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Tecnologias e Metodologias de e-Learning para a Educação Assistida por Computador no IPS A utilização de tecnologias de e-Learning para o Ensino Superior requer uma abordagem diferenciada das abordagens comuns ao problema do e-Learning. Apesar da maturidade relativamente elevada destes alunos consideramos que o contacto presencial é essencial e que a utilização do e-Learning deverá consistir num complemento ao contacto presencial, embora a introdução de suporte tecnológico avançado à comunicação e coordenação de actividades, bem como (embora em menor escala) ao suporte à disponibilização electrónica de materiais de consulta, deverá gradualmente modificar o paradigma de aprendizagem corrente. É também de salientar a diferença entre educação e treino, salientada no título do projecto e que diferencia os cursos do IPS de cursos vocacionais . Este projecto visa desenvolver uma plataforma de software, baseada em tecnologias multimédia e de Internet, tomando em conta os estudos sobre o impacto das novas tecnologias nos processos pedagógicos, usando como um dos suportes teóricos a Teoria da Actividade Organizada (Holt, 1997) e incorporando ainda tecnologias de Sistemas Inteligentes para suporte ao aconselhamento de alunos, por forma a disponibilizar mais um instrumento complementar à formação presencial, disponível para uso em diversos tipos de disciplinas das Escolas do Instituto Politécnico de Setúbal. Em segundo lugar, o projecto pretende analisar as alterações organizacionais necessárias para a implementação de um processo eficaz de ensino assistido por computador com as características tecnológicas acima referidas. Finalmente, pretende-se que este projecto seja uma referência como projecto de I&D, sendo por isso um dos seus objectivos a criação de uma rede de I&D tão alargada quanto possível, não só a nível do IPS mas também a nível nacional e internacional. Para isso é essencial criar um Web site de suporte à comunidade de I&D que se pretende criar em redor deste projecto. Este trabalho requer o estabelecimento de uma rede de I&D não só a nível do Instituto Politécnico de Setúbal, mas também a nível nacional e internacional por forma a que os resultados obtidos por este projecto sejam credíveis e actualizados, incluindo quer os resultados metodológicos quer ainda a própria tecnologia corporizada num sistema de software funcional. A nível do IPS pensamos que será essencial a partilha de conhecimento acerca das metodologias pedagógicas usadas pelas mais diversas áreas de conhecimento, em todas as Escolas, por forma a proporcionar que o projecto possa contemplar um conjunto de metodologias e de funcionalidades suficientemente alargado para ser aplicável como complemento útil ao tipo de aulas que se lecciona na maioria das disciplinas do Instituto Politécnico de Setúbal. Este projecto ultrapassa a mera aplicação prática das tecnologias existentes. Trata-se de um verdadeiro projecto de I&D quer do ponto de vista tecnológico quer metodológico, na medida em que se concentra numa perspectiva do ensino-aprendizagem como um processo colaborativo envolvendo relações docente-aluno, docente-docente e aluno-aluno. A vertente colaborativa e o suporte à organização das actividades de aprendizagem-ensino tem sido fortemente ignorada pelas ferramentas comerciais existentes, que se concentram em facilitar a simples comunicação e disponibilização de conteúdos. Além disso é também um projecto de I&D na área social e pedagógica, na medida em que se pretende analisar e optimizar os mecanismos de introdução da tecnologia nos processos educativos correntes e os novos ambientes pedagógicos que decorrem da introdução da tecnologia, e que são mal compreendidos ou simplesmente ignorados por outras abordagens ao e-Learning. 1

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Tecnologias e Metodologias de e-Learning para a Educação Assistida por Computador no IPS

A utilização de tecnologias de e-Learning para o Ensino Superior requer uma abordagem diferenciada das abordagens comuns ao problema do e-Learning. Apesar da maturidade relativamente elevada destes alunos consideramos que o contacto presencial é essencial e que a utilização do e-Learning deverá consistir num complemento ao contacto presencial, embora a introdução de suporte tecnológico avançado à comunicação e coordenação de actividades, bem como (embora em menor escala) ao suporte à disponibilização electrónica de materiais de consulta, deverá gradualmente modificar o paradigma de aprendizagem corrente. É também de salientar a diferença entre educação e treino, salientada no título do projecto e que diferencia os cursos do IPS de cursos vocacionais .

Este projecto visa desenvolver uma plataforma de software, baseada em tecnologias multimédia e de Internet, tomando em conta os estudos sobre o impacto das novas tecnologias nos processos pedagógicos, usando como um dos suportes teóricos a Teoria da Actividade Organizada (Holt, 1997) e incorporando ainda tecnologias de Sistemas Inteligentes para suporte ao aconselhamento de alunos, por forma a disponibilizar mais um instrumento complementar à formação presencial, disponível para uso em diversos tipos de disciplinas das Escolas do Instituto Politécnico de Setúbal.

Em segundo lugar, o projecto pretende analisar as alterações organizacionais necessárias para a implementação de um processo eficaz de ensino assistido por computador com as características tecnológicas acima referidas.

Finalmente, pretende-se que este projecto seja uma referência como projecto de I&D, sendo por isso um dos seus objectivos a criação de uma rede de I&D tão alargada quanto possível, não só a nível do IPS mas também a nível nacional e internacional. Para isso é essencial criar um Web site de suporte à comunidade de I&D que se pretende criar em redor deste projecto.

Este trabalho requer o estabelecimento de uma rede de I&D não só a nível do Instituto Politécnico de Setúbal, mas também a nível nacional e internacional por forma a que os resultados obtidos por este projecto sejam credíveis e actualizados, incluindo quer os resultados metodológicos quer ainda a própria tecnologia corporizada num sistema de software funcional.

A nível do IPS pensamos que será essencial a partilha de conhecimento acerca das metodologias pedagógicas usadas pelas mais diversas áreas de conhecimento, em todas as Escolas, por forma a proporcionar que o projecto possa contemplar um conjunto de metodologias e de funcionalidades suficientemente alargado para ser aplicável como complemento útil ao tipo de aulas que se lecciona na maioria das disciplinas do Instituto Politécnico de Setúbal.

Este projecto ultrapassa a mera aplicação prática das tecnologias existentes. Trata-se de um verdadeiro projecto de I&D quer do ponto de vista tecnológico quer metodológico, na medida em que se concentra numa perspectiva do ensino-aprendizagem como um processo colaborativo envolvendo relações docente-aluno, docente-docente e aluno-aluno. A vertente colaborativa e o suporte à organização das actividades de aprendizagem-ensino tem sido fortemente ignorada pelas ferramentas comerciais existentes, que se concentram em facilitar a simples comunicação e disponibilização de conteúdos. Além disso é também um projecto de I&D na área social e pedagógica, na medida em que se pretende analisar e optimizar os mecanismos de introdução da tecnologia nos processos educativos correntes e os novos ambientes pedagógicos que decorrem da introdução da tecnologia, e que são mal compreendidos ou simplesmente ignorados por outras abordagens ao e-Learning.

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Enquadramento

O presente projecto enquadra-se num esforço generalizado, de todas as Escolas do Instituto Politécnico de Setúbal, de começarem a usar a tecnologia multimédia e o suporte Internet como complemento à formação presencial, no sentido de reduzir o insucesso escolar e de tornar o processo de ensino-aprendizagem mais eficiente. Além disso, consideramos também essencial estudar as metodologias de utilização eficaz do e-Learning, nomeadamente identificando e analisando os factores envolvidos no e-Learning como sejam as expectativas dos vários participantes, os perfis de participação e as metodologias de aprendizagem organizacional para a optimização dos resultados.

As ferramentas comerciais de software existentes não satisfazem os requisitos pretendidos em virtude de se dirigirem principalmente ao Ensino à Distância e não ao suporte complementar ao Ensino Presencial. Além disso essas ferramentas de software comerciais especializaram-se na criação de canais de comunicação síncronos e assíncronos bem como no suporte à publicação de conteúdos, pouco proporcionando em termos da coordenação de actividades do conjunto de participantes no processo de ensino-aprendizagem (professores e alunos) e pouco oferecendo para o suporte ao desenvolvimento, manutenção e controlo de relações sociais entre professores e alunos, que em larga medida são não só essenciais para o sucesso do processo educativo mas são mesmo, no nosso entender, a objecto do próprio processo educativo.

A ESTSetúbal, com o apoio dos órgãos da Escola, através do seu grupo de e-Learning, o qual integra pessoas de todas as Escolas do IPS, tem vindo a debruçar-se sobre o problema do e-Learning ao longo dos últimos 16 meses e, na sequência de um esforço para concretizar a visão que temos do e-Learning como processo social, e em que a coordenação das actividades dos participantes é tão importante como a disponibilização dos materiais de consulta desenvolveu-se, com a ajuda do Professor Anatol Holt – pai da Teoria da Actividade Organizada e cientista convidado na ESTSetúbal, uma abordagem que teve como resultado palpável uma ferramenta de software para apoio à coordenação de actividades, ainda incompleta, mas com um elevado potencial para se vir a transformar num ambiente de software adequado para enquadrar as actividades sociais envolvidas nos processos de ensino-aprendizagem, entre professores e alunos, que em larga medida são essenciais para o sucesso do processo educativo, por forma a complementar vantajosamente a formação presencial.

Salienta-se que o grupo de e-Learning acima referido participa, através de um seu representante, no projecto comunitário THEIERE (Rede Temática Europeia na área do Ensino Assistido por Computador).

Objectivos

Este projecto tem por objectivo potenciar o impacto positivo das tecnologias de informação no apoio aos processos de aprendizagem-ensino que decorrem nas Escolas do IPS. Para isso haverá uma linha de investigação socio-pedagógica, em que se analisará e se proporá uma metodologia de introdução destas tecnologias e haverá uma outra linha de investigação, tecnológica, em que se desenvolverá um ambiente de software colaborativo, que será a ferramenta para permitir concretizar o impacto acima referido.

Do ponto de vista tecnológico, pretende-se com este projecto desenvolver uma plataforma de software existente, produzida no âmbito de um projecto interno da ESTSetúbal, por forma a adicionar as funcionalidades consideradas necessárias para produzir um ambiente de e-Learning que, do ponto de vista estrutural, possa ser usado por todas as Escolas do IPS, no maior número possível de disciplinas. Pretende-se ainda configurar o ambiente de e-Learning que nos propomos desenvolver, incluindo a colocação dos conteúdos necessários e a parametrização das actividades previstas, para utilização do

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mesmo no âmbito de várias disciplinas de cada Escola do IPS. Desta forma, pretende-se validar o ambiente de e-Learning, e disponibilizar um demonstrador, que possa posteriormente ser utilizado para ilustrar a metodologia de preparação e utilização do ambiente de e-Learning por (se possível) todas as disciplinas de todas as Escolas do IPS.

Mais especificamente, pensamos atingir os seguintes objectivos concretos: • Desenvolver, implementar e testar uma nova ferramenta de software de apoio à actividade

docente e ao ensino à distância como complemento do ensino presencial. • Aplicar e testar novas teorias sociais do desenvolvimento de sistemas de informação que vêm

minimizar os problemas sentidos com as metodologias actuais. • Identificar as necessidades gerais e específicas, das diferentes escolas e disciplinas do Instituto

Politécnico de Setúbal, envolvidos no projecto, para o esclarecimento dos requisitos básicos que um sistema de informação deste tipo deverá possuir

• Dinamizar, fomentar e criar know-how no processo de criação de conteúdos electrónicos de suporte ao ensino para as disciplinas referidas anteriormente. O ambiente de software colaborativo que se pretende produzir satisfará os seguintes requisitos: 1. Suporte aos Materiais e 2. Suporte às Actividades, embora obviamente as actividades e os materiais

estejam intimamente interrelacionados. Assim, teremos as seguintes possibilidades estruturais e funcionais: ●

Disponibilização da Ficha da Disciplina, antes do início da primeira aula. Esta ficha incluirá: Objectivos da disciplina; Programa resumido; Corpo docente; Horários presenciais: aulas e de dúvidas; Método de avaliação e Bibliografia de base.

Modularização dos materiais, de formar a espelhar a própria modularização da disciplina. Esta estrutura permitirá maior flexibilidade na evolução da disciplina ao longo dos anos. Além disso permite tratar cada módulo como uma unidade, por exemplo permitindo no fim de cada módulo que o aluno avalie os seus conhecimentos mediante uma série de exercícios.

Disponibilização de diversos tipos de materiais para cada módulo, incluindo nomeadamente um ou mais dos seguintes: apresentações de slides; apontamentos escritos e/ou verbais; exemplos, exercícios (apresentando alguns com possibilidade de auto-avaliação), enunciados de projectos, testes e outras provas, vídeos, simulação em laboratórios virtuais, links para outros recursos na Internet, etc.

Assegurar suporte contínuo aos alunos na forma de uma zona dinâmica do ambiente de e-Learning, através do qual seja possível por exemplo: tirar dúvidas individualmente ou em grupo, colaborar na resolução de problemas, marcar reuniões ou outros eventos virtuais ou presenciais, enviar informação de interesse para a comunidade, divulgar novidades, etc.

Proporcionar aos professores o controlo e supervisão das actividades delegadas aos alunos, como por exemplo a leitura de textos, resolução de exercícios, realização de projectos, participação em eventos virtuais ou presenciais, etc. permitindo assim por um lado sincronizar actividades colaborativas e por outro lado identificar problemas na forma do incumprimento de compromissos.

Suportar e incentivar a criação de grupos de alunos em torno de actividades definidas pelo professor ou pelos próprios alunos; este suporte deve contemplar a capacidade de gerir conversações entre dois ou mais intervenientes no contexto definido por cada actividade.

Tecnicamente: O software deverá funcionar sobre qualquer tipo de plataforma de software (sistema operativo) ou hardware. Para satisfazer este desiderato define-se a linguagem JAVA como linguagem preferencial e o Web browser como suporte aplicacional. O ambiente e-Learning estará alojado num servidor central mas os recursos poderão estar distribuídos num sistema multi-agente

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Estado Actual do Conhecimento

O advento do multimedia e da Internet, nomeadamente da WEB, em meados da década de 90 marcou um momento decisivo. A Web permite actualmente trocar e aceder a conteúdos principalmente constituídos por texto, gráficos e imagens. Constitui uma biblioteca gigantesca ao dispor de todas as pessoas que possam recorrer a um computador e um telefone.

Esta disponibilidade oferece um meio eficaz de distribuição do conhecimento e de coordenação de pessoas mesmo que estejam em locais geograficamente afastados, ou que necessitem de comunicar de forma assíncrona em virtude da dificuldade na gestão do seu tempo. A minimização do problema geográfico-temporal é particularmente importante para estudantes-trabalhadores, como é muitas vezes o caso dos alunos do Instituto Politécnico de Setúbal. Além disso, esta aproximação das pessoas ultrapassando as barreiras do espaço e do tempo vai ao encontro do espírito da convenção de Bolonha, em que se pretende criar um espaço Europeu do Ensino Superior no fim da década corrente. Esta facilidade vai nomeadamente ao encontro do desiderato da implantação de um modelo eficaz para a chamada Educação ao Longo de Toda a Vida.

De acordo com estudos realizados no âmbito do ensino à distância, a taxa de desistências neste tipo de cursos é elevadíssima – por vezes da ordem dos 90% - em virtude da falta de existência de compromissos sociais. Esses compromissos sociais, que existem naturalmente na formação presencial, motivam os alunos pela positiva, por um lado, a progredir lado-a-lado com os colegas e pela negativa, por outro lado, no sentido de não prejudicar os colegas desistindo de actividades partilhadas.

Estas observações conduzem à necessidade de ver uma ferramenta de e-Learning como sendo um ambiente de desenvolvimento de relações sociais, e de suporte à realização de actividades colaborativas. A Teoria da Actividade Organizada (Holt, 1997) oferece o contexto teórico ideal de suporte à implementação deste ambiente de e-Learning. Na secção seguinte descreve-se resumidamente as características principais desta teoria. Seguidamente, apresenta-se um quadro conceptual para o desenho e/ou escolha de ambientes de e-Learning, o qual guiará a implementação que se pretende fazer neste projecto. Finalmente, descreve-se brevemente, e em termos comparativos, o panorama tecnológico das ferramentas de software existentes actualmente no mercado.

Teoria da Actividade Organizada

A Teoria da Actividade Organizada propõe uma abordagem social no desenho e na utilização dos sistemas de informação. Neste contexto a ‘acção humana’ constitui o elemento básico de suporte a toda a teoria. Na história da humanidade o homem sempre se viu envolvido em diversas actividades que necessitavam de organização. A face visível dessa organização era constituída basicamente na definição, coordenação e execução de acções por parte dos membros dessas organizações. Como suporte material a essas actividades criavam-se documentos com regras, regulamentos, compromissos, dados informativos, etc. Com o aparecimento do computador surgiram novas possibilidades de apoio a todas as actividades humanas desenvolvidas no âmbito das organizações. Neste contexto a Teoria da Actividade Organizada define a planificação das acções, a coordenação do trabalho individual e colectivo dos membros envolvidos numa actividade conjunta, bem como o suporte computacional a estes conceitos. A exploração e definição do computador exclusivamente como elemento de suporte à actividade humana vem abrir uma nova perspectiva da definição, desenho e utilização dos sistemas de informação. Não se pergunta o que é que o computador deve fazer, mas sim como é que o computador poderá ajudar nas actividades comuns. Nesta perspectiva o computador pode fornecer funcionalidades de comunicação e coordenação das

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actividades humanas, para alem do simples processamento de informação, e que normalmente não são convenientemente explorados pelas aplicações em geral, e em particular pelas aplicações de e-Learning existentes.

Quadro Conceptual para o Desenho e/ou Escolha de Ambientes de e-Learning

Inclui-se aqui uma análise pedagógica, uma análise de necessidades, uma análise político/prática do ambiente e-Learning de suporte, a análise da comunicação e coordenação no processo de aprendizagem e ainda algumas questões tecnológicas (Trayner, 2001).

Análise pedagógica: Há quatro abordagens tipo no que se refere à cultura de aprendizagem, que envolve quer a organização quer o professor:

1. Abordagem tradicional, baseada na transmissão de conhecimento, e na leccionação de cursos orientada pelos respectivos conteúdos.

2. Abordagem tipo seminário (tutorial) em que se usa um modelo conversacional, mais interactivo. 3. Abordagem centrada no aluno, com ênfase na utilização de casos de estudo, simulações,

aprendizagem baseada em problemas, etc. 4. Abordagem de aprendizagem colaborativa suportada pelo computador (Computer Supported

Collaborative Learning) em que se usa um modelo de aprendizagem transformativa. Análise de Necessidades: Aqui há a considerar quatro elementos, nomeadamente:

1. O utilizador alvo 2. A instituição 3. As solicitações do futuro empregador 4. Os objectivos de aprendizagem. Estes podem ser, tipicamente um ou mais dos seguintes:

a. Técnicos b. Cognitivos c. Críticos/Reflectivos d. Práticos/relacionados com a experiência e. Auto-dirigidos f. Certificação

Análise político-prática do ambiente e-Learning de suporte: Os aspectos a considerar nesta análise são os seguinte:

1. Preços: do servidor, das licenças, do software de cliente, de instalação/configuração, de upgrade do hardware, de adaptação, de administração de sistemas.

2. História da tecnologia: Podem ser sistemas de nível “investigação” desenvolvidos em Universidades (e.g. Ariadne, 1996); podem ser produtos suportados pela Universidade (e.g. Cyberproof, 1998), podem ser sistemas comerciais iniciados em Universidades (e.g. First-Class, 1996) e podem ser sistemas comerciais desenvolvidos por empresas (e.g. Lotus LearningSpace, 1999).

3. Orientação pedagógica: Há a considerar 3 possibilidades: para distribuição de conteúdos, de suporte a actividades colaborativas e de suporte a comunidades.

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4. Procura de mercado: O ambiente de e-Learning pode responder a quatro necessidades principais: Internacionalização da educação superior; Mudança nas necessidades do local de trabalho; Mudança nas necessidades/exigências dos alunos; aumento da concorrência.

Análise da comunicação e coordenação no processo de aprendizagem: 1. Ferramentas de aprendizagem: vídeo/áudio; simulações; aulas on-line; instrumentos de avaliação;

recursos on-line; instrumentos de comunicação (assíncrona/síncrona) 2. Questões: Básicas? (prática de leccionação normal); Avançadas? (recurso a conhecimento

baseado em resultados de trabalhos práticos ou de investigação recente); Investigação? (exploração de linhas de investigação e interacções especializadas)

3. Ferramentas de moderação: a. Suporte ao aluno: emails individuais; chat espontâneo; chat room; quadro de mensagens; sumários b. Ferramentas de concepção: padrões dos materiais a conceber; possibilidade de criação de questionários e testes c. Gestão: Encontrar funções; criação de espaços de trabalho d. Ligações à Internet

Questões tecnológicas: 1. Funcionalidade

a. Facilidade de operação: Interface; curva de aprendizagem; tipo de administração necessária; velocidade b. Privacidade/segurança c. Suporte técnico d. Adaptação aos padrões ISO e. Interoperabilidade f. Requisitos do servidor

2. Instrumentos de gestão da aprendizagem a. Gestão e recuperação de documentos b. Informação do aluno: inscrição; ficha; acompanhamento; gestão das notas e estatísticas c. Calendário do curso d. Registos do curso

Panorama Tecnológico

Do ponto de vista tecnológico, verifica-se que actualmente as capacidades de computação distribuída (redes de computadores) em particular usando a Internet, acrescidas das tecnologias de integração de informação multimédia dos mais diversos formatos, atingiu um estádio de desenvolvimento que oferece um enorme potencial de utilização dos meios informáticos como suporte ao ensino e aprendizagem. O problema está na configuração destas tecnologias por forma a satisfazer os desideratos indicados na secção anterior.

Existe actualmente um vasto número de ferramentas de software que visam implementar este suporte tecnológico. O quadro 1 apresenta algumas das principais ferramentas de e-Learning disponíveis no mercado.

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WebCt University of British Columbia Symposium Centra First Class Colloquia University of Wales, Bangor Authoware, Dreamweaver and Pathware Macromedia Learning Space Lotus/IBM Librarian 6.0, ToolBook II and Assistant 6.1a Click2Learn Designer’s Edge 2 Pro Manager’s Edge 2.0 Net Synergy 1.0

Allen Comunications

Docent 2.0 Docent Digital Trainer Pro 4.11 MicroMedium TopClass 2.03 WBT Systems

Quadro 1: Ferramentas de software para e-Learning. Existe uma preocupação generalizada em seguir as especificações da IMS (Global Learning

Consortium) relativamente à interoperabilidade de aplicações e serviços em aprendizagem distribuída. A equipa proponente deste projecto tem já experiência directa com o WebCT e com o Learning

Space, tendo esta última sido extensamente experimentada na ESTSetúbal, com o apoio da IBM. Apesar disso, não foi possível obter resultados suficientemente satisfatórios que permitissem efectuar a extensão de uma destas ferramentas de software por forma a incorporar os requisitos desejados, e próximos do que na secção anterior se designou por Computer Supported Collaborative Learning, que nos parece ser o paradigma educativo ideal para usar na abordagem e-Learning como complemento da formação presencial na Educação Superior, que como foi referido mais acima é o enquadramento aplicacional deste projecto.

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Plano de Trabalho

Propõe-se que o projecto tenha a duração de 24 meses. Para atingir os objectivos definidos ir-se-ão constituir várias equipas de trabalho entre os membros da equipa do projecto.

O desenvolvimento da plataforma tecnológica de suporte ao e-Learning irá estar a cargo do grupo de docentes envolvidos no projecto da área científica de informática do Departamento de Sistemas e Informática da EST-Setúbal. Para esta tarefa será necessária a colaboração de dois programadores em part-time durante 20 meses, para realizar as tarefas de implementação dos modelos e tecnologias desenvolvidas e usadas no projecto. Propõe-se que sejam alunos do curso de Engenharia Informática da Escola Superior de Tecnologia de Setúbal.

Na componente socio-pedagógica haverá uma equipa de docentes para cada uma das escolas do Instituto Politécnico de Setúbal. Estas equipas irão colaborar na análise de necessidades e requisitos da plataforma tecnológica, assim como no estudo das metodologias pedagógicas a usar e do impacto da introdução das novas tecnologias em casos concretos. Irão também promover, coordenar e concretizar a utilização da plataforma tecnológica em duas ou três disciplinas piloto em cada escola mencionada. Prevê-se a necessidade da criação de conteúdos para estas disciplinas piloto.

O projecto irá ter um ‘site’ na Internet onde será disponibilizada toda a informação relacionada com o mesmo e com a área temática do ensino à distância e e-Learning. Este Web site será mantido actualizado pelos recursos humanos – alunos de Informática da ESTSetúbal com conhecimentos de programação na Internet – afectos ao projecto. Será também criado um espaço de debate público na Internet através da criação de um grupo de discussão baseado nos yahoo groups (http://groups.yahoo.com).

Durante a execução do projecto irão ser realizadas periodicamente reuniões com todos os membros intervenientes, no formato de workshop. Nestas reuniões serão apresentados os avanços na execução do projecto, serão analisados os problemas encontrados e, de uma maneira geral serão debatidos todos os assuntos relacionados com o ensino à distância. Será possível a participação alargada nestas reuniões de elementos exteriores. Está ainda prevista a participação de especialistas reconhecidos na matéria, e poderão ser agendados inclusivé seminários abertos a toda a comunidade IPS com a participação de convidados importantes relacionados com a área do e-Learning. Os resultados de cada workshop serão reunidos na forma de um relatório técnico e apresentados como publicação intermédia deste projecto.

Prevê-se ainda a necessidade de deslocação de vários elementos da equipa de projecto a encontros científicos referentes às áreas de conhecimento envolvidas no projecto que aqui se propõe. Pretende-se fazer coincidir essas deslocações com a apresentação de artigos científicos pelo que é prematuro indicar o número e datas dessas deslocações

O tempo previsto de trabalho para cada membro da equipa será, em média, correspondente a cerca de 5% do tempo lectivo, ou seja, cerca de 2 horas semanais, à excepção do coordenador do projecto que deverá despender cerca de 20%, ou seja uma média de 7 horas semanais durante os dois anos de duração do projecto.

De seguida serão apresentados, as metodologias e técnicas a usar, as fases do projecto incluindo cronogramas e previsão de publicações.

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Metodologia e técnicas a usar

A análise metodológica da introdução do e-Learning e a análise do impacto desta nova tecnologia no funcionamento quer pedagógico quer administrativo das Escolas, decorrerá em paralelo com a engenharia do software de suporte ao e-Learning.

Na primeira linha de investigação serão usadas reuniões e inquéritos para apurar os factores relevantes e construir uma teoria socio-pedagógica e organizacional adequada à compreensão e optimização do e-Learning nas Escolas.

No desenvolvimento da aplicação seguir-se-á o Processo Unificado da Rational (RUP). Com base neste processo a análise, o desenho e a implementação da aplicação serão iterativos e incrementais, sendo desenvolvido um protótipo funcional no fim de cada iteração. Na iteração seguinte serão acrescentadas novas funcionalidades e corrigidos quaisquer eventuais erros. Quantos às tecnologias a utilizar, o programa será desenvolvido sobre a plataforma Windows e construído a partir de uma base de dados colocada num servidor Microsoft SQL Server. A aplicação irá funcionar com base na Internet e/ou Intranet com recurso à utilização de um browser. Toda a informação apresentada e disponibilizada usará as mais recentes tecnologias XML.

Fases do projecto

Quer com o objectivo de compreender melhor as implicações da introdução do e-Learning nas Escolas do IPS quer a fim de realizar uma análise de requisitos que permita especificar correctamente a ferramenta de software a desenvolver, será feito um levantamento das necessidades em todas as Escolas e será feita uma tentativa de sistematização dos vários tipos de disciplina existentes.

O desenvolvimento da aplicação terá três fases, correspondentes a três aplicações funcionais. A primeira aplicação (protótipo 1) irá conter o núcleo do sistema e irá disponibilizar algumas funcionalidades básicas de coordenação individual e de grupo. Na segunda aplicação serão acrescentadas funcionalidades avançadas de coordenação. Todos os comentários, criticas, sugestões e erros detectados pelos utilizadores do protótipo 1 serão tidos em conta no desenvolvimento deste segundo protótipo. A terceira fase será o desenvolvimento da aplicação final com a inclusão das ultimas especificações e a eliminação de erros.

A linha de investigação socio-pedagógica seguirá o faseamento da aplicação na preparação das necessidades iniciais e nas disciplinas-piloto. Irá então acompanhar a implementação e utilização dos dois protótipos previstos e apresentará relatórios com a análise dos resultados.

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Cronograma do projecto

M1 M6 M12 M18 M24 Analise inicial de requisitos e especificações da plataforma de software a ser desenvolvida Levantamento inicial de necessidades e estudo do impacto do e-Learning Relatório sobre a metodologia a usar e Especificações do software Construção dos protótipos de software Avaliação dos protótipos e do seu impacto. Reformulação das especificações Relatório anual intermédio com apresentação do primeiro protótipo de software Documentação do protótipo final Formação e apoio aos professores na aplicação da metodologia Aplicação prática (várias disciplinas de cada Escola) Relatório final incluindo a avaliação e documentação dos casos práticos Manutenção do Web site de apoio

No quadro anterior apresenta-se o cronograma do projecto. Embora os tempos de execução das tarefas

sejam relativos, eles estão condicionados pela implementação prática dos diversos protótipos de software que deverão coincidir com os semestres lectivos. Assim prevê-se a utilização do primeiro protótipo da plataforma de software no primeiro semestre do ano lectivo de 2003/2004, e do segundo protótipo no segundo semestre do mesmo ano. A aplicação final poderá ser utilizada no primeiro semestre de 2004/2005.

Previsão de publicações

Serão produzidos os seguintes relatórios durante o projecto: M4: Relatório com o levantamento das necessidades sentidas nas várias Escolas do IPS quanto ao

apoio tecnológico – e-Learning – aos diversos tipos de disciplinas existentes; primeira tentativa de sistematização e descrição do tipo de disciplinas que deverão ser suportadas pelo e-Learning.

M6: Relatório com a análise de requisitos e especificações da ferramenta de software a ser desenvolvida no projecto, usando uma linguagem de modelação padrão (e.g. UML).

M6: Relatório descrevendo a metodologia recomendada para a introdução do e-Learning num conjunto limitado de disciplinas, incluindo recomendações sobre a evolução dos métodos pedagógicos usados (requerendo eventualmente formação dos professores) e sobre a alteração dos processos organizacionais.

M12: Relatório anual intermédio. Apresentação da primeira versão da ferramenta de desenvolvimento, manuais de utilização e manuais técnicos.

M15: Relatório de análise geral da utilização e impacto do primeiro protótipo da aplicação M19: Relatório técnico e manual de utilização da versão final da ferramenta de software. M19: Relatório de análise geral da utilização e impacto do segundo protótipo da aplicação M24: Relatório final, incluindo a apreciação do impacto da metodologia e da tecnologia num conjunto

de disciplinas seleccionadas.

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Orçamento

ANO 1

Consultores externos 1,000 €

Aquisição de serviços 2 programadores a 50% cada (10 meses @ 700€/mês)

7,000€

Bibliografia 1,000€

Consumíveis 1,250€

Aquisição de equipamento 5,000€

Recolha de informação essencial ao projecto

500€

Sub-total 15,750€

ANO 2

Consultores externos 4,000 €

Aquisição de serviços 2 programadores a 50% cada (10 meses @ 700€/mês)

7,000€

Bibliografia 500€

Consumíveis 1,250€

Aquisição de equipamento --

Recolha de informação essencial ao projecto

500€

Sub-total 13,250€

ORÇAMENTO TOTAL 29,000€

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Membros da Equipa

Coordenador: José Cordeiro (Professor Adjunto na ESTSetúbal/DSI). Investigador em métodos de Engenharia de Software, incluindo análise de requisitos e especificações; concepção da arquitectura do sistema baseada na Teoria da Actividade Organizada.

Outros membros:

Joaquim Filipe (ESTSetúbal/DSI) – investigador em sistemas e tecnologias de informação com ênfase em modelos organizacionais multi-agente; apoio à introdução no sistema de e-Learning de três disciplinas da ESTSetúbal da área de Inteligência Artificial.

Hugo Gamboa (ESTSetúbal/DSI) – investigador em sistemas tutores inteligentes e desenvolvimento de aplicações multimédia na internet; apoio à introdução no sistema de e-Learning de uma disciplina da ESTSetúbal: Reconhecimento de Padrões.

José Palma (ESTSetúbal/DMAT) – investigador em métodos de ensino/aprendizagem da Matemática; apoio à introdução no sistema de e-Learning de disciplinas da ESTSetúbal na área da Matemática

José Carvalho (ESTSetúbal/DMAT) - investigador em métodos de ensino/aprendizagem da Matemática; apoio à introdução no sistema de e-Learning de disciplinas da ESTSetúbal na área da Matemática

Angela Nobre (ESCE) – investigadora em aprendizagem organizacional; apoio à introdução no sistema de e-Learning de uma disciplina da ESCE na área da gestão; análise das formas de aprendizagem organizacional necessárias após a introdução da tecnologia.

Beverly Trayner (ESCE) – investigadora em aprendizagem colaborativa; apoio na análise e concepção de metodologias de introdução eficaz do e-Learning nos processos educativos actuais e proposta de melhoramento da abordagem actual.

Bill Williams (ESCE) – investigador em envolvimento humano em ambientes de e-Learning; apoio na análise e concepção de metodologias de introdução eficaz do e-Learning nos processos educativos actuais e proposta de modificação da abordagem actual.

Eduardo Cruz (ESS) - investigador em organização e desenvolvimento do conhecimento. Apoio na concepção e desenvolvimento de recursos educativos

Helena Caria (ESS) – investigadora em genética humana na área da surdez hereditária com ênfase em estudos de correlação genótipo-fenótipo, em tratamento de dados de sequências genéticas e na respectiva

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integração em bases de dados afins. Desenvolvimento de recursos educativos orientados para a valorização do processo de ensino/aprendizagem.

Nelson Matias (ESE) - investigador em aprendizagem colaborativa; apoio ao desenvolvimento de situações de e-Learning na formação de professores (profissionalização em serviço e formação complementar e especializada); apoio na concepção e desenvolvimento de recursos educativos.

Miguel Figueiredo (ESE) - investigador em desenvolvimento de plataformas informáticas de suporte a situações de aprendizagem; apoio à integração do uso de ferramentas informáticas com metodologias de ensino a distância em disciplinas da ESE

Otília Dias (EST-Barreiro) - investigador em métodos de ensino/aprendizagem da Matemática; apoio à introdução no sistema de e-Learning de disciplinas da ESTBarreiro na área da Matemática

Anabela Marques (EST-Barreiro) – investigador em métodos de ensino/aprendizagem da Matemática; apoio à introdução no sistema de e-Learning de disciplinas da ESTBarreiro na área da Matemática

Clara Carlos (EST-Barreiro) - investigador em métodos de ensino/aprendizagem da Matemática; apoio à introdução no sistema de e-Learning de disciplinas da ESTBarreiro na área da Matemática

Empresas Interessadas

AUTOR – representada pelo Eng. Rui Falcão ([email protected]), empresa responsável pelos Web sites “A Escola da Malta” e “A Cidade da Malta”, este último cofinanciado pelo programa Aveiro - Cidade Digital e FEDER, através da Intervenção Operacional de Telecomunicações e do Ministério da Ciência e da Tecnologia.

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Bibliografia

Sitec 2002, Grupo de Sistemas e Tecnologias de Informação, http://ltodi.est.ips.pt/sitec

Holt, A., The Theory of Organized Activity, Kluwer Academic Publishers, 1997.

Trayner, B., e-Learning: Considerations for designing and choosing an online learning environment, personal communication, 2001.

IMS, Global Learning Consortium, http://www.imsproject.org/

«The critical role of the relationship between emotions and learning - innovative perspectives on education in a changing environment» - 2º Encontro Nacional de Investigação e Formação da Escola Superior de Educação, de Lisboa 22 a 24 de Novembro de 2001.

«Que papel para o ensino superior? - os desafios do ensino virtual e a importância da relação interpessoal: abordagens inovadoras» - Primeira Conferência sobre o Ensino de Economia, Universidade de Évora, 25 e 26 de Maio de 2001.

«Learning Organisations and Knowledge Management – people and technology: the challenges of the Information Era» - II International Conference on Human Resource Development ‘Research and Practice Across Europe – 2001’, Nijmegen, University of Twente, Países Baixos, 26 a 27 de Janeiro de 2001.

«Inovação Organizacional e Formação Profissional» - 1º Encontro Nacional de Investigação e Formação «Globalização e Desenvolvimento Profissional do Professor», da Escola Superior de Educação de Lisboa, a 25 de Novembro de 1999.

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