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Pesquisa: Livre Em Formulário Quinta-feira, 15 de Abril de 2010. Pesquisa número: 10 Expressão de Pesquisa: Pesquisa em formulário - documento número: 640, ano do documento: 2006, colegiado: Plenário Bases pesquisadas: Acórdãos Documento da base: Acórdão Documentos recuperados: 2 Documento mostrado: 1 Status na Coletânea: Não Selecionado Visualizar este documento no formato: Formato Padrão para Acórdãos Status do Documento na Coletânea: g f e d c [Não Selecionado] Coletânea Voltar à lista de documentos Identificação Acórdão 640/2006 - Plenário Número Interno do Documento AC-0640-17/06-P Grupo/Classe/Colegiado Grupo II / Classe IV / Plenário Processo 003.197/2001-6 Natureza Tomada de Contas Especial Entidade Órgão: Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda do Distrito Federal (Seter/DF) Entidade contratada: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico, Educacional e Associativo - Ibraes Interessados Responsáveis: Wigberto Ferreira Tartuce (ex-Secretário de Trabalho, Emprego e Renda do DF/Seter - CPF nº 033.296.071-49), Marcus Vinícius Lisboa de Almeida (Executor Técnico do contrato CFP nº 16/1999 - CPF nº 279.717.831-91), Marco Aurélio Rodrigues Malcher Lopes (Secretário-Adjunto da Seter - CPF nº 279.494.351-00), Marise Ferreira Tartuce (Chefe do Departamento de Educação do Trabalhador/DET - CPF nº 225.619.351-91), Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico, Educacional e Associativo - Ibraes (Entidade executora do objeto do contrato Page 1 of 47 TCU - Portal de Pesquisa Textual 15/04/2010 mhtml:file://V:\SLEG\SCOM\CPI\COMISSAO\ONGS2007\TEXTOS\DOC0067-19t...

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Pesquisa:

LivreEm Formulário

Quinta-feira, 15 de Abril de 2010.

Pesquisa número: 10Expressão de Pesquisa: Pesquisa em formulário - documento número: 640, ano do

documento: 2006, colegiado: PlenárioBases pesquisadas: AcórdãosDocumento da base: AcórdãoDocumentos recuperados: 2Documento mostrado: 1Status na Coletânea: Não Selecionado Visualizar este documento no formato:

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Status do Documento na Coletânea: gfedc [Não Selecionado]

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Identificação

Acórdão 640/2006 - Plenário

Número Interno do Documento

AC-0640-17/06-P

Grupo/Classe/Colegiado

Grupo II / Classe IV / Plenário

Processo 003.197/2001-6

Natureza

Tomada de Contas Especial

Entidade

Órgão: Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda do Distrito

Federal (Seter/DF) Entidade contratada: Instituto Brasileiro de

Desenvolvimento Tecnológico, Educacional e Associativo - Ibraes

Interessados

Responsáveis: Wigberto Ferreira Tartuce (ex-Secretário de

Trabalho, Emprego e Renda do DF/Seter - CPF nº 033.296.071-49), Marcus

Vinícius Lisboa de Almeida (Executor Técnico do contrato CFP nº 16/1999 -

CPF nº 279.717.831-91), Marco Aurélio Rodrigues Malcher Lopes

(Secretário-Adjunto da Seter - CPF nº 279.494.351-00), Marise Ferreira

Tartuce (Chefe do Departamento de Educação do Trabalhador/DET - CPF nº

225.619.351-91), Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico,

Educacional e Associativo - Ibraes (Entidade executora do objeto do contrato

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CFP nº 16/1999 - CNPJ nº 02.456.676/0001-10) e Pedro Ivo

Dapper (Presidente do Ibraes - CPF nº 189.900.100-04)

Sumário

TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. EXISTÊNCIA DE DANO AO

ERÁRIO DE DIFÍCIL QUANTIFICAÇÃO. CONTAS IRREGULARES.

Quando a metodologia de cálculo de débito utilizada não atender

às condições estabelecidas no art. 210, § 1º, do Regimento Interno, impõe-

se o julgamento pela irregularidade das contas. Não haverá imputação de

débito aos responsáveis, ante a existência de um dano ao erário de difícil

quantificação, aplicando-se-lhes, todavia, multa.

Assunto

Tomada de Contas Especial

Ministro Relator

BENJAMIN ZYMLER

Representante do Ministério Público

LUCAS ROCHA FURTADO

Unidade Técnica

SECEX-5 - 5ª Secretaria de Controle Externo

Advogado Constituído nos Autos

Flávio Rodovalho (OAB/GO nº 14.068) e Jacques Maurício Ferreira

Veloso de Melo (OAB/DF nº 13.588)

Dados Materiais

(c/ 3 volumes e 1 anexo)

Relatório do Ministro Relator

Trata-se de Tomada de Contas Especial instaurada em razão da

Decisão Plenária n° 1.112, de 13/12/2000, prolatada quando do julgamento

do TC nº 003.473/2000-2, o qual versou sobre auditoria realizada pela 5ª

Secex, tendo por objeto a execução do Plano Nacional de Qualificação do

Trabalhador (Planfor), no Distrito Federal, em 1999, que esteve a cargo da

então Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda do Distrito Federal

(Seter/DF).

2. O Planfor é composto por projetos/programas de educação

profissional e projetos especiais financiados com recursos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador (FAT), segundo as diretrizes fixadas pelo Conselho

Deliberativo do FAT (Codefat). A gestão do Plano foi delegada à extinta

Secretaria Nacional de Formação Profissional (Sefor), atual Secretaria de

Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego

(SPPE/MTE), que o implementa por meio de convênios firmados com os

governos estaduais e com entidades públicas ou privadas, ditas parceiras

nacionais ou regionais. Os estados e o DF, por intermédio das suas

secretarias de trabalho, devem apresentar um Plano Estadual de Qualificação

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(PEQ) para a formalização dos convênios de transferência de

recursos do FAT (cap. 2 do Relatório de Inspeção do TC nº 003.473/2000-2).

3. A auditoria no Planfor/DF originou-se de representação

formulada pela 5 ª Secex a partir de denúncias de malversação dos recursos

federais, as quais foram amplamente divulgadas na imprensa do DF.

Referidos recursos foram transferidos pelo MTE, no contexto do Convênio

MTE/Sefor/Codefat n° 005/1999 e de seu Termo Aditivo n° 01/1999,

firmados com o Governo do Distrito Federal (GDF), na vigência da Resolução

Codefat n° 194, de 23/09/1998, que fixou as diretrizes para execução do

Planfor em 1999.

4. A SPPE/MTE autorizou, em 1999, o repasse ao GDF de R$

24.486.000,00 (vinte e quatro milhões, quatrocentos e oitenta e seis mil

reais) para a execução do PEQ apresentado por ocasião da aprovação do

convênio, o qual foi resumido no Plano de Trabalho. A Seter/DF utilizou esses

recursos para a contratação direta de 50 entidades, todas sob a exceção

prevista no inciso XIII do art. 24 da Lei n° 8.666/1993, as quais foram

selecionadas por uma Comissão de Habilitação com base nas regras

previstas no Edital n° 02/1998. Os procedimentos de cadastramento e as

obrigações das partes conveniadas constam dos itens 4.2 e 4.3 do Relatório

de Inspeção do TC nº 003.473/2000-2.

5. Por solicitação do MTE, a Secretaria Federal de Controle

Interno do Ministério da Fazenda (SFC/MF) realizou uma auditoria especial

no Planfor/DF, cujo relatório, finalizado em 19/05/2000, subsidiou a

auditoria do TCU. No âmbito do MTE, o relatório da SFC/MF provocou a

instauração de duas Tomadas de Contas Especiais (Portarias MTE/GM nº 414

e 415, de 02/06/2000), por meio das quais foram aprofundadas as

investigações iniciadas pelo Controle Interno (processos nº

47909.000043/00-81 e 47909.000044/00-43). Posteriormente, a setorial

contábil emitiu os Relatórios do Tomador de Contas nº 01 e 02/2000.

6. Considerando que essas duas Tomadas de Contas Especiais

abordaram apenas os contratos citados pela SFC/MF, o MTE decidiu constituir

uma terceira TCE (Portaria n° 783, de 31/10/2000 - Processo n°

47909.000094/00-11). O TCU fixou prazo para que o MTE encaminhasse

toda a documentação produzida pelas TCEs constituídas naquele órgão,

relativas à execução do PEQ/DF-1999, cobrindo todos os contratos firmados

pela Seter/DF.

7. Sopesadas as irregularidades apontadas na auditoria realizada

pela então 7ª Secex e as conclusões dos trabalhos efetuados pelo Tribunal

de Contas do DF (TCDF), pela SFC/MF e pelas duas primeiras Comissões de

TCE do MTE, o Tribunal decidiu instaurar TCEs específicas para cada entidade

contratada pela Seter/DF, em 1999, com vistas a apurar a inexecução

contratual, quantificar os débitos e apurar responsabilidades de dirigentes e

servidores da Seter/DF e das entidades contratadas. Foram identificadas

irregularidades em todos os processos do PEQ/DF-1999, tendo sido

verificado o descumprimento da legislação aplicável e dos termos editalícios

e contratuais.

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8. Coube à atual 5ª Secex constituir e instruir as referidas TCE, a

partir dos autos do TC nº 003.473/2000-2, os quais deverão incorporar

adequadamente as TCEs instauradas pelo MTE. Em 05/06/2001, o MTE

enviou 10 volumes relativos aos três processos de TCE constituídos naquele

órgão, juntamente com 141 volumes anexos pertinentes às entidades

contratadas pela Seter/DF em 1999. Constam dessa documentação o

relatório da terceira comissão de TCE, o relatório do Tomador de Contas n°

01/2001, o relatório e o parecer do Controle Interno pela irregularidade das

contas e o pronunciamento ministerial.

9. Os presentes autos tratam da contratação do Instituto

Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico, Educacional e Associativo -

Ibraes, cujos principais dados estão listados a seguir:

CNPJ/MF: 02.456.676/0001-10, como sociedade civil, sem fins

lucrativos

Endereço: SCLN 207, Bloco D, Sala 105 - Brasília (DF)

Data de Criação: 10/3/1998, com estatuto registrado no 1º Ofício

de Registro de Pessoas Jurídicas em 1/4/1998 (fl. 21 do vol. 1)

Responsável: Pedro Ivo Dapper (CPF nº 189.900.100-04) -

Diretor-Presidente (fl. 24 do vol. 1)

10. O Ibraes celebrou o contrato CFP nº 16/1999 (fls. 85 a 88 do

vol. 1), cujos principais dados estão resumidos a seguir:

VIDE TABELA NO DOCUMENTO ORIGINAL

11. Nos termos do contrato padrão, o contratado (Ibraes) e a

contratante (Seter/DF) pactuaram as seguintes obrigações:

"1 - DO OBJETO

O CONTRATO tem por objeto a realização de projeto de formação

profissional (...) a se efetivar mediante a execução dos planos de curso,

respectivos conteúdos, carga-horária, planilhas de detalhamento físico-

financeiro e demais especificações constantes do projeto apresentado pela

CONTRATADA, que, independente de suas transcrições constituem parte

integrante deste instrumento como se nele transcritos estivessem.

2 - DO REGIME DE EXECUÇÃO

O objeto do presente contrato será executado de forma indireta,

sob regime de empreitada por preço global, conforme art. 6° c/c art. 10° da

Lei nº 8.666/1993 e especificações contidas na proposta aprovada pelo

Departamento de Educação para o Trabalho da Secretaria de Trabalho,

Emprego e Renda - DET/Seter/DF.

(...)

3.3 - O DISTRITO FEDERAL, de acordo com as Normas de

Execução Orçamentária, Financeira e Contábil do Distrito Federal, efetuará o

pagamento dos serviços executados pela CONTRATADA, em 03 (três)

parcelas, da seguinte forma:

1ª parcela - até 10 (dez) dias após a liquidação da

correspondente Nota Fiscal ou Fatura de Prestação de Serviços, devidamente

atestada pelo executor técnico do contrato, mediante apresentação de

relatório e comprovação dos trabalhos de padronização de procedimento, das

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reuniões de nivelamento, do mapeamento e do levantamento do

cadastro das entidades de educação profissional do DF, conforme as

programações previstas na proposta da CONTRATADA - Valor R$ 24.000,00;

2ª parcela - até 10 (dez) dias após a liquidação da

correspondente Nota Fiscal ou Fatura de Prestação de Serviços, devidamente

atestada pelo executor técnico do contrato, mediante a apresentação de

relatório circunstanciado das análises, críticas e consistência dos dados,

reuniões de avaliação, cadastramentos e manutenção do banco de dados das

entidades de educação profissional do DF, conforme as programações

previstas na proposta da CONTRATADA - Valor R$ 32.000,00;

3ª parcela - até 10 (dez) dias após a liquidação da

correspondente Nota Fiscal ou Fatura de Prestação de Serviços, devidamente

atestada pelo executor técnico do contrato, mediante a apresentação de

relatório conclusivo das atividades realizadas, do perfil das entidades

cadastradas, juntamente com aplicativos do banco de dados, disquettes e

CD-ROM, conforme as programações previstas na proposta da CONTRATADA

- Valor R$ 24.000,00;

3.4 - As correspondentes Notas Fiscais ou Faturas de Prestação

de Serviços serão atestadas pelo executor técnico deste instrumento

mediante comprovação pela CONTRATADA das condições e forma de

pagamento aqui estipuladas, mais aquelas dispostas nas Resoluções do

Conselho de Trabalho do Distrito Federal - CTDF e no Manual de Orientações

de 1999 do Departamento de Educação para o Trabalho da Secretaria de

Trabalho, Emprego e Renda do Distrito Federal - DET/Seter/DF.

(...)

5 - DAS OBRIGAÇÕES E RESPONSABILIDADES DAS PARTES

5.1 - A CONTRATADA fica responsável por quaisquer danos

pessoais ou materiais, provocados por seus empregados e acidentes

causados a terceiros, bem como pelo pagamento de salários e encargos.

5.2 - A CONTRATADA fica obrigada a apresentar, ao

CONTRATANTE, até o 5° (quinto) dia útil do mês subsequente, a

comprovação do recolhimento dos encargos previdenciários, resultantes da

execução deste Contrato, sob pena de inadimplência contratual.

5.3 - A inadimplência da CONTRATADA com referência aos

encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração

Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto

do contrato.

5.4 - O DISTRITO FEDERAL responderá pelos danos que seus

agentes públicos, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o

direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

5.5 - Nos casos omissos serão aplicadas as deliberações contidas

no MANUAL DE ORIENTAÇÕES/DET/Seter.

(...)"

12. O "Manual de Orientações do DET/Seter", elaborado para o

PEQ de 1999, integra o contrato aqui examinado. Esse documento

estabeleceu os procedimentos a serem observados desde a apresentação da

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proposta até a execução do contrato, incluindo os procedimentos

para a realização dos pagamentos e as obrigações das partes contratantes e

seus efeitos durante e depois da contratação (fls. 36 a 156 do vol. 1).

13. O prazo de execução do contrato sob comento, previsto no

item 4 do respectivo termo, iniciava-se na data da assinatura e terminava

em 15/12/1999.

14. Após analisar os autos, a 5ª Secex descreveu as

irregularidades verificadas, os dispositivos legais infringidos, os elementos

probantes e os responsáveis. Destacam-se os seguintes pontos:

14.1 Seleção e habilitação da entidade em desacordo com o Edital

e com as normas vigentes

I - Constatações da Secex

- este contrato originou-se de projeto especial, de interesse da

Seter, que o contratou junto ao Ibraes. Os arts. 3º e 4º da Resolução

Codefat nº 194/1998 (fls. 48 e 49 do vol. 1) definem esse tipo de parceria

do Ibraes como ação de caráter complementar aos PEQs, sob aprovação e

homologação do Codefat;

- a entidade não participou da fase de habilitação do PEQ/DF-

1999 e foi contratada sem licitação, com base em parecer da lavra da Chefe

do Departamento de Educação para o Trabalho - DET, Sra. Marise Ferreira

Tartuce, o qual foi aprovado pelo Secretário-Adjunto Sr. Marco Aurélio

Malcher (fl. 80 do vol. 1). Foi alegado que a entidade estaria incumbida

estatutariamente do ensino e, por tanto, estaria enquadrada no art. 24, XIII,

da Lei nº 8.666/1993, verbis:

"Art. 24 - É dispensável a licitação:

(...)

XIII - na contratação de instituição nacional sem fins lucrativos,

incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do

desenvolvimento institucional, científico ou tecnológico, desde que a

pretensa contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional;"

- segundo Jessé Torres Pereira Júnior, a "inquestionável

reputação ético-profissional" deve corresponder à "notória especialização" de

que tratam o inciso II e o § 1º do art. 25 da Lei nº 8.666/1993. No entanto,

o Ibraes foi fundado em março de 1998 (fl. 22 do vol. 1) e,

consequentemente, não possuía tempo de existência suficiente para adquirir

notoriedade. Além disso, não constam dos autos documentos comprobatórios

da qualificação técnica e da experiência anterior em pesquisas;

- o projeto do Ibraes consistia em projeto especial destinado a

atualizar, estruturar e manter um banco de dados das entidades de ensino

profissionalizante do DF, a partir dos dados já existentes (fls. 9 e 10 do vol.

1), envolvendo pesquisa de campo em todas as entidades (fl. 11 do vol. 1).

Os custos foram estimados em uma previsão orçamentária (fl. 13 do vol. 1),

cuja abertura é insatisfatória, visto que não informa os nomes dos técnicos

beneficiários dos pagamentos a serem efetuados;

- os contratos firmados pela Seter/DF seguiam uma minuta

padrão publicada no Decreto GDF nº 20.197, de 28/4/1999, cuja cláusula

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primeira deveria estabelecer o objeto enquanto a segunda

definiria suas especificações (fl. 74 do vol. 1). Em todos os contratos do PEQ,

relativos a cursos profissionalizantes para a população local, o Secretário

definiu como objeto os próprios projetos/propostas apresentados e

especificados pelas entidades, que passavam a fazer parte do instrumento,

como se nele estivesse transcrito. Houve, portanto, a substituição de um

objeto claro e definido pelo contratante por outro elaborado pelo contratado,

muitas vezes explicitado de forma vaga e ambígua, o que poderia ensejar

toda sorte de conflitos jurídicos. Ademais, restou caracterizada a infração ao

§ 1º do art. 54 da Lei nº 8.666/1993, conforme constatado pela Secretaria

Federal de Controle - SFC, a qual concluiu que "as contratações foram feitas

de forma equivocada e utilizando-se de contrato padronizado impróprio para

o resguardo do interesse público, contrariando o que estabelece a legislação

vigente";

- a proposta do Ibraes é imprecisa por não contemplar

informações essenciais, tais como: o que seria acrescentado ao banco de

dados já existente na Seter, quais dados seriam coletados na pesquisa de

campo, em qual aplicativo seria apresentado o resultado final e quem

executaria o trabalho. O cronograma de atividades apresentado (fls. 12 a 14

do vol. 1) e copiado na cláusula 3.3 do contrato utiliza terminologia vaga,

não permitindo conhecer exatamente o que seria executado em cada etapa,

o que acarreta dificuldades para o atesto de execução de cada parcela a ser

liberada;

- a Comissão de TCE, apropriadamente, referiu-se a uma falha

grave no cronograma do projeto, visto que o mesmo seria concluído quando

não teria utilidade (fl. 23);

- o trabalho do Ibraes não substituiu uma vistoria, porém o

questionário fornecia informações sobre as instalações e recursos humanos e

materiais suficientes para descartar um bom número de entidades que não

reuniam condições mínimas aceitáveis para executar os cursos e que

acabaram contratadas. Contudo, para que isso não tivesse ocorrido, o

trabalho do Ibraes deveria ter sido completado no primeiro semestre de

1999, antes do início da aprovação dos projetos;

- o trabalho do Ibraes consistia em visitar cerca de 120

entidades, obter respostas a um questionário (fls. 118 a 127 do vol. 3) e

tabular os resultados em algum aplicativo. Essa tarefa poderia ser executada

por um especialista em 2 meses. O Ibraes dá a entender que o projeto

envolveu a participação de pesquisadores, técnicos, analistas em

informática, auxiliares administrativos, assessores e consultores (fl. 13 do

vol. 1), mas omitiu seus nomes;

- a Seter não solicitou a documentação relativa à qualificação

econômico-financeira nem a comprovação da capacidade financeira do

Ibraes, a qual deveria ser compatível com os compromissos assumidos.

Houve, assim, o descumprimento ao disposto no art. 31 da Lei de Licitações.

Em 1998, o Ibraes apresentava um patrimônio líquido de R$ 2.503,16 (dois

mil, quinhentos e três reais e dezesseis centavos) e ativos totais de R$

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6.382,51 (seis mil, trezentos e oitenta e dois reais e cinqüenta e

um centavos) - fl. 231 do vol. 3;

- em função do exposto e por se tratar de contratação

extemporânea, sem licitação, sem justificativa de preço e, também, da

escolha de uma entidade de reduzido porte e existência recente, não se pode

afastar a suspeita de superfaturamento, além da caracterizada infração ao

estatuído pelos incisos II e III do parágrafo único do art. 26 da Lei

nº8.666/1993;

14.2 Execução do projeto

I - Constatações da Secex

- a recepção do objeto do contrato, por parte do contratante, está

regulamentada no art. 16 do Decreto GDF n° 16.098/1994, o qual estipula a

emissão de Atestado de Execução, que deve especificar, detalhadamente, o

serviço executado, seu valor, localização e período de execução. Essa norma

distrital vai ao encontro do estipulado na Lei das Licitações, que vale para

todas as esferas de Governo, em particular do disposto nos art. 67 e 73

dessa Lei:

"Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e

fiscalizada por um representante da Administração especialmente designado,

permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de

informações pertinentes a esta atribuição.

(...)

Art 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido:

I - em se tratando de obras e serviços:

a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento e

fiscalização, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes em até

15 (quinze) dias da comunicação escrita do contratado;

b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela

autoridade competente, mediante termo circunstanciado, assinado pelas

partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que comprove a

adequação do objeto aos termos contratuais, observado o disposto no art. 69

desta lei;"

- de acordo com o relatório de auditoria que integra o TC nº

003.743-2000-2, os executores técnicos adotaram um comportamento

uniforme, limitando-se a apor assinaturas nas faturas, as quais, inclusive,

eram emitidas em papel timbrado da Secretaria de Trabalho, com texto

padronizado, assinadas também pelo responsável indicado pela instituição

(fls. 111, 141 e 188 do vol. 2);

- esse procedimento se repetiu no caso do Ibraes, cujo executor

técnico, o Sr. Marcus Vinicius Lisboa de Almeida, foi designado em 6/7/1999

(fl. 93 do vol. 1). Referido executor também exercia os cargos de Chefe de

Gabinete do Secretário e Presidente da Comissão de Habilitação. Esse

acúmulo de cargos operou em prejuízo do princípio da segregação de

funções;

- em 1997, os dirigentes da Seter/DF foram informados da

existência dessas falhas pelo TCDF, que recomendou a realização de

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treinamento dos executores técnicos. No entanto, os dirigentes

da Seter não adotaram as providências recomendadas, o que caracterizou

uma atitude negligente na gestão dos recursos públicos (conforme

consignado no item 3.1 do Relatório do TC nº 003.473/2000-2). Em 1999,

nova auditoria do TCDF detalhou o descumprimento das atribuições dos

executores técnicos;

- cabia ao MTE/Sefor fiscalizar o emprego de recursos federais,

por força do disposto na cláusula oitava do convênio e no art. 67 da Lei de

Licitações. A auditoria do TCU demonstrou que não houve essa fiscalização

federal sobre a aplicação desses recursos oriundos do convênio nº 5/1999

(TC nº 003.743/2000-2);

- o ordenador de despesas autorizou os pagamentos sem nenhum

questionamento, inclusive quanto ao atendimento ao disposto na cláusula 5ª

do contrato, relativa à comprovação do recolhimento dos encargos

previdenciários resultantes da execução da avença;

- a Comissão de TCE do MTE entendeu que o Relatório Final

apresentado pelo Ibraes (fls. 190 a 201 do vol. 2) atestou, ao menos

formalmente, o cumprimento do objeto contratado. No entanto, o Ibraes não

comprovou a regular aplicação dos recursos recebidos, o que deveria ter sido

feito por meio da apresentação de recibos dos pagamentos efetuados. Assim

sendo, entende-se necessária a comprovação da regularidade dessa

aplicação.

15. Após ressaltar não ter sido comprovado o adimplemento do

objeto contratado, a unidade técnica salientou terem sido detectadas as

seguintes falhas:

a) utilização irregular da dispensa de licitação para habilitar e

contratar diretamente o Ibraes, no âmbito do PEQ/DF-1999, não observando

os preceitos contidos nos arts. 3°; 24, XIII, e 26, parágrafo único, II e III,

da Lei n° 8.666/1993;

b) seleção, habilitação e contratação do Ibraes como executor do

PEQ/DF-1999, sem a devida verificação da qualificação técnica, da

experiência e da reputação para a execução de atividades de formação

profissional, bem como da qualificação econômico-financeira compatível com

os compromissos que viriam a ser assumidos, em descumprimento à

previsão contida nos arts. 3º; 24, XIII, e 31 da Lei nº 8.666/1993;

c) ausência de justificativa para a contratação do Ibraes, escolha

do projeto proposto e aceitação do preço ofertado por essa entidade, em

afronta aos princípios da motivação, da isonomia, da impessoalidade e da

publicidade, estampados no art. 3° da Lei n° 8.666/93;

d) aprovação de projetos, que seriam os próprios objetos dos

contratos, sem a especificação clara e precisa dos produtos ou resultados

esperados e de como seriam realizados os serviços propostos, em afronta ao

disposto no art. 54, § 1º, da Lei nº 8.666/1993;

e) inobservância das Normas de Execução Orçamentária,

Financeira e Contábil com relação ao atesto das faturas e aos pagamentos

feitos ao Ibraes, derivados do contrato CFP nº 16/1999, violando o disposto

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no art. 62 da Lei n° 4.320/1964; no art. 38 do Decreto n°

93.872/1986 e nos arts. 12, parágrafo único; 13, inciso II e § 3°, III, letra

"a", e V, e 59, caput, inciso II e § 2°, todos do Decreto GDF n° 16.098/1994;

f) inadimplência contratual em razão da não comprovação do

recolhimento dos encargos previdenciários derivados da execução do

contrato CFP nº 16/1999, conforme estabelecem a cláusula 5.2 desse termo

e o art. 71 da Lei nº 8.666/1993;

g) designação de executores técnicos violando o princípio

administrativo da segregação de funções e a garantia do interesse público;

h) não comprovação da execução do contrato, tanto por parte da

Seter/DF quanto do Ibraes, em função da ausência de documentos

comprobatórios nos processos, os quais, mesmos após solicitados à Seter/DF

e à contratada, durante as investigações realizadas pelo MTE, não foram

apresentados ou não foram suficientes para comprovar o cumprimento das

responsabilidades contratuais e legais;

i) ausência de providências visando coibir os desvios ocorridos na

implementação do PEQ/DF-1999, em detrimento das obrigações insertas na

cláusula 3.2 do convênio MTE/Sefor/Codefat nº 5/1999, no art. 36, I, da IN

STN nº 1/1997 e no art. 145 do Decreto nº 93.872, além das

recomendações e determinações feitas pelo TCDF.

16. Com espeque nessas considerações, o analista instrutor

propôs a citação dos responsáveis (fl. 76 do vol. principal), a qual foi por

mim autorizada (fl. 77 do vol. principal). Referidas citações foram

regularmente realizadas (fls. 85 a 108 do vol. principal). Após analisar as

respostas a essas citações, o ACE destacou que:

16.1 Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico,

Educacional e Associativo - Ibraes

- Considerações preliminares

a) regularmente citado por meio do Ofício nº 249/2004 - 5ª

Secex (fl. 98 do vol. principal), o Ibraes apresentou defesa tempestiva (fls.

110 a 120 do vol. principal);

b) o Ibraes apresentou proposta de prestação de serviços

(Projeto de Atualização e Manutenção do Cadastro das Entidades que

Formam a Rede de Educação Profissional do Distrito Federal) - fls. 4 a 14 do

vol. 1. Apesar de constar do Parecer Técnico/Seter/DET nº 17/1999 (fls. 76 a

79 do vol. 1) que se tratava de projeto especial para cadastramento de

entidades de educação profissional no Distrito Federal, a Chefe do DET e o

Secretário-Adjunto da Seter/DF (fl. 80 do vol. 1) acolheram parecer técnico

sugerindo a contratação da entidade para a realização de cursos

profissionalizantes no âmbito do PEQ - Projeto Avança Brasília (fls. 36 a 47

do vol. principal);

c) a sugestão de contratação por dispensa de licitação, na forma

de expediente assinado pela Diretora do DET e pelo Secretário-Adjunto da

Seter/DF, fazia parte da rotina operacional na contratação das entidades

para realizarem os cursos profissionalizantes. A sugestão da contratação

direta teve por espeque o fato de a instituição proponente ser sem fins

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lucrativos, incumbida estatutariamente de ensino e de

reconhecida reputação ético profissional, conforme dispõe o inciso XIII do

art. 24 da Lei nº 8.666/1993 (fl. 80 do vol. 1);

d) os padrões adotados no procedimento de contratação da

entidade, mesmo fazendo parte da rotina operacional da Seter/DF na

execução do PEQ/DF/99, não eximem os responsáveis de fielmente observar

os normativos legais. Além disso, persistem outras irregularidades no

enquadramento da contratação;

e) o Contrato CFP nº 16/1999 (fl. 85 do vol. 1) teve por objeto a

realização de projeto especial de atualização e manutenção do cadastro das

entidades que formam a rede de educação profissional. Porém, havia um

outro contrato com mesmas numeração e partes (fl. 104 do vol. 2) cujo

objeto era um projeto de formação profissional no âmbito das ações relativas

ao PEQ/DF.

f) o Despacho do Secretário da SETER ratificando a contratação

por dispensa de licitação foi publicado no Diário Oficial do Distrito Federal -

DODF, de 12/6/1999 (fl. 91 do vol. 1). No corpo desse despacho, consta que

a avença visou à realização de projeto de formação profissional.

g) conforme estabelecido no PEQ/DF/99, era possível contratar a

execução de serviços de formação profissional e de execução de projetos

especiais. Apesar de o instituto ter sido contratado para atualizar e manter o

cadastro das entidades que formam a rede de educação profissional do DF,

só foi publicado o contrato relativo à prestação de serviços de formação

profissional. Ademais, não consta dos autos a publicação de retificação desse

contrato;

h) de qualquer forma, o Ibraes não poderia ter sido contratado

com base no art. 24, XIII, da Lei nº 8.666/1993, que trata especificamente

da contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou

estatutariamente da pesquisa ou do ensino;

- Alegações

a) não recolheu os encargos previdenciários por tratar-se de

responsabilidade do contratante, tal como ocorre com a responsabilidade

pelo recolhimento do ISS;

b) caso esta Corte entenda que cabia ao Ibraes recolher os

encargos previdenciários, solicitou que a 5ª Secex atualizasse o débito

referente aos encargos previdenciários, parcelando-o no maior número de

parcelas;

- Análise

a) a obrigatoriedade do recolhimento pelo contratado dos

encargos previdenciários foi prevista no contrato em exame, além de

decorrer do art. 71 da Lei nº 8.666/1993, in verbis:

"Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas,

previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato."

b) o não recolhimento dos encargos previdenciários demonstra

que a entidade, apesar de ter recebido os recursos públicos, não adimpliu

seus compromissos como empregadora. Note-se que o art. 22 da Lei nº

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8.212/1991 estabelece que:

"Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à

Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de:

I - 20% (vinte por cento) sobre o total das remunerações pagas

ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados

empregados, empresários, trabalhadores avulsos e autônomos que lhe

prestem serviços;"

c) a legislação vigente à época era cristalina ao dispor sobre a

contribuição previdenciária a cargo da empresa e não havia previsão para

transferir, no caso sob comento, a obrigatoriedade do recolhimento para o

contratante dos serviços;

d) ao solicitar ao Tribunal o levantamento e o parcelamento do

débito previdenciário, a entidade reconheceu o não recolhimento do tributo.

Entretanto, caso tivesse sido identificada a falta do recolhimento

previdenciário durante a execução do contrato, a administração pública

poderia ter rescindido o contrato sem a obrigação de indenizar o contratante,

conforme preceituam os arts. 78 e 79 da Lei nº 8.666/1993;

- Alegações

a) entregou os relatórios parciais e o produto final, atendendo ao

disposto na cláusula 1ª do Contrato CFP nº 16/1999 (fl. 85 do vol. 1) e no

subitem nº 6 do item 6 (fl. 11 do vol. 1);

b) acostou aos presentes autos os ofícios Ibraes n° 65/1999, nº

69/1999 e nº 78/2000 (fls. 114 a 116 do vol. principal), por meio dos quais

foi comunicado o encaminhamento do relatório parcial de execução do

projeto à Seter/DF, foi esclarecido ao MTE que não havia sido contratado

para ministrar cursos de capacitação profissional e encaminhado o relatório

final das atividades e 5 cópias do aplicativo correspondente ao banco de

dados das Entidades de Educação Profissional do Distrito Federal;

- Análise

a) para melhor visualizar as obrigações contratuais do Ibraes,

necessário se faz lembrar os seguintes objetivos propostos, contidos no

projeto que integrava o contrato, verbis (fls. 9 e 10 do vol. 1):

- objetivo geral: atualizar, estruturar e manter um banco de

dados atualizado das entidades que formam a rede de Educação Profissional

do Distrito Federal - EP, para servir de instrumento indicativo dos fatores

quantitativos e qualitativos existentes, sistematizando as informações

coletadas num conjunto, com clareza e veracidade, permitindo à SETER

análises atualizadas e reais;

- objetivos específicos: mapear as entidades/instituições que

oferecem atividades de qualificação e requalificação profissional; caracterizar

as instituições de acordo com as linhas de educação profissional oferecida,

suas fontes de manutenção e áreas de atuação; constituir instrumento de

melhoria das condições de gerenciamento dos PEQs por parte da Seter/DF e

disponibilizar informações a usuários potenciais.

b) o Ibraes informou ter entregado os relatórios parciais e final à

Seter/DF, cumprindo com o objeto contratual. Entretanto, não foram

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anexados à defesa apresentada nem encaminhados esses

relatórios, o CD-ROM dos módulos básico e complementar, o cadastro

impresso previsto no subitem 6 do item 6 da proposta apresentada (fl. 11 do

vol. 1) e o sistema de cadastramento das entidades de educação profissional

desenvolvido.

c) constam dos autos os relatórios parciais (1ª e 2ª etapa) e o

final, que foram apresentados quando da prestação de contas à Seter/DF. O

Relatório Parcial da Primeira Etapa (fls. 113 a 127 do vol. 2) descreve os

seguintes trabalhos realizados: padronização do questionário a ser aplicado

às entidades cadastradas, reunião de nivelamento com a equipe de trabalho

e levantamento das entidades cadastradas no banco de dados da Seter/DF;

d) segundo o Relatório Parcial de Execução da Segunda Etapa

(fls. 140 a 180 do vol. 2):

- foram analisadas e definidas as informações determinadas pelo

MTE que comporiam o cadastro e o CD-ROM, cuja coleta se daria pela

aplicação do questionário reproduzido no primeiro relatório;

- foi realizada avaliação para que o cadastramento e manutenção

do banco de dados das entidades de educação profissional apresentasse em

seus resultados finais a realidade e a veracidade das informações prestadas;

- foi detectada a necessidade de construir um banco de dados

com determinadas características, tais como, estrutura compatível com SQL

direto, interface amigável, ajuda on-line e formato MS Access ST/MT;

- foi anexada relação de 22 entidades pesquisadas no formato de

quadro resumo, tendo sido ressaltado que a totalidade das informações seria

disponibilizada à Seter/DF na última etapa;

e) no Relatório Final (fls. 190 a 201 do vol. 2), consta a

apresentação quantitativa das entidades pesquisadas pelo IBRAES (total de

119), classificadas por bairro, tipos de entidade, origem dos recursos,

abrangência de atuação, tipos de clientelas e atividades econômicas. Por fim,

consta a informação de que seriam entregues cinco cópias do Sistema de

Cadastramento de Entidades de Educação Profissional (banco de dados com

todas as fichas cadastrais das entidades de educação profissional do DF);

f) não há nos autos elementos suficientes que permitam concluir

pela execução do contrato, pois:

- não foi acostada a relação das entidades que formam a rede de

educação profissional nem o cadastro impresso ou em CD-ROM de todas as

entidades;

- não foi comprovado o desenvolvimento do sistema de

cadastramento das entidades que formam a rede de EP;

- não foram anexados os questionários que teriam sido aplicados

nem apresentada a metodologia de classificação das entidades de educação

profissional;

- não foi demonstrada a utilidade da atualização do cadastro das

entidades uma vez que haviam transcorrido apenas alguns meses do

cadastramento feito pela Seter/DF, o qual foi iniciado com a publicação do

edital nº 2 (fl. 69 do vol. 1);

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g) assim, não há como acatar a defesa apresentada em virtude

da não apresentação de documentos/informações comprobatórios da

execução do contrato. Em relação às informações constantes nos autos,

apresentadas quando das prestações de contas à Seter/DF, que poderiam

servir à defesa, elas limitam-se a apresentar o andamento dos trabalhos pelo

Ibraes, sem demonstrar o cumprimento do objeto do contrato. Dessa forma,

conclui-se pela inexecução total do contrato;

- Alegações

a) por tratar-se de Projeto Especial de Atualização e Manutenção

do Cadastro de Entidades, o produto é o próprio objeto, conforme dispôs o

item 6 da proposta, cujo resultado, asseverou o Diretor Presidente, foi

disponibilizado à Seter/DF por meio do cadastro impresso e do CD-ROM;

b) os serviços propostos estavam descritos nos números 1 a 5 do

item 6 - Operacionalização da Proposta (fl. 11 do vol. 1).

c) não contratou com a Seter a execução de cursos de

capacitação, mas somente o Projeto Especial de Atualização e Manutenção

do Cadastro de Entidades.;

- Análise

a) a aprovação do projeto pela Seter/DF refoge às atribuições do

Ibraes. Assim sendo, propõe-se excluir sua responsabilidade em relação a

esse item;

16.2 Pedro Ivo Dapper (Presidente do Ibraes)

- Considerações iniciais

a) foi regularmente citado (Ofício nº 249/2004 - 5ª SECEX - fl.

102 do vol. principal);

b) não apresentou alegações de defesa. Por outro lado, as

alegações apresentadas pelo Ibraes aproveitam ao Sr. Pedro Ivo, haja vista

serem iguais as irregularidades atribuídas a ele e ao Instituto;

c) propõe-se a exclusão da responsabilidade do Sr. Pedro Ivo em

relação à irregularidade acessória;

d) a ausência de recolhimento previdenciário não enseja, neste

momento, apenação por parte do Tribunal, mas reforça o indício de

inexecução contratual;

e) a responsabilidade solidária decorre de lei ou contrato e não

pode ser presumida. Logo, deve-se perquirir a existência de culpa, dolo,

extrapolação de mandato ou violação de lei ou estatuto. Assim sendo, é

preciso analisar o estatuto do Ibraes, a legislação correlata e as informações

acostadas aos autos;

f) conforme o estatuto do Ibraes (fls. 18 e 19 do vol. 1), o

Instituto é administrado por uma Diretoria composta por um Diretor

Presidente, um Diretor Vice-Presidente e um Secretário, eleitos em

Assembléia Geral. Compete aos membros da diretoria do IBRAES:

supervisionar as atividades do Instituto; verificar saldos de caixa, interna e

externamente; firmar todos os documentos conjuntamente; convocar as

Assembléias Gerais do Instituto; apresentar à Assembléia Geral Ordinária o

relatório de gestão e o balanço anual, bem como o parecer do Conselho

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Fiscal, e representar o Instituto ativa e passivamente, nos

âmbitos judicial e extrajudicial;

g) o art. 6º, parágrafo único, prescreve que os sócios não

responderão subsidiariamente pelas obrigações sociais do instituto. Já o § 3º

do art. 12º prevê que os atos que ensejarem malversação ou dilapidação do

patrimônio do Instituto importarão na apuração automática das

irregularidades por parte do quadro social e em suas conseqüências, sem

prejuízo do encaminhamento da medida judicial cabível;

h) segundo o Código Civil atual, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro

de 2002, os administradores das sociedades civis não empresariais,

sociedades simples, respondem solidariamente quando há culpa no

desempenho de suas funções, conforme previsto no art. 1.016, in verbis:

"Art. 1.016 - Os administradores respondem solidariamente

perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho

de suas funções."

i) ao relatar o TC nº 003.089/2001-9, o Ministro Benjamin Zymler

asseverou que:

"80. Cumpre destacar que uma inexecução contratual da qual

decorreu dano ao erário federal só interessa ao TCU quando estiver presente

uma conduta dolosa ou culposa de algum agente público. Nesse caso, haverá

responsabilidade solidária da entidade privada e dos agentes públicos

envolvidos. Tal entendimento encontra supedâneo no art. 16, § 2º, "b", da

Lei Orgânica do TCU, o qual estabelece que nas hipóteses do inciso III,

alíneas "c" e "d" desse mesmo artigo, o Tribunal, ao julgar irregulares as

contas, fixará a responsabilidade solidária do agente público que praticou o

ato irregular e do terceiro que, como contratante ou parte interessada na

prática do mesmo ato, de qualquer modo haja concorrido para o

cometimento do dano apurado. Por outro lado, se não houver culpa lato

sensu de nenhum agente público, a lesão suportada pelos cofres públicos

deverá ser sanada por meio da competente ação judicial. Assim, nessa

última hipótese, a questão será resolvida fora do âmbito de atuação desta

Corte de Contas.

(...)

83. No caso em tela, incumbe perquirir quem é o terceiro

mencionado na alínea "b" do § 2º do art. 16 da Lei nº 8.443/1992.

Considerando que quem celebrou o contrato com a Seter/DF foi a Fundação

Teotônio Vilela, representada por seus ex-diretores no DF, fica patente que a

FTV é o terceiro mencionado nesse dispositivo legal. Assim sendo, o Tribunal

possui competência para imputar responsabilidade à Fundação, não podendo

atribuir a obrigação de indenizar às pessoas físicas que assinaram o termo

contratual na condição de representantes da FTV.

84. Com espeque nesse entendimento, a jurisprudência pacífica

deste Tribunal aponta na direção da responsabilização da pessoa jurídica de

direito privado contratada pelo Poder Público, sem questionar eventual

atuação irregular dos gestores da entidade privada. Aliás, essa

jurisprudência, mais do que pacífica, é unânime, pois desconheço decisão

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desta Corte de Contas que a contrarie. Nesse sentido, por

exemplo, foi prolatado o Acórdão Plenário nº 163/2001, relativo à construção

da sede do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, por meio do qual

esta Corte atribuiu responsabilidade solidária à empresa Incal Incorporações

S.A. e ao Grupo OK Construções e Incorporações S.A. Da mesma forma, ao

analisar a regularidade dos empréstimos concedidos pelo Banco do Brasil à

Encol, o TCU não cogitou de imputar responsabilidade pessoal aos gestores

daquela construtora, apesar dos inúmeros indícios de irregularidades que

teriam sido praticadas pelo Diretor-Presidente daquela empresa (Acórdão

Plenário nº 1.086/2003).

(...)

93. Ressalto, ainda, a diferença que advém do tipo de liame

jurídico estabelecido entre o Estado e o particular, no que concerne à

responsabilização de pessoas físicas e jurídicas. Se o referido vínculo tem

sua origem em um convênio, o laço jurídico envolve o executor do convênio

na condição de pessoa física, a qual passa a ser considerada um agente

público, figura ampla que abarca inclusive o particular que colabora com o

Estado. Dessa forma, a responsabilização civil é preponderantemente

pessoal, sem embargo de surgir a responsabilidade da pessoa jurídica

convenente. Daí decorre que o dever de prestar contas dos recursos

repassados por intermédio de um convênio é pessoal.

94. Quando o vínculo Estado/particular deriva de um contrato,

como no caso em questão, entende-se que a responsabilidade civil é

prioritariamente da pessoa jurídica contratada, por ter sido ela que se

obrigou perante o Estado. Nesse caso, a obrigação da pessoa jurídica não

consiste na prestação de contas, mas na execução do contrato. Somente em

hipóteses excepcionais pode ocorrer a desconsideração da pessoa jurídica, a

qual permite a atribuição de responsabilidades às pessoas físicas dos sócios

ou administradores da entidade em questão.

95. Face ao exposto, fica patente que, em princípio, cabe à

Fundação Teotônio Vilela indenizar o erário federal pelos danos provocados

por seus ex-prepostos no Distrito Federal.

96. Elucidada essa questão, cumpre discutir a possibilidade de a

responsabilidade da FTV ser transferida para seus ex-Diretores. O eminente

Procurador-Geral junto ao TCU manifestou-se no sentido de que os ex-

dirigentes da FTV não devem ser responsabilizados pelo débito apurado

nesta TCE, pois:

a) os contratos cuja execução está sendo questionada foram

firmados pela Fundação Teotônio Vilela e pela Seter;

b) a FTV é uma pessoa jurídica distinta das pessoas físicas de

seus administradores;

c) a cláusula quinta do contrato nº 01/1999 dispôs que a

contratada ficou responsável por quaisquer danos pessoais ou materiais

provocados por seus empregados.

97. Poder-se-ia cogitar da aplicação da Teoria da

Desconsideração da Pessoa Jurídica como supedâneo para uma eventual

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imputação de responsabilidade aos Srs. Geraldo Lessa Santos e

Marcos Santa Rita de Melo. Afinal, existe previsão legal para a

responsabilização de dirigentes de empresas por atos praticados com

excesso de mandato ou que violem contrato ou lei. A título de exemplo,

podem ser citadas a Lei das Sociedades Anônimas, o Código Tributário

Nacional e o Código de Defesa do Consumidor. Com espeque nessas normas,

os tribunais têm imputado responsabilidade solidária (geralmente em ações

intentadas no âmbito do direito civil) ou subsidiária (geralmente quando se

trata de responsabilidade por obrigações tributárias) aos dirigentes que

praticaram atos nas condições acima citadas. A exoneração da empresa só

ocorre quando existe má-fé do terceiro que alega ter sofrido um dano.

Somente nessa última hipótese, pode haver a imputação de responsabilidade

exclusiva ao dirigente, caso tenha havido um conluio dele com o terceiro.

(...)

100. Esta Corte também tem entendido que a Teoria da

Desconsideração da Pessoa Jurídica somente pode ser adotada em situações

excepcionais, nas quais tenha ficado sobejamente demonstrado que os

administradores dessa pessoa jurídica praticaram atos fraudulentos ou

violaram a lei, o contrato social ou os estatutos (Acórdãos do Plenário nº

82/2001, 106/2001, 107/2001, 108/2001 e 118/2001 e da 2ª Câmara nº

576/2000 e 578/2000).

(...)

102. Face ao exposto, fica patente que a imputação de

responsabilidade solidária ou subsidiária aos ex-diretores da FTV dependeria

da existência de provas de que eles atuaram com excesso de mandato ou

violando lei ou estatuto. Consta dos autos relatório de auditoria, elaborado

pela empresa Controle S/C, que consigna a existência de indícios de fraudes

contábeis, dentre os quais destaco o fato de a escrituração não atender aos

requisitos legais e a existência de documentos comprobatórios de despesas

que estão eivados de vícios graves. Entretanto, entendo que esse indícios

não constituem elementos probatórios aptos a embasar uma condenação dos

Srs. Geraldo Lessa Santos e Marcos Santa Rita de Melo nesta Corte de

Contas.

103. Considero, ainda, que o TCU não possui as competências

necessárias para aprofundar as investigações e, talvez, obter provas

concretas contra esses responsáveis. Afinal, para investigar de forma eficaz

os graves fatos apontados nesse relatório pode ser necessário, por exemplo,

a quebra do sigilo bancário dos envolvidos, o que só pode ocorrer na

instância judicial. Ressalto que a unidade técnica visou precipuamente aferir

a execução dos contratos firmados pela FTV e pela Seter. Assim, os ex-

diretores da Fundação em Brasília foram citados e ouvidos em audiência para

prestar esclarecimentos sobre a execução desses contratos, não sendo suas

condutas pessoais objeto de análise minudente.

104. Por outro lado, esclareço que, mesmo que essas provas

constassem dos autos, a responsabilização dos ex-diretores seria solidária,

não elidindo a responsabilidade da FTV. A exclusão dessa responsabilidade

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só ocorreria, consoante comentado no parágrafo 92 deste Voto,

na hipótese de ser provada a existência de um conluio entre seus ex-

gestores e os contratantes. Considerando ser impossível obter referidas

provas nesta TCE, tendo em vista as limitações à ação investigativa desta

Corte que foram acima citadas, entendo ser inviável o atendimento do pleito

formulado pela Fundação Teotônio Vilela, no que concerne à transferência da

responsabilidade da Fundação para seus ex-gestores no DF.

(...)

106. Por fim, reitero que a não imputação, pelo TCU, de

responsabilidade aos ex-gestores da FTV no Distrito Federal não significa

uma aprovação dos atos de gestão praticados por eles, mas apenas a

constatação de que as respectivas condutas não podem ser apreciadas com a

devida profundidade nesta Corte de Contas. Aduzo que o encaminhamento

ao Ministério Público Federal de cópia do Acórdão que vier a ser proferido,

bem como deste Voto e do Relatório que o precedeu, visa exatamente

propiciar à Procuradoria da República a oportunidade de apurar a verdade

dos fatos nas esferas penal e cível."

j) constata-se que o Presidente do Ibraes não agiu com excesso

de mandato nem violando lei ou estatuto. Dessa forma, em consonância com

o entendimento constante no Voto proferido pelo Ministro Benjamin Zymler,

acolhido pelo Tribunal no Acórdão nº 1.693/2003 - Plenário, quando foi

excluída a responsabilidade dos administradores da FTV, conclui-se pela

exclusão da responsabilidade do Sr. Pedro Ivo Dapper no débito levantado e

nas irregularidades acessórias a ele imputadas;

16.3 Marcus Vinícius Lisboa de Almeida - executor técnico do

Contrato CFP nº 16/1999

- Consideração inicial

a) regularmente citado (ofício nº 248/2004 - 5ª SECEX - fl. 94 do

vol. principal), apresentou defesa tempestiva (fls. 45 a 80 do vol. 4);

- Alegações

a) apresentou defesa de forma técnica, apesar de padronizada,

repetitiva e redundante, uma vez que as irregularidades foram apontadas

pela unidade técnica de forma padronizada e repetitiva;

b) estranhou o fato de estar sendo responsabilizado pela unidade

técnica por funções que à época não exercia;

c) como chefe de gabinete não atuou como gestor, não podendo

ser responsabilizado;

d) conhece as normas que norteiam a Administração Pública,

detendo a especialização necessária;

e) nunca manteve ligações estreitas com o então Secretário, Sr.

Wigberto Tartuce, tendo sido convidado para integrar a equipe, após

avaliação curricular, pelo Sr. Marco Aurélio Malcher, Secretário-Adjunto. Em

sua passagem pela Seter/DF ocupou, inicialmente, cargo de pouca expressão

(Gerente de Atendimento ao Trabalhador), tendo passado, em seguida, a

responder pelo expediente da Diretoria de Atendimento ao Trabalhador -

DAT, por méritos próprios;

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f) a maior falha do Programa consistiu na inexistência, até 5 anos

atrás, da rede de educação profissional no Distrito Federal. A constituição

dessa rede foi estimulada pelo Planfor e pelo primeiro PEQ/DF. Assim, não

existia oferta suficiente de instituições estruturadas e adequadas ao Plano de

Trabalho aprovado, inclusive quanto à avaliação técnica e ao preço;

g) era humanamente impossível para o executor técnico

acompanhar toda a execução dos parceiros, em todos os pontos de

execução, nas mais diversas turmas e turnos. Logo, se a evasão ou a

conclusão informada não retrata a realidade, isso jamais estaria visível aos

olhos do executor que checava sempre por amostragem as referidas fases de

execução;

h) os técnicos e executores não foram negligentes ou praticaram

impropriedades de forma voluntária. Não há confirmação ou evidências

irrefutáveis de atos de corrupção passiva ou ativa na execução do PEQ/1999

por parte dos técnicos, executores ou gestores da Seter/DF. Pode ter havido

vícios históricos, consistentes em rotinas e processos inadequados, na

carência de técnicos qualificados e especializados e, nesta gestão em

particular, em desvios de função e acúmulo de atribuições, que contribuíram

para o agravamento dos problemas;

i) o programa nacional foi mal planejado, sem um sistema

eficiente de controle, acompanhamento e avaliação, e mal dimensionado,

pois o Estado não estava aparelhado para sua perfeita execução. Aduziu que

a logística disponível na Seter era inexpressiva para supervisionar um

programa que visou qualificar 176.000 treinandos, praticamente a totalidade

dos desempregados existentes no DF, num único exercício. Isso podia trazer

resultados políticos, mas foi um desastre do ponto de vista técnico, da

qualidade, da eficiência, da eficácia e da efetividade do Programa;

j) somente em 13/8/1999 foi nomeado Chefe de Gabinete da

Seter/DF, quando passou a deter autoridade e autonomia para gerir as ações

gerais da Secretaria e impor seu ponto de vista, nos termos do Regimento

Interno;

k) na época da análise e contratação da maioria das entidades

(junho/julho de 1999), exercia funções no DAT, departamento que não tinha

nenhuma ligação com a qualificação profissional. Esse fato que não foi

considerado;

l) o Contrato do qual foi executor técnico tratou de projeto

especial por determinação de plano de trabalho e do MTE (havia a

obrigatoriedade do credenciamento de uma instituição para realizar o

cadastro das instituições que iriam compor a nova rede de educação

profissional do PEQ/DF). A instituição contratada apresentou seu relatório

final, regularmente atestado por ele, tendo ocorrido a entrega definitiva do

cadastro. Esse cadastro se encontra na área técnica da Seter e deveria

constar do processo de pagamento da última parcela;

m) transcreveu o seguinte trecho do Voto do TC nº

003.089/2001-9:

"É cabível discutir em que medida ou se o ato do executor técnico

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contribuiu para responsabilização solidária na formação do débito.

Fosse o caso de atos isolados de um ou outro técnico, estaria configurada a

negligência, além de indícios de favorecimentos. Contudo, todos os atos de

atesto se deram da mesma maneira, por meio de simples assinaturas em

faturas padronizadas pela Seter/DF, sem a apresentação de relatórios

circunstanciados, verificando-se a adoção de procedimento uniforme."

n) afirmou que o Procurador-Geral junto ao TCU estaria se

posicionando pela elevação do grau de responsabilidade aos agentes públicos

da então Sefor, atual SPPE do MTE, diante das deformações estruturais e

conjunturais do Planfor, em especial do Planfor/DF, da ausência de normas

de controle e fiscalização e da terceirização da supervisão, do

acompanhamento e da avaliação externa do Planfor;

- Análise

a) a apresentação dos recolhimentos previdenciários por parte do

contratado era obrigatória e o executor técnico, diante da não apresentação,

deveria exigi-los. Conforme consta no Contrato CFP nº 16/1999, cláusula 5.2

(fl. 96 do vol. 1), a contratada ficou obrigada a apresentar ao contratante,

até o 5º (quinto) dia útil do mês subseqüente, a comprovação do

recolhimento dos encargos previdenciários, resultantes da execução do

contrato, sob pena de inadimplência contratual. A falta de apresentação dos

recolhimentos - efetivamente não houve o recolhimento dos encargos por

parte da contratada - reforça o indício de que o projeto não foi cumprido,

conforme estipulado pelas partes, tendo o executor, em vista de suas

atribuições, contribuído para a inexecução ao não exigir a apresentação;

b) há necessidade de verificar se os gastos incorridos estão em

conformidade com o que foi estipulado no contrato. O Contrato CFP nº

16/1999 estipulava (cláusula 3.3) que o pagamento seria efetuado em três

parcelas, cujas prestações de contas deveriam conter os seguintes

elementos:

- 1ª parcela: relatório que comprovasse a realização de trabalhos

de padronização de procedimentos, reuniões de nivelamento, mapeamento e

levantamento do cadastro das Entidades de EP do DF, consoante

estabelecido na programação constante da proposta da contratada;

- 2ª parcela: relatório circunstanciado das análises, críticas e

consistência dos dados, das reuniões de avaliação, cadastramento e

manutenção do banco de dados das entidades de EP do DF, conforme

estabelecido na programação constante da proposta da contratada;

- 3ª parcela: relatório conclusivo das atividades realizadas e do

perfil das entidades cadastradas, além da entrega dos aplicativos do banco

de dados, em disquetes e CD-ROM, consoante estabelecido na programação

constante da proposta da contratada;

c) não foram anexados documentos aptos a comprovar o

adimplemento dessas obrigações. Levando em consideração que, no

processo de pagamento, constam os relatórios parciais e final, com base nos

quais o executor técnico atestou as faturas, esses relatórios serão analisados

visando avaliar se o atesto foi regular e baseados em documentos capazes

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de elidir a responsabilidade do executor técnico pelo débito

advindo da inexecução contratual;

d) a 1ª fatura (fl. 111 do vol. 2), atestada em 16/7/1999, veio

acompanhada do Relatório Parcial da Primeira Etapa (fls. 113 a 127 do vol.

2), que descreve os trabalhos realizados na forma exigida pelo contrato. Não

foi detalhada a elaboração do questionário supostamente aplicado, não

consta a descrição do que foi decidido nas reuniões de nivelamento nem de

que forma foi realizada a padronização dos questionários. Ademais, não

constam o levantamento da metodologia, o conceito da rede de educação

profissional e as entidades que poderiam compor essa rede de educação

profissional;

e) a 2ª fatura (fl. 141 do vol. 2), atestada em 13/9/1999, veio

acompanhada do Relatório Parcial da Segunda Etapa (fls. 143 a 180 do vol.

2). Esse relatório também descreveu as atividades realizadas pelo Ibraes na

forma constante da proposta de trabalho e exigida pelo contrato. Nesse

relatório, não há análises, críticas ou análises de possíveis inconsistências

nos dados a serem trabalhados. Houve a repetição do questionário a ser

aplicado, que já constava do 1º Relatório. Foi informada a necessidade de

desenvolver aplicativo gerenciador de banco de dados, como já estipulado

em contrato. Por fim, constou nesse relatório descrição resumida de 22

entidades de educação profissional do DF. Não há, porém, qualquer

referência a respeito de como se obteve essas informações. Aduz-se que a

manutenção do cadastro da Seter poderia ter sido realizada com base nas

informações prestadas pelas entidades que se apresentaram para executar

projetos no âmbito do PEQ/Planfor/99;

f) a última fatura (fl. 188 do vol. 2), atestada em 13/12/1999,

veio acompanhada do Relatório Final (fls. 190 a 201 do vol. 2). Segundo

esse relatório, foram levantadas pela equipe 119 entidades que se

declararam envolvidas com a qualificação profissional e que comporiam o

cadastro de entidades de EP. Foi informado, ainda, que seriam entregues um

banco de dados, compreendendo a ficha cadastral de todas as instituições de

educação profissional do DF, em mídia digital (CD-ROM), um Relatório Final

que conteria a metodologia e a análise dos dados, e três anexos, contendo a

listagem das entidades de EP, públicas e privadas;

g) não há nos autos banco de dados, CD-ROM nem Relatório

Final;

h) restou demonstrado que o executor técnico não cumpriu com

suas atribuições, pois atestou faturas compostas unicamente por relatórios

que eram meras descrições dos trabalhos a serem realizados, na forma

prevista na proposta de trabalho e inserta no Contrato CFP º 16/1999.

Assim, face à inexecução do Contrato CFP nº 16/1999, propõe-se a

responsabilização solidária do executor técnico pelo débito levantado;

- Alegação

a) não está mais sendo responsabilizado pela irregularidade

acessória apontada nestes autos;

b) à época da contratação, fato gerador de todo o processo

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orçamentário, financeiro e contábil, não exercia qualquer cargo

de gestão na Seter, muito menos de ordenador de despesas. Dentre as

competências de chefe de gabinete, definidas em regimento interno, não

havia nenhuma nesse sentido. Ademais, só se tornou chefe de gabinete da

Seter em 13/8/1999, após a contratação de várias entidades;

c) o Regimento Interno da Seter impossibilitava transferir

competências e responsabilidades por conveniência, não tendo o executor

técnico competência para instruir, formalizar ou liquidar despesas.

- Análise

a) o responsável não liquidava nem pagava faturas. Por outro

lado, o atesto aposto por ele nas faturas iniciava o processo de pagamento.

Considerando que faltavam documentos comprovando a execução do

projeto, o atesto garantiu o pagamento com base em uma falsa premissa: a

execução do contrato estava acontecendo. A atuação do executor, portanto,

concorreu para que fossem feitos pagamentos irregulares;

b) conforme dispõe o art. 13, § 3º, III, do Decreto GDF n°

16.098, de 29/11/1994, compete ao executor técnico dar ciência ao órgão ou

entidade contratante de ocorrências que possam ensejar aplicação de

penalidades ao contratado. A falta de recolhimento previdenciário pelo

contratado, por si só, seria motivo suficiente para o executor cumprir com o

mandamento acima e não atestar as faturas. Desse modo, ao não tomar

qualquer ação para evitar o não cumprimento do objeto contratual,

atestando serviços com fulcro em relatórios que apenas descreviam o

andamento dos trabalhos sem apresentar os resultados, além de não anexar

elementos que comprovassem a execução do contrato, que o executor

técnico colaborou para a inexecução contratual. Consequentemente, deve

ser responsabilizado solidariamente pelo débito advindo da inexecução total;

c) quanto à não adoção de providências visando elidir as

irregularidades detectadas na execução do objeto do convênio firmado com a

União, entende-se que o Sr. Marcus Vinícius Lisboa é apenas indiretamente

responsável, devendo responder apenas pelos atos que diretamente

praticou. Aduz-se que, em relação ao disposto no art. 36, I, da IN/STN nº

1/1997, não foi constatada a utilização de recursos em desacordo com o

estabelecido no Plano de Trabalho;

d) o art. 145 do Decreto nº 93.872/1986 prescreve que quem

utilizar dinheiros públicos terá de justificar seu bom e regular emprego, na

conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades

administrativas competentes. A entidade contratada não comprovou o bom e

regular emprego dos recursos públicos e o executor técnico colaborou para a

má utilização dos recursos públicos;

e) diante do acima exposto, conclui-se que as irregularidades

acessórias atribuídas quando do exercício da função de executor técnico não

prosperam;

16.4 Wigberto Ferreira Tartuce - Secretário titular da Seter/DF,

executor do convênio com o MTE e gestor do PEQ/DF-1999 como um todo

- Considerações iniciais

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a) regularmente citado pelo Ofício nº 245/2004 - 5ª SECEX (fl. 85

do vol. principal), apresentou alegações de defesa tempestivas (fls. 2 a 32

do vol. 4);

- Alegações

a) entendeu, com fulcro no disposto no art. 8°, § 1°, da Lei n°

8.443/1992, ser impossível o TCU instaurar TCE no presente caso, uma vez

que o MTE, no uso de suas atribuições legais, já havia promovido tal

procedimento;

b) eventualmente, a jurisdição do TCU pode alcançar

responsáveis fora da esfera federal, mas somente após as devidas

investigações e apreciações para verificar a responsabilidade dos agentes

federais, que repassam os recursos federais com espeque em convênio;

c) é inadequado aplicar as disposições do art. 47 da Lei nº

8.443/1992 ao caso concreto, posto que esse dispositivo se refere somente a

processos de fiscalização e a Decisão nº 1.112/2000 - Plenário foi proferida

em processo de Representação;

d) o Tribunal não pode ter competências ilimitadas, abrangendo

qualquer agente público ou privado, sob pena de violar o Princípio

Constitucional do Devido Processo Legal. Logo, comprovado dano ao erário

federal, primeiramente devem ser apuradas as responsabilidades em nível

federal, onde o Tribunal exerce plenamente sua jurisdição;

- Análise

a) a fundamentação legal para instaurar a presente TCE foi o

caput do art. 8° e não o § 1° do mesmo artigo da Lei n° 8.443/1992, uma

vez que esta Corte não determinou ao Ministério a adoção da providência

prevista no § 1°, tendo, ele próprio, no exercício de suas competências

constitucionais e legais, em especial o disposto no art. 47 da mesma Lei,

autuado os processos de tomada de contas especial referentes a cada

entidade contratada para executar o Planfor/DF-1999, diante das

irregularidades detectadas pela equipe de inspeção deste Tribunal;

b) a alegação no sentido de ser inaplicável o art. 47 da Lei

Orgânica ao caso em exame não procede. A fiscalização exercida pelo TCU

não se resume a auditorias e inspeções, abrangendo o exame de denúncias,

representações, levantamentos, acompanhamentos e monitoramentos,

consoante se depreende do Capítulo III do Regimento Interno do TCU (arts.

230 a 243);

c) em consonância com o citado artigo 8°, ocorrerá instauração

de TCE em caso de omissão no dever de prestar contas; de não

comprovação da aplicação dos recursos repassados pela União, na forma

prevista no seu art. 5°, VII; de ocorrência de desfalque ou desvio de

dinheiros, bens ou valores públicos ou de prática de qualquer ato ilegal,

ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao Erário. Ademais, o art. 5º

da IN/TCU 13/1996 estabelece que "O Tribunal poderá, a qualquer tempo,

determinar a instauração de tomada de contas especial, independentemente

das medidas administrativas internas e judiciais

adotadas, se entender que o fato motivador possui relevância

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para ensejar a apreciação por seus órgãos colegiados";

d) o limite subjetivo da jurisdição do TCU, tratado nos arts. 70 e

71, II, in fine, da Constituição Federal, alcança qualquer pessoa física ou

jurídica que tenha recebido recursos federais, bem com aquelas que derem

causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao

Erário;

e) a citação do Sr. Wigberto Tartuce e dos demais responsáveis

arrolados no presente processo foi realizada pelo montante do débito

apontado pelo MTE, que corresponde ao valor total repassado ao Ibraes em

decorrência do Contrato CFP nº 16/1999, em função dos indícios de

inexecução do objeto avençado. Caberia ao citado, nesta etapa do processo,

questionar o valor do débito e juntar elementos aos autos que

comprovassem a boa e regular aplicação dos recursos públicos. De qualquer

modo, ao analisar a defesa apresentada pela entidade, concluiu-se pela

inexecução total do mencionado objeto;

f) no caso que ora se examina, o Sr. Wigberto Tartuce foi

signatário do Convênio MTE/Sefor/Codefat nº 5/1999 e, na qualidade de

gestor do PEQ/DF-1999 como um todo, era o responsável, perante o

Ministério do Trabalho e Emprego, pela comprovação da correta aplicação

dos recursos recebidos. Ademais, de acordo com o art. 29 do Regimento

Interno da Seter, aprovado pelo Decreto GDF nº 19.875/1998, as principais

atribuições do Secretário são: coordenar e supervisionar a execução e avaliar

as políticas públicas de trabalho, emprego e renda e praticar os atos delas

decorrentes; cumprir e fazer cumprir a legislação vigente; coordenar,

supervisionar e avaliar as atividades das unidades integrantes da Secretaria

e homologar e adjudicar o objeto de licitação em qualquer modalidade

oriunda da sua Pasta. Portanto, as imputações feitas ao Sr. Wigberto

Tartuce, relativas à inexecução contratual e às irregularidades acessórias são

plenamente compatíveis com suas atribuições regimentais e com as

obrigações assumidas por meio do convênio firmado com a União;

- Alegações

a) assumiu a Seter/DF em março de 1999, tendo mantido o Edital

nº 2/1998, preparado no Governo Cristóvam Buarque, do qual decorreu a

maioria das falhas detectadas;

b) manteve em seus cargos o Diretor de Planejamento da

Secretaria e o Diretor Geral da Administração, além de inúmeros servidores

em nível de gerência, os quais eram efetivos e integravam os quadros da

própria Seter;

c) os executores técnicos eram também servidores da secretaria;

d) logo, não existe a imensa rede que seria necessária para

beneficiar as entidades contratadas;

- Análise

a) a distribuição dos contratos entre os executores técnicos não

foi feita de forma equânime, pois 4 deles foram responsáveis por 68% do

valor total;

b) a responsabilidade pela análise dos projetos contratados coube

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à irmã do Secretário, Sra. Marise Ferreira Tartuce;

c) os principais cargos foram ocupados por pessoas de sua

confiança, como o ordenador de despesas (Marco Aurélio Malcher Lopes), a

diretora responsável pela análise dos projetos (Marise Ferreira Tartuce) e o

presidente da Comissão de Cadastramento e principal executor técnico dos

contratos, além de Chefe de Gabinete (Marcus Vinícius Lisboa de Almeida),

não sendo necessário que as principais decisões dependessem de uma

imensa rede;

d) todos os membros da Comissão de Trabalho são indicados pelo

Governador, o qual também nomeou o Secretário de Trabalho, que era seu

aliado político. Entre os membros da Comissão de Trabalho (vide composição

no item 176, fls. 49/50 do TC 003.473/2000-2) incluíam-se, além do

Secretário e do Ordenador de Despesas da Seter/DF, dirigentes de entidades

que ministraram cursos com recursos do FAT, o que autoriza suspeitas sobre

sua isenção, dado o conflito de interesses;

e) a Comissão de Trabalho limitou-se a homologar a relação de

106 entidades cadastradas, não tendo participado da escolha das 50 que

viriam a ser contempladas com recursos do FAT;

f) a manutenção do Edital anterior não ensejou a maioria das

falhas, nem as mais importantes, que se concentraram na fase de liquidação

da despesa e no atesto da execução dos cursos.

g) consequentemente, os fatos aqui trazidos sustentam as

hipóteses aventadas no trabalho de auditoria relativas à violação do princípio

de segregação de funções e à centralização das principais decisões em

poucas mãos;

h) o então Secretário do Trabalho deve responder pelos atos

praticados quando da execução do PEQ/DF-1999, pois, além de ter sido

signatário dos contratos celebrados com as entidades executoras dos cursos

profissionalizantes e dos projetos especiais, tinha comprometimento legal e

regimental na contratação, no acompanhamento e na execução dos

contratos.

- Alegações

a) colacionou decisões deste Tribunal (Decisões n° 188/1998 - 1a

Câmara, nº 664/1999 - Plenário e nº 279/2000 - Plenário), as quais, no seu

entender, "em tudo se aplicam ao presente caso", posto que foram adotadas

em processo que "são idênticos". Nesses processos, as irregularidades foram

tratadas como falhas formais e saneadas por determinações, sem a

instauração de TCE. Dessa forma, pleiteou tratamento isonômico;

b) visando justificar a utilização indiscriminada da dispensa de

licitação, asseverou que:

- em 1997, o então Secretário, Sr. Pedro Celso, consultou a

Procuradoria-Geral do Distrito Federal - PGDF. Naquela oportunidade, o

então titular da Seter/DF esclareceu que "as entidades executoras do

programa no ano passado foram contratadas com dispensa com fundamento

naquele dispositivo";

- compete à PGDF prestar orientação jurídico-administrativa à

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Administração Direta, conforme dispõe o art. 111, VI, da Lei

Orgânica do DF;

- o Parecer n° 5.054/1997 do Subprocurador-Geral do DF

Fernando Antônio Dusi Rocha respaldou as contratações generalizadas com

dispensa de licitação ocorridas em 1997 e 1998 e durante a gestão do citado

em 1999;

- segundo a jurisprudência do TCU, não cabe responsabilizar o

administrador que pratica atos amparados em pareceres jurídicos de órgãos

competentes (TC nº 025.707/1982-5, nº 003.259/1987-0, nº 019.708/1990-

4, nº 928.806/1998-7 e nº 005.318/1999-8, entre outros);

c) em 1997, o TCDF já havia efetuado uma série de

recomendações à Seter visando ao aperfeiçoamento dos mecanismos de

controle, cujo cumprimento teria evitado a repetição das mesmas falhas em

1998 e 1999, conforme veio a ser constatado em duas outras auditorias

posteriores;

d) a convicção de regularidade da dispensa exsurge de um

costume administrativo firmado no âmbito do Planfor, por orientação do

próprio MTE nos convênios firmados com as Secretarias de Trabalho

estaduais;

e) o MTE indicou um servidor que passou a trabalhar nas

dependências da Seter;

- Análise

a) as Decisões deste Tribunal são adotadas caso a caso, após a

análise de um determinado conjunto de fatos. Para alegar a existência de

jurisprudência que possa auxiliar o citado, é necessário demonstrar a

existência de simetria de situações. No entanto, o presente processo envolve

muitos fatos singulares, cujo real significado só é revelado quando esses

fatos são analisados em seu conjunto, não podendo, portanto, serem

confrontados isoladamente, como pretende o citado;

b) além disso, para discutir a possibilidade de existência de

simetria, é necessário que as falhas identificadas não conduzam à convicção

de comprometimento da gestão e de lesão ao Erário. Esse é o aspecto

marcante que leva à instauração de TCE, não bastando para caracterizar

simetria o fato de os processos tratarem de irregularidades semelhantes,

praticadas quando da utilização de verbas do FAT/Planfor.

c) o Edital nº 2/1998 estabelecia que as entidades executoras do

PEQ-DF seriam contratadas sem licitação. Esse Edital foi elaborado em 1998,

na gestão anterior a do citado, o qual tomou posse em março de 1999, não

tendo, portanto, participado de sua elaboração;

d) no Acórdão nº 410/2001 - 1ª Câmara, está consignado que a

tese da irresponsabilidade do gestor que pratica atos com fulcro em

pareceres jurídicos aplica-se quando "o administrador não detenha

conhecimento sobre a matéria tratada, ou seja, o domínio do assunto seja

apenas do especialista da área, de forma que o administrador tenha que

'confiar' plenamente na opinião do parecerista";

e) em 1997, o TCDF já havia alertado a Seter/DF para corrigir as

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falhas verificadas na execução do Planfor, porém não houve

preocupação dos dirigentes daquela Secretaria em adotar as providências

cabíveis. Esse fato é indesculpável para efeito de julgamento da gestão, pois

várias falhas cometidas em 1997 repetiram-se em 1999, destacando-se as

seguintes: contratação de entidades por critérios obscuros, por dispensa de

licitação não fundamentada e sem comprovação da inquestionável reputação

ético-profissional; executores técnicos desconhecendo suas atribuições e

atestam, de maneira uniforme, a execução de serviços antes de seu início e

sem acostar aos autos o Atestado de Execução detalhando o serviço

executado, seus locais e datas; falhas nas rotinas de controle, tais como

ausência de comprovação de despesas das entidades, falta de relatórios de

visita, atesto de cursos não realizados, antecipações de pagamentos

indevidas e falta de cobrança dos relatórios do UniCEUB, que deveriam

subsidiar o atesto da execução do objeto contratado;

f) em julho de 1999, o periódico DF Notícias divulgou matéria

sobre irregularidades, envolvendo recursos da ordem de R$ 15 milhões, que

estariam sendo praticadas pelo Secretário Wigberto Tartuce, no sentido de

beneficiar entidades desconhecidas ou "fantasmas", o que deu origem à

representação formulada pelo Deputado Distrital Wasny de Roure ao TCDF,

autuada em 03/08/99 (processo nº 2.775/1999). Assim, é de se supor que o

Secretário Wigberto Tartuce tenha tomado conhecimento das

irregularidades, seja em função da Decisão do TCDF de 1997, seja em

decorrência da denúncia do Deputado Distrital, cuja data de divulgação

coincidia com a da celebração de diversos contratos;

g) no entanto, o Secretário não adotou as providências cabíveis

para assegurar que a execução dos contratos se desse de acordo com as

normas federais e do DF, conforme veio a ser constatado pela auditoria do

TCDF, realizada após as denúncias de 20/2/2000;

h) caracterizou-se, portanto, a omissão do Secretário em velar

pela estrita observância dos princípios administrativos no trato dos assuntos

que lhe são afetos, do que resultaram pagamentos por serviços não

prestados;

i) a não realização de licitação era um costume administrativo

firmado no âmbito do Planfor, desde o seu início, com o conhecimento do

MTE, porém o citado não anexou provas de sua afirmação de que havia

orientação do gestor federal para não fazer licitação. Aduz-se que o Guia do

Planfor 1999/2002 afirmava que: "A seleção e contratação de entidades

executoras deverá ser feita segundo modalidades previstas na Lei

8.666/93..." (fl. 104 do vol. 2 do TC nº 006.743/2000-3);

j) a simples indicação de um técnico para assessorar a execução

do programa no DF, cujos nome e função não foram revelados pela defesa,

não é suficiente para aduzir que todas as contratações da Seter/DF tiveram a

autorização e a chancela do TEM;

k) apesar da demora do controle em opor-se às práticas

irregulares, que propiciou a extensão das irregularidades por anos, este

Tribunal não pode acatar teses baseadas no desconhecimento da Lei ou na

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repetição de práticas irregulares que se tornaram costumeiras;

l) o fato de o citado não ter participado da elaboração do Edital

de Habilitação, somente poderia, em princípio, eximi-lo de erros praticados

nessa fase, mas não na de contratação;

- Alegações

a) o cadastramento, a habilitação e a conferência de

documentação eram realizadas em instâncias próprias e específicas no

âmbito da Seter. Havia uma Comissão competente para conferir e analisar

toda a documentação apresentada, a qual foi regularmente constituída e

sabia de todas as suas atribuições. Deduz-se que lhe cabia apenas

impulsionar os procedimentos administrativos licitatórios;

b) em relação à inobservância das normas de execução

orçamentária, financeira e contábil, escusou-se dizendo não ser ordenador

de despesas. Aduziu que esse ordenador detinha competência para emitir o

empenho da despesa;

c) era agente político, estando suas atividades bastante distantes

de aspectos meramente técnico-administrativos. Portanto, não era

responsável pela aprovação dos projetos, pelos pagamentos de faturas nem

pela não-comprovação da execução dos contratos;

d) visando corroborar sua tese de que era agente político, citou a

Decisão nº 180/1998 da 1ª Câmara, segundo a qual o cargo de Secretário do

Trabalho lhe confere essa condição;

e) competia à Gerência de Orçamento e Finanças do

Departamento de Administração Geral da Seter/DF realizar os pagamentos;

f) o Setor de Contratos e Convênios tinha a atribuição de

"acompanhar e controlar a execução dos contratos de interesse da Seter/DF

e suas respectivas prestações de contas";

g) o princípio da segregação de funções não é reconhecido pelo

mais renomados administrativistas como um dos princípios regentes da

administração pública;

h) a Seter não possuía estrutura adequada, devido à carência de

pessoal qualificado, o que impedia a requerida segregação;

- Análise

a) não merece acolhida a pretensão do citado de transferir a seus

subordinados toda a responsabilidade pelas falhas e irregularidades

detectadas nas ações relativas ao cadastramento e à habilitação. O Sr.

Wigberto Tartuce foi signatário do Convênio MTE/SEFOR/Codefat nº 5/1999,

logo, por força da cláusula terceira, item 3.2.8, cabia-lhe "prestar contas dos

recursos recebidos de acordo com o estabelecido neste convênio, observando

o disposto na IN/STN/N° 01/97". Além disso, as irregularidades que ora se

examinam ocorreram em todas as contratações do Planfor/DF em 1999;

b) como dirigente máximo da Seter, o Secretário devia monitorar

e acompanhar os processos sob sua gestão, identificando desvios e

corrigindo rumo. Ao não tomar providências visando elidir as irregularidades

cometidas na Seter, colaborou para a prática dessas irregularidades;

c) a mencionada Decisão foi adotada em uma TCE do Governador

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de Santa Catarina Vilson Pedro Kleinubing, instaurada em

decorrência de problemas detectados na prestação de contas de obras contra

enchentes que estavam a cargo das Secretarias Estaduais de Agricultura e

Abastecimento e de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Comunitário.

No voto do Ministro-Relator, está consignado que apenas o Presidente da

República, os Governadores de Estado e, em alguns casos, os Prefeitos

Municipais (quando assinam convênios mas não são seus executores diretos)

podem ser considerados agentes políticos. Por essa razão, não foi incluído

como responsável na presente TCE o Governador do DF Joaquim Domingos

Roriz, embora ele tenha sido um dos signatários do convênio. Finalmente,

deve-se ressaltar que o cargo de Secretário não foi cogitado na referida

decisão, razão pela qual a argumentação do citado não procede;

d) o titular da Seter/DF conhecia a dificuldade da pasta onde

exerceria sua função. Mesmo assim, celebrou um dos mais vultosos

convênios do país. Ora, se havia falta de equipamentos e de pessoal, deveria

ter celebrado um convênio envolvendo valor financeiro adequado à situação

da Seter/DF;

e) a execução direta das atividades não lhe cabia, apenas sua

supervisão. Portanto, não é responsável, a princípio, por falhas isoladas,

ocorridas por eventual lapso de algum subordinado. Contudo, sua

responsabilidade emerge cristalina quando todo um conjunto de atos de

execução passa a ser praticado com infração aos dispositivos legais, de

maneira uniforme, por todos os agentes subordinados. Afinal, isso só pode

ocorrer quando há falhas de supervisão e de coordenação, atividades da

competência do Secretário;

- Alegações

a) assumiu a Secretaria dois anos após as recomendações do

TCDF. Logo, é despropositada sua citação com fulcro no seu não

atendimento. O TCU deveria chamar aos autos o titular da Secretaria

daquela época;

- Análise

a) o citado possuía pleno conhecimento das diversas falhas que

estavam ocorrendo na operacionalização do PEQ/DF e não cuidou de bem

supervisionar, implementar, acompanhar e corrigir as falhas e os desvios.

Suas responsabilidades, insertas na cláusula 3.2 do Convênio

MTE/Sefor/Codefat nº 5/1999, são claras e precisas bem como são os

deveres e obrigações insertos no Regimento Interno da Seter, na IN/STN nº

1/1997 e no Decreto nº 93.872/1986;

b) ao alegar que não pode ser responsabilizado por falhas

cometidas em gestões anteriores, que permaneceram sendo praticadas em

sua gestão, tenta mostrar que não pode ser responsabilizado por seguir

orientações e manter práticas passadas. Entretanto, ele não pode se escusar

de suas responsabilidades. Assim, ao não tomar providências no sentido de

evitar desvios na implementação do PEQ/DF-1999 deve ser pessoalmente

responsabilizado;

16.5 Marco Aurélio Rodrigues Malcher Lopes - Secretário Adjunto

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da Seter/DF, Substituto Legal do Secretário e Ordenador de

Despesas do PEQ/DF-1999

- Regularmente citado (Ofício nº 246/2004 - fl. 88 do vol.

principal), não apresentou defesa e tornou-se revel consoante dispõe o art.

12, § 3º, da Lei nº 8.443/1992;

16.6 Marise Ferreira Tartuce - Chefe do Departamento de

Educação para o Trabalho - DET e responsável pela análise e aprovação do

projeto do IBRAES

- Considerações iniciais

a) regularmente citada (Ofício nº 247/2004 - fl. 91 do vol.

principal), apresentou defesa tempestiva (fls. 33 a 44 do vol. 4);

- Alegações

a) apenas seguiu normas e procedimentos vigentes e herdados

da administração anterior;

b) não resta dúvidas quanto à boa gestão dos recursos do FAT;

c) houve constante supervisão e controle por parte do MTE,

principalmente da Sefor;

d) a contratação do IBRAES sem licitação foi amparada por um

parecer da Procuradoria Geral do GDF, além de ser um procedimento

seguido pelo MTE e por todos os estados e municípios brasileiros que fazem

a qualificação profissional;

e) essa modalidade de contratação era costumeira, havia um

parecer elaborado por um analista do DET e aprovado pela gerência de

análise de projetos;

f) não competia à Diretora do DET analisar o projeto, homologar

a habilitação ou celebrar o contrato;

g) segundo o inciso IV do art. 25 do Regimento Interno da

Seter/DF, cabe ao DET "elaborar e apresentar ao Conselho do Trabalho do

Distrito Federal, para apreciação e aprovação, o Plano de Trabalho Anual

referente ao convênio firmado com o Ministério do Trabalho/Secretaria de

Formação e Desenvolvimento Profissional";

h) a Seter/DF utilizava rigorosamente os mesmos procedimentos

adotados pelo MTE e pelos demais estados, sem criar qualquer privilégio ou

quebra de isonomia entre as entidades executoras do programa de

qualificação;

i) não foram observados atos que legitimassem a rescisão

contratual ou maculassem o trabalho desenvolvido pelas entidades. Logo,

não se pode falar em omissão da defendente;

j) enquanto esteve na Seter, não teve ciência das determinações

do TCDF. Consequentemente, não pode ser responsabilizada por seu

eventual não cumprimento;

k) competia ao executor técnico, à UniCEUB e à Fade/UFPE

comprovar a execução do contrato. Ademais, essas instâncias atestaram a

execução;

l) solicitou que fosse verificada a relação dos alunos de todas as

entidades participantes do PEQ/99 constante do site do TEM, aduzindo que o

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próprio ministério atestou a execução dos contratos;

m) ocupava um cargo de agente político, logo, estava isenta das

responsabilidades que lhe foram imputadas;

n) os pagamentos eram feitos em quatro parcelas, sendo a

primeira vinculada à apresentação do material didático e do corpo docente

qualificado, visita às instalações da contratada. As demais parcelas estavam

vinculadas à comprovação da realização mínima de 50%, 70% e 100% dos

serviços constantes da proposta apresentada;

o) essa forma de pagamento era adotada no DF desde 1995;

p) não pode ser-lhe imputada a realização de pagamentos

antecipados, pois não era ordenadora de despesa;

- Análise

a) a citada não apresentou justificativas para a maioria dos atos

irregulares listados no instrumento citatório, restringindo-se a transferir a

responsabilidade para outros agentes, a qualificar o trabalho da Unidade

Técnica como subjetivo e equivocado, além de justificar a conduta da

Seter/DF afirmando que os mesmos modelos de Editais, Pareceres, Contratos

e Prestações de Contas implementados no DF foram utilizados em diversas

Secretarias de outras unidades da Federação;

b) as atribuições da responsável eram bem mais amplas do que

ela informou, a exemplo da emissão pareceres favoráveis à contratação do

Ibraes com dispensa de licitação. Essas atribuições abrangiam as etapas de

planejamento, análise e acompanhamento da execução dos processos de

Educação Profissional, uma vez que as Gerências de Análise de Projeto e

Metodologia, de Acompanhamento de Projeto e de Suporte Operacional eram

diretamente subordinadas ao DET, conforme estabelecido no Regimento

Interno da Seter/DF (arts. 25 a 28 do Decreto GDF nº 19.875/1998),

chefiado pela citada;

c) inspeção realizada por este Tribunal constatou que o DET não

realizou o exame cuidadoso dos projetos. Os pareceres técnicos emitidos

foram meras repetições de partes das propostas apresentadas pelas

entidades e não trouxeram elementos de confronto com os parâmetros do

PEQ ou do Planfor;

d) a responsável não seguiu as orientações do roteiro para

elaboração de propostas/projetos, elaborado pela própria Seter/DF, o qual

determina que o projeto deve ser suficientemente detalhado para

proporcionar e facilitar a avaliação do processo. A Sra. Marise Tartuce

sugeriu o acolhimento da proposta do Ibraes que era mera reprodução de

um contrato padronizado, apesar das irregularidades apresentadas. Da

mesma forma, autorizou o prosseguimento da aquisição dos serviços em

questão, via dispensa de licitação. A citada não esclareceu os critérios

utilizados para aprovar os projetos, nem quem era, no seu entendimento, o

efetivo responsável pela seleção dos contemplados com os recursos federais

oriundos do FAT;

e) o descaso com o controle da execução por parte do

DET/Seter/DF, a quem os executores técnicos estavam subordinados,

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caracterizou-se, também, pelos atestos da execução sem a

devida verificação do adimplemento dos serviços, ao arrepio total da

legislação. A designação de técnicos da Seter/DF para esse mister, conforme

previsão legal, não foi suficiente para evitar os desvios e as irregularidades

identificadas, uma vez que não foram disponibilizadas as condições

elementares de suporte para que eles pudessem realizar a verificação física.

Aduz-se que referida verificação, na maioria dos casos, representava

incumbência desproporcional e adicional às obrigações normais desses

agentes, não observando, também, o princípio administrativo da segregação

de funções;

f) por essas razões, as alegações de defesa apresentadas não

podem ser aceitas.

17. Após analisar os documentos acostados aos autos, o analista

instrutor destacou que:

a) a direção da Seter/DF, representada no CTDF pelo Secretário

titular e por seu adjunto, respectivamente os Srs. Wigberto Tartuce e Marco

Aurélio Malcher Lopes, assumiu o risco pela contratação de entidades que

tinham finalidades estatutárias diversas da Educação Profissional (EP), sem

experiência em educação profissionalizante, recém criadas, com patrimônio

simbólico e que não detinham estrutura para a consecução das ações de EP

envolvendo milhares de treinandos (instalações, instrutores, metodologia,

material pedagógico, logística administrativa, conhecimento da clientela

etc.);

b) a contratação do Ibraes para executar um Projeto Especial -

PE, via dispensa de licitação supostamente respaldada pelo art. 24, XIII, da

Lei nº 8.666/1993, é uma flagrante ilegalidade. Apesar de constar no

Estatuto da entidade atividade ligada à promoção do ensino (fl. 16 do vol.

1), o IBRAES foi contratado para atualizar e manter o cadastro das entidades

que formam a rede de educação profissional do DF. Há inúmeras empresas

de informática e até mesmo autônomos capazes de desenvolver um banco

de dados para manter um cadastro de entidades, além do que, para a

consecução do objeto proposto, não se exige notória especialização da

contratada;

c) na contratação do Ibraes, não houve o cuidado de observar

que a entidade estava sendo contratada para prestar serviços de atualização

e manutenção do banco de dados da Seter, tendo sido utilizado como

justificativa o inciso XIII do art. 24 da Lei nº 8.666/1993, como se a

entidade fosse prestar cursos de ensino profissionalizante. Aduz-se não

haver no processo outras propostas de prestação de serviços nem a

justificativa do preço contratado e da escolha do prestador. Finalmente,

deve-se considerar que nenhum dos gestores da Seter abrangeu esse tópico

em suas alegações de defesa;

d) Wigberto Tartuce não fez um acompanhamento/fiscalização

adequado da execução dos contratos, tendo restado caracterizada a ausência

de compromisso dos envolvidos na definição e implementação de

procedimentos condizentes;

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e) as alegações de defesa apresentadas pela Sra. Marise Tartuce

não foram suficientes para comprovar a execução do objeto do Contrato CFP

n° 16/1999 e elidir as irregularidades acessórias apontadas nesta TCE;

f) em relação ao Sr. Marco Aurélio Malcher Lopes, embora o

Tribunal entenda que a revelia não implica a presunção de que os fatos

alegados são verdadeiros (Princípio da Verdade Material), era imprescindível,

nesta fase de cognição da TCE, apresentar alegações de defesa para que

fosse examinada a possibilidade de afastamento da responsabilidade quanto

ao débito e às irregularidades apontadas, pois não foi possível colher, em

nenhum momento da análise, elementos que aproveitassem a sua defesa;

g) por todo o exposto, não há como acolher os argumentos de

defesa dos gestores da Seter/DF, pois suas alegações, aqui examinadas, não

conseguiram elidir as irregularidades que a eles foram imputadas;

h) o Ibraes se restringiu a anexar três ofícios e o contrato

celebrado. Consequentemente, faltam elementos comprobatórios da

execução do contrato. Os relatórios entregues pelo IBRAES (dois parciais e

final) para efeito de prestação de contas não esclarecem a metodologia de

elaboração dos questionários que seriam aplicados, a forma de se levantar

as entidades (pesquisa de campo) integrantes da rede de EP, o conceito e a

classificação dessas entidades, o projeto do banco de dados (sistema de

informática), o manual de utilização do banco de dados, os questionários

aplicados e preenchidos, o cadastro completo e descritivo das entidades.

Ademais, não foram encaminhados ao TCU o CD-ROM dos módulos básico e

complementar e o currículo dos pesquisadores envolvidos no projeto e suas

qualificações;

i) os relatórios apresentados pela entidade continham apenas o

andamento dos trabalhos sem demonstrar o que se estava produzindo.

Acrescente-se não haver evidências de interação entre a área demandante, a

Seter, e o contratado. Ademais, por que atualizar o cadastro da Seter se as

informações foram prestadas, naquele ano, quando do cadastramento das

entidades interessadas em executar o PEQ-DF/1999;

j) o Diretor Presidente do Ibraes foi citado pela irregularidade

principal (inexecução contratual) e por irregularidades acessórias. Analisando

suas atribuições, constatou-se que ele não exorbitou dos poderes a ele

conferidos. Além disso, esse Diretor entregou os documentos necessários

para participar do PEQ-DF/1999. As irregularidades referentes à aprovação

de projetos, que seriam os próprios objetos dos contratos, sem a

especificação clara e precisa dos produtos ou resultados esperados e como

seriam realizados os serviços propostos, se referem a decisões tomadas pela

administração pública. Assim, fica prejudicada a responsabilização do Diretor

Presidente no presente processo;

k) o executor técnico Marcus Vinícius Lisboa de Almeida não

conseguiu demonstrar, em sua defesa, o cumprimento do objeto do Contrato

CFP nº 16/1999. Ele não acrescentou nenhum elemento aos já constantes

nos autos. Assim, deve ser-lhe imputada responsabilidade pelo débito

apurado nesta TCE;

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l) o Sr. Marco Aurélio Malcher Lopes, regularmente citado, não

apresentou defesa tornando-se revel. Outras defesas apresentadas não

aproveitaram ao citado. A ele competia, como ordenador de despesas do

PEQ/DF-1999, nos termos das Normas Orçamentária, Financeira e Contábil

do Distrito Federal (Decreto nº 16.098, de 22/11/1994), autorizar o

pagamento de qualquer despesa relativa ao Convênio MTE/Sefor/Codefat nº

5/1999 e seu Termo Aditivo nº 119/99 (art. 54). Logo, ele deve responder

por eventuais pagamentos antecipados, na forma do art. 59, II, do

mencionado Decreto;

m) considerando a apontada inexecução total do contrato de que

trata o presente processo, o responsável autorizou o pagamento das

parcelas do contrato sem a prévia comprovação da execução do objeto e

sem o adimplemento de cláusulas contratuais, violando o disposto no item

3.3 do Contrato CFP nº 16/999;

n) dessa forma, deve ser responsabilizado solidariamente pelo

débito aqui levantado.

18. Por todo o exposto, o analista instrutor propôs:

a) excluir a responsabilidade do Sr. Pedro Ivo Dapper, Diretor

Presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico,

Educacional e Associativo - Ibraes;

b) rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelos

responsáveis Wigberto Ferreira Tartuce, Marise Ferreira Tartuce e Marcus

Vinícius Lisboa de Almeida e pelo IBRAES;

c) julgar irregulares as contas dos responsáveis Wigberto Ferreira

Tartuce, Marco Aurélio Rodrigues Malcher Lopes, Marise Ferreira Tartuce,

Marcus Vinícius Lisboa de Almeida e o IBRAES, com fundamento nos arts. 1º,

inciso I, 16, inciso III, alínea c, 19, caput, 23, inciso III, da Lei nº. 8.443/92,

e condená-los solidariamente ao pagamento das importâncias a seguir

discriminadas, atualizadas monetariamente a partir das datas indicadas nos

autos e acrescidas dos juros de mora, na forma prevista na legislação em

vigor, fixando o prazo de quinze dias, para que comprovem, perante o

Tribunal, o recolhimento, aos cofres do Fundo de Amparo ao Trabalhador -

FAT, das quantias devidas, nos termos do art. 23, inciso III, alínea "a", da

Lei nº 8.443/92:

VIDE TABELA NO DOCUMENTO ORIGINAL

d) aplicar aos responsáveis Wigberto Ferreira Tartuce, Marco

Aurélio Rodrigues Malcher Lopes e Marise Ferreira Tartuce a multa prevista

no art. 58, II, da Lei nº 8.443/1992 e no art. 268, II, do Regimento Interno

do TCU;

e) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, II, da Lei nº

8.443/1992, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as

notificações;

f) encaminhar cópia das peças dos autos e da Decisão que vier a

ser proferida no presente processo, bem como do Relatório e do Voto que a

fundamentarem, ao Ministério Público da União para adoção das providências

que julgar pertinentes, tendo em vista o disposto no art. 16, § 3º, da Lei nº

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8.443/1992.

19. O diretor da 3ª DT da 5ª Secex manifestou-se

favoravelmente ao acolhimento dessa proposta, exceto no que concerne à

aplicação da multa, tendo em vista que a imputação dessa penalidade tem

sido afastada nos julgamentos de TCE instauradas visando apurar a

regularidade das contratações realizadas sob a égide do PEQ/DF-1999 (fls.

155 e 156 do vol. principal). O titular da 5ª Secex manifestou sua

concordância com o entendimento exarado pelo diretor (fl. 157 do vol.

principal).

20. O Procurador-Geral junto ao TCU, Dr. Lucas Rocha Furtado,

destacou que (fls. 158 a 165 do vol. principal):

a) opinou no TC 003.089/2001-9, que também tratou de TCE

instaurada com o intuito de quantificar o débito e apurar as

responsabilidades por suposta inexecução de contratos firmados pela

Seter/DF visando executar o Convênio nº MTE/Sefor/Codefat nº 5/1999

(contratos nº 1/1999, nº 4/1999, nº 66/1999 e nº 67/1999, todos

celebrados com a Fundação Teotônio Vilela - FTV). Naquela oportunidade,

teceu considerações acerca do funcionamento do Planfor em todo o Brasil,

destacando as deficiências dos vários entes envolvidos na operação do plano,

desde os gestores até os executores. Fez as considerações pretendendo

distinguir as ocorrências que teriam configurado irregularidades dolosas,

referentes à gestão dos recursos públicos considerados, das que tiveram

lugar em decorrência de problemas operacionais do programa, devido a

falhas de todas as instâncias envolvidas, incluindo os órgãos do Ministério do

Trabalho e Emprego;

b) procurou evidenciar que a operação do Planfor vem, desde

1996, se fazendo de forma precária, com sérios problemas de execução,

supervisão e fiscalização. Não foram previstas, por exemplo, exigências

objetivas para comprovar a execução dos contratos celebrados no âmbito do

plano;

c) não obstante essa realidade, foram cometidas no âmbito da

Seter várias irregularidades, entre as quais destacam-se, por sua gravidade,

a celebração de contratos que pouco exigiam dos executores finais e a

liberação de recursos a esses executores sem se garantir a efetiva realização

do objeto pactuado e sua comprovação. Todavia, considerando que foram os

defeitos de concepção do Planfor que facilitaram os desvios perpetrados em

sua operação, manifestou o entendimento de que, em princípio, deve ser

mitigado o grau de responsabilidade dos gestores da Seter/DF pelas

inexecuções contratuais constatadas no âmbito do Convênio nº

MTE/Sefor/Codefat nº 5/1999, já que não se pode negar que a falta de apoio

por parte da Ministério do Trabalho e Emprego e de articulação entre as

várias instâncias envolvidas no plano deixaram as entidades executoras

muito à vontade na aplicação dos recursos públicos;

d) concluiu, então, que as entidades executoras dos contratos

inseridos no âmbito do Convênio nº MTE/Sefor/Codefat nº 5/1999 devem

responder individualmente por eventuais danos constatados na aplicação dos

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recursos do Planfor, devendo os gestores da Seter/DF, nessas

hipóteses, serem penalizados com multas caso tiverem incorrido em má-

gestão dos recursos públicos federais que lhes foram confiados;

e) permite-se abrir um espaço para tecer algumas considerações

que tornem clara a posição jurídica, frente ao TCU, das entidades privadas

contratadas pela Seter/DF no contexto do Planfor/DF-1999. Deriva da

Constituição Federal e da Lei nº 8.443/1992, como se verá a seguir, o

entendimento de que, em sede de contas, o particular somente se sujeitará

à jurisdição do TCU em duas situações: quando, mesmo não desempenhando

função pública, der causa a dano ao erário em concurso com pelo menos um

agente público, ou quando, independentemente de agir só ou em conjunto

com agente público, der causa a dano ao erário estando no exercício de um

múnus público, ou seja, quando estiver exercendo função pública lato sensu

atribuídas pela Administração;

f) a Constituição, no parágrafo único de seu artigo 70, com a

redação dada a esse dispositivo pela Emenda Constitucional nº 19, de

4/6/1998, identificou quem está obrigado a prestar contas dos recursos

públicos que lhe foram confiados:

"Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou

privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros,

bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome

desta, assuma obrigações de natureza pecuniária."

g) em seguida, dispôs a Constituição sobre a competência do TCU

para julgar contas:

"Art. 71. O Controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será

exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

(...)

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis

por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta,

incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público

federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra

irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público."

h) depreende-se desses dispositivos que o constituinte

estabeleceu, no parágrafo único do artigo 70 da CF/88, o conjunto daqueles

que estão sujeitos à prestação de contas de recursos públicos, seja perante o

Congresso Nacional, a quem cabe a titularidade do controle externo, a ser

exercido com o auxílio do TCU, seja perante os demais órgãos de controle de

cada Poder. Num segundo momento, no inciso II do artigo 71 da CF/88,

tratou de delimitar, no conjunto dos que estão obrigados a prestar contas de

recursos públicos, o subconjunto composto por aqueles que devem fazê-lo

junto ao TCU;

i) conclui-se que a Constituição Federal estabeleceu como

competência do TCU, em matéria de contas:

- julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por

dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta,

incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público

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federal;

- julgar as contas de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou

privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros,

bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome

desta, assuma obrigações de natureza pecuniária, e que, satisfazendo a

essas condições, derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de

que resulte prejuízo ao erário.

j) a Constituição não estabeleceu qualquer restrição no sentido de

que o particular somente estaria sujeito à jurisdição do TCU em situações em

que, para o ato que tenha causado prejuízo ao erário, tenha

necessariamente concorrido um agente público. Em verdade, a Constituição

vai além disso, submetendo também o particular à jurisdição do TCU quando

este, independentemente de agir só ou em conjunto com agente público, der

causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao

erário nas situações em que estiver a utilizar, arrecadar, guardar, gerenciar

ou administrar dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União

responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza

pecuniária. Nessas condições, a despeito de o particular não atuar como um

agente público propriamente dito, lhe são atribuídas pelo Estado funções

típicas de um gestor de recursos públicos, com o fim de satisfazer um

interesse público. Considera-se, então, que o particular, nessa situação, está

investido em função pública lato sensu, implicando a obrigação de prestar

contas e a possibilidade de ser responsabilizado por prejuízos que tenha

causado ao erário;

k) a hipótese normativa de sujeição do particular à jurisdição do

TCU em sede de contas, quando aquele, mesmo não estando a desempenhar

nenhuma função pública, der causa a dano ao erário em concurso com pelo

menos um agente público, é prevista na Lei nº 8.443/1992, verbis:

"Art. 16. As contas serão julgadas:

III - irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes

ocorrências:

(...)

c) dano ao Erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou

antieconômico;

d) desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos.

(...)

§ 2º Nas hipóteses do inciso III, alíneas c e d deste artigo, o

Tribunal, ao julgar irregulares as contas, fixará a responsabilidade solidária:

a) do agente público que praticou o ato irregular; e

b) do terceiro que, como contratante ou parte interessada na

prática do mesmo ato, de qualquer modo haja concorrido para o

cometimento do dano apurado."

l) nessa hipótese, em que o particular não mantém nenhum

vínculo com a Administração e não atua como gestor público, não há falar-se

em julgamento de suas contas, simplesmente porque elas inexistem. Só tem

contas a prestar aquele a quem se confiou a gestão de recursos públicos,

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conforme disposto no já citado parágrafo único do artigo 70 da

Constituição Federal. Assim, nas condições dessa hipótese, os agentes

públicos envolvidos devem ter suas contas julgadas irregulares e ser

condenados a responder pelos danos causados ao erário, enquanto o

particular - que não tem contas a serem julgadas, repetimos - apenas deve

responder solidariamente com os agentes públicos pelo referido dano. Nada

obsta, porém, a que o particular, nessa hipótese, venha a ser penalizado

com multa, pois a condição necessária e suficiente para a aplicação daquela

penalidade é ter a pessoa que se tenciona punir responsabilidade pelo dano

causado ao erário, não importando se isso ocorreu ou não no exercício de

uma função pública. É o que também diz a mesma Lei nº 8.443/1992:

"Art. 19. Quando julgar as contas irregulares, havendo débito, o

Tribunal condenará o responsável ao pagamento da dívida atualizada

monetariamente, acrescida dos juros de mora devidos, podendo, ainda,

aplicar-lhe a multa prevista no art. 57 desta Lei, sendo o instrumento da

decisão considerado título executivo para fundamentar a respectiva ação de

execução.

Parágrafo único. Não havendo débito, mas comprovada qualquer

das ocorrências previstas nas alíneas a, b e c do inciso III, do art. 16, o

Tribunal aplicará ao responsável a multa prevista no inciso I do art. 58, desta

Lei."

m) às entidades privadas contratadas pela Seter/DF no contexto

do Planfor/DF-1999, a despeito de não figurarem na operação daquele plano

como agentes públicos propriamente ditos, foram atribuídas funções típicas

de um gestor de recursos públicos, com o fim de satisfazer interesses

públicos expressamente consagrados na Constituição Federal:

"Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a

moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à

maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta

Constituição.

(...)

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela

necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem

por objetivos:

(...)

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

(...)

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da

família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,

visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício

da cidadania e sua qualificação para o trabalho."

n) então, as entidades privadas contratadas pela Seter/DF no

contexto do Planfor/DF-1999 estão investidas em funções públicas lato

sensu, implicando que estão obrigadas a prestar contas, sendo estas levadas

a julgamento pelo Tribunal de Contas da União se indicarem prejuízo ao

erário e deverão ser responsabilizadas por esse prejuízo, caso confirmado,

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não importando se tenham agido isoladamente ou em concurso

com típico agente público;

o) manifestou sua concordância com a conclusão a que chegou a

5ª Secex, no sentido de que as alegações de defesa trazidas pelos

responsáveis não foram suficientes para afastar a imputação referente à

inexecução do contrato. Todavia, pediu vênias para divergir, em parte,

quanto à proposta de mérito apresentada pela unidade técnica, uma vez que

acredita não se deva condenar os responsáveis da Seter/DF ao pagamento

das importâncias indicadas à fl. 153 do volume principal;

p) estes autos devem ser analisados, também, à luz das

informações constantes de outros processos já apreciados pelo TCU,

versando sobre essa matéria, como, por exemplo, os TC nº 003.089/2001-9,

nº 013.836/1999-4, nº 006.743/2000-3, nº 003.473/2000-3 e nº

005.454/2002-2. Há vários dados nesses processos que demonstram a

situação caótica que envolvia a operacionalização do Planflor em todos os

níveis. Assim, deve-se examinar o caso sem perder de vista o contexto do

Planfor e de como foi executado no Distrito Federal. De ressaltar que as

irregularidades verificadas nestes autos coincidem com algumas das

constatadas no TC nº 003.089/2001-9;

q) os responsáveis do Seter/DF falharam ao não adotar

procedimentos que assegurassem a verificação da total execução do

contrato. Contudo, há se de ponderar que não havia orientação adequada

quanto à elaboração dos relatórios de vistoria para atestar a efetiva

execução das ações. Inclusive, o MTE não disciplinou claramente o que

configuraria inexecução contratual. Percebe-se que os problemas do

Planfor/DF têm raízes nas mazelas estruturais do programa advindas do

próprio MTE. O Planfor mostrou-se megalomaníaco e despreocupado com

questões de fiscalização e controle;

r) ficou patente, quanto à atuação do Ministério do Trabalho e

Emprego, que os defeitos de concepção do programa facilitaram os desvios

verificados nestes autos, como a escolha favorecida de executoras, a

inexigência injustificável de licitação e a falta de instrumentos de controle

previamente estabelecidos, entre outros. Essas ocorrências nos fazem refletir

sobre o grau de responsabilidade da Seter/DF pela inexecução do contrato,

já que não se pode negar que a falta de apoio por parte da SPPE e de

articulação entre os níveis de governo deixaram as executoras muito à

vontade na aplicação dos recursos públicos. Portanto, parece que estas são

as mais aptas a prestarem contas dos recursos recebidos;

s) diante disso e tendo em vista que não há indícios nos autos de

que os responsáveis ligados à Seter/DF citados pelo TCU locupletaram-se dos

recursos públicos em comento, acredita-se que eles não podem ser

condenados solidariamente ao pagamento do débito. Consequentemente,

suas contas devem ser julgadas regulares com ressalvas;

t) por outro lado, restou configurado no presente caso dano aos

cofres públicos atribuível ao Ibraes, o qual deve responder individualmente

pela inexecução do contrato. Isso é possível, consoante o acima exposto;

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u) apesar de ter sido apurado débito nestes autos, entende-se

aplicável em parte, em relação aos responsáveis ligados à Seter/DF, o

raciocínio esposado no Voto que guiou a deliberação proferida no julgamento

do TC nº 003.100/2001-8, a saber:

"nas TCEs instaurada em decorrência da decisão nº 1.112/2000,

[em que não houver débito], não tiver sido imputada aos responsáveis

qualquer ação dolosa contra o erário e não existirem elementos que

indiquem a existência de condutas merecedoras de especial reprovação,

porém persistirem falhas de caráter geral, como as detectadas neste

processo, pode ser dispensada a aplicação de multa, sendo as respectivas

contas julgadas regulares com ressalvas, consoante disposto no art. 16,

inciso II, da Lei nº 8.443/1992."

v) considera-se aplicável ao caso em tela porque, como exposto

acima, o débito não é imputável aos responsáveis do Seter/DF;

x) por último, no que se refere ao Ibraes, entende-se que o

julgamento destes autos subsume-se ao preceito constante do art. 202, §

6º, da Lei nº 8.666/1993.

21. Nesses termos, o Representante do Ministério Público junto

ao Tribunal de Contas da União opinou pelo seguinte encaminhamento da

matéria:

I - sejam acatadas as alegações de defesa do Sr. Pedro Ivo

Dapper, Diretor-Presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento

Tecnológico, Educacional e Associativo - Ibraes, excluindo-lhe a

responsabilidade;

II - sejam acatadas as alegações de defesa apresentadas pelos

responsáveis Wigberto Ferreira Tartuce, Marise Ferreira Tartuce e Marcus

Vinícius Lisboa de Almeida;

III - sejam as contas do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento

Tecnológico, Educacional e Associativo - IBRAES julgadas irregulares, com

fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea "c", 19, caput, 23,

inciso III, da Lei nº 8.443/92, condenando-o ao pagamento do valor bruto

discriminado à fls.153 do Volume Principal, atualizado monetariamente e

acrescido dos juros de mora, calculados na forma prevista na legislação em

vigor, fixando o prazo de quinze dias, para que comprove, perante o

Tribunal, o recolhimento, aos cofres do Fundo do Amparo ao Trabalhador -

FAT, das quantias devidas, nos termos do art. 23, inciso III, alínea "a", da

Lei nº 8.443/92;

IV - sejam julgadas regulares com ressalvas as contas dos Srs.

Wigberto Ferreira Tartuce, Marco Aurélio Rodrigues Malcher Lopes, Marcos

Vinícius Lisboa de Almeida e Marise Ferreira Tartuce, com fundamento nos

arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18, 23, inciso II, da Lei nº 8.443/92;

V - seja autorizada, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II,

da Lei nº 8.443/92, a cobrança judicial da dívida, caso não atendidas as

notificações;

VI - seja encaminhada cópia de peças dos autos, da Decisão que

vier a ser proferida no presente processo, bem como do Relatório e do Voto

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que a fundamentarem, ao Ministério Público da União, para

adoção das providências que julgar pertinentes, tendo em vista o disposto no

art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443/92.

É o Relatório.

Voto do Ministro Relator

I - Considerações Preliminares

Esta TCE foi instaurada em virtude da Decisão TCU - Plenário nº

1.112, de 13/12/2000. Referido Decisum foi adotado em virtude de terem

sido detectados sérios indícios de malversação de recursos destinados ao

Distrito Federal, no exercício de 1999, no âmbito do Programa Nacional de

Qualificação do Trabalhador - Planfor. O Tribunal julgou necessário delimitar

a extensão das responsabilidades dos agentes públicos e privados

envolvidos, com vistas a promover o devido ressarcimento ao Erário e a

aplicar as sanções cabíveis. Com esse desiderato, foram instauradas 42

TCEs, cuja instrução ficou a cargo da 5ª Secex.

2. O Planfor é composto por projetos e programas de educação

profissional e por projetos especiais financiados com recursos do Fundo de

Amparo ao Trabalhador - FAT, em consonância com as diretrizes fixadas pelo

Conselho Deliberativo do FAT (Codefat). A gestão do Programa foi delegada

à Secretaria de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e

Emprego (SPPE/MTE), que o implementa por meio de convênios firmados

com os governos estaduais e com entidades públicas ou privadas - as

denominadas parcerias. Aos Estados e ao DF incumbe apresentar, por

intermédio de suas Secretarias de Trabalho, um Plano Estadual de

Qualificação - PEQ.

3. A SPPE/MTE, em 1999, repassou ao GDF a quantia de R$

24.486.000,00 (vinte e quatro milhões, quatrocentos e oitenta e seis mil

reais), para a execução do PEQ apresentado por ocasião da aprovação do

convênio MTE/Sefor/Codefat n° 005/1999 e de seu Termo Aditivo n°

01/1999, os quais previam o treinamento de 148.000 pessoas naquele

exercício. A Seter/DF utilizou esses recursos para contratar, sem licitação,

entidades selecionadas por uma Comissão de Habilitação em consonância

com o Edital nº 02/1998.

4. Tem sido identificadas irregularidades nos processos do

PEQ/DF-1999, as quais vão desde a ausência de habilitação prévia das

entidades contratadas até a liberação irregular de recursos, passando por

falhas no acompanhamento da execução dos contratos. Verificou-se, ainda,

terem sido descumpridos a legislação aplicável e os termos editalícios e

contratuais.

5. Nesta assentada, cuida-se do contrato n° 16/1999, firmado

pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico, Educacional e

Associativo - Ibraes e pela Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda do

Distrito Federal - Seter/DF, no valor total e histórico de R$ 80.000,00

(oitenta mil reais), tendo por objeto a execução de projeto especial

consistente no desenvolvimento de banco de dados das entidades de ensino

profissionalizante do Distrito Federal.

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II - Manifestações anteriores no âmbito desta Corte

6. A 5ª Secex, após analisar as alegações de defesa

encaminhadas em resposta às citações dos responsáveis, concluiu pela

inexecução do objeto do contrato em exame. Por conseguinte, entendeu

haver um débito no valor total avençado, o qual deveria ser imputado

solidariamente aos gestores da Seter/DF, ao executor técnico do contrato nº

16/1999 e ao Ibraes.

7. Adicionalmente, a unidade técnica entendeu que subsistiram as

diversas irregularidades praticadas pelos dirigentes da Seter/DF,

relacionadas à ausência indevida de procedimento licitatório, à contratação

irregular da entidade e ao acompanhamento deficiente da execução do

contrato nº 16/1999. Referidas irregularidades, por caracterizarem graves

infrações às normas legais, ensejam a aplicação de multa aos gestores,

conforme disposto no art. 58, II, da Lei nº 8.443/1992 c/c o art. 208 do

Regimento Interno desta Casa. Todavia, considerando que este Plenário tem

optado pela não aplicação dessa sanção nas TCE relativas ao PEQ/DF-1999

nas quais foi constatada a existência de débito, a unidade técnica entendeu

não ser cabível a imputação de multa aos responsáveis.

8. Por seu turno, o eminente Procurador-Geral junto ao TCU

acatou parcialmente a proposta da 5ª Secex, pois concordou com a

existência e com o valor do débito e discordou da imputação de

responsabilidade solidária aos gestores da Seter e ao executor técnico do

contrato sob comento. Assim sendo, o membro do Ministério Público opinou

no sentido de que o débito fosse imputado somente à entidade contratada,

sendo as contas dos demais responsáveis julgadas regulares com ressalva.

III - Existência de dano de difícil quantificação

9. Solicito as vênias de estilo para discordar das instâncias que

me precederam. A meu ver, face às peculiaridades deste caso, que serão

expostas a seguir, trata-se de um dano ao erário de difícil quantificação.

10. A unidade técnica asseverou, com exatidão, não ter sido

apresentado o CD contendo o banco de dados cuja elaboração teria sido

contratada pela Seter. Da mesma forma, não foram encaminhadas a este

Tribunal cópias da listagem completa das entidades cadastradas pelo Ibraes

e dos relatórios detalhados que teriam sido elaborados pelo Instituto.

Finalmente, não restou demonstrado que esse banco de dados foi mantido

atualizado. Assim sendo, é justificável entender que o objeto contratado não

foi integralmente adimplido.

11. Entretanto, cabe ressaltar terem sido anexados aos autos

relatórios parciais e final que apontam para a realização de uma parcela dos

trabalhos avençados, inclusive no que concerne à elaboração da lista de

entidades dedicadas à educação profissional no DF. Ademais, tem sido

registrado pela própria unidade técnica, em todas as TCE relativas ao

PEQ/DF-1999, que o Edital nº 2/1998 foi flexibilizado por decisões

superiores, adotadas no âmbito da esfera dirigente da Seter/DF e do

Conselho do Trabalho do Distrito Federal - CTDF. Referida flexibilização teria

sido justificada pela constatação de que a Rede de Educação Profissional do

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DF, a quem caberia executar as ações do Planfor, era incipiente a

tal ponto que apenas uma das entidades que se candidataram a participar do

programa possuía as condições necessárias para ser habilitada. Ora, tal

avaliação foi, em grande parte, realizada a partir do resultado do trabalho

desenvolvido pelo Ibraes. Consequentemente, fica patente que esse trabalho

foi realizado, ainda que de forma parcial.

12. Esclareço que, devido à ausência dos elementos probatórios

mencionados no parágrafo 10 acima, não é possível afirmar que o objeto

contratado foi integralmente adimplido nem determinar com exatidão o valor

do dano causado ao erário. Assim sendo, entendo estar configurada a

hipótese descrita no art. 16, III, "c", da Lei Orgânica desta Corte de Contas.

Por via de conseqüência, deve ser aplicada a multa prevista no art. 58, I,

dessa mesma Lei.

13. Aduzo que entendimento similar foi adotado por este Plenário

quando foram detectados danos considerados de difícil quantificação nas TCE

relativas à contratação, no âmbito do PEQ/DF-1999, do Probat (TC nº

003.112/2001-9 - Acórdão nº 459/2004) e da Sociedade Pé na Estrada (TC

nº 003.116/2001-8 - Acórdão nº 1.112/2005).

IV - Análise das responsabilidades e imputação de multa

14. Quanto aos responsáveis a serem apenados com a multa

acima citada, entendo que deve ser excluída a responsabilidade do Diretor-

Presidente do Ibraes, Sr. Pedro Ivo Dapper, tendo em vista que ele não agiu

com excesso de mandato nem violou lei ou o estatuto da entidade. Assim,

em conformidade com a jurisprudência uniforme desta Corte de Contas, uma

possível apenação poderia recair apenas sobre o terceiro que contratou com

a Administração Pública e deu azo ao dano sofrido pelo Erário.

15. No presente caso, tendo em vista a inexistência de débito

(dano quantificado), não é possível aplicar multa, com base no disposto no

art. 58, I, da Lei nº 8.443/1992, à entidade privada contratada. Saliento que

tal posicionamento é corroborado pela jurisprudência pacífica do TCU.

16. Feitas essas considerações, entendo que a multa em questão

deve ser imputada aos demais responsáveis relacionados nestes autos. A

uma, porque as irregularidades apontadas pela unidade técnica, listadas no

Relatório que antecede este Voto e incorporadas às minhas razões de decidir

são suficientes para servir de supedâneo a essa sanção. A duas, porque o

Plenário assim entendeu quando do julgamento das TCE relativas ao Probat e

à Sociedade Pé na Estrada, cujas contratações apresentavam as mesmas

irregularidades ora detectadas. A três, porque foi registrada pela unidade

técnica e admitida pelo Ibraes a existência de uma falha especialmente

grave: a inadimplência da contratada com o INSS, o que por si só ensejaria

a rescisão contratual, procedimento esse que não foi implementado pela

Seter/DF nem proposto pelo executor técnico.

V - Considerações sobre o julgamento das contas da entidade

contratada

17. Em conformidade com o disposto na Carta Magna e na Lei

Orgânica desta Corte, o agente privado (pessoa física ou jurídica) somente

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se sujeitará à jurisdição do TCU, em sede de contas, quando der

causa a dano ao erário em concurso com pelo menos um agente público.

18. Afinal, o parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal de

1988, com a redação conferida pela Emenda Constitucional nº 19/1998,

assim identificou quem está obrigado a prestar contas dos recursos públicos

que lhe foram confiados:

'Art. 70 (...)

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou

jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou

administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União

responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza

pecuniária.'

19. Posteriormente, ao dispor sobre a competência do TCU, por

meio do inciso II do seu artigo 71, a nossa atual Carta Política estabeleceu

que:

'Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será

exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

(...)

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis

por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta,

incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público

federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra

irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público.'

20. Depreende-se que, por força dos dispositivos constitucionais

acima citados, compete ao TCU, em sede de contas, julgar as contas:

a) dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens

e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações

e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público federal;

b) de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que

utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores

públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma

obrigações de natureza pecuniária, e que, satisfazendo essas condições, der

causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao

erário.

21. A sujeição do particular à jurisdição do TCU em sede de

contas, quando ele der causa a dano ao erário em concurso com pelo menos

um agente público, é prevista pelo art. 16 da Lei nº 8.443/1992, verbis:

'Art. 16. As contas serão julgadas:

III - irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes

ocorrências:

(...)

c) dano ao Erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou

antieconômico;

d) desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos.

(...)

§ 2º Nas hipóteses do inciso III, alíneas 'c' e 'd' deste artigo, o

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Tribunal, ao julgar irregulares as contas, fixará a responsabilidade

solidária:

a) do agente público que praticou o ato irregular; e

b) do terceiro que, como contratante ou parte interessada na

prática do mesmo ato, de qualquer modo haja concorrido para o

cometimento do dano apurado.'

22. Saliento que quando o particular não mantém vínculo com a

Administração e também não atua como gestor público não há julgamento

de suas contas, pois elas não existem. Só tem contas a prestar aquele a

quem se confiou a gestão de recursos públicos, conforme disposto no

mencionado parágrafo único do art. 70 da Constituição de 1988.

23. Por via de conseqüência, caso haja dano ao erário, os agentes

públicos envolvidos devem ter suas contas julgadas irregulares e ser

condenados a responder por esse prejuízo causado ao erário, enquanto o

particular apenas deve responder solidariamente com os agentes públicos

pelo débito porventura existente.

24. Com espeque nessas considerações, entendo que as contas

do Ibraes e do seu Presidente não devem ser julgadas.

25. Finalmente, cumpre destacar que esse entendimento vem de

encontro àquele adotado por esta Corte quando do julgamento das tomadas

de contas especiais relativas à contratação do Probat (TC nº 003.112/2001-9

- Acórdão nº 459/2004) e da Sociedade Pé na Estrada (TC nº 003.116/2001-

8 - Acórdão nº 1.112/2005). Naquelas assentadas, este Plenário julgou

regulares com ressalvas as contas dessas entidades e dos respectivos

gestores.

VI - Considerações finais

26. Sopesados o valor contratado (R$ 80.000,00 em julho de

1999) e a gravidade das irregularidades relacionadas nestes autos, arbitro o

valor individual da multa em R$ 10.000,00 (dez mil reais).

27. Considerando ter sido apontada irregularidade consistente na

ausência de recolhimento dos encargos previdenciários decorrentes da

execução do objeto do contrato sob comento, a qual foi admitida pelo próprio

Ibraes, entendo ser oportuno e conveniente encaminhar cópia do Acórdão

que vier a ser exarado, bem como do Relatório e Voto que o

fundamentaram, ao INSS, para a adoção das providências que aquela

Autarquia entender cabíveis.

Diante do exposto, solicitando as vênias de estilo por discordar da

unidade técnica e do Ministério Público junto a esta Corte, VOTO por que o

Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à apreciação deste Plenário.

TCU, Sala das Sessões, 3 de maio de 2006.

BENJAMIN ZYMLER

Relator

Acórdão

VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de

Tomada de Contas Especial cuja instauração foi determinada pela Decisão

TCU - Plenário nº 1.112/2000, de 13/12/2000, visando apurar supostas

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irregularidades cometidas na contratação do Instituto Brasileiro

de Desenvolvimento Tecnológico, Educacional e Associativo - Ibraes, com

recursos do Fundo do Amparo ao Trabalhador - FAT, repassados ao Distrito

Federal, em 1999, sob a égide do Programa Nacional de Qualificação do

Trabalhador - Planfor.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos

em Sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. excluir a responsabilidade do Sr. Pedro Ivo Dapper (CPF nº

189.900.100-04) e do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico,

Educacional e Associativo - Ibraes (CNPJ nº 02.456.676/0001-10);

9.2. acatar parcialmente as alegações de defesa apresentadas

pelos responsáveis Wigberto Ferreira Tartuce (CPF nº 033.296.071-49),

Marise Ferreira Tartuce (CPF nº 225.619.351-91) e Marcus Vinícius Lisboa de

Almeida (CPF nº 279.717.831-91);

9.3. com espeque no artigo 16, III, "c", da Lei nº 8.443/1992,

julgar irregulares as contas dos responsáveis Wigberto Ferreira Tartuce (CPF

nº 033.296.071-49), Marise Ferreira Tartuce (CPF nº 225.619.351-91),

Marco Aurélio Rodrigues Malcher Lopes (CPF nº 279.494.351-00) e Marcus

Vinícius Lisboa de Almeida (CPF nº 279.717.831-91);

9.4. aplicar aos Srs. Wigberto Ferreira Tartuce (CPF nº

033.296.071-49), Marise Ferreira Tartuce (CPF nº 225.619.351-91), Marco

Aurélio Rodrigues Malcher Lopes (CPF nº 279.494.351-00) e Marcus Vinícius

Lisboa de Almeida (CPF nº 279.717.831-91), com espeque no art. 58, I, da

Lei nº 8.443/1992, multa individual no valor de R$ 10.000,00 (dez mil

reais), atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao término do

prazo a seguir estabelecido até a data do efetivo recolhimento, conforme

legislação em vigor, fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da

notificação, para que comprove perante o Tribunal o recolhimento da referida

quantia aos cofres do Tesouro Nacional, nos termos do art. 23, III, "a", da

citada Lei c/c o art. 165, III, "a", do Regimento Interno do TCU;

9.5. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e

do Voto que o fundamentaram, ao Ministério Público Federal, com fulcro no §

3º do art. 16 da Lei nº 8.443/1992;

9.6. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e

do Voto que o fundamentaram, ao Instituto Nacional do Seguro Social, tendo

em vista a constatação de irregularidade consistente na ausência de

recolhimento pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico,

Educacional e Associativo - Ibraes dos encargos previdenciários decorrentes

da execução do contrato CFP nº 16/1999, firmado pelo Ibraes e pela então

Secretaria de Trabalho e Renda do Distrito Federal - Seter/DF;

9.7. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e

do Voto que o fundamentaram, ao Tribunal de Contas do Distrito Federal -

TCDF.

Quorum

13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (na

Presidência), Marcos Vinicios Vilaça, Valmir Campelo, Guilherme Palmeira,

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Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler (Relator) e Augusto Nardes.

13.2. Auditor convocado: Marcos Bemquerer Costa.

Publicação

Ata 17/2006 - Plenário

Sessão 03/05/2006

Aprovação 05/05/2006

Dou 08/05/2006 - Página 0

Referências (HTML)

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