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Universidade Federal do Paraná Setor de Tecnologia Projeto Final de Engenharia Elétrica Projeto Final Tarifação de Energia Elétrica Aluno: Adelino Anderson Godoi Matrícula: 199934766 Orientadora: Thelma Solange Piazza Fernandes Co-orientador: Fernando Augusto Corrêa

Tarifação de Energia Elétrica - eletrica.ufpr.br · Energia é um mecanismo essencial que movimenta as economias modernas. Entre as varias formas de energia, a eletricidade é

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Universidade Federal do Paraná

Setor de Tecnologia

Projeto Final de Engenharia Elétrica

Projeto Final

Tarifação de Energia Elétrica

Aluno: Adelino Anderson Godoi

Matrícula: 199934766

Orientadora: Thelma Solange Piazza Fernandes

Co-orientador: Fernando Augusto Corrêa

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha orientadora, Professora Thelma Solange Piazza Fernandes pelo auxilio

prestado, sugestões e motivação nas horas necessárias, que foram de fundamental importância

na realização do trabalho.

Agradeço ao meu co-orientador, Engenheiro Fernando Augusto Corrêa pela suas sugestões,

conselhos técnicos, sua paciência e seu tempo empregado para esclarecer minhas duvidas.

Agradeço o Professor Horácio Tertuliano dos Santos Filho, pelo seu tempo empregado em

dedicação ao Curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná.

Quero agradecer também o Professor Vilson Roiz pela possibilidade de ser seu aluno bolsista

e sua presença em composição a banca avaliadora.

E, finalmente agradeço a meus familiares e amigos que contribuíram com apoio e incentivo à

concretização deste momento.

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SUMÁRIO

Lista de Figuras.......................................................................................................................V

Lista de Tabelas.......................................................................................................................VI

Lista de Siglas..........................................................................................................................VII

Resumo.....................................................................................................................................VIII

Introdução................................................................................................................................1

CAPÍTULO I: Evolução Histórica dos Sistemas Tarifários............................................... 3

1.1 Introdução...............................................................................................................3

1.2 Regulamentação......................................................................................................5

1.3 Sistemas de Tarifação ...........................................................................................6

1.3.1 Tarifa pelo Custo de Serviço.....................................................................7

1.3.2 Tarifa pelo Passivo....................................................................................8

1.3.3 Tarifa pelo Preço........................................................................................9

1.3.4 Tarifa pelo Custo Marginal........................................................................10

1.3.5 Tarifa Integrada.........................................................................................11

1.3.6 Encargos ou Taxas......................................................................................12

CAPÍTULO II: Definições Básicas.........................................................................................13

2.1 Introdução................................................................................................................13

2.2 Consumidor Livre...................................................................................................17

CAPÍTULO III: Descrição das Tarifas.................................................................................19

3.1 Introdução...............................................................................................................19

3.2 Tarifas de Geração..................................................................................................19

3.2.1 Operação de Sistemas Termoelétricos - Barra Única ............................19

3.2.2 Operação de Sistemas Hidroelétrico........................................................21

3.2.3 Cálculo de Encargos dos Geradores........................................................24

3.3 Tarifas de Transmissão............................................................................................24

3.3.1 Método para Alocação de Custos de Transmissão..................................24

3.3.2 Tarifas de Transmissão no Brasil............................................................30

3.4 Tarifas de Distribuição............................................................................................34

3.4.1 Introdução................................................................................................34

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3.4.2 Metodologia para Determinação da Tarifa de distribuição.....................34

3.4.3 Entenda as Diferenças Conceituais entre TUST - fio e TUSD - fio.......40

CAPÍTULO IV: Aplicação do Sistema Tarifário..................................................................41

4.1 Introdução................................................................................................................41

4.2 Características das Tarifas.......................................................................................41

4.3 Impostos..................................................................................................................47

4.4 Fatores a serem considerados para cálculos de Tarifas do Grupo A.......................49

4.5 Exemplos de Tarifação de Energia..........................................................................51

4.5.1 Análise dos Resultados............................................................................63

CAPÍTULO V: Conclusão.......................................................................................................64

Referências Bibliográficas........................................................................................................65

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Agentes atuantes no setor elétrico de energia.............................................06

Figura 3.1: Processo de compra e venda de energia......................................................21

Figura 3.2: Processo de compra e venda........................................................................23

Figura 3.3: Construção da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição...........................35

Figura 3.4: Cálculo da Receita Autorizada Pura da Distribuição..................................36

Figura 3.5: Cálculo dos Custos Marginais de Uso do Sistema de distribuição..............37

Figura 4.1: Estrutura da Demanda..................................................................................42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Incidência de encargos transmissão.........................................................................33

Tabela 4.1 Tarifas de Fornecimento da COPEL................................................................45

Tabela 4.2 Tensão X Tarifa........................................................................................................50

Tabela 4.3 Demanda X Tarifa....................................................................................................50

Tabela 4.4 Possibilidade da Tarifa relacionando a tabela 4.2 e 4.3.......................................... .51

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LISTA DE SIGLAS

ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica

CCC: Conta de Consumo de Combustíveis;

CMaCP: Custo marginal de curto prazo,

CMaLP: Custos marginais de longo prazo

DNAEE: Departamento Nacional de Águas e Energia

FC: Fluxo de Carga

FPO:Fluxo de Potência Ótimo

KKT: Karush Kuhn Tucker

MAE: Mercado Atacadista de Energia

MCDG: Modelo Completo para Despacho de Geração.

MSDG: Modelo Simplificado para Despacho de Geração.

ONS: Operador Nacional do Sistema

PC: Pagamentos de conexão

RAP: Receita Anual Permitida

RGT: Receita Global da Transmissão

TUSD: Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição

TUST: Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão

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RESUMO

A prestação dos serviços de energia elétrica requer tarifas que induzam o usuário ao uso

racional e econômico e que provoque a eficiência da empresa prestadora do serviço, com o

máximo de qualidade e produtividade. Para se suprir esses requisitos existem metodologias

consolidadas na legislação do Brasil que permitem o cálculo adequado das tarifas de geração

(responsáveis pela parcela de produção de energia elétrica), transmissão (responsáveis pelo

transporte da energia até a tensão de 230 kV) e tarifa de distribuição (responsáveis pelo

transporte da energia abaixo de 230 kV). Um dos objetivos desse trabalho foi o de justamente

estudar essas metodologias, para se conhecer a origem das mesmas. Uma vez conhecido como

as mesmas são calculadas, o segundo objetivo do trabalho foi o de aplicá-las nos cálculos de

faturas totais de energia analisando a influência de diversos fatores como consumo, demanda

e fator de carga na determinação do melhor tipo de tarifa dentro da estrutura vigente que

possa dar ao consumidor bom desempenho econômico.

Palavras-Chaves: tarifa de geração, tarifa de transmissão, distribuição, demanda, consumo,

fator de carga.

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Introdução

Nos últimos anos, a aplicação de tarifas elétricas inadequadas, na maior parte dos países da

América Latina, provocou sérias crises financeiras nos setores elétricos de diversos países,

contribuindo para aumentar a inflação e o desperdício de energia, deteriorando a qualidade do

serviço e causando enormes prejuízos para a sociedade.

No momento atual, a prestação dos serviços de eletricidade requer uma tarifa que ao mesmo

tempo, induza o usuário ao uso racional e econômico da energia elétrica e provoque a

eficiência da empresa prestadora do serviço, com o máximo de qualidade e produtividade.

A fim de se satisfazer esses requisitos, a resolução n° 456, de 29 de Novembro de 2000,

Artigo 2 da ANEEL, estabelece tarifas monomia e binômias horo-sazonais cujos valores

dependem somente do consumo, do horário do dia, do período de ano, consumo de energia e

demanda da carga conectada à rede elétrica. Cabe aos consumidores industriais, de acordo

com seu perfil de consumo e demanda diário e anual, escolher o tipo de tarifa que mais lhe

seja conveniente, ou seja, que lhe seja mais econômica.

Assim, um dos objetivos desse trabalho é o desenvolvimento de uma planilha em Excel que

contenha todos os dados a respeito das tarifas vigentes e que permita a um consumidor

industrial, de posse de suas características de consumo, escolher a tarifa que lhe seja mais

conveniente.

Outro objetivo do trabalho é quanto à origem metodológica das tarifas de energia elétrica.

Sabe-se que as mesmas se apóiam em princípios econômicos, particularmente nos custos

marginais, a fim de contemplar condições necessárias para promover a eficiência das

empresas e o uso racional e econômico da energia elétrica.

Uma tarifa de energia é composta por várias parcelas: de geração, transmissão e distribuição,

sendo que cada uma delas apresenta especificidades quanto a sua formação. Assim, esse

trabalho também apresenta uma descrição das metodologias aplicadas para estabelecimento

de cada uma dessas parcelas que exigem a utilização de técnicas elaboradas, dados e

informações em quantidades e com qualidade muito maiores que as utilizadas no passado,

pois, com a chegada de novos tempos competitivos o objetivo principal é a melhoria da

economia empregada e uma correta administração do setor elétrico para alcançar claramente

um desenvolvimento sustentado na produção e comercialização de energia elétrica.

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Este trabalho está organizado do seguinte modo: primeiramente, o Capítulo I apresenta um

panorama geral sobre a evolução histórica das tarifas de energia, salientando os tipos de

tarifação e regulamentação.

A fim de se compreender o desenvolvimento do trabalho, o Capítulo II apresenta algumas

definições básicas empregadas pela Resolução n° 456 da ANEEL.

No Capítulo III estão apresentadas as descrições das metodologias empregadas para

estabelecimento das tarifas de geração, transmissão e distribuição, que compõem a tarifa final

de energia.

O Capítulo IV apresenta resultados e análises da carga de alguns consumidores industriais,

com o estabelecimento das tarifas mais adequadas aos seus perfis de consumo. E finalmente,

no Capítulo V são apresentadas conclusões a respeito dos estudos realizados.

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Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS TARIFÁRIOS

1.1 INTRODUÇÃO (PIAZZA, 2000)

Energia é um mecanismo essencial que movimenta as economias modernas. Entre as varias

formas de energia, a eletricidade é geralmente a mais versátil, prática e eficiente.

Investimentos em energia, especialmente elétricas, atingem muitas centenas de bilhões de

dólares por ano, portanto o gerenciamento e consequentemente medição e cobrança desta

energia é um objetivo de maior importância, que se consolidou em 1984 com adoção de uma

estrutura tarifária em que se diferenciavam valores para demanda de potência e consumo de

energia.

O antigo sistema tarifário nacional tinha por base os Decretos 24.643 de 10.07.1934, 41.019

de 26.02.1957 e 62.724 de 17.05.1968.

As regras básicas tinham:

Regime do serviço pelo custo.

Garantia de remuneração do investimento.

Não discriminação de consumidores nas mesmas condições de utilização do serviço.

Estrutura binômia para alta tensão.

Preços diferenciados para diferentes fatores de carga.

A base de cálculo era o custo médio contábil das instalações em serviço.

Até o ano de 1974 praticava-se no país, tarifas desequalizadas, isto é, todos os concessionários

construíam suas próprias tarifas, as quais eram à época homologada pelo departamento

Nacional de Águas e Energia Elétrica DNAEE.

A partir de 1975 intitui-se a progressiva equalização das tarifas de fornecimento, atingindo em

1981 todos os consumidores do país, ou seja, cobrava-se no país o mesmo preço por uma

unidade de kWh para cada nível de tensão. A equalização promoveu melhores condições, do

poder concedente para fiscalização dos concessionários e, acompanhar em bloco o

comportamento econômico e financeiro do setor elétrico. No entanto, a aplicação de tarifas

inadequadas, provocou sérias crises financeiras no setor elétrico, contribuindo para o

desperdício de energia, deteriorando a qualidade do serviço e causando enormes prejuízos

para a sociedade. Esta equalização de tarifas perdurou até a década de noventa.

Até 1981, o único sistema tarifário, denominado convencional, não permitia que o

consumidor percebesse os reflexos decorrentes da forma de usar a eletricidade, já que não

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havia diferenciação de preços segundo sua utilização durante as horas do dia e o período do

ano.

Era indiferente para o consumidor utilizar a energia elétrica durante a madrugada ou no final

da tarde, assim como o consumidor durante o mês de junho ou de dezembro.

Com isso o perfil do comportamento do consumo desses períodos refletia uma tendência

natural, vinculada exclusivamente aos hábitos de consumo e às características próprias de

mercado de uma determinada região.

Observou-se que no horário das 17 horas às 22 horas, uma intensificação do uso da

eletricidade. Esse comportamento resultou das influências individuais das varias classes de

consumo.

Este horário de maior uso é denominado “horário de ponta” do sistema elétrico, e é

justamente o período em que as redes de distribuição assumem maior carga, atingindo seu

valor máximo aproximadamente.

Devido ao maior carregamento das redes de distribuição nesse horário, verificou-se que um

novo consumidor a ser atendido pelo sistema custaria mais a concessionária nesse período de

maior solicitação do que em qualquer outro horário do dia, tendo em conta a necessidade de

ampliação do sistema para atender carga no horário de ponta.

Da mesma forma, o comportamento do mercado de eletricidade ao longo do ano tem

características próprias em relação a período seco e úmido.

Devido a esse fato típico ao longo do dia e ao longo do ano, foi criada a Estrutura Tarifária

Horosazonal, adotado a partir de 1984, que compreende a aplicação de tarifas diferenciadas de

acordo com o horário do dia e o período do ano e que possuem estrutura com dois

componentes básicos na definição do seu preço:

Componente relativo à “demanda de potência” (kW).

Componente relativo ao “consumo de energia” (kWh).

A finalidade de aplicar preços diferenciados se justificou tende em vista a necessidade de:

Estimular o deslocamento de parte da carga para os horários em que o sistema elétrico estiver

menos carregado.

Orientar o consumo de energia para períodos do ano em que houver maior disponibilidade de

água nos reservatórios de usinas.

Este sistema tarifário levou o mercado à utilização mais racional da energia elétrica, ficando

compatível com a produção e distribuição existente no sistema elétrico interligado.

Os preços diferenciados permitiram ao consumidor reduzir suas despesas com eletricidade,

tendo em vista eventual possibilidade de menor utilização de energia elétrica no horário de

ponta e no período seco.

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No entanto, exigiu-se também a implantação de novos sistemas de medição específicos que

pudessem atender a esta nova estrutura tarifaria.

Inicialmente o equipamento utilizado foi um registrador memorizador digital conjugado ao

medidor de energia tipo indução já existente. Com o avanço tecnológico dos medidores de

estado sólido, o mesmo vem substituindo os atuais medidores de indução com vantagens no

armazenamento, na comunicação e processamento de dados.

Ou seja, pode-se colocar ao ano de 1984 como um marco na história da medição da energia

elétrica no Brasil.

1.2 REGULAMENTAÇÃO

A prestação de serviço de energia elétrica é regulamentada pelo Estado, devido às

características especificas deste setor. A inexistência de uma regulamentação adequada pode

provocar distorções no emprego dos recursos econômicos, que não se solucionariam se a

determinação dos preços e níveis de produção fosse deixada unicamente ao encargo das forças

do mercado.

É habitual que o sistema de tarifação se baseie em custos contábeis. Nesse sistema, as tarifas

devem cobrir os custos de exploração, de manutenção e conservação das instalações, além de

proporcionar uma adequada rentabilidade ao capital investido.

Assim temos como mudança um novo enfoque de regulamentação que procura maximizar o

bem-estar social, promover a eficiência na gestão das empresas concessionárias e melhorar os

níveis de qualidade dos serviços, definindo os papéis de todos os agentes envolvidos da forma

mais clara possível.

Os regulamentos do setor de eletricidade devem basicamente tratar das normas de qualidade

do serviço, das condições de distribuição de concessões, das obrigações e direitos de empresas

concessionárias e consumidores, além de fixação e reajuste das tarifas. Por outro lado, devem

permitir fácil fiscalização e controle do cumprimento das normas.

Logo abaixo, temos quais são os órgãos que compõem o sistema de regulamentação de

energia elétrica no Brasil.

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Figura 1.1: Agentes atuantes no setor elétrico de energia.

1.3 SISTEMAS DE TARIFAÇÃO (BORN, 1993).

O nível tarifário é o valor geral dos preços, o qual define o volume total de receita. O preço

médio é o parâmetro que define o nível das tarifas. Geralmente, os níveis das tarifas são

definidos considerando o equilíbrio financeiro das empresas concessionárias, os aspectos

legais e as políticas do governo. É usual que o preço médio ou nível tarifário médio seja

determinado levando em conta o requisito de receita e a demanda prevista.

Alguns princípios e objetivos básicos são levados em consideração na definição da tarifa.

Entre eles podemos citar:

Princípio da eficiência, onde as tarifas devem estimular o melhor emprego possível dos

recursos econômicos da sociedade, sinalizando aos consumidores a direção do mínimo

custo e promovendo o uso racional da energia.

ANEEL MAE

CCPE/ONS

ONS

Consumidor

Comercializador

Distribuidor Transmissor Gerador

Mercado de Energia de

Curto Prazo

Regulação

Fiscalização

Venda de

Energia

Encargos de Uso e de Conexão Contratos Bilaterais

Encargos de Conexão Encargos de uso e de Conexão

Encargos de Uso

Encargos de Uso

Transações

Consolidadas

Definição

Da RAP

Plano de

Expansão da

Rede Básica Consolidada

Disponibilidade

Da Rede Básica

Montantes Contratados

Topologia Rede Básica

RGT e

TUST

Enc de Uso

Enc de Conexão

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Princípio da equidade, onde as tarifas devem ser definidas garantindo certa igualdade de

tratamento para os diversos consumidores que utilizam o sistema elétrico de forma

semelhante.

Princípio da justiça, onde as tarifas devem promover a justiça social, o que

freqüentemente conduz a tarifas subsidiadas para consumidores de baixa renda.

Princípio do equilíbrio financeiro, onde as tarifas devem manter o equilíbrio econômico-

financeiro das empresas concessionárias, produzindo receitas capazes de cobrir os custos,

permitirem uma rentabilidade razoável para o capital investido e garantir a expansão do

sistema elétrico.

Princípio da simplicidade, onde as tarifas devem ser as mais simples possíveis, de modo

a serem bem compreendidas pelos consumidores. Dessa forma, as tarifas alcançam mais

facilmente seus objetivos além de permitirem maior facilidade para a comercialização,

medição e faturamento da energia elétrica.

Princípio da continuidade, onde as tarifas devem ser estabelecidas de forma a conservar

sua estrutura de preços durante um tempo razoável, evitando grandes flutuações em

períodos curtos.

Atender a todos estes princípios representa um grande desafio para os idealizadores das

tarifas. Não se conseguiu até hoje atender a todos estes objetivos em sua plenitude. Como

exemplos, existem algumas incoerências como a do princípio da justiça que na realidade está

ligado ao aspecto social, que não é o objetivo da empresa concessionária. Isto normalmente é

observado quando o governo é o administrador direto destas empresas, confundindo a

empresa com o próprio governo. O promotor da justiça social é o governo e não a empresa

concessionária. A diferenciação de preço para os consumidores de baixa renda deve ser

promovida apenas em função da elasticidade da demanda, pois ao contrário, fere o princípio

da eficiência. A seguir serão apresentados e discutidos alguns tipos de tarifa mais conhecidos.

1.3.1 TARIFA PELO CUSTO DE SERVIÇO

Essa tarifa é definida com base no custo do serviço prestado, o qual é definido por lei e

composto basicamente das seguintes parcelas:

a) Os custos de exploração, os quais se compõem basicamente dos custos de operação e

manutenção dos bens e instalações em serviço;

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b) Os custos de conservação dos ativos, relativos à depreciação dos bens e instalações em

serviço;

c) A rentabilidade do capital, que corresponde a um percentual sobre o custo de

investimento nos bens e instalações em serviço. Esse percentual é estabelecido por

regulamentos legais.

Dessa forma, o nível das tarifas é conseqüência desse custo de serviço legal, que é

estimado para o período para o qual será fixada a tarifa, com base em dados e

informações de origem contábil.

A estrutura dessa tarifa é geralmente obtida a partir dos custos contábeis, embora também

possa ser definida com base nos custos marginais.

A definição da estrutura tarifária, a partir dos custos contábeis, considera os custos de capital

alocados ao componente de potência e os custos variáveis ao componente de energia. A

distribuição desses custos nos diversos grupos tarifários é geralmente feita de forma

proporcional aos parâmetros potência, consumo ou número de consumidores em cada nível do

sistema (alta, média e baixa tensão) e/ou categoria de consumidores (residencial, rural,

iluminação pública, etc.).

Em praticamente todos os casos em que o Estado regulamenta preços e lucros de empresas de

serviços públicos, tem sido utilizado o sistema de tarifa pelo custo do serviço, que é aplicado

tanto em empresas privadas regulamentadas quanto em empresas estatais. Os sistemas de

tarifas com base nos custos marginais têm sido aplicados, na maior parte dos casos, para

substituir ou para complementar este sistema tradicional.

A tarifa pelo custo do serviço apresenta, como principal componente, os custos de capital.

Esses custos é função direta do capital imobilizado e da taxa de rentabilidade.

1.3.2 TARIFA PELO PASSIVO

A tarifa pelo passivo é obtida com base no balanço de resultados da empresa concessionária,

considerando um custo composto pelas seguintes parcelas do passivo:

d) Os custos de exploração, compreendendo os custos de operação e manutenção dos

bens e instalações em serviço;

e) Os custos administrativos, compreendendo os custos comprometidos na supervisão e

administração dos serviços de eletricidade;

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f) Os custos financeiros, correspondentes aos juros pagos e às parcelas de amortização

dos empréstimos e financiamentos usados na formação dos bens e instalações em

serviço;

g) Uma parcela correspondente ao pagamento de dividendos, ou seja, os rendimentos do

capital empregado;

h) Outra parcela relativa ao pagamento de royalties, quando existirem.

O nível dessa tarifa é definido de conformidade com o valor médio obtido, considerando os

itens de custo apresentados acima e o mercado previsto.

A estrutura dessa tarifa pode ser definida com base em custos contábeis ou em custos

marginais.

Um exemplo de aplicação dessa tarifa é encontrado na empresa Itaipu Binacional, que fornece

energia elétrica ao Brasil e ao Paraguai.

1.3.3 TARIFA PELO PREÇO

A tarifa pelo preço é entendida como a tarifa estabelecida em função do preço apresentado na

proposta vencedora de uma licitação para outorga da concessão do serviço, preservadas regras

de reajustes estabelecidas em edital de licitação ou em contrato de concessão, conforme

definido em lei.

Essa tarifa não está subordinada a taxas de rentabilidade ou quaisquer outros critérios dessa

natureza. Sempre que forem atendidas as condições do contrato de concessão, supõe-se

mantido o equilíbrio econômico-financeiro da concessão. Dessa forma, o nível de tarifas é

estabelecido no contrato de Tarifas de Energia Elétrica através de concessão e reajustado

conforme cláusulas nele existentes.

A estrutura tarifária é aprovada pelo poder concedente, considerando os regulamentos

existentes sobre a matéria. Dessa forma, a empresa concessionária propõe estruturas de tarifas

diferenciadas em função das características técnicas e dos custos específicos de cada tipo de

fornecimento. Os regulamentos podem exigir o emprego de técnicas que utilizem os custos

marginais.

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1.3.4 TARIFA PELO CUSTO MARGINAL

A tarifa ao custo marginal possui como característica básica um nível tarifário igual à média

dos custos marginais de cada fornecimento específico e uma estrutura tarifária também

diretamente resultante desses custos marginais.

O custo marginal é o custo requerido para atender a um aumento marginal de carga, ou seja,

dq

dc(q)Cm (1.1)

onde

c(q) - é o custo total de atendimento em função da carga e q é a carga atendida.

Os conceitos de tarifa ao custo marginal se apóiam na teoria microeconômica, existindo duas

variantes: a tarifa ao custo marginal de curto prazo e a tarifa ao custo marginal de longo

prazo.

O custo marginal de curto prazo ou custo marginal de operação é o custo de atendimento de

uma unidade adicional de demanda, considerando o sistema elétrico existente. Ou seja, o

atendimento da carga adicional é feito com o aumento da geração térmica e/ou com a

diminuição da qualidade do serviço.

A tarifa ao custo marginal de curto prazo é geralmente fixada para períodos anuais e

reajustada quando ocorrem variações significativas desse custo. O Chile aplica essa

modalidade de tarifa desde 1972.

O custo marginal de longo prazo ou custo marginal de expansão é o custo de atendimento de

uma unidade adicional de demanda, considerando a expansão do sistema e permitindo

também a alteração da qualidade do serviço e dos níveis de geração térmica.

As tarifas ao custo marginal de longo prazo são geralmente calculadas a partir de custos

incrementais associados os planos de expansão específicos. Considerando a expansão ótima

dos sistemas, alguns países têm usado essa modalidade de tarifa, com resultados bastante

positivos, como é o caso da França.

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1.3.5 TARIFA INTEGRADA

Nessa modalidade, tanto o nível como a estrutura das tarifas são estabelecidas guardando a

maior coerência possível com os custos marginais e, além disso, levando em consideração

outros princípios básicos de tarifação e os objetivos atribuídos ao setor elétrico.

A chamada tarifa integrada é obtida a partir da tarifa de referência, ou tarifa ao custo

marginal, e considera o aspecto financeiro da prestação dos serviços e outros aspectos práticos

relacionados com a determinação das tarifas.

As tarifas de referência ou tarifas ao custo marginal são obtidas considerando o

comportamento da carga e os custos marginais do sistema elétrico, incluindo geração,

transmissão e distribuição. A tarifa de referência é a base para a definição da estrutura

tarifária.

A tarifa integrada é obtida a partir das tarifas de referência (indicando a estrutura desejável),

considerando o equilíbrio financeiro da empresa concessionária (indicando o nível tarifário

médio adequado) e também aspectos de ordem política, social, operacional, etc.

A tarifa integrada é assim denominada porque considera os aspectos teóricos e práticos,

relacionados com a determinação da tarifa, de forma integrada.

A tarifa integrada contempla adequadamente a teoria econômica, pois considera os objetivos

de eficiência econômica (primeiro ótimo), além de tratar de forma racional os aspectos

políticos (por exemplo, forma de equalização das tarifas), econômicos relacionados ao

segundo ótimo (por exemplo, tarifas para consumidores industriais considerando subsídios em

energéticos alternativos), sociais (tarifas para consumidores de baixa renda) e operacionais

(simplificação das tarifas devido a restrições de medição e faturamento).

Por essas razões, essa modalidade de tarifas vem sendo escolhida pelos setores de eletricidade

de um número crescente de países, pois é a que mais se ajusta aos requisitos exigidos dos

setores elétricos, que devem buscar uma tarifa adequada às suas características e às

necessidades da sociedade, considerando o uso racional e a conservação de energia e

conduzindo os agentes envolvidos na direção da qualidade e da produtividade.

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1.3.6 ENCARGOS OU TAXAS

Os encargos ou taxas são relacionados aos custos associados ao atendimento dos

consumidores, os quais não dependem da potência demandada ou da energia consumida e não

são considerados nas tarifas.

Esses encargos ou taxas se referem os custos associados diretamente às unidades de consumo.

É o caso, por exemplo, dos encargos para ligação de novos consumidores, das taxas de leitura,

de desligamento e religamento, cobrança e outras resultantes de serviços dessa natureza.

Além dos encargos acima referidos, existem encargos especiais, como, por exemplo, aqueles

relacionados com o consumo adicional de combustíveis nas usinas térmicas. A cobrança

desses encargos permite à concessionária repassar rapidamente ao consumidor os aumentos

imprevistos nos custos dos combustíveis.

Outros exemplos de encargos especiais são os pagamentos de royalties, as taxas especiais para

viabilizar a equalização das tarifas e os empréstimos compulsórios para a expansão do sistema

elétrico.

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13

Capítulo 2 DEFINIÇÕES BÁSICAS

2.1 INTRODUÇÃO

A fim de se compreender o desenvolvimento do trabalho é necessário que algumas definições

básicas empregadas pela ANEEL, conforme resolução n° 456, de 29 de Novembro de 2000,

Artigo 2, sejam devidamente apresentadas:

- Carga instalada: soma das potências nominais dos equipamentos elétricos instalados na

unidade consumidora, em condições de entrar em funcionamento, expressa em quilowatts

(kW).

- Concessionária ou permissionária: agente titular de concessão ou permissão federal para

prestar o serviço público de energia elétrica.

- Consumidor: pessoa física ou jurídica, que solicitar à concessionária o fornecimento de

energia elétrica e assumir a responsabilidade pelo pagamento das faturas e pelas demais

obrigações fixadas em normas e regulamentos da ANEEL, vinculando-se aos contratos de

fornecimento, de uso e de conexão ou de adesão, conforme cada caso.

- Consumidor livre: consumidor que pode optar pela compra de energia elétrica junto a

qualquer fornecedor, conforme a legislação e regulamentos específicos. Na seção 2.2 serão

dados maiores informações sobre a figura do consumidor livre.

- Contrato de adesão: instrumento contratual com cláusulas vinculadas às normas e

regulamentos aprovados pela ANEEL, não podendo o conteúdo das mesmas ser modificado

pela concessionária ou consumidor, a ser aceito ou rejeitado de forma integral.

– Contrato de fornecimento: instrumento contratual em que a concessionária e o consumidor

responsável por unidade consumidora do Grupo “A” ajustam as características e as condições

comerciais do fornecimento de energia elétrica.

– Contrato de uso de conexão: instrumento contratual em que o consumidor livre ajusta com

a concessionária as características técnicas e as condições de utilização do sistema elétrico

local, conforme a regulamentação específica.

– Demanda: média das potências elétricas ativas ou reativas, solicitando ao sistema elétrico

pela parcela da carga instalada em operação na unidade consumidora, durante um intervalo de

tempo específico.

– Demanda contratada: demanda de potência ativa a ser obrigatória e continuamente

disponibilizada pela concessionária, no ponto de entrega, conforme valor e período de

vigência fixados no contrato de fornecimento e que deverá ser integralmente paga.

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– Demanda de ultrapassagem: parcela da demanda medida que excede o valor da demanda

contratada, expressa em quilowatts (kW).

– Demanda faturável: valor de demanda de potência ativa, identificado de acordo com os

critérios estabelecidos e considerado para fins de faturamento, com aplicação da respectiva

tarifa, expressa em quilowatts (kW).

– Demanda medida: maior demanda de potência ativa, verificada por medição, integralizada

no intervalo de 15 (quinze) minutos durante o período de faturamento, expressa em quilowatts

(kW).

– Energia elétrica ativa: energia elétrica que pode ser convertida em outra forma de energia,

expressa em quilowatts-hora (kWh).

– Energia elétrica reativa: energia elétrica que circula continuamente entre os diversos

campos elétricos e magnéticos de um sistema de corrente alternada, sem produzir trabalho,

expressa em quilovolt-ampére-reativo-hora (kvarh).

– Estrutura tarifária: Conjunto de tarifas aplicáveis às componentes de consumo de energia

elétrica e/ou demanda de potência ativas de acordo com a modalidade de fornecimento.

– Estrutura tarifária convencional: estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas de

consumo de energia elétrica e/ou demanda de potência independentemente das horas de

utilização do dia e dos períodos do ano.

– Estrutura tarifária horo-sazonal: estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas

diferenciadas de consumo de energia elétrica e de demanda de potência de acordo com as

horas de utilização do dia e dos períodos do ano, conforme especificação a seguir:

i) Tarifa Azul: modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferenciadas de

consumo de energia elétrica de acordo com as horas de utilização do dia e os períodos

do ano, bem como de tarifas diferenciadas de demanda de potência de acordo com as

horas de utilização do dia.

j) Tarifa Verde: modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferenciadas de

consumo de energia elétrica de acordo com as horas de utilização do dia e os períodos

de ano, bem como de uma única tarifa de demanda de potência.

k) Horário de ponta (P): período definido pela concessionária e composto por 3 (três)

horas diárias consecutivas, exceção feita aos sábados, domingos, terça-feiras de

carnaval, sexta-feira da Paixão. “Corpus Christi”, dia de finados e os demais feriados

definidos por lei federal, considerando as características do seu sistema elétrico.

l) Horário fora de ponta (F): período composto pelo conjunto das horas diárias

consecutivas e complementares àquelas definidas no horário de ponta.

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m) Período úmido (U): período de 5 (cinco) meses consecutivos, compreendidos os

fornecimentos abrangidos pelas leituras de dezembro de um ano a abril do ano

seguinte.

n) Período seco (S): período de 7 (meses) consecutivos, compreendendo os

fornecimentos abrangidos pelas leituras de maio a novembro.

– Fator de carga: razão entre a demanda média e a demanda máxima da unidade

consumidora, ocorridas no mesmo intervalo de tempo especificado.

– Fator de demanda: razão entre a demanda máxima num intervalo de tempo especificado e

a carga instalada na unidade consumidora.

– Fator de potência: razão entre a energia elétrica ativa e a raiz quadrada da soma dos

quadrados das energias elétricas ativas e reativas, consumida num mesmo período

especificado.

– Fatura de energia elétrica: nota fiscal que apresenta a quantia total que deve ser paga pela

prestação do serviço público de energia elétrica, referente a um período especificado,

discriminando as parcelas correspondentes.

– Grupo “A”: grupamento composto de unidade consumidora com fornecimento em tensão

igual ou superior a 2,3 kV, ou ainda, atendidas em tensão inferior a 2,3 kV a partir de sistema

subterrâneos de distribuição e faturadas neste Grupo nos termos definidos no art. 82,

caracterizado pela estruturação tarifária binômia e subdividido nos seguintes subgrupos:

o) Subgrupo A1 - tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV;

p) Subgrupo A2 - tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV;

q) Subgrupo A3 - tensão de fornecimento de 69 kV;

r) Subgrupo A3a - tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV;

s) Subgrupo A4 - tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV;

t) Subgrupo AS - tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, atendidas a partir de sistemas

subterrâneos de distribuição e faturada neste Grupo em caráter opcional.

- Grupo “B”: grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em tensão

inferior a 2,3 kV, ou ainda, atendidas em tensão superior a 2,3 kV e faturadas neste Grupo nos

termos definidos nos art. 79 a 81, caracterizado pela estruturação tarifária monômia e

subdividido nos seguintes subgrupos:

u) Subgrupo B1 - residencial;

v) Subgrupo B1 - residencial baixa renda;

w) Subgrupo B2 - rural;

x) Subgrupo B2 - cooperativa de eletrificação rural;

y) Subgrupo B2 - serviço público de irrigação;

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z) Subgrupo B3 - demais classes;

aa) Subgrupo B4 - iluminação pública.

- Iluminação Pública: serviço que tem por objetivo prover de luz, ou claridade artificial, os

logradouros públicos no período noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais, inclusive

aqueles que necessitam de iluminação permanente no período diurno.

- Período de fornecimento: ato voluntário do interessado que solicita ser atendido pela

concessionária no que tange à prestação de serviço público de fornecimento de energia

elétrica, vinculando-se às condições regulamentares dos contratos respectivos.

- Ponto de entrega: ponto de conexão do sistema elétrico da concessionária com instalações

elétricas da unidade consumidora, caracterizando-se como o limite de responsabilidade do

fornecimento.

- Potência: quantidade de energia elétrica solicitada na unidade de tempo, expressa em

quilowatts (kW).

- Potência disponibilizada: potência de que o sistema elétrico da concessionária deve dispor

para atender aos equipamentos elétricos da unidade consumidora, segundo os critérios

estabelecidos nesta Resolução e configurados nos seguintes parâmetros:

bb) unidade consumidora do Grupo “A”: a demanda contratada, expressa em quilowatts

(kW).

cc) unidade consumidora do Grupo “B”: a potência em kVA, resultante da multiplicação

da capacidade nominal ou regulada, de condução de corrente elétrica do equipamento

de proteção geral da unidade consumidora pela tensão nominal, observado no caso de

fornecimento trifásico, o fator especifico referente ao número de fases.

- Potência instalada: soma das potências nominais de equipamentos elétricos de mesma

espécie instalados na unidade consumidora e em condições de entrar em funcionamento.

- Ramal de ligação: conjunto de condutores e acessórios instalados entre o ponto de

derivação da rede da concessionária e o ponto de entrega.

- Religação: procedimento efetuado pela concessionária com o objetivo de restabelecer o

fornecimento à unidade consumidora, por solicitação do mesmo consumidor responsável pelo

o fato que motivou a suspensão.

- Subestação: parte das instalações elétricas da unidade consumidora atendida em tensão

primária de distribuição que agrupa os equipamentos, condutores e acessórios destinados à

proteção, medição, manobra e transformação de grandezas elétricas.

- Subestação transformadora compartilhada: subestação particular utilizada para

fornecimento de energia elétrica simultaneamente a duas ou mais unidades consumidoras.

- Tarifa: preço da unidade de energia elétrica e/ou da demanda de potência ativa.

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- Tarifa monômia: tarifa de fornecimento de energia elétrica constituída por preços

aplicáveis unicamente ao consumo de energia elétrica ativa.

- Tarifa binômia: conjunto de tarifas de fornecimento constituído por preços aplicáveis ao

consumo de energia elétrica ativa e à demanda faturável.

- Tarifa de ultrapassagem: tarifa aplicável sobre a diferença positiva entre a demanda média

e a contratada, quando exceder os limites estabelecidos.

- Tensão secundária de distribuição: tensão disponibilizada no sistema elétrico da

concessionária com valores padronizados inferiores a 2,3 kV.

- Tensão primária de distribuição: tensão disponibilizada no sistema elétrico de

concessionária com valores padronizados iguais ou superiores a 2,3 kV.

- Unidade consumidora: conjunto de instalações e equipamentos elétricos caracterizados

pelo recebimento de energia elétrica em um só ponto de entrega, com medição

individualizada e correspondente a um único consumidor.

- Valor líquido da fatura: valor em moeda corrente resultante da aplicação das respectivas

tarifas de fornecimento, sem incidência de impostos, sobre as componentes de consumo de

energia elétrica ativa, de demanda de potência ativa, de uso do sistema, de consumo de

energia elétrica e demanda de potência reativas excedentes.

- Valor mínimo faturável: valor referente ao custo de disponibilidade do sistema elétrico,

aplicável ao faturamento de unidades consumidoras do Grupo “B”, de acordo com os limites

fixados por tipo de ligação.

2.2 CONSUMIDOR LIVRE

A Lei 9.074/95 que criou o Produtor Independente de Energia Elétrica (PIEE) definido como

sendo “pessoa jurídica ou empresas reunidas em consórcio que recebam concessão ou

autorização do poder concedente para produzir energia elétrica destinada ao comércio de toda

ou parte da energia produzida, por sua conta e risco”, também introduziu o conceito de

consumidores livres, que são aqueles autorizados a contratar seu fornecimento diretamente

com o PIEE, dentro de critérios pré-determinados de carga e tensão.

Como já definido, consumidor livre é todo e qualquer consumidor com carga igual e superior

a 3000 kW, atendido em tensão superior ou igual a 69 kV, que podem optar por contratar seu

fornecimento, no todo ou em parte, com um produtor independente de energia elétrica.

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Assim, um consumidor com as características acima pode optar por adquirir energia de outra

concessionária, no entanto, só poderá retornar à empresa distribuidora de energia inicial se

cumprir um prazo de no mínimo de 5 anos.

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Capítulo 3 DESCRIÇÃO DAS TARIFAS

3.1 INTRODUÇÃO

Este capítulo tem como objetivo descrever as metodologias para cálculo das tarifas de

geração, transmissão e distribuição (MARANGON, 2000).

3.2 TARIFAS DE GERAÇÃO

As tarifas de geração têm origem no conceito de custos marginais. Para compreendê-lo, será

apresentada a metodologia dos custos marginais de operação para sistema térmico e

hidrotérmicos.

3.2.1 OPERAÇÃO DE SISTEMAS TERMOELÉTRICOS - BARRA ÚNICA

O despacho ótimo de um sistema de geração composto de Nt unidades térmicas é

representado como:

Min j

Nt

j

j gc 1

sujeito a (3.1)

dg j

Nt

j

1

d

Ntjparagg jj ,...,1 gj

onde

Nt número de unidades de geração térmica

cj custo de geração da unidade j

gj geração da unidade j

g_j capacidade de geração da unidade j

d mercado de energia

d custo marginal associado à variação do mercado

gj custo marginal associado à variação da capacidade de geração

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O modelo de despacho (3.1) é um problema de programação linear. Portanto, é um modelo de

rateio de custos e benefícios, onde se minimiza custos de produção, e não maximiza a renda

resultante da produção.

A capacidade de geração de cada unidade j, g_j , equivale ao recurso bj no modelo linear de

produção. Pode-se ver que uma quantidade maior deste recurso "capacidade de geração"

beneficia o processo de produção (no caso, reduz o custo de produção). Portanto, os geradores

devem receber uma remuneração por sua contribuição. Já a demanda d é um "recurso" que

prejudica o processo de produção, pois uma maior demanda leva a um aumento dos custos

operativos. Portanto, o recurso "demanda" deve pagar ao sistema por sua participação.

O problema de despacho (3.1) tem uma estrutura simples, e pode ser resolvido por inspeção:

carregue os geradores por custo crescente de operação até atender ao mercado. Por

simplicidade de notação, suponha que os geradores j = 1, ..., Nt estão em ordem crescente de

custo, e que j* é a última unidade a ser carregada. O custo marginal associado à variação do

mercado, d, é dado por:

d = c*

j (3.2)

A equação (3.2) indica que uma variação marginal no mercado será compensada por uma

variação marginal no gerador j*, cujo custo unitário é c*,j.

Observe que d é positivo, isto é, um aumento na demanda leva a um aumento no custo

operativo. Como mencionado anteriormente, d é uma tarifa a ser paga pelos consumidores.

O valor total a ser pago é dado pelo produto da tarifa pela demanda:

L(d) = d x d (3.3)

Por sua vez, os multiplicadores associados a variações na capacidade de geração, gj, são

dados por:

gj = cj - c*

j para j = 1, ..., j*

(3.4)

gj = 0 para j = j* + 1,...,Nt

A equação (3.4) tem a seguinte interpretação: se houver um aumento na capacidade de um

gerador já totalmente utilizado no despacho econômico (isto é, cujo custo de geração é menor

do que o da unidade marginal j*), esta capacidade adicional será utilizada para substituir parte

da geração da unidade j*. O ganho líquido é, portanto a diferença entre os custos unitários de

geração de ambas as unidades. Por outro lado, um incremento na capacidade de uma unidade

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não carregada (custo unitário de operação superior a j*) não afeta o despacho e, portanto, não

muda o custo de operação.

De acordo com as regras de alocação, a parcela que cabe a cada unidade geradora é dada por:

L(g_j) = gj x g

_j para j = 1,...,Nt (3.5)

Observe que a expressão (3.5) tem um sinal negativo (recebimento), uma vez que cj*>cj,

enquanto a expressão (3.4) tem um sinal positivo (tarifa). Substituindo (3.4) em (3.5) obtém-

se:

L(g_j) = (cj - c

*

j) g

_j para j = 1, ..., j*

(3.6)

L(g_j) = 0 x g

_j para j = j* + 1,...,Nt

A expressão (3.5) pode ser escrita de forma mais intuitiva:

L(g_j) = (cj - c

*

j) gj (3.7)

De acordo com (3.6), cada unidade j "compra" sua própria produção gj a um custo unitário cj

e a "vende" aos consumidores ao "preço de mercado" d, que no caso é igual a c*

j. A Figura

3.1 abaixo ilustra este processo.

vende esta geração

ao preço de "mercado"G

"compra" geração

ao custo de

combustível

Figura 3.1: Processo de compra e venda de energia

3.2.2 OPERAÇÃO DE SISTEMAS HIDROTÉRMICO

O problema de operação ótima de um sistema hidrotérmico, supondo conhecidas as afluências

ao longo do período de planejamento, é formulado como:

Min

Nt

j

tjj

T

t

t gcb11

sujeito a (3.8)

vt+1,i = vti + ati - uti - sti + m e Mi

[ utm + stm ] hti (3.8a)

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vt+1,i v_

i vti (3.8b)

uti u_i uti (3.8c)

gtj g_j gtj (3.8d)

tktj

Nt

j

tii

Nh

j

dgur 11

dt (3.8e)

para t = 1,...,T; para i = 1,...,Nh; para j = 1,...,Nt

(Obs.: supõe-se que o conjunto de volumes iniciais {v1,i} é conhecido).

onde

T horizonte de planejamento

t fator de atualização

vti volume armazenado na usina hidroelétrica i no início do estágio t

ati volume lateral afluente à usina i durante o estágio t

uti volume turbinado pela usina i durante o estágio t

sti volume vertido na usina i durante o estágio t

Mi conjunto de usinas imediatamente a montante de i

v_i volume máximo armazenável na usina i

u_i volume máximo turbinável da usina i

Nh número de usinas hidroelétricas

i coeficiente de produção da usina i

As restrições (3.8a) representam o balanço hídrico nos reservatórios: o volume armazenado ao

final do estágio é igual ao volume armazenado no início do estágio mais o volume lateral

afluente, menos os volumes turbinado e vertido, mais os volumes de fluentes das usinas

imediatamente a montante. As restrições (3.8b) e (3.8c) representam limites de

armazenamento e turbinamento. As restrições (3.8d) modelam os limites de geração térmica.

Finalmente, as restrições (3.8e) representam o atendimento ao mercado de energia: a soma das

gerações hidroelétricas (dadas pelo produto do coeficiente de produção e o volume de

fluente turbinado) e das gerações térmicas deve ser igual à carga do sistema em cada estágio.

Os "recursos" utilizados para a produção de energia elétrica neste problema são os

reservatórios, turbina, usinas térmicas, demanda e a água. Como discutido a seguir, o fato da

água ser um recurso no âmbito da teoria marginalista traz conseqüências interessantes, pois

ela receberá uma parcela das tarifas no rateio.

A alocação marginal para as unidades térmicas é semelhante à alocação do despacho

puramente térmico.

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L(g_tj) = gtj x g

_j (3.9)

A alocação das usinas hidroelétricas referente à contribuição do conjunto turbina-geradora é

semelhante à da geração térmica:

L(u_ti) = uti x u

_i (3.10)

A alocação referente à contribuição do reservatório é dada por:

L(v_ti) = vti x v

_i (3.11)

Uma expressão alternativa para esta alocação dos reservatórios é dada por:

L(v_ti) = hti x (vt+1,i - vti ) (3.12)

A expressão (3.12) tem uma interpretação econômica interessante: a cada estágio t, o

reservatório i "vende" (depleciona) ou "compra" (armazena) um volume de água igual à

diferença entre os volumes inicial e o final (vt+1,i - vti ). O preço de "mercado" destes

volumes é o mesmo da afluência lateral ao reservatório, hti. O reservatório é, portanto um

agente econômico que "compra" água no passado, quando houver uma cheia, e h for preço

reduzido, e a "vende" no futuro, quando houver uma seca, e h for um preço elevado. A

Figura 3.2 abaixo ilustra este processo.

"compra" água no passado

através do

enchimento do reservatório

"vende" água no futuro

através do

esvaziamento do reservatório

TT + DT

Figura 3.2 Processo de compra e venda

Finalmente, a alocação associada à água é:

L(ati) = hti x ati (3.13)

A questão interessante que surge neste ponto é que entidade deve receber a parcela referente à

água. Observe que esta parcela não deve necessariamente ser transferida às empresas

concessionárias. Pode-se demonstrar que, a remuneração que estas empresas já recebem pelos

recursos geração térmica, reservatórios e turbinas são suficientes para cobrir seus custos de

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investimento e operação. Por outro lado, não se pode subtrair esta parcela da tarifa a ser paga

pelos consumidores, pois isto distorce o "sinal" econômico dado pelas tarifas.

3.2.3 CÁLCULO DOS ENCARGOS DOS GERADORES

Além dos custos de energia propriamente ditos, as centrais geradoras, independentemente de

estarem ou não diretamente conectadas à Rede Básica, pagam encargos pelo uso dos sistemas

de transmissão e pagam encargos pelo uso de sistemas de distribuição caso estejam

conectadas em instalações de distribuição.

As tarifas são individualizadas para cada usina, em função de seu ponto de conexão à rede

elétrica. A potência a ser utilizada no cálculo dos encargos dos geradores, é aquela informada

conforme os Procedimentos de Rede ou Procedimentos de Distribuição. Cada central geradora

deve informar o máximo valor a ser injetado no sistema.

As usinas cujas tarifas forem negativas têm sua remuneração mensal calculada, não pela

capacidade instalada, mas pelo máximo despacho mensal verificado. Por esse critério, é

evitada a sobre-remuneração de usinas que, por estarem frequentemente desligadas ou

despachadas em valores reduzidos, a despeito de estarem localizadas próximas à demanda não

evitam, efetivamente, investimentos na expansão da rede elétrica. Ao mesmo tempo, esse

critério busca reconhecer que, por sua presença junto aos centros de carga, esses geradores

podem ser eventualmente despachados fora de ordem de mérito, quando de indisponibilidade

no sistema de transmissão, permitindo o adiantamento de reforços que visem assegurar o

atendimento à carga em configurações de rede incompleta.

3.3 TARIFA DE TRANSMISSÃO

3.3.1 MÉTODOS PARA ALOCAÇÃO DE CUSTOS DE TRANSMISSÃO

A incorporação de um modelo competitivo no sistema de transmissão tem se mostrado, tanto

sob o ponto de vista teórico, quanto em sua aplicação prática, um problema ainda não

convenientemente solucionado. Como não é viável economicamente a construção de sistemas

de transmissão independentes, conectando os geradores às suas cargas, é necessário garantir a

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utilização compartilhada da rede de transmissão por todos os agentes, dentro de parâmetros de

qualidade técnica, de modo a fornecer remuneração adequada para o sistema existente e

incentivo para a sua expansão.

Alguns métodos têm sido propostos para a tarifa de uso da rede e podem ser classificados

como pertencentes a um dos seguintes paradigmas: custo do sistema existente, custo

incremental, combinação dos dois anteriores. Entre os métodos incrementais, o custo marginal

de curto prazo, CMaCP, é bastante popular em função de seus sinais econômicos, isto é,

fornece a direção aos investidores para uma melhor minimização dos custos de operação.

Entretanto, algumas limitações devem ser observadas na sua aplicação em sistemas elétricos

de potência, tais como: não remuneração dos custos de transmissão, as tarifas obtidas são

bastante oscilatórias no tempo e estes custos são obtidos levando em consideração os custos

da geração. Por outro lado, os métodos de alocação dos custos do sistema existente ou custos

embutidos proporcionam uma remuneração total dos custos de transmissão e são fáceis de

programar. No entanto, estes métodos são criticados devido à falta de um embasamento

econômico consistente principalmente no que se refere aos sinais econômicos. A combinação

dos métodos incremental e do sistema existente tem sido aplicado pois incorpora as principais

vantagens de cada um. Neste caso, inclui-se uma parcela suplementar aos custos marginais

para obter a receita permitida total. Este tipo de abordagem deve ser bastante criterioso uma

vez que pode distorcer os sinais econômicos produzidos pela metodologia marginalista.

A tarifação via custos marginais é a que proporciona a almejada eficiência econômica visto

que estes custos equivalem ao preço do bem formado num ambiente de concorrência perfeita.

Entretanto, sabe-se que a concorrência perfeita não existe na prática e o ponto de equilíbrio

nos mercados reais normalmente não representam os custos marginais. A busca deste novo

ponto de equilíbrio de mercados não perfeitos tem sido tema de pesquisa na área econômica.

A seguir, serão descritas duas diferentes metodologias para cálculo da tarifa de transmissão:

custo incremental e método nodal.

a) Custo Incremental

Os custos incrementais tentam captar o incremento causado nos custos do sistema por uma

determinada transação de potência. Esta análise pode ser de longo ou de curto prazo, caso

considere os investimentos em capital ou não respectivamente. A maneira mais natural de

calcular o impacto causado por determinada transação é verificar o custo total antes e depois

de incluí-la no sistema. A diferença dos dois custos indicaria o seu impacto monetário. É

possível obter esta diferença simulando os dois casos, o que seria complicado se o número de

transações for grande, ou através da utilização dos multiplicadores de Lagrange, d, que

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representam os CMaCP’s de barra ou os “spot-prices”. Estes multiplicadores são obtidos a

partir da solução de um problema de otimização que no caso tem como função objetivo a

minimização do custo de produção. Estes indicadores são originados a partir das restrições de

transmissão.

Minimizar Custo de Produção

sujeito a Equação da água

Restrições de geração

Restrições de transmissão (3.14)

Com o CMaCP por barra, é possível calcular a variação do custo de produção associado a

uma determinada transação envolvendo transmissão através da diferença entre o custo

marginal da barra onde está sendo injetada determinada potência e o da barra onde se está

sendo retirada tal potência.

CP = W (di - dj) (3.15)

onde

di, dj são os custos marginais das barras i e j

CP variação do custo de produção

A função objetivo que origina os coeficientes d na equação (3.15) é minimizar o custo de

operação das usinas onde são incorporados os aspectos da coordenação hidrotérmico. A

diferença dos CMaCP’s representa, portanto, o impacto trazido pela transação no custo de

produção do sistema. É importante ressaltar que este custo pode ser negativo caso a transação,

em função das condições do sistema, beneficie a operação do sistema aliviando carregamentos

no sistema de transmissão. Os valores de d variam em função do ponto de operação, ou seja,

eles diferem a cada hora do dia e em cada estação ou período hidrológico do ano.

O CMaCP está diretamente associado à produção de energia elétrica e normalmente não

consegue recuperar o custo total da transmissão necessitando de ajustes para igualar a

remuneração com a receita permitida. Quando estes ajustes são relativamente pequenos, a

eficiência obtida na alocação marginal dos custos não é prejudicada. Entretanto, o que se tem

verificado é que estes ajustes tendem a ser muito grandes comprometendo os custos assim

obtidos.

Quando na função objetivo são incorporados os custos de investimentos, os custos marginais

passam a ser de longo prazo e os problemas dos desajustes são mitigados. A busca de uma

formulação usando os custos marginais de longo prazo (CMaLP) tem sido constante mas

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esbarra sempre no problema de necessitar de dados do futuro e de um plano de expansão

ótimo. Como o grau de incerteza associado ao futuro é grande torna-se difícil obter este plano

ótimo. Caso este fosse possível, os novos coeficientes d incorporariam não só os custos de

produção, mas também os investimentos e os resultados do uso da equação (3.5-3.8)

corresponderiam aos sinais econômicos corretos para os usuários do sistema de transmissão.

Não sendo possível obter os CMaLP’s ideais, algumas simplificações são tentadas. Um

exemplo, já bastante utilizado na tarifação tradicional, é o uso dos custos médio incremental

de longo prazo. Este custo é obtido a partir de um planejamento acordado entre as

concessionárias envolvidas. No caso brasileiro, o EPE elabora o plano indicativo de

investimentos na geração que por sua vez produziria um plano conjunto com a transmissão

podendo ser usado para definir os custos incrementais.

Uma outra forma de se obter o custo marginal de longo prazo é mudar a função objetivo da

equação (3.15) para levar em conta os custos de cada circuito:

Min k

Nk

k

k Fc

(3.16)

s.a

P = B (3.16a)

Fk = bij ij _

Fk para todo k (3.16b)

onde

ck custo unitário do circuito k

Fk fluxo líquido no circuito k _

Fk Capacidade do circuito k

P vetor das potências injetadas

B matriz de susceptância nodal

vetor dos ângulos das tensões nos barramentos do sistema

bij susceptância do ramo k que está conectado entre o barramentos i e j

ij diferença angular entre os barramentos i e j

Os coeficientes de Lagrange obtidos a partir da primeira restrição tentam capturar o impacto

no uso do sistema de transmissão ponderado pelos custos de cada equipamento. A idéia é

construir um sistema de transmissão para atender os padrões geração/carga de cada usuário do

sistema supondo que as capacidades dos circuitos pudessem ser ajustadas de acordo com as

necessidades.

É importante observar que se o padrão geração-carga é fixo (P é constante), ou seja, os

despachos dos geradores e as cargas estão definidos, a região viável do problema (3.16) pode

ser um ponto definido pela solução do fluxo de potência DC da equação (3.16a) ou ser um

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28

espaço vazio quando as restrições da equação (3.16b) forem ativadas. Desta forma, a solução

do problema (3.16) que aperfeiçoa o uso do sistema de transmissão, ou “planeja” os

investimentos de forma ótima, é a própria solução de um fluxo DC. Esta propriedade facilita o

cálculo dos coeficientes de Lagrange associados à restrição (3.16a) que representam a

sensibilidade da variação do custo de “ampliação da capacidade do sistema” frente ao

incremento de carga. Estes coeficientes podem ser obtidos a partir dos fatores de distribuição

que deram origem ao método nodal descrito a seguir.

b) Método Nodal

Este método é derivado da equação (3.16) onde os coeficientes de Lagrange d são obtidos

para cada nó no sistema e representam o CMaLP por barra. Para o nó j do sistema o

coeficiente dj é obtido através de fatores de distribuição :

dj = k=1

Nk

Ck

_

fk

(kj - kr) fpk (3.17)

onde

kj variação de fluxo no circuito k devido à injeção de 1 pu no nó j

kr variação de fluxo no circuito k devido à injeção de 1 pu no nó r de referência.

fpk fator de ponderação sobre a utilização do ramo k.

Uma parcela adicional é calculada para satisfazer o requisito de receita permitida:

=

RPT - i=1

Ni

i Pi

i=1

Ni

Pi

(3.18)

j’ = j +

onde

RPT receita permitida total para a transmissão definida de para cada ano

j tarifa nodal do nó j

Pj potência contratada no nó j

j’ tarifa do nó j ajustada para a cobertura da receita

Note que o numerador representa a receita que não consegue ser coberta pelos custos

marginais obtidos na equação (3.17) e o denominador representa a carga total do sistema.

Rearranjando a expressão (3.18) para j’ obtém-se:

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29

j’ =

RPT

i=1

Ni

Pi

+

i=1

Ni

(j - i) Pi

i=1

Ni

Pi

(3.19)

O primeiro termo da expressão acima corresponde à tarifação via selo postal, pois o

denominador representa a carga total do sistema. O segundo termo representa à oscilação

devido ao sinal locacional proporcional a soma das diferenças entre as tarifas dos outros nós e

o nó em questão. Utilizando a equação (3.18) podemos obter esta diferença entre as tarifas

originais sem a correção devido a receita total:

(j - i) =

Nk

k 1

Ck

_

fk

(kj - ki) fpk (3.20)

A diferença entre as tarifas é proporcional à diferença das sensibilidades kj e ki, ao custo

unitário de cada circuito e ao fator de ponderação. As sensibilidades dependem apenas da

configuração do sistema e do sentido do fluxo em cada ramo k e são independentes da barra

de referência. As únicas variáveis sob controle são os custos dos ramos, capacidade dos ramos

e o fator de ponderação.

Os custos individuais de cada ramo ou circuito são custos padrões e não devem ser alterados

freqüentemente. As capacidades dos circuitos são fornecidas a priori e dependem ou do limite

térmico, ou do limite de estabilidade ou do limite de tensão. Caso venham a se adotar padrões

menores para as capacidades dos circuitos, como por exemplo, o fluxo real do circuito, o sinal

locacional se intensifica. Este problema é similar ao que ocorre no método MW-milha.

O fator de ponderação criado pela ANEEL que varia entre 0 (zero) e 1 (um) tende a amortecer

a intensidade do sinal locacional. No limite, ou seja, quando estes fatores para qualquer ramo

forem nulos, o rateio passa a ser o selo postal, pois o segundo termo da equação (3.19) se

anula. Este fator foi criado para minimizar o problema das linhas de transmissão com baixo

carregamento ou que servem de otimização energética que conceitualmente deveriam ser

pagas por todos os agentes.

Uma outra opção que é adicionada ao programa nodal diz respeito à diferenciação entre as

tarifas para geração e para carga. Dentro da filosofia da tarifa locacional, existira sempre uma

simetria, ou seja, a tarifa para os geradores em um determinado barramento seria o simétrico

do estabelecido para a carga. A simetria produz o efeito da estabilidade do sinal, pois não é

correto que um gerador que alimenta uma carga em um mesmo barramento pague tarifa de

transmissão. Na equação (3.19) observa-se que o primeiro termo, responsável pela parcela do

selo ou do ajuste da receita, eleva de forma absoluta o nível da tarifa em todas as barras.

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30

Um outro fator que distorce a simetria é o pagamento diferenciado entre geradores e cargas.

No caso da resolução ANEEL 282/99 ficou estabelecido que 50 % da tarifa de uso do sistema

de transmissão seriam pago pelos geradores e que 50 % seriam pago pelos consumidores.

Apesar de neste caso estar equilibrado, a decisão de se ter uma tarifa por barra na geração e

uma tarifa única por concessionária para a carga contribui para a assimetria.

A definição da tarifa por nó e de certa forma independente da transação facilita a interação

com a idéia do mercado de energia onde a compra e venda de energia pode ser feita numa

bolsa. Para o gerador, a tarifa de uso da transmissão independe para quem ele está vendendo a

energia e, por outro lado, para o consumidor a tarifa independente de quem ele está

comprando a energia.

3.3.2 TARIFAS DE TRANSMISSÃO NO BRASIL

No Brasil, cada transmissor deve receber, mensalmente, o valor correspondente a um

duodécimo da RAP (Receita Anual Permitida) do mesmo, como forma de pagamento pela

disponibilidade dos equipamentos da Rede Básica ao ONS. Para que isto se verifique, a ONS

estabelece, para os acessantes da Rede Básica, encargos pelo uso do sistema de

transmissão. Tais encargos são determinados com base nas Tarifas de Uso do Sistema de

Transmissão (TUST) que devem satisfazer a alguns princípios básicos, quais sejam:

a) Promover a eficiência econômica através de uma correta sinalização aos acessantes

quanto à melhor localização e forma de utilização da rede;

b) Assegurar um tratamento isonômico entre acessantes;

c) Garantir a estabilidade de preço;

d) Possibilitar a cobertura dos custos vinculados à rede;

e) Ser transparente, de fácil entendimento implementação.

Para satisfazer a esses princípios básicos, adotou-se no Brasil o Método Nodal descrito

anteriormente, pois o mesmo apresenta algumas vantagens em relação às abordagens

marginalistas tradicionais:

a) Reflete satisfatoriamente os custos que cada acessante impõe à rede;

b) É menos suscetível a erros na previsão de cenários futuros de demanda e geração, uma

vez que a formulação as tarifas basei-se na rede existente, ao contrário das abordagens

tradicionais que se vale de cenários para tal.

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31

c) Fornece tarifas que, intuitivamente, refletem o uso da rede, apresentando valores

elevados quanto há necessidade de grandes investimentos no sistema.

Essa metodologia, como já comentado, estabelece custos para cada barra (ou nó) da rede de

Transmissão (custos nodais), baseados nos incrementos de fluxo provocados pelo usuário nas

linhas de transmissão e transformação da Rede Básica e nos custos de reposição desses

equipamentos.

Matematicamente, o custo associado a cada nó é fornecido pela expressão (3.17), que pode

fornecer custos nodais negativos o que indica uma carência de geração naquele ponto do

sistema e representaria um incentivo, na forma de um pagamento, para os geradores que ali se

conectaram. Raciocínio inverso é aplicável aos custos positivos que seriam um estimulo às

cargas para se conectarem em partes do sistema onde houver abundância de geração. Quanto

mais negativo os custos nodais, mais carente de geração é a área e quanto mais positivo eles

forem maiores a abundância de geração.

A aplicação da equação (3.17) não necessariamente atinge o requisito de receita necessário à

cobertura das RAP dos Transmissores e de custos operacionais do ONS. Torna-se necessário

um ajuste no nível dos custos nodais para a composição das tarifas finais. Esses ajustes

seguem os seguintes passos:

a) Cálculo das parcelas de ajustes para as tarifas das cargas e geradores.

Para garantir a arrecadação do requisito de receita, deve-se, inicialmente, definir a

responsabilidade das cargas e geradores na composição do valor total. Assim, sendo RGT a

Receita Global da Transmissão, equivalendo à soma das RAP dos Transmissores e dos custos

operacionais do ONS, tem-se:

RGTRGT ac *arg (3.21)

RGTRGT gerador *)1( (3.22)

10 (3.23)

A parcela de ajuste para as tarifas nodais das cargas, bem como os valores finais deste serão

dados segundo as expressões (3.18):

ii

jj

cjac

acD

DRGT

k

*arg

arg

(3.24)

k accj

cj arg' (3.25)

onde

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32

RGT acarg parcela da RGT a ser paga pelas cargas(R$/ano);

cj custo do nó j para cargas (R$/kW.ano);

'c

j tarifa do nó j para cargas, após o ajuste de nível (R$/kW.ano);

j cada uma das barras (ou nós) da rede;

D j demanda contratada do nó j (kW);

k acarg parcela somativa de ajuste do nível tarifário das cargas (selo,R$/kW.ano).

O mesmo tratamento é dado às tarifas dos geradores:

ii

jj

gjgerador

geradorP

PRGT

k

* (3.26)

k geradorgj

gj ' (3.27)

onde

RGT gerador parcela da RGT a ser paga pelos geradores (R$/ano);

gj custo no nó j para geradores (R$/kW.ano);

'g

j tarifa de geração do nó j (R$/kW.ano);

P j capacidade instalada do gerador j (kW);

k gerador parcela somativa de ajuste do nível tarifário dos geradores (selo, R$/kW.ano).

b) Agregação das tarifas nodais das cargas em zonas geo-elétricas

Depois de definidas as tarifas nodais para as cargas, estas são agrupadas por zonas, dando

origem às tarifas zonais, composta a partir da média ponderada das tarifas dos nós que

integram a referida zona geo-elétrica. Esse agrupamento dos nós em zonas geo-elétricas tem o

objetivo de simplificar a compreensão e a utilização dessas tarifas, bem como amenizar os

efeitos do sinal locacional/instabilidade de preços sobre cargas.

Embora a proposta original do RE-SEB fosse de definir zonas geo-elétricas pela similaridade

dos custos dos nós que as integrariam, a ANEEL optou pela definição dos limites de cada

zona como sendo os mesmos das Unidades da Federação (estados).

Para a unificação das tarifas de cada zona, é feita uma média ponderada das tarifas dos nós

que integram, através da expressão abaixo:

jj

jj

cj

z

D

D*'

(3.28)

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33

onde

z

- Tarifa média da zona geo-elétrica z, em R$/kW.ano;

'c

j - Tarifa para cargas do nó j localizado na zona geo-elétrica z, em R$/kW.ano;

D j - Demanda conectada ao nó j, sujeita aos encargos de transmissão.

A Tabela 3.1 mostra a incidência dos encargos de uso sobre diversos acessantes.

Tabela 3.1: Incidência dos Encargos de Uso

Acessante Transmissão Distribuição

Geradores Conectados à Rede Básica. Sim Não

Geradores Conectados à Distribuidora com

Despacho

Sim Sim Definidos pelo ONS.

Pequenos Geradores Conectados à Distribuidoras. Não Sim

Consumidores Livre Conectados à Rede Básica. Sim Não

Consumidores Livre Conectados na

Distribuidora. Não Sim

Distribuidoras/comercializadoras conectadas à

Rede

Sim Básica.

Distribuidoras/comercializadoras conectadas à

Outra

Não Sim Distribuidora.

Consumidores Cativos de uma Distribuidora Não Não

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34

3.4 TARIFA DE DISTRIBUIÇÃO

3.4.1 INTRODUÇÃO

Primeiramente, defini-se como rede de distribuição, de acordo com a resolução ANEEL

245/98, todos os ativos com tensão igual ou inferior a 138 kV.

A resolução ANEEL 286/99 estabelece os valores das tarifas de uso das instalações dos

sistemas de distribuição de energia elétrica onde a tarifação de uso das instalações de

distribuição para os barramentos com tensão entre 138 kV e 69 kV são baseados na

metodologia nodal, e a estrutura tarifária para as tarifas de uso nos demais níveis de tensão,

observando os diversos tipos de consumidores, baseados nos custos marginais de expansão

até cada nível de tensão.

3.4.2 METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DA TARIFA DE DISTRIBUIÇÃO

As Tarifas de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) foram construídas a partir das

seguintes premissas:

a) Manutenção da receita da distribuidora;

b) Estrutura vertical (relação entre os preços de cada nível de tensão) definida a partir dos

custos marginais de uso do sistema de distribuição em cada nível de fornecimento de

potência;

c) As relações entre os preços de ponta e fora de ponta (estrutura horizontal) foram mantidas

iguais aos sinais existentes nas tarifas de demanda dos respectivos subgrupos da

modalidade tarifária AZUL;

d) Adicionalmente, a tarifa de uso do sistema de distribuição deve cobrir os pagamentos às

transmissoras pelo aluguel dos sistemas de conexão, e também remunerar os custos

devidos às perdas relacionadas com a compra de energia e potência de geração e os custos

devido às perdas relacionadas ao uso do Sistema de Transmissão.

Adicionalmente, a tarifa de uso do sistema de distribuição deve cobrir os pagamentos às

transmissoras pelo aluguel dos sistemas de conexão, e também remunerar os custos devidos às

perdas relacionadas com a compra de energia e potência de geração e os custos devido às

perdas relacionadas ao uso do Sistema de Transmissão.

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35

A Figura 3.3 faz um encadeamento das premissas mencionadas.

RECEITA PURA

AUTORIZADA DA

DISTRIBUIDORA

ESTRUTURA

HORIZONTAL

TARIFA AZUL

RECEITA EM

CADA NÍVEL

CUSTOS

MARGINAIS ATÉ

CADA NÍVEL DE

TENSÃO

AGREGAÇÃO DOS CUSTOS, PERDAS

E CONEXÃO E ENCARGOS

CONSTRUÇÃO TARIFA NODAL

DO 138 Kv e 69 Kv

AJUSTE DAS RECEITAS NOS

DEMAIS NÍVEIS E

TARIFA SELO PONTA/FONTA

Figura 3.3 Construção da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição

Os passos para obtenção da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição são os seguintes:

1o Passo – Procedimento para o cálculo da Receita Pura da Distribuidora

a) Calcular a receita total de fornecimento a partir do mercado de 1999, aplicando-se as

tarifas de fornecimento, constantes na última Resolução de tarifas;

b) Deduzir dessa receita o pagamento aos geradores pela compra de energia e potência de

geração;

c) Deduzir o pagamento de CCC – Conta de Consumo de Combustíveis;

d) Deduzir o pagamento de encargos sobre a Receita Total: PIS/PASEP, COFINS;

e) Deduzir os custos devido às perdas relacionadas com a compra de energia e potência de

geração. Estes custos serão posteriormente agregados aos preços finais da TUSD. Eles são

aqui deduzidos para serem explicitados e principalmente porque como não possuem

nenhuma correlação com os custos marginais do sistema elétrico da distribuidora, não

podem permanecer na receita da distribuidora para serem rateados nos níveis de tensão a

partir dos custos marginais do sistema de distribuição.

f) Deduzir os custos de comercialização.

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A Figura 3.4 descreve esse procedimento para o cálculo da Receita Pura da Distribuidora.

RECEITA

DE

FORNECIMENTO

TARIFAS

FORNECIMENTO MERCADO

DEDUZIR

•COMPRA DE GERAÇÃO

•USO SISTEMA DE TRANSMISSÃO

•TRANSPORTE ITAIPÚ

•CCC E demais ENCARGOS

PIS/PASEP, COFINS, ICMS

•CUSTO DAS PERDAS

RECEITA

D/C

DEDUZIR

•CUSTOS DE COMERCIALIZAÇÃO

RECEITA D

Autorizada da Distribuidora

RECEITA D / C

Figura 3.4 Cálculo da Receita Autorizada Pura da Distribuidora

2o Passo – Custos Marginais até cada Nível

O segundo passo no cálculo da TUSD é a determinação dos custos marginais até cada nível de

fornecimento de potência.

a) Para calcular os custos marginais de uso do sistema de distribuição até cada nível de

tensão, primeiramente é necessário calcular os custos da expansão em cada nível.

b) A seguir, é necessário conhecer o comportamento da carga das redes e dos consumidores e

a configuração do sistema elétrico de distribuição pelos seguintes motivos:

Os custos impostos por um cliente à rede dependem de sua curva de carga e

principalmente da curva de carga da rede, pois sua demanda faturada (demanda

máxima em cada posto tarifário) é diferente da demanda que é imposta por ele na hora

de carregamento da rede (responsável pelo acréscimo de custo). Assim, deve-se

considerar o fator de coincidência entre a demanda máxima do cliente e a demanda

máxima da rede;

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Existem várias formas de curvas de carga de redes, cada uma delas com um horário de

carregamento. Um cliente (conforme sua curva de carga) impõe diferentes custos a

cada uma delas. Assim é necessário considerar a probabilidade de cada cliente estar

associado a cada tipo de rede. Com estas probabilidades pode-se calcular um fator de

coincidência médio do cliente nos vários horários de carregamento das redes;

c) Também é de fundamental importância levar em consideração as perdas de potência, pois

existe uma diferença entre a demanda máxima que é medida e a que é faturada no cliente e

a potência que está transitando nas redes a montante de seu ponto de conexão (maior);

d) Além disso, ao se solicitar 1 kW em determinado nível de tensão, não necessariamente

transitará 1 kW em todos os níveis de tensão a montante, caso o sistema não for

totalmente radial. Assim, deve-se considerar uma proporção de fluxo para ajustar os

custos de cada rede, calculada com base no diagrama unifilar simplificado da empresa.

A Figura 3.5 encadeia os passos para Cálculo dos Custos Marginais de Uso do Sistema

de Distribuição.

FATOR DECOINCIDÊNCIA

MÉDIO

CUSTOSDE

EXPANSÃO

PERDAS ATÉCADA NÍVEL DE

TENSÃO

PROPORÇÃO DE FLUXO

CUSTOS MARGINAIS

DE USO DO

SISTEMA DE

DISTRIBUIÇÃO

Figura 3.5 Cálculo dos Custos Marginais de Uso do Sistema de Distribuição

Resumidamente, o cálculo dos custos marginais de uso até cada nível de tensão leva

em consideração:

Os custos marginais de expansão da demanda máxima de cada nível;

Perdas acumuladas desde o ponto de atendimento até cada nível de tensão;

Proporção de fluxo;

Fator de coincidência entre a demanda máxima dos consumidores de cada subgrupo

tarifário a sua demanda na hora de carregamento do sistema;

Diferenças entre a demanda faturada e a registrada.

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A construção da tipologia da carga de toda a rede e de dos consumidores da maioria das

concessionárias é uma tarefa muio árdua. Assim, partiu-se para um estudo simplificado do

comportamento da carga do sistema e de seus consumidores, levantando-se as curvas totais de

cada subgrupo tarifário e do sistema global da empresa, calculando-se os fatores de

coincidência médios de ponta e demais informações que possibilitassem avaliar o custo

marginal do uso do sistema de distribuição.

A fórmula de cálculo dos Custos de Uso do Sistema de Distribuição (CUSD) de forma

simplificada é a seguinte:

)1(fPCUSD h

kV138

entrega

(3.29)

onde custo marginal de potência (custo de 1 kW adicional de demanda máxima nas redes do

nível );

hP fator de coincidência médio do subgrupo na hora de carregamento do sistema; f índice de fluxo em cada nível ;

Taxa média de perda de potência acumulada desde o ponto de conexão do cliente até o

nível em consideração.

3o Passo – Receita Autorizada de Cada Nível

O terceiro passo corresponde ao cálculo das receitas autorizadas de cada subgrupo tarifário.

Depois de calculados os custos marginais até cada nível de tensão, efetuam-se os seguintes

procedimentos:

a) Calcular a receita marginal de cada subgrupo que é obtida multiplicando-se esses custos

pelo mercado de demanda de potência de cada um dos respectivos mercados;

b) Somar as receitas marginais de cada subgrupo para encontrar a receita marginal total que

denominaremos de A;

c) Sendo B a receita autorizada obtida no 1o passo, calcular uma constante k igual a relação

B/A que deverá ser multiplicada pela receita marginal de cada subgrupo para obtermos a

receita autorizada de cada subgrupo.

4o Passo – Cálculo das Tarifas “Puras” de Uso da Distribuição

O quarto passo consiste em calcular as Tarifas Puras de Uso do Sistema de Distribuição (TP)

em cada posto tarifário de cada subgrupo:

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)( FPP

nívelFP

DkD

RATP

(3.30)

kTTP FPP (3.31)

onde

PTP Tarifa Pura de Uso do Sistema de Distribuição na ponta;

FPTP Tarifa Pura de Uso do Sistema de Distribuição fora da ponta;

nívelRA Receita Autorizada do nível calculada no 3o passo acrescida dos encargos de

COFINS, PIS/PASEP e Taxa da ANEEL;

PD Demanda Faturada na ponta;

FPD Demanda Faturada fora da ponta;

k relação entre os preços de demanda de ponta e fora da ponta do respectivo subgrupo

5o Passo – Agregação dos Custos das perdas e dos pagamentos de conexão às Tarifas

“Puras” de Uso da Distribuição

O quinto passo consiste na agregação às Tarifas Puras de Uso do Sistema de Distribuição dos

custos das perdas e dos pagamentos de conexão (PC). A receita adicional relativa a esses

custos também foram transformados em R$/kW.ano pelas mesmas expressões:

)( FPP

nívelFP

DkD

RPCTC

(3.32)

kTTC FPP (3.33)

onde

PTC Tarifa adicional de ponta para cobrir Perdas e Conexão

FPTC Tarifa adicional de fora de ponta para cobrir Perdas e Conexão

nívelRPC Receita Adicional para cobertura de perdas e conexão acrescidas dos encargos

de PIS/PASEP, COFINS e taxa da ANEEL;

Assim, a Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição é a soma de Tarifa Pura mais a tarifa para

cobertura de perdas e conexão acrescidas dos encargos de COFINS, PIS/PASEP e taxa da

ANEEL.

PPP TCTPTUSD (3.34)

FPFPFP TCTPTUSD (3.35)

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6o Passo – Cálculo das Tarifas Nodais

A metodologia nodal é empregada na tarifação de uso das instalações de distribuição para os

barramentos com tensão entre 138 kV e 69 kV.

3.4.3 Entenda as diferenças conceituais entre a TUST-fio e a TUSD-fio. (LIMA, 2000).

A rede básica é composta por instalações de transmissão de grande capacidade cuja finalidade

é transporte em grosso da energia elétrica entre usinas geradoras e os centros de consumo. O

critério adotado para o cálculo das tarifas de uso do sistema de transmissão - TUST é fazer

com que cada usuário - carga ou geração - responda individualmente pelos custos que provoca

nessa rede. Existe uma TUST para cada ponto de conexão à Rede Básica.

Por outro lado, como as tarifas de uso do sistema de distribuição - TUSD são calculadas com

base no atendimento a um público indistinto, não há razoabilidade técnica em cobrar o uso da

rede de forma individualizada. Se assim o fosse, as populações mais carentes, localizadas em

pontos mais distantes das subestações de distribuição, iriam pagar tarifas mais elevada. Ou

seja, a TUSD é única para cada nível de tensão da distribuidora, com valores proporcionais

aos custos marginais de expansão dessa rede, que são crescentes na medida em que a tensão

de atendimento é reduzida.

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41

Capítulo IV

Capítulo 4 APLICAÇÃO DO SISTEMA TARIFÁRIO

4.1 INTRODUÇÃO

Visando aperfeiçoar os investimentos e manter um bom atendimento aos consumidores, nos

últimos anos, as empresas concessionárias têm se preocupado em fazer com que a energia

produzida por elas tenha um uso mais racional por parte dos consumidores.

A idéia é levar o consumidor a reduzir a sua utilização de energia no horário de ponta de

carga do sistema, utilizando outros horários nos qual o custo de energia tenha um valor

menor. Por outro lado, cabe ao consumidor, em conhecendo seu consumo de energia horário,

dentro da estrutura tarifária vigente, a tarifa que lhe seja também mais viável

economicamente.

Assim, esse capítulo tem como principal objetivo apresentar dois estudos de casos a respeito

da conveniente opção tarifária que deve ser feita por cada consumidor industrial dependendo

de suas características de demanda, consumo, fator de carga e tensão de alimentação.

4.2 CARACTERÍSTICAS DAS TARIFAS

As tarifas disponíveis no mercado são as tarifas monomia e binômias horo-sazonais cujas

características são:

Tarifa Monomia: Composta unicamente pelo preço do consumo de energia elétrica

ativa.

Tarifas Binômias: composta pela soma da tarifa de demanda (kW) e tarifa de consumo

(kWh).

Tarifas horosazonais: dependência do horário do dia (ponta e fora de ponta) e

dependência do período do ano (período seco que é de maio à novembro e período

úmido que é de dezembro à abril);

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Pela importância da demanda medida de uma planta industrial na determinação da melhor

tarifa, cabe aqui, relembrar a sua definição (Capítulo II):

Demanda medida: maior demanda de potência ativa, verificada por medição, integralizada

no intervalo de 15 (quinze) minutos durante o período de faturamento, expressa em quilowatts

(kW).

A Figura 4.1 permite visualizar o efeito da parcela de demanda de determinação da melhor

tarifa para o consumidor.

Figura 4.1: Estrutura da Demanda

O correto dimensionamento dos valores da demanda a ser contratada é de grande importância

para o consumidor, pois a mesma não deve ser contratada além daquela que será realmente

utilizada. Assim sendo, é prática que o valor da demanda contratada seja de 100% da

demanda que será realmente utilizada. (Alvaro Esteves).

A fim de se visualizar a aplicação correta dos diferentes tipos de tarifas, a seguir, serão

apresentadas as principais características de cada uma delas, para se poder analisá-las

convenientemente:

a) Tarifa Horo-sazonal - Azul:

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43

Modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica

de acordo com as horas de utilização do dia e os períodos do ano, bem como de tarifas

diferenciadas de demanda de potência de acordo com as horas de utilização do dia.

(Resolução da ANEEL 456).

Leva em consideração os seguintes valores:

Demanda de Potência - kW

- Preço para a PONTA.

- Preço para FORA de PONTA.

Consumo de energia - kWh

- Preço para PONTA período ÚMIDO.

- Preço para PONTA período SECO.

- Preço para FORA DE PONTA período ÚMIDO.

- Preço para FORA DE PONTA período SECO.

Fator de Carga Fora de Ponta (FCfp) definido como:

665*DMfp

CFC

fp

pf (4.1)

onde

FCfp: fator de carga fora da ponta;

Cfp : consumo medido fora da ponta;

DMfp: demanda máxima fora da ponta.

665 h : tempo médio mensal no PERÍODO FORA DE PONTA

Fator de Carga na Ponta (FCfp) definido como:

65*DMp

CpFCp

(4.2)

onde

FCp: fator de carga na ponta;

Cp : consumo medido na ponta;

DMp: demanda máxima na ponta.

65 h : tempo médio mensal no PERÍODO DE PONTA

b) Tarifa Horo-sazonal - Verde

Modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica

de acordo com as horas de utilização do dia e os períodos do ano, bem como de uma única

tarifa de demanda de potência (Resolução da ANEEL 456).

Leva em consideração os seguintes valores:

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44

Demanda - kW (Preço único)

Consumo de energia – kWh (na ponta e fora de ponta).

Fator de Carga Fora de Ponta (FCfp) definido como na tarifa azul.

Fator de Carga na Ponta (FCfp) definido como na tarifa azul.

A tarifa verde é obtida pela soma da tarifa de demanda, tarifa de consumo na ponta e fora de

ponta e a tarifa azul são obtidas pela soma da tarifa de demanda na ponta, fora de ponta, tarifa

de consumo na ponta e fora de ponta.

c) Tarifa Convencional

Estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas de consumo de energia elétrica e/ou demanda

de potência independentemente das horas de utilização do dia e dos períodos do ano.

(Resolução da ANEEL 456).

A tarifa convencional é aplicada a todos consumidores residências, comerciais e industriais

com tensão menor que 69 kV e demanda menor que 300 kW e é obtida pela soma da tarifa de

demanda (kW) mais tarifa de consumo (kWh).

O consumidor residencial só paga a tarifa de consumo (kWh), já o consumidor do grupo “A”

paga além da tarifa de consumo (kWh) mais a Tarifa de Demanda (kW).

Já que a energia elétrica está disponível 24 horas por dia, durante o mês, a COPEL, por

exemplo, contabiliza um mês de consumo como com tendo 730 HORAS.

A fórmula que permite o cálculo do Fator de Carga CONVENCIONAL é dada por:

730*DM

CFC (4.4)

onde

FC : fator de carga;

C: consumo medido;

DM: demanda máxima.

O fator de carga é um índice que informa se o consumidor está utilizando de maneira

RACIONAL a energia elétrica que consome, pois mostra a relação entre o consumo de

energia e a demanda de potência, dentro de um mês.

De posse do fator de carga de uma empresa, pode-se verificar a necessidade ou não de se

contratar uma demanda menor, melhor aproveitar e aumentar a vida útil de toda instalação.

Por exemplo, de acordo com Professor Ayres Francisco da Silva Sória do CEFET, é possível

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45

se fazer a opção tarifária entre azul e verde da seguinte forma: se o fator de carga de ponta

FCP > 0,66 opta-se pela TARIFA AZUL, se FCP < 0,66 opta-se pela TARIFA VERDE.

A fim de ilustrar as características mencionadas, a Tabela 4.1 apresenta os valores das tarifas

de fornecimento que a COPEL utiliza para os diversos grupos e subgrupos de consumidores.

Tabela 4.1 Tarifas de Fornecimento (COPEL).

Quadro A

TARIFA DE FORNECIMENTO RES. COPEL 130a/2005 ADIMPLENTES/ AGO 2005.

TARIFA CONVENCIONAL Quadro A

SUBGRUPO Demanda (R$/kW) Energia (R$/MWh)

A1 (230 kV ou mais)

A2 (88 a 138kV)

A3 (69 kV)

A3a (30 a 44 kV) 18,41 129,96

A4 (2,3 kV a 25kV) 22,34 132,69

AS (subterrâneo) 33,01 135,71

B1 - Residencial 280,18

B1 - Residencial baixa renda

Consumo mensal até 30 kWh 98,07

Consumo mensal de 31 a 100kWh 168,1

Consumo mensal de 101 a 160kWh 252,15

Consumo mensal Superior a 160kWh 280,18

B2 - Rural 164,25

B2 - Cooperativa de Eletricidade Rural 125,49

B2 - Serviço Público de Irrigação 151,02

B3 - Demais Classes 262,03

B4 - Iluminação Pública

B4a - Rede de distribuição 134,98

B4b - Bulbo de Lâmpada 148,15

Quadro B

TARIFA HORO-SAZONAL AZUL Demanda (R$/kW)

SUBGRUPO Ponta Fora de Ponta

A1 (230 kV ou mais) 9,58 1,29

A2 (88 a 138 kV) 16,4 3,01

A3 (69 kV) 20,34 4,64

A3a (30 a 44kV) 26,89 7,84

A4 (2,3 a 25kV) 30,94 9,22

AS (subterrâneo) 32,36 13,48

QUADRO C

Energia (R$/MWh)

TARIFA HORO-SAZONAL AZUL Ponta Fora de Ponta

SUBGRUPO Seca Úmida Seca Úmida

A1 162,92 144,86 97,57 86,22

A2 163,12 146,73 99,16 89,1

A3 167,38 149,31 100,94 89,3

A3a 188,9 170,65 103,73 92,47

A4 190,71 172,45 104,68 93,3

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46

AS (subterrânea) 199,3 180,25 109,41 97,5

Quadro D

Demanda (R$/kW)

TARIFA DE ULTRAPASSAGEM HS AZUL Ponta Fora de Ponta

SUBGRUPO Seca ou Úmida Seca ou Úmida

A1 (230 kV ou mais) 28,74 3,86

A2 (88 a 138 kV) 49,19 9,02

A3 (69 kV) 61,02 13,92

A3a (30 a 44kV) 80,66 23,53

A4 (2,3 a 25kV) 92,82 27,66

AS (subterrânea) 97,08 40,43

Quadro E

TARIFA HORO-SAZONAL VERDE RES. COPEL 130a/2005 ADIMPLENTES/ AGO 2005.

TARIFA HORO-SAZONAL Demanda (R$/kW)

SUBGRUPO Seca ou Úmida

A3a (30 a 44 kV) 7,83

A4 (2,3 kV a 25kV) 9,22

AS (subterrâneo) 13,48

Quadro F

TARIFA HORO-SAZONAL VERDE Energia (R$/MWh)

TARIFA HORO-SAZONAL Ponta Fora de Ponta

SUBGRUPO Seca Úmida Seca Úmida

A3a (30 a 44 kV) 681,98 663,12 103,68 92,43

A4 (2,3 kV a 25kV) 756,47 738,11 104,64 93,28

AS (subterrâneo) 787,97 768,75 109,37 97,47

Quadro G

TAR. DE ULTRAPASSAGEM HS VERDE

Demanda (R$/kW) TARIFA HORO-SAZONAL

SUBGRUPO Seca ou Úmida

A3a (30 a 44 kV) 23,5

A4 (2,3 kV a 25kV) 27,66

AS (subterrâneo) 40,63

Quadro L

CONSUMIDORES LIVRES

Demanda (R$/kW) TARIFA

SUBGRUPO Ponta Fora de Ponta

A1 (230 kV ou mais) 0 0

A2 (88 a 138 kV) 15,57 2,44

A3 (69 kV) 18,42 3,69

A3a (30 a 44kV) 25,74 6,96

A4 (2,3 a 25kV) 31,06 8,7

BT (Menor que 2,3kV) 49,42 8,89

Quadro M

CONSUMIDORES LIVRES

Energia (R$/MWh) TARIFA

SUBGRUPO Ponta Fora de Ponta

A1 (230 kV ou mais) 0 0

A2 (88 a 138 kV) 21,46 21,46

A3 (69 kV) 21,46 21,46

A3a (30 a 44kV) 21,46 21,46

A4 (2,3 a 25kV) 21,46 21,46

BT (Menor que 2,3kV) 21,46 21,46

Quadro P

GERAÇÃO

TARIFA

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47

SUBGRUPO Demanda (R$/kW)

A1 (230 kV ou mais) 0

A2 (88 a 138 kV) 2,29

A3 (69 kV) 2,29

A3a (30 a 44kV) 2,29

A4 (2,3 a 25kV) 2,29

4.3 IMPOSTOS

Além dos valores estabelecidos pelas tarifas, ainda existe a incidência dos impostos como

ICMS, PIS/COFINS.

A fim de se descrever a aplicação dos mesmos, se fará uma breve explanação sobre a

definição desconto, pois a idéia desse termo será utilizada adiante.

Assim, desconto é a denominação dada a um abatimento que se faz quando um título de

crédito é resgatado antes de seu vencimento. É uma operação tradicional no mercado e no

setor comercial, em que o portador de títulos de crédito, tais como letra de câmbio, notas

promissórias. Ou seja, podem-se levantar fundos em um banco descontando o título antes data

de vencimento.

Pela sistemática de capitalização simples, os valores do desconto são obtidos por meios de

cálculos lineares. O desconto é estudado sob duas modalidades: desconto racional simples e

desconto comercial simples (SAMANEZ, 2002):

(i) Desconto Racional Simples: nesta modalidade de desconto também chamada desconto

por dentro, o valor do desconto é a diferença entre o valor futuro (valor nominal ou de

resgate) e o valor atual (valor liquido liberado na data de desconto) calculado a juros simples:

Dr =N – Vr (4.5)

Onde

Dr: desconto racional

N: valor nominal

Vr: valor atual

(ii) Desconto Comercial Simples: nesta modalidade, também chamado desconto por fora,

valor do desconto é obtido multiplicando-se o valor nominal do título pela taxa de desconto

fornecida pelo banco e pelo prazo a decorrer até o vencimento do título:

Dc = N*d*n (4.6)

onde

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48

Dc: desconto Comercial

de: taxa de desconto

n: prazo

A partir da constituição de 1988, os impostos existentes foram unificados devido à

insatisfação dos estados na participação do montante arrecadados.

A união mediante pressão crescente criou o ICMS que atualmente na tarifação de energia

elétrica gira em torno de 27% e logo após para compensar suas perdas instituiu PIS/COFINS

de 5,31%. Entretanto, estes impostos pesam no bolso do consumidor de uma maneira mais

que se parece, ou seja, esses impostos são cobrados por dentro e não por fora como deveria

como sugere o exemplo a seguir.

Considere uma residência que recebe no começo do mês uma fatura de R$100,00 para ser

paga. Como o ICMS e o PIS/COFINS são cobrados por dentro devemos verificar o s

seguintes passos:

Passo 1: M= Valor total-Valor dos Impostos, ou seja,

67,69100

)31,527(100100M

(4.7)

onde M é o montante realmente a ser pago pela energia

Passo 2: Como o Imposto é cobrado por dentro:

%73,4769,67

31,32100

M

PIS/COFINSICMS100M

(4.8)

Comparando o imposto que vem declarado em sua tarifa (32,31%) e o real imposto

(47,73%), encontramos uma diferença de (15,42%).

O governo declara que o imposto é de apenas 32,31%. Na realidade, considerando o valor do

produto, energia elétrica, o percentual sobre o valor do produto é de 47,73%. Nominalmente

o valor cobrado de impostos, é igual a R$ 32,31, no entanto, o percentual de imposto é

diferente, dependendo do critério de cálculo.

O governo aparece todos os instantes fazendo propaganda em televisão, rádios e jornais

dizendo que está dando desconto de assiduidade ou ajudando os mais necessitados, mas na

verdade está trabalhando com está margem a mais arrecada.

4.4 FATORES A SEREM CONSIDERADOS PARA CÁLCULOS DE TARIFAS DO GRUPO A

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Alguns fatores importantes, descritos na Resolução 456 da ANEEL, devem ser considerados

para cálculos de tarifas do grupo A:

I) Utiliza-se tarifária convencional quando as unidades consumidoras são atendidas em

tensão de fornecimento menor a 69 kV, com demanda inferior a 300 kW e quando

não tenha havido opção pela estrutura horo-sazonal;

II) Quando se opta pela estrutura horo-sazonal, utiliza-se compulsoriamente a tarifa

azul quando as unidades consumidoras são atendidas em tensão de fornecimento

igual ou superior a 69 kV;

III) Quando se opta pela estrutura horo-sazonal, utiliza-se compulsoriamente a tarifa

azul para unidades consumidoras atendidas pelo sistema elétrico interligado com

tensão de fornecimento inferior a 69 kV, quando:

a) A demanda contratada for igual ou superior a 300 kW em qualquer segmento horo-

sazonal;

b) A unidade consumidora faturada na estrutura tarifária convencional se houver

apresentado, nos últimos 11 ciclos de faturamento, 3 (três) registros consecutivos ou

6 (seis) alternados de demandas medidas iguais ou superior a 300 kW; e

IV) O consumidor pode optar pela tarifa azul ou verde quando suas unidades

consumidoras são atendidas com tensão de fornecimento inferior a 69 kW e sempre

que a demanda contratada for inferior a 300kW.

V) O consumidor pode optar pelo retorno à estrutura tarifária convencional, desde que

seja verificado, nos últimos 11 (onze) ciclos de faturamento, a ocorrência de 9

(nove) registros, consecutivos ou alternados, de demandas medidas inferiores a

300kW.

VI) Sobre a parcela de demanda medida, que superar a respectiva demanda contratada, é

aplicada a tarifa de ultrapassagem, caso aquela parcela seja superior aos limites

mínimos de tolerância a seguir fixados:

a) 5% (cinco por cento) para unidade consumidora atendida em tensão de fornecimento

igual ou superior a 69 kV; e

b) 10% (dez por cento) para unidade consumidora atendida em tensão de fornecimento

inferior a 69 kV.

c) A tarifa de ultrapassagem aplicável à unidade consumidora faturada na estrutura

tarifária convencional, é correspondente a 3 (três) vezes o valor da tarifa normal de

fornecimento.

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50

Para se entender melhor o critério da tensão e demanda, têm-se as tabelas a seguir:

Tabela 4.2: Característica da tarifa a ser escolhido devido à tensão

238 kV

TARIFA

HORO-SAZONAL 138 kV

AZUL

69 kV

CO

NV

EN

CIO

NA

L

HO

RO

-SA

ZO

NA

L A

ZU

L

HO

RO

-SA

ZO

NA

L V

ER

DE

34,5 kV

13,6 kV

As

Tabela 4.3: Característica da tarifa a ser escolhido devido à demanda

TARIFA TARIFA

HORO-SAZONAL HORO-SAZONAL

AZUL VERDE

300 kW

CO

NV

EN

CIO

NA

L

HO

RO

-SA

ZO

NA

L A

ZU

L

HO

RO

-SA

ZO

NA

L V

ER

DE

30 kW

Tabela 4.4: Possibilidade da Tarifa relacionando a tabela 4.2 e 4,3.

SUBGRUPOS

Modalidade de Tarifária Convencional Horo-sazonal Verde Horo-sazonal Azul

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A1 230 kV ou mais NÃO NÃO SIM

A2 (88 a 138 kV) NÃO NÃO SIM

A3 (69 kV) NÃO NÃO SIM

A3a (30 a 44 kV) SIM SIM SIM

A4 (2,3 a 25 kV) Demandas entre Demandas maiores Demandas maiores

As (subterrâneo) 30 e 300 kW que 30 kW que 30 kW

4.5 Exemplos de Tarifação de Energia

A fim de se visualizar a importância de se estudar a estrutura tarifária antes de se contratar

com a distribuidora de energia, será feita análises de três diferentes tipos de consumidores,

verificando-se a melhor estrutura tarifária para cada um deles.

CASO 1: Consumidor atendido em 34,5 kV, atualmente alocado no grupo A3a convencional

tem os seguintes dados elétricos mensais que recebe em sua conta de energia.

- Consumo na ponta: 4.950 kWh;

- Consumo fora de ponta: 66.400 kWh;

- Demanda na ponta: 150 kW;

- Demanda fora de ponta: 200 kW.

A seguir serão calculados os valores pagos por esse consumidor para cada um dos

tipos de tarifas vigentes:

a) Tarifa Convencional

- Cálculo de fator de carga (FC) (equação (4.4)):

0,48869730200

664004950

730*

DM

CFC (4.9)

- Cálculo do custo de demanda (CD) R$/kW (da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de

demanda para Grupo A3a convencional, que é igual a R$ 18,41):

00,3682$41,1820041,18 RDMCD (4.10)

- Cálculo do custo do consumo (CC) R$/MWh ( da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de

consumo para Grupo A3a convencional, que é igual a R$ 129,96):

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64,9272$96,129)400,66950,4(96,129 RCMCC (4.11)

- Cálculo do custo da tarifa (CT):

12954,646 R$64,9272$00,3682$ RRCCCDCT (4.12)

- Adição de impostos com teoria de imposto por dentro (CTi):

19138,19 R$10067,69

12954,646 R$CT i (4.13)

b) Tarifa Verde

- Cálculo de fator de carga na ponta (FCp) (equação 4.2):

0.507765*150

4950

65*

DMp

CpFCp (4.14)

- Cálculo de fator de carga fora da ponta ( FCfp) ( equação 4.1):

0.4992665*200

66400

665*

DMfp

CFC

fp

pf (4.15)

- Cálculo do custo de demanda (CD) R$/kW (da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de

demanda para Grupo A3a Verde, que é igual a R$ 7,83):

00,1566$7,832007,83 RDMCD (4.16)

- Cálculo do custo de consumo na ponta (CCP).

Para o cálculo do consumo devemos levar em consideração os doze meses, assim

temos que fazer uma média ponderada de número de meses em relação ao período seco e

úmido por estação: 7 (meses) seco, 5 (meses) úmido:

57

)57(

TPuTPsTCP (4.17)

onde

TCP: Tarifa média ponta

TPs: tarifa de consumo na ponta seca, da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de consumo na

ponta seca para Grupo A3a verde, que é igual a R$ 681,98;

TPu: tarifa de consumo na ponta úmida, da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de consumo na

ponta úmida para Grupo A3a verde, que é igual a R$ 663,12;

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53

674,12$12

)12,663598,6817(RTCMP

(4.18)

De posse da tarifa média de consumo na ponta, obtém-se o custo de consumo na ponta

(CCP):

90,3336$674,12950,4 RTCMPCPCCP (4.19)

- Cálculo do custo de consumo foral de ponta ( CCFP)

57

)57(

TFPuTFPsTCFP (4.20)

Onde

TCFP:Tarifa média fora da ponta;

TFPs: Consumo fora de ponta seca, da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de consumo na

ponta seca para Grupo A3a verde, que é igual a R$ 103,73;

TFPu: Consumo fora de ponta úmida, da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de consumo na

ponta úmida para Grupo A3a verde, que é igual a R$ 92,47;

99,98$12

)92,475103,737(RTCFP

(4.21)

De posse da tarifa média de consumo foram de ponta, obtém-se o custo de consumo

fora de ponta (CCFP):

10,6573$99,98400,66 RTCFPCFPCCFP (4.22)

- Cálculo do custo da tarifa (CT):

11476,00 R$10,6573$90,3336$00,1566$ RRRCCFPCCPCDCT

(4.23)

- Adição de impostos com teoria de imposto por dentro ( DCT):

16953,75 R$10067,69

11476,00 R$DCT (4.24)

c) Tarifa azul

- Cálculo de fator de carga na ponta (FCp) (equação 4.2):

0.507765*150

4950

65*

DMp

CpFCp (4.25)

- Cálculo de fator de carga fora da ponta ( FCfp) ( equação 4.1):

Page 62: Tarifação de Energia Elétrica - eletrica.ufpr.br · Energia é um mecanismo essencial que movimenta as economias modernas. Entre as varias formas de energia, a eletricidade é

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0.4992665*200

66400

665*

DMfp

CFC

fp

pf (4.26)

- Cálculo do custo de demanda na ponta (CDP) R$/kW ( da Tabela 4.1 extrai-se valor de

tarifa de demanda para Grupo A3a Azul, que é igual a R$ 26,89):

50,4033$89,2615089,26 RDPCDP (4.27)

- Cálculo do custo de demanda fora de ponta (CDFP) R$/kW ( da Tabela 4.1 extrai-se valor

de tarifa de demanda para Grupo A3a Azul, que é igual a R$ 7,84):

00,1568$7,842007,84 RDFPCDFP (4.28)

- Cálculo do custo de consumo na ponta (CCP).

Semelhantemente à tarifa verde, para o cálculo do consumo deve-se fazer uma média

ponderada de número de meses em relação ao período seco e úmido por estação: 7 (meses)

seco, 5 (meses) úmido:

57

)57(

TCPuTCPsTCP (4.29)

onde

TCP: tarifa de consumo médio

TCPs: tarifa de consumo na ponta seca, que da Tabela 4.1 vale R$ 188,90

TCPu: tarifa de consumo na ponta úmida, que da Tabela 4.1 vale R$ 170,65

181,2958$12

)65,170590,1887(RTCP

(4.30)

De posse da tarifa média de consumo na ponta, obtém-se o custo de consumo na ponta

(CCP):

41,897$99,181950,4 RTCPCPCCP (4.31)

- Cálculo do custo de consumo fora de ponta ( CCFP)

57

)57(

TCFPuTCFPsTCFP (4.32)

onde

CCFP: custo médio de consumo fora de ponta (R$/MWh)

CCFPs: Consumo fora de ponta seca, que da Tabela 4.1 vale R$ 103,73

CCFPu: Consumo fora de ponta úmida, que da Tabela 4.1 vale R$ 92,47

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55

03,9957

)92,475103,737(

TCFP (4.33)

De posse da tarifa média de consumo fora de ponta, obtém-se o custo de consumo na

ponta (CCFP):

12,6576$03,994,66 RTCFPCFPCCFP (4.34)

- Cálculo do custo da tarifa (CT):

13075,03 $RCCFPCCPCDFPCDPCT (4.35)

- Adição de impostos com teoria de imposto por dentro (CTi):

19316,05 R$10067,69

13075,03 R$CTi (4.36)

Conclusão: Tarifa verde <Tarifa Convencional <Tarifa Azul

O consumidor deve mudar da tarifa convencional para horo-sazonal verde com uma economia

de R$ 2184,37 em média por mês!

CASO 2: Consumidor atendido em 13,8 kV, que está alocado no grupo A, tarifa verde A4,

quer saber se sua opção tarifaria é a melhor, e tem o seguintes dados elétricos mensais.

- Consumo na ponta: 7.800 kWh;

-Consumo fora de ponta: 212.800 kWh;

- Demanda fora de ponta: 400 kW;

-Demanda na ponta: 300 kW.

A seguir serão calculados os valores pagos por esse consumidor para cada um dos tipos de

tarifas vigentes:

a) Tarifa Convencional

- Cálculo de fator de carga ( FC) (equação (4.4)):

0,7554730400

800,2127,800

730*

DM

CFC (4.37)

- Cálculo do custo de demanda (CD) R$/kW (da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de

demanda para Grupo A4 convencional, que é igual a R$ 22,34):

00,8936$34,2240034,22 RDMCD (4.38)

- Cálculo do custo do consumo (CC) R$/MWh ( da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de

consumo para Grupo A4 convencional, que é igual a R$ 132,69):

Page 64: Tarifação de Energia Elétrica - eletrica.ufpr.br · Energia é um mecanismo essencial que movimenta as economias modernas. Entre as varias formas de energia, a eletricidade é

56

41,29271$132,69)800,2128,7(132,69 RCMCC (4.39)

- Cálculo do custo da tarifa (CT):

38207,41 R$41,29271$00,8936$ RRCCCDCT (4.40)

- Adição de impostos com teoria de imposto por dentro (CTi):

56444,68 R$10067,69

38207,41 R$CT i (4.41)

b) Tarifa Verde

- Cálculo de fator de carga na ponta (FCp) (equação 4.2):

0.465*300

7800

65*

DMp

CpFCp (4.42)

- Cálculo de fator de carga fora da ponta ( FCfp) ( equação 4.1):

0.8665*400

212800

665*

DMfp

CfpFC

pf (4.43)

- Cálculo do custo de demanda (CD) R$/kW ( da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de

demanda para Grupo A4 Verde, que é igual a R$ 9,22):

00,3688$22,940022,9 RDMCD (4.44)

- Cálculo do custo de consumo na ponta (CCP).

Para o cálculo do consumo devemos levar em consideração os doze meses, assim temos que

fazer uma média ponderada de número de meses em relação ao período seco e úmido por

estação: 7 (meses) seco, 5 (meses) úmido:

57

)57(

TPuTPsTCP (4.45)

onde

TCP: Tarifa média ponta

TPs: tarifa de consumo na ponta seca, da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de consumo na

ponta seca para Grupo A4 verde, que é igual a R$ 756,47;

TPu: tarifa de consumo na ponta úmida, da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de consumo na

ponta úmida para Grupo A4 verde, que é igual a R$ 738,11;

748,82$12

)11,738547,7567(RTCMP

(4.46)

Page 65: Tarifação de Energia Elétrica - eletrica.ufpr.br · Energia é um mecanismo essencial que movimenta as economias modernas. Entre as varias formas de energia, a eletricidade é

57

De posse da tarifa média de consumo na ponta, obtém-se o custo de consumo na ponta (CCP):

79,5840$82,7488,7 RTCMPCPCCP (4.47)

- Cálculo do custo de consumo foral de ponta ( CCFP)

57

)57(

TFPuTFPsTCFP (4.48)

Onde

TCFP:Tarifa média fora da ponta;

TFPs: Consumo fora de ponta seca, da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de consumo na

ponta seca para Grupo A4 verde, que é igual a R$ 104,64;

TFPu: Consumo fora de ponta úmida, da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de consumo na

ponta úmida para Grupo A4 verde, que é igual a R$ 93,28;

90,99$12

)93,285104,647(RTCFP

(4.49)

De posse da tarifa média de consumo foram de ponta, obtém-se o custo de consumo fora de

ponta (CCFP):

72,21258$90,99800,212 RTCFPCFPCCFP (4.50)

- Cálculo do custo da tarifa (CT):

30786,72 R$ CCFPCCPCDCT (4.51)

- Adição de impostos com teoria de imposto por dentro (DCT):

45481,93 R$10067,69

11476,00 R$DCT (4.52)

c) Tarifa azul

- Cálculo de fator de carga na ponta (FCp) (equação 4.2):

0,465*300

7800

65*

DMp

CpFCp (4.53)

- Cálculo de fator de carga fora da ponta (FCfp) ( equação 4.1):

0,8665*400

212800

665*

DMfp

CFC

fp

pf (4.54)

- Cálculo do custo de demanda na ponta (CDP) R$/kW ( da Tabela 4.1 extrai-se valor de

tarifa de demanda para Grupo A4 Azul, que é igual a R$30,94):

00,9282$30,9430030,94 RDPCDP (4.55)

Page 66: Tarifação de Energia Elétrica - eletrica.ufpr.br · Energia é um mecanismo essencial que movimenta as economias modernas. Entre as varias formas de energia, a eletricidade é

58

- Cálculo do custo de demanda fora de ponta (CDFP) R$/kW (da Tabela 4.1 extrai-se valor de

tarifa de demanda para Grupo A4 Azul, que é igual a R$ 9,22):

00,3688$22,940022,9 RDFPCDFP (4.56)

- Cálculo do custo de consumo na ponta (CCP).

Semelhantemente à tarifa verde, para o cálculo do consumo deve-se fazer uma média

ponderada de número de meses em relação ao período seco e úmido por estação: 7 (meses)

seco, 5 (meses) úmido:

57

)57(

TCPuTCPsTCP (4.57)

onde

TCP: tarifa de consumo médio

TCPs: tarifa de consumo na ponta seca, que da Tabela 4.1 vale R$ 190,71

TCPu: tarifa de consumo na ponta úmida, que da Tabela 4.1 vale R$ 172,45

183,10$12

)45,172571,1907(RTCP

(4.58)

De posse da tarifa média de consumo na ponta, obtém-se o custo de consumo na ponta (CCP):

18,1428$183,10800,7 RTCPCPCCP (4.59)

- Cálculo do custo de consumo fora de ponta (CCFP).

57

)57(

TCFPuTCFPsTCFP (4.60)

onde

CCFP: custo médio de consumo fora de ponta (R$/MWh);

CCFPs: Consumo fora de ponta seca, que da Tabela 4.1 vale R$ 104,68;

CCFPu: Consumo fora de ponta úmida, que da Tabela 4.1 vale R$ 93,30.

93,9957

)93,305104,687(

TCFP (4.61)

De posse da tarifa média de consumo fora de ponta, obtém-se o custo de consumo na

ponta (CCFP):

10,21265$93,99800,212 RTCFPCFPCCFP (4.62)

- Cálculo do custo da tarifa (CT):

35663,10 $RCCFPCCPCDFPCDPCT (4.63)

- Adição de impostos com teoria de imposto por dentro (CTi):

Page 67: Tarifação de Energia Elétrica - eletrica.ufpr.br · Energia é um mecanismo essencial que movimenta as economias modernas. Entre as varias formas de energia, a eletricidade é

59

52685,92 R$10067,69

35663,10 R$CTi (4.64)

Conclusão: Tarifa verde < Tarifa Azul < Tarifa Convencional*

O consumidor deve permanecer com sua opção tarifaria horo-sazonal verde, e possui uma

economia de R$ 7.203,99 em relação a tarifa horo-sazonal azul!

Tarifa Convencional*: Demanda superior a 300 kW, não pode ser tarifado.

CASO 3: Consumidor atendido em 13,8 kV, que está alocado no grupo A, tarifa verde A4

deseja saber se a sua opção tarifaria é a melhor, e tem o seguintes dados elétricos mensais.

- Consumo na ponta: 60.000 kWh;

-Consumo fora de ponta: 48.5784 kWh;

- Demanda fora de ponta: 1.000 kW;

-Demanda na ponta: 1.000 kW.

A seguir serão calculados os valores pagos por esse consumidor para cada um dos tipos de

tarifas vigentes:

a) Tarifa Convencional

- Cálculo de fator de carga (FC) (equação (4.4)):

0,74767301000

48578460000

730*

DM

CFC (4.65)

- Cálculo do custo de demanda (CD) R$/kW (da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de

demanda para Grupo A4 convencional, que é igual a R$ 22,34):

00,340.22$34,22100034,22 RDMCD (4.66)

- Cálculo do custo do consumo (CC) R$/MWh ( da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de

consumo para Grupo A4 convencional, que é igual a R$ 132,69):

07,72420$132,69)48578460000(132,69 RCMCC (4.67)

- Cálculo do custo da tarifa (CT):

94760,07 R$07,72420$00,22340$ RRCCCDCT (4.68)

- Adição de impostos com teoria de imposto por dentro (CTi):

139.991,23 R$10067,69

94760,07 R$CT i (4.69)

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b) Tarifa Verde

- Cálculo de fator de carga na ponta (FCp) (equação 4.2):

0,923065*1000

60000

65*

DMp

CpFCp (4.70)

- Cálculo de fator de carga fora da ponta (FCfp) ( equação 4.1):

0.7305665*1000

485.784

665*

DMfp

CFC

fp

pf (4.71)

- Cálculo do custo de demanda (CD) R$/kW (da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de

demanda para Grupo A4 Verde, que é igual a R$ 9,22):

00,220.9$22,9100022,9 RDMCD (4.72)

- Cálculo do custo de consumo na ponta (CCP).

Para o cálculo do consumo devemos levar em consideração os doze meses, assim temos que

fazer uma média ponderada de número de meses em relação ao período seco e úmido por

estação: 7 (meses) seco, 5 (meses) úmido:

57

)57(

TPuTPsTCP (4.73)

onde

TCP: Tarifa média ponta

TPs: tarifa de consumo na ponta seca, da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de consumo na

ponta seca para Grupo A4 verde, que é igual a R$ 756,47;

TPu: tarifa de consumo na ponta úmida, da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de consumo na

ponta úmida para Grupo A4 verde, que é igual a R$ 738,11;

748,82$12

)11,738547,7567(RTCMP

(4.74)

De posse da tarifa média de consumo na ponta, obtém-se o custo de consumo na ponta (CCP):

20,929.44$82,7486000 RTCMPCPCCP (4.75)

- Cálculo do custo de consumo foral de ponta (CCFP).

57

)57(

TFPuTFPsTCFP (4.76)

onde

TCFP:Tarifa média fora da ponta;

Page 69: Tarifação de Energia Elétrica - eletrica.ufpr.br · Energia é um mecanismo essencial que movimenta as economias modernas. Entre as varias formas de energia, a eletricidade é

61

TFPs: Consumo fora de ponta seca, da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de consumo na

ponta seca para Grupo A4 verde, que é igual a R$ 104,64;

TFPu: Consumo fora de ponta úmida, da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa de consumo na

ponta úmida para Grupo A4 verde, que é igual a R$ 93,28;

90,99$12

)93,285104,647(RTCFP

(4.77)

De posse da tarifa média de consumo foram de ponta, obtém-se o custo de consumo fora de

ponta (CCFP):

82,529.48$90,99784.485 RTCFPCFPCCFP (4.78)

- Cálculo do custo da tarifa (CT):

102.679,02 R$ CCFPCCPCDCT (4.79)

- Adição de impostos com teoria de imposto por dentro (DCT):

151.690,08 R$10067,69

102.679,02 R$DCT (4.80)

c) Tarifa azul

- Cálculo de fator de carga na ponta (FCp) (equação 4.2):

0,923065*1000

60000

65*

DMp

CpFCp

(4.81)

- Cálculo de fator de carga fora da ponta (FCfp) ( equação 4.1):

0,7305665*1000

485784

665*

DMfp

CFC

fp

pf (4.82)

- Cálculo do custo de demanda na ponta (CDP) R$/kW (da Tabela 4.1 extrai-se valor de tarifa

de demanda para Grupo A4 Azul, que é igual a R$30,94):

00,940.30$30,94100030,94 RDPCDP (4.83)

- Cálculo do custo de demanda fora de ponta (CDFP) R$/kW (da Tabela 4.1 extrai-se valor de

tarifa de demanda para Grupo A4 Azul, que é igual a R$ 9,22):

00,220.9$22,9100022,9 RDFPCDFP (4.84)

- Cálculo do custo de consumo na ponta (CCP).

Page 70: Tarifação de Energia Elétrica - eletrica.ufpr.br · Energia é um mecanismo essencial que movimenta as economias modernas. Entre as varias formas de energia, a eletricidade é

62

Semelhantemente à tarifa verde, para o cálculo do consumo deve-se fazer uma média

ponderada de número de meses em relação ao período seco e úmido por estação: 7 (meses)

seco, 5 (meses) úmido:

57

)57(

TCPuTCPsTCP (4.85)

onde

TCP: tarifa de consumo médio

TCPs: tarifa de consumo na ponta seca, que da Tabela 4.1 vale R$ 190,71

TCPu: tarifa de consumo na ponta úmida, que da Tabela 4.1 vale R$ 172,45

183,10$12

)45,172571,1907(RTCP

(4.86)

De posse da tarifa média de consumo na ponta, obtém-se o custo de consumo na ponta (CCP):

00,986.10$183,1060000 RTCPCPCCP (4.87)

- Cálculo do custo de consumo fora de ponta (CCFP).

57

)57(

TCFPuTCFPsTCFP (4.88)

onde

CCFP: custo médio de consumo fora de ponta (R$/MWh);

CCFPs: Consumo fora de ponta seca, que da Tabela 4.1 vale R$ 104,68;

CCFPu: Consumo fora de ponta úmida, que da Tabela 4.1 vale R$ 93,30.

93,9957

)93,305104,687(

TCFP (4.89)

De posse da tarifa média de consumo fora de ponta, obtém-se o custo de consumo na ponta

(CCFP):

39,544.48$93,99485784 RTCFPCFPCCFP (4.90)

- Cálculo do custo da tarifa (CT):

99690,39 $RCCFPCCPCDFPCDPCT (4.91)

- Adição de impostos com teoria de imposto por dentro (CTi):

147.274,91 R$10067,69

99690,39 R$CTi (4.92)

Conclusão: Tarifa Convencional* <Tarifa Azul <Tarifa Verde

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O consumidor deve escolher tarifa horo-sazonal azul com uma economia de R$ 4.415,17 em

média por mês em relação à tarifa horo-sazonal verde!

Tarifa Convencional*: Demanda superior a 300 kW, não pode ser tarifado.

4.5 .1 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Dos três casos analisados tiram-se as seguintes conclusões:

Os critérios de tensão e demanda devem ser verificados.

Fazer uma correta adequação de tarifa traz benefícios.

Os casos mostram que realmente existe uma relação entre o tipo de tarifa e o fator de

carga. Por exemplo, o primeiro caso tem fator de carga na ponta 0,5077 e tarifa verde

tem maior economia, o segundo caso tem fator de carga na ponta igual 0,4 e também

nos leva a tarifa verde com a melhor opção, e por fim o terceiro caso que possui fator

de carga na ponta 0,923 tornando a tarifa horo-sazonal azul mais conveniente para o

consumidor.

O Fcp<0,66 a tarifa horo-sazonal verde é a indicada, se o Fcp>0,66 a tarifa horo-

sazonal azul será a mais indicada. (SÓRIA, 2005).

O fator de carga não foi usado, devido o fornecimento direto do consumo (ponta, fora

de ponta) e a demanda (ponta e fora de ponta), entretanto se tivesse que se fazer

medições individuais em uma fábrica usar-se-ia com certeza o fator de carga.

Para um melhor dimensionamento devem-se fazer medições individuas da carga

instalada, pois se podem remanejar cargas com alto fator de carga na ponta para fora

da ponta e reduzir o valor da tarifa.

Page 72: Tarifação de Energia Elétrica - eletrica.ufpr.br · Energia é um mecanismo essencial que movimenta as economias modernas. Entre as varias formas de energia, a eletricidade é

64

Capítulo 5 CONCLUSÃO

Este projeto de graduação teve por finalidade explicitar as origens da formação e composição

dos custos repassados aos consumidores do sistema elétrico de potência. Descreveu-se a

metodologia e formação das tarifas de geração, de transmissão e de distribuição.

Resumidamente, a tarifa de geração é baseada nos custos marginais de operação de curto

prazo, os quais são obtidos a partir da resolução de problemas de otimização. A tarifa de

transmissão é baseada em métodos nodais que estabelece custos para cada barra (ou nó) da

rede de transmissão (custos nodais), baseados nos incrementos de fluxo provocados pelo

usuário nas linhas de transmissão e nos custos de reposição desses equipamentos. E

finalmente, a tarifa de distribuição baseia-se também nos custos marginais de uso do sistema

de distribuição em cada nível de fornecimento de potência.

Em seguida, realizou-se uma análise quanto ao uso das tarifas. Existem diferentes tipos de

tarifas vigentes: monômias e binômias, as quais procuram coibir a utilização da energia no

horário de ponta. Assim, a partir de diferentes perfis de consumidores industriais, fez-se uma

análise dessas tarifas, procurando estabelecer um critério de utilização das mesmas de modo a

se obter bons resultado econômicos ao consumidor.

Os casos analisados mostraram que existe uma relação entre o tipo de tarifa e o fator de carga

na ponta, confirmando os resultados apresentados na literatura (SÓRIA, 2005), ou seja, que

para fator de carga na ponta (Fcp) menor que 0,66 a tarifa horo-sazonal indicada deve ser a

verde e que para Fcp maior que 0,66 a tarifa horo-sazonal indicada dever ser a azul.

Finalmente, cada setor do sistema elétrico de potência tem um grande desafio nos próximos

anos. A geração termoelétrica terá um aumento significativo na matriz energética,

ocasionando um impacto muito grande no preço da energia elétrica. A transmissão conviverá

com a expansão constante do sistema elétrico de potência sendo atingida diretamente em sua

falta de preparo e estrutura. A distribuição sofrerá sérias mudanças, pois com a reestruturação

do sistema elétrico de potência realizada pela ANEEL e juntamente com outros órgãos de

regulamentação fará mudanças fundamentais no sistema, tornando o mercado brasileiro cada

vez mais competitivo e aberto a investimento internacionais.

A tarifa de energia terá seu ponto auge, pois será arma de opressão a grandes e pequenos

consumidores, reduzindo suas margens de economia e repassando de forma até mesmo brutal

a uma maior tarifa. Sendo assim é de extrema importância que o consumidor saiba como é

tarifada sua conta de energia (distribuição) para que possa fazer uma melhor adequação de

seus gastos e aumentos de seus ganhos.

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Referências Bibliográficas

ANEEL - Agencia Nacional de Energia Elétrica, Resolução 456; Disponível em

www.aneel.gov.br

BORN, P., BITU, Roberto. 1993. Tarifas de Energia Elétrica. Editora MM.

COPEL - Companhia Paranaense de Energia Elétrica. Disponível em www.copel.com

FERNANDES, Thelma Solange Piazza. 2000. Técnicas de Medição de Energia Ativa,

Reativa, Demanda e Fator de Potência, Curitiba 2000, UFPR, Departamento de Eletricidade.

MARANGON, J. W.2001. Mercado de Energia Elétrica; PARTE I. UFEEI.

SAMANEZ, C, Patricio. 2002. Matemática Financeira. Editora PEARSON.

SÓRIA, Ayres Francisco da Silva, 2005. Otimização da Compra da Energia Elétrica; Tese de

Mestrado, CEFET-PR.