57
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS CURSO DE AGRONOMIA DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DO MEL DE Apis mellifera PRODUZIDO NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DE MATO GROSSO KARINA RENOSTRO DUCATTI SINOP – MT Dezembro – 2011

Tcc Karina Renostro Ducatti

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Tcc Karina Renostro Ducatti

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS CURSO DE AGRONOMIA

DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DO MEL DE Apis

mellifera PRODUZIDO NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DE MATO GROSSO

KARINA RENOSTRO DUCATTI

SINOP – MT

Dezembro – 2011

Page 2: Tcc Karina Renostro Ducatti

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS CURSO DE AGRONOMIA

DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DO MEL DE Apis

mellifera PRODUZIDO NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DE MATO GROSSO

KARINA RENOSTRO DUCATTI Prof. Dr.ª CARMEN WOBETO

Prof. Dr.ª CLAUDINELI CÁSSIA BUENO DA ROSA

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Curso de Agronomia do ICAA/CUS/UFMT, como parte das exigências para a obtenção do Grau de Bacharel em Agronomia.

SINOP – MT

Dezembro – 2011

Page 3: Tcc Karina Renostro Ducatti

Dedico este trabalho a minha mãe Noeli e meu pai Claudio, pelo amor, incentivo e por sonhar os meus sonhos. Também aos meus irmãos Kassia e Lucas, pelo companheirismo e amizade.

“Por mais que você tente andar em linha reta, meu bem não se estresse. O mundo é um círculo gigante, uma esfera azul sem fim. E no final você sempre acaba no mesmo lugar. Então, não tenha medo de errar, de arriscar, de tentar o impossível. Tente ser o mais feliz possível nessa linha torta. Sem medo...” Danieli Zata

Page 4: Tcc Karina Renostro Ducatti

AGRADECIMENTOS A Deus, sobre todas as coisas.

Aos meus pais, Claudio e Noeli, pelo exemplo de luta, honestidade e amor ao próximo.

Obrigada por sempre colocar nossa felicidade em primeiro lugar, pela compreensão, pelos

ensinamentos e pela força, obrigada por tudo!

A minha querida irmã Kassia, por estar sempre presente cuidando de mim e incentivando

meus passos, pela paciência e, sobretudo pela amizade! Por você uma admiração

inigualável, pela determinação e coragem em correr atrás de seus sonhos.

Ao meu irmão Lucas, pelo carinho e amizade, apesar dos desentendimentos e de ser

Corinthiano.

A toda a minha família, pela união e pelos momentos inesquecíveis de muitas risadas. Em

especial à minha prima Luana, por desde sempre demonstrar empolgação pela minha

carreira.

A Karen Goulart de Lima, pela amizade, carinho e cumplicidade compartilhados a todas as

horas.

Ao grande amigo Deyvid Bueno, pela parceria e amizade durante esses anos e pelos que

virão.

A Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Sinop pela oportunidade de realização

deste trabalho e a Fundação de Amparo a Pesquisa de Mato Grosso (FAPEMAT) pelo apoio

financeiro.

Ao Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE – MT) pelo apoio logístico e

contato com os apicultores.

À Professora Doutora Carmen Wobeto pela orientação, incentivo e pela constante

aprendizagem que proporcionou crescimento à minha vida pessoal e profissional.

Aos professores Claudineli Cássia Bueno da Rosa e Márcio Roggia Zanuzo, pelo incentivo.

A Danyela de Cássia, pela ajuda na análise estatística e ao Daniel e a Juliana pela ajuda na

realização das análises.

À técnica do Laboratório de Tecnologia de Alimentos, Francismarry de Arruda, pela

disposição em me ensinar e pela ajuda durante a realização dos testes físico-químicos.

Ao pessoal da InterAgro – UFMT – Empresa Júnior de Agronomia. Aos amigos da faculdade, pelos momentos alegres e decepcionantes também, pelas festas

e pelo companheirismo. Aos grandes e eternos amigos, que mesmo distantes, fazem parte dessa conquista e

estarão sempre em meu coração: Dani, Marilene, Mariana, e Vilmara.

Page 5: Tcc Karina Renostro Ducatti

SUMÁRIO RESUMO E PALAVRAS-CHAVE ..........................................................................................5

ABSTRACT E KEYWORDS ..................................................................................................6

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................7

2. OBJETIVOS .......................................................................................................................8

2.1 Geral ................................................................................................................................8

2.2 Específicos .......................................................................................................................8

3. JUSTIFICATIVA .................................................................................................................9

4. REFERENCIAL TEÓRICO ...............................................................................................11

4.1 Origem da Apicultura ......................................................................................................11

4.2 Apicultura no Brasil .........................................................................................................12

4.3 Produção de Mel ............................................................................................................12

4.4 Apicultura no Mato Grosso .............................................................................................14

4.5 Apicultura na região norte do estado de Mato Grosso ....................................................14

4.6 Composição do Mel ........................................................................................................15

4.7 Qualidade físico-química do mel .....................................................................................17

4.8 Boas Práticas Apícolas ...................................................................................................20

5. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................24

5.1 Material analisado ..........................................................................................................24

5.2 Avaliação das condições higiênico-sanitárias dos apiários e casas de mel ....................25

5.3 Análises físico-químicas .................................................................................................26

5.3.1 Umidade ..................................................................................................................26 5.3.2 Sólidos insolúveis em água .....................................................................................26 5.3.3 Cinzas .....................................................................................................................27 5.3.4 Acidez livre ..............................................................................................................27 5.3.5 Índice de diastase ....................................................................................................27 5.3.6 Hidroximetilfurfural (HMF) ........................................................................................27

5.4 Análise Estatística ..........................................................................................................28

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................29

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................48

ANEXO A . ...........................................................................................................................53

Page 6: Tcc Karina Renostro Ducatti

5

RESUMO

A expansão da atividade apícola no Brasil é possibilitada pelo tripé clima-temperatura-florada encontrado no país, porém um dos fatores que podem ser limitantes ao sucesso do empreendimento está relacionado com a qualidade do produto ofertado. O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade físico-química do mel de Apis mellifera produzido na região norte de Mato Grosso e diagnosticar in loco as condições higiênico-sanitárias dos apiários e casas de mel. Foram coletados os méis provenientes de três apicultores de cada uma das quatro associações (Sorriso, Ipiranga do Norte, Nova Ubiratã e Sinop), em três fases distintas da extração. Os parâmetros analisados foram umidade, cinzas, acidez livre, índice de diastase, hidroximetilfurfural e sólidos insolúveis. Para umidade, índice de diastase e hidroximetilfurfural, os méis de todos os produtores estão dentro dos limites definidos pela legislação. Em relação a cinzas, o produtor 2 e 3, de Sorriso e Ipiranga do Norte, respectivamente, apresentaram teores superiores a 0,6 g.100g-1. Teores de acidez livre inadequados foram encontrados nas amostras do produtor 2 e 3, de Sorriso e Sinop, e do produtor 1 de Ipiranga do Norte. Para sólidos insolúveis em água, as amostras do produtor 1 de Sorriso e Ipiranga do Norte e do produtor 2 de Sinop, revelaram inconformidade com a legislação vigente. Os principais entraves observados neste estudo foram a inadequação das instalações de processamento do mel e falhas na higiene dos manipuladores. Estes problemas poderiam ser solucionados com investimentos em cursos de boas práticas apícolas e implantação de casas de mel por associação. Palavras-chave: análise físico-química, condições higiênico-sanitárias, hidroximetilfurfural.

Page 7: Tcc Karina Renostro Ducatti

6

ABSTRACT

The expansion of brazilian apicultural activity is possible by climaticals, temperature and flora tripod’s condition found in this country. However, the product qualitity can limitated underteken success. The purpose of this work was avalue phisical and chemical qualitity of honey produced by Apis mellifera in northern Mato Grosso and diagnose in loco the sanitary conditions apiaries and honey house. The honey was provided by three beekeepers from each one of four associations (Sorriso, Ipiranga do Norte, Nova Ubiratã e Sinop), in three distinct extraction stage. The analyzed parameters was moisture, free acidity, ashes, diastase activity, hidroximetilfurfural and insoluble solids. For moisture, diastase activiy and hidroximetilfurfural, honeys of all producers are within the limits defined by the law. The producer 2 e 3, from Sorriso e Ipiranga do Norte, respectively, showed ashes levels up from 0,6 g.100g-1. Inadequate levels for free acidity were found in honey samples by producers 2 e 3, from Sorriso e Sinop, and producer 1 from Ipiranga do Norte. To insoluble solids, samples from producer 1 from Sorriso and Ipiranga do Norte and producer 2 from Sinop, revealed disagreement with current legislation. The main barriers observed in this study were installations inappropriate of honey processing and and failures in hygiene handler. This problems would have been solved with investiments in good apicultural pratice courses and implantation of honey houses per association. Keywords: physical-chemical analysis, sanitary conditions, hidroximetilfurfural.

Page 8: Tcc Karina Renostro Ducatti

7

1. INTRODUÇÃO

O Brasil possui um grande potencial apícola ainda a ser explorado, devido à sua

biodiversidade e condições de temperatura típicas de um país tropical, além da

disponibilidade de diferentes floradas durante o ano todo, essencial para produção de mel.

Apesar dessas vantagens em relação aos outros países, não é o maior produtor de mel,

ocupando apenas o 11º lugar no ranking de produtividade (MAPA, 2009). A apicultura é uma

atividade que está a caminho do profissionalismo, alavancada por sua sustentabilidade, sem

impacto para o meio ambiente. No Mato Grosso, com três biomas e condições favoráveis,

surge como promissora, apresentando um grande potencial de incremento.

Como o produto mais importante da cadeia produtiva apícola, o mel alcançou esse

patamar graças à suas qualidades que permitem aplicação na alimentação humana,

indústria farmacêutica e de cosméticos. O pilar que sustenta esse sucesso de

comercialização são as abelhas Apis mellifera, responsáveis por uma das mais importantes

atividades, a polinização de plantas e produção de mel, entre outros produtos.

O mel possui propriedades variáveis de acordo com a origem floral, espécie de

abelhas, maturação do mel, umidade, temperatura e cuidados do apicultor na hora da

colheita, que influem nas características de cor, aroma e sabor do produto final. Após sua

colheita continua sofrendo alterações físicas e químicas, podendo sofrer contaminações,

embora sejam quase insignificantes quando comparadas a outros produtos de origem

animal, mas que acabam interferindo na qualidade do produto (CRANE, 1987).

A preocupação de se produzir um alimento livre de contaminantes é o principal foco

da apicultura mundial, o que requer cuidados durante todas as etapas que vão desde a

coleta até a extração, e podem envolver o beneficiamento e a manipulação inadequados,

bem como armazenamento e acondicionamento inapropriados. O objetivo de alcançar a

qualidade é garantir um alimento seguro, com todas as suas características originais

preservadas (ARAÚJO, 2006).

Assim, a produção de mel deve andar lado a lado com a certificação de um alimento

seguro e com qualidade, reforçando a importância de realizar um diagnóstico da apicultura

brasileira e das características dos produtos comercializados, para possibilitar a ação de

atividades de capacitação, buscando melhorias na produtividade e no próprio produto.

Este estudo tem como objetivo diagnosticar a qualidade do mel produzido na região

norte do estado de Mato Grosso, compreendendo os municípios de Sinop, Nova Ubiratã,

Sorriso e Ipiranga do Norte, através de seus parâmetros físico-químicos e a partir desses

resultados direcionar atividades corretivas na cadeia produtiva apícola.

Page 9: Tcc Karina Renostro Ducatti

8

2. OBJETIVO

2.1 Geral:

Obter um diagnóstico da qualidade físico-química do mel produzido nos municípios

de Sinop, Nova Ubiratã, Sorriso e Ipiranga do Norte, localizados no norte do Mato Grosso.

2.2 Específicos:

• Averiguar as condições higiênico-sanitárias dos apiários e casas de mel na região

norte de Mato Grosso.

• Avaliar a qualidade físico-química do mel produzido nas associações dos municípios

de Sinop, Nova Ubiratã, Sorriso e Ipiranga do Norte – MT;

• Identificar os prováveis entraves na cadeia produtiva local, baseando-se nos

resultados das análises.

Page 10: Tcc Karina Renostro Ducatti

9

3. JUSTIFICATIVA

O Brasil, em todo o seu espaço geográfico, possui condições de solo e clima

favorável e uma vegetação exuberante e rica em floradas, propensos ao desenvolvimento

da apicultura. O estado de Mato Grosso apresenta um grande potencial apícola,

possibilitado por seus três biomas (Pantanal, Cerrado e Amazônia), com capacidade para

aumentar sua produção, sem dispensar a qualidade do produto.

O grande avanço do mercado consumidor mundial está baseado em dois grandes

valores: qualidade e rastreabilidade do produto. O primeiro é definido por parâmetros de

qualidade, físico-químicas e microbiológicas e certificada pelos órgãos fiscalizadores para

garantir a comercialização de um produto livre de contaminações e quaisquer outros

constituintes que possam causar danos à saúde humana. O segundo se baseia no princípio

de conhecer toda a cadeia produtiva daquele produto, desde a sua produção até a chegada

à mesa do consumidor. No caso específico do mel, isso engloba fases de colheita,

processamento no entreposto e casa do mel, envase e armazenamento, de modo que esses

processos sejam executados seguindo as Boas Práticas Apícolas, que quando realizadas

sistematicamente, garantem um produto final seguro e de qualidade (SEBRAE, 2009).

A apicultura se baseia em um tripé de sustentabilidade, englobando e integrando

aspectos ecológicos, sociais e econômicos, sendo uma das poucas atividades

agropecuárias com essas características. É uma atividade conservadora de espécies, sem

causar nenhum impacto ambiental negativo, na qual as abelhas são responsáveis pela

manutenção da biodiversidade desses ecossistemas, principalmente pela indispensável

tarefa por elas desempenhada: a polinização. O seu lado social é que a mão-de-obra

utilizada é familiar, diminuindo o êxodo rural e fortalecendo os laços de união entre a família

e o meio rural. E quanto ao fator econômico, é um empreendimento desenvolvido a partir de

baixos investimentos e custos operacionais, podendo ser instalada em pequenas áreas e

consorciada com outras atividades, como a agricultura; de maneira geral, a renda gerada é

mais segura, quando comparada com a pecuária, por exemplo, já que se nota um interesse

crescente por produtos naturais, com propriedades alimentícias e terapêuticas, além dos

bons preços que os produtos apícolas alcançam no mercado, não possuem tanta

dependência quanto a fatores externos, com a chuva. Merece destaque também a

variedade de produtos que podem ser comercializados oriundos dessa atividade.

Na porção norte do estado de Mato Grosso, mais precisamente nos municípios de

Sinop, Nova Ubiratã, Sorriso e Ipiranga do Norte, a apicultura é uma atividade relativamente

nova com potencial de crescimento, já que se insere numa região de transição entre

Cerrado e Floresta Amazônica, com grande disponibilidade e diversidade de florada. O

essencial para o fortalecimento dessa atividade, que ainda engatinha, é o diagnóstico da

Page 11: Tcc Karina Renostro Ducatti

10

qualidade do mel produzido na região, que ainda não conta com um selo de fiscalização,

nem certificação, já que não há informações sobre a qualidade do mel produzido. Destaca-

se a importância do trabalho para reunir informações que auxiliem no desenvolvimento da

atividade apícola, visando a identificação de problemas e consequentemente a melhoria das

esferas de produção e comercialização.

Além disso, nesses municípios os apicultores estão organizados em associações,

buscando o fortalecimento da atividade e facilitando a obtenção de selo para

comercialização, já que os méis serão todos extraídos em uma mesma casa de extração ou

casa de mel e irão compor um mesmo produto. Como os méis colhidos por diferentes

produtores serão misturados para processamento e comercialização, esse diagnóstico irá

ajudá-los no processo de padronização da produção, para que os produtos sejam

produzidos de forma homogênea, seguindo as regras estabelecidas, de maneira que um mel

não afete o outro.

Page 12: Tcc Karina Renostro Ducatti

11

4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Origem da Apicultura

O surgimento das flores a cerca de 135 milhões de anos permitiu que as abelhas

passassem por um processo evolutivo e começassem a se alimentar do pólen ao invés de

pequenos insetos. O que contribuiu para um aumento na diversidade de abelhas, hoje

estimadas em 40 mil espécies, com apenas 2% melíferas, sendo que as mais conhecidas

são as do gênero Apis (DUARTE; ARAÚJO, 2006).

Além dessa missão básica de polinizar as flores, contribuem com produtos para

alimentação e saúde do homem, são eles: mel, geleia real, pólen, própolis, cera e apitoxina,

etc.

A abelha representa uma combinação de características individuais e cooperação

social indescritíveis. O enxame de abelhas tem três tipos de membros: rainha, zangões e

operárias. A infra-estrutura do ninho é basicamente constituída de favos, uniformes e

funcionais, utilizados desde berço de larvas até centro de mensagens, bem como para as

interações entre os membros do enxame, tanto individuais quanto sociais (WINSTON,

2003).

Essa estrutura organizacional em castas, com as funções bem definidas entre elas, é

feita sempre para garantir a sobrevivência e manutenção do enxame. A função da rainha é a

postura de ovos e manutenção da ordem social, ela tem quase o dobro do tamanho de uma

operária e se alimenta do mais rico alimento produzido, a geléia real, constituída de

vitaminas, proteínas e hormônios. O zangão tem função puramente de fecundar a rainha

durante o vôo nupcial, sendo que durante a cópula seu órgão sexual fica preso a rainha,

causando a sua morte. E as operárias realizam toda a manutenção da colméia, produção

cera, defesa da colmeia, cuidados com a alimentação das larvas e da rainha, coleta de

néctar e pólen e seu processamento, de acordo com sua idade e atividade hormonal

(PEREIRA et al. 2003).

O fascínio do homem pelas abelhas teve início há mais de 7.000 anos, quando era

usado para fins medicinais e alimentares, e sua extração feita de modo extrativista. Os

egípcios são considerados pioneiros na criação de abelhas e os primeiros a adotar uma

forma de manejo, há cerca de 2.400 a.C. Os enxames eram aninhados em potes de barro,

permitindo o transporte e manuseio das “colmeias”, que era feito de modo primitivo. Na

antiguidade, foram denotadas de tamanha importância que passaram a ser consideradas

sagradas, um símbolo de riqueza, de tal modo que em alguns países existiam leis que

protegiam as árvores, por ser abrigo natural de abelhas. Passaram também a representar

um símbolo de poder, estampadas em brasões, coroas e até moedas. Os enxames foram

reconhecidos como de grande importância econômica e passou-se a pesquisar e testar

Page 13: Tcc Karina Renostro Ducatti

12

melhores colméias artificiais que protegessem os enxames e facilitassem a colheita do mel

(PAULA, 2008).

Até que no ano de 1851, Lorenzo Lorraine Langstroth, reverendo americano, como

resultado de diversas pesquisas, desenvolveu a colméia de quadros móveis, utilizada até

hoje como padrão no manejo e criação racional das abelhas (PEREIRA et al. 2003).

4.2 Apicultura no Brasil

A partir de 1839 foi introduzida no Brasil a abelha preta européia, Apis mellifera

mellifera, trazida pelos Jesuítas, de Portugal e Alemanha, popularmente conhecida como

abelha “europa”. Naquela época eram conhecidas aqui apenas as abelhas sem ferrão

nativas do gênero Meliponae, como: mandaçáia, jataí, uruçú, dentre outras. Mais tarde,

entre 1870 e 1880, foram trazidas também da Alemanha, as abelhas amarelas italianas, da

espécie Apis mellifera ligustica (KERR, 1980).

Entretanto, nessa sua primeira fase foi considerada como um hobby, sem caráter

profissional, nem fins econômicos, com uma produção apícola baixa e equipamentos

importados, sem associações e nem cooperativas. Em meados da década de 50 a produção

era de cerca de 4 mil toneladas por ano, consumidos apenas no mercado interno. Essa

situação tomou novos rumos com o surgimento da revista “Brasil Apícola”, fomentando a

apicultura no país, juntamente com uma campanha do governo em prol do desenvolvimento

apícola. Formalmente iniciada com a convocação do Engenheiro Agrônomo, Warwick

Estevam Kerr, geneticista especialista em abelhas, para um estudo sobre a situação do país

e identificação de problemas (GONÇALVES, 2000).

Após vários estudos, em 1956, o geneticista trouxe ao Brasil as abelhas africanas

(Apis mellifera scutellata) que apresentavam produtividade superior as já existentes no país

e que acidentalmente fugiram e cruzaram com as abelhas européias trazidas pelos

imigrantes europeus, originando um híbrido, mais produtivo e mais resistente às doenças.

Nesse período, devido à agressividade das abelhas africanizadas e dos híbridos

gerados através do seu cruzamento, a atividade apícola diminuiu no país, pois os

apicultores estavam habituados à facilidade de manejo das abelhas européias. Todavia,

logo as características positivas das abelhas africanizadas foram se destacando e ganhando

a preferência dos produtores, representando 90% das abelhas existentes no país

atualmente. De lá para cá a produtividade deu um salto de 4 mil toneladas para 40 mil

toneladas por ano, um aumento de dez vezes desde a década de 50 (PAULA, 2008).

4.3 Produção de Mel

A apicultura é uma atividade que atende a critérios técnicos adequados ao tripé de

sustentabilidade (ecológico, social e econômico), sem nenhum impacto ambiental negativo.

Page 14: Tcc Karina Renostro Ducatti

13

O Brasil possui um grande potencial apícola ainda a ser explorado, podendo atingir 200 mil

toneladas por ano, com um aumento de 300% na produção de mel/colméia/ano, que

atualmente é de 16 kg/colméia/ano. Para triplicar a produção de mel, como suposto, o

apicultor deve adotar as Boas Práticas Apícolas, viabilizando economicamente a atividade

ao mesmo tempo em que assegura a qualidade do produto e, conseguintemente, a

comercialização (SOUZA, 2007).

Segundo o Departamento de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário

(Deagro/Mapa), o Brasil é o 11º maior produtor de mel, com cerca de 40 mil toneladas

anuais e o 5º maior exportador mundial, com 4% do mercado. Em 2008, o País exportou 9,7

mil toneladas (27% da produção), enquanto que em entre janeiro e julho de 2009, as vendas

alcançaram 18 mil toneladas (equivalente a US$ 44 milhões), praticamente dobrando a

exportação em relação ao ano anterior, a um custo médio de US$ 2,48 por quilograma de

mel. A cadeia produtiva do mel no País envolve 350 mil apicultores, sendo que o preço do

mel pago ao produtor é de R$ 3,20 a R$ 3,40 por quilograma (MAPA, 2009). Em 2001, o Brasil entrou no cenário mundial como exportador de mel, devido a

problemas com os grandes produtores de mel: China e Argentina. Fatores que contribuíram

para uma avalanche de mudanças nas práticas apícolas, buscando uma maior qualidade

dos produtos devido à necessidade do comprimento das normas impostas pelo mercado

que regulamentam o comércio de alimentos seguros. O certificado de alimento seguro é

obtido apenas após descrição dos procedimentos realizados desde a produção até o

consumo (SEBRAE, 2009).

A vasta extensão territorial, a variabilidade climática e diversidade de flora, somados

com as características de resistência e produtividade das abelhas africanizadas permitem

que o Brasil produza mel durante todo o ano, apresentando um grande potencial apícola a

ser explorado (MARCHINI apud SILVA, 2007). O que evidencia a importância da realização

de um diagnóstico da apicultura brasileira, bem como da qualidade do mel comercializado

através de análises físico-químicas, direcionando atividades de apoio para o seu

desenvolvimento (SILVA, 2007).

O Brasil é reconhecido, hoje, no cenário apícola mundial, pelo domínio da

metodologia de controle e manejo das abelhas africanizadas que, aliada com a grande

diversidade de floradas naturais e silvestres, livres do risco de contaminação pelo uso de

agrotóxicos, dá ao país uma grande vantagem competitiva em relação aos seus

concorrentes diretos, em razão do elevado potencial de produção de mel orgânico (PAULA,

2008).

Page 15: Tcc Karina Renostro Ducatti

14

4.4 Apicultura no Mato Grosso

O estado de Mato Grosso tem grande potencial apícola baseado na diversidade de

ecossistemas, constituídos de três biomas: Cerrado, Pantanal e Amazônia. Esses biomas se

destacam pela grande diversidade de fauna e flora, proporcionando uma grande variedade

de méis, de sabores e odores diferentes, enriquecidos com pólen e néctar de várias

espécies florais. Os apicultores estão organizados em 30 associações, uma cooperativa,

uma federação, seis casas de mel e três entrepostos (BORDINI, 2009).

Segundo Walmir Guse, presidente da Federação das Entidades Apícolas do Estado

(Feapismat), a apicultura mobiliza 1.135 apicultores e cerca de 10.600 colmeias, sendo

baseada em três fatores principais: setor de produção, processamento e comercialização. O

setor de produção apresenta um grande potencial de incremento; o processamento precisa

ser aprimorado e organizado conforme as normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA); e a comercialização do mel aumentada através de programas de

incentivo ao consumo, ressaltando suas propriedades nutricionais. Como já vem sendo feito

em alguns municípios do estado, nos quais o mel foi incluído na merenda escolar (BORDINI,

2009).

A Cooperativa de Apicultores do Mato Grosso (Coapismat) é constituída por um total

de 43 associados, sendo a primeira cooperativa do estado a deter o Selo de Inspeção

Estadual (Sise). No ano de 2008, a produtividade alcançou as 22 mil toneladas de mel

(BORDINI, 2009).

4.5 Apicultura na região norte do estado de Mato Grosso

Um diagnóstico de produção de mel realizado pelo SEBRAE (2008) no município de

Sinop - MT e região, compreendendo os municípios de Nova Ubiratã, Santa Carmen, Sorriso

e Ipiranga do Norte, permitiu um levantamento da realidade apícola da porção norte do

estado de Mato Grosso. Dentre esses municípios, o maior produtor da região é Santa

Carmem, com 22.610 kg, seguido de Nova Ubiratã com 19.480 kg, Sorriso com 7.550 kg e

Sinop com 3.240 kg, produção anual em 2008. Em relação à Ipiranga do Norte, não foram

encontrados dados sobre a sua produção de mel.

A Associação dos Apicultores do Norte de Mato Grosso (Apisnorte) foi fundada com

o objetivo de obter a certificação para comercializar o mel, a própolis e outros produtos. A

sede é localizada no município de Sinop – MT, presidida pelo apicultor Beno Kaiser,

abrange cerca de 20 municípios da região, com uma produção estimada de 200 mil

toneladas, sendo que uma colmeia produz em média 30 kg de mel por ano (VIÊRO, 2011).

.

Page 16: Tcc Karina Renostro Ducatti

15

4.6 Composição do Mel

O mel, por definição, é um produto natural de abelhas obtido a partir do néctar das

flores (mel floral), de secreções de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos

sugadores de partes vivas das plantas (mel de melato), que as abelhas recolhem,

transformam, combinam com substâncias próprias e deixam maturar nos favos das

colméias, dando origem a essa substância viscosa e rica em açúcares (CAMPOS, 2000).

A composição do mel depende principalmente, das fontes vegetais (florada) das

quais ele é derivado, espécie de abelhas, estado fisiológico da colônia, maturação do mel,

tipo de solo, clima no momento da colheita e também, com influência menor, o manejo do

apicultor (CRANE, 1987). Além de afetar a composição do mel, esses fatores também

influem nas características de cor, aroma e sabor do produto final.

Segundo Lengler (2000), o néctar, constituído basicamente de água e açúcar, sofre

dois processos ao entrar na colmeia, um físico e outro químico. O processo químico é

devido à ação de enzimas, tais como a invertase, amilase e glicose-oxidase, adicionadas

ainda durante o transporte e que deixarão o mel pronto para ser regurgitado nos alvéolos do

favo, algumas dessas enzimas são a invertase, amilase, glicose oxidase. O processo físico

consiste na evaporação na colmeia e absorção no papo, a desidratação. Com isso o mel

perde água e seus componentes sólidos ficarão concentrados, estando pronto para terminar

a maturação nos alvéolos dos favos, para ser operculado em seguida.

Como já foi dito, o mel é produzido a partir do néctar das flores, que sofre

transformações através de substâncias específicas produzidas pelas abelhas, sendo

basicamente constituído de açúcares simples (monossacarídeos), na sua maioria por

glicose e frutose. Além dos açúcares, também são encontrados na sua composição sais

minerais, aminoácidos livres, pigmentos, vitaminas, enzimas, ácidos orgânicos, substâncias

aromáticas, dentre outras; como pode ser observado na Figura 1. Podendo ser fluido,

viscoso ou até mesmo sólido (SEBRAE, 2009).

Page 17: Tcc Karina Renostro Ducatti

16

17%

40%

32%

8% 3% 1%

Água

Frutose

Glicose

Maltose

Sacarose

Proteínas, aminoácidos, vitaminas e minerais

Figura 1. Composição química do mel. Fonte: www.criareplantar.com.br

Esses dois principais monossacarídeos constituintes, glicose e frutose, são os

grandes responsáveis por importantes características do mel, o predomínio da concentração

de um sobre o outro influencia na granulação, umidade, higroscopicidade e atividade de

microorganismos. A glicose, por exemplo, determina a tendência à cristalização do mel,

devido a sua baixa solubilidade. Essa precipitação aumenta o teor de umidade da fase

líquida e permite que as células de leveduras osmofílicas (microorganismos que se

desenvolvem em condições de baixa atividade de água e alta concentração de glicídios),

que ocorrem naturalmente no mel, se multipliquem e provoquem a fermentação do produto,

diminuindo sua aceitação pelo mercado consumidor. A frutose, no entanto, é uma

substância altamente higroscópica, ou seja, capaz de absorver água do ar, e geralmente

encontrada em maior quantidade que a glicose na maioria dos méis (LENGLER, 2000).

Além desses monossacarídeos, também foram identificados a presença de

oligossacarídeos e polissacarídeos, entre eles: maltose, turanose, isomaltose, erlose e

melibiose; são poucos os estudos relacionados com essa fração do mel (MOREIRA; MARIA,

2001).

As enzimas invertase, amilase e glicose oxidase são produzidas nas glândulas

hipofaringeanas e adicionadas ao néctar no transporte até a colméia, e são responsáveis

por reações de transformação da sacarose em glicose e frutose, hidrólise do amido e reação

com glicose formando ácido glucônico e peróxido de hidrogênio, respectivamente

(MACEDO, 2007).

A presença dos ácidos orgânicos, principalmente ácido cítrico e glucônico, são

responsáveis pela diversidade de sabor do mel e também através de sua oxidação geram

peróxido de hidrogênio, um potente bactericida. Também contribuindo para as propriedades

sensoriais do mel, estão as substâncias aromáticas, como os ácidos carboxílicos, fenóis,

Page 18: Tcc Karina Renostro Ducatti

17

cetonas, aldeídos, dentre outros. Dentre os minerais são encontrados o potássio, magnésio,

sódio, cálcio, fósforo, ferro, manganês, cobalto, cobre, ou seja, possui a maioria dos

minerais essenciais para o organismo humano. Os pigmentos do mel são da classe dos

carotenóides, antocianinas e flavonas. E quanto às vitaminas, contém apenas traços de

vitaminas A, B2, C e B6 (SILVA, 2006).

O conteúdo de aminoácidos livres no mel gira em torno de 0,3% e os mais comuns

são a prolina, ácido glutâmico, alanina, fenilalanina, tirosina, leucina, e isoleucina. Em

algumas amostras, segundo Lengler (2000), foram encontrados de 11 a 21 aminoácidos.

Dentre eles, a prolina é encontrada em maior quantidade, variando de 49 a 59% do

conteúdo total de aminoácidos. A quantidade de aminoácidos presentes está relacionada

com a origem floral e a características do pólen e do néctar coletados para sua formação, o

que significa que méis de cor clara e de cor escura possuem teores diferenciados (SILVA,

2006).

4.7 Qualidade físico-química do mel

A fim de que se possa garantir um produto de qualidade e um alimento seguro,

devem ser seguidas normas para produção de mel isento de contaminantes, e quaisquer

práticas que possam alterar suas características, já que é um produto que após a colheita

continua sofrendo modificações físicas, químicas e organolépticas (ARAÚJO, 2006).

A qualidade do mel produzido está relacionada com a manutenção das

características que o mel tinha antes de ser retirado da colméia. Isso depende da origem do

néctar, tipo de florada e principalmente com o manejo do apicultor durante a retirada do mel

e todo o processamento, até esse produto ser envasado e comercializado.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é o órgão responsável

pelo estabelecimento de requisitos mínimos de qualidade e de funcionamento para os

estabelecimentos que processam mel, exigindo programas de garantia da qualidade como

as Boas Práticas de Fabricação (BPF), a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

(APPCC) e a participação no Programa Nacional de Controle de Resíduos para o mel

(PNCR), para conferir se as características do mel estão em conformidade com o

determinado na legislação (SEBRAE, 2009).

Os requisitos para que o mel possa ser comercializado e utilizado no consumo

humano estão definidos na Instrução Normativa nº 11, de 20 de outubro de 2000 e são

constituídos de características sensoriais, físico-químicas, de deterioração e de

acondicionamento, sendo que variam de acordo com a origem, mel floral ou mel de melato.

As características sensoriais a serem observadas são quanto à cor (variável de

incolor a pardo escuro), aroma e sabor (de acordo com a sua origem) e consistência (varia

de acordo com o estado físico).

Page 19: Tcc Karina Renostro Ducatti

18

Os requisitos mínimos para características físico-químicas podem ser observados na

Tabela 1 a seguir:

Tabela 1. Valores estabelecidos pela Instrução Normativa nº11 de 2000 que regulamenta a identidade e qualidade do mel. (-) Mesmos valores definidos para mel floral e mel de melato.

Parâmetros Mel floral Mel de melato Açúcares redutores Mínimo 65g.100g-1 Mínimo 60g.100g-1

Umidade 20 g.100g-1 - Sacarose aparente Máx. 6g.100g-1 Máx. 15g.100g-1

Sólidos insolúveis em água Máx. 0,1 g.100-1 - Minerais (Cinzas) Máx. 0,6 g.100g-1 1,2 g.100g-1

Acidez livre Máx. 50 meq.kg-1 - Índice de diastase Mínimo 8 na escala de Göthe - Hidroximetilfurfural Máx. 60 mg.kg-1 -

O mel pode apresentar-se em granel ou fracionado, acondicionado em embalagem

apta para alimento, adequada para as condições previstas de armazenamento e proteção;

na forma de favo ou mel com pedaços de favo devem ser somente acondicionados em

embalagens destinadas a venda direta ao consumidor (BRASIL, 2000). Esses valores são

importantes para determinar se o mel que está sendo comercializado e consumido não é

adulterado e é de boa qualidade.

A coloração do mel depende principalmente da origem da flor, variando de quase

incolor (âmbar claro) à castanho escuro (âmbar). Essa característica influencia apenas na

preferência do consumidor, que escolhe o produto apenas pela aparência. Geralmente o mel

de cor mais clara tem maior valor comercial (VENTURINI, 2007). Quando se relaciona cor e

sabor, se verifica que méis mais claros possuem sabores mais suaves, ao passo que méis

mais escuros têm sabores mais fortes (ALMEIDA, 2009). Esses três aspectos, cor, aroma e

sabor, estão relacionados com a origem da florada, altitude, temperatura, solo e clima do

local.

As características físico-químicas são utilizadas como indicadoras de maturidade, de

pureza e de deterioração. As análises indicadoras de maturidade comprrendem açúcar

invertido, umidade e sacarose aparente.

Açúcares invertidos são originados da quebra da sacarose pela ação do ácido

tartárico ou cítrico na presença do calor, resultando em glicose e frutose, ou seja, açúcares

redutores (SOUZA, 2007). Teores maiores do que os especificados na legislação indicam

adulteração do mel através da adição xarope de açúcares invertidos.

O teor de umidade do mel está relacionado com a qualidade e estabilidade quanto à

fermentação, viscosidade e cristalização durante a estocagem, sendo que níveis maiores do

Page 20: Tcc Karina Renostro Ducatti

19

que os aceitáveis podem comprometer o tempo de prateleira desse produto e até sua

comercialização (POSSAMAI, 2005). Quando isso acontece o mel é definido como “verde”,

pois as operárias ainda não opercularam totalmente, ou seja, não retiraram toda água do

produto. Devido a esses fatores, a umidade relativa do ar deve ser levada em conta na

escolha do dia da coleta do mel, procurando dias com UR menor que 60%, já que o mel é

um composto higroscópico, capaz de absorver água do ar. O mel só deve ser colhido

quando 80% dos favos estiverem operculados, para o apicultor não correr o risco de colher

um mel com crias e comprometer a sua qualidade (CAMARGO, 2002).

O alto teor de umidade favorece o processo da fermentação, causado pela ação de

microorganismos (leveduras) presentes no mel, e que ao encontrar essas condições

favoráveis para sua atividade agem sobre a glicose e frutose, produzindo álcool etílico e

dióxido de carbono, conferindo um sabor azedo ao mel, tornando-o impróprio para o

consumo. A alta umidade influencia outras características do mel, como a cristalização e a

viscosidade. Méis com umidade superior a 18% são mais suscetíveis à cristalização, que

também é influenciada pela alta relação glicose frutose maior que dois. É uma característica

de mel puro, sem adulteração, que consiste na separação entre glicose e frutose (SOUZA,

2007). A viscosidade é relacionada com a densidade do mel, que é influenciada pela

presença de maior ou menor quantidade de água, ou seja, umidade. Visto que quanto mais

umidade, menor o teor de viscosidade (VENTURINI, 2007).

A sacarose aparente (açúcar composto) indica a quantidade desse composto no mel,

que não deve ser superior a 6% (ANACLETO et al. 2009). Quando encontrado em níveis

superiores que os aceitos na legislação, pode significar que o mel foi colhido “verde”, ou

seja, a sacarose não foi totalmente transformada em glicose e frutose pela ação da enzima

invertase, não estando maduro (AZEREDO, 1999).

Já as características de pureza quanto à sólidos insolúveis, revela quanto de

substâncias insolúveis estão presentes no mel, como cera e grãos de pólen, indicativo de

procedimentos errados na decantação e filtração do mel (SILVA, 2007). A quantidade de

cinzas está relacionada com a quantidade de minerais presentes no mel, revelando muito da

sua origem floral (MARCHINI, 2005). Segundo Venturini (2007), se esse valor for muito alto,

significa que o mel sofreu adulterações. E por último nesse parâmetro de avaliação, é

avaliada a presença de grãos de pólen, sendo que todo mel deve obrigatoriamente

apresentar.

Enquanto que o índice de deterioração do produto indica o nível de frescor do mel,

se é novo ou velho, sofreu algum tipo de aquecimento ou armazenamento prolongado. É

determinado pela atividade de microorganismos (fermentação), atividade diastásica e

hidroximetilfurfural. A atividade diastásica é relacionada com a presença e atividade da

enzima diastase, que é maior quanto maior o frescor do mel e menor tempo de

Page 21: Tcc Karina Renostro Ducatti

20

armazenamento, à medida que o mel vai se tornando “velho” e prolongadamente

armazenado, a diastase vai diminuindo (SEBRAE, 2009). O hidroximetilfurfural (HMF) é

resultado da quebra de monossacarídeos (glicose e frutose) na presença de um ácido,

quanto mais novo o mel menor a quantidade de hidroximetilfurfural. Quando encontrado em

valores superiores aos determinados na legislação, o mel pode ter sofrido

superaquecimento, deterioração ou armazenamento prolongado (ANDRADE et al. 2008). É

um dos maiores indicativos utilizados para qualidade do mel, junto com a umidade,

principalmente a nível de exportação (ALMEIDA, 2009).

4.8 Boas Práticas Apícolas

O sistema de produção de mel é composto de diversos fatores, tais como: instalação

do apiário, equipamentos e materiais, preparo das colméias, povoamento, manejo produtivo,

sanidade apícola, coleta e extração, preparação e trabalhos da unidade de extração e

manipuladores, processamento do mel no entreposto e comercialização. Cada etapa contém

seus perigos (físicos, químicos ou biológicos), que para serem evitados devem seguir uma

série de considerações, para garantir um produto final seguro e de qualidade, passível de

ser comercializado no rigoroso mercado de produtos apícolas. A garantia de uma produção

segura se dá através da aplicação de Boas Práticas Apícolas (BPA) (SEBRAE, 2009).

Durante todo esse longo sistema de produção iniciado com a colheita do mel, o

apicultor tem que estar atento às boas práticas apícolas desde o primeiro contato com o

produto para garantir sua qualidade e preservar suas características originais. Logo na

primeira fase de manejo do mel, ele já está suscetível a sofrer alterações devido as

condições do ambiente, instalações, equipamentos utilizados, manipulação e principalmente

higienização em cada uma dessas etapas. É importante lembrar que a maioria dos

apicultores executam essas práticas criteriosas de higiene apenas durante o

beneficiamento, já na casa do mel (CAMARGO, 2002).

O mel pode sofrer contaminações físicas, químicas e biológicas (microbiológicas). Os

perigos físicos estão relacionados a sujeiras (corpos estranhos) adicionadas ao mel, como

areia, fragmentos de vegetação, pedaços de insetos, gravetos, oriundos do campo ou de má

higienização dos utensílios e do próprio manipulador. As contaminações químicas podem

ocorrer devido à instalação de o apiário ser próxima a uma área agrícola com aplicação de

agrotóxicos, utilização de antibióticos no combate a doenças das abelhas e até mesmo

sabão utilizado para lavar os equipamentos que serão utilizados (SEBRAE, 2009).

As contaminações biológicas talvez sejam as mais graves quando se leva em

consideração o risco à saúde humana, pois trata da contaminação secundária por

microorganismos, tais como leveduras, fungos filamentosos e bactérias formadoras de

Page 22: Tcc Karina Renostro Ducatti

21

esporos, envolvendo diretamente os manipuladores, equipamentos e instalações durante a

extração e beneficiamento, indicando deficiências nos processos de higienização. Além de

possíveis causadores de enfermidades, afetam a qualidade do produto, agindo como

deterioradores, produzindo enzimas e toxinas que alteram as propriedades do produto

(SILVA, 2006).

Segundo o SEBRAE (2009) para a aplicação das Boas Práticas Apícolas o apicultor

deve seguir as seguintes recomendações para cada um dos procedimentos, do campo a

unidade de extração. São eles:

1. Instalação do apiário;

2. Equipamentos e materiais;

3. Preparo e povoamento das colméias;

4. Manejo produtivo;

5. Sanidade apícola;

6. Coleta e extração do mel;

7. Processamento do mel no entreposto e

8. Comercialização.

Como a qualidade do produto final está relacionada com o manejo adequado da

unidade produtiva do mel, ela se inicia logo na implantação dos apiários. O local para

instalação do apiário é o ponto de partida para obter sucesso na criação de abelhas, alguns

fatores devem ser levados em conta nessa escolha; é importante avaliar a disponibilidade

de flora e as diferentes épocas de floração, ou seja, a vegetação no entorno do apiário, o

“pasto apícola”. Deve ser de fácil acesso, para possibilitar a entrada de veículos para

manejo das colméias e de preferência de topografia plana, com área aberta, evitando áreas

elevadas, que tem maior possibilidade de ocorrência de ventos fortes. Além disso, a

disponibilidade de água, sombreamento e distância entre os apiários devem ser avaliados.

Essa distância deve ser mínima de 2 metros e de preferência virada para o leste, para

incentivar as abelhas a iniciar as atividades mais cedo e consequentemente produzir mais

mel (NEVES, 2006).

Os utensílios e equipamentos utilizados na atividade devem ser os apropriados,

produzidos especialmente para o fim a que se destinam, sem adaptações. Para os

equipamentos que irão entrar em contato direto com o produto, devem ser necessariamente

de aço inoxidável 304, como por exemplo, o garfo desoperculador, utilizado para retirada

dos opérculos dos favos. Além desse, são necessários a mesa desoperculadora (serve de

apoio para desoperculação), centrífuga (retira o mel dos alvéolos por movimento de

rotação), peneiras (filtragem das sujidades), baldes (transporte do mel centrifugado para

decantador), decantador (recebe o mel centrifugado, que fica “descansando”), sendo que

todos eles são utilizados na casa do mel (unidade de extração). Já no entreposto, são

Page 23: Tcc Karina Renostro Ducatti

22

utilizados os seguintes: mesa coletora (recebe o mel centrifugado e decantado),

homogeneizador (tanques que homogeneízam o mel, para padronização quanto à cor,

aroma e sabor) (PEREIRA, 2003).

As colmeias devem ser de materiais que não contaminem o ambiente ou os produtos

apícolas. No Brasil o modelo adotado é Langstroth, com medidas já especificadas. São

necessário placas de cera alveolada para facilitar o trabalho das abelhas, visto que se não

forem fornecidas as abelhas tem o trabalho de produzi-las consumindo mel, cerca de 6 kg

de mel para produzir 1 kg de cera (SEBRAE, 2009). O povoamento pode ser feito utilizando

enxames comprados de outro apicultor, através de pacotes ou núcleos; os pacotes contém

até 2 kg de abelhas, com rainha fecundada e os núcleos constituem-se de 3 a 4 quadros

contendo alimentos, crias e a rainha fecundada. O apicultor pode também realizar a captura

de enxames, que pode ser ativa ou passiva. A forma passiva se caracteriza por utilizar

caixas-isca, que podem ser de madeira ou papelão e a forma ativa é através da captura de

enxames migratórios ou fixos (SEBRAE, 2007).

Após a instalação do apiário e das colméias, é sempre necessário realizar uma

revisão para verificar a situação, principalmente quanto à qualidade de alimento, ocorrência

de doenças e inimigos naturais, o desenvolvimento da colônia, qualidade de postura da

rainha, ou seja, averiguar a presença de problemas (EMBRAPA, 2003). A sanidade apícola

é um dos pontos mais importantes para garantir uma boa produtividade, envolve doenças e

pragas. Entre as principais pragas estão as traças, formigas, piolhos e percevejos. As

doenças se dividem entre as que atacam crias ou abelhas adultas; para crias dentre as

doenças mais comuns estão a cria pútrida americana (Paenibacillus larvae) e a cria pútrida

européia (Melissococus pluton), ambas causadas por bactérias; cria ensacada (SBV - Sac

Brood Virus) causada por vírus; cria giz (Ascosphaera apis) e cria pedra (Aspergillus flavus),

ambas causadas por fungos. Para as abelhas adultas as principais são: acariose causada

pelo ácaro Acarapis wood, a nosemose causada pelo protozoário Nosema apis e varroa

causada pelo ácaro Varroa destructor (ITAGIBA, 1997). Se não forem adotadas medidas

preventivas e corretivas para sanidade de uma colméia, haverá constantes diminuições de

populações das abelhas, diminuindo consequentemente a produtividade.

A coleta do mel é a principal etapa, já que os cuidados tomados nela irão garantir a

qualidade do produto e as características perdidas nesse processo não poderão ser

recuperadas durante o processamento. O apicultor deve adotar cuidados quanto às

vestimentas utilizadas, fatores climáticos, uso da fumaça, seleção dos quadros, práticas da

colheita e transporte até a unidade de extração. O macacão utilizado deve estar

devidamente limpo e de preferência deve dispor de um para ser utilizado no campo e outro

para os demais serviços. A umidade relativa do ar e temperatura deve estar apropriada para

colheita, devido às características higroscópicas do mel. É também relacionada a essa

Page 24: Tcc Karina Renostro Ducatti

23

característica que deve-ser ter muito cuidado no uso da fumaça, que deve ser branca, fria e

livre de fuligem, além de não possuir cheiro forte para não contaminar o mel. Os quadros

escolhidos para colheita devem estar operculados, sem crias e nem apresentar presença de

pólen. Para efetuar a colheita do mel, os manipuladores devem estar vestidos

adequadamente e seguir práticas de higiene antes e durante a ida ao campo, sem utilização

de perfumes ou quaisquer coisas que possuam cheiro forte, além do que os equipamentos

utilizados para retirada do mel devem ser utilizados apenas para este fim. Recomenda-se o

uso de padiolas para o transporte das melgueiras até o veículo e o uso de um suporte para

receber a melgueira, evitando o contato com o chão e possíveis contaminações com

sujidades. Para receber as melgueiras na caixa vazia, sobre esse suporte, deve ser

colocada uma bandeja de inox que receberá os quadros com mel, e sobre ela, uma tampa

também de inox para isolar os quadros. E a última etapa da colheita se encerra com o

transporte das melgueiras, com veículo adequado e utilizado apenas para isso, devidamente

limpo e os mesmos cuidados de higiene devem ser os mesmos nessa fase (CAMARGO,

2002).

A unidade de extração, “casa do mel”, deve obedecer às normas sanitárias do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (portaria nº 006/986), para

garantir a qualidade do alimento processado. Essa edificação deve possuir alguns requisitos

físicos que facilitem a higienização e contaminação do local por agentes externos, por

exemplo, na escolha dos pisos, janelas, telhado, entre outros (EMBRAPA, 2003). As

melgueiras devem ser encaminhadas para desoperculação, com garfos e facas

desoperculadoras, de onde seguem para centrifugação, filtragem, decantação e envase. O

mel pode ser envasado a granel, em tambores de plástico de 25 kg, ou fracionado, em potes

de plástico e vidro. E por fim, os cuidados no armazenamento, que deve ser feito em

ambiente fresco e seco, mantido sobre estrados, onde permanecerá até a comercialização;

durante a última etapa se o mel for armazenado em condições não recomendadas pode

sofrer alterações físico-químicas, já que é um produto que continua sofrendo reações após a

colheita (SOUZA, 2007).

Page 25: Tcc Karina Renostro Ducatti

24

5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1 Material analisado

Foram coletados méis provenientes de quatro associações de apicultores, sendo

estas dos municípios de: Sorriso (SO), Ipiranga do Norte (IN), Nova Ubiratã (NU) e Sinop

(SN); de cada uma destas associações foram coletados os méis de três produtores (P1, P2

e P3), escolhidos aleatoriamente.

Sendo que, de cada produtor foram coletados 500 g de mel, em triplicata, em três

fases da extração do mel, codificadas como amostras 1, 2 e 3 (A1, A2 e A3), exceto para o

P1 da associação de IN, que não forneceu a A3. A amostra 1 (A1) , foi coletada no favo,

logo após a colheita e anteriormente à entrada na casa do mel, como pode ser observado

no fluxograma a seguir (Figura 2).

Figura 2. Fluxograma da coleta do mel no campo, mostrando a etapa de amostragem da A1.

A amostra 2 (A2) foi coletada após a desoperculação e a centrifugação do mel; e a

A3 foi obtida após o envase para a comercialização (Figura 3).

Page 26: Tcc Karina Renostro Ducatti

25

Figura 3. Fluxograma de processamento na casa de mel, com as etapas de amostragem das amostras 2 (A2) e 3 (A3).

Os méis coletados foram acondicionados em potes de vidro esterilizados e

armazenados em temperatura ambiente até o momento das análises.

Os testes físico-químicos foram realizados no Laboratório de Tecnologia de

Alimentos da Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Sinop – MT, no período

compreendido entre junho e agosto de 2011.

5.2. Avaliação das condições higiênico-sanitárias dos apiários e casas de mel

A avaliação foi realizada mediante visitas a cada um dos apicultores e aplicação de

questionário (ver em Anexo A), baseado nas Normas Higiênico-Sanitárias e Tecnológicas

Page 27: Tcc Karina Renostro Ducatti

26

para Mel, Cera de Abelhas e Derivados, aprovadas pela Portaria SIPA nº 0006, de

25/07/1985 (BRASIL, 1985).

Foram abordadas questões sobre:

1. Apiário;

2. Manejo;

3. Equipamentos, utensílio e materiais apícolas;

4. Casa de mel ou local de processamento do mel;

5. Mel;

6. Manipuladores;

7. Higienização;

8. Manejo de resíduos;

9. Abastecimento de água.

Esta fase deste estudo contou com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas (SEBRAE), Agência de Sinop - MT, os apicultores estão sendo

orientados na organização das associações, para facilitar a obtenção de um selo de

inspeção e possibilitar que a produção seja comercializada formalmente. O que, aliado com

os resultados da qualidade do mel produzido, poderá fortalecer o comércio de produtos

apícolas na região.

Os dados obtidos foram comparados com os resultados das análises físico-químicas

dos méis analisados.

5.3 Análises físico-químicas

Foram realizadas algumas das análises indicadas pela Instrução Normativa nº11, de

20 de outubro de 2000 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que

aprova o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel (BRASIL, 2000).

5.3.1 Umidade: Determinação da umidade através de refratometria, segundo o método nº

969.38b da AOAC (1998). Procedimento: homogeneização da amostra, em seguida coloca-

se uma gota no prisma do refratômetro e realiza-se a leitura; o teor de umidade em

percentagem é correspondente ao índice de refração corrigido de acordo com a tabela de

Chataway.

5.3.2 Sólidos insolúveis em água: O método utilizado para determinar sólidos

insolúveis em água foi baseado no CAC (1990) – item 7.4. Pesar cerca de 20 g da amostra

homogeneizada de mel. Dissolva em quantidade adequada de água a 80 ºC e misture bem.

Filtre sob vácuo através de um cadinho de vidro previamente tarado a (135 ± 2)ºC e lave

Page 28: Tcc Karina Renostro Ducatti

27

com água a 80ºC, até que o filtrado esteja livre de açúcares. Seque o cadinho a 135ºC por 1

hora, resfrie e pese. Retorne para a estufa a 135ºC em um intervalo de 30 min até que o

peso constante seja atingido. O cálculo é feito multiplicando a massa seca de sólidos

insolúveis por 100, e dividindo pelo peso da amostra em g.

5.3.3 Cinzas: A quantidade de cinzas nos méis foi determinada pelo método do CAC

(1990) – item 7.5, que utiliza a incineração e a gravimetria. Procedimento: Colocar cápsula

de porcelana em mufla a 550°C por 1 hora. Resfriar em dessecador, tarar e pesar 5g da

amostra de mel. Carbonizar o mel em estufa a 550°C por 3 horas, retirar, resfriar e pesar.

Calcular pela fórmula: % cinzas = peso da cápsula + resíduo

peso da cápsula + amostra de mel.

5.3.4 Acidez livre: Foi determinada a acidez livre de acordo com o método nº 962.19 da

AOAC (1998), que utiliza a titulação com hidróxido de sódio. Procedimento: Pesar 10g da

amostra, dissolver em 75mL de água a temperatura ambiente, previamente fervida por 15

min. Resfriar a temperatura ambiente. Aferir o potenciômetro e realizar a leitura. Titular com

NaOH 0,1N em fluxo de 5mL/min até ph=8,5. Interromper, anotar o volume e adicionar 5mL

de NaOH 0,1N. Realizar titulação reversa com HCl 0,1N até ph=8,3.

5.3.5 Índice de diastase: A atividade de diastase foi determinada pelo método do CAC

(1990) – item 7.7, que utiliza o Método de Schade, com modificações na metodologia oficial.

Pesar 10 g de mel, adicionar 5 mL da solução tampão de acetato pH=5,3 e dissolvê-lo.

Transferir para balão volumétrico contendo 3 mL de NaCl 0,5 mol/L e completar o volume

com água destilada. Pipetar 10 mL da solução de mel para um erlenmeyer e 5 mL da

solução de amido e colocá-lo em banho-maria a 40°C +/- 2°C. Após 5 min, pipetar 1 mL

dessa solução para tubo de ensaio e em seguida, acrescentar 10 mL da solução de iodo

0,007N, acrescentando também o volume padrão de água. Fazer a leitura em

espectofotômetro a 660nm e repetir a leitura em intervalos de 5 min até obter um valor de

absorbância menor que 0,235nm. Elaborar o gráfico de absorbância x tempo, determinando

o tempo em que se obteve esse valor de leitura, dividindo 300 pelo tempo, obtendo-se o

número de diastase.

5.3.6 Hidroximetilfurfural (HMF): O Hidroximetilfurfural foi determinado através do

método quantitativo, conforme o método nº 980.23 (AOAC, 1998), que utiliza a

espectrofotometria. Procedimento: Pesar 5,0 g de mel, transferir quantitativamente com 25

mL de água destilada para balão volumétrico de 50mL. Em seguida, adicionar 0,5mL de

Page 29: Tcc Karina Renostro Ducatti

28

solução de Carrez 1 e 0,5mL da solução de Carrez 2 e completar o volume com água

destilada. Filtragem em papel de filtro qualitativo para erlenmeyer de 125mL, rejeitando os

primeiros 10mL do frasco. Pipetar separadamente 5mL do filtrado para o tubo 1 e tubo 2,

adicionar 5mL da solução de bissulfito de sódio 0,2% no tubo 1 (referência) e 5mL de água

destilada no tubo 2. Agitar em vortex e determinar a absorbância do tubo 2 contra o tubo 1 a

284nm e 336nm. Se a absorbância for maior que 0,6, deve-se diluir a amostra com água e a

solução de referência com bissulfito de sódio 0,2% e acrescentar o fator diluição nos

cálculos. Fazer os cálculos conforme fórmula: HMF/kg de mel = (A284-A336) x 149,74.

5.4 Análise Estatística

O delineamento utilizado foi o delineamento inteiramente casualizado (DIC), com três

repetições. Os resultados foram comparados entre si pelo Teste de Tukey a 5% de

probabilidade, através do Software Sisvar, disponibilizado gratuitamente na internet.

Foram comparados estatisticamente os produtores dentro de cada associação e as

amostras (A1, A2 e A3) entre cada um dos produtores.

Page 30: Tcc Karina Renostro Ducatti

29

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como a maioria dos apicultores está em fase de implantação da atividade, a aplicação

desse questionário torna possível o diagnóstico do sistema de produção de cada apicultor e

possibilita identificar entraves na cadeia produtiva apícola, indicando melhorias necessárias

para garantir a produção de um alimento seguro.

A seguir, na Figura 4, estão apresentados os resultados sobre o questionário

aplicado para verificar as condições referentes ao apiário. e ao manejo do apicultor durante

a colheita das melgueiras no campo. Os resultados do questionário, em porcentagem, estão

detalhados no Anexo A.

Figura 4. Respostas dos apicultores em relação ao item 1 do questionário aplicado. Item 1 – Apiário: 1.1 – Localização do apiário a mais de 300 m de residências, currais e galpões; 1.2 – Acesso fácil a veículos; 1.3 – Acesso fácil a pessoas; 1.4 – Apiário próximo a fonte de néctar e pólen naturais; 1.5 – Apiário próximo a fonte de água de boa qualidade; 1.6 – Instalado em área sombreada; 1.7 – Distância de fontes de contaminação.

Em relação aos apiários vistoriados, de maneira geral, os apicultores estão cientes

da estrutura, localização e facilidade de acesso. Em 58,3% dos entrevistados, o apiário está

localizado a pelo menos 300 m de residências e currais, o que é importante para garantir a

segurança das pessoas e animais. E na maioria dos casos, os apiários estão em locais de

fácil acesso a veículos e pessoas, o que melhora o fluxo das atividades e reduz o risco de

acidentes de trabalho com abelhas. Em 16,6% estão instalados em locais não sombreados

ou parcialmente, o que dificulta a regulação térmica das colmeias e pode afetar a qualidade

do mel. Inclusive, o apiário de um dos produtores pesquisados encontrava-se instalado em

meio a um plantio de girassol, sem sombreamento.

Quanto ao quesito manejo, como pode ser observado na Figura 5, a maioria os

produtores estão procedendo de maneira correta, na escolha do momento certo da colheita,

Page 31: Tcc Karina Renostro Ducatti

30

no uso de roupas adequadas para o manejo e uso consciente da fumaça. Em relação a

coleta, todos os apicultores realizam-na em dias ensolarados, para evitar o aumento dos

teores de umidade do mel devido a sua alta higroscopicidade, além do cuidado na escolha

de quadros de mel sem presença de mel verde, identificado em 83,3%. Apesar de apenas

25% dos entrevistados utilizarem tela excluidora, a ausência de crias nas melgueiras para

extração se dá em 58,3% das propriedades. No manejo da fumaça, todos utilizam material

de origem vegetal como carburante e na maioria dos casos ela é fria, limpa e livre de

fuligem, mas em 83,3% é utilizada sendo direcionada diretamente sobre o favo, o que pode

levar a teores elevados de cinzas, devido a capacidade de o mel absorver resíduos e

odores.

Figura 5. Respostas dos apicultores em relação ao item 2 do questionário aplicado. Item 2 – Manejo: 2.1 – Alimentação das colmeias antes das floradas; 2.2 – Colmeias possuem tela excluidora; 2.3 – Utilização de quadros guardados de melgueira para produção; 2.4 – Realização da coleta em dias sem chuva; 2.5 - Ausência de mel verde (desoperculado) nos quadros de mel; 2.6 – Ausência de crias nos quadros de mel; 2.7 – Fumaça utilizada é fria, limpa e livre de fuligem; 2.8 - Fumaça é aplicada em pequena quantidade e nunca diretamente sobre os favos; 2.9 – Material carburante do fumegador de origem vegetal; 2.10 – Utilização de roupas adequadas para manejo; 2.11 – Pessoas que trabalham na colheita das melgueiras e entram no local de processamento.

Em relação aos equipamentos, utensílios e materiais apícolas utilizados (Figura 6),

um dado alarmante obtido foi que em metade dos casos, os apicultores improvisam mesas

de madeira para fazer a desoperculação, ao invés de mesas de inox, o que expõe o mel a

um alto risco de contaminação. Todos os apicultores utilizam garfos e centrífugas em inox, o

que cai para metade no caso dos fumegadores e apenas 25% utilizam formão em inox. Mais

da metade dos tanques de decantação são de material inoxidável e 100% dos apicultores

utilizam material de pano na etapa de filtração do mel. Na maioria das instalações os

equipamentos estão dispostos de modo a propiciar um bom fluxo operacional e em mais de

80% dos casos, os méis são acondicionados em embalagens adequadas, atóxicas.

Page 32: Tcc Karina Renostro Ducatti

31

Figura 6. Respostas dos apicultores em relação ao item 3, que trata sobre equipamentos, utensílios e materiais apícolas utilizados. 3.1 – Utilização de formão em inox; 3.2 – Fumegador em inox; 3.3 – Garfo desoperculador em inox; 3.4 – Mesa de desoperculação em inox; 3.5 – Centrífugas em aço inoxidável; 3.6 – Uso da centrífuga fechada durante a centrifugação; 3.7 – Tanques de decantação em inox; 3.8 – Filtros em tela de aço inox; 3.9 – Fio de náilon como material filtrante; 3.10 – Utilização de pano durante filtração; 3.11 – Utilização de meia de nylon feminina como filtrante; 3.12 – Bom fluxo operacional proporcionado pela localização dos equipamentos; 3.13 - Embalagens para acondicionamento são de material plástico atóxico.

Já no item quatro (Figura 7), que trata sobre a casa de mel ou local de

processamento, a maioria dos produtores não possui casa de mel e há um número muito

grande de inadequações nas instalações que foram improvisadas, como a presença de

roupas ou utensílios pendurados na parede (41,6%). Em 25% dos casos o teto ou forro

estão mal conservados, em apenas 50% as paredes são revestidas e impermeabilizadas

adequadamente e 83,3% dos pisos permitem boa higienização, que pode acarretar

contaminação do produto pela presença de sujidades no teto ou piso, de umidade oriunda

do processo de limpeza e por resíduos de produtos. Apenas metade das instalações possui

telas nas janelas e 41,6% delas são limpas quinzenalmente, oferecendo risco de

contaminação por partículas de poeira e outras sujidades oriundas dessas estruturas.

Instalações sanitárias em boas condições em 75% dos casos, mas apenas 33,3% possuem

produtos de higiene pessoal, o que maximiza a possibilidade de contaminações decorrentes

da higienização incorreta dos apicultores. O que pode ser agravado pela presença de

animais domésticos e utensílios utilizados em práticas agrícolas em 25% dos locais

visitados, para ambos os casos.

Page 33: Tcc Karina Renostro Ducatti

32

Figura 7. Respostas dos apicultores em relação ao item 4, sobre a casa de mel ou local de processamento. 4.1 – Apicultor possui casa de mel; 4.2 – Ausência de animais domésticos ou de criação próximo ao local; 4.3 – Ausência nas proximidades, de utensílios utilizados em práticas agrícolas; 4.4 – Ausência de utensílios e roupas dentro do local de processamento; 4.5 – Instalações sanitárias em boas condições; 4.6 – Instalações sanitárias dotadas de produtos adequados para higiene pessoal; 4.7 – Hábito de anotar a produção de cada colméia; 4.8 – Espaço suficiente para equipamentos e para estocagem; 4.9 – Janelas com telas; 4.10 – Telas das janelas limpas quinzenalmente; 4.11 – Paredes que propiciam perfeita impermeabilização; 4.12 - Piso impermeável e de fácil higienização; 4.13 - Paredes com mínimo de 2 m de altura; 4.14 – Teto ou forro em adequado estado de conservação.

No item 5 do questionário (Figura 8) que trata sobre mel, em relação ao transporte

dos quadros de mel e as melgueiras, a maioria dos apicultores faz corretamente, evitando

contato direto com o solo e sujidades. Quanto ao armazenamento, todos estocam o mel em

ambiente sem incidência direta de luz solar e 75% sob estrado de madeira. Em 25% dos

casos, os apicultores relataram que vêem sofrendo com alterações no odor e que estas

ocorrem devido à presença de resíduos estranhos no mel, o que atribuem a presença de

alguma substância oriunda da erva quente (Spermacoce latifólia Aubl.), uma planta daninha

comum em plantios de milho e soja.

Page 34: Tcc Karina Renostro Ducatti

33

Figura 8. Respostas dos apicultores em relação ao item 5 – Mel e item 6 – Manipuladores. 5.1 – Quadros são colocados em material próprio para transporte, evitando o contato com o solo; 5.2 – Ao chegarem na casa do mel, as melgueiras são colocadas sobre estrados limpos; 5.3 – Mel é armazenado de forma a não receber luz solar direta; 5.4 – Embalagens com mel são colocadas sobre estrado de madeira; 5.5 – Transporte da fonte de produção até o entreposto é feito em embalagens adequadas, bem vedadas e protegidas do sol; 5.6 – Presença de resíduos estranhos no mel em anos anteriores; 5.7 – Presença de impurezas próprias do mel ou de defeitos na manipulação. 6.1 – Uso de uniforme completo para processamento; 6.2 – Uniformes limpos e de uso exclusivo; 6.3 – Hábito de tomar banho antes de começar o processamento; 6.4 – Hábito de lavar as mãos antes da entrada na casa de mel; 6.5 – Unhas cortadas e livres de esmaltes; 6.6 – Uso de acessórios.

Em geral os manipuladores não seguem as instruções quanto à higiene, pecando em

pontos primordiais como a vestimenta (só 33,3% utilizam uniforme completo) e uso de

acessórios (8,3% fazem uso de algum tipo de acessório, principalmente relógios). O uso de

vestimentas exclusivas para local do processamento é verificado em 66,6%, bem como o

banho antes de começar as práticas de manipulação. Só deve ser admitida a entrada de

manipuladores na casa de mel após completa higienização e mediante uso de vestimentas

adequadas, já que a manipulação constitui um perigo biológico, devido o risco de

contaminação por microorganismos.

Conforme a Figura 9 abaixo, quanto à higienização das instalações e manejo de

resíduos, a maioria obedece as exigências, entretanto quanto ao abastecimento de água,

metade dos apicultores utilizam água proveniente de poços, sem receber nenhum

tratamento, nem filtragem. A água é uma fonte exponencial de contaminação, tanto de

partículas de solo quanto de microorganismos, já que é utilizada desde a higienização dos

manipuladores até a de utensílios e equipamentos.

Page 35: Tcc Karina Renostro Ducatti

34

Figura 9. Respostas dos apicultores em relação aos itens 7, 8 e 9, que tratam sobre higienização, manejo de resíduos e abastecimento de água, respectivamente. 7.1 – Frequencia adequada de higienização; 7.2 – Produtos de higienização regularizados pelo Ministério da Saúde; 7.3 – Produtos de higienização identificados e guardados adequadamente. 8.1 – Recipientes para coleta de resíduos no interior do estabelecimento; 8.2 – Retirada frequente dos resíduos da área de processamento; 9.1 – Sistema de abastecimento de água ligado a rede pública.

Os resultados das análises físico-químicas obtidas foram comparados entre si e com

os limites estabelecidos pela Instrução Normativa nº11 (BRASIL, 2000). A seguir pode-se

observar os valores dos parâmetros avaliados definidos pela legislação (Tabela 2).

Tabela 2. Valores estabelecidos pela Instrução Normativa nº11 de 2000 que regulamenta a identidade e qualidade de mel. (-) Mesmo valores definidos para mel floral e mel de melato.

Parâmetros físico-químicos Mel floral Mel de melato

Umidade 20 g.100g-1 -

Sólidos Insolúveis em água Máx. 0,1 g.100g-1 -

Minerais (Cinzas) Máx. 0,6 g.100g-1 1,2 g.100g-1

Acidez livre Máx. 50 meq.kg-1 -

Índice de diastase Mínimo 8 na escala de Göthe -

Hidroximetilfurfural Máx. 40 mg.kg-1 -

Conforme observado na Figura 10, para o parâmetro umidade, os méis de todos os

apicultores estavam em conformidade com a legislação, apresentando valores médios

inferiores à 20 g.100g-1, variando de 16,88 g.100g-1 a 19,13 g.100g-1.

Page 36: Tcc Karina Renostro Ducatti

35

Figura 10. Distribuição dos valores de umidade das amostras de méis analisados de todas as associações e o limite máximo permitido pela legislação.

Portanto, os méis colhidos estavam com mais de 80% dos favos operculados, ou

seja, foi respeitado seu tempo de maturação na colméia. O teor de umidade é um dos

parâmetros mais importantes na avaliação da qualidade do produto, influenciando em

características como viscosidade, cristalização e fermentação, afetando diretamente a

estabilidade e conservação do produto (VENTURINI, 2007; POSSAMAI, 2005).

Entre os produtores de Sorriso, observou-se que os méis do P1 apresentaram média

de umidade de 16,89 g.100-1, diferindo estatisticamente de P2 e P3, com médias de 18,69

g.100g-1 e 19,12 g.100g-1, respectivamente, que não diferiram entre si (Teste de Tukey a 5%

de probabilidade). Já entre os três produtores de IN houve diferença significativa entre P1,

P2 e P3, com médias respectivas de 18,13 g.100g-1, 19,1 g.100g-1 e 16,91 g.100g-1.

Enquanto que, para os produtores de NU, verificou-se que os valores médios de

umidade dos méis não apresentaram diferenças. Esta mesma observação é válida entre os

produtores da associação de SN. O que demonstra uniformidade de técnicas de extração

destas duas associações.

A comparação entre as amostras A1, A2 e A3 foi realizada para verificar se durante a

colheita e a extração, o mel sofreu ou não alterações. Nesse caso, entre os méis de todos

os produtores das associações investigadas, não houve diferença entre A1 e A2, ou seja,

não houve acréscimo de umidade nos méis analisados, exemplificando que as condições

higiênico-sanitárias do processamento e da colheita foram realizadas adequadamente.

Contudo, os méis já envasados, ou seja, A3, provenientes dos apicultores P2 e P3

de SO e do produtor P3 de SN, os teores de umidade diferiram estatisticamente de A1 e A2,

apresentando um decréscimo (Tabela 3). Para P1, das quatro associações, não houve

Page 37: Tcc Karina Renostro Ducatti

36

diferença estatística entre as amostras, o que demonstra que o manejo foi adequado, já que

não houve acréscimo de umidade em relação a A3.

Tabela 3. Valores médios de umidade (g.100g-1) encontrados para os produtores de cada associação em relação a A1, A2 e A3.

Associação Amostra P1 P2 P3 A1 16.5 a* 19.1 b 19.9 b Sorriso A2 16.9 a 19.2 b 19.9 b A3 17.3 a 17.8 a 17.6 a A1 18.1 a 19.7 a 16.7 a

Ipiranga do Norte A2 18.1 a 18.7 a 16.3 a A3 --- 19.0 a 17.7 b A1 17.3 a 18.5 b 16.9 a

Nova Ubiratã A2 18.1 a 16.7 a 17.7 a A3 17.3 a 17.2 a 18 a A1 17.9 a 17.5 a 19.5 b Sinop A2 18.7 a 17.6 a 19.1 b A3 19.1 a 18.9 b 17.9 a

*Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferiram entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Enquanto que, para os méis provenientes das associações de IN e de SN,

respectivamente P3 e P2, houve aumento significativo (teste Tukey p<0,05) de umidade das

amostras 1 e 2 comparando-se com A3, o que indica que possivelmente houve absorção de

umidade na decantação ou no envase do produto, pelas condições de umidade relativa do

ar durante o beneficiamento do mel e uso de equipamentos inadequados ou utensílios

úmidos, como pode ser observado na Figura 11. Porém, os méis dos apicultores de NU, não

houve diferença estatística de umidade entre as amostras coletadas nos diferentes estágios

da extração, exceto para P2, o qual houve decréscimo de em relação a A3.

Figura 11. Foto tirada durante uma das visitas, mostrando o uso de utensílios inadequados e ausência de vestimentas, além da utilização de acessórios pelos manipuladores.

Page 38: Tcc Karina Renostro Ducatti

37

Contata-se que os teores de umidade encontrados neste estudo corroboram com os

já existentes na literatura, pois, Mendonça et al (2008), Silva (2007) e Possamai (2005),

também analisando mel floral, encontram valores para umidade de 15,8 g.100g-1 a 19,5

g.100g-1, 17,2 g.100g-1 a 18,4 g.100g-1 e 16,6 g.100g-1 a 17,7 g.100g-1, respectivamente.

Valores superiores foram encontrados por Araújo et al (2006) no estado do Ceará, com

médias variando de 17 g.100g-1 a 21 g.100g-1, detectando valores superiores ao aceito pela

legislação, o que pode ser explicado pela colheita de mel “verde” (desoperculado),

condições climáticas, como UR superior a 60% no momento da colheita ou manuseio

inadequado, já que o mel é um composto altamente higroscópico, capaz de absorver água

com facilidade do ar (CAMARGO, 2002).

Em outro estudo, realizado por Marchini (2005) no estado de São Paulo, 36,4% das

amostras, de um total de 121, apresentaram valores superiores a 20 g.100g-1. Níveis de

umidade inferiores a 20 g.100g-1 de umidade diminuem consideravelmente o risco de

fermentação, devido à forte interação entre as moléculas de água e o mel, que tornam a

água indisponível para os microorganismos (VERÍSSIMO, 1987 apud SANTOS et al, 2010).

Em relação a cinzas, a porcentagem das amostras analisadas variou de 0,18 g.100g-

1 a 2,38 g.100g-1, sendo que amostras de dois produtores (16,67%) superaram o valor

máximo tolerado para mel floral pela legislação brasileira, que é de 0,6 g.100g-1 (BRASIL,

2000), como pode ser observado na Figura 12.

Figura 12. Teores médios de cinzas de méis de três apicultores (P1, P2, P3) pertencentes às associações de Sorriso, Ipiranga do Norte, Nova Ubiratã e Sinop e o limite máximo permitido pela legislação para mel floral (0,6 g.100g-1) e mel de melato (1,2 g.100-1).

Comparando-se as médias de níveis de cinzas somente o P2 (2,38 g.100g-1) e o P3

(0,79 g.100g-1), respectivamente de SO e IN, apresentaram méis com teores maiores ao

Page 39: Tcc Karina Renostro Ducatti

38

permitido pela legislação para mel floral, porém apenas o SOP2 superou o permitido para

mel de melato (1,2 g.100g-1). No primeiro caso, os méis foram significativamente diferentes

dos demais apicultores dentro de sua respectiva associação. Enquanto que, para

associação de Ipiranga do Norte, P1 (0,46 g.100g-1) não apresentou diferença entre os

demais apicultores, o que aconteceu entre P2 (0,27 g.100g-1) e P3 (0,79 g.100g-1). Para as

associações de NU e SN, os méis de todos os produtores se encontram dentro dos limites

previstos pela legislação.

Pode-se verificar, entre amostras, que para P1 de Sorriso e P2 e P3 de Sinop, não

houve alteração no teor de cinzas, não diferindo estatisticamente (Tabela 4). Já para P2,

das associações de IN, NU e SN, e P3 de IN e NU, houve um incremento significativo em

A3, em relação a A1 e A2, o que pode significar falhas no processo de filtração ou

manipulação inadequada do produto, bem como possíveis inadequações quanto à higiene

(instalações, manipulador ou utensílios).

Teores elevados de 4,62 g.100g-1 foram encontrados em méis de P2, de Sorriso, o

que não pode ser atribuído a uso inadequado da fumaça e sim a problemas na decantação,

já que este produtor não realiza filtração. Nesse caso, o tanque decantador é de material

plástico, dificultando sua limpeza e facilitando o acúmulo de sujidades, sugerindo que a

contaminação tenha ocorrido nessa etapa ou que o período de decantação tenha sido

insuficiente para separação das partículas. Outras possíveis causas são o acúmulo de

poeira decorrente da higienização ineficiente das embalagens, já que esse produtor utiliza

embalagem de alimentos para acondicionamento do mel.

Entretanto, para alguns produtores, houve decréscimo nesses teores, como

observado para P1 de IN e NU e para P3 de SO, o que indica que o processo de filtração foi

realizado de modo adequado. O mesmo foi observado para P1 de SN, no qual o mel

apresentou teores de cinzas menores em A2, com relação a A1, porém com aumento

significativo em A3, que pode ter sido obtido de outra melgueira, de origem floral diferente

ou sugere-se que esse aumento seja decorrente da água utilizada na casa de mel ser de

poço, sem tratamento, que naturalmente contem partículas de solo dissolvidas,

influenciando diretamente na quantidade de minerais presentes no mel. O maior teor de

resíduos fixos minerais encontrados para alguns produtores em A1, em relação com A2,

pode ser explicado devido ao processo de prensagem do mel para realização das análises

físico-químicas, já que foi coletado na forma de favos, então apresentará resíduos de cera, o

que acarreta aumento de cinzas e também de sólidos insolúveis.

Page 40: Tcc Karina Renostro Ducatti

39

Tabela 4. Teores médios de cinzas (g.100g-1) encontrados para os produtores de cada associação em relação a A1, A2 e A3.

Associação Amostra P1 P2 P3 A1 0.63 a* 1.00 a 0.36 b Sorriso A2 0.57 a 1.06 a 0.32 b A3 0.43 a 4.62 b 0.19 a A1 0.60 b 0.28 ab 0.27 a Ipiranga do Norte A2 0.34 a 0.18 a 0.41 b A3 --- 0.36 b 1.67 c A1 0.28 b 0.29 ab 0.15 a Nova Ubiratã A2 0.22 ab 0.24 a 0.19 ab A3 0.09 a 0.31 b 0.21 b A1 0.39 c 0.18 a 0.15 a Sinop A2 0.18 a 0.18 a 0.20 a A3 0.23 b 0.21 a 0.20 a *Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferiram entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Valores similares foram encontrados na cidade de Tabuleiro do Norte – CE, por

Santos (2010), com médias variando de 0,14 g.100g-1 a 2,85 g.100g-1, com três amostras

ultrapassando os teores permitidos pela Legislação.

Segundo Arruda (2003), o teor de cinzas representa a riqueza do mel em minerais e

está relacionada com fatores como origem floral, solo da região e clima. Mas teores acima

do permitido podem indicar falta de higiene e falhas no processo de decantação ou filtração

(EVANGELISTA-RODRIGUES, 2005). Aumentos nos teores de cinzas podem ocorrer

devido ao uso inadequado da fumaça (Figura 13), levando a adição de vestígios de cinza e

fuligem oriundos do mau uso do fumigador pelo apicultor ou pelo uso de material

inadequado para queima (SEBRAE, 2009).

Figura 13. Foto mostrando uso inadequado da fumaça sendo direcionada diretamente para os favos.

Page 41: Tcc Karina Renostro Ducatti

40

Arruda (2003) ao analisar 21 amostras de méis em Santana do Cariri – CE observou

valores mínimos de 0,12 g.100g-1 e máximos de 0,24 g.100g-1. Também no estado do

Ceará, em Crato, os teores de cinzas variaram de 0,06 g.100g-1 a 0,24 g.100g-1, com três

das dez amostras fora dos padrões, o que foi atribuído à falta de higiene do apicultor e

falhas na decantação e/ou filtração (ARAÚJO et al. 2006). Um número maior de reprovação

foi encontrado em Pombal – PB, onde sete de oito amostras tiveram médias superiores a

0,6 g.100g-1, com variações de 0,58 g.100g-1- 1,41 g.100g-1 (FILHO, 2011). Na contramão

dos resultados apresentados, Evangelista-Rodrigues (2005) obteve teores de cinzas de 0,01

g.100g-1 a 0 g.100g-1e Bendini (2008) relatou intervalo de variação de 0,18 g.100g-1 a 0,3

g.100g-1.

Como pode ser observado na Figura 14, os produtores P2 e P3, das associações de

SO e de SN apresentaram médias para acidez livre superiores a 50 meq.kg-1, que é o

máximo permitido pela legislação, assim como para os méis de INP1 (BRASIL, 2000).

Figura 14. Resultados médios obtidos para acidez livre (meq.kg-1) de P1, P2 e P3 para as quatro associações e o limite estabelecido pela Instrução Normativa n° 11 de 2000.

O alto teor de umidade encontrado para o produtor 2 de Sorriso, que desde a A1

apresentou teores elevados, pode ser decorrente da origem floral, influenciando na

quantidade de glicose presente, que ao ser convertida produz ácido glucônico, resultando no

abaixamento do pH. Os resultados apresentados quanto à acidez livre revelaram que

41,66% dos méis analisados ultrapassaram o máximo tolerado pela legislação, com teores

médios variando de 40,8 a 193,1 meq.kg-1. Como é um indicador de maturação e

deterioração, a acidez livre tende a aumentar quando o mel é submetido a armazenamento

Page 42: Tcc Karina Renostro Ducatti

41

inadequado e processos de fermentação causados pela ação de microorganismos

(MOREIRA, 2001).

Ao comparar as médias de acidez livre obtidas para A1, A2 e A3 (Tabela 5), não

houve diferença estatística para os méis de SOP2, INP1, P2 e P3 de NU e os três

produtores de SN, o que significa que o mel não teve suas características alteradas pela

manipulação dos apicultores ou utensílios utilizados.

Tabela 5. Teores médios de acidez livre (meq.kg-1) encontrados para os produtores de cada associação em relação a A1, A2 e A3.

Associação Amostra P1 P2 P3 A1 49.53 b* 183.88 a 62.10 b Sorriso A2 52.44 c 191.08 a 61.42 b A3 46.60 a 204.33 a 28.87 a A1 54.78 a 49.82 c 47.65 b Ipiranga do Norte A2 49.50 a 41.80 b 50.37 b A3 --- 31.61 a 33.84 a A1 41.95 ab 45.47 a 52.07 a Nova Ubiratã A2 45.25 b 47.80 a 49.19 a A3 35.22 a 50.66 a 46.06 a A1 41.48 a 61.79 a 67.79 a Sinop A2 44.45 a 62.76 a 63.14 a A3 51.03 a 54.51 a 53.68 a

*Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferiram entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para associação de SO, P1, houve variação estatística entre as três amostras,

sendo que A3 apresentou menores teores de acidez livre (46,5 meq.kg-1) e A2 superou o

permitido, com 52,43 meq.kg-1. Para P3, dessa mesma associação, A3 apresentou também

menor média (28,87 meq.kg-1) e diferiu de A1 e A2, com 62,09 e 61,41 meq.kg-1,

respectivamente.

Em relação aos méis de IN, para P2 houve diferença estatística entre A1, A2 e A3,

mas todas se mantiveram dentro do limite estabelecido, sendo que o mesmo foi observado

para méis do P1 de NU. Enquanto que para INP3, A3 apresentou teores médios de 33,84

meq.kg-1, diferindo de A1 (47,65 meq.kg-1) e A2 (50,37 meq.kg-1); teores elevados podem

estar relacionados a exposição contínua a luz solar e temperaturas elevadas que essas

colmeias estavam submetidas, o que ocasiona um aumento na velocidade das reações

enzimáticas de conversão da glicose em ácido glucônico, abaixando o pH (MOREIRA,

2001).

Para os autores Casado (2011), Araújo et al. (2006) e Salgado et al. (2008), as

amostras analisadas apresentaram valores de 39 a 57 meq.kg-1, 21,57 a 59,6 meq.kg-1 e 11

Page 43: Tcc Karina Renostro Ducatti

42

a 50 meq.kg-1 respectivamente. Teores inferiores foram encontrados por Arruda (2004)

variando de 6 a 13 meq.kg-1.

Com relação ao índice de diastase, todos os méis analisados estão de acordo com a

legislação, com médias variando de 11,85 a 30,33 na escala de Göthe, como pode ser

observado na Figura 15.

Figura 15. Valores médios de diastase (escala de Göthe) encontrados para P1, P2 e P3, de cada uma das associações e o limite mínimo exigido para o parâmetro analisado.

Esse parâmetro é importante para atestar o nível de frescor do mel, já que se refere

a atividade da enzima responsável pela hidrólise do amido, que é menor quanto mais velho

for o mel, além de indicar se o mel passou por superaquecimento, devido a sua

sensibilidade ao calor (MELO et al. 2003). Também ao analisar méis de Apis mellifera, Silva

(2007) obteve valores médios de 11,25 a 19,70 (Göthe) para amostras provenientes de

Minas Gerais, enquanto Marchini et al. (2005), no estado de São Paulo, obteve teores

médios variando de 5 a 38,5 (escala de Göthe), com 4,96% das amostras fora das

especificações. Já Filho et al. (2011) encontrou o índice de diastase de 7,13 a 9,57 (Göthe),

com duas amostras em desacordo com a legislação.

Os teores de HMF de todos os produtores permaneceram a níveis aceitos pela

legislação, com variação de 0,49 a 19,03 mg.kg-1 (Figura 16). Esses valores indicam que os

méis não foram submetidos a superaquecimento, nem sujeitos a adulterações, mas os

baixos teores encontrados estão relacionados com o fato de o mel ser fresco.

Page 44: Tcc Karina Renostro Ducatti

43

Figura 16. Valores médios de HMF, em mg.kg-1,para os méis das quatro associações e o limite estabelecido pela legislação de 60 mg.kg-1.

De acordo com o questionário aplicado, para INP3, esperavam-se teores de HMF

superiores aos dos demais méis analisados, já que o apiário estava localizado a pleno sol,

em meio a um plantio de girassol, por influência de temperaturas elevadas (Figura 17).

Porém, possivelmente, o fato de que os méis foram recém colhidos contribuiu para os

baixos índices encontrados. De modo que se fosse submetido a um período de

armazenamento, muito provavelmente seriam encontrados teores elevados de HMF.

Figura 17. Apiário do P3, de Ipiranga do Norte, instalado em local inapropriado (sem sombreamento).

Quanto ao teor de sólidos insolúveis, houve variação de 0,03 a 0,15 g.100g-1 dentre

os méis analisados, sendo que apenas três amostras (25%) foram condenadas quanto a

esse parâmetro e correspondem ao produtor 1 de SO e IN, e SNP2 (Figura 18).

Page 45: Tcc Karina Renostro Ducatti

44

Figura 18. Teores médios encontrados para sólidos insolúveis para os três produtores (P1, P2 e P3) de cada uma das quatro associações (Sorriso, Ipiranga do Norte, Nova Ubiratã, Sinop) e o limite máximo estabelecido pela legislação.

Médias de 0,12 g.100g-1 encontradas para SOP1, podem ser explicadas por alguns

fatores como: não fechamento da centrífuga durante centrifugação, o que permite a entrada

de insetos e sujidades; possibilidade de contaminação por poeira durante o transporte

(Figura 19); o fato de a mesa desoperculadora ser uma improvisação de madeira; a não

utilização de filtros; a tela das janelas possui muitos furos, não contendo a entrada de

insetos, além de não serem limpas com a freqüência adequada; forro de madeira e não

cumprimento de medidas higiênico-sanitárias dos manipuladores.

Figura 19. Foto mostrando como é feito o transporte das melgueiras até o local de extração.

Page 46: Tcc Karina Renostro Ducatti

45

Ananias (2010), ao analisar méis do estado de Goiás, obteve valores similares ao

desse estudo, variando de 0,01 a 0,21%, sendo que 34% das amostras se encontravam

acima do permitido. Araújo et al. (2006), na cidade de Crato – CE, observou valores de

0,03% a 0,24%, com 50% das amostras sendo reprovadas neste quesito. Já valores

superiores foram encontrados por Santos et al. (2010), em méis do Vale do Jaguaribe – CE,

com teores de 0,55 a 1,58%, com 100% das amostras reprovadas.

Apesar do que foi observado, ao comparar as médias de A1, A2 e A3, A1 apresentou

valores médios de 0,28 g.100g-1 e diferiu estatisticamente de A2 e A3, que se encontram

abaixo de 0,1 g.100g-1. O fato da amostra 1 ter sido obtida na forma de favos tornou

necessário a prensagem do mel para realização das análises físico-químicas, levando a um

aumento da quantidade de cera, comprometendo a amostragem. Portanto não pode ser

atribuído à contaminação durante o transporte até o local de processamento (Tabela 6).

Tabela 6. Teores médios de sólidos insolúveis (g.100g-1) obtidos para as amostras A1, A2 e A3, para cada um dos produtores das quatro associações.

Associação Amostra P1 P2 P3 A1 0.28 b* 0.11 b 0.14 a Sorriso A2 0.07 a 0.02 a 0.04 a A3 0.03 a 0.01 a 0.04 a A1 0.18 b 0.06 b 0.11 b Ipiranga do Norte A2 0.07 a 0.03 a 0.05 ab A3 --- 0.02 a 0.03 a A1 0.08 c 0.06 a 0.08 b Nova Ubiratã A2 0.06 b 0.05 a 0.05 a A3 0.02 a 0.04 a 0.06 a A1 0.21 b 0.39 b 0.08 a Sinop A2 0.05 a 0.05 a 0.10 a A3 0.02 a 0.02 a 0.03 a

*Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferiram entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para INP1, o mesmo teor de 0,12 g.100g-1 foi encontrado, ultrapassando o limite

permitido. Os resultados estatísticos dentre as amostras, permitem concluir que o valor de

sólidos de 0,17 g.100g-1 encontrado para A1 deve-se ao fato da presença de cera e que

valores elevados para essa amostra já eram esperados. Houve diferença estatística entre as

três amostras, com A2 obteve-se 0,07 g.100g-1 e para A3 houve um aumento para 0,12

g.100g-1, o que indica falha no processo de filtração ou decantação do produto.

Já para SNP2 foram encontrados valores médios de 0,15 g.100g-1, acima do

permitido pela legislação vigente. Entretanto, as condições do local de processamento e

higiene do manipulador deste produtor são menos alarmantes. Como pode ser comprovado

pela análise de A1 (0,39 g.100g-1), A2 (0,04 g.100g-1) e A3 (0,02 g.100g-1), em que apenas

Page 47: Tcc Karina Renostro Ducatti

46

em A1 os teores foram elevados, o que se deve a fase em que foi obtida e não a falhas em

outras etapas. A2 e A3 foram estatisticamente iguais entre si, e diferiram de A1.

Para todos os outros produtores, os méis de A1 apresentaram teores superiores ou

similares aos das amostras A2 e A3, mas nunca inferiores. O que qualifica os méis

analisados aptos para serem comercializados segundo este parâmetro.

Page 48: Tcc Karina Renostro Ducatti

47

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos demonstraram que para umidade, índice de diastase e

hidroximetilfurfural, todas as amostras analisadas encontraram-se dentro dos padrões

exigidos para comercialização, segundo a legislação.

Já para cinzas, as amostras dos produtores SOP2 e INP3 foram reprovadas. Para o

parâmetro acidez, os méis dos produtores 2 e 3 de Sorriso e Sinop e do produtor 1 de

Ipiranga do Norte apresentaram teores superiores aos permitidos, não estando aptos para

comercialização. Quanto ao teor de sólidos insolúveis, SOP1, INP1 e SNP2 tiveram seus

produtos reprovados neste quesito. Os demais produtores, apesar das diversas

irregularidades analisadas, tiveram seus produtos aprovados em todos os quesitos físico-

químicos testados.

Os principais entraves observados neste estudo foram a inadequação das

instalações de processamento do mel e falhas na higiene dos manipuladores. Através da

aplicação do questionário, observa-se a necessidade de realizar um nivelamento dos

apicultores no sentido das boas práticas apícolas e de fabricação, destacando a importância

e conscientizando-os em relação a implantação de técnicas e procedimentos adequados

para obtenção de um alimento seguro e de qualidade, o que ajudará no processo de

desenvolvimento de cada uma das associações, diminuindo os riscos de contaminação do

produto e otimizando os recursos.

Page 49: Tcc Karina Renostro Ducatti

48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, M. A. D.; CARVALHO, C. M. S. Apicultura: uma oportunidade de negócio sustentável. 52 p. SEBRAE. Salvador-Bahia, 2009. ALVES, E. M. et al. Avaliação da presença de coliformes, bolores e leveduras em amostras de mel orgânico de abelhas africanizadas das ilhas do alto rio Paraná. Revista Ciência Rural Online, Santa Maria (RS). 2008. ANACLETO, D. de. A. et al. Composição de amostras de mel de abelha Jataí (Tetragonisca angustula latreille, 1811). Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, set. 2009. ANANIAS, K. R. Avaliação das condições de produção e qualidade de mel de abelhas (Apis mellifera L.) produzido na microrregião de Pires do Rio, no estado de Goiás. 2010. 70 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Escola de Agronomia e Ciência e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás, 2010. ANDRADE, M. V. A. S. et al. Determinação de Hidroximetilfurfural (HMF) em Mel por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). São Paulo: Águas de Lindóia, 31ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2008. ARAÚJO, D. R ; SILVA, R. H. D ; SOUSA, J. S. Avaliação da qualidade físico-química do mel comercializado na cidade de Crato, CE. Revista de Biologia e Ciências da Terra. Crato (CE), v.6, n.1 - 1º Semestre 2006. ARRUDA, C. M. F. de. Características físico-químicas e polínicas de amostras de méis de Apis mellifera L., 1758 (Hymenoptera, Apidae) da região da Chapada do Araripe, município de Santana do Cariri, estado do Ceará. 2003. 96 f. Dissertação (Mestrado em Entomologia). Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – Universidade de São paulo, Piracicaba, 2003. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis. 15th. Supl 2. Ed. 1998. AZEREDO, M. A. A. et al. Características físico-químicas dos méis do município de São Fidélis-RJ. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.19, n.1, p.3-7, 1999. BENDINI, J. do N; SOUZA, D. S. Caracterização físico-química do mel de abelhas proveniente da florada do cajueiro. Ciência Rural, v.38, n.2. Março/abril, 2008.

Page 50: Tcc Karina Renostro Ducatti

49

BORDINI, M. Com três biomas, Mato Grosso tem apicultura diversificada. 2009. Disponível em: http://www.agenciasebrae.com.br/noticia.kmfnoticia=8474274&canal=199&total=3061&indice=0. Acesso em: 15 maio. 2010. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 11 de 20 de outubro de 2000. Aprova o Regulamento de Identidade e Qualidade do Mel. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 de outubro de 2000. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 6 de 2 de julho de 1985. Aprova as Normas Higiênico Sanitárias e Tecnológicas para Mel, Cera de Abelhas e Derivados. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 de julho de 1985. CAMARGO, R. C. R. Boas Práticas de Manipulação na Colheita de Mel. Teresina – PI: Embrapa, 2002 (Comunicado Técnico). CAMPOS, G.; MODESTA, R. C. D. Diferenças sensoriais entre mel floral e mel de melato. Revista Instituto Adolfo Lutz, v. 59, n. 1-2, p. 7-14, 2000. CASADO, P. S; VIEIRA, G. H. da C. Características físico-químicas de méis produzidos em Chapadão do Sul, Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil. Disponível em: http://periodicos.uems.br/novo/index.php/semex/article/viewFile/449/333. Acesso em: 25 set. 2011. CODEX ALIMENTARIUS COMMISSION. Official methods of analysis. Vol.3, Supl 2, Ed 1990. CRANE, E. O livro do mel. São Paulo: Nobel, 226 p. 1987. DUARTE, V.; ARAÚJO, P. M. M. (Org.). Contribuições das Câmaras Setoriais e Temáticas à Formulação de Políticas Públicas e Privadas para o Agronegócio. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, 2006. 496 p. EVANGELISTA-RODRIGUES, A; SILVA, E. M.S. da; BESERRA, E. M. F; RODRIGUES, M. L. Análise físico-química dos méis das abelhas Apis mellifera e Melipona scutellaris produzidos em regiões distintas no Estado da Paraíba. Ciência Rural [online]. 2005, vol.35, n.5, pp. 1166-1171. FILHO, J. P. de A; MACHADO, A. V; ALVES, F. M. S; QUEIROGA, K. H. de; CÂNDIDO, A. F. de. Estudo físico-químico e de qualidade do mel de abelha comercializado no município de Pombal – PB. Revista Verde. Mossoró (RN), v.6, n.3, p.83 - 90. Julho/setembro de 2011.

Page 51: Tcc Karina Renostro Ducatti

50

GONÇALVES, L. S. Perspectivas da exploração da apicultura com abelhas africanizadas no contexto apícola mundial. In: Congresso Brasileiro de Apicultura, 13; 2000, Florianópolis. Anais... Florianópolis: Confederação Brasileira de Apicultura, 2000. ITAGIBA, M. da. G. O. R. Noções básicas sobre criação de abelhas. São Paulo: Nobel, 110 p. 1997. KERR, W.E. História parcial das ciências apícolas no Brasil. In: Congresso Brasileiro de Apicultura, 5; Congresso Latino-Ibero-Americano de Apicultura, 3, 1980, Viçosa. Anais... Viçosa: Confederação Brasileira de Apicultura, 1984. p. 47-60. LENGLER, S. Inspeção e controle de qualidade do mel. 2000. Disponível em: http://www.sebraern.com.br/agricultura/pesquisas/inspeção_mel01.doc. Acesso em: 02 de maio de 2010. MACEDO, L. N. Propriedades Prebióticas e Antimicrobianas de Mel de Abelha. 2007. 73 f. Dissertação (Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos - área de concentração em Ciência de Alimentos) - Instituto de Tecnologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. MAPA, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Dados sobre mel. MAPA, 2009. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/pls/portal/docs/PAGE/MAPA/MAPA_AGRONET/AGRONET_INICIAL/ESQUERDA_AGRONET/MENU_DA_ESQUERDA_AGRONET/COMUNICACAO_INTERNA_AGRONET/LINK'S%20IMPRENSA/TAB7192598/TAB27511246/TAB27511276/TAB37009286/24.9.2009%20DADOS%20SOBRE%20MEL_0.DOC. Acesso em: 27 abr. 2010. MARCHINI, L. C. ; MORETI, A. C. C. C. ; OTSUK, I. P. Análise de Agrupamento, com base na composição físico-química, de amostras de méis produzidos por Apis Mellifera L. no estado de São Paulo. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, mar. 2005. MELO, Z. F. N; DUARTE, M. E. M; MATA, M. E. R. M. C. Estudo das alterações do hidroximetilfurfural e da atividade diastásica em méis de abelha em diferentes condições de armazenamento. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais. Campina Grande (PB), v.5, n.1, p.89-99. 2003. MENDONÇA, K; MARCHINI, L. C; SOUZA, B. A; ALMEIDA-ANACLETO, D; MORETI, A. C. de C. C. Caracterização físico-química de amostras de méis produzidas por Apis mellifera L. em fragmento de cerrado no município de Itirapina, São Paulo. Ciência Rural, v. 38, n. 6, p. 1748-1753, 2008. MOREIRA, R. F. A.; MARIA, C. A. B. de. Glicídios no mel. Química Nova, v. 24, n. 4, p. 516-525, 2001.

Page 52: Tcc Karina Renostro Ducatti

51

NEVES, A. M. G. de S. Manual de Boas Práticas na Produção de Mel: Princípios Gerais de Aplicação. Bragança: Artegráfica Brigantina, 2006. PAULA, J. de. Mel do Brasil: as exportações brasileiras de mel no período 2000/2006 e o papel do Sebrae. Brasília: SEBRAE, 2008. PEREIRA, F. de M. et al. Produção de Mel. Embrapa, 2003. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPMel/organizacao.htm. Acesso em: 16 maio. 2010. POSSAMAI, T. N. Elaboração do pão de mel com fibra alimentar proveniente de diferentes grãos, sua caracterização físico-química, microbiológica e sensorial. 2005. 71 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2005. SALGADO, T. B; ORSI, R. O; FUNARI, S. R. C. et al. Análise físico-química de méis de abelhas Apis mellifera L. comercializados na região de Botucatu, São Paulo, Brasil. PUBVET, V.2, N.20, Artigo 232. 03 mai. 2008. SANTOS, D. da C; MARTINS, J. N; SILVA, K. de F. N. L. Aspectos físico-químicos e microbiológicos do mel comercializado na cidade de Tabuleiro do Norte – Ceará. Revista Verde. Mossoró (RN), v.5, n.1, p.79 – 85. Janeiro/março de 2010. SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Diagnóstico de Apicultura: Sinop. 17 p. Mato Grosso, 2008. SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Manual de Segurança e Qualidade para Apicultura. 88 p. 1 ed., Brasília: SEBRAE/NA, 2009. SILVA, M. B. de L. Diagnóstico do sistema de produção e qualidade do mel de Apis mellifera. 2007. 80 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos – área de concentração Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Viçosa, 2007. SILVA, M. B. L. et al. Qualidade microbiológica de méis produzidos por pequenos apicultores e de méis de entrepostos registrados no serviço de Inspeção Federal no estado de Minas Gerais. Alimentos e Nutrição, Araraquara v.19, n.4, p. 417-420, out./dez. 2008. SILVA, R. A. et al. Composição e Propriedades Terapêuticas do Mel de Abelha. Alimentos e Nutrição. Araraquara v.17, n.1, p.113-120, jan./mar. 2006. SOUZA, D. C. (org.). Apicultura: Manual do Agente de Desenvolvimento Rural. 183 p. 2. ed. rev., Brasília: SEBRAE, 2007.

Page 53: Tcc Karina Renostro Ducatti

52

VANDERZANT, C.; SPLITTS-TOESSER, D. F. Compendium of methods for the microbiological examination of foods. 3rd ed. Washington, DC: American Public Health Association, 1992. 1219p. VENTURINI, K. S.; SARCINELLI, M. F.; SILVA, L. C. da. Características do Mel. Espírito Santo - ES: Universidade Federal do Espírito Santo, 2007 (Boletim Técnico). VERÍSSIMO, M. T. da L. Analise dos méis de Santa Catarina. Apicultura no Brasil, São Paulo, v.4, n.9, 39 p. 1987. VIÊRO, P. Cooperativa de Apicultores em MT busca certificar atividade. 2011. Disponível em: http://mtagronews.blogspot.com/2011/10/cooperativa-de-apicultores-em-mt-busca.html. Acesso: 04 dez 2011. WINSTON, M. L. A biologia da abelha. Tradução de Carlos A. Osowski. Porto Alegre: Magister, 2003.

Page 54: Tcc Karina Renostro Ducatti

53

ANEXO A - Questionário para apiário, casa do mel ou local de processamento. 1 – Apiário SIM NÃO PARCIAL 1.1- O apiário está localizado a mais de 300 m de residências, currais, galpões de criação e estradas

58,3% 16,6% 25%

1.2 – O apiário possui acesso fácil de veículos 91,6%

8,33%

1.3 – O apiário possui acesso fácil de pessoas 83,3%

8,33% 8,33%

1.4- O apiário se encontra próximo a fonte de néctar e pólen naturais

100%

1.5 – O apiário se encontra próximo a fonte de água de boa qualidade e de fácil acesso para as abelhas, a uma distância entre 100 e 500 m

100%

1.6 – O apiário está instalado em área sombreada

83,3% 8,33% 8,33%

1.7 – O apiário está localizado distante de fontes de contaminação (esgotos, depósitos de lixo, etc.)

91,6% 8,3%

2 – Manejo

SIM NÃO PARCIAL

2.1 – O apicultor alimenta as colmeias antes das floradas

66,6% 33,3%

2.2 – As colmeias possuem tela excluidora 25%

66,6% 8,3%

2.3 – O apicultor utiliza quadros guardados de melgueira para produção

83,3% 8,3% 8,3%

2.4 – A coleta das melgueiras é realizada em dias chuvosos

100%

2.5 - Presença de mel verde (desoperculado) nos quadros de mel para extração

16,6%

83,3%

2.6 – Ausência de crias em qualquer fase de desenvolvimento nos quadros de mel para a extração

58,3% 33,3% 8,3%

2.7 – A fumaça utilizada durante o manejo é fria, limpa e livre de fuligem

91,6%

8,3%

2.8 – A fumaça do fumegador é direcionada diretamente sobre os favos

83,3% 16,6%

2.9 – Utiliza como material carburante do fumegador materiais de origem de origem vegetal como serragem, palhas, etc.

100%

2.10 – O apicultor, durante o manejo, usa roupas adequadas para esta prática (macacão, luvas, botas de borracha)

100%

2.11 – As pessoas que trabalham diretamente na colheita das melgueiras no campo entram na área de manipulação na casa de mel

100%

Page 55: Tcc Karina Renostro Ducatti

54

3 – Equipamentos, utensílio e materiais apícolas

SIM NÃO

PARCIAL

3.1 – O apicultor utiliza formão em inox 25%

75%

3.2 – O apicultor utiliza fumegador em inox 50%

50%

3.3 – A casa do mel possui garfo desoperculador em aço inox

100%

3.4 – A mesa de desoperculação é em aço inoxidável

50% 50%

3.5 – As centrífugas são em aço inoxidável 100%

3.6 – Durante a centrifugação, a centrífuga é mantida fechada

41,6% 58,3%

3.7 – Os tanques de decantação são em aço inoxidável ou material plástico atóxico

66,6% 25% 8,3%

3.8 – Os filtros utilizados são de tela de aço inoxidável?

33,3% 41,6% 25%

3.9 - Os filtros utilizados são de fio de náilon com malhas nos limites de 40 a 80 mesh?

91,6% 8,3%

3.10 – O apicultor utiliza material filtrante de pano durante a filtração?

100%

3.11 - O apicultor utiliza como meio filtrante meia de nylon feminina?

41,6% 58,3%

3.12 – A localização dos equipamentos atende a um bom fluxo operacional, observando os detalhes relativos à facilidade de higienização

66,6% 25% 8,3%

3.13 – As embalagens para acondicionamento do mel são fabricadas de material plástico atóxico, vidro, ou outros aprovados pelo SIF?

83,3% 16,6%

4 – Casa de mel ou local de processamento do mel

SIM NÃO PARCIAL

4.1 – O apicultor possui casa de mel

50% 8,3% 41,6%

4.2 – Ausência de animais domésticos ou de criação nas proximidades do local de processamento

66,6% 25% 8,3%

4.3 – Ausência nas proximidades do local de processamento de mel de utensílios utilizados em práticas agrícolas

75% 25%

4.4 – Ausência dentro do local de processamento de utensílios, roupas, etc., pendurados na parede.

58,3% 41,6%

4.5 - Instalações sanitárias em boas condições nas proximidades do local onde é feito o processamento de mel

75% 25%

4.6 – Instalações sanitárias dotadas de produtos destinados à higiene pessoal: sabonete líquido inodoro anti-séptico, toalhas de papel não reciclado para as mãos.

33,3% 33,3% 33,3%

Page 56: Tcc Karina Renostro Ducatti

55

4.7 – O apicultor tem o hábito de anotar a produção de cada colmeia, como também a produção de cada safra

25% 16,6% 58,3%

4.8 – O espaço é suficiente para a instalação de equipamento e estocagem do mel

58,3% 8,3% 33,3%

4.9 – As janelas possuem telas para conter a entrada de insetos?

50% 33,3% 16,6%

4.10 – As telas das janelas são limpas pelo menos quinzenalmente?

41,6% 41,6% 16,6%

4.11 – As paredes são de alvenaria, revestidas com azulejo, cerâmica industrial ou similar, em cores claras, ou outro revestimento que confira perfeita impermeabilização

50% 33,3% 16,6%

4.12 – O piso é feito de material impermeável, resistente e que permita fácil higienização

83,3% 16,6%

4.13 – As paredes da casa do mel medem altura mínima de 02 (dois) metros

91,6% 8,3%

4.14 – O teto ou o forro estão em adequado estado de conservação (livre de trincas, rachaduras, infiltrações, umidade, bolor)

50% 25% 25%

5 – Mel

SIM NÃO PARCIAL

5.1 – Os quadros de mel, após colhidos, são colocados em material próprio para transporte, evitando o contato destes com o solo

91,6% 8,3%

5.2 – As melgueiras, ao chegarem na casa do mel, são colocadas sobre estrados devidamente limpos, que impeçam seu contato direto com o solo

58,3% 16,6% 25%

5.3 – O mel é armazenado de forma a não receber luz solar direta

100%

5.4 – As embalagens contendo mel são colocadas sobre estrado de madeira ou outro material, impedindo o contato direto com o piso

75% 25%

5.5 – O mel é transportado desde a fonte de produção aos entrepostos em embalagens adequadas e específicas para a finalidade, fechadas e protegidas do sol, chuva e poeira

58,3% 8,3% 33,3%

5.6 – O apicultor teve algum problema causado pela presença de resíduos estranhos no mel em anos anteriores

25% 75%

5.7 – O apicultor teve algum problema causado pela presença de impurezas próprias do mel ou oriundas de defeitos na sua manipulação

100%

Page 57: Tcc Karina Renostro Ducatti

56

6. Manipuladores

SIM NÃO PARCIAL

6.1 – Os funcionários da casa de mel usam uniformes constituídos de calça e avental ou macacão, gorro, boné ou touca e botas ou sapatos impermeáveis, todos de cor branca

33,3% 33,3% 33,3%

6.2 – Os uniformes são sempre limpos e são de uso exclusivo no estabelecimento, não se permitindo a saída de funcionários trajando seus uniformes de trabalho

66,6% 33,3%

6.3 – Os manipuladores costumam tomar banho antes de começar o trabalho na casa do mel

66,6% 33,3%

6.4 – Os manipuladores têm o hábito de lavar as mãos antes de entrar na casa do mel

100%

6.5 – Os manipuladores apresentam as unhas sempre cortadas e livres de esmaltes

75% 25%

6.6 – Os manipuladores usam brincos, relógios, anéis, pulseiras, amuletos e outras jóias dentro da casa do mel

8,3% 75% 16,6%

7 – Higienização

SIM NÃO PARCIAL

7.1 – Frequência adequada de higienização das instalações

91,6% 8,3%

7.2 – Produtos de higienização regularizados pelo Ministério da Saúde

58,3% 41,6%

7.3 – Produtos de higienização identificados e guardados em local adequado

50% 41,6% 8,3%

8 – Manejo de resíduos

SIM NÃO PARCIAL

8.1 – Recipientes para coleta de resíduos no interior do estabelecimento de fácil higienização e transporte, devidamente identificados e higienizados constantemente; uso de sacos de lixo apropriados

41,6% 33,3% 25%

8.2 – Retirada frequente dos resíduos da área de processamento, evitando focos de contaminação

75% 8,3% 16,6%

9 – Abastecimento de água

SIM NÃO PARCIAL

9.1 – Sistema de abastecimento de água ligado à rede pública

50% 50%