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UNIVERSIDADE POSITIVO CAROLINE AKEMI MIAZAKA O BRANDING COMO VANTAGEM COMPETITIVA: ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE A CONSTRUÇÃO BRAND EQUITY DAS MARCAS DOS ALUNOS DO CURSO DE MODA DO SENAI PARANÁ. CURITIBA 2012

TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

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UNIVERSIDADE POSITIVO

CAROLINE AKEMI MIAZAKA

O BRANDING COMO VANTAGEM COMPETITIVA: ESTUDO

EXPLORATÓRIO SOBRE A CONSTRUÇÃO BRAND EQUITY DAS MARCAS

DOS ALUNOS DO CURSO DE MODA DO SENAI PARANÁ.

CURITIBA

2012

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CAROLINE AKEMI MIAZAKA

O BRANDING COMO VANTAGEM COMPETITIVA: ESTUDO

EXPLORATÓRIO SOBRE A CONSTRUÇÃO BRAND EQUITY DAS MARCAS

DOS ALUNOS DO CURSO DE MODA DO SENAI PARANÁ.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Universidade Positivo como requisito parcial

para a obtenção do título de especialista em

Gestão de Marcas.

Orientador: MARCELO GALLINA

CURITIBA

2012

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SUMÁRIO

1. RESUMO 1

2. ABSTRACT 2

3. INTRODUÇÃO 3

4. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS 5

5. JUSTIFICATIVA 7

6. MODA 8

6.1 Setor Têxtil e de Confecção 9

6.2 Setor de Varejo 17

6.3 Mercado Brasileiro 19

6.4 Inovações e tendências para o setor 26

6.5 Moda no Paraná 29

6.6 Design de moda 34

6.6.1 Senai/PR 35

6.6.2 Curso de Graduação Tecnológica Senai 36

7. BRANDING - GESTÃO DE MARCA 40

7.1 Valor de Marca - Brand Equity 44

7.2 O modelo de Brand Equity de Kapferer 54

7.3 O modelo de Brand Equity de Keller 56

8. AVALIAÇÃO DE GESTÃO / MONITORAMENTO 65

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ii

8.1 Metodologia 67

8.2 Resultados 69

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 90

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 93

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iii

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- PRINCIPAIS PAÍSES EXPORTADORES DE PRODUTOS TÊXTEIS E

DE CONFECÇÃO – 2000 11

FIGURA 2 - PRINCIPAIS PAÍSES EXPORTADORES DE PRODUTOS TÊXTEIS E

DE CONFECÇÃO – 2006. 12

FIGURA 3 - PRINCIPAIS PAÍSES IMPORTADORES DE PRODUTOS TÊXTEIS E

DE CONFECÇÃO – 2000. 14

FIGURA 4 - PRINCIPAIS PAÍSES IMPORTADORES DE PRODUTOS TÊXTEIS E

DE CONFECÇÃO – 2006. 15

FIGURA 5 - COMÉRCIO MUNDIAL DE TÊXTEIS E CONFECCIONADOS. 16

FIGURA 6 - VARIAÇÃO DO VOLUME DE VENDAS DOS CANAIS DE VAREJO

NO BRASIL. 21

FIGURA 7 - CONCENTRAÇÃO PRODUTIVA PARANAENSE. 30

FIGURA 8 - PARTICIPAÇÃO NO CONSUMO POR CLASSE SOCIAL. 31

FIGURA 9 - ORÇAMENTO FAMILIAR 32

FIGURA 10 - OS PRINCIPAIS MUNICÍPIOS DO PARANÁ EM 2012 EM

CONSUMO DE VESTUÁRIO. 33

FIGURA 11 - PONTOS DE CONTATO DA MARCA. 41

FIGURA 12 - CICLO DE BRANDING. 46

FIGURA 13 - IDENTIDADE DA MARCA. 47

FIGURA 14 - POSICIONAMENTO DE MARCA. 47

FIGURA 15 - ANÁLISE DE POSICIONAMENTO. 48

FIGURA 16 - PIRÂMIDE DE LEALDADE. 50

FIGURA 17 - CADEIA DE RELACIONAMENTO DO BRAND EXPERIENCE. 53

FIGURA 18 - PRISMA DE IDENTIDADE DE KAPFERER 55

FIGURA 19 - PIRÂMIDE DE BRAND EQUITY. 61

FIGURA 20 - LOGO CHOCOLATERIA 70

FIGURA 21 - LOGO COCCH 71

FIGURA 22 - CHOCOLATERIA - LOJA VIRTUAL 72

Page 6: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

iv

FIGURA 23 – COCCH - DESFILE 73

FIGURA 24 – CHOCOLATERIA - DESFILE 74

FIGURA 25 – CHOCOLATERIA - POSTAL 76

FIGURA 26 - CHOCOLATERIA - IMAGEM POSTADA NO FACEBOOK 77

FIGURA 27 - CHOCOLATERIA - CARTÃO 77

FIGURA 28 - COCCH - PALETA DE CORES - VERÃO 2013 78

FIGURA 29 - CHOCOLATERIA – SITE 79

FIGURA 30 - CHOCOLATERIA BLOG 80

FIGURA 31 - COCCH – POSTAL 81

FIGURA 32 - COCCH - FACEBOOK 82

FIGURA 33 - COCCH - FOTO DIVULGAÇÃO 82

FIGURA 34 - CHOCOLATERIA FACEBOOK 88

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1

1. RESUMO

Este estudo se propôs a investigar o processo de criação e lançamento

das marcas dos alunos do curso de Design de Moda do Senai. O objetivo geral foi

ampliar o conhecimento sobre os fatores de marketing que influenciam a construção

de valor de marca (brand equity) percebido pelos consumidores entre estas jovens

marcas. Foi conduzida uma pesquisa exploratória, de caráter qualitativo, através do

estudo de caso do planejamento da construção das marcas Chocolateria e Cocch. Foi

seguida a lógica da replicação literal, sendo que cada caso particular consiste em um

estudo completo e as conclusões dos relatórios foram comparadas para que se

indicasse a extensão da lógica de replicação. Portanto, o que se pretende aqui é

apresentar alguns cases com o objetivo de analisar metodologias que geraram

sucessos, falhas e suas razões.

Palavras-chave: construção de marcas, branding, valor de marca,

brand equity, Senai, moda, indústria têxtil.

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2

2. ABSTRACT

This study aims to investigate the process of creating and launching

Fashion Design Senai student's brands. The overall objective was to increase

knowledge about marketing factors that influence the building of brand equity

perceived by these brands' young consumers. Through the case study of planning and

building the brands Chocolateria and Cocch, an exploratory, qualitative research was

conducted. Following literal logic replication, each particular case consists of a

thorough study of the reports and the study conclusions were compared to indicate the

extent of logic replication. Therefore, what is intended here is to present some cases

with the objective of analyzing methodologies that generated successes, failures and

their reasons.

Keywords: brand building, branding, brand value, brand equity, Senai,

fashion, textile industry.

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3. INTRODUÇÃO

Escolher um produto entre as inúmeras possibilidades existentes no

mercado é uma tarefa cada vez mais complexa, os consumidores têm cada vez menos

tempo para comparar marcas, e ao mesmo tempo, os produtos têm cada vez menos

diferenciais tangíveis. O mercado vive uma fase em que a qualidade não é mais um

diferencial, mas sim, a base na qual todos os outros benefícios devem ser agrupados.

Dessa forma, a marca surge como referencial que pode ajudar a simplificar essas

escolhas. Por isso, mais do que preço o consumidor busca identificação com a empresa

que desenvolveu o produto, a marca se tornou um símbolo daquilo que o cliente é ou

do que deseja ser. Portanto, é inegável a relevância das marcas no desempenho de uma

empresa. Talvez por isso, o assunto valor da marca é um dos temas mais estudados na

administração de marketing atualmente.

A importância estratégica do brand equity para uma empresa e os

benefícios gerados de uma marca forte, tem feito com que grandes pesquisadores e

estudiosos da área apresentem suas teorias a respeito do tema. No entanto, autores

renomados concordam que a execução de uma estratégia de branding é mais uma arte

do que uma ciência. Seu sucesso ou seu fracasso dependem de componentes humanos

como criatividade, originalidade, percepções, bem como do gerenciamento do plano

de negócios. Mesmo assim, é fato que o conhecimento e o estudo contínuo das

estratégias de marketing, bem como o aprimoramento de suas práticas têm relação

direta com melhores resultados no desenvolvimento de uma marca forte, capaz de

agregar valor a produtos/serviços.

Hoje, as marcas criam uma imagem e estabelecem posicionamentos,

geram interesse e fidelidade e criam um vínculo tão grande com os clientes que

permitem margens de preço mais altas, maiores volumes de venda e,

consequentemente, maiores lucros. No mundo da moda, mais do que em qualquer

outro, o fetiche criado pelas marcas funciona como um dispositivo simbólico, uma

Page 10: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

4

forma de auto expressão que comunica valores, ideias e transmite mensagens a

respeito das crenças e convicções do consumidor.

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5

4. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS

O objetivo geral do estudo foi ampliar o conhecimento sobre a

relevância dos fatores de marketing na construção do brand equity para marcas dos

alunos do curso de Design de Moda do Senai/PR.

Os objetivos específicos compreendem:

• Levantar os fatores de marketing que determinam a construção de

brand equity positivo na teoria e na prática;

• Identificar convergências e divergências entre os fatores de marketing

apontados pelo modelo desenvolvido a partir da teoria de marketing e os

efetivamente utilizados pelas marcas dos alunos do curso de Design de

Moda do Senai/PR para a construção de brand equity positivo.

Trata-se de um estudo de caso múltiplo, no qual foram analisadas as

construções das marcas Chocolateria e Cocch. Para cumprir os objetivos o projeto foi

dividido em etapa:

• Contextualização da cadeia produtiva da moda - Indústria têxtil e de

confecção e do setor de varejo - no mercado mundial, brasileiro e

paranaense;

• Introdução sobre o Senai e sobre o curso de graduação tecnológica de

Design de Moda da instituição;

• Fundamentação teórica sobre conceitos de marketing - definição de

branding, brand equity e determinação dos fatores de brand equity para a

construção de valor de marca positivo, segundo autores selecionados;

• Elaboração de um modelo teórico com critérios de mensuração dos

pilares do brand equity, com base na teoria apresentada;

Page 12: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

6

• Estudo de caso - Pesquisa exploratória, de caráter qualitativo com o

objetivo de investigar as estratégias de brand equity utilizadas pelas marcas

selecionadas.

Page 13: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

7

5. JUSTIFICATIVA

Na moda, mais do que em qualquer outro mercado, as marcas podem

representar até 60% do valor final dos produtos (COBRA, 2007). Por isso, o

aprimoramento da construção de valor de marca é uma necessidade, principalmente

para jovens empreendedores. Sem muitos recursos para investir em propaganda de

massa, a aplicação de conceitos de brand equity para construir uma marca forte é uma

incrível possibilidade de agregar valor a seus produtos/serviços e estabelecer conexão

com os consumidores.

No entanto, a bibliografia ligando os dois assuntos é escassa. Marcos

Cobra, no livro Marketing e Moda (2007), abordou a relação entre os dois temas,

explorando a forma como a moda estimula o consumo de determinados produtos e o

processo que eles demandam, da criação até a venda ao consumidor. Além de Marcelo

Cobra, existem outros pesquisadores que analisam a moda, mas apenas no contexto

social e antropológico. A construção de marcas criadas e desenvolvidas no mercado de

moda brasileiro é um assunto ainda não explorado, justificando o presente estudo.

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8

6. MODA

“Acha que isso não tem nada a ver com você. Você vai até o seu guarda-roupa e

escolhe esse suéter azul folgado para dizer ao mundo que se leva muito a sério

para se importar com o que veste. O que você não sabe é que esse suéter não é

apenas azul. Nem turquesa, nem lápis-lazúli. Na verdade, é cerúleo. E você

também não tem a menor noção de que, em 2002, Oscar de la Renta fez vestidos

cerúleos e Yves Saint Laurent fez jaquetas militares cerúleas. E o cerúleo logo foi

visto em oito coleções diferentes. E acabou nas grandes lojas de departamento e,

um tempo depois, em alguma lojinha vagabunda onde você, sem dúvida, o

comprou em uma liquidação. No entanto, esse azul representa milhões de dólares

e incontáveis empregos. E é até meio cômico que você ache que sua escolha a

isente da indústria da moda quando, de fato, você usa um suéter que foi

selecionado pelas pessoas nesta sala. No meio de uma pilha de coisas.”

(O diabo veste Prada, 2006).

Falar sobre a evolução do vestuário não é uma tarefa fácil. Com o

passar dos séculos, as mudanças na moda foram tantas e passaram a ser tão rápidas,

que definir a qual época uma peça pertence se tornou uma tarefa desafiadora. Todavia,

independente de qualquer época ou lugar, a roupa sempre foi utilizada como um

diferenciador social, uma espécie de retrato de uma comunidade ou classe. Como

fenômeno sociocultural, a moda expressa os valores de uma sociedade - usos, hábitos e

costumes - sendo representativa a ponto de definir a classe social e a profissão de

quem a adota. Por isso, a história da moda está inserida no próprio desenvolvimento da

humanidade.

Segundo estudos da área, os primeiros itens de vestuário foram

produzidos durante a pré-história, mais precisamente no período Neolítico (10.000 -

5.000 a.C.). As peles de animais colocadas nos ombros do homem primitivo o

impediam de movimentar os membros superiores e, para liberá-los, foi preciso criar

adaptações. Assim, surgiu a cava e o decote. Desde então as peças que vestimos

evoluíram muito, mais do que uma necessidade humana de se proteger do meio

ambiente (frio, sol, vento, chuva, insetos, animais), o vestuário passou a fazer parta da

construção de nossa identidade, daquilo que representamos, daquilo que somos e

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9

daquilo que queremos parecer para sermos aceitos na sociedade ou no grupo em que

estamos inseridos.

dos primeiros teóricos a abordar a questão

vestuário como comunicação cultural e não como necessidade básica da natureza. Para

ele, a roupa é um elemento simbólico da cultura do indivíduo. Outros autores também

afirmam que uma peça de roupa pode transmitir muito mais do que estilo,

representando as ideologias e valores de um determinado grupo. Para Barnard (2003),

além da moda expressar ideias, crenças e valores de um determinado grupo, ela

também pode ser utilizada como forma de protesto a crenças, valores, ideias e

experiências de outros grupos.

De fato, há muito a moda deixou de ser um enfeite estético, um

acessório decorativo da vida coletiva. Ela chegou ao topo do seu poder, passou a ser

uma pedra angular da sociedade e conseguiu remodelá-la a sua imagem: era periférica,

agora é hegemônica (LIPOVETSKY, 1989). Mais que isso, ao longo da história, a

moda passou a ser importante não apenas em termos culturais, mas também em termos

econômicos, uma vez que a cadeia produtiva em que a moda está inserida é um fator

estratégico para o desenvolvimento econômico mundial.

6.1 Setor Têxtil e de Confecção

A indústria têxtil e de confecção está entre as atividades industriais

mais antigas da humanidade. São, normalmente, as primeiras atividades fabris

instaladas em um país e têm sido grandes absorvedoras de mão de obra, incorporando

um grande número de atividades - da transformação de fibras em fios e tecidos até a

produção de uma ampla gama de produtos como fios sintéticos de alta tecnologia,

artigos de lã, roupa de cama, filtros industriais, geotêxtis, roupas e confecções entre

outros.

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10

Entretanto, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de

Confecção (Abit), o movimento do varejo e a reconfiguração do cenário internacional

vêm exigindo mudanças significativas em sua estrutura. Na última década

presenciamos a migração da produção de produtos têxteis, antes fabricados em países

detentores das marcas, para países com baixo custo de mão de obra e bases

tecnológicas para a produção em larga escala. Essa produção vem se concentrando no

sudeste asiático (especialmente na China e na Índia), na Europa Oriental (Roménia,

Bulgária), América Central e mais recentemente na África. A força de trabalho desses

países totaliza quase três bilhões de trabalhadores - metade da força de trabalho

mundial. Tal mudança acarretou um grande choque na oferta de mão de obra,

impactando uma imensa massa de trabalhadores ao redor do mundo.

A redefinição da geografia de produção e do comércio têxtil permitiu

que inúmeras empresas com base nos países em desenvolvimento se tornassem

exportadoras, obrigando a indústria do setor têxtil dos demais países a focar, cada vez

mais, suas atividades e seus esforços nos ativos intangíveis - desenvolvimento de

produto, valor de marca, estratégias de marketing, canais de distribuição e

comercialização - e, obrigou que as etapas produtivas fossem deslocada para regiões

onde o custo do trabalho é menor (LUPATINI, 2007). Esse movimento, aliado a

acordos comerciais multilaterais que regulamentaram o comércio internacional de

produtos têxteis através da imposição de quotas, forma um cenário de concorrência

cada vez mais acirrada, com aumento significativo dos desafios competitivos para o

setor.

Segundo Caetano Glavam Ulharuzo, Coordenador do Projeto T&C da

ABDI, atualmente existem três modelos de vigentes para o sucesso da indústria têxtil:

• Políticas governamentais com mão-de-obra barata (Ásia);

• Bases de Ciência Tecnologia e Inovação (Alemanha e EUA);

• Design e Individualização do Consumo (Itália, França e Bélgica).

Page 17: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

11

Entre 2000 e 2006, segundo um relatório publicado pela Abit

publicado em 2008, considerando os principais países exportadores de produtos têxteis

e confecções, as exportações chinesas tiveram um crescimento extraordinário -

totalizando um aumento de 18% ao ano da taxa de exportação, porcentagem que

representa em termos absolutos um incremento de quase US$ 100 bilhões. Em razão

desse aumento, praticamente todos os países tiveram queda de market-share nesse

período - com exceção da Índia, que subiu da 8a para a 6

a posição no ranking, e da

Turquia, que não aparecia entre os principais exportadores em 2000 e passou a ocupar

a 8a posição em 2006. Vale destacar também o aumento das exportações de países com

menor grau de desenvolvimento, como por exemplo: Vietnã, Bangladesh, Paquistão e

Indonésia - que, embora não estejam entre os 10 maiores, mas tiveram um crescimento

significativo.

Figura 1- Principais países exportadores de produtos têxteis e de confecção – 2000

Page 18: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

12

Um fator relevante para o crescimento da China foi o fim do Acordo

de Têxteis e Vestuários (ATV) em 2005, quando foram abolidas restrições

quantitativas às importações de produtos têxteis e confeccionados. Além disso, de

acordo com outro estudo encomendado pela Abit em parceria com mais duas entidades

de classe estrangeiras, publicado em 2012, a China adotou uma política de apoio aos

produtores chineses de tecidos e roupas para enfrentar a crise mundial. De acordo com

a nova política, os produtores chineses contam com 27 tipos de subsídios concedidos

pelos governos federal, provincial e municipal. Além dos produtores citados acima, a

China também planeja isentar integralmente os exportadores de diversos produtos

manufaturados como calçados, móveis e brinquedos entre outros produtos, do

pagamento de 17% de imposto sobre o valor agregado.

Figura 2 - Principais países exportadores de produtos têxteis e de confecção – 2006.

Page 19: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

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Todavia, o crescimento da participação dos produtos chineses no

mercado internacional não é fruto apenas de isenção de impostos e do baixo custo de

mão de obra. A indústria chinesa é integrada e moderna; foram realizados

investimentos massivos em tecnologia, o que justifica o fato do país ter sido o maior

importador de máquinas e tecnologia nos últimos anos. Em consequência de todos

esses esforços, hoje, a China é o principal exportador mundial de produtos têxteis

confeccionados, com uma participação de 33% sobre o total mundial (ABIT, 2012).

Apesar desse panorama não muito favorável para a indústria têxtil e

de confecção dos demais países, de acordo com uma análise setorial da União

Europeia publicada em 2011, existem países desenvolvidos, como a Itália, a Alemanha

e a França, que, apesar de não possuir qualquer vantagem de custo, ocupam posições

de destaque entre os maiores exportadores de produtos têxteis mundiais. O setor têxtil

europeu é particularmente ativo em iniciativas de inovação, tanto no âmbito da

pesquisa e desenvolvimento - criando produtos inovadores e novos campos de

aplicação de materiais aos produtos têxteis - quanto no desenvolvimento de novos

modelos de criação/produção. Segundo Prochnik (2003), o desempenho desses países

para se destacar em meio a esse tipo de concorrência está atrelado às práticas como:

• Inovações em processo: automação e escala, bem como aplicação de

técnicas de supply chain management, unindo os diferentes elos da cadeia;

• Inovações em produto: ampliação do conteúdo tecnológico;

• Especialização em segmentos mais intensivos em capital, dentro de

cada elo da cadeia;

• Transferência de processos menos eficientes para países vizinhos.

As estratégias de liderança mundial tomadas por governos e indústrias

ao longo do globo refletem esse panorama geral. Há países líderes de exportação por

diferentes parâmetros: no caso de T-Shirts, a China lidera o mercado em valor

comercializado, tendo vendido em 2005 U$3,8 bilhões. A Índia, por sua vez, foi o país

Page 20: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

14

que mais vendeu este produto em massa, 373 mil toneladas. Já a Bélgica, foi o país

que mais adicionou valor ao produto comercializado U$272/kg - mas, isso só foi

possível porque na década de 80 iniciou-se um movimento de fortalecimento das

escolas de arte e design locais que, passaram a receber incentivos do governo e da

iniciativa privada. Exemplos de países da União Europeia comprovam que países

líderes em valor/kg dominam estratégias de diferenciação e agregação de valor por

meio de investimentos em design, tecnologia e recursos humanos.

No que se refere ao total das importações mundiais de produtos têxteis

e de confecção, o relatório da Abit apresenta certa estabilidade entre os 10 principais

países no período analisado. Mas, a análise dos valores exportados e importados de

países desenvolvidos como Estados Unidos e Alemanha permite constatar o elevado

déficit comercial desses países.

Figura 3 - Principais países importadores de produtos têxteis e de confecção – 2000.

Page 21: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

15

Estima-se que nos próximos cinco anos, o comércio têxtil e de

confecção no mundo alcance a cifra de US$ 856 Bilhões (ABIT, 2011).

Figura 4 - Principais países importadores de produtos têxteis e de confecção – 2006.

Page 22: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

16

Dessa forma, em função da importância econômica e do potencial de

geração de empregos da cadeia têxtil e de confecção, fica claro que existe um conjunto

de ações que merecem atenção das políticas públicas. Mais do que proteger sua

indústria através de um sistema de defesa comercial de fiscalização que garanta

condições isonômicas de concorrência, o setor deve se preparar para as oportunidades

abertas pelo surgimento de novos segmentos, através do incentivo a pesquisas de

insumos e materiais cada vez mais sofisticados e da profissionalização da mão de obra

em todos os níveis da cadeia produtiva.

Figura 5 - Comércio mundial de têxteis e confeccionados.

Page 23: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

17

6.2 Setor de Varejo

O sucesso do varejo está diretamente ligado à capacidade de

adaptação às tendências de consumo - acompanhadas por meio de pesquisas, análises e

observações. As interferências que ocorrem no macro ambiente devem ser encaradas

não como um conjunto de tendências isoladas, mas sim inter-relacionadas enquanto

elementos de modelos multidimensionais que operam em conjunto. Falhas em

reconhecer os limites existentes em uma dessas dimensões podem pôr a perder

esforços de adaptação em um mercado potencial, comprometendo a capacidade de

sobrevivência e expansão do negócio (TOFFLER, 1985).

Segundo a 15 a

edição de um estudo anual realizado pela Deloitte,

líder global em serviços de consultoria para gestão financeira, em parceria com a

Stores Media, agência de marketing especializada na comunicação de ponto de venda,

intit ada “Os Pod rosos do Var jo G oba ”, o setor varejista global não possui mais

barreiras tecnológicas, geográficas, culturais e de processos. O aumento da

concorrência e as mudanças ocorridas nos hábitos dos consumidores são alguns dos

fatores que desencadearam essa grande revolução no varejo. O novo panorama

mundial traz uma nova ordem nas relações entre varejistas, fornecedores,

consumidores e toda a cadeia industrial, refletindo a transformação de toda a economia

global.

Um dos pontos levantados pelo estudo é de que na medida em que as

grandes cadeias de lojas dominam o mercado, os consumidores tendem a valorizar os

varejistas que vendem "exclusividade". Segundo o estudo, a maior parte dos

consumidores está cada vez menos inclinada a comprar apenas pelo preço. Mesmo em

lojas de departamento, observa-se o poder das marcas e o quanto seu valor intangível

acrescenta aos produtos. No Brasil, observamos essa tendência na parceria que grandes

varejistas tem feito com marcas de estilistas renomados como Stella McCartney para a

C&A e Cris Barros para a Riachuelo.

Page 24: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

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Ainda segundo o estudo, o consumidor se tornou mais bem

informado, dominando cada vez mais a forma como realiza suas compras -

identificando e aproveitando múltiplas fontes de informação e usufruindo de diversos

canais para aperfeiçoar diferentes aspectos da sua jornada de compras. O surgimento

de novos canais de comunicação - novos formatos de lojas, como clubes de compras,

lojas virtuais, inovações na área de serviços e mix de produtos dirigidos a segmentos

específicos de consumidores, como a pessoas com pouco tempo disponível para

compras, segmentados por ocasiões de uso ou especializados em linha de produtos -

aumentou o nível de interação das marcas com seus consumidores, contribuindo para a

formação desse quadro.

Do outro lado dessa equação, a interconectividade se tornou uma peça

chave para o desenvolvimento das relações das empresas com consumidores. A

segmentação de vendas por meio do e-commerce é uma realidade cada vez mais

presente, as mídias sociais e os aplicativos para tecnologias móveis evoluem de forma

extraordinária, apresentando possibilidades infinitas como ferramentas de exposição

de marca. Do ponto de venda às redes sociais, o volume de dados que podem ser

coletados, sobre as preferências, o método de compras e o comportamento dos

consumidores têm contribuído para entender como cada um desses canais agrega ao

processo e aumenta a capacidade do setor de desenvolver campanhas de marketing

cada vez mais relevantes e personalizadas. Esses são apenas alguns exemplos da

amplitude de meios disponíveis para se relacionar com o consumidor e,

principalmente, de quão conectados se tornaram todos os mecanismos que sustentam o

varejo hoje. Mas, que representam, para as empresas, um desafio contínuo de analisar

essa profusão de dados e de utilizá-los para guiar ações estratégicas focadas nas

necessidades apresentadas pelos consumidores.

Diante desse cenário, o estudo conclui que os atributos intangíveis de

uma marca são, hoje, fatores relevantes para se obter sucesso nos negócios e que a

diversificação e a diferenciação são estratégias fundamentais para empresas que

desejam ingressar ou permanecer no mercado.

Page 25: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

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6.3 Mercado Brasileiro

De acordo com a Abit, o Brasil reúne todos os elos da cadeia têxtil,

sendo a última cadeia têxtil completa do ocidente - apresenta o ciclo completo da

produção das fibras - plantação de algodão, fiações, tecelagens, beneficiadoras,

confecções até chegar ao varejo.

Recentemente, a transformação da indústria têxtil oriundas da abertura

comercial, após a década de 90, expôs os fabricantes nacionais à concorrência externa

e os conduziu a uma série de mudanças na organização produtiva:

• Modernização do parque industrial nacional, principalmente através

da aquisição de máquinas e equipamentos importados,

• Esforços de divulgação dos produtos nacionais nos mercados

externos, principalmente aqueles com maior valor agregado, como os

confeccionados;

• Organização de um calendário oficial para a produção nacional de

moda em vestuário, marcado por eventos de grande escala e repercussão,

como o São Paulo Fashion Week (SPFW) e o Fashion Rio, que além de

exporem a produção de moda nacional para o público estrangeiro,

cumpriram também o papel de estabelecer um calendário oficial, que tende

a orientar as ações de toda a cadeia, com base nas datas firmadas para o

lançamento de coleções anuais;

• Crescente desverticalização das empresas, associada aos esforços de

investimentos em ativos imateriais, tais como desenvolvimento de produto,

design, marketing, comercialização e distribuição dos produtos;

• Deslocamento da produção para outras regiões, via investimentos ou

subcontratação da produção, marcadamente da região sudeste para o

nordeste.

Page 26: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

20

Essas transformações permitiram que algumas empresas brasileiras

sobrevivessem ao ambiente competitivo internacional. No entanto, os negócios de

menor porte, com atuação exclusiva no mercado interno e baixo nível tecnológico

(como produtores de fibras de algodão, fios e tecidos sintéticos e de confecções),

foram bastante atingidos pelo aumento da concorrência, sobretudo, asiática (Valor

Econômico, 2006).

Hoje, o setor têxtil e de confecção do Brasil é o quarto maior parque

produtivo de confecção do mundo, o quinto maior produtor têxtil do mundo, o

segundo maior produtor de denim e o terceiro na produção de malhas. Conta com mais

de 30 mil empresas que empregam mais de 1,7 milhão de trabalhadores diretos - 10%

dos empregos gerados pela indústria de transformação, a grande maioria mulheres

“ch f s d fa í ia” - e arrecada por ano mais de R$ 67 bilhões (Abit, 2012). Dados

que comprovam a grande relevância para a economia do país e de forte impacto social

deste setor.

No que se refere ao mercado da moda, os investimentos realizados

pelas empresas do setor têxtil e de confecção para aumentar sua capacidade

competitiva fez com que o setor ganhasse algum destaque internacional. Atualmente, a

moda brasileira está entre as cinco mais importantes Semanas de Moda do mundo.

Somos referência mundial em design de moda praia, jeanswear e homewear, tendo

crescido também os segmentos de fitness e lingerie (ABIT, 2012).

Internamente, o aumento do consumo tem contribuído para o

desenvolvimento das empresas nacionais. Segundo um estudo dos canais de varejo,

elaborado pelo IEMI Inteligência de Mercado, em parceria com a Associação

Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), em 2011 as vendas no varejo alcançaram US$

89,5 bilhões, equivalentes a R$ 149,9 bilhões.

Hoje, existem 138 mil pontos de venda do vestuário no país. As lojas

independentes (butiques, lojas de bairro) ainda são o principal canal de venda de

artigos de vestuário no país, respondendo por 37,8% do total de peças comercializadas

Page 27: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

21

em 2011, pelo varejo. Mas, em termos de crescimento este foi o canal que menos

cresceu, com apenas 7,3% entre 2007 e 2011 (em peças). O canal que vem

apresentando o melhor desempenho nos últimos cinco anos é o departamento não

especializado - lojas de grande superfície, cujo foco de venda não se restringe ao

vestuário, como Pernambucanas, Havan e Copel, por exemplo -, com um aumento de

54% no período, contra 24% do varejo total.

Figura 6 - Variação do volume de vendas dos canais de varejo no Brasil.

Ainda segundo o IEMI, o aumento do consumo foi evidenciado,

principalmente, devido a resultados de ampliação de crédito e aumento da receita,

sobretudo nas classes C, D e E que foram estimuladas pelos programas

governamentais. Nos últimos anos, a inflação baixa, a melhor distribuição de renda e o

aumento no crédito proporcionaram que uma parcela significativa da população

ascendesse à classe média, tornando-a ávida por produtos de melhor qualidade e

marcas reconhecidas. Os consumidores das classes B1, B2 e C juntos somam quase

79,3% da demanda interna de vestuário. Já os consumidores com poder de compra A1

Page 28: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

22

e A2 foram responsáveis apenas por 14,9% do consumo de vestuário no Brasil em

2011.

Segundo o Global Market Review of Discount Apparel Retailing,

México, Argentina, Brasil e Chile são vistos como potenciais mercados de varejo

confeccionado de maior valor agregado. Mesmo assim, o varejo nacional ainda está

pouco desenvolvido em comparação aos demais mercados emergentes. Prova disso é

que, os cinco maiores varejistas de moda no Brasil são empresas internacionais que

concentram 27% de participação no mercado. Por ordem de faturamento as principais

cadeias são: C&A, Renner, Riachuelo, Pernambucanas, Lojas Americanas, Magazine

Luiza, Marisa e Líder. Segundo o Instituto de Desenvolvimento do Varejo, as três

primeiras concentram uma participação de pouco mais de 10% do mercado formal do

vestuário.

Cenário semelhante ocorre na indústria têxtil, apesar dos esforços

empreendidos na reestruturação do setor a partir da década de 1990, a indústria têxtil e

de confecção brasileira permaneceu pouco competitiva em relação ao mercado

internacional. Nossa produção esteve, por muito tempo, ancorada no suprimento do

mercado local que vinha apresentando crescimento constante. De acordo com a Abit,

em 2009, apenas 1% do que era produzido no Brasil era exportado. Em 2011, mesmo

com a economia aquecida pela entrada das classes de baixa renda no mercado, a

produção recuou 10%. Ou seja, o crescimento da demanda foi abastecido pelo alto

volume de produtos importados. Ainda segundo a Abit, entre 2007 e 2011, as

importações avançaram 119,2%, atingindo US$ 6,6 bilhões, o que resultou em um

déficit da balança comercial de US$ 3,6 bilhões. Segundo o IBGE, de janeiro a abril

de 2012, a produção da indústria têxtil recuou 7,6% e o segmento de vestuário teve

queda de 13,5%.

Nos últimos anos a participação dos produtos importados nos varejos

de grande superfície (grandes redes de lojas) chegou a 20%, conforme informação dos

mesmos. Já no consumo geral, saltou de 3% em 2007 para 8,5% em 2011 e, deverá

Page 29: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

23

atingir 12% até o final de 2012 - somente as importações chinesas totalizaram US$ 1,9

bilhão.

Para o presidente da Abit, Diniz Filho, o problema não são os

produtos importados em si, mas as importações predatórias dos asiáticos e a imensa

carga tributária nacional que tornou a indústria brasileira insustentável. Ele acredita

que, sem a proteção adequada do mercado interno, novos investimentos serão

insuficientes. Ronald Moris Masijah, presidente do Sindicato do Vestuário

(Sindivestuário), complementa que com o aumento da importação e a elevada carga

tributária do País, "as empresas do setor estão acabando com suas unidades fabris e se

pulverizando em pequenas oficinas". Segundo o presidente do Sindivestuário, dessa

maneira, elas podem se beneficiar do Simples Nacional, no entanto essa estratégia faz

com que o país perca escala de produção, o que diminui nossa capacidade competitiva

internacionalmente, justamente o oposto da China.

Para Marcelo Prado, diretor do IEMI, a indústria brasileira precisa

mudar seu processo de criação, deixar de lado as tendências da Europa e Estados

Unidos e investir em uma leitura de perfil dos brasileiros, apostando na nossa

criatividade. Para ele, independente do poder de compra do consumidor, todos buscam

experiências de compra ao adquirirem peças de vestuário: os consumidores de baixa

renda buscam inclusão social, e os de alta renda, exclusividade. Por isso, para alcançar

o sucesso, as empresas precisam atuar muito mais próximas aos seus consumidores

finais, seja no desenvolvimento de produtos melhores, mais inovadores e mais

alinhados com os anseios destes consumidores, seja através de uma gestão mais

eficiente dos canais de distribuição.

Em 2009, a Agência Nacional de Desenvolvimento apresentou o

Estudo Setorial de Inovação com foco no setor têxtil e de confecção, cujo objetivo era

apresentar medidas de política industrial para fortalecer e aumentar a competitividade

do setor. Segue um resumo das propostas:

Page 30: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

24

• Reforço da representação comercial e da promoção da moda brasileira

no exterior, para promover o intercâmbio de informações e de processos;

• Potencializar oportunidades de negócios a partir do conceito de

franquias de empresas brasileiras;

• Desenvolvimento de medidas com foco nos componentes políticos-

institucionais da competitividade, como desoneração tributária de produtos

nacionais, políticas de proteção comercial contra dumping, atenção às

regulamentações internacionais e firmamento de acordos bilaterais, não só

para acesso privilegiado a outros mercados como também para acesso a

tecnologias de EUA e União Europeia;

• Apoio financeiro e creditício à atualização operacional das empresas

por meio de investimentos em máquinas e equipamentos e à construção de

marcas próprias;

• Suporte de instituições como o Sebrae, Senai e de poderes públicos

locais, a empresas que buscam atualização tecnológica, construção de rede

de distribuição própria, arranjos cooperativos entre empresas de diferentes

etapas da cadeia têxtil-vestuário, estrutura de exportação e participações em

feiras nacionais e internacionais e selos de certificações de qualidade;

• Ampliação da capacidade nacional de formação, treinamento e

pesquisa através da criação de cursos para a formação e qualificação de

recursos humanos, como costureiras, modistas, estilistas, vendedores,

designers em escolas federais e instituições de suporte à indústria;

• Incentivo e apoio ao regime tecnológico, centrado em P&D,

capacidade de design e atuação em nichos de alto valor agregado.

Embora seja visível a evolução - em termos de design, criatividade e

posicionamento de marca - da indústria nacional e da perspectiva de aumento da

Page 31: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

25

demanda interna - o consumo per capta de produtos confeccionados é de 12 kg por

habitante, podendo alcançar os 19 kg em 2014, ainda longe dos 25 kg consumidos

anualmente pelos europeus e distantes dos 35 kg consumidos pelos norte americanos -

é perceptível que ainda existem pontos a serem melhorados em áreas como

desenvolvimento do produto, posicionamento mercadológico, atualização tecnológica,

qualificação técnica e carga tributária.

A coordenadora estadual do setor do vestuário Sebrae/PR, Carla

Cristina Werkhauser, acredita que apesar da concorrência acirrada, a vantagem do

Brasil frente à China é que é mais fácil para a indústria nacional entender o

consumidor brasileiro do que para os fabricantes chineses. Para ela, a vantagem

competitiva a ser explorada encontra-se dentro dos nichos de mercados, uma vez que

existem oportunidades que não chegam até os chineses. Ela exemplifica através da

influência das novelas que formam a opinião das massas - “A o q sai na nov a

hoje e o grande consumidor quer amanhã é algo que os chineses não conseguem

at nd r”. Ícon s, for ador s d opiniõ s nov as são fator s q p rt nc ap nas

aos nichos de mercado interno, são situações que podem ser atendidas localmente, sem

a interferência dos chineses que por estarem do outro lado do mundo não tem

velocidade suficiente para compreender e atender a demanda.

Ainda há outro aspecto favorável à criação de marcas brasileiras.

Segundo consultores contratados pelo Programa TexBraziS, o "estilo de vida

brasileiro" possui uma aceitação elevada em diversos países. Algumas empresas

nacionais têm obtido sucesso no exterior, apesar de seus volumes de vendas ainda

serem inexpressivos. A onda de preocupação mundial com o meio ambiente é outro

fator que pode favorecer a imagem dos produtos brasileiros que utilizam a consciência

ecológica sustentável e de responsabilidade social como diferenciais.

Page 32: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

26

6.4 Inovações e tendências para o setor

“No futuro, soluções antigas não serão suficientes para resolver novos

problemas.” (Autor desconhecido).

Em busca do caminho da inovação no setor têxtil e de confecção, a

Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) realizou um Estudo

Prospectivo Setorial (EPS) para a Cadeia de Valor Têxtil e Confecção (T&C)

brasileira. O trabalho aprofundou a discussão sobre as principais tendências futuras

para o setor no Brasil, tendo em vista os elementos-chave que compõem os vetores de

crescimento da oferta e demanda nos próximos 15 anos - 2008 a 2023. A conclusão do

estudo é de que para sobreviver na economia do conhecimento, o setor T&C brasileiro

dependerá da agilidade de sua indústria no sentido de produzir inovações, de

desenvolver processos mais avançados - flexíveis e eficientes no uso de recursos - e de

concentrar suas estruturas e operações de negócio na evolução constante das

necessidades de seus consumidores. Mais do que ao consumidor final, as empresas

devem estar atentas às necessidades de outros setores intensivos em tecnologia para

que o setor têxtil/confecção amplie seu escopo para além do vestuário, multiplicando

as oportunidades de negócios e criando novos mercados.

Caetano Glavam Ulharuzo, coordenador do Plano Estratégico do setor

T&C, explica que o estudo da ABDI está baseado em um panorama que analisa seis

dimensões do setor: mercado, talentos, tecnologia, investimento, infraestrutura e

político-institucional. Na avaliação das tecnologias para insumos, privilegiou-se o

setor de roupas e uniformes profissionais, que é sempre o primeiro a incorporar os

avanços tecnológicos, que só depois serão utilizados nos demais setores, como por

exemplo, as roupas anti-chamas para bombeiros. As perspectivas reveladas no estudo

mostram que o mercado precisa estar pronto para o futuro que se avizinha, no qual as

funções das roupas irão além de proteção, conforto e estilo.

Especialistas do setor têxtil e de confecção acreditam que em apenas

15 anos todo o conceito de uso tradicional do vestuário será modificado e trará

Page 33: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

27

profundas alterações para quem atua neste mercado. As mudanças serão tantas que,

num breve futuro, pode haver um descolamento do mercado tradicional, com novas

tecnologias sendo utilizadas na produção do vestuário. Somente as empresas mais

versáteis e flexíveis, capazes de atender à demanda de forma rápida e efêmera com

produtos de alto valor agregado conseguirão sobreviver em países que não possuem

vantagens no custo da mão de obra, como o Brasil.

Segundo os resultados da conferência realizada em 2006 pela

International Textile Manufacturers Federation (ITMF) os vetores que condicionarão a

sobrevivência de empresas têxteis e de confecção em todo o mundo nos próximos anos

são:

• Aumento da rapidez do ciclo de moda;

• Racionalização da arquitetura dos produtos para reduzir as

complexidades de produtos e permitir o máximo aproveitamento defluxos

lineares de produção;

• Crescimentos dos mercados de alto luxo e de massa;

• Crescimento da demanda por pequenos pedidos;

• Modularização de produtos, aumento da capacidade de codificação e

do controle sobre a cadeia;

• Grandes tornam-se ainda maiores na produção e no varejo;

• Aumento da pressão nos segmentos intermediários;

• Importância crescente da capacidade de atender às exigências e de

entender as regras de mercado em constante evolução.

Várias dessas condicionantes passam pelo design como fator de

desenvolvimento. Segundo dados da coordenação-geral de Design e Gestão Ambiental

do Departamento de Setores Intensivos em Capital e Tecnologia do Ministério do

Page 34: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

28

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (SDP/MDIC), o design é um forte

elemento de competitividade empresarial, em especial para os segmentos pressionados

pela concorrência internacional. É um diferencial estratégico que possibilita a

otimização do uso de matéria-prima, melhoria nas fases de projeto e de produção,

assegurando melhores níveis de satisfação do cliente. Mais do que isso, ele

proporciona maior valor agregado às exportações, promovendo a oferta de produtos

diferenciados e inovadores; sendo de fundamental para o desenvolvimento de uma

identidade e de uma imagem favorável, que agrega valor ao produto nacional.

“O d si n partic ar nt i portant na fabricação ark tin

de equipamentos duráveis, roupas, serviços de varejos e bens embalados. [...]. Do

ponto de vista da empresa, um produto com bom design seria de fácil fabricação e

distribuição. Do ponto de vista do consumidor, um produto com bom design seria

a radáv d s r visto fáci d abrir, insta ar, sar, cons rtar d scartar.” KOTLER,

1998, p.258).

Segundo Lúcio Tenan e José Maria de Miranda ambos do IPTM Senai

Cetiqt (Instituto de Prospecção Tecnológica e Mercadológica) "A verdadeira fonte de

vantagem competitiva sustentada repousa na capacidade de fazer as coisas de forma

diferente, de modo que não possam ser facilmente copiadas pelos concorrentes.

Significa direcionar a empresa para os aspectos intangíveis da competitividade, tais

como a criação e sustentação de marcas (imagem das marcas) e os serviços para o

consumidor, a reputação e o talento para realizar om originalidade (imagem da

empresa). (...) Assim sendo, mudar para produtos diferenciados e lançar mão de ativos

intangíveis (design, marcas, comercialização e distribuição, serviços) é uma opção

sugerida pelo atual cenário da economia global, como contrapartida à estratégia

competitiva baseada em preço".

Neste sentido, o mercado de trabalho está aberto para a geração de

talentos condizentes com este contexto. Segundo pesquisa realizada pela Confederação

Nacional da Indústria (CNI) faltam profissionais qualificados para atender à

Page 35: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

29

aceleração do crescimento industrial do Brasil. (ABDI, 2008 . “ ... Constr toras

confecções também padecem da carência de profissionais habilitados para impulsionar

a produção. (...) A pesquisa da CNI contabiliza que 75% das empresas de vestuário e

32,5% das empresas têxteis carecem de mão-de-obra qualificada.”

A concorrência internacional está inviabilizando a permanência de

empresas brasileiras que fabricam produtos indiferenciados e que possuem o preço

baixo como principal apelo. É necessário segmentar o mercado, desenvolver produtos

autênticos - que fogem às tendências internacionais atendidas por empresas que

possuem uma política de produção rápida e contínua de peças, trocando semanalmente

ou até diariamente a suas coleções - e investir em marca.

6.5 Moda no Paraná

Segundo o Relatório de Acompanhamento Setorial: Têxtil e

Confecção de 2011, o mercado paranaense é bem extenso na área têxtil, tem alto

potencial de consumo, mas também, é um forte produtor de moda. O estado ocupa a

quarta posição em termos de confecções de roupas e disputa com o Rio Grande do Sul

a segunda posição em termos de produção de acessórios, artefatos e produtos

industriais. Já no que tange a comercialização de vestuário, o Paraná ocupa a quinta

posição, segundo um estudo do Sebrae Paraná.

Dentro do estado, o setor é segundo maior empregador no Estado,

com mais de seis mil indústrias de confecção, a maioria de micro e pequeno porte, que

geram cerca de 98 mil empregos. Já no segmento têxtil possui 744 estabelecimentos

industriais têxteis (5ª posição nacional, com 6,5%) e gera 13.625 empregos diretos (5ª

posição nacional, com 4,1%) (Agência Fiep, 2010).

Page 36: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

30

Figura 7 - Concentração produtiva paranaense.

Segundo a Abit, o estado possui seis arranjos produtivos locais (APLs

- concentrações de indústrias de um mesmo segmento ou de atividades

complementares de uma mesma região) de vestuário. O APL propicia ações conjuntas,

como compras de matéria-prima, consórcio para exportação, compartilhamento de

processos tecnológicos e de capacitação de mão-de-obra. De acordo com dados da

Fiep, os APLs de vestuário paranaenses englobam 1.835 empresas, que geram mais de

35 mil empregos diretos e estão localizados em Londrina, Apucarana, Cianorte e

Maringá, Terra Roxa, Francisco Beltrão e Imbituva. Alguns deles são especializados:

Apucarana (bonés), Terra Roxa (moda bebê), Francisco Beltrão (moda masculina) e

Imbituva (malharia).

Entre os eventos do Paraná destacam-se:

• Paraná Criando Moda;

Page 37: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

31

• Paraná Business Collection;

• Sudoeste Mostra Moda;

• Rodada de Negócios da Moda Paranaense;

• Semana de Moda Curitiba - LabModa.

O p rfi do cons idor parana ns stá dando, d acordo co o

relatório do Sebrae/SC, há expectativa de crescimento da classe de consumo A2 e B1

em 2012 com relação ao ano de 2011. Em 2011 a classe A representava 19%, a B

48%, a C 29% e as classes D e E 4%. Por outro lado, em 2012, ocorreu uma

transferência do consumo da classe C para a B, fazendo com que a representatividade

da classe B se elevasse de 48% para 53% e consolidando a classe B como a maior em

consumo no estado. Existe também uma movimentação importante dentro da própria

classe de consumo. A classe C transferiu consumidores para a classe B, mas foi a

classe B1 que efetivamente cresceu. A partir desses números podemos concluir que há

uma perspectiva de elevação do poder de consumo da população paranaense em 2012.

Figura 8 - Participação no consumo por classe social.

Page 38: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

32

A previsão de consumo do Paraná para 2012, segundo o IPC Maps,

alcança a cifra de R$ 170,9 bilhões em bens e serviços. O volume é superior em 16%

em relação a 2011 e é superior a média brasileira que é de 11%. No estado, a

concentração da população em termos de consumo está na classe B, o que justifica o

crescimento de consumo superior a média brasileira. O estudo do IPC Maps (IPC

Marketing, 2012) demonstra que o potencial de consumo se eleva mesmo com a

população do Paraná se mantendo estável. O estudo aponta ainda que o consumo de

vestuário no Paraná deve alcançar o montante de R$ 4,87 bilhões, 13,78% superior ao

ano de 2011.

Figura 9 - Orçamento familiar

Em 2012 O IPC Maps divulgou uma tabela dos principais 500

municípios em termos de potencial de consumo do Brasil. Juntos, os 34 municípios do

Page 39: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

33

Paraná que apareceram no estudo representam mais de 73% do mercado têxtil e,

somente, os 10 principais municípios somam mais de 53% deste mercado.

Figura 10 - Os principais municípios do Paraná em 2012 em consumo de vestuário.

Page 40: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

34

6.6 Design de moda

Entende-se por design a melhoria dos aspectos funcionais,

ergonômicos e visuais dos produtos, de modo a atender às necessidades do

consumidor, melhorando o conforto, a segurança e a satisfação dos usuários. O design

é uma ferramenta que permite adicionar valor aos produtos industrializados, levando à

conquista de novos mercados. (CNI, 1998, p.11).

O desenvolvimento de um novo produto é uma tarefa complexa e

ariscada, diversos fatores determinam o sucesso ou o fracasso. A crescente competição

por mercado entre as empresas fez com elas buscassem se distinguir cada vez mais de

seus concorrentes. Dentro deste processo para estabelecer estratégias diferenciadas, o

design se mostrou uma das ferramentas mais efetivas. Os projetos de design têm

colaborado com a indústria em várias frentes, seja no processo produtivo, reduzindo

dos custos de produção e otimizando processos; seja na busca de um diferencial

competitivo que é traduzido de forma visual para o consumidor final.

A moda é uma forma de comunicação não verbal que transmite

valores e sentimentos, através dela as pessoas mostram a qual grupo pertencem

(BARNARD, 2003). Por isso, mais do que projetar as tendências do vestuário para as

coleções de cada estação, é responsabilidade do designer de moda compreender as

linguagens verbais e não verbais utilizadas pelo homem, decifrar seus signos e traduzi-

los em sua criação para que o consumidor se comunique com o mundo através das

suas roupas (LURIE, 1997).

No entanto, não é só de glamour que se faz essa profissão. Para se

tornar um profissional bem sucedido, além, de entender o que o consumidor anseia, é

preciso conhecimento técnico. É necessário um profundo conhecimento técnico, de

ergonomia, do comportamento de cada tipo de tecido e acabamento em relação a

dobras, caimento, elasticidade, resistência e de uma série de variáveis que são

decisivas para o resultado final do projeto - produtos com estética admirável, mas que

Page 41: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

35

respeitem as dimensões do corpo humano. Saber fazer as escolhas técnicas corretas é

fundamental para entregar um produto que esteja alinhado as expectativas do cliente e

do mercado.

Segundo Feghali e Dwyer (2004), a profissionalização do setor de

moda é recente e cresce na direta proporção do surgimento de novos cursos de

especialização na área. Antes do boom, os profissionais usavam muito de seu instinto e

da experiência adquirida no dia a dia de trabalho. O surgimento de novas escolas tem

ajudado o mercado brasileiro a se desenvolver de forma mais eficiente, melhorando o

nível da produção e de serviços ao consumidor e garantindo a elevação da qualidade

das atividades desenvolvidas, diminuindo perdas de venda e atrasos na produção.

Segundo dados da Abit existem mais de 123 cursos superiores que

envolvem as áreas de gestão, design, vestuário e acessórios de moda; dentre estes 11

cursos estão instalados no Estado do Paraná.

Os cursos têm estruturas bastante parecidas e incluem aulas de

pesquisa de moda, compras, marketing, desenho de moda, desenho técnico,

planejamento de coleção, modelagem, costura, história da indumentária e desenho de

estamparia. Por meio do estudo os alunos compreendem a moda como um universo

amplo e começam a identificar mais claramente como ela se relaciona com outros

segmentos e sua interferência na economia e na história.

6.6.1 Senai/PR

O Senai/PR foi instalado no Paraná, em 12 de março de 1943, como

entidade do Sistema Fiep - Federação das Indústrias do Estado do Paraná -, e desde

sua criação vem contribuindo com o crescimento das indústrias e da comunidade

paranaense. Alinhado às políticas de desenvolvimento do estado, o Senai/PR tem

desenvolvido projetos de vertente tecnológica, gestão de recursos humanos,

reconfiguração dos espaços físicos, gestão da qualidade e redefinição da filosofia da

Page 42: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

36

educação profissional; sempre com o intuito de promover investimentos sólidos e

assegurar o atendimento das demandas do setor produtivo industrial. Sua missão é

contribuir para o fortalecimento da indústria e o desenvolvimento pleno e sustentável

do país, promovendo a educação para o trabalho e a cidadania, a assistência técnica e

tecnológica, a produção e a disseminação de informação e a adequação, geração e

difusão de tecnologia.

O atendimento à indústria consolida-se através das áreas de negócios

em Educação Profissional; Assessoria Técnica/Tecnológica; Informação Tecnológica e

Pesquisa Aplicada. As áreas estão organizadas no sentido de possibilitar a captação,

produção de conhecimentos com valor agregado e disseminação da informação

tecnológica.

A partir do ano de 1994, o Senai/PR propôs um avanço, assumindo

uma nova postura de gestão, o Gerenciamento da Qualidade Total (TQM - Total

Quality Management), com foco na implementação de uma administração estratégica,

monitoração de indicadores de melhoria contínua da qualidade dos serviços e com

uma filosofia cada vez mais comprometida com as expectativas do cliente.

Em 1997, o Senai/PR se tornou a primeira instituição de educação

profissionalizante do Brasil a conquistar a ISO 9001. Além desse prêmio o Senai/PR é

o único Senai do Brasil reconhecido pelo Ministério de Ciência e Tecnologia como

Instituição de Pesquisa Aplicada.

6.6.2 Curso de Graduação Tecnológica Senai

O Senai/PR forma profissionais de estilismo voltados para a indústria

há mais de dez anos através do Curso Técnico em Estilismo de Confecção Industrial.

Visando o atendimento da demanda existente e considerando a nova configuração e as

novas oportunidades existentes no setor, o Senai/PR, a partir da sua experiência e

know how, desenvolveu um curso cuja proposta é contribuir para as mudanças

Page 43: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

37

estruturais necessárias do setor, melhorando sua competitividade em benefício da

economia do país.

Por isso, o Curso Tecnólogo em Design de Moda do Senai/PR foca no

desenvolvimento de competências e habilidades que abrangem: inovação,

desenvolvimento de produtos, visão de oportunidades comerciais e sua interface na

produção, entendimento da moda como negócio e flexibilidade de atuação em cenários

competitivos. O curso está estruturado em eixos de conhecimento necessários para o

desenvolvimento destas competências e habilidades. Destes eixos, derivam os

componentes curriculares que, junto a práticas pedagógicas interdisciplinares e

simulações de situações reais de trabalho, possibilitam ao aluno uma visão abrangente

e inovadora da prática profissional. Os eixos de conhecimento são:

a) TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO: Dedicado ao desenvolvimento

das competências e habilidades relacionadas às diversas formas de

representação da ideia de um produto ou coleções.

b) MERCADO E NEGÓCIO: Neste eixo são desenvolvidas as

competências e habilidades vinculadas à realidade e organização das

empresas, suas interfaces com o mercado e com o mundo do trabalho.

c) HISTÓRIA E SOCIEDADE: Através do estudo da sociedade e da

evolução histórica, procura-se construir um repertório de conhecimentos

que possibilitem o desenvolvimento da capacidade de análise e crítica e a

compreensão da evolução da sociedade, suas necessidades e formas de

expressão. Esta capacidade é fundamental para o desenvolvimento do

processo criativo e busca de soluções inovadoras.

d) DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO: Neste eixo são

desenvolvidas competências e habilidades de caráter técnico, prático e

metodológico relacionadas à concepção e desenvolvimento de produtos e

coleções para a indústria.

e) PRODUÇÃO E TECNOLOGIA: Vertente destinada ao conhecimento

e análise das interfaces da produção e da tecnologia necessárias para a

Page 44: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

38

produção de produtos destinados ao mercado de moda, sempre de forma

eficaz e condizente com princípios éticos e sustentáveis.

f) ANÁLISE DA IMAGEM: Focado no desenvolvimento da capacidade

de análise e percepção da imagem, seja ela real ou virtual, como forma de

decodificação da realidade social e também de interação de uma marca com

seu consumidor final.

g) INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE: Eixo de conhecimento e

desenvolvimento de competências vinculadas à pesquisa, observação e

criação de soluções e produtos inovadores.

O egresso do Curso Tecnólogo em Design de Moda tem as

habilidades e competências necessárias para atuar na área de desenvolvimento de

produtos de moda e vestuário, em uma conjuntura setorial complexa e dinâmica,

característica da indústria da Moda. Esta composição de habilidades e competências

está baseada nos seguintes princípios:

• “Sab r p nsar”, atrav s da constr ção do p nsa nto ó ico raciona

para a tomada de decisões frente ao mercado.

• “Sab r criar”, co o stí o da p rc pção, da oção da

imaginação como ferramentas necessárias para o processo criativo.

• “Sab r faz r”, por io do d s nvo vi nto sist ático radativo

das competências de caráter técnico e tecnológico.

• “Sab r a ir”, atrav s da capacidad d n ociação r aciona nto

interpessoal, visando uma atuação profissional dinâmica e produtiva.

• “Sab r co nicar”, f nda nta para a sin r ia tão n c ssária no

mundo profissional atual.

Desta forma, o Senai/PR acredita que aluno estará apto a enfrentar

desafios e propor soluções no que tange ao produto de moda e sua interface com o

Page 45: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

39

processo produtivo, o mercado, a sociedade e o meio-ambiente. Será capaz de

desenvolver projetos de produtos que conciliem a inovação com a viabilidade técnica,

produtiva e comercial. Poderá atuar em empresas de confecção, fiações, tecelagens,

empresas de varejo de moda, indústrias de aviamentos, empresas de assessoria e

consultoria de moda e tendências, estúdios de design e empresas de comunicação de

moda.

Page 46: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

40

7. BRANDING - GESTÃO DE MARCA

As marcas são utilizadas há séculos como forma de diferenciar os

produtos de um fabricante dos produtos de outro (KELLER, 2006). Segundo a

d finição da A rican Mark tin Association AMA , “ arca um nome, termo,

símbolo, desenho ou uma combinação desses elementos que deve identificar os bens

ou serviços de um fornecedor ou grupo de fornecedores e diferenciá-los da

concorrência.” Co o co p nto d ssa d finição, Aak r 8 afir a q “ a

marca sinaliza ao consumidor a origem do produto e protege tanto o consumidor

q anto o fabricant , dos concorr nt s q of r c prod tos q par ça idênticos”.

Desde o século passado a gestão das empresas passou por grandes

mudanças, atributos funcionais deixaram de ser relevantes para diferenciar

produtos/serviços de uma marca para outra. O avanço da tecnologia e da globalização

aproximou aspectos técnicos e funcionais de produtos/serviços acirrando a

concorrência. Dessa forma, a base do planejamento de marketing - definir o mercado,

selecionar segmentos, criar apelo, gerar suporte de outras funções e monitorar o

desempenho - deixou de ser suficiente para garantir a relevância das marcas. E, novos

mecanismos que agregassem valor aos produtos se fizeram necessários para

diferenciar produtos concorrentes e proteger o consumidor e o produtor.

Já em 1955, Gardner e Levy publicaram um artigo na Harvard

Business Review intit ado “O prod to a arca”, no q a r conh cia a i portância

do desenvolvimento dos atributos emocionais ou de imagem das marcas. O artigo

defendia que era necessário desenvolver técnicas que criassem valor às marcas, de

forma que elas trouxessem consigo uma promessa e um compromisso de recompensa,

criando uma conexão profunda com o consumidor. O nome dado ao processo de

construção desses valores foi Branding.

Segundo Philip Kotler (2000), em um contexto em que os

produtos/serviços concorrem com inúmeros outros similares, a marca é, mais do que

Page 47: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

41

nunca uma promessa de satisfação. Para ele essa é a definição de branding, uma

promessa feita ao consumidor de como viver uma experiência em um nível de

desempenho completo. Mas, tal entrega exige o esforço de todos os envolvidos na

cadeia de suprimento. Por isso, o modelo de branding busca um posicionamento que

represente a essência da marca diante de seus vários públicos e propõe que estes

princípios sejam adotados por todos na empresa. Para garantir que todos os pontos de

contatos da marca recebam a mesma mensagem, ela deve ser concentrada, sucinta e

potente, de modo que sobreviva intacta enquanto tramita pelos diversos pontos de

contato da marca com seu público.

Figura 11 - Pontos de contato da marca.

O branding propõe a vivência da marca, tornando-a uma plataforma

para planejar, d s nhar ntr ar va or s p rior, tanto “para d ntro” q anto “para

fora” da pr sa. O p an ja nto d ssa p atafor a d arca nvo v atividad s co o

pesquisa de mercado, naming, design, posicionamento, comunicação, proteção legal e

avaliação financeira. O processo começa com uma investigação sobre a cultura da

Page 48: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

42

empresa e sua influência em todos os pontos de contato da marca, passando por um

estudo da concorrência e das tendências de mercado até chegar a percepção dos

públicos sobre a marca (KELLER, 2006).

De acordo com o Guia Prático de Pesquisa em Branding, da

Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), em termos gerais, o planejamento da

plataforma de marca é composto por duas fases. Na primeira fase deve-se:

• Identificar os públicos estratégicos e os pontos de conexão e

relacionamento da marca em todas as suas extensões (stakeholders);

• Mapear as opiniões e as percepções do posicionamento da marca junto

a seus públicos estratégicos e avaliar a importância desses atributos junto

aos diversos públicos - qual benefício a marca entrega, quem é o seu

público, por que ela existe e quem são seus concorrentes;

• Mapear a percepção sobre a imagem da marca para verificar qual é a

essência captada pelos vários públicos em termos dos valores culturais,

sociais e de mercado;

• Construir uma matriz de valor com identificação de atributos

valorizados presentes em cada um dos stakeholders, a partir da análise da

cadeia de valor.

Em uma segunda fase, o objetivo é ajudar a marca a monitorar a

relevância das estratégias tomadas com base nos resultados anteriores, buscando:

• Construir métricas para avaliar ao longo do tempo a percepção,

compreensão e alinhamento dos valores definidos por meio de um tracking

regular;

• Analisar cada público-alvo e propor correções, ajustes e

aprimoramentos no projeto de branding.

Page 49: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

43

• O planejamento da plataforma de marca busca primeiro a essência da

marca, para só então, apresentá-la de forma criativa e traçar uma estratégia

de posicionamento mais eficaz e condizente com sua personalidade,

explorando de forma única, todas as formas de interação que a marca tem

com seus públicos.

Para Kotler e Keller (2006), o fortalecimento da marca traz vantagens

competitivas como:

• Melhor percepção do desempenho do produto;

• Maior fidelidade;

• Menos vulnerabilidade às ações de marketing da concorrência;

• Menor vulnerabilidade às crises de marketing;

• Maiores margens;

• Menos sensibilidade do consumidor aos aumentos de preços;

• Maior cooperação e suporte comercial;

• Mais eficácia das comunicações de marketing;

• Possíveis oportunidades de licenciamento;

• Oportunidades adicionais de extensão de marca.

Em termos gerais, o resultado de um programa de branding bem

aplicado faz com que a marca se destaque diante de seus concorrentes, tornando-a

capaz de atrair e, principalmente, de reter clientes. Em longo prazo, observa-se que a

força da marca e sua presença são fortalecidas, diminuindo a quantidade de

investimento e de tempo para se atingir os objetivos traçados. Como resultado do

desenvolvimento de estratégias capazes de agregar valor a marca, algumas marcas têm

Page 50: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

44

uma reputação tão forte que chegam a valer mais do que os bens físicos das empresas

a que pertentem.

7.1 Valor de Marca - Brand Equity

Segundo David Aaker (1998), o desenvolvimento do brand equity ou

valor de marca é capaz de criar associações que definem o posicionamento das marcas

no mercado. Contudo, o gerenciamento do brand equity é difícil e exige paciência e

visão. De acordo com o autor, os ativos e passivos em que o brand equity se baseia, se

diferenciam de acordo com o contexto do planejamento, no entanto podem ser

agrupados e cinco categorias:

• Lealdade a marca - grau de ligação do consumidor com a marca,

reduzindo a vulnerabilidade perante ações dos concorrentes;

• Conhecimento do nome - habilidade da marca ser reconhecida pelo

consumidor como parte de uma categoria de produtos, gerando confiança;

• Qualidade percebida - percepção, pelo consumidor, de superioridade

de um produtos/serviço em relação a seus concorrentes;

• Associações à marca em acréscimo à qualidade percebida - conjunto

de significados que o consumidor atribui a marca;

• Outros ativos do proprietário da marca - patentes, trademarks,

relações com outros canais de distribuição.

Para Kevin Keller (2006), esse ativo intangível, somado às habilidades

gerenciais, competências em marketing, finanças e operações tornaram-se os bens

mais valiosos das empresas. O significado incorporado em uma marca pode ser

bastante profundo. Para ele, o relacionamento entre a marca e o consumidor pode ser

Page 51: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

45

visto como um tipo de vínculo ou pacto, quase como uma religião. O consumidor

oferece sua confiança e fidelidade esperando que a marca entregue as funcionalidades

prometidas tanto em relação a seus produtos/serviços, quanto a preço, promoções e

programas de distribuição adequados. E, o valor percebido criado nessa relação pode

ser transformado em lucro para a empresa.

Mas, a construção do valor de marca só é possível quando existe um

conjunto de referenciais físicos e simbólicos capazes de influenciar e determinar a

preferência do consumidor, a identidade de marca (SERRALVO, 2008). Esse conjunto

de associações, com foco nos atributos da marca, ajudam a desenvolver uma estrutura

organizada para guiar o processo de decisões importantes na promoção de valor para a

marca.

Ao contrário da identidade da marca que deve ser desenvolvida pela

empresa, a imagem de marca é mutável e não pode ser controlada, ela é construída por

todos os públicos da marca - clientes, fornecedores e colaboradores. Por isso, é tão

importante que a marca tenha uma identidade forte e que a comunique a ponto de ser

percebida pelo consumidor.

Page 52: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

46

Figura 12 - Ciclo de branding.

Segundo Kapferer (2003), o posicionamento deriva da proposta de

valor da marca - missão, visão e valores -, definindo seus pontos fortes e enfatizando

suas características distintivas - aquelas que a fazem uma marca diferente de suas

concorrentes e atraente para seu público. Trata-se de uma prática analítica que deve

responder quatro perguntas:

Page 53: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

47

Figura 13 - Identidade da marca.

Para Tomiya (2010) um posicionamento deve ser:

Figura 14 - Posicionamento de marca.

Page 54: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

48

Segundo o diretor da Brand Analitics uma possível abordagem para

articular o posicionamento de marca seria realizar uma análise de três pontos

importantes para as empresas: a estratégia de negócio, o contexto competitivo da

empresa e as necessidades dos públicos.

Figura 15 - Análise de posicionamento.

Em resumo, a identidade da marca é como ela deseja ser percebida,

deve se forte, única e consistente, a imagem de marca reflete como ela é, de fato,

percebida por todos os seus públicos, sendo mutável, e o posicionamento uma série de

definições complementares e relacionadas que buscam diferenciar a marca em relação

Page 55: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

49

a concorrência, valorizando sua imagem perante seus públicos e ocupando um lugar

único em sua mente.

No entanto, para Eduardo Tomiya, diretor da Brand Analytics

pouquíssimas marcas tem um verdadeiro mapa da identidade de marca, documento

que estabelece em médio prazo o que é a marca, no que reside seu caráter único e

quais são suas diferentes facetas. Esta definição delimita, por exemplo, quais tipos de

patrocínio estão em seu escopo, que tipo de parcerias ela pode firmar, ajudando a

descentralizar as decisões de comunicações com a certeza de que elas respeitarão sua

unidade.

Aaker (1998) afirma que, uma identidade de marca consistente traz

vantagens como:

• Orientação e aperfeiçoamento da estratégia de marca;

• Novas opções de expansão de marca;

• Melhoria na memorização da marca;

• Significado e foco para a organização;

• Potencial vantagem competitiva;

• Posição sólida contra a concorrência;

• Propriedade sobre um símbolo de comunicação;

• Eficiência em termos de custos de comunicação.

Para uma marca ter sucesso, mais importante do que quanto ela vale

em espécie, é o que essa marca representa na mente do consumidor.

Esse valor subjetivo que influencia a decisão de compra e fideliza o

cliente (KELLER, 2006). Ou seja, o seu real valor está apoiado em sua reputação e na

capacidade de estabelecer uma conexão emocional que vai além do racional. que as

Page 56: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

50

marcas devem buscar para se estabelecer de forma expressiva e lucrativa em um

mercado com milhões de marcas insossas (ROBERTS, 2004).

Segundo Aaker (1998), a lealdade a marca reflete a ligação do

consumidor com a marca, mostrando a possibilidade de o consumidor mudar ou não

para uma marca concorrente, caso ele faça uma mudança de preço ou das

características do produto. A medida que a lealdade a marca aumenta, a

vulnerabilidade da base dos consumidores à ação dos concorrentes diminui, sendo um

indicador de lucros futuros. Há diferentes níveis de lealdade à marca, como mostra a

figura a seguir:

Figura 16 - Pirâmide de lealdade.

Esse valor subjetivo é denominado por Kotler (1998) como o valor

percebido. Segundo o autor, o valor percebido é esse valor percebido pelo cliente é

resultado da diferença entre o valor total esperado e o custo total envolvido na

transação; se o consumidor considerar que o valor recebido foi maior que o esperado,

Page 57: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

51

ele ficará satisfeito com a aquisição, porém se o resultado for negativo ocorrerá o

sentimento de frustração. É importante ressaltar que a percepção da marca pelo cliente

- expectativa em relação ao produto/serviço - é diferente da qualidade percebida - a

comparação do produto/serviço com os concorrentes.

No que se refere ao ponto de vista dos consumidores, a análise do

valor percebido nos mercados consumidores (B2C) é influenciada por características

pessoais (culturais, psicológicas, influências de grupos de referência) do consumidor, o

que torna o resultado subjetivo. Além disso, essa percepção também pode variar de

acordo com o momento da avaliação (pré-compra, imediatamente pós compra, após

longo tempo de compra e uso) e o grau de importância dos atributos pode mudar a

medida que sua relação com o produto aumenta, em diferentes fases da vida ou

segundo o tipo de uso a que se destina. Por isso, é necessário o constante

monitoramento da marca (DOMINGUEZ, 2000).

Segundo Kotler (1998), estar alinhada as expectativas do cliente,

diminui gaps entre o que a empresa percebe que o cliente quer (visão interna) e o que

ele realmente deseja (visão externa). No entanto, é preciso estar atento às dissonâncias

do comportamento do consumidor que não é simples de ser entendido, ele pode

declarar suas necessidades e desejos de uma forma e agir de forma diferente.

De acordo com Philip Kotler (1998), o marketing de relacionamento

cria, além de transações monetárias, a construção de um relacionamento a logo prazo

com clientes, funcionários e fornecedores. Esses relacionamentos são construídos

através do cumprimento das promessas, do fornecimento de serviços e produtos de

qualidade.

Por isso, é importante entender o consumidor e contar uma história

que o encante. A narrativa faz parte de uma trilha da identidade da marca que cria um

sentimento de pertencimento a todos os envolvido no processo, dá propósito e direção

a marca dando significado a todo o trabalho. As histórias ajudam a vender conceitos,

por isso, na história devem ser compartilhados valores e experiências, esclarecendo a

Page 58: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

52

missão da empresa para motivar as equipes a resolver os problemas do dia a dia de

acordo com a essência da marca.

No varejo é importante manter a experiência de compra agradável,

estar atento ao relacionamento com o cliente e focar nos diferenciais que o consumidor

julga importante, para criar vínculos emocionais, mostrando ao consumidor porque

deve escolher sua marca. A empresa deve estar centrada no cliente, oferecendo uma

experiência singular e um alto nível de atendimento.

As promoções de vendas parecem mais eficazes, pois oferecem um

retorno imediato e mensurável. Mas, diferente das ações de construção de marca, elas

são facilmente copiadas. Quando um ciclo de promoção com redução de preços se

inicia é muito difícil de parar, porque tanto o consumidor, como o comércio,

acostumam-se a esse ciclo e começam a planejar suas compras baseadas nele. O fator

preço ganha destaque, para se manterem competitivas as empresas são pressionadas a

reduzir a qualidade, vantagens e serviços oferecidos. No fim, a classe de produtos

começa a se assemelhar a uma commodity (AAKER, 1998).

Page 59: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

53

Figura 17 - Cadeia de relacionamento do brand experience.

Para os consumidores atuais não basta mais saber qual é a imagem

que a marca transmite, eles querem saber em que a ela acredita (KHAUAJA, 2008).

Por isso, o estudo do brand equity é tão importante quando nos referimos a esse

mercado, porque agregar valor a marca, significa ser capaz de fazer com que os

consumidores estejam dispostos a pagar mais por um produto que possui sua

assinatura.

Após a análise da visão de todos os autores citados sobre a construção

de valor de marca, serão apresentados, os modelos de Kapferer (2003) e de Keller

(2003), por serem complementares.

Page 60: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

54

7.2 O modelo de Brand Equity de Kapferer

“A humanidade precisa tanto de história quanto de pão”

Walter Benjamin - Filósofo Alemão

Para auxiliar na gestão da identidade de marca, Kapferer (2003)

desenvolveu um método que permite definir a identidade e o território de

potencialidades a marca. Para isso, o autor sugere a utilização de um prisma que

apresenta os atributos e as principais dimensões tangíveis e intangíveis da marca. A

estrutura do prisma nasceu da constatação de que de que a marca é um discurso, só

existindo quando se comunica com seus públicos. Por isso, o que torna o

gerenciamento da identidade efetivo são as escolhas de significados e valores positivos

e coerentes com o posicionamento da marca.

Cada um dos lados do prisma representa um aspecto da marca que

deve ser desenvolvido em prol de um discurso de marca coerente. A seguir segue a

explanação de cada um desses aspectos:

Page 61: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

55

Figura 18 - Prisma de identidade de Kapferer

• Físico - características do produto, símbolos e atributos tangíveis que

estão relacionados diretamente a marca quando ela é citada em uma

pesquisa;

• Personalidade - conjunto de características intangíveis que tornam a

marca diferente dos concorrentes - o caráter da marca é revelado por meio

das diversas ações de comunicação e seu discurso deixa transparecer nas

entrelinhas que tipo de pessoa essa marca seria;

• Cultura - visão holística da organização, sua origem, sua inspiração e

os valores que ela representa;

• Relacionamento - como a marca se relaciona com seus principais

públicos estratégicos e a forma como ela entrega ou comunica a cultura que

representa - aqui entrariam todos os canais de atendimento, PDV,

Page 62: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

56

consultoras, e inclusive pós venda. A qualidade do relacionamento pode ser

expressa pela satisfação, nível de lealdade e recomendação dos públicos.

• Reflexo - é a imagem que a marca desenvolve, na mente do

consumidor, como resultado de sua comunicação e/ou de produto principal.

Mostra como os públicos estratégicos se percebem quando têm sua imagem

relacionada a marca;

• Autorretrato - Como o cliente vê a si mesmo quando comparado com

a marca, o nível de identificação do público com a marca.

O desenvolvimento do prisma da identidade ajuda a analisar a marca,

discernindo forças e fraquezas. A visualização de todas as facetas da marca facilita a

visualização de diagnósticos que a enumeração não teórica de dezenas de itens da

imagem não permitiria que fossem obtidos (KAPFERER, 2003).

7.3 O modelo de Brand Equity de Keller

“U a arca a o q r sid na nt dos cons idor s”

(KELLER, 2006 - pag10).

Para Kevin Keller (2006), um projeto de marca é muito mais profundo

e abrangente do que a simples a reunião de desenhos e efeitos de computador. O

projeto envolve pesquisa, experiência em design e desenvolvimento de estratégias e

diretrizes macro. Para se tornar forte, mais do que sinalizações visuais, uma marca

necessita de um conjunto de associações que tenham significado para o consumidor.

Essas associações não são estáticas, elas podem ser criadas e/ou alteradas,

acrescentando a marca dimensões que diferenciam seu produto/serviço da

concorrência. Ainda de acordo com o autor, a marca permite vários tipos de

associações, tanto racionais e tangíveis - relacionadas ao desempenho do produto -

quanto simbólicas, emocionais e intangíveis - relacionadas ao que a marca representa

para esse consumidor.

Page 63: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

57

Portanto, segundo Keller (2006), os consumidores assumem uma

relação com as marcas, gerando imagens positivas e negativas das mesmas e, com base

nas experiências vividas, classificam aquelas que satisfazem ou não suas necessidades.

Esse processo de avaliação visa simplificar as decisões de consumo dos consumidores.

E sob uma perspectiva econômica, esse processo permite ao consumidor reduzir o

tempo e os custos na busca de produtos, tanto internamente (em termos de quanto

tempo tem que pensar a respeito da compra) quanto externamente (em termos de

quanto tem que procurar pelo produto).

Uma imagem positiva ocorre quando o consumidor tem alto grau de

lembrança e familiaridade com a marca, ficando retidas em sua memória associações

fortes, favoráveis e exclusivas. O que facilita o desenvolvimento de novas estratégias

de marketing - aumenta a aceitação de uma extensão de marca, diminui a

sensibilização a elevação de preços e a retirada de propaganda e aumenta a disposição

de busca por canais de distribuição.

No caminho oposto, quando o consumidor não tem conhecimento dos

diferenciais da marca, isto é, quando ele não aprendeu, sentiu, viu e ouviu sobre a

marca, o produto/serviço poderá ser classificado como uma commodity ou versão

genérica. Nesse caso, muito provavelmente a concorrência será baseada somente no

preço. Já um brand equity positivo,

Seguindo essa linha de raciocínio, Keller (2006) desenvolveu um

modelo de brand equity baseado no cliente (Customer-Based Brand Equity - CBBE)

no q a o foco c ntra o “ f ito dif r ncia q o conh ci nto d arca t sobr a

atit d do cons idor”. O s ja, o CBBE ana isa as p rc pçõ s, preferências e o

comportamento dos consumidores em relação a marca, avaliando como essas

percepções afetam suas respostas às atividades de marketing das empresas. Por isso, o

brand equity focado no consumidor é composto por três componentes-chave:

a) Conhecimento de marca;

b) Resposta diferenciada;

Page 64: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

58

c) Reação do consumidor a programas de marketing.

Para medir o conhecimento de marca Keller (2006) fez um paralelo

com o modelo de rede associativa de memória, uma metodologia desenvolvida por

psicólogos que apresenta a memória como uma rede de nós ligados por elos. De

acordo com o modelo, os nós representam as informações e os conceitos armazenados

na memória - conhecimento de marca - e os elos a força da associação entre esses nós.

Dessa forma, o autor separa o modelo CCBE em dois conceitos relacionados:

conhecimento de marca e imagem da marca.

A lembrança de marca refere-se a força do nó ou traço da memória,

refletida pela capacidade dos consumidores de identificá-la em diferentes situações.

Pode ser dividida em dois níveis de lembrança: o reconhecimento de marca - quando o

consumidor confirma exposição prévia à marca - e, lembrança espontânea - quando o

consumidor lembra-se da marca como parte de uma categoria de produtos. O nível de

importância desses dois conceitos para a marca depende da situação em que são

tomadas as decisões referentes ao consumo do produto/serviço. Se a decisão é tomada

no ponto de venda, o reconhecimento pode ser suficiente, mas em situações como nas

compras online, por exemplo, a lembrança de marca é essencial para o sucesso do

empreendimento. Além disso, a lembrança de marca traz outras vantagens como:

• Facilitar a formação de associações fortalecendo a imagem de marca;

• Tornar a marca parte do grupo de consideração - conjunto de marcas

consideradas para compra;

• Afetar positivamente e escolha da marca entre o grupo de

consideração, principalmente quando o nível de envolvimento do cliente

com o produto/serviço é baixo.

Q anto ais o cons idor “ xp ri ntar” a arca, q anto aior for

sua exposição a marca, maior será sua familiaridade e consequentemente o nível de

lembrança. Para entender completamente a lembrança de marca é importante examinar

Page 65: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

59

como as categorias de produto estão organizadas na mente do consumidor. A

hierarquia tem grande influência na tomada de decisão do consumidor, entender seu

funcionamento permite melhorar a lembrança da marca e posicioná-la adequadamente.

Por isso, como já foi dito anteriormente, é necessário que essas exposições estejam

adequadas a imagem que marca deseja transmitir.

A imagem de marca são as percepções de marca refletidas pelas

associações de marca guardadas na mente do consumidor, essa imagem de marca é

mutável e não pode ser controlada, ela é construída por todos os públicos da marca -

clientes, fornecedores e colaboradores. Uma imagem de marca positiva é criada por

associações fortes, favoráveis e exclusivas. A força das associações varia de acordo

com a força das conexões com o nó da marca, quanto mais profunda for a relação do

consumidor com a marca, mais forte será o resultado das associações. Basicamente,

associações favoráveis são criadas quando o consumidor percebe que a marca possui

atributos e benefícios relevantes, que satisfazem suas necessidades e desejos.

A essência do posicionamento de marca é fazer com que a marca

tenha uma vantagem competitiva sustentável ou uma proposta exclusiva de vendas que

dê ao consumidor um bom motivo para comprá-la. Mas, mesmo que a marca não

compartilhe de nenhuma concorrência muito provavelmente compartilhará de algumas

associações com outras marcas de outras categorias. Além disso, as associações

compartilhadas podem ajudar a determinar a categoria a qual a marca pertence e

definir o escopo da concorrência com outros produtos/serviços, uma vez que uma

categoria de produto/serviços também pode ser caracterizada por um conjunto de

associações que são considerados prototípicos e essenciais para todas as marcas que

fazem parte desse grupo.

É importante criar uma resposta diferenciada, por meio de associações

fortes e exclusivas, que não sejam compartilhadas pelos concorrentes. Mas, nem todas

as associações de marca são importantes e vistas favoravelmente pelos consumidores,

nem são avaliadas da mesma maneira em diferentes situações de compra ou de

Page 66: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

60

consumo. As avaliações podem depender da situação de consumo e com os objetivos

do consumidor na hora da compra.

A metodologia da construção do CBBE de Keller envolve uma

sequência de etapas que envolvem:

d) Quem é você? - Assegura identificação da marca junto aos clientes e

uma associação de marca com uma categoria específica de

produtos/serviços ou com a necessidade do cliente;

e) O que você é? - Estabelece o significado da marca na mente dos

consumidores, criando um conjunto de associações de marca tangíveis e

intangíveis;

f) O que eu penso ou sinto por você? - Estimula respostas adequadas de

clientes a essa identificação e significado de marca;

g) Que tipo de associação eu gostaria de ter com você? - Converte a

resposta de marca em um relacionamento de fidelidade entre os clientes e a

marca.

Para dar alguma estrutura ao processo de construção de marcas, Keller

sugere que sejam seguidos, sequencialmente, seis pilares, montados sob a forma de

uma pirâmide. Criar um brand equity significativo implica atingir o topo da pirâmide.

Page 67: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

61

Figura 19 - Pirâmide de brand equity.

Para construir a identidade da marca, é necessário incentivar o

conhecimento da mesma entre os clientes potenciais. A visibilidade de marca refere-se

à capacidade do cliente de lembrar espontaneamente da marca como representante de

sua categoria - profundidade - e do conjunto de associações em sua memória, que

envolvem, além da identidade da marca, situações associadas a compra, consumo e

utilização da marca - amplitude.

O desempenho refere-se à qualidade do produto/serviço, pode incluir

características do produto, símbolos e atributos fazem parte do seu valor agregado

tangível. Está no centro do brand equity porque é a principal influência sobre as

experiências do consumidor. Por isso, é importante que o produto/serviço satisfaça as

necessidades e desejos do consumidor. Além disso, o desempenho também se

relaciona às características intrínsecas da marca que interferem no produto/serviço

Page 68: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

62

ampliando as suas propriedades. Além de às características intrínsecas do produto, o

desempenho também se refere a:

• Estilo e design - aspectos sensoriais e estéticos;

• Preço - categorização da marca em relação aos concorrentes;

• Efetividade, eficiência e empatia - satisfação das exigências do

consumidor, a maneira como o serviço é entregue e o nível de

confiabilidade dos prestadores de serviço;

• Confiança e durabilidade - desempenho ao longo dos anos e vida útil

esperada.

Keller (2006) afirma que, para criar fidelidade, a experiência dos

clientes com a marca deve no mínimo atender suas expectativas, e, quando os

resultados atendem ou ultrapassam as expectativas, ocorre a satisfação do cliente.

A imagem, ou o imaginário, da marca diz respeito às características

extrínsecas do produto ou serviço, são os chamados fatores intangíveis. O objetivo do

desempenho do produto e da imagem da marca é dar um significado à marca através

da construção de associações, como:

• Perfil do usuário - Reflete o que a marca representa na mente dos

clientes; quem é a pessoa/organização que usa a marca em termos

demográficos (sexo, idade, raça e renda) e psicográficos (estilo de vida,

profissão, atitudes e posicionamentos, crenças, tamanho da instituição, etc.).

Essa imagem é resultado da comunicação e/ou de produto principal;

• Situações de compra e uso - qual é o tipo de canal de venda, quando e

como o produto vai ser usado;

• Personalidade da marca e seus valores - que tipo de pessoa essa marca

seria e no que a marca acredita. Reflete a forma como os consumidores se

sentem em relação a marca, sendo um fator de grande diferenciação perante

Page 69: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

63

os concorrentes. A personalidade e os valores podem ser percebidos em

cinco dimensões: sinceridade (realista, honesta, íntegra, alegre), emoção

(audaz, impetuosa, criativa e atualizada), competência (confiável, bem

sucedida, inteligente), sofisticação (de classe superior, encantadora) e

robustez (adequada à vida ao ar livre, resistente);

• História, legado e experiências - como a marca se relaciona com seus

principais públicos estratégicos. Aqui são criadas associações a

experiências pessoais, de familiares, amigos ou conhecidos, ou associações

mais amplas como o país de origem da marca, os eventos que a marca

patrocina, o tipo de loja em que é vendida, as pessoas que avalizam a

marca, etc.

O passo seguinte na pirâmide de Keller trata de verificar os

julgamentos e os sentimentos dos clientes em relação à marca. Os julgamentos são as

opiniões pessoais dos clientes e suas avaliações da marca, ou seja, a maneira pela qual

os clientes relacionam os atributos tangíveis e intangíveis para formar uma opinião

acerca da marca. Sendo assim, os clientes julgam:

• Qualidade da marca - refere-se as opiniões e avaliações pessoais dos

clientes sobre a marca;

• Credibilidade da marca - referente a empresa fabricante ou detentora

da marca, se ela é competente, se se preocupa com seus clientes e se é

simpática, agradável, divertida;

• Consideração de compra - referente a consideração da marca como

possibilidade de compra;

• Superioridade da marca - se é considerada única e/ou superior às

demais.

Page 70: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

64

Os sentimentos são as respostas emocionais motivadas pela marca,

isto é, as emoções provocadas pela marca e por seu programa de marketing, a forma

pela qual a marca afeta as percepções que os clientes têm de si mesmos e de sua

relação com outras pessoas e como o cliente vê a si mesmo quando comparado com a

marca.

Por fim, o topo da pirâmide de Keller trata da ressonância da marca,

ou seja, da natureza do relacionamento dos clientes com a marca e da extensão de sua

“sintonia” co a arca. A ressonância pode ser dividida em quatro categorias:

• Lealdade - referindo-se à repetição de compra e participação no

volume da categoria;

• Vínculo pessoal - refere-se a uma ligação mais profunda do

consumidor com a marca. Para criar ressonância é preciso que o cliente

descreva a marca como sua favorita ou a veja como um pequeno prazer;

• Senso de comunidade - reflete um fenômeno social no qual o cliente

sente afinidade com outras pessoas associadas a marca;

• Engajamento ativo - p os “c i nt s-fãs”, aq s dispostos a inv stir

tempo, dinheiro, energia e outros recursos na marca, além de adquiri-la.

A premissa básica do CBBE é que a verdadeira medida de força de

uma marca depende do que os consumidores sentem e pensam sobre essa marca. De

fato, para sobreviver no mercado atual é fundamental identificar quem é o seu cliente,

entender seus desejos e necessidades.

Page 71: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

65

8. AVALIAÇÃO DE GESTÃO / MONITORAMENTO

Para realizar a avaliação da implementação de ações de brand equity

pelos alunos do curso de moda do Senai em suas marcas, foi elaborado um modelo

teórico com base, mas, teorias estudas, cujo objetivo seria servir de diretriz teórica da

pesquisa desse trabalho de conclusão de curso. Os pontos avaliados foram

classificados em:

1. Relação / Proeminência

• Conhecimento do mercado e das tendências;

• Definição de segmento de mercado a ser atingido;

• Conhecimento dos concorrentes da marca - posicionamento e ações

desenvolvidas para o segmento de mercado;

• Planejamento de ações de pós venda.

2. Cultura

• Apresentação da história da marca;

• Definição de valores e de posicionamento.

3. Personalidade:

• Planejamento da personalidade da marca;

• Desenvolvimento de identidade da marca coerente com

posicionamento e segmento trabalhado.

Page 72: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

66

4. Físicos / desempenho / Julgamento

• Características do produto que reforçam a identidade, o

posicionamento e que diferem a marca de seus concorrentes;

• Política de preço condizente com a estratégia estabelecida e baseada

na percepção de valor dos consumidores;

• Canais de distribuição adequados ao público alvo da marca;

• Ações de comunicação coerentes com o posicionamento da marca,

planejados e coordenados para atingir todos os pontos de contato da marca;

• Portfólio de produtos condizente com a identidade da marca.

5. Reflexo / Imagem / Julgamento

• Compreensão das necessidades funcionais e emocionais supridas

pelos produtos;

• Acompanhamento da imagem da marca perante os clientes.

6. Mentalização / Sentimentos / Ressonância

• Conhecimento do consumidor e do seu comportamento de compra;

• Compreensão do significado da marca para seu público e avaliação da

relevância desse conceito;

• Compreensão dos sentimentos do consumidor em relação a si próprios

quando utilizam a marca;

• Identificação e engajamento dos consumidores com a marca.

Page 73: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

67

8.1 Metodologia

O estudo exploratório tem a função, entre outras, de aumentar o

conhecimento do pesquisador sobre o fenômeno que deseja investigar e de esclarecer

conceitos. Por isso, esta pesquisa adota uma abordagem exploratória, através de

pesquisas qualitativas, para obter maior conhecimento sobre uma área em que os

estudos são escassos: a construção de valor de marca no mercado da moda brasileiro,

mais especificamente das marcas criadas pelos alunos do curso de design de moda do

Senai/PR.

Foi adotado o método do estudo de casos para levantamento de dados

e informações tendo em vista o desconhecimento empírico sobre o assunto. No caso

desta pesquisa, fica claro que o estudo de caso é o melhor método, pois:

• A p r nta q s co oca no prob a do tipo “co o”, isto , co o

as empresas dos alunos de moda do Senai desenvolveram o planejamento

para construir suas marcas;

• Não existe controle sobre os eventos, neste caso, os fatores de

marketing escolhidos pelas marcas estudadas;

• O estudo foca fenômenos contemporâneos inseridos em contextos da

vida real.

Para a definição da população suscetível de participar do estudo foram

utilizados os seguintes critérios:

• Empresas criadas por alunos do curso de design de moda do Senai,

com até cinco anos, que participam de eventos desse segmento (LabModa e

Paraná Business Collection);

Para a coleta de informação foi utilizada a triangulação de dados

possibilitado pela variedade de fontes de dados utilizada. As fontes de evidências

foram:

Page 74: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

68

a) Para os dados secundários:

1. Documentação e registros em arquivo, coletados na mídia e cedidos

pelas marcas selecionadas.

b) Para os dados primários:

1. Entrevistas com os designers. O objetivo foi estabelecer como era a

visão dos alunos na concepção da marca e quais a sua percepção depois do

lançamento. As entrevistas foram semiestruturadas, seguindo um roteiro pré-

determinado, mas conduzidas de forma espontânea para tentar-se obter dos

entrevistados suas próprias interpretações das estratégias adotadas, dos resultados e da

saúde de suas marcas.

2. Visita ao escritório, loja, ateliê ou showroom da marca.

Quanto aos procedimentos analíticos, a estratégia geral adotada

baseou-se nas proposições teóricas, as quais serviram de base para o projeto original

deste estudo: o modelo teórico preliminar com os fatores de marketing construtivos do

brand equity. Portanto, avaliou-se em cada empresa se os fatores de marketing

utilizados para a construção de suas marcas são semelhantes aos do modelo, se há

outros fatores na prática, ou ainda se os fatores construtivos do brand equity dessas

marcas se baseiam em modelos diferentes.

Page 75: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

69

8.2 Resultados

O processo de avaliação da construção de Brand Equity das marcas

selecionadas começou pela apresentação da empresa e do conceito da marca, em

seguida foram analisados a adequação aos fatores construtivos do modelo teórico

desenvolvido para esse projeto.

As empresas selecionadas para esse estudo foram a Chocolateria da

designer de moda Ana Carolina Dias e a Cocch do desinger de modaVinícius

Cocchieri. Cada empresa atua em um segmento específico, a Chocolateria atua no

segmento feminino / trabalho, a Cocch no segmento feminino / festa. Ambas as marcas

são fruto do projeto de conclusão de curso dos designers e tem aproximadamente dois

anos de mercado, no entanto cada uma tem trajetória e características bem distintas.

A designer de moda da Chocolateria, Ana Carolina, cursou

Publicidade e Propaganda, durante os estágios da graduação percebeu que gostava da

área de moda e decidiu aprofundar seus conhecimentos na área, fez o curso de moda

do Centro Europeu, mas achou que ainda precisava de mais conhecimento técnico, foi

por isso que buscou curso de Design de Moda do Senai. Ao ingressar no curso, Ana já

tinha uma preconcepção do que gostaria que fosse a Chocolateria, por isso, direcionou

o aprendizado ao longo do curso para aperfeiçoar o conceito da marca. Para embasar o

posicionamento e descobrir se havia um nicho de mercado Ana utilizou pesquisas,

principalmente, a respeito do público A e B em Curitiba. Além disso, durante o curso,

Ana enviava questionários para pessoas com um perfil parecido com o que ela

imaginava ser o seu público, para descobrir quais eram preferências dessas

consumidoras. Por meio das pesquisas, ela percebeu não havia nenhuma marca

curitibana com o mesmo conceito da Chocolateria, percebendo que havia um nicho de

mercado a ser explorado. Depois da pesquisa para o lançamento não houve

investimento em pesquisas quantitativa, mas, as conversas diárias com as clientes

ajudam a direcionar a estratégia do negócio. A Chocolateria foi lançada em dezembro

Page 76: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

70

de 2012 na cidade de Joinville, seis meses depois da apresentação da marca na banca

do curso de design de moda do Senai.

Figura 20 - Logo Chocolateria

A Cocch surgiu como uma extensão de marca da Gianni Cocchieri,

uma empresa com quase 30 anos de mercado no segmento de moda festa que possui

uma ótima reputação no mercado curitibano. Segundo Vinícius, designer de moda da

marca e ex-aluno do Senai, o lançamento da Cocch, foi muito discreto, não foi feita

muita publicidade no lançamento, mas a marca se apresentou em alguns desfiles como

o LabModa 2010. O objetivo inicial era que a marca fosse bastante casual e que

atingisse um público mais jovem que a marca mãe. A criação da marca teve caráter

estratégico, ao invés de investir em um esforço de reestruturação da marca mãe, que

poderia gerar um estranhamento dos consumidores da Gianni Cocchieri, optou-se pela

extensão de marca, uma marca que tivesse uma essência mais jovem para conversar

com esse novo público. Para Vinícius, a criação da Cocch atende a uma tendência de

mercado, ele percebe que muitas marcas sólidas estão lançando novas linhas voltadas a

um público mais jovem; para ele isso é reflexo de um momento da sociedade em que

as pessoas desejam se sentir mais jovens. Por isso, a Cocch é um momento da marca

se renovar, ele acredita que a estratégia adotada garantiu uma vantagem competitiva

importante para a Cocch, a transferência de reputação, apesar de ainda ser jovem, a

marca é reconhecida por uma lista de atributos positivos que foram emprestados da

marca mãe.

Page 77: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

71

Figura 21 - Logo Cocch

As razões da escolha dos nomes das marcas também são bastante

diversas. O nome Chocolateria surgiu de um insight da proprietária e o conceito do

nome se baseia no desejo irresistível que a mulher tem pelo chocolate. Já a Cocch

adotou a abreviação do nome da marca mãe a Gianni Cocchieri, decisão baseada no

posicionamento da Cocch como extensão de marca. Nota-se, portanto, que a escolha

do nome Cocch foi baseado em uma estratégia de mercado, já a escolha do nome

Chocolateria não contou com técnicas de branding, no entanto, poderemos perceber, a

seguir, que apesar da falta de um estudo de naming, a escolha do nome, aliado a outros

fatores trabalhados pela Chocolateria, reflete a essência e o posicionamento da marca.

Por esses resultados, a importância do nome da marca não deve ser considerado um

fator determinante de sucesso na construção da marca. É claro que, um estudo de

naming contribui para transmitir o posicionamento da marca, mas não parece ser um

fator impeditivo na construção de brand equity, já que outros fatores serão somados a

essa estratégia na construção do valor de marca perante os consumidores.

Em relação ao primeiro bloco do modelo de avaliação - Relação /

Proeminência - ambas as marcas possuem um bom conhecimento a respeito do

mercado da moda e de suas tendências - visão macro. No entanto, foi detectado que

apesar do embasamento em pesquisas de mercado para o desenvolvimentos do plano

Page 78: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

72

de negócio das marcas, nos anos seguintes ambas marcas gerenciaram o negócio

apenas com base nos diálogos com as consumidoras no ponto de venda. Por se tratar

de marcas ainda muito jovens a tática tem ajudado a perceber novas oportunidades de

negócio - a Chocolateria lançou uma loja virtual e passou a atender no segmento de

sob medida; a Cocch, por conta de uma procura maior das clientes acabou optando por

redirecionar o segmento da empresa.

Figura 22 - Chocolateria - Loja Virtual

A respeito da definição do segmento de mercado, percebeu-se que a

definição do segmento a ser atingido em ambas a marca é bastante amplo, atualmente

elas atendem do casual wear ao sob medida. Mas, a Cocch tem planos de definir com

mais clareza o segmento que pretende atuar - moda festa. Segundo Vinícius quando

ele se formou achava que era preciso trazer pessoas mais jovens para a Gianni

Cocchieri, mas acreditava que as jovens não buscavam o segmento da alta costura, por

isso a Cocch surgiu com a ideia de ser extremamente casual. Com o tempo ele

percebeu que estava errado, que as jovens continuam frequentando festas sociais que

exigem esse tipo de traje. Outro levantamento feito após o lançamento da marca é de

que o mercado de Curitiba ainda possui pouca concorrência nesse segmento, ao

Page 79: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

73

contrário da linha mais casual, para balada por exemplo. Por isso, a ideia agora é que a

Cocch se volte para o segmento de moda festa, mas diferente da marca mãe, não

pretende atender o sob medida. Já a Chocolateria, ao contrário da Cocch que busca

definir com mais precisão o segmento de mercado atendido, oferece produtos que são

utilizados para trabalho, a linha de camisaria tem uma procura alta por apresentar

alinhar qualidade e preço. Mas, a designer tem planos de aumentar a segmentação da

marca - reflexo da solicitação das clientes que têm procurado a designer para criar

peças exclusivas e sob medida. Por isso, além do casual wear a marca tem oferecido a

linha ateliê, com peças exclusivas que trabalham com tecidos e acabamentos

diferenciados da coleção vigente.

Figura 23 – Cocch - Desfile

Page 80: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

74

Figura 24 – Chocolateria - Desfile

Sobre o conhecimento dos concorrentes e de suas ações, a relação de

concorrentes apresentada pelos designer foi um pouco vaga. Para ambos, as lojas

localizadas em shoppings são as principais concorrentes da marca, mas não foram

citados nomes específicos como concorrentes diretos. Por exemplo, a Chocolateria não

acredita que pode competir diretamente com marcas mais estruturadas e com mais

tempo de mercado, por isso não as encara como concorrentes diretos, mas a designer

acredita que suas clientes também compram de marcas como Maria Filó, Lelis Blanc,

Farm e Zara. Já o designer da Cocch citou como concorrentes a Animale, que apesar

de ter produtos diferentes, passa a mesma sofisticação que a Cocch, as lojas de Fast

Fashion - Zara, Renner, marcas internacionais que estão nos shoppings - e, em relação

ao segmento festa, a marca do estilista Arthur Caliman. Mas, ambos afirmam que

costumam visitar com frequência os concorrentes e verificar a comunicação, o preço, a

modelagem, a matéria prima, etc. avaliando todos esses aspectos e fazendo um

paralelo com o que suas marcas tem feito.

Já sobre ações de pós vendas, ambas as marcas ainda não chegaram a

desenvolver esse tipo de planejamento. Elas acreditam que as clientes estão satisfeitas

e que, quando ocorre algum problema com a peça, a troca é feita prontamente e sem

maiores transtornos para as clientes.

Page 81: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

75

Sobre o segundo bloco de avaliação - Cultura. Apesar de ter

funcionado como um laboratório da Gianni Cocchieri ao longo desse dois anos, a

Cocch caminha para ter um posicionamento de marca bem definido, dentro do

segmento de moda festa, tanto em relação tanto entre seus concorrentes quanto a

marca mãe. O designer afirmou que a marca vai ocupar um nicho que está entre a

marca mãe e os concorrentes, oferecendo um produto com mais qualidade que os

concorrentes, mas a um preço mais acessível que a marca mãe. Por conta dessa

essência mais contemporânea, a Cocch permite lançar modelos que trabalham de

maneira mais forte elementos da tendência da moda, apresentar coleções em eventos

com um público mais jovem e utilizar matéria prima mais acessível o que,

consequentemente, diminui o valor de custo das peças e permite atingir um público

maior e aplicar estratégias de marketing diferenciadas.

A Chocolateria tem um desafio maior para se posicionar no segmento

de casual wear, um segmento com mais concorrentes e com marcas mais estruturadas

nacional e internacionalmente. Mas, a forma efetiva como ela tem trabalhado a

comunicação da identidade da marca pode ajudá-la a conquistar seu espaço. Um dos

pontos interessantes levantado pela designer durante a entrevista foi a preocupação em

defender os valores de marca mesmo indo contra tendências macros, ou seja, a marca

tem sido fiel a seus valores e os consumidores tendem a perceber esse esforço de

forma positiva.

Page 82: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

76

Figura 25 – Chocolateria - Postal

Sobre o terceiro bloco de avaliação que trata do desenvolvimento da

personalidade da marca. Foi constatado que a marca Chocolateria tem uma

personalidade bem clara e que transparece tanto nos produtos quanto na comunicação.

O arquétipo da marca é a atriz Audrey Hepburn, uma mulher doce, romântica,

feminina, discreta, mas com estilo próprio. Essa personalidade pode ser vislumbrada

claramente na escolha das paletas de cores das coleções que combina cores sóbrias

com as cores da tendência da estação. A modelagem das roupas também transmite

esses conceitos de romantismo e feminilidade, alternando cinturas marcadas com

modelos mais fluidos. A identidade da marca também trabalha com elementos que

remetem ao romantismo, a logo utiliza como elemento figurativo um cupcake, que

remete a fofura, um docinho antigo, e a palavra Chocolateria em uma tipografia retro.

A marca trabalha com elementos desse universo tanto nos materiais de comunicação

como nas estamparias das peças, balões, guarda chuva, nuvens, bailarinas, passarinhos

e corações foram alguns elementos trabalhados nas coleções passadas, já a última

coleção teve como inspiração a tendência candy/fashion food, presente não só no

Page 83: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

77

romantismo, característico da marca, mas também na estamparia exclusiva de

bicicletas, sorvete, melancia, biscoitos de corações, macarons e no aroma retro dos

anos 60. Da mesma forma como há um cuidado com os elementos trabalhados nas

coleções e na comunicação visual da marca, a designer definiu um tom de voz para a

marca, sempre casual, como se estivesse conversando com uma amiga.

Figura 26 - Chocolateria - Imagem postada no Facebook

Figura 27 - Chocolateria - Cartão

Já a Cocch herdou muito de sua personalidade da marca mãe, sua

força está vinculada a Gianni Cocchieri que é reconhecida por sofisticação e

exclusividade das peças de alta costura. A personalidade da marca foi inspirada na

Itália, por isso seu arquétipo é a mulher siciliana moderna, decidida, comunicativa e

sofisticada, a diferença entre as duas marcas reside na mistura jovem e despojada que

Page 84: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

78

foi adicionada a características mais tradicionais da marca mãe. Outra diferença é que

a Cocch já foi planejada com base nesse arquétipo, as cores da marca remetem a Itália

- verde, vermelho e branco -, os temas das coleções e a paleta de cores temporada tem

nomes inspirados em elementos italianos, nos desfiles são tocadas músicas italianas e

os editoriais também se inspiram na Itália.

Figura 28 - Cocch - Paleta de cores - Verão 2013

Em relação ao desdobramento da identidade de marca, em ambos os

casos os materiais são produzidos internamente. A Chocolateria possui site, página no

facebook, loja virtual, twitter e um blog, todos alimentados pela designer. A marca já

possui um tom de voz e a produção dos textos e a escolha dos temas é feita respeitando

as características da personalidade da marca, além do conteúdo institucional a designer

compartilha conteúdo de interesse de suas clientes. A respeito dos materiais gráficos,

as peças produzidas são: cartão, folder/postal, sacola, tag e etiqueta. Não são

produzidos materiais específicos para as clientes, mas nos eventos/desfiles que a

marca participa é comum oferecer um brinde para os convidados, além disso ela utiliza

Page 85: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

79

o e-mail marketing como canal direto com as clientes que estão em seu mailing. O

catálogo para o mercado atacado foi desenvolvido apenas na primeira coleção, nas

seguintes, não foi necessário, pois a estilista percebeu que não conseguiria atender a

demanda desse mercado por falta de mão de obra qualificada, no entanto há planos

para retomada dessa estratégia em 2013. A produção dos ensaios fotográficos é feita

pela mesma profissional desde o inicio da marca, e apesar da estilista estar presente em

todas as produções, ela acredita que a profissional já consegue transmitir visualmente a

essência delicada da marca.

Figura 29 - Chocolateria – Site

Page 86: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

80

Figura 30 - Chocolateria Blog

Assim como a Chocolateria, a comunicação da Cocch é feita por uma

equipe internamente. A marca possui apenas uma página do facebook que tem caráter

institucional, sendo atualizada com informações sobre a produção das coleções e os

eventos que a marca participa; o twitter foi abandonado, pois não atendia as

necessidades da marca que precisava postar fotos. Nos meios tradicionais a marca

trabalha com anúncios em jornal, revista e editoriais. A respeito da papelaria da marca,

ela é composta por cartão, folder/postal, sacola, tag e etiqueta. Já a comunicação com

as clientes é feita por meio de mala direta, e-mail marketing.

Page 87: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

81

Figura 31 - Cocch – Postal

Page 88: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

82

Figura 32 - Cocch - Facebook

Figura 33 - Cocch - Foto divulgação

Sobre o quarto bloco de avaliação - aspectos físicos, desempenho e

julgamento. Para se diferenciar dos concorrentes ambas as marcas procuram trabalhar

com materiais de qualidade e bom peças mais bem acabadas que a concorrência. Além

disso, as marcas possuem um apelo de exclusividade já que a tiragem é menor que dos

concorrentes. A Cocch acredita que em Curitiba, as mulheres ainda gostam do

atendimento estilo boutique, diferente das consumidoras de cidades como São Paulo e

Page 89: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

83

Rio de Janeiro, em que não existe este tipo de relacionamento. Ter uma costureira

atendendo as clientes é um diferencial que nem toda loja pode disponibilizar, por isso

o designer acredita que esse serviço ajuda na fidelização dos clientes e oferece uma

experiência que passa a sofisticação e a exclusividade da alta moda. Ele acredita que

existem duas vertentes, uma é o Netshoes Fast-fashion, sem vendedor, onde o

consumidor se serve, da escolha do produto até o pagamento; outra vertente é a volta

ao passado, que oferece um atendimento personalizando e exclusivo. O carro chefe da

marca são os vestidos de festa, até mesmo por conta do histórico da Gianni Cocchieri,

as pessoas já procuram a loja com esse objetivo, mas ao contrário da Gianni Cocchieri,

a Cocch trabalha com vestidos mais visuais, que seguem de forma mais forte as

tendências da estação. Isso não ocorre com as peças da Gianni Cocchieri, nela as

tendências são trabalhadas de formas mais sutis, o que vai diferencia os produtos das

duas marcas é o preço e a aplicação de tendência. Por isso, a marca utiliza tecidos que

são um pouco mais baratos, mas mesmo assim, há um cuidado na escolha dos

materiais, pois existe um padrão de qualidade a ser seguido, que mostre que a Cocch é

uma extensão de marca da Gianni Cocchieri. A modelagem das duas marcas é

diferente, a Gianni Cocchieri tem uma modelagem própria, que foi desenvolvida ao

longo dos 30 anos da empresa. Quando a Cocch começou, ela emprestou a

modelagem, mas ela precisou ser revista para se adequar ao público. Hoje a Cocch já

tem uma modelagem mais adequado ao perfil de suas clientes.

Para se diferenciar dos concorrentes a Chocolateria também trabalha o

conceito de exclusividade e de matéria prima de qualidade superior aos concorrentes.

A d si n r d f nd q a od a da p ças f ita para “p ssoas nor ais”, a

pilotagem é feita na própria designer, para então ser desdobrada a coleção, por isso ela

acredita que os produtos possuem um bom caimento. A escolha da matéria prima é

minuciosa, ela procura produtos de alto padrão de qualidade, que não deformam, não

formam bolinhas, etc. As peças costumam refletir a identidade da marca, mesclando

tendência comum estilo clássico, romântico e feminino, por exemplo, muitas peças

possuem cintura marcada, que para Ana, remete a silhueta feminina. A marca

Page 90: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

84

desenvolveu peças com tingimento natural, como pinhão, cacau (chocolate), procura

usar fibras naturais, linho algodão, seda, poliéster para estamparia digital, por conta da

estamparia digital que trabalha melhor no poliéster. As estampas que mais saem são

aquelas produzidas pela designer e não aquelas que são compradas, o que para ela

mostra a aceitação da personalidade da marca. O carro chefe da marca são os vestidos,

no entanto nas últimas coleções as clientes passaram a procurar mais por calças, ela

acredita que essa aceitação é reflexo da modelagem desenvolvida pela marca. Além

das peças de prêt-à-porter, a marca desenvolveu uma linha ateliê que cria peças

exclusivas, edições limitada, que não são feitas em série. São peças que pedem tecidos

nobres - seda pura, seda com patch - e que são desenvolvidos a pedido do cliente para

ocasiões específicas. A segmentação do negócio foi uma demanda dos consumidores

atendida pela designer.

Sobre a política de preços, ambas as empresas procuram manter a

competitividade com o mercado. Para definir os valores dos produtos são feitos os

cálculos dos custos da marca e uma pesquisa de mercado com os concorrentes para

saber se o preço está dentro do mercado. Nenhuma das marcas consegue colocar uma

margem pela exclusividade, os designer defendem que os custos de produção ainda

são muito altos e sentem que podem perder competitividade se agregarem esse valor

no preço dos produtos.

A respeito dos canais de venda. Os produtos da Chocolateria são

vendidos apenas no showroom e na loja virtual da marca. O showroom, localizado no

centro Curitiba, deveria ser um escritório para receber fornecedores e mercadorias,

mas acabou se tornando mais uma canal de venda da marca. Foram instalados

provadores e expositores dos produtos, a decoração segue as premissas da

personalidade da marca, das cores da parede do escritório aos móveis tudo foi

escolhido para transmitir essa essência romântica, acolhedora e tranquila, como uma

extensão da casa da cliente. Segundo a designer, tudo é pensado para proporcionar

esse experiência diferenciada das lojas de shopping, ela procura deixar as clientes

confortáveis para experimentar as peças e sempre disponibiliza doces, comida e bebida

Page 91: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

85

para que as clientes se sintam mais a vontade. O lançamento do e-commerce também

não foi uma estratégia planejada, mas reflexo de uma necessidade percebida, uma vez

que a procura dos produtos por pessoas de outros estados estava aumentando, mas a

marca ainda não possuía estrutura para vender atender a demanda em atacado. Em

2012, por falta de mão de obra especializada para produzir as peças a marca teve que

pausar o projeto de crescimento, mas há um plano de expansão para 2013. Atualmente,

a Chocolateria pretende prospectar algumas lojas multimarcas para a coleção de

inverno 2013 e futuramente trabalhar com o modelo de franquias da marca em outros

estados.

Os produtos da Cocch podem ser encontrados nas duas lojas da Gianni

Cocchieri, uma no Jardim Social e outra no Batel. A loja do Batel foi criada para

at nd r o púb ico q ora “do o tro ado da cidad ”, as o conc ito s r ais a

loja vitrine, diferente da loja do Jardim Social que tem como foco ser uma loja mais

conceito - há mais produtos na loja do Jardim Social e os estilistas e as costureiras

estão alocadas ali. Em 2013, em comemoração aos 30 anos da Gianni Cocchieri, a

identidade a marca vai sofrer uma reformulação e a loja vai ser reformada, com o

intuito de trazer de forma mais forte essa essência italiana para a marca mãe. Para a

Cocch essa reestruturação significa que a marca vai ter espaço próprio dentro da loja,

planejado para se comunicar melhor com suas clientes. Também existe um plano de

abrir uma loja online, mas o foco do e-commerce é mais o de apresentar a marca aos

clientes do que propriamente como um canal de venda, uma vez que é um segmento

em que provar a peça é parte fundamental do discurso de venda e que as clientes

precisam se sentir seguras para realizar a compra.

Apesar dos planos de atender o mercado de atacado, ambos designers

mencionaram nas entrevistas o mesmo problema: a falta de mão de obra especializada

para produzir com velocidade a demanda desse mercado. Mesmo a Cocch, que já

conta com uma estrutura da Gianni Cocchieri, fica impossibilitada de utilizar

plenamente a mão de obra da marca mãe, por se tratar de profissionais extremamente

Page 92: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

86

especializados, o que geraria um custo que inviabilizaria a implementação de uma

política de preço adequada ao posicionamento da marca.

Sobre o quinto bloco de avaliação - Reflexo, imagem e julgamento.

Em a compreensão das necessidades supridas relação ao levantamento de informações

a respeito do público alvo, ambas as marcas realizaram pesquisas formais para o

desenvolvimento do plano de negócios, mas atualmente, as pesquisas são realizadas

apenas com as consumidoras na loja. A Chocolateria não mudou o seu segmento de

mercado, mas com base nos diálogos com as consumidoras direciona a produção da

coleção atual, o planejamento das coleções futuras e vislumbra a necessidade de

oferecer um serviço que não estava em seu escopo no plano inicial, o serviço de sob

medida.

Segundo o designer da Cocch, a pesquisa formal é muito importante,

mas também é muito importante tudo o que é vivenciado na loja, para ele o opinião

dos vendedores ajuda a descobrir os clientes estão procurando. Estar em contato com

as vendedoras ou com o seu cliente é muito interessante e traz resultados mais

imediatos. A pesquisa mais formal, precisa ser feita para uma estruturação, mas a

pesquisa dentro da loja é importante para prever o que vai acontecer daqui uma

semana, por exemplo, saber qual o corte que precisa ser refeito, quais são as peças que

possuem alta aceitação, para que sua cliente não procure aquela peça em um

concorrente. O designer afirma que suas clientes procuram a loja com um foco já

definido, as maioria das clientes já sabe o que quer quando vão a loja. Ele afirma que

suas clientes procuram a agilidade que o prêt-à-porter oferece, as clientes da Cocch

não tem paciência para esperar o tempo de produção de um vestido de festa, elas são

mais imediatista, gostam do vestido, se sentem bem nele e querem comprar e levar pra

casa. Para elas, encontrar a peça que veste bem é um alívio. Por isso, a marca não vai

oferecer o serviço de vestidos sob medida, mas, continuará oferecendo o serviço de

ajustes. Outro aspecto levantado pelo designer é de que as clientes da Cocch, ao

contrário das clientes da Gianni Cocchieri, buscam peças mais visuais, que sigam as

tendências, com preço mais competitivo.

Page 93: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

87

Sobre o último bloco de avaliação - Mentalização, sentimento e

ressonância. Durante a pesquisa percebeu-se que mais do que por idade, os designers

de moda classificam seu público alvo por estilo de vida. Assim como no branding,

apesar de mencionar a idade, os consumidores são descritos, principalmente, por

atitudes, características da personalidade e pelos adjetivos que querem ressaltar ao

utilizar uma determinada peça de roupa. As consumidoras da Chocolateria são

mulheres a cima de 18 anos, românticas, femininas e delicadas; muitas são estudantes

ou ingressaram há pouco tempo no mercado de trabalho, por isso são bastante

atarefadas, procuram roupas confortáveis, que estejam dentro das tendências da moda,

mas também procuram por peças mais clássicas que poderão usar por mais tempo e

têm poder aquisitivo para investir em uma peça de roupa mais cara. São

frequentadoras de cafés, teatro, bares e não costumam ir ito a “ba adas”. Na

Chocolateria, elas buscam peças que não são encontradas em lojas de departamento,

peças de alfaiataria, lineares e bem estruturadas, com alguns toques de modernidade e

fluidez.

Um fato importante é o relacionamento que a marca já desenvolveu

com algumas clientes. Por saber que a produção da marca não é feita em grande escala

elas costumam procurar a designer para reservar algumas peças após os desfiles,

chegando a reforçar mais de uma vez o desejo pelas peças e não se importando em

aguardar quando a peça ainda precisa ser produzida. O nível de fidelidade da

Chocolateria pode ser considerado alto, as consumidoras costumam visitar a loja

mensalmente e sempre indicam ou levam amigas ao showroom da marca. Segundo a

designer, a percepção dos consumidores cresceu bastante, algumas lojas já conhecem a

marca, mesmo sem ser feita publicidade até o momento, e a marca já foi contada por

empresas de outras cidades para distribuir os produtos. Outro aspecto a ser ressaltado é

o crescimento dos seguidores da página da Chocolateria nas redes sociais, em apenas

três meses de trabalho a marca teve um crescimento de mais de 90%. Mesmo assim,

Ana não acredita que a marca pode ser considerada favorita em seu nicho de mercado,

até por conta do tempo de atuação, a marca ainda é muito jovem.

Page 94: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

88

Figura 34 - Chocolateria Facebook

Já a Cocch, por se tratar de uma extensão de marca, já carrega um

conjunto significado na mente dos consumidores. Talvez por isso, as clientes buscam a

marca quando procuram produtos específicos e, por isso, os vestidos de festa tenham

se tornado o carro chefe da marca. A Gianni Cocchieri, por conta de seus 30 anos de

mercado, já possui muitas clientes fiéis, clientes que escolhem um produto e voltam

para buscar uma semana depois se necessário. Já as clientes da Cocch não tem

paciência para esperar o tempo de produção de um vestido de festa, elas são mais

imediatistas, quando gostam de um vestido querem comprar logo e levar pra casa.

Segundo Vinícius, apesar dos dois anos do lançamento marca, foram dois anos de

aboratório, por isso acr dita q a as c i nt s ainda stão “s ntindo a arca”.

Os desfilem tiveram uma forte contribuição para a exposição da Cocch e o

crescimento do valor de marca, mas ainda sim, o perfil dos consumidores das duas

marcas está muito enraizado, não existindo uma divisão definida entre elas. Tanto que,

atualmente, não é possível fazer uma loja só Cocch, mas ele acredita que com o tempo

elas irão se diferenciar mais e mais. De modo geral o perfil das clientes é formado por

mulheres que procuram se peças que transmitam sofisticação e elegância, elas querem

se sentir bonitas e poderosas, independente da situação. Dessa forma, o principal

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89

diferencial entre as duas marcas seria a aplicação de tendência e a escolha dos

materiais, as clientes da Cocch são mais ligadas a tendências, procuram vestidos mais

modernos e as clientes da Gianni Cocchierri, mais vestidos clássicos, que vão durar

mais tempo no guarda roupa. O designer afirma que o relacionamento com as pessoas,

já existem pessoas que desejam os produtos da marca e reconhecem a marca pela

imagem que foi planejada – sofisticação, elegância e produtos de qualidade superior,

mas ainda não se sente a vontade para transferir esse valor agregado ao preço dos

produtos.

O perfil dos consumidores das duas marcas ainda está muito

enraizado, não existindo uma divisão definida entre elas. Tanto que, atualmente, não é

possível fazer uma loja só Cocch, mas ele acredita que com o tempo elas irão se

diferenciar mais e mais. De modo geral o perfil das clientes é formado por mulheres

que procuram se peças que transmitam sofisticação e elegância, elas querem se sentir

bonitas e poderosas, independente da situação. Dessa forma, o principal diferencial

entre as duas marcas seria a aplicação de tendência e a escolha dos materiais, as

clientes da Cocch são mais ligadas a tendências, procuram vestidos mais modernos e

as clientes da Gianni Cocchierri, mais vestidos clássicos, que vão durar mais tempo no

guarda roupa.

Page 96: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

90

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos dados que foram apresentados nesse estudo, fica clara a

importância do desenvolvimento de um brand equity positivo para que as marcas dos

alunos dos curso de Design de Moda do Senai se mantenham competitivas, podendo

estender esse raciocínio a toda a cadeia têxtil. Mas, uma marca é o retrato de uma

empresa, um sistema integrado a ações que envolvem a eficiência na preparação,

entrega e manutenção dos atributos materiais e de imagem do negócio.

Hoje, não são mais os atributos tangíveis de um produto ou serviço

que garantem o estabelecimento e a continuidade da relação entre uma empresa e seus

clientes. Sabe-se que todo esse conjunto passa a ser orientados pela promessa da

marca. Sabe-se também que a forma de se relacionar com os consumidores mudou, as

marcas deixaram de pertencer às empresas e passaram a ser parta da identidade dos

consumidores. Por isso, é tão importante defender valores e tornar a comunicação um

diálogo construído junto com os clientes. Só uma marca forte e, principalmente

querida pelos consumidores, é capaz de atrair e conquistar novos consumidores,

fazendo com que seus produtos/serviços pareçam tecnicamente superiores ao do

concorrente (mesmo que sejam equivalentes).

A proposta desse estudo era investigar a construção das marcas dos

alunos do curso de Moda do Senai e avaliar o desenvolvimento do brand equity. Com

base nos resultados das pesquisas percebeu-se que as duas marcas adotaram fatores

relacionados à estratégia e ao composto de marketing em sua construção e direcionam

suas ações com foco nos consumidores, para construir uma imagem de marca sólida e

condizente com sua essência. Logo, pode-se concluir que as duas marcas caminham já

para a criação um brand equity positivo.

Partindo-se do processo de construção de brand equity proposto na

teoria de branding que deu origem à diretriz teórica da pesquisa e da experiência

Page 97: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

91

obtida com as marcas analisadas, são sugeridos os seguintes procedimentos e ações

para a construção de brand equity:

• Investir em pesquisa para aumentar o conhecimento sobre o mercado,

as tendências e os consumidores. Os diálogos com os clientes podem ajudar

a direcionar as estratégias da marca, mas apenas pesquisas realizadas por

professionais podem garantir a efetividade dessas diretrizes a longo prazo;

• Investir em pesquisa para verificar quem são os concorrentes diretos

das marcas, além das lojas situadas em shoppings, suas as ações de

marketing, seu posicionamento e avaliar a adequação do próprio

posicionamento nesse nicho;

• Desenvolver ações de pós venda;

• Investir no conhecimento sobre o significado da marca para o

consumidor;

• Manter coerência e consistência entre a cultura da organização, a

identidade da marca e as ações de marketing;

• Desenvolver e implementar um programa de comunicação de forma

sinérgica, adequando-o ao tamanho da empresa e de seu mercado;

• Planejar e coordenar todos os pontos de contato da marca com o

consumidor, de forma a garantir coerência;

• Investir em inovação sempre, se possível desde a concepção do

próprio negócio.

Lembrando que o procedimento qualitativo e os métodos adotados na

pesquisa possuem uma série de limitações e restrições, recomenda-se, para estudos

futuros, a pesquisa de um universo de estudo maior, para que, mediante o uso de

métodos quantitativos, comprovem-se as conclusões apresentadas neste estudo, de

abordagem exploratória e qualitativa. Dessa forma, seria possível comprovar a

Page 98: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

92

validade da diretriz teórica da pesquisa e apontar os principais fatores

de marketing construtivos de brand equity, para chegar a um modelo teórico que

poderia ajudar empresas novas e antigas, que percebam a importância de investir na

marca, a construir e gerenciar suas marcas.

Page 99: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

93

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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crescem-411-ate-maio-diz-abit - Acesso em outubro de 2012

Page 104: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

1

ANEXOS

Modelo de Questionário:

a) Mercado

• Em qual segmento a marca trabalha?

• Por que foi escolhido esse segmento?

• Como são realizadas a pesquisas de mercado a respeito desse

segmento? (tendências, desejos, perfil dos consumidores)

• Houve um estudo com o SEBRAE?

b) História da empresa/ ou do projeto

• Qual é a história da marca? Como ela surgiu?

• Quantos anos de mercado ela tem?

• Qual o conceito do nome da marca?

• Quais os valores da marca?

• Ela defende alguma causa?

• Qual é o arquétipo da marca? Se ela fosse uma pessoa como ela seria?

• Como essa personalidade transparece nos ensaios, desfiles, decoração

da loja, abordagem ao consumidor?

• Quais elementos reforçam esse posicionamento na da identidade da

marca? (cores, elementos, formatos, filtros)

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2

• Quais são os materiais gráficos desenvolvidos? Eles foram pensados

para conversar com o consumidor? (adolescente gosta de guardar coisas na

agenda, qual o nível de interatividade)

c) O produto/serviço

• Existem características especiais da marca, materiais específicos com

os quais a marca trabalha, padrão de cores, acabamentos?

• A modelagem possui algum padrão, recortes/tecidos, numeração?

• Existe um produto que seja carro chefe?

• Qual é a relação de temporalidade x tendência? Quanto tempo os

produtos devem permanecer no guarda roupa das clientes?

• Qual o nível de troca da mercadoria?

• Por que essas trocas são solicitadas?

• A troca é feita automaticamente?

• Os consumidores encontram os produtos para troca?

d) Público

• Quais são os principais canais de comunicação com consumidores,

colaboradores, fornecedores e formadores de opinião?

• Eles conhecem a história da marca e sua proposta?

• Como é feita a divulgação da empresa na mídia? (mídia espontânea,

assessoria de imprensa, publicidade)?

• Quem são as pessoas que utilizam a marca, qual é o seu estilo de vida?

Page 106: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

3

• Qual é a relação dos consumidores com a marca? Como eles a

enxergam?

• Qual o nível de engajamento dos consumidores com as causas da

• Quais são as ocasiões de compras? (Segmento exclusivo, datas

especiais, presente)

• A marca já tem uma história com evoca algum tipo de memória nos

consumidores?

• Quais sentimentos evocados pela marca?

• Quando o consumidor usa a marca, o que ele quer transmitir ao usar

um produto?

• Qual o nível de lealdade a marca?

• O consumidores retornam a loja com que frequência?

• Com que frequência acontece a recompra?

• Eles vão a loja apenas quando querem comprar ou também visitam a

loja para saber se há novidades?

• A marca é vista como favorita dentro do nicho?

• Os consumidores confiam na sua marca?

• Quando retornam, voltam com amigos?

• Qual o nível de indicação?

e) A concorrência

• Quais são os concorrentes da marca?

• Qual é a estratégia para se se diferenciar dos concorrentes?

Page 107: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

4

• Quais as vantagens que a marca oferece perante seus concorrentes?

• Existem aspectos tangíveis que diferenciam os produtos

desenvolvidos pela marca da concorrência?

• Os produtos devem ser vistos como superiores a concorrência em

quais quesitos?

f) Marketing

• Qual é o principal canal de venda da marca?

• Existe uma política de ponto de venda estabelecido, restrição de

abertura de PDV, ela pode ser encontrada em lojas multimarca ou apenas

em lojas exclusivas?

• Existem ações para proporcionar experiência de marca dentro da loja?

• Quais os objetivos estratégicos de médio e longo prazo?

Posicionamento no que se refere às Necessidades dos Públicos Estratégicos

• A marca realiza ou participa de eventos voltados ao consumidor final?

• Quanto a marca cresceu desde o lançamento?

• Comparada com outras marcas disponíveis, como é a política de

preços da marca?

• Quanto ela acrescenta no valor do produto?

Page 108: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

5

Transcrição da entrevista com Vinícius Cocchierri – Designer da Cocch

Você pode me contar um pouquinho sobre a história da Cocch, como ela surgiu, a

história do seu pai?

A Gianni Cocchieri tem 30 anos, ela começou vendendo bolsas, com

trabalhos pequenos. Minha avó costurava e meus pais vendiam as bolsas. A bolsa

virou jaqueta, ela olhava as jaquetas que estavam usando e aquelas que as novelas

estavam apresentando, na época era muito forte isso, você jogava uma coisa na

televisão e as pessoas usavam aquilo. A Gianni Cocchieri nasceu assim e foi

evoluindo; em 30 anos há uma necessidade de reformulação, a gente trabalhou muito

com couro, por isso as pessoas ainda entram aqui procurando pelo couro da Gianni

Cocchieri. A gente ainda tem estoques de couro, o que é engraçado, porque faz muito

tempo que nosso segmento mudou para moda festa, mas ainda temos uma tradição

nisso. É uma tradição que vem de clientes, nós temos clientes fiéis e pessoas que já

tem a cara da Gianni Cocchieri. A marca, nesses 30 anos se estruturou na cabeça das

pessoas e até na nossa organização, a gente tem um perfil de consumidor.

A Cocch é um momento para se renovar dentro da empresa, não se

consegue ter 30 anos fazendo a mesma coisa. Nenhuma marca consegue, com exceção

de pouquíssimas que fazem o mesmo produto ou a mesma coisa e até hoje vivem.

Quando falamos de moda, precisamos nos reformular, por isso há dois anos tivemos

esta conversa de que a gente precisa trazer um público mais jovem para dentro da casa,

já tínhamos esse público, muitas vezes por formandas e/ou noivas que estão casando

jovem, elas tinham contato com a marca, porém não era uma comunicação voltadas

para elas. Foi dessa ideia, de agregar essa menina, e ter um espaço especial para elas

que surgiu a Cocch. Mas, eu acredito que não é apenas a nossa empresa, o mercado

está assim, eu vejo hoje muitas marcas - nós trabalhamos com multimarcas - Gianni

Page 109: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

6

Cocchieri, Cocch e multimarcas. Eu vejo que é uma tendência de mercado, muitas

marcas que já estão no mercado há anos, estão lançando suas linhas jovens (balada).

Foi uma decisão de mercado ou foi que as clientes estavam pedindo?

É um pouco das duas, não somos pioneiros de fazer uma marca

jovem, existe essa estratégia no mercado. Nós poderíamos reestrutura a nossa própria

marca, transformando a Gianni Cocchieri em uma loja mais jovem e poderíamos

perder um público que já formado, que já é fiel, ou então, faríamos uma nova marca

ligada a mãe. Acredito que foi a melhor opção, pois não queríamos perder esses

clientes. É uma opção de mercado, mas ao mesmo tempo, eu vejo que as pessoas

querem se sentir mais jovens. Eu tenho clientes da Gianni Cocchieri que são féis à

marca, mas quando eu apresento a Cocch como uma linha mais jovem da Gianni

Cocchieri, elas aceitam a marca porque elas se sentem mais jovens. Hoje, a mulher de

60 anos não sente a idade, antigamente era assim, mas hoje ela quer se sentir mais

jovem. Temos clientes de 50/60 anos que se vestem com uma menina de 20/30 anos.

Quando apresentamos a marca Cocch elas adoram.

Como foi a divisão entre a Cocch e a Gianni Cocchieri?

Existe um cuidado em separar o público das duas marcas, a Gianni

Cocchieri não pode ser vista com uma marca de mulheres maduras. Não podemos falar

de idade na moda. A Cocch é uma marca com espírito jovem, tem mulheres que vão se

encontrar mais na Gianni Cocchieri e tem mulheres que vão se encontrar na Cocch,

meninas que vão se encontrar na Gianni Cocchieri e meninas que vão se encontrar na

Gianni Cocchieri. De certa forma elas são diferentes, mas parecidas, a Gianni

Cocchieri tem uma linha mais clássica, transparece em todo processo, seja na escolha

de um tecido, na escolha de uma peça que vai entrar na coleção, a linha da Gianni

Cocchieri é aquela peça que vai durar muito tempo, uma peça clássica, peça com valor

Page 110: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

7

agregado maior, eu posso brincar com elementos que encareçam a peça, porque é uma

marca Premium. A Gianni Cocchieri é clássica, sofisticada.

Já a Cocch possui uma linguagem mais tendência. Utiliza tecidos que

são um pouco mais baratos, mas mesmo assim, há um cuidado na escolha dos

materiais, existindo um padrão de qualidade, mostrando que a Cocch é a filha da

Gianni Cocchieri. Por possuírem mais elementos da tendência da estação, as peças

podem durar menos no guarda-roupa. A Cocch permite trabalhar mais forte as

tendências, o que não ocorre na Gianni Cocchieri, em que as tendências são

trabalhadas de forma mais sutil, não podendo ser aquela peça que não pode ser usada

fora da estação.

A diferenciação das marcas pode ser classificada pelo estilo de ocasião?

A Cocch começou como um laboratório da Gianni Cocchieri, apesar

do planejamento, suas diretrizes ainda não estão traçadas, por isso nos próximos anos

pode ser que ela siga para uma linha mais sofisticada. Hoje nós temos uma linha mais

casual, mas o nosso foco é seguir para uma linha mais festa, sofisticação.

A Gianni Cocchieri permite usar seda pura, carregar nos acessórios, os

vestidos são estruturados, já a Cocch vai trabalhar com vestidos mais visuais. A cliente

não se preocupa se o vestido tem o acabamento da Gianni Cocchieri, já a cliente da

Gianni Cocchieri se preocupa com esses detalhes, pois elas já possuem determinadas

expectativas da marca. A cliente da Cocch procura algo mais visual, ela não se

preocupa com o acabamento de alta costura.

As formandas querem vestido com preço baixo e mais visuais, elas

estão mais preocupadas com a estética do produto do que com a mão de obra e o

acabamento.

Page 111: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

8

Qual é o conceito de nome Cocch?

A força da Cocch está vinculada a Gianni Cocchieri, a abreviação do

nome remete que a Cocch é um pedaço de uma marca que já existe. Uma vez que a

Gianni Cocchieri já é reconhecida por sofisticação, por acabamento, mão de obra,

qualidade. Esses atributos são transferidos para a Cocch. Trazer a abreviatura do nome

causa um impacto, quando falamos que a Cocch é a filha da Gianni Cocchieri já vem

muita coisa na cabeça das pessoas. Inclusive no Lab, quando estou na feira, as pessoas

elogiam a qualidade das peças, e quando eu falo que a Cocch é filha da Gianni

Cocchieri elas dizem que está explicado o porquê da qualidade. Isso é bacana, porque

mostra que a Gianni Cocchieri é uma marca apreciada, que ela já está na cabeça das

pessoas, por fatores positivos, isso é uma vantagem muito grande.

A Cocch é segue uma linha mais informal?

A linha de produção da empresa não é muito grande, pois é um

problema da cidade encontrar mão de obra especializada, mas isso é legal, confere um

“Q” d xc sividad a arca, as ao smo tempo é uma dificuldade pois não

podemos nos comprometer de produzir muitas peças como jeans e camisas. Por isso

temos terceirizados, marcas de jeans que assinam e a gente coloca Cocch. Mas,

procuramos parceiros de qualidade que tenham a mesma cara e a mesma linguagem.

Por exemplo, os nossos jeans não são produzidos aqui, mas já temos uma parceria na

qual vamos colocar Cocch no jeans, de certa forma é Cocch, casual, mas é Cocch.

Talvez a Cocch tenha surgido com a ideia de ser extremamente casual.

Quando eu me formei em moda, eu achava que a gente precisava trazer pessoas mais

jovens para a Gianni Cocchieri. Eu achava que o jovem hoje não iam mais a festões,

que quem frequentas os festões eram as pessoas da sociedade, clientes da Gianni

Cocchieri, mas eu vi que não é assim. Existem as baladas que não exigem um vestido

tão elegante, mas meninas continuam indo a festas sociais, tem muita formanda,

Page 112: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

9

muitos casamentos acontecendo, por isso muitas meninas procuram por vestidos de

festa. E, o mercado de Curitiba não é gigantesco nessa área, da mesma forma que é

para uma linha mais casual, para balada por exemplo. Por isso, a ideia agora é voltar

mais para o segmento de festas.

Como foi o lançamento da marca?

O lançamento da marca foi muito discreto, não foi feita muita

publicidade no lançamento, foi feito muito desfile. Começamos com a marca no Lab,

na primeira edição que foi no centro. A Gianni Cocchieri nunca poderia estar naquele

ambiente, com apenas pessoas jovens, no meio de uma praça com aquele clima mais

despojado. Foi um Laboratório, o evento cresceu, hoje tomou uma proporção muito

maior. Já a Cocch permite estar em ambientes mais jovens, descontraídos, descolados,

trazendo sofisticação para o ambiente.

São realizadas pesquisas mais formais para basear as estratégias?

Essa pesquisa formal é muito importante, desde o público alvo, ir a

campo, descobrir quem são as meninas, sempre buscar saber quem elas são. Também é

importante a pesquisa de materiais, o tem da coleção, o que vai chamar atenção e o

que não. Concorrência, mesmo eles já me conhecendo eu vou visitar a concorrência,

independente de que for. Você tem que estudar cada ponto para fazer o todo.

Mas, também é muito importante tudo o que vivemos aqui (na loja),

uma das maiores pesquisas é conversar com os seus vendedores. Eu tenho a sorte de

poder fazer isso todos os dias, de descobrir através deles o que as pessoas estão

pedindo, o que está faltando, o que as pessoas estão procurando. Estar em contato com

as vendedoras ou com o seu cliente é muito interessante e traz resultados mais

imediatos. A pesquisa mais formal, precisa ser feita para uma estruturação, mas a

Page 113: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

10

pesquisa dentro da loja é importante para prever o que vai acontecer daqui uma

semana, por exemplo, saber qual o corte que precisa ser refeito porque as peças estão

com uma alta aceitação, mesmo fugindo do seu planejamento, uma vez que talvez ela

tenha que entrar em produção na frente de outras peças, aquela peça representa um pão

quente, que se você não tiver na loja as clientes podem ir atrás de um concorrente e

aquela matéria prima pode ficar parada e não ser utilizada para nada depois.

As clientes vêm procurar produtos específicos? Qual o nível de fidelidade da

marca?

O mercado hoje é competitivo, às vezes as clientes reservam um

produto, mas encontram um equivalente em um concorrente e acabam levando o do

concorrente por motivos desconhecidos.

A gente tem muito fidelidade principalmente a Gianni Cocchieri, não

posso falar da Cocch, por ela estar começando, as pessoas ainda estão sentindo a

marca. Tudo bem que ela já tem dois anos, mas foram dois anos de laboratório, muita

gente conhece, mas ainda estamos trabalhando com a premissa de laboratório. Por

isso, a Cocch ainda não é uma marca totalmente estruturada, estamos trilhando um

passo após o outro. A Gianni Cocchieri já tem uma clientela que escolhe um produto e

volta para buscar uma semana depois se necessário.

Em Curitiba as mulheres ainda têm muito do estilo Boutique, em

cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, não existe este tipo de relacionamento, não

existe este estilo de ter uma costureira atendendo as clientes. Isto é um diferencial que

nem toda loja oferece, isso fideliza muitos clientes da Gianni Cocchieri. Gera uma

experiência diferente, nas lojas de shopping esse serviço não é oferecido, por exemplo.

O serviço especializado tem um “Q” de sofisticação, alta moda, exclusividade no

tratamento, algo que não acontece com frequência hoje em dia. Acreditamos que esta é

uma tendência, as pessoas gostam deste atendimento personalizado. Existem duas

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11

vertentes, uma é o Netshoes, Fast-fashion, sem vendedor, onde o consumidor se serve,

desde a escolha do produto até o pagamento. A outra vertente é a volta ao passado, um

atendimento personalizando, em que o atendimento está mais próximo ao cliente,

acredito que Curitibano gostam de sentir especial.

Qual seria o arquétipo ou expressão da marca?

Seria a expressão da mulher ou menina, antenada, sempre atualizada,

que viaja muito, pronta para informação, uma pessoa sofisticada, mas sem frescura.

Uma mulher mais decidida, que gosta de estar sofisticada no dia-a-dia, mas ao mesmo

tempo tem um lado mais casual. Uma pessoa ativa, conectada, sempre se

comunicando.

O que diferencia a Gianni Cocchieri da Cocch?

Não existe uma divisão definida entre as duas marcas. Tanto que, não

é possível, atualmente, fazer uma loja só Cocch. O perfil ainda está muito enraizado,

mas acredito que com o tempo elas irão se diferenciar.

Temos uma consultora do SEBRAE, que fez uma comparação

interessante das nossas marcas com a Burberry, que tem a Crosson que é a marca top -

aquela que é usada pelas celebridades e é utilizada em desfiles. Quando ela apresenta

um trench coat, ele é dupla face com o melhor tecido. Mas, o grupo Burberry também

tem a marca a London, que vai oferecer o trench coat, talvez o modelo se diferencie

muito pouco, mas o tecido vai ter um custo mais baixo e o valor da peça também será

mais baixo. É isso que estamos tentando com a Cocch e Gianni Cocchieri, o perfil (o

estilo de vida) das clientes é parecido, o que vai diferenciar as marcas é o preço, a

aplicação de tendência, não pelo estilo. A menina/filha pode até gostar de uma peça da

Gianni Cocchieri, mas por estar fora do valor que ela pretende pagar, ela pode acabar

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optando pelo preço por causa da idade, por não ser uma pessoa independente

financeiramente. O cliente da Cocch está se guiando muito mais pelo visual, não leva

em consideração o planejamento de uso das peças.

Como é feita a separação entre as duas marcas? A modelagem é a mesma?

A produção das duas marcas ainda é muito próxima, utiliza os

mesmos profissionais. Mesmo assim, a diferença entre as duas marcas fica bem claro

no processo de planejamento da produção, quando são definidas as matérias primas, a

paleta de cores e os modelos que cada marca aceita.

A modelagem das duas marcas é diferente, a Gianni Cocchieri tem

uma modelagem própria, que foi desenvolvida ao longo dos 30 anos da empresa.

Quando a Cocch começou, ela emprestou a modelagem da Gianni Cocchieri, mas ela

precisou ser revista para se adequar ao público. Hoje a Cocch já tem uma modelagem

mais adequado ao perfil dos clientes.

Qual é o carro chefe da Cocch?

Vestidos são os carros chefe da marca. Como a Gianni Cocchieri já

tem esse histórico de vestidos para festas, as pessoas já vêm à loja a procura dessas

peças e acabam encontrando os produtos da Cocch. Por isso, quando produzimos

vestidos longo para a Cocch, com uma cara mais menina, a saída é grande. Pensando

nisso, estamos planejando migrar para festa, os clientes compram peças casuais,

porque elas encontram na loja, mas o carro chefe da loja é moda festa.

Existe um plano da Cocch oferecer um serviço ateliê, sob medida?

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A Cocch não vai oferecer o serviço de vestidos sob medida, mas,

oferece o serviço de ajustes. Atualmente, sob medida é um serviço exclusivo da Gianni

Cocchieri, mas talvez, a longo prazo, a Cocch empreste essa linguagem de não fazer

vestidos sob medida para a Gianni Cocchieri.

A cliente da Cocch não tem paciência para esperar o tempo de

produção de um vestido de festa, ela é mais imediatista, gosta do vestido, se sente bem

nele e quer logo comprar e levar pra casa.

Acredito que encontrar uma peça que veste bem é um alívio. As

pessoas procuram essa agilidade que o prêt-à-porter oferece.

Como foi definida a identidade da Cocch?

O foco foi a Itália, buscamos seguir essa linguagem, nos desfiles as

músicas são italianas, as inspirações são italianas. Isso é reflexo da forte ligação que a

família tem com o país.

Em 2013 a identidade da Gianni Cocchieri vai sofrer uma

reestruturação que vai trazer essa essência italiana para a marca, a loja vai ter uma

pegada mais italiana, a comida servida para os clientes vai remeter a Itália, a música da

loja vai ser italiana, a marca vai mudar.

Nos desfiles e nos ensaios isso também é pensado, busca-se esse perfil

siciliano, sofisticado que a Itália remete.

A Cocch já nasceu com essa essência. Na reforma da loja vai haver

uma área separada para a Cocch, vai haver um espaço mais tendência e a Gianni

Cocchieri vai estar inserida em um espaço mais clássico.

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Quais são os canais de comunicação utilizados pela marca?

Mídia: Jornal, revista, editoriais.

A comunicação com os clientes é feita por meio de mala direta, e-mail

marketing.

As peças são feitas internamente pela equipe de marketing da

empresa.

Colaboradores: a equipe é pequena, são como uma família, existe uma

boa relação entre as pessoas. São realizados eventos com os funcionários, campanhas

internas. Busca-se transmitir o espirito da marca em reuniões. Ainda não é um cenário

perfeito, mas os funcionários conhecem a história da marca e que conseguem

transmitir para os consumidores o espírito italiano da marca.

Existe um perfil de vendedor para cada marca?

Estamos em um momento de reformulação, hoje, a Cocch ainda não

tem uma vendedora específica dentro da loja. As duas últimas contratações foram

pensadas com o perfil da Cocch.

A vendedora da Gianni Cocchieri tem um perfil de mulher mais

madura, até mesmo em comparação com as clientes. Diferente do perfil de shopping

no qual as meninas estão mais acostumadas com a correria do que com a conversa.

Mas, no momento, por causa da Cocch, esses dois perfis estão sendo mesclados. Foi

necessário ter esse perfil mais jovem e o mais maduro, para atender os dois públicos,

que consigam conversar e entender as necessidades dos consumidores.

Os fornecedores conhecem o perfil das marcas?

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Os fornecedores entendem o perfil de cada marca. O perfil é

explicado, para que eles entendam o que cada marca permite em termos de preço, de

perfil.

As duas equipes são muito integradas, os integrantes tem espaço para

trabalhar nas duas coleções. São mais ou menos 25 colaboradores – a mão de obra é

muito especializada e específica.

Como é feita a comunicação com a mídia?

A Cocch trabalha mais com rede social, tem um contato mais próximo

com blogueiros, pessoas mais jovens. O perfil do Twitter foi abandonado, pois não era

o perfil da marca, que queria mostrar mais fotos. O perfil do Facebook vem crescendo

diariamente em termos de número. O conteúdo compartilhado tem mais a ver com a

produção das peças, não compartilhamos muito a respeito de assuntos relacionados, o

foco é falar a respeito do que a marca vem fazendo.

A Gianni Cocchieri tem mais contato com colunistas e revistas.

O perfil dos públicos é parecido, mas cada um é encontrado em um

meio diferente. O público da Cocch está mais inserido no contexto digital, blogs e

redes sociais, já o da Gianni Cocchieri é atingido através do jornal e de colunas

sociais.

Quando as consumidoras precisam trocar uma peça, como ela é feita, elas

encontram produtos similares com facilidade?

As trocas são realizadas tranquilamente, dificilmente a pessoa não

encontra uma peça que goste. Mas, o perfil de compra da marca não é focado em

presentes, por isso essa necessidade não é uma constante. Mas, em dezembro é

Page 119: TCC Branding - Caroline Akemi Miazaka

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realizado o Mercato, um evento promocional realizado para gerar mais vendas e

atingir o público que vem atrás de uma peça para si e aproveita para comprar um

presente.

O Mercato surgiu da necessidade de um evento promocional, como a

loja passa uma imagem de imponência, até de que as peças são mais caras do que são

na realidade, alguns clientes deixavam de entrar na loja acreditando que os produtos

eram muito caros, mas acabavam pagando mais caro na concorrência do que na loja da

Gianni Cocchieri. No evento, as araras são colocadas para fora da loja, para que as

pessoas que estão passando pela rua se sintam mais a vontade de conferir os produtos.

Muitas clientes em potencial, que nunca tinham entrado na loja, começaram a comprar

na loja depois do evento.

Qual é a frequência de compra das clientes? De quanto em quanto tempo elas

vem a loja?

Os clientes procuram a loja com um foco já definido, a maioria das

clientes já sabe o que quer quando vão a loja.

Quais são os concorrentes da marca?

Animale, apesar de ter produtos diferentes, mas passa a sofisticação

que as Cocch transmite. Lojas de Fast Fashion como Zara e Renner e marcas

internacionais que estão nos shoppings.

Em relação a festa, Arthur Caliman.

O que a marca faz para se diferenciar dos concorrentes?

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Procuramos trabalhar o acabamento, qualidade. A assinatura da

Gianni Cocchieri é um diferencial de peso, os 30 anos da marca reforçam todas as

qualidades da marca, tanto tangíveis quanto intangíveis.

A comunicação dos concorrentes é mais forte, mas a Cocch possui um

apelo de exclusividade.

Como é a experiência dentro da loja? O que é feito para propiciar uma

experiência diferenciada?

A loja possui música ambiente, cheiro e comida para as clientes – mas

as ações que estão sendo reformuladas.

Quais são os Canais de venda da marca?

Existe uma loja no Jardim Social e no Batel e planos de abrir uma loja

online. A loja online é uma estratégia para mais para apresentar a marca aos clientes

do que propriamente como canal de venda, pois as peças da marca exigem que as

clientes experimentem as peças.

A oja do Bat foi criada para at nd r o púb ico q ora “do o tro

ado da cidad ”, as o conc ito s r ais a oja vitrin , as cons idoras

conhecem a marca lá e vão para a loja do jardim social que é uma loja mais conceito.

Há mais produtos na loja do Jardim Social e os estilistas e as costureiras estão alocadas

nessa loja.

Quais são os planos a longo prazo?

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O foco da Cocch é ser uma loja de atacado, ela nasceu com essa ideia,

de atender mais o atacado e menos o varejo. Existe espaço para esse tipo de estratégia

no mercado, uma marca de atacado com produtos de qualidade superior.

Como é feita a política de preço dos produtos?

O preço está de acordo com o mercado e com a qualidade dos

produtos, dos materiais e da exclusividade que os produtos oferecem. Mas, ainda não é

colocado valor de marca nos produtos da Cocch.

Como as clientes se sentem ao utilizar os produtos da marca?

As clientes e sentem sofisticadas, bonitas, poderosas. Independente da

situação.

Quanto a marca cresceu desde o lançamento?

Os desfilem contribuíram para o crescimento da marca, o

relacionamento com as pessoas, já existem pessoas que desejam os produtos da marca

e reconhecem a marca pela imagem que foi planejada.

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Transcrição da entrevista com Ana Carolina – Designer da Chocolateria

Sobre a história da marca:

Ana Carolina se formou no curso de publicidade e ao trabalhar na área

de criação percebeu que gostaria de trabalhar com moda. Fez o curso do Centro

Europeu de moda e buscou o Senai para se aprofundar na parte técnica do

desenvolvimento de moda.

A ideia da marca veio de um insight antes mesmo de começar o curso

de moda do Senai. Durante o curso ela aproveitou as matérias para desenvolver o

conceito da marca.

Uma amiga ajudou na parte de pesquisa, principalmente a respeito do

público A e B em Curitiba. Além disso, Ana enviava questionários para amigas e ia

descobrindo quais eram os gostos do público. Por meio das pesquisas, ela percebeu

que o nicho existia e que havia espaço para uma marca curitibana, apesar da

concorrência, uma vez que não existe nenhuma marca curitibana que trabalhe com o

mesmo público. Depois da pesquisa de lançamento não houve investimento em

pesquisas quantitativas, o que é trabalhado são as conversas com as clientes.

A marca foi lançada em dezembro de 2010 em Joinville, seis meses

depois da apresentação da marca na banca do Senai.

Sobre as consumidoras:

Mulheres a cima de 18, 19 anos, românticas, delicadas, mas que

procuram peças que não são encontradas em lojas de departamento. O estilo de vida

das clientes – estudantes, algumas já trabalham, algumas acabaram de ter filho

(crianças pequenas) são bastante atarefadas, antenadas comas tendências, mas também

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procuram por roupas que poderão usar por mais tempo e que não caiam da moda. Elas

têm poder aquisitivo para investir em uma peça de roupa mais cara. Ela frequenta

cafés, teatro, bares, não costuma ir muito a baladas.

Sobre o conceito do nome Chocolateria:

O conceito de Chocolateria se baseia no desejo que a mulher tem pelo

chocolate, Ana busca passar isso para peças desejáveis. A maioria das mulheres amam

chocolate e esse sentimento doce.

O estilo da marca reflete muito o estilo da proprietária, doce,

romântica, mas contemporânea e moderna.

Sobre o posicionamento da marca:

A marca se posiciona como retro, lúdica, comportada, acessível.

D c nt , d nina co portada, contra a t ndência “piri t ”.

Ana deseja diminuir os preços pra se mostrar mais competitiva, diz

que algumas pessoas ainda acham os valores altos, mas que outras já conhecem a

qualidade da marca e que entendem que esse é um preço justo.

Sobre a personalidade da marca:

O arquétipo da marca seria a atriz Audrey Hepburn.

A personalidade da marca é visualizada na paleta de cores das

coleções, na modelagem.

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A produção é feita com a mesma profissional desde o começo da

marca, o olhar da fotógrafa deve ser mais delicado. Ana sempre está presente nas

produções de foto, catálogos, etc.

Sobre a comunicação com fornecedores e colaboradores:

Os fornecedores já entendem os materiais, cores e estampas que

refletem a marca, o que combina com ela. Os representantes estão sendo fidelizados,

alguns ainda não conhecem muito bem a marca para entender seu conceito, mas é algo

que está sendo trabalhado.

As costureiras já conhecem o estilo.

Sobre como o conceito da marca é traduzido nas peças:

A pilotagem é feita na própria designer, para então ser desdobrada a

coleção. A modelagem das roupas transmitem esses conceitos de romantismo e

feminilidade.

A modelagem é f ita para “p ssoas nor ais”, a propri tária osta d

peças com cintura marcada que para ela remete a uma silhueta feminina, mas ela sabe

que algumas pessoas não gostam desse tipo de modelo, por isso no desdobramento

desenvolve peças para esse público também, pois a coleção deve ser comercial, por

isso ela procura atender a todos os gostos.

O candy color foi utilizado nas últimas coleções porque tinha a ver

com o tema das coleções e por influência das tendências da moda, mas a próxima

coleção já vai apresentar um outro tipo de paleta.

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A marca desenvolveu peças com tingimento natural, como pinhão,

cacau (chocolate), procura usar fibras naturais, linho algodão, seda, poliéster para

estamparia digital, por conta da estamparia digital que trabalha melhor no poliéster.

A escolha da matéria prima é minuciosa. As peças são feitas para

durar muito tempo por isso a marca busca tecidos de alto padrão de qualidade, que não

deformam, não formam bolinhas, etc.

Algumas peças de coleções passadas ainda são vendidas. As peças

mesclam tendência com elemento clássicos.

Sobre como o conceito da marca é transmitido na identidade:

A identidade trabalha com elementos que remetem ao romantismo, a

logo acabou de ser remodelada. A nova logo utiliza um cupcake, que remete a fofura,

um docinho antigo. Coração, as cores são direcionadas a doçura.

As peças produzidas são: cartão, folder/postal, sacola, tag, etiqueta.

Na primeira coleção foi desenvolvido um catálogo, nas coleções

seguintes não, mas a proprietária pretende desenvolver um catálogo para a próxima,

pois pretende vender no atacado, para se comunicar com o atacadista.

A fotografia procura passar o conceito da marca, as cores das imagens

da fã page também são cuidadosamente escolhidas, sempre pra passar o conceito da

marca.

Já existe um tom de voz.

O carro chefe da marca:

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O carro chefe da marca são os vestidos, é a peça que as clientes mais

procuram. No entanto nas ultimas coleções as clientes passaram a procurar mais por

calças, ela acredita que por causa da modelagem da marca, as clientes levam que veste

melhor.

Sobre a ocasião de compra:

A marca é utilizada para trabalho, a linha de camisaria é tem uma

procura alta por apresentar alinhar qualidade e preço. E ocasiões especiais -

aniversário casamento.

Sobre a fidelidade e a frequência de compra:

Quando as clientes não encontram o produto elas aguardam a peça ser

produzida.

A frequência de compra das consumidoras é mensal, a loja abre no

sábado para facilitar a vida das clientes, pois é mais fácil de estacionar.

O nível de indicação é alto, com frequências as clientes indicam e

trazem amigas no showroom.

Sobre os serviços, os canais de venda e a experiência de compra dentro do

showroom:

Existe a linha ateliê que desenvolve peças exclusivas, edições

limitada, que não são feitas em série. São peças que pedem tecidos nobres – seda pura,

seda com patch - e desenvolvidos a pedido do cliente para ocasiões específicas. Foi

solicitação do público.

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O e-commerce é reflexo de uma necessidade percebida, pois muitas

pessoas de outros estados estavam procurando os produtos da marca, não foi uma

estratégia planejada. O foco são as lojas multimarcas que estão sendo prospectadas

para o inverno 2013. Os produtos do showroom, das lojas multimarcas e da loja virtual

são os mesmos.

Em Curitiba não há uma loja multimarca que comercialize os produtos

da Chocolateria, os produtos são encontrados apenas no showroom/ateliê.

O showroom deveria ser um escritório para receber fornecedores e as

mercadorias, mas acabou se transformando em um canal de venda. Foi instalado um

provador, foi encomendado um sofá para dar mais comodidade, para que elas se

sintam mais a vontade. O clima do ateliê é aconchegante, buscou-se deixar as clientes

a vontade, como se fosse a casa delas, elas tiram o sapato, não se incomodam de trocar

de experimentar as roupas fora do provador, ou pegar elas mesmas as roupas. São

servidos doces as clientes, vai chegar um frigobar e uma cafeteira.

Em 2012, por falta de mão de obra especializada para produzir as

peças, a marca teve que deixar de standby o projeto de crescimento, mas há o plano de

expansão para 2013.

Sobre a troca de produtos:

A troca de produtos depende do estoque de material, mas em geral as

clientes não se incomodam de pegar outra peça quando não encontram o tamanho

variado.

Sobre o nível de engajamento das clientes:

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Já existe um engajamento. Algumas clientes já desenvolveram um

relacionamento com a marca, como elas sabem que a produção não é em grande

escala, elas procuram a proprietária para reservar algumas peças mesmo antes delas

serem produzidas. Elas insistem que desejam adquirir determinada peça.

As estampas que mais saem são aquelas produzidas pela designer e

não aquelas que são compradas.

Sobre os canais de comunicação parceiros, as mídias de divulgação utilizadas pela

marca e o engajamento das clientes:

Não existe assessoria de imprensa, mas sempre que alguém entra em

contato a proprietária procura responder prontamente.

Mídia: fã page do facebook, loja virtual, site oficial, blog, Twitter e e-

mail marketing para o mailing das clientes, feitas pela proprietária – tudo na internet,

ainda não paga por mídia.

As blogueiras costuma postar as fotos dos produtos, sempre de forma

espontânea. No fim do ano a proprietária envia algum produto para as blogueiras que

parecem mais engajadas a marca. Algumas convidam a proprietária para o aniversário

do blog.

Os fornecedores ainda não conhecem a marca, as consumidoras

interagem e acompanham a marca por meio da fã page.

Sobre os eventos realizados pela marca para os clientes:

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No fim do ano vai ser realizado um coquetel para algumas clientes

mais fiéis para comemorar o fim do ano, no lançamento de coleção também serão

realizados coquetéis.

A marca foi convidada para participar do LabModa pelo organizador

do evento e já fez dois desfiles.

Sobre os concorrentes

Maria Filo, Lelis Blanc, Farm e Zara.

Como a marca se diferencia dos concorrentes.

O principal diferencial é a qualidade da matéria prima e o cuidado

com os detalhes, a modelagem que veste bem.

As clientes que já compraram sabem que as peças tem qualidade,

sabem que vão encontrar um produto que serve e que tem um caimento bom no corpo.

Acabamentos bem feitos.

Sobre a percepção de valor da marca:

Não existe uma percepção de que o produto possui uma qualidade

superior. Mas, as clientes costumam voltar. A percepção dos consumidores cresceu

bastante.

Algumas lojas já conhecem a marca, mesmo sem ser feita publicidade.

A marca já foi contada por empresas de outras cidades para vender os produtos.

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A fã pa cr sc d .000 “c rtir” para 9.0000 agora no fim do ano,

a página começou a utilizar o anúncio pago há apenas três meses.

Planos para o futuro:

Planos de expandir a marca par todo o Brasil, uma das metas é a

criação de franquias.

Política de preço:

A política de preço procura manter a competitividade com o mercado.

São feitos os cálculos dos custos da marca e uma pesquisa de mercado com os

concorrentes para saber se o preço está dentro do mercado. Não é colocada uma

margem pela exclusividade, os custos de produção ainda são muito altos e a

proprietária não sente que pode perder competitividade se agregar esse valor em cima

do preço.