Tecnologia e Organização Do Trabalho - Resumir Marcações Em Amarelo

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  • Marcello CalvosaVolume nico

    Tecnologia e Organizao do Trabalho

    Apoio:

  • C169t Calvosa, Marcello.

    Tecnologia e Organizao do Trabalho: volume nico. / Marcello Calvosa. Rio de Janeiro: Fundao CECIERJ, 2010.

    336p.; 19 x 26,5 cm. ISBN: 978-85-7648-632-9

    1. Organizao do trabalho. 2. Sistemas de informao. 3. Gesto da informao. 4. Gesto do conhecimento. I. Ttulo.

    CDD: 331.87

    Referncias Bibliogrfi cas e catalogao na fonte, de acordo com as normas da ABNT.

    Copyright 2009, Fundao Cecierj / Consrcio Cederj

    Nenhuma parte deste material poder ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrnico, mecnico, por fotocpia e outros, sem a prvia autorizao, por escrito, da Fundao.

    2010.2/2011.1

    Material Didtico

    ELABORAO DE CONTEDOMarcello Calvosa

    COORDENAO DE DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONALCristine Costa Barreto

    SUPERVISO DE DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONALCristiane Brasileiro

    DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL E REVISO Ana Cristina Andrade dos SantosMarcelo Oliveira

    AVALIAO DO MATERIAL DIDTICOThas de Siervi

    Fundao Cecierj / Consrcio CederjRua Visconde de Niteri, 1364 Mangueira Rio de Janeiro, RJ CEP 20943-001

    Tel.: (21) 2334-1569 Fax: (21) 2568-0725

    PresidenteMasako Oya Masuda

    Vice-presidenteMirian Crapez

    Coordenao do Curso de AdministraoUFRRJ - Silvestre Prado

    SOBRE O AUTOR

    EDITORFbio Rapello Alencar

    REVISO TIPOGRFICACristina FreixinhoDaniela de SouzaElaine Bayma

    COORDENAO DE PRODUOKaty Arajo

    PROGRAMAO VISUALRonaldo d'Aguiar Silva

    ILUSTRAOAndr Dahmer

    CAPAClara Gomes

    PRODUO GRFICAVernica Paranhos

    Departamento de Produo

    Marcello Calvosa

    formado em Administrao Pblica e de Empresas, especialista em Auditoria Fiscal, mestre em Gesto e Estratgia em Negcios (UFRRJ) e, atualmente, doutorando em Administrao (USP). Atuou no mercado como gerente de vendas e administrador de empresas, ao longo de dez anos. Com a ajuda de diversos colaboradores, realizou estudos, publicou ensaios e artigos cientfi cos em simpsios, seminrios e congressos cientfi cos. Participa ativamente de grupos de pesquisa e professor colaborador em pesquisas do Ncleo de Estudos do Mestrado da UFRRJ. Trabalha como professor na UFRRJ, desde 2003, no curso de graduao em Administrao de Empresas e atua como coordenador de gerncia de vendas no curso de graduao em Administrao, modalidade de ensino a distncia do CEDERJ. Possui ainda experincia prtica e acadmica nas reas de Sistemas Administrativos, Mercadolgica e de Recursos Humanos, desenvolvendo principalmente os seguintes temas: Empreendedorismo, Liderana Empresarial, Vendas/Marketing, Desenvolvimento de Carreiras e Gesto de Pessoas. Referncia para o Currculo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4266017D.

  • Governo do Estado do Rio de Janeiro

    Secretrio de Estado de Cincia e Tecnologia

    Governador

    Alexandre Cardoso

    Srgio Cabral Filho

    Universidades Consorciadas

    UENF - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIROReitor: Almy Junior Cordeiro de Carvalho

    UERJ - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIROReitor: Ricardo Vieiralves

    UNIRIO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIROReitora: Malvina Tania Tuttman

    UFRRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIROReitor: Ricardo Motta Miranda

    UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROReitor: Alosio Teixeira

    UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSEReitor: Roberto de Souza Salles

  • Aula 1 Consideraes iniciais sobre organizao do trabalho ................7

    Aula 2 Organizao do trabalho e o relacionamento com empregados ......................................................................... 29

    Aula 3 Organizao do trabalho no sculo XX: o modelo clssico ...... 57

    Aula 4 Organizao do trabalho no sculo XX: novos modelos .......... 87

    Aula 5 Como a cultura e a mudana organizacional afetam as relaes de trabalho .............................................................115

    Aula 6 O ambiente de trabalho seguro ..............................................143Aula 7 O ambiente de trabalho saudvel .............................................177

    Aula 8 Sistemas de informao: uso estratgico para a organizao e para o seu empregado ............................................................203

    Anexo I Gesto da informao e gesto do conhecimento ....................229

    Anexo II Componentes do sistema de informao .................................235

    Aula 9 Da execuo formal do trabalho s oportunidades de carreira...................................................................................243

    Anexo I Estrutura oganizacional em redes .............................................269

    Anexo II Contribuio da Psicologia para a construo da carreira .......273

    Aula 10 Reflexes sobre o futuro do trabalho ....................................277

    Apndice I Caractersticas de trabalho e rendimento ...........................311

    Apndice II Brasil: evoluo do emprego por setor de atividade econmica .........................................................317

    Referncias............................................................................................. 319

    Tecnologia e Organizao do Trabalho Volume nico

    SUMRIO

    Todos os dados apresentados nas atividades desta disciplina so fi ctcios, assim como os nomes de empresas que no sejam explicitamente mencionados como factuais.Sendo assim, qualquer tipo de anlise feita a partir desses dados no tem vnculo com a realidade, objetivando apenas explicar os contedos das aulas e permitir que os alunos exercitem aquilo que aprenderam.

  • Consideraes iniciais sobre organizao do trabalho

    Aps o estudo do contedo desta aula, voc dever ser capaz de:

    identifi car a origem da importncia do tra-balho e como este afeta a mentalidade e o comportamento das pessoas na sociedade capitalista;

    diferenciar os conceitos de trabalho, ocupao, emprego, tecnologia e tcnica.

    1ob

    jetivo

    s

    AULA

    Meta da aula

    Apresentar o surgimento do trabalho para a sociedade e a incorporao desse valor para

    as organizaes e sua consequente modifi ca-o com o advento da tecnologia, das mudan-as mundiais, das inovaes tecnolgicas e da

    evoluo da mentalidade dos empregados.

    1

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    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Consideraes iniciais sobre organizao do trabalho

    INTRODUO Este curso tem como objetivo principal mostrar como a tecnologia e a organi-

    zao do trabalho tm se modifi cado com o passar do tempo e como isso afeta

    o administrador contemporneo. Constatam-se novas formas de se organizar,

    reduo na jornada de trabalho, surgimento e valorizao dos sindicatos, direitos

    e garantias ao trabalhador, em geral, evoluo e benefcios para as empresas,

    para o empregado e para os consumidores e compradores dos seus servios e

    produtos, em muitas reas. Mas tambm pode ser observada a incrvel degra-

    dao do ambiente, a exausto de recursos naturais, o aumento de doenas

    emocionais, o alto nvel de estresse e a difi culdade para a insero no mercado

    de trabalho. Apesar de as condies de trabalho terem melhorado bastante

    ao longo da Histria, ainda h muito o que fazer. No Brasil mesmo, de vez em

    quando, nos deparamos com notcias sobre trabalho escravo, trabalho infantil,

    empresas poluidoras do meio ambiente, funcionrios desmotivados dentro das

    organizaes, alto ndice de desemprego etc. Ns que estudamos Administra-

    o temos uma responsabilidade mpar nesse processo. Alm de trabalharmos

    como gestores em empresas de diversos segmentos e portes, tambm somos

    formadores de opinio e temos a responsabilidade primria de salvaguardar o

    principal ativo da organizao, o capital intelectual, sem, contudo, deixarmos

    de zelar pela produtividade, pelo compromisso e pela efi ccia do atingimento

    de metas da empresa que representamos. Como conciliar tantos interesses

    que, por vezes, parecem controversos e confl itantes? Precisamos nos capacitar!

    Precisamos refl etir sobre isso!

    Entre os principais temas tratados ao longo deste curso, veremos quais as

    principais caractersticas e contribuies da organizao do trabalho no sculo

    XX, como a cultura organizacional, as decises de mudana e de desenvolvi-

    mento da empresa afetam todo um conjunto de variveis que podem conduzir

    a organizao para o sucesso ou a perda de competitividade; questes de

    segurana no trabalho e ergonomia que podem reduzir custos e proteger o

    trabalhador; tecnologias que afetam o ambiente de trabalho, as pessoas e a

    forma de a fi rma se organizar; como a organizao pode aprender com lies

    externas e internas e gerar conhecimento a partir dos trabalhadores; decises

    e alternativas de carreira do trabalhador; sustentabilidade e novas formas de

    a empresa se organizar.

    Para maior proveito do curso, no se limite apenas a este material. Siga as

    sugestes de leitura e visite os sites indicados nos boxes ao longo do livro. Tente

    discutir o assunto com os colegas de turma e outros interessados sempre que

    possvel. Pontos de vista diferentes sobre a matria nos ajudam a ter uma viso

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    ampla e profunda sobre diversos assuntos. Faa os exerccios propostos e tire suas dvidas com o monitor.

    A qualquer momento, voc pode me contatar para esclarecimento de dvidas

    e auxlio em pontos que meream maior aprofundamento, segundo a sua

    necessidade profi ssional ou curiosidade acadmica, pelo e-mail: mcalvosa@

    ufrrj.br. Sucesso nessa jornada!

    Professor Marcello Calvosa

    O DESPERTAR DO HOMEM PARA O TRABALHO

    Quando comparamos o homem a outros seres, percebemos que

    somos uma espcie frgil, pois possumos reduzida fora fsica, no temos

    muita velocidade de deslocamento, nossa pele pouco resistente ao clima

    e s agresses, no andamos bem e no voamos, no resistimos mais do

    que alguns dias sem gua e alimento, nossa infncia muito demorada

    e precisamos de cuidados por longo tempo. Para superar essas difi culda-

    des, entre outras, o homem s podia contar com a ajuda de seus iguais.

    Quando essa constatao tornou-se evidente, o sentido de coletividade

    comeou a surgir. No momento em que o ser humano deixou de ser um

    simples coletor de alimentos, passando a cultivar tudo aquilo que seria

    necessrio para sua sobrevivncia, isso gerou uma ao modifi cadora

    desse homem frente natureza. Essa mudana de postura deu origem

    primeira manifestao de trabalho. O trabalho, fazendo uma generali-

    zao, o instrumento da interveno do homem sobre o mundo.

    Ao longo da Histria, o trabalho foi tratado de forma diferente

    por povos e naes. O endeusamento dos valores do trabalho que vemos

    hoje uma concepo recente, fruto do pensamento moderno. Nas

    sociedades primitivas, a relao dos homens com a produo de bens

    materiais era completamente diferente do que temos hoje. O trabalho

    primitivo era diversifi cado, descontnuo, cessando no momento em que

    no era mais exigido, uma vez que no havia a necessidade de uma super-

    produo estimulada pelo consumo irrefrevel nem a comercializao

    dos excedentes de produo. Os povos tribais trabalham menos e em

    melhores condies do que ns, mesmo sem todo o aparato tecnolgico

    que desenvolvemos.

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    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Consideraes iniciais sobre organizao do trabalho

    O trabalho no est necessariamente contido no repetitivo ciclo

    vital da espcie e as geraes que vm depois tendem a no apenas

    repetir, mas evoluem a forma como tratam o trabalho. por meio dele

    que o homem cria coisas extradas da natureza, convertendo o mundo

    num espao de objetos partilhados. O trabalho pode ser defi nido como

    toda atividade realizada pelo homem que transforma a natureza pela

    inteligncia. Trabalhando, o homem desenvolve potncias e subordina

    a fora da natureza ao seu prprio poder.

    Na sociedade grega, bero da civilizao ocidental, o trabalho era

    visto em funo do produto, e este, por sua vez, em funo de sua utili-

    dade ou capacidade de satisfazer a necessidade humana. O que contava

    era o valor de uso e no o valor de troca, o valor de uma mercadoria

    em relao s outras. O valor do produto como mercadoria no passa

    do valor de uso para outra pessoa.

    O processo de trabalho constitui o fundamento ltimo de toda

    mudana tecnolgica. Ao contrrio do animal, o intercmbio que o

    homem realiza com a natureza mediante o trabalho no nenhum ato

    instintivo-biolgico, mas uma ao consciente. A explorao baseia-se

    nessa ruptura interior do processo de trabalho, que permite a certos

    indivduos planejar, ordenar e usufruir da tarefa executada por outros.

    Com isso, o trabalho tornou-se central na vida da maioria das pessoas.

    Sua ausncia passou a signifi car que o indivduo encontrava inmeras

    difi culdades para garantir sua sobrevivncia e a de sua famlia.

    At hoje, o homem trabalha para superar as suas difi culdades e

    para atender s suas necessidades de abrigo, proteo, lazer, adquirindo

    mais experincias e conhecimentos. Expandindo o nosso olhar sobre o

    que trabalho, podemos ver, ao observarmos o mundo ao nosso redor,

    que o trabalho no s uma atividade assalariada ou meramente volun-

    tria, no exige uma periodicidade uniforme, no est vinculado a um

    local fi xo, a uma regio ou a um pas, no apenas direcionado pelos

    detentores dos meios de produo ou fi xado em uma unidade produtiva.

    O mundo ao nosso redor nos d ricos exemplos de evolues e desenvol-

    vimentos de modalidades em que esse esforo concentrado para atingir

    um objetivo defi nido, com dispndio de energia (conceito da cincia

    Fsica sobre a atividade trabalho), extrapola as condies primrias

    do capitalismo dos ltimos sculos, sobretudo a partir da Revoluo

    Industrial de 1750.

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    Histria da Riqueza do Homem

    A primeira parte do livro His-tria da riqueza do homem, de Leo Huberman, fala sobre o comportamento do homem diante da mudana de regime e da quebra do modelo de concentrao de riqueza ver-sus o surgimento e fortaleci-mento dos Estados soberanos, do feudalismo ao capitalismo. Este um livro clssico da primeira parte do sculo XX. Ele utilizado em escolas de

    Sociologia, Economia e Administrao em todo o mundo. Caso queira saber mais sobre o assunto, voc poder fazer o download gratuito dele no site: http://tutomania.com.br/livro/historia-da-riqueza-do-homem-leo-huberman-br--revisado

    H quase duzentos anos, em 1818, nascia Karl Marx, intelectual

    e revolucionrio alemo fundador da doutrina comunista moderna.

    Suas obras so muito utilizadas em cursos de Cincias Sociais. Como

    terico e fi lsofo, foi capaz de expressar, com maestria, o sentimento

    da sociedade da poca e ainda lanar luz sobre o assunto que seria

    alvo de tanto interesse no futuro. Marx compreende o trabalho como

    atividade fundante da humanidade. E o trabalho, sendo a centralidade

    da atividade humana, se desenvolve socialmente, sendo o homem um

    ser social. Ele dizia: Como atividade que visa apropriao do que

    natural, o trabalho condio da existncia humana, uma condio do

    metabolismo entre homem e natureza, independentemente de qualquer

    forma social" (MARX, 1999, p. 65).

    Com o passar do tempo, com mudanas de regime, quedas de governo,

    mudanas sociais e climticas, a forma de arranjo do trabalho tambm foi

    sofrendo alteraes. As empresas foram foradas a se adaptar para tirar o

    atraso do tempo que passaram sem realizar ajustes, o que implicava queda

    progressiva da competitividade. Foi necessrio adequar-se s novas exigncias

    que obrigaram as empresas a aprenderem a se modifi car continuamente e

    corrigir o que se provou no estar certo no seu desempenho. As empresas

    passaram a ser fadadas a mudar sempre e, com isso, o carter do trabalho e

    as pessoas na organizao tambm sofreram mudanas.

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    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Consideraes iniciais sobre organizao do trabalho

    A tecnologia tambm est impondo uma alterao sensvel no

    perfi l e nas habilidades da mo de obra de todos os nveis nas empre-

    sas, exigindo no apenas o retreinamento do pessoal, mas tambm sua

    reeducao e, eventualmente, sua substituio. Quando fazemos, com

    antecedncia, um estudo de todos os fatores que vo interferir no trabalho

    e reunimos o que necessrio para a sua execuo, estamos organizando

    o trabalho para alcanar bons resultados.

    Figura 1.1: Evoluo do trabalho de acordo com o incremento da tecnologia.

    CARACTERSTICAS DEMOGRFICAS DO TRABALHO

    Publicada em 2002, uma pesquisa do IBGE constatou uma taxa

    de atividade laboral de 56,4% no Brasil. Logo, dos 136,4 milhes de

    habitantes com 10 anos ou mais de idade, 76,9 milhes eram economi-

    camente ativos, em agosto de 2000. Desse total, 64,4 milhes estavam

    trabalhando, sendo:

    43,6 milhes como empregados;

    1,8 milho como empregadores;

    14,5 milhes como trabalhadores por conta prpria;

    2,6 milhes como trabalhadores no remunerados, em ajuda a

    membro do domiclio;

    1,9 milho como trabalhadores na produo para o prprio

    consumo.

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    Doze milhes estavam em busca de ocupao. A populao mas-culina se manteve mais elevada que a feminina (44,1%). As taxas de

    atividade da populao residente em rea urbana superaram as da rural,

    nas faixas etrias de 18 a 59 anos de idade. Na rea rural, no entanto,

    foi mais intenso o ingresso de crianas e adolescentes e a permanncia de

    pessoas de 60 anos ou mais no mercado de trabalho. A taxa de atividade

    das crianas de 10 a 14 anos de idade foi de 7% para as que moravam em

    rea urbana e de 16,3% para as residentes em rea rural. A participao

    das mulheres na populao ocupada foi de 37,9%.

    Do total de pessoas ocupadas, 22,4% trabalhavam habitualmente

    menos de 40 horas semanais. No contingente feminino, este percentual

    atingiu 33,8%, mais que o dobro do referente populao masculina

    (15,4%). Na faixa de 10 a 14 anos de idade, 70,5% das pessoas trabalha-

    vam menos de 40 horas semanais. No que diz respeito distribuio da

    populao ocupada por atividade, as maiores concentraes ocorreram

    nas sees de agricultura, pecuria, silvicultura e explorao fl orestal,

    juntamente com a pesca (17,4%); no comrcio, reparao de veculos

    automotores, objetos pessoais e domsticos (17,3%) e na indstria.

    A prxima pesquisa sobre a atividade laboral da populao brasileira ser no Censo de 2010. Acompanhe em http://www.ibge.gov.br/home.

    Com base na aula, responda como surgiu o trabalho na vida do homem e qual a importncia da viso atual do trabalho para a sociedade capitalista.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    Atividade 11

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    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Consideraes iniciais sobre organizao do trabalho

    Resposta ComentadaO trabalho surgiu na vida do homem quando ele deixou de ser passivo em

    relao ao ambiente e comeou a interagir, modifi cando-o. Nesse momento,

    nasceu o sentido de coletividade, pois, para transformar o ambiente de modo

    satisfatrio e duradouro, o homem passou a precisar da ajuda de seus pares,

    que trabalhariam juntos e de forma organizada para intervir sobre o mundo.

    A sociedade capitalista uma sociedade de consumo. A viso atual da sociedade

    de que o trabalho deve ser rotineiro, organizado, ininterrupto e remunerado

    permite que exista uma demanda constante por produtos e servios gerados

    pelas empresas e que so ofertados a essa massa consumidora, gerando a base

    do capitalismo (trocas e interesses comerciais latentes).

    CONSIDERAES SOBRE TRABALHO, OCUPAO E EMPREGO

    a) Trabalho

    Em sua origem, o TRABALHO a atividade daqueles que perderam

    a liberdade. Na Antiguidade, adquiriu o signifi cado metafrico de sofri-

    mento e infortnio. O homem sofre, no sentido negativo do termo, ao

    "vacilar sob um fardo". O fardo pode ser invisvel, pois, na verdade, ele

    o fardo social da falta de independncia e de liberdade. O signifi cado de

    sofrimento e punio perpassou a histria da civilizao, relacionando-

    se tambm, diretamente, ao signifi cado do termo latino que originou a

    palavra trabalho, proveniente do latim vulgar tripalium, embora seja,

    s vezes, associada trabaculum. Tripalium era um instrumento rstico

    feito de trs paus aguados, com ponta de ferro, com o qual os antigos

    agricultores batiam os cereais para process-los, e tambm se tornou,

    tempos depois, um instrumento de tortura.

    Por muito tempo, a palavra trabalho signifi cou experincia doloro-

    sa, padecimento, cativeiro e castigo. A efi ccia dessa explicao est na

    verifi cao do fato de que o trabalho, como atividade laboral, nem sem-

    pre foi considerado desejvel por homens e mulheres em todas as pocas

    histricas, apesar de nunca deixar de ser realizado ao longo da Histria.

    O termo trabalho no tem o sentido original de atividade remunerada,

    individual, posio organizacional ou de carter temporal.

    TR A B A L H O

    Conjunto de ativi-dades intelectuais e manuais organi-zadas pela espcie humana e aplicadas sobre a natureza, visando assegurar primariamente sua subsistncia.

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    LA 1

    Voc trabalha por prazer ou para sobreviver?

    Voc sente prazer em trabalhar ou o faz apenas por obrigao, para pagar as contas? O prazer uma busca constante da nossa existncia! Na verdade, a maneira pela qual a natureza nos indica que estamos no caminho certo. Tudo o que voc fi zer a favor da sua natureza ser retribudo com uma sensao prazerosa. De certo que precisamos de recursos fi nanceiros para sobreviver e adquirirmos os bens tangveis desejados; no entanto, trabalhar para sobreviver ou passar anos trabalhando no que no gosta no torna o indivduo feliz e no nada produtivo, tanto para a empresa, quanto para ele e sua famlia. O prazer no trabalho o que existe de mais fundamental em sua vida profi ssional, no somente para sua qualidade de vida, mas porque ele o seu termmetro de sucesso dentro daquilo que voc faz. Caso, por tempo duradouro, voc continue trabalhando apenas por obrigao, mesmo que suporte essa rotina por um tempo signifi cativo, voc se tornar improdutivo e engessado em seu cargo, o que, de qualquer modo, o colocar em uma delicada e frgil permanncia no emprego. Leia a reportagem Prazer fundamental, da revista Voc S.A. Disponvel em http://vocesa.abril.com.br/edi3/prazer.html. Acesso em 21 mar. 2009.

    At o fi nal do sculo XVII, ningum concebia que o homem tivesse

    direito natural propriedade em decorrncia do seu trabalho. Nenhum

    dos autores clssicos jamais pensou no trabalho como possvel fonte de

    riqueza, como pensamos atualmente. Criou-se, assim, a partir desse

    sculo, uma sociedade que no situa em primeiro plano a natureza,

    ou a produo, a servio da transformao do homem, do cidado da

    plis.

    No sculo XVIII, surge no cenrio mundial o famigerado Adam

    Smith, que introduz o pensamento de que a felicidade concebida a

    partir da acumulao de bens materiais. Em seu famoso livro Riqueza

    das naes (1776), cita:

    O homem rico ou pobre segundo a quantidade de trabalho que

    ele pode se permitir comprar. O valor de cada mercadoria para a

    pessoa que a possui , portanto, igual quantidade de trabalho que

    esta lhe permite comprar ou comandar. O trabalho a medida real

    do valor de troca de todas as mercadorias.

    Mais recentemente, a partir do fi nal do sculo XIX, sobretudo,

    o homem moderno passou a sacrifi car sua vida no altar do "trabalho"

    e a tomar como situao de felicidade a submisso a um "emprego"

    determinado por outrem. O trabalho tornou-se, nessa era, uma atividade

    compulsiva e incessante; a servido tornou-se liberdade e a liberdade,

    servido; ou seja, a aceitao voluntria de um sofrimento sem outro

    sentido, seno ele prprio. Para o homem dos tempos modernos, o

    tempo livre inexiste ou escasso. Passou a ser, por outros meios, um

    mero prolongamento do trabalho, ou seja, o homem no descansa mais

    sem estar mentalmente livre de suas responsabilidades.

  • 16 C E D E R J

    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Consideraes iniciais sobre organizao do trabalho

    Porm, privar uma pessoa do trabalho no arrisca apenas a sua

    sobrevivncia fsica, mas tambm a ausncia de reconhecimento da pr-

    pria identidade do trabalhador, levando a distores no comportamento

    e na percepo de valor do indivduo. Uma estudiosa do tema, Selma

    Lancman (2004, p. 26), comenta:

    Trabalho mais que o ato de trabalhar ou de vender a sua fora de

    trabalho em busca de remunerao. H tambm uma remunerao

    social pelo trabalho, ou seja, o trabalho enquanto fator de integra-

    o a determinado grupo com certos direitos sociais. O trabalho

    tem, ainda, uma funo psquica: um dos grandes alicerces de

    constituio do sujeito e de sua rede de signifi cados. Processos

    como reconhecimento, gratifi cao, mobilizao da inteligncia,

    mais do que relacionados realizao do trabalho, esto ligados

    constituio da identidade e da subjetividade.

    O trabalho no sculo XXI envolve uma migrao de valores e a

    ideologia da conduo da prpria carreira pelo indivduo, que foge de

    uma postura pacfi ca e determinstica de aceitar o ofcio do pai, servir

    fi elmente a uma s empresa ao longo de toda a sua vida ou no conduzir

    as suas prprias escolhas. Apesar dessa liberdade de pensamento, alguns

    estudos internacionais sugerem que apenas 2% da populao economi-

    camente ativa esto em condies de escolher suas opes de carreira.

    Existe trabalho para todos?

    Cerca de 180 milhes de pessoas no mundo esto numa situao de desem-prego "aberto" (pessoas que procuram ativamente um trabalho, mas no encontram), das quais bem mais de um tero so jovens de 15 a 24 anos. Cerca de um tero da mo de obra no mundo est desempregada e subempregada ("desocupada" e "subocupada", na terminologia mais comum do IBGE). O aumento da economia informal traduz-se no aumento do subemprego e, em geral, na queda de produtividade e de remunerao, que, por sua vez, geram um aumento de trabalhadores de baixa renda. Dados da OIT Organizao Internacional do Trabalho. Disponvel em www.oitbrasil.org.br/emprego.ph. Acesso 20 fev. 2009.

    b) Ocupao

    Atualmente, o conceito de O C U PA O associado ao termo tra-

    balho. Trabalho no o mesmo que ocupao. necessrio que se

    esclarea a distino entre os dois termos. Na Antiguidade, as pessoas

    OC U PA O

    Cargo exercido ou funo executada, ou seja, do que o profi ssional se ocupa para a reali-zao de suas ativi-dades laborais.

  • C E D E R J 17

    AU

    LA 1

    livres eram ocupadas. Para os gregos, havia ocupaes de carter inferior e outras de carter superior. A estrutura das ocupaes nas sociedades

    modernas resultante do avano e da aplicao da cincia ao processo

    de produo, consequncia, portanto, do desenvolvimento da tecnologia,

    da diviso e organizao do trabalho, da expanso dos mercados e do

    crescimento de polos comerciais ou industriais. Por isso, diferencia-se o

    fl uxo das ocupaes nas sociedades tradicionais e modernas, mais estabi-

    lizado e cclico nas primeiras, enquanto nas outras extremamente rpido

    o ritmo de mudana, aparecimento, maturao e obsolescncia.

    A palavra ocupao vem do latim occupatione e traduz o ato

    ou efeito de ocupar, de se ocupar ou de algum se tornar senhor de

    qualquer coisa ou espao. interessante notar que o principal uso do

    termo ocupao, em Cincias Sociais, segue o uso comum, que d

    palavra o sentido de emprego, negcio ou profi sso. A ocupao de

    uma pessoa a espcie de trabalho feito por ela, independentemente da

    indstria em que esse trabalho realizado e do status do emprego do

    indivduo. Por exemplo, um advogado (profi sso) pode exercer a funo

    de diretor jurdico de uma empresa (ocupao). Enquanto a ocupao

    pode ser transitria e temporria, a profi sso defi nida e imutvel.

    No exemplo citado, mesmo que o advogado no venha a ser diretor

    jurdico por muito tempo ou fi que desempregado no futuro, continuar

    sendo advogado, porm no ter a mesma ocupao.

    Figura 1.2: Exemplo de ocupao.

  • 18 C E D E R J

    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Consideraes iniciais sobre organizao do trabalho

    Na Idade Moderna, a ocupao distingue-se de trabalho e de car-

    reira (sequncia ou graduao de posies dentro da mesma ocupao,

    que levam de um status inferior a um status superior). Assim, a ocupao

    humana numa dada sociedade tambm leva em conta as crenas e os

    valores que perpassam a vida humana associada, e no por acaso que a

    lgica subjacente s relaes sociais reduziu e circunscreveu a ocupao

    em trabalho e emprego na sociedade atual.

    c) Emprego

    Na modernidade, EMPREGO passou a ser entendido como trabalho

    pago em dinheiro, fato tpico do capitalismo. Tambm dos relatos hist-

    ricos se extrai que, quase sempre, o trabalho e/ou a ocupao passaram

    a ser sinnimos de emprego. A palavra emprego tem sua origem nos

    idos do ano 1400 d.C. Mas, at o incio do sculo XVIII, o emprego se

    referia a alguma tarefa ou determinada empreitada, nunca a um papel ou

    posio numa organizao. A conotao moderna do termo emprego

    refl ete sua relao entre o indivduo e a organizao em que uma tarefa

    produtiva realizada, pela qual aquele recebe rendimentos e cujos bens

    ou servios so passveis de transaes no mercado.

    O emprego um fenmeno da modernidade. Antes do advento

    da sociedade centrada no mercado, ele no era o critrio principal para

    defi nir a signifi cao social do indivduo, e nos contextos pr-industriais

    as pessoas produziam e tinham ocupaes sem serem, necessariamente,

    detentoras de empregos. Na sociedade centrada no mercado dos nossos

    dias, o emprego passa a ser o critrio que defi ne a signifi cao social dos

    indivduos. Com o estabelecimento da diviso do trabalho, o homem

    vive numa base de troca, garantindo para si os bens e servios de que

    necessita, por meio do exerccio do emprego, em troca do qual recebe

    um salrio com que compra aquilo que lhe necessrio para sobreviver

    ou desejvel para consumir. Logo, empregado uma pessoa contratada

    para prestar servios para um empregador, numa carga horria defi nida,

    mediante um salrio prvio estabelecido. O servio necessariamente tem

    de ser subordinado, pois o empregado no tem autonomia para escolher

    a maneira como realizar o trabalho.

    EM P R E G O

    Pode ser entendido como trabalho assa-lariado, em que o funcionrio recebe uma remunerao para compartilhar com a empresa suas destrezas, seu conhecimento e suas atividades, dentro de uma carga hor-ria defi nida, ocu-pando uma posio organizacional.

  • C E D E R J 19

    AU

    LA 1

    Figura 1.3: Exemplo de emprego.

    Nesse tipo de sociedade, em que tudo gira em torno do conceito

    de comrcio, o indivduo, exercendo o emprego, recebe um salrio, certo

    montante em dinheiro com que compra aquilo que lhe possvel adquirir.

    Com isso, ele garante o acesso aos bens e aos servios de que necessita.

    O emprego passou a ser categoria dominante se no exclusiva para

    reconhecimento do valor dos propsitos humanos. Numa sociedade

    assim, no ser empregado sinnimo de ser imprestvel ou excludo.

    Para a economia, como concebida nas suas origens, o emprego formal

    pedra angular para seu funcionamento. Vale afi rmar que no apenas

    o emprego que passa por profundas transformaes, mas a economia

    em escala mundial.

    O surgimento do salrio

    Que tal trabalhar um ms inteiro e receber um punhado de sal como paga-mento? No teria nenhuma graa, claro! Hoje, o sal barato, custa em torno de um real o pacote com um quilo, e voc encontra em qualquer armazm ou supermercado. Mas h muito tempo no havia essa facilidade toda, e o sal era algo precioso. Na Antiguidade, quando era raro conseguir sal em certos continentes (como o africano), o produto era considerado uma grande riqueza e, por vezes, um punhado de sal era trocado por escravos ou muito ouro. No por acaso, os soldados das legies romanas recebiam uma rao de sal aps cada batalha era o chamado salarium, do qual derivou o termo salrio que usamos atualmente.

    Ilustrao

  • 20 C E D E R J

    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Consideraes iniciais sobre organizao do trabalho

    O QUE TECNOLOGIA?

    A tecnologia o fator individual de mudana de maior importncia

    na transformao das empresas. O impacto da tecnologia pode provocar

    transformaes no trabalho das pessoas, na produo dos grupos, no

    desenho da prpria organizao e no desempenho da empresa. Essas

    transformaes no acontecem apenas a partir da mudana de tecnologia

    de equipamentos, materiais e ambiente fsico, mas tambm pela tecno-

    logia de gerenciamento de processos e pessoas, pela transformao do

    ambiente de trabalho, pela tecnologia que permite novas confi guraes

    e organizaes do trabalho, nas inovaes que permitem organizao

    gerir conhecimento e aprender continuamente, entre outros fatores que

    veremos adiante, com o avanar das aulas.

    A evoluo e a popularizao das tecnologias em geral tm levado

    profi ssionais e pesquisadores a estudarem extensivamente os fatores que

    infl uenciam a difuso e a aceitao de tecnologias. O avano tecnol-

    gico ocorrido nos ltimos tempos, aliado revoluo da informtica e

    dos meios de comunicao, promoveu mudanas em todos os setores,

    da economia ao comportamento humano, provocando uma revoluo

    socioeconmica e cultural, com refl exos na vida das pessoas, que tentam

    se adaptar a essas novas tendncias. Com o surgimento da internet, uma

    nova realidade fez-se presente na busca por informaes, com vistas ao

    crescimento pessoal e intelectual.

    A palavra tecnologia tem sido usada por acadmicos e pessoas

    ligadas s organizaes sem uma defi nio precisa, e tem tido signifi ca-

    dos diferentes para pessoas diferentes. O termo tecnologia deriva do

    grego techn, um artefato, originalmente, signifi cando algo esculpido,

    e do grego logos, que signifi ca pensamento ou razo, isto , o estudo

    de alguma coisa. Por extenso, segundo os pesquisadores Tornaztky e

    Fleischer (1990:9), "tecnologia signifi ca conhecimento sistematizado

    transformado em ou manifestado por ferramentas". Inicialmente, pensa-

    mos em tecnologia apenas como invenes de ltima gerao, robtica e

    nanotecnologia etc., mas vemos que o conceito muito mais abrangente.

    Outras defi nies podem ser teis para a compreenso e a adequao

    do termo em casos e aplicaes pontuais na organizao, como pode ser

    visto no quadro a seguir:

  • C E D E R J 21

    AU

    LA 1

    Quadro 1.1: Diferentes defi nies de tecnologiaTerico Ano Defi nio

    Hulin e Roznowski

    1985

    Fsico combinado com o intelectual, ou processos de conhecimento pelos quais materiais de alguma forma so transformados em sadas (outputs) usadas por ou-tras organizaes ou por subsistemas dentro da mesma organizao.

    Dean Champion

    1985Pode referir-se a uma ferramenta, a uma mquina ou siste-ma de mquinas e at mesmo a ideias ou estratgias.

    Paul Goodman

    1986Um sistema de componentes diretamente envolvidos em agir sobre e/ou mudar um objeto de um estado para outro.

    Berniker 1987Conhecimento que pode ser estudado, codifi cado e ensi-nado para outros.

    Law 1987

    Uma famlia de mtodos para associar e canalizar outras entidades e foras, tanto humanas quanto no humanas. () para a construo de um sistema relativamente estvel () em um ambiente hostil ou indiferente.

    Lowell Steele 1989 O conhecimento de como fazer as coisas.

    Michael Badawy

    1993Sistema por meio do qual a sociedade satisfaz suas neces-sidades e desejos.

    Fonte: Adaptado de Bogo, 1998.

    Assim, em seu sentido mais amplo, tecnologia inclui mtodos,

    processos, dispositivos, conhecimento e instalaes que so usados para

    as tarefas de trabalho em qualquer organizao. No entanto, ao mesmo

    tempo que se percebe a evoluo das tecnologias em benefcio das pes-

    soas, tambm existem evidncias no sentido de um sentimento crescente

    de frustrao de alguns indivduos ao interagirem com a tecnologia. Por

    outro lado, percebe-se tambm que as tecnologias rapidamente esto

    sendo difundidas para as classes sociais mais baixas. Ao mesmo tempo

    que apresentam avanos e facilidades, essas tecnologias impem a essa

    populao a necessidade de realizar transaes eletrnicas e interagir

    com equipamentos e servios at pouco tempo desconhecidos por ela.

    Adicionalmente, verifi ca-se que h uma lacuna no estudo do comporta-

    mento das pessoas com relao tecnologia.

  • 22 C E D E R J

    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Consideraes iniciais sobre organizao do trabalho

    Histria da tecnologia

    A histria da tecnologia quase to antiga quanto a histria da humanidade, desde quando as pessoas comearam a usar ferramentas para caar e se proteger.Para serem criadas, todas as ferramentas necessitaram, antes de tudo, utilizar um recurso natural adequado. Assim, a histria da tecnologia acompanha a cronologia do uso dos recursos naturais, desde as ferramentas e fontes de energia mais simples at as mais complexas. As tecnologias mais antigas converteram recursos naturais em ferramentas simples: a raspagem das pedras e as ferramentas mais antigas, como a pedra lascada e a roda, foram meios simples para a converso de materiais brutos e crus em produtos teis.

    No senso comum, fcil confundir T E C N O L O G I A com T C N I C A .

    As caractersticas que distinguem o termo tecnologia so: um sistema

    total, uma aplicao ou uma perspectiva aplicada e utilitria. Ento,

    enquanto tecnologia o "todo", uma tcnica a parte, um subsistema

    ou componente do todo. Tecnologia pode ser considerada um sistema

    total de ferramentas, mtodos e tcnicas empregadas pelo usurio para

    chegar a uma funo prtica especfi ca ou a um objetivo, e deve ser

    compreendida tambm como gerenciamento.

    TE C N O L O G I A

    Aplicao sistem-tica de teorias espe-cfi cas, princpios e conceitos de design, desenvolvimento e uso de ferramentas e processos para o desempenho de funes teis para a humanidade, transformados em conhecimento que pode ser comparti-lhado com outros, gerando sadas para satisfazer necessida-des e desejos. T C N I C A

    Modo como os detalhes tcnicos so tratados ou os movimentos fsicos bsicos so usados; alm disso, ainda pode-se chamar de tcnica a habilidade de tratar tais detalhes ou usar tais movimentos.

    "Hum... tecnologia".

  • C E D E R J 23

    AU

    LA 1

    De acordo com Tapscott e Caston (1995), a tecnologia tem forte ligao com os sete principais impulsionadores do novo ambiente empre-

    sarial, os quais so listados a seguir: a produtividade dos "trabalhadores

    do conhecimento" e prestadores de servios; a qualidade do produto e

    do servio; a capacidade de resposta aos desafi os de todo tipo; a globa-

    lizao dos mercados, das operaes e da concorrncia; a terceirizao

    de certas atividades de produo, distribuio, vendas, servios e funes

    de suporte; a formao de alianas estratgicas e a responsabilidade

    social e ambiental.

    A tecnologia nos proporciona escolhas. Assim, sua principal

    contribuio est expressa nas possibilidades, nas oportunidades e na

    diversidade de ideias. Sem ela, temos muito pouco disso. Nosso trabalho

    coletivo, como sociedade, substituir tecnologias que limitam nosso

    poder de escolha por aquelas que o ampliam. O telefone, por exemplo,

    uma tecnologia que amplia continuamente as oportunidades e fecha

    muito poucas.

    Contudo, poderamos nos perguntar: A tecnologia pode tornar

    uma pessoa melhor? Um trabalhador mais bem assessorado? Melhorar

    o clima organizacional? Tornar uma empresa mais capacitada e com-

    petitiva? A resposta claramente sim, mas somente se oferecer novas

    oportunidades em suas sadas (outputs). Modelos de gesto, incremento

    de processos, reconfi gurao do ambiente de trabalho, ferramentas geren-

    ciais, novo maquinrio, expatriao (quando uma empresa direciona um

    funcionrio para o exterior) de funcionrios para circular conhecimento,

    sistemas de informao, programas de educao continuada, treinamento

    e desenvolvimento de funcionrios, entre outros, so exemplos cotidianos

    de tecnologia circulante dentro das organizaes que iro afetar direta-

    mente a forma como a empresa coordena seus negcios, interage com

    as pessoas, atrai investimentos, lana produtos no mercado, promove

    ou demite funcionrios etc.

  • 24 C E D E R J

    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Consideraes iniciais sobre organizao do trabalho

    Correlacione as colunas, indicando, por meio dos exemplos sugeridos, os conceitos de trabalho, ocupao, emprego, tecnologia e tcnica.

    (1) Trabalho ( ) Gustavo, professor universitrio, desenvolve uma forma de ensinar os alunos

    em sala de aula, com a aplicao de estudos de caso organizacionais.

    (2) Ocupao ( ) Ricardo, professor do ensino superior, o atual reitor da universidade.

    (3) Emprego( ) Bianca, aluna do professor Gustavo, consegue visualizar um modo rpido

    e efi caz de realizar os casos de ensino em sala de aula.

    (4) Tecnologia ( ) Marcos conseguiu negociar com o seu chefe um bnus em dinheiro para

    acrescentar a seu salrio caso atinja uma meta de produo.

    (5) Tcnica ( ) Joo cuida, aos fi nais de semana, da sua horta particular no quintal de

    sua casa.

    RespostaNumerao das colunas segundo a aplicao do conceito em cada exemplo

    sugerido. 4 / 2 / 5 / 3 / 1.

    Atividade 22

    INOVAO TECNOLGICA

    Assim como a tecnologia, a inovao tambm tem um grande

    nmero de signifi cados. Derivada da palavra latina novus (ou novo), o

    termo inovao defi nido em dicionrios como "a introduo de algo

    novo", ou "uma nova ideia, mtodo ou artefato". No entanto, assim

    como "novidade" uma qualidade situacional (que depende do contexto

    e pode fi car desgastada ou ultrapassada dependendo do referencial

    de comparao), ento "inovao" tambm o , ou seja, se algo visto

    como "novo" por um determinado agente, isso pode ser chamado de

    inovao mesmo se para outros, em outro lugar, este "novo" j esteja

    ultrapassado.

    H uma diferena entre inovao e inovao tecnolgica. Por

    exemplo, a inovao a introduo de novos produtos, processos e ser-

    vios no mercado, e inovao tecnolgica signifi ca a introduo desses

    produtos, processos e servios com base em novas tecnologias. As inova-

    es podem se apresentar das seguintes formas: novo processo produtivo

    ou alterao no processo existente; modifi caes no produto existente ou

    a substituio de um modelo por outro; introduo de novos produtos

  • C E D E R J 25

    AU

    LA 1

    integrados verticalmente aos existentes; introduo de novos produtos que exigem novas tecnologias para a empresa; ou reconfi gurao do

    sistema de gerenciamento, polticas e procedimentos que conduzem a

    estratgia e o funcionamento operacional do empreendimento.

    A inovao tecnolgica se concretiza quando novas ideias so

    inventadas, difundidas e so adotadas ou rejeitadas, e mudanas sociais

    ocorrem. Ao mesmo tempo que o processo de mudana estimulante, este

    tambm traz sentimentos de incerteza e difi culdade. Em suma, inovao

    tecnolgica envolve o desenvolvimento e a introduo de ferramentas

    derivadas do conhecimento humano situacional, artefatos e artifcios

    pelos quais as pessoas e as organizaes podem melhorar e interagir com

    o seu ambiente, afetando as relaes de trabalho.

    CONCLUSO

    O trabalho mudou de signifi cado ao longo da Histria. Desde a

    Antiguidade at os dias atuais, ele absorveu muitas conotaes e sentidos.

    Hoje se costuma confundir o conceito de trabalho com o de emprego.

    A mudana no ocorreu apenas no conceito do termo ou em nvel

    individual da realizao da atividade. A sociedade mudou e demandou

    uma nova forma de se organizar, tanto de forma civil como industrial.

    As empresas, em geral, no buscam um trabalhador como aquele que se

    apresentava nos primrdios da sociedade. Elas querem um funcionrio

    comprometido com metas, que cumpra horrios, que assuma os mesmos

    riscos que a empresa e estejam dispostos a dar uma posio organiza-

    cional que, nesses tempos de incrementao de valores, tambm visto

    como posio social, salrio, benefcios e incentivos. Praticamente todos

    os trabalhadores so empregados atualmente. Hoje, estar empregado

    uma dimenso da dignidade humana.

    A tecnologia algo mais amplo que apenas produtos inovado-

    res e de alto desempenho; envolve um conjunto de artefatos invisveis e

    visveis que comea na mente do idealizador at gerar um output para

    o ganho coletivo. Novas tecnologias geram consequncias boas e ruins,

    mas apenas o repensar do processo j gera um ganho substancialmente

    grande que supera as possveis consequncias ruins de algumas inova-

    es. Isso d possibilidade s pessoas e ao trabalhador de gerar escolhas

    e oportunidade para redirecionar o sistema. As empresas devem utilizar

  • 26 C E D E R J

    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Consideraes iniciais sobre organizao do trabalho

    essa faculdade para trazer ganhos para o seu interior, incrementando as

    relaes de trabalho, seus processos, suas relaes com a sociedade e

    com o meio ambiente.

    Leia o texto e responda ao que se pede:

    A tecnologia sempre torna o homem melhor e aprimora a vida do trabalhador?

    Ser que existem tecnologias boas e ruins, que trazem consequncias benfi cas e ms

    para as pessoas? bom que enxerguemos os dois lados da moeda. Pode-se ilustrar esse

    pensamento por meio de um simples exemplo. A tecnologia das leis parece tornar os

    homens melhores. Um sistema legal nos mantm responsveis, estimula o senso de

    justia, contm impulsos indesejados, alimenta a confi ana, e assim por diante. H,

    contudo, leis boas e ms, e alguns sistemas legislativos so melhores do que outros.

    Porm, uma m legislao no ausncia de legislao, e, sim, de uma legislao

    melhor. A resposta correta a uma idia ruim no parar de pensar, e sim uma ideia

    melhor. A resposta correta a uma tecnologia ruim no parar a tecnologia, e sim uma

    tecnologia melhor. Mas qual a contribuio real que a tecnologia realmente nos d,

    sendo boa ou ruim? Ela nos obriga a repensar o sistema! Seu avano nem sempre

    evidente e perceptvel, assim como a sua aplicao ou compreenso, mas o simples

    fato de ter sido evocada faz com que as pessoas em volta tenham a oportunidade de

    redefi nir suas sadas (outputs), o que pode gerar signifi cativo ganho pessoal ou para

    a organizao, se particularizarmos o assunto. Outro ponto relevante que todas as

    solues que a tecnologia oferece trazem tambm novos problemas. Mas preciso

    observar que, em ltima instncia, a tecnologia amplia as nossas possibilidades de

    escolha.

    Aps refl etir sobre a leitura, preencha a tabela a seguir citando duas tecnologias que

    surgiram no cenrio nacional ou mundial e que modifi caram a vida de muitas pessoas.

    Cite uma consequncia boa e uma ruim para a sociedade ou para as organizaes

    para cada uma das tecnologias. Na ltima coluna, argumente como a tecnologia

    afetou as pessoas ou organizaes e possibilitou melhores condies e ganhos

    de escala.

    Atividade Final

    2

  • C E D E R J 27

    AU

    LA 1

    Resposta ComentadaEm geral, uma tecnologia apresenta aos seres humanos outra maneira de pensar sobre

    algo. Cada inveno permite outra forma de ver a vida. Cada ferramenta, material ou

    mdia adicional que inventamos oferece humanidade uma nova maneira de expressar

    nossos sentimentos e outra forma de testar a verdade. medida que novas maneiras

    de expressar a condio humana so criadas, amplia-se o conjunto de pessoas que

    podem encontrar seu lugar nico no mundo. Elas produzem escolhas. Essa a grande

    contribuio da tecnologia: abrir possibilidades. Algumas possibilidades abertas geraram

    mudanas to profundas na sociedade que seus efeitos sero sentidos para sempre.

    As organizaes tambm so beneficiadas ao incorporarem essas tecnologias, o que afetar

    sua subsequente relao de trabalho. A seguir, um exemplo de resoluo da atividade.

    RESUMO

    TecnologiasConsequncias boas para a organizao/ sociedade

    Consequncias ruins para a organizao/ sociedade

    Como afetou as pessoas/ organizaes

    1.

    2.

    TecnologiasConsequncias boas para a organizao/ sociedade

    Consequncias ruins para a organizao/ sociedade

    Como afetou as pessoas/ organizaes

    1.Inveno do

    automvel

    Possibilitou o transporte de

    pessoas, de documentos e

    de pequenas cargas.

    Aumento da poluio e

    degradao ambiental.

    Revolucionou o transporte de

    cargas urbanas e o transpor-

    te de pessoas, possibilitando

    s empresas a entrega de

    documentos, transporte de

    pessoas e deslocamento de

    pequenas cargas a baixo

    custo e de forma rpida e

    segura.

    2.Surgimento

    da CLT

    Regulamentou os direitos

    e deveres dos trabalha-

    dores.

    Evita a contratao, de

    forma flexvel, de funcion-

    rios para um curto perodo

    de tempo ou para uma

    condio especial. Alguns

    empresrios alistam a CLT

    como uma das causas do

    desemprego.

    Possibilitou uma clara defesa

    dos direitos dos trabalha-

    dores, deslocando o eixo

    de poder das mos dos

    empregadores, unificando

    toda a legislao trabalhista

    e regulamentando as rela-

    es individuais e coletivas

    do trabalho.

  • 28 C E D E R J

    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Consideraes iniciais sobre organizao do trabalho

    Trabalho o conjunto de atividades intelectuais e manuais, organizadas

    pela espcie humana e aplicadas sobre a natureza, visando assegurar

    primariamente sua subsistncia.

    Ocupao o cargo exercido ou funo executada, ou seja, do que o

    profi ssional se ocupa para a realizao de suas atividades laborais.

    Emprego pode ser entendido como trabalho assalariado, em que o

    funcionrio recebe uma remunerao para compartilhar com a empresa

    suas destrezas, seu conhecimento e suas atividades, dentro de uma carga

    horria defi nida, ocupando uma posio organizacional.

    Tecnologia uma aplicao sistemtica de teorias especfi cas, princpios e

    conceitos de design, desenvolvimento e uso de ferramentas e processos

    para o desempenho de funes teis para a humanidade, transformados

    em conhecimento que pode ser compartilhado com outros, gerando sadas

    para satisfazer necessidades e desejos.

    Tcnica a maneira como detalhes tcnicos so tratados ou movimentos

    fsicos bsicos so usados; alm disso, ainda pode-se chamar de tcnica a

    habilidade de tratar tais detalhes ou usar tais movimentos.

    Inovao tecnolgica signifi ca a introduo de produtos, processos e servios

    com base em novas tecnologias. A inovao tecnolgica se concretiza

    quando novas ideias so inventadas, difundidas e so adotadas ou rejeitadas,

    e mudanas sociais ocorrem.

    R E S U M O

    INFORMAES SOBRE A PRXIMA AULA

    Na prxima aula, ser apresentado o conceito de organizao do trabalho e

    como isso afeta empresas e funcionrios, alm do perfi l de sucesso exigido

    para o administrador do sculo XXI.

  • Organizao do trabalho e o relacionamento com empregados

    Aps o estudo do contedo desta aula, voc dever ser capaz de:

    relacionar o conceito de competncia com a importncia da organizao de uma empresa para se tornar competitiva;

    analisar a evoluo da organizao do traba-lho em relao perda potencial de postos de trabalho observando a resistncia da mentali-dade do trabalhador;

    diferenciar os principais conceitos abrangidos nos temas de organizao do trabalho e rela-es com empregados.

    2ob

    jetivo

    s

    AULA

    Metas da aula

    Apresentar os conceitos de organizao e de organizao do trabalho e mostrar que

    o trabalho sem controle e sem planejamento pode causar danos fsicos e

    emocionais aos empregados.

    1

    2

    3

  • 30 C E D E R J

    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Organizao do trabalho e o relacionamento com empregados

    INTRODUO Os administradores e/ou gestores das organizaes devem ter em mente a

    constante evoluo das tecnologias e a necessidade de as pessoas organizarem

    sua empresa. Os indicadores internos de produtividade podem sofrer ao

    direta de como o trabalho conduzido dentro do ambiente organizacional.

    Preocupaes com o custo, a velocidade, a fl exibilidade, a confi abilidade e a

    qualidade de seus produtos e servios devem vir associadas com os novos valo-

    res demandados pela sociedade. A organizao do trabalho busca promover o

    modo mais barato de fazer essa tarefa; o meio menos cansativo para quem vai

    realizar a tarefa; um procedimento que seja mais rpido; a melhor qualidade

    e o resultado mais confi vel; a maneira menos perigosa de fazer a tarefa e

    uma forma de trabalho que no prejudique o meio ambiente, ou seja, que no

    cause poluio do ar, da gua e do solo. Porm, a evoluo da mentalidade

    e do conceito sobre como organizar o trabalho culminou em novas formas de

    organizao das entidades, o que acarreta novas qualifi caes e competncias

    exigidas aos trabalhadores tambm.

    Atualmente, no se admite pensar apenas nos interesses organizacionais. Existe

    uma srie de valores sociais e trabalhistas envolvidos para que uma empresa

    tenha uma boa imagem no mercado. Os principais novos pontos a serem obser-

    vados so: meio ambiente, responsabilidade social, incremento de mecanismos

    de mdia, pensamento holstico, respeito cultura local e aos trabalhadores

    oriundos dessa cultura, acompanhamento de mudanas na mentalidade dos

    consumidores e das outras organizaes do setor, sustentabilidade, respeito

    s questes trabalhistas.

    Compreender e aplicar o conceito de competncia fundamental para que

    indivduos e organizaes possam apresentar-se capazes de fazer uma leitura

    dinmica do ambiente externo que traduza tais interpretaes com vantagem

    competitiva para o negcio da empresa. Isso protege organizaes e empregos.

    A organizao do trabalho visa facilitar as aes integradas e cooperadas da

    fi rma para o cumprimento dos objetivos e metas organizacionais, visando

    economia de recursos e maximizao de retorno, porm, alguns fatores de

    organizao do trabalho podem ser causadores de sobrecarga nos trabalha-

    dores, o que vai gerar, a mdio e longo prazos, perda de produtividade da

    empresa. Por isso, o administrador que est atento a esses fatores desenvolve

    mecanismos de proteo e segurana aos trabalhadores, mantendo uma relao

    estreita com os empregados, introduzindo polticas e prticas da manuteno

    de segurana, bem-estar e clima organizacional saudvel.

  • C E D E R J 31

    AU

    LA 2

    OR G A N I Z A R

    Signifi ca dar s partes de um todo disposi-o necessria para as funes a que ele

    se destina, isto , estabelecer as bases

    para que um trabalho seja realizado, de

    modo a orden-lo, arranj-lo e disp-lo.

    ORGANIZAR

    Para executar qualquer tarefa com sucesso, preciso que nos

    organizemos antes. OR G A N I Z A R signifi ca pensar antes de iniciar a tarefa.

    Mas pensar em qu? Em muitas coisas, tais como: na maneira mais sim-

    ples de fazer a tarefa, evitando complicaes ou controles exagerados;

    no modo mais barato de fazer a tarefa; no meio menos cansativo para

    quem vai realizar a tarefa; num procedimento que seja mais rpido; em

    obter a melhor qualidade e o resultado mais confi vel; na maneira menos

    perigosa de fazer a tarefa e numa forma de trabalho que no prejudi-

    que o meio ambiente, ou seja, que no cause poluio do ar, da gua e

    do solo.

    fcil tratar cada um desses itens isoladamente para tomar pro-

    vidncias. O problema surge quando desejamos tratar todos eles juntos.

    Podemos, por exemplo, escolher uma forma mais rpida de realizar uma

    tarefa. Entretanto, essa forma pode afetar a qualidade e a segurana,

    tornando o trabalho perigoso. Todos os itens devem ser pensados juntos,

    para que, no fi nal, haja equilbrio entre eles, de modo que um no pre-

    judique o outro. Alm disso, precisamos pensar, tambm, na quantidade

    e qualidade das pessoas e dos materiais necessrios, na hora e no local

    em que eles devem estar. Antes de iniciar qualquer trabalho, precisamos

    providenciar as mquinas, as ferramentas adequadas e em bom estado, a

    matria-prima ou insumo utilizado, os equipamentos diversos, inclusive

    os de segurana, calcular o tempo necessrio para a execuo da tarefa,

    estimar os custos fi nanceiros e alocar as pessoas qualifi cadas para o

    desempenho da funo (Figura 2.1).

    Figura 2.1: Organizar ....

  • 32 C E D E R J

    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Organizao do trabalho e o relacionamento com empregados

    Enquanto prevaleceram os modelos taylorista e fordista de orga-

    nizao do trabalho e de defi nio das estratgias empresariais (tema

    da prxima aula), o conceito de qualifi cao propiciava o referencial

    necessrio para se trabalhar a relao profi ssional indivduo-organizao.

    A qualifi cao usualmente defi nida pelos requisitos associados

    posio, ou ao cargo, ou pelos saberes ou estoque de conhecimentos

    da pessoa.

    Aps alguns colapsos e crises mundiais (crise do petrleo, crise

    de mercado etc.), novas formas de organizao foram experimentadas e

    consolidadas. Isso aconteceu desde as ltimas trs dcadas do sculo XX

    at a primeira dcada do sculo XXI, na qual ainda estamos inseridos.

    Se o referencial necessrio para se trabalhar ao longo da maior parte do

    sculo XX era, sobretudo, a relao profi ssional indivduo-organizao,

    agora, alguns outros valores se fazem presentes e so de importncia

    mpar para as empresas manterem alto nvel de competitividade, entrarem

    em mercados mundiais, possurem uma tima relao com a socieda-

    de e com os trabalhadores. So eles: meio ambiente, responsabilidade

    social, incremento de mecanismos de mdia, respeito cultura local e aos

    trabalhadores oriundos dessa cultura, acompanhamento de mudanas

    na mentalidade dos consumidores e das outras organizaes do setor,

    sustentabilidade, respeito s questes trabalhistas (essas questes sero

    temas de algumas das prximas aulas).

    SENTIDOS DO TERMO ORGANIZAO

    O termo O R G A N I Z A O tem vrios sentidos, e nesse terceiro mil-

    nio pode ser observada uma incrvel proliferao de organizaes. Uma

    organizao nasce quando determinado problema de difcil soluo

    individual, fazendo com que duas ou mais pessoas se envolvam em um

    trabalho coletivo, em busca de um fi m comum. O termo organizao

    pode expressar identifi cao de empresas, efi cincia, cincia, sistema

    administrativo ou estrutura de autoridade.

    Uma organizao deve primar por integrar problemas organi-

    zacionais e individuais, buscando qualidade de vida do trabalhador e

    circulao de tecnologia. Deve dar subsdios para que o trabalhador

    entregue, com boa vontade e de modo solcito, o conhecimento, as

    destrezas e habilidades que traz consigo, mediante o pagamento de um

    valor mnimo monetrio (salrio) que possibilite essa troca.

    OR G A N I Z A O

    a cincia social que procura dispor os elementos fun-cionais necessrios formando um con-junto integrado e capaz de apoiar o esforo cooperativo das pessoas que perseguem um obje-tivo preestabelecido para alcan-lo com o menor dispndio e risco.

  • C E D E R J 33

    AU

    LA 2

    Quantas empresas existem no Brasil?

    O nmero de organizaes est aumentando muito nos ltimos anos. No cenrio nacional contemporneo, com nmeros atualizados recente-mente, existem cerca de 4,7 milhes de empresas no Brasil (SEBRAE apud CALVOSA, 2008), sendo que desse total 1,5 milho composto de um nico funcionrio, o empreendedor. Mais de 3 milhes das restantes so de micro ou pequenas empresas, com poucos funcionrios. Apenas 330 empresas no Brasil tm capital aberto (CALVOSA, 2008).

    O que so core competences?

    O conceito de core competence sur-giu pela primeira vez em 1990, na Har-

    vard Business Review, num artigo intitulado The Core Competence of the Corporation,

    de autoria de Gary Hamel e C. K. Prahalad. Core competence designa as competncias estratgicas,

    nicas e distintivas de uma organizao que lhe conferem uma vantagem competitiva intrnseca e, por isso, constituem os fatores-chave de diferencia-o da organizao em face dos seus concorrentes. Vantagem competitiva um conceito desenvolvido por Michael E. Porter no seu best-seller Competi-tive Advantage e que procura mostrar a forma

    como a estratgia escolhida e seguida pela organizao pode determinar e sustentar o

    seu sucesso competitivo. Para saber mais a respeito do tema, acesse http://

    www.12manage.com/metho-ds_corecompetence_

    pt.html.

    ??

    O pesquisador Lawler (apud FLEURY; FLEURY, 2000) mostra

    que, para o empregado se adequar ao tipo de trabalho exigido pela

    organizao, dever ter competncia. Mas trabalhar com o conjunto de

    habilidades e requisitos defi nidos a partir do desenho do cargo, prprios

    do modelo taylorista, no atende s demandas de uma organizao

    complexa, mutvel em um mundo globalizado. Em tais situaes, afi rma

    esse autor, as organizaes devero competir no mais apenas mediante

    produtos, mas por meio de competncias (existentes nos funcionrios),

    buscando atrair e desenvolver pessoas com combinaes de capacidades

    complexas, para atender s suas core competences.

  • 34 C E D E R J

    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Organizao do trabalho e o relacionamento com empregados

    COMPREENSO DO QUE COMPETNCIA

    CO M P E T N C I A uma palavra do senso comum utilizada para

    designar uma pessoa qualifi cada para realizar alguma coisa. O seu oposto,

    a incompetncia, no implica apenas a negao dessa capacidade, mas

    guarda um sentimento pejorativo, depreciativo. Chega mesmo a sinalizar

    que a pessoa se encontra ou se encontrar brevemente marginalizada

    dos circuitos de trabalho e de reconhecimento social.

    O conceito de competncia pensado como um conjunto de

    conhecimentos, habilidades e atitudes (isto , conjunto de capacidades

    humanas) que justifi cam um alto desempenho, acreditando-se que os

    melhores desempenhos esto fundamentados na inteligncia e na per-

    sonalidade das pessoas. Em outras palavras, a competncia percebida

    como estoque de recursos que o indivduo detm (Figura 2.2).

    Figura 2.2: O funcionrio competente.

    Nos ltimos anos, o tema competncia entrou para a pauta das

    discusses acadmicas e empresariais, associado a diferentes instncias

    de compreenso: no nvel da pessoa (a competncia do indivduo), das

    organizaes (as core competences) e dos pases (FLEURY; FLEURY,

    2000). As duas primeiras instncias so de interesse primrio.

    CO M P E T N C I A

    um saber agir res-ponsvel e reconhe-cido, que implica mobilizar, integrar, transferir conheci-mentos, recursos e habilidades que agreguem valor econmico organi-zao e valor social ao indivduo.

  • C E D E R J 35

    AU

    LA 2

    Indivduo

    Conhecimentos Habilidades

    Atitudes

    Organizao

    Social

    EconmicoAgregar valor

    Saber agirSaber mobilizarSaber transferirSaber aprenderSaber se engajar

    Ter viso estratgicaAssumir responsabilidades

    Figura 2.3: Competncia como fonte de valor para o indivduo e a organizao. Fonte: Fleury; Fleury (2000).

    COMPETNCIA DO INDIVDUO

    A competncia no se limita a um estoque de conhecimentos te-

    ricos e empricos detido pelo indivduo, nem se encontra encapsulada na

    tarefa. Conforme Zarifi an (1999), a competncia a inteligncia prtica

    para situaes que se apoiam sobre os conhecimentos adquiridos e os

    transformam com tanto mais fora quanto mais aumenta a complexidade

    das situaes. Os funcionrios, de modo geral, devem tambm trilhar

    nveis crescentes de complexidade ao desenhar a sua prpria carreira,

    quando isso possvel.

    A competncia do indivduo no um estado, no se reduz a

    um conhecimento ou know-how especfi co. Le Boterf (apud FLEURY;

    FLEURY, 2001) situa a competncia numa encruzilhada, com trs eixos

    formados pela pessoa (sua biografi a, socializao), pela sua formao

    educacional e pela sua experincia profi ssional. A competncia indivi-

    dual encontra seus limites, mas no sua negao no nvel dos saberes

    alcanados pela sociedade, ou pela profi sso do indivduo, numa poca

    determinada. As competncias so sempre contextualizadas. Os conhe-

    cimentos e o know-how no adquirem status de competncia a no ser

    que sejam comunicados e utilizados. A rede de conhecimento em que se

  • 36 C E D E R J

    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Organizao do trabalho e o relacionamento com empregados

    insere o indivduo fundamental para que a comunicao seja efi ciente

    e gere a competncia (FLEURY; FLEURY, 2000).

    A noo de competncia aparece associada a termos como: saber

    agir, mobilizar recursos, integrar saberes mltiplos e complexos, saber

    aprender, saber engajar-se, assumir responsabilidades, ter viso estra-

    tgica. Do lado da organizao, as competncias devem agregar valor

    econmico para a organizao e valor social para o indivduo (FLEURY;

    FLEURY, 2001). Os termos encontrados no Quadro 2.1 podem ser com-

    preendidos e adequados s competncias exigidas para que o profi ssional

    seja bem-sucedido.

    Quadro 2.1: Competncias para o profi ssional

    Saber agirSaber o que e por que faz, saber julgar, escolher e decidir.

    Saber mobilizar recursos

    Criar sinergia e mobilizar recursos e competncias.

    Saber comunicarCompreender, trabalhar, transmitir informaes, conhe-cimentos.

    Saber aprenderTrabalhar o conhecimento e a experincia, rever modelos mentais, saber desenvolver-se.

    Saber engajar-se e comprometer-se

    Saber empreender, assumir riscos, comprometer-se.

    Saber assumir responsabilidades

    Ser responsvel, assumindo os riscos e as consequncias de suas aes sendo, por isso, reconhecido.

    Ter viso estratgicaConhecer e entender o negcio da organizao, o seu ambiente, identifi cando oportunidades e alternativas.

    Fonte: Fleury; Fleury (2001).

    COMPETNCIA DAS ORGANIZAES

    Os artigos de Prahalad e Hamel (1990) sobre as core competences

    da empresa despertaram o interesse no s de pesquisadores mas tambm

    entre os profi ssionais de empresas. Segundo esses autores, as competn-

    cias deveriam responder a trs critrios: oferecer reais benefcios aos con-

    sumidores, serem difceis de imitar e prover acesso a diferentes mercados.

    A questo principal diz respeito possibilidade de combinao das vrias

    competncias que uma empresa pode conseguir para desenhar, produzir

    e distribuir produtos e servios aos clientes no mercado. Competncia

    seria, assim, a capacidade de combinar, misturar e integrar recursos em

    produtos e servios. Zarifi an (1999) diferencia as seguintes competncias

    em uma organizao, como pode ser visto no Quadro 2.2.

  • C E D E R J 37

    AU

    LA 2

    Quadro 2.2: Competncias presentes em uma organizao

    Competncias Aplicao

    Competncias sobre processos

    Os conhecimentos do processo de trabalho.

    Competncias tcnicas

    Conhecimentos especfi cos sobre o trabalho que deve ser realizado.

    Competncias sobre a organizao

    Saber organizar os fl uxos de trabalho.

    Competncias de servio

    Aliar competncia tcnica a pergunta: qual o impacto que este produto ou servio ter sobre o consumidor fi nal?

    Competncias sociais

    Saber ser, incluindo atitudes que sustentam os compor-tamentos das pessoas; o autor identifi ca trs domnios destas competncias: autonomia, responsabilizao e comunicao.

    Fonte: Adaptado de Zarifi an (1999).

    Essa classifi cao proposta por Zarifi an (1999) ilumina a formao

    de competncias mais diretamente ligadas ao processo de trabalho de

    operaes industriais. O casal Fleury, em um artigo cientfi co (2001),

    prope ampliar o escopo de anlise, relacionando a formao de compe-

    tncias defi nio da estratgia organizacional. Segundo sua abordagem,

    a organizao, situada em um ambiente institucional, defi ne a sua estra-

    tgia e as competncias necessrias para implement-las, num processo

    de aprendizagem permanente. No existe uma ordem de precedncia

    nesse processo, mas antes um crculo virtuoso, em que uma alimenta a

    outra mediante o processo de aprendizagem. Essa aprendizagem facilita

    a execuo e a organizao do trabalho nas empresas.

    Com base no que voc viu at agora, responda:a. O que competncia?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    _______________________________________________________________________________

    Atividade 11

  • 38 C E D E R J

    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Organizao do trabalho e o relacionamento com empregados

    b. Em sua opinio, como um funcionrio pode ser mais competente visando diminuir as suas chances de cometer erros na realizao do trabalho e possibilitar maior integrao s formas de a empresa se organizar e se tornar competitiva?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    Respostas Comentadasa. Competncia um saber agir responsvel e reconhecido, que implica mobilizar,

    integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades que agreguem valor

    econmico organizao e valor social ao indivduo, conferindo uma inteligncia

    prtica aos funcionrios para situaes do dia a dia.

    b. O funcionrio competente absorve os conhecimentos adquiridos e consegue

    minimizar os efeitos das variveis sobre o seu cargo. Isso ajuda a fi rma a se

    organizar, pois minimiza a perda de recursos, agiliza processos, melhora a comu-

    nicao da equipe, facilita a interface de tarefas etc. Na execuo de sua funo,

    os fatores externos so de maior complexidade, pois dependem de outros atores

    que esto fora do ambiente interno da empresa (governo, economia, fatores

    naturais e culturais etc.), porm os fatores internos so mais previsveis, j que

    todos podem ser controlados pela empresa e nesse caso que o funcionrio

    pode se destacar por sua competncia agregada. Zarifi an diz que os funcionrios

    podem adquirir e transformar suas competncias em inteligncia prtica, com

    nveis crescentes de complexidade, capacitando-os para dar respostas mais

    satisfatrias organizao, caso ela tenha essa demanda, o que tornar

    a organizao mais competitiva.

    ORGANIZAO DO TRABALHO

    Uma das caractersticas das empresas neste novo milnio que,

    de modo geral, esto enfrentando difi culdades relacionadas ao aumento

    enorme da competitividade. Os principais fatores observados so: difi cul-

    dade de competir em mercados globalizados; atendimento a encomendas

    no planejadas; urgncia na reduo de custos; superao do desafi o da

    pontualidade e confi abilidade nas entregas; diversifi cao do produto de

    forma a atender s demandas do mercado, evitando perder clientes pela

    falta de fl exibilidade; superao dos problemas de atraso e parada no

    processo produtivo por falta de material, por equipamentos defeituosos

  • C E D E R J 39

    AU

    LA 2

    ou por falta de gente; atendimento aos padres mnimos de qualidade do mercado; aumento da efi cincia e da conscientizao dos direitos

    de cada trabalhador; agresses voluntrias ou involuntrias ao meio

    ambiente; fragilidade de mercados perante crises globais especulativas e

    no de mercado; fi scalizao ativa de sindicatos, rgos governamentais

    e da sociedade civil etc.

    A melhor forma de se resolver tais tenses e difi culdades recorrer

    aos bons preceitos das tcnicas da administrao, e no sobrecarga

    dos trabalhadores. Organizando-se mal o trabalho, a consequncia

    costuma ser a indesejada sobrecarga, o que pode levar, a longo prazo, a

    perdas e danos prpria organizao. OR G A N I Z A O D O T R A B A L H O a

    organizao tcnica e formal dos processos de produo, bens e servios.

    O pesquisador e escritor Christophe Dejours (apud LANCMAN; SZNE-

    LWAR, 2004, p. 25) designa como organizao do trabalho a diviso

    do trabalho, o contedo da tarefa, o sistema hierrquico, as modalida-

    des de comando, as relaes de poder, as questes de responsabilidade,

    entre outros.

    Independentemente do negcio da organizao, a observncia da

    gesto de alguns recursos nota-se presente com alta frequncia e pode ser

    descrita pela expresso: 1 T + 7 M, que signifi ca: tecnologia, mquinas,

    manuteno, matria-prima, material, mtodo, meio ambiente e mo

    de obra. Alguns autores acrescentam um D na expresso, que simboliza

    o dinheiro envolvido para viabilizar o negcio. Quando h falha em

    algum desses pontos, ocorrem problemas importantes para o resultado

    operacional e pode haver sobrecarga do trabalhador (Figura 2.4).

    Pode-se entender

    como O R G A N I Z A- O D O T R A B A-

    L H O todo o con-junto de aes feitas

    pelo gestor e pelos facilitadores direcio-nadas a toda a fi rma, para que a prescrio

    de trabalho (objeti-vos, planos e metas) ditada pela direo da organizao seja

    cumprida, buscando a economia de recur-sos e a maximizao

    de retorno, em um sistema de coopera-

    o e integrao.

    Figura 2.4: Gestor organi-zando o trabalho.

    1T + 7M + 1D

    UryanRealce

  • 40 C E D E R J

    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Organizao do trabalho e o relacionamento com empregados

    As caractersticas ideais da organizao do trabalho visando

    preveno de transtornos sobre o trabalhador esto descritas a seguir:

    1. Racionalidade operatria acompanhando a racionalidade

    prescritiva. Isso quer dizer que, ao se estabelecerem objetivos,

    planos e metas, deve-se privilegiar a racionalidade, avaliando

    a real condio de se conseguir aquele objetivo. fazer um

    adequado planejamento do trabalho considerando: tecnologia

    adequada, com mnimo de sobrecarga; maquinrio adequado;

    manuteno adequada das mquinas e das condies de tra-

    balho; matria-prima e materiais a serem manuseados pelo ser

    humano ocasionadores de pouca sobrecarga; mtodo correto

    e mo de obra sufi ciente e qualifi cada.

    2. O ser humano aceita alguma sobrecarga, porm o limite entre

    tenso construtiva e estresse , muitas vezes, difcil de ser

    estabelecido.

    Estresse organizacional produz queda no rendimento do trabalho

    O estresse organizacional vem sendo considerado uma poderosa ameaa sade do trabalhador. Em diver-sos estudos, o estresse relacionou-se incidncia de doena coronariana, acidentes, absentesmo, baixa produtividade e, at mesmo, certas formas de cncer. O estresse organizacional crnico pode produzir a sndrome de Burnout, termo que descreve o estado de exausto prolongada e diminuio de interesse, especialmente em relao ao trabalho. O termo burnout (em portugus "combusto completa") descre-ve principalmente a sensao de exausto da pessoa acometida. A sndrome geralmente desenvolvida como resultado de um perodo de esforo excessivo no trabalho com intervalos muito pequenos para recuperao, e apresenta trs dimenses: i) exausto emocional: ii) despersonalizao; e iii) queda de realizao no trabalho.A exausto emocional envolve um sentimento de desgaste e falta de recursos emocionais, enquanto a exausto fsica implica o esgotamento fsico do indivduo que predispe ao aparecimento de doenas. A exausto emocional (um sentido geral de fadiga e frustrao que as pessoas experimentam quando os seus recursos emocionais se esgotam) parece estar bastante prxima do conceito de estresse e refere-se a uma resposta de insensibilidade e excessivo desligamento do profi ssional em relao s pessoas que recebem o seu atendimento. A terceira dimenso da sndrome de Burnout, baixa realizao no trabalho, implica um declnio dos bons resultados e da competncia e o aumento do desempenho insatisfatrio no exerccio profi ssional.

    Os principais fatores de organizao do trabalho causadores de

    sobrecarga so:

    1. Aumento da carga de trabalho, dos objetivos e metas, sem

    preparo adequado para atendimento a esta situao o que

    mais ocorre. Pode-se denomin-lo aumento atabalhoado da

    produo, sem verifi car condies dos equipamentos, da logs-

    tica e da mo de obra. Tambm comum, como parte desse

    contexto, o desrespeito velocidade de processo ditada pela

    Engenharia Industrial.

  • C E D E R J 41

    AU

    LA 2

    2. Insufi cincia de pessoal para as exigncias da tarefa decor-rente principalmente da no contratao de pessoal e da no

    reposio de pessoal, o que d origem a alguns dos fatores a

    seguir citados, alm de esquemas de almoo (a pessoa no tem

    o tempo regulamentar de descanso nem durante o intervalo

    de almoo), aumento da velocidade da esteira de produo,

    posies estranguladas sem pausas para possibilitar alvio ao

    trabalhador.

    3. Adensamento do trabalho sem uma base tcnica trata-se de

    um dos fatores que, atualmente, mais causam fadiga. Com a

    reduo do efetivo, mais e mais tarefas so colocadas para o

    trabalhador. Se antes ele tinha de controlar quatro mquinas,

    passou para seis, depois para oito, e assim por diante. Se antes

    tinha algumas habilidades fundamentais, agora ele tem uma

    srie delas. O problema do adensamento quando ele feito

    sem controle, ocasionando fadiga e sobrecarga e tornando o

    trabalhador vulnervel aos distrbios musculoesquelticos e s

    manifestaes de tenso excessiva e estresse.

    4. Horas extras, dobras de turno, trabalho aos sbados, domingos

    e feriados tornam-se fatores crticos em tarefas repetitivas.

    Tambm podem vir acompanhados de sobrecarga tensional,

    em funo de interferir em aspectos da vida particular do

    trabalhador.

    5. Mo de obra insufi cientemente preparada para as exigncias da

    tarefa costuma ocasionar sobrecarga da mo de obra existente.

    Costuma tambm ser causada por menosprezo complexidade

    das tarefas, assumindo-se prazos muito curtos, ocasionando

    horas extras, dobras de turno e outras formas de sobrecarga.

    6. Prazos assumidos sem a devida considerao sobre a capacidade

    da mo de obra.

    7. Urgncias e emergncias a falta de planejamento do trabalho

    ou o planejamento inadequado costuma resultar em uma alta

    frequncia de urgncias e emergncias, geralmente tratadas com

    os mesmos recursos: horas extras, dobras de turno e acelerao

    da velocidade do processo.

  • 42 C E D E R J

    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Organizao do trabalho e o relacionamento com empregados

    8. Retrabalho os problemas de qualidade muitas vezes ocasio-

    nam sobrecarga para o pessoal envolvido no fi nal da linha (no

    seu sentido amplo), que ser obrigado a trabalhar mais rpido,

    a fazer horas extras, trabalhar aos sbados e domingos e a

    dobrar turnos.

    9. Falta de material para completar o trabalho.

    10. Problemas com a qualidade do material, exigindo esforo extra

    dos trabalhadores.

    11. Materiais a serem manuseados causadores de distrbios ergo-

    nmicos materiais pesados, inapropriados para o transporte

    ou nocivos, que geram difi culdades operacionais para o tra-

    balhador.

    12. Sistemas auxiliares que no fi cam prontos na ocasio adequada

    causam sobrecarga nos trabalhadores. Por exemplo, um atraso

    no desenvolvimento do software necessrio a um aumento do

    nmero de clientes pode ocasionar sobrecarga nos trabalhado-

    res, por terem de desenvolver manualmente uma carga muito

    maior de trabalho.

    13. Falta de manuteno dos equipamentos, causando esforo

    extra.

    muito importante a conscientizao de gestores e facilitadores

    quanto adoo de medidas adequadas visando organizao do tra-

    balho (balano entre a prescrio do trabalho e a condio para a sua

    execuo) e das consequncias da no observncia desse balano sobre

    os trabalhadores, especialmente quando se trabalha prximo ao limite

    da tolerncia humana. Tambm muito importante o envolvimento dos

    trabalhadores nas reunies de anlise das disfunes, de forma que os

    mesmos possam manifestar os pequenos problemas operacionais e de

    organizao do trabalho que causam grande sobrecarga, especialmente

    aqueles relacionados m qualidade de materiais/componentes e aqueles

    relacionados a problemas de manuteno.

  • C E D E R J 43

    AU

    LA 2

    Normas internacionais do trabalho

    Fundada em 1919 com o objetivo de promover a justia social, a Organizao Internacional do Tra-balho (OIT) a nica das agncias do sistema das Naes Unidas que tem estrutura tripartite, na qual os representantes dos empregadores

    e dos trabalhadores tm os mesmos direitos que os do governo. No Brasil, a OIT tem mantido representao desde 1950, com programas e atividades que tm refl etido os objetivos da organizao ao longo de sua histria. Uma das funes mais importantes da OIT o estabelecimento e a adoo de normas internacionais de trabalho sob a forma de convenes ou recomendaes. Esses instrumentos so adotados pela Conferncia Internacional do Trabalho com a participao de representantes dos trabalhadores, dos empregadores e dos governos. As convenes da OIT so tratados internacionais que, uma vez ratifi cados pelos Estados-membros, passam a integrar a legislao nacional. Em 1998, foi adotada a Declarao da OIT sobre os Princpios e Direitos Fun-damentais no Trabalho e seu Seguimento. uma reafi rmao universal do compromisso dos Estados-membros e da comunidade internacional em geral de respeitar, promover e aplicar um patamar mnimo de princpios e direitos no trabalho, que so reconhecidamente fundamentais para os trabalhado-res. Para conhecer mais sobre a OIT, normas, publicaes, proteo social do trabalhador e projetos, visite o site http://www.oitbrasil.org.br.

    PRODUTIVIDADE E PRODUO

    Obtemos maior produtividade quando organizamos nosso traba-

    lho e tomamos as medidas adequadas para a sua execuo. Mas o que

    produzir com produtividade? obter um produto de boa qualidade

    com menor preo de custo, em menos tempo e em maior quantidade.

    Isso conseguido graas ao desempenho do trabalhador. A produo

    o aspecto da produtividade que indica a quantidade de itens fabricados

    numa determinada unidade de tempo. Suponhamos, por exemplo, que

    numa certa fbrica sejam produzidas dez bicicletas por hora. Esse fato

    refere-se produo. J a produtividade mais do que isso. Pode ser

    que as bicicletas no apresentem boa qualidade e que seu custo seja alto.

    Houve produo, mas no houve boa produtividade.

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    Tecnologia e Organizao do Trabalho | Organizao do trabalho e o relacionamento com empregados

    A produtividade de muita importncia para as empresas e para

    toda a sociedade. Em primeiro lugar, ela benefi cia os usurios do nosso

    produto ou servio porque eles so atendidos com boa qualidade e a

    baixo custo; benefi cia tambm a empresa, que consegue manter-se ativa

    graas aos lucros obtidos, e ainda benefi cia o funcionrio, possibilitando-

    lhe permanncia na empresa e progresso profi ssional.

    POSTO DE TRABALHO

    o local defi nido e delimitado para a realizao de uma atividade

    qualquer. Esse local deve ter tudo o que necessrio para o trabalho:

    mquinas, bancadas, material, ferramental, instalaes etc. Num posto

    de trabalho, podem trabalhar uma ou mais pessoas. A organizao do

    espao do posto de trabalho de grande importncia para se obter pro-

    dutividade, ou seja, para se produzir mais, com menos esforo, tempo

    e custo, sem perda da qualidade.

    SIMPLIFICAO DO TRABALHO

    Simplifi cao do trabalho constitui outro meio que favorece dire-

    tamente a produtividade. Essa simplifi cao se relaciona com a melhoria

    de um mtodo de trabalho, seja ele de natureza cientfi ca ou simples-

    mente surgido da prtica. Simplifi ca-se com o objetivo de aumentar a

    produtividade. Para isso, o mtodo passa por alteraes de modo que o

    trabalho se torne mais simples e barato, menos fatigante, mais rpido,