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Técnicas de Orientação Treinamento

Técnicas de Orientação

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Page 1: Técnicas de Orientação

Técnicas de OrientaçãoTreinamento

Page 2: Técnicas de Orientação

Eng. Cartógrafo Pedro Luis FaggionMestre em Ciências Geodésicas

Eng. Cartógrafo Luís Augusto Koenig VeigaDoutor em Engenharia

CuritibaMaio 2001

Page 3: Técnicas de Orientação

Sumário

1 - CONCEITOS BÁSICOS............................................................................................................................... 1

1.1 – Norte Magnético e Geográfico................................................................................................................... 1 a) Direção Norte Magnético............................................................................................................................ 1 b) Direção Norte Geográfico ou Verdadeiro................................................................................................... 11.2 - Azimute ...................................................................................................................................................... 21.3 – Rumo.......................................................................................................................................................... 31.4 - Conversão entre Rumo e Azimute.............................................................................................................. 41.5 - Exemplo de aplicação de Rumo e Azimute ................................................................................................ 51.6 – Declinação Magnética................................................................................................................................ 8 a) Conceitos ................................................................................................................................................... 8 b) Cálculo da Declinação Magnética .............................................................................................................. 9 c) Transformação de Norte Magnético em Geográfico e vice-versa............................................................. 141.7– Bússolas .................................................................................................................................................... 15 1.7.1- Inversão dos Pontos “E” e “W” da bússola ....................................................................................... 15 1.7.2 – Utilização ......................................................................................................................................... 16 1.7.3 - Cuidados ........................................................................................................................................... 171.8 – Métodos de Determinação do Norte Verdadeiro ..................................................................................... 17

2 - INTRODUÇÃO AO SISTEMA GPS.......................................................................................................... 19

2.1 - Sistemas de Coordenadas ......................................................................................................................... 192.2 - Coordenadas Geográficas. ........................................................................................................................ 202.3 - Coordenadas Geodésicas .......................................................................................................................... 212.4 - Sistema Geodésico Brasileiro ................................................................................................................... 222.5 - Sistema GPS ............................................................................................................................................. 23 2.5.1 - Segmento Espacial............................................................................................................................. 24 2.5.2 -Segmento de controle ......................................................................................................................... 26 2.5.3 - Segmento de Usuários ....................................................................................................................... 26 2.5.4- Princípio básico do Posicionamento por GPS .................................................................................... 27 2.5.5 - Tipos de Observação ......................................................................................................................... 28 2.5.6 - Posicionamento.................................................................................................................................. 29 2.5.6.1 – Posicionamento Absoluto .......................................................................................................... 29 2.5.6.2 – Posicionamento Relativo............................................................................................................ 30 2.5.6.3 - Técnicas de observação – Posicionamento relativo. ................................................................... 30 2.5.7 - As coordenadas GPS ......................................................................................................................... 34 2.5.8 - Receptores GPS................................................................................................................................. 34 2.5.9 - Exemplos de Aplicações GPS ........................................................................................................... 36 2.5.10 – Considerações sobre o uso de receptores GPS no modo absoluto. ................................................. 37

3 - INTRODUÇÃO AO USO DE MAPAS ...................................................................................................... 38

3.1 - Sistema UTM ........................................................................................................................................... 43 3.1.1 - Convergência de Meridianos ............................................................................................................. 483.2 – Exercícios de Cartografia......................................................................................................................... 50

Page 4: Técnicas de Orientação

Lista de Figuras

Figura 1.1 – Campo magnético ao redor da terra................................................................................................ 1Figura 1.2 – Direção norte-sul verdadeira .......................................................................................................... 2Figura 1.3 - Representação de Azimute .............................................................................................................. 2Figura 1.4 – Representação de Rumo ................................................................................................................. 3Figura 1.5 – Transformação entre Rumo e Azimute........................................................................................... 4Figura 1.6 – Representação da Declinação Magnética ....................................................................................... 8Figura 1.7 – Exemplo de apresentação de um mapa de Declinação Magnética com as respeectivas legendas 11Figura 1.8 – Entrada de dados para o cálculo da Declinação Magnética .......................................................... 13Figura 1.9 – Declinação Magnética para Curitiba.......................................................................................... 13Figura 1.10 – Declinação Magnética para Foz do Iguaçu.............................................................................. 13Figura 1.11 – Transformação Azimute-Rumo Magnético para Verdadeiro e vice-versa.................................. 14Figura 1.12 – Inversão dos pontos “E” e “W” da bússola................................................................................. 16

Figura 2.1 - Sistema de coordenadas plano retangulares. ................................................................................. 19Figura 2.2 – Representação dos pontos no sistema de coordenadas cartesianas............................................... 20Figura 2.3 – Coordenadas Geográficas. ............................................................................................................ 21Figura 2.4 – Elipsóide de Revolução. ............................................................................................................... 21Figura 2.5 – Sistema de Coordenadas Geodésicas............................................................................................ 22Figura 2.6 - Constelação de 24 satélites............................................................................................................ 24Figura 2.7 - Satélite GPS. ................................................................................................................................. 24Figura 2.8 - Segmento de Controle ................................................................................................................... 26Figura 2.9 - Observação dos Satélites............................................................................................................... 27Figura 2.10 - Princípio básico de posicionamento ............................................................................................ 28Figura 2.11 - Esquema das fontes de erros consideradas no DGPS.................................................................. 32Figura 2.12 - Posicionamento DPGS. ............................................................................................................... 33Figura 2.13 – Modelos de Receptores GPS. ..................................................................................................... 35Figura 2.14 - Monitoramento de veículos ......................................................................................................... 37

Figura 3.1 – Representação esquemática: Sistemas de Projeção. ..................................................................... 39Figura 3.2 – Projeção da superfície de referência em uma superfície que se pode desenvolver no plano. ....... 40Figura 3.3 – Escala gráfica de uma carta 1:50000. ........................................................................................... 41Figura 3.4 – Parte da legenda de uma carta na escala 1:50.000. ....................................................................... 42Figura 3.5 – Símbolos empregados no mapa 1:50.000. .................................................................................... 42Figura 3.6 – Representação do relevo por curvas de nível (a) e modelo 3D do terreno (b).............................. 43Figura 3.7 – Cilindro Transverso e Secante ao Elipsóide. ................................................................................ 44Figura 3.8 – Zonas UTM .................................................................................................................................. 45Figura 3.9 – Fusos UTM na região do Brasil.................................................................................................... 45Figura 3.10 – Sistemas de Coordenadas empregado no UTM.......................................................................... 46Figura 3.11 – Representação esquemática de um fuso UTM............................................................................ 47Figura 3.12 – Canevá de coordenadas UTM..................................................................................................... 47Figura 3.13 – Convergência Meridiana............................................................................................................. 49Figura 3.14 – Sinais da Convergência Meridiana. ............................................................................................ 49

Page 5: Técnicas de Orientação

1

1 - CONCEITOS BÁSICOS

1.1 – Norte Magnético e Geográfico

a) Direção Norte MagnéticoO planeta terra pode ser considerado um gigantesco imã, causado pela

circulação da corrente elétrica em seu núcleo formado de ferro e níquel em estado

líquido. Estas correntes criam um campo magnético, como pode ser visto na

figura 1.1.

Figura 1.1 – Campo magnético ao redor da terra

Este campo magnético ao redor da Terra tem a forma aproximada do

campo magnético ao redor de um imã de barra simples (figura 1.1). Tal campo

exerce uma forças sobre a agulha da bússola, fazendo com que mesma entre em

movimento e se estabilize quando sua ponta imantada estiver apontando para o

norte magnético.

b) Direção Norte Geográfico ou VerdadeiroA terra, na sua rotação diária gira, em torno de um eixo virtual. Os pontos

de encontro destes eixos com a superfície terrestre denomina-se de polo norte e

polo sul verdadeiros ou geográficos.

OrigemMagnética

Page 6: Técnicas de Orientação

2

Figura 1.2 – Direção norte-sul verdadeira

Como pode ser visto o eixo magnético não coincide com o eixo geográfico.

Esta diferença entre a indicação do polo norte magnético (dada pela bússola)

bússola e a posição correta do pólo norte geográfico denomina-se de Declinação

Magnética, que será visto no item 1.6.

1.2 - AzimuteAzimute de uma direção é o ângulo formado entre o 1meridiano de origem

que contém os pólos, magnéticos ou geográficos, e a direção considerada. É

medido a partir do norte, no sentido horário e varia de 00 a 3600.

FIGURA 1.3 - Representação de Azimute

1 Meridiano: É a linha que passa pelo local do observador e os respectivos pólos geográfico ou magnéticos daterra

Az4 = 3100 15’

Az1 = 300 15’

Az1 = 1220 45’

Az1 = 2100 15’

EixoGeográfico

Page 7: Técnicas de Orientação

3

1.3 – RumoRumo é o ângulo formado pelo meridiano que materializa o alinhamento

norte sul e a direção considerada. Varia de 00 a 900, é contado do norte ou do sul

por leste e oeste. Este sistema expressa o ângulo em função do quadrante em

que se encontra. Além do valor numérico do ângulo acrescentas-se uma sigla (NE,

SE, SW, NW) cuja primeira letra indica a origem a partir do qual realiza-se a

contagem e a segunda indica a direção do giro. A figura 1.4 representa este

sistema.

Figura 1.4 – Representação de Rumo

Obs 01:Independente da orientação do sistema (Geográfico ou Magnético) a

forma de contagem do azimute e do rumo, bem como a conversão entre

os mesmos ocorre da mesma forma.

P3

W

S

P2

E

P4

N

P1

30º15' NEou

N 30º15' E

S 30º15' Eou

30º15' SE

S 30º15' Wou

30º15' SW

30º15' NW

N 30º15' Wou

Page 8: Técnicas de Orientação

4

1.4 - Conversão entre Rumo e AzimuteSempre que possível é recomendável à transformação dos rumos para

azimutes, tendo em vista a praticidade nos cálculos de coordenadas, por exemplo,

e também para a orientação de estruturas em campo.

Para entender melhor o processo de transformação, observe a seqüência

indicada a partir da figura a seguir.

Figura 1.5 – Transformação entre Rumo e Azimute

a) Conversão de Azimute para Rumo No Primeiro quadrante:

R = A1

No Segundo quadrante:

R = 1800 – A2

No Terceiro quadrante:

R = A3 - 1800

No Quarto quadrante:

R = 360 - A4

N

W

3

E

2

14

S

Az1

1R

Az 2

R2

3Az

3R

4R

Az 4

R =Az1 1

R =180º-Az2 2R =Az -180º3 3

R =360º-Az4 4

Page 9: Técnicas de Orientação

5

b) Conversão de Rumo para Azimute

No Primeiro quadrante (NE):

A1 = R No Segundo quadrante (SE):

A2 = 1800 – R No Terceiro quadrante (SW):

A3 = 1800 + R No Quarto quadrante (NW):

A4 = 360 - R

1.5 - Exemplo de aplicação de Rumo e Azimutea) Transforme os seguintes Rumos em Azimute e vice versaR = 300 25’ SE Az = 330 43’

R = 380 15’ NW Az = 2330 40’

E

S

W

30º25' SE P

N

E

S

W

330 43’P

W

N

E

S

38º15' NWP

W

P

S

N

E233º40'

Page 10: Técnicas de Orientação

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b) Exercícios:01) Sendo você o responsável técnico pela divisão de “sistemas transmissores de

sinais eletromagnéticos” de uma grande empresa. A mesma foi contratada para

implantar quatro antenas com as seguintes característica:

Painel 01 azimute = 450 15’

Painel 02 azimute = 1560 30’

Painel 03 azimute = 2300 25’

Painel 04 azimute = 3100 20’

A bússola disponível na empresa só apresenta a orientação em forma de

Rumo. Como você faria para transformar os azimutes em rumos?

E

S

W E

S

W

E

S

W E

S

W

Page 11: Técnicas de Orientação

7

02) Sua empresa foi contratada para montar quatro painéis de transmissão em

uma antena de telefonia celular com a seguinte característica:

Painel 01 Rumo Magnético = 450 15’ NE

Painel 02 Rumo Magnético = 240 30’ SE

Painel 03 Rumo Magnético = 400 25’ SW

Painel 04 Rumo Magnético = 250 20’ NW

A bússola disponível na empresa só apresenta a orientação em forma de

azimute. Como você faria para transformar os rumos dados em azimute?

E

S

W E

S

W

E

S

W E

S

W

Page 12: Técnicas de Orientação

8

1.6 – Declinação Magnéticaa) ConceitosDeclinação magnética é o ângulo formado entre o Meridiano verdadeiro e o

Meridiano magnético; ou também pode ser identificado como desvio entre o

azimute ou rumo verdadeiros e os correspondentes magnéticos (figura 1.6).

Figura 1.6 – Representação da Declinação Magnética

Essa declinação magnética varia com o tempo e com a posição geográfica,

podendo ser ocidental (δw), negativa quando o polo magnético estiver a Oeste (W)

do geográfico e oriental (δE) em caso contrário. Atualmente, em nosso País a

declinação é negativa, logo ocidental.

A representação da declinação magnética em cartas é feita através de

curvas de igual valor de variação anual em graus (curvas isogônicas) e curvas de

igual variação anual em minutos (curvas isopóricas). A interpolação das curvas do

grau e posteriormente no minuto, para uma dada posição na superfície física da

terra, nos permite a determinação da declinação magnética com precisão na

ordem do minuto.

Observador

Declinação magnetica

Pólo Norte GeográficoPólo Norte Magnético

Pólo Sul GeográficoPólo Sul Magnético

Page 13: Técnicas de Orientação

9

No Brasil o órgão responsável pela elaboração das cartas de declinação é

o Observatório Nacional e a periodicidade é de 10 anos.

b) Cálculo da Declinação MagnéticaPara que se possa calcular a declinação magnética para um determinado

ponto da superfície física da terra são necessários alguns dados preliminares, tais

como:

Latitude geográfica (φ)

Longitude geográfica (λ)

Carta de declinação magnética da região em questão.

De posse destes dados, listados a cima e utilizando a fórmula 01, é possível

obter a declinação magnética para a região em questão.

D = Cig + [(A + fa) * Cip] ......................................................... 01

Onde:

D = Valor da declinação magnética;

Cig = Curva Isogônica. Este é o valor que é obtido a partir da interpolação entre as

curvas isogônicas;

Cip = Curva Isopórica. Este é o valor que é obtido a partir da interpolação entre as

curvas isopóricas;

A = Diferença entre o ano de confecção do mapa de Declinação Magnética e o

ano da Observação ( Ex. observação em 2001. O valor de “A" será dado por

A = 2001-2000 =1);

Fa = Fração de ano: 01Janeiro a 19 Janeiro ⇒ 0.0; 20 Janeiro a 24 de Fevereiro

⇒ 0.1; 25 Fevereiro a 01 Abril ⇒ 0.2; 02 Abril a 07 de Maio ⇒ 0.3; 08 de

Maio a 13 Junho ⇒ 0.4; 14 de Junho a 19 de Julho ⇒ 0.5; 20 de Julho a 25

de Agosto ⇒ 0.6; 26 de Agosto a 30 de Setembro ⇒ 0.7; 01 de Outubro a o6

de Novembro ⇒ 0.8; 07 de Novembro a 12 de Dezembro 0.9; de 13

Dezembro a 31 de Dezembro 1.0.

Page 14: Técnicas de Orientação

10

Na seqüência será apresentado um exemplo, onde se faz a discussão do

assunto com mais propriedade.

Exemplos:

01) Baseado nas informações contidas na figura 07 calcule a Declinação

Magnética para Curitiba (φ = 250 25’ S, λ = 490 13’ w), no dia 14 de maio de 2001.

D = Cig + [(A + fa) * Cip]

a) Cálculo de Cig:

a1) Interpolação das Curvas Isogônicas:

Com a régua ortogonal a uma das curvas, medir a distância linear entre as curvas que

compreendem a cidade que deseja-se calcular a declinação.

Para o caso em questão a distância linear entre as curvas –170 e –180 é 1,4 cm.

Com a régua ortogonal a curvas de170, medir a distância linear entre a curva e a localidade

que deseja-se determinar a declinação magnética.

Para o caso em questão a distância linear entre a curva –170 e Curitiba é 0,5 cm

Logo:

10 1,4 cm

x0 0,5 cm

x0 = 00,3571

Cig = -170 - X0 ⇒ Cig = - 170,3571

a) Cálculo de Cip:

Mesmo processo utilizado para Cig. O valor obtido é de - 7’,058

D = - 170,3571 + [(1 + 0,4)] * (- 7’,058) ⇒ D = - 170,21’ 25,65” + (-10’36,72”)

D = - 170 32’

Page 15: Técnicas de Orientação

11

Figura 1.7 – Exemplo de apresentação de um mapa de Declinação Magnética com as respectivas legendas.

Page 16: Técnicas de Orientação

12

02) Idem ao anterior para Foz do Iguaçu (φ = 250 25’ S, λ = 490 13’ w), no dia 14

de maio de 2001.D = Cig + [(A + fa) * Cip]

a) Cálculo de Cig:

a1) Interpolação das Curvas Isogônicas:

Com a régua ortogonal a uma das curvas, medir a distância linear entre as curvas que

compreendem a cidade que deseja-se calcular a declinação.

Para o caso em questão a distância linear entre as curvas –130 e –140 é 1,2 cm.

Com a régua ortogonal a curvas de -130, medir a distância linear entre a curva e a localidade

que deseja-se determinar a declinação magnética.

Para o caso em questão a distância linear entre a curva –130 e Foz do Iguaçú é 0,5 cm

Logo:

10 1,2 Cm

x0 0,45 Cm

x0 = 00,375

Cig = -130 - X0 ⇒ Cig = - 130,375

b) Cálculo de Cip:

Mesmo processo utilizado para Cig. O valor obtido é de - 8’,3536

D = - 130,21’ 13” + [(1 + 0,4)] * (-8’,3536) ⇒ D = - 130,21’ 13” + (-11’ 42”)

D = -130 32’

Page 17: Técnicas de Orientação

13

b) Utilizando programa computacional:O Observatório Nacional, desenvolveu um programa computacional que

roda em plataforma DOS. Este programa executa o cálculo para qualquer região

do território nacional, bem como a inclinação deste campo (informação bastante

utilizada pelos geólogos).

Os argumentos de entrada para este cálculo são: Latitude (φ), Longitude (λ)

e data da observação.

Obs: os valores da Latitude e Longitude do ponto devem estar em graus decimais

para entrar no programa de cálculo da Declinação Magnética

As figuras (1.8, 1.9 e 1.10) a seguir apresentam o cálculo da declinação

magnética para os exercíos 02 E 03.

FIGURA 1.8 – Entrada de dados para o cálculo da Declinação Magnética

Figura 1.9 – Declinação Magnéticapara Curitiba

Figura 1.10 – Declinação Magnéticapara Foz do Iguaçu

Page 18: Técnicas de Orientação

14

c) Transformação de Norte Magnético em Geográfico e vice-versa.A transformação de elementos (Rumos, Azimutes) com orientação Norte

Verdadeiro ou Magnético é um processo extremamente simples, basta

acrescentar, através de subtração ou adição, a Declinação Magnética a

informação disponível.

Como já foi visto, atualmente no Brasil a Declinação Magnética é negativa.

Logo, o azimute verdadeiro é igual ao azimute magnético menos a declinação

magnética ( Azv = Azm – D), como pode ser visto na figura 1.11.

Figura 1.11 – Transformação Azimute-Rumo Magnético para Verdadeiro e vice-versa.

Exemplo:

1) Sabe-se que o azimute verdadeiro do painel da antena em Curitiba

(φ = 250 25’ S , λ = 490 13’ W), é de 450 21’, no dia 14 de maio de 2001. Calcular o

azimute magnético para a direção em questão, tendo em vista que a empresa só

dispõe de bússola para a orientação.

Azv = Azm – D ⇒ Azm = Azv + D

Azm = 450 21’ - 170 32’ ⇒

NV

SV

P

SM

NM

Azv

Az mag. δ = D Obs: O valor da declinaçãoMagnética (D) que utilizada nafórmula indicada no parágrafopara calcular o azimuteverdadeiro não deve conter osinal obtido com o cálculo dafórmula 01.

Azm = 620 53’

Page 19: Técnicas de Orientação

15

1.7– Bússolas:A bússola é um instrumento idealizado para determinar a direção dos

alinhamentos em relação a meridiana dada pela agulha magnética.

Estudos realizados por diversos autores indicam que a bússola foi um dos

primeiros equipamentos utilizados para orientação e foi concebido pelos chineses.

Porém, para chegar ao estágio em que está hoje em dia, passou por uma série de

aperfeiçoamentos com o tempo. Acredita-se que os chineses conheciam a

bússola desde o século XXVI a. C., porém alguns registros sobre a utilização

deste equipamento, constam que a China foi o primeiro povo a utiliza-la por volta

de 1100, posteriormente a Europa Ocidental em 1187, a Arábia em 1220 e a

Escandinávia em 1300.

Uma bússola consiste essencialmente de uma agulha magnetizada

livremente suportada no centro de um círculo horizontal graduado, também

conhecido como limbo.

1.7.1- Inversão dos Pontos “E” e “W” da bússola:

No visor da bússola, além da indicação dos valores em grau e minutos,

variando de 00 à 3600 , encontra-se gravado também os quatro pontos cardiais

(Norte “N”, Sul “S”, Leste “E”, Oeste “W”.

Uma questão importante que deve ser observada, para determinados tipos

de bússolas é a permuta dos pontos cardiais de E e W. Estas bússolas são

denominadas de bússolas de Rumo. Na figura 1.12 mostra-se a leitura de um

rumo na posição OP. Para tanto alinha-se a marcação da direção norte, dada pela

agulha da bússola, com o alinhamento e, onde a agulha estabilizar, faz-se

diretamente a leitura do rumo da direção, no caso 200 NE. Porém se não houvesse

a inversão dos pólos bússola, o quadrante representado será NW.

Page 20: Técnicas de Orientação

16

Figura 1.12 – Inversão dos pontos “E” e “W” da bússola.

1.7.2 – UtilizaçãoNormalmente antes de utilizar-se qualquer instrumento deve-se realizar

uma checagem no mesmo. No caso da bússola, as seguintes precauções devem

ser tomadas:

Quanto a Sensibilidade: Quando solta a agulha Uma bússola de boa

qualidade, a mesma leva aproximadamente de 25 oscilações até

estabilizar;

Quanto a Centragem: Duas leituras oposta devem deferir de 1800 ,

caso contrário a agulha provavelmente está torta ou o eixo está torto ou

inclinado;

Quanto ao Equilíbrio: Ao nivelar-se o prato da bússola a altura dos

extremos da agulha devem ser iguais.

N

E

Se Girarmos a bússola

de 200 no sentido horário,

logo 200NE, a bússolaregistrará 200 NW.

Agora, se os pontos

cardiais “E” e “W” forem

invertidos o valor da

direção apresentada será

200NE,

N

W

E

S

W

S

N

W E

S

200

200

200

Page 21: Técnicas de Orientação

17

1.7.3 - CuidadosComo já foi visto anteriormente, a bússola contém uma agulha imantada,

portanto, deve-se evitar a denominada atração local, que é devido à influência de

objetos metálicos como relógio, canivete, etc., bem como certos minerais como

pirita e magnitita. Também a proximidade de campos magnéticos anômalos

gerados por redes de alta tensão, torres de transmissão e retransmissão, sistemas

de aterramento, etc. tendo em vista que o campo magnético formado por um

canivete, por exemplo, é maior do que o campo magnético formado pela terra.

Além disso, deve-se tomar os mesmos cuidados que se toma com qualquer

equipamento sensível.

Uma das maneiras de se determinar a influência da atração local consiste

em se efetuar diversas observações ao longo de alinhamento.

Um alinhamento qualquer no terreno forma um ângulo com a ponta norte da

agulha. Portanto em qualquer posição deste alinhamento o rumo ou azimute

magnético deve ser igual.

No módulo “Aplicação prática em campo será apresentado esta

metodologia”.

Exemplo de utilização da bússola:

Sua empresa foi contratada para implantar uma antena de transmissão no

alto de uma colina com as seguintes características.

- 15 km contados a partir do marco zero implantado no centro da praça

principal da cidade seguindo a orientação de 300 NE.

Caso não houvesse formas visuais de localizar o ponto de partida, como o

técnico faria para voltar ao centro da cidade?

Page 22: Técnicas de Orientação

18

1.8 – Métodos de Determinação do Norte VerdadeiroA determinação do norte verdadeiro, fundamentada em determinações

astronômicas e utilizando o sistema GPS, são mais precisas que as técnicas que

baseiam-se na determinação do norte magnético para uma posterior

transformação.

Estas técnicas devem ser inevitavelmente utilizadas, independente da

precisão solicitada, quando estamos em locais onde existe exposição de rochas

magnetizadas que por ventura possam induzir a uma interpretação errônea devido

suas influências sobre a agulha imantada da bússola.

Os principais métodos são os seguintes:

Métodos das alturas iguais do sol;

Métodos das alturas iguais das estrelas;

Métodos das distâncias zenitais absolutas do sol;

Métodos das distâncias zenitais absolutas das estrelas;

Método da máxima elongação de uma estrela circumpolar;

Método da máxima elongação de uma estrela;

Método da passagem meridiana de uma estrela;

Método da hora

Utilizando o Sistema de Posicionamento Global (GPS), tema do próximo

assunto.

Page 23: Técnicas de Orientação

19

2 - INTRODUÇÃO AO SISTEMA GPS

Como visto anteriormente, para calcular o valor da declinação magnética

utiliza-se as coordenadas latitude e longitude de um ponto como dados de entrada

para o cálculo através de programa. Uma forma de obter estas coordenadas é

através da utilização do Sistema GPS ou NAVSTAR-GPS (Navigation with Time

and Ranging), um sistema de radionavegação desenvolvido pelo Departamento de

Defesa Americano. Através deste Sistema é possível determinar as coordenadas

de um ponto em qualquer parte do planeta.

Inicialmente será visto a questão da definição dos sistemas de

coordenadas.

2.1 - Sistemas de CoordenadasQuando posicionamos um ponto nada mais estamos fazendo do que

atribuindo coordenadas aos mesmo. Estas coordenadas por sua vez deverão

estar referenciadas a um sistema de coordenadas. Existem diversos sistemas de

coordenadas, alguns amplamente empregados em disciplinas como geometria e

trigonometria, por exemplo. Este sistemas normalmente representam um ponto no

espaço bidimensional ou tridimensional.

Um sistema bastante utilizado é o sistema de coordenadas retangulares ou

cartesiano. Este é um sistema de eixos ortogonais no plano constituído de duas

retas orientadas X e Y perpendiculares entre si (figura 2.1). A origem deste

sistema é o cruzamento dos eixos X e Y.

Figura 2.1 - Sistema de coordenadas plano retangulares.

X

Y

Origem

Page 24: Técnicas de Orientação

20

Um ponto é definido neste sistema através de uma coordenada

denominada abscissa (coordenada X) e outra denominada ordenada (coordenada

Y). Um dos símbolos P(x,y) ou P=(x,y) são utilizados para denominar um ponto P

com abscissa x e ordenada y.

Na figura 2.2 é apresentado um sistema de coordenadas, no qual as

coordenadas da origem são (0,0). Nele estão representados os pontos A(10,10),

B(15,25) e C(20,-15).

Figura 2.2 – Representação dos pontos no sistema de coordenadas cartesianas.

2.2 - Coordenadas Geográficas.Considera-se a Terra como sendo esférica e um ponto pode ser localizado

sobre a superfície através de suas coordenadas latitude e longitude. A latitude é

representada pela letra grega φ (fi) e a longitude representado pela letra grega λ

(lambda). Podem ser definidas como:

Latitude: ângulo formado entre a vertical do lugar e sua projeção no

equador, sendo, por convenção, positiva no hemisfério Norte e negativa no

hemisfério Sul.

Longitude: ângulo diedro medido entre o meridiano de origem (Greenwich)

e o meridiano do ponto considerado.

A

B

C

X

Y

10 20

30

20

10

-10

-20

Page 25: Técnicas de Orientação

21

Figura 2.3 – Coordenadas Geográficas.

2.3 - Coordenadas GeodésicasOutro sistema de coordenadas empregado na engenharia é o chamado

Sistemas de Coordenadas Geodésicas. Neste sistema utiliza-se o elipsóide de

revolução ou biaxial para representar a Terra. O elipsóide de revolução é obtido

pela rotação de uma semi-elipse em torno do seu eixo (figura 2.4). Esta semi-

elipse é achatada no polos. Este é o modelo geométrico utilizado na Geodésia,

uma ciência que tem por fim determinar as formas e dimensões da Terra e os

parâmetros do campo gravífico.

a: semi-eixo maior da elipseb: semi-eixo menor da elipse

Figura 2.4 – Elipsóide de Revolução.

λ

φ

G

P

Q’Q

PN

PS

ab

aa

b

Page 26: Técnicas de Orientação

22

As coordenadas geodésicas de um ponto ficam assim definidas:

Latitude Geodésica (φφφφg): ângulo que a normal forma com sua projeção no plano

do equador, sendo positiva para o Norte e negativa para o Sul.

Longitude Geodésica (λλλλg): ângulo diédrico formado pelo meridiano geodésico de

Greenwich (origem) e do ponto P, sendo positivo para Leste e negativo para

Oeste.

Uma terceira coordenada também pode ser utilizada e é denominada de

altitude geométrica ( H ), que corresponde a distância contada ao longo na da

normal, uma reta ortogonal ao elipsóide que passa pelo ponto P, do elipsóide até o

ponto P. A figura 2.5 representa este sistema de coordenadas.

Figura 2.5 – Sistema de Coordenadas Geodésicas

2.4 - Sistema Geodésico BrasileiroO Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) é definido pelo elipsóide de

revolução 1967 que utiliza os seguintes parâmetros: a = 6.378.160 m e α =

1/298,25; seu ponto de origem é o vértice de Chuá-MG. O SGB integra o SAD-69

(South American Datum 1969). O referencial altimétrico coincide com a superfície

equipotencial que contém o nível médio dos mares definido pelas observações

maregráficas tomadas na baía de Imbituba-SC.

Q

λg

φg

G

P

P’

H

Page 27: Técnicas de Orientação

23

Adicionalmente alguns trabalhos ainda estão referenciados ao sistema

anterior ao elipsóide 1967, comumente denominado Córrego Alegre (elipsóide de

Hayford), antigo ponto fundamental da rede geodésica. Os parâmetros do

elipsóide de Hayford são:

a = 6.378.388,000m

α = 1 / 297,000

2.5 - Sistema GPS Baseando-se nas pesquisas feitas a partir de sinais de rádio enviados por

satélites artificiais, estudiosos verificaram que ocupando-se pontos com

coordenadas conhecidas no terreno era possível determinar a órbita de um

satélite. Mais tarde demonstrou-se que a posição do receptor poderia ser

determinada se as órbitas dos satélites fossem conhecidas.

Segundo IBGE (1993) o sistema GPS foi concebido inicialmente para

contornar as limitações existentes no sistema TRANSIT, principalmente aquelas

relativas à navegação aérea e marítima ao redor do globo. Desta necessidade

surgiu o sistema GPS, também conhecido como NAVSTAR-GPS, (Navy

Navegation Satellite System - Global Positioning System) de responsabilidade do

JPO (Joint Program Office) que recebeu a missão do DoD (Departament of

Defense) de desenvolver e testar um sistema de posicionamento espacial. Os

estudos iniciais para o desenvolvimento do sistema datam de 1973, sendo que o

primeiro satélite GPS foi lançado em 1978.

O GPS foi projetado de forma que em qualquer lugar do mundo e a

qualquer momento existam pelo menos quatro satélites acima do plano do

horizonte do observador. Esta situação garante a condição geométrica mínima

necessária à navegação em tempo real com o sistema. Posteriormente,

cientistas e pesquisadores do mundo todo começaram a descobrir e explorar

as potencialidades do sistema, não só aquelas destinadas à navegação. Com

isso, surgiram as aplicações na área da geodesia, geodinâmica, cartografia,

etc., atingindo níveis de precisão comparáveis com os métodos clássicos

utilizados até então, porém de forma bem mais rápida.

Page 28: Técnicas de Orientação

24

O sistema NAVSTAR-GPS divide-se em três segmentos: espacial, de

controle e de usuários.

2.5.1 - Segmento Espacial O segmento espacial consiste de 24 satélites operacionais, sendo quatro

satélites por plano (figura 2.6). Os satélites são lançados em órbitas quase

circulares, com uma inclinação de 55º (para os atuais satélites do bloco II),

perfazendo um conjunto de seis planos orbitais com quatro satélites cada. Esta

configuração garante que em qualquer parte do mundo e a qualquer hora pelo

menos quatros satélites estejam visíveis com elevação acima de 15º. A altitude

orbital é em torno de 20.000 Km, correspondendo a cerca de 26.600 Km do

semi-eixo maior da Terra.

Figura 2.6 - Constelação de 24 satélites.

Um exemplo de satélite GPS é apresentado na figura 2.7.

Figura 2.7 - Satélite GPS.

Page 29: Técnicas de Orientação

25

A função do segmento espacial é gerar e transmitir os sinais GPS (códigos,

portadoras e mensagens de navegação).

Os satélites transmitem duas portadoras, derivadas da freqüência

fundamental da banda L de 10,23 MHz, estas são chamadas portadoras L1 e L2.

Tabela 2.1 - Características das portadoras L1 e L2

L1 = 154 . 10,23 MHz = 1575,42 MHz (= 19,05 cm)L2 = 120 . 10,23 MHz = 1227,60 MHz (= 24,45 cm)

Nestas ondas é que são modulados os sinais de navegação (códigos) e

dados de navegação (mensagens). Dois códigos, também chamados de PRN

(Pseudo Random Noise) são modulados nas portadoras: o código C/A e o código

P.

O código C/A (Coarse/Aquisition) tem uma freqüência de 1,023Mhz e um

comprimento de onda de aproximadamente 293,1 m, repetindo-se a cada

milisegundo. É modulado somente na portadora L1. Cada satélite transmite um

único código C/A, o que permite a identificação de cada veículo espacial.

O código P (Precision-code) tem uma freqüência de 10,23MHz e um

comprimento de onda de 29,3 metros. Apresenta uma seqüência extremamente

longa, se repetindo somente a cada 266,4 dias julianos. Este período é dividido

em 38 semanas GPS e cada satélite transmite um segmento específico do código.

O código P é modulado em ambas as portadoras. Este código pode ser

encriptografado, gerando o chamado código Y. A esta operação dá-se o nome de

Anti-Spoofing (AS). Somente os militares americanos e os seus aliados tem

conhecimento do algoritmo utilizado para gerar o código Y.

A idéia inicial do sistema GPS era o posicionamento (determinação da

distância satélite-receptor) pelos códigos, sendo que a princípio foram definidos

dois tipos de serviços oferecidos pelo sistema: o SPS (Standart Positioning

Service) para posicionamento com o código C/A e o PPS (Precise Positioning

Service) para o código P.

Page 30: Técnicas de Orientação

26

A mensagem é modulada em ambas as portadoras e fornecem informações

sobre o relógio do satélite, órbita, dados sobre a "saúde" do satélite e fatores de

correção para a ionosfera.

2.5.2 -Segmento de controleOs objetivos do segmento de controle são monitorar e controlar o sistema

de satélites continuamente, determinar o sistema de tempo do GPS, predizer as

efemérides dos satélites e o comportamento dos relógios e atualizar

periodicamente as mensagens de navegação para cada satélite.

Este sistema é composto da Estação Principal de Controle (MCS), várias

estações de monitoramento (MS) espalhadas por todo o mundo e Ground Antenas

(GA), responsáveis pelo envio das informações para os satélites (figura 2.8). A

Estação Principal de Controle está localizada em Colorado Spring, nos EUA. As

Estações de Monitoramento controlam as efemérides e os relógios dos satélites,

sendo que estas informações são passadas à MCS que determina precisamente

as efemérides e o comportamentos dos relógios dos satélites.

Figura 2.8 - Segmento de Controle

2.5.3 - Segmento de UsuáriosO segmento de usuários esta associado às aplicações do sistema. Refere-

se a tudo que se relaciona com a comunidade usuária (receptores, algoritmos,

programas, etc.) com vistas à determinação da posição, velocidade ou tempo.

Estação Master Estações deMonitoramento

Antenas(Ground Antenas)

Page 31: Técnicas de Orientação

27

2.5.4- Princípio básico do Posicionamento por GPSO posicionamento GPS baseia-se na determinação da distância receptor-

satélite. Pela leitura de uma série de mensagens especialmente codificadas,

transmitidas por cada satélite, um receptor na Terra pode determinar quando um

sinal partiu do satélite e quando ele chegou à antena, ou seja, a diferença é o

tempo de propagação de cada sinal. Para calcular a distância ao satélite, o

receptor multiplica este tempo de propagação pela velocidade da luz. Esta é a

idéia básica, porém na prática a questão é um pouco mais complicada.

Tempo de propagação x 3.1010 cm/s = distância

E a cada distância medida a partir de 4 satélites diferentes (figura 2.9),

utilizando algoritmos matemáticos, o receptor pode calcular a sua posição.

Figura 2.9 - Observação dos Satélites

A observação à pelo menos 3 satélites proporciona a situação mínima para

à determinação isolada das coordenadas do centro elétrico da antena do receptor.

A observação de um quarto satélite faz-se necessária para a determinação do erro

de sincronização dos relógios, visto que não pode-se assumir que os relógios dos

satélites, de grande precisão, estejam em sincronia com os relógios dos

receptores.

Satélite 1

Satélite 2 Satélite 4Satélite 3

d3d2

d4

d1

Antena

Receptor

Page 32: Técnicas de Orientação

28

A figura 2.10 ilustra o esquema da triangulação em relação ao satélite, onde

deseja-se determinar a posição “Ri” da antena “A”. Conhece-se a posição “r” do

satélite “j” e mede-se a distância “d” entre os dois.

A: posição da antenaj : satéliteC.M. :centro de massa da Terrad :distância medida da antena ao satélite (Pseudo-distância)Ri: distância do centro elétrico da antena ao centro de massada Terra (calculado a partir de “d” e “r”)r: distância do satélite ao centro de massa da Terra (retiradadas efemérides)

Figura 2.10 - Princípio básico de posicionamento

2.5.5 - Tipos de ObservaçãoO sistema GPS permite dois tipos de observações associadas às

componentes do sinal rastreado. São elas: observações dos códigos e das fases

das portadoras, com as quais pode-se determinar as “pseudo-distâncias”

(pseudorange), distância entre o satélite e o receptor.

A observação do código utiliza apenas o princípio da pseudo-distância

(medida do tempo de propagação do sinal) para determinar a posição isolada das

coordenadas do centro elétrico da antena do receptor, sendo largamente utilizada

em operações que buscam o posicionamento em tempo real (navegação).

j

r

A

Ri

C.M.

d

Page 33: Técnicas de Orientação

29

As observações da fase de batimento da portadora também fornecem a

medida da distância receptor-satélite, entretanto, no caso da fase da portadora, o

que se mede é a diferença de fase entre o sinal que chega do satélite e a fase

gerada pelo oscilador do receptor. Na observação da distância passa a existir

então, uma incógnita adicional, que é o número inteiro de ciclos contido na

distância satélite-receptor no instante do começo das medidas das fases

(BLITZKOW, 1995), esta incógnita recebe o nome de ambigüidade. Existem

métodos que permitem obter valores aproximados para a ambigüidade.

Este tipo de observação permite um posicionamento preciso, sendo

largamente utilizado em trabalhos de geodésia.

2.5.6 - PosicionamentoPor posicionamento entende-se a determinação da posição de um objeto,

estacionário ou em movimento, em relação a um sistema de referência bem

definido. O posicionamento com o GPS pode ser realizado de duas formas:

absoluta ou relativa.

2.5.6.1 – Posicionamento AbsolutoUm posicionamento é dito absoluto quando as coordenadas de um ponto

são determinadas utilizando-se um único receptor. Devido à presença de vários

erros sistemáticos a precisão deste tipo de posicionamento pode chegar à

dezenas de metros.

Neste tipo de posicionamento as observáveis básicas são o código C/A e P.

Com a utilização do código C/A o usuário estará trabalhando dentro no nível de

precisão do SPS – Standard Positioning Service, com precisões variando entre

100m e 150m para o posicionamento horizontal e vertical respectivamente, com

um nível de confiança de 95%. Atualmente, com a desativação da S/A estima-se

que tais precisões devam melhorar em 10 vezes (MONICO 2000).

Page 34: Técnicas de Orientação

30

2.5.6.2 – Posicionamento RelativoNo posicionamento relativo, tanto as observações de pseudo-distâncias

quanto as da fase da portadora, são tratadas a partir de pelo menos duas

estações, sendo que uma conhecida, observando-se simultaneamente os

mesmos satélites. Esta consideração proporciona a minimização ou até mesmo o

cancelamento dos efeitos de alguns erros sistemáticos que incidem de forma

semelhante em ambas as estações.

De acordo com Hofmann-Wellenhof et al. (1994), o termo relativo é utilizado

quando são feitas observações da fase de batimento da portadora e o termo

diferencial quando observam-se os códigos. No caso da observação do código

C/A, a técnica associada denomina-se DGPS, sendo largamente empregada em

navegação.

Ao posicionar-se um objeto, o mesmo pode estar parado ou movimento. No

primeiro caso adota-se o nome posicionamento estático e no segundo, cinemático.

Estes conceitos podem ser aplicados tanto para o posicionamento absoluto quanto

para o relativo.

2.5.6.3 - Técnicas de observação – Posicionamento relativo.Para obter a precisão necessária à serviços geodésicos e para fins de

mapeamento, é utilizado o método de posicionamento relativo. A seguir são

apresentadas algumas técnicas de posicionamento relativo.

a) posicionamento estáticoDois ou mais receptores fixos observam os mesmos satélites durante um

certo período de tempo, por exemplo uma hora ou mais. O tempo de rastreio

dependerá do comprimento da base (distância entre os receptores), número de

satélites visíveis, geometria dos mesmos e o SRN (Signal-to-Noise Ratio - relação

sinal/ruído). A precisão obtida neste tipo de posicionamento é da ordem de ± 1 a 2

ppm.

Page 35: Técnicas de Orientação

31

b) posicionamento cinemáticoUm receptor permanece estacionado sobre um ponto enquanto o outro vai

movendo-se pelos pontos a serem determinados. Uma questão importante neste

tipo de posicionamento é que, durante todo o levantamento, os receptores devem

estar rastreando pelos menos quatro satélites. Se durante o rastreio houver menos

de quatro satélites, deve-se retornar ao ponto anterior e reiniciar o processo.

Neste tipo de levantamento a ambigüidade deve ser resolvida e fixada no

início dos trabalhos. Ao final do levantamento deve-se retornar ao ponto inicial

para que se possa realizar uma verificação dos resultados obtidos. Considerando-

se bases curtas, a precisão deste método pode ser de ± 1 a 2 ppm (IBGE, 1993).

c) semi-cinemático (stop-and-go) Semelhante ao cinemático, com a característica que o receptor é

estacionado durante um certo período de tempo sobre o ponto a ser determinado.

d) pseudo-cinemáticoUm receptor é mantido fixo enquanto o outro ocupa as mesmas estações

mais de uma vez, durante períodos de tempo de alguns minutos. O tempo

decorrido entre as reocupações deve ser de pelo menos uma hora. Neste tipo de

posicionamento não é necessário manter-se o rastreio durante o deslocamento

entre os pontos. Precisão submétrica pode ser obtida com este tipo de

posicionamento (Hofmann-Wellenhof et al., 1994). O maior problema do método é

a necessidade de se reocupar as estações.

e) estático rápidoBaseia-se na rápida resolução da ambigüidade através de algoritmos de

busca deste valor. Esta técnica normalmente utiliza combinações do código e da

fase da portadoras em ambas as freqüências (L1 e L2). O tempo de ocupação dos

pontos é em média de cerca de 2 à 5 minutos, obtendo-se uma precisão que pode

chegar à 2 ppm da distância entre as estações de referência (Pessoa, 1996). A

aplicação desta técnica é restrita a áreas de até 15 a 20 Km, pois é necessário

Page 36: Técnicas de Orientação

32

que as condições da ionosféra estejam parecidas nos pontos onde o levantamento

esta ocorrendo. Uma vantagem deste método é que durante o deslocamento entre

os pontos os receptores podem estar desligados.

f) DGPS (Differencial Global Positioning System)Por ser um dos métodos mais utilizados descreve-se a seguir o DGPS, que

é uma técnica específica de posicionamento com o uso do código C/A.

Caracteriza-se por procurar cancelar a maior parte dos erros naturais e

intencionais que existem nas medidas normais GPS (HORN, 1993).

Os erros existentes nas medidas GPS podem ser basicamente

provenientes de: erros do satélite (relógio e deriva), atmosfera (retardos ao

atravessar a troposfera e ionosfera), multicaminhamento do sinal, ruídos do

receptor e até recentemente a SA, uma degradação proposital inserida (e agora

cancelada) nos relógios do satélite e nos dados orbitais. A figura 2.11 ilustra

estes erros. O DGPS contorna quase todos estes erros, com exceção do

multicaminhamento e erros do receptor, por serem fenômenos estritamente locais.

Figura 2.11 - Esquema das fontes de erros consideradas no DGPS.

efemérides relógio do satéliteSA

retardos da atmosferamultipath

relógio doreceptor, etc.

Page 37: Técnicas de Orientação

33

O funcionamento do DGPS baseia-se no seguinte princípio: um receptor é

estacionado sobre um ponto cujas coordenadas sejam conhecidas com precisão.

De forma simplificada, o que se passa é o seguinte: esse receptor calcula sua

posição utilizando-se dos dados do satélite e então compara com a sua posição

conhecida. A diferença corresponde ao erro no sinal GPS . Em função da variação

da posição dos satélites com o tempo, estes erros devem ser calculados durante

todo o trabalho. As correções para os erros podem ser transmitidas (via rádio, por

exemplo) ou armazenadas para que um segundo receptor possa aplicar as

correções nas suas medidas instantaneamente em campo (on-line) ou mais tarde

(em escritório através de pós-processamento).

O DGPS envolve a utilização de no mínimo dois receptores, um móvel e

outro que ocupa uma estação com coordenadas conhecidas, conforme ilustra a

figura 2.12.

Figura 2.12 - Posicionamento DPGS.

Segundo HORN (1993), como os satélites estão à uma grande altitude, uma

pequena distância sobre a superfície da Terra será insignificante, isto é, se dois

receptores estiverem rastreando juntos, dentro de uma distância de poucas

centenas de quilômetros, os sinais que chegam aos receptores terão atravessado

R1

R3

R4

R2

correções

Estação de referência

estação móvel

Page 38: Técnicas de Orientação

34

virtualmente o mesmo trecho da atmosfera (mesmas condições físicas) e terão os

mesmos retardos. Desta forma, os dois receptores estarão tendo virtualmente os

mesmos erros, e aquele que esta na posição conhecida pode calculá-los e

fornecer as informações para o outro receptor.

2.5.7 - As coordenadas GPSAs coordenadas fornecidas pelo GPS estão referenciadas ao elipsóide

WGS 84 (World Geodetic System 84), cujos parâmetros são:

a (semi-eixo maior): 6.378.137 m

α (achatamento): 1 / 298,257223563

Ao trabalhar-se com o GPS associado a uma mapa deve-se ter o cuidado

de sempre estar usando o mesmo referêncial. As fórmulas para transformação

entre o sistema SAD 69 (utilizado no Brasil) e WGS 84 podem ser encontradas na

Resolução do Presidente do IBGE nº 23 de 21 de fevereiro de 1989. Ressalta-se

que o GPS fornece resultados de altitude elipsoidal, o que torna necessário o

emprego do Mapa Geoidal do Brasil, publicado pelo IBGE, para a obtenção de

altitude referenciadas ao geóide (nível médio dos mares) (IBGE, 1993).

2.5.8 - Receptores GPSAtualmente existem diversos modelos de receptores no mercado, que

variam de preço de acordo com o tipo de aplicação a que se destinam (precisão)

e, em decorrência disto, das características técnicas que apresentam, como

rastrear as portadoras L1 e L2 ou somente L1, código C/A e/ou P, etc.. Os preços

podem variar de $100,00 para um modelo simples, que permite uma precisão em

torno de 100m na determinação das coordenadas de um ponto, até alguns

modelos que custam mais de $30.000,00 utilizados para aplicações geodésicas. A

figura 2.13 ilustra alguns modelos de receptores GPS.

Page 39: Técnicas de Orientação

35

Figura 2.13 – Modelos de Receptores GPS.

Segundo MONICO(2000), os receptores GPS podem ser divididos segundo

vários critérios, como por exemplo:

- de acordo com a comunidade usuária

- receptor de uso militar

- receptor de uso civil

- de acordo com a aplicação

- receptor de navegação

- receptor geodésico

- receptor para aplicações SIG (Sistemas de Informações Geográficas)

- receptor de aquisição de tempo, etc.

- de acordo com o tipo de dados proporcionado pelo receptor

- código C/A

-código C/A e portadora L1

-código C/A e portadoras L1 e L2

-código C/A e P e portadoras L1 e L2

-portadora L1

-portadoras L1 e L2

Page 40: Técnicas de Orientação

36

2.5.9 - Exemplos de Aplicações GPSDesde de o acesso da comunidade civil ao sistema GPS vislumbraram-se

inúmeras aplicações para esta tecnologia, aplicações estas que vão desde

posicionamentos geodésicos precisos à utilização do GPS em acampamentos de

escoteiros nos fins de semana.

- estabelecimento de redes de referência, que fornecem suporte aos mais

diversos tipos de levantamentos.

- monitoramento de grandes obras de engenharia, como pontes e represas.

- mapeamento e atualização de mapas: consiste em realizar o mapeamento de

áreas que até então não tenham sido levantadas ou que sofreram algum tipo de

alteração.

- monitoramento de veículos e navegação: os sistemas de monitoramento de

veículos são normalmente denominados de sistemas AVL (Automatic Vehicle

Location). Estes sistemas tem sido largamente empregados para monitoramento

de veículos de emergência, como viaturas de polícia e bombeiros, e também por

diversas empresas privadas de transportes com o objetivo de planejamento de

operações e agilização dos negócios. Basicamente existe um receptor em cada

veículo para a determinação de suas posições, as quais são transmitidas para

uma estação central, que através de sistemas específicos pode localizar e guiar

os veículos (figura 2.14).

Nos sistemas de navegação de veículos, receptores GPS em conjunto com

outros sensores instalados no veículo, são utilizados para informar a localização

do mesmo em mapas digitais que o usuário utiliza para fins de navegação. É uma

espécie de "guia eletrônico".

Page 41: Técnicas de Orientação

37

GPS

SALA DE CONTROLE

Figura 2.14 - Monitoramento de veículos. (Adaptada de HEMERLY (1996)).

2.5.10 – Considerações sobre o uso de receptores GPS no modo absoluto.A utilização de receptores GPS portáteis em campo para a determinação de

coordenadas pelo método absoluto é bastante simples, porém alguns cuidados

deverão ser tomados:

- Observar se não existem obstruções que impeçam o recebimento do sinal dos

satélites.

- Verificar qual é o referencial utilizado para a apresentação das coordenadas.

Lembrar que o referencial utilizado no Brasil é o SAD-69.

Page 42: Técnicas de Orientação

38

3 - INTRODUÇÃO AO USO DE MAPAS

Em diversos casos é possível obter a orientação de uma direção utilizando

mapas. Neste item será apresentado como efetuar este processo.

A Cartografia pode ser definida como a arte de conceber, levantar, redigir

e de divulgar mapas, sendo o mesmo uma representação geométrica plana,

simplificada e convencional, do todo ou de parte da superfície terrestre, numa

relação de similitude conveniente denominada escala (JOLY 1990).

As cartas ou mapas podem ser classificados em topográficos e temáticos:

Topográficos: são cartas cuja finalidade principal é representar e identificar

as feições existentes sobre a superfície terrestre, tão fielmente quanto possível,

dentro das limitações impostas pela escala.

Temáticas: são cartas projetadas a partir das cartas topográfica para

representar feições particulares ou conceitos. Por exemplo, de uso do solo,

vegetação, políticas, educacionais, de uso da terra, etc..

Pequenas extensões da superfície terrestre podem ser representadas como

se estivessem em uma superfície plana, embora a forma da Terra seja próxima a

um elipsóide de revolução. Trabalhos na área de topografia fazem esta

consideração. Porém, para evitar problemas com distorções em função desta

simplificação, na prática considera-se que o plano topográfico tenha uma extensão

máxima de 20 a 30 km, embora A NBR 13133 (Norma Brasileira para

Levantamentos Topográficos) admita um plano extensão máxima de 80 km a partir

da origem. Neste caso um par de eixos é utilizado como referência para o

posicionamento e representação dos pontos.

Quando se considera a Terra como sendo uma superfície curva, como o

elipsóide de revolução, surge um grande problema durante a representação: como

representar uma superfície curva no plano. Não sendo o elipóide uma superfície

que se possa desenvolver no papel, é impossível representá-lo no plano sem

provocar distorções.

Page 43: Técnicas de Orientação

39

Para representar esta superfície de referência utilizam-se os chamados

Sistemas de Projeção.

Os Sistemas de Projeção são utilizado para projetar a superfície de

referência, que representa a superfície da Terra, numa superfície plana (ZANETTI

et al. 2000). O que se busca com estes sistemas de projeção é estabelecer uma

correspondência entre as coordenadas dos pontos sobre a superfície terrestre e

suas respectivas coordenadas no plano de forma única e recíproca, conforme

ilustra a figura 3.1.

Figura 3.1 – Representação esquemática: Sistemas de Projeção.

Em função das distorções cometidas durante a projeção da superfície de

referência sobre o plano, não se consegue conservar ao mesmo tempo distâncias,

ângulos, áreas e a verdadeira relação entre estes elementos. Desta forma, cada

tipo específico de projeção procurará minimizar as deformações em um

determinado elemento.

De acordo com as propriedades conservadas as projeções podem ser

classificadas em (CINTRA 1993):

- Projeções Equidistântes: não apresentam deformações lineares em uma

ou duas direções.

- Projeções Equivalentes (ou equiáreas): não deformam áreas, dentro de

certos limites de extensão.

- Projeções Conformes (ou ortomórficas): não deformam ângulos e portanto

mantém a forma, também dentro de certos limites de extensão.

P2 (x2,y2)P1 (φ1, λ1)g

f

Transformação diretax = f(φ,λ)y = f(φ,λ)

Transformação inversaφ = g(x,y)λ = g(x,y)

Page 44: Técnicas de Orientação

40

- Projeções Afilática: não conservam nenhuma propriedade, mas minimizam

as deformações em conjunto (ângulos, áreas e distâncias)

Cabe salientar que a superfície sobre a qual se faz a projeção pode ser um

plano ou uma superfície que se desenvolve desenrolada no plano, como um

cilindro ou um cone, conforme mostra a figura 3.2.

Figura 3.2 – Projeção da superfície de referência em uma superfície que se pode

desenvolver no plano.

Outra informação importante quando se trabalha com mapas e a questão

da escala do mapa. De forma simples, é possível definir escala com sendo a

relação entre o valor de uma distância medida no desenho e sua correspondente

no terreno. A NBR 8196 (Emprego de escalas em desenho técnico:

procedimentos) define escala como sendo a relação da dimensão linear de um

elemento e/ou um objeto apresentado no desenho original para a dimensão real

do mesmo e/ou do próprio objeto. As fórmulas seguintes são empregadas na

determinação da escala.

(1)

(2)

(3)

onde: M é o denominador da escala

d: distância no desenho

D: distância no terreno

M1E =

DdE =

Dd

M1 =

Page 45: Técnicas de Orientação

41

Por exemplo, se uma feição representada no desenho com um centímetro

de comprimento e cujo comprimento no terreno é de 100 metros, então a escala

de representação utilizada é de 1:10.000. Sempre que a fórmula (2) for utilizada

para o cálculo da escala deveremos ter o cuidado de transformar as distâncias

para a mesma unidade. Por exemplo:

d = 5 cm

D = 0,5 km

Normalmente são empregados dois tipos de notação para a representação

da escala:

ou 1:500

Um escala é dita grande quando apresenta o denominador pequeno (por

exemplo, 1:100, 1:200, 1:50, etc.). Já uma escala pequena possui o denominador

grande (1:10.000, 1:500.000, etc.).

Numa mapa é comum encontrar-se a indicação nominal da escala, como

por exemplo 1:5.000, e também uma representação gráfica através de barras com

dimensões unitárias do desenho, grafadas com valores no terreno. A figura 3.3

ilustra uma escala gráfica utilizada num mapa 1:50.000 do mapeamento

sistemático brasileiro.

Figura 3.3 – Escala gráfica de uma carta 1:50.000.

De acordo com NADAL(1998), quando se trabalha com mapas há o

interesse no denominado erro gráfico, que pode ser definido como o erro cometido

ao extrair-se informações de um mapa. De uma maneira geral este erro é igual a

5001

100001

cm50000cm5

km5,0cm5E ⇒⇒=

Page 46: Técnicas de Orientação

42

0,5 mm. Numa escala 1:2.000 isto significaria um erro de 1m, na escala 1:50.000

de 25m e assim por diante.

Uma mapa apresenta uma legenda onde podem ser encontradas

informações sobre a projeção utilizadas, escala, referenciais, etc.. Estas

informações são de grande importância na correta utilização do mesmo. A figura

3.4 apresenta uma parte da legenda de uma carta na escala 1:50.000.

Figura 3.4 – Parte da legenda de uma carta na escala 1:50.000.

Também nas legenda são apresentados os símbolos utilizados para a

representação das feições no mapa. A figura 3.5 apresenta um exemplo também

para a escala 1:50.000.

Figura 3.5 – Símbolos empregados no mapa 1:50.000.

Uma convenção de grande interesse é a representação do relevo num

mapa através de curvas de nível, que podem ser definidas como isolinhas que

Equidistância das curvas de nível 20 metros

Origem da quilometragem: Equador e Meridiano 51º W. Gr.acrescidas as constantes 10 000 km e 500 km, respectivamente.

Datum vertical: marégrafo Imbituba, SCDatum Horizontal: Córrego Alegre, MG

Page 47: Técnicas de Orientação

43

unem pontos de igual cota ou altitude. A figura 3.6-a apresenta uma representação

do relevo de um terreno utilizando de curva de nível. O mesmo terreno é mostrado

em 3D na figura 3.6-b, com a sobreposição do desenho das curvas.

Figura 3.6 – Representação do relevo por curvas de nível (a) e modelo 3D do

terreno (b).

Existe um termo denominado eqüidistância das curvas de nível, que

representa qual é diferença de altitude entre as curvas. Por exemplo, num mapa

1:50.000 a eqüidistância das curvas de nível é igual a 20m. Então são desenhadas

as curvas de nível que representam os pontos com cota 0m, 20m, 40m, 60m e

assim por diante.

3.1 - Sistema UTMAs cartas do mapeamento sistemático brasileiro estão representadas num

sistema denominado UTM ou Sistema Universal Transverso de Mercator. Estas

são amplamente utilizadas em diversas trabalhos na área de engenharia.

O Sistema Universal Transverso de Mercartor em sua forma mais atual foi

calculado por Lambert, mas já havia sido utilizado sob a denominação de Gauss

desde 1866, para calcular a triangulação de Hanover na Alemanha. A primeira vez

que foi empregada em larga escala foi pelo Serviço de Cartografia do Exército

Americano (US Army Map Service – AMS), durante a Segunda guerra mundial.

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.000.00

1.00

2.00

3.00

4.00

5.00

6.00

7.00

a) b)

Page 48: Técnicas de Orientação

44

É o sistema adotado oficialmente no mapeamento sistemático do Brasil,

sendo que a sua utilização é normalizada para as escalas 1:1.000.000, 1:500.000,

1:250.000, 1:100.000, 1:50.000 e 1:25.000.

O Sistema UTM possui a propriedade da conformidade, ou seja, os ângulos

das figuras representadas não se alteram, além disto, as deformações nas

distâncias podem ser calculadas através de fórmulas.

As características técnicas do sistema são:

- Projeção conforme de Gauss, baseada na projeção cilindrica transversa

conforme, com uma rotação de 90º do eixo do cilindro, sendo os mesmo

secante ao elipsóide (figura 3.7).

Figura 3.7 – Cilindro Transverso e Secante ao Elipsóide.

- Adoção de 60 cilindros de eixo transversos, obtidos através da rotação do

mesmo no plano do equador de maneira que cada um cubra a longitude de 6º

(3º para cada lado do meridiano central). Os fusos são contados de 1 até 60, a

partir do antimeridiano de Greenwich (meridiano 180º), por leste. Cada fuso

também é chamado de zona UTM. A figura 3.8 ilustra esta distribuição. Cada

fuso possui um meridiano central (MC) que está nas longitudes múltiplas de 6º

+ 3º (3º, 9º, 15º, etc.).

Page 49: Técnicas de Orientação

45

Figura 3.8 – Zonas UTM

Tabela 1 – Exemplos de limites dos fusosNúmerodo Fuso

Limites MeridianoCentral

1 Entre 180º W e 174ºW 177º W2 Entre 174º W e 168ºW 171º W22 Entre 54º W e 48ºW 51º W60 Entre 174º E e 180ºE 177º E

O Brasil dividido em fusos é apresentado na figura 3.9.

Figura 3.9 – Fusos UTM na região do Brasil.

Page 50: Técnicas de Orientação

46

- Em latitude os fusos estão limitados ao paralelo 80ºN e 80ºS, pois acima

destas latitudes as deformações se acentuam muito.

- O fator de redução da escala no meridiano central (ko) é de 1 – 1/2500 =

0,9996. Nas linhas de secância, representadas pela interseção dos cilindros

com a superfície de referência, o coeficiente de deformação linear é igual a 1,

ou seja, não existem deformações de distância ao longo delas. Distâncias

tomadas na carta devem ser obrigatoriamente divididas pelo fator de escala

para se obter a distância sobre o elipsóide.

Distância UTM = Distância Elipsóidica x Fator de Escala

- O fator de escala k é variável e a variação é proporcional ao afastamento do

Meridiano Central.

- As coordenadas são denominadas da seguinte forma: abscissa (E) e ordenada

(N).

- A unidade é o metro tendo como origem o Equador (eixo X) e o Meridiano

Central (eixo Y). Para evitar coordenadas negativas, no hemisfério Sul

acrescentam-se 10.000.000,00 m nas ordenadas. Este valor diminui a medida

que se avança para o Sul. O valor da abscissa no Meridiano Central do fuso é

500.000,00m . No hemisfério Norte o sistema difere apenas na coordenada

Norte, possuindo ordenada com valor de 0,00 m no Equador, crescendo para o

Norte. A figura 3.10 apresenta o esquema das coordenadas UTM.

Figura 3.10 – Sistemas de Coordenadas empregado no UTM.

Page 51: Técnicas de Orientação

47

Algumas das características deste sistemas são resumidas na figura 3.11,

que representa um fuso UTM.

Figura 3.11 – Representação esquemática de um fuso UTM.

Para facilitar a determinação das coordenadas UTM em uma carta, esta

vem acompanhada de um “grid” ou canevá, que permite a leitura rápida das

coordenadas. A figura 3.12 apresenta um canevá de uma região em um mapa na

escala 1:50.000.

Figura 3.12 – Canevá de coordenadas UTM

MeridianoCentral - MC

k = 0,9996k = 1 k =1,001k = 1k =1,001

EquadorN = 10.000.000 m

E = 500.000m

k < 1redução

k < 1redução

k > 1ampliação

k > 1ampliação

1º 37’ 1º 23’

E = 834.000mE = 166.000m

734 736732 km E

7 538 km N

7 540

7 542

Page 52: Técnicas de Orientação

48

Os problemas mais comuns na utilização do Sistema UTM são:

- transformação de coordenadas UTM em geográfica e vice-versa

- convergência de meridianos

- cálculo do fator de escala

- reduções arco-corda

- aplicações angulares da projeção

Existe um formulário completo para realizar as transformações, cálculos e

reduções. Neste texto vamos no deter a questão da Convergência Meridiana.

3.1.1 - Convergência de Meridianos

Os ângulos medidos no elipsóide estão referidos ao Norte Geográfico (NG),

cuja representação, na projeção UTM, é dada por uma linha curva, côncava em

relação ao meridiano central. As quadrículas UTM, por outro lado, formam um

sistema de coordenadas retangular, com a direção Y (Norte da Quadrícula - NQ)

na direção Norte-Sul. As duas linhas formam, portanto, uma ângulo variável para

cada ponto, denominado convergência meridiana (γ). A figura 3.13 mostra uma

representação gráfica da convergência meridiana, para o hemisfério Sul, retirada

de uma carta 1:50.000 da região de Bariri em São Paulo. Define-se então

convergência meridiana como sendo o ângulo formado entre a linha norte-sul

verdadeira e a linha norte-sul da quadrícula (ZANETTI et al. 2000).

Para o hemisfério Sul, a convergência meridiana será positiva quando o

ponto estiver a oeste do meridiano central e negativa quando o ponto estiver a

leste. No hemisfério norte há a inversão do sinal (figura 3.14).

Page 53: Técnicas de Orientação

49

Figura 3.13 – Convergência Meridiana.

Figura 3.14 – Sinais da Convergência Meridiana.

Existem diversas fórmulas para o cálculo da convergência meridiana, porém

um cálculo aproximado pode ser dado pela equação (4).

γ = ∆λ .sen φm (4)

onde ∆λ: variação em longitude em relação ao meridiano central do fuso

φm = latitude média dos dois pontos considerados

NQNM

14º 25’ 0º 53’ 42”

DECLINAÇÃO MAGNÉTICA 1972E CONVERGÊNCIA MERIDIANA

DO CENTRO DA FOLHA

A DECLINAÇÃO MAGNÉTICACRESCE 9’ ANUALMENTE

Usar exclusivamente os dados numéricos

NG

Equador

MeridianoCentral

NG

NQ

c

-c

NG

NQ

c

-c

NG

NQc

+c

NQc

+c

NG

Page 54: Técnicas de Orientação

50

O Azimute Plano ou Azimute da Quadrícula é o ângulo na projeção, entre o

Norte da Quadrícula UTM e a linha reta que une os dois pontos a serem

considerados. Pode ser calculado pela seguinte fórmula (5):

(5)

Aplicações da Cartografia serão vistas neste curso em forma de exercícios.

3.2 – Exercícios de CartografiaO objetivo deste exercício é o de familiarizar o profissional em treinamento,

com a parte prática referente ao uso de cartas topográficas na escala 1:50.000,

sua interpretação e aspectos relevantes.

1 – Anotar, em função da legenda do mapa os seguintes itens:

a) nome da carta e sua articulação

b) a escala do mapa

c) o datum horizontal e o sistema geodésico empregado.

d) o datum altimétrico empregado

e)a equidistância entre as curvas de nível

f) data de elaboração e fases de confecção da carta

NEarctanAQ

∆∆=

Page 55: Técnicas de Orientação

51

2 – Marcar dois pontos indicados na carta com lapiseira, traçando levemente, e

extrair:

a) a latitude do Ponto 1

b) a latitude do Ponto 2

c) as coordenadas UTM do Ponto 1

d) as coordenadas UTM do Ponto 2

3 – Calcular os seguintes elementos:

a) medir no mapa a distância entre os dois pontos e aplicar o fator de escala

b) calcular a distância entre os dois pontos utilizando as coordenadas UTM

c)calcular o azimute plano entre os dois pontos utilizando as coordenadas UTM

d) transformar os azimute plano em magnético e geográfico

Page 56: Técnicas de Orientação

52

4 – Plotar no mapa os seguintes pontos:

A: _______________N ; ________________ E

B: _______________N ; ________________ E

C: _______________φ ; ________________ λ

D: _______________φ ; ________________ λ

Page 57: Técnicas de Orientação

53

4 - BIBLIOGRAFIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13133:Execução de levantamento topográfico. Rio de Janeiro, 1994. 35p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8196: Empregode escalas em desenho técnico: procedimentos. Rio de Janeiro, 1987.3p.

BLITZKOW, D. Posicionamento Geodésico por Satélites. Apostila daEPUSP, janeiro de 1995.

CINTRA, J. P. Sistema UTM. Apostíla da Disciplina Técnicas Cartográficas eTopográficas da Escola Politécnica da USP –Departamento deEngenharia de Transportes. 1993.

HEMERLY, E. V. Pontencialidades e uso do DGPS. São Paulo, 1996,Dissertação (Mestrado), Escola Politécnica da Universidade de SãoPaulo.

HOFMANN-WELLWNHOF, B.; LICHTENEGGER, H.; COLLINS, J. GlobalPositioning System: theory and practice. 3º ed. New York, Springer-Verlag Wien, 1994.

HURN, J. Differential GPS Explained, for Trimble Navigation, 1993.

IBGE Especificações e Normas Gerais para Levantamentos GPS,Fevereiro 1993.

JOLY, F. A Cartografia. Trad. de Tânia Pellegrini. Campinas, Papirus,1990.

LEICK, A. GPS satellite surveying. 2 ed. New York, John Wiley, 1995.

MONICO, J. F. G. Posicionamento pelo NAVSTAR-GPS: descrição,fundamentos e aplicações. São Paulo, Editora UNESP, 2000. 287 p.

NADAL, C. A. Introdução ao posicionamento com GPS e ao uso de cartastopográficas. Programa Proteção da Floresta Atlântica. Curitiba, 1998.

PESSOA, L. M. C. GPS rápido estático - eficiência em levantamentostopográficos. Fator GIS, ano 4, n. 16, nov/dez, 1996.

ZANETTI, M. A. Z.; KRELLING, P. C. L.; WANDRESEN, R. Sistema deCoordenadas Universal Transverso de Mercator. Curitiba, 2000. 78p.