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1. A TERAPIA COMPORTAMENTAL ACTUAL A terapia comportamental teve a sua origem no início dos anos 50 e 60 numa tentativa de se- paração da dominante perspectiva psicanalítica, aplicando princípios de condicionamento clássi- co e operante no tratamento de uma variedade de problemas comportamentais. Desde então tem passado por várias mudanças dando resposta aos vários avanços da psicologia experimental e inovações da prática clínica. Abrange actualmente um vasto leque de pro- cedimentos heterogéneos abertos à discussão de novas bases conceptuais, e evidencias de eficácia (Wilson 2000). A terapia comportamental evoluiu de uma perspectiva mecanicista e reducionista que via os sujeitos como respondendo a bases genéticas e influências ambientais que os controlavam passando a ver os sujeitos como agentes que operam e influenciam o seu ambiente (Gilliland & James, 1998). Behavioristas radicais como Skinner excluíam por completo a possibilidade de autodeterminação e liberdade de escolha. A corrente actual avança no sentido do desenvolvi- mento de procedimentos que dão controlo aos sujeitos aumentando a sua liberdade de escolha. A modificação comportamental tem como ob- jectivo o desenvolvimento de capacidades pesso- ais para que os sujeitos tenham mais opções de resposta (Corey, 1996). Em vez de ver o técnico como um especialista que cientificamente desenvolve e impõe progra- mas de controlo de comportamentos, a terapia comportamental moderna procura ajudar o clien- te a extinguir uma grande variedade de compor- tamentos não adaptados, indesejados, substituin- do-os por comportamentos adaptados que permi- tam ao sujeito atingir e manter objectivos pré-es- tabelecidos em terapia. São utilizados conheci- mentos científicos e técnicas experimentais para ajudar os sujeitos a definir e resolver uma grande variedade de problemas humanos, os quais não seria capaz de resolver sozinho. Segundo Wilson (2000) além de contribuir através do seu treino e experiência em técnicas de modificação de com- portamento humano irá contribuir também como consultor, professor, conselheiro, encorajador e facilitador de mudança. Apesar de várias correntes comportamentais terem algumas diferenças conceptuais, existem conceitos básicos segundo os quais todas se re- gem (Wilson, 2000). Em primeiro lugar todas elas enfatizam a importância do comportamento 495 Análise Psicológica (2002), 3 (XX): 495-503 Terapia comportamental e a sua aplicação em reabilitação MARIA HELENA BARROQUEIRO (*) (*) Psicóloga. Doutoranda em Psicologia de Reabi- litação pela University of Wisconsin-Madison (2002) USA.

técnicas comportamentais

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1. A TERAPIA COMPORTAMENTAL ACTUAL

A terapia comportamental teve a sua origemno início dos anos 50 e 60 numa tentativa de se-paração da dominante perspectiva psicanalítica,aplicando princípios de condicionamento clássi-co e operante no tratamento de uma variedade deproblemas comportamentais. Desde então tempassado por várias mudanças dando respostaaos vários avanços da psicologia experimental einovações da prática clínica.

Abrange actualmente um vasto leque de pro-cedimentos heterogéneos abertos à discussão denovas bases conceptuais, e evidencias de eficácia(Wilson 2000).

A terapia comportamental evoluiu de umaperspectiva mecanicista e reducionista que via ossujeitos como respondendo a bases genéticas einfluências ambientais que os controlavampassando a ver os sujeitos como agentes queoperam e influenciam o seu ambiente (Gilliland& James, 1998). Behavioristas radicais comoSkinner excluíam por completo a possibilidadede autodeterminação e liberdade de escolha. A

corrente actual avança no sentido do desenvolvi-mento de procedimentos que dão controlo aossujeitos aumentando a sua liberdade de escolha.A modificação comportamental tem como ob-jectivo o desenvolvimento de capacidades pesso-ais para que os sujeitos tenham mais opções deresposta (Corey, 1996).

Em vez de ver o técnico como um especialistaque cientificamente desenvolve e impõe progra-mas de controlo de comportamentos, a terapiacomportamental moderna procura ajudar o clien-te a extinguir uma grande variedade de compor-tamentos não adaptados, indesejados, substituin-do-os por comportamentos adaptados que permi-tam ao sujeito atingir e manter objectivos pré-es-tabelecidos em terapia. São utilizados conheci-mentos científicos e técnicas experimentais paraajudar os sujeitos a definir e resolver uma grandevariedade de problemas humanos, os quais nãoseria capaz de resolver sozinho. Segundo Wilson(2000) além de contribuir através do seu treino eexperiência em técnicas de modificação de com-portamento humano irá contribuir também comoconsultor, professor, conselheiro, encorajador efacilitador de mudança.

Apesar de várias correntes comportamentaisterem algumas diferenças conceptuais, existemconceitos básicos segundo os quais todas se re-gem (Wilson, 2000). Em primeiro lugar todaselas enfatizam a importância do comportamento

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Análise Psicológica (2002), 3 (XX): 495-503

Terapia comportamental e a sua aplicaçãoem reabilitação

MARIA HELENA BARROQUEIRO (*)

(*) Psicóloga. Doutoranda em Psicologia de Reabi-litação pela University of Wisconsin-Madison (2002)USA.

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actual em detrimento de comportamentos passa-dos (Corey, 1996). Trata-se o comportamento emsi e não as suas possíveis causas do comporta-mento, o que difere de outros modelos da psico-terapia mais tradicionais, como a psicanáliseque tem o seu foco no passado, ou seja, em acon-tecimentos que tenham contribuído para o desen-volvimento e manifestação de comportamentosnão adaptados actuais (Stoll, in press). Em se-gundo lugar, todas as terapias comportamentaisse comprometem ao rigor científico ao estipula-rem objectivos e metas claramente definidas naavaliação das técnicas comportamentais utiliza-das (Stool, in press). Em terceiro lugar, todas asterapias comportamentais elaboram múltiplasavaliações ao longo do processo de tratamento(Bellack & Hersen, cit. Corey, 1996). A inter-venção comportamental passa por uma avaliaçãoinicial feita com o intuito de identificar o com-portamento ou comportamentos específicos aalterar (Wilson, 1995), seguida da identificação eaplicação de técnicas comportamentais maisapropriadas a cada caso. Durante o processo alte-rações poderão ser feitas no intuito de aumentarou reduzir a frequência e intensidade dos com-portamentos em questão (Corey, 1996).

2. TERAPIAS COMPORTAMENTAIS EMREABILITAÇÃO

Na perspectiva comportamental a adaptação auma deficiência opera pelos mesmos princípiosde aprendizagem que controlam todos os outroscomportamentos humanos (Duval, 1982). Defici-ências adquiridas ou degenerativas podem pro-vocar a perda de funções, que resultam na inca-pacidade de desempenho de alguns comporta-mentos que eram anteriormente fonte de reforçopositivo, bem como criar obstáculos que obri-gam o sujeito a utilizar mecanismos adaptativos,sendo estes segundo Rice (1985) de três tipos:

1. O sujeito pode necessitar de eliminar com-portamentos não adaptados associados àsua deficiência, por exemplo, sujeitos comlesão medular podem manifestar fantasiasde retorno a um antigo emprego que já nãoé adequado à sua situação actual.

2. O sujeito pode necessitar de adquirir novoscomportamentos mais adaptados à sua

situação actual, por exemplo, devido à uti-lização de uma cadeira de rodas.

3. O sujeito pode necessitar de uma reaprendi-zagem de antigos comportamentos perdidoscomo resultado da deficiência, como porexemplo, reaprender a falar no caso de umsujeito depois de um acidente vascular queprovoque afasia.

Os métodos de condicionamento operante se-guem princípios de reforço e extinção permitin-do ao cliente a extinção ou redução de comporta-mentos não desejados, como por exemplo, agres-sividade, medo ou ansiedade, adquirindo gradu-almente novos comportamentos que permitamum equilíbrio harmonioso entre as capacidadesdo sujeito e as limitações funcionais resultantesda deficiência.

Comportamentos não desejados serão reduzi-dos ou extintos através da remoção de reforçosque os mantinham, como por exemplo, a atençãodada a pacientes com dores crónicas. Esses com-portamentos não adaptativos serão substituídospor comportamentos adaptativos mais apropria-dos à deficiência, como por exemplo, um maiorempenhamento na fisioterapia, exercícios ouaprendizagem de novas aptidões que facilitem areintegração no mundo do trabalho (Livneh &Sherwood, 1991).

Greif e Matarazzo (1982) defendem a aplica-ção de técnicas comportamentais em reabilitaçãoe definiram os seguintes passos a seguir com estetipo de população:

1. Definição de metas comportamentais con-cretas e aptidões a aperfeiçoar de forma aque possam ser atingidas,

2. A análise das situações sob as quais oscomportamentos indesejados ocorrem, e asconsequências positivas e negativas da al-teração desses comportamentos,

3. Reforço de comportamentos que levem aocomportamento final desejado,

4. Reforço dos comportamentos desejados enão reforço de todos os comportamentosnão compatíveis com a meta desejada,

5. Ajuste do plano de intervenção através daconstante avaliação da performance dosujeito,

6. Aprendizagem pelo sujeito de técnicas deauto regulação comportamental e auto re-forço.

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3. PRINCÍPIOS E TÉCNICASCOMPORTAMENTAIS E A SUA APLICAÇÃO

As técnicas de terapia comportamental são ba-seadas nos princípios de aprendizagem. Segundoesta orientação teórica o início, manutenção emudança de comportamentos pode suceder den-tro de princípios de condicionamento clássico ouoperante. Iremos de seguida abordar algumasdessas técnicas consideradas adequadas para po-pulações em reabilitação.

3.1. Positive Reinforcement

Consiste na atribuição de um reforço positivodesejado pelo sujeito após este ter realizado umcomportamento adaptativo desejado. Esta técni-ca foi considerada por Lewis e Bitter (1991) co-mo uma das principais técnicas da terapia com-portamental, podendo ser utilizada de forma in-dependente ou em conjunto com outras técnicascomportamentais que promovam o comporta-mento adaptativo. Os reforços positivos podemser verbais ou materiais, como por exemplo,atenção individual, motivação, privilégios espe-ciais, comida, dinheiro, entre outros. Deve-se terem atenção que com certas populações nas quaishaja comprometimento cognitivo, como porexemplo lesões cerebrais, a atribuição de reforçopositivo verbal nem sempre apresenta bons re-sultados podendo mesmo levar à frustração, de-vendo por isso ser-lhes atribuído reforços posi-tivos materiais.

3.2. Token Economies

Utilizando o principio do reforço positivo docondicionamento operante, as «Token Econo-mies» são frequentemente utilizadas em institui-ções de reabilitação e unidades hospitalares,através da aplicação do reforço positivo condi-cionado («tokens» que serão mais tarde trocadospor reforços primários especialmente valorizadospor cada sujeito) seguido de cada comporta-mento adaptativo apresentado pelo sujeito, com-portamentos esses que poderão abranger oscuidados diários, interacções sociais apropriadasou comportamentos adequados ao mundo dotrabalho, entre outros.

As consequências para comportamentos nãoadaptados varia entre «Token Econonies», po-

dendo passar pela perda de «tokens» previamen-te adquiridos, ou não atribuição de «tokens»por um período especifico de tempo. SegundoGuilliand, e colaboradores (1994) independenteda forma como a economia esteja estabelecida,todas as «Token Economies» partilham das se-guintes características:

1. Identificação clara dos comportamentos al-vo,

2. Atribuição de reforço sob a forma de «to-kens» (por exemplo pontos, ou valores)depois do sujeito realizar o comportamentoadaptativo desejado,

3. Implementação de um sistema de supervi-são e regulação para avaliar a efectividadeda economia,

4. Criação e implementação de um plano paraajudar o sujeito a manter os comportamen-tos adaptativos desejados quando da passa-gem da instituição para a sociedade.

3.3. «Time-Out»

Esta técnica de condicionamento operante po-derá ser utilizados por técnicos na área da rea-bilitação e consiste em retirar o sujeito do local,por exemplo emprego ou unidade de habitação,no qual o comportamento não adaptativo tem si-do apresentado implicando uma breve segrega-ção social do sujeito. O «Time-Out» é utilizadocomo uma variante da «Aversion Therapy» emsujeitos com comportamentos destrutivos, osquais são isolados por vários minutos numquarto separado cada vez que demonstrem umcomportamento não adaptativo. Este procedi-mento é repetido até que o comportamento inde-sejado seja extinto.

Marr (1982, cit. Stool, in press) propôs umasérie de procedimentos no intuito de aumentar aeficiência desta técnica.

1. O sujeito deve receber «Time-Out» imedia-tamente após realizar o comportamento in-desejado.

2. O sujeito deve ser informado do compor-tamento específico que resultou no «Time-Out».

3. A duração de «Time-Out» deve ser relati-vamente breve, entre cinco e dez minutos(em situações de défices de memória nãodevem ser atribuídos períodos muito lon-

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gos, pois os sujeitos podem não recordar ocomportamento que se pretende punir).

4. A duração de «Time-Out» deve ser previa-mente estipulada entre o sujeito e o técnico.

5. Após o sujeito ter completado o «Time-Out», deverá ser avisado de que voltará areceber «Time-Out» se voltar a repetir omesmo comportamento desadaptado.

3.4. «Behavioral Contract»

Consiste na elaboração de um contrato com-portamental após as metas de tratamento teremsido claramente definidas entre o técnico e o su-jeito. O contrato funcionará como um facilitadorda mudança comportamental permitindo umaavaliação contínua dos progressos do sujeito nosentido da obtenção das metas estipuladas. Ape-sar de cada contrato comportamental ser indivi-dualizado Forrest (1985) enumerou pontos quedevem estar sempre presentes: (1) modalidade detratamento (terapia individual, terapia de grupo,vocacional, entre outras), (2) frequência do tra-tamento e (3) duração do tratamento. Cada con-trato deve conter também uma cláusula de rene-gociação dos objectivos e metas a atingir, comoeste é realizado de forma cooperante entre otécnico e o sujeito, ambos devem assinar o docu-mento demonstrando um compromisso de traba-lho no sentido das metas estipuladas. O contratocomportamental é apenas uma das componentesdo processo de tratamento que tem o potencialde dar ao sujeito várias hipóteses de melhorasatravés de responsabilidade, estabelecimento delimites, realização de comportamentos que pro-movam mudança, permitindo sempre uma contí-nua avaliação do processo.

3.5. «Overcorrection» de práticas positivas eovercorrection com restituição

Esta técnica baseia-se em dois passos:

1. O sujeito corrige («restitui») os efeitos docomportamento não desejado, consistindona «Overcorrection» com restituição, naqual o sujeito deve reparar, limpar ou ar-ranjar quaisquer alterações ambientais ouestragos provocados pelo seu comporta-mento não adaptado.

2. O sujeito corrige exaustivamente o com-

portamento não desejado através de conse-cutivos ensaios do comportamento apro-priado desejado (Foxx & Azrin, 1973),consistindo na «Overcorrection» de práti-cas positivas. Esta técnica é particularmen-te eficaz com sujeitos que tenham déficescognitivos especialmente nas áreas de me-mória e planeamento de actividades poisproporciona-lhes a oportunidade de praticare ensaiar o comportamento desejado aomesmo tempo que reduzem a frequência desituações em que o comportamento nãoadaptado é realizado.

Esta técnica tem sido especialmente eficaz naredução e extinção de comportamentos agressi-vos e disruptivos em instituições de reabilitação.

3.6. «Covert Conditioning»

Outra técnica bastante utilizada consiste no«Covert Conditioning» a qual combina elemen-tos do condicionamento clássico e operante. Ossujeitos são ensinados a imaginar vividamenteconsequências extremamente desagradáveis,cada vez que desejam ou pensam em realizarcertos comportamentos não adaptativos. Porexemplo, cada vez que o sujeito pensar em con-sumir drogas ou álcool, o técnico incentiva-o aimaginar cenas em que sente dor ou mal estar in-tenso.

O emparelhamento da imagem negativa (con-sequência) com o pensamento de realização docomportamento não adaptativo (antecedente) éconsiderado um procedimento de aversão quelevará gradualmente à extinção do comporta-mento indesejado (Stool, in press). O mesmoprincípio poderá ser aplicado na associação deimagens positivas com o desejo de realizar com-portamentos adaptados (Cautela, 1966).

Segundo Livingston e Johnson (1979) «covertconditioning» é extremamente útil em reabilita-ção de sujeitos que apresentem comportamentosde dependência.

3.7. «Relaxation Training»

Em reabilitação a redução de ansiedade atra-vés de técnicas de relaxamento é bastante útil nocombate da ansiedade associada a situações nasquais a deficiência se possa tornar um impedi-

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mento à satisfatória participação do sujeito navida activa. Uma variante desta técnica é o trei-no de bio-feedback no qual o sujeito é encoraja-do a controlar estímulos sensoriais, estímulosmúsculo-esqueletais e respostas internas, comopor exemplo, o controlo da bexiga e batimentocardíaco, associados a situações de ansiedade(Levenkron, 1987).

3.8. «Social Skills Training»

Outra forma de redução de ansiedade causadapor situações interpessoais é o «Social SkillsTraining» no qual se dá o desenvolvimento detécnicas de interação social e coping de forma amelhorar as interações do sujeito com o meio,permitindo-lhe controlar os seus próprios com-portamentos. Esta técnica é considerada por Em-mel Kamp (1984, cit. Stool, in press) apropriadapara sujeitos com alcoolismo, pois esta depen-dência é vista pelo autor como uma forma de co-ping com o stress, defendendo que se os sujeitosforem ensinados a lidar com as pressões sociaisde forma mais eficiente a problemática será re-duzida. Parte do treino de capacidades sociaispassa também por «Assertiveness Training» noqual sujeitos com deficiências são ensinados adefender os seus direitos de uma forma firme eapropriada melhorando as suas aptidões sociais.

3.9. «Modeling»

Outra técnica de terapia comportamental bas-tante utilizada é a técnica de Modeling propostapor Bandura (1977, cit. Rotgers, 1996), e foiconsiderado por Rotgers (1996) como a formamais eficaz e rápida de atingir a mudança com-portamental. Esta técnica consiste na aprendiza-gem por imitação, através de observação directaou indirecta do comportamento de outros sujei-tos e suas consequências. «Modeling» em reabi-litação dá ênfase às capacidades de cada sujeito,incentivando a observação de outros sujeitoscom deficiências semelhantes que tenham comsucesso realizado tarefas apesar da existência deimpedimentos físicos. Esta técnica tem sidotambém bastante usada em sujeitos com abusode substâncias principalmente adolescentes, poisestes estão numa fase na qual as pressões sociaissão bastante intensas, levando a uma constanteprocura de aceitação por parte dos pares.

3.10. «Behavioral Self Control»

Esta técnica incentiva os sujeitos a desenvol-ver capacidade de regulação dos seus próprioscomportamentos em actividades do dia-a-dia(Livingston & Johnson, 1979). Um programa deauto-regulação implica uma série de manipula-ções ambientais e técnicas comportamentais,incluindo as seguintes:

1. Auto-observação sistemática,2. Implementação de comportamentos alter-

nativos aos comportamentos não adaptati-vos indesejados,

3. Auto-recompensa através de reforço positi-vo cada vez que o comportamento desejadoé realizado.

Esta técnica pode ser utilizada em reabilitaçãopara ajudar sujeitos com deficiências na dimi-nuição dos impactos da sua deficiência, aumen-tando o potencial de desenvolvimento pessoal dosujeito (Sawyer & Crimando, 1984). Pode tam-bém ser usado em sujeitos que abusem de subs-tâncias, pois permite-lhes medir a frequência equantidade de consumo diminuindo estes valoresaté à abstinência (Stoll, in press).

3.11. «Stopping»

Os pensamentos indesejados que possam in-terferir com o comportamento adequado do su-jeito são extintos através da utilização de estímu-los aversivos ou da simples palavra «stop» (Gro-den & Cautela, 1981). Eventualmente o sujeitoassumirá a responsabilidade de cessar os pensa-mentos indesejados através deste auto comandode paragem. Este processo tem sido bastante uti-lizado em sujeitos com doença terminal no intui-to de cessar pensamentos e sentimentos indese-jados associados ao processo de morte (Sobel,1981). Estes sujeitos são ensinados a controlar ospensamentos indesejados através de focalizaçãoem acontecimentos, imagens e memórias que tra-gam sentimentos positivos, processo esse quepode também ser utilizado com sujeitos com de-ficiências físicas.

A utilização de técnicas comportamentais emreabilitação implica uma participação activa emotivação por parte do sujeito, sendo por issoparticularmente eficazes nas fases finais deadaptação à deficiência. No entanto, a sua apli-

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cação em fases iniciais não deve ser ignorada,por exemplo o reforço de comportamentos in-compatíveis com a negação da deficiência (re-compensa de actividade física e cumprimento doregime de tratamento e medicação) podem serutilizados com sujeitos que neguem as implica-ções da sua deficiência nas actividades do dia-a-dia (Dunn, 1975). Durante a fase de hostilidadeexteriorizada, dá-se ênfase ao ensino de técnicasde relaxamento que ajudarão o sujeito a disper-sar a agressividade, ou técnicas de condiciona-mento aversiva.

Durante a fase de aceitação Stoll (in press)sugeriu seguintes procedimentos:

1. «Modeling» de novos comportamentosapropriados,

2. Ensino e reforço de novas actividades (pes-soais sociais e vocacionais),

3. Ensino e treino de capacidades que facili-tem a integração social como, treino de en-trevista de trabalho, e performance no tra-balho.

Por exemplo quando se trabalha com um su-jeito que sofreu um traumatismo medular quetenha aceite a sua deficiência e consequentes im-plicações, o técnico poderá intervir da seguinteforma:

1. Utilização de um sujeito com a mesma de-ficiência para servir de modelo de como sedevem ultrapassar as barreiras arquitectó-nicas na sociedade e no trabalho.

2. Reforço e encorajamento verbal de novoscomportamentos adaptativos,

3. O ensino de técnicas de auto-regulação eauto-reforço por parte do sujeito.

4. INVESTIGAÇÃO EM REABILITAÇÃO

A utilização destas técnicas em populaçõesem reabilitação reporta para antes do estabeleci-mento da terapia comportamental como umadas importantes correntes teóricas. A utilização«Aversive Conditioning» derivado dos princípiosde Pavlov foram utilizados em 1929, por Kanto-rovich, e em 1931, por Rubenstein no tratamentodo abuso de substâncias (cit. Sobell, Wilkinson& Sobell, 1990). Como mencionámos, técnicasde «Aversive Conditioning» têm desde há muito

sido utilizadas na reabilitação de abuso de subs-tâncias tendo, no entanto, o interesse nesta áreaaumentado na última década. Bergin e Garfield(1994) defendem a utilização de «Covert Sensi-tization» uma variante ao condicionamento aver-sivo no tratamento de alcoolismo, no qual seaplica o processo de náusea condicionada. Elkins(1980) realizou um estudo no qual utilizou anáusea condicionada num grupo de sujeitos comalcoolismo. Os seus resultados indicaram que90% dos sujeitos que participaram num mínimode seis sessões da «Covert Sensitization» comnáusea condicionada reagiram com genuínossintomas de náuseas chegando mesmo a de-monstrar reflexo de vómito, sempre que depara-dos com o pensamento de ingestão de álcool.

Olson, Ganley, Devine e Dorsey (1981, cit.Stool, in press) compararam quatro grupos numtotal de 137 sujeitos com alcoolismo, (1) grupode controlo que não teve terapia, (2) grupo su-jeito a «Covert Sensitization», (3) grupo sujeitoa terapia de orientação psicanalítica e (4) gruposujeito a uma combinação de «Covert Sensitiza-tion» e terapia de orientação psicanalítica. Apósquatro anos 36.6% dos sujeitos eram abstinentes,enquanto que 73.5% dos sujeitos tinham sidoabstinentes seis meses após o tratamento. O gru-po sujeito à terapia comportamental mostrou osmelhores resultados a longo prazo.

Durante os anos 80 foi levada a cabo investi-gação sobre o efeito de tratamentos comporta-mentais em crianças com autismo, e subsequen-tes ganhos a nível intelectual, académico, adap-tativo e sócio-emocional. Smith, Eikeseth, Ke-vestrand e Lovaas (1993, cit. Stool, in press) in-vestigaram o efeito de um programa comporta-mental de 40 horas por semana de instrução in-dividualizada em crianças com autismo. Os seusresultados indicaram que a intervenção era bené-fica nas áreas mencionadas anteriormente. Numseguimento deste estudo, após sete anos, 9 das19 crianças com autismo tinham apresentadoperformances escolares satisfatórias na primeiraclasse. Os resultados contrastaram com os dascrianças do grupo de controlo, no qual apenasuma entre 40 crianças atingiu os mesmos resul-tados das do grupo experimental.

Smith, Eikeseth, Kevestrand e Lovaas (1997,cit. Stool, in press) realizaram outro estudo noqual investigaram a eficiência do tratamentocomportamental intensivo numa população de

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crianças em idade pré-escolar que apresentavamdeficiência mental severa e deficiências de de-senvolvimento. Alguns sujeitos de ambos osgrupos receberam tratamento comportamentalintensivo de 40 ou mais horas por semana, tendoos restantes recebido um tratamento comporta-mental mínimo de 10 horas por semana. Antesdesta intervenção os sujeitos não mostraramqualquer diferença significativa quando aplica-dos testes de avaliação da fala, de défices senso-riais, reacção a estímulos e temperamento. Os re-sultados do estudo realizado por estes autoresdemonstrou que o QI do grupo sujeito à terapiacomportamental intensa aumentou oito pontosdepois da avaliação inicial, enquanto que o gru-po sujeito à terapia comportamental mínima di-minuiu três pontos, tendo estas diferenças sidoconsideradas estatisticamente significantes.Smith e colaboradores (1997) chamam a atençãopara o facto de apesar das crianças terem apre-sentado melhoras numa variedade de áreas (in-teligência, performance académica e funciona-mento social e social), estes valores mantêm-sesempre abaixo dos valores apresentados porcrianças sem deficiências.

5. CONCLUSÃO

A utilização da terapia comportamental emreabilitação tem algumas vantagens uma vezque esta deriva das teorias de aprendizagem fo-cando a modificação do comportamento em vezda modificação de sentimentos que implicam en-trar num âmbito mais pessoal permitindo a suaaplicabilidade a populações de diversas etnias,culturas, e estilos de vida, uma vez que esta tera-pia não é invasiva do passado e cultura do sujei-to. As técnicas utilizadas nesta terapia oferecemvárias alternativas ao técnico que pode examinarcientificamente a intervenção necessária, envol-vendo os sujeitos no planeamento da terapia, noestabelecimento de metas a atingir e técnicas autilizar de forma a promover modificação docomportamento do sujeito. O técnico serviratambém de mentor ao ensinar o sujeito a reestru-turar os seus comportamentos de uma forma,mais positiva ajudando-os a tornar-se mais au-tónomos e independentes, o que é um dos objec-tivos principais na psicologia de reabilitação.

Riggar e colaboradores (1986) consideraram a

terapia comportamental como sendo uma dasmais apropriadas para populações em reabilita-ção, uma vez que providencia a componenteverbal necessária ao suporte emocional do sujei-to sem perder o seu foco nas capacidades fun-cionais. Esta terapia permite uma avaliação ob-jectiva de cada sujeito e recolha de dados o quese torna crítico na determinação da significânciasocial e clínica dos serviços prestados.

A aplicação de terapias comportamentais emreabilitação implica a extinção ou redução demodos de comportamento não desejados, e aaquisição de novos comportamentos adaptativosque sejam mais compatíveis com a deficiência eimplicações funcionais dela resultantes. Apósterminada a terapia, é esperado que o sujeito sai-ba utilizar as técnicas que aprendeu no seu dia-a-dia. Nesse caso os avanços no sentido de sucessodas metas desejadas poderão ser auto-recompen-sados pelo próprio sujeito através de reforço ver-bal, por exemplo, dizer a si mesmo «estou-me asair muito bem», ou reforço mental, por exem-plo, visualizar-se a realizar uma situação especí-fica na comunidade, ou reforço afectivo, ao sesentir satisfeito consigo mesmo por ter sucedido.

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RESUMO

A Terapia comportamental tem sido aplicada auma grande variedade de populações ao longo dostempos. Neste artigo destacámos a forma como dife-rentes técnicas comportamentais podem ser úteis e uti-lizadas pelos técnicos de reabilitação no trabalho compessoas com deficiência.

Palavras-chave: Terapia comportamental, reabilita-ção, deficiência.

ABSTRACT

Behavioral therapy has been used in a wide rangeof populations over the years. In this article we focu-sed on how different behavioral techniques can be use-ful tools to rehabilitation counselors when workingwith people with disabilities.

Key words: Behavioral therapy, rehabilitation, disa-bility.

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