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Tecnologia, aprendizado e inovação

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TECNOLOGIA, APRENDIZADO E INOVAÇÃO

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Comissão Editorial da Coleção Clássicos da Inovação

CARLOS H. DE BRITO CRUZ – SÉRGIO QUEIROZ

AMÉRICO MARTINS CRAVEIRO – TAMÁS SZMRECSÁNYI – MARCELO KNOBEL

Conselho Consultivo da Coleção Clássicos da Inovação

TAMÁS SZMRECSÁNYI (coordenador) – ADRIANO DIAS BATISTA – EDUARDO ALBUQUERQUE

ELIANE BAHRUTH – FÁBIO ERBER – GUILHERME ARY PLONSKI – JAIR DO AMARAL FILHO – JOÃO CARLOS FERRAZ

JOSÉ CARLOS CAVALCANTI – JOSÉ MIGUEL CHADDAD – LUIZ MARTINS – MÁRIO POSSAS – MONICA TEIXEIRA

PAOLO SAVIOTTI – ROBERTO VERMULM – RUY QUADROS DE CARVALHO – SERGIO BAMPI

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

ReitorJOSÉ TADEU JORGE

Coordenador Geral da Universidade FERNANDO FERREIRA COSTA

Conselho Editorial

PresidentePAULO FRANCHETTI

ALCIR PÉCORA – ARLEY RAMOS MORENO – EDUARDO DELGADO ASSAD

JOSÉ A. R. GONTIJO – JOSÉ ROBERTO ZAN – MARCELO KNOBEL

SEDI HIRANO – YARO BURIAN JUNIOR

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Linsu KimRichard R. Nelson

(Orgs.)

TECNOLOGIA, APRENDIZADO E INOVAÇÃO

AS EXPERIÊNCIAS DAS ECONOMIAS DE INDUSTRIALIZAÇÃO RECENTE

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Índices para catálogo sistemático:

1. Desenvolvimento econômico 338.9 2. Áreas subdesenvolvidas – tecnologia e Estado 338.9 3. Inovações tecnológicas – aspectos econômicos 338.06

Technology, learning, and innovationPublished by The Press Syndicate of The University of Cambridge

First published 2000

Copyright © 2000 by Linsu Kim e Richard NelsonCopyright da tradução © 2005 by Editora da Unicamp

1a reimpressão, 2009

Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada, armazenada em sistema eletrônico, fotocopiada, reproduzida por meios mecânicos

ou outros quaisquer sem autorização prévia do editor.

ISBN 85-268-0701-3

T227 Tecnologia, aprendizado e inovação: as experiências das economias de industria-lização recente /organizadores: Linsu Kim e Richard R. Nelson; tradutor: Carlos D. Szlak. – Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2005.

(Clássicos da Inovação)

Tradução de: Technology, learning, and innovation: experiences of newly indus-trializing economies.

1. Desenvolvimento econômico. 2. Áreas subdesenvolvidas – tecnologia e Esta-do. 3. Inovações tecnológicas – aspectos econômicos. I. Kim, Linsu. II. Nelson, Richard R., 1930- III. Título.

cdd 338.9 338.06

ficha catalográfica elaborada pelosistema de bibliotecas da unicamp

diretoria de tratamento da informação

Editora da UnicampRua Caio Graco Prado, 50 – Campus Unicamp

Caixa Postal 6074 – Barão GeraldoCEP 13083-892 – Campinas – SP – Brasil

Tel./Fax: (19) 3521-7718/7728www.editora.unicamp.br – [email protected]

Leia os outros lançamentos da coleção:Trajetórias da inovaçãoO quadrante de Pasteur

paginas creditos.indd 4 8/4/2009 16:49:47

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SUMÁRIO

PREFÁCIO................................................................................ 9

1 INTRODUÇÃO .................................................................... 11Linsu Kim e Richard R. Nelson

Parte I – UM AMPLO PANORAMA SOBRE A INOVAÇÃO

NAS ECONOMIAS DE INDUSTRIALIZAÇÃO RECENTE

2 A MUDANÇA TECNOLÓGICA E A INDUSTRIALIZAÇÃO

NAS ECONOMIAS DE INDUSTRIALIZAÇÃO RECENTE

DA ÁSIA: CONQUISTAS E DESAFIOS ...................................... 25Sanjaya Lall

3 A PESQUISA E O DESENVOLVIMENTO NO PROCESSO

DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL .................................. 101Howard Pack

COMENTÁRIOS........................................................................ 135

Bengt-Åke Lundvall

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Parte II – COMO AS EMPRESAS APRENDEM

4 AS APTIDÕES DAS EMPRESAS E O DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO: IMPLICAÇÕES PARA AS ECONOMIAS

DE INDUSTRIALIZAÇÃO RECENTE ...................................... 147

David J.Teece

5 OS SISTEMAS DE INOVAÇÃO DO LESTE E DO

SUDESTE ASIÁTICOS: COMPARAÇÃO ENTRE

O CRESCIMENTO DO SETOR ELETRÔNICO

PROMOVIDO PELO SISTEMA FEO E PELAS ETNS.................... 179

Michael Hobday

6 O APRENDIZADO TECNOLÓGICO E O

INGRESSO DE EMPRESAS USUÁRIAS DE BENS

DE CAPITAL NA CORÉIA DO SUL ......................................... 235

KongRae Lee

7 A COLABORAÇÃO TECNOLÓGICA INTERNACIONAL:

SUAS CONSEQÜÊNCIAS PARA AS ECONOMIAS

DE INDUSTRIALIZAÇÃO RECENTE ...................................... 267

Geert Duysters e John Hagedoorn

COMENTÁRIOS........................................................................ 297

Martin Fransman

Parte III – AS POLÍTICAS DE INOVAÇÃO

8 AS POLÍTICAS PARA CIÊNCIA,TECNOLOGIA

E INOVAÇÃO NAS ECONOMIAS ASIÁTICAS

DE INDUSTRIALIZAÇÃO RECENTE ...................................... 313

Mark Dodgson

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9 O PAPEL DA POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA NO

DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DA CORÉIA DO SUL ......... 365

Won-Young Lee

COMENTÁRIOS........................................................................ 395

Morris Teubal

Parte IV – O FIM DO CAMINHO?

10 A DINÂMICA DO APRENDIZADO TECNOLÓGICO

NO PERÍODO DE SUBSTITUIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES

E AS RECENTES MUDANÇAS ESTRUTURAIS NO SETOR

INDUSTRIAL DA ARGENTINA, DO BRASIL E DO MÉXICO ...... 413

Jorge Katz

11 O SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO SUL-COREANO

EM TRANSIÇÃO .................................................................. 449

Linsu Kim

COMENTÁRIOS........................................................................ 485

Howard Pack

AUTORES E COMENTARISTAS................................................... 493

LISTA DE SIGLAS ....................................................................... 495

LISTA DE FIGURAS.................................................................... 499

LISTA DE TABELAS .................................................................... 501

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T E C N O L O G I A , A P R E N D I Z A D O E I N O VA Ç Ã O

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PREFÁCIO

O avanço tecnológico tem sido a principal força motora dos paísesindustrializados, o responsável por grande parte do aumento da pro-dutividade. Nas últimas décadas, muitas economias de industrializa-ção recente (EIRs) – como na Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura eHong Kong – transformaram-se de economias pobres e tecnologica-mente atrasadas em economias afluentes e relativamente modernas.Apesar da recente crise econômica, todos esses países possuem agoraum conjunto significativo de empresas industriais, fabricantes de pro-dutos tecnologicamente complexos, que compete eficazmente comas empresas estabelecidas em países industrialmente avançados. O de-senvolvimento industrial constitui de fato um processo de obtençãode aptidões tecnológicas, traduzidas em produtos e processos inova-dores no contexto de uma contínua mudança tecnológica. Comoconseguiram esses países fazer isso?

Por trás do rápido desenvolvimento desses países, argumen-tam alguns economistas, encontram-se apenas taxas muito elevadasde investimento em capital físico e humano, que possibilitaram mo-vimentos ao longo da função de produção. Outros economistas,

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porém, apesar de reconhecerem a importância dessas elevadas taxasde investimento, também levam em conta o espírito empreendedorcom a assunção de riscos, o aprendizado eficaz e a inovação comoelementos fundamentais em suas análises.

Os dez ensaios e quatro comentários desta obra assumem o se-gundo ponto de vista e analisam o processo de progresso tecnológicoem contextos tanto macro quanto micro.Eles discutem como as empre-sas, particularmente as dos setores eletrônico e automobilístico, foramacumulando dinamicamente aptidões tecnológicas em termos micro, ecomo as políticas públicas têm moldado o processo de progresso tecno-lógico em âmbito nacional, e quais os problemas que alguns desses paí-ses enfrentam hoje em ambos os níveis.Além disso, o livro apresenta umquadro comparativo entre as EIRs do leste da Ásia e as economias cor-respondentes da América Latina.A discussão também oferece lições úteispara formulação de políticas em outros países em desenvolvimento.

Este volume inclui um compêndio dos trabalhos apresentadosem Seul, em maio de 1997, na Conferência Internacional sobre Ino-vação e Competitividade nos Países de Industrialização Recente,realizada em comemoração ao décimo aniversário do Science andTechnology Policy Institute – STEPI [Instituto de Política Científicae Tecnológica da Coréia do Sul]. Os organizadores da Conferênciaforam extremamente felizes na capacidade de convidar um grupo deimportantes estudiosos da área para participar e apresentar trabalhosoriginais. Acreditamos que essa Conferência foi bem-sucedida emfornecer novas perspectivas para o entendimento do processo deaprendizado e inovação tecnológica nas EIRs.

Muitas pessoas contribuíram significativamente para tornar aConferência produtiva e estimulante. Os participantes gostariam deapresentar seus agradecimentos aos membros do STEPI, especialmenteaos Drs. Dal-Hwan Lee, Sung-Chul Chung, Joonghae Suh,Young-Rak Choi e Taeyoung Shin, que com tanto êxito organizaram aConferência. Eles também manifestam sua gratidão aos debatedores,por seus comentários construtivos.

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INTRODUÇÃO

Linsu Kim

Richard R. Nelson

A TECNOLOGIA E A INDUSTRIALIZAÇÃO EM

ECONOMIAS DE INDUSTRIALIZAÇÃO RECENTE

Desde os primórdios da disciplina moderna, os economistas que escre-veram sobre o desenvolvimento econômico identificaram o avançotecnológico como sua força motora principal (Smith, 1776; Marx,1867; Schumpeter, 1911). Nas décadas de 1950 e 1960, diversos estudostentaram medir a contribuição da mudança tecnológica para o cresci-mento econômico em países que produziam nas fronteiras da tecnolo-gia (Solow, 1957; Denison, 1962). Concluiu-se neles que o avanço tec-nológico foi o maior responsável pelo aumento da produtividade dotrabalho. Desde aquela época, surgiu uma vasta literatura empírica eteórica sobre o progresso tecnológico nos países industriais avançados.

Mais recentemente, vários economistas dirigiram sua atençãopara os mecanismos do avanço tecnológico no desenvolvimento deeconomias que, inicialmente, ao menos, estavam muito aquém dessasfronteiras. A obtenção e o progressivo controle por essas economiasde tecnologias novas para elas, quando não para o resto do mundo,

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têm sido, obviamente, um aspecto central das economias de indus-trialização recente (EIRs), que cresceram muito rapidamente duranteos últimos trinta anos (Pack & Westphal, 1986; Kim, 1997).

Desde o início dos anos 1960, países como Coréia do Sul,Tai-wan, Cingapura e Hong Kong transformaram-se de economias po-bres e tecnologicamente atrasadas em economias afluentes e relativa-mente modernas. Cada um deles possui agora um significativoconjunto de empresas industriais, fabricando produtos tecnologica-mente complexos e competindo eficazmente contra empresas esta-belecidas em países industrialmente avançados. Embora recentemen-te a Coréia do Sul tenha passado por uma crise econômica, devidaem grande parte à má administração financeira, ninguém nega asgrandes aptidões tecnológicas desenvolvidas por esse país.

A pergunta-chave é: como as EIRs conseguiram fazer isso? Equais são os ensinamentos para as políticas de outros países em desen-volvimento?

Por trás do rápido desenvolvimento desses países, segundo al-guns economistas, encontram-se apenas taxas muito altas de investi-mento, que permitiram movimentos ao longo da função de produção(Young, 1993; Kim & Lau, 1994; Krugman, 1994). Eles sustentam quea maior parcela da crescente produção pode ser explicada pelo au-mento dos capitais físico e humano, trazendo junto a tecnologia mo-derna, como um subproduto mais ou menos automático. Nelson &Pack (1999) chamaram esses argumentos de “teorias da acumulação”.Em contraste com estas teorias, outros economistas têm consideradofundamental em suas análises o aprendizado das novas tecnologias e decomo dominá-las, concentrando-se no que estava envolvido nessa rea-lização. Certamente, a aquisição e assimilação das tecnologias dos paí-ses avançados exigiram elevadas taxas de investimento de capital físicoe humano. Mas, além disso, exigiram também espírito empreendedorcom assunção de riscos, um aprendizado eficaz e a inovação em si(Pack & Westphal, 1986; Amsden, 1989; Kim, 1997). Nelson & Pack(1999) classificaram esses argumentos como “teorias da assimilação”.

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Independentemente das explicações teóricas do que aconteceu,a evidência relativa à obtenção das novas aptidões é muito eloqüente.Por exemplo, as exportações da Coréia do Sul cresceram de meros US$40 milhões em 1960 para US$ 125 bilhões em 1995, com praticamentetodo o crescimento representado por produtos que a Coréia do Sulnão sabia como produzir no início do período. Em meados da décadade 1960, a Coréia do Sul começou a exportar tecidos, roupas, brinque-dos, perucas, madeira compensada e outros produtos elaborados de se-tores intensivos em trabalho. Dez anos mais tarde, os navios, o aço, osprodutos eletrônicos de consumo e os serviços de construção pesadada Coréia do Sul desafiavam os fornecedores estabelecidos nos paísesindustrialmente avançados. Em meados da década de 1980, os compu-tadores, os semicondutores, os circuitos de memória, os videocassetes,os sistemas eletrônicos de comutação, os automóveis, as instalações in-dustriais e outros produtos intensivos em tecnologia foram agregados àpauta dos principais itens de exportação sul-coreanos. Atualmente, aCoréia do Sul está trabalhando em produtos da assim chamada “próxi-ma geração”, como produtos eletrônicos multimídia, televisores de al-ta densidade, sistemas de comunicação pessoal e um novo tipo de rea-tor nuclear.Vogel (1991) concluiu que país algum se esforçou tantoquanto a Coréia do Sul e chegou tão longe de modo tão rápido: doartesanato à indústria pesada, da pobreza à prosperidade, de imitadoresinexperientes a modernos planejadores, administradores e engenheiros.

Nesta obra, todos os autores dos capítulos são “teóricos da as-similação” no que diz respeito ao fenômeno em questão. Considerammuito enganosa a proposição de que a notável expansão das aptidõesdessas economias tenha ocorrido mais ou menos automaticamente,como resultado das altas taxas de investimento desses países em capi-tal físico e humano. Eles acreditam que o aprendizado, o espírito em-preendedor e a inovação que ocorreram nessas economias são extre-mamente importantes em si, e que o entendimento de “como essaseconomias conseguiram fazer isso” constitui a chave para a percep-ção das políticas necessárias para realizar tais transformações.

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Um importante elemento do ponto de vista partilhado pelos au-tores reside na análise de como as bem-sucedidas EIRs passaram da imi-tação na década de 1960 à inovação no início da década de 1990.A se-guir, delineamos os principais elementos desse ponto de vista comum.

DA IMITAÇÃO À INOVAÇÃO

A rápida industrialização das EIRs nas décadas de 1960 e 1970 origi-nou-se em boa parte da imitação – isto é, da engenharia reversa detecnologias estrangeiras já existentes. Quando produtos relativamen-te simples estão envolvidos (como era o caso na época), a engenha-ria reversa não requer investimentos especializados em pesquisa e de-senvolvimento (P&D). Dá-se apenas um baixo nível de aprendizado,pois as empresas não precisam gerar novos conhecimentos. No en-tanto, mesmo a engenharia reversa elementar raramente ocorre novazio. Entre as atividades abrangidas pela engenharia reversa, in-cluem-se as que percebem as necessidades potenciais do mercado, asque localizam o conhecimento ou os produtos que podem satisfazeras necessidades do mercado, e as atividades capazes de introduzir es-ses dois elementos em um novo projeto. A engenharia reversa tam-bém envolve a busca intencional de informações relevantes, intera-ções eficazes entre os membros técnicos de uma equipe de projeto eos departamentos de marketing e de produção, além de interações efi-cazes com outras organizações, como fornecedores, clientes e – paraprodutos e tecnologias mais complexos – institutos de P&D e univer-sidades locais.Tais atividades requerem uma disposição de assumir ris-cos e de aprender a partir da experiência. Um aprendizado abrangen-do tentativas, erros e novas tentativas é o que geralmente se esperapara a obtenção de um resultado satisfatório.

A imitação não significa necessariamente uma cópia ou umclone ilegal de produtos estrangeiros; ela pode também ser legal, nãoenvolvendo violações de patentes ou pirataria de know-how registrado.

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Mansfield (1984) mostrou que 60% das inovações patenteadas foramlegalmente imitadas no período de quatro anos a partir do seu apa-recimento. As imitações vão da cópia ilegal de produtos populares aprodutos novos verdadeiramente inovadores e apenas inspirados poralgum espécime precursor. Schnaar (1994) classificou os diversos ti-pos de imitação em: falsificações ou produtos piratas, cópias baratasde produtos caros ou clones, cópias de design, adaptações criativas, sal-tos tecnológicos e adaptações para outros tipos de indústria.

A falsificação e a cópia barata são imitações duplicativas, mas,enquanto a primeira é ilegal, a segunda é legal.As falsificações são có-pias, vendidas com a mesma marca do original de melhor qualidade,mas muitas vezes (nem sempre) de qualidade inferior, privando oinovador dos lucros que tem a receber. Em contrapartida, a cópia ba-rata ou o clone constitui, na maioria das vezes, um produto legal emsi, apenas copiando rigorosamente o produto precursor, na ausênciaou na expiração de sua patente, direito autoral ou marca registrada,vendido com sua própria marca e a preços muito inferiores. Freqüen-temente, o clone chega a superar o original em qualidade.

No plano tecnológico, a imitação duplicativa não oferece van-tagens competitivas sustentáveis para o imitador; mas, em termos depreços, representa uma vantagem competitiva se os custos salariais doimitador forem significativamente inferiores aos do criador. Por essarazão, a imitação duplicativa, na medida em que for legal, constituiuma estratégia sagaz na industrialização inicial de países com baixossalários à procura de seu desenvolvimento; nos casos em que a tec-nologia envolvida está plenamente desenvolvida e prontamente dis-ponível, a imitação duplicativa da tecnologia plenamente desenvolvi-da torna-se relativamente fácil de empreender.

Mas a imitação duplicativa isoladamente não é suficiente parauma EIR avançar em sua industrialização.Tanto a imitação criativa co-mo a inovação são requeridas não apenas para atualizar as indústriasexistentes, mas também para enfrentar em países avançados novas in-dústrias. As cópias de design, a adaptação criativa, o salto tecnológico

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e a adaptação para outro tipo de indústria são imitações criativas. Ascópias de design imitam o estilo ou desenho do líder de mercado, masusam suas próprias marcas e especificações exclusivas de engenharia.A adaptação criativa é inovadora no sentido de que se inspira emprodutos existentes, mas difere desses produtos. O salto tecnológicopode beneficiar um ingressante tardio, quando o recém-chegado ob-tém acesso a uma tecnologia mais nova e a utiliza com uma com-preensão mais exata do mercado em crescimento do que aquela doinovador original. As adaptações para outros tipos de indústria ilus-tram a transferência de inovações de um ramo industrial para outro.A imitação criativa tem por objetivo gerar produtos imitativos, mascom novas características de desempenho. Além de atividades comobenchmarking,* envolve também um considerável aprendizado pormeio de substancial investimento em atividades de P&D para criaçãode produtos imitativos. A performance desses produtos pode ser signi-ficativamente melhor ou ter custos de produção consideravelmentemenores do que o original. Bolton (1993) afirma que a estratégia ja-ponesa apresenta essas características.

Define-se a inovação como uma atividade precursora, original-mente enraizada nas competências internas da empresa, para desen-volver e introduzir um novo produto no mercado pela primeira vez.Contudo, a distinção entre inovação e imitação criativa é algo nebu-losa.A maioria das inovações não envolve grandes rupturas, mas estáprofundamente enraizada em idéias já existentes. Por outro lado, co-mo observam Nelson & Winter (1982), os imitadores que trabalhamcom um conjunto muito esparso de indícios podem reivindicar o tí-tulo de “inovadores”, já que a maior parte do problema foi realmen-te resolvida por eles de modo independente.

Muitas habilidades e atividades requeridas pela engenharia re-versa podem facilmente transformar-se nas atividades de P&D, pelasquais algumas EIRs se aproximaram da fronteira tecnológica.As habi-

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* Processo para comparação de indicadores de desempenho. (N.T.)

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lidades e as atividades requeridas por esses processos são, de fato, asmesmas do processo de inovação da P&D.

Várias indústrias desses países – como as de semicondutores,eletrônica e biotecnológica – têm ampliado suas atividades de P&D

para se transformarem de imitadores em criativos efetivos, bem comoem inovadores. Na década de 1990, a inserção inovadora das econo-mias de industrialização recente em determinadas indústrias caracte-rizou-se por intensas atividades de P&D no interior das organizaçõese pela participação em alianças globais, refletindo sua aspiração de setornarem membros da comunidade industrialmente avançada. Emoutras palavras, a tecnologia e a inovação tornaram-se lemas nessespaíses para fortalecer a competitividade deles na preparação para o sé-culo XXI. Este livro apresenta artigos escritos por importantes estu-diosos da área, analisando a inovação e a competitividade nas EIRs, es-pecialmente as do Leste Asiático.

A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO

Este livro possui quatro partes, incluindo de dois a quatro capítulos.Cada uma dessas partes é finalizada com um breve comentário sobreseus capítulos.

Os dois capítulos da Parte I proporcionam uma ampla perspec-tiva. No Capítulo 2, utilizando a experiência dos países asiáticos e deoutros países industrializados, Sanjaya Lall discute como as aptidõestecnológicas da indústria diferem em âmbito nacional e o papel que as diretrizes políticas desempenham nessas diferenças. Além deapresentar dez importantes características relativas ao desenvolvimen-to de aptidões tecnológicas em contexto empresarial, ele tambémmostra como a capacidade tecnológica nacional pode ser construídacom base nas aptidões em sentido micro. No Capítulo 3, HowardPack nota que apenas um pequeno grupo de países asiáticos teve êxi-to na industrialização, ainda que muitos países em desenvolvimento

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tivessem adotado estratégias similares. Ele discute esse êxito enquan-to resultado de diversas características correlacionadas. Entre estas,destacam-se: o grau de abertura, a competência e a disposição bem-sucedidas desses países de aprenderem a partir de conhecimentos es-trangeiros; suas respostas às pressões competitivas do mercado expor-tador para elevar sua produtividade; e a alta produtividade mostradapela tecnologia estrangeira à medida que sua disseminação e usobem-sucedido vão se intensificando por meio de uma força de tra-balho local instruída. Em sua conclusão, Pack observa que, embora oconsiderável sobressalto que algumas EIRs atravessam hoje em dia se-ja provavelmente um problema passageiro, as dificuldades a longoprazo residem na continuidade, de modo eficiente, da expansão dossetores modernos da economia.Ao final dessa primeira parte, Lund-vall faz um breve comentário sobre os Capítulos 2 e 3, também apre-sentando suas próprias idéias sobre o assunto.

Os quatro capítulos da Parte II investigam os modos pelos quaisas empresas aprendem em nível microeconômico. No Capítulo 4,David Teece apresenta o modelo de capacidade dinâmica de umaempresa. Ele assinala que as empresas são o âmbito no qual o desen-volvimento econômico realmente acontece, e que a competência eas aptidões das empresas repousam essencialmente nos processos or-ganizacionais, nas posições de mercado e nas trajetórias.Teece tam-bém conclui que a competência pode proporcionar vantagens com-petitivas e gerar lucros apenas se tiver por base um conjunto derotinas, habilidades e ativos complementares difíceis de imitar. O ca-pítulo fornece proposições para empresas estabelecidas em econo-mias de industrialização recente. No Capítulo 5, Mike Hobday com-para as semelhanças e diferenças no aprendizado tecnológicoreferente a produtos eletrônicos entre o sistema FAE (fabricação deequipamentos originais)* prevalecente no Leste Asiático, e o sistemaadotado pelas empresas transnacionais (ETNs) no Sudeste Asiático. Ele

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* No original, original equipment manufacture [OEM]. (N.T.)

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conclui que, apesar de problemas estruturais, ambas as abordagenscontribuíram significativamente para a inovação industrial e o desen-volvimento econômico nacional.Hobday também debate as perspec-tivas e os desafios futuros das economias de industrialização recente.

No Capítulo 6, KongRae Lee analisa como um fabricante sul-coreano de automóveis, na qualidade de usuário de aptidões tecno-lógicas acumuladas, tornou-se um importante agente do setor. Eleinvestiga em detalhe como esse fabricante de autoveículos acumulouaptidões de engenharia reversa por meio do aprendizado do uso dosbens de capital importados e de sua imitação; como os assimilou pormeio do aprendizado do projeto; e como se tornou um projetista in-dependente por meio do aprendizado criativo. Lee também examinaevidências similares em outros ramos industriais. No Capítulo 7,Geert Duysters e John Hagedoorn debatem diversas formas de alian-ças estratégicas internacionais de tecnologia e as razões por que asalianças estratégicas variam dos tradicionais acordos de participaçãoacionária a acordos mais flexíveis de associação não-acionária. Elestambém apresentam dados empíricos sobre alianças estratégicas inter-nacionais de tecnologia dentro da Tríade (isto é, Japão, Estados Uni-dos e os quinze países-membros da União Européia), bem como en-tre a Tríade e as EIRs. Duysters e Hagedoorn concluem que asempresas sul-coreanas respondem em grande parte pelas aliançasTríade-EIRs, e que essas empresas se agrupam em setores de alta tec-nologia – como eletrônica, tecnologia de microinformática e bioen-genharia. A Parte II termina com um comentário de Martin Frans-man, que também apresenta suas próprias idéias sobre o assunto.

Na terceira parte, são analisadas as políticas públicas para a ino-vação das EIRs asiáticas. No Capítulo 8, Mark Dodgson examina asforças e fraquezas relativas da ciência e da tecnologia das EIRs do Les-te Asiático e analisa as políticas adotadas para promover o desenvol-vimento da ciência, da tecnologia e da inovação nesses países.Apesardas grandes diferenças nas estruturas industriais, nas relações entre go-vernos e empresas, e nos sistemas legais e financeiros entre os países

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emergentes asiáticos, ele conclui que as políticas de dotação de infra-estrutura, como a criação de instituições mediadoras orientadas parao estabelecimento de redes, tiveram um impacto específico no desen-volvimento da difusão de tecnologias e da criação de aptidões. Porsua vez, no Capítulo 9,Won-Young Lee analisa a evolução da políti-ca científica e tecnológica no desenvolvimento industrial sul-corea-no nas últimas três décadas. Ele postula que o desenvolvimento tec-nológico na Coréia do Sul atravessou três estágios: imitação,internalização e criação. Em seguida, Lee investiga as distintas carac-terísticas e as eficácias das políticas em cada estágio. Ele também exa-mina a interação entre a política industrial e a política científica etecnológica. Depois, Morris Teubal fornece um comentário sobre osdois capítulos, expondo igualmente suas próprias idéias.

A Parte IV finaliza o livro com dois capítulos. No Capítulo 10,Jorge Katz apresenta a experiência latino-americana de aprendizadotecnológico durante o período de substituição das importações e oefeito da recente mudança estrutural na produção industrial. Ele con-clui que o crescimento econômico dos países da América Latina nãofoi, de modo algum, tão impressionante quanto o dos países do Les-te Asiático. Contudo, na década de 1970, um crescente grau de sofis-ticação tecnológica resultante da dinâmica do aprendizado provocouuma rápida expansão da produtividade da mão-de-obra e da expor-tação de produtos manufaturados na Argentina, no Brasil e no Méxi-co. Este progresso deixou de sustentar-se sob as políticas macroeco-nômicas e comerciais adotadas durante a década de 1980. Em vezdisso, durante os anos 1980 e 1990, houve apenas um crescimento dasindústrias intensivas em trabalho e de relativamente baixa intensida-de tecnológica, e uma grande mudança da especialização industrialrumo ao beneficiamento de matérias-primas. No Capítulo 11, LinsuKim analisa como o sistema nacional de inovação da Coréia do Sul,que funcionou com relativa eficácia no passado, tornou-se problemá-tico nos anos recentes. Ele mostra que os problemas sul-coreanos en-contram-se na burocracia governamental, na estrutura industrial, na

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