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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
SUPERVISÃO: MITOS E DESAFIOS
POR: ROSÂNGELA MENDES DE ARAÚJO
ORIENTADOR: CARLOS ALBERZO CEREJA DE BARROS
RIO DE JANEIRO
MARÇO/2004
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
SUPERVISÃO: MITOS E DESAFIOS
Apresentação de monografia a
Universidade Candido Mendes –
Projeto A Vez do Mestre, como
condição prévia para a conclusão do
curso de especialização em
Supervisão Escolar.
RIO DE JANEIRO
MARÇO/2004
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela minha vida e minha espiritualidade;
Aos meus familiares, pelo carinho a mim dedicado;
Aos professores que contribuíram com esta minha
formação;
Aos colegas da turma 540, pelo apoio e momentos alegres
que compartilhamos.
.
DEDICATÓRIA
À minha mãe Carmelita, ao meu esposo Antonio e às
minhas filhas Andreza e Vaneza, pelo apoio e
compreensão, viabilizando mais uma conquista acadêmica.
A todos os supervisores educacionais que têm consciência
da importância de sua práxis, visando a construção do
cidadão crítico e reflexivo.
RESUMO
A Supervisão Educacional ao longo de sua existência no contexto
educacional brasileiro vem enfrentando problemas no desenvolvimento de sua
práxis.
Os mitos existentes são inúmeros, o supervisor aparece como
controlador do trabalho desenvolvido pelo professor; embora haja uma função
de controle no processo educacional. No desempenho de seu papel, queremos
desmistificar essa função de controle como sendo a principal. O supervisor hoje
tem como objeto de trabalho não o controle somente, mais principalmente um
papel ativo.
O supervisor é participante, é co-elaborador do processo educativo,
juntamente com os mestres, o supervisor é mobilizador cultural e agente da
cidadania dentro da escola.
METODOLOGIA
Partindo de leitura bibliográfica sobre os caminhos da supervisão ao
longo do contexto educacional brasileiro, bem como, pesquisa e análise da
mesma na rede pública e particular, através de questionários e entrevistas
sobre a práxis do supervisor. Pretendemos refletir a prática atual e as
mudanças que se fazem necessárias. Objetivando a superação dos mitos
existentes num processo de ação-reflexão-ação enfrentando os desafios que
se colocam para um sistema educacional verdadeiramente democrático e
transformador.
O questionário (entrevista) constará de perguntas que visam um
diagnóstico da prática do supervisor no cotidiano escolar, público e privado.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I 11
BREVE HISTÓRICO DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO BRASIL 11
CAPÍTULO II 18
FORÇAS RESTRITIVAS E FORÇAS IMPULSIONADORAS
NA SUPERVISÃO 18
CAPÍTULO III 27
ANÁLISE DA AÇÃO SUPERVISORA NO COTIDIANO ESCOLAR 27
CAPÍTULO IV 41
DESAFIOS PARA UMA PRÁTICA DE PARTICIPAÇÃO E DECISÃO
COLETIVA NA ESCOLA 41
CONCLUSÃO 50
BIBLIOGRAFIA 52
ANEXOS 54
ÍNDICE 57
FOLHA DE AVALIAÇÃO 59
INTRODUÇÃO
O desafio que se coloca para uma ação supervisora que supere
mitos e enfrente os problemas de hoje está inserido numa prática onde o
supervisor seja um parceiro do professor.
Com a industrialização, surge a idéia de supervisão visando a
melhoria da quantidade e qualidade da produção industrial. Assim, vemos que
a priori a supervisão aparece primeiro na indústria, a posteriori é assumida no
sistema educacional com a tarefa de controle e qualidade do ensino. E assim
permanece por muitos anos, exercendo inspeção, monitoramento e controle
das atividades dos professores no processo educacional.
Nessa função controladora, a supervisão no Brasil manteve sua
prática com “forças restritivas”, onde as ações se mantinham subordinadas às
determinações superiores (órgãos centrais), foi a partir das forças restritivas
que surgiram, então, as forças impulsionadoras, numa perspectiva de uma
ação nova visando garantir a eficiência e eficácia do trabalho pedagógico,
objetivando uma educação geral, crítica e transformadora.
Para que se efetive uma ação supervisora transformadora, se faz
necessária uma análise da prática do supervisor no cotidiano escolar.
Compete ao supervisor diagnosticar as necessidades, oferecer
propostas de ação, buscar soluções no coletivo, e não somente avaliar com
olhar crítico e negativo o trabalho do professor.
A prática da supervisão deve está voltada para uma parceria com
todos os envolvidos no processo educacional, num trabalho coletivo,
estimulando o grupo a avançar, superando obstáculos e desafios, visando
atingir os objetivos e projetos planejados.
A ação supervisora será verdadeiramente eficaz, para além das já
exercidas, quando: o supervisor exerce uma formação continuada, é ético,
mantém alunos e professores unidos na construção do conhecimento e
envolver toda comunidade escolar, incluindo os pais, nas decisões da escola.
Queremos que as reflexões contidas nesse trabalho possam
contribuir para uma ação supervisora que saia do sonho para ação, num
processo de superação contínua.
CAPÍTULO I
Breve Histórico da Supervisão Escolar no Brasil
“O que conta aqui é o olhar sintético,
que dá vida aos objetos da análise”
Jean Paul Sartre
REPENSANDO A HISTÓRIA
Para que possamos refletir sobre a Supervisão Escolar se faz
necessário um breve histórico desde seu surgimento aos dias de hoje.
1.1 - Breve Histórico da Supervisão no Brasil
A idéia de supervisão surgiu com o avanço da Industrialização,
tendo em vista a melhoria quantitativa e qualitativa de produção. A posteriori, a
supervisão é assumida também pelo sistema educacional, visando um melhor
desempenho da escola em sua tarefa de ensinar.
“Durante o século XVIII e princípio do século XIX, a
supervisão manteve-se dentro de uma linha de
inspecionar, reprimir, checar e monitorar. (...) No final do
século XIX e início do século XX, a supervisão passou a
preocupar-se com o estabelecimento de padrões de
comportamento bem definidos e de critérios de aferição
do rendimento escolar, visando a eficiência do ensino”.
Niles & Lovell (1975)
No Brasil, a supervisão surgiu pela primeira vez com a Reforma
Francisco Campos – Decreto-Lei 19.890 de 18/04/1931, a partir daí a
supervisão vai assumir um caráter de liderança com valorização dos grupos na
tomada de decisões.
A partir da década de 60 a ação supervisora se volta para o
currículo, tendo em vista a melhoria da qualidade do ensino.
A denominação de supervisão escolar tem por objetivo garantir a
efetivação de uma política desenvolvimentista, fruto de alianças entre Brasil e
Estados Unidos, ressurgindo, então, a inspeção.
Essa visão de educação promove então no Brasil a formação da
primeira leva de supervisores escolares segundo o modelo de educação
americano, dando ênfase aos meios (métodos e técnicas). Inicialmente esses
supervisores atuam no ensino primário, o curso é promovido pelo Programa
Americano Brasileiro de Assistência ao Ensino Elementar (Pabaee).
O Pabaee expandiu-se no Brasil durante o período de 1957 a 1963,
preocupando-se com os meios. Sendo assim, o Programa de Assistência
Brasileiro-Americano ao Ensino Elementar (Pabaee) se propôs a capacitar os
recursos humanos para a educação elementar e a promoção do conhecimento
técnico, como meio de desenvolvimento. Então, a ação Norte Americana no
Brasil, por meio do Pabaee dissemina a ideologia capitalista americana.
Conseqüentemente a supervisão escolar passou a exercer a função de
controle e promoção do ensino.
A partir da década de 60, com a promulgação da Lei 4.024/61, fica
estabelecido que os governos estaduais e municipais devem assumir os
encargos de organização e execução dos serviços educativos.
A partir da década de 70 com a promulgação de Lei 5692/71 a
supervisão ganhou força adquirindo relevância, em virtude da fusão dos
estados da Guanabara e do Rio de Janeiro.
A Supervisão Educacional abrange atividades de assistência
técnico-pedagógica e de inspeção administrativa em todo sistema educacional.
Nasce então com o novo Estado do Rio de Janeiro: a Secretaria de Estado de
Educação e Cultura (SEEC/RJ).
Para Moulin (1975 apud Rangel, 2001, p. 24):
“A educação no novo estado foi
caracterizada como um processo
global e permanente: a formação do
homem integral só poderia ser
concebida dentro de um processo
educativo global em que múltiplas
agências seriam utilizadas no qual a
comunidade se tornaria agente e
sujeito do processo, vindo, então a
instituir-se numa ‘comunidade
educativa’. O aspecto de
continuidade, isto é, a educação que
acompanha o indivíduo no decorrer
de toda a sua vida, dá ao processo o
caráter de educação permanente.”
Assim vemos clara a preocupação com a formação global do
indivíduo e a escola se destaca como agente viabilizador do processo
educacional permanente, possibilitando atingir “todos os homens e o homem
todo”.
A Supervisão Educacional foi fundamental nesse projeto, visto que,
o supervisor foi o único técnico da Secretaria de Educação a ter acesso aos
níveis regional (núcleo) e local (escola) levando diretrizes, bem como, trazendo
os problemas encontrados nas escolas, buscando soluções e contribuindo para
troca efetiva de informações.
“No cenário nacional a supervisão escolar tornou-se uma ‘função-
meio’, que garantiria [...] a eficiência da tarefa educativa, através do controle da
produtividade do trabalho decente.” Lacerda (1983 apud Rangel, 2001, p. 75)
A supervisão nesse contexto nos parece uma atividade neutra,
independente de opção política e/ou ideológica.
Mais para Romanelle (1984 apud Rangel, 2001, p. 231):
“esta pretensa neutralidade técnica é
uma força que busca camuflar, com a
racionalidade das decisões técnicas,
o fortalecimento de uma determinada
estrutura de poder que procura, sob
várias formas, substituir a
participação social pela decisão ‘de
poucos’.”
Assim vemos que a supervisão escolar desenvolveu uma prática
voltada para os aspectos burocráticos do ensino, onde o controle era a
principal ação para assegurar a educação seu papel de reprodutora na
sociedade capitalista brasileira.
Nos anos 90 percebe-se a supervisão com uma praticidade técnica
contextualizada envolvida nos fundamentos e processos pedagógicos,
coordenando as atividades, pelo estudo e pela prática coletiva na escola. É
nessa linha de parceria e trabalho cotidiano nas escolas que a supervisão se
inicia nos anos 2000. Chega-se a conclusão que o supervisor e o professor só
atingirão os objetivos à medida que trabalharem unidos, em parceria, em
cooperação e integração.
1.2 – Breve Conceituação
Concebida como parte de um processo de controle, a supervisão
escolar foi praticada no Brasil durante muitos anos para manter a sociedade
controlada através de uma educação controlada, para isso necessitava de um
supervisor controlador e também controlado. Como afirma Celestino (2003, p.
93-94):
“Para que esse supervisor se fizesse
possível foi lhe dito e sugerido que o
controle é sempre atributo dos que
decidem, e foi-lhe dito e sugerido
também que decidir é atributo
privativo dos que detêm o poder, foi-
lhe dito e sugerido ainda que não
cabe perguntar sobre como as
pessoas chegam ao poder, e foi-lhe
dito e sugerido também que o poder é
inamovível, impertubável e sábio. Foi-
lhe dito e sugerido finalmente, que a
melhor maneira de servir aos homens
é ensiná-los a submeterem-se ao
poder que determina suas vidas. Esta
foi a lição de autoritarismo que o
supervisor e a supervisão receberam
logo após seu nascimento.”
“‘Supervisor’ o que procura a ‘visão
sobre’, no interesse da função
coordenadora e articuladora de
ações, é também quem estimula
oportunidades de discussão, na
América Latina, se faz especialmente
necessária, considerando a
importância do movimento de
emancipação social. E o ‘especialista’
supervisor, como educador e
profissional, tem o seu papel
estreitamente vinculado e
comprometido com este movimento.”
Rangel (1998, p. 147)
Nesse contexto vemos que supervisionar significa uma ampla “visão”
sobre vários aspectos das atividades escolares no processo ensino-
aprendizagem, tais como: relação professor x aluno, conteúdos, métodos,
avaliação, enfim, todo processo educativo requer uma “visão sobre” ampla e de
conjunto. Só assim estará o supervisor desempenhando seu papel de
articulador e educador comprometido com a transformação da sociedade.
Os conceitos da supervisão estão voltados para uma prática que
viabilize a pesquisa, a construção coletiva, a ampliação dos horizontes e o
alcance dos objetivos propostos. Sendo assim, se faz necessário o
envolvimento de todos. Tais como: supervisores, professores, alunos, pais,
pessoas da comunidade entre outros, articuladamente. Aliando a competência
técnica ao compromisso político.
“Mas do que em qualquer outro
domínio da atividade humana, a
supervisão em educação se
apresenta como um instrumento vital
de controle da qualidade e produto no
que este conceito tem de mais nobre.
Por outras palavras, ela deve se
entendida como o ver crítico,
construtivo e vitalizador das ações
educativas colocadas a serviço dos
indivíduos e dos grupos, tendo-se em
vista seu desenvolvimento e
transformação para melhor.” Rangel
(2003, p, 63)
Vemos então que o trabalho do supervisor deve acontecer
diariamente, o supervisor deve manter uma prática crítica constante no seu
desempenho e um esforço continuado do seu aperfeiçoamento como técnico e
pessoa. O exercício de liderança efetiva se faz necessário, bem como, a
comunicação clara e objetiva desde o planejamento do currículo até os critérios
de avaliação do processo como um todo.
Finalizando há de se destacar que quando se pensa a prática da
supervisão devemos ter claro que:
“...a supervisão é uma atividade
essencialmente cooperativa. Não
basta que se preveja a articulação de
ações. Isso de nada valerá se as
pessoas a quem estas ações estão
confiadas não se articularem também,
porque é dividindo tarefas por todos
e somando os esforços de cada um
que se diminui o despêndio de
energias e se multiplica o resultado
final. Esta é acreditamos a fórmula
que viabiliza a prática efetiva da
supervisão em Educação.” Boas
(2003, p. 70)
Confirmamos então que o trabalho da supervisão se resume a
parcerias e trabalho conjunto de toda equipe.
“... Na supervisão, o prefixo ‘super’
une-se à ‘visão’ para designar o ato
de ‘ver’ o geral, que se constitui pela
articulação das atividades específicas
da escola. Para possibilitar a visão
geral, ampla, é preciso ‘ver sobre’; e é
este o sentido de ‘super’, superior
não em termos de hierarquia mas em
termos de perspectiva, de ângulo de
visão, para que o supervisor possa
‘olhar’ o conjunto de elementos e
seus elos articuladores.” Rangel
(1988, p. 76)
O supervisor, então, necessita para um bom desempenho ter uma
visão do todo, criando com sua práxis elos que possibilitem uma melhor
articulação do processo pedagógico.
CAPÍTULO II
Forças Restritivas e Forças Impulsionadoras na
Supervisão
“Quando se sonha, traduz-se o que se
quer, o que se gostaria, o que se idealiza, mas
também o que toca a sensibilidade, o que se
esconde, o que se põe mais fundo, sem a ousadia
de aflorar, enfim, o que se concebe, embora nem
sempre encontre respaldo nas condições reais.”
(Mary Rangel, 1997, p. 69)
2.1 – Forças Restritivas na Supervisão
Numa visão restritiva a trajetória da Supervisão é vista como
especialidade pedagógica à qual incube garantir a efetividade, eficiência e
eficácia dos resultados do trabalho pedagógico. Controla, avalia e direciona
evitando desvios. O supervisor é então aquele capaz de pensar com
inteligência, equilíbrio, liderança e autoridade dominando conhecimentos
técnicos e humanos. É controlador da qualidade do ensino.
Essas forças impedem o avanço do trabalho pedagógico, o
supervisor tem no currículo e no seu objeto de trabalho controle de qualidade
apenas.
Em conseqüência das forças restritivas, os problemas educacionais
reprimidos crescem de tal maneira que se revelam cada vez mais o sonho de
uma ação supervisora que promova uma educação emancipatória.
Do sonhar ao transformar há uma distância e as forças restritivas de
controle impulsionam os supervisores a práticas capazes de viabilizar a
concretização do sonho.
“No sonho, desenha-se o supervisor
competente, entendendo-se que a
competência é, em si, um
compromisso com o público, com o
social e, portanto, com o político,
com a sua etimologia na polis
‘cidade’ coletivamente. E o interesse
coletivo opõe-se ao interesse
individualizado, na educação e no seu
serviço superior.”
As forças restritivas durante anos impediram uma ação supervisora
verdadeiramente democrática.
Essas forças estavam diretamente ligadas aos órgãos centrais como
vemos:
“(...) Nos anos 80, a supervisão, o
especialista e sua especialidade são
excluídos do sonho da transformação
e da ação que é proposta no discurso
e é executada em algumas práticas, a
exemplo do Estado do Rio de Janeiro,
que promove a exclusão dos
supervisores dos Centros Integrados
de Educação Pública (CIEPS).”
O próprio sistema inicia entraves que tentam inviabilizar a ação
supervisora.
“Nessa mesma década a
Universidade do Rio de Janeiro
reformula o seu curso de Pedagogia,
retirando a formação do supervisor,
que se transpõe para especialização
oferecida na dependência de haver
candidatos para esse nível
complementar de estudos.”
O supervisor então passa para o grau de especialização.
“Procura-se portanto, transformar o sonho em realidade, mas a
realidade não acolhe – e contradiz – a proposta sonhada.” Rangel (1998, p. 72)
Aos poucos a supervisão passa então a refletir sobre as várias
questões. O supervisor foi descobrindo que sua tarefa não era de transmitir
uma mensagem pronta e acabada, mas reunir os educadores para que eles
próprios elaborassem sua mensagem de mudança.
Sendo assim, forças que por anos impediram uma supervisão que
auxiliasse na construção de uma educação libertadora e crítica são agora
responsáveis pela luta de um novo modelo de supervisão. Surge então as
forças impulsionadoras visando a transformação.
2.2 - Forças Impulsionadoras na Supervisão
A partir da década de 80 a supervisão começa a trajetória de
reconceituação e revalorização da formação à ação, está clara a necessidade
da re-significação. Elege-se então a supervisão pedagógica pelo critério de
equilíbrio entre abrangência e a especificidade da ação. Como vemos a seguir:
“Na especificidade da ação
supervisora destaca-se a integração
das disciplinas, a ênfase nos seus
elos articulares, seja em nível de cada
série ou segmento escolar, seja em
nível seqüencial, de uma mesma
disciplina, nas diversas séries seja,
ainda, no alinhamento dos diversos
setores da escola, que se afinam pelo
mesmo tom sonorizado pela natureza,
pela finalidade educativa do seu
fazer.”
Percebe-se então diretrizes que finalmente deveriam criar suportes
ao trabalho do supervisor.
“Desfeitos os equívocos, chega-se aos anos 90 no seu sonho, na
transformação, na ação supervisora.” Rangel (1997, p. 74)
A partir da década de 90 chega-se então a práxis supervisora na
escola, tornando-se como critério as atividades do supervisor ligadas a equipe
docente num processo de muito trabalho, dedicação e esforço. Como afirma
Ronca e Gonçalves (2003, p. 29):
“Poucos profissionais no Brasil
trabalham tanto quanto os
educadores, especialmente aqueles
que exercem sua função nas escolas
de 1º e 2º graus. Sem dúvida alguma,
em nossas escolas tanto públicas
quanto particulares, existe esforço,
dedicação e muito trabalho por parte
daqueles que se dedicam à ‘nobre’
missão de ensinar. A dedicação é tão
grande que muitos ainda encaram o
magistério como vocação e diante do
miserável salário que recebem
conseguem se sentir plenamente
realizados argumentando que a
relação estabelecida com o aluno e o
crescimento deste compensam
plenamente o esforço feito.”
Neste contexto se dá a prática do supervisor, a superação dessa
situação é um desafio, precisamos mudar esta escola que temos atualmente e
essa mudança requer por parte da supervisão, criar condições para que os
educadores possam refletir sobre sua prática e seu desempenho enquanto
profissionais. Nesse sentido, o papel que o supervisor vai desempenhar para
capacitar-se e capacitar o professor encontrará alternativas através do trabalho
conjunto da reflexão em conjunto da troca de experiência entre outros.
Para isso se faz necessário rever alguns conceitos fundamentais na
prática do supervisor como por exemplo: colaboração do planejamento,
seleção dos conteúdos, procedimentos metodológicos e sistema de avaliação.
Assim procedendo, estaremos contribuindo para dar um sentido a educação
que assegure uma educação mais humanista.
“A mudança que necessitamos brota do nosso dia-a-dia, de nossa
capacidade e sensibilidade para ver aquilo que pode parecer óbvio para
outros.” Garcia (2003, p. 163).
Sendo assim cabe a nós supervisores a partir da prática diária
buscar alternativas novas capazes de viabilizar mudanças.
2.3 - Formação do Supervisor: Aspectos Legais
Julgamos necessário tratarmos os aspectos legais para que
tenhamos claro que as situações vivenciadas na área de supervisão estão
diretamente ligadas aos aspectos legais propriamente dito. Os órgãos
controladores do governo influenciaram e influenciam diretamente nesse
processo educacional com uma opção política que ao longo da história da
supervisão não tem interesses reais de mudança e progresso, mas sim de
continuar controlando o sistema educacional para uma política capitalista
atendendo o interesse de poucos.
“para se compreender o real
significado da legislação não basta
entender à letra da lei: é preciso
captar o seu espírito. Não é suficiente
analisar o texto, é preciso examinar o
conteúdo. Não basta ler as linhas é
necessário ler as entrelinhas.”
Saviani (apud Silva, 1976, p. 75)
Cabe a nós percebermos o que vem por detrás das boas intenções
do governo.
O parecer nº 252/69 foi elaborado pelo Conselho Federal de
Educação em decorrência da atribuição que lhe foi conferida pela lei nº 5.540,
de 28 de novembro de 1968, que regulamenta a Reforma Universitária...
“A lei 5540/68 em seu art 30, ao
dispor que a formação de professores
para o ensino de 2º grau de
disciplinas gerais ou técnicas, bem
como o preparo de especialistas para
o trabalho de planejamento,
supervisão, administração, inspeção
e orientação no âmbito de escolas e
sistemas escolares far-se-á em nível
superior explícita, pela primeira vez
que a Supervisão e Inspeção são
especializações distintas.”
Esse parecer veio reafirmar cada vez mais o trabalho de controle do
supervisor.
“O parecer 252/69 do Conselho
Federal de Educação, ao propor os
currículos mínimos para o curso de
graduação em Pedagogia, reforça e
enriquece a preposição da lei 5540/68
ao definir as cinco habilitações
pedagógicas: supervisão,
administração, orientação, inspeção e
magistério e ao indicar as matérias
que devem compor a parte
diversificada de habilitação em
supervisão, praticamente
caracterizou o campo de atuação de
especialista em supervisão, como de
natureza predominantemente
pedagógica.”
“O supervisor escolar vem assumindo no Brasil um papel profissional
que o caracteriza, basicamente como um elemento ativador de Sistemas
Educacionais, tanto em nível de micro como de macrosistema.”
Isso nos mostra que cada vez mais a supervisão atua no sistema
educacional com um todo.
“O Supervisor Escolar terá como área de ação o currículo, o
subsistema Ensino aprendizagem e o Processo Educacional.” (Projeto de Lei
nº 1761-D de 1979)
A presente lei tem por finalidade regulamentar a profissão da
Supervisão visando garantir a eficiência e eficácia do processo educacional no
âmbito dos sistemas educacionais (federal, estadual, municipal e particular) em
seus diferentes níveis e modalidade de ensino e na área empresarial.
Mas o projeto de lei 1761_D de 1979 foi vetado pelo então Exmo. Sr.
Presidente da República, na sua integralidade, então logo, a categoria dos
supervisores encaminhou aos presidentes do senado federal e da câmara
federal um documento, fazendo considerações sobre o veto.
O que não mudou em nada a situação.
A lei 5692/71 em seu artigo 33 legitima os achados especialistas da
educação no sistema educacional brasileiro pressupondo conceitos
pedagógicos baseados em teorias modernas desconhecidas.
No caso da supervisão a lei 5692/71, via na escola um sistema
social formado de grupos e subgrupos interagindo entre si. A supervisão é vista
então como um processo que garanta o acompanhamento do processo ensino-
aprendizagem, elemento básico do trabalho pedagógico.
As propostas de mudanças da lei 5692/71 ocorreram num momento
político altamente autoritário e centralizador. Nesse contexto o supervisor
continuou então a exercer um papel controlador com fins burocráticos. Um
papel isolado e pouco motivador, pouco crítico e criativo. E assim legalmente
viveu a supervisão por longos anos, até que então nasce a nova LDB - Lei de
Diretrizes e Bases 9394/96: “Inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais
de solidariedade humana e tem por finalidade o livre desenvolvimento do
educando (...)”
Algumas considerações sobre o supervisor escolar, sob a visão da
nova lei se fazem necessárias.
Segundo visão da nova lei, ao supervisor está reservado um
enfrentamento diante dos desafios educacionais do presente e do futuro.
A lei 9394/96 em seu artigo 64 diz:
“A formação de profissionais de
educação para administração,
planejamento, inspeção, supervisão,
orientação educacional para a
Educação Básica será feita em cursos
de graduação em Pedagogia ou em
nível de pós-graduação, a critério da
instituição de ensino, garantida,
nessa formação a base comum
nacional.”
Assim a lei de 1996 começa um novo modelo educacional que
requer a revisão do papel de todos educadores. Há que se dar valor às
experiências trazidas pelos alunos, investigando e diagnosticando suas reais
necessidades.
Se faz necessário aos supervisores aprofundarem estudos e
discussões para uma melhor atuação, podendo citar como exemplo de ação:
• Participação coletiva no projeto político pedagógico da escola;
• Participação ativa em grupos de trabalho visando conhecer a
realidade;
• Promoção e integração dos professores;
• Contribuição efetiva na criação de uma “nova cultura de
avaliação”;
• Colaboração na formação continuada dos professores;
• Participação nos cursos de atualização ou de formação
continuada;
• Incentivo a inovações pedagógicas;
• Desenvolver projetos de pesquisas visando novos procedimentos
de avaliação;
• Organizar programas de recuperação paralela para os alunos;
• Integrar seu trabalho ao do orientador educacional;
• Criar um intercâmbio junto a outras instituições educacionais.
Essas entre outras ações têm por finalidade fortalecer o supervisor
educacional no desempenho de seu papel.
Concluímos então que o trabalho da supervisão requer uma reflexão
diária através das “entrelinhas” quer seja a nível de escola, quer seja a nível de
sistema, é necessário romper com a situação que faz de nós simples
cumpridores de ordem. Esse é mais um de nossos desafios enquanto
supervisores.
CAPÍTULO III
Análise da Ação Supervisora no Cotidiano Escolar
“Para problemas complexos,
históricos e crônicos não existem
saídas simples. Esse é o desafio a ser
enfrentado em um projeto político e
pedagógico coletivo e transformador.
A construção de uma escola
verdadeiramente democrática
acessível a todos.”
3.1 – Desenvolver Ética entre os Parceiros
“É preciso fazer uma desconstrução dos modos habituais de
trabalho em todos os níveis de ensino. [...] Não é possível pensar os seres
humanos longe, se quer, da ética, quanto mais fora dela.” Freire (1988, p. 37)
Numa proposta de transposição do trabalho do supervisor e análise
das práticas realizadas hoje, não poderíamos deixar de falar sobre a tão
necessária aos profissionais do ensino, onde muitos entraves e forças
restritivas se dão por conta de práticas muitas das vezes antiéticas.
Para uma prática transformista na educação é fundamental o
exercício de respeito e transparência entre os parceiros, a prática da moral
deve ser um exercício diário. O pensar certo com coerência nas decisões a
serem tomadas é primordial, visto que, faz parte do pensar certo o
compromisso político assumido, a aceitação do novo, a rejeição a qualquer
forma de discriminação.
O pensar certo é, antes de tudo, o agir certo, é ser um exemplo, um
modelo.
Desenvolver a ética entre os parceiros no ambiente escolar é mais
um desafio a ser vencido pela supervisão educacional. A mesma deverá
desenvolver práticas que favoreçam: a competência, o diálogo, e a coerência
nos trabalhos desenvolvidos.
Abaixo estão enumerados alguns princípios que favorecem o
desenvolvimento ético no trabalho pedagógico.
• Organização do trabalho, considerando o respeito, a moral,
diálogo do grupo de professores facilitando a comunicação,
cultivando a clareza e a transparência;
• Incentivar o intercâmbio entre colegas, que apresentem
dificuldades de relacionamento;
• Promover revisão curricular de forma participativa;
• Pensar e refletir sobre sua ação supervisora;
• Levar os docentes a refletir sobre sua própria prática;
• Facilitar a ação integrada com os demais segmentos da escola;
• Levar em consideração todas as opiniões valorizando todos
igualmente;
• Estar aberto a novas mudanças significativas;
• Manter-se atualizado e dinamizar a formação continuada dos
professores;
• Seguir a legislação adequando-a a realidade da escola;
• Respeitar o professor como pessoa e aceitar suas sugestões.
Enfim ressaltamos a importância desses princípios serem
vivenciados e praticados pela supervisão e todos envolvidos no processo
educativo, assim o supervisor estará sendo um agente mobilizador de
intercâmbio de valores, atitudes e ações que favoreçam uma prática educativa
dinâmica e criativa.
3.2 – Planejando o Currículo
“(...) Na dimensão pedagógica reside
a possibilidade da efetivação da
intencionalidade da escola, que é a
formação do cidadão participativo,
responsável, compromissado, crítico
e criativo. Pedagógico, no sentido de
se definir as ações educativas e as
características necessárias às
escolas de cumprirem seus
propósitos e sua intencionalidade.”
Veiga (1995, p. 43)
O planejamento do currículo só poderá ser elaborado a partir da
definição da direção que desejamos dar ao processo educativo.
Nossos objetivos e tarefas deverão contemplar nossa Filosofia.
Numa visão transformadora: planejar o currículo, significa levar nossos
educandos a assimilarem conhecimentos científicos que desenvolvam suas
potencialidades e pratiquem ativamente sua cidadania.
O currículo deve ser planejado não apenas partindo das matérias
que serão ensinadas, ele deve visar também a melhoria da vida do indivíduo e
da comunidade. Deve ser elaborado para cada escola com a participação de
todos aqueles que direta e indiretamente estão ligados à dinâmica do processo
educativo: diretor, supervisor, pedagogo, orientador educacional e professores.
Juntos definirão os objetivos finais, o conteúdo básico, os métodos e as
estratégias de avaliação.
No planejamento do currículo devemos levar em conta a realidade
de cada escola e as sugestões apresentadas pelo Conselho Estadual de
Educação (CEE) que abrangem os seguintes aspectos:
• Subsídios para elaboração dos currículos;
• Relação das matérias que podem construir a parte diversificada
numa tentativa de atender peculiaridades locais;
• Normas de avaliação;
• Recuperação dos alunos.
Essa orientação fornecida pelo CEE baseia-se nas diretrizes que
emanam do Conselho Nacional de Educação (CEE). Estas diretrizes refletem a
política educacional expressa na constituição.
Cabe ao CNE fixar, para cada segmento, as matérias relativas ao
núcleo comum, definido também seus objetivos e sua extensão.
O CEE estabelece as matérias que constituirão a parte diversificada
do currículo de Ensino Fundamental e Médio. A escola poderá assim assumir a
iniciativa da proposição de outras matérias e incluí-las em sue currículo, se
aprovadas pelo Conselho de Educação competente.
Quem planeja?
CNE Fixa diretrizes para organização - Leis
curricular a nível nacional - Pareceres
- Resoluções
- Estabelecimentos
de conteúdos
mínimos
CEE Faz as adequações necessárias, - Relação das matérias que a
considerando as peculiaridades escola elegerá para a parte
locais. diversificada do
currículo. - Estabelecimento de normas
(transferência, matrícula,
avaliação e recuperação).
- Julgamento de casos.
Unidade Elaborar o currículo pleno* - Objetivos
Educacionais.
* Currículo pleno: É o conjunto formado pelos currículos das diferentes séries e turmas escolares.
atendendo às possibilidades - Conteúdos.
do estabelecimento e as - métodos. necessidades e características - Recursos
da clientela - Avaliação
Definido o planejamento do currículo a escola vai trabalhar no
sentido de formar cidadãos conscientes, capazes de compreender e criticar a
realidade, atuando na busca da superação das desigualdades e do respeito ao
ser humano.
3.3 – Projeto Político Pedagógico: Uma Construção de Todos
O projeto político pedagógico busca permitir a participação de todos
os envolvidos no processo educacional o enfoque da “razão cultural” para
gestão escolar através de novas abordagens que segundo Maria Cecília
Sanches Teixeira “essa participação tem por característica permitir um
questionamento de enfoques teóricos que orientam as práticas pedagógicas e
administrativas e nos sistemas de ensino.” Teixeira (1990, p. 92)
A construção do projeto político pedagógico da escola deve estar
alicerçado na relação pedagógica que se estabelece desde a sala da aula,
fundamentada no diálogo, na reflexão crítica e política.
Tendo em vista a necessidade do P.P.P nas escolas e a diversidade
de conhecimentos dos profissionais envolvidos no processo. A supervisão
deverá propor reuniões para estudo que esclareçam:
- O que é Projeto Político Pedagógico?;
- O papel de cada segmento na prática do planejamento;
- Princípios objetivos e características do P. P. P.;
- Delimitação do marco referencial da escola;
- Análise da realidade constatada;
- O que faremos em nossa escola: ação concreta, linha de ação,
atividades permanentes e determinações.
O documento vai registrar o maior número de informações possível.
Esse documento deve ser redigido por uma comissão escolhida pelos
participantes. E assim dar início à execução das ações planejadas.
A avaliação do desenvolvimento do projeto político pedagógico será
permanente através de reuniões entre todos envolvidos para tomada de
decisões com objetivo de construir uma escola para todos.
O projeto político pedagógico não pretende apenas cumprir
exigências burocráticas, ele tem uma ação intencional com um sentido claro e
compromisso definido coletivamente. Por isso, é político porque está articulado
ao compromisso sócio-político e aos interesses reais da população.
Essa prática de construção do projeto, deve estar amparada por
concepções sólidas e pressupõe rigor e conjunto do pessoal envolvido e
principalmente por parte da supervisão. Só assim serão rompidas as
resistências em relação a novas práticas educativas.
3.4 - Planejamento Participativo na Escola
“Planejar é segundo Vasconcelos, antecipar mentalmente uma ação
a ser realizada e agir de acordo com o previsto, é buscar fazer algo incrível,
essencialmente humano o real a ser comandado pelo ideal.”
O planejamento deve atender as especialidades dos educandos e da
comunidade se aproximando o máximo do contexto social de modo a
intermediar e aprimorar as várias linguagens e conhecimentos.
O planejamento deve atender as especificidades dos educandos e
da comunidade se aproximando o máximo do contexto social de modo a
intermediar e aprimorar as várias linguagens e conhecimentos.
Planejar implica conhecimentos e reflexão sobre a realidade,
seleção dos meios, metas que se pretende alcançar e avaliação permanente
do processo, procedendo assim estaremos contribuindo para assegurar a
participação e integração de todos os envolvidos.
Sendo a educação um processo de construção social e formação do
ser humano entendemos seu o planejamento participativo ferramenta relevante
nesse contexto.
A seguir analisaremos um modelo básico do planejamento
participativo segundo Maristela P. Generasca e Danilo Gandin (2002).
Modelo Básico
1 – Referencial
Marco Situacional
Marco Político
Marco Pedagógico
2 – Diagnóstico
Necessidades
3 – Programação (organização do processo)
Objetivos
Políticas e Estratégias
Atividades Permanentes
Determinações Gerais
Marco Referencial (o que queremos alcançar?)
É a busca de um posicionamento:
• Político – visão de ideal de sociedade e de homem;
• Pedagógico – Definição sobre a ação educativa e sobre as
características que deve ter a instituição que planeja.
Diagnóstico (o que falta para ser o que desejamos)
É a busca das necessidades, a partir da análise da realidade e ou do
juízo sobre a realidade da instituição (comparação com aquilo que desejamos
que seja).
Programação (o que faremos concretamente para suprir tal falta?)
É a proposta da ação. O que é necessário e possível para diminuir a
distância entre o que vem sendo a instituição e o que deveria ser.
Construindo o plano global seguindo as três etapas, Marco
Referencia, Diagnóstico e Programação.
A supervisão cria um documento e distribui para toda a comunidade
escolar.
O Planejamento Participativo para dar resultados satisfatórios,
precisa ter caráter científico e seguir a técnica que se faz necessária
(compreender a situação e estabelecer o rumo, verificar a distância, definir o
caminho).
3.5 - Parâmetros Curriculares Nacionais: O que são? Para que
Servem?
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, elaborados por equipes de
especialistas ligados ao Ministério da Educação (MEC), tem por objetivo
estabelecer uma referência curricular dos Estados ou das escolas integrantes
dos sistemas de ensino.
Os PCN’s são, portanto, uma proposta do MEC para eficiência da
educação escolar brasileira. São referências a todas as escolas do país para
que elas garantam aos estudantes uma educação básica de qualidade. Seu
objetivo é garantir que crianças e jovens tenham acesso aos conhecimentos
necessários para a integração na sociedade moderna como cidadãos
conscientes, responsáveis e participantes.
Os PCN’s são orientações gerais de trabalho e só funcionam quando
as sugestões que apresentam são adaptadas pelo professor para realidade de
seus alunos.
Os temas atravessam as áreas do currículo falando de assuntos que
ajudarão a escola a cumprir o papel de formar alunos cidadãos. Não haverá
aulas específicas sobre os temas transversais.
3.5.1 - Temas Transversais
3.5.1.1 - Ética
Ética é o conjunto de princípios e padrões de conduta, é construída
ao longo da nossa experiência na vida. A sociedade é que educa moralmente.
Por isso a Ética pode ser ensinada nas escolas, onde as crianças aprendem
valores e regras por meio de professores.
3.5.1.2 - Meio Ambiente
O trabalho com questões ligadas ao meio ambiente não chega a ser
uma novidade. Sua importância foi reconhecida na ECO/92. A proposta dos
PCN’s é enfatizar que o homem é parte integrante da natureza e depende dela.
Daí a necessidade de se conhecer, valorizar e preservar o meio ambiente,
entendendo os seus mecanismos de transformação e reciclagem e de como as
ações do homem podem comprometer a vida em nosso planeta.
3.5.1.3 - Saúde
A proposta dos PCN’s é tratar a saúde como um direito universal. A
abordagem deve ser realizada numa perspectiva individual em que as crianças
aprendam o funcionamento do corpo humano, os cuidados com a higiene
pessoal e com a alimentação para promoção da saúde com a higiene pessoal e
com a alimentação para promoção da saúde.
3.5.1.4 - Pluralidade Cultural
Somos um país com influência das culturas indígena, africana e
européia. Mas essas culturas são desconhecidas por boa parte da população e
ao longo de nossa história, existem preconceitos e discriminações nem sempre
assumidas e explicitadas. Os alunos devem ser levados a ter atitudes que
respeitem e valorizem nossa cultura.
3.5.1.5 - Orientação Sexual
Quem pensa que sexo não é assunto para ser conversado com
crianças está desatualizado. Os PCN’s orientam que o aluno conheça o corpo
humano, não apenas do ponto de vista da anatomia, mas ressalta que ele
convive com sentimentos e emoções.
TEMAS TRANSVERSAIS SUGESTÕES A SEREM DESENVOLVIDAS
Ética Política social, direitos e deveres, valores, a família, formação moral, cidadania, padrões de conduta, convívio social, princípios fundamentais da vida democrática, postura profissional, integração escolar/comunidade.
Pluralidade Cultural Violência social, discriminação social, desigualdade social,
diversidade etnocultural, preconceito, exclusão social, direitos humanos, direitos de cidadania e pluralidade, tradições culturais.
Meio Ambiente Semana de meio ambiente, questões ambientais, reciclagem do lixo, preservação do meio ambiente, preservação do patrimônio escolar, saneamento básico, uso indevido de agrotóxicos, exploração dos recursos naturais, pesca predatória, contaminação da água, poluição, interação do ser humano com a natureza, o crescimento desordenado da população, desmatamento, espécies em extinção, patrulheiros ambientais.
Saúde Drogas, prevenção, hábitos alimentares, fome, desnutrição, hábitos de higiene, vacinação, vida sedentária, expectativas de vida, melhoria dos níveis de saúde pessoais e da coletividade, desenvolvimento de práticas esportivas como elemento básico para uma vida saudável, primeiros socorros, alimentação alternativa, saúde escolar.
Orientação Sexual Orientação sexual na escola, sexualidade na infância e adolescência, gravidez precoce, métodos contraceptivos, aborto, reprodução humana, concepção, tabus e preconceitos, prostituição infantil, doenças sexualmente transmissíveis, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, virgindade, homossexualidade, transformações do corpo, masturbação, novas tecnologias reprodutivas, gravidez e parto, iniciação sexual.
3.6 - A Supervisão e a Escolha do Livro Didático
O trabalho da supervisão nesse sentido requer estudo, pois escolher
livros é escolher recursos de apoio ao processo ensino-aprendizagem, é
escolher conhecimentos e valores (porque em todo conhecimento existem
intenções e valores).
No desafio que a modernidade nos põem é preciso que toda equipe
leia, estude, analise criticamente e partilhe.
É importante que a escola trate o momento da decisão sobre a
escolha de livros com muito cuidado e atenção de modo que isso se dê com a
participação e critério de grupo.
Gostaríamos de ressaltar que o livro nos limita o conhecimento e o
valor que serão objetos de estudo de alunos e professores. O livro é um dos
meios didáticos para o trabalho por meio de leitura, análise de conceitos e da
realização de exercícios, que propiciam conteúdos e desenvolvimento de
habilidades de raciocínio e atitudes autônomas.
3.7 - A Supervisão e os Métodos de Ensino
O supervisor acompanha e auxilia essa prática calcado no
conhecimento metodológico (individualizados ou em grupos) compreendendo
que a recorrência a métodos e técnicas se faz de acordo com o conteúdo, a
clientela e a realidade entorno.
3.8 - A Supervisão e a Avaliação
Avaliar o processo ensino-aprendizagem num contexto histórico não
tem sido tarefa muito fácil. Problemas em vista de procedimentos menos
discriminatórios, hierarquicamente seletivos permanecem. Assim, o supervisor
em conjunto com toda escola deverá desenvolver experiências possíveis de
reformulações de conceitos e condutas avaliativas, que promovam qualificar e
não somente quantificar, que ajude na promoção e domínio de conhecimentos
básicos e socialmente relevantes no desenvolvimento das capacidades
intelectuais dos alunos.
A avaliação tem um papel relevante na democratização e
universalização do ensino assegurando tanto o acesso quanto a permanência
de todos os alunos igualmente.
Nesse momento estamos propondo que se trabalhe com uma
concepção de avaliação que liberta e emancipa política e intelectualmente,
baseada nos seguintes princípios:
• ação coletiva;
• concepção investigativa reflexiva;
• proposição de conscientização das desigualdades sociais;
• postura cooperativa entre os elementos da ação coletiva;
• privilégio e compreensão;
• consciência crítica e responsável de todos sobre o cotidiano.
3.9 - A Supervisão e a Pesquisa
Considera-se também como princípio da ação supervisora, a
pesquisa de modo a entender que o professor é participante ativo das
investigações feitas pela escola.
A escola é espaço de pesquisa e ações que visam ampliar os
horizontes, desse modo a pesquisa contribui para uma ação supervisora
abrangente e articulada com perspectivas de avanços do conhecimento e das
práticas.
Estando na responsabilidade da supervisão tudo cabe ao supervisor:
“ser autêntico sabendo comunicar
sua autenticidade estando pronto
para encontrar-se com a
autenticidade dos outros.
Autenticidade, para nós, significa
superar seu desejo de agradar e ser
reconhecido pelo outro, quanto
entram em jogo os valores maiores
de honestidade, justiça, equilíbrio e
bom senso.” Heloisa Cardoso (2003.
p. 94)
Por tudo isso, a ação supervisora exige do supervisor uma avaliação
crítica do seu desempenho e uma formação continuada visando
aperfeiçoamento como técnico e pessoa.
CAPÍTULO IV
DESAFIOS PARA UMA PRÁTICA DE
PARTICIPAÇÃO E DECISÃO COLETIVA NA
ESCOLA
“Às vezes ficamos enlouquecidos
porque esquecemos que somos
diferentes. Porque o amor não é uma
competição para que cada um supere a
força do outro, mas uma cooperação
que necessita dessas diferenças.”
Richard Bach
4.1 - O Que a Supervisão Precisa Desenvolver para Superar a
Visão Tecnicista
Para que a ação supervisora alcance os objetivos de uma nova
prática é necessário conhecer a realidade e as pessoas com as quais irá
trabalhar.
O propósito da supervisão deve ser construtivo, uma vez que o
professor precisa de orientação e auxílio, bem como, estabelecer uma unidade
de esforços através das escolas, a fim de que em todas elas a educação se
processe da melhor maneira possível.
O planejamento deve estabelecer os objetivos, programas e
estratégias a serem trabalhadas. As reuniões devem ocorrer periodicamente
com a finalidade de estabelecer e solucionar questões ligadas ao processo
educativo.
O atuar da supervisão não deve colocar ênfase nos meios de
ensino, e sim nas conseqüências do mesmo.
O supervisor não é chefe, ele deve expressar sempre normas que
oriente os professores a resolver os problemas na coletividade e não no
autoritarismo.
Para Cuberley, “a função do supervisor é diagnosticar a
necessidade, oferecer sugestões e ajuda.”
Assim concluímos que para uma ação nova se faz necessário que a
supervisão reflita cotidianamente na sua práxis.
4.2 Supervisor: Sem Autoritarismo, Um Agente de Apoio ao
Professor
Já se foi o tempo em que o papel do supervisor é o de ser bedel de
professores. Hoje o supervisor participante é co-elaborador do processo
educativo junto com os mestres, mobilizador cultural e agente da cidadania
dentro da escola.
“O supervisor não fiscaliza, não inspeciona, o supervisor
dirige o professor através de sua ação cooperativa. Ele se
insere no processo não por necessidade de fiscalizar, de
inspecionar. Mas como componente indispensável,
competente para acompanhar para ajudar.” Soares (1998,
p. 21).
Sendo assim, antes de tudo, deve-se buscar formar uma equipe
forte capaz de exercer a cooperação coletivamente. Tudo isso requer do
supervisor muita persistência, transparência e humildade. É relevante levar o
grupo a se conhecer, se respeitar, se estimar, antes de se pensar em granes
resultados. Ao passo que os professores vão se conhecendo através do
diálogo, troca de experiências vai ampliando o seu conhecimento do outro e do
mundo; tendo um comportamento profissional e social mais amadurecido ele
participa da transformação de sua prática no seu local de trabalho e evolui para
a cooperação, a autonomia moral e intelectual. Aos poucos os professores vão
percebendo suas potencialidades e vão partilhando suas conquistas.
Nesse reposicionamento do professor, o papel do supervisor emerge
como força significativa, capaz de interferir nessa mudança.
No entanto, o supervisor capaz de construir uma eficiente equipe de
trabalho precisa: conhecer o que faz, amar o que faz e acreditar no que faz.
4.3 - Supervisão e Democracia
Não poderíamos deixar de falar em democracia numa proposta que
pretende uma educação emancipatória. É importante refletirmos sobre a
democracia visto que, está ligada ao direito que todos os envolvidos no
processo educativo tem de opinar, participar e inovar.
Há de se garantir liberdade de expressão e participação nas
decisões.
O supervisor deve criar um clima de justiça que sempre prevaleça as
idéias dos envolvidos, havendo a reciprocidade na comunicação para uma
participação social livre de tensões e coações, mas, uma prática que assegure
a conquista do pleno exercício da cidadania.
Democracia passa a ser então uma questão de ideais de atitudes,
de valores, que só a educação pode oferecer.
4.4 - Supervisão e Autonomia
Para que a escola seja realmente um espaço democrático e não se
limite a reproduzir a realidade sócio-econômica em que está inserida,
cumprindo ordens e normas a ela impostas pelos órgãos centrais da educação,
deve-se criar um espaço para a participação e reflexão coletiva.
“Assim, torna-se importante reforçar
a compreensão cada vez mais
ampliada de projeto educativo como
instrumento de autonomia e domínio
do trabalho docente pelos
profissionais da educação, com
vistas à alteração de uma prática
conservadora vigente no sistema de
ensino.” Pinheiro (1998)
A autonomia requer responsabilidade e comprometimento para que
haja participação de todos e a escola possa então desempenhar o seu papel
social de promover o desenvolvimento do cidadão no sentido pleno da palavra
capazes de compreender e criticar a realidade atuando na busca da superação
das desigualdades e do respeito ao ser humano.
4.5 - Supervisão e Competências
“A ênfase primeira de qualquer modelo de competência não está nos
déficits do ser, mas nos poderes de tornar-se.” Doll (1997)
Desenvolver competências significa antes de mais nada tornar-se
um profissional reflexivo, ter espírito crítico, energia, curiosidade e
perseverança. Deve ser capaz de observar, analisar, tirar proveito das
experiências, organizar idéias de bater, pesquisar, questionar-se. Essas são as
competências necessárias à ação supervisora.
O sucesso da ação educativa requer segundo Perrenoud a
conquista de dez competências abaixo relacionadas:
1 - Organizar e dirigir situações de aprendizagem;
2 - Administrar a progressão das aprendizagens;
3 - Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;
4 - Envolver os alunos em suas aprendizagens;
5 - Trabalhar em equipe;
6 - Participar da administração escolar;
7 - Informar e envolver os pais;
8 - Utilizar novas tecnologias;
9 - Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;
10 - Administrar sua própria formação contínua.
Vemos então que o caminho a percorrer necessita de um trabalho
coletivo com professores e todos os demais envolvidos, na busca de uma
prática escolar socializada, a partir do cotidiano da escola fornecendo
instrumentos de novas práticas e conquistas comprometidas com a construção
do conhecimento e competências.
4.6 - Supervisor Escolar: Parceiro do Professor
“Educação é uma tarefa, é um
encargo coletivo, no mundo de hoje.
Portanto, é imperioso que o
supervisor contribua decisiva e
decididamente para formulação
coletiva de projetos de saídas para os
desafios propostos. (...) os discursos
foram ouvidos sempre juntos, muitos
pensados juntos e jamais formulados
juntos.” Alves (1982, p. 45)
Como trabalhar a partir do contexto, de maneira a contribuir
efetivamente para superação do atual quadro?
Este é o nosso desafio, o qual devemos responder com urgência.
Numa perspectiva de mudanças devemos encarar a escola
globalmente, para avaliá-la e detectar-lhe os desvios e apontar-lhe os cursos
de ação.
Neste enfoque a supervisão democrática deve cuidar do
aperfeiçoamento profissional de todos os envolvidos no sistema educacional,
deve inovar as técnicas didáticas.
O supervisor que estamos necessitando é aquele capaz de
repensar, refletir, redefinir e assumir a tarefa em buscar de um saber mais
crítico, que possibilite condições de desenvolver no ser humano o pensar, o
sentir e o agir.
“Se não existe espaço, se as
dificuldades são muitas cabe a cada
um, em seu nível, trabalhar e exercer
o papel de educador, não como um
missionário ou exercendo um
sacerdócio, mas como um
profissional realista e consciente do
seu papel, esclarecido quanto às
limitações e possibilidades que
existem de se fazer educação hoje.”
Moura (s.d., p. 8-13)
Vemos então que compete ao supervisor criar condições para que
os educadores possam rever sua atuação e o seu papel num contexto de
mudança.
A supervisão dos mitos e dificuldades é um desafio que se coloca ao
supervisor.
Para que possamos mudar essa situação muita coisa deve ser feita
e o supervisor deve desempenhar um papel importante nessa luta, em primeiro
lugar devemos requalificar e revalorizar o professor, devemos repensar o papel
que o supervisor vai desempenhar para capacitar o professor, e juntos
enfrentarem a tarefa de educar as crianças que estão em nossas escolas.
O supervisor deve encontrar alternativas de ação que possibilitem ao
professor viver a práxis, criar momentos de reflexão para que os educadores
juntos possam trocar experiências, rever o que foi feito e juntos encontrarem
soluções. É indispensável que as pessoas se disponham a trabalhar juntas e
se disponham a rever a forma como se relacionam.
“Numa visão transformista a prática
da supervisão exige por parte do
supervisor uma constante avaliação
crítica de seu próprio desempenho e
um esforço continuado de
aperfeiçoamento teórico, mas
especialmente, como pessoa. Para
isso deverá cultivar um maior grau de
efeito interativo, condições de
mobilização das energias dos
professores no sentido de alcançar
os objetos educacionais
perseguidos.” Maria Violeta Villas
Boas (2003, p. 64)
Assim o supervisor deverá perceber que é na interação entre
professores e alunos na prática de ensinar e aprender que se encontra o objeto
principal do seu trabalho, o supervisor não deve ter privilégios, ele deve
compreender a escola como o local de trabalho, conceber os professores como
trabalhadores da escola e principalmente conceber-se como sujeito que
produz, reproduz e pesquisa buscando diferenciar formas de ensinar, de
aprender e orientar.
O quadro a seguir apresenta uma superação da ação supervisora,
com base no quadro elaborado por Mary Rangel (2001, p. 27), mostrando uma
superação da ação supervisora na linha tradicional e renovada.
UM PENSAR SOBRE A SUPERAÇÃO DA AÇÃO SUPERVISORA
TRADICIONAL1 RENOVADA2 SUPERAÇÃO3
Ter como objetivo a harmonia do grupo
Explicitar as contradições, trabalhando o conflito com o objetivo de estabelecer relações de trabalho no grupo da escola
Explicitar as contradições, trabalhando o conflito com o objetivo de promover o processo de conscientização para ação
Buscar a igualdade num processo de mascaramento da realidade
Trabalhar as diferenças Postura de trabalho centrada no Multiculturalismo
Trabalhar tendo como base o seu próprio desejo
Trabalhar, buscando criar demandas
Trabalhar visando solucionar as problemáticas no coletivo
Ter a mesma leitura para todas as escolas
Fazer a leitura da escola, considerando sua singularidade
Fazer a leitura da escola, considerando sua identidade e o contexto social
Produzir modelos de conhecimento
Criar formas próprias de conhecimento
Valorizar o processo de construção do conhecimento
Enfatizar modelos linearizados Enfatizar a produção do professor no interior da escola, num movimento de ensinar e aprender
Enfatizar a produção e construção do conhecimento no interior da escola considerando alunos e professores pesquisadores
Ser um facilitador Ser um problematizador Ser problematizador buscando soluções coletivas numa rede dialógica que se tece através de narrativas
Ter o conhecimento como um dado absoluto
Ter o conhecimento como um dado relativo
Refletir sobre a relação conhecimento e informação na pós-modernidade
Ver na proposta pedagógica mais uma forma de modismo
Ver na proposta pedagógica mais uma possibilidade de reconstrução da escola
Ver na proposta pedagógica um fazer coletivo de reconstrução contínua da escola e busca de sua identidade
Ter comportamento de neutralidade
Ter comportamento expresso com clareza
Ter comportamento poltizado e expresso com clareza
Trabalhar tendo em vista um tipo ideal de homem
Trabalhar tendo em vista o sentido da vida humana
Trabalhar visando as garantias de direitos constitucionais e humanos
O presente quadro não esgota a superação da ação supervisora
transformadora, a cada realidade vivenciada na ação do supervisor certamente
surgirão novas reflexões e este quadro poderá sofrer muitas mudanças
diferentes da aqui apresentada.
Como dissemos o presente trabalho não encerra nem esgota
práticas que viabilizem uma ação supervisora de conjunto e parcerias.
1 RANGEL, Mary (Org.). Supervisão pedagógica: princípios e práticas. Campinas, SP: Papirus, 2001, p. 27. 2 Idem. 3 A “Superação” foi elaborada pelo grupo considerando as teorias: Tradicional e Renovada. Componentes do Grupo, turma 540: Edson Baia do Nascimento, Eneida Ferreira Cardoso, Lourdes Valada de Brito, Regina Siqueira Motta Moreira; Roselene Pereira Lemos. Rosângela Mendes de Araújo e Sandra Cristina Ferreira de Sousa Pastorino de Almeida.
O objetivo aqui é análise e reflexão da ação supervisora na
atualidade superando mitos e vencendo os desafios.
CONCLUSÃO
O conhecimento que adquiri ao longo do curso através de leitura e
pesquisa e de minha prática enquanto supervisora, deixa-nos claro que o
caminho a percorrer numa perspectiva de desmistificar a imagem do
supervisor, vencendo os desafios da pós-modernidade é longo. Em momento
algum o analisou como fácil, como “receita de bolo” mas penso que é preciso
iniciar a caminhada, pautada em processos de estudos, reflexão e ação.
Existe espaço para que a ação supervisora seja capaz de refletir
reagir e agir consciente da sua importância de seu papel no contexto
educacional.
Devemos compreende que os resultados esperados dependem de
uma ação pedagógica consciente e direcionada para construção de uma
sociedade mais justa e igualitária.
Num processo contínuo de análise, reflexão e ação da própria
prática pedagógica, a ação supervisora deverá criar espaços para a discussão
coletiva e a busca de cooperação mútua.
A superação da ação supervisora para uma educação
transformadora exige atuação de um supervisor comprometido politicamente
com sua tarefa. Esse comprometimento exige responsabilidade, formação
continuada e competência.
“A mudança que necessitamos brota de nosso dia a dia, de nossa
capacidade e sensibilidade para ver aquilo que pode parecer óbvio para
outros’.” Regina Leite Garcia (2003, p. 196)
“... qualquer caminho é apenas um
caminho e não constitui insulto
algum – para si mesmo ou para os
outros – abandoná-lo quando assim
ordena o seu coração. (...) Olhe cada
caminho com cuidado e atenção.
Tente-o tantas vezes quanto julgar
necessário... Então, faça a si mesmo
e apenas a si mesmo um pergunta:
possui esse caminho um coração?
Em caso afirmativo, o caminho é
bom. Caso contrário, esse caminho
não possui importância alguma.”
Carlos Catañeda
Assim penso que entre todos os desafios que a ação supervisora
necessita vencer, o mais importante realmente está diretamente ligado ao
amor, no exercício da caminhada a ser percorrida, pois tudo que fazemos com
amor torna-se mais produtivo e humano.
BIBLIOGRAFIA
AGUIAR, Márcia Ângela da S. & FERREIRA, Naura Syria
Carapeto (Orgs.). Para onde vão a orientação e a
supervisão educacional? 2 ed. Campinas, SP: Papirus,
2002.
ALVES, Nilda (coord.). Educação e supervisão: o trabalho
coletivo na escola. 10 ed. São Paulo: Cortez, 2003.
ANTUNES, Celso. A grande jogada: manual construtivista
de como estudar. 9 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.
CRUZ, Carlos Henrique Carrilho. Competência e
habilidades: da proposta à prática. São Paulo: Loyola,
2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes
necessários à prática educativa. 8 ed. São Paulo: Paz e
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GEMERASCA, Maristela P. & GANDIN, Danilo.
Planejamento participativo na escola: o que é e como se
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JUNIOR, Celestino da Silva & RANGEL, Mary (Orgs.)
Nove olhares sobre a supervisão. 9 ed. Campinas, SP:
Papirus, 1997.
LAROSA, Marco Antonio & AYRES, Fernando Arduine.
Como produzir uma monografia passo a passo... siga o
mapa da mina... Rio de Janeiro: WAK, 2003.
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Fundo de Valorização do Magistério. 5 ed. Rio de Janeiro:
Assembléia Legislativa, 1998.
MELO, Guiomar Namo de. Magistério de 1º grau: da
competência técnica ao compromisso político. São Paulo:
Cortez, 1982.
RANGEL, Mary (Org.). Supervisão pedagógica: princípios
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___________ . Considerações sobre o papel do supervisor
como especialista em educação na América Latina.
Petrópolis: Vozes, 1997.
RODRIGUES, Neidson. Da mistificação da escola à escola necessária. 2
ed. São Paulo: Cortez, 1988.
SILVA, Naura Syria F. Corrêa da. Supervisão educacional: uma reflexão
crítica. 11 ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
ANEXOS
ÍNDICE INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I 11
BREVE HISTÓRICO DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO BRASIL 11
REPENSANDO A HISTÓRIA 12
1.1 - Breve Histórico da Supervisão no Brasil 12
1.2 - Breve Conceituação 15
CAPÍTULO II 18
FORÇAS RESTRITIVAS E FORÇAS IMPULSIONADORAS NA
SUPERVISÃO 18
2.1 - Forças Restritivas na Supervisão 19
2.2 - Forças Impulsionadoras na Supervisão 20
2.3 - Formação do Supervisor: Aspectos Legais 22
CAPÍTULO III 27
ANÁLISE DA AÇÃO SUPERVISORA NO COTIDIANO ESCOLAR 27
3.1 - Desenvolver Ética entre os Parceiros 29
3.2 - Planejando o Currículo 29
3.3 - Projeto Político Pedagógico: Uma Construção de Todos 32
3.4 - Planejamento Participativo na Escola 33
3.5 - Parâmetros Curriculares Nacionais: O que são? Para que Servem? 35
3.5.1 - Temas Transversais 36
3.5.1.1 - Ética 36
3.5.1.2 - Meio Ambiente 36
3.5.1.3 - Saúde 36
3.5.1.4 - Pluralidade Cultural 37
3.5.1.5 - Orientação Sexual 37
3.6 - A Supervisão e a Escolha do Livro Didático 38
3.7 - A Supervisão e os Métodos de Ensino 38
3.8 - A Supervisão e a Avaliação 38
3.9 - A Supervisão e a Pesquisa 39
CAPÍTULO IV 41
DESAFIOS PARA UMA PRÁTICA DE PARTICIPAÇÃO E DECISÃO
COLETIVA NA ESCOLA 41
4.1 - O Que o Supervisor Precisa Desenvolver Para Superar a Visão
Tecnicista 42
4.2 - Supervisor sem Autoritarismo, Um Agente de Apoio ao Professor 42
4.3 - Supervisão e Democracia 43
4.4 - Supervisão e Autonomia 44
4.5 - Supervisão e Competências 44
4.6 - Supervisor Escolar: Parceiro do Professor 46
CONCLUSÃO 50
BIBLIOGRAFIA 52
ANEXOS 54
ÍNDICE 57
FOLHA DE AVALIAÇÃO 59