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PAULO MILAD SEBBA TABAGISMO ENTRE ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS GOIÂNIA 2004

TABAGISMO ENTRE ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DO … · de canudos, mascando-o ou ainda, não raro, inalando-o sob a forma de pó. Os colonizadores adquiriram o hábito de fumar e, progressivamente,

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PAULO MILAD SEBBA

TABAGISMO ENTRE ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DO CURSO

DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

GOIÂNIA

2004

PAULO MILAD SEBBA

TABAGISMO ENTRE ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DO CURSO

DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

Trabalho apresentado para fins de avaliação parcial na

disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II do

Curso de Fisioterapia da Universidade Católica de

Goiás.

Orientadora: Profª Drª Fábia Maria Oliveira Pinho

GOIÂNIA

2004

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Hind Jamil K. Sebba e Milad Boutros Sebba.

AGRADECIMENTOS

Sem hesitar farei o possível para me lembrar de todas as pessoas a quem devo agradecer.

Primeiro a Deus e a todos seus santos.

Aos meus pais.

Às professoras Fábia M. O. Pinho e Cristiane Leal e ao professor Adroaldo Casa Junior.

Aos meus colegas de curso, principalmente os que fizeram parte do meu estudo.

À bibliotecária Cristiane Rosa.

Aos funcionários que compõem a Comissão de Ética.

A alguns digitadores que não me recordo os nomes.

À Universidade Católica de Goiás.

SUMÁRIO

Resumo

INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------01

OBJETIVOS------------------------------------------------------------------------------------06

CASUÍSTICA E MÉTODOS ------------------------------------------------------------------07

RESULTADOS --------------------------------------------------------------------------------08

DISCUSSÃO -----------------------------------------------------------------------------------10

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ---------------------------------------------------------13

ANEXOS

RESUMO

Foram estudados acadêmicos do 6º período do curso de Fisioterapia da Universidade

Católica de Goiás com o objetivo de determinar a frequência de fumantes, ex-fumantes e

não-fumantes, bem como verificar as causas que induziram esses estudantes a adquirir o

hábito de fumar, a deixar de fumar ou a não fumar. Utilizou-se como instrumento um

questionário composto de perguntas simples e fechadas. Do total de 84 acadêmicos

matriculados no referido período, 80 (95,2%) responderam ao questionário. Destes, 83,7%

eram do sexo feminino e 98,8% eram solteiros, com idade média de 21 ± 2 anos.

Obtiveram-se 75 (93,8%) estudantes não fumantes, 3 (3,7%) ex-fumantes e apenas 2

(2,5%) alunos fumantes. Assim, a prevalência de fumantes, nesta população, foi baixa,

apenas 2,5%. Entre os fumantes, o hábito foi adquirido entre 16-20 anos de idade,

relataram fumar 1-5 cigarros/dia, começaram a fumar por curiosidade própria e continuam

o vício porque acham que o fumo proporciona sensação de prazer e liberdade. Os ex-

fumantes relataram ter deixado de fumar por iniciativa própria (66,7%) ou por influência

religiosa (33,3%). Apesar de 75% dos universitários avaliados relatarem convívio com

fumantes no seu ciclo familiar, a grande maioria (93,8%) não adquiriu o hábito de fumar.

Quanto aos motivos que levaram os universitários a nunca ter adquirido o hábito de fumar,

as respostas mais citadas foram: não gostar do hábito e considerá- lo um vício (52%), nunca

ter sentido vontade de fumar (45,3%) ou por considerar o fumo prejudicial à saúde

(29,3%).

INTRODUÇÃO

No século XV, Cristóvão Colombo, navegador espanhol, introduziu o uso da

planta do tabaco na Europa depois de observar que os índios a utilizavam em cerimônias

religiosas e para fazer predições, aspirando a fumaça de rolos feitos de suas folhas através

de canudos, mascando-o ou ainda, não raro, inalando-o sob a forma de pó. Os

colonizadores adquiriram o hábito de fumar e, progressivamente, introduziram-no na

Europa.1

Provavelmente, o fumo chegou ao Brasil pela migração dos índios tupis-guaranis

das Antilhas e dos Andes bolivianos para a costa brasileira. A partir do século XVI,

quando Jean Nicot enviou ao rei de Portugal a planta e sementes do tabaco - "uma erva

com maravilhosos poderes curativos", seu uso começou a ser difundido pela Europa e,

posteriormente, África e Ásia. 1

As drogas lícitas ou não, estão, desde os primórdios da humanidade, inseridas nos

mais diversos contextos: social, econômico, medicinal, religioso e outros. Seu consumo

deve, portanto, ser considerado como fenômeno humano cultural. Não há sociedade sem

drogas, entretanto, cada uma delas as utiliza para finalidades diferenças, de acordo com o

campo de atividades no qual se insere.2

A primeira advertência médica sobre os malefícios do fumo publicada data de

1798, feita por Push, médico norte-americano. Em 1859, Bouisson, clínico francês,

publicou o primeiro estudo bem documentado, associando a câncer de boca ao uso de

cachimbo. Broders, em 1920, publicou trabalho relacionando o tabaco ao câncer de lábio e,

02

oito anos depois, Lombard e Doering publicaram estudo no qual demonstravam que o

câncer de pulmão era mais freqüente entre fumantes. 1

Desde então, milhares de trabalhos e artigos científicos foram publicados,

provando, de forma incontestável, que o fumo era o principal fator isolado de agravo à

saúde. Atualmente, o cigarro é a principal causa de doença e morte entre adultos norte-

americanos, sendo diretamente responsável por um quarto de todas as mortes neste grupo

etário. Na Inglaterra, é a principal causa isolada de morte, onde estima-se que 100.000

fumantes morrem anualmente naquele país por doenças associadas ao tabaco. 1

Na vida moderna, o fumo está se tornando um hábito comum entre pessoas de

ambos os sexos e de todas as idades. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que,

em todo o mundo há mais de um bilhão de fumantes. Nos países industrializados, 41% dos

homens e 21% das mulheres fumam cigarros regularmente. Já nos países em

desenvolvimento, essa relação é de 50% de homens para 8% de mulheres, contudo o

número de mulheres fumantes está aumentando em muitos países de forma progressiva. A

cada ano, seis bilhões de cigarros são consumidos mundialmente. Enquanto nos países

industrializados houve uma queda no consumo anual de cigarros, de 2.800 unidades por

adulto no início da década de 80 para 2.400 no início da década de 90, nos países menos

industrializados, o que constitui três quartos da população mundial, o consumo por adulto

aumentou de 1.150 para 1.400 cigarros/ano e continua a crescer 1,7% ao ano.3

A Organização Panamericana de Saúde (OPS) faz uma estimativa global de que

há cerca de 1,1 bilhão de fumantes em todo o mundo dentro de uma população de 15 ou

mais anos de idade. A vasta maioria, cerca de 800 milhões, encontra-se nos países em

desenvolvimento, e desse total, 700 milhões são do sexo masculino. De uma forma global,

estima-se que 47% dos homens e 12% das mulheres fumam. Na região das Américas, essa

mesma relação era de 35 homens para 22 mulheres e no Brasil, com dados de 1989, a

relação era de 39,9 homens para 25,5 mulheres, isto é, há mais homens e mulheres

brasileiros fumando do que a média no continente.4

O tabagismo é, hoje, a principal causa de enfermidades evitáveis e incapacidades

prematuras e chegará a ser a primeira causa de morte evitável no final do século XXI. A

cada ano, morrem cerca de três milhões de pessoas em todo o mundo devido ao tabaco.5

Segundo a OMS, para os próximos 30 a 40 anos, a epidemia tabágica será responsável por

10 milhões de mortes por ano, sendo que 70% dessas mortes ocorrerão nos países em

desenvolvimento.6, 7

03

O tabagismo, atualmente, mata mais do que Aids, alcoolismo, cocaína, heroína e

acidentes no trânsito, reunidos. A previsão para o ano 2020 é de que o tabagismo esteja

relacionado como fator causal de um número de mortes maior do que as decorrentes de

Aids, tuberculose, mortalidade materna, acidentes com veículos motorizados, suicídios e

homicídios juntos.8

É nas faixas etárias mais jovens que a dependência da nicotina se estabelece,

iniciando-se com a experimentação. Sabe-se que 90% dos fumantes adultos atuais

tornaram-se dependentes da nicotina até os 19 anos de idade. Qualquer aumento de

experimentação nesse grupo da população é indesejável, pois se sabe que 50% dos

experimentadores jovens se tornarão fumantes na idade adulta. Estima-se que até o ano

2025, o tabagismo estará relacionado a 500 milhões de mortes, 200 milhões correspondem

a crianças e adolescentes que vivem hoje em todo o mundo.9

Moraes e colaboradores também fizeram um estudo na cidade de Amparo, no

Estado de São Paulo, sobre a prevalência do tabagismo em escolares do 1º e 2º graus,

considerando um dos grupos prioritários, pois é nessa faixa etária que esse hábito pode ser

iniciado e também pode ser facilmente abandonado. Os autores concluíram que, embora a

prevalência geral pudesse parecer baixa (6%), no grupo de alunos, de 14 a 18 anos, a

prevalência era de 51%.10

Epidemiologicamente, as maléficas conseqüências do tabagismo têm sido

estudadas e análises estatísticas comprovam uma relação significativa entre o hábito de

fumar, a incidência de doenças cardíacas e mortalidade.11, 12 A mortalidade e a incidência

de doenças coronárias são mais elevadas entre fumantes, inclusive mulheres que usam

contraceptivos orais. O hábito de fumar como fator causal no desenvolvimento de câncer

dos pulmões e outros órgãos tem sido confirmado tanto em homens como em mulheres.13

O número de mulheres fumantes tem aumentado progressivamente, não apenas

porque a população mundial cresceu, mas também porque o hábito de fumar é encorajado

pelas campanhas comerciais, apesar das evidências irrefutáveis de mortalidade e doenças

relacionadas como conseqüência desse consumo, somados a pouca ação dos governos. Até

recentemente, a incidência e as taxas de mortalidade de doenças relacionadas com o

tabagismo eram muito menores entre as mulheres do que entre os homens.14 Hoje é sabido

que as mulheres são suscetíveis às mesmas doenças dos homens relacionadas com o

tabaco, além de serem afetadas por outras condições específicas.13

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Os componentes mais maléficos do tabaco são o alcatrão, o monóxido de carbono

e a nicotina. O papel carcinogênico do alcatrão já foi bem estabelecido em muitos

trabalhos científicos documentados pelo Centro de Controle de Doenças (CDC).15 A

nicotina e o monóxido de carbono contribuem particularmente para o aumento do risco de

desordens cardiovasculares interferindo na oxigenação do sangue nos pulmões, bem como

no volume de vasos coronarianos. A interrupção do hábito de fumar, mesmo que por

períodos curtos, tem mostrado ser benéfica para a saúde.13

A relação entre tabagismo como causa de bronquites crônicas tem sido

amplamente demonstrada. A prevalência de tosse e expectoração é significativamente mais

alta entre fumantes do que entre ex-fumantes ou não-fumantes.13

Um considerável risco de doenças respiratórias de pulmão, como a bronquite

crônica, entre crianças obrigadas a respirar ar poluído com fumaça de cigarro, tem sido

relatada, sendo que o grau de risco depende também do número de fumantes na família.13

O tabagismo passivo constitui uma causa de câncer de pulmão, e que a exposição

a longo prazo aumenta o risco de 20-30%. Também induz a cardiopatia, enfermidades

respiratórias graves, crises asmáticas, enfermidades do ouvido médio das crianças e

síndrome da morte súbita, em latentes.11

O tabagismo é considerado a maior causa isolada evitável de doença e morte.

Assim, são atribuídas a esse vício 90% dos casos de câncer de pulmão, 86% de bronquite

crônica e enfisema, 25% dos processos isquêmicos do coração e 30% dos cânceres extra-

pulmonares. No mundo, ocorrem 3 milhões de óbitos (5% da mortalidade geral) e, no

Brasil, 80 a 100 mil mortes (10,9% da mortalidade geral), anualmente. Em nosso país, 30

milhões de indivíduos com mais de 15 anos de idade são fumantes (32,6% da população),

sendo 40,4% mulheres e dois terços moradores de zonas urbanas.16

A maioria dos dados estatísticos é estudado ou obtido em países desenvolvidos,

mas o conjunto de evidências prova que os efeitos negativos do fumo sobre a saúde são

individualmente os mesmos em países em desenvolvimento. Entretanto, os efeitos nocivos

sobre a saúde podem ser maiores na população dos países subdesenvolvidos ou em

desenvolvimento, em conseqüência das condições nutricionais e a presença de enfermidade

infecciosas, mais comuns nesses países.13

Leunberger e colaboradores fizeram um estudo para examinar os efeitos da

exposição passiva prolongada ao fumo sobre a saúde respiratória de adultos. Descobriram

que há associação entre a exposição passiva ao fumo e sintomas de bronquite crônica,

05

asma e outras formas de dispnéia, não associado a gripes ou resfriados. Não foi constatada

relação com rinite alérgica. Verificaram também que os riscos de bronquite crônica eram

maiores quanto maior fosse o tempo de exposição ao fumo.17 Talvez estimulados por esse

estudo, fumantes passivos estão acionando as indústrias de fumo e obtendo as primeiras

vitórias, como os comissários de bordo de aviões que, sendo não-fumantes, eram obrigados

a trabalhar nas seções de passageiros fumantes.18 Família de fumante brasileiro também já

obteve uma primeira decisão judicial inédita, em primeira instância, em que uma

companhia de cigarros foi condenada a pagar indenização em dinheiro e uma pensão

mensal por 35 anos.19

Vários estudos no mundo e no Brasil mostram a idade cada vez mais precoce do

início do vício de fumar e o aumento da prevalência de tabagismo em adolescentes.20 Os

fatores de risco para tabagismo na adolescência citados na literatura são: sexo e idade,

nível socioeconômico, fumo dos pais ou irmãos e dos amigos, rendimento escolar, trabalho

remunerado e separação dos pais. Os estudos mostram que o hábito de fumar dos amigos e

dos irmãos mais velhos está fortemente associado ao tabagismo em adolescentes.21-24

Baixo rendimento escolar e trabalho remunerado também mostram associação com

tabagismo em adolescentes.22 Na maioria dos estudos, o sexo masculino aparece como

fator de risco para fumo, sendo que estudo mais recente mostra não haver diferenças entre

os sexos.22, 25, 26 Nível socioeconômico e fumo dos pais são achados controversos na

literatura.5, 21, 22

Em nosso meio, quaisquer que sejam os fatores envolvidos no hábito de fumar, os

mesmos tornam-se supérfluos em face do estrondoso efeito massificante da propaganda de

cigarros, que atinge rapidamente a coletividade por ser transmitida principalmente pela

televisão. O conteúdo destas propagandas visa especificamente sensibilizar os

adolescentes, uma vez que dão sempre a conotação de sucesso e de “status”.

Sendo o tabagismo uma pandemia e, portanto, um problema de saúde pública,

deve ser combatido energicamente. Os profissionais de saúde têm papel muito importante

nos programas educativos antifumo. Devem ser mobilizados para uma atuação,

principalmente preventiva, com ações educativas junto à população, de modo a influir na

redução do número de pessoas que se iniciam no tabagismo; além disso, podem agir,

individualmente, junto aos fumantes para que abandonem o cigarro.

OBJETIVOS

• Determinar a freqüência de fumantes, ex-fumantes e não fumantes entre

estudantes do curso de Fisioterapia de uma universidade privada;

• Verificar as causas que induziram esses estudantes a adquirir o hábito de fumar,

a deixar de fumar ou a não fumar;

• Descrever as características do hábito de fumar entre estudantes fumantes.

CASUÍSTICA E MÉTODOS

O estudo foi uma pesquisa descritiva e transversal. Participaram da pesquisa

acadêmicos regularmente matriculados no 6º período do curso de Fisioterapia da

Universidade Católica de Goiás, período letivo 2º semestre de 2004, totalizando uma

amostra de 84 estudantes. A coleta de dados foi realizada no mês de outubro. O

instrumento utilizado foi um questionário composto por perguntas simples e fechadas

(ANEXO I), que foi preenchido pelos estudantes no intervalo de aulas.

O projeto foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade

Católica de Goiás (ANEXO III). Os estudantes foram esclarecidos sobre a natureza da

pesquisa, seus objetivos e procedimentos e consultados quanto ao aceite em participar do

estudo, de acordo com as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de

Saúde27. Após esclarecimento, os estudantes foram convidados a participar da pesquisa,

manifestando seu aceite através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (ANEXO II).

Análise estatística: A base de dados foi construída em planilha de Excel (Office

versão 2000) e posteriormente analisada nos programas de software Graphpad Instat

versão 3.0. Os resultados foram expressos em média (DP) ou %.

RESULTADOS

Do total de 84 estudantes matriculados no 6º período do curso de Fisioterapia da

Universidade Católica de Goiás, 80 (95,2%) responderam ao questionário, obtendo assim

um percentual de perdas de 4,8%.

Dessa população de estudantes, 13 (16,3%) eram do sexo masculino e 67 (83,7%)

do sexo feminino. Do total de 80 respondentes, a maioria absoluta, ou seja, 98,8% (79)

eram solteiros e apenas um (0,2%) estudante era casado. Não tivemos participantes

divorciados ou viúvos. A média da idade dos estudantes foi de 21 ± 2 anos e a grande

maioria não possuía trabalho remunerado (69= 86,2%).

Nove (11,3%) participantes relataram serem filhos de pais separados, porém a

maioria (71= 88,7%) relatou que seus pais permaneciam casados. Com relação à

escolaridade dos pais, 8 (10%) mencionaram que seus pais tinham o 1º grau, 32 (40%)

possuíam 2º grau, 21 (26,3%) haviam cursado uma universidade e 19 (23,7%) tinham pós-

graduação.

Obteve-se no estudo 75 (93,8%) estudantes não fumantes, 3 (3,7%) ex-fumantes e

apenas 2 (2,5%) alunos fumantes. Assim, a prevalência de fumantes nesta população foi de

2,5%.

Com relação aos fumantes na família, observou-se que do total de entrevistados,

60 (75%) estudantes tinham algum parente fumante e 20 (25%) não tinham contato com

nenhum familiar fumante.

09

Os dois alunos fumantes tinham iniciado o hábito de fumar entre 16 e 20 anos de

idade e tem mantido este hábito há mais de um ano. Relataram fumar todos os dias,

aproximadamente 1 a 5 cigarros/dia. Segundo informaram, ambos começaram a fumar por

curiosidade própria e continuam a fumar porque acham que o tabagismo proporciona

sensação de prazer e liberdade. Vale ressaltar que um fumante manifestou o desejo de

parar de fumar e o outro alegou ainda não saber se quer ou não parar de fumar.

Os três alunos ex-fumantes mantiveram o hábito por um período de 6 meses a 1

ano e relataram ter deixado de fumar por iniciativa própria (2= 66,7%) ou por influência

religiosa (1= 33,3%). Estão em abstenção de fumo por menos de um ano (2= 66,7%) e

entre 1 e 5 anos (1= 33,3%). Os ex-fumantes citam que se sentem incomodados quando

alguém fuma ao seu lado, porém não mudam de lugar.

Quanto aos motivos que levaram os participantes não-fumantes a nunca ter

adquirido o hábito de fumar, as respostas mais citadas foram: não gostar do hábito e

considerá- lo um vício (39= 52%), nunca ter sentido vontade de fumar (34= 45,3%), por

considerar o fumo prejudicial à saúde (22= 29,3%), por ter experimentado e não ter

gostado (15= 20%), por considerar um hábito vulgar (10= 13,3%) ou por outro motivo não

especificado (1= 1,3%). Perguntados como reagiriam quando alguém começasse a fumar

perto deles, alegaram: 61,4% (46) se sentiriam incomodados e mudariam de lugar, 16%

(12) não se importariam, 13,3% (10) se sentiriam incomodados, mas não mudariam de

lugar, 8% (6) daria informações sobre os malefícios do fumo e apenas 1,3% (1) sentiria

vontade fumar.

DISCUSSÃO

O estudo analisou questões referentes ao tabagismo em estudantes universitários

do 6º período do curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Goiás, onde 95,2% dos

alunos responderam ao questionário aplicado, percentual que implica numa amostra

representativa, pois houve perda de apenas 4,8%.

A prevalência de tabagismo encontrada no presente estudo foi de 2,5%. Este

resultado foi inferior ao encontrado por Pereyra e colaboradores, que obteve prevalência de

7,2%.28 Outro estudo realizado entre estudantes universitários na cidade de João Pessoa-PB

constatou-se um percentual de 8,6% de fumantes.2

Vale lembrar que a população estudada nesta pesquisa constou principalmente de

representantes do sexo feminino (83,7%), que comprovadamente apresentam menor

frequência de tabagismo. Talvez, por este motivo, a prevalência encontrada no estudo

tenha sido baixa. As prevalências de tabagismo em alguns países asiáticos e do Leste

Europeu são mais baixas no sexo feminino, por razões culturais. Entretanto, esse perfil

vem se modificando e, atualmente, as prevalências de fumo entre meninas nesses países

mostram-se mais elevadas do que há alguns anos.8

Dentre os fumantes deste estudo, a idade de início do hábito de fumar foi entre 16

e 20 anos. Oguisso demonstrou em sua pesquisa 60,5% de fumantes nesta faixa etária.13 A

prevalência e os fatores de risco para o tabagismo em adolescentes indicam que a maioria

começa a fumar entre 13 e 15 anos de idade.20

11

Nos últimos anos, inúmeras campanhas foram realizadas contra a prática

tabagista, mostrando seus efeitos deletérios à saúde. Esse combate ao fumo alcançou, de

certo modo, os jovens, pois se verifica redução do seu consumo atualmente, quando

comparada com as décadas anteriores.

Verifica-se, segundo estudo entre universitários, que a maioria dos tabagistas não

tem pais fumantes.2 Ivanovic e colaboradores demonstraram risco de 9.8 vezes para o

tabagismo em adolescentes com amigos fumantes.21 Já o estudo de Segat e colaboradores

encontrou risco de 5.2 para o tabagismo entre adolescentes com amigos ou irmãos

fumantes.23 Neste estudo, apesar de 75% dos universitários avaliados relatarem convívio

com fumantes no seu ciclo familiar, a grande maioria (93,8%) não adquiriu o hábito de

fumar. Este resultado sugere que fumo entre familiares não parece ser fator de risco para

tabagismo entre universitários, pelo menos nesta população estudada.

Nesse estudo, os alunos fumantes começaram o hábito por curiosidade própria e

citam que fumar traz sensação de prazer e liberdade, porém 50% desejam parar de fumar.

Segundo estudo recente, a maioria dos fumantes universitários deseja parar de fumar,

97,4% começaram a fumar por curiosidade própria, sendo 42,1% influenciados por colegas

ou amigos, 7,9% por influência dos pais e familiares e apenas 5,2% sofreram influência de

quem admirava. Nesta questão os alunos poderiam assinalar mais de uma alternativa.13

Corroborando com estudo prévio, os alunos participantes deste estudo relataram

que nunca fumaram ou nunca pretenderam fumar porque considera o fumo prejudicial à

saúde, por não sentirem vontade de fumar ou por não gostar do hábito/vício.13

Quanto aos ex-fumantes, o que fizeram cessar o hábito de fumar foi iniciativa

própria, concordando com participantes ex-fumantes do estudo de Oguisso.13

Pode-se observar que, felizmente, a grande maioria dos alunos do 6º período do

curso de Fisioterapia da UCG não pertence ao grupo dos incontáveis fumantes que existem

em todo mundo, sugerindo de certa forma que, as campanhas contra o tabagismo estão

surtindo efeitos positivos.

Vale ressaltar que não se deve prender somente a essa população que compõe a

minoria privilegiada da sociedade, mas sim à população em geral que desconhece os

malefícios desse hábito. O modo preventivo será ‘desmascarar’ o tabagismo, comprovando

seus malefícios para saúde individual e coletiva.

12

Para tanto, é de vital importância o apoio conjunto da família, das Instituições

de ensino, dos profissionais de saúde e dos responsáveis pela fiscalização do cumprimento

das leis, incluindo as recentemente aprovadas no país contra o tabagismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO I

Título: TABAGISMO ENTRE ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DO CURSO DE

FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

Questionário:

Questões para TODOS os participantes:

1. Sua idade: __________ anos

2. Seu sexo: ( ) masculino ( ) feminino

3. Seu estado civil: ( ) solteiro ( ) casado ( ) divorciado

4. Você trabalha (emprego remunerado)? ( ) sim ( ) não

5. Escolaridade dos pais: ( ) 1º grau ( ) 2º grau ( ) universitário ( ) pós-graduação

6. Seus pais são separados: ( ) sim ( ) não

7. Fumantes na família: ( ) pai ( ) mãe ( ) irmãos ( ) outros

8. Você atualmente: ( ) fuma ( ) não fumo ( ) ex-fumante

Questões para FUMANTES:

1. Com que idade você começou a fumar?

( ) menos que 15 anos ( ) entre 16-20 anos ( ) mais que 21 anos

2. Há quanto tempo você fuma?

( ) menos de 1 ano ( ) 1 a 3 anos ( ) mais de 3 anos

3. Quando você fuma?

( ) todos os dias ( ) nos finais de semana ( ) socialmente ( ) raramente

4. Quantos cigarros você fuma por dia?

( ) 1 a 5 cigarros ( ) 6 a 10 cigarros ( ) 11 a 20 cigarros ( ) mais 1 maço/dia

5. Por que você começou a fumar?

( ) por curiosidade própria

( ) para aliviar tensões

( ) por influência dos pais/familiares

( ) por influência dos colegas/amigos

( ) para sentir-se adulto

( ) por desconhecer os prejuízos do fumo

à saúde

6. Por que você continua a fumar

( ) é um hábito relaxante

( ) alivia o cansaço

( ) dá sensação de prazer e de liberdade

( ) é um hábito comum entre colegas

( ) é um vício

( ) ajuda a não engordar

( ) aumenta o atrativo pessoal ( ) outro motivo

7. Desejo atual em relação ao hábito de fumar:

( ) quero parar de fumar ( ) não quero parar de fumar ( ) não sei

Questões para NÃO-FUMANTES :

1. Assinale o motivo pelo qual você nunca fumou?

( ) nunca senti vontade de fumar

( ) experimentei e não gostei

( ) fumo é prejudicial à saúde

( ) influência familiar

( ) não gosto deste hábito/vício

( ) considero o hábito de fumar vulgar

( ) por estar cursando fisioterapia

( ) outro motivo

2. Como você reage quando alguém fuma ao seu lado?

( ) não se importa

( ) sente vontade de fumar

( ) dá orientações sobre os malefícios do fumo

( ) sente-se incomodado, mas não muda de lugar

( ) sente-se incomodado e muda de lugar

Questões para EX-FUMANTES :

1. Durante quanto tempo você fumou?

( ) 1 a 6 meses ( ) 6 meses-1 ano ( ) 1 a 3 anos ( ) mais de 3 anos

2. Por que você deixou de fumar?

( ) iniciativa própria

( ) devido a problemas de saúde

( ) influência pais/familiares

( ) influência colegas/amigos

( ) influência religiosa

( ) problemas econômicos

( ) outro motivo

3. Há quanto tempo você deixou de fumar?

( ) menos de 1 ano ( ) 1 a 5 anos ( ) mais que 5 anos

4. Como você reage quando alguém fuma ao seu lado?

( ) não se importa

( ) sente vontade de fumar

( ) dá orientações sobre os malefícios do fumo

( ) sente-se incomodado, mas não muda de lugar

( ) sente-se incomodado e muda de lugar

ANEXO II

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) a participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser

esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo,

assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra do

pesquisador responsável. Em caso de recusa, você não será penalizado de forma alguma.

Em caso de dúvida, você poderá procurar o Comitê de Ética em pesquisa da Universidade

Católica de Goiás (fone: 227-1071).

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA

Título do Projeto: “TABAGISMO ENTRE ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DO

CURSO DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS”

Pesquisadores participantes: Paulo Milad Sebba

Telefone para contato (inclusive ligações a cobrar): 9621-7063

Pesquisador responsável: Profª Ms. Fábia Maria Oliveira Pinho

Telefone para contato: 9626-1477

• A sua participação será de grande importância para o nosso estudo, pois através dela

poderemos mostrar as características de uma população universitária em relação ao

tabagismo.

• Sua colaboração é importante e necessária para o desenvolvimento da pesquisa, porém

sua participação é voluntária.

• A pesquisa será realizada através de um questionário composto de perguntas simples.

• O período de participação será por alguns minutos, tempo necessário para que responda

todas as perguntas do questionário.

• Não haverá nenhum tipo de risco ou prejuízo para a sua vida.

• Não haverá nenhum procedimento, intervenção ou tratamento complementar.

• Serão garantidos o anonimato e o sigilo das informações, além da utilização dos

resultados exclusivamente para fins científicos.

• Você poderá solicitar informações ou esclarecimentos sobre o andamento da pesquisa

em qualquer momento da pesquisa.

• Você poderá retirar-se do estudo ou não permitir a utilização de seus dados em

qualquer momento da pesquisa.

• Sendo um participante voluntário, você não terá nenhum pagamento e/ou despesa

referente à sua participação no estudo.

Goiânia, _____, de _____________ de 2004.

__________________________________ ___________________________________

Prof. Ms. Fábia Mª O. Pinho Paulo Milad Sebba

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, _________________________________________________________, RG/CPF/n° do

prontuário/n° de matrícula _____________________, abaixo assinado, concordo em

participar do estudo intitulado: “TABAGISMO ENTRE ESTUDANTES DE

GRADUAÇÃO DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE

GOIÁS” como sujeito. Como pessoa entrevistada, afirmo que fui devidamente informada e

esclarecida sobre a finalidade e objetivos desta pesquisa, bem como sobre a utilização das

informações exclusivamente para fins científicos. Meu nome não será divulgado de forma

nenhuma e terei a opção de retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto

cause qualquer penalidade.

Goiânia, ___ de _____________ de 2004.

________________________________________________________

Assinatura do(a) entrevistado (a) ou seu responsável legal

______________________________________________

Assinatura do pesquisador: Paulo Milad Sebba

______________________________________________

Assinatura do pesquisador responsável: Profª Ms. Fábia Mª Oliveira Pinho

Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e aceite do

sujeito em participar do estudo.

Testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):

Nome: _________________________________ Assinatura: _______________________

Nome: _________________________________ Assinatura: _______________________

ANEXO III