrair o Máximo dos Sonhos

José entrou para a história porque deu atenção aos sonhos. Sete vacas gordas desfilaram no sonho do Faraó seguidas de sete vacas magras. Como fazia com seus próprios sonhos, José agiu com base naquela informação, juntou provisões e salvou O Egito da fome. Provavelmente muito tempo antes de José, e sem dúvida desde então, pessoas de todas as culturas garantiram que captaram um instante do futuro em seus sonhos.

A premonição é a mais enigmática das experiências extra-sen- soriais, ainda que os pesquisadores a considerem a mais comumente encontrada. E parece acontecer com mais freqüência nos sonhos. Os Drs. Montague Ullman e Stanley Krippner, da Divisão de Parapsicologia e Psicofísica do Maimonides Hospital, do Brooklyn, desenvolveram uma aparelhagem para tentar captar sonhos premonitórios em laboratório. Eles não se propunham a obter profecias definitivas, mas apenas a descobrir se uma pessoa poderia sonhar com uma experiência futura, escolhida por ela ao acaso no dia seguinte ao sonho. Descobriram também que as pessoas podem, eventualmente, manipular o futuro enquanto dormem.

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Podemos aprender sobre nós mesmos e nossos relacionamentos com os sonhos. Talvez possamos também recolher informações ex- tra-sensoriais. Os sonhos provaram, no decorrer da história, ser um bom repositório de idéias e soluções criativas. Indo mais longe, tradicionalmente, os budistas afirmam que se você aprender a controlar os seus sonhos, a ser um sonhador consciente, será mais desenvolvido na próxima encarnação.

Recolhendo Sonhos

Para guardar seu sonho, tenha papel e lápis ou um gravador ao lado da cama — uma sugestão material.

Antes de se deitar, repita pelo menos 15 vezes: "Vou me lembrar dos sonhos desta noite". Reforce a idéia durante o dia sempre que se lembrar dela. Anteveja, fique na expectativa do acontecimento.

Assim que acordar, seja de noite ou de manhã, anote seus sonhos. Não fique se espreguiçando achando que se lembrará depois. A maioria das pessoas não consegue. Não precisa descrever tudo, tome notas pelo menos.

Logo que for possível, complete as anotações. Mencione a sensação do sonho, as cores marcantes, bem como imagens, vozes, enredo. Inclua detalhes aparentemente triviais.

Se no início não conseguir lembrar-se, tente fazer uma anotação, pela manhã, da primeira coisa que aparecer na sua cabeça. Isto pode carregar as baterias. Para dar uma ajuda à memória, a pesquisadora de sonhos Patrícia Garfield, em seu Creative Drea- ming (Sonho Criativo) sugere que se repita a posição ao acordar. Pode também colocar-se em outras posições costumeiras para ver se evoca outros sonhos.

Uma parcela de nós parece impressionar-se pelos rituais. Você pode tentar velhas fórmulas, como beber metade de um copo de água antes de se deitar, dizendo a si mesmo que vai se lembrar do sonho quando tomar o resto ao acordar.

Se funcionar com você, pode treinar a si mesmo com a sugestão de acordar depois de cada sonho.

Utilização da Coleção de Sonhos

Você pode utilizar de diversas maneiras uma coleção crescente de sonhos. Depois de algumas semanas, reveja seus sonhos. Reco-

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Jheu algum fragmento do futuro? Como coloca o escritor J. B. priestley, esses lampejos do futuro são geralmente triviais ou terrí- ygjs — com predominância do trivial. Você pode captar a visão de um nome estranho que verá de verdade pintado em um caminhão no decorrer do dia, ou de um conhecido que não vê há muito tempo e com quem se encontrará por acaso.

Se descobrir em seus sonhos um pedacinho do futuro, investigue o que havia de diferente no sonho, se é que houve alguma coisa. Os sonhos premonitórios são geralmente muito vivos. Quem mais estava no sonho? No final você poderá reconhecer os sonhos premonitórios quando eles ocorrerem e, como José, agir baseado neles.

Não imponha limites de tempo à premonição. Na Universidade de Freiburg, o Dr. Hans Bender documentou sonhos vívidos que se tornaram realidade cinco, 15, e até 25 anos mais tarde.

Fique atento quanto aos outros tipos de informação extra-sen- sorial. Também aqui as experiências controladas e bons históricos de casos mostram que você pode recolher em sonhos os pensamentos de outras pessoas, ou sintonizar com precisão um lugar distante.

Resolver Problemas em Sonho

Como na intuição, para resolver problemas em sonho conheça todos os fatos possíveis sobre o problema. Antes de deitar, sugira repetidas vezes que você vai sonhar com isto ou aquilo. Peça uma resposta. Continue tentando. Tenha confiança. Afinal, seus sonhos não vêm de Morfeu. Ê você que os cria.

Muitas pessoas bem-sucedidas desenvolveram o costume de anotar regularmente as idéias que lhes vêm em sonhos. Napoleon Hili uma vez comprovou o quanto este hábito pode ser útil. R. G. Le Tourneau convidou Hill para acompanhá-lo em uma viagem em seu avião particular. Le Tourneau construía equipamento pesado para terraplenagem e estava ligado a projetos como a Barragem do Hoover. Pouco depois de levantarem vôo, Le Tourneau adormeceu. Cerca de meia hora mais tarde, Hill reparou que ele, de repente, abriu uma caderneta, anotou qualquer coisa, e voltou a dormir. Quando aterrissaram, Hill perguntou-lhe se se lembrava do que anotara. Ele não se lembrava de ter anotado, e imediatamente tirou o bloco do bolso.

— Aqui está! — exclamou Le Tourneau. — Estou procurando isso há meses. Era a resposta a um problema que o impedia de completar uma nova máquina. Quando anotar seus sonhos, preste atenção aos detalhes — o detalhe de um sonho

nos deu a máquina de costura, Elias Howe se debruçava sobre o problema de unir- agulha, linha e tecido. Uma noite, exausto pelas tentativas infrutíferas, adormeceu c sonhou que tinha sido capturado por canibais. Metido em um caldeirão sobre o fogo aceso, Howe sabia que seria comido se não inventasse a máquina de costura. Um sonho de ansiedade — com uma diferença. Enquanto os canibais dançavam ao seu redor, ele observava suas lanças. Tinham furos no alto. Howe acordou e se deu conta de que, se furasse a agulha na ponta, cm vez do lado oposto, a máquina de costura funcionaria. Assim fez e funcionou.

Sonhar com Amigos

Foram iniciados recentemente grupos de sonho. Se você quiser explorar os sonhos com amigos, em primeiro lugar estudem juntos o assunto. Depois comparem os sonhos, sempre datando-os. Aparece nos relatórios dos grupos de sonhos que os amigos às vezes estão no mesmo "lugar" de sonho ou até se comunicam. Afloram certas coisas que, por este ou aquele motivo, não ficaram bem esclarecidas na vida acordada. Alguns grupos

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tentam sonhar sobre determinado assunto, às vezes sobre o próprio grupo, em noites específicas.

A idéia de explorar os sonhos é fazer recuar as limitações. Não deixe que isto se torne uma limitação. A maioria dos sonhos não é premonitória, principalmente sonhos de morte. Se pretende aproveitar os seus sonhos, faça-o apenas com os sonhos bons.

Premonição

A premonição pode parecer uma coisa fora do comum, mas é uma capacidade que você tenta usar toda vez que diz; "Aposto que. . ." Uma das melhores maneiras de aprender uma coisa é jogando ou brincando. Você pode jogar com a premonição, sozinho ou com amigos. Elimine de saída o tipo de amigo que diz: "Aposto que você não pode fazer isto." As sugestões negativas congelam a capacidade de aprendizado em geral. Podem ser ainda mais letais se você estiver tentando desenvolver um novo, ou sexto, sentido. Como em todo aprendizado, a confiança e a convicção são importantes. Lembre-se que, por estranho que pareça a premonição é a

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experiência parapsicológica mais comum. E, segundo as novas teo- elaboradas pelos físicos quânticos, vivemos em um universo on- a premonição não é apenas possível, como provável. O futuro, ao q«e Parece> !an?a suas somhras sobre o presente, e alguns de (j^s podem, às

vezes, senti-las. Esta parte do livro não se propõe a ser um manual de pesquisa

parapsicológica, nem detalhar as muitas incursões científicas sérias neste campo. Se você não estiver familiarizado com elas, procure livros sobre o assunto. As técnicas incluídas não se destinam à experimentação científica. Sua finalidade é ajudar a aprender, a ter sensibilidade para certos tipos de conhecimento. Como em tudo o mais, da aritmética a tocar piano, primeiro você aprende, e depois, se desejar, faz uma prova. Não há razão para inverter esta ordem na parapsicologia.

A Tela do Futuro

Não só os jogos, mas inúmeras situações na vida envolvem a tentativa de adivinhar o futuro. Pode ser-lhe útil ter uma tela do futuro, uma ajuda visual mental para dar mais forma a essas advi- nhações. Muita gente gosta de imaginar uma tela de TV em seu Olho mental, com uma cortina que se abre para mostra as imagens desejadas. Outros imaginam um espelho antigo, um lago ou um nevoeiro. Em estado tranqüilo, relaxado, pergunte: "Qual o tipo de tela em que eu vejo melhor o futuro?" Espere até que sua tela do futuro apareça na sua imaginação. Se gostar, use-a daqui para diante.

A experiência clássica de laboratório para premonição consiste em perguntar ao indivíduo qual, dos cinco objetos ou símbolos conhecidos que lhe são apresentados, será mais tarde escolhido ao acaso. Se lhe interessa, você pode fazê-lo em casa. Reúna, por exemplo, um conjunto de cinco gravuras bem diferentes, vivas. Numere-as de um a cinco. Relaxe corpo e mente, imagine sua tela do futuro e pergunte a si mesmo que gravura vai ser escolhida mais tarde ao jogar um dado ou girar um ponteiro. Espere um pouco até aparecer alguma coisa. No começo, jogue o dado depois de cada palpite para ter uma resposta rápida. Se você marcou um tento e lhe apareceu, em parte ou no todo, a imagem correta, pense em como se sentia de corpo/mente quando a imagem chegou. Procure reproduzir este estado sempre que tentar outra vez. Veja se há diferenças na qualidade das imagens certas e erradas.

Certas pessoas funcionam melhor com números, nomes, cores. Alguns não "vêem", mas "ouvem" uma voz dando a resposta. Mui

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tos vêem de maneira simbólica. Isto lhe pode proporcionar abordagens interessantes sobre o funcionamento de sua mente, mas se possível, procure treinar para "ver" no

sentido literal. A interpretação confunde a profecia, desde os tempos de Delfos. No laboratório, o aborrecimento é o maior bloqueio para o estudo da premonição. À

proporção que aumenta a monotonia, diminui a PES. Pratique a premonição com alguma coisa de que você goste. Adapte jogos comuns como baralho ou bingo. Ou jogue nas corridas de cavalos, lendo antes no jornal sobre uma corrida e adivinhando rateio, colocação, prova. Desenvolvendo seus próprios jogos, você aprende mais sobre os "macetes" da premonição que seguindo as instruções de um livro.

Ler as Manchetes de Amanhã

Uma notável economista inglesa, Juliet, Lady Rhys-Williams, em duas ocasiões, um pouco surpresa, leu notícias que não haviam sido impressas. A mais antiga associação de pesquisa parapsicológi- ca do mundo, Sociedade de Pesquisa Psíquica de Londres, fundada há 100 anos, documentou este caáo. Uma vez, ela "ouviu" com detalhes a Voz da América dar uma notícia que ainda não tinha ido ao ar. Lady Rhys-Williams sequer estava tentando. Algumas pessoas tentaram e encontraram uma maneira satisfatória de exercitar sua PES.

Se você quiser fazer previsões de notícias, em primeiro lugar faça o relaxamento habitual para atingir o estado adequado. Antes de começar a experiência, se puder, reproduza mentalmente uma ocasião em que teve um lampejo do futuro. Embarque então em uma viagem mental. Com o olho da mente, siga seu caminho normal até o jornal da manhã. Pare no local de costume. Abra o jornal c imagine-o como um todo diante de si.

Espere algum tempo, visualize o nome do jornal, a data, e depois focalize a página inteira. Mais tarde, escreva o que veio à sua imaginação — fotos, manchetes, assuntos. Você pode começar com um dia de antecedência mas, logo que possível, para evitar sugestões de outros meios de comunicação, tente pelo menos com uma semana de antecedência.

Você com certeza vai fazer papel de bobo se sair por aí dizendo: "Olhe, eu previ esse caso no Oriente Médio". Mas, se quiser, pode dizer para si mesmo qual a diferença entre ter um lampejo do inesperado, ou dar prosseguimento a notícias cm evidência. loteria

O Dr. Milan Ryzl é o primeiro parapsicólogo que conhecemos a conseguir conjugar o jogo com um laboratório de pesquisa. Valeu por ser o primeiro. Ryzl foi o primeiro elo de ligação entre a parapsicologia do Ocidente e do Oriente. Foi o primeiro a promover um amplo programa de treinamento de parapsicologia. E foi um dos primeiros a se dar conta de que o lado sério da vida em um laboratório poderia ser temperado com algumas experiências mais saborosas. Foi por isso que, quando o encontramos, pouco tempo depois de desembarcar nos Estados Unidos, ele perguntou:

— Como é a loteria do estado de Nova York? Em Praga, existe uma onde você escolhe os números, É perfeita para as experiências de premonição. É o tipo de coisa que pode atrair as pessoas para o laboratório!

Infelizmente, naquela época, Nova York não tinha esse tipo de loteria. Agora, junto com outros estados, Nova York tem uma loteria legalizada, com sorteios diários e semanais. Se houver uma onde você mora, já é um esquema pronto para a prática da premonição. Obviamente não precisa apostar para tornar o exercício melhor.

Em Praga, Ryzl utilizou um grupo de pessoas que ele treinara como sensitivos. Traduziu os números em símbolos com os quais se acostumaram a trabalhar. Ele então lhes pedia para prever os seis números vencedores da loteria. Ryzl combinava suas previsões — ou seja, se a maioria escolhesse o 2 em uma sessão, este seria um número provável.

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A maioria das loterias estaduais extraem números de três ou quatro dígitos. Experimente fazê-lo sozinho ou, como os tchechos, em grupo. Se não tiver muita sensibilidade para números, atribua a cada um um símbolo que lhe agrade. O grupo de Ryzl melhorou o desempenho com a prática e finalmente conseguiu ganhar uma boa quantia. Tanto por sorte quanto pela PES, ao que parece, o mais provável é você obter os números certos mas na ordem errada.

"Se vocês são tão bem-dotados, por que não ficaram ricos?" E parece que muitos parapsicólogos realmente ficaram — só que às vezes o tipo de riqueza que desejavam era serem chamados de diretor de pesquisa ou presidente de uma empresa. Outros ficaram ncos em outro sentido, fazendo com perfeição o que mais gostam de fazer. Não se trata de exercitar sua capacidade de premonição para quebrar a banca de um cassino.

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Quando o Dr. Ryzl ensinou a seu grupo a Percepção Extra- Sensorial, tinha em mente equipá-los com um sexto sentido real — se não um fato biológico, pelo menos uma analogia bem próxima. Queria que fossem capazes de interagir de maneira mais consciente com o vasto mundo além dos cinco sentidos. A idéia central dos exercícios de premonição é chamar a atenção para a sensibilidade do futuro e estimulá-la, com a finalidade de lhe fornecer sensações de várias texturas de tempo — algo que pode revigorar e fortalecer seu pensamento intuitivo.

Mas o que fazer se você tiver um vívido lampejo do futuro... uma desgraça? Certas pessoas previram que determinado avião iria explodir, ou que o lustre iria cair sobre o berço do bebê. Como norma geral, se você tiver um aviso aparente, trate-o como se fosse mais uma informação, a ser confrontada com outros fatores. Talentos exira-sensoriais são canais extraordinários de informação. Se, no entanto, você tiver uma profunda e esmagadora premonição, aja com base nela. Pode ser que faça papel de bobo, mas pelo menos estará inteiro para pensar no assunto.

Quanto mais você se acostumar com o esquema do pensamento intuitivo, tanto mais se dará conta de que muitos de nós estamos abarrotados de preconceitos. O intuitivo não se opõe ao racional, eles se completam. Mantendo toda nossa atenção no plano racional, acabamos por desenvolver o que alguém chamou de cultura mutilada, A resposta não está em mutilar o lado oposto, mas em procurar o equilíbrio, a harmonia entre os dois, de modo que possamos funcionar como uma pessoa inteira, com mais bandeiras desfraldadas.

Capítulo 15

Segunda Visão"

"Muito cuidado! Não dêem falsas esperanças aos cegos." Foi o que nos avisaram os amigos e entrevistados quando mencionamos publicamente as bem-sucedidas experiências soviéticas com a visão sem olhos. Mas, de vez em quando, voltamos a mencionar esta capacidade de perceber cores e figuras geométricas sem o uso dos olhos. A prática da visão sem olhos comprovou ser um bom meio de se abrir um leque mais amplo de habilidades parapsíquicas, pelo menos para os que enxergam. Quanto aos cegos, houve vezes em que nos arrependemos de ter lançado o assunto, já que não lhes podemos indicar nenhum lugar para treinamento.

Isto foi antes que, sem divulgação, uma coisa extraordinária começasse a acontecer em Buffalo, Nova York — algo que iluminou o mundo dos cegos em sentido literal. Naquilo que importa, ou seja, a vida diária, cegos estão aprendendo a utilizar suas capacidades de reserva. Agora mesmo, os cegos guiam "cegos", fazendo incursões úteis a todos nós. Ninguém poderia ter tanta certeza há cinco ou seis anos atrás. *

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Cuidado com as falsas esperanças. Talvez fosse mais ou menos isso que martelava a cabeça de Bill Focazio, uma tarde de 1973, <piando ele se reuniu com outros 19 cegos para iniciar ura novo programa: Projeto Consciência Cega. Homem firme, na casa dos 50 anos, proprietário de uma loja de roupas masculinas em Niagara Falis, Focazio pode ser considerado uma pessoa bem-sucedida. Ele pertencia a uma associação local para cegos, e este foi o motivo I Peio qual viera — já que não tinha muita certeza daquilo que iria pÉ

aprender. Viu-se então respondendo a questionários, depois tentan- ff do sair de um labirinto de cadeiras para testar sua capacidade de ff manobra. Pelo menos, parecia haver cientistas envolvidos no assun- II to: Dr. Sean Zieler, psicólogo do Hospital de Veteranos de Buffalo, I Samuel Lentine, físico cego, e Dr. Douglas Dean, eletroquímico e | parapsicólogo do Instituto de Tecnologia de Nova Jersey.

Finalmente, Focazio sentou-se à mesa com uma voluntária não 1 cega. Ela disse que estava colocando papéis coloridos especiais J diante dele: preto e branco, vermelho e verde. Trouxe as mãos dele 1 até poucos centímetros acima do papel. Ele achava alguma diferen- I ça? Aquele era preto? Ou branco? Focazio pensou que, de palpite, ;| tinha metade das chances de acertar. Foi exatamente o que sentiu: f que estava adivinhando. O que diminuiu seu ceticismo foram as pa- 1 lavras da professora, Carol Ann Liaros. Com calma, persistência, I com seu sotaque nortista, aquela mulher garantia ao grupo que eles | podiam ativar um novo sentido. Podiam acertar aquelas cores a § maioria das vezes, se não todas. Podiam também aprender a se | conscientizar de muitas outras coisas, como perto e longe, e se sen- 1 tirem mais à vontade no mundo, outra vez.

Bill Focazio não era o único com enormes reservas quanto ao | Projeto Consciência Cega. "A perda da visão atingiu o núcleo da j minha existência", admite Lola Reppenhagen. Será que ela poderia | outra vez experimentar o arco-íris das cores? Será que ela poderia i realmente saber o que estava à sua frente — um cubo, uma bola? Não era muito fácil lidar com essa idéia. Mulher pequena, dinâmica, esposa e mãe, Lola Reppenhagen gosta de lidar com o público 'i e fazia parte de uma associação para cegos em Buffalo. Era bem j típico que viesse para este grupo "porque gosto de experimentar coisas novas". Ela agora se defronta com muito mais do que podia j esperar. '"Não é preciso dizer que eu estava muito cética".

Podemos conversar sobre consciência e de-sugestão, e sobre como suplantar as limitações que nos foram sugeridas. Mas se qui- ■ sermos um exemplo de limitação acabada, este será o de ter o mun- i do apagado diante de nós, de ouvir alguém dizer que estamos cegos para sempre. A sala da casa se transforma em uma pista de obs-táculos, escadas e calçadas levam ao desconhecido. Seu cabelo está penteado? A comida deixou restos em volta da boca? Você não pode olhar-se ao espelho.

Há alterações mais sutis, diz o Padre Schommer, jesuíta do Canisius College. "A dificuldade se situa mais no lado emocional, na profundidade de sentimentos de cada um, bem como em sua iden- " tidade enquanto pessoa." Isto é ainda mais válido se, como o Padre Schommer, a pessoa fica cega depois de adulta. "Sinto-me como ; se estivesse em um quarto escuro e não pudesse sair." Você sente imediatamente que não pertence mais àquele lugar — já pertenceu, agora não mais. Tudo se orientava peia visão.., As pessoas podem lhe dizer: n°s Sostamos muito de você'. Você agradece demais, porém, no fundo, não acredita. ,. Até conseguir um objeto que faça yocê se sentir em real contato com o mundo, incluindo o mundo material, o amor e a boa vontade dos outros não repercutem. £ como um piano com a tecla do baixo quebrada, não tem ressonância alguma."

Uma coisa é promover uma agradável reunião para tentar jogos telepáticos. Outra coisa bem diferente é motivar um grupo de pessoas como o Padre Schommer, Lola Reppenhagen e Bill Focazio para ativar novos tipos de capacidades que os ajudem a superar seus problemas — diante dos quais até muitos parapsicólogos se intimidariam, Mas Carol Liaros topou a parada. Se ela tinha dúvidas, não as comunicou — apenas calma e segurança. Mulher de boa aparência, agora com quarenta e poucos anos, Liaros

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usa sua "juba" curta, mas permanecem nela suas qualidades leoninas. Es- pera-se dela que presida uma reunião, que seja a primeira à entrar na pista de dança de uma discoteca. É o tipo de pessoa que vai na frente.

A primeira pessoa para quem abriu caminho foi ela própria, quando Hugh Lynn Cayce, escritor e filho do parapsicólogo Edgar Cayce, lhe disse que ela dispunha de uma capacidade psíquica "natural". Liaros fechou seu instituto de beleza, delegou a administração de seus outros negócios e dedicou-se em tempo integra! ao próprio treinamento. Por volta de 1973, muitos em Buffalo já conheciam Carol Ann Liaros como parapsicóloga e professora. Trabalhou com alguns dos melhores cientistas do ramo, orientou um programa sobre parapsicologia para a televisão local, e deu cursos em lu-gares como o Instituto das Dimensões Humanas do Rosary Hill College.

Mesmo assim, a não ser que já tivessem ouvido falar de Liaros, os cegos reunidos naquela saía não faziam idéia de estarem tentando despertar em si mesmos capacidades parapsicológicas. Liaros abandonou a temática da PES e evitou qualquer menção à pa-rapsicologia para que os preconceitos não interferissem nos resultados. Reuniu também 20 voluntários não-cegos. Uma vez por semana ela os instruía no ensino das técnicas de relaxamento que parecem favorecer a psique. Uma outra noite por semana eles traba-lhavam com cegos.

Sentindo alguns tremores, bem arraigados em seu ceticismo, Bill Focazio, Lola Reppenhagen, Padre Schommer e muitos outros "entregaram-se" a Liaros e seus voluntários. Praticaram relaxamento, visualização dos biocampos de energia em torno do corpo, sensibilização às cores — para gradualmente se tornarem parte de uma revolução de base; ou talvez a palavra seja evolução. O paranormal começou a aparecer em meio às conversas sobre fatos passados e reminiscências dos cegos. A medida que se conscienlizavam de que suas limitações não eram tão reais quanto pensavam, aqueles ho-mens e mulheres passaram a fazer coisas que eles próprios admitiam "parecer inacreditáveis".

Uns começaram a reconhecer cores do outro lado da sala. O mundo foi voltando a ser "visto", de um modo que eles achavam difícil de explicar — voltavam a sentir-se em contato, só que de maneira diferente. Parecia haver luz em suas cabeças, disseram alguns. onde antes só havia escuridão. Um homem aposentou sua bengah branca, pois conseguia, de alguma forma, identificar postes de luz, latas de lixo, degraus e esquinas. Uma mulher totalmente cega "viu" uma fotografia. "É mulher, mas o que é isso redondo em cima da cabeça dela?" Era uma foto da nutricionista Adelle Davis, que usava um penteado em coque no alto da cabeça. À medida que prosseguia o treinamento de relaxamento, estas pessoas começaram a aprender como viajar em seu olho mental para salas, casas, escritórios distantes — lugares onde nunca estiveram — e cuja aparência eram capazes de descrever. No jargão da PES, o que eles têm é clarividência pura e simples. Ainda assim, è difícil enquadrar estas pessoas na imagem que se convencionou atribuir aos parapsicólogos. Eles próprios nunca se viram sob este aspecto.

Lola Reppenhagen, por exemplo, após oito meses de aprendizado, escreveu: "Custo a acreditar nas coisas que estão acontecendo. Ainda não aprendi a distingüir todas as cores todas as vezes, e algumas não distingo tão bem quanto outras, mas está melhorando. 1 Minha conscientização de meu campo de energia está se desenvoí- J vendo. Obtive algum sucesso com minha viagem mental. Sinto como " se visse minhas mãos trabalhando, vejo meu corpo, vejo imagens t sombras, e quase me sinte capaz de ver o que existe em um cómo-do. Parece que vejo realmente, embora não o faça, pois sou totalmente cega."

Há registros escritos, gravados e fotografados das sessões do Projeto Consciência Cega. Bill Focazio estava certo quando disse na primeira noite que estava adivinhando. Não era surpresa para ninguém o fato de as estatísticas demonstrarem que os cegos acer* tam as cores dentro do limite das probabilidades. Então eles come- çaram a treinar o relaxamento profundo, a visualização e as técnicas sensitivas. Repetidas vezes os cegos puseram as mãos acima do branco e preto, vermelho e verde. Depois de sete sessões, fizera**1 mais testes. O Dr. Zielder relata: "Quanto mais o faziam, meihP"

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rsS os desempenhos — 65% a 70% de precisão, sendo que alguns obtiveram uma contagem perfeita."

q Dr. Dean, ex-presidente da Associação de Parapsicologia urofissional, testou 2 mil tentativas de distinguir entre branco e preto g 2 mil entre vermelho e verde, Havia 10 mil chances contra uma de os cegos obterem aquelas marcas por sorte. Os resultados tam- k^fli foram promissores nas tentativas de distinguir fotos e objetos. Mo cômputo geral, Dean declarou: "Como experiência para ver se a PES poderia ajudar os cegos, foi fabuloso." E o Dr, Zieler disse: "Certas coisas que aconteceram foram de confundir qualquer um."

O que confundiu os cientistas deixou os alunos à beira da histeria à medida que as coisas que "pareciam inacreditáveis" começavam a acontecer. Continuando com o projeto, Bill Focazio estava sentado, uma tarde, em sua loja. "De repente, me dei conta de que podia 'ver' coisas. Não com muita clareza, é óbvio, mas o contorno sombreado da porta de entrada e uma escrivaninha." Era possível voltar a ter esta visão? Ele colocou as mãos sobre os olhos, e a cena permaneceu. "As imagens pareciam vir do lado da cabeça."

Em casa, Lola Reppenhagen olhou de relance para sua filha ^adolescente, Robin, quando ela entrou na sala, E passou a falar sobre a aparência das calças vermelhas e da blusa branca que Robin ysava. Lembrou-se então de que há anos não lhe era possível ver sua filha nem sua roupa — e ainda não era possível, com os olhos. Barbara Engels veio para o Projeto Consciência Cega com res- Sfükios de amargura.

Com vinte e poucos anos, ela era professora, estava construindo sua vida, e ficou cega. Agora ela voltava a ser aluna, desta vez de Liaros. Trabalhou com as novas técnicas.

Uma íioite, Barbara Engels ficou aturdida — por uma impossibilidade. Ela viu, repentinamente, todo seu quarto envolvido em uma luz difusa, "Pude ver os contornos da

cama e da cômoda, e o resto da jnobília." Também desta vez parece que os olhos não participavam .da visão. "Vinha pela minha cabeça". Ela se sentou para melhor aproveitar a visão durante a meia hora que durou. Esta iluminação - ■aconteceu novamente, e ainda

uma terceira vez. "Grande esperan- é o que esta antiga professora tem em relação ao curso do Pro- "Pode levar a alguma coisa que nos ajude a encontrar nosso lügar no

mundo." Carol Liaros e seus alunos não descobriram a visão sem olhos. ■CM já existe há muito tempo, o que, paradoxalmente, torna sua l||W&&Slo muito mais notável. Na década de 20, o escritor francês utes Romaine ficou tão entusiasmado com a visão sem olhos que

|Í2W*Ojnpeu seus romances para escrever um ensaio notável. Aquilo Poderia ajudar os cegos. As críticas foram tantas que Romaine não u IRais no assunto até a década de 60,

quando os soviéticos divulgaram que dois de seus professores vinham treinando alunos, cegos ou não, na visão sem olhos. Tudo começou com uma jovem, Rosa Kuleshova.

Vivendo em uma cidade industrial nos Montes Urais, Rosa levava uma vida tão simples e imediatista quanto as roupas que cobriam seu corpo mal-ajambrado. Quase que a única

distração de seus dias era ajudar os cegos na associação local. Ela aprendeu a ler em braile. Um dia, Rosa teve uma sensação esquisita. Ocorreu-lhe que, sem braile, ela

conseguia sentir cores e formas com os dedos — e mesmo com a testa. Teve então uma idéia simples. Esta capacidade poderia ajudar seus amigos cegos.

Mas Rosa tomou vários atalhos até se tornar objeto de exibição em conferências científicas, de Tagil a Sverdlovsk, passando pela Academia de Ciências de Moscou, antes de sofrer um colapso nervoso.

Ainda assim, a idéia de que a capacidade de Rosa poderia ajudar os cegos fez com que os cientistas soviéticos continuassem experimentando. Como era de se esperar, o Dr. Lozanov, com sua ênfase persistente em abrir as reservas da mente, começou a explorar a visão sem olhos em 1964. Trabalhava com 60 crianças que nasceram cegas ou perderam a

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visão na infância. Mesmo assim, para manter o protocolo científico, ele lhes vendava os olhos e colocava uma tela entre seus olhos e suas mãos, e lhes pedia para fazerem a visão sem olhos.

Lozanov teve uma surpresa. Três crianças foram capazes de distinguir cores e figuras geométricas imediatamente. "'Porém, o fator mais importante das 57 crianças restantes é que elas poderiam ser treinadas para aprender a visão pela pele. .. Aos poucos, essas crianças cegas foram treinadas para identificar cores, figuras geométricas, e até a ler", relatou Lozanov em um artigo científico. Estas crianças também demonstraram para médicos e psiquiatras suas capacidades parapsicológicas recém-descobertas.

"A parapsicologia pode ser aplicada à pedagogia", disse o Dr. Lozanov. "Pode superar defeitos da fala, audição, visão, e pode ser usada na medicina e psicologia. Pode fornecer-nos material novo e muito rico para nos familiarizarmos com as possibilidades secretas e desconhecidas da personalidade humana."

Desde então, na França, principalmente, e em muitos outros países, inclusive nos Estados Unidos, os cientistas vêm testando e aperfeiçoando a visão sem olhos. Mas, de alguma forma, no emaranhado da pesquisa acadêmica, não havia resultados concretos.

Finalmente, Carol Ann Liaros e os voluntários puseram mãos à obra, e iniciaram a prática em larga escala. A medida que cresce, o Proieto Consciência Cega vai se tornando conhecido internacionalmente. Tem atraído a atenção crescente e favorável de médicos JP'. jjos profissionais. No verão de 1977, tivemos o primeiro pro- * ma Para mstrutores' remando pessoas que pudessem iniciar no- ^oíetos em outras cidades e estados. (Bill Focazio foi

um dos itores que se formou.) No mesmo ano, o Projeto Consciência *Para Crianças começou com, segundo as informações, um ,u- retumbante. Através dos anos, o Projeto conseguiu atingir seu fhjetfco inicial de oferecer programas gratuitos para os cegos. As

Sjatdbilições de Liaros e seus voluntários, e agora da comunidade çgjuo um todo cobrem as despesas.

0 Projeto Consciência Cega continua a acumular dados cien- ífgços. jj está fazendo algo mais. "Ele abriu o mundo" para o Padre gçfaommei. "O Projeto Consciência Cega abriu a porta para que eu laísse do meu quarto escuro. Senti que fazia tanta parte da humanidade quanto antes mas com um status diferente." O Projeto aju- dôtt-o a refazer suas conexões com o mundo global, inclusive o mundo material.

"Foi uma nova abordagem da vida... Descobrem-se coisas diferentes do que é considerado cerebral; proporcionou-me uma sensação de consciência." E ajudou nos relacionamentos. "Não se fica atais atrás de uma parede ou uma cortina. Ê um contato imediato com as pessoas. Aprende-se a entrar em contato com as coisas e responder, descobrindo que existe certo elemento de vida que você nunca pensou que pudesse ser seu."

Encontrar Lola Reppenhagen é sentir o contato imediato, tão forte como se ela o olhasse diretamente nos olhos. Ela parece ter desenvolvido um tipo especial de harmonia. "O curso da Consciência Cega fez com que todo o universo fosse conhecido por mim de uma forma que nunca pensei ser possível. Eles propõem um relaxamento fantástico e uma sensibilidade iluminada para os sentimentos e emoções da pessoa. Para mim, abriu-se todo um novo inundo. Sinto uma grande afinidade com todo o universo material. Não estou mais desencorajada pela minha cegueira,"

Existe algo de notável na experiência desses nova-iorquinos. Exceto pela cegueira, são pessoas como a maioria de nós. Não pretendiam desenvolver estranhos e esotéricos poderes nem provar um estágio acima da natureza real. O que é notável não é tanto o lato de eles, em certas ocasiões, saberem uma cor, verem uma aura, terem um lampejo do que estava acontecendo em outro lugar. Qualquer coisa permanece. Ao aprenderem a desenvolver aqueles outros meios de conhecimento chamados parapsicológicos, inte-gram-se no mundo e passam a interagir. O mundo aumentou, enriqueceu, e eles foram capazes de agir e responder de maneira mais satisfatória. Esta é a promessa inerente à parapsicologia, da qual tantos vêm falando há tanto tempo. O problema é que é difícil dar

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exemplos. O Projeto Consciência Cega dá exemplos pessoais, ainda que poucos, porque seus membros encaram a parapsicologia como parte integrante de si mesmos. Todo um novo mundo, é o que continuam dizendo. O que significa para nós tornar-se mais conscientes desses outros meios de conhecimento? A próxima seção pode ajudar a descobrir.

Aprender a Visão Sem Olhos

Conforme demonstra a experiência, obter alguma sensibilidade para a visão sem olhos geralmente abre as comportas de muitas outras capacidades. Começando pelo que é material e está mais à mão, a pessoa pode passar a perceber o que não está tão à mão, como as bioenergias que envolvem o corpo de outros; ou pode transportar-se a maior distância, vendo o que está em um quarto do outro lado da cidade.

Em linhas gerais, a habilidade psíquica é de dois tipos: capacidade energética, como ver a aura, efetuar curas, ou poder da mente sobre a matéria; e a PES chíssica, incluindo a premonição, telepatia, clarividência. As pessoas que se iniciam acham a visão sem olhos um bom ponto de partida.

Uma das razões do sucesso do Projeto Consciência Cega é o bom treinamento em relaxar mente e corpo. Se não souber fazê-lo, aprenda por alguns dos exercícios mencionados neste livro. Sempre que tentar aprender a visão sem olhos, faça os exercícios de relaxamento antes.

Sabemos do quanto é capaz a sugestão em todos os níveis. Não é necessário dizer que as afirmações positivas envolvem a pessoa cm uma atmosfera calorosa, segura. Encare a visão sem olhos da mesma maneira que as outras formas de superaprendizado. Quando estiver relaxado, logo antes de começar a visão sem olhos, diga para si mesmo algumas afirmações de sucesso. Passe então alguns momentos experimentando a alegria de aprender. Em primeiro lugar, lembre-se de um instante de aprendizado bem-suce- dido. Depois de conseguir algum resultado com a visão sem olhos, reexperimente essa sensação. Sempre que possível, elimine a tensão das sessões de aprendizado. Faça-o com espírito de grande divertimento.

Sentir as Bioenergias

Uma das primeiras coisas que Liaros e seus alunos fazem é tomar conhecimento das bioenergias, um tipo de campo de força

e circunda o corpo humano. Um dos ingredientes desta energia rnje circunda o corpo é o calor. Os cientistas que fazem os preparativos para colocar seres humanos no espaço pesquisaram os cárneos em volta do corpo — eles são reais.

De olhos fechados para evitar distração, fique em frente a outra pessoa. Lentamente mova suas mãos sobre o corpo dela a uns 10 centímetros de distância. Você é capaz de distinguir alguma diferença, principalmente mudanças de temperatura? Faça isto len- tamente diversas vezes, imagine o corpo da pessoa — garganta, peito estômago — à medida que move as mãos. Com um pouco de prática, muitos se surpreendem em descobrir que podem sentir algo palpável quando movem as mãos.

yisualizar as Bioenergias

Quando estiver em estado relaxado, contemplativo, visualize seu próprio corpo. Amplie o raio de visão e imagine um tipo de aura de energia envolvendo-o. Imagine-a como se fosse uma luz. Observe-a, aproveite-a. Sinta-a, se puder.

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Imagine então você mesmo com uma pessoa que ama. Imagine o campo de energia dele ou dela. Imagine-se a si próprio indo na direção da pessoa. O que está acontecendo com os dois campos de energia?

Agora visualize a cor em qualquer forma que lhe seja significativa — quadrados, círculos, ou uma vibrante tulipa, uma plantação a perder de vista, uma roupa de vetudo. Você sabe que as cores, na realidade, são luz pulsando em diferentes freqüências. Imagine que pode ver as ondas dessas diferentes cores da mesma maneira que pode ver o calor se desprendendo do asfalto, numa rua no verão.

Imagine outra vez sua mão, com a energia se movendo em torno dela. Veja sua mão se dirigindo para uma das cores vibrantes, pulsantes. Imagine suas bioenergias interagindo com as ondas de cores. Sinta isso. (Ver também exercícios de cor e energia nos Capítulos 17 e 18.)

Olhos Abertos

No início, de olhos abertos, é mais fácil ver a bioenergia contra um fündo preto. Quando estiver na cama à noite, coloque suas mãos na frente do rosto. Relaxe os olhos. Pode distinguir uma beirada de luz clara em volta de suas mãos? Junte as pontas dos dedos. Pode distinguir alguma coisa passando por eles? A medida que os separa vagarosamente, consegue ver um tipo de esteiía de luz contra a escuridão?

Prática da Visão Sem Olhos

Para praticar com a cor, é preferível trabalhar com um parceiro. Comece com dois conjuntos de papel colorido: preto e branco, vermelho e verde. Use uma venda — serve uma máscara de dormir — e não deixe passar nenhuma luz. Já que você está tentando ativar outro sistema de "visão", só atrapalha receber estímulos da visão normal entre uma e outra tentativa.

Antes de começar, use suas técnicas para atingir o relaxamento profundo c preste particular atenção ao relaxamento dos olhos. Dê-lhes uma folga durante essas sessões.

Seu parceiro coloca o conjunto preto e branco e guia suas mãos para um pouco acima deles. Procure sentir a diferença. Adivinhe e faça com que seu parceiro diga imediatamente se estava certo ou errado. Ele também anota os acertos e erros. Misture as folhas, tente outra vez. ,

Pare antes de ficar aborrecido ou cansado. Lembre-se de que, inicialmente, o pessoal de Buffalo só obteve resultados dentro das probabilidades. Ê preciso prática.

Você também pode tentar colocar sua mão em alturas diferentes. Os alunos soviéticos achavam que as cores pareciam "irra- diar-se" em níveis distintos. As ondas azuis sobem mais alto que as ondas vermelhas, por exemplo.

Dedos Ümidos

O método soviético para treinar tanto cegos quanto não-cegos é colocar as mãos da pessoa diretamente sobre a superfície colorida e depois movê-las suavemente sobre a folha, (É óbvio que se usam folhas do mesmo material, para que não haja diferença na textura.) Depois de alguma prática, os alunos soviéticos declararam ter experimentado sensações de cor diferentes e bem definidas. Estas sensações tácteis permaneciam mesmo quando se colocava vidro sobre as cores.

O consenso diz que as cores se dividem em sensações de maciez, umidade e aspereza. Azul-claro é a mais macia. Amarelo é muito escorregadia e não tão macia.

Vermelho, verde e azul-escuro são úmidas. Verde é mais úmida que vermelho, mas não é tão grossa. Azul-marinho é ainda mais úmida, mais que vermelho e verde.

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Laranja é muito áspera, grossa e provoca uma sensação de freio. Roxo provoca uma sensação de freio tão forte que parece diminuir a velocidade da mão, e produz uma sensação ainda mais áspera.

Preto é a mais úmida, viscosa e refreadora de todas. Branco é macia, embora mais grossa que o amarelo.

Se quiser experimentar este caminho, comece com um conjunto de amarelo e azul-marinho.

A Técnica de Foos

O Reverendo William A. Foos, já falecido, desenvolveu um método simples mas efetivo de aprender a visão sem olhos. O Reverendo Foos percebeu que certas crianças sempre se saíam melhores do que as outras nas brincadeiras de olhos vendados. Sendo um homem com espírito de experimentação, desenvolveu jogos para testar e treinar esta habilidade e terminou por ajudar sua filha Margaret e uma sobrinha a atingirem uma notável capacidade de ver sem olhos. O Reverendo Foos também levou seus alunos para serem testados por cientistas e tentou levar o sistema aos cegos.

Faça estes exercícios diariamente durante 10 ou 15 minutos. Como no treinamento autogênico, você recapitula em resumo os estágios anteriores antes de iniciar o próximo. Se possível, trabalhe com um parceiro que converse com você durante os exercícios. Fi-que relaxado c receptivo antes de começar.

1. Sente-se à mesa de olhos vendados. Ponha a palma da mão a poucos centímetros do rosto. Imagine-a, sinta-a. Mexa a mão de um lado para outro diante de você; sensibilize esta mão, visualize-a enquanto a move. Tente com a outra mão.

2. Dê as mãos ao seu parceiro, por mais ou menos um minuto, palma contra palma. Seu parceiro segura sua mão pelo pulso e outra vez mexe a palma de um lado para outro diante de seu rosto. Diz coisas que o estimulem a sentir, imaginar, a ver sua mão.

3. Dê as mãos ao seu parceiro. Então, o parceiro coloca a palma dele diante do seu rosto. Sinta-a. Veja-a. Ele a move para frente e para trás. De vez em quando, ele pára a mão. E pede que você se vire para a direção da mão e sorria. Continue imaginando, visualizando a mão enquanto se move para a frente e para trás.

4. Levante-se, com as mãos ao lado do corpo. Você vai fazcr uma brincadeira. Seu parceiro leva suas mãos até a altura da cintu. ra, de lado, e depois as põe juntas no meio do corpo. Diz a você que a altura da cintura é o campo da brincadeira. Repita o procedimento. Então ele coloca a mão dele na frente da sua testa. Visua- lize-a. Move lentamente a mão para baixo. Como a torre de controle falando para um avião, ele diz para você ver a mão, que a mão está descendo, que está na altura do seu peito. Ele pára fi. nalmente, com a palma da mão voltada para cima, na altura da cintura, em algum ponto do campo da brincadeira, e diz: Toque! Sem pensar, bata na palma. Se não conseguir, que fazer? Continue praticando.

5. Faça a brincadeira na mesa. Seu parceiro coloca suas mãos dos lados da mesa, coloca-as juntas no meio, leva-as de volta ao mesmo lugar para lhe mostrar o campo da brincadeira. Repita o procedimento. Falando com você, ele movimenta a mão da sua testa para baixo até chegar a algum ponto na mesa entre suas duas mãos. Quando disser: Toque!, bata na mão.

6. Quando tiver obtido alguns resultados nesta nova percepção, pode preparar-se para passar das mãos para os objetos. O sistema de Foos sugere objetos macios e coloridos, como esponjas de limpeza doméstica. Seu parceiro coloca uma esponja sobre a mesa. Levanta sua mão com a palma voltada para baixo. Segurando-a pelo lado do polegar, passeia com ela pelos cantos da mesa, por sobre a mesa, sobre a esponja, sobre o

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outro lado da mesa, falando continuamente, dizendo onde você está, pedindo-lhe que perceba as diferenças. Durante lodo esse tempo, procure sentir sobre o que suas mãos estão passando. Visualize.

7. Sempre dizendo o que está fazendo, seu parceiro move a esponja para a frente e para trás diante do seu rosto. Segura-a diante da sua testa, abaixa-a e coloca-a em algum ponto da mesa. E diz: Pegue.

Você pode continuar com mais de uma esponja e depois passar para outros objetos e modelos. (Esta citação do sistema de Foos é baseada no livro Eyeless Sight: A How To Manual (Visão Sem Olhos: Manual de Treinamento), Simone Publications, Stanton, Califórnia.)

O Sexo da Poto

Antigamente, as pessoas da roça diziam que era possível prever o sexo de um passarinho por nascer segurando um pêndulo ou impondo as mãos sobre o ovo. Neste exercício, você vai usar uma

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frculo, Quadrado ou Eureka

Muitas pessoas do Projeto Consciência Cega disseram haver jgna luz em suas cabeças onde antes só havia escuridão. Eventualmente disseram que uma luz e, mais tarde,

imagens, pareciam vir através de suas testas. A testa é usada nesta tentativa inicial de sentir objetos.

Para este exercício, tome um dado, uma bola de gude e uma lâmpada. De olhos vendados, esfregue de leve cada objeto em sua testa umas duas vezes. Seu parceiro então segura um dos objetos diante da sua cabeça, a mais ou menos meio metro de distância. O que é? Em todos estes exercícios, lembre-se de usar seu método preferido para atingir um estado relaxado e positivo antes de começar.

Viajar na Clarividência

Percepção extra-sensorial, clarividência, a possibilidade de ver através do tempo e do espaço — será que isto vai repercutir realmente para a humanidade? Uma resposta veio de fonte pouco esperada: Charles Lindbergh. Lindbergh ajudou o começo do progra-ma dos foguetes espaciais norte-americanos e os apoiou de bom grado. Quando o homem se preparava para pisar na lua, Life pediu a Lindbergh para escrever suas opiniões sobre o futuro dos foguetes e das viagens espaciais. Ele respondeu que não poderia. E suas razões eram tão intrigantes que Life resolveu publicá-las. O que ele tinha a dizer pode surpreender certas pessoas. E, no entanto, Charles Lindbergh, mais que qualquer outro indivíduo neste século, alimentou o espírito de pioneirismo de milhões de pessoas, com vistas a uma nova era. Ele costumava levar o futuro com ele.

Devido ao tempo de viagem, parece que os vôos espaciais estão condenados aos planetas mais próximos. Este seria um limite automático ao que podemos fazer. Será que esta restrição nos vai forçar a uma ruptura para uma nova era, pergunta Lindbergh, que vá mais além da era da ciência, uma vez que a ciência supere a superstição. Ele nos vê lançados em aventuras "inconcebíveis a

K

1 g fow de mulher e outra de homem. Com os olhos vendados e as fotos «oltadas para baixo, tente sentir a diferença. Pratique da mesma "" ^ara aS corcs" as ^oíos tempos em tempos.

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nossa racionalidade de Século XX — para além do sistema solar, para galáxias distantes, talvez ate para periferias intocadas pelo tempo e espaço".

Poderemos saltar para esta era com mais rapidez, diz Lind- bergh, se aplicarmos nossa ciência à vida, e não aos veículos, "ao infinito e às qualidades infinitamente evoluídas" da humanidade. Tal estudo, acredita ele, não se destina apenas às aventuras futuras, mas a nossa própria sobrevivência no futuro. Considerando quais seriam os potenciais liberados dos seres humanos, Lindbergh diz que, se os invocarmos para nós mesmos e se a consciência crescer em consciência, a humanidade "pode fundir-se com o miraculoso.,. E nesta fusão, há muito sentida pela intuição, mas ainda vagamente percebida pela racionalidade, a experiência viajará sem necessidade de ser acompanhada pela vida (física).

"Descobriremos que somente sem naves espaciais podemos atingir as galáxias; que somente sem ciclotrons conheceremos o interior do átomo? Para nos aventurarmos mais além das realizações fantásticas desta era fisicamente fantástica, a percepção sensorial deve combinar-se com a extra-sensorial..." Seguindo por estes caminhos, acredita Lindbergh, chegaremos às grandes aventuras do futuro.

Talvez a aventura já tenha começado. Em março de 1974, a sonda espacial Mariner II seguiu seu caminho para Mercúrio. Dois físicos americanos, Ingo Swann c Harold Sherman, experimentaram uma sondagem psíquica. Eles tentariam viajar pela clarividência e enviar relatórios de Mercúrio. A experiência foi dirigida pela psicóloga Janet Mitchell, consultora da Sociedade Americana Para Pesquisa Psíquica. Mitchell e outros pesquisadores ficaram um pouco surpresos. Embora Swann estivesse em Nova York e Sherman em Arkansas, seus relatórios coincidiam nos pontos principais, embora discordassem daquilo que os astrofísicos esperavam encontrar.

Duas semanas e meia depois de os relatórios psíquicos terem sido arquivados e lacrados, o Mariner II começou a enviar os primeiros dados de Mercúrio. Eram dados inesperados. Confirmavam as narrativas dos clarividentes, e não os palpites condicionados dos cientistas.

Passagens por Mercúrio, viagens para além da curva da galáxia, provavelmente isto ainda está muito distante. Os cegos de Buffalo trabalharam com um tipo de clarividência mais terra-a-terra. E no entanto, o mais bem-sucedido dentre eles disse: "Penetrei em um novo relacionamento global com o mundo material." O que isto significa? Descobrir a resposta já é uma boa razão para se perder um pouco de tempo explorando a capacidade da clarividência para conhecer lugares e objetos à distância. O negativo de uma fotografia holográfica em três dimensões pode ser picado em pedacinhos, e ainda assim cada partícula conserva a imagem global. Como indivíduos, estamos separados de boa parte do mundo por muros, quilômetros, e uma infinidade de outras barreiras aparentes. Se obtiver uma experiência de clarividência de "outro lugar", você começará a se deslumbrar.

E, por certo, se for dotado de poderes parapsicológicos e quiser praticá-los, seria útil, para não dizer sedutor, poder voltar-se para a clarividência. Perscrute o interior de seu carro quando enguiçar, veja o que há no fundo do lago. Deixou o aquecedor ligado? Eles estão andando de patins no apartamento de cima? O pensamento atraente de ser uma mosca para ver o que está acontecendo em outro lugar é motivo de muitas historietas. Talvez seja por isso que tantos principiantes se saiam surpreendentemente bem ao ima-ginarem que estão em outro lugar. Lola Reppenhagen experimentou este tipo de sonho teleguiado. Pouco comum é o fato de sua imaginação às vezes tornar-se real. Depoimentos assinados o atestam: um de Jeff Kaye, antigo locutor da WBEN de Buffalo; outro de Steve Wilson, do Noticiário Testemunha Ocular da TV-WKBW. Depoimentos de pessoas pertencentes aos meios de comunicação também não são pouco comuns.

Wilson pediu a Reppenhagen para viajar mentalmente até uma casa onde tinha sido marcada uma reunião. Ele filmou sua descrição. "Ela nunca tinha estado na casa antes, e acompanhei-a até lá imediatamente após a nossa entrevista. Nós a filmamos entrando na casa, depois o que aconteceu, exatamente como ela nos descrevera. Sei que ela também

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exercitou esta 'sensibilidade1 diante de outros jornalistas de Buffalo, e não sei de nenhum que tenha permanecido cético depois de testemunhar por si próprio o acontecimento."

Jeff Kace estava "desconcertado". Reppenhagen deveria fazer uma viagem mental à casa dele antes de uma entrevista. "A precisão dela em colocar os objetos em seus lugares adequados dentro de cada cômodo era quase inacreditável. Havia um quadro com um pássaro que ela achou que tinha um significado especial. E tinha. Ê uma aquarela feita por um de meus filhos, que me foi dada como presente de aniversário há alguns anos. Aliás, é um dos muitos quadros pendurados na mesma parede.

"Eu... interroguei minha mulher para saber se algum estranho ou mesmo amigo tinha estado em casa, se tinha comentado sobre aquele quadro, e a resposta foi negativa. Estou totalmente convencido de que as impressões dela eram verdadeiras, e não con-seguidas por algum meio clandestino."

Ao ensinar viagem mental, Carol Ann Liaros parece ter desabrochado em Lola Reppenhagen um verdadeiro talento. A maioria dos outros alunos cegos não obtiveram resultados tão espetaculares. Mesmo assim, conseguem obter algumas informações e desenvolver certa sensibilidade para com novos lugares. Isto os ajuda a se locomoverem no mundo exterior com mais segurança.

Viajar através da clarividência pode parecer difícil demais para um principiante. Quando o Dr. Milan Ryzl desenvolveu um programa intensivo para treinar pessoas em parapsicologia, também ele foi bem-sucedido como guia de seus alunos em viagens mentais por Praga. No Instituto de Pesquisa de Stanford, o famoso reservatório de pensamento da Califórnia, prosseguem as experiências sobre este tipo de televisão mental. Os físicos Dr. Hal Puthoff e Russel Targ achavam de início que apenas aqueles com reconhecida capacidade parapsicológica tinham chances de ver o que estava acontecendo ein outro lugar. Descobriram depois, que gente comum, até mesmo os céticos, quando colocados no ambiente adequado, podiam ver coisas ã distância — pelo menos um pouquinho.

Como Fazer Uma Viagem Através da Clarividência

Para obter uma resposta imediata, é melhor começar com um parceiro. Você pode descrever a casa dele? Se você já esteve na casa dele, peça-lhe o endereço de algum lugar que ele conheça bem, e você não.

Relaxe profundamente corpo e mente. Fique então ao lado de si mesmo — com muita calma. Imagine que você saiu de seu corpo e está perto da casa. Olhe para você mesmo. Confira a roupa que usa, o cabelo, a posição. Veja seu corpo descansando confortavelmente, em segurança.

Imagine agora que você vai viajar para cima, passando pelo teto, pelo telhado. Olhe para baixo, para o lugar de onde acabou de sair. Então imagine que você está se projetando, querendo, desejando chegar ao endereço em questão. Há jardins, estacionamento, há lojas, é no campo, tem muito tráfego? Absorva o máximo que puder. Não olhe apenas, tente fazer funcionar todos os sentidos. Você ouve barulho de crianças ou cachorros latindo? Demore aí, sinta-se parte da vizinhança.

Então, imagine que está na porta da frente. Olhe para esta porta. Qual a cor, tem enfeites, como é a maçaneta? Você está na escada, ou pisando em um capacho? Mais uma vez demore-se observando tudo cuidadosamente.

Entre. Você está no hall? A porta se abre diretamente em um cômodo? Olhe em volta lenta, cuidadosamente, depois vá para a de estar. Quais as cores predominantes, qual o estilo da mo- qual a disposição dos móveis? Verifique a decoração das pa- e das janelas. Há um piano ou uma lareira? Há estantes de

livios ou flores na sala? E que tipo de atmosfera ela tem? £ uma çgga tranqüila, uma casa tumultuada? Verifique os cheiros especí- da casa. Tente obter uma sensação de quantos

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quartos exis- e de como estão dispostos em relação à sala. Você tem a sensação de haver pessoas ou animais de estimação na casa? Não se Igjiesse. Veja sc há alguma coisa que

pareça especial na sala. Se liouver, olhe mais de perto. Lembre-se de onde está. Quando se tiver embebido do máximo possível, volte para a porta e dê uma última

olhada na casa. Volte então até o lugar onde seu corpo está descansando confortavelmente. Sinta seus pés, suas pernas, tronco, braços, cabeça. Respire profundamente algumas vezes; abra os olhos lentamente. Descreva ou anote todas as informações que puder sobre o lugar onde esteve. Às vezes ajuda fazer uma planta. Não despreze detalhes que pareçam bobagens ou incongruências, como um chuveiro na cozinha — que existe nos bairros antigos de Manhattan, por exemplo.

Certas pessoas preferem descrever as visões à medida que aparecem, outras já acham que isto distrai a atenção. Algumas pessoas gostam de ser guiadas enquanto viajam. Você pode improvisar um amigo em guia, seguindo sem rigidez as instruções acima, ou pode gravar antes para você mesmo. De qualquer maneira, certifique-se de deixar pausas, muitas pausas, para que você tenha tempo suficiente para absorver antes de passar à etapa seguinte.

Variações

Carol Ann Liaros sugere que, depois de vasculhar a sala, você "deixe a mente livre". Deixe-a dirigir-se, magnetizada, para o cômodo preferido por seu parceiro (se for a casa dele). Qual a aparência deste local? Consegue sentir por que é especial para ele?

O Dr. Ryzl guiou alguns alunos em viagens mentais a lugares Que eles conheciam, mesmo suas próprias casas. Ele os fazia viajar mentalmente pelas ruas, da sala onde estava até o local desejado. Uma vez lá dentro, pedia-lhes que olhassem em volta e observassem o que estava acontecendo. Quem estava em casa, como estava vestido, o que estava fazendo? Havia alguém cozinhando, alguém falando ao telefone? Se a TV estivesse ligada, conseguia ver o que havia na tela? Em uma ocasião, ele usou esta técnica para ajudar uma aluna a descobrir um objeto perdido dentro de casa. Pediu- lhe que visse onde estava, para ir lá e olhar para o objeto.

Este tipo de viagem mental, é claro, é mais difícil de se verificar, mas pode ser feita. Se você não pratica com um parceiro, pode tentar mentalmente adiantar-se no tempo visitando algum lugar para aonde foi convidado a ir, mas que nunca viu antes. Ou experimentar um lugar público e mais tarde comparar suas impressões com a realidade.

Existem legítimos clarividentes no mundo — c outros mais estão aparecendo, do Rio a Tóquio. Nossos cinco sentidos iniciais nos fornecem inúmeras informações válidas. Mesmo assim, se ativarmos mais os nossos circuitos, será que o espaço e o tempo con-tinuarão engrossando a longa lista de limitações tão mais sugeridas que reais?

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Capítulo 16

Bio-Harmonia

A música, o ritmo, as pulsações sc desdobram em técnicas para abrir as reservas da mente, incluindo a telepatia. A idéia de que a música nos pode colocar cm contato com o ser mais amplo não deveria ser desconhecida para Pitágoras ou, hoje em dia, talvez, pelo o Dr. Charles Muses. "Todas as coisas no universo são criadas, em última análise, por ondas constantes," ressalta o matemático Muses. Para sentirmos o que isto significa, ele diz que podemos traduzir estas ondas em ondas sonoras e descobrir que "é portanto literalmente verdade. . . que todas as formas naturais foram geradas e são mantidas pela música ou o som, no sentido mais profundo".

Na sociedade rarefeita habitada por pensadores como Muses, vem-se firmando a idéia de que o universo é um musicocosmo. Dizem eles que os caminhos da música, mais que os da mecânica ou da probabilidade, descrevem melhor o funcionamento de nosso cosmo e nossos laços com ele.

Ter em mente os elementos da música — ritmo, harmonia, ressonância — pode facilitar a sensação de bio-harmonia. Bio-harmonia é a expressão soviética para telepatia, e a telepatia, como quase todos sabem, é a transferência de pensamento, a comunicação sem o uso dos cinco sentidos. Hoje é cada vez mais consistente a impressão de que telepatia implica muito mais que uma lâmpada se acendendo na mente daqui e depois na dali.

Este "algo mais" está ligado ao renascimento de uma ideia amplamente adotada na época em que filósofos descobriram o signi- ncado da "música das esferas". A idéia é de que tudo é uno, de que de alguma forma, em algum lugar, no mais profundo, tudo está interligado, tudo se comunica, ressoa, comunga. Estudos recentes sobre psicologia transpessoal e parapsicologia começam a desvendar os contornos desta conexão. Em seu sentido mais amplo, parece correr em veias telepáticas. Esta conexão ressonante pode mostrar-se das maneiras mais surpreendentemente íntimas, como os ritmos de nosso corpo.

Apareceu uma noite, por exemplo, quando um grupo de esposas encheu um laboratório da Universidade de Montana para participar de uma experiência. Em vez de lhes dizer de que se tratava, George Rice empurrou as mulheres para os aparelhos que medem as alterações na reação galvânica da pele (geralmente usados em detetores de mentiras). Enquanto isso, os maridos estavam reunidos em uma sala distante. Rice separou-os em dois grupos. Um grupo deveria apenas observar. Aos outros foi pedido, em nome da ciência, para mergulharem os pés em bacias de gelo. Um homem colocou os pés na água geladíssima. Ao mesmo tempo, em outra sala, o ponteiro registrava alterações na pele de sua mulher. As mulheres cujos maridos sentiram frio nos pés demonstraram reações significativamente maiores que aquelas cujos maridos só observaram. Parece que os casais desenvolvem um outro tipo de comunicação.

Algo semelhante aconteceu no Hospital Estadual de Rockland, Nova York, só que os voluntários não levaram maridos ou mulheres, mas seus cachorros. Quando o dono, em

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uma sala separada, era "atacado" (cubos de gelo colocados de surpresa na nuca) os instrumentos demonstravam que os processos corporais dos cachorros recrudesciam. Aparentemente, os laços de união se estendem para além das malhas do humano.

No Instituto de Tecnologia de Nova Jersey, o Dr, John Miha- lasky, como muitos outros desde então, descobriu que tinha o dom da telepatia. Ele estava ligado a um aparelho que registra alterações no volume de sangue nas mãos. Mihalasky sabia que alguém em outra sala estava tentando projetar para cie nomes de pessoas — alguns conhecidos, outros não. De qualquer modo, ele não estava recebendo a mensagem. Mas seu corpo eslava. O gráfico demonstrou que, quando o experimentador focalizava alguém que Mihalasky amava ou temia, produzia-se uma alteração em seu corpo — mudava o volume de sangue em suas mãos. E não havia mudanças aparentes em Mihalasky quando os nomes eram desconhecidos. Era como se os lampejos de informação pertinente fossem recolhidos por um tipo de radar inconsciente. O Dr. Douglas Dean, que planejou os testes, comprovou que esta telepatia visceral nuo ocorre apenas de urna sala para outra, mas de um continente para outro, mesmo que a pessoa que projeta esteja mergulhando a lOOm debaixo dágua

Esses casos, e muitos outros registrados, parecem demonstrar que em certas ocasiões já estamos emitindo e captando mensagens telepáticas. O Dr. Rex Stanford, da Faculdade de Medicina da Universidade de Virgínia, elaborou um meio engenhoso de saber se existe algo por trás de lapsos tais como esquecermos de colocar uma carta no correio, ou darmos um telefonema que a nós mesmos surpreende — quando isto inesperadamente redunda em nosso proveito. Concluiu ele que nós, às vezes, somos compelidos a nos comportarmos segundo informações telepáticas inconscientes.

Os pesquisadores comunistas têm razão em chamar a telepatia de bio-harmonia. Parece que não e só a mente, mas toda a pessoa que se envolve neste elo vivo. Considerando que acontece quer se queira, quer não, não d de surpreender que a telepatia possa ser aprendida em vários níveis. Quanto às razões para você querer desenvolver-se em bio-harmonia, o pai da parapsicologia soviética, Dr. L. L. Vasiliev, talvez tenha dado a melhor resposta.

Vasiliev, físico de renome internacional, trabalhou em projetos parapsicológicos de peso, estritamente pragmáticos, para o governo de seu país. Mas a telepatia que tanto o atraía pouco tinha a ver com as reações de massa. A telepatia consciente, acreditava ele, pode fornecer-nos experiência direta de outra pessoa. Pode ser uma ponte não apenas sobre alguns quilômetros, mas sobre a distância entre as psiques e a barreira dos corpos. Pode acrescentar novas dimensões ao contato humano.

Pensando em termos mundiais, um russo que se torna cada vez mais famoso, o Dr. K. Tsiolkovsky, criador do programa espacial soviético, há muito afirmou que precisaríamos desenvolver a telepatia, Dão apenas para explorar o espaço, mas também para mantemos atualizado o estoque de informações da era espacial na terra.

A telepatia ou bio-harmonia é outro canal de informação A conscientização deste processo nos pode proporcionar novas idéias sobre a maneira pela qual nossos pensamentos se processam em cadeia. Pode também nos tornar mais conscientes das sugestões sutis vindas do meio ambiente. Certas pessoas têm razões especiais para explorar este campo. Os governos estão interessados nos sistemas de comunicação psíquica para usá-los em emergências espaciais ou submarinas; e pesquisam um meio de usar a rede psíquica para a espionagem ou o controle da mente.

Em um nível mais prosaico uma mensagem mental pode fazer com que sua irmã lhe telefone imediatamente. E existem registros de pedidos de socorro por telepatia que chegam a tempo de se providenciar a ajuda necessária. Mesmo que você não pretenda sair disparando mensagens instantâneas, a sensibilidade para a telepatia pode proporcionar-lhe aquela sensação de profunda harmonia. Para alguns, facilita a estática da transferência, de modo a poderem desempenhar de maneira majs harmoniosa seus papéis no musicocosmo.

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A Batida Telepática

Uma batida constante é o núcleo do superaprendizado. Pulsar a mensagem também pode simplificar o aprendizado da telepatia. Ouvimos isso repetidas vezes, quando conversamos com os russos. Dentro da idéia de harmonia, eles procuraram agrupar os parceiros telepáticos em pares "gêmeos". Tentaram sincronizar a batida dos ritmos do corpo para intensificar a comunicação. E usaram o ritmo da maneira menos sutil. No Instituto Popov de Moscou, Vladimir Fidelman, para citar apenas um, treinava pessoas para transmitir números mentalmente. A música deveria interferir sobre a mensagem. Para esta batida, Fidelman preferiu sinais elétricos. Ele escolhia um número, digamos três, e este se acendia, piscando sempre diante do remetente. "Recite três, três, no ritmo da luz, até você poder visualizar 'três' com absoluta clareza na tela imaginaria de sua mente", dizia ele aos remetentes. E numa série, Fidelman descobriu que de 134 números, seus remetentes pulsantes obtiveram sucesso no envio de 100 números a receptores a 1.500 metros de distância. É uma taxa alta.

Muitas inovações da parapsicologia soviética foram desenvolvidas e expandidas nos Estados Unidos. Mas a batida, a idéia do poder do ritmo vem sendo subestimada. Antes do trabalho soviético, o neurologista americano Dr. André Puharich já utilizara as luzes pulsantes. Ele acendia um estroboscópio sobre os olhos fechados do parapsicólogo Peter Hurkos. Este poderia ajustar o aparelho à velocidade "que mais lhe agradasse". Com a brilhante pulsação da luz, Hurkos experimentava "uma ampliação verificável de telepatia e clarividência", relatou Puharich. (Não se deve fazer esta experiência por conta própria, pois a velocidade errada pode provocar convulsões.) Puharich sem dúvida conhecia o trabalho que provou, em gêmeos idênticos, que quando as pulsações de luz alteravam o ritmo cerebral de um deles, o do outro se alterava simultaneamente, mesmo que estivesse em uma sala separada. Porém, da mesma forma que Lozanov, Puharich também desde cedo demonstrara interesse pelos xamãs e iogues, para quem o ritmo da mente é um conhecimento muito antigo.

O Iogue Ramacharaka, por exemplo, em Hindu Yoga Science of Breath (A Ciência da Respiração na Ioga Hindu), escreveu: "O ritmo aumentará o envio de pensamento em várias vezes 100%." Envie depois da respiração rítmica, avisa ele. Isto se refere a respirar segundo sua própria pulsação. (Ver instruções no Capítulo 12.) Os iogues também criaram há muito tempo velas especiais com efeito de rápido tremeluzir, para alterar os estados de consciência. Grupos esotéricos no Ocidente sempre enfatizaram o ritmo — atingir sua própria voltagem pelo ritmo, e atingir o ritmo de outra pessoa com quem você deseja entrar em contato à distância.

Aprendizado — O Que Ajuda

Sabe-se mais sobre o aprendizado da telepatia do que sobre qualquer outra capacidade parapsicológica. Ê interessante notar que trabalhos individuais sobre o que conduz ao contato telepático chegaram quase que às mesmas conclusões sobre as condições necessárias para o aprendizado acelerado e o desenvolvimento da super- memória. Talvez não soe tão estranho se nos lembrarmos que o Dr. Lozanov, partindo das raízes da tradição hermética ocidental e da ioga, inclinou-se de início para a telepatia ou bio-harmonia, e depois para o aprendizado acelerado, A telepatia e a supermemória são apenas duas de um amplo espectro de habilidades que a tradição afirma poder desenvolver por meio das mesmas práticas.

Como em qualquer sistema de superaprendizado, antes de iniciar a telepatia, é importante deixar seu corpo e mente em estado sereno e relaxado. A respiração rítmica também ajuda. Na telepatia, a capacidade de bem visualizar continua sendo um ponto a

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favor, principalmente se você vai ser remetente de imagens. Pulsar a informação de maneira rítmica parece que aumenta a recepção. Como nas sessões de supermemória, a atmosfera deve ser positiva. Tente captar a sensação de brincadeira, a alegria de participar de uma aventura e de aprender. E ajuda pensar que você pode fazê-lo. Isto pode parecer óbvio, mas no que diz respeito à telepatia, foram precisos anos de testes científicos para provar este item. Certas pessoas acham que a dramatização ajuda a parapsicologia, da mesma forma que nas turmas de aprendizado acelerado. Se isto faz sentido para você, idealize uma outra identidade, de alguém que seja especialista no assunto. Você pode partir para um contato imediato, ou uma jornada nas estrelas. Ou fazer parte de um número de mágica, onde tem que adivinhar coisas ditas por outros. Desta maneira, você não se sentirá responsável por seus próprios erros.

Antes de tentar uma sessão de telepatia, passe sempre dois ou três minutos em repouso, para ficar com o corpo relaxado e a mente calma. Afirme que você pode aprender e, por um momento, procure reexperimentar a sensação agradável que advém de aprender algo com sucesso.

Para Pegar o Jeito

Por definição, a telepatia implica mais de uma mente, e portanto você vai precisar de um parceiro. Já que você está tentando concretizar uma conexão direta com outro ser humano, escolha alguém com quem tenha grande afinidade — seja biológica ou de qualquer outra espécie. Em primeiro lugar, alterne emissão e recepção telepáticas. Você vai descobrir que é melhor em uma que na outra.

Há muitas maneiras de se iniciar em telepatia. Paradoxalmente, parece que um dos caminhos mais fáceis é tentar comunicar informações sobre um assunto muito complexo — outra pessoa. Frances Brown Zeff, antigo presidente da Sociedade do Sul da Califórnia para Pesquisa Psíquica, ensina parapsicologia no programa de extensão para adultos do Cyprus College. Além de estudarem pesquisa, os alunos querem ter uma noção de telepatia. Zeff, como outros professores, acha que os principiantes de seu curso em geral se saem melhor tentando obter impressões telepáticas sobre uma pessoa desconhecida. Para tanto, o emissor simplesmente pensa em alguém que ele conheça bem. Concentra-se nesta pessoa, e tenta pulsar uma imagem dela. O receptor tenta descrever a pessoa, suas características físicas e, tudo o mais sobre a pessoa que chegue até ele.

Mais uma vez como os outros, Frances Zeff acha que os principiantes geralmente se dão bem comunicando paladares por telepatia. O emissor escolhe algo de sabor ativo — um doce bem açucarado, a metade de um limão suculento. Sem ser visto pelo receptor, ele prova o doce, por exemplo, experimentando a sensação açucarada em seu próprio corpo enquanto tenta transmitir o gosto, textura e aroma para o receptor, Zeff acha que as pessoas se saem melhor quando estão com fome, e não parecem apreender os sabores rapidamente quando realizam a experiência logo depois do jantar.

Outra abordagem para o principiante é procurar comunicar um quadro desconhecido. As obras de arte são válidas porque têm linhas e emoções bem distintas e, muitas vezes, um conteúdo mítico. O emissor simplesmente segura o quadro diante de si, longe do alcance do receptor. Ele olha, visualiza-o claramente, tentando extrair tantas sensações quanto possível, enquanto as pulsa para o receptor. Tenta recolher tudo o que for possível sobre o quadro — tema, cores dominantes, uma forma ou linha bem distinta, qualidade emocional, ou seja o que for. Ele pode preferir esquematizar as impressões. Pode ser interessante ver quais elementos chegaram até o objetivo.

Mais cedo ou mais tarde, muitas pessoas acabam experimentando o teste clássico de percepção extra-sensorial, que trata de comunicar um entre cinco objetos conhecidos, ou símbolos, letras, números. quadros, etc. Com seu parceiro, escolha cinco coisas quais-

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quer. Se gostarem de letras, tentem com B A Z O W. Se forem números, tentem com 4 5 6 7 8.

Depois que os dois tiverem passado alguns minutos fazendo relaxamento e exercícios respiratórios, o emissor escolhe ao acaso uma unidade do conjunto de cinco — digamos um copo de vinho dentre cinco objetos diferentes.

Se for o emissor, olhe para o copo, visualize-o de modo vívido em sua mente, tente colocar os outros sentidos em ação, toque o copo, sinta sua curva e o vidro frio, enquanto pulsa a imagem para o parceiro. Quanto ao ritmo, pode aproveitar a dica da ioga e pulsar mais ou menos na batida de seu próprio coração. Certas pessoas preferem enviar uma vez por segundo, 60 batidas por minuto. Você pode usar um metrônomo ou uma lâmpada intermitente para reforçar a batida e tentar variações na velocidade para ver se alteram de alguma forma sua capacidade de se comunicar. Eventualmente, imagine que está vendo o copo de vinho através dos olhos de seu parceiro. A projeção deve durar de um minuto a ura minuto e meio.

Se você for o receptor, fique em uma posição confortável, de olhos fechados. O que procura é um estado de "consciência relaxada". Não fique procurando entre as várias opções que sua mente lhe oferece. Se as imagens perpassarem por sua tela mental, espere até que uma se estabilize.

Correção

Neste teste básico, você deveria escolher um entre cinco ao acaso. Não se preocupe muito com isso no início. Tente se lembrar de como você se sentia, o que viu, enviando e recebendo, quando a imagem chegou. Você consegue dizer a diferença entre um palpite e uma PES? Muitas vezes, apenas uma parte do todo atinge o obje

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tivo — por que aquela parte? Teria mais emoção, ação, cor, forma mais definida? Troque os objetos antes de se cansar deles.

Repetindo: relaxamento, visualização, prática são as chaves do sistema. Infelizmente, muita gente tenta a PES em srtuações de teste, para ver se "tem jeito". Se depois de uma ou duas sessões a telepatia não ficar evidente, desistem. Encarando sob este prisma, você nunca teria aprendido a ler, nadar, multiplicar ou ter "jeito" para qualquer outra habilidade.

Relógios

Embora sejam muitas as opções, muitos principiantes se dão bem com um mostrador de relógio, talvez porque estejam habituados a visualizar e reagir aos relógios. Se quiser experimentar, use um relógio de verdade. Ao acaso, escolha uma hora — de um a doze — ajeite os ponteiros e transmita mentalmente, focalizando no ângulo.

Se quiser transformar isto em jogo, use um sistema de contagem de pontos adaptado de uma famosa experiência britânica: doze pontos para a hora exata, quatro pontos para a hora à esquerda ou à direita da hora escolhida. É comum se captar a sensação do lado correto do relógio, seja o esquerdo ou direito.

Contato Cinético

Pessoas que não são capazes de fazer ligações com as imagens muitas vezes sào capazes de chegar a um acordo quando tentam comunicar movimentos do corpo. O receptor vai para outra sala onde possa efetuar um movimento. Tente algo rítmico como uma dança de guerra indígena, ou o balanço dos patins, oscilando de um lado para o outro, imaginando que você está patinando, patinando.

Se obtiver sucesso com este tipo de comunicação, tente então guiar os movimentos de seu receptor. Para tanto, ficara os dois na mesma sala. Seu receptor vai caminhar em volta de um móvel, uma mesa, por exemplo. Depois da primeira volta, a qualquer momento, enquanto ele caminha, ordene-lhe mentalmente que pare de um determinado lado. Tente dirigi-lo pela sala, mandando que vá em frente. vire à esquerda, se abaixe, levante. Tente guiá-lo até um objeto escondido em algum canto da sala. Este tipo de caça ao tesouro

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funciona bem para alguns principiantes e, no início, você pode ir conferindo aos poucos as reações dele.

Se você for o receptor deste tipo de contato cinético, fique de olhos fechados ou semicerrados para evitar distrações. Sinta seu corpo, relaxe e se deixe embalar, deixe-se levar pela correnteza. Se tiver uma sensação de corrente contrária tentando impedi-lo, pare.

Se for o emissor, comande mentalmente seu parceiro para ir em frente, virar à esquerda, ou parar. Visualize e tente fazer seus próprios músculos participarem. Sinta-o em seu corpo.

O ritmo e a harmonia são os pontos principais sobre os quais o Dr. Lozanov baseou seu sistema de telepatia de maior sucesso e maior possibilidade de comprovação, e que chamou muita atenção no mundo comunista. Um receptor telepático tem uma tecla de telégrafo colocada à sua direita e outra à sua esquerda. O emissor, em uma sala distante, senta-se junto a um metrônomo ligado. Pulsando ao ritmo das batidas, ele sugere telepaticamente: "Pressione a tecla à direita, à direita." Ou "esquerda, esquerda", segundo uma mensagem de pontos de traços pré-codificada, Ele repete cada mensagem 10 vezes. O receptor deve registrar seis em cada dez emissões para que o símbolo seja considerado recebido.

Com esta forma rítmica de PES cinética, os búlgaros costumam conseguir de 70% a 80% de precisão nos testes de código telegráfico. E foram capazes de transmitir longos segmentos de informação. "A telepatia pode ser usada na prática", diz Lozanov. "A ca-pacidade de telepatia e clarividência pode ser cultivada e treinada pela sugestologia."

Se quiser experimentar esta PES muscular, você deve usar um metrônomo com o ritmo de 60 batidas por minuto, 72 batidas por minuto, ou de seu pulso. Lozanov não revela o ritmo específico utilizado. Em vez de códigos telegráficos, até um teclado de piano divido em dois pode ser usado. Em vez de pressionar à direita, toque uma nota alta; e para o pressionar à esquerda, toque uma nota baixa.

Contato de Sonho

"Sonhe comigo esta noite" pode significar mais do que parece, segundo mais de uma década de pesquisa em laboratórios de sonhos. Ao que tudo indica, é possível ser um fabricante de sonhos e enviar um sonho para outra pessoa.

Para tentar este exercício, escolha um parceiro que preencha os requisitos de se lembrar normalmente de seus sonhos e, de preferência, já manter um caderno com anotações de sonhos. No laboratório, as pessoas pesquisadas são despertadas imediatamente após cada sonho para registrar suas impressões. Você vai ter que confiar na disciplina e no desejo de quem sonha com você.

Escolha 10 quadros, alguns com forte conteúdo emocional, e outros com muita ação. As experiências demonstram, e não é de surpreender, que os temas eróticos e violentos se transmitem melhor.

Não diga ao seu parceiro quais os quadros escolhidos. Se vocês não moram na mesma casa, espere até ter certeza de que ele está dormindo. Então, marque a hora e comece a pulsar o tema do seu sonho. Penetre na imagem, nas emoções. Consegue ter sensações tácteis? Depois de algum tempo, dramatize; se houver dança, dance, se for um ringue, lute box,

Imediatamente depois de acordar, o receptor registra tudo sobre seus sonhos. Quando se encontrarem, mostre-lhe os quadros e pergunte se algum deles se relaciona com seu sonho, e qual deles. Repasse os registros dele em vários níveis de leitura para encontrar possíveis correspondências.

Um meio antigo e mais simples de praticar a telepatia noturna é tentar acordar alguém. Quando tiver certeza de que seu parceiro já está dormindo, marque a hora e

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comece a tentar despertá-lo mentalmente; ordem, chamado, imagem, e assim per diante. Marque a hora em que terminar, e o receptor deverá anotar a hora todas as vezes que acordar durante a noite. Neste caso, uma vez por noite é o bastante.

Uma vez, durante uma viagem, os três autores deste livro se viram envolvidos com o despertar mental. Jack Schwarz prometera telefonar para acordar-nos para um compromisso de manhã bem cedo. Em vez disso, na hora combinada, Nancy, que traba-lhou com Schwarz alguns anos, acordou com um sonho. Neste sonho, Jack lhe dizia para acordar; você vai perder o encontro; vamos nos encontrar no hotel. Aconteceu de o telefone estar enguiçado, e Jack não conseguiu a ligação. Assim sendo, decidiu fazer uma chamada mental enquanto mandava alguém até o outro lado da cidade para bater na porta do quarto do hotel. Se foi um coincidência, prestou mais serviço do que as comuns.

Qual é a Música

"Hoje estou com essa música na cabeça!" Você já deve ter pensado isto várias vezes quando começa a cantarolar ou assobiar uma música. Com seu movimento, ritmo, melodia, emoção, a mú- £ica deveria ser uma boa maneira de unir duas mentes mas, sur-preendentemente, é muito pouco explorada.

Experimente você mesmo. Escolha cinco frases musicais diferentes entre si, mas bem conhecidas de você e seu parceiro — o tema de Romeu e Julieta de Tchaikovsky, Noite Feliz, etc. Escolha uma ao acaso e comece a cantar mentalmente. Se conseguir reunir uma orquesrta completa em sua cabeça, ouça-a e envie-a.

Pais e Filhos

Se existe algum contato forte, este será entre os pais e sua descendência. E é uma conexão com muitos registros. Existe uma profunda harmonia biológica que faz o corpo de um recém-nascido reagir no momento em que sua mãe, cm outra ala do hospital, sente uma dor súbita. Existe um contato emocional através da distância, geralmente de apoio, às vezes não. Em um caào interessante, um paciente do psiquiatra Dr. Berthold Schwarz teve uma repentina dor de dentes, e correu ao dentista. O dentista não encontrou nada de errado, apesar de constatar que a pessoa realmente sentia muita dor. Afinal, a dor passou de maneira tão abrupta quanto aparecera. Aquela noite, a mãe deste homem lhe telefonou de outro estado. Ela precisara arrancar aquele dia um dente infeccionado que doía muito. Era o mesmo dente. O Dr. Schwarz acompanhou inúmeros casos em que dores simpáticas e distúrbios emocionais pulsaram no interior da consciência de parentes próximos e amigos íntimos. Um pai chegou a escrever um livro sobre telepatia entre pais e filhos.

Diário de Bordo da Família

Algumas mães e pais acham interessante manter um pequeno diário para anotar telepatia aparentemente espontânea entre eles e seus filhos. Schwarz e outros acreditam que as crianças pequenas podem de repente verbalizar os pensamentos dos pais ou mes-mo agir com base neles. Você pode estar em sua mesa de trabalho procurando um grampeador que não usa há dois meses. Um pouco mais tarde, seu filho aparece com ele nas mãos e lhe pergunta para que serve aquilo. São exemplos simples, mas se você colecionar alguns, começa a se conscientizar de como os pensamentos circulam em uma família, de como influenciamos e somos influenciados além do domínio de nossas palavras e ações.

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As crianças parecem dotadas de mais capacidade parapsicologia natural do que os adultos, provavelmente porque ainda não lhes foi sugerido o contrário, Um professor da Califórnia se interessou quando dois garotos da colônia de férias souberam que ele estava com raiva porque haviam notado a mudança da aura de energia em volta de seu corpo. E começou a fazer perguntas discretas a seus alunos do colégio. Inúmeros disseram já ter tido experiências que chamariam parapsíquicas. As mais comumente mencionadas foram coisas do tipo ver as auras, saber o que ia acontecer antes da hora, e por estranho que pareça, já que apenas começa a ser explorado pela parapsicologia — a sensação de flutuar para fora do próprio corpo. As crianças em geral não faltavam sobre estas experiências por várias razões. Algumas achavam que estas coisas não eram muito "certas", ou apenas concluíam que aquilo acontecia com todo o mundo e não era digno de nota.

Se estiver interessado, converse com as crianças sobre parapsicologia. Não sugira que eles têm obrigação de ter experiências deste tipo. Trate o assunto como algo natural que pode ou não acontecer. Se quiser, faça com eles alguns jogos de parapsicologia, para tentar captar as "capacidades futuras" dos futuros cidadãos. Aqui damos alguns para começar.

Jogos para Crianças

PESCARIA

Objetivo:

Intensificar a concentração e telepatia.

Exigências:

Uma folha de papel para cada membro do grupo. Desenhe um peixe em duas folhas; um trevo de quatro folhas nas outras.

Instruções.

As crianças sentam-se em círculo. Misture as folhas de papel. Distribua as folhas com o lado desenhado virado para baixo. Explique às crianças o

objetivo do jogo: o trevo representa boa sorte; o peixe, algo suspeito. Eles devem determinar por telepatia que pessoa tem "algo suspeito".

Emissor:

Cada criança por sua vez tenta enviar o pensamento, tanto a figura quanto a palavra, repetidas vezes, mentalmente, do nome do símbolo que está em sua folha. Eles devem tentar pulsar a figura de maneira rítmica.

Receptores:

Enquanto o emissor faz o acima descrito, as crianças restantes fecham os olhos — respiram profundamente — ficam quietas — ligam sua tela mental e esperam que um dos dois símbolos apareça na tela. Eles tentam dizer telepaticamente se há "algo suspeito" sobre a pessoa e anotam nas costas da sua folha.

Vencedores:

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Quando todos já tiverem sido emissores, os componentes do jogo mostram suas folhas de papel. Pode-se conceder pontos aos vencedores.

DETETIVE

Objetivo:

Intensificar a concentração e telepatia. Exigências:

Folhas de papel — uma para cada pessoa. Marque uma folha — Rosto alegre — Testemunha. Marque uma folha — Rosto triste — Criminoso. As outras folhas devem ficar em branco.

Instruções:

As crianças sentam-se em círculo. Distribui-se uma folha para cada criança, que só é vista por quem a recebe. Explicam-se os objetivos do jogo. Só existe um Rosto Alegre — Testemunha. Só existe um Rosto Triste — Criminoso. As crianças escrevem seus nomes (ou um número dado) na parte de baixo do papei. A criança com a "Testemunha" ,se identifica para o resto do grupo. Todos os outros dobram suas folhas e as dão à Testemunha. A Testemunha desdobra as folhas e encontra o nome da pessoa que recebeu a folha do Criminoso.

Emissor:

A Testemunha ou emissor se concentra agora no nome da pessoa que recebeu a folha do Criminoso, visualizando a pessoa o mais claramente possível, e repetindo mentalmente o nome repetidas vezes em ritmo.

Receptores:

Enquanto o emissor faz o acima descrito, o resto do grupo fecha os olhos, fica relaxado e em silêncio, e espera que o nome do Criminoso apareça em sua mente.

Vencedores:

Escreva os nomes. Pode-se conceder pontos nos vencedores.

CADEIRAS MUSICAIS

Exigências:

Numere um grupo de cadeiras. Ponha dentro de um chapéu pedacinhos de papel com os mesmos números.

Cada jogador recebe um pedaço de papel e um lápis. Instruções:

Os jogadores se sentam nas cadeiras e escolhem um emissor. Emissor:

Põe-se música para tocar. Ele ou ela retira um número do chapéu e o projeta mentalmente para o grupo.

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Receptores:

Cada jogador escreve o número recebido telepatieamentc. Quando a música pára, todos mostram seus números.

Vencedores:

Os jogadores que acertarem o número saem das cadeiras. Repete-se até que só fique uma pessoa na "berlinda parapsi- cológica".

Semâfora e Metáfora Mental

Emitir e receber — estas expressões vêm dos primeiros dias do rádio, quando o "rádio mental" ou telepatia começava a ser examinado. Se você tiver disposição, poderá aprofundar sua sensibilidade para a parapsicologia fazendo uma lista onde descreve o que você acha que está fazendo quando se envolve em telepatia. Podem aparecer termos mais contemporâneos, palavras que talvez descrevam melhor o que acontece do que as tradicionais emissor e receptor. A mensagem realmente viaja daqui para ali como no rádio? Ou será que, de alguma forma, penetramos em um espaço diferente, em outro estado de consciência, que conhecemos mas não sabemos dar um nome? Seria mais parecido com um compositor ou ator, numa relação onde o receptor ajuda a recriar o impulso?, Isto tem alguma coisa a ver com a idéia de recriar a nossa própria realidade? E quanto àquele tipo de contato telepático bem primário que as pesquisas indicam existir mesmo entre os animais e até as plantas? Trata-se de algum tipo de energia? Refere-se ao yin e yang? E o que dizer da ressonância?

Da De Diversão

Existe uma experiência, simples como uma fábula, que pode tornar realidade a idéia de estar verdadeiramente em contato com a vida — fresco e viçoso como um pé de feijão voltado para o sol.

Arranje sementes simples — feijão ou cevada são boas. Plante dez sementes em cada um de três vasos. Pregue etiquetas de Amor, Controle, ódio. Nas próximas semanas, todas receberão o mesmo tratamento físico, ou seja, a mesma quantidade de água, luz, etc.

Durante cinco ou 10 minutos, duas vezes por dia, comunique- 56 ou comungue com seu vaso de Amor. Mentalmente ou em voz alta, alimente as plantas com pensamentos positivos, encorajadores. Reze por elas, abençoe-as se quiser. Diga-lhes que são as melhores sementes do mundo, que de qualquer maneira vão crescer lindas e fortes. Tente sentir-se em harmonia e ame seu desabrochar. Visualize-as crescendo saudáveis e firmes enquanto fala.

Não faça nada com o vaso de Controle. Use o vaso do Ódio para descarregar as frustrações do dia. Jogue sua raiva sobre essas sementes. Desestimule-as. Diga-lhes: "Vocês não prestam, não valem nada. Ninguém quer uma porcaria dessas. O mundo é horrível, não vale a pena sair porque vocês não vão mesmo gostar. Não precisam nem experimentar..." Estas frases lhe são familiares? Visualize-as murchinhas, esmirradas.

Depois de algumas semanas, compare os vasos. Confira a altura, volume da folhagem, as raízes. Percebe alguma diferença? Diversos tipos de pessoas, sejam crianças de colégio, comunidades religiosas, ou cientistas, por meio desta abordagem tão simples, descobrem que, de uma forma ou de outra, seus pensamentos têm influência tangível.

Grupos

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Quando dois ou três se unem em pensamento, a voltagem parece crescer em proporção geométrica. Faça com que um grupo envie a mensagem para unia única pessoa em outra sala. Faça com que atuem como se fossem uma só pessoa. Esta é uma hora particularmente boa para se usar o ritmo. Estabeleça 60 batidas por minuto enquanto cada um emite como se fosse uma orquestra. Durante uma experiência, um grupo se concentrou em uma parede. Nada passava por ela, e foi pedido que descrevessem suas visualizações; do papel de parede daquela sala de jantar chegaram até a grande muralha da China. Se for visual, tenha uma gravura para a qual todos possam olhar enquanto pulsam.

Quando emitir para muitas pessoas, fique atento para duas delas que em geral recebem a mesma mensagem errada, como se uma passasse para a outra. Devem ser gêmeos telepáticos naturais, pessoas com o mesmo "comprimento de onda", que podem atuar bem em equipe.

Até que ponto a bio-harmonia íntima se mescla aos nossos relacionamentos foi demonstrado pelo Dr. A. Esser, do Hospital Estadual de Rockland. Em uma experiência com casais, ele ligou as esposas a equipamento de monitorização física. Em uma sala distante, seus maridos viam um lote de fotografias, entre as quais algumas de suas ex-namoradas. Um marido olhou para um antigo amor e o corpo de sua mulher registrou alterações nos gráficos dos instrumentos. Ela não tinha consciência de que seu marido se concentrava em uma antiga atração — mas seu corpo tinha.

Na telepatia de grupo, tente emitir nomes ou rostos de pessoas com quem o receptor esteja fortemente envolvido. Experimente retratos,' cores, símbolos, emoções ou paladares. Seu grupo também pode tentar entrar em contato mental quando cada um estiver em sua casa.

Carisma

A esta altura, todos nós já devemos saber que, quando você entra em uma sala cheia de estranhos, eles o tratarão como você espera ser tratado. E, como colocam os russos, a bio-harmonia está por trás daquele "estalo" que.se dá entre certas pessoas. Procure experimentar, emitintio diferentes atitudes, emoções, pensamentos, na corrente telepática quando conhecer alguém novo ou quando estiver em um grupo, seja profissional ou social. Você pode tentar também com gente conhecida. Veja se aquilo que você emite aparece refletido como em um espelho.

A realidade da bio-harmonia chegou até a atriz e autora Nau- ra Hayden, quando ela estudava técnicas de atuação mental para ajudar a projetar seus personagens. Neste caso, ela estudava a sensação de alegria de uma ingênua expansiva, aberta para o mundo, em contraposição à sensação de uma jovem reprimida, introvertida, depressiva. As técnicas mentais não lhe estavam fornecendo o realismo esperado na interpretação das personagens. Ela passou então para um livro de exercícios físicos destinados à repre-sentação, e começou a fazer exercícios de distensão, toque, e até mesmo uns onde ela se dobrava sobre si mesma como um feto.

"Depois de praticar meus exercícios durante mais ou menos uma semana, pedi a um amigo que se sentasse no sofá da minha casa e fiquei de costas para ele. Sem mover um músculo, eu me abri mental e emocionalmente para depois me fechar, e ele "sentiu" cada papel que representei. Ele acertou 25 vezes em 25 tentativas, e provei a mim mesma que isso funciona." Hayden conta em seu Everything You Always Wanted to Knov/ About Energy but Were Too Weak to Ask (Tudo Que Você Sempre Quis Saber Sobre Energia Mas Não Tinha Forças para Perguntar); "Comecei a ver que mente, emoções e corpo são uma coisa só." Bio-harmonia, mensagens pulsando em círculos concêntricos a partir da pessoa como um todo, provavelmente estão nas raízes do carisma. Esta é a comunicação de entrelinhas de poderosos artistas e líderes, e dos grandes professores. Isto faz com que a mensagem se incorpore, nos atinja e nos movimente, talvez até as barricadas.

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Começa a parecer que, sob a aparência estanque das coisas, existe uma conexão, uma cadeia dinâmica, piscando incontáveis mensagens em todo lugar, em qualquer lugar, quem sabe a uma velocidade maior que a da luz. Tempo e espaço não parecem afetar estes sinais de vida. Estamos apenas começando a nos dar conta de como influenciamos e somos influenciados por pensamentos e sentimentos pulsando por entre as malhas da rede de comunicação, Decerto que isto é algo para ser explorado pelos diversos especialistas, mas não se trata apenas de trabalho de peritos. Como no antigo sistema telefônico, esta é uma extensão, e estamos todos na linha. Ou talvez possamos usar uma imagem mais abrangente que a da linha telefônica. Foi como ressaltou Donal Hatch Andrews: "Se transpusermos a base de nossas idéias sobre o universo da mecânica para a música, passaremos a uma filosofia da ciência inteiramente nova" — e a um modo jovial de encarar as coisas para a maioria de nós. Neste sentido, formamos uma ressonância, somos a música e a mensagem.

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Capítulo 17

Ioga Mental e Exercícios de

Concentração

"Os alunos precisam conscientizar-se de que a retratação adequada e a crença naquilo que pretendem fazer ou aprender é um poderoso agente a favor da obtenção de seus objetivos." £ o que afirma Al Pollard, de Litlle Rock, fundador de uma bem-sucedida empresa de consultoria em administração. Pioneiro internacionalmente conhecido no desenvolvimento do comércio exterior em seu estado, Al Pollard foi designado para auxiliar homens de negócios na utilização de sua intuição, criatividade, e nas chamadas habilidades extra-sensoriais. Trabalha também no sentido de levar as técnicas de abertura mental para a educação. "Temos que nos conscientizar de que as pessoas estão famintas à procura de novas experiências." E diz: "O aprendizado é a única série contínua que nos possibilita ter novas experiências. Portanto, o sistema educacional é uma experiência de aprendizado em mutação com um tremendo potencial para fornecer a alunos e professores a dinâmica para alcançarem o que querem, que deve ser tão gratificante quanto agradável para cada um." Uma das dinâmicas que ajudam você a alcançar o que quer é a capacidade de visualizá-la.

Visualização e concentração, os dois fatores que possibilitaram os feitos mentais de pessoas como Nikola Tesla ou os feitos físicos de um Jack Nicklaus podem ser aprendidos em qualquer idade. Podem ajudar você a desdobrar uma nova capacidade em educação ou no esporte, no controle da dor ou na intuição. Podem liberar forças novas para você fazer desde descobertas científicas a bons negócios, tanto para os escritores como para os políticos.

A Raja Ioga, ou ioga mental, geralmente é chamada de "ciência da concentração". Seus praticantes garantem que, por meio de progressos graduais cm visualização, é possível aumentar a concentração. intensificar a capacidade mental e desenvolver a memória fotográfica.

Alguns dos exercícios que se seguem foram baseados na Raja Ioga clássica, e são exercícios de visualização para aumentar a capacidade mental.

Melhor Concentração Através da Respiração

Este exercício utiliza a respiração como um meio de desenvolver elos de comunicação entre a mente e o corpo. Ajuda as habilidades de concentração e visualização por focalizar a atenção sobre a interação de energia que ocorre na respiração. Também pode ajudar a desenvolver a concentração, de acordo com a teoria oriental, por recarregar as bioenergias por meio do aumento de recebimento de oxigênio e prana.

A este exercício clássico, conhecido como "polarização", também se atribui a propriedade de ser um bálsamo para a tristeza. Os praticantes da ioga garantem que ele

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ajuda a romper o "ciclo de tristeza" e alivia tensões por meio do aumento do fornecimento de energia aos nervos.

Você pode sentir se está ou não obtendo resultados com este exercício de concentração, depois de praticá-lo por algum tempo, quando perceber que sente ou não um tipo de formigamento, uma corrente de energia passando pelo corpo em cada inspiração e expiração.

Todos os exercícios para a mente devem ser sempre feitos com suavidade.

1. Escolha um local retirado onde não seja interrompido. Deite-se de costas em um sofá, cama, ou no chão, com os pés voltados para o sul e a cabeça para o norte, de maneira a se alinhar com o campo magnético da própria terra.

2. Junte os pés e coloque as mãos, com as palmas voltadas para cima, ao lado do corpo.

3. Respire uma vez, lenta e profundamente (pelo nariz), e visualize a cálida energia solar, de um amarelo dourado, sendo sugada pelo alto da sua cabeça, serpenteando por seu corpo, e chegando até a sola dos pés. Pense nesta penetrante energia amarela como sendo uma corrente positiva.

4. À medida que, de maneira lenta e constante, você expira, vizualize a fria energia azul da lua sendo sugada pela sola de seus pés, serpenteando por seu corpo, e saindo pelo alto da sua cabeça. Pense nesta energia azul que se esvai, como uma corrente negativa.

5. Durante cerca de 15 minutos, continue a /«spirar amarelo e expirar azul. Procure imaginar estas energias polarizadas perpassando o corpo como uma corrente elétrica. Deixe a inspiração amarela vibrar através de você vda cabeça aos pés. Deixe a expiração azul vibrar através de você dos pés à cabeça. Tente manter a respiração, a visualização e a sensação interna de energias "em sincronização".

6. Sua capacidade de concentração é considerada aumentada quando você sente uma sensação definitiva de estar "carregado" com uma corrente de energia que percorre todo seu corpo a cada inspiração e «piração.

Decoração de Interiores Para a Mente

A visualização, a representação mental e a estimulação da memória têm muito a ver com a focalização da mente. A focalização deve ser feita com muita suavidade e delicadeza, da mesma forma que você ajustaria o foco de um microscópio altamente possante. Antes de executar um exercício de concentração, use um dos exercícios de relaxamento para penetrar em um estado livre de tensões. Forçar ou "desejar" só bloqueia o estado mental exigido para a concentração.

DESENHOS MENTAIS

Estes exercícios que ajudam a capacidade de se concentrar são feitos com diversas figuras geométricas que você pode fazer em cartolina ou compensado. Certas pessoas pregam as figuras na parede ou mesmo as emolduram. Assim, os quadros passam a ter duplo efeito: são decorativos e ao mesmo tempo estimuladores mentais.

Na cultural oriental, estas figuras geométricas são chamadas de yantras, e algumas das mais elaboradas podem ser encontradas nos Estados Unidos como adesivos para decoração de vidraças.

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COMO FAZER OS DESENHOS MENTAIS

Figura 1: Corte um quadrado de compensado preto de 40 x 40cm. Corte um quadrado de compensado branco de 5 x 5cm. Cole o quadrado branco no centro exato do quadrado preto.

Figura 2: Corte um quadrado de cartolina preta de 40 x 40cm Corte uma estrela de cinco pontas de 30cm de largura em cartolina branca, Cole a estrela branca no meio do quadrado preto.

Figura 3: Corte ura quadrado de cartolina branca de 40 x 40cm. Corte um círculo de cartolina azul-real com 13cm de diâmetro. Cole o círculo azul no meio exato do quadrado branco.

Exercício de Concentração n° 1

Este exercício é para: (a) capacidade de concentração, e (b) capacidade de visualização — por meio do aprendizado da transferência de figuras exteriores para o interior do olho mental.

1. Pregue a Figura 1 (quadrados preto e branco) em uma parede de cor clara. Coloque-a a uma altura tal que o centro do quadrado branco fique ao nível da sua visão quando estiver sentado em uma cadeira. Certifique-se de que há luz suficiente para ver a figura com clareza.

2. Sente-se em uma cadeira, de frente para a figura, a cerca de 1 metro de distância.

3. Entre em estado relaxado ou centralizado através de seu método de relaxamento favorito.

4. Feche os olhos e durante dois minutos imagine uma tela negra quente e aveludada. Se aparecerem imagens que o distraiam, deixe-as passar flutuando e imagine de novo sua tela negra, como se fosse uma televisão desligada.

5. Abra os olhos e olhe para o centro da figura por uns três minutos. Continue olhando intensamente para o traçado. Procure não piscar, mas não force. Continue contemplando-a até começar a ver uma margem colorida formar-se em torno do quadrado branco.

6. Lentamente tire os olhos do traçado e olhe para a parede. Uma pós-imagem deve aparecer na parede (o quadrado branco). Contemple a pós imagem enquanto puder vê-la. Se for sumindo, imagine que ainda está lá.

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7. Quando a pós-imagem tiver desaparecido completamente, feche os olhos e a recrie com seu olho mental. Procure mantê-la o mais firme possível na tela de sua mente.

8. Repita o procedimento. Os exercícios 1 e 2 podem ser feitos em até 15 minutos. Pratique mais ou menos

durante uma semana, fazendo antes, o exercício de memória fotográfica.

Exercício de Concentração rt? 2

1. Pregue a figura da estrela na parede. 2. Sente-se em uma cadeira a um metro de distância. 3. Entre em estado de relaxamento. 4. Feche os olhos e imagine uma tela negra em sua mente. 5. Olhe para a figura da estrela. Contemple a figura por dois minutos. 6. Leve os olhos para a parede e contemple a pós-imagem da estrela. 7. Feche os olhos e tente ver a estrela na tela de sua mente. Este mesmo tipo de exercício de concentração também pode ser praticado com sua

sombra, ao ar livre ou em ambiente fechado. Fique de pé ou sente-se diante da luz de modo a obter uma sombra. Contemple o pescoço de sua sombra por dois minutos mais ou menos, e depois olhe para uma parede colorida (se for ao ar livre, para o céu) e veja a pós-imagem de sua própria sombra. Feche os olhos e veja sua sombra com o olho mental.

Quando tiver alguma prática desta técnica de concentração, você pede experimentar fazer "instantâneos de memória" com diagramas ou páginas de livros. De olhos fechados tente ver claramente o diagrama inteiro na tela de sua mente.

Exercício de Tamanho, Cor e Movimento

A capacidade de criar imagens mentais vívidas é uma das chaves para o poder da memória e o desempenho de sucesso nos esportes. Igual aos anúncios ou filmes, três elementos básicos tornam as imagens vívidas: tamanho, cor e movimento, É como escrever as coisas que você quer lembrar em um quadro de avisos gigantesco, em cores vivas e com luzes pisca-pisca.

1. Pregue a Figura 3 (quadrado branco com círculo azul), na parede ao nível da vista.

2. Entre em estado relaxado, de meditação. 3. Feche os olhos por um minuto e imagine uma tela negra. 4. Abra os olhos e contemple a figura. Focalize o círculo azul. Agora, imagine

vê-lo com a lente zoom de uma filmadora. Abra o zoem no círculo azul até ficar enorme e encher toda a tela mental. Feche o zoom outra vez até voltar ao tamanho normal. Abra e feche o zoom sobre a imagem diversas vezes.

5. Acrescente agora ainda mais movimento à visualização. Mova os olhos em volta da borda externa do círculo azul no sentido horário. Faça isto cinco vezes. Agora mova os olhos em volta do círculo azul no sentido anti-horário outras cinco vezes. Repita a volta e aumente aos poucos a velocidade até que o círculo pareça estar girando como um pião, e a imagem dê a impressão de 3-D. Então diminua a velocidade outra vez.

Este exercício pode ser feito por uns cinco minutos de cada vez. A figura da estrela também pode ser usada para focalizar, abrir e fechar o zoom, e girar. Olhe para as pontas da estrela e conte até quatro diante de cada uma. Dê a volta primeiro no sentido horário, e depois no anti-horário. Aumente então a velocidade, e depois diminua.

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A prática de Tamanho, Cor, Movimento pode ser feita com objetos também. Olhe para um palito de fósforo, por exemplo. Feche os olhos por um momento e veja mentalmente aquele fósforo tão grande quanto um poste, Sinta seu enorme tamanho. Em seguida, imagine o fósforo imenso sendo acendido e visualize a gigantesca chama vermelha em movimento.

Qualquer esporte que implique objetos e movimentos pode se beneficiar com a prática da visualização de tamanho, cor e movimento. Por exemplo, um especialista em tiro ao alvo que pratique o treinamento mental pode aplicá-lo para acertar pombos de argila. Ele começa por entrar em estado de relaxamento mental. Então visualiza seu alvo, o pombo de argila, cm cada detalhe.

Ele usa a técnica de visualização com lentes zoom, de modo que o pombo de argila apareça bem grande, bem próximo, e fácil de se ver. Usa então a técnica da câmara lenta, para que pareçam mover- se vagarosamente em seu ângulo de visão, e ele tenha bastante tempo para mirar com o rifle. Este atirador afirma que melhorou suas marcas desde a primeira tentativa, e agora ajuda outras pessoas a fazerem o mesmo com estas técnicas simples de visualização. Exercício de Memória Fotográfica

Este exercício destina se a desenvolver a concentração e visualização, e, após certa prática, segundo os iogues, pode ajudar a desenvolver a memória fotográfica. Também pode ser usado para auxiliá-lo a lembrar-se de material esquecido, através da estimulação dos cios de comunicação com seu banco de memória.

Antes de começar este exercício, você deve já ter praticado a técnica das figuras por peio menos uma semana.

1. Escolha um lugar sossegado e com muito pouca luz. Deite- se de costas em um sofá, cama, ou no chão.

2. Faça um exercício de relaxamento ou centralização. 3. Feche os olhos e crie uma tela mental negra, quente e aveludada. 4. Visualize sobre esta tela negra um quadrado de papel branco com cerca de 30

x 30cm centralizado a uns 30cm de seus olhos. Procure manter esta imagem constante, para que não se esvaia. (Este é o mesmo tipo de figura com que você trabalhou an-teriormente.)

5. Imaginado o quadrado branco sobre a tela negra, veja agora um círculo negro do tamanho de uma moeda no centro exato do quadrado branco. Concentre-se no círculo negro, no centro do quadrado branco sobre fundo negro.

6. De repente, libere a visualização completa. Deixe-a ir-se totalmente, E observe então que tipo de imagens perpassam em sua mente.

Este exercício ajuda a relaxar a tensão e "desobstrui" as comunicações entre sua mente consciente e seu banco de memória, através do estabelecimento de um fluxo livre de associações para diante e para trás. Dizem os iogues que, se praticado, pode ser usado para ajudar a lembrar de coisas que se apagaram de sua mente — onde colocou aquele papel, o nome de certa pessoa, a matéria de uma prova, e assim por diante. Se quiser usar este exercício para lembrança, feche os olhos e dê a si mesmo uma ordem mental: "Eu vou me lembrar de (nome, fato, localização)." Faça então o exercício de memória. Mantenha a visualização por alguns segundos, libere a imagem, e espere de olhos fechados durante 10 a 15 segundos para ver se a coisa desejada vem à superfície de sua mente consciente. Exercício de Consciência dos Campos de Energia

Este exercício de visualização dos campos de energia é básico para desenvolver a consciência do corpo e expansão das percepções, além de ser usado no treinamento

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"interno" de esportes que exijam contato com o corpo, ou em jogos como o tênis, para estender o controle até a raquete.

O corpo irradia diferentes tipos de energia que são prontamente mensuradas pelos modernos instrumentos. Em primeiro lugar, existe um invólucro de calor em volta do corpo que pode ser detectado por termistores. Existe ainda um campo eletromagnético que está conectado com os batimentos do coração. Este campo pode ser medido a vários centímetros de distância do corpo. Há também uma nuvem de íons (partículas carregadas) em volta do corpo, medida por instrumentos eletrostãticos. Além dessas energias, parece haver biocampos adicionais, que agora se tornaram visíveis em pesquisas comuns por meio de equipamentos como a fotografia de Kirlian. Se nos tornarmos sensitivos para estas energias que se irradiam de nós, ampliaremos nosso campo de consciência e aumentaremos nosso controle.

1. Sente-se ou deite-se em um lugar sossegado e relaxe com seu método preferido, ou pelo autogênico.

2. Neste estado relaxado e muito confortável, procure sentir ou experimentar a energia que se irradia de seu corpo. Enquanto relaxa, imagine que sua consciência tem a mesma sensibilidade de um instrumento muito preciso, e pode captar esta energia que se irradia de seu corpo físico. Da mesma forma que seu corpo físico é controlado pela mente, esta energia que se irradia de você também está sob a direção da mente.

3. No princípio, você não sente esta energia radiante produzida por seu corpo. Procure pensar na energia em termos metafóricos, e finja que está sentindo. Imagine ou visualize este invólucro de energia cm torno de você.

4. Agora, comece a expandir este halo de energia. Imagine que ele se irradia a um metro do seu corpo.

5. Em seguida, amplie ainda mais este campo energético. Deixe que se irradie a três metros de seu corpo. Se puder senti-lo, tente realmente ver as ondas de energia que saem de você. Se não sentir estas energias, visualize-as e imagine que elas se espalham para fora de você. Deixe que cheguem até três metros a sua volta.

6. Agora, deixe que seu biocampo se amplie até mais longe. Deixe-o encher todo o cômodo. Dcixe-o expandir-se até pelo menos cinco metros de você.

7. Em seu olho mental, comece a puxar a energia que o circunda de volta para dentro do seu corpo. Procure experimentar as diferentes sensações de expandir e contrair. Puxe até 3,50m era torno de você. Sinta e visualize como se fosse uma nuvem cintilante a sua volta.

8. Em seguida, use sua imaginação para puxar seu campo de energia até 2 metros de seu corpo.

9. Agora, cm seu olho mental, puxe seu biocampo de energia para dentro de seu corpo o mais próximo possível. Procure absorvê-lo por todo o corpo até ficar o menor possível.

10. Relaxe e deixe que o contorno de energia volte ao seu tamanho normal. Ao praticar este exercício, você descobrirá que vai se tornando cada vez mais

consciente do sistema de energia em torno de você e dos sistemas de energia de outras pessoas.

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Capítulo 18

Visualização e Exercícios

Autogênicos

Introdução

Os exercícios que se seguem podem ser usados individualmente para visualização, acalmar a mente ou a prática da concentração.

A seqüência completa também pode ser usada para abranger o segundo estágio do método autogênico. Este, no segundo estágio, abrange a seguinte progressão: (a) visualização de cores; (b) visualização de objetos; (c) contemplação de conceitos abstratos; (d) experimentação de sensações selecionadas (mudança da auto-ima- gem): (e) visualização de outras pessoas e seu relacionamento com estas pessoas; (f) visualização do recebimento de respostas do inconsciente.

Estes exercícios podem ser feitos simplesmente lendo-se as instruções até o final para aprender o núcleo da técnica, depois rela- xando-se e executando-os do princípio ao fim. Também podem ser gravados em fita para ser ouvida enquanto você relaxa, ou um amigo pode lê-los para você. Não se deve passar mais de 20 minutos por dia fazendo qualquer dos exercícios.

Contatos de Cor

O objetivo deste exercício é praticar a visualização e acalmar a mente. Fique em posição confortável. Feche os olhos e dirija-os ligeiramente para cima.

Inspire profundamente pelo nariz e, enquanto expira, sinta uma onda de cálido relaxamento fluir devagar por todo seu corpo dos pés à cabeça. Use seu método preferido de relaxamento ou o autogênico para alcançar um e-stado confortável de relaxamento. Um por um, você visualiza manchas pequenas de luz colorida suspensas no espaço a pouca distância de você. Ao focalizar cada mancha de cor, ela vai parecer cada vez maior, cada vez mais próxima, e gradualmente vai sair flutuando no espaço.

Visualize na mente uma pequena mancha de luz vermelha diante de você — brilhante, vívida, rubra. Veja-a ficar cada vez maior. Imagine esta luz vermelha chegando cada vez mais perto. Agora o vermelho vai ficando cada vez mais desbotado. E começa aos poucos a desaparecer à distância.

Imagine outra mancha de luz. A cor é laranja. Pense na luz laranja, profunda e rica, chegando cada vez mais perto e ficando cada vez maior como um holofote. Agora o laranja vai ficando cada vez mais claro até se tornar uma nuvem de luz, enquanto de-saparece à distância.

Agora visualize a cor amarela. Uma mancha de luz amarela. Como se fosse a lâmpada de um holofote, vem chegando cada vez mais perto, vai ficando cada vez maior e mais brilhante. Passe um minuto aquecendo-se neste círculo de luz amarela. A luz aos poucos vai ficando mais apagada e flutua para fora.

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Visualize a cor verde — uma mancha de luz clara verde-es- meralda. Observe enquanto ela se move para mais perto até que você só veja o puro verde-esmeralda. Observe então a luz verde ficar pálida até desaparecer da vista.

Visualize a cor azul, uma mancha de luz azul-clara, bem suave. Veja a luz azul chegando cada vez mais perto, crescendo cada vez mais, e circundando-o até envolver você completamente. Ela o eleva com delicadeza, crescendo em luminosidade, ficando cada vez mais pálida, até formar uma nuvem de luz branca e flutuante.

Imatjine-se a si mesmo flutuando até o céu nesta maravilhosa nuvem de luz branca. Tome consciência de outras nuvens enquanto passa por elas flutuando. Aproveite a tranqüila sensação de paz e felicidade por todo seu corpo.

Sempre que quiser, você pode recordar esta sensação relaxada. Pode recordar esta sensação centralizada, calma, antes de reuniões ou qualquer ocasião especial em que isto lhe possa ajudar. Você vai sentir-se relaxado, calmo, saudável, competente.

Agora, comece a voltar suavemente. Sinta-se voltando devagar ao lugar onde estava e para uma personalidade mais consciente. Abra os olhos lentamente, respire profundamente algumas vezes, espreguice e ligue todos os controles do corpo. Você se sente centralizado e descansado.

Prática de Concentração OBJETOS

Use objetos reais para a prática deste exercício. Alguns atletas usam a parafernália esportiva para a prática da concentração. Por exemplo, Billie Jean King usa uma bola de tênis. Ela fixa o olhar na bola de tênis em sua mão e observa os detalhes das costuras, o tecido emaranhado, forma, cor e textura. Nesta prática de concentração, uma pedra, uma fruta e um radinho de pilha serão utilizados. Você pode explorar muitos outros objetos da mesma forma.

Relaxe do modo que preferir ou através do método autogênico.

1. PEDRA

Arranje uma pedra e segure-a na mão. Vire-a de um lado para o outro, sinta sua textura. Ê macia ou áspera? Compacta ou porosa? Cheire-a. Tem cheiro? Prove-a. Tem gosto?

Agora relaxe ainda mais, feche os olhos e, na sua imaginação, sinta-se muito pequeno, muito mesmo, pequeno o bastante para penetrar na pedra e olhar em redor. Imagine agora que você é a pedra. Que tal sentir-se como uma pedra? Você se sente leve ou pesado, grande ou pequeno? Agora, enquanto ainda é a pedra, finja que está sobre um campo gramado. Imagine uma chuvinha fina caindo sobre você. Em que medida a chuva o afeta? Ocorrem alterações no solo onde você se encontra? Agora imagine que a chuva parou, O sol está aparecendo. Sinta os raios quentes do sol brilhando sobre você, que se encontra neste campo gramado. Imagine agora que vai mudando sua forma de pedra e lentamente retorna ao seu tamanho e estado normais. Você pode lembrar-se de tudo que experimentou. Conte de um a cinco e, chegando ao cinco, abra os olhos e sinta-se desperto e revigorado.

2. FRUTA (LARANJA)

Relaxe segundo seu método favorito. Arranje uma laranja e segure-a na mão. Vire-a de um lado para outro, sinta sua

textura, cheire-a e lembre-se de como este odor o afeta. Sinta-se relaxando ainda mais, e imagine-se cada vez menor, pequeno o bastante

para poder penetrar na laranja e explorá-la. Qual a aparência do interior da laranja, e qual a sensação? Prove o interior da fruta e lembre-se do gosto. Ê uma laranja madura? A cor do lado de dentro é a mesma do lado de fora?

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Imagine agora que você está saindo do interior da laranja e voltando ao tamanho normal. Você se lembra de tudo que viu, sentiu, provou e experimentou.

Conte de um a cinco e sinta-se desperto e revigorado.

3. RÁDIO TRANSISTOR

Relaxe segundo seu método favorito.

Arranje um radiozinho transistor e segure-o na mão. Vire-o de um lado para o outro, sentindo seu peso e forma. Repare em como se sente. Cheire-o. Tem cheiro? Relaxe ainda mais. Imagine que você é muito, muito pequeno, e pode entrar no rádio para olhar em volta. Agora você está dentro do rádio transistor. Olhe em volta. Qual a cor das diferentes peças? Qual a aparência do seu interior, e qual a sua sensação? Está muito cheio? Viaje pelas diferentes partes do rádio.

Imagine agora que você está saindo do interior do rádio e voltando ao seu tamanho normal. Você se lembra de tudo que viu e experimentou em sua viagem.

Conte de um a cinco e sinta-se desperto e revigorado. Alguns outros objetos que você pode utilizar para a prática de concentração seriam: uma moeda, uma planta, uma semente, um tecido, algodão de farmácia, um cubo de gelo.

Sou uma Câmera

Existem exercícios de visualização para aperfeiçoar a concentração e a memória. Instale-se confortavelmente e use seu método preferido para atingir um estado de relaxamento.

introdução à tela mental

Imagine que sua cabeça e uma câmera. Imagine que seus olhos são as lentes da câmera. Você vai bater algumas fotos mentais. Concentre-se em diversos

objetos dentro do cômodo: Um abajur Uma cadeira Um livro Um tapete Uma planta

Em seguida, centralize sua atenção em um espaço aberto na parede. Finja que sua cabeça é um projetor. As fotos estão agora em sua cabeça. Projete-as na parede. Isto é feito de olhos abertos.

SUGESTÃO

Cada objeto deve ser trabalhado separadamente no início para absorver mais detalhes. Faça, portanto, o exercício com dois objetos e aos poucos acrescente outros. Pratique com uma bandeja cheia de objetos e dê uma rápida olhadela mental. Projete-a na parede, tentando lembrar-se de todos os objetos com detalhes.

Agora feche os olhos e imagine uma tela grande e branca diante de você. É sua tela mental.

Abra os olhos e olhe outra vez para diversos objetos. Feche os olhos e projete as imagens dos objetos na tela mental. Comece com um objeto, e vá aumentando o número.

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Experimente você mesmo esta técnica. Tire um retrato de um amigo — na sua casa ou na casa dele. Você pode tirar este tipo de retrato a qualquer hora — pratique enquanto espera na fila do ônibus ou está preso no engarrafamento. Vai intensificar tanto a memória quanto a concentração.

Sonho Acordado

Combinando relaxamento e visualização, este exercício ajuda a abrir a parte criativa de sua mente, além de auxiliá-lo a sentir e experimentar conceitos abstratos como paz e serenidade.

Fique em posição confortável. Feche os olhos e leve-os ligeiramente para cima. Inspire profundamente pelo nariz e, enquanto expira, sinta uma onda de cálido relaxamento fluir devagar por todo seu corpo dos pés à cabeça. Use seu método favorito de relaxamento ou o autogênico para alcançar um estado relaxado.

Imagine-se caminhando por uma estrada sinuosa em meio a um bosque de vegetação luxuriante. A sua frente encontra-se uma pequena colina gramada. Lentamente e sem esforço, comece a subir a colina. Repare nas flores silvestres aninhadas na grama alta dos lados da estrada. Ouça os seixos rolando quando você pisa neles Faça uma pausa quando chegar ao topo da colina. Lá embaixo no sopé desta colina, você vê um riacho tortuoso. Desça devagar a colina na direção do riacho. Sinta a grama fria e macia sobre seus pés enquanto caminha. Siga a estrada que desce a colina até estar outra vez em terra plana e ao lado do riacho. Olhe para as margens e veja salgueiros chorões inclinando-se para a água. Veja a lama densa e escura nas margens. Observe o turbilhão de raios de sol refletindo-se na água clara e fria que corre. Ao chegar bem junto ao riacho, você repara em uma balsa.

Examine esta balsa. É construída de madeira maciça — a superfície tem um ligeiro polimento. A balsa está coberta por um musgo leve, acolchoado. Você tem consciência de que é uma balsa segura, bem feita. Dê mais alguns passos e suba na balsa. Empurre-a para se afastar da terra. Recoste-se e sinta uma onda de cálido relaxamento envolvendo você, enquanto flutua para longe.

Sinta a delicada subida e descida das águas. Dê-se conta do movimento de embalar provocado pelas águas que arrastam a balsa. Ouça o suave bater da água contra os lados da balsa. Aproveite este relaxamento total enquanto flutua rio abaixo na direção de um pequeno túnel, um túnel conhecido, seguro, onde por um momento você vai ficar ao abrigo do sol. Ao entrar no túnel, veja a luz do outro lado refletindo-se na água. É um túnel de sonho. Ao penetrar na confortável escuridão do túnel, comece a sonhar. Olhe para dentro da escuridão. Passe aí algum tempo, e deixe que tudo o que aparecer se manifeste em sua mente.

Saindo do túnel, sinta-se banhado pelo sol quente e brilhante. Sinta que este sol lhe traz energia e felicidade.

Sinta o cheiro gostoso de campo, que vem do riacho e da grama, quando uma brisa leve passar por você. Abra todos os seus sentidos, todos os seus poros para a natureza que o cerca. Olhe por sobre os lados da balsa e veja muitos peixinhos de cores diferentes nadando em torno dela. Repare nas suas várias cores e formas, enquanto eles escapam, brilhantes. Olhe então para as margens e veja os galhos cheios de folhas debruçando-se sobre o rio, e vislumbre os pássaros mexendo-se entre as folhas. Olhe então para o céu. Sinta contentamento e serenidade ao deslizar de um lado para o outro, deslizando como as pequenas nuvens brancas no céu, atingindo sem esforço o azul mais alto. Sinta a quietude à sua volta. Pare um instante para contemplar a tranqüilidade, harmonia e paz. Outras idéias abstratas que você pode contemplar: compaixão, fé, justiça, misericórdia, etc.

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Sinta o calor do sol envolver seu corpo. Conscientize-se plç. namente de fazer parte desta experiência, a flutuação da balsa, o calor, os cheiros, os sons, de simplesmente deslizar junto com a correnteza. Torne-se um todo com as sensações ao seu redor.

Desperte desta experiência com suavidade. Conte de um a cinco. Aos poucos dê-se conta do ambiente atual. Sinta seu corpo ligar-se enquanto você abre os olhos muito devagar, e olha em volta do cômodo, Espreguice-se e respire profundamente algumas vezes. Você se sente centralizado e descansado.

Espaço de Saúde para a Mente

Você vai criar um lugar especial, um espaço em lugar nenhum, em sua mente. Isto ajuda a focalizar a atenção para visualização e concentração. É o seu próprio espaço criativo, um ponto particular aonde você possa ir relaxar, resolver problemas, tomar de-cisões. Em meio as nossas muitas atividades, geralmente não temos tempo para sair. Mas qualquer um pode criar para si mesmo um lugar de fuga. É um espaço vivo para você, onde pode pensar e sentir com clareza, isolado das distrações e ritmos do mundo que o cerca.

Você pode criar este espaço de fuga no lugar que desejar — um bom lugar de pescaria, uma praia, as montanhas, o fundo do mar, neste mundo ou fora dele. Você vai projetar mentalmente um cômodo, ou vários, se desejar, e colocar coisas nos cômodos para ses em usadas mais tarde.

Fique em posição confortável. Feche os olhos e leve-os ligeiramente para cima. Respire devagar e em profundidade, pelo nariz. Agora inspire profundamente e enquanto expira devagar sinta uma onda de cálido relaxamento fluir lentamente por todo seu corpo, dos pés à cabeça.

Siga o método preferido para relaxamento ou o autogênico. Quando se sentir totalmente relaxado, visualize na mente você mesmo caminhando

por um jardim, um parque, ou um campo. Repare as árvores e as moitas de arbustos ao longo do caminho por onde você passa. A sua frente encontra-se uma clareira, com uma árvore muito grande e muito antiga. A medida que se aproxima, você vê os galhos grossos, fortes e resistentes. Pendurado em um deles está um balanço firme. Chegue até lá e sente-se no balanço.

Comece lentamente a balançar-se, para a frente e para trás. Inspire forte quando balançar para trás e expire quando balançar

a a frente. tfaiançanao para a irente e para trás, para a frente 1 c para trás, respirando de cada vez, balançando com suavidade sem re mais alto, você vai se sentir mais e mais leve. Faça outra respiração profunda enquanto balança mais alto e repare em uma nuvem grande, branca, fofa, flutuando exatamente na sua direção : faça outra respiração profunda ao balançar para a frente, flutue para dentro desta nuvem suave e ondulada. A nuvem o carregará em segurança para onde quer que você deseje ir. Voe bem alto no espaço, e depois comece a baixar devagar com uma curva aberta e lenta, até estar outra vez com os pés no chão, no lugar que você escolheu para construir seu lugar de fuga. (Pausa.)

Quando se trabalha mentalmente, construir é tão fácil quanto dizer uin. dois, três. Diga a si mesmo que, quando você tiver contado até três, aparecerá o(s) cômodo(s) que você quiser. Eles podem ser de qualquer formato, estilo, cor ou decoração. Quando você tiver contado até três e seu cômodo tiver aparecido, olhe em volta, para ter certeza de que está gostando de tudo ali. Faça as alterações necessárias.

Em seguida, você vai acrescentar certos objetos específicos a este locai particular. Use outra vez o método do um, dois, três. Depois de contar até três, você vai criar um tapete — qualquer tamanho, forma ou estampado que gostar.

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Certifique-se de que está bem colocado no chão. Sente-se nele. Você pode sentar-se neste tapete a qualquer hora e sentir-se relaxado imediatamente. Quando você se sentar neste tapete, ele lhe trará automaticamente energia bastante para elaborar qualquer projeto.

Agora, você também vai precisar de algumas cadeiras confortáveis. Escolha umas duas cadeiras de que gostar. Quando as cadeiras aparecerem depois de contar até três, certifique-se de que são exatamente como você queria. (Pausa.)

Usando seu método de construção por um, dois, três, crie uma escrivaninha. É uma mesa de trabalho grande, bonita, bem arrumada. Instale uma grande tela de TV em um lugar que você possa ver da mesa. Convenientemente situado próximo a sua mesa, está um painel de controle para a tela de TV, consistindo em três botões — liga-desliga, brilho e canais. Visualize-o com clareza.

Coloque sobre a mesa uma fileira de garrafas e um copo grande. Vão ser usados mais tarde. Em seguida, crie uma porta especial em seu cômodo, pela qual, quando você quiser, possam entrar pessoas que o ajudem em seu projeto. Crie então um espelho de corpo inteiro, em qualquer estilo. Pendure-o na parede.

Olhe mais uma vez para o seu cômodo, certificando-se de que colocou nele tudo o que gostaria. Caminhe por ali, comece a se

sentir em casa. Sente-se e diga a si próprio algumas vezes que, sempre que desejar por si mesmo chegar a este lugar, você poderá fazê-lo entrando em relaxamento e lentamente visualizando as cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil, e violeta. Quando completar o arco-íris, imagine-se a si mesmo sobre o tapete de seu lugar de fuga, e você aí estará. Sempre saia deste lugar pelo tapete, também.

Quando estiver pronto, volte ao seu ambiente habituai. Conte de um a cinco. Ao contar, sinta-se voltar lentamente ao ambiente normal, e a um estado de maior conscientização. Chegando ao cinco, abra os olhos devagar, respire profundamente algumas vezes, espreguice-se, e sinta-se revigorado e descansado.

Melhore sua Auto-Imagem

Neste exercício, encare-se a si mesmo com honestidade para ver quem e o que você realmente é. E crie então uma auto-imagem melhorada com todas as coisas que gostaria de ser.

Fique em posição confortável. Feche os olhos e leve-os ligeiramente para cima. Respire com lentidão e profundidade, pelo nariz. Inspire agora profundamente e, enquanto expira, sinta uma onda de cálido relaxamento fluir com lentidão por todo seu corpo dos pés à cabeça.

Siga sua técnica favorita de relaxamento ou o método auto- gênico. Quando se sentir totalmente relaxado, visualize-se a si mesmo em uma linda praia.

Sinta o calor do sol brilhando sobre você. Caminhe pela praia e vá até a beira da água. Sinta a areia quente sob seus pés e os grãozinhos de areia que se alojam entre seus dedos ao caminhar. Chegando à beira da água, sinta as ondas quebrarem com delicadeza até a altura de seus quadris. À distância você pode ouvir as gaivotas chamando-se umas às outras. Mais a sua frente, meio enterrado na areia, está um objeto de cor viva. Vá até lá e apanhe-o. Veja que é uma bola de praia — grande, redonda, multicolorida. Jogue-a para cima e segure-a ao cair. Cada vez que você joga a bola para cima, ela sobe mais alto, e você se sente cada vez mais relaxado. Jogue a bola outra vez. Observe as cores reluzindo ao sol. Repare o redemoinho de cores na bola que gira no ar. Inspire profundamente cada vez que jogar a bola para cima. Expire quando a bola desce até você.

Faça isto diversas vezes. Respire mais uma vez profundamente e jogue a bola para cima — alto, bem alto, tão alto que ela de- saparece nas nuvens. Deite-se na areia macia e quente, e relaxe apenas. Quanto mais você relaxa, mais leve sente seu corpo sempre mais

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relaxado e mais leve a cada respiração. Você vai sentir-se tão leve que poderá até sair flutuando no espaço.

Para ficar ainda mais relaxado, visualize um arco-íris. Trace mentalmente cada uma das faixas coloridas do arco-íris, uma por uma. Ao completar, já estará em seu lugar especial de fuga. Vermelho... laranja... amarelo... verde... azul... anil... violeta. Agora você está na sala especial do seu lugar de fuga.

Neste momento, sente-se em seu tapete, e sinta-se relaxado e confortável. Pense em si próprio — que tipo de pessoa você pensa que é? Comece a examinar qualquer de suas atitudes atuais que você considere negativa ou restritiva. Veja os efeitos de sua atuação sobre outras pessoas. Comece a se ver como os outros o vêem, não como você pensa que eles o vêem nem como você gostaria que eles o vissem.

Ser honesto consigo mesmo é o primeiro passo para ajustar as atitudes, experiências, projetos negativos, de modo que o seu eu desobstruído possa manifestar-se. Você pode usar a técnica da "tela de TV mental" para trabalhar com qualquer experiência que queira desobstruir — seja na vida pessoal, no esporte, na atuação escolar — incidentes de medo (esporte, provas), inibição (conferências), falta de confiança (aprendizado), timidez, etc. Selecione poucas de cada vez que fizer o exercício. Passe apenas poucos minutos em cada uma. Seguem-se alguns exemplos.

Levante-se agora do tapete e caminhe para sua escrivaninha. Sente-se confortavelmente. Lembre-se de uma ocasião em que você sentiu raiva. Aperte o botão liga do painel que opera sua grande teia de TV, e esta cena aparecerá eomo um filme diante de você. Realce o efeito que o fato de ter raiva produziu em você naquele momento. Veja então o efeito produzido sobre as pessoas ao seu redor.

Feito isto, aperte o botão desliga, cancelando instantaneamente a cena da tela e de sua mente. Purifique-se do sentimento negativo. Ligue novamente e traga a cena de volta, desta vez como deveria ter sido. Em vez de sentir raiva, dê amor e compreensão. Aperte o botão e apague a tela.

Coloque outra experiência na tela — uma ocasião em que você sentiu ciúmes ou inveja de um amigo. Lembre-se de como se sentia interiormente ao ter ciúmes de alguém. Pense em como seus sentimentos afetaram as pessoas ao seu redor. Depois de fazer isto por alguns momentos, desligue, eliminando estas experiências da tela e de sua mente. Purifique-se de todos estes sentimentos negativos. aperte o botão liga e traga a cena de volta, alterando a experiência, vendo-a como deveria ter sido. Em vez de ciúmes ou in-veja, sinta alegria e apoie a felicidade do outro. Seja confiante.

Coloque outro filme em sua tela. Recrie uma ocasião em que você foi ofendido por outra pessoa. Reviva esta experiência e o efeito produzido sobre você. Veja como as outras pessoas reagiram diante daquela que o ofendeu. Aperte o botão para apagar a tela. Elimine a experiência de sua mente e purifique-se dos sentimentos negativos. Ligue novamente. Traga a cena de volta e altere a experiência, revivendo agora o que deveria ter acontecido. Veja a si mesmo com confiança, sem ser atingido e sem aceitar a ofensa.

Reveja qualquer ocasião em que se sentiu triste consigo mesmo, ou abandonado, ou reclamou com outra pessoa por erros cometidos por você mesmo. Aperte o botão liga e coloque esta experiência na tela. Lembre-se de como se sentiu quando fez isso. Veja como as pessoas a sua volta reagiram a seus atos — sua família, amigos, colegas de trabalho. Aperte o botão desliga. Cancele estes sentimentos negativos e desagradáveis. Aperte o liga e recrie a cena introduzindo nela um sentido de relacionamento, bem-estar, e harmonia ao quadro. Desligue a tela.

Volte a sentar-se no tapete. Imagine um cone saindo do alto da sua cabeça em direção ao infinito. Uma energia purificadora vem encher sua cabeça através deste cone. Enquanto esta energia pura e branca enche você, vinda pela cabeça e descendo por todo o corpo, ela elimina a energia morta das velhas feridas, velhos ódios, velhos ciúmes, velhas reações negativas, velhos projetos. Sinta a energia entrar em sua cabeça, descer por seu pescoço, penetrar em seu peito. Ela flui por seus braços, suas mãos, por cada dedo. Sinta

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a energia fluir por suas costas, descer para suas pernas, pés e dedos dos pés. Esta energia purificadora limpa todo o interior e exterior de seu corpo e, à medida que as energias negativas se transformam em energias positivas, você sente seu eu real tornar-se cada vez mais claro.

Sinta-se transbordar desta energia purificadora. Ela agora se irradia por cada poro do seu corpo. Qualquer que seja o tipo de sensação negativa, seja medo, raiva, culpa, solidão ou pensamentos negativos dos outros dirigidos a você, esta energia pode neutrali- zá-la. Como se você estivesse assistindo a um filme, veja esta energia fluir através de você, limpando e purificando. Se uma parte de seu corpo não estiver em boas condições, imagine esta energia fluindo para aquela região. Observe a mudança operada, e visualize a região do corpo como um todo, e em bom estado.

Quando se sentir totalmente purificado, preste atenção no sentimento de Uberdade, alegria e poder que o inunda, Você pode usar esta técnica de energia sempre que quiser eliminar sensações ou impressões negativas.

Vá agora para o outro lado da sua escrivaninha e sente-se em frente à fileira de garrafas e do copo. Estas garrafas contêm simbolicamente todas as coisas que você gostaria de ser. Lá estão características como: auto-aceitação, autoconfiança, amor, compreensão, honestidade, alegria, beleza, bondade, liberdade, amizade, concórdia, poder, segurança.. . Em um tipo de coquetel mental, misture as características que deseja no copo e beba o líquido. Enquanto bebe, sinta todas as características que você colocou no copo fluírem por todo seu corpo. Sinta-as penetrarem em sua pele, por todo seu corpo, e se tornarem você. Ao terminar de beber, levante-se e vá até o espelho de corpo inteiro.

Ao olhar para si próprio, veja-se e sinta-se transformar na pessoa que gostaria de ser e dê-se conta de que agora é esta pessoa. Saiba que vai ser bem-sucedido em tudo aquilo quç desejar. Veja e acredite que é agora a pessoa que gostaria de ser.

Se quiser mudar de peso, veja-se com o peso ideal. Se quiser parar de fumar, veja-se feliz sem o cigarro. Se quiser se livrar de problemas financeiros, veja-se em meio à abundância e segurança. Se lhe falta confiança, proclame seu próprio poder e veja-se con-fiante e firme.

Sinta-se transformar em uma pessoa totalmente harmonizada. Deixe-se transformar na pessoa que você gostaria de ser. E agora saiba que você é essa pessoa.

Conscientize-se de que, mesmo mais tarde, a bebida que tomou continuará fazendo efeito dentro de você e todas as coisas que desejou continuarão a fazer parte de você.

Quando estiver pronto, volte ao seu mundo normal por si mesmo. Conte de um a cinco. Enquanto conta, sinta-se voltar lentamente ao seu ambiente habitual, e a um estado de maior consciência. Chegando ao cinco, abra os olhos devagar, respire profundamente algumas vezes, espreguice-se e sinta-se revigorado e descansado.

Comunicações: Relacionamentos

Este exercício pode ser muito útil para aumentar seu relacionamento com a família, os amigos e outras pessoas que participam de sua vida diária.

Fique em posição confortável. Feche os olhos e leve-os ligeiramente para cima. Inspire profundamente peio nariz e, enquanto expira, sinta uma onda de cálido relaxamento fluir devagar por todo seu corpo, sem parar, dos pés à cabeça.

Use seu método favorito de relaxamento ou o autogênico para atingir um estado de relaxamento confortável.

Agora, mentalmente, visualize-se você mesmo em um parque. É noite e vai haver uma exibição de fogos de artifício. Você abre um cobertor sobre a relva e ali se deita. Sente-se muito confortável e relaxado. Olha para o limpo céu noturno. Ouve-se o ruído dos primeiros fogos e um foguete de tiros vermelhos explode na escuridão. Uma cascata

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de chuva brilhante e vermelha tinge o céu. Você aprecia o espetáculo vívido. Outro foguete é disparado. Um desenho de fogos na cor laranja luminosa brilha como estrelas.

Depois de cada cor, você se sente cada vez mais relaxado. Ouve-se um rojão e jorra o amarelo dourado pelo céu escuro. Você se sente ainda mais calmo e centralizado. Vem agora um foguete verde. Ele sobe em espiral pelo céu, iluminando-o de um rico verde- esmeralda. Você se sente agora muito confortável mesmo. Um foguete azul dispara. O céu se ilumina em estrias de cor azul reluzente. Soltam outro rojão. Uma cascata cor de anil enche o céu. Você se sente muito relaxado, respira profundamente e com facilidade. Soltam-se os últimos fogos da noite no céu escuro. São em lindo tom lilás. Galáxias de luz violeta iluminam a noite. Você observa os últimos respingos de cor violeta desaparecerem na escuridão.

Sentindo-se muito relaxado mesmo, você conta de um a três c imagina-se a si mesmo descansando em seu tapete, no seu lugar de fuga — em sua própria sala. Você se levanta e se senta em uma das cadeiras.

Neste momento, você vai escolher uma pessoa com a qual pretende desenvolver uma comunicação mais eficiente. Pode ser um amigo, um membro da família, um instrutor, colaborador ou chefe, com quem você teve um desentendimento, Pode ser qualquer pessoa com a qual deseje estabelecer uma comunicação e compreensão mais efetiva.

Conte de um a três e a pessoa que você escolheu vai entrar em sua sala pela porta. A porta se abre e a pessoa entra em sua sala. Ela fecha a porta, avança e fica de pé na sua frente.

Olhe para essa pessoa. Comece a vê-la como um ser humano, seu companheiro, com sentimentos, atitudes e emoções. Detenha-se em cada detalhe dessa pessoa — o rosto, cabelo, testa, maçãs do rosto, lábios, olhos, ouvidos...

Agora vocês dois vão até a mesa c sentam-se um diante do outro. Neste momento, com suas próprias palavras, diga à pessoa o que você considera ser

a causa da falta de comunicação ou entendimento entre vocês. Seja claro, completo e honesto em sua descrição do problema. Não se apresse. (.Pausa.)

Deixe agora que a outra pessoa lhe diga, com suas próprias palavras, o que ela acha do problema. Ouça com atenção o que ela tem a dizer. Tente compreender e sentir o que a pessoa está sentindo.

Se desejar alguma ajuda, chame uma terceira pessoa para entrar na conversa como agente moderador. Esta pessoa também vai entrar em sua sala pela porta. Peça sua opinião.

Volte agora para a outra pessoa e, neste momento, agindo com a máxima objetividade, como uma terceira parte, expresse a situação como você a entende agora. Seja o mais claro e honesto possível. (Pausa.)

Você e a outra pessoa se levantam. Encarem um ao outro e vejam-se mentalmente tendo o tipo de comunicação e entendimento que são capazes de ter. Vejam-se a si mesmos em completa compreensão, e sintam a sensação de dor, raiva, ou mal-entendido dissolver-se quando você sorri para ela. Se você tiver algum problema em se tornar amigo desta pessoa, peça a outra pessoa ou a um especialista alguns conselhos.

No futuro, todas as vezes que desejar desenvolver mais comunicação com esta ou aquela pessoa, simplesmente traga-a até o seu lugar de fuga. Olhe e admire a outra pessoa. Tome-se mais sensível aos sentimentos e atitudes dela. Tente entender seu ponto de vista e saiba que ela também deseja desenvolver comunicações mais efetivas.

Despeçam-se agora. Da próxima vez em que vir ou pensar nesta pessoa, esta experiência ajudará no sentido de uma melhor compreensão ou comunicação entre vocês. A pessoa deixa então seu lugar de fuga.

Agora, conte lentamente de um a cinco. Enquanto conta, sinta-se aos poucos voltando ao seu ambiente normal, e a um estado de maior consciência. Você poderá aproveitar as energias e sensações de agora a qualquer momento no futuro. Chegando ao

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cinco, abra os olhos devagar, respire profundamente algumas vezes, espre- guice-se e sinta-se revigorado, centralizado e descansado.

Sempre que quiser ampliar seu conhecimento ou compreensão de algum problema ou relacionamento, mentalmente faça a pessoa entrar em seu lugar de fuga, junto com um especialista. Comunique- se com eles e pergunte tudo o que desejar.

À noite, antes de dormir, torne um hábito rever o seu dia. De maneira relaxada, distanciada, reveja cada incidente do dia e se ficar satisfeito com alguma ação ou reação demonstrada por você, imprima-a fortemente em sua mente.

Se você reagiu de um modo que não lhe agradou, reveja então o incidente cuidadosamente. Após rever sua ação negativa, apague-a de sua mente. Reviva então a experiência da maneira como deveria ter acontecido. Veja a si mesmo comportando-se como gostaria de fazê-lo no futuro. Esta "prestação de contas" noturna do dia que passou terá um efeito profundo em sua vida.

Comunicações: Resolver Problemas, Obter Respostas

O objetivo deste exercício é tatear pelas reservas do mais profundo da mente para obter informações, resolver problemas de maneira criativa, receber resposta a perguntas.

Fique em posição confortável. Feche os olhos e leve-os ligeiramente para cima. Inspire profundamente pelo nariz e, enquanto expira, sinta uma onda de cálido relaxamento fluir devagar por todo seu corpo dos pés à cabeça.

Use seu método preferido de relaxamento ou o autogênico para atingir um estado de relaxamento confortável.

Visualize-se mentalmente no local de relaxamento que preferir — em seu quarto, sentado na praia, ou onde quer que se sinta bem. Agora que você está sentado ou deitado no chão, sinta que seu corpo aos poucos fica leve como um balão. Sinta-o cada vez mais leve e enquanto isto acontece, sinta-se levantar lentamente do chão. Fique ainda mais leve, e comece a flutuar pelo quarto. Flutue agora mais alto, até sair do quarto, tão alto que até sai de casa. Você agora está flutuando por sobre a casa. Você pode olhar em volta e ver outras construções. Pode ver os carros passando nas ruas lá embaixo, as pessoas caminhando pelas calçadas. Experimente uma sensação de liberdade, conforto e segurança enquanto flutua. Você pode ir onde quiser, simplesmente pensando nisso.

Flutue agora ainda mais alto até que não mais possa ver a cidade lá embaixo. Você pode projetar-se para qualquer lugar no presente, passado ou futuro. Tudo o que tem a fazer é tornar-se tão leve quanto um balão e subir no espaço. Continue subindo até não poder mais ver o solo sob você. Então, em sua mente, decida o tempo e lugar que gostaria de visitar. Pode então descer à terra nesse determinado tempo e lugar. Depois de ter coletado a informação que queria, se desejar voltar ao momento presente, apenas permita a si mesmo ficar outra vez tão leve quanto um balão. Flutue no espaço até não poder mais ver o solo sob você. Marque sua rota para voltar ao estado atual. Lentamente volte para o chão e descubra-se de novo no tempo e lugar de onde saiu. Enquanto flutua com suavidade, olhe em volta e repare se alguma coisa atrai sua atenção. Agora, lentamente, volte ao quarto.

Você está se sentindo muito relaxado, tanto física quanto mentalmente. Sempre que tiver um problema específico para resolver, crie e projete uma imagem mental desta situação-problema em sua tela de TV mental, e examine-o. Examine-o apenas uma vez. Após ter examinado cuidadosamente o problema, apague-o da tela de sua mente, e daí em diante procure não pensar nele. Em lugar dele, usando o botão de ligar, crie e projete a imagem mental do resultado final desejado na tela. Faça com que esta seja sempre sua imagem final. Ative c visualize o resultado final desejado por pelo menos alguns minutos, três vezes por dia. Sinta que o objetivo já foi atingido. Esta técnica estimulará

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sua mente interior a encontrar soluções criativas para alcançar seu objetivo. As soluções parecerão saltar em sua mente.

Os pensamentos construtivos ativados pela concentração conduzem à concretização dos resultados desejados.

£ possível que seu problema ou pergunta seja do tipo que precisa do aconselhamento de um especialista ou alguém mais experiente. Você não vai encontrar alguém com o tipo de resposta que precisa. Este "sábio" pode ser alguém vivo ou um personagem da história. Pode ser até um animal ou pássaro. Certas pessoas descrevem este conselheiro tão útil como sendo um "velho sábio" ou uma "velha sábia". £ um modo de materializar a "fonte interior" de sua própria mente.

Imagine-se em contato com a natureza. Pode ser um jardim verdejante, uma colina, uma clareira no meio da floresta, ou o topo de uma montanha. Ou pode achar que está em um templo antigo, um lugar no fundo do mar, até mesmo um centro técnico da era espacial, onde encontrará seu conselheiro. Certas pessoas preferem esperar pelo conselheiro no lugar de fuga. Aguarde até encontrar seu ponto exato. (Pausa.)

Alguém vem vindo ao seu encontro. Espere por esta pessoa ou ser. A medida que se aproxima, olhe claramente e veja a aparência desta pessoa. Fale com ela. Converse com ela. Faça sua pergunta. Espere que esta pessoa trabalhe junto com você para resolver seu problema, qualquer que seja eie. Ela lhe vai dar todas as informações e indicações que desejar. Vai ficar a seu lado como conselheiro até que seu projeto se complete. Espere por uma resposta, em todos os sentidos. (Pausa.)

Se precisar de esclarecimento, peça a mais alguém para vir falar com você de modo a seguir ajudando-o. Espere a resposta. Estas podem ser ditas ou reveladas sob a forma de símbolos visuais. Podem lançar luz sobre o problema ou trazer maior compreensão. (Pausa.)

Agora você vai voltar ao seu mundo habitual enquanto conta de um a cinco. Ao contar, sinta-se voltar lentamente ao quarto e a ttm estado mais consciente. Chegando ao cinco, abra os olhos devagar, respire profundamente várias vezes, espreguice-se, e sinta- se revigorado e descansado. Anote as respostas ou símbolos recebidos durante a sessão.

_________ Capítulo 19

Exercícios Para Crianças

Como Apresentar às Crianças o Relaxamento Muscular

Para os alunos mais novos, o relaxamento muscular pode ser apresentado da seguinte maneira:

Este exercício nos vai fazer relaxar o corpo e a mente. Nós apertamos e relaxamos nossos músculos dos pés à cabeça. Quando aprendermos o que é ficar relaxado, não vamos mais desperdiçar energia com a tensão muscular. Sempre que acontecer alguma coisa que nos faça ficar tensos ou ansiosos, podemos usar este modo de relaxar para ficarmos mais calmos. Assim, nunca mais .vamos ter de ficar nervosos antes de uma prova, um encontro, ou um acontecimento especial.

Sentem-se ou deitem-se e fiquem muito à vontade mesmo. Fechem os olhos. Comecem a relaxar o corpo inteiro. Pensem nos dedos dos pés — pensem nos ossos e músculos dentro deles — sintam o peso deles. Agora, apertem os dedos dos pés o mais

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que puderem. Segurem essa sensação de aperto nos dedos dos pés enquanto contam até cinco bem devagar. .. Agora, relaxem os dedos dos pés. Relaxem os dedos completamente. Reparem a diferença.

(Continua pelo resto do corpo, seguindo o exercício A do Capítulo 7.)

Como Apresentar às Crianças os Exercícios Respiratórios

Os alunos mais novos, com menos de 10 anos, vão precisar de um pouco de prática de exercícios respiratórios antes de passarem à respiração ritmada. Seria útil iniciar o processo com um debate Sobre a maneira pela qual as pessoas respiram.

Vamos ver como é que estamos respirando agora. Vamos experimentar. Coloquem a mão direita no coração. Puxem o ar bem fundo. Prendam a respiração um pouco. Depois soltem o ar. Vocês estão sentindo a batida do seu coração? Estão sentindo alguma outra coisa?

Abaixem-se e ponham as mãos no chão. Estiquem-se agora e levem as palmas das mãos para o teto. Abaixem-se e estiquem-se umas duas vezes.

Agora parem e prestem atenção na sua respiração. Vocês repararam a batida do seu coração? Repararam mais alguma coisa?

Imaginem que está muito frio e sai fumaça da boca de vocês quando respiram. Vocês vêem muita fumaça?

Agora vamos respirar com a barriga. Finjam que o seu peito é uma sanfona bem grande, que abre e fecha.

Quando puxamos o ar (inspirem), a sanfona se abre. Quando soltamos o ar (expirem), a sanfona se fecha. Vocês empurram a barriga para fora quando puxam o ar. Vocês empurram a barriga para dentro quando soltam o ar. Repitam isto algumas vezes. Tentem respirar sempre pelo nariz. Ponham a mão na

barriga. Reparem como a sua mão sobe e desce quando vocês puxam e soltam o ar. Prática: inspirar — expirar (repetir várias vezes). Prática: inspirar — prender —

expirar (repetir várias vezes).

RESPIRAÇÃO ALTERNADA

Prática: Inspire suavemente pela narina esquerda, tapando a narina direita cora o polegar. Contar um, dois.

Coloque o dedo anular sobre a narina esquerda e pressione levemente, relaxando o polegar, e expire pela narina direita. Solte aos poucos todo o ar, contando um, dois, três, quatro.

Faça o movimnto contrário, inspirando pela narina direita e expirando pela narina esquerda.

Repita diversas vezes.

RESPIRAÇÃO RÍTMICA

Após praticar por algum tempo a exploração da respiração, veja se pode praticá-la segundo uma contagem. Ao inspirar, diga "puxa", ao expirar, diga "solta".

(Se tiver um metrônomo, marque-o para 60 batidas por minuto. Caso contrário, use um relógio com ponteiro de segundos, e conte em voz alta os segundos.)

Prática: Respire: puxa — dois, três, quatro; solta — dois três quatro. Repita diversas vezes.

Se as crianças não tiverem problema em respirar segundo a contagem, tente esta contagem: Puxa — dois; prende, dois, três quatro; solta — dois.

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Nota: Dr. Allyn Prichard descobriu, em sua experiência de ensinar a prática da respiração a crianças pequenas na Geórgia, que era difícil para crianças abaixo da 5? série respirar no padrão de Puxa — dois; prende — dois, três, quatro; solta — dois.

Até a ou 4? série, eles procuravam principalmente fazer com que as crianças tentassem respirar em ritmo usando o padrão de Puxa — dois, três quatro; solta — dois, três, quatro.

Qualquer prática de respiração deve ser feita com delicadeza e nunca forçada. Pratique esta respiração rítmica segundo a contagem durante alguns minutos por

dia, vários dias, antes de tentar praticar a respiração segundo a contagem com música.

Relaxamento Mental e Tranqüilidade Mental

O objetivo deste exercício é aumentar a visualização e praticar a tranqüilidade e relaxamento da mente.

Sentem-se ou deitem-se e fiquem muito à vontade mesmo. Fechem os olhos e respirem profundamente. Deixem seu corpo e sua mente relaxarem por completo. Desliguem tudo do seu corpo, menos os ouvidos. Continuem a respirar profundamente, à medida que vocês agora se sentem relaxados por completo, como se fossem uma nuvem leve e macia, flutuando no espaço. Vocês sentem tudo muito gostoso, relaxado, cheio de paz. Vamos passar um momento ficando em silêncio interior.

Agora, vocês vão criar com os olhos da mente uma paisagem de fazenda. Visualizem um celeiro vermelho. Vejam vocês mesmos, como se estivessem em um

filme, caminhando para o celeiro. Quando forem chegando perto, examinem mentalmente toda a construção. E um celeiro grande ou pequeno?

Prestem atenção nas paredes. São de tijolos ou de madeira, são lisas ou enrugadas? Subam os olhos pelas paredes vermelhas até chegarem ao telhado. Ele é reto ou em ponta? Tem um palheiro?

Cheguem mais perto do celeiro. Lá chegando, abram a porta e entrem. O que há lá dentro? Há feno no chão? O chão é feito de quê? Respirem profundamente outra vez e sintam o cheiro do celeiro. Dêem uma última olhada — então, quando vocês voltam para a porta de entrada, reparam em um canteiro cheio de flores cor-de- rosa bem perto do celeiro. Caminhem até essas flores desabrochadas e as examinem com cuidado. São todas do mesmo tom de rosa? São de tamanhos diferentes? Respirem profundamente e sintam o perfume das flores. Toquem nas pétalas macias. Passem mais um pouco de tempo admirando estas lindas flores cor-de-rosa.

Caminhem para mais longe e reparem como é verde a grama em volta de vocês. Tirem os sapatos e andem na grama. Sintam a grama fria e macia, parecendo uma esponja aveludada sob os seus pés. Sintam o mato entrando pelos dedos dos pés. Deitem-se de bruços na grama e sintam o cheiro de grama limpa e fresca. Rolem até ficarem deitados de costas e se espreguicem na grama. Sintam o mato frio e macio roçando na sua pele.

Respirem profundamente e vejam o sol quente, amarelo. Sintam como ele brilha sobre vocês. Sintam o sol esquentando seus braços e suas pernas. Sintam o calor do sol pelo corpo inteiro.

Continuem aí deitados, olhando para o céu azul e claro. Respirem profundamente e deixem entrar o ar puro e refrescante. Sintam o ar percorrendo seus corpos da cabeça até os pés. Quando estiverem olhando para o céu, reparem se há passarinhos voando, ou se alguma nuvem passa pelo céu.

Enquanto vocês estão ali deitados, o sol vai se pondo e o céu aos poucos vai ficando de um azul mais profundo. Respirem profundamente e notem que a luz do dia já quase se foi, e o céu agora é de um azul arroxeado. As estrelas começam a aparecer. Reparem no formato das estrelas. Apreciem o movimento do céu.

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Sintam-se em paz, serenos, felizes, de corpo inteiro. Vocês estão completamente relaxados, neste lugar tão confortável de sua mente. Vai ser divertido voltar para cá outra vez. Sempre que vocês quiserem, vão poder lembrar-se desta sensação de calma. Vocês podem sentir a mesma caima antes de uma prova no colégio, antes de uma consulta ao dentista, enfim, sempre que quiserem.

Agora, comecem a voltar bem devagar. Percebam sua posição e o ambiente em volta de vocês. Percebam seus pés, joelhos, mãos, cabeça. Liguem o corpo outra vez, Espreguicem-se, abram os olhos — vocês vão se sentir concentrados e calmas.

Nota: Para evitar a monotonia, os exercícios de visualização e tranqüilidade da mente podem ser mudados de tempos em tempos. As seqüências de visualização de outros exercícios deste e de outros livros podem ser utilizadas.

Para a tranqüilidade da mente, o professor de Iowa, Charles Gritton, recomenda muito o álbum de discos encontrados nos Estados Unidos sob o nome de The Environment (O Meio Ambiente). Em vez de ter que ler o exercício de visualização para as crianças, os discos o fazem em seu lugar. Estes discos sobre o meio ambiente são os grandes favoritos nas turmas do professor. Há visitas a lugares como um rio de fazenda, o oceano, um viveiro de pássaros, e assim por diante. Ele descobriu que as crianças gostavam principalmente de imaginar uma viagem a ura pântano.

Tranqüilidade Mental e Visualização

Sentem-se ou deitem-se e fiquem muito à vontade. Fechem os olhos e respirem profundamente. Deixem que o corpo e a mente relaxem completamente. Respirem outra vez profundamente, e ao soltarem o ar, sintam-se cada vez mais relaxados.

Continuem respirando profundamente, e agora vocês já estão relaxados por completo, como se flutuassem em uma nuvem grande, fofa e branca. Tudo é muito gostoso e muito calmo.

Façam aparecer em sua mente uma rua com muitas lojas. Imaginem que vocês estão lá neste momento. Vão passar por vitrinas diferentes cheias de brinquedos coloridos e, lá na frente, vão ver uma sorveteria. Entrem. Nas paredes há enormes cartazes com cas-quinhas de todos os sabores. Há um sorveteiro risonho, todo vestido de branco, com um chapelão de cozinheiro, atrás do balcão. Este sorveteiro vai fazer uma casquinha especial para vocês, É um sorve- tão gigante com sete bolas. Passem para o outro lado do balcão para ver como ele faz.

O sorveteiro pega uma casquinha gigante e uma colher de tirar bolas de sorvete. Abre a primeira porta da geladeira. É sorvete de morango, bem vermelho. Prestem atenção na bola de sorvete vermelho que ele põe na casquinha. Ele abre outra porta da geladeira, e mete a colher lá no fundo, É sorvete de laranja. Ele põe o sorvete de laranja em cima da bola de sorvete vermelha.

Ele abre mais uma porta. O sorvete é amarelo. £ sorvete de creme. Lá vai a bola de sorvete de creme amarelo para o alto da casquinha, bem em cima do sorvete de laranja.

Cheguem mais perto para ver o que há dentro da outra geladeira. £ sorvete de pistache, verde, geladinho! Sintam o gosto. O sorveteiro raspa a fôrma com a colher para tirar o sorvete de pista- che verde. Ele põe a bola verde bem em cima da bola amarela, no alto da casquinha gigante.

Qual é o próximo? Ele chega até a tampa de outra geladeira. Mete a colher na fôrma, e sai com uma bola de sorvete de aniz azul. Prestem atenção no azul aguado do sorvete de aniz. O sorveteiro coloca a bola azul em cima do sorvete de pistache verde, bem no alto da casquinha.

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Agora ele vai com a colher até a outra geladeira. Tira uma bola d e , . . sorvete roxo. £ um refrescante sorvete de uva. O sorvete de uva roxo vai lá para cima da bola azul de sorvete de aniz.

E chegamos no alto desta deliciosa casquinha, Ele abre mais uma geladeira. Ele abre a porta. Põe a colher lá dentro. £ um sorvete lilás clarinho, de framboesa. Ele põe uma bola de sorvete de framboesa em cima de todas as outras. Que mistura! Sete bolas de sete cores empilhadas em uma casquinha gigante. É uma casquinha de sorvete arco-íris. Vejam como é. Imaginem o gosto de tantos sabores diferentes.

Agora vocês vão contar devagar de um a cinco, e depois vão abrir os olhos. Vocês estão de volta ao lugar onde estavam. Espre- guicem-se, e liguem todo o seu corpo. Vocês se sentem concentrados e descansados.

Exercício de Concentração de Energia

A finalidade deste exercício é experimentar e gerar energia. Sentem-se no chão de pernas cruzadas, descansando as mãos nos joelhos, com a

palma voltada para cima. Sentem-se com as costas bem retas. (Se houver várias crianças fazendo este exercício, podem sentar-se em círculo.)

Para ajudar vocês a se concentrarem, imaginem a energia deslizando suavemente pelo seu corpo, saindo da parte mais baixa (abdome), que é o centro do seu corpo, e subindo para o peito e a cabeça, saindo depois pelo alto da cabeça. Imaginem uma luz que sai do seu corpo e jorra como uma fonte do alto da sua cabeça.

Caixa de Mistérios

Esta brincadeira para crianças destina-se a aumentar a sensibilidade de loque e aperfeiçoar as imagens mentais. Preparativos:

Prepare uma caixa de sapatos. Enfeite o lado de fora e corte um círculo de um dos lados, de modo que caiba a mão de uma criança até o pulso. Coloque dentro da caixa um objeto de cada vez. Recoloque a tampa para que as crianças não vejam os objetos. Faça com que cada criança, uma de cada vez, ponha a mão dentro da caixa e experimente o que está lá dentro.

Para manter todas as crianças ocupadas, faça com que uma delas seja o "sensitivo". Esta criança fará uma descrição verbal do que está sentindo. Ela não deverá dizer o nome do objeto, mesmo se achar que sabe qual é. As outras crianças tentam formar uma imagem mental do objeto escondido com base naquilo que o sensitivo vai dizendo. Cada criança vai dizer o que acha que o objeto é. Isto pode ser feito verbalmente ou escrito em uma folha de papel.

Deixe cada criança experimentar diversos objetos. O mesmo objeto deve ser usado mais de uma vez. Note as diferenças nas descrições.

Sugestões de Objetos:

Pinha, algodão em bola, borracha, pedra, bloco de metal, esponja, concha, pena. Nota: Outros exercícios para crianças podem ser adaptados dos que aparecem na seção de exercícios.

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se o Dr. Robert Ornstein, autor de The Psychology of Consciousness (Psicologia da Consciência), em recente congresso médico patrocinado pela Faculdade de Medicina Albert Einstein, "... o controle mental dos estados físicos pode mostrar aos indivíduos que eles absorveram de suas culturas uma subesiimativa de suas possibilidades." Especialistas como Ornstein e Brown concordam que é possível começar a assumir o comando sobre o que acontece dentro de nosso corpo, a ponto de controlarmos uma única célula. Neste exato momento, abre-se uma fronteira que nos pode conduzir a um mundo acima das desgastantes limitações da dor e da doença.

Pesquisando estas reservas insondadas, homens de negócios descobriram que outro tipo de limitação aparente — inflação, tempos difíceis, futuro incerto — pode ser amenizado utilizando-se a intuição e as' metáforas mentais. Utilizando as mesmas habilidades, os cegos descobriram, por caminhos diferentes, que também eles podiam subir uma oitava na vida, podiam aperfeiçoar o relacionamento com o mundo cheio de vida ao seu redor. O potencial do cérebro direito, por tanto tempo entronizado pelas ciências,, volta rapidamente ao seu devido lugar. De repente, para pessoas das atividades mais diversas, eis onde se situa a verdadeira ação humana. Eis onde esperam chegar as descobertas mais revolucionárias e mesmo evolucionárias. Muitos fariam eco ao que disse Charles Lind- bergh, ao deparar-se com a amplidão desse potencial: "Através de uma conscientização em evolução, e da conscientização desta conscientização, o homem pode fundir-se com o miraculoso. . ."

Como Lindbergh assinala ainda, cada era apresenta seus próprios desafios, que "não podem ser encarados com sucesso se o forem pela elaboração de métodos do passado". Os tempos requerem teorias mais amplas, perspectivas mais abrangentes. É o que sugere Marilyn Ferguson, editora do Brain/Mind Bulletin, quando diz que os soviéticos talvez possuam uma "arma" que subestimamos, enquanto nos preocupamos com a complexidade da vigilância eletrônica, o controle da mente, e o equilíbrio nuclear. Isto é algo que também poderíamos possuir sem despender um centavo do orçamento para a defesa, "Ê uma abordagem global, espontânea, interdisciplinar da ciência." É uma abertura teórica, que permite às diversas especialidades comunicarem-se entre si, e que existe no tipo de treinamento global utilizado pela Rússia e seus aliados nas últimas duas décadas em escolas, ginásios de esportes e clínicas médicas. Como ressalta Ferguson, a ciência norte-americana excede a soviética em qualidade e quantidade de dados, mas dilui a compreensão que deveria aflorar da descoberta dos fatos, ao focalizar a atenção sobre os fragmentos, ao manter os especialistas incomunicáveis e os pensadores globais sem financiamentos. Como uma das maiores conhecedoras da pesquisa atual, Ferguson relata que as descobertas da "pesquisa do cérebro, pesquisa da consciência, parapsicologia e biologia molecular estão convergindo para uma visão de mundo radicalmente nova. Ao mesmo tempo, os pesquisadores americanos mais inovadores advertem que a política da ciência vem frustrando a mais estimulante aventura deste ou de qualquer outro século: a busca do que significa ser humano." E continua: "Não teremos ninguém para reclamar, a não ser nós mesmos, se não conseguirmos usar a mais potente 'arma' psíquica de que dispomos — a imaginação."

Estamos apenas começando a aprender a aprender. Os sistemas de superaprendizado são instrumentos para principiantes. Mesmo assim, parece óbvio que podem ajudar a nos distanciarmos de boa parte da tensão e aflição de nosso tempo. Se nos dermos ao trabalho de tentar. Certas pessoas nos disseram que esses sistemas podem funcionar muito bem em um país e não funcionar em outro. Há um tipo de gente que quer soluções instantâneas, poções mágicas, Muitos de nós agimos assim, a maior parte do tempo. Mas muitos de nós já extraíram tudo o que de gratificante a satisfação instantânea pode oferecer. Muitos de nós começam a se sentir solicitados em todas as direções. Principiamos a nos dar conta de que aquilo que encontramos fora de nós, seja a pílula ou a política, não vai melhorar as coisas para o nosso lado a longo prazo. A pressa de recuperar a capacidade de ação, a capacidade de sermos importantes para nós mesmos e para os outros vem ativar uma característica dos nossos tempos: a autoconfiança. Como coloca,

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com tanta propriedade, o historiador Kenneth Demarest: "A única elite verdadeira que já existiu foi a dos que tentaram com sinceridade. Paradoxalmente, seu ingresso é aberto a todos, e sua saudável finalidade é tornar-se cada vez menos uma elite à medida que mais pessoas atinjam aquilo de que o ser humano é capaz quando tenta de todo coração."

O superaprendizado não lhe oferece nada que possa fazê-lo saber tudo em uma hora, ou ganhar de repente uma corrida, ou curar sua dor de cabeça antes que termine o comercial. Não há poções mágicas. Mas estão disponíveis agora mesmo meios de alimentar as sementes de vida que existem dentro de nós, de fazer crescer de acordo com a nossa época, em nossos corpos e mentes, com vistas a uma pessoa mais completa, o ser humano possível. Se você quiser tentar.

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Apêndice

Recapitulação

O superaprendizado é um modo fácil e descontraído de aprender, que acelera o aprendizado em duas, cinco, dez ou mais vezes, e produz muitos dos benefícios para a saúde anunciados pelos cursos de meditação e relaxamento, Esta maneira ocidentalizada, modernizada de acelerar o aprendizado estimula as reservas da mente para liberar mais capacidades mentais, supermemória e outros poderes. Mobiliza uma parte dos 90% de potencial do cérebro que raramente utilizamos. Estabelece elos de comunicação: elos que ligam o corpo à mente, o consciente ao inconsciente. É um modo global, total de aprender, usando o cérebro direito e o cérebro esquerdo simultaneamente, envolvendo a pessoa completa.

Superaprender é aprender sem tensão. Utiliza as reservas do corpo com economia e eficiência. É indolor o aprendizado sem stress ou tensão. "Fazer um esforço" bloqueia o fluxo livre de energia necessário ao funcionamento da mente, O superaprendizado usa a "preservação da energia humana" para obter resultados.

ELO CORPO-MENTE

Como funciona? Um tipo de música muito específica tem efeito psicofísico e produz no corpo um estado relaxado, meditativo. A pesquisa fisiológica demonstrou que esta música determinada diminui os ritmos do corpo até um n vel de maior eficiência. Este relaxamento induzido pela música traz benefícios para a saúde: supera a fadiga e aperfeiçoa o bem-estar físico e emocional. É mais ou menos como uma meditação com mantra pois é um elo mente/corpo que ajuda a revelar a consciência interior. A pesquisa fisiológica também demonstra que este estado acalmado do corpo facilita o funcionamento mental e o aprendizado. O corpo usa menos energia, e assim sobra mais para a mente. Esta música determinada induz ao alerta relaxado — mente alerta, corpo relaxado.

Como você pode, segundo a sua vontade, recordar o que percebe? A resposta está no ritmo. A conexão é feita através de ritmos sincronizados. Os dados a serem aprendidos são recitados com entonações ritmadas ao mesmo compasso da música.

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A pessoa que aprende respira ao mesmo tempo, no mesmo ritmo, em estado rela-xado. Assim, o ritmo dos dados, entonações, música, respiração e corpo são sincronizados segundo um ciclo rítmico específico. O ritmo, entonações, música e respiração produzem elos com o inconsciente, enquanto que os dados produzem elos simultaneamente com o consciente. Os ritmos harmonizados reforçam o sinal de informação. A conscientização da percepção inconsciente é revelada por meio deste elo, de modo que você tem consciência daquilo que está em seu banco de memória.

Finalmente, superaprender é mais ou menos aprender a aprender. Dá-se um efeito de bola de neve depois que você começa a usar estas técnicas. Como fazer para superaprender por conta própria? O processo é muito simples. Com antecedência, consiga a música, organize seu material e grave-o, lendo-o em voz alta em intervalos lentos sobre um fundo musical específico.

Depois, relaxe apenas e ouça o material, respirando junto com a música.

Elementos de Ensino

O ensino pelo sistema de sugestopedia implica um complexo de métodos selecionados pelos búlgaros a partir de muitos sistemas. Certos elementos semelhantes ao método Montessori são utilizados, e as tições são apresentadas de maneira vívida e dramática, na linha de programas como Vila Sésamo.

A linguagem do corpo e outras sugestões não-verbais que o aluno capta do professor devem ser organizadas para aperfeiçoar o aprendizado em vez de entrar em choque com ele. O professor deve procurar criar um ambiente de estudo aconchegante, positivo, agradável. Para ajudar a orquestrar a comunicação não-verbal no ensino, é fornecido aos professores uma base de técnicas psicoterapêu- ticas, atuação, canto, etc. Ê importante criar cenas mentais vívidas e tremar a imagmaçao, além da capacidade de visualizar.

A harmonia e fundamental para a boa comunicação, segundo o ponto de vista deles. Ja que as sessões de supermemória tendem a expandir a consciência dos alunos para as sugestões vindas do professor — temores, atitudes, ideais — estes elementos não-verbais devem ser levados em consideração e organizados de modo a aperfeiçoar a motivação. Por exemplo, se um professor não consegue sinceramente suportar determinado aluno, é bem provável que este aluno tome consciência disto, o que pode afetar o aprendizado. Nas turmas búlgaras, o contato entre aluno e professor é considerado tão importante que os primeiros são estimulados a mudarem de turma para ficarem com um professor com quem se harmonizem melhor.

A teoria de Lozanov também assinala a "infantilização", principalmente para os adultos — ou seja, restabelecer a facilidade com que a criança pequena aprende, a espontaneidade, receptividade e capacidade de memorização da criança.

As aulas apresentam dramatizações (os alunos adquirem novas identidades para diminuir a responsabilidade pelos erros), peças curtas, jogos, canções, e uma

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grande ênfase na utilização de todas as artes. Muitas das técnicas de comerciais de televisão são usadas para prender a atenção nas aulas.

Descobriu-se também que a autoridade ajuda a memória. Foram dadas a dois grupos de alunos as mesmas palavras para memorizar. A um grupo foi dito que as palavras tinham sido tiradas da obra de um poeta muito apreciado, Esse grupo aprendeu mais palavras.

O feedback é outro princípio de ensino. £ usado para reforçar a confiança na capacidade de superaprender. Toda vez que percebemos que aprendemos, aumenta nossa crença de que realmente temos capacidades extraordinárias e podemos usá-las. O feedback dos resultados pode ser feito com testes freqüentes de verificação. Ver o progresso constantemente reforça, melhora, convence e motiva.

A organização do material do curso tem muito em comum com os cursos que se destinam a aprender dormindo.

O livro Suggestology do Dr. Lozanov descreve sua teoria da sugestão baseada em descobertas científicas de autoridades eslavas. Ritmo, entonação, música vêm todos classificados como sugestão, em sua teoria.

Os profissionais interessados na teoria e no ensino pelo método encontrarão fontes de informação na seção de referência.

Dois processos básicos de ensino de Lozanov implicam: 1. terapia da auto-imagem para os alunos e 2. organização das sugestões não-vcrbais. Para os ocidentais, inúmeras outras idéias búlgaras de ensino são perfeitamente conhecidas e vêm sendo usadas há anos — ou seja, jogos e dramatizações. A tendência para a educação transpessoal e global também já se encontra em funcionamento na América. Muitas dessas abordagens educacionais são derivadas da obra do psiquiatra italiano Roberto Assagioli, que desenvolveu a psicossíntese. Estas abordagens focalizam a atenção na harmonização do lado físico/sensorial, emocional, intelectual, imaginativo e intuitivo da personalidade no processo de aprendizagem.

Rudolf Steiner, austríaco, que fundou a antroposofia, autor de Curative Education, também desenvolveu técnicas de aprendizado destinadas a favorecer "o desenvolvimento natural da genialidade dentro de cada criança".

O objetivo búlgaro é usar estas diversas técnicas globalizantes para ajudar a amplificar e consolidar as capacidades expandidas dos alunos que "desabrocham" por meio das sessões de supermemória.

A principal diferença do ensino pelo método Lozanov, comparado com outros métodos, é que depois de algumas semanas ou meses de sessões de supermemória, os alunos começam realmente a desenvolver uma espécie de memória fotográfica, ou pelo menos de memória muito poderosa, de modo que as outras formas de ensino que exigem muita repetição passam a ser desnecessárias. O ensino passa a ser uma fronteira criativa e pode ir muito além do manuseio da informação.

As sessões de supermemória em si podem conduzir a uma considerável aceleração do aprendizado. Se os métodos globais de ensino forem combinados com elas, podem aumentar a velocidade do aprendizado e ajudar a expandir os potenciais ainda mais.

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Por exemplo, se o material do curso for confeccionado segundo padrões específicos e dentro de uma progressão que intensifique a visualização, os progressos serão ainda maiores. Os búlgaros prepararam cursos sob a forma de diálogos e cenas que seguem uma determinada sequência. (Para maiores informações, entre em contato com: Superlearning Corp., 128 East 56th Street, 4th Floor, New York, N.Y. 10016, USA.)

Para maiores informações sobre os processos de ensino globalizantes. entre em contato com: Institute for Wholistic Education, Box 575, Amherst, Mass. 01002, USA.)

Procedimento em Classe

Antes de iniciarem um curso de sugestopedia na Bulgária, os alunos têm quatro dias de reparação que incluem exercícios de de- sugestão da capacidade limitada de aprendizado. Um curso sobre determinado assunto dura mais ou menos 30 dias, quatro horas por dia com uma pausa. Cada sessão tem três partes: 1. revisão em conversa do material aprendido anteriormente, usando os melhores elementos dos métodos orais e audiovisuais; 2. apresentação do novo material sob a forma de diálogos — situações da vida real são dramatizadas; 3. sessão de reforço da memória, A sessão de reforço da memória é feita em duas partes: ativa e passiva,

Na parte ativa, os alunos lêem o texto enquanto este é lido em voz alta. Relaxam e respiram profundamente enquanto o professor lê as frases nas três entonações, em ritmo preciso segundo o ciclo de oito segundos. Não se toca música durante esta leitura do material. Os alunos acompanham o texto e repetem as frases mentalmente.

Na parte passiva da sessão de memória, os alunos relaxam, fecham os olhos e ouvem a música barroca tentando visualizar o material, enquanto o professor faz uma leitura dramática, "artística", segundo o ciclo de oito segundos, ao compasso da música.

PROCEDIMENTO SIMPLIFICADO

Muitos americanos que utilizam o método condensaram as duas partes da sessão de reforço da memória em uma só, mantendo ainda uma aceleração de seis por um no aprendizado.

O procedimento simplificado de reforço da memória então é: os alunos relaxam e respiram profunda e ritmicamente ao compasso da música. O instrutor recita ou declama o material no ciclo de oito ou 12 segundos no compasso da música, usando três entonações diferentes.

O procedimento ocidentalizado para organizar o curso começa com uma semana mais ou menos, dedicada ao treinamento do relaxamento, visualização e exercícios respiratórios. Eles apresentam o material a ser aprendido de maneira vívida e dramática, com jogos, peças, diálogos, leitura oral. Antes da sessão de

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concerto, passam de cinco a 10 minutos em exercxios físicos simples, e rotinas de visualização, relaxamento e respiração, além de afirmações positivas para um aprendizado fácil e efetivo, boas notas na escola, boa saúde. Fazem provas de verificação todos os dias.

Originalmente, na versão búlgara, as turmas eram pequenas (12) e sentavam-se em confortáveis espreguiçadeiras dispostas em círculo. A versão americana faz com que os alunos relaxem em col- chonetes no chão. "Se você dispuser de cadeiras confortáveis, ótimo", diz Lozanov. "Se não tiver as cadeiras, ótimo do mesmo jeito. O método tem que ser flexível e adaptável."

O QUE SE SABE SOBRE AS SESSÕES DE EXPANSÃO DA MEMÓRIA

Como já foi dito anteriormente, devido a considerações políticas, muita confusão e segredo têm cercado os aspectos de expansão da memória do sistema de Lozanov. Países diferentes parecem ter recebido versões completamente diferentes. Isto se aplica também aos países do bloco soviético. Uma fonte insinua que a Alemanha Oriental aparentemente pagou pelo método e recebeu detalhes com-pletos, enquanto que outros não os obtiveram,

(Até 1970, o chefe do Centro de Mnemologia da Universidade Karl Marx, em Leipzig, o Dr. Jenicke, anunciou a realização de experiências com o método búlgaro de sugestopedia. Em um experimento típico, 3.182 unidades léxicas e expressões idiomáticas foram aprendidas em 30 dias, com 94% de retenção.)

O governo húngaro não pagou pelo método até 1978, e seu povo só recebeu algumas partes, e não lhes foi permitido conhecer toda a pesquisa búlgara assim como não tiveram resposta a suas perguntas. Mesmo os ocidentais que pagaram não receberam todos os detalhes.

Em 1978, divulgou-se que o Instituto de Sugestologia na Bulgária havia sido encampado por membros do Partido Comunista e que os professores renovadores, que desenvolveram métodos e programas essenciais de sugestopedia haviam sido demitidos. A muitos parecia que os professores treinados por esses recém-chegados receberam apenas informações parciais. A menos que os treinandos já conhecessem alguma coisa dos sistemas originais de onde se derivou a sugestopedia (Raja Ioga, método autogênico, etc.) não estariam capacitados para obter bons resultados.

Muitos ocidentais, no Instituto da Bulgária, receberam listas de músicas de compositores do século XIX e lhes foi dito que lessem o material sobre aquele fundo musical. Sem compreender direito o que faziam, os professores obedeceram e leram o material do curso sobre todo um concerto, berrando a plenos pulmões para serem ouvidos em trechos ribombantes da música. Mesmo se os alunos tivessem conseguido alcançar um estado alterado de consciência, com ritmos de corpo/mente diminuídos, teriam sido levados a nocaute por esse tipo de desempenho.

O princípio que norteia a sessão de música baseia-se na pesquisa sobre aprendizado acelerado e percepção em tempo expandido iniciada nos Estados Unidos pelos Drs. Cooper e Erickson, há décadas atrás. Referia-se a 60 batidas por minuto e ciclos de atividade de 10 segundos. As 60 batidas por minuto diminuem os

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ritmos corpo/mente, de modo que as batidas sejam percebidas pela pessoa como sendo mais lentas do que são na realidade. Por causa desta percepção em tempo lento, um grande número de atividades mentais e criativas pode ser completado em muito pouco tempo real, já que o próprio tempo parece se expandir.

Pesquisas recentes foram feitas sobre este princípio de distorção do tempo pelos Drs. Houston e Masters. Eles demonstraram que os alunos podiam melhorar suas habilidades em artes gráficas cm poucas horas, habilidades estas que normalmente exigiriam um semestre de trabalho em sala de aula. Gay Luce, autor de Body Time (Tempo do Corpo), assinala: "Os estudos de distorção do tempo demonstram quão limitada pode ser nossa visão cultural de 'sensação de tempo', e nos deve oferecer meios para enriquecer a educação dos jovens pela condensação de mais aprendizado nos primeiros anos de escola."

Diminuir os ritmos corpo/mente para expandir o tempo parece ser a base biológica para o melhor aprendizado também nos animais. Quando as cobaias de laboratório tinham o ritmo de suas ondas cerebrais diminuído por indução elétrica, elas dobravam sua taxa de desempenho no aprendizado.

Na adaptação de Lozanov deste princípio de aprendizagem acelerada a um ambiente normal, é usada a música com um ritmo de 60 batidas por minuto para acalmar os ritmos do corpo/mente e literalmente "expandir o tempo".

Para ter certeza de que a música vai cumprir realmente este propósito, foi-nos dito que os alunos da Bulgária em geral são testados quanto à sensibilidade para a música. Se as pessoas não responderem bem à música, podem ser usados outros meios de diminuir os ritmos corpo/mente, como os exercícios respiratórios, o mé-todo autogênico ou biojeedback. (Descobriu-se que umas poucas pessoas respondiam negativamente à música, e estas pessoas podiam usar um metrônomo marcado para 60 batidas por minuto.)

Os búlgaros divulgaram recentemente detalhes de uma sessão de concerto adicional. É um concerto suplementar, e não substitui o concerto barroco. É acrescentado a ele. As listas de músicas incluem compositores do século XIX: Concerto de Brahms para Violino em Ré Maior; Concerto de Tchaikovsky para Piano em Si Bemol Menor; Concerto do Imperador de Beethoven para Piano. Os movimentos lentos de cada concerto (alguns dos quais têm um compasso aproximado de 60 por minuto) podem ser reunidos para uma sessão de concerto. O material pode ser lido sobre a música no ci- cio de oito segundos. O volume deve ser colocado baixo para manter os alunos em um estado de sonho. Como há freqüentes flutuações no ritmo da música clássica mais recente, comparada com a barroca, os professores recebem instruções especiais para a leitura com este tipo de fundo musical, onde lhes é pedido que não leiam em determinadas passagens. Este tipo de sessão de concerto é bastante difícil para o professor,

Este concerto adicional é acompanhado pelo concerto barroco de supermemória descrito no Capítulo 8.

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Fontes

Parte I

Para maiores informações sobre sugesíologia e sugestopedia, serão muito úteis as seguintes publicações:

Suggestohgy and Outlines of Suggestopedy, de George Loza- nov, publicada por Gordon and Breach (i Park Avenue, New York, N . Y . 10016) em 1978, é uma adaptação americanizada da tese do Dr. Lozanov publicada na Bulgária sob o título de Suggestohgy.

As Atas do Congresso de Sugestologia de 1971 encontram-se reunidas em um volume de 669 páginas, Problems of Suggestology, que pode ser obtido no Institute of Suggestology, 9 Budapest Street, Sófia, Bulgária. Divulga a pesquisa feita tanto no bloco soviético quanto nos países do Ocidente sobre sugestologia e aprendizado acelerado. Os resumos são em inglês.

The Suggestology and Suggestopedia Journal podia ser obtido com Haemus Foreign Trade Co., 6 Russki Blvd., Sófia, Bulgária. (Até o momento chegaram ao Ocidente três números dessa publicação.)

O folheto da Dra. Jane Bancroft, The Lozanov Language Class, divulga muitas das idéias básicas que deram origem à sugestopedia e alguns dos elementos não revelados. Também fornece detalhes sobre sua aplicação. Está disponível em microfilme no Centre for Applied Linguistics, 1611 N. Kent St., Arlington, Va. 22209. Também pode ser encontrado no Journal of Suggestive-Accelerative Learning and Teaching, Vol 1, NP 1, Primavera de 1976.

Outros dois artigos úteis da Dra. Bancroft são: "The Lozanov Method and Its American Adaptations", in Modern Language Jour- nal de abril de 1978; "The Psychology of Suggestopedia: Or Learning Without Stress", Educational Courier, 42, n? 4, fev. 1972 (Suite 315, 207 Queen's West, Toronto, Canada).

Don Schuster, Ray Benitez-Bordon e Charles Gritton compilaram um manual para professores: Suggestive, Accelerative Learning and Teaching: A Manual of Classroom Procedures Based on the Lozanov Method (1976), disponível no SALT, em Iowa.

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O Journal of Suggestive-Accelerative Learning and Teaching (SALT) e o Newsletter são publicados pela Society for Sug- gestive-Accelerative Learning and Teaching, 2740 Richmond Ave., Des Moines, Iowa 50317.

Maiores detalhes sobre os programas de treinamento de professores podem ser obtidos no SALT.

Uma opinião bem informada sobre o método de Lozanov, divulgada por uma búlgara envolvida pessoalmente com o sistema está em La Suggestology et la Suggestopédie, da Dra. Bagriana Bélanger, publicado em 1978 por Editions Retz, 114 Champs-Elysées, Paris, France 75008.

A Dra. Belanger, casada com um canadense, reside agora em Ottawa. Sua família por muito tempo foi amiga e vizinha da família de Lozanov. Seus colegas mais chegados na faculdade vieram a constituir os pioneiros das técnicas pedagógicas de Lozanov, e a Dra. Belanger foi, ela própria, treinada neste método na Bulgária. Ela estava em uma posição única para observar os elementos de conteúdo que contribuíram para a formação dos conceitos de Lozanov, e discorre de maneira fascinante sobre a parapsicologia búlgara e as tradições das quais se origina.

Para maior fundamentação, ver The ESP Papers de S. Oastran- der e L. Schroeder, 1976 (Bantam Books, 414 East Golf Road, Des Plaines, 111. 60816). A obra inclui traduções de artigos originais da URSS e Bulgária sobre sugestopedia, o trabalho do Dr. Lozanov e suas viagens à índia.

Maiores detalhes sobre a pesquisa pioneira do Dr. Lozanov sobre parapsicologia e seu papel no desenvolvimento da sugestopedia encontram-se em Psychic Discoveries Behind the Iron Curtain (Bantam Book, 1971). The Handbook of Psychic Discoveries (1974, Berkley Publishing, 200 Madison Ave., New York) fornece indicações para localizar informações sobre vários aspectos da pesquisa desenvolvida no bloco soviético sobre parapsicologia e sugesto- logia, e inclui equipamento para exploração autodidata dos efeitos da música sobre plantas e pessoas, fotografia da aura, desenvolvimento parapsicolóçico, etc.

A aplicação da sugestopedia para corrigir atrasos de leitura é discutida em artigos de Allyn Prichard e Jean Taylor: "An Altered- States Approach to Reading", publicado no Educacional Courier, fev,, 1976 (Suite 315, 207 Queen's Quay West, Toronto, Canada)! "Adapting the Lozanov Method for Remedial Reading Instruction" apareceu no Journal of SALT, verão, 1976.

Os materiais sobre educação globalizante podem ser obtidos no Institute for Wholistic Education, Box 575, Amherst, Massachusetts 01002. A Guide to Resources in Humanistic and Trans- personal Education relaciona mais de 500 fontes, além de endereços de organizações para educação globalizante e humanística. The Inner Classroom: Teaching With Guided Fantasy and Wholistic Education, por Jack Canfield e Paula Klimek, sobre a educação na Nova Era.

"Learning, Education, Creativity, Suggestology and Learning Disorders" é o Theme Pack n? 11 (Tema Escolhido) do Brain/ Mind Bulletin, P . O . Box 42211, Los Angeles, California 90042.

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Vídeo-teipes: Um teipe das turmas de Lozanov no Moscow Foreign Languages Pedagogical Institute mostra aulas de Galina Kitaigorodskaya em janeiro de 1974 e revela alguns dos elementos de ensino relacionados com a sugestopedia.

Entrevista com o Dr. Lozanov de 8 de maio de 1975, em Washington, D.C. Estes e outros vídeo-teipes podem ser solicitados a Dimitri Devyatkin, 134 Haven Ave., New York, N . Y . 10032.

Áudio e vídeo-teipes de apresentações e demonstrações do Dr. Lozanov e seus colegas no congresso internacional de 1977 sobre aprendizado sugestivo-acelerativo em Iowa podem ser solicitados a: The Office of Extension Courses and Conferences 102 Scheman Continuing Education Building Iowa State University Ames, Iowa 50011

Fontes: Sofrologia e Outros Sistemas de Expansão do Aprendizado

La Sophrologie: Une Révolution en Psychologie, Pédagogie, Médicine? dos Drs. H. Boon, Y. Davrou, J.-C. Macquet, publicado em 1976 por Éditions Retz, 114 Champs-Elysées, Paris, France, abrange o desenvolvimento da sofrologia em vários campos, como medicina, esportes e educação. Retz também publicou Le Guide Pratique de la Sophrologie de Davrou e Macquet, que apresenta 50 exercícios de sofrologia autodidata. Le Professeur Caycedo, Père de la Sophrologie Raconte sa Grande Aventure (Retz, 1978) é um re- lato pessoal das viagens de Caycedo pela India e Oriente. Sophro- logie dans Notre Civilisation, de Raymond Abrezol, publicado em 1973 por Inter Marketing Group, Ncuchâtel, Suisse, fornece f u n d a mentação médica para a sofrologia. A principal obra de Caycedo é La India de Los Yoguis (Barcelona: Editorial Andes Internacional, 1977), O sistema para memória de Caycedo está detalhado em "Curso de Entrenamiento Sofrologico de la Memoria", Barcelona, Unidesch, 1979. O relatório da Dra. Jane Bancroft demonstrando as semelhanças entre os dois sistemas desenvolvidos por Caycedo e Lozanov é "Caycedo's Sophrology and Lozanov's Suggestology — Mirror Images of a System". Foi editado por ERIC Documents on Foreign Language Teaching and Linguistics, 1979 (1611 N. Kent St., Arlington, Va. 22209).

O método de ensino desenvolvido por Jacques de Coulon, incluindo exerc'cios para concentração e modelos de respiração que comprovadamente favorecem o aprendizado são descritos em Éveille et Harmonie de la Personalité, publicado em 1977 por Editions Signal, em Lausanne, Suíça.

Para maiores esclarecimentos sobre a forma de ensino com dramatização utilizada pelo Dartmouth Intensive Language Model, ver o Time, número de 16 de julho de 1979.

Para maiores informações sobre como os estudantes podem tirar notas altas com os métodos de superaprendizado, ver "Adapted Suggestology and Student Achievement", de Donald A. Vannan, Journal of Research in Science Teaching, Vol. 16, N? 3, pp. 263-267 (1979). Também do Dr. Vannan, "Adapted

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Suggestology and Elementary Science at Bloomsburg State College" — ERIC Resources in Educatif, Ed 152 520, agosto de 1978, p. 141.

Lista Parcial de Organizações

Superlearning TM Inc. Suite 4 D 17 Park Avenue New York, N . Y . 10016, USA (Reembolso postal: fitas/material de pesquisa) Fitas: a) Música para superaprendizado/exercícios de relaxamento.

b) Técnica de montagem do curso, com modelo de aula/fita cronometrada c) Fita só de música. US$

15.00 cada, via aérea Society for Accelerated Learning and Teaching (SALT> P . O . Box 1216, Welch Station Ames, Iowa 50010, USA (Programas de treinamento de professores, relatórios de pesquisa, fontes)

Lozanov Learning TM Institute Inc. Suite 1215, 1110 Fidler Lane Silver Spring, Maryland 20910, USA

Sleep-Learning Research Association Box 24 Olympia, Washington 98507, USA

Relaxation Response Inc. 858 Eglinton Ave. W. n? 108 Toronto, Ontario, Canada M6C 2B6 (Programas de treinamento em relaxamento)

Biofeedback Society of America 4200 East Ninth Ave., C268 Denver Colorado 80262, USA (Biofeedback pedagógico: métodos e material para sala de aula)

Instituto Alfonse Caycedo Balmes 102 Barcelona 8, Espana (Programas de sofrologia para educação) e também: Alfonso Caycedo, M . D . c/o University of Bogotá Bogotá, Colômbia

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Sophrology Centre Centre du Lambermont 61 rue Richard Vandevelde Bruxelles 1030, Belgique

Kundalini Research Foundation Gene Kieffer, President 10 East 39th Street New York, N . Y . 10016, USA (Pesquisa sobre campos energéticos e capacidade de aprendizado)

Yoga Teachers' Association Box 11476

Chicago, 111. 60611, USA Consulta

Dr. W. Jane Bancroft, University of Toronto, Scarborough College, West Hill, Ontario, Canada M I C 1A4. (Consultas sobre superaprendizado)

Dr. Allyn Prichard, Rte. 8, Univeter Road, Canton, Georgia 30114, USA. (Correção dos atrasos de leitura por meto de técnicas de superaprendizado)

Dra. Bagriana Belanger, c/o University of Ottawa, Ottawa, Ontario, Canada. (Consultas sobre sugestologia. Autora de La Sugges- tologie)

Congressos Recentes

1971 — Primeiro Congresso Internacional Sobre os Problemas da Sugestologia, Varna, Bulgária. 1974 — Congresso de Hipnopedia e Sugestopedia em Moscou. 1975 — Conferência de Sugestopedia na Alemanha Oriental. 1975 — Congresso Internacional Sobre a Psicologia da Consciência e Sugestologia, Pepperdine University, Los Angeles. 1975 — Simpósio Internacional de Sugestologia — a Psicologia da Sugestão, patrocinado por Mankind Research Unlimited, Washington, D . C . 1976 — Congresso de Sugestopedia em Budapeste, Hungria. 1976 — Primeiro Congresso Mundial de Hipnopedia e de Sugesto-hipnopedia, Paris. 1976 — Primeiro Congresso Internacional de Aprendizado e Ensino Sugestivo-Acelerativo e Sugestologia, Des Moines, Iowa. 1977 e 1978 — Segundo e Terceiro Congressos de Iowa, (Também foram realizados congressos de sugestopedia em Ottawa, Canadá, nos últimos seis anos.) 1978 — Congresso Europeu de Hipnose, Psicoterapia e Medicina Psicossomática (Seção de Sugestopedia), Malmõ, Suécia.

Parte II

Fontes

Page 208: Super a Prendi Zag Em

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Para maiores informações sobre o treinamento autogênico, procure:

The Psychosomatic Medicine Clinic 2510 Webster Street Berkeley, California 94705, USA

Vera Fryling, M . D . 6401 Broadway Terrace Oakland, California 94618, USA (Fitas e seminários sobre o método autogênico por uma das maiores especialistas, que estudou em Berlim com o criador do método Johannes Schulz, M . D . )

Para a obra de Jack Schwarz — medicina globalizante, controle da dor, treinamento de profissionais de saúde, entre em contato com:

Aletheia Psycho-Physical Foundation 515 N . E . 8th Street Grants Pass, Oregon 97526, USA

Para um conjunto de informações e fitas sobre visualização/ meditação na terapia adicional do câncer, entre em contato com: