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1 SUSTENTABILIDADE E A CONCEPÇÃO ECONÔMICA EMPRESARIAL Rodrigo Foresta Wolffenbüttel 1 RESUMO: O presento estudo aborda as recentes transformações nas concepções empresariais de desenvolvimento sustentável a partir do crescente conjunto de pressões sociais que ampliaram os riscos de contestabilidade sobre as práticas e reputações das empresas. Logo, o estudo busca investigar o sentido atribuído pelos agentes empresariais ao desenvolvimento sustentável em face da ascensão global deste paradigma. Para tanto foram investigados os relatórios de sustentabilidade anuais de quatro empresas ligadas a rede produtiva do plástico verde, um produto desenvolvido pela Braskem S.A., por meio de pesquisas e tecnologia nacional, voltado para a sustentabilidade e marcado por um selo “verde”. Os resultados encontrados apontam para imprecisas, mas relevantes apropriações da noção em seu contexto. PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento Sustentável; Sustentabilidade; Empresas; Contestabilidade. INTRODUÇÃO A afamada crise climática e os relatórios publicados no fim do século passado pelo grupo de cientistas do Clube de Roma alteraram radicalmente a percepção da continuidade da vida humana na Terra 2 . Embora não haja consenso científico sobre as dimensões destes riscos, diferentes agentes econômicos vem alterando suas práticas e discursos em direção a novos valores ambientais. As modificações mais latentes podem ser vistas em diversos sistemas de gestões ambientais: desde índices de avaliações sustentáveis em carteiras financeiras, passando por práticas de responsabilidade social corporativa, até políticas de consumo e produção de inovações voltadas para a sustentabilidade. O estudo em questão versa sobre este processo de institucionalização de valores sustentáveis no interior de redes produtivas 1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, [email protected], mestrando em Sociologia. 2 Segundo as perspectivas apontadas pelo grupo de cientistas do Clube de Roma em seus relatórios “Os limites do crescimento” (Meadows et al., 1972) e “Além dos limites” (1992) a manutenção nos padrões de consumo e crescimento industrial levarão, num futuro próximo, ao esgotamento dos recursos naturais.

SUSTENTABILIDADE E A CONCEPÇÃO ECONÔMICA EMPRESARIAL · 2015-01-21 · 1 SUSTENTABILIDADE E A CONCEPÇÃO ECONÔMICA EMPRESARIAL Rodrigo Foresta Wolffenbüttel1 RESUMO: O presento

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SUSTENTABILIDADE E A CONCEPÇÃO ECONÔMICA

EMPRESARIAL

Rodrigo Foresta Wolffenbüttel1

RESUMO: O presento estudo aborda as recentes transformações nas concepções empresariais de desenvolvimento sustentável a partir do crescente conjunto de pressões sociais que ampliaram os riscos de contestabilidade sobre as práticas e reputações das empresas. Logo, o estudo busca investigar o sentido atribuído pelos agentes empresariais ao desenvolvimento sustentável em face da ascensão global deste paradigma. Para tanto foram investigados os relatórios de sustentabilidade anuais de quatro empresas ligadas a rede produtiva do plástico verde, um produto desenvolvido pela Braskem S.A., por meio de pesquisas e tecnologia nacional, voltado para a sustentabilidade e marcado por um selo “verde”. Os resultados encontrados apontam para imprecisas, mas relevantes apropriações da noção em seu contexto. PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento Sustentável; Sustentabilidade; Empresas; Contestabilidade. INTRODUÇÃO

A afamada crise climática e os relatórios publicados no fim do século passado

pelo grupo de cientistas do Clube de Roma alteraram radicalmente a percepção da

continuidade da vida humana na Terra2. Embora não haja consenso científico sobre as

dimensões destes riscos, diferentes agentes econômicos vem alterando suas práticas

e discursos em direção a novos valores ambientais. As modificações mais latentes

podem ser vistas em diversos sistemas de gestões ambientais: desde índices de

avaliações sustentáveis em carteiras financeiras, passando por práticas de

responsabilidade social corporativa, até políticas de consumo e produção de

inovações voltadas para a sustentabilidade. O estudo em questão versa sobre este

processo de institucionalização de valores sustentáveis no interior de redes produtivas

1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, [email protected], mestrando em

Sociologia. 2 Segundo as perspectivas apontadas pelo grupo de cientistas do Clube de Roma em seus

relatórios “Os limites do crescimento” (Meadows et al., 1972) e “Além dos limites” (1992) a manutenção nos padrões de consumo e crescimento industrial levarão, num futuro próximo, ao esgotamento dos recursos naturais.

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empresariais, mais especificamente aborda as recentes transformações nas

concepções empresariais de desenvolvimento sustentável a partir do crescente

conjunto de pressões sociais que ampliaram os riscos de contestabilidade sobre as

práticas e reputações das empresas.

Tendo isto em vista, o objetivo geral do estudo visa compreender, com apoio

nas teorias sociais do desenvolvimento e a partir das críticas formuladas pelas teorias

pós-desenvolvimentistas, o conturbado processo de legitimação da sustentabilidade

como um valor no interior de redes produtivas empresariais, entendidas como

organizações predominantemente orientadas pelo valor econômico. Desde sua

popularização a noção de sustentabilidade foi perpassada por disputas sobre seu

sentido e definição, o mais próximo que se chegou de um consenso foi com a noção

de desenvolvimento sustentável do Relatório Brundtland, publicado em 1987, que

expressou a necessidade do uso dos recursos do presente sem comprometer o uso

das futuras gerações. Contudo, esta ampla definição deixa abertura para

interpretações divergentes, que vão desde a sustentabilidade como continuidade e

durabilidade de intenções organizacionais (sustentabilidade do negócio, incluindo seus

recursos), até a noção de sustentabilidade como um valor que prevalece aos

interesses econômicos e, portanto, se oporia ao crescimento econômico desenfreado

e a expansão do consumo.

Logo, este estudo buscou conhecer o sentido atribuído pelos agentes

empresariais ao valor sustentável que adjetiva o desenvolvimento sustentável, por

meio da dinâmica reflexiva e discursiva da ação social econômica, em face da

ascensão global deste paradigma. Para tanto foram investigados recentes relatórios

de sustentabilidade anuais de empresas ligadas a rede produtiva do plástico verde, um

produto desenvolvido pela Braskem S.A. em 2007, por meio de pesquisas e tecnologia

nacional, voltado para a sustentabilidade e marcado por um selo “verde”. A análise de

conteúdo dos relatórios investigados considerou a utilização dos termos, sua

frequência, contexto e definição, apontando para diferentes apropriações de

desenvolvimento sustentável. Os relatórios investigados, referentes ao ano de 2012,

foram elaborados por quatro grandes empresas (Braskem, Natura, Kimberly-Clark e

Tigre) ligadas pela utilização do plástico verde. Um produto inovador cujas

propriedades materiais e fins de utilização são exatamente os mesmos de seu

antecessor, porém tem como diferencial sustentável a matéria prima renovável de sua

composição, ao invés de uma matéria prima fóssil. Ou seja, utiliza etanol como matéria

prima ao invés de petróleo, caracterizando, assim, uma origem renovável.

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Ademais, a adoção deste produto no lugar do plástico comum implicaria

reduções de emissão de CO2 na atmosfera, o que sugere uma relevante preocupação

destas empresas em relação à temática ambiental e à sua reputação diante da

sociedade. Este critério encontra-se em concordância com as principais diretrizes da

ONU e do IPCC3, no combate ao aquecimento global mediante efeito estufa. Porém,

ao considerar outros aspectos da produção como a dependência da monocultura da

cana de açúcar ou as condições do trabalho extrativista, a sustentabilidade do produto

encontra-se questionada. Portanto, a noção de desenvolvimento sustentável adotada

pelas empresas encontra-se permanentemente tensionada por críticas oriundas de

diversas posições. Entre estas, a perspectiva teórica da contradição imanente entre os

conceitos de desenvolvimento e sustentabilidade desponta como uma das mais

contundentes. Por isso torna-se relevante investigar as noções de desenvolvimento e

sustentabilidade mediante suas origens e desdobramentos.

Longe da pretensão de esgotar este imenso tema, espera-se aqui contribuir

para a compreensão do polêmico conceito de desenvolvimento sustentável, com

auxílio das teorias pós-desenvolvimentistas, em relação às teorias divergentes e a luz

dos dados investigados junto aos relatórios das empresas. O presente estudo é parte

integrante do projeto de pesquisa de dissertação do autor, ainda em andamento e

voltada para ação socioeconômica empresarial sustentável. Dito isto, o texto é

organizado da seguinte forma: Na primeira secção são expostas as principais

concepções de desenvolvimento e suas perspectivas pós-desenvolvimentistas. Na

secção seguinte é trabalhada a noção de desenvolvimento sustentável, sua origem e

as principais críticas à noção. A terceira secção destina-se a apresentação e análise

dos dados coletados junto aos relatórios de sustentabilidade, por intermédio destes

documentos foi realizado um inventário do emprego do desenvolvimento sustentável

nas diferentes empresas. Por fim, na última parte do texto é realizado um balanço das

perspectivas teóricas apresentadas, suas contribuições e limites diante do investigado.

A CONTROVÉRSIA DO DESENVOLVIMENTO

Intimamente ligado ao projeto Iluminista de modernidade e frequentemente

associado à noção de evolução, o conceito de desenvolvimento, apesar da imprecisão

semântica, possui um poder imenso sobre os teóricos sociais. Mais que mudança

social, pois possui um sentido claro, mas menos que progresso, pois nem sempre

3 Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas resultado da cooperação entre a

Organização Meteorológica Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente das Nações Unidas.

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pressupõe um valor normativo pré-definido a este sentido, o conceito foi amplamente

utilizado por autores como Marx (desenvolvimento das forças produtivas), Durkheim

(desenvolvimento das formas de divisão social do trabalho) e Weber (desenvolvimento

das concepções de mundo). Não é gratuito que os principais autores clássicos da

sociologia tenham utilizado o desenvolvimento como ferramenta analítica, afinal

estavam todos voltados para as radicais transformações ocorridas na sociedade

europeia ocidental nos últimos séculos, que teriam originado a modernidade.

Entretanto, já nestas acepções o conceito apresentava diferenças

fundamentais, variando em graus de linearidade, positividade e universalidade. Entre

estes teóricos, talvez Weber tenha sido o autor menos otimista em relação ao

desenvolvimento e as transformações envolvidas. Diferente de Durkheim e Marx,

Weber não via o desenvolvimento como uma sequência necessária de etapas com

base em um critério hierárquico normativo. Segundo Souza (1997) a concepção

weberiana pode ser considerada neo-evolucionista, pois diferencia a lógica do

desenvolvimento de sua dinâmica, considerando-o como uma retrospecção de

processos históricos contingentes, onde as estruturas seriam universais e os

conteúdos particulares. Neste sentido, as múltiplas concepções de mundo poderiam

ser ordenadas retrospectivamente, em seus diferentes desdobramentos, através do

desenvolvimento de suas respectivas estruturas de consciência sem uma necessidade

teleológica ou funcional. Todavia, mesmo esta ideia de desenvolvimento prioriza

alguns aspectos da realidade em detrimentos de outros, porém apresenta em sua

elaboração um diferencial fundamental em relação às outras teorias, trata a

modernidade ocidental, derivada de uma concepção de mundo particular, como um

fenômeno contingente e paradoxal, perpassado por contradições e tensões. Por sua

vez, esta potencial ambivalência do desenvolvimento moderno, tributária de outros

grandes pensadores como Nietzsche, fomenta toda uma tradição teórica crítica ao

desenvolvimento.

Contudo, esta perspectiva paradoxal do desenvolvimento está longe de ser

predominante. O conceito de desenvolvimento possui uma longa trajetória teórica

vinculada à positividade e às mudanças orientadas a partir de metas definidas. Tal

como durante o período Iluminista europeu, com os conceitos de civilização e

progresso, por intermédio do avanço da razão sobre as tradições, da ciência sobre o

mundo, do universal sobre o particular. Mas também após o advento das Revoluções

Industriais, quando a melhoria das condições materiais de vida das sociedades

ocidentais, através do desenvolvimento técnico-científico, eram associadas ao

progresso da humanidade (DUPAS, 2007). Todavia, os trágicos desfechos da

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Segunda Guerra Mundial tenderam a arrefecer esta crença inabalável no progresso

por intermédio do avanço da razão, ciência e tecnologia.

Não tardou, contudo, a surgir um novo critério, ou melhor, uma nova meta para

o desenvolvimento. Durante o período de reconstrução do pós-guerra é inaugurado

um período histórico em que o desenvolvimento, baseado nas políticas de Estado, é

pautado pelo crescimento econômico e pela expansão da indústria nos moldes

fordistas e taylorista. Neste período a noção de desenvolvimento associa o

crescimento econômico, medido pelo produto interno bruto dos países, ao progresso

tecnológico derivado do processo de urbanização e modernização industrial. Todavia,

com a aproximação da Guerra Fria, este desenvolvimento intermediado pela

industrialização passou a representar não apenas um processo no qual os países

“centrais” estavam envolvidos e interessados, mas uma política de intervenção onde

havia dois projetos de sociedade em disputa (socialista e capitalista), e em que todos

os países deveriam alcançar o pretenso desenvolvimento. De dinâmica da

transformação social o desenvolvimento transformou-se em uma meta necessária e

alcançável a todos mediante auxílio externo.

É com base neste contexto de desenvolvimento internacional que surgem as

teorias pós-desenvolvimentistas, e é a partir da lógica discursiva do

subdesenvolvimento, com base na teoria pós-estruturalista especialmente, que

emergem as propostas teóricas de desenvolvimento como uma mudança induzida,

geralmente por agentes externos. Segundo autores como Ferguson (1990) o conceito

de desenvolvimento encerra uma problemática dominante, através da qual, os países

pobres são interpretados, e essas interpretações discursivas possuiriam efeitos reais.

No seu estudo sobre Lesotho, Ferguson (1990) debruça-se sobre as consequências

não intencionais deste aparato desenvolvimentista, que tenderiam a resultados

despolitizantes, voltados para a manutenção da própria estrutura do desenvolvimento,

focadas na técnica e na ausência de algo que deveria existir. Entretanto, a questão

não residiria sobre o descompasso entre o discurso e prática, capaz de ser corrigida

por uma reforma esclarecida, mas sobre o próprio discurso de desenvolvimento, que

envolveria necessariamente uma objetivação e uma definição externas sobre os

países pobres. Um discurso que disciplinaria e dominaria conforme os termos

propostos.

Para Rist (2008), em sua análise histórica do desenvolvimento, é justamente o

discurso de posse do presidente americano Henry Truman, em especial o quarto ponto

do discurso, que marca o início da “era do desenvolvimento”. Pois sua proposta de

beneficiar regiões subdesenvolvidas do globo insere a questão dicotômica dos países

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desenvolvidos e subdesenvolvidos, possibilitando uma nova configuração da

distribuição de poder, não mais entre impérios e suas colônias, mas entre nações em

pé de “igualdade” na busca por este desenvolvimento medido pelo PIB. Não obstante,

a única via possível para esta meta torna-se a intervenção econômica, política e

científica dos mais desenvolvidos. Numa espécie de “teologia da salvação pela

intervenção” que ignora diferenças históricas entre países e promove a ideologia

liberal americana a este nível.

Esta política de intervenção rumo à modernização teria como resultados não

apenas a introdução de agências e especialistas oriundos dos países industrializados,

mas também possibilitaria o acesso consentido e estimulado de grandes empresas de

capital transnacional, interessadas na mão de obra barata ofertada, nos recursos

naturais disponíveis e na legislação social e ambiental mais branda existente nos

países periféricos. Culminando com o controverso processo de movimentação das

grandes empresas extrativas e transformadoras para países do hemisfério sul.

Entretanto, há algumas importantes ressalvas a estes argumentos a serem

observadas. Segundo estas perspectivas a alternativa a este aparato do

desenvolvimento seria uma mudança radical nas práticas de saber e fazer, através de

novos discursos e representações da realidade, ou seja, abandonar o discurso do

desenvolvimento e seus termos. Todavia, uma das críticas que se faz a este

argumento pós-desenvolvimentista é que ele não indicaria soluções para a questão

que suscita sobre o aparato do desenvolvimento. Segundo Nustad (2007), esta crítica

de ausência de instrumentalidade não seria suficiente para deslegitimar o argumento

pós-desenvolvimentista, pois a crítica ao aparato em si já seria válida para

compreender a dinâmica em jogo nos projetos de desenvolvimento. Porém o autor não

se isentaria da alternativa reformista, propondo, por intermédio da uma abordagem

mais fundamentada nos argumentos pós-desenvolvimentistas, projetos menos focados

nos discursos dos “desenvolvedores” e atentos às restrições impostas pelas

concepções de intervenção.

Há, contudo, críticas mais sérias à abordagem pós-desenvolvimentista, que

dizem respeito a sua análise e a fé que depositam sobre os movimentos sociais como

ponto de resistência aos discursos desenvolvimentistas. Storey (2000) elenca quatro

importantes desafios a serem superados por esta perspectiva. O primeiro diz respeito

à forma monolítica que os autores tratariam os projetos de desenvolvimento,

traduzindo-se em algumas concepções exageradas e totalizantes do desenvolvimento.

O segundo é a ausência de uma problematização adequada ao desejo de algumas

comunidades em relação ao desenvolvimento, afirmar que todo desejo é uma

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construção do discurso tolheria radicalmente a possibilidade de agência destas

comunidades. Um terceiro ponto reside sobre o excesso de confiança que esta

abordagem depositaria sobre os movimentos sociais, designados como agentes da

mudança, e a ausência de garantias que estes mesmos grupos não reproduziriam

lógicas autoritárias e discriminadoras. E por fim, o quarto ponto alega que movimentos

sociais operam em torno de problemas pontuais e podem não ser páreos para o poder

de grandes forças, como o crescente capital globalizado.

Em geral, esta crítica questionaria um suposto romantismo negativo da

abordagem pós-desenvolvimentista, incapaz de perceber as matizes e nuanças

envolvidas nos diferentes projetos de desenvolvimento. Contudo, convém ressaltar

que isto não anula a poderosa crítica de que projetos e políticas de desenvolvimento

voltadas para a modernização podem, em última instância, legitimar estruturas de

poder e dominação. Este argumento relembra que os projetos de desenvolvimento

pressupõem um norte normativo, um modelo em que se deve basear e buscar,

portanto envolve uma diferença de poder (de hierarquia no percurso) e, talvez, uma

tutela. É neste preciso ponto que autores como Radomsky (2010) propõe uma

conciliação entre as perspectivas pós-desenvolvimentistas e os estudos sobre

modernidade/ colonialidade. Segundo o autor, o conjunto destas abordagens permite

visualizar como este discurso da modernidade via desenvolvimento torna-se o único

caminho possível, revelando, desta forma, a impossibilidade de pensar em termos

externos, como modernidades alternativas, ou alternativas a modernidade. Os

desdobramentos sugeridos desta afirmação apontam para uma crítica ao

desenvolvimento “como um processo que naturalizou a versão modernizante para a

qual o saber científico constitui o eixo de conhecimento válido” (RADOMSKY, 2010,

p.158) em detrimento de outras formas de conhecimento não ocidentais.

Consequentemente esta naturalização do paradigma moderno de ciência como

única fonte legítima do saber, pautado por critérios de efetividade e eficiência,

juntamente com os processos de valorização do capital, implica no predomínio de uma

racionalidade instrumental sobre os homens e natureza (BAUMGARTEN, 2002). Neste

paradigma a natureza é concebida exclusivamente como um objeto externo ao

homem, passiva e passível de ser submetida por ele aos seus desígnios

modernizantes. Reside justamente sobre este ponto o mais atual entrave ao projeto

moderno de desenvolvimento: a finitude dos recursos naturais e o irreversível colapso

de ecossistemas promovidos pela atividade humana.

De qualquer forma, a anunciada morte do conceito desenvolvimento parece

longe de ocorrer. Em parte devido às complexidades e diversidade envolvidas nos

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processos sociais, mas também devido à centralidade que ocupa no debate político

atual, expressa através do polêmico conceito de desenvolvimento sustentável e seus

desdobramentos.

A EMERGÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Embora a noção de sustentabilidade possua origens próprias e específicas,

sua atual expansão e popularização estão intimamente ligadas à trajetória de um

conceito fundamental para a teoria social. O conceito de desenvolvimento, na forma de

substantivo, passou a contar, no fim do século passado, com o adjetivo sustentável

para expressar um novo projeto político e modelo de desenvolvimento. Logo, é

impossível falar de sustentabilidade sem considerar sua intrincada conexão com o

desenvolvimento sustentável.

As origens deste termo, contudo, remetem a desdobramentos anteriores ao

seu surgimento. Origens são sempre arbitrárias e no caso do debate sobre o

desenvolvimento sustentável alguns autores retornam a Thomas Malthus e a questão

do crescimento demográfico exponencial para localizá-lo. Contudo, um marco mais

representativo do debate, em nível internacional, é a mencionada publicação do livro

“Os limites do crescimento” (MEADOWS et al, 1972), publicado no mesmo ano da

primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em

Estocolmo. Nesta publicação um grupo de cientistas do Clube de Roma, através de

um modelo computacional, avaliou as consequências futuras da manutenção das

taxas de crescimento econômico e populacional sobre a poluição e a exaustão dos

recursos naturais. Embora os resultados tenham sido acusados de alarmistas e alvo

de críticas por não considerarem transformações na base produtiva e social, sua

publicação foi fundamental para introduzir a questão da finitude dos recursos no

debate econômico e popularizou a questão ambiental.

Outra crítica contundente aos resultados do livro partiu dos países do

hemisfério sul, através da Declaração de Cocoyok (1974) e do Relatório Fundação

Dag-Hammarskjold (1975), nestas publicações a principal crítica salientava a

necessária diferenciação na contribuição dos países ricos e pobres para as previsões

sobre a exaustão dos recursos naturais e reivindicava o direito dos países pobres de

crescerem economicamente (BRÜSEKE, 2001). De sorte que as primeiras tentativas

de elaborar políticas internacionais abrangentes sobre a questão ambiental

esbarraram no impasse do crescimento econômico. Contudo, a partir de 1980, com a

publicação do relatório World Conservation Strategy, liderado pela União Internacional

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para Conservação da Natureza e Recursos Naturais (IUCN), inicia-se um processo de

institucionalização da problemática ambiental ao largo da questão do crescimento

econômico (NOBRE; AMAZONAS, 2002).

Este movimento seria reforçado em três importantes eventos internacionais, a

Sessão Especial do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) em 1982, a

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente de Estocolmo (1987), onde foi

publicado o relatório Our Common Future, e a Cúpula da Terra no Rio de Janeiro

(1992). Segundo Nobre (2002), estes encontros internacionais constituíram o projeto

de institucionalização do modelo de Desenvolvimento Sustentável, um conceito

deliberadamente vago e contraditório, mas capaz de instaurar uma arena de disputa

política e mediar posições até então inconciliáveis. Em outras palavras, a instauração

do conceito permitiu uma transição da questão do crescimento econômico sendo

contraditório às preocupações ambientais, para a questão de como o desenvolvimento

sustentável pode ser alcançado. Esta transição teria permitido um consenso mínimo

para o diálogo entre a maioria das nações sobre a problemática ambiental.

O surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável ocorre em meio a

um contexto de transformações políticas, econômicas e sociais que apontaram para as

limitações e contradições do modelo de desenvolvimento anterior. Segundo Rist

(2008) este seria uma característica inerente do conceito de desenvolvimento,

permeado por contradições, a dinâmica do discurso envolveria uma constante

reconfiguração de suas metas, reflexo de seus fracassos e tropeços. Por sua vez, a

proposta do desenvolvimento sustentável assenta-se num projeto de desenvolvimento

mais abrangente e includente (SACHS, 2000), marcado pela crise das bases

desenvolvimentistas anteriores.

No final do século passado, a partir das primeiras crises mundiais do petróleo,

o modelo de produção industrialista hegemônico, assim como as políticas de governo

keynesianas, começaram a ruir diante da crescente interdependência dos mercados

internacionais e suas imprevisíveis transformações (CASTELLS, 2005). Após um

turbulento período de retomada da ortodoxia econômica convencional (BRESSER-

PEREIRA, 2006) e expansão de programas liberais, com abertura radical de mercados

nacionais e privatizações em massa, um novo projeto de desenvolvimento começou a

ganhar destaque. Este, porém, deveria dar conta de uma complexidade de novas

dimensões até então ignoradas, ou não relacionadas ao desenvolvimento.

Não se trata mais somente de crescimento econômico e progresso tecnológico,

surgem novas demandas de novos atores sociais em novas relações, demandas por

participação, autonomia, informação, equidade social, melhores condições de vida e

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responsabilidade ambiental. Desse novo contexto surgem noções de Desenvolvimento

como Liberdade4 (SEN, 2010), que embasariam índices de desenvolvimento

complexos como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e a noção de

Desenvolvimento Sustentável (SACHS, 2000), voltada para oito diferentes dimensões

do processo de desenvolvimento: social, cultural, ecológica, ambiental, territorial,

econômica, política nacional e política internacional.

Esta última noção possui o mérito de enfatizar, além das outras dimensões, o

risco potencial envolvido na manutenção das formas de produção e consumo industrial

atual, frente aos impactos e limites suportáveis pela natureza. Logo, trata-se de um

conceito onde os recursos naturais são percebidos como finitos e, portanto, devem ser

preservados a fim de possibilitar oportunidades de desenvolvimento às gerações

futuras. Em tese, o conceito envolveria uma clara dissociação da noção de

desenvolvimento da necessidade de crescimento econômico. Todavia, para autores

mais críticos trata-se de um embuste, uma contradição em termos, em que o único

elemento a ser sustentado nesta proposta é a política de intervenção dos países ricos

sobre os países pobres, numa continuação da lógica tutelar desenvolvimentista (RIST,

2008). Para o autor, o conceito paradoxal envolveria a inserção da realidade numa

perspectiva diferente, transformando o problema do desenvolvimento, e todas suas

consequências intervencionistas, em solução desejável.

Na perspectiva de outros autores, como Nobre e Amazonas (2002), o conceito

é político-normativo e faz parte de um processo de institucionalização da problemática

ambiental na política internacional, sem contrariar a priori o crescimento econômico, o

fato de o conceito ser deliberadamente ambíguo fazia parte de sua proposta de

delimitação de uma disputa política, porém os desdobramentos posteriores não eram

previstos, não como um jogo onde as cartas já estavam marcadas previamente. Já no

entendimento de Veiga (2010) o adjetivo sustentável, ao ser adicionado ao lado do

substantivo desenvolvimento, representa a emergência de um novo valor que, apesar

de não ser unívoco, expressaria “esperança de que seja possível compatibilizar a

expansão de suas liberdades [humanas] com a conservação dos ecossistemas que

constituem sua base material” (VEIGA, p.39). Ou seja, um novo valor “cujo sentido

essencial é de responsabilidade pelas oportunidades e limites que condicionarão as

vidas das próximas gerações” (VEIGA, p.40).

Entretanto, o surgimento deste valor estaria ligado a uma série de publicações

e estudos voltados para os riscos envolvidos nos padrões de consumo e produção

4 Expansão das liberdades individuais como principal fim e meio para o desenvolvimento,

através da eliminação de tudo que limita as escolhas e as oportunidades elementares das pessoas, que reduziriam suas capacidades.

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industriais5, assim como a ocorrência de catástrofes ambientais decorrentes de

atividades industriais (Bhopal, 1984; Chernobyl, 1986, Exxon Valdez, 1989;

Fukushima, 2011, etc.). Logo, trata-se de um entrave ao próprio projeto Iluminista de

modernidade e consequentemente a noção de desenvolvimento como linearidade, ou

progresso. Trata-se de um tropeço nas próprias pernas, como afirma Rist (2008).

Porém, há uma diferença fundamental neste discurso em relação aos outros, de

acordo com as previsões mais pessimistas destes pesquisadores, não haverá mais

dentro ou fora, desenvolvido ou subdesenvolvido, sustentável ou não sustentável, no

limite das consequências da ação produtiva industrial no planeta não há dicotomias

que hierarquizem desenvolvedores e tutelados. E isto ocorreria, pois grande parte dos

riscos envolvidos possuiriam dimensões globais e afetariam a humanidade como um

todo, tais como desequilíbrios climáticos, contaminações em massa ou liberação de

grandes quantidades de radiações, desastres que não respeitariam fronteiras ou

acordos comerciais (BECK, 2010).

Embora não haja um consenso científico sobre estas possibilidades, o princípio

de precaução lega o ônus da prova àqueles interessados na ação que pode levar ao

dano irreversível. Ainda assim este tipo de alarmismo catastrófico deve ser visto com

cautela, atentando para as possíveis diferenças “coloniais” que poderiam ocorrer até a

chegada desta situação de risco globalizado. De fato, como mencionado

anteriormente, já ocorreram algumas exportações de empresas poluidoras para países

do hemisfério sul com legislações ambientais mais brandas, tentativas de

privatizações de recursos naturais, ou exploração sistemática destes recursos para

países mais ricos. Fator que atenua a novidade desta perspectiva do risco para países

que sempre estiveram ameaçados por outros riscos vinculados a geopolítica colonial.

Portanto, torna-se imperativo superar as contradições inerentes a este discurso

de desenvolvimento sustentável, e talvez a única forma possível para isto seja

dissociando completamente a necessidade de expansão econômica quantitativa do

desenvolvimento como mudança qualitativa significativa. Porém, para isso seria

necessário contrariar pressupostos básicos da lógica capitalista de acumulação

ilimitada por meio do aumento ininterrupto do consumo (VEIGA, 2010).

A forma como o desenvolvimento sustentável lida com este impasse não é

muito clara, sua proposta apresenta-se como um caminho do meio entre o otimismo

convencional e o pessimismo ecológico, contudo a pretensa compatibilidade entre o

crescimento econômico e a manutenção segura dos estoques de recursos naturais e

5 “Os limites do crescimento” e “Além dos limites” (Meadows et al., 1972; 1992);

“Prosperity without grow: Economics for a Finite Planet” (Jackson, 2009).

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capacidade de absorção do ecossistema nunca é explicitada. As propostas mais

concretas apresentam uma fé, quase inabalável, no progresso tecnológico, por meio

do qual, em consonância com mecanismos de mercado, haveria a possibilidade de

uma progressiva reconfiguração do processo produtivo, mais eficiente e menos

intensivo em energia. Possibilitando, assim, a manutenção do crescimento econômico

sem o necessário esgotamento dos recursos naturais.

E mesmo esta possibilidade parece perder força diante de estudos com o de

Jackson (2009), onde o autor apresenta dados, baseados em evidências históricas, de

que ganhos de eficiência não necessariamente ocasionam reduções de escala. Pelo

contrário, nestes casos estas tendem a aumentar, pois a redução da intensidade tende

a elevar o consumo. Sob esta perspectiva, considerando uma relativa banalização do

conceito de sustentabilidade e práticas de greenwashing empresariais, fica difícil não

pensar em termos de discursos que dominam e disciplinam, porém uma alternativa

menos pessimista tenderia a ver o desenvolvimento sustentável, assim como proposto

por Furtado (1974) ou Veiga (2010), como um mito, um valor que orientaria a conduta

do homem em uma direção desejada. Com base nos desdobramentos apresentados

pelas perspectivas teóricas, torna-se relevante investigar o sentido que as empresas

atribuem, em seus discursos, a este valor sustentabilidade e, ainda mais

especificamente, ao desenvolvimento sustentável.

A CONCEPÇÃO EMPRESARIAL

De acordo com alguns estudos sobre a temática da Responsabilidade Social e

Ambiental das Empresas (RSAE) o conceito de sustentabilidade para os empresários

brasileiros vincula-se a primeiramente ao desenvolvimento econômico da empresa.

Neste sentido a “preservação do meio ambiente só é sustentável se houver lucro

econômico. Em outras palavras, uma prática ambiental que não se sustente

economicamente, não é uma prática sustentável” (CAPPELLIN; GIULIANI, 2006,

p.62). Ou seja, a concepção de sustentabilidade empresarial estaria intimamente

ligada à noção de perenidade do negócio e da organização, à sua capacidade de se

adaptar a novos mercados, melhorar sua imagem pública, ou incrementar a

produtividade através de processos mais eficientes. Contudo, e apesar desta

vinculação estreita por parte de alguns, há um relevante número de empresas

nacionais que buscam certificações voltadas para a gestão ambiental como a ISO

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140016 e outras mais recentes como a ISO 26000 (INMETRO, 2013). A adequação a

estas certificações internacionais se relaciona, em parte, com a pressão dos mercados

internacionais, porém a legislação nacional também tem evoluído em direção ao

fortalecimento dos padrões de proteção ambiental (CAPPELLIN; GIULIANI, 2006),

obrigando as empresas a adequarem-se e investirem em proteção ambiental.

Todavia, este gradual processo de institucionalização dos valores sustentáveis

e a progressiva ambientalização dos conflitos sociais (LEITE LOPES, 2004) tende a

ampliar os riscos à legitimidade social de grandes empresas expansivas. Estas,

temendo as implicações de uma contestação social de suas atividades econômicas,

tenderiam a antecipar-se à contestação por intermédio de gestões que levem em

consideração voluntária os riscos coletivos envolvidos (HOMMEL; GODARD, 2005).

Um dos mais latentes reflexos desta gestão da contestabilidade pode ser verificado

nos relatórios de sustentabilidade que algumas empresas têm produzido, juntamente

com seus stakeholders7, e publicado anualmente.

Os relatórios das empresas selecionadas para análise são guiados por um

padrão de diretrizes elaborado por uma organização internacional, Global Reporting

Initiative (GRI), e representa não apenas a formalização de princípios orientadores

voltados para metas globais de sustentabilidade, mas uma importante mudança em

relação aos antigos relatórios financeiros, voltados exclusivamente para os acionistas

e gestores. Pois, além de apresentarem indicadores vinculados a outros aspectos não

estritamente econômicos, tais como promoção de programas sociais, tratamento de

resíduos e emissões de gases de efeito estufa, representariam uma concepção mais

participativa e inclusiva das metas empresariais, uma vez que pressupõe uma série de

consultas às diversas partes interessadas da atividade econômica (comunidade,

ONG’s, trabalhadores, universidades, e governos).

Porém, estes esforços empresariais em desenvolverem produtos, processos e

gestões mais eco amigáveis, não necessariamente problematizam a possibilidade de

apropriação deste discurso de modernização ecológica, em proveito da manutenção

do paradigma de crescimento industrial anterior. Pelo contrário, segundo os autores

pós-desenvolvimentistas, reconfigurações constantes no discurso sobre

desenvolvimento fazem parte de sua lógica contraditória. Portanto, convém analisar de

6 A série ISO 14001 consiste na certificação de um grupo de padrões e diretrizes relacionadas

com a gestão ambiental. Já a ISO 26000 versa sobre a responsabilidade social, expressa pelo desejo e pelo propósito das organizações em incorporarem considerações socioambientais em seus processos decisórios e a responsabilizar-se pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente. Esta é uma norma de uso voluntário (cf. www.iso.org). 7 Em uma definição ampla Stakeholder pode ser “qualquer grupo ou indivíduo capaz de influir

ou ser influenciado pela consecução dos objetivos da organização” (FREEMAN, 1984, p. 46).

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que forma é utilizado o conceito de desenvolvimento sustentável nas concepções

empresariais e de que maneira esta utilização lida com as contradições mencionadas.

Nos relatórios de sustentabilidade das quatro empresas investigadas, foram

encontrados resultados relativamente divergentes em relação à utilização do termo

desenvolvimento sustentável. A partir dos dados apresentados na tabela abaixo,

percebe-se uma grande diferença na frequência do emprego do termo entre as

empresas. Enquanto empresas como a Braskem e a Natura utilizam amplamente a

noção de desenvolvimento sustentável em seus relatórios, a Kimberly-Clark e a Tigre

a utilizam com parcimônia, optando pelo uso do termo sustentabilidade desvinculado

do desenvolvimento. Nestas duas últimas, apenas uma vez o conceito é utilizado para

referir-se a metas das empresas, na única outra ocasião ele aparece como uma

referência ao nome de programas externos. Indicando um baixo grau de adesão

destas duas empresas ao termo. Isto talvez se deva às referidas controvérsias

envolvendo a noção e suas insolúveis implicações em relação ao crescimento

econômico. A opção pelo uso de termos como desempenho sustentável e gestão

sustentável sinaliza uma tentativa de afastar-se discursivamente destas contradições,

mantendo a relevância da sustentabilidade como um valor da empresa.

Tabela 1 – Frequência e contexto de utilização do Desenvolvimento Sustentável

Natura Braskem K-C Tigre

Referência a Programas Externos Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - RIO+20

4 4 - -

CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável)

1 2 - -

Outros 3 2 1 1 Referência a Cargos e Programas Internos 4 5 - - Desenvolvimento Sustentável como Meta ou Princípio Orientador

10 12 1 1

Definição de Desenvolvimento Sustentável 1 2 - - Resultados 3 2 - -

Total 26 29 2 2 Fonte: Elaborado pelo autor com base nos relatórios de 2012.

Por sua vez as empresas Braskem e Natura fazem um amplo uso do

desenvolvimento sustentável, principalmente como meta ou princípio orientador de

suas atividades. Em algumas destas passagens percebe-se o esforço em tratar a

noção de uma forma mais ampla, não restrita à perenidade do negócio.

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A empresa, organismo vivo, é um dinâmico conjunto de relações. Seu valor e sua longevidade estão ligados à sua capacidade de contribuir para a evolução da sociedade e seu desenvolvimento sustentável (NATURA, 2012, p.3).

Segundo esta perspectiva, a meta de desenvolvimento sustentável estaria

vinculada tanto à empresa, quanto à sociedade. Sugerindo assim uma íntima conexão

e interdependência entre estas esferas. Na passagem seguinte a empresa ressalta o

que considera serem aspectos importantes para o desenvolvimento sustentável,

invocando princípios estranhos à lógica capitalista mais predadora, tais como preço

justo, repartição dos benefícios e reconhecimento das culturas tradicionais.

Procuramos promover um relacionamento pautado pelo preço justo, pela repartição dos benefícios adquiridos com o uso do patrimônio genético e do conhecimento tradicional associado e ajudamos assim a criar condições para que essas comunidades se estruturem, diversifiquem seu negócio e promovam o desenvolvimento sustentável na sua região (NATURA, 2012, p.91).

Como princípio orientador, a noção de desenvolvimento sustentável aponta

para uma agenda de trabalho “em termos de responsabilidade econômica, social e

ambiental”. Ou seja, uma agenda em que pesem estes três aspectos do

desenvolvimento de forma “sinérgica”. Porém, conforme apontado pelas criticas

anteriores, esta abordagem permite uma leitura que perceba e submeta os outros dois

aspectos ao predomínio do econômico. Neste sentido, o social e o ambiental seriam

essenciais para a continuidade do desenvolvimento econômico da empresa, logo

caberia preservá-los o máximo possível, conquanto não contrariem a expansão

econômica do negócio.

Todavia, pelo menos nos relatórios, há indícios de uma concepção de

desenvolvimento sustentável que estende as responsabilidades empresariais para

além de sua atividade fim, incluindo preocupações com as políticas dos fornecedores,

pós-consumo de seus produtos e ciclos de consultas às partes interessadas.

Assim, foram criados sete macro-objetivos de sustentabilidade, para definir como a Empresa atuaria em relação a esses temas, buscando melhorias contínuas e de ruptura, com intuito de aumentar a contribuição ao desenvolvimento sustentável. São eles: Segurança química; Gases de Efeito Estufa (GEEs); Eficiência hídrica; Eficiência energética; Matéria-prima renovável; Pós-consumo dos resíduos plásticos; Pessoas (desenvolvimento humano). Os sete macro-objetivos perpassam transversalmente os três pilares estratégicos para o alcance da Visão 2020 (fontes e operações cada vez mais sustentáveis; portfólio de produtos cada vez mais sustentável; e soluções para uma vida mais sustentável) (BRASKEM, 2012, p.13).

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Esta perspectiva de contribuição ao desenvolvimento sustentável percebe-o

como um projeto que envolve toda sociedade e não se restringe apenas ao domínio

empresarial. Noção que extrapolaria a mera lógica de mercado estendida aos recursos

naturais e ao ambiente, pois envolve a participação de diversos segmentos da

sociedade na formação de valores e práticas mais “sustentáveis, justas e inclusivas”.

Ao encarar o desenvolvimento sustentável desta forma, as empresas comprometem-

se, em nível teórico, a trabalhar, gerir seus processos e produtos, pautadas por estes

valores. Neste sentido, os relatórios de sustentabilidade seriam uma das principais

maneiras de controlarem e apresentarem seus resultados e metas nesta direção.

Embora os meios para o desenvolvimento sustentável tornem-se mais claros

com o uso dos indicadores pautados pelo Global Reporting Initiative, divididos em

quatro grupos (Perfil, Econômico, Ambiental e Social), a definição do termo ainda

mereceria maiores informações. Aspectos relativos às estratégias de crescimento e

liderança, ainda que mediada por soluções cada vez mais sustentáveis, permanecem

inexplorados. Em geral restringem-se a solução do Relatório de Brundtland, invocando

a “capacidade de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a

capacidade de atender as necessidades das gerações futuras”, ou soluções como

“gerir o curto prazo com o compromisso de construir o futuro”.

Conforme mencionado na secção anterior, esta vaga definição do conceito,

além implicar críticas relativas ao reducionismo envolvido na noção de necessidades

das gerações futuras, pressupõe uma normatividade supostamente capaz de definir os

parâmetros valorativos que interessariam as gerações futuras. Para além da

problemática questão de incomensurabilidade valorativa entre gerações, outra

importante crítica desta definição reside na possibilidade de estes parâmetros serem

pautados predominantemente pela esfera econômica (ALMEIDA, 1997). Porém,

convém ressaltar que tais críticas concentram-se em propostas voltadas para

mecanismos de mercado como solução para os problemas ambientais, dispositivos

construídos dentro de uma racionalidade econômica e aplicados à realidade

socioambiental. Em outras palavras, soluções que propõe a lógica do mercado para

problemas criados por esta mesma lógica, tais como os créditos de carbono. Estas

críticas tornam-se ainda mais relevantes ao deparar-se com expressões encontradas

nos relatórios como “empreendedorismo sustentável” e “economia verde”. Aspectos

que indicam que, pelo menos no léxico, a tese da prevalência da esfera econômica

sobre campo social parece apresentar alguma pertinência.

Todavia, ainda que de forma imprecisa, as noções de desenvolvimento

sustentável apresentadas nos relatórios das empresas sugerem modelos de

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desenvolvimento mais abrangentes, pois envolveriam diferentes estratos da sociedade

na concepção dos objetivos, através das consultas as partes interessadas; em suas

metas, por intermédio de programas de educação ambiental e valorização de culturas

tradicionais; e na divulgação dos seus resultados, uma vez que os relatórios seriam

destinados a um público muito mais amplo que seus acionistas. Logo, um modelo que

vise uma maior consonância com os diferentes valores sociais da atualidade, não

restrito aos resultados e objetivos econômicos tradicionais.

Por fim, cabe ressaltar as diversas vezes que o termo apareceu associado à

Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - RIO+20 e ao

Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBEDS), fato

que aponta para a relevância deste encontro internacional na política empresarial,

onde foram ratificados e divulgados seus compromissos com as políticas globais para

a sustentabilidade. Por sua vez, as referências aos CEBEDS8 são um indicativo do

grau de organização destas empresas, pautadas por estes valores sustentáveis, em

nível nacional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mas onde levam as considerações apresentadas acima, o que se pode afirmar

diante dos empregos e definições do desenvolvimento sustentável pelas empresas em

seus relatórios? Uma meta para um mundo melhor ou um engodo bem formulado?

Faz-se necessário, antes de sugerir uma resposta a estas perguntas, discernir entre

as noções de desenvolvimento apresentadas no texto, como ferramenta analítica

retrospectiva, conforme sugerido por perspectivas neo-evolucionistas, ou como um

ideal, um norte para guiar e planejar as mudanças futuras. Como fruto das maiores

discordâncias e disputas, é o ultimo caso que aqui mais interessa. Pois ao se

estabelecer previamente uma meta para a mudança social, se lida com a expectativa

de futuro e talvez este seja o grande atrativo deste conceito, sua capacidade de

expressar a visão de mundo que prevalece em determinada época e o motor de sua

transformação. Porém, convém lembrar as críticas pós-desenvolvimentistas, ao

pretender universalizar uma meta e um percurso, os países centrais impuseram

violentamente seus valores a outras realidades ignorando diferenças fundamentais,

mais que isto, desconstruíram a noção de desenvolvimento como uma meta ao

8 Fundado em 1997 o CEBEDS é uma associação civil sem fins lucrativos que promove o

desenvolvimento sustentável, nas empresas que atuam no Brasil, por meio da articulação junto aos governos e a sociedade civil além de divulgar os conceitos e práticas mais atuais do tema.

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estabelecerem dicotomicamente quem havia alcançado o e quem não havia. Deixando

assim de sinalizar um percurso para adjetivar um estado.

Portanto, para atingir um mínimo de coerência e evitar as críticas pós-

estruturais, o conceito de Desenvolvimento Sustentável deveria expressar, conforme

sugeriu Veiga, um norte para a mudança social, não um norte imposto a partir de

valores externos centrais, mas um norte construído com base na percepção desta

intrincada interdependência global em relação a eventos futuros complexos,

potencialmente perigosos a todos envolvidos. Logo, a sustentabilidade do conceito

não deveria ser fixada, adjetivada como foram os conceitos de desenvolvido e

subdesenvolvido, mas compreendida como um valor, um ideal, a orientar a mudança

social.

Em conformidade com esta lógica, nenhuma empresa poderia denominar-se

sustentavelmente desenvolvida, caberia a ela apenas expressar e comprovar seu

compromisso com este ideal por meio de ações e objetivos voltados para este fim.

Ademais, para manter a conformidade com esta meta, os critérios de seleção dos

parâmetros e indicadores buscados necessitam de uma ampla discussão que envolva

diferentes estratos da sociedade interessados na atividade econômica da empresa.

Todavia, isto ainda parece pouco diante das imensas dificuldades que este projeto

envolve, pois para ser considerada uma proposta sincera, o projeto de

desenvolvimento sustentável supõe uma transformação nas principais bases do

capitalismo: acumulação ilimitada e consumo ininterrupto.

Logo, por mais que as tentativas modernizadoras voltadas para a eficiência

material e energética tendam a adiar estas contradições, o caminho para este

pretenso desenvolvimento sustentável obrigatoriamente passa por esta discussão.

Desenvolver sem crescer, apenas com base em alterações qualitativas, é uma

alternativa viável para as metas destas empresas? A resposta clara para esta

pergunta seria de grande auxílio na compreensão da apropriação empresarial do

desenvolvimento sustentável. Conquanto isto ainda não ocorra, torna-se interessante

recuperar a noção proposta por Radomsky em conciliar as teorias pós-

desenvolvimentistas e pós-coloniais, pois a mudança social pautada pela

sustentabilidade não necessariamente deveria manter-se dentro dos critérios de

transformação da modernidade, inclusive podendo ser pensada em termos de

alternativas à modernidade, uma vez que a própria modernidade engendrou os

elementos que compõe este impasse. E assim pensar modelos de desenvolvimento

não restritos à racionalidade instrumental e à lógica de acumulação.

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Entretanto, considerando a limitada relação que as empresas capitalistas

mantinham com a sociedade (e grande parte ainda mantêm), pautadas

exclusivamente pelo lucro e pela geração de empregos, justificando toda sua atuação,

no interior dos limites legais, a partir destes dois aspectos, estes relatórios de

sustentabilidade representam um grande avanço em direção a um novo patamar de

interdependência entre a esfera econômica e estes novos valores socioambientais. O

fato dos relatórios analisados terem utilizados um padrão de diretrizes elaborado por

uma organização internacional representa a formalização destes princípios

orientadores em um nível global. Porém as diferentes respostas empregadas pelas

empresas apontam para uma maior complexidade nesta relação entre o mito do

desenvolvimento sustentável que organizaria a sociedade e seus desdobramentos nas

práticas econômicas, revelando diferentes graus de adequação aos modelos e

diferentes apropriações do desenvolvimento sustentável em suas práticas discursivas,

mais ou menos explícitas e detalhadas, mas em geral, pautadas por concepções

empresariais de economia e empreendedorismo.

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