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1 Super Saudável

Super Saudável - yakult.com.br · sociado do Departamento de Neurologia da Fa-culdade de Ciências Mé-dicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp) e dou-tor em Neurociência,

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A Revista Super Saudável é umapublicação da Yakult SA Indústria

e Comércio dirigida a médicos,nutricionistas, técnicos e funcionários.

Coordenação geralIchiro Kono

EdiçãoCompanhia de Imprensa

Divisão Publicações

Editora responsávelAdenilde Bringel - MTB 16.649

[email protected]

Editoração eletrônicaMaicon Silva

ColaboraçãoCarlos Eduardo Pretti

FotografiaArquivo Yakult e Ilton Barbosa

CapaDigitalvision

ImpressãoVox Editora - Telefone (11) 3871-7300

Cartas e contatosYakult SA Indústria e ComércioAlameda Santos, 771 – 9º andar

Cerqueira CésarSão Paulo – CEP 01419-001

Telefone (11) 3281-9900Fax (11) 3281-9829www.yakult.com.br

Cartas para a RedaçãoRua Álvares de Azevedo, 210 - Sala 61

Centro - Santo André - SP - CEP 09020-140Telefone (11) 4432-4000

EDITORIAL

Um órgão ainda desconhecidoDesde que Hipócrates sugeriu que o cérebro controlava as sensações e a inteligência, a Ciência passou

a investigar os segredos deste órgão tão complexo e fundamental à vida. Ao longo dos séculos, muito sedescobriu sobre o funcionamento do cérebro, mas outros tantos segredos permanecem sem explicação einstigam pesquisadores e cientistas no mundo inteiro. Entre os desafios estão desvendar biologicamente deque forma ocorrem fenômenos mentais como o processamento das emoções e da consciência, e comoencontrar a cura efetiva de doenças como epilepsia e acidente vascular cerebral. Nesta edição especial, océrebro é o centro das atenções. Aproveitem a leitura!

Os editores

ÍNDICE

Especial 18

4Matéria de capa

Muitos mistérios ainda envolvema complexidade do cérebro e aCiência tenta entender maisprofundamente os seus segredos

População desconhece ossintomas e isso aumenta o riscodo acidente vascular cerebral

Trato intestinal possui umsistema nervoso específico e échamado de segundo cérebro

Interação entre o cérebro e ointestino está envolvida comdistúrbios gastrintestinais

Pesquisa identifica alteraçõescerebrais de pacientescom transtorno do pânico

Certos nutrientes estãointimamente envolvidoscom a saúde dos neurônios

Técnica de estimulaçãocerebral tem ajudado adiminuir sintomas da depressão

Inteligência emocional podeser alimentada e fortalecida,principalmente na infância

Nova campanha institucionalreforça importância do leitefermentado da Yakult

811142224272830

A psiquiatra AndreaMarques explica comoa Psiconeuroimunologiapode ajudar a manter asaúde física e mental

Turismo 32Determinada a fascinar osvisitantes, Dubai é recheadade cantos e encantos

Char

les G

.

Adenilde Bringel

4Super Saudável

O

CAPA

Karina Candido

O cérebro humano é a estrutura mais com-plexa do universo e a curiosidade pelo funcio-namento do órgão é muito antiga. Para a Ciên-cia, o coração permanecia como sede da cons-ciência até que Hipócrates (460 a 379 a.C.),considerado o pai da Medicina, sugeriu que oórgão que controlava as sensações e a inteli-gência era o cérebro. Em 200 a.C., Galeno,como grande anatomista, supôs que o cérebrofosse constituído pelo cerebrum (parte da fren-te) e cerebellum (parte de trás), este últimocomo sede do comando dos músculos. As teo-rias de Galeno, como a de que o cérebro teriaconsistência mais tenra para receber as sensa-ções e gravar memórias, foram incontestáveispor 1.500 anos. A partir do início do século 20,entretanto, os cientistas começaram a suspei-tar de que os fenômenos mentais seriam elabo-rados por impulsos nervosos do tecido cerebral.

A Ciência deu passos importantes nas úl-timas décadas e desenvolveu ferramentasavançadas para exploração e estudo do cére-bro, como a ressonância magnética – métodopoderoso que permite análise enquanto o ór-gão desenvolve atividade funcional –, além deter um futuro promissor na biologia molecular.No entanto, o cérebro guarda muitos segredose vários aspectos das ciências cognitivas aindanão estão esclarecidos. Segundo o professor as-sociado do Departamento de Neurologia da Fa-

culdade de Ciências Mé-dicas da UniversidadeEstadual de Campinas(FCM-Unicamp) e dou-tor em Neurociência,Li Li Min, fenômenosmentais como o pro-cessamento das emo-ções, da consciência e decomo o cérebro toma deci-sões frente a estímulos seme-lhantes ainda carecem de ex-plicações biológicas. “Como, atéuns anos atrás, a NeurociênciaCognitiva era explorada apenas naárea de Humanas, carecia de evidên-cias, em termos biológicos, que comprovassemas teorias sobre consciência e emoções, o queatualmente vem sendo aperfeiçoado”, explica.

Outra dificuldade em relação ao cérebroé encontrar a cura efetiva de doenças que aMedicina sabe que têm causas genéticas, maspossuem apresentação clínica influenciadapor fatores ambientais, como a epilepsia e oacidente vascular cerebral (AVC) – leia maté-ria na página 8. No caso da epilepsia, o trata-mento existe e muitos medicamentos são ofe-recidos pelo Ministério da Saúde – cerca de80% dos casos respondem totalmente a ape-nas uma medicação e para os 20% que nãorespondem o tratamento é cirúrgico. Em re-lação ao AVC, devido aos fatores de risco, é

Os segredos docérebro

Processamento das emoções, consciênciae doenças são alguns dos mistérios queenvolvem esse órgão fundamental à vida

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possível saber se o paciente está em rotade colisão e prevenir a catástrofe. Ape-sar disso, a epilepsia é a condição neu-rológica mais grave e frequente e o AVCé a principal causa de morte no Brasil,com 90 óbitos para cada 100 mil ocor-rências. Segundo Li Li Min, um dos res-ponsáveis por esses índices é o desconhe-cimento da população de que essas doen-ças são tratáveis e que é preciso procurarum médico ao notar os sintomas. “Outroponto importante é o profissional de saú-de ter atenção para fazer o diagnósticocorretamente”, acrescenta.

Por causa da longevidade das popu-lações, o índice de síndromes demen-ciais e doenças degenerativas tambémé representativo. O professor titular deNeurologia Experimental da Faculdadede Medicina da Universidade de São Pau-lo (FMUSP), Gerson Chadi, ressalta quea cada nova descoberta se confirma acomplexidade do cérebro e o quanto ain-da é preciso avançar para compreendê-lo.Se a Ciência conhecesse ainda mais pro-fundamente o órgão poderia, por exem-plo, tirar vantagens, principalmente noque diz respeito à capacidade de ampliarsuas ações de aprendizado, retenção de

informações e adaptação às constantesexigências do meio exterior, e de sanaras incapacidades funcionais pós-trau-máticas ou a neurodegeneração. “A Me-dicina ainda tem várias dificuldades, mastalvez a de maior impacto esteja relacio-nada à impossibilidade da plena regene-ração do sistema nervoso central e da re-versão das incapacidades neurofuncio-nais pós-trauma, isquemia e doenças neu-rodegenerativas”, destaca o neurologis-ta, que também coordena estudos pionei-ros no Brasil que têm como objetivo a re-construção do sistema nervoso centrallesado (leia matéria na página 6).

LIMITAÇÕES Segundo Gerson Chadi, um dos fatores que tem impedido a Medicina de desvendartais mistérios é a necessidade de desenvolvimento de metodologia mais adequada

para o estudo da neurociência no sistema nervoso humano. A maioria dasdescobertas sobre mecanismos celulares e moleculares no sistema nervoso é feita

por meio de tecido retirado de animais de laboratório. “Apenas recentemente osexames por imagem começaram a mostrar algum tipo de resolução no cérebro do

ser humano vivo”, explica. Para Li Li Min, outro fator determinante é a existência decerto grau de limitação à busca do avanço em alguns segmentos, como o uso decélulas-tronco embrionárias para fins de pesquisa. “Valores morais, religiosos

e sociais cercam, muitas vezes, a busca do conhecimento”, lamenta.O avanço da Ciência no desenvolvimento de instrumentos que analisem,

por exemplo, como imagens visuais se insinuam no sistema nervosodos seres humanos, mesmo sem que o indivíduo saiba, também

gera discussões. Já se sabe que há vários aspectos que despertammais regiões do cérebro e geram sensações. No entanto, ao disseminar

técnicas como essa, seria preciso estabelecer quem pode usar asinformações, até que ponto seria ético e como seria feito o monitoramento.

Li Li Min

5Super Saudável

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6Super Saudável

CAPA

Apesar de algumas doenças que afe-tam o sistema nervoso central (SNC) ain-da carecerem de explicações que permi-tam à Medicina encontrar a cura, um es-tudo desenvolvido pelo Centro de Pesqui-sa em Regeneração do SNC do Departa-mento de Neurologia da Faculdade deMedicina da Universidade de São Paulo(FM-USP) oferece grande esperança aospacientes. A pesquisa teve como objeti-vo a neurorestauração do sistema nervo-so central por meio da promoção à neu-roproteção, para fazer com que os neu-rônios em processo de degeneração seprotejam e sobrevivam, bem como à neu-roplasticidade, para fazer com que neu-rônios remanescentes trabalhem de mo-do a diminuir as deficiências neurofun-cionais. “Até então, os neurônios centrais

A caminho de uma grande descobertasão incapazes de reagir a uma lesão, oque acarreta ao paciente intercorrênciassensoriais e motoras que permanecempor toda a vida”, explica o coordenadordo estudo, Gerson Chadi.

Os pesquisadores avaliaram mode-los experimentais de Parkinson, lesãomedular e epilepsia, e observaram queas células do sistema nervoso centralsempre apresentam um grau de recupe-ração espontânea após a lesão, porém,ainda aquém do desejado. Já existemtratamentos farmacológicos na tentati-va de aumentar a capacidade do SNC,mas a grande maioria pode promoverum estado de estresse ou toxicidadeneuronal. Como neurônios em bom fun-cionamento produzem fatores neurotró-ficos (moléculas capazes de prolongar

a vida do neurônio e de protegê-lo deagressões tóxicas), os pesquisadoressubmeteram ratos à atividade física es-pontânea e desprovida de estresse celu-lar – o que promove a atividade neuro-nal – e analisaram o comportamento ce-rebral dos animais. “Algumas horas naroda de corrida foram suficientes paraprodução de fatores neurotróficos nohipocampo e em outras áreas límbicas,o que estimulou mais do que regiões re-lacionadas à motricidade, mas de explo-ração do cérebro e prazer do aprendi-zado”, revela o médico.

Gerson Chadi afirma que os animaispassaram a aprender mais facilmente astarefas, a reter informações por tempoprolongado e a desempenhar melhor ha-bilidades motoras. Mesmo com lesões

Ivan Izquierdo

7Super Saudável

Uma biblioteca chamada memóriaCaracterizada pelas ações de aquisi-

ção, armazenamento e evocação de infor-mações, a memória é uma das mais im-portantes funções cerebrais e está intima-mente ligada ao aprendizado. Todas asações desempenhadas pelo ser humanoenvolvem experiência e memória. Segun-do Ivan Izquierdo, professor titular de Me-dicina e coordenador do Centro de Me-mória da Pontifícia Universidade Católi-ca do Rio Grande do Sul (PUC-RS), e umdos maiores pesquisadores do mundo naárea de fisiologia da memória, o registrode informações é um processo biológicode armazenamento por sinapses que en-volve mais de 50 mecanismos do cérebro.“A informação é consolidada e armaze-nada em várias áreas do córtex cerebralaté que se perca por falta de uso”, explica.

A memória de trabalho (memória rá-pida) se forma no córtex pré-frontal e oarmazenamento das informações de fa-tos e eventos (memórias declarativas)ocorre no hipocampo. O cerebelo e o nú-cleo caudato guardam informações au-tobiográficas e procedimentos (atos mo-tores). Quando a memória envolve emo-ções ou um grau de medo e alerta, é guar-dada na amígdala. Graças à naturezafragmentada dos arquivos de memória,é possível refinar impressões do passadoe, também, selecionar as memórias quese pretende, ou não, guardar. “Memóriasque tiverem maior conotação afetiva nahora da gravação são lembradas mais fa-cilmente”, informa o especialista.

A perda de memória pode ocorrer pordiversos fatores. No caso de doenças de-

medular, parkinsoniana e isquêmica,em todos os tipos de atividade neuronalo exercício físico foi eficaz para o au-mento de fatores neurotróficos e paraindução de fenômenos neuroplásticos.“Assim, mais neurônios vivos vão rea-gir, aumentando a quantidade de con-tatos sinápticos, de neurotransmissorese de receptores de neurotransmissores, oque pode levar a abrandamentos nas de-ficiências neurológicas, que é uma espe-rança a mais para os pacientes”, ressal-ta. Agora, além da atividade física e dosmodelos usados atualmente, como a es-timulação magnética transcraniana e aestimulação elétrica funcional, outrosindutores da neuroproteção, e mesmoda formação de novos neurônios, devemser desenvolvidos. Gerson Chadi

generativas, como Alzheimer e outras de-mências, a memória se perde por mortedos neurônios, que levam toda a infor-mação que continham, e por lesões nasáreas responsáveis pelas memórias decla-rativas. Em vítimas de acidentes ou trau-mas na cabeça há perda das informaçõesque, no momento da aquisição, se rom-peram em virtude do distúrbio. Em indi-víduos saudáveis, o alto índice de quei-xas de perda de memória a partir dos 40anos se explica devido à menor ocorrên-cia da hipersecreção de uma quantidadede hormônios que regulam a memória, apartir dessa faixa etária. Porém, a memó-ria pode ser treinada. “Nenhum exercí-cio mental se compara ao imenso bene-fício que a leitura traz ao cérebro”, enfa-tiza Ivan Izquierdo.

Arquivo pessoal

8Super Saudável

desconhecido

B

MEDICINA

Juliana Monezza

Especial para Super Saudável

Base de toda a estrutura de processamentode informações do corpo humano, o cérebropossui cerca de 100 bilhões de neurônios, queproduzem trilhões de conexões a cada instan-te para controlar as funções orgânicas. A cai-xa preta do homem pesa em média 1,4kg econsome 20% da energia ingerida diariamen-te. A nutrição de todas essas células nervosas

é feita por meio de artérias que abastecem osneurônios com oxigênio e glicose. Quando es-se abastecimento é interrompido, seja pelaobstrução ou rompimento de um canal de ir-rigação – quadros do acidente vascular cere-bral (AVC) –, os neurônios entram em sofri-mento e podem perder a função, causando di-versas sequelas motoras e cognitivas, quan-do não a morte.

Casos de AVC crescem vertiginosamentenos quatro cantos do planeta. Dados alarman-tes da Organização Mundial da Saúde (OMS)estimam que 15 milhões de pessoas sejam ví-timas da doença todos os anos. Dessas, 5 mi-lhões morrem e outras 5 milhões ficam comsequelas mentais e/ou físicas graves. No Bra-sil, a doença é negligenciada pela populaçãoe também pela comunidade médica. “Talvezpor esse motivo tenha conquistado a marcade maior causa de mortes atualmente, com90 mil falecimentos por ano”, afirma o pro-fessor doutor Rubens Gagliardi, chefe da Clí-nica de Neurologia da Irmandade da SantaCasa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP).

A constatação foi feita em pesquisa coor-denada pelo professor doutor Octávio Mar-ques Pontes-Neto, neurologista do Hospital

Perigoso

Acidentevascular cerebralé a maior causa

de mortes noBrasil, no

entanto, 90%da população

não sabeidentificar os

sintomas

Octávio Marques Pontes-Neto

Arqu

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esso

al

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Kiyoshi Takahase Segundo

Rubens Gagliardi

das Clínicas da Faculdade de Medicinade Ribeirão Preto (FMRP-USP), ao apon-tar que 90% dos brasileiros não têm ne-nhuma informação sobre o AVC. “Acre-dito que isso ocorra pela inexistência depostura ativa e unificada de todas as es-feras do governo para combater a doen-ça”, alerta. Das 801 pessoas entrevista-das, 22% não souberam reconhecer ne-nhum dos sintomas da doença. Segundoo pesquisador, frequentemente os sinaisclássicos do AVC – fraqueza ou dormên-cia em um lado do corpo, dificuldade sú-bita para falar, andar e enxergar, doresde cabeça súbitas e tontura muito forte –são confundidos com sinais de infarto domiocárdio, epilepsia ou câncer.

Entretanto, o que mais preocupou ospesquisadores foi a falta de conhecimen-to da população quando o tema é buscarsocorro. O estudo constatou que apenas35% dos entrevistados sabiam que o te-lefone 192 é do SAMU (Serviço de Aten-dimento Móvel de Urgência) e 2% disse-ram que, em caso de emergência, ligariampara o 911, número do serviço nos Esta-dos Unidos. Na comunidade médica, o

descuido e a pressa são os maiores en-traves para reconhecimento e tratamen-to do AVC. Rubens Gagliardi ressalta queos médicos sabem identificar os sintomase possuem amplo conhecimento sobre aimportância do diagnóstico precoce, con-tudo, não fazem as investigações neces-sárias durante as consultas. “Muitas ve-zes, o profissional tem poucos minutospara atender um paciente e acaba igno-rando o histórico médico dele”, critica.

PREVENÇÃO Muitos casos de AVC podem ser

prevenidos se os fatores de risco foremcontrolados. “A idade e a genética, porexemplo, são condições que não podemosmodificar. Já problemas de hipertensão,diabetes, colesterol alto, tabagismo,sedentarismo, estresse, uso de drogasilícitas, obesidade e doenças cardíacaspodem ser tratados, controlados ouinterrompidos”, enfatiza Rubens Gagliardi.O neurologista explica, ainda, que épossível detectar os primeiros sintomas deum acidente vascular cerebral realizandotrês procedimentos simples. O primeiroé pedir para o paciente sorrir e verificarse um lado da boca não está mexendo.Em seguida, solicitar que levante os doisbraços simultaneamente e, se apresentarproblemas de coordenação, redobrar aatenção. O terceiro procedimento é pedirpara que fale uma frase simples. “Se oindivíduo tiver dificuldade de pronúncia oucompreensão do comando, deve procurarum neurologista urgentemente”, reitera.

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Kiyoshi Takahase Segundo

10Super Saudável

MEDICINA

Agilidade pode salvar vidasO professor Rubens Gagliardi expli-

ca que o AVC exige rapidez no atendi-mento e o ideal é que o paciente receba otratamento em até três horas após a iden-tificação dos primeiros sintomas. “As con-sequências do infarto cerebral progridemcom o tempo, então, quanto antes foriniciada uma intervenção terapêutica,melhor será a recuperação”, reforça. Aimportância do socorro imediato é esta-tística: 85% dos casos no Brasil são deAVC isquêmico – quando há trombose ouembolia e, consequentemente, a falta deirrigação dos neurônios – e podem sertratados com medicamento trombolítico(rtPA) somente durante a janela terapêu-tica, o que diminui em até 30% os riscosde sequelas.

No entanto, apenas 2% desses pa-cientes chegam ao hospital a tempo. Omédico da Santa Casa de São Paulo aler-ta que medicamentos trombolíticos de-vem ser administrados sob rígido proto-colo, pois existe risco de hemorragia in-tracraniana. Antes de ser submetido à te-rapêutica, o paciente deve passar por

avaliações clínicas, entre elas a tomo-grafia computadorizada, que vai confir-mar o diagnóstico e verificar se existe si-nal de hemorragia, o que mudaria o pro-grama de tratamento. “Os medicamen-tos trombolíticos são muito fortes e, seusados indiscriminadamente, podem ma-tar”, alerta o neurologista, ao afirmar quenem todos os hospitais brasileiros estãoaptos a aplicar o tratamento de forma se-gura e, por isso, indica os hospitais-esco-la como os mais capacitados.

Casos leves de AVC isquêmico permi-tem outras possibilidades de terapia, co-mo o uso de anticoagulantes, antiagre-gantes plaquetários, antiedematosos, neu-roprotetores e hipotermia, que reduzemos riscos de trombose venosa profunda eembolias. Nos casos de AVC hemorrágico– quando a artéria se rompe e o sangueinunda a área afetada, provocando qua-dros de coágulo – não há opções de pro-cedimentos medicamentosos. “Infeliz-mente, ainda não há um tratamento de-finitivo para esse tipo de AVC”, lamentao professor Octávio Pontes-Neto. Entre-

tanto, existem estratégias para evitar queo paciente piore e tenha complicações clí-nicas, como a cirurgia para descompres-são intracraniana, a drenagem de coágu-los ou a correção de má-formação dos va-sos cerebrais.

Promessa – Devido à grande capacida-de de diferenciação das células e a possi-bilidade de prover suporte trófico para asobrevivência e reparos tecidual e funcio-nal, a utilização de células-tronco é consi-derada, hoje, uma terapia potencial parao tratamento do AVC. Pesquisadores bra-sileiros já começaram a realizar ensaiosclínicos com transplante de células-tron-co em vítimas de isquemia cerebral. Osestudos demonstraram que as células so-brevivem, migram e reduzem o volume doinfarto, recuperando a lesão isquêmica ereduzindo os déficits comportamentais.“A utilização de células-tronco em pacien-tes com AVC é uma grande promessa.Existem pesquisas em andamento, masainda não temos nenhum dado confiá-vel”, enfatiza Rubens Gagliardi.

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PROBIÓTICOSPROBIÓTICOS

Trato gastrintestinal humano temsistema nervoso próprio e podefuncionar como órgão independente

O segundo cérebro

OAdenilde Bringel

O que os grandes códigos de Medicina já apregoam há séculostem sido comprovado pelos cientistas da atualidade e reforça a im-portância do sistema gastrintestinal – em especial os intestinos –para a saúde humana. O trato gastrintestinal humano tem um sis-tema nervoso próprio denominado sistema nervoso entérico (SNE),totalmente especializado para as funções intestinais. O SNE, quecomeça no esôfago e termina no ânus, possui aproximadamente100 milhões de neurônios, número próximo à quantidade de neu-rônios da medula espinhal, e é capaz de controlar o trato gas-trintestinal mesmo se as conexões com o sistema nervoso central(SNC) forem interrompidas. Graças a essa capacidade, o intestinopassou a ser considerado um órgão ‘inteligente’ e tem sido classi-ficado pelos cientistas como o ‘segundo cérebro’.

O intestino, por meio de numerosas glândulas, produz di-versos hormônios fundamentais para o bom funcionamentodo organismo. Por outro lado, o sistema nervoso entéricoproduz mais de 20 substâncias que podem atuar como neu-rotransmissores. Estudos recentes indicam que até 90% daserotonina, neurotransmissor relacionado ao bem-estar,é produzida no intestino. Todos os aspectos que reforçamessa afirmação foram abordados no livro ‘O segundo cé-rebro’, do professor e pesquisador Michael D. Gershon,da Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos, lança-do em 2000 no Brasil (Editora Campus). Na publicação,o pesquisador afirma que ‘limitar o papel do intestino àdigestão seria reduzir consideravelmente a importân-cia desse órgão’.

A Ciência já conseguiu demonstrar, também, queo intestino serve de barreira entre o exterior e o inte-rior do organismo, e que a integridade dessa barreiraé essencial para a imunidade e, consequentemente,para a prevenção de inúmeras enfermidades. Espe-cialistas acreditam que doença de Crohn, colite ul-cerativa, doença diverticular, acalásia (ausência de

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PROBIÓTICOSPROBIÓTICOS

contrações musculares no esôfago), dia-betes, Parkinson, constipação, diarreia,dispepsia e síndrome do intestino irritá-vel são algumas doenças que podem es-tar associadas a alterações neuroquími-cas do sistema nervoso entérico.

O bioquímico clínico e precursor daMedicina Ortomolecular no Brasil, Hé-lion Póvoa, membro da Academia Nacio-nal de Medicina e ex-pesquisador da Fun-dação Oswaldo Cruz (Fiocruz), reforçaa tese em seu livro ‘O cérebro desconhe-cido’ (Editora Objetiva-2002). Segundoo professor, se o intestino estiver bem océrebro estará saudável, e é fundamen-tal que a comunidade médica tenha co-nhecimento disso para melhor orientar ospacientes. “Se o intestino não funcionabem a tendência é de aumentar a depres-são e a ansiedade, por causa da impor-tante quantidade de serotonina e mela-tonina produzida pelo órgão”, assegura.

Evolução – Hélion Póvoa enfatiza queas provas da inteligência do sistemagastrintestinal podem ser demonstradaspela forma sofisticada como os nutrien-tes são degradados no tubo digestivo.Carboidratos, gorduras e proteínas pos-suem sistemas próprios de metaboliza-

ção e, desde a mastigação, cada grupointerage com enzimas específicas, nomomento e em local próprios, para quesejam absorvidos pela mucosa intestinale enviados à corrente sanguínea. “A for-ma sincronizada como os órgãos traba-lham para a digestão e a absorção tam-bém não deixa dúvidas de que temos umsistema inteligente e independente den-tro do abdome”, assegura.

Essa afirmação reforça a hipótese deque o homem, durante o processo de evo-lução, tenha desenvolvido dois cérebros.O da cabeça, que permitia encontrarmeios de sobrevivência e garantir a re-produção da espécie, e o do intestino, res-ponsável pelos processos vitais de digerire absorver alimentos. Outra relação é que,na fase embrionária, cérebro e intestinoprovêm da mesma camada germinativaprimária – ectoderma – que dá origem,ainda, à pele, às unhas e aos órgãos exter-nos dos sentidos. “O intestino realmentetem um cérebro próprio que possui neu-rônios sensitivos motores e de associaçãoem todo o trajeto do tubo digestivo”, acres-centa o professor titular do Departamen-to de Ciências Morfofisiológicas da Uni-versidade Estadual de Maringá (UEM),Marcílio Hubner de Miranda Neto.

O especialista, que coordenou duran-te anos o Laboratório de Pesquisas emNeurônios Entéricos da instituição, dizque esses neurônios são capazes de per-ceber o que há de errado no nível do in-testino e se comunicar entre si, o que po-de aumentar ou diminuir o movimentoperistáltico e provocar uma série de sin-tomas. A autonomia vem da habilidadeintestinal em produzir arcos reflexos, queé a intertransmissão de estímulos entreos neurônios sensitivos, associativos e mo-tores, que tanto permite captar as infor-mações quanto processá-las. “Em outraspalavras, os intestinos também pensam,decidem e executam tarefas”, resume.

Marcílio Hubner de Miranda Neto

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Intestino e imunidade Muitos estudos desenvolvidos nas úl-

timas décadas têm conseguido demons-trar a importância da integridade do in-testino para a imunidade do organismo.A Ciência já comprovou que existem doistipos de imunidade. A inespecífica é umcomplexo formado por barreiras anatômi-cas como a pele e as mucosas, secreçõescomo a saliva, proteínas do plasma san-guíneo e hormônios, que representam aprimeira relação do organismo com subs-tâncias estranhas. A imunidade específi-ca é decorrente da permanência de mate-rial ou substância estranha, após a açãoda imunidade inespecífica, que não con-seguiu eliminar o agente invasor.

Assim, o organismo que se encontrasensibilizado pela ação da imunidadeinespecífica desenvolve um tipo de inte-ração conhecida como ‘antígeno-anticor-po’, que tem como resultado a produçãode imunoglobulinas específicas para umadeterminada substância ou microrganis-mo estranho. Como a maioria dessesagentes estranhos penetra pelo sistemadigestivo e entra em contato com a mu-cosa do intestino delgado, local de absor-

ção dos alimentos, estabelece-se nesse ní-vel a relação entre nutrição e imunida-de. Aproximadamente 80% das célulasprodutoras de anticorpos está associadaà mucosa do intestino delgado, cuja áreapode, segundo diferentes autores, variarentre 200m2 e 350m2.

O professor Marcílio Hubner comple-menta que o estresse é um dos grandescausadores de alterações do sistema imu-ne. Quando o indivíduo está muito es-tressado, os neurônios cerebrais enviammensagens distorcidas para os neurôniosentéricos e isso tende a levar a episódiosgastrintestinais de diarreia, gastrite, úl-cera e prisão de ventre. “Se há desesperodo cérebro da cabeça, o cérebro do intes-tino tende a se desesperar também. Afi-nal, eles estão interligados por nervosque possibilitam ampla troca de informa-ções entre ambos”, compara. As afirma-ções são reforçadas por estudos, desen-volvidos em várias partes do mundo, queconfirmam que em termos de células –linfócitos, por exemplo – o sistema imu-nológico do intestino é o mais importan-te do organismo.

Depressão – As taxas de depressão, epossivelmente de alguns tipos de distúr-bio de ansiedade, são altas entre indiví-duos com doenças inflamatórias intesti-nais, como doença de Crohn e colite ulce-rativa. A afirmação foi feita por pesqui-sadores da Universidade de Manitoba, noCanadá, que divulgaram estudo sobre otema no ano passado. A pesquisa avaliouas taxas de ansiedade e problemas de hu-mor em 351 pacientes com doenças intes-tinais, comparando com 779 indivíduos damesma região e com dados da populaçãodos Estados Unidos e da Nova Zelândia.

Os pesquisadores notaram que essespacientes tinham taxas mais altas de dis-túrbio do pânico, transtorno de ansieda-de generalizada, transtorno obsessivo-compulsivo e depressão. O professor Hé-lion Povoa lembra que, em países nórdi-cos, por causa da ausência de sol, há sín-tese diminuída de serotonina e muita me-latonina, ocorrência chamada de ‘depres-são sazonal’. “O organismo precisa de se-rotonina para exercer bem suas funções, eessa produção adequada depende do bomfuncionamento do intestino”, sentencia.

Para o professor Marcílio Hubner, nos dias atuais o maior proble-ma da população, especialmente a adulta que tem vida agitada, éa falta de horário para evacuar diariamente. Esse hábito, somado àbaixa ingestão de água e de alimentos ricos em fibras, provocauma redução do peristaltismo e, consequentemente, leva o intesti-no a funcionar de forma mais lenta. A primeira grande desvanta-gem desse cenário são fezes endurecidas e evacuação dolorosa, oque leva à propensão de o indivíduo desenvolver hemorroidas.

Se a alimentação contém excesso de toxinas, e essas toxinaspermanecem mais tempo no intestino, há também maior predis-posição ao desencadeamento de câncer de intestino. Além disso,fezes retidas produzem gases e boa parte desses gases é absor-

HÁBITO PERIGOSO

vida pela parede do intestino, que funciona como uma esponja.“Gases tóxicos em grande quantidade alteram a fisiologia orgâni-ca de diversos órgãos e prejudicam principalmente o sistema ner-voso central. Por essa razão, esses indivíduos geralmente têmirritabilidade e mau humor”, explica.

Entre os aliados da alimentação saudável estão os alimentosprobióticos – como o leite fermentado Yakult – e prebióticos, cons-tituídos de fibras solúveis e insolúveis. Os especialistas reforçama importância desses alimentos para a manutenção da saúde in-testinal, pois ajudam na motilidade e povoam a microbiota debactérias saudáveis. “Sem dúvida os probióticos têm papel im-portante para a manutenção da saúde”, destacam.

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14Super Saudável

O

ARTIGO CIENTÍFICO

Inf luência

*Stephen M. Collins

O eixo cérebro-in-testino tem sido vis-to como o sistemabidirecional de co-

municação neurohu-meral e tem sido envolvido

na patogenicidade do distúrbiofuncional do sistema gastrintesti-

nal, como a Síndrome do IntestinoIrritável (do inglês Irritable BowelSyndrome – IBS). Essa condição éacompanhada de co-morbidez psi-quiátrica em mais de 60% dos casos.Trabalhos recentes demonstraramque um subgrupo de pacientes comIBS apresentam evidências de bai-xo grau de ativação imune e infla-matória na mucosa colônica. Em al-guns pacientes, a infecção bacteria-na aguda é o gatilho para o apare-cimento da IBS (IBS pós-infecção)e este é acompanhado de inflama-ção de baixo grau e aumento depermeabilidade intestinal, assimcomo alterações na sensitividadevisceral e motilidade. Essa condi-ção é crônica com sintomas duran-do mais de oito anos em alguns ca-sos. Fatores psicológicos, comoestresse e ansiedade, aumentamo risco de IBS pós-infecção e es-ses pacientes também têm altaco-morbidez psiquiátrica. Nosso

sobre o

15Super Saudável

da bactéria comensal

trabalho está focado no papel da micro-biota intestinal em preservar um baixograu de inflamação, distúrbios da fun-ção intestinal e mudanças no compor-tamento em ratos.

Estudos iniciais mostraram que a in-dução experimental da inflamação debaixo grau na mucosa resulta em altera-ções significativas na função intestinalneuromuscular e essas alterações, emalguns casos, persistem depois da recu-peração da inflamação aguda em respos-ta à infecção. Estes estudos envolvemratos infectados com o parasita nemató-deo Trichinella spiralis. Neste modelo, al-terações persistentes na fisiologia intes-tinal são devidas ao aumento da expres-são da ciclo-oxigenase-2 (COX-2) e foiacompanhada de redução acentuada delactobacilos. O tratamento do rato depoisda infecção com Lactobacillus paracaseiiresultou na normalização da fisiologiaintestinal. Essas descobertas sugeriramum papel da flora intestinal na preserva-ção da função intestinal após a infecção.

Para investigar isso a fundo, exami-namos o efeito de desequilíbrio da floraintestinal dos antibióticos, além do efei-to na inflamação e fisiologia intestinal.Utilizamos um regime antimicrobianotriplo por 10 dias e examinamos a floraintestinal, a percepção da dor e o estadoinflamatório do cólon. Sob condiçõesnormais, o intestino está no estado con-trolado ou inflamação ‘psicológica’ e par-

cérebro-intestino

*Stephen M. Collins é pesquisadorda McMaster University,

Hamilton, em Ontario, no Canadá

te da resposta está restrita à presença dabactéria comensal. Houve uma reduçãode lactobacilos e um pequeno, mas signi-ficante, aumento na atividade inflamató-ria, como reflexo da atividade da mielo-peroxidase (MPO) no cólon, com o usocontínuo de antibiótico. O aumento doMPO não foi acompanhado por danosestruturais à mucosa colônica.

Também houve aumento nos senso-res neurotransmissores da substância Pe CGRP no cólon e uma tolerância redu-zida da distensão colorretal por peque-nas bolhas de cateter. O tratamento comLactobacillus paracaseii concomitante-mente com o antibiótico apresentou al-terações em todos os parâmetros. Juntos,esses resultados indicam que a perturba-ção da flora intestinal resulta em peque-nos aumentos subclínicos da atividadeinflamatória e alterações na fisiologiaintestinal, incluindo hiperalgesia visce-ral. Baseando-se nessas descobertas emmodelos de ratos, a perturbação da floraintestinal (disbiose) é um suposto meca-nismo para a disfunção intestinal em IBS.

Utilizando análises exaltadas, os es-tudos clínicos mostram alterações noperfil de fermentação em pacientes comIBS, incluindo mulheres com depressãoem estágio inicial, sugerindo que hádisbiose nessas condições. Recentes tra-balhos mostraram que, usando a ampli-ficação 16s RNA, há evidências de alte-ração na microbiota em pacientes IBS,

e é notada novamente uma redução noslactobacilos. Outros estudos mostraraminstabilidade na microbiota ao longo dotempo, mas infelizmente esses estudosnão correlacionam alterações na floracom sintomatologia.

Uma importante pergunta não res-pondida é se a perturbação da flora in-testinal influencia no comportamento,considerado na co-morbidez psiquiátricaverificada no distúrbio gastrintestinal fun-cional. Estudos clínicos relacionam a de-pressão com o perfil alterado de fermenta-ção, e a correlação desses perfis por meioda manipulação da dieta resultaram nomelhoramento do humor. Estudos ani-mais compararam respostas de compor-tamentos em ratos livres de germes e con-troles colonizados por SPF. A pesquisamostrou que os ratos jovens livres de ger-mes exibiram uma resposta pituitária dohipotálamo (HPA) exagerada ao estresse.Isso pode ser relacionado à colonização naflora de ratos SPF, mas somente em ratosjovens. Esses estudos indicam que a floraintestinal influencia na marcação da HPAem resposta ao estresse nos primeiros me-ses de vida. Até o momento não existemestudos publicados sobre a flora e o com-portamento em ratos adultos, mas resul-tados preliminares de tais estudos desen-volvidos serão discutidos.

eixo

15Super Saudável

16Super Saudável

A

Interações cérebro-intestino

*Shin Fukudo é pesquisador doDepartamento de Medicina do

Comportamento da Tohoku UniversityGraduate School of Medicine, no Japão

Os dois trabalhos foram apresentados durante o 17º Simpósio Internacional sobre a Flora Intestinal realizado pela Yakult Honsha, dia31 de outubro de 2008, em Tóquio, no Japão, com o tema ‘A microbiota intestinal e os distúrbios funcionais do trato gastrintestinal’.

*Shin Fukudo

A Síndrome do Intestino Irritável(IBS) é um dos distúrbios funcionais dosistema gastrintestinal com prolongadador abdominal ou desconforto associa-do à disposição intestinal anormal, diar-reia e/ou constipação. A IBS prevalecena população em geral, em economiascom serviços médicos prejudicados equando há distúrbios de qualidade devida dos pacientes, e é considerada um im-portante distúrbio médico do século 21.Apesar da anormalidade não-estruturalou metabólica nos exames de rotina, pa-cientes com IBS têm sintomas gastrin-

Síndrome do testinais duradouros. Portanto, pode-seimaginar o seguinte: é importante iden-tificar a IBS inicialmente pelo grupo desintomas e depois determinar a fisiopa-tologia e novas terapias para a doença.

O critério de Roma foi desenvolvidobaseando-se nesta idéia. A definição daIBS induziu sequencialmente à defini-ção do distúrbio similar do trato gas-trintestinal. Incluindo a IBS, denomi-nou-se como Distúrbio Funcional Gas-trintestinal (FGIDs). O critério de Romafoi revisado como Critério de Roma IIque, por sua vez, foi revisado novamen-te tornando a ser o Critério de Roma III.Critérios uniformes da IBS resultaram

no esclarecimento de dois importantespontos fisiopatológicos.

O primeiro é a hipersensitividade vis-ceral. Pacientes com IBS tiveram os li-miares de dores viscerais diminuídas,assim como as dores abdominais, emresposta à distensão do cólon/reto emrelação a indivíduos normais e saudá-veis. O segundo é o exagerado sintomagastrintestinal em resposta a vários estí-mulos. Os estímulos representativos es-tão relacionados ao estresse psicossociale às refeições. Assim sendo, existem in-terações mútuas e recíprocas entre o cé-rebro e o intestino. Acredita-se que asinterações cérebro-intestino desempe-

Verdu e colaboradores relataram que 10dias de tratamento com antibióticos alte-ram a microbiota intestinal, afetando espe-cialmente o desaparecimento de lactobaci-los em ratos. Na realidade, muitos pacien-tes com IBS possuem histórico de gastroen-terite aguda ou enterocolite e/ou uso de anti-bióticos. Rousseaux e colaboradores repor-taram um aumento nos receptores opióicose receptores canabióides no epitélio intes-tinal humano, cultivados em conjunto comlactobacilos. Salvo dores viscerais míni-mas, a dilatação colorretal aumentou em

20% após administração de lactobacilos.O’Mahony e colaboradores executaram umteste randomizado com bifidobactérias e en-contraram melhoramentos nos sintomasgastrintestinais em pacientes com IBS.

Kassinen e colaboradores analisaramo perfil C+G de amostras de DNA de fe-zes de pacientes com IBS e encontraramdiferentes sequências de DNA em Actino-bacteria e Firmicutes. A reação à cadeiade polimerase quantitativa revelou dife-renças em Coprococus eutactus, Clostri-dium cocleatum e C. aerofaciens entre pa-

cientes com IBS e controle. Os pesquisa-dores estão investigando a influência damicrobiota intestinal em pacientes comIBS do ponto de vista do estresse e intera-ção cérebro-intestino. A microbiota intes-tinal pode se relacionar mutuamente coma fisiopatologia e/ou a origem da doençada IBS. São necessários mais estudos ex-plorando a microbiota em IBS.

ARTIGO CIENTÍFICO

EEEEEXPERIÊNCIASXPERIÊNCIASXPERIÊNCIASXPERIÊNCIASXPERIÊNCIAS

17Super Saudável

e estresse naIntestino Irritável

nhem um papel importante no mecanis-mo fisiopatológico da IBS.

Supõe-se que muitos neurotransmis-sores estejam envolvidos nesse mecanis-mo. O hormônio liberador de corticotro-pina (CRH) é um dos mais plausivos can-didatos a desempenhar um papel fun-damental no mecanismo fisiopatológicoda IBS. O CRH é um 41-aminoácido-pep-tídeo produzido principalmente no hipo-tálamo e liberado para dentro do cólon.O estresse libera CRH hipotalâmico, re-sultando na secreção pituitária do hor-mônio adrenocorticotrópico (ACTH). Emroedores, o CRH antagonista inibe a al-teração de estresse induzido na motili-

dade do cólon. A administração exage-rada do CRH, via intracerebroventricularou via intravenosa, acelera o trânsito docólon. O CRH provoca uma suave moti-lidade colônica em humanos, enquantoque em pacientes com a IBS o CRH esti-mula a motilidade colônica de formadestacada. A secreção do ACTH para oCRH em pacientes com IBS também éexagerada. O CRH antagônico reverteefetivamente a motilidade luminal esti-mulada pelo trato gastrintestinal, per-cepção visceral e ansiedade em pacien-tes com IBS.

A influência da microbiota intestinalna interação cérebro-intestino está para

ser esclarecida. A microbiota intestinalem pacientes com IBS foi recentementeanalisada e muitos estudos revelaramque a microbiota de pacientes com IBS édiferente dos controles considerados sau-dáveis. A microbiota intestinal humanaforma um sistema ecológico muito com-plexo e influencia na saúde ou nas con-dições patológicas do hospedeiro. Mesmouma microbiota intestinal normal contémbactérias que podem causar doenças in-testinais inflamatórias, alergias ou IBS.A microbiota intestinal pode ser alteradapelo uso de antibióticos ou probióticos.Existem muitos estudos em seres huma-nos e animais sobre este assunto.

18Super Saudável

A

ENTREVISTA DO MÊS/ANDREA MARQUES

Adenilde Bringel

Até que ponto as emoções podemafetar o sistema imunológico de um in-divíduo? Segundo a Psiconeuroimuno-logia, ciência que estuda a interação bi-direcional entre os sistemas imunoló-gico, nervoso e endócrino, o comporta-mento e as emoções podem levar a alte-rações imunológicas, assim como as al-terações imunológicas podem levar aalterações do comportamento. Essa re-lação começou a ser descrita ainda naAntiguidade e, atualmente, ganha ca-da vez mais importância. A psiquiatraAndrea Marques, PhD em Psiquiatriapela Universidade de São Paulo (USP)

e pós-doutorada em Neuroendocrino-logia e Imunologia pelo National Ins-titute of Mental Health (NIH), que fazparte do National Institute of Health(NIH), nos Estados Unidos, onde atuacomo pesquisadora clínica, explica por-que a área tem sido importante para oentendimento de que qualquer doençafísica pode e tem influência do sistemanervoso central e, portanto, das emo-ções. A médica também é colaborado-ra do Protoc, programa que atende pa-cientes com transtorno obsessivo com-pulsivo (TOC) no Hospital das Clínicasda Faculdade de Medicina da Universi-dade de São Paulo (HC-FMUSP), graçasà parceria entre a USP e o NIH.

Desde quando a Ciência estuda a re-

lação entre emoções e doenças?

A inter-relação entre estado psicológi-co (emoções) e estado imunológico (doen-ça) tem sido descrita desde a Antiguidade.Na Grécia Antiga, o conceito de doençabaseava-se na teoria do equilíbrio entre osquatro ‘humores’, que foi desenvolvida porHipócrates e descrita no ‘Corpus Hippocra-ticum’ ou Coleção Hipocrática. A palavralatina ‘humore’ significa líquido. Na teo-ria dos quatro humores os quatro líquidoscorporais – sangue, fleugma, bílis negra ebílis amarela – estão em equilíbrio no or-ganismo, resultando em saúde. A distri-buição e quantidade dos humores do cor-po humano determinariam a disposição

O poder das emoções sobreo sistema imune

Char

les G

.

19Super Saudável

”“A partir da décadade 1970-1980 foraminiciados estudos maissistemáticos na área.

do espírito e o excesso ou falta de um de-les seria responsável pela doença. Em200 D.C., Galeno, no livro ‘On the Tem-peraments’, enfatizava a importância doequilíbrio dos quatro humores: excesso desangue resultaria em temperamento san-guíneo, excesso de fleugma resultaria emfleugmático, excesso de bile amarela re-sultaria em temperamento colérico, e ex-cesso de bile negra resultaria em melan-colia. Nessa época, Galeno já observou esugeriu que mulheres ‘melancólicas’ – ir-ritáveis e indispostas – poderiam ser maispropensas a desenvolver câncer de mamaque mulheres ‘sanguíneas’, mais dispos-tas, animadas e amorosas. Portanto, emo-ção e temperamento estariam associadoscom o desenvolvimento de doenças e es-tas seriam resultados de desequilíbrio in-terno. Por séculos, este conceito mantevegrande influência na teoria médica, sen-do posteriormente substituído pelo con-ceito da teoria celular, descrito por RudolfVirchow, e a comprovação da etiologiamicrobiana das doenças infecciosas, de-senvolvida por Kock em 1876.

Qual a influência do estresse para o

desencadeamento das infecções?

Em 1878, Pasteur observou a influên-cia do estresse físico (frio) no sistema imu-nológico, descrevendo que galinhas nor-malmente resistentes a um agente infec-cioso ficavam susceptíveis a este apósimersão em água fria. Esse foi o marcoinicial da pesquisa da relação entre estres-se e infecção e, desde então, vários estudosvêm demonstrando que a exposição a fa-tores estressores pode levar a uma maiorsusceptibilidade à infecção. Em 1919, Ishi-gami sugeriu que situações estressoras emseres humanos induziam à imunodepres-são e, consequentemente, ao aumento dasusceptibilidade à tuberculose pulmonar.Em 1932, Walter Cannon, professor deFisiologia de Harvard, cunhou o termohomeostase, como a necessidade do ba-lanço mental e físico do organismo (ho-

moios significa similar, stasis significa po-sição). Cannon descreveu que mudançasemocionais em animais, tais como raivae ansiedade, estavam acompanhadas deredução dos movimentos peristálticos.Desta forma, destaca a relação entre emo-ção e sistema nervoso autônomo.

O que ocorre com o organismo quan-

do submetido a estresse?

Em 1936, Hans Seyle introduziu oconceito de estresse como uma quebra dahomeostase. Por meio de estudos em ani-mais submetidos a fatores estressores fí-sicos e mentais, ele observou que o orga-nismo gerava uma resposta biológicainespecífica e constante, caracterizadapela ativação do eixo hipotálamo-hipó-

fise-adrenal. Este estudo demonstrou queanimais submetidos a condições de estres-se desenvolviam a tríade alargamento docórtex adrenal, atrofia do timo e estrutu-ras linfóides, sangramento de úlceras es-tomacais e duodenais. Seyle sugeriu, ain-da, que essas manifestações poderiam serchamadas de ‘síndrome de adaptação’ edescreveu três estágios da adaptação: rea-ção de alarme inicial breve, seguida de pe-ríodo prolongado de resistência e fase ter-minal de exaustão e morte.

De que forma estes estudos colabo-

raram para o desenvolvimento da

Psiconeuroimunologia?

Estes estudos levaram ao desenvolvi-mento de várias linhas de pesquisa sobrea interação entre o sistema nervoso cen-

tral, imunológico e endocrinológico. Esteconceito foi desenvolvido a partir de es-tudos em modelos animais e somente comefeitos estressores físicos. A partir da dé-cada de 1970-1980 foram iniciados es-tudos mais sistemáticos na área de Psico-neuroimunologia, demonstrando que aresposta imunológica pode estar aumen-tada ou diminuída, após estímulos querequerem elaboração no sistema nervosocentral. Exemplos importantes são o es-tresse e o condicionamento clássico, fenô-meno chamado neuromodulação. Em1964, o termo Psicoimunologia foi cria-do por George Solomon e, em 1975, Ro-bert Ader e Nicholas Cohen utilizaram otermo. Ader descreve, pela primeira vez,um estudo de condicionamento clássicona função imunológica. Após condicionaro animal a várias exposições de sacarinacom Cytoxan (imunossupressor), a expo-sição somente à sacarina foi suficientepara levar à supressão do sistema imu-ne, ou seja, um sinal central do sistemanervoso central (sensação gustativa) le-vou à alteração do sistema imune. Estefoi um dos primeiros experimentos de-monstrando que o sistema nervoso podealterar o sistema imunológico.

Como podemos definir o estresse?

A atual definição de estresse propos-ta por Dhabhar e McEwen – Constelaçãode eventos – é constituída por um fatorestimulador (fator estressor) que preci-pita a reação no sistema nervoso central.A resposta aguda do estresse é benéfica emcurto prazo, porém, se prolongada, aca-ba sendo prejudicial ao indivíduo. Assim,esses autores propõem rever o conceito deestresse com um espectro. Por um lado,no estresse agudo (minutos/horas), o sis-tema imunológico é ativado, levando àmaior mobilização de leucócitos, aumen-to da resposta adaptativa e inata e aumen-to da produção de citocinas Th1/Th2 – le-vando à imunoproteção. Por outro lado,no caso em que o fator estressor se torne

20Super Saudável

”“A doença psiquiátricaainda é considerada

como um estigma ousinal de fraqueza.

prolongado e repetitivo, ocorre desregu-lação e supressão do sistema imunológi-co. Assim, esses autores utilizam o termo‘allostatic load’ para definir as alteraçõespsicofisiológicas que ocorrem no organis-mo na tentativa de manter a homeostaseou allostase (equilíbrio) em resposta afatores estressores internos ou externos.Bruce McEwen e Firdusa Dhabhar suge-rem que condições com alta ‘allostaticload’ resultaria em desregulação e ou su-pressão do sistema imune.

Que evidências demonstram o rela-

cionamento recíproco entre siste-

ma psicoemocional e vários compo-

nentes do sistema imunológico?

Estudos em animais e humanos têmdemonstrado e comprovado a interaçãoentre o sistema imunológico, sistemanervoso e sistema endócrino. Por muitotempo tinha-se o conceito que o sistemaimunológico não se conectava direta-mente com o sistema nervoso central evice-versa. Porém, estudos demonstra-ram que essa interação existe.

Como ocorre a interação entre sis-

tema imunológico e sistema nervo-

so central?

O mecanismo de comunicação ocor-re principalmente por duas vias: o siste-ma nervoso autônomo e o eixo hipotá-lamo-hipófise-adrenal. Em decorrênciado estímulo estressor ocorre ativação doeixo hipotálamo-hipófise-adrenal e docórtex-simpaticomedular, levando à libe-ração de cortisol e catecolaminas. A ati-vação do sistema nervoso central leva àliberação de catecolaminas – nora-adre-nalina – e neuropeptídeo Y provenientesdas fibras simpáticas; e nora-adrenalina,epinefrina e DOPA proveniente da medu-la adrenal. Fibras simpáticas do sistemanervoso autônomo enervam os órgãos dosistema imunológico (nódulos linfáticos,medula óssea, timo, baço e tecidos linfoi-des) e as células imunes possuem recep-

tores para essas moléculas. Em geral, ascatecolaminas levam à ativação imuno-lógica, como aumento da produção de an-ticorpos e mobilização de leucócitos, au-mentando a atividade macrofágica e es-timulando a produção de citocinas tipoTh2. Assim, a hipo ou hiperatividade dosistema nervoso autônomo pode aumen-tar o risco de uma resposta imunológicaaberrante que pode facilitar um quadromediado por processo autoimune (Th1)ou um processo alérgico (Th2). Ao mes-mo tempo, em decorrência do estímuloestressor, ocorre ativação do eixo hipotá-lamo-hipófise-adrenal. Com a ativaçãodo hipotálamo-hipófise-adrenal, o hor-mônio liberador de corticotrofina e ar-genina vasopressina é liberado do hipotá-

lamo. A corticotrofina estimula a pitui-tária, que leva à secreção do hormônioadrenocorticotrófico que, por sua vez,atua no córtex da adrenal levando à libe-ração de glucocorticóides. Estes, por suavez, apresentam efeito imunomodulador,porém, sua ação imunossupressora e an-ti-inflamatória é predominante. Acredi-ta-se que o balanço do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal seja de extrema impor-tância no controle dos processos infla-matórios/autoimunes, pois este podeprevenir a superestimulação do sistemaimune. Em caso de redução na produçãode glucocorticóides ou redução na res-posta ao glucocorticóide, o sistema imu-ne se tornaria superativado e isso leva-ria à maior predisposição a quadros in-

flamatórios. Por outro lado, uma altaprodução de glucocorticóides poderia le-var a um maior risco a quadros infeccio-sos. Isso foi demonstrado em 1998 porEsther Sternberg em estudos animais e,a partir daí, estudos com humanos pas-saram a ser realizados.

Como se desencadeiam anormalida-

des imunológicas em doenças psicoe-

mocionais como depressão, transtor-

nos de pânico, TOC e esquizofrenia?

Desde a década de 1970, estudos têmdemonstrado associação entre quadrosdepressivos e maior vulnerabilidade paraquadros infecciosos, câncer e maior taxade mortalidade não relacionada com osuicídio. Neste sentido, muitos estudos re-latam que indivíduos com quadros de-pressivos ou quando submetidos a emo-ções estressantes podem apresentar res-postas imunológicas celulares e neuroen-dócrinas alteradas, levando à maior sus-ceptibilidade a câncer, doenças autoimu-nes, alergias e infecções como pneumo-nias bacterianas, faringites e doenças pe-riodontais. Por outro lado, diversos estu-dos também têm demonstrado que sub-tipos de quadros depressivos, de TOC eesquizofrenia estão associados à ativaçãoimunológica. A doença psiquiátrica ain-da é considerada como um estigma oucomo sinal de fraqueza e não como doen-ça. Mas essa linha de pesquisa vem de-monstrando que fatores psicológicos sãoimportantes no desencadeamento de de-sequilíbrio do sistema, assim como podemafetar o resultado de tratamento de ou-tros quadros que não psiquiátricos. Alémdisso, a doença psiquiátrica é resultadode manifestações do sistema nervoso cen-tral, ou seja, deve ser considerada resul-tado da associação entre psicológico eorgânico e, portanto, deve ser respeitadae considerada como outra doença. Estesachados fortalecem cada vez mais a im-portância do equilíbrio psicológico, quepode ser atingido por diversas formas e

ENTREVISTA DO MÊS/ANDREA MARQUES

21Super Saudável

“ ” depende de cada um achar o que melhorserá aplicado: terapia, atividade de rela-xamento (yoga, meditação, tai-chi, espor-tes) e alimentação saudável.

Por que o organismo desenvolve

doenças autoimunes?

No caso da dermatite atópica e asmaalérgica, estudos têm demonstrado quealterações imunológicas como hiperse-creção de IgE, desbalanço entre citocinasTh1/Th2 e eosinofilia têm papel importan-te no início e manutenção dessas doenças.Por outro lado, estudos apontam o estres-se como importante fator desencadeador.Importante apontar para o ciclo viciosodesse processo – dermatite atópica/estres-se –, porque o estresse é o fator desenca-deador, mas também pode ser consequên-cia da exacerbação da doença. Estudostêm demonstrado que, em dermatite ató-pica, o eixo hipotálamo-hipófise-adrenalapresenta-se hipoativo, enquanto que osistema nervoso autônomo simpáticoapresenta-se hiperativado. Isso poderialevar a alterações imunológicas que pro-vocariam maior vulnerabilidade a desen-volver e/ou exacerbar inflamação alérgi-ca em um indivíduo geneticamente pre-disposto. A hipoatividade do eixo hipotá-lamo-hipófise-adrenal também tem sidorelatada em crianças com asma alérgica.

É importante enfatizar que a hipoati-vidade do eixo hipotálamo-hipófise-adre-nal encontrada em inflamações crônicasalérgicas, como dermatite alérgica e asmaalérgica, pode atuar tanto como um fa-tor contribuidor para o desenvolvimentodessas doenças quanto pode ser conse-quência da inflamação crônica. Dadossustentam que talvez a segunda hipóteseaconteça nessas doenças. Estudo comneonatos com predisposição para derma-tite atópica demonstraram hiperativi-dade do eixo hipotálamo-hipófise-adre-nal. A hipótese levantada por alguns au-tores sugere que, no início da doença,ocorreria hiperatividade do eixo que, coma cronicidade do quadro, se tornaria hi-poativo. Alguns dados confirmam estahipótese, como estudos demonstrandoque a liberação prolongada de citocinaspró-inflamatórias pode levar à atenua-ção do eixo hipotálamo-hipófise-adrenalaxis devido ao aumento do ‘feedback’ ne-gativo resultante de contínuos e altos ní-veis de cortisol.

Que alterações emocionais podem

surgir no início e durante o curso

de doenças autoimunes?

Uma variedade de quadros está as-sociada com doenças autoimunes, entreelas ansiedade, depressão e até quadros

de mania e psicóticos. Exemplo disso é oque ocorre em caso de lúpus, onde qua-dros depressivos podem até ser manifes-tações inicias da doença.

De que maneira a Psiconeuroimuno-

logia pode auxiliar os médicos no

atendimento às necessidades de seus

pacientes?

No entendimento e na compreensãode que qualquer doença física pode e teminfluência do sistema nervoso central e,portanto, das emoções. A dicotomia defísica e mental está sendo usada aquipara auxiliar, porém, cada vez fica maisclaro e aceito que o resultado do compor-tamento/emoções é derivado do funcio-namento do sistema nervoso central. As-sim, os médicos devem ter maior preocu-pação com o estado mental/emocionaldo paciente, independentemente de suaespecialidade e da patologia de base. Coma comprovação de que o mental (emo-ção), através do sistema nervoso central,influencia no sistema imune e endócrino,e vice-versa, a melhora da patologia debase pode ser influenciada pelo estadomental do paciente. Também é precisoressaltar o papel do estresse em doençasautoimunes, atópicas, cardiovascularese oncológicas e sua associação com qua-dros psiquiátricos.

Médicos devem termaior compreensão doestado mental/emocionalde seus pacientes.

Char

les G

.

22Super Saudável

AJuliana Fernandes

A ansiedade sempre acompanhou oser humano, da luta ou fuga diante depredadores no começo da história da hu-manidade à motivação para tomar deci-sões e fazer planos em pleno século 21.O problema começa quando taquicardia,tremores, sudorese e distúrbios gastrin-testinais, entre outros sintomas caracte-rísticos desse estado emocional, passamde isolados a frequentes, interferindo narotina e gerando transtornos. O interes-se pelas crises dissociadas de motivosaparentes e unidas a sensações, como omedo iminente de morrer, estimularamRicardo Riyoiti Uchida, psiquiatra e pro-

RESULTADOS CONTRI

Alteraçõesvisíveis

Pesquisa detecta modificações volumétricas em estruturascerebrais de pacientes com transtorno do pânico

PESQUISA

fessor da Faculdade de Ciências Médicasda Santa Casa de São Paulo, a pesquisaralterações morfológicas em cérebros depacientes com transtorno do pânico (TA).

O estudo ‘Alterações Volumétricas noTranstorno do Pânico: Um Estudo de Mor-fometria Baseada no Vóxel’, realizado en-tre 2003 e 2007 durante doutorado noPrograma de Saúde Mental da Faculdadede Medicina de Ribeirão Preto da Univer-sidade de São Paulo (FMRP-USP), apon-tou alterações volumétricas em regiões ce-rebrais que, de acordo com pesquisas fun-cionais anteriores com animais, voluntá-rios sadios e pacientes com TA, são ativa-das durante crises de pânico. Entre as es-truturas que apresentaram as mudançasmais relevantes destacaram-se a ínsula, en-

tre o lobo frontal e temporal, o troncoencefálico e o cíngulo anterior, parte docórtex pré-frontal. Enquanto nos dois pri-meiros casos foi detectado um aumento,o cíngulo apresentou diminuição. “As sen-sações corpóreas são percebidas com mui-to mais intensidade por pessoas com otranstorno e essas três áreas estão direta-mente envolvidas”, explica Ricardo Uchi-da. O psiquiatra relata que enquanto otronco cerebral controla, a ínsula traba-lha na percepção e o cíngulo anterior atuano julgamento das sensações, que nas pes-soas com TA é muito alterado.

O pesquisador analisou imagens deressonância magnética de 20 portadoresde transtorno do pânico e de 20 voluntá-rios saudáveis – grupo controle – no La-

Embora descrições do transtorno dopânico estejam presentes em relatos li-terários e textos médicos desde Hipócra-tes, somente na década de 1970 come-çaram os estudos sobre esse tipo de an-siedade como entidade independente. Opsiquiatra Ricardo Uchida acredita que otratamento recente dado ao transtorno re-força a importância de estudos na área.

Sequência de cortes coronaisde ressonância magnética.

Números em cinza, nos cantosinferiores esquerdos dos

cortes correspondem acoordenada y do Atlas de

Talairach e Tournoux (1988).O agrupamento 1 é visível nostrês cortes e abrange ínsula,

claustrum e giros temporaltransverso e temporal

superior. O agrupamento 2localiza-se em região de ínsula

e giro temporal superiore o 3 tronco cerebral. Di

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23Super Saudável

JoeLena/istockphoto.com

BUEM PARA COMPREENSÃO DO PROBLEMA

Ricardo Riyoiti Uchida

boratório de Investigação Médica do Hos-pital das Clínicas da Faculdade de Medi-cina da USP (HC-FMUSP), em São Pau-lo. Orientada por Frederico GuilhermeGraeff, um dos especialistas brasileirosprecursores nos estudos sobre ansiedadeem modelos animais, a pesquisa foi pio-neira, em relação à ínsula, na detecção dovolume maior em portadores do transtor-no. Estudos anteriores aos de RicardoUchida relacionaram a ativação dessa es-trutura em momentos de dor, dispneia epercepção do batimento cardíaco.

Para o psiquiatra, a constatação refor-ça a ideia de que o aumento da ínsula po-de estar relacionado ao modo como assensações são percebidas durante as cri-ses de pânico que, recorrentes e inespe-

radas, duram de 20 a 30 minutos. Já adiminuição do cíngulo pode representaruma distorção na maneira como o pacien-te avalia os riscos aos quais está expostodurante a crise, traduzidos no medo deenlouquecer ou de perder o controle.

Causa ou consequência – No estu-do, publicado em 2008 na revista Psy-chiatry Research: Neuroimaging, a equi-pe de Ricardo Uchida optou pela morfo-metria baseada no vóxel, prática recentede ressonância que possibilita avaliar amaior parte do cérebro de uma só vez eindicar alterações em regiões diferentes.“Essa técnica permite a análise das estru-turas de modo bem mais rápido”, diz. Pa-ra o professor, as hipóteses contribuem

para novas pesquisas sobre o funciona-mento cerebral para responder, porexemplo, se as alterações volumétricassão causa ou consequência das crises.

“Apesar de pesquisas como a da mi-nha equipe não terem uma aplicação prá-tica em curto prazo, as alterações neuro-lógicas reforçam que as crises são invo-luntárias. Para muitos, é um alívio saberque a explicação está no cérebro”, ava-lia. O professor espera que a maior divul-gação de conhecimentos científicos con-tribua para auxiliar, em longo prazo, o

diagnóstico e tratamento do distúrbio, di-minuindo o preconceito e aumentando aprocura por tratamentos especializados.

Em um primeiro instante, no entanto,médicos generalistas e psiquiatras devemestar atentos ao fato de que, pela fre-quência de sinais somáticos, exames clí-nicos não devem ser descartados. “É pre-ciso avaliar se as crises não são conse-

quência de doenças associadas a sinto-mas do transtorno, como hipertireoidismo,hiperparatireoidismo, epilepsia do lobotemporal, feomocrocitoma e enfermida-des cardiovasculares”, alerta o professor.Caso não seja identificada nenhuma cau-sa orgânica para o problema, o pacientedeve ser encaminhado para tratamentopsiquiátrico específico.

24Super Saudável

Cientistas afirmamque certos nutrientes

atuam diretamentena multiplicação dos

neurônios e nofuncionamento

do cérebro

SAÚDE

Alimentação é aliada

Sandra Caldw

ell

25Super Saudável

O

Fernando Gómez-Pinilla

Rubem Carlos Guedes

células nervosasdasJuliana Monezza

O grande desafio da Ciência nas últi-mas décadas tem sido desvendar os mis-térios do cérebro humano. Para algunsespecialistas, esse não é um feito inatin-gível, afinal, quem imaginaria que o ho-mem seria capaz de modificar os genesde um ser vivo para gerar outro? Muitasbarreiras foram vencidas, a compreensãoda máquina pensante caminha a todo va-por e a descoberta de fórmulas para me-lhorar o desempenho e retardar o enve-lhecimento cerebral começam a emergir.Em meio a muitas descobertas, nos anos1990 os cientistas também conseguiramdemonstrar que as células-tronco do cé-rebro se reproduzem continuamente aolongo da vida e precisam de nutrientespara processar essa multiplicação. A mis-são dos cientistas, agora, é garantir quea ingestão de certos alimentos possadriblar as doenças degenerativas do cé-rebro e até fomentar a inteligência.

Para Fernando Gómez-Pinilla, profes-sor de Neurologia e Ciências Fisiológicasda Universidade da Califórnia (UCLA),em Los Angeles, nos Estados Unidos,que passou anos estudando o assunto,além de proteger o organismo de doen-ças cardiovasculares e câncer, uma die-ta equilibrada e exercícios físicos regu-lares afetam o cérebro de forma positi-va. “Isso levanta a possibilidade emocio-nante de que mudanças na dieta sejamuma estratégia viável para melhorar ascapacidades cognitivas”, exalta. O pro-fessor explica que, em funcionamento,o cérebro consome muita energia e dei-xa resíduos oxidantes. Para corrigir este

problema e evitar a degeneração, alimen-tos com capacidade antioxidante – comonozes, castanhas, óleos vegetais, espina-fre, couve-flor, aspargo e abacate – sãoessenciais na dieta diária. Fernando Gó-mez-Pinilla acrescenta que peixes gor-dos, como o salmão, contêm ácido graxoômega-3, que é muito importante namanutenção da performance cognitiva,melhora da aprendizagem e na luta con-tra transtornos mentais.

Para retardar o envelhecimento o aça-frão-da-índia tem se mostrado muito efi-caz, principalmente se consumido a par-tir da raiz. A planta possui o princípio ati-vo curcumina – um dos componentes docúrcuma, ingrediente que dá cor amare-lada ao tempero indiano curry –, pode-roso anti-inflamatório natural que com-bate os radicais livres e previne doençasdegenerativas. O pesquisador relata, ain-da, que outro alimento com alto poderanti-inflamatório pode elevar a capacida-de de memorização e aprendizagem. Tra-ta-se de uma pequena fruta chamada

blueberry – no Brasil leva o nome de mir-tilo –, que possui conteúdo elevado depolifenóis, responsáveis pela proteçãodas paredes celulares.

O neurofisiologista da UniversidadeFederal de Pernambuco (UFP), RubemCarlos Guedes, questiona as afirmações.Para o especialista em Fisiologia e Nutri-ção, o envelhecimento é um processo bio-lógico natural e a boa alimentação podefazer com que o cérebro continue funcio-nando razoavelmente bem. Segundo omédico, não existe alimento mágico con-tra a degeneração cerebral. “Há teoriassupondo que produtos com ação antio-xidante ajudariam, mas isso não é razãopara recomendar que as pessoas exage-rem”, pondera, ao afirmar que uma ali-mentação quantitativa e qualitativa-mente equilibrada pode ajudar o indi-víduo a desenvolver suas potencialida-des intelectuais favorecidas pela gené-tica, mas, sozinha, não faz milagres. “Aalimentação é uma condição necessária,mas não suficiente”, completa.

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CDurante anos, o ovo foi taxado comoresponsável pelo aumento do colesterole, consequentemente, das doenças car-diovasculares. Diversos estudos derruba-ram esta ideia e demonstraram que o ovoé extremamente importante para o cére-bro, pois possui grande concentração decolina, que não é produzida pelo organis-mo e contribui significativamente para aneurogênese, formando a membrana ce-lular. O neurologista e professor da Uni-versidade Federal de São Paulo (Unifesp),Cícero Galli Coimbra, explica que tantona formação cerebral quanto na manu-tenção dos neurônios o organismo neces-sita do nutriente.

“Estima-se que um indivíduo de 70kg,por exemplo, tenha de ingerir 500mg decolina por dia, e 100ml de gema (4 ou 5ovos) possuem 700mg do nutriente”, in-forma. A substância também pode ser en-contrada em peixes, sementes (granolas,pistache, nozes, amendoim), brócolis ecouve-flor, entre outros. A colina mos-trou-se tão importante para a saúde ce-rebral que neurologistas já conscientizamobstetras e neonatólogos para a suple-mentação de gestantes. “Assim criaremosuma geração de seres humanos mais sau-dáveis e preparados para enfrentar a vidamoderna, que requer mais neurônios emenos atividades braçais”, explica.

Mocinhos ou vilões?Por outro lado, as carnes brancas e

vermelhas entraram para a lista negra daalimentação saudável. Segundo o profes-sor, esses alimentos possuem um grupode substâncias nocivas ao organismo,chamadas aminas heterocíclicas, que seligam irreversivelmente à carga genéti-ca da célula, danificam o DNA e causamdoenças neurodegenerativas, além decânceres e cardiopatias. “Não me sur-preenderia se as pesquisas mostrassemque o diabetes também é provocado poressa substância”, afirma. O médico acre-dita que o peixe deveria ser o único ani-mal presente na dieta, pois o seu cozi-mento produz pequenas quantidadesdessas substâncias nocivas e não requertempo prolongado.

Cícero Galli Coimbra

TECNOLOGIASAÚDE

26Super Saudável

Juliana Fernandes

Com cerca de 120 milhões de pacien-tes no mundo – 17 milhões no Brasil –,a depressão está relacionada a aproxi-madamente 850 mil mortes por ano, se-gundo a Organização Mundial da Saú-de (OMS). Como agravante, perto de30% dos pacientes não respondem aostratamentos, como idosos, cardiopatase mulheres grávidas, que têm restriçõesao uso de medicamentos. A Medicinatem pesquisado propostas complemen-tares à medicação e uma das ferramen-tas mais estudadas na última década éa Estimulação Magnética Transcraniana(EMT), constituída por sistemas queproduzem campos magnéticos de altís-sima intensidade capazes de, em casosde depressão, alterar circuitos neuro-nais de estruturas hipoativas, que fun-cionem abaixo do normal.

No Brasil, quinto país a aprovar o usonão-experimental da técnica, uma refe-

NOVOS CAMPOS

Estimulação magnéticatranscraniana mostraeficiência durante otratamento da doença

Alívio

Estudos abrem a possibilidade de quea estimulação magnética, futuramente,seja aprovada para tratar sintomas deesquizofrenia, dor crônica e subtipos dedepressão, como a puerperal, além demulheres grávidas em quem os medica-mentos podem provocar alterações tera-

27Super Saudável

rência reconhecida internacionalmente éo Grupo de Estimulação Cerebral do Ins-tituto de Psiquiatria do Hospital das Clí-nicas da Faculdade de Medicina da Uni-versidade de São Paulo (IPq-HC-FMUSP).A equipe estuda a técnica desde 1999,ano de sua primeira publicação na áreae três anos depois do primeiro trabalhopublicado. “Nossa equipe é pioneira, porexemplo, na avaliação da eficácia da EMTna aceleração da resposta aos antidepres-sivos. Enquanto os medicamentos demo-ram de três a oito semanas para fazerefeito, no tratamento combinado à esti-mulação magnética há respostas na pri-meira semana”, destaca o psiquiatra Mar-co Antonio Marcolin, coordenador do gru-po de pesquisas. O acúmulo de evidên-cias da eficácia da técnica nos estudos doIPq foi decisivo para o grupo obter, em2006, autorização para o uso fora do am-biente de pesquisa. “Aguardamos há cer-ca de dois anos um posicionamento doConselho Federal de Medicina para quepossa ser feito o pedido de incorporaçãoda técnica ao SUS”, explica. Além dos pa-cientes que pagam pelas sessões, o HCtratou gratuitamente de 3 a 4 mil pessoasdurante as pesquisas.

Rearranjo cerebral – Nas sessões, opaciente recebe os pulsos magnéticos pormeio de uma bobina, conectada a uma

para a depressãomáquina, posicionada de modo focaliza-do sobre o córtex pré-frontal dorso late-ral, região do cérebro à esquerda da ca-beça, em geral menos ativa em portado-res de depressão. Dividido em rápidos es-talos, o campo magnético penetra até trêscentímetros no tecido cerebral em pon-tos específicos que se conectam a ou-tros circuitos para permitir a propa-gação do campo. No procedimento,indolor e não-invasivo, o pacientepermanece consciente.

Em um primeiro momento, apassagem do campo magnéticopelo encéfalo modifica a circulaçãosanguínea do circuito, aumentandoo consumo de oxigênio e glicose. De-pois de alguns minutos, a produção devários neurotransmissores envolvidos nadepressão, como serotonina e norepide-frina, é alterada, assim como neurôniosGaba-A e Gaba-B. “A EMT também au-menta a neurogênese no hipocampo e aprodução de células musgosas – estrutu-ras relacionadas à sustentação do siste-ma nervoso”, completa. A técnica podeser aplicada em pacientes com depres-são unipolar e bipolar. No primei-ro caso são realizadas em tor-no de 20 sessões, e nasbipolares são indica-dos outros esque-mas de aplicação.

togênicas no feto. Se as pesquisas se mos-trarem eficazes, a expectativa é que a EMTseja a primeira opção de tratamento emgestantes, assim como em pacientes comdepressão pós-parto, que ficariam livres dosantidepressivos e não teriam necessida-de de interromper a amamentação.

Outros trabalhos em andamento noIPq avaliam, ainda, o uso da técnica paratratar distúrbios cognitivos leves (perdade memória devido à idade), autismo,transtorno de déficit de atenção e depen-dência química. Para avanço nas pesqui-sas, o HC adquiriu um neuronavegador.

“O equipamento é inédito no Brasil. A gran-de vantagem é que, em vez de localizarpor medidas as áreas do cérebro a seremestimuladas, imagens de ressonância inse-ridas no aparelho detalham essas áreasem 3D, tornando a técnica ainda mais efi-caz”, revela Marco Antonio Marcolin.

MarcoAntonioMarcolin

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DKarina Candido

Durante muitos anos, as emoçõesocuparam o inexplorado continente dapsicologia científica, mas, finalmente, aMedicina é capaz de falar com proprie-dade sobre os aspectos irracionais da psi-que. Alguns especialistas defendem umavisão limitada da inteligência e acreditamque o QI (Quociente de Inteligência) éum dado genético que não pode ser alte-

Competências incluemautoconsciência,empatia, persistência,controle de impulsose habilidade social

Inteligência medida pe

Mirlene Maria Matias Siqueira

rado pela experiência de vida, e que odestino de um ser humano é determina-do por essa capacidade. No entanto, asemoções são um campo com o qual é pos-sível lidar e que exige um conjunto ex-clusivo de aptidões, decisivas para a com-preensão de porque, por exemplo, um in-divíduo de alto QI fracassa, enquanto ou-tro, cuja capacidade intelectual é maismodesta, apresenta trajetória de vida desucesso. Isso se deve a um conjunto decompetências chamado Inteligência Emo-cional (IE), que inclui autoconsciência,controle de impulsos, persistência, empa-tia e habilidade social.

O conceito é abordado pelo escritorDaniel Goleman, PhD pela Universidadede Harvard, no livro ‘Inteligência Emo-cional’ (Editora Objetiva-1995), que setornou fenômeno editorial no Brasil. Atese do autor se baseia em pesquisas so-

bre o funcionamento do cérebro e mos-tra como a IE pode ser alimentada e for-talecida por qualquer indivíduo, princi-palmente na infância, período em que aestrutura neurológica está em formação.Segundo Daniel Goleman, desenvolver acapacidade de lidar com emoções, ati-

Fela Moscovici

VIDA SAUDÁVEL

QI x QEA designação ‘quociente emocional’

(QE) – ou qualidade emocional – é umatentativa de quantificar essa modalida-de para que se possa compará-la com oQI. “No entanto, QE ideal é uma quime-ra, não existe no sentido quantitativo,pois sua mensuração é extremamentedifícil pela própria natureza da modali-dade”, explica Fela Moscovici. Um altoQI permite alcançar êxito em atividadesintelectuais cotidianas e profissionais, fa-vorecendo a formação da competênciatécnica exigida para determinado desem-penho. Porém, se não houver aprimora-mento concomitante de razoável compe-

realizar autoanálise, ter metas na vida etrabalhar para alcançá-las ajudam a ele-var o QE”, resume. Tipo de vida, traba-lho e até alimentação também podem in-fluenciar o desenvolvimento da IE.

tência emocional, o indivíduo poderá nãoalcançar sucesso na prática.

Para Mirlene Maria Matias Siqueira,coordenadora do Programa de Pós-Gra-duação em Psicologia da Saúde da Uni-versidade Metodista de São Paulo, parase alcançar a qualidade emocional é pre-ciso trabalhar principalmente as compe-tências que ligam o indivíduo ao mundo,como socialização e empatia. Quem ca-tiva a simpatia e a cooperação pela ma-neira com que se reporta às pessoas nor-malmente tem maior inteligência emo-cional. “Muitos autores citam que culti-var amizades, ter um bom ciclo social,

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las emoçõestudes, valores e intuição é tão essencialquanto aprimorar aptidões cognitivas.

A mestra em Psicologia Social pelaUniversidade de Chicago, nos EstadosUnidos, e autora do livro ‘Desenvolvi-mento Interpessoal’, Fela Moscovici, afir-ma que o aprimoramento dessas aptidõesemocionais, cognitivas, atitudinais e com-portamentais constitui competência emo-cional e interpessoal, absolutamente ne-cessárias para uma vida de qualidade.“Profissões de ajuda, como das áreas deEducação e Medicina, bem como deten-tores de funções de gerência e liderança,nos vários níveis, dependem cada vezmais de desenvolvimento de competên-cia emocional e interpessoal para atingirobjetivos específicos”, exemplifica. ParaSandro Caramaschi, especialista em Co-municação Não-Verbal e Relacionamen-to e professor do Departamento de Psi-

Sandro Caramaschi

cologia da Universidade Estadual Pau-lista (Unesp), no caso dos profissionaisde saúde a percepção das característicasdos pacientes facilita diagnósticos. O pro-fessor ressalta a importância de os profis-sionais de saúde desenvolverem um tra-balho emocional para melhor orientarseus pacientes.

“É fundamental que o médico façauma análise comportamental do pacien-te e encare aquele indivíduo como fontede informações, além das que são obti-das com exames”, sugere. Como qual-quer habilidade, a capacidade de lidarcom emoções e sentimentos pode seraprendida, treinada, desenvolvida e aper-feiçoada e, com o tempo, se torna prati-camente intuitiva. Fela Moscovici acres-centa que a confiança entre médico epaciente determina o rumo do trata-mento e começa a ser construída no

primeiro contato por meio do ‘rapport’,sintonia emocional que permite a comu-nicação livre e é um caminho aberto parasentimentos como simpatia, confiança eempatia. “Fica difícil, por exemplo, um pa-ciente relatar suas queixas mais íntimasquando o médico se mantém frio e distan-te durante a consulta”, observa.

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30Super Saudável

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DESTAQUE

“Já imaginou o mundo sem saúde? Aindabem que existe Yakult. E em dobro.” Com estafrase, a Yakult reforça aos consumidores aimportância da ingestão diária de leite fer-mentado, em campanha que foi ao ar dia 1ºde março e será veiculada até o fim de abril.O filme ‘Cores’ visa destacar aos consumido-res os dois leites fermentados produzidos pelaYakult – Leite Fermentado Yakult e Yakult 40 –e reforçar a orientação de que é importanteconsumir alimentos probióticos para mantero intestino mais íntegro e, consequentemente,melhorar a saúde e prevenir doenças.

Yakult está comnova campanha

‘Cores’ é o títulodo comercial

que vem sendoveiculado ememissoras detelevisão das

principais cidadesbrasileiras

A campanha para a subsidiária brasileirada Yakult, que é líder no segmento de leitefermentado em todo o mundo, foi criada pelaGP7 Comunicação + Inteligência de Mercado.A peça publicitária reforça o slogan ‘Yakult.Saúde de criança para todos, todos os dias’,que vem sendo trabalhado há quatro anos. Ofilme é composto de personagens de diferen-tes idades, como um jovem, idosos, uma mé-dica e uma família.

Quando o filme apresenta consumidoresdo Leite Fermentado Yakult – a família e ojovem – a predominância de cor é o verme-

Fotos: Divulgação

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O leite fermentado Yakult foi o primeiro da categoria a ser reconhecido pelaAgência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como ‘alimento com alega-ções de propriedades funcionais e/ou de saúde’, em 2001. A legislação que defi-ne o conceito foi criada no Brasil há 10 anos e, para serem classificados, os ali-mentos passam por avaliação de validade científica pela Comissão Técnica deNovos Alimentos e Alimentos Funcionais da Anvisa, composta por especialistase técnicos de renome de várias universidades brasileiras. O leite fermentadoYakult faz parte desse seleto grupo de alimentos aprovados pelo Ministério daSaúde do Brasil, por conter os microrganismos benéficos à saúde reconhecidoscomo probióticos – Lactobacillus casei Shirota.

Cada frasco de Leite Fermentado Yakult possui 16 bilhões de Lactobacilluscasei Shirota, e o Yakult 40 contém 40 bilhões de Lactobacillus casei Shirota.Quando os probióticos são ingeridos e chegam vivos ao intestino, liberam áci-dos como o lático e o acético, que têm a capacidade de melhorar a atividadeintestinal e facilitar a digestão e absorção de nutrientes. Os probióticos tambéminibem as bactérias nocivas e ajudam a prevenir infecções. Além disso, dimi-nuem a produção de substâncias nocivas, absorvem e eliminam as substânciascausadoras de doenças relacionadas ao estilo de vida, como arteriosclerose, hi-pertensão e colesterol, entre outras. Os efeitos imunológicos dos probióticosestão sendo intensamente estudados para descobrir outros benefícios que osmicrorganismos desempenham na manutenção das defesas do organismo.

Alimento probiótico

lho, que se refere à embalagem do pro-duto lançado em 1968 no Brasil. Já osconsumidores de Yakult 40 são relacio-nados à cor azul, que identifica a emba-lagem externa do alimento, lançado em2001. O filme reforça, ainda, as duasforças de venda da Yakult: as tradicio-nais comerciantes autônomas que entre-gam os produtos diariamente para seusclientes, e o varejo. O leite fermentado,assim como os demais produtos da mar-ca, é comercializado nas principais re-des de supermercados do País.

32Super Saudável

TURISMOTURISMO

A cidade daDubai, nosEmirados ÁrabesUnidos, pretendeencantar osturistas com obrasgrandiosas

fascinaçãoOutra construção grandiosa é o Burj Du-bai, considerado o arranha-céu mais altodo mundo e que deverá estar concluídoainda neste ano. Com custo estimado emUS$ 8 bilhões, o Burj Dubai tem aproxi-madamente 800 metros de altura e supe-ra o arranha-céu Taipei 101, em Taiwan,a Torre CN, em Toronto, no Canadá , e aTorre da KVLY-TV, localizada em Dakotado Norte, nos Estados Unidos.

Outro símbolo da cidade é a PalmJumeirah. O conjunto de ilhas em forma-to de palmeira que pode ser visto do es-paço abriga pequenas vilas e residências,edifícios e hotéis de luxo. A ilha possui17 copas – oito de cada lado e uma notopo –, além de um túnel submarino. Aochegar ao fim do túnel surge o suntuosoHotel Atlantis, inaugurado em 2008 eque tem como tema a lendária Atlântida,a cidade perdida. Mesmo os turistas quenão estiverem hospedados em uma das1.729 suítes do resort poderão se deliciarno imenso parque aquático, considera-do o maior de Dubai, além de visitar oaquário com mais de 11 bilhões de litrosde água e 65 mil peixes e espécies mari-nhas, ambos abertos ao público. O proje-to completo das ilhas inclui mais duas pal-meiras. Após a conclusão, o local terá 2 milvilas, 40 hotéis de luxo, shopping centers,cinemas e muitas outras instalações.

Burj Al Arab

QAdenilde Bringel

Quem pretende visitar Dubai nãovai encontrar sítios históricos ou natu-reza deslumbrante, mas deve estar pre-parado para se fascinar com a beleza

arquitetônica de uma cidade cosmo-polita e em constante transformação.

Originalmente uma aldeia de pescado-res e coletores de pérolas, a Dubai mo-derna começou a ser construída a partirde 1830, quando a tribo Bani Yas, da fa-mília dos Al-Maktoum, se instalou no lo-cal. Nas últimas décadas, o emirado –segundo maior dos Emirados ÁrabesUnidos, país criado em 1971 – vem in-vestindo para ser um dos principais des-tinos turísticos mundiais e, para isso,não mede esforços ou investimentos fi-nanceiros para construir edifícios monu-mentais, largas avenidas, shoppings sun-tuosos e hotéis de luxo.

Um dos símbolos da grandiosidade dacidade e cartão postal é o hotel Burj AlArab, o único sete estrelas do planeta eum dos mais luxuosos do mundo. Cons-truído sobre uma ilha artificial, o edifíciode 321 metros de altura que imita a velade um windsurf pode ser visto de váriospontos da cidade, mas o acesso só é per-mitido para hóspedes ou pessoas com re-serva para o bar ou restaurante do local.

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O Creek é um braço de mar que sepa-ra a cidade em duas partes: Deira e BurDubai. Para ir de um lado para o outrodo canal, pequenas embarcações funcio-nam como ônibus com preço muito aces-sível. Nesta região está o comércio maispopular da cidade. Aliás, Dubai é o ‘pa-raíso das compras’. Além de shoppingcenters gigantescos e recheados de ativi-dades, como aquários em forma de tú-nel e pista de ski, a cidade abriga váriossouks (mercados), onde se compra joias,bijuterias, perfumes, tapetes, especiarias,tecidos, roupas e uma infinidade de ou-tros produtos. Entre os mais tradicionaisestá o Gold Souk, em Deira, com inúme-

de Dubai, em edifício datado de 1800, queconta a história do emirado por meio debonecos de cera em tamanho natural. ADubai’s Heritage and Diving Village é umcomplexo localizado às margens do Creekque apresenta as tradições e a herançacultural da Dubai antiga e proporcionaao turista uma ideia geral de como era avida nos Emirados antes da descobertado petróleo. Um dos destaques é a SheikhSaeed Al Maktoum House, residência ofi-cial do soberano de Dubai de 1912 a 1958.O turista vai conhecer a arquitetura ára-be tradicional, além de apreciar coleçõesraras de documentos, fotos, joias antigas,moedas e outros objetos.

TRADIÇÃO E COMPRAS

ras lojas e milhares de opções em joiaspara todos os gostos e bolsos.

Do mesmo lado há lojas de especia-rias repletas de amêndoas, tâmaras, ervas,temperos, chás e outras iguarias. Atraves-sando o Creek chega-se a Bur Dubai e, ali,a visita obrigatória é ao Old Souk, ondese adquire pashminas, lenços de seda,roupas típicas, tecidos, calçados e outrosprodutos. Vale a pena disponibilizar al-gumas horas para visitar os locais e, an-tes de comprar qualquer produto, pechin-char com os vendedores – essa negocia-ção é uma tradição árabe e pode resultarem excelentes negócios.

Em Bur Dubai também está o Museu

Hotel Atlantis Palm Jumeirah

Deserto e religião – A viagem a Du-bai só estará completa se o turista for co-nhecer uma mesquita e fizer um passeiopelo deserto. Dubai tem 560 mesquitas– 374 do governo –, e a maior é a Ju-meirah Mosque, cujas visitas monitora-das ocorrem às terças-feiras, quintas-fei-ras, sábados e domingos, às 10h. Paraentrar no local as mulheres devem es-

tar com roupa discreta e usar um lençopara cobrir os cabelos. Durante a visita,os turistas acompanharão uma apresen-tação sobre a religião islâmica.

Para fazer o passeio no deserto é pre-ciso contatar uma das inúmeras agên-cias de turismo especializadas. A aven-tura é feita em veículos 4x4, que sobeme descem as dunas espalhando areia ao

som de música árabe. Os motoristas pa-ram em alguns pontos para que os visi-tantes possam registrar a beleza do de-serto – inclusive o pôr-do-sol – e pisarnas areias de tom avermelhado. O pas-seio termina em um acampamento ondehá música e comida típicas. No localtambém é possível dar uma inesquecí-vel volta de camelo.

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Loja do Gold Souk Museu de Dubai

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CARTAS PARA A REDAÇÃOA equipe da Super Saudável quer saber a sua opinião sobre a publicação, assim como receber sugestões e

comentários. Escreva para rua Álvares de Azevedo, 210 – Cj 61 – Centro – Santo André – SP – CEP 09020-140,mande e-mail para [email protected] ou envie fax para o número (11) 4990-8308.

CARTAS“Em primeiro lugar gostaria deagradecer por mais de um anode recebimento da revista, deinformações úteis de grande valorcientífico e de aprendizagem, quemuitas vezes coloquei em práticacom minhas pacientes de Geriatria.”Lúcia Helena de PaulaBelo Horizonte – MG.

“Sou psicóloga e trabalho nohospital Beneficência Portuguesaem Bauru. Li a revista SuperSaudável e a achei interessante einstrutiva. Dentre tantos assuntoscientíficos, gostei muito da matéria‘Terapia assistida por animais" deautoria de Rosângela Rosendo.Trabalho com a Equoterapia fazanos e fiquei muito feliz em saberque essa alternativa começou asensibilizar os clínicos em terapiade doenças mentais para utilizá-lamais intensamente.”Marina Ferraz PintoBauru – SP.

“Recebi de uma amiga o número38 da Super Saudável. Aproveiteitodo o seu conteúdo para uso meu,aposentada com 85 anos, e minhafamília, com membros de 62 a 4anos de idade. Como vê, as matériasservem incondicionalmente paratoda a minha família.”Helena Velascos RondonSantos – SP.

“Conheci a revista Super Saudávelem um consultório médico. Gosteimuito das matérias e da históriada Yakult no Brasil.”Efraim Oscar SilvaPorto Ferreira – SP.

“Estava em um consultório médicoquando comecei a ler a revistaSuper Saudável, que me interessoumuito. Trabalho na Biblioteca Prof.Achille Bassi, da USP São Carlos,justamente com periódicos, e osassuntos são muito interessantes.”Gislene FracolaSão Carlos – SP.

“Sou esposa de um cardiologistae trabalho na recepção doconsultório. Estou semprefolheando essa revista noconsultório de um amigo nossoe achamos muito interessantesas informações que contém.”Juliana Oliveira CastroPassos – MG.

“Sou bibliotecária daUniversidade Federal do Paraná -Setor Litoral e alguns professoressolicitaram a assinatura darevista Super Saudável.”UFPR Setor LitoralMatinhos – PR.

“Sou nutricionista clínica,atualmente atendo em consultório

médico e faço atendimentosdomiciliares. Gosto muito dasmatérias e do conteúdo científico.Vocês estão de parabéns.”Flávia Pícaro CarlosAraraquara – SP.

“Sou cirurgiã-dentista e gosteimuito das matérias da revistaSuper Saudável. Acho que seriamuito interessante disponibilizá-lana sala de espera do consultório.”Patricia DaissonBrasília – DF.

“A Biblioteca Municipal de VárzeaPaulista gostaria de continuar areceber a Super Saudável, pois osleitores apreciam muito sua leitura.”Marli Zoratto dos SantosVárzea Paulista – SP.

“A revista Super Saudável editaartigos bastante apreciados pormim e pelos meus pacientes.”Eduardo Satochi MoritaSão Paulo – SP.

“Sou médico radicado no interiorde São Paulo. Leio regularmentea Super Saudável e, em seguida,disponibilizo para meus pacientes,e só tenho elogios. Nesta ediçãovocês se superaram em matériaassinada por Adenilde Bringel, coma entrevista do mês com o Dr. LuizAugusto Pereira sobre transplantes.

Entrevista bem conduzida, comrespostas diretas, de fácil e completoentendimento. Obrigado pelaoportunidade da leitura. Vidalonga à revista.”Henriques PessanhaCajuru – SP.

“Amo intensamente a revista SuperSaudável por me proporcionaraquisição cultural. Meu esposo émédico e recebe em seu consultório,onde eu e vários pacientes podemosnos deliciar das belas e inteligentesreportagens contidas. Parabénse continuem empenhados nadivulgação do saber científico.”Cláudia L. J. S. RibeiroCaconde – SP.

“Recebi a Super Saudável e adorei.Revista moderna, atual, trazinformações importantíssimas,contribui para atualizaçãoprofissional e, ainda, mostrouprodutos que não conhecia. Já estourecomendando os produtos parameus pacientes e vou acompanharos resultados. Parabéns.”Cristiane Sias GomesHerval – RS.

“A matéria ‘Bate Coração’,publicada na última edição,ficou excelente. Parabéns!”Rodrigo Gonçalves DiasSão Paulo – SP.

Os interessados em obter telefones e endereços dos profissionais entrevistados devem entrar em contato pelo telefone 0800 13 12 60.