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[Digite texto] Ministério da Educação - MEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Curso Técnico em Guia de Turismo Disciplina: História do Ceará Deborah Almeida Sampaio

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Ministério da Educação - MEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

Curso Técnico em Guia de Turismo Disciplina: História do Ceará Deborah Almeida Sampaio

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Ministério da Educação - MEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC)

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO HISTÓRIA DO CEARÁ

PROFA. DEBORAH ALMEIDA SAMPAIO CURSO TÉCNICO

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CRÉDITOS Presidente Dilma Vana Rousseff Ministro da Educação Aloizio Mercadante Oliva Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Marco Antonio de Oliveira Reitor do IFCE Cláudio Ricardo Gomes de Lima Pró-Reitor de Extensão Gutenberg Albuquerque Filho Pró-Reitor de Ensino Gilmar Lopes Ribeiro Pró-Reitor de Administração Virgilio Augusto Sales Araripe Diretor Geral Campus Fortaleza Antonio Moises Filho de Oliveira Mota Diretor de Ensino Campus Fortaleza José Eduardo Souza Bastos Coordenador Geral – Reitoria Jose Wally Mendonça Menezes Coordenador Adjunto - Reitoria Armênia Chaves Fernandes Vieira Supervisão - Reitoria Daniel Ferreira de Castro André Monteiro de Castro Coordenador Adjunto - Campus Fortaleza Fabio Alencar Mendonça

Elaboração do conteúdo Deborah Almeida Sampaio Equipe Técnica Manuela Pinheiro dos Santos Marciana Matos da Costa Kaio Lucas Ribeiro de Queiroz Vanessa Barbosa da Silva Dias Edmilson Moreira Lima Filho Vitor de Carvalho Melo Lopes Rogers Guedes Feitosa Teixeira

Supervisor Curso – Guia de Turismo Francisca Margareth Gomes de Araújo Orientadora Barbara Luana Sousa Marques

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Será que diante do genocídio da humanidade e do ecocídio do planeta seremos capazes de uma reflexão e ação conscientes que sejam portadoras de uma chama

infinita de esperança, energia psíquica, ousadia emancipatória, vontade, paixão e tesão para transformarmos radicalmente a sociedade?

Projeto Alternativo/Crítica Radical

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COLETÂNIA DE TEXTOS SOBRE HISTÓRIA DO CEARÁ

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SUMÁRIO

A DESCOBERTA DO CEARÁ

INÍCIO DA COLONIZAÇÃO

SOARES MORENO – FUNDADOR DO CEARÁ.

OS HOLANDESES NO CEARÁ - O SCHOONENBORCH

O TOPÔNIMO CEARÁ

OS ÍNDIOS CEARENSES

OS PADRES E OS ALDEAMENTOS

O GADO E A PENETRAÇÃO DO INTERIOR

AS CHARQUEADAS

O ALGODÃO

O CEARÁ INDEPENDENTE

A INSURREIÇÃO DE 1817 NO CEARÁ: BÁRBARA, A REBELDE.

O CEARÁ NA INDEPENDÊNCIA

SANGUE NO CAMPO DOS MÁRTIRES A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR NO CEARÁ

A REVOLTA DE PINTO MADEIRA

O SEGUNDO IMPÉRIO: PADRE ALENCAR

O CEARÁ NA GUERRA DO PARAGUAI

A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA: CEARÁ, TERRA DA LUZ.

PODER LOCAL E MANDONISMO

O PADRE CÍCERO E A SEDIÇÃO DO JUAZEIRO

AS SECAS NO CEARÁ

FORTALEZA: CIDADE DE SOL E MAR A CIDADE DO PAJEÚ

A CIDADE DE AREIA

SAMPAIO E SILVA PAULET

O BOTICÁRIO FERREIRA E ADOLFO HERBSTER

A PRAÇA DO FEREIRA

AS RODAS LITERÁRIAS OS CAFÉS, OS TEATROS, OS CLUBES.

O PASSEIO PÚBLICO

A ARQUITETURA ANTIGA DO CEARÁ

AQUIRAZ

ARACATI

SOBRAL

ICÓ

A ARQUITETURA DE FORTALEZA

CASA DE JOSÉ DE ALENCAR

PALACETE CEARÁ

PALÁCIO DA LUZ, PRAÇA GENERAL TIBÚRCIO, ARQUIVO PÚBLICO

TEATRO JOSÉ DE ALENCAR

A CATEDRAL DA SÉ

CENTRO DE TURISMO

MERCADO CENTRAL

PONTE METÁLICA E A PONTE DOS INGLESES

NOVO RESTAURANTE ESTORIL

SEMINÁRIO DA PRAINHA

FAROL DO MUCURIPE

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ALFÂNDEGA

PRESERVAR PARA NÃO ESQUECER

HINO OFICIAL DO ESTADO DO CEARÁ

DE AREIAS AO VENTO AO DRAGÃO DO MAR: UM PERCURSO VISUAL DE RECONHECIMENTOS E ESTRANHAMENTOS EM FORTALEZA.

FORTALEZA É UMA CIDADE BOA PARA SE VIVER?

CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO TURÍSTICO NO CEARÁ

TURISMO E EXPLORAÇÃO SEXUAL INFANTO-JUVENIL ENTRE O LITORAL E A REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA.

SECRETARIA DE CULTURA DO CEARÁ- A PRIMEIRA DO BRASIL

INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTISTICO NACIONAL-IPHAN

PATRIMÔNIO MATERIAL E IMATERIAL

CULINÁRIA CEARENSE.

ARTESANATO CEARENSE

TURISMO RELIGIOSO NO CEARÁ.

ARTESANATO CEARENSE

ENDEREÇOS DOS EQUIPAMENTOS DE CULTURA DO ESTADO DO CEARÁ

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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HISTÓRIA DO CEARÁ

A DESCOBERTA

A história do Ceará propriamente dito tem início em 1603 com tentativa de colonização empreendida pelo açoriano Pero de Coelho de Souza. No entanto, é fato conhecido e reconhecido pela historiografia nacional a possível presença de espanhóis no litoral cearense, antes mesmo da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril de 1500.

Esse evento teria se dado em torno do dia 02 de fevereiro daquele ano e protagonizado por uma frota sob o comando do navegador Vicente Yanes Pizón, companheiro de Cristóvão Colombo na viagem de descoberta da América. Além dessa, outra frota sob o comando de Diogo de Lepe, também espanhol, teria tocado o litoral cearense antes de Cabral apontar a Bahia.

Existem muitas controvérsias quanto ao local onde teria se dado a aportagem. Na verdade, ele teria tocado o litoral do Ceará por duas vezes. Para Capistrano de Abreu, teria sido no cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Já o Rio Branco esposa a tese de ter sido a ponta do calcanhar, no Rio Grande do Norte. Thomáz Pompeu, com quem Raimundo Girão concorda, aponta ser o local conhecido por Jabarana ou Ponta Grossa, no município de Aracati, aquele teria sido batizado de Santa Maria de La Consolación, e a enseada do Mucuripe como segundo ponto de parada de Pizón. Segundo ele, seria o

Mucuripe que Diogo de Lepe, seguindo o rastro de Pizón, teria batizado de Rostro Hermoso. Para Varnhagem, o Santa Maria de La Consolación seria a enseada do Mucuripe e o Rostro Hermoso estaria situado na praia de Jericoacoara, próximo à foz do rio Acaraú.

Os espanhóis, no entanto não puderam tomar posse da nova terra em respeito ao Tratado de Tordesilhas, firmado em 1494, entre os reis de Portugal e Espanha, dividindo as regiões descobertas e a descobrir, entre os dois soberanos.

INÍCIO DA COLONIZAÇÃO

Após a descoberta e posse do Brasil pelos holandeses, esses não se mostraram, a princípio, muito interessados na sua colonização, comportamento que obedecia a razões de ordem econômica: o comércio com o Oriente se mostrava mais interessante e, no Brasil, não se tinha detectado a existência de metais preciosos, além de não haver uma população organizada que se pudesse tributar. Anos depois a coroa portuguesa se veria obrigada a mudar de atitude, em face à crise do comércio oriental e do risco de perder o Brasil para as nações que só tardiamente ingressaram na corrida marítimo comercial, no caso, França, Inglaterra e países baixos (Holanda).

O Brasil foi divido em capitanias hereditárias, que foram cedidas a particulares, visando dividir o peso da colonização com a iniciativa privada.

O território que viria a ser mais tarde o Ceará estava compreendido nas capitanias de Fernando Álvares de Andrade, Antônio Cardoso de Barros, no 1° lote dos sócios João de Barros e Aires da Cunha e no 3° lote da capitania de Pero Lopes de Souza. Afora Álvares de Andrade e os sócios João de Barros e Aires da Cunha, que intentaram e explorar seus quinhões, numa frustrada iniciativa que iria custar a vida de Aires da Cunha e a dos filhos de seu sócio, as terras do Ceará ficaram abandonadas: Antônio Cardoso de Barros, em cuja capitania estava situada a maior parte do litoral cearense, sequer chegou a tomar posse dela.

Resultou então que os portugueses não se interessando pela capitania, apenas costeando-a, sem nunca nela aportar, deixaram-na exposta à presença de outros povos, principalmente franceses que intentavam

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se fixar no maranhão. Traficavam madeiras e outros produtos como um âmbar, utilizado na perfumaria. Faziam escambo com os índios, trocando quinquilharias por essas matérias primas.

Somente em 1603 é que ouve a primeira tentativa de colonização do Siará-Grande, pelo capitão-mor Pero Coelho de Souza que, vindo da Paraíba, tencionava atingir o Maranhão por terra, seduzido por notícias de riquezas nas regiões acima do Rio Grande. Abriu o caminho até a Ibiapaba, enfrentando os índios e os franceses, vendo-se, entretanto, forçado a recuar até rio que os índios chamavam de Siará, instalando uma pequena povoação que chamou de Nova Lisboa, e que pretendia tornar a capital de Nova Lisutânia. Veio, então, à Paraíba, em busca de reforços e da família. Nesse ínterim, seu preposto, Simão Nunes, construiu uma fortificação tão frágil que se duvida de sua existência, que denominou de São Tiago.

Voltando Pero Coelho para Nova Lisboa, aí não pôde permanecer por muito tempo, devido aos índios e à seca de 1605/1607. Partindo na direção da foz do Jaguaribe, enfrentando terríveis flagelos, teve que amargar a perda da maior parte de seus homens e de seus filhos. Retornando à Paraíba, não foi, porém, ressarcido de seus prejuízos e veio a morrer pobremente em Lisboa. Se não foi coberta de êxito a sua expedição, também não se pode afirmar que foi um fracasso absoluto, como observa Raimundo Girão. “A empresa de Pero Coelho frustrou-se, porém só em parte. Se não atingiu o Maranhão, pôde utilizar o já perigoso enquistamento dos franceses no Ceará exordiou a exploração civilizadora, preparando o terreno para aquele que considerando o fundador, Soares Moreno.”

SOARES MORENO: FUNDADOR DO CEARÁ

Martim Soares Moreno veio pela primeira vez ao Ceará, anda muito jovem, na bandeira de Pero Coelho, por determinação de seu tio Diogo de Campos Moreno, que instruiu o rapaz no sentido de aprender a língua e os costumes dos índios. Em 1612 retornou ao Ceará na companhia do Padre Baltazar João Correia com o fim de consolidar a posse portuguesa da Capitania, que vivia infestada de franceses instalados na França Equinocial no Maranhão. Deu grande demonstração de coragem no enfrentamento com os estrangeiros chegando a degolar no ano de sua chegada, mais de duzentos flibusteiros e enviar para Portugal, três navios tomados àqueles, segundo afirma ele próprio em sua “Relação do Siará”. No local onde Pero de Coelho instalou sua Nova Lisboa, na foz do rio Siará ergueu um fortim que chamou de São Sebastião, contando com a ajuda do cacique Jacaúna. Em 1613 rumou com Jerônimo de Albuquerque na direção do Maranhão no intuito de expulsar definitivamente os franceses daquela região. Instalou-se na Jericoacoara (buraco das tartarugas) e, numa expedição de reconhecimento foi arrastado até a ilha de São Domingos, de onde rumou para Servilha. De volta ao Brasil, em 1615, participou da expulsão dos franceses e quando se dirigia ao Ceará foi surpreendido por uma tempestade que o levou novamente a São Domingos. Quando conduzia alguns navios para a Europa, foi feito prisioneiro por piratas que o levaram para a França onde foi condenado à morte, sendo salvo pelo embaixador da Espanha. Em Portugal foi recompensado por seus serviços com a concessão da capitania do Siará Grande, por dez anos. Aqui chegando, em 1621, refez o forte de São Sebastião e dirigiu a Capitania com tranquilidade, apesar das más condições advindas, principalmente o fato de a capitania estar sob jurisdição do “Estado do Maranhão”, que havia desmembrado do “Estado do Brasil”, apesar de sua maior proximidade com Pernambuco, onde mais uma vez se destacou como grande soldado. Não mais voltou ao Ceará, mas seu nome foi imortalizado anos mais tarde pelo escritor cearense José de Alencar, que talvez, inspirado por uma vida tão rica de aventuras de heroísmo, colocou-o ao lado de Iracema. “... a moça tabajara, com quem quebrava a flecha da paz, símbolo do conúbio racial que gerou Moacir, o filho, aqui, da miscigenação luso-ameríndia.”

Iracema é, na verdade, um anagrama da palavra América, e, através desse romance, o escritor alude à formação do novo continente pelo elemento ibérico, miscigenado ao indígena. Em Fortaleza existe um monumento erigido na praia do Mucuripe em homenagem à obra de José de Alencar e, nele, os membros

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inferiores da índia se encontram agigantados, numa referência á longas caminhadas que fazia da lagoa de Messejana, onde se banhava a gruta de Ubajara, onde dormia.

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OS HOLANDESES NO CEARÁ: O SCHOONENBORCH

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fortaleza/fortaleza-3.php

Vieram os holandeses movidos pela fragilidade da defesa da capitania e pela possibilidade de se obter sal, âmbar e cultivar cana de açúcar. Além disso, corriam notícias da existência de prata na região.

Chegaram ao Ceará em 1637, sob o comando de George Gatsman e dominaram com facilidade o forte português, defendido por mais de 30 homens armados. Nessa primeira fase os holandeses permaneceram em torno de 7 anos; afora as salinas de Mossoró e Camocim e algumas espécies vegetais úteis na Europa, viram-se frustrados em algumas das suas expectativas. Por tratarem mal os indígenas estes revoltaram-se contra seu domínio, em 1644, matando toda a guarnição holandesa e destruindo o forte, que se encontra registrado em uma pintura de Frans Post. Com a queda do forte construído por Soares Moreno, em 1612, a Barra do Ceará deixou de ser um ponto de fixação do colonizador na capitania, pois novo posto se mostraria mais interessante ao europeu com a chegada do holandês Matias Beck, em 1649, à frente de 298 homens, a serviço da Companhia das Índias Ocidentais.

No comando militar estava o major Joris Garstman, o mesmo que comandara a primeira invasão. O local escolhido para fixar a fortificação, projetada pelo engenheiro Ricardo Caar, foi o monte ou duna, chamado Marajaitiba ou Marajaituba, na linguagem Tupi, formada pela palavra Marajá, palmeira e Tiba ou Tuba, sufixo designativo de quantidade ou abundância. A palmeira ali existente era o catolé ou cocobabão. Ao sopé corria o riacho chamado Marajaík (rio das palmeiras), que posteriormente passou a chamar-se Ipojuca, depois de Telha e, finalmente, Pajeú (rio de feiticeiro).

A escolha deste local obedeceu às razões militares e não sem antes se estudar a possibilidade de instalar no local do antigo forte que, daquele ponto de vista, mostrou-se inadequado. Batizaram o forte de Schoonenborch em homenagem ao governador holandês do Recife.

Matias Beck ficou no Ceará até o ano de 1654, enfrentando, nesse ínterim situações difíceis como quando ficou encurralado pelos índios no Schoonenborch, sendo obrigado a comer os próprios cavalos, para não morrer de fome. Foi salvo pelo barco que lhes trazia a notícia as capitulação holandesa. No dia 20 de maio daquele ano os holandeses entregaram a praça ao capitão-mor Álvaro de Azevedo Barreto, retirando-se para a ilha de Barbados.

O TOPÔNIMO CEARÁ

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A origem e significado do nome do Ceará é bastante controvertida. Os mais renomados historiadores cearenses arriscam explicações, ou se aliaram em torno de uma versão, sem, contudo chegarem uma conclusão definitiva.

Em alguns estudiosos existe a convicção que o nome é de origem tupi, significando canto da jandaia: SEMO – Cantar forte; ARÁ – Jandaia. Essa interpretação foi utilizada por Alencar, no seu livro Iracema.

Há os que acreditam se tratar de uma corruptela do nome do deserto africano, SAARA, pois assim, os colonizadores chamaram o litoral cearense, devido a grande quantidade de dunas; explicação muito improvável.

Antônio Bezerra entende que o nome se origina dos termos SOÓ ou COÓ – caça e ARÁ – papagaio.

Capistrano, por sua vez, vai contestar a origem Tupi do nome e defende o berço Cariri; vendo nos termos DZU – rio, pronunciado ao modo francês, e ERA – verde. Pompeu Sobrinho lembra, no entanto, que, na língua dos cariris, DZU, no significado de rio, não tem essa pronuncia de verde não é ERÁ e sim ERÃ, daí não ter havido qualquer evolução no sentido de SIARÁ.

Paulino Nogueira insiste na origem Tupi: ÇOO ou SÕO, ou ainda SUU, significando caça, e ARÁ – tempo, portanto, tempo de caça.

João Brígido acreditava ser o nome uma corruptela de CIRI ou SIRI – andar para trás, referindo-se às várias espécies de caranguejos existentes no litoral; e ARÁ – branco, claro.

O mais provável, entretanto, é que nenhuma das explicações seja encontrada no próprio território cearense, pos já designava um rio no vizinho Rio Grande do Norte: o Siará-mirim. Aqui adotou-se o Siará-Grande. Embora, o rio nosso fosse menor que o de lá, porém, mais povoado e de território mais extenso, conforme observação de Barão de Studart.

OS ÍNDIOS CEARENSES

“Encontrando a nova terra ‘descoberta’ já habitada, os portugueses chegaram dividiram a indiada os Tupis (Língua Geral) E “Tapui” Língua Travada”.

No Ceará viviam cerca de vinte e dois povos indígenas cada um com seu idioma próprio.

Do grupo tupi basicamente dois povos: Tabajaras, que viviam na Serra de Ibiapaba ou Buapavas; e os Potiguaras, que se situavam entre o Jaguaribe e o Camocim. Estes índios se mostravam mais cordatos e mantinham um grau de relação mais amigáveis com os portugueses; até porque sua língua foi mais facilmente assimilada com os brancos.

As demais tribos foram chamadas genericamente de Tapuia, que em Tupi significa: “aquele que fala a língua travada”, ou seja, eram diferentes, inimigos. Quando a chegada dos portugueses ao Brasil, essas nações já viviam um processo de interiorização, empurrados pelos Tupis que eram em maior quantidade.

Desses povos, faziam parte os Tarariu (Kanindé,Paiakú,Genipapo,Jenipabuçú, Arariú, Anacé, Karatiú); os Karirís (Kaririaçú,Kariú...); Tremembé; Guanacé (Guanacésguakú, Guanacé-mirim); Jaguaruana;

Aimoré; Tukurijú; Xiriró; Ilko; Apujaré; Kariré; Akonguaçú; Pitaguary; e muitos outros.

“Durante os primeiros séculos da tal colonização com aquelas tribos “Tapuia” não houve aproximação, pois aos colonizadores não interessavam o sertão”.

Enquanto os portugueses permaneceram no litoral, os choques com esses não foram tão intensos, porém, na medida em que a penetração foi se dando, por conta principalmente do criatório de gado o confronto foi se tornando inevitável. Embora o colonizador fosse superior, do ponto de vista tecnológico, encontrou entre os índios do Ceará forte resistência, sendo que estes em determinados momentos, conseguiram sérias derrotas àqueles, fazendo retardar o processo de ocupação da terra. Muitas foram as “confederações” que reuniram as mais diferentes tribos para enfrentar os brancos; em 1688, por exemplo,

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os Paiakú, os primeiros atingidos pela implantação das fazendas de criar, aliados aos Ikó, Janduim e Karatiú quase conseguiram recuperar a capitania das mãos dos colonos. Em 1694, outro levante, os Janduin conseguiram um feito inédito: serem reconhecidos como um reino autônomo e um tratado de paz com o rei de Portugal que, claro, não cumpriu seus termos. Em 1713, uma confederação indígena destruiu Aquiráz, expulsando seus habitantes para junto da Fortaleza.

Diante dessa resistência só restava pedir o socorro dos bandeirantes paulistas, mais experientes na arte de aprisionar e matar índios. O ano de 1713 vai marcar o início do recuo indígena com a derrota da Confederação dos Kariri, às margens do rio Choró, para o paulista João de Barros Braga.

“E assim nosso valente nordestino silenciou depois dessa guerra o branco quase tudo dominava naquele vasto sertão que livre para o gado estava.”

OS PADRES E OS ALDEAMENTOS

Os primeiros missionários a visitar o Ceará foram os padres Francisco Pinto e Luis Filgueiras, da Companhia de Jesus. Sua ação evangelizadora restringiu-se à região da Ibiapaba e Uruburetama, sendo que nela o padre Francisco Pinto perdeu a vida num ataque dos índios Tocarijú, em 1607. Mais tarde, na ilha de Marajó, seu companheiro Luis Filgueiras conheceria o mesmo destino.

O domínio do elemento indígena foi possível não só devido à força das armas, mas principalmente, pelo desmantelamento de sua estrutura cultural e religiosa. Nesse sentido, os padres e seus aldeamentos, onde juntavam índios de procedência diversa e lhes repassavam os valores e a religião europeia, desempenharam um papel fundamental.

“Ao chegarem os missionários tinham seus planos de ação escoltados por soldados com

armas e munição recrutavam índios no mato pra compor ar Missão.”

Nos aldeamentos os índios eram transformados em mão-de-obra barata para os padres ou eficientes soldados no combate às tribos mais rebeldes.

Muitas cidades cearenses têm origem nesses aldeamentos: Caucaia (antiga vila do Soure), Ibiapaba ou Viçosa Real (o primeiro deles, hoje é a cidade de Viçosa do Ceará, muito antiga, ainda mantém seu aspecto colonial), Telha (Iguatu), Miranda (Crato), Monte-mor “O Novo d’América” (Baturité), Palma (Quixadá), Monte-mor “O Velho” (Pacajús), Aracati, Uruburetama, Paupina (Messejana), Arronches (Parangaba), e muitas outras. As missões religiosas também contribuíram no sentido da preservação física dos índios. Quanto a estes, no Ceará ainda encontramos algumas tribos que, a duras penas, conseguiram se salvar da destruição absoluta. Os tremembés vivem no litoral norte do estado, no distrito de Almofala, municípios de Itarema. Exímios nadadores, profundamente familiarizados com o mar, derrotaram as diversas expedições enviadas para destruí-los. Vivem da pesca e do artesanato e em ocasiões especiais dançam o torém.

“O torém é uma pantomima transmitida oralmente de pai para filho” Já perdeu seu primitivo significado e função, hoje constituindo-se numa dança diversional. Seus versos misturam palavra de origem Tremembé, Tupi e portuguesa e embora utilizem formas sincréticas do folclore regional, conservaram-se suas características mais ressaltantes.”

Almofala é uma palavra de origem árabe, vindo de AlMahalla (Acampamento); é um pequeno povoado situado em terras que foram doadas no final do século XVII pela coroa portuguesa, aos Tremembés.

Sua igreja foi concluída em 1712, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. No século passado foi soterrada pelas areias da praia, “....para aflorar lenta daquele imenso areal sua única e bela torre setencista, moçárabe, até descobrir-se inteiro com suas volutas, nichos, seu crucifixo de ferro para luz.” Foi reconhecida como Monumento Nacional.

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Os índios Tapebas não constituem exatamente uma nação indígena e sim um grupo de descendentes de Tremembé, Kariri e Potiguara, reunidos no aldeamento jesuítico de Nossa Senhora dos Prazeres de Caucaia. Habitam as margens do rio Ceará, na BR-222, município de Caucaia. Vivem de pequenas roças, pesca e artesanato. O nome Tapepa é de origem tupi, possivelmente uma corruptela de Itapeva: pedra limpa, polida. Embora suas terras tenham sido delimitadas pela FUNAI, não foram garantidas ainda por portaria apropriada, devido à ação de fazendeiros que se sentiram prejudicados por essa demarcação.

Os Pitaguary e os Jenipapo-Kanindé ainda estão sendo objetos de estudo pela FUNAI para o devido reconhecimento de seu trabalho de índio.

“ Os índios nesse Nordeste têm também a sua história, têm os seus valores, suas lutas e,

vitórias pra conservar seus valores. “Não dão mão à palmatória.”

O GADO E A PENETRAÇÃO DO INTERIOR

A cana-de-açúcar, desde o século XVI se afirmou como principal produto de exportação do Brasil colonial. Tornando-se monocultura por toda a zona da mata nordestina, expulsou para outras áreas, as demais atividades que pudessem disputar o espaço. O rei de Portugal, interessado nos lucros que a cana carregava para seus cofres, proibiu a criação de gado, numa faixa de terra que se estendia do litoral até a distância de 10 léguas.

O gado seguiu, então, sua marcha lenta em direção ao interior da colônia, bifurcando-se em dois movimentos migratórios que Capistrano de Abreu nomeou de “sertão de dentro” e “ sertão de fora”. A primeira veio da Bahia, margeando o rio São Francisco, tomou o rumo do norte, povoando sua margem esquerda de Pernambuco; procurando atingir a bacia do Parnaíba, desbravou o sul do Piauí e Maranhão e, desviando-se para o leste, atingiu a capitania do Siará-Grande. A do “sertão de fora”, vindo de Olinda, tomou o rumo do norte, atravessando o sertão da Paraíba e do Rio Grande do Norte, desaguando no Siará-Grande. O gado, criado de forma extensiva, demonstrou adaptar-se bem a vegetação xerófita da caatinga, pois nos períodos mais secos era com ela que se alimentava. Além do mais, a pecuária se mostrou um empreendimento mais barato que a cana-de-açúcar, uma vez que não necessitava de equipamentos e da grande quantidade de escravos de que precisava aquela atividade. A mão-de-obra era o índio domesticado. O pagamento era feito através da aquartação, ou seja, a cada quatro bezerros nascido por ano, um era do vaqueiro. Isso lhe permitia montar, mais tarde o seu próprio negócio.

O tipo de sociedade que a pecuária produziu no Nordeste e, especialmente no Ceará, o que Capistrano de Abreu chamou de “Civilização de Ouro”, pois tudo girava em torno do gado e dos seus derivados. Tudo era feito em couro, desde os instrumentos de trabalho, até os apetrechos domésticos e os objetos pessoais. A fazenda era a unidade econômica e social, e dentro dela o fazendeiro exercia todo o poder.

Cada fazenda representava uma família, caracterizada pelo extremo patriarcalismo...os laços de parentesco uniam todos ao senhor. Havia os parentes sanguíneos (legítimos e ilegítimos) e o restante, em número maior, por parentescos canônios ou convencionais.

Nestes últimos, encontrava-se os moradores e agregados. São as relações do regime de

compadrio.

Os fazendeiros costumavam aceitar em seus domínios a presença do forasteiro, principalmente os fugidos da justiça a fim de serem utilizados como jagunços para a resolução de desavenças políticas e pessoais. “Quem não era criador, era criado”.

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As casas desprovidas de luxo, porém sólidas e espaçosas, voltadas de alpendre. Levava-se uma vida austera e sem requintes, mesmo entre os familiares do fazendeiro. A alimentação era a base de carne, rica em gorduras, e leite, nas várias formas, fazendo-se pouco uso das frutas e verduras.

AS CHARQUEADAS

Na primeira metade do século XVIII, o gado já se apresentava como principal atividade econômica do Siará-Grande. Apresentava um caráter complementar ao cultivo da cana-de-açúcar. Levado para os mercados consumidores de Pernambuco e da Bahia, ao perfazer tão longos trajetos, emagrecia e consequentemente, perdia parte de seu valor nas feiras, provocando enorme prejuízo aos criadores cearenses. Além disso, o “subsídio do sanguir”, taxação a quem estavam expostos os donos de bois, prejudicava-lhes mais ainda os rendimentos.

Vendo que não podiam competir com seus vizinhos, nessas condições, os cearenses passaram a industrializar a carne de boi, reduzindo-a a mantas, que eram salgadas e expostas ao sol, tornando-as capazes de resistir a longas viagens. A essas fábricas chamavam de oficinas ou charqueadas e não se sabe quando elas começaram a funcionar. Tem-se conhecimento da existência delas no arraial de São José do Porto dos Barcos, mais tarde Vila de Santa Cruz do Aracati – em período anterior a 1740. Antes mesmo de tornar-se vila, Aracati já era “o pulmão da economia colonial da capitania”, por onde transitava, por onde transitava sua riqueza. Seu dinamismo econômico gerou uma elite bastante conceituada na capitania e, a imponência de seu casario, que permanece até hoje, é um testemunho da sua importância.

Depois as charqueadas começaram a brotar na barra do Acaraú, na povoação de mesmo nome, que servia como ponto de embarque da carne, estendo-se também para Sobral, Camocim e Granja. Do Acaraú, assim com da Aracati, a carne era transportada para os outros portos da colônia, principalmente Pernambuco, em embarcações assim chamadas “sumacas”.

Sobral tornou-se o pólo mais dinâmico da região; os habitantes da “Princesa do Norte” mostrava-se bastante requintados nos costumes; a elegância de seus trajes, o asseio de suas casas e o som dos pianos nos sobrados denotavam o elevado grau de civilidade daquele oásis incrustado no sertão bárbaro.

“O conjunto arquitetônico de Aracati e Sobral é também a amostra de sua importância no período colonial. Entre as obras de maior destaque encontra-se as igrejas, as casas da

câmara e as residências dos senhores donos das oficinas e comerciantes: exemplo típico

dos prédios de dois pavimentos revestidos de azulejos, ou ainda, uma arquitetura

pesada, feia aparência, mas realmente segura, pois suas muralhas são levantadas com

cerca de dois metros de espessura, no caso, a cadeia de Sobral...Conjunto arquitetônico, este muito inferior, quanto o prisma plástico, dos prédios coloniais barrocos da área açucareira... As próprias igrejas de início do século XVIII, principalmente as de área pastoril, entre as quais se encontra a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Aracati, apesar de apresentar influências daquelas de Pernambuco e da Bahia, de onde muitas vezes provinham os materiais de construção, mostram uma aparência singela, quase severa, principalmente nos interiores. Salientando, no entanto, que nesta arquitetura simples, motivada pela falta de pedra de obragem apropriada, na modesta alvenaria executada uma ornamentação própria,onde os artistas anônimos obtinham com linhas, nas combinações ingênuas de curvas e ornatos retilíneos, os efeitos decorativos da maior significação, surgindo daí, uma arte sertaneja, oficialmente desconhecida que chama a atenção para sua originalidade tão peculiar que deve ser admirada como testemunho material da “Civilização do Sertão”.

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Em finais do século XVIII a indústria saladeril cearense viria a entrar em declínio. Vários fatores concorreram para isso: a seca de 1790/93, que dizimou quase todo rebanho cearense; a transferência da técnica do charque para Rio Grande do Sul, operada pelo charqueador José Pinto Martins, onde encontrou melhores condições para seu crescimento, e finalmente, o plantio do algodão, que quebraria o exclusivismo pastoril no Ceará.

A essa altura, as oficinas de Açu e Mossoró, no Rio Grande do Norte, já tinham sido proibidas pela coroa portuguesa porque prejudicavam o fornecimento de carne fresca de Pernambuco. As de Parnaíba, no Piauí, que se projetam junto com as do Ceará, acompanharam a estas em seu declínio.

O ALGODÃO

O crescimento da cultura algodoeira no Ceará não significou necessariamente o fim da pecuária, e sim, a convivência dessas duas atividades. A valorização da cotonicultura cearense ocorreu na segunda metade do século XVIII, obedecendo a estímulos externos, a saber: a Revolução Industrial na Inglaterra,

que tinha como carro chefe a indústria têxtil, a guerra da independência dos Estados Unidos e, mais tarde, a guerra da Secessão americana.

A cotonicultura marcou profundamente o Ceará, a começar pelo fato de que Fortaleza só passou a assumir ares de capital na medida em que se tornou o centro receptor da produção algodoeira, adquirindo uma importância econômica que, até então, estava reservadas às cidades inseridas no ciclo da pecuária, conforme vimos acima.

A guerra da Secessão nos Estados Unidos, que era principal fornecedor de algodão para as indústrias inglesas e francesas, provocou uma queda significativa de sua produção. O Ceará viu-se então, beneficiado com esse conflito, pois as nações industrializadas passaram a comprar a matéria prima de outros centros fornecedores. Dessa maneira, através do algodão, o Ceará foi inserido no mercado internacional. Nesse período instalaram-se na província inúmeras firmas estrangeiras ou de estrangeiros associados a brasileiros que lidavam principalmente com o beneficiamento e exportação do algodão. Em1860, dos 353 estabelecimentos comerciais existentes em Fortaleza, 84 eram estrangeiros.

Com o fim da guerra, os americanos foram paulatinamente recuperando sua capacidade produtiva e o algodão cearense perdendo terreno no exterior. Para absorver a produção passou-se a industrializar o produto na própria região. Hoje, o Ceará é possuidor de um dos principais pólos da indústria têxtil brasileira.

O CEARÁ INDEPENDENTE

A 17 de janeiro de 1799, por determinação de uma carta régia de D. Maria I, “Amor e Delícias do seu Povo”, o Ceará foi desmembrado de Pernambuco, tornando-se independente.

Foi seu primeiro governo o chefe de esquadra, Bernardo Manoel de Vasconcelos, que fez grande esforço no sentido de estabelecer contatos comerciais diretos da capitania com a metrópole. Entretanto, os próprios comerciantes cearenses resistiam a essa relação, uma vez que mantinham vínculos estreitos com os de Recife. Somente a partir de 1808 é que o comércio externo da capitania recebeu grande impulso, devido à exportação do algodão e a abertura dos portos às nações amigas. No seu governo, veio para o Ceará o naturalista João da Silva Feijó, com a incumbência de estudar o potencial

de suas riquezas naturais. Em 1803, com a morte de Vasconcelos, veio substituí-los Carlos Augusto de Oeynhausen, futuro Marquês de Aracati.

O terceiro governador foi Luiz Barba Alardo de Menezes que procurou incentivar o comércio coma Inglaterra, favorecendo a instalação de firmas inglesas na capitania. Governou de 1808 à 1812, quando foi substituído por Manuel Inácio de Sampaio (1812-1820) Entre suas realizações podemos citar a reforma do

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Forte de Nossa Senhora de Assunção, o traçado da vila de Fortaleza, contando com os serviços do engenheiro Antonio José da Silva Paulet e a criação da alfândega de Fortaleza. Além disso, promovia em sua residência reuniões de literatos, conhecidas como Outeiros, precursoras dos futuros movimentos literários, muitos comuns em Fortaleza. Porém, o que marcou de forma mais acentuada a seu governo foi a severa repressão ao movimento revolucionário de 1807.

O sucessor de Sampaio, Francisco de Alberto Rubim (1820-1821), governando em momento de grande instabilidade, foi tragado pelos acontecimentos que desembocariam a chamada Revolução Liberal do Porto, em Portugal. Incapaz de enfrentar a oposição interna ao seu governo e ao novo regime renunciou em favor de uma junta provisória, sob a presidência de Francisco Xavier Torres.

A INSURREIÇÃO DE 1817 NO CEARÁ: A BÁRBARA REBELDE

O movimento de1817, de profundo caráter nativista, teve seu foco inicial na província de Pernambuco, espalhando-se, em seguida, pelas províncias vizinhas.

Em Pernambuco, havia um grande descontentamento devido á perda de sua importância no cenário da colônia. O cultivo da cana-de-açúcar entrara em declínio e a saída do Ceará, da Paraíba e do Rio Grande do Norte, de sua jurisdição, causou-lhe mais prejuízos, criando as condições para o desencadeamento de movimentos radicais.

As influências do liberalismo eram evidentes; os lideres do movimento eram, em sua maioria, os membros da elite ilustrada, com passagem pela Europa, estudando ou mercadejando e, consequentemente, se instruindo nas novas ideias. Vivia-se ainda sob o impacto das revoluções americana e francesa.

Com movimento, os pernambucanos, queriam recuperar sua antiga posição, sob um novo regime, em um país independente.

Um dos lideres do movimento, Domingos José Martins, vivera no Ceará a serviço da firma “BARROSO, MARTINS, DOURADO & CARVALHO”, da qual era sócio. Essa firma tinha sede em Londres e intermediava negócios de algodão. Depois, um outro sócio, Antônio Rodrigues de Carvalho, veio para o Ceará onde divulgou amplamente os ideais revolucionários, procurando recrutar seguidores para sua causa revolucionária.

Mas, o principal incendiário da revolução na Capitania foi o seminarista José Martiniano de Alencar.

Membro de uma importante oligarquia carirense, sua mãe Bárbara, também aderiu ao movimento. Alencar tentou adesão de um outro potentado da região, o capitão Pereira Filgueiras e, embora este a princípio se mostrasse simpático ao movimento, foi convencido pelo chefe de milícias, Leandro Bezerra, da temeridade do envolvimento naquela empresa.

O movimento eclodiu em 6 de março de 1817 mas, poucos meses depois, já estava debelado. Durou apenas 75 dias em Pernambuco e 8 dias no Ceará. José Martiniano foi preso juntamente com seus familiares, mãe, irmãos, tios e primos que, de um modo geral, participaram da malfadada revolução.

Conduzidos para Fortaleza, por Pinto Madeira, ainda ensaiaram uma fuga, mas recapturados, foram trazidos para a capital.

“Após revistados dos pés à cabeça e ainda carregando grilhões, os presos são atirados

no estreito e imundo calabouço do quartel, que fica entre a cadeia do crime e a Fortaleza. Incomunicáveis, alguém só pode falar-lhes de uma distância de dez metros e

com sentinela a vista. Estão nus e dormirão no chão. Dentro de alguns tempos estarão

cobertos de cabelos, comidos de pulga, piolhos e percevejos. São tratados como

animais ...Bárbara é reconhecida só, em um outro cubículo,com menos martírio, mas

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sem o consolo de ver os filhos”. Depois, foram enviados para a Bahia onde permaneceram presos até 1820. A repressão promovida por Sampaio fora dura e severa, tendo ele aproveitado a ocasião para perseguir desafetos, como o naturalista Feijó, que foi preso por simples suspeita.

O CEARÁ NA INDEPENDÊNCIA

A primeira reação positiva à proclamação da independência no Ceará só veio a ocorrer em 16 de outubro de 1822, quando o colégio eleitoral reunido na vila Içó rebelou-se contra a junta provisional de Fortaleza, que mantinha-se obediente às cortes portuguesas. Elegeu-se, então, um governo temporário, que tinha à cabeça o capitão-mor do Crato, José Pereira Filgueiras, que tomou posse em Fortaleza, após a rendição da antiga junta. No ano seguinte foi substituído por um governo permanente, sob a direção do Padre Francisco Pinheiro Landim.

No Piauí, o comandante Português, João José da Cunha Fidié, não aceitou a nova realidade e resistiu à independência, reprimindo cruelmente os patriotas. Para enfrentá-lo, formou-se no Ceará uma tropa sob o comando do major Luis Rodrigues Chaves, de João da Costa Alecrim e Alexandre Néri Ferreira. Esta, no entanto, foi derrotada pelos portugueses na batalha de Jenipapo.

Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves uniram-se no esforço de libertar o Piauí do jugo de Fidié; arregimentaram um grande número de homens vindos de toda província e, em 23 de julho de 1823, conseguiram a rendição de Fidié. Estava dada a contribuição do Ceará à consolidação da independência no norte do Brasil.

SANGUE NO CAMPO DOS MÁRTIRES A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR NO CEARÁ

Em 1824, a chama ardente da revolução voltaria a incendiar o Nordeste; e mais uma vez, sairia de Pernambuco o grito de guerra.

O decreto de 12 de novembro de 1823, de D. Pedro I, dissolveu a Assembleia Constituinte, eleita com a finalidade de promulgar a constituição do novo império. Esta, no entanto, se mostrou muito liberal para os desígnios do Imperador.

Em Pernambuco, mantiveram-se inalteradas as condições estruturais que geraram movimentos com a Guerra dos Mascates no século XVIII e a insurreição de 17.

O absolutismo de D, Pedro tendia a se respaldar nos elementos mais conservadores da sociedade, principalmente os portugueses que, aproximando-se do Imperador, pretendiam manter os privilégios que remontavam ao período colonial.

As ligações do Ceará com Pernambuco eram profundas: a província, que nas suas origens tinha sido povoada em sua maior parte por colonos pernambucanos, permaneceu por muitos anos sob a jurisdição de Recife e seu porto ainda polarizava o comércio cearense. Além disso, a independência projetou para todo o Ceará a oligarquia dos Alencar e outras figuras do Cariri, cujos interesses estavam ligados a Pernambuco.

A adesão à Confederação do Equador, que havia sido proclamada em 2 de julho de 1824, foi imediata, pois antes mesmo da proclamação, já haviam eclodido vários focos insurreicionais no Ceará: em 9 de janeiro, a Câmara de Quixeramobim declarou decaída a dinastia de Bragança. O Padre Gonçalo Inácio de Loiola, mais tarde Mororó. espalhou pelo Icó, São Bemardo das Russas e Aracati o fogo revolucionário; em 2 de fevereiro, Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves comandaram a adesão do Crato e se dirigiram à Fortaleza, onde prenderam o comandante das armas, restabelecendo a autoridade da antiga junta govemativa, na qual Filgueiras era o presidente e Tristão o comandante das armas.

Muitos dos revolucionários, para salientar seu nacionalismo, alteraram seus nomes: Padre Gonçalo passou a chamar-se Mororó; Tristão Gonçalves, Tristão Araripe. Surgiram, então, Carapinima, Pessoa Anta, Ibiapina; Sucupira, etc.

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O presidente Costa Barros, indicado por D. Pedro, foi deposto e em seu lugar constitui-se um conselho dirigido por Araripe, que enviou emissários a outras províncias, visando sua adesão.

Logo o movimento entraria em refluxo, e em Pernambuco, a repressão, dirigida pelo brigadeiro Luis Aives de Lima e Silva, foi fulminante, eliminado em pouco tempo o governo revolucionário; quem não conseguiu fugir, foi fuzilado. No Ceará, começou a se verificar deserções nas hostes equatorianas: José Félix de Azevedo e Sá, substituto de Tristão Gonçalves, que tinha ido dar combate aos monarquistas no Aracati, rendeu-se a Lord Cochrane, sem esboçar nenhuma reação ao cerco que este promoveu contra

a Fortaleza, pelo mar; Luís Rodrigues Chaves, que foi a Pernambuco dar auxílio ao conselho revolucionário, bandeou-se para os legalistas.

Os demais foram presos ou chacinados, resta'1do apenas Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves, tendo o Padre José Martiniano sido preso no interior de Pernambuco. Não vendo mais sentido em continuar a luta, Pereira Filgueiras depõem suas armas no Crato, vindo a falecer no caminho do Rio de Janeiro, onde ia ser julgado.

Quanto a Tristão Gonçalves, em sua fuga desesperada pelo interior do Ceará, fugindo à sanha assassina de seus perseguidores, escreveu uma das páginas mais emocionantes da história cearense.

A maior parte de seus amigos e parentes mais queridos estava mortos, muitos trucidados de forma bárbara, sem direito sequer a um julgamento justo. Aos poucos, o cerco foi se fechando em tomo dele, até que, em 31 de outubro de 1824, foi assassinado às margens do rio Jaguaribe, no lugar de nome Santa Rosa, hoje Jaguaribara.

No momento de sua morte várias partes do corpo lhe foram arrancadas; o cadáver permaneceu insepulto por vários dias, até resolverem enterrá-Io à sombra da igrejinha do lugar. No local de sua morte foi erigido um monumento que provavelmente será tragado pelas águas do açude Castanhão, projetado para ser construído naquela área.

Para os que restaram prisioneiros, triste destino lhe foi reservado. Condenados à forca, nenhum carrasco se prontificou a executar a sentença, sendo a pena transformada em fuzilamento. Os primeiros a serem executados foram o Padre Mororó e Pessoa Anta. O comportamento do padre, na hora do fuzilamento, foi exemplar, não permitindo que lhe colocassem a venda nos olhos e indicando, com a mão no coração, o local que deveria ser atingido pelas balas. Pessoa Anta, por sua vez, não teve comportamento tão fleumático e, para seu azar, não morreu com a descarga do pelotão de fuzilamento, sendo morto a coronhadas. Dias depois foi a vez de Ibiapina, que foi fuzilado deitado, pois a varola lhe atingira os pés, deixandex-incapaz de permanecer ereto.

O último a ser executado foi Carapinima que, não sucumbindo à primeira descarga, ficou rodopiando no meio do Campo da Pólvora, enquanto os soldados iam ao quartel recarregar suas armas, demorando o tempo suficiente para que o pobre homem fosse alvo dos risos da multidão.

Sua esposa, não suportando o espetáculo macabro, desmaiou, e só então, os executores completaram o terrível ritual. Terminava assim, em tragicomédia, a mais heróica passagem da história do Ceará.

A REVOLTA DE PINTO MADEIRA

Em 1832 eclodiu outra insurreição no Ceará, só que desta vez, de caráter contrário às de 17 e 24. Joaquim Pinto Madeira era um grande proprietário e chefe político da vila de Jardim. no vale do Cariri. Conservador convicto, participara ativamente da repressão àqueles dois movimentos. Era um partidário da monarquia absolutista e liderava na sua região uma sociedade secreta ultraconservadora a "Coluna do Trono e do Altar", uma espécie de TFP (Tradição, Família e Propriedade).

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Com a abdicação de D. Pedro I. em 1831, seus adversários vislumbraram a oportunidade de ir à forra das derrotas do passado, ainda não cicatrizadas. Passaram a hostilizá-Io continuamente, empurrando-o no sentido da radicalização de suas posições, Arregimentou em torno de si um verdadeiro exército, com a colaboração do vigário de Jardim, Antonio Manuel de Sousa que, de tanto abençoar as armas dos jagunços, sendo muito comum o uso de bastões de madeira, por falta de armas de fogo, recebeu a alcunha de "Padre Benze-Cecetes".

Com esse exército invadiu a vila do Crato, passando depois para o Icó, sendo daf rechaçado. Depois disso foram sofrendo reveses constantes até se renderem para o General Pedro Labatut, um mercenário francês que atuava no Brasil desde as lutas pela independência. Os dois insurretos foram presos e enviados para Recife e depois para o Maranhão. Pinto Madeira foi mandado de volta para o Ceará, que se encontrava presidido por seu arquiinimigo José Martiniano de Alencar. Este, não se fez de rogado; enviou o réu para a vila do Crato, onde foi julgado de forma tendenciosa, sendo acusado da morte de Joaquim Pinto Cidade e não de crime político. Condenado à forca, foi fuzilado conforme pedido feito ao tribunal.

Seu companheiro, o "Benze-Cacetes", escapou da força, vindo a morrer bem mais tarde, pobre e cego.

Paralelo a esse conflito, ocorreram outros semelhantes, em pontos diferentes do pafs, porém, não se verificaram vínculos mais estreitos entre eles.

O SEGUNDO IMPÉRIO: PADRE ALENCAR

Durante o perfodo regencial (1831 - 1840) o Ceará foi governado por seis presidentes.

Destacou-se nesse perfodo a figura de José Martiniano de Alencar (1834 - 1837), em cuja administração se instalou, em 1835, a Assembleia Legislativa da Província. Além disso, criou o Banco Provincial do Ceará o primeiro a funcionar depois do Banco do Brasil, fundado por D. João VI. Combateu o banditismo, abriu estradas e construiu açudes. No reinado de D. Pedro 11 (1840 - 1889), o Ceará teve 44 presidentes, tendo o Padre Alencar dirigido mais uma vez o destino da província de 1840 a 1841.

O antigo revolucionário deu lugar ao estadista.

Sufocou pessoalmente um levante militar em Sobral, chefiado pelo coronel Xavier Torres. O último presidente, no tempo da monarquia, foi Jerônimo Rodrigues de Morais Jardim.

O CEARÁ NA GUERRA DO PARAGUAI

A participação dos cearenses na guerra contra Solano López foi significativa. Destacaram-se as figuras do General Sampaio, General Tibúrcio e Clarindo de Queirós. Sampaio, que morreu em consequência dos ferimentos recebidos na Batalha de Tuiuti, foi agraciado com o titulo de Patrono da Infantaria.

Uma jovem de Tauá, Jovita Feitosa, tentou incorporar-se na luta, trajando-se de homem, descoberto o embuste, foi, mesmo assim, engajada na tropa. No Rio de Janeiro, entretanto, seus serviços foram rejeitados. Suicidou-se naquela cidade com uma punhalada no coração.

A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA: CEARÁ, TERRA DA LUZ

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O contingente de escravos no Ceará era pequeno, visto que sua economia sempre esteve baseada era atividades que não exigiam o uso deste tipo de mão-de-obra em larga escala. A pecuária utilizou o trabalho do índio domesticado ou semi escravizado e caboclo, que recebia sua paga na forma da aquartação. Na cotonicultura foi utilizado o sistema de parceria, que permanece até os dias de hoje.

Nesse regime de trabalho, o parceiro produz na terra do grande proprietário ou em um pedaço de terra cedido por ele, em troca do pagamento de uma renda em forma de serviço ou produto.

A maior parte dos escravos existentes na província eram utilizados em serviços domésticos. Portanto, a proibição do tráfico de escravos, em 1850, não representou grandes prejuízos para a economia cearense. Ao contrário, a proibição gerou um comércio interprovincial de escravos, muito vantajoso para os proprietários locais, que descobriam assim, nova forma de obtenção de rendimentos.

É bastante provável que essa pequena ou quase nenhuma dependência do trabalho escravo, tenha constituído a base sobre a qual se assentou o pioneirismo abolicionista do Ceará.

As ideias abolicionistas cresceram no interior de entidades que se propunham a libertar o escravo, a princípio, através de alforrias, assumindo depois caráter mais radical, com ações diretas. A primeira dessas sociedades no Ceará foi a "PERSEVERANÇA E PORVIR", instalada em 28 de setembro de 18 sendo seus principais dirigentes, José Correia do Amaral, José Teodorico de Castro, Antônio Martins Júnior, Alfredo Salgado e outros. Entretanto, essa sociedade não foi a pioneira na luta pela abolição no Ceará. Antes mesmo de sua existência, o deputado cearense, Pedro Pereira da Silva Guimarães,

tentara, já por duas vezes, colocar em discussão na Assembleia Geral Legislativa, em 1850 e 1852, projeto de lei que favorecia o elemento escravo, sendo prontamente rechaçado.

Além da PERSEVERANÇA E PORVIR, foi criada em 8 de setembro de 1880, a Sociedade Libertadora Cearense, que tinha à frente, João Cordeiro, Antônio Bezerra, José do Amaral, José Barros, José Marrocos, etc. João Cordeiro era radical e tinha como proposta a promoção da fuga de escravos, sem que se esperasse por meios legais. No ato de fundação da sociedade, fincou um punhal sobre a mesa exigido que todos jurassem matar ou morrer pela abolição dos escravos. A sociedade editava um periódico, Libertador, que divulgava suas ideias e promovia eventos, visando angariar fundos para a causa.

Em 1882 foi fundado o Centro Abolicionista 25 de Dezembro, que reunia figuras proeminentes da província como Guilherme Studart e Meton de Alencar. Antes já havia sido fundado o CLUBE DOS LIBERTOS (20 de maio) e no interior, criaram-se a L1BERTADORA ARTÍSTICA ACARAPENSE e a SOCIEDADE LIBERTADORA ICOENSE. Em 18 de dezembro de 1882, fundou-se na chácara de José do Amaral, no Benfica, contando com a presença de José do Patrocínio, uma sociedade composta só

de mulheres, que tinha como presidente, Maria Tomásia. Essas sociedades tinham um caráter elitista, reunindo elementos das classes proprietárias e, de certa forma, contavam com a ausência do poder público, sem se verificar sanções às suas atividades.

A adesão do elemento popular ocorreu quando os pescadores responsáveis pelo transporte de mercadorias e escravos, do porto para os navios, se rebelaram sob a direção de Francisco José do Nascimento, o "Dragão do Mar", e negaram-se a embarcar escravos, que seriam vendidos para outras províncias Essa greve se deu nos dias 27, 30 e 31 de janeiro de 1881; nessa ocasião foi proferida a frase clássica: "No porto do Ceará não se embarcam mais escravos", que erroneamente se atribui ao Dragão do Mar, sem que se saiba de fato quem é seu autor.

O rastilho da abolição iniciou-se em 1º de janeiro de 1883, com a libertação dos escravos em Acarape hoje cidade de Redenção - e estendeu-se para várias cidades do interior até chegar em Fortaleza, em 2 de fevereiro. Finalmente, em 25 de março de 1884, a escravatura seria abolida do Ceará em caráter definitivo. Entusiasmado com o feito dos cearenses, José do Patrocínio homenageou a província com o título de "Terra da Luz".

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PODER LOCAL E MANDONISMO

As raízes do poder local e do mandonismo político no Ceará encontram-se principalmente na forma de ocupação e apropriação da terra. O território cearense foi conquistado a ferro e fogo em detrimento de sua população primitiva obrigada a submeter-se à vontade dos novos donos instalados em grandes propriedades que, em muitos aspectos se assemelhavam aos feudos medievais.

Exemplo típico é o da família Feitosa, dos Inhamuns, cuja história foi estudada de forma brilhante pelo pesquisador americano Billy Chandler. Seu patriarca, Francisco Alves Feitosa, era proprietário de inúmeras sesmarias ao longo do rio Jaguaribe e, disputando a posse da terra ou a: hegemonia política na área de seus domínios, promoveu uma guerra sanguinária contra outra família da região os Montes, que as autoridades da colônia nada pudessem fazer para evitar as arbitrariedades dos potentados a os colonos e os índios. Findo o conflito ainda no século XVIII, os Feitosas mantiveram o seu poder nos Inhamuns até a primeira metade do século XX.

Nas áreas interioranas predominava as relações de compadrio, que se baseavam nas trocas de favores na assistência econômica em troca da fidelidade política, enfim, nas práticas que concorriam para fortalecer as oligarquias dominantes.

No século passado, após a derrota de Pinto Madeira, predominou em nível de toda a província a hegemonia da família Alencar. Com a morte do senador Alencar e a preterição de seu filho, José de Alencar, ao senado do Império, assumiu o poder político Thomaz Pompeu de Sousa Brasil que, por sua vez, se opunha a outra oligarquia. a dos Fernandes Vieira. Com a morte do senador Pompeu, substituiu o seu genro, Antônio Pinto Nogueira Accioly.

Accioly dominou a política no Ceará de 1896 a 1912; governando de forma despótica, perseguindo se adversários, fraudando, roubando, colocando seus familiares na máquina administrativa, enfim, reinando como um monarca absoluto.

Sua queda em 1912 deu-se em meio a uma verdadeira guerra civil nas ruas de Fortaleza. Fato marcante desse conflito, foi a repressão movida pela guarda estadual contra uma manifestação de crianças na Praça do Ferreira, matando várias delas.

As cenas desse massacre revoltaram mais ainda a população da cidade que não deu mais trégua ao oligarca. O povo perdeu o medo e ocupou as ruas, cercando a casa de Accioly. Este, vendo-se sem saída, renunciou à presidência do Estado e foi mandado embora para o Rio de Janeiro, não voltando mais ao Ceará Porém, mesmo distante, continuou exercendo influência sobre a política local. Em seu lugar ficou o vice-presidente do Estado, Antônio Frederico de Carvalho Mota, que entregou o governo ao Coronel Marcos Franco Rabelo, em 12 de julho de 1912, candidato vitorioso nas eleições de 11 de abril.

Do período acciolino, uma das poucas obras dignas de menção foi a Faculdade de Direito, criada governo de Pedro Borges, um preposto de Accioly. Sua fundação deu-se a 1º de março de 1903, tendo como diretor honorário, o próprio Nogueira Accioly. Instalou-se, a princípio, no prédio do liceu do Ceará, sendo encampada pelo Governo Federal em 23 de novembro daquele ano. No seu governo, em 1910, foi construído o Teatro José de Alencar.

Franco Rabelo enfrentou, logo de início, poderosa oposição; no plano nacional, com seu antigo aliado, Pinheiro Machado e no âmbito interno, com a nova força que vinha do sertão, o Padre Cícero, de Juazeiro.

O PADRE CÍCERO E A SEDIÇÃO DO JUAZEIRO

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Cícero Romão Batista nasceu a 24 de maio de 1844, na vila do Crato. Desde cedo manifestou a vocação sacerdotal, vindo a Fortaleza para estudar no seminário da Prainha. Auxiliado por seu padrinho, coronel Luís Antônio Pequeno, pode continuar seus estudos, apesar da morte do pai.

Ordenou-se aos 26 anos e em 1872 foi enviado para o pequeno povoado de Juazeiro do Norte.

No seminário não registraram-se fatos estranhos com o jovem estudante, mas ele e seu primo José Marrocos eram vistos como "arrivistas". José Marrocos foi mandado embora e Cícero ordenou-se padre, por intervenção do bispo D. Luís, apesar da reprovação do Reitor do seminário.

A princípio Cícero não se afeiçoou ao povoado, e sua intenção era voltar para Fortaleza. No entanto, Jesus lhe apareceu em um sonho, instruindo-o no sentido de cuidar dos pobres. Fixou-se então no lugarejo e lá exerceu o sacerdócio, normalmente, até 1889, quando se deu o primeiro caso de milagre, entre tantos outros atribuídos a ele: a hóstia recebida pela beata Maria de Araújo transformou-se em sangue na sua boca.

Logo a sua fama se espalhou, e todos acorriam para o Juazeiro em busca da proteção o "santo milagreiro". Juazeiro depressa se transformou em um enorme ajuntamento de pessoas, vindas de todos os lugares do sertão. Em breve, Cícero deixou de ser apenas um líder religioso, para se transformar na mais prestigiada liderança política do sertão nordestino. Em vão, a hierarquia da Igreja tentou manter um controle sobre o padre, enviando-o até mesmo a Roma, para entrevista com o Papa; mas isso só fez crescer seu prestígio junto ao povo.

Algumas pessoas exerciam grande influência sobre ele; a princípio foi seu primo José Marrocos, jornalista de talento, que soube manipular com habilidade junto ao povo, as notícias em tomo dos milagres. Depois, foi o médico baiano Floro Bartolomeu, que articulou a aproximação do padre com os coronéis e a política acciolina. Com a transformação de Juazeiro em município, padre Cícero foi seu primeiro prefeito.

A essa altura, o padre já estava mergulhado no complexo xadrez político das oligarquias. Esse envolvimento culminou na "Guerra Santa" que apreendeu contra o presidente Franco Rabelo, causando a sua queda do poder em 1914; foi a sedição de Juazeiro.

Mesmo depois de sua morte, em 1934, a influência do Padre Cícero permaneceu muito viva entre o povo sertanejo. Essa influência não se limitou à região do Cariri, nem somente ao Ceará; ele se estendeu por todo o Nordeste e até além dele. Diariamente a "Meca" do Cariri, Juazeiro, é procurada por romeiros vindos dos mais diversos lugares. Essas romarias são mais fortes nas comemorações do dia da padroeira, Nossa Senhora das Dores, de Nossa Senhora das Candeias e dia de Finados.

O turismo religioso tomou-se a maior fonte de renda de Juazeiro, tornando-a uma das maiores e mais prósperas cidades do Estado. No período das romarias, os hotéis ficam lotados com os fiéis que vêm pagar suas promessas, bem como, adquirir "souvenirs", para que a proteção do "padim" lhe acompanhe sempre, deixar seu óbulo na Igreja, morada do santo querido. Nos restaurantes não faltam o baião de dois com o piqui e a carne de sol. À noite, os repentistas embalam seus ouvidos com histórias do padre e de outros heróis do imaginário sertanejo. E, como não poderia deixar de ser, junto com os repentes, as rezas. Os locais mais visitados são a casa do Padre Cícero e o Horto. No alto dele, a estátua esculpida em 1969, por Armando Lacerda, com 27 metros de altura. A casa foi transformada em museu e conta no seu acervo com oratórios, imagens sacras, batinas, paramentos, prataria, mobiliário e objetos, doados pelos romeiros. Objetos de peregrinação são também a Casa dos Milagres, onde são depositados os ex-votos, peças de gesso, madeira e plástico, que representam partes do corpo humano curadas por obra das promessas, além de retratos e cartas e a Capela do Socorro, onde o padre está sepultado.

Existe também o moderno prédio da Fundação Memorial Padre Cícero, centro de promoções culturais, conferências, exposições e cursos, que inclui em seu acervo, objetos pessoais, fotos e mais de 200 livros e opúsculos sobre o Padre.

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Em 1994 comemorou-se o Sesquicentenário de seu nascimento, com realização de romarias, seminários os em vários locais do Brasil e apresentação de filmes, peças de teatro, além de lançamentos de livros cordéis sobre o "Patriarca de Juazeiro".

Vinculado ao fenômeno do Padre Cícero em Juazeiro, surgiu na região do Cariri o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto. Era uma fazenda na serra do Araripe, onde o padre havia abrigado um beato, de nome José Lourenço e seus seguidores. O beato era antipatizado pelos coronéis, talvez porque seu estilo “comunista” pudesse se tomar um mau exemplo, semelhante ao de Canudos, na Bahia. Com a morte do padre, recrusdeceram as hostilidades contra o beato e sua gente, até que a fazenda foi evacuada pelas autoridades políticas, inclusive com o uso de bombardeiro aéreo. O beato conseguiu escapar com vida, falecendo em 1946, de morte natural, em Pernambuco.

AS SECAS NO CEARÁ

As secas acompanham o Ceará desde o início de sua história. A crônica e a tradição oral guardam relatos terríveis dos efeitos desse fenômeno com o qual o sertanejo mal conseguiu aprender a conviver.

A primeira seca que a história registra foi a que acossou Pero Coelho, 1605/07, obrigando-o a fugir na direção do Rio Grande do Norte. Sobre a segunda, de 1614, tem-se poucas informações. Vieram, em seguida, as de 1692, 1711 e 1721.

A primeira de que se tem documentos oficiais é a de 1723/27. Esta quase pôs em risco a colonização incipiente da colônia. Depois foi de 1736/37. A de 1777/78, chamada seca dos três setes, e a de 1798/99, contribuíram para aniquilar com a indústria do charque cearense. Famosas, foram, a de 1877 a 1879, chamada seca dos dois setes, e a de 1915, a seca do 15, celebrizada pela literatura através do romance "O Quinze", de Rachei de Queiróz. Enfim, as secas continuam a assolar periodicamente o Ceará, ocorrendo normalmente em espaços de dez anos. Para combate problema da falta d'água, a solução mais frequentemente utilizada foi a construção de barragens. Se a primeira delas o açude do Cedro, na cidade de Quixadá, no sertão central. Sua construção foi realizada entre os anos de 1884 e 1906, sendo que no seu início fez-se uso da mão de obra escrava. O reservatório é formado de quatro barragens, sendo a principal, de alvenaria ciclópica e traçado semi Circular; duas auxiliares de terra, com revestimento de granito e cerca de 300 metros de extensão, além de outra pequena represa, denominada de "forges" e dois sangradouros. Sua construção foi decidida pelo govemo imperial após a seca de 1877. Sendo famosa a frase do famosa a frase do Imperador “que se venda a última pedra da minha coroa, mas que não morra um cearense de fome". O açude do Cedro foi o primeiro tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional.

Em 1909 foi criada a Inspetoria Nacional de Obras Contra as Secas (IFOCS), mais tarde, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Em 1960 inaugurou-se o Açude de Orós, na época o maior da América Latina. Atualmente projeta-se a construção do açude Castanhão na região do baixo Jaguaribe, que deverá ser o maior do mundo.

Em face da última seca, que se estendeu de 1989 a 1993, a capital do Estado se viu na contingência de raciocinar o uso da água, devido ao esvaziamento de seus reservatórios. Construiu-se então o Canal do

Trabalhador, de 100 quilômetros de extensão e que alimenta, com as águas do rio Jaguaribe, o sistema Pacoti-Riachão, que abastece Fortaleza. A partir dessa magnifica obra veio à tona uma discussão em torno da possibilidade de se transpor as águas do rio São Francisco para o Ceará, resolvendo definitivamente o problema da falta de água por ocasião das secas periódicas.

FORTALEZA: CIDADE DE SOL E MAR A CIDADE DO PAJEÚ

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Com a saída dos holandeses em 1654, o Schoonenborch teve seu nome modificado para Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, pelo capitão-mor Álvares de Azevedo Barreto, que passara a dirigir os destinos da capitania.

Por muito tempo permaneceu a polêmica sobre onde se deveria instalar a vila, criada por Carta-régia de 13 de fevereiro de 1699. A princípio os membros da nova Câmara entenderam ser o melhor local, a barra do rio Pacoti, na praia do Iguape, embora a Carta se referisse claramente à vila do Ceará, sendo que, por muito tempo, as pessoas designavam a povoação surgida em torno do forte. Instalada a vila naquele primeiro ponto, em 25 de janeiro de 1700, o governador de Pernambuco reprovou a medida forçando a Câmara a transferi-la para a povoação do forte. Em 1702 a Câmara mudou a vila para a Barra do Ceará; voltando o pelourinho, símbolo da autonomia da vila, em 1706, para junto da Fortaleza.

Enfim, depois de muito vai e vem, instalou-se definitivamente no Aquiraz (27 de junho de 1713) a vila de São José de Ribamar do Siará Grande. No entanto, passado um mês apenas da instalação da vila, esta foi atacada pelos índios, obrigando seus habitantes a fugirem para junto do forte. Com esse incidente, os próprios habitantes do Aquiraz passaram a defender a criação da vila na Fortaleza. Esta, porém, só se tornaria uma realidade, em 13 de abril de 1726.

Quanto à vila de Aquiraz continuou existindo, entretanto, devido à insegurança a que estava exposta, perdeu o estatuto de sede da capitania. Trata-se de uma cidade histórica situada na zona metropolitana de Fortaleza; mantém ainda a arquitetura colonial em muitas de suas edificações. Estão tombados a antiga Casa de Câmara e Cadeia, a Igreja Matriz de São José de Ribamar e o Mercado da Carne. Muito interessante, também, é o Museu Sacro de São José de Ribamar que conta em seu acervo com imagens talhadas em madeira, castiçais, turíbulos e prataria do século XVIII.

A CIDADE DE AREIA

Por muitos anos a vila da Fortaleza permaneceu desassistida. Seu aspecto era deplorável: as casas eram rústicas, feitas de taipa e pouco numerosas; as ladeiras e areias abundantes dificultavam a locomoção. Até o século XIX ela permaneceu pobre e medíocre, perdendo em beleza e funcionalidade para as outros que surgiam em posições Tais favoráveis.

Somente quando o Ceará tornou-se independente da capitania de Pernambuco, é que os governadores, que passaram a residir na vila, lhe imprimiram algumas melhorias. Bernardo Manuel de Vasconcelos instalou na ponta do Mucuripe um Fortim, de nome São Bernardo, de onde sempre que chegava um navio, se disparava um tiro de canhão, anunciando sua presença. Anos depois, um acidente que vitimou os operadores do canhão levou o governador a desativá-lo.

SAMPAIO E SILVA PAULET

As primeiras grandes modificações na paisagem urbanística de Fortaleza ocorreram no governo de Inácio de Sampaio, que contou com a colaboração do Tenente-Coronel Antônio José da Silva Paulet. Reconstruiu a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, construiu o mercado público e vários chafarizes.

Entretanto, a maior obra desses dois homens foi imprimir à cidade o traçado quadrangular que apresenta até hoje, principalmente na sua área central.

A primeira rua de Fortaleza foi a da matriz seguida pela dos Mercadores, correspondendo hoje, respectivamente, às ruas Conde D'Eu e Sena Madureira. Elas acompanhavam as sinuosidades do riacho Pajeú; Silva Paulet ajustou as demais ruas de modo a que elas se cortassem em ângulo reto.

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"A primeira rua em linha reta fez-se a partir de Fortaleza, tomando como referência a praça da Carolina (onde hoje se encontram a sede dos correios, o Banco do Brasil e o Palácio do Comércio) e aproveitando os arruados como a rua das Belas, a rua das Pitombeiras e a rua da Alegria, correspondendo os três à rua da Boa Vista, hoje Floriano Peixoto."

Foram se construindo os primeiros sobrados, acabando com o preconceito de que o terreno não suportava edificações com mais de um andar.

O BOTICÁRIO FERREIRA E ADOLFO HERBSTER

Em 1823, Fortaleza seria elevada à condição de cidade, por D. Pedro I, com a denominação de "Cidade de Fortaleza de Nova Bragança".

Ela iria conhecer outros benfeitores nas figuras do boticário Antônio Rodrigues Ferreira e do engenheiro Adolfo Herbster. O primeiro era natural de Niterói e veio ainda rapaz para o Ceará, vindo do Rio de Janeiro, de onde fugiu por causa de um incidente político no qual fora envolvido por engano. No Recife, onde originalmente projetara ficar, conheceu o comerciante português Manoel Caetano de Gouveia que, simpatizando com o rapaz, trouxe-o para Fortaleza. Do Rio, já trazia os conhecimentos farmacêuticos e seu protetor, em gratidão pelo fato do jovem ter-lhe salvo a esposa em um parto complicado, presenteou-o com uma botica, que instalou no Largo da Feira Nova, a futura praça do Ferreira.

Os boticários, de um modo geral, eram pessoas muito prestigiadas nas comunidades, principalmente em regiões onde o acesso a um médico era difícil, pela escassez desses profissionais. O Ferreira não fugiu à regra; além disso, sua forte personalidade atraía para si a atenção e o respeito dos fortalezenses. Foi vereador e presidente da Câmara, estimulando, na sua gestão, a continuidade e aperfeiçoamento da obra de Paulet.

Na sua botica, reuniam-se seus correligionários, com tanta frequência, que o Partido Conservador era conhecido pelo nome de "partido da Botica". Faleceu no dia 29 de abril de 1859. Casado com D. Francisca Áurea de Macedo, não deixou filhos.

Adolfo Herbster era pernambucano e veio para o Ceará em 1855, chegando aqui com 26 anos. Engenheiro aliou-se ao boticário no esforço de embelezamento da capital da província. Herbster elaborou inúmeras plantas de Fortaleza, além de prédios como o Paço da Assembléia Legislativa, hoje Palácio Senador Alencar, prédio de estilo neoclássico, onde funciona, atualmente, o Museu do Ceará Herbster faleceu em 1893, pobre e esquecido.

Uma planta da cidade elaborada antes de Herbster, pelo arruador Antonio Simões Ferreira,é descrita da seguinte maneira por Raimundo Girão: “Aludido desenho mostra-nos que a cidade já se definira integralmente no esquema projetado por Paulet” A rua da Boa Vista (Floriano Peixoto), aparece retificada, seguida paralelamente, rumo sul, pelas ruas da Palma (Major Facundo), Formosa (Barão do Rio Branco), Amélia (Senador Pompeu), Patrocínio (General Sampaio),' esta última apenas esboçada. Cruzando-as perpendicularmente, veem-se as travessas do Quartel (Dr. João Moreira), das Flores (Castro e Silva), das Hortas (Senador Alencar), das Belas (São Paulo), Municipal (Guilherme Rocha), Formosa (Liberato Barroso), Amélia (Pedra Pereira), Alegria (Pedro I), onde se acabavam as edificações. A rua do Quartel ou rua Larga, ao lado leste da Carolina, não se achava completamente traçada e a travessa das

Flores ainda não atingia a Praça da Sé, o que se deu em 1859, com o sacrifício da Travessa da Matriz. À direita do Pajeú, o começo da rua do Sampaio (Govenador Sampaio), a esse tempo chamada rua do Norte; e, na praia, algumas construções que formariam a ruas do Chafaris (José Avelino) e da Alfândega (Dragão do Mar)."

Em outra planta, a primeira de Herbster, registrava-se distante, o Matadouro, na atual Praça Clóvis Beviláqua, e a lagoa do Garrote que, em 1890, se transformaria no Parque da Liberdade, depois Cidade da

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Criança. Noutra, de 1875, já se faz referência à rua da Aldeota (Nogueira Accioly), para leste; e para sul, a rua do Coelhos (Domingos Olímpio); algumas ruas foram sacrificadas para manter o tracejado, salvo a entrada da Messejana (Vinconde.do Rio Branco).

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A PRAÇA DO FEREIRA

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fortaleza/fortaleza-3.php

As praças sempre constituíram marcos importante na história de Fortaleza. Antes da Praça do Ferreira houve outras que funcionaram como centros aglutinadores das mais diversas formas de manifestação humana da cidade. No período colonial havia a praça do Conselho, onde estava postado o Pelourinho, símbolo da autoridade real, depois transferido para a praça da Carolina, ao lado do mercado, ponto de feirantes, daí o nome de "Feira Velha". Mais tarde a feira foi transferida para o local onde a Praça do Ferreira, que passou a ser chamado "Feira Nova". Quanto ao Pelourinho, não se sabe foi seu destino presume-se que foi arrancado com a Proclamação da Independência.

Ocupando junto com a "Feira Nova", o espaço da futura praça, havia também a rua do Cotovelo, uma viela de mocambos que cortava em diagonal o terreno. Esse ajuntamento desordenado de casebres foi erradicado em 1942. O lugar passou a chamar-se Largo das Trincheiras e depois Pedro II. Só em 1871 é que viria a ser batizado com o nome do Boticário.

Além da Botica, outros elementos contribuíram para tomar a futura praça o pronto mais agitado da cidade. Havia a feira; a sede da Câmara Municipal, localizada no Sobrado do Pacheco; o Pachecão, o primeiro construído em tijolo e telha, em 1825. Havia também a livraria do Oliveira, no lugar em que está hoje o cine São Luiz, palco de animadas palestras.

Logo, as melhores casas comerciais da cidade foram se fixando em tomo da praça.

Com a proclamação da República, a febre positivista que acometeu os legisladores, quis mudar o nome do logradouro para Praça Municipal, assim como retirar os nomes das ruas para numerá-las. A modificação, no entanto, não agradou aos fortalezenses e tudo voltou a ser como era antes.

Para fazer crescer mais ainda a agitação da praça foram instalados nelas, em 1880, os trilhos da Companhia Ferro Carril, cujos bondes puxados a burros, ar estacionavam. Em 1913, os burros foram substituídos por bondes elétricos.

Completando a preferência pela praça, foram implantados nela, nos anos 80, os famosos quiosques. Eram cafés-restaurante, que se tomaram a alegria dos palradores da cidade. O iniciador desses pontos de reunião foi o aracatiense Manuel Pereira dos Santos, conhecido por Mané Coco. Eram em número de 4: o Java, no ponto nordeste da praça; o Café do Comércio, no noroeste; o Iracema, no sudoeste e o Elegante, a sudeste. Na reforma de 1920, promovida pelo prefeito Godofredo Maciel, foi decretada a extinção dos quiosques.

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Também na praça estava o "cajueiro da mentira", à sombra do qual se elegia todos os anos, no dia 12 de abril, em meio a bombas e bandeirinhas, o "Coronel Comandante do Batalhão dos Potoqueiros (mentirosos) de Fortaleza", batalhão que tinha como única finalidade combater a verdade. O copado cajueiro também não escapou à reforma do Godofredo.

Houve também "o banco" que reuniu várias gerações de intelectuais e que foi sendo lentamente abandonado, até restar apenas o banco com seu nome inscrito no chão da praça; mesmo essa singela homenagem desapareceu.

A praça foi testemunha também de tragédias como a que vitimou, em 1894, Joaquim Vitoriano, o Paulo Kandalascaia, da Padarial Espiritual, o tenente Heitor Ferraz e o poeta Mário da Silveira, mortos por motivos semelhantes. Foi palco igualmente da covardia da polícia de Accioly, que assassinou crianças indefesas, nas manifestações de 1912.

Ao logo de sua existência, a praça sofreu várias reformas: a primeira com Guilherme Rocha, em 1906, que nela construiu jardins e alamedas. Em 1920, Godofredo Maciel tirou os quiosques e pôs um coreto para a apresentação de peças musicais. Em 1933, Raimundo Girão demoliu o coreto e colocou em seu lugar a coluna da hora. Em 1946 foi construído o Abrigo Central, com casa de merenda, bancas de bicheiros e engraxates no seu interior. Este foi derrubado em 1966 e em 1967, foi a vez da coluna, para dar lugar a nova reforma em 1968, muito criticada pela estranha roupagem com que vestiu a praça.

Finalmente, em 1991, sofreu uma reforma profunda, que recuperou a coluna da hora, os bancos e até cacimba construída no século passado. Foram autores do projeto os arquitetos Fausto Nilo Costa e Delberg Ponce de Leon que procuraram evocar as diversas fases da praça. A cacimba, com bancas de revistas, a sequência de pórticos em torno deles, feitos em aço especial que homenageiam o espírito da praça; galhoteiro, brincalhão, onde até o sol foi vaiado nos anos 40; tudo feito num esforço de resgatar a história do espaço mais democrático da cidade.

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AS RODAS LITERÁRIAS OS CAFÉS, OS TEATROS, OS CLUBES

As primeiras manifestações literárias do Ceará começaram nas reuniões feitas na casa do governador Sampaio, os concorridos outeiros. Era início do século XIX. Frequentavam essas reuniões, Costa Barros, Pacheco Espinosa, Castro e Silva e outros que não produziram nada de muito significativo.

Outro grupo só surgiria na década de 70; era a Academia Francesa que contou com figuras de peso como, Rocha Lima, Tomás Pompeu e Capistrano de Abreu. Muitos influenciados pelas ideias positivistas combatiam o Romantismo. Publicavam o Jornal FRATERNIDADE.

Em 1886 surgiu o Clube Literário, que reunia Juvenal Galeno, Antônio Bezerra, Justiniano de Serpa, Oliveira Paiva, Farias Brito, Rodolfo Teófilo e o moço Antônio Sales. Apesar da matriz romântica de muitos esses escritores, o grupo começou a se enquadrar na escola realista. Seu órgão na imprensa era AQUINZENA.

Foi no final do século que o Ceará conheceu o seu mais expressivo e criativo movimento literário: A PADARIA ESPIRITUAL. O seu mentor foi Antônio Sales e a ideia de sua criação se deu nas mesas do Java. Seu órgão era O PÃO e tinha um Padeiro-mor (Presidente), dois Forneiros (secretários) e os demais membros eram chamados de Padeiros. Os Padeiros tinham nomes fictícios: Antônio Sales era Moacir Rema, Adolfo Caminha era Feliz Guanabari no, Rodolfo Teófilo era Marcos Serrano, Antônio Bezerra era André Carnaúba e assim por diante.

Entre outras coisas, seus estatutos determinavam que era "proibido o tom oratório, sob pena de vara", ser severamente punido o Padeiro que passasse uma semana sem dizer um chiste e, recitar ao pia'1o, dava "expulsão imediata e sem apelo". Declarava como "inimigos naturais (...) o clero, os alfaiates e a polícia", Além de escritores, havia também músicos, Henrique Jorge (Sarassate Mirim) e seu irmão Carlos Vítor, e um pintor, Luís Sá. Havia um que era nada disso, Joaquim Vitoriano, o Paulo Kandalascaia, que por sua coragem e físico avantajado atuava como guarda costas dó grupo. No interior do movimento conviviam estilos literários diferentes, com maior predominância do Realismo. Através da Padaria foi introduzido o Simbolismo no Ceará, bebido diretamente de Portugal.

A Padaria Espiritual viveu duas fases: a primeira, de 10 de julho de 1892 a 24 de dezembro desse ano, com a publicação de seis números d'O PÃO, apesar do sexto estar numerado como quinto, porque saiu dois números 2. E a segunda fase, que se iniciou a 1º de janeiro de 1895 e foi até 1898, quando extinguiu-se o movimento, apesar d'O PÃO ter deixado de circular já em 1896.

A 15 de agosto de 1894 foi fundada a Academia Cearense de Letras, portanto, antes da Academia Brasileira que é de 1896. Seus objetivos iam além da literatura, abarcando o campo das ciências, educação, artes, de uma modo geral. Alguns de seus principais fundadores foram Tomás Pompeu, Guilherme Studart, Farias Brito, Justiniano de Serpa, Padre Valdevino, Henrique Théberge, para citar os mais conhecidos.

Nessa primeira fase, publicou de 1896 a 1914, a REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE. Digo primeira fase porque deixou de funcionar várias vezes, sendo reorganizado em 1922,1930 e 1951. Funciona atualmente no Palácio da Luz, antiga sede do governo e tem como presidente o poeta Arthur Eduardo Benevides. Em data recente, elegeu como membro a escritora Rachel de Queiroz.

O Centro Literário foi criado por uma dissidência da Padaria Espiritual em 1894. Não tinha a mesma originalidade, mas contava com escritores de grande talento como Papi Júnior, Guilherme Studart, Farias Brito, e outros. Muitos faziam parte de um e outro movimento, pois não se exigia fidelidade de seus membros. Publicava a revista IRACEMA e funcionou até o início do presente século.

Os grupos literários brotavam como ervas nos canteiros da "lourinha" afrancesada. Surgiam das rodas que se formavam em torno dos bancos da Praça do Ferreira e do Passeio Público, nas livrarias e, principalmente, nos cafés. Assim surgiram inspirados pelo bucolismo da Fortaleza "Belle Époque", grupos

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como a Plêiade, onde se sobressaia a figura de Soriano Albuquerque; a Academia Rebarbativa, que publicou a revista A JANGADA; e a Polimática, nascida no Café Riche.

Os cafés, reflexo da influência francesa, existiram em grande quantidade em Fortaleza. Houve época em que a cada esquina encontravam-se um. A moda começou com os quiosques da Praça do Ferreira. Depois, os cafés foram contornando a praça e se estendendo para outros espaços. Neles. encontravam-se figuras como Quintino Cunha, poeta e piadista fino; o poeta José Albano, admirado pela beleza, cultura elevada e excentricidade; o· teatrólogo Carlos Câmara, o mestre da burleta; enfim, as figuras mais interessantes da Fortaleza provinciana. Havia a "Maison Art-Nouveau", na Major Facundo com Guilherme Rocha; funcionou de 1907 a 1930, quando foi consumida por um incêndio. O Café Riche foi inaugurado em 1913, sendo seus proprietários Alfredo Salgado, o notável abolicionista, e Luis Severiano Ribeiro, que se tomaria o Rei do Cinema no Brasil. E vieram outros; Avenida, Globo, Confeitaria Glória, Éden Café, Café do Comércio, a Rotisserie. Esses "antros" luxuosos e tão agradáveis acompanharam a cidade no seu crescimento até os idos dos anos quarenta quando conheceram o acaso.

O primeiro teatro de Fortaleza, o "Concórdia", iniciou suas atividades em torno do ano de 1830 e funcionava em um prédio em frente à Igreja do Rosário. Em 1842, já com o nome de "Taliense", foi transferido para a rua Formosa, hoje Barão do Rio branco. Era bem frequentado, apesar do amadorismo de seus artistas. Encerrou suas atividades no ano de 1872.

Já naquela época, as autoridades pensavam na construção de um teatro de maior envergadura, sem que se tomasse iniciativa nesse sentido. Continuaram, então, os teatros de pequeno porte a servir como único espaço disponível para as atividades cênicas da cidade. Eram eles o São José, na rua Amélia; o das variedades, fundado em 1877, cujas representações eram feitas ao ar livre; o São Luís, que funcionou de 1880 a 1896. Nele, em 1882, esteve o maestro Carlos Gomes. Apenas de passagem, sem executar nenhuma de suas peças musicais. Além desses, funcionaram vários outros, verdadeiros teatros de "fundo de quintal".

Em 1896, o Presidente Bezerril Fontenele lançou a pedra fundamental do que seria mais tarde o Teatro José de Alencar. As obras, no entanto, só seriam iniciadas em 1908, concluindo-se em 1910, no governo de Nogueira Accioly.

Foi construído em metal vindo da Inglaterra, como quase todas as construções de qua lidade da época. Outro teatro construído nessa fase, em 1915, foi o São José. Desde sua construção nunca tinha sido reformado, o que ocorreu há pouco tempo. No projeto foram previstas melhorias, que não implicarão na alteração de sua estrutura.

Outras casas de espetáculo da cidade, atualmente ou estão em reforma, como o Teatro Carlos Câmara, no Centro de Turismo da CODITUR, ou em pleno funcionamento, como o Teatro Universitário, o Teatro do IBEU, o ARENA Aldeota e o Paurillo Barroso, sendo os três últimos de propriedade de instituições privadas.

Os primeiros "cinemas" chegaram na forma dos bioscópios e kinetoscópios ou kinefones. Foram introduzidos por um italiano de nome Pascoal, e se constituia de uma lanterna mágica, que projetava numa tela imagens sem movimento. Os kinefones foram introduzidos antes, em 1891. Sendo uma combinação do bioscópio com o gramofone O primeiro cinematógrafo foi exposto pela Empresa

Oliveira & Coelho no teatro no Clube Iracema, em 1907. Depois, o italiano Vitor Di Maio montou o primeiro cinema fixo. no prédio da "Maison Art Nouveau", na rua Major Facundo com Guilherme Rocha, daí, ser chamado também de "Art Nouveau". Em seguida vieram o Politeame, o Rio Branco, o Cassino.

O Riche e o American Kinema. Em 1917, foi aberto o Majestic Pálace, do milionário Plácido Carvalho. O mesmo que construiu o Excelsior Hotel, que além de belo é o maior ediflcio de alvenaria do mundo.

Com o Majestic, o cinema tornou-se hábito para a elite social. Que frequentava vestida a caráter, glamourizando suas "soirées". Aliás, naquela época, as pessoas, de um modo geral, andavam bem vestidas.

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Mais tarde, em 1922, veio o Cinema Moderno, e o Majestic foi perdendo a importância, até que na década de 40, já se apresentando como um cinema poeira, frequentado por gente de classe social inferior, foi destruído por um incêndio. Surgiu então o Diogo e posteriormente o São Luís, marcando o início do monopólio do grupo Severiano Ribeiro.

Fortaleza já foi chamada de "Cidade dos Clubes", dada a grande quantidade dessas agremiações que reuniam os membros das classes média e alta. O primeiro deles foi o Recreação Familiar Cearense, surgiu em 1851. Depois foi a vez do Cearense, fundado em 1867, em um Casarão da Rua Senador Pompeu.

Torou-se tão elitista que alguns de seus membros resolveram fundar outro, o Iracema, em 1884.

Nesses clubes se fazia de tudo: jogos, danças, flertes, concertos, peças teatrais, reuniões políticas, ou simplesmente encetavam-se relaxadas conversações. O Iracema tornou-se o clube mais frequentado de sua época, dividindo mais tarde com o Clube dos Diários, surgido em 1913, as preferências dos boêmios da cidade.

Nas festas de carnaval, o pessoal do Cearense se convertia no "antro" dos Dragões do Averno. Os do Iracema nos Conspiradores Infernais do Iracema. O desfile começava com uma parada dos camelos que haviam sido trazidos da Argélia, pelo governo Imperial, para resolver o problema dos transportes do sertão. Embora se adaptassem bem à região, desistiu-se da ideia e eles ficaram reduzidos a simples atração zoológica, para os habitantes da capital. Comparado com os dias de hoje, o Carnaval era uma brincadeira de jardim da infância. Consistia em promover "assaltos" nas casas de família, ocultas por máscaras e jogando-se água com tinta ou perfume uns nos outros. Depois surgiram as sociedades carnavalescas propriamente ditas: os Cavaleiros do Prazer, os Cavaleiros da Época, a Legião dos Únicos e aqueles que modificaram as festas mominas em Fortaleza, os Dragões e os Conspiradores.

Em 1885, estes dois grupos desfilaram suntuosamente, fazendo uso de carros alegóricos.

No presente século, os clubes se multiplicaram, fazendo a alegria das noitadas fortalezenses ou estimulando a prática das diversas modalidades esportivas: Ceará Country Club, Ideal Clube, Náutico Atlético Cearense, Maguari, Clube Líbano Brasileiro. Muitos ainda estão em pleno funcionamento sem, no entanto conseguirem manter "glamour" do passado.

O PASSEIO PÚBLICO

O antigo Largo da Pólvora, depois Praça dos Mártires e finalmente Passeio Público, foi o local escolhido para o sacrifício dos heróis da Confederação do Equador. Em 1867 e Chefe da Obra Públicas da Província, Dr. José Pompeu de Albuquerque, fez levantar as muralhas de sustentação do corte feito na rampa da praia, além de programar os embasamentos dos gradis circundantes. Na administração de Tito Rocha, em 1879, o Passeio foi transformado em um logradouro ajardinado, contando com um "Skating-rink" (patinação).

Era rodeado de gradis artisticamente trabalhados e apresentava duas alamedas a Padre Mororó, e a Carapinima. Mais tarde, em 1898, o prefeito Caio Prado acrescentou-lhe outra, que levava seu nome e apresentava melhor acabamento. Nas horas de passeio, os "footings", as pessoas da classe Alta passeavam pela Caio Prado, os da classe média pela Carapinima e na Pe. Mororó circulava a "raia miúda", sendo que esta diferenciação ocorria espontaneamente sem regras estabelecidas. Em 1932, perdeu as grades, sendo repostas outras mais simples, na década de 60, na gestão de José Walter Cavalcante.

Com o tempo foi deixando de ser a coqueluche da cidade e aos poucos foi sendo abandonado, ficando entregue aos desocupados e "profissionais do amor". Sofreu recentemente algumas reformas, que lhe restituíram um pouco da beleza anterior, sem, contudo, recuperar a imponência de antes. Permanecem lá a fonte, as estátuas gregas e o velho Baobá, vindo da África.

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A ARQUITETURA ANTIGA DO CEARÁ

Inexiste ou pelo menos não se apresenta digna de menção uma arquitetura colonial no Ceará. Tal fenômeno encontra uma explicação mais plausível na pobreza econômica da região, que não contou com nenhum produto de exportação ao estilo da cana de1açúcar ou do ouro, que geraram em áreas como Pernambuco, Bahia e Minas, uma arquitetura pujante. e até mesmo original. Nem a prosperidade passageira da indústria do charque encontrou o tempo necessário para consolidar nas concentrações urbanas geradas por ela, uma arquitetura desse nível. Dessa forma, foi no século XIX, já passado o ciclo barroco. que se constituiu a arquitetura antiga cearense.

"A arquitetura antiga do Ceará evidenciará um caráter popular, utilitário e ecológico mesmo as edificações de maior envergadura. Trata-se de uma arquitetura reduzida ao

essencial condicionada às poucas disponibilidades financeiras e erguidas com materiais

de construção local. Utilizando-se técnicas imprevistas.

Esse quadro de austeridade arquitetônica só encontrará alguma alteração com a hegemonia de Fortaleza sobre os demais centros regionais com a construção de prédios que farão uso de materiais importados que darão a Fortaleza aquela harmoniosa paisagem urbana, das mais belas do país, gradativamente destruída, a partir da década de 30.

AQUIRAZ

Sediou a primeira vila do Ceará (1699-1713), com o nome de Vila de São José de Ribamar do Siará Grande. Por motivo da insegurança a que estava exposta foi descartada como centro hegemônico da futura capitania. Hoje é uma cidade localizada na região metropolitana de Fortaleza, mantendo um conjunto arquitetônico típico do período colonial, apesar de muito mal conservado, além de não resgatar quase nada do núcleo setecentista.

Merece menção

A IGREJA DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR, que teve sua construção iniciada no século XVIII sofreu várias modificações, mantendo. no entanto, alguns elementos originais como as portas da entrada principal e os painéis pintados no forro da capela-mor.

AS RUÍNAS DO ANTIGO COLÉGIO DOS JESUÍTAS, construído na primeira metade do século XVIII, foi abandonado em 1759, devido à expulsão dos jesuítas do Brasil. Demolido em 1854, restando apenas as ruínas das paredes da capela-mor.

A CASA DE CÂMARA E CADEIA, hoje, Museu de São José de Ribamar. O primeiro de pavimento, que funcionou como cadeia, foi erguido no século no século XVIII; o segundo, que servia de câmara. Data de 1877. O Museu Sacro conta em seu acervo com imagens talhadas em madeira, castiçais, turíbulos e pratarias do século XVIII.

O MERCADO DA CARNE se constitui numa das mais interessantes obras da arquitetura popular, segundo o arquiteto cearense, Liberal de Castro. É dele a seguinte descrição: "Tem planta quadrada, constante do núcleo central, contornado por alpendres. O telhado é piramidal, com vértice apoiada numa coluna central de alvenaria de tijolos. Todo madeiramento é de carnaúba e o traçado das peças estruturais se desenvolve no espírito de pesquisa das linhas internas do quadrado. A impressão sensorial do espaço interior pede experiência pessoal, já que não pode ser transmitida por descrições verbais e nem mesmo por fotografias".

ARACATI

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Quando Pero Coelho dirigia-se ao Maranhão, para dar combate aos franceses instalados naquela capitania, deparou-se com índios hostis. "a foz do rio Jaguaribe.

Para pacificá-los, fez ali um fortim.

Que batizo de São Lourenço. Mais tarde surgiria a povoação de Santa Cruz do Aracati do Porto das Barcas.

Aracati se tomaria o principal ponto de penetração para os que pretendiam descer o Jaguaribe. Logo conheceria o progresso através da indústria do charque. Com a decadência desta a cidade conheceu seu ocaso. Só vindo a conhecer um certo renascimento com seu agitado carnaval e suas belas praias.

Seu conjunto arquitetônico do século XIX é o mais importante do Ceará, contando ainda com edificações do século anterior. Relacionaremos aqui algumas delas:

IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO ROSARIO, construída entre o século XVIII e a segunda metade do XIX. Está tombada pelo patrimônio histórico.

CASA DE CÂMARA E CADEIA, iniciada no século XVIII.

SOBRADO DE BARÃO DE ARACATI, onde está localizado o Museu Jaguaribano que conta com peças de arte popular e documentos históricos. Apresenta uma fachada revestida de azulejos portugueses.

A cidade apresenta vários conjuntos de sobrados, casas térreas e igrejas coloniais.

SOBRAL

Metrópole da zona norte do Estado, conheceu a prosperidade com o charque. Apresenta numeroso acervo arquitetônico em quatro fases diferenciadas de estilos que se configuraram ao longo do século XIX. Suas Igrejas apresentam-se bastante modificadas como de resto aconteceu em todo o Ceará. Seus espaços urbanos são bastante ricos testemunho da sua proeminência ancestral. Destacam-se do conjunto:

IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DA CAlÇARA. Apresenta belíssimo acervo decorativo com portada com um aro de pedraria lavrada em Iiós e lampadário de prata aceso permanentemente sobre o túmulo de D. José Tubinambá da Frota.

IGREJA DO MENINO DEUS que foi erguida no início do século passado. Salienta-se no forro, baixo relevo em talha poli cromada, representando a Sagrada Família em fuga para o Egito.

TEATRO MUNICIPAL SÃO JOÃO, construído no final do século XIX edifício de estilo neoclássico.

CASA DA CÂMARA, edifício de aspecto austero consoante com o objetivo para o qual foi construído. Sofreu várias reformas.

MUSEU DIOCESANO DOM JOSÉ, sobrado dos idos do século XIX. O museu guarda peças olecionadas por D. José Tupinambá da Frota, bispo de Sobral de 1916 a 1959.

ICÓ

Um dos mais antigos aglomerados urbanos do Ceará teve entre seus colonizadores os membros das famílias Monte e Feitosa, protagonistas de uma grande guerra incruenta, que assolou o sertão dos Inhamuns por muitos anos, no século XVIII.

A cidade está localizada num ponto de confluência de diferentes correntes do comércio, favorecendo seu crescime'1to, tomando-a uma das mais progressistas do interior do Ceará, no período colonial. Foi favorecida pelos ciclos da pecuária e do algodão. Por seu intermédio se faziam os negócios entre as capitanias de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia, Piauí e a zonas e centro do Ceará.

Ainda conserva seu aspecto arquitetônico colonial, destacando-se a Antiga Casa de Câmara e Cadeia, o Teatro da Ribeira dos Icós e outros prédios de estilo Barroco. Seu patrimônio também está a exigir uma política de conservação.

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A ARQUITETURA DE FORTALEZA

Não se pode caracterizar a arquitetura fortalezense como antiga por conta do fato de seus prédios serem, de um modo geral, de construção recente, datando a maioria deles, da passagem do séculopassado para o atual e dos primeiros anos destes. Podemos classificá-Ia em três aspectos básicos, segundo Liberal de Castro:

a) ARQUITETURA RELIGIOSA NEOCLÁSSICA E NEOGÓTICA.

"No concernente às Igrejas de fortaleza, são em quase sua totalidade, edificações de meados ou fins de século XIX, misturam, à planta de esquema basilical, influências dos movimentos historicistas do século passado, através de ecos amortecidos de um neoclassicismo ou de um neogoticismo sem pretensões.

Assinale-se entre elas, a do Pequeno Grande, inaugurada com o século, coberta de placas de ardósia - montadas em estrutura metálica procedentes da Bélgica, segundo um projeto de inspiração neogótica, em cujo telhado os materiais e o caimento íngreme se uniam num desenho para escorrer a neve". No mesmo estilo apresentava-se a antiga Sé, que foi demolida para dar lugar à nova.

b) ARQUITETURA METÁLICA IMPORTADA

Construções que faziam uso de estruturas metálicas importadas das nações européias, que no início do século exerciam sua hegemonia sobre o mercado intemacional. Modelos copiados, que não raro, já vinham preparados para montar. Destacam-se desse período, o Teatro José de Alencar, o prédio da Alfândega, o Mercado de Ferro que após ser desmontado desdobrou-se no Mercado da Aerolândia e o dos Pinhões; a Igreja do Pequeno Grande e o desaparecido Cine Majestic.

c) ECLETISMO ARQUITETÔNICO

Dos antigos sobrados que definiam as vias centrais do início do século restam muito poucos, destacando-se, ainda, em bom estado de conservação, o dos Fernandes Vieira, restaurado recentemente para dar lugar ao Arquivo Público do Estado. As demais edificações consideradas antigas, se enquadram nos esquemas do dito ecletismo arquitetônico, vigente na França do século XIX, sob Napoleão III. Rema 1descentes desse estilo são o prédio do antigo IFOCS (DNOCS), de 1907; o Palacete Ceará, (Caixa Econômica), na Praça do Ferreira, de 1914; o Teatro José de Alencar, de 1910; o Prédio da Fênix Caixeiral, criminosamente demolido na década de 70, que era construção de 1915, e estava localizada na Praça José de Alencar.

Destacavam-se, também, nesse período, as casas chácaras, inseridas em meio a amplos jardins, como o palacete do Coronel João Gentil, que deu lugar à Reitoria da Universidade Federal. Nesse estilo notabilizou-se também o Palacete do Plácido, demolido na década de 70, onde atualmente está localizado o Centro Artesanal Luiza Távora, na Avenida Santos Dumont. Registra-se também as influências do movimento "Art Nouveau", perceptível ainda um pequeno conjunto de casas situadas entre as ruas General Sampaio e 24 de Maio, modificadas em sua parte inferior para adaptação de lojas.

Vigoram também nesse período os preceitos do movimento tradicionalista, que na Europa se expressava no retorno aos valores de épocas passadas, principalmente os da Idade Média e do período que marca o surgimento das nacionalidades. No caso brasileiro, o esforço centrou-se na recuperação do aceno arquitetônico do período colonial, embora não se possa falar de um estilo colonial. No Ceará, a obra do arquiteto Armando Oliveira se encaixou dentro dos parâmetros desse movimento, destacando-se o prédio do Grupo Escolar Visconde do Rio Branco e as grades do Parque da Liberdade (Cidade da Criança).

Finalizando esse período, às vésperas da revolução de 30, vamos ter o Excelsior Hotel e alguns palacetes localizados no fim das linhas dos bondes, principalmente na Jacarecanga.

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MUSEUS DO CEARÁ GURDAM A MEMÓRIA DO ESTADO

Uma terra é formada por pessoas, relacionamentos e costumes. Com o passar dos anos, como estabelecer uma ponte entre povos separados pela distância temporal? Guardando as recordações vivenciadas em outra época, os museus atuam resgatando aquilo que precisa ser contado.

Em meio aos costumes regionais, o Ceará salva as lembranças em seis museus estaduais. Museu Sacro São José de Ribamar, o único em Aquiraz, Museu do Ceará, Museu da Imagem e do Som do Ceará, Museu de Arte Contemporânea, Memorial da Cultura Cearense e Sobrado Dr José Lourenço, todos em Fortaleza, são os acervos cearenses abertos ao público.

O professor universitário de História e Ciências Políticas, Francisco Moreira, considera que os museus tem um papel fundamental na inserção social dos habitantes locais. “Faz com que as pessoas entendam a história local e, a partir daí, se reconheçam como atores sociais”, diz. Na prática, isso significa que as pessoas compreendem que também podem construir a história, a partir de ações pessoais.

Além disso, os museus atraem o mercado do turismo. “Ele guarda a memoria de um povo, guarda aspectos importantes das fundações, da cultura. Também existem museus específicos, com peças representativas sobre um período, refletindo e determinado aspectos culturais, construindo uma identidade”, explica.

O professor Moreira ainda afirma que a relação escola e museus deveria sempre acontecer. “Você leva o jovem ao museu e ajuda na questão da história, pois ele começa a entender, vai ter uma noção melhor, vai assimilar melhor. Dessa forma, ele gera uma visão mais adequada dos fatos históricos”, diz.

Museu Sacro São José de Ribamar

Museu Sacro São José de Ribamar. Foto: Divulgação

Inaugurado em 1967, o Museu Sacro São José de Ribamar (MSSJR) foi o primeiro museu sacro instalado no território cearense, no prédio da antiga Casa de Câmara e Cadeia, edificação erguida entre fins do século XVIII. O local, que agora é patrimônio histórico tombado, passou a abrigar um conjunto de objetos religiosos de vários municípios e paróquias cearenses.

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Ao todo são 1400 peças, entre santos, anjos, objetos das procissões religiosas, parâmetros litúrgicos, missais etc. muitas de notório valor artístico e cultural, que nos remetem ao barroco colonial cearense. A

última reforma aconteceu entre os anos de 2009 e 2010.

Museu do Ceará

Museu do Ceará. Foto: Divulgação

Considerado como a primeira instituição museológica oficial do estado, o Museu Histórico do Ceará foi criado em 1932, mas aberto oficialmente ao público em janeiro de 1933.

O Museu do Ceará possui um acervo com cerca de sete mil peças, resultado de compras e doações de particulares e instituições públicas. Entre moedas e medalhas, há quadros, móveis, peças arqueológicas, artefatos indígenas, bandeiras e armas. Há também peças de “arte popular” e uma coleção de cordéis publicados entre 1940 e 2000 (950 exemplares).

Alguns objetos se referem aos chamados “fatos históricos”, como a escravidão, o movimento abolicionista e movimentos literários, como a famosa “Padaria Espiritual”, que entrou para a História da Literatura Brasileira com especial destaque.

Museu da Imagem e do Som do Ceará

Museu da Imagem e do Som do Ceará. Foto: Divulgação

Inaugurado em 1980, o Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS-CE) é responsável, desde sua fundação, pela preservação, difusão e pesquisa da memória audiovisual do estado. A última reforma aconteceu em no dia 7 de agosto de 1996.

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O acervo do MIS-CE é estimado em 150 mil peças: entre discos de música brasileira e internacional (de 78, 45 e 33 e ½ rotações), CD’s, fitas de áudio, de rolo, cassete e micro-cassete, um acervo de imagem (fotografias cópia papel e digital) com imagens de Fortaleza Antiga, de outros municípios cearenses, de personalidades, festas e folguedos populares, artistas populares (cordelistas, artesãos, escultores, etc) cromos e negativos, filmes de diretores cearenses e registros de danças e festas da cultura popular tradicional (em diversos formatos como vídeos betacam, betamax,VHS e super VHS, DVD, H-8, películas de 16mm e 35mm, etc.), depoimentos de personalidades da história do Ceará, cordéis, partituras e muitos outros objetos que contam a história registrados em suportes audiovisuais.

Além do acervo disponibilizado ao usuário, o MIS possui biblioteca especializada (em fase de reorganização), sala de projeção multimídia e espaços expositivos.

Dragão do Mar

Centro Cultural Dragão do Mar. Foto: Jangadeiro Online

O Centro Dragão do Mar possui dois museus: Museu de Arte Contemporânea do Dragão do Mar (MAC) e Memorial da Cultura Cearense (MCC).

O MAC conta com mais de mil obras no acervo. As peças são de autoria de artistas plásticos brasileiros e estrangeiros. Também estão sob a guarda do MAC peças da Pinacoteca do Estado e do acervo do pintor Antônio Bandeira.

No MCC, há exposições de longa e duração e temporárias. Atualmente, as de longa duração são: Vaqueiros, que percorre o universo do vaqueiro a partir da ocupação do território cearense pela pecuária até a atualidade. Utiliza cenografia, imagens e objetos ligados ao cotidiano do vaqueiro; e Brinquedo – A Arte do Movimento, com brinquedos que pertenciam a Coleção Macao Goes.

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Sobrado Dr. José Lourenço

Sobrado Dr José Lourenço. Foto: Divulgação

Construído na segunda metade do século XIX, o Sobrado Dr José Lourenço foi moradia, consultório médico, oficina de marcenaria, repartição pública, bordel e, atualmente, é patrimônio tombado do Ceará. Foi restaurado em 2006 pelo Governo do Estado, com patrocínio da Oi, através da Lei Rouanet, e parceria da Oi Futuro. Dessa forma, foi inaugurado, em 31 de julho de 2007, um local com nova destinação: ser um espaço de convivência das artes visuais do Ceará.

MUSEU REGIONAL DOS INHAMUS

http://editoraassare.com.br/econordeste/materias/entrevista

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A Fundação Bernardo Feitosa foi oficialmente criada em 02 de fevereiro de 1992, pelo Engenheiro

Agrônomo Joaquim de Castro Feitosa e sua esposa Maria Dolores de Andrade Feitosa, com o

intuito de manter o Museu Regional dos Inhamuns. De acordo com o Estatuto, a Fundação tem

por finalidade: agrupar os interessados no desenvolvimento cultural e ecológico do Estado, com

ênfase na Região dos Inhamuns, propugnando pela preservação, guarda e conservação de seus bens

culturais.

É uma instituição permanente sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento. É

aberta a comunidade local e ao público em geral, localizada na Praça Duque de Caxias, S/N, no Centro da

cidade de Tauá – Ceará.

Já desenvolveu entre outras as seguintes atividades:

Workshops sobre Turismo Científico; Festival Nordestino de Violeiros; Encontro Nordestino de Museus;

Curso de Agentes Patrimoniais na área de Geologia, Arqueologia, Paleontologia e Patrimônio Cultural;

Curso de História Oral; Mapeamento Cultural e Ambiental do Município de Tauá; Saraus Lítero-Musicais;

Cursos de Museologia; Exposições Permanentes e Temporárias; Capacitações de Multiplicadores em

Educação Ambiental; mantém e disponibiliza o acervo da Biblioteca Joaquim de Castro Feitosa para

pesquisas, além do Setor de Informações Ambientais – Sala Verde J. C. Feitosa; Exposições em Feiras e

Eventos Estaduais, Municipais e em outros eventos apropriados; Visitas guiadas e Aulas presenciais nas

instalações do Museu.

Referidas atividades atendem ao público em geral para fins de estudo, pesquisa, comunicação, fruição,

desenvolvimento artístico-cultural de crianças, jovens e adultos.

A instituição foi citada em vários documentários na TV e reportagens sobre achados arqueológicos e

paleontológicos na Região dos Inhamuns, sobre o acervo do Museu Regional dos Inhamuns, o qual a

Fundação Bernardo Feitosa é guardiã e mantenedora e detém a posse e uso da antiga Casa de Câmara e

Cadeia inaugurada em 1903, a qual abriga o referido Museu, a Biblioteca Joaquim de Castro Feitosa com

10.500 exemplares, o Setor de Informações Ambientais – Sala Verde, o Memorial Joaquim de Castro

Feitosa, e Praça de Eventos.

O Museu coloca a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento evidências materiais do homem e seu

meio ambiente. Seu acervo é composto de peças de várias procedências com destaque para a

paleontologia e arqueologia, colonização, aristocracia rural da Região dos Inhamuns.

MUSEU DA CACHAÇA

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O mais completo museu da cachaça no mundo, localizado na primeira unidade fabril da Ypióca, em

Maranguape-CE.

Construído no século XIX, o casarão que hoje abriga o Museu da Cachaça, em Maranguape - Região

Metropolitana de Fortaleza reúne a história da aguardente no Brasil em cada detalhe conservado ou nos

recursos audiovisuais. No acervo, são encontrados mapas, documentos, fotos, filmes, máquinas, garrafas,

equipamentos agrícolas, tonéis de bálsamo, dentre outros.

Em meio à paisagem serrana, o Museu guarda curiosidades, como o maior tonel de madeira do mundo,

com capacidade para 374 mil litros (registrado no Guinness Book) e dois personagens em tamanho natural

de resina, encenando o trabalho realizado na moenda, sendo uma homenagem à participação dos escravos

na saga da cana-de-açúcar.

A cozinha do casarão guarda utensílios originais, como o fogão a lenha com fumaça. Já um canavial,

localizado no centro do Museu e com iluminação natural, faz a ligação entre a história contada em

documentos, maquetes e cenários com personagens animados e a produção artesanal da cachaça do

século passado.

O estabelecimento ainda conta com uma série de opções de lazer ao ar livre: passeios de charrete (da

década de 30), jardineira e pedalinhos no lago cercado de verde, próximo ao casarão.

O MUSEU SENZALA NEGRO LIBERTO

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Está localizado no município de Redenção, a 50 km de Fortaleza, capital do estado Ceará. Engenho

Livramentos Situado às margens da CE-060, entre os municípios de Redenção e Acarape. O Sítio Livramento

abriga o referido museu, canavial, bem como ainda a unidade de produção da aguardente Douradinha. Este

sítio foi construído em 1873 pela família Muniz Rodrigues, que ainda é a proprietária deste e idealizadora

do museu. O marco histórico deste engenho é a concessão, em 25 de março de 1883, de alforria a todos os

negros cativos, cinco anos antes da decretação da Lei Áurea pela Princesa Isabel. O museu, criado em 2003,

é composto por casa grande, senzala, canavial, a moageira e uma lojinha (Mercado da Sinhá). Este conjunto

arquitetônico colonial é original e encontra-se em boas condições de conservação.

A casa grande ou casa do feitor possui uma característica especial que a diferencia de outras no Brasil. A

casa grande e a senzala encontram-se sob o mesmo teto, sendo que a senzala localiza-se no subsolo desta.

No Mercado da Sinhá é possível degustar da cachaça (produção própria), envelhecida em tonéis de

bálsamo por 30 anos. A visita pode estender-se ao canavial às margens do rio Acarape/Pacoti. Outra

atração turística é o Engenho Grande. Neste há uma máquina de moagem de cana-de-açúcar fabricado

na Escócia em 1927. Ele ainda funciona entre os meses de agosto a dezembro, produzindo entre 8 a 15 mil

litros de caldo de cana por dia para a produção de cachaça e é ainda ecológico, pois funciona a vapor e

utiliza o bagaço da cana-de-açúcar como combustível.

ESTAÇÃO JOÃO FELIPE

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fortaleza/fortaleza-3.php

Edificação de fins do século XIX (1872 – 1880), com características neoclássicas bem definidas. Construída em grande parte com mão-de-obra dos trabalhadores da seca que afetou o Ceará no período de 1877-1879. Foi aberta ao público aos 9 de julho 1880, no governo José Júlio de Albuquerque Rego. Sua construção fez parte de um conjunto de medidas no sentido de incorporar esta região do nordeste brasileiro ao mercado capitalista mundial, visto que as estradas de ferro em toda América Latina

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simbolizam a penetração do capitalismo e são utilizadas como meio de escoamento da produção das regiões mais distantes para áreas litorâneas, sendo daí exportada.

Protegido pelo Tombo Estadual segundo a lei n° 9.109 de 30 de julho de 1968, através do decreto n° 16.237 de 30 de novembro de 1983.

CASA DE JOSÉ DE ALENCAR

Localizada no sítio do Alagadiço Novo, que pertenceu ao Senador Alencar, pai do escritor José de Alencar. Pertence à Universidade Federal do Ceará e foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico, em 1965.

No sítio encontra-se a casa onde nasceu o escritor, as ruínas da casa grande e do engenho, o primeiro a receber energia a vapor no Ceará. Segundo o arquiteto Liberal de Castro, a casa onde nasceu o escritor tem, além do seu valor histórico-sentimental. grande significado arquitetônico, pois demonstra o processo evolutivo do emprego da carnaúba, como material de cobrimento. O sítio abriga ainda um centro de estudos da UFC, com o museu Artur Ramos, cujo acervo é composto de material etnográfico.

Já existe um projeto de restauração em andamento, que irá fazer o aproveitamento dos 7.5 ha do sítio, em sua totalidade. Além das partes já existentes, serão acrescentados ciclovias, restaurante é reativado lago, com adaptação de áreas verdes para a prática de "cooper".

A casa foi construída pelo padre José Martiniano de Alencar para abrigar sua prima e amante Ana Josefina de Alencar, juntamente com seus oito filhos.

PALACETE CEARÁ

Prédio construído em 1914 pelo Coronel José Gentil Canalha abrigou, no seu andar térreo, o "Rotisserie Sportman" e nos altos. O Clube Iracema. Foi por muito tempo um dos pontos mais refinados da cidade.

Em 1955. O prédio foi adquirido pela Caixa Econômica Federal que aí instalou uma de suas agências.

Em 1982, um incêndio deixou apenas sua fachada de pé. Feito os levantamentos, juntamente com o Patrimônio Histórico. Optou-se por sua restauração.

PALÁCIO DA LUZ, PRAÇA GENERAL TIBÚRCIO, ARQUIVO PÚBLICO

Antiga residência do capitão-mor Antônio de Castro Viana, tendo funcionado aí a Câmara Municipal. Foi sede do governo do Estado até a década de 60 do corrente século. Abrigou também a Secretaria Estadual de Cultura e Biblioteca Pública, além da Casa de Cultura Raimundo Cela. Atualmente sedia a Academia Cearense de Letras.

Ao lado do Palácio se encontra a Praça General Tibúrcio, mais conhecida como Praça dos Leões. Era o pátio do Palácio e servia de depósito de animais e lixo. Idelfonso Albano embelezou-a, dando-lhe a dignidade que até hoje apresenta. Antes disso, durante os choques que levaram à queda do Presidente Clarindo de Queiróz, em 1892, a estátua do General Tibúrcio foi atingida por um tiro de canhão que a derrubou do pedestal.

O Arquivo Público do Estado, que abriga os documentos mais antigos do Estado, está instalado no casarão que pertenceu ao deputado Miguel Fernandes Vieira (1819-1879). O prédio foi adquirido pelo governo Imperial em 1883 para a Tesouraria da Fazenda. Sediou outras instituições públicas, entre as quais a Delegacia da Receita Federal. Cedido ao governo do Estado, foi adaptado para sediar o arquivo; sua inauguração se deu a 15 de junho de 1993.

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Na extremidade sul da Praça dos Leões está a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Fundada em 17 teve sua primeira festa em homenagem à Santa, em 27 de dezembro de 1747. O templo tinha paredes de taipa e teto de palha, sendo utilizado pelos negros para suas orações.

TEATRO JOSÉ DE ALENCAR

Foi construído entre os anos 1908 e 1910 no governo de Nogueira Accioly. É uma das mais notáveis asem arquitetura metálica, apresentando características ecléticas, onde são observados estilos neoclássico, moderno e "art nouveau", com aspectos da arte greco-romana. Suas estruturas foram compradas da Escócia, sendo seu corpo feito todo em ferro, aço e ferro fundido, com três pavimentos, do térreo, onde ficam a plateia, as frisas, camarotes e torrinhas, contendo ainda cadeiras austríacas de palhinha, balcão e elegante escadaria. A elaboração de sua planta esteve a cargo do engenheiro militar, capitão Bernardo José de Meio. A cenografia esteve a cargo de Herculano Ramos, os trabalhos de pintura foram realizados por Ramos Cotoco, Antônio Rodrigues, José Vicente, Jacinto Matos, José de Paula Barros e Rodolfo Amoedo.

Com fachada em estilo Coríntio, de acordo com os preceitos dos teatros-jardins, sendo que o jardim só Foi construído na reforma de 1974/75, de acordo com projeto do paisagista Burle Marx. O mesmo participou da reformulação do jardim na reforma de 1989/91. Inaugurado em 17 de junho de 1910, teve sua primeira encenação em 23 de setembro daquele ano todo formado de bloco frontal ou “foyer”, em estilo eclético, sala de espetáculos, na linha art nouveau, jardim; caixa do palco e terreno onde funcionou a Faculdade de Odontologia, que as para ensaio de dança, teatro, música, sala para figurino, oficinas, palco ao ar livre, sala de espetáculos com 100 lugares, restaurante, copa, salas da administração, galeria de arte e biblioteca.

A sala de espetáculos comporta 764 lugares. O interior do Teatro está decorado com pinturas em alto referem-se à mitologia grega e à obra de José de Alencar.

O teatro foi tombado em 10 de agosto de1964, como Monumento Nacional, pela Sociedade do Patrimônio Histórico e Artístico.

A CATEDRAL DA SÉ

O templo que deu origem a primeira Catedral de Fortaleza foi construído entre os anos 1820 e 1854.

Recebeu o nome de Sé e só foi receber os foros de Catedral em 1861, com a criação do bispado de Fortaleza, sendo o primeiro bispo, D. Manuel da Silva Gomes. Apresentava aspecto neoclássico e foi demolida no final da década de 30 para dar lugar à nova catedral. Sua demolição foi amplamente criticada, porém, nada foi feito para impedir o fim da velha catedral, que estava no seu 84º aniversário.

A nova catedral teve sua pedra fundamental lançada em 15 de agosto de 1939, mas só foi concluída em 1978, tendo sido inaugurada em 22 de dezembro daquele ano, no bispado de D. Aluísio Lorscheider.

Sua construção teve hiatos e reanimações, sendo famosa a campanha da papeleta amarela, que visava angariar fundos para a conclusão do templo.

O projeto é de autoria do engenheiro francês Georges Mounier, que o elaborou segundo o estilo "gótico estilizado" ou neogótico. A construção tem forma de cruz, com 96m de comprimento e 28 de largura, sendo que na parte dos braços, a largura se amplia para 60m. O pé direito é 32m (altura do chão ao teto).

O altar tem 5m por 1m, o piso é granito, e possui mármores de Verona nos lambris. Seu interior está decorado com vitrais vindos da Itália, que contam passagens da Bíblia e vida dos Santos. Acima da porta principal, está o vitral com as armas da Catedral. A entrada ou saída do templo é feita por três portas frontais e quatro laterais, sendo a circulação no seu interior facilitada pela disposição dos bancos nas partes

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centrais. Ocupa um terreno de 3.000m2 com área coberta de 1.820m2, sendo 1.726m2 de área útil. Está localizada no centro da célula originária do município.

CENTRO DE TURISMO

Localizado no casarão onde funcionou a antiga Casa de Detenção. Foi projetado e construído a partir de 1950, pelo engenheiro Manoel Caetano de Gouveia, sendo concluído, em parte, no ano de 1954 e definitivamente em 1866.

Sua originalidade encontra-se na adaptação de suas linhas neoclássicas à ecologia da terra e aos nossos materiais, trata-se de uma construção que foge aos parâmetros comuns, ao neoclassicismo, dispensando os adornos característicos daquele estilo.

Em torno do prédio central foi erguida uma muralha de 5 metros de altura, que estava separada do prédio por quatro pátios, posteriormente transformados num imenso jardim, projetado pelo escultor e paisagista Ricardo Vilela. No lado norte do jardim foi construído um lago artificial, do lado oeste, está o estacionamento e um palco de concreto para apresentações folclóricas. Cinco portões externos dão acesso ao jardim, sendo dois deles em ferro trabalhado.

O prédio central tem dois pavimentos, que ainda conservam as linhas arquitetônicas originais, caracterizada por paredes largas em alvenaria, amplos portões de ferro, grades e telhado em quatro águas.

O centro conta com 94 boxes de venda de artesanato, em três blocos e uma galeria na rua Dr. João Moreira.

Conta também com restaurante e no pavimento superior do prédio central, o Museu de Arte e Cultura Popular, que conta com peças classificadas em três áreas: artes recreativas, utilitárias e religiosas. O centro de Turismo foi aberto ao público em 30 de março de 1973.

MERCADO CENTRAL

A Câmara municipal autorizou a construção, em madeira, do mercado em 1809, a princípio funcionaria

para o comércio de carne, fruta e verdura. Em 1814 estas instalações precárias foram demolidas e, em

seu lugar ergueu-se um novo prédio que foi denominado de cozinha do povo.

A reforma mais significativa do mercado não foi de ordem física: em 1931, o comércio de carne, fruta e

verdura foram proibidos dentro do prédio, assim sendo, os lojistas do mercado tiveram que mudar de

ramo dando lugar aos boxes de artesanato.

Além da proibição para a venda de carnes, frutas e verduras, esta medida também foi forçada devido à

boa frequência do local, tendo em vista seu posicionamento físico, e o avanço na introdução de produtos

dos mais variados tipos, tanto para o uso doméstico, como artigos para vestimentas, cama e mesa,

derivados do caju, bebidas, doces etc.

Com o passar do tempo várias reformas foram realizadas, quando em 1975, o mercado foi reinaugurado

ocupando um espaço de 1.200 metros quadrados. Desta forma um grande centro para comercialização

destes produtos foi iniciado, o local foi se transformando em um grande labirinto formado por pequenos

boxes, com corredores estreitos e, cada dia mais, aumentava seu fluxo de compradores e vendedores.

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O tempo foi modificando a clientela, passando a ser formada cada vez mais por visitantes, tanto do

estado como das mais variadas cidades do Brasil e do mundo.

No início dos anos 90 os boxes estavam em constantes ameaças de incêndio, devido à A precariedade de

suas instalações elétricas. Aliando este fato ao crescimento de Fortaleza e ao seu potencial turístico, e,

por consequência, de seu público frequentador, um novo mercado foi idealizado, em modernas

instalações, muito mais amplo e com muito mais boxes, aumentando as oportunidades de trabalho para

comerciantes e artesões, da cidade e do interior.

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fortaleza/fortaleza-3.php

No dia 19 de janeiro de 1998 iniciou suas operações na Av. Alberto Nepomuceno, 199, bem ao lado da

Catedral Metropolitana de Fortaleza, a igreja da Sé e, em frente ao comando da 10ª Região Militar.

O Novo Mercado Central iniciou suas operações abrigando 559 boxes, 18 banheiros, distribuídos em 5

(cinco) pavimentos, sendo um deles destinado a estacionamento.

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Os visitantes podem encontrar no Mercado Central: artigos em couro (sandálias, sapatos, chapéus, bolsas

e malas), rendas e bordados em roupas e em peças de cama, mesa e banho, rendas de bilro, camisetas,

lembrancinhas como mini jangadas, bijuterias, joias em ouro e artigos para decoração.

Os produtos regionais que encantam o paladar dos turistas como cachaças, licores, castanha e doce de

caju, também estão à venda mercado. Restaurantes oferecem comidas típicas nordestinas. Escadas,

rampas e o elevador facilitam o acesso do público aos andares superiores.

Mercado Central de Fortaleza é o maior mercado do nordeste e nosso site é mais uma forma de celebrar

e manter sempre viva a rica história do Mercado Central que acompanhou e ainda acompanha a história

de Fortaleza. Visite-nos e torne-se você também um personagem dessa história.

PONTE METÁLICA E A PONTE DOS INGLESES

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fortaleza/fortaleza-3.php

A antiga Ponte Metálica foi construída entre os anos de 1902 e 1906, sendo projetada pelo engenheiro Domingos Sérgio de Saboia e Silva. Foram responsáveis por sua montagem o Engenheiro Hildebrando Pompeu e o escocês Robert Gow Blasby.

Era um viaduto com estrutura de ferro e piso de madeira. Para a subida e descida de passageiros fazia-se uso de uma ponte móvel, o que a tornava muito insegura. Funcionou por muitos anos, sendo, inclusive, reformada em 1928.

A ponte, que é popularmente chamada de metálica, é, na verdade, a Ponte dos Ingleses, que nunca foi concluída. Tinha o objetivo de fazer a ligação de um cais-ilha com a terra firme.

Preferida pelos adoradores do sol que ao final da tarde vêm assistir ao ocaso do astro-rei, encontrava-se em adiantado estado de degradação. O governo do estado restaurou o concorrido "point", dentro de um projeto que prevê a criação de um centro cultural na Praia de Iracema. A nova Ponte é constituída de 3 etapas: a primeira tem iluminação mais forte. Na intermediária estão os quiosques em fibra de vidro, bares e restaurante. A terceira, mais distante, está reservada à contemplação, com pouca luz.

O Centro Cultural será administrado pela Fundação Dragão do Mar um Museu da Imagem e do Som, cinemas, teatros, um aquário e um planetário, além do Centro de Artes Visuais Raimundo Cela.

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NOVO RESTAURANTE ESTORIL

Não do restaurante, mas da casa do empresário José de Magalhães Porto, construída em 1925, se originou o bairro Praia de Iracema. Antes o local era chamado de Porto das Jangadas e depois Praia do Peixe, sendo, em 1928, batizada com o romântico nome, que mantém até hoje.

A casa foi construída em alicerce de madeira de maçaranduba, revestida de argamassa de cal e barro sobre estrutura de taipa. Foi feita assim, para resistir à invasão das águas que constantemente inundavam a praia; pois com a taipa, ela atravessava a parede sem derrubar toda a casa. Era de 2 andares, sendo que o

terraço, no primeiro andar, em 1939 foi reforçado com o cimento armado.

Com a 2ª Guerra, o empresário arrendou a Vila Morena para os americanos instalarem um cassino, onde promoviam estrondosas festas, frequentadas pelas garotas da sociedade. Eram as "garotas Coca-Cola", famosas por seu comportamento liberal, que chocava a moralidade da província.

Com a saída dos americanos, o prédio foi alugado para os comerciantes portugueses, José Freitas de Almeida e Antônio Português que o transformaram no restaurante Estoril, eleito pela alta roda. Desde a década de 60, funcionava como ponto de encontro de artistas e intelectuais, que foram pouco a pouco se afastando, devido, principalmente, ao surgimento de outros bares que concorriam com o velho restaurante.

A obra de urbanização da Praia de Iracema, paradoxalmente serviu para esvaziar mais ainda o Estoril, até que na noite de 20 de abril de 1994, desabou parcialmente. Tombado desde 1986 pelo Patrimônio Histórico, no entanto, nada se fez para preservá-lo. Seu desabamento detonou uma grande polêmica sobre a política de preservação do patrimônio histórico da cidade.

O projeto de recuperação do Estoril, que visa transformá-lo em um novo Centro Cultural já está em andamento.

SEMINÁRIO DA PRAINHA

A 20 de junho de 1861, o Bispo D. Luiz Antônio dos Santos lançou a pedra fundamental do Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição. O objetivo era construir uma instituição destinada a escolher jovens para o estudo convencional. O prédio funcionou também como sede do Colégio da Imaculada Conceição. Em 1864 tornou-se o Seminário do Outeiro da Prainha.

O Seminário foi o responsável pela formação de algumas das melhores cabeças do Ceará. Funciona hoje, no prédio, o Instituto de Ciências, Religiosas e o Instituto Teológico Pastoral. Atualmente, ele passa por reformas em suas instalações.

No projeto está previsto a criação de um Museu Sacro, podendo se constituir num dos mais importantes do Nordeste. O Seminário conta também com uma biblioteca de dez mil exemplares, uma das maiores no campo religioso.

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FAROL DO MUCURIPE

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fortaleza/fortaleza-3.php

Em 1846 foi instalado um precário farol na Ponta do Mucuripe. Em 29 de julho de 1872, em comemoração ao aniversário da Princesa Isabel, foi ali inaugurado outro. Sua luz era vista as quatro léguas, de minuto em minuto.

Desativado, o velho farol foi utilizado para abrigar o Museu do Jangadeiro. No momento está sendo restaurado e será transformado no Museu de Fortaleza.

ALFÂNDEGA

Alguns historiadores afirmam que a Alfândega foi instalada em 12 de julho de 1812, ou um pouco depois, pelo Governador Sampaio. Entretanto, o prédio de pedras só foi inaugurado em 30 de outubro de 1893.

Com a instalação da Alfândega, foram levados até a parte da frente os trilhos dos bondes puxados a burro, e do outro lado, os ramais da linha de ferro.

À sua frente, nasceu uma rua chamada "Caminho da Praia", em 1932 passou a ser chamada de "Rua da Praia", hoje, chamada Av. Pessoa Anta. Sua ferragem foi importada da Inglaterra.

A primeira construção estava instalada no centro da atual Praça Almirante Saldanha. A edificação de pedra foi reformada em 1941 e 1945, quando foi construído o andar superior, sediando a Receita Federal.

Com a mudança para outra sede, passou a abrigar uma agência da Caixa Econômica Federal.

PRESERVAR PARA NÃO ESQUECER

Desde o final do século XX e início do deste século XXI vem crescendo no Ceará a discussão em torno da preservação do patrimônio histórico do Estado. Em Fortaleza, ocorreram alguns eventos como o seminário "Fortaleza, Vários Olhares" e o "Fórum Adolfo Herbster", que puseram em discussão os problemas da cidade nesse fim de milênio.

Uma das questões mais discutidas é relativa a deterioração do patrimônio histórico da cidade. É triste constatar o quanto esse acervo foi destruído ao longo dos últimos anos, restando pouco para se preservar.

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Entretanto, nem tudo está perdido, e o que ficou claro, foi a necessidade de se preservar o que ainda resta. Algumas propostas interessantes foram feitas, como a que prevê a revitalização do centro da cidade, com o desvelamento das fachadas antigas dos prédios e a recuperação dos antigos nomes das ruas e logradouros públicos.

É importante que esses esforços não se detenham por aqui, cabendo aos profissionais de turismo um papel muito importante nesse empreendimento, pois são profundas as relações entre essa atividade, que se mostra cada vez mais como a verdadeira vocação do estado, e a história.

HINO OFICIAL DO ESTADO DO CEARÁ

Poesia de Thomaz Lopes

Música de Alberto Nepomuceno

Terra do sol, do amor, terra da luz!

Soa o clarim que tua glória conta!

Terra, o teu nome a fama aos céus remonta.

Em clarão que seduz!

Nome que brilha esplêndido luzeiro

Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!

Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!

Chuvas de prata rolem das estrelas...

E despertando, deslumbrada, ao vê-las

Ressoa a voz dos ninhos...

Há de florar nas rosas e nos cravos

Rubros o sangue ardente dos escravos.

Seja teu verbo a voz do coração,

Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!

Ruja teu peito em luta contra a morte,

Acordando a amplidão.

Peito que deu alívio a quem sofria

E foi o sol iluminando o dia!

Tua jangada afoita enfune o pano!

Vento feliz conduza a vela ousada!

Que importa que no seu barco seja um nada

Na vastidão do oceano,

Se à proa vão heróis e marinheiros

E vão no peito corações guerreiros?

Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!

Porque esse chão que embebe a água dos rios

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Há de florar em meses, nos estios

E bosques, pelas águas!

Selvas e rios, serras e florestas

Brotem no solo em rumorosas festas!

Abra-se ao vento o teu pendão natal

Sobre as revoltas águas dos teus mares!

E desfraldado diga aos céus e aos mares

A vitória imortal!

Que foi de sangue, em guerras leais e francas,

E foi na paz da cor das hóstias brancas!

DE AREIAS AO VENTO AO DRAGÃO DO MAR: UM PERCURSO VISUAL DE RECONHECIMENTOS E

ESTRANHAMENTOS EM FORTALEZA

Texto publicado no jornal O Povo em 13/04/10 por ocasião das comemorações dos

283 anos da cidade de Fortaleza. Vancarder Brito Sousa

Nas comemorações do aniversário de Fortaleza, começo este texto falando um

pouco do que me move a escrever essas poucas linhas sobre os sentidos da visão em relação à

nossa “loura desposada do sol”. Ou seria melhor dizer, morena, qual Iracema de Alencar? Bem,

apesar da plena sintonia da questão das madeixas com o tema e a abordagem do olhar sobre o

que se vê e o que se esconde em Fortaleza, este debate fica pra outra oportunidade.

Mas qual minha condição de articulador de reflexão a tamanhas questões que me

foram sugeridas para participar desta homenagem? Antes de tudo esclareço as questões:

“Como traduzir Fortaleza em imagens?” “O que a cidade aparenta ser?” e “Qual a análise da

imagem do espaço urbano de Fortaleza?” Considero importante o leitor saber de onde falo e

qual percurso que seguirei para recompor a minha cidade natal enquanto mosaico de vivências

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pessoais e coletivas ao longo desses últimos 40 e poucos anos nos quais em parte, testemunho

seu vertiginoso crescimento e transmutar de formas e sentidos.

Neste momento escrevo de João Pessoa-PB, cidade onde moro e trabalho. Cidade

bem menor que Fortaleza em população, porém ainda com certo charme bucólico de

progresso com notas e ritmos mais humanizados, meio ambiente mais vigoroso e preservado e

uma gente mais tranquila no ir e vir, que aparentemente ainda não se importa em andar de

carro com os vidros abaixados, diferente de Fortaleza.

Esta pequena digressão sobre outra localidade não é sem motivo. Não há como

desvincular o olhar, do trabalho da memória e do esquecimento. Olhar é uma atitude, um

posicionamento. Não acredito haver um olhar neutro sobre nada. É seleção afetiva. Nesse

enlace entre memória e olhar percebo Fortaleza como aquela parte de mim que carrego

sempre, me atravessa e se faz lente través da qual leio mundo.

Neste exercício de lembrar para escrever, estabeleço como qualquer visitante que

chega a cidade um roteiro, e roteiros são feitos de tempo e espaço. Percorrer a cidade é um

exercício de ver, olhar, perder-se e encontrar-se em tudo que ela é capaz de dizer simultaneamente. E Fortaleza, quinta metrópole brasileira em população guarda

algumas imagens e sentidos particularmente intrigantes a quem se demora um pouco a pensar

seus signos.

Quando propus elaborar um roteiro pessoal-emotivo para remontar esse mosaico,

o fiz por entender que, me inspirando em Ítalo Calvino, uma cidade são sempre muitas e seus

diversos nomes falam intimamente, portanto de diferentes maneiras a cada um que a lê.

Como dizia, chegando a cidade é impossível escapar às imagens de seus cartões

postais, ou mais atual, das imagens digitais belíssimas que enchem as “áreas de trabalho” dos

computadores e os álbuns fotográficos virtuais na internet. É desta forma, que eu, o sempre

visitante de minha própria cidade, começo meu roteiro me deparando com os arranha-céus da

Beira-Mar. Curiosa e estranha composição de concreto e cimento formando uma muralha para

o Atlântico.

Uns os acham lindos, expressão de nosso progresso, outros apontam a ingerência

ambiental e a insensibilidade daqueles que permitiram que tal bloqueio dos ventos e do

horizonte se desse. Mas para qualquer um de nós fortalezenses que aceite o exercício de

estranhar um pouco o super conhecido para enxergá-lo de outra forma, pode-se compreender

parte do sentido do porquê de suas existências. É preciso ver Fortaleza como aquela criança

que durante a maior parte de sua existência foi muito tímida e reservada, pouco tinha pra

mostrar as suas congêneres mais velhas e desenvolvidas, daí seu deslumbre com o novo e

espetacular.

Se hoje nos espantamos e ou, nos admiramos com as torres que fecham os céus

em Meireles, Mucuripe, Aldeota, Papicu, é preciso lembrar que pouco mais de 60 anos atrás,

tudo era praticamente dunas, cajueiros, sítios e praias de pescadores ou desertas. Como

mudou, e mudou rápido em uma escala de tempo urbana. Mas não foi só isso que mudou

Fortaleza sempre ensaiou se abrir para mundo.

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Se em sua belle-époque se mostrava com ares parisienses, era porque de fato,

Paris estava logo ali, a algumas semanas de vapor pego ao largo do Viaduto Moreira da Rocha

(a Ponte Metálica) na Praia de Iracema. Para nosso passeio imagético pela cidade, a sua belle-

époque nos legou o Passeio Público, então ponto alto do lazer ostentatório de uma elite

oligárquica que crescia com a exportação de algodão na virada do século XIX para o século XX.

Do seu terraço mais alto distintas senhoras de sociedade passeavam de mãos

dadas com seus destacados consortes em passos quase rituais, devidamente ornados para o

evento social de se apresentar publicamente. O Passeio público carrega consigo esse traço

visual marcante da cidade que não deixará de sensibilizar o visitante mais atento e um pouco

mais curioso, sua rigorosa estratificação social. Na qual do Passeio o fortalezense de posses

mirava os navios ao largo, ansiando o progresso que viria por mar, enquanto nos patamares

situados mais abaixo os populares e serviçais talvez só desejassem subir para os níveis mais

altos.

Deste quadro do passado só a parte alta e melhor cuidada ficou. Porém distante,

quase como uma pintura, vazia no interior de suas cercas. Seria hoje um “não-lugar”? De certo

que não. A noite, seu entorno é marcado pela indefectível presença de garotas que se

esforçam pra tocar a vida vendendo prazer e companhia fugazes. Disso todos sabem, quase

todos os citadinos rejeitam e fingem esquecer... Os “contra-usos” sempre permitem a

emergência daqueles que o discurso da ordem tenta esconder.

O Passeio público foi concebido como uma elaborada aquarela, produto da não

tão distante belle-époque, legado de uma geração marcada por noções de civilidade baseadas

no higienismo social urbano e que hoje, ironicamente, esta mesma memória convive com as

surpreendentes novas usuárias.

Como anunciei antes, a cidade é mudança, sua imagem são formas e conteúdos

em transformação, apropriação por seus cidadãos, aceitação-negação, dialética subjetiva e

coletiva, enfim uma negociação de sentidos sempre aberta. A imagem urbana não é uma obra

fechada, está se fazendo. Porém, como em uma receita gastronômica de um banquete

antropofágico de imagens para nosso passante, reservemos o contexto imagético da

estratificação do passeio público, como a cereja-referência de um delicioso sundae: esta diz

muito sobre quase tudo que talvez componha a essência do que existe de mais significativo

nessa cidade apartada.

Continuemos o roteiro. Quem passa de Grande Circular apressado para pegar

cedo o batente, talvez pouco possa intuir sobre esses e outros conteúdos, o tempo é pouco,

em suas mentes pulsa um relógio e a cidade se acelera. O passado é o presente, e o tempo da

contemplação é um item raro e mais do que tempo é preciso inspiração. Mas o que pode

inspirar a parafernália de outdoors e toda a poluição visual comercial que gerações de gestores

se recusam a atacar de forma decisiva?

Como dito por Kandinsky, “ver é estar doente dos olhos”. Contemplar uma cidade

e se dedicar às bricolagens de seus quebra cabeças é um exercício exasperante, os olhos

adoecem na tensão entre o belo e feio, frente às injustiças, frente ao abandono e indiferença.

Adoecem quando não conseguem respostas efetivas para perguntas como: mas quem tem o

poder de dizer o que é belo na cidade? Ainda nessa linha, seriam belos nossos arranha-céus? E

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o nosso céu frequentemente azul sem nuvens, quem repara nele? Quem consegue reparar

nele? Talvez apenas os visitantes de outras latitudes, que chegam em cada vez maior

quantidade, oxalá, com olhares mais abertos e sensíveis.

Fortaleza parece se esforçar muito em se descolar de uma imagem ligada às

belezas naturais e de seu passado. Repito, pois fundamental, não distante passado de vila

assentada sobre um areal escaldante açoitada por fortes ventos vindo do mar. Fora dos

roteiros comerciais até o ciclo do algodão, de navegação litorânea difícil, literalmente um ermo

que assustava e ao mesmo tempo intrigava os cronistas viajantes: _ “Como poderia se viver

assim tão longe de tudo? Que povo é esse tão afeito ao sono em redes depois do almoço? É o

mormaço, difícil escapar a ele”. Lembrar Fortaleza é sentir calor, com sorte, amainado por uma

brisa que escapa ao paliteiro de prédios de sua porção rica e próspera.

Nesta cidade que se acelera, e pouco se atém a olhar pra trás, as imagens do

passado estão quase sempre escondidas ou fora dos roteiros visuais e das atenções mais

elitizadas dos formadores de opinião, da classe média e de sua burguesia branca fortemente

inspirada em novos ares, agora vindos não mais de Paris, mas de Miami ou de São Paulo.

Alguns estudiosos arriscam dizer que parte desse sentimento se dá por não termos

vivido um vibrante passado colonial como Olinda, Recife ou a mais próxima João Pessoa. De

fato, em termos arquitetônicos, desta época localizamos com mais facilidade a Fortaleza de

Nossa Assunção (a 10ª região Militar), e já com um pouco mais de dificuldade, pois bem

escondida atrás da Praça General Tibúrcio (a Praça dos Leões), a Igreja de Nossa Senhora do

Rosário (1730) e o palácio da Luz (final do século XVIII), pouca coisa além...

À luz desta memória urbana relativamente recente parece que Fortaleza se

esforça pra esquecer seu humilde passado. Fortaleza é uma cidade sem memória? Com que

facilidade colocou-se abaixo quase todo o casario do final do final do século XIX e das primeiras

décadas do século passado! A “destruição criativa” se acelera, as imagens do novo se

sobrepõem sempre mais rapidamente, dificultando a elaboração de sínteses pelo observador.

Além de tudo, já são as casas de classe média e mansões dos anos 1970 que desaparecem para

ceder lugar a novos e “indevassáveis” arranha-céus. “É a violência!” Todos respondem

unânimes para justificar as mudanças, e nosso quadro ganha contornos definidos por muros

instransponíveis, cercas eletrificadas, câmeras remotas e sensores de movimento.

Os cartões postais e panfletos turísticos atraem o olhar, as imagens seduzem, já o

concreto assusta, o cotidiano anda tenso, conflitivo, “há perigo nas ruas”! A sensação de medo

grassa.

Hoje a imagem de Fortaleza se compõe de um jogo de mostrar e esconder. Ela não

mostra mais o interior dos condomínios, onde “fechados” ganhou um sentido literal. Das casas

remanescentes, pelo menos de quem pode pagar, só se vê os telhados. No espaço público os

mais ricos ou os remediados apenas se “encontram” enquanto condutores de veículos, por

trás de cada vez mais escuras películas de proteção. A nova leitura de espaço público para os

que ditam os rumos desta jovem cidade são shoppings e praias cada vez mais distantes e

exclusivas.

Assim os carros de nossa “aldeia-aldeota” exigem cada vez mais duplicações de

ruas e avenidas, novos e absurdos viadutos, vias expressas que matam mecanicamente quem

Page 55: TecnicoGuiaTurismo_HistoriaCeara

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não porta a proteção de aço e se interpõem desavisadamente frente às máquinas. Fortaleza

impressiona pela sua voracidade por mais asfalto e mais soluções de trânsito para os carros,

mas o fato de desumanização de seu trafego não parece ser importante para o motorista no

panorama confuso e lento dos engarrafamentos, o que importa é chegar. Fortaleza é uma

meta, um compromisso agendado, uma venda, um cliente, a faculdade, enfim, tudo está à

venda. É um grande negócio imobiliário, disputa mercado contra outras cidades, e a luta é

encarniçada, e o filão, é a nova demanda nacional e internacional de lazer e entretenimento –

o sucesso de sua imagem refletida nas vitrines do image-making.

Fortaleza mal teve tempo pra deixar de ser apenas a capital de um estado

eminentemente agrário e marcado pelas secas para se tornar industrial com os incentivos

oriundos da criação da SUDENE (1958), BNB (1952). Este processo se deu pelos idos dos anos

1960 e 1970 com a consolidação de seu distrito industrial em Maracanaú na região

metropolitana, concomitantemente à construção dos grandes conjuntos habitacionais como o

Conjunto Ceará e o Prefeito José Walter, entre outros.

Nestes conjuntos habitacionais, convenientemente afastados do centro, sujeitos

ao urbanismo elitista da época, via-se os mais pobres longe do centro da cidade e de seus

lugares de trabalho para os quais tiveram que se acostumar às intermináveis horas de apertos

em escassos coletivos.

Este período, “industrial”, melhor qualificado pelas aspas, pois muito mais pela

pretensão de alcançá-lo do que pelo fato ocorrido, além do imaginário de apartação entre a

“cidade dos ricos” e a “cidade dos pobres” gerou também toda uma arquitetura pública

monumental que encheu os olhos mais deslumbrados dos anos 1960, 1970 e início dos 1980.

Desta forma, se revela em nosso roteiro imagético os símbolos de uma burocracia

estatal e tecnocrática, mas que representava a este tempo a nova versão do progresso.

Imagens ícones de outra época de deslumbre com as novidades têm-se o Palácio da Abolição,

o prédio da Receita Federal, a sede INCRA, o DNOCS, a EMBRATEL, SERPRO, a rodoviária

Engenheiro João Tomé, a sede da extinta TV Ceará Canal 2 e sua antena, qual “uma pequena

torre Eiffel”.

E como o setor de serviços e comércio se consolidava na aldeota, surgia em

meados da década de 1970 o seu primeiro shopping center, o incrivelmente grande para os

olhares ainda um tanto provincianos e desacostumados com as novas escalas, o Center Um, o

do elefantinho... Não havia dúvidas, pra onde quer que se virasse Fortaleza se modernizava,

alavancada talvez menos pelo investimento industrial e mais pelo capital imobiliário e por um

funcionalismo público em expansão via “milagre econômico”.

A cidade “que se vê” e que “se quer mostrar” expande-se cada vez mais ao sul,

novos e grande bairros de classe média surgem de antigas fazendas e vazios. Cidade dos

Funcionários, Papicu, Cidade 2000, Água Fria (atual Edson Queiroz) a reboque da primeira

universidade privada da cidade – que também era ponto turístico junto com o Centro de

Convenções. A Praia do Futuro e suas imensas dunas intocadas se mostrava como a grande

aposta imobiliária. Tornar-se-ia algo como uma nova Barra da Tijuca?

O presente mostrou que não, pelo menos o futuro foi adiado, ninguém contava à

época com a “segunda maior maresia do mundo” e tudo ficou na promessa. Pessoalmente, e

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por ter morado lá por mais de quinze anos em uma época de cajueiros e pés de murici

abundantes, me dói o desaparecimento das dunas, seja pela construção de ricas mansões, ou

pelo reverso da moeda, pelas precárias favelas.

As periferias incharam e novas e antigas favelas passaram a abrigar cada vez mais

migrantes em busca da sorte.

Fortaleza enquanto coletividade não se ateve à noção de sustentabilidade social e

ambiental, pouco se preserva. Hoje quase não é mais possível ver o mar das Av. Dioguinho e

Zezé Diogo na Praia do Futuro, impedido pelas cada vez maiores estruturas das barracas que

na prática privatizam o espaço público e se sustentam sobre o discurso da demanda turística e

da oferta de empregos.

O Parque do Cocó também sofre com avanços sucessivos sobre sua antiga área.

Em breve as melhores e últimas imagens naturais que a cidade tem só serão vistas depois do

20º andar das torres residenciais e comerciais mais caras.

A cidade pagou um preço por seu crescimento desmesurado e em tempo tão

exíguo. Nossa imagem urbana é inseparável da imagem de favelas, só muito recentemente

novas políticas começam a reparar aspectos da séria injustiça fundiária e do déficit de moradia

populares destas décadas em que apenas muito poucos tiveram acesso às benesses da

riqueza. O novo e polêmico Plano Diretor parece um fato indiscutível, o progresso tem que ser

pra todos ou não será pra ninguém, nossa nova imagem deverá ser de uma cidade de mais

tolerância e generosidade.

Vivemos um tempo de novas e marcantes imagens representativas da urbanidade

na terra de Iracema. O industrialismo como ideologia produtiva e urbana ficou para trás.

Fortaleza se reconheceu em uma tradição de cidade de serviços e comércio. A beleza de seu

litoral, o sol e sua acolhida são suas principais moedas de troca. Se poucas belezas naturais

ainda há por aqui, estas são as praias. As de Meireles frequentemente impróprias para banho.

Já a leste do Mucuripe, se próprias para o banho, estão semi-privatizadas, reservadas para os

frequentadores mais abastados. O visitante e o fortalezense precisam ir mais longe para

encontrar lugares mais exclusivos, tendo praias como Cumbuco, Porto das Dunas, Praia das

Fontes, Jericoacoara e Canoa Quebrada capitaneado esse processo.

A cena da praia lotada por populares em animados rituais de curtição do sol no fim

de semana, com o jogo de bola e a merenda ou almoço trazidos de casa não constam de nosso

portfólio. Parece que o povo ainda não tem lugar na foto, assim como nas antigas imagens que

temos acesso pelos arquivos de Nirez e Marciano Lopes, nas quais muitas vezes as ruas bem

urbanizadas eram documentadas vazias ou semi vazias, como se existissem por si e para si,

como obra acabada e com sentido puramente estético.

A superação do legado industrial com tons políticos do coronelismo, viu surgir

novos discursos de modernidade, os jovens empresários do CIC, O fenômeno Maria Luiza, o

Governo das Mudanças, a era Juraci, a virada de Luizianne Lins. Neste meio-tempo, dos anos

1990 pra cá se somou à nossa imagem-memória, a “requalificação urbana” de Fortaleza na

área da Praia de Iracema. Viu-se a revitalização desta praia, sua efervescência como roteiro de

diversão e sua decadência e esquecimento (de novo).

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A reforma da Ponte dos Ingleses, o anúncio de um arrojado discurso de

desenvolvimento econômico baseado na instalação de uma indústria cultural local e ato

contínuo, Fortaleza ganhou seu ícone atual, o sob muitos aspectos bem-sucedido Centro

Dragão do Mar de Arte e Cultura. A cidade está aprendendo a desfrutar conjuntamente os

espaços públicos independente das classes sociais? Há um avanço em nossas relações sociais?

É preciso lembrar que talvez esteja se encaminhando para os capítulos finais a

arrastada novela do Centro Multifuncional de Eventos e Feiras do Ceará (CDMAC), que alguém

já quis construir em 20 hectares dentro mar, transferindo para isso uma comunidade inteira, o

Poço da Draga. Parece que prevaleceu o bom senso e ele será mesmo em terra firme. À

imagem real também se somam em nosso imaginário político e midiático as virtuais, como se

realidades fossem, foi assim com o CDMAC, o Símbolo-Ícone e o Museu do Homem do Mar e

nos últimos meses o Aquário da Praia de Iracema, tudo junto, ou dentro do mar.

Quando as elites fortalezenses “descobriram a praia” esta nunca mais saiu da

nossa auto-imagem, nos modernizamos em grande medida pelas referências que o mar nos

trazia e promessas e oportunidades vindas de alhures. Mas a imagem de uma cidade é sempre

superior e surpreende quem francamente busca interpretá-la. As surpresas podem ser

infinitas, desde que o viajante assim se permita. É desta forma que estamos aprendendo a nos

ver na TV sudestina não apenas como referências da pobreza e do tradicionalismo, mas

também pelos canais da cultura global, quando jovens do Conjunto Ceará se mostram

vanguarda da onda cosplay por aqui. Aprendendo japonês uns com os outros e se

comunicando e jogando via net em tempo real com outros garotos da terra lá na terra do Sol

Nascente. Ou quando um grupo musical como o “Montage” vira referência na cena musical

independente, dentro e fora do Brasil. Ambos os momentos trazem novas formas de vestir, de

se mostrar, novas cores, maneiras de ler e viver a cidade. Reinvenções imprevisíveis de uma

cidade que busca no futuro sua própria definição. Como já dizia o compositor Ednardo, em

Beira-Mar:

“Viva o som, velocidade Forte praia, minha cidade só o meu grito nega aos quatro ventos a

verdade que eu não quero ver”

FORTALEZA É UMA CIDADE BOA PARA SE VIVER? Amanhã a capital cearense completa 286 anos, com problemas e avanços de uma metrópole.

SIM - Gosto de morar em Fortaleza porque posso passar o dia inteiro com uma camada fina de

roupa e vai ser bom, não vou perder luvas nem cachecóis pela rua. Gosto de me sobressaltar e

rir da violência com a qual o motorista de ônibus saúda um amigo que passa na calçada ou que

dirige outro ônibus, esses gritos de macho aperreado e aperreando. Muito me agrada a luz

daqui, assim como deixa encantados os pintores e fotógrafos e cineastas desde sei lá quando.

Aqui a sombra fica mesmo debaixo de mim quando dá meio-dia e, embora o sol seja torrando,

o vento existe. E é úmido. Aqui meus lábios só poderiam ressecar por falta de beijo.

Costumo dizer que só muito recentemente temos uma geração de fortalezenses com os

quatro avós nascidos aqui. É raro, aqui em Fortaleza todo mundo tem algo que chamam de

“meu interior” para onde voltar e sorriem enquanto dizem essas duas palavras. Ou então são

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pessoas que vieram de fora e estão passando. Mas parece que para algumas Fortaleza está

virando o “meu interior” para onde todos voltarão, um dia. Há os que nem desejam partir, pois

sentem a cidade como extensão de seus corpos, nela cresceram e vice-versa. Eu sou uma

dessas pessoas.

Gosto da gambiarra que Fortaleza é porque aqui viver é muito perigoso, como disse o Rosa.

Mas é o perigo de virar a esquina e ver a casa antiga onde entrei aos 15 anos enquanto

gazeava aula ser demolida, por exemplo. É o perigo de reencontrar alguém que fez oficina de

zines comigo cheirando cola no sinal de trânsito. Ou ainda de ter um pedaço da praia trocado

por um aquário gigante. Mas é também o perigo de juntar em si a vontade de construir uma

cidade dentro da outra e não conseguir – ou conseguir. Então, uma cidade é feita de luz, terra,

meridianos, caminhos, hábitos e, principalmente, de gente. Então acho que essa cidade que

quero já existe, pois a ideia nem é nova e nem só minha. Só precisamos expandi-la em cada

gesto mais largo, mais diário, mais compartilhado e explícito que diga: e se fizéssemos assim,

como seria?

"Há os que nem desejam partir, pois sentem a cidade como extensão de seus corpos"

Fernanda Meireles

Mestranda em Comunicação Social pela UFC, escritora e zineira.

NÃO - Fortaleza não é um bom lugar para se viver. Estou aqui desde 1950, apesar de tudo. As

relações pessoais são agônicas, e prevalece o “salve-se quem puder”. O povo, grosseiro, não

pede licença, muito menos desculpas, não diz obrigado, e nem dá bom dia. Perdemos o

melhor da ética sertaneja. Levamos a desqualificação do outro às últimas consequências. O

riso é de puro deboche. E ainda tem quem acredite que sejamos hospitaleiros.

Não me iludo com o “glamour” da propaganda governamental. A cidade é feia, cresceu sem

planejamento: sistema de saúde falho, escolas sem qualidade, trânsito infernal. Os poderosos

destruíram as dunas, aterraram lagoas, emparedaram a orla, ocuparam praças e aterraram

mangues. Levantaram edifícios dentro do mar, do mangue, e nas áreas de proteção aos

mananciais. Nossas praias ainda são (e serão sempre) poluídas. Tudo é destruído em nome da

ganância e do lucro. Temos vergonha do passado. Destruímos as marcas da memória. Não

construímos um projeto de futuro. A cidade reflete a insensibilidade das elites, ávida pela

acumulação desenfreada. Tentamos nos equilibrar entre populismos de “direita” e de

“esquerda”; shoppings e comércio informal; “topics” e blindados; apartamentos de mil metros

quadrados e favelas. Voltando à cidade, é grande o número de viadutos sem alças. Nossas

calçadas estão tomadas pelas barracas. O Centro está cada vez mais degradado. Tentam nos

vender a ilusão de que tudo se resolverá em 2014, por um passe de mágica ou por um toque

de bola. Será péssimo quando nos dermos conta de que não é bem assim. Nos acenam com o

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supérfluo, eventos, quimeras. É difícil viver em qualquer lugar. Viver aqui parece ser pior. A

semente plantada em torno do forte deu neste caos. A nave vai, à deriva.

“Temos vergonha do passado. (...) Não construímos um projeto de futuro"

Gimar de Carvalho Jornalista

A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO TURÍSTICO NO CEARÁ

Às vezes penso que nasci na cidade errada e que aqui não é lugar para ninguém morar; só consegue viver aqui quem já foi para a escola.

As pessoas que visitam Fortaleza só conhecem o lado de fachada da cidade, não conhecem o que está atrás da beira-mar.

Este texto analisa o desenvolvimento da atividade turística no Estado do Ceará. Primeiramente, apresentamos um breve histórico da cidade de Fortaleza e da evolução dos espaços geográficos da cidade e da região metropolitana, suas mutações no decorrer dos anos e alguns dados estatísticos ligados aos índices econômicos e sociais. Em seguida, tratamos das políticas públicas relacionadas ao turismo cearense.

1. Entre a construção e a mutação dos espaços urbanos de Fortaleza

Fortaleza teve sua origem nos fortes levantados na Barra do Ceará e às margens do Rio Pajeú, sendo hoje considerada um pólo turístico e uma cidade cheia de complexidades sociais.

Situada na região Nordeste, Fortaleza, não só é conhecida como terra das belas praias, a cidade revela-se como um espaço marcado por fortes contrastes que expressam em significativas desigualdades sociais, no modo de crescimento da cidade e na vida cotidiana de seus habitantes.

A prática do lazer nas praias teve início em Fortaleza nos anos 20, timidamente na Praia do Peixe, que é a atual Praia de Iracema, quando as roupas de banho eram saiotes godês por cima de um calção. Ainda na década de 1940, o banho de mar era uma exceção e um sonho quase inatingível das populações urbanas da cidade. Os primeiros bares foram surgindo à beira-mar, e a moda de ir à praia começou a dar uma nova característica à região da orla. O Hotel Iracema Plaza e o restaurante Lido começaram a exibir lançamentos de artistas e produtos trazidos de fora e, como isso é um demonstrativo de status, o desenvolvimento da orla seguiu-se desenfreado, mudando sua característica de vila de pescadores aos poucos e utilizando os espaços para empreendimentos progressistas luxuosos.

Em 1971, o alargamento da rodovia de acesso à serra de Guaramiranga prolongou a avenida Santos Dumont e a avenida Beira-Mar, fazendo a ligação entre vários bairros e modificando a estrutura já existente na região. Com essas modificações estruturais na cidade, o bairro da Aldeota e a Praia do Futuro sofreram um processo de ocupação intensa, com a construção de edifícios e casas luxuosas e a ampliação de áreas de lazer e turismo.

A construção de prédios na orla marítima, com mais de dez andares, desencadeou mudanças climáticas na cidade, como modificações da circulação dos ventos para o centro da cidade, gerando o aumento da temperatura.

2. A região metropolitana de Fortaleza

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Embora tenha alcançado elevado índice de crescimento nos últimos 20 anos, a concentração de renda de sua população aumenta significativamente, de modo que os 10% mais pobres ganham em média 0,76% do salário mínimo, enquanto os 10% mais ricos ganham 45,7 salários mínimos.

Estes desequilíbrios têm se refletido em várias frentes de expansão da miséria social e da violência, através da segregação dos espaços da cidade. Dados de 1995 revelam um contingente de 720 mil favelados, o que corresponde a 36% da população de Fortaleza.

Os espaços de Fortaleza são segregantes, sendo nítida a cidade dos turistas e a cidade dos miseráveis. Essa característica deixa alguns habitantes locais irritados com a invasão dos turistas, enquanto outros pensam que o turismo desenvolve a cidade, econômica e socialmente, por ser uma atividade geradora de empregos e de renda. A cidade reúne belas praias, e conta com a receptividade de seu povo e outros atrativos culturais.

A cidade é um pólo industrial e um centro turístico, sendo uma das cidades que mais cresce na região Nordeste. A Grande Fortaleza é a quinta maior metrópole do Brasil, e passa por todos os problemas urbanos comuns às cidades brasileiras. Entre as regiões metropolitanas é a segunda maior em proporção de pobres, logo atrás do Recife e um pouco à frente de Salvador. O rápido crescimento urbano-econômico de Fortaleza, que possui 336 km2 de área totalmente urbanizada, e a firme deliberação dos governos municipais e estaduais, a transformaram numa moderna urbe, em um pólo turístico emergente, mesmo sendo uma cidade cheia de contrastes e sem solução de seus problemas sociais e culturais.

3. As políticas públicas do turismo cearense

A partir do chamado milagre brasileiro, Fortaleza descobre que pode transformar seus 30 quilômetros de praia em espaços de bons negócios e passa a se voltar fortemente para atividades turísticas desenvolvidas a partir do seu sol o ano todo e de suas praias. A oferta turística passa a englobar pontos comerciais à beira-mar, núcleos específicos de comércio de artesanato, hotéis, restaurantes, bares e boates.

No ano de 1971, foi criada a Empresa Cearense de Turismo S/A (Emcetur), entidade de economia mista, com 51% das ações pertencentes ao Estado. Acreditava-se que seria o órgão que faltava para o desenvolvimento da atividade turística no Estado.

Em 1975, o Ceará é governado pelo coronel Adalto Bezerra, com o Primeiro Plano Quinquenal de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Plandece), tentando destacar o Ceará como modelo de desenvolvimento turístico no país.

O turismo foi inserido na economia do Ceará, programado por políticas governamentais, na década de 80, com o Plano de Mudanças do governo Tasso Jereissati (1987-1991). Esse plano destacava a importância do planejamento turístico, a potencialidade do Estado para a atividade, a implementação de uma infraestrutura adequada e viabilização dos fluxos turísticos domésticos e internacionais. O governo Virgílio Távora, por seu secretário de Planejamento, que seria o seu sucessor, elabora o 1º Plano Integrado de Desenvolvimento Turístico do Estado do Ceará (1979). E esse governo começa a partir daí analisar o turismo como forma de desenvolvimento econômico para o Estado.

No governo seguinte (Ciro Gomes), o Ceará passa a integrar o Programa de ação para o Desenvolvimento do Turismo do Nordeste – Prodetur Nordeste – em 1992, juntamente com os demais estados da região Nordeste, incluindo o Norte de Minas Gerais ou a área mineira pertencente ao Nordeste, que é definida pela Sudene como Polígono da seca.

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Antecede ao Prodetur-CE o Prodeturis – que é o Plano de Desenvolvimento do Turismo no Litoral Cearense, gestado com verbas do próprio Estado, cobrindo todo o litoral cearense. Desde então, o turismo vem contribuindo para o desenvolvimento econômico do Estado, trazendo recursos para a infraestrutura básica através do Prodetur e contribuindo para a multiplicação das atividades econômicas, por ser um serviço de ação global, que desenvolve uma cadeia de ações paralelas.

Segundo dados do IBGE, na década de 70/80, a população da cidade cresceu 69,5%; entre 80/90, o crescimento populacional foi de 53,26%. Também é significativa a expansão da indústria do turismo na cidade, que a coloca, na atualidade, como terceiro polo turístico do Nordeste.

A falta de planejamento na construção do espaço urbano gerou vários desequilíbrios para a cidade. Verifica-se que, durante toda a estruturação do turismo do Estado do Ceará, na cidade de Fortaleza só se preocuparam com ações progressistas e não com o desenvolvimento cultural e a preservação das comunidades que viviam à beira-mar.

Verifica-se com o tempo que as questões ligadas a políticas de expansão da atividade turística no Estado do Ceará não foram bem formuladas, no que diz respeito aos impactos provocados pelo turismo, tais como, a exploração sexual de crianças e de adolescentes, temática abordada por este estudo.

Fortaleza é polo receptor e emissor de turistas ao mesmo tempo; uma parte de sua população também viaja; o governo do Estado do Ceará trabalha para firmar o estado como polo receptor, colocando-o como grande potencial para a atividade turística.

TURISMO E EXPLORAÇÃO SEXUAL INFANTO-JUVENIL ENTRE O LITORAL E A REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA

O problema da exploração sexual está associado à pobreza, à desigualdade e à exclusão social. Mas sabemos, também, que existem outros fatores, como os de natureza cultural que dizem respeito a formas tradicionais e familiares de organização econômica. Sabemos que não podemos esperar mais para oferecer alternativas de mudança que permitam atuar tanto sobre a pobreza quanto sobre as exigências familiares.

Este capítulo aborda o assunto de principal interesse, tratando dos relatos elaborados a partir das pesquisas de campo e de crianças e adolescentes envolvidos na exploração sexual em Fortaleza. A primeira parte foi dedicada a uma análise preliminar do problema, quando se utilizou uma metodologia de entrevistas semi-abertas e quantificaram-se os depoimentos, visando um futuro estudo que dimensione a extensão dessas práticas através da atividade turística.

A beira-mar de Fortaleza é composta pelas Praias de Iracema, Mucuripe e Meireles, que são pontos privilegiados de atração turística tanto para brasileiros quanto para estrangeiros. Com seus três quilômetros de extensão, a praia concentra a maior parte dos hotéis e mistura ofertas de lazer, compra e entretenimento. Tem calçadão para caminhadas, quadras de esporte, feira de artesanato, barracas, bares, cinema e o mercado de sexo que funciona dia e noite sem parar.

De acordo com a pesquisa realizada pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia), Fortaleza é a cidade brasileira da região Nordeste com o

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maior índice de exploração sexual de crianças e de adolescentes. No ranking nacional é a terceira capital do país em número de denúncias de exploração sexual infanto-juvenil depois do Rio de Janeiro e São Paulo. Entre fevereiro de 1997 e setembro de 2001, foram registrados ao todo 117 casos. No mesmo período, São Paulo teve 158 ocorrências e o Rio de Janeiro, 340. As causas ligadas à oferta são numerosas e complexas, ainda que a pobreza seja um dos fatores principais.

Para um melhor desempenho dessa pesquisa, fiz algumas entrevistas com crianças e adolescentes envolvidos no turismo sexual, com identificação da problemática que leva à prostituição. No decorrer do envolvimento com essas crianças e adolescentes, houve contato com pessoas das comunidades da região metropolitana da cidade.

Em uma dessas localidades, na favela Serve Luz, alguns moradores colocam que o principal problema das crianças e adolescentes envolvidos com turistas é a aquisição de algum recurso para a compra de drogas, principalmente as drogas sintéticas. A necessidade do consumo de drogas induz essas crianças e adolescentes a se prostituírem com turistas estrangeiros, que trazem consigo uma moeda mais forte que dá mais autonomia para aquisição de drogas com os traficantes.

No contexto de nossas pesquisas, foram realizadas entrevistas com 10 crianças e adolescentes entre nove e dezoito anos na Praia de Iracema, no período de 20/04/2003 a 22/05/2003. Nas entrevistas foram colocados os seguintes questionamentos: Sexo, Idade, Grau de Instrução, Situação Familiar, Endereços, Ocupação Profissional, envolvimento com algum tipo de droga e envolvimento sexual.

Os 10 entrevistados declararam que já tiveram relacionamento sexual com turistas vindos de outros países e que a maioria era constituída por portugueses, italianos e holandeses.

As entrevistas foram feitas somente com 10 crianças e adolescentes, pela dificuldade de se conseguir mais envolvidos que estivessem disponíveis para passar as informações que se fazem necessárias para essas conclusões. Os traficantes e agenciadores ficam ao redor durante toda a abordagem, as crianças e os adolescentes sempre pedindo para terminar logo as perguntas, para que eles pudessem sair sem que seus agenciadores percebessem que estavam sendo entrevistados. Alguns deles não são dominados por agenciadores, mas estão vinculados de alguma maneira aos traficantes de suas comunidades de origem.

O sentimento de ódio detectado durante as entrevistas é bastante visível na expressão dessas crianças; elas querem sempre falar algo, mas na maioria das vezes omitem informações, por estarem saturadas de promessas e questionamentos sem soluções. Na memória sempre permanece o melhor da rua; os problemas são esquecidos e, dia após dia, arquivados e deletados da mente.

SECRETARIA DE CULTURA DO CEARÁ- A PRIMEIRA DO BRASIL

O Ceará foi o primeiro Estado a criar uma secretaria de cultura. Coube ao governador Virgílio Távora, em 1966, a iniciativa de desmembrar as atividades artísticas e culturais da Secretaria de Educação. Com a Lei nº. 8.541, de 09 de agosto de 1966, Virgílio Távora criou a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará.

Em 03 de outubro de 1966, no governo Plácido Aderaldo Castelo, Raimundo Girão é nomeado o primeiro Secretário de Cultura do Estado do Ceará. O Decreto nº. 7.628, de 05 de outubro de

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1966, instituído pelo governador Plácido Aderaldo Castelo, previu a constituição do Conselho de Cultura, formado por sete membros, sendo um – seu Presidente – o Secretário de Cultura e os demais, com mandato de dois anos, representando, cada um, os seguintes setores culturais: Ciências Naturais, Ciências Sociais, Literatura, Artes Plásticas, Artes de Movimento (Cinema, Teatro e Ballet) e Música. O Conselho tomou posse em 09 de dezembro de 1966.

Conhecida também como Secult, a Secretaria da Cultura nasceu da necessidade de atender aos anseios culturais do povo cearense, propiciando maior desenvolvimento a todas as manifestações de cultura e valorizando a tradição de seu povo. Este pioneirismo na área cultural representa, em si, mais uma comprovação da tenacidade do cearense. Logo após sua criação, as realizações foram tantas que conseguiram ultrapassar as fronteiras do Ceará e ressonaram em todos os meios culturais do País.

O primeiro organograma da Secretaria de Cultura revelava suas finalidades. Foram criados o Departamento de Administração, o Departamento do Patrimônio Cultural, o Departamento de Publicações e Documentação, o Departamento de Difusão da Cultura e o Departamento de Turismo. Integraram, ainda, a estrutura da Secretaria de Cultura, o Conselho de Cultura e a Junta de Planejamento.

Dirigido por Stênio Carvalho Lima, o Departamento de Administração era responsável pela prestação de serviços de administração geral e outros de natureza propriamente cultural. Ao Departamento do Patrimônio Cultural, sob a direção de Maria Teresa Sampaio Leite, subordinaram-se a Biblioteca Pública Menezes Pimentel, o Museu Histórico e Antropológico, o Museu São José de Ribamar, em Aquiraz, destinado ao resguardo da arte da religiosidade, e o Arquivo Público. O Departamento do Patrimônio Cultural possuía uma divisão, a de Tombamento, incumbido da proteção ao Patrimônio Histórico Paisagístico, Artístico e Bibliográfico.

Dirigido pelo escritor e acadêmico Braga Montenegro, coube ao Departamento de Publicações e Documentação assegurar a comprovação das manifestações culturais, nas suas inúmeras modalidades – documentos, iconografia, gravações, etc. – e, igualmente, publicações como cadernos de cultura, reedições de obras valiosas e edições novas anuais. Através das páginas publicadas em revistas, tencionava-se aquilatar a produção da inteligência cearense, nos domínios do conhecimento humano. A revista Aspectos, órgão oficial da Secult, destacou-se pelo conteúdo de seus trabalhos e sua apresentação gráfica. O Departamento de Publicações e Documentação foi responsável pela reedição de Fatos de Linguagem, de Heráclito Graça; a Obra Poética, de Antônio Sales, e uma monografia, a Macumbira, do professor M. Negreiros Bessa.

A movimentação das atividades científicas, literárias, folclóricas e artísticas ficou sob a responsabilidade do Departamento de Difusão de Cultura, dirigido, então, pelo acadêmico e professor Otacílio Colares. As atividades científicas tiveram como sede o Instituto do Ceará, ao qual a Secretaria deu grande colaboração no que se referiu à organização e catalogação da biblioteca, além da sistematização dos arquivos. Já as atividades literárias e folclóricas foram desenvolvidas na Casa Juvenal Galeno, hoje pertencente ao Estado, sempre animadas pelo dinamismo de sua diretora, a acadêmica Cândida Maria Santiago Galeno.

A Casa de Raimundo Cela, criada e corajosamente instalada pela Secretaria de Cultura, foi o centro das atividades das artes plásticas, expressando um grande e vitorioso esforço para congregar e estimular a juventude. Exposições de pintura e escultura ali foram realizadas, numa demonstração de que o Estado se preocupava desde aquela época com o

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desenvolvimento das artes visuais. Uma das grandes animadoras das atividades foi Heloísa Juaçaba.

Música e teatro tinham como centro o Theatro José de Alencar, sob a confiança do maestro Orlando Leite. Maior casa de espetáculo de propriedade do Estado, tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o equipamento foi objeto de grande atenção por parte da Secretaria, que consignou uma grande verba orçamentária do Fundo de Desenvolvimento do Ceará para sua total recuperação. O levantamento dos serviços ali feitos para o satisfatório funcionamento do Theatro foi feito por alunos da Escola de Arquitetura da Universidade Federal do Ceará, sob a orientação do engenheiro José Liberal de Castro. A Secretaria da Cultura trabalhou também para a difusão da cultura no interior cearense.

Sem poder contar, até então, com os elementos imprescindíveis a uma efetiva realização no plano turístico, a Secretaria da Cultura, por meio do Departamento de Turismo, elaborou o levantamento do potencial turístico cearense. João Ramos foi o organizador dos trabalhos.

Completando o quadro estrutural da Secretaria, montou-se o Conselho de Cultura, constituído por nove membros de grande porte intelectual: Carlos Studart Filho, José Guimarães Duque Braga Montenegro, Antônio Girão Barroso, Manuel Albano Amora, Manuel Eduardo Pinheiro Campos, Orlando Leite, Heloísa Juaçaba e Oswaldo Riedel. O Presidente do Conselho, como membro nato, era o Secretário de Cultura.

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INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTISTICO NACIONAL-IPHAN

A criação do organismo federal de proteção ao patrimônio, ao final dos anos 30, foi confiada a intelectuais e artistas brasileiros ligados ao movimento modernista. Era o início do despertar de uma vontade que datava do século XVII em proteger os monumentos históricos.

A criação da Instituição obedece a um princípio normativo, atualmente contemplado pelo artigo 216 da Constituição da República Federativa do Brasil, que define patrimônio cultural a partir de suas formas de expressão; de seus modos de criar, fazer e viver; das criações científicas, artísticas e tecnológicas; das obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; e dos conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

A Constituição também estabelece que cabe ao poder público, com o apoio da comunidade, a proteção, preservação e gestão do patrimônio histórico e artístico do país.

História da Instituição O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional foi criado em 13 de janeiro de 1937 pela Lei nº 378, no governo de Getúlio Vargas. Já em 1936, o então Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, preocupado com a preservação do patrimônio cultural brasileiro, pediu a Mário de Andrade a elaboração de um anteprojeto de Lei para salvaguarda desses bens. Em seguida, confiou a Rodrigo Melo Franco de Andrade a tarefa de implantar o Serviço do Patrimônio. Posteriormente, em 30 de novembro de 1937, foi promulgado o Decreto-Lei nº 25, que organiza a “proteção do patrimônio histórico e artístico nacional”. O Iphan está hoje vinculado ao Ministério da Cultura. Rodrigo Melo Franco de Andrade contou com a colaboração de outros brasileiros ilustres como Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Afonso Arinos, Lúcio Costa e Carlos Drummond de Andrade. Técnicos foram preparados e tombamentos, restaurações e revitalizações foram realizadas, assegurando a permanência da maior parte do acervo arquitetônico e urbanístico brasileiro, assim como do acervo documental e etnográfico, das obras de arte integradas e dos bens móveis.

A próxima etapa consistiu na proteção dos acidentes geográficos notáveis e paisagens agenciadas pelo homem. Há mais de 60 anos, o Iphan vem realizando um trabalho permanente de identificação, documentação, proteção e promoção do patrimônio cultural brasileiro.

PATRIMÔNIO IMATERIAL

A Unesco define como Patrimônio Cultural Imaterial "as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural."

O Patrimônio Imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

PETRIMÔNIO MATERIAL

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O patrimônio material protegido pelo Iphan, com base em legislações específicas é composto por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza nos quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas. Eles estão divididos em bens imóveis como os núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; e móveis como coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.

Os bens culturais materiais tombados podem ser acessados por meio do Arquivo Noronha Santos ou pelo Arquivo Central do Iphan o, que é o setor responsável pela abertura, guarda e acesso aos processos de tombamento, de entorno e de saída de obras de artes do país. O Arquivo também emite certidões para efeito de prova e inscreve os bens nos Livros do Tombo.

COZINHA CEARENSE É UM DOS MAIORES ATRATIVOS DO ESTADO Da buchada do sertão ao camarão ao alho e óleo litorâneo, cardápio é variado e agrada diferentes paladares.

A culinária do Ceará conta muito da história do seu povo – como acontece, aliás, com a

gastronomia de qualquer lugar. Os frutos do mar são a principal marca da gastronomia das

cidades costeiras. Mas os temperos vão além da deliciosa e tradicional peixada, que pode ser

encontrada em vários restaurantes especializados na Avenida Beira Mar.

Crédito: Setur Ceará

Os crustáceos são vedetes incontestáveis do cardápio. O caranguejo é palavra de ordem das

barracas de praia de Fortaleza e, mesmo que deem trabalho, vale o desafio de experimentá-

los. A iguaria é tradicional e lota as barracas da praia do Futuro nas noites de quinta-feira.

Outra opção é degustar o famoso camarão ao alho e óleo no mercado dos peixes do Mucuripe,

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em uma das pontas da Beira-Mar. No final da tarde, muitas das barracas improvisam algumas

mesas no calçadão e servem o camarão fresco a preços convidativos. Grande parte dos pratos,

principalmente aqueles típicos do sertão, é elaborada como uma forma de driblar a falta de

recursos e aproveitar ao máximo as matérias-primas existentes.

Crédito: Setur Ceará

Das receitas que vieram do interior do estado, as que fazem mais sucesso são a panelada, a

buchada de carneiro e, claro, o baião-de-dois. A primeira é um cozido de vísceras e mocotó de

boi; a buchada, por sua vez, reúne miúdos do carneiro em saquinhos feitos com o próprio

bucho do animal. Ambos podem ser encontrados no mercado São Sebastião, local em que os

cearenses fãs dos pratos têm certeza de que vão achá-los, mesmo pouco depois de o sol raiar.

O baião-de-dois é mais aconselhado para os turistas de estômago mais sensível. O legítimo é

feito da mistura de arroz, feijão, manteiga da terra, queijo coalho e nata. Uma verdadeira

delícia – disponível em qualquer restaurante regional da capital, Fortaleza.

Outras maravilhas sertanejas que merecem ganhar a mesa são a carne de sol e a macaxeira

(mandioca ou aipim, pra quem não vive no Nordeste). Ambas são ingredientes da paçoca, que

tem origem indígena e difere completamente da iguaria de amendoim muito consumida no

sudeste do país – mas é também muito saborosa.

Crédito: Setur Ceará

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Além da deliciosa comida regional, em Fortaleza também não faltam restaurantes

especializados na chamada alta gastronomia. A variedade é responsável por uma gostosa

confusão – vai ser difícil escolher entre as sofisticadas releituras dos pratos nordestinos e os

espaços de cozinha internacional.

Entre uma refeição e outra, não faltam opções para uma boa “merenda”. O Centro das

Tapioqueiras, por exemplo, oferece o quitute mais famoso do Nordeste doce ou salgado. Da

cana-de-açúcar, por sua vez, são feitas a rapadura e a cachaça, ambas facilmente encontráveis

no mercado Municipal de Fortaleza.

Esta última, inclusive, ganhou um museu em Maranguape, a 30 quilômetros da capital

cearense, cuja atração principal é um tonel gigante cheinho de aguardente.

ARTESANATO CEARENSE

CEART

A Central de Artesanato do Ceará (CeArt) é um mercado de Fortaleza que comercializa

o artesanato produzido no Ceará. Surgiu em 1979 pelas mãos de Luiza Távora, então primeira-

dama do estado, como ação governamental para fomentar, desenvolver e organizar o

artesanato cearense.

A primeira sede do Ceart, projetada pelo engenheiro cearense Pedro Natale Rossi, utilizava

troncos de carnaúba em sua estrutura. No entanto, a construção se desgastou com o tempo e

um novo projeto teve que ser erguido no local. A nova Central foi inaugurada em março

de 1992.

Em 2006, o total de artesãos cadastrados chegou a quase 35 mil. Atualmente o órgão é

vinculado à Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social. Além de funcionar como

mercado, a Central oferece cursos de capacitação para artesãos, promove ações para levar

suas obras a outros mercados e abriga exposições.

Fruto da mais genuína manifestação popular, o artesanato ainda guarda características de

seus primeiros artesãos, os índios que habitavam o território cearense no período pré-colonial.

De lá para cá as técnicas foram passadas de pai para filho.

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Segundo os especialistas, deve-se aos padres jesuítas a primeira fixação de técnicas artesanais e sua transmissão para as gerações posteriores, através do processo regular de ensino. O colonizador europeu também participou deste processo, introduzindo a arte de trabalhar com o couro.

A criatividade e a simplicidade do artesão cearense também podem ser vistas em trabalhos em renda de bilro, labirintos, madeira e barro. Em comum, os trabalhos guardam uma beleza que ultrapassa o tempo. O artesanato do Ceará é conhecido internacionalmente pela sua genuína criatividade singularidade.

Entre as técnicas usadas no Estado destacam-se:

R E N D A

Instrumentos: bilros e alfinetes de cabeça ou, quase sempre, o espinho do coradeiro ou mandacaru, almofada. Núcleos Produtores: Na própria residência das artesãs, na faixa litorânea.

L A B I R I N T O

Instrumentos: tecido preso a uma grade de madeira, alfinetes, agulhas e linha. Núcleos Produtores: Na própria residência das artesãs, na faixa litorânea.

C E S T A R I A e T R A N Ç A D O

Matérias-primas: bambu (taquara, para fazer bicas e calhas; taquara, para fazer cestas; taquari para fazer gaiolas; tábuas para fazer foguetes, apanhar olho de carnaúba e fazer pífaros); Cipó (mais resistente que o talo, para fazer caçuá; sobre o jumento vai a cangalha e sobre esta, o caçuá). Núcleos Produtores: Sobral, Russas, Limoeiro do Norte, Jaguaruana, Aracati, Massapê, Crateús, Baturité e Camocim.

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C E R Â M I C A (utilitária e lúdica)

Principais núcleos: Fortaleza, Cascavel, Ipú e Juazeiro do Norte. Principais peças: quartinha, jarra, pote, gamela, prato, filtro, bacia, jarro, mealheiro, capitação-de-pé-de-cana, bule e balaia (utilitárias), decorativas e lúdicas (bonecos de barro, jangada, etc).

C O U R O Produtos vendidos em maior escala: alpercatas, sandálias, sapatos, calçados de um modo geral. Pontos de Venda: feiras do interior e Centros de comercialização da capital Produtos mais tradicionais e típicos: roupas e arreios, chapéu, gibão, peitoral, luvas, perneiras, sapatos, selas. Pontos de Venda: pequenas oficinas das zonas urbanas de regiões pecuárias, tais como; Aracoiaba, Itapiúna, Crato, Morada Nova e Jaguaribe. Outros produtos: cintos, malas, objetos decorativos, pirogravuras, penduricalhos, tapetes, cortinas. Núcleos produtores: Fortaleza, Jaguaribe e Juazeiro do Norte. T E C E L A G E M Principal produto: redes (utilitário e decorativo) Técnicas: com roca e fuso e rudimentarmente Núcleos produtores: Fortaleza e Jaguaribe.

M E T A L

Ramos: lataria, ferraria, serralheria, cutelaria. Produtos: balde, caneca, bacia, copo, ralador, candeeiro, caçarola, lamparina, foices, dobradiças, armadores de rede, chocalhos para o gado, estribos, ferraduras, esquadrias, portões, espingardas “passarinheiras”, etc. Núcleos produtores: Juazeiro do Norte, Fortaleza.

M A D E I R A

Ferramentas: utensílios básicos de marcenaria Produtos: móveis, dos mais simples e rústicos até os mais finos, maquinaria de engenhos, tonéis, talhas e esculturas. Núcleos Produtores: Fortaleza, Canindé, Cascavel, Juazeiro do Norte (mobiliário), Barbalha (maquinaria de engenhos de cana), Fortaleza (talhas e esculturas).

A R T E S G R Á F I C A S

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Principal produto: xilogravura para ilustração de capas de folhetos de cordel, na figura de cantadores, vaqueiros, cangaceiros, bois, aves e animais de nossa fauna, muito encontrado nas feiras nordestinas.

A R E I A C O L O R I D A

http://www.cearacultural.com.br/artesanato/Index.asp

As paisagens e formas feitas nas garrafas com a areia colorida das praias do Morro Branco, Marjolândia e Canoa Quebrada já estão presentes em todos os países da Europa, além do Canadá, países do oriente e Estados Unidos.

Artesanato que foi criado pelos artesões daquela região e que só existe lá, as obras de areia colorida hoje são usadas para ornamentação de ambientes diversos de residências às salas de escritórios.

I M A G I N Á R I O S

Prova concreta da paixão do povo cearense por suas crenças e seus santos. Produtos: imagem de santos e ex-votos. Núcleos Produtores: Juazeiro do Norte e Canindé, dois Centros que destacam-se como locais de peregrinação místico religiosa. Produtos comumente encontrados na orla marítima de Fortaleza e nas lojas dos Centros turísticos: jangadas em miniatura, objetos de tartaruga e de adorno em geral.

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TURISMO RELIGIOSO O turismo religioso é um dos segmentos de trabalho incentivados pelo Ministério do Turismo e Governo do Estado e tem cada vez mais atraído visitante. Os municípios de Canindé (São Francisco); de Juazeiro do Norte (Padre Cícero); de Quixadá (Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão), e de Caucaia (Santa Edwirges), são os principais pontos de romarias de fiéis cearenses.

Cariri A religiosidade do povo do Cariri vem do povoamento conduzido pela ordem dos Capuchinhos. Sua principal característica é a mística do encanto e da fé. A romaria e o culto ao Padre Cícero, em Juazeiro, são a maior manifestação da região. No município de Barbalha, durante a festa de Santo Antônio, ou como é popularmente conhecida a "Festa do Pau da Bandeira", milhares de fiéis vão às ruas para homenagear o padroeiro e para acompanhar a passagem de um grande tronco de madeira que é carregado por centenas de devotos. Outra manifestação de fé é o ritual dos Penitentes com os Caretas, seguidores de autoflagelação como pedido de perdão pelos pecados cometidos.

Canindé

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Ao lado de Juazeiro do Norte, Canindé é o principal polo do turismo religioso no Ceará. A devoção a São Francisco das Chagas faz com que a cidade receba anualmente, entre 29 de setembro e 4 de outubro, milhares de fiéis vindos de todo o país. A Basílica de São Francisco, construída no início do século XX, é parada obrigatória para os peregrinos, que chegam à cidade de carro, ônibus e até mesmo a pé. Em 1925, ano em que se comemoravam o sétimo aniversário da morte de São Francisco e os 150 anos da construção da capela em Canindé, a Santa Sé promoveu o Santuário de São Francisco das Chagas à categoria de Basílica Menor. Basílica é um título honorífico e não tem nada a ver com o tamanho da construção ou a importância. Existem dois tipos de basílicas, as Basílicas Maiores e as Basílicas Menores. Só existem três Basílicas Maiores, todas localizadas em Roma, na Itália: a Basílica de São Pedro, a Basílica de São Paulo e a Basílica de Santa Maria Maior. O número de Basílicas Menores é muito maior e existem diversas no Brasil. Já Santuário é o nome dado ao templo religioso que possui acentuada característica de piedade e que se torna para a vida da comunidade uma fonte de peregrinação e de santificação. É comum os santuários possuírem uma relíquia de algum santo. No caso do Santuário de São Francisco das Chagas, relíquias de três santos estão abrigadas ali e expostas ao público: São Francisco de Assis, São Paulo e Santa Luzia. Para o turista, a Basílica revela uma surpresa: uma exposição de ex-votos mostra toda a fé do povo brasileiro. Ex-votos são esculturas rústicas feitas de madeira retratando, principalmente, órgãos do corpo humano, que são oferecidos à igreja como homenagem por uma graça recebida ou promessa cumprida. Canindé também possui boas trilhas para os aventureiros na Serra do Tamanduá e no Serrote Amargoso. Santuário de São Francisco das Chagas é o maior santuário franciscano das Américas e é considerado o segundo maior do mundo depois do de Assis, na Itália, onde nasceu São Francisco.

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Quixadá Ao completar 16 anos, o Santuário da Mãe Rainha do Sertão se consolida como ponto de peregrinação e expressões de fé. Não há outro projeto senão o da paz, do amor, da alegria. Todos os outros planos são inúteis, disse um dia um antigo pensador. Para a maioria das pessoas, a vida não é tão simples assim. Mas, é possível fazer brotar essa semente num peito fértil de fé. Peregrinos e visitantes do Santuário Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão, em Quixadá, absorvem essa maneira de pensar. No alto do Morro Urucum, junto à Virgem Maria, eles descobrem o caminho da conversão que leva a Deus e transforma suas vidas. A ideia de erguer o Santuário foi de Dom Adélio Tomasin, então bispo da Diocese e, atualmente, bispo emérito de Quixadá. Ele relata emocionado: "Nunca pensei em construir, sequer, uma igreja grande, muito menos um santuário. Mesmo após o contato com a realidade, o Santuário não estava, inicialmente, na lista dos meus projetos pastorais". Hoje, o espaço sagrado se mostra imponente, com uma torre triangular a 501 metros e 12 centímetros acima do nível do mar. Para chegar ao Santuário, a 12 quilômetros do centro de Quixadá, o visitante percorre uma estrada estreita e sinuosa. Na subida, a visão privilegiada dos monólitos, da cidade, lagos, lagoas e do Açude Cedro. E mais: imagens em tamanho natural representam as 14 estações da Via-Sacra, mostrando a trajetória de Cristo desde a sua condenação, crucificação e ascensão aos céus. As imagens, de ferro revestido de cimento e areia, foram confeccionadas pelo artista plástico e escultor tauaense Adalécio Feitosa Mariz. Na chegada, uma sensação de paz invade corpo e mente. Uma brisa sopra suave e favorece o passeio pelo lugar sagrado, onde dominam os sons da natureza. A visita ao Santuário, cuidado por irmãos e irmãs da Comunidade Mariana Oásis da Paz, começa pela capela, com capacidade para 800 pessoas. Junto à porta, uma torre piramidal, em aço, simboliza o manto de Maria. Na fachada do Santuário há quatro painéis pintados pelos jovens artistas Walker e Cícero, que representam o mistério da salvação: criação, pecado, encarnação e morte redentora de Jesus. A ideia é que o peregrino logo compreenda que o Santuário só tem um sentido dentro deste mistério de salvação. A capela abriga imagens em tamanho natural de Jesus crucificado e da Sagrada Família, verdadeiro convite à reflexão, meditação e conversão. Painéis mostram a Virgem Maria com o nome e o título como é venerada em 27 países latino-americanos. O objetivo é que cada peregrino se sinta em comunhão com os irmãos latinos. Ainda na capela, uma imagem em tamanho natural de Nossa Senhora com o Menino Jesus no colo abençoa todo o templo, que tem vitrô azul e fumê. O azul recorda o céu, enquanto o fumê deixa ver as nuvens e os monólitos. A ideia é misturar o mistério do céu e as realidades futuras com as realidades presentes da terra. O altar tem forma de sarcófago por ser a mais apropriada para significar o Mistério Eucarístico que é de morte e ressurreição. Há, ainda, sacrário, torre batismal e duas amplas bacias onde os fieis depositam pedidos e agradecimentos à Mãe Rainha.

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ENDEREÇOS DOS EQUIPAMENTOS DE CULTURA DO ESTADO DO CEARÁ

Museu do Ceará

Rua São Paulo, 51- Centro - Fortaleza- CE

Fone: (0xx85) 3101.2610 / Fax: (0xx85) 3101-2611

E-mail: [email protected]

Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho - EAOTPS

Av. Francisco SÁ, 1801 – Jacarecanga- Fortaleza/CE

Fone: (85) 3238-1244 - [email protected]

Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

Rua Dragão do Mar, 81 Praia de Iracema - Fortaleza/CE

Fone: (85) 3488 8600 (85) 3488 8608

Casa José de Alencar

Av. Washington Soares 6055- Messejana/CE

(xx85) 3276 2379 / 3229 1898 http://www.cja.ufc.br/

Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará – MAUC Endereço: Av. da Universidade, 2854 – Benfica – CEP 60020-181 – Fortaleza – CE Fone: (85) 3366 7481 / 3366 7482 E-mail: [email protected] Página na Internet: www.mauc.ufc.br

Mausoléu Castelo Branco Localizado no Palácio da Abolição Av. Barão de Studart, 505, Meireles-Fortaleza – Ceará.

Museu da Imagem e do Som do Ceará

Av. Barão de Studart, 410 - Meireles - Fortaleza - CE

Fone: (0xx85) 3361-2535 email: [email protected]

Fundação Bernardo Feitosa

Rua: José Gonçalves Oliveira, S/N, Bairro Luiz Antônio de Oliveira

no Centro da cidade de Tauá – Ceará Fone: (0xx88) 3437-2115.

email:[email protected]

Teatro José de Alencar Rua Liberato Barroso, 525 - Centro Fortaleza - CE, Fone: (0xx85) 3101-2583 email: [email protected]

Sobrado Dr. José Lourenço

R. Major Facundo, 154 - Centro Fortaleza - CE

Fone: (0xx85) 3101-8826 email: [email protected]

Casa Juvenal Galeno

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Rua General Sampaio, 1128, Centro- Fortaleza - CE Mais informações: (85) 3252-3561

Centro de Artesanato do Ceará- CEART Av. Santos Dumont 1.589 Fone: (85) 3261-2401

Delegacia de Proteção ao Turista - DEPROTUR End.: Rua Almirante Barroso, 805 - Praia de Iracema - Fortaleza-CE Fone: (085) 3101-2488

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REFERÊNCIAS

SITES CONSULTADOS

http://robertariviane.files.wordpress.com/2012/02/apostilaturismohistoriadoceara.pdf Acesso

em agosto de 2012

http://desonsetempos.blogspot.com.br/2010/10/de-areias-ao-vento-ao-dragao-do-mar-

um.html Acesso em agosto de 2012

http://www.ceara.pro.br/ Acesso em agosto de 2012

http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/confrontodasideias/2012/04/12/notconfrontoi

deias,2819204/fortaleza-e-uma-cidade-boa-para-se-viver.shtml. Acesso em agosto de 2012

http://br.monografias.com/trabalhos3/turismo-exploracao-sexual/turismo-exploracao-

sexual2.shtml#hconstr Acesso em setembro de 2012

http://www.jangadeiroonline.com.br/ceara/museus-do-ceara-guardam-memoria-do-estado/

Acesso em setembro de 2012

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fortaleza/fortaleza-3.php Acesso em setembro de

2012

http://www.mercadocentraldefortaleza.com.br/index.php?option=com_content&view=article

&id=5&Itemid=2&limitstart=2 Acesso em setembro de 2012

http://m.fbfeitosa.org/ Acesso em setembro de 2012

http://editoraassare.com.br/econordeste/materias/entrevista Acesso em setembro de 2012

http://www.secult.ce.gov.br/patrimonio-cultural/patrimonio-material/bens- Acesso em

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http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=11175&retorno=paginaIphan

Acesso em setembro de 2012

http://grupoviagem.uol.com.br/2010/12/cozinha-cearense-e-um-dos-maiores-atrativos-do-

estado/ Acesso em setembro de 2012

http://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_da_Cacha%C3%A7a_(Maranguape) Acesso em setembro

de 2012

http://www.flickr.com/groups/museudacachaca/ Acesso em setembro de 2012

http://conhecendooceara.diariodonordeste.com.br/principal/quixada-3 Acesso em setembro

de 2012

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http://www.viagensdefe.com.br/turismo-religioso-ganha-caminhos-de-assis-roteiro-a-pe-no-

ceara/ Acesso em setembro de 2012

http://www.cearacultural.com.br/artesanato/Index.asp Acesso em setembro de 2012

http://www.topgyn.com.br/conso01/ceara/conso01a07.php Acesso em setembro de 2012

http://www.ceara.com/common/jul99-ceart-panorama.htm Acesso em setembro de 2012