Temário 2016

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  • 8/18/2019 Temário 2016

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    TEMÁRIO2016

    EJNSGuia desenvolvido para

    aprofundamento Espiritual

    das Equipes de Jovens de

    Nossa Senhora no Brasil

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    TEMÁRIO2016

    EJNS

    Secretariado Nacional 2016-2018

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    Título Original TEMÁRIO DAS EQUIPES DE JOVENS

    DE NOSSA SENHORA DO BRASIL 2016

    Idealização e Realização EQUIPE DE ANIMAÇÃO NACIONAL

     SECRETARIADO NACIONAL

     Coordenação

     BEATRIZ S. GONÇALVEZ

     Diagramação WILLIAM S. NOGUEIRA

     Textos SEMINARISTA RODRIGO GOMES

     PADRE RICARDO F. LEÃO PADRE MATHEUS DE B. PIGOZZO

     PROFESSOR FELIPE R. Q. DE AQUINO HELEN TEIXEIRA E MARCELO TEIXEIRA

     Revisão Doutrinária PE. THIAGO D. DIAS

     Revisão Ortográca ODELITA PEREIRA T. DE FIGUEIREDO

     Revisão LUCAS GUILHERME P. GODOI

    MARCUS VINÍCIUS VILAS BOAS

    Este material é de uso exclusivo das Equipes de Jovens de Nossa Senhora do Brasil

    e sua reprodução necessita ser autorizada pelos responsáveis pelo movimento.

    Impresso no Brasil

    2016

     YTOLInternational

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    APRESENTAÇÃO

    Queridos irmãos Equipistas,

    Antes de iniciarmos os estudos dos textos contidos no nosso Temário gostaria de lembrar-lhes que esta obra temcomo principal objetivo ser instrumento de reexões e aprofundamentos e que é por meio dela que nos encontraremos e

    avançaremos para águas mais profundas, como foi proposto no nosso último EN, em 2015.

    A melhor maneira encontrada para constituição deste Temário foi reunir de Conselheiros Espirituais e CasaisAcompanhadores até Jovens Equipistas para partilharem suas experiências e conhecimentos teológicos, losócos,empíricos e cientícos a m de proporcionar de maneira correta a compreensão e absorção de cada parágrafo, balizados

    fortemente pela Dei Verbum, constituição criada no Concílio Vaticano II, que tem por objetivo mostrar que osensinamentos contidos na sagrada escritura necessitam do contexto histórico e religioso da época de maneira a não

    permitir ou ao menos reduzir drasticamente possíveis distorções da mensagem divina para seu correto entendimento eposterior difusão e multiplicação.

    Este ano reetiremos um pouco sobre os desaos de ser um Jovem Cristão nos dias de hoje. Sendo assim, em cadatexto vocês poderão encontrar a perspectiva de cada um de seus respectivos autores sobre essa temática. Poderemos

    encontrar diferentes formas de escrita e linguagem, como uma grande, extensa e bela colcha de retalhos, porém é nadiversidade que o nosso Movimento se fortalece. Esta é uma caricatura perfeita que tudo o que temos é construído

    através de várias mãos, trabalhado em conjunto, em perfeita sincronia, tendo Maria como auxiliadora e o Pai comomaestro.

    Pode ser que alguns textos nos chamem mais a atenção do que outros, ou que algumas orações se tornem maismarcantes do que outras, mas convido você, a estar sempre de coração aberto para tudo aquilo aqui contido.

    Estudem com anco cada um dos textos, das leituras complementares aos demais conteúdos sugeridos, e façamsempre as orações apresentadas, pois foram cuidadosamente inseridas neste nosso guia. De nada adianta os esforços dosnossos autores se você, Equipista de Base, membro principal do nosso Movimento, não zer bom proveito deste rico

    conteúdo. Tudo isso foi preparado com muito amor, carinho e oração para VOCÊ!

    Desejamos a todos uma boa leitura e que Maria, Mãe de Deus e nossa, possa interceder por cada um de vocês, e suas

    Equipes de Base!

    “Se estamos juntos, Maria olha por nós!”

    Secretariado Nacional 2016-2018

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    SUMÁRIO

    Capítulo I

    Reunião 1: Campanha da Fraternidade 2016

    Capítulo II

    Reunião 2: O Jovem Cristão no Mundo de hoje

    Capítulo III

    Reunião 3: Modernidade e Tradição

    Reunião 4: A Moralidade Cristã

    Capítulo IVReunião 5: Introdução à Teologia do Corpo

    Reunião 6: Namoro

    Reunião 7: O que a Igreja diz sobre a Homosexualidade

    Capítulo V

    Reunião 8: Sal da Terra e Luz do Mundo

    Reunião 9: Quo vadis

    Capítulo VIReunião 10: Reunião de Balanço

    Capítulo Extra

    Reunião Extra 1: Sexualidade do Casal Cristão

    Capítulo Extra

    Reunião Extra 2: Métodos Contraceptivos

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    CAPÍTULO I

    CAMPANHA DA

    FRATERNIDADE 2016

    “Casa comum, nossa responsabilidade” 

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    REUNIÃO 1

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    CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2016

    A deterioração ecológica é efeito da deterioração ética. De fato, muitos problemas sociais dehoje estão relacionados com a busca egoísta de uma satisfação imediata, com as crises dos laços

    familiares e sociais e com as diculdades em reconhecer o outro. Muitas vezes há um consumoexcessivo e míope dos pais que prejudica os próprios lhos, que sentem cada vez mais diculdade

    em comprar a casa própria e fundar uma família. (cf. LS 162)

    A Campanha da Fraternidade nasceu por iniciativa de Dom Eugênio de Araújo Sales, emNísia Floresta, Arquidiocese de Natal/RN, como expressão da caridade e da solidariedade em favorda dignidade da pessoa humana, dos lhos e lhas de Deus.

    Na Igreja do Brasil, a Campanha da Fraternidade tornou-se expressão de comunhão,

    conversão e partilha. Comunhão na busca de construir uma verdadeira fraternidade; conversão natentativa de deixar-se transformar pela vida fecundada pelo Evangelho; partilha como

     visibilização do Reino de Deus que recorda a ação da fé, o esforço do amor, a constância na

    esperança em Cristo Jesus (cf. 1Ts 1, 3).

    A Campanha da Fraternidade tem hoje os seguintes objetivos permanentes:

    1. Despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, emparticular, os cristãos na busca do bem comum;

    2. Educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central doEvangelho;

    3. Renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização,na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária (todos devem

    evangelizar e todos devem sustentar a ação evangelizadora da Igreja).

    A Campanha da Fraternidade de 2016 será ECUMÊNICA, ou seja, reunirá outras igrejascristãs além da Católica. Tal como nas três versões anteriores (2000 – Dignidade Humana e Paz;

    2005 – Solidariedade e Paz; 2010 – Economia e Vida), a ação será coordenada pelo CONIC¹ –Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil. Uma das maiores novidades para esta quartaedição é que ela deverá transpor fronteiras nacionais, já que contará com a participação da

    MISEREOR, entidade episcopal da Igreja Católica da Alemanha que trabalha na cooperação para

    o desenvolvimento na Ásia, África e América Latina.

    O objetivo principal da iniciativa será chamar atenção para a questão do saneamento básico

    que, no Brasil, caminha a passos lentos, apesar da importância do mesmo para garantirdesenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida para todos. “Casa comum, nossaresponsabilidade” será o Tema da Campanha.

    “Em alguns países, há exemplos positivos de resultados na melhoria do ambiente, tais como o

    saneamento de alguns rios que foram poluídos durante muitas décadas, a recuperação de orestas

    nativas, o embelezamento de paisagens com obras de saneamento ambiental, projetos de edifícios de

     grande valor estético, progressos na produção de energia limpa, na melhoria dos transportes públicos.

    Estas ações não resolvem os problemas globais, mas conrmam que o ser humano ainda é capaz de

    ¹ O que é o CONIC e

    quem participa?

    O CONIC nasceu no ano

    de 1982, em Porto Alegre

    (RS). Sua criação é fruto

    de um longo processo de

    articulação entre as

    igrejas Católica

     Apostólica Romana,

    Evangélica de Conssão

    Luterana no Brasil,

    Episcopal Anglicana do

    Brasil e Metodista. As

     primeiras conversas para

    a criação do Conselhoocorreram em 1975.

    Foram realizadas 13

    reuniões entre as

     presidências nacionais

    das igrejas acima citadas

     para, em 1982, denir-se

     pela criação.

     A mensagem nal da

     Assembléia que deu

    origem ao Conselhoapresentou a MISSÃO de

    “colocar-se a serviço da

    unidade das igrejas,

    empenhando-se em

    acompanhar a realidade

    brasileira, confrontado-a

    com o Evangelho e as

    exigências do Reino de

    Deus”. É compromisso do

    CONIC, portanto, atuarem favor da dignidade e

    dos direitos e deveres das

     pessoas, até como forma

    de delidade à mensagem

    evangélica.

    Hoje, com sede em

    Brasília (DF), o CONIC

    mantém entre os seus

    objetivos a promoção das

    relações ecumênicas entreas igrejas e o

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     fortalecimento do

    testemunho conjunto das

    igrejas-membro na defesa

    dos Direitos Humanos.

    Para alcançar tal meta,as igrejas que compõem o

    CONIC vivenciam uma

     parceria de diálogo, de

    valorização da vida

    humana, de amizade

     fraterna e de convivência

    enquanto entidades que

    buscam um caminho

    comum.

     As igrejas que compõem oCONIC: Igreja Católica

     Apostólica Romana –

    ICAR; Igreja Episcopal

     Anglicana do Brasil –

    IEAB; Igreja Evangélica

    de Conssão Luterana

    no Brasil – IECLB; Igreja

    Sirian Ortodoxa de

     Antioquia – ISOA; Igreja

    Presbiteriana Unida –IPU.

    intervir de forma positiva. Como foi criado para amar, no meio dos seus limites germinam

    inevitavelmente gestos de generosidade, solidariedade e desvelo”. (cf. LS 58)

    O Tema escolhido para a reexão é “Casa comum, nossa responsabilidade”, e o Lema, “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (cf. Am 5,24). A proposta

    está em sintonia com a Encíclica “Laudato Si'”, do Papa Francisco.  “O urgente desao de proteger a

    nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de umdesenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. O Criador não nos

    abandona, nunca recua no seu projeto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado. A humanidade

     possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum” (cf. LS 13).

    “Nesse Tema e Lema, duas dimensões básicas para a subsistência da vida são abarcadas a um só

    tempo: o cuidado com a criação e a luta pela justiça, sobretudo dos países pobres e vulneráveis. Nessa

    Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE), queremos instaurar processos de diálogos que

    contribuam para a reexão crítica dos modelos de desenvolvimento que têm orientado a política e a

    economia” , será “a partir de um problema especíco que afeta o meio ambiente e a vida de todos os

    seres vivos, que é a fragilidade e, em alguns lugares, a ausência dos serviços de saneamento básico em

    nosso país onde deveremos lutar juntos pela dignidade humana”   explica a coordenação-geral,representada pelo bispo da Igreja Anglicana e presidente do CONIC, Dom Flávio Irala, e a

    secretária-geral, pastora Romi Márcia Bencke.

    Para a organização os debates levantados pela CFE 2016 serão baseados em um problema

    especíco que afeta o meio ambiente e a vida de todos os seres vivos. O CONIC lembra que, noBrasil, há uma fragilidade e, em alguns lugares, a ausência dos serviços de saneamento básico.

    APOIO INTERNACIONALUma das novidades da CFE 2016 é a parceria com a Misereor. Desde 1958, a Misereor contribuipara fortalecer a voz dos povos do Sul, que lutam e buscam caminhos que possam conduzir à vidadigna de homens e mulheres. A CFE 2016 está em sintonia também com iniciativas do Conselho

    Mundial das Igrejas e com o Papa Francisco.

    Integram a Comissão da CFE 2016 as igrejas Católica Apostólica Romana, Evangélica deConssão Luterana no Brasil, Episcopal Anglicana do Brasil, Presbiteriana Unida do Brasil, SirianOrtodoxa de Antioquia, além de entidades como o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização

    e Educação Popular (CESEEP), Visão Mundial, Aliança de Batistas do Brasil, Diretoria do CONICe a Misereor.

    OBJETIVO GERALAssegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, porpolíticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa

    Comum. Em consonância podemos ler o número 30 da Laudato Si “... Este mundo tem uma grave

    dívida social para com os pobres que não têm acesso à água potável, porque isto é negar-lhes o direito à

    vida radicado na sua dignidade inalienável. Esta dívida é parcialmente saldada com maiores

    contribuições econômicas para prover de água limpa e saneamento as populações mais pobres.

    Entretanto nota-se um desperdício de água não só nos países desenvolvidos, mas também naqueles

    em vias de desenvolvimento que possuem grandes reservas. Isto mostra que o problema da água é, em

     parte, uma questão educativa e cultural, porque não há consciência da gravidade destes

    comportamentos num contexto de grande desigualdade”.

    CAPÍTULO I - REUNIÃO 1 | 3

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    OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    1. Unir as igrejas, diferentes expressões religiosas e pessoas de boa vontade na promoção da justiça e do direito ao saneamento básico;

    2. Estimular o conhecimento da realidade local em relação aos serviços de saneamentobásico;

    3. Incentivar o consumo responsável dos dons da natureza, principalmente da água (cf. LS27-31);

    4. Apoiar e incentivar os municípios para que elaborem e executem o seu Plano deSaneamento Básico (cf. LS 58);

    5. Acompanhar a elaboração e a excussão dos Planos Municipais de Saneamento Básico;

    6. Desenvolver a consciência de que políticas públicas na área de saneamento básico apenastornar-se-ão realidade pelo trabalho e esforço em conjunto;

    7. Denunciar a privatização dos serviços de saneamento básico, pois eles devem ser políticapública como obrigação do Estado.

    Tendo em vista os objetivos da CFE 2016 vamos fazer um breve estudo da Encíclica LaudatoSi (Louvado Seja), porém antes vamos entender o que quer dizer ecumenismo para a Igreja

    Católica.

    O QUE É ECUMENISMO?É um movimento de fé e amor gerado pelo Espírito Santo no coração de tantos cristãos de diversascomunidades eclesiais no sentido de rezar e trabalhar com esforço sincero para conseguir a

    unidade entre os cristãos tão desejada por Jesus. Portanto, a nalidade derradeira do movimentoecumênico é a unidade visível da Igreja de Cristo, expressa na comunhão de fé e amor entre todos

    os que têm o nome de cristãos. Sendo assim, o ecumenismo dá-se somente entre as comunidadescristãs, isto é, aquelas que aceitam Jesus como Senhor, verdadeiro Deus e verdadeiro homem,

    Salvador do mundo, e professam a Santa e Indivisa Trindade do Pai e do Filho e do Espírito Santo.Neste sentido, não são cristãos os espíritas, as testemunhas de Jeová, os mórmons, os Judeus, osMulçumanos, os Budistas e religiões de raiz afro. Com eles, não se deve falar em ecumenismo: com

    os não-cristãos faz-se diálogo inter-religioso, que é a busca de um respeito recíproco para trabalharem prol do bem comum e do valor da dignidade humana. Então, a palavra-chave para o

    ecumenismo é unidade entre os cristãos; já para o diálogo inter-religioso, a palavra-chave édignidade humana.

    ENTÃO AS IGREJAS CRISTÃS SÃO TODAS IGUAIS?Para que pratiquemos o ecumenismo de modo correto, é essencial compreender a doutrina

    Católica sobre a Igreja e suas relações com os outros cristãos (as comunidades eclesiais)! A nossa féé claramente defendida pelo Concílio Vaticano II:

    Ÿ A Igreja é imprescindível para a salvação, porque Cristo, o único Salvador, quis a Igreja,fundou a Igreja e deu-lhe a missão de continuar sua missão: “Cristo, Mediador único,

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    estabelece e continuamente sustenta sobre a terra, como organismo visível, a sua Igreja

    santa, comunidade de fé, de esperança e de caridade, e por meio dela comunica a todos a verdade e a graça” (cf. LG 8). Então, a Igreja não é facultativa ou secundaria: aderir a Cristo

    exige a pertença à sua Igreja, pela qual Cristo fala e na qual Cristo dá a salvação, sobretudonos sacramentos da Igreja.

    Ÿ Esta Igreja de Cristo é única e permanece de modo pleno somente na Igreja católica,fundada por Cristo: “Esta é a única Igreja de Cristo, que no Símbolo (Credo) professamos

    una, santa, católica e apostólica, e que o nosso Salvador, depois da sua ressurreição, conou a

    Pedro para que ele a apascentasse, encarregando-o, assim como aos demais apóstolos, de a

    difundirem e de a governarem, levantando-a para sempre como 'coluna e sustentáculo da

    verdade'. Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste

    (permanece inteira, continua íntegra na sua essência) na Igreja católica, governada pelo

    Sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele” (cf. LG 8).

    Ÿ E as outras comunidades cristãs (ou comunidades eclesiais)? O Concílio ensina que elas

    têm elementos da Igreja de Cristo e arma claramente que fora do corpo visível da Igrejacatólica há inúmeros elementos de santicação e verdade (cf. LG 8); e os cita: “a palavra de

    Deus escrita, a vida da graça, a fé, a esperança e a caridade e outros dons interiores do

    Espírito Santo e elementos visíveis” (cf. UR 3). O Concílio também arma que os atos de

    culto de nossos irmãos separados são canais de graça e podem conduzir à salvação:

    “Também não poucas ações sagradas da religião cristã são celebradas entre os nossos irmãos

    separados... estas ações podem realmente produzir a vida da graça e devem mesmo ser tidas

    como aptas para abrir a porta à comunhão e à salvação” (cf. UR 3). Portanto, o Espírito do

    Ressuscitado serve-se também dessas comunidades separadas da Igreja católica: “As

    igrejas e comunidades separadas, embora creiamos que tenham defeitos (na prossão de sua

     fé, na sua doutrina e práxis eclesial), de forma alguma estão despojadas de sentido e de

    signicação no mistério da salvação. Pois o Espírito de Cristo não recusa servir-se delas como

    meio de salvação cuja força deriva da própria plenitude de graça e verdade conada a Igreja

    católica” (cf. UR 3).

    Ÿ Nossos irmãos não católicos não estão visivelmente na plena comunhão da Igreja de

    Cristo, que somente se realiza na Igreja católica: “Os irmãos separados, quer como

    indivíduos, quer como comunidades e igrejas, não gozam daquela unidade que Jesus quis

     prodigalizar a todos os que regenerou e convivicou num só corpo e numa vida nova;

    unidade que as Sagradas Escrituras e a venerável Tradição da Igreja abertamente declaram.

    Porque só pela Igreja católica de Cristo, que é o instrumento geral da salvação, pode ser

    atingida toda a plenitude dos meios da salvação” (cf. UR 3).

    Devemos buscar a unidade, porque “Cristo a concedeu, desde o início, à sua Igreja, e nóscremos que ela subsiste sem possibilidade de ser perdida na Igreja Católica e esperamos que cresça,

    dia após dia, até a consumação dos séculos. Cristo dá sempre à sua Igreja o dom da unidade, mas aIgreja deve sempre orar e trabalhar para manter, reforçar e aperfeiçoar a unidade que Cristo quer

    para ela. Por isso Jesus mesmo orou na hora de sua Paixão, e não cessa de orar ao Pai pela unidade

    de seus discípulos: “... Que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles esteja me

    nós, a m de que o mundo creia que tu me enviaste” (cf. Jo 17, 21). O desejo de reencontrar a unidadede todos os cristãos é um dom de Cristo e convite do Espírito Santo

    CAPÍTULO I - REUNIÃO 1 | 5

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    Para responder adequadamente a este apelo, exigem-se:

    1.  Uma renovação permanente da Igreja em uma delidade maior à sua vocação. Estarenovação é a mola do movimento rumo à unidade;

    2.  A conversão do coração, com vistas a viver mais puramente segundo o Evangelho, pois e a

    indelidade dos membros ao dom de Cristo que causa as divisões;

    3.  A oração em comum, pois a conversão do coração e a santidade de vida, juntamente comas preces particulares e públicas pela unidade dos cristãos, devem ser consideradas aalma de todo o movimento ecumênico e, com razão, podem ser chamadas de

    ecumenismo espiritual;

    4.  Conhecimento fraterno recíproco;

    5.  A formação ecumênica dos éis e especialmente dos presbíteros;

    6.  Diálogo entre os teólogos e os encontros entre os cristãos diferentes Igrejas ecomunidades;

    7.  A colaboração entre cristãos nos diversos campos do serviço aos homens.

    A preocupação de realizar a união diz respeito à Igreja inteira, éis e pastores. Mas é precisotambém ter consciência de que este projeto sagrado, a reconciliação de todos os cristãos na

    unidade de uma só e única Igreja de Cristo, ultrapassa as forças e as capacidades humanas. Por issodepositamos toda a nossa esperança na oração de Cristo pela Igreja, no amor do Pai por nós e no

    poder do Espírito Santo” (cf. CIC §820-822).

    Estes pontos, aqui apresentados mostram-nos o quanto é rme e coerente a posição da Igrejana questão ecumênica. O Concílio nada mais fez que rearmar a fé constante da Igreja de Cristo.Uma coisa deve ter cado clara: ecumenismo não é relativismo, não é fazer de conta que dá para

    car tudo como está, aceitando a doutrina uns dos outros como se essa Babel doutrinal fosse vontade de Cristo e estivesse de acordo com a doutrina dos Apóstolos, nem tampouco é

    sincretismo.

    Agora façamos um estudo da mensagem central da Encíclica Laudato S” onde o pontícearma que “tudo está conectado” (cf. LS 16, 70, 91, 92, 117, 120, 138, 142, 205, 240). O ser humano

    não está dissociado da Terra ou da natureza, eles são partes de um mesmo todo. Portanto, destruira natureza equivale a destruir o homem. Da mesma forma, não é possível falar em proteçãoambiental sem que se envolva a proteção ao ser humano, em especial os mais vulneráveis que estão

    nas periferias existenciais.

    Segundo o pontíce a crise climática é uma das faces de uma mesma grande crise ética dahumanidade. Esta é produzida pela ruptura das relações com Deus, com o próximo e com a terra,as “três relações fundamentais da existência”. Os padrões insustentáveis de produção e consumo da

    sociedade global, impulsionados pela tecnociência fora de controle, levam à degradação dasrelações humanas e à degradação também da “nossa casa comum”. (cf. LS 110-114)

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    Pouca coisa na agenda socioambiental parece ter escapado à análise de Sua Santidade: além

    do clima, fala sobre proteção dos oceanos, poluição da água, espécies ameaçadas, orestas e povosindígenas. Em relação a todos esses temas, as principais críticas recaem sobre os países ricos, que

    são chamados a compensar os pobres pela degradação. Mas os países em desenvolvimento sãotambém exortados a examinar o “super consumo” de suas classes abastadas e a não repetir ahistória dos ricos durante seu desenvolvimento (cf. LS 105-108).

    “Interpreta mal a Bíblia quem arma que Deus, ao convidar o homem a 'dominar' a terra (cf.

    Gn 1, 28), incentiva o ser humano a explorar e devastar discriminadamente a natureza. Porque issoestaria em contradição com o pedido que Ele faz ao homem de 'cultivar e guardar' o jardim do

    mundo (cf. Gn 2, 15). E 'cultivar' quer dizer lavrar ou trabalhar um terreno. E 'guardar' signicaproteger, cuidar, preservar, velar. Existe uma relação de reciprocidade responsável entre o serhumano e a natureza. Cada um pode tomar da terra aquilo de que necessita para a sua

    sobrevivência, mas tem também o dever de a proteger e garantir a continuidade da sua fertilidadepara as gerações futuras. Em última análise, 'ao Senhor pertence a terra' (cf. Sl 24/23, 1), a Ele

    pertence 'a terra e tudo o que nela existe' (cf. Dt 10, 14). Por isso, Deus proíbe-nos toda a pretensão

    de posse absoluta: 'Nenhuma terra será vendida denitivamente, porque a terra pertence-Me, e vóssois apenas estrangeiros e meus hóspedes' (cf. Lv 25, 23)” (cf. LS 67). Assim Francisco toca em uma“ferida” histórica com a direita evangélica norte-americana ao sugerir que a noção de que ohomem deve “sujeitar” a natureza é uma interpretação errada da Bíblia: jamais se supôs uma

    “sujeição selvagem”, diz, e sim um “cuidado”. A diferença é fundamental, já que os republicanos nosEUA freqüentemente justicam a degradação ambiental citando as Escrituras, que colocam o

    homem numa posição se domínio sobre o ambiente. “Laudado Si” apresenta uma pequenarevolução teológica ao colocar o homem como parte da natureza – uma parte especialmente criadapor Deus, é verdade –, não como algo separado dela.

    CAPÍTULO I - REUNIÃO 1 | 7

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    COMPREENDENDO O TEMA

    PERGUNTAS

    1. A Campanha da Fraternidade 2016, bem como outras já realizadas, é de cunhoecumênico. Como podemos praticar verdadeiramente o ecumenismo?

    2.  A campanha da fraternidade 2016 trata sobre o tema do saneamento básico, comopodemos cobrar das autoridades políticas que melhore esta realidade em nosso

    município?

    3.  A 2ª encíclica do Papa Francisco, “Laudato si” fala sobre o cuidado da casa comum etambém que a crise climática é uma das faces de uma grande crise ética da

    humanidade. Como podemos entender essa crise ética da humanidade? Em que elainuencia no meio ambiente?

    MEDITAÇÃO DA PALAVRAŸ Jo 17;

    Ÿ Dt 9, 7-21

    LEITURAS COMPLEMENTARES

    Ÿ Texto Base da Campanha da Fraternidade 2016;

    Ÿ Encíclica “Laudato Si” 

    ORAÇÃO CFE 2016Deus da vida, da justiça e do amor,

    Tu zeste com ternura o nosso planeta,

    morada de todas as espécies e povos.

    Dá-nos assumir, na força da fé

    e em irmandade ecumênica,

    a corresponsabilidade na construção

    de um mundo sustentável

    e justo, para todos.

    No seguimento de Jesus,

    Com a Alegria do Evangelho

    e com a opção pelos pobres.

    ABREVIAÇÕES

    LS = Laudato Si

    LG = Lumen GentiumUR = Unitatis Redintegratio

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    ANOTAÇÕES

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    CAPÍTULO II

    11

    REUNIÃO 2

    O JOVEM CRISTÃO

    NO MUNDO DE HOJE

    Vivendo os desaos da devoção

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    O JOVEM CRISTÃO NO MUNDO DE HOJE

    Durante todo o ano de 2015, todos os Equipistas do Brasil foram convidados, por meio dasformações propostas pelo Temário e atividades diversas, a mergulhar em seu universo interior e

    aprofundar-se em sua espiritualidade. Por um olhar introspectivo, os jovens dedicaram-se aanalisar o seu laço com Deus e a determinar os instrumentos que poderiam levá-los a desenvolver

    uma relação mais íntima com o Pai.Duc in Altum – avançai para águas mais profundas - foi o chamado para que pudesse ser

    estabelecido um compromisso denitivo com Cristo, pel oração individual (incluindo o terço),dos sacramentos, da vida familiar, do exemplo deixado pelos Santos, dentre outros.

    Sem esquecer-se da necessidade de se reabastecer com a Palavra de Cristo e de reavivar todosos dias a busca pela santidade, voltemos nosso olhar durante este ano de 2016 para a missão do

     jovem cristão no mundo em que vivemos. A fé sem obras é morta e, por isso, inundados pelo

    Espírito Santo, concentremo-nos em ouvir o chamado de Cristo para nossas vidas e em aprenderquais devem ser as posturas de um autêntico jovem de Nossa Senhora diante dos desaos

    cotidianos.

    Todos nós somos convidados a deixar-se constranger pelo amor de Cristo e, a partir disso,seguir suas Leis. As Leis de Deus apresentam como fundamento precípuo o amor incondicional aEle e aos irmãos, na mesma medida em que nos amamos. Em termos práticos, todos os cristãosprecisam cultivar sentimentos, pensamentos e atitudes condizentes com tudo aquilo que nos foi

    deixado de herança pela Tradição e pela Sagrada Escritura.Nesse contexto, temos a Moral Cristã que deve nos servir como guia de comportamento para

    que alcancemos o m primordial de nossas vidas: a santidade. A Igreja dene como moral tudoaquilo que é considerado natural. Essa premissa deve ser um dos pontos de partida nacompreensão e distinção entre aquilo que nos convém e o que por nós deve ser evitado.

    O desejo de viver a Lei de Cristo e, mais especicamente, a Moral Cristã deve ser conteúdo

    constante de nossas orações, pois a força do Espírito Santo fará brotar no nosso coração a vontadede viver conforme e para Cristo.

    Na juventude, momento da vida em que nossa personalidade atravessa a fase de acabamentos

    e ajustes, é preciso que se tome cuidado para não se deixar levar pelos relativismos religiosos emque as pessoas são seduzidas a construir e viver segundo sua própria doutrina moral, rechaçandoos Mandamentos de Deus e a Moral Cristã.

    Sendo a Moral Católica assunto a ser destrinchado em reunião diversa, atenhamo-nos adenir alguns direcionamentos de comportamento que devem integrar a vida do jovem cristão, de

    forma concreta, fazendo-o transparecer aspectos da Lei de Cristo e da Moral Cristã.

    1. EVITAR O ISOLAMENTO Mateus 5, 15-16: “Ninguém acende uma lamparina para colocá-la debaixo de um cesto. Pelo

    contrário, ela é colocada no lugar próprio para que ilumine todos os que estão na casa” Deus não nos fez para viver isolados, cultivando sentimento de solidão. Todos os seres

    humanos precisam cultivar em seu coração a necessidade de dependência dos demais, negando

    atitudes presunçosas que os faça parecer auto sucientes. O próprio Cristo partilhou seus dias eseus ensinamentos com os demais, deixando para nós o legado da Comunidade Cristã.

    Vivemos a escutar que os jovens seguidores das Leis de Deus não devem misturar-se comalgumas práticas mundanas. Uma interpretação errônea desse ensinamento pode levar-nos adenir que a melhor conduta diante de uma sociedade heterogênea, que em alguns momentos não

    acolhe devidamente a nossa crença e que rechaça, por vezes, o próprio Cristo, seja a do isolamento.A retração social compromete as relações interpessoais do jovem e pode levá-lo à alienação e

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    à exclusão social. O isolamento, muitas vezes decorrente de problemas psicológicos que nascem na

    infância ou na adolescência, podem estar ligados a fatores como timidez excessiva, problemas deauto estima, dentre outros.

    Isolar-se é exatamente contrário àquilo que a Palavra nos pede. “Vós sois a luz do mundo”,anuncia o evangelista Mateus, num clamor para que os cristãos relacionem-se com o mundo deforma a transformar os corações obscuros que nele se encontram, por seu testemunho de claridade

    e fulgor. As boas atitudes, instruídas pelos Mandamentos de Deus, têm o poder de proclamar oEvangelho aos descrentes e aos perdidos.

    Cristo comove-nos e choca-nos até os dias de hoje com seu exemplo de humildade edesprendimento. Ele estava sempre em companhia dos mais diversos grupos sociais, mesmo

    daqueles extremamente discriminados pela maioria. Ele andava no meio da multidão, conversavacom as crianças (Lucas 18.16), com os enfermos (Mateus 14.14), com ricos (Mateus 27.57), pobres(Lucas 4.18), decientes (Mateus 21.14), criminosos (Lucas 23.41-43), prostitutas (Lucas 7.37-50),

    doutores (Lucas 2.46), religiosos (Lucas 14.3), trabalhadores (Mateus 4.18-19), autoridades (João18.37), donas de casa (Lucas 10.39-42).

    Jesus não optou por isolar-se, Ele precisava levar Sua mensagem a todos os povos. Foi

    socialmente ativo e frequentou o lar até mesmo daqueles que tinham uma reputação condenável.Seu exemplo atraiu seguidores e transformou a vida de muitos que se encontravam perdidos.

    “Não há amor sem se comunicar, não há amor isolado. Mas alguém de vocês pode seperguntar: 'Mas Padre, os monges e as monjas de clausura estão isolados'. Mas comunicam e

    muito: com o Senhor, também com aqueles que vão buscar uma palavra de Deus... O verdadeiroamor não pode se isolar. Se é isolado, não é amor. É uma forma espiritualista de egoísmo, de

    permanecer fechado em si mesmo, buscando seu próprio bem... É egoísmo”. – Papa FranciscoJesus nunca temeu ser diferente nem sofrer inuências pelo modo que os ímpios entendiam

    ser. Sua forma de viver transformou-se em referência para a sua comunidade e sua rmeza foi

    capaz de convencer até os mais incrédulos.

    Portanto, é missão do jovem cristão viver em comunhão com Cristo para que tenha força aoenfrentar as adversidades cotidianas. Nem sempre se terá a oportunidade de conviver com pessoasde pensamentos que se identiquem com os seus, mas Jesus pede que a juventude tenha coragem e

    se lance no mundo com o intuito de evangelizar seus pares, com rmeza ao falar de sua Igreja, dosseus posicionamentos e, especialmente, de mostrar com seu viver que ser de Cristo é optar por uma

     vida plena em amor, paz e alegria.

    2. LIBERDADE COM RESPONSABILIDADE

    1 Pedro 2,16: “Vivam como pessoas livres. Não usem a liberdade para encobrir o mal, mas vivam

    como servos de Deus.” 

    O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos diz que: “A liberdade é o poder, baseado na razão ena vontade, de agir ou não agir, portanto, de praticar atos deliberados”, e também: “A liberdade

    torna o homem responsável por seus atos” (CIC 1731 – 1734).É essencial destacar a diferença entre liberdade e libertinagem. A liberdade deve estar

    intrinsecamente ligada à capacidade de prever que toda ação gerará uma determinada

    consequência. A liberdade compreende duas vertentes: a escolha por uma atitude e a assunção deseus resultados, sejam eles positivos ou negativos. É exatamente a maturidade de acolher os frutos

    de suas ações que diferenciam essencialmente a liberdade da libertinagem. Ser libertino éconsiderar-se o senhor de toda a razão, dono de seu próprio destino e desassociar-se da submissãoa Deus. Ao libertino, o que importa são suas vontades, desejos e prazeres, ao passo que os direitos e

    espaços dos demais tornam-se pequenos diante dos seus.Em tempos modernos, alguns seguimentos da mídia, outras tantas guras públicas e tantos

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    outros veículos tentam imprimir conceitos deturpados de liberdade aos membros da nossa

    sociedade. A liberdade de expressão que se confunde com a ridicularização do próximo, aliberação de vícios e a relativização de conceitos como família são exemplos disso.

    Pelo contexto em que vivemos, ser um jovem responsável é tarefa difícil. Muito se cobra da juventude: que tenha uma ocupação, seja estudo ou trabalho, que seja livre de vícios, que não sedeixe levar pelos prazeres da carne, que bem escolha suas amizades, que seja autêntico. Todos os

    dias, as tentações os enfrentam, travestidas de drogas, paixões das mais diversas naturezas,ociosidade, omissão e egoísmo. Por todas essas razões é que se pede ao jovem cristão que ele esteja

    em sintonia com Deus, pedindo forças ao Espírito Santo para que afaste dele o sofrimento e aescravidão trazidos pelo pecado.

    Viver em Cristo é sinônimo de liberdade plena. Nenhuma escolha entregue nas mãos Deletrará escuridão. E mais, tanto quanto se pratica o bem e a virtude, tanto mais livre a pessoa será.

    O grande desao lançado sobre os jovens cristãos é o de saber discernir, com a consciência,

    quais são os melhores caminhos a percorrer no dia a dia. As escolhas de cada um dene, ao longodos tempos, a personalidade e a forma como se vê o mundo.

    Portanto, aos jovens ca o convite para viver e transmitir toda a essência da liberdade que

    possuímos em nossa vida através do Espírito Santo de Deus e Seu grande poder. É simplesmenteimprescindível que todos os nossos passos sejam entregues ao Senhor, por meio de nossas orações,

    especialmente das matinais. O jovem, naturalmente mais rebelde e sedento por descobrir omundo, deve lembrar-se que somente em Deus se encontra a liberdade que traz felicidade.

    3. TESTEMUNHAS DE UM REAL VIVER

    Provérbios 12, 22: “Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor; mas os que praticam a

    verdade são o seu deleite.” Há que se entender, primeiramente, que é inútil ter Cristo nos lábios e o mundo no coração.

    Não adianta irmos à Igreja e no dia a dia continuarmos com atitudes que não condizem com a fé

    que propagamos. Assim, em tudo na vida o jovem deve ser comprometido com o projeto de Deus e,apenas dessa forma, poderá apresentar a todos o verdadeiro testemunho do Evangelho.

    Um dos verdadeiros desaos da vida cristã é o combate à hipocrisia. Ser hipócrita consiste na

    incoerência entre as ações ou modo de vida, em sentindo amplo e aquilo que se prega ou se defendepublicamente. É aquilo que preceitua o famoso ditado: faça o que eu digo, mas não faça o que eu

    faço.Viver da mentira desagrada a Deus, Senhor de todas as verdades. Fingir a santidade, não

    admitir os próprios erros e querer sempre estar numa posição de superioridade em relação aos

    demais são atitudes que, se não encaradas com alerta e trabalhadas devidamente, podem se tornar verdadeiros hábitos.

    Um jovem católico não pode falar de Jesus e viver a destratar os outros, usar cotidianamentepalavras de baixo calão. As palavras, quando bem empregadas, encorajam, trazem cura, alívio e

    perseverança. Da nossa boca deve sair bênção.A cada jovem cabe a tarefa de ser autêntico, assumindo sua realidade e suas fraquezas. Deus

    nos pede que estejamos sempre nos renovando, buscando ser melhores cristãos, mas Ele acolhe

    nossas quedas, ajudando-nos a levantar. O Espírito Santo nunca cessará de dar-nos forças paracontinuar nossa caminhada rumo à Santidade.

    É necessário que nos assumamos como pecadores, mas que, em contraponto, assumamos umcompromisso e uma aliança com Deus. A nós, fora prometida a salvação e Ele, como resposta,espera que nós nos comprometamos com sua causa, verdadeiro sinônimo de felicidade.

    Ser comprometido com Cristo exige perseverança na crise e paciência nas tribulações. Nãopodemos cultivar um coração que desiste facilmente e que não insiste até o m, mas pensamentos

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    que repugnem a preguiça, a omissão e a indelidade.

    Então, não se deve ngir conversão e plantar em si uma mentira. O testemunho verdadeiroparte do coração e tem o poder de contagiar os irmãos. Que possamos rogar a Deus pela

    sinceridade e coerência de nossas atitudes.

    4. PROATIVIDADE EM FAVOR DA SOCIEDADE

     Marcos 6,34 : “E Jesus, saindo, viu uma grande multidão e teve compaixão deles, porque eramcomo ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas.” 

    A juventude costuma protagonizar importantes lutas sociais, especialmente pelo fervor eentusiasmo naturais dessa fase da vida. Entretanto, a realidade que ora se impõe é, no mínimo,

    preocupante, pois é possível deparar-se com uma parcela considerável de jovens omissos aosagelos sociais e aos problemas que ultrapassem sua individualidade.

    Cobranças desmedidas sobre o futuro prossional, casamento e estudos, por vezes, acabam

    por contribuir com a disseminação de um modo de vida focado no indivíduo, fazendo com que oato de compadecer-se com as diculdades do próximo torne-se algo extremamente dispensável e

    incômodo. Além disso, a cultura do consumismo desenfreado e da verdadeira ostentação defutilidades é capaz de transformar a mente do jovem em um espaço de supercialidade e

    mediocridade.O desao moderno lançado aos cristãos é o de desprender-se do seu próprio EU e tornar-se

    presente no mundo dos excluídos, ser politicamente ativo e ter compaixão dos que sofrem. O Papa

    Francisco chamou atenção em um de seus discursos para a necessidade do envolvimento doscristãos na política, considerando-a uma das formas mais elevadas da caridade, visto que procura

    o bem comum:“Os leigos cristãos devem trabalhar na política. Dir-me-ão: não é fácil. Mas também não o é

    tornar-se padre. A política é demasiado suja, mas é suja porque os cristãos não se implicaram como espírito evangélico. É fácil atirar culpas... mas eu, que faço? Trabalhar para o bem comum é dever

    de cristão” – Papa Francisco.Podemos ser levados a achar que não temos capacidade ou meios para contribuir para a

    construção de um sociedade mais justa. Às vezes, pensamos que temos pouco, que não temos

    condições, mas aquilo que é pouco se torna abundante nas mãos de Deus. É preciso queexploremos os nossos talentos e descubramos de que forma podemos empregá-los em benefício

    do próximo.Após a meditação desses quatro pontos, cada um está convidado a traçar seu próprio perl

    por meio da resposta às seguintes indagações, que devem ser partilhados em equipe (os

    questionamentos podem ser encontrado na seção de perguntas deste tema, indica-se que sejamrespondidos previamente e levados à reunião formal).

    “Amados jovens, não vos contenteis com nada menos do que os mais altos ideais! Não vosdeixeis desanimar por aqueles que, desiludidos da vida, se tornaram surdos aos anseios mais

    profundos e autênticos do seu coração.” – São João Paulo IIEnm, lembremos que os jovens são nascidos para amar e partilhar as experiências com os

    irmãos. Jesus conclama a juventude a ser profeta, para anunciar com a palavra e com a vida, com

    alegria e esperança, que o Reino de Deus está presente. É importante conquistar objetivos, correratrás dos sonhos; que se viva a mocidade intensamente, mas sem esquecer que a humanidade é

    muito maior que a individualidade e que também é nosso papel ser pastores dos que se encontramperdidos. É preciso que cada um tenha consciência da sua missão na sociedade e se empenhe, porm, em ser um jovem feliz! Isso só será possível se Deus for o m, a razão e a motivação para cada

    passo de nossas vidas.

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    COMPREENDENDO O TEMA

    PERGUNTAS

    1. Quem é você (como você se dene)? Qual sua origem? Aonde pretende chegar?

    2. Que cristão é você? Será um jovem engajado com atitudes cristãs ou apenas indica

    aos outros o que se deve fazer?

    3. Suas atitudes reetem sua doutrina?

    4. Você transmite aos outros a alegria de ser um jovem cristão católico?

    MEDITAÇÃO DA PALAVRA

    Ÿ 1 Timóteo 4,12

    Ÿ Eclesiastes 12,1-3

    Ÿ

    1 João 2,14

    MATERIAL COMPLEMENTAR

    Ÿ https://www.youtube.com/watch?v=3nUb0_AwpXA

    Ÿ Carta Apostólica Dilecti Amici

    Ÿ http://destrave.cancaonova.com/10-conselhos-do-papa-francisco-aos-jovens/

    PONTO DE ESFORÇO

    Ÿ Elencar duas metas para tornar-se um jovem católico exemplo. Esses dois pontos devem ser

    relembrados e trabalhados durante o ano e seu resultado deverá ser compartilhado na Reuniãode Balanço.

    ORAÇÃO DO MÊSDeus da vida, da justiça e do amor,

    Ó Cristo Jesus,Tu foste jovem como eu.Soubeste como ninguém

     viver os anos mais belos da Tua vida.Deste-me exemplo de uma juventude

    sem sombras nem pesadelos.Conheces o meu coraçãoe as minhas aspirações.

    Conheces também as minhas ansiedadese sabes como é difícil ser jovem hoje.

    Ensina-me a ser jovem.Dá-me um coração bom e puro,

    manso e humilde como o Teu.Purica os meus pensamentos e desejos,

    os meus olhares, palavras e ações.Põe no meu coração

    os Teus sentimentos de amor,de entusiasmo e de disponibilidade

    para realizar a vontade do Pai.

    Torna-me capaz de anunciara Verdade, a Paz, o Amor

    e de fazer de Ti o Coração do Mundo.Quero, com a Tua ajuda,

    testemunhar o Evangelho,para que o mundo se torne mais belo

    e os homens vivam como irmãos.Amém!

    16  | CAPÍTULO II - REUNIÃO 2

    Viver a Moral Católica é ser el a Jesus Cristo e a tudo o que Ele ensina por meio da sua Igreja

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    ANOTAÇÕES

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    CAPÍTULO III

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    REUNIÃO 3

    MODERNIDADE

    E TRADIÇÃO

    O confronto entre presente e passado.

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    MODERNIDADE E TRADIÇÃO

    A Nova evangelização, que os últimos papas têm-nos incentivado a realizar, deve-se inserirdentro da necessidade de a Igreja Católica se modernizar e estar presente com força nas culturas,

    sem perder as suas raízes.Isso não é um imperativo atual, porque a Igreja teve, a cada momento da sua história, que

    redenir suas relações com a ciência, com o nacionalismo, com as artes, com a escola pública, comos meios de comunicação, ou, mais simplesmente, com o que se convencionou chamar o advento

    da modernidade. Porém, se, anteriormente, a Igreja se viu na obrigação de condenar os "errosmodernos", hoje ela tem desejos de dialogar com o mundo moderno e dar respostas aos seusdesaos. Isso cou estabelecido pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), especialmente pela

    Constituição Pastoral Gaudium et spes, que inaugura para a Igreja uma nova visão do homem euma nova atitude diante da cultura.

    Além disso pode-se dizer que a constituição pastoralGaudium et spes (editada em 1965) é umdocumento que procura redenir para a Igreja o lugar do homem e coloca a cultura no centro de

    sua reexão. A cultura (e não o trabalho, como na proposição marxista) é a atividade fundamental

    que humaniza o homem: "É próprio da pessoa humana não chegar a um nível verdadeiro eplenamente humano a não ser mediante a cultura (...)"(art. 53).

    O concílio acata, como fato inelutável, a diversidade cultural. O documento aceita opluralismo nas formas de conceber a religião, a moral e a lei, abrindo mão de priorizar uma cultura

    em detrimento de outras. De acordo com essa nova visão antropológica, todas as culturas sãoautônomas.

    Quase vinte anos antes, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pelaOrganização das Nações Unidas, em 1947, já havia retirado o humanismo da abstração em que a

    losoa iluminista o havia colocado. “O indivíduo realiza sua personalidade pela cultura", armao documento, "o respeito pelas diferenças individuais acarreta o respeito pelas diferenças

    culturais".Em suma, o Concílio Vaticano II não criou uma nova igreja, nem rompeu com 2.000 anos de

    cristianismo. O papa São João XXIII foi bem claro ao armar que o objetivo era, preservando a

    substância da fé, reapresentá-la sob roupagens mais oportunas para o homem contemporâneo.Tanto São João Paulo I como Bento XVI garantiram a delidade ao Concílio. Ao mesmo

    tempo, combateram tentativas de secularização da Igreja, porque uma igreja secularizada éirrelevante para a história e para os homens. Torna-se mais um partido, uma ONG, como costumadizer o Papa Francisco.

    * * * * *

    Com relação à liturgia, recorramos para o nosso tema à Exortação Apostólicapós-sinodal Sacramentum Caritatis (22.2.2007) n. 54: “Partindo fundamentalmente de quantoarmou o Concílio Vaticano II, várias vezes foi sublinhada a importância da participação ativa doséis no sacrifício eucarístico. Para a favorecer, podem ter lugar algumas adaptações apropriadasaos respectivos contextos e às diversas culturas; o fato de ter havido alguns abusos não turba aclareza desse princípio, que deve ser mantido segundo as necessidades reais da Igreja, a qual vive ecelebra o mesmo mistério de Cristo em situações culturais diferentes. De fato, o Senhor Jesus,precisamente no mistério da Encarnação, ao nascer de uma mulher como perfeito homem (Gl 4, 4) 

    colocou-se em relação direta não só com as expectativas que se registravam no âmbito do AntigoTestamento, mas também com as cultivadas por todos os povos; manifestou, assim, que Deuspretende alcançar-nos no nosso contexto vital. Por conseguinte é útil, para uma participação mais

    Respondendo

    Questionamentos sobre

    o Concílio Vaticano II 

    Clodovis Boff, numa

    entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo

    responde à perguntas

    sobre o ponticado de

    Bento XVI, apresentando

    ideias claras.

    Sobre a reabilitação da

    missa em latim e a

    tentativa de reabilitação

    dos tradicionalistas que

    rejeitaram o Vaticano II,

    ele arma: “Não podemosesquecer que a condição

    imposta aos

    tradicionalistas era

    exatamente que

    aceitassem o Vaticano II.

    O catolicismo é, por

    natureza, inclusivo. Há

    espaço para quem gosta

    de latim, para quem não

     gosta, para todas as

    tendências políticas e

    sociais, desde que não se

    contraponham à fé da

    Igreja. Quem se opõe a

    essa abertura manifesta

    um espírito anticatólico.

    Vários grupos

    considerados progressistas

    caíram nesse sectarismo.

    Esses grupos não foram

    exceção. Bento XVI sofreu

    dura oposição em todo o

     ponticado. A maioria

    das críticas internas a ele

     partiu de setores da Igreja

    que se deixaram

    colonizar pelo espírito da

    modernidade hegemônica

    e que não admitem mais

    a centralidade de Deus

    na vida. Erigem a

    opinião pessoal comocritério último de verdade

    e gostariam de decidir os

    20  | CAPÍTULO III - REUNIÃO 3

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    ecaz dos éis nos santos mistérios, a continuação do processo de enculturação, inclusivamentequanto à celebração eucarística, tendo em conta as possibilidades de adaptação oferecidas pelaInstrução Geral do Missal Romano, interpretadas à luz dos critérios estabelecidos pela IVInstrução da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, designadaVarietates legitimæ, de 25 de Janeiro de 1994 e pelas diretrizes expressas pelo Papa João Paulo II nasExortações pós-sinodais Ecclesia in Africa, Ecclesia in America, Ecclesia in Asia, Ecclesia in

    Oceania, Ecclesia in Europa. Com esta nalidade, recomendo às Conferências Episcopais queprossigam com esta obra, favorecendo um justo equilíbrio entre os critérios e diretrizes jáemanados e as novas adaptações, sempre de acordo com a Sé Apostólica.”

    * * * * *

      Finalmente, remeto às palavras do Diretor da Capela Musical Pontifícia Sistina, Mons. MassimoPalombella que introduziu, na Santa Missa de Natal de 2014, celebrada pelo Papa Francisco, o 'EtIncarnatus est', da Missa em Dó menor de Mozart. Assim diz o purpurado: “O trecho – que se

    insere entre os cantos gregorianos previstos na celebração – faz referência ao prólogo do Evangelhode São João: 'E o Verbo se fez carne e habitou entre nós'. O signicado dessa escolha vai de encontroa uma compreensão da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II que busca colher dela o desao e osentido. Geralmente e eclesiasticamente, houve e continuam a existir duas visões sobre a lógica dareforma litúrgica do Concílio em relação à música. Tem quem defende que com a reforma litúrgicatudo acabou: todo o patrimônio grande da Igreja acabou. De outro lado, aqueles que defendem quecom a reforma litúrgica é necessário jogar fora tudo o que nos precedeu, porque tudo é novo: énecessário refazer tudo. Particularmente, eu penso que eclesiasticamente e teologicamente, nósdevemos compreender que toda reforma da Igreja é sempre inclusiva dos precedentes. Assim, areforma litúrgica do Concílio Vaticano, que antes de qualquer outra coisa, do ponto de vistalitúrgico-musical, é um grande desao de cultura, porque nos obriga imprescindivelmente adialogar com a cultura contemporânea – recém beaticamos Paulo VI que marca e sela este grandedesejo do Concílio: o diálogo com a cultura contemporânea – mas eu posso dialogar se tenhoraízes, portanto, o conhecimento daquilo que nos precedeu. Apresentada essa premissa, estaescolha se coloca assim: é uma inteligente colocação dentro da liturgia renovada do ConcílioVaticano II, de um segmento do patrimônio – do grande patrimônio eclesial – nesse caso umsegmento da Missa de Mozart K427 em Dó menor e precisamente o 'Et incarnatus est', colocadocom uma pertinência litúrgica dentro da celebração. Motivo pelo qual, no canto do “Creio” docoral, alternado com a assembleia, no lugar do coral, com um 'cimento' musical, se fará o 'Etincarnatus est' da Missa K427. Isto responde àquilo que o Concílio profundamente nos pede.Assim, o sentido é este: a colocação de um segmento da tradição eclesial musical, dentro da liturgia

    renovada, mas que este segmento possa ser feito com uma pertinência litúrgica, que é o grandedesao que o Concílio coloca à música: a pertinência litúrgica”.  Ele continua dizendo: “O próprio Papa Francisco disse que o 'Et incarnatus' “é insuperável, televa a Deus”... De fato, esse é também o motivo pelo qual se fez esta escolha, este ano, de fazer estainserção dentro da celebração. E este é o trabalho que o Concílio nos pede: não nos pede uma visãofechada ou exclusiva da realidade; mas uma visão que inclua a realidade, ou seja, inclua a tradiçãomas dialogue com a modernidade. Refugiar-se em um passado seguro ou percorrer só eexclusivamente caminhos de experimentação são necessários, mas dentro de um contexto eclesial.Portanto, o grande equilíbrio que nos pede o Concílio é justamente este: o diálogo com amodernidade, com as nossas raízes”.

    CAPÍTULO III - REUNIÃO 3 | 21

    artigos da fé na base do

     plebiscito. Tais críticas só

    expressam a penetração

    do secularismo moderno

    nos espaços institucionaisda igreja”.

    Sobre a relação de Bento

     XVI com a modernidade,

    ele lembra: “É possível

    identicar um certo

     pessimismo na sua

    reexão. Ele não está só.

    Há um rio de literatura

    sobre a crise da

    modernidade, que remete

    até mesmo a autorescomo Nietzsche e Freud.

    O que ele tem de

    diferente? Propõe uma

    saída: a abertura ao

    transcendente. Ainda

    assim, há pessimismo. Há

    algo que ele precisaria

    corrigir: Bento XVI leva a

    sério demais o

    secularismo moderno. É

    uma tendência dos

    cristãos europeus. Eles

    esquecem que o

    secularismo é uma

    cultura de minorias. São

     poderosas, hegemônicas,

    mas ainda assim

    minorias. A religião é a

    opção de 85% da

    humanidade. Os ateus

    não passam de 2,5%. Os

    agnósticos não chegam a

    15%. Minoria

    culturalmente

    importante, sem dúvida:

    domina o microfone e a

    caneta, a mídia e a

    academia. Mas está

     perdendo o gás. Há um

    reavivamento do interesse

     pela espiritualidade entre

    os jovens” 

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    COMPREENDENDO O TEMA

    PERGUNTAS

    1. Como o equipista pode se preparar para um diálogo saudável com a modernidade?

    2.  O equipista deve usufruir das “coisas” do mundo? Como?

    MEDITAÇÃO DA PALAVRA

    Ÿ Jo 17,5-16

    LEITURAS COMPLEMENTARES

    Ÿ Carta Encíclica Veritatis Splendor

    Ÿ Catecismo da Igreja Católica 2083-2195

    Ÿ Vigília de Pentecostes com os Movimentos Eclesiais - Palavras do Santo Padre Francisco

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    ANOTAÇÕES

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    CAPÍTULO III

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    REUNIÃO 4

    MORALIDADE

    CRISTÃ

    Comportamentos e costumes do Cristão.

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    MORALIDADE CRISTÃ

    I. NOÇÃO E NATUREZAO comportamento humano ideal, ou seja, a atitude ideal para que uma pessoa seja feliz e contribua

    com o seu modo de viver para que a sociedade seja aprazível para todos os homens, encontra naética ou moralidade cristã os seus fundamentos mais profundos.

    Essa moralidade está desenvolvida pela Teologia Moral, ciência que estuda, essencialmente, omodo como cada batizado deve se comportar. Nesse estudo dos costumes, a Teologia, tendo como

    base a revelação divina, reete como e por que o cristão deve viver de um determinado modo, a mde chegar à vida eterna, isto é, à felicidade plena.

    O objeto da Teologia Moral envolve a totalidade da vida pessoal de um batizado: sua vida de

    relação com Deus, com os familiares, com seus colegas de ocio e com os outros cidadãos. A partirdo Concílio Vaticano II, a tendência é incentivar todos os batizados a se comportarem de um modo

    santo, imitando a Jesus Cristo.

    II. BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA MORALJesus, na sua pregação, ao mesmo tempo em que ia revelando coisas sobre Deus e sobre a relaçãoque Ele tem com a humanidade, também ensinava o modo como o ser humano deve se comportar

    com relação a Deus, a si mesmo e aos outros. Assim, Jesus orientava como devemos cumprir a vontade de Deus, como devemos rezar e como devemos amar-nos. Em algumas ocasiões, eleindica uma série de boas e más ações.

    De acordo com esses ensinamentos de Jesus, os Apóstolos foram apontando aos éis comodeviam pô-los em prática em cada situação nova. Desse modo, foram surgindo novos aspectos

    para a conduta dos recém-batizados.Isso continuou a ser feito nos primeiros séculos da Igreja, porque as pessoas, batizadas fora da

    Palestina, viviam situações bem diferentes daquelas dos cristãos da época de Jesus. Com isso, iamsurgindo dúvidas se deviam servir ao exército e fazer guerra, se deviam obedecer a uma autoridadepagã que os perseguia, pesquisar qual era a condição dos escravos, compreender como deviam

    comportar-se os esposos, etc. Então, os Santos Padres, a partir dos ensinamentos do NovoTestamento, elaboraram uma doutrina que respondia a esses questionamentos.

    Daí, foram surgindo os primeiros tratados morais: Didaké  (nal do século I), Clemente de

    Alexandria (+ 215): o Pedagogo, S. Ambrósio (+ 397): De officiis (expõem as virtudes que devem

     viver os cristãos), S. Agostinho (+ 430): diversos tratados, Papa S Gregório Magno (+ 604):

    pequeno tratado de moral = Moralia in Job, no qual se expõe modelo de vida cristã.

    Já na alta idade média, Pedro Lombardo (+ 1160), nas suas Sentenças, elabora o que até hoje éusado para estudar Teologia Moral. Mas é São Tomás de Aquino o primeiro a estudar, de modo

    sistemático, a Teologia Moral. Ele faz isso na Summa eologica: na parte I-II, ele expõe o que maistarde se denominará Moral Fundamental, e na II-II, ele estuda as virtudes.

    No século XVI – na chamada segunda escolástica – muitos autores comentam a Summa

    eologica e dão respostas às novas questões surgidas com o descobrimento da América. Foiquando se assinalaram alguns direitos humanos e os direitos e deveres das autoridades e dos povos.

    Em 1700, o Jesuíta Juan Azor editou um manual de Teologia Moral para ajudar os sacerdotes aadministrarem o Sacramento da Reconciliação. Também aparece o grande tratado de S. Afonso

    Maria de Ligório (+ 1787), padroeiro dos moralistas.A partir do século XIX, ocorre uma decadência na Teologia Moral, pois a doutrina da Sagrada

    Escritura é deixada quase de lado e se centra muito em casuísticas. Por outro lado, deu-se muitaimportância à caridade e aos Sacramentos.

    Desde o começo do século XX, houve necessidade de se fazer uma reforma no modo de

     A beleza da Moral

    Católica

     A moral católica tem

    como objetivo levar o

    cristão à realização dasua vocação suprema que

    é a santidade. Ela tem

    como objetivo dirigir o

    comportamento do

    homem para o seu Fim

    Supremo que é Deus, que

    se revelou ao homem de

    modo especial em Jesus

    Cristo e sua Igreja.A

     Moral vai além do

    Direito que se baseia em

    leis humanas; mas nemsempre perscruta a

    consciência. Pode

    acontecer de alguém estar

    agindo de acordo com o

    Direito, mas não de

    acordo com a

    consciência. Nem tudo

    que é legal é moral.A

     Moral cristã leva em

    conta que o pecado

    enfraqueceu a natureza

    humana e que ela precisa

    da graça de Deus para se

    libertar de suas

    tendências desregradas e

    viver de acordo com a

    vontade de

    Deus.Portanto, a Moral

    cristã e a Religião estão

    intimamente ligadas,

    tendo como referência

    Deus Pai, Filho e Espírito

    Santo. Ser cristão é viverem comunhão com

    Cristo, vivendo Nele, por

    Ele e para Ele. É de

    dentro do coração do

    cristão que nasce a

    vontade de viver a “Lei de

    Cristo”, a Moral cristã, e

    isto é obra do Espírito

    Santo. Não é um peso, é

    uma libertação.

    Prof. Felipe Aquino

    Blog Canção Nova

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    explicar a Teologia Moral. Mas foi o Concílio Vaticano II que fez apelo a se voltar à Bíblia como

    fonte da moralidade e a orientar a vida cristã para a santidade. E é isso o que tem sido feito naatualidade.

    O Decreto Optatam Totius referente à formação sacerdotal pede: “Ponha-se especial cuidadoem aperfeiçoar a teologia moral, cuja exposição cientíca, bem alimentada pela Sagrada Escritura,deve revelar a grandeza da vocação dos éis em Cristo e a sua obrigação de dar frutos na caridade

    para vida do mundo”.Esse texto é o que tem dado a pauta para a exposição da Teologia Moral, atualmente.

    III. FONTES

     As fontes de onde são deduzidas as sentenças da Teologia Moral são as mesmas de toda Teologia:Sagrada Escritura, Tradição de origem apostólica (vida e escritos dos Santos Padres) e o Magistérioda Igreja.

    A Sagrada Escritura deve ser vista como a fonte em que estão formuladas expressamente asprincipais verdades morais cristãs, não à maneira de um tratado sistemático, mas como

    exortações, exemplos e comparações. O centro da fonte é a vida e os ensinamentos de Jesus Cristo,

    apresentados no Novo Testamento não como critérios genéricos, mas de modo concreto e prático.A Sagrada Escritura e a Tradição estão estreitamente unidas e compenetradas, porque

    emanam da única fonte da Revelação divina, se unem num único uxo e correm para o mesmo m

    (cfr. Constituição Dogmática Dei Verbum, n. 9). Por isso, ambas constituem um só depósitosagrado da palavra de Deus, conado à Igreja (cfr. Idem, n. 10)

    O Magistério da Igreja é o único que tem o ofício de interpretar autenticamente e de guardar

    em nome de Cristo a Palavra de Deus contida na Sagrada Escritura e na Teologia (cfr. Idem, n. 10)“Este magistério não está acima da palavra de Deus, mas sim ao seu serviço, ensinando

    apenas o que foi transmitido. (...) É claro, portanto, que a sagrada Tradição, a sagrada Escritura e omagistério da Igreja, segundo o sapientíssimo desígnio de Deus, de tal maneira se unem e se

    associam que um sem os outros não se mantém, e todos juntos, cada um a seu modo, sob a ação domesmo Espírito Santo, contribuem ecazmente para a salvação das almas” (Idem, n. 10).

    Particularmente, dois textos modernos são muito úteis na atualidade: O Catecismo da Igreja

    Católica e a Carta Encíclica Dei Verbumdo Papa São João Paulo II.Existe hoje a tendência de usar como fontes as ciências éticas e sociais: Filosoa,

    Antropologia, Direito, Psicologia, Medicina, etc. No entanto, elas podem servir de excelenteauxílio, mas não são fontes.

    IV. A IMPORTÂNCIA DO BATISMOO estudo da Teologia Moral, ou seja, a conceituação de como o ser humano deve-se comportar,

    depende muito da concepção de que a pessoa batizada é uma nova criatura em Cristo, nela está a vida de Cristo. Cristo foi enxertado no cristão (Rom 6,5). Assim, o batizado tem que se esforçar por

    pensar, querer, viver e ter o mesmo sentimento de Cristo, identicar-se com Ele, pela ajuda doEspírito Santo. Não é só ouvir e aceitar os seus mandamentos.

    Isso implica que o cristão não deve viver apenas uma vida honrada (mandamentos), mas deve

    ser santo como Deus é santo. E a carta magna da Teologia Moral é o Sermão da Montanha (cfr.Carta Encíclica Dei Verbum do Papa São João Paulo II), que traz como novidade a superação

    daquilo que foi proposto no Antigo Testamento (superação da lei do Talião: “olho por olho, dentepor dente”). Como resumo do Sermão da Montanha, Jesus disse: “Sede perfeitos como meu Pai

    celestial é perfeito”.

    CAPÍTULO III - REUNIÃO 4 | 27

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    V. FUNDAMENTOS DA MORALIDADEPor que uma pessoa deve viver eticamente? Quais são os argumentos que fundamentam a ideia deque devem existir normas morais para todo ser humano? Responder a essas perguntas éimportante, porque há quem arme que o ser humano não precisa viver de um determinado modoético e até há os que defendem que o bem e o mal dependem das circunstâncias sociais ou do m aque cada indivíduo se propõe.

    Para que entendamos a falsidade dessas posturas, precisamos saber quais sãos osfundamentos básicos do agir humano e, assim, poderemos avaliar quando uma ação é boa equando ela é má eticamente.

    O grande erro de muitos moralistas é separar a ética da religião. Por isso, eles procuramdistinguir a Ética da Moral. Para entender esse erro, é necessário considerar que, em primeirolugar, tanto a palavra ética como a palavra moral têm a mesma origem etimológica. Ética vem dapalavra grega: éthos, que signica costume; e moral, do latim, signica também costume. Porém,com o tempo, a Ética passou a ser entendida como ciência losóca e a Moral cou reservada paraas éticas religiosas.

    Hoje, é cada vez mais comum tender a ver a Ética e a Moral como sinônimos, apesar de haver

    ainda divergências quanto ao conteúdo de cada uma, porque alguns reservam o termo Ética para ateoria, enquanto que a Moral seria a ética vivida. O Magistério atual não faz distinção.

    Mas, vejamos, com mais detalhe, como a Ética ou Moral tem muita relação com a religião.

    Podem-se distinguir três posturas diferentes: 1) não há distinção, 2) uma nega a outra, 3) nemse identicam nem se contrapõem, mas há muitos pontos de relação.

    Os radicais se encontram na segunda postura e aqui há dois extremos: 1) os que armam nãopoder existir uma moral sem Deus, mas que, no entanto, ela não pode ser racional ou consensual;2) não pode haver ética religiosa, porque isso seria um empecilho para a elaboração de uma éticacientíca.

    Ambas são falsas, porque podemos elaborar uma ética para todos os povos, baseados em

    argumentos losócos e uma ética religiosa, baseados em argumentos teológicos.

    a) Argumento losócoEle se apoia em que a pessoas humanas têm uma dignidade natural intrínseca. Aristóteles via

    três diferenças entre o ser humano e os animais: o homem pensa, é social e deve viver eticamente.

    Essa convicção vai contra aqueles que armam que a moral é algo imposto pela família, pelasociedade, pelo Estado ou pela Religião e que, por isso, cada ser humano deve agir de acordo comas suas circunstâncias pessoais, de acordo com os costumes vigentes em cada sociedade e em cadaépoca.

     Mas isso é falso pelos argumentos losócos que abordam a dignidade intrínseca do ser

    humano. E, com essa convicção, a razão humana, sem necessidade da revelação divina, podeenunciar uma série de princípios morais para todos os homens. Princípios que, quandocumpridos, facilitam a harmonia entre todos e dignica-os.

    Por outo lado, não é fácil estabelecer uma série de valores universais que sirva para todos ospovos. E mais difícil ainda é exigir que todos sejam obrigados a praticá-los. Para podermosestabelecer uma ética universal, é necessário recorrermos a Deus, aceitarmos sua existência, já queEle é a Verdade e o Bem absolutos. O Papa Pio XI dizia que, sem Deus, o homem caminha para adegradação moral.

    Já os antigos lósofos gregos consideravam que uma atitude eticamente boa era aquela quetrazia um melhor bem para a natureza das pessoas. E o fundamento último para avaliar o que erabom para o homem era o próprio Deus. Sócrates, considerado o fundador da Ética, dizia: “É bom oque é grato aos deuses, e ímpio o que não lhes agrada”. Foi o que prevaleceu até Kant, que viveu noséculo XVIII.

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    b) Argumento teológicoA ciência teológica, pelo dado da revelação, sabe que o ser humano está na Terra, porque

    Deus o criou aqui. E o criou com uma natureza superior aos outros seres por Ele criados. Isso estáclaro no livro do Gênesis (2,17), que nos revela que Deus fez o homem livre e senhor de toda

    criação. No entanto, Deus fez-lhe uma ressalva: não deveria comer da árvore do bem e do mal.Com isso, o Senhor indica que o ser humano não pode determinar o que é bom e o que é mau, mas é

    Deus quem lhe dita o que é uma coisa e o que é outra.Em resumo, só podemos fazer uma Ética ou Moral verdadeira se relacionarmos o ser humano

    a Deus, se o considerarmos como criatura feita à imagem do seu Criador. Quem acredita em Deus vê o aborto como um crime contra Ele, quem não acredita vê como um direito da mulher.

    Mas, além de crermos que fomos feitos à imagem de Deus, nós cremos também em Jesus

    Cristo. Por isso, o cristão, pelo Batismo, torna-se participante da vida de Cristo. A graça doBatismo faz da pessoa um homem novo e exige dela um novo tipo de comportamento, um

    comportamento que seja imitação de Cristo, ou melhor, viver em Cristo, ser um outro Cristo.

    c) Unidade da natureza humana

    Portanto, devemos buscar a essência do comportamento humano na nossa própria natureza -criada à imagem de Deus -, e na vida de Cristo. Mas há outros fatores importantes a termos

    presentes para fazermos uma concepção correta da moralidade humana. Um deles é a unidaderadial da pessoa humana. Isso quer dizer que os dois elementos que formam a nossa natureza

    humana (corpo e alma), são duas dimensões distintas, mas não podem se separar.Se negamos que haja distinção entre esses dois elementos, caímos no materialismo. Mas

    tampouco podemos separá-los, porque o corpo sem a alma não pode sobreviver e isso é

    precisamente a morte do ser humano. Um cadáver não é um ser humano. Por outro lado, o espíritohumano é uma alma encarnada. Assim, uma alma sem o seu corpo, pode sobreviver, mas essa alma

    não forma mais uma pessoa completa.

    Um dos objetivos do racionalismo é precisamente contrapor o espírito ao corpo e o corpo aoespírito. Mas a nossa fé cristã consiste, pelo contrário, em acreditar que o nosso corpo não ésimplesmente matéria, mas corpo espiritualizado, assim como o nosso espírito é um espíritocorporizado.

    Conclui-se, assim, que o ser humano é uno, porque não é formado de duas naturezas unidas,uma material e outra espiritual, mas forma uma única natureza espiritual e material ao mesmo

    tempo (cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 365).A ideia da unidade do ser humano leva-nos a uma consequência imediata: tanto o bem

    quanto o mal moral que cometemos é atribuído à pessoa e não ao corpo ou ao espírito. P. ex.: ospecados contra o 6º mandamento não são simplesmente atos físicos, porque é todo ser humano

    que os comete e não só o corpo.

    d) As feridas do pecado originalOutro fator importante para avaliarmos corretamente a moralidade humana é acreditarmos

    em que toda pessoa humana está ferida no mais íntimo da sua natureza, por causa do pecadooriginal. E essa ferida inclina-nos a pecar, porque é ferida que afetou a nossa inteligência, que cou

    mais vulnerável para distinguir o bem do mal, e a nossa vontade que cou mais fraca para evitar omal e fazer o bem.

    Essa inclinação ao pecado é ainda mais dramática por sermos – precisamente por causa dopecado original – escravos do demônio e mais submetidos à inuência corrosiva da sociedade que

    nos induzem a fazer o mal.Por isso, o Catecismo da Igreja (n. 407) adverte-nos que ignorar que o homem tem uma

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    natureza ferida, inclinada para o mal, dá lugar a graves erros no domínio da educação, da política,

    da ação social e dos costumes.

    e) Redimidos por Jesus CristoMas, graças a Deus, fomos redimidos por Jesus Cristo. E isso realizou uma melhora na

    natureza humana. Melhora intrínseca operada pela graça que recebemos no Batismo. Além de que

    a própria graça nos ajuda a sermos melhores. E, na medida que recebemos os outros Sacramentos,recebemos uma graça especíca para nos identicar com Cristo em cada situação concreta da vida.

    De alguma maneira, a graça da Redenção nos deu condições de sermos melhores do queAdão e Eva podiam ser, porque “onde abundou o pecado superabundou a graça” (Rom 5,20).

    A graça da redenção, portanto, não só nos levantou da queda, mas nos chama a uma meta

    mais elevada do que simplesmente vencer o mal, a meta de imitar a Cristo, identicar a nossa vida

    com a d'Ele para alcançar a santidade nesta terra e a salvação eterna: “Quem crê em Cristo torna-se

     lho de Deus. Esta adoção lial o transforma, propiciando-lhe seguir o exemplo de Cristo. Ela torna-o

    capaz de agir corretamente e de praticar o bem. Em união com seu Salvador, o discípulo alcança a

     perfeição da caridade, a santidade. Amadurecida na graça, a vida moral desabrocha em vida eterna

    na glória do céu. (Catecismo da Igreja Católica, n. 1709)Se vivermos, então, no esforço, ajudados pela graça, para termos um comportamento moral

    bom, seremos pessoas felizes, que se preparam para a felicidade denitiva na outra vida. Além

    disso, estaremos colaborando para que haja na sociedade uma melhor situação de Justiça e deAmor.

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    COMPREENDENDO O TEMA

    PERGUNTAS

    1. Tenho colocado minha fé em risco lendo outras doutrinas?

    2.  Como posso “alimentar” minha fé sem deixar de ser um jovem?

    MEDITAÇÃO DA PALAVRA

    Ÿ Mt 19, 16-30;

    Ÿ Gl 5, 16-22

    LEITURAS COMPLEMENTARES

    Ÿ Papa: não diluir a identidade cristã numa religião "so”

    http://br.radiovaticana.va/news/2015/06/09/papa_n%C3%A3o_diluir_a_identidade_crist%C3%A3_numa_religi%C3%A3o_so/1150184

    Ÿ Papa Francisco explica o que é o inferno, a moral e o que fazer diante das injustiçashttp://www.acidigital.com/noticias/papa-francisco-explica-o-que-e-o-inferno-a-moral-e-o-que-fazer-diante-das-injusticas-25404/

    Ÿ Papa Francisco à Comunhão e Libertação: carisma é fogo vivo de Deus e não uma

    etiquetahttp://pt.radiovaticana.va/news/2015/03/07/papa_%C3%A0_cl_carisma_%C3%A9_fogo_vi

     vo_de_deus_e_n%C3%A3o_uma_etiqueta/1127804

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    ANOTAÇÕES

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    CAPÍTULO IV

    33

    REUNIÃO 5

    INTRODUÇÃO À

    TEOLOGIA DO CORPO

    Teologia e Antropologia em foco.

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    INTRODUÇÃO À TEOLOGIA DO CORPO

    Quando falamos de teologia do corpo, unimos duas áreas do saber: teologia e antropologia. Essaligação proposital nasce da convicção de que o corpo não é um acidente acrescentado à natureza

    humana, mas seu elemento constitutivo – antropologia –, através do qual o projeto amoroso doCriador – teologia – se torna visível para o homem.

    Nesta nossa reexão queremos, portanto, entender em que sentido o corpo, como elementoconstitutivo da natureza humana, do modo como foi criado por Deus, é portador de uma

    mensagem teológica-antropológica para o homem mesmo.Para alcançar nosso objetivo, vamos dividir nossa reexão em três partes. Na primeira veremos anatureza humana em si mesma, como unidade de corpo e alma. Na segunda parte apenas

    acenaremos a denição de alma. Na terceira parte, a mais importante, veremos o que é o corpo equal é a mensagem teológica-antropológica que ele nos transmite.

    A NATUREZA HUMANAO homem é uma unidade de corpo e alma, isto é, é um ser uni-dual onde corpo e alma,

    respectivamente, o princípio material e o princípio espiritual, formam o único ser humano. Porisso, o Papa Bento XVI arma que “a fé cristã sempre considerou o homem como um ser uni-dual,

    2em que espírito e matéria se compenetram mutuamente” .Na Bíblia essa verdade é expressa no momento da criação, em que o homem é criado do pó da

    terra, que seria o princípio material, e lhe é insuado nas suas narinas o sopro da vida, o “ruah”, que3seria o elemento espiritual , de modo que ele se torna um ser vivente.

    O homem não é, portanto, só sua alma e nem só o seu corpo. É comum ouvirmos alguém dizer:

    “o meu corpo” ou “a minha alma”. Muitas vezes essa armação esconde um modo particular depensar o homem. É como se o ser humano fosse uma realidade e, de outro lado, possuísse o corpo

    ou a alma como um objeto, como possui, por exemplo, um casaco. O corpo ou a alma seriam algo

    acrescentado à própria pessoa, algo que ela possui e da qual pode dispor como um objeto. Isso éparticularmente reconhecido no modo como vemos as pessoas lidarem com o seu corpo: como

    objeto de prazer, como algo a ser vendido, etc.A compreensão de homem como descrita acima aparece, de modo distinto, em duas correntes

    4de pensamento contemporâneo que vão contra à concepção personalista . O primeiro deles é odualismo, de raiz platônica. Essa corrente de pensamento tem uma visão de homem onde corpo e

    alma são considerados como elementos separados, opostos entre si, em constante luta um com ooutro. Na verdade, a alma seria o componente positivo e estaria connada no corpo comoelemento negativo.

    A outra concepção é camada de monista, ou monismo antropológico, com forte acento

    materialista, pois o homem é igualado ao seu corpo, não considerando a existência da alma. Ohomem se limitaria ao seu componente material.

    A verdade é que o ser humano é esta profunda unidade entre alma e corpo e só podemos falar

     verdadeiramente de um ser humano, bem como lidar com ele nas situações práticas, se essa5unidade for mantida e promovida . Por isso, quando tratamos de qualquer tema que envolve o ser

    humano, devemos ter em consideração igualmente e inseparavelmente, essa unidade de corpo-

    alma.Do mesmo modo, quando considerarmos o exercício de suas capacidades e potencialidades,

    nunca podemos considerá-las somente como um processo só do corpo ou só da alma. Ainda quealgumas atividades possam ser atribuídas mais especicamente a um dos dois princípios de modo

    imediato, somente podemos compreendê-la considerando essa unidade de corpo-alma.Por exemplo, a experiência afetiva, que envolve os sentimentos, as paixões, etc., é uma experiência

    1  COMISSÃO

    TEOLÓGICA

    INTERNACIONAL, Comunhão e serviço, 30.

    2BENTO XVI  ,Deus caritas est, 5.

    3Gn 2,7.

    4E. SGRECCIA , Manual de Bioética,

    128-132.

    5  Lembremo-nos de que a

    morte, momento da

    separação da alma do

    corpo, cria um estado

    imperfeito e

    intermediário do ser

    humano, que tende de

    novo para a união com a

    ressurreição dos corpos e

    a «re-união» com a alma.

    6  A descrição dessa

    antropologia pode ser

    encontrada em

    E. SGRECCIA, Manual

    de Bioética, 59-95.121-

    203; G. FORNERO,Bioetica cattolica e

    bioetica laica, 22-61

    34  | CAPÍTULO IV - REUNIÃO 5

  • 8/18/2019 Temário 2016

    41/94

    atribuída à alma humana, ainda que tenha repercussões corpóreas. Mas como o homem faz essas

    experiências a partir do contato com o mundo exterior a si mesmo esse contato se dá pelo corpo,especicamente pelos sentidos. Assim, só é possível compreender o homem verdadeiramente se

    compreendermos essa unidade.Em tudo que o homem faz, vive, experimenta, é ele todo que está envolvido. Portanto, quando

    falamos do corpo ou da alma, devemos sempre ter em mente que estamos falando do ser humano

    mesmo. Assim, tudo que se refere ao corpo ou à alma, refere-se ao homem mesmo, e tudo de bom ede mau que é feito ao corpo ou à alma, é feito ao homem mesmo.

    Esse modo de conceber o homem, pode ser chamado de “personalismo ontologicamentefundado”. Essa corrente antropológica, compartilhada mesmo fora do ambiente eclesiástico,

    concebe a pessoa humana a partir de seu fundamento ontológico, isto é, a partir do seu ser, da sua6natureza .

    Mesmo não havendo separação real entre corpo e alma, para efeito didático, podemos olhá-los

    separadamente, tendo sempre presente a necessidade de uma “correção mental” que garanta aunidade e nos previna do dualismo. Como nos interessa particularmente o “corpo”, vamos dedicar

    nossa reexão mais sobre esse elemento que compõe o ser humano.

    7A ALMA HUMANAA alma humana é o princípio espiritual que compõe o ser do homem. É o princípio que dá vida ao

    8homem . Na Bíblia a alma trata do “ser todo inteiro, visualizado sob o ângulo da vitalidade e da9afetividade” , “designa o homem como indivíduo animado, ou nas diferentes funções de sua vida

    10corporal e afetiva, sempre ligadas entre si” . Ela é a sede do intelecto, da vontade, do humor, das

    emoções, dos sentimentos, dos afetos, das paixões. A existência da alma humana não pode serprovada através de provas empíricas de uma ciência positiva qualquer, mas isto não quer dizer quea sua existência seja um dado racional.

    O CORPO HUMANOO corpo humano é o princípio material do ser do homem. Na Bíblia o corpo “designa o homem na

    11 12 13sua realidade sensível” e “sexual” , “juntamente com os membros que o compõem” .A Igreja, partindo da antropologia cristã, explicitada de modo relevante ao longo da Sagrada

    Escritura, mesmo com a diversidade de acentos e de visões que cada livro propõe, e que devem ser vistas de modo complementar, vê –se o corpo como parte constitutiva da pessoa humana criada à

    imagem e semelhança de Deus.Portanto, o certo, então, é dizer “eu sou o meu corpo”, no sentido que este, em unidade ontológica

    com minha alma, não é uma parte agregada à minha pessoa, mas sou eu mesmo.Na visão cristã do homem, reconhece-se ao corpo uma particular função, porque contribui a

    revelar o sentido da vida e da vocação humana. A corporeidade é, de fato, o modo especíco deexistir e de operar próprio do espírito humano. Esse sig